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Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra Fontes de Informação Sociológica Nélia Nobre Coimbra, Dezembro de 2006

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Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra

Fontes de Informação Sociológica

Nélia Nobre

Coimbra, Dezembro de 2006

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Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra

2006-2007

Título do trabalho:

“Integração Europeia – Desafios do Emprego”

No âmbito da cadeira:

Fontes de Informação Sociológica

1º Ano da Licenciatura em Sociologia

Professor orientador:

Paulo Peixoto

Realizado por:

Nélia Nobre

Nº 20062488

Data prevista de entrega:

31 de Dezembro de 2006

Imagem da capa consultada em www.datagate.pt/emprego.html

Coimbra, Dezembro de 2006

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Índice

1. Introdução 1

2. Estado das Artes

2.1 Contextualização 3

2.2 Emprego e Educação 4

2.2.1 Situação em Portugal 5

2.3 Emprego como forma de inclusão social 7

2.4 Emprego e jovens 9

3. Descrição detalhada da pesquisa 11

4. Ficha de leitura 14

5. Avaliação de uma página Web 18

6. Conclusão 19

7. Referências bibliográficas 22

Anexo I Texto de suporte da ficha de leitura

Anexo II Página da Internet avaliada

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1. Introdução

Mediante a disponibilidade de temas existentes no âmbito da cadeira de

Fontes de Informação Sociológica, a “Integração Europeia – Desafios do Emprego” foi o

tema voluntariamente escolhido para dar corpo à pesquisa e posterior realização deste

trabalho.

Em primeiro lugar essa escolha residiu no facto de o tema desde sempre me

suscitar interesse. Isso porque, por um lado, a actual União Europeia (U.E) é fruto de uma

consciencialização de que o progresso e o desenvolvimento é conseguido pela união e

criação de laços e não tanto pela força e imposição de domínios. Por outro lado, Portugal

como Estado-Membro da U.E usufruiu das ajudas comunitárias o que permitiu um maior

grau de desenvolvimento nacional.

Outro factor que me atraiu nesta temática é poder tratar com um tema vasto

com o qual se relacionam várias realidades. Porém, neste trabalho de pesquisa sociológica

não é de todo o que se pretende. Deste modo, escolhi, se assim lhe posso chamar, um

subtema a desenvolver: o emprego. Para além de ser um tema cuja problemática é uma

constante diária da vida social e política, considerei de particular interesse a sua abordagem

uma vez que ao longo deste processo de formação académico nunca o fizera.

Em tentativa de integração deste tema, iniciei o desenvolvimento do corpo

do trabalho referenciando brevemente o porquê do surgimento da necessidade de integração

europeia. Sublinho que essa abordagem é bastante sintética, pois não constitui o cerne do

trabalho. Portanto o objectivo das linhas que reservei ao seu tratamento é explicitar a causa

do tratamento do tema do emprego no contexto, evidenciando-o como preocupação

comunitária

Posteriormente, em sociedades europeias, o emprego é uma realidade cada

vez mais necessária e também mais escassa. Neste sentido a questão da qualificação e

formação é fulcral e determinante para quem procura e oferece trabalho. Deste modo

referencio a influência da educação e qualificação profissional no emprego, dando conta do

caso de Portugal.

Um outro ponto a considerar diz respeito ao modo como o emprego

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condiciona a inserção dos indivíduos, e consequentemente a evolução do país em causa.

Por fim termino o desenvolvimento da pesquisa com um último tópico: a relação existente

entre o emprego e os jovens. Sendo esta classe etária referenciada como uma das que mais

sujeita está às despenalizações do trabalho e sendo eu pertencente a este grupo, resolvi falar

da problemática dos jovens e não de outro grupo.

Finalizei com uma conclusão reflexiva do tema, tendo anteriormente

relatado o meu processo de pesquisa, a elaboração de uma ficha de leitura, bem como a

análise de uma página da Internet. Escolhi o site do Portal Europeu para a Mobilidade

Profissional da Comissão Europeia relacionado, não só por estar intimamente relacionado

com o tema do trabalho mas também porque considerei uma fonte fidedigna. Por sua vez, o

texto de suporte à ficha de leitura que seleccionei refere as razões das mutações existentes

na contratação, evidenciando alguns aspectos que desenvolvo no trabalho.

Assim o meu trabalho é feito à luz do estudo do emprego inserido no

contexto europeu. Faço uma abordagem da temática numa vertente essencialmente teórica,

recorrendo e contrapondo opiniões de diferentes autores.

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2. Estado das artes

2.1 Contextualização

Milhares de mortos, economias abaladas, território destruído… numa só

palavra: ruína. É assim o cenário europeu marcadamente vivido pela 2ª Guerra Mundial

(1939-1945). Como é evidente a Europa enfrenta a dura realidade de reconstruir e

apagar os danos que o conflito causara. Essa reconstrução visa inicialmente atenuar os

efeitos materiais. Porém, o “Velho Continente” vai mais longe pretendendo criar laços

de solidariedade entre os países europeus afectados pela guerra, e não só.

Esse processo de integração europeia inicia-se imediatamente a seguir ao

final da guerra. Winston Churchill propõe aos “…inimigos de ontem a reconciliarem-se

para construir ‘uma espécie de Estados Unidos da Europa’” (Mousis, 1982: 6). Este

processo não foi conseguido a curto prazo, aliás, ainda hoje decorre. Muitos

organismos, instituições e projectos foram criados no sentido de reconstruir a Europa.

As comunidades europeias têm ‘crescido’ e como tal, as metas a atingir são outras. Um

dos grandes objectivos passa por

“…salvaguardar os valores e as políticas essenciais do Estado Social moderno, garantindo através do crescimento e da competitividade, melhores condições para a sustentabilidade das políticas de emprego, coesão e protecção social.” (sublinhado do autor) (Lerparaver, 2006)

Para tal, as políticas sociais não poderão dissociar-se das políticas económicas,

nem aplicar o mesmo modelo de desenvolvimento a todos os países (Mousis, 1982). Por

outro lado, o emprego é uma questão cuja problemática está inserida nas preocupações do

“Estado Social moderno” tal como esta última citação refere. É também um tema

proeminente que contribui para o bem-estar económico e social. Ora, todos estes aspectos, e

muitos outros, são de interesse da União Europeia uma vez que contribui para a integração

dos Estados – membros. Assim o tratamento do tema do emprego torna-se oportuno.

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2.2 Emprego1 e Educação

A formação profissional é indissociável do emprego. A frequente falta de

qualificação dos trabalhadores é a grande razão de despedimento ou de dificuldades de

admissão patronal. A formação, ou melhor, a falta dela, impõe obstáculos aquando da

procura de emprego ou manutenção do mesmo. Tal acontece no caso de dificuldades

económicas: as pessoas com menos formação/especificação profissional são as que

mais rapidamente são dispensadas da actividade que exercem. As dificuldades em

encontrar um outro trabalho são enormes. Por outro lado, os empregadores pretendem

pessoas especializadas. Ora, se não têm emprego, não há forma de se especializarem, e

com isto, o fenómeno perpetua-se.

Esta realidade rapidamente alertou as Comunidades Europeias para a

alteração da legislação nesta matéria. Para fazer face a este círculo vicioso a

Comunidade, através do Fundo Social Europeu, apoia programas de formação e

especificação profissional, bem como intervém nos campos da educação. A educação

visa actuar logo no início da vida daqueles que serão os futuros trabalhadores. Assim,

grandes precariedades podem ser evitadas se controladas atempadamente.

Em 1963 a Comunidade Europeia propõe medidas, visadas como princípios

gerais, cujo objectivo primordial era a formação. O que pressupunha: aproximar os

países comunitários, intensificar a instrução dos formadores e realçar, especialmente,

algumas matérias relacionadas (tais com a política regional e agricultura) que para se

desenvolverem necessitam de uma formação especificada. Na década seguinte, o

Concelho elaborou um plano de actividades de formação que, concretamente, consistia

na intensificação das trocas de experiência profissional e procura de respostas

específicas a certos problemas. Ainda, em 1975, outro avanço se registou: a criação de

um centro europeu que visava o desenvolvimento da formação profissional, onde as

entidades interessadas neste problema se encontravam (Mousis, 1982: 178-179).

Segundo o relatório do BIT (bureau internacional do trabalho), o

desemprego cresce vertiginosamente em todo o mundo, acrescentando ainda “…a

1 Entenda-se por emprego trabalho remunerado

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desigualdade de salários dos trabalhadores qualificados e dos não qualificados.” (OIT-

BIT 1996: 11) é uma realidade cada vez mais registada. Este relatório aponta também

que nos países em vias de desenvolvimento o desemprego urbano é crescente e os

salários diminuem. Uma das causas que contribui para tal é a globalização: estes países

enfrentam barreiras como por exemplo o acesso à competitividade. Já no caso de alguns

países asiáticos “...o emprego melhorou substancialmente” (idem: 11). O facto, explica,

é justificado pela abundante mão-de-obra que permitiu a integração das economias no

contexto mundial.

Estas duas visões, apesar de levemente distintas neste aspecto, não são

necessariamente contrárias. É de lembrar que Nicolas Mousis analisa o fenómeno

dentro do contexto europeu, enquanto o relatório económico e social do BIT o faz tendo

como pano de fundo a situação mundial. Porém, mostra que a formação profissional

não é a condição sine qua a non para a realização plena do emprego. Mais à frente,

poder-se-á verificar que a experiência é também um factor determinante, isto é, a

formação é necessária mas a sua actuação isolada não é suficiente.

2.2.1 Situação em Portugal

No caso específico de Portugal, membro da União Europeia, a problemática

também não passa despercebida. Infelizmente, o emprego e a sua precariedade são uma

constante nos debates políticos e na vivência humana, com a qual muitos indivíduos e

famílias se deparam. O Programa de Acção Para o Crescimento e o Emprego 2005/2008

(PNACE) vê como grande prioridade o crescimento do país e do emprego. Segundo a

fonte, tal será conseguido

“…através da melhoria da qualidade das pessoas, das empresas, das instituições, dos territórios do desenvolvimento científico e do reforço da atractivamente, da coesão social e da qualidade ambiental.” (sublinhado do autor) (Lerparaver, 2006)

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O Programa Nacional vai mais longe uma vez que aponta uma série de medidas

concretas e aplicáveis. O seu objectivo é tornar Portugal “…um País capaz de

competir economicamente à escala global…”, (sublinhado do autor) (Lerparaver,

2006), não esquecendo as questões sociais. O desafio passa, pois, por dar respostas aos

obstáculos que surgem durante a consolidação desse mesmo objectivo.

Já Marta Morão refere que em Portugal o “...nível geral de educação

aumentou nos últimos anos...” mas apesar disso “...existe uma percentagem

significativa de população que sai do sistema escolar com baixo nível de

qualificações...” (Morão, 2003: 68). Estes dados afastam o país dos índices de educação

europeia.

Por sua vez, o Manual prático sobre o desenvolvimento de Estratégias

Locais de Emprego em Portugal refere como solução primordial uma maior

participação do local, regional e nacional a fim de promover o emprego. Advoga que

“…o emprego a nível local pode reforçar o valor dessa outras actividades [programas

comunitários e nacionais] ao mobilizar intervenientes locais e ao intervenientes locais e

ao reconhecer as necessidades e potencialidades de uma determinada localidade”

(sublinhado meu) (Comissão Europeia, 2004). Ainda, os fundos comunitários têm

possibilitado a implementação de parcerias locais em Portugal.

Em gesto sinóptico, (des)emprego é um assunto proeminente das sociedades

contemporâneas. Muita controvérsia surge em torno do problema e a necessidade de

soluções é crescente. Um dos fenómenos que está nos bastidores do desemprego relaciona-

se com a falta de qualificação profissional, problema para o qual esforços têm sido feitos

para atenuar a situação. Essa formação não deve esquecer a valorização dos recursos

endógenos que a sociedade dispõe. Transformá-los em potencialidades é um desafio que

promove o local no global e o torna melhor. Como tal, irá registar-se um desenvolvimento

generalizado da sociedade, do qual todos beneficiarão.

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2.3 Emprego como forma de inclusão social

“…o emprego é um dos principais mecanismos de integração nas sociedades

europeias contemporâneas” (Costa, 1998: 57)

A falta de emprego conduz, em variadas situações à exclusão social do

indivíduo. Este facto contribui para a instabilidade económica e social. Económica porque

é necessária assegurar a sobrevivência do indivíduo na sociedade, como por exemplo a

atribuição do salário mínimo nacional. É um problema social, por diversas razões, sendo as

principais: alteração das estruturas, diminuição da segurança, (aumento do vandalismo,

violência, marginalização, droga, prostituição e roubos).

“O desemprego representa também um factor de exclusão social, na medida

em que o desempregado se vê privado da participação nas relações sociais, de um status

social” (Alves, 1996: 51). Sandra Alves refere que tal origina não só exclusão como

também de pobreza. Os principais factores dessa exclusão, aponta, são de índole de

organização económica e de das estruturas sociais (idem: 47). A situação dos

desempregados ou de emprego clandestino vai levar a fugas ao fisco o que doravante vai

criar problemas de insegurança diminuição dos rendimentos e ainda da cobertura da

Segurança Social (idem: 54)

Também o relatório do BIT reforça a posição de Sandra Alves: “o

desemprego, quando atinge os níveis que conhecemos, agrava as desigualdades e a

exclusão social, fomenta a subutilização dos meios de produção e o desperdício dos

recursos humanos, aumenta a instabilidade económica e angústia humana” (OIT-BIT: 5).

Assim pode concluir-se que o

“...acesso e disponibilidade [ao emprego] representa, nestas sociedades [modernas], não só a principal fonte de rendimento para a maioria da população mas igualmente um factor de socialização e de afirmação de estatuto social, bem como de realização pessoal” (sublinhado meu) (Morão, 2003: 39)

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Esta realidade, justifica Bourdieu, é fruto da alteração de um quadro social

em que o trabalho é uma “...actividade que procura um rendimento monetário...” (Bourdieu

apud Morão, 2003: 39). O trabalho deixa, portanto, de ser causa de ajuda mútua e

solidariedade entre pessoas (Morão, 2003) para ser aquilo que em cima realço.

Alfredo Bruto da Costa refere também que o desemprego não se limita ao

facto de não ter trabalho/rendimentos. “Também é perder um dos vínculos mais

importantes de ligação à sociedade, à rede de relações interpessoais que o emprego

proporciona e, ainda, ao sentido que do mesmo advém, de participar na vida económica do

país” (Costa, 1998: 57). Corresponde ao que S. Alves chama de realização pessoal.

Reforço estas ideias como Marta Morão:

“Ter um rendimento é a chave que permite o acesso a escolha de um vasto número de bens e serviços e o emprego constitui a principal fonte de rendimento pelo que a melhoria quantitativa e qualitativa do emprego é um instrumento fundamental de qualquer política conducente à redução ou ao controle das desigualdades e do risco de exclusão...” (Morão, 2003: 66)

Os diferentes autores têm visões idênticas do tema. O emprego é,

indubitavelmente, um “rótulo” importantes, nomeadamente nas sociedades europeias

contemporâneas. Por outro lado, o desemprego ao contribuir para a desintegração dos

indivíduos está a contribuir para a desagregação das estruturas da sociedade. Assim sendo,

a situação de emprego dos indivíduos é também forma de bem-estar pessoal e prosperidade

económica e social.

Porém, o fenómeno não é homogéneo. Há determinadas categorias sociais

mais afectadas do que outras. Neste aspecto várias ambiguidades se registam. Para A.

Costa (1998), no capítulo “Desemprego emprego e trabalho”, os grupos mais vulneráveis

são os jovens e os reformados. Para S. Alves (1996) são os indivíduos com poucas

qualificações, com baixos rendimentos e idosos. O relatório do BIT (1996) apresenta as

principais assimetrias entre os países desenvolvidos e os países em vias de

desenvolvimento. Já Nicolas Mousis (1982) dá especial ênfase aos emigrantes, jovens,

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mulheres e deficientes.

A. Costa (1988) menciona ainda as decalages existentes entre os

desempregados. Há indivíduos que recebem um subsídio de desemprego razoável, outros

insatisfatórios e pior do que isso, os que não recebem qualquer tipo de auxílio estatal. Por

outro lado o autor refere ainda a crítica situação dos desempregados de longa duração,

cujas dificuldades de aceder ao mundo do trabalho acrescem.

É visível a harmonia de opiniões da análise deste aspecto. Valorização dos

materialismos, sociedades em que ter um bom carro fala mais alto do que a dignidade, o ter

um estatuto considerável e bem olhado pela sociedade são exemplos de realidades cada vez

mais imutáveis. O ser-se excluído socialmente não é apenas ter ou não emprego. É ter um

bom emprego, isto é, ser bem remunerado.

2.4 Emprego e os jovens

Como visto anteriormente, os jovens são um dos grupos cuja vulnerabilidade

e precariedade de emprego é mais acentuada.

Segundo Mousis, o problema da falta de formação dos jovens emerge na

década de 70 do século XX. Data esta em que o desemprego nesta classe etária (o autor

considera 14-19 anos) aumenta significativamente. Aponta ainda que a principal causa que

o justifica é a falta de experiência juvenil. Neste contexto, a comunidade europeia alerta os

seus países membros para levar a avante planos de formação juvenil a fim de, claro está,

evitar que a situação tome dimensões mais graves (Mousis, 1982).

Em alguns países europeus a aposta em classes etárias mais jovens constitui

um dos elementos chave ao combate à falta de qualificação e o consequente aumento dos

índices de desemprego. Filomena Pinto concretiza: “países como a Alemanha, Holanda,

Áustria, e Dinamarca apostam principalmente num sistema dual onde o sistema de

aprendizagem é mais centrado nas empresas”. O que na prática significa que os “...jovens

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recebem formação escolar em escolas vocacionais públicas (...) e cumprem um estágio nas

empresas...” (Pinto, 2004: 26). Esta referência da autora explicita o que o anterior

menciona.

A inserção no mercado de trabalho é uma realidade cada vez mais adiantada.

O fim do ciclo da formação e o início da inserção no mercado de trabalho é muitas vezes

preenchido pela "...procura activa de emprego, de ocupação de um ou vários empregos mais

ou menos instáveis, de melhoramento das potencialidades de inserção através da formação

profissional ou mesmo situações de inactividade total" (Rose apud Gonçalves, 1996: 19).

Segundo o mesmo autor, também é esta classe etária que mais se sujeita à imposição de

precariedades por parte das empresas. Assim conclui-se que "...os jovens têm mais

dificuldades de estabilidade e segurança laboral e, logo, de inserção na vida activa, do que

propriamente de transição ao mercado de emprego" (idem, 1996: 20).

Já José Machado Pais inventaria uma outra realidade. A instabilidade do

emprego juvenil faz com que, à falta de outra fonte de rendimento, os jovens recorram à

"...chamada economia subterrânea, em que se pode trabalhar e ganhar dinheiro sem declarar

para efeito de impostos" (Pais, 2001: 16). Assim à precariedade de emprego nos jovens o

autor chama ganhos, tachos e biscates (que inclusive deu origem ao título do livro a que me

refiro). Esta dimensão vem em conta ao que foi mencionado no ponto 2.3. por vezes, fruto

destas dificuldades que podem transformar-se em frustrações, os jovens recorrem a outro

métodos para se sustentarem. Métodos esses que nem sempre são lícitos.

Falando de Portugal, entre 1983 a 1990, a taxa de jovens que abandonavam

a escolaridade com o 9º ano era elevada. Nesta situação destacavam-se os jovens de

famílias: operárias, com ligações ao comércio e administração, agrícolas e ainda com mães

domésticas. A principal justificação é de índole financeira: os filhos abandonam a escola

em prol do trabalho a fim de contribuir para as despesas familiares (ou mesmo iniciarem a

sua independência). Destes, há os que podem eventualmente frequentar cursos como por

exemplo a contabilidade e a dactilografia. Em pólo oposto estão os filhos de pais que

desenvolvem actividades de um estatuto e remunerações mais elevadas. Estes são dados

avançados pelo Ministério do Emprego e da Segurança Social (Correia et al., 1992).

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3. Descrição detalhada da pesquisa

Para a pesquisa deste trabalho recorri a livros e a fontes electrónicas. Foi

essencialmente nos livros que me centrei pois, à priori, e como é de conhecimento comum,

a Internet está excessivamente impregnada de informação que nem sempre é viável. É o

chamado ruído, que nem sempre é fácil de detectar e de filtrar. Por outro lado, os livros são

submetidos a um controlo: a publicação é rigorosamente analisada a fim de evitar que se

editem informações incorrectas, com erros etc. Deste modo, os conhecimentos neles

contidos são sempre mais fiáveis e seleccionados do que na Internet. No entanto, tendo

consciência disso, não evitei por completo o acesso a páginas Web. Baseei-me

particularmente em fontes de instituições específicas que tratam do tema em questão.

Passarei então a descrever explicitamente o meu processo de pesquisa por partes e tentando

sintetizá-lo.

Numa primeira etapa recorri ao catálogo da Biblioteca da Faculdade de

Economia da Universidade de Coimbra. Coloquei as palavras-chave “integração” e

“europeia” na pesquisa avançada do referido catálogo com a opção “em qualquer campo”.

Com tal obtive 818 resultados. A título de curiosidade introduzi “Europa” e “integração” e

128 foram os resultados encontrados. Posteriormente, ao introduzir “política” e “social” e

as referências bibliográficas acresceram para 1310. Assim, restringi mais a pesquisa com a

substituição de “social” por “europeia”. Os resultados obtidos reduziram-se para 558.

Ainda considerando um número elevado, acrescentei à pesquisa a palavra “europeia”.

Porém, percebi que o tema para o qual procurava informação era

demasiadamente amplo. Tive, portanto a necessidade de o limitar. Contudo não ignorei por

completo as referências encontradas. Desses livros, canalizei as minhas atenções para As

Políticas da Comunidade Europeia de Nicolas Mousis. Apesar de considerar que a a

biblioteca da Faculdade referida tem bons dados referentes ao tema, não restringi pesquisa a

uma só instituição. Segui a recomendação do professor da cadeira, Paulo Peixoto, e recorri

ao Centro de Documentação Europeia. Nesta fase do trabalho já havia recebido

informações mais precisas daquilo que com ele se pretende. Deste modo a minha pesquisa

foi mais direccionada e concreta.

Na opção pesquisa simples do catálogo, a introdução das palavras

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“emprego” e “exclusão” e “Portugal” resultaram na obtenção de 1172 registos

bibliográficos. Substituindo a segunda palavra por “Europa” obtive um acréscimo de 811

resultados. Então utilizando apenas “emprego” e “Portugal” obtive apenas 26 resultados.

Foi nestes que me concentrei. Destes, todos me pareceram abordar o tema sob perspectivas

distintas e interessantes. Porém seleccionei aqueles que mais me convieram na abordagem

da temática. Mas foram essencialmente o Manual prático sobre desenvolvimento de

estratégias locais de emprego em Portugal e o Programa nacional de acção para o

crescimento e o emprego 2005-2008 que me centrei.

Com a leitura das fontes encontradas no Centro de Documentação Europeia

(nomeadamente as que acabei por não utilizar no trabalho) as atenções remeteram-me para

pesquisar noutros centros de investigação. No centro de Estudos Sociais e no centro de

documentação 25 de Abril, e mais tarde na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra,

encontrei informação que me pareceu igualmente interessante. Informação tal como: a

evolução do emprego nas sociedades, as alterações nas famílias, a precariedade de emprego

em determinados grupos, planos para colmatar a situação, as influências da revolução de

Abril no trabalho, a relação entre a mulher e o emprego, novas perspectivas de emprego

entre outros. O contacto com estas matérias remeteu-me para pesquisar outras. Isto é,

estudar o emprego à luz de outras realidades e especificar mais o trabalho.

Depois de algumas breves leituras e reflexões, e após analisar o que

diferentes autores pensavam do tema, vacilei entre estudar a relação das mulheres ou dos

jovens com o emprego. Considerei que a última seria mais pertinente. Assim, especifiquei

mais ainda o meu campo de pesquisa.

De novo de volta à Faculdade, pesquisei o que nela havia relativamente ao

tema. Desta vez as palavras-chave utilizadas foram combinações entre o termo jovens e os

seguintes: emprego, desemprego, exclusão, qualificação e formação. Qualquer destes

conjuntos que introduzi na pesquisa avançada no catálogo da biblioteca da Faculdade e

Economia, obtive sempre resultados entre 5 a 12 registos bibliograficos. Seleccionei os que

mais estavam direccionados com o que pretendia.

Assim sendo, considerei ter material de trabalho que me permitisse

manobrar o tema. Por esta razão resolvi abandonar a hipótese de pesquisar noutros centros

de investigação e centrar-me no que tinha, que por sinal era relativamente abundante.

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E assim, aos poucos, a pesquisa foi completando-se e o trabalho ganhando

corpo. Esta descrição corresponde aos temas desenvolvidos no tópico 2. Estado das Artes.

Relativamente ao resto do trabalho, a ficha de leitura e a avaliação da página da Internet

foram tramites a preencher num patamar posterior e mais tardio.

Como se pode verificar com esta descrição, o meu trabalho não teve desde o

início um fio condutor. Antes, correspondeu a uma elaboração sistematicamente

remodelada, com avanços e recuos. Nela abordei vertentes às quais as fontes existentes

davam mais relevância. De entre essas privilegiei aquelas cujos meus interesses se

mostravam manifestamente superiores. Assim, pude elaborar uma posição face ao tema que

corresponde a um intersecção entre o que diferentes autores enfatizam e o que as minhas

opiniões realçam.

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4. Ficha de leitura

Título da publicação: Novas Modalidades de Emprego

Autor: vários autores

Data de publicação: Dezembro de 2000

Local da edição: Biblioteca da Faculdade de Economia da Universidade se Coimbra

Editor: Direcção-geral do Emprego e Formação Profissional

Cota: 331.5 NOV

ISBN: 9728312318

Data de leitura: 21 de Dezembro de 2006

Capítulo analisado: formas de emprego

Páginas: 133-143

Assunto: as alterações das formas de empregabilidade

Palavras-chave: emprego; trabalho a tempo parcial; trabalhadores temporários;

trabalhadores com contrato a prazo; inserção

Observações: o capítulo onde se encontra este livro não reflecte necessariamente as

opiniões da Direcção-geral do Emprego e Formação Profissional. Portanto, o conteúdo

do texto é de exclusiva responsabilidade dos autores.

Resumo: O capítulo analisado problematiza as novas tendências para o emprego. Com

a introdução de novas tecnologias, o capital humano é progressivamente dispensado.

Assim, realidades como trabalho temporário, contratos a prazo e a tempo parcial são

cada vez mais permanentes. Esta situação gera instabilidade profissional nos

trabalhadores, e com isso acrescem as dificuldades de inserção social. Para fazer face a

esta realidade, há quem tente a sorte por conta própria. Os conteúdos abordados partem

da análise de entrevistas a trabalhadores afectados pela vivência desta problemática.

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Estrutura

Introdução: O capítulo 7 do livro Novas Modalidades de Emprego aborda as alterações

registadas no contexto da empregabilidade e as formas de inserção sócio-laboral. São

referidos três diferentes tipos de contratação: os trabalhadores temporários,

trabalhadores com contrato a prazo e os trabalhadores a tempo parcial.

Desenvolvimento: Ao primeiro grupo de trabalhadores pertencem indivíduos com

fragilidade de empregabilidade, ou ainda pensionistas que pretendem complementar as

suas reformas. São geralmente pessoas com baixo nível de qualificação, com mais de

45 anos, mulheres, e ainda pessoas que não dominam conhecimentos específicos,

nomeadamente das áreas das novas tecnologias.

Neste contextos as pessoas procuram a inserção mo mercado de trabalho através de

Empresas de Trabalho Temporário (ETT). No entanto estas empresas são também

procuradas por pessoas que pretendem apenas ter um trabalho para adquirir alguma

experiência. Os autores referenciam dois casos, o de Elsa e Paula, de 16 e 20 anos

respectivamente. Ambas nunca estiveram empregadas e como consequência de tal não

têm experiência. Recorrem a uma ETT para simplesmente terem um trabalho que lhes

permita ganhar algum dinheiro, refere Elsa, ou então para fazer currículo, no caso de

Paula.

As ETT procuram também formar população sem qualificação/experiência,

nomeadamente no campo da Informática. São um grande motor de arranque para quem

se lança sozinho no mundo do mercado. Contudo, o objectivo nem sempre é

conseguido. É o caso de Carlos que ao fim de 9 anos de trabalho não consegue

estabilidade profissional e então tenta a sorte como trabalhador independente.

Os trabalhadores com contrato a prazo são essencialmente jovens entre os

18 e os 30 anos de idade. Nesta realidade estão empregadas pessoas com diferentes

tipos de escolaridade e formação profissional. Alguns deles não possuem qualificações

específicas nem experiência na área. Este tipo de trabalhadores entra no mercado de

trabalho por dificuldades económicas e ambicionam ainda um emprego que lhes seja

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estável e de longa duração.

É um trabalho que em grande parte dos casos não é compatível com as

aspirações dos trabalhadores. Isto porque em algumas situações a tarefa desempenhada

não corresponde à formação que os trabalhadores adquiriram por via do ensino.

Por outro lado, e mais um vez, a contratação a prazo não facilita a

estabilidade e a formação de um projecto de vida. Estes constrangimentos fazem com

que indivíduos procurem a autonomia e a integração social por trabalho de conta

própria.

Por fim, os autores referem os trabalhadores a tempo parcial. O perfil

destes tem particular incidência sobre os jovens, nomeadamente universitários ou pré –

universitários. Este tipo de empregabilidade pode funcionar como uma tentativa inicial

de autonomia financeira, mas também pode ser um passo para a integração laboral e a

posterior integração social. O usualmente designado “part-time” confere aos jovens

uma visão do mundo de trabalho. O emprego a tempo parcial é essencialmente das

áreas dos serviços e do comércio e por vezes revestido de um carácter de sazonalidade.

No entanto, esta modalidade de emprego não é exclusiva procura dos jovens

estudantes. Para algumas outras pessoas constitui uma forma de complemento salarial.

Para outras é mesmo a única fonte de rendimentos, dada a dificuldade de encontrar um

trabalho a tempo inteiro. Neste contexto deve-se perceber as vantagens da existência

deste tipo de trabalho: são um contributo para a diminuição dos índices de desemprego.

Conclusão: as mutações existentes em torno do trabalho e na contratação levam a uma

alteração no modus vivendi do indivíduo na sociedade. Estas realidades fazem parte de

uma nova era de trabalho no qual o capital humano é progressivamente substituído por

máquinas a fim de, na perspectiva das empresas, rentabilizar a produção. Assim os

indivíduos têm se ajustar a uma nova organização de vida que lhes dificulta a inserção

na sociedade.

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Recursos de Estilo e linguagem: é um capítulo com ideias bem desenvolvidas. A sua

percepção é fácil uma vez que a linguagem utilizada para explicitar os conteúdos é

acessível. Ainda de se salientar que a leitura e interpretação do texto é facilitada pela

divisão do raciocínio em pequenas partes referenciando as diferentes modalidades de

emprego em causa.

Autores e instituições citados:

• Braun

• Ballant

• J. Lois Laville

• Employment Rates Report

Pontos fortes e fracos: o capítulo analisado faz uma abordagem do tema de uma forma

explícita. Tal como referido nos recursos de estilo e linguagem a divisão do texto em

partes é um ponto a favor da compreensão da mensagem. Contudo, o documento

apresenta, a meu ver, duas nuances. Em primeiro ocorre, na página 134, um erro. Os

autores referem o nome de Alice e o exemplo mencionado refere-se a uma Telma. Por

sua vez, o exemplo é repetido duas vezes, bem como o erro supra indicado. Por outro

lado, o texto deveria referir a designação do acrónimo ETT, mesmo que em páginas

anteriores o tivesse feito.

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5. Avaliação de uma página da Internet

A página que escolhi para avaliar é do Portal da Comissão Europeia

referente à mobilidade profissional (EURES, 2006) e encontra-se disponível em

http://europa.eu.int/eures/home.jsp?lang=pt

Este site destina-se a auxiliar empregadores e trabalhadores através da

prestação de informação, aconselhamento. Ajuda também a responder as procuras e

ofertas de trabalho, adaptando as características da mão-de-obra às necessidades de

trabalho. Está organizado por secções de informação o que facilita o acesso à mesma.

Utiliza palavras-chave que simplifica a procura do que se pretende.

É de fácil acesso e muito completa fazendo uma abordagem ampla do tema.

A página referida apresenta um número elevado de ícones com palavras-chave que

permitem um acesso a informações mais detalhadas. Assim, o visitante pode completar

a informação nos campos que especificamente pretende. Portanto, é uma página

destinada à informação sendo esta viável uma vez que é editada por instituições que

conferem credibilidade e se especializam no tratamento do tema.

É um site que não usa cores visualmente repulsivas ou caracteres que

dificultem a leitura. É também um site que não usa excessivamente a imagens.

Considero que os textos nela contidos são bem escritos, não muito longos e com uma

linguagem acessível. É uma página em português mas tem contido em si diferentes

dialectos, de acordo com os países da U.E. Deste modo, é um texto de fácil percepção

pelo que facilita a transmissão de auxílio a que a ela acede.

É uma página gratuita e o seu formato é aceitável, uma vez que não tem, por

exemplo, os inconvenientes de ser larga ou com formatos de difícil acesso e navegação.

Os links existentes remetem para informações mais especializadas de outros

organismos/instituições que tratam do tema e abordam outras vertentes. No caso de

Portugal há um link que remete para a página do Instituto de Emprego e Formação

Profissional onde se podem obter informações mais precisa de emprego.

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6. Conclusão

A União Europeia é um organismo que cresceu, e continua a crescer, tendo

por razão de existência a integração da Europa num contexto pós-guerra. Esse processo

de integração não dissociou de si as políticas sociais. E o emprego é uma das temáticas

que a comunidade europeia tem em particular interesse. Por sua vez, à noção de

emprego está associada a formação do indivíduo.

Como visto, as dificuldades em encontrar um emprego são grandes e estas

tão mais acrescerão quão mais o nível de instrução for baixo. Desse modo, grande parte

dos indivíduos em situação de desemprego, por essa razão ou por qualquer outra,

sentem graves dificuldades de ingressar no seio social das sociedades europeias

contemporâneas. Seio esse onde ter um emprego é a fonte mais lícita de auferir

rendimentos. Estes por sua vez vão possibilitar ao indivíduo aceder a um cabaz

específico de bens e serviços. Muitas das vezes esses materialismos são utilizados como

critério de avaliação social, atribuindo, de acordo com tal, um determinado status.

Mediante isto, o indivíduo irá sentir-se mais ou menos socialmente incluído.

Uma outra abordagem referiu a relação dos jovens com o emprego. A

precariedade existente é em grande parte devido à falta de formação profissional e

experiência. Por um lado há cada vez mais jovens com nível de instrução mais

elevados. Porém, tal não é passaporte garantido a participação activa na economia do

país. Assim, a experiência é também um trâmite a atingir. Contudo, se os jovens (e

outras classes etárias) não a conseguem alcançar o fenómeno alastra-se e a situação de

desemprego perpetua-se entrando num ciclo vicioso.

Esta questão torna-se ambígua. Como visto, o emprego é uma das realidades

que preocupa as comunidades europeias. Portugal, sendo um Estado Social de Direito

também representa uma prioridade, aliás como se pode concretizar ligando a televisão

ou lendo um jornal. Já para não falar dos longos debates políticos que gravitam em

torno da problemática. Também a Constituição da República Portuguesa (CRP)

contempla a situação referindo que todos têm direito ao trabalho. Por sua vez o Estado é

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incumbido de determinadas funções a fim de promover essa garantia (art 58º, ponto 2

da CRP) e ainda assegurar condições de trabalho (art 59º da CRP ). A lei refere ainda

direitos de todos os trabalhadores sem restrições de idade, sexo, raça, cidadania, local

de origem, e ideologias (idem). Assim, teoricamente os direitos dos trabalhadores são

tidos em conta. Mas a verdade é que há muitas limitações. Como se pode verificar com

a realização deste trabalho, sujeitos como as mulheres, jovens e deficientes estão muitas

vezes postos de lado aquando a procura de emprego. No melhor das hipóteses ficam

com os trabalhos com condições ou remunerações, por exemplo, mais fracas.

Outra conclusão a retirar é relativa ao aproveitamento dos recursos

existentes na sociedade. Esses, se bem geridos podem, podem tornar-se em grandes

potencialidades. Potencialidades estas que promovem o local, tornando-o mais forte e

reconhecido no global. Esta ideia do glocal está intimamente associada com o saber

usufruir dos recursos endógenos e a promoção dos mesmos a uma escala ampla. Tal é

conseguido através de um processo de formação, concordo, mas é principalmente fruto

da existência de espíritos críticos aliados à originalidade. Este pode ser um factor

determinante para a criação de emprego. A descoberta de novas actividades que se

possam promover a integração dos indivíduos é uma realidade, talvez utópica, que

promove a coesão social e económica. Como exemplo representativo refiro um debate

que marcou uma das aulas deste meu primeiro ano.

O tema era o envelhecimento da população. A discussão referia que Portugal

é um país envelhecido e a tendência é para se agravar. Apontava-se o envelhecimento

demográfico como um aspecto pouco vantajoso para o desenvolvimento do país. Entre

as variadas razões, o peso da sustentabilidade, por parte do Estado, das reformas desta

faixa etária de população inactiva. Tudo isto é verdade. Porém, ter uma sociedade

envelhecida não é propriamente fim do mundo! Isto se se souber tirar benefício dessa

realidade e transforma-la numa potencialidade. Assim, se temos uma população

envelhecida temos de saber tirar proveito dela. O objectivo será promover, através do

local, o global.

Analogamente, os recursos existentes na sociedade podem ser alvo de

“transformação” por parte dos agentes sociais e económicos. Isto, porque a sociedade

tem de se adoptar a si mesma. Daqui, podem, eventualmente, surgir novas formas de

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emprego que respondam às necessidades das populações e a integração daquelas até

então desempregadas.

E Portugal é, por excelência, um país rico em recursos endógenos, que no

entanto são desvalorizados. Um país com diferentes tipos de relevos, diferentes tipos de

climas e temperaturas (nórdicas, amenas, e mediterrâneas…), solo propício a diferentes

tipos de agriculturas, uma privilegiada costa litoral rica em praias… enfim, por aqui se

poderia continuar a referir o que em Portugal há. Estes são alguns dos factores que

podem transformar-se em potencialidades e ser alvo de visita de não só de estrangeiros

como de nós próprios. E é com pequenos eventos locais que se cativa outro tipo

populações o que por si é uma forma de promover o local e no global, tornando este

último melhor.

Com isto, surgirão novas actividades e com elas necessidade de

empregabilidade. A criação de novos postos de emprego será um elemento chave ao

combate da desintegração de determinados indivíduos ou mesmo grupos sociais mais

afectados. Com isto atenua-se o problema. Por outro lado, e como referi, será um motor

de dinamismo social e económico regional, nacional e global.

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7. Referências bibliográficas

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diagnóstico - A pobreza" in Hermano Carmo (org.), Exclusão Social - Rotas de

intervenção. Lisboa: Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade

Técnica de Lisboa, 47-59

• Correia, Hermínia Galvão et al. (1992), A Situação dos jovens em Portugal –

Transição entre a escola e a vida profissional (1983-1990). Lisboa: Ministério do

Emprego e da Segurança Social

• Costa, Alfredo Bruto (1998), Exclusões Sociais. Lisboa: Gradiva.

• CRP – Constituição da República Portuguesa, (2001). Texto Editora

• Gonçalves, Carlos Manuel (1996), Formação e emprego juvenil em Portugal, França

e Dinamarca: um estudo nas áreas da metalurgia e mecânica e do têxtil e vestuário

Porto: Instituto de Sociologia da FLUP

• Morão, Marta Loureiro de Moura Geraldes (2003), A Exclusão social e o emprego:

Perspectivas, realidades e políticas na União Europeia. Tese de mestrado em Sistemas

sócio-organizacionais da actividade económica Lisboa: Universidade Técnica de

Lisboa.

• Moussis, Nicolas (1982), As Políticas da Comunidade Europeia. Coimbra: Almedina.

•OIT – BIT (1996), O Emprego no Mundo: 1995. Lisboa: Conselho Económico e

Social

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•Pais, José Machado (2001). Ganchos Tachos e Biscates - Jovens trabalho e Futuro ,

Porto: Âmbar

• Pinto, Filomena Leite (2004), Escolaridade Obrigatória e emprego: o caso

dos cursos de educação e formação inicial de nível II – 9ºano + 1, Coimbra:

Tese de Mestrado em Economia Coimbra: Faculdade de Economia da

Universidade de Coimbra

•VVAA (2000), As novas modalidades de emprego. Lisboa: Ministério do Trabalho e

da solidariedade, Direcção-Geral do emprego e Formação profissional Comissão

Interministerial para o Emprego

b) Fontes electrónicas

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de emprego em Portugal. Direcção Geral do Emprego e Assuntos Sociais. Página

consultada a 19 de Dezembro de 2006, disponível em http\ec.europa.eu/emplo

• DataGate (s. d.), “Emprego”. Página consultada a 22 de Dezembro de 2006, Disponível em:

www.datagate.pt/emprego.html

• EURES (2006), “Portal europeu da mobilidade profissional”. Página consulta da a 22 de

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• Lerparaver (2006), “Programa nacional de acção para o crescimento e o emprego 2005-

2008”. Página consultada a 18 de Dezembro de 2006, disponível em

http://www.lerparaver.com/node/284

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Texto de suporte à fixa de leitura

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Página da Internet avaliada

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