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FACULDADE MERIDIONAL – IMED Escola de Psicologia Iberê D’Avila Alves Estratégias de coping na prevenção de recaída em usuários dependentes de crack Passo Fundo 2013

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FACULDADE MERIDIONAL – IMED

Escola de Psicologia

Iberê D’Avila Alves

Estratégias de coping na prevenção de recaída em usuários dependentes de crack

Passo Fundo

2013

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Iberê D’Avila Alves

Estratégias de coping na prevenção de recaída em usuários dependentes de crack

Banca examinadora:

Profª. Me. Leda Rúbia Corbulin Maurina

Prof. Dr. Vinícius Renato Thomé Ferreira

Profª.Me. Mariane Luiza Mattjie

Passo Fundo

2013

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Estratégias de coping na prevenção de recaída em usuários dependentes de crack

Iberê D’ Avila Alves

Leda Rúbia Corbulin Maurina

RESUMO

A prevenção de recaída é de suma importância para o tratamento dos sujeitos usuários de crack, pois diminui o risco do consumo e ajuda a identificar estratégias para permanecer na abstinência. O presente trabalho tem como objetivo geral identificar as estratégias de coping na prevenção de recaída dos usuários dependentes de crack , traçar o perfil específico dos usuários de substâncias e comorbidades, relacionar estratégias utilizadas e situações tentadoras para o uso. Para tal, foram utilizados cinco instrumentos: ASSIST, MINI – Mini International Neuropsychiatric Interview, COPING, ESTUD e EAAD. Eles foram aplicados em doze pessoas do sexo masculino, ambos dependentes de crack e internados para tratamento de dependência química em duas comunidades terapêuticas situadas na região norte do Rio Grande do Sul. O método utilizado foi o estudo transversal. 1. Em relação ao perfil quanto ao uso de substâncias, os participantes desse estudo revelaram-se poliusuários e em situação de alto risco em relação ao crack. Verificou-se que existe associação entre os usuários de crack e transtornos depressivos e de ansiedade. 2. Os resultados constataram que as estratégias mais utilizadas na prevenção da recaída foram a Reavaliação Positiva e a Aceitação de Responsabilidade. Ao correlaciona-lás com a autoeficácia para a abstinência de drogas, constatou-se que os sujeitos são mais confiantes para manter-se na abstinência, ao utilizarem os fatores Preocupações e Social Positivo. Os resultados obtidos nessa pesquisa poderão contribuir tanto para os pacientes em tratamento da dependência química, como subsídio na prevenção de recaída.

Palavras-chave: Crack. Comunidade Terapêutica. Coping. Prevenção de Recaída.

ABSTRACT

The relapse prevention is of paramount importance for the treatment of subjects crack users because it reduces the risk of consumption and helps identify strategies to stay on abstinence. This study aimed to identify the coping strategies in the prevention of relapse of crack addicts and users, outline profile specific as to substance use and comorbid conditions , and strategies

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used to relate tempting situations for use. To this end, we used five instruments: ASSIST, MINI - Mini International Neuropsychiatric Interview, COPING, ESTUD and EAAD, applied in twelve males, all of them addicted to crack and hospitalized for treatment of chemical dependency in two therapeutic communities located in the northern of Rio Grande do Sul The method used was cross-sectional study. The results showed that the most frequently used strategies in preventing relapse were the positive reappraisal and the acceptance of responsibility. The correlation them with the self-efficacy for abstinence from drugs was found that subjects are more confident to keep in abstinence, when using the Positive and Social Concerns factors. Regarding the profile for the use of substances, it was possible to observe that participants are poliusers and have a high risk in relation to crack. It was found that there is an association between crack users and depressive disorders and anxiety. The results obtained in this research can contribute both to patients in addiction treatment, as a basis for the prevention of relapse.

Keywords: Crack. Coping. Relapse Prevention. Therapeutic Community.

1 Introdução

O uso de drogas está presente em grande parte da sociedade, dos indivíduos e de suas

famílias. Atualmente, as substâncias psicoativas estão em evidência, seu uso ameaça a

estrutura da sociedade e é considerado um perigo iminente, a ponto de várias autoridades de

muitos países, por diversas razões, terem tomado a decisão de erradicá-las, como se isso

pudesse ser possível, já que a relação humana com as substâncias psicoativas existe desde

sempre (SEIBEL, 2010).

A dependência química é um tema importante porque interfere na vida de muitas

pessoas e porque está em jogo o prejuízo dos vínculos afetivos e familiares, além do efeito

maléfico causado sobre a saúde física e psíquica das pessoas. A dependência química é uma

patologia considerada crônica e reincidente, na qual o uso sucessivo de substâncias

psicoativas acarreta mudanças na estrutura e no funcionamento do cérebro (LARANJEIRA,

2012).

O enfrentamento da dependência química e as estratégias de prevenção à recaída têm

por objetivo ensinar o sujeito a fazer o próprio gerenciamento de suas situações de risco. A

Prevenção à Recaída combina a educação de habilidades comportamentais, as intervenções

cognitivas e a modificação do estilo de vida. Entende-se que o sujeito pode voltar a consumir

drogas em cenário de alto risco e, ao perceber tal risco, é possível gerar estratégias eficientes

de enfrentamento (SAKIYAMA, RIBEIRO e PADIN, 2012).

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Zanelatto (2011) argumenta que, nos últimos anos, têm-se intensificado os estudos em

relação às causas das recaídas em transtorno de comportamento. Consequentemente, modelos

de tratamentos com o objetivo de prevenção têm sido desenvolvidos e a prevenção de recaída,

além de ter recebido uma atenção crescente na literatura científica, tem sido um modelo de

excelência entre as possibilidades psicossociais no tratamento da dependência química. O

autor também diz que, para o dependente químico, o maior desafio enfrentado é exatamente o

manter-se abstinente.

Sakiyama, Ribeiro e Padin (2012) argumentam que a reabilitação do dependente de

substância psicoativa exige uma espécie de mutirão por parte de profissionais e técnicos com

a orientação baseada em conhecimentos concebidos cientificamente.

Dessa forma, o objetivo deste estudo é verificar quais são as estratégias de Coping na

prevenção de recaída utilizadas por usuários dependentes de crack internados em

comunidades terapêuticas e sua relação com a Autoeficácia para manutenção de abstinência.

Ainda, objetiva-se relacionar as estratégias menos utilizadas e as situações tentadoras para,

por fim, caracterizar os participantes da pesquisa quanto ao perfil no uso de substâncias e

comorbidades.

2 Droga, dependência, fissura e recaída

2.1 Droga

De acordo com Cazenave (2010), as definições distorcidas acerca do assunto “drogas”

confundem a população leiga, acarretando um agravamento dos preconceitos e dificultando a

implantação de medidas preventivas. Também afirma que substâncias ou drogas psicoativas

são aquelas que modificam o estado de consciência do usuário e, sintetizando, conceitua

droga de abuso como toda substância que age nos mecanismos de gratificação do cérebro, e,

em razão disso, provoca efeitos de encorajamento, euforia e também tranquiliza o usuário.

Para Sadock (2007), é notório que a palavra substância tem preferência em relação à

terminologia droga, pois esta diz respeito à substância manufaturada, ao passo que várias

substâncias associadas a padrões de uso aparecem naturalmente (ex. ópio) ou não se aplicam

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ao consumo humano (p. ex. cola de avião). Segundo o autor, no DSM-IV-TR o tema é

relacionado na categoria geral dos transtornos relacionados à substância.

De acordo com Cavalcante (2003), droga é toda e qualquer substância que, introduzida

no organismo, provoca alterações no funcionamento psíquico, alterando algumas de suas

funções. Conforme o autor, o uso das drogas tem por objetivo a busca do prazer ou o alívio do

sofrimento.

Segundo Marlatt (2008), para a farmacologia, o que as pessoas chamam de droga

dever-se-ia nomear droga psicotrópica. Por que “psicotrópica”? Psico resulta do grego psyché,

que significa “alma”, “espírito”, “mente”. Trópica, por sua vez, deriva do grego tropos e quer

dizer “atração”. Portanto, drogas psicotrópicas são aquelas substâncias que têm atração por

atuar no cérebro, modificando a maneira de o indivíduo sentir, de pensar e, muitas vezes, de

agir.

Fonseca e Lemos (2011) destacam que é importante lembrar que a droga aparece

como um dos fatores da tríade que leva à dependência; a sociedade e o individuo são os outros

dois. Tais pesquisadores citam que todas as drogas com capacidade de produzirem prazer e

reduzirem sensações desagradáveis têm em comum uma característica: atuam de maneira

diferenciada no circuito de prazer ou de recompensa, o que resulta na liberação de dopamina.

Todas as drogas de abuso (incluindo o álcool) fazem com que o cérebro humano libere maior

quantidade de uma substância chamada dopamina (DA), que age na comunicação entre os

neurônios e por isso é chamada de “neurotransmissor”. Esse aumento de dopamina gera uma

sensação de prazer.

2.2 Drogas psicoativas ou psicotrópicas

Segundo Lima, Fonseca e Ribeiro (2012), as substâncias psicoativas são aquelas que

desencadeiam ação direta nos sistemas cerebrais e, quando consumidas, podem alterar o

humor, a consciência, o pensamento e o estado físico.

De acordo com a SENAD – Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (2009)

existem vários tipos de drogas, classificadas conforme o resultado geral no sistema nervoso

em drogas depressoras, drogas perturbadoras e drogas estimulantes.

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Drogas depressoras são aquelas que inibem ou retardam o funcionamento do sistema

nervoso central (SNC). Um exemplo clássico são as bebidas alcoólicas. Podem causar

sonolência e em razão disso, são chamadas de “sedativos” ou “hipnóticos”. Algumas dessas

drogas servem como medicamentos, como, por exemplo, os anestésicos e sedativos.

Drogas perturbadoras são aquelas que modificam as funções psíquicas, provocando

delírios, alucinações e alteração na capacidade de discriminar medidas de tempo e de espaço.

Essas substâncias também são chamadas de alucinógenas ou psicodélicas. Um exemplo

clássico é a maconha.

Drogas estimulantes são as que excitam ou aceleram o funcionamento do sistema

nervoso central (SNC). As mais comuns no Brasil são a cocaína, a cafeína e a nicotina.

Provocam agitação, insônia, excitação e outros efeitos. O crack – droga objeto deste estudo –

é uma das formas de apresentação da cocaína e, assim, está classificada como droga

estimulante.

2.3 Crack

De acordo com Perrenoud e Ribeiro (2012), o crack surgiu em meados de 1984 e

1985, em bairros pobres e marginalizados de Nova York, Miami e Los Angeles, nos Estados

Unidos da América, e, no início da década de 1990, chegou ao Brasil. A droga passou por

muitas mudanças durante os últimos 20 anos no Brasil e tornou-se uma realidade grave e

inextinguível que carece de soluções específicas e permanentes. Os autores descrevem o perfil

dos usuários de crack no Brasil: jovens desempregados, com baixo nível de instrução e com

poder aquisitivo baixo, com envolvimento no uso de múltiplas substâncias psicoativas, com

comportamento sexual de risco e provenientes de famílias desestruturadas.

Segundo o Ministério da Saúde (2009), o crack, uma das formas de apresentação da

cocaína, resulta da transformação do cloridrato de cocaína aditado ao bicarbonato de sódio e

dissolvido em água. A partir daí, a mistura é aquecida e, depois de secada, tem a forma de

pedras que, ao se quebrarem, fazem um barulho característico: daí surgiu o nome “crack”. O

autor descreve que, para alcançar o resultado final do crack, são acrescidas à cocaína várias

substâncias toxicas, como querosene, gasolina e inclusive água de bateria. A pedra é fumada e

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muitos são os objetos usados para este fim, como cachimbos improvisados e latas de

alumínio, podendo ser consumido também enrolado nos cigarros de tabaco e maconha.

Koller et al. (2012) relatam que, quando o usuário faz uso do crack, a fumaça inalada é

levada pela circulação sanguínea de modo direto dos pulmões para o cérebro numa velocidade

de 6 a 8 segundos, provocando resultados efêmeros de 3 a 5 minutos, seguidos sempre de um

desejo irrefreável de usar novamente a droga.

O crack é uma droga capaz de alterar o comportamento de uma pessoa, deixando-a

pouco acessível para o tratamento. É descrito como uma substância psicoativa poderosa e com

alta porcentagem de mortalidade principalmente no início de seu consumo. Estudos indicam

que o uso crônico da droga prejudica o sujeito cognitivamente, reduzindo sua capacidade

mental, colaborando para o afastamento e para o abandono por parte da família

(LARANJEIRA, 2012).

De acordo com Guimarães et al. (2008), a depressão e a ansiedade destacam-se como

os transtornos mentais mais comuns em usuários de crack e que a frequência de comorbidade

psiquiátrica em sujeitos dependentes dessa substância psicoativa é bastante relevante, digno

de cuidados no apoio clínico.

Ribeiro et al. (2012) relatam que os usuários de crack fazem uso simultâneo, isto é,

poliuso, de outras substâncias psicoativas. Num estudo feito em 15 unidades ambulatoriais e

de internação em São Paulo, com 294 sujeitos usuários de crack, o poliuso foi a regra entre

esses indivíduos, apontando-se principalmente o uso concomitante de maconha, álcool e

tabaco. Os autores citam que ocorre um ciclo de consumo entre as substâncias, uma

estimulando o consumo da outra e assim reciprocamente, não sendo claros os motivos do

poliuso. Grande parte dos usuários de crack manifesta critérios para a dependência durante a

sua longa história de consumo.

2.4 Transtorno por uso de substância e dependência de crack

Para Alves, Ribeiro e Lemos (2012), a dependência química é descrita como um

desejo que não pode ser controlado em fazer uso de uma substância psicoativa, na vigência de

respostas reprimidas/inibitórias ineficientes.

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Em seu livro “Atrás dos Muros”, Abrão e Biasin (2007) reconhecem que o uso de

substâncias psicoativas de forma continuada resulta numa patologia denominada

“dependência química”, reconhecida pela Organização Mundial da Saúde.

De acordo com o Manual Estatístico e Diagnóstico, são estes os critérios observados

na dependência de substância:

Um padrão mal adaptativo de uso de substância, levando a comprometimento ou sofrimento clinicamente significativo, manifestado por três (ou mais) dos seguintes critérios, ocorrendo em qualquer momento no mesmo período de 12 meses: 1. tolerância, definida por qualquer um dos seguintes aspectos: a) Necessidade de quantidades progressivamente maiores da substância, para obter a intoxicação ou o efeito desejado. b) Acentuada redução do efeito com o uso continuado da mesma quantidade de substância, 2. abstinência, manifestada por qualquer dos seguintes aspectos: a) síndrome de abstinência característica da substância (consultar os critérios A e B dos conjuntos de critérios para abstinência das substâncias especificas) b) a mesma substância (ou ma substância estreitamente relacionada) é consumida para aliviar ou evitar sintomas de abstinência 3. a substância é frequentemente consumida em maiores quantidades ou por um período mais longo do que o pretendido 4. existe um desejo persistente ou esforços malsucedidos no sentido de reduzir ou controlar o uso de substância 5. muito tempo gasto em atividades necessárias para a obtenção da substância (p. ex., consultas a vários médicos ou longas viagens de automóvel), na utilização da substância (p. ex., fumar em grupo) ou na recuperação de seus efeitos 6. importantes atividades sociais, ocupacionais ou recreativas são abandonadas ou reduzidas em virtude do uso de substância 7. o uso de substância continua, apesar da consciência de ter um problema físico ou psicológico persistente ou recorrente que tende a ser causado ou exacerbado pela substância (p. ex.,uso atual de cocaína, embora o individuo reconheça que uma úlcera piorou devido ao consumo de álcool) (DSM-IV-TR™, 2002).

Na dependência de substância, a característica básica consiste na presença de um

conjunto de sintomas fisiológicos, comportamentais e cognitivos pelos quais o sujeito sinaliza

que faz uso de uma substância, apesar de problemas expressivos relacionados a ela (DSM-IV-

TR™, 2002).

Como se pode observar nos critérios para dependência, a síndrome de abstinência de

crack provoca fissura. Necessário, assim, definir-se e delinear-se de que se trata, a que se

dedicará o presente estudo no próximo item, relacionando-se com a recaída.

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2.5 Fissura e recaída

Marques e Seibel (2010) descrevem a fissura como um forte incentivo para o uso de

uma substância psicotrópica, sendo um elemento presente na maioria dos usuários com

dependência. Quando observado do ponto de vista dos usuários, esse incentivo é bem

complexo, podendo ser definido como um forte desejo ou senso de compulsão para consumir

a droga, uma necessidade premente e imediata em fazer uso novamente da droga logo após o

consumo, ou ainda após muito tempo na abstinência.

Conforme Araujo et al. (2008), o craving ou “fissura” como é apontado popularmente

pelos usuários de substâncias psicoativas no Brasil, é definido como sendo um forte desejo de

fazer uso de uma determinada substância. Os autores pontuam que a Organização Mundial de

Saúde reuniu uma comissão de especialistas em dependência química que conceituaram o

craving como uma vontade de voltar a ter novamente a experiência dos resultados do uso de

uma determinada substância.

De acordo com Marinho, Araujo e Ribeiro (2012), a fissura refere-se a uma vontade

intensa de usar uma determinada substância psicoativa, associada ao desejo de repetir o

experimento de seu resultado, sendo frequentemente acompanhado de alterações do

comportamento, do humor e da cognição. Acontece em qualquer momento na vida do usuário,

podendo ser no início da abstinência ou depois de um longo período de abstinência ou, ainda,

na fase de consumo. Isso pode ocorrer diante de um determinado estímulo, interno (como

ansiedade ou depressão) ou externo (como a presença de amigos que usam drogas), a partir de

quando são ativadas crenças centrais e crenças “adictivas”. Os autores declaram que a fissura

pode ser comparada a mecanismos de aprendizagem e memória, com os circuitos sendo

desencadeados e ativados pela droga.

Conforme Oliveira e Nappo (2008), a fissura produz uma sensibilidade de urgência

pela droga, tanto que, com o fim de seus recursos financeiros, o usuário obriga-se a atividades

ilegais, como furtos, além da prostituição e de outras atividades não lícitas, comprometendo a

integridade física e a sua liberdade.

De acordo com Chaves et al. (2011), entender a fissura, para o usuário, isto é, como

surge, o que determinou esse acontecimento, o comportamento agregado e as estratégias

usadas pelo sujeito, pode ser de auxílio para o profissional que vier a atendê-lo. Ainda

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afirmam que a fissura é um forte estímulo para fazer uso de uma substância e também fator

potencial para a recaída.

Conforme Büchele, Marcatti e Rabelo (2004), no momento em que um dependente em

processo de recuperação volta a consumir drogas, estabelece-se a recaída. Como afirmam os

autores, a recaída é vista, na percepção do próprio dependente, como algo gradativo, o que

não significa que ocorra de maneira lenta, com alterações nos comportamentos e hábitos.

Assim sendo, o sujeito volta a fazer uso da substância quando cede ao impulso e, então,

acontece a recaída.

De acordo com Silva (2010), a recaída é um fenômeno complexo que inclui

componentes psicológicos, fisiológicos e sociais, determinado por múltiplos fatores. O autor

descreve que, apesar de existirem diversos conceitos para recaída, destacam-se algumas

características comuns nas diversas abordagens referentes aos casos de recaídas: a)

dificuldade em manter-se na abstinência; b) dificuldade em lidar com as situações cotidianas

sem fazer uso das drogas; c) uso da droga com frequência e quantidade após um tempo na

abstinência ou redução drástica do consumo; d) estresse como um gatilho determinante nas

recaídas; e) retorno, de maneira rápida, ao hábito antigo de consumo.

Rigotto e Gomes (2002) conceituam recaída como sendo a volta ao uso de drogas após

um tempo de abstinência. Ainda referem que o problema da recaída está associado aos

seguintes elementos: pressão social, frustrações, incentivo ao uso de bebidas alcoólicas,

ausência de apoio da familiar, retorno de convívio com velhos amigos usuários e ausência de

acompanhamento especializado.

Segundo Andrade (2010), a fissura é um dos fortes motivos para a recaída e destaca o

acesso fácil ao dinheiro, a dificuldade do manejo de frustrações e a não participação por parte

do usuário de crack em grupos de apoio como motivos para o retorno do uso de substâncias.

Nesse contexto, a prevenção de recaída é um método importante para prevenir e criar

técnicas para administrar o problema a ela relacionado.

3 Prevenção de recaída

Marlatt e Witkiewitz (2009) mencionam que o primordial objetivo da prevenção de

recaída é sanar o problema e criar técnicas para lidar e prevenir sua ocorrência. Para os

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mesmos autores, a prevenção da recaída é fundamentada em uma estrutura cognitivo-

comportamental e se propõe a identificar situações de alto risco, nos quais um sujeito é

propenso a uma recaída e, portanto, é necessário fazer uso de estratégias comportamentais e

de enfrentamento cognitivo para evitar futuras recaídas em situações semelhantes.

Segundo os mesmos autores, a prevenção de recaída procura prevenir ou restringir os

episódios de recaída, combinando o treinamento de habilidades comportamentais com

intervenções cognitivas.

De acordo com Romanini, Dias e Pereira (2010), a prevenção de recaída busca mudar

um comportamento autodestrutivo a fim de manter a mudança, por meio do reconhecimento

de cognições disfuncionais e da aprendizagem de comportamentos mais adaptativos. Os

autores explicam como um tratamento inerentemente respeitoso e auxiliador, que promove a

autoeficácia do paciente.

Ao tratar da prevenção da recaída Sakiyama, Ribeiro e Padin defendem:

A prevenção da recaída é um programa de técnicas e estratégias de enfrentamento, cujo objetivo fundamental é ensinar o individuo a fazer o próprio gerenciamento de suas situações de risco, dos estados emocionais e do estresse, os quais podem levá-lo ao retorno do uso de substâncias psicoativas, interrompendo a abstinência. O método foi desenvolvido com a finalidade de manter a mudança alcançada no curso do tratamento (2012).

A prevenção primária ao consumo de substâncias psicoativas, talvez seja uma

alternativa eficaz em relação à recaída, quando esta for bem empregada, pois não existe ainda

alguma terapêutica de excelência, tampouco psicoterápica ou medicinal que dê conta quando

o assunto é a reincidência ao uso de substância psicoativa (KOLLING, PETRY e MELO,

2011).

De acordo com Knapp e Bertolote (1994), a prevenção da recaída é um programa de

autocontrole e manutenção que tem por objetivo adquirir habilidades para enfrentar as

situações de risco e a mudança do estilo de vida. Os autores comentam que a prevenção da

recaída é um plano de tratamento que possibilita a informação para o sujeito, a fim de que

possa prever, mudar, responder e lidar com acontecimentos, isto é, situações que conduzam à

recaída ou para que saia da condição de abstinência.

Nos fundamentos da prevenção de recaída, o sujeito em abstinência vivencia uma

sensação de autoeficácia, isto é, no comando da situação, sem as pressões internas externas

para consumir a droga. Algumas situações associadas ao consumo, chamadas de alto risco,

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como pensamentos, locais ou circunstâncias, produzem um abalo neste estado de bem-estar e

sensação de controle, ampliando o perigo de o sujeito ser atraído para comportamentos que

levem ao consumo de drogas, após um período de abstinência (SAKIYAMA, RIBEIRO e

PADIN, 2012). Destacam os mesmos autores que as circunstâncias emocionais negativas,

conflitos intrapessoais e interpessoais, sentimentos de frustração, raiva, contrariedade,

entusiasmo, tristeza são os elementos de risco mais comum, associado à recaída.

Quando se pensa em um local de tratamento que trabalhe a prevenção de recaída,

incluem-se as Comunidades Terapêuticas, sobre as quais se passa a discorrer brevemente.

3.1 Prevenção de recaída em Comunidades Terapêuticas

Chuck Dederich, em 18 de setembro de 1958, juntamente com um grupo pequeno de

alcoolistas em tratamento da dependência química, na cidade de Santa Mônica – Califórnia

(EUA) decidiram residir juntos, permanecer na abstinência, ter um estilo de vida alternativo

e fundar a 1ª Comunidade Terapêutica, que se chamou Synanon (SENAD, 2009).

Segundo Fracasso e Landre (2012), as Comunidades Terapêuticas estão presentes em

mais de 60 países, e se caracterizam por ser um lugar de internação especializada, que

dispõe de programa de tratamento intensivo e estruturado objetivando a conquista e a

manutenção da abstinência, com posterior encaminhamento para uma internação

ambulatorial mediante necessidade do paciente. Os autores citam que, no decorrer dos anos,

as comunidades terapêuticas conservaram um modelo de tratamento de mútua ajuda e de

aproximação entre os pares, motivando mudanças e resgatando valores para uma qualidade

de vida melhor, ampliaram com sucesso outros modelos psicossociais, como as técnicas

motivacionais, prevenção de recaída e outros serviços, tornando as comunidades um espaço

eficiente no tratamento de sujeitos com diagnostico duplo.

O objetivo essencial das comunidades terapêuticas é o tratamento do sujeito por

inteiro, visando à sua recuperação e possibilitando, de forma positiva, uma mudança no seu

modo de vida. Os autores pontuam que as abordagens são eficientes no tratamento da

dependência química, principalmente para aqueles sujeitos com dependência grave,

insubmissos a tratamentos ambulatoriais e comprometidos psicossocialmente (FRACASSO,

LANDRE, 2012).

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Observa-se, que os autores destacam os modelos psicossociais aplicados pelas

comunidades terapêuticas, dentre eles a prevenção de recaída, na qual os indivíduos

aprendem estratégias de enfrentamento, também conhecidas como coping.

4 Estratégias de coping

As estratégias de coping reproduzem maneiras de atuar, condutas utilizadas para

trabalhar com um agente estressor e estratégias dizem respeito a ações cognitivas ou atuações

em determinados episódios de estresse. O objetivo é diminuir a sensação física desagradável

produzida em um momento de estresse (ANTONIAZZI, DELL’AGLIO, BANDEIRA, 1998).

Segundo Foldman e Lazarus (apud ANTONIAZZI, DELL’AGLIO, BANDEIRA,

1998), essas estratégias, dependendo da sua funcionalidade, podem receber dois tipos de

classificação: a) o coping baseado na emoção, que se apresenta como um empenho do sujeito

para equilibrar a situação emocional associada ao estresse. Esses empenhos de coping são

direcionados a um estado de sentimentos com o intuito de modificar a circunstância

emocional do individuo; e b) o coping baseado no problema relacionado a um esforço do

sujeito para mudar um acontecimento gerador de estresse. Sua função é transformar um

problema atual entre o sujeito e o meio.

Sousa et al. (2011) definem coping como sendo um esforço para responder a um

determinado estímulo (externo ou interno), sendo considerado como desafiante ou negativo.

Não se trata de uma resposta automática em relação ao problema, mas de um recurso

intencional do sujeito, a fim de adequar-se a uma nova situação. O sujeito é um personagem

ativo na solução de seus problemas, a fim de ter controle em relação à doença e de diminuir os

sentimentos de angústia.

A partir disso, optou-se por realizar pesquisa com usuários, visando a observar as

estratégias desenvolvidas e sua eficácia.

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5 Metodologia de pesquisa

5.1 Delineamento e participantes

Trata-se de um estudo transversal. Segundo Bastos e Duquia (2007), os estudos

transversais são indicados quando se pretende avaliar a frequência de algum evento de saúde

manifesto em uma população específica. Além disso, os fatores são associados entre si,

podendo ser usados para explicar associação entre variáveis. Reforçam os autores que os

estudos transversais se prestam como ferramentas úteis para descrever características de uma

população e para identificar uma determinada população de risco, além de atividades e

projetos em saúde.

Os participantes dessa pesquisa foram doze sujeitos do sexo masculino, divididos em

dois grupos de seis pessoas cada, pertencentes a duas comunidades terapêuticas situadas na

região norte do Estado do Rio Grande do Sul. Todos são usuários de crack e internados para

tratamento de dependência química.

5.2 Instrumentos

Foram utilizados, na presente pesquisa, os seguintes instrumentos: 1) ASSIST

(Alcohol, Smoking and Substance Involvement Screening Test). Desenvolvido pela OMS, é

um questionário para triagem do uso de álcool, tabaco e outras substâncias, fornece

informações referentes ao uso de substâncias, risco atual ou futuros problemas decorrentes do

uso, (SENAD, 2009); 2) MINI – Mini International Neuropsychiatric Interview. É um

questionário diagnóstico simples e breve, compatível com os critérios do DSM-IV e da CID-

10. É organizado por módulos diagnósticos independentes, elaborado de forma a melhorar a

sensibilidade do instrumento (AMORIN, 2000); 3) Inventário de Estratégias de Coping.

Segundo Savóia, Santana e Mejias, o inventário de estratégias de coping de Folkman e

Lazarus, adaptado por Savóia et al. (1996) é um questionário que contém 66 itens que

englobam pensamentos e ações que as pessoas utilizam para lidar com demandas internas ou

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externas de um evento estressante específico. Todas as questões são pontuadas, variando de 0

– não utilizei essa estratégia; 1 – usei um pouco; 2 – usei bastante; 3 – usei em grande

quantidade. A escala consiste de 8 fatores classificatórios sugeridos pela análise fatorial:

confronto, afastamento, autocontrole, suporte social, aceitação da responsabilidade, fuga-

esquiva, resolução de problema e reavaliação positiva; 4) ESTUD (Escala de tentação para

uso de drogas) e 5) EAAD (Escala de auto eficácia para abstinência de drogas): As escalas 4 e

5 propõem a avaliação de diversos tipos de precipitantes de recaída (tentação) e a expectativa

de eficácia (AE) nas mesmas situações. As duas escalas complementares, de 20 itens cada,

contam com os mesmos 20 itens, a ser respondida de acordo com consignas distintas. Cada

item descreve uma situação do contexto do uso de substâncias, e as alternativas de resposta,

dispõe a confiança na capacidade de manter abstinência naquela situação (AE) ou, na outra

escala, gradua a tentação para usar substâncias naquela situação (FREIRE, 2009).

5.3 Procedimentos para coleta dos dados

Inicialmente, foi feito contato com as comunidades terapêuticas em Passo Fundo e

Água Santa, para realizarmos a coleta de dados. As 12 pessoas envolvidas foram convidadas a

participar da pesquisa, sendo explicada, para todos, a proposta do trabalho.

A coleta de dados foi realizada no mês de setembro de 2013, nas comunidades

terapêuticas MAANAIM e VITA de Passo Fundo, sendo que na MAANAIM a coleta foi

realizada pelo autor desse projeto e na VITA foi realizada pelas estagiárias do estágio básico,

pelo fato de que o autor atuar como presidente nesta instituição.

Após a leitura e a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pelos

participantes, o processo de coleta teve início. A coleta foi realizada de maneira individual e

em local reservado e preparado para tal.

Este estudo fez parte do Projeto intitulado “Estudo da efetividade da intervenção do

modelo transteórico para pacientes dependentes de crack”, coordenado pela Professora Drª

Margareth da Silva Oliveira, do Grupo de Pesquisa “Avaliação e Atendimento em

Psicoterapia Cognitiva”, da Pós-Graduação em Psicologia da Pontifícia Universidade Católica

do Rio Grande do Sul em parceria com a Escola de Psicologia da IMED – Passo Fundo.

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6 Análise e discussão dos resultados

Para análise, os dados foram sumarizados, em termos de frequência e porcentagem,

cruzando-se as variáveis categóricas.

Em relação aos resultados do ASSIST (Alcohol, Smoking and Substance Involvement

Screening Test) que caracterizou o perfil quanto ao uso de substâncias psicoativas dos

participantes deste estudo, foi possível identificar que as drogas mais utilizadas foram: crack

12 (100%); tabaco 9 (75%); Álcool 8 (66,7%); maconha 8 (66,7%). Ainda se verificou, a

partir dos resultados da pesquisa, que todos os participantes sugerem alto risco em relação ao

crack. Para as demais substâncias, o grau de risco foi moderado e baixo.

Esses resultados corroboram com os achados deste estudo, que comprovam que os

usuários de crack fazem uso simultâneo de substâncias, isto é, poliuso, já que são usuários de

outras substâncias psicoativas.

Ribeiro et al. (2012) relatam que a associação de álcool e crack favorece ciclos de

consumo entre as substâncias em que uma incita a outra e vice-versa. Segundo os mesmos

autores, é comum o uso concomitante de drogas entre os usuários de crack.

Conforme Azevedo e Oliveira (2011) destacam, o indivíduo poliusuário está mais

exposto a riscos, maiores chances de abandono do tratamento e ainda prejuízo no desempenho

afetivo e social. Os mesmos autores relatam que a associação de substâncias psicoativas pode

estar relacionada a um anseio de aumentar as sensações, vistas como prazerosas pelo usuário,

diminuir os efeitos da intoxicação e abstinência. Portanto, é importante a identificação do

poliusuário e sua observação tanto no tratamento psicoterápico e farmacológico nos diferentes

níveis de atenção.

Em relação ao MINI – Mini International Neuropsychiatric Interview, os resultados

constataram a presença de episódios depressivo maior – atual, induzido por substância, em 3

(25%) da amostra e em 7 (58.3%) a presença de episódio depressivo maior – atual e passado,

e, por, fim 3 (16,6%) episódios depressivo maior – com características melancólicas.Outra

comorbidade psiquiátrica identificada nos resultados da pesquisa foi o transtorno de ansiedade

generalizada – induzido por substância: 3 (16,6%) da amostra.

Os resultados corroboram com os achados deste estudo, que revelam que a associação

entre usuários de crack conduz a transtornos depressivos e de ansiedade.

Cordeiro e Diehl (2011) relatam que cocaína, crack e anfetaminas, drogas

estimulantes, são capazes de gerar sintomas significativos de ansiedade. Os autores destacam,

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ainda, que é comum a associação dos sintomas depressivos, em relação à cocaína e o crack.

Dentre dois pacientes que procuram recurso terapêutico ou tratamento, no mínimo um terá

uma outra patologia psiquiátrica.

Gráfico 1 – Frequência em números de sujeitos – Estratégias mais utilizadas e o quanto se sentem confiantes para manter-se abstinentes

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

FATOR 1

FATOR 2

FATOR 3

FATOR 4

FATOR 5

FATOR 6

FATOR 7

FATOR 8

FATOR

1.1

FATOR

1.2

FATOR

1.3

FATOR

1.4

Fonte: dados primários.

O Gráfico 1 mostra a frequência de cada estratégia utilizada. Pode-se constatar que as

estratégias de coping mais usadas pelos usuários de crack foram a Reavaliação Positiva e a

Aceitação de Responsabilidade. Por outro lado, na Escala de Auto-Eficácia para Abstinência

de Drogas (EAAD), as que mais pontuaram foram as Preocupações e o Social Positivo.

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Conforme a análise do gráfico 1, verifica-se que os fatores mais utilizados como

estratégias de coping, para que o sujeito permaneça na abstinência ou previna a recaída, em

relação ao uso de drogas, é a Reavaliação Positiva e a Aceitação de Responsabilidade.

Algumas doenças tem como aspecto central a presença de falhas na regulação das

respostas emocionais, possibilitando comportamentos inapropriados socialmente e

destrutivos, entre eles o uso de drogas. Portanto, as emoções fazem parte do processo de

comunicação e de tomada de decisão e a reavaliação atua no começo do processo e constitui

numa mudança de pensamento sobre uma situação (OLIVEIRA, RIBEIRO, 2012). Segundo

Damião (2009), a Reavaliação Positiva é uma estratégia que permite ao sujeito fazer um

enfrentamento na gerência das emoções, isto é, uma maneira de reinterpretação, progresso

pessoal, em relação à situação estressante. Outra estratégia de coping mais usada é a

Aceitação de Responsabilidade, em que o sujeito admite o comportamento problema. Ao

aceitar a realidade, o indivíduo procura empenhar-se no processo de enfrentar o momento

estressante. É importante observar que os envolvidos nesta pesquisa são sujeitos internados

em comunidades terapêuticas, o que pode justificar as estratégias mais pontuadas no coping.

Ao correlacionar as estratégias mais usadas do coping com os resultados dos fatores de

Auto-Eficácia para abstinência de drogas, verificou-se que os sujeitos são mais confiantes

para se manter em abstinência, ao utilizarem os fatores preocupações e Social Positivo. A

partir da análise dos resultados, percebe-se que as estratégias mais pontuadas pelos envolvidos

nesta pesquisa, com o objetivo de prevenir a recaída, descrevem a necessidade de o sujeito

fazer uso de estratégias comportamentais e enfrentamentos cognitivos para evitar futuras

recaídas e permanecer na abstinência. O fator Preocupações mais utilizado, conforme

representação no gráfico, mostra as inquietudes dos usuários de crack, em relação à saúde

física e ao risco da recaída. O segundo fator mais utilizado, o Social positivo, remete aos

cuidados necessários que o sujeito em tratamento precisa ter em relação à vida social (velhos

amigos, dinheiro, festas).

De acordo com Sakiyama, Ribeiro e Padin (2012), os indivíduos que, durante a

abstinência, seguem frequentando os mesmos locais e grupos de convívio, bem como na

prática de hábitos anteriores, têm chances de recair significativamente aumentadas.

O Gráfico 2 Apresenta as estratégias de coping menos utilizadas pelos usuários de

crack: Afastamento e Fuga e Esquiva aparecem empatadas, seguidas do Confronto e Suporte

Social, estratégias com a mesma pontuação. Na Escala de Situações Tentadoras para o uso de

drogas – ESTUD, as que mais pontuaram foram Social Positivo e Emoções Negativas.

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Gráfico 2 – Frequência em número de sujeitos – estratégias menos utilizadas e as situações mais tentadoras

Fonte: dados primários.

Verificou-se que os sujeitos desta pesquisa são mais ou extremamente tentados para

usarem drogas ao utilizarem os fatores Social Positivo e Emoções Negativas.

A partir da análise do gráfico, verificamos que os fatores menos utilizados como

estratégias de coping foram Afastamento (indica distanciamento da ameaça) e Fuga Esquiva

(o fator estressante é evitado) – ambos empatados, seguido de Confronto (existe um

enfrentamento diante do risco) e Suporte Social (família, amigos tornam-se auxílio como

estratégia), também com a mesma pontuação. Os envolvidos na pesquisa não utilizaram ou

utilizaram pouco dessas estratégias como medidas para prevenir a recaída. Caracteriza que os

indivíduos continuam expostos a situações de vulnerabilidade ao uso: contextos sociais, em

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que se pode supor que há disponibilidade da droga e situações estressantes, situações

comumente associadas à recaída. Segundo Sakiyama, Ribeiro e Padin (2012), os estados

emocionais negativos, os conflitos interpessoais, intrapessoais e as pressões sociais, tais como

sentimentos de raiva, contrariedade, frustração, euforia e tristeza são considerados as

situações de risco mais frequente relacionados à recaída. Logo, não utilizam talvez por não

terem desenvolvido em seu repertório habilidades de enfrentamento.

Ferramentas cognitivas ou comportamentais que podem ser utilizadas pelo indivíduo

objetivando reestabelecer o equilíbrio diante de adversidades às quais é exposto, a situações

de risco ou mesmo situações em que este indivíduo se sente pouco autoeficaz ou em

desvantagem, podem ser definidas como habilidades de enfrentamento. Tais habilidades são

consideradas variáveis que auxiliam a determinar o uso ou não uso de substâncias como o

álcool e outras drogas (MONTI et al., 2005).

Nas habilidades de enfrentamento antecipatórias, comportamentos e pensamentos são

focados para a construção de um ambiente menos vulnerável a situações estressoras, ou ainda

para sua eficaz e rápida solução, antes mesmo de uma vontade grande e imediata de usar a

substância, ou seja, da fissura. Já nas habilidades de enfrentamento imediatas,

comportamentos e pensamentos são utilizados como uma maneira de lidar com a fissura já

instalada, em uma situação na qual há alto risco de uso de álcool ou outras drogas. As

habilidades de enfrentamento imediatas podem ser consequência de um baixo desempenho de

habilidades antecipatórias, uma vez que estas últimas funcionariam como prevenção primária

à recaída (DONOVAN, 2009).

Uma das características da dependência, conforme DSM- IV (2012) consiste no

abandono de importantes atividades sociais, recreativas ou ocupacionais no contexto do uso:

amigos, também usuários em situação de vulnerabilidade, dificuldade da família disfuncional

em acolher alguém com mudança de comportamento em função da dependência.

7 Considerações finais

Os resultados desta pesquisa possibilitaram identificar as estratégias de coping como

prevenção de recaída e também a necessidade de um olhar afetivo a esta população que se

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empenha para o alívio do desconforto de ordem psíquica que a droga lhe impõe, seja por parte

do poder público, da família ou da sociedade.

A partir da revisão da literatura, verificou-se a complexidade do tema drogas, a forma

como agem no cérebro, alterando o funcionamento psíquico e como sendo um dos fatores da

tríade que desencadeia a dependência química. O sujeito envolvido pela dependência, busca

alívio para o desconforto psíquico e uma resposta cognitiva ou comportamental para enfrentar

o problema, ainda que se depare com situações de fissura e recaídas. Diante do problema, a

Prevenção da Recaída apresenta-se como uma resposta eficaz para o gerenciamento de

situações de risco no uso compulsivo de drogas, a fim de que o sujeito possa lidar com

situações que conduzam para a recaída.

Os resultados constataram que as estratégias mais utilizadas na prevenção da recaída

foram a Reavaliação Positiva e a Aceitação de Responsabilidade. Ao correlaciona-lás com a

autoeficácia para a abstinência de drogas, constatou-se que os sujeitos são mais confiantes

para se manterem na abstinência ao utilizarem os fatores Preocupações e Social Positivo.

Na experiência de transitar em um universo, com um tema um tanto complexo, em

busca de referencial teórico, para a construção desse estudo científico, foi possível perceber o

quanto é escassa a literatura que disserte sobre o tema da prevenção de recaída e de elementos

que ajudem o sujeito dependente na prevenção de recaída e na permanência da abstinência.

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Química: prevenção, tratamento e políticas públicas. Porto Alegre: Artmed, 2011.

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ANEXO 1

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado(a) participante:

Estamos realizando um projeto intitulado “Estudo da efetividade da intervenção do modelo transteórico para pacientes dependentes de crack” , coordenada pela Professora Drª Margareth da Silva Oliveira, do Grupo de Pesquisa Avaliação e Atendimento em Psicoterapia Cognitiva, da Pós-Graduação em Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul em parceria com a Escola de Psicologia da IMED- Passo Fundo.

Desta parceria originou-se a pesquisa “Estratégias de coping na prevenção de recaída em usuários dependentes de crack” que faz parte do trabalho de conclusão de curso de Psicologia da IMED do acadêmico Iberê D’ Avila Alves que tem como objetivo estudar as estratégias de prevenção a recaída de dependentes de cocaína e crack.

Gostaríamos de convidá-lo a participar deste estudo. Sua participação envolve o comparecimento a(os) encontro(os) para responder alguns questionários e testes, como duração de aproximadamente 1 hora e meia cada. Esclareço que durante o trabalho não haverá riscos ou desconfortos, nem tampouco custos ou forma de pagamento pela sua participação no estudo.

A participação nesse estudo é voluntária e se você decidir não participar ou quiser desistir de continuar em qualquer momento, tem absoluta liberdade de fazê-lo. Na publicação dos resultados desta pesquisa, sua identidade será mantida no mais rigoroso sigilo. Serão omitidas todas as informações que permitam identificá-lo(a). Você estará contribuindo para a compreensão do fenômeno estudado e para a produção de conhecimento científico. Pedimos a sua assinatura neste consentimento, para confirmar a sua compreensão em relação a este convite, e sua disposição a contribuir na realização deste trabalho, em concordância com a resolução CNS nº 196/96 que regulamenta a realização de pesquisas envolvendo seres humanos.

Diante de novas dúvidas relativas à pesquisa, poderá ser esclarecidas pela Profª Me. Leda Rúbia Maurina através do telefone (54) 9967-8966 , ou pelo Comitê de Ética em Pesquisa da PUCRS, telefone (51) 3320 3345.

Atenciosamente,

Margareth da Silva de Oliveira Leda Rúbia Corbulim Maurina

Coordenadora PUC Orientadora IMED CRP 07/01105 CRP 07/12927

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Passo Fundo, _____ de _______________ de _____.

Consinto em participar deste estudo e declaro ter recebido uma cópia deste termo de consentimento.

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Assinatura do Participante

ANEXO 2

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