anÁlise da viabilidade financeira do plantio de...

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FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS DIRETORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO PROFISSIONAL EM TECNOLOGIAS APLICAVEIS À BIOENERGIA ANÁLISE DA VIABILIDADE FINANCEIRA DO PLANTIO DE PINHÃO-MANSO (JATROPHA CURCAS L.) NO SEMI-ÁRIDO BAIANO VOLTADO PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL: ESTUDO DE CASO EM UMA PROPRIEDADE RURAL EM VITÓRIA DA CONQUISTA -BA TRABALHO FINAL DO MESTRADO PROFISSIONAL LUZILÉA BRITO DE OLIVEIRA Salvador-BA, Brasil 2009

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FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS

DIRETORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU

MESTRADO PROFISSIONAL EM TECNOLOGIAS APLICAVEIS À BIOENERGIA

ANÁLISE DA VIABILIDADE FINANCEIRA DO PLANTIO DE

PINHÃO-MANSO ( JATROPHA CURCAS L.) NO SEMI-ÁRIDO BAIANO

VOLTADO PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL:

ESTUDO DE CASO EM UMA PROPRIEDADE RURAL EM VITÓRIA

DA CONQUISTA -BA

TRABALHO FINAL DO MESTRADO PROFISSIONAL

LUZILÉA BRITO DE OLIVEIRA

Salvador-BA, Brasil

2009

ii

ANÁLISE DA VIABILIDADE FINANCEIRA DO PLANTIO DE

PINHÃO-MANSO ( JATROPHA CURCAS L.) NO SEMI-ÁRIDO BAIANO

VOLTADO PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL: ESTUDO DE CASO

EM UMA PROPRIEDADE RURAL EM VITÓRIA DA CONQUISTA -B A

LUZILÉA BRITO DE OLIVEIRA

SALVADOR

2009

Apresentada como requisito final à obtenção do Grau

de Mestre Profissional em Tecnologias Aplicáveis à

Bioenergia do Curso de Mestrado Profissional

Tecnologias Aplicáveis à Bioenergia da Faculdade de

Tecnologia e Ciências de Salvador - BA.

Orientadora: Profª Drª Astria Dias Ferrão Gonzales

iii

FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS

MESTRADO PROFISSIONAL EM TECNOLOGIAS APLICAVEIS À BIOENERGIA

A Comissão Examinadora, abaixo assinada,

APROVA o Trabalho Final de Mestrado

ANÁLISE DA VIABILIDADE FINANCEIRA DO PLANTIO DE

PINHÃO-MANSO ( JATROPHA CURCAS L.) NO SEMI-ÁRIDO BAIANO

VOLTADO PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL:

ESTUDO DE CASO EM UMA PROPRIEDADE RURAL EM VITÓRIA

DA CONQUISTA -BA

LUZILÉA BRITO DE OLIVEIRA

como requisito final para a obtenção do Grau de MESTRE PROFISSIONAL em

TECNOLOGIAS APLICAVEIS À BIOENERGIA

COMISSÃO EXAMINADORA:

_______________________________________________

Profª Drª Astria Dias Ferrão Gonzales – orientadora - FTC

_______________________________________________

Profº Drº Antonio Carlos Ribeiro da Silva – UESC / UFBA

_______________________________________________

Profº Drº Luis Cesar Maffei Santini Paulillo - FTC

_______________________________________________

Profº Drº Vitor Hugo Moreau - UFBA / FTC

Salvador-BA, dezembro de 2009

iv

AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus, pois só ELE tudo pode e tudo permite.

Agradeço especialmente a minha família que compreendeu meus muitos momentos de

ausência e dedicação a este trabalho.

Agradeço sinceramente e com muito carinho e admiração aos meus orientadores Profª

Drª. Astria Ferrão D. Gonzales, Profº Drº. Vitor Hugo Moreau e Rener Mark dos Santos

Teixeira, pois sem a ajuda deles este trabalho não seria possível, e a minha amiga Neila

Santana, pois sempre muito caridosa foi uma luz em meu caminho.

E, por fim, sem citar nomes, para não cometer a injustiça de deixar de agradecer a

todos que contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste trabalho, o meu

MUITO OBRIGADA.

"E tudo o que fica pronto na vida foi construído antes na alma.”

Autor desconhecido

v

RESUMO

ANÁLISE DA VIABILIDADE FINANCEIRA DO PLANTIO DE PINHÃO-

MANSO (JATROPHA CURCAS L.) NO SEMI-ÁRIDO BAIANO VOLTADO

PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL:

ESTUDO DE CASO EM UMA PROPRIEDADE RURAL EM VITÓRIA DA

CONQUISTA -BA

Autor Msc.: Luziléa Brito de Oliveira Orientador Dr.: Profª Drª Astria Dias Ferrão Gonzales

O pinhão-manso aparece no cenário atual como uma oleaginosa promissora para o

desenvolvimento da cadeia produtiva do biodiesel sem competir com fontes de alimentação

humana ou animal. Devido ao relato de bom desempenho desta cultura em locais de baixa

umidade seria uma alternativa para as regiões mais secas do país. Assim utilizou-se de

conceitos de análise financeira de projetos, ferramentas de contabilidade, economia e

agronomia para verificar se é financeira viável o plantio de pinhão-manso, em lavoura de

sequeiro, no Semi-Árido baiano para produção de biodiesel. O levantamento das condições

edafoclimáticas foi realizado em uma propriedade rural do município de Vitória da

Conquista-Ba (estudo de caso), região localizada na delimitação do Semi-Árido baiano, e os

orçamentos foram feitos entre o período de junho de 2008 a junho de 2009. O método

utilizado neste trabalho foi dedutivo, a pesquisa classifica-se como pesquisa aplicada,

quantitativa e exploratória. E o principal objetivo é gerar informações que auxiliarão o

produtor na tomada de decisão, diminuindo o risco do investimento. Os resultados apontaram

que nestas condições específicas o investimento é viável apenas com a comercialização dos

co-produtos.

FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS

CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM

TECNOLOGIAS APLICAVEIS À BIOENERGIA

SALVADOR, dezembro - 2009

vi

ABSTRACT

ANÁLISE DA VIABILIDADE FINANCEIRA DO PLANTIO DE PINHÃO-

MANSO (JATROPHA CURCAS L.) NO SEMI-ÁRIDO BAIANO VOLTADO

PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL:

ESTUDO DE CASO EM UMA PROPRIEDADE RURAL EM VITÓRIA DA

CONQUISTA -BA

Autor Msc.: Luziléa Brito de Oliveira Orientador Dr.: Profª Drª Astria Dias Ferrão Gonzales The jatropha appears in the current scenario as a promising oilseed for the developmente of

the production chain of biodiesel not compete with sources of food or feed. Due to the

reported good performance of this culture in places of low humidity would be an alternative

to the drier areas of the country. So we used the concepts of financial analysis of projects,

tools, accounting, economics, and agronomy to verify whether it is financial viable to plant

jatropha in dryland farming in the semi-arid of Bahia for biodiesel production. The survey of

environmental conditions was conducted on a farm in the city of Vitoria da Conquista-Ba

(case study), a region located in the delimitation of the Semi-Arid Region of Bahia, and the

budgets were made between the period June 2008 to June 2009. The method used in this work

was deductive, the research is classified as applied research, quantitative and exploratory. And

the main goal is to generate information that will assist producers in decision-making,

reducing the risk of investment. The results showed that in those particular circumstances the

investment is viable only with the marketing co-products.

FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS

CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM

TECNOLOGIAS APLICAVEIS À BIOENERGIA

SALVADOR, dezembro - 2009

vii

ÍNDICE

RESUMO .................................................................................................................................. V

ABSTRACT ........................................................................................................................... VI

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................ IX

LISTA DE QUADROS ............................................................................................................ X

LISTA DE TABELAS ........................................................................................................... XI

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 13

2 SEMI-ÁRIDO, AGRICULTURA FAMILIAR, BIODIESEL E P INHÃO-MANSO . 20

2.1 A INDÚSTRIA DA SECA ................................................................................................. 20

2.2 POLÍTICAS PARA O SEMI-ÁRIDO BAIANO ............................................................... 22

2.3 AGRICULTURA FAMILIAR E BIODIESEL .................................................................. 25

2.4 OLEAGINOSAS PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL NO BRASIL E NA BAHIA .... 30

2.5 CARACTERÍSTICAS DOS ÓLEOS VEGETAIS DESEJÁVEIS PARA A PRODUÇÃO

DE BIODIESEL ....................................................................................................................... 35

2.6 PINHÃO-MANSO COMO MATÉRIA-PRIMA PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL 38

2.7 PRAGAS E DOENÇAS QUE ATACAM O PINHÃO-MANSO ...................................... 42

2.8 CO-PRODUTOS DO PINHÃO-MANSO ......................................................................... 45

3 AVALIAÇÃO FINANCEIRA DE PROJETOS ............................................................... 47

3.1 ATIVO, PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO AMBIENTAL ..................................... 48

3.2 CUSTOS E DESPESAS AMBIENTAIS (GASTOS AMBIENTAIS) .............................. 51

3.3 RECEITAS E GANHOS AMBIENTAIS .......................................................................... 53

3.4 PERDAS AMBIENTAIS ................................................................................................... 54

3.5 FLUXO DE CAIXA ESTIMADO E RESUMIDO ............................................................ 54

3.6 ANÁLISE DE SOLIDEZ ................................................................................................... 58

3.7 ANÁLISE DE CONSISTÊNCIA ....................................................................................... 59

3.8 ANÁLISE DO MÉRITO DO PROJETO ........................................................................... 59

3.8.1 O mérito financeiro (rentabilidade privada)............................................................... 60

3.8.1.1 Rentabilidade Simples ................................................................................................ 60

3.8.1.2 Tempo de retorno do capital (payback) .................................................................... 61

3.8.1.3 Taxa Interna de Retorno (TIR) ................................................................................. 62

3.8.1.4 Valor Atual líquido ou Valor Presente Líquido ....................................................... 63

3.9 ANÁLISE DO RISCO E DA INCERTEZA ...................................................................... 63

viii

4 METODOLOGIA ................................................................................................................ 69

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 73

5.1 APRESENTAÇÃO DO ESTUDO DE CASO ................................................................... 73

5.2 ESTUDO DE CASO .......................................................................................................... 73

5.2.1 Implantação da cultura de pinhão-manso em uma propriedade rural de Vitória da

Conquista-BA. ......................................................................................................................... 73

5.2.2 Aspectos técnicos do pinhão-manso e seu cultivo ....................................................... 73

5.2.3 Aspectos financeiros da implantação da cultura do pinhão-manso .......................... 75

5.2.3.1 Implantação do viveiro de mudas de pinhão-manso ............................................... 76

5.2.3.2 Gastos com a formação da lavoura de pinhão-manso ............................................. 79

5.2.3.3 Gastos com o 1º Ano de Condução da lavoura de pinhão-manso. ......................... 81

5.2.3.4 Gastos orçados para o 2º Ano de Condução da lavoura de pinhão-manso. .......... 83

5.2.3.5 Gastos orçados para o 3º Ano de Condução da lavoura de pinhão-manso. .......... 87

5.2.3.6 Gastos orçados para o 4º Ano de Condução da lavoura de pinhão-manso. .......... 88

5.2.3.7 Fluxo de Caixa estimado e resumido ........................................................................ 90

5.2.3.8 Rentabilidade Simples ................................................................................................ 97

Com base nos dados das tabelas acima tem-se a informação: No Ano 01 a cada R$ 1,00 (um

real) investido, o produtor rural terá um prejuízo de R$ 0,22 (vinte e dois centavos), ou, o

negócio no Ano 01 terá uma rentabilidade negativa e igual a -22,28%. O mesmo raciocínio

pode ser usado para análise dos demais anos. .......................................................................... 98

5.2.3.9 Tempo de retorno do investimento – Payback simples e Payback Descontado ..... 98

5.2.3.10 Taxa Interna de Retorno (TIR) ............................................................................. 100

5.2.3.11 Valor Atual Líquido ou Valor Presente Líquido (VPL) ..................................... 100

5.2.3.12 Ponto de Equilíbrio ................................................................................................. 101

5.2.3.13 Análise de Sensibilidade ......................................................................................... 103

6 CONCLUSÕES .................................................................................................................. 107

7 APÊNDICES: ..................................................................................................................... 109

7.1 ARTIGO CIENTÍFICO: ................................................................................................... 109

Análise da relação Custo/ Volume/ Lucro (CVL) da cultura de pinhão-manso: um

estudo de caso. ....................................................................................................................... 109

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 125

ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Delimitação da região do Semi-Árido. .................................................................... 13

Figura 2 - Tipologia Climática do Estado da Bahia ................................................................. 16

Figura 3 - Delimitação geográfica do Sertão Nordestino, Agreste e Zona da Mata. ................ 20

Figura 4 - Delimitação geográfica do Polígono das Secas. ...................................................... 22

Figura 5 - Delimitação geográfica do Semi-Árido Baiano. ...................................................... 24

Figura 6 - Delimitação geográfica do Semi-Árido brasileiro. .................................................. 32

Figura 7 - Distribuição de cultura de oleaginosa no país por região. ....................................... 35

Figura 8 - Plantação de pinhão-manso no Mato Grosso do Sul. .............................................. 39

Figura 9 - Fruto do pinhão-manso. ........................................................................................... 40

Figura 10 - Torta resultante da extração do óleo de pinhão-manso.......................................... 41

Figura 11 - Foto retirada na propriedade rural deste estudo de caso. ....................................... 70

Figura 12 - Fluxo de Caixa estimado e resumido com e sem a comercialização da torta. ....... 96

Figura 13 - Fluxo das Receitas com e sem a comercialização da torta. ................................... 97

Figura 14 - Payback simples e descontado, com e sem o ganho com a venda da torta. .......... 99

x

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Beneficiários do PRONAF ..................................................................................... 26

Quadro 2 - Plantas Oleaginosas Encontradas e/ou Cultivadas no Brasil ................................. 33

Quadro 3 - Pragas e doenças relatadas que afetam o pinhão-manso ........................................ 43

Quadro 4 – Fórmula do Ponto de Equilíbrio Contábil ............................................................. 64

Quadro 5 - Fórmula do Ponto de Equilíbrio Econômico .......................................................... 65

Quadro 6 - Fórmula do Ponto de Equilíbrio Financeiro ........................................................... 66

Quadro 7 - Fórmula para Análise de Sensibilidade .................................................................. 67

xi

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Comparação entre óleos. Resultados obtidos com espécies potenciais na produção

de óleo e uso no biodiesel. ........................................................................................................ 34

Tabela 2 - Tempo necessário para colheita de algumas oleaginosas de interesse na produção

de biodiesel ............................................................................................................................... 34

Tabela 3 - Oleaginosas e teor de ácido oléico. ......................................................................... 38

Tabela 4 - Oleaginosas e respectivos índices de iodo. ............................................................. 38

Tabela 5 - Produtividade esperada por ha/ano da lavoura de pinhão-manso em sistema de

produção sequeiro (por planta). ................................................................................................ 42

Tabela 6 - Gastos com implantação do viveiro de mudas de pinhão-manso. ........................... 77

Tabela 7 - Gastos orçados no primeiro ano para a formação da lavoura de pinhão-manso. .... 80

Tabela 8 - Gastos anuais orçados para o 1º ano de condução da lavoura de pinhão-manso. ... 82

Tabela 9 - Gastos anuais orçados para o 2º ano de condução da lavoura de pinhão-manso. ... 86

Tabela 10 - Gastos anuais orçados para o 3º ano de condução da lavoura de pinhão-manso. . 88

Tabela 11 - Gastos orçados para o 4º ano de condução da lavoura de pinhão-manso. ............ 89

Tabela 12 - Produtividade esperada para lavoura de sequeiro em litro/planta, considerando-se

um rendimento de óleo médio de 34 %. ................................................................................... 91

Tabela 13 - Receitas estimadas do 1o ao 4o ano de produção de óleo bruto de pinhão-manso

em lavoura de sequeiro. ............................................................................................................ 92

Tabela 14 - Fluxo de Caixa estimado e resumido do Ano 0 ao Ano 3. .................................... 93

Tabela 15 - Fluxo de Caixa estimado e resumido do Ano 4 ao Ano 7. .................................... 94

Tabela 16 - Fluxo de Caixa estimado e resumido do Ano 8 ao Ano 10 e Acumulado. ........... 94

Tabela 17 - Fluxo de Caixa estimado e resumido do Ano 0 ao Ano 3 (sem o ganho com a

venda da torta). ......................................................................................................................... 95

Tabela 18 - Fluxo de Caixa estimado e resumido do Ano 4 ao Ano 7 (sem o ganho com a

venda da torta). ......................................................................................................................... 95

Tabela 19 - Fluxo de Caixa estimado e resumido do Ano 8 ao Ano 10 e Acumulado (sem o

ganho com a venda da torta). .................................................................................................... 95

Tabela 20 - Rentabilidade Simples do Ano 01 ao Ano 05 (com a venda da torta). ................. 97

Tabela 21 - Rentabilidade Simples do Ano 06 ao Ano 10 (com a venda da torta). ................. 98

Tabela 22 - Rentabilidade Simples do Ano 01 ao Ano 05 (sem a venda da torta). .................. 98

xii

Tabela 23 - Rentabilidade Simples do Ano 06 ao Ano 10 (sem a venda da torta). .................. 98

Tabela 24 - Ponto de Equilíbrio Contábil nos quatro primeiros anos. ................................... 101

Tabela 25 - Ponto de Equilíbrio Econômico nos quatro primeiros anos. ............................... 102

Tabela 26 - Ponto de Equilíbrio Financeiro nos quatro primeiros anos. ................................ 103

Tabela 27 - Análise de Sensibilidade 01 – “valores normais” (sem o ganho com a venda da

torta). ...................................................................................................................................... 104

Tabela 28 - Análise de Sensibilidade 02 – “valores normais” (com o ganho da venda da torta).

................................................................................................................................................ 104

Tabela 29 - Análise de Sensibilidade -03 – diminuição de 10% no valor das receitas (com a

venda da torta) e manutenção dos demais valores. ................................................................. 105

Tabela 30 - Análise de Sensibilidade -04 – diminuição de 10% no valor das receitas (com a

venda da torta) e aumento de 10% nos demais gastos. ........................................................... 105

13

1 INTRODUÇÃO

A seca é um fenômeno natural e periódico, que atrasa a precipitação das chuvas,

trazendo muitas mudanças para as famílias que habitam o Semi-Árido Nordestino (Figura 1).

Este não é um problema apenas desta região do Brasil, sendo mais grave ainda na Caatinga e

também ocorre em diversas partes do mundo como na Ásia e na África, que da mesma forma

apresentam regiões semi-áridas.

Figura 1 - Delimitação da região do Semi-Árido. Fonte: Semi-Árido Brasileiro Disponível em: www.ebda.ba.gov.br

Ao contrário do que muitos pensam, a seca não atinge toda Região Nordeste. Ela se

concentra numa área conhecida como Polígono das Secas, que envolve os Estados de

Alagoas, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte,

Sergipe, e parte do norte de Minas Gerais.

No intuito de melhor definir esta extensão territorial e traçar metas para melhoria das

condições de vida de seus habitantes, em 29 de março de 2004 foi assinada, pelos ministros

da Integração Nacional, Ciro Gomes, e do Meio Ambiente, Marina Silva, a Portaria

14

Interministerial Nº 6, que instituiu o Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) para, em 120

dias, apresentar estudos e propostas de critérios que definissem a área compreendida pelo

Semi-Árido Brasileiro, delimitação considerada fundamental para a adoção de políticas de

apoio ao desenvolvimento da região.

Para a nova delimitação do Semi-Árido brasileiro o GTI tomou por base três critérios

técnicos: 01) precipitação pluviométrica média anual inferior a 800 milímetros; 02) índice de

aridez de até 0,5 calculado pelo balanço hídrico que relaciona as precipitações e a

evapotranspiração potencial, no período entre 1961 e 1990; e 03) risco de seca maior que

60%, tomando-se por base o período entre 1970 e 1990.

Em 10 de março de 2005, o Ministro da Integração Nacional assinou, na cidade de

Almenara, no nordeste de Minas Gerais, Portaria que instituiu a nova delimitação do Semi-

Árido Brasileiro, resultante do trabalho do GTI que atualizou os critérios de seleção e os

municípios que passam a fazer parte dessa região.

Além dos 1.031 municípios já incorporados, passam a fazer parte do Semi-Árido

outros 102 novos municípios enquadrados em pelo menos um dos três critérios utilizados.

Com essa atualização, a área classificada oficialmente como Semi-Árido brasileiro passou de

892.309,4 km2 para 969.589,4 km2, um acréscimo de 8,66%. Minas Gerais teve o maior

número de inclusões na nova lista - dos 40 municípios anteriores aumentou para 85, variação

de 112,5%. A área do Estado que fazia anteriormente parte da região era de 27,2%, tendo

aumentado para 51,7%. Como pode se observar na Figura 2, a região de Vitória da

Conquista-BA, apresenta características da região Semi-Árida em alguns pontos desse

município.

Esta nova delimitação favorecerá a região, pois conforme consta na cartilha Nova

Delimitação do Semi-Árido brasileiro (GALVÃO e RODRIGUES, 2005), os 1.133

municípios integrantes do novo Semi-Árido se beneficiarão de bônus de adimplência de 25%

dos recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), enquanto no

restante da Região Nordeste esse percentual é de 15%. A Constituição ainda determina que

pelo menos 50% dos recursos deste Fundo sejam aplicados no financiamento de atividades

produtivas em municípios do Semi-Árido, o que certamente representa um estímulo à atração

de capitais e à geração de emprego na região. Em 2005, o valor a ser aplicado pelo FNE no

Semi-Árido alcança os R$ 2,5 bilhões. Ademais, produtores rurais beneficiários do Pronaf do

Semi-Árido têm à disposição crédito com juros de 1% ao ano, prazo de pagamento de até 10

anos e três anos de carência.

15

Desta forma o Nordeste possui vantagens na captação de recursos do Governo Federal,

a exemplo possui o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), criado em

1988 e regulamentado em 1989 pela Lei nº. 7.827, de 27/09/1989, que é um instrumento de

política pública federal, operado pelo Banco do Nordeste. O FNE, segundo Britto e cols.

(2004) destina dois terços do seu orçamento para região Semi-Árida e objetiva contribuir para

o desenvolvimento econômico e social do Nordeste, através da execução de programas de

financiamento aos setores produtivos, em consonância com o plano regional de

desenvolvimento, possibilitando, assim, a redução da pobreza e das desigualdades.

As proposições formuladas para mudanças socioeconômicas no cenário nacional da

seca perpassam por ações como: 01) reforma agrária; 02) políticas de irrigação; 03)

implantação da agricultura irrigada nas áreas onde houver disponibilidade de água; 04)

pesquisas e incentivos para a agricultura de sequeiro; e 05) inserção de políticas de

industrialização, com a implantação de indústrias que beneficiem matérias-primas locais.

Sendo assim, dentro dessas perspectivas, a região Semi-Árida do Brasil apresenta boas

chances de sucesso por possuir condições edafoclimáticas1 compatíveis com as proposições

citadas.

Atualmente todos os debates giram em torno das condições econômicas, políticas e

culturais de se desenvolver um sistema produtivo sustentável, cujo aproveitamento depende

do equilíbrio e qualificação dos recursos humanos com o aproveitamento de energia solar e

manejo adequado de fontes hídricas. Isso significa que se precisa pensar em termos de um

estilo próprio de desenvolvimento, contemplando os componentes econômicos, sociais,

culturais e políticos, vendo a região em sua totalidade.

Atendendo a esse direcionamento e somando-se a essa preocupação de

desenvolvimento do homem do campo a outros problemas eminentes, tais como a escassez

das reservas mundiais de petróleo e o aumento da emissão de gases pela queima de

combustíveis, o governo brasileiro decidiu apostar na pesquisa, produção e utilização de

biocombustíveis.

Biocombustível é todo combustível derivado de fonte orgânica e não fóssil, como por

exemplo, o álcool etanol, a biomassa ou o biodiesel (FARIA, 2009).

Parente (2003) conceitua biodiesel como:

“Um combustível renovável, biodegradável e ambientalmente correto, sucedâneo ao óleo diesel mineral, constituído de uma mistura de ésteres metílicos ou etílicos de ácidos graxos, obtidos da reação de transesterificação de qualquer triglicerídeo

1 Condições de clima, relevo, a temperatura, umidade do ar, radiação, tipo de solo, vento, composição atmosférica e precipitação pluvial.

16

com um álcool de cadeia curta, metanol ou etanol, respectivamente” (PARENTE, 2003).

Figura 2 - Tipologia Climática do Estado da Bahia Fonte: SEI, 1996.

17

No Brasil, em 02 de julho de 2003, foi instituído por meio de decreto um Grupo de

Trabalho Interministerial (GTI), encarregado de apresentar estudos sobre a viabilidade de

utilização de biodiesel como fonte alternativa de energia. Como conseqüência disso, foi

elaborado um relatório que deu embasamento ao Presidente da República para estabelecer o

Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), uma ação estratégica e

prioritária para inclusão social do agricultor familiar e melhoria das condições de vida do

homem do campo, visto que, para a viabilização desse programa, faz-se necessária a produção

de matéria-prima, sendo que dentre as possibilidades técnicas disponíveis a preferencial é o

uso de oleaginosas, plantas que produzem grãos com alto teor de óleo.

Segundo Pimentel (2008) o programa brasileiro de produção de biodiesel além de

resolver o desafio energético e ambiental busca amenizar questões sociais, com a geração de

emprego no campo, distribuição de renda e redução das disparidades regionais. O governo

com o estímulo do uso do biodiesel, além das vantagens econômicas e ambientais, objetiva

resolver parte do problema social existente no país. Pois, com a implantação do biodiesel no

Brasil, existe a possibilidade de se gerar milhares de empregos na sua cadeia produtiva,

fazendo com que ocorra um desenvolvimento sustentável e uma maior distribuição de renda

para o pequeno agricultor familiar.

A Lei 11.326 de 24 de julho de 2006, considera agricultor familiar e empreendedor

familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural, atendendo, simultaneamente, aos

seguintes requisitos: 01) não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos

fiscais2; 02) utilize predominantemente mão-de-obra da própria família nas atividades

econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento; 03) tenha renda familiar

predominantemente originada de atividades econômicas vinculadas ao próprio

estabelecimento ou empreendimento; e 04) dirija seu estabelecimento ou empreendimento

com sua família.

Atualmente só podem participar dos leilões da Agência Nacional de Petróleo, Gás

Natural e Biocombustíveis (ANP) as empresas que possuem o Selo Combustível Social, este é

dado a aquele que utiliza matéria-prima oriunda da agricultura familiar. Sendo assim, as

usinas de biocombustíveis são obrigadas a comprar do agricultor familiar fomentando o

desenvolvimento sócio-econômico desta classe.

Neste cenário os agricultores familiares foram incentivados pelo Governo Federal a

plantar oleaginosas destinadas a produção de biodiesel e muitas destas tem sido apontadas 2 Os módulos fiscais, no Brasil, são definidos de acordo a legislação municipal. O município de Vitória da Conquista até a presente data não possui legislação que o defina.

18

como fontes promissoras de matéria-prima para os biocombustíveis, dada as características

fundamentais, tais como: alto rendimento da produção por hectare plantado, alto teor de óleo

por grão, facilidade de colheita, etc. e, como alternativa para o Semi-Árido baiano surge o

pinhão-manso (Jatropha curcas L), por ser uma cultura pouco exigente quantos às

características de solo e clima e que, principalmente, não concorre com a alimentação humana

ou animal.

Diante do exposto se faz necessário pesquisar se esta cultura é financeiramente viável

para a agricultura familiar em lavoura de sequeiro, pois no Semi-Árido baiano os agricultores

não têm condições de implantar lavoura irrigada, ou investir em algo que não tenha retorno

garantido ou risco minimizado.

Sendo assim, foi realizado este estudo de viabilidade financeira considerando uma

área de 5 hectares, sem irrigação e baseada na mão-de-obra familiar. Nesta dimensão do

terreno, é possível obter uma idéia de incremento financeiro sem descartar o uso de outras

áreas da propriedade rural para atividades agrícolas e pecuárias. Com essa diversificação a

economia da família torna-se menos vulnerável aos possíveis riscos inerentes à dinâmica do

mercado.

Além disso, é importante saber se o óleo de pinhão-manso serve para produção de

biodiesel, pois este é um dos fatores fundamentais para sua comercialização, assim como

também, pesquisar se existe incentivo por parte do Governo para produção e venda deste

produto e de seus co-produtos.

A hipótese geral levantada neste trabalho busca analisar se o cultivo de pinhão-manso

é uma alternativa viável para propiciar o desenvolvimento financeiro do pequeno produtor

rural do Semi-Árido baiano e para a produção de biodiesel no Brasil.

As hipóteses secundárias levantadas foram: 01) Existe a possibilidade de implantação

e manutenção da cultura de pinhão-manso em lavoura de sequeiro pela agricultura familiar no

Semi-Árido baiano; 02) As especificidades da cultura do pinhão-manso viabilizam sua

implantação no Semi-Árido baiano.

Como justificativa apresenta-se a relevância de se verificar a viabilidade financeira

desta oleaginosa como alternativa para promover a inclusão social do homem do campo,

visando à geração de emprego e renda, assim como o desenvolvimento local. Cabe ressaltar

que o pinhão-manso tem se mostrado como uma das alternativas para o Semi-Árido baiano

em virtude de ser pouco exigente quanto às características de solo e clima, podendo ser

implantado a partir de lavoura de sequeiro e baseado na mão-de-obra da agricultura familiar.

19

Justifica-se ainda pelo fato que a busca por oleaginosas que possam ser cultivadas

exclusivamente para produção de biodiesel é um desafio para os pesquisadores de todo o

mundo e um dos grandes entraves é descobrir vegetais que atendam a maior parte, se não

todas, das características desejáveis para esse fim. No momento, o pinhão-manso tem sido

apontado como solução para o problema da falta de matéria-prima, mas poucos estudos

técnico-científicos comprovaram suas vantagens tão divulgadas, tais como, resistência à seca

com boa produtividade, o que justificaria sua utilização nas regiões áridas e semi-áridas do

país, assim como também sua viabilidade financeira.

Assim sendo, o objetivo geral deste trabalho é avaliar se do ponto de vista financeiro é

viável a implantação da cultura de pinhão-manso na região do Semi-Árido baiano em lavoura

de sequeiro, com vistas à melhoria das condições de vida do agricultor familiar, indicando

esta oleaginosa como fonte de matéria-prima para produção do biodiesel.

Os objetivos específicos pretendidos são: 01) Analisar a possibilidade de implantação

e manutenção da cultura do pinhão-manso no Semi-Árido baiano a partir da agricultura

familiar; 02) Identificar a possibilidade de implantação desta lavoura baseada nas condições

edafoclimáticas regionais do Semi-Árido baiano, em sistema de sequeiro; 03) Avaliar

financeiramente a viabilidade do cultivo de pinhão-manso de forma a justificar, ou não, a sua

recomendação de implantação da cultura em terras do Semi-Árido baiano.

Este trabalho foi organizado em sete capítulos conforme segue: 01) Capítulo 01 –

Introdução - apresenta um breve relato sobre a seca no Brasil, traz o problema desta pesquisa,

hipóteses, objetivos e justificativa, 02) Capítulo 02 - relata o histórico da Indústria da seca,

Políticas para o Semi-Árido baiano, Agricultura Familiar e Biodiesel, Oleaginosas para

produção de biodiesel no Brasil e na Bahia, Características dos óleos vegetais desejáveis para

produção de biodiesel, Pinhão-manso como matéria-prima para produção de biodiesel, Pragas

e doenças que atacam o pinhão-manso e seus co-produtos 03) Capítulo 03 - apresenta

conceitos importantes utilizados pela contabilidade, administração financeira e economia para

análise financeira de projetos, 04) Capítulo 04 – expõem a metodologia utilizada neste estudo,

05) Capítulo 05 - apresenta e discute os resultados, 06) Capítulo 06 – Conclusões e 07)

Capítulo 07 - traz o artigo submetido à publicação na Revista de Economia e Agronegócios.

20

2 SEMI-ÁRIDO, AGRICULTURA FAMILIAR, BIODIESEL E

PINHÃO-MANSO

2.1 A INDÚSTRIA DA SECA

O Sertão Nordestino (Figura 3) é conhecido como a região que abrange praticamente

todo o interior da região Nordeste e sempre conviveu com a seca, mas até meados do século

XIX seus governantes não se preocupavam com esse problema, pois as atenções da época

estavam totalmente voltadas ao lucro e ao desenvolvimento da Zona da Mata nordestina

(MUNHOZ, 2005).

Figura 3 - Delimitação geográfica do Sertão Nordestino, Agreste e Zona da Mata. Fonte: http://www.educacional.com.br

Na segunda metade do século XIX a plantação de café no Sudeste começou a se

destacar e a Zona da Mata ficou em segundo plano. Só então o governo Nordestino voltou

21

seus olhos para a seca e a miséria do Sertão, transformando-as na principal imagem de atraso

no Brasil da época.

O fenômeno da seca é resultado da distribuição irregular de chuvas no país. Ela

representa mais que uma ocorrência climática, pois acarreta sérios efeitos no desenvolvimento

da vegetação, gerando, por conseqüência, um quadro social de extrema pobreza nas regiões

onde a economia ainda está embasada na agricultura familiar. (MUNHOZ, 2005).

Em 1951, o Governo Federal identificou uma região de clima Semi-Árido (Figura 1),

com menos de 700 mm de chuva por ano, com altas temperaturas (26ºC em média), solo raso,

e evaporação da água de superfície grande, e através da Lei nº. 1.348 denominou esta região

de Polígono da Seca.

O Polígono da Seca (Figura 4) esta situado entre o Sudeste e o Nordeste do Brasil,

com uma área de 950 mil km2, envolvendo os Estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Minas

Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.

Os problemas sociais existentes no Nordeste, em sua maioria, são causados, direta ou

indiretamente pelo fenômeno das secas, pois inviabilizam as atividades econômicas no Sertão,

dizimando o gado e fazendo com que os sertanejos deixem suas terras em busca de melhores

condições de vida. (FARIA, 2009).

A questão da seca não se resume à falta de água. A rigor, não falta água no Nordeste.

Faltam soluções para resolver a sua má distribuição e as dificuldades de seu aproveitamento.

Andrade (1985, p.7) ratifica esta informação quando escreve:

É necessário desmistificar a seca como elemento desestabilizador da economia e da vida social nordestina e como fonte de elevadas despesas para a União. [...] Desmistificar a idéia de que a seca, sendo um fenômeno natural, é responsável pela fome e pela miséria que dominam na região, como se esses elementos estivessem presentes só aí. (ANDRADE, 1985, p.7).

Para combater os efeitos da seca e da estiagem, o governo brasileiro construiu açudes,

poços e cacimbas (buracos cavados nas margens de rios que estão secando), além de cisternas

(reservatórios) para captação de água da chuva. Desde 2003, já foram construídas 226 mil

cisternas, e a meta é chegar a um milhão até 2015. Porém, como foi dito anteriormente, além

de água é necessária à implantação de políticas públicas que favoreçam o desenvolvimento do

Semi-Árido baiano.

22

Figura 4 - Delimitação geográfica do Polígono das Secas. Fonte: http://educacao.uol.com.br/geografia/ult1694u381.jhtm

2.2 POLÍTICAS PARA O SEMI-ÁRIDO BAIANO

Semi-Árido baiano (Figura 5) é formado por 258 municípios, compreendendo uma

área de 388.274 Km², ou seja, 70% da área do Estado, com uma população de 6.316.846

habitantes. Isso significa dizer que esta área corresponde a 68% do território do Estado e 48%

de sua população. (FNE/BNB, 2009).

Segundo a SUDENE, o Semi-Árido é formado por uma área contígua, caracteriza pelo

balanço hídrico negativo, resultantes de precipitações inferiores a 800 mm, forte insolação,

temperaturas relativamente altas, e regime de chuvas marcadas pela escassez, irregularidade e

concentração das precipitações num período de três meses. A Lei Federal nº 7.827 de 27 de

setembro de 1989, no Art. 5º Parágrafo 4º, conceitua, para efeito de aplicação de recursos,

como “a região inserida na área de atuação da SUDENE, com precipitação pluviométrica

23

média anual, igual ou inferior a 800 mm”, definida em portaria daquela Autarquia,

considerando como Semi-Árido todos os municípios incluídos na parte delimitada pela

isoieta3 mais externa de 800 mm, bem como aqueles que tiveram seus territórios parcialmente

cortados por essa isoieta, na tentativa de ampliar ao máximo a área delimitada.

No entanto, verifica-se que para além de uma delimitação a partir de isoietas, o Semi-

Árido é também delimitado em função de aspectos político-ideológicos. (OLIVEIRA, 1985;

CASTRO 1992; ALBUQUERQUE, 1999). As variáveis físicas e econômicas foram usadas

como justificativa, numa associação com a ideologia dominante da pobreza, fome e miséria

comprovadamente infundada e estas podem ser imensamente variadas para que este limite

tenha sido criado e ampliado algumas vezes.

De acordo com a composição da população, verifica-se que 47% encontram-se

alocada no meio rural, enquanto 53% estão nos centros urbanos. Vale destacar que a parcela

urbana está quase totalmente situada em aglomerados urbanos que se constituem em pólos de

desenvolvimento do Semi-Árido, como: Feira de Santana, Vitória da Conquista, Juazeiro,

Guanambi e Irecê. O contingente rural, por sua vez, encontra-se localizado de maneira

espacialmente dispersa em pequenas comunidades, segundo o Censo 2000 (IBGE, 2000).

Segundo Britto e Santos (2006, p.23),

A despeito do dinamismo de sua economia na década passada, a Bahia ainda se apresenta com um grau de urbanização4 inferior ao da maioria dos estados brasileiros. Esta questão pode ser explicada pelo fato de 43,9% da população baiana viver no campo, o que leva o estado a ser considerado como o que possui a maior população rural do país, em termos absolutos. Acredita-se que esse fenômeno seja devido, em parte, à forte capacidade de fixação do agrobaiano e à reduzida atração exercida pela maioria das cidades desse estado. (BRITTO e SANTOS, 2006, p.23).

A organização da produção no Semi-Árido baiano é expressa num conjunto de

lavouras e de criação animal, exploradas em sistemas de produção predominantemente

rústicos de acordo às condições climáticas da região. Nas áreas de serra, como a Chapada

Diamantina, destacam-se a produção de feijão e mamona, especialmente em Irecê, e de café.

No alto do curso do Rio de Contas, produz-se arroz irrigado e cultivos de hortaliças. Em

sistema de irrigação, as principais culturas exploradas são: uva, melão, manga, mamão,

melancia, cebola, tomate, aspargo, batatinha, cenoura, alho e pepino. As principais lavouras

do Semi-Árido, segundo a pesquisa de Produção Agrícola Municipal (IBGE, 2005), relativa à

área plantada, são: feijão, milho, sorgo, mandioca, mamona, café e fumo.

3 Linhas de igual precipitação (mm). 4 Razão entre a população urbana e a população total do município ou região.

24

Figura 5 - Delimitação geográfica do Semi-Árido Baiano. Fonte: Ministério da Integração Nacional ( 2005).

25

Britto e Santos (2006) descrevem a heterogeneidade presente nos campos da Bahia

como um “cenário marcado por uma agricultura especializada, como a produção de grãos no

oeste do estado e por uma agricultura familiar, geralmente pouco capitalizada, na região semi-

árida”, o que forma as relações socioeconômicas desta região, onde se verifica que para as

famílias complementarem sua renda, um membro, ou mais, trabalha temporariamente nas

lavouras de outras propriedades.

Segundo CAR (1995), em geral, tem-se que a atividade agrícola do Semi-Árido baiano

é marcada pela baixa produtividade das culturas em relação às demais áreas do estado, uma

vez que ainda utilizam tecnologias rudimentares, baixa renda é gerada, baixo grau de

tecnologia é aplicado, e, na maioria dos casos, a agricultura é de subsistência. Nesse aspecto,

as atividades são realizadas predominantemente em pequenas áreas, com exceção da

agricultura irrigada, 73% das propriedades tem áreas menores que 20 hectares, ocupando em

torno de 10% da área total do Semi-Árido. Já as propriedades superiores a 1.000 hectares,

representando 0,5% das propriedades, concentram 32% da área agrícola da região. Pode-se

inferir, desta forma, que a agricultura familiar de subsistência, base fundamental da região,

tem ocupado áreas insuficientes, até mesmo para o sustento da família.

A concentração na estrutura fundiária verificada no Semi-Árido baiano, além de ser

um problema em si, reflete-se em outros indicadores sociais extremamente desfavoráveis para

a população do estado. O mais grave é, sem dúvida, a questão da pobreza rural e urbana e suas

conseqüências imediatas — subnutrição, analfabetismo ou baixo nível de escolaridade,

péssimas condições de saúde, moradias precárias, baixa expectativa de vida, entre outras. A

concentração da propriedade da terra, embora não seja a única, é uma das principais causas da

miséria existente, não só na região Semi-Árida como também em outras áreas (CAR, 1995).

A Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regional do estado da Bahia possui

projetos que visam corrigir as desigualdades regionais existentes no Semi-Árido baiano e o

desenvolvimento dos 26 Territórios de Identidade do Estado e seus 417 municípios. Seus

principais projetos são: 01) Programa Terra de Valor; 02) Programa Gente de Valor; 03)

Programa Produzir III; 04) Projeto Mata Branca; 05) Programa de Crédito Fundiário e

Combate à Pobreza Rural; e 06) Programas de Desenvolvimento Regional Sustentável

(PDRS).

2.3 AGRICULTURA FAMILIAR E BIODIESEL

26

Conforme relatado anteriormente, verifica-se à necessidade de políticas de

desenvolvimento rural para o estado da Bahia, de maneira que os programas agrários e

agrícolas fortaleçam a agricultura e criem novas oportunidades de empregos rurais.

Assim, acredita-se que, o fortalecimento da agricultura familiar é relevante para o

desenvolvimento rural sustentável. Para tanto, necessita-se de um apoio efetivo das

instituições governamentais. Como iniciativa nessa direção surgiu com o Programa Nacional

de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), que tem por finalidade auxiliar os

agricultores familiares a explorarem as possíveis oportunidades agrícolas e não-agrícolas de

geração de renda. Com a consolidação dessa agricultura, o desenvolvimento rural é

desencadeado e o PRONAF passa a agir, levando em consideração as iniciativas de âmbito

local.

Para enfeito de enquadramento no PRONAF, são classificados como produtores

familiares todos os agricultores que, independente da condição de posse da terra, atendam

simultaneamente os seguintes requisitos: 01) não possua, a qualquer título, área superior a

quatro módulos fiscais, quantificados na legislação em vigor; 02) usem predominantemente

mão-de-obra familiar; 03) obtenham renda familiar originária predominantemente, de

atividades vinculadas ao estabelecimento; 04) residam no próprio estabelecimento ou em

local próximo.

Segue abaixo quadro de classificação dos Beneficiários do PRONAF.

Quadro 1 - Beneficiários do PRONAF Grupos Características

A Agricultores familiares assentados pelo Programa Nacional de Reforma Agrária que não foram contemplados com operação de investimento sob a égide do PROCERA ou com crédito de investimento para estruturação no âmbito do PRONAF; e beneficiados por programas de crédito fundiário do Governo Federal.

A/C Agricultores familiares egressos do Grupo A, que se enquadrem nas condições do Grupo C e que se habilitem ao primeiro crédito de custeio isolado.

B Agricultores familiares, inclusive remanescentes de quilombos, trabalhadores rurais e indígenas que obtém renda bruta anual de até R$ 2.000,00, excluídos os proventos vinculados a benefícios previdenciários decorrentes das atividades rurais.

C Agricultores familiares e trabalhadores rurais, inclusive os egressos do PROCERA e/ou Grupo A, que obtém renda bruta anual familiar acima de R$ 2.000,00 e até R$ 14.000,00, excluídos os proventos vinculados a benefícios previdenciários decorrentes das atividades rurais.

D Agricultores familiares e trabalhadores rurais, inclusive os egressos do PROCERA e/ou Grupo A, que obtém renda bruta anual familiar acima de R$ 14.000,00 e até R$ 40.000,00, excluídos os proventos vinculados a benefícios previdenciários decorrentes das atividades rurais.

E Agricultores sociais e trabalhadores rurais egressos do PRONAF ou ainda beneficiários daquele programa, que obtém renda bruta anual familiar de até R$ 60.000,00, excluídos os proventos vinculados a benefícios previdenciários decorrentes de atividades rurais.

Fonte: www.ceplac.gov.br

27

Em 1970, surge no Brasil o Plano de Produção de Óleos Vegetais para Fins

Energéticos (PRO-ÓLEO), que tinha como objetivo determinar a mistura de 30% de óleo

vegetal no óleo diesel fóssil. Este projeto foi abandonado em 1986, pois na ocasião era mais

barato explorar petróleo que produzir óleo vegetal como combustível.

Em 2002, o Programa Brasileiro de Biocombustíveis volta à pauta do governo com os

objetivos de: 01) gerar emprego e renda, 02) promover a inclusão social de pequenos

produtores, 03) reduzir a emissão de poluentes, 04) diminuir a dependência de importação de

petróleo e 05) gerar divisas pela exportação do biodiesel excedente.

O biodiesel aparece então no cenário contemporâneo como uma possibilidade de

inclusão social e melhoria das condições de vida do homem do campo.

Segundo Holanda (2004), para cada 1% de substituição de óleo diesel por biodiesel

produzido com a participação da agricultura familiar, podem ser gerados cerca de 45 mil

empregos no campo, com uma renda anual de aproximadamente R$ 4.900,00, por emprego, e

considerando que para cada emprego criado no campo, são criados três na cidade, a

quantidade de empregos gerados passaria para 180 mil.

Há expectativa de grande avanço no fortalecimento do agronegócio, que já representa

mais de 27% do PIB segundo dados da CEPEA/Esalq, pois é um combustível renovável, cujo

processo produtivo gera um grande número de empregos na área rural. E como para cada

região existe um tipo de oleaginosa própria, tem-se a possibilidade de promover o

crescimento regional sustentável das regiões mais carentes.

A definição de biodiesel, de consenso entre os pesquisadores, é: um combustível

renovável, biodegradável e ecologicamente correto, constituído de uma mistura de ésteres

metílicos ou etílicos de ácidos graxos, obtidos por reação de transesterificação de qualquer

triglicerídeo com um álcool de cadeia curta, metanol ou etanol, respectivamente.

Entretanto, a Resolução ANP nº. 7, de 19 de março de 2008 - DOU 20.3.2008, no seu

Artigo 2º apresenta sua própria definição, que é a utilizada para todos os efeitos legais e de

controle de qualidade, conforme segue:

I – biodiesel – B100 – combustível composto de alquil ésteres de ácidos graxos de cadeia longa, derivados de óleos vegetais ou de gorduras animais conforme a especificação contida no Regulamento Técnico, parte integrante desta Resolução; II – mistura óleo diesel/biodiesel – BX – combustível comercial composto de (100-X)% em volume de óleo diesel, conforme especificação da ANP, e X% em volume do biodiesel, que deverá atender à regulamentação vigente;

28

III – mistura autorizada óleo diesel/biodiesel – combustível composto de biodiesel e óleo diesel em proporção definida quando da autorização concedida para uso experimental ou para uso específico conforme legislação específica; IV – produtor de biodiesel – pessoa jurídica autorizada pela ANP para a produção de biodiesel; V – distribuidor – pessoa jurídica autorizada pela ANP para o exercício da atividade de distribuição de combustíveis líquidos derivados de petróleo, álcool combustível, biodiesel, mistura óleo diesel/biodiesel especificada ou autorizada pela ANP e outros combustíveis automotivos; VI – batelada – quantidade segregada de produto em um único tanque que possa ser caracterizada por um "Certificado da Qualidade". (BRASIL/ANP, 2008).

Em suma, biodiesel é um combustível natural usado em motores diesel, produzido

através de fontes renováveis derivadas de óleos vegetais, como girassol, mamona, soja,

babaçu e demais oleaginosas, ou de gorduras animais, ou residuais em qualquer concentração

de mistura com o diesel, que atende as especificações da ANP, produzido através de um

processo químico que remove a glicerina do óleo.

A legislação brasileira define biodiesel como um biocombustível derivado de

biomassa5 renovável para uso em motores a combustão interna com ignição por compressão

ou, conforme regulamento, para geração de outro tipo de energia, que possa substituir parcial

ou totalmente combustíveis de origem fóssil.

Fabricado através de um processo químico chamado transesterificação, onde o glicerol

(glicerina) é separado da gordura ou do óleo vegetal, o biodiesel é biodegradável, não tóxico e

essencialmente livre de compostos sulfurados e aromáticos. Durante seu processo produtivo,

gera dois produtos, ésteres alquílicos de ácidos graxos (o nome químico do biodiesel) e

glicerol, produto valorizado no mercado para fabricar sabões, solventes, adoçantes,

conservantes alimentícios, anestésicos e plastificantes de cápsulas no setor farmacêutico,

sendo analisado para a produção de biogás, aditivo de gasolina e para transformação de

polímeros, dentro outros.

Por ser biodegradável, não-tóxico e praticamente livre de enxofre e aromáticos, o

biodiesel é considerado um combustível ecológico. Como se trata de uma energia limpa, não

poluente, o seu uso num motor diesel convencional resulta, quando comparado com a queima

do diesel mineral, numa redução significativa de monóxido de carbono e de hidrocarbonetos

não queimados.

Na Lei 11.097 de 13 de janeiro de 2005, o governo brasileiro regulamenta o uso de

biodiesel na matriz energética brasileira (ACCARIN, 2006, p.53) e estabelece a mistura

5 Do ponto de vista da geração de energia, o termo biomassa abrange os derivados recentes de organismos vivos utilizados como combustíveis ou para a sua produção. (OSAVA, 2007).

29

obrigatória de 2% a partir de janeiro de 2005 e de 5% em janeiro de 2013, em todo o território

nacional. Tais percentuais foram adiantados em virtude da capacidade de produção das usinas.

Em junho/2009 já se usa B4, ou seja, 4% de adição de biodiesel ao diesel e a previsão é de 5%

para 2010.

Segundo a Brasil (2009), o custo do óleo vegetal corresponde a cerca de 85% do custo

do biodiesel, quando este é produzido em plantas industrias de alta capacidade. Há, portanto,

interesse em reduzir os custos da matéria-prima e, eventualmente, obter o material graxo a

partir de rejeitos industriais: óleo de fritura usado, sebo e águas servidas.

Conforme estudo divulgado em 3 de fevereiro de 2009, pela Agência FAPESP (HILL,

2009), para quantificar o impacto econômico dos biocombustíveis sobre o meio ambiente,

cientistas fizeram uma estimativa monetária dos custos para mitigação dos efeitos das

emissões de gases de efeito estufa relativas à queima dos biocombustíveis e a todo seu ciclo

de produção. Os parâmetros usados para essa quantificação se basearam em estimativas

independentes de custo de mitigação de carbono, preços do mercado de carbono e custo social

do carbono. Para medir o impacto econômico na saúde, foram utilizadas as médias das

despesas do sistema de saúde norte-americano com os impactos da exposição ao material

particulado sobre a saúde. O custo total da gasolina para a saúde e o meio ambiente é de US$

0,71 por galão. O custo de uma quantidade equivalente de etanol de milho varia entre US$

0,72 e US$ 1,45, dependendo da tecnologia usada na produção. A mesma quantidade de

etanol celulósico gera custos de US$ 0,19 a US$ 0,32, dependendo da tecnologia e do tipo de

material celulósico empregado. O estudo também indica que outras vantagens potenciais dos

biocombustíveis celulósicos – como a redução da quantidade de fertilizantes e pesticidas

despejados em rios e lagos – também podem significar benefícios econômicos adicionais da

transição para uma nova geração de biocombustíveis.

Com o objetivo de garantir espaço para os agricultores familiares, bem como atingir

seus objetivos de promoção da inclusão social, o Ministério do Desenvolvimento Agrário

(MDA) estabeleceu os critérios e procedimentos relativos à obtenção, manutenção, renovação,

suspensão e cancelamento da concessão e uso de uma certificação, o Selo Combustível

Social.

O Selo Combustível Social, Instrução Normativa Nº. 1, de 5 de julho de 2005, alterada

pela Instrução Normativa Nº. 1, de 19 de fevereiro de 2009, é o instrumento que garante a

inclusão do agricultor familiar no PNPB. Diferencia as empresas de produção de biodiesel

que apóiam a agricultura familiar, especialmente nas regiões mais carentes do país e

30

estabelece os percentuais mínimos de aquisição de matéria-prima do agricultor familiar, feitas

pelos produtores de biodiesel para fins de concessão, manutenção e uso do selo combustível

social. Estabelece:

I. 10% (dez por cento) até a safra 2009/2010, e 15% (quinze por cento), a partir da safra

2010/2011 para aquisições provenientes das regiões Norte e Centro-Oeste; e

II. 30% (trinta por cento) para as aquisições provenientes das regiões Sul, Sudeste, Nordeste

e o Semi-Árido. Como pode se observar na Figura 6 - Delimitação geográfica do Semi-

Árido brasileiro. , essa diferenciação se justifica pela grande extensão territorial coberta

pelo Semi-Árido.

O PNPB optou por definir um modelo tributário diferenciado por categorias de

agricultores, regiões e matérias-primas (Lei nº 11.116, de 18 de maio de 2005). Por essa Lei,

fica a cargo do Executivo a realização de ajustes dos incentivos conforme a evolução do

mercado, com a condição de que a carga tributária federal do biodiesel não ultrapasse aquela

aplicada ao diesel mineral. Essa é a base do modelo tributário aplicável atualmente no Brasil,

complementada com outros dispositivos legais e normativos. (ACCARIN, 2006).

2.4 OLEAGINOSAS PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL NO BRASIL E NA

BAHIA

O uso do biodiesel contribui para a redução da emissão de gases poluentes pelo menor

uso de combustíveis fosseis. A depender da oleaginosa pode proporcionar a obtenção de

créditos de carbono, sob o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), no âmbito do

Protocolo de Kyoto.

No entanto, para avaliação de seus benefícios devem ser consideradas todas as etapas

do processo produtivo, iniciando-se pela escolha da oleaginosa, seu cultivo, produção,

comercialização e tratamento dos resíduos.

A disponibilidade das fontes agrícolas para produção do biodiesel varia de acordo com

as condições edafoclimáticas das regiões onde são plantadas as oleaginosas (Figura 7). A

produção de óleo vegetal por hectare plantado depende do conteúdo de óleo de cada espécie.

O Brasil apresenta reais condições para se tornar um dos maiores produtores de biodiesel do

mundo, possui imensa extensão territorial, com boas condições climáticas, disponibilidade de

31

água, biodiversidade, gerando imenso potencial de terras agricultáveis, além de mão-de-obra

disponível, tecnologia, experiência com bioenergia e considerável mercado interno. Segundo

estudos realizados pela Federação da Agricultura do Estado de São Paulo, além das áreas já

ocupadas para atividades pecuárias o país dispõe de aproximadamente 140 milhões de

hectares agricultáveis. Esse número não inclui florestas e nem pastagens (PIMENTEL e

NUNES, 2008).

Segundo Miragaya (2005), a área plantada necessária para atender ao percentual de

mistura de 2% de biodiesel ao diesel de petróleo é estimada em 1,5 milhões de hectares

disponíveis para a agricultura no Brasil, não incluídas aqui as regiões ocupadas por pastagens

e florestas.

Das oleaginosas que podem ser usadas para produção do biodiesel, destacam-se no

cenário atual: mamona, babaçu, colza, dendê, nabo-forrageiro, soja, gergelim e palma.

Importante observar que as matérias-primas para produção de biodiesel não devem ser

oleaginosas que servem como fonte de alimentação humana ou animal, pois se assim for,

poderá levar a uma crise de alimentos.

No Quadro 2 apresenta-se a relação de algumas oleaginosas que podem ser usadas

para produção de biodiesel e sua condição enquanto fonte de alimentação humana ou animal.

Além das oleaginosas outras fontes de óleo podem ser usadas para a produção de

biodiesel, tais como os óleos e gorduras residuais, conhecidos pela sigla OGR, que têm sido

obtidas de cozinhas industriais, fábricas de alimentos e restaurantes.

Segundo Beltrão (2006), o Brasil possui dois grandes biomas brasileiros explorados

intensivamente para a produção de oleaginosas, são os Cerrados e a Caatinga, no Nordeste do

país. Têm ainda certa exploração na Mata Atlântica e na Amazônia, em especial via dendê e

babaçu.

Nos Cerrados, que abrangem 204 milhões de hectares (BELTRÃO, 2006), estão os

estados de Goiás, Tocantins e Distrito Federal, a maior parte do Mato Grasso do Sul e Minas

Gerais e partes significativas do Mato Grosso, da Bahia, do Maranhão e do Piauí, tendo ainda

áreas na Região Norte, nos estados de Rondônia, Roraima e Amapá, além de algumas

pequenas áreas nos estados de São Paulo, Ceará e Pará. Do total, a superfície com potencial

para uso agrícola é de cerca de 127 milhões de hectares (ROCHA, 2007), que corresponde às

superfícies juntas da França, Itália, Portugal, Espanha, Bélgica, Holanda, Polônia e Grã-

Bretanha, com somente 62% dos Cerrados.

32

Figura 6 - Delimitação geográfica do Semi-Árido brasileiro. Fonte IBGE, 2007

33

Quadro 2 - Plantas Oleaginosas Encontradas e/ou Cultivadas no Brasil Oleaginosas Fonte de alimentação humana ou animal

Algodão Sim Andiroba Não Amendoim Sim Babaçu Sim Baru Sim Buriti Sim Canola Sim Cártamo Sim Colza Sim Crambe Não Gergelim Sim Girassol Sim Inajá Sim Linhaça Sim Macaúba Sim Mamona Sim Murumuru Sim Moringa oleifera Lam Sim Nabo forrageiro Sim Palma Sim Pequi Sim Pinhão-manso Não Pupunha Sim Sésamo Sim Soja Sim Tucamã Sim Tungue Não

Fonte: Dados da pesquisa.

Na Região Nordeste, que representa 18% do território nacional (BELTRÃO, 2006),

tem-se o bioma Caatinga, onde se localiza o Semi-Árido brasileiro. Dessa região, 70%

possuem alternativas de cultivo para a produção de oleaginosas, as quais visam à alimentação

humana e podem ser usadas para produção de biodiesel. Destaca-se a produção de mamona,

com mais de 430 municípios zoneados para o seu cultivo sem irrigação, com estimativa de

aproximadamente, 4,5 milhões de hectares, para seu plantio. Nessa região, o cultivo de

oleaginosas para a produção de energia, no caso a mamona, é importante para a inclusão

social, gerando milhares de ocupações e empregos (HOLANDA, 2004). Há também áreas

para o plantio de amendoim, estimadas em mais de 1 milhão de hectare; de gergelim, mais de

5 milhões de hectares; de dendê, com 1 milhão de hectare, na Bahia (MULLER e cols., 1997),

além de várias outras espécies potenciais, como o pinhão-manso, que é perene, resistente à

seca sendo 32% dele referente ao peso seco das sementes (ARRUDA e cols., 2004), e várias

outras palmeiras nativas, tais como macaúba e tucumã (LIMA, 1997). Há também o coco com

extensa área do litoral para o seu plantio, já entrando no bioma Mata Atlântica.

34

Na Figura 7 pode-se ter uma visão geral sobre a potencialidade brasileira para

produção e consumo de combustíveis vegetais.

Algumas oleaginosas foram comparadas quanto ao seu teor de óleo, proteína bruta e

extrato etéreo (total de gordura contido no alimento), conforme Tabela 1.

Tabela 1 - Comparação entre óleos. Resultados obtidos com espécies potenciais na produção de óleo e uso no biodiesel.

Espécie Material Óleo (%) Proteína bruta Extrato etéreo Algodão Semente 18-20 22,47 22,93 Amendoim Semente 54-56 33,05 38,81 Babaçu Amêndoa 65-68 8,57 53,80 Canola/Colza Semente 38-48 24-27 - Cártamo Semente 35-40 17,36 24,02 Crambe Semente 28-38 24,58 31,42 Gergelim Semente 44-58 38-40 50-52 Girassol Semente 40-45 15,94 48,39 Linho Semente 33-43 26,79 32,88 Nabo Forrageiro Semente 32-40 29,57 30,77 Pinhão-manso Semente 32-35 21,71 32,58 Pupunha Semente 60 7,14 12,14 Soja Grão 18-20 42,10 20,00 Tungue semente 30-35 15,55 38,11 Fonte: Guirra (2009).

Guirra (2009) compara o tempo de plantio e colheita de algumas oleaginosas,

conforme pode ser verificado na Tabela 2, e este é um aspecto relevante quando se estuda o

giro do produto no mercado e o tempo de retorno do investimento.

É importante ressaltar que no caso do pinhão-manso esse tempo para colheita ainda

não foi determinado com precisão visto que as condições para seu plantio também ainda não

são totalmente conhecidas e variam muito de região para região. Esses fatores então

contribuem para uma grande variabilidade no tempo de colheita dessa oleaginosa, porém os

produtores nacionais apontam que já é possível realizar-se a colheita no primeiro ano, mas os

dados não são consistentes e ainda estão no âmbito especulativo.

Tabela 2 - Tempo necessário para colheita de algumas oleaginosas de interesse na produção de biodiesel

Espécie Colheita (dias) Canola 140 Crambe 90 Girassol 110 Mamona 120 Pinhão-manso ND Soja 130

Fonte: Guirra (2009). ND- não determinado.

35

Figura 7 - Distribuição de cultura de oleaginosa no país por região. Fonte: Moeri (2005).

2.5 CARACTERÍSTICAS DOS ÓLEOS VEGETAIS DESEJÁVEIS PARA A

PRODUÇÃO DE BIODIESEL

36

Segundo Miragaya (2005), um combustível adequado para motores de combustão

interna provocada por compressão, deve apresentar características específicas como, por

exemplo, possuir ótima qualidade de ignição, de maneira que se inicie a combustão no

momento correto, para melhor aproveitamento da energia disponível e acrescenta que, além

disso, o combustível deve se vaporizar completamente no interior da câmara de combustão,

para que possa ser corretamente misturado ao ar e queimado de forma limpa e completa,

proporcionando bom desempenho do motor e redução de emissões de poluentes e formação

de resíduos, depósitos e cinzas, não deve ser corrosivo nem possuir água e sedimentos de

forma que venha a causar o mínimo possível no motor.

Os aspectos acima relacionados, assim como também a estabilidade térmica e

oxidação estão diretamente relacionados com a oleaginosa utilizada na produção do

biocombustível, neste caso, biodiesel. O biodiesel, por ser formado por ésteres de ácidos

graxos de cadeia longa, proveniente de fontes renováveis como óleos vegetais, apresenta

características físico-químicas que tornam a sua degradação rápida em comparação aos

combustíveis de origem fóssil, tal como o diesel. O biodiesel é suscetível a oxidação pelo ar e

ao ataque microbiano (MARIANO e cols., 2008) sendo, portanto, considerado mais

biodegradável que o diesel, mas isso favorece o aspecto ambiental, desfavorecendo questões

associadas ao armazenamento da matéria-prima (óleos e gorduras) e do próprio

biocombustível (LAPINSKIENÉ e cols., 2006; PASQUALINO e cols., 2006).

Óleos vegetais normalmente contêm antioxidantes de ocorrência natural como os

tocoferóis e, quando não refinados, conservam seus teores naturais de antioxidantes

apresentando estabilidade oxidativa superior em comparação com óleos refinados, mas não

satisfazem a maioria das outras exigências para uso combustível (DUNN e KNOTHE, 2001).

O biodiesel também é suscetível à degradação hidrolítica (ZHANG e cols., 1998;

MAKAREVICIENE e JANULIS, 2003). Estudos conduzidos no Centro de Pesquisa da

Petrobras (CENPES) e Centro de Aperfeiçoamento e Pesquisas de Petróleo (CENAP) revelam

uma capacidade de absorção de água do biodiesel até 30 vezes mais elevada do que a do

diesel mineral. Este é um fator importante de avaliação do biocombustível, embora a presença

de substâncias, como mono e diglicerídeos (intermediários da reação de transesterificação) ou

glicerol, possam influenciá-lo dadas as suas respectivas capacidades de emulsificação em

contato com a água. A água livre, que decanta e vai para o fundo induz o aparecimento de

outro problema: a contaminação microbiana, que tem como desdobramentos: 01) a incidência

37

de processos de biocorrosão causados pela presença de bactérias e a 02) geração de

biodepósitos – leveduras e fungos, notadamente em fundos de tanques de formato inadequado

ou não devidamente drenados (MARIANO e cols., 2008).

A questão da estabilidade à oxidação afeta a qualidade do biodiesel principalmente em

decorrência de longos períodos de armazenamento. A influência de parâmetros como a

presença de ar, calor, traços de metais, antioxidantes e peróxidos, natureza do tanque de

armazenamento, luz, bem como de temperaturas elevadas, facilitam o processo de oxidação

do biodiesel e as espécies formadas durante o processo de oxidação causam a deterioração

eventual do biodiesel alterando sua viscosidade, ponto de entupimento de filtro a frio,

densidade, dentre outros que inviabilizam sua utilização como combustível (MITTELBACH e

GANGL, 2001).

Dependendo da matéria-prima, o biodiesel pode ser formado por triglicerídeos com

diferentes quantidades de ácidos graxos saturados e insaturados em sua composição, sendo

que os últimos são mais suscetíveis a reações de oxidação aceleradas pela exposição ao

oxigênio e altas temperaturas (KNOTHE e DUNN, 2003) podendo resultar em compostos

poliméricos prejudiciais ao motor. O ácido oléico é monoinsaturado (18:1 ∆9) e é freqüente na

composição dos mais diversos tipos de óleos vegetais. Altos percentuais de ácido oléico em

um óleo vegetal pode ser um fator de diminuição da estabilidade oxidativa do biodiesel

produzido com esta matéria-prima e esse deve ser um dos parâmetros que deve ser avaliado

para determinar se a oleaginosa é adequada para a produção do biodiesel com baixo teor de

oxidação. Este é um fator importante, pois esta diretamente relacionado à estabilidade e

oxidação, interferindo em decisões sobre transporte e armazenamento. Dentro essas

especificações verifica-se que o pinhão-manso é uma das oleaginosas que apresenta teor de

ácido oléico superior ao do óleo de soja e comparável ao do óleo de palma, como pode ser

observado na Tabela 3, apresentando dessa forma, segundo esse parâmetro, uma estabilidade

oxidativa intermediária.

Outro parâmetro que foi incluído para avaliar as questões relativas à estabilidade

oxidativa, é o número de iodo (NI). O NI é a medida do teor de insaturações totais de um

material graxo, baseada na adição formal de iodo nas duplas ligações e determinada em g de

iodo/100g de amostra. A idéia que justifica o uso do NI é a de que este parâmetro indicaria a

propensão de um óleo ou gordura à oxidação, mas o NI pode indicar propensão do óleo ou

gordura à polimerização e formação de depósitos no motor. Nos Estados Unidos e Austrália

não há especificação do valor adequado, na África do Sul se admite um índice de iodo igual a

38

140, e no Brasil, conforme Resolução n 07 de 19 de março de 2008, basta apenas que o valor

seja anotado.Mais uma vez pode se observar que no caso do pinhão-manso (Tabela 4), esse

apresenta valor de NI inferior ao da soja, que no Brasil ainda é a principal matéria-prima para

produção de biodiesel.

Tabela 3 - Oleaginosas e teor de ácido oléico.

Oleaginosas Teor de Ácido Oléico

Algodão 17 – 38%

Girassol 21%

Mamona 7%

Moringa 78%

Palma 38 - 52%

Pinhão-manso 40%

Soja 24%

Fonte: Adaptado de Knothe e cols.(2006). Tabela 4 - Oleaginosas e respectivos índices de iodo.

Oleaginosas Índice de Iodo (g l/100g)

Algodão 99 – 119

Girassol 110 - 143

Mamona 81 – 91

Palma 35 - 61

Pinhão-manso 97

Soja 117 – 143

Fonte: Adaptado de Knothe e cols.(2006).

Segundo o Presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Pinhão-manso

(ABPPM), Mike Lu, em uma matéria publicada na Biodieselbr em Jun/Jul de 2008 declara

que “o óleo bruto do pinhão-manso é o que mais se aproxima do combustível fóssil e é mais

fácil enquadrá-lo na especificação, desde que cuidados sejam tomados no esmagamento e no

pré-refino para evitar problemas de acidez e oxidação”. Sendo assim, o pinhão-manso se

apresenta como uma das fontes de óleo vegetal promissora para produção de biodiesel.

2.6 PINHÃO-MANSO COMO MATÉRIA-PRIMA PARA PRODUÇÃO DE

BIODIESEL

39

O pinhão-manso (Jatropha curcas L.) pertence à família das Euforbiáceas, que possui

mais de 70 espécies (SHAH, 2005). É encontrada na forma nativa nos países tropicais e

subtropicais, tais como na América do Sul, China e Índia (OPENSHAW, 2000).

É um arbusto grande, de crescimento rápido, cuja altura normal é dois a três metros

(Figura 8 - Plantação de pinhão-manso no Mato Grosso do Sul.), mas pode alcançar até cinco

metros em condições especiais e suporta bem climas áridos e semi-áridos (HELLER, 1996),

como ocorre em boa parte do país, principalmente na região nordeste, sendo praticamente

inexistente em regiões de elevada umidade, como no caso da região Amazônica (DEHGAN e

SCHUTZMAN, 1994).

Figura 8 - Plantação de pinhão-manso no Mato Grosso do Sul. Fonte: Fazenda Paraíso – Itaum /MS (MOLLER, 2007).

Sua torta pode ser utilizada como adubo visto que é rica em proteínas e minerais, tais

como fósforo, cálcio, magnésio, sódio e potássio (FERRÃO e FERRÃO, 1981) e quando

decomposta em biodigestores produz gás gerando calor e energia elétrica. Seu plantio tem

sido utilizado na prevenção da erosão de solos e formação de cercas vivas (GUBITZ e cols.,

1999). Segundo uma coletânea sobre o pinhão-manso da Empresa de Pesquisas Agropecuárias

de Minas Gerais (EPAMIG, 1985), um dos primeiros estudos feitos no Brasil sobre a espécie,

40

a cultura do pinhão-manso poderia ser consorciada com o feijão, o arroz, o milho e até com a

mamona.

Figura 9 - Fruto do pinhão-manso. Fonte: Fazenda Paraíso – Itaum /MS (MOLLER, 2007).

O óleo bruto de pinhão-manso tem sido utilizado em alguns países na produção de

sabão e cosméticos e atuou como substituto de parafina/diesel durante a escassez desse último

durante a Segunda Guerra Mundial (KUMAR e SHARMA, 2008). Porém, o seu uso,

enquanto óleo bruto, como combustível demonstrou não ser adequado devido principalmente

a sua alta viscosidade. Atualmente uma das principais perspectivas econômicas para o pinhão-

manso é a utilização de seu óleo como matéria-prima para produção de biodiesel, o que tem

sido incentivado pelo governo federal brasileiro. Os teores de óleo nas sementes de pinhão-

manso variam de acordo com a região de cultivo e com o método de extração utilizado. Esses

teores podem ser de: 33 a 34% pela extração mecânica; 38 a 40% pela extração mecânica +

química e 58 a 60% pela extração de óleo somente de albúmen.

No entanto, existem poucos estudos técnico-científicos que permitam fazer previsões

seguras acerca do sucesso do cultivo de pinhão-manso em determinadas regiões do país e

dessa forma, mais difícil ainda se torna saber o quanto haverá ou não de rendimento para o

produtor caso utilize sua área agricultável para essa finalidade.

41

Figura 10 - Torta resultante da extração do óleo de pinhão-manso. Fonte: Central Salt & Marine Chemicals Research Institute / Gujarat, India. (MOLLER, 2007).

No Brasil, sem irrigação, o pinhão-manso cresce, floresce e frutifica durante os meses

de chuva e a colheita vai de janeiro à julho. Depois, vem o repouso vegetativo e a planta

rebrota com a volta da chuva, não se desenvolvendo bem em solos excessivamente úmidos,

por isso é preciso planejar bem os turnos de rega. Sendo adaptada às regiões secas, possui

caule capaz de armazenar água para sobreviver em períodos secos, nessas condições ocorre

queda na produção de sementes, apesar de aumentar seu teor de óleo.

As plantas de pinhão-manso, conduzidas sob irrigação por sulco, no Norte de Minas

Gerais, produziram 2500 kg de sementes/ha, com 18 meses de idade; enquanto que plantas

com a mesma idade, conduzidas em condições de sequeiro na região de Felixlândia (região

central de Minas Gerais), produziram apenas 500 kg de sementes/ha (DRUMMOND e cols.,

1984). Saturnino e cols. (2005) sugerem que três a quatro irrigações por mês, durante o verão,

são suficientes para estimular o crescimento e aumentar a produção de plantas.

Como as condições de plantio influem no desenvolvimento da lavoura (TEIXEIRA,

1987), as estimativas de produtividade de pinhão-manso devem ser adequadas a cada região

estudada. No entanto, para o levantamento de gastos iniciais foi considerada o rendimento

apresentado por Tominaga (2007) em lavoura de sequeiro.

42

Tabela 5 - Produtividade esperada por ha/ano da lavoura de pinhão-manso em sistema de produção sequeiro (por planta).

Idade da lavoura

Espaçamento 1º ano 2º ano 3º ano Depois do 4º ano

6 m x 2 m 100 gramas 500 gramas 2.000 gramas 4.000 gramas

3 m x 2 m 200 gramas 1.000 gramas 2.000 gramas 4.000 gramas

Obs.: A diferença na produtividade entre os dois espaçamentos ocorre nos dois primeiros anos, porque, no terceiro ano, a lavoura será raleada, passando para o espaçamento 6 m x 2 m. Fonte: Tominaga (2007).

O óleo do pinhão-manso não é comestível, o que permite o desenvolvimento de uma

cadeia produtiva independente da de alimentos e alguns relatos apresentam sua plantação em

consórcio com outras culturas, possibilitando um incremento na renda do agricultor familiar.

Com a possibilidade do uso do óleo do pinhão-manso para a produção do biodiesel,

abrem-se perspectivas para o crescimento das áreas de plantio no Semi-Árido Nordestino,

pois esta é uma cultura que pode se desenvolver nas pequenas propriedades, com a mão-de-

obra familiar disponível, como acontece com a cultura da mamona, na Bahia, sendo mais uma

fonte de renda para as propriedades rurais da Região Nordeste. Além disso, é uma cultura

perene, utilizada na conservação do solo, visto que o cobre com uma camada de matéria seca

reduzindo a erosão e a perda de água por evaporação, evitando enxurradas e enriquecendo o

solo com matéria orgânica decomposta.

Para alguns pesquisadores, o pinhão-manso é uma planta produtora de óleo com todas

as qualidades necessárias para ser transformado em biodiesel. Além de perene e de fácil

cultivo, apresenta boa conservação da semente colhida por um período de 60 dias, podendo se

tornar grande produtora de matéria-prima como fonte opcional de combustível.

2.7 PRAGAS E DOENÇAS QUE ATACAM O PINHÃO-MANSO

Uma das vantagens apontadas por produtores de pinhão-manso é a sua resistência a

pragas. Saturnino e cols. (2005), afirma que poucos insetos atacam o pinhão-manso, pois o

látex produzido pela planta é cáustico e os repele. No entanto, tem sido relatada a ocorrência

de algumas espécies infectantes de microorganismos e alguns insetos nos cultivos em várias

partes do mundo (Quadro 3).

O “Alerta sobre o plantio de pinhão-manso no Brasil” publicado pela EMBRAPA em

outubro de 2006, menciona que observações preliminares estão sendo feitas em lavouras

43

cultivadas em diversas regiões do Brasil, e nota-se que a planta é atacada por doenças (virose,

oídio nas folhas, caules e flores, fusariose, podridão do sistema radicular e outras) e pragas

(cigarrinha, ácaro branco, trips, broca do tronco, percevejo, cupim e outras).

Alguns fatores que interferem na ocorrência de pragas e doenças é a idade da planta,

seu estado nutricional, a época do ano, as condições do clima e a presença de plantas

hospedeiras (SATURNINO e cols., 2005).

Arruda e cols. (2004) relata a incidência de diferentes pragas e doenças que podem

atacar o pinhão-manso. Estas foram relacionadas no Quadro 3 assim como também a região

em que se manifestaram, e as formas de ataque e controle que têm sido utilizadas.

Quadro 3 - Pragas e doenças relatadas que afetam o pinhão-manso Pragas Região Ataque Controle

Ácaro branco (Polyphagotarsonemus latus banks)

Eldorado – MS Nova Porteirinha – MG Campinha Grande – SP

Mar e Jun (temperatura média 22,1, umidade relativa do ar 83% e precipitação de 5,6 mm). Atacam brotações novas e a folha fica com aspecto de papel crepom. Ataca a ponta da planta e encrespa as folhas, inibe o desenvolvimento das folhas e as inflorescências, paralisando seu crescimento. Na época seca, a ataque é mas grave.

Pulverização com abamectin na dosagem de 100ml por 100 litros de água e pulverização com enxofre em pó.

Sternocoelus notaticeps (coleóptero da família curculionidae)

Tatuí – SP Campinas – SP

Formação de brocas no interior do caule e dos ramos.

Fertilização com boro

Ácaro vermelho (Tetranychus sp.)

Ataca as folhas mais velhas. Na época da seca, causa o amarelecimento e a queda prematura das folhas.

Mesmo usado para o ácaro branco.

Tripés (Selenothrips rubrocinatus)

Atacam as folhas completamente desenvolvidas, dando-lhes um aspecto branco–prateado. As larvas são avermelhadas e formam colônias, aparecendo manchas rubras nas folhas. O adulto tem coloração preta e corpo fino. Em infestações intensas, ramos, flores e frutos podem ser atingidos, causando desfolha e definhamento de frutos e sementes.B

Inseticidas carbamatos sistêmicos, aplicados no solo, ou com inseticidas pulverizados nas plantas.

Formigas Saúva Mudas novas. Formicida granulado (SULFLURAMID)

Formigas rapa-rapa

Mudas novas. Come a casa das plantas.

Formicida granulado (SULFLURAMID)

Percevejos fitófagos (Pachycoris Torridus)

Alimentam-se dos frutos já maduros, sugando por entre as fendas abertas na casca. Pode ocorrer aborto prematuro dos frutos. Seu ataque afetam a formação do albúmen.

Pode ser usado controle biológico, com fungos entomopatogênicos e com a vespa Telenomus pachycoris.

44

Cigarrinha verde (Empoasca sp.)

Migra das pastagens e das plantações de milho, sorgo e outras. Ocorrência no final da estação chuvosa. Atacam as folhas, provocando amarelecimento, seguindo de endurecimento e ligeira curvatura para baixo. Também causa o abortamento de flores.

Inseticidas à base de monocrotofós de 60g/há e inseticidas sistêmicos.

Cupins Chegam a derrubar a árvore e atacam apenas em uma linha.

Aplica-se um produto cupinicida no solo. Após a eliminação da praga a planta recuperada pode ser plantada no mesmo local. REGENT 800 WG.

Nezara viridula Índia Alimentam-se da seiva provocando o secamento dos frutos.

Inseticidas à base de endossulfan na dose de 70g/há. A pulberização deve ser direcionada para os cachos.

Gafanhotos Comem folhas Esperanças Comem folhas

Patógenos Região Ataque Controle Oídio ou mofo-branco (Oidium hevea)

Tatuí Ataca as partes verdes da planta, podendo causar desfolha e chochamento dos frutos. Ocorre em época da seca.

Pulverização à base de enxofre em pó, ou mistura caseira – 1 litro de leite cru, filtrado, com 19 litros de água limpa. Pulverizar sobre as plantas afetadas.

Colletotrichum dematium (fungo)

Secamento da porção apical e das folhas cotiledonares

Colletotrichum dematium (fungo)

Manchas necróticas no caule

Fusarium sp Manchas necróticas no caule Gomose (Phytophthora sp.)

Ataca a base do caule, com sintoma de podridão mole, que exsuda líquido de odor característico, e os tecidos afetados ficam escuros. Ocorre amarelecimento, murcha e queda de folha. Logo após, ocorre a morte descendente de ramo.

Aplicação de sulfato de cobre na superfície do caule atacado.

Ferrugem (Phakopsora jatrophicola)

Causa ferrugem nas folhas e pode provocar a desfolha das plantas.

Viroses O pinhão-manso esta susceptível ao ataque de vírus que atacam a mandioca.

Fonte: Adaptado de Arruda e cols. (2004).

45

Estudos apontam que o pinhão-manso não é severamente atacado por pragas e

doenças, mas há a necessidade de combate preventivo a cigarrinha, formiga saúva, raparapa,

cupins e outras doenças consideradas leves. Vale ressaltar que são necessários estudos sobre

as doenças que atacam a planta, salientando que a longevidade desta lavoura pode não ser tão

longa quanto os 50 anos presentes em literatura da área.

2.8 CO-PRODUTOS DO PINHÃO-MANSO

Os co-produtos do processo de produção do biodiesel são importantes para viabilizar

economicamente o programa. A glicerina situa-se como principal co-produto de valor

agregado, sendo comum a todas as rotas de produção de biodiesel, independente da

oleaginosa e do álcool utilizado.

Para cada 100 kg de biodiesel produzido 10% é de glicerina. Os principais usos da

glicerina são na produção de cosméticos, sabão e fármacos, poligliceróis, resinas, produtos de

alimentação, tabaco, filmes de celulose, dentre outros.

A depender a oleaginosa usada na produção de biodiesel, diferentes serão seus co-

produtos.

Importe se faz apresentar a diferença entre torta e farelo. Tanto a torta como o farelo

são resíduos do tratamento de vegetais usados para extração do óleo. A torta, segundo Freitas

(2009) é resultado de uma moagem a frio. O vegetal é colocado em prensas para a retirada do

óleo. Nesse caso, a quantidade de óleo que fica no resíduo sólido é alta: varia de 5 até 15%.

Como tem alto teor de gordura, a torta não pode se usada em quantidade excessiva na

alimentação animal, pois pode não trazer bons resultados. Já o farelo, é o resultado de um

processo industrial que também pode incluir etapas iniciais de moagem, mas que depende do

uso de solventes químicos para a liberação da maior quantidade possível de gordura. O

solvente é separado do óleo por destilação.

Esse processo é utilizado principalmente no caso da fabricação de óleos comestíveis –

como é o caso do óleo de soja e do óleo de canola. Resta no resíduo sólido cerca de 1% de

gordura, e por isso o farelo pode ser usado em maior quantidade na alimentação de animais.

Segundo Moller (2007) as tortas e farelos são os resíduos produzidos após a colheita e

o beneficiamento das plantas oleaginosas. Além destes resíduos têm-se os caules e folhas

46

resultantes da colheita das sementes que podem ser usados na fabricação de papel, tecidos e

no artesanato. A torta, cascas, folhas e caules podem ser usados diretamente como adubo no

solo ou serem misturadas com esterco para formar um fertilizante orgânico. A geração de

energia elétrica e calor são viabilizados através do uso dos resíduos das oleaginosas como

combustível na alimentação de caldeiras e em processos de gaseificação da biomassa.

A produção de cerâmica do Tocantins já tem se beneficiado do programa biodiesel,

pois os fornos das empresas de cerâmicas são alimentados com os resíduos (torta) dos grãos

de pinhão-manso moídos pela Biotins Energia. A torta tem alto valor energético e, queimada,

ajuda os ceramistas a ter uma produção mais eficiente e limpa. Como existe restrição legal

para o uso de carvão nos fornos, a torta do pinhão-manso vem a acalhar para a indústria local.

E a venda do material representa uma renda extra que ajuda a reduzir os gastos de produção

do óleo biodiesel.

Esta destinação encontrada para o resíduo do pinhão-manso resolve dois problemas de

uma só vez. Por um lado traz mais economia para os produtores e por outro reduz o passivo

ambiental das fazendas e usinas dando destinação ecologicamente correta para seus resíduos,

visto que a torta resultante da extração do óleo tem limitações no seu uso: o material tem

substancias tóxicas, como a curcina, e algumas de difícil digestão por ruminantes, como a

lignina. Portanto, sem tratamento especial, o que demandaria mais gastos, não poderia ser

usado como ração animal. Ainda assim, a torta do pinhão-manso tem encontrado seu lugar no

mercado, pois além de ser usada em fornos, tem sido vendida como adubo, sem necessidade

de tratamento prévio, visto que sua toxicidade não chega a contaminar o solo. A Fusermann,

de Barbacena (MG). tem negociado a torta de pinhão-manso como adubo a R$ 300,00 por

tonelada.

A comercialização da torta do pinhão-manso é de fundamental importância na

avaliação da cadeia produtiva, visto que pode ajudar na redução de gastos e na

competitividade do produto.

47

3 AVALIAÇÃO FINANCEIRA DE PROJETOS

Todas as atividades empresariais envolvem recursos financeiros e orientam-se para a

obtenção de lucros. Os recursos de uma entidade, conhecidos como patrimônio, são geridos

pela contabilidade.

A Contabilidade é a ciência que estuda e pratica as funções de orientação, controle e

registro relativas à administração econômica (I CONGRESSO BRASILEIRO DE

CONTABILISTAS – RJ – 1924). É objetivamente, um sistema de informação e avaliação

destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica,

financeira, física e de produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização

(PRONUNCIAMENTO DO IBRACON6 APROVADO PELA CVM7 ATRAVÉS DA

DELIBERAÇÃO Nº 29/1986).

Em outras palavras, e segundo Ferrari (2009), contabilidade é a ciência que tem por

objeto o patrimônio das entidades e por objetivo o controle desse patrimônio, com a

finalidade de fornecer informações a seus usuários.

Segundo a Resolução CFC Nº 1.121/08, os usuários da contabilidade são: 01)

investidores, 02) empregados, 03) credores por empréstimos, 04) fornecedores e outros

credores comerciais, 05) clientes, 07) Governo e suas agências e 08) público em geral. Sendo

assim, o pequeno produtor rural também é usuário da contabilidade para orientação, controle,

registro e análise de seu patrimônio.

Os recursos supridos pelos proprietários e pelos credores encontram-se aplicados em

ativos utilizados na produção e comercialização de outros ativos (BRAGA, 2007). As receitas

obtidas com as operações devem ser suficientes para cobrir todos os gastos incorridos e ainda

gerar lucros

Dessa forma, todo empreendimento deve ser visualizado como um sistema capaz de

multiplicar os recursos financeiros nele investidos e a contabilidade como um importante

sistema de informação para tomada de decisão.

6 O IBRACON (Instituto Brasileiro de Contadores) é uma pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, cujos principais objetivos são os de fixar princípios de contabilidade e elaborar normas e procedimentos relacionados com auditoria interna e externa. 7 A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) é uma autarquia federal, vinculada ao Ministério da Fazenda cujo objetivo é o de fiscalizar o mercado de capitais no Brasil.

48

O campo de aplicação da Contabilidade se estende a todas as entidades que possuam

patrimônio, sejam físicas ou jurídicas, com ou sem fins lucrativos, cujos objetivos podem ser

sociais e/ou econômicos.

A compreensão dos elementos financeiros e econômicos envolvidos é facilitada

através da descrição dos itens que provocam alterações no patrimônio da entidade (receitas e

despesas).

Os itens patrimoniais são representados pelos bens e direitos, que formarão o Ativo, as

obrigações, que formarão o Passivo, e o Patrimônio Líquido que é resultante da soma dos

bens e direitos, menos as obrigações. Este último também conhecido como riqueza própria, ou

situação líquida da entidade.

A seguir são apresentadas definições sobre os itens acima mencionados.

3.1 ATIVO, PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO AMBIENTAL

O patrimônio de uma entidade é composto pelos seus ativos, passivos e patrimônio

líquido. O ativo representado pelo conjunto de bens e direitos, o passivo composto pelas

obrigações e o patrimônio líquido que representará o valor resultante da soma entre bens e

direitos menos as obrigações. Em uma entidade que trabalha com itens ambientais, estes

componentes também formam o patrimônio. Porém, são classificados como Ativo Ambiental,

Passivo Ambiental e Patrimônio Líquido Ambiental.

Conforme Resolução CFC Nº 1.121/08, Ativo é um recurso controlado pela entidade

como resultado de eventos passados e do qual se espera que resultem futuros benefícios

econômicos para a entidade.

Este conceito também é aplicável ao meio ambiente, necessitando apenas determinar

que o ativo tenha por finalidade o controle, a preservação e a recuperação do meio ambiente.

Dessa forma, o ativo ambiental, pode ser conceituado como “recursos econômicos

controlados por uma entidade, como resultado de transações ou eventos passados, dos quais

se espera obter benefícios econômicos futuros, e que tenham por finalidade, o controle,

preservação e recuperação do meio ambiente” (RIBEIRO, 1999).

Sendo assim, o Ativo Ambiental representa benefícios econômicos, de natureza

ambiental, futuros e prováveis, obtidos ou controlados por uma dada entidade em

49

conseqüência de prevenção, recuperação, monitoramento e reciclagem. E neste caso

específico a lavoura de pinhão-manso representa um ativo ambiental, pois além desta planta

ser usada para preservação e recuperação de solos, produz matéria-prima indispensável para a

produção de biocombustível.

A Resolução CFC Nº 1.186/09 que trata dos Ativos Biológicos e Produtos Agrícolas,

conceitua Ativo Biológico como “animal e/ou planta, vivos”. Portanto, a cultura de pinhão-

manso pode ser considerada um ativo biológico, ou seja, um bem que comporá o patrimônio

da entidade.

Sobre o reconhecimento e mensuração deste ativo, e ainda conforme a Resolução CFC

Nº 1.186/09, apenas deve ocorrer quando: 01) a entidade controlar o ativo como resultado de

eventos passados; 02) for provável que benefícios econômicos futuros associados com o ativo

fluirão para a entidade; e 03) o valor justo ou o custo do ativo puder ser mensurado

confiavelmente.

Para mensuração deste ativo biológico foi considerada a instrução constante no item

18b da Resolução CFC Nº 1.186/09, que coloca que se não houver mercado ativo para este

ativo biológico a entidade deve adotar como procedimento para determinação do valor justo

“preços de mercado de ativos similares com ajustes para refletir diferenças”, ou “padrões do

setor” (18c). Sendo assim, foi considerado o valor do óleo bruto de soja para produção de

biodiesel (preços de mercado de ativos similares), como referência para determinação do

valor do óleo bruto de pinhão-manso.

Nas tabelas apresentadas no capítulo Estudo de Caso são elencados todos os itens que

formarão o Ativo Ambiental dos investidores, estes últimos aqui representados pelo pequeno

produtor rural que plantará pinhão-manso.

No tocante a Passivos, a Resolução CFC nº 1.121/08, conceitua como uma obrigação

presente da entidade, derivada de eventos já ocorridos, cuja liquidação se espera que resulte

em saída de recursos capazes de gerar benefícios econômicos.

Segundo Ribeiro e Lisboa (2000), passivos ambientais “são obrigações que exigirão a

entrega de ativos ou a prestação de serviços em um momento futuro, em decorrência das

transações passadas ou presentes e que envolveram a empresa e o meio ambiente”. Assim

sendo, observa-se que os resíduos da extração do óleo de pinhão-manso podem se tornar um

passivo ambiental, se não forem tratados e destinados ao bom uso. No entanto, sua torta pode

ser utilizada como adubo visto que é rica em proteínas e minerais, tais como fósforo, cálcio,

magnésio, sódio e potássio (Ferrão e Ferrão, 1981) e já esta sendo comercializada como tal

50

pela empresa Fursemann (Barbacena-MG), e quando decomposta em biodigestores produz

gás gerando calor e energia elétrica (GUBITZ e cols., 1999).

Mota (2003) salienta que ao sentir necessidade de registrar um valor como passivo

ambiental, deve-se fazer ressalva em nota explicativa e solicitar laudo técnico de profissional

na área com estimativas de valores e condições, pois o registro das exigibilidades ambientais

deve atender ao Princípio da Competência e da Prudência. O primeiro trata sobre o registro na

ocorrência do fato gerador e o segundo considera que o total registrado como exigibilidade

deverá ser uma estimativa do montante total da expectativa de gastos ambientais futuros (ou

melhor estimativa, se o montante atual não for conhecido).

Não foram feitos registros de passivos ambientais neste projeto, pois os resíduos

também serão comercializados.

No que diz respeito a formação do Patrimônio Líquido Ambiental a entidade deve

destinar uma parcela do seu Capital Social para aplicação em meio ambiente nas atividades de

prevenção, recuperação, monitoramento e reciclagem. Além disso, podem-se constituir

reservas para contingências ambientais.

De acordo com o informativo eletrônico IOB THOMPSON (1998), a contingência tem

“a característica da aleatoriedade, de poder ou não vir a acontecer, dependendo de situações

futuras”. Nos casos registrados nas exigibilidades (passivo), o que ocorre no futuro é apenas

um ato, pois o fato gerador ocorre no passado ou no presente; por isso, registra-se uma

provisão.

De acordo com Iudícibus, Martins e Gelbcke (2000), podem-se considerar como

contingências as perdas cíclicas de natureza variada, como fenômenos naturais que afetam as

operações e a rentabilidade da empresa, como casos de geadas ou secas, cheias, inundações e

outros fenômenos naturais que venham a ocorrer de forma cíclica ou prevista por órgãos

responsáveis por provisões atmosféricas. Nestes casos, constitui-se uma reserva financeira

com a finalidade de compensar, em exercício futuro, a diminuição do lucro decorrente de

perda julgada provável, cujo valor possa ser estimado. A reserva será revertida no exercício

em que deixarem de existir as razões que justificaram a sua constituição.

No caso da cultura do pinhão-manso determinado valor pode ser constituído enquanto

reserva de contingência para recuperação do solo visando uma fertilidade mais longa, assim

como também valores destinados para tratamento dos resíduos tóxicos, pois estes não podem

ser descartados de qualquer forma no meio ambiente, mas vale ressaltar que as reservas de

51

contingências apenas serão constituídas nos períodos que apresentarem resultado final

positivo.

Conforme Ferreira (2008), do ponto de vista legal, a constituição da reserva para

contingência é facultativa, devendo indicar a causa da perda prevista e justificar, com razões

de prudência que a recomendem. Podem servir como base as provisões de:

01 – redução de alíquotas de importação, pelo governo, de produtos similares aos que a

companhia fabrique no país;

02 – obsolescência de estoque, no caso do pinhão-manso, este não pode ser armazenado por

mais de sessenta dias;

03 – geadas, secas, enchentes;

04 – lançamentos de produtos que podem representar perda de mercado, como por exemplo, a

descoberta e uma oleaginosa com propriedades físico-químicas melhores que o pinhão-

manso;

05 – paralisação por um longo período das atividades da entidade, que pode ser provocada por

ataque de pragas e doenças na lavoura.

Para minimizar os riscos foi previsto nos cálculos valores destinados a compra de

fungicidas, herbicidas, inseticidas, dentre outros, mas não foram constituídas reservas de

contingências.

Para o cálculo dos valores envolvidos para implantação e manutenção da cultura de

pinhão-manso, assim como também para os cálculos da avaliação financeira, foram

considerados itens como custos, despesas, gastos, perdas e receitas como podem ser vistos nas

planilhas relacionadas na Lista de Tabelas.

A seguir serão apresentados estes conceitos para melhor compreensão dos mesmos.

3.2 CUSTOS E DESPESAS AMBIENTAIS (GASTOS AMBIENTAIS)

Custos, de acordo com Martins (2003), “são gastos relativos a um bem ou serviço

utilizado na produção de outro bem ou serviço e despesas são os bens ou serviços consumidos

direta ou indiretamente para a obtenção de receitas”.

Ribeiro (2005) conceitua custos como “a soma dos gastos com bens e serviços

aplicados ou consumidos na produção de outros bens”.

52

Neste trabalho foi aplicado o conceito de custo integral ou custo pleno. Para Bruni

(2008), quando custos e despesas são alocados aos produtos ou serviços, diz-se tratar de um

sistema de custos plenos ou integrais.

Padoveze (2004) descreve que o Custeio Pleno também chamado de Custeio Integral

pode ser considerado uma extensão do Custeio por Absorção, na medida em que se apropria

ao valor do produto não só os gastos industriais, como também todas as despesas, tais como

as com vendas e administração. Esta apropriação dos custos indiretos e despesas, também

ocorrem mediante a utilização de rateio ou pode-se utilizar a departamentalização.

Assim sendo, Custeio Pleno é um método que consiste na apuração total dos custos e

despesas de uma empresa, com vista à obtenção de um custo total do produto, mercadoria, ou

serviço. Uma variante deste método é a fixação do preço com base na alocação não somente

dos custos, mas também das despesas aos produtos, e em alguns casos, adicionando-se a

seguir a margem desejada de lucro.

De acordo com Backer e Jacobsen (1973), o método de Custeio Pleno pode ser útil na

cotação da lucratividade dos produtos e em decisões correspondentes aos preços de venda. A

principal vantagem deste método é que ele leva em conta todos os custos e as despesas

ocorridas em uma instituição, sem exceções o que gerará uma informação completa acerca da

formação do custo unitário.

Para Neves e Viceconti (2003) a vantagem deste método é que, dado qualquer

aumento de um item de custo ou despesa, é possível calcular o efeito do mesmo no preço do

produto, já que tudo é levado ao objeto de custeio.

Conforme o UN-ISAR (RIBEIRO, 2000), a ONU considera como custos ambientais

os gastos realizados para:

• Prevenir, reduzir ou reparar danos ao meio ambiente, danos esses resultantes das

atividades operacionais da empresa, ou necessários à conservação de recursos renováveis

ou não renováveis.

• Disposição de refugos (ou para evitá-los), proteção de águas, preservação ou melhoria da

qualidade do ar, redução de barulho, remoção de contaminação dos prédios, matéria-prima

ou processo de produção, ambientalmente saudáveis, etc.

Outras categorias de custos também são apresentadas por Ribeiro (1999), que destaca

como custos passíveis de identificação nas atividades ambientais de uma entidade:

• Todas as formas de amortização (depreciação, amortização e exaustão) dos valores

relativos aos ativos de natureza ambiental possuídos pela companhia;

53

• Aquisição de insumos próprios para controle/redução/eliminação de poluentes;

• Tratamento de resíduos dos produtos;

• Disposição dos resíduos poluentes;

• Tratamentos de recuperação/restauração de áreas contaminadas;

• Mão-de-obra utilizada nas atividades de controle/preservação/recuperação do meio

ambiente.

Para o cálculo de viabilidade financeira os valores gastos com a implantação do

viveiro de mudas de pinhão-manso e a formação da lavoura foram considerados como

investimento inicial a ser amortizado (gerencialmente) em dez anos.

3.3 RECEITAS E GANHOS AMBIENTAIS

Receita é definida na Norma Brasileira de Contabilidade (NBC T 1 - Estrutura

Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis) como aumento

nos benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma de entrada de recursos ou

aumento de ativos ou diminuição de passivos que resultam em aumentos do patrimônio

líquido da entidade e que não sejam provenientes de aporte de recursos dos proprietários da

entidade. As receitas englobam tanto as receitas propriamente ditas como os ganhos. A

receita surge no curso das atividades ordinárias da entidade e é designada por uma variedade

de nomes, tais como vendas, honorários, juros, dividendos e royalties.

Segundo a Resolução CFC Nº 1.187/09, Receita é o ingresso bruto de benefícios

econômicos durante o período proveniente das atividades ordinárias da entidade que resultam

no aumento do seu patrimônio líquido, exceto as contribuições dos proprietários.

Como operações periféricas ou incidentais, pode-se entender o valor ganho com a

comercialização da torta originará da extração do óleo de pinhão-manso.

Esse conceito destaca como principal diferencial entre receita e ganho a vinculação

desta à atividade operacional e de caráter recorrente, pois o ganho é tratado como um item

extraordinário, que pode ou não ocorrer.

No capítulo Estudo de Caso foram feitas avaliações que incluem e outras que excluem

o valor obtido com a venda da torta de pinhão-manso, com o objetivo de evidenciar a

representatividade deste item.

54

3.4 PERDAS AMBIENTAIS

Martins (2003) define perdas como, “bem ou serviço consumidos de forma anormal e

involuntária”. Nesta pesquisa, utiliza-se este conceito para definir as perdas ambientais apenas

quando estas não forem resultantes do processo operacional das atividades de caráter

ambiental e que não possam ser evitadas, tais como enchentes, queimadas e todas as

ocorrências provocadas por ações da natureza que não podem ser previstas e controladas.

Importante observar a região onde será implantada a cultura de pinhão-manso, pois

nos cálculos, nenhum valor foi considerado como previsão de perda, visto que não existem

registros anteriores de enchentes, geadas, queimadas, ou outras ações da natureza impossíveis

de ser previstas e controladas.

Elencados todos os gastos, receitas e outros aspectos operacionais tornou-se possível a

confecção das planilhas apresentas na lista de Tabelas no capítulo Estudo de Caso que

possibilitará a avaliação financeira deste projeto.

3.5 FLUXO DE CAIXA ESTIMADO E RESUMIDO

Conforme Matarazzo (2003, p.363), “fluxo significa movimento. Assim, fluxo de

caixa pode ser definido como movimento de caixa”. Seus principais objetivos são: 01) avaliar

alternativas de investimentos, 02) avaliar e controlar ao longo do tempo as decisões

importantes que são tomadas na empresa, com reflexos monetários, 03) avaliar as situações

presente e futura do caixa na empresa, posicionando-a para que não chegue a situações de

iliquidez, e 04) certificar que os excessos momentâneos de caixa estão sendo devidamente

aplicados.

A Lei 11.638/07 introduz a Demonstração de Fluxo de Caixa (DFC) como obrigatória

em função da facilidade de melhor entendimento da posição financeira da empresa, pois ajuda

a avaliar o potencial da empresa em gerar fluxos futuros de caixa, a honrar seus

compromissos, pagar dividendos e identificar sua necessidade de recursos financeiros

externos. A DFC evidencia as razões das diferenças entre o lucro líquido e as entradas

55

(recebimentos) e saídas (pagamentos), bem como os efeitos na posição financeira da empresa

resultante das transações financeiras e não financeiras.

A demonstração dos fluxos de caixa (DFC), segundo Gitman (1997), fornece um

resumo dos fluxos de caixa da empresa relativo às atividades operacionais, de investimento e

de financiamento durante um determinado período.

Na visão de Ferreira (2008) a DFC apresenta informações relevantes para o público

interessado em avaliar a capacidade da empresa de gerar disponibilidades (caixa e

equivalentes de caixa), bem com em identificar suas necessidades de utilização desses

recursos. Tais elementos também podem ser úteis quando se quer avaliar algo com base no

valor presente de seu fluxo de caixa. Outro aspecto importante da análise dos fluxos de caixa

reside no fato de que a geração de lucros não garante a sobrevivência de um empreendimento,

se não for conjugada com a capacidade de honrar seus compromissos em dia.

A gestão de caixa em uma entidade abrange as atividades de planejamento e controle

das disponibilidades financeiras. Em geral, as instituições que concedem crédito rural avaliam

o passado e projetam o desempenho futuro da empresa para tomar a decisão na estipulação e

na concessão do crédito. São analisados a viabilidade de um retorno de pagamento a curto

prazo por meio da DFC.

A maioria dos negócios agropecuários nos EUA considera apenas os recebimentos e

pagamentos para elaboração do fluxo de caixa buscando simplificá-lo e facilitar elaboração e

compreensão. Neste método o resultado (lucro ou prejuízo) é obtido subtraindo das vendas

recebidas às despesas pagas. Acréscimos nos estoques resultantes da atividade operacional,

como o crescimento da plantação, não são considerados ganhos neste método, mas a

acumulação de novas compras de insumos é considerada uma despesa do ano a partir do

momento do pagamento. Portanto, valores não desembolsáveis, tais como depreciação,

amortização e exaustão, são desconsiderados para os cálculos. Por este motivo o valor

destinado (gerencialmente) a amortização do investimento foi retirado e depois acrescido aos

cálculos, já que para o fluxo de caixa só interessa os valor desembolsáveis.

A exaustão, por exemplo, corresponde à perda do valor, decorrente da exploração de

direitos cujo objeto seja mineral ou florestal, ou bens aplicados nessa exploração. Não existe

consenso se as culturas agrícolas implantadas depreciam ou exaurem, mas a maioria dos

livros trazem o termo depreciação de culturas permanentes.

Não foi previsto um percentual para depreciação da cultura do pinhão-manso, pois

trabalhou-se apenas com projeções de fluxo de caixa. No entanto, o registro de itens não-

56

desembolsáveis, a exemplo da depreciação, permite que a empresa pague menos impostos,

devido à diminuição do lucro tributável. Alguns autores não definem a depreciação com uma

fonte de fundos, visto que esta é necessária ser prevista para posterior reposição do

imobilizado; entretanto, outros autores entendem que é uma fonte de fundos, no sentido de

que representa a “não utilização” de recursos. Desta forma foi justificada a amortização dos

investimentos iniciais nas planilhas financeiras e a ausência da depreciação.

O período de tempo no qual um ativo é depreciado afeta significativamente os fluxos

de caixa. Quanto mais curta for à vida útil, mas rapidamente o fluxo de caixa criado pela

baixa contábil da depreciação será recebido. Como os gestores financeiros tem pressa em

receber os fluxos de caixa, uma curta vida útil é preferida a uma vida útil mais longa. No

entanto, a empresa deve respeitar as exigências da legislação tributária ao determinar a vida

útil de um bem.

A depreciação na atividade rural é a apropriação ao resultado, da perda de eficiência

ou da capacidade de produção de bens tangíveis, componentes do Ativo Não-Circulante, que

servem à produção de vários ciclos operacionais. É o caso das culturas permanentes,

máquinas e equipamentos, tratores, gados reprodutores, animais de trabalho e outros bens que

são de propriedade da empresa. Para se estipular o percentual mensal ou anual desta perda,

leva-se em consideração o tempo de vida útil do bem.

Agrônomos e veterinários, técnicos agrícolas e outros profissionais da área, são os

mais indicados para estimarem a vida útil de culturas permanentes e animais, considerando

fatores como solo, clima, raças, qualidade da cultura, dentre outros. Máquinas, tratores e

demais implementos agrícolas, o próprio fabricante poderá informar a vida produtiva

provável.

A legislação fiscal, em especial a do imposto sobre a renda, não fixa taxas de

depreciação para bens rurais, deixando livre ao contribuinte a determinação destes prazos,

exigindo, no entanto, que fundamente como os estipulou.

Para elaboração dos fluxos de caixa deste projeto e em virtude de a legislação

tributária utilizar o Princípio da Competência, que conforme Resolução CFC nº 1.121/08

descreve no item 22 conforme abaixo, todas as receitas e despesas foram orçadas em

consonância com a data prevista de ocorrência.

A fim de atingir seus objetivos, demonstrações contábeis são preparadas conforme o regime contábil de competência. Segundo esse regime, os efeitos das transações e outros eventos são reconhecidos quando ocorrem (e não quando caixa ou outros recursos financeiros são recebidos ou pagos) e são lançados nos registros contábeis e

57

reportados nas demonstrações contábeis dos períodos a que se referem. As demonstrações contábeis preparadas pelo regime de competência informam aos usuários não somente sobre transações passadas envolvendo o pagamento e recebimento de caixa ou outros recursos financeiros, mas também sobre obrigações de pagamento no futuro e sobre recursos que serão recebidos no futuro. Dessa forma, apresentam informações sobre transações passadas e outros eventos que sejam as mais úteis aos usuários na tomada de decisões econômicas. O regime de competência pressupõe a confrontação entre receitas e despesas que é destacada nos itens 95 e 96. (Resolução CFC nº 1.121/08, p. 11-12).

As receitas estimadas (Tabela 13 - Receitas estimadas do 1o ao 4o ano de produção de

óleo bruto de pinhão-manso em lavoura de sequeiro.nesse estudo foram calculadas de acordo

com os dados de produtividade (Tabela 12 - Produtividade esperada para lavoura de sequeiro

em litro/planta, considerando-se um rendimento de óleo médio de 34 %apresentados por

Tominaga (2007) para lavoura de pinhão-manso em sistema de sequeiro. As tabelas de fluxo

de caixa, Tabela 14, Tabela 15, Tabela 16, Tabela 17, Tabela 18, Tabela 19, podem ser

verificadas no capítulo Estudo de Caso.

Conforme Buarque (1984), do ponto de vista de um empresário privado, pode-se

considerar que a avaliação financeira consistirá na observação de certos parâmetros que

indiquem o resultado do projeto em comparação com os seus custos e com outras alternativas

(outros projetos) disponíveis. Já no caso dos bancos privados, a avaliação considera

principalmente a capacidade de pagamento projetada para o negócio, e as garantias que os

empresários apresentam, através dos seus bens e da tradição de bom cumprimento dos seus

compromissos financeiros” (fluxo de caixa). A avaliação de projetos por organismos de

fomento tem a finalidade de:

a) Determinar se a empresa terá uma rentabilidade financeira e capacidade de pagamento que garantam o retorno do financiamento e do capital próprio empregado. b) Determinar se o projeto que solicita financiamento está de acordo com os objetivos macroeconômicos da nação (rentabilidade econômica) e ordená-los de acordo com a sua capacidade de contribuir para esses objetivos. (BUARQUE, 1984).

Para que se faça uma análise da viabilidade do projeto é necessário conhecer as

demonstrações financeiras projetadas. Para Braga (1989) estas sempre estarão associada a um

processo decisório. Cada agente abordará a empresa com determinado objetivo, e este

determinará a profundidade e o enfoque da análise. Obviamente, tudo o que disser respeito à

saúde financeira da empresa, representada pela sua liquidez (capacidade de pagar suas

dívidas) e rentabilidade, deverá interessar aos referidos agentes.

58

Assim, é essencial que a análise de um projeto seja realizada por equipes

multidisciplinares, definindo que a avaliação consiste em estudar a consistência e definir o

mérito do projeto, e que para isso os avaliadores devem dispor de uma metodologia e critérios

claramente definidos.

Portanto, para que esta análise seja executada de forma eficiente, recomenda-se o

cálculo da: 01) análise de solidez; 02) análise de consistência e 03) determinação do mérito

(privado e econômico).

3.6 ANÁLISE DE SOLIDEZ

Por análise de solidez entende-se um teste preliminar para determinar se o projeto

apresenta-se completo em todas as suas etapas, sem erros fundamentais e com coerência entre

as conclusões de cada fase. Para isso pode-se seguir uma lista básica de verificação dos

componentes e dos principais erros, tais como:

a) Capital Social da empresa incompatível com os investimentos projetados: este item não se

aplica ao projeto estudado porque o produtor declarou possuir capital inicial disponível

para investir.

b) Localização não viável devida à inexistência de matéria-prima, legislação proibitiva,

inacessibilidade, etc.: verificou-se a inexistência de qualquer fator proibitivo na avaliação

deste item.

c) Nível de produção incompatível com o estudo do mercado: o nível de produção é

compatível com o mercado, pois no cenário atual toda a matéria-prima para a produção de

biodiesel é absorvida.

d) A engenharia não apresenta os detalhes necessários: não se aplica, pois informações sobre

a cultura do pinhão-manso estão disponíveis em literatura da área, o que significa que

foram observadas as peculiaridades da cultura para realização das projeções.

e) Os custos e as receitas apresentam incoerências internas em relação com as demais etapas:

os custos e as receitas não mostraram incoerências quanto aos seus cálculos.

f) A rentabilidade é incompatível com os níveis normais da economia: estes resultados serão

apresentados no Estudo de Caso.

59

g) O estudo não se apresenta com os anexos necessários: não se aplica, pois os anexos e

apêndices referentes a este estudo foram apresentados.

3.7 ANÁLISE DE CONSISTÊNCIA

Segundo Buarque (1984), a análise de consistência resume-se na avaliação dos

seguintes itens:

a) Análise e correção da metodologia utilizada durante a elaboração: a metodologia foi

considerada adequada, pois no primeiro momento realizou-se um estudo sobre a

viabilidade financeira da implantação do viveiro de mudas de pinhão-manso ou aquisição

destas através de terceiros. Os cálculos mostraram que seria menos dispendioso implantar

o viveiro e produzir as mudas. Depois foram mapeados todos os itens indispensáveis para

implantação e manutenção da lavoura. Em seguida foi realizada a Análise CVL para

encontrar o ponto de equilíbrio, elaborado o fluxo de caixa e o estudo dos seguintes

resultados: valor presente, valor presente líquido, relação custo/ beneficio, taxa interna de

retorno e análise de sensibilidade.

b) Determinação da credibilidade das fontes e dos dados utilizados: os dados foram

considerados confiáveis, pois a fontes foram apresentadas no final do estudo e avaliadas

como fidedignas.

c) Teste cuidadoso do tratamento operacional utilizado: o processo operacional foi

considerado adequado após avaliação de uma equipe multidisciplinar.

d) Definição da consistência do projeto em suas diversas etapas: o projeto será considerado

consistente ou inconsistente dada à metodologia adotada. A metodologia foi relatada no

item 4 deste trabalho.

3.8 ANÁLISE DO MÉRITO DO PROJETO

Segundo Buarque (1984), a determinação do mérito do projeto é o ponto culminante

de todas as tarefas anteriores e a principal atividade dos avaliadores. Neste momento se

60

determinam relações entre os benefícios gerados e os custos imputados, e as possíveis

alternativas de obter melhores resultados com os mesmos custos em outros projetos. Alguns

autores classificam esta análise como Custo/ Benefício (B/C).

De forma sucinta o resultado do projeto pode ser dado pela comparação entre as

receitas obtidas e os gastos em toda sua vida útil.

O capítulo destinado à apresentação do Estudo de Caso apresentará informações

detalhadas sobre a viabilidade financeira deste empreendimento.

3.8.1 O mérito financeiro (rentabilidade privada)

Conforme Buarque (1984) há diferentes formas de medir o mérito ou a rentabilidade

privada de um projeto, tais como: 01) a rentabilidade simples; 02) o tempo de retorno do

capital; 03) a taxa interna de retorno e 04) o valor atual líquido. Estas metodologias foram

usadas e apresentadas a seguir:

3.8.1.1 Rentabilidade Simples

O critério mais utilizado para a medição de um investimento é a relação do lucro

médio provável que ele gerará em cada ano, pelo total desse investimento. A essa relação

denomina-se rentabilidade simples do projeto. Possui este nome porque é de fácil

determinação, a partir do conhecimento do orçamento de receitas e custos do projeto, num só

ano considerado básico e representativo de cada ano futuro de funcionamento da empresa.A

rentabilidade simples pode ser determinada em relação ao investimento total, em relação ao

capital próprio e, considerando o lucro antes ou depois de incluir as despesas que não são

desembolsadas, tais como a depreciação.

As principais desvantagens do uso da rentabilidade simples como instrumento

determinante na tomada de decisões de investir, são as seguintes: 01) supõe que a empresa

apresenta um quadro financeiro homogêneo durante toda a sua vida útil, de forma que o lucro

será constante; 02) não informa ao investidor sobre a soma total dos lucros recebidos durante

61

a vida útil da empresa; 03) não considera os efeitos do tempo sobre o valor do dinheiro

Buarque (1984).

Os resultados dos cálculos da rentabilidade simples podem ser verificados na

Tabela 20, Tabela 21, Tabela 22 e

Tabela 23 no capítulo Estudo de Caso.

3.8.1.2 Tempo de retorno do capital (payback)

Outro fator importante a ser avaliado ao analisar o mérito de um projeto é o período de

retorno do capital (payback). Este consiste em determinar quanto tempo é necessário para que

a empresa permita aos investidores recuperar o capital investido.

Leite (1994) argumenta que a grande vantagem do payback é sua simplicidade. É bem

fácil compreender a lógica deste método e isto garante uma considerável popularidade. Este

método consiste em escolher o projeto que proporcionar recuperação mais rápida dos recursos

desembolsados para sua implementação.

No entanto, esta metodologia também possui como problema o critério de recuperação

do valor investido, tampouco leva em conta a vida útil que possa ter o projeto além do tempo

necessário para o retorno. Como todo investimento é uma troca entre gastos presentes e

receitas futuras, uma comparação desse intercâmbio exige a utilização da atualização.

Na tentativa de minimizar os erros de projeções, foi calculado o payback simples e

descontado. Este último consiste em corrigir os fluxos de caixa através de um percentual

considerado razoável para atualização monetária. Portanto, trabalhou-se com 10% (custo de

oportunidade do capital) para correção dos valores e calculou-se o tempo de retorno do capital

considerando também o ganho com venda da torta (co-produto).

O tempo de retorno do investimento pode ser verificado na Figura 14 - Payback

simples e descontado, com e sem o ganho com a venda da torta.Capítulo Estudo de Caso.

62

3.8.1.3 Taxa Interna de Retorno (TIR)

Gitman (1997) conceitua a Taxa Interna de Retorno (TIR) como a taxa necessária para

igualar o valor de um investimento (valor presente) com os seus respectivos retornos futuros

ou saldos de caixa. Sendo usada em análise de investimentos significa a taxa de retorno de um

projeto.

A TIR é definida como a taxa de desconto que se iguala a valor presente das entradas

de caixa ao investimento inicial referente a um projeto. Esse critério permite que a empresa

avalie se conseguirá obter, pelo menos, sua taxa requerida de retorno. É também um dos

principais instrumentos na determinação do mérito do investimento, devido principalmente a

duas vantagens elecandas por Buarque (1984): 01) não apresenta as dificuldades dos demais

critérios de atualização, que exigem juízos sobre variáveis externas aos dados, como é o caso

das taxas de desconto; 02) pela semelhança entre o conceito da taxa interna de retorno e o

conceito tradicional de rentabilidade de um investimento. Assim, uma taxa interna de 10% de

um projeto pode ser facilmente comparada com muitos outros tipos de rentabilidade, tais

como a rentabilidade em títulos, rentabilidade de depósitos em poupança, dentre outras.

A TIR permite determinar se o investimento se justifica em relação à rentabilidade

geral da economia. Quando a TIR é usada para tomar decisões do tipo aceitar ou rejeitar

determinado projeto, adota-se o seguintes critério:

1. Se a TIR for maior que o custo de capital (custo de oportunidade), aceita-se o projeto;

2. Se a TIR for menor que o custo de capital, rejeita-se o projeto.

A chamada de taxa de desconto, custo de oportunidade ou custo de capital, refere-se

ao retorno mínimo que deve ser obtido por um projeto, de forma a manter inalterado o valor

da empresa. Nas planilhas financeiras deste estudo foi considerado um custo de oportunidade

de 10% (dez por cento) ao ano.

O custo de oportunidade do capital é um custo financeiro que equivale à perda que o

capital investido sofre por estar vinculado ao projeto e não pode ser investido em nenhuma

alternativa oferecida pelo mercado. O custo de oportunidade do capital também pode ser

definido como a taxa de rentabilidade que o capital pode ganhar na melhor alternativa de

utilização, além do projeto.

63

Segundo Brito (2006) dentro do mesmo ramo, investimentos iguais à taxa interna de

retorno são o melhor indicador do projeto. Fora dessas restrições, o melhor indicador é a

grandeza do Valor Presente, quando estão sendo comparados projetos diferentes.

Os resultados e interpretação dos dados são apresentados no item 5.2.3.10 do capítulo

Estudo de Caso.

3.8.1.4 Valor Atual líquido ou Valor Presente Líquido

No tocante ao Valor Presente Líquido (VPL), esta é considerada uma técnica

sofisticada de análise de orçamento de capital, pois considera o valor do dinheiro no tempo.

Quando o VPL é usado para tomar decisões do tipo aceitar ou rejeitar determinado

projeto, adota-se o seguintes critério:

1. Se o VPL for menor que zero, rejeita-se o projeto;

2. Se o VPL for maior que zero, a empresa obterá um retorno maior do que seu custo de

capital. Com isto, aumentará o seu valor de mercado.

Segundo Buarque (1984) sempre que o VPL estimado a uma taxa de desconto

correspondente ao custo de oportunidade do capital for superior a zero, o projeto apresenta um

mérito positivo.

O VPL é um bom coeficiente para a determinação do mérito do projeto, uma vez que

ele representa, em valores atuais, o total dos recursos que permanecem em mãos da empresa

ao final de toda a sua vida útil, ou seja, representa o retorno líquido atualizado gerado pelo

projeto.

Os valores encontrados no cálculo da VPL foram apresentados e interpretados no item

5.2.3.11 do capítulo Estudo de Caso.

No entanto, vale ressaltar que o VPL não é tomado, de maneira geral, como critério

básico para a determinação do mérito do projeto, devido a dificuldades em determinar o valor

exato da taxa de descontos a ser aplicada para a atualização dos valores.

3.9 ANÁLISE DO RISCO E DA INCERTEZA

64

Todo e qualquer projeto independente de sua etapa apresenta certo grau de incerteza,

pois nem todas as variáveis podem ser controladas. O papel do projetista é reconhecer as

incertezas intrínsecas e oferecer instrumentos de análise que permitam minimizar os erros e

avaliar o risco do investimento.

Os instrumentos considerados básicos para a análise do risco e da incerteza são: 01) o

ponto de equilíbrio e a 02) a análise de sensibilidade.

O cálculo e análise do Ponto de Equilíbrio advêm de uma metodologia da

Contabilidade Gerencial denominada Relação Custo/ Volume/ Lucro (CVL). Esta ferramenta

foi desenvolvida com o intuito de simplificar as hipóteses sobre os padrões de comportamento

dos gastos (fixos e variáveis) e da receita. Pode ser usada para examinar como várias

alternativas de simulação levadas em consideração por um tomador de decisão afetam o

resultado operacional.

O estudo das relações entre receitas (vendas), gastos e renda líquida (lucro líquido), é

denominado análise de custo-volume-lucro (CVL). Segundo Cardoso, Mário e Aquino (2007,

p. 125) esta análise CVL “propicia uma ampla visão financeira do processo de planejamento.

Ela examina o comportamento das receitas totais, dos gastos totais e do lucro à medida que

ocorre uma mudança no nível de atividade, no preço de venda ou nos gastos fixos”.

Para Buarque (1984, p. 180) “a determinação analítica do ponto de equilíbrio dá-se

quando as receitas se igualam aos custos”. Portanto, para estas análises não importa a

classificação fiel dos elementos conforme a contabilidade de custos.

Wernke (2005) mostra que o ponto de equilíbrio pode ser calculado de quatro formas:

1) Ponto de equilíbrio contábil (PEC): também conhecido como ponto de equilíbrio

operacional (PEO) ou break even point, informa a quantidade de produtos (metros, quilos,

litros, peças, etc.) que deve ser vendida para que o resultado do período seja nulo (não

haja lucro nem prejuízo). Para determinar essa quantidade, pode ser utilizada a fórmula:

Quadro 4 – Fórmula do Ponto de Equilíbrio Contábil

PEC = Custos Fixos $ / Margem de Contribuição Unitária $

Fonte: Perez (2005, p. 236)

A margem de contribuição (MC) segundo Padoveze (2004, p. 368) “representa o lucro

variável”. É a diferença entre o preço de venda unitário do produto e os custos e despesas

65

variáveis por unidade de produto. Significa que em cada unidade vendida à empresa lucrará

determinado valor. Multiplicado pelo total vendido, tem-se a contribuição marginal total, ou

margem de contribuição total, do produto para a empresa.

Neste estudo não foi calculada a MC unitária visto que para determinação analítica do

ponto de equilíbrio, onde há apenas um produto, não existe a necessidade de classificação dos

gastos entre fixos ou variáveis e o PEC se dará quando as receitas se igualam aos gastos

totais. Portanto, o PEC é o nível mínimo de produção e vendas para que o produtor rural não

tenha prejuízo.

O Ponto de Equilíbrio Contábil (PEC) ou Operacional é definido por Oliveira e Perez

Jr. (2005, p. 231) “como o nível de atividades necessárias para recuperar todas as despesas e

custos de uma empresa”. Pode ser utilizado para: 01) determinar o nível de atividades

necessárias para cobrir todas as despesas e custos, tanto fixos quanto variáveis; 02) avaliar a

lucratividade associada aos diversos níveis possíveis de vendas, ou seja, aos vários níveis

possíveis de atividades e 03) facilitar a análise dos efeitos sobre a lucratividade decorrente de

alterações nas despesas e custos fixos e variáveis, no volume de vendas, no preço de venda e

na distribuição relativa de linhas de produtos vendidos.

Os valores correspondentes ao PEC podem ser verificados na Tabela 24 no capítulo

Estudo de Caso.

2) Ponto de Equilíbrio Econômico (PEE): através deste cálculo pode ser determinada uma

meta de vendas que propicie um valor de lucro desejado. Para obter o PEE econômico (em

unidades), é necessário incluir o fator “lucro desejado” na fórmula anterior. Ou seja:

Quadro 5 - Fórmula do Ponto de Equilíbrio Econômico

PEE = (Custos Fixos $ + Lucro desejado $) / Margem Contribuição unitária $

Fonte: Perez (2005, p.236)

Os valores correspondentes ao PEE podem ser verificados na

Tabela 25, no capítulo Estudo de Caso onde os dados também foram interpretados.

3) Ponto de Equilíbrio Financeiro (PEF): este deve ser empregado quando se deseja conhecer

o volume de vendas (em unidades ou em $) que é necessário para pagar os custos e

66

despesas variáveis menos os custos fixos e os valores não desembolsáveis (ex.:

depreciação). Encontra-se este valor através da fórmula:

Quadro 6 - Fórmula do Ponto de Equilíbrio Financeiro

PEF = (Custos Fixos $ - valores não desembolsáveis + dívidas do período) /

Margem de Contribuição Unitária $

Fonte: Perez (2005, p.236)

Ou seja, o PEF indica o nível de produção em que a empresa incorre em desembolsos

efetivos. Ressalta-se que há prejuízo, mas não há necessidade de desembolso, uma vez que os

recursos reservados para itens não desembolsáveis cobrem as perdas operacionais.

Oliveira e Perez Jr. (2005, p. 236) escreve que o Ponto de Equilíbrio Financeiro (PEF)

reflete:

[...] o nível de produção e vendas em que o saldo de caixa é igual a zero. Representa a quantidade de vendas necessária para cobrir os gastos desembolsáveis tanto operacionais quanto não operacionais. No PEF, a empresa apresenta prejuízo contábil e saldo de caixa zero. (OLIVEIRA e PEREZ JR., 2005, p. 236).

Os valores correspondentes ao PEF podem ser verificados na Tabela 26, no capítulo

Estudo de Caso.

4) Ponto de equilíbrio em valor: quando usadas as três fórmulas acima serão encontradas as

unidades que precisam ser vendidas em cada situação. Para encontrar o valor monetário

do ponto de equilíbrio, basta substituir na fórmula a margem de contribuição em valor,

pela margem de contribuição em percentual.

Apesar de todas as informações relevantes fornecidas através destes cálculos, vale

ressaltar que o ponto de equilíbrio também apresenta suas restrições.

Padoveze (1994), deixa evidenciado que o cálculo do ponto de equilíbrio é uma

técnica para uso na gestão de curto prazo, porque não se pode pensar num planejamento de

longo prazo para uma empresa que não dê resultado positivo e que não remunere os

investidores.

Santos (1995) relaciona limitações da análise do ponto de equilíbrio quando menciona

que devem ser levados em consideração os seguintes pontos:

67

1. Variações de um componente: considerar mudança no preço sem a influência nos demais

componentes. Na realidade, quando muda um componente, geralmente muda outro;

2. Custos fixos e variáveis: costumeiramente o comportamento do custo fixo não é tão

constante e o custo variável tem certos aspectos que não variam sempre

proporcionalmente ao volume;

3. Análise estática: as próprias dificuldades existentes na montagem dos dados para a análise

não levam em consideração todo dinamismo envolvido nas empresas e no dia-a-dia dos

negócios. A inflação é um fator de difícil controle e influencia por completo toda

evolução dos dados, por este motivo foi calculado os fluxos de caixas corrigidos a um

percentual de 10% (custo de oportunidade do capital) e também foram feitas análises de

sensibilidade do projeto.

A análise de sensibilidade, segundo Buarque (1984, p. 182) “consiste em definir a

rentabilidade do projeto em função de cada uma de suas variáveis, e observar a variação que

ocorre na rentabilidade para cada alteração nas variáveis, determina em que medida um erro

ou modificação de uma das variáveis incide nos resultados finais do projeto”.

Importante ressalvar que tanto no cálculo da rentabilidade como na determinação do

ponto de equilíbrio, utilizam-se das informações como certas e constantes e isso dificilmente

ocorre, já que todos os dados utilizados num projeto são apenas valores aproximados de uma

realidade que muda, ou seja, cada uma das variáveis sofre mudanças com o tempo, alterando-

se entre a realização do estudo, a implementação e o funcionamento do projeto.

A fórmula mais simples para calcular a sensibilidade do projeto e depois comparar

com as variações ocorridas após a alteração dos dados é:

Quadro 7 - Fórmula para Análise de Sensibilidade

r = (R – C) / I Fonte: Buarque (1984, p.182).

Onde: r = rentabilidade

R = receitas

C = custos

I = Investimentos

O procedimento da análise de sensibilidade pode ser resumido nas seguintes etapas:

a. Escolher o coeficiente a sensibilizar (fator que será alterado);

68

b. Determinar a expressão do coeficiente sensibilizado em função dos parâmetros e

variáveis escolhidas;

c. Preparar um programa de computação que permita a obtenção dos resultados a partir

da introdução dos valores dos parâmetros na expressão (neste trabalho foi usadas

planilhas de Excel para todos os cálculos);

d. Introduzir variações num ou mais parâmetros e verificar de que forma e em que

proporções essas variações afetam os resultados finais;

e. Como ponto de referência deve-se tomar os valores “normais” determinados no estudo

do projeto.

A orientação a seguir deve ser:

a. Calcula-se o resultado final escolhido, tomando por base os valores normais do estudo

do projeto;

b. Altera-se depois o valor de um ou mais parâmetros, por exemplo, 10% do valor

“normal” das variáveis a sensibilizar. De preferência deve-se tomar valores

pessimistas em relação à rentabilidade: elevação para os custos, redução para as

vendas, atendendo assim a Resolução nº 750/93, do Conselho Federal de

Contabilidade, que estabelece em seu Artigo 10 que:

[...] “O Princípio da PRUDÊNCIA determina a adoção do menor valor para os componentes do ATIVO e do maior para os do PASSIVO, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido. Introduzem-se os novos valores na expressão, mantidos constantes os demais parâmetros.” (RESOLUÇÃO CFC Nº 750).

c. O novo resultado é então comparado com o seu valor normal;

d. O projeto é tanto mais seguro quanto menos varia o resultado final;

e. Os parâmetros cuja influência é notória devem merecer um estudo cuidadoso. Da

mesma forma ser acompanhado criteriosamente durante seu funcionamento.

Algumas variáveis foram alteradas para o cálculo da sensibilidade do projeto. Os

dados e suas respectivas interpretações são apresentadas na

Tabela 27, Tabela 28, Tabela 29 e na Tabela 30.

69

4 METODOLOGIA

Para Gil (1999, p. 42), a pesquisa tem um caráter pragmático. É um “processo formal

e sistemático de desenvolvimento do método científico. O objetivo fundamental da pesquisa é

descobrir respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos científicos”,

também conhecidos como métodos científicos.

Método científico é o conjunto de processos ou operações mentais que se devem

empregar na investigação. É a linha de raciocínio adotada no processo de pesquisa. Os

métodos que fornecem as bases lógicas à investigação são: dedutivo, indutivo, hipotético-

dedutivo, dialético e fenomenológico (GIL, 1999; LAKATOS e MARCONI, 1993).

Neste trabalho se fez uso do Método Dedutivo, proposto pelos racionalistas Descartes,

Spinoza e Leibniz que pressupõe que só a razão é capaz de levar ao conhecimento verdadeiro.

O raciocínio dedutivo tem o objetivo de explicar o conteúdo das premissas. Por intermédio de

uma cadeia de raciocínio em ordem descendente, de análise do geral para o particular, chega a

uma conclusão. Usa o silogismo, construção lógica para, a partir de duas premissas, retirar

uma terceira, decorrente das duas primeiras, denominada de conclusão (GIL, 1999;

LAKATOS; MARCONI, 1993).

Do ponto de vista da sua natureza esta pesquisa pode ser classificada como Pesquisa

Aplicada, visto que objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática e dirigidos à solução

de problemas específicos, envolvendo verdades e interesses locais.

70

Sobre a forma de abordagem do problema trata-se de uma Pesquisa Quantitativa, pois

considera que o que foi avaliado é quantificável, o que significa traduzir os números em

informações para analisá-las. Requer o uso de recursos e técnicas estatísticas, assim como

também de conceitos específicos, tais como os advindos da Administração Financeira,

Contabilidade, Economia e Agronomia utilizados neste trabalho.

Avaliando os objetivos traçados nesta pesquisa, o trabalho pode ser classificado como

Pesquisa Exploratória (GIL, 1991) uma vez que visa proporcionar maior familiaridade com o

problema com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses. Envolve levantamento

bibliográfico, análise de exemplos que estimulem a compreensão, dentre outros. Assume, em

geral, as formas de Pesquisas Bibliográficas e Estudos de Caso.

Segundo Silva (2008, p. 53), “para definir a metodologia que será utilizada para a

pesquisa, fazem-se necessários os seguintes questionamentos: como, com o que ou com

quem, onde?”. Assim sendo, estes quesitos foram abaixo respondidos.

O estudo foi realizado em uma propriedade rural do distrito de Vitória da Conquista

situado na Região Sudoeste da Bahia, com latitude 15,95° sul e longitude 40,88° oeste (Erro!

Fonte de referência não encontrada.. Sua altitude é de 839 metros acima do nível do mar.

Possui uma precipitação anual média de 732 mm, e temperatura média de 20,2 °C. Ocorre

neblina no inverno e a temperatura mínima pode chegar a 11° C, região propicia a deficiência

hídrica entre os meses de junho a outubro.

Figura 11 - Foto retirada na propriedade rural deste estudo de caso. Fonte: Dados da pesquisa.

71

Os cálculos foram realizados considerando uma área de 5 hectares, pois, o estudo

nessa dimensão do terreno, possibilita obter uma idéia de um incremento financeiro

significativo na renda familiar. Dessa maneira o restante da propriedade ficaria disponível

para as demais atividades agrícolas e pecuárias. Com essa diversificação a economia da

família torna-se menos vulnerável aos possíveis riscos inerentes à dinâmica do mercado.

Neste trabalho foi aplicado o conceito de custo integral ou custo pleno. Para Bruni

(2008, p. 27), “quando custos e despesas são alocados aos produtos ou serviços, diz-se tratar

de um sistema de custos plenos ou integrais”.

Para confecção das planilhas de gastos, estabeleceu-se parceria com um engenheiro

agrônomo que após visita a propriedade rural, coletou amostras de solo para análise, e depois

dos resultados, relacionou os itens e suas respectivas quantidades necessárias para

implantação do viveiro de mudas de pinhão-manso e implantação e manutenção da lavoura.

Para estudo dos resultados uma das metodologias utilizadas foi à relação Custo/

Volume/ Lucro (CVL) que abrange os cálculos de margem de contribuição, ponto de

equilíbrio e margem de segurança, dando ênfase ao cálculo e análise dos Pontos de Equilíbrio.

Conforme sugerido por Buarque (1984), para o cálculo do ponto de equilíbrio, basta

igualar as receitas ao custo de produção de forma que o resultado final seja igual a zero, o que

significa que não haverá nem lucro nem prejuízo. Sendo assim, calculou-se os gastos

operacionais de cada período (ano) e dividiu-se pelo valor do litro de óleo bruto de pinhão-

manso comercializado no mercado em novembro de 2008, orçado no endereço eletrônico da

Revista Biodieselbr (www.biodieselbr.com).

Os gastos com insumos, mão-de-obra, serviços, materiais e operações mecanizadas,

foram orçados no mercado local através de ligações telefônicas.

O valor gasto com energia elétrica foi orçado no endereço eletrônico da COELBA –

Grupo Neoenergia (www.coelba.com.br) em Janeiro de 2009.

O valor gasto com a água foi orçado no endereço eletrônico da Empresa Baiana de

Água e Saneamento S.A. (Embasa - www.embasa.com.br), em Janeiro de 2009, tarifa

destinada a abastecimentos realizados em propriedades rurais.

A extração do óleo bruto de pinhão-manso foi calculada como atividade terceirizada,

visto que o pequeno produtor rural não dispõe de capital disponível para imobilizar na

aquisição de máquinas e equipamentos. A empresa Granjatec, localizada no Estado de São

Paulo, presta este serviço como pode ser verificado em seu endereço eletrônico

www.granjatec.com.br.

72

Para o cálculo das receitas foi estimado um rendimento de óleo bruto de pinhão-manso

na ordem de 34% sobre a produção do respectivo ano, extração realizada apenas de forma

mecânica, o que reduz os gastos financeiros com este processo.

O valor da comercialização do co-produto (torta) também foi acrescido aos fluxos de

caixa visto que promoveu uma melhoria nos resultados finais. O valor da torta de pinhão-

manso esta sendo comercializada pela empresa Fusermann (Barbacena – MG) e seus

incrementos podem ser observados na Tabela 14 - Fluxo de Caixa estimado e resumido do

Ano 0 ao Ano 3.Tabela 15 - Fluxo de Caixa estimado e resumido do Ano 4 ao Ano 7.Tabela

16 - Fluxo de Caixa estimado e resumido do Ano 8 ao Ano 10 e Acumulado.

A Análise de Sensibilidade do projeto foi calculada diminuindo das receitas os gastos

em seus receptivos anos e dividindo o resultado pelo valor do investimento. Esta análise foi

feita com e sem a receita proveniente do ganho com a comercialização da torta de pinhão-

manso.

Foi calculado também o valor presente, o valor presente líquido, o custo/benefício

com uma taxa de oportunidade de 10% e, a taxa interna de retorno. Os resultados subsidiaram

as discussões e conclusões deste trabalho.

73

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados obtidos nesse estudo foram reunidos e discutidos no Estudo de Caso

intitulado "Análise de viabilidade financeira do plantio de pinhão-manso no Semi-Árido

baiano voltado para produção de biodiesel: Estudo de caso em uma propriedade rural em

Vitória da Conquista – Ba.”, apresentado a seguir:

5.1 APRESENTAÇÃO DO ESTUDO DE CASO

No período de junho de 2008 à junho de 2009 foi realizado o Estudo de Caso "Análise

de viabilidade financeira do plantio de pinhão-manso no Semi-Árido baiano voltado para

produção do biodiesel: Estudo de caso em uma propriedade rural em Vitória da Conquista –

Ba.”, sendo apresentado ao produtor conforme documento assinado (ver Apêndice 9.1)

Este estudo foi realizado em uma propriedade rural do distrito de Vitória da Conquista

situado na Região Sudoeste da Bahia, com latitude 15,95° sul e longitude 40,88° oeste (Erro!

Fonte de referência não encontrada.). Sua altitude é de 839 metros acima do nível do mar.

Possui uma precipitação anual média de 732 mm, e temperatura mensal média de 20,2 °C.

Ocorre neblina no inverno e a temperatura mínima pode chegar abaixo de 11° C, região

propicia a deficiência hídrica entre os meses de junho a outubro.

5.2 ESTUDO DE CASO

5.2.1 Implantação da cultura de pinhão-manso em uma propriedade rural de Vitória da

Conquista-BA.

5.2.2 Aspectos técnicos do pinhão-manso e seu cultivo

74

O pinhão-manso - Jatropha curcas L. - pertence à família das Euforbiáceas, que

possui mais de 70 espécies (SHAH, 2005). É encontrada na forma nativa nos países tropicais

e subtropicais, tais como na América do Sul, China e Índia (OPENSHAW, 2000).

É um arbusto grande, de crescimento rápido, cuja altura é de dois a três metros, mas

pode alcançar até cinco metros em condições especiais e suporta bem climas áridos e semi-

áridos (HELLER, 1996), como ocorre em boa parte do país, principalmente na região

nordeste, sendo praticamente inexistente em regiões de elevada umidade, como no caso da

região Amazônica (DEHGAN e SCHUTZMAN 1994).

Sua torta pode ser utilizada como adubo visto que é rica em proteínas e minerais, tais

como fósforo, cálcio, magnésio, sódio e potássio (FERRÃO e FERRÃO, 1981) e quando

decomposta em biodigestores produz gás gerando calor e energia elétrica. Seu plantio tem

sido utilizado na prevenção da erosão de solos e formação de cercas vivas (GUBITZ e cols.,

1999). Segundo um relatório da Empresa de Pesquisas Agropecuárias de Minas Gerais

(EPAMIG), um dos primeiros estudos feitos no Brasil sobre a espécie, a cultura do pinhão-

manso poderia ser consorciada com o feijão, o arroz, o milho e também com a mamona,

suprindo a produção até o pinhão-manso entrar em franca produtividade.

O óleo bruto de pinhão-manso tem sido utilizado em alguns países na produção de

sabão e cosméticos e atuou como substituto de parafina/diesel durante a Segunda Guerra

Mundial (KUMAR e SHARMA, 2008). Porém, o seu uso, enquanto óleo bruto, como

combustível demonstrou não ser adequado devido principalmente a alta viscosidade.

Atualmente uma das principais perspectivas econômicas para o pinhão-manso é a utilização

do óleo como matéria-prima para produção de biodiesel, o que tem sido incentivado pelo

governo federal brasileiro. Os teores de óleo nas sementes de pinhão-manso variam de acordo

com a região de cultivo e também de acordo com o método de extração utilizado. No Brasil

esses teores podem ser: 33 à 34% pela extração mecânica; 38 à 40% pela extração mecânica +

química e 58 à 60% pela extração de óleo somente de albúmem.

No entanto, existem poucos estudos técnico-científicos que permitam fazer previsões

seguras acerca do sucesso do cultivo de pinhão-manso em determinadas regiões do país e

dessa forma, mais difícil ainda se torna saber qual a rentabilidade que o produtor rural terá

caso utilize sua área agricultável para o plantio desta oleaginosa.

Para se iniciar um cultivo faz-se necessário primeiro conhecer quais os métodos de

propagação do vegetal. No caso do pinhão-manso tem-se: 01) mudas de sementes, 02) mudas

feitas de estacas, 03) mudas clonadas e 04) semeadura direta. Optou-se pela produção de

75

mudas com sementes, em saquinhos plásticos de 15 cm x 28 cm, por essa planta apresentar

um sistema radicular pivotante o que proporciona maior possibilidade de pegamento,

alcançando maiores profundidades no solo, explorando um volume maior de terra, ampliando

assim sua capacidade de absorção de água e nutrientes.

Outro aspecto importante é que o estudo realizado tratou da implantação do pinhão-

manso em lavoura de sequeiro, visto também que na maioria das vezes o pequeno agricultor

familiar não tem condições financeiras para irrigar a lavoura.

As plantas de pinhão-manso, conduzidas sob irrigação por sulco, no Norte de Minas

Gerais, produziram 2500 kg de sementes/ha, com 18 meses de idade; enquanto que plantas

com a mesma idade, conduzidas em condições de sequeiro na região de Felixlândia (região

central de Minas Gerais), produziram apenas 500 kg de sementes/ha (DRUMMOND e cols.,

1984). Saturnino e cols. (2005) sugerem três a quatro irrigações por mês, durante o verão para

estimular o crescimento e aumentar a produtividade de óleo.

Na Tabela 5 - Produtividade esperada por ha/ano da lavoura de pinhão-manso em

sistema de produção sequeiro (por planta).tem-se a produtividade esperada por ha/ano da

lavoura de pinhão-manso cultivada em sistema de sequeiro obtida a partir da produção de

Tominaga (2007 – NNE MINAS AGRO-FLORESTAL LTDA - Empresa vendedora de

sementes), pioneiro no cultivo de pinhão-manso e hoje um dos principais fornecedores de

suas sementes no país.

O uso de cobertura morta, debaixo das plantas e nas entrelinhas é recomendável, pois

diminui a perda de água do solo, conservado sua umidade e reduzindo a necessidade de

irrigação.

É necessário também realizar a previsão de investimentos e análise financeira para um

projeto de implantação da lavoura de pinhão-manso. Todo projeto nasce com a necessidade de

investimentos e o produtor agrícola deve estar ciente disso. De acordo a Contabilidade de

Custos e segundo Martins (2003) investimento pode ser conceituado como “gasto ativado em

função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a futuro(s) período(s)” e a partir desses

investimentos calculados é que o produtor rural poderá então decidir ou não pela implantação

da cultura, em vista dos possíveis lucros ou prejuízos que possa vir a ter.

5.2.3 Aspectos financeiros da implantação da cultura do pinhão-manso

76

5.2.3.1 Implantação do viveiro de mudas de pinhão-manso

Para a avaliação financeira da implantação do viveiro de mudas de pinhão-manso se

comparou o custo unitário de produção da muda com o valor que o produtor pagaria caso

tivesse que adquirí-la de terceiros.

O detalhamento dos investimentos e gastos do projeto pode ser assim apresentado:

1 - Os cálculos foram realizados considerando uma área de 5 hectares, pois, o estudo nessa

dimensão do terreno, possibilitaria obter uma idéia de um incremento financeiro, que seria

significativo na renda familiar, sendo necessárias 8750 mudas para plantar 5 ha. Dessa

maneira o restante da propriedade ficaria disponível para as demais atividades do sítio,

agrícolas e/ou pecuárias. Com essa diversificação a economia da família tornar-se-ia menos

vulnerável aos possíveis riscos inerentes à dinâmica do mercado;

2 – Foram adquiridos sete quilos e meio de sementes de pinhão-manso. O valor do quilo da

semente foi orçado em R$ 30,00 (trinta reais) junto a NNE Minas Agro Florestal, em janeiro

de 2009 e representa aproximadamente 1.200 mudas. Optou-se pelo espaçamento 3 metros

entre linhas e 2 metros entre plantas. Logo, 10.000m2/6m2 = 1.666.666 planta/há x 5ha =

8.333.333 plantas + 5% de reserva de segurança (416.666) = 8750 sementes. Nos cálculos

foram previstos a compra de 5% a mais de sementes para a produção das mudas, caso ocorra à

necessidade de replantio. Sendo assim, seria necessária então a aquisição de 9.000 (nove mil)

sementes de pinhão-manso;

3 – Os itens que formaram o total gasto com insumos são: sementes, frete das sementes,

consumo de água, compostos para produção do substrato (adubo Superfosfato Simples,

cloreto de potássio, calcário, esterco de gado curtido) e isca para formiga;

4 – Foram produzidos 17,5 m3 de substrato para a preparação de 8.750 mudas, composto de

esterco de gado curtido, adubo Superfosfato Simples e cloreto de potássio com as seguintes

proporções para cada 1.000 mudas: 0,5 m3 de terra, 0,25 m3 de esterco de curral, 3,8 kg de

Superfosfato Simples e 0,6 kg de Cloreto de Potássio. No entanto, ressalta-se que é necessário

um estudo das características e histórico de cada solo para melhor determinar a proporção de

substrato. O solo que ocorre na região é o latossolo vermelho-amarelo (LV), uma classe de

caracterizada por apresentar avançado estágio de intemperização, ser profundo, acima de 2

metros, excelentes para culturas arbóreas, de baixa fertilidade natural, o que requer práticas de

77

adubações e correções químicas. Em geral a textura é média, bem estruturado, o que facilita a

mecanização e a drenagem da água, de irrigação ou chuva. O relevo suave ondulado;

5 – Como atividades desenvolvidas pelo agricultor familiar, e, portanto, não somada aos

gastos para implantação deste viveiro tem-se: mão-de-obra para controle de formigas, preparo

do local, construção do viveiro, retirada de terra do solo para preparo do substrato,

enchimento de sacolas, semeadura, irrigação (viverista);

6 – Como mão-de-obra contratada, tem-se os gastos com: análise química do solo, análise

nematológica do esterco, análise nematológica do solo, acompanhamento técnico e despesas

com visitas;

7 – Optou-se por um viveiro para mudas de 60 dias, usando sacos plásticos 15 cm x 28 cm. A

irrigação do viveiro consiste em: até o 10º dia - duas vezes por dia, às 09h e às 16h, depois do

11º dia até o 20º dia - uma vez por dia, às 09h. Do 21º dia até o transplante: molhar suficiente

para não murcharem as mudas. A quantidade de água usada no viveiro foi assim calculada: 0,

02 m3 é necessário para molhar 1m2, logo para molhar 30m2 (área do viveiro) serão

necessários 0,63m3 x 70 regas = 42m3 + 30% como medida de segurança, tem-se, 52,5 m3 a

R$ 0,73 (setenta e três centavos) por m3 cobrado pela Empresa Baiana de Água e Saneamento

S.A. (Embasa) em Janeiro de 2009;

10 – Foram calculados 5% do valor total dos gastos em todas as etapas da implantação desta

cultura visando atender a despesas eventuais;

11 – Os itens que compuseram o centro de custos Imobilizado na implantação do viveiro, e

que conseqüentemente, serão usados em outras fases da lavoura são: uma torneira, duas

enxadas, dois pulverizadores costais, dois canos de PVC, dois equipamentos de proteção

individual (EPI), 10 m de mangueira, um carrinho de mão, uma caixa d’água e dois regadores.

Todos os itens mencionados são apresentados na Tabela 6 com seus respectivos

valores.

Tabela 6 - Gastos com implantação do viveiro de mudas de pinhão-manso.

Descrição Unid. Quant. V. unit. Vl. Total

INSUMOS - 17,5m³ de substrato

Sementes Kg 7,5 R$ 30,00 R$ 225,00

Frete das sementes

R$ 50,00 R$ 50,00

Consumo de água m³ 52,5 R$ 0,73 R$ 38,33

Super Simples sac 2 R$ 51,00 R$ 102,00

78

Cloreto de Potássio kg 14 R$ 3,00 R$ 42,00

Calcário sac 0,5 R$ 7,00 R$ 3,50

Esterco de gado curtido m³ 6 R$ 30,00 R$ 180,00

Isca para formiga kg 1 R$ 7,00 R$ 7,00

Sub - Total

R$ 647,83

MÃO-DE-OBRA E SERVIÇOS

Análise química do solo Unid. 1 R$ 25,00 R$ 25,00

Análise nematológica do esterco Unid. 1 R$ 30,00 R$ 30,00

Análise nematológica do solo Unid. 1 R$ 30,00 R$ 30,00

Acompanhamento técnico visita 1 R$ 465,00 R$ 465,00

Energia Elétrica kwh 73 R$ 0,13 R$ 9,49

Despesas de visitas visita 8 R$ 25,00 R$ 200,00

Sub - Total

R$ 759,49

MATERIAIS (Imobilizado Viveiro e Lavoura)

Saquinhos (15cm x 28cm) Milheiro 9 R$ 20,00 R$ 180,00

Torneira Unid. 1 R$ 1,50 R$ 1,50

Enxada Unid. 2 R$ 6,00 R$ 12,00

Pulverizador costal Unid. 2 R$ 85,00 R$ 170,00

Cano de PVC barra 2 R$ 18,00 R$ 36,00

EPI Unid. 2 R$ 55,00 R$ 110,00

Mangueira(10m) M 1 R$ 15,00 R$ 15,00

Carrinho de mão Unid. 1 R$ 78,00 R$ 78,00

Caixa d'agua m2 1 R$ 180,00 R$ 180,00

Regador Unid. 2 R$ 5,00 R$ 10,00

Sub - Total R$ 792,50

Total R$ 2.199,82

Gastos eventuais (5%) R$ 109,99

Total gastos Implantação do Viveiro de Mudas R$ 2.309,81

Valor da muda R$ 0,29

Valores calculados para produção de 8750 mudas, com 5 % de reserva, o que equivale a 9000 sementes, valor necessário para plantação em 5 ha em lavoura de sequeiro, com espaçamento 3 metros entre linhas e 2 metros entre plantas. Fonte: Dados da pesquisa.

Com base nos cálculos apresentados na Tabela 6 tem-se um custo de produção por

79

muda inferior a R$ 1,00 (um real) valor comercializado no mercado, sem considerar o frete,

pois este vai depender da distância entre o comprador e o fornecedor. Logo, é viável a

implantação do viveiro de mudas de pinhão-manso nas quantidades e condições acima

mencionadas.

5.2.3.2 Gastos com a formação da lavoura de pinhão-manso

Para formação da lavoura faz-se necessária a preparação do solo e essa deve ser

realizada através de operações mecanizadas que incluem:

• Calagem: visa corrigir a acidez e eliminar a toxidez de alumínio e manganês, além de

ofertar para as plantas cálcio e magnésio também promove maior disponibilidade de

nutrientes, especialmente fósforo. Deve ser realizada de dois a três meses antes do plantio,

para que haja tempo do calcário reagir com o solo. Deve-se distribuir o calcário de maneira

uniforme, nos primeiros 20 cm de profundidade, sendo metade da aração e o restante antes da

gradagem;

• Aração: objetiva revirar a terra para descompactá-la e, assim, melhorar as condições

para o desenvolvimento das raízes das plantas. Antecede a semeadura e permite maior

arejamento do solo e a mistura de nutrientes;

• Gradagem: realizada após a aração é uma técnica de limpeza de uma área com

implemento agrícola chamado grade, que consiste em cortar e enterrar a vegetação (torrões)

que não foram removidos após a aração, deixando o terreno mais uniforme facilitando o

estabelecimento da cultura.

Para o cálculo de gastos com a formação da lavoura foram considerados além das

operações mecanizadas, as operações manuais, os insumos e serviços como segue:

1 – Foram utilizadas cinco h/máq. para realização da calagem, dezoito h/máq. para realização

da aração, cinco h/máq. para realização da gradagem, quatro h/máq. adubação básica

(distribuição de adubo), oito h/máq. para a operação de transplante contratando uma carreta

para este serviço e vinte e quatro h/máq. para primeira rega utilizando-se de um trator alugado

com pipa acoplado;

2 – Nas operações manuais foram gastos R$ 25,00 (vinte e cinco reais) para um profissional

terceirizado coletar a amostra de solo;

3 – Com os insumos foram gastos: quinze toneladas de calcário, trinta e três sacos de adubo

80

NPK (4-14-8) e cinco quilos de iscas para formigas;

4 – Com serviços de terceiros foram contratados: duas análises de solo, três visitas para

assistência técnica e energia elétrica para retirada de água do poço, pagando por este serviço o

valor correspondente ao consumo mínimo de energia elétrica no mês.

Todos os itens mencionados são apresentados na Tabela 7 com seus respectivos

valores

Tabela 7 - Gastos orçados no primeiro ano para a formação da lavoura de pinhão-manso.

1º Ano - Formação da Lavoura

Operações Mecanizadas Unid. Qtde. Vl. Unit Vl. Total

Calagem h/máq. 5 R$ 60,00 R$ 300,00

Aração h/máq. 18 R$ 60,00 R$ 1.080,00

Gradagem h/máq. 5 R$ 60,00 R$ 300,00

Adubação básica( distribuição de adubo) h/máq. 4 R$ 15,00 R$ 60,00

Operação de transplante (Carreta) h/máq. 8 R$ 15,00 R$ 120,00

Primeira Rega (com pipa) h/máq. 24 R$ 15,00 R$ 360,00

Sub-total Operacões Mecanizadas R$ 2.220,00

Operações Manuais

Coleta de amostra de solo Diárias 1 R$ 25,00 R$ 25,00

Sub-total Operacões Manuais R$ 25,00

Insumos

Calcário + Frete T 15 R$ 75,00 R$ 1.125,00

Adubo (4 - 14 - 8 ) + Frete sac 33 R$ 70,00 R$ 2.310,00

Isca para formigas Kg 5 R$ 7,00 R$ 35,00

Sub-total Insumos R$ 3.470,00

Serviços

Análise do solo Unid. 2 R$ 25,00 R$ 50,00

Assistência Tecnica Visitas 3 R$ 465,00 R$ 1.395,00

Energia para água de poço Mês 1 R$ 10,00 R$ 10,00

Subtotal de Serviços R$ 1.455,00

Soma dos gastos do 1° ano R$ 7.170,00 Gastos eventuais (5%)

R$ 358,50

Total Gasto no 1° Ano na formação da lavoura R$ 7.528,50 Fonte: Dados da pesquisa.

81

5.2.3.3 Gastos com o 1º Ano de Condução da lavoura de pinhão-manso.

No primeiro ano de condução da lavoura de pinhão-manso utilizou-se para o cálculo

de gastos os seguintes itens: operações mecanizadas, insumos e serviços que representaram,

respectivamente, 3%, 55% e 37% do total do valor gasto, sendo que foram acrescidos 5% para

despesas eventuais. Observa-se que ocorre uma redução no percentual das operações

mecanizadas (de 26%) em relação aos gastos previstos para formação da lavoura, visto que

não são mais necessárias as operações de calagem, aração, gradagem e transplante de mudas,

permanecendo somente a adubação e a rega. Com operações mecanizadas calcula-se um gasto

de três horas/máq. para adubação a ser realizada no 3° mês de condução da lavoura.

Apesar dessa redução nas operações mecanizadas observa-se que ocorre um aumento

nos subitens insumos e serviços (09 e 18 %, respectivamente) dada a necessidade de novos

insumos, sejam eles inseticidas, fungicidas, lonas plásticas e sacarias e a inclusão de serviços

tais como energia elétrica, frete de adubo e de produção, armazenamento de sementes e

extração de óleo.

O centro de custos Insumos foi composto pelos seguintes itens: um litro de inseticida,

meio quilo de fungicida (leite branco) contra oídio, quinze sacos de adubo uréia, vinte metros

de lona plástica e dezessete sacos de cinqüenta quilos para embalar a produção.

Os gastos relativos aos inseticidas e fungicidas são direcionados para danos

provocados por insetos e fungos. Por não haver lavouras de pinhão-manso na região, não se

sabe ao certo, quais as pragas e doenças ocorrerão nas condições climáticas presentes. No

caso de aparecimento de alguma praga que exija outro método de controle que não seja o

químico, esses recursos financeiros poderão ser direcionados para outros fins.

No primeiro ano de condução da lavoura o adubo indicado é a uréia, pois é uma fonte

de nitrogênio, elemento cuja função principal é dar suporte nutricional para o crescimento,

frutificação e a realização de fotossíntese.

No centro de custos Serviços estão agrupados os itens: energia elétrica (valor cobrado

pelo consumo mínimo pela COELBA – Grupo Neoenergia), frete de adubo, transporte da

produção do terreiro de secagem para o local de armazenamento (normalmente não ultrapassa

vinte quilômetros), extração do óleo bruto, armazenamento e visitas técnicas.

Foi designado o valor de R$ 1,00 (um real) por saco armazenado em galpão de

82

terceiros, visto que na maioria das vezes o pequeno agricultor rural não possui espaço para

esta destinação.

No primeiro ano espera-se uma produção de 833 kg de sementes. O rendimento de

óleo nas sementes de pinhão-manso depende do processo de extração. Neste trabalho foi

avaliada apenas a extração do óleo pelo meio mecânico, dado as poucas condições da

agricultura familiar adquirir tecnologia sofisticada, considerando-se o aproveitamento médio

de 34% de óleo por semente.

O processo de extração de óleos vegetais normalmente constitui-se de pré-limpeza,

cozimento, prensagem, decantação e filtragem. Para cálculo do valor pago pela extração do

óleo bruto utilizou-se o seguinte método: foi realizada cotação junto à empresa Granjatec,

localizada no Estado de São Paulo, através de consulta em seu endereço eletrônico

(www.granjatec.com.br) em dezesseis de março de dois mil e nove, o valor orçado foi de U$

10 (dez dólares) por tonelada. O valor do dólar comercial na data era R$ 2,30 (dois reais e

trinta centavos). Sendo assim, aplicou-se o critério da proporcionalidade para encontrar o

valor pago pelo produtor rural para extração do óleo bruto.

Logo, estima-se que nestas condições ao final do primeiro ano de condução da lavoura

poderão ser extraídos 283 litros de óleo bruto.

Como este óleo ainda não possui valor de mercado, para os cálculos foi atribuído o

mesmo valor pago pelo óleo de soja orçado em novembro de 2008, no endereço eletrônico da

Biodieselbr (www.biodieselbr.com), R$ 1.850,00 (um mil, oitocentos e cinqüenta reais) a

tonelada, ou seja, R$ 1,85 (um real e oitenta e cinco centavos) o litro.

Neste cenário espera-se uma receita na ordem de R$ 524,15 (quinhentos e vinte e

quatro reais e quinze centavos). O valor dos gastos totais desembolsáveis no primeiro ano de

condução da lavoura foi de R$ 1.897,70 (um mil, oitocentos e noventa e sete reais e setenta

centavos), o que já demonstra um resultado negativo igual a R$ 1.373,55. (um mil, trezentos e

setenta e três reais e cinqüenta e cinco centavos).

Tabela 8 - Gastos anuais orçados para o 1º ano de condução da lavoura de pinhão-manso.

1° ANO DE CONDUÇÃO DA LAVOURA

Operações Mecanizadas Unid. Qtde. Vl. Unit Vl. Total

Adubação de cobertura no 3º mês h/máq. 3 R$ 15,00 R$ 45,00

Transporte de água h/máq. 1 R$ 15,00 R$ 15,00

Sub-total Operações Mecanizadas R$ 60,00

83

Insumos

Inseticidas l 1 R$ 53,00 R$ 53,00

Fungicida (leite branco) contra oídio Kg 0,5 R$ 148,00 R$ 74,00

Adubo ( uréia) sacos 15 R$ 60,00 R$ 900,00

Lonas Plásticas metros 20 R$ 0,55 R$ 11,00

Sacaria sacos 17 R$ 0,75 R$ 12,50

Sub-total Insumos R$ 1.050,50

Serviços

Energia elétrica (mínima) kwh 12 R$ 10,00 R$ 120,00

Frete de adubo Km 20 R$ 1,80 R$ 36,00

Frete da produção Km 20 R$ 2,00 R$ 40,00

Extração de óleo R$ 19,17

Armazenamento sacos 17 R$ 1,00 R$ 16,67

Assistência programada visitas 1 R$ 465,00 R$ 465,00

Subtotal de Serviços R$ 696,83

Soma dos gastos do 1° ano R$ 1.807,33 Gastos eventuais (5%)

R$ 90,37

Total Gasto no 1° Ano R$ 1.897,70 Valor gasto na produção de um saco de 50 Kg R$ 113,87

Valor gasto no Kg. R$ 2,28 Fonte: Dados da pesquisa.

5.2.3.4 Gastos orçados para o 2º Ano de Condução da lavoura de pinhão-manso.

No segundo ano de condução da lavoura, tal como no primeiro ano, considerou-se

para o cálculo de gastos os seguintes itens: operações mecanizadas, insumos e serviços que

representaram, respectivamente, 5%, 64% e 26% do total do valor gasto, sendo acrescidos

mais 5% para despesas eventuais.

Nas operações mecanizadas consta adubação de cobertura e transporte de água, da

mesma forma que o utilizado no primeiro ano de condução da lavoura. Porém, este centro de

custos aumentou em 2% em virtude do valor gasto com transporte de água.

84

No período de implantação da lavoura, a água é utilizada para rega emergencial das

mudas recém-transplantadas, período no qual uma eventual falta ou atraso de chuvas poderá

comprometer o pegamento das mesmas levando-as posteriormente à morte.

A partir do primeiro ano, considerando que as plantas já estão “pegadas”, com o

sistema radicular desenvolvido e capaz de capturar água e nutrientes do solo, suportando,

assim, possíveis estiagens, a água utilizada exclusivamente para a aplicação de defensivos

(fungicidas, inseticidas e herbicidas).

Essas aplicações, exceto a do herbicida, são pulverizadas sobre as folhas das plantas

de pinhão-manso molhando-as em toda copa, com uma fina camada da solução de água e

defensivo, com a finalidade de protegê-las de pragas e doenças e, quando essas, já existirem,

promover um efeito curativo.

O uso de defensivos e água na lavoura aumenta a cada ano. Isso é justificado pelo

acréscimo do número de folhas, de ramos e, conseqüentemente, das copas das plantas de

pinhão-manso. Logo, será necessário um maior volume de solução, ou calda, como é

conhecido pelos produtores rurais, o que exigirá mais água.

Contrariando essa regra, o volume de calda na aplicação de herbicida diminui a cada

ano, pois, na medida em que a copa do pinhão-manso aumenta e ocupa mais espaço no

estande (área de plantio) o espaço livre, que é propício ao desenvolvimento de ervas

espontâneas torna-se menos prejudicial, podendo assim reduzir o número de capinas

realizadas. Logo, a água utilizada nas atividades referidas anteriormente será retirada de um

poço que já existe na propriedade rural não acarretando gastos relevantes.

A energia elétrica gasta nessa retirada será contabilizada nas planilhas, não

representando consumo superior ao mínimo estipulado pela concessionária fornecedora de

energia.

Outro custo referente e proporcional ao consumo de água é o transporte da mesma

desde o poço até a área do estande. Entre esses pontos há uma distância aproximada de 1,5

Km. O transporte será alugado, feito por carreta tipo pipa, acoplada a um trator de baixa

potência, 65 CV, necessitando de apenas um operador. O serviço será pago por hora máquina

usada.

No centro de custos Insumos também se observa uma aumento de gastos de 9 % em

relação ao primeiro ano por diversas alterações que são necessárias, tais como a mudança do

adubo de uréia para o adubo utilizado foi o NPK (20-00-20), que é R$ 10,00 (dez reais) mais

caro e também é utilizado em maiores quantidades (8 sacos de 50 kg).

85

Para compreender a mudança do uso de uréia para NPK é preciso ter uma idéia clara

da dinâmica dos nutrientes contidos no adubo e o significado de N-P-K.

Os componentes desse formulado são: nitrogênio, representado pela letra “N”; fósforo,

representado pelo “P”; e o potássio, representado pelo “K”. Cada adubo composto, em

fórmula desse tipo, é indicado, nessa ordem, por números percentuais, as proporções de cada

elemento.

Quanto às funções, o nitrogênio, que pode se apresentar em fontes de uréia, N-P-K e

outras, tem como função principal participar do desenvolvimento da planta e frutos. Portanto,

ele se faz necessário em todos os períodos vegetativo, de crescimento, e de frutificação da

planta.

Na fase de plantio o nitrogênio foi utilizado em pequena quantidade no composto N-P-

K (4-14-8), sendo representado por 4% no formulado recomendado. No primeiro ano foi

recomendado uma dosagem maior, visto que o desenvolvimento nessa fase já é mais

acentuado, e assim, aumentando conforme o porte da planta , utilizando N-P-K, no caso 20-

00-20.

O fósforo, que é o segundo elemento da fórmula N-P-K, tem seu pico de consumo no

desenvolvimento radicular, por isso sua proporção foi maior no período de implantação, 14 %

(04-14-08), e posteriormente será nas épocas de florescimento, ou fase de reprodução, não se

fazendo tão necessário nos períodos vegetativos.

A partir do segundo ano o fósforo, deixou de ser utilizado no formulado N-P-K e

passou a ser utilizado em fonte de Superfosfato Simples (18% de concentração). Essa medida

foi recomendada devido à época e forma de aplicação que se faz diferente dos outros

elementos. Por exemplo, o potássio, terceiro elemento da fórmula N-P-K, é necessário em

todas as fases, tendo sua maior demanda no período de crescimento dos frutos.

O potássio junto com o nitrogênio é um dos elementos mais consumidos pela planta.

Na fase de implantação sua proporção na fórmula NPK (04-14-08) foi 8%. Já no primeiro

ano, devido à baixa frutificação e, conseqüentemente, o baixo consumo, sua reposição em

adubações foi dispensada, aumentando consideravelmente nos anos seguintes para 20-00-20.

Como a produtividade aumenta no segundo ano são necessários 80 metros de lona

plástica a mais em relação ao primeiro ano para forrar o terreiro para secagem dos grãos.

Conseqüentemente, serão necessários mais sacos para embalar a produção, usando então 83

sacos de 50 quilos.

86

A energia elétrica, frete com adubo, frete da produção, assistência técnica programada,

armazenamento extração do óleo, compuseram o centro de custos Serviços que teve seu gasto

reduzido em 11% se comparado com o ano anterior em virtude não do valor gasto nestes

itens, mas na sua participação em relação ao percentual total do valor desembolsado.

O valor dos gastos totais desembolsáveis no segundo ano foi de R$ 3.266,19 (três mil

duzentos e sessenta e seis reais e dezenove centavos). Como se espera uma receita

proveniente da venda do óleo (Tabela 13) igual a R$ 2.620,73 (dois mil, seiscentos e vinte

reais e setenta e três centavos), o resultado será negativo e igual a R$ 645,46 (seiscentos e

quarenta e cinco reais e quarenta e seis centavos).

Todos os valores podem ser encontrados em detalhes na Tabela 9.

Tabela 9 - Gastos anuais orçados para o 2º ano de condução da lavoura de pinhão-manso.

2° ANO DE CONDUÇÃO DA LAVOURA

Operações Mecanizadas Unid. Qtde. Vl. Unit Vl. Total

Adubação de cobertura (3 operações) h/máq. 3 R$ 15,00 R$ 45,00

Transporte de água h/máq. 8 R$ 15,00 R$ 120,00

Sub-total Operações Mecanizadas R$ 165,00

Insumos

Adubo (20-00-20 para 3 aplicações) sacos 23 R$ 70,00 R$ 1.610,00

Fungicidas l 1 R$ 148,00 R$ 148,00

Inseticidas l 2 R$ 53,00 R$ 106,00

Herbicida l 5 R$ 20,00 R$ 100,00

Lonas Plasticas metros 100 R$ 0,55 R$ 55,00

Sacarias Unid. 83 R$ 0,75 R$ 62,50

Subtotal de insumos R$ 2.081,50

Serviços

Energia elétrica (mínima) kwh 12 R$ 10,00 R$ 120,00

Frete de adubo Km 20 R$ 2,50 R$ 50,00

Frete da produção Km 20 R$ 2,50 R$ 50,00

Assistência programada visitas 1 R$ 465,00 R$ 465,00

Armazenamento Unid. 83 R$ 1,00 R$ 83,33

Extração do óleo R$ 95,83

Subtotal de Serviços R$ 864,16

87

Soma dos gastos do 2° ano R$ 3.110,66 Gastos eventuais (5%)

R$ 155,53

Total Gasto no 2° Ano R$ 3.266,19

Valor gasto na produção de um saco de 50 Kg R$ 39,20

Valor gasto no Kg. R$ 0,78 Fonte: Dados da pesquisa.

5.2.3.5 Gastos orçados para o 3º Ano de Condução da lavoura de pinhão-manso.

No terceiro ano de condução da lavoura, tal como nos anos anteriores, utilizou-se para

o cálculo de gastos os itens relativos à: operações mecanizadas, insumos e serviços, que

representaram, respectivamente, 6%, 69% e 20% do total do valor gasto, sendo acrescidos

mais 5% para despesas eventuais. Todos os valores podem ser encontrados em detalhes na

Tabela 10.

As operações mecanizadas aumentaram sua participação nos gastos totais na ordem de

1% dada a maior necessidade de horas/máq. de adubação e transporte de água.

Os insumos aumentaram 5%, em virtude da necessidade de utilização do adubo

Superfosfato Simples para enriquecimento do solo e o valor gasto com serviços diminuiu 6%

se comparados ao ano anterior (Ano 02), mas não nos itens que compõem este centro de

custos, e sim sua participação em relação ao total dos gastos desembolsáveis.

Os gastos permanecem praticamente os mesmos, apenas as aplicações de NPK (20-00-

20) podem ser reduzidas de três para duas aplicações e no terceiro ano o engenheiro

agrônomo não julgou necessário realizar análise de solo. O valor gasto com a extração do óleo

bruto é maior, visto que a produtividade cresce. Sendo assim, o gasto com sacaria eleva-se na

mesma proporção.

No terceiro ano estimam-se receitas na ordem de R$ 5.240,83 (cinco mil, duzentos e

quarenta e oitenta e três centavos), conforme Tabela 13, para uma produção de

aproximadamente 2.833 litros de óleo bruto de pinhão-manso. Como o valor dos gastos totais

no terceiro ano foi de R$ 5.381,52 (cinco mil trezentos e oitenta e um reais e cinqüenta e dois

centavos), o resultado ainda será negativo e igual a R$ 140,69 (cento e quarenta reais e

sessenta e nove centavos).

88

Tabela 10 - Gastos anuais orçados para o 3º ano de condução da lavoura de pinhão-manso.

3° ANO DE CONDUÇÃO DA LAVOURA

Operações Mecanizadas Unid. Qtde. Vl. Unit Vl. Total

Adubação de cobertura (3 operações) h/máq. 5 R$ 15,00 R$ 75,00

Transporte de água h/máq. 15 R$ 15,00 R$ 225,00

Sub-total Operações Mecanizadas R$ 300,00

Insumos

Adubo (20-00-20 para 2 aplicações) sacos 30 R$ 70,00 R$ 2.100,00

Superfosfato Simples sacos 13 R$ 65,00 R$ 845,00

Fungicidas l 2 R$ 148,00 R$ 296,00

Inseticidas l 2 R$ 53,00 R$ 106,00

Herbicida l 10 R$ 20,00 R$ 200,00

Lonas Plasticas metros 100 R$ 0,55 R$ 55,00

Sacarias Unid. 167 R$ 0,75 R$ 124,98

Subtotal de insumos R$ 3.726,98

Serviços

Energia eletrica (mínima) kwh 12 R$ 10,00 R$ 120,00

Frete de adubo Km 20 R$ 2,50 R$ 50,00

Frete da produção Km 20 R$ 4,00 R$ 80,00

Assistência programada visitas 1 R$ 465,00 R$ 465,00

Análise de Solo Unid. 1 R$ 25,00 R$ 25,00

Armazenamento Unid. 167 R$ 1,00 R$ 166,64

Extração do Óleo R$ 191,64

Subtotal de Serviços R$ 1.098,28

Soma dos gastos do 3° ano R$ 5.125,26 Gastos eventuais (5%)

R$ 256,26

Total Gasto no 3° Ano R$ 5.381,52

Valor gasto na produção de um saco de 50 Kg R$ 32,29

Valor gasto no Kg. R$ 0,65 Fonte: Dados da pesquisa.

5.2.3.6 Gastos orçados para o 4º Ano de Condução da lavoura de pinhão-manso.

89

Em princípio, no quarto ano de condução da lavoura não são observadas alterações

com relação ao terceiro ano nos percentuais gastos com operações mecanizadas, insumos e

serviços que representam, respectivamente, 6%, 69% e 20% do total do valor gasto, mais os

5% para despesas eventuais destinados a gastos imprevistos.

No entanto, em valores monetários há um incremento de R$ 1.681,99 (um mil,

seiscentos e oitenta e um reais e noventa e nove centavos) em relação ao ano anterior. Isso se

dá graças ao aumento nas quantidades necessárias de todos os itens para a condução da

lavoura no quarto ano quando esta atinge seu pico de produtividade, podendo chegar a 40

vezes o valor obtido no primeiro ano. Todos os valores podem ser verificados em detalhes na

Tabela 11.

No quarto as receitas esperadas somam um total de R$ 10.481,66 (Tabela 13) como os

gastos projetados foram iguais a R$ 7.416,69 (Tabela 11), verifica-se que a partir do Ano 04 o

resultado operacional passa a ser positivo, e, portanto, haverá tributação sobre o lucro, este

último foi acrescido nas projeções de fluxo de caixa e ponto de equilíbrio.

Tabela 11 - Gastos orçados para o 4º ano de condução da lavoura de pinhão-manso.

4° ANO DE CONDUÇÃO DA LAVOURA

Operações Mecanizadas Unid. Qtde. Vl. Unit Vl. Total

Adubação de cobertura (3 operações) h/máq. 10 R$ 15,00 R$ 150,00

Transporte de água h/máq. 20 R$ 15,00 R$ 300,00

Sub-total Operações Mecanizadas R$ 450,00

Insumos

Adubo (20-00-20 para 2 aplicações) sacos 41 R$ 70,00 R$ 2.870,00

Superfosfato Simples sacos 17 R$ 65,00 R$ 1.105,00

Fungicidas l 2 R$ 148,00 R$ 296,00

Inseticidas l 2 R$ 53,00 R$ 106,00

Herbicida l 20 R$ 20,00 R$ 400,00

Lonas Plásticas metros 200 R$ 0,55 R$ 110,00

Sacarias Unid. 333 R$ 0,75 R$ 249,96

Subtotal de insumos R$ 5.136,96

Serviços

Energia elétrica (mínima) kwh 12 R$ 10,00 R$ 120,00

Frete de adubo Km 20 R$ 2,50 R$ 50,00

Frete da produção Km 20 R$ 5,00 R$ 100,00

90

Assistência programada visitas 1 R$ 465,00 R$ 465,00

Análise de Solo Unid. 1 R$ 25,00 R$ 25,00

Armazenamento Unid. 333 R$ 1,00 R$ 333,28

Extração do Óleo R$ 383,27

Subtotal de Serviços R$ 1.476,55

Soma dos gastos do 4° ano R$ 7.063,51 Gastos eventuais (5%) (excluído os tributos)

R$ 353,18

Total Gasto no 4° Ano R$ 7.416,69

Valor gasto na produção de um saco de 50 Kg R$ 22,27

Valor gasto no Kg. R$ 0,45 Fonte: Dados da pesquisa.

5.2.3.7 Fluxo de Caixa estimado e resumido

O fluxo de caixa é um instrumento de planejamento financeiro que fornece estimativas

da situação de caixa da empresa em determinado período de tempo à frente. Visa mostrar o

confronto entre as entradas e saídas de recursos financeiros e, conseqüentemente, se haverá

sobras ou faltas de caixa, permitindo à administração decidir com antecedência se deve tomar

recursos ou aplicá-los. É, portanto, uma ferramenta indispensável para a gestão do negócio.

Segundo Santos (2001), o volume mínimo de recursos financeiros de que uma

empresa precisa para o giro de suas operações é denominado caixa operacional. Esse

parâmetro representa o capital de giro mínimo necessário a um volume de vendas.

Dimensionar este valor requer uma visão abrangente do processo de operações do

empreendimento, de suas práticas comerciais e financeiras, além dos dados sobre prazos de

cobrança e recebimento.

A necessidade de capital de giro (NCG) pode ser estimada com base no ciclo

financeiro em projetos em fase de implantação, por ainda não disporem de demonstrações

contábeis.

Conforme Matarazzo (2003) a NCG é a chave para a administração financeira de um

negócio, pois é possível através desta estabelecer estratégias de financiamento, crescimento e

lucratividade. Conhecendo a NCG o gestor saberá qual o montante de recursos financeiros

que necessitará para honrar suas dívidas.

91

As receitas estimadas nesse estudo foram calculadas conforme os dados de

produtividade apresentados por Tominaga (2007) para lavoura de pinhão-manso em sistema

de lavoura de sequeiro (Tabela 5). A partir desses dados e com os cálculos aqui realizados, foi

produzida a Tabela 12 com a produtividade esperada em litro/planta.

Tabela 12 - Produtividade esperada para lavoura de sequeiro em litro/planta, considerando-se um rendimento de óleo médio de 34 %.

Produtividade esperada para lavoura de sequeiro

Ano Produtividade Nº Plantas Prod Total Kg 34%*** L/planta

1º 100 grama/ planta 8.333 833 283 0,034

2º 500 grama/ planta 8.333 4167 1417 0,170

3º 2000 grama/ planta 4.166 8332 2833 0,680

4º 4000 grama/ planta 4.166 16664 5666 1,360

Acumulado 29996 10199 Fonte: Dados da pesquisa.

No primeiro ano é previsto 100 gramas por planta, no segundo ano 500 gramas por

planta, no terceiro ano 2000 gramas por planta e do quarto ano em diante 4000 gramas por

planta. Sabe-se que a partir do Ano 04 a lavoura se estabiliza, mas não foram encontradas

informações acerca do momento em que começará a exaurir, necessitando assim ser

replantada.

No primeiro e segundo ano tem-se 8.333 (oito mil, trezentos e trinta e três plantas) em

5 ha. A partir do terceiro ano é necessário fazer o raleamento da lavoura, ou seja, aumentar o

espaçamento entre plantas, e assim foram orçadas receitas oriundas da produção de 4.166

(quatro mil, cento e sessenta e seis) plantas para elaborar o fluxo de caixa a partir do Ano 03.

Como trabalhou-se com um rendimento de óleo bruto na ordem de 34% (trinta e

quatro por cento), tem-se, conforme Tabela 12, 0,034 litros de óleo bruto por planta no Ano

01, 0,170 litros no Ano 02, 0,680 litros no Ano 03 e 1,360 litros por planta no Ano 04.

Para cálculo das receitas (Tabela 13) foi multiplicado o valor do óleo bruto, R$

1.850,00 (um mil oitocentos e cinqüenta reais) a tonelada, ou seja, R$ 1,85 (um real e oitenta

e cinco centavos) o litro, orçado no endereço eletrônico da Revista Biodieselbr, em novembro

de 2008, o que resulta em entradas de recursos financeiros na ordem de R$ 524,15

(quinhentos e vinte e quatro reais e quinze centavos), R$ 2.620,73 (dois mil, seiscentos e vinte

reais e setenta e três centavos), R$ 5.240,83 (cinco mil, duzentos e quarenta reais e oitenta e

92

três centavos) e R$ 10.481,66 (dez mil, quatrocentos e oitenta e um reais e sessenta e seis

centavos) no primeiro, segundo, terceiro e quarto anos respectivamente.

Tabela 13 - Receitas estimadas do 1o ao 4o ano de produção de óleo bruto de pinhão-manso em lavoura de sequeiro.

Receitas Estimadas

Ano Produtividade** 34%*** R$ / litro (*) R$ total

1º 833 283 R$ 1,85 R$ 524,15

2º 4167 1417 R$ 1,85 R$ 2.620,73

3º 8332 2833 R$ 1,85 R$ 5.240,83

4º 16664 5666 R$ 1,85 R$ 10.481,66

Acumulado 29996 10199 R$ 18.867,36 Valor da Tonelada = R$ 1.850,00 – cotação NOV/08 – Biodieselbr. ** em Kg de sementes *** rendimento de óleo em Kg. Fonte: Dados da pesquisa.

O fluxo de caixa estimado e resumido para a cultura de pinhão-manso em lavoura de

sequeiro foi calculado do ano zero ao ano dez (Tabela 14, Tabela 15 e Tabela 16),

considerando inclusive o ganho com a venda da torta (co-produto).

As projeções de caixa da empresa têm várias finalidades, a principal delas é informar à

capacidade que a empresa tem para liquidar seus compromissos financeiros a curto e longo

prazo. Através das análises destes demonstrativos financeiros foi possível constatar que nas

condições já mencionados a empresa só conseguirá honrar suas dívidas a partir do Ano 02 e

isso só ocorrerá com o incremento financeiro oriundo da venda da torta (co-produto).

Caso não ocorra a venda da torta o produtor rural só terá um resultado de caixa

positivo a partir do Ano 04, quando a lavoura atinge seu pico de produção e estabiliza-se

(Tabela 17, Tabela 18 e Tabela 19), o que significa que até o quarto ano, caso não ocorra a

comercialização do co-produto o negócio precisará de capital dos sócios ou de terceiros para

se manter.

No Ano 00 não ocorre entrada de recursos financeiros, apenas saídas, consideradas no

fluxo de caixa como investimento inicial igual a R$ 9.838,31 (nove mil, oitocentos e trinta e

oito reais e trinta e um centavos), este montante é resultado do valor gasto com a implantação

do viveiro de mudas e implantação da lavoura.

No Ano 01, ocorrem receitas na ordem de R$ 524,15 (quinhentos e vinte e quatro reais

e quinze centavos) oriundas apenas da comercialização do óleo bruto de pinhão-manso. No

93

entanto, os gastos desembolsáveis com a manutenção da cultura neste ano somam R$

1.897,70 (um mil, oitocentos e noventa e sete reais e setenta centavos), o que levará a um

resultado negativo igual a R$ 1.373,55 (um mil, trezentos e setenta e três reais e cinqüenta e

cinco centavos). O que reduz este resultado negativo é a comercialização da torta (co-produto)

que no Ano 01 promoverá um incremento de caixa no valor de R$ 164,99 (cento e sessenta e

quatro reais e noventa e nove centavos), diminuindo o prejuízo operacional para R$ 1.208,56

(um mil, duzentos e oito reais e cinqüenta e seis centavos).

Conforme pode ser observado na Tabela 17, o LAIR (Lucro antes do Imposto de

Renda) nos três primeiros anos foi negativo, portanto, não haverá cobrança de Imposto de

Renda. Já a partir do Ano 04 tem-se um resultado positivo (Tabela 18 e Tabela 19), logo

haverá tributação e foram aplicou-se 30% sobre o LAIR, percentual este normalmente usado

para este item em avaliações de projetos.

Nos fluxos de caixa apresentados na Tabela 14, Tabela 15 e Tabela 16 aparecerem os

ganhos com a venda da torta, fator que promoverá uma alavancagem dos resultados e desta

forma a incidência de tributação ocorrerá já no Ano 03, uma vez que a partir deste ano o

resultado operacional já é positivo.

A necessidade de capital de giro (NCG) no Ano 01 é igual a R$ 1.897,70 (um mil,

oitocentos e noventa e sete reais e setenta centavos), no Ano 02, R$ 3.266,10 (três mil,

duzentos e sessenta e seis reais e dez centavos), no Ano 3, R$ 5.539,08 (cinco mil, quinhentos

e trinta e nove reais e oito centavos) e no Ano 04, R$ 9.030,87 (nove mil, trinta reais e oitenta

e sete centavos), valores estes extraídos dos fluxos de caixa. Vale ressaltar que esta

metodologia é usada para análises de curto prazo e os valores precisam ser corrigidos. No

entanto, com esta informação o produtor terá um parâmetro do valor mínimo de recursos

financeiros que necessitará em caixa para manter suas operações.

Tabela 14 - Fluxo de Caixa estimado e resumido do Ano 0 ao Ano 3.

Itens Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3

Receitas R$ - R$ 524,15 R$ 2.620,73 R$ 5.240,83

Ganho da torta R$ - R$ 164,99 R$ 824,97 R$ 1.649,74

Receitas Totais R$ - R$ 689,14 R$ 3.445,70 R$ 6.890,56

Gastos R$ - R$ (1.897,70) R$ (3.266,19) R$ (5.381,52)

Amortização (-) R$ - R$ (983,83) R$ (983,83) R$ (983,83)

Total Despesas R$ - R$ (2.881,53) R$ (4.250,02) R$ (6.365,35)

94

LAIR R$ - R$ (2.192,39) R$ (804,32) R$ 525,21

IR e CSSL (30%) R$ - R$ - R$ - R$ (157,56)

Lucro Líquido R$ - R$ (2.192,39) R$ (804,32) R$ 367,65

Amortização (+) R$ - R$ 983,83 R$ 983,83 R$ 983,83

Investimento R$ 9.838,31 R$ - R$ - R$ -

Fluxo de Caixa R$ (9.838,31) R$ (1.208,56) R$ 179,51 R$ 1.351,48 Fonte: Dados da pesquisa.

Tabela 15 - Fluxo de Caixa estimado e resumido do Ano 4 ao Ano 7.

Itens Ano 4 Ano 5 Ano 6 Ano 7

Receitas R$ 10.481,66 R$ 10.481,66 R$ 10.481,66 R$ 10.481,66

Ganho da torta R$ 3.299,47 R$ 3.299,47 R$ 3.299,47 R$ 3.299,47

Receitas Totais R$ 13.781,13 R$ 13.781,13 R$ 13.781,13 R$ 13.781,13

Gastos R$ (7.416,69) R$ (7.416,69) R$ (7.416,69) R$ (7.416,69)

Amortização (-) R$ (983,83) R$ (983,83) R$ (983,83) R$ (983,83)

Total Despesas R$ (8.400,52) R$ (8.400,52) R$ (8.400,52) R$ (8.400,52)

LAIR R$ 5.380,61 R$ 5.380,61 R$ 5.380,61 R$ 5.380,61

IR e CSSL (30%) R$ (1.614,18) R$ (1.614,18) R$ (1.614,18) R$ (1.614,18)

Lucro Líquido R$ 3.766,43 R$ 3.766,43 R$ 3.766,43 R$ 3.766,43

Amortização (+) R$ 983,83 R$ 983,83 R$ 983,83 R$ 983,83

Investimento R$ - R$ - R$ - R$ -

Fluxo de Caixa R$ 4.750,26 R$ 4.750,26 R$ 4.750,26 R$ 4.750,26 Fonte: Dados da pesquisa.

Tabela 16 - Fluxo de Caixa estimado e resumido do Ano 8 ao Ano 10 e Acumulado.

Itens Ano 8 Ano 9 Ano 10 Acumulado

Receitas R$ 10.481,66 R$ 10.481,66 R$ 10.481,66 R$ 81.757,29

Ganho da torta R$ 3.299,47 R$ 3.299,47 R$ 3.299,47 R$ 25.736,00

Receitas Totais R$ 13.781,13 R$ 13.781,13 R$ 13.781,13 R$ 107.493,29

Gastos R$ (7.416,69) R$ (7.416,69) R$ (7.416,69) R$ (62.462,22)

Amortização (-) R$ (983,83) R$ (983,83) R$ (983,83) R$ (9.838,31)

Total Despesas R$ (8.400,52) R$ (8.400,52) R$ (8.400,52) R$ (72.300,53)

LAIR R$ 5.380,61 R$ 5.380,61 R$ 5.380,61 R$ 35.192,77

IR e CSSL (30%) R$ (1.614,18) R$ (1.614,18) R$ (1.614,18) R$ (11.456,85)

Lucro Líquido R$ 3.766,43 R$ 3.766,43 R$ 3.766,43 R$ 23.735,92

95

Amortização (+) R$ 983,83 R$ 983,83 R$ 983,83 R$ 9.838,31

Investimento R$ - R$ - R$ - R$ 9.838,31

Fluxo de Caixa R$ 4.750,26 R$ 4.750,26 R$ 4.750,26 R$ 33.574,23 Fonte: Dados da pesquisa.

Tabela 17 - Fluxo de Caixa estimado e resumido do Ano 0 ao Ano 3 (sem o ganho com a venda da torta).

Itens Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3

Receitas R$ - R$ 524,15 R$ 2.620,73 R$ 5.240,83

Gastos R$ - R$ (1.897,70) R$ (3.266,19) R$ (5.381,52)

Amortização (-) R$ - R$ (983,83) R$ (983,83) R$ (983,83)

Total Despesas R$ - R$ (2.881,53) R$ (4.250,02) R$ (6.365,35)

LAIR R$ - R$ (2.357,38) R$ (1.629,29) R$ (1.124,52)

IR e CSSL (30%) R$ - R$ - R$ - R$ -

Lucro Líquido R$ - R$ (2.357,38) R$ (1.629,29) R$ (1.124,52)

Amortização (+) R$ - R$ 983,83 R$ 983,83 R$ 983,83

Investimento R$ 9.838,31 R$ - R$ - R$ -

Fluxo de Caixa R$ (9.838,31) R$ (1.373,55) R$ (645,46) R$ (140,69) Fonte: Dados da pesquisa.

Tabela 18 - Fluxo de Caixa estimado e resumido do Ano 4 ao Ano 7 (sem o ganho com a venda da torta).

Itens Ano 4 Ano 5 Ano 6 Ano 7

Receitas R$ 10.481,66 R$ 10.481,66 R$ 10.481,66 R$ 10.481,66

Gastos R$ (7.416,69) R$ (7.416,69) R$ (7.416,69) R$ (7.416,69)

Amortização (-) R$ (983,83) R$ (983,83) R$ (983,83) R$ (983,83)

Total Despesas R$ (8.400,52) R$ (8.400,52) R$ (8.400,52) R$ (8.400,52)

LAIR R$ 2.081,14 R$ 2.081,14 R$ 2.081,14 R$ 2.081,14 IR e CSSL (30%) R$ (624,34) R$ (624,34) R$ (624,34) R$ (624,34)

Lucro Líquido R$ 1.456,80 R$ 1.456,80 R$ 1.456,80 R$ 1.456,80

Amortização (+) R$ 983,83 R$ 983,83 R$ 983,83 R$ 983,83

Investimento R$ - R$ - R$ - R$ -

Fluxo de Caixa R$ 2.440,63 R$ 2.440,63 R$ 2.440,63 R$ 2.440,63 Fonte: Dados da pesquisa.

Tabela 19 - Fluxo de Caixa estimado e resumido do Ano 8 ao Ano 10 e Acumulado (sem o ganho com a venda da torta).

96

Itens Ano 8 Ano 9 Ano 10 Acumulado

Receitas R$ 10.481,66 R$ 10.481,66 R$ 10.481,66 R$ 81.757,29

Gastos R$ (7.416,69) R$ (7.416,69) R$ (7.416,69) R$ (62.462,22)

Amortização (-) R$ (983,83) R$ (983,83) R$ (983,83) R$ (9.838,31)

Total Despesas R$ (8.400,52) R$ (8.400,52) R$ (8.400,52) R$ (72.300,53)

LAIR R$ 2.081,14 R$ 2.081,14 R$ 2.081,14 R$ 9.456,77 IR e CSSL (30%) R$ (624,34) R$ (624,34) R$ (624,34) R$ (4.370,39)

Lucro Líquido R$ 1.456,80 R$ 1.456,80 R$ 1.456,80 R$ 5.086,38

Amortização (+) R$ 983,83 R$ 983,83 R$ 983,83 R$ 9.838,31

Investimento R$ - R$ - R$ - R$ 9.838,31

Fluxo de Caixa R$ 2.440,63 R$ 2.440,63 R$ 2.440,63 R$ 14.924,68 Fonte: Dados da pesquisa.

A evolução do Fluxo de Caixa com a venda da torta (co-produto) pode ser observado

na Figura 12 - Fluxo de Caixa estimado e resumido com e sem a comercialização da

torta.e o impacto deste item no valor total das receitas pode ser verificado na Figura 13 -

Fluxo das Receitas com e sem a comercialização da torta.A venda do co-produto é

relevante para a viabilidade do negócio, pois o pequeno produtor normalmente não possui

capital de giro para manter suas operações e até o momento não existem incentivos por parte

do governo que fomentem a plantação do pinhão-manso.

Figura 12 - Fluxo de Caixa estimado e resumido com e sem a comercialização da torta. Fonte: Dados da pesquisa.

97

Figura 13 - Fluxo das Receitas com e sem a comercialização da torta. Fonte: Dados da pesquisa.

5.2.3.8 Rentabilidade Simples

O critério mais utilizado para a medição de um investimento é a relação do lucro

médio provável (LAIR) que ele gerará em cada ano, pelo total do investimento. A essa relação

denomina-se rentabilidade simples do projeto. Possui este nome porque é de fácil

determinação, a partir do conhecimento do orçamento de receitas e custos do projeto, num só

ano considerado básico e representativo de cada ano futuro de funcionamento da empresa. A

rentabilidade simples pode ser determinada em relação ao investimento total, em relação ao

capital próprio e, considerando o lucro antes ou depois de incluir as despesas que não são

desembolsadas, tais como a depreciação.

Para o cálculo da rentabilidade simples do projeto tomou-se como base o resultado do

LAIR de cada ano e divido pelo valor do investimento inicial.

Tabela 20 - Rentabilidade Simples do Ano 01 ao Ano 05 (com a venda da torta).

Itens Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5

Rentabilidade Simples R$ (0,22) R$ (0,08) R$ 0,05 R$ 0,55 R$ 0,55

98

Rentabilidade Simples % -22,28% -8,18% 5,34% 54,69% 54,69% Fonte: Dados da pesquisa.

Tabela 21 - Rentabilidade Simples do Ano 06 ao Ano 10 (com a venda da torta).

Itens Ano 6 Ano 7 Ano 8 Ano 9 Ano 10

Rentabilidade Simples R$ 0,55 R$ 0,55 R$ 0,55 R$ 0,55 R$ 0,55

Rentabilidade Simples % 54,69% 54,69% 54,69% 54,69% 54,69% Fonte: Dados da pesquisa.

Com base nos dados das tabelas acima tem-se a informação: No Ano 01 a cada R$

1,00 (um real) investido, o produtor rural terá um prejuízo de R$ 0,22 (vinte e dois centavos),

ou, o negócio no Ano 01 terá uma rentabilidade negativa e igual a -22,28%. O mesmo

raciocínio pode ser usado para análise dos demais anos.

Tabela 22 - Rentabilidade Simples do Ano 01 ao Ano 05 (sem a venda da torta).

Itens Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5

Rentabilidade Simples R$ (0,24) R$ (0,17) R$ (0,11) R$ 0,21 R$ 0,21

Rentabilidade Simples % -23,96% -16,56% -11,43% 21,15% 21,15% Fonte: Dados da pesquisa.

Tabela 23 - Rentabilidade Simples do Ano 06 ao Ano 10 (sem a venda da torta).

Itens Ano 6 Ano 7 Ano 8 Ano 9 Ano 10

Rentabilidade Simples R$ 0,21 R$ 0,21 R$ 0,21 R$ 0,21 R$ 0,21

Rentabilidade Simples % 21,15% 21,15% 21,15% 21,15% 21,15% Fonte: Dados da pesquisa.

Calculando-se a rentabilidade simples do projeto sem levar em consideração a

comercialização da torta, tem-se que apenas haverá retorno positivo a partir do Ano 04, ou

seja, a cada R$ 1,00 (um real) investido neste período o retorno será de R$ 0,11 (onze

centavos) ou 11,43%.

5.2.3.9 Tempo de retorno do investimento – Payback simples e Payback Descontado

O payback, ou tempo de retorno do investimento, informa o tempo que o projeto

necessitará para retornar valor investido aos sócios.

99

No entanto, este método também possui como problema o critério de recuperação,

tampouco leva em conta a vida útil que possa ter o projeto além do tempo necessário para o

retorno. Como todo investimento é uma troca entre gastos presentes e receitas futuras, uma

comparação desse intercâmbio exige a utilização da atualização.

Na tentativa de minimizar os erros de projeções, foi calculado o payback simples e

descontado. Este último consiste em corrigir os fluxos de caixa através de um percentual

considerado razoável para atualização monetária. Portanto, trabalhou-se com o percentual de

10% para correção dos valores e calculou-se e payback com e sem o valor originário do ganho

com venda da torta.

O tempo de retorno do investimento sem correção dos valores e sem a torta é igual a

7,92 anos. Se incluir o valor da torta este tempo de retorno passa a ser cinco anos, conforme

apresentado na Figura 14 - Payback simples e descontado, com e sem o ganho com a

venda da torta.

Já o tempo de retorno depois de corrigidos os valores a uma taxa de 10% ao ano será

8,32 anos sem o ganho com a torta e 5,21 anos quando acrescidos os ganhos oriundos da

venda da torta (co-produto).

Figura 14 - Payback simples e descontado, com e sem o ganho com a venda da torta. Fonte: Dados da pesquisa.

100

5.2.3.10 Taxa Interna de Retorno (TIR)

A TIR permite determinar se o projeto se justifica em relação à rentabilidade geral da

economia. Quando esta é usada para tomar decisões do tipo aceitar ou rejeitar determinado

projeto, adota-se o seguintes critério:

1. Se a TIR for maior que o custo de capital, aceita-se o projeto;

2. Se a TIR for menor que o custo de capital, rejeita-se o projeto.

A chamada de taxa de desconto, custo de oportunidade ou custo de capital, refere-se

ao retorno mínimo que deve ser obtido por um projeto, de forma a manter inalterado o valor

da empresa. Nas planilhas financeiras deste estudo de caso foi considerado um custo de

oportunidade de 10% (dez por cento) ao ano.

A TIR com o incremento do ganho da receita foi igual a 23,93%, ou seja, maior que o

custo de oportunidade do capital. Portanto, a recomendação nesta situação é de que se aceite o

projeto, o que significa que se tudo ocorrer conforme planejado, o produtor terá uma

rentabilidade maior que outros investimentos orçados em 10% de taxa de retorno.

No entanto, se não ocorrer o ganho com a comercialização da torta a TIR é negativa e

igual a -5,72%, ou seja, o projeto não é recomendado, pois a rentabilidade esta abaixo de zero.

5.2.3.11 Valor Atual Líquido ou Valor Presente Líquido (VPL)

Segundo Santos (2001) o Valor Presente Líquido (VPL) de um investimento é igual ao

valor presente do fluxo de caixa líquido, sendo, portanto, um valor monetário que representa a

diferença entre as entradas e saídas de caixa trazidas a valor presente.

O VPL é um bom coeficiente para a determinação do mérito do projeto, uma vez que

ele representa, em valores atuais, o total dos recursos que permanecem em mãos da empresa

ao final de toda a sua vida útil, ou seja, representa o retorno líquido atualizado gerado pelo

empreendimento.

Quando o VPL é usado para tomar decisões do tipo aceitar ou rejeitar determinado

projeto, adota-se o seguintes critério:

1. Se o VPL for menor que zero, rejeita-se o projeto;

101

2. Se o VPL for maior que zero, a empresa obterá um retorno maior do que seu custo de

capital. Com isto, aumentará o valor de mercado da empresa e, conseqüentemente, a

riqueza dos seus proprietários.

O VPL encontrado após o incremento da venda da torta (co-produto) é igual a R$

13.365,06 (treze mil, trezentos e sessenta e cinco reais e seis centavos), ou seja, maior que

zero, logo a recomendação é de aceitar o projeto, ou seja, investir neste negócio. Quando o

VPL é maior que zero, significa que o investimento é vantajoso, pois existe lucro econômico,

já que o valor presente das entradas de caixa é maior do que o valor presente das saídas de

caixa.

Já o VPL sem o ganho oriundo da comercialização da torta é negativo e igual a R$ -

8.884,23 (oito mil, oitocentos e oitenta e quatro reais e vinte e três centavos), ou seja,

recomenda-se não investir neste projeto caso não seja possível comercializar a torta.

Na comparação entre vários projetos de investimento, o melhor será aquele que tiver o

maior Valor Presente Líquido.

5.2.3.12 Ponto de Equilíbrio

Para Buarque (1984) a determinação analítica do Ponto de Equilíbrio (PE) dá-se

quando as receitas se igualam aos custos totais, aqui tratados como gastos totais. Portanto,

para estas análises não importa a classificação fiel dos elementos conforme a contabilidade de

custos. Assim sendo, pode-se verificar na Tabela 24 o Ponto de Equilíbrio Contábil do

empreendimento nos quatro primeiros anos de atividade.

Importante ressaltar que nos gastos totais de cada ano foi acrescida uma parcela da

amortização do investimento igual a R$ 983,83 (novecentos e oitenta e três reais e oitenta e

três centavos) mais o valor referente à tributação, este apenas no Ano 04 quando o fluxo de

caixa já é positivo independente do ganho com a comercialização da torta.

Tabela 24 - Ponto de Equilíbrio Contábil nos quatro primeiros anos.

Ponto de Equilíbrio Contábil - PEC (com parcela de amortização do investimento)

Ano 01 Ano 02 Ano 03 Ano 04

Gastos Totais R$ 2.881,53 R$ 4.250,02 R$ 6.365,35 R$ 10.014,70

(/) Valor litro do óleo R$ 1,85 R$ 1,85 R$ 1,85 R$ 1,85

102

(=) PEC Qtde 1558 2297 3441 5413

Qtde. produzido no ano 283 1417 2833 5666 Déficit ou Superávit (em litros) -1274 -881 -608 252 Déficit ou Superávit (em R$) R$ (2.357,38) R$ (1.629,29) R$ (1.124,52) R$ 466,95 Fonte: Dados da pesquisa.

Interpretando os dados acima conclui-se que a produção e venda necessária para cobrir

os gastos no Ano 01 é igual a 1.558 litros de óleo bruto de pinhão-manso, 2.297 litros no Ano

02, 3.441 litros no Ano 03 e 5.413 litros no Ano 04. Portanto, somente a partir do Ano 04 o

empreendimento consegue atingir seu ponto de equilíbrio e trabalhar com uma Margem de

Segurança (valor que excede o PE) de 252 litros de óleo bruto de pinhão-manso.

Também foi projetado o Ponto de Equilíbrio Econômico (PEE), através deste pode ser

determinada uma meta de vendas que propicie um valor de lucro desejado. Na

Tabela 25 determinou-se que o “lucro” desejado seria a retirada de dois salários

mínimos mensais (R$ 930,00, valor vigente no Brasil até 31.12.2009), ou seja, R$ 11.160,00

(onze mil, cento e sessenta reais) ao ano e a este valor foi somado os gastos do respectivo ano.

Sendo assim, seria necessário produzir e vender 7.590 litros de óleo bruto de pinhão-

manso no Ano 01, 8.330 litros no Ano 02, 9.473 litros no Ano 03 e 11.446 litros no Ano 04 (

Tabela 25), para que todos os gastos fossem pagos e a retirada mensal fosse

assegurada.

Tabela 25 - Ponto de Equilíbrio Econômico nos quatro primeiros anos.

Ponto de Equilíbrio Econômico - PEE (com retirada mensal de dois salários mínimos)

Ano 01 Ano 02 Ano 03 Ano 04

Gastos Totais R$ 14.041,53 R$ 15.410,02 R$ 17.525,35 R$ 21.174,70

(/) Valor litro do óleo R$ 1,85 R$ 1,85 R$ 1,85 R$ 1,85

(=) PEE Qtde. 7590 8330 9473 11446

Qtde. produzido no ano 283 1417 2833 5666 Déficit ou Superávit (em litros) -7307 -6913 -6640 -5780 Déficit ou Superávit (em R$) R$ (13.517,38) R$ (12.789,29) R$ (12.284,52) R$ (10.693,05) Fonte: Dados da pesquisa.

Já o Ponto de Equilíbrio Financeiro (PEF) indica o nível de produção em que a

empresa incorre em desembolsos efetivos. Ressalta-se que há prejuízo, mas não há

103

necessidade de desembolso, uma vez que os recursos reservados para itens não

desembolsáveis cobrem as perdas operacionais.

Interpretando os dados da Tabela 26

Tabela 25 tem-se que apenas no Ano 04 a lavoura conseguirá atingir seu PEF e

trabalhar com uma margem de segurança. No entanto, nos anos anteriores não conseguirá

cobrir seus gastos desembolsáveis apenas com as receitas oriundas da venda do óleo bruto,

necessitando então de recursos dos sócios ou de terceiros para honrar seus compromissos.

Para o cálculo dos gastos totais foram somados os valores desembolsáveis e excluído

o valor da amortização do investimento inicial em seu respectivo ano. Sendo assim, o PEF

seria atingido quando o produtor rural conseguisse extrair da lavoura de pinhão-manso e

comercializar: 1.026 litros de óleo bruto no Ano 01, 1.766 no Ano 02, 2.909 no Ano 03 e

4.882 litros no Ano 04.

Tabela 26 - Ponto de Equilíbrio Financeiro nos quatro primeiros anos.

Ponto de Equilíbrio Financeiro (PEF)

Ano 01 Ano 02 Ano 03 Ano 04

Gastos Totais R$ 1.897,70 R$ 3.266,19 R$ 5.381,52 R$ 9.030,87

(/) Valor litro do óleo R$ 1,85 R$ 1,85 R$ 1,85 R$ 1,85

(=) PEE Qtde. 1026 1766 2909 4882

Qtde. produzido no ano 283 1417 2833 5666 Déficit ou Superávit (em litros) -742 -349 -76 784 Déficit ou Superávit (em R$) R$ (1.373,55) R$ (645,46) R$ (140,69) R$ 1.450,79 Fonte: Dados da pesquisa.

5.2.3.13 Análise de Sensibilidade

A análise de sensibilidade consiste em definir a rentabilidade do projeto em função de

cada uma de suas variáveis, e observar a variação que ocorre na rentabilidade para cada

alteração nas variáveis, determina em que medida um erro ou modificação de uma das

variáveis incide nos resultados finais do projeto.

Conforme pode ser visto na

Tabela 27 foram tomados os dados originais do projeto sem qualquer acréscimo ou

decréscimo. Os gastos anuais de produção foram extraídos da Tabela 24, as receitas com

vendas foram retiradas da Tabela 13, e o valor do investimento é igual à soma dos gastos com

104

a implantação do viveiro de mudas de pinhão-manso (Tabela 6) e gastos com a implantação

da lavoura (Tabela 7).

Para o cálculo da rentabilidade utiliza-se a seguinte fórmula: Receita menos custos

dividido pelo investimento. Sendo assim, no Ano 01, Ano 02 e Ano 03 a rentabilidade foi

negativa na ordem de -24%, -12% e -7%. No Ano 04, quando a lavoura atinge seu pico de

produtividade, a rentabilidade é positiva e igual a 3%.

Tabela 27 - Análise de Sensibilidade 01 – “valores normais” (sem o ganho com a venda da torta).

Análise de Sensibilidade 01 - valores "normais" (valores em R$)

Fatores Ano 01 Ano 02 Ano 03 Ano 04

Receita de vendas 524,15 2.620,73 5.240,83 10.481,66

(-) Gasto anual de produção (2.881,53) (4.250,02) (6.365,35) (10.014,70)

(=) (2.357,38) (1.629,29) (1.124,52) 466,95

(/) Investimento 9.838,31 13.824,98 15.454,27 14.987,32

(=) Rentabilidade -24% -12% -7% 3% Fonte: Dados da pesquisa.

Se for somado à receita operacional o ganho com a venda da torta tem-se uma

rentabilidade positiva a partir do Ano 03 (4%), conforme Tabela 28. Esta última servirá de

parâmetro para as demais avaliações de sensibilidade do projeto, uma vez que o ganho com a

venda da torta promove uma melhoria no valor das entradas e conseqüentemente no resultado

do fluxo de caixa da empresa.

Tabela 28 - Análise de Sensibilidade 02 – “valores normais” (com o ganho da venda da torta).

Análise de Sensibilidade - valores "normais" (valores em R$)

Fatores Ano 01 Ano 02 Ano 03 Ano 04

Receita de vendas 689,14 3.445,70 6.890,56 13.781,13

(-) Gasto anual de produção (2.881,53) (4.250,02) (6.365,35) (10.014,70)

(=) (2.192,39) (804,32) 525,21 3.766,43

(/) Investimento 9.838,31 12.835,02 12.309,81 8.543,38

(=) Rentabilidade -22% -6% 4% 44% Fonte: Dados da pesquisa.

Na Tabela 29 foi simulado a redução de 10% no valor das receitas totais (incluído o

ganho com a venda da torta) e mantido todos os outros valores. Neste cenário a rentabilidade

105

no Ano 01 seria negativa e igual a -23%, ou seja, diminuiria 1% em relação aos índices

considerados como parâmetro para avaliação do comportamento das variáveis (Tabela 28).

No Ano 02 cairia para -9%, no Ano 03 passaria para -1%, e no Ano 04 a rentabilidade cairia

pela metade, passaria de 44% (Tabela 28) para 22% (Tabela 29).

Tabela 29 - Análise de Sensibilidade -03 – diminuição de 10% no valor das receitas (com a venda da torta) e manutenção dos demais valores.

Análise de Sensibilidade - diminuição 10% nas receitas (com a venda da torta) e manutenção demais valores

Fatores Ano 01 Ano 02 Ano 03 Ano 04

Receita de vendas 620,23 3.101,13 6.201,51 12.403,02

(-) Gasto anual de produção (2.881,53) (4.250,02) (6.365,35) (10.014,70)

(=) (2.261,30) (1.148,89) (163,84) 2.388,31

(/) Investimento 9.838,31 13.248,50 13.412,35 11.024,03

(=) Rentabilidade -23% -9% -1% 22% Fonte: Dados da pesquisa.

Na Tabela 30 foi simulada a redução de 10% no valor das receitas totais (incluído o

ganho com a venda da torta) e o aumento de 10% nos demais gastos. Neste cenário a

rentabilidade no Ano 01 seria negativa e igual a -24%, ou seja, diminuiria 1% em relação aos

índices considerados como parâmetro para avaliação das variáveis (Tabela 28). No Ano 02

cairia 5% em relação aos valores considerados como parâmetro (Tabela 28). No Ano 03, a

rentabilidade passaria de 4% (Tabela 28) para -5% negativo (Tabela 30). No Ano 04 a

rentabilidade cairia 10% se comparado aos índices considerados como parâmetro (Tabela 28).

Tabela 30 - Análise de Sensibilidade -04 – diminuição de 10% no valor das receitas (com a venda da torta) e aumento de 10% nos demais gastos.

Análise de Sensibilidade - diminuição 10% nas receitas (com a venda da torta) e aumento de 10% nos gastos

Fatores Ano 01 Ano 02 Ano 03 Ano 04

Receita de vendas 620,23 3.101,13 6.201,51 12.403,02

(-) Gasto anual de produção (3.169,68) (4.675,02) (7.001,88) (11.016,17)

(=) (2.549,46) (1.573,90) (800,38) 1.386,84

(/) Investimento 10.822,14 14.945,49 15.745,87 14.359,02

(=) Rentabilidade -24% -11% -5% 10% Fonte: Dados da pesquisa.

106

Concluindo, a análise de sensibilidade serve para verificar como se alterariam os

resultados caso ocorressem modificações nos valores originais do projeto, também auxilia na

construção de cenários através da sensibilização (alteração) das variáveis.

107

6 CONCLUSÕES

Informações foram colocadas neste trabalho com o objetivo de comprovar, ou não, a

viabilidade financeira do plantio de pinhão-manso no Semi-Árido baiano em lavoura de

sequeiro para produção de biodiesel. Para isso utilizou-se de um estudo de caso e todas as

conclusões levantadas levam em consideração as características da região e o cenário

financeiro e econômico do país em 2009.

Os estudos mostraram que a comercialização da torta torna o negócio viável, no

cenário avaliado, e o resultado do fluxo de caixa é positivo a partir do segundo ano. No

entanto, se não houver o ganho com a torta o fluxo de caixa é negativo até o terceiro ano, o

que exige maior necessidade de capital de giro do produtor rural.

Alguns gastos podem ser minimizados com a criação de associações de produtores de

pinhão-manso ou cooperativas, tais como: 01) contratação das operações mecanizadas em

mais horas e por um valor menor, ou até mesmo aquisição dos equipamentos e máquinas

necessárias para estas tarefas, 02) assistência técnica que pode ser contrata por uma

associação ao cooperativa e ter seu valor rateado entre os produtores, 03) compra de insumos

e defensivos em maiores quantidades e com preços menores, 04) compra do maquinário para

extração do óleo bruto de pinhão-manso e divisão do valor deste investimento pelos usuários

do serviço, evitando assim a terceirização desta etapa de produção, dentre outros.

Uma questão a ser ponderada é o alto custo da colheita em áreas extensas, já que esta

precisa ser realizada de forma manual, pois a maturação dos frutos não é uniforme, exigindo

assim que a mesma seja feita várias vezes a cada ciclo produtivo. Esta peculiaridade da

cultura eleva os gastos de produção, mas, por outro lado favorece a utilização da mão-de-obra,

alavancando o aspecto social, objetivo primordial do PNPB.

Quanto ao julgamento de viabilidade financeira deste projeto, o processo de

mensuração torna-se observável sob diferentes ângulos, visto que atribuir um valor monetário

a algo cujo próprio valor tem tradução quantitativa subjetiva é complexo. Como exemplo

pode-se perguntar: Quanto vale a vida de pessoas que morreram prematuramente por

problemas de saúde originários de péssimas condições ambientais de sobrevivência? Quanto

vale a vida dos animais mortos em um desastre ecológico? Quanto vale a vida de empregados

que trabalham em condições ambientais insalubres?. Sendo assim, para aqueles que julgam

estes aspectos importantes, um projeto ambiental já se justifica, visto que a importância da

108

preservação do meio ambiente em detrimento do custo desta recuperação serve de argumento

junto a órgãos governamentais de incentivo, tendo em vista que se trata de um

empreendimento que contribuirá para a preservação do ecossistema.

Ao analisar o custo de oportunidade por exemplo, deve-se levar em consideração que

a rentabilidade estimada no projeto será diferente da rentabilidade real dos investidores, ou

seja, na avaliação geral cabe um olhar de viabilidade econômica (o que pode trazer de

melhorias para a sociedade) e assim, baseado nestes aspectos sócio-ambientais, negociar junto

a órgãos financiadores melhores condições de produção e comercialização do pinhão-manso e

de seus co-produtos.

No entanto, para a ciência contábil, a informação exige uma tradução numérica mais

especificamente, monetária, que altera o resultado econômico, financeiro e patrimonial da

entidade e por isso todos os cálculos de viabilidade financeira foram mostrados para que o

investidor tenha informações suficientes para tomar decisões de investir, ou não, no plantio de

pinhão-manso nas condições aqui avaliadas.

109

7 APÊNDICES:

7.1 ARTIGO CIENTÍFICO:

Análise da relação Custo/ Volume/ Lucro (CVL) da cultura de pinhão-manso: um

estudo de caso.

Resumo O pinhão-manso aparece no cenário atual como uma oleaginosa promissora para o desenvolvimento da cadeia produtiva do biodiesel sem competir com fontes de alimentação humana ou animal. Devido ao bom desempenho de sua cultura em locais de baixa umidade seria uma alternativa para regiões mais secas do país, como o caso do Semi-Árido baiano. Assim foram utilizados conceitos integrantes da relação CVL para avaliar o desempenho de uma propriedade rural baseada na agricultura familiar em sistema de sequeiro voltada para o cultivo de pinhão-manso, através de um estudo de caso realizado em Vitória da Conquista – BA, região pertencente ao Semi-Árido baiano. Neste trabalho foi aplicado o conceito de custo integral ou custo pleno, onde todos os custos e despesas são alocados aos produtos ou serviços. O levantamento de dados e os orçamentos foram feitos entre o período de novembro de 2008 a janeiro de 2009. Os resultados demonstraram que neste cenário a lavoura só consegue atingir seu ponto de equilíbrio a partir do Ano 04, caso não tenha ganho com a venda da torta (co-produto). Portanto, conclui-se que a recomendação do plantio dessa oleaginosa deve ser acompanhada de estudos que avaliem as especificidades de cada região. Palavras-chaves: biodiesel, agricultura familiar, viabilidade financeira. Abstract

The jatropha appears in the current scenario as a promising oilseed for the development of the production chain of biodiesel not compete with sources of food or feed. Due to the good performance of their culture in places of low humidity would be an alternative to the driest parts of the country, as the case of semi-arid region of Bahia. Once concepts have been used for members of the CVL to evaluate the performance of a farm-based family farming in the semi-arid toward the cultivation of jatropha, through a case study conducted in Vitoria da Conquista - BA, belonging to the region Semi-arid environments. In this work we applied the concept of full cost or full cost, where all costs and expenses are allocated to products or services. The survey data and estimates were made between the period November 2008 to January 2009. The results showed that in this scenario the crop can only reach its equilibrium point from Year 04, if no gain on the sale of the pie (co-product). Therefore, it is concluded that the recommendation of the planting of this crop must be accompanied by studies to evaluate the specificities of each region. Key-words: biodiesel, farming, financial viability.

110

Introdução

No Brasil e no mundo vários esforços vêm sendo realizados junto a órgãos públicos

com o objetivo de incorporar fontes renováveis de combustíveis na matriz energética

nacional, principalmente os chamados biocombustíveis.

Um dos fatores que promoveu a mudança na matriz energética foi o fato dos

combustíveis fósseis estarem associados ao aumento do aquecimento global, devido à grande

emissão de gás carbônico e outros gases tóxicos, produzidos pela sua combustão, gerando o

que ficou conhecido como efeito estufa. Dessa forma, a busca de fontes alternativas de

energia tem sido essencial para o planeta, do ponto de vista econômico, ambiental e social.

Desde o século passado vários estudos vêm sendo conduzidos demonstrando o uso de

óleos e gorduras animais e vegetais como matéria-prima na produção de combustíveis

alternativos, em virtude de serem fontes renováveis e menos poluentes, o que acabou por

cunhar o termo biocombustíveis (MALCATA et al., 1990).

Biocombustível é todo combustível derivado de fonte orgânica e não fóssil, como por

exemplo, o álcool etanol, a biomassa ou o biodiesel (FARIA, 2009).

No século XXI o biocombustível que passou a se destacar no cenário internacional foi

o éster alquílico de ácidos graxos, mais conhecido por biodiesel, produzido a partir de óleos

vegetais ou gorduras animais, através de uma reação química com alcoóis, tais como o

metanol e etanol (ISO et al., 2001). Por ser biodegradável, não-tóxico e praticamente livre de

enxofre e aromáticos, o biodiesel é considerado um combustível ecológico. Como se trata de

uma energia limpa, não poluente, o seu uso num motor a diesel convencional resulta, quando

comparado com a queima do diesel mineral, numa redução substancial de monóxido de

carbono e de hidrocarbonetos não queimados.

Parente (2003) conceitua biodiesel como:

Um combustível renovável, biodegradável e ambientalmente correto, sucedâneo ao óleo diesel mineral, constituído de uma mistura de ésteres metílicos ou etílicos de ácidos graxos, obtidos da reação de transesterificação de qualquer triglicerídeo com um álcool de cadeia curta, metanol ou etanol, respectivamente” (PARENTE, 2003).

111

Em 02 de julho de 2003 foi instituído no Brasil, por meio de decreto, um Grupo de

Trabalho Interministerial (GTI) encarregado de apresentar estudos sobre a viabilidade de

utilização de biodiesel como fonte alternativa de energia. De fato, o biodiesel vem se

mostrando com fonte de energia limpa, extremamente promissora na diminuição de danos

ambientais e se apresenta como um importante combustível alternativo de características

similares ao combustível fóssil no que diz respeito ao seu desempenho em motores de

combustão interna do ciclo diesel (URQUIAGA, et al., 2005). Como conseqüência disso, foi

elaborado um relatório que deu embasamento ao Presidente da República para estabelecer o

Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), uma ação estratégica e

prioritária que também visa propiciar a inclusão social do agricultor familiar e melhoria das

condições de vida do homem do campo, visto que para a viabilização desse programa, faz-se

necessária a produção de matéria-prima, e dentre as possibilidades técnicas disponíveis, a

preferencial continua sendo o uso de plantas oleaginosas.

Lançado em 13 de janeiro de 2005, o PNPB regulamentou o uso de biodiesel na matriz

energética brasileira, através da Lei nº. 11.097, também prevendo que a partir de 2013, deverá

ser misturada ao óleo diesel fóssil uma porcentagem de 5% de biodiesel. Esse percentual de

adição do biodiesel ao diesel de petróleo vem sendo alterados em função da demanda do

mercado e da oferta de matéria-prima, que desde o lançamento do PNPB vem sendo o maior

entrave a produção acelerada deste biocombustível. Atualmente, o biodiesel que é

comercializado no Brasil é produzido principalmente a partir do óleo de soja, o que dá a este

país o título de segundo maior produtor/exportador mundial desse grão, representando 30% da

produção agrícola nacional.

No entanto, a soja não é a melhor opção, pois é utilizada na alimentação humana e

animal e o seu uso na produção de biocombustível têm feito seu preço se elevar (ABIOVE,

2007). Assim, é necessário buscar matérias-primas específicas para produção de biodiesel e

uma das oleaginosas que tem sido apontada no cenário atual como promissora é o pinhão-

manso.

O pinhão-manso (Jatropha curcas L.) pertence à família das Euphobiacea que possui

mais de 70 espécies (SHAH, 2005). É encontrado na forma nativa nos países tropicais e

subtropicais, tais como na América do Sul, China e Índia (OPENSHAW, 2000). É um arbusto

grande, de crescimento rápido, cuja altura normal é de dois a três metros, suporta bem climas

áridos e semi-áridos (HELLER, 1996), sendo pouco encontrado em regiões de elevada

umidade, como a Amazônica (DEHGAN e SCHUTZMAN, 1994).

112

Atualmente o pinhão-manso é apontado como oleaginosa promissora para produção de

biodiesel e um dos motivos para isso é o seu bom rendimento de óleo por sementes, na ordem

de 28 a 60% dependendo do método de extração (HELLER, 1996; SHAH et al., 2005;

KUMAR e SHARMA, 2008). Sua torta pode ser utilizada como adubo, pois é rica em

proteínas e minerais, tais com fósforo, cálcio, magnésio, sódio e potássio (FERRÃO e

FERRÃO, 1981) e quando decomposta em biodigestores produz gás gerando calor e energia

elétrica. Esta oleaginosa também tem sido utilizada como cerca viva repelindo os animais que

se afastam da planta devido ao seu látex cáustico. Serve ainda para conservar o solo,

reduzindo a erosão e a perda de água por evaporação.

O direcionamento de recursos de fundos federais de incentivo e financiamento ao

desenvolvimento tecnológico pelo PNPB incluem a seleção de matérias-primas segundo as

características diferenciadas de solo e clima regionais, aspecto dos mais importantes devido à

diversidade de oleaginosas e ao fato de as mesmas representarem algo em torno de 75% dos

custos de produção do biodiesel.

O pinhão-manso ainda não esta sendo produzido em larga escala e a estimativa de

produtividade por hectare/ano em lavoura de sequeiro é apresentada na Tabela 01.

A diferença na produtividade entre os espaçamentos ocorre nos dois primeiros anos,

porque a partir daí a lavoura precisa ser raleada, passando para o espaçamento 6 metros entre

linhas e 2 metros entre plantas.

Segundo alguns pesquisadores, o pinhão-manso é uma planta perene, que pode render

ao agricultor de cinco a oito vezes mais que a produção de leite, permitindo consórcio com

outras lavouras (ROCHA, 2007). É fundamental levar em consideração os custos com

matéria-prima (óleo vegetal e álcool), catalisador, mão-de-obra, energia, custos

administrativos e financeiros (custos de capital), além da margem do produtor.

O Semi-Árido baiano é uma região que compreende boa parte do território da Bahia e

também é onde há os maiores índices de pobreza dentre a população que habita essa área,

sendo que esta configura quase metade do número total de habitantes (SEI, 2000; IBGE,

2000). Na Bahia, o Semi-Árido é formado por 258 municípios, compreendendo uma área de

388.274 Km2 com uma população de 6.316.846 habitantes, o que corresponde a 68% do

território do Estado e 48% de sua população (LOBÃO et al., 2004). A maior parte dessas

pessoas vivem no campo e sobrevivem da agropecuária. Porém, devido a diversos fatores o

desenvolvimento dessa região têm sido precário e muitos habitantes têm se deslocado para os

centros urbanos em busca de melhores oportunidades (BRITTO e SANTOS, 2006). A

113

implantação de uma cultura que possa trazer incremento a renda desta população evitaria o

êxodo rural e promoveria a melhoria das condições de vida do homem do campo.

Verifica-se na região do Semi-Árido altos índices de pobreza e baixa escolaridade,

fatores que aliados contribuem para o atraso no desenvolvimento econômico dos municípios

do interior baiano (LOBÃO et al., 2004). Nesses locais a luta pela sobrevivência favorece o

surgimento do trabalho em tempo parcial, da pluriatividade, da busca por fontes alternativas à

obtenção da energia elétrica tradicional, como a energia solar fotovoltaica, e das atividades

não-agrícolas. Faz-se urgente a implementação de iniciativas que ajudem a reverter esse

quadro, garantindo a qualidade de vida das pessoas que se encontram nessa situação.

Na Bahia, o plantio de oleaginosas para a produção do biodiesel (principalmente a

mamona cultivada em 189 municípios) vem surgindo como alternativa para dinamizar a

economia do semi-árido e fortalecer a agricultura familiar (POMPONET, 2007). O pinhão-

manso tem hoje suas primeiras lavouras sendo plantadas e ainda não se sabe ao certo como

será a sua produção e como essa oleaginosa responderá as diferentes condições

edafoclimáticas do país.

Diante do exposto, se faz necessário pesquisar se esta cultura é financeiramente viável

para a agricultura familiar em lavoura de sequeiro, pois no Semi-Árido baiano os agricultores

não têm condições de implantar lavoura irrigada, ou investir em algo que não tenha retorno

garantido ou risco minimizado. Logo o objetivo geral deste trabalho é apresentar informações

que confirmem, ou não, o potencial do pinhão-manso para contribuição econômica/financeira

e social dessa região o que justificaria o incentivo do governo aos produtores rurais locais.

Materiais e Métodos

Este trabalho limita-se a avaliar a relação Custo/ Volume/ Lucro (CVL), mais

especificamente o ponto de equilíbrio contábil ou operacional (break even point) da lavoura

de pinhão-manso nas condições edafoclimáticas regionais do Semi-Árido baiano e através da

implantação e manutenção da cultura não irrigada, pela agricultura familiar.

Foram utilizados conceitos da Administração Financeira, Contabilidade, Economia e

Agronomia, para análise de um estudo de caso realizado em uma propriedade rural do

município de Vitória da Conquista, situado na Região Sudoeste da Bahia, cuja latitude é de

114

15,95° sul, longitude 40,88° oeste, altitude de 839 metros acima do nível do mar, precipitação

média anual de 732 mm, temperatura média de 20,2ºC e temperatura mínima de 11ºC. Ocorre

neblina no inverno e deficiência hídrica entre os meses de junho a outubro, e por isso optou-se

por se realizar a Análise Custo/ Volume/ Lucro (CVL) considerando-se lavoura de sequeiro,

para apresentar projeções mais próximas dos resultados que o agricultor familiar teria caso

implantasse a lavoura de pinhão-manso, sem irrigação.

Foi aplicado o conceito de custo integral ou custo pleno, que conforme Bruni (2008),

quando custos e despesas são alocados aos produtos ou serviços, diz-se tratar de um sistema

de custos plenos ou integrais.

Assim sendo, Custeio Pleno é um método que consiste na apuração total dos custos e

despesas com vista à obtenção de um custo total do produto, mercadoria, ou serviço. De

acordo com Backer e Jacobsen (1973), o método de Custeio Pleno pode ser útil na cotação da

lucratividade dos produtos e em decisões correspondentes aos preços de venda. A principal

vantagem deste método é que ele assegura a recuperação total dos custos e das despesas, pois

deve-se levar em conta todos os custos e as despesas ocorridas, sem exceções o que gerará

uma informação completa acerca da formação do custo unitário.

Para Neves e Viceconti (2003) a vantagem deste método é que, dado qualquer

aumento de um item de custo ou despesa, é possível calcular o efeito do mesmo no preço do

produto, já que tudo é levado ao objeto de custeio.

Os cálculos da relação CVL foram realizados utilizando-se dos conceitos de ponto de

equilíbrio contábil (PEC). Para o cálculo do PEC, conforme sugerido por Buarque (1984)

igualou-se as receitas aos gastos de produção de forma que o resultado final seja igual a zero,

ou seja, não exista lucro nem prejuízo.

Para composição dos custos integrais foram cotados valores referentes a operações

mecanizadas, adubação, fungicidas, inseticidas, herbicidas, serviços terceirizados como

análises de solo, energia elétrica, transporte de água, extração do óleo bruto e assistência

técnica. Sendo assim, foram orçados todos os gastos operacionais de cada ano (Tabela 03,

Tabela 04, Tabela 05 e Tabela 06) e dividiu-se pelo valor do litro de óleo bruto de pinhão-

manso comercializado no mercado, R$ 1,85 (um real e oitenta e cinco centavos), orçado em

novembro de 2008, no endereço eletrônico da Revista Biodieselbr (www.biodieselbr.com).

No tocante ao frete, este foi considerado por conta do comprador – FOB (Free on Board -

Posto a Bordo).

115

Os valores utilizados para o cálculo dos gastos com serviços foram: energia elétrica,

fretes para transporte de itens envolvidos no processo produtivo, extração do óleo,

armazenamento e assistência técnica, todos estes orçados na região. O valor gasto com a

extração do óleo foi orçado junto a Granjatec (www.granjatec.com.br) em 16 de março de

2009, na ocasião a empresa cobrava U$ 10,00 (dez dólares) por tonelada de óleo extraído,

como o dólar comercial estava em R$ 2,30 (dois reais e trinta centavos) no dia da cotação,

tem-se R$ 23,00 (vinte e três reais) para extração de cada tonelada de óleo bruto.

Importante observar que existem restrições quanto à utilização do ponto de equilíbrio.

Na visão de Padoveze (2004), fica evidente que é uma técnica para uso na gestão de curto

prazo, porque não se pode pensar num planejamento de longo prazo para um empreendimento

que não dê resultado positivo e que não remunere os investidores.

Santos (1995) relaciona limitações da análise do ponto de equilíbrio (Análise CVL)

quando menciona que devem ser levados em consideração os seguintes pontos: 01) variação

de um componente: por exemplo, não se pode considerar mudança no preço sem a influência

nos demais itens, e por isso sugere-se a avaliação do grau de sensibilidade do projeto; e 02)

análise estática: as próprias dificuldades existentes na montagem dos dados para análise não

levam em consideração todo o dinamismo envolvido nas empresas e no dia-a-dia dos

negócios. A própria inflação é um fator de difícil controle dentro da análise, porque influencia

por completo toda a evolução dos dados. Dentro do próprio período podem ocorrer variações

nos preços praticados, como mudanças na legislação tributária que regula o setor.

Resultados e Discussão

O Ponto de Equilíbrio Contábil (PEC) ou Operacional, ou apenas Ponto de Equilíbrio

(PE), é definido por Oliveira e Perez Jr. (2005) “como o nível de atividades necessárias para

recuperar todas as despesas e custos de uma empresa”. Pode ser utilizado para: 01) determinar

o nível de atividades necessárias para cobrir todas as despesas e custos, tanto fixos quanto

variáveis; 02) avaliar a lucratividade associada aos diversos níveis possíveis de vendas, ou

seja, aos vários níveis possíveis de atividades; 03) facilitar a análise dos efeitos sobre a

lucratividade decorrente de alterações nas despesas e custos fixos e variáveis, no volume de

vendas, no preço de venda e na distribuição relativa de linhas de produção vendidos. Alguns

116

autores apontam para outros Pontos de Equilíbrio, tais como Ponto de Equilíbrio Financeiro

(PEF) e Ponto de Equilíbrio Econômico (PEE). No entanto, este estudo limitou-se aos

cálculos e análises apenas do Ponto de Equilíbrio Contábil ou Operacional nos quatro

primeiros anos.

Para encontrar a quantidade de litros de óleo bruto de pinhão-manso que precisaria ser

produzida e vendida para se chegar ao PEC, somaram-se aos gastos totais em seus respectivos

anos, uma parcela de amortização do investimento inicial, igual a R$ 983,83 (novecentos e

oitenta e três reais e oitenta e três centavos) e dividiu-se o valor total pelo valor do litro de

óleo (Tabela 07) comercializado no mercado, R$ 1,85 (um real e oitenta e cinco centavos).

Como trabalhou-se com um rendimento de óleo bruto na ordem de 34% (extração

mecânica), tem-se 0,034 litros de óleo bruto por planta no Ano 01, 0,170 litros por planta no

Ano 02, 0,680 litros por planta no Ano 03 e 1,360 litros por planta no Ano 04, o que gerarão

receitas iguais a R$ 524,15 (quinhentos e vinte e quatro reais e quinze centavos), R$ 2.620,73

(dois mil, seiscentos e vinte reais e setenta e três centavos), R$ 5.240,83 (cinco mil, duzentos

e quarenta reis e oitenta e três centavos) e R$ 10.481,66 (dez mil, quatrocentos e oitenta e um

reais e sessenta e seis centavos) nos Anos 01, 02, 03 e 04 respectivamente (Tabela 02).

Pode-se verificar, portanto, que no primeiro ano seria necessária a produção e venda

de 1.558 litros de óleo bruto de pinhão-manso (Tabela 07) para que o produtor rural não

tivesse prejuízo. No entanto, a produção esperada para esta lavoura em sistema de sequeiro

neste período é de 283 litros de óleo bruto (Tabela 02), o que resulta em um resultado

operacional negativo igual a R$ 2.357,38 (dois mil, trezentos e cinqüenta e sete reais e trinta e

oito centavos). A situação negativa perdura no Ano 02 e Ano 03, com resultados operacionais

negativos iguais respectivamente a R$ 1.629,69 (um mil, seiscentos e vinte e nove reais e

sessenta e nove centavos) e R$ 1.124,52 (um mil, cento e vinte e quatro reais e cinqüenta e

dois centavos) respectivamente (Tabela 07). No Ano 04, quando a lavoura atinge seu pico de

produtividade (5.666 litros de óleo bruto de pinhão-manso) e tende a estabilizar-se, ocorre um

superávit de 252 litros de óleo bruto, o que implica em dizer que neste ano o produtor

trabalhará com uma margem de segurança (MS), ou seja, uma produção que ultrapassa o PE,

representada pelo excesso de receitas sobre os gastos no Ano 04 (Tabela 07).

Baseado nos dados apresentados na Tabela 07 tem-se que a produtividade mostrou-se

abaixo do necessário para pagamento dos gastos com produção anual nos três primeiros anos,

e o indicado é que investimentos sejam feitos com vistas à melhoria da produtividade. No

117

entanto, a melhoria deste item implica em novos gastos que devem ser incorporados na

Análise Custo/Volume/Lucro e, portanto os cálculos precisam ser refeitos.

Importante também se faz apresentar as limitações da metodologia CVL, visto que

esta é indicada para análises de curto prazo e como as projeções feitas foram para quatro anos

considerou-se que os valores usados para realização dos cálculos se mantiveram estáveis, o

que provavelmente não aconteceria em países inflacionários, no entanto, o estudo não se

invalida, pois a partir destes dados, projeções podem ser realizadas. Este método não prevê as

alterações dos valores mesmo em um curto intervalo de tempo e em virtude disso sugere-se

que sejam calculados: o valor presente líquido (VPL), a taxa interna de retorno (TIR), o valor

futuro (VF), assim como também levantadas hipóteses para a análise de sensibilidade.

Conclusões

O pinhão-manso (Jatropha curcas L.) aparece no cenário atual como matéria-prima

para produção de combustíveis renováveis. Por ser resistente à seca, pouco exigente quanto às

características do solo, e não ser fonte de alimentação humana ou animal, o que significa que

não ocasionará desequilíbrio à produção de alimentos, é vista como uma cultura propulsora de

desenvolvimento regional e sustentável. Os estudos realizados até o momento mostram que

em consórcio com outras culturas esta oleaginosa pode alavancar a melhoria de vida do

homem do campo. No entanto, são indispensáveis incentivos por parte do Governo em

subsídios fiscais, assistência técnica, formação de cooperativas para extração e distribuição do

óleo, fomento à pesquisa para estudos voltados a melhoria da produtividade, amadurecimento

uniforme do fruto, comercialização dos co-produtos dentre outros.

O uso da Análise CVL mostrou possibilidades de obtenção de informações gerenciais

relevantes para tomada de decisão, permitindo ao produtor agrícola avaliar qual será seu

resultado a cada ano e verificar que em alguns anos, com a produtividade esperada não terá

como pagar seus gastos operacionais. Isso fará com que se busquem estratégias para melhorar

e manter o negócio, ou escolher outra opção de investimento.

Literatura Citada

118

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Tabela 01 – Produtividade esperada por ha/ano da lavoura de pinhão-manso em sistema de produção sequeiro (grama/planta). Idade da lavoura

Espaçamento 1º ano 2º ano 3º ano Depois do 4º ano 6 m x 2 m 100 g 500 g 2.000 g 4.000 g 3 m x 2 m 200 g 1.000 g 2.000 g 4.000 g

Fonte: (TOMINAGA, 2007).

Tabela 02 – Produtividade esperada para lavoura de sequeiro.

Produtividade esperada para lavoura de sequeiro

Ano Produtividade Nº Plantas Prod. Total Kg 34%*** L/planta Receitas

1º 100 grama/ planta 8.333 833 283 0,034 R$ 524,15

2º 500 grama/ planta 8.333 4167 1417 0,170 R$ 2.620,73

3º 2000 grama/ planta 4.166 8332 2833 0,680 R$ 5.240,83

4º 4000 grama/ planta 4.166 16664 5666 1,360 R$ 10.481,66 *** Rendimento em óleo bruto. Fonte: Dados da pesquisa.

Tabela 03 – Gastos orçados para o 1º ano de condução da lavoura de pinhão-manso.

1° ANO DE CONDUÇÃO DA LAVOURA

Operações Mecanizadas Unid. Qtde. Vl. Unit Vl. Total

Adubação de cobertura no 3º mês h/máq. 3 R$ 15,00 R$ 45,00

Transporte de água h/máq. 1 R$ 15,00 R$ 15,00

Sub-total Operações Mecanizadas R$ 60,00

Insumos

121

Inseticidas l 1 R$ 53,00 R$ 53,00

Fungicida (leite branco) contra oídio Kg 0,5 R$ 148,00 R$ 74,00

Adubo ( uréia) sacos 15 R$ 60,00 R$ 900,00

Lonas Plásticas metros 20 R$ 0,55 R$ 11,00

Sacaria sacos 17 R$ 0,75 R$ 12,50

Sub-total Insumos R$ 1.050,50

Serviços

Energia elétrica (mínima) kwh 12 R$ 10,00 R$ 120,00

Frete de adubo Km 20 R$ 1,80 R$ 36,00

Frete da produção Km 20 R$ 2,00 R$ 40,00

Extração de óleo R$ 19,17

Armazenamento sacos 17 R$ 1,00 R$ 16,67

Assistência programada visitas 1 R$ 465,00 R$ 465,00

Subtotal de Serviços R$ 696,83

Soma dos gastos do 1° ano R$ 1.807,33 Gastos eventuais (5%)

R$ 90,37

Total Gasto no 1° Ano R$ 1.897,70

Gastos do Ano + Parcela de Amortização do Investimento R$ 983,83 R$ 2.881,53 Fonte: Dados da pesquisa.

Tabela 04 – Gastos orçados para o 2º ano de condução da lavoura de pinhão-manso.

2° ANO DE CONDUÇÃO DA LAVOURA

Operações Mecanizadas Unid. Qtde. Vl. Unit Vl. Total

Adubação de cobertura (3 operações) h/máq. 3 R$ 15,00 R$ 45,00

Transporte de água h/máq. 8 R$ 15,00 R$ 120,00

Sub-total Operações Mecanizadas R$ 165,00

Insumos

Adubo (20-00-20 para 3 aplicações) sacos 23 R$ 70,00 R$ 1.610,00

Fungicidas l 1 R$ 148,00 R$ 148,00

Inseticidas l 2 R$ 53,00 R$ 106,00

Herbicida l 5 R$ 20,00 R$ 100,00

Lonas Plásticas metros 100 R$ 0,55 R$ 55,00

Sacarias Unid. 83 R$ 0,75 R$ 62,50

122

Subtotal de insumos R$ 2.081,50

Serviços

Energia elétrica (mínima) kwh 12 R$ 10,00 R$ 120,00

Frete de adubo Km 20 R$ 2,50 R$ 50,00

Frete da produção Km 20 R$ 2,50 R$ 50,00

Assistência programada visitas 1 R$ 465,00 R$ 465,00

Armazenamento Unid. 83 R$ 1,00 R$ 83,33

Extração do óleo R$ 95,83

Subtotal de Serviços R$ 864,16

Soma dos gastos do 2° ano R$ 3.110,66 Gastos eventuais (5%)

R$ 155,53

Total Gasto no 2° Ano R$ 3.266,19

Gastos do Ano + Parcela de Amortização do Investimento R$ 983,83 R$ 4.250,02 Fonte: Dados da pesquisa.

Tabela 05 – Gastos orçados para o 3º ano de condução da lavoura de pinhão-manso.

3° ANO DE CONDUÇÃO DA LAVOURA

Operações Mecanizadas Unid. Qtde. Vl. Unit Vl. Total

Adubação de cobertura (3 operações) h/máq. 5 R$ 15,00 R$ 75,00

Transporte de água h/máq. 15 R$ 15,00 R$ 225,00

Sub-total Operações Mecanizadas R$ 300,00

Insumos

Adubo (20-00-20 para 2 aplicações) sacos 30 R$ 70,00 R$ 2.100,00

Superfosfato Simples sacos 13 R$ 65,00 R$ 845,00

Fungicidas l 2 R$ 148,00 R$ 296,00

Inseticidas l 2 R$ 53,00 R$ 106,00

Herbicida l 10 R$ 20,00 R$ 200,00

Lonas Plásticas metros 100 R$ 0,55 R$ 55,00

Sacarias Unid. 167 R$ 0,75 R$ 124,98

Subtotal de insumos R$ 3.726,98

Serviços

Energia elétrica (mínima) kwh 12 R$ 10,00 R$ 120,00

Frete de adubo Km 20 R$ 2,50 R$ 50,00

123

Frete da produção Km 20 R$ 4,00 R$ 80,00

Assistência programada visitas 1 R$ 465,00 R$ 465,00

Análise de Solo Unid. 1 R$ 25,00 R$ 25,00

Armazenamento Unid. 167 R$ 1,00 R$ 166,64

Extração do Óleo R$ 191,64

Subtotal de Serviços R$ 1.098,28

Soma dos gastos do 3° ano R$ 5.125,26 Gastos eventuais (5%)

R$ 256,26

Total Gasto no 3° Ano R$ 5.381,52

Gastos do Ano + Parcela de Amortização do Investimento R$ 983,83 R$ 6.365,35 Fonte: Dados da pesquisa.

Tabela 06 – Gastos orçados para o 4º ano de condução da lavoura de pinhão-manso.

4° ANO DE CONDUÇÃO DA LAVOURA

Operações Mecanizadas Unid. Qtde. Vl. Unit Vl. Total

Adubação de cobertura (3 operações) h/máq. 10 R$ 15,00 R$ 150,00

Transporte de água h/máq. 20 R$ 15,00 R$ 300,00

Sub-total Operações Mecanizadas R$ 450,00

Insumos

Adubo (20-00-20 para 2 aplicações) sacos 41 R$ 70,00 R$ 2.870,00

Superfosfato Simples sacos 17 R$ 65,00 R$ 1.105,00

Fungicidas l 2 R$ 148,00 R$ 296,00

Inseticidas l 2 R$ 53,00 R$ 106,00

Herbicida l 20 R$ 20,00 R$ 400,00

Lonas Plásticas metros 200 R$ 0,55 R$ 110,00

Sacarias Unid. 333 R$ 0,75 R$ 249,96

Subtotal de insumos R$ 5.136,96

Serviços

Energia elétrica (mínima) kwh 12 R$ 10,00 R$ 120,00

Frete de adubo Km 20 R$ 2,50 R$ 50,00

Frete da produção Km 20 R$ 5,00 R$ 100,00

Assistência programada visitas 1 R$ 465,00 R$ 465,00

Análise de Solo Unid. 1 R$ 25,00 R$ 25,00

124

Armazenamento Unid. 333 R$ 1,00 R$ 333,28

Extração do Óleo R$ 383,27

Subtotal de Serviços R$ 1.476,55

Soma dos gastos do 4° ano R$ 7.063,51 Gastos eventuais (5%) (excluído os tributos)

R$ 353,18

Total Gasto no 4° Ano R$ 7.416,69

Tributos R$ 1.614,18

Total Gasto no 4° Ano + Tributos R$ 9.030,87

Gastos do Ano + Parcela de Amortização do Investimento R$ 983,83 R$ 10.014,70 Fonte: Dados da pesquisa.

Tabela 07 – Ponto de Equilíbrio Contábil (PEC) nos quatro primeiros anos da lavoura.

Ponto de Equilíbrio Contábil - PEC

Ano 01 Ano 02 Ano 03 Ano 04

Gastos Totais R$ 2.881,53 R$ 4.250,02 R$ 6.365,35 R$ 10.014,70

(/) Valor litro do óleo R$ 1,85 R$ 1,85 R$ 1,85 R$ 1,85

(=) PEC Qtde 1558 2297 3441 5413 Qtde. produzido no ano 283 1417 2833 5666 Déficit ou Superávit (em litros) -1274 -881 -608 252 Déficit ou Superávit (em R$) R$ (2.357,38) R$ (1.629,29) R$ (1.124,52) R$ 466,95 Fonte: Dados da pesquisa.

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