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FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU
Programa de Pós-Graduação Strictu-Sensu em Educação Física
TREINAMENTO FÍSICO AERÓBICO E RESISTIDO ASSOCIADO À
ESTIMULAÇÃO COLINÉRGICA POR BROMETO DE PIRIDOSTIGMINA
PREVIAMENTE AO INFARTO DO MIOCÁRDIO EM RATOS: EFEITOS NA
FUNÇÃO CARDÍACA, AUTONÔMICA E PERFIL INFLAMATÓRIO
CATARINA DE ANDRADE BARBOZA
São Paulo – SP
Junho/2017
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CATARINA DE ANDRADE BARBOZA
TREINAMENTO FÍSICO AERÓBICO E RESISTIDO ASSOCIADO À
ESTIMULAÇÃO COLINÉRGICA POR BROMETO DE PIRIDOSTIGMINA
PREVIAMENTE AO INFARTO DO MIOCÁRDIO EM RATOS: EFEITOS NA
FUNÇÃO CARDÍACA, AUTONÔMICA E PERFIL INFLAMATÓRIO
Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação
em Educação Física, área de concentração:
escola, esporte, atividade física e saúde, da
Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde,
como requisito para obtenção do Título de
Doutor em Educação Física.
Orientador: Prof. Dr. Érico Chagas Caperuto
Co- Orientador: Prof. Dr. Bruno Rodrigues
São Paulo
2017
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“A maioria não fracassa.
A maioria desiste!”
“Não tente ser uma pessoa só de sucesso. Em vez disso, seja uma pessoa de valor”
Albert Einstein
“O melhor guerreiro não é aquele que sempre vence.
E sim aquele que volta para guerra sem medo.”
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DEDICATÓRIA
Dedico essa tese aos meus pais João (em memória) e Francisca, meus exemplos de
vida. Que me mostraram que trabalho, dedicação, honestidade e viagens, nos ensina,
enobrecem, nos realiza e, portanto nos faz feliz!
Obrigada por cada dia, por cada mimo, por cada sonho realizado e por cada momento
inesquecível. Tenho certeza, que meu pai, onde estiver, está feliz com a minha
continuidade.
E a minha mãe, eu sendo filha única, temos uma a outra. E como dupla, sempre me
apoiou, financiou, incentivou e compreendeu a importância e as dificuldades desse
período. Muito obrigada, Mãe!!!
A minha família, que justamente nesse período do doutorado teve que ser guerreira em
superar a dor da perda de pessoas especiais e importantes, como meu primo Xande e
minha avó Iracema.
Ao meu afilhado, o super Arthur, que resgatou em mim a criança que estava
adormecida.
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AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Bruno Rodrigues, meu primeiro orientador, agradeço por seu
expertise, uma mente alimentada pelo conhecimento, que reflete em suas produções e
suas conquistas profissionais. Obrigada pelo trabalho conjunto desde o mestrado.
Ao Prof. Dr. Érico Chagas Caperuto, agradeço profundamente por ter aceito me
orientar no final deste processo, em que seu perfil de encorajar os alunos foi de extrema
importância para mim. Graças a sua confiança e seus conselhos rompi barreiras, encarei
novos desafios e com isso espero seguir caminhando rumo a novas conquistas. Obrigada
pela parceria e pelos desafios que conseguimos transpor e pela conclusão deste ciclo.
Aos amigos do laboratório, Leandro Yanase, Nicole Carrozzi, Luiza Melanie,
Juliana Cristina, Gabriel Honorato o meu muito obrigada. Encerro essa tese graças à
parceria e o companheirismo que tivemos ao longo dos últimos seis anos, nos quais
trabalhamos juntos. E quem convive demais, briga, faz as pazes, chora, se diverte e hoje
podemos comemorar juntos. O grupo foi desfeito, mas cada passo dado com este trabalho,
eu o fiz por mim e por vocês. Que a minha realização, seja a semente em vocês!
Aos amigos de outros laboratórios, Nathalia Bernardes e Danielle Dias meu
sinceros agradecimentos por terem sido as primeiras a me mostrar que na pesquisa
científica a parceria faz o trabalho. E que caráter, generosidade e esforços não se mede e
nem muda. A Christiane Malfitano, obrigada por me mostrar que competência está
acima da política. E que é preferível se juntar ao loucos, do que aos falsos. Jacqueline
Machi, o que dizer de alguém que evoluiu e se transformou em referência, em amiga e
em parceira nos desafios profissionais?! Obrigada por todos os esforços para me
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incentivar e viabilizar o intercambio científico que fiz na reta final. E que venham as
próximas viagens.
Agradeço imensamente aos colaboradores do Lab. de Hipertensão do InCor,
Leandrão, Maikon, Katia Scapini, Paula Cruz, Oscar, Pamela, Dudu, Isabel, Dr.
Paulo e em especial a Dra Maria Claudia Irigoyen e Dra Katia de Angelis que foram
fundamentais para execução deste trabalho. Muito obrigada pela colaboração e
comprometimento.
Ao colaborador e espero que novo parceiro, o farmacêutico Prof. Dr André
Fukushima cuja competência e conhecimento foi de extrema valia na facilitação e
entendimento do fármaco utilizado neste trabalho. Obrigada pela disponibilidade de
sempre e pela enorme contribuição na qualificação.
A Coordenadora do programa de pós graduação, Profa. Dra. Maria Luiza de
Jesus Miranda, meu muito obrigada pelo apoio, pelas intervenções e pelas cartas de
referência que me possibilitaram experiências enriquecedoras.
A Larissa, que no momento delicado, com sua experiência e realidade latente me
incentivou, encorajou, me mostrou que fazer o que gosta, com humildade, bom caráter e
dedicação fará a vida ser mais colorida, o que inclui momentos cinzas.
Aos meus amigos espalhados pelo mundo, Juliana Nicolau, Miriam, Leonor,
Grupo Brunetti e alunos, que perto ou longe, os que entraram e aos que se foram, muito
obrigada por nunca terem me deixado sozinha. Nos momentos mais delicados e nos mais
festivos, por WhatsApp ou nos bares, sempre tive vocês ao meu redor.
A FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) pelo apoio
financeiro para a realização deste trabalho, sob número do processo 2014/06669-2.
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SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................... 10
LISTA DE ABREVIATURAS ....................................................................................... 11
RESUMO ....................................................................................................................... 14
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 18
1.1. Infarto do Miocárdio ............................................................................................ 19
1.2. Infarto do Miocárdio e Disfunção Autonômica ................................................... 20
1.3. Disfunção Autonômica e Resposta Inflamatória ................................................. 21
1.4. Treinamento Físico Aeróbico e Resistido ............................................................ 24
1.5. Estimulação Colinérgica por Brometo de Piridostigmina ................................... 28
2. OBJETIVOS ............................................................................................................... 31
2.1. Geral ..................................................................................................................... 31
2.2. Específicos ........................................................................................................... 31
3. MATERIAIS E MÉTODOS ....................................................................................... 32
3.1. Animais e Grupos ................................................................................................ 32
3.2. Sequência Experimental ...................................................................................... 33
3.3. Procedimentos Experimentais .............................................................................. 33
3.3.1. Testes de Esforço, Carga Máxima e Treinamento Físico .............................. 33
3.3.2. Tratamento com Brometo de Piridostigmina ................................................ 34
3.3.3. Infarto do Miocárdio ..................................................................................... 35
3.3.4. Avaliações Ecocardiográficas ....................................................................... 35
3.3.5. Canulação e Registro da Pressão Arterial (PA) ............................................ 40
3.3.6. Avaliação da Sensibilidade do Barorreflexo ................................................. 41
3.3.7. Tônus Vagal e Tônus Simpático ................................................................... 41
3.3.8. Avaliação da Modulação Autonômica .......................................................... 41
3.3.9. Atividade de Acetilcolinesterase ................................................................... 42
3.3.10. Concentração de Citocinas .......................................................................... 43
3.3.11. Análise Estatística ....................................................................................... 43
4. RESULTADOS ......................................................................................................... 44
4.1 Peso Corporal ........................................................................................................ 44
4.2 Capacidade Física ................................................................................................. 45
4.3. Avaliações Ecocardiográficas .............................................................................. 47
4.3.1. Variáveis Morfométricas ............................................................................... 47
4.3.2. Função Ventricular ........................................................................................ 51
4.5. Variáveis Autonômicas Cardiovasculares ........................................................... 56
9
4.6. Concentração de citocinas inflamatórias ............................................................. 59
5. DISCUSSÃO .......................................................................................................... 72
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 83
7. REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 84
10
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Peso corporal. ................................................................................................. 44
Figura 2. Teste de esforço em esteira rolante. ............................................................... 45
Figura 3. Teste de carga máxima ................................................................................... 46
Figura 4. Área de infarto ............................................................................................... 48
Figura 5. Massa do ventrículo esquerdo. ....................................................................... 49
Figura 6. Diâmetro final do ventrículo esquerdo em diástole. ...................................... 50
Figura 7. Espessura relativa da parede. ......................................................................... 51
Figura 8. Fração de ejeção do ventrículo esquerdo. ...................................................... 52
Figura 9. Relação entre as ondas e e a ........................................................................... 53
Figura 10. Índice de desempenho miocárdico .............................................................. 54
Figura 11. Tônus simpático (ts), tônus vagal (tv) .......................................................... 56
Figura 12. Concentração de IFN-γ – interferon gama no ventrículo esquerdo ............. 60
Figura 13. Concentração de IL-6 – interleucina 6 no ventrículo esquerdo ................... 61
Figura 14. Concentração de IL-1β – interleucina 1 beta no ventrículo esquerdo. ........ 62
Figura 15. Concentração de TNF-α – fator de necrose tumoral alfa no ventrículo
esquerdo .................................................................................................................. 63
Figura 16. Concentração de IL-10 – interleucina 10 no ventrículo esquerdo ............... 64
Figura 17. Concentração de IFN-γ – interferon gama no sóleo. ................................... 65
Figura 18. Concentração de IL-6 – interleucina 6 no sóleo. ......................................... 66
Figura 19. Concentração de IL-1β – interleucina 1 beta no sóleo. ................................ 66
Figura 20. Concentração de TNF-α – fator de necrose tumoral alfa no sóleo ............... 67
Figura 21. Concentração de IL-10 – interleucina 10 no sóleo ...................................... 68
Figura 22. Relação il-10/ TNF-α no ventrículo esquerdo (ve) e no sóleo i. ................. 69
Figura 23. Concentração de IL-6 – interleucina 6 no soro. .......................................... 70
Figura 24. Concentração de IL-10 – interleucina 10 no soro ....................................... 71
11
LISTA DE ABREVIATURAS
C Grupo controle
SI Grupo sedentário + infarto
SPI Grupo Sedentário + PIR + infarto
TAI Grupo Treinado aeróbico + infarto
TAPI Grupo Treinado aeróbico + PIR + infarto
TRI Grupo Treinado resistido + infarto
TRPI Grupo Treinado resistido + PIR + infarto
DCV Doenças cardiovasculares
IM Infarto do miocárdio
VE Ventrículo esquerdo
FC Frequência cardíaca
PA Pressão arterial
PAS Pressão arterial sistólica
PAD Pressão arterial distólica
PAM Pressão arterial média
PIR Brometo de Piridostigmina
PDF Pressão diastólica final
12
+dP/dt Derivada de contração
VFC Variabilidade da frequência cardíaca
VAR-IP Variância do intervalo de pulso
AF Alta frequência
BF Baixa frequência
AF/BF Balanço simpáto-vagal
DP-IP Desvio padrão de intervalo de pulso
RMSSD
Raiz quadrada da média dos quadrados das
diferenças dos intervalos R-R normais e
sucessivos
TF Treinamento físico
SERCA2 Ca²+ ATPase do retículo sarcoplasmático
VEGF Fator de crescimento endotelial vascular
VO2máx Consumo máximo de oxigênio
DDVE Diâmetro diastólico do ventrículo esquerdo
DSVE Diâmetro sistólico do ventrículo esquerdo
PPDIA Espessura diastólica da parede posterior
MVE Massa do ventrículo esquerdo
ERP Espessura relativa da parede
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FE Fração de ejeção
VEC Velocidade de encurtamento circunferencial
Relação E/A Razão da velocidade da onda E e da onda A
TDE Tempo de desaceleração da onda E
TRIV Tempo de relaxamento isivolumétrico
IDM Índice de desempenho miocárdio
14
RESUMO
No contexto das doenças cardiovasculares (DCV), a alta incidência do infarto do
miocárdio (IM) consiste em um enorme problema de saúde pública, cujas complicações,
como redução funcional do miocárdio, associado a disfunção autonômica e alterações no
sistema imunológico elevam os índices de mortalidade em todo o mundo. Assim,
diferentes estratégias terapêuticas tem sido estudadas afim de prevenir e/ou atenuar tais
disfunções. Portanto, com intuito de obter redução na morbidade e mortalidade, o
treinamento físico (TF), aeróbio e mais recentemente, o resistido, tem sido recomendado
na prevenção/manejo das DCV por apresentar benefícios frente a diferentes fatores de
risco. Por outro lado, a administração de brometo de piridostigmina (PIR), um inibidor
da acetilcolinesterase, tem demonstrado potencial benéfico em diferentes patologias,
dentre elas a insuficiência cardíaca, promovendo melhora na função cardíaca e
autonômica. Nesse sentido, o objetivo principal do presente estudo foi avaliar os efeitos
da estimulação colinérgica prolongada com o PIR, na função ventricular e autonômica,
bem como o impacto no perfil inflamatório associado ao TF aeróbico ou resistido prévio
ao IM. Para tal, foram utilizados ratos Wistar macho, dividido em (n=9, por grupo):
controle (C), sedentário + IM (SI), sedentário + PIR + infarto (SPI), treinamento aeróbio
+ IM (TAI), treinamento aeróbio + PIR + infarto (TAPI), treinamento resistido + IM
(TRI), treinamento resistido + PIR + infarto (TRPI), submetidos a 60 dias de TF aeróbico
ou resistido associados ao tratamento farmacológico com PIR (0,14 mg/ml/dia). Como
resultados, houve melhora adicional na capacidade física dos grupos treinados associados
com tratamento. A área de IM foi menor nos animais tratados com PIR e de forma
semelhante, a fração de ejeção foi aumentada nos grupos tratados com PIR. A
sensibilidade barorreflexa também estava melhorada nos grupos treinados e tratados,
tendo sido mais responsivo ao treinamento aeróbico. O que também foi observado no
15
tônus vagal, aumentada nos grupos tratados isoladamente. Já no tônus simpático, tanto o
tratamento e o TF, isoladamente, quanto a associação, foram eficazes em prevenir o
aumento dessa variável. No entanto, uma redução adicional do tônus simpático foi
evidenciada nos grupos associação. Assim, tais dados sugerem que o efeito preventivo da
estimulação colinérgica com PIR isoladamente foi evidenciado na redução das alterações
cardíacas, melhora da função ventricular e das respostas imunológicas. Assim como a
associação entre os tipos de TF e o tratamento com PIR se mostrou eficaz em prevenir a
redução da capacidade física de acordo com as especificidade do treinamento, e do tônus.
Dessa forma, a associação entre tais estratégias terapêuticas apresentam impacto
relevante pelos benefícios do treinamento físico aeróbio/resistido na cardioproteção aos
efeitos deletérios da isquemia miocárdica.
Palavras-chave: Treinamento físico prévio; Brometo de piridostigmina; Infarto do
miocárdio.
16
ABSTRACT
In the context of cardiovascular diseases (CVD), the high incidence of myocardial
infarction (MI) is a huge public health problem, whose complications such as functional
reduction of the myocardium associated with autonomic dysfunction and alterations in
the inflammatory profile raise the mortality worldwide. Thus, different therapeutic
strategies have been studied in order to prevent and / or mitigate such dysfunctions.
Therefore, in order to obtain a reduction in morbidity and mortality, exercise training
(ET), aerobic and, more recently, resistance training, has been recommended in the
prevention / management of CVD because it presents benefits against different risk
factors. On the other hand, the administration of pyridostigmine bromide (PYR), an
acetylcholinesterase inhibitor, has demonstrated beneficial potential in different
pathologies, among them heart failure, promoting improvement in cardiac and autonomic
function. In this sense, the main goal of the present study was to evaluate the possible
effects of prolonged cholinergic stimulation with the PYR, in the ventricular and
autonomic function, as well as the impact on the inflammatory profile associated with the
aerobic or resistance training prior to MI. Male Wistar rats were divided in (n = 9, per
group): control (C), sedentary + MI (SI), sedentary + PYR + infarcted (SPI), aerobic
training + infarcted (TAI), aerobic training + PYR+ infarcted (TAPI), resistance
+infarcted (TRI), resistance training + PYR + infarcted (TRPI), submitted to 60 days of
aerobic or resistance training combined with pharmacological treatment with PYR (0.14
mg / ml / day). As results, there was an additional improvement in the physical capacity
of the trained groups associated with treatment. The MI area was smaller in the PYR
treated animals and similarly, the ejection fraction was increased in the PYR treated
groups. Baroreflex sensitivity was also improved in trained and treated groups, and was
17
more responsive to aerobic training. This was also observed in the vagal tonus, increased
in the groups treated alone. In the sympathetic tone, both the treatment and the ET, alone,
as well as the combination, were effective in preventing the increase of this variable.
However, an additional reduction of sympathetic tone was evidenced in the combined
groups. Thus, such data suggest that the preventive effect of cholinergic stimulation with
PYR alone was evidenced in the reduction of cardiac alterations and improvement of
ventricular function. As well as the combined between ET types and PYR treatment has
been shown to be effective in preventing physical capacity reduction according to training
specificity and tone. Thus, the combined between such therapeutic strategies has a
relevant impact by the benefits of aerobic / resistance training in cardioprotection to the
deleterious effects of myocardial ischemia.
Key words: Prior exercise training; Pyridostigmine bromide; Myocardial infarction.
INTRODUÇÃO
18
1. INTRODUÇÃO
As doenças cardiovasculares (DCV) são as principais causas de morbidade
e contribuem significativamente para os custos elevados em saúde pública, sendo
uma das principais causas de mortalidade em todo mundo (1). O crescente número
de estudos na área da cardiologia tem como metas a identificação, a prevenção e
o controle, tanto dos fatores de risco, como dos efeitos secundários associados as
DCV que desencadeiam e aumentam a incidência da mortalidade.
Dentre as DCV, o infarto do miocárdio (IM) é uma das mais prevalente e
com o maior índice de mortalidade. Nos Estados Unidos estima-se que a cada 44
segundos um indivíduo sofra um IM e, cerca de 49% das mortes por DCV são
atribuídas ao evento isquêmico cardíaco (1). No Brasil, segundo a Sociedade
Brasileira de Cardiologia (SBC), em 2015 foram registrados 346.896 óbitos por
DCV.
De acordo com a necropsia, 95% dos óbitos por IM apresentava no mínimo
uma artéria coronariana epicárdica principal com estreitamento luminal grave ou
oclusão total com placa aterosclerótica típica . Assim, o desenvolvimento da placa
aterosclerótica coronariana pode comprometer o fluxo coronariano, resultando em
isquemia miocárdica.
Ao longo dos anos e com a alta prevalência de IM alguns fatores de risco
foram identificados e associados a doença arterial coronariana (DAC). Com
características modificáveis estão a hipertensão arterial, o tabagismo,
dislipidemia, obesidade, diabetes e a inatividade física. (119).
INTRODUÇÃO
19
1.1. Fisiopatologia do Infarto do Miocárdio
O IM é uma doença isquêmica do coração, que leva a necrose da musculatura
miocárdica, devido ao desbalanço entre oferta e demanda, gerando uma deficiência de
fluxo sangüíneo e consequentemente a falta de suprimento de oxigênio para o miocárdio
(112).
A convergência comum da maioria dos fatores risco, podendo ser a primeira
manifestação da doença arterial coronariana (DAC) ou ocorrendo repetidamente em
pacientes com a doença estabelecida (2). O IM, em sua grande maioria, resulta de
aterosclerose das artérias coronárias, placas que causam o estreitamento luminal da árvore
coronariana, geralmente com trombose sobreposta. Ocorre então, agregação plaquetária
e depósito de fibrina, posteriormente culminando na formação do trombo agudo
evoluindo para o IM (3). Portanto, o IM é um processo dinâmico que não ocorre
instantaneamente, mas evolui progressivamente durante algumas horas.
Após a oclusão da coronária, os miócitos supridos por essa artéria perdem a
capacidade contrátil podendo apresentar áreas de dissincronismo, discinesia, hipocinesia
e acinesia. Por outro lado, o miocárdio não infartado apresenta hipercinesia como
resultado de mecanismos compensatórios agudos, como ativação do sistema nervoso
simpático e mecanismo de Frank-Starling (2-4). Adicionalmente, o IM inicia um processo
de remodelamento ventricular, o qual é caracterizado pela progressiva dilatação do
ventrículo esquerdo (VE), rearranjo da estrutura da parede ventricular e aumento da massa
muscular remanescente (5). O rearranjo ventricular após a isquemia miocárdica do
ventrículo esquerdo passa pela disfunção ventricular em cascata, caracterizada pela
aumento da pressão diastólica final, cujo o reflexo é a diminuição da contratilidade na
sístole e a redução do debito cardíaco. No entanto, estes mecanismos de compensação
INTRODUÇÃO
20
possuem uma capacidade limitada de sustentação da função cardíaca e, quando o tecido
contrátil remanescente deixa de manter a hemodinâmica em condições de normalidade, o
indivíduo evolui para insuficiência cardíaca (IC) (3).
Experimentalmente, a oclusão dos ramos da artéria coronária vem sendo
amplamente utilizada pelos pesquisadores no intuito de melhor compreender os efeitos
cardíacos, autonômicos e hemodinâmicos do IM (6-8). Nosso grupo vem se dedicando há
alguns anos no estudo das alterações induzidas pelo IM individualmente (9,10) ou
associado a diferentes fatores de risco, como a hipertensão arterial (11,12), a privação dos
hormônios ovarianos (13), a denervação sinoaórtica (14) e o diabetes (15-20). Além disso,
nesses trabalhos também testamos diferentes abordagens terapêuticas no manejo das
complicações advindas do IM, bem como na mortalidade dos animais estudados. Dentre
estas intervenções podemos destacar: o treinamento físico (10,13,19), a terapia com
células tronco, mesenquimais e da medula óssea, in situ (12) e endovenosamente (11),
bem como a terapia gênica com fator de crescimento vascular derivado do endotélio
(VEGF, in situ) (18).
1.2. Infarto do Miocárdio e Disfunção Autonômica
O desequilíbrio autonômico crônico entre simpático e parassimpático constitui um
elemento fundamental da fisiopatologia da IC após um evento isquêmico (21-23) e é
acompanhado por anormalidades no controle cardiorrespiratório reflexo, ou seja, prejuízo
do barorreflexo, maior ativação do ergorreflexo e quimiorreflexo (21,24,25). Nesse
sentido, o controle reflexo da circulação comandado pelos pressorreceptores tem sido
reconhecido como um importante preditor de risco após evento cardiovascular. O estudo
ATRAMI (Autonomic Tone and Reflexes After Myocardial Infarction) forneceu
evidências clínicas do valor prognóstico da sensibilidade do barorreflexo e da
variabilidade da frequência cardíaca (VFC) na mortalidade após o IM, independente da
INTRODUÇÃO
21
fração de ejeção e de arritmias ventriculares (21). Além disso, Kleiger et al. (26),
estudando pacientes do - Multicenter Post Myocardial Infarction Program -, encontrou
risco relativo de mortalidade cinco vezes maior naqueles pacientes que apresentavam
reduzida VFC se comparados aos que apresentavam níveis aumentados dessa variável.
Paralelamente, dados experimentais também apontam para o prejuízo da função
autonômica em animais após a oclusão da artéria coronária. De fato, em nosso grupo
temos consistentemente evidenciado que, após o IM crônico, os animais apresentam
maior disfunção barorreflexa, redução da VFC total, da modulação parassimpática, bem
como aumento da modulação simpática em relação aos animais não infartados
(9,10,13,14,16,18-20,27).
O significado clínico e prognóstico do aumento da atividade simpática após um
evento isquêmico e, consequentemente, na IC já está claramente estabelecido (28), tanto
que o bloqueio beta adrenérgico tornou-se um elemento padrão na terapia desses
pacientes (29). Por outro lado, a redução do tônus parassimpático, embora já demonstrada
a mais de 40 anos (30), tem recebido menos atenção. Reduzido tônus parassimpático,
além do prejuízo do barorreflexo e da VFC são indicativos de mau prognóstico em
pacientes com IC e após um IM (21,31,32). Dessa forma, intervenções no sentido de
detectar, prevenir e/ou atenuar a disfunção autonômica cardiovascular, principalmente
associada à redução da atividade vagal, têm sido visto como importantes estratégias no
manejo das alterações provocadas pelo IM (21).
1.3. Disfunção Autonômica e Resposta Inflamatória
O processo inflamatório, concomitante a elaboração de citocinas são partes
integrantes da resposta a uma lesão tecidual e desempenha um papel particularmente ativo
após o IM. As citocinas pró-inflamatórias, tais como o fator de necrose tumoral-alfa
INTRODUÇÃO
22
(TNF-α), interleucinas-1β (IL-1β), interleucina-6 (IL-6) e interleucina-10 (IL-10), são
liberadas logo após a lesão isquêmica aguda e podem regular a sobrevivência dos miócitos
ou apoptose, bem como desencadear uma resposta celular inflamatória adicional (33).
Cronicamente, as citocinas podem mediar a reparação e o remodelamento cardíaco,
ativando a formação de matriz de metaloproteinases e colágeno, além de regular as
integrinas, a angiogênese e a mobilização de células progenitoras (33). Após o aumento
inicial da expressão gênica de citocinas pró-inflamatórias na região infartada, seus níveis
normalmente começam a diminuir em direção a linha de base após uma semana de IM
(35). No entanto, segundo Ono et al. (35), se o tamanho do IM for grande, ou se houver
outros fatores de estresse em curso no miocárdio, a expressão gênica de citocinas pode
permanecer significativamente elevada na região não infartada, mesmo após 20 semanas
de IM. Além disso, os mesmos autores evidenciaram que os níveis de citocinas, como a
IL-1β, estão associados ao diâmetro diastólico do VE e a deposição de colágeno na área
infartada após 8 e 20 semanas da indução do IM.
Dessa forma, aguda e/ou cronicamente, a liberação de citocinas (pró-
inflamatórias) desfavoravelmente afeta a função do VE, exerce efeito inotrópico negativo
(36), induz anormalidades no metabolismo cardíaco e promove o remodelamento
miocárdico, conduzindo assim à IC (37,38). Adicionalmente, a ativação do sistema imune
promove o desenvolvimento de disfunção endotelial, atrofia e apoptose do músculo
esquelético na IC (39,40).
A origem da ativação imune após um evento isquêmico possui muitas linhas de
investigação e ainda é incerta. Existem ao menos cinco hipóteses que tratam dos
principais estímulos à elaboração da resposta inflamatória após um evento (41); porém,
uma delas, tem chamado atenção dos pesquisadores nos últimos anos. Essa hipótese
aponta para redução da participação parassimpática em sendo a principal mediadora da
INTRODUÇÃO
23
ativação da resposta inflamatória (41). Estudos conduzidos pelo grupo de Kevin J. Tracey
têm contribuído de forma importante para a hipótese de relação direta entre a ativação
parassimpática e resposta do sistema imunológico. Este grupo inicialmente descreveu que
a ativação do nervo vago (eletricamente ou por agonistas colinérgicos) reduz a resposta
inflamatória em modelos experimentais de sepse, posteriormente sendo postulada como
a teoria do "reflexo inflamatório".
Nesse sentido, o Sistema Nervoso Autónomo (SNA), caracterizado pelas duas vias
eferente: sistema nervo simpático e sistema nervoso parassimpático assume um papel
regulado da inflamação. Cuja a influência do sistema nervoso simpático apresenta efeito
pró-inflamatórios por promover a elevação de TNF pela estimulação de receptores α2-
adrenérgicos, e anti-inflamatório por promover a diminuição de TNF pelos receptores β2-
adrenérgicos. Enquanto o sistema nervo parassimpático, via nervo vago, é sensível aos
níveis aumentados de TNF e IL-1, respondendo com Acetilcolina (ACh) para a redução
do TNF sendo predominantemente anti-inflamatório, conforme ilustração 1.
Ilustração 1. Mecanismo de interação do SNC na regulação inflamatória
INTRODUÇÃO
24
Como sistema modulador da resposta inflamatória, o aumento da atividade do
sistema parassimpático é descrito pela estimulação de macrófagos com ACh, que inibe a
produção de citocinas pró-inflamatórias (TNFα, IL-1, IL-6 e IL-18). Com a atenção
voltada a esse sistema, verificou-se que a estimulação do nervo vago era capaz de reduzir
a produção de várias citocinas inflamatórias (TNFα, IL-1, HMGB-1) (120).
Nesse sentido, Borovicova et al. (47) demonstraram que a injeção de endotoxina
(lipopolissacarídeo) em animais que foram submetidos à estimulação do nervo vago
resultou na reduzida liberação de macrófagos e citocinas inflamatórias sistêmicas, sem
afetar de liberação de IL-10. No entanto, a transecção do nervo vago aboliu esta proteção.
Além disso, em culturas de macrófagos humanos, acetilcolina inibiu a liberação de TNF-
α quando estas foram submetidas ao tratamento com endotoxina. Estes resultados indicam
que o nervo vago desempenha um papel importante na resposta imunológica (47).Em
humanos, a redução da VFC está significante associada com níveis elevados de citocinas
inflamatórias (IL-6) e proteína C reativa (PCR) (48). Lanza et al. (49) evidenciaram que
os níveis séricos de PCR foram significativamente associados com a VFC reduzida em
pacientes com angina instável. Esta associação também tem sido observada em indivíduos
saudáveis, pacientes com doença arterial coronariana estável e com IC (50). Dessa forma,
prevenindo e/ou atenuando a disfunção autonômica desencadeada pelo IM, poderia
induzir uma elaboração da resposta inflamatória menos intensa, a ponto de reduzir o
comprometimento estrutural e funcional cardíaco, bem como de sistemas periféricos.
1.4. Treinamento Físico Aeróbico e Resistido
Dentre os fatores de risco para o desenvolvimento das DCV, encontra-se a
inatividade física. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), o indivíduo ativo regular
é aquele que pratica alguma atividade física pelo menos três vezes por semana, em seu
INTRODUÇÃO
25
tempo livre, com duração mínima de 30 minutos. No Brasil, o Diesporte aponta que a
população mais jovem é a que mais pratica atividade física. Nas faixas entre 15 e 19 anos
os declarados sedentários são 32,7%, já na faixa 20 a 24 anos o número sobe para 38,1%.
A partir daí, a pesquisa aponta que 45,9% dos brasileiros não praticam esporte ou
atividade física e vai crescendo continuamente até atingir 64,4% dos brasileiros entre 65
e 74 anos (PNAD – IBGE, 2015).
Os primeiros indícios de que a atividade física estava relacionada a saúde ou bem
estar, data de 2500ª.C. na China, em que os registro feitos por Hua To mostram que havia
uma relação entre os exercícios organizados e a promoção da Saúde. (123). Na Grécia
Antiga, filósofos como Hipócrates e Platão acreditavam que a atividade física era
importante para o bem-estar e no tratamento de doenças e incapacidades (122). Tais
observações seguiram com o passar do tempo, isso porque já no século XVIII, o italiano
Romazzinni (1940) observou que estafetas (corredores) apresentam bem-estar em relação
a péssima saúde de trabalhadores sedentários. Assim, os benefícios e mecanismos
potencias por meio dos quais o exercício físico pode reduzir o risco de eventos cardíacos,
seguiram sendo analisados por estudos epidemiológicos dentre eles se destaca um dos
primeiros que foi o Estudos de funcionários públicos Britânicos (Morris et al., 1953), que
observou o risco de cardiopatia associado a atividade física entre cobradores e motorista
de ônibus.
Dessa forma, postulou-se que a atividade física reduz o risco de doenças cardíacas
por meio de alguns mecanismos, como pela ação direta ao coração, aumentando o
suprimento de oxigênio para o miocárdio, reduzindo a demanda e o trabalho miocárdico,
induzindo a bradicardia de repouso e manutenção da pressão arterial, com significativa
redução do tônus simpático. Outras alterações como, aumento do diâmetro e da dilatação
INTRODUÇÃO
26
das artérias coronarianas e da formação de colaterais, também são alguns dos benefícios
atrelados a pratica continua de exercício físico. (FUSTER 1992; KRAMSCH, 1981).
Os benefícios cardiovasculares, autonômicos, metabólicos e anti-inflamatórios de
um estilo de vida fisicamente ativo têm levado muitos investigadores a sugerirem o
treinamento físico (TF) de moderada intensidade como uma conduta não farmacológica
importante na prevenção e no tratamento dos fatores de risco e das DCV (51-55). As
evidências de que o TF é uma ótima ferramenta no tratamento de pacientes com DAC
estabelecida, com ou sem IM, são bastante relevantes e amplamente conhecidas (56,57).
Uma das adaptações positivas ao TF, geralmente associada à redução da
mortalidade, é a do sistema nervoso autonômico. Estudos clássicos como os de Billman
et al. (58) e Hull et al. (59) já sugeriam que esta intervenção reduz a mortalidade de
indivíduos após um IM, principalmente associada ao aumento do tônus vagal e redução
da atividade simpática. De fato, La Rovere et al. (51) evidenciaram que o TF modificou
favoravelmente a sobrevida em longo prazo de pacientes infartados, sendo esta associada
a uma clara mudança do equilíbrio autonômico em direção a um aumento da atividade
vagal. Experimentalmente, para o nosso grupo de pesquisa, os principais benefícios
funcionais, bioquímicos e moleculares do TF aeróbico após o IM parecem estar também
associados à melhora da função autonômica (9,10,13).
Além dos benefícios na função autonômica, Adamapoulus et al. (60)
demonstraram uma redução na concentração plasmática de marcadores inflamatórios
periféricos após 12 semanas de TF aeróbico em pacientes com IC moderada a severa,
sugerindo uma correlação entre a melhora na tolerância ao exercício e a atenuação do
processo inflamatório. Em um modelo experimental de IC, Batista et al. (61) observaram
que o TF aeróbico em ratos infartados aumentou a razão IL-10/TNF-α no músculo sóleo
INTRODUÇÃO
27
dos animais, ressaltando o efeito anti-inflamatório do exercício após um evento
isquêmico.
Apesar dos benefícios do TF aeróbico estarem bem descritos em pacientes com
DAC, IM ou IC, as consequências do TF resistido per se nessas populações dispõem de
evidências menos sólidas. Em pacientes com IC, apesar das anormalidades no músculo
esquelético estarem bem descritas, o TF resistido vinha sendo tradicionalmente
desencorajado em virtude das preocupações em promover comprometimento da função
do VE e potencial efeito adverso no remodelamento cardíaco, principalmente decorrente
do aumento da pós-carga. Pu et al. (2001) afirmam que as respostas hemodinâmicas, bem
como o remodelamento cardíaco não tem sido demonstrado por pacientes com IC que
realizaram o TF resistido. Nesse sentido, nos últimos anos o TF resistido vem sendo
discutido e por vezes recomendado para pacientes com IC, baseado em parte na lógica de
que esta forma de treinamento pode ser mais eficaz em reverter à atrofia muscular
esquelética do que o exercício aeróbico, e que o aumento da força/resistência podem
melhorar a qualidade de vida dessa população. O TF resistido tem atenuado a perda da
massa muscular, melhora da força, da resistência, bem como o consumo máximo de
oxigênio em pacientes com IC. No entanto, ainda são escassos os estudos que tratam dos
efeitos do TF resistido no remodelamento cardíaco, na disfunção ventricular, bem como
no perfil hemodinâmico e autonômico desencadeados pelo IM.
Sob diferente perspectiva, no que tange aos benéficos do TF quando realizado
previamente a um evento cardíaco, adaptações vasculares, sistêmicas, neuro-humorais e
cardiopulmonares ao exercício têm se mostrado bastante eficazes em prevenir
complicações cardiometabólicas, bem como minimizar os efeitos deletérios da isquemia
seguida de reperfusão (68). De fato, dados epidemiológicos indicam que o exercício físico
regular reduz o risco de morte durante a reperfusão clínica após a isquemia (69). Nesse
INTRODUÇÃO
28
contexto, pesquisadores vêm buscando os possíveis mecanismos cardioprotetores do
exercício físico à isquemia e reperfusão. Mecanismos tais como a formação de vasos
colaterais (70), elevação das heat shock proteins 70 (71), aumento da expressão da
ciclooxigenase miocárdica (72), proteção antioxidante (73), bem como o papel anti-
inflamatório do exercício físico (74) têm sido apontados como desencadeadores de
cardioproteção. Entretanto, poucos estudos têm relatado os efeitos do TF previamente à
isquemia permanente em animais e, dentre eles, os resultados são contraditórios (75-78).
Experimentalmente, Dayan et al. (75) demonstraram que 3 semanas de natação
antes do IM atenuaram o remodelamento e melhoraram a função ventricular de animais
treinados. De maneira semelhante, Freimann et al. (76) observaram que o treinamento de
natação prévio ao IM reduziu o tamanho da cicatriz, aumentou a densidade capilar, bem
como promoveu adaptações gênicas relacionadas o metabolismo enérgico. Em
contrapartida, Veiga et al. (77,78) não observaram adaptações positivas da natação na
função ventricular, na área de IM e no perfil hemodinâmico de ratos treinados
previamente ao IM. Recentemente, Bozi et al. (79) demonstraram que o TF aeróbico de
moderada intensidade em esteira, realizado previamente, atenuou a disfunção e
deterioração estrutural cardíaca promovida pelo IM, e tais benefícios foram associados
com a preservação das propriedades morfológicas e contráteis dos cardiomiócitos.
1.5. Estimulação Colinérgica por Brometo de Piridostigmina.
A busca por fármacos com ação cardioprotetora, capazes de reduzir a ocorrência
e as complicações dos eventos cardíacos em pacientes coronariopatas e/ou infartados, é
de grande relevância. Estudos anteriores têm demonstrado que a estimulação colinérgica
permite um aumento da resposta vagal e inflamatória em pacientes após um IM agudo,
onde sabidamente existe uma diminuição da atividade parassimpática (80,81).
INTRODUÇÃO
29
O sistema nervoso autônomo, pela sua divisão parassimpática apresenta um
neurotransmissor ganglionar e pós-ganglionar, a Acetilcolina (Ach), que é um
neurotransmissor liberado pelo terminal nervoso quando o corpo necessita de estímulos
específicos, na maioria das vezes, contração ou relaxamento muscular, que por sua vez é
inativada pela enzima Acetilcolinesterase (AchE). No sistema nervoso simpático, o
neurotransmissor ganglionar também é a Ach, no entanto, nos órgãos efetores o
neurotransmissor é a Noradrenalina e a adrenalina, essa, liberada pela medula da adrenal.
(Edilberto, 2008).
A acetilcolina exerce as suas ações através da estimulação dos receptores
nicotínicos (nAcCor) e muscarínicos (mAcCor), no entanto, o efeito anti-inflamatório é
associado a subunidade α7 do recetor nicotínico da acetilcolina (a7nAcCor), em que
somente a estimulação deste subtipo gera uma resposta anti-inflamatória relevante (129).
Em busca de mecanismos para induzir a estimulação colinérgica, está a utilização
de inibidores da acetilcolinesterase, como o brometo de piridostigmina (PIR), que por
exemplo, têm se mostrado eficientes (82). Apesar de seus efeitos amplamente conhecidos
na profilaxia contra intoxicação por organofosforados (83) e no tratamento da Miastenia
Gravis (84), hiatos existem sobre o impacto desse fármaco nas alterações autonômicas
ocasionadas pelo IM. A estimulação colinérgica aguda com PIR causou bradicardia e
reduziu o intervalo QT, sem efeitos colaterais importantes em pacientes com doença
coronariana (85). Em pacientes com IC, o fármaco aumentou significativamente a
recuperação da frequência cardíaca no primeiro minuto após o exercício físico máximo
(82), melhorou o pulso de oxigênio (indicador de volume sistólico), bem como a
frequência cardíaca de reserva (86). Experimentalmente, Yu et al. (87) demonstraram que
o tratamento com PIR (30 mg/kg/dia) aumentou a angiogênese após o IM em ratos.
Recentemente, nosso grupo testou a influência do tratamento com brometo de
INTRODUÇÃO
30
piridostigmina por 7 dias (0,14 mg/ml/dia) na função autonômica de ratos após o IM. O
grupo infartado tratado melhorou a frequência cardíaca intrínseca e o tônus vagal, bem
como reduziu o tônus simpático e a área de infarto em relação ao grupo infartado placebo
(88). Além disso, foi demonstrado que a administração em longo prazo de PIR aumentou
o tônus vagal cardíaco e reduziu o tônus simpático, atenuando o remodelamento cardíaco
e disfunção ventricular esquerda durante a progressão da insuficiência cardíaca em ratos.
Nesse cenário, a PIR parece ser um fármaco interessante por melhorar a função
autonômica e sua resposta ao exercício físico em pacientes infartados ou com IC, além de
induzir alterações autonômicas e estruturais importantes em animais submetidos à
oclusão da artéria coronária, conforme evidenciado na literatura. No entanto, várias
perguntas emergem diante desses achados clínicos e experimentais, como: o TF prévio é
suficiente para desencadear efeitos cardioprotetor independentemente do tipo de
treinamento? A associação do TF aeróbico com a administração de PIR pode desencadear
efeitos positivos adicionais na função autonômica e, consequentemente, na resposta
inflamatória ao IM? O TF resistido, realizado isoladamente antes do IM, é uma prática
que induz a um fenótipo cardioprotetor? Por fim, a associação do TF resistido com a
administração de PIR pode desencadear efeitos positivos adicionais na função
autonômica e, consequentemente, na resposta inflamatória ao IM?
OBJETIVOS
31
2. OBJETIVOS
2.1. Geral
O objetivo geral do presente estudo foi avaliar as respostas ventriculares,
hemodinâmicas, autonômicas e inflamatórias da isquemia miocárdica em ratos
previamente submetidos ao TF aeróbico ou resistido, associados ao tratamento com
brometo de piridostigmina.
2.2. Específicos
Estudar as respostas ventriculares, hemodinâmicas, autonômicas e inflamatórias
da isquemia miocárdica em ratos previamente submetidos ao TF aeróbico ou resistido,
associados ao tratamento com brometo de piridostigmina, por meio das seguintes
avaliações:
Área de IM e morfometria cardíaca
Função ventricular
Pressão arterial e frequência cardíaca:
Sensibilidade barorreflexa
Tônus vagal, tônus simpático e frequência cardíaca intrínseca
Modulação autonômica
Marcadores inflamatório
MATERIAIS E MÉTODOS
32
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. Animais e Grupos
Foram utilizados ratos Wistar machos (230-260g) provenientes do biotério da
Universidade São Judas Tadeu (USJT). O presente estudo teve a aprovação da Comissão
de Ética em Uso de Animais de Experimentação da USJT (CEUA/USJT - 008/2013). Os
animais foram mantidos agrupados, em ambiente com temperatura (22o–24oC) e com luz
controlada em ciclo de 12 horas (claro/escuro). Água ou PIR e comida foram oferecidas
de modo irrestrito, sendo que a dieta foi normoproteica (12% de proteínas). Os animais
foram divididos nos seguintes grupos experimentais (n=9 por grupo):
Controle Sham (C)
Sedentário + infarto (SI)
Sedentário + PIR + infarto (SPI)
Treinamento aeróbico + infarto (TAI)
Treinamento aeróbico + PIR + infarto (TAPI)
Treinamento resistido + infarto (TRI)
Treinamento resistido + PIR + infarto (TRPI)
Os animais foram treinados/tratados por 2 meses e, ao final desse período, foram
submetidos ao IM ou cirurgia fictícia sem a oclusão da artéria coronária (Sham). As
análises propostas foram realizadas na primeira semana após o IM ou Sham.
MATERIAIS E MÉTODOS
33
3.2. Sequência Experimental
A sequência experimental está descrita a seguir:
Onde: IM – infarto do miocárdio; TE – teste de esforço máximo; TCM – teste de carga
máxima; ECO – Avaliação ecocardiográfica.
3.3. Procedimentos Experimentais
3.3.1. Testes de Esforço, Carga Máxima e Treinamento Físico
Todos os grupos estudados foram submetidos a um protocolo de teste de esforço
máximo (TE) em esteira ergométrica e um teste de carga máxima (TCM) em escada
adaptada para ratos (com aproximadamente 54 degraus verticais e 0,5 cm de espaço entre
eles) ao início, aos 30 dias e ao final dos programas de TF aeróbico e resistido. Os animais
foram adaptados em esteira ergométrica (10 minutos a 0,3 Km/h) durante 3 dias. O TE
consistiu em colocar o animal correndo na esteira a 0,3 km/h por 3 minutos, sendo que
esta carga foi incrementada em 0,3 km/h a cada 3 minutos até que o animal atingisse a
exaustão. Este protocolo de TE apresenta correlação significativa com a medida do
consumo direto de oxigênio em ratos machos, o que nos confere validade e fidedignidade
para prescrição e controle do TF. Após o teste inicial, os grupos que realizaram o
treinamento aeróbico foram submetidos a um protocolo de TF em esteira ergométrica
MATERIAIS E MÉTODOS
34
com velocidade e carga progressiva durante 2 meses (5 dias por semana) e intensidade de
60 a 75% da velocidade máxima atingida no TE.
Na adaptação à escada, os animais foram colocados nos degraus inferiores e
adaptados ao ato de escalar, sem nenhum peso. No topo da escada os animais encontraram
uma gaiola (20x20x20 cm) onde descansaram por 120 segundos. Este procedimento foi
realizado por 3 dias até que os animais escalassem voluntariamente a escada 3 vezes
consecutivas. O teste de carga máxima consistiu em uma escalada com carga inicial de
75% do peso corporal. Após 2 minutos de descanso, um peso adicional de 15% do peso
corporal foi aplicado no aparato da cauda, e assim sucessivamente, com descansos de 2
minutos entre cada escalada, até que o animal não conseguisse completar a subida. O
protocolo de TR foi realizado durante 2 meses, 5 dias por semana, com intensidade
moderada (40-60% da carga máxima de subida normalizada), conforme recomendado
para pacientes com doença cardiovascular, 15 escaladas por sessão e 1 minuto de
descanso entre cada escalada.
3.3.2. Extração e Tratamento com Brometo de Piridostigmina
Para a realização do tratamento com Brometo de Piridostigmina, foi realizada a
etapa de extração do fármaco comercial Mestilon® 60 mg. Para tal, foi realizada a
trituração dos comprimidos de uma cartela com Blíster em grau de vidro com pistilo até
a obtenção de um pó. O pó foi diluídos em água potável filtrada, em balão volumétrico
de 2L. A solução obtida, foi colocada em banho de ultrassom até assegurar completa
dissolução do brometo de piridostigmina e em seguida foi filtrada, utilizando filtração a
vácuo com funil de Buckener, 1Kitassato e bomba de vácuo. Após o processo de extração,
foi retirada uma alíquota de 1ml para comparação com curva padrão de 14mg/ml
comparada com padrão de brometo de piridostigmina Sigma®.
MATERIAIS E MÉTODOS
35
Assim, o tratamento com brometo de piridostigmina (0,14 mg/mL) foi realizado
por via oral na água de beber, com o consumo médio de solução ingerida por dia de
50ml/rato, sendo que a dose diária ingerida de brometo de piridostgmina foi de
aproximadamente 15mg/rato, considerando que peso médio dos ratos foi em torno de
350g, a dose diária corrigida pelo peso do animal foi então de aproximadamente
40mg/Kg/dia do fármaco (88,92), por 60 dias.
3.3.3. Indução do Infarto do Miocárdio
Após o treinamento/tratamento, os animais foram anestesiados com uma mistura
de Cetamina (80 mg/Kg) e Xilazina (12 mg/Kg) por via intraperitoneal, submetidos à
respiração artificial em pressão positiva (Harvard Aparattus©, Model 683, Holliston,
MA) e a artéria coronária descendente anterior esquerda ocluída a aproximadamente 1mm
de sua origem, abaixo da extremidade do átrio esquerdo (fio mononylon 6.0).
Posteriormente, incisão torácica foi fechada (fio mononylon 5.0) e o pneumotórax
retirado. Os músculos afastados foram reposicionados e a pele suturada (fio mononylon
4.0). Os animais receberam 30000 UI de Benzilpenicilina Benzatina (Penretard, Cibran,
Tanquá, RJ, Brasil, i.m.) e foram colocados em ambiente aquecido para recuperação (9-
20). A cirurgia fictícia Sham ocorreu de forma semelhante, exceto pela ligadura da artéria.
3.3.4. Avaliações Ecocardiográficas
As avaliações ecocardiográficas foram realizadas 2 dias após o IM. Essas
avaliações foram realizadas seguindo as recomendações do Comitê de Padronização do
Modo M da Sociedade Americana de Ecocardiografia (93).
Em cada avaliação, foram analisados parâmetros de função sistólica (como a
fração de ejeção e a fração de encurtamento do VE); parâmetros de função diastólica
(como o tempo de relaxamento isovolumétrico, a relação entre as ondas E e A, bem como
MATERIAIS E MÉTODOS
36
o tempo de desaceleração da onda E); a área de infarto; e morfometria cardíaca (como a
espessura relativa da parede, massa do ventrículo esquerdo, diâmetros sistólico e
diastólico finais), previamente padronizados pelo nosso grupo (9-12,15-19,94).
Para a realização do exame ecocardiográfico, os animais foram anestesiados com
uma solução intraperitoneal de Cetamina (80 mg/kg) e Xilazina (12mg/kg), e tiveram a
região torácica devidamente tricotomizada, sendo mantidos em decúbito lateral para a
realização do exame ecocardiográfico com aparelho SEQUOIA 512 (ACUSON,
Corporation, Mountain View, CA-EUA). O transdutor utilizado foi linear e multi
frequencial (10-14mHz), que permite imagens bidimensionais e monodimensionais
simultâneas, além da análise de fluxo por efeito Doppler espectral. A profundidade de
imagem trabalhada foi de 2cm.
Foram utilizadas as janelas longitudinais para esternais direitas para a obtenção
dos cortes longitudinal e transversal; e as janelas longitudinais paraesternais esquerdas
para a obtenção dos cortes apicais (duas, quatro e cinco câmaras). As medidas lineares
foram realizadas nas imagens obtidas pelo modo-M, conforme descrito por Schiller et al.
(1979), com as seguintes medidas: diâmetro diastólico do ventrículo esquerdo (DDVE),
diâmetro sistólico do ventrículo esquerdo (DSVE) e espessura diastólica da parede
posterior (PPDIA). A massa ventricular esquerda (MVE) foi então obtida a partir da
fórmula: 1,047 x ((SIVDIA+VEDIA+PPDIA)3-VEDIA3) onde: 1,047 representam a
densidade do miocárdio, validada em ratos por Fard et al. (2000). A espessura relativa da
parede (ERP) foi calculada levando-se em consideração as medidas de PPDIA e DDVE.
A função sistólica foi avaliada pela fração de ejeção (FE, em %) pelo método
Simpson modificado, por se mostrar mais fidedigno em corações infartados, e também
MATERIAIS E MÉTODOS
37
pela velocidade de encurtamento circunferencial (VEC, em circ/seg 10-4), cujas fórmulas
estão a seguir:
Simpson modificado: onde L = comprimento do
ventrículo esquerdo dividido em 20 discos (i= 1 a i= 20) da base ao ápice, com o diâmetro
de cada disco determinado em duas visões apicais (a e b). Com este procedimento feito
tanto na diástole como na sístole. A velocidade de encurtamento circunferencial foi obtida
pela seguinte fórmula: VEC = (VEDIA-VESIS)/(VEDIA x TE), onde TE = tempo de
ejeção.
A função diastólica foi analisada utilizando-se os índices derivados da curva de
velocidade de fluxo diastólico mitral e do fluxo sistólico da via de saída do VE, obtidos
pela técnica de Doppler pulsátil. A curva de velocidade do fluxo diastólico foi obtida a
partir da imagem apical quatro câmaras posicionando-se o volume amostra próximo à
face ventricular da valva mitral. Foram determinadas: a) onda E – maior valor da
velocidade de fluxo inicial do enchimento ventricular (enchimento rápido do ventrículo);
b) onda A – maior valor da velocidade de fluxo telediastólico mitral (correspondente à
contração atrial); c) a relação E/A - razão entre a velocidade máxima da onda E e a
velocidade máxima da onda A; d) tempo de desaceleração da onda E (TDE) – tempo (em
milissegundos, ms), entre o pico da onda E e o ponto em que a rampa de desaceleração
intercepta a linha de base da curva de velocidade do fluxo diastólico mitral. A curva de
velocidade dos fluxos para análise do tempo de relaxamento isovolumétrico (TRIV) foi
obtida posicionando-se o volume amostra numa posição intermediária entra a valva mitral
e a via de saída do VE. Foi determinado o TRIV (em milissegundos, ms) entre o final do
fluxo sistólico na via de saída do VE e o início do fluxo diastólico mitral.
MATERIAIS E MÉTODOS
38
Além das avaliações da função sistólica e diastólica separadamente, utilizamos
outro método de avaliação funcional combinado, o índice de desempenho miocárdico
(IDM), derivado de intervalos obtidos pelo Doppler pulsátil. Validado em camundongos
por Broberg et al. (2003) e já padronizada pelo nosso grupo em ratos infartados
(Rodrigues et al., 2012), o IDM é conceitualmente simples e representa a razão do tempo
total gasto na atividade isovolumétrica (contração e relaxamento isovolumétricos) pelo
tempo de ejeção. Para tanto, mede-se o tempo de relaxamento da válvula mitral (a), que
corresponde à soma do tempo de contração isovolumétrica, tempo de ejeção e tempo de
relaxamento isovolumétrico. O tempo de ejeção é obtido pela medida da duração do fluxo
de via de saída do ventrículo esquerdo (b). Pela fórmula (a)-(b) / b, podemos então obter
o IDM.
A região de infarto foi delimitada de acordo com a cinética das paredes do
miocárdio, avaliadas pelas seguintes janelas ecocardiográficas: longitudinal paraesternal
direita, transversal (ao nível dos músculos papilares) e apical (2 e 4 câmaras). Regiões
hipocinéticas (espessamento sistólico abaixo do normal) e acinéticas (ausência de
espessamento durante a sístole) foram consideradas como infartadas. Desta forma, a área
de infarto foi delimitada através da razão destas regiões com a área total das paredes
miocárdicas do VE. Moisés et al. (2000) e Nozawa et al.(2006), utilizando-se desta
metodologia, demonstraram altíssima sensibilidade e especificidade para a delimitação
da área de infarto do miocárdio em ratos, com 100% de confiabilidade quando comparada
a estudos anatomopatológicos. Além disso, nosso grupo tem utilizado essa medida em
diversos estudos, sendo muito bem padronizada pelo nosso grupo de pesquisa (Mostarda
et al., 2010; Jorge et al., 2011; Rodrigues et al., 2011; Rodrigues et al., 2012). Todas as
medidas seguiram as recomendações da Sociedade Americana de Ecocardiografia.
MATERIAIS E MÉTODOS
39
Dessa forma, as variáveis ecocardiográficas analisadas nos grupos experimentais
foram:
Variáveis Morfométricas:
Área de infarto
MVE – Massa do VE (absoluta);
DDVE – Diâmetro diastólico do VE;
DSVE – Diâmetro sistólico do VE;
ERP – Espessura relativa da parede.
Variáveis de Função Sistólica:
FE – Fração de Ejeção;
VEC – Velocidade de Encurtamento Circunferencial.
Variáveis de Função Diastólica:
TRIV – Tempo de Relaxamento Isovolumétrico;
TDE – Tempo de Desaceleração da Onda E;
E/A – Relação entre as ondas E e A.
Variável de Função Global:
IDM - Índice de Desempenho Miocárdico.
MATERIAIS E MÉTODOS
40
3.3.5. Canulação e Registro da Pressão Arterial Direta e Sistema
Nervoso Autonômico Cardiovascular
Para análise do sistema nervoso autônomo foram utilizados diferentes ferramentas
de avaliação, como:
Modulação autonômica cardiovascular: Análise de variabilidade da frequência
cardíaca (intervalo RR) e da pressão arterial (por meio da análise espectral).
Reflexo do barorreceptor cardíaco: para se investigar as respostas autonômicas
cardiovasculares reflexas.
Comportamento tônico do sistema nervoso autônomo cardíaco: por bloqueio
farmacológico com atropina e propranolol
Após as avaliações ecocardiográficas, os animais foram anestesiados com uma
mistura de Cetamina (80 mg/Kg) e Xilazina (12 mg/Kg) por via intraperitoneal e realizada
a implantação de cateteres na veia jugular (para administração de drogas) e na artéria
carótida (para registro direto da PA e FC). Cada animal foi mantido em uma caixa
individual padrão durante a realização das avaliações hemodinâmicas sistêmicas que são
iniciadas 24 horas após a canulação. Com o animal acordado, a cânula arterial é conectada
a uma extensão de 20 cm, permitindo livre movimentação do animal pela caixa, durante
todo o período do experimento. Esta extensão é conectada a um transdutor
eletromagnético de pressão (Kent Instruments®) que por sua vez, é conectado a um pré-
amplificador (Stemtech). Sinais de PA são gravados durante um período de 30 minutos
em um microcomputador equipado com um sistema de aquisição de dados (DATAQ
Instruments, DI-158U), permitindo análise dos pulsos de pressão, batimento-a-batimento,
com uma frequência de amostragem de 2KHz por canal para estudo dos valores de PA e
FC (9,10,13,14,16,19,20).
MATERIAIS E MÉTODOS
41
3.3.6. Avaliação da Sensibilidade do Barorreflexo
Após o registro da PA, com os animais em condições de repouso, a sensibilidade
dos pressorreceptores são testadas através de doses crescentes da infusão de fenilefrina e
de nitroprussiato de sódio. A sensibilidade barorreflexa é avaliada pelo índice calculado
pela divisão de variação da FC pela variação da PAM (9,10,13,14,16,19,20).
3.3.7. Tônus Vagal e Tônus Simpático
Após a avaliação da sensibilidade dos pressorreceptores e com o retorno da FC e
da PA a valores próximos dos obtidos no registro basal, é realizada a injeção de atropina
(3 mg/kg) e PA e FC são registradas por 8 minutos. Ainda sob efeito da atropina, é
realizada a injeção de propranolol (4 mg/kg) e PA e FC são registradas por 8 minutos.
Com o duplo bloqueio farmacológico atinge-se a FC intrínseca. No dia seguinte, repete-
se o mesmo procedimento descrito anteriormente invertendo-se a sequência das injeções
dos fármacos (bloqueio invertido). O tônus simpático é calculado pela subtração da
máxima FC alcançada após bloqueio do parassimpático com atropina menos a FC
intrínseca, observada após o duplo bloqueio (atropina + propranolol). Já o tônus simpático
é calculado pela subtração da mínima FC atingida após o bloqueio simpático com
propranolol, menos FC intrínseca, observada após o duplo bloqueio (atropina +
propranolol) (13).
3.3.8. Modulação autonômica
A variabilidade da FC e da PA sistólica foi avaliada no domínio do tempo
(variância) e no domínio da frequência usando a Transformada Rápida de Fourrier. Em
resumo, neste método, séries temporais do intervalo de pulso e da PA sistólica são
divididas em segmentos de 350 batimentos com sobreposição de 50%. Um espectro é
MATERIAIS E MÉTODOS
42
obtido para cada um dos segmentos via o recurso de Levinson-Durbin, com a ordem
modelo escolhido de acordo com critério do Akaike, variando entre 10 e 14. Os
componentes oscilatórios dos espectros são quantificados em 2 faixas de frequência:
baixa frequência (BF: 0,20-0,75 Hz) e alta frequência (AF: 0,75-4,0 Hz). A potência do
espectro é calculada para cada componente reconhecível nas faixas de BF e AF
integrando-se os espectros dos componentes. A potência é expressa como a intensidade
de BF e AF. Os segmentos que apresentam oscilações muito lentas (<0,1 Hz), que
contribuem para mais de 70% da variabilidade total, são considerados não estacionários
e portanto descartados do estudo (14,20).
3.3.9. Atividade de Acetilcolinesterase
Para determinar a magnitude da inibição de acetilcolinesterase pelo tratamento
com a PIR, amostras de 200 µl de sangue foram centrifugadas a 5000 rpm durante 15 min
e 100 µl de plasma foram congeladas a -20o C. A atividade de acetilcolinesterase foi
determinada por kit imunológico Enzyme-Linked Immunosorbent Assay (ELISA).
Ilustração 2: Avaliação do Sistema Nervoso Autonômico Cardiovascular. (Barboza, CA)
MATERIAIS E MÉTODOS
43
3.3.10. Concentração de Citocinas
Após as avaliações citadas acima os animais foram pesados e eutanasiados por
decapitação. O VE e o plasma foram rapidamente congelados em nitrogênio líquido e
armazenados em freezer -80º C. As proteínas dos tecidos foram extraídas em tampão (Tris
base 100nM, pH 7,5; EDTA 10nM; fluoreto de sódio 100nM; pirofosfato de sódio 10nM;
ortovanadato de sódio 10nM; aprotinina 10µg/ml; leupeptina 1µg/ml; PMSF 2nM) e
incubadas com Triton X100 – 10% por 30 minutos em gelo. Imediatamente após, a
amostra foi centrifugada a 13.000 rpm, a 4º C, durante 20 minutos e os sobrenadantes
submetidos à quantificação proteica pelo método Bradford, utilizando-se uma curva
padrão de 50 a 1.000 µg/ml de albumina bovina sérica e reagente de Bradford (coomassie
brilliant blue 0,01%, etanol 47%, ácido fosfórico 4,5% e água destilada q.s.p); a
absorbância foi determinada em 595 nM (9,15,19,95). As avaliações quantitativas das
citocinas IL-1β, IL-6, IL-10 e TNFα foram realizadas por Enzyme-Linked
Immunosorbent Assay (ELISA) no ventrículo esquerdo e em amostras de músculo
esquelético (sóleo) e soro dos animais.
3.3.11. Análise Estatística
Os resultados estão apresentados como média ± erro padrão da média. Depois de
confirmar que todas as variáveis contínuas foram normalmente distribuídas pelo teste de
Kolmogorov-Smirnov, os testes de análise de variância (ANOVA) de duas vias e para
medidas repetidas foram devidamente aplicados para análise dos dados seguidos do post-
hoc de Bonferroni. Valores de P<0,05 foram considerados significativos.
RESULTADOS
44
4. RESULTADOS
4.1 Peso Corporal
O peso corporal (Figura 1) no início do protocolo foi semelhante entre os grupos.
No entanto, ao final do protocolo todos os grupos experimentais apresentaram aumento
do peso corporal em relação às suas respectivas avaliações iniciais. Os grupos
experimentais TAI, TAPI, TRI e TRPI apresentaram redução do peso corporal se
comparados ao grupo C. Adicionalmente, os grupos TAPI, TRI e TRPI também
apresentaram redução do peso corporal em relação ao grupo SI. Já os grupos TAPI e TRI
reduziram o peso corporal em relação ao grupo SPI e, no caso dos animais TRI, a redução
ocorreu também em relação aos animais TAI.
Figura 1. Peso corporal avaliado ao início e após as cirurgias Sham e infarto do
miocárdio nos grupos Controle Sham (C), Sedentário + infarto (SI), Sedentário +
PIR + infarto (SPI), Treinamento aeróbico + infarto (TAI), Treinamento aeróbico +
PIR + infarto (TAPI), Treinamento resistido + infarto (TRI), Treinamento resistido
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
C SI SPI TAI TAPI TRI TRPI
Inicial Pós-Sham/IM
## #
#
##
*†‡
*
*†‡¥
*†
gra
mas
RESULTADOS
45
+ PIR + infarto (TRPI). # P<0,05 vs. Avaliação inicial; * P<0,05 vs. C; † P<0,05 vs.
SI; ‡ P<0,05 vs. SPI; ¥ P<0,05 vs. TAI.
4.2 Capacidade Física
Na Figura 2, é possível observar que não há diferença entre os grupos no teste de
esforço em esteira rolante realizado ao início do protocolo. Ao final do período de
treinamento/tratamento, os animais dos grupos TAI, TAPI, TRI e TRPI apresentaram
aumento da capacidade física em relação aos grupos sedentários C, SI e SPI. Após a
indução do IM, o grupo SI e SPI apresentaram redução da capacidade aeróbia em relação
ao grupo C. No entanto, esta queda não foi observada nos grupos TAI e TRI. Já os animais
dos grupos TAPI e TRPI apresentaram aumento dessa variável em relação aos grupos C,
SI e SPI, bem como em relação aos seus respectivos controles não tratados (TAI e TRI).
Por outro lado, o grupo TAPI apresentou um aumento adicional dos valores de teste de
esforço em relação ao grupo TRPI.
Figura 2. Teste de esforço em esteira rolante avaliado ao início, ao final dos períodos
de treinamento/tratamento e após as cirurgias Sham e infarto do miocárdio nos
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
C SI SPI TAI TAPI TRI TRPI
Inicial Final Pós-Sham/IM
Km
/h
**
*†‡
†‡
*†‡¥
*†‡¥
*†‡¥
†‡¥
*†‡£$
*†‡£$
RESULTADOS
46
grupos Controle Sham (C), Sedentário + infarto (SI), Sedentário + PIR + infarto
(SPI), Treinamento aeróbico + infarto (TAI), Treinamento aeróbico + PIR + infarto
(TAPI), Treinamento resistido + infarto (TRI), Treinamento resistido + PIR +
infarto (TRPI). * P<0,05 vs. C; † P<0,05 vs. SI; ‡ P<0,05 vs. SPI; ¥ P<0,05 vs. TAI;
£ vs. TAPI; $ P<0,05 vs. TRI.
Ao início do estudo, todos os grupos experimentais evidenciaram semelhante
resultado no teste de carga máxima (Figura 3). Ao final dos períodos de
treinamento/tratamento, os grupos TRI e TRPI aumentaram os valores atingidos no teste
em comparação aos grupos C, SI e SPI, bem como em relação aos grupos TAI e TAPI,
respectivamente. Após as cirurgias Sham e de IM, os grupos TRI e TRPI continuaram
com valores aumentados obtidos no teste em comparação aos grupos C, SI, SPI, TAI e
TAPI, porém, vale ressaltar que os animais do grupo TRPI obtiveram um aumento
adicional no teste de carga máxima se comparado ao grupo TRI.
Figura 3. Teste de carga máxima realizado em escada adaptada para ratos avaliado
ao início, ao final dos períodos de treinamento/tratamento e após as cirurgias Sham
0
100
200
300
400
500
600
C SI SPI TAI TAPI TRI TRPI
Inicial Final Pós-Sham/IM
*†‡¥
*†‡£
*†‡¥£
*†‡¥£$
gra
ma
s
RESULTADOS
47
e infarto do miocárdio nos grupos Controle Sham (C), Sedentário + infarto (SI),
Sedentário + PIR + infarto (SPI), Treinamento aeróbico + infarto (TAI),
Treinamento aeróbico + PIR + infarto (TAPI), Treinamento resistido + infarto
(TRI), Treinamento resistido + PIR + infarto (TRPI). * P<0,05 vs. C; † P<0,05 vs.
SI; ‡ P<0,05 vs. SPI; ¥ P<0,05 vs. TAI; £ vs. TAPI; $ P<0,05 vs. TRI.
4.3. Avaliações Ecocardiográficas
Os grupos experimentais foram submetidos à avaliação ecocardiográfica de
morfometria e função cardíaca após a cirurgia de indução do infarto ou cirurgia Sham, ao
final dos protocolos de treinamento/tratamento ou acompanhamento. Os parâmetros
analisados serão apresentados em variáveis morfométricas e função ventricular.
4.3.1. Variáveis Morfométricas
A área de infarto, apresentada na Figura 4, apresentou redução somente nos grupos
tratados, SPI e TAPI vs SI. Já a massa do ventrículo esquerdo (Figura 5), foi aumentada
nos grupos TAI e TRI em relação aos grupos C e SI. Vale ressaltar que os animais TRI
apresentaram aumento adicional dessa variável se comparados aos animais dos grupos
TAI e TAPI. Adicionalmente, os animais TAPI e TRPI demonstraram menores massas
ventriculares em relação aos seus respectivos controles treinados e não tratados (TAI e
TRI, respectivamente).
RESULTADOS
48
Figura 4. Área de infarto avaliada pelo ecocardiograma nos grupos Sedentário +
infarto (SI), Sedentário + PIR + infarto (SPI), Treinamento aeróbico + infarto (TAI),
Treinamento aeróbico + PIR + infarto (TAPI), Treinamento resistido + infarto (TRI),
Treinamento resistido + PIR + infarto (TRPI). * P<0,05 vs. C; † P<0,05 vs. SI; ‡
P<0,05 vs. SPI; ¥ P<0,05 vs. TAI; £ vs. TAPI; $ vs. TRI.
0
10
20
30
40
50
60
SI SPI TAI TAPI TRI TRPI
% †
‡
†
‡£
RESULTADOS
49
Figura 5. Massa do ventrículo esquerdo avaliada pelo ecocardiograma nos grupos
Controle Sham (C), Sedentário + infarto (SI), Sedentário + PIR + infarto (SPI),
Treinamento aeróbico + infarto (TAI), Treinamento aeróbico + PIR + infarto
(TAPI), Treinamento resistido + infarto (TRI), Treinamento resistido + PIR + infarto
(TRPI). * P<0,05 vs. C; † P<0,05 vs. SI; ‡ P<0,05 vs. SPI; ¥ P<0,05 vs. TAI; £ vs.
TAPI; $ vs. TRI.
Em relação ao diâmetro diastólico do ventrículo esquerdo (Figura 6), foi
observada redução no grupo TAPI em relação ao SI e ao seu controle direto (TAI).
Contrario, houve um aumento entre o grupo TRI vs TAPI. Já a espessura relativa de
parede (Figura 7), foi aumentada no grupo TAI em comparação ao SI e TAPI. O grupo
TRI demonstrou um aumento dessa variável em relação aos grupos C, SI, TAI e TAPI. O
treinamento resistido associado ao tratamento provocou uma queda da espessura relativa
da parede nos animais TRPI em comparação aos animais TRI.
0
0,5
1
1,5
2
C SI SPI TAI TAPI TRI TRPI
gra
mas
¥
*†‡¥£
¥$
*†‡
RESULTADOS
50
Figura 6. Diâmetro final do ventrículo esquerdo em diástole avaliado pelo
ecocardiograma nos grupos Controle Sham (C), Sedentário + infarto (SI),
Sedentário + PIR + infarto (SPI), Treinamento aeróbico + infarto (TAI),
Treinamento aeróbico + PIR + infarto (TAPI), Treinamento resistido + infarto (TRI),
Treinamento resistido + PIR + infarto (TRPI). † P<0,05 vs. SI; ¥ P<0,05 vs. TAI; £
vs. TAPI.
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
C SI SPI TAI TAPI TRI TRPI
cm
†¥
£
RESULTADOS
51
Figura 7. Espessura relativa da parede avaliada pelo ecocardiograma nos grupos
Controle Sham (C), Sedentário + infarto (SI), Sedentário + PIR + infarto (SPI),
Treinamento aeróbico + infarto (TAI), Treinamento aeróbico + PIR + infarto
(TAPI), Treinamento resistido + infarto (TRI), Treinamento resistido + PIR + infarto
(TRPI). * P<0,05 vs. C; † P<0,05 vs. SI; ‡ P<0,05 vs. SPI; ¥ P<0,05 vs. TAI; £ vs.
TAPI; $ vs. TRI.
4.3.2. Função Ventricular
Após a indução da isquemia, os grupos SI, TAI, TAPI, TRI e TRPI apresentaram
redução significante da fração de ejeção (Figura 8) em relação ao grupo C. No entanto,
os grupos TAI e TRI melhoraram essa variável em relação ao grupo sedentário (SI). Um
aumento adicional da fração de ejeção foi observado nos grupos SPI, TAPI e TRPI em
relação a seus respectivos controles treinados não tratados (SI,TAI e TRI). Porém, vale
salientar que o grupo TRPI mostrou redução dessa variável em comparação ao grupo
TAPI.
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
C SI SPI TAI TAPI TRI TRPI
†‡
¥
*†‡¥
$
RESULTADOS
52
Figura 8. Fração de ejeção do ventrículo esquerdo avaliada pelo ecocardiograma
nos grupos Controle Sham (C), Sedentário + infarto (SI), Sedentário + PIR + infarto
(SPI), Treinamento aeróbico + infarto (TAI), Treinamento aeróbico + PIR + infarto
(TAPI), Treinamento resistido + infarto (TRI), Treinamento resistido + PIR + infarto
(TRPI). * P<0,05 vs. C; † P<0,05 vs. SI; ¥ P<0,05 vs. TAI; £ vs. TAPI; $ P<0,05 vs.
TRI.
Após o IM, os animais sedentários (SI) apresentaram aumento da relação E/A
(Figura 9) quando comparados aos animais do grupo C. Todos os tipos de treinamento,
tratados ou não, normalizaram tal variável. No entanto, vale ressaltar que o grupo TAI
apresentou reduzidos valores de relação E/A quando comparado ao grupo SI.
0
15
30
45
60
75
C SI SPI TAI TAPI TRI TRPI
%*
*†
*†‡
†¥
*ണ
*†£$
RESULTADOS
53
Figura 9. Relação entre as ondas E e A avaliada pelo ecocardiograma nos grupos
Controle Sham (C), Sedentário + infarto (SI), Sedentário + PIR + infarto (SPI),
Treinamento aeróbico + infarto (TAI), Treinamento aeróbico + PIR + infarto
(TAPI), Treinamento resistido + infarto (TRI), Treinamento resistido + PIR + infarto
(TRPI). * P<0,05 vs. C; † P<0,05.
O índice de desempenho miocárdico, um índice de função global que representa
o estresse miocárdico para manter a pressão de perfusão adequada, estava reduzido nos
grupos TAI, TAPI e TRPI em relação ao C, bem como nos animais TAI, TAPI, TRI e
TRPI em comparação ao SI (Figura 10).
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
C SI SPI TAI TAPI TRI TRPI
**
†
RESULTADOS
54
Figura 10. Índice de desempenho miocárdico nos grupos Controle Sham (C),
Sedentário + infarto (SI), Sedentário + PIR + infarto (SPI), Treinamento aeróbico +
infarto (TAI), Treinamento aeróbico + PIR + infarto (TAPI), Treinamento resistido
+ infarto (TRI), Treinamento resistido + PIR + infarto (TRPI). * P<0,05 vs. C; †
P<0,05 vs. SI; ‡ P<0,05 vs. SPI; ¥ P<0,05 vs. TAI; £ vs. TAPI; $ vs. TRI.
4.4. Variáveis Hemodinâmicas
Os valores de pressão arterial sistólica (PAS), diastólica (PAD), média (PAM) e
frequência cardíaca (FC), avaliados de forma direta pela cateterização de artérias e veias
femorais, estão apresentados na Tabela 1. Não foram observadas diferenças nos valores
de PAS, PAD e PAM nos grupos experimentais. No entanto a FC foi reduzida nos grupo
tratado SPI vs SI, sendo que o grupo associação TAPI reduziu não só em relação ao SI,
mas também quando comparado ao C e TAI. Já o grupo TRPI reduziu somente quando
comparado a se controle direto (TRI).
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
C SI SPI TAI TAPI TRI TRPI
*†‡
*†‡
†‡
*†‡
RESULTADOS
55
Observa-se que o grupo SI apresentou uma redução da RT e RB em relação ao
grupo C. No entanto, somente o grupo TAI, TAPI E TRPI foram capazes de prevenir tal
queda (Tabela 1).
Tabela 1. Pressão arterial sistólica (PAS), diastólica (PAD) e média (PAM),
frequência cardíaca (FC), resposta taquicárdica (RT) e bradicárdica (RB) nos
grupos Controle Sham (C), Sedentário + infarto (SI), Sedentário + PIR + infarto
(SPI), Treinamento aeróbico + infarto (TAI), Treinamento aeróbico + PIR + infarto
(TAPI), Treinamento resistido + infarto (TRI), Treinamento resistido + PIR + infarto
(TRPI).
C SI SPI TAI TAPI TRI TRPI
PAS (mmHg) 122±2 115±3 125±4 117±4 125±3 117±3 124±3
PAD(mmHg) 86±3 80±3 85±2 84±2 83±4 87±2 85±5
PAM(mmHg) 98±3 92±2 99±5 95±4 100±4 100±2 98±6
FC (bpm) 319±5 339±9 291±6† 331±4‡ 289±7*†¥ 345±8‡£ 310±5$
RT
(bpm/mmHg)
3,31±0,24 1,59±0,12* 2,05±0,08* 2,89±0,05†‡ 2,98±0,08†‡ 1,89±0,15*¥£ 2,11±0,10*¥£
RB
(bpm/mmHg)
-2,03±0,12 -0,59±0,02* -1,87±0,05† -2,01±0,07† -2,15±0,04† -0,90±0,09*‡¥£ -1,80±0,06†£$
RESULTADOS
56
Valores expressos em média ± EPM. ANOVA de dois caminhos e pós-hoc de Bonferroni.
PAS – pressão arterial sistólica; PAD – pressão arterial diastólica; PAM – pressão arterial
média; FC – frequência cardíaca; RT – resposta taquicárdica; RB – resposta bradicárdica
* P<0,05 vs. C; † P<0,05 vs. SI; ‡ P<0,05 vs. SPI; ¥ P<0,05 vs. TAI; £ vs. TAPI; $ vs.
TRI.
4.5. Variáveis Autonômicas Cardiovasculares
O grupo SI demonstrou um aumento do tônus simpático, bem como redução do
tônus vagal quando comparado ao grupo C (Figura 11). Os grupos SPI, TAI, TAPI, TRI
e TRPI apresentaram redução o tônus simpático em relação ao grupo SI. No entanto, vale
ressaltar que somente os grupos TAI, TAPI e TRPI foram eficazes em aumentar o tônus
vagal em relação ao grupo SI.
Figura 11. Tônus simpático (TS), tônus vagal (TV) nos grupos Controle Sham (C),
Sedentário + infarto (SI), Sedentário + PIR + infarto (SPI), Treinamento aeróbico +
infarto (TAI), Treinamento aeróbico + PIR + infarto (TAPI), Treinamento resistido
+ infarto (TRI), Treinamento resistido + PIR + infarto (TRPI). * P<0,05 vs. C; †
P<0,05 vs. SI; ‡ P<0,05 vs. SPI; ¥ P<0,05 vs. TAI; £ vs. TAPI; $ vs. TRI.
0
20
40
60
80
100
120
140
C SI SPI TAI TAPI TRI TRPI
BP
M
TÔNUS SIMPÁTICO TÔNUS VAGAL
†
*†
† ††‡
†
†
*ണ
†$
*
*
†‡
RESULTADOS
57
A avaliação da modulação autonômica do intervalo de pulso e da pressão arterial
sistólica pode ser observada na Tabela 2.
Após o IM, os animais do grupo SI apresentaram prejuízo da variabilidade do
intervalo de pulso, evidenciada pelos parâmetros de variância do intervalo de pulso (Var-
PI), raiz quadrada da média das diferenças dos intervalos RR sucessivos (RMSSD),
bandas de baixa (BF) e alta (AF) frequências, bem como do balanço autonômico (BF/AF)
quando comparados ao grupo C. No entanto, o treinamento físico aeróbico realizado
previamente ao IM foi capaz de prevenir tais alterações, conforme mostrado no grupo
TAI.
Em relação à avaliação da variabilidade da PA sistólica, o grupo SI mostrou
valores aumentados da banda de BF (indicativa de modulação simpática periférica), bem
como redução do índice alfa (representativo do barorreflexo espontâneo) em relação ao
grupo C. No entanto, o grupo TAI apresentou melhores valores desses parâmetros quando
comparado ao grupo I (Tabela 2).
RESULTADOS
58
Tabela 2. Variabilidade do intervalo de pulso e da pressão arterial sistólica nos
grupos Controle Sham (C)Sedentário + infarto (SI), Sedentário + PIR + infarto (SPI),
Treinamento aeróbico + infarto (TAI), Treinamento aeróbico + PIR + infarto
(TAPI), Treinamento resistido + infarto (TRI), Treinamento resistido + PIR + infarto
(TRPI).
C I PI TAI TAPI TRI TRPI
DP-IP (bpm) 11,1±0,8 9,0±0,8 7,8±0,4 10,7±1,4 9,6±0,6 7,9±0,9 8,8±0,4
Var-IP (ms2) 116±17 23±3* 61±6 108±21† 100±13† 75±15 80±8
RMSSD (ms2) 6,6±0,2 4,3±0,2* 5,9±0,3 8,4±0,6†‡ 8,2±0,3†‡ 6,7±0,8† 6,8±0,2†
BF (ms2) 5,8±1 0,8±0,1* 3,0±0,8 6,3±0,9† 5,7±0,9† 3,7±0,9 6,9±0,9†‡
BF (%) 26,7±2,6 14,9±1,4 22,3±3,1 27,3±3,3 30,1±2,8 21,8±4,1 30,1±5,5
AF (ms2) 15±1 4,6±0,3* 12,5±0,9† 16±1,4† 15,2±1,1† 10,7±2,5† 12,4±1,1†
AF (%) 73,2±2,7 85,1±1,4 77,3±3,0 72,6±3,3 66,2±6,6 69,9±9,2 73,1±6,2
BF/AF 0,38±0,05 0,18±0,02 0,31±0,06 0,39±0,06 0,44±0,08 0,32±0,09 0,58±0,08†
Var-PAS
(mmHg2)
28,9±3 29,4±6 31,3±4 25,9±2 20,2±2,8 17,1±3,1 16,6±2,6
BF (mmHg2) 5,8±0,6 7,5±1,0 5,9±0,8 4,0±0,3† 3,8±0,2† 4,3±0,2† 4,1±0,5†
Índice Alfa
(BF, ms/mmHg)
1,0±0,1 0,4±0,04* 0,8±0,07 1,4±0,20†‡ 1,1±0,10† 1,1±0,20† 1,4±0,1†‡
RESULTADOS
59
Valores expressos como média ± EPM. ANOVA de dois caminhos e pós-hoc de
Bonferroni. DP-IP - Desvio padrão do intervalo de pulso; Var-PI - Variância do intervalo
de pulso; RMSSD - Raiz quadrada da média das diferenças dos intervalos RR sucessivos;
BF - Banda de baixa frequência; AF - Banda de alta frequência; Var-PAS – variância da
pressão arterial sistólica; BF - Banda de baixa frequência; Índice Alfa – barorreflexo
espontâneo. * P<0,05 vs. C; † P<0,05 vs. SI; ‡ P<0,05 vs. SPI.
4.6. Concentração de citocinas inflamatórias
As avaliações das citocinas inflamatórias, foram realizadas somente no ventrículo
esquerdo e no sóleo dos animais. Podendo observar que as concentrações de IFN-γ
(Figura 12) e IL-6 (Figura 13) estavam aumentados no grupo SI em relação ao C. O
tratamento com piridostigmina e os treinamentos físicos aeróbico e resistido, previamente
ao IM, foram eficazes em prevenir o aumento de IFN-γ e IL-6 nos grupos SPI (só o IFN-
γ), TAI, TRI e TRPI em relação ao SI. No entanto, o grupo TAPI apresentou redução
adicional dos níveis de IFN-γ em relação aos grupos C, SI, SPI, TAI e TRI. No que tange
aos valores de IL-6, ambos os grupos treinados e tratados (TAPI e TRPI) apresentaram
redução dessa citocina em relação a todos os grupos experimentais.
Os níveis de IL-1β (Figura 14) foram reduzidos nos grupos TAI em relação ao SI.
Já os grupos TAPI e TRPI mostraram redução adicional dessa variável em relação aos
grupos C, SI e SPI. O grupo TRI evidenciou uma redução da IL-1β em comparação aos
grupos SI e SPI.
Em relação ao TNF-α (Figura 15), os animais TAI apresentaram uma redução dos
níveis dessa citocina em relação ao grupo SPI. Já o grupo TRI, mostrou diferenças com
os grupos SI, SPI e TAI. Por outro lado, os grupos treinados e tratados (TAPI e TRPI)
RESULTADOS
60
mostraram redução adicional dessa variável em relação aos grupos C, SI, SPI, bem como
se comparados aos seus respectivos controles não tratados (TAI e TRI, respectivamente).
A concentração de IL-10 (Figura 16) foi aumentada no grupo SPI quando
comparado aos grupos C e SI. Os grupos TAI e TRI evidenciaram uma redução dessa
variável se comparados aos grupos SI e SPI. Já nos grupos TAPI e TRPI, foram
observadas reduções dos níveis de IL-10 em relação ao C, SI e SPI. No entanto, vale
ressaltar que o grupo TRPI apresentou uma redução adicional dessa variável em
comparação ao TAI e TRI.
Figura 12. Concentração de IFN-γ – interferon gama no ventrículo esquerdo dos
grupos Controle Sham (C), Sedentário + infarto (SI), Sedentário + PIR + infarto
(SPI), Treinamento aeróbico + infarto (TAI), Treinamento aeróbico + PIR + infarto
(TAPI), Treinamento resistido + infarto (TRI), Treinamento resistido + PIR +
infarto (TRPI). * P<0,05 vs. C; † P<0,05 vs. SI; ‡ P<0,05 vs. SPI; ¥ P<0,05 vs. TAI;
£ vs. TAPI; $ P<0,05 vs. TRI.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
C SI SPI TAI TAPI TRI TRPI
pg
/ g
pro
t
*
††
*†‡¥
†£ †
RESULTADOS
61
Figura 13. Concentração de IL-6 – interleucina 6 no ventrículo esquerdo dos grupos
Controle Sham (C), Sedentário + infarto (SI), Sedentário + PIR + infarto (SPI),
Treinamento aeróbico + infarto (TAI), Treinamento aeróbico + PIR + infarto
(TAPI), Treinamento resistido + infarto (TRI), Treinamento resistido + PIR +
infarto (TRPI). * P<0,05 vs. C; † P<0,05 vs. SI; ‡ P<0,05 vs. SPI; ¥ P<0,05 vs. TAI;
£ vs. TAPI; $ P<0,05 vs. TRI.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
C SI SPI TAI TAPI TRI TRPI
*
†
*†‡¥
†‡£
*†‡¥$
pg
/ g p
rot
RESULTADOS
62
Figura 14. Concentração de IL-1β – interleucina 1 beta no ventrículo esquerdo dos
grupos Controle Sham (C), Sedentário + infarto (SI), Sedentário + PIR + infarto
(SPI), Treinamento aeróbico + infarto (TAI), Treinamento aeróbico + PIR + infarto
(TAPI), Treinamento resistido + infarto (TRI), Treinamento resistido + PIR +
infarto (TRPI). * P<0,05 vs. C; † P<0,05 vs. SI; ‡ P<0,05 vs. SPI.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
C SI SPI TAI TAPI TRI TRPI
†
*†‡
†‡
*†‡
pg/
g p
rot
RESULTADOS
63
Figura 15. Concentração de TNF-α – fator de necrose tumoral alfa no ventrículo
esquerdo dos grupos Controle Sham (C), Sedentário + infarto (SI), Sedentário + PIR
+ infarto (SPI), Treinamento aeróbico + infarto (TAI), Treinamento aeróbico + PIR
+ infarto (TAPI), Treinamento resistido + infarto (TRI), Treinamento resistido +
PIR + infarto (TRPI). * P<0,05 vs. C; † P<0,05 vs. SI; ‡ P<0,05 vs. SPI; ¥ P<0,05 vs.
TAI; £ vs. TAPI; $ P<0,05 vs. TRI.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
C SI SPI TAI TAPI TRI TRPI
‡
*†‡¥
†‡£
*†‡¥$
pg
/ g p
rot
RESULTADOS
64
Figura 16. Concentração de IL-10 – interleucina 10 no ventrículo esquerdo dos
grupos Controle Sham (C), Sedentário + infarto (SI), Sedentário + PIR + infarto
(SPI), Treinamento aeróbico + infarto (TAI), Treinamento aeróbico + PIR + infarto
(TAPI), Treinamento resistido + infarto (TRI), Treinamento resistido + PIR +
infarto (TRPI). * P<0,05 vs. C; † P<0,05 vs. SI; ‡ P<0,05 vs. SPI; ¥ P<0,05 vs. TAI;
£ vs. TAPI; $ P<0,05 vs. TRI.
Em relação ao sóleo, a expressão de IFN- oi reduzida nos grupos TAI, TAPI e
TRI em comparação aos grupos não treinados (C, SI e SPI). No entanto, houve aumente
significante no grupo TRPI em elação aos grupos TAI, TAPI e TRI.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
C SI SPI TAI TAPI TRI TRPI
*†
†‡
*†‡
†‡
*†‡¥$
pg
/ g p
rot
RESULTADOS
65
Figura 17. Concentração de IFN-γ – interferon gama no Sóleo dos grupos Controle
Sham (C), Sedentário + infarto (SI), Sedentário + PIR + infarto (SPI), Treinamento
aeróbico + infarto (TAI), Treinamento aeróbico + PIR + infarto (TAPI),
Treinamento resistido + infarto (TRI), Treinamento resistido + PIR + infarto
(TRPI). * P<0,05 vs. C; † P<0,05 vs. SI; ‡ P<0,05 vs. SPI; ¥ P<0,05 vs. TAI; £ vs.
TAPI; $ P<0,05 vs. TRI.
Já na IL-6 e IL1- (Figura 18 e 19, respectivamente) os grupos associação TAPI
e TRPI diminuíram em relação aos grupos C, SI e SPI, mas vale ressaltar que os grupos
treinamento isolado (TAI e TRI) apresentaram redução acentuada em relação aos
demais.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
C SI SPI TAI TAPI TRI TRPI
pg/µ
g p
rot
*†‡
‡
*†‡
¥£$
RESULTADOS
66
Figura 18. Concentração de IL-6 – interleucina 6 no sóleo dos grupos Controle Sham
(C), Sedentário + infarto (SI), Sedentário + PIR + infarto (SPI), Treinamento
aeróbico + infarto (TAI), Treinamento aeróbico + PIR + infarto (TAPI),
Treinamento resistido + infarto (TRI), Treinamento resistido + PIR + infarto
(TRPI). * P<0,05 vs. C; † P<0,05 vs. SI; ‡ P<0,05 vs. SPI; ¥ P<0,05 vs. TAI; £ vs.
TAPI; $ P<0,05 vs. TRI.
Figura 19. Concentração de IL-1β – interleucina 1 beta no sóleo dos grupos Controle
Sham (C), Sedentário + infarto (SI), Sedentário + PIR + infarto (SPI), Treinamento
0
15
30
45
C SI SPI TAI TAPI TRI TRPI
pg/µ
g p
rot
*†‡
†‡¥
*†‡£
*†‡¥$
0
20
40
60
80
100
120
140
C SI SPI TAI TAPI TRI TRPI
pg/µ
g p
rot *
*
*†‡
†‡¥
*†‡£
†‡¥$
RESULTADOS
67
aeróbico + infarto (TAI), Treinamento aeróbico + PIR + infarto (TAPI),
Treinamento resistido + infarto (TRI), Treinamento resistido + PIR + infarto
(TRPI). * P<0,05 vs. C; † P<0,05 vs. SI; ‡ P<0,05 vs. SPI.
Nos resultados de TNF-α e IL-10, o grupo SPI e TRI tiveram aumento em ambas
em relação aos demais grupos. No entanto, o grupo SPI com aumento adicional.
Figura 20. Concentração de TNF-α – fator de necrose tumoral alfa no sóleo dos
grupos Controle Sham (C), Sedentário + infarto (SI), Sedentário + PIR + infarto
(SPI), Treinamento aeróbico + infarto (TAI), Treinamento aeróbico + PIR + infarto
(TAPI), Treinamento resistido + infarto (TRI), Treinamento resistido + PIR +
infarto (TRPI). *P<0,05 vs. C; † P<0,05 vs. SI; ‡ P<0,05 vs. SPI; ¥ P<0,05 vs. TAI; £
vs. TAPI; $ P<0,05 vs. TRI.
0
5
10
15
20
25
C SI SPI TAI TAPI TRI TRPI
pg/µ
g p
rot
*†
‡ ‡
*ണ
‡$
RESULTADOS
68
Figura 21. Concentração de IL-10 – interleucina 10 no sóleo dos grupos Controle
Sham (C), Sedentário + infarto (SI), Sedentário + PIR + infarto (SPI), Treinamento
aeróbico + infarto (TAI), Treinamento aeróbico + PIR + infarto (TAPI),
Treinamento resistido + infarto (TRI), Treinamento resistido + PIR + infarto
(TRPI). * P<0,05 vs. C; † P<0,05 vs. SI; ‡ P<0,05 vs. SPI; ¥ P<0,05 vs. TAI; £ vs.
TAPI; $ P<0,05 vs. TRI.
Na relação IL-10/TNF-α no ventrículo esquerdo, representados na Figura 22, os
grupos associação (TAPI e TRPI) apresentaram aumento adicional em relação ao
grupos C, SI, SPI, Tai e TRI. Enquanto o grupo TRI estava reduzido quando comparado
ao TAPI. Já no tecido muscular (sóleo) houve aumento em todos os grupos
experimentais (SPI, TAI, TAPI, TRI, TRPI) em relação aos controle (C e Si), sendo que
o treinamento aeróbio isolado (TAI) teve aumento adicional em relação aos demais
grupos.
0
5
10
15
20
C SI SPI TAI TAPI TRI TRPI
pg/µ
g p
rot
*†
‡
‡‡
‡¥
RESULTADOS
69
Figura 22. Relação IL-10/ TNF-α no ventrículo esquerdo (VE) e no sóleo dos grupos
Controle Sham (C), Sedentário + infarto (SI), Sedentário + PIR + infarto (SPI),
Treinamento aeróbico + infarto (TAI), Treinamento aeróbico + PIR + infarto
(TAPI), Treinamento resistido + infarto (TRI), Treinamento resistido + PIR +
infarto (TRPI). * P<0,05 vs. C; † P<0,05 vs. SI; ‡ P<0,05 vs. SPI; ¥ P<0,05 vs. TAI;
£ vs. TAPI; $ P<0,05 vs. TRI.
Para avaliar o perfil inflamatório sistêmico foram analisadas interleucinas no soro.
E como resultado, houve redução significante da IL- 6 nos grupos tratados (SPI, TAPI e
TRPI) com redução adicional evidenciada no grupo SPI. Sendo que somente os grupos
SI e TRI apresentaram redução da IL-10, enquanto os grupos associação (TAPI e TRPI)
apresentaram aumento significante dessa varável.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
VE SÓLEO
C SI SPI TAI TAPI TRI TRPI
†
*†‡
†¥
*‡¥£¥$
*†
£
*
RESULTADOS
70
Figura 23. Concentração de IL-6 – Interleucina 6 no soro dos grupos Controle Sham
(C), Sedentário + infarto (SI), Sedentário + PIR + infarto (SPI), Treinamento
aeróbico + infarto (TAI), Treinamento aeróbico + PIR + infarto (TAPI),
Treinamento resistido + infarto (TRI), Treinamento resistido + PIR + infarto
(TRPI). * P<0,05 vs. C; † P<0,05 vs. SI; ‡ P<0,05 vs. SPI; ¥ P<0,05 vs. TAI; £ vs.
TAPI; $ P<0,05 vs. TRI.
0
0,5
1
1,5
2
C SI SPI TAI TAPI TRI TRPI
pg/µ
g p
rot
*†
†‡
*†¥†‡
*†‡¥
RESULTADOS
71
Figura 24. Concentração de IL-10 – Interleucina 10 no soro dos grupos Controle
Sham (C), Sedentário + infarto (SI), Sedentário + PIR + infarto (SPI), Treinamento
aeróbico + infarto (TAI), Treinamento aeróbico + PIR + infarto (TAPI),
Treinamento resistido + infarto (TRI), Treinamento resistido + PIR + infarto
(TRPI). * P<0,05 vs. C; † P<0,05 vs. SI; ‡ P<0,05 vs. SPI; ¥ P<0,05 vs. TAI; £ vs.
TAPI; $ P<0,05 vs. TRI.
0
0,05
0,1
0,15
0,2
C SI SPI TAI TAPI TRI TRPI
pg/µ
g p
rot
*
†
£
†$
DISCUSSÃO
72
5. DISCUSSÃO
Este estudo avaliou os efeitos preventivos da estimulação colinérgica por
tratamento com brometo de piridostigmina associado ou não ao treinamento físico
aeróbio/resistido em ratos submetidos ao infarto do miocárdio sobre a função autonômica
cardiovascular, função ventricular e marcadores inflamatórios. Dessa forma, o
treinamento físico associado com o tratamento farmacológico foi capaz de prevenir os
efeitos deletérios causados pelo infarto do miocárdio, bem como, a diminuição da
capacidade física, da modulação autonômica, com normalização das bandas de baixa e
alta frequência, reduzida da variabilidade da FC e potencializar a sensibilidade
barorreflexa cardíaca, pela aumento da resposta taquicárdica, modificando o
comportamento tônico para o coração, reduzindo a disfunção ventricular, assim como,
marcadores pró-inflamatórios no tecido cardíaco.
O treinamento físico tem sido extensivamente investigado por promover efeitos
positivos, e portanto, reduzir diferentes fatores de risco para doença arterial coronariana.
Por outro lado, a inibição da acetilcolinesterase, por meio do brometo de piridostigmina
também tem sido investigado por apresentar um potencial benéfico em algumas
patologias, dentre elas, a insuficiência cardíaca, no qual tem demonstrado promover
melhora na função cardíaca (97).
Os principais achados do treinamento físico prévio ao infarto do miocárdio foram
que o treinamento aeróbio foi mais eficaz em manter a performance miocárdica e reduzir
o drive simpático adicionalmente ao exercício resistido. No entanto, ambos os
treinamentos apresentaram mecanismos cardioprotetores, uma vez que foram eficientes
em reduzir a hiperatividade simpática, considerando que a variabilidade cardiovascular
em pacientes com insuficiência cardíaca tem sido utilizada como marcador de risco de
eventos arrítmicos graves e de mortes cardíacas associadas disfunção cardíaca (26)(51),
DISCUSSÃO
73
bem como a redução de concentração de citocinas inflamatórias no ventrículo esquerdo.
Ainda que tais efeitos pareçam ser benéficos, o tratamento com o brometo de
piridostigmina foi capaz de melhorar a disfunção ventricular esquerda, assim como as
alterações morfológicas observadas nos ratos infartados.
O infarto do miocárdio, por oclusão coronariana pode gerar uma dilatação
ventricular aguda, caracterizada pela distensão da região infartada. Essa alteração é
consequência do deslizamento de grupos musculares necróticos devido à desintegração
do colágeno interfibrilar, em que também se observa um acúmulo anormal de colágeno
(105), cujas alterações morfológicas levam ao remodelamento cardíaco. Por
consequência, a interrupção do metabolismo aeróbico no coração leva à produção
inadequada de fosfato de creatinina e trifosfato de adenosina e acúmulo de produtos de
degradação. Tais alterações induzidas pelo IM leva a perda de contratilidade e morte de
cardiomiócitos (106). No entanto, tais alterações são potencialmente reversíveis por conta
da morte celular não ser imediata, pois apenas a isquemia intensa, por pelo menos 20-30
minutos, leva a necrose dos cardiomiócitos (107).
Autores já observaram que os exercícios físicos causaram alterações
morfofuncionais. Em que o TF de predomínio aeróbio estimula a hipertrofia cardíaca
excêntrica, que por consequência melhora contratilidade refletindo na função sistólica,
prevenindo assim eventos cardíacos. Enquanto o treinamento de força, em virtude da
sobrecarga de pressão no ventrículo esquerdo, induziu hipertrofia concêntrica, que
resultou em aumento no diâmetro dos miócitos pela adição de novos sarcômeros. No
entanto, ambos tiveram hipertrofia cardíaca fisiológica mediadas pelo treinamento físico
(108 e 109).
DISCUSSÃO
74
Conforme a literatura, o treinamento físico é um importante auxilio na prevenção
e manejo das doenças cardiovasculares por agir em diferentes fatores de risco e assim
prover benefícios inerente ao seu estimulo. Tanto estudos com treinamento de natação ou
em esteira apresentaram importantes resultados, como a ausência de disfunção ventricular
(98), como a atenuação da disfunção cardíaca e da capacidade física (79). O que vale
ressaltar que neste estudo o TF aeróbio também foi capaz de manter a morfologia do
ventrículo esquerdo preservada, o que refletiu na manutenção da função sistólica e
diastólica. Ainda que o TF prévio tenha evitado a amplitude de alguns dos efeitos
deletérios advindos da isquemia miocárdica, tais resultados não são unânimes, isso
porque Brooks et al., (1987) em seu estudo, cujo os animais foram treinados previamente
ao IM, não observou nenhuma alteração responsiva que promovesse cardioproteção
Em relação a inibição da acetilcolinesterase pelo brometo de piridostigmina, que
aumenta a disponibilidade de acetilcolina na fenda sináptica, via receptores muscarínicos
e nicotínicos e inibição da adenilato-ciclase, exerce efeitos inotrópicos positivos ou
negativos, podendo reduzir a contratilidade miocárdica.
Ao que tudo indica, a ausência de consenso a respeito dos desfechos protetores do
TF prévio está relacionada ao tipo de treinamento. Isso porque Freimann (76), depois de
7 dias de treinamento de natação (aeróbio) observou redução na área de infarto, assim
como redução do colágeno por diminuição da apoptose (9), que por sua vez está
relacionada ao aumento de colaterais que promove a alteração do fenótipo cardíaco. No
entanto, nem o protocolo de TF aeróbio e nem o TF resistido aplicado em nosso estudo
foram eficientes em reduzir a área de IM. Embora os grupos que foram tratados e
treinados com o brometo de piridostigmina apresentaram uma menor área de infarto.
DISCUSSÃO
75
No que tange o TF resistido houve um aumento da espessura relativa da parede e
da massa do VE por características do tipo de treinamento, ainda que o aplicado neste
estudo tenha sido treinamento resistido dinâmico. Caracterizada uma hipertrofia
ventricular, os grupos resistidos não mantiveram função sistólica normalizadas,
observado pela redução da fração da ejeção e aumento da relação E/A.
Tais adaptações advindas do TF podem estar relacionadas ao volume de
treinamento e entre os tipos, aeróbio e resistido. Isso porque estudo anterior do nosso
grupo (29), cujo o TF resistido foi de alta intensidade (80%) apresentou um aumento de
miócitos do VE e da expressão de SERCA2.
Neste protocolo experimental observamos que os grupos tratados com o brometo
de piridostigmina apresentaram menor incidência de isquemia, com menor área de IM.
Isso porque o aumento da biodisponibilidade da acetilcolina estaria associada a
diminuição da expressão de colágeno, o que contribui para a preservação dos
cardiomiócitos (100). Corroborando com a literatura, observamos também que a
administração do fármaco potencializou a redução do remodelamento e da disfunção
ventricular esquerda (101). Isso porque ambos TF associados ao tratamento
farmacológico apresentaram efeitos semelhantes tanto nas alterações morfométricas,
como funcionais.
A redução da área de IM também pode estar associada a bradicardia observada
nos grupos treinados associado ao brometo de piridostigmina. Isso porque, a estimulação
colinérgica aumentou a disponibilidade de acetilcolina no nó sinusal, que tem como
função iniciar o potencial de ação celular. Com a bradicardia, o período diastólico
aumenta, aumentando assim a perfusão coronariana. Esse aumento da reserva coronariana
DISCUSSÃO
76
ocasionada pelo TF prévio e com a estimulação colinérgica pode ter contribuído para um
melhor remodelamento cardíaco.
Neste estudo experimental, a cirurgia para a ligadura da artéria coronária
descendente anterior, ao provocar uma isquemia, levou a uma lesão do tecido cardíaco,
estabelecendo o infarto do miocárdio, caracterizado por uma redução da função sistólica
e da sensibilidade barorreflexa. Esta alteração no valor basal da FC está associada as
alterações significativas nos parâmetros de variabilidade cardiovascular. O tratamento
com brometo de piridostigmina modificou o comportamento da FC basal, mas não o da
PA, tanto em animais sedentários tratados, como treinados associados ao tratamento
farmacológico. Soares et al (2004) e Rocha et al. (2016) também encontraram redução da
FC em ratos saudáveis tratados com inibidor da acetilcolinesterase. Essa diminuição da
FC indica um deslocamento do controle autonômico cardíaco em direção a um
predomínio da atividade parassimpática e/ou uma atenuação da atividade simpática
cardíaca, ainda que não tenha alterado a frequência cardíaca intrínseca desses animais,
sendo que nos estudos anteriormente citados, ambos encontraram diferença na frequência
cardíaca intrínseca.
A possibilidade de deslocamento do controle autonômico se apresenta pela
alteração dos valores absolutos dos dois componentes espectrais de maior interesse, como
aumento da banda de alta frequência, representativa de modulação parassimpática, e
significativa redução da banda de baixa frequência, representativa de modulação
simpática em todos os grupos experimentais (tratados e/ou treinados), embora a relação
BF/AF esteja inalterada. No domínio do tempo, uma redução da variância ou do desvio
padrão (RMSSD - a raiz quadrada da variância) dos intervalos RR, é indicativa de uma
modulação vagal diminuída (26), o que foi expressivamente observada neste estudo.
Ainda que haja variabilidade individual dos parâmetros espectrais de variabilidade da
DISCUSSÃO
77
frequência cardíaca em ratos (117), a indução do infarto nos animais sedentários que não
foram tratados com brometo de piridostigmina e nem submetidos a nenhum treinamento
físico, apresentaram diferenças significantes quanto aos valores absolutos da
variabilidade total (VAR-IP), e demais parâmetros, como, os componentes espectrais BF
e AF.
No entanto vale ressaltar, que tais resultados expressivos a respeito da VFC foram
observados nos grupos combinados (treinamento + tratamento), e apenas o valore da
banda de AF estava aumentada no grupo sedentário tratado com brometo de
piridostigmina, indicando uma ação estimulante do fármaco sobre a modulação da
atividade vagal cardíaca por aumentar a biodisponibilidade sináptica de ACh no sistema
nervoso periférico, incluindo o sistema parassimpático (113).
Segundo o TASK FORCE, (1996), tais parâmetros espectrais também tiveram
essas medida em unidades normalizadas, no qual o procedimento de normalização
envolve o cálculo da contribuição relativa das bandas de BF e de AF para variância total.
No entanto, não foram encontradas diferenças estatísticas nos valores normalizados neste
estudo, assim como em trabalhos publicados, em que ratos foram infartados previamente
e a VFC analisada ao longo da evolução da doença, não apresentou alteração (116)(118).
O infarto do miocárdio é caracterizado por uma atividade simpática severamente
deprimida nos valores apresentados, dirigida tanto ao coração quanto aos vasos, bem
como uma reduzida atividade vagal cardíaca (115). A possível explicação para esse
comportamento, em que os valores da banda de BF se apresentam saturados, seria a
reduzida responsividade do nó sinusal ao estimulo simpático ou ainda pela perda do
comportamento oscilatório decorrente da saturação de potenciais de ação conduzidos
pelas fibras simpáticas (114). No presente estudo, esse comportamento também foi
DISCUSSÃO
78
observado, em que os valores representativos de modulação simpática para o coração,
banda de BF estava significantemente reduzido, o qual foi normalizado pela intervenção
do treinamento aeróbio e pela associação com o tratamento farmacológico.
Nossos resultados demonstraram que nenhuma intervenção proposta neste estudo
alterou a FC intrínseca, no entanto, o TF aeróbio aumentou a sensibilidade barorreflexa.
E essa melhora na regulação da sensibilidade barorreflexa pode ter contribuído para
prevenção da hiperatividade simpática cardíaca. Como a sensibilidade barorreflexa está
diminuída nos grupos sedentários, isto reforça a relação entre a diminuição dos
pressorecpetores estarem contribuindo para a saturação da modulação simpática após o
IM.
Ainda que o TF resistido não tenha apresentado melhora na sensibilidade
barorreflexa, a resposta bradicárdica estava aumentada no grupo associação (treinamento
+ tratamento), possivelmente por influência do fármaco, cujas células do nó sinusal que
faz a regulação batimento-a-batimento da frequência cardíaca seja principalmente
controlada pelo nervo vago. Refletindo assim, na modulação parassimpática e do tônus
vagal, devido à sua resposta de transdução de sinal mais rápida por efeito da inibição da
acetilcolinesterase. Tais achados demostram que o treinamento resistido associado ao
brometo de piridostigmina foi eficaz em aumentar os parâmetros representativos de
modulação vagal, como RMSSD, Banda de alta frequência, índice α e tônus vagal.
Tal relação, entre a melhor regulação da sensibilidade barorreflexa associada a
melhor modulação autonômica e tônica para o coração, foi diretamente responsiva ao
treinamento físico, entretanto, o TF aeróbio foi determinante na amplitude dos benefícios,
bem como o tratamento com o brometo de piridostigmina quando associado ao TF
resistido.
DISCUSSÃO
79
Sabemos que o infarto do miocárdio desencadeia uma reação inflamatória, que
por sua vez pode influenciar nas alterações morfofuncionais e que é responsável pelo
reparo cardíaco. A cicatrização do tecido danificado pela morte de cardiomiócitos
induzido pela isquemia passa pela fase inflamatória, que é determinada pela ativação de
quimiocinas e citocinas que vão recrutar leucócitos, neutrófilos e macrófagos para região
necrosada (123). Os macrófagos por sua vez são responsáveis pela remoção das células
mortas e pela liberação de citocinas e fatores de crescimento. Nessa fase, há uma
diminuição dos mediadores inflamatórios e um aumento de fibroblastos e células
endoteliais aumentando a micro vascularização. É postulado que as alterações
moleculares e celulares levam a mudanças estruturais associadas a cicatrização da área
infartada influenciando o remodelamento ventricular (123).
A hipoperfusão miocárdica leva ao desbalanço redox, aumentando as espécies
reativas de oxigênio em que se inicia a desregulação da cascata da inflamação. (103-104).
No entanto, o exercício aeróbio pode contribuir para atenuação da disfunção contrátil, da
necrose e do desbalanço oxidativo advindos do infarto do miocárdio(125). A resposta
positiva ao exercício físico é explicado pela capacidade do músculo cardíaco em adaptar-
se a sobrecarga hemodinâmica mediada pelas respostas citoprotetoras dos miócitos (37).
Dessa forma, observamos que tanto o TF aeróbio, assim como o resistido prévio
impediram o aumento na concentração de citocinas como TNF-α, IFN-, IL-1 e IL-6 no
tecido cardíaco, que por sua vez estão envolvidas no remodelamento cardíaco, assim
como no aumento da função ventricular. No entanto, na literatura, as espécies reativas de
oxigênio produzidas durante o exercício elevam a sinalização de TNF-α e IL-1β, porém
isso se dá na fase tardia da cardioproteção (128). Mas vale ressaltar que neste estudo, os
grupos associados ao brometo de piridostigmina apresentaram redução adicional na
concentração de IFN- e da IL-6. Isso porque o treinamento físico aumenta a atividade
DISCUSSÃO
80
enzimática mitocondrial, induzindo um fenótipo resistente a apoptose (126). Assim, os
efeitos multifuncionais e contraditórios das citocinas dificultam a interpretação do
impacto funcional frente a isquemia miocárdica.
Ou seja, o TF isoladamente se mostrou eficaz em reduzir as concentrações de
marcadores inflamatórios após o IM, no entanto, tal benefício foi potencializado quando
associado os diferentes tipos de TF ao tratamento com o brometo de pridostigmina. A
potencialização observada também foi evidenciada por ROCHA et al (102), cujo o
aumento na estimulação colinérgica pela piridostigmina aumentou o recrutamento de
citocinas anti-inflamatórias após 3 dias do IM, ainda que administração do inibidor de
acelticolinesterase após o IM não tenha alterado a expressão de CD4+ e CD8+ em células
no miocárdio infartado e peri-infartado, mas observaram que houve aumento de
Linfócitos T (células Treg) no sangue periférico (102).
Hanemaaijer et al (1993) sugerem que mediadores inflamatórios e citocinas sejam
regulados centralmente. Contudo, a inibição dos marcadores inflamatórios observados
neste estudo, como a redução do TNF-α observada nos grupos treinados/tratados estaria
relacionada ao aumento do tônus vagal e da banda de alta frequência, representativo de
modulação parassimpática. Isso porque o brometo de piridostigmina faz uma estimulação
seletiva pelo agonista da subunidade α-7 do ramo periférico da via anti-inflamatória
colinérgica. Essa interação foi descrita por Tracey (2002) como “reflexo-inflamatório”,
cuja a proposta é de que a modulação inflamatória deve ocorrer pela ativação eferente do
nervo vagal, liberando ACh que estimula macrófagos inibindo a produção de citocinas
pró-inflamatórias, obtendo como reflexo a resposta parassimpática aos órgão reguladores
do sistema imunológico.
DISCUSSÃO
81
Portanto, além da estimulação vagal, a inibição da acetilcolinesterase também se
mostrou eficaz em reduzir a produção de citocina pró-inflamatórias como demonstrado
em estudo com modelo animal de Sepsi (110). Em que tanto fibras ascendentes como as
descendentes vagais informam ao sistema nervoso central do estado inflamatório dos
tecidos modulando a resposta inflamatória (110).
Recentemente, tem sido questionado que sistema colinérgico anti-inflamatório
tenha como responsável a estimulação vagal mediado pelo baço, uma vez que fibras
colinérgicas não foram encontradas no baço (110). Tal reflexão foi observada pela
presença de receptores α7nAcCoR nos neurônios pós-ganglionares simpáticos do gânglio
celíaco. Assim, a estimulação vagal libera ACh que, via α7nAcCoR, ativa neurónios
simpáticos pós-ganglionares no gânglio celíaco. E como um ciclo, as fibras nervosas
seguem do nervo esplênico modulando a função das células imunes do baço via receptores
adrenérgicos. (110 e 111). Corroborando com os achados de Rocha et al, em que a
regulação celular de linfócitos T, culminando com a liberação de ACh estariam atuando
em macrófagos esplênicos.
Assim, evitando a hiperatividade simpática, mediada pelos receptores β-
adrenérgico, entende-se que estimulação vagal, induzida pelo tratamento com brometo de
piridostigmina produziu um efeito anti-inflamatório por aumento da libertação de
catecolaminas no baço e consequente estimulação de receptores β2 adrenérgicos.
Contudo, a ativação do sistema vagal parece induzir um efeito predominante anti-
inflamatório, ainda que haja uma importante supressão da resposta inflamatória mediada
pelo sistema simpático (110).
Dessa forma, o treinamento físico associado ao fármaco inibidor da
acetilcolinesterase pode ser uma importante ferramenta na manutenção de
DISCUSSÃO
82
barorreceptores no controle do sistema nervoso autonômico cardíaco e no remodelamento
cardíaco, uma vez que a melhora da sensibilidade barorreflexa, simpatoinibidor, foi
correlacionada com o aumento da angiogênese na isquemia miocárdica (102- 21).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
83
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Assim, o efeito preventivo da estimulação colinérgica por brometo de
piridostigmina associado ao treinamento físico sobre a função ventricular e a modulação
autonômica cardiovascular associada a marcadores inflamatórios no modelo animal de
infarto do miocárdio, evidenciaram melhora da capacidade aeróbia, em que também
houve prevenção da perda de capacidade física após IM e no remodelamento ventricular,
onde a associação de treinamento / tratamento reduziu o impacto na disfunção do VE e
na morfometria cardíaca. Assim como, o aumento na modulação vagal devido ao
tratamento com o brometo de piridostigmina associado com o TF sugerem que os efeitos
anti-inflamatórios associados ao fármaco colinérgico são dependentes.
Demonstrando que o tratamento com o brometo de piridostigmina está associado
a melhora da modulação vagal e a menor inflamação tecidual relacionada ao sistema
colinérgico e imunológico. Tais alterações não foram associados a melhora
hemodinâmica, mas com aumento da sensibilidade barorreflexa induzida pelo TF aeróbio
foi possível estabelecer a bradicardia de repouso nos animais treinados.
No presente estudo, o TF resistido, isoladamente, não evidenciou importantes
alterações preventivas ao IM em ratos. No entanto, TF resistido tem demonstrado um
papel importante tanto na composição corporal, como na capacidade física e na qualidade
de vida, prevenindo e atenuando os fatores de risco para as DCV.
Portanto, o treinamento físico associado a inibição da acetilcolinesterase são
estratégias viáveis para futuros ensaios clínicos que podem melhorar os resultados em
pacientes.
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8. ANEXOS