família: (re)construir-se é possível

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    www.angulareditora.com.brFamlia: (re)construir-se possvel

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    Revista para Escola Dominical

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  • 2 - Cruz de Malta

    EXPEDIENTE Cruz de Malta. 2015.1Estudos Bblicos para Jovens Revista do/a Aluno/a

    Publicada sob a responsabilidade do Colgio Episcopal da Igreja Metodista, pelo Departamento Nacional de Escola Dominical. Produzida pela Igreja Metodista.

    Colgio EpiscopalAdonias Pereira do Lago Bispo presidente

    Secretaria para Vida e MissoJoana DArc Meireles

    Coordenao Nacional de Educao CristEber Borges da Costa

    Departamento Nacional de Escola DominicalAndreia Fernandes OliveiraLuiz Virglio Batista da Rosa Bispo Assessor

    Equipe de RedaoAndreia Fernandes OliveiraFabiana de Oliveira Ferreira

    Colaboradores/asAngela Maria PierangeliBlanches PaulaFabiano PereiraIvarda Pereira dos SantosJosue Adam Lazier Marcio Divino de OliveiraMargarida RibeiroMarta Clia Pereira do LagoRosana PiresRoseli OliveiraRicardo Pereira da SilvaRonald da Silva LimaSilvio Cezar Jos Pereira Gomes

    RevisoRenata Gusmo Alves Dias

    Projeto Grfico e EditoraoAlixandrino Design

    Departamento Nacional de Escola Dominical:Av. Piassanguaba, 3031 Planalto Paulista04060-004 So PauloTel. (11) 2813-8600 Fax. (11) [email protected]: http://ed.metodista.org.br/

    ESTUDOS

    Eu quero Jesus em minha casa.

    E quando a famlia no vai bem?

    O que falar sobre honrar pai e me?

    Gestos que falam mais que palavras.

    Minha famlia no compartilha da minha f.

    Estar solteiro/a no um problema.

    E foram felizes para sempre.... Como?

    Estamos grvidos! E agora?

    Adoo: o nascer do corao.

    Uma conversa sobre divrcio

    Quando quem deveria amar, nos machuca.

    Acolher mais do que conviver.

    Crise financeira: como administr-la?

    Superando os processos de perda na famlia.

    Encontrando a espiritualidade no relacionamento familiar.

    Quando parar o passo para continuar.

    Eu tenho valor!

    Elias: do medo ao pnico.

    Depresso e estresse: isso pode acontecer comigo?

    A presena de Cristo em nossos lutos.

    A Igreja como comunidade teraputica.

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    PALAVRA DO REDATORGraa e paz!

    Com o objetivo de alimentar a nossa espiritualidade e nos orientar a uma vida de acordo com a Palavra de Deus que lanamos mais essa edio que abordar temas relacionados famlia e sade emocional. Para facilitar a abordagem do tema, dividimos essa revista em duas unidades, mas entendemos que estes assun-tos esto intimamente relacionados. Quando a sade emocional vai mal, os relacionamentos tambm so afetados e vice-versa.

    Seguramente outros assuntos relacionados ao tema surgiro nas discusses, ainda que no sejam contemplados na revista, bus-que maneiras de discuti-los em sala de aula. Vivemos tempos de mudanas paradigmticas em relao famlia, pensar sobre isso nos ajuda a seguir crendo e construindo uma famlia segundo o corao de Deus.

    Ter uma famlia pautada pelo amor e pela solidariedade mui-to importante para a nossa sade mental, no entanto, isso no a garantia de que no experimentaremos problemas emocionais e psquicos. Eles fazem parte da nossa humanidade e precisam ser tratados com sinceridade e verdade, foi nessa perspectiva que construmos os estudos.

    No existem respostas fceis! Quando a igreja se converte em um espao de acolhida s pessoas e suas complexidades, a partilha dos testemunhos, o estudo e entendimento da Palavra de Deus nos auxiliam a lidar com a dureza da vida, mas tambm a perceber a Graa divina e confiar no seu amor e misericrdia. Que os assuntos aqui tratados nos ajudem a crescer em graa, sabedoria e santi-dade. Com o corao grato a Deus, desejamos bons encontros de partilha e aprendizagem!

    No amor de Cristo,Equipe de Redao da Revista Cruz de Malta

  • 4 - Cruz de Malta

    Estudo 01: Eu quero Jesus em minha casa

    Texto bblico: Marcos 1.16-31

    E, saindo eles da sinagoga, foram, com Tiago e Joo, diretamente para a casa de Simo e Andr (v.29).

    A nossa famlia ocupa boa parte das nossas oraes, seja em gra-tido ou intercesso e ns precisamos sim orar por ela. A famlia muito especial para Deus e foi criada como um projeto de exalta-o vida em comunidade. Deus entendeu que no era bom que o ser humano vivesse s.

    A famlia tambm um tema muito precioso para igreja. Pensar sobre nossas relaes familiares luz da Palavra de Deus o inte-resse dessa revista. Desejamos com isso, colaborar para a transfor-mao e o fortalecimento desse ncleo to importante. Para isso, preciso convidar Jesus a entrar em sua casa. Foi isso que Pedro fez logo no incio de sua vida como discpulo de Jesus Cristo.

    Andando ao lado de Jesus

    Simo, tambm conhecido como Pedro, levou Jesus para a sua casa. Em que contexto isso acontece? Aps a priso de Joo Ba-tista, Jesus se dirige para a Galilia e comea o seu ministrio. A viso de Jesus era um exerccio ministerial comunitrio e, nesse sen-tido, ele comea a chamar pessoas para caminhar ao seu lado no anncio do Reino de Deus (Marcos 1.15).

    Os irmos Simo e Andr so as primeiras pessoas a serem cha-madas, em seguida os irmos Tiago e Joo tambm se unem ao Mestre. Comea aqui o projeto de discipulado de Jesus Cristo. A chegada de Jesus em suas vidas mudou a rotina, o trabalho como

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    pescadores de peixes deu lugar a um novo propsito: pescar pes-soas.

    Aprendendo com Jesus

    Aps chama-los, Jesus os leva para a sinagoga, onde passa a en-sinar (v.21). Nesse espao de ensino, os discpulos se deparam com a libertao de uma pessoa endemoninhada. A sinagoga era um espao de educao e, por meio da educao, as mentes e os corpos so libertos: e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertar. Joo 8.32. A libertao ocorrida naquela sinagoga atin-giu a pessoa endemoninhada e tambm as pessoas que, maravi-lhadas, ouviam os ensinos de Jesus (Marcos 1.22; 27).

    O projeto discipulador de Jesus Cristo para alm da rua e da si-nagoga, ele quer chegar nossa casa.

    Ao sair da sinagoga, o destino a casa de Pedro (v.29), chegan-do l, Jesus se deparou com a notcia de que a sogra de Pedro estava doente (v.30). em direo a ela que Ele se movimenta: se aproxima, toma-a pela mo e a febre passa. Diante disso, a mulher passa a servi-lo. A ao libertadora de Jesus, agora acontecia na casa de Pedro: a mulher havia sido curada. Jesus foi levado para a intimidade da casa, a ponto de lhe mostrarem a mulher doente.

    Vem morar em minha casa!

    Assim como Cristo deseja habitar o nosso corao, ele quer ter es-tadia em nossa casa, em nossa famlia. Por meio desse texto, al-guns desafios so apresentados:

    Aceitar o chamado de Jesus muda a nossa rotina: a opo por uma vida em discipulado coloca em cheque a nossa rotina e traz muitas mudanas. As mudanas propostas por Jesus so sempre visando o nosso crescimento. preciso no temer, confiar e ir com Jesus. Ele no nos obriga, nos convida.

    Ser discpulo/a se dispor a aprender com o Mestre: a Palavra de Deus libertadora, tem a funo de transformar a nossa mente. O primeiro ato de Jesus foi leva-los a um lugar de aprendizagem. Qual o valor que damos ao estudo da Bblia? preciso conhec-la

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    para no se deixar dominar (Efsios 4. 14).

    Jesus em nossa casa: muitas vezes corremos o risco de no levar para casa o que aprendemos na igreja. Outras vezes, limitamos o espao da presena de Jesus em nossa casa Bblia em cima da estante, a versculos bblicos nas paredes e geladeira e s oraes na hora das refeies. Quando Jesus entrou naquela casa, lhe mostraram quem estava doente. Esse o propsito de se convidar Jesus para casa: mostrar as fragilidades, enfermidades e angstias. Ele tem poder para curar. E o resultado disso que nos tornamos mais hbeis para servi-lo.

    Concluindo

    Entre tristezas e alegrias, brigas e reconciliao, mgoas e perdo, abandonos e encontros, fartura e escassez, ns vivemos e nos re-lacionamos em famlia. Ao levarmos Jesus Cristo para nossa casa, podemos ter certeza de que Ele cuidar de nossas mazelas, nos tomar pela mo e nos sustentar em meio s dificuldades do dia a dia, nos fortalecendo para servi-lo.

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    Bate-papo

    Quais os cinco principais desafios para a famlia? Como a Igreja tem tratado atualmente esses desafios?

    Leia durante a semana

    :: Segunda-feira: Gnesis 12.1-3: Seja voc uma beno! :: Tera-feira: Salmo 22: Deus te fortalece, quando tudo parece difcil demais. :: Quarta-feira: Lucas 19.1-9: Convide Cristo para sua casa. :: Quinta-feira: Atos 16.11-15: A palavra de Deus desperta mente e corao.:: Sexta-feira: Atos 16.27-34: Ore por sua famlia. :: Sbado: Salmos 96: Aproveite o dia para louvar a Deus por sua famlia!

    A ns, discpulos e discpulas de Jesus, esto postos os seguintes desafios: aprender cada vez mais de Deus, leva-lo para a nossa intimidade familiar; apresentar as mazelas e enfermidades, prontos e dispostos cura e se levantar para servi-lo.

    Que a partir desses estudos, a sua vida e de sua famlia se transfor-mem cada vez mais! Convide Jesus a ocupar por completo a sua casa e a sua vida, isso mudar a sua famlia e a forma de vocs servirem a Deus.

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    Estudo 02: E quando a famlia no vai bem?

    Texto bblico: 2 Reis 4. 8-37

    .... Vai tudo bem contigo, com teu marido, com o menino? Ela respondeu: Tudo bem (v. 26).

    OBA! Tenho uma famlia! , Ai! Tenho uma famlia! , so frases que podem vir nossa mente quando pensamos em nossa famlia. Sim, porque ao mesmo tempo em que a famlia pode representar um lugar de alegria, crescimento emocional e espiritual, desafios e so-nhos compartilhados, ela tambm pode representar um lugar de conflitos mal resolvidos, processos de julgamento, crticas e dor, fe-ridas abertas e ausncia de comunicao saudvel e construtiva.

    Por isso, to importante que todas as pessoas crists olhem com cuidado e amor para a famlia e busquem formas de transform-la em um lugar que emana sade, alegria e paz. Vamos pensar um pouco a respeito disso?

    Os encontros

    O texto de 2 Reis 4.8-37 relata a histria de dois encontros de uma famlia com o profeta Eliseu. No primeiro encontro, esta famlia se revela acolhedora e abenoadora (v.9,10), porm, segundo o con-ceito de famlia daqueles tempos, ela estava incompleta. Falta-va um filho ao casal (v.14). O profeta ento intercede por aquela famlia e este filho vem completar a alegria daquela casa. Tudo caminhava bem, at que surge uma circunstncia no esperada: o filho da sunamita adoece e morre (vv.19-20).

    Tudo to repentino que a mulher s conseguiu reagir ao fato de

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    forma impulsiva e emocional. Deixou seu filho morto, e sem contar nada a ningum e nem se preocupar com os preparativos para o funeral (reaes que seriam racionais), foi ao alcance do homem de Deus (v.22).

    Provavelmente, havia uma nica certeza no corao e na alma desta mulher: se algum poderia reverter esta histria de perda e dor, seria o homem de Deus. Ento no havia necessidade de per-der tempo na busca de qualquer outra sada.

    Este acontecimento possibilitou o segundo encontro desta mulher com o profeta Eliseu. Ao aproximar-se do local onde ele estava, a sunamita foi recebida pelo moo Geazi que quis saber o que es-tava acontecendo (vv.25-27). Sem desprez-lo, a mulher evita falar com ele e persiste em sua busca de encontrar-se com Eliseu. Da mesma maneira, ela poderia se contentar com a morte do filho, mas insistiu com o profeta, para que aquilo que Deus havia come-ado, no terminasse daquele jeito (v. 28).

    Quando parece no ter mais jeito

    A sunamita viu a primeira ao a favor de seu filho no ter resul-tados (v.31). Precisou de uma segunda interveno para que o mi-lagre ocorresse (vv.32-36). A primeira tentativa de ressurreio foi feita por Geazi, por meio do bordo do profeta Eliseu (vv.29,31). O bordo (uma vara resistente que se leva mo para sustentao do corpo) era smbolo de apoio, e foi colocado sobre o menino, mas sem resultados. A ressurreio do que estava morto se deu a partir do toque de Eliseu sobre o menino, da aproximao, mos sobre mos, do olho no olho, e assim, o que estava frio foi se aque-cendo e a morte foi dando lugar vida (v.34).

    Aps ver a vida de seu filho restaurada, a sunamita se prostra dian-te do profeta (atitude comum na poca, por reconhec-lo como Homem de Deus) e agradece a bno alcanada (v.37).

    E a sua famlia, como vai?

    Muitas vezes vivemos em famlia, mas pouco convivemos. Os ho-rrios no batem, os dilogos tambm no, e assim a gente vai deixando coisas preciosas morrerem. Em muito essa experincia

  • 10 - Cruz de Malta

    da sunamita pode nos ajudar quando o assunto a nossa famlia. Vejamos:

    Precisamos identificar o que est morto em nossa famlia e ir em busca de soluo. Devemos apresentar a Deus todas as necessida-des da nossa casa. Alm de falar com algum para buscar conse-lhos, precisamos entender que o mais importante colocar tudo, primeiramente, aos ps do Senhor (2 Reis 4.27 e Salmo 55.17).

    preciso perseverar na busca. Em nossa busca pela restaurao da nossa famlia, muitos obstculos surgiro com o intuito de nos desanimar ou nos fazer parar. No entanto, devemos perseverar no nosso alvo, crendo que aquele que comeou em ns sua boa obra, tambm h de complet-la (Filipenses 1.6; Lucas 18.1).

    Nem sempre nossa busca ter resposta imediata. Deus tem o tem-po determinado para realizar todas as coisas (Eclesiastes 3.1-3), por isso no podemos desistir. O Senhor deseja o melhor para nossa famlia (Jeremias 29.11-13).

    O processo de restaurao na famlia se d a partir da orao e da proximidade. necessrio ter a f firmada na presena de Deus e no na f de outras pessoas. Precisamos de intercesso, mas faz--se necessrio desenvolver a nossa f e, por meio dela, esperarmos em Deus. Ns devemos orar muito, mas a presena junto nossa famlia, o estar juntos, o olhar sincero que compartilha amor, o per-do, a aceitao, so gestos que possibilitaro a renovao da vida.

    O processo de restaurao inclui a gratido. Gratido a atitude esperada de todos aqueles e aquelas que foram por Deus aben-oados/as.

    De quem a responsabilidade de ir em busca da restaurao fa-miliar? Apenas dos pais? Em que medida ns, jovens, por j termos sado de casa, ou estarmos planejando a nossa sada, no nos im-portamos?

    Diante dos acontecimentos da vida, sejam eles bons ou ruins, muito bom poder ter uma famlia para contar, para se alegrar e tambm para se abrigar. Qual ser a nossa resposta diante da per-

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    gunta: e a famlia como vai?

    Nos encontros superficiais, geralmente, a nossa resposta a essa pergunta : vai tudo bem! Mas agora, aps esse estudo bblico, como voc responderia? Muitas vezes um tudo bem esconde nossos problemas e o nosso desconhecimento do que realmente tem ocorrido dentro de casa. Assim como a sunamita, precisamos manter a ateno em nossa casa e nas relaes estabelecidas com nossos familiares. E quando for necessrio, ir em busca de aju-

    da, seja por meio da orao, do aconselhamento e at mesmo da boa interferncia de algum. A responsabilidade pela estabilida-de familiar de todo mundo.

    bem certo que h situaes que, humanamente falando, no tero o desfecho que esperamos. Mas ainda assim, continuaremos caminhando, testemunhando e vivendo a manifestao da graa de Deus em meio s desgraas da vida, como nos exorta 2 Co-rntios 4.

    Concluindo

    Por vezes, diante das mudanas circunstanciais que sofremos, no estamos preparados/as e nem prontos, como famlia, para enfren-

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    t-las, assim nos abatemos, perdemos nossos referenciais e permiti-mos que um desnimo emocional, fsico e at mesmo espiritual, nos domine. Para reagir a isso preciso: sentir-se como parte respons-vel para garantir o bem-estar da sua famlia; cultivar e manter um perodo semanal para, em famlia, realizar alguma atividade que fortalea os laos familiares; ter uma vida devocional em famlia. A orao e a leitura da Bblia nos fortalecem para situaes inespe-radas que s Deus conhece quando e como vir.

    Que possamos buscar caminhos que nos conduzam a pro-cessos de maturidade enquanto famlia para que as dificuldades da vida sejam instrumentos de renovao da nossa f e fora em Deus!

    Bate-papo

    Destaque 4 aes fundamentais para que os membros da famlia se ajudem mutuamente em tempo difceis

    Leia durante a semana

    :: Segunda-feira: Salmos 147.13 - Deus abenoa sua casa!:: Tera-feira: Provrbios 13 - Trabalhe, busque o caminho e Deus te sustentar. :: Quarta-feira: 1 Corntios 3.1-20 - Busque em Deus a sabedoria! :: Quinta-feira: 1 Joo 2.15-17 - A vontade de Deus sempre a melhor escolha! :: Sexta-feira: 1 Tessalonicenses 5.21-23 - E o Senhor ser a sua paz!:: Sbado: Romanos 8.18-25 - O Senhor a sua esperana!

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    Honra a teu pai e a tua me, como o Senhor teu Deus te ordenou (v.16a)

    Falar sobre honrar pai e me, em tempos onde as relaes es-to cada vez mais desgastadas e fragilizadas, parece um discurso ultrapassado e, em muitas realidades, percebemos um uso equi-vocado ou interesseiro que se faz desse mandamento. Enquanto filhos e filhas, de todas as idades, podem esvaziar e desmerecer o sentido desse mandamento, pais e mes podem se valer dele para estabelecer relaes opressoras com seus descendentes. Como ns temos nos relacionado com essa ordenana? O que entende-mos sobre isso?

    Um importante mandamento e sua promessa

    Deuteronmio 5.16 faz parte do texto conhecido como os Dez mandamentos que muito significativo para a histria de Israel e devem ser entendidos como orientaes para a relao com Deus e com os seres humanos. Pedagogicamente podem ser divi-didos em duas partes: os 4 primeiros considerados como deveres e obrigaes a Deus, e os demais que so obrigaes e deveres com as pessoas. Oito mandamentos comeam na negativa, s os mandamentos 4 e 5 so afirmativos e apenas o mandamento 5, objeto do nosso estudo, agrega uma promessa: (...) para que se prolonguem os teus dias, e para que te v bem na terra que te d o Senhor teu Deus.

    A f do Antigo Testamento passou por diversas transformaes at o tempo de Jesus. No passado, a religio oficial possua dogmas

    Estudo 03: O que falar sobre honrar pai e me?

    Texto bblico: Salmo 19.7-11

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    que, mesmo hoje, no fazem parte do credo judaico. Dois desses dogmas podem ser identificados nesse versculo: teologia da retri-buio e a crena de que a morte seria o fim porque no criam em vida eterna.

    O primeiro afirmava que TUDO te iria bem se fosse fiel a Deus. Ne-nhum mal iria te atingir. Na poca do cativeiro babilnico, os ju-deus comearam a questionar essa crena. Esses questionamen-tos podem ser encontrados nos livros de Eclesiastes (7.15) e J (22).

    Como no criam na vida eterna, era coerente entender a longe-vidade como retribuio da fidelidade. Contudo, a quantidade de pessoas fiis a Deus que morreram por diversos motivos, fizeram com que o povo repensasse sua f. A crena no Juzo Final surgiu como revelao de Deus por volta do II a.C. O livro de Daniel foi o primeiro a mencionar a esperana da vida eterna, acrescentando esse dado na f judaica (Daniel 12.13).

    Para alm desse contexto, est o valor desse mandamento. Ele atemporal e serve de orientao de conduta para alm da cultura e dos dogmas, pois trata de respeito e valorizao do ser humano.

    Engana-se quem acha que a relevncia desse tema se restringe s classes de crianas. Ao ser apresentado ao povo, esse man-damento no tem restrio etria. bem possvel que ele tenha sido escrito para os/as filhos/as crescidos/as, como alerta contra o abandono dos pais e mes na velhice. Quem cuidou dos filhos e filhas, quando j no pode mais trabalhar, precisa ser cuidado por sua descendncia.

    Nessa ordenana se exalta o valor da paternidade. A igreja primi-tiva tambm valorizava muito esse mandamento que fazia parte das instrues de conduta (Efsios 6.1-3). Jesus criticou o abando-no aos pais e mes (Marcos 7.6-13) e tambm deu um exemplo de cuidado com quem o criou (Joo 19. 25-27).

    A promessa consequente da honra aos pais e mes no pode ser entendida como prosperidade material ou ausncia de dias dif-ceis. interessante pensa-la a partir da prosperidade emocional. Honrar para que te v bem, para que estejas livre, em paz, com a certeza de quem tens feito o melhor.

  • Cruz de Malta - 15

    H que se ter a Graa para cumprir os mandamentos

    Ao olharmos para os mandamentos na perspectiva crist, perce-bemos que apenas a graa de Deus nos auxilia em seu cumpri-mento. Ns, por ns mesmos, temos muitas dificuldades em cumpri--los. Assim, eles assumem, desde quando estabelecidos, a funo proftica de denncia das injustias e do anncio de pistas para uma vida saudvel.

    Os pais tm uma importncia muito maior do que costumamos imaginar. E essa importncia independe do quanto ns mesmos achamos que essas relaes significam para ns. As marcas do relacionamento ficam em ns, sejam elas boas ou ruins, e as con-sequncias surgem a partir de como reagimos a isso. Aqui faze-mos um destaque para as consequncias negativas que podem imprimir em ns marcas e mgoas que dificultam, muitas vezes, nossas relaes pessoais e, at mesmo, com Deus. No queremos com isso desmerecer o sofrimento da ausncia do cuidado e as dores das difceis relaes que algumas pessoas tm com quem as criou. Mas consideramos importante destacar que Cristo nos cha-

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    ma para uma nova vida onde Ele cura nossas feridas e cicatrizes, nos ajudando a seguir em frente (2 Corntios 5.17).

    Quando assumimos esse mandamento na perspectiva moralista, ele pouco proveitoso, torna-se opressor e dificlimo de cumprir. Tanto para esse quanto para qualquer outro mandamento, pre-ciso vive-los na perspectiva da graa, da santificao e do disci-pulado. A graa nos torna conscientes do amor, do perdo e do auxlio constante de Deus e a santificao o compromisso que assumimos ao nos tornarmos discpulas e discpulos que querem se parecer com o seu Mestre: Jesus Cristo.

    Assim como ns, nossos pais e mes tambm esto sujeitos a co-meterem todo tipo de erro. Inclusive nos relacionamentos com fi-lhos e filhas. Ainda que infelizmente isso acontea, no podemos permitir por amor a Deus, a ns e a quem nos cerca que seus erros determinem e dominem nossos comportamentos, atitudes e sentimentos. Assumir essa postura significar fazer as pazes com o passado e esforar-se em perdoar a ignorncia de quem nos machucou fsica e emocionalmente. Da a importncia da Graa divina!

    muito fcil falar e MUITO difcil agir

    H que se considerar tambm que, ainda que muitas pessoas te-nham excelentes relaes com seus pais e mes, isso no signifi-car ausncia de dificuldades e o nascimento de mgoas. O mais importante, talvez, no sejam essas feridas que nos causam ao lon-go do caminho, mas o que fazemos delas. No as leve para toda a vida, dilogo sempre necessrio e a melhor opo. Nas rela-es familiares as pessoas se educam umas s outras e isso precisa acontecer em relaes amorosas e verdadeiras.

    Sabemos que h pessoas que no aprenderam a importncia da maternidade e da paternidade. Quaisquer que sejam as caracte-rsticas de quem nos criou, ou gerou, precisamos encontrar a me-lhor maneira de lidar com isso e a Bblia nos aponta excelentes ca-minhos de superao das dificuldades. H quem, por si s, consiga venc-las e seguir em paz e h quem precise procurar ajuda, no hesite em faz-lo se esse for o seu caso.

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    Concluindo

    Uma atitude saudvel evitar relativizar as dificuldades e enten-der que precisamos, do nosso jeito e com a ajuda divina, encon-trar, de forma consciente e corajosa, uma maneira de fazer as pa-zes com o que passou e at com o que ainda insiste em nos ferir. Caso sinta necessidade de mais orientaes, busque ajuda com o ministrio pastoral ou quem mais achar necessrio.

    Diante desse estudo, muitas pessoas em seu ntimo podem pen-sar: muito fcil falar. De fato, muito fcil falar e MUITO difcil agir. Entretanto, no h outro caminho para que possamos vencer as dificuldades que surgem dos nossos relacionamentos com nos-sos pais e mes. Um futuro melhor se apresenta medida que ns conseguimos no nosso presente, dar outro significado s dores do passado e o amor de Jesus Cristo nos capacita nessa tarefa

    Bate-papo

    1. Quais as maiores dificuldades para honrar o pai e a me? Como super-las?

    2. Eleja 3 importantes princpios na educao e na relao entre pais, mes, filhos e filhas.

    Leia durante a semana

    :: Segunda-feira: Eclesiastes 7 - Aprendemos com os momentos difceis da vida.:: Tera-feira: J 22 - Desculpas e orao nos aliviam :: Quarta-feira: J 23- Apresentar-se perante Deus traz restaurao! :: Quinta-feira: Deuteronmio 5.29- Obedecer a Deus, a melhor escolha!:: :: Sexta-feira: Tiago 1.19-26 - Reflita e aplique!:: Sbado: Isaias 49.15-16 - Deus jamais se esquece de ti!

    Capa_Cruz de Malta_aluno2Pgina 1

    Miolo_Cruz_de_Malta_aluno_24_08_15