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Susan Karla dos Santos Material informativo para auxílio da pessoa com deficiência auditiva em sua busca por inclusão no mercado de trabalho Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do Título de Mestra em Saúde da Comunicação Humana São Paulo 2017

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Susan Karla dos Santos

Material informativo para auxílio da pessoa com deficiência auditiva em sua

busca por inclusão no mercado de trabalho

Dissertação apresentada ao Curso de

Pós-Graduação da Faculdade de Ciências

Médicas da Santa Casa de São Paulo

para obtenção do Título de Mestra em

Saúde da Comunicação Humana

São Paulo

2017

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Susan Karla dos Santos

Material informativo para auxílio da pessoa com deficiência auditiva em sua

busca por inclusão no mercado de trabalho

Dissertação apresentada ao Curso de

Pós-Graduação da Faculdade de Ciências

Médicas da Santa Casa de São Paulo

para obtenção do Título de Mestra em

Saúde da Comunicação Humana

Área de concentração: Saúde da

Comunicação Humana

Orientador: Prof. Dr. Osmar Mesquita de

Sousa Neto

São Paulo

2017

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FICHA CATALOGRÁFICA

Preparada pela Biblioteca Central da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo

Santos, Susan Karla dos Material informativo para auxílio da pessoa com deficiência auditiva em sua busca por inclusão no mercado de trabalho./ Susan Karla dos Santos. São Paulo, 2017. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – Curso de Pós-Graduação em Saúde da Comunicação Humana. Área de Concentração: Saúde da Comunicação Humana Orientador: Osmar Mesquita de Sousa Neto

1. Perda auditiva 2. Mercado de trabalho 3. Orientação 4. Manuais 5. Direitos humanos

BC-FCMSCSP/56-17

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“O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a

caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que

colher”.

Cora Coralina

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Agradecimentos

Ao professor e orientador, Dr. Osmar Mesquita de Sousa Neto por sua acolhida,

confiança e valorização que produziram em mim a segurança necessária para

superação de meus limites;

Ao corpo docente do Programa de Pós-Graduação do Mestrado Profissional em

Saúde da Comunicação Humana, da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa

de São Paulo, por todo aprendizado compartilhado;

Aos professores doutores, Ana Luiza Navas, Carlos Alberto Herrerias de Campos,

Cilmara Cristina Alves da Costa Levy, Gil Junqueira Marçal e Carlos Augusto

Correria de Campos, pela leitura cuidadosa do manuscrito e considerações que

contribuíram para que a pesquisa alcançasse novos horizontes;

Aos meus pais, Antônio e Mercês, obrigada pelo amor e atenção, pela compreensão

nos momentos de ausência, por acreditarem em meu potencial, tornando-me cada

fez mais forte para enfrentar os desafios da vida;

À minha filha, Maria Clara, pela presença amorosa que semeia em mim um

sentimento de esperança e confiança;

Ao Hélio, meu querido, pela parceria e por ter compreendido as minhas ausências;

Ao meu primo, Lucas, pela disponibilidade em ajudar sempre que solicitei;

As minhas amigas, Lyvia e Kelly, pela paciência e pelos momentos de alegria e

tristeza que passamos juntas. Vencemos!;

À querida Sonia Iervolino, grande incentivadora, sua contribuição foi fundamental

para construção desse trabalho;

À Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, por fazer parte da minha

história, além da profissão que abracei para a minha vida;

À minha chefe, Agmalda Aparecida, pela confiança e por me fazer acreditar que

seria possível;

Aos colegas do Hospital Central Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, pelo

companheirismo e troca de saberes. Em especial, a Janaine, pela oportunidade de

convívio e pelos inúmeros conselhos dados no percurso desse trabalho;

À Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, por oportunizar a

realização dessa pesquisa e pela Bolsa Institucional concedida.

E por fim, aos participantes da pesquisa e a todos os profissionais que lutam pelos

direitos da pessoa com deficiência auditiva.

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ABREVIATURAS

AASI – Aparelho de Amplificação Sonora Individual

BPC – Benefício de Prestação Continuada

CAT – Centro de Apoio ao Trabalhador e Empreendedorismo

CDPD – Convenção Internacional de Direitos da Pessoa com Deficiência

CF88 – Constituição Federal de 1988

CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde

CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas

CMPD – Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência

CONADE – Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência

CORDE - Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de

Deficiência

dBNA – decibéis nível de audição

FIPE – Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas

HRAC/ USP – Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade

de São Paulo

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IC – Implante Coclear

INSS – Instituto Nacional do Seguro Social

LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais

OIT – Organização Internacional do Trabalho

ONGs – Organizações Não Governamentais

ONU – Organização das Nações Unidas

PADEF – Programa de Apoio à Pessoa com Deficiência

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PAT – Posto de Atendimento ao Trabalhador

PCD – Pessoas com Deficiência

PEQ – Programa Estadual de Qualificação Profissional

PNASA – Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva

R1 e R2 – Respostas 1 e 2

SDH - Secretaria dos Direitos Humanos

SDTE – Secretaria Municipal do Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo

SEDPcD – Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São

Paulo

SERT – Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho

SUS – Sistema Único de Saúde

TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1

1.1. REVISÃO DE LITERATURA .................................................................. 4

1.1. 1. Leis, Decretos e Diretrizes ...................................................................... 4

2. OBJETIVO ....................................................................................................... 15

3. CASUÍSTICA E MÉTODO ............................................................................... 16

3.1. Aspectos éticos ........................................................................................ 16

3.2. Procedimentos e instrumentos ................................................................. 16

3.3. Organização dos capítulos do manual .................................................... 18

4. RESULTADOS ................................................................................................ 22

4.1. Descrição da pessoa com deficiência auditiva ......................................... 22

4.2. Descrição dos responsáveis de recursos humanos e/ou líderes de ONGs

................................................................................................................... 26

4.3. Descrição das secretarias municipal e estadual ....................................... 30

5. DISCUSSÃO..................................................................................................... 33

5.1. Considerações finais ................................................................................ 35

6. CONCLUSÃO ................................................................................................... 36

7. ANEXOS .......................................................................................................... 37

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 52

FONTES CONSULTADAS .................................................................................... 56

RESUMO ............................................................................................................... 57

ABSTRACT ........................................................................................................... 58

APÊNDICE ............................................................................................................. 59

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1. INTRODUÇÃO

O Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010

aponta que, em nosso país, 45,6 milhões de pessoas se declararam com algum tipo

de deficiência, o que representa 23,91% da população brasileira. Para esta

pesquisa, foram considerados todos os tipos de deficiência (visual, auditiva, motora,

mental e intelectual) e seus variados graus de severidade, tendo como base a

percepção que a população tem sobre suas dificuldades, mesmo com o uso de

facilitadores como óculos ou lentes de contato, aparelhos auditivos e bengalas, entre

outros.

Para melhor compreender esse tema, recorremos à definição dada para

pessoa com deficiência pela Convenção sobre os Direitos da Pessoa com

Deficiência, da Organização das Nações Unidas (ONU), 2007, incorporada à

legislação brasileira em 2009, Decreto nº 6.949:

“Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais em interação com diversas barreiras podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em iguais condições com as demais pessoas”.

Em relação à deficiência auditiva, o Decreto n. 5.926/04, art. 5º, § 1º

descreve como a perda bilateral, parcial ou total, de 41 decibéis nível de audição

(dBNA) ou mais.

Nesse contexto, a assistência à saúde tem evoluído por meio de avanços

tecnológicos, práticas de reabilitação e implementação de políticas públicas.

Entretanto, ainda assim, é difícil atender a todas as necessidades que crescem entre

a população, o que pode também comprometer a inserção social dessas pessoas.

O Sistema Único de Saúde (SUS), por meio da Lei n. 8.080/1990, vem

consolidar um avanço em termos da legislação vigente, pois trata a saúde como

direito universal. Contudo, percebemos que, mesmo tendo uma das mais avançadas

legislações para a área da saúde, ainda nos deparamos com uma realidade bem

diferente, indicando uma necessidade de aperfeiçoamento do sistema.

Dentro de uma perspectiva de mudança desta realidade, voltada para as

pessoas com deficiência auditiva, a Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva

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(PNASA), criada em 2004 pelo Ministério da Saúde, por meio da Portaria n.

2.073/GM, preconiza a garantia de um atendimento integral, de maneira articulada

nas três esferas de gestão (federal, estadual e municipal). Pensar nesse cuidado

integral é considerar promoção, prevenção, tratamento e reabilitação e, assim,

garantir um atendimento universal, igualitário e humanizado.

Podemos considerar que houve conquistas significativas, principalmente

no processo de reabilitação das pessoas com deficiência auditiva. No entanto,

acreditamos que há muito ainda a ser feito, principalmente se pensarmos que o meio

onde esse indivíduo vive e a forma como está inserido na sociedade também

determinam sua condição e qualificam sua reabilitação.

O governo brasileiro busca, por meio de leis, garantir a inclusão da

pessoa com deficiência no mercado de trabalho. A Lei de Cotas 8.213/91 foi criada

em 24 de julho de 1991 e determina cotas mínimas nas empresas para

trabalhadores com algum tipo de deficiência. Para concurso público da União, a Lei

Federal n.7.853/89 assegura a reserva de 5% de vagas cujas atribuições sejam

compatíveis com a deficiência dos mesmos.

Porém, mesmo com as leis, algumas dificuldades ainda são encontradas

por este segmento da população. Segundo dados do IBGE (2010), de 44 milhões de

vagas de emprego disponíveis no Brasil, apenas 306 mil foram ocupadas por

pessoas com deficiência.

Neste sentido, pode haver diferentes hipóteses para as dificuldades

encontradas pela pessoa com deficiência auditiva em sua inclusão no mercado de

trabalho, desde baixa escolaridade, à falta de preparo das empresas ou até mesmo

ao preconceito existente na sociedade. Acreditamos que a principal delas seja a falta

de conhecimento sobre os caminhos a serem percorridos, ou seja, sobre onde e

como buscar as oportunidades de emprego.

A partir disso surgiu uma indagação: Podemos melhorar a habilitação e /

ou reabilitação do paciente com deficiência auditiva, acompanhado no Hospital

Central da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, auxiliando no processo de sua

inclusão no mercado de trabalho?

Diante desse questionamento, o presente estudo se propõe a desenvolver

um manual que auxilie as pessoas com deficiência auditiva de nossa cidade a

conhecer os procedimentos a serem seguidos na busca de inserção no mercado de

trabalho. Pretende-se, com esse material, descrever os programas governamentais,

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oportunidades em empresas privadas, e a capacitação profissional oferecidas a

esses indivíduos por algumas instituições não governamentais.

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1.1. REVISÃO DE LITERATURA

1.1.1. Leis, Decretos e Diretrizes

Neste capítulo apresentaremos uma revisão da literatura, a fim de

resgatar um breve percurso histórico sobre a trajetória das conquistas e avanços em

termos de legislação na defesa dos direitos da pessoa com deficiência no Brasil.

Em 05 de outubro de 1988 passamos a contar com a nova Constituição

Federal (CF 88), que foi considerada a mais democrática de todas as que o Brasil já

teve, tendo representado um avanço para o país no que respeita os direitos sociais e

políticos do cidadão. A nova CF 88 apresentou algumas novidades importantes em

relação à Constituição imposta pelo regime militar, entre as quais destacaríamos:

garantia maior dos direitos humanos contra a arbitrariedade do Estado; proteção dos

direitos do cidadão; igualdade de direitos fundamentais entre homens e mulheres;

além de novos direitos trabalhistas.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos imprime sua presença em

nossa Constituição, que pela primeira vez define os direitos do cidadão brasileiro,

especificados no artigo 6º: “são direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o

lazer, a segurança, a moradia, a previdência social, a proteção à maternidade, à

infância e a assistência aos desempregados”.

Na CF 88, em seu artigo primeiro, inciso IV, já estão previstos “os valores

sociais do trabalho e da livre iniciativa” para que se implemente a cidadania. O art. 7º

reconhece os “direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem

à melhoria de sua condição social” e, no inciso XXXI, “a proibição de qualquer

discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador

de deficiência”.

As empresas, por sua vez, devem primar pelo respeito ao princípio

constitucional, como destaca o art. 170, definindo: “a ordem econômica, fundada na

valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos

uma existência digna, conforme os ditames da justiça social”. Desta forma, a

contratação de uma pessoa com deficiência deve ser realizada como a de qualquer

outra, preservando a igualdade e o respeito.

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Em consonância com o decreto legislativo n. 51, de 28 de agosto de

1989, o Brasil ratifica a Convenção n. 159/83, da Organização Internacional do

Trabalho (OIT), assumindo também sua posição mais atual, que visa à garantia de

um emprego adequado e à possibilidade de inserção ou reinserção das pessoas

com deficiência na sociedade. Sendo assim, todo Estado que ratificar esta

Convenção deve elaborar e praticar uma política nacional de respeito à readaptação

profissional e emprego para pessoa com deficiência e garantir que as medidas

adotadas favoreçam todos que estejam nessa situação.

Para efeitos desta Convenção, no que se refere ao trabalho, entende-se

por pessoa com deficiência: “Art. 1º todas as pessoas cujas possibilidades de obter e

conservar um emprego adequado e de progredir no mesmo fiquem

substancialmente reduzidas devido a uma deficiência de caráter físico ou mental

devidamente comprovada”.

Por fim, essa política deve estar fundamentada no seguinte princípio,

assim como contempla o art. 4º da Convenção 159:

“Essa política deverá ter como base o princípio de igualdade de oportunidades entre os trabalhadores deficientes e os trabalhadores em geral. Dever-se-á respeitar a igualdade de oportunidades e de tratamento para os trabalhadores deficientes. As medidas positivas especiais, com a finalidade de atingir a igualdade efetiva de oportunidades e de tratamento entre os trabalhadores deficientes e os demais trabalhadores, não devem ser vistas como discriminatórias em relação a estes últimos”.

A reserva legal de cargos, mais conhecida como Lei de Cotas 8.213/1991,

é uma das mais importantes leis no que diz respeito à inclusão da pessoa com

deficiência no mercado de trabalho. Em seu art. 93, estabelece que as empresas

com 100 ou mais empregados estejam obrigadas a preencher de 2 a 5% de seus

cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas com deficiência, habilitadas, na

seguinte proporção:

I - De 100 a 200 empregados 2%

II - De 201 a 500 3%

III - De 501 a 1.000 4%

IV - De 1.001 em diante 5%

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Ao Ministério do Trabalho e Emprego, conforme previsto no art. 93, §2º,

compete “estabelecer a sistemática de fiscalização, bem como gerar dados e

estatísticas sobre o total de empregados e as vagas preenchidas por pessoas com

deficiência e por beneficiários reabilitados da Previdência Social, fornecendo-os,

quando solicitados, aos sindicatos, às entidades representativas dos empregados ou

aos cidadãos interessados” (Lei, 8.213/91).

O decreto n. 3.298/99, em seu art. 3º, entende por pessoa reabilitada

“pessoa que passou por processo orientado a possibilitar que adquira, a partir da

identificação de suas potencialidades laborativas, o nível suficiente de

desenvolvimento profissional para reingresso no mercado de trabalho e participação

na vida comunitária”.

O art. 36 considera a pessoa com deficiência habilitada: “§ 2º habilitada

aquela que concluiu curso de educação profissional de nível básico, técnico ou

tecnológico, ou curso superior, com certificação ou diplomação expedida por

instituição pública ou privada, legalmente credenciada pelo Ministério da Educação

ou órgão equivalente, ou aquela com certificado de conclusão de processo de

habilitação ou reabilitação profissional fornecido pelo Instituto Nacional do Seguro

Social (INSS).§ 3º. “Considera-se, também, pessoa portadora de deficiência

habilitada aquela que, não tendo se submetido a processo de habilitação ou

reabilitação, esteja capacitada para o exercício da função” (Decreto n. 3.298/99).

Há também uma obrigação pela inclusão da pessoa com deficiência no

setor público, como prevê a CF 88, em seu art. 37, inciso VIII – “a lei reservará

percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de

deficiência e definirá os critérios de sua admissão”.

Para fim de reserva legal de cargos1, o Decreto n.3.298/99, que depois foi

atualizado pelo Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência

(CONADE), pelo Decreto n. 5.926/04, o conceito de deficiência seria assim definido:

“Art. 3º, I – toda perda ou anormalidade de estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano;

1Para a reserva de cargos será considerada somente a contratação direta de pessoa com deficiência, excluído o aprendiz com deficiência de que trata a (CLT) Consolidação das Leis do Trabalho (Lei 8.213/91, art. 93, § 3º).

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II – deficiência permanente, aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se altere, apesar de novos tratamentos; III – incapacidade, uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para que a pessoa com deficiência possa receber ou transmitir informações necessárias ao seu bem-estar e ao desempenho de função ou atividade a ser exercida”.

No que se refere à deficiência auditiva, o art. 5º, § 1º, considera para os

efeitos desse Decreto: “b) a perda bilateral, parcial ou total, de 41dBNA ou mais,

aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz”.

A pessoa poderá comprovar sua deficiência por meio de um laudo,

emitido por um médico do trabalho ou de outra especialidade. Neste, precisa estar

especificado o tipo de deficiência e seu grau de comprometimento.

Para uma inclusão eficaz, as empresas precisam estar preparadas e

manter-se acessíveis às pessoas com deficiência, garantindo os ajustes necessários

para minimizar e/ou excluir os riscos de acidentes, visando assegurar igualdade de

oportunidade e tratamento no ambiente de trabalho.

O Decreto n. 3.298/99 regulamenta a Lei no 7.853, de 24 de outubro de

1989, que dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora

de Deficiência. Os artigos 18, 19 e 20 ressaltam que “a pessoa com deficiência tem

direito a obter gratuitamente órteses e próteses (auditivas, visuais e físicas), junto às

autoridades, federais, estaduais ou municipais, a fim de compensar suas limitações

nas funções motoras, sensoriais ou mentais”.

De acordo, com a Lei n. 10.098/00, acessibilidade se define como:

“possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos transportes e dos sistemas e meios de comunicação, por pessoa portadora de deficiência ou mobilidade reduzida” (art. 2º).

No Brasil, a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) foi reconhecida pela Lei

n. 10.436, de 24 de abril de 2002, como a língua das comunidades surdas

brasileiras. Entende-se como LIBRAS a forma de comunicação e expressão em que

o sistema linguístico de natureza visual e motora, com estrutura gramatical própria,

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constitui um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de

comunidades de pessoas surdas do Brasil.

Na intenção de difundir as informações e transformá-las em instrumentos

de combate ao preconceito e exclusão social, a Secretaria dos Direitos Humanos

(SDH), por meio da Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora

de Deficiência(CORDE), realizou um estudo técnico que trata do mercado de

trabalho inclusivo, para orientar os profissionais de recursos humanos.

No que se refere às adaptações necessárias para inclusão da pessoa

com deficiência auditiva nas empresas, o estudo prescreve:

“1. Observar o nível de ruído no local; 2. Identificar os sinais sonoros existentes no ambiente de trabalho, para que sejam acompanhados por sinais luminosos; 3. Implantar sistema intranet para comunicação; 4. Utilizar Pager e celulares, com possibilidade de recebimento e envio de mensagens escritas, também auxiliará a pessoa surda” (Nambu, 2003).

A Portaria n. 2.073, de 28 de setembro de 2004, institui a Política

Nacional de Atenção à Saúde Auditiva, que, em seu art. 2º, define em seus incisos:

“I – desenvolver estratégias de promoção da qualidade de vida, educação, proteção e recuperação da saúde e prevenção dos danos, protegendo e desenvolvendo a autonomia e a equidade de indivíduos e coletividades; II – organizar uma linha de cuidados integrais (promoção, prevenção, tratamento e reabilitação) que perpasse todos os níveis de atenção promovendo, dessa forma, a inversão do modelo de atenção aos pacientes, com assistência multiprofissional e interdisciplinar; III – identificar os determinantes e condicionantes das principais patologias e situações de risco que levam à deficiência auditiva e desenvolver ações setoriais de responsabilidade pública, sem excluir as responsabilidades de toda a sociedade”.

Em 13 de dezembro de 2006, na Assembleia Geral da Organização das

Nações Unidas (ONU), foi aprovada a Convenção Internacional de Direitos da

Pessoa com Deficiência2 (CDPD) que, além de tratar sobre os direitos à saúde,

educação inclusiva nas escolas comuns e transporte também reafirma a ideia de

inclusão no mercado de trabalho de todas as pessoas com deficiência, de forma

digna e integral:

2Por meio do decreto 186/2008 - A Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com

Deficiência foi ratificada pelo Brasil nos termos previstos na Constituição brasileira.

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“Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com deficiência ao trabalho, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. Esse direito abrange o direito à oportunidade de se manter com um trabalho de sua livre escolha ou aceitação no mercado laboral, em ambiente de trabalho que seja aberto, inclusivo e acessível a pessoas com deficiência. Os Estados Partes salvaguardarão e promoverão a realização do direito ao trabalho, inclusive daqueles que tiverem adquirido uma deficiência no emprego, adotando medidas apropriadas, incluídas na legislação” (Decreto nº 6.949, art. 27).

Cabe ressaltar que a CDPD, em seu art. 1º, reconhece como pessoas

com deficiência “aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física,

sensorial ou cognitiva, os quais em interação com diversas barreiras podem obstruir

sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas”.

Moreira et al (2008) desenvolveram uma pesquisa com 68 pacientes,

atendidos na área de Saúde Auditiva do Hospital de Reabilitação de Anomalias

Craniofaciais da Universidade de São Paulo (HRAC/ USP/ Bauru), tendo como

principal objetivo aprofundar os conhecimentos sobre a realidade da pessoa com

deficiência auditiva, de 16 a 21anos, frente ao mercado de trabalho. Os

pesquisadores também tinham como finalidade conhecer a realidade

socioeconômica do deficiente auditivo e identificar seu grau de escolaridade e o

nível de comprometimento de sua audição. Para coleta de dados, realizaram

entrevistas semiestruturadas, com questões abertas e fechadas, aplicadas aos

pacientes que tivessem condições de responder e àqueles que estivessem

acompanhados de um familiar em condições de auxiliar na comunicação. O

formulário aplicado abordou os seguintes temas: perfil socioeconômico (idade,

gênero, classe social, escolaridade, ocupação); dificuldades encontradas no

mercado de trabalho; e conhecimento sobre direitos e legislação. Ressaltaram,

ainda, que a colocação profissional pode ser entendida como o processo final de um

conjunto de ações na atenção da saúde e, portanto, como um componente da

promoção, prevenção e assistência a essas pessoas. Para isso, apontaram a

necessidade de uma ação governamental que junte as áreas da saúde e educação

no tratamento e reabilitação da pessoa com deficiência. Para os autores, a inserção

social foi basicamente especificada com o acesso ao mercado de trabalho.

Considerou-se a pessoa com deficiência socialmente inserida quando engajada em

algum emprego, tornando-se financeiramente independente e contribuindo para o

orçamento familiar. O resultado final mostrou que a população pesquisada foi

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composta na maioria pelo sexo masculino, em uma faixa etária entre 18 e 19anos,

com escolaridade até o ensino médio incompleto, de classe econômica baixa inferior

e na sua maioria com perda auditiva neurossensorial de grau profundo, em uma ou

ambas as orelhas. Dos 68 entrevistados, 67,65% estavam fora do mercado de

trabalho, sendo que 58,70% referiu desconhecer seus direitos e a legislação.

Francelin et al (2010) também realizaram uma pesquisa no HRAC/USP

com 27 pessoas residentes em Bauru – SP, com diagnóstico de perda auditiva de

manifestação súbita, na faixa etária de 18 a 60 anos. A pesquisa teve como objetivo

analisar as implicações da surdez adquirida em adultos, na vida familiar, social e no

trabalho, por meio da percepção dessas pessoas e de seus familiares. Segundo os

autores, os participantes apresentaram algumas condições, tais como: a falta de

autoconfiança e de autoestima; baixa escolaridade; despreparo profissional e

dependência da caridade do outro. Essas condições, somadas à deficiência, trazem

uma limitação funcional que piora as relações sociais, a situação econômica e a

emocional. Os resultados mostraram que a perda auditiva adquirida acometeu mais

homens, na faixa etária de 40 a 49 anos, com baixa escolaridade e de classe

socioeconômica baixa superior. Dentre as dificuldades encontradas pela pessoa

com deficiência auditiva, destacou-se o estresse e a desagregação familiar. A

situação de trabalho foi considerada a área de mais difícil adaptação, pois acarreta

uma instabilidade social e econômica. Para os autores, em suas considerações

finais, o reconhecimento, por parte da pessoa com deficiência, de sua capacidade e

potencialidade depende de estratégias como recursos para reabilitação e divulgação

de conhecimentos, como garantia do acesso à vida em sociedade.

Segundo Leme (2010) para que ocorra uma inclusão realmente efetiva e

em melhores condições, é preciso um envolvimento dos demais atores participantes

deste processo, a exemplo, os gestores públicos e a própria pessoa com deficiência.

Melhorar a acessibilidade, revisar e aprimorar as leis existentes, desenvolver e

aumentar a formação escolar e de capacitação profissional são práticas que ainda

devem ser trabalhadas para que tenhamos de fato um processo de inclusão efetivo.

Para Marras (2011), a contratação de pessoas com deficiência envolve

responsabilidade social. Apesar de esse conceito crescer a cada dia, ainda temos

muitas empresas que praticam a integração ao invés da inclusão, constituindo a

contratação de pessoas com deficiência apenas um cumprimento da lei de cotas.

Afirma ainda que qualquer ação realizada pela empresa para incluir em seu quadro

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de funcionários pessoas com deficiência só será eficaz se houver um compromisso

firme da direção com todo o processo. Ou seja, acompanhar a adaptação desse

novo funcionário, não deixar que situações e ou manifestações de preconceito

aconteçam, exigindo que todos os funcionários respeitem os novos empregados.

A seguir, o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência –

Viver sem Limites, lançado em 17 de novembro de 2011 pelo Decreto n. 7.612,

define em seu art. 1º: “tem como finalidade promover, por meio da integração e

articulações de políticas, programas e ações, o exercício pleno e equitativo dos

direitos das pessoas com deficiência”.

O artigo 3º estabelece as diretrizes do Plano Viver sem Limites e, no

inciso III, descreve: “ampliação da participação das pessoas com deficiência no

mercado de trabalho, mediante sua capacitação e qualificação profissional”.

São eixos de atuação, art. 4º “I – acesso à educação; II – atenção à

saúde; III – inclusão social; e IV – acessibilidade”.

Considerando ações desenvolvidas para inclusão no mercado de

trabalho, o Observatório do Viver sem Limites destaca:

“O Benefício de Prestação Continuada (BPC) de Trabalho foi criado para atender prioritariamente beneficiários entre 16 a 45anos que querem trabalhar, mas encontram dificuldades para obter formação profissional e qualificação para inserção no mercado de trabalho. Com o objetivo de propiciar maior inserção profissional dessas pessoas, foram promovidas alterações na legislação referente ao BPC. [...] O beneficiário do BPC com deficiência passou a ter o benefício suspenso, e não mais cancelado, se contratado para o trabalho. Ao trabalhar com carteira assinada, ou em outra atividade remunerada, ele deve comparecer a uma Agência da Previdência Social e solicitar a suspensão especial do BPC; além disso, se perder o emprego, pode voltar a receber o BPC, bastando para tanto comunicar a Previdência no prazo de 90 dias. Outra alteração importante refere-se ao beneficiário contratado como aprendiz, que poderá acumular o salário recebido nesta condição com o valor do BPC, por até dois anos”.

Como mencionamos o BPC, cabe citar o Decreto n. 6.214, de 26 de

setembro de 2007, que o regulamenta. A Lei n. 8.742, de 07 de dezembro de 1993,

em seu art. 20, prevê: “O Benefício de Prestação Continuada como a garantia de um

salário mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso, com idade de sessenta

e cinco anos ou mais, que comprovem não possuir meios para prover a própria

manutenção e nem de tê-la provida por sua família”.

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No que tange à pessoa com deficiência, de acordo com o art. 20, em seus

incisos II e III, reconhecem:

“II – pessoa com deficiência: aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais em interação com diversas barreiras podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas; III – incapacidade: fenômeno multidimensional que abrange limitação do desempenho de atividade e restrição da participação, com redução efetiva e acentuada da capacidade de inclusão social, em correspondência à interação entre a pessoa com deficiência e seu ambiente físico e social” (Redação dada pelo Decreto n. 7.617, de 2011).

A Lei n. 13.146, de 06 de julho de 2015, Lei Brasileira de Inclusão da

Pessoa com Deficiência – Estatuto da Pessoa com Deficiência, dispõe em seu

art. 1º: “É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência,

destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos

direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua

inclusão social e cidadania”.

Para fins de aplicação, a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com

Deficiência considera em seu art. 3º, inciso V:

“Comunicação: forma de interação dos cidadãos que abrange, entre outras opções, as línguas, inclusive a Língua Brasileira de Sinais (Libras), a visualização de textos, o Braile, o sistema de sinalização ou de comunicação tátil, os caracteres ampliados, os dispositivos multimídia, assim como a linguagem simples, escrita e oral, os sistemas auditivos e os meios de voz digitalizados e os modos, meios e formatos aumentativos e alternativos de comunicação, incluindo as tecnologias da informação e das comunicações”.

Considerando o direito à educação, o art. 27 assim o define: “constitui o

direito da pessoa com deficiência, assegurados sistema educacional inclusivo em

todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o

máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais,

intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de

aprendizagem”. Em seu parágrafo único, dispõe: “É dever do Estado, da família, da

comunidade escolar e da sociedade assegurar educação de qualidade à pessoa

com deficiência, colocando-a a salvo de toda forma de violência, negligência e

discriminação”.

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O art. 28 estabelece: Incumbe ao poder público assegurar, criar,

desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar:

“I – sistema educacional inclusivo em todos os níveis e modalidades, bem como o aprendizado ao longo de toda a vida; II – aprimoramento dos sistemas educacionais, visando garantir condições de acesso, permanência, participação e aprendizagem, por meio da oferta de serviços e de recursos de acessibilidade que eliminem as barreiras e promovam a inclusão plena; III - projeto pedagógico que institucionalize o atendimento educacional especializado, assim como os demais serviços e adaptações razoáveis, para atender às características dos estudantes com deficiência e garantir o seu pleno acesso ao currículo em condições de igualdade, promovendo a conquista e o exercício de sua autonomia; IV - oferta de educação bilíngue, em Libras como primeira língua e na modalidade escrita da língua portuguesa como segunda língua, em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas; XI - formação e disponibilização de professores para o atendimento educacional especializado, de tradutores e intérpretes da Libras, de guias intérpretes e de profissionais de apoio; XII - oferta de ensino da Libras, do Sistema Braille e de uso de recursos de tecnologia assistiva, de forma a ampliar habilidades funcionais dos estudantes, promovendo sua autonomia e participação”.

No que se refere à inclusão da pessoa com deficiência no trabalho,

esclarece em seu art. 37:

“Constitui modo de inclusão da pessoa com deficiência no trabalho a colocação competitiva, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, nos termos da legislação trabalhista e previdenciária, na qual devem ser atendidas as regras de acessibilidade, o fornecimento de recursos de tecnologia assistiva e a adaptação razoável no ambiente de trabalho. Parágrafo único. A colocação competitiva da pessoa com deficiência pode ocorrer por meio de trabalho com apoio, observadas as seguintes diretrizes: I- prioridade no atendimento à pessoa com deficiência com maior dificuldade de inserção no campo de trabalho; II - provisão de suportes individualizados que atendam a necessidades específicas da pessoa com deficiência, inclusive a disponibilização de recursos de tecnologia assistiva, de agente facilitador e de apoio no ambiente de trabalho; III - respeito ao perfil vocacional e ao interesse da pessoa com deficiência apoiada; IV - oferta de aconselhamento e de apoio aos empregadores, com vistas à definição de estratégias de inclusão e de superação de barreiras, inclusive atitudinais; V - realização de avaliações periódicas; VI - articulação intersetorial das políticas públicas;

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VII - possibilidade de participação de organizações da sociedade civil”.

Em seu art. 38, define: “A entidade contratada para a realização de um

processo seletivo público ou privado para cargo, função ou emprego, está obrigada

à observância do disposto nesta Lei e em outras normas de acessibilidade vigentes”.

Cabe ressaltar que, no §1º do art. 2º, está previsto: “A avaliação da

deficiência, quando necessária, será biopsicossocial, realizada por equipe

multiprofissional e interdisciplinar”. Terá como base a Classificação Internacional de

Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), considerando-se não só a

funcionalidade da pessoa, mas o contexto no qual está inserida.

Finalmente, cabe ressaltar que nossa intenção foi contextualizar as

principais políticas e estudos que visam à garantia dos direitos da pessoa com

deficiência no Brasil, principalmente no que diz respeito à inclusão desse segmento

no mercado de trabalho.

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2. OBJETIVO

Produzir um material informativo dirigido aos pacientes com deficiência

auditiva, principalmente os residentes no município de São Paulo, que descreva

passo a passo alguns caminhos e procedimentos para auxiliar em sua inclusão no

mercado de trabalho.

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3. Casuística e Método

3.1 Aspectos éticos

O projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da

Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo com parecer favorável nº 1.

796.466 e CAAE 60682416.2.0000.5479. Para atender os regulamentos éticos que

envolvem pesquisas com seres humanos, foi elaborada uma Carta de Apresentação

aos participantes e um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), tendo o

mesmo sido assinado por aqueles que aceitaram participar da pesquisa (Anexos 1 e

2).

3.2 Procedimentos e instrumentos

Iniciamos o trabalho com uma pesquisa científica e documental,

consultando em páginas eletrônicas, portais e bases de dados, as leis, portarias,

decretos legislativos, informes e bibliografia relacionada à temática do estudo. Após

levantamento do material teórico, a pesquisa seguiu com um mapeamento das

oportunidades de trabalho e, por meio da internet, pesquisamos quatro eixos

distintos:

a) Empresas privadas;

b) Órgãos públicos;

c) Sites brasileiros de classificados de emprego;

d) Organizações Não Governamentais (ONGs).

Aproveitamos a relação dos ganhadores do Prêmio “Melhores Empresas

para Trabalhadores com Deficiência” para proceder à escolha das empresas

privadas. Esse prêmio é uma iniciativa da Secretaria de Estado dos Direitos da

Pessoa com Deficiência de São Paulo (SEDPcD), em parceria com a Fundação

Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE).

Realizamos uma busca nos sites da prefeitura, secretarias municipais e

estaduais de São Paulo, com o intuito de conhecer os programas estaduais e

municipais, bem como os serviços prestados à população com algum tipo de

deficiência.

Em relação aos sites brasileiros de classificados de emprego, foram

analisados os que oferecem um serviço gratuito para cadastro de currículo e ofertas

de vagas para emprego.

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As ONGs contempladas foram aquelas que desenvolvem algum trabalho

de capacitação e/ou de inclusão para pessoa com deficiência auditiva no mercado

de trabalho.

Dessa forma, tivemos como finalidade identificar as principais dificuldades

encontradas pela pessoa com deficiência auditiva e como têm sido ofertadas as

vagas de emprego, o que nos permitiria formular no manual algumas

recomendações que auxiliem a pessoa com deficiência auditiva em sua busca por

oportunidade de emprego.

Como instrumento da pesquisa, elaboramos três tipos de listas com

perguntas específicas sobre acessibilidade, inclusão e a Lei de Cotas, tendo

questões abertas (dissertativas) e fechadas (múltipla escolha). Essas listas de

perguntas foram encaminhadas por e-mail para 34 participantes previamente

avisados, sendo estas: 13 pessoas com deficiência auditiva, 17 responsáveis por

recursos humanos e líderes de ONGs, e quatro gestores das secretarias municipais

e estaduais. Tivemos a devolutiva de 15 delas, que foram analisadas de maneira

quantitativa e qualitativa para que gerassem informações e dados a serem

caracterizados no manual como “oportunidades identificadas”.

Para elaboração de conteúdo, as perguntas (anexo 3) dirigidas para a

pessoa com deficiência auditiva foram pensadas de forma que pudessem identificar

as necessidades desse segmento da população. Já nas demais listas (anexos 4 e

5), as perguntas foram organizadas para que empresas, ONGs, secretarias

municipais e estaduais apontassem como as oportunidades estão sendo divulgadas,

que tipo de qualificação está sendo exigida, se existem campanhas de informação e

quais os atuais programas de governo.

Para escolha dos participantes com deficiência auditiva, selecionamos

pacientes em acompanhamento no Ambulatório de Deficiência Auditiva, do

Departamento de Otorrinolaringologia, do Hospital Central da Santa Casa de

Misericórdia de São Paulo. Dos 13 participantes, nove pacientes responderam logo

após terem sido convidados, dois se recusaram com a justificativa de não saber

como responder às perguntas, pois nunca tiveram a experiência de procurar uma

colocação profissional e, quanto aos outros dois, enviamos as listas de perguntas,

mas não obtivemos resposta. Para informação sobre o tipo de perda auditiva,

utilização de prótese e modo de comunicação, realizamos um levantamento dos

prontuários.

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Do mesmo modo, enviamos as listas de perguntas para quatro empresas

ganhadoras do Prêmio “Melhores Empresas para Trabalhadores com Deficiência”,

porém não tivemos retorno até a data limite, definida para o final do mês de maio.

Sendo assim, incluímos na pesquisa a participação da Irmandade da Santa Casa de

Misericórdia de São Paulo, que conta com um programa de inclusão profissional da

pessoa com deficiência.

Para análise do trabalho realizado pelas ONGs elegemos oito, todas com

projetos de inclusão e capacitação profissional da pessoa com deficiência auditiva,

no entanto, apenas três colaboraram com a pesquisa.

Também convidamos quatro sites brasileiros de classificados de emprego,

esses locais no contato prévio pediram o envio das perguntas, mas não retornaram

com as informações. Portanto, para não ficarmos sem informação das exigências

para cadastro dos currículos, fizemos esse processo de cadastro, nos passando por

uma pessoa com deficiência e, assim, levantamos passo a passo todas as etapas de

preenchimento com a suposta pretensão às vagas de emprego.

No que se refere a órgãos públicos, convidamos quatro setores do

governo para participar da pesquisa: o Conselho Municipal da Pessoa com

Deficiência (CMPD); a Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho (SERT); a

Secretaria Municipal do Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo (SDTE); e

a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Contamos com a contribuição de

dois setores: A SERT, responsável pelo Programa de Apoio à Pessoa com

Deficiência (PADEF), que tem como objetivo promover a inclusão das pessoas com

deficiência no mercado de trabalho e conscientizar o empresariado. A SDTE, que

coordena os Centros de Apoio ao Trabalhador e Empreendedorismo (CAT) e tem

como finalidade fornecer apoio à população que busca uma oportunidade de

trabalho por meio da oferta de vagas nos diversos campos profissionais.

3.3 Organização dos capítulos do manual

Para elaboração de conteúdo, foi fundamental reunir as informações

contidas nas listas de perguntas, a revisão de literatura, além da experiência

profissional adquirida durante o trabalho realizado junto aos pacientes inseridos no

programa de implante coclear (IC) do Hospital Central da Santa Casa de

Misericórdia de São Paulo.

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Na adequação do produto, consideramos os aspectos de conteúdo,

linguagem e até mesmo leiaute, dos manuais Simply Put – Center for Disease

Control and Prevention em 2009 e o Writing health information for patients and

families em 2014.

O trabalho de Iervolino (2016) aponta as principais recomendações e

aspectos na construção adequada desses materiais, a saber:

“Linguagem e Organização Usar textos com alta leiturabilidade. Usar palavras, frases e sentenças familiares. Deixar claro qual o benefício da informação. Ressaltar os pontos positivos. Usar voz ativa. Dizer ao leitor o que ele deve fazer. Não usar palavras com duplo sentido. Usar analogias familiares ao leitor. Evitar o uso de jargões, termos técnicos ou científicos. Utilizar pontuações gramaticalmente corretas. Usar estilo coloquial Usar frases curtas, de 8 a 12 palavras em média. Organizar as informações em blocos com títulos. Oferecer poucas informações por página. Incluir sumário dos pontos principais ao final de cada documento. Ilustração Utilizar os recursos ilustrativos para ajudar a comunicar a mensagem. Usar desenhos simples (lineares), sem detalhes desnecessários. Usar imagens e símbolos familiares que sejam atraentes para o leitor. Colocar legendas explicativas próximas às imagens. Usar setas e rótulos para exemplificar as figuras. Se utilizar uma sequência de ilustrações, enumerar as imagens. Usar fotografias reais para ilustrar partes do corpo ou imagens pequenas. Usar fotos e ilustrações de boa qualidade e alta definição. Limitar o número de ilustrações para não sobrecarregar o material. Motivação Fazer perguntas curtas e deixar espaço para respostas. Deixar espaço em branco no fim do material para anotação de dúvidas. Leiaute Tipografia Usar letras tamanho 12 ou 14 pontos, no mínimo. Usar letras sem serifa. Não usar palavras com todas as letras em caixa alta. Utilizar negrito para destacar uma palavra. Deixar espaço em branco, de 10 a 35% por página. Deixar espaço em branco entre título, subtítulo e texto. Usar letras escuras sobre fundo claro. Alinhamento preferencial à esquerda e não justificado. Usar caixas de texto ou marcadores para ressaltar a informação mais Importante”.

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Nos capítulos do manual, pretendemos apresentar um conteúdo de

informação e recomendação sobre os caminhos a serem percorridos pela pessoa

com deficiência auditiva que busca uma oportunidade de trabalho. Estes foram

pensados da seguinte forma:

- Introdução e apresentação do manual;

- Deficiência auditiva, o que preciso saber!;

- Conhecendo alguns direitos;

- Mercado de trabalho e a Lei de Cotas;

- Onde estão as oportunidades de trabalho;

- Como se preparar para o futuro.

Para desenvolvimento do conteúdo optamos por utilizar diferentes formas

de apresentação, a fim de tornar o manual mais atrativo ao leitor.

QUADRO 1. Informações Gerais sobre capítulos e conteúdo do manual.

Capítulo Conteúdo Informativo Formas de apresentação Introdução e apresentação do manual

- Apresentar ao leitor um conteúdo informativo sobre os objetivos do manual e sobre como utilizá-lo

- Informação teórica básica – texto regular - Informações estatísticas

Deficiência auditiva, o que preciso saber!

- Conceito de deficiência e deficiência auditiva - Como comprovar - Exames, a exemplo, audiometria

- Texto regular - Utilizar os recursos ilustrativos, com caixas de mensagem (Fique atento:)

Conhecendo alguns direitos - Informar sobre alguns direitos sociais e previdenciários relacionados à inclusão no mercado de trabalho, por exemplo, isenção tarifária, saúde, educação e benefício assistencial – BPC

- Texto regular - Utilizar recursos ilustrativos, com caixas de mensagem (Você sabia? E Fique atento:)

Mercado de trabalho e a Lei de Cotas

- A reserva legal de cargos (Lei de Cotas) - Habilitação e reabilitação profissional - Critérios de admissão, salários, jornada especial e desligamento

- Texto regular, com perguntas e respostas. - Utilizar recursos ilustrativos, com caixas de mensagem (Você sabia? e Fique atento:)

Onde estão as oportunidades de trabalho

- Informar algumas ferramentas de localização e inscrição para vagas de emprego

- Texto regular - Informações fornecidas pelos participantes da pesquisa - Mensagens específicas de orientação

Como se preparar para o futuro - Escolaridade - Capacitação Profissional - Como montar um currículo

Texto regular Mensagens específicas de orientação (Recados e Dicas)

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O intuito é criar um material prático, de fácil leitura e compreensão, que

possa ser efetivo e que colabore para a ampliação do conhecimento sobre o tema e

favoreça o acesso às possibilidades oferecidas pelo mercado de trabalho.

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4. RESULTADOS

4.1 Descrição das pessoas com deficiência auditiva

Os participantes tinham em média trinta e dois anos de idade, sendo 56%

do sexo feminino e 44% do sexo masculino. Todos apresentavam perda auditiva

bilateral, classificadas em: 11%, moderada; 33% profunda bilateral, 33% entre

severa e profunda; 22%, severa bilateral. Constatou-se que a perda auditiva tinha

ocorrido em 56% dos casos ainda na infância, 33% na adolescência, e 11% já na

fase adulta. Dos nove pacientes, 33% são usuários de aparelho de amplificação

sonora individual (AASI) e 67%, de IC. Todos são oralizados, mas também utilizam

outras formas de comunicação, 78% sentem a necessidade da leitura labial e 11%,

também a comunicação em LIBRAS.

As perguntas tinham possibilidades de respostas do tipo sim ou não,

sendo que algumas continham espaço para que os participantes apresentassem

mais informações de maneira dissertativa.

Foram caracterizadas, além da idade e do sexo, a escolaridade e a

ocupação dos participantes (Tab. 1).

TABELA 1. Caracterização dos pacientes que responderam às perguntas da pesquisa.

Sujeitos Idade Escolaridade Ocupação

1 17 Médio Atendente

2 26 Superior Analista administrativo

3 29 Médio Auxiliar administrativo

4 30 Médio Motorista

5 32 Pós-graduação Analista administrativo

6 33 Médio Mecânica de autos

7 36 Médio Auxiliar administrativo

8 38 Superior Desempregado

9 47 Fundamental Costureiro

Média 32 Desvio Padrão 8,31

Máximo 47

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As figuras 1 e 2 ilustram a escolaridade e a ocupação.

FIGURA 1. Escolaridade dos pacientes com deficiência auditiva que responderam à pesquisa (n =9).

FIGURA 2. Ocupação profissional dos pacientes com deficiência auditiva que responderam à pesquisa (n=9).

Quando perguntamos se os participantes conheciam a lei de cotas, 89%

deles disseram que conheciam, exceto um, que não respondeu. Sobre como

avaliavam a lei, 56% deles achavam que era boa (Fig. 3).

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FIGURA 3. Avaliação da Lei de Cotas.

Quando perguntamos quais tinham sido as dificuldades por eles

encontradas para conseguir uma oportunidade, 45% apontaram a falta de

oportunidade, 22% o preconceito das pessoas e 11%, a exigência de experiência

profissional.

Dos participantes, 56% utilizaram a internet e/ou postos da prefeitura

como principal ferramenta para buscar as vagas e 33% recorreram à indicação de

amigos e familiares.

A grande maioria (78%) acredita que a internet seja o recurso mais

eficiente. Contudo, a metade empregada da casuística (50%) conseguiu emprego

por meio de indicações.

Em relação ao processo de seleção, se encontraram alguma dificuldade,

78% informaram que sim, principalmente de comunicação. Sobre isso alguns

participantes descreveram o seguinte:

“Dificuldades de audição”, bem como: “já fui eliminado de processo seletivo in loco, antes mesmo de começar, mesmo avisando minha situação auditiva”. “Não consegui nenhuma aprovação na primeira etapa dos diversos programas de trainee”. “Assim que percebem a deficiência, não permitem fazer os testes”. “Comunicação, me expressar da forma correta”. “As pessoas não se fazem entender”.

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“Dificuldades de audição geram dificuldades ou insegurança em participar de dinâmicas, atrapalhando assim meu desempenho”. “Não contratam intérprete para acompanhar as conversas no grupo”.

Os participantes (89%) acreditam que não faltou qualificação para

conseguir uma oportunidade. Dessas pessoas, 89% estão trabalhando com carteira

assinada e 100% acreditam que o cargo e/ou função é compatível com suas

habilidades e competências (Fig. 4).

FIGURA 4. Caracterização do emprego dos pacientes com deficiência auditiva que responderam à pesquisa (n=9).

Destes pacientes, 78% citaram que as empresas exigem experiência e

qualificação profissional. Um dos participantes alega que: “O mercado não aceita, no

meu caso, um currículo com experiência de gerência para um cargo simples, bem

como não confiam em um currículo com experiência de gerência de alguém que

possua deficiência auditiva”.

A Fig. 5 mostra o tempo que levou para os participantes conseguirem um

emprego, exceto um que, até a data da pesquisa, estava desempregado.

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FIGURA 5. Tempo que levou para conseguir emprego

4.2 Descrição dos responsáveis por recursos humanos e/ou líderes de ONGs

Da entrevista realizada participaram uma empresa privada e três ONGs.

As respostas apresentadas pelos profissionais revelaram a sua visão sobre a

aplicação da lei e as dificuldades encontradas pela pessoa com deficiência (Tab.2).

TABELA 2. Caracterização das respostas em sim ou não

Perguntas (n= 4) Sim (%)

Não (%)

P1. Você conhece a Lei de Cotas? 100% 0%

P4. A forma de a empresa divulgar as vagas tem sido eficiente? 75% 25%

P5. Existe uma parceria com ONGs? 50% 50%

P6. É feito uma busca ativa dos profissionais com deficiência auditiva? 75% 25%

P8. Existe um processo de recrutamento especifico? 25% 75%

P10. A empresa tem funcionários com deficiência auditiva? 25% 75%

P11. A empresa teve que adaptar suas instalações? 50% 50%

P14. A empresa oferece programas de treinamentos e capacitação? 50% 50%

Os profissionais foram unânimes em afirmar que conheciam a lei e

avaliaram como sendo, em 50%, boa e 50%, regular.

Quando questionamos a forma de divulgar as vagas, 75% referiram que a

ferramenta utilizada é a internet e 50%, os postos da prefeitura (Fig. 6).

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FIGURA 6. Divulgação das vagas pelas empresas

Além das respostas quantitativas, algumas perguntas foram abertas, onde

os participantes poderiam expressar suas opiniões de forma dissertativa. Abaixo,

seguem as informações para cada pergunta da lista.

Os profissionais consideraram (75%) que a forma pela qual a empresa

divulga suas vagas era eficiente, mas os outros 25% referiram que não: “Falta

divulgar ainda mais, pois não foi suficiente para chegar aos deficientes auditivos e nós

estamos aguardando informações completas”.

Dos profissionais, 50% afirmaram que têm uma parceria com ONGs e

relataram como funciona.

“Existe, mas temos problemas sérios, pois as ONGs não reconhecem os deficientes auditivos e pensam que são iguais aos outros deficientes. Mas, na verdade não são, sendo a minoria linguística que exige outra forma de comunicação, por isso as ONGs fazem de qualquer jeito, prejudicando os deficientes auditivos, que acabam perdendo e ficam desempregados por falta de informações certas”. “Somos referência neste assunto e nos relacionamos com as ONGs há muito tempo”.

No que se refere a uma possível busca ativa de profissionais com algum

tipo de deficiência e como seria realizado este trabalho, 75% afirmaram que existe e

descreveram o seguinte:

“Anúncios de vagas, entrevistas com candidatos que enviam currículos e laudos, e indicações”.

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“Contratamos somente quando a empresa está disposta a mudar a cultura de trabalho, caso contrário, não acreditamos na contratação de prateleira”. “Através de divulgação de vagas no site de empregos e divulgação nos postos do CAT”. “As empresas se preocupam com a lei e chamam os surdos ou deficientes auditivos para trabalhar em qualquer lugar e mesmo eles tendo formação, na empresa se recusam a um cargo compatível com a formação do candidato e acabam com cargo inferior e nem tem promoção”.

Sobre um processo de recrutamento específico para pessoa com

deficiência auditiva, 75% dos participantes informaram que não existe e os outros

25% alegaram que sim. Nessa pergunta foi dada a possibilidade de dizer como

funcionava o processo seletivo, e obtivemos os seguintes relatos.

“Pior que não tem acessibilidade, os surdos são prejudicados, não conseguem emprego por não respeitarem a acessibilidade ou não quererem gastar dinheiro com acessibilidade”. “Temos um programa de transformação, onde desenvolvemos o protagonismo no candidato”. “O candidato com deficiência auditiva realiza o mesmo processo que para outras deficiências – processo de avaliação de perfil/potencial e analise de laudo médico, no caso, o de um otorrino”.

Sobre a qualificação profissional que está sendo exigida pelas empresas,

os profissionais descreveram:

“Trabalhamos com todas, são variadas”. “Depende da vaga que estamos buscando preencher, por exemplo, para auxiliares administrativos exigimos o ensino médio”. “Para ter qualificação é necessário ter intérprete para interpretar durante o curso ou treinamento para que os surdos possam trabalhar, por isso não exigem qualificação e pegam qualquer um”. “Pode ter experiência ou não de mercado de trabalho, desde que esteja de acordo com a função a exercer, bem como apto dentro da lei de cotas”.

Somente 25% dos locais contam com pessoas com deficiência auditiva no

quadro de funcionários. Sobre adaptar as instalações para proporcionar

acessibilidade, os profissionais dividiram suas opiniões.

“Tudo sobre acessibilidade.”

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“Algumas empresas não adaptaram por falta de vontade e também não quererem gastar dinheiro para contratar intérprete de libras para acompanhar a reunião ou treinamento, instalar sinalização visual ao invés de sonora; se as empresas não instalam, os surdos não percebem nada e não escutam nada quando termina o expediente”.

“Sim, rampa e banheiro acessível para deficientes físicos, e intérprete de libras”.

No que se refere à contratação, as empresas consideram as

competências e habilidades ou as deficiências.

“Só depende de algumas empresas, mas deveriam seguir as regras de competência e habilidades”. “O processo seletivo é realizado em conjunto com as habilidades e competências e também o tipo de deficiência, pois temos áreas de atuação no hospital onde não é possível o aproveitamento do candidato”. “Competências e habilidades”. “São levadas em consideração as competências e habilidades, porém, o candidato deverá estar apto dentro da cota, pois efetuamos a indicação deste candidato às empresas parceiras”.

Por fim, questionamos como é realizado o acompanhamento e avaliação

do trabalho desenvolvido pelos funcionários com deficiência, de acordo com os

profissionais:

“Não é feito acompanhamento e os surdos se sentem perdidos”. “Fazemos um trabalho de conscientização e acompanhamento junto aos gestores”. “Desenvolvemos um programa de educação para atender as empresas de forma que garanta a mudança da cultura, onde atendemos todos os funcionários da empresa e também seus candidatos”. “Desde que contratados na parceria com a empresa, geralmente é realizado acompanhamento de adaptabilidade comportamental por um período de 03 meses”.

Sobre os sites brasileiros de classificados de emprego, realizamos nosso

próprio cadastro e, assim foi possível levantar todas as informações exigidas durante

o processo, tais como: CID e descrição dos comprometimentos; necessidade de

adaptação no ambiente de trabalho e utilização de algum dispositivo?

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4.3 Descrição das secretarias municipal e estadual

Na pesquisa que realizamos nos órgãos públicos, contamos com a

contribuição de duas instituições, uma responsável pelos programas do Município de

São Paulo, e a outra, pelos do Estado.

O primeiro questionamento que fizemos foi sobre a avaliação que faziam

da lei de cotas e as opiniões se dividiram entre 50%, ótimo e 50%, bom. Os

participantes (100%) disseram que existe uma fiscalização para garantir o

cumprimento dessa lei.

Para melhor entendimento dos resultados, as perguntas foram agrupadas

em categorias de temas: divulgação do trabalho e oferta de vagas; resultados e

metas; programas e ações atuais do governo.

TABELA 3. Categoria de divulgação do trabalho realizado e as vagas ofertadas pelas secretarias municipal e estadual.

Perguntas (n=2) Respostas (R1 e R2)

As pessoas com deficiência têm encontrado dificuldades?

R1 – Sim, a maioria das empresas brasileiras tem um baixo nível de responsabilidade social, só contratam pessoa com deficiência (PCD) devido à obrigatoriedade (lei). Por este motivo, sem planejamento, pulam processos e não se comprometem com a empregabilidade. R2 – Sim, dependendo da vaga existem algumas limitações, tanto por parte das empresas, quanto dos trabalhadores: acessibilidade, softwares, dificuldade de locomoção.

Como o governo faz a divulgação das atividades realizadas?

R1 – Postos de cadastramento da prefeitura R2 – Através do PADEF, sites, rede sociais, eventos e instituições diversas.

Essa forma é eficiente? R1 – Sim R2 – Sim, através dos postos de atendimento adquirimos um banco de dados que nos possibilita o contato com os trabalhadores.

Existem campanhas de informação sobre como encontrar as vagas de emprego?

R1 – Sim, mutirões de emprego, feiras e eventos, ações sociais e participação em Fóruns. R2 – Sim, No CAT, temos a equipe de convocação, que nos auxilia com a divulgação das vagas e convocação dos trabalhadores para entrevistas de emprego.

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Na segunda categoria de análise os profissionais apresentam quais

foram, até o momento, os resultados alcançados e o que se espera atingir no futuro

(Tab.4).

TABELA 4. Categoria dos resultados e metas

Perguntas (n=2) Respostas (R1 e R2)

Quais foram os resultados alcançados até o momento?

R1 - Desde a criação, em 1995, o programa já contribuiu com a inserção de mais de 17.700 pessoas com deficiência no mercado de trabalho em todo o Estado de São Paulo. R2 - As ações realizadas pelo CAT para inserção dos trabalhadores com deficiência no mercado de trabalho permitem satisfazer este público e favorecem a quebra de paradigmas por parte das empresas.

O que se espera atingir? R1 - A igualdade de oportunidade de emprego e renda para pessoas com deficiência, a fim de proporcionar a obtenção e a manutenção do emprego, visando ampliar e garantir a inclusão desta população na sociedade. R2 - Nossos objetivos futuros são: recolocar o maior número de pessoas no mercado de trabalho, manter e conquistar novas parcerias.

Os programas e ações atuais do governo foram classificados como a

terceira categoria de análise (Tab. 5). Nesse momento, 100% dos participantes

também mencionaram que o governo oferece cursos profissionalizantes e de

qualificação profissional, caracterizando-os da seguinte forma:

TABELA 5. Categoria dos programas e ações atuais de governo

Perguntas (n=2)

Respostas (R1 e R2)

O governo oferece às pessoas com deficiência cursos profissionalizantes e de qualificação profissional?

R1 – Sim, a SERT oferece capacitação profissional através do Programa Estadual de Qualificação Profissional (PEQ). O cadastro é realizado nos postos de atendimento ao trabalhador (PAT’s) e Poupatempos. R2 – Sim, O CAT oferece semanalmente oficinas de orientação para o Trabalho com o objetivo de desenvolver os trabalhadores para o mercado.

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Continuação - TABELA 5. Categoria dos programas e ações atuais de governo

Quais são os programas e ações atuais desenvolvidos pelo governo?

R1- A SERT desenvolve ações através dos programas : PADEF, Frente de Trabalho, Jovem Cidadão, Pró- Egresso , Aprendiz Paulista, Selo da Diversidade Paulista, PEQ, Time do Emprego e Banco do Povo Paulista. Esses programas investem na criação de possibilidades de trabalho, qualificação de mão de obra e recuperação do cidadão, com ou sem deficiência, buscando igualdade de oportunidades e condições para todos. R2 – Em parceria com Banco do Brasil durante o ano de 2017 está acontecendo um curso destinado a pessoas com deficiência, onde o CAT disponibiliza a estrutura e ao término do curso auxiliará na intermediação dos trabalhadores. Ressalto que as turmas já estão fechadas e não há períodos previstos para novas inscrições.

Existem novas propostas do governo para inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho?

R1 – Sim, Capacitação/ reciclagem continua dos funcionários das Redes de Atendimento; Desenvolvimento de material de divulgação acessível; Ampliação da divulgação dos serviços oferecidos pelo programa em órgãos públicos, empresas privadas, ONGs, Instituições de ensino, etc. R2 – Sim, diariamente a equipe de intermediação de Mão de Obra do CAT mantém contato com as empresas para captar novas vagas e manter o banco de dados atualizado, buscando novas parcerias e gerando novas oportunidades de emprego destinadas a este público.

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5. DISCUSSÃO

No Brasil, estamos em processo de construção de uma sociedade mais

justa e igualitária. As políticas foram elaboradas dentro de um sistema paternalista e

assistencial, mas a década de 80 inaugurou uma nova concepção para a

organização das políticas públicas e as leis de proteção direcionadas às pessoas

com deficiência ganharam novas formas para se legitimar.

Podemos perceber que a sociedade, a família e o Estado têm vários

desafios à frente: o primeiro deles é colocar em prática as leis existentes, para que

esse segmento da população possa de fato ser composto por cidadãos de direitos.

Segundo Moreira et al (2008), a inclusão social da pessoa com deficiência

é realmente concretizada com seu acesso no mundo do trabalho, pois é quando se

torna financeiramente independente e participante do orçamento familiar.

Para um serviço de reabilitação, a inserção no mercado de trabalho deve

ser compreendida como o desenvolvimento da capacidade de adaptação e garantia

de um atendimento integral. Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi elaborar um

manual para auxiliar a pessoa com deficiência auditiva em sua busca por uma

oportunidade de emprego.

Na pesquisa, pudemos verificar que ainda existe uma dificuldade de se

colocar em prática o que está previsto em lei; algumas empresas demonstram

apenas uma preocupação com o cumprimento da reserva legal de cargos,

independentemente de assegurar que as oportunidades sejam ampliadas e a

diversidade humana, respeitada.

As pessoas com deficiência auditiva que participaram da pesquisa, em

89% dos casos, declararam que conheciam a lei de cotas, mas percebemos que

isso só aconteceu após um familiar e/ou amigo mencionar que na empresa onde

trabalham existe a contratação de pessoas com deficiência. Isto mostra o quanto um

serviço de reabilitação pode contribuir para transformar essa realidade, ou seja,

fortalecer pacientes e familiares com orientações, esclarecimentos sobre seus

direitos e até mesmo incrementar a eficiência de inclusão, direcionando para o

mercado de trabalho por meio de parcerias com instituições e empresas.

Nos relatos, 45% dos participantes identificaram na falta de oportunidade

e 22%, no preconceito, a principal dificuldade por eles encontrada. Embora haja uma

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luta pela igualdade de direitos, a sociedade ainda apresenta uma falta de informação

sobre o conceito de que a pessoa com deficiência é capaz de executar tarefas e

funções, não necessitando ter sua independência financeira vinculada a benefícios

do governo.

Em relação ao processo de seleção para o emprego, 78% informaram

que a principal dificuldade reside na comunicação. Acreditamos que as empresas

devem capacitar seus profissionais e ter espaços com acessibilidade para que a

pessoa com deficiência tenha a mesma oportunidade de mostrar seu potencial e

perfil profissional, competindo em igualdade de condições com as demais pessoas.

Dentre os participantes, 78% citaram a exigência de experiência

profissional. No entanto, de acordo com as recomendações da OIT, quando a

experiência for extremamente necessária ao desempenho da função, a própria

empresa precisa oportunizar capacitação, ou seja, fornecer treinamento e recursos

para que a pessoa adquira internamente as habilidades e conhecimentos exigidos.

Ressaltamos que a pessoa com deficiência, assim como seu núcleo

familiar, devem ser orientados quanto à necessidade de buscar sempre um bom

desenvolvimento escolar e capacitação profissional. Tais atitudes precisam ter inicio

ainda no ambiente escolar, com a formação básica.

A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, n. 13.146, de 06

de julho de 2015, descreve em seu art. 27:

“A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem”.

Para que pudéssemos ter uma ideia das ações realizadas pelas

empresas privadas, utilizamos a relação dos ganhadores do Prêmio Melhores

Empresas para Trabalhadores com Deficiência, pois sabíamos que eram empresas

comprometidas com a construção e manutenção de um ambiente de trabalho

igualitário e humanizado. Contudo, encontramos um problema, nenhuma das

empresas convidadas participou da pesquisa. Ficamos surpresos, porque foram

empresas premiadas por realizarem boas práticas; sendo assim, qual seria o

impedimento? A inclusão da pessoa com deficiência ainda é tratada por algumas

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empresas apenas como uma obrigação legal, não sendo realizada de maneira

consciente e responsável por todos os colaboradores.

Porém, essa situação não interferiu em nosso resultado final, pois

buscamos outras formas de compreender o que está sendo feito e vivenciado pela

pessoa com deficiência auditiva.

Não existe um processo de recrutamento especifico para pessoa com

deficiência auditiva, o que confirma as declarações da pessoa com deficiência e até

justificam suas dificuldades na comunicação. Pode-se perceber com isso que

precisam ser desenvolvidas estratégias para atender a pessoa com deficiência

auditiva que participa dos processos de seleção, pois, caso contrário, a concorrência

não será justa.

Podemos perceber que a inclusão da pessoa com deficiência está

acontecendo de forma incipiente e que as empresas e os profissionais de recursos

humanos não demonstram preparo para atender as demandas apresentadas por

parte dessa população. Neste sentido, é essencial desenvolver uma política de

trabalho e emprego propondo medidas que contemplem desde a contratação digna,

a processos seletivos adequados e capacitação profissional, para que essas

pessoas tenham oportunidades de inclusão e desenvolvimento profissional efetivos.

5.1. Considerações finais

Parece então acertado dizer que, para garantia de um atendimento

integral, assim como prevê a PNASA (2004), os serviços de reabilitação auditiva

devem definir estratégias de intervenção, tendo um olhar voltado para o modelo

biopsicossocial, ou seja, uma reabilitação desenvolvida em conjunto com uma

equipe interdisciplinar que avalie esse paciente e trabalhe com ele, considerando

não só seus fatores biológicos, mas também psicológicos e sociais. Desta forma,

será possível realizar um trabalho que de fato garanta sua inserção na vida familiar e

em sociedade.

Para finalizar, não podemos garantir que a pessoa com deficiência

auditiva seja de fato incluída no mercado de trabalho, mas esperamos que esse

trabalho vá contribuir para fortalecê-la e prepará-la para competir por uma

oportunidade de emprego em igualdade de condições com outras pessoas.

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6. CONCLUSÃO

De acordo com o objetivo proposto foi possível elaborar um manual para

auxiliar a pessoa com deficiência auditiva que busca uma colocação profissional, a

ter mais informação sobre leis, ações governamentais e oportunidades de emprego.

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7. ANEXOS

Anexo 1 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Você está sendo convidado (a) a participar, como voluntário (a), da pesquisa sobre o produto do Mestrado Profissional da FCMSCSP: Material informativo para auxílio da pessoa com deficiência auditiva em sua busca por inclusão no mercado de trabalho. Sua participação não é obrigatória e a qualquer momento você poderá desistir e retirar seu consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com os pesquisadores ou com a instituição. Você deve comprometer-se a não divulgar ou copiar o material que será analisado, em nenhuma hipótese. Pesquisadora: Susan Karla dos Santos Orientador: Profº Drº Osmar Mesquita de Sousa Neto Instituição: Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – Rua Dr. Cesário Mota Júnior, nº. 61, CEP: 01221-020. Telefone: (011) 3367-7700. Comitê de Ética em Pesquisa: é um colegiado criado para defender os interesses dos participantes da pesquisa em sua integridade e dignidade e para contribuir no desenvolvimento da pesquisa dentro de padrões éticos (Resolução nº. 466/12 Conselho Nacional de Saúde). O endereço do Comitê de Ética em Pesquisa é Rua Santa Isabel, nº 305, 4º andar, São Paulo/ SP, CEP: 01221-010. Telefone: (11) 2176-7689. Objetivo: Produzir um material informativo para auxiliar os deficientes auditivos, residentes no município de São Paulo, no processo de sua inclusão no mercado de trabalho. Procedimentos: Sua participação consiste em assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, e responder um questionário. Benefícios: Não há benefício pessoal para você, mas esta pesquisa disponibilizará uma ferramenta para auxiliar na inclusão do deficiente auditivo no mercado de trabalho. Riscos e desconfortos: O preenchimento deste questionário não apresentará quaisquer riscos de ordem física ou psicológica para você, que pode se recusar a responder as perguntas que lhes causem constrangimento de qualquer natureza. Custos: Sua participação é isenta de despesas e você não receberá nenhum pagamento por sua participação. Sigilo: As informações fornecidas por você terão sua privacidade garantida pelos pesquisadores responsáveis. Os participantes da pesquisa não serão identificados em nenhum momento, mesmo quando os resultados desta forem divulgados. Esse documento foi elaborado em duas vias, sendo que uma será retida pelo pesquisador

responsável e outra será entregue ao participante da pesquisa. Consentimento Livre e Esclarecido Após ter sido esclarecido sobre os objetivos, importância e o modo como os dados serão coletados nessa pesquisa, além de conhecer os riscos, desconfortos e benefícios que ela proporcionará e estar ciente de todos os meus direitos, concordo em participar da pesquisa: Elaboração de um material informativo para auxiliar o deficiente auditivo em sua inclusão no mercado de trabalho. Comprometo-me a não divulgar, copiar ou fazer qualquer uso que não seja para essa pesquisa, e autorizo a divulgação das informações por mim fornecidas em aulas, congressos e/ou publicações científicas desde que nenhum dado possa me identificar. Nome: ______________________________________________Idade: ____________ Endereço: _____________________________________________________________ E-mail: _______________________________________________________________ Telefone:______________________________________________________________ ___________________________________________ Assinatura

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Anexo 2 – Carta de Apresentação aos Participantes

São Paulo, 22 de novembro de 2016.

Prezado (a) Sr (a).

Eu, Susan Karla dos Santos, aluna do mestrado profissional da Faculdade de

Ciências Médicas Santa Casa de São Paulo, junto com o orientador Prof. Dr. Osmar

Mesquita de Sousa Neto, estamos realizando uma pesquisa que tratará da inclusão da

pessoa com deficiência auditiva no mercado de trabalho.

O estudo se propõe a desenvolver um manual que auxilie o paciente com

deficiência auditiva de nossa cidade a conhecer os procedimentos a serem seguidos na

busca de inserção no mercado de trabalho. Pretende-se com esse material descrever os

programas governamentais, oportunidades em empresas privadas, e a capacitação

profissional oferecida por algumas instituições.

Para tanto, conforme contato telefônico, pedimos sua contribuição como

participante desta pesquisa, respondendo ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(TCLE) e ao Questionário.

Agradecemos sua colaboração.

Atenciosamente,

Susan Karla dos Santos

Assistente Social - mestranda

Faculdade de Ciências Médicas Santa Casa de São Paulo

Prof. Dr. Osmar Mesquita de Sousa Neto

Otorrinolaringologista - Orientador da pesquisa

Faculdade de Ciências Médicas Santa Casa de São Paulo

Nome do Pesquisador Responsável: Susan Karla dos Santos

Endereço Institucional: Rua Doutor Cesário Motta Júnior, 61 - Vila Buarque, São Paulo - SP, 01221-020 Telefone: (11) 3367-7700 - E-mail: [email protected]

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Anexo 3 – Lista de Perguntas para a pessoa com deficiência auditiva A. Identificação

Idade: _____________ Sexo:

Feminino

Masculino Escolaridade:

Ensino Fundamental

Ensino Médio

Ensino Superior

Pós Graduação Área de Atuação Profissional:________________________________________________ Ocupação Atual: __________________________________________________________ B. Questões Especificas 1. Você conhece a Lei de Cotas 8.213/91?

Sim

Não 2. Como você avalia essa Lei?

Ótima

Boa

Regular

Ruim

3. Quais são as dificuldades atualmente encontradas na busca de emprego? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4. Como você procurou emprego até hoje? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5. Você utiliza/ou a internet como ferramenta de busca?

Sim

Não

6. Que ferramenta você acredita ser mais eficiente?

Internet

Classificados de Jornais

Postos de cadastro da Prefeitura

7. Encontrou alguma dificuldade no processo de seleção?

Sim Quais:_______________________________________________________

Não

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8. Encontrou dificuldades na comunicação durante o processo de seleção?

Sim Quais: ______________________________________________________

Não 9. Acredita que faltou qualificação profissional para você?

Sim

Não

10. Quanto tempo levou para conseguir emprego?

01 a 06 meses

Mais de 01ano

Mais de 02 anos

Ainda não encontrou

11. O que está sendo exigido pelas empresas para o preenchimento das vagas? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 12. Você trabalha com carteira assinada?

Sim

Não

13. Você acredita que sua função/ cargo é compatível com suas habilidades e competências? ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Anexo 4 – Lista de Perguntas para os responsáveis de recursos humanos e líderes de ONGs A. Identificação Idade: ________________ Sexo:

Feminino

Masculino Escolaridade:

Ensino Fundamental

Ensino Médio

Ensino Superior

Pós Graduação Atuação Profissional: ________________________________________________________ B. Questões Específicas 1. Você conhece a Lei de Cotas 8.213/91?

Sim

Não

2. Como você avalia essa Lei?

Ótima

Boa

Regular

Ruim

3. Como a empresa faz a divulgação das vagas?

Internet

Classificados de jornais

Postos de Cadastramento da Prefeitura

Parceria com ONGs

Outros Quais: ____________________________________________________ 4. Você considera que a forma de a empresa de divulgar essas vagas tem sido eficiente?

Sim

Não Por quê? ____________________________________________________ 5. Existe uma parceria com ONGs?

Sim Como funciona? ______________________________________________

Não 6. É feita uma busca ativa dos profissionais com algum tipo de deficiência?

Sim

Não

7. Como é realizado esse trabalho? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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8. Existe um processo de recrutamento específico para a pessoa com deficiência auditiva?

Sim Como funciona: ____________________________________________

Não 9. Que tipo de qualificação profissional está sendo exigido? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 10. A empresa conta pessoas com deficiência auditiva no seu quadro de funcionários?

Sim

Não

11. A empresa teve que adaptar suas instalações para proporcionar acessibilidade?

Sim Quais: ______________________________________________________

Não 12. Para contratação a empresa considera as competências e habilidades ou a deficiência? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 13. Como é feito o acompanhamento e avaliação do trabalho desenvolvido pelos funcionários com deficiência? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 14. A empresa realiza programas de treinamento e capacitação?

Sim

Não

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Anexo 5 – Lista de Perguntas para gestores das secretarias municipais e estaduais A. Identificação Idade: _________________ Sexo:

Feminino

Masculino Escolaridade:

Ensino Fundamental

Ensino Médio

Ensino Superior

Pós Graduação Atuação Profissional: ________________________________________________________ B. Questões Específicas 1. Como você avalia a Lei de Cotas 8.213/91

Ótima

Boa

Regular

Ruim

2. Existe uma fiscalização para garantir o cumprimento dessa Lei?

Sim

Não

3. Você acredita que as pessoas com deficiência têm tido dificuldades para encontrar oportunidades de emprego?

Sim Por quê? ____________________________________________________

Não

4. Como o governo faz a divulgação das atividades realizadas para pessoas com deficiência?

Internet

Classificados de jornais

Postos de Cadastramento da Prefeitura

Parceria com ONGs

Outros Quais: ____________________________________________________ 5. Você acredita que essa forma tem sido eficiente?

Sim

Não Por quê? ___________________________________________________ 6. Existem campanhas para informação de como a pessoa com deficiência pode encontrar vagas de emprego?

Sim Como: _____________________________________________________

Não

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7. Quais são os recursos utilizados para buscar esse segmento da população? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 8. Quais são/foram os resultados alcançados até o momento? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 9. O que se espera atingir? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 10. O governo oferece para as pessoas com deficiência cursos profissionalizantes e de qualificação profissional?

Sim Onde encontrar: _____________________________________________

Não 11. Quais são os programas e ações atualmente desenvolvidos pelo governo? ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 12. Existem novas propostas do governo para inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho?

Sim Quais: _____________________________________________________

Não

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Anexo 6 – Manual informativo: Tenho uma perda auditiva? Isso interfere nas

minhas opções de trabalho? (CD)

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Brasil. Constituição (1988). Constituição da República Federal do Brasil. Brasília (DF): Senado Federal; 1988.

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RESUMO

TÍTULO: Material informativo para auxilio da pessoa com deficiência auditiva em sua

busca por inclusão no mercado de trabalho AUTOR: Susan Karla dos Santos.

Dissertação. 2017. INTRODUÇÃO: O Censo Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE) aponta que em nosso país 45,6 milhões de pessoas se declaram com algum

tipo de deficiência. O governo brasileiro busca, por meio das leis, garantir a inclusão

da pessoa com deficiência no mercado de trabalho. Sendo assim, a Lei de Cotas

8.213/91 foi criada em 24 de julho de 1991 e determina cotas mínimas nas

empresas para trabalhadores com algum tipo de deficiência. No entanto, algumas

dificuldades ainda são encontradas por este segmento da população. Neste sentido,

pretendemos desenvolver um manual que auxilie as pessoas com deficiência

auditiva a conhecer os procedimentos a serem seguidos na busca de inserção no

mercado de trabalho. OBJETIVO: Produzir um material informativo dirigido aos

pacientes com deficiência auditiva, principalmente os residentes no município de

São Paulo, que descreva passo a passo alguns caminhos e procedimentos para

auxiliar em sua inclusão no mercado de trabalho. MÉTODO: Elaboramos três tipos

de listas com perguntas específicas, contendo questões dissertativas e fechadas.

Essas listas de perguntas foram encaminhadas por e-mail para os participantes

previamente avisados, sendo eles: pessoas com deficiência auditiva, responsáveis

por recursos humanos e líderes de ONGs, e gestores das secretarias municipais e

estaduais. As informações foram analisadas de maneira quantitativa e qualitativa, de

modo a gerarem informações e dados para elaboração do manual. CONCLUSÃO:

Foi possível elaborar um manual para auxiliar a pessoa com deficiência auditiva que

busca uma colocação profissional a ter mais informação sobre leis, ações

governamentais e oportunidades de emprego.

Palavras Chaves: perda auditiva; mercado de trabalho; orientação; manuais;

direitos humanos

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ABSTRACT

TITLE: Information material to help the hearing impaired in their search for inclusion

in the labor market AUTHOR: Susan Karla dos Santos. Dissertation.2017.

INTRODUCTION: The Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE)

indicates in our country 45.6 million of people declare themselves with some type of

disability. The Brazilian government seeks ensure the inclusion of persons with

disabilities in the labor market using the law. So, the Quotas Law 8.213 / 91 was

created on July 24th, 1991 and determines minimum quota in companies for workers

with some type of disability. However, some difficulties are still found by this segment

of the population. We intend to develop a manual that helps people with hearing

disability to know procedures to be followed in the search for labor market inclusion.

OBJECTIVE: To produce an informative material for patients mainly residents in São

Paulo with hearing disability that describe step by step some ways and procedures

for help them in labor market inclusion. METHOD: We elaborate three types of lists

with specific questions, with essay and closed questions. These lists were sent to e-

mail for notified participants: persons with hearing disability, responsible for human

resources and NGO leaders, and managers of municipal and state departments. The

informations were analyzed in quantitative and qualitative forms generating

informations and datas for manual. CONCLUSION: It was possible to elaborate a

manual to help the person with hearing desability who searches a job placement to

have more informations about laws, governamental actions and employment

opportunities.

Key-words: lost hearing; labor market; orientation; manuals; human rights.

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APÊNDICE

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