aminoÁcidos na nutriÇÃo de frangos de corte

12
Disponível no site www.lisina.com.br 1. Introdução A eficiência de utilização dos ingredientes protéicos de- pende da quantidade, da composição e da digestibilidade de seus aminoácidos, os quais são exigidos em níveis es- pecíficos pelos animais. Durante muitos anos, as formu- lações de rações para monogástricos foram formuladas no conceito de proteína bruta (PB), resultando freqüente- mente em dietas contendo níveis aminoacídicos superiores aos exigidos pelos animais. No organismo, os esqueletos de carbono dos aminoácidos (AAs) em excesso é utilizado para produção de energia, sendo o nitrogênio (N) residual excretado pelos rins, com alto gasto energético para o or- ganismo. A formulação de ração com base em um nível mínimo de PB normalmente resulta em valores de proteína bastante altos, em função da adoção de margens de segurança para garantir o fornecimento dos AAs essenciais. No entanto, há que se salientar que as aves não têm requerimentos nutri- cionais para PB em si, e sim para cada um dos AAs essen- ciais constituintes das proteínas e para uma quantidade de nitrogênio amino suficiente para a biossíntese de AAs não essenciais (Costa & Goulart, 2010). Outro ponto importante é que o valor de PB de um ali- mento é calculado pelo seu teor de N (determinado por uma análise proximal) multiplicado por um fator de con- versão padrão, cujo valor universalmente utilizado é 6,25. Entretanto, Sriperm et al. (2011) avaliaram este fator de conversão para várias matérias primas, e encontraram que cada ingrediente possui um coeficiente específico. Por exemplo, para milho, farelo de soja, farinha de víscera de aves e farinha de carne ossos, os coeficientes determinados foram: 5,37; 5,39; 5,13e 5,07, respectivamente. Isto indica que o coeficiente padrão normalmente utilizado, de forma geral, superestima o valor de PB dos ingredientes; além de ser mais uma prova de que é incerto e ultrapassado a uti- lização de valores de PB para determinação das exigências dos animais. Com os avanços em pesquisas científicas na área de nu- trição e metabolismo animal, bem como na tecnologia de produção dos AAs industriais e a preços compatíveis, tornou-se possível a formulação de rações com menor teor protéico e níveis de AAs mais próximos das necessidades do animal. Quanto mais próxima a composição de AAs da dieta for da exigência dos animais mais eficiente será a uti- lização da proteína fornecida, havendo também, reflexos positivos na utilização dos demais nutrientes. Os AAs industriais para alimentação animal possibilitam a redução do teor protéico das rações sem afetar o desempenho dos animais, ainda com o benefício da di- minuição da excreção de N para o meio ambiente. Atender às exigências nutricionais dos AAs essenciais, por intermédio de rações suplementadas com AAs permite que os animais expressem seu potencial genético, com efeitos positivos nos parâmetros zootécnicos, econômicos e ambi- entais da produção. 2. Aminoácidos Limitantes para Frangos de Corte Os AAs limitantes podem ser definidos como os AAs que estão presentes na ração em uma concentração inferior à exigidada pelos animais para desevolverem seu potencial de produção. A ordem de limitância dos AAs essenciais depende basicamente da composição de ingredientes das rações e das exigências nutricionais aplicadas para formu- lação. Nos casos das formulações no Brasil e na maioria dos países da América Latina, em que as rações para frangos de corte tem como base o milho e o farelo de soja, com ou sem farinha de carne e ossos, os três primeiros AAs limi- tantes em ordem são metionina, lisina e treonina. A valina apresenta-se como o quarto aminoácido (AA) limitante, seguido da isoleucina, arginina e triptofano. Em formu- lações onde se utilizam diferentes subprodutos de origem animal, principalmente nas fases de crescimento e termi- nação, pode ocorrer mudança na ordem de limitância dos AAs, onde a isoleucina pode vir a ser o quarto AA limitante, seguido pela valina, arginina e triptofano. AMINOÁCIDOS NA NUTRIÇÃO DE FRANGOS DE CORTE

Upload: nguyenlien

Post on 06-Jan-2017

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: AMINOÁCIDOS NA NUTRIÇÃO DE FRANGOS DE CORTE

Disponível no site www.lisina.com.br

1. IntroduçãoA eficiência de utilização dos ingredientes protéicos de-

pende da quantidade, da composição e da digestibilidade

de seus aminoácidos, os quais são exigidos em níveis es-

pecíficos pelos animais. Durante muitos anos, as formu-

lações de rações para monogástricos foram formuladas

no conceito de proteína bruta (PB), resultando freqüente-

mente em dietas contendo níveis aminoacídicos superiores

aos exigidos pelos animais. No organismo, os esqueletos

de carbono dos aminoácidos (AAs) em excesso é utilizado

para produção de energia, sendo o nitrogênio (N) residual

excretado pelos rins, com alto gasto energético para o or-

ganismo.

A formulação de ração com base em um nível mínimo de

PB normalmente resulta em valores de proteína bastante

altos, em função da adoção de margens de segurança para

garantir o fornecimento dos AAs essenciais. No entanto, há

que se salientar que as aves não têm requerimentos nutri-

cionais para PB em si, e sim para cada um dos AAs essen-

ciais constituintes das proteínas e para uma quantidade de

nitrogênio amino suficiente para a biossíntese de AAs não

essenciais (Costa & Goulart, 2010).

Outro ponto importante é que o valor de PB de um ali-

mento é calculado pelo seu teor de N (determinado por

uma análise proximal) multiplicado por um fator de con-

versão padrão, cujo valor universalmente utilizado é 6,25.

Entretanto, Sriperm et al. (2011) avaliaram este fator de

conversão para várias matérias primas, e encontraram que

cada ingrediente possui um coeficiente específico. Por

exemplo, para milho, farelo de soja, farinha de víscera de

aves e farinha de carne ossos, os coeficientes determinados

foram: 5,37; 5,39; 5,13e 5,07, respectivamente. Isto indica

que o coeficiente padrão normalmente utilizado, de forma

geral, superestima o valor de PB dos ingredientes; além de

ser mais uma prova de que é incerto e ultrapassado a uti-

lização de valores de PB para determinação das exigências

dos animais.

Com os avanços em pesquisas científicas na área de nu-

trição e metabolismo animal, bem como na tecnologia

de produção dos AAs industriais e a preços compatíveis,

tornou-se possível a formulação de rações com menor teor

protéico e níveis de AAs mais próximos das necessidades

do animal. Quanto mais próxima a composição de AAs da

dieta for da exigência dos animais mais eficiente será a uti-

lização da proteína fornecida, havendo também, reflexos

positivos na utilização dos demais nutrientes.

Os AAs industriais para alimentação animal possibilitam

a redução do teor protéico das rações sem afetar o

desempenho dos animais, ainda com o benefício da di-

minuição da excreção de N para o meio ambiente.

Atender às exigências nutricionais dos AAs essenciais, por

intermédio de rações suplementadas com AAs permite que

os animais expressem seu potencial genético, com efeitos

positivos nos parâmetros zootécnicos, econômicos e ambi-

entais da produção.

2. Aminoácidos Limitantes para Frangos de Corte

Os AAs limitantes podem ser definidos como os AAs que

estão presentes na ração em uma concentração inferior à

exigidada pelos animais para desevolverem seu potencial

de produção. A ordem de limitância dos AAs essenciais

depende basicamente da composição de ingredientes das

rações e das exigências nutricionais aplicadas para formu-

lação. Nos casos das formulações no Brasil e na maioria dos

países da América Latina, em que as rações para frangos

de corte tem como base o milho e o farelo de soja, com ou

sem farinha de carne e ossos, os três primeiros AAs limi-

tantes em ordem são metionina, lisina e treonina. A valina

apresenta-se como o quarto aminoácido (AA) limitante,

seguido da isoleucina, arginina e triptofano. Em formu-

lações onde se utilizam diferentes subprodutos de origem

animal, principalmente nas fases de crescimento e termi-

nação, pode ocorrer mudança na ordem de limitância dos

AAs, onde a isoleucina pode vir a ser o quarto AA limitante,

seguido pela valina, arginina e triptofano.

AMINOÁCIDOS NA NUTRIÇÃO DE FRANGOS DE CORTE

Page 2: AMINOÁCIDOS NA NUTRIÇÃO DE FRANGOS DE CORTE

Waldroup et al., 2005 também informa que na maioria das

formulações para frangos de corte, a metionina apresenta-

se como o primeiro AA limitante, seguido pela lisina como

o segundo e a treonina, como o terceiro limitante. Estudos

recentes confirmam a valina como o quarto (Thornton et

al., 2006; Corzo et al., 2009; Berres et al., 2010; Goulart,

2010) e a isoleucina como quinto AA limitante (Corzo et

al., 2009; Goulart, 2010) em dietas para frangos de corte

isentas de ingredientes de origem animal. Nas fases pré-

inicial e inicial, no caso de dietas vegetais, a Glicina + Se-

rina assume um papel importante na ordem de limitância,

já que estes AAs são dificilmente fornecidos em quanti-

dades suficientes. Porém, para as mesmas fases de criação,

mas com a suplementação de farinha de carne e ossos, a

exigência de Glicina+Serina é facilmente atendida, não

havendo problema de ordem de limitância.

Goulart et al., 2009 avaliaram o desempenho de frangos

de corte submetidos a dietas com redução proteica suple-

mentadas com os AAs industriais valina, isoleucina e glici-

na, além de metionina, lisina e treonina. A redução média

de 2 pontos percentuais na PB das dietas, em relação ao

tratamento controle, obtida pela suplementação dos

AAs L-Valina e L-Isoleucina manteve o desempenho dos

frangos, que apresentaram ganho de peso e conversão ali-

mentar semelhantes àqueles alimentados com a dieta de

alta PB. A suplementação de glicina não melhorou o

desempenho das aves, mostrando que, com a redução pro-

teica estudada, não houve problema de deficiência deste

AA. Pelos resultados encontrados, também é possível con-

cluir que a valina e isoleucina foram o quarto e quinto AAs

limitantes nas rações, respectivamente (Tabela 1).

Tabela 1. Desempenho de frangos de corte de 1 a 42 dias de idade, de acordo com a utilização de AAs industriais nas dietas:

A suplementação dos AAs industriais segue a ordem de

limitação imposta pelos ingredientes utilizados nas formu-

lações. Por exemplo, em dietas para frangos de corte for-

muladas à base de milho e farelo de soja, com base nas

recomendações de Rostagno et al. (2011), suplementada

somente com metionina e lisina na forma industrial, a com-

binação dos ingredientes será feita para atender os

requerimentos da treonina, o terceiro AA limitante. Caso

haja interesse suplementar outros AAs industriais para re-

duzir o nível de PB da ração e melhorar o balanço

aminoacídico, não adianta disponibilizar a L-Valina, sem

antes ter suplementado a L-Treonina na formulação, pois a

treonina é mais limitante que a valina nesta dieta.

3. Exigências de Aminoácidos

A exigência nutricional de AAs é influenciada por uma sé-

rie de fatores como idade e sexo dos animais, níveis

de energia e lisina da ração, densidade populacional, con-

dições ambientais (principalmente temperatura), estado

sanitário dos animais (desafio imunológico), digestibilidade

dos nutrientes das matérias primas para fabricação de

rações e grande variedade de metodologias utilizadas para

a estimativa.

As linhagens também são fatores importantes e variáveis

que influenciam a exigência nutricional de AAs, particulari-

dades como potencial de ganho de peso, o peso corporal

e as características reprodutivas e comportamentais devem

ser considerados na formulação das rações garantindo que

os animais possam atingir seu potencial genético.

Page 3: AMINOÁCIDOS NA NUTRIÇÃO DE FRANGOS DE CORTE

A idade das aves influencia as exigências nutricionais de

AAs, uma vez que ocorrem mudanças tanto na capacidade

de deposição de proteína, que aumenta durante o cresci-

mento das aves, atingindo um máximo e então decresce

à medida que o animal se aproxima do tamanho adulto,

quanto na exigência de AAs para a mantença, que aumen-

ta com o aumento do peso corporal. Em geral, assume-se

que as exigências em AAs em percentagem da dieta di-

minuem com o aumento da idade das aves, em função da

redução na taxa relativa de crescimento e do aumento da

capacidade de consumo alimentar. No entanto, os valores

absolutos de exigências de AAs, em gramas ou miligramas

por dia, aumentam com o avanço da idade.

Em relação ao sexo, os frangos de corte machos apre-

sentam maior peso corporal e metabolismo basal mais

acelerado em relação às fêmeas, exigindo maiores quanti-

dades de nutrientes. Em função da curva de crescimento

diferenciada entre os sexos, Rostagno et al., 2011 determi-

naram que as fêmeas de desempenho superior comparadas

com os machos da mesma categoria necessitam de 1,3%

a mais; 1,3% a menos; 6,5% a menos e 11,6% a menos

de AAs, nas fases pré-inicial, inicial, crescimento e final,

respectivamente. Visando melhorar a nutrição dos animais

e diminuir os gastos com a alimentação, tem se tornado

prática comum pela indústria avícola a adoção da produção

de frangos de corte com separação de sexo.

Dentre os fatores ambientais, a temperatura é o que mais

influencia a expressão do potencial genético das aves.

Quando submetidas a ambientes termoneutros (conforto

térmico), as aves apresentam ótimo desempenho produ-

tivo. A redução no consumo de ração é uma resposta ao

estresse por calor, trazendo prejuízos ao ganho de peso e

conversão alimentar das aves. Assim, manejos nutricionais

foram desenvolvidos de forma a minimizar os efeitos das

altas temperaturas no desempenho das aves. Uma alter-

nativa proposta é o aumento da densidade energética das

dietas com suplementação de lipídios (óleos e gorduras),

mantendo-se a relação nutrientes:calorias da dieta. Assim,

em dietas para frangos de corte criados em altas tempera-

turas, a densidade de AAs deve ser maior que em dietas

convencionais, para que com um menor consumo de ração

o consumo de AAs seja mantido em níveis satisfatórios. No

entanto, de acordo Bertechini (2006), este aumento dos

teores de AAs deve ser obtido pela redução da PB dietética

e suplementação com AAs industriais, uma vez que dietas

com altos níveis de PB geram um maior incremento calórico

em seu metabolismo.

3.1. Exigência de Lisina Digestível

A lisina é um AA fisiologicamente essencial para a man-

tença, crescimento e produção das aves, tendo como

principal função a síntese de proteína muscular.

Leclercq (1998) afirma que a lisina exerce efeitos es-

pecíficos na composição corporal dos animais, sendo

que as exigências deste AA obedecem a uma hierar-

quia, na qual a exigência para máximo ganho de peso é

menor do que para rendimento da carne de peito que,

por sua vez, é menor que a exigência para conversão

alimentar e, por último, a exigência para diminuição da

deposição da gordura abdominal.

Uma informação precisa sobre as exigências de lisina

digestível para frangos de corte é a base inicial para

formulação de rações com adequado balanceamento

de AAs, pois a lisina é utilizada como referência para o

perfil da proteína ideal, sendo as quantidades de todos

os outros AAs serão estabelecidas como uma proporção

de sua exigência. Assim, qualquer erro na determinação

da exigência de lisina resultará em erros nas exigências

de todos os outros AAs, com consequente queda no

desempenho e na qualidade da carcaça.

As linhagens modernas necessitam de um aporte maior

de AAs para a expressão dos ganhos genéticos. Albino

et al. (2009) constataram um aumento de 24, 22 e 28%

nas recomendações de lisina digestível para frangos de

corte as fases inicial, de crescimento e final, verificadas

na edição de 2005 das Tabelas Brasileiras para Aves e

Suínos (Rostagno et al., 2005) em relação à edição de

1983. Comparando com as recomendações de Rostag-

no et al. (2011), pode se observar que este aumento é

ainda maior, correspondendo a 34, 36 e 39% para as

fases inicial, crescimento e final, respectivamente. As

recomendações de Rostagno et al. (2005) para frangos

de corte machos de médio desempenho são de 1,363;

1,189; 1,099 e 1,048% de lisina digestível para as fases

pré-inicial, inicial, crescimento e final, respectivamente.

Já as recomendações de Rostagno et al. (2011) para os

frangos da mesma categoria são: 1,324; 1,217; 1,131 e

1,060% de lisina digestível para as fases pré-inicial, ini-

cial, crescimento e final, respectivamente. Em relação à

fase pré-inicial, houve uma redução em torno de 3% no

nível de lisina digestível comparado as recomendações

de Rostagno et al. (2005), possivelmente em resposta

à novas linhagens dos frangos, onde tem sido sugerido

promover uma menor taxa de crescimento nesta fase

visando evitar problemas metabólicos e de locomoção

nos animais em fases posteriores.

Disponível no site www.lisina.com.br

Page 4: AMINOÁCIDOS NA NUTRIÇÃO DE FRANGOS DE CORTE

Resultados de 20 experimentos de determinação da

exigência de lisina foram compilados pela Ajinomoto

Eurolysine (Relendau e Le Bellego, 2004), possibilitando

a geração de uma equação para estimar o consumo

de lisina digestível em gramas por dia para frangos de

corte.

A observação das linhas com traçado em vermelho

permite observar que um frango (1 a 15 dias) com o

mesmo ganho de peso por dia (29g) possui uma reco-

mendação de consumo de 0,49 gramas de lisina di-

gestível por dia. Considerando diferentes consumos de

ração por dia (Exemplo 1- 40g e Exemplo 2- 33g), a

recomendação de porcentagem de lisina na ração difere

de 1,23 a 1,49%, respectivamente, para os consumos

dos exemplos 1 e 2. O mesmo comparativo é pertinente

para diferentes taxas de ganho de peso em uma mesma

faixa de idade, que por sua vez também influenciam a

recomendação do consumo de lisina. Este cálculo evi-

dencia a importância de calcular o consumo de ração

dos animais, além de mostrar que é mais importante o

conhecimento de consumo de lisina por grama por dia

do que a recomendação em porcentagem (Figura 1).

Uma pesquisa foi desenvolvida por Almeida et al. (2010)

com o objetivo de avaliar cinco planos nutricionais com

diferentes níveis de lisina digestível para frangos de corte.

No plano nutricional 1 os níveis de lisina digestível utiliza-

dos foram 1,20; 1,05; 1,00 e 0,90%, para as fases pré-

inicial, inicial, crescimento e final, respectivamente. Os de-

mais planos nutricionais foram constituídos de acréscimos

de 0,05% de lisina digestível nas dietas para cada uma das

fases, resultando nos níveis de 1,40; 1,25; 1,20 e 1,10% de

lisina digestível no plano nutricional 5. As relações entre os

outros AAs e a lisina digestível foram mantidas segundo as

recomendações de Rostagno et al. (2005). Os autores con-

cluíram que os planos nutricionais 4 e 5, com os maiores

níveis de lisina digestível, proporcionam os melhores resul-

tados de ganho de peso, conversão alimentar, rendimento

de coxa e de peito.

A adição de L-Lisina na formulação promove redução na

inclusão de ingredientes protéicos, favorecendo a entrada

de mais ingredientes energéticos, poupando o uso do óleo

ou gordura, mantendo o mesmo nível de energia da ração

com o benefício de reduzir os custos de produção. A

literatura cientifica comprova que o uso da lisina promove

melhoria nos resultados de ganho de peso e conversão ali-

mentar dos animais (Han & Baker, 1993; Mack et al., 1999,

Labadan et al., 2001).

3.2. Exigência de Treonina Digestível

A treonina é um AA essencial para aves, sendo encon-

trado em altas concentrações no coração, músculos, trato

gastrointestinal e sistema nervoso central. É exigido para

formação da proteína e manutenção do turnover protéico

Figura 1: Equação para estimar o consumo de lisina digestível (grama/dia)

Page 5: AMINOÁCIDOS NA NUTRIÇÃO DE FRANGOS DE CORTE

corporal, além de auxiliar na formação do colágeno e elas-

tina (Sá et al., 2007). Baixo conteúdo de treonina é en-

contrado nos grãos, portanto, em dietas formuladas a base

de graníferos, o fornecimento do AA industrial é recomen-

dado.

Em dietas de frangos, a treonina é o terceiro aminoácido

limitante, o que reafirma sua importância no metabolismo

animal e sua aplicação prática nas formulações de rações.

Este AA é um importante componente da proteína corporal

e atua como precursora da glicina e da serina no metabo-

lismo. A treonina torna-se mais importante à medida que a

idade dos animais avança, pois a proporção da exigência de

treonina para mantença é alta.

Além de atuar em outras funções vitais do organismo,

a treonina está envolvida em outras funções fisiológicas,

como a digestão e a imunidade (Bisinoto et al., 2007). O

muco, secreção produzida pelo trato gastrintestinal, é com-

posto principalmente de água (95%) e mucinas (5%), que

são glicoproteínas de alto peso molecular, especialmente

ricas em treonina. Estima-se que mais da metade da tre-

onina consumida seja utilizada a nível intestinal para as

funções de mantença, sendo primariamente utilizada na

síntese de mucina. O tipo e quantidade de mucina pro-

duzida no trato gastrintestinal influenciam as comunidades

microbianas (por servir de substrato para a fermentação

bacteriana e para fixação), a disponibilidade de nutrientes

(via perda endógena de mucina, bem como pela absorção

de nutrientes) e função imune (via controle da população

microbiana e disponibilidade de nutrientes) (Corzo et al.,

2007a).

Em Rostagno et al. (2005) encontram-se as exigências de

0,865; 0,745; 0,697 e 0,661% de treonina digestível para

frangos de corte de desempenho médio nas fases pré-ini-

cial, inicial, de crescimento e final, respectivamente, com

relação treonina digestível: lisina digestível (Thr:Lys Dig.) de

65% em todas as fases. Já Rostagno et al. (2011) recomen-

dam 0,871; 0,780; 0,687 e 0,607% de treonina digestível

para frangos de corte de desempenho superior nas fases

pré-inicial, inicial, de crescimento e final, respectivamente;

com relação Thr:Lys Dig. de 65% em todas as fases.

Corzo et al. (2007a) verificaram que a exigência de treonina

variou de 0,71 a 0,74% para frangos de corte de 21 a 42

dias criados em ambiente limpo (cama nova); resultando

em relações de Thr:Lys Dig. de 63 a 65% de acordo com

diferentes parâmetros. Quando os frangos foram criados

em cama reutilizada (ambiente sujo), a exigência variou de

0,73 a 0,78%, resultando em relações de Thr:Lys Dig. de

65 a 70%; evidenciando assim a maior importância da tre-

onina em situação de maior desafio ao sistema imune da

ave (Figura 2).

A inclusão de L-Treonina na ração, permite a melhor uti-

lização da lisina e metionina, visto que na formação da

proteína corporal, a treonina se liga à estes AAs. Se há

limitância de treonina, a síntese protéica corporal cessa, fa-

zendo com que a lisina e metionina não sejam aproveitadas

de forma adequada.

Disponível no site www.lisina.com.br

Figura 2: Desempenho e características da carcaça de frangos de corte, de 22 a 42 dias de idade, criados en ambientes limpo e sujo, de acordo com a % de Thr Digestível na ração.

Page 6: AMINOÁCIDOS NA NUTRIÇÃO DE FRANGOS DE CORTE

3.3. Exigência de Metionina + Cistina Digestível

A metionina é o primeiro AA limitante em rações para aves

à base de milho e farelo de soja, destacando-se por par-

ticipar na síntese de proteína, ser precursora da cisteína e

doadora de radicais metil (Warnick & Anderson, 1968). No

período de crescimento, as aves utilizam grandes quanti-

dades de AAs sulfurosos, principais limitantes nas rações,

que, geralmente são suplementadas com o AA sintético

(Silva et al., 1999).

Oliveira Neto et al. (2005) verificaram que pintos de corte na

fase de 1 a 21 dias de idade, mantidos em ambiente termo-

neutro, exigem 0,866% de metionina + cistina (Met + Cys)

total, correspondente a 0,790% de Met + Cys digestível e

a uma relação de 72% com a lisina digestível, para melhor

resposta de ganho de peso, e 0,898% de Met + Cys to-

tal, correspondente a 0,822% de Met + Cys digestível e a

uma relação de 74% com a lisina digestível, para melhores

resultados de conversão alimentar. Para a fase de 22 a 42

dias, Oliveira Neto et al. (2007) recomendaram o nível de

0,727% de Met + Cys total, correspondente ao nível cal-

culado de 0,661% de Met + Cys digestível e a uma relação

Met + Cys: lisina digestível de 72%.

Para Rostagno et al. (2005) as recomendações de Met +

Cys digestível para as fases pré-inicial, inicial, crescimen-

to e final de frangos de corte de desempenho médio são

0,944; 0,814; 0,773 e 0,732%, com relações Met + Cys

digestível: lisina digestível (M+C: Lys Dig.) de 71, 71, 72

e 72%, respectivamente. Para frangos da mesma catego-

ria de desempenho, Rostagno et al. (2011) recomendam

0,939; 0,822; 0,763; e 0,707% de Met + Cys digestível,

resultando em relações M+C: Lys Dig. de 72, 72, 73 e 73%,

respectivmente.

Em experimento realizado na UFPB, Costa et al. (2008) veri-

ficaram requerimento de 0,873 e 0,755% de Met + Cys

digestível para frangos de corte machos nas fases pré-inicial

e inicial, com relações Met + Cys digestível: lisina digestível

de 71 e 70%, respectivamente. Para a fase de crescimento

Goulart et al. (2011) recomendaram 0,748% de Met + Cys

digestível, com relação de 76% da lisina digestível, enquan-

to para a fase final o melhor desempenho foi obtido com

0,661% de Met + Cys digestível e relação de 72%.

3.4. Exigência de Valina & Isoleucina Digestível

Valina, isoleucina e leucina são AAs essenciais alifáticos e

altamente hidrofóbicos, que compartilham as mesmas en-

zimas usadas para sua degradação e metabolismo, sendo

denominados de AAs de cadeia ramificada. De acordo com

Champe & Harvey (1996) estes AAs são encontrados

geralmente no interior das proteínas, sendo responsáveis

por sua estrutura tridimensional. A deficiência moderada

pode reduzir a taxa de crescimento, piora na conversão

alimentar e redução nos níveis de proteínas essenciais no

sangue (D’Mello, 1994).

Como com a lisina, a principal função da valina é a for-

mação e deposição da proteína corporal, sendo encontrada

em maior concentração na musculatura esquelética. Nas

rações de frangos de corte, principalmente naquelas à base

de milho e farelo de soja, normalmente o nível a redução

da PB se limita quando chega à exigência de valina, sendo

que dependendo dos ingredientes utilizados na formu-

lação, valina ou isoleucina podem vir a tornar-se o quarto

limitante nas rações com redução dos níveis protéicos.

Rostagno et al. (2005) recomendam as exigências de 0,998;

0,860; 0,826 e 0,783% de valina digestível para frangos

de corte de desempenho médio nas fases pré-inicial, ini-

cial, de crescimento e final, respectivamente, com relação

valina digestível: lisina digestível (Val:Lys Dig.) de 75% de 1

a 21 dias e de 77% de 22 a 42 dias. Estas relações foram

atualizadas para 77 e 78% em Rostagno et al. (2011), re-

sultando nas exigências de 1,009; 0,904; 0,841 e 0,788%

de valina digestível na dieta para as respectivas fases.

Corzo et al. (2007b) avaliaram a ordem de limitância dos

AAs valina, isoleucina, arginina e glicina em dietas vegetais

a base de milho e farelo de soja para frangos de corte de

22 a 42 dias de idade. Os autores comparam uma dieta

controle (suplementada com todos os AAs) com uma

dieta Teste (deficiente em todos os AAs estudados) e com

a dieta Teste suplementada com cada AA estudado indi-

vidualmente. Segundo os autores, a valina seria o quarto

AA limitante visto que este AA foi o único a proporcionar

resultado que se equiparasse com o tratamento controle.

Neste mesmo estudo, a isoleucina se apresentou como o

quinto AA limitante (Tabela 2). É visível a redução no cresci-

mento, aumento da conversão alimentar e aumento da

gordura abdominal tanto em peso absoluto como relativo.

Isto evidencia a importância de se utilizar relações mínimas

de todos aminoácidos limitantes no momento da formu-

lação das rações.

Page 7: AMINOÁCIDOS NA NUTRIÇÃO DE FRANGOS DE CORTE

Tabela 2. Desempenho e porcentagem de gordura abdominal de frangos de corte, de 21 a 42 dias de idade, alimentados com níveis suplementares de valina (Val), isoleucina (Ile), arginina (Arg), ou glicina (Gli):

Em um estudo subsequente estes autores determinaram a exigência de valina para frangos de corte de 21 a 42 dias de

idade. A análise dos dados permite concluir que o ganho de peso e o filé de peito, tanto em peso como em rendimento,

foram influenciados pelos níveis de valina estudados (Tabela 3). Os autores recomendaram uma relação Val:Lys digestível de

78%, ou um mínimo nível dietético de 0,74% de valina digestível.

Tabela 3. Desempenho de frangos de corte, de 21 a 42 dias de idade, alimentados com níveis crescentes de valina di-gestível*:

Disponível no site www.lisina.com.br

Page 8: AMINOÁCIDOS NA NUTRIÇÃO DE FRANGOS DE CORTE

Berres et al. (2010) verificaram que relações Val:Lys Dig.

de 74,5 a 75,5% resultaram em maior ganho de peso e

melhor conversão alimentar em frangos de corte de 22 a

42 dias. No entanto, o aumento da relação para 78% re-

duziu a percentagem de gordura abdominal. Uma relação

superior foi recomendada por Campos et al. (2010), que

verificaram que a relação Val:Lys Dig. de 79% na dieta

(0,77% de valina digestível) melhorou o desempenho de

frangos de corte de 28 a 40 dias de idade.

Em dietas para frangos de corte a base de milho e farelo de

soja a isoleucina tem sido considerada como quinto ami-

noácido limitante (Berres et al., 2010; Goulart et al., 2009).

Rostagno et al. (2011) recomendam os valores de 0,878;

0,787; 0,733 e 0,687% de isoleucina digestível para fran-

gos nas fases de 1 a 7, 8 a 21 , 22 a 33 e 34 a 42 dias

de idade, respectivamente. A relação isoleucina: lisina di-

gestível (Ile:Lys Dig.) recomendada por estes autores é de

67%, para as duas primeiras fases e de 68%, para as fases

finais. Estas relações são superiores às encontradas em Ros-

tagno et al. (2005), que recomendam 65 e 67%, para as

fases de 1 a 21 e 22 a 46 dias de idade, respectivamente.

Campos et al. (2009) avaliando o efeito das relações Ile:Lys

Dig. no desempenho e rendimento de peito de frangos de

corte de 7 a 21 dias e de 22 a 40 dias, recomendaram

os valores de 67 e 70%, correspondendo às exigências de

0,724 e 0,685% de isoleucina digestível.

Kidd & Kerr (2000) verificaram efeito positivo da suple-

mentação de isoleucina na ração de crescimento sobre a

produção de carne de peito em frangos de corte aos 42

dias. Segundo os autores, quando se reduz a PB das di-

etas, parte do farelo de soja é substituída pelo milho, re-

sultando em aumento da leucina da dieta e redução dos

teores de isoleucina. Embora o antagonismo entre os AAs

de cadeia ramificada tenha pouca importância em dietas

práticas, estes resultados sugerem que a suplemen-

tação de isoleucina em dietas com redução da PB pode ser

necessária para suportar maior produção de peito.

A suplementação dos AAs industriais permite o a diminuição

dos custos da formulação pela redução na inclusão dos

ingredientes protéicos. Entretanto, para ter segurança, é

imprescindível formular as rações empregando o conceito

de proteína ideal, o que garante que os níveis dos AAs es-

senciais fiquem adequados à exigência do animal. A correta

contemplação da valina e isoleucina no perfil da proteína

ideal é peça fundamental para o sucesso da redução da PB

das rações.

5. Perfil da Proteína Ideal

De acordo com Emmert & Baker (1997) a proteína ideal se

define como o balanço exato de AAs essenciais e não es-

senciais, capazes de prover, sem deficiências ou excessos,

as necessidades absolutas de todos os AAs exigidos para

manutenção e aumento da proteína corporal. Uma vez que

a exigência de lisina esteja estabelecida, as exigências para

os outros AAs podem ser facilmente calculadas. Formular

uma ração no conceito do perfil da proteína ideal significa

quantificar as necessidades específicas de todos os AAs es-

senciais limitantes em relação à exigência de lisina, que é

utilizada como AA referência.

A formulação adequada da proteína ideal deve ser feita

utilizando valores de AAs digestíveis, objetivando atender

as exigências de lisina e de um perfil de proteína

ideal adequado para cada fase de criação e objetivo de

produção. No conceito da proteína ideal, a formulação

será ajustada para se atender aos mínimos exigidos para

cada um dos AAs primeiros limitantes: metionina + cistina,

treonina, valina, isoleucina, arginina, triptofano, histidina,

leucina e fenilalanina + tirosina; reduzindo-se os excessos

de AAs essenciais e não essenciais a partir da redução da

PB. O teor de PB determinado pelo programa de formu-

lação de ração é aquele necessário para prover a exigência

do próximo AA limitante, cuja suplementação não é pos-

sível de ser controlada pela adição de fontes de AAs indus-

triais (ainda indisponíveis no mercado da nutrição animal).

Assim, o nível de PB deve ser uma conseqüência da melhor

combinação de nutrientes e não um passo inicial do cálculo

de ração.

À medida que mais AAs industriais se tornem disponíveis,

mais fácil e exato será o estabelecimento e a formulação

de rações fundamentadas no conceito do perfil da proteína

ideal. Atualmente, a suplementação de L-Lisina, L-Treonina

e DL-Metionina, é uma prática incorporada na rotina das

fábricas de rações para aves. Num futuro breve espera-se

que a L-Valina também esteja disponível, já que este AA já

foi lançado no mercado e atualmente é utilizado nas rações

de suínos. Os principais objetivos da inclusão dos aminoáci-

dos industriais na formulação são:

� Possibilitar a redução da PB das rações sem prejuízos ao

desempenho animal;

� Atendimento das exigências dos AAs mais próximas da

proteína ideal;

� Melhoria da eficiência de utilização da proteína, uma

vez as deficiências ou excessos de AAs são minimizadas;

Page 9: AMINOÁCIDOS NA NUTRIÇÃO DE FRANGOS DE CORTE

� Redução dos custos de produção;

� Redução da excreção de nitrogênio para o ambiente.

Para que a proteína ideal seja utilizada com sucesso, as

exigências dos AAs e suas relações com a lisina di-

gestível devem ser atualizadas constantemente em função

dos avanços produtivos das linhagens modernas. Dozier

et al. (2010) verificaram um acréscimo de 162 e 150% no

ganho de peso de machos e fêmeas da linhagem Ross, em

relação ao ganho estimado pelo NRC (1994). Segundo os

autores, o aumento na taxa de crescimento das linhagens

modernas é acompanhado do aumento na exigência de

lisina digestível, de forma a possibilitar a expressão do

ganho genético.

Outro aspecto importante é devido às questões ambientais

relacionas à excreção de N nos dejetos animais. Pesquisas

científicas apontam o N como um potente poluidor dos

solos e mananciais hídricos na superfície terrestre e no sub-

solo. Como a escassez de água tornou se um dos maiores

problemas mundiais, é demandado que os produtores de

aves e suínos façam uso de rações com níveis reduzidos de

PB, que comprovadamente promovem menor excreção de

N pelos animais. De acordo com Relandeau et al., (2000), a

redução de 10% da PB da dieta resulta em 20% menos ex-

creção de N nas fezes dos animais, 10% menos em emissão

de amônia para o ar, redução no consumo de água na or-

dem de 2 a 3% e redução de 3 a 5% no volume de dejetos.

Esforços contínuos são realizados por parte de universi-

dades, instituições de pesquisa e da indústria, no sentido

de atualizar as exigências de AAs para frangos de corte e

suas relações com a lisina digestível. Na Tabela 4 estão apre-

sentados diferentes perfis da proteína ideal para frangos

de corte de acordo com as recomendações de Rostagno et

al. (2005) e (2011), Ajinomoto Eurolysine e Ajinomoto do

Brasil.

Tabela 4. Recomendações do Perfil da Proteína Ideal para frangos de corte:

Disponível no site www.lisina.com.br

Page 10: AMINOÁCIDOS NA NUTRIÇÃO DE FRANGOS DE CORTE

Na Tabela 5 encontra-se exemplos de formulações com base no conceito da proteína ideal, mostrando o efeito da inclusão

crescente de AAs industriais sobre a composição de ingredientes e nutrientes da formulação de frangos de corte em cresci-

mento 1 (22 a 35 dias de idade). É possível observar que:

� A inclusão dos AAs iniciou-se com a DL-Metionina, seguido pela L-Lisina, L-Treonina e L-Valina, representando a ordem

de limitância dos AAs (do 1º ao 4º AA limitante);

� Quanto à composição dos ingredientes, nota-se que à medida que se aumenta a inclusão de AAs, ocorre aumento na

quantidade do milho e diminuição nas quantidades de farelo de soja e óleo de soja, sem alteração do nível de Energia

Metabolizável;

� Em relação aos nutrientes da ração, observa-se o teor de PB é reduzido à medida que se disponibiliza os AAs industriais

(passando de 22,58 a 20,17%).

� Na parte inferior da formulaçao encontram-se as relações dos AAs com a lisina, onde verifica-se a adição dos AAs in-

dustriais proporciona melhor ajuste nas exigências dos AAs no perfil da proteína ideal, evidenciando a isoleucina como

o 5º AA limitante na última formulação após a inclusão de L-Valina;

� O custo das rações reduziram substancialmente com a adição crescente dos AAs industriais nas formulações.

Tabela 5. Exemplos de rações para frangos de corte formuladas no conceito da proteína ideal:

Page 11: AMINOÁCIDOS NA NUTRIÇÃO DE FRANGOS DE CORTE

6. Considerações Finais

A rentabilidade do produtor de frangos de corte está altamente relacionada com o desempenho animal, onde a po-

tencialização do ganho de peso e a melhoria da conversão alimentar são priorizadas. A formulação de rações utili-

zando se o conceito do perfil da proteína ideal é uma ferramenta eficaz para promover melhor desempenho e retorno

econômico.

O conceito da proteína ideal permite calcular facilmente as exigências de todos os aminoácidos essenciais utilizando

como referência o nível de lisina da ração. A contemplação da relação dos aminoácidos limitantes com a lisina di-

gestível é o ponto inicial para a aplicação do conceito da proteína ideal e a chave do sucesso da redução do teor da

proteína bruta das rações.

A adição dos aminoácidos industriais é imprescindível para a formulação de rações fundamentadas no perfil da pro-

teína ideal, sendo que à medida que mais aminoácidos industriais se tornem disponíveis, mais fácil e mais exato será o

atendimento das exigências nutricionais pré estabelecidas.

Autores :

Luciano Sá, Eduardo Nogueira - Ajinomoto do Brasil

Cláudia Goulart - Universidade Estadual Vale do Acaraú

Fernando Perazzo Costa - Universidade da Paraíba

7. Referências Bibliográficas:

Albino, L.F.T.; Tavernari, F.; Rostagno, H.S. Frangos de corte - maximização do uso de aminoácidos industriais. In: FORUM INTERNACIONAL DE AVICULTURA, 3. 2009, Foz do Iguaçu. Anais... Foz do Iguaçu:AveExpo2009, 2009.

Almeida, E.U. Níveis de lisina digestível e planos de nutrição para frangos de corte machos de 1 a 42 dias de idade. Vila Velha: CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VILA VELHA, 2010. 48p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) � Universidade de Vila Velha, 2010.

Berres, J.; Vieira, S.L.; Dozier Iii, W.A. et al. Broiler responses to reduced-protein diets supplemented with valine, isoleucine, glycine, and glutamic acid. Journal of Applied Poultry Research, v.19, p.68�79, 2010.

Bertechini, A.G. Nutrição de monogástricos. Lavras: Editora UFLA, 2006. 301p.

Bisinoto, K.S.; Berto, D.A.; Caldara, F.R. et al. Relação treonina: lisina para leitões de 6 a 11kg de peso vivo em rações formuladas com base no conceito de proteína ideal. Ciência Rural, Santa Maria, v.37, n.6, p.1740-1745, 2007.

Campos, A.M.A.; Nogueira, E.T.; Albino, L.F.T. et al. Digestible valine:lysine ratios for broilers during the starter and finisher periods. In: INTERNATIONAL POULTRY SCIENTIFIC FORUM, 2010, Denver. Proceedings… Denver: International Poultry Scientific Forum, 2010.

Campos, A.M.A.; Nogueira, E.T.; Albino, L.F.T. et al. Effects of digestible isoleucine:lysine ratios on broiler performance and breast yield. In: INTERNATIONAL POULTRY SCIENTIFIC FORUM, 2009, Atlanta. Proceedings… Atlanta: International Poultry Scientific Forum, 2009.

Champe, P. C.; Harvey, R. A. Bioquímica ilustrada. 2.ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. 446p.

Corzo, A.; Kidd, M.T.; Dozier III, W.A. et al. Dietary threonine needs for growth and immunity of broilers raised under different litter condi-tions. Journal of Applied Poultry Research, v.16, p.574�582, 2007a.

Corzo, A.; Kidd, M.T.; Dozier III, W.A. et al. Marginality and needs of dietary valine for broilers fed certain all-vegetable diets. Journal of Applied Poultry Research, v.16, p.546�5554, 2007b.

Corzo, A.; Loar II, R.E.; Kidd, M.T. Limitations of dietary isoleucine and valine in broiler chick diets. Poultry Science, v.88, p.1934�1938, 2009.

Costa, F.G.P.; C.C. Goulart. Exigências de aminoácidos para frangos de corte e poedeiras. II Workshop de Nutrição de Aves. Anais. Universidade Federal da Paraíba, UFPB, 2010.

Costa, F.G.P.; C.C. Goulart, D.F. Figueiredo et al. Digestible methionine+cystine requirements for broiler chickens during initial phase.

Disponível no site www.lisina.com.br

Page 12: AMINOÁCIDOS NA NUTRIÇÃO DE FRANGOS DE CORTE

In: INTERNATIONAL POULTRY SCIENTIFIC FORUM, 2008, Atlanta. Proceedings… Atlanta: International Poultry Scientific Forum, 2008b.

D’mello, J. P. F. Amino Acids in Farm Animal Nutrition. Wallingford: CAB International, p.99-112, 1994.Dozier III, W.A.; Corzo, A.; Kidd, M.T. et al. Digestible lysine requirements of male broilers from 28 to 42 days of age. Poultry Science, v.89, n.10, p.2173-2182, 2010.

Emmert, J.L.; Baker, D.H. Use of the ideal protein concept for precision formulation of amino acid levels in broiler diets. Journal of Applied Poultry Research, v.6 p.462-470, 1997.

Goulart, C.C. Utilização de Aminoácidos Industriais e Relação Aminoácidos Essenciais: Não Essenciais em Dietas para Frangos de Corte. Areia: Universidade Federal da Paraíba, 2010. 141f. Tese (Doutorado em Zootecnia) - Universidade Federal da Paraíba, 2010.

Goulart, C.C.; Costa, F.G.P.; Silva, J.H.V. et al. Requirements of digestible methionine + cystine for broiler chickens at 1 to 42 days of age. Revista Brasileira de Zootecnia, v.40, n.4, p.797-803, 2011.

Goulart, C.C.; Costa, F.G.P.; Nogueira, E.T. et al. Feeding programs with valine, isoleucine, and glycine supplementation for 1- to 42-day-old broilers. In: 2009 POULTRY SCIENCE ANNUAL MEETING, 2009, Raleigh. Proceedings…Raleigh: Poultry Science Association, 2009a.

Han, Y. & Baker, D.H. Effects of sex, heat stress, body weight and genetic strain on the dietary lysine requirement of broiler chicks. Poultry Science, v. 72, p.701-708, 1993.

Kidd, M.I.; Kerr, B.J.; Allard, J.F. et al. Limiting amino acid responses in commercial broilers. Journal Applied Poultry Research, v.9, p.223-233, 2000.

Labadan, M.C.; Hsu, K.N.; Austic, N.E. Lysine and arginine requirements of broilers chickens at two to three weeks of age. Poultry Science, v. 80, p.599-606, 2001.

Leclercq, B. Specific Effects of Lysine on Broiler Production: Comparison with Threonine and Valine. Poultry Science, v.77, p.118�123, 1998.

Mack, S.; Bercovici, D.; De Groote; G.; et al. Ideal amino acid profile for broiler chickens of 20 to 40 days of age. Br. Poultry Science, v. 40, p. 257-265, 1999.

National Research Council � NRC. Nutrient requirements of poultry (8th Ed.), NATIONAL ACADEMY PRESS, Washington, DC, USA, 1994.

Oliveira Neto, A.R.; Oliveira, R.F.M.; Donzele, J.L. et al. Níveis de metionina + cistina total para frangos de corte de 22 a 42 dias de idade mantidos em ambiente termoneutro. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.5, p.1359-1364, 2007.

Oliveira Neto, A.R.; Oliveira, R.F.M.; Donzele, J.L. et al. Níveis de metionina + cistina para pintos de corte mantidos em ambiente termo-neutro. Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, n.6, p.1956-1962, 2005.

Relendau C. & Le Bellego, L. Amino acid nutrition of the broiler chicken � Update on lysine, threonine and other amino acids. Ajinomoto Eurolyisne Information, Bulletin 27, 2004. Disponível n internet: http://ajinomoto-eurolysine.com/technical-bulletins-download.html

Relandeau, C.; Van Cauwenberghe, S.; Le Tutour, L. Prevenção da poluição por nitrogênio na criação de suínos através de estratégias nutricionais. São Paulo: Ajinomoto Biolatina, 2000. p.1-12. (Informativo Técnico, 9). Disponível na internet: www.lisina.com.br

Rostagno, H.S.; Albino, L.F.T.; Donzele, J.L. et al.Tabelas Brasileiras para Aves e Suínos: Composição de Alimentos e Exigências Nutricionais. 2ª ed. UFV/DZO, 2005, 186p.

Rostagno, H.S.; Albino, L.F.T.; Donzele, J.L. et al.Tabelas Brasileiras para Aves e Suínos: Composição de Alimentos e Exigências Nutricionais. 3ª ed. UFV/DZO, 2011, 252p.

Sá, L.M.; Gomes, P.C.; Cecon, P.R. et al. Exigência nutricional de treonina digestível para galinhas poedeiras no período de 34 a 50 sema-nas de idade. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.6, p. 1846-1853, 2007.

Sriperm, N.; Pesti, G., Tillman, P.B. Evaluation of the fixed nitrogen-to-protein (N:P) conversion factor (6.25) versus ingredient specific N:P conversion factor in feedstuffs. J.Sci Food Agric., v.91, p.1182-1186, 2011.

Thornton, S.A.; Corzo, A.; Pharr, G.T. et al. Valine requirements for immune and growth responses in broilers from 3 to 6 weeks of age. British Poultry Science, v.47, n.2, p.190-199, 2006.

Waldroup, P.W., Jiang, Q. And Fritts, C.A. Effects of supplementing broiler diets low in crude protein with essential and nonessential amino acids. Int. J. Poult. Sci. V.4, p. 425-431, 2005.

Warnick, R.E.; Anderson, J.O. Limiting essential amino acids in soybean meal for growing chickens and the effects of heat upon availability of the essential amino acids. Poultry Science, v.47, p.281-287, 1968.