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1 FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - UTP MEDICINA VETERINÁRIA Paulo Edson Ferreira Dancosky MATRIZES DE FRANGOS DE CORTE EM PRODUÇÃO CURITIBA 2009

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FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - UTP

MEDICINA VETERINÁRIA

Paulo Edson Ferreira Dancosky

MATRIZES DE FRANGOS DE CORTE EM PRODUÇÃO

CURITIBA

2009

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Paulo Edson Ferreira Dancosky

MATRIZES DE FRANGOS DE CORTE EM PRODUÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Médico Veterinário.

Professor Orientador: Paulo Roberto Nocera

Orientadora Profissional: Daniela Baba

CURITIBA 2009

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela vida, pela proteção e pela oportunidade.

Aos meus pais Edison e Marli, a meus irmãos Ederson e Clauston, pela

esperança, apoio e incentivo durante todo período acadêmico.

Aos amigos pelo companheirismo.

Ao Mestre e Professor Paulo Roberto Nocera, meu Orientador Acadêmico

pelos ensinamentos.

A minha Orientadora Profissional de Estágio, Daniela Baba, pela amizade,

disponibilidade, paciência, motivação e por servir de exemplo para minha vida

profissional.

A Empresa Perdigão Agroindustrial S/A, em especial ao Gerente

Agropecuário Renato Macedo e ao Supervisor de Matrizes de Frangos e

Incubatórios Edinei Pavão pela oportunidade do estágio, e ao Técnico Silvano

Nhaia, por compartilhar sua experiência, pelo companheirismo e amizade.

A Paulo Afonso Moreira Integrado da Empresa Perdigão, proprietário dos

Núcleos de Matrizes em Produção, concedente do estágio.

Finalmente a todos que colaboraram na minha vida acadêmica e profissional.

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TERMO DE APROVAÇÃO

Paulo Edson Ferreira Dancosky

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Este trabalho de conclusão de curso foi julgado e aprovado para a obtenção

de título de Médico Veterinário por uma banca examinadora do curso de

Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, 25 de junho de 2009.

Medicina Veterinária

Universidade Tuiuti do Paraná

Orientador: Profº Paulo Roberto Nocera

Universidade Tuiuti do Paraná

Profº Welington Hartmann

Universidade Tuiuti do Paraná

Profº Uriel Vinicius Cotarelli Andrade

Universidade Tuiuti do Paraná

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Reitor

Prof Luiz Guilherme Rangel Santos

Pró-Reitor Administrativo

Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos

Pró-Reitora Acadêmica

Prof Carmem Luiza da Silva

Pró-Reitor de Planejamento

Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos

Pró-Reitora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão

Prof Elizabeth Tereza Brunini Sbardelini

Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde

Prof João Henrique Faryniuk

Coordenadora do Curso de Medicina Veterinária

Prof Ana Laura Angeli

CAMPUS BARIGUI

Antonio Rangel Santos, 238 Santo Inácio

CEP 82.010-330 - Curitiba - PR

Fone (41)3331-7958

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Vista externa da barreira sanitária de um núcleo........................................10

Figura 2: Casa de compostagem...............................................................................12

Figura 3: Desinfecção da parte externa de um aviário...............................................13

Figura 4: Vista aérea de dois Núcleos de Matrizes de Frangos.................................18

Figura 5: Vista interna de um aviário de Matrizes de Frangos...................................18

Figura 6: Galo linhagem Coob 500.............................................................................23

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LISTA DE ABREVIATURAS

FLF: fêmea linha fêmea

FLM: fêmea linha macho

MLF: macho linha fêmea

MLM: macho linha macho

OT 0103: primeiro Núcleo Otto, terceiro lote.

PNSA: Plano Nacional de Sanidade Avícula

QT: Qualidade Total

SIA: Sistema de Integração de Aves

SPO: Sistema Produtor de Ovos

UBA: União Brasileira de Avicultura

5S: 5 Sensos

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OBJETIVO

Mesmo passando por quase toda a cadeia na produção de frangos, desde a

recria ao abate na indústria, o trabalho realizado tem como objetivo principal as

Matrizes de Frangos em Produção que no estágio realizado, possibilitou uma intensa

vivência na área em que tinha apenas conhecimentos teóricos. O manejo diário, o

acompanhamento de profissionais já experientes, o convívio com outros

trabalhadores, o desenvolvimento do projeto realizado no Núcleo, se constituíram

em fatores de obtenção de conhecimentos práticos e, conseqüentemente, de

experiência profissional.

O trabalho visa explanar o manejo das Matrizes de Frango de Corte em

Produção, através da experiência obtida e da fundamentação teórica por guias de

manejo.

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RESUMO

O presente trabalho possui os resultados do Estágio Curricular Obrigatório em Medicina Veterinária do acadêmico Paulo Edson Ferreira Dancosky, realizado com foco principal nas Matrizes de Frangos de Corte em Produção. Sob Supervisão Profissional da Médica Veterinária Daniela Baba e Orientação Acadêmica de Professor Paulo Roberto Nocera, durante o período de 18/03/2009 a 10/06/2009, totalizando 360 horas. Aborda os aspectos teóricos relativos ao tema e práticos de acordo com a experiência obtida, seguindo Guias de Manejo de Matrizes de Frangos de Corte - COBB, 2008 e AGROSS, 2003; também de programas de Bem-estar, Biosseguridade e Programa 5S, medicações e vacinações, além de relatar as atividades práticas desenvolvidas durante o estágio.

Palavras-chave: Manejo - Matrizes de Frangos de Corte em Produção - Bem-estar - Biosseguridade - Programa 5S - Medicações e vacinações.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS.....................................................................................LISTA DE ABREVIATURAS........................................................................ OBJETIVO.................................................................................................... RESUMO.......................................................................................................1. INTRODUÇÃO

1.1. AVICULTURA BRASILEIRA ............................................................2. DADOS SOBRE O ESTÁGIO

2.1. ORIENTADOR ACADÊMICO ........................................................... 2.2. ORIENTADOR PROFISSIONAL ...................................................... 2.3. HORAS DE ESTÁGIO ......................................................................2.4. DADOS SOBRE O LOCAL DO ESTÁGIO ....................................... 2.5. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO ESTÁGIO ............................. 2.6. DADOS SOBRE A EMPRESA .........................................................

3. BEM ESTAR DAS AVES .......................................................................4. BIOSSEGURIDADE................................................................................

4.1. LOCALIZAÇÃO E ISOLAMENTO DAS INSTALAÇÕES ..................4.2. ACESSO AO NÚCLEO DE MATRIZES............................................ 4.3. CUIDADOS COM RAÇÃO E ÁGUA .................................................4.4. MANEJO SANITÁRIO .....................................................................

5. PROGRAMA 5S .....................................................................................6. AVIÁRIO E AMBIENTE ..........................................................................7. ESTRUTURA DA PRODUÇÃO AVÍCOLA.............................................

7.1. AVOZEIROS .....................................................................................7.2. MATRIZEIROS ................................................................................. 7.3. PRODUTORES COMERCIAIS ........................................................ 7.4. O CICLO NA EMPRESA: DA RECRIA AO ABATE ..........................

8. MANEJO DE MATRIZES EM PRODUÇÃO............................................8.1. ALIMENTAÇÃO SEPARADA POR SEXOS ..................................... 8.2. MANEJO DE FÊMEAS COM 21 SEMANAS ....................................8.3. MANEJO DE FÊMEAS COM 5% DE PRODUÇÃO GALINHA/DIA

ATÉ O PICO DE PRODUÇÃO.......................................................... 8.4. MANEJO DE FÊMEAS NO PERÍODO PÓS-PICO (32 A 62

SEMANAS)........................................................................................8.5. MANEJO DE MACHOS .................................................................... 8.6. SPINKING E INTRA SPIKING ..........................................................

9. CUIDADOS COM OS OVOS INCUBÁVEIS ...........................................9.1. NINHOS .......................................................................................... 9.2. COLETA MANUAL...........................................................................9.3. DESINFECÇÃO DE OVOS INCUBÁVEIS ......................................

10. MEDICAÇÃO ..........................................................................................11. VACINAÇÃO ..........................................................................................12. CONCLUSÃO .........................................................................................13. REFERÊNCIAS .....................................................................................

III III IV 01

02 02 02 02 02 03 04 06 07 07 08 09 10 12 14 15 15 15 16 16 18 18 19

19

20 20 22 23 24 24 25 26 27 28 29

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1. INTRODUÇÃO

1.1. Avicultura Brasileira

A Avicultura brasileira é reconhecida como das mais desenvolvidas do

mundo, com índices de produtividade excepcionais, graças a programas de

qualidade como genética, nutrição, manejo, biosseguridade, boas práticas de

produção, rastreabilidade, programas de bem estar animal e de preservação do

meio ambiente (UBA, 2008).

A produção de frangos está presente em todas as regiões do país,

impactando a economia da maioria dos estados, já ocorrendo uma expansão para

região centro-oeste, procurando estabelecer-se em regiões produtoras de grãos e

com um desafio sanitário mais baixo devido a menor densidade de aves.

No Brasil, teve seu início como atividade industrial na década de 60, com a

importação dos primeiros lotes de matrizes de linhagens híbridas dos Estados

Unidos. A partir de 1965, o Ministério da Agricultura regulamentou a entrada de

material genético, permitindo somente a de avós. Importações de Matrizes podem

ser autorizadas em caráter excepcional, para que sejam alojadas por empresas

avozeiras no país, e que sejam destinadas a testes.

Com isso, a avicultura brasileira estruturou-se nos moldes da americana com

granjas de bisavós, avós, matrizes e produtores comerciais. Atualmente duas

empresas importam linhagens na forma de bisavós (Cobb e Hybro), e duas outras

realizam o programa genético no país (Ross 308 e Chester), mantendo plantéis de

linhas puras, bisavós, avós e matrizes (MACARI E MENDES, 2005).

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2. DADOS SOBRE O ESTÁGIO

O estágio realizou-se em Matrizes de frangos de corte em produção,

Sistema Produção de Ovos (SPO) em sua maior parte, mas também teve passagem

pela Recria de matrizes de frango de corte, Incubatórios, Sanidade, Frangos de

corte e Indústria.

2.1. Orientador Acadêmico

O orientador acadêmico é o Professor e Mestre Médico Veterinário Paulo

Roberto Nocera, professor da disciplina de Ornitopatologia do Curso de Medicina

Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná.

2.2. Orientador Profissional

O estágio foi orientado pela Médica Veterinária Daniela Baba, sanitarista

responsável pela área de Matrizes de Frangos de Corte e Incubatório da Regional

Carambeí - PR, pertencente a Perdigão S/A.

2.3. Horas de Estágio

A carga horária total de estágio foi de 360 horas.

2.4. Dados Sobre o Local do Estágio

O estágio foi realizado principalmente em um Núcleo de Matrizes de Frangos

de Corte OT 0103, Sistema Produtor de Ovos (SPO), com 30.000 matrizes na

Fazenda São Rafael, de propriedade de Paulo Afonso Moreira, Integrado da

Perdigão S/A. A fazenda está localizada em Joaquim Murtinho no Município de Piraí

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do Sul - PR, a qual também possui núcleos de Matrizes de Peru e de Suínos, Gado

Leiteiro e Plantação de soja, milho (verão), aveia e azevém (inverno).

2.5. Atividades Desenvolvidas no Estágio:

• Em Recria de matrizes de frango de corte:

- Conhecimento do manejo geral de um núcleo;

- Vacinação;

- Seleção por peso (uniformidade);

- Necropsia;

- Conhecimento geral administrativo e sanitário.

• Em Matrizes de frango de corte em produção:

- Desinfecção de ovos por Imersão (projeto);

- Coletas de ovos (projeto);

- Classificação de ovos;

- Necropsias;

- Manejo geral dos animais;

- Coletas de materiais para Laboratório.

• Incubatórios:

- Ovoscopia e aferição da densidade dos ovos;

- Monitoria de máquinas de incubação;

- Vacinação in ovo e transferência aos nascedouros;

- Nascimento, sexagem e vacinação do pinto;

- Quebra de ovos e resíduos.

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• Sanidade:

- Coleta de materiais para inspeção do PNSA (Programa Nacional de Sanidade

Avícola) e laboratório próprio da Perdigão;

- Auditorias em granjas de matrizes;

- Auditorias em Incubatórios;

- Conhecimento do programa sanitário geral.

• Frango de corte:

- Visitas de rotina para fornecer assistência aos integrados.

• Indústria:

- Visita técnica.

2.6. Dados Sobre a Empresa

A Perdigão é uma das maiores empresas de alimentos da América Latina.

Está entre as maiores em abates de suínos e aves no mundo, sendo também uma

das principais companhias brasileiras na captação de leite. É uma empresa de

escala internacional; seus produtos chegam a mais de 110 países.

Fundada em 1934 por imigrantes italianos em Videira (SC), a empresa

emprega hoje mais de 55 mil funcionários e opera unidades industriais em oito

Estados brasileiros, além da Argentina, Inglaterra, Holanda e Romênia. Escritórios

comerciais da empresa estão instalados na Inglaterra, Holanda, Hungria, Espanha,

Áustria, Itália, França, Rússia, Emirados Árabes Unidos (Dubai), Cingapura, Japão e

Ilha da Madeira (Portugal), além de centro de distribuição na Holanda.

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Atua nas áreas de carnes e de lácteos, além dos segmentos de massas

prontas, tortas, pizzas, folhados e vegetais congelados. Seu portfólio de mais de

1.500 itens, destinados para os mercados interno e externo, com diversas marcas,

entre as quais se destacam Perdigão, Batavo, Elegê, Perdix, Chester, Sadia e

Cotochés.

A Empresa Perdigão Agroindustrial S/A segue programas que visão

aumentar a qualidade do produto e do trabalho, estas normas também estão sendo

implantadas em seus integrados, são as seguintes: Bem estar das aves,

Biosseguridade e o Programa 5S.

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3. BEM ESTAR DAS AVES

O Bem-Estar é um programa pelo qual durante o estágio foi possível

observar a preocupação dos profissionais no seu planejamento de manejo, na

educação e capacitação dos funcionários, para que o programa seja seguido,

garantindo o conforto das aves.

As cinco liberdades das aves que são seguidas e respeitadas são:

- Psicológica: as aves não devem ser submetidas ao medo ansiedade ou estresse.

- Comportamental: as aves devem expressar seu comportamento normal.

- Fisiológica: as aves não podem sentir fome ou sede.

- Sanitária: as aves não podem ser expostas a doenças injúrias ou dor.

- Ambiental: as aves devem viver com conforto e segurança.

(UBA, 2008)

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4. BIOSSEGURIDADE

A biosseguridade foi definida como a prática de medidas que visam

minimizar riscos e impactos de enfermidades ou presença de resíduos (biológicos,

químicos ou físicos) em populações animais ou nos produtos derivados destes.

Diferente de biossegurança que indica aquelas normas e procedimentos

relacionados com a saúde humana, as quais são permanentes e normalmente

inflexíveis, a não ser para se tornarem ainda mais restritivas. Já biosseguridade,

indica diretamente algum procedimento que previne eventos relacionados com a

saúde animal.

Biosseguridade é a implantação de um conjunto de normas sobre os

cuidados necessários para proteger uma criação da introdução de doenças.

No período em que estive na Granja Araucária em Recria de Matrizes de frangos,

participei de palestras de capacitação dos funcionários ao Programa 5S, aprendendo

e assessorando a orientadora do estagio (BONATTI e MONTEIRO, 2008).

A biosseguridade é a palavra de ordem na avicultura, assim como

acompanhado durante o estágio, são normas pré-estabelecidas com aplicação

prática nas atividades diárias, dentre essas normas, destacam-se:

4.1. Localização e Isolamento das Instalações

A granja deve estar situada em local tranqüilo e distante de outras criações,

protegida por barreiras naturais e físicas.

4. 1.1. Barreiras Naturais

Reflorestamentos com árvores não frutíferas, matas naturais, bem como a

presença de elevações topográficas, servem de barreiras sanitárias naturais,

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diminuindo o risco de contaminação entre as unidades avícolas e o estresse para as

aves (JAENISCH, 1999).

4.1.2. Barreiras Físicas

As barreiras físicas servem para estabelecer os limites da granja e dos

núcleos, para evitar o livre acesso de pessoas, veículos e animais. É feita pela

colocação de cercas de tela.

Dentro da granja devem ser delimitadas as áreas, considerando os graus de

contaminação:

Área Limpa: abrange corredores de acesso aos núcleos, através dos quais

são feitos transportes de aves e equipamentos, área que corresponde da barreira

sanitária para dentro do núcleo.

Figura 1 – Vista externa da barreira sanitária de um núcleo. Fonte: Perdigão Agroindustrial S/A.

Área Suja: compreende a região externa da granja e acesso de saída dos

núcleos, pela qual se procede retirada de camas e aves de cada núcleo.

4.2. Acesso a Núcleo de Matrizes

4.2.1. Controle de entrada de pessoas e veículos

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É necessário restringir e monitorar visitas, entrada de veículos e

equipamentos na granja. Para entrarem na granja, funcionários e visitantes devem

seguir normas, como evitar contato com outros plantéis pelo menos dois dias antes

da visita, tomar banho, trocar de roupas e calçados e entrar em um núcleo por dia.

Rigorosa limpeza e desinfecção devem anteceder a introdução de quaisquer

equipamentos na granja (JAENISCH, 1999).

O vetor mais comum de problemas de saúde para as aves é o homem.

4.2.2. Fluxo do trânsito interno da granja

O fluxo de acesso aos aviários deve ser respeitado, observando limites entre

área limpa e suja.

Considerar a idade das aves (visitar primeiro as mais jovens). Havendo

suspeita de enfermidade em um lote, somente o funcionário e o veterinário

responsável pela granja, poderão ter acesso a ele.

A entrega de ração deve ser feita no silo localizado na entrada da granja de

onde será levada para os respectivos núcleos por graneleiros internos da granja

(JAENISCH, 1999).

4.3. Cuidados com Ração e Água

É fundamental primar pela qualidade nutricional e microbiológica das rações.

A peletização contribui para reduzir a contaminação das rações.

A água da granja deve ser abundante, limpa, fresca e isenta de patógenos.

Deve ser monitorada e, se necessário, tratada com pedras ou blocos de cloro como

é feito pelos integrados e pela empresa, como foi observado durante estágio

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4.4. Manejo Sanitário

É implantado o sistema de criação de lotes com idade única no mesmo

núcleo.

Compostagem: deve ser feita em local abrigado das chuvas, livre de risco de

invasão de predadores e com capacidade de armazenar o composto. Este local,

como nos núcleos e aviários visitados é uma casa de compostagem.

Figura 2 - Casa de compostagem. Fonte: Perdigão S/A.

4.4.1. Limpeza e desinfecção das instalações

As etapas de limpeza desinfecção e vazio sanitário, visam reduzir a

viabilidade de microorganismos no ambiente.

Todo o aviário e equipamentos devem ser lavados e desinfetados. Para

finalizar, fumigar o aviário, deixando-o totalmente fechado, por 24 horas.

Normalmente o vazio sanitário é de no mínimo, 15 dias antes de alojar outro lote.

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Figura 3 - Desinfecção da parte externa de um aviário. Fonte: Perdigão Agroindustrial S/A.

Os desinfetantes mais utilizados no processo de desinfecção são: Formol,

Iodo, Amônia Quaternária, Fenóis, Cresóis e Cloro. É recomendado fazer o rodízio

periódico do princípio ativo (JAENISCH, 1999).

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5. PROGRAMA 5S

O 5S é um conjunto de técnicas desenvolvidas no Japão e utilizadas

inicialmente pelas donas-de-casa japonesas para envolver todos os membros da

família na administração e organização do lar.

No final dos anos 60, quando os industriais japoneses começaram a

implantar o sistema de qualidade total (QT) nas suas empresas, perceberam que o

5S seria um programa básico para o sucesso da QT.

Esse programa é utilizado na maioria dos setores, e nas matrizes em

produção está sendo implantado pela Perdigão S/A, fazendo parte do Programa

Qualidade Total Perdigão.

O nome 5S vem das iniciais de cinco palavras de origem japonesas, que

foram traduzidas para o nosso idioma como:

SEIRI: Senso de Seleção

SEITON: Senso de Ordenação

SEISO: Senso de Limpeza

SEIKETSU: Senso de Bem-Estar

SHITSUKE: Senso de Autodisciplina

SEIRI - Organização, liberação da área

Significa separar o necessário do desnecessário. Manter no local de trabalho

apenas o que você realmente precisa e usa, na quantidade certa.

Refere-se a identificação, classificação e remanejamento dos recursos que são úteis

ao fim desejado. Refere-se a eliminar tarefas desnecessárias e desperdícios de

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recursos, inclui uma utilização correta dos equipamentos para um aumento do tempo

de vida destes.

SEITON - Ordem, arrumação

É uma atividade para arrumarmos as coisas que sobraram depois do Seiri. É

a simplificação. Os materiais devem ser colocados em locais de fácil acesso e de

maneira que seja simples verificar quando estão fora de lugar.

SEISO - Limpeza

Nesta etapa devemos limpar a área de trabalho e também investigar as

rotinas que geram sujeira, tentando modificá-las. Todos os agentes que agridem o

meio-ambiente podem ser englobados como sujeira (iluminação deficiente, mal

cheiro, ruídos, pouca ventilação, poeira, etc). Cada usuário do ambiente e máquinas

é responsável pela manutenção da limpeza.

SEIKETSU: Senso de Bem-Estar

Consiste na cultura de que, para se ter saúde, é necessário conservar a

higiene física e mental, do Próprio corpo e do ambiente de trabalho Este senso

também envolve o bem-estar animal.

SHITSUKE: Senso de disciplina ou autodisciplina

O compromisso pessoal com o cumprimento dos padrões éticos, morais e

técnicos, definidos pelo programa 5S, define a última etapa desse

programa. (ESALQ, 1997).

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6. AVIÁRIO E AMBIENTE

De acordo com o estagio realizado, foi observado que no projeto de um

aviário existem fatores que devem ser considerados para amenizar as sensações de

desconforto para as aves, para que possam gerar ou favorecer a alta produtividade.

Destacam-se os seguintes fatores:

- Clima: indica o tipo de galpão mais apropriado, devendo-se considerar a ventilação

temperatura, umidade, paisagismo circundante e posição do aviário quanto ao sol,

minimizando a incidência direta de luz solar;

- Biosseguridade: quanto ao tamanho, localização, isolamento, distâncias e

legislação;

- Topografia da região;

- Tipo de solo: para que as fundações sejam apropriadas;

- Quantidade de animais a alojar;

- Densidade de alojamento: 3 a 4 machos por m2 e 4 a 7 fêmeas por m2;

- Espaço de comedouro: 20 cm por ave;

- Espaço de bebedouro: um nipple para 6 a 10 aves.

- Quantidade de funcionários;

- Barreira sanitária adequada.

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7. ESTRUTURA DA PRODUÇÃO AVÍCOLA

7.1. Avozeiros

As empresas avozeiras importam os pintos avós ou ovos férteis de quatro

linhagens: fêmeas da linha fêmea (FLF), machos da linha fêmea (MLF), fêmeas da

linha macho (FLM) e machos da linha macho (MLM).

Dos acasalamentos realizados com avós, obtêm-se os pintos matrizes,

respectivamente machos da linha macho e fêmeas da linha fêmea. Os subprodutos

são descartados ou vendidos como pintos comerciais (MACARI E MENDES, 2005).

7.2. Matrizeiros

Os matrizeiros obtém os pintos matrizes (machos e fêmeas) dos avozeiros,

com um dia de idade. Dos acasalamentos dos mesmos obtém-se os comerciais, que

são criados pelos produtores comerciais. O pacote de matrizes é constituído por 1

fêmea mais 15% de machos (MACARI e MENDES, 2005).

Figura 4 - Vista aérea de dois Núcleos de Matrizes de Frangos. Fonte: Perdigão S/A.

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Figura 5 - Vista interna de um aviário de matrizes de frangos. Fonte: Perdigão S/A.

7.3. Produtores comerciais

Esses produtores podem ser independentes ou integrados. Adquirem os

pintos de um dia dos matrizeiros e os criam até a idade de abate. As principais

empresas integradoras possuem granjas próprias de avós e de matrizes, embora

também haja integração de granjas de matrizes (MACARI E MENDES, 2005).

7.4. O Ciclo na Empresa: da Recria ao Abate

As matrizes (machos e fêmeas de linhagem Cobb 500) chegam com um dia

de idade do incubatório de avós de Rio Claro - SP da Perdigão Agroindustrial S/A e

ficam na Recria até 21 -22 semanas de idade, quando são transferidos para o

Sistema Produção de Ovos - SPO dos Integrados, onde ficam em média até 66

semanas de idade até serem descartadas.

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Os ovos vão para o incubatório diariamente, onde são incubados, e no final

de 21 dias os pintos nascem e são transferidos para os produtores do Sistema de

Integração de Aves - SIA, onde permanecem em média 30 dias até o abate.

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8. MANEJO DE MATRIZES EM PRODUÇÃO

Durante a recria o objetivo é preparar as fêmeas para as demandas

fisiológicas relacionadas com a maturidade sexual, e para os machos, assegurar um

desenvolvimento para atingirem uma ótima condição física e capacidade reprodutiva

durante todo período de reprodução.

Machos e fêmeas geralmente estão prontos para reprodução entre as

semanas 21 e 23.

No acasalamento, os machos selecionados devem ter uniformidade de peso

corporal, sem anormalidades físicas. As características de maturidade sexual

(coloração da face e crista, crescimento de crista e barbela) devem indicar que os

machos selecionados estão igualmente uniformes e em boas condições de

maturidade sexual (AGROSS, 2003).

Deve-se monitorar o peso corporal dos machos, porque há variação de

semana a semana. A média do peso corporal e a uniformidade são calculadas e

comparadas com o padrão de peso corporal e pesos das semanas anteriores.

8.1. Alimentação Separada por Sexos

Machos e fêmeas devem ser alimentados em sistemas separados. Isso

permite um controle do peso corporal e da uniformidade de cada sexo.

Normalmente os sistemas de alimentação de fêmeas matrizes são em um

sistema tipo calha automática com grade e um tubo de PVC horizontal no ápice da

grade que exclui os machos devido ao tamanho de sua cabeça (MACARI e

MENDES, 2005).

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Para os machos, na regional onde realizou-se o estágio o sistema de

alimentação é o Box Restaurante, no qual o tratador chama os machos treinados e

habituados por meio de um apito para se alimentarem em um Box restrito para eles,

enquanto as fêmeas estão se alimentando nas calhas automáticas. Existem outros

tipos de equipamentos de alimentação para machos como calhas manuais

suspensas e calhas mais altas, as quais as fêmeas não alcançam.

8.2. Manejo de Fêmeas com 21 Semanas

De acordo com (AGROSS, 2003) o objetivo é trazer as fêmeas para a

produção por estimulação, estimulando a produção de ovos por meio de alimento e

luz.

O programa de luz utiliza a resposta das aves ao fotoperíodo e a intensidade

da luz para que a maturidade sexual e o subseqüente desempenho reprodutivo

possam ser estimulados visando propiciar um ótimo resultado produtivo.

As fêmeas devem crescer seguindo a curva de peso padrão de sua

linhagem e com o programa de luz recomendado.

A abertura pélvica deve ser monitorada regularmente para se conhecer o

desenvolvimento do lote durante o processo.

8.3. Manejo de Fêmeas com 5% de Produção Galinha/dia até o Pico de

Produção

O objetivo é promover o desenvolvimento reprodutivo das fêmeas, com

atenção no tamanho dos primeiros ovos, qualidade do ovo, nível do pico de

produção e persistência da postura.

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Deve-se monitorar:

- peso corporal;

- condição corporal;

- quantidade de alimento;

- tempo de consumo do alimento;

- produção de ovos;

- peso de ovo.

(AGROSS, 2003)

Através desses fatores que durante o estágio na granja foi possível avaliar

periodicamente, o programa de alimentação e manejo é seguido conforme a

linhagem das aves.

8.4. Manejo de Fêmeas no Período pós-pico (32 a 66 semanas)

Visa maximizar a produção de ovos incubáveis, garantindo a persistência

dos altos níveis de produção de ovos.

É preciso ter cuidado com o arraçoamento do lote depois que o pico de

produção for atingido e comece a diminuir. Nesse momento é importante diminuir a

quantidade de ração para manter o desempenho adequado das galinhas, tendo

maior persistência de produção de ovos no período pós-pico.

É importante que esses ajustes sejam feitos de acordo com observações do

peso corporal, peso do ovo e condição corporal da ave.

8.5. Manejo de Machos

O manejo dos machos é tão importante quanto o das fêmeas, eles

representam 50% do processo de fertilização (MACARI e MENDES, 2005).

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Assim como os frangos, os machos matrizes exibem um potencial de

crescimento rápido e uma ótima conversão alimentar. Deve-se criá-los seguindo a

curva padrão de peso para obter um ótimo desempenho e bem-estar (MACARI e

MENDES, 2005).

O manejo tem o objetivo de controlar o número e o peso corporal dos

machos para maximizar a fertilidade (AGROSS, 2003).

Os machos nunca devem perder peso na fase de produção, uma imediata

perda de peso resultará em imediata redução na qualidade do esperma (COBB,

2008).

Figura 6 - Galo linhagem Coob 500. Fonte: Perdigão S/A.

Avaliar o formato e tamanho do peito do macho é uma maneira de estimar a

condição física da ave, o qual deve ser mantido a forma em “V” o maior tempo

possível. Para observar o tipo de peito da ave com as mãos é utilizado uma

graduação de 1 a 5, a qual o peito tipo 2 e 3 são os ideais.

No núcleo trabalhado, a avaliação do peso e do formato do peito é feito

semanalmente por amostragem.

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Monitorar as condições dos machos é uma prática essencial, as

características que requerem maior atenção segundo o Manual de manejo de

matrizes (AGROSS, 2003) e que foi possível avaliar no estágio são: esperteza e

atividade, condição física, empenamento, amostragem do peso corporal, coloração

de cloaca, subalimentação, machos muito pesados, devendo otimizar a uniformidade

e a taxa machos/fêmeas de acasalamento de acordo com sua condição física e

idade do lote.

A tabela indica uma variação de relação machos / fêmeas durante o período

de produção:

RELAÇÃO DE ACASALAMENTO Idade

Semanas Nº DE MACHOS / 100 FÊMEAS21 -23 10,5 - 10

30 10 - 9,5 35 9,5 - 9 40 9,0 - 8,5

45 - 50 8,5 - 8 60 8 - 7

Fonte: AGROSS, 2003.

8.6. Spiking e Intra Spiking

São técnicas de manejo que consistem na alteração da estrutura de

acasalamento do lote (MACARI e MENDES, 2005).

Spiking é o processo no qual se introduz machos reprodutores jovens em um

lote de aves mais velhas para compensar o declínio da fertilidade, que geralmente

ocorre após 45 semanas de idade (COBB, 2008).

Intra spiking é a troca de 25 a 30 % dos machos originais entre galpões da

mesma granja, sem introduzir machos mais novos, para também estimular a

fertilidade. É a troca de machos de um Box por machos de outros Boxes.

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9. CUIDADOS COM OS OVOS INCUBÁVEIS

Tem a importância de fornecer e manter as condições ambientais para

garantir que o ovo alcance e mantenha seu potencial de eclodibilidade, desde a

postura até a incubação. Para isso é necessário cuidados nos procedimentos de

coletas, desinfecção, resfriamento, armazenagem e incubação.

O ovo incubável ou fértil é aquele produzido por reprodutores acasalados.

A quantidade de ovo incubável por ave alojada depende de muitos fatores,

como:

- Ambiente;

- Nutrição;

- Sanidade;

- Linhagens;

- Idade das matrizes;

- Higiene.

Um ovo com a qualidade garantida apresenta as seguintes características:

- Livre de doenças transmissíveis;

- Livre de microorganismos;

- Peso de 52 a 65 gramas;

- Boa espessura de casca;

- Forma ovoidal, com câmara de ar íntegra;

- Ser fértil;

- Não apresentar deformidades e trincas.

(MACARI e GONZALES, 2003)

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O ambiente onde o ovo é produzido tem grande influência sobre sua

qualidade. O isolamento, a ventilação, a distribuição dos equipamentos e a condição

da cama são fatores importantes na produção de um ovo de boa qualidade.

9.1. Ninhos

Devem estar limpos, secos, com desenho adequado, com pouca luz,

isolamento e estar a uma altura que evite contaminação pela cama

O ninho confortável tem abertura de 35cm de largura, 35cm de fundo e 35cm

de altura. Ninhos com dimensões maiores permitem que mais de uma galinha entre

no ninho ao mesmo tempo, conseqüentemente maior quebra de ovos

A maior concentração de postura é pela manhã, as matrizes põem entre 60

a 70% a produção diária nesse período.

9.2. Coleta Manual

Os ovos devem ser coletados freqüentemente e logo após cada coleta

devem ser desinfetados e resfriados o mais rápido possível. As coletas freqüentes

reduzirão trincas e quebra de ovos provocados pela fêmea no ninho. As coletas

devem ser feitas ao menos seis vezes ao dia (AGROSS, 2003).

Durante o estágio realizado foi desenvolvido por um projeto de coleta com a

seleção dos ovos no próprio aviário, com objetivo de diminuir a manipulação dos

ovos, visando uma melhor desinfecção, pois após a desinfecção, os ovos não

seriam mais encaminhados a sala de classificação, onde seriam manipulados e

classificados, e sim aos carros de transporte, favorecendo uma desinfecção bem

realizada e uma melhor eclosão. Este projeto foi desenvolvido e foi possível, e esta

sendo implantado em outros núcleos da regional.

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9.3. Desinfecção de Ovos Incubáveis

A desinfecção dos ovos deverá ocorrer antes que estes esfriem, pois a

medida que o ovo esfria, ele se contrai, e alguns microorganismos que se encontram

na superfície da casca, são sugados para seu interior através da casca.

Existem vários métodos de desinfecção, entre eles, a fumigação com

formalina e a desinfecção por imersão, o qual dependendo da solução utilizada faz

uma boa desinfecção, sendo seguro para o embrião e não oferecendo risco ao

funcionário.

A desinfecção dos ovos por Imersão foi outro projeto implantado durante o

estágio com a minha participação. Neste tipo de desinfecção os ovos são imersos

em uma solução desinfetante, cujo objetivo é procurar métodos alternativos de

desinfecção de ovos.

Após a desinfecção os ovos podem ser resfriados a uma temperatura de 18-

21 ºC, 70-75% de umidade e uma correta movimentação do ar.

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10. MEDICAÇÃO

A prevenção é certamente, o melhor e mais econômico método de controle

de doenças. Mas mesmo assim, algumas doenças surgem, e quando isso ocorre, os

medicamentos são um meio de grande importância.

Medicação, em avicultura industrial, normalmente é a terapia antimicrobiana

(antibióticos e quimioterápicos), embora muitas vezes, outros tipos de terapias

(vitaminas, macro e microminerais, probióticos, prebióticos, ácidos orgânicos)

possam ser aplicados.

A administração do medicamento adequado e o tratamento no tempo certo

são importantes no combate a doença.

Basicamente, três vias de administração são utilizadas, na avicultura

industrial: água de bebida, ração e via injetável (injeção subcutânea ou

intramuscular).

O uso responsável de terapias antimicrobianas, inclui um diagnóstico

correto, conhecimento da propriedade do antibiótico, dose, espectro de ação,

interações com outras substâncias e rápida implementação da terapia (MACARI e

MENDES, 2005).

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11. VACINAÇÃO

O principal objetivo da vacinação é evitar perdas por alguma enfermidade

específica, de modo a expor a ave a uma forma do organismo da doença (antígeno),

que promoverá um estímulo imunológico efetivo, que irá protegê-la de um futuro

desafio ou reduzir a transmissão vertical de alguns patógenos para a progênie.

As vacinas podem ser por via in ovo, intramuscular, subcutânea, ocular,

nasal, oral, água, cloacal, membrana da asa (intradérmica) e spray.

As vacinas utilizadas em aves são normalmente vivas ou inativadas:

Vacinas vivas atenuadas: Contém vírus ou microorganismos vivos

atenuados. Na avicultura industrial elas são largamente utilizadas. Suas vantagens

são baixo custo e alto efeito quando utilizadas em massa.

Vacinas inativadas: São vacinas mortas com partes imunogênicas de vírus

ou microorganismos, incapaz de multiplicar-se. Normalmente é utilizada por via

injetável. Pode ser na forma aquosa ou oleosa.

Enquanto estive nos núcleo de Matrizes em recria, realizamos junto a

Médica Veterinária sanitarista a vacinação por via membrana da asa e

intramuscular. No núcleo de Matrizes em produção, realizamos junto ao técnico a

vacinação por via água de bebida.

O programa de vacinação deve sempre ser decidido pelo médico veterinário

responsável pela saúde das aves, com base no conhecimento e na epidemiologia

das principais doenças da região, das vacinas que estão disponíveis e o custo-

benefício.

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12. CONCLUSÃO

Com o trabalho realizado foi possível comprovar que a vivência na área, o

manejo diário, o acompanhamento de profissionais experientes favoreceram para

meu desenvolvimento acadêmico.

Somente através do estágio é que se podem contrapor os conhecimentos

teóricos aos práticos e entender a importância de programas de Bem-Estar,

Biosseguridade e o Programa 5S, desenvolvendo o senso crítico e uma verdadeira

consciência do trabalho do Médico Veterinário.

Confirma-se, mais uma vez, que a busca pelo conhecimento precisa ser

constante, pois é através deste que se evoluí e procura-se cada vez mais aprimorar

a qualidade genética, o manejo e a saúde dos animais, bem como, os programas

que visam a melhoria do trabalho, dos resultados e do produto, sempre com

segurança e pensando em consumidores satisfeitos.

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13. REFERÊNCIAS

BONATTI, A. e MONTEIRO, M. 2008, Biosseguridade em Granjas Avícolas de Matrizes, Faculdade de Jaguariúna (FAJ), INTELLECTUS – Revista Acadêmica Digital do Grupo POLIS Educacional; disponível em www.seufuturona pratica.com.br/intellectus, acessado em 2 de junho de 2009;

COBB-VANTRESS, Guia de Manejo de Matrizes, São Paulo-SP, 2008;

JAENISCH, F.R.F. Biosseguridade. Embrapa Suínos e Aves, 1999, disponível em www.cnpsa.embrapa.br, acessado em 30 de maio de 2009;

MACARI, M. e GONZALES, E. Manejo da Incubação, FACTA - Fundação APINCO de Ciência e Tecnologias Avícolas; Campinas-SP, 2003;

MACARI, M.; MENDES, A. Manejo de Matrizes de Corte. FACTA - Fundação APINCO de Ciência e Tecnologias Avícolas; Campinas-SP, 2005;

Manual de Manejo de Matrizes Agross, Campinas-SP, 2003;

Manual de Matrizes de Frangos Perdigão, Carambeí-PR, 2006;

Programa 5S, Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura Departamento de matemática Estatística, disponível em www.esalq.usp.br/qualidade/5_s, acessado em 25 de maio de 2009;

UBA, União Brasileira de Avicultura. Protocolo de Boas Práticas de Produção de Frangos. São Paulo-SP, 2008.