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FACULDADE CAPIVARI - FUCAP
CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
LICENÇA MATERNIDADE E OS ENCARGOS TRABALHISTAS
FRENTE AO ENQUADRAMENTO DE EMPRESAS DO
SIMPLES NACIONAL E LUCRO REAL: Uma análise na empresa
Agro Comercial Afubra Ltda
MAICON CORRÊA MENDES
CAPIVARI DE BAIXO
2014
FACULDADE CAPIVARI - FUCAP
CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
MAICON CORRÊA MENDES
LICENÇA MATERNIDADE E OS ENCARGOS TRABALHISTAS
FRENTE AO ENQUADRAMENTO DE EMPRESAS DO
SIMPLES NACIONAL E LUCRO REAL: Uma análise na empresa
Agro Comercial Afubra Ltda
Trabalho de Conclusão de curso
submetido ao Curso de Graduação de
Ciências Contábeis da Faculdade
Capivari para a obtenção do título de
Bacharel em Ciências Contábeis.
Orientadora: Prof.ª Msc. Paula
Bonifácio Barcelos.
CAPIVARI DE BAIXO
2014
MAICON CORRÊA MENDES
LICENÇA MATERNIDADE E OS ENCARGOS TRABALHISTAS
FRENTE AO ENQUADRAMENTO DE EMPRESAS DO
SIMPLES NACIONAL E LUCRO REAL: Uma análise na empresa
Agro Comercial Afubra Ltda
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para
obtenção do Título de Bacharel em Ciências Contábeis e aprovado em
sua forma final pela Banca Examinadora.
Capivari de Baixo, 10 de Julho de 2014.
_________________________________
Prof.ª Msc. Maria Aparecida Cardozo
Coordenadora do Curso
Banca Examinadora:
________________________________
Prof.ª Esp. Paula Bonifácio Barcelos
Orientadora
Faculdade Capivari
________________________________
Prof.ª Msc. Ana Paula Matias
Membro da banca
Faculdade Capivari
________________________________
Prof. Msc. Roseli Costa Bonifácio
Membro da banca
Faculdade Capivari
DEDICATÓRIA
A meus pais Eloar e Wilmar, que por
muitas vezes me incentivaram nos
momentos de fraqueza, desânimo e
cansaço.
A minha cunhada Ana Paula que
nunca mediu esforços para me ajudar
desde o inicio até o fim deste trabalho
de conclusão de curso.
A minha futura noiva, Angra Paes,
que por muitas vezes me acompanhou
por várias noites e fins de semanas
dando-me força e incentivo.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus que me permitiu ultrapassar todos os
obstáculos à consecução desse trabalho, me dando força e saúde para
superar todas as dificuldades, não somente nesses anos como
universitário, mas em todos os momentos da minha vida.
Agradeço a minha orientadora Paula Bonifácio Barcelos, pelo empenho
dedicado à elaboração e incentivo deste trabalho que além de uma ótima
professora foi também uma ótima amiga.
A todos os professores da Faculdade Capivari, por me proporcionarem o
conhecimento na área contábil, manifestando o caráter do profissional
da contabilidade e pela dedicação que me foi oferecido nesses anos de
graduação.
Meus agradecimentos a todos os meus amigos de sala, em especial a
Raquel, Marina e Paulo, companheiros de trabalhos e também como
irmãos através de uma amizade consolidada diante dos anos passados
juntos e que com certeza irão continuar presentes em minha vida.
A todos os outros amigos e colegas que direta ou indiretamente fizeram
parte da minha formação e por muitas vezes souberam me compreender
nos momentos em que não pude estar presentes em festas e outros
eventos, o meu muito obrigado.
“Que os vossos esforços desafiem as
impossibilidades, lembrai-vos de que
as grandes coisas do homem foram
conquistadas do que parecia
impossível”.
(Charles Chaplin)
RESUMO
O presente Trabalho de Conclusão de Curso versará sobre a licença
maternidade e os encargos sociais e trabalhistas frente ao
enquadramento de empresas do simples nacional e lucro real, realizando
uma análise na empresa Agro Comercial Afubra Ltda. O estudo tem por
objetivo apresentar uma análise entre empresas de lucro real e empresas
de lucro simples no que se refere aos encargos sociais e trabalhistas
recolhidos em relação à colaboradora gestante/parturiente. Para tanto,
utilizaram-se as abordagens quantitativa e qualitativa, os procedimentos
metodológicos exploratório, descritivo e explicativo, e como
procedimentos técnicos as pesquisas bibliográfica, documental e estudo
de caso, realizado na Empresa Agro Comercial Afubra Ltda. A divisão
deste estudo apresenta três partes distintas: na primeira, ocorre a
caracterização da empresa onde se realizou o estudo de caso, qual seja, a
Empresa Agro Comercial Afubra Ltda; na segunda, o embasamento
teórico, com noções básicas de contabilidade e direito do trabalho, com
vistas a proporcionar um melhor entendimento do leitor acerca da
análise realizada; por fim, na terceira parte, apresenta-se, efetivamente, a
análise dos encargos sociais e trabalhistas recolhidos por empresas
enquadradas no Simples Nacional e no Lucro Real para, então, verificar-
se qual a forma mais vantajosa de arrecadação. Após a realização do
embasamento teórico e da análise referida, concluiu-se que seria mais
vantajoso que a empresa Agro Comercial Afubra fosse inscrita na opção
de tributação pelo Simples Nacional, mas devido ao seu faturamento ela
está obrigada a ser tributada pelo Lucro Real. Além disso, constatou-se
que é primordial que a empresa mantenha seus encargos sociais e
trabalhistas e demais obrigações tributárias e previdenciárias em dia, e
para que isso ocorra efetivamente, a presença de um profissional da área
contábil preparado para o desempenho dessas funções é fator essencial.
Palavras-chaves: Colaboradora gestante/parturiente; Encargos e
direitos trabalhistas; Enquadramento tributário de empresas.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Usuários das Informações Contábeis......................................31
Figura 2: Organograma das áreas de atuação do contador.....................33
Figura 3: Organograma da Empresa Agro Comercial Afubra Ltda.......64
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Remuneração e Valor do Salário Família...............................52
Tabela 2: Recolhimento para Contribuição do INSS do Empregado.....56
Tabela 3: Recolhimento para o Imposto de Renda do Empregado........57
Tabela 4: Exemplo de Apuração de Imposto de Renda do Empregado.57
Tabela 5: Demonstração do Cálculo de Folha de Pagamento no Período
de Licença Maternidade da Colaboradora..............................................76
Tabela 6: Demonstração do Cálculo de Folha de Pagamento da
Colaboradora Analisada pelo Lucro Real...............................................77
Tabela 7: Comparativo de Cálculo de Folha de Pagamento entre
Empresa Tributada no Simples Nacional e Lucro Real..........................78
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CFC Conselho Federal de Contabilidade
CNAE Classificação Nacional de Atividades Econômica
CVM Comissão de Valores Mobiliários
FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
FUCAP Faculdade Capivari
GPS Guia da Previdência Social
IBGC Instituto Brasileiro de Governança Corporativa
INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
INSS Instituto Nacional do Seguro Social
NBC Normas Brasileiras de Contabilidade
NCM Nomenclatura Comum do Mercosul
SAT Seguro de Acidente de Trabalho
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas
SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SESC Serviço Social do Comércio
SESI Serviço Social da Indústria
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................25
2 EMBASAMENTO TEÓRICO.........................................................29
2.1 CONTABILIDADE.........................................................................29
2.1.1 SURGIMENTO E EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE..........29
2.1.2 CONCEITO...................................................................................29
2.1.3 OBJETIVO E FINALIDADE DA CONTABILIDADE...............30
2.1.4 ASPECTOS QUALITATIVOS E QUANTITATIVOS DO
PATRIMÔNIO.......................................................................................30
2.1.5 USUÁRIOS DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS.....................30
2.1.6 PRINCÍPIOS DA CONTABILIDADE.........................................31
2.1.6.1 Entidade.....................................................................................31
2.1.6.2 Continuidade.............................................................................31
2.1.6.3 Oportunidade............................................................................32
2.1.6.4 Registro pelo valor original.....................................................32
2.1.6.5 Competência..............................................................................32
2.1.6.6 Prudência...................................................................................32 2.2 ORGANOGRAMA DAS ÁREAS DE ATUAÇÃO DO
PROFISSIONAL CONTÁBIL...............................................................33
2.2.1 Campos de Atuação dos Profissionais Contábeis.....................33
2.2.2 Contador.......................................................................................34
2.2.3 Auditor..........................................................................................35
2.2.4 Analista Financeiro.....................................................................35
2.2.5 Perito Contábil.............................................................................36
2.2.6 Consultor Contábil......................................................................36
2.2.7 Professor de Contabilidade.........................................................36
2.2.8 Cargos Administrativos..............................................................36
2.3 DIREITO DO TRABALHO: NOÇÕES GERAIS E DIREITOS
DA GESTANTE/PUERPERA.............................................................38
2.3.1 HISTÓRICO E CONCEITO DO DIREITO DO TRABALHO....38
2.3.1.1 Conceito de Direito do Trabalho ............................................40
2.4 DIREITO DO TRABALHO E CONSTITUIÇÃO FEDERAL........43
2.5 TUTELAS ESPECÍFICAS DE PROTEÇÃO NO DIREITO DO
TRABALHO..........................................................................................43
2.5.1 Trabalho da Mulher....................................................................44
2.5.2 Licença Maternidade (Constituição Federal x CLT)...............46
2.5.3 Benefícios e Direitos garantidos à gestante/puérpera..............49 2.5.3.1 Estabilidade a Gestante..............................................................49
2.5.3.2 Realização de consultas médicas e exames complementares.....50
2.5.3.3 Intervalo para Amamentação.....................................................50
2.6 BENEFICIOS GARANTIDOS À GESTANTE/PUÉRPERA.........51
2.6.1 Auxílio Creche.............................................................................51
2.6.2 Salário Família.............................................................................51
2.6.3 Bolsa Família Gestante................................................................52
2.7 ENCARGOS SOCIAIS E TRABALHISTAS RELACIONADOS À
GESTANTE/PUÉRPERA......................................................................53
2.7.1 Encargos do empregador............................................................54
2.7.2 Encargos devidos pelo Empregado............................................54
2.7.3 INSS – Instituto Nacional da Seguridade Social.......................55
2.7.4 Imposto de Renda........................................................................56
2.7.5 Fundo de Garantia por Tempo de Serviço................................57
2.8 DESONERAÇÃO DA FOLHA.......................................................59
2.8.1 Conceito........................................................................................60
2.8.2 Enquadramento legal da desoneração.......................................60
3 LICENÇA MATERNIDADE E OS ENCARGOS SOCIAIS E
TRABALHISTAS FRENTE AO ENQUADRAMENTO DE
EMPRESAS DO SIMPLES NACIONAL E LUCRO REAL: Uma
análise na empresa Agro Comercial Afubra Ltda.............................61
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA AGRO COMERCIAL
AFUBRA................................................................................................61
3.1.1 História da Empresa Agro Comercial Afubra Ltda.......................61
3.1.2 Missão, Visão e Princípios............................................................63
3.1.3 Organograma e Organização da Agro Comercial Afubra Ltda.....63
3.1.3.1 Auditoria...................................................................................65
3.1.3.2 Contabilidade............................................................................65
3.1.3.3 Financeiro..................................................................................66
3.1.3.4 Comunicação Social e Marketing............................................67
3.1.3.5 Informática................................................................................68
3.1.3.6 Secretaria...................................................................................69
3.1.3.7 Vendas.......................................................................................69
3.1.3.8 Suprimentos e Compras...........................................................70
3.1.3.9 Marcenaria e Oficina...............................................................71
3.1.3.10 Agrícola e Mutualidade..........................................................71
3.1.3.11 Serviços Gerais e Recursos Humanos...................................72 3.2 APURAÇÃO TRIBUTÁRIA...........................................................73
3.3 SIMPLES NACIONAL....................................................................73
3.4 LUCRO REAL.................................................................................74
3.5 ESTUDO DE CASO DOS ENCARGOS SOCIAIS E
TRABALHISTAS RECOLHIDOS PELO EMPREGADOR – SIMPLES
NACIONAL E LUCRO REAL – EM RELAÇÃO À
COLABORADORA GESTANTE/PARTURIENTES..........................75
3.5.1 Análise e prognóstico...................................................................75 3.5.1.1 Análise pelo Simples Nacional...................................................76
3.5.2 Análise pelo Lucro Real..............................................................77
3.5.3 Análise pelo Lucro Real com a Desoneração da Folha de
Pagamento.............................................................................................77
3.5.4 Comparativo entre Simples e Lucro Real ...............................78
CONCLUSÃO.......................................................................................81
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................85
25
1 INTRODUÇÃO
A contabilidade surgiu pela necessidade de o homem obter
informações econômicas e financeiras a respeito dos seus negócios.
Possui um potencial enorme, pois todos os fatos que são passiveis de
expressão monetária podem ser agrupados dentro dessa área,
objetivando uma visão sistêmica da situação da empresa.
O sucesso ou o fracasso de uma empresa está diretamente
relacionado ao seu capital humano, ou seja, a energia humana é que
moverá a empresa impulsionando para uma trajetória de bom convívio
com seus colaboradores e gestores. Além disso, é a união da
contabilidade com o direito trabalhista que irá unificar o bom
funcionamento da organização entre seus setores.
Numa visão holística, este estudo tem como analisar, assim como
demonstrar e orientar colaboradores, estudantes e demais interessados
no tema, acerca da necessidade de unificação da contabilidade e do
direito do trabalho, especialmente quanto aos direitos trabalhistas da
colaboradora gestante/parturiente e seus reflexos na contabilidade de
uma empresa.
Especificamente, o tema central do presente trabalho de
conclusão de curso é a realização de uma análise dos encargos sociais e
trabalhistas, recolhidos por empresas de Simples Nacional e Lucro Real
em relação á colaboradora gestante/puépera, para se demonstrar qual
enquadramento tributário mostra-se mais vantajoso ao empregador.
Serão tratados os direitos garantidos a colaboradora no momento em que
se encontra no período gestacional e também após o nascimento do seu
bebê, buscando responder ao seguinte questionamento: “Qual a
diferença dos encargos sociais e trabalhistas recolhidos em relação à
colaboradora gestante/parturiente em empresas de lucro real e em
empresas de lucro simples nacional?”.
Como objetivo geral, este estudo trata-se de comparar o
recolhimento de encargos sociais e trabalhistas em relação á
colaboradora gestante/parturiente no regime de tributação do Lucro Real
e no Simples Nacional. Este objetivo desdobra-se em outros três
específicos, quais sejam: caracteriza a empresa Agro Comercial Afubra
Ltda; apresentar noções básicas sobre contabilidade e direito trabalhista
e previdenciário, e analisar os encargos sociais e trabalhistas recolhidos
por empresas de Simples Nacional e Lucro Real, para verificar qual
enquadramento tributário é mais vantajoso ao empregador.
26
A escolha do tema apresentado deu-se em função da necessidade
de obter maiores informações acerca das peculiaridades da colaboradora
gestante/parturiente, considerando-se o fato do pesquisador deste
trabalho de conclusão de curso ser responsável pelo setor de recursos
humanos da empresa que forneceu dados para a realização deste estudo.
Além disso, verificando-se a função social de um estudo acadêmico, a
mulher gestante/parturiente muitas vezes possui dúvidas acerca de seus
direitos trabalhistas e/ou previdenciários. Da mesma forma, existem
empresários que de alguma forma não possuem o conhecimento da lei e
dos custos no período gestacional, e puerperal, de sua colaboradora. Na
esfera acadêmica, justifica-se este estudo pela ausência de trabalhos
específicos na área, considerando-se que muitas empresas possuem
colaboradoras gestantes/parturientes, e buscam profissionais nas
instituições de ensino superior.
Por sua vez, quanto à metodologia, será utilizada a abordagem
qualitativa: trata-se basicamente do conjunto de técnicas a ser adotada
para construir uma realidade, sendo o caminho do pensamento a ser
seguido ocupando um lugar central na teoria. (MINAYO, 2003)
Os procedimentos metodológicos serão exploratório e descritivo,
sendo que os dados utilizados para a elaboração do presente trabalho
foram fornecidos pela empresa Agro Comercial Afubra Ltda, situada na
Avenida Patrício Lima 1061 – Bairro Humaitá, na Cidade de Tubarão,
fundada m 30 de Abril de 1975. A empresa referida atua no ramo de
comércio varejista, atendo às necessidades de seus clientes com ótimos
preços e um atendimento diferenciado, com intuito de proporcionar o
bem estar de seus clientes e associados.
Como procedimentos técnicos de pesquisa serão utilizados as
pesquisas bibliográfica, do tipo estudo de caso, senão vejamos:
bibliográfica, com base no material constituído de livros e
principalmente dos dados fornecidos pela empresa Agro Comercial
Afubra Ltda; e estudo de caso, por intermédio da análise conjunta dos
dados fornecidos pela empresa estudada e os referenciais teóricos e
normas correlacionadas.
Com vistas a fornecer melhor entendimento e compreensão do
leitor acerca deste trabalho de conclusão de curso, divide-se o presente
em três capítulos. No primeiro, será apresentada a caracterização da
Empresa Agro Comercial Afubra Ltda, responsável pelo fornecimento
dos dados técnicos da pesquisa. Já no segundo capítulo, iniciar-se-á o
embasamento teórico do trabalho, com abordagem específica na
Contabilidade, abordando seus principais aspectos. Por sua vez, no
terceiro capítulo, também parte integrante do embasamento teórico,
27
serão abordados os aspectos do Direito do Trabalho indispensáveis ao
entendimento do tema central do presente. Por fim, no quarto e último
capítulo, será realizada a análise conjunta dos dados fornecidos pela
empresa estudada e os referenciais teóricos e normas correlacionadas,
respondendo, dessa forma, ao problema-chave deste trabalho de
conclusão de curso.
29
2 EMBASAMENTO TEÓRICO
No que concerne ao embasamento teórico, serão apresentadas
noções gerais sobre a contabilidade, incluindo seu histórico, seus
princípios, as áreas de atuação do profissional contábil, entre outros.
Diante disso, também serão abordadas noções gerais de Direito do
Trabalho.
Considerando que os dados analisados fornecidos pela empresa
Agro Comercial Afubra Ltda, torna-se imprescindível apresentar sua
caracterização.
2.1 CONTABILIDADE
Neste capítulo será realizado estudo na contabilidade geral.
2.1.1 SURGIMENTO E EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE
Há relatos que as primeiras manifestações contábeis datam de
cerca de 2.000 A.C, com os sumérios. Num mercado baseado na troca
de mercadorias, a contabilidade servia para definir quanto alguém
possuía de uma determinada mercadoria e qual o valor de troca dessa
mercadoria em relação a outra.
A contabilidade no Brasil deve início a partir do ano de 1.500,
com o descobrimento do Brasil, o novo país começaria a escrever uma
parte da história da contabilidade. Somente muitos anos depois, a partir
de 1.770, que surge a primeira regulamentação da profissão contábil em
terras brasileiras, quando Dom José, rei de Portugal, expede a carta de
lei a todos os domínios lusitanos.
Neste documento, dentre outras regulamentações, fica
estabelecida a obrigatoriedade de registro da matrícula de todos os
guarda-livros na junta comercial. E com o passar dos anos o profissional
da área contábil foi se aperfeiçoando e procurando novas técnicas de
trabalho junto à legislação.
2.1.2 CONCEITO
A contabilidade é o instrumento que fornece o máximo de
informações úteis para a tomada de decisões dentro e fora da empresa.
Ela é muito antiga e sempre existiu para auxiliar as pessoas a tomarem
decisões. Com o passar do tempo, o governo começa a utilizar-se dela
30
para arrecadar impostos e a torna obrigatória para a maioria das
empresas. A Contabilidade não deve ser feita visando basicamente
atender ás exigências do governo, mas sim também auxiliar as pessoas a
tomarem decisões.(Marion, 2008)
Todas as movimentações contábeis são registradas pela
contabilidade, que, em seguida, resume os dados registrados em forma
de relatórios e os entrega aos interessados em conhecer a situação da
empresa. Esses interessados, através de relatórios contábeis, recordam
os fatos acontecidos, analisam os resultados obtidos, as causas que
levaram aqueles resultados e tomam decisões em relação ao
futuro.(Marion, 2008)
2.1.3 OBJETIVO E FINALIDADE DA CONTABILIDADE
O objetivo da contabilidade é o estudo e o controle do patrimônio
e de suas variações visando ao fornecimento de informações que sejam
uteis para a tomada de decisões econômicas.(Ribeiro, 2011)
Dentre as informações destacam-se aquelas de natureza
econômica e financeira. As de natureza econômica compreendem,
principalmente, os fluxos de receitas e de despesas, que geram lucros ou
prejuízos, e são responsáveis pelas variações no patrimônio liquido. As
de natureza financeira abrangem principalmente os fluxos de caixa e do
capital de giro. E por fim sua principal final idade é de permiti r
a obtenção de informações financeiras da entidade.(Ribeiro, 2011)
2.1.4 ASPECTOS QUALITATIVOS E QUANTITATIVOS DO
PATRIMÔNIO
A contabilidade estuda o patrimônio nos seus aspectos
qualitativos e quantitativos. O aspecto qualitativo refere-se á expressão
dos componentes patrimoniais segundo a natureza de cada um. O
aspecto quantitativo refere-se á expressão dos componentes patrimoniais
em termos monetários.
2.1.5 USUÁRIOS DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS
Compreendem todas as pessoas físicas ou jurídicas que, direta ou
indiretamente, tenham interesse na avaliação da situação e do
31
desenvolvimento da entidade, como titulares (empresas individuais),
sócios ou acionistas (empresa societárias), administradores, governo
(fisco), fornecedores, clientes, investidores que atuam no mercado de
capitais, bancos etc.(Marion, 2008)
Figura 1: Usuários das Informações Contábeis
Fonte: Elaborado pelo autor.
2.1.6 PRINCÍPIOS DA CONTABILIDADE
A resolução do CFC n° 1.282/2010 dispõe sobre os PC
(Princípios de Contabilidade) e é composta dos seguintes princípios:
entidade, continuidade, oportunidade, registro pelo valor original,
atualização monetária, competência e prudência.
Considerando-se a importância dos princípios para a ciência
contábil, esse serão abordado individualmente. (Marion, 2008)
2.1.6.1 Entidade
O princípio da entidade reconhece o Patrimônio como objeto da
Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da
diferenciação de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios
existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto
de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou
finalidade, com ou sem fins lucrativos.
2.1.6.2 Continuidade
32
Segundo este princípio, é possível pressupor que a Entidade
continuará em operação no futuro e, portanto a mensuração e a
apresentação dos componentes do patrimônio levam em conta esta
circunstância.
2.1.6.3 Oportunidade
De acordo com o princípio da oportunidade, todas as variações
que ocorrem no patrimônio de uma entidade deverão ser registradas e
relatadas no momento em que elas ocorrem sendo necessário para
certificar a certeza de sua ocorrência.
2.1.6.4 Registro pelo valor original
Para garantir a obediência ao princípio do registro pelo valor
original, os registros são feitos pelo valor de aquisição do bem ou pelo
custo de fabricação, expressos em moeda corrente do país.
2.1.6.5 Competência
Este princípio está diretamente relacionado ao fato de registrar no
momento certo as vendas e as despesas que pertencem a um período de
tempo.
2.1.6.6 Prudência
O princípio da prudência determina uma posição conservadora do
profissional contábil: se existirem dois valores diferentes de bens e
direitos. Esse princípio tem por objetivo não registrar antecipadamente
nenhum lucro e serve para registrar todas as despesas e perdas que
forem possíveis. Ou seja, nunca permitir que a contabilidade da empresa
indique a existência de lucros que possam estar superestimados pela
adoção de um critério, entre dois ou mais possíveis, que eventualmente
venha a não corresponder à realidade.
33
2.2 ORGANOGRAMA DAS ÁREAS DE ATUAÇÃO DO
PROFISSIONAL CONTÁBIL
Os profissionais contábeis podem, após a devida graduação e
aprovação em exame de suficiência elaborado e aplicado pelo Conselho
Federal de Contabilidade, desempenhar suas atividades em diversas
áreas de atuação. Como forma de apresentar algumas dessas esferas
laborativas, segue abaixo a figura 3, que apresenta um organograma das
áreas de atuação do profissional contábil, e também serão explicadas
algumas dessas áreas de forma mais específica.(Marion, 2008)
Figura 2: Organograma das áreas de atuação do contador
Fonte: Elaborado pelo autor. 2013
2.2.1 Campos de Atuação dos Profissionais Contábeis
A função do contador é produzir informações úteis aos usuários
da Contabilidade para a tomada de decisões. E é uma das áreas que mais
proporcionam oportunidades para o profissional. A contabilidade atua
34
em diversas áreas ela aplica-se a todas as entidades econômicas
administrativas onde se faz o uso da contabilidade.
O profissional de Contabilidade pode atuar nas seguintes áreas:
empresa, acadêmico, órgão público, profissional autônomo. Além disso,
é possível afirmar que o profissional contábil pode desempenhar as
seguintes funções: contador, auditor, analista financeira, perito contábil,
consultor contábil, professor em instituições de ensino superior, além do
desempenho em cargos administrativos.
De forma mais detalhada, em empresas, os contadores podem
atuar como planejador tributário, analista financeiro, contador geral,
auditor interno, contador de custos, contador gerencial e atuário; na área
acadêmica, como professor, pesquisador, escritor, parecerista,
conferencista; em órgãos públicos, o profissional contábil pode
desempenhar as funções de contador público, agente ou auditor fiscal,
tribunal de contas, oficial contador e outros cargos públicos; e como
profissional autônomo, entende-se o profissional contábil que trabalha
como auditor independente, consultor, empresário contábil, perito
contábil e investigador de fraudes.
Segundo Marion (2008) o contador pode atuar nas seguintes
áreas:
2.2.2 Contador
É o profissional que exerce as funções contábeis, com formação
superior do ensino Contábil (Bacharel em Ciências Contábeis) e
aprovação no exame de Suficiência, aplicada pelo Conselho Federal de
Contabilidade. O contador é o responsável pelos seguintes ramos:
Contabilidade Financeira é a contabilidade geral, necessária a
todas as empresas. Fornece informações básicas a seus usuários e é
obrigatória para fins fiscais. A contabilidade Financeira, de acordo com
a área ou a atividade em que é aplicada, recebe várias denominações:
Contabilidade Agrícola (aplicada ás empresas agrícolas); Contabilidade
Bancária (aplicada aos bancos); Contabilidade Comercial (aplicada ás
empresas comerciais); Contabilidade Industrial (aplicada ás indústrias);
e mais Contabilidade Imobiliária, Contabilidade Pastoril, Contabilidade
Publica, Contabilidade de Seguros etc.
35
Contabilidade de Custos: está voltada para o cálculo e a
interpretação dos custos dos bens fabricados ou comercializados, ou dos
serviços prestados pela empresa.
Contabilidade Gerencial: voltada para fins internos, procura
suprir os gerentes de um elenco maior de informações, exclusivamente
para a tomada de decisões. Diferencia-se das contabilidades já
abordadas, pois não se prende aos princípios tradicionais aceitos pelos
contadores. O profissional que exerce a Contabilidade Gerencial
também é conhecido como controller.
2.2.3 Auditor
Outro setor de extrema importância em uma determinada
organização onde o contador desempenha suas funções é a auditoria,
que consiste no exame e na verificação da exatidão dos procedimentos
contábeis. O auditor pode atuar de forma independente ou no controle
interno da instituição, senão vejamos:
Auditor Independente: é o profissional que não é empregado da
empresa em que está realizando o trabalho de Auditoria. É um
profissional liberal, embora possa estar vinculado a uma empresa de
Auditoria. O registro de Auditor Independente é conferido ao Contador
que estiver registrado no Conselho Regional de Contabilidade e tiver o
exercido atividade de Auditoria por período não inferior a cinco anos
(podendo ser reduzido há três anos, após a conclusão do curso de
especialização em Auditoria Contábil, em nível de pós-graduação).
Auditor Interno: é o auditor que é empregado (ou dependente
econômico) da empresa em que faz o exame da Contabilidade e cuida
dos contratos internos da empresa.
2.2.4 Analista Financeiro
O profissional contábil que atua como analista financeira tem
como função analisar a situação econômico-financeira da empresa por
meio dos relatórios fornecidos pela Contabilidade. A referida análise
pode ter os mais diversos fins, tais como medida de desempenho,
concessão de crédito, investimentos etc.
36
2.2.5 Perito Contábil
É a pessoa habilitada profissionalmente registrada em Conselho
Regional de Contabilidade de acordo com a NBC P-2 (Normas
Brasileiras de Contabilidade), onde declara que o perito que exerce
atividade pericial de forma pessoal devendo ser profundo conhecedor,
por suas qualidades e experiências para proceder às perícias contábeis.
A palavra perito vem do Latim peritus, formado do verbo perior, que
quer dizer experimentar, saber por experiência.
A perícia judicial é motivada por uma questão judicial, solicitada
pela justiça. O contador fará uma verificação na exatidão dos registros
contábeis e em outros aspectos – dai a designação do Perito Contábil e
também pode ser nomeado pelo juízo ou contratado pela parte litigante.
2.2.6 Consultor Contábil
Trata-se de profissional que presta serviços de consultoria
especializada no setor contábil e tem por fim identificar e recomendar as
empresas, através de diagnósticos e processos e todas as necessidades
contábeis e financeiras da organização. O consultor contábil é um
profissional de extrema importância para uma empresa, pois é ele quem
auxilia e ajuda o empresário a crescer no mercado, e também gerencia
todas as despesas e o faturamento da entidade. Diante de todo esse
trabalho ele auxilia e opina nas tomadas de decisões econômicas e na
gestão tributária.
2.2.7 Professor de Contabilidade
O profissional contábil com formação adequada pode exercer
funções de magistério junto a instituições de ensino superior, desde que,
além da formação em nível superior, possua pós-graduação, não só na
área Contábil, como também em cursos de Ciências Econômicas, de
Administração, Direito etc.
2.2.8 Cargos Administrativos
Como mencionado anteriormente, o profissional contábil pode
atuar de diferentes maneiras no que se refere a cargos administrativos,
37
dentre eles: Analista Financeiro e de Custos, Tesoureiro, Dirigente
Financeiro e de Custos, Operador do Comércio Exterior, Executivo nas
Áreas de Contabilidade, Administração Financeira e Pessoal, Dirigente
de Empresas ou Empresário.
Nesse contexto, importante destacar que o profissional da área
contábil também desempenha funções no setor pessoal, sendo necessário
prévio conhecimento das leis trabalhistas e previdenciárias e seus
encargos. Considerando-se o tema central do presente trabalho de
conclusão de curso, é imprescindível ressaltar a possibilidade de
desempenho dessa função, assim como a necessidade de conhecimentos
legais do contador.
Essa relação entre o contador, figura indispensável a uma
empresa segundo determinação legal e o setor pessoal é apresentada
para que seja possível perceber, uma vez mais, a importância do
contador para a saúde geral de uma determinada empresa. Diz-se isso
porque o sucesso ou o fracasso de um empreendimento está diretamente
ligado a relação existente entre a administração responsável e o material
humano da instituição, e o contador pode exercer relevante função em
ambos os aspectos.
38
2.3 DIREITO DO TRABALHO: NOÇÕES GERAIS E DIREITOS
DA GESTANTE/PUERPERA
Considerando-se o fato de que o tema central do presente trabalho
de conclusão de curso é a licença maternidade e seus aspectos tributários
na empresa Agro Comercial Afubra Ltda em relação à colaboradora
gestante/parturiente, com a apresentação de um comparativo entre as
empresas de lucro real e lucro simples, faz-se imprescindível a
apresentação de alguns conceitos trabalhista, com vistas a possibilitar
um melhor entendimento ao leitor da presente pesquisa.
2.3.1 HISTÓRICO E CONCEITO DO DIREITO DO TRABALHO
O trabalho humano é responsável pelas transformações e
evolução da sociedade mundial, e a regulamentação do trabalho humano
foi de fundamental importância para a garantia da dignidade da pessoa
humana, tendo em vista a importância do trabalho na vida do homem.
A primeira forma de trabalho na humanidade foi a escravidão, a
qual consistia na prestação de serviços por pessoas subjugadas por
outras, surgindo o trabalho escravo de conquistas de um povo por outro,
como forma de pagamento de dividas ou até mesmo por nascimento ou
filhos de escravos.(MANUS, 2007)
O trabalho escravo, apesar de ser uma relação de posse, entre
pessoas e bens, pois o escravo não era tido como pessoa, mas sim como
objeto, desprovido de quaisquer direitos, foi responsável pelo impulso
inicial da humanidade. (MANUS, 2007)
Após o período da escravidão surge a servidão, na qual o homem,
embora não sendo mais escravo de outro, era escravo da terra. Este
ocorre no período do feudalismo, no qual os senhores feudais davam
proteção política e militar aos chamados vassalos - escravos da terra -
que mesmo não sendo mais escravos, não tinham liberdade uma vez que
dependiam da terra para sobreviver. Em troca de proteção os servos
tinham a obrigação de entregar parte da produção rural aos senhores
feudais. Esse período foi marcado por um extremo desrespeito e
exploração ao servo.(ZAINAGHI, 2008)
Em um terceiro momento surgiram as corporações de oficio,
quando coube ao homem deixar o campo para instalar-se nas áreas
urbanas em torno dos castelos. As corporações de oficio já contavam
com certa organização e existiam três tipos de trabalhadores: os mestres,
os companheiros e os aprendizes. Os mestres dominavam o
39
conhecimento do oficio (ferreiro, marceneiro, carpinteiro etc.) e eram
também os proprietários das oficinas. Os companheiros eram auxiliares
que trabalhavam mediante remuneração paga pelo mestre. Já os
aprendizes eram os menores que ingressavam na corporação para
receberem do mestre os ensinamentos da profissão e, mais tarde
tornarem-se mestres o que dificilmente acontecia com os
companheiros.(ZAINAGHI, 2008)
Nessa época o trabalho era praticado em longas jornadas que iam
do nascer ao pôr-do-sol. Somente em 1789, com a Revolução Francesa e
seus ideais de igualdade, fraternidade e liberdade, é que as corporações
de ofício foram extintas.(ZAINAGHI, 2008)
Além da Revolução Francesa, outra revolução, denominada
Revolução Industrial fez nascer outras formas de trabalho. Foi com o
surgimento da máquina a vapor e das máquinas têxteis que se fez nascer
o trabalho assalariado. Antes o trabalho era exercido nos campos ou
pequenas corporações de ofício, e no período imediatamente posterior às
revoluções mencionadas eram exercidas nas fábricas com grande
quantidade de trabalhadores em um mesmo local, o que fez surgir um
sentimento de revolta pela exploração que lhes eram
impostas.(MANUS, 2007)
Em 1891, a Igreja Católica mostra sua preocupação com as
relações de trabalho passando a demonstrar sua preocupação com os
problemas trabalhistas. (MANUS, 2007)
No início do século XX, há uma verdadeira explosão de leis
tratando das questões trabalhistas. Dentre todas essas atividades
legislativas, surge em 1917, no México, o Direito do Trabalho, com a
primeira Constituição de um país tratando de matéria trabalhista. Era ali
tratada sobre a jornada de trabalho de oito horas, proibição de trabalho
aos menores de 12 anos, limitação da jornada noturna, proteção á
maternidade, sindicalização, greve, indenização por despendimento,
seguro social, limitação da jornada dos menores de 16 anos a seis horas
e seguro contra acidente de trabalho. (NASCIMENTO, 2003)
No Brasil, a histórica do Direito e das relações de Trabalho não
se mostrou muito diferente da história mundial.
Desde o seu descobrimento até o ano de 1888 mantinha-se o
trabalho escravo no Brasil. Com a abolição da escravatura criou-se uma
nova forma de trabalho, más mesmo com essa nova forma de trabalho os
empregadores ainda mantinham o autoritarismo nas relações com os
trabalhadores. Os imigrantes italianos, que aqui se instalaram no início
40
do século XX, influenciaram na criação do Direito do Trabalho
brasileiro.(NASCIMENTO, 2003)
A partir de 1891 várias leis trataram das relações de trabalho, mas
sempre a determinadas categorias. A Constituição de 1934 foi a primeira
a tratar sobre matéria trabalhista de forma ampla, dispondo sobre
liberdade sindical, igualdade salarial, salário mínimo, jornada de oito
horas, proteção ao trabalho da mulher e do menor, repouso semanal e
férias anuais remuneradas. (ZAINAGHI, 2008)
No ano de 1937 ampliam-se os direitos trabalhistas com a
Constituição outorgada pelo então presidente Getúlio Vargas, e já com o
Estado Novo houve uma grande intervenção estatal nas relações
laborais. Em 1° de maio de 1943 nasce a Consolidação das Leis
Trabalhistas (CLT) que trata de todas as leis trabalhistas até então
vigentes, mantendo algumas normas autoritárias, como a proibição do
locaute e da greve.(ZAINAGHI, 2008)
De forma democrática, a Constituição de 1946 apresentou
disposições sobre liberdade sindical, participação nos lucros,
estabilidade e direito de greve, além de serem mantidas as conquistas
constantes na da carta anterior. Sob a vigência da Constituição de 1946
diversas leis ordinárias foram criadas, as mais importantes são a do
repouso semanal remunerado (Lei n° 605/49) e a do décimo terceiro
salário (Lei n° 4.090/62), dentre outras, inclusive a do direito de greve
criada em 1964. A Constituição de 1967 e a Emenda n° 1 de 1969,
considerada por muitos juristas uma verdadeira Constituição,
mantiveram todos os direitos previstos na anterior.(NASCIMENTO,
2003)
Em 1988 foi promulgada a atual Constituição Federal brasileira, a
qual trata do Direito do Trabalho nos arts. 7° a 11, como Direitos
Sociais. As principais leis promulgadas nesse período trataram das férias
remuneradas com um terço a mais, direitos dos empregados domésticos,
licença paternidade, FGTS, ampliação do prazo prescricional para a
cobrança de créditos trabalhistas para cinco ano, entre outros.(MANUS,
2007)
2.3.1.1 Conceito de Direito do Trabalho
O Direito, como ramo do conhecimento humano, compreende
além das leis os princípios, a doutrina, a jurisprudência, enfim, todo este
conjunto, é um instrumento de que se vale o Estado para manter a vida
social ordenada (MANUS, 2007)
41
O Direito do Trabalho tem como vinculo o direito e a vida social
para resolução de problemas que exige uma disciplina por meio da lei
para manter-se o equilíbrio social. Por outras palavras, toda lei e todo
princípio jurídico tem uma causa anterior de ordem social, econômica,
politica etc. Eis por que é essencial que cada um de nós tenha
conhecimento de determinada lei para a sua melhor aplicação.(MANUS,
2007)
De outra parte, analisando toda uma questão jurídica dentro do
universo social, temos a condição de avaliar os efeitos do direito,
sabendo se aquela disposição legal é justa, injusta, atual ou ultrapassada,
servindo para a solução de um problema especifico para dar-se o
adequado tratamento para manter-se o equilíbrio social.
(NASCIMENTO, 2003)
E retornando para o conceito do Direito do Trabalho ele se torna
necessário para situar as relações que se ocupa dentro do contexto
social, sendo apresentado diferentes conceitos desse ramo jurídico.
Manus, citando Moraes Filho, assim apresenta o conceito de direito do
trabalho:
“O Direito do Trabalho é o conjunto de
princípios e normas que regulam as
relações jurídicas oriundas da prestação de
serviço subordinado e outros aspectos
deste último, como consequência da
situação econômico-social das pessoas que
o exercem.”(MORAES FILHO apud
MANUS. 2007.p.22)
Essa definição mostra que o Direito do Trabalho compreende
além das normas e dos princípios, servindo para a prestação de serviços
subordinado e abrangem além do trabalho subordinado, outros aspectos
incluídos as relações de trabalho.
2.4 DIREITO DO TRABALHO E CONSTITUIÇÃO FEDERAL
A Constituição Federal é a lei fundamental de organização do
Estado. Ela estrutura e delimita os poderes políticos do Estado,
estabelecendo seus limites de atuação, e também trata dos direitos e
garantias fundamentais do cidadão.
Segundo o doutrinador constitucional Luís Roberto Barroso,
42
A Constituição cria ou reconstrói o Estado,
organizando e limitando o poder político,
dispondo acerca de direitos fundamentais,
valores e fins públicos e disciplinando o
modo de produção e os limites de
conteúdo das normas que integrarão a
ordem jurídica por ela instituída. Como
regra geral, terá a forma de um documento
escrito e sistemático, cabendo-lhe o papel,
decisivo no mundo moderno, de
transportar o fenômeno político para o
mundo jurídico, convertendo o poder em
Direito.(2011, p.97-98)
A CF inicia as disposições sobre os direitos trabalhistas em seu
art. 5°, artigo esse que trata de assuntos como a igualdade entre homens
e mulheres, a proibição da tortura, a liberdade de crença, a
inviolabilidade de domicílio, o direito de propriedade, de herança,
proíbe a pena de morte, determina que o racismo é um crime
inafiançável, trata das penas que as pessoas recebem ao cometerem um
crime, e serem condenadas, do júri e muitos outros. Esse artigo possui
78 incisos e cada um deles trata de um direito do cidadão.
Dentro dos direitos fundamentais, que são considerados os
núcleos de proteção da dignidade da pessoa humana estão os direitos
sociais, que são direitos de conteúdo econômico-social que visam
melhorar as condições de vida e de trabalho para todos. Eles são tratados
no art. 6° da Carta Magna. Esse artigo traz a seguinte disposição:
“Art. 6°. São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a
moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição.” (BRASIL, 1988)
Esse artigo apresenta de forma geral os direitos sociais, mas
outros artigos da CF tratam individualmente desses direitos. O primeiro
desses artigos é o art. 7°, onde estão elencados individualmente os
direitos dos trabalhadores.
Importante destacar, nesse contexto, que a principal lei do país,
qual seja, a Constituição Federal, trata especificamente de direitos dos
trabalhadores, dentre os quais alguns voltados ao trabalho da mulher,
inclusive a licença-maternidade, senão vejamos:
Art. 7º. São direitos dos trabalhadores
urbanos e rurais, além de outros que visem
43
à melhoria de sua condição social: [...]
XVIII – licença à gestante, sem prejuízo
do emprego e do salário, com duração de
cento e vinte dias; [...] XX – proteção do
mercado de trabalho da mulher, mediante
incentivos específicos, nos termos da lei;
[...] XXX – proibição de diferença de
salários, de exercício de funções e de
critério de admissão por motivo de sexo,
idade, cor ou estado civil; [...]. (BRASIL,
1988).
Tendo em vista essa proteção constitucional, o trabalho da
mulher, mesmo a gestante/puérpera, possui proteção legal e merece
destaque no presente estudo.
2.5 TUTELAS ESPECÍFICAS DE PROTEÇÃO NO DIREITO DO
TRABALHO
As tutelas específicas do direito do trabalho, também chamadas
normas especiais de proteção ao trabalho, servem para assegurar a
condição social do trabalhador, assim como para promover a aplicação
das normas trabalhistas para o empregado. A CLT - Consolidação das
Leis Trabalhistas - estabelece normas que protegem o trabalhador de
modo geral, mas também apresenta disposições aplicadas
especificamente a determinado grupo de trabalhadores.
Assim, alguns trabalhadores receberam do legislador proteção
maior do que outras, em razão das condições ou métodos de trabalho.
Como exemplo de norma específica pode-se mencionar a
legislação aplicada aos bancários, a qual afirma tratar-se de ramo de
trabalho de extremo desgaste ao trabalhador, estabelecendo jornada de
trabalho inferior àquela denominada comum (oito horas diárias), ou seja,
a jornada de trabalho dos bancários, segundo o art. 224 da CLT, é de
seis horas diárias, com duração semanal de 30 horas semanal sendo essa
a principal proteção dada ao trabalhador bancário. Para cargos de
gerente, chefes, funções de fiscalização e outras de confiança a CLT no
§ 2° art. 224, prevê que a jornada de trabalho reduzida de seis horas não
prevalecerá quando se trata de exercentes de função de
confiança.(BRASIL, 1943)
Além do bancário, outros trabalhadores mereceram do legislador
tratamento diferenciado, como professores, telefonistas e menores
(criança e adolescente), contudo, tendo em vista o tema central do
44
presente trabalho de conclusão de curso, serão apresentadas as questões
diretamente relacionadas ao trabalho da mulher.
2.5.1 Trabalho da Mulher
Há muito tempo a mulher abandonou a postura de dona de casa,
de pessoa que exclusivamente foi criada para cuidar da casa e de seus
filhos. As dificuldades para se manter nos dias de hoje, exigiram do
homem aceitar, incentivar ou pedir ajuda de sua mulher para a
manutenção dos gastos e despesas da família. A partir dessa
necessidade, a mulher passou a ter mais valor no mercado de trabalho,
não apenas para os gastos familiares, mas também pela qualidade e
competência no trabalho.(ZAINAGHI, 2008)
Contudo, mesmo havendo a necessidade social e a competência
feminina, foi necessária proteção ao mercado de trabalho para mulher,
para que ela pudesse efetivamente passar a fazer parte das atividades
laborativas. Inicialmente, a tutela legal específica às mulheres surgiu
para integrar a mulher no mercado, mas nos tempos atuais não existe
mais essa necessidade, apenas questões físicas a serem consideradas.
A Constituição da República traz a base dos direitos da mulher
trabalhadora. Pela Lei Maior, à mulher são concedidos os seguintes
direitos sociais: licença à gestante sem prejuízo do emprego e do salário
com a duração de cento e vinte dias; proteção do mercado da mulher
mediante incentivos específicos nos termos da lei e proibição de
diferença de salário, como anteriormente referido.(NASCIMENTO,
2003)
Ainda constitucionalmente existe como forma de proteção à
maternidade, a estabilidade da empregada gestante desde a confirmação
da gravidez e até cinco meses após o parto, consoante dispõe o art. 10,
II, b, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, como segue
transcrito: “Art. 10. Até que seja promulgada a lei complementar a que
se refere o art. 7º, I, da Constituição Federal: [...] II – fica vedada a
dispensa arbitrária ou sem justa causa: [...] b) da empregada gestante,
desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto.”
Em nível infraconstitucional, a CLT cuida da proteção do
trabalho da mulher nos arts. 372 a 401. Dentre essas tutelas específicas
existe a proteção à mulher a à maternidade, algumas merecem destaque,
senão vejamos:
45
Art. 373-A. Ressalvadas as disposições
legais destinadas a corrigir as distorções
que afetam o acesso da mulher ao mercado
de trabalho e certas especificidades
estabelecidas nos acordos trabalhistas, é
vedado: I – publicar ou fazer publicar
anúncio de emprego no qual haja
referência ao sexo, á idade, á cor ou
situação familiar, salvo quando a natureza
da atividade a ser exercida, pública e
notoriamente, assim o exigir; II – recusar
emprego, promoção ou motivar a dispensa
do trabalho em razão do sexo, idade cor,
situação familiar ou estado de gravidez,
salvo quando a natureza da atividade seja
notória e publicamente incompatível; III –
considerar o sexo, a idade, a cor ou
situação familiar como variável
determinante para fins de remuneração,
formação profissional e oportunidades de
ascensão profissional; IV - exigir atestado
ou exame, de qualquer natureza, para
comprovação de esterilidade ou gravidez,
na admissão ou permanência no emprego;
V - impedir o acesso ou adotar critérios
subjetivos para deferimento de inscrição
ou aprovação em concursos, em empresas
privadas, em razão de sexo, idade, cor,
situação familiar ou estado de gravidez; VI
- proceder o empregador ou preposto a
revistas íntimas nas empregadas ou
funcionárias. [...] Art. 392. A empregada gestante tem
direito a licença-maternidade de 120
(cento e vinte) dias, sem prejuízo do
emprego e do salário. § 1° Deverá notificar
o seu empregador da data do inicio do
afastamento do emprego, que poderá
ocorrer entre o 28° (vigésimo oitavo) dia
antes do parto e ocorrência deste. § 2° Os
períodos de repouso, antes e depois do
parto, poderão ser aumentados de duas
semanas cada um, mediante atestado
médico. § 3° Em caso de parto antecipado,
46
a mulher terá direito aos 120 (cento e
vinte) dias previstos neste artigo. [...] Art. 392-A. À empregada que adotar ou
obtiver guarda judicial para fins de adoção
de criança será concedida licença-
maternidade nos termos do art. 392.
(BRASIL, 1943).
2.5.2 Licença Maternidade (Constituição Federal x CLT)
A licença maternidade é um beneficio de caráter trabalhista que
se encontra no artigo 7°, inciso XVIII da Constituição Federal, e garante
à mulher a licença remunerada de 120 dias após dar à luz. Também a
Consolidação das Leis do Trabalho trata desta licença, como visto no
subitem anterior. A gestante pode sair de licença a partir do último mês
de gestação, já os períodos de repouso podem ser aumentados
posteriormente em 2 semanas desde que a colaboradora apresente o
atestado médico.
Ainda sobre o tema, recentemente a aprovação pela Comissão de
Assuntos Sociais (CAS) do Senado Federal de proposta (PLS 241/10)
que concede o salário-maternidade às mães de prematuros extremos
durante todo o período necessário ao acompanhamento hospitalar do
recém-nascido, sem prejuízo do período de licença-maternidade hoje
vigente.
Além disso, a gestante em caso de aborto não criminoso
comprovado por meio de atestado médico oficial, que sofreu aborto tem
direito ao repouso remunerado de 2 semanas além do retorno à função
que ocupava antes do seu afastamento na entidade.
O período de licença maternidade constituído pela Constituição
Federal é de 120 dias, contados a partir do primeiro dia de afastamento
em razão da licença citada. Também poderá ser aumentado em duas
semanas o período de repouso antes e depois do parto. Ademais, se o
parto acontece antes da data prevista, tal circunstância não afetará o
direito da obreira de gozar do período integral da licença de 120 dias.
A empregada afastada do serviço para gozo de licença-
maternidade continua recebendo uma quantia paga diretamente pelo
empregador, mas a título de salário-maternidade. Entretanto, dispõe a
aludida Lei nº 8.213/91 que o empregador deduzirá do total da
contribuição previdenciária por ele devida, no momento oportuno, os
valores adiantados à empregada segurada a título de salário-
47
maternidade, salvo em relação à empregada doméstica, pois, nesse caso,
o benefício será pago diretamente pelo INSS.
Além dos direitos garantidos à trabalhadora mulher pela
Constituição Federal e pela Consolidação das Leis do Trabalho, a Lei
N° 11.770, de 9 de Setembro de 2008, criou o programa Empresa
Cidadã. Esse programa é destinado à prorrogação da licença
maternidade mediante a concessão de incentivo fiscal por mais 60 dias a
licença.
Diante do programa Empresa Cidadã o presidente da República
decreta e sanciona a seguinte lei:
Art. 1o É instituído o Programa Empresa
Cidadã, destinado a prorrogar por 60
(sessenta) dias a duração da licença-
maternidade prevista no inciso XVIII
do caput do art. 7o da Constituição Federal.
§ 1o A prorrogação será garantida à
empregada da pessoa jurídica que aderir ao
Programa, desde que a empregada a
requeira até o final do primeiro mês após o
parto, e concedida imediatamente após a
fruição da licença-maternidade de que trata
o inciso XVIII do caput do art. 7º da
Constituição Federal. § 2o A prorrogação
será garantida, na mesma proporção,
também à empregada que adotar ou
obtiver guarda judicial para fins de adoção
de criança. Art. 2o É a administração
pública, direta, indireta e fundacional,
autorizada a instituir programa que garanta
prorrogação da licença-maternidade para
suas servidoras, nos termos do que prevê o
art. 1o desta Lei. Art. 3o Durante o período
de prorrogação da licença-maternidade, a
empregada terá direito à sua remuneração
integral, nos mesmos moldes devidos no
período de percepção do salário-
maternidade pago pelo regime geral de
previdência social. Art. 4o No período de
prorrogação da licença-maternidade de que
trata esta Lei, a empregada não poderá
exercer qualquer atividade remunerada e a
criança não poderá ser mantida em creche
ou organização similar. Parágrafo único.
48
Em caso de descumprimento do disposto
no caput deste artigo, a empregada perderá
o direito à prorrogação. Art. 5o A pessoa
jurídica tributada com base no lucro real
poderá deduzir do imposto devido, em
cada período de apuração, o total da
remuneração integral da empregada pago
nos 60 (sessenta) dias de prorrogação de
sua licença-maternidade, vedada a dedução
como despesa operacional. Parágrafo
único. (VETADO). Art. 6o (VETADO).
Art. 7o O Poder Executivo, com vistas no
cumprimento do disposto no inciso II
do caput do art. 5o e nos arts. 12 e 14 da
Lei Complementar n° 101, de 4 de maio de
2000, estimará o montante da renúncia
fiscal decorrente do disposto nesta Lei e o
incluirá no demonstrativo a que se refere
o § 6º do art. 165 da Constituição Federal,
que acompanhará o projeto de lei
orçamentária cuja apresentação se der após
decorridos 60 (sessenta) dias da publicação
desta Lei. Art. 8o Esta Lei entra em vigor
na data de sua publicação, produzindo
efeitos a partir do primeiro dia do
exercício subsequente àquele em que for
implementado o disposto no seu art.
7o. (BRASIL, 2008).
Com a promulgação dessa lei, a empresa que aderir ao programa
em questão, poderá prorrogar o período da licença maternidade,
atendendo aos conceitos apresentados pela Organização Internacional da
Saúde, que diz que crianças, em seus primeiro seis meses de vida,
devem ser alimentadas apenas com lei materno, garantindo saúde ao
recém-nascido e auxiliando a mãe trabalhadora, evitando futuros
problemas de saúde.
Para obter o benefício da prorrogação da licença-maternidade, a
mulher empregada deve requerê-lo junto à própria empresa em que
trabalha até o final do primeiro mês após o parto, destacando-se que a
prorrogação é garantida também, na mesma proporção, à empregada que
adotar ou obtiver guarda judicial com vistas à adoção de uma criança.
49
2.5.3 Benefícios e Direitos garantidos à gestante/puérpera
A lei trabalhista desde muito tempo tem como preocupação
garantir ás mulheres que não sejam demitidas por estarem grávidas e
proteger as condições básicas de sustendo do bebê e de sua genitora.
Através do art. 391 da Consolidação das Leis Trabalhistas prevê a
proteção à maternidade, bem como a proteção à paternidade
prescrevendo que “não constitui justo motivo para rescisão do contrato
de trabalho da mulher o fato de haver contraído matrimônio ou de
encontrar-se em estado de gravidez”.
Vale lembrar que embora seja uma “obrigação” do empregador
os direitos e benefícios garantidos a funcionária no período gestacional,
também é uma forma de investimento positiva na produtividade das
mães que trabalham na entidade demonstrando assim qualidade de vida
a seus empregados.
2.5.3.1 Estabilidade a Gestante
A Constituição Federal/1988 veda a dispensa arbitrária ou sem
justa causa da empregada gestante desde a confirmação da gravidez até
5 meses após o parto.
Sobre o tema, a jurisprudência trabalhista tem se posicionado no
sentido de que o contrato de experiência, antes incompatível com
qualquer forma de estabilidade, inclusive a estabilidade provisória da
gestante, visto que o término do contrato está predeterminado desde a
sua celebração, alterou a redação do item III da sua súmula n° 244, para
determinar:
SÚMULA N.º 244. GESTANTE.
ESTABILIDADE PROVISÓRIA (redação
do item III alterada na sessão do Tribunal
Pleno realizada em 14.09.2012). I - O
desconhecimento do estado gravídico pelo
empregador não afasta o direito ao
pagamento da indenização decorrente da
estabilidade (art. 10, II, "b" do ADCT). II.
A garantia de emprego à gestante só
autoriza a reintegração se esta se der
durante o período de estabilidade. Do
contrário, a garantia restringe-se aos
salários e demais direitos correspondentes
50
ao período de estabilidade. III. A
empregada gestante tem direito à
estabilidade provisória prevista no art. 10,
inciso II, alínea “b”, do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias,
mesmo na hipótese de admissão mediante
contrato por tempo determinado.
(BRASIL, Superior Tribunal do Trabalho).
Observa-se, portando que com a alteração da redação do item III
da Súmula n° 244, anteriormente transcrita, a posição do mencionado
Tribunal foi alterada, passando este a ser favorável à concessão da
estabilidade provisória da gestante mesmo nos contratos de trabalho por
tempo determinado.
2.5.3.2 Realização de consultas médicas e exames complementares
O artigo 392, § 4º, inciso II, da CLT, confere também a gestante
à dispensa do horário de trabalho pelo tempo necessário para a
realização de no mínimo seis consultas médicas e demais exames
complementares, cabendo à empregada apresentar os devidos atestados
médicos para comprovar o comparecimento nas consultas e exames
efetuados para assim justificar sua ausência na empresa.
É possível a entrada mais tarde, a saída antecipada e até mesmo a
realização de consultas e exames no meio da jornada, com o
compromisso de retorno ao trabalho, desde que o empregador seja
brevemente avisado.
2.5.3.3 Intervalo para Amamentação
Segundo disposição do artigo 396 da CLT é concedido para a
mulher a concessão de dois intervalos especiais de 30 minutos diários
durante sua jornada de trabalho para amamentação do filho á partir da
data do retorno ao trabalho até os 6 (seis) meses de idade da criança.
Em casos excepcionais, quando a saúde da criança assim exigir
mais que o período de 6 (seis) meses pode ser dilatado, a critério da
autoridade competente a apresentação do atestado médico específico.
Quanto à possibilidade de se “somar” os intervalos para
amamentação, com liberação da mulher por uma hora inteira em cada
51
jornada, o empregador deverá pedir para a trabalhadora que faça um
pedido por escrito ao empregador, onde o empregador não deixará de
correr um risco se caso houver alguma eventual fiscalização.
2.6 BENEFICIOS GARANTIDOS À GESTANTE/PUÉRPERA
2.6.1 Auxílio Creche
O auxilio creche, ou reembolso creche é o valor que a empresa
repassa para as empregadas de forma a não ser obrigado a cobrir a
despesa total de manter uma creche. Independente do número de
empregadas no estabelecimento o valor é obrigatório que é determinado
pela negociação coletiva.
Para o empregador esse valor serve como base de incentivo ao
seu empregado, pois assim ele irá se concentrar integralmente em suas
atividades na empresa, sabendo que o filho está seguro em que receberá
cuidados adequados.
A CLT prescreve em seu artigo 389 § 1°, que os
estabelecimentos que trabalhem pelo menos 30 mulheres com mais de
16 anos de idade terão local apropriado onde seja permitido as
empregadas um espaço na entidade para o período de amamentação.
Caso a empresa não possa instalar ou manter um berçário, poderá firmar
convênios com creches ou até mesmo cobrir as despesas com a creche
utilizada pela empregada (“auxílio-creche”). O auxilio creche é um
beneficio que é garantido apenas para mulheres, para conceder ao
homem esse benefício terá que constar na convenção coletiva da região.
2.6.2 Salário Família
O salário família é instituído pela Lei N° 4.266, de 3 de
Outubro de 1963 onde é o benefício previdenciário que tem direito os
segurados empregados, exceto os domésticos, e aos trabalhadores
avulsos que tenham salário de contribuição inferior a remuneração
máxima da tabela do salário família.
52
REMUNERAÇÃO
VALOR DO SALÁRIO
FAMÍLIA
Até R$ 682,50 35,00
De R$ 682,51 até 1.025,81 24,66
Acima de R$ 1.025,81 Não tem direito a cota
Tabela 1: Remuneração e Valor do Salário Família.
Fonte: Ministério da Previdência Social (janeiro/2014).
O salário família é o valor pago mensalmente pela empresa,
juntamente com o salário do empregado que tem renda mensal no valor
de até R$ 682,50, sendo o salário família de R$ 35,00 por cada filho que
seja menor de 14 anos ou inválido.
O menor que por determinação judicial esta sob sua guarda, o
enteado e o menor que esteja em sua tutela e não possui condições
suficientes para o seu próprio sustento e educação. Esses também são
equiparados a filhos para fins de recebimento do salário-família. Para o
pagamento do salário família terá que ser apresentado à certidão de
nascimento do filho ou da documentação relativa ao equiparado.
Também é necessário apresentar a carteira de vacinação dos filhos
obrigatória até os 6 anos de idade e a partir dos 7 anos é necessário
apresentar o comprovante de frequência escolar semestralmente. E caso
o empregado não apresentar todas as documentações solicitadas para a
continuidade do beneficio salário-família nos períodos que são
solicitados, esse beneficio então é cortado até o momento da
apresentação atualizada dos documentos.
O arquivamento dos comprovantes de pagamentos deverá ser
feito por 10 anos para exame pela fiscalização do Instituto Nacional do
Seguro Social, conforme o disposto no § 7° do art.225 do RPS.
Os documentos necessários para o recebimento do beneficio
são: CTPS, certidão de nascimento do filho (original e cópia), caderneta
de vacinação ou equivalente quando depende conte com até seis anos de
idade, comprovação de invalidez a cargo da Perícia Médica do INSS
quando o dependente maior de quatorze anos e o comprovante de
frequência escolar para os filhos á partir dos sete anos.
2.6.3 Bolsa Família Gestante
A bolsa família gestante é o beneficio garantido a grávidas de
baixa renda, que durante os nove meses de gestação, o Bolsa Gestante
53
auxilia no valor de R$ 32,00 mensais que é pago ás mulheres que
enquadrarem nos requisitos exigidos pelo governo federal e é ligado ao
programa Fome Zero.
Esse projeto é um incentivo do governo para as gestantes
comprometê-las a realizar mensamente o pré-natal, reduzindo a
mortalidade do feto e das mães durante a gestação e também para
aumentar a renda familiar. O valor serve para custear os valores gastos
como o transporte até uma unidade de saúde onde será realizado o
acompanhamento da gravidez.
Para poder receber o benefício a gestante terá que atender aos
critérios estabelecidos pelo programa. A mulher deve estar cadastrada
no sistema único de saúde, e a renda por membro da família não pode
ser superior a R$ 140,00, a gestante deve ter no máximo quatro filhos
menores de 15 anos e também ela precisa comparecer todos os meses na
unidade de saúde para o acompanhamento do pré-natal. Para dar o início
do recebimento do beneficio a gestante deve solicitar a inclusão no
momento da primeira consulta do pré-natal onde nessa primeira consulta
é feito o cartão da gestante, cartão esse que se faz necessário para o
procedimento da beneficiária.
Já para as mulheres grávidas que estão inscritas no cadastro único
e não recebe nenhum tipo de benefício do governo federal, essas então
deveram preencher os requisitos básicos para o cadastramento e
comparecer a secretaria municipal de Assistência Social e realizar o
cadastro antes de ir até a unidade de saúde para a realização do pré-
natal.
2.7 ENCARGOS SOCIAIS E TRABALHISTAS RELACIONADOS À
GESTANTE/PUÉRPERA
Diante da complexidade das leis trabalhistas, muito se discute
acerca do custo no Brasil com a contratação de mão de obra. Além do
salário propriamente dito, as empresas têm gastos adicionais com os
encargos sociais que são diversos e incidem sobre os salários, horas
extras e outros benefícios. Um dos mais significativos componentes do
chamado “custo Brasil” é, sem sombra de dúvidas, o resultado de uma
série de encargos sociais e trabalhistas e tributos que oneram a folha de
pagamento.
Criados para a proteção dos trabalhadores, tais encargos acabam
por desestimular a contratação formal de funcionários, em todos os
54
níveis e setores de atividades produtivas. Esse assunto é altamente
preocupante nos tempos atuais, haja vista o índice de desemprego, o que
exige rápida e profunda reformulação na Consolidação das Leis
Trabalhistas – CLT, datada de 1943. (FABRETTI, 2006)
Além de representar alto custo para os empresários, a
complexidade das atuais leis trabalhistas resultada existência de grande
quantidade de ações movidas pelos trabalhadores contra as ex-empresas
o que exige uma cara estrutura da Justiça do Trabalho para a solução de
tais conflitos.(FABRETTI, 2006)
2.7.1 Encargos do empregador
Os empregadores contribuem sobre a folha de salários da
seguinte forma:
a) para o INSS = 20%;
b) para o Seguro Acidente de Trabalho (SAT), dependendo do
grau de risco da atividade:
(1% atividade de risco leve)
(2% atividade de risco médio)
(3% atividade de risco grave)
c) Contribuições para terceiros: SEBRAE= (0,6%), SENAI ou
SENAC= (1%), INCRA= (0,2%), Salário-Educação= (2,5%), SESI ou
SESC= (1,5%), totalizando 5,8% da folha de pagamento.
Assim sendo, a empresa pode até chegar a recolher um total de
28,8% sobre o total mensal de salários (folha bruta, com horas extras,
comissões etc.).
2.7.2 Encargos devidos pelo Empregado
O empregador é obrigado a descontar do empregado sua
contribuição previdenciária sobre o salário recebido. A contribuição
descontada do empregado, se não for recolhida pelo empregador ao
INSS configura crime de depositário infiel, previsto na Lei nº 8.866/94.
O prazo de recolhimento é sempre no dia 20 do mês subsequente, se não
houver expediente bancário neste dia, o recolhimento deve ser
antecipado.(SANCHES, 2013)
Esse desconto da contribuição do empregado é ônus deste
(contribuinte de fato), sendo a empresa a responsável por seu
recolhimento ao INSS.
55
Portanto, o valor do encargo do empregado não faz parte do custo
ou despesa é apenas representado no passivo como obrigação da
empresa, que é depositária desse desconto e responsável pelo
recolhimento, no prazo, ao INSS.
2.7.3 INSS – Instituto Nacional da Seguridade Social
Antes de adentrar especificamente na tabela de cobranças do
Instituto Nacional de Seguridade Social – INSS é imprescindível
destacar algumas noções introdutórias sobre Seguridade Social e
Previdência.
A Seguridade Social, ramo que abrange Saúde, Assistência e
Previdência Social, é um conjunto de ações do estado no sentido de
atender às necessidades básicas de seu povo nas áreas referidas,
objetivando a proteção de pessoas que não possuem capacidade para
adquirir renda própria.
A Constituição Federal, em seu artigo 194, assim conceitua a
Seguridade Social: “A seguridade social compreende um conjunto
integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade
destinado a assegurar os direitos à saúde, à previdência e à assistência
social.” (BRASIL, 1988)
Segundo o doutrinador previdenciário Ibrahim (2008, p. 09):
A seguridade social pode ser conceituada
como a rede protetiva formada pelo Estado
e particulares, com contribuições de todos,
incluindo parte dos beneficiários dos
direitos, no sentido de estabelecer ações
positivas no sustento de pessoas carentes,
trabalhadores em geral e seus dependentes,
providenciando a manutenção de um
padrão mínimo de vida.
Dentro da Seguridade, a Previdência Social é um seguro, de
caráter obrigatório, que visa cobrir riscos sociais dos beneficiários,
dentre os quais o auxílio-doença, o auxílio-acidente, o salário-
maternidade e a aposentadoria, e seus regimes básicos são
necessariamente mantidos pelo Poder Público. O Regime Geral de
Previdência Social, que abrange a maioria dos trabalhadores brasileiros
56
na proteção dos riscos sociais, é responsabilidade da União, tendo como
entidade gestora o INSS, autarquia federal responsável pela concessão e
manutenção dos benefícios e serviços do RGPS, vinculada ao Ministério
da Previdência Social. (IBRAHIM, 2008)
Assim, com vistas a garantir a manutenção do regime acima
mencionado, o INSS exige a realização de contribuições capazes de
manter o regime.
Abaixo está a tabela de contribuição para o INSS devido por
funcionários e sócios de empresa. O limite máximo de recolhimento
permitido pela Previdência Social é de R$ 4.390,24 (quatro mil
trezentos e noventa reais e vinte e quatro centavos).
DE ATÉ TAXA
0,00 1.317,07 8%
1.317,08 2.195,12 9%
2.195,13 4.390,24 11%
Tabela 2: Recolhimento para Contribuição do INSS do Empregado.
Fonte: Ministério da Previdência Social (janeiro/2014).
A guia de GPS ou INSS para as empresas tributadas com base no
Lucro Real devem ser recolhidas com o código de pagamento 2100 e as
empresas optantes pelo Simples Nacional recolhem com o código 2003.
2.7.4 Imposto de Renda
Outro encargo a ser recolhido em folha de pagamento é o
Imposto de Renda, destacando-se que esse pagamento compete ao
empregado, mas a retenção em folha é realizada pelo empregador, razão
pela qual se abordará esse tema.
É importante deixar registrado que para apuração do valor a ser
recolhido de Imposto de Renda, é o total recebido no mês, conforme o
regime de caixa.
57
Base de cálculo % Dedução
Até R$ 1.787,77 0,00 0,00
De R$ 1.787,78
até 2.679,29
7,5 134,08
De R$ 2.679,30
até 3.572,43
15 335,03
De R$ 3.572,44
até 4.463,81
22,5 602,96
De R$ 4.463,81
até infinito
27,5 826,15
Tabela 3: Recolhimento para o Imposto de Renda do Empregado.
Fonte: Receita Federal do Brasil
O desconto por dependente é no valor de R$ 179,71.
Exemplo de apuração de imposto de renda mensal:
Um funcionário que ganhe um salário de R$ 4.000,00 (quatro mil
reais) e que incide de INSS a alíquota de 11% e que tenha apenas um
dependente. O cálculo será da seguinte forma:
Rendimentos R$ 4.000,00
(-) INSS R$ 440,00
Dependentes R$ 179,71
= Base de cálculo R$ 3.380,29
Tabela 4: Exemplo de Apuração de Imposto de Renda do Empregado.
Fonte: Elaborado pelo autor.
A base de cálculo incide a faixa de alíquota de 15% de imposto
de renda com uma parcela a deduzir de R$ 335,03, resultando em R$
172,01 de IRRF a recolher até o dia 20 de cada mês.
2.7.5 Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
Além dos encargos já mencionados, as empresas têm que recolher
mensalmente, em guias especificas, 8% da remuneração paga aos
funcionários. Além dos recolhimentos mensais de 8% sobre a Folha de
Pagamento, incide uma multa de 40% nos casos de demissões sem justa
causa, sobre o saldo da conta vinculada do trabalhador demitido.
58
O FGTS é um direito trabalhista previsto no art. 7º, III da CF.
Inicialmente, o FGTS surgiu como uma opção para obstar a estabilidade
adquirida pelo empregado após 10 anos de trabalho. A primeira lei que
instituiu o FGTS (Lei 5.107, de 1966) possibilitava ao empregado optar
pelo FGTS ou pela estabilidade, mas essa possibilidade de opção era
demasiadamente restrita, pois a maioria dos empregados era coagida a
optar pelo FGTS.
Hoje, regido pela Lei 8.036, de 1990, o FGTS não possui mais
essa finalidade, não estando vinculado a qualquer direito e sendo
compatível tanto com a proteção contra dispensa arbitrária quanto com
eventual garantia de emprego.
O FGTS nada mais é que um conjunto de contas e valores
destinados à realização da política nacional de desenvolvimento urbano
e das políticas setoriais de habitação popular, saneamento básico e
infraestrutura urbana. Serve, complementarmente, para garantir o tempo
de serviço de trabalhadores urbanos e rurais. (MAGANO apud
ZAINAGHI, 2008)
Assim, pode-se afirmar que o FGTS é o conjunto de valores
depositados pelo empregador em favor do empregado, em função da
relação de emprego existente entre eles. É uma poupança forçada
realizada em favor do empregado, para sua garantia em caso de
desemprego ou inatividade, bem como para aquisição da casa própria.
A Lei Complementar nº 110, de 29 de junho de 2001, publicada
no Diário Oficial da União, de 30 de junho de 2001, instituiu duas novas
contribuições sociais para o custeio do pagamento dos expurgos
inflacionários sobre os saldos das contas vinculadas do FGTS mantidas
no período de 1º de dezembro de 1988 a 28 de fevereiro de 1989 e
durante o mês de abril de 1990. Essas duas novas contribuições sociais
aumentaram, para as empresas, os encargos sociais com o
FGTS.(SANCHES, 2013)
O art. 1º da LC nº 110/01 prevê uma contribuição social devida
pelos empregadores, a partir de 29 de setembro de 2001, em caso de
despedida de empregado sem justa causa, à alíquota de 10% sobre o
montante de todos os depósitos devidos, referentes ao FGTS, durante a
vigência do contrato de trabalho. Portanto, nos casos de demissões
injustificadas, o empregador pagará, além dos demais direitos
trabalhistas, um adicional de 50% incidentes sobre o valor dos depósitos
de FGTS devidos durante todo o contrato de trabalho rescindido, ou
seja, uma multa de 40% ao empregado e uma contribuição social de
10% destinados ao custeio do pagamento dos mencionados expurgos
inflacionários.(SANCHES, 2013)
59
Por sua vez, o art. 2º da LC previa outra contribuição social
devida pelos empregadores, à alíquota de 0,5% sobre a remuneração
mensal de cada trabalhador. Isso significa que o encargo com o FGTS
sobre a folha de salários passou a ser da ordem de 8,5%, a partir de 1º de
outubro de 2001, e será devido pelo prazo de 60 meses, terminando em
dezembro de 2006.(SANCHES, 2013)
Desse percentual, 8% continuaram a ser depositados na Caixa
Econômica Federal, que, por sua vez credita a conta de cada funcionário
beneficiado pelo recolhimento, enquanto o adicional de 0,5% da
contribuição social destinava-se ao custeio do pagamento dos
mencionados expurgos inflacionários. Assim, o Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço – FGTS é um encargo social a cargo da empresa
incidente sobre a folha de salários. As alíquotas são de 8,0% sobre a
remuneração, para todas as empresas a partir de 01/2007. Recolher até o
dia 7 (sete). Se não houver expediente bancário neste dia, recolher no 1º
dia útil anterior os depósitos relativos ao FGTS, incidente sobre a
remuneração do mês anterior.
2.8 DESONERAÇÃO DA FOLHA
Debates sobre o alto índice do desemprego e sua relação como o
recolhimento dos encargos sociais, são recorrentes entre as notícias. Mas
recentemente, os comentários surgiram em relação à desoneração da
folha de pagamento, criada pela lei 12.546/2011.(SANCHES, 2013)
Um dos fatores para a criação da desoneração da folha foi para
aumentar a competividade das empresas, melhorando a economia
brasileira. Devido ao fato da carga tributária ser muito alta, tanto na
esfera federal quanto previdenciária, muitas empresas deixam de crescer
em função desse alto índice de recolhimento dos impostos e isso acaba
prejudicando a concorrência entre os setores.
Para a previdência social, a solução criada foi a desoneração da
folha de pagamento. Mas desonerar não significa deixar de pagar. A
desoneração da folha, em outras palavras é a substituição de uma
contribuição por outra. Evidente que, diante das altas folhas de
pagamento das empresas, principalmente daquelas empresas que
precisam de um volume maior de mão de obra, essa substituição foi bem
vinda.
60
2.8.1 Conceito
A desoneração da folha consiste na substituição da contribuição
patronal previdenciária de 20% sobre a folha de pagamento de
empregados e contribuintes individuais, por uma contribuição sobre uma
base de cálculo extraída da receita bruta que passa a ser paga em um
percentual de 1% ou 2%, dependendo da forma de enquadramento.
2.8.2 Enquadramento legal da desoneração
As empresas são enquadradas na desoneração da folha através do
NCM ou pelo CNAE principal. Para os casos em que se aplica a
desoneração da folha é obrigatório as empresas que são tributadas pelo
lucro Real e Lucro presumido que automaticamente entram para a
relação das empresas obrigadas, mas recentemente as empresas do
Simples Nacional, tributadas na forma do Anexo IV, também fazem
parte da relação de empresas que são incluídas no cálculo da
desoneração da folha de pagamento.(SANCHES, 2013)
A lei 12.546/2011 determinou que a partir de 01 de abril de 2013
e até 31 de dezembro de 2014 as empresas dos setores do comércio
varejista, contribuirão com a alíquota de 1% sobre o valor da receita
bruta, excluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais, em
substituição a contribuições previdências de 20%.
Dentre as atividades citadas na referida lei, as Lojas de
departamento ou magazines, enquadradas na subclasse CNAE
4713/0/01 fazem parte da desoneração. Assim sendo, é a atividade
principal da empresa Agro Comercial Afubra, que consequentemente a
empresa a partir de abril de 2013 está obrigado a enquadrar-se na
desoneração da folha de pagamento.
A empresa fará o recolhimento de 1% sobre o total de receita
bruta operacional, através de um DARF com o código de recolhimento
2991 com vencimento até o dia 20 do mês subsequente ao da
competência.
61
3 LICENÇA MATERNIDADE E OS ENCARGOS SOCIAIS E
TRABALHISTAS FRENTE AO ENQUADRAMENTO DE
EMPRESAS DO SIMPLES NACIONAL E LUCRO REAL: Uma
análise na empresa Agro Comercial Afubra Ltda
Antes da análise propriamente dita de qual enquadramento
tributário, simples nacional ou lucro real, é mais vantajosa no que se
refere aos encargos sociais e trabalhistas em relação à colaboradora
gestante/parturiente, serão apresentados os conceitos desses tipos
tributários, ou seja, os conceitos de Simples Nacional e Lucro Real.
Considerando que os dados analisados fornecidos pela empresa
Agro Comercial Afubra Ltda, torna-se imprescindível apresentar sua
caracterização.
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA AGRO COMERCIAL
AFUBRA
Neste capítulo serão abordadas as características da empresa
analisada para realização do presente trabalho de conclusão de curso,
utilizando-se como embasamento informações prestadas pela própria
instituição e aquelas constantes em seu endereço virtual.
3.1.1 História da Empresa Agro Comercial Afubra Ltda
Fundada em 21 de março de 1955, na cidade de Santa Cruz do
Sul/RS, a Associação dos Fumicultores do Brasil (AFUBRA) atua nos
estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Além dos
benefícios do Sistema Mutualista que tem por objetivo à reparação de
danos causados pelo granizo e/ou tufão e auxílios na queima de estufa e
funeral, a entidade representa os interesses da classe dos fumicultores,
pequenos agricultores que têm no cultivo do tabaco a principal fonte de
renda para manutenção e viabilidade da propriedade rural.
Em alerta aos riscos da monocultura, bem como de orientação
para um melhor aproveitamento da terra e da mão-de-obra disponível
durante todo o ano, a Afubra fomenta a diversificação de culturas nas
propriedades rurais, inclusive de agricultores não associados,
fornecendo sementes, insumos e implementos agrícolas. O trabalho é
complementado pela assistência técnica gratuita, feita por equipe
composta de técnicos agrícolas, engenheiros, agrônomos e engenheiro
florestal.
62
Na propriedade agrícola, no distrito de Rincão Del Rey,
município de Rio Pardo/RS, a AFUBRA realiza trabalhos experimentais
ligados à atividade agroflorestal, a maioria em parceria com
Universidades, órgãos governamentais e entidades coirmãs. No mesmo
local, mantém um viveiro florestal próprio com produção anual de
1.000.000 (um milhão) de mudas florestais entre espécies exóticas e
nativas, sendo que uma parte dessas nativas é doada através do Projeto
Verde é Vida.
Desde o ano de 2001, a Afubra promove a Expoagro Afubra,
feira agrícola dirigida especialmente ao pequeno produtor. A mostra tem
como principal objetivo a apresentação de produtos e serviços que
facilitam o trabalho agropecuário, através da redução de custos e do
aumento da rentabilidade.
A Afubra, entidade de classe sem fins econômicos, surgiu em
virtude de duas condições básicas e fundamentais: a primeira referente a
instabilidade do mercado e de preços do tabaco e a segunda na
inexistência de auxílio econômico contra danos por granizo nas
lavouras.
Desde os primeiros anos de sua existência, a Afubra entendeu que
deveria alertar os produtores de fumo para os riscos da monocultura,
além de orientá-los para um melhor aproveitamento da terra e da mão-
de-obra durante todo ano.
Com o passar do tempo, a entidade notou que somente alertar não
era suficiente, era preciso oferecer condições para transformar teoria em
prática. Com isso, a Afubra criou o Departamento de Fomento
Agropecuário para oferecer sementes, insumos e implementos agrícolas,
bem como uma completa orientação técnica gratuita através da
disponibilização de engenheiros agrônomos e florestal e técnicos
agrícolas.
E em 30 de Abril de 1975 surgi a Agro Comercial Afubra Ltda na
cidade de Tubarão e suas atividades na região era apenas com seguros
no cultivo do fumo a ótima aceitação por parte dos agricultores e ao
crescente aumento de atividades, o Departamento se desmembrou da
entidade. A alteração para empresa comercial não afetou o objetivo
inicial proposto pela entidade, mas possibilitaram novas estratégias de
vendas e o incremento de outros produtos, como eletrodomésticos,
eletroeletrônicos, ferragens, ferramentas e máquinas, artigos de bazar,
móveis, tintas, cama mesa e banho e outros seguimentos para atender
todas as necessidades dos seus associados e com o passar dos anos foi
ficando fortemente conhecida pelos cidadãos Tubaronenses como uma
loja ampla com variedades para tudo que precisa para sua casa.
63
Atualmente, a rede Afubra possui 20 lojas e 2 postos de vendas.
Sendo 8 lojas e 2 postos de vendas no Rio Grande do Sul, 8 lojas em
Santa Catarina e 4 lojas no Paraná.
A Agro Comercial Afubra, assim como outras entidades,
estabelecem missão, visão e princípios, com vistas a nortear o exercício
de suas atividades, vejamos:
3.1.2 Missão, Visão e Princípios
A missão da empresa em análise consiste em proporcionar o bem-
estar aos associados, clientes e comunidades, através do mutualismo, de
programas sócio-ambientais, de soluções no comércio de bens e serviços
e de alternativas na agricultura familiar e no agronegócio.
Já no que se refere á visão da Agro Comercial Afubra Ltda, versa
sobre ser referência pelo atendimento diferenciado diversidade de bens e
serviços e competitividade como base para o seu crescimento.
Por fim, como princípios, a instituição estudada possui os
seguintes: associativismo, ética, integridade, simplicidade, religiosidade,
eficácia, respeito, responsabilidade, qualidade e parceria.
Além da missão, visão e princípios, também se faz necessários
apresentar a forma como a empresa organiza-se no desempenho de suas
atividades o que será no próximo tópico.
3.1.3 Organograma e Organização da Agro Comercial Afubra Ltda
Para garantir o bom funcionamento de uma empresa do porte da
Agro Comercial Afubra Ltda a organização é fundamental. Assim,
considerando-se essa importância, apresenta-se a seguir na figura 1, o
organograma da instituição em análise.
65
Como se percebe da figura acima, há uma delimitação clara e
organizada da realização de funções na Agro Comercial Afubra Ltda.
No presente trabalho de conclusão de curso alguns desses setores serão
abordados.
3.1.3.1 Auditoria
As funções de auditoria na instituição em estudo são realizadas
por um auditor interno que possui vínculo empregatício com a empresa
Afubra, e esta auxilia a organização a atingir seus objetivos através de
visitas nas filiais dos estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do
Sul, sendo auditadas as filiais em três períodos no ano. Além disso, a
auditora interna possui como funções: disciplinar, avaliar, dar seu
parecer e apresentar técnicas de melhoramento a efetividade dos
processos de gerenciamento de riscos e controles internos da entidade.
As principais funções nas visitas ás filiais consistem em:
Avaliação do estoque físico com o sistema interno;
Verificação dos preços nas mercadorias;
Consultar os pagamentos se está devidamente em dia das
seguintes taxas: Funcionamento, Alvarás, Bombeiros, Conselho
Regional de Medicina, Cidasc, IPTU, IPVA dos carros de uso da loja;
Averiguar se as normas internas são seguidas;
Verificação da validade dos insumos e produtos agrícolas;
Consulta da posição de Cheques em cobrança e a vencer;
Fechamento de caixas;
Incorporação das sobras de caixa;
Avaliação do modo das emissões dos recibos de recebimentos
de clientes emitidos pelos vendedores externos;
Emissão do relatório da Auditoria apresentado para o Gerente
da filial.
3.1.3.2 Contabilidade
A contabilidade é feita pela própria empresa na matriz que fica
situada na cidade de Santa Cruz do Sul/RS, tendo como base a coleta de
dados enviados por malote semanalmente pelas filiais, os quais são
munidos de todos os documentos de caixas diários. Os dados
66
encaminhados são analisados por cada contador responsável da filial a
fim de se certificar que os lançamentos contábeis e os relatórios
gerencias se encontre dentro das normas internas da empresa.
A contabilidade é divida em setores, quais sejam:
Controle Interno: tem o objetivo de verificar se as normas das
emissões dos documentos estão no padrão de qualidade e nas normas da
empresa, bem como a conferência de todos os documentos de caixa.
Contábil: analisa se os documentos de caixa são todos
documentos fiscais, pois a empresa presta declaração de todas as
transações efetuadas como de compra e venda e também as verificações
das notas fiscais que são emitidas em nome da empresa. Além disso,
estuda o ponto de vista econômico e financeiro, bem como os princípios
e as técnicas necessárias ao controle, à exposição e à análise dos
elementos patrimoniais e de suas modificações, bem como o objeto da
Contabilidade.
Fiscal: a fiscalização tributária tem como atribuições, em
especial, proceder a cobrança dos tributos não pagos, tratando de toda a
parte tributária e fiscal da empresa.
3.1.3.3 Financeiro
O departamento financeiro é de grande importância para a
empresa, pois é o setor que exige muita competência, responsabilidade e
transparência nas demonstrações contábeis. É este que administra o setor
pessoal, o patrimônio da entidade, a contabilidade, tendo como objetivo
controlar todas as despesas e receitas. A responsabilidade deste
departamento compete a uma Auxiliar Administrativa e a um
Coordenador Administrativo.
As responsabilidades e funções do Coordenador Administrativo são:
Fechamento dos pdvs (ponto de venda) da loja;
Fechamento do Caixa Geral;
Pagamentos e Recebimentos de clientes e fornecedores;
Preparação de malote para Matriz;
Atendimento especial para clientes;
Renegociação de dívidas de clientes;
Cobranças de cheques devolvidos;
Transferências Bancárias;
67
Pagamentos de Auxílios Funeral e Queima de estufas;
Controle do Ponto Digital e Folha de Pagamento;
Pedidos de Almoxarifado e de baixas e consumo de
mercadorias;
Depósito de dinheiro e cheques.
O cargo de Auxiliar administrativo não possui em todas as filiais,
apenas na filial de Tubarão onde possui uma portadora de deficiência
física com um leve deslocamento no ombro direito. E por a empresa
necessitar preencher a vaga de portador de deficiência física essa
colaboradora auxilia no setor administrativo e financeiro da empresa
com as seguintes tarefas:
Conferência de retiradas do caixa loja;
Conferência dos recebimentos de crediário e venda externa;
Conferência da relação de vendas á prazo com cartão;
Fechamento de Pdvs;
Conferência e inclusão de cheques a vencer e em cobrança;
Conferência de moedas;
Depósito bancário em dinheiro e cheques;
Resgate de cheque devolvido;
Atendimento telefônico.
3.1.3.4 Comunicação Social e Marketing
É o departamento que cuida da publicidade da empresa na mídia
como: em rádios, TV e internet, pois a empresa possui um site próprio
informando para clientes e associados os diversos assuntos referentes à
loja e ao departamento mutualista trazendo informações de promoções e
também todos os assuntos que envolvam o fumo no Brasil.
No que se refere ao setor de Marketing, este tem como objetivo
planejar as atividades de Marketing, envolvendo novos investimentos,
lançamento de novos produtos, publicidade, comunicações etc.,
tratando-se à consecução dos objetivos comerciais estabelecidos e ao
desenvolvimento dos negócios.
Suas principais responsabilidades são:
68
Acompanhar as tendências do mercado e o comportamento da
concorrência, identificando formas de melhor atender ao cliente e
superar a concorrência, apresentando sugestões para consecução desse
objetivo;
Definir e supervisionar a elaboração de pesquisas e estudos na
área de marketing, envolvendo preferências dos clientes, ação da
concorrência, oportunidades de mercado, identificando a subsidiar
decisões na área operacional ou relacionadas com a expansão dos
negócios;
Planejar e definir os padrões para as campanhas de promoções
de vendas, incluindo formatação e formas de divulgação, acompanhando
e avaliando os resultados obtidos, para atingir os objetivos esperados;
Confecção de portfólio de produtos da empresa, mediante
análise da posição da empresa dentro de seu grupo estratégico,
reduzindo negócios não lucrativos e incrementando negócios lucrativos;
Criar, planejar e coordenar a realização de eventos, com o
objetivo de divulgar a imagem da empresa e incrementar os negócios.
Administrar a comunicação externa da empresa elaborando os
planos de propaganda e contratando fornecedores de serviços, como
agências, veículos de mídia e jornais;
Controlar a verba destinada à publicidade, para obter o melhor
retorno possível.
3.1.3.5 Informática
Atualmente as empresas têm buscado informatizar sua parte
organizacional através da implantação de sistemas operacionais de
trabalho com vistas a aperfeiçoar a realização de seus objetivos. Na
empresa em análise não foi diferente, razão pelo qual o setor de
informática da Agro Comercial Afubra Ltda tratar-se um departamento
de grande importância pois auxilia os usuários a sanar duvidas referente
ao sistema e a forma através de proceder determinado atividades de
trabalho que o usuário não tenha conhecimento, assim como através de
suporte técnico.
Além disso, pode-se perceber a importância desse departamento
considerando-se que todo funcionário possui sua chave de acesso e
senha sendo utilizado para qualquer trabalho no sistema registrando
todas as inclusões e alterações efetuadas pelo usuário, marcando dia,
hora e usuário com o fim de identificação de um sistema totalmente
69
integrado. Em cada filial existe um funcionário responsável pelo
departamento de informática o qual auxilia no suporte do sistema e
também no trabalho como controle de entrada e saídas de mercadorias.
Quando possui um caso extremo de troca de computadores e
instalação de sistemas isso a matriz encaminha um profissional do T.I da
Matriz, aonde ele vem para auxiliar e instalar todas as devidas
configurações que se faz necessário no sistema.
3.1.3.6 Secretaria
Departamento da Secretaria da diretoria, onde possui duas
secretárias para agendar atividades, viagens, congressos, assembleias,
reuniões, visitas a procuradores e filiais e outras atividades correntes no
calendário anual de compromissos da diretoria.
3.1.3.7 Vendas
Compete ao departamento de vendas planejar e supervisionar as
atividades da empresa, possibilitando a assegurar o bom andamento das
atividades relacionadas a vendas e atendimento ao cliente dentro das
políticas estabelecidas pela empresa. O departamento em análise está
dividido em setores, que são: departamento agrícola, linha Pet, linha
branca, bazar, lazer, som e imagem, móveis e estofados, cama, mesa e
banho, brinquedos, máquinas e equipamentos, ferragens, ferramentas e
máquinas e tintas e acessórios.
As principais responsabilidades do departamento de vendas são:
Coordenar as atividades do Gerente Comercial, visando à
conformidade de seus procedimentos com a política comercial da
empresa;
Interagir com os fornecedores referentes aos novos produtos e
modificações no mercado, objetivando melhorar a qualidade e produtos
e a satisfação dos clientes;
Planejar e organizar reuniões periódicas, com a participação da
equipe de vendas da empresa, para análise e avaliação dos resultados
atingidos;
Definir e supervisionar a elaboração de pesquisas na área de
70
marketing, envolvendo as preferências dos clientes, ação da
concorrência, oportunidades de mercado, auxiliando nas decisões;
Planejar e definir campanhas de promoções de vendas,
incluindo formas de divulgação, acompanhando e avaliando os
resultados obtidos;
Definir e supervisionar a elaboração de catálogos de produtos,
promovendo a sua divulgação junto ao mercado, para incrementar as
vendas;
Controlar a verba destinada à publicidade, para a obtenção do
melhor retorno possível, dentro das disponibilidades estabelecidas;
Coordenar as atividades relacionadas com o planejamento
estratégico da empresa, levantando e analisando as informações
relevantes sobre o cenário econômico-financeiro;
Prestar suporte às atividades da área Financeira;
3.1.3.8 Suprimentos e Compras
O setor de suprimento, presente em cada uma das filiais da
empresa possui como funções:
Fazer o planejamento de compra de matérias;
Estudar a disponibilidade de materiais;
Controlar e aprovar as requisições de pedidos da matriz e filiais;
Recebimento de malotes das filias e encaminhamento dos
malotes da matriz para filiais;
Fornecer materiais de expediente para matriz e filiais;
Armazenagem e controle do estoque dos materiais de limpeza e
material de expediente de toda a rede;
Atender as solicitações de uniformes para funcionários.
Por sua vez, o departamento de compras é responsável pelo
estabelecimento do fluxo dos materiais na empresa também pelo
acompanhamento das compras com seus fornecedores e pela agilização
de entrega das mercadorias em toda a rede. O objetivo do departamento
é obter e coordenar o fluxo contínuo de suprimentos de modo a melhor
atender as solicitações da rede, além de comprar os materiais com os
melhores preços, sem perder os parâmetros qualitativos e quantitativos,
além de procurar as melhores condições para a empresa.
71
3.1.3.9 Marcenaria e Oficina
Trata-se a marcenaria de um setor próprio da empresa onde são
fabricados todos os móveis utilizados pela matriz e suas filiais, os quais
são padronizados para cada setor da rede e é constituída por dois
colaboradores que atendem toda a demanda da empresa.
A oficina é outro setor de extrema importância da empresa,
considerando-se a quantidade de frota de automóveis com a qual a
instituição conta. Este departamento possui colaboradores próprios para
atender toda a necessidade de conserto e manutenção de seus veículos.
3.1.3.10 Agrícola e Mutualidade
O departamento agrícola da filial de Tubarão é o maior peso na
empresa, pois gera as maiores receitas devido à empresa ser conhecida
como a maior empresa da região responsável pela venda de insumos e
produtos agrícolas. O departamento agrícola conta com técnicos e
engenheiro agrônomo para auxiliar, avaliar e também dar assessoria para
produtores e clientes em geral com seu plantio das diversas culturas. O
departamento possui vendedores externos que atendem nos municípios
de Tubarão, Treze de Maio, Jaguaruna, Içara, Criciúma, Armazém e São
Martinho com intuito de melhor atender e facilitar o dia a dia do
produtor rural. Também é responsável por promover encontro de
negócios, reuniões e palestras com clientes e associados.
Além disso, há que se mencionar o sistema mutualista, o qual
foi criado em 21 de Março de 1955 em virtude de duas condições
básicas e fundamentais:
Instabilidade do mercado e do preço do tabaco: na década de 50
uma crise se abateu sobre o setor, quando a produção de fumos não é
aceito pelo mercado gerou estoques muito elevados. Com isso, a
indústria estabelecia os preços que lhe convinha e nem sempre
comprava toda a produção, fazendo com que o produtor recebesse o
pagamento somente no final da comercialização, ou na safra seguinte.
Com o surgimento da Afubra, os preços passaram a ser negociados e o
pagamento realizado à vista. O aperfeiçoamento do sistema integrado, a
pesquisa e introdução de variedades de tabaco que atendessem o
consumidor, foram conquistas importantes com a interferência da
Afubra.
72
Inexistência de auxílio econômico contra danos por granizo nas
lavouras: as diversas instituições sondadas para se responsabilizarem
por um tipo de seguro rural declinaram do convite, alegando alto risco, o
que levou a Afubra a idealizar um plano próprio com base no sistema
mutualista. Cumprindo com os aspectos sociais a que se propôs,
objetivando a segurança e tranquilidade do fumicultor, a entidade se
consagrou em uma das maiores organizações mundiais do gênero.
Desde 1957 a Afubra socorre, com um auxílio, os associados que
tiveram danos nos seus fumais causados por tempestades de granizo. A
liberação do auxílio se dá a partir da quitação das contribuições
pertinentes. Desde 1962 são concedidos auxílios para reconstrução aos
associados que, durante a cura do tabaco, sofreram danos nas estufas por
incêndio ou tufão. Além disso, a Afubra ainda presta outros benefícios,
entre os quais o auxilio funeral, instituído em 1967 e o valor é liberado
imediatamente após o evento.
Atendendo mais uma necessidade social do fumicultor o valor é
liberado mediante a apresentação do atestado de óbito. Para se associar,
o produtor de tabaco, pode fazê-lo através do orientador da empresa à
qual está integrado, ou procurar uma das 20 lojas da Afubra
estabelecidas nas regiões fumageiras do Paraná, Santa Catarina e Rio
Grande do Sul.
3.1.3.11 Serviços Gerais e Recursos Humanos
O setor de serviços gerais é um importante apoio na empresa, é
responsável em limpar e zelar pela integridade do prédio e pela
conservação.
Por fim, o setor de recursos humanos este tem como missão
estabelecer o sistema que rege as relações entre os seus colaboradores,
definir a melhor adequação de cada um deles à função que irá realizar, e
estabelecer a integração dos colaboradores com vistas a atingir os
objetivos da organização sem esquecer o bem-estar dos próprios
colaboradores. Para isso o setor de recursos humanos possui um
conjunto de funções e atividades que são:
Planeamento de recursos humanos;
Recrutamento e seleção;
Integração dos recursos humanos;
Análise e descrição de funções;
Avaliação de desempenho;
73
Remunerações e incentivos;
Higiene e segurança no trabalho;
Formação profissional e desenvolvimento pessoal.
Além de ser um setor importante dentro da empresa, visa estar
com o seu quadro funcional qualificado para melhor atender as
necessidades da empresa. Toda a movimentação pessoal é feita
individualmente por cada filial.
3.2 APURAÇÃO TRIBUTÁRIA
A empresa Agro Comercial Afubra tem como forma de
tributação no regime do Lucro Real. Conforme a Lei 9.718/98 artigo 14,
as empresas que tiverem o faturamento superior a R$ 78.000.000,00
(setenta e oito milhões) no ano calendário anterior estão obrigadas a
optarem pelo Lucro Real, as demais é opcional.
3.3 SIMPLES NACIONAL
O Simples Nacional é uma modalidade de tributação que possui
grandes atrativos, por sua simplicidade no regime tributário referente ao
valor mais baixo das alíquotas.
A Lei que trata sobre essa forma de tributação é a Lei
Complementar n° 123/2006 instituída em 01/07/2007, que a partir dessa
data substituiu a (Lei 9.317/1996) do Simples Federal. Esse tratamento
tributário é conhecido como Simples Nacional ou “Super Simples” lei
essa que fornece um tratamento diferenciado, favorecendo as
microempresas e empresas de pequeno porte com possibilidades de
menor tributação em relação aos outros regimes tributários.
Para a empresa ser enquadrada no Simples, a empresa deve seguir
requisitos legais, abaixo citados:
[...] de cujo capital participe pessoa física
que seja inscrita como empresário, ou seja,
sócia de outra empresa que receba
tratamento jurídico diferenciado, se a
receita bruta global ultrapassar o limite de
R$ 3.600.000,00 [...] (BRASIL, 2011).
Então se faz necessário que cada administrador faça uma análise
de suas despesas, custos e receitas para visar subsídios na tomada de
74
decisões pela qual a melhor forma de tributação cabe a sua empresa. A
opção deve ser escolhida em que o pagamento de tributos, não
compreenda não só ao IRPJ e a CSLL, mas também o PIS, COFINS,
IPI, ISS, ICMS e INSS se deem de forma mais econômica, para que se
possa atender às limitações legais de opção a cada regime.
3.4 LUCRO REAL
O Lucro Real é o método utilizado para a apuração da base de
cálculo do Imposto de Renda das pessoas jurídicas. Para a apuração do
IR sua alíquota é 15% mais o adicional de 10% calculados sobre a
apuração das bases de cálculos.
Conforme a Lei n° 9.718 de 1.998, art. 14, e RIR/1.999
(Regulamento do Imposto de Renda), art. 246, estão obrigadas ao
regime de tributação com base no lucro real, em cada ano-calendário, as
pessoas jurídicas:
a) cuja receita total, ou seja, o somatório
da receita bruta mensal, das demais
receitas e ganhos de capital, dos ganhos
líquidos obtidos em operações realizadas
nos mercados de renda variável e dos
rendimentos nominais produzidos por
aplicações financeiras de renda fixa, da
parcela das receitas auferidas nas
exportações às pessoas vinculadas ou aos
países com tributação favorecida que
exceder ao valor já apropriado na
escrituração da empresa, na forma da IN
SRF nº 38, de 1997, no ano-calendário
anterior, seja superior ao limite de
R$24.000.000,00 (vinte e quatro milhões
de reais), ou de R$2.000.000,00 (dois
milhões de reais) multiplicado pelo
número de meses do período, quando
inferior a doze meses[...] (BRASIL, 2011)
Por obrigação a forma de tributação da empresa em estudo é
adotada pelo Lucro Real devida sua receita bruta ser superior ao valor da
obrigação que é determinada pela Lei.
75
3.5 ESTUDO DE CASO DOS ENCARGOS SOCIAIS E
TRABALHISTAS RECOLHIDOS PELO EMPREGADOR – SIMPLES
NACIONAL E LUCRO REAL – EM RELAÇÃO À
COLABORADORA GESTANTE/PARTURIENTES
Após a realização do embasamento teórico e prestadas as
informações necessárias acerca da folha de pagamento, chega-se à
análise do recolhimento realizado pelo empregador com base no
enquadramento da empresa no Simples Nacional e no Lucro Real, para
possibilitar a percepção dos recolhimentos realizados pela Empresa
Agro Comercial Afubra Ltda, tema central do presente Trabalho de
Conclusão de Curso.
3.5.1 Análise e prognóstico
Para o bom desenvolvimento da empresa, é preciso que ela tenha
um ótimo quadro de funcionários, pois, como já anteriormente
mencionado, eles são umas das peças principais para o sucesso da
empresa. Assim, a empresa deve buscar proporcionar um bom ambiente
de trabalho, para que eles se sintam motivados.
Uma das atitudes que deve ser adotada pelos empregadores é
manter as obrigações trabalhistas em dia, sempre respeitando a
legislação pertinente. Para tanto, deve obedecer aos prazos para
recolhimento dos tributos, tais como FGTS, INSS, contribuições
federais e sindicais, além de conter a parte da obrigação com os
fornecedores, bancos e os tributos federais sempre em dia.
A empresa em estudo, qual seja, a Agro Comercial Afubra Ltda,
tem como forma de tributação a opção pelo lucro real, gerando grandes
ônus trabalhistas. A empresa tributada pelo Lucro Real tem como
encargos sociais e trabalhistas, sobre o valor do salário: 20% de INSS
(contribuição patronal), 8% de FGTS, de 1% a 3% de seguro de acidente
de trabalho, 2,5% de salário educação e 20% corresponderia ao descanso
semanal remunerado. Mais ainda, 8,33% corresponderiam ao 13º salário
e 5,8% iriam para "Sistema S" (SEBRAE, SESI, SESC, etc.). Por fim,
11,11% seria o correspondente às férias, levando em conta um salário
por ano mais 1/3 de abono quando de seu usufruto.
Para empresas inscritas no sistema de tributação conhecido como
Simples Nacional, existe a grande vantagem de não incidência dos 20%
de INSS de contribuição patronal e os demais encargos, tirando o FGTS
que esse é um encargo que em qualquer forma de tributação não altera a
76
obrigação. Em termos gerais, se for considerado um percentual de 87%
de encargos para empresa no Lucro Real, para empresa no sistema
Simples esse percentual cairia para 55%. Trata-se de um grande alívio,
principalmente para atividades intensivas em mão de obra. O problema é
que, dá-se de um lado e tira-se de outro, já que as empresas inscritas no
Simples têm um limite máximo de faturamento muito restrito, que torna
difícil arcar com os custos e controles laborais e administrativos.
Enfim, o objetivo aqui é simplesmente mostrar que a decisão de
contratar é complexa, é de fato uma decisão estratégica, que precisa ser
muito bem avaliada. Os custos envolvidos com mão de obra, se não
houver respaldo em aumento de faturamento e produtividade, podem
levar ao fim uma atividade empresarial, trazendo sérias consequências
para seus sócios em caso de falta de recursos financeiros.
3.5.1.1 Análise pelo Simples Nacional
Como foi apresentada na fundamentação teórica, esta modalidade
de tributação não gera tantos custos para as empresas. Diante disso, será
demonstrado cálculo da folha de pagamento de uma funcionária que esta
em licença maternidade. O cálculo será feito com média nos 3 últimos
meses.
Competência Média H.E
Maternidade
Salário
Maternidade
FGTS (-)
INSS
Salário
Líquido
02/2014 29,65 1.134,33 93,12 93,12 1.070,53
03/2014 29,65 1.134,33 93,12 93,12 1.070,53
04/2014 29,65 1.134,33 93.12 93.12 1.070,53
Totais 88,95 3.402,99 297,36 297,36 3.211,59
Tabela 5: Demonstração do Cálculo de Folha de Pagamento no Período
de Licença Maternidade da Colaboradora.
Fonte: Elaborada pelo autor.
O salário de uma funcionária que esta em licença maternidade, é
pago normalmente pela empresa. A data do pagamento é sempre no
quinto dia útil subsequente ao mês trabalhado. Em contra partida, o
valor que a empresa paga de salário para a colaboradora, é compensada
na guia da previdência social.
77
Na forma de tributação do Simples Nacional, o gasto que a
empresa tem com encargos sociais é somente com o FGTS de 8% sobre
o total da remuneração. Os demais encargos como, por exemplo, o
INSS, quem paga é o próprio funcionário, a empresa apenas repassa
através da guia da previdência social o valor que foi descontado de cada
trabalhador.
Neste caso, uma empresa que tem a forma de tributação o
Simples Nacional, apenas arca com os custos do FGTS.
3.5.2 Análise pelo Lucro Real
Tabela 6: Demonstração do Cálculo de Folha de Pagamento da
Colaboradora Analisada pelo Lucro Real.
Fonte: Elaborada pelo Autor.
Na forma de tributação pelo lucro real a empresa continua
pagando normalmente o salário para a funcionária no prazo estabelecido
pela lei. Porém as despesas que a empresa tem com os encargos sociais
chega a 26,80 % sendo pagos para a previdência social, S.A.T, INSS
Patronal e para os terceiros, fazendo com que a empresa possua uma
carga tributária superior ao do simples nacional. Um valor que é pago
pela empresa onde não ocorre nenhum retorno financeiro ou beneficio
para o empregado.
3.5.3 Análise pelo Lucro Real com a Desoneração da Folha de
Pagamento
78
Devido à mudança na legislação com a inclusão da Lei da
Desoneração da folha de pagamento, a partir de Abril de 2013 a empresa
em estudo está obrigada ao cálculo da desoneração da folha. Em virtude
disso a empresa não poderá mais recolher a parte do INSS patronal na
guia da previdência social. Em contra partida a empresa terá que
recolher na alíquota de 1% sobre o faturamento bruto o valor destinado à
desoneração.
3.5.4 Comparativo entre Simples e Lucro Real
Com base nos dados levantados, será feita uma análise de
comparação pelas formas de tributação pelo simples nacional e lucro
real, buscando verificar e comprovar qual é a forma mais vantajosa e
menos onerosa para a empresa.
O quadro abaixo se refere à comparação dos encargos recolhidos
em apenas um mês de cada forma de tributação:
Tabela 7: Comparativo de Cálculo de Folha de Pagamento entre
Empresa Tributada no Simples Nacional e Lucro Real.
Fonte: Elaborada pelo Autor.
Comparando as duas formas de tributação observa-se que um
funcionário em uma empresa que tenha a forma de tributação do simples
nacional é mais econômico para a empresa devido ao fato de que a
despesa que a empresa tem com este funcionário é apenas de R$ 93,12
referente à verba do FGTS.
79
Já uma empresa no Lucro Real a despesa que ela tem com a parte
trabalhista são mais onerosas, pois existem mais encargos a serem pagos
e que estes valores não são recuperados pela a empresa.
Com a vinda da desoneração da folha a empresa obteve uma
desvantagem devido a seu faturamento mensal ser maior que o saldo dos
salários a pagar, assim sendo melhor ter continuado com a forma antiga
de tributação onde eram pagos os 20% do INSS patronal sobre o saldo
da folha de pagamento.
Assim, a desoneração da folha de pagamento só é vantajosa para
uma empresa que necessite de muita mão de obra, caso contrario a
desoneração da folha não é uma boa opção, pois a empresa não irá
possuir nenhum tipo de beneficio.
81
CONCLUSÃO
A empresa Agro Comercial Afubra, objeto do estudo de caso do
presente trabalho de conclusão de curso, foi fundada em 21 de março de
1955, na cidade de Santa Cruz do Sul/RS, atuando nos estados do Rio
Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
A Afubra enquadra-se como empresa na opção de tributação pelo
Lucro Real, por fazer parte do comércio varejista, enquadrando-se em
lojas de departamento ou magazines, e também em função de seu
faturamento anual.
O presente estudo comparou os gastos com encargos sociais e
trabalhistas devidos por empregadores classificados como optantes pelo
Simples Nacional ou Lucro Real, com vistas a concluir qual seria a
opção mais vantajosa economicamente para as empresas pagantes, isso
em relação apenas às colaboradoras gestantes/puérperas.
Antes, porém, da realização da análise mencionada, foi
imprescindível considerar os dados analisados fornecidos pela empresa
Agro Comercial Afubra Ltda, para apresentar sua caracterização,
apresentar a importância da contabilidade e alguns conceitos
fundamentais do direito trabalhista, além da conceituação de Simples
Nacional e Lucro Real.
Nesse mister, importante destacar que os encargos sociais e
trabalhistas hoje devidos pelos empregadores são resultado de um
imenso histórico de lutas dos empregados, para garantir sua dignidade
no desempenho das atividades laborativas.
Assim, destaque-se que a história trabalhista da mulher, assim
como a história geral do direito do trabalho, passou por muitos percalços
até que fossem garantidas tutelas específicas ao trabalho da mulher.
No início das atividades laborativas femininas, seus salários eram
inferiores aos dos homens, apesar de terem a mesma jornada de
trabalho, e seu ingresso no mercado de trabalho era limitado, pois
muitos empregadores não contratavam mulheres em função de suas
características físicas, especialmente em função da gestação.
A primeira Constituição Brasileira a tratar do tema da gestante,
foi a de 1934 a qual garantiu à mulher a licença maternidade remunerada
de 120 (cento e vinte) dias após dar a luz. Além de conceder à gestante a
estabilidade provisória, proibindo sua dispensa sem justa causa, desde a
confirmação da gravidez com documento oficial do médico até cinco
meses após o parto.
82
A licença maternidade é o direito garantido a mulher para cuidar
de seu filho nos primeiros meses de vida e também de sua própria
recuperação.
O salário maternidade é um benefício previdenciário, sendo pago
pela previdência e não pelo empregador. Outros benefícios que são
garantidos a gestante são: a estabilidade provisória, transferência de
função, realização de consultas médicas e exames complementares,
licença maternidade, salário maternidade, intervalo para amamentação,
auxílio creche, salário família e bolsa família gestante.
Diante da complexidade das Leis Trabalhistas, muito se discute o
custo de uma contratação de um empregado. Além do salário
propriamente dito, o empregador tem gastos adicionais com os encargos
sociais e trabalhistas que são diversos e incidem sobre os salários, horas
extras e outros benefícios que oneram a folha de pagamento.
Os encargos sociais e trabalhistas hoje em dia são um assunto
preocupante, devido seu alto custo para os empresários, que muitas
vezes acabam desestimulando a contratação de funcionários em todos os
níveis e setores de atividades produtivas. Os encargos pagos pelo
empregador sobre a folha de salários da seguinte forma: 20% (vinte por
cento) para o INSS, 1% (um por cento) para o seguro acidente de
trabalho (S.A.T) por ser seu grau de risco de atividade ser considerado
como leve, podendo a empresa a chegar a pagar 2% (dois por cento)
para atividade de risco médio, 3% (três por cento) para risco grave,
também contribuições para terceiros: SEBRAE (0,6%), SENAI ou
SENAC (1%), INCRA (0,2%), Salário Educação (2,5%), SESI ou SESC
(1,5%), totalizando 5,8% da folha de pagamento, e 8% do FGTS.
Já os encargos devidos pelo empregado, o valor não faz parte do
custo ou despesa e é apenas representado no passivo como obrigação da
empresa, que é depositária desse desconto e responsável pelo
recolhimento no prazo ao INSS.
Debates referentes ao alto índice de desemprego como resultados
dos altos índices de encargos sociais e trabalhistas são recorrentes entre
as notícias. Recentemente, os comentários são em relação a desoneração
da folha de pagamento criada pela Lei 12.546/2011.
A Lei foi criada para melhorar a economia das empresas
brasileiras. O fator que levou a criação dessa lei foi o fato da carga
tributária ser muito alta tanto na esfera federal quanto na previdenciária,
fazendo com que as empresas deixem de crescer devido o alto
recolhimento dos impostos.
A desoneração da folha consiste na substituição da contribuição
patronal previdenciária de 20% sobre a folha de pagamento de
83
empregados e contribuintes individuais, por uma contribuição sobre uma
base de cálculo extraída da receita bruta que passa a ser paga em um
percentual de 1% ou 2%, dependendo da forma de enquadramento.
A empresa em estudo obrigatoriamente tem como forma de
tributação a opção pelo Lucro Real e está enquadrada na subclasse
CNAE 4713/0/01 Lojas de departamento ou magazines fazendo parte da
desoneração. Assim sendo, a Agro Comercial Afubra, a partir de abril de
2013, está obrigada a enquadrar-se na desoneração da folha de
pagamento.
O presente trabalho comparou as duas formas de tributação dos
encargos sociais e trabalhistas recolhidos em que uma colaboradora
gestante/puérpera tem em uma empresa optante pelo Lucro Real e outra
optante pelo Simples Nacional. Apresentado em uma empresa do Lucro
Real, a qual a empresa Agro Comercial Afubra Ltda é optante, a despesa
que ela tem com a parte trabalhista é mais onerosa, chegando a 26,80%
pagos a previdência social além do salário da funcionária. Um valor que
é pago pela empresa onde não ocorre nenhum retorno financeiro e nem
algum beneficio para o empregado. E com a vinda da desoneração da
folha a empresa obteve uma desvantagem em função de seu faturamento
mensal ser maior que o saldo dos salários a pagar, assim seria melhor
continuar com a forma antiga de tributação, onde se recolhia 20% do
INSS patronal sobre o saldo da folha de pagamento.
Já para empresa enquadrada na opção do Simples Nacional não é
gerado tantos custos para a empresa. Na forma de tributação do Simples
Nacional, o gasto que a empresa tem com encargos sociais é somente
com o FGTS de 8% sobre o total da remuneração. Os demais encargos
como, por exemplo, o INSS, que paga é o próprio funcionário, a
empresa apenas repassa através da guia da previdência social o valor
que foi descontado de cada trabalhador.
Neste caso, uma empresa que tem a forma de tributação o
Simples Nacional, apenas arca com os custos do FGTS. Sendo assim
seria mais vantajoso que a empresa Agro Comercial Afubra fosse
inscrita na opção de tributação pelo Simples Nacional, mas devido seu
faturamento ser maior de 24.000.000,00 (vinte quatro milhões de reais)
no ano calendário ela está na obrigação de ser tributada pelo Lucro Real.
Todo o estudo realizado no presente trabalho de conclusão de
curso objetivou ressaltar a importância das análises contábeis, mesmo
em função das questões trabalhistas e seus encargos, para a saúde
financeira de determinada empresa. O sucesso, ou fracasso, de uma
empresa está diretamente relacionado ao bom desempenho das funções
84
laborativas de seus empregados. Dessa forma, é primordial que a
empresa mantenha seus encargos sociais e trabalhistas e demais
obrigações tributárias e previdenciárias em dia, e para que isso ocorra
efetivamente, a presença de um profissional da área contábil preparado
para o desempenho dessas funções é fator essencial.
Assim, este estudo, além de dirimir dúvidas referentes aos
direitos e benefícios da colaboradora gestante/puérpera, apresentou uma
completa atuação que deve ser desempenhada pelo profissional contábil
para buscar, quando possível, encontrar soluções menos onerosas às
empresas.
Como sugestão para trabalhos futuros, entende o pesquisador ser
necessária uma revisão legislativa, seja na Consolidação das Leis
Trabalhistas ou em leis ordinárias que visem à desoneração da folha de
pagamento e a concessão de benefícios aos colaboradores das empresas,
sejam gestantes/puérperas ou não. Essa revisão somente será eficaz se
profissionais das áreas jurídicas, trabalhistas e tributárias, e contábeis
unirem esforços e conhecimentos para apresentar sugestões aos
legisladores nacionais.
85
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno
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julho de 1991, da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT,
aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1ode maio de 1943, da Lei
no 10.189, de 14 de fevereiro de 2001, da Lei Complementar no 63,
de 11 de janeiro de 1990; e revoga as Leis no 9.317, de 5 de
dezembro de 1996, e 9.841, de 5 de outubro de 1999. Disponível em:
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______. Lei nº 12.546, de 14 de dezembro de 2011. Institui o Regime
Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas
Exportadoras (Reintegra); dispõe sobre a redução do Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI) à indústria automotiva; altera a
incidência das contribuições previdenciárias devidas pelas empresas
que menciona; altera as Leis no 11.774, de 17 de setembro de 2008,
no 11.033, de 21 de dezembro de 2004, no 11.196, de 21 de novembro
de 2005, no 10.865, de 30 de abril de 2004, no 11.508, de 20 de julho
de 2007, no 7.291, de 19 de dezembro de 1984, no 11.491, de 20 de
junho de 2007, no9.782, de 26 de janeiro de 1999, e no 9.294, de 15 de
julho de 1996, e a Medida Provisória no 2.199-14, de 24 de agosto de
2001; revoga o art. 1o da Lei no 11.529, de 22 de outubro de 2007, e o
art. 6o do Decreto-Lei no 1.593, de 21 de dezembro de 1977, nos
termos que especifica; e dá outras providências. Disponível em:
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Benefício Garantia-Safra para a safra de 2011/2012; amplia o
Auxílio Emergencial Financeiro, de que trata a Lei no 10.954, de 29
87
de setembro de 2004, relativo aos desastres ocorridos em 2012;
autoriza a distribuição de milho para venda a pequenos criadores,
nos termos que especifica; institui medidas de estímulo à liquidação
ou regularização de dívidas originárias de operações de crédito
rural; altera as Leis nos 10.865, de 30 de abril de 2004, e 12.546, de
14 de dezembro de 2011, para prorrogar o Regime Especial de
Reintegração de Valores Tributários para as Empresas
Exportadoras - REINTEGRA e para alterar o regime de
desoneração da folha de pagamentos, 11.774, de 17 de setembro de
2008, 10.931, de 2 de agosto de 2004, 12.431, de 24 de junho de 2011,
12.249, de 11 de junho de 2010, 9.430, de 27 de dezembro de 1996,
10.522, de 19 de julho de 2002, 8.218, de 29 de agosto de 1991,
10.833, de 29 de dezembro de 2003, 9.393, de 19 de dezembro de
1996, 12.783, de 11 de janeiro de 2013, 12.715, de 17 de setembro de
2012, 11.727, de 23 de junho de 2008, 12.468, de 26 de agosto de
2011, 10.150, de 21 de dezembro de 2000, 12.512, de 14 de outubro
de 2011, 9.718, de 27 de novembro de 1998, 10.925, de 23 de julho de
2004, 11.775, de 17 de setembro de 2008, e 12.716, de 21 de setembro
de 2012, a Medida Provisória no 2.158-35, de 24 de agosto de 2001, e
o Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972; dispõe sobre a
comprovação de regularidade fiscal pelo contribuinte; regula a
compra, venda e transporte de ouro; e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2011-
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