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FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS DIRETORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO PROFISSIONAL EM TECNOLOGIAS APLICAVEIS À BIOENERGIA FERNANDA SILVA LORDÊLO A CULTURA CIENTÍFICA E A DIVULGAÇÃO SOBRE ENERGIAS RENOVÁVEIS POR MEIO DA PUBLICAÇÃO DE NOTÍCIAS NA INTERNET SALVADOR 2011

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FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS

DIRETORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU

MESTRADO PROFISSIONAL EM TECNOLOGIAS APLICAVEIS À BIOENERGIA

FERNANDA SILVA LORDÊLO

A CULTURA CIENTÍFICA E A DIVULGAÇÃO SOBRE ENERGIAS RENOVÁVEIS

POR MEIO DA PUBLICAÇÃO DE NOTÍCIAS NA INTERNET

SALVADOR – 2011

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FERNANDA SILVA LORDÊLO

A CULTURA CIENTÍFICA E A DIVULGAÇÃO SOBRE ENERGIAS RENOVÁVEIS

POR MEIO DA PUBLICAÇÃO DE NOTÍCIAS NA INTERNET

ORIENTADOR: PROFª DRª CRISTIANE DE MAGALHÃES PORTO

SALVADOR – 2011

Dissertação apresentada como prerrequisito parcial para obtenção do título de Mestre Profissional em Tecnologias Aplicáveis à Bioenergia do Curso de Mestrado Profissional Tecnologias Aplicáveis à Bioenergia da Faculdade de Tecnologia e Ciências de Salvador.

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L866 Lordelo, Fernanda Silva. A cultura científica e a divulgação sobre energias renováveis por meio

da publicação de notícias na internet / Fernanda Silva Lordelo. 2011. 91f.: il.; color., 30 cm.

Orientadora: Profa. Dra. Cristiane de Magalhães Porto. Dissertação (mestrado) – Faculdade de Tecnologia e Ciências, 2011. 1. Bioenergia. 2.Cultura científica. 3. Divulgação científica. 4. Energias

renováveis. 5. Internet. I. Faculdade de Tecnologia e Ciências. II. Porto, Cristiane de Magalhães. III. Título.

CDU: 615.1

CDD: 615

Ficha catalográfica elaborada pelo Setor de Processamento Técnico da Biblioteca da Faculdade de Tecnologia e Ciências – FTC, Unidade Salvador - Bahia

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FERNANDA SILVA LORDÊLO

A CULTURA CIENTÍFICA E A DIVULGAÇÃO SOBRE ENERGIAS RENOVÁVEIS

POR MEIO DA PUBLICAÇÃO DE NOTÍCIAS NA INTERNET

APROVADA EM: / / /

BANCA EXAMINADORA

Professora Doutora Cristiane de Magalhães Porto (Orientadora – FTC)

Professor Doutor Antonio Marcos Pereira Brotas (Examinador Externo – FioCruz / FSBA)

Professor Doutor Cleber André Cechinel (Examinador Interno – FTC)

SALVADOR – 2011

Dissertação apresentada como prerrequisito parcial para obtenção do título de Mestre Profissional em Tecnologias Aplicáveis à Bioenergia do Curso de Mestrado Profissional Tecnologias Aplicáveis à Bioenergia da Faculdade de Tecnologia e Ciências de Salvador.

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Para os meus pais, razão da minha existência, que com todo amor incondicional, dedicação e paciência me fizeram enxergar que vale a pena seguir os nossos sonhos, fato que uma vez aprendido me fez chegar até aqui. Ao meu esposo Joir, tão amado e cuidadoso que por ser tão sensato e paciente, transformando-se em “pãe” para que eu pudesse me isolar na construção deste trabalho. Para o pequeno Tiago, hoje razão da minha vida, meu amor incondicional que tanto teve que abdicar da minha presença em prol deste projeto.

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AGRADECIMENTOS

A minha orientadora, professora doutora Cristiane de Magalhães Porto, pelo

carinho, amparo, firmeza, rigidez e exemplo. Diante de tão forte figura

envergonhava-me de fraquejar ao conhecer toda a sua trajetória. Esta conquista não

é só minha é ―nossa‖ Cris, pois quando pensava em não conseguir por dificuldades

tinha em você uma amiga e um exemplo a ser seguido de garra e sucesso.

A meu irmão pelo sentido de perseverança e obstinação, pois mesmo quando

tudo conspirava contra os seus sonhos você se reergueu e hoje está aí construindo

novos sonhos. Por quantas vezes ao pensar em fraquejar o teu exemplo de força foi

a minha energia.

A minha sogra Iracema que em vários momentos com meiguice, simplicidade e

muito carinho me auxiliou na orientação do meu lar na ausência física da minha

mãe, substituindo-a irretocavelmente.

A Ana Paula, amiga-irmã que me ingressou na vida acadêmica e que sempre

me estimulou a novos desafios, absorvendo muitos deles como se seus próprios

fossem. Agradeço ainda pelo apoio nos momentos de diversidade em que

assombrava em mim a dúvida de conclusão deste projeto.

A Manuel, amigo e profissional brilhante, que pela insistência praticamente me

inscreveu na seleção deste mestrado profissional e vibrou e ainda vibra com cada

etapa concluída.

A Bel e a Rita, mães de apoio do meu pequeno, que mesmo sem muitas vezes

compreender o significado deste trabalho de tudo faziam para que eu pudesse

construí-lo, cuidando de Tiago com amor.

Aos amigos, ou melhor, familiares de coração, Tia Rita, Priscila, Tio Zé, Aroldo,

Tatiana, Denise, Danilo, Tia Ivone, Tio Zelito ... que sempre me trataram como filha,

irmã... e, com todo amor e oferta de auxílio muito me ajudaram para a conclusão

deste projeto. Por isso, obrigado pela compreensão em relação às diversas

situações em que estive ausente, pela abdicação a tantos momentos que poderiam

ser vivenciados e que foram adiados em função desta produção.

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A Faculdade de Tecnologias e Ciências – FTC, por financiar parte deste sonho,

uma vez que sem o aporte financeiro ofertado, dificilmente eu teria condições de

chegar até aqui.

Aos meus colegas do mestrado, que em trocas constantes muito auxiliaram

nesta pesquisa. Obrigada a Noel, Francisco, Otto, Clarice, Mauro, Ailton, Fábio por

fazerem da nossa pequena turma uma família onde o auxílio mútuo serviu de base

para este trabalho.

Aos professores do mestrado, pelo auxílio na construção de um conhecimento

sólido e no estímulo para busca de soluções sobre as questões energéticas.

A Anne e a Denise pela paciência de nos atender diariamente, nos apoiando e

auxiliando na compreensão dos trâmites institucionais e, por vezes, ainda,

vivenciando as nossas tormentas emocionais.

A todos aqueles que de algum modo me fizeram chegar dignamente até aqui.

E, finalizo agradecendo, a DEUS pela existência.

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O Sal da Terra

“És o mais bonito dos planetas Tão te maltratando por dinheiro

Tu que és a nave nossa irmã Canta, leva tua vida em harmonia

E nos alimenta com teus frutos Tu que és do homem a maçã

Vamos precisar de todo mundo Um mais um é sempre mais que dois

Pra melhor juntar as nossas forças É só repartir melhor o pão

Recriar o paraíso agora Para merecer quem vem depois.”

(Composição: Beto Guedes - Ronaldo Bastos)

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RESUMO

Propõe-se uma investigação e avaliação, no que tange a melhoria, da divulgação da cultura científica sobre as energias renováveis por meio da publicação de notícias pela internet, uma vez que a divulgação científica on-line tende a viabilizar uma maior proximidade entre a ciência e o senso comum. A proposta é realizar um mapeamento dos principais sites de divulgação científica sobre energias renováveis on-line no Brasil para que se torne possível pontuar como se realiza esta divulgação e de que forma a notícia advinda da internet tem proporcionando a coletividade notícias acerca das energias renováveis (governantes, pesquisadores, membros de comunidades científicas, legisladores, estudantes, profissionais de áreas afins e pessoas de senso comum). Utilizou-se metodologia de natureza qualitativa, onde se deu maior ênfase à interpretação dos dados coletados pela pesquisadora, ao invés da mensuração destes sem a utilização de métodos e técnicas estatísticas. Os dados foram discutidos de forma indutiva com observação direta e sistêmica, onde todo o processo e o seu significado foi o centro principal de abordagem

Palavras-chave: Divulgação Científica; Cultura Científica; Energias Renováveis;

Internet.

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ABSTRACT

This project proposes a research and evaluation, regarding the improvement, promotion of scientific culture on renewable energy by publishing news online, since the online scientific communication tends to facilitate a greater proximity between science and common sense. The proposal is to conduct a mapping of the main sites of scientific dissemination on renewable energy online in Brazil to make it possible to score as this disclosure is being made and how the news is coming from the Internet community providing news about renewable energy (government, researchers, members of scientific communities, legislators, students, allied professionals and people of common sense) using a qualitative methodology, which gave greater emphasis to the interpretation of data collected by the researcher, instead of measuring without use of methods and statistical techniques. Data were analyzed inductively, direct observation and systematic process where the whole and its meaning was the main center of approach

Key-words: Science communication; Scientific Culture; Renewable Energy; Internet.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Espiral da Cultura Científica (Vogt, 2003, on-line)............................... 28

Figura 2 –- Link: http://www.amaluz.net/bioenergia.html...................................... 31

Figura 3 – Link: http://bioenergiasamauma.blogspot.com/2011/03/bioenergia-

energia-da-vida-os-chakras.html........................................................................... 31

Figura 4 – Link: http://bioenergiasamauma.blogspot.com/2011/03/bioenergia-

energia-da-vida-os-chakras.html........................................................................... 32

Figura 5 – Link: http://sites.google.com/site/abcpsigma/Home/bioenergtica/o-que--

bioenergia.............................................................................................................. 32

Figura 6 – Imagem elaborada por Cristiane Porto (2010) com base na tipologia de

Bueno..................................................................................................................... 48

Figura 7 – Elaborada por Porto (2010) baseada na tipologia de Bueno (1984)... 50

Figura 8 - Link: http://www.anp.gov.br/................................................................. 64

Figura 9 - Link: http://www.ider.org.br/energias-renovaveis/energias-

renovaveis.............................................................................................................. 65

Figura 10 - Link : http://www.energiasrenovaveis.com/........................................ 66

Figura 11 - Link : http://www.energiarenovavel.org/.............................................. 67

Figura 12 - Link: http://infopetro.wordpress.com/.................................................. 68

Figura 13 - Link: http://www.ambienteenergia.com.br/.......................................... 70

Figura 14 - Link: http://www.luisnassif.com/profile/Bioenergia.............................. 70

Figura 15 - Link: http://www.envolverde.com.br/................................................... 72

Figura 16 - Link http://www.canalbioenergia.com.br/index.php............................ 74

Figura 17 - Link: http://www.biodieselbr.com/....................................................... 74

Figura 18 - Link: http://www.comciencia.br/comciencia/....................................... 76

Figura 19 - Link: http://revistapesquisa.fapesp.br/................................................ 77

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO: PONTO INICIAL PARA INSERÇÕES .................................... 12

2 DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA E CULTURA CIENTÍFICA: CONCEITO E

APLICABILIDADE ............................................................................................... 19

2.1 Considerações gerais sobre divulgação científica e cultura científica ........ 19

2.2 A divulgação científica como contribuição social ....................................... 29

3 A INTERNET COMO FERRAMENTA DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA SOBRE

ENERGIAS RENOVÁVEIS .................................................................................. 36

3.1 A influência da internet para a divulgação científica contemporânea ......... 36

3.2 A divulgação científica e cultural por meio da internet ............................... 41

3.3 Considerações gerais acerca das tipologias sobre a divulgação científica on-

line ........................................................................................................................ 47

3.4 Impactos da internet na divulgação científica no Brasil .............................. 54

4 A DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA ON-LINE SOBRE ENERGIAS RENOVÁVEIS:

UMA NECESSIDADE SOCIAL ............................................................................ 58

4.1 A importância do estudo da forma como os site disponibilizam as notícias

sobre energias renováveis ............................................................................... 58

4.2 Como a propagação da ciência através da internet pode produzir

transformações na divulgação de informações sobre energias renováveis ..... 78

5 CONCLUSÃO: ESPAÇOS DAS INSERÇÕES ................................................. 82

6 REFERÊNCIAS ................................................................................................. 86

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1 INTRODUÇÃO: PONTO INICIAL PARA INSERÇÕES

O mundo vive em constante transformação desde a sua origem e a cada nova

geração mudam-se as formas de se relacionar e de viver em sociedade. Percebe-se

que a geração atual está marcada pelas mudanças que foram introduzidas com o

surgimento das tecnologias digitais. Desta forma, a sociedade vem sofrendo

mudanças significativas, tendo que conviver constantemente com uma avalanche de

dados e informações que estão sendo lançados e propagados através da mídia.

Muitas dessas mudanças são decorrentes do modo como essas informações

são propagadas e a globalização auxiliou muito neste processo de democratização

do conhecimento. Assim, a divulgação científica contemporânea busca promover o

despertar humano para o aproveitamento das suas capacidades, habilidades e

valores em uma exposição de temáticas que durante muito tempo ficou restrita ao

conhecimento de poucos.

Percebe-se, então, que a propagação da ciência através das tecnologias

digitais está produzindo transformações na difusão de informações, nas relações

sociais e tecnológicas uma vez que a forma interativa de apresentar dados, notícias

e conhecimentos on-line marca uma nova modalidade de comunicação. Nesta a

informação é postada e acessada a uma velocidade extraordinária, de qualquer

lugar do planeta e para qualquer pessoa que se encontre no território cibernético.

Percebendo a necessidade de se constituir uma cultura científica para a

consolidação de uma força de trabalho técnica e competente, bem como o

surgimento de cidadãos conscientes dos seus direitos e atentos a ações

governamentais, estudiosos das mais diversas áreas do conhecimento, instituições

de ensino e centros de pesquisa passaram a se mobilizar com esta finalidade. Neste

contexto, a divulgação científica na contemporaneidade passa a alcançar um

destaque peculiar entre os governantes, pesquisadores, membros de comunidades

científicas e estudantes.

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A atmosfera vem se modificando ao longo dos anos em virtude da evolução

natural, científica e tecnológica desenvolvida pela a sociedade, entretanto nos

últimos tempos os seres humanos se tornaram responsáveis por um efeito colateral

gerado por este crescimento quando registrou um aumento de 25 % de dióxido de

carbono (CO2) na atmosfera. Este progressivo aumento ocorreu especialmente pela

combustão de combustíveis fósseis, desmatamento ambiental, surgimento contínuo

de novas indústrias e ao consumismo desmedido. Estes fatores geram o chamado

efeito estufa que gera um desequilíbrio no sistema natural da Terra. Esta é a razão

pelo qual alternativas precisam ser propostas para evitar um desastre de proporções

continentais.

Assim, quando a questão trata de bem estar, meio ambiente e qualidade de

vida a discussão se torna mais relevante, porque há em todo o mundo, um grande

interesse pelos estudos que vêm sido desenvolvidos sobre bioenergia, pois as

energias renováveis são, na contemporaneidade, um dos mais importantes assuntos

para as discussões sobre o futuro da humanidade e um grande exemplo disso foi a

realização da Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), no

ano de 2009, em Copenhague, na Dinamarca, a COP 15.

Perante o inevitável esgotamento dos recursos energéticos fósseis, torna-se

imprescindível contar com novas fontes energéticas que diferentemente do petróleo

não produzam danos irreversíveis à natureza, garantindo sustentabilidade e que

possam ser produzidos com tecnologia barata e com retorno energético elevado. É,

neste contexto, que a pesquisa científica torna-se 1conditio sine qua non para

alcançar o objetivo de modificar a mentalidade atual, trazendo novos conceitos no

que tange a autonomia energética do País e a internet, o seu mais eficaz meio de

propagação.

Destarte, através de leituras e pesquisas na internet, com base em referenciais

teóricos e com a orientação da professora doutora Cristiane de Magalhães Porto

bem como, o auxilio de outros professores do Mestrado Profissional em Bioenergia,

a ideia do projeto para a construção deste trabalho foi ganhando contornos

significativos. Assim, fez surgir o problema de pesquisa que orientou as

investigações que se materializam agora neste texto: Como a publicação de

1 condição sem a qual não; condição indispensável

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notícias, disponíveis na internet, pode auxiliar na melhoria da divulgação e,

consequentemente, na construção de uma cultura científica brasileira sobre

energias renováveis?

A hipótese principal da pesquisa fundamentou-se na seguinte proposição: A

internet é um meio de comunicação responsável por uma nova forma de

disponibilizar a divulgação científica sobre energias renováveis, por esta razão

é necessário uma atenção especial nesse espaço que surgiu para propagar

informações, uma vez que se houver ausência da interação dos cientistas,

educadores, estudantes universitários e profissionais da área de comunicação,

quanto às informações difundidas por intermédio das tecnologias digitais, o

produto final gerado será distante do seu objetivo funcional que é apresentar,

esclarecer, orientar e atender a necessidade da coletividade.

O objetivo geral para condução da pesquisa foi observar como a publicação

de notícias na internet, sobre energias renováveis, pode melhorar a divulgação

científica sobre o tema e ajudar na formação de uma cultura científica no

Brasil. Decorrente deste objetivo geral surgiu os específicos que auxiliaram no

mapeamento e construção deste trabalho.

Mapear os principais sites de divulgação científica on-line no

Brasil sobre energias renováveis e pontuar suas características como:

o grau de interatividade e periodicidade de atualização nos sites,

através das tipologias sugeridas por Porto (2010);

Pontuar quais as consequências que podem ser geradas para a

coletividade com a divulgação de notícias na internet sobre energias

renováveis;

Sinalizar como a divulgação sobre as energias renováveis na

internet, que é considerado tema relevante para o futuro da

humanidade, vem sendo desenvolvido na atualidade;

Verificar a importância da comunicação e interação entre os

cientistas, educadores, estudantes universitários, profissionais da área

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de comunicação quanto às informações difundidas através das

tecnologias digitais no que tange as energias renováveis;

Para o desenvolvimento desta pesquisa foi utilizada metodologia de natureza

qualitativa, onde se deu maior ênfase à interpretação dos dados coletados pela

pesquisadora, ao invés da mensuração destes. Assim, não requer o uso de métodos

e técnicas estatísticas. Os dados foram analisados de forma indutiva, de observação

direta e sistêmica onde todo o processo e o seu significado foi o centro principal de

abordagem.

Quanto ao objetivo trata-se de uma pesquisa descritiva com caráter

exploratório, pois visou descrever as características de determinada situação sem a

interferência da pesquisadora. No que tange aos procedimentos técnicos, a

investigação foi bibliográfica, elaborada a partir de material já publicado, constituído

principalmente de livros, artigos de periódicos e com material disponibilizado na

internet.

A partir da análise acerca dos veículos de divulgação científica – DC foi

observada e descrita como estas notícias estão dispostas, qual o tipo de

interatividade proposta e qual a periodicidade de atualização. Avaliou-se também, o

modo pelo qual os propagadores de divulgação científica estão utilizando a internet

como fonte de informação, divulgação e pesquisa relacionadas às questões

energéticas no Brasil.

Desse modo, depois de descrito o caminho percorrido na pesquisa efetuada,

construiu-se esse trabalho que ora apresenta-se, dividido, textualmente, em cinco

seções que visam abordar o tema e suas peculiaridades.

Na seção dois, após a introdução, apresentam-se os conceitos de cultura e

divulgação científica, bem como a sua aplicabilidade social. Contudo, diante de

tantas definições postadas na seção sobre cultura optou-se por discuti-la em seu

aspecto mais amplo que se transversalizou dentro de vários conceitos e teorias

discutidas sobre o tema na seção. A opção foi dada à expressão de cultura como

uma construção social que se adéqua como um molde, às condições e interferências

internas e externas no âmbito das sociedades, englobando todos os fatores

intrínsecos ao indivíduo e as relações que trava com toda a coletividade.

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Neste contexto Vogt (2003, on-line) serviu como referência direta para estudo

da dinâmica da cultura científica como um movimento de um espiral dividido em

quatro partes, enfatizando não só o ambiente científico, mas também o sócio

cultural. Assim, atentou-se para uma preocupação com o cidadão comum, porque se

preconiza que a cultura científica deve ser voltada para a produção e socialização da

ciência e não ficar restrita a pequenos grupos sociais.

Na seção três avaliou-se como a internet, com todas as suas peculiaridades,

alterou a forma de divulgação científica no Brasil, debatendo as tipologias sobre a

divulgação científica on-line sugeridas por Porto (2010). Desta forma, após leitura

dos autores que abordam sobre cultura científica, divulgação científica e internet,

para posteriormente intercalar a pesquisa por observação direta dos sites de

divulgação científica on-line sobre energias renováveis, com a utilização das

tipologias supracitadas, detectou-se como a difusão da ciência por meio das

tecnologias digitais está produzindo transformações significativas na divulgação de

informações, nas relações sociais e tecnológicas, uma vez que a internet oferece um

ambiente onde a velocidade e a recombinação de recursos auxiliam para que haja

uma maior interatividade entre o divulgador, o pesquisador e o leitor.

Ou seja, no que se refere à proposta inicial e como fase central para verificação

da hipótese levantada foi realizado um mapeamento de sites de divulgação

científica, utilizando a tipologia escolhida e já sinalizada anteriormente, a fim de que

se pudesse melhor sistematizar o modo pelo qual esta divulgação está sendo

realizada na internet nos aspectos de atualização e interação com o público.

É inegável que a internet trouxe novas formas de comunicação, possibilitando

que a informação, a cultura e a educação deixassem de ser privilégio de alguns,

apresentando- se como um importante suporte de divulgação, uma vez que é, ao

mesmo tempo, um mecanismo de disseminação da informação e divulgação mundial

e um mecanismo de auxílio na interação entre indivíduos e seus computadores,

independentemente de suas localizações geográficas.

Seguindo a pesquisa realizada, na seção quatro verificou-se a importância da

DC on-line focada no tema energias renováveis e como vem sendo explanado nos

sites de DC sobre o tema, bem como o estudo de elementos avaliadores da

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qualidade desta divulgação, nos dias atuais, relacionados especificamente a

atualização e interatividade. Ao apresentar nesse ponto do trabalho a pesquisa nos

sites de DC, estudando as características supramencionadas, buscou-se comprovar

como esses aspectos tornam-se essenciais para que a DC on-line contribua para

uma cultura científica brasileira mais viável.

Na discussão individualizada dos por sites e blogs, inicialmente 63 veículos,

restando selecionados ao final apenas 12 (doze), melhor atender a busca para a

resposta ao problema levantado e comprovação da hipótese sugerida neste

trabalho; viu-se que estes, em sua grande maioria, apresentaram a maior

preocupação com a publicidade do que com a propagação das informações.

Portanto, a busca por parceiros, patrocínios, convênios, projetos, bem como a oferta

de serviços de consultoria e soluções para as questões energéticas, sem levar muito

em conta a participação ou informação popular neste processo, ficou evidenciado

em muitos veículos e este fator foi preponderante para o corte de boa parte deles

em uma discussão mais apurada onde se buscava, efetivamente, uma mídia de DC

com informações atualizadas, propondo ao leitor a possibilidade de interagir e

discutir questões referentes ao tema energias renováveis.

Finalmente, na quinta e última seção, apresenta-se as considerações finais

onde se buscou comentar a hipótese principal levantada, apresentando os dados

observados sem caráter de solução e sim de reflexão, como uma provocação ao

tema tão relevante. A finalidade foi demonstrar como a hipótese foi estudada e

testada, bem como apresentar se esta se confirmou ou não.

No decorrer deste trabalho pode-se observar que a autora busca enriquecer o

texto com citações e dados acerca da internet e a sua importância na divulgação

científica para um tema tão importante quanto às energias renováveis. O trabalho

não busca estancar qualquer discussão sobre o tema, mas sim problematizar um

pouco mais elementos sociais tão relevantes.

Objetiva-se apresentar um documento de pesquisa com dados atualizados,

uma vez que coletados recentemente e analisados à luz da comunicação através da

internet, como uma nova forma comunicacional com a divulgação da ciência,

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objetivando a solidificação de uma cultura científica no país, sobre o tema energias

renováveis.

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2 DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA E CULTURA CIENTÍFICA: CONCEITO E

APLICABILIDADE

Nesta seção, a proposta é apresentar os conceitos de cultura e divulgação

científica, bem como a sua aplicabilidade social. Vogt (2008) pontua a importância

da construção de indicadores para avaliar os impactos causados pela produção e

tecnologia sobre as diversas dimensões sociais. Neste contexto, será realçada a

importância da divulgação científica que hoje se apresenta como ponto central de

estudiosos das mais diferentes áreas, a saber: do governo, em razão dos seus

programas de fomento; de instituições de ensino e centros de pesquisa, pois a

ciência, assim como a cultura e a sociedade na qual se insere, está em constante

transformação. Assim, buscar-se-á elaborar um referencial bibliográfico para

sedimentar as terminologias Cultura e Divulgação Científica nas demais partes deste

texto e para poder atender ao proposto, apresentando considerações gerais sobre

divulgação científica e cultura científica e também a contribuição social trazida pela

divulgação científica no Brasil e no mundo.

2.1 Considerações gerais sobre divulgação científica e cultura científica

Tentar conceituar cultura seria como tentar quantificar grãos de areia nessa

vastidão planetária. Cultura (do latim colere significa ―cultivar‖) é um termo que tem

vários significados por isso é amplo e complexo, apresentando diversas definições

que se desdobram e inserem-se em análises variadas a depender do propósito de

seu estudo e aplicabilidade, bem como o seu contexto histórico.

Em 1952, Alfred Kroeber e Clyde Kluckhohn conseguiram compilar uma lista de

164 definições da ―cultura‖. As acepções diferentes do termo refletem

embasamentos teóricos distintos para compreender ou critérios para avaliar a ação

do homem na sociedade. Tal realidade é inerente a própria característica

multidisciplinar e transversal da cultura, que trafega por diferentes campos da

sociedade.

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Assim, se pode retraçar paralelamente a história da semântica, isto é, a gênese das diferentes significações da noção de cultura, a história social destas significações: as mudanças semânticas, aparentemente de natureza puramente simbólica, correspondem em realidade a mudanças de outra ordem. Correspondem a mudanças na estrutura das relações de força entre, de um lado, os grupos sociais no seio de uma mesma sociedade e, de outro lado, as sociedades em relação de interação, isto é, mudanças nas posições ocupadas pelos diferentes parceiros interessados em definições diferentes de cultura. (SAYAD, 1987, p. 25)

As principais correntes teóricas que influenciaram as variações no conceito de

cultura são: o evolucionismo e suas influências no difusionismo e na sociologia

francesa de Durkheim e Mauss; o marxismo e a sociologia de Marx, Weber; e o

estruturalismo de Lévi-Strauss.

Para os defensores do evolucionismo como Lewis Henry Morgan (1818-1881),

Edward Burnett Tylor (1832-1917) e James George Frazer (1854-1941) a cultura,

assim como a evolução do homem já vinha predeterminada. Portanto, haveria uma

linha evolutiva e os indivíduos seguiriam esta trilha linear e ascendente. Embora

restritiva e distante da visão contemporânea, esta teoria auxiliou neste processo

evolutivo do conceito de cultura.

Há diferenças entre os autores do período clássico do evolucionismo cultural em relação a aspectos tanto teóricos quanto de interpretação etnográfica. Também ocorreram mudanças ao longo da produção acadêmica de cada um deles, tomados individualmente. No entanto, pode-se, com relativa facilidade, sintetizar as principais idéias gerais dos autores evolucionistas da antropologia, que eram em grande medida convergentes. (CASTRO, 2005, p. 12)

[...]

O postulado básico do evolucionismo em sua fase clássica era, portanto, que, em todas as partes do mundo, a sociedade humana teria se desenvolvido em estágios sucessivos e obrigatórios, numa trajetória basicamente unilinear e ascendente. A possibilidade lógica oposta, de que teria havido uma degeneração ou decadência a partir de um estado superior — idéia que tinha por base uma interpretação bíblica — precisava ser descartada, como se poderá ver nos textos aqui reunidos. Toda a humanidade deveria passar pelos mesmos estágios, seguindo uma direção que ia do mais simples ao mais complexo, do mais indiferenciado ao mais diferenciado. (CASTRO, 2005, p. 14)

No âmbito da cultura e sociedade, Crespi (1997), busca apresentar o que

entende como aspectos subjetivos e objetivos da cultura. O primeiro é observado

quando ela é tratada nos modelos de comportamento, dos valores e critérios

normativos, já o segundo se refere a sua memória coletiva, suas tradições, o

depósito do, saber e suas técnicas. O mencionado autor não esquece de distinguir

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duas dimensões, uma descritiva que trata das crenças e representações sociais, as

imagens do mundo e as identidades individuais e outra prescritiva, mais formal, que

se baseia no conjunto de valores, normas gerais (jurídicas - lei ou apenas de

conduta) e os papéis sociais de cada um.

Crespi trata igualmente de uma dimensão coercitiva da sociedade, pressupondo o fato social como exterior ao indivíduo. A cultura, assim, estaria responsável por produzir e fornecer os modelos de comportamento, de papeis sociais, valores e normas. Abordagem que remete diretamente às definições sobre o papel social da imprensa enquanto agente de divulgação e legitimação de fatos e de personagens sociais, mas igualmente quando designa a si própria as funções de porta-voz da sociedade, guardiã da agenda de temas nacionais e também fiscal da nação, ou quarto poder, expressão muito comum nos campos do jornalismo e da política. (BAHIA, 2008, p. 3)

Ainda trabalhando o conceito de cultura propõe-se apresentar a visão de

Durkheim (1984): defendia que todas as respostas estavam no homem e seus

valores dentro do seu grupo social, porque todos os problemas que atingiam a

sociedade seriam de natureza moral, fundados na sua constituição e

desenvolvimento. Fatores políticos, por exemplo, não seria a raiz dos problemas

sociais, pois para ele os fatos sociais exercem determinada força sobre os

indivíduos, forçando-os a adaptar-se às regras da sociedade em que vivem, mas

não definindo, apenas interferindo.

As teorias que ressaltam o modo atrelado das relações sociais enfatizam a

função de conexão praticada pela cultura sobre a sociedade, a exemplo do

pensamento de Emile Durkheim que ―considera a sociedade como uma entidade

específica, possuidora das suas próprias exigências, as quais se impõem aos

indivíduos‖ (CRESPI, 1997 p. 81).

Observa-se que Durkheim, com a teoria de restrição social, considerava os

indivíduos como um resultado da vida comum e todos os fatores eram determinados

pela ação da coletividade; o indivíduo não inserido na sociedade não teria utilidade

por ser comparado como um órgão separado do seu corpo. Afirmava, ainda, que

todas as sociedades possuiam uma cultura comum e esse modelo sempre conserva

a coesão social.

Para compreender a maneira como a sociedade se representa a si própria e ao mundo que a rodeia, é da natureza da sociedade, e não a dos particulares, que devemos conceber. Os símbolos com que ela se pensa mudam de acordo com o que ela é. (DURKHEIM, 1984, p. 18)

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Ainda para este teórico a cultura e as formas simbólicas de manifestação, em

geral, são indissociáveis da própria sociedade. Segundo Crespi (1997, p. 82),

―quando Durkheim se refere a esta última, pensa de facto, nas formas culturais

(representações, normas, modelos de comportamentos etc.), que a constituem na

sua objectividade relativamente independente.‖

Já Hegel e Marx, ao apresentarem conformações um tanto distintas em razão

das suas linhas de pensamento, trazem para a discussão o conceito de cultura como

história. Marx defendia o determinismo social.

Foi Hegel e, depois dele, Marx que enfatizaram a Cultura como História. Para o primeiro, o tempo é o modo como o Espírito Absoluto ou a razão se manifesta e se desenvolve através das obras e instituições – religião, artes, ciências, Filosofia, instituições sociais, instituições políticas. A cada período de sua temporalidade, o Espírito ou razão engendra uma Cultura determinada, que exprime o estágio de desenvolvimento espiritual ou racional da humanidade – China, Índia, Egito, Israel, Grécia, Roma, Inglaterra, França, Alemanha seriam fases da vida do Espírito ou da razão, cada qual exprimindo-se com uma Cultura própria e ultrapassada pelas seguintes, num progresso contínuo. Para Marx, há em Hegel um engano básico, qual seja, confundir a História-Cultura com a manifestação do Espírito. A História-Cultura é o modo como, em condições determinadas e não escolhidas, os homens produzem materialmente (pelo trabalho, pela organização econômica) sua existência e dão sentido a essa produção material. A História-Cultura não narra o movimento temporal do Espírito, mas as lutas reais dos seres humanos reais que produzem e reproduzem suas condições materiais de existência, isto é, produzem e reproduzem as relações sociais, pelas quais distinguem-se da Natureza e diferenciam-se uns dos outros em classes sociais antagônicas.(CHAUÍ, 2000, p. 373)

É bom sinalizar que para a antropologia a análise de cultura é mais profunda,

uma vez que, baseada em uma perspectiva diferente: não só histórica, a observação

é feita de um modo mais abrangente. É esta vastidão de expressões e valores que

torna difícil o encontro do conceito de cultura. Ela não pode ser tratada como uma

definição pronta, específica e acabada, restrita a interpretação de apenas um grupo

social em um dado momento histórico.

Diferentemente de Hegel e Marx, que tomam a Cultura pela perspectiva histórica ou pela relação dos humanos com o tempo, a antropologia considera a Cultura por um outro prisma. O antropólogo procura, antes de tudo, determinar em que momento e de que maneira os humanos se afirmam como diferentes da Natureza fazendo o mundo cultural surgir. Tradicionalmente, dizia-se que os humanos diferem da Natureza graças à linguagem e à ação por liberdade. O antropólogo, sem negar essa afirmação, procura algo mais profundo do que isso como início das culturas. Assim, para muitos antropólogos, a diferença homem-Natureza surge quando os humanos decretam uma lei que não poderá ser transgredida sem levar o culpado à morte, exigida pela comunidade: a lei da proibição do incesto, desconhecida pelos animais. Para muitos antropólogos, a diferença

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homem-Natureza também é estabelecida quando os humanos definem uma lei que, se transgredida, causa a ruína da comunidade e do indivíduo: a lei que separa o cru e o cozido, desconhecida dos animais. (CHAUÍ, 2000, p. 374)

Dando sequência às teorias que tanto auxiliam a compreensão de cultura na

contemporaneidade, são observadas as análises de Max Weber que indicou em sua

obra os fatores culturais como papel central. Ele buscou investigar como forças

culturais, tais como a orientação da ação e certas doutrinas religiosas, influenciaram

na formação de um espírito capitalista. Para ele a cultura apresenta-se como um

sistema único que empurra a sociedade em uma direção linear e constante.

É possível demonstrar a coerência de uma sociologia da cultura de inspiração weberiana nos seus comentadores e também assinalar a presença e a importância do universo da cultura nos textos do próprio Weber, tanto naqueles que dizem respeito a uma sociologia mais substantiva, i. e., de orientação mais teórica, quanto nos de caráter metodológico. No seu Metodologia das Ciências Sociais, Weber afirma que o caráter de fenômeno socioeconômico de um processo não é algo que lhe seja inerente (PASSIANI, 2001. p. 4)

Geertz, baseando na Teoria de Weber, apresenta-se como representante da

linha simbólica, afirmando que o comportamento é uma ação simbólica. Deste modo

a cultura seria um conjunto de formas simbólicas publicamente acessíveis e

compartilhadas em sociedade onde as pessoas, com o decorrer da sua vida

cotidiana, passam a experimentar e a se manifestar.

Mais uma vez percebemos ecos weberianos na Antropologia Interpretativa/ Culturalista de Geertz, que, de acordo com os cânones antropológicos, entende que a investigação de uma cultura implica observarmos e descrevermos o comportamento humano como uma ação simbólica que significa e se desenvolve nos inúmeros contextos que compõem uma dada sociedade, cada qual ressignificando incessantemente valores, idéias e visões de mundo. É esta ação social (e não o símbolo em si mesmo), por intermédio da qual as formas culturais encontram articulação, que se converte na matéria-prima da análise sociológica. (PASSIANI, 2001. p. 4)

Para Geertz a cultura é elemento intrínseco a natureza humana que perpassa

pelo contexto biológico e evolutivo. De tal modo, como a cultura se baseia em

símbolos e eles precisam ter sentido, ou seja, significados; a interpretação e

compreensão dos símbolos são essenciais para que se compreenda a sociedade.

Igualmente, como Weber, Geertz defende que a cultura é como uma teia de

significados construída pelos próprios homens, de modo que a antropologia

apresenta-se como uma ciência interpretativa que está à busca destes significados,

diferente da ciência experimental que vai a busca de leis.

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[...] o homem é um animal amarrado a teias de significados que ele mesmo teceu, assumindo a cultura como sendo essas teias e a sua análise; portanto, não como uma ciência experimental em busca de leis, como uma ciência interpretativa, à procura de significados. (GEERTZ, 1989, p.4)

Passamani (2011) afirma que Malinowski, dentro de uma análise

funcionalista, defende que a cultura é um sistema, todo interligado, onde as diversas

partes formadas dependem uma das outras e que não podem ser estudados

separadamente. Esta formação dará sentido e principalmente uma função para cada

parte integrante desta coletividade.

Para ele, a cultura é um sistema, um todo interligado, interdependente, formado por várias partes que darão sentido e principalmente uma função para cada parte integrante desta. Baseia-se no olhar similar à ciência natural para pensar o homem, suas funções e necessidades biológicas que impõem às culturas, cada qual de maneira diferente, uma resposta a estas necessidades, resposta esta encontrada na diversidade de culturas existentes para diferentes necessidades orgânicas. (PASSAMANI, 2011, p. 25)

Dentro do estruturalismo, que para alguns é o refinamento do funcionalismo,

Lévi-Strauss volta a apresentar a noção de cultura, como conjunto de sistemas

simbólicos que se relacionam entre si.

Toda cultura pode ser considerada como um conjunto de sistemas simbólicos. No primeiro plano desses sistemas colocam-se a linguagem, as regras matrimoniais, as relações econômicas, a arte, a ciência, a religião. Todos esses sistemas buscam exprimir certos aspectos da realidade física e da realidade social, e mais ainda, as relações que esses dois tipos de realidade estabelecem entre si e que os próprios sistemas simbólicos estabelecem uns com os outros. (LÉVI-STRAUSS, 1950, p. 19)

Em uma análise atual e sem perder de vista as teorias apresentadas, que não

corresponde e nem objetivava alcançar a totalidade de teorias sobre o tema, que

tratam de definir cultura, observa-se uma conexão que a torna inter e

multidisciplinar, pois estuda a comunicação, os símbolos, os valores, o viver e

conviver da sociedade.

Importante evidenciar que, existe uma convergência silenciosa das diversas concepções de cultura. A ideia que norteia parte dos estudos sobre cultura considera que a partir de sua dupla função de orientadora e tradutora de processos comunicativos, materializados em múltiplos sistemas simbólicos, convicções e valores, ela apresenta-se em constante transformação. As interlocuções teóricas sobre cultura demarcam, transparentemente, uma propensão a entendê-la como uma construção de um saber coletivo produzido por processos cognitivos e comunicativos diferenciados, em função dos quais os indivíduos definem as esferas que são denominadas de realidade. (PORTO, 2010, p. 25)

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Desta forma, é possível observar o quanto se alargou o conceito de cultura que

passa a se transversalizar dentro de tantos conceitos e tantas teorias discutidas

sobre o tema. Neste sentido, a cultura se apresenta como uma construção social

que se molda às condições e interferências internas e externas no âmbito das

sociedades. Assim, em razão do alargamento e multiplicidade do seu conceito ela, a

cultura, passa a englobar todos os fatores inerentes ao indivíduo e as relações que

trava com toda a coletividade.

A cultura, considerada como um conjunto de traços distintivos, tanto espirituais e materiais como intelectuais e afetivos, caracteriza todo grupo social ou uma sociedade e inclui, além da expressão artística, as formas de vida, os sistemas de valores, as tradições e as crenças (MUNDIACULT; MÉXICO, 1982)

A proposta desta explanação preliminar sobre a cultura, desenvolvida pela

sociedade através da sua história, das suas mobilizações e construções sem

acreditar em um possível determinismo cultural, é para compreender que a cultura,

neste contexto, torna-se diretamente impactada pelas políticas públicas, por

investimentos, por educação, pelo desenvolvimento da ciência e da tecnologia. Isto

é, por todos os elementos sociais e tecnológicos que impactam a estrutura da

sociedade.

Sanchéz Mora (2003) defende que a ciência é uma produção humana que

desempenha um papel indiscutível no processo de civilização. Portanto, como

produção intelectual que é o seu resultado, reflete em todos os domínios da

sociedade. Muitos ainda acreditam que a ciência é algo isolado alheio as atividades

humanas, entretanto a ciência faz parte da cultura e é fundamental para a sua

construção.

Neste cenário, a formação da sociedade de informação e a chamada cultura –

a mídia, tratada como mais um desdobramento da expressão cultura são elementos

significativos a ser tratadas neste momento. Surgindo como consequência da

globalização e das transformações sociais, a cultura midiática altera a vida de

diversos segmentos da sociedade através da ciência, tecnologia e inovação que traz

consigo os processos eletrônicos digitais.

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O advento dos processos eletrônico/digitais de produção de conhecimento, incluindo-se aí o conhecimento científico, o tecnológico, o artístico e o cultural, traz, entre outras, uma implicação da ordem da incorporação da cultura popular e de seus saberes, passando a lançar mão desses atributos para alimentar uma indústria cultural cada vez mais ávida para atingir a maior gama possível de indivíduos. (FRANÇA, 2011, p. 1)

O surgimento da internet com todos os seus sistemas provoca ainda a

necessidade de novas inserções sobre o conceito de cultura na atualidade. Neste

ambiente de discussões e ao analisar as variações constantes e desenvolvimento de

ciência, tecnologia e inovação, nota-se mais um modo de pensar e fazer cultura.

Num momento em que surgem novos meios: os sistemas hipertextuais, as multimídias, a imagem e o som de síntese, os mais variados modos de simulação e digitalização, as aventuras no ciberespaço e as criações em realidade virtual, percebe-se um interesse voltado para, através destas formas, buscar conteúdos inovadores para a produção, posto que o universo ficcional, artificial, o espaço dos internautas, as águas dos "surfistas de internet" saturam-se com o desgaste de uma linguagem abusivamente empregada. [...] Talvez possa-se inferir que a crise de identidade que nos atravessa com o processo de mundialização da cultura nos esteja levando de volta a buscar as próprias raízes justamente no âmbito das muitas vezes marginalizadas culturas populares.(FRANÇA, 2011, p. 11)

Neste trabalho, a busca pela conceituação mais adequada do conceito de

cultura científica precisou ser ampliada, a fim de abarcar uma apreciação mais

completa, saindo do restrito ambiente de cultura dos cientistas e inserindo na cultura

científica, paradigmas sociais como política, economia, elementos institucionais bem

como o simbólico, o artístico e o cultural.

[...] a expressão cultura científica tem a vantagem de englobar tudo isso e conter ainda, em seu campo de significações, a idéia de que o processo que envolve o desenvolvimento científico é um processo cultural, quer seja ele considerado do ponto de vista de sua produção, de sua difusão entre pares ou na dinâmica social do ensino e da educação, ou ainda, do ponto de vista de sua divulgação em sociedade, como todo, para o estabelecimento das relações críticas necessárias entre o cidadão e os valores culturais de seu tempo e de sua história. (VOGT, 2006, p. 25)

No âmbito da ciência esta alteração busca a formação da sociedade baseada

no conhecimento. Para construção e desenvolvimento desta sociedade é importante

que haja educação e promoção de cultura científica nos centros educacionais, com

ações que abarquem desde a exposição de disciplinas que desenvolvam com os

seus pares saberes, valores e habilidades específicas. E, ainda, uma noção do todo,

do mundo globalizado impactado pela economia, política, ou seja, por diversos

fatores externos que muitas vezes são esquecidos no processo formacional.

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Entretanto, esta sociedade não pode ser apenas construída nas escolas, são

necessárias: troca de informação, divulgação do conhecimento, integração e

interação ―extramuros‖.

Existe uma necessidade universal de uma cultura científica. Eu defendo esta afirmação com argumentos derivados de duas demandas crescentes nas nações modernas. A primeira é a premência por uma força de trabalho treinada tecnicamente. E a segunda requer que cidadãos sejam juízes das promessas e ações de seus governantes, assim como dos responsáveis pela publicidade de bens de consumo. [...] A cultura científica também é necessária para o envolvimento do público informado na vida política e pública de uma nação. As informações sobre assuntos científicos e tecnológicos são cada vez mais solicitadas nas tomadas de decisão dos

altos escalões governamentais. (AYALA; OLIVEIRA, 2003, p. 4)

Tentar conceituar cultura cientifica, assim como cultura no seu sentido global é

um ato arriscado e delicado, uma vez, que este conceito ainda está sendo

cuidadosamente construído e discutido socialmente. Não há um conceito firmado,

pois não há consenso nem uma forma de dimensionar a cultura científica. Por isso é

muito importante acompanhar para conhecer e compreender o que se está

produzindo sobre CT&I que são instrumentos fundamentais para a construção de

uma cultura científica que se pretende democrática (PORTO, 2009).

O conceito de cultura científica não tem uma definição consolidada. Não há consenso nem uma forma de mensurar a cultura científica, mas é certo que a formação da cultura científica do cidadão é, antes de tudo, um direito de acesso à informação de ciência e tecnologia. A transmissão dos saberes ao público não especializado se materializa em uma barreira diante do cidadão, por vários motivos básicos, entre eles: a falta de acesso ao ensino formal, ou seja, a uma educação científica de qualidade para o cidadão entender os assuntos científicos, a falta de compreensão dos cientistas e a má formação dos jornalistas. (COSTA; BORTOLIERO, 2010, p. 14)

Na atualidade, o conceito mais adequado a proposta deste trabalho é o

apresentado por Vogt (on-line) que compara a dinâmica da cultura científica a um

movimento de um espiral dividido em quatro partes. Ele não foca apenas no conceito

de cultura científica ligada a produção e obtenção de dados científicos por parte dos

indivíduos, vai além ao apresentar a cultura científica no âmbito sócio-cultural,

atribuindo uma preocupação com o cidadão comum, ou seja, defende o bem-estar

cultural. Assim, a cultura científica deve ser voltada para a produção e socialização

da ciência e não pode ficar restrita a pequenos grupos sociais.

Cada um desses quadrantes pode, além disso, caracterizar-se por um conjunto de elementos que, neles distribuídos, pela evolução da espiral, contribuem também para melhor entender a dinâmica do processo da cultura científica.

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Assim no primeiro quadrante, teríamos como destinadores e destinatários da ciência os próprios cientistas; no segundo, como destinadores, cientistas e professores, e como destinatários, os estudantes; no terceiro, cientistas, professores, diretores de museus, animadores culturais da ciência seriam os destinadores, sendo destinatários, os estudantes e, mais amplamente, o público jovem; no quarto quadrante, jornalistas e cientistas seriam os destinadores e os destinatários seriam constituídos pela sociedade em geral e, de modo mais específico, pela sociedade organizada em suas diferentes instituições, inclusive, e principalmente, as da sociedade civil, o que tornaria o cidadão o destinatário principal dessa interlocução da cultura científica. (VOGT, 2003, on-line)

Figura 1 – Espiral da Cultura Científica (Vogt, 2003, on-line)

A espiral de Vogt demonstra como é relevante que os pesquisadores e

cientistas saiam do ambiente de conforto institucional e busquem se ocupar também

da divulgação científica, uma vez que eles são peças fundamentais na formação da

cultura científica na sociedade. Ela busca representar toda a movimentação

necessária entre ciência e cultura.

Neste momento que se percebe a importância e a necessidade da divulgação

científica para a construção e propagação da cultura científica, a atividade focada na

ciência possui características próprias por se tratar da produção do conhecimento

científico. Entretanto, não se condiciona apenas à produção quando busca gerar a

circulação social do conhecimento científico, através principalmente da educação,

desde a fase da alfabetização científica e da divulgação formal e informal. O seu

objetivo principal deve ser proporcionar o acesso da população aos meios e aos

resultados da produção científica, cultural e pedagógica.

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2.2 A divulgação científica como contribuição social

O conhecimento sobre CT&I assume um papel fundamental para o indivíduo ter

a compreensão do mundo em que vive, em sua extensão e complexidade. Só

através do conhecimento ele terá condições de compreender e tomar decisões que

de alguma forma irão afetar a sua vida. Entretanto, essas informações precisam

alcançar a sociedade de alguma forma e é neste cenário que a divulgação científica

deve atuar com intensidade.

Nesta perspectiva, um número cada vez maior de pesquisadores tem apontado a divulgação científica como objetivo social prioritário, um fator essencial para o desenvolvimento das pessoas e dos povos. Enfim, como uma forma eficiente e democrática de provocar a apropriação, por parte da sociedade, da cultura científica, com sua linguagem, normas e princípios próprios, por meio dos quais a ciência pode ser apresentada como uma forma de entender e se relacionar com o mundo. (TIAGO, 2010, p. 10)

Considerando que a divulgação científica é o meio mais eficiente de

democratizar o conhecimento sobre CT&I, verifica-se que sem ela não haverá a

construção de uma cultura científica e muito menos socialização de conhecimento e

desenvolvimento da real cidadania.

Os eventos, como as feiras, os museus, os prêmios e as premiações, e os textos, as revistas, os jornais, enfim, a divulgação da ciência de uma forma geral, apresenta um papel de motivação e de mobilização da sociedade para o amor da ciência e do conhecimento, nos constituindo, não necessariamente como profissionais, mas como amadores da ciência, e têm em comum a característica de, na espiral da cultura científica, se situarem no terceiro e no quarto quadrantes, os do ensino para a ciência e o da divulgação científica, embora, na verdade, se distribua a todos eles. (VOGT, 2011, p. 13)

Para que a ciência seja transmitida e incorporada pela sociedade, a fim de se

verificar a formação de uma cultura científica, é necessário que as ações sociais,

políticas e institucionais não sejam isoladas e que a divulgação das informações

opere de forma que se promova uma verdadeira cultura da divulgação científica.

Buscar a qualidade de vida com auxílio da ciência e de suas aplicações é, nesse sentido, orientá-las para o compromisso com o bem-estar social e com o bem-estar cultural das populações dos diferentes países que se desenham nas redondezas do planeta. O bem-estar cultural é, assim, um conceito e um estado de espírito que se caracteriza pelo conforto crítico da inquietude gerada pela provocação sistemática do conhecimento. (VOGT, 2011, p. 15)

Contemporaneamente, existe uma preocupação latente e constante sobre as

questões ambientais. Há todo o momento as pessoas são convocadas para reciclar,

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para economizar água, para selecionar o lixo, para plantar, para utilizar luz solar,

para não devastar etc. Entretanto, em nenhum momento viu-se um movimento de

educação para a efetivação destas medidas.

Ressalte-se que sem uma mobilização efetiva neste processo formacional e

educacional não há como alcançar ações eficientes e conscientes sobre a

preservação do meio ambiente ou de qualquer outra proposta social, pois não há

compreensão quanto à importância da temática.

[...] a mobilização para a transformação social começa pela aquisição de conhecimento, passa pela conscientização do problema e se transforma em ação cotidiana pelo interesse público, coletivo, quando precedido pela leitura crítica do mundo e da mídia. Por isso, é necessário, numa perspectiva transdisciplinar, a ação conjunta de educadores de diferentes áreas do conhecimento e de comunicadores, profissionais ou não, para democratizar efetivamente a informação ambiental. (CALDAS, 2009, p. 51)

Da mesma forma, ouve-se ―gritos‖ isolados, falando sobre energias renováveis

ou bioenergia, bem como a sua importância, necessidade de aplicação, potenciais

riscos e benefícios. E mais uma vez, quais as ações que são tomadas para a

conscientização popular sobre um tema tão relevante? É neste contexto que a

divulgação científica merece atenção especial. Não há como publicizar,

conscientizar ou educar sem uma educação científica eficiente e uma divulgação

científica condizente.

Diante disso, uma educação científica que possibilite aos cidadãos um reconhecimento da ciência como parte integrante da cultura humana passa a ser um objetivo social prioritário. A educação científica não é vista, aqui, como a simples transmissão de conhecimentos científicos prontos e acabados, e sim como a compreensão dos caminhos percorridos pela ciência nos processos de produção desses conhecimentos, bem como dos riscos e controvérsias envolvidos nesses processos, do momento histórico em que eles acontecem, das influências e interesses de determinados grupos sociais, enfim, de todas as questões envolvidas no fazer científico (MENDONÇA, 2010, p. 5)

A divulgação científica deve ―desembaçar‖ o olhar dos cidadãos dando-lhes

real noção do ambiente e contexto histórico em que estão inseridos. Só como

ilustração vale ressaltar que o termo BIOENERGIA costuma gerar um conflito

terminológico para as pessoas, pois para alguns se trata de algo focado na energia

vital, alinhamento de Chakras, ligado diretamente ao espiritualismo etc., quando

para outros a proposta global é tratar das energias renováveis.

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Na internet, ferramenta de forte propulsão para a divulgação científica e que

será tratado na seção seguinte, é muito comum encontrar textos que tratem de

bioenergia dentro da primeira visão. Segue abaixo uma demonstração clara da

confusão terminológica que pode ser gerada no indivíduo em busca de informações

e sem uma noção clara do que busca.

Figura 2 –- Link: http://www.amaluz.net/bioenergia.html

Figura 3 – Link: http://bioenergiasamauma.blogspot.com/2011/03/bioenergia-energia-da-vida-os-chakras.html

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Figura 4 – Link: http://bioenergiasamauma.blogspot.com/2011/03/bioenergia-energia-da-vida-os-chakras.html

Figura 5 – Link: http://sites.google.com/site/abcpsigma/Home/bioenergtica/o-que--bioenergia

Para se evitar conflitos como este é importante que cada vez mais os diversos

setores da sociedade se organizem e articulem ações para a valorização da ciência.

Neste contexto, a atuação da escola é de fundamental importância por ser um

espaço aberto para a socialização do conhecimento científico.

É importante pontuar que, embora atualmente a visão da divulgação científica

seja esta, por muito tempo, se propagou uma ideia de que ela deveria suprir as

lacunas de informação que as pessoas comuns têm em relação à ciência, isto é, que

a divulgação científica deveria atender as pessoas com pouca instrução e

informação, consideradas analfabetas cientificamente e só.

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Este processo é guiado pelo modelo de transmissão de informação (emissor-receptor), que parte do pressuposto que os cientistas têm as informações e os cidadãos, incapazes de compreendê-las, teriam de ser bombardeados pelas informações corretas. A não compreensão seria computada a uma incapacidade da audiência, à sua ignorância, que dificultaria a transmissão dos conteúdos. Por isso, as estratégias de divulgação e popularização eram baseadas simplesmente na simplificação da linguagem. (BROTAS, 2011, p. 73)

Entretanto, este conceito restrito não mais predomina dentro da concepção

moderna, países como Inglaterra e França, cujos reflexos chegaram ao Brasil,

passaram a observar a divulgação científica com uma função bem mais ampla

embora muito ainda precise ser feito. Ocorreu um desinteresse por este modelo

restrito que passou a analisar que se não há compreensão por parte do público geral

de não cientistas, isso se deve ao fato de não estar havendo um diálogo efetivo

entre cientistas, não cientistas e governos.

O desinteresse pelo modelo de ―déficit cognitivo‖ nos estudos relativos à compreensão pública da ciência também representa ainda reavaliação do que seja alfabetização para ciência, para além das concepções dos cientistas, deslocando o debate para as possibilidades e formas de diálogos entre cientistas e não cientistas e reconhecendo que há um déficit de participação pública em relação aos temas de ciência e tecnologia. (BROTAS, 2011, p. 80)

Um fator relevante para impulsionar a alteração deste modelo foi à publicação

do relatório Science and Society, apresentado ao Parlamento Britânico no ano 2000,

que defende uma nova abordagem com a ascensão de uma nova linguagem para

construção dialogada de ciência, apresentando uma clara crítica ao modelo linear de

transmissão, uma vez desatualizada e denotando não ter gerado uma divulgação

efetiva de ciência. Por outro lado, esta nova proposta não implica o fim do modelo de

déficit, dado que, necessariamente, deve haver uma brecha de conhecimento entre

a ciência e a sociedade, pois o público não se encontra em situação de igualdade

com a comunidade científica no critério de saber científico (MILLER, 2000).

Com o desinteresse pelo modelo do déficit cognitivo, baseado em um

conceito linear de comunicação, surge uma nova tendência que busca encontrar um

conceito que abarque a proposta mais condizente com a divulgação científica

contemporânea, no que tange a relação da comunicação eficiente entre cientistas e

não cientistas. Gregory e Miller (2000) indicaram como proposta a construção de um

modelo onde a comunicação da ciência satisfizesse a necessidade, as expectativas

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e as demandas de todos os envolvidos no processo: cientistas, mediadores e o

público em geral.

Para tanto, os autores pontuaram alguns elementos que avaliaram como

necessários para a construção de um sistema de comunicação que gerasse uma

compreensão pública do conceito de ciência: a divulgação precisava ser clara e

acessível, respeitando o público receptor da mensagem (público geral), adequando-

se aos processos democráticos e se ajustar a ele; ponderar a comunicação como

negociação da compreensão de valores e atitudes dos envolvidos; instituir confiança

entre os agentes, negociar também o conhecimento como uma prática comum de

modo que diversos grupos possam compartilhar uma única mensagem e a seu

modo as trabalhar para divulgação da ciência, facilitando o acesso ao público em

geral.

Por tudo isso a divulgação científica grande aliada da cultura científica tem

alcançado diferentes espaços sociais, inclusive nas escolas, gerando um aumento

significativo de atos que têm como objetivo difundir os saberes produzidos pela

ciência. Desta maneira, a divulgação científica, desenvolvida nos mais diversos

meios de produção de ciência, com a utilização de mídias cada vez mais modernas,

está cada vez mais presente em nosso cotidiano, gerando discussões e abordagens

plúrimas.

A participação pública da ciência é elemento de essencial importância neste

processo de construção de uma cultura científica. A sociedade bem informada pode

contribuir substancialmente, provocando os cientistas na comprovação de suas

sinalizações e indicações. Um exemplo relevante é a pesquisa realizada para a

descoberta de oleoginosas adequadas para a produção de biodiesel nos nosso país.

Com o auxilio do agricultor esta ação pode ser muito mais efetiva na descoberta,

junto a pesquisadores de novos tipos que se adéqüem a necessidade científica, ou

seja, é possível que a sociedade possa auxiliar diretamente nos processos de

pesquisas se estiverem devidamente conscientes da proposta que se busca.

Quando o Governo Federal lançou um programa de incentivo para utilização

de uma oleoginosa para produção de biodiesel focou na mamona, entretanto os

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resultados alcançados ficaram aquém do esperado, diante disso foram necessárias

pesquisas para ajustar o objetivo inicial e não desacreditar o programa.

O governo lançou um programa de incentivo ao plantio de mamona e os resultados até o momento estão abaixo do esperado, os produtores não estão encantados com a mamona como o governo, isso se refletiu na produção que ficou aquém do esperado. Os produtores estão buscando alternativas a mamona, e uma das mais procuradas e promissoras oleaginosas do Brasil é o pinhão manso, que vem ganhando força como alternativa a mamona. (BIODIESELBR, on line, 2011).

Neste contexto é relevante sinalizar como a sociedade pode participar

ativamente das prioridades da ciência com o auxilio de informações, sugestões e

demonstrações de experiências pessoais na agricultura, lavoura etc a fim de

contribuir substancialmente para as pesquisas. Entretanto, esta situação só se

efetiva quando há conhecimento e informação do que exatamente se busca.

Na próxima seção a proposta é demonstrar como a internet, com todas as

suas peculiaridades, alterou a forma de divulgação científica no Brasil,

principalmente no âmbito das energias renováveis.

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3 A INTERNET COMO FERRAMENTA DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA SOBRE

ENERGIAS RENOVÁVEIS

Nesta seção a proposta é avaliar como a internet, com todas as suas

peculiaridades, alterou a forma de divulgação científica no Brasil. É inegável que a

internet causou um impacto significativo nas formas de comunicação científica e nos

sistemas de informação. Por esta razão, a velocidade em que a sociedade cresce e

se modifica, exige respostas rápidas e precisas em razão do dinamismo que a rede

oferece ao encurtar as distâncias geográficas. É proposta também apresentar a

alteração gerada no comportamento social, uma vez que se acredita que nos dias

atuais as pessoas se relacionam mais no ambiente virtual do que no âmbito

presencial, como forma de acelerar processos e resoluções.

Percebe-se, assim, como a rede pode auxiliar, significativamente, a divulgação

sobre energias renováveis, impactando diretamente o comportamento da sociedade

quanto a um tema ainda tão pouco socializado entre as pessoas comuns. Será

abordado como a internet é uma ferramenta importante para a divulgação científica

em especial, das notícias sobre energias renováveis, sendo utilizada como uma

ferramenta que precisa ser observada e aproveitada. Isso, a fim de que estudiosos e

pesquisadores tenham interesse e compromisso de divulgar ciência através da rede

mundial, beneficiando toda a coletividade

3.1 A influência da internet para a divulgação científica contemporânea

Em uma época tão dinâmica marcada pelas descobertas tecnológicas quase

diárias e, onde a cada geração que surge observa-se a alteração das formas de se

comunicar e se relacionar, a internet se destaca como o maior avanço em todo este

cenário na área da comunicação.

Desta forma, na geração atual fortemente marcada pelo advento desta rede

mundial de computadores interligados que se comunicam reciprocamente percebe-

se que esta é a maneira mais hábil e eficiente de receber e propagar informações de

modo contínuo e simultâneo. As barreiras geográficas se dissolvem, dando às

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pessoas a oportunidade de interagir com as outras e debater sobre assuntos

relevantes e atuais.

Com a Internet, testemunha-se o nascimento de um novo espaço que simplesmente não existia antes, o denominado Ciberespaço. Nesse novo ambiente comunicacional, os computadores fazem a ligação entre as pessoas que os operam ou deles se utilizam. (PORTO, 2010, p. 62)

Segundo Levy (2000, p. 126), a internet se constitui em ―[...] o grande oceano

do novo planeta informacional‖. Dessa forma, a multiplicidade de notícias e

interações é um avanço acompanhado de grandes transformações sociais por ser o

meio de circulação de informações mais utilizado na contemporaneidade. Tal

aspecto propicia a interação de indivíduos em diferentes espaços, em um diálogo

síncrono ou assíncrono e sempre atualizado.

A ciência existe em todas as civilizações, e, serve para conjuntamente com a

educação auxiliar no desenvolvimento e crescimento das sociedades. É neste

contexto que a internet surgiu como uma ferramenta para ajudar a disseminação da

ciência, propagando informações e auxiliando no processo instrucional e

educacional das sociedades.

O objetivo principal da ciência é buscar conhecer o mundo e as leis que o regem, por este motivo ela está presente em todas as civilizações, porém em maior ou menor grau de desenvolvimento. Pôr que? Porque a educação varia muito de um país para o outro. Mas, o que a educação de uma nação tem a ver com seu desenvolvimento na ciência? A educação é a responsável em despertar interesse de um indivíduo para resolver todos os problemas da sociedade em que vive. Portanto, se tudo em um país estiver centralizado em sua educação, ele terá um desenvolvimento social, político, econômico e tecnológico muito bom. Um exemplo que confirma isto, são os países desenvolvidos, pois eles investem muito em educação, e devido a isto, a maioria das descobertas científicas, são de suas responsabilidades. O Japão provou ser a educação importantíssima para seu desenvolvimento, pois após a Segunda Guerra Mundial, quando sua estrutura econômica e social estava destruída, em quarenta anos ele se reergueu e hoje é uma grande potência. Isto não ocorreu somente por que os Estados Unidos lhe emprestou dinheiro, pois se fosse devido a isto, o Brasil seria uma das nações mais desenvolvidas no mundo, mas sim, devido ao lugar que este dinheiro foi aplicado, que foi na educação. (MAGALHÃES, 1999, on-line)

Outro tema atual voltado para o meio ambiente e que tem gerado discussões

significativas no âmbito da ciência são as energias renováveis. A sociedade

contemporânea é dependente da energia advinda de fontes fósseis há muitos anos

e o que se busca é manter a qualidade, aumentar a geração de energia por meio da

produção e utilização de potências energéticas renováveis, que são sensivelmente

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mais adequadas ao meio ambiente, já tão massacrado pela cobiça desenfreada das

nações.

A energia renovável é aquela que é obtida de fontes naturais capazes de se regenerar, e portanto virtualmente inesgotáveis, ao contrário dos recursos não-renováveis. São conhecidas pela imensa quantidade de energia que contêm, e porque são capazes de se regenerar por meios naturais. As energias renováveis são consideradas como energias alternativas ao modelo energético tradicional, tanto pela sua disponibilidade (presente e futura) garantida (diferente dos combustíveis fósseis que precisam de milhares de anos para a sua formação) como pelo seu menor impacto ambiental. (REVISTA ECOTURISMO, on-line)

As energias renováveis são, na contemporaneidade, um dos mais importantes

assuntos para as discussões sobre o futuro da humanidade, e um grande exemplo

disso foi a tentativa de soluções buscada, em 2009, na Conferência do Clima da

ONU (Organização das Nações Unidas) realizada em Copenhage, na Dinamarca, a

COP 15. Como exemplo, podemos citar a energia elétrica que é fundamental para a

sociedade moderna e que não se visualiza desvencilhada de qualquer pesquisa,

trabalho ou atividades de lazer, pois quase tudo depende desta fonte que precisa ser

reavaliada na sua origem, uma vez que as residências, as indústrias, o comércio, os

meios de comunicação e de transporte, dentre quase tudo utilizado pela sociedade

atual, depende de equipamentos movidos à energia elétrica.

As grandes organizações de pesquisas acham que a longo prazo existe vasto potencial para produzir bioenergia sustentável. Os cientistas que trabalham para o Bioenergy Task 40 da IEA (Agência Internacional de Energia) colocam esse potencial em cerca de 1300 Exajoules até 2050 (atualmente o uso global de combustível fóssil é de aproximadamente 380Ej ao ano). Esta biomassa potencial está explicitamente baseada no cenário ―sem desmatamento‖ e no fato de que toda necessidade de alimentos, fibras e ração de populações crescentes e animais deve ser suprida antes. Depois de levar estes requisitos em conta, os pesquisadores encontram vasto potencial especialmente na África (320Ej) e América Latina (220Ej). Em resumo, não existirá nenhuma escassez do recurso natural primário – biomassa – necessário para fazer a transição para um futuro pós-petróleo e com pouco carbono. (Revista BiodieselBR, on-line)

Por esta razão, atualmente, tudo que envolve a produção de energia recebe

uma atenção especial, uma posição estratégica para as nações em todo mundo. Os

países buscam, ao mesmo tempo, aumentar a oferta de energia e reduzir os custos

provenientes desta produção, sem esquecer-se de tratar de questões que garantam

a sustentabilidade e o cuidado com o meio ambiente.

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Genericamente definido como ―satisfazer as necessidades da geração atual sem comprometer as necessidades das gerações futuras‖, o conceito de desenvolvimento sustentável foi introduzido pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento em 1987, e mantém-se até hoje como uma das poucas alternativas para evitar-se o colapso da civilização a nível global. O conceito de desenvolvimento sustentável é bastante amplo, implicando em ações em todas as áreas da atividade humana, tais como planejamento familiar, alterações nos processos agrícolas e industriais, etc., e também a criação de taxas para os impactos ambientais inevitáveis provocados por algumas atividades essenciais, como por exemplo a geração de energia, o que elevará os custos principalmente das fontes não renováveis. Apesar de não estarem isentas de provocarem inúmeras alterações no meio ambiente, pois todas as atividades humanas em maior ou menor grau assim o fazem, as fontes renováveis de energia aparecem hoje como as melhores (ou como as menos ruins) opções para um futuro sustentável para a humanidade. (SILVA, 2004, on-line)

São as energias renováveis limpas que devem ser estudadas e pesquisadas

para implantação de projetos de desenvolvimento sustentável, e neste sentido,

citam-se as energias: eólica, solar, hidrelétricas, da força das ondas, do uso do

biogás e da extração de óleos vegetais para substituir derivados do petróleo, como é

o caso do biodiesel.

Biodiesel é um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis como óleos vegetais e gorduras animais que, estimulados por um catalisador, reagem quimicamente com o álcool ou o metanol. Existem diferentes espécies de oleaginosas no Brasil das quais se podem produzir o biodiesel, entre elas mamona, dendê, girassol, babaçu, soja e algodão. (CARTILHA GOVERNO FEDERAL, on-line)

Dentro deste contexto, a divulgação científica on-line serve como elemento

propulsor de mudanças significativas na sociedade, em razão do modo como a

comunicação se efetiva. Uma alteração na dinâmica das relações interpessoais

advindas da comunicação impacta diretamente o modo de ver e viver a ciência.

A comunicação em ciência assume papel de duplicidade, além de servir como difusora de ciência ela possibilita o diálogo entre cientistas e sociedade, buscando criar um elo de circulação para a construção do conhecimento. A divulgação científica on-line pode atuar como um meio promissor para que mudanças sejam efetuadas e percebidas na sociedade. Por meio da divulgação científica on-line pode ser vislumbrada uma nova série de textos que dialogam entre si, sedimentando conhecimentos e criando conhecimentos novos. (PORTO, 2009, p. 161)

As notícias divulgadas na rede são novas e necessárias ferramentas para

promover o envolvimento da sociedade nas discussões sobre ciência e tecnologia e,

portanto, sobre energias renováveis. Afinal, a internet consegue conjugar duas

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preciosas características dos meios de comunicação mais antigos que são a

interatividade e a massividade.

Há até pouco tempo atrás, a dissociação entre massivo e interativo era clara, no âmbito da comunicação. Uma coisa ou outra. O telefone é interativo, mas não massivo, na medida em que é apenas uma extensão tecnológica do diálogo entre dois interlocutores; a televisão, o rádio, as mídias impressas, etc, são massivas, porém não interativas. A comunicação telemática é massiva e interativa. (PALACIOS,1996, p. 3)

A interatividade que é possível entre a máquina, o leitor e o produtor do texto

ocorre, principalmente, por meio do hipertexto que gera uma relação de

reciprocidade na comunicação desses agentes. Esta é a razão pelo qual a

hipertextualidade tornou-se um dos fatores responsáveis pela interatividade e,

consequentemente, um elemento muito importante na divulgação e discussão on-

line sobre notícias relacionadas à ciência e a tecnologia.

Tecnicamente, um hipertexto é um conjunto de nós ligados por conexões. Os nós podem ser palavras, paginas, imagens, gráficos ou partes de gráficos, seqüências sonoras, documentos complexos que podem eles mesmos ser hipertextos. Os itens de informação não são ligados linearmente, como em uma corda com nós, mas cada um deles, ou a maioria, estende suas conexões em estrela, de modo reticular. Navegar em um hipertexto significa portanto desenhar um percurso em uma rede que pode ser tão complicada quanto possível. Porque cada nó pode, por sua

vez, conter uma rede inteira. (LÉVY 1993, p. 33).

No ambiente on-line as pessoas podem pular o texto, produzindo uma leitura

não-linear. Na navegação não é necessário seguir uma ordem, cada agente tem a

opção de traçar o seu caminho em busca de leituras que mais atendam a sua

necessidade imediata, pois ao clicar em uma palavra em um determinado texto

pode-se trasladar para outro texto ou outro site.

Essa cultura pós-massiva (LEMOS, 2010) envolve a quantidade de pessoas

que são atendidas por essa mídia, que não tem fronteiras nem limites de

propagação. Este novo ambiente, hoje utilizado também para a divulgação científica,

está gerando mudanças expressivas na relação entre os agentes: autor e receptor

da informação científica. O diálogo estabelecido, a cooperação mútua que se opera

pela troca de dados e discussões a respeito de temas de interesses comuns foram

claramente potencializados e socializados com o advento da divulgação on-line.

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Por esta razão a preservação, ou melhor, a ampliação na potencialidade da

característica interatividade hoje é apresentada de forma mais dinâmica. Isto

enfatiza que uma nova roupagem em razão das tecnologias digitais torna-se

condição fundamental para a manutenção de uma divulgação científica eficaz.

Na atualidade, a integração de vários modos de comunicação em uma rede interativa vem causando transformações sociais semelhantes à da invenção do alfabeto em 700 a.C.. O surgimento de um novo sistema eletrônico de comunicação caracterizado pelo seu alcance global, integração de todos os meios de comunicação e interatividade potencial está mudando e mudará para sempre nossa cultura. Implica ainda no surgimento de uma nova cultura: a cultura da virtualidade real. (CASTELLS, 1999, p. 353)

Em decorrência da composição destes elementos: interatividade e

massividade, a internet é um ambiente de novas formas de integração, pois as

pessoas buscam neste ambiente estar juntos, mesmo quando as distâncias

geográficas são enormes. Este ―estar junto muitas vezes‖ é apenas para se

comunicar, dirimir as saudades, como também trocar experiências e travar

discussões. Estudantes, pesquisadores, professores e cientistas estão cada vez

mais se integrando às chamadas redes sociais a fim de trocar dados e experiências

e, isso, muito tem contribuído para a divulgação científica.

A Web é cada vez mais o espaço de representação de coletividade, na medida em que abriga as mais diversas manifestações de cooperação entre os usuários: sites de relacionamento, fóruns de discussão, chats, comunidades virtuais, blog, fotologs, são apenas alguns dos exemplos que atestam o caráter de cooperação presente na Web. Movimentos como o do cyberpunk, o do software livre, a questão da música eletrônica e a difusão do mp3, jornalismo open source, etc, etc, etc. As formas são várias, diferenciadas entre si, com objetivos diversos, mas com a cooperação e a coletividade em comum. (AQUINO, 2006, on-line)

A cooperação espontânea que surge na rede, gerando uma solidariedade

social, faz com que a internet possibilite o envolver de toda a sociedade em

discussões em prol da busca de soluções por problemas sociais. Este é apenas um

exemplo de como a divulgação on-line de notícias na rede, que envolva as energias

renováveis podem ser importantes, gerando proveito das discussões na busca de

soluções para toda a coletividade.

3.2 A divulgação científica e cultural por meio da internet

A difusão do conhecimento no século XXI está bem mais marcante e acelerado

em razão dos grandes avanços tecnológicos e científicos propagados por meio da

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internet. A troca de informações, valores e saberes, neste mundo globalizado

alteram o perfil da sociedade, pois essa comunicação traz consigo mudanças no

conhecimento, na cultura e nas relações de poder. Neste contexto, percebe-se que a

estreita relação entre ciência, tecnologia, e inovação, bastante impactadas com o

surgimento das tecnologias digitais afetam diretamente o modo de como o

conhecimento é difundido e como a sociedade tem reagido a esse momento

histórico. Vogt (2008, p. 1), pontua a importância e o impacto gerado pela produção

e tecnologia sobre as diversas dimensões sociais:

A produção de ciência e tecnologia (CT&I) tem um impacto significativo sobre diversas dimensões sociais, como na economia, na política, na comunidade e em domínios institucionais especializados (educação, saúde, lei, bem-estar e seguridade social), na cultura e nos valores (indústria cultural, crenças, normas e comportamentos). Nesse contexto, emerge a necessidade da construção de indicadores que estejam voltados para a produção científica e tecnológica e que meçam e indiquem, de alguma maneira, os impactos dessa produção nas dimensões sociais.

A formação da cultura científica deve ser compreendida como a difusão da

ciência e da tecnologia e sua aplicação de maneira proveitosa para toda a

coletividade. Ayala (2003, p. 4), defende a existência de uma cultura científica na

sociedade:

Existe uma necessidade universal de uma cultura científica. Eu defendo esta afirmação com argumentos derivados de duas demandas crescentes nas nações modernas. A primeira é a premência por uma força de trabalho treinada tecnicamente. E a segunda requer que cidadãos sejam juízes das promessas e ações de seus governantes, assim como dos responsáveis pela publicidade de bens de consumo. [...] A cultura científica também é necessária para o envolvimento do público informado na vida política e pública de uma nação. As informações sobre assuntos científicos e tecnológicos são cada vez mais solicitadas nas tomadas de decisão dos altos escalões governamentais.

Principalmente no momento de propagação dessas tecnologias digitais a

comunicação precisa ocorrer de forma completa e transparente, a fim de gerar um

diálogo consciente entre a comunidade científica e a sociedade.

Toda a sociedade, além de receber um grande volume de informações, precisa

também absorver e gerir estes novos conceitos e as modalidades de interações

para, poder, assim, compreender qual a finalidade final da mensagem. Uma

informação inconsistente e sem transparência pode gerar perdas significativas no

interesse das pessoas pelo tema. Percebe-se, também, que com o advento das

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tecnologias digitais houve uma descentralização da informação e da cultura que

deixou de ser apenas dados disponibilizados para privilégio de poucos para atender

a muitos. Houve assim uma socialização das informações que faz da internet um

importante suporte de divulgação científica.

A Internet está estabelecida como um importante suporte de divulgação. O crescente número de sites deste tipo marca uma mudança importante nos processos de produção, veiculação e consumo das notícias. Alteram-se de forma radical todo o dinamismo e velocidade da produção e circulação da informação. Em meio a essas mudanças a divulgação científica passa a ser introduzida também em forma de hipertexto informatizado, pois se reconhece o grande potencial da web é o de oportunizar a citação e a referência a múltiplas fontes de informação. Tais características demonstram-se importantes para a legitimação de uma cultura científica nacional. (PORTO, 2009, p. 151)

Dessa forma, a internet trouxe novas formas de comunicação e possibilitou que

a informação, a cultura e a educação deixassem de ser privilégio de minorias. Ou

seja, é, ao mesmo tempo, um mecanismo de disseminação da informação e

divulgação mundial e um mecanismo de auxílio na interação entre indivíduos e seus

computadores, independentemente de suas localizações geográficas.

A divulgação científica, na contemporaneidade, alcançou um destaque peculiar

entre os governantes, pesquisadores, membros de comunidades científicas e

estudantes, pois a propagação da ciência através das tecnologias digitais está

produzindo modificações na propagação de informações, e no desenvolvimento

social e tecnológico. A forma interativa de apresentar dados, notícias e

conhecimentos on-line marca uma nova modalidade de comunicação e de ambiente,

o ciberespaço.

O ciberespaço (que também chamarei de ‗rede‘) é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial de computadores. O termo especifica não apenas a infra-estrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ele abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo. Quanto ao neologismo ‗cibercultura‘, especifica aqui o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço. (LÉVY, 2000, p. 17)

Toda esta atenção é necessária, pois as informações precisam ser transmitidas

e recebidas de forma plena e sem ―ruídos‖, uma vez que a transmissão da ciência

por meio das tecnologias digitais está produzindo alterações significativas na difusão

de informações, nas relações sociais e tecnológicas que precisam ser

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acompanhadas com cautela. As informações são postadas e acessadas a uma

velocidade, que bem caracteriza a dinâmica da internet, de qualquer lugar do

planeta e para qualquer pessoa que se encontre no território cibernético.

A sociedade da informação é uma realidade mundial. A internet já é uma realidade mundial, interligando todos os países do planeta, os telefones celulares estão em franca expansão, os serviços de governo eletrônico são implementados ao redor do mundo, comunidades e redes sociais nascem com as ferramentas sociais da Web 2.0, formas de ativismo político e protestos emergem utilizando as tecnologias e redes informacionais como suporte ... O mundo da cibercultura está longe de ser uma utopia, e o futuro aponta para o desafio de uma ciberdemocracia global. (LEMOS; LÉVY 2010, p. 23)

Neste instante da história percebe-se um aumento significativo das discussões

relacionadas ao desenvolvimento científico e tecnológico sustentável, nesta tônica a

ciência e a tecnologia ganham uma relevância há muito buscada e tão pouco

alcançada. A divulgação científica contemporânea busca promover o despertar

humano para o aproveitamento das suas capacidades, habilidades e valores em

uma exposição de temáticas que durante muito tempo ficou restrita ao conhecimento

de poucos. Por esta razão, tais temas tem sido objeto de estudo de profissionais nas

mais diversas áreas da sociedade, permeando pelos centros de pesquisa,

instituições de ensino e governo.

Pesquisadores como Carlos Vogt, diretor de redação da revista Com Ciência,

trata das mais diversas formas de manifestação da ciência; Wilson Bueno, jornalista

e professor universitário da USP e Metodista de São Paulo, criador do Blog do

Wilson, que trata sobre temas relacionados às áreas de jornalismo científico,

comunicação empresarial etc; Marcelo Leite colunista do jornal Folha de São Paulo

com o seu blog O Ciência em Dia que se concentra nas áreas relacionadas à ciência

e sociedade, ecologia, biologia, biotecnologias e política; dentre outros não menos

importantes e neste momento não citados em razão do objetivo deste trabalho, vêm

construindo, nos dias atuais, uma nova trajetória para a divulgação científica no

Brasil.

Na região Nordeste este trabalho é ainda pouco conhecido e difundido,

entretanto, pesquisadores como Marcos Silva Palacios, Cristiane Porto, Simone

Terezinha Bortolieiro, Antonio Marcos Pereira Brotas, dentre outros têm contribuído

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significadamente para fomentar a formação da cultura científica no Brasil, em

especial na Bahia.

Na Bahia, a Universidade Federal da Bahia – UFBA está em fase de elaboração do seu RI. O projeto de concepção e característica deste, além do que ficará disponível é de responsabilidade da professora Flávia Goulart Mota Garcia Rosa. Trata-se de uma proposta que ela está defendendo por meio da sua tese de doutorado (2008-2011) orientada pelo professor Dr. Marcos Palacios no Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade. O RI da UFBA (www.repositorio.ufba.br) já está no ar, em vias de mudar do projeto piloto para o definitivo, conta, atualmente (outubro de 2010), com cerca de 120 livros publicados pela Edufba e disponíveis para download. O RI já possui quatro comunidades e está operando desde julho de 2010. (PORTO, 2010, p. 85)

Deve-se promover e investir em divulgação científica e tecnológica para que

assim seja possível potencializar o seu alcance ao maior número de pessoas,

acolhendo a sua real proposta de atendimento aos mais diversos setores da

sociedade.

Dentre outros aspectos atrelados ao bem-estar social que a ciência pode ocasionar na forma das facilidades que visam proporcionar, por meio de suas aplicações tecnológicas e inovativas, uma espécie de conforto que diz respeito às relações da sociedade com as tecnociências, envolvendo valores e atitudes, hábitos e informações. Tais características demonstram-se importantes para a legitimação de uma cultura científica nacional. Compreende-se que, por meio da promoção da educação científica nas sociedades baseadas no conhecimento e no uso das novas tecnologias, serão incluídas iniciativas para a popularização da ciência, o que promoverá a formação de uma cultura científica mais sólida e segura. (PORTO, 2010, p. 16)

Em todo um mundo, observa-se um grande interesse pelos estudos que vêm

sido desenvolvidos sobre energias renováveis, pois elas são, na

contemporaneidade, um dos mais importantes assuntos para as discussões sobre o

futuro da humanidade. Toda essa movimentação que tanto impacta as relações

sociais hordienarmente, tem demonstrado mudanças significativas no modo com a

divulgação científica tem sido realizada uma vez que novas tendências de

comportamento vão sendo verificadas. Chegar-se-á o momento onde as pessoas

passarão a se relacionar mais no ambiente virtual do que no âmbito presencial como

forma de acelerar processos e resoluções.

Assim, a internet hoje é uma ferramenta de comunicação que muito tem

auxiliado, na divulgação de dados, e nos debates sobre energias renováveis,

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mudando o comportamento da sociedade quanto a um tema ainda tão pouco

socializado entre as pessoas de um modo geral.

Recentemente, a ONU com o objetivo de envolver a sociedade civil na

discussão sobre as ações nacionais de – REDD – Redução das Emissões por

Desmatamento e Degradação Florestal que estão sendo debatidas e desenvolvidas

em seus países, foi criada a rede social independente – UN-REDD – América Latina

y Caribe que foi implantada por iniciativa do Instituto de Pesquisas Ambientais da

Amazônia (Ipam) e funciona como um fórum de discussões desde outubro de 2009.

Funcionar como um instrumento de interação e discussão do Programa da ONU de REDD. É esse o objetivo da rede, na qual estão disponíveis documentos e programas de REDD+ (como são chamadas as ações de redução das emissões). Basta fazer o cadastro para participar dos fóruns, lançando questões e acompanhando o andamento do programa e as decisões de seu Conselho Normativo. [...] A ideia era envolvermos a sociedade nessa discussão e, já que tínhamos que representar um continente inteiro (formado pela América Latina e Caribe), a rede virtual foi a melhor opção‖, conta Paula Moreira, advogada e representante do Ipam no Conselho Normativo. (DRAGO, 2010, on-line)

As redes sociais da internet (RSIs) chegam então potencializando as mídias, se

transformando em um agente multiplicador e replicador de informações, criando um

espaço fecundo de discussões fomentando cada vez mais a divulgação científica.

As RSIs são plataformas-rebentos Web 2.0, que inaugurou a era das redes colaborativas tais como wikipédias, blogs, podcasts, o YouTube, o Second Life, o uso de tags (etiquetas) para compartilhamento e intercâmbio de arquivos no Del. Icio,us e de fotos como no Flickr e as RSIs, entre elas o Orkut, My Space, Goowy, Hi%, Facebook e Twitter com sua agilidade para microbloging.( SANTELLA; LEMOS, 2010, p. 7)

As RSIs quando criadas funcionam com as redes de relacionamentos no

mundo real, onde os envolvidos compartilham notícias, discutem problemas de

trabalho ou os assuntos mais polêmicos e instigantes do momento, tratam da vida

particular, compartilham ideias, impressões e sugestões e, desta forma, passam a

ter acesso à experiência e expertise que de outro modo, dificilmente teriam acesso.

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3.3 Considerações gerais acerca das tipologias sobre a divulgação

científica on-line

Sobre o tema em questão verifica-se que poucos autores se debruçaram sobre

ele, entretanto, ao iniciar o estudo de site para a busca de notícias vinculadas a

ciência e tecnologia, especialmente no que tange as energias renováveis, percebe-

se a necessidade de situar melhor a sociedade nesse contexto de informações

sobre ciência. Portanto, o modo didático construído e idealizado por alguns autores

apresenta um perfil mais claro de como a divulgação da ciência vem sendo

desenvolvida e socializada no País.

A divulgação científica radicou-se como propósito de levar ao grande público, além da notícia e interpretação dos progressos que a pesquisa vai realizando, as observações que procuram familiarizar esse público com a natureza do trabalho da ciência e a vida dos cientistas. Assim conceituada, ela ganhou grande expansão em muitos países, não só na imprensa, mas sob forma de livros e, mais refinadamente, em outros meios de comunicação de massa. (citação encontrada no site do NÚCLEO JOSÉ REIS).

O conceito "interatividade" é elemento essencial para pesquisa sobre a

comunicação mediada por computador seja na educação à distância, nas relações

sociais, nas relações profissionais, na engenharia de software e em todas as áreas

que lidam com a interação entre o homem e a máquina, e o homem em relação a

outro homem por intermédio do computador. Assim, a interatividade se caracteriza

pela interação entre as pessoas intermediada por ferramentas tecnológicas.

[...] interatividade é relacionada à extensão de quanto um usuário pode participar ou influenciar na modificação imediata, na forma e no conteúdo de um ambiente computacional. O termo é conceituado como uma variável baseada no tempo de resposta do estímulo. (STEUER,1992, p. 13)

Para compreensão da discussão de tipologia da divulgação científica é

necessário caracterizá-la. Bueno (1984, p. 15) defende que a ―difusão científica

incorpora a divulgação científica e o próprio Jornalismo Científico‖.

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Figura 6 – Imagem elaborada por Cristiane Porto (2010) com base na tipologia de Bueno

Assim, pode-se perceber que a divulgação é uma subespécie da difusão

científica, entretanto a proposta deste trabalho recai sobre a divulgação científica,

tornando desnecessária e improdutiva uma discussão aprofundada sobre o tema

difusão científica.

A discussão é iniciada com ênfase nos elementos diferenciais relevantes entre

os temas, uma vez que a divulgação científica busca um novo discurso sobre

ciência, menos especializado, tornando a informação mais acessível à coletividade,

enquanto a disseminação, que pode ocorrer intra e extrapartes decorre de uma

linguagem especializada voltada para um público seleto e especializado em

determinada área.

É no contexto da parte final do parágrafo anterior que se faz necessário

sinalizar que Bueno (1984, p. ?) também subdivide a disseminação científica em

dois níveis, isto é, ―1) disseminação intrapares e 2) disseminação extrapares [...]. A

intrapares caracteriza-se por: 1) público especializado; 2) conteúdo específico; 3)

código fechado‖.

O centro de este trabalho é buscar que a comunicação efetiva se concretize e

perca a sua característica fechada, intramuros, atendendo apenas a um grupo seleto

e especializado, para tornar-se de fato, uma cultura científica, plena e que consiga

efetivamente abarcar toda a coletividade. Não há evolução sem conhecimento, sem

descobertas e sem a socialização de informações. Um dos objetivos da ciência é

descortinar fatos e fenômenos científicos, divulgando-os para a coletividade.

Percebe-se que a socialização serve como elemento de interação ao permitir novos

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estudos, debates e discussões, trazendo em contrapartida uma melhor forma de

aplicação e utilização dessas descobertas.

Na discussão e compreensão do tema energias renováveis, busca-se um

redimensionamento de uma linguagem mais especializada para uma mais acessível.

Ou seja, um novo discurso acerca do assunto para que a coletividade envolva-se

com o tema, gerando uma conscientização eficaz sobre as questões relativas à

ciência e a tecnologia que precisam ser implantadas na atual conjuntura mundial.

Um dos elementos que mais contrastivamente se marcam nas condições de produção da divulgação científica, em relação às condições de produção do discurso científico, parece estar exatamente no pólo da recepção. É outro o destinatário. Não mais um par do enunciador, como na disseminação intrapares (Bueno, 1984), mas um receptor representado como leigo em assuntos de ciência ou, ao menos, leigo naquele determinado assunto sujeito à divulgação. (ZAMBONI, 2001, p. 60)

É necessário compreender que o planeta precisa de ações efetivas e eficazes

para a sua sobrevivência, desta forma os debates, envolvendo apenas

pesquisadores, cientistas, ou melhor, especialistas não atendem a uma necessidade

maior de consciência geral sobre o tema. Neste aspecto a divulgação científica on-

line é a ferramenta que tem se caracterizado como elemento importante se for

implementada de forma adequada as necessidades sociais.

Independentemente de definições ou adoção de alguma das tipologias citadas, o relevante é delinear alguns dos aspectos significativos para a formação de uma cultura científica no Brasil. O conhecimento científico em conjunto com os novos meios comunicacionais dinamiza as atividades para gerar o diálogo entre a pesquisa, as diversas instituições de fomento e o público. (PORTO, 2010, p. 34)

Acredita-se que a proposta da tipologia apresentada por Porto (2010), baseada

em Bueno (1984), é a que melhor atende a proposta deste trabalho, uma vez que a

autora buscou acrescer informações significativas à tipologia existente, criando uma

atualização necessária sobre o tema. O seu objetivo fora estabelecer um modo de

organizar as notícias sobre ciência vinculadas na internet, tratando, especialmente,

da divulgação científica que tinha no jornalismo um dos seus suportes,

exemplificando como cada site lida com as notícias sobre ciência bem como a

identificação de metas para divulgar determinados temas.

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Figura 7 – Elaborada por Porto (2010) baseada na tipologia de Bueno (1984).

Neste trabalho, portanto, observar-se-á dentre as tipologias sugeridas todas

aquelas que tratem de DC vislumbrando em um segundo momento os sites que

atuem com atenção para as energias renováveis.

A Disseminação e Divulgação de Ciência Institucional é a primeira

categoria proposta por Porto (2010, p. 78-79) e é caracterizada ―como um espaço

onde são divulgadas as pesquisas efetuadas ou fomentadas pela instituição,

resultados das pesquisas amparadas e as diversas descobertas na área científica e

tecnológica‖. Este espaço é mantido geralmente por instituições de Ensino Superior

e instituições de fomento de auxílio à pesquisa com vistas em desenvolvimento

tecnológico. É um ambiente acessível voltado para divulgação científica, sendo

muitas vezes, utilizado para a divulgação de eventos e as principais, envolvendo

ciência e tecnologia. Entretanto, muitas vezes essa divulgação institucional é

direcionada a um grupo específico com uma linguagem para esse grupo seleto e

especializado, fugindo completamente da proposta de divulgação científica no Brasil.

A segunda categoria proposta é a Disseminação e Divulgação de Ciência

Independente – DDCI, também tratada como autopublicação, como o próprio nome

já indica são sites desenvolvidos por profissionais que independentemente de

qualquer vínculo institucional se interessam em promover a socialização da ciência,

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utilizando recursos geralmente próprios e tratando de assuntos que mais atenda a

sua área de conhecimento científico.

Dentre os sites observados na construção da categoria Disseminação e Divulgação de Ciência Independente, os blogs assumem relevância importante, pois mostram o interesse de jornalistas científicos em divulgar ciência. (PORTO, 2010, p. 79)

Observa-se a ampliação de trabalhos colaborativos na rede, em blogs, twitter

podcashing dentre outros e as novas tecnologias, socializam, democratizando o

acesso aos meios de produção científica e cultural. Pela leitura de Lemos (2010),

ressalta-se que o autor pondera que a cibercultura se define através de princípios

centrais: a liberação do pólo de emissão, o da conexão e da conversação mundial e

por fim a reconfiguração social, cultural e política.

Quanto mais podemos livremente produzir, distribuir e compartilhar informações, mais inteligente e politicamente consciente uma sociedade deve ficar. As ações de produzir, distribuir, compartilhar são os princípios fundamentais do ciberespaço. Devemos, ainda mais em países como o Brasil, aproveitar a potência que essas tecnologias nos oferecem para produzir conteúdo próprio, para compartilhar informação, enriquecendo a cultura e modificando o fazer político. [...] Os usos táticos abrangem um vasto campo de produção que vai desde a reutilização das mídias tradicionais, passando por websites, software open source, comunidades virtuais, wikis, blogs, incluindo, igualmente, teatros de rua, DJs e performaces. A expansão da conexão e a liberação da emissão são instrumentos fundamentais das mídia-ativistas para transformações sociais e políticas. (LEMOS, 2010 p. 27)

Neste ambiente de divulgação, cientistas, jornalistas e pesquisadores têm

cooperado para que o Brasil consiga viabilizar o desenvolvimento de uma cultura

científica através de relatos opinativos, e informativos eficientes e eficazes. Ainda

sobre a divulgação científica independente, cabe também a sinalização do Twitter

como outra forte mídia social. Essa ferramenta ainda é muito debatida no que tange

a sua dimensão e impacto social causado, entretanto é inegável a sua força perante

as massas. Esta mídia possui características e funcionalidades específicas e pode

ser entendida como pioneira de um modelo novo interativo que envolve difusão e

conversação ao mesmo tempo, segundo Nussbaun (2009) em seu texto Twitter

hype? Or social media ignorance?2

2 Tradução: Twitter hype? Ou a ignorância de mídia social?

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O Twitter altera essa configuração em virtude de duas características únicas e fundamentais: a tônica da interação e da formação de laços sociais no Twitter não é baseada em vínculos preexistentes, mas sim na penetração individual em fluxos de idéias, ou seja, fluxos coletivos abertos de ideias compartilhadas em tempo real, que estão em movimento contínuo. Essa penetração gera conversações que, por sua vez, geram laços sociais. A dinâmica de formação de laços sociais no Twitter é, portanto, bastante diversa das dinâmicas existentes em outras RSIs. (SANTELLA; LEMOS 2010, p. 91)

No Twitter as respostas são socializadas, e em tempo real existe a

possibilidade de debates, ultrapassando a conhecida comunicação bidirecional.

Neste contexto é possível realizar um fluxo de comunicação pluridirecional onde os

chamados seguidores passam a discutir entre si as questões propostas, podendo,

inclusive, ao final dessas discussões, gerarem um texto único com as inserções mais

relevantes sobre a temática posta em discussão. Desta maneira, é também o Twitter

uma mídia de grande potencialidade para auxílio da divulgação científica no Brasil.

A terceira categoria apresentada por Porto (2010) é a Disseminação e

divulgação de ciência em revistas e Jornais de grande circulação. Essa terceira

categoria, no Brasil, possui pouco estímulo e não atende plenamente a proposta de

uma divulgação científica eficiente, principalmente quando limita as informações a

um valor monetário de contraprestação direta.

A divulgação científica on-line em revistas de alta circulação conta com poucas iniciativas no País, mesmo que algumas de tais publicações já estejam no mercado há algum tempo. Nos sites, há uma manchete principal, por vezes evidenciando um tema em pauta na sociedade, dando-lhe um foco mais direto. Os artigos não são disponibilizados na íntegra para livre acesso; para lê-los, precisa-se recorrer à versão impressa ou ser assinante da revista. Em outros casos, são disponibilizados alguns artigos e os demais apenas podem ser lidos na versão impressa ou por assinantes. . (PORTO, 2010, p. 81)

Recentemente, uma notícia abalou o mundo e por isso há uma ampla

divulgação na internet, principalmente nos sites relacionados às categorias:

divulgação científica independente e divulgação de ciência em revistas e jornais de

grande circulação. Foi a tragédia nuclear ocorrida no Japão no mês de março deste

corrente ano (2011), em decorrência de um terremoto de grande escala, seguido de

um imenso tsunami. Este fato gerou uma inquietude social sobre o tema energia

nuclear e energias renováveis e fez com que o mundo vivesse e viva um momento

de aflição. As discussões antes adormecidas reacenderam e passaram a ser

travadas em todo o mundo e em especial no Brasil.

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A calamidade japonesa colocou novamente em xeque, em todo o mundo, a questão das usinas nucleares. Dono de uma invejável bacia hidrográfica, e pivô quando o assunto é energia renovável, o Brasil utiliza pouco a alternativa nuclear: hoje, apenas 2,3% da energia gerada no país vem desta fonte. As projeções da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) também são tímidas. Apesar de movimentar R$ 40 bilhões por ano, a participação da energia nuclear no país, em 2025, deverá ser de 5%. O número é pequeno quando comparado ao de países como França e Japão, onde a participação nuclear é de 70% e 30%, respectivamente. Em Brasília, as medidas de segurança das usinas já estão sendo reavaliadas em função do incidente japonês. O presidente do Congresso, José Sarney (PMDB-AL), e o deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP), já discutem a criação de uma comissão para reavaliar o programa energético. (JORNAL DO BRASIL, 2011, on-line)

Ratificando a informação de (PORTO, 2011) no que tange a que se precisa

recorrer à versão impressa ou ser assinante da revista para se ter a notícia completa

sobre o fato, esta é apenas uma manchete, pois ao tentar buscar maiores

informações o leitor é direcionado a uma página exclusivo para assinantes. Ou seja,

não existe o livre acesso à informação e isso é um dos entraves da divulgação

científica nos dias atuais.

Hoje se vive na era da lucratividade a qualquer custo. Está claro que uma

divulgação ampla, ofertada ao público, gratuitamente, com imparcialidade e

focalizada na neutralidade de interesses, torna-se condição essencial para uma

discussão séria sobre as temáticas atuais, como as focadas no meio ambiente e as

energias renováveis, enfoque deste trabalho. Limitar a divulgação científica a

assinatura de revistas é desvirtuar completamente a proposta almejada para difusão

de ciência. Portanto, sem as citadas ferramentas, torna-se difícil vislumbrar melhoras

na cultura científica do País.

Nos dias atuais, para se obter alta produtividade, as organizações se valem,

muitas vezes, da utilização de inovações tecnológicas que geram impactos

negativos para o meio ambiente, indo contrário a toda discussão que

contemporaneamente se trava sobre a importância da busca pela sustentabilidade.

E, essas discussões sobre temas de impactos planetários, precisam ser

devidamente socializadas a fim de se buscar soluções efetivas para a sobrevivência

da humanidade.

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O desafio para divulgadores e jornalistas científicos neste início de século seria contribuir para que a ciência e a tecnologia permaneçam a serviço da humanidade e do desenvolvimento sustentável. Contudo, poderíamos supor que para além de uma idéia romântica e abstrata de divulgação, a formação de jornalistas e divulgadores da ciência possa necessariamente por estarmos atentos aos modelos científicos impositivos, os seus lobbys, as relações invisíveis entre ciência X poder; ciência X desenvolvimento e ciência X meio ambiente.(BORTOLIERO, 2009, p. 50).

Essas questões só podem ser debatidas se houver uma ampla divulgação,

impulsionando a massa conhecer, questionar, e, assim, participar efetivamente da

tomada de decisões sobre temas tão polêmicos e relevantes. Todavia, a divulgação

científica precisa ser eficaz. Percebe-se que nas categorias acima pontuadas muito

ha ainda a ser feito para que a DC efetiva consiga ser alcançada.

3.4 Impactos da internet na divulgação científica no Brasil

Não há como dissociar na atualidade a ciência e a tecnologia da vida da

sociedade. Nos intensos debates sobre desenvolvimento econômico e social do País

a discussão sobre estas temáticas possuem papel relevante.

Neste contexto, torna-se incoerente pensar em direitos humanos e cidadania

em uma sociedade sem acesso a educação básica e a informação. A divulgação

científica assume o papel de socializador de informação e conhecimento, dando aos

cidadãos a oportunidade de desenvolver oportunidades no mercado de trabalho e

atuar politicamente. É importante que o público saiba que o conhecimento produzido

pela ciência é fruto das circunstâncias e condições de um determinado estágio do

saber, em determinada época e lugar. (ZAMBONI, 2001).

Ressalta-se que o Brasil, mesmo diante de avanços significativos, ainda dá

passos aquém do necessário nessa direção. As últimas três décadas têm sido um

período particularmente rico em experiências de divulgação científica, embora o País

ainda esteja longe de ter uma atividade ampla, abrangente e de qualidade nesse

domínio. (MOREIRA; MASSARANI, on-line).

A divulgação científica tem um papel importante neste contexto. Na formação permanente de cada pessoa, no aumento da qualificação geral científico-tecnológica e na criação de uma cultura científica no âmbito maior da sociedade. Tem, ainda, um papel complementar ao ensino formal de ciências, reconhecidamente deficiente em nosso país. Muitos países do mundo têm estabelecido, nas últimas décadas, políticas e programas nacionais e locais voltados para a popularização da C&T. O Brasil não

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dispõe ainda de uma política ampla com esse objetivo, embora já tenham surgido iniciativas localizadas ou programas específicos para áreas determinadas. (MOREIRA, 2004, on-line)

O modo como a divulgação científica no Brasil é hoje desenvolvida, distancia-

se do seu real objetivo, ou seja: a informação para a construção de uma sociedade

reflexiva, que compreenda, analise e tenha condições de desenvolver uma visão

crítica sobre as temáticas que envolvem ciência, tecnologia e inovação (CT&I). O

que se observa de um modo geral são pequenas iniciativas isoladas como os

museus interativos de ciência que existem apenas em algumas regiões do País.

A internet surge, neste contexto, como um agente multiplicador de informações

e de dados, envolvendo as grandes massas e proporcionando a reorganização dos

hábitos de socialização, em virtude das relações travadas entre o homem no

ciberespaço. Surgem, enfim, as comunidades virtuais estruturadas e organizadas

por pessoas que possuem interesses comuns.

As primeiras formas de agregação de pessoas ao redor dos computadores surgem na década de 70 nos EUA. Essas então chamadas ―comunidades mediadas por computadores‖ CMC surgem de agregações sociais criadas através de redes telemáticas, realizadas primeiramente através das BBSs. As primeiras formas de agregações eletrônicas são formadas a partir do momento em que instituições universitárias, pesquisadores e alunos começam a trocar mensagens pela então nascente Internet através de e-mails e listas de discussão. [...] O ano de 1989 e a junção de imagem, sons e texto acessados de maneira mais simples do que os antigos programas começa a atrair indivíduos das mais diversas áreas e interesses. A partir de então, a palavra comunidade tem sido utilizada de forma corriqueira no ciberespaço. (LEMOS; LÉVY, 2010 p. 102-103)

Surgem também os ambientes de discussões livres e abertas, sem barreiras

geográficas e espaciais. É esta razão pelo qual Pierre Lévy (2010) enxerga na

internet um futuro democrático para a humanidade.

Na medida em que o usuário foi aprendendo a falar com as telas […] seus hábitos exclusivos de consumismo automático passaram a conviver com hábitos mais autônomos de discriminação e escolhas próprias. Nascia aí a cultura da velocidade e das redes que veio trazendo consigo a necessidade de simultaneamente acelerar e humanizar a nossa interação com as máquinas (SANTAELLA, 2003, p. 82).

[...] novas espécies de associações fluidas e flexíveis de pessoas, ligadas através dos fios invisíveis das redes que se cruzam pelos quatro cantos do globo, permitindo que os usuários se organizem espontaneamente ‗para discutir, para viver papéis, para exibir-se, para contar piadas, para procurar companhia ou apenas para olhar, como voyeurs, os jogos sociais que acontecem nas redes‘ (BIOCCA apud. SANTAELLA, 2003, p. 123).

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A divulgação de notícias on-line tem gerado uma alteração significativa no

comportamento social, pois a grande rede que tudo disponibiliza a qualquer hora e

com grande variedade de opções vem, cada vez mais, atraindo a sociedade para a

busca de informações. Do modo como as relações são travadas é possível

disponibilizar notícias sobre ciência e tecnologia, em uma linguagem mais clara,

rápida e atrativa. A internet apresenta-se assim como uma potencial ferramenta

fomentadora da cultura científica no Brasil.

Verifica-se que as notícias sobre ciência, tecnologia e inovação na atualidade

estão cada vez mais apoiadas neste novo modelo de comunicação, onde surge um

novo estilo de informar e socializar as notícias sobre essas temáticas seja para os

seus pares, seja para o público em geral. A rede se amplia a cada momento em

diversas direções. Para cientistas, pesquisadores e sociedade de um modo geral,

em busca de informações atualizadas nas mais variadas áreas do conhecimento, a

internet hoje se apresenta como uma ferramenta atrativa e envolvente.

É claro que existem, nesta rede, textos sem apuro técnico necessário para

efetivo aproveitamento, entretanto, a variedade de informações encontradas nas

distintas variadas áreas da ciência é surpreendente, tornando-a um amplo banco de

dados, uma grande fonte de pesquisa. É neste sentido que a divulgação científica

on-line pode atuar como um meio promissor para que mudanças sejam efetuadas e

percebidas na sociedade brasileira.

As ferramentas disponibilizadas na internet, como a videoconferência, o correio

eletrônico, os chats, as redes sociais e as revistas eletrônicas de divulgação

científica, têm oportunizado a socialização da ciência e tecnologia no Brasil, entre

cientistas, pesquisadores, jornalistas e a sociedade em geral, que é pouco informada

em muitos dos temas divulgados on-line.

Não se pode deixar de reconhecer que, na Sociedade da Informação, algumas ferramentas oferecidos pelo uso da Internet como, o correio eletrônico, a conferência eletrônica e as revistas eletrônicas de divulgação científica, têm sido uma forma de popularização da ciência. Os periódicos eletrônicos de divulgação se apresentam como mais uma janela para dinamizar a interlocução entre cientistas, jornalistas e o público leigo. Pode-se citar como exemplo três características deste tipo de publicação: velocidade na publicação, ampliação de alcance e a possibilidade mais direta de interação autor e leitor. (PORTO, 2010, p. 69)

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A internet oferece um espaço precioso para o trabalho de divulgação científica

no Brasil. O advento desta tecnologia trouxe ao mundo informações, notícias e

entretenimento em tempo real, sem defasagem de tempo, como ocorria

anteriormente, onde a comunicação demorava dias e até meses para se efetivar. As

grandes barreiras geográficas e geopolíticas hoje são demolidas com apenas um

clique.

Entretanto, muito ainda há para se fazer tendo em vista que muitos desafios

ainda não foram superados.

A análise da experiência brasileira de divulgação científica e do jornalismo científico em particular, evidencia de imediato uma série de desafios que precisam ser superados a curto, médio e longo prazos. Muitos desses desafios podem ser facilmente identificados, como a relação nem sempre harmoniosa entre divulgadores da ciência e pesquisadores, o analfabetismo científico, a falta de sensibilidade dos empresários de comunicação e editores para a importância de informações em Ciência, Tecnologia e Inovação (C&T&I) e mesmo as dificuldades intrínsecas ao processo de decodificação do discurso científico. (BUENO, 2009, p. 13)

A criação do Scientific Automatic Press Observer, conhecido como o sistema

de coleta de dados SAPO, é um bom exemplo da forma com que os cientistas têm

demonstrado preocupação no modo como a divulgação científica está se efetivando.

Essa ação demonstra a produção e a leitura de notícias divulgadas on-line sobre

ciência, tecnologia e inovação. É uma maneira de se buscar avaliar como as

informações sobre a ciência e tecnologia apresentadas pelas mídias digitais chegam

ao público em geral. A divulgação científica on-line no Brasil, apesar de ainda

precisar de ajustes, vem crescendo a passos largos, gerando mudanças sociais e

efetivamente auxiliando para a construção de uma cultura científica no Brasil.

Na próxima seção, o estudo versará sobre a importância da DC on-line focada

no tema Energia Renováveis, onde será apresentado site de DC sobre o tema, bem

como o estudo de elementos avaliadores da qualidade desta divulgação nos dias

atuais.

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4 A DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA ON-LINE SOBRE ENERGIAS RENOVÁVEIS: UMA NECESSIDADE SOCIAL

Nesta seção a proposta é demonstrar que a divulgação científica on-line

fundamentada em um compromisso com a atualização e a interatividade, pode

contribuir positivamente para a ciência, especialmente, no que tange as energias

renováveis. Atualmente, o tema energia renovável é elemento central das

discussões de sustentabilidade e proteção ao meio ambiente e é por esta razão que

este trabalho busca sinalizar como é importante a comunicação efetiva para trazer

para perto dos indivíduos notícias sobre o tema, atendendo a sociedade. Será,

abordado, ainda, aspectos referentes à interatividade e atualização de sites

previamente selecionados para o desenvolvimento deste trabalho, enquadrando-os

nas tipologias apresentadas na seção anterior. Ao final, será demonstrada como a

divulgação científica on-line pode auxiliar na divulgação da ciência, em especial as

notícias sobre energias renováveis, elemento central do trabalho proposto.

4.1 A importância do estudo da forma como os sites disponibilizam as

notícias sobre energias renováveis

A internet apresenta para a sociedade um vasto território de busca, com as

mais variadas informações e descobertas que podem ser científicas ou não. Neste

tópico a proposta é discutir a importância de se estudar a forma como os sites

disponibilizam as notícias sobre ciência e tecnologia, a fim de verificar se o seu

objetivo final está sendo alcançado.

Verifica-se que as pesquisas e descobertas sobre ciência, tecnologia e

inovação na atualidade e, respectivamente, todos os seus avanços são efetivas

conquistas dos novos tempos. Entretanto, esse desenvolvimento não se consolida

se os indivíduos que compõem a sociedade estiverem desvinculados dos fatos que

estão em sua volta, dos seus direitos e da defesa das suas necessidades vitais.

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Divulgar a ciência deixa de ser simplesmente divulgar resultados de pesquisas, de colocar a ciência e os pesquisadores em lugares não propensos a questionamentos. É retirar a ciência de uma proteção aurática. A mudança deve-se, sobretudo, a uma busca por uma nova comunicação com a sociedade, que abandona o modelo linear de comunicação, pensando a partir da perspectiva do outro nulo e desprovido de inteligência, portanto, ―coitado‖ e facilmente manipulados. (BROTAS, 2010, p. 84)

A globalização produziu grandes avanços na ciência, na tecnologia e na

inovação, em contrapartida, a sociedade cada vez mais se pauta no individualismo e

no interesse capitalista. Quando se observa veículos de divulgação científica,

condicionando a sua informação ao pagamento de uma assinatura, percebe-se

como ainda se deturpa e se minimiza a importância de uma efetiva divulgação

científica.

Na seção anterior trataram-se em um dos tópicos, considerações gerais acerca

das tipologias sobre a divulgação científica on-line propostas por Porto (2010). Foi

com base nestas tipologias que ficou definido para este trabalho o olhar para DC e a

pesquisa por veículos focados neste objeto. É neste contexto que se busca

apresentar, sobre o tema energias renováveis, uma alteração no modo de publicizar

a informação, alterando a linguagem mais especializada para uma mais acessível.

Isso, por meio de um novo discurso a respeito do assunto, a fim de que a sociedade

compreenda e passe a se envolver, participando ativamente das discussões sobre o

tema.

Só assim, pode-se pensar em uma conscientização eficaz sobre as questões

relativas ao meio ambiente, à ciência, à tecnologia e, especialmente, sobre energias

renováveis que, em razão do momento histórico atual, apresenta a, cada momento,

desastres ambientais, descobertas científicas e tecnológicas que precisam ser

conhecidas, debatidas e transmitidas com eficácia e qualidade para a coletividade.

O acesso às informações sobre os avanços e retrocessos da pesquisa científica e tecnológica sobre o bioetanol e sobre outras fontes de energia como eólica, nuclear, ou solar é um direito do cidadão para se preparar e opinar sobre se queremos ou não que as cidades estejam entupidas de carros de passeio, se queremos correr riscos com o acúmulo de dejetos radioativos de uma possível instalação de usina nuclear no Rio São Francisco, visão já defendida inclusive pelo governador Jacques Wagner da Bahia. A sociedade precisaria estar municiada de informações e ter maior poder de decisão sobre quais energias renováveis queremos para o futuro do Brasil. (BORTOLIERO; CALDAS, 2011, p. 88)

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O modo como os sites disponibilizam as notícias sobre Ciência e Tecnologia

interfere diretamente no alcance da informação ao público em geral, o objetivo é

verificar se esta maneira de divulgar as notícias está devidamente alinhada a todos

os recursos propostos e disponibilizados na internet.

No momento da apresentação dos sites, escolhidos após uma busca booleana,

utilizando ferramenta de busca da web, bem como dados contidos em livros, artigos

científicos e reportagens sobre energias renováveis, serão avaliados dois elementos:

atualização e interatividade que compõem junto com a memória aspectos

determinantes do jornalismo científico praticado na web.

Ressalta-se que a metodologia utilizada foi de natureza qualitativa e mesmo

havendo uma quantificação dos sites estudados, prevaleceu a interpretação dos

dados encontrados e não a quantificação desses. Utilizou-se ainda a observação

sistemática e direta de sites estudados, desta forma o recorte foi realizado em

apenas esses dois elementos: atualização e interatividade, com vistas a atender a

proposta deste trabalho, que busca discutir como é realizada a periodicidade de

atualização das informações dos sites, e como esta se concretiza, ou melhor, se há

uma eficaz interatividade com os indivíduos que navegam por estes veículos e se

estes atendem a DC.

[...] interatividade baixa, aquela que tem no e-mail o seu meio de comunicação; interatividade média, aquela que se efetua por meio de enquete fórum de discussão. Quanto à interatividade alta será a que se efetua por intermédio de chats, instant message. Isto é, a que pode ser considerada em tempo real, onde a interlocução possa trazer como resultado a interação direta entre autor e leitor. (PORTO, 2004, p. 8)

Importante sinalizar que os veículos referentes à BIOENERGIA, com ênfase

em energia vital, ligado diretamente ao espiritualismo, foram rejeitados, uma vez que

não atendem à proposta deste trabalho e só serviram como base na seção dois para

demonstrar o conflito terminológico que ainda existe sobre os temas.

As palavras chave utilizadas para a busca booleana foram: energias

renováveis, bioenergia, notícias e energias renováveis. Após este levantamento

foram elaboradas as listas dos sites para, em seguida determinar a caracterização

devida, de acordo com as tipologias apresentadas na seção anterior. A metodologia

aplicada demonstrará, ainda, que de forma precária, como os sites de DC estão

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utilizando ou não os recursos que a internet oferece de forma tão ampla e variada,

permitindo uma efetiva inovação de modelos.

Após este procedimento e verificada as tipologias, foram levantados DC

institucional, DC independente e DC em revistas e seções de jornais, propostas por

PORTO (2010) constituindo-se, dessa forma, uma lista inicial de 63 links.

O jornalismo científico e a divulgação científica on-line, fundamentados em um compromisso com a atualização e a interatividade, apresentam, portanto, um vasto campo de possibilidades não exploradas, que poderia, sim, contribuir como um dos elementos propulsores para que a ciência no Brasil seja impulsionada de forma mais rápida e dialógica. (PORTO, 2010, p. 115)

Através da interatividade percebe-se a relação que é possível entre a máquina,

o leitor e o produtor do texto, principalmente, através do hipertexto que gera uma

relação de dialogicidade na comunicação desses agentes. Por esta razão, a

hipertextualidade apresenta-se como um dos fatores responsáveis pela

interatividade e, por conseguinte, um elemento muito importante na divulgação on-

line sobre notícias relacionadas à ciência, a tecnologia, a inovação e, especialmente,

energias renováveis.

Os hipertextos permitem que os indivíduos possam, na web, navegar pelos

textos, produzindo uma leitura não-linear. Ou seja, podem a qualquer momento ir

clicando e traçando caminhos que atendam ao seu interesse mais imediato, sem

uma trilha retilínea ou estanque, visto que os caminhos ofertados na rede são

ilimitados. Vale ressaltar, a possibilidade que possui o usuário de emitir opinião

acerca das informações lidas, vistas com mais frequência nos blogs que se

enquadram na tipologia já tratada na seção anterior: Divulgação Científica

Independente (autopublicação).

O ambiente hipertextual por excelência – o ciberespaço – pode ser decisivo na mudança da pragmática comunicacional e educacional da cibercultura, levando à subversão dos discursos monológicos, em prol da transformação dos sujeitos e de suas realidades sociais e educacionais. O hipertexto constitui uma subversão das relações entre autor e leitor e da própria noção de autoria, na medida em que ler equivale, necessariamente, a construir os próprios percursos. (RAMAL, 2003, p. 257)

Após analisar os sites, verificou-se a necessidade de um corte a fim de retirar

dados que não auxiliariam neste trabalho. Alguns dos sites pesquisados exibiam

apenas o conceito de energias renováveis, direcionando o leitor para uma página

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principal sem mais nenhuma informação relacionada ao tema e comprometimento

com uma divulgação efetiva ou, então, por possuir um objetivo distanciado de

divulgação científica.

Em parte desses sites não há sequer nenhum elemento de interatividade e

muito menos atualização, o máximo a ser encontrado são links de empresas que

trabalham com as questões energéticas. Isto é, a pretensão é atrair curiosos para

um âmbito comercial. Segue como exemplos:

www.suapesquisa.com/o_que_e/energia_renovavel.htm;

www.natureba.com.br/energias-renovaveis.htm; www.atlanticenergias.com.br;

www.erbrasil.com.br/principal.php (Energias Renováveis do Brasil)

Outros veículos encontrados traziam o tema como bandeira representativa de

interesses de um grupo especializado, com objetivos próprios e cujo site

apresentava pouco conteúdo científico a compartilhar, com notícias e atualizações

voltadas a interesses também políticos e comerciais. É o exemplo da Associação

Brasileira das Empresas de Energias Renováveis – ABEER cujo link de acesso é o

http://www.abeer.org.br/ e que, conforme divulgado em seu próprio portal, por meio

do seu Presidente o Senhor Antônio Granadeiro, busca compartilhar informações

que possibilitem o desenvolvimento do setor e de políticas setoriais das empresas,

empresários, colaboradores e usuários das energias renováveis no Brasil.

Foram descartados, também sites que não possuíam dados para identificar

origem, missão, responsáveis, dados essenciais pela busca da credibilidade das

informações postadas ao público em geral. Neste caso, embora não seja centro

deste trabalho abordar sites de domínio estrangeiro, pode-se sinalizar o site

energias renováveis cujo link de acesso é o http://www.alternativasenergias.com/

domínio Portugal. O site possui divulgação de notícias sem discussão ou aplicação

de qualquer tipo de elemento que gere interatividade com o público externo e não

faz nenhuma indicação de autor, data de postagem e atualização das notícias

exibidas.

Justifica-se a afirmação acima, pois no Brasil outros sites foram descartados

por não possuir atualização há muito tempo e toda esta seleção, ou seja, a escolha

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por este método se deu em razão do grande volume de dados e informações que a

internet disponibiliza e que precisavam ser garimpados.

Depois de analisar a atualização e a interatividade, descartando aqueles que

não atendiam a proposta do trabalho, foi elaborada uma lista com 12 sites e blogs.

Só assim, foi possível separá-los pelas três tipologias tratadas na seção anterior

(Divulgação Científica Institucional, Divulgação Científica Independente e Divulgação

Científica em revistas e Jornais de grande circulação), propostas por Porto (2010)

com foco na divulgação científica on-line, a fim de poder verificar fatores positivos,

potenciais ou fatores limitativos e frágeis que possam impactar na realização de uma

efetiva DC.

Aplicaram-se critérios para avaliar a qualidade das páginas de divulgação

científica disponíveis na rede, reconhecendo suas principais características e

analisando-as de acordo com o referencial teórico evidenciado em cada parte deste

trabalho. No que tange aos objetivos aplicou-se uma pesquisa descritiva onde cada

site foi analisado e classificado sem a interferência da pesquisadora.

Em boa parte dos sites e blogs pesquisados, foi observado que o objetivo era

gerar publicidade e não publicizar as informações. A preocupação está em buscar

parceiros para projetos, ideias e soluções para a questão Energética sem levar

muito em conta a participação ou informação popular neste processo. Poucos se

preocuparam em criar mecanismos de interatividade e muitos ainda são meros

difusores de notícias já publicadas em outros canais de informação sem apresentar

nenhum acréscimo com comentários, a fim de gerar um diferencial jornalístico.

Entretanto, há também veículos que estão caminhando passo a passo com os

profissionais que lutam para construir uma divulgação científica eficaz.

No âmbito da Divulgação Científica Institucional, inicia-se a descrição com a

Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – ANP, implantada

pelo Decreto nº 2.455, de 14 de janeiro de 1998, é ele o órgão regulador das

atividades que integram a indústria do petróleo e gás natural e a dos

biocombustíveis no Brasil.

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Figura 8 - Link: http://www.anp.gov.br/

A Agência aprovou, conforme informação postada no site para o biênio 2011-

2012, algumas ações prioritárias que definiraam oito objetivos, desdobrados em

dezoito iniciativas. Todo esse conjunto foi dividido em duas dimensões distintas de

atuação, quais sejam: agrupar os objetivos voltados para enfrentar os desafios dos

novos marcos regulatórios e os problemas inerentes da dinâmica dos mercados e

das atividades da cadeia de petróleo, gás natural, combustíveis e derivados, tendo

como princípios balizadores o desenvolvimento, a soberania, a competitividade, a

sustentabilidade e a inovação e o segundo voltado para o fortalecimento institucional

e para permitir à ANP o melhor enfrentamento dos desafios colocados para a

sociedade.

Entretanto, avaliando o seu perfil para uma Divulgação Científica Institucional o

site apresenta baixa interatividade por fornecer para o leitor apenas um serviço de

fale conosco (e-mail) e um post de dúvidas frequentes, não disponibilizando espaço

para comentários e discussões sobre as temáticas apresentadas. Importante

enfatizar que o site apresenta notas à imprensa de periodicidade mensal que são

notícias sobre ações da ANP e do que tem acontecido sobre Petróleo, Gás Natural e

Biocombustíveis no Brasil e no mundo, bem como outras notícias postadas sem

periodicidade determinada, em virtude da não previsibilidade de algumas

ocorrências. No que tange a legislação sobre o tema demostra ser o veículo mais

indicado para pesquisa.

Outro veículo registrado para estudo foi o Instituto de Desenvolvimento

Sustentável e Energias Renováveis – IDER, também constante desta categoria que

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é uma organização não-governamental, fundada em 1995 na cidade de Fortaleza

(CE) e que, atualmente, possui estatuto de Organização da Sociedade Civil de

Interesse Público (OSCIP). O IDER se destaca por promover projetos populares se

adequando a cultura local e buscando a proteção ao meio ambiente, educação e

desenvolvimento de tecnologias de energias renováveis em prol das comunidades,

aprimorando técnicas e levando qualidade de vida para famílias de baixa renda. O

que mais chama atenção na missão deste Instituto é a atenção dada à cultura local,

o respeito à questão de gênero e o fortalecimento da participação popular, tudo em

prol de um efetivo desenvolvimento sustentável.

Figura 9 - Link : http://www.ider.org.br/energias-renovaveis/energias-renovaveis

Embora apresente uma missão bem social o portal não apresenta notícias

atualizadas sobre energias renováveis no mundo. Os fatos noticiados são em sua

maioria os vinculados de alguma forma sobre o órgão. Sugere links dos principais

parceiros do Instituto e de outras entidades voltadas para o o desenvolvimento

sustentável, energias renováveis e o meio ambiente. Apresenta baixa interatividade

ao manter apenas como contato com o leitor a indicação de e-mail, telefone ou

endereço da sede do Instituto, pouco se utilizando das diversas ferramentas de

interatividade que a internet oferece. No que tange a atualização pode-se observar

que a postagem de novas informação variam entre 15 e 45 dias sem uma

periodicidade exata e sempre com atenção direcionada ao Instituto.

Ainda nesta tipologia, vale pontuar um Portal que por ser estrangeiro deveria

estar na lista de corte deste trabalho, entretanto, em razão de possuir peculiaridades

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significativas ao apresentar uma grande variedade de elementos atrativos para o

leitor, elemento considerado importante para ser tratado nesta pesquisa. Desta

forma, sinaliza-se o Portal das Energias Renováveis, cujo domínio é de Portugal

formado por um grupo de pessoas, ligadas direta ou indiretamente à área relativa à

energia, que decidiram avançar com a ideia da criação de um portal subordinado ao

tema das ER, criando assim o Portal das Energias Renováveis (PER) no ano de

2002.

Conforme informação do site esse grupo é composto por jovens engenheiros

que trabalham em áreas energéticas e possuem a colaboração direta de

pesquisadores e instituições interessadas e vinculadas ao tema.

Figura 10 - Link : http://www.energiasrenovaveis.com/

Analisando os aspectos referentes à atualização e interatividade observa-se

que o site em questão apresenta baixa interatividade embora possua uma variedade

de elementos que muito atraem o leitor. O portal disponibiliza link para busca,

legislação, enquetes, glossário, direcionamento a redes sociais, exibição da TV

Renovável que agrega uma série de vídeos e animações relacionados ao tema,

oferece também a opção para recebimento mensal de Newsletter e disponibiliza

ainda um jogo chamado Cidades Renováveis onde o leitor pode interagir como em

uma brincadeira. Possui também blog de opinião

http://opiniao.energiasrenovaveis.com/, mais relacionado à Divulgação de Ciência

Independente, com o João F.Saraiva e Agostinho, cuja última postagem é registrada

em 27 de outubro de 2010, ou seja, sem atualização necessária para ser analisado

nesta pesquisa.

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As notícias do site são atualizadas quinzenalmente e se baseiam em fatos mais

recentes sobre os temas divulgados nas mais variadas agências de notícias.

Realizam também a divulgação de eventos o que é uma característica comum da

tipologia apresentada.

Outro site que merece avaliação inserida no contexto da Divulgação Científica

Institucional é o Portal Brasileiro de Energias Renováveis, formado por acadêmicos

de engenharia bioenergética, com o apoio de setores interessados no tema.

Figura 11 - Link : http://www.energiarenovavel.org/

O portal foi idealizado em razão das dificuldades encontradas pelos envolvidos,

pesquisadores e profissionais da área, para a pesquisa e busca de informações

sobre energias renováveis e biocombustíveis. Apresenta notícias sobre energias

renováveis, tecnologia, inovação e meio ambiente, há artigos, reportagens,

legislação, curiosidades, vídeos sobre o tema e divulgação de empresas vinculadas

ao setor. As notícias não possuem uma periodicidade exata de atualização, variando

de 10 a 60 dias entre uma publicação e outra.

Neste site o internauta pode colaborar participando do fórum e de enquetes.

Importante enfatizar que o portal também direciona para redes sociais e possui o e-

mail para contato, comum a todos apresentados até então. Entretanto, já apresenta

um grau médio de interatividade por permitir ao seu leitor uma discussão em um

ambiente como o fórum, onde a troca de impressões se dá de forma livre e

dialogada. Os responsáveis pela gestão do portal são os estudantes de engenharia

bioenergética Joiris Manoela Dachery e Patrick Cenci Pagliari.

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O Blog do Infopetro, também adequada a essa tipologia, representa a

continuação do trabalho desenvolvido pelo Grupo de Economia da Energia (GEE)

desde novembro de 2000, sendo importante registrar que durante nove anos, o

grupo supracitado publicou o boletim eletrônico Infopetro; o primeiro número saiu em

novembro de 2000 e o último em dezembro de 2008, perfazendo um total de setenta

e uma edições. Na época, a proposta era acompanhar as transformações em curso

nas indústrias de petróleo e gás no Brasil, contudo, com o tempo, esta proposta se

ampliou e gerou um envolvimento com os grandes setores energéticos do País.

Figura 12 - Link: http://infopetro.wordpress.com/

Hoje, o objetivo principal, conforme informação do portal permanece o mesmo

do boletim, ou seja: permitir que o conhecimento acumulado do trabalho

desenvolvido pelos seus gestores, ensinando e pesquisando em uma universidade

pública sobre energias renováveis, sustentabilidade e inovação, possa contribuir

para a que a sociedade compreenda este tema tão relevante. O grupo é composto

por: Edmar Luiz Fagundes de Almeida, Helder Queiroz Pinto Jr, José Vitor

Bomtempo Martins, Luciano Dias Losekann, Luciano Dias Losekann; Marcelo

Colomer Ferraro, Renato Pinto de Queiroz, Ronaldo Goulart Bicalho e Thales de

Oliveira Costa Viegas, são doutores e/ou mestres vinculados diretamente ao estudo

do sistema energético brasileiro, desde a evolução tecnológica, organizacional,

institucional das indústrias e mercados de energia.

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O GEE desenvolve vários projetos em parceria com atores importantes do

setor energético brasileiro estando diretamente vinculado a URFJ. A atualização de

artigos no site se dá de forma sazonal, não ultrapassando 30 dias entre as últimas

postagens registradas e, embora alegue que possuí como novidade o boletim, a

maior interatividade com os seus leitores em razão das novas ferramentas que a

internet possibilita, percebe-se que há uma interatividade média ao permitir a

participação com comentários sobre os temas abordados, gerando uma

possibilidade de discussão, conforme ocorre com os fóruns, sem apresentar maiores

novidades.

Já no âmbito da Divulgação Científica Independente (autopublicação) observa-

se uma maior dificuldade na análise da atualização. Afinal, como são sites mantidos

por profissionais com recursos pessoais e com ênfase em uma realização

profissional que é a divulgação de conteúdo científico, no caso em tela, sobre

energias renováveis, nota-se uma oscilação significativa na periodicidade de

atualização. Isto ocorre porque boa parte dos mantenedores desses sites não está

em busca de uma compensação financeira e na sua maioria envolvem-se em outras

atividades, como a docência e a pesquisa. Outra evidência nesta tipologia está no

fato de que boa parte das notícias é produzida pelos próprios envolvidos que não

repassam para os seus leitores e colaboradores apenas notícias publicadas em

outro meio de comunicação.

O Portal Ambiente Energia: meio ambiente, sustentabilidade e inovação é um

dos exemplos de uma DC independente, criado a partir da experiência de

profissionais que atuam há mais de 10 anos neste mercado, desenvolvendo serviços

de comunicação e gestão do conhecimento; é um veículo de comunicação

independente voltado para as áreas de meio ambiente, sustentabilidade, fontes

alternativas e inovação tecnológica, no setor de energia tendo como missão principal

servir de referência em conteúdo especializado para o setor de energia. O site

oferece para o seu leitor acesso a legislação, vídeos, newsletter, entrevistas,

notícias, direciona a redes sociais etc.

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Figura 13 - Link: http://www.ambienteenergia.com.br/

Assim, apresentando notícias com atualização quase diária o portal oferece um

vasto leque de informações o que está acontecendo sobre o tema no Brasil e no

mundo, na velocidade em que a internet circula, permitindo, ainda, ao leitor a

inserção de comentário como ferramenta de interatividade alinhada ao contato via e-

mail, neste caso denotando uma baixa proposta na abordagem interação.

O Portal Luis Nassif: Construindo Conhecimento é outro portal que atende a

essa tipologia no canal especial sobre bioenergia; o responsável Luis Nassif faz

parte da equipe que realiza jornalismo de serviços e do jornalismo eletrônico no

País.

Figura 14 - Link: http://www.luisnassif.com/profile/Bioenergia

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Todavia, com a falta de atualização de postagens de notícias e de posts no

blog ocorre uma perda significativa para a DC. É importante ressaltar que, na

pesquisa deste trabalho, em razão da característica de não atualização, este portal

deveria constar da lista de corte, contudo em razão da diversidade de dados de

interatividade que oferta aos seus leitores, cabe sinalizá-lo como exemplo de uma

ação a ser estudada. O portal convida o leitor para um blog sobre bioenergia e além

das notícias já comentadas oferece um fórum para discussões, dando acesso ainda

a um espaço para bate-papo entre os leitores cadastrados.

O portal apresentou características de interatividade não observadas em outros

veículos pesquisados, entretanto, está praticamente parado no tempo. A Divulgação

Científica on-line perde pela não atualização e movimentação deste site, uma vez

que a proposta apresentada explora, de uma forma mais adequada, as ferramentas

oferecidas pela internet, já que a rede não é apenas ambiente para possibilitar a

postagem de informações e conteúdos, mas, principalmente, proporcionar o acesso

à informação de maneira mais eficaz, atual e interativa.

Partindo, para a análise de outra tipologia convém pontuar que na divulgação

científica em revistas e jornais de grande circulação, existem hoje diversos sites que

trazem notícias sérias e comprometidas com os procedimentos científicos e, alguns

inclusive já apresentam preocupação em postar informações sobre as questões

energéticas.

Atualmente, os grandes jornais, que estão também on-line, possuem editorias

voltadas para área científica em especial, em meio ambiente, sustentabilidade e a

preocupação em apresentar tópicos sobre energias renováveis. Este fato em muito

favorece o acesso rápido e confiável de notícias ao público em geral quando lhes é

proporcionado acesso à informação total divulgada.

Ferramentas oferecidas pela rede, como o correio eletrônico, a vídeo

conferência, os chats, as revistas eletrônicas de Divulgação Científica dentre outros,

vêm contribuído significativamente para facilitar o acesso da ciência ao público em

geral, popularizando esta.

Enquadrado nesta tipologia e direcionado para o tema meio ambiente,

sustentabilidade e, por conseguinte, energias renováveis o Portal Envolverde:

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Jornalismo & Sustentabilidade busca transformar a sociedade em direção a uma

economia sustentável, construindo parcerias e redes com os mais diversos setores

sociais a fim de alcançar o público em geral.

Figura 15 - Link: http://www.envolverde.com.br/

A Envolverde foi criada em 1995 por Dal Marcondes, atual Diretor Executivo,

jornalista e especialista em Ciência Ambiental pela USP, para administrar no Brasil o

Projeto Terramérica, realizado em parceria com a Agência Inter Press Service (IPS)

e com os Programas das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e para o

Desenvolvimento (Pnud). A partir de então, vem se especializando na cobertura de

temas voltados para sustentabilidade, economia, educação, sociedade, saúde e

meio ambiente, sendo que dentro desta última temática tratando conjuntamente das

questões energéticas. O site só entrou efetivamente no ar em 1998 e desde então,

distribui, diariamente os serviços de reportagens e de colunistas da Agência

Internacional Inter Press Service –IPS, publicando ainda semanalmente uma página

do Terramérica

O Conselho Editorial é composto por Fernando Rios, Rogério Ruschel e o

Wilson Bueno, diariamente publica notícias na home da Envolverde, semanalmente

atualiza os seus cinco cadernos que tratam sobre: Ambiente, Economia, Sociedade,

Educação e Saúde e o Terramérica que é suplemento jornalístico para mídia

impressa, distribuído gratuitamente, aos jornais interessados, diagramado em

formato de uma página standart, em pdf.

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Oferece vídeos educacionais, documentários, cases, entrevistas e proporciona

interatividade média ao desenvolver enquetes e possuir espaço para os comentários

do leitor. Envia ainda newsletter, direciona para redes sociais, e oferta mais de 60

mil textos em arquivo existente na barra azul do site. Entretanto, não possui um

fórum ou um chat para interação mais efetiva com os leitores.

As suas notícias não são bloqueadas para assinantes até porque a assinatura

é gratuita e esse dado faz com que essa revista auxilie na efetiva divulgação

científica, permitindo as pessoas o acesso a informações sobre temas tão relevantes

para a sociedade.

Neste contexto é importante a reflexão e discussão sobre as questões

ambientais que ganharam grande espaço na mídia e na sociedade principalmente a

partir da década de 1970, período em que houve encontros internacionais, os quais

definiram alguns acordos e neste contexto a Conferência das Nações Unidas sobre

Meio Ambiente Urbano, realizada em 1972 na cidade de Estocolmo; ficou registrado

como o primeiro marco internacional em questões ambientais, simbolizando um

grande avanço dos debates em todo o mundo a respeito dos riscos causados pela

gradação do meio ambiente. (MARCOVITCH, 2006).

As revistas e Jornais on-line apresentam características peculiares e muito

interessantes para os navegadores da rede que são: acesso rápido a informação em

virtude da velocidade de publicação, a possibilidade de interação entre o leitor e o

autor a partir dos comentários e o maior número de pessoas envolvidas em razão da

amplitude e alargamento do espaço virtual que é extremamente vasto e só a internet

oferece.

O Jornal da Bioenergia, cujo Diretor Executivo é o César Rezende, enfatiza a

informação jornalística na região central do País, sendo outro veículo que busca

auxiliar na Divulgação Científica on-line, voltado para as energias renováveis,

embora mais centrado nas questões que envolvem a região Centro Oeste do país.

Apresentam-se como o primeiro veículo de comunicação especializado em

agroenergia que busca dar ampla cobertura os setores envolvidos na produção de

energia limpa e renovável na região.

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Figura 16 - Link http://www.canalbioenergia.com.br/index.php

Embora apresente atualização diária de notícias da região e de todo o mundo

sobre o tema BIOENERGIA, e seja disponibilizado mensalmente em flash ou PDF

para consulta integral e sem restrições, a interatividade oferecida ao leitor é baixa,

pois não se vale de ferramentas mais atuais de interação que a internet disponibiliza

para auxiliar na divulgação científica. O jornal não possui fóruns, não direcionada

para redes sociais, não tem espaço para comentários, não apresenta vídeos e para

interação disponibiliza apenas um fale conosco.

Cabe neste momento o registro da Revista Biodieselbr que em muito poderia

auxiliar na Divulgação Científica, liberando a notícia e as discussões ao público em

geral. Entretanto, para se ter acesso às noticias é necessário pagar para ser

assinante da Revista on-line ou da impressa, pois se você optar pelos dois formatos

deverá pagar duas assinaturas distintas.

Figura 17 - Link: http://www.biodieselbr.com/

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A Revista possui, vinculados a ela, blogs que perdem a característica de

Divulgação Científica Independente por possuir financiamento da revista como o

caso do Blog biodieselbr por Donato Aranha, Blog biodieselbr por Paulo Suarez e

Blog Biodieselbr por Univaldo Vedana; todos eles pesquisadores conceituados na

área de Biodiesel. A situação vale como registro, pois uma vez vinculados a uma

Revista Especializada, esses blogs exigem o pagamento de uma assinatura para

efetiva participação do leitor nos posts. Constata-se que algumas notícias estão

desbloqueadas, entretanto, na sua grande maioria, para ter acesso aos conteúdos

informativos dos especialistas há necessidade preeminente da assinatura da revista

em total dissonância da proposta de DC que se busca encontrar com este trabalho.

A Revista on-line Biodieselbr apresenta atualização diária e um grupo de

conceituados especialistas para tratar, abordar e discutir nos blogs as notícias mais

recentes e relevantes na área de Biodiesel oferece ainda aos seus assinantes, além

das notícias e do blog, colunas, destaques, divulgação de eventos e fórum que é

gratuito, mas não oferece interação com os especialistas dos blogs, ficando apenas

a comunicação entre pessoas interessadas em temas relacionados ao Biodiesel. O

Portal ainda indica e-mails e dados para contato.

Observando a interatividade verifica-se que o site possui alta interatividade,

entretanto não atende a divulgação científica efetiva que busca descentralizar e

publicizar a informação à coletividade, não limitando este acesso a assinatura de

uma revista.

Em continuidade a apresentação de divulgação científica em jornais e revistas

on-line, a Revista Eletrônica de Jornalismo Científico ComCiência, criada em 1999,

faz parte do rol de revistas eletrônicas que sempre busca divulgar ciência de forma

séria, comprometida e sempre atualizada ao contexto histórico em que está inserida.

Essa revista embora não tenha como especificidade o tema energias renováveis,

tem contribuído com meio de divulgação de notícias sobre o tema dentro da temática

de ciência, tecnologia, inovação, desenvolvimento sustentável e consciência

ambiental.

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Figura 18 - Link: http://www.comciencia.br/comciencia/

Tendo como Diretor de Redação o professor Carlos Vogt, que trabalha com

uma numerosa equipe multidisciplinar (jornalistas, biólogos, cientistas sociais, físicos

etc) esse periódico on-line foi criado e é mantido por uma equipe do Labjor -

Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Unicamp, fundado em 1994 e

que possui o apoio da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.

A sua publicação é mensal com notícias sempre atualizadas, oferecendo ainda

reportagens, artigos e entrevistas sobre assuntos variados dentro do vasto ambiente

da ciência, com discussões existentes na atualidade. Dentro do parâmetro de

interatividade adotado apresenta baixa interatividade com o leitor por não apresentar

ambientes onde possa haver uma participação, debate ou comentário sobre os

assuntos postados na revista. A manifestação do leitor é encontrada apenas no

tópico cartas, não atualizado desde 2008.

Outra Revista que atende a esta tipologia é da Fundação de Amparo à

Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP (Revista Pesquisa FAPESP), lançada

em outubro de 1999. O objetivo básico da publicação da revista conforme informado

no portal é difundir e valorizar os resultados da produção científica e tecnológica

brasileira, da qual a FAPESP é uma das mais importantes agências de fomento.

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Figura 19 - Link: http://revistapesquisa.fapesp.br/

A revista define-se como a única publicação jornalística do país especializada

no segmento de ciência e tecnologia, que tem como prioridade a produção científica

nacional, apesar de cobrir pontualmente as novidades internacionais, funcionando

como um pólo de contato e reconhecimento de pesquisadores brasileiros; sendo

uma referência relevante para as editorias de ciência e tecnologia dos veículos de

comunicação nacionais.

Com o olhar voltado para produção científica e tecnológica, apresenta-se como

potencial estimuladora da DC de notícias vinculadas ao meio ambiente e as energias

renováveis, porém não tem apresentado meios para gerar esta efetiva contribuição.

Com notícias atualizadas quase diariamente a Revista Pesquisa FAPESP, cujo

Coordenador Científico é o Luiz Henrique Lopes dos Santos, apresenta variedade de

temas abordados sobre ciência, tecnologia e inovação. É importante ressaltar que

todo o conteúdo do site é aberto e gratuito embora haja a oferta para assinatura da

Revista que é mais completa de dados e informações.

Oferece ao leitor notícias, colunas, vídeo, galeria de imagens, mas apresenta

baixa interatividade por não possuir, fóruns, blogs, chats, disponibilizando apenas

como elemento para contato, apresentação de críticas e sugestões, endereço,

telefone e e-mail. Em razão do que se propõe esta Revista poderia auxiliar mais na

DC on-line.

A descrição dos sites de divulgação científica, aqui apresentado, foi feita para

servir como base à análise de como a propagação da ciência, por meio da internet,

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pode contribuir para a divulgação de informações sobre energias renováveis,

incentivando a cultura e a divulgação de ciência no Brasil.

4.2 Como a propagação da ciência através da internet pode produzir

transformações na divulgação de informações sobre energias renováveis.

A internet, com toda a velocidade e dinamismo ofertado, é uma ferramenta que

gera impactos significativos no modo de viver da sociedade e este grande espaço

aberto proporciona ao público em geral um vasto leque de informações e

oportunidades, favorecendo descobertas e estimulando discussões.

A Web é cada vez mais o espaço de representação de coletividade, na medida em que abriga as mais diversas manifestações de cooperação entre os usuários: sites de relacionamento, fóruns de discussão, chats, comunidades virtuais, blog, fotologs, são apenas alguns dos exemplos que atestam o caráter de cooperação presente na Web. Movimentos como o do cyberpunk, o do software livre, a questão da música eletrônica e a difusão do mp3, jornalismo open source, etc, etc, etc. As formas são várias, diferenciadas entre si, com objetivos diversos, mas com a cooperação e a coletividade em comum. A Web está cada vez mais povoada por formatos que transparecem a coletividade prevista na proposta de hipertexto de Nelson e que assim se tornam responsáveis pela passagem de um espaço construído individualmente para a realização conjunta de um ambiente. (AQUINO, 2006, p. 9).

É neste ambiente aberto e muito fértil que os leitores circulam ávidos por

informações, por esta razão é que a propagação de notícias sobre ciência e em

especial energias renováveis deve ser semeada, uma vez que muito se fala sobre o

tema e pouco se populariza a informação.

O público em geral desconhece qual a real importância do assunto e o trata

como mera questão ambiental. Embora esteja transitando em temáticas

relacionadas à questão de meio ambiente e sustentabilidade, toda a discussão

envolve peculiaridades que precisam ser discutidas sobre legislação, política e

economia. Esta discussão precisa ser popularizada para que a sociedade

compreenda a real importância do tema.

A rede possui esta força e dinamismo, os quais precisam ser explorados pelos

órgãos públicos e privados, a fim de estimular uma movimentação mais dinâmica

das notícias sobre ciência, tecnologia e inovação ―provocando‖ a sociedade para

participar e interagir com as temáticas relacionadas à questão energética no país.

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Mesmo para o utilizador médio, a quantidade de informações acessíveis, assim como a transparência das pessoas, das instituições e dos fenômenos sociais aumenta de maneira vertiginosa. O aumento da transparência e a multiplicação dos contatos implicam uma nova velocidade de circulação das idéias e dos comportamentos. No que diz respeito aos efeitos sobre a democracia, essa transformação da esfera pública me parece afetar positivamente os quatro domínios estritamente interdependentes, que são as capacidades de aquisição de informação, de expressão, de associação e de deliberação dos cidadãos. Em suma, a computação social aumenta as possibilidades da inteligência coletiva e, por sua vez, a potência do ―povo‖. (LEMOS; LÉVY, 2010, p. 13-14)

Se não houvesse a participação massiva das pessoas, a internet não possuiria

força para realizar nenhuma transformação efetiva, entretanto, como mídia escolhida

por boa parte da população não pode ser renegada, precisa ser aproveitada e

explorada a fim de gerar um efetivo benefício social. Não é possível conceber e

acreditar que a internet hoje sirva apenas para a multiplicação de redes sociais, sem

deixar de realizar um registro importante: as redes sociais possuem significativa

importância na propagação de notícias pela rede e o Twitter surgiu como uma mídia

social que provoca significativamente a interlocução na rede.

Uma característica essencial do Twitter como mídia social de alcance diferenciado é a expansão das suas funcionalidades através do acoplamento de inúmeros aplicativos (apps, como são comumente chamados), como o Tweetdeck, Twitterrific, Destroytwitter, Hootsuite, Brizzly, Tweetie etc. Esses aplicativos, ao serem aclopados ao Twitter, facultam a vizualização múltipla de fluxos, a participação sincrônica em múltiplas redes sociais( Facebook, MySpace, Flicke etc) e uma infinidade de formas personalizadas de interação em rede, redefinindo a experiência do usuário. (SANTAELLA; LEMOS, 2011, p. 110)

Com potencial de gerar a democratização do conhecimento, a internet deve ser

pesquisada e estudada enquanto ferramenta que deve ser utilizada na publicização

de informações. A internet é um ambiente que permite atualização constante e

revisão de dados disponibilizados, minimizando custos e favorecendo a qualidade de

informações postadas, por esta razão deve ser principal fonte de propagação das

notícias veiculadas sobre energias renováveis.

Permitir que as informações se tornem públicas é o caminho mais adequado

para fazer surgir uma ética social que seja capaz de conciliar direitos individuais e

coletivos, ofertando ao público em geral o direito a informação. A dinâmica do

diálogo que a internet e os outros meios oferecem aos pesquisadores, cientistas,

divulgadores de ciência e público em geral, adverte o quanto a participação e

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interação do público com o mundo da ciência é importante para a coletividade e

essencial para a ciência de um modo geral.

A tecnologia digital, os meios que ela cria, a rede possibilita uma eficiência, uma eficácia, uma capacidade de disponibilização de novos conteúdos, de uma nova realidade cultural que quem não se adaptar vai ficar defasado para enfrentar as questões da sua área, seja na área pública, seja na área privada. (FERREIRA, 2009, p. 23).

O crescimento precisa envolver todos os setores da sociedade e os indivíduos

são essenciais neste processo, pois sem eles não haveria a possibilidade de ocorrer

mudanças significativas que impactassem positivamente na economia, na política,

no desenvolvimento sustentável.

É necessário primar pela solidariedade coletiva e essa solidariedade se baseia

em uma comunicação dialogada, compartilhada, debatida, discutida e questionada

por todos os envolvidos. Observa-se que um dos obstáculos para uma divulgação

científica mais ativa e eficiente deve-se ao fato de que para os indivíduos em geral,

em razão da cultura instaurada na sociedade, as ciências não fazem parte do

cotidiano das pessoas, sendo tratada como algo apartado a sua realidade.

A publicação de notícias sobre energias renováveis na mídia e principalmente

na internet ainda precisa de ajustes, pois os veículos existentes, ainda se

apresentam muito voltados a questões comerciais, inseridos, também, muitas vezes,

no domínio das instituições públicas, agências de fomento e universidades.

É necessário tratar, com a população em geral que possui interesse direto

sobre as questões energéticas do País, uma vez que serão os maiores atingidos em

qualquer demanda que envolva esta temática. O público deve ser atraído e a

internet em razão de tanta opção que oferece é potencial ferramenta de

encantamento e aproximação.

Com a publicação de notícias on-line que em razão de características e

peculiaridades como o livre acesso, a velocidade e a interatividade realizada de

forma democratizada, ou seja, postada a todos de forma indistinta e sem restrições,

os governos, instituições, agências de fomento, agências reguladoras e tantos

outros órgãos ligados direta ou indiretamente as questões energéticas, neste País,

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além de ampliar as suas informações sobre o tema, ainda poderão auxiliar na

Divulgação da Ciência para o público em geral.

Sabe-se que ações de divulgação da ciência têm sido a tônica de estudiosos das mais diferentes áreas, de governos nacionais e regionais, de instituições de ensino e centros de pesquisa. Hodiernamente, vive-se um momento especial da História, há uma mobilização generalizada em torno da constituição de uma cultura científica, indispensável tanto para a consolidação de uma força de trabalho treinada tecnicamente, como para que os cidadãos sejam juízes das promessas e ações de seus governantes. (PORTO, 2010, p. 16.)

A internet abre caminho para que o pesquisador, o cientista e todos envolvidos

na divulgação da ciência possam dinamizar a circulação das informações sobre

ciência, tecnologia, inovação e, portanto, energias renováveis em uma forma

potencializada quando comparada com os recursos midiáticos antes do seu advento.

Assim, a forma de comunicação mudou, evoluiu.

Esta evolução, dentre outros aspectos interligados, proporciona à população

um bem-estar social, pois a ciência quando bem desenvolvida e difundida traz

consigo benefícios que visam proporcionar comodidade, através da aplicação das

descobertas tecnológicas. A inovação apresentada nestas descobertas e aplicada

para a sociedade traz conforto e modifica os valores, atitudes, hábitos e informações

dos indivíduos sem esquecer que a popularização da ciência pode promover a

formação de uma cultura científica mais consistente e segura.

Este ambiente amplo e aberto que compõe a internet, com todas as suas

ferramentas, deve possibilitar uma comunicação mais veloz, interativa e atual, para

que o desenvolvimento e resultado das pesquisas atinjam mais rápidos o público

leitor, a partir de um processo de divulgação eficiente. Desta forma, toda a

sociedade só tem a ganhar com impactos gerados para esta, em razão da

divulgação científica on-line eficiente sobre ciência e em especial sobre as energias

renováveis.

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5 CONCLUSÃO: ESPAÇOS DAS INSERÇÕES

Este é o momento de reflexão sobre o problema proposto e entrelaçamento

das informações obtidas, apresentadas pontualmente nas seções, por meio dos

referenciais teóricos pesquisados e da discussão de dados, conforme metodologia

sugerida. Mais do que uma mera explanação, este trabalho buscou sinalizar a

necessidade da construção de recursos para a melhoria da Divulgação Científica on-

line, especialmente sobre energias renováveis. Não se almejou, portanto, apresentar

soluções prontas com caráter de definitivos ou conceitos formados de elementos

absolutos e irretocáveis. Neste espaço se delineia, suavemente, as considerações

finais em uma exposição onde seja possível formar uma apresentação sucinta para

evidenciar como a hipótese defendida, no início deste estudo, foi ilustrada.

A hipótese que sedimentou a investigação foi: a internet é um meio de

comunicação responsável por uma nova forma de disponibilizar a divulgação

científica sobre energias renováveis, por esta razão, é necessária uma atenção

especial neste espaço amplo que surgiu para propagar informações com

velocidade, uma vez que havendo ausência da interação dos cientistas,

educadores, estudantes universitários e profissionais da área de comunicação,

quanto às informações difundidas por intermédio das tecnologias digitais, o

produto final gerado será distante do seu objetivo funcional que é apresentar,

esclarecer, orientar e atender a necessidade da coletividade. Assim, a partir

desta proposição que se distendeu em variadas afirmações subsidiárias, busca-se

entender como o vasto ambiente da rede abarcou a divulgação científica sobre

energias renováveis.

Desta forma, a dissertação foi sendo delineada para comprovação da hipótese,

através do estudo preliminar de textos relacionados à cultura e em especial, a

cultura científica, onde se optou por traçar parte dos diversos conceitos de cultura.

Portanto, focar especialmente, em seus desdobramentos e deliberando aquela

definição que melhor atendia a proposta da pesquisa, destacando-se ao final da

seção como a divulgação de ciência contribui para a formação desta cultura

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científica no País, uma vez que a proposta de uma DC eficaz é esclarecer os

cidadãos dando-lhes real noção do ambiente e contexto histórico em que estão

inseridos.

O estudo e discussões sobre os conceitos de cultura científica, a exposição do

que se pretende com a divulgação científica bem como pesquisas sobre a influência

da internet é algo que já vem sendo tratado por autores que serviram de referencial

teórico para este trabalho. A proposta desses profissionais é provocar uma reflexão

coletiva, atraindo e conscientizando a sociedade, científica ou não, para importância

da construção de uma cultura científica a partir de uma divulgação de informações

eficiente.

Acreditando que a divulgação científica é o meio mais eficiente de democratizar

o conhecimento sobre CT&I, a pesquisa procura demonstrar que sem ela fica muito

restrita a possibilidade de construção de uma cultura científica através da

socialização de conhecimento, gerando o desenvolvimento de real cidadania para os

indivíduos. Pois quando a sociedade é posta a margem dos acontecimentos não

participa ativamente para a produção da ciência.

Em um momento de discussões significativas sobre o futuro da humanidade e

a devastação causada por tantos incidentes ecológicos e potenciais energéticos

dentro da ciência, foi observado que o tema energias renováveis vem sendo tratado

e divulgado das mais variadas formas. A sociedade, nos dias atuais, tornou-se

dependente da energia advinda de fontes fósseis e há muitos anos pesquisas são

realizadas a fim de buscar manter a qualidade. Tal aspecto vem aumentando a

geração de energia por meio da produção e utilização de fontes alternativas

consideradas mais adequadas ao meio ambiente, já tão devassado pela usura

desenfreada das nações.

Conhecer o significado e a importância destas energias para a coletividade faz

com que o indivíduo se torne parte integrada nesta descoberta, gerando a

possibilidade de transformação de hábitos e valores sociais, entretanto, para poder

atuar como agente ativo neste processo a sociedade precisa estar devidamente

informada sobre o tema.

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É fato evidenciar como a internet, com todas as suas peculiaridades, busca

alterar a forma de divulgação científica no Brasil, principalmente no âmbito das

energias renováveis tratando da sua influência na sociedade contemporânea,

enfatizando aspectos relativos à internet e a conformação do ciberespaço,

demonstrando como as conexões, as relações de interdependência e a

complexidade da vida social estão aumentando e se propagando em informações

através da ―reconfiguração da esfera comunicacional e política‖, conforme preconiza

Lemos e Lévy (2010 p. 81).

Durante a pesquisa, notou-se que poucos sites se preocupam em criar

mecanismos de interatividade, pois a grande maioria são meros propagadores de

notícias já divulgadas em outros canais de informação, sem apresentar nenhuma

crítica ou sugestão, a fim de gerar um diferencial jornalístico. Contudo, há também

sites e blogs que estão buscando um diferencial em um trabalho realizado por

profissionais que lutam para construir uma divulgação científica eficaz.

A preocupação demonstrada pelos sites pesquisados é no que tange a retorno

financeiro, a publicidade individual e busca por patrocínios e clientes. A divulgação

de notícias ocorre de forma refratária sem nenhuma preocupação com a

participação social. A mensagem é apenas transmitida, ou seja, os veículos pouco

se importam se a compreensão, interesse sobre o tema e muito menos cria

ambiente de debate. Muitos asseveram que tem objetivo social, preocupação com a

comunidade, entretanto o modo como disponibiliza as informações e as ações

divergem da proposta indicada.

Muito ainda há de ser pesquisado e avaliado sobre o tema e como informado

no início destas considerações, não há uma resposta pronta nem uma solução

construída para a situação da Divulgação Científica on-line no Brasil, seja ela sobre

energias renováveis ou sobre CT&I. Todavia, é importante que a discussão seja

trazida e tratada para que, de forma coletiva, possa surgir um movimento que

busque adequar os veículos de comunicação on-line para a construção de uma

efetiva e eficaz Divulgação Científica sobre energias renováveis.

Sem informação é muito difícil desenvolver educação e cultura e, se torna

remota a possibilidade de mudança de hábitos, valores bem como, a construção de

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competências voltadas a um tema tão relevante para a sociedade nos dias atuais. O

mundo se volta a esta questão e o Brasil precisa acompanhar esta discussão com a

ação integrada de governo, pesquisadores, cientistas, universidades, agências de

fomento, estudantes, profissionais liberais etc., ou seja, toda a sociedade precisa

atuar e para isso se precisa conhecer e discutir tais questões.

È importante reforçar que a participação pública da ciência é elemento de

essencial no processo de construção de uma cultura científica. A sociedade bem

informada pode contribuir substancialmente pela evolução da ciência, tecnologia e

informação, provocando os cientistas na comprovação de suas sinalizações e

indicações baseadas em uma experiência rotineira e diária.

Acredita-se que a hipótese principal da pesquisa tenha relevância ao longo do

trabalho, pois ficou evidente, a força que a internet possui para a propagação de

informação, em razão das ferramentas que disponibiliza em um ambiente vasto e

interativo. Desta forma, a circulação da informação em redes telemáticas alterou

significativamente as relações humanas. Portanto, seguindo Lemos e Levý (2010, p.

81), através da ―função ‗pós-midiática‘ de coleta, de formatação e de difusão das

informações‖, é possível divulgar de maneira mais coerente notícias sobre energias

renováveis, voltadas para sociedade. Assim, deseja-se que esta pesquisa tenha

contribuído, ainda que inicialmente, para suscitar algumas questões sobre o tema,

provocando reflexões ainda mais intensas e verticais sobre a DC on-line no Brasil e,

em especial, sobre o tema energias renováveis.

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