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FAMÍLIAS MONOPARENTAIS E DESIGUALDADES DE GÊNERO: UMA PERSPECTIVA DA ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL SANTOS, Diogo Pataro dos; DIAS, Ludmila Souza Ferreira Oliveira; FONSECA, Maria Fernanda Soares Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de dezembro de 2015, ISSN 2316-266X, n.4 37 FAMÍLIAS MONOPARENTAIS E DESIGUALDADES DE GÊNERO: UMA PERSPECTIVA DA ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL SANTOS, Diogo Pataro dos Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social da Universidade Estadual de Montes Claros PPGDS/Unimontes Bolsista CAPES [email protected] FONSECA, Maria Fernanda Soares Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social da Universidade Estadual de Montes Claros PPGDS/Unimontes [email protected] DIAS, Ludimila Souza Ferreira Oliveira Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social da Universidade Estadual de Montes Claros PPGDS/Unimontes [email protected] RESUMO Haselbalg (2003) demonstra que as famílias monoparentais chefiadas por mulheres são o arranjo familiar que mais cresceu entre as décadas de 1981 e 1999. Dados analisados pelo autor revelam um aumento de 9,5% para 14,2% de famílias desta tipificação. Apesar de as famílias monoparentais existirem como força de expressão da flexibilização das relações de gênero, a vulnerabilidade dessas famílias denuncia a persistências de contingências que legitimam o descompasso de oportunidades entre homens e mulheres. Assim, através deste artigo pretende-se analisar as desigualdades entre homens e mulheres sob duas variantes: o mundo do trabalho e da mobilidade social. Para tanto, foram consultados estudos sobre estratificação social da Sociologia contemporânea brasileira que versam sobre a desigualdade de gênero (HASENBALG, 2003; RIBEIRO, 2009; SCALON, 2009; SILVA, 1999, et al). A partir disso, discutiram-se as implicações que as desigualdades de gênero têm sobre as famílias chefiadas por mulheres, assim como para o acirramento das vulnerabilidades a que estes arranjos familiares estão submetidos. Palavras-chave: Monoparentalidade; estratificação social; gênero. ABSTRACT Haselbalg (2003) shows that single-parent families headed by women were the most growing family arrangement between the decades of 1981 and 1999. Data analyzed by the author reveal an increase of 9.5% to 14.2% of families in this classification. Although single parents families exist as an expression of flexibilization of gender relationships, the vulnerability of these families denounces the persistence of contingencies that legitimize the mismatch opportunities for men and women. Thus, through this article we intend to analyze the inequalities between men and women in two variants: the world of work and social mobility. To do so, we consulted studies on social stratification of contemporary Brazilian sociology that deal with gender inequality (HASENBALG, 2003; RIBEIRO, 2009; SCALON, 2009; SILVA, 1999 et al). From this, we discuss the implications that gender inequalities have on families headed by women as well as the intensification of the vulnerabilities that these living arrangements are submitted to. Key-words: Single parenthood; social stratification; gender.

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FAMÍLIAS MONOPARENTAIS E DESIGUALDADES DE GÊNERO: UMA PERSPECTIVA DA ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL

SANTOS, Diogo Pataro dos; DIAS, Ludmila Souza Ferreira Oliveira; FONSECA, Maria Fernanda Soares

Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de dezembro

de 2015, ISSN 2316-266X, n.4

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FAMÍLIAS MONOPARENTAIS E DESIGUALDADES DE GÊNERO:

UMA PERSPECTIVA DA ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL

SANTOS, Diogo Pataro dos

Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social da Universidade Estadual de

Montes Claros – PPGDS/Unimontes

Bolsista CAPES [email protected]

FONSECA, Maria Fernanda Soares Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social da Universidade Estadual de

Montes Claros – PPGDS/Unimontes

[email protected]

DIAS, Ludimila Souza Ferreira Oliveira

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social da Universidade Estadual de

Montes Claros – PPGDS/Unimontes [email protected]

RESUMO

Haselbalg (2003) demonstra que as famílias monoparentais chefiadas por mulheres são o arranjo

familiar que mais cresceu entre as décadas de 1981 e 1999. Dados analisados pelo autor revelam um aumento de 9,5% para 14,2% de famílias desta tipificação. Apesar de as famílias monoparentais

existirem como força de expressão da flexibilização das relações de gênero, a vulnerabilidade dessas

famílias denuncia a persistências de contingências que legitimam o descompasso de oportunidades

entre homens e mulheres. Assim, através deste artigo pretende-se analisar as desigualdades entre homens e mulheres sob duas variantes: o mundo do trabalho e da mobilidade social. Para tanto, foram

consultados estudos sobre estratificação social da Sociologia contemporânea brasileira que versam

sobre a desigualdade de gênero (HASENBALG, 2003; RIBEIRO, 2009; SCALON, 2009; SILVA, 1999, et al). A partir disso, discutiram-se as implicações que as desigualdades de gênero têm sobre as

famílias chefiadas por mulheres, assim como para o acirramento das vulnerabilidades a que estes

arranjos familiares estão submetidos.

Palavras-chave: Monoparentalidade; estratificação social; gênero.

ABSTRACT

Haselbalg (2003) shows that single-parent families headed by women were the most growing family arrangement between the decades of 1981 and 1999. Data analyzed by the author reveal an increase of

9.5% to 14.2% of families in this classification. Although single parents families exist as an expression

of flexibilization of gender relationships, the vulnerability of these families denounces the persistence of contingencies that legitimize the mismatch opportunities for men and women. Thus, through this

article we intend to analyze the inequalities between men and women in two variants: the world of

work and social mobility. To do so, we consulted studies on social stratification of contemporary Brazilian sociology that deal with gender inequality (HASENBALG, 2003; RIBEIRO, 2009;

SCALON, 2009; SILVA, 1999 et al). From this, we discuss the implications that gender inequalities

have on families headed by women as well as the intensification of the vulnerabilities that these living

arrangements are submitted to.

Key-words: Single parenthood; social stratification; gender.

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INTRODUÇÃO

Através deste artigo analisam-se as desigualdades entre homens e mulheres sob duas

variantes: o mundo do trabalho e a mobilidade social. Para tanto, empreendeu-se uma

pesquisa bibliográfica através dos estudos sobre a estratificação social da Sociologia

contemporânea brasileira que versam sobre as desigualdades de gênero (HASENBALG,

2003; RIBEIRO, 2009; SCALON, 2009; SILVA, 1999, et al). A partir disso, discutem-se as

implicações que as desigualdades de gênero têm sobre as famílias chefiadas por mulheres,

assim como para o acirramento das vulnerabilidades a que estes arranjos familiares estão

submetidos.

É fácil perceber que as desigualdades de gênero cumprem papel estruturante na

composição das desigualdades brasileiras. O Brasil, país patriarcal que é, possui

historicamente rígidas relações de gênero, evidenciadas, sobretudo, no ambiente familiar,

lugar em que homens e mulheres possuem tradicionalmente papeis não intercambiáveis,

assimétricos e de subordinação. Contudo, como será visto adiante, observam-se

transformações recentes nos papeis sociais desempenhados por homens e mulheres, de

maneira especial naquele espaço privilegiado em que estas relações se constroem: a família.

Um sinal claro das novas disposições simbólicas e sociais dos homens e mulheres é o

aumento da proporção de famílias chefiadas por mulheres. Haselbalg (2003) demonstra que

esse é o tipo familiar que mais cresceu entre as décadas de 1981 e 1999, visto que houve um

aumento de 9,5% para 14,2% de famílias desta tipificação. Ademais, os dados do Retratado

das Desigualdades de Gênero e Raça (2011), apresentados pelo IPEA em sua quarta edição,

mostram que a proporção de famílias monoparentais femininas aumentou consideravelmente

no período compreendido entre 1995 e 2009. Os dados de 1995 apontavam 22,9% de famílias

chefiadas por mulheres, enquanto em 2009, esse número atingiu 35,2%. Isto é, há na referida

data, 21,7 milhões de famílias tendo mulheres como chefe, papel social que fora

tradicionalmente atribuído apenas aos homens.

Sorj (2004), em estudo sobre o perfil da família brasileira, contratado pela OIT /MTE–

Organização Internacional do trabalho, destaca que é proeminente o grau de pobreza a que as

famílias formadas por mulheres e filhos estão subjugadas. Hasenbalg (2003) ratifica a visão

da referida autora ao indicar que esta é a formação familiar que apresenta maiores problemas

para garantir condições de bem-estar e socialização de suas crianças e adolescentes. São

famílias, afirma o autor, débeis em seu capital social e que impõem às mães uma sobreposição

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de tarefas, que giram em torno do trabalho rentável, das atividades domésticas e do cuidado

das crianças.

Apesar de as famílias monoparentais existirem como força de expressão da

flexibilização das relações de gênero, a vulnerabilidade dessas famílias denuncia a

persistência de contingências que legitimam o descompasso de oportunidades entre homens e

mulheres.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O corpus do trabalho se atém às análises da tradição empírica da estratificação social,

que remonta à elaboração de ferramentas de medida das posições sociais, desenvolvidas no

período entre os anos 1920 e 1930 e que se dedica à análise da disposição hierárquica dos

centros demográficos inseridos em contextos maiores de estratificação social. Nesse contexto,

os autores estudados aderem a posições epistemológicas da estratificação social clássica,

notadamente baseadas no arcabouço teórico de Karl Marx ou Max Weber.

Oportunidades de emprego, níveis de renda, educação e até formas de exercício da

cidadania são elementos desigualmente distribuídos no Brasil (SCALON, 2009). Vale dizer

que as desigualdades são multifacetadas e, inevitavelmente, diferenças entre homens e

mulheres estão subjugadas a outros elementos partilhados de forma desproporcionada na

sociedade brasileira, tais como os níveis de renda, educação e oportunidades de trabalho.

Assim, para analisar os descompassos de oportunidades entre homens e mulheres optou-se

por antes expor de forma breve as teorias da estratificação social que contribuem para

discussão sobre as desigualdades.

2.1 NOTAS SOBRE ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL: DA TRADIÇÃO CLÁSSICA

AO ESQUEMA DE CLASSES BRASILEIRO

Haller (2014) considera que há duas maneiras de se compreender a estratificação

societária: seja através das teorias clássicas, que possuem caráter histórico e que se atêm às

circunstâncias políticas e às relações de privilégio na sociedade; seja por meio da tradição

empírica, aquela que sistematiza a estratificação como ela ocorre na conjuntura

contemporânea da sociedade.

Dentre as teorias clássicas, aquela elaborada por Karl Marx tem evidência

inquestionável. As reflexões de Marx se debruçam sobre as transformações econômicas e

políticas ocorridas nos século XVIII e XIX e, através disso, estabelecem uma sistematização

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sobre as classes sociais. O arcabouço teórico elaborado por esse autor sobre as elites

manufatureiras e as contingências às quais a classe trabalhadora estava submetida na

Inglaterra da era Vitoriana, são os primeiros lampejos sobre a estratificação social no mundo

capitalista. Outros autores dissidentes de Marx se propuseram a elucidar os estratos sociais,

utilizando outros campos de análise. Max Weber (1946 – 1947) atribuiu ao conceito de poder

lugar privilegiado na compreensão da persistência das desigualdades e partiu da conceituação

de partido, classe e grupos de status para realizar sua estratificação societária (HALLER,

2014).

Ainda para Haller (2014), a tradição empírica é mais recente que as teorias clássicas,

mas possui uma longa trajetória histórica, que remonta à elaboração de ferramentas de medida

das posições sociais, desenvolvidas no período entre os anos 1920 e 1930. Nessa época,

grande parte desses instrumentos se referia ao status ocupacional, ao papel social do chefe da

família e à qualidade habitacional. As teorias empíricas da estratificação, portanto, se detêm à

análise da disposição hierárquica dos centros demográficos inseridos em contextos maiores de

estratificação social.

No Brasil, os estudos sobre classes ganharam contornos singulares, seguindo a

tendência da construção do pensamento sociológico brasileiro. Guimarães (1999) afirma que,

no Brasil, o conceito de “classe social”, desenvolvido pelas teorias clássicas e utilizado pela

tradição empírica – desenvolvidas na Europa e Estados Unidos, respectivamente – fora alvo

de divergências e pouco consenso na academia brasileira. Somente a partir da segunda metade

dos anos 50 e, mais especificamente, na década de 60, é que os autores começam a

compartilhar de visões congruentes sobre o conceito e, para tanto, admitiram a

industrialização como unidade de análise presente em todos os aspectos da sociedade

brasileira. Desde essa data, então, as classes sociais se tornam o principal dispositivo

conceitual utilizado pela sociologia na estratificação social. A sociologia passa a ser tomada

como uma ciência de estudo dos esquemas de classes e suas implicações no processo corrente

de industrialização do país. Isto é dizer: as classes sociais são consagradas como elemento

razoável de compreensão de qualquer fenômeno social brasileiro.

A inflexão das bases teóricas da estratificação social nas décadas de 50 e 60 não é por

acaso. Como bem ressalta Scalon (2009), a estrutura social brasileira não pode ser

compreendida sem se verificar os processos de crescimento econômico e de industrialização,

iniciadores de alterações constantes a partir de 1945 e que se estenderam até o início da

década de 80. O fato é que tal crescimento não perdurou por muito tempo. A economia do

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país sofreu grave retrocesso após a redemocratização, chegando aos patamares da estagnação,

o que desdisse as expectativas que se tinha previsto nas décadas anteriores. Um cenário de

amplas disparidades sociais foi instalado.

A autora supracitada lembra que para compreender a estrutura social desse país, deve-

se levar em conta suas características sociodemográficas específicas e eminentemente

marcadas pelas desigualdades, acirradas depois dos anos 80. O território brasileiro possui

8.547.403,5 km2, o que o coloca em quinto lugar entre os maiores países do mundo, e, em

toda sua extensão há dessemelhanças sociais, marcadas por abandono e miséria. Nas palavras

da autora, no Brasil:

(...) em 2000, 175 milhões de brasileiros, dos quais os 10% localizados nos

estratos mais privilegiados detêm 45,7% do total de rendimentos obtidos no trabalho e os 10% com menores remunerações ficam com 1%; pior ainda, a

renda total dos 10% mais ricos equivale aos rendimentos obtidos por 80% da

população economicamente ativa (SCALON, 2009, p. 18).

Assim, o Brasil tem marcas de desigualdades históricas e estruturantes, expressas em

relações de classes sociais cristalizadas. O que interessa, então, é que as desigualdades de

gênero não podem ser desarticuladas das desigualdades de classes. Nesse sentido, para Parkin

(1980), o elemento primário das classes sociais são os status de classe, em torno dos quais

estão dispostas outras formas de desigualdade material e social. As desigualdades de classes

ressoam em outros estratos sociais, gerando desigualdades que são multiplicadas em

categorias diversas, como gênero, trabalho e educação.

3. RESULTADOS ALCANÇADOS

3.1 ESTRATIFICAÇÃO OCUPACIONAL E DESIGUALDADES DE GÊNERO NO

MUNDO DO TRABALHO

Tanto as relações entre homem e mulher e o mercado de trabalho, quanto a mobilidade

social feminina foram analisadas seguindo-se os dados de autores da estratificação social

como Nuema Aguiar, Carlos Hasenbalg, Carlos Antônio Ribeiro, Celi Scalon, Nelson do

Valle Silva, que utilizam, sobretudo, dados das PNADS para fazer um panorama do esquema

de classe na década de 90.

A opereacionalização da pesquisa deu-se através do levantamento de resultados das

pesqusias dos principais autores pesquisados. A análise desses dados permitiram averiguar as

desigualdades de gênero no mundo do trabalho e na mobilidade social e, através disso,

compreender o impacto dessas desigualdades sobre as famílias chefiadas por mulheres.

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Antes de adentrar na discussão sobre as desigualdades de gênero no mundo trabalho, é

importante olhar para os conceitos que balizam os estudos dos teóricos sobre o tema: o

primeiro deles é que a relevância da ocupação do chefe de família para alocá-la neste ou

naquele estrato social. Nas palavras de Hasenbalg (2003), é importante ver que “a ocupação

do chefe da família é o principal determinante da posição social das famílias e mantém forte

associação com a distribuição dos recursos familiares” (HASENBALG, 2003, pg 77). Desse

modo, as diferentes configurações familiares da contemporaneidade – especialmente aquelas

em que o chefe de família não é o homem/pai – recebem destaque na análise da estratificação

social.

A segunda baliza conceitual é que as famílias são a unidade central no estudo da

estrutura de classe e das desigualdades. Esse tipo de análise permite afirmar, mais uma vez,

que os novos arranjos familiares ganham relevo nos esquemas de classe e estratificação

social. Ribeiro (2009), afirma que, ao invés dos indivíduos, devem-se considerar as famílias

como unidade básica para se analisar a estrutura de classes na sociedade. Por conseguinte, ter

as famílias como instrumento de medida das desigualdades é uma forma de combater os

pressupostos liberais e nada realistas que concebem a sociedade como provedora de

oportunidade iguais e acessíveis para todos os indivíduos (PARKIN, 1980).

Antes de se tomar as famílias como unidade para a estratificação social, grande parte

das mulheres foi desconsiderada nesse tipo de análise e eram identificadas com os

aposentados, crianças e desempregados. Nem mesmo as mulheres inseridas em trabalho

formal eram alocadas em classes próprias, já que sua posição ocupacional era influenciada por

sua condição de mulher, que era, via de regra, uma posição tradicionalmente conhecida como

“dona de casa” e que não ensejava status ocupacional algum. O ponto de clivagem dessas

duas concepções acerca das posições de classes deu-se justamente através do reconhecimento

da proporção cada vez maior de famílias chefiadas por mulheres, já que estas expressam uma

parcela significativa de famílias eminentemente pobres, o que implica numa relação direta

entre estratificação, classes subalternas e o gênero feminino (PARKIN, 1980).

Hartmann (1981) sublinha que, historicamente, a mulher não tem oportunidades

equânimes em relação ao homem no mercado de trabalho. O trabalho feminino é marcado por

discriminação nos salários e oportunidades. Para o autor, essa é uma construção social e uma

representação simbólica construída sobre a mulher e que ainda hoje tem um impacto histórico

e social sobre as relações ocupacionais. Por isso, de algum modo, os descompassos entre

homens e mulheres no mundo do trabalho é ainda reflexo da bagagem histórica de

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desigualdades; mas é também uma expressão da discriminação corrente na sociedade. Logo,

segundo o autor supracitado, tais distinções são demonstração de uma série de outras

diferenças entre homem e mulher, tais como suas preferências, atitudes, valores

compartilhados, educação e preparação para a vida laboral, que não podem ser

desconsideradas no estudo das diferenças de gênero.

Sobre isso, Giddens (1984), por sua vez, rememora que nos últimos anos do século

XIX fora fortalecida generalizadamente a associação entre as mulheres e o espaço doméstico

e houve, pari passu, uma secção definitiva entre os lugares reconhecidos como residência e

local de trabalho. A concepção vigente na época era de que as mulheres deveriam permanecer

em casa, mesmo aquelas com boas condições socioeconômicas e que podiam contratar

governantas ou criadas. A diferença entre estas mulheres providas economicamente e as que

viviam em setores intermediários da sociedade era puramente prática e pouco simbólica: as

primeiras podiam dividir seus afazeres com empregados, já as mulheres das camadas

populares tinham que se ocupar das tarefas domésticas e cuidar das crianças sem mesmo que

tais atividades fossem consideradas trabalho.

Hartman (1986) converge com o pensamento de Giddens (1984) e aponta que há uma

concepção corrente de que o lugar “natural” da mulher é a casa. Esta é, portanto, uma visão

que procura, em última instância, legitimar a exclusão da mulher do espaço público e atrelá-la

apenas ao trabalho doméstico e às atividades de rotina da casa. Tal premissa é sustentada pela

tese de que o homem devia sustentar a mulher, e então, a mulher, se trabalhasse, deveria

dedicar-se apenas a atividades extras, que não são necessariamente caracterizadas como

trabalho formal.

No contexto brasileiro, as dessemelhanças entre homem e mulher são atribuídas à

formação patriarcal do país. Jurandir Freire Costa em seu livro, Ordem médica e norma

familiar, sublinha que o patriarcalismo familiar foi definidor da formatação organização

econômico-social do Brasil e, como não poderia deixar de ser, produziu efeitos também na

legislação que regularia a família e a vida coletiva. As famílias coloniais são narradas por

Costa (1999) nestes termos:

O pai, chefe do clã, concentrava funções militares, empresariais e afetivas, como exigia a estrutura social da Colônia. Voltado ele próprio para a defesa

da propriedade e da família, conduzia, com mão de ferro, os projetos e

anseios do grupo. Seu desejo e sua nome davam unidade às aspirações dos

indivíduos. Havia quase um vácuo de interesses próprios no restante dos membros. O desejo correto era o desejo do pai; o interesse justo era o da

manutenção do patrimônio (COSTA, 1999, pg. 47).

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Esse cenário gera duas conseqüências para a relação entre a mulher e o trabalho ao

largo dos anos: primeiro, as mulheres se inserem em atividades com baixa remuneração e de

pouca importância; segundo, a parca inserção da mulher no mercado de trabalho tem um

impacto na divisão social do trabalho doméstico, que é, na maioria das vezes, uma atividade

dividida de maneira dessemelhante entre os cônjuges.

Ao levantar dados referentes ao trabalho doméstico, Ribeiro (2009) verificou que

81,9% das mulheres alegam fazer todo o trabalho, e somente 36,2% dos homens admitem

dividir as tarefas domésticas com suas mulheres esposas. Em geral, as mulheres são propensas

a dizer que possuem exclusivamente o encargo de cuidar da casa e dos filhos; por outro lado,

os homens reconhecem que não fazem todo o trabalho, mas, na maioria das vezes, alertam

que fazem mais do que suas esposas acreditam que fazem. Guardadas as diferenças de

percepção acerca da divisão social do trabalho doméstico, o autor discute os dados

encontrados e estima que, no universo de famílias brasileiras estudadas, 4/5 do trabalho

doméstico é dedicado às mulheres. Além disso, ao se observar os dados sobre os casais em

que ambos os cônjuges estão trabalham formalmente, a estimativa é de que o trabalho

doméstico feminino tem uma proporção de 2/3. Os resultados averiguados ilustram que as

desigualdades de trabalho começam nas relações familiares e na reprodução impensada de

elementos da cultura segregadora entre homem e mulher.

Os dados apresentados pelo autor permitem concluir que, a despeito das mudanças

recentes nos papeis familiares, o lugar da mulher continua sendo a casa. A representação que

se tem da mulher é, ainda, marcada pelo histórico patriarcalista, em que a vontade e os desejos

do homem eram imperativos e superiores aos da mulher. O pai, mantenedor da ordem familiar

e possuidor do pátrio poder, tolhia as aspirações e autonomia da mulher, restando-lhe a função

de cuidadora e encarregada das atividades do lar. As mudanças das últimas décadas ocorridas

na sociedade permitiram uma flexibilização dessas posições sociais dentro do lar, no entanto,

ainda é flagrante a assimetria entre homens e mulheres, dentro e fora a casa.

As famílias nas quais não há a figura do pai, as mulheres gozam de relativa liberdade

dentro do ambiente doméstico, o que lhes confere possibilidades de conduzir a organização

familiar com autonomia; mas, ao mesmo tempo, é relegado às mesmas uma sobreposição de

tarefas. Além disso, constata-se um paradoxo: diferentemente da família patriarcal, as chefes

de família monoparentais possuem autonomia dentro de casa, pela simples ausência do

cônjuge do ambiente familiar; contudo, essas mulheres ainda estão subordinadas as

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desigualdades de tratamento encontradas no ambiente fora da casa, ou seja, na vida pública e

no mundo do trabalho.

Afora o contexto intrafamiliar, o trabalho cumpre papel relevante na constituição e na

dinâmica da sociedade. Quando se quer obter dados sobre a estrutura de classes da sociedade,

é mais importante averiguar a ocupação e a posição no mercado de trabalho do que analisar a

renda (HASENBALG, 2003). Assim, serão expostas as relações entre homem e mulher e o

mercado de trabalho, seguindo os dados de autores da estratificação social (HASENBALG,

2003; RIBEIRO, 2009; SCALON, 2009, SILVA, 1999) que utilizam, sobretudo, dados das

PNADS e fazem um panorama sobre o esquema de classe na década de 90 e incluem em suas

investigações as divisões de gênero no mundo do trabalho.

3.2 O TRABALHO FEMININO: RETRATOS DE DESIGUALDADE E

ESTRATIFICAÇÃO

O trabalho feminino passou por uma nova fase ao longo da década de 90,

caracterizada por amplas alterações nas relações de trabalho. A “desindustrialização”,

flexibilização e caducidade das relações trabalhistas foram algumas das características

observadas nesse período, juntamente com o crescimento dos setores de serviço e da

informalidade (SILVA, 1999). Nesse contexto, observa-se, de forma mais premente, a

inserção das mulheres no mercado de trabalho, o que não foi suficiente para resultar em

igualdade salarial em relação aos homens. Silva (1999) afirma que a renda auferida por

mulheres, na data referida, era de 547% da renda dos homes.

Diante disso, deve-se considerar algumas características sobre as disparidades

ocupacionais entre homens e mulheres. Uma delas é o fato de que a força de trabalho

feminino está alocada em atividades e setores específicos do mundo do trabalho, ou seja, as

mulheres trabalhadoras estão na base do esquema de classes sociais e dedicam-se, em sua

maioria, ao setor não-manual de rotina e ao setor manual não-qualificado. (RIBEIRO, 2009;

SILVA, 1999).

Na análise de Ribeiro (2009), casais em que tanto o homem o quanto a mulher estão

inseridos em trabalho formal, é mais fácil perceber que o número de homens que se dedicam

ao trabalho manual é maior que o de mulheres no mesmo setor; ao passo que os cargos de

trabalho de rotina não-manual são predominantemente ocupados por mulheres. Os dados

revelam 67% de homens em atividades de trabalho manual e 59% de mulheres exercem esse

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tipo de trabalho. Já nos trabalho de rotina não-manual, 27% das mulheres estão ligadas a estas

atividades e apenas 20% dos homens estão em trabalhos semelhantes.

O autor acredita que os dados supracitados denunciam de forma clara uma divisão de

gênero e que o trabalho está subjugado a estas posições de classe. Para ele, os resultados

apresentados vão ao encontra da literatura sobre gênero e estratificação social, que afirma que

gênero e classe são conceitos intercambiáveis e que se completam, visto que a própria divisão

social do trabalho se baliza nas diferenças de gênero (RIBERIO, 2009).

Silva (1999), ao fazer uma análise das PNADS de 1995 a 1999 encontra dados que

corroboram a visão de Ribeiro (2009) de que a força de trabalho feminina é encontrada nas

áreas profissionais caracterizadas por trabalho manual e trabalho não-manual. Este são,

segundo o autor, os estratos ocupacionais do trabalho doméstico e das ocupações não-manuais

de rotina. A avaliação do mesmo mostra que 16,5% da População Economicamente Ocupada

(PEO) feminina encontra-se nestes estratos, que, em última análise, correspondem a um terço

das posições ocupadas pelas mulheres. Em contrapartida, a PEO masculina é claramente

ausente dos estratos ocupacionais tipicamente femininos, a saber: os serviços pessoais e de

trabalho doméstico; e, além disso, a população masculina é menos concentrada na estrutura

ocupacional, se dispersando em diversos setores distintos. Havia nas PNADs de 1995 a 1999

16,5 mulheres no trabalho doméstico, e apenas 0,8 de homens exercendo tal atividade. E 15,6

homens em trabalho de serviços gerais, enquanto apenas 5,5 de mulheres tinham essa

ocupação. Nesse ponto, pode-se inferir que as famílias monoparentais femininas estão em

relativa desvantagem, visto que seu chefe familiar, uma mulher, encontra menores

oportunidades de inserção no mundo do trabalho e enfrenta reveses que não são encontrados

por homens.

Nessa mesma direção, as investigações de Hasenbalg (2003) sobre os microdados das

PNADs de 1981, 1990 e 1999 apontam que o número de famílias chefiadas por mulheres

oscila de acordo com a maior ou menor participação dessas mulheres em certos setores

ocupacionais. Assim, a proporção dessas famílias é baixa em estratos ocupacionais como

servidores de trabalho manual e de trabalhadores da indústria moderna, que possuem,

respectivamente 2% e 1,3% de trabalhadoras. De modo inverso, a proporção de famílias

chefiadas por mulheres é maior em estratos ocupacionais como trabalho doméstico, serviços

pessoais, ocupações técnicas e artísticas e não-manuais de rotina.

Scalon (2009), por sua vez, faz um retrato do final da década de 90 utilizando também

os dados da PNAD e aponta que nesse interstício, 22,3% das mulheres eram empregadas do

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setor não-manual de rotina, o que representa o dobro do número de homens; e 31,9% no setor

manual não-qualificado. Contudo, a despeito das relativas desvantagens das mulheres no

mundo do trabalho, em 1996 a autora encontrou dados que revelam uma tendência promissora

para as mulheres: há um número maior de mulheres que se formam profissionais com ensino

superior. A visão de Silva (1999) corrobora para essa afirmação, ao apontar que nas PNADs

de 1995 a 1999 havia, em média, 1,7 homens exercendo profissões com curso universitário e

4,2 de mulheres nessa posição social.

3.3 EDUCAÇÃO, TRABALHO E REPARTIÇÃO DOS RECURSOS

FAMILIARES

Ao considerar “a escolaridade um fator de seleção que reforça também o padrão de

estratificação social” (XAVIER, 2009), é importante atentar para o fato de que as

desigualdades de trabalho não acompanharam as desigualdades de oportunidades

educacionais entre homens e mulheres. Observa-se que na trajetória educacional as mulheres

têm obtido relativa vantagem:

Em muitas nações industrializadas, os efeitos socioeconômicos sobre os resultados educacionais correm paralelamente a outra regularidade: a

diminuição significativa das desigualdades de oportunidades educacionais

por gênero. A expansão das instituições educacionais durante o século XX diminuiu gradativamente a vantagem dos homens sobre as mulheres, a qual,

em alguns casos, chegou a ser revertida (Shavit e Blossefeld, 1993 apud

Ribeiro, 2009).

Os homens possuíam largas vantagens em detrimento das mulheres até a geração de

1955 para completar o secundário inferior (conclusão da educação primária). Já a partir da

década de 1963 e 1971, datas analisadas pelo autor, as mulheres passam a ter maiores chances

de completar este ciclo educacional que os homens, característica observável em diversos

países do mundo (RIBEIRO, 2009). Hasenbalg (2003) conclui que as mulheres avançam, em

média, mais de dois anos de estudos que os homens. Esse dado é interpretado pelo autor como

coerente com o melhoramento das competências educacionais das mulheres ocorridas nos

últimos vinte anos.

Os chefes de famílias e as pessoas com mais de 15 anos avançam 1,7 e 1,6 anos de

estudo, respectivamente. As mulheres chefe de famílias com filhos e parentes, possuem média

de 4,3 anos de instrução e são as que possuem melhor nível educacional. Vale lembrar que

esse tipo de arranjo familiar é considerado em situação precária e abarca 3,3% dos menores de

15 anos. Por seu turno, as famílias com mãe e filhos, que tem 13,1% dos menores de 15 anos,

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não sofrem déficit educacional e atingem médias educacionais próximas da medida geral

(HASENBALG, 2003). Tal análise demonstra que, não obstante a desigualdade entre homem

e mulher no trabalho, há uma constatação otimista para as familias monoparentais femininas,

uma vez que a maior trajetória educacional das mulheres, em tese, abre horizontes

profissionais que não seriam possíveis sem a qualificação profissional.

Em suma, trabalho e educação são variáveis imbricadas e que condicionam maior ou

menor distribuição dos recursos familiares. Os dados obtidos por Hasenbalg (2003), que

asseveram que as famílias compostas por mães com filhos – caracterizada como um subtipo

familiar incompleto – possuem situação financeira melhor que a de casais com filhos e

parentes. Tais dados revelam que a presença de membros da família extensa aparentemente

exerce um efeito prejudicial à distribuição dos recursos familiares maior que a ausência de um

dos cônjuges, o que, naturalmente, acontece nas famílias monoparentais que possuem outros

membros que não a mãe e filhos. Para exemplificar isso, o autor aponta que a melhor situação

econômica é dos casais com filhos, cuja renda familiar per capta fora calculada na média de

R$ 272,76. Em segundo lugar, estão justamente as famílias com mães e filhos, que auferem,

em média, R$ 234,31 como renda familiar per capta. Seguidamente, veem-se as famílias dos

casais com filhos e parentes, bem como das mães com seus respectivos parentes com renda

familiar per capta de R$ 216,71 e R$ 191,65, nessa ordem. Portanto, a presença de outro

membro que não da família nuclear prejudica a distribuição dos recursos na família. As

famílias monoparentais acrescidas de outros parentes são classificadas entre aquelas que

possuem pior renda per capta.

3.4 MOBILIDADE SOCIAL, GÊNERO E CHEFIA FEMININA

Adiante serão apresentados dados e diagnósticos feitos pelos autores a respeito

mobilidade social, sob diferentes perspectivas e usando modelos de investigação variados. A

partir disso, procura-se entender quais as implicações da mobilidade social feminina para as

famílias monoparentais chefiadas por mulheres. Silva (1999) define “mobilidade social” como

o movimento, seja de indivíduo ou de grupos sociais, para outras posições sociais dentre uma

sociedade. Por isso, a mobilidade social é, tradicionalmente, estudada como um fluxo que

favorece a redistribuição de oportunidades dentro dos esquemas de estratificação social. Na

literatura, a mobilidade tem sido tratada basicamente como mobilidade ocupacional, em que

os postos de trabalho são as medidas necessárias para se mensurar a movimentação dos

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indivíduos/grupos entre os estratos sociais. Para o referido autor, os principais cortes para a

mobilidade ocupacional são as categorias de trabalho rural/urbano e manual/não-manual.

Na análise de Scalon (2009), o número de mulheres que originalmente são de estratos

não-manuais e que tiveram seu primeiro trabalho no setor não-manual de rotina, oscila entre

61% e 55%. Na opinião da autora, a faixa social não-manual de rotina e a manual não-

qualificado são como “zonas de contenção” à mobilidade de longa distância, visto que são

ocupações de pouco prestígio e remunerações baixas e que, em geral, abarcam a maioria de

mulheres que provêm do setor manual e rural, respectivamente (SCALON, 2009). De plano,

entende-se que as mulheres, ainda que possuam relativa mobilidade social, esta é ainda parca

e em curtas distâncias, uma vez que a própria estrutura social utiliza os postos de trabalho

ocupados massivamente pelas mulheres como freio para impedir mobilidades mais amplas

que desestruturem o modelo de classes vigente.

No entanto, um olhar atento para a estrutura de classes da década de 90 aponta para

um novo cenário para a mobilidade das mulheres: em 1996 a mobilidade feminina ascendente

aumentou em relação ao final da década anterior, assim como também foi ampliada a

mobilidade de circulação. Mobilidade de circulação é aquela que sucede naturalmente dentro

da dinâmica do mercado, em que novos postos de trabalho são desocupados por

aposentadoria, morte ou ascensão/descensão social dos indivíduos que os ocupavam

previamente. Os dados revelam que em 1988, a mobilidade circular das mulheres girava em

torno de 15,9%, já em 1996, a mobilidade atingiu 21,7%. (SCALON, 2009). Ou seja, no

espaço de uma década, as mulheres passaram a encontrar maiores possibilidades de trabalho e

de inserção no mercado formal.

A mobilidade de circulação faz um paralelo com a mobilidade intrageracional, modelo

definido como o deslocamento para diferentes postos de trabalho ao longo da carreira. A esse

respeito, Scalon (2009) diz que 1996 houve uma tendência à imobilidade intrageracional entre

os homens, ao passo que as mulheres encontravam-se em pleno processo de mobilidade na

mesma data. Em 1988, mulheres tinham mobilidade intrageracional de 59,7%, já em 1996,

63,6%. Porém, esse fenômeno escancara a tendência geral a mobilidade descendente tanto

para homens quanto para mulheres. Como exemplo, em 1988 a mobilidade descendente

atingia a taxa de 18,1% para homes e 18,9% para mulheres; no ano de 1996 os valores sobem

para 27,6% e 29,1% para homens e mulheres, respectivamente. Infere-se, então, que a

movimentação dentro da carreira não necessariamente leva as mulheres a ascensão social. As

mulheres chefes de família podem encontrar, por um lado, maiores chances de se deslocar

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dentro da estrutura social; por outro, nem sempre essa mobilidade representa ganhos sociais

ou conquista de melhores postos de trabalho.

Além da mobilidade circular, a mobilidade social também pode ser averiguada através

da comparação entre a posição social dos indivíduos em relação à dos seus pais, a chamada

mobilidade intergeracional (SCALON, 2009). Nesse caso, a mobilidade feminina não é tão

favorável quanto a circular, se comparada à dos homens. Ribeiro (2009) afirma que 20% dos

homens estudados ascenderam comparativamente a seus pais e 10% em relação a suas mães.

Na outra ponta, 16% das mulheres tiveram mobilidade ascendente em relação a seus pais e

8% em relação a suas mães. Aqui vale frisar que os dados em relação à mãe são de interesse

para o autor por expressarem a interação entre mobilidade e a profissão da mãe. Encontrou-se

que 19% das mulheres dona de casa são filhas de dona de casa, e 23% são filhas de mulheres

que trabalhavam formalmente (RIBEIRO, 2009).

Os dados apresentados por Ribeiro (2009) ensejam que a profissão dos pais – nesse

caso, sobretudo da mãe - exercem influência na posição social de destino dos filhos. Aguiar

(2007) concorda com tal suposição ao afirmar que, por exemplo, a educação dos pais projeta

nos filhos influencias acerca dos estudos, impactando em suas escolhas educacionais e

profissionais. Contudo, a mesma autora discorda de Ribeiro (2009) ao apontar que o fato de

ser dona de casa não traz impactos significativos na educação dos filhos (AGUIAR, 2007). A

conclusão da autora parece diminuir a relação de causa e efeito que se acredita existir entre a

profissão ausência de profissão da mãe - mãe dona de casa – e a profissão de seus filhos. Para

ela, a trajetória profissional feminina está atrelada muito mais ao investimento próprio que

elas realizam em educação. Tais dados interessam para a análise das famílias chefiadas por

mulheres por inferir-se que os padrões familiares replicados ou contraditos nas gerações

seguintes são menos influenciados pela figura do genitor, nesse caso, da mãe.

Ribeiro (2009) indica que, mesmo os homens tendo maiores chances de mobilidade

ascendente do que as mulheres, essa vantagem deixa de existir quando são analisados os

dados referentes aos casais em que tanto o marido quanto a esposa encontram-se no mercado

de trabalho. Neste caso, os números são: 22% dos homens casados com mulheres que

ascenderam socialmente em relação a seus pais e 29% em relação a suas mães.

Comparativamente, 38% das mulheres inseridas no mercado de trabalho, ao se casarem,

obtiveram mobilidade ascendente em relação a seus pais e 32% em relação a suas mães.

Nesse ponto, a análise vale para compreender que a mobilidade feminina também está

condicionada ao casamento. Tratar das famílias monoparentais femininas é dizer de mulheres

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de mulheres que ou não passaram pelo casamento, ou que, depois de casadas, se divorciaram,

motivo que dificulta a mobilidade das mesmas e, por conseguinte, também impossibilitam a

ascensão social de todo o núcleo familiar.

Por fim, nos estudos de Scalon (2009), as mulheres continuam tendo maiores taxas

absolutas de imobilidade que os homens; contudo, os números acerca das diferenças de

gênero na mobilidade descendente não se mostram significativos. Assim, como saliente.

Ribeiro (2009), ainda que relevantes, as taxas absolutas de mobilidade não podem ser tomadas

como medidas definitivas e não dão um parecer conclusivo sobre qual dos fatores é mais

significativo para a mobilidade social: classe ou gênero. A resposta para tal indagação se dará

através de análises estatísticas mais sofisticadas e que levem em consideração homens e

mulheres com mesmas classes de origem.

CONCLUSÕES

As famílias compostas por mães e filhos sem cônjuge surgem por separações,

divórcios, viuvez e por gravidez indesejada, frequentemente observada em adolescentes.

Ocorre que a falta de um dos cônjuges ou de seu substituto, naturalmente gera uma sobrecarga

de atividades sobre a chefe de família, que se vê na incumbência de executar tarefas distintas

e, muitas vezes, simultâneas, de cuidar dos filhos, da casa, do trabalho e da renda familiar.

Além desses fatores, outros se somam para o acirramento das vulnerabilidades sociais a que

essas famílias se subjugam, tais como os apresentados por Hasenbalg (2003): a média das

mães chefes de famílias monoparentais é inferior a das mães de unidades familiar completas.

As primeiras têm em torno de 28,3 anos; as segundas, 49,4 anos. A interpretação do autor é

que as famílias de mães com filhos são formadas por mulheres que voltaram para as famílias

de origem quando de sua separação ou de mulheres que não romperam com sua família de

origem. Sobreposto a todo esse cenário, estão as desigualdades de gênero apontadas pela

estratificação social que impactam sobre estas famílias.

Os modelos de análise da estratificação social consultados inferem que há um

paradoxo notório nas análises da estratificação social de gênero: de um lado as mulheres

transitam mais pelo sistema educacional que os homens, obtendo maiores credenciais de

qualificação e formação profissional; de outro, ainda há uma clara diferenciação das

oportunidades de trabalho e níveis de salários entre homens e mulheres. Além disso, as

mudanças sociais no papeis familiares e de gênero não garantiram que a mobilidade feminina

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fosse significativa ao ponto de permitir às mulheres emancipação e autonomia. Assim, ainda

que os paradigmas patriarcais tenham perdido força ao longo das últimas décadas, as

mulheres continuam enfrentando reveses em decorrência das desigualdades entre homem e

mulher no mundo do trabalho, o que figura, para as famílias de mulheres com filhos, desafios

ainda maiores na manutenção e cuidado para com o núcleo familiar.

Por fim, acredita-se que os resultados encontrados servem à agenda das políticas

públicas que estão a serviços dessas famílias. O quadro de políticas públicas que incluem as

famílias em seu escopo não pode, evidentemente, ignorar os papeis realizados por seus

membros nas relações familiares, tampouco pode furtar-se de inferir sobre as mudanças

socioeconômicas das famílias. A compreensão da presença destes novos arranjos familiares a

partir da estratificação social contemporânea abre possibilidades para entender os limites e

avanços do desenho das políticas públicas e, em última análise, permite discutir os encargos

assumidos pelas famílias no sistema contemporâneo de proteção social e na dinâmica da

sociedade como um todo.

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