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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DE ALIMENTOS FABIANA RAMOS NASCIMENTO AVALIAÇÃO DO SOLVENTE E DAS CONDIÇÕES DE PROCESSO PARA A EXTRAÇÃO DIFERENCIAL DE ISOFLAVONAS E SAPONINAS DA SOJA RIO DE JANEIRO 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE QUÍMICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DE ALIMENTOS

FABIANA RAMOS NASCIMENTO

AVALIAÇÃO DO SOLVENTE E DAS CONDIÇÕES DE PROCESSO PARA A

EXTRAÇÃO DIFERENCIAL DE ISOFLAVONAS E SAPONINAS DA SOJA

RIO DE JANEIRO

2013

Fabiana Ramos Nascimento

AVALIAÇÃO DO SOLVENTE E DAS CONDIÇÕES DE PROCESSO PARA A

EXTRAÇÃO DIFERENCIAL DE ISOFLAVONAS E SAPONINAS DA SOJA

Orientador: Prof. Dr. Daniel Perrone

RIO DE JANEIRO

2013

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em

Ciências de Alimentos, Instituto de Química, Universidade Federal do

Rio de Janeiro, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre

em Ciência de Alimentos

N244

Nascimento, Fabiana Ramos.

Avaliação do solvente e das condições de processo para a extração

diferencial de isoflavonas e saponinas da soja / Fabiana Ramos

Nascimento. -- Rio de Janeiro: UFRJ/ IQ, 2013.

96f.: il.

Dissertação (Mestrado em Ciências) – Universidade Federal do Rio

de Janeiro, Instituto de Química, Programa de Pós-Graduação em

Ciência de Alimentos, Rio de Janeiro, 2013.

Orientador: Daniel Perrone.

1. Soja. 2. Saponinas. 3. Extração diferencial de Isoflavonas. 4.

Planejamento de Experimentos. I. Perrone, Daniel. (Orient). II.

Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto de Química.

Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos. III. Título.

CDD: 664.001

AVALIAÇÃO DO SOLVENTE E DASCONDIÇÕES DE PROCESSO PARA A

EXTRAÇÃODIFERENCIAL DE ISOFLAVONAS E SAPONINAS DA SOJA

Fabiana Ramos Nascimento

Prof. Dr. Daniel Perrone Moreira

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós graduação em Ciências de

Alimentos, do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Ciências de Alimentos.

Aprovada por:

Rio de Janeiro

2013

_______________________________________________________

Presidente, Prof. D.Sc. Daniel Perrone Moreira, IQ/UFRJ

______________________________________________________

Prof.D.Sc. Maria Alice Zaur Coelho, EQ/UFRJ

_____________________________________________________

Prof. D.Sc. Ronoel Luiz de Oliveira Godoy, Embrapa/CTAA

Dedico a meus pais, em especial minha amada e querida mãe,

que com amor incondicional permaneceu firme em meu auxílio.

A minha avó materna (in memoriam) que pelo seu exemplo de luta e coragem até o fim

me impulsionou a continuar e completar esta árdua tarefa.

AGRADECIMENTOS

À Deus, meu Senhor, que me concedeu fortaleza, saúde e ânimo.

Aos meus avós paternos e maternos (in memoriam) que com todo esforço, amor e dedicação

geraram e criaram seus filhos que hoje chamo de pais.

Aos meus pais Paulo Cesar e Telma, por todos os ensinamentos, amor e “puxões de orelha”,

agradeço por serem o alicerce de minha vida e minha história.

Ao meu querido irmão Paulo, com quem aprendi o que é viver em comunhão com o próximo,

não é fácil, mas é bom demais, Te amo!

À minha pequena princesa Camila, que trouxe muita alegria à minha vida!

À minha família, meus primos e primas, tios e tias, minha madrinha Hélia e meu padrinho

Pedro (in memoriam), minha cunhada querida e meus bebês Renan, Maria Rosa e Bernardo,

obrigado por estarem presentes em minha vida.

Ao professor Daniel Perrone pela oportunidade, confiança, além do valioso auxilio e

motivação para que pudesse enfrentar os desafios impostos pela pesquisa científica. Obrigada

por toda a atenção, disponibilidade, paciência e dedicação em me orientar em todos os

momentos.

Aos professores Alexandre Guedes e Verônica Calado, que estiveram sempre presente e

disponíveis para auxiliar-me.

Aos meus amigos, em especial Vanessa Rezende, Suellen Gomes, Karla Leal, Vivianne

Magalhães, Nathalia Sales e Fabricio Oliveira, o que seria de mim sem vocês, não tem como

retribuir em palavras todo o bem que me fazem! Como diz a escritura: “Amigo fiel é um

poderoso refúgio, quem o descobriu, descobriu um tesouro...” (Eclo 6, 14).

A equipe LBNA: Nivea, André, Michele, Gisele, Juliana, Vanessa Naciuk obrigada pela

ajuda, troca de experiências e companhia durante esses dois anos.

Ao CNPq pelo apoio financeiro;

A todos que contribuíram para a realização deste trabalho. Muito obrigada!

“Combati o bom combate, terminei a minha corrida, conservei a fé.”

2 Timóteo 4:7

“Do meu telescópio eu via Deus caminhar!

A maravilhosa disposição e harmonia do universo só pode

ter tido origem segundo o plano de um Ser que tudo sabe e tudo pode.

Isto fica sendo a minha última e mais elevada descoberta”.

Isaac Newton

"Não te mandei eu? Esforça-te, e tem bom

ânimo. Não te pasmes, nem te espantes,

porque o Senhor teu Deus é contigo por

onde quer que andares."

Josué 1:9

RESUMO

Nascimento, Fabiana Ramos. AVALIAÇÃO DO SOLVENTE E DAS CONDIÇÕES DE

PROCESSO PARA A EXTRAÇÃO DIFERENCIAL DE ISOFLAVONAS E

SAPONINAS DA SOJA. Rio de Janeiro, 2013. Dissertação (Mestrado em Ciência de

Alimentos). Instituto de Química Universaidade Federal do Rio de Janeiro.

Os potenciais efeitos benéficos à saúde associados ao consumo da soja e de seus subprodutos

estão relacionados aos compostos bioativos presentes, em especial isoflavonas e saponinas.

Entretanto, a classe de compostos responsável por um dado efeito biológico não está ainda

esclarecida. Portanto, é de grande interesse a obtenção de extratos de soja contendo classes

específicas de fitoquímicos. Nesse sentido, o objetivo desse trabalho foi avaliar a composição

do solvente e as condições de processo para a extração diferencial de isoflavonas e saponinas

da soja. Para tal, foi empregado um planejamento de misturas (água: 0 a 100%; etanol: 0 a

100%; acetato de etila: 0 a 40%) acoplando a um planejamento fatorial completo (tempo de

extração em vortex: 2 a 6 min; ultrassom: 0 a 5 min). A extração com uma mistura ternária

composta por água, etanol e acetato de etila (40:40:20), por 2 min em vortex e sem emprego

de ultrassom, forneceu um extrato contendo os teores máximos de saponinas, flavonoides e

compostos fenólicos. Apesar do baixo rendimento, a extração com etanol puro, por 2 min em

vortex e sem uso de ultrassom, permitiu a obtenção de um extrato enriquecido

diferencialmente em saponinas. A aplicação dessas condições de extração em experimentos

em maior escala (tempo de extração em agitador orbital: 15 a 120 min; ultrassom: 0 a 5 min)

permitiu obter-se um extrato rico em saponinas (6,5 mg/g), flavonoides (1,3 mg EG/g) e

compostos fenólicos (1,6 mg EAG/g) e um outro extrato enriquecido diferencialmente em

saponinas (3,3 mg/g) em relação a flavonoides (0,42 mg EG/g) e isento de compostos

fenólicos. Esses extratos foram caracterizados em detalhe por CLAE-DAD-EM. No extrato

obtido com a mistura ternária, foram determinados os teores de 9 compostos fenólicos

minoritários, sendo 6 deles identificados pela primeira vez em soja. Nesse mesmo extrato, o

teor de isoflavonas totais foi de 14,1 mg/g, 56 vezes maior do que aquele avaliado pelo ensaio

espectrofotométrico para flavonoides. Nos extratos etanólicos o teor máximo de saponinas foi

de 0,11 mg/g, 86 vezes menor do que aquele encontrado por meio do ensaio

espectrofotométrico. A susceptibilidade desse método à presença de interferentes e a

avaliação de somente três saponinas pela técnica de CLAE-DAD-EM, poderiam explicar essa

discrepância. Dessa maneira, a seletividade do etanol para saponinas precisa ainda ser

confirmada em estudos futuros.

Palavras-chave: Soja; Saponinas; Isoflavonas; Extração; Planejamento de Experimentos

ABSTRACT

Nascimento, Fabiana Ramos. EVALUATION OF PROCESS CONDITIONS FOR THE

DIFFERENTIAL EXTRACTION OF SOY ISOFLAVONES AND SAPONINS. Rio de

Janeiro, 2013. Dissertation (Master in Food Science). Instituto de Química, Universidade

Federal do Rio de Janeiro, Brazil.

The potential health benefits associated with the consumption of soy and soy-based foods

have been mainly related to bioactive compounds present, mainly isoflavones and saponins.

However, the class of compounds responsible for a given biological effect is not yet clear.

Therefore, it would be of great interest to obtain extracts containing isolated classes of

specific soy phytochemicals. In this sense, the aim of this study was to evaluate the solvent

composition and process conditions for the differential extraction of soy isoflavones and

saponins. For this purpose, we employed a mixture design (water: 0 to 100%; ethanol: 0 to

100%; ethyl acetate: 0 to 40%) coupled to a full factorial design (vortex extraction time: 2 to 6

min; ultrasound: 0 to 5 min). Extraction with a ternary mixture consisting of water, ethanol

and ethyl acetate (40:40:20), for 2 min on vortex and without ultrasound bath, yielded an

extract containing maximum levels of saponins, flavonoids and phenolic compounds. In spite

of showing a low yield, extraction with pure ethanol for 2 min on vortex and without

ultrasound bath differentially extracted saponins. Application of these extraction conditions

on larger scale experiments (orbital shaker extraction time: 15 to 120 min; ultrasound: 0 to 5

min) yielded an extract rich in saponins (6.5 mg/g), flavonoids (1.3 mg GE/g) and phenolic

compounds (1.6 mg GAE/g) and another extract enriched differentially in saponins (3.3 mg/g)

in relation to flavonoids (0.42 mg GE/g), and free phenolic compounds. These extracts were

characterized in detail by HPLC-DAD-MS. In the extract obtained with the ternary mixture, 9

minor phenolic compounds were quantified, 6 of them identified for the first time in soybean.

In this extract, the content of total isoflavones was 14.1 mg/g, 56 times higher than that

measured by the spectrophotometric assay for flavonoids. In the ethanolic extracts, the

maximum content of total saponins was 0.11 mg/g, 86 times lower than those measured by

the spectrophotometric assay. The susceptibility of this method to the presence of interferents,

as well as the evaluation only three saponins by HPLC-DAD-MS, could explain this

discrepancy. Thus, ethanol’s selectivity towards saponins still needs to be confirmed in future

studies.

Keywords: Soy; Saponins; Isoflavones; Solvent extraction; Experimental design

Resumos publicados em anais e congressos:

1. Ramos, F.; Torres, A.G.; Perrone, D. Efeito de diferentes misturas de solventes na

extração diferencial de compostos fenólicos e saponinas de soja. XIX Congresso

Brasileiro de Engenharia Química (COBEQ), Búzios, Rio de Janeiro, 2012. Resumo

expandido aceito em 6 de julho de 2012.

2. Ramos, F.; Torres, A. G.; Perrone, D. Efect of binary solvent mixtures on the

differential extraction of soy phenolic compounds and saponins. XVI Congreso de

la Sociedad Latinoamericana de Nutrición (SLAN), Havana, Cuba, 2012. Trabalho

aceito em 30 de julho de 2012.

3. Ramos, F.; Silva, F.; Calado, V. M. A.; Torres, A. G.; Perrone, D. Antioxidant

capacity and differential extraction of phenolic compounds, flavonoids and saponins

from soy using mixture and factorial experimental designs. XVI Congreso de la

Sociedad Latinoamericana de Nutrición (SLAN), Havana, Cuba, 2012. Trabalho

aceito em 3 de agosto de 2012.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 18 16

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 20 18

2.1. Soja 20 18

2.1.1 Histórico 20 18

2.1.2 Relevância econômica 22 19

2.1.3 Características gerais 23 20

2.2. Composição química da soja e de seus produtos comerciais 27 23

2.3. Compostos bioativos 33 29

2.3.1 Isoflavonas 35 31

2.3.2 Saponinas 34 32

2.3.3. Principais efeitos dos compostos bioativos no metabolismo 39 35

2.4. Extração de compostos bioativos de origem vegetal 45 41

2.4.1 Planejamento de experimentos: principais contribuições para a

otimização da extração diferencial

47 43

3. OBJETIVO 50 47

3.1. Objetivo geral 50 47

3.2. Objetivos específicos 50 47

4. MATERIAIS E MÉTODOS 51 48

4.1. Reagentes 51 48

4.2. Amostras 51 48

4.3. Extração diferencial de compostos bioativos 51 49

4.3.1. Estudo Preliminar 51 49

4.3.1.1. Misturas binárias de solventes 51 49

4.3.1.2. Extração 52 49

4.3.2. Planejamento de experimentos 52 49

4.3.2.1 Etapa de seleção de amostras 52 49

4.3.2.2.. Misturas ternárias de solventes 52

4.3.2.3. Extração 55 52

4.3.3. Extração com o reagente polivinilpirrolidona (PVP) adicionado

ao solvente

56 52

4.3.4. Extração em maior escala 56 53

4.4. Análise de compostos fenólicos totais por espectrofotometria 56 53

4.5. Análise de flavonoides totais por espectrofotometria 56 53

4.6. Análise de saponinas totais por espectrofotometria 57 54

4.7. Capacidade Antioxidante 58 54

4.8. Análise de isoflavonas e saponinas por CLAE-DAD-EM 59 55

4.9. Análise dos compostos fenólicos minoritários por CLAE-DAD-

EM

60 56

4.10. Análises estatísticas 61 57

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 62 58

5.1. Estudo preliminar: extração com misturas binárias de solventes 62 58

5.2. Planejamento de experimentos: extração com misturas ternárias

de solventes

65 61

5.2.1. Seleção de amostras 65 61

5.2.2. Solventes selecionados 65 61

5.2.3. Efeito das diferentes misturas ternárias de solventes e dos

diferentes fatores associados

66 62

5.3. Avaliação dos extratos após extração em maior escala 74 70

5.4. Caracterização detalhada dos extratos obtidos após experimentos

em larga escala por CLAE-DAD-EM

77 72

6. CONCLUSÕES 83 79

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 84 80

LISTA DE SIGLAS

AHA American Heart Association

ANOVA Análise de Variância

ANVISA Agencia nacional de Vigilância Sanitária

ASA American Soybean Association

BBI Inibidor de Bowman-Birk

CLAE-DAD-EM Cromatografia de Alta Eficiência com detetor de arranjo de

Diodos acoplado a Espectrômetro de Massas

CONAB Companhia Nacional de Abastecimento

CPS Concentrados Proteicos de Soja

DDMP 2,3-dehidro-2,5-dihidroxi-6-metil-4(H)-pirano-4-ona

EAG Equivalente de Ácido Gálico

EG Equivalente de Genisteína

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

FAO Food and Agriculture Organization

FRAP Ferric Reducing Antioxidant Power

HDL Lipoproteína de Alta Densidade

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPS Isolados Proteicos de Soja

KTI Inibidor de Kunitz

LDL Lipoproteína de Baixa Densidade

MSDS Material Safety Data Sheet

n.d. Não determinado

ND Não Detectado

PVP Polivinilpirrolidona

RDC Resolução da Diretoria Coligada

TEAC Trolox Equivalent Antioxidant Capacity

WHO World Health Organization

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Cultura de soja no Brasil 21

Figura 2: Produção mundial de soja 22

Figura 3: Morfologia da soja e características do grão de soja 23

Figura 4: Produtos e subprodutos da soja em grão 25

Figura 5: Estrutura química dos principais compostos fenólicos encontrados nos

vegetais

34

Figura 6: Estrutura química dos flavonoides 35

Figura 7: Estruturas químicas das isoflavonas da soja 36

Figura 8: Estrutura química do isopreno 36

Figura 9: Biossíntese de terpenos 37

Figura 10: Representação da estrutura química das saponinas da soja 38

Figura 11: Percentuais de extração de compostos fenólicos totais e saponinas, em

relação à condição máxima de extração, utilizando diferentes solventes puros e

misturas binárias.

64

Figura 12: Superfícies de resposta das variáveis dependentes (teor de saponinas

totais (A), flavonoides (B) e compostos fenólicos(C)) geradas pelo programa

Statistica 7.0.

71

Figura 13: Superfícies de resposta sobrepondo os valores de teor mínimo de

flavonoides (representado por ) e de compostos fenólicos (representado por )

sobre o valor de teor máximo de saponinas totais (representado por ), tendo como

ponto de convergência ideal para a obtenção de um extrato rico em saponinas e

pobre em compostos fenólicos o item representado pelo símbolo ( ).

72

Figura 14: Correlações entre os teores de saponinas totais, flavonoides e compostos

fenólicos e a atividade antioxidante medida pelos ensaios de TEAC e FRAP.

73

Figura 15: Correlação entre os ensaios de FRAP e TEAC 73

Figura 16: Teores de saponinas totais (A), flavonoides (B) e compostos fenólicos

(C) nos extratos obtidos na escala do planejamento de experimentos e em maior

escala, em diferentes condições de extração.

75

Figura 17: Influência do tempo de extração sobre os teores de saponinas totais (A) e

flavonoides (B) nos extratos obtidos nos experimentos em maior escala, utilizando

etanol puro como solvente.

76

Figura 18: Cromatogramas típicos por CLAE-DAD-EM da análise de isoflavonas e

saponinas nos extratos de soja obtidos com a mistura ternária (A) e com etanol (B).

78

Figura 19: Cromatogramas típicos por CLAE-DAD-EM da análise de compostos

fenólicos minoritários nos extratos de soja obtidos com a mistura ternária (A) e com

etanol (B).

81

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Composição centesimal (g/100g, base seca) da soja e de seus

subprodutos.

27

Tabela 2: Composição em ácidos graxos (%) de diferentes cultivares de soja. 28

Tabela 3: Composição em carboidratos da soja em grão (g/100g, base seca). 29

Tabela 4: Teor de minerais da soja em grão. 30

Tabela 5: Teores de vitaminas da soja em grão. 30

Tabela 6: Composição média de aminoácidos das proteínas das cultivares de soja e

comparação com o padrão da FAO (1985).

31

Tabela 7: Misturas de solventes geradas pelo planejamento de misturas com

restrição

53

Tabela 8: Condições de extração geradas pelo planejamento fatorial completo com

ponto central.

54

Tabela 9: Experimentos gerados pela associação do planejamento de misturas com

restrição ao planejamento fatorial completo.

54

Tabela 10: Gradiente de eluição para análise de isoflavonas e saponinas por

CLAE-DAD-EM.

59

Tabela 11: Gradiente de eluição para análise de compostos fenólicos por CLAE-

DAD-EM.

60

Tabela 12: Teores de compostos fenólicos totais e saponinas em amostra de fibra

de soja submetida à extração com diferentes solventes puros e suas misturas

binárias.

62

Tabela 13: Teores de fenólicos totais e saponinas nas amostras comerciais de

produtos à base de soja submetida à extração com metanol 80%.

65

Tabela 14: Teores de saponinas, flavonoides e compostos fenólicos totais e razão

entre os teores de saponinas e compostos fenólicos (sap/fen) nos extratos obtidos a

partir do planejamento de mistura acoplado ao planejamento fatorial completo.

67

Tabela 15: Teores de saponinas (mg/g), compostos fenólicos (mg EAG/g) e

flavonoides (mg EG/g) em extratos selecionados do planejamento de misturas

associado ao planejamento fatorial completo.

70

Tabela 16: Teores de saponinas (mg/100g) nos extratos obtidos nos experimentos

em maior escala, utilizando diferentes solventes e tempos de extração

79

Tabela 17: Teores de isoflavonas (mg/100g) nos extratos obtidos nos experimentos

em maior escala, utilizando diferentes solventes e tempos de extração

80

Tabela 18: Teores de compostos fenólicos minoritários (mg/100g) nos extratos

obtidos nos experimentos em maior escala, utilizando diferentes solventes e tempos

de extração

82

18

1. INTRODUÇÃO

A soja (Glycine max L. Merrill) é uma semente oleaginosa pertencente à família

Fabaceae (Leguminosae) e tem sua origem atribuída ao continente asiático. De acordo com

dados da safra 2010/2011, o Brasil é o segundo maior produtor e exportador mundial de soja

(IBGE, 2011). Projeções indicam que o Brasil se tornará, já em 2013, no maior produtor e

exportador mundial (Conab 2012/2013).

Nos países ocidentais, o consumo de soja é crescente e ocorre, principalmente, de

maneira indireta, através de produtos industrializados à base desse grão. Além disso, a soja e

os seus produtos também são consumidos por indivíduos vegetarianos, intolerantes à lactose

ou alérgicos à proteína do leite de vaca (Genovese & Lajoulo, 2002).

Estudos epidemiológicos indicam que consumo da soja e de seus subprodutos está

associado à redução da prevalência e à possível prevenção de algumas enfermidades crônico-

degenerativas (Potter, 1996). A associação entre a ingestão de produtos à base de soja e os

seus potenciais efeitos benéficos à saúde está relacionada aos compostos bioativos presentes

nestes produtos, em especial isoflavonas e saponinas (Genovese & Lajoulo, 2002).

As isoflavonas pertencem à classe dos flavonoides e apresentam atividade antioxidante,

efeitos cardioprotetores (Heim et al., 2002), além de serem consideradas fitoestrógenos, por

apresentarem atuação biológica similar ao hormônio estradiol (Adlercreutz et al., 1995). As

saponinas de soja são compostos glicosídeos complexos e sua porção aglicona apresenta

estrutura triterpenóide pentacíclica (Shi et al., 2004). Diversos efeitos benéficos relacionados

às saponinas da soja vêm sendo observados em estudo in vitro e em estudos com animais, tais

como: atividade hipocolesterolêmica (Potter et al., 1996); atividade anticâncer de cólon

(Wang & Nixon, 2001) e atividade antioxidante (Ruiz et al., 1996). Apesar dos diversos

efeitos biológicos relatados para as saponinas de soja, há uma relativa escassez de estudos

sobre esses compostos, o que se deve principalmente à limitação na obtenção de padrões

comerciais e à dificuldade analítica em função da sua complexidade estrutural.

Em 1999, a agência reguladora de alimentos e medicamentos dos EUA (FDA, Food

and Drug Administration) autorizou a utilização de uma alegação de saúde na rotulagem de

alimentos à base de soja, sobre os benefícios do consumo de proteína de soja na prevenção de

doenças cardiovasculares. A recomendação da FDA indica o consumo diário de 25 g de

proteína de soja para que tal benefício seja obtido. Já no Brasil, a ANVISA, por meio da

19

Resolução nº. 19 de 1999, permitiu a alegação de propriedade funcional para a proteína de

soja, devido ao seu potencial efeito benéfico na redução do colesterol (ANVISA, 1999).

Entretanto, os estudos clínicos com seres humanos que investigaram o efeito da

ingestão de fitoquímicos presentes na fração proteica da soja apresentaram resultados muitas

vezes contraditórios, principalmente aqueles relacionados ao efeito hipocolesterolêmico da

soja. O mecanismo no qual a proteína de soja, as saponinas ou as isoflavonas administradas

isoladamente atuam não são bem elucidados dependendo assim de mais informação sobre

qual fração bioativa da soja é responsável por determinado efeito benéfico.

Dessa maneira, seria de grande interesse a obtenção de extratos contendo classes

específicas de fitoquímicos, de forma a possibilitar a relação entre tal classe de compostos

(isoflavonas, saponinas ou outra) e posterior elucidação dos mecanismos moleculares

envolvidos. Uma das maneiras possíveis para a obtenção de tais extratos seria a extração de

alimentos à base de soja com diferentes misturas de solventes e em diferentes condições de

extração.

20

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Soja

2.1.1. Histórico

A soja tem sua origem atribuída ao continente asiático, sobretudo nas regiões norte e

central da China, onde essas plantas rasteiras se desenvolviam principalmente ao longo do rio

Yang-Tsé (Hymowitz, 1970; Bonato & Bonato, 1987). As primeiras citações ao grão

aparecem no período entre 2883 e 2838 A.C., quando a soja era considerada um grão sagrado,

ao lado do arroz, do trigo, da cevada e do milheto. Um dos primeiros registros do grão está no

livro “Pen Ts’ao Kong Mu”, que descrevia as espécies botânicas chinesas a pedido do

Imperador Shen Nung (Hymowitz, 1970; Bonato & Bonato, 1987; Embrapa Soja, 2000).

A evolução da soja iniciou-se com o surgimento de plantas oriundas de cruzamentos

naturais entre duas espécies selvagens que foram domesticadas e melhoradas cientificamente,

principalmente na região oriental do Norte da China. Desde então, a soja começou a ser

introduzida no Sul da China e, com o fim da guerra entre China e Japão, a soja foi

disseminada por toda a Ásia, chegando à Coréia, ao Japão e a outros países do atual sudeste

asiático, porém registros indicam uma lenta expansão, apenas no século III D.C. (Hymowitz,

1970; Probst & Judd, 1973).

A propagação da soja rumo ao ocidente ocorreu principalmente após o

estabelecimento de rotas comerciais europeias marítimas e terrestres nos séculos XV e XVI.

O primeiro plantio experimental na Europa só ocorreu em 1739, quando o Jardim Botânico de

Paris recebeu sementes enviadas da China por missionários. Em 1790, foi cultivada pela

primeira vez no Jardim Botânico Real, em Kew, na Inglaterra (Shurtleff & Aoyagi, 2011). Na

Europa, em 1873, o professor Friedrich Haberlandt, da Universidade de Viena, obteve

dezenove variedades oriundas do Japão e da China, para exposição. Em 1876, foram

distribuídas sementes para vários países: Áustria, Alemanha, Polônia, Hungria, Suíça e

Holanda (Hymowitz, 1970; Bonato & Bonato, 1987; Shurtleff & Aoyagi, 2008).

No Ocidente, a primeira referência do comportamento genético da soja data de 1804

no Estado de Pensilvânia, EUA. No entanto, o interesse pelos produtores americanos iniciou-

se em 1880, quando o Departamento de Agricultura dos EUA iniciou testes em soja e

21

incentivou agricultores a plantá-la para o uso como ração animal (Hymowitz, 1970; Bonato &

Bonato, 1987; Shurtleff & Aoyagi, 2011).

Foi somente após o final da Primeira Guerra Mundial, em 1919, que o grão de soja se

tornou um item de comércio exterior importante. Em 1921, foi fundada a American Soybean

Association (ASA), um marco da consolidação da cadeia produtiva da soja em esfera mundial.

Em 1940, no auge do seu cultivo como forrageira, foram cultivados, nesse país, cerca de dois

milhões de hectares com tal propósito (Shurtleff & Aoyagi, 2011).

No Brasil, o cultivo foi introduzido em 1882 no Estado da Bahia por Gustavo D’utra.

Já no Rio Grande do Sul, trazida dos Estados Unidos, sua utilização restringiu-se à

alimentação suína até a década de 1950. Em 1957, ganhou rapidamente a adesão dos

produtores, devido ao bom preço, forte mercado consumidor e impacto à proteção da terra,

uma vez que durante o seu ciclo vegetativo, e por ser uma leguminosa, a soja enriquece o solo

fixando nitrogênio através de simbiose com bactérias (Bonato & Bonato, 1987; Franco,

2004). O melhoramento genético e as adaptações tecnológicas possibilitaram a introdução da

cultura em outras regiões e, desta maneira, a soja consolidou sua posição de maior cultura no

Brasil (Figura 1). Nesse contexto, sua importância econômica tornou-se muito expressiva,

gerando progresso e desenvolvimento para as diversas regiões de cultivo (Morais e Silva,

1996; Barbosa e Assumpção, 2001;).

Figura 1: Cultura de soja no Brasil

22

2.1.2. Relevância econômica

A soja é o quarto grão mais produzido mundialmente, atrás do milho, trigo e arroz.

Considerando-se a safra 2010/2011, os Estados Unidos são o país que detém a maior

produção mundial da oleaginosa, seguido do Brasil, segundo maior produtor e exportador

mundial do grão, e da Argentina, como observa-se na Figura 2 (Embrapa, 2010; FAO, 2010).

Figura 2: Produção mundial de soja (adaptado de FAOSTAT, 2012).

Dentre os principais estados produtores brasileiros, destacam-se Mato Grosso, Paraná

e Rio Grande do Sul. De acordo com dados do IBGE, em 2011 o crescimento da cultura

expandiu-se tão rapidamente que, em maio desse ano, a produção foi recorde, chegando a

74,3 milhões de toneladas (IBGE, 2011). A companhia Nacional de Abastecimento (Conab)

realizou algumas projeções para a safra 2012/2013, sendo estimados recordes de área plantada

e de produção, entre 80,1 milhões e 83,0 milhões de toneladas. Se tais estimativas forem

confirmadas, o Brasil se tornará o maior produtor e exportador mundial de soja (Conab

2012/2013).

75,3 milhões de toneladas

49 milhões de toneladas

Produção mundial de soja em grãos

Outros produtores mundiais

49,9 milhões de toneladas 19%

EUA 90,6 milhões de toneladas

34%

Brasil

28%

Argentina

19%

Safra 2010/2011 (264,8 milhões de toneladas)

23

2.1.3. Características gerais

A soja (Glycine max L. Merrill) é uma semente oleaginosa pertencente à família

Fabaceae (Leguminosae) e apresenta grande diversidade morfológica e genética devido ao

grande número de cultivares existentes, oriundos dos esforços científicos que buscaram

melhorar a produtividade e a resistência da soja à pragas e doenças (Horan, 1974). A soja é

uma leguminosa anual, com altura de 0,3 a 2,0 m, apresentando ramificação variada, com

ciclo de 80 a 200 dias. Nas raízes podem ser obsevados nódulos resultantes da simbiose entre

bactérias e a planta. Nestes nódulos ocorrem trocas como fornecimento de nitrogênio para a

planta e de carboidratos para a bactéria (Sediyama, et al., 1985).

Na Figura 3 observa-se que além das flores, a espécie é composta por um fruto, um

tipo de vagem achatada, reta e pouco curvada, com comprimento de 2 a 7 cm de largura

variando entre 1 e 2 cm. Sua coloração, quando madura, pode variar do amarelo-palha muito

claro, passando pelo cinza-claro até o quase preto (Sediyama et al., 1985). A semente da soja

é constituída por tegumento (parte externa), hilo (cicatriz deixada pela separação do fruto e da

semente) e cotilédones (primeiras folhas embrionárias, com função de armazenar nutrientes),

podendo apresentar variações quanto à forma, cor e tamanho. O cotilédone representa 90% do

peso da semente e contém praticamente todo o óleo e proteína do grão em suas estruturas

(Hymowitz & Newell, 1981; FAO, 1992; Seo, et al., 1993; Menezes, et al., 1997).

Figura 3: Morfologia da soja e características do grão de soja

Aproximadamente 90% da soja produzida no Brasil é utilizada como insumo para a

produção de ração animal e de óleos e gorduras. O consumo direto do grão de soja como parte

da dieta humana, apesar de ainda pequeno em países ocidentais, tem apresentado tendência

24

crescente, principalmente devido às investigações realizadas nas últimas décadas, que indicam

que o grão possui excelente composição nutricional e alto teor de fitoquímicos. Além disso, a

soja e os alimentos à base desse grão são amplamente utilizados como substitutos para a

proteína animal por indivíduos vegetarianos e crianças com alergia ao leite de vaca ou

intolerantes à lactose (FAO, 1997; AAP, 1998).

Os derivados da soja podem ser divididos em quatro grupos: produtos não

desengordurados, produtos do farelo desengordurado, produtos do óleo bruto e produtos de

tradição oriental (Figura 4) (Horan, 1974; Cabral & Modesta, 1981). Dentre os produtos não

desengordurados, destaca-se a farinha integral de soja, que é um produto obtido diretamente

dos grãos de soja e contém, no mínimo, 40% de proteína e 20% de lipídios. A composição

química da farinha integral de soja é muito variável, dependendo da variedade, das condições

de cultura, do armazenamento e do processamento. Outro produto desse grupo é o extrato

solúvel de soja, também conhecido como “leite de soja”, obtido por extração aquosa dos grãos

de soja. Nesse produto, para eliminar o sabor e o odor desagradáveis, provocados pela ação de

lipoxigenases, usam-se tratamentos adicionais, tais como remoção completa da casca,

trituração com água quente, maceração dos grãos com pH alcalino, trituração dos grãos com

ácidos, adição de flavorizantes, entre outros (ANVISA/CNNPA – nº 14, 1978).

Em relação aos produtos do farelo desengordurado, destacam-se a farinha e o farelo,

que são os produtos menos refinados das proteínas de soja. Ambos têm a mesma composição,

variando apenas o tamanho da partícula. São produtos normalmente utilizados como ração

para animais devido ao seu alto teor proteico (40 a 55% de proteína) e altos níveis de

aminoácidos essenciais, sendo excelente fonte de lisina. O tratamento térmico, usado para

inibir ou inativar fatores tóxicos, também melhora a biodisponibilidade de metionina,

considerado o aminoácido limitante do farelo de soja (Ferrari et al., 2005; Silva, 2006).

25

Figura 4: Produtos e subprodutos da soja em grão (Fonte: Endres, 2001).

26

Além disso, esses produtos são importantes para a indústria, sendo usados tanto para

enriquecer alimentos quanto na obtenção de concentrados proteicos de soja (CPS) e isolados

proteicos de soja (IPS). Quando empregado para uso humano, esses produtos precisam ser

submetidos a procedimentos especiais, com o objetivo de prevenir a desnaturação de

proteínas, o que resulta em uma coloração leve (Horan, 1974). Os CPS são obtidos a partir da

farinha desengordurada por lavagem com álcool etílico, água fervente ou ligeiramente

acidificada a pH 4,5, e contêm, no mínimo, 70% de proteínas. Nesse processo de lavagens,

componentes como açúcares simples, alguns minerais e o ácido fítico são arrastados,

deixando as proteínas e os carboidratos. Os CPS são utilizados na obtenção de produtos

cárneos, sopas e farinhas especiais (Horan, 1974). Os IPS são obtidos pela extração aquosa

das proteínas e recuperação por precipitação, seguida por secagem, e contêm, no mínimo,

90% de proteína. A proteína texturizada, denominada popularmente como “carne de soja”, é

utilizada pela indústria como ingrediente para a fabricação de embutidos, massas, molhos e

pães.

O óleo bruto, obtido a partir do grão extraído por solvente ou prensagem, apresenta

uma série de impurezas solúveis em gordura, cuja remoção é indispensável para proporcionar

adequado sabor, odor, aparência e estabilidade. Estas impurezas presentes no óleo cru são

lecitina, minerais (ferro, cobre e manganês), ácidos graxos livres, peróxidos e seus derivados,

e pigmentos (carotenos). O óleo refinado apresenta excelente valor comercial. A lecitina é

formada principalmente por fosfolipídios, sendo utilizada como emulsificante na produção de

margarinas e maionese, além de ser considerado um produto nutracêutico (Awazuhara et al.,

1998; Taylor & Kabourek, 2003).

Produtos obtidos a partir da soja in natura são os produtos tipicamente asiáticos,

como Shoyu (molho obtido após fermentação dos grãos de soja em mistura com cereais),

Misso (obtido pela fermentação de soja e cereais), Natto (menos consumido que os dois

primeiros), Tempeh, Tofu (alimento não fermentado da soja, cujas proteínas são coaguladas e

precipitadas por adição de sais de cálcio e magnésio, em geral sulfato de cálcio), além de

Kori-tofu, Yuba e Kinako (soja torrada, produzida a partir do grão descascado e livre de

impurezas, com aparência de um amendoim torrado). Dentre os produtos in natura não

característicos da dieta asiática, destaca-se a fibra de soja, preferencialmente do tipo solúvel

(30%), obtida a partir da extração do grão após maceração, utilizada especialmente na

dietoterapia e na indústria alimentícia (Taylor & Kabourek, 2003).

Outro subproduto obtido da industrialização do grão da soja que vem ganhando

destaque no cenário nacional devido à crescente produção brasileira é a casca de soja. Depois

27

de classificado e limpo, o grão de soja é seco até se alcançar cerca de 10% de umidade, fase

na qual este é submetido à quebra. Nessa etapa a casca se solta, correspondendo a cerca de 7 a

8% do peso do grão (Rhee, 2000). A casca de soja pode ser empregada como um suplemento

energético, usada principalmente como ração animal, por apresentar elevada digestibilidade

da sua fração fibrosa. Essa característica é atribuída principalmente aos baixos teores de

lignina e elevados de pectina (carboidrato estrutural da parede celular), o que proporciona sua

rápida e completa degradação no rúmen. A fração de carboidratos não fibrosos da casca da

soja é composta principalmente por pectina (62%), enquanto amido e açúcares simples estão

presentes em menor proporção (Rhee, 2000). Embora a soja seja considerada uma excelente

fonte proteica, no Brasil o consumo da oleaginosa na forma direta ou em produtos como

ingredientes principais é limitada, principalmente, devido à determinados atributos sensoriais

desagradáveis característicos destes produtos e à falta de hábito pelos consumidores

brasileiros.

2.2. Composição química da soja e de seus produtos comerciais

A composição química dos grãos de soja e de seus subprodutos é apresentada na

Tabela 1. Essa composição pode variar de acordo com as condições climáticas e do solo,

além das condições de armazenamento e de processamento do grão. Em função do

melhoramento genético das plantas, é possível obter um teor proteico do grão variando de 40

a 45%, sendo que o teor de lipídeos pode alcançar níveis entre 18 a 20%. Geralmente, um

aumento de 1% no teor de proteínas é acompanhado por uma diminuição de 0,5% em óleo

(Anderson et al., 1995; FAO, 1997; Embrapa Soja, 2000; Liu, 2000; Soares et al., 2005;

Reynolds et al., 2006).

Tabela 1: Composição centesimal (g/100g, base seca) da soja e de seus subprodutos.

Produtos Proteína Lipídio Carboidrato Fibra Umidade Cinzas

Soja em grão 42,6 20,0 nd1 5,3 11,0 5,0

Farinha de soja integral 40,5 20,5 25,6 2,3 6,6 4,5

Leite de Soja 3,5 2,2 nd nd nd Nd

Concentrado proteico de soja 72,0 1,0 17,5 4,5 nd 5,0

Farinha de soja desengordurada 56,0 1,0 33,5 3,5 nd 6,0

Isolado proteico de soja 96,0 0,1 0,3 0,1 nd 3,5

Adaptado de Circle & Smith, 1972; Pringle, 1974; Cabral & Modesta, 1981; 1Não disponível.

28

O óleo de soja está dentre os óleos mais consumidos na dieta humana, sendo composto

por componentes não-glicerídicos, como os fosfatídeos (lecitinas e cefalinas) e

esfingomielinas, de uma pequena parcela de matéria não saponificável, que engloba uma

diversidade de compostos, como pigmentos, esteróis (ergosterol, sitosterol), tocoferóis,

tocoquinonas, pró-vitamina A, entre outros (Privett et al., 1974; Faria et al., 2002) e,

principalmente, glicerídeos, que são produtos da esterificação de uma molécula de glicerol

com três moléculas de ácidos graxos. No óleo de soja destacam-se os ácidos graxos

insaturados (ácidos graxos monoinsaturados: 23%; ácidos graxos poli-insaturados: 58%) e

saturados (15%). O óleo de soja apresenta em sua composição ácidos graxos essenciais

(linoléico ou 18:2 ω-6 e α-linolênico ou 18:3 ω-3), que participam da síntese dos ácidos

araquidônico (20:4 ω -6) e docosahexaenóico (DHA, 22:6 ω-3), importantes precursores de

prostaglandinas e outros eicosanoides (Privett et al., 1973; Wilson & Rinne, 1974). O

percentual de ácido linoléico é inicialmente alto no grão imaturo e diminui em função do

amadurecimento (Privett et al., 1973; Wilson & Rinne, 1974; Liu, 1999). Vieira et al. (1999)

investigaram a composição de ácidos graxos de seis cultivares distintos de soja e relataram

que os diferentes cultivares apresentavam diferenças qualitativas e quantitativas em relação

aos teores de ácidos graxos (Tabela 2).

Tabela 2: Composição em ácidos graxos (%) de diferentes cultivares de soja.

Cultivar C14:0 C16:0 C16:1 C18:0 C18:1 C18:2 C18:3 Saturados Insaturados

IAS-4 0,06 9,40 0,14 3,82 21,15 57,19 7,51 13,28 85,99

EMBRAPA-4 0,03 9,27 0,14 2,87 39,93 42,46 4,64 12,17 87,17

Davis 0,08 11,84 0,06 3,39 24,87 53,08 5,92 15,31 83,93

BR-16 0,07 10,49 0,06 4,52 23,56 53,57 6,84 15,08 84,03

Iguaçu 0,04 9,62 0,04 3,87 22,38 56,54 6,65 13,53 85,61

IAS-5 0,07 8,06 0,12 3,65 24,17 55,47 7,69 11,78 87,45

Fonte: Vieira, et al., 1999

A soja comercial, apesar de conter cerca de 30% de carboidratos totais, não é

considerada como um alimento que favoreça o aumento da glicemia, pois o teor de açúcares

livres corresponde a apenas 8% do total, sendo destes 60% sacarose e o restante rafinose,

estaquiose, melibiose, galactose, ramnose, pinitol, verbascose e maltopentoses (Tabela 3).

Oligossacarídeos, fibra, rafinose e estaquiose não são digeridos no organismo humano, mas

consumidos preferencialmente por bactérias presentes no cólon, o que está relacionado à

29

flatulência e às dores abdominais causadas pelo consumo de soja e seus produtos (Cristofaro

et al., 1974; Liener, 1994). O amido é encontrado somente em sementes verdes, mesmo assim

em pequenas quantidades (Hymowitz, 1972; Markley, 1974). As fibras alimentares como a

celulose estão presentes na casca do grão de soja, representando 64% desta e podem ser

classificadas como solúveis ou insolúveis. Outros polímeros semelhantes à celulose, como as

pentosanas, galactanas, hemicelulose e dextrinas também podem ser encontradas na soja e

também não são hidrolisados pelas enzimas digestivas humanas. As fibras solúveis presentes

são as pectinas, gomas, mucilagens e algumas hemiceluloses, que são responsáveis pelo

retardo do esvaziamento gástrico. As fibras insolúveis são a celulose, lignina e hemicelulose,

sendo pouco fermentáveis e responsáveis pelo aceleramento do trânsito intestinal (Rivas,

2006).

Tabela 3: Composição em carboidratos da soja em grão

(g/100g, base seca).

Carboidrato Teor médio na soja integral

Celulose 4,0

Hemicelulose 15,0

Estaquiose 3,8

Rafinose 1,1

Sacarose 5,0

Outros açúcares 5,1

Adaptado: Markley, 1974

Os minerais ou compostos inorgânicos compõe cerca de 5% do grão de soja. Os mais

frequentemente detectados são cálcio, ferro, zinco, potássio, sódio, magnésio, fósforo,

enxofre, cloro, iodo, cobre, manganês e alumínio (Tabela 4). Dentre esses, aqueles que estão

em maior proporção são o potássio, o fósforo e o cálcio. É importante ressaltar que

aproximadamente 43% do fósforo apresenta-se ligado ao ácido fítico, e quase todo o fósforo

restante faz parte dos fosfolipídios, o que dificulta sua biodisponibilidade (Jaffe, 1981; Liener,

1981; Erdman & Fordyce, 1989).

30

Tabela 4: Teor de minerais da soja em grão.

Mineral Teor

Cálcio (mg/100g) 220 – 280

Fósforo (mg/100g) 590 – 660

Ferro (mg/100g) 8 – 18

Potássio (mg/100g) 340 – 380

Sódio (mg/100g) 1670 – 2090

Magnésio (mg/100g) 220 – 240

Enxofre (mg/100g) 410

Iodo (mg/kg) 0,01

Cobre (mg/kg) 12

Adaptado: Shurpalekar, 1961, citado por Rivas, 2006.

As principais vitaminas presentes na soja são tiamina, riboflavina, niacina, ácido

pantotênico e ácido fólico, todas do complexo B e hidrossolúveis. As principais vitaminas

lipossolúveis encontradas são as vitaminas K e E, presentes no óleo de soja refinado, sendo

essa última um antioxidante natural, importante tanto para a conservação do óleo comercial

quanto para o organismo humano (Smith & Circle, 1975; Messina et al., 1994) (Tabela 5).

Tabela 5: Teores de vitaminas da soja em grão.

Vitamina Teor

Pró vitamina A (µg/100g) 12

E (µg/100g) 1,8

Tiamina (µg/100g) 0,83

Riboflavina (mg/100g) 0,3

Niacina (mg/100g) 2,2

Adaptado de Kagawa, 1995.

A proteína de soja é amplamente utilizada em muitos alimentos como ingrediente

funcional e nutricional (Hettiarachchy & Kalapathy, 1997; Liu, 2000). Sabe-se que a proteína

de soja tem inúmeras funções fisiológicas e que sua qualidade é relacionada ao teor de

aminoácidos, digestibilidade e capacidade de suprir os aminoácidos essenciais adequados às

necessidades humanas. Além disso, nos EUA a Food and Drug Administration (FDA)

aprovou a alegação de saúde sobre o papel da proteína soja na redução do risco de doença

cardíaca coronária (Liu, 1997; FDA, 1999). Já no Brasil, a ANVISA, por meio da Resolução

31

nº. 19 de 1999 permitiu a alegação de propriedade funcional para a proteína de soja, devido

ao seu potencial efeito benéfico na redução do colesterol (ANVISA, 1999).

Grande parte da proteína encontra-se em corpúsculos contidos nas células

cotiledonares e a maioria dos cultivares de soja apresenta conteúdo proteico que pode oscilar

de 30 a 45%. Os maiores componentes da proteína da soja são proteínas de armazenamento

denominadas β-conglicinina e glicinina, representando 65% a 80% do total de proteínas

(Penha et al., 2007). Essas proteínas são denominadas antigênicas e podem causar reações de

hipersensibilidade na mucosa intestinal.

Os aminoácidos histidina, isoleucina, leucina, lisina, metionina, cistina, fenilalanina,

tirosina, treonina, triptofano e valina, estão presentes em quantidades maiores que as

recomendadas pelo padrão de referência (FAO/WHO) para adultos e crianças em idade pré-

escolar (Vieira et al., 1999). Entretanto, são limitados os teores dos aminoácidos sulfurados,

especialmente metionina, e também de treonina, quando comparados aos encontrados em

alimentos de origem animal (Liu, 1997).

Vieira et al. (1999) avaliaram seis diferentes cultivares de soja e observaram que as

mesmas apresentaram grande quantidade de aminoácidos essenciais e, portanto, podem ser

consideradas fonte de proteína de excelente qualidade para a nutrição de seres humanos

(Tabela 6).

Tabela 6: Composição média de aminoácidos das proteínas das cultivares de soja e

comparação com o padrão da FAO (1985).

Aminoácidos FAO (g/100g de proteína) Média das cultivares

(g/100g de proteína) 2 a 5 anos Adultos

Essenciais

Histidina 1,9 1,6 2,07

Isoleucina 2,8 1,3 3,87

Leucina 6,6 1,9 7,55

Lisina 5,8 1,6 6,25

Sulfurados (Met + Cys) 2,5 1,7 3,62

Aromáticos (Phe + Tyr) 6,3 1,9 9,53

Treonina 3,4 0,9 3,87

Triptofano 1,1 0,5 1,57

Valina 3,5 1,3 4,27

Total aminoácidos essenciais 33,9 12,7 42,58

Não essenciais

Arginina -- -- 7,15

Alanina -- -- 4,10

Ácido aspártico -- -- 13,85

Ácido glutâmico -- -- 21,48

Glicina -- -- 3,67

Prolina -- -- 8,00

Serina -- -- 5,13

Adaptado: Vieira, 1999.

32

A soja não deve ser ingerida crua, uma vez que o grão contém compostos

considerados fatores antinutricionais, como hemaglutininas, inibidores de tripsina, lectinas,

fatores de flatulência (oligossacarídeos), enzimas como lipoxigenase e urease, e ácido fítico.

Esses fatores podem reduzir a qualidade das proteínas e sua utilização no organismo, assim

como afetar a biodisponibilidade de minerais (Liu, 1999; Monteiro et al., 2003).

A soja integral contém cerca de 7 a 9% de inibidores de protease, localizados no

cotilédone do grão e que apresentam a capacidade de inibir a atividade proteolítica de

algumas enzimas do sistema digestivo de animais e seres humanos (Brandon & Friedman,

2002; Penha et al., 2007; Esteves et al., 2010). Na soja existem dois tipos de inibidores da

tripsina, o inibidor de Kunitz (KTI) e o inibidor da tripsina e quimotripsina de Bowman-Birk

(BBI). O processamento térmico da soja diminui o teor desses compostos, o que também pode

ser alcançado através do melhoramento genético dos grãos, sem prejuízo para a qualidade da

proteína (Monteiro et al., 2004; Miura et al., 2005; Machado et al., 2008; Andrade et al.,

2010).

Lipoxigenases são enzimas que pertencem a um grupo de proteínas de ferro não heme

amplamente distribuídas na soja e que podem representar até 2% da proteína de grãos de soja

(Loiseau et al., 2001). O sabor característico de “feijão cru” (beany flavor) da soja deve-se a

compostos voláteis de baixo peso molecular, resultantes da oxidação de ácidos graxos

insaturados, especialmente linoleico e linolênico, catalisada por essas enzimas. Além de

alterar o sabor da soja, essas substâncias tornam o seu óleo rançoso e reduzem a vida de

prateleira de seus derivados (Goossens, 1974). As lipoxigenases são facilmente inativadas

pelo calor (Huang et al., 1982; Kwok & Niranjan, 1995).

As lectinas, ou fito-hematoglutininas, estão presentes em maior quantidade em

leguminosas e gramíneas e apresentam diversas propriedades biológicas, como a aglutinação

de células sanguíneas (linfócitos e eritrócitos). Algumas lectinas são resistentes à hidrólise

enzimática no trato digestivo, e, portanto, podem reagir com as células epiteliais do intestino,

interferindo na absorção e utilização de nutrientes e, consequentemente, provocando

deficiências no desenvolvimento (Silva & Silva, 2000; Ritt, 2005). Os teores típicos de

lectinas na soja variam de 2,1 a 5,7 mg/g, podendo ser reduzido por processamento térmico

(Machado et al., 2008; Gu et al., 2010; Paucar-Menacho et al., 2010).

O ácido fítico é um ácido orgânico abundante em cereais e leguminosas e compõe as

reservas de fosfato e minerais da planta. Na soja e seus derivados, o teor de ácido fítico varia

de 1% a 1,5% em peso seco dos grãos. Em função de sua densidade eletrônica, a molécula de

ácido fítico apresenta alta capacidade de ligação com cátions bivalentes, como o cobre, zinco,

33

cobalto, magnésio, ferro e cálcio, formando sais de baixa solubilidade, o que dificulta a

absorção intestinal desses minerais, em especial cálcio, ferro, magnésio e zinco, ocasionando

a diminuição da sua biodisponibilidade (Gu et al., 2010).

2.3. Compostos bioativos

Com a crescente popularização de medicamentos fitoterápicos, os compostos biativos

de origem vegetal têm sido exaustivamente estudados (Diniz et al., 2007). Esses compostos

não estão normalmente envolvidos nas funções vitais destes vegetais, participando do seu

metabolismo secundário. Os compostos bioativos apresentam características químicas

diversas e bem complexas, englobando diferentes classes como terpenos, alcalóides,

glicosídeos, compostos fenólicos, entre outros (Matos, 1997; Stringheta, 2004).

Dentre as inúmeras classes de compostos bioativos, os compostos fenólicos ou

polifenóis são aqueles que apresentam uma das maiores diversidade de estruturas. Essa grande

variedade deve-se ao fato de que os mesmos contêm diferentes grupamentos ligados

(hidroxilas, metilas, metoxilas, etc.), em número e posição variáveis, e podem estar

conjugados ou não com açúcares ou outros compostos (Simões et al., 1999; Heim et al.,

2002). Os polifenóis são produtos gerados a partir metabolismo secundário de vegetais

(Simões et al., 1999). Sua origem biossintética está relacionada às vias do ácido chiquímico

(carboidratos) e do acetato-malato (malonil-CoA e acetil-CoA) (Mann, 1996). Em comum, os

compostos fenólicos apresentam potencial para atuarem como antioxidantes (Simões et al.,

1999; Naczk e Shahidi, 2004).

As principais classes de compostos fenólicos incluem fenóis neutros, ácidos fenólicos,

flavonoides e outros fenólicos (Figura 5) (Naczk e Shahidi, 2004; Oliveira, 2005; Dimitrios,

2006).

34

Figura 5: Estrutura química dos principais compostos fenólicos encontrados nos vegetais

(adaptado: Manach, et al., 2004)

Dentre os compostos fenólicos apresentados na Figura 5, os que estão presentes na

soja e seus subprodutos são os ácidos fenólicos, que são divididos em dois subgrupos

derivados dos ácidos hidroxibenzóico (ácido gálico, p-hidroxibenzóico, vanílico e siringico) e

hidroxicinâmico (m-cumárico, p-cumárico, cafeico, ferúlico e sinápico) (Potter et al., 1985;

Kim et al., 2006; Hanan et al., 2008) e as isoflavonas, que pertencem a classes dos

flavonoides. Os flavonoides possuem 15 átomos de carbono e se encontram distribuídos em

mais de 2.000 espécies do reino vegetal, nas mais diversas famílias (Figura 6).

Desempenham importante papel na fisiologia vegetal, uma vez que atuam na proteção

contra agentes oxidantes (Salisbury & Ross, 1992).

35

Figura 6: Estrutura química dos flavonoides (adaptado: Manach, et al., 2004)

2.3.1. Isoflavonas

Embora os flavonoides sejam encontrados em várias famílias de plantas e em

diferentes tecidos, as isoflavonas possuem distribuição restrita em alimentos, estando

presentes em apenas algumas famílias botânicas, como a do grão-de-bico, feijão e, em

especial, da soja, que é a espécie botânica que contém a maior quantidade de isoflavonas, na

faixa de 0,1 a 0,4% em peso seco (Tsukamoto et al., 2001; Devi et al., 2008).

O conteúdo de isoflavonas da soja varia de acordo com o local de crescimento do grão,

do genótipo, da temperatura e da interação desses fatores durante a maturação. Segundo

Tsukamoto et al. (1995), cerca de 80 a 90% do total de isoflavonas dos grãos encontram-se

nos cotilédones, sendo que o restante fica no hipocótilo. As isoflavonas correspondem a, no

mínimo, 72% dos compostos fenólicos presentes na soja e em alimentos derivados desse grão.

Apresentam-se subdivididas em quatro grupos (Figura 7): agliconas, β-glicosídeos, acetil

glicosídeos e malonil glicosídeos, com três compostos em cada um deles, com os núcleos

genistina, daidzina e glicitina.

36

Figura 7: Estruturas químicas das isoflavonas da soja (Adaptado de Lee & Choung)

As isoflavonas são biologicamente ativas no organismo humano, desencadeando

efeitos benéficos à saúde (Seo & Morr, 1984; Kao, et al., 2008; Hu, et al., 2008). De acordo

com Barbosa et al. (2006), as diferenças de estrutura química das isoflavonas podem

influenciar na sua atividade biológica, biodisponibilidade e efeitos fisiológicos. No entanto,

de maneira geral, a biodisponibilidade das isoflavonas no corpo humano depende da

capacidade das β-glicosidases da microbiota intestinal em hidrolisar as formas glicosiladas

das isoflavonas às formas aglicona (Carrão-Panizzi et al., 2003; Lee et al., 2003; Lee et al.,

2007). Segundo Kao et al. (2008), as formas aglicona possuem maior biodisponibilidade e

maior atividade biológica do que as formas conjugadas.

2.3.2. Saponinas

Os terpenos são compostos que abrangem uma vasta variedade de metabólitos

secundários, com uma grande variedade estrutural. Esses compostos ocorrem naturalmente

em vegetais e apresentam importante função de proteção. Os terpenos ou terpenoides podem

ser classificados de acordo com o número de unidades de isoprenos presentes na estrutura. O

isopreno consiste num hidrocarboneto alifático, incolor, volátil, com 5 átomos de carbono e

duas ligações duplas conjugadas (Figura 8) (Raven et al., 2001).

Figura 8: Estrutura química do isopreno

O ácido mevalônico é o precursor dos terpenos, que são formados a partir de

metabólitos secundários (Figura 9). Os terpenos são formados através da justaposição

37

sucessiva de isopentenilpirofosfatos, dando origem a todos as classes: monoterpenos (C10),

sesquiterpenos (C15), diterpenos (C20), triterpenos (C30) e tetraterpenos (C40). Embora o

metabolismo secundário não seja necessário para que o vegetal complete seu ciclo de vida, ele

desempenha um papel importante na interação das plantas com o meio. Desse modo, produtos

secundários possuem um papel contra ataque de patógenos, atração de organismos benéficos,

como polinizadores, dispersores de semente e micro-organismos simbiontes. Além disso,

possuem ação protetora em relação ao estresse associado à mudança de temperatura,

exposição à luz UV e à deficiência de nutrientes minerais (Dixon, 2001).

Figura 9: Biossíntese de terpenos (Adaptado: Taiz & Zeiger, 2004).

As saponinas são compostos glicosídeos complexos (Figura 10), presentes em uma

grande variedade de plantas. A porção aglicona das saponinas pode apresentar estrutura

esteroidal ou triterpenoide, sendo essa última o caso das saponinas presentes na soja. A

estrutura triterpenoide pode estar ligada a uma ou mais moléculas de açúcares, como glicose,

ramnose, galactose, entre outras, sendo classificadas, dessa maneira, em monodesmosídicas

(uma cadeia de açúcar), bidesmosídicas (duas cadeias de açúcares), ou tridesmosídicas (três

cadeias de açucares) (Shi et al., 2004). Esta classe de compostos apresenta propriedades

surfactante e detergente, atuando como agentes emulsificantes.

38

Figura 10: Representação da estrutura química das saponinas da soja (Adaptado de Fang et

al., 2004)

A porção aglicona das saponinas é também denominada como sapogenina. Na soja o

teor de saponinas está em torno de 0,1 a 0,3%. As saponinas de soja podem ser divididas em

três principais grupos: A, B e E (Hu et al., 2002).

As saponinas do grupo A parecem ser de ocorrência natural na soja e são classificadas

de acordo com sua ordem de eluição na cromatografia líquida e sua hidrólise ácida produz

uma aglicona comum, o sapogenol A.

O grupo B apresenta diversos componentes, dentre eles o sapogenol B e as saponinas

de soja I, II, III, IV e V, sendo as saponinas deste grupo as mais abundantes na soja (cerca de

70%). As saponinas do grupo B conjugadas ao radical DDMP (2,3-dehidro-2,5-dihidroxi-6-

metil-4(H)-pirano-4-ona) são denominadas saponinas βa, βg, αg, γg e γa, podendo ser

convertidas às saponinas I, II, III, IV, e V, respectivamente, quando perdem o grupamento

DDMP. Estudos demonstraram que aquecimento prolongado, extração ou armazenamento

após colheita podem liberar esse radical de saponinas DDMP-conjugadas presentes no

cotilédone do grão, devido a processos químicos ou enzimáticos (Zhang & Popovick, 2009).

Hu et al. (2002) estudaram o efeito de diferentes tratamentos sobre os teores de saponinas de

vários produtos à base de soja e observaram que as saponinas DDMP-conjugadas foram os

principais componentes da farinha de soja bruta, enquanto as saponinas não conjugadas foram

as formas principais em produtos processados. É importante destacar que o radical DDMP é

responsável pela atividade antioxidante das saponinas DDMP-conjugadas.

As saponinas de soja do grupo E são formadas após a hidrólise ácida. Grande parte dos

grupos de saponinas de soja descritos são formados devido à alteração das estruturas químicas

após os processos de extração e análise (Vasantha et al., 2003; Li-Hsun, et al., 2007; Zhang,

et al., 2009).

39

2.3.3. Principais efeitos dos compostos bioativos da soja no metabolismo

Dentre os compostos bioativos presentes na soja e em seus subprodutos, as isoflavonas

recebem maior atenção, em especial as formas agliconas. A genisteína, por exemplo, de

acordo com alguns estudos, apresenta ação anticâncer (Adlercreutz & Mazur, 1997; Rostagno

et al., 2009), enquanto as isoflavonas agliconas, de maneira geral, são associadas à prevenção

da osteoporose em mulheres (Potter et al., 1998; Esteves & Monteiro, 2001), possuindo

também atividade antioxidante, antifúngica e antimutagênica (Miyazawa et al., 1999; Lee et

al., 2005; Benavent et al., 2008).

Assim como para as isoflavonas, diversos efeitos benéficos foram relacionados às

saponinas da soja, com destaque para a atividade hipocolesterolêmica (Potter et al., 1996).

Outros efeitos também já foram observados, principalmente, em estudos in vitro e com

animais, tais como: atividade antiviral (como adjuvantes em vacinas contra o HIV-1,

citomegalovírus e Toxoplasma gondii) (Yang et al., 2005); atividade anticâncer de cólon (Rao

et al., 1977; Wang & Nixon, 2001). Além disso, conforme mencionado anteriormente, alguns

estudos relataram que as saponinas de soja conjugadas com DDMP apresentam atividade

antioxidante (Yoshiki et al., 1996; Ruiz et al., 1996).

Os benefícios do uso da proteína da soja em substituição à proteína animal foram

objeto de inúmeros estudos, a partir da constatação de que a população asiática, grande

consumidora de alimentos à base de soja, apresenta menor incidência de doenças crônicas

degenerativas quando comparada a outras populações (Heim et al, 2002). Os japoneses

consomem cerca de 55 g/dia de proteína de soja, enquanto que a população ocidental consome

menos que 5 g/dia (Anderson et al, 1995).

Em 1999, a FDA (Food and Drug Administration, agência reguladora e fiscalizadora

dos alimentos nos EUA) autorizou uma alegação de saúde relacionada à proteína de soja,

indicando um consumo de 25 g por dia, para que efeitos benéficos relacionados à prevenção

de doenças cardiovasculares, como a diminuição dos níveis de colesterol, fossem alcançados.

Dentre os efeitos benéficos associados à ingestão de compostos bioativos presentes na

soja e nos produtos derivados desse grão, a modulação do metabolismo do colesterol é um dos

que vem sendo mais exaustivamente estudados, com o intuito de elucidar os mecanismos de

ação envolvidos, assim como determinar quais fitoquímicos são responsáveis por tais efeitos.

Os estudos clínicos realizados com seres humanos e animais, além de ensaios in vitro,

que investigaram o efeito da ingestão de fitoquímicos presentes na fração proteica da soja

apresentaram resultados muitas vezes contraditórios. Contudo, de maneira geral, os benefícios

40

da ingestão da soja para a prevenção de doenças crônicas vêm sendo associados

principalmente às isoflavonas, enquanto outros fitoquímicos como as saponinas recebem

menor atenção da comunidade científica.

Lucas et al. (2001) trataram do possível papel das saponinas na mediação da atividade

hipercolesterolêmica da proteína de soja. Apesar desta atividade ser tão bem estabelecida a

ponto da FDA ter aprovado uma alegação de saúde relacionando o consumo de proteína de

soja com a redução de risco doença cardíaca coronariana, segundo Lucas et al. (2001), a

proteína de soja comercial geralmente contém altos teores de isoflavonas, saponinas e outros

fitoquímicos que podem, por si só, influenciar no metabolismo do colesterol. Dessa maneira,

portanto, talvez seja errôneo que tal alegação de saúde não especifique um requisito de

composição característica para esses materiais à base de proteína de soja. Não obstante,

também é possível que a proteína purificada possa exercer outros efeitos no metabolismo.

O estudo do efeito das saponinas naturais e sintéticas sobre o metabolismo de

diferentes organismos pode trazer informações importantes para o controle da

hipercolesterolemia. A capacidade das saponinas em formar complexos insolúveis com o

colesterol é assunto de grande interesse. A interação entre esses componentes leva à

formação de micelas entre as saponinas e o colesterol e sais biliares, através da ligação da

porção hidrofóbica da saponinas (sapogenina) e o núcleo lipofílico do colesterol (Topping et

al., 1980; Cheeke, 1999).

Estudos com animais verificaram o efeito benéfico das saponinas de soja sob o

metabolismo do colesterol. Lee et al. (1970) investigaram a ação das saponinas de soja na

redução do colesterol plasmático e da excreção fecal de ácidos em 4 suínos machos. Os

autores observaram que, ao submeter esses animais a uma dieta com baixo teor de colesterol e

20g de saponinas por dia, não foi observada alteração nas concentrações de LDL ou HDL

colesterol. No entanto, houve um aumento da excreção de ácidos biliares e de esteróis neutros,

o que poderia favorecer a redução do colesterol plasmático.

Oakenfull et al. (1979) investigaram os efeitos da alimentação com isolados contendo

saponinas sobre as concentrações de lipídios plasmáticos e de ácidos biliares nas fezes de

ratos. Nesse estudo, um grupo de animais consumiu uma dieta pobre em colesterol e um

padrão comercial sintético de saponina (informações quanto à origem botânica não foram

fornecidas) e o outro grupo consumiu uma dieta rica em colesterol e saponinas. A partir dos

resultados encontrados, os autores concluíram que as saponinas reverteram parcialmente a

hipercolesterolemia causada pela dieta rica em colesterol, aumentando a taxa de excreção de

ácidos biliares e de esteróis neutros, sugerindo que dietas contendo saponinas isoladas ou

41

alimentos ricos em saponinas (como os grãos de soja) são hipocolesterolêmicas e por tanto,

benéficas ao homem.

Um resultado semelhante foi relatado por Sidhu & Oakenfull (1986) ao investigarem a

ação da saponina isolada a partir de um extrato etanólico de soja no intestino de ratos fêmeas,

submetidas a uma dieta hiperproteica e hiperlipídica. Os autores concluíram que as saponinas

exerceram ação hipocolesterolêmica e sugeriram que, possivelmente, a ingestão de alimentos

que contenham saponinas seria capaz de reduzir a concentração plasmática de colesterol em

indivíduos hipercolesterolêmicos.

Contudo, ao contrário do observado em modelos animais, um estudo similar em

humanos apresentou resultados menos consistentes. Calvert et al. (1981) analisaram o efeito

hipocolesterolêmico das saponinas, através da suplementação de dez homens

hipercolesterolêmicos com dois tipos diferentes de farinha de soja, contendo 4 e 22g de

saponinas, respectivamente. Após a análise dos lipídios plasmáticos e dos ácidos biliares e

esteróis neutros nas fezes dos voluntários, os autores concluíram que as saponinas presentes

nas farinhas não exerceram qualquer ação hipocolesterolêmica.

Com relação às proteínas da soja, as primeiras evidências acerca do seu potencial

efeito hipocolesterolêmico foram observados em modelos animais. No início da década de

80, Terpestra et al. (1981) realizaram experimentos com 57 ratos fêmeas divididas em 5

grupos de acordo com diferentes níveis de colesterol sérico, sendo em seguida oferecida uma

dieta com diferentes proporção de proteína de soja e de caseína. Os autores concluíram que a

proteína de soja dessa dieta foi capaz de reduzir os níveis séricos de colesterol em ratos

hipercolesterolêmicos. No entanto, os autores afirmaram que mais estudos deveriam ser

realizados a fim de elucidar o mecanismo deste fenômeno.

Já Hrabek-Smith et al. (1989) avaliaram o efeito de dietas ricas em caseína ou em

proteína de soja semipurificada sobre aos níveis séricos de HDL (lipoproteína de alta

densidade) e LDL (lipoproteína de baixa densidade) em coelhos de laboratório. Os autores

relataram que os animais que foram alimentados com a dieta rica em caseína apresentaram

níveis séricos elevados de colesterol, em especial LDL, ao passo que aqueles que foram

alimentados com a dieta rica em proteína de soja semipurificada apresentaram níveis normais

de colesterol sérico, com um leve aumento da fração HDL. Os autores supuseram, assim, que

uma dieta rica em proteína de origem vegetal, em especial a proteína de soja, foi eficiente

para oferecer um bom aporte proteico, além de manter os níveis ótimos de colesterol sérico.

Lucas et al. (2000) investigaram o efeito da proteína de soja na redução do colesterol

de 48 hamsters fêmeas, ovariectomizadas ou não ovariectomizadas. Ambos os grupos foram

42

submetidos a dois tratamentos: dieta rica em caseína e isenta de colesterol; dieta contendo o

isolado proteico de soja depletado da isoflavona (através de extração etanólica). Observou-se

que, no grupo suplementado com proteína de soja isolada, houve diminuição dos níveis

séricos de triglicerídeos, o que permitiu aos autores concluírem, então, que a proteína de soja

exerce função importante no efeito hipocolesterolêmico e não somente as isoflavonas.

Mais recentemente, Fukui et al. (2004) investigaram a ação hipocolesterolêmica de

produtos à base de soja em 30 ratos machos, que foram submetidos a uma dieta enriquecida

em colesterol. Os animais foram divididos em 5 grupos, suplementados com: caseína (grupo

controle); proteína de soja; proteína de soja lavada com etanol; proteína de soja acrescida do

extrato etanólico; caseína adicionada do extrato etanólico. Os autores verificaram que, dentre

os componentes presentes no isolado protéico de soja, somente a própria proteína intacta

apresentou ação hipocolesterolêmica. Entretanto, os autores relataram que os componentes

presentes nos extratos etanólicos ainda deveriam ser investigados em maior detalhe, sugerindo

que o efeito hipocolesterolêmico poderia ser atribuído a outros componentes diferentes

daqueles presentes na fração etanólica, rica em isoflavonas e saponinas segundo os autores.

Um estudo utilizando células em cultura demonstrou que subunidades isoladas da

proteína da soja participam da regulação positiva do LDL colesterol, já que foram observados

receptores para a β-conglicinina em células hepáticas, sugerindo assim que estas seriam

responsável pela produção adequada de lipoproteínas pelo fígado (Duranti et al., 2004). Esse

resultado foi análogo aos efeitos da proteína de soja sobre o metabolismo lipídico observados

em estudos com animais, sugerindo que a β-conglicinina (subunidade 7S da globulina da soja)

seja responsável pelo efeito substancial nos lipídios plasmáticos.

De maneira conjunta, estes estudos apontam que a diminuição da absorção intestinal

de colesterol e o aumento da excreção fecal de esteroides são os principais mecanismos

responsáveis pelo efeito hipocolesterolêmico da proteína de soja quando comparado à caseína.

A partir dos estudos em modelos animais, inúmeros estudos clínicos com seres

humanos foram realizados a fim de investigar a potencial resposta hipocolesterolêmica do

consumo da proteína de soja. No estudo realizado por Widhalm et al. (1993) 19 crianças com

hipercolesterolemia poligênica diagnosticada ou com predisposição à doença foram separadas

em 3 grupos: o primeiro grupo consumiu uma dieta com baixos teores de gordura, o segundo

uma dieta com baixo teores de colesterol e o terceiro uma dieta onde a proteína animal foi

substituída por proteína de soja. Após avaliarem os níveis de colesterol total, triglicerídeos,

LDL colesterol e HDL colesterol, os autores concluíram que o grupo que consumiu proteína

de soja apresentou um melhor resultado em relação aos níveis plasmáticos de colesterol total,

43

havendo também uma melhora nos índices de LDL e HDL colesterol. O mecanismo

envolvido no efeito de redução do colesterol da dieta com proteína da soja em substituição à

proteína animal não foi totalmente compreendido, mas os autores sugeriram que o efeito

benéfico pode estar ligado aos aminoácidos presentes ou ao padrão de dieta que continha

baixos níveis de colesterol e de gordura.

Apesar de estudos relatarem o efeito positivo da proteína de soja na redução do

colesterol plasmático, a presença ou ausência de isoflavonas nessa fração pode ser um fator

que pode causar confusão. Algumas isoflavonas, principalmente genisteína e daidzeína, têm

apresentado efeito hipocolesterolêmico em animais e humanos (Huff et al., 1977).

Existe a hipótese de que as isoflavonas presentes na soja possam inibir o

desenvolvimento da aterosclerose, pois essas possuem propriedades antioxidantes contra a

oxidação do LDL-colesterol. Além disso, as isoflavonas possuem efeitos

hipocolesterolêmicos que ainda estão sendo investigados, como a interação das isoflavonas

com os receptores de estrogênio presentes no organismo, em função da sua similaridade

estrutural (Hall, et al., 2005).

Estudos in vitro, em modelos animais e com seres humanos têm sido realizados a fim

de elucidar a ação das isoflavonas sobre o metabolismo do colesterol. Em um estudo in vitro,

Borradaile et al. (2002) investigaram a ação da genisteína e da daidzeína (padrões comerciais

nas concentrações de 20 a 200 µM) sobre a regulação do metabolismo hepático de lipídios,

especialmente a excreção de ApoB (receptores de membrana do LDL colesterol) e a

expressão das enzimas HMG-CoA (3-hidroxi-3-metilglutaril CoA redutase) e ACAT (acil-

CoA colesterol aciltransferase) em células humanas HepG2. Os autores concluíram que

ambas isoflavonas diminuíram significativamente a expressão de ApoB nas células hepáticas,

sendo um dos mecanismos responsáveis pela ação hipocolesterolêmica das mesmas

(Borradaile et al., 2002).

Já em um modelo animal, Greves et al. (1999) conduziram estudos exploratórios

acerca do efeito hipocolesterolêmico das isoflavonas em 60 macacas fêmeas ovariectomizadas

(condição análoga à menopausa em mulheres), que foram submetidas a três dietas: caseína

(grupo controle); caseína adicionada de um extrato semi-purificado em isoflavonas; e proteína

de soja intacta. A partir dos resultados obtidos, os autores concluíram que a proteína de soja

intacta melhorou o perfil lipídico, reduziu o tamanho das partículas de LDL e alterou a

composição das mesmas, enquanto a adição de um extrato semi-purificado de soja, rico em

isoflavonas, não resultou em ação hipolipídica ateroprotetora ou modificação do perfil

lipoprotéico, como observado para a proteína de soja. Segundo esses autores, portanto, as

44

isoflavonas não demonstraram possuir efeitos benéficos sobre a redução do colesterol

plasmático.

Contudo, Wiseman et al. (2000) buscaram investigar os efeitos de uma dieta

enriquecida com soja contendo isoflavonas sobre a peroxidação lipídica e a resistência à

oxidação de LDL em 24 indivíduos saudáveis (19 homens e 5 mulheres). Os resultados

obtidos após a suplementação com duas dietas diferentes, uma contendo proteína de soja

texturizada rica em isoflavona e outra similar, porém empobrecida em isoflavonas por

extração etanólica, indicaram que o consumo de soja contendo quantidades naturais de

isoflavonas reduziu a peroxidação lipídica e aumentou a resistência da LDL à oxidação, o que

pode ser considerado um efeito significativo para a redução do risco de aterosclerose, doenças

cardiovasculares e câncer em geral.

Mais recentemente, Fernandes et al. (2006) avaliaram uma publicação de

aconselhamento da American Heart Association (AHA) de 2006, que visava esclarecer as

repercussões das isoflavonas de soja, não só para a saúde cardiovascular, mas também para

outros efeitos clínicos. A publicação da AHA foi produzida a partir da meta análise de 19

estudos randomizados, dando destaque para os seguintes resultados: o impacto das

isoflavonas foi nulo sobre os níveis de HDL-colesterol, LDL-colesterol, triglicerídeos e os

valores de pressão arterial; não se observou melhora dos sintomas vasomotores relacionados à

menopausa; os resultados foram controversos no tocante à perda da massa óssea após a

menopausa; a eficácia e segurança na prevenção ou tratamento dos cânceres de mama e de

endométrio ainda não foram estabelecidas. Em relação aos efeitos adversos, a AHA expressou

bastante prudência.

Os resultados conflitantes encontrados nesses estudos devem-se, possivelmente, em

muitos casos, à caracterização incompleta dos compostos bioativos presentes nos alimentos

e/ou extratos testados. Assim sendo, até o presente momento, não é possível afirmar quais

seriam os compostos bioativos presentes em produtos derivados da soja responsáveis pelo seu

efeito hipocolesterolêmico. Os mecanismos de ação da proteína de soja, das saponinas ou das

isoflavonas, quando administradas isoladamente, não foram ainda completamente elucidados.

Para tal, depende-se de um maior conhecimento acerca de qual fração bioativa da soja é

responsável por determinado efeito benéfico.

Dessa maneira, seria de grande interesse a obtenção de extratos contendo classes

específicas de fitoquímicos, de forma a possibilitar a relação entre tal classe de compostos

(isoflavonas, saponinas ou outra) e elucidação dos mecanismos moleculares envolvidos. Uma

das maneiras possíveis para a obtenção de tais extratos seria a extração de alimentos à base de

45

soja com diferentes misturas de solventes, combinados ao uso de aditivos auxiliadores da

extração.

2.4. Extração de compostos bioativos de origem vegetal

Os processos de extração visam extrair compostos bioativos de interesse de materiais

brutos. Entretanto, como a composição desses materiais é normalmente bastante complexa,

ocorre a extração de moléculas de diferentes classes funcionais durante esse processo. Nesse

sentido, etapas prévias adicionais podem ser necessárias para remoção de compostos

indesejáveis. As técnicas de extração mais comuns são: extração com solventes; extração sem

solventes (fluido supercrítico, extração em fase sólida); utilização de membranas sólidas

(diálise e ultrafiltração) (Schwartzberg, 1980).

A extração com solventes é um método clássico, comumente utilizado para extrair

compostos biativos em vegetais devido à facilidade de uso, eficiência e ampla aplicabilidade.

Os solventes utilizados nesse processo irão depender das características dos compostos a

serem extraídos (Hwang et al., 2002; Pedersen-Bjergaard, et al., 2000). A extração com

solvente pode ser empregada para a extração de materiais líquidos (extração líquido-líquido)

ou sólidos (extração sólido-líquido).

Duas variantes da extração com solventes são a extração líquida pressurizada e

extração acelerada com solvente, que envolvem o uso de solventes orgânicos sob pressão e

oferecem vantagens semelhantes. A utilização de solventes sob pressão a temperaturas

elevadas pode melhorar a eficiência dos processos tradicionais resultando em menor tempo de

extração e menor consumo de solvente, porém poderá ocorrer perda significativa dos

compostos de interesse (Zhang & Popovick, 2009).

Os processos de extração com solvente são afetados por inúmeras variáveis de

processo, tais como temperatura, tempo, pH, razão amostra/volume do solvente, número de

extração individuais, e velocidade e tipo de agitação (orbital, linear, etc.). Assim, essas

variáveis irão desempenhar um importante papel na extração dos compostos de interesse (Kim

et al., 2002; Alissandrakis et al., 2003)

A extração sem o uso de solvente mais comumente utilizada é a extração por fluido

supercrítico é empregada fundamentalmente para compostos de baixa polaridade. Utilizando-

se a extração por fluido supercrítico em condições adequadas de pressão e temperatura, pode-

se conseguir uma maior seletividade na extração e produtos mais purificados, livres de

compostos de degradação. Os índices de recuperação da extração por fluido supercrítico são

46

maiores que os das extrações convencionais (extração líquido-líquido ou extração sólido-líquido),

além de ocasionarem menos poluição ao meio ambiente, já que o uso de solventes clorados é

reduzido em detrimento de fluidos supercríticos de dióxido de carbono, óxido nitroso e

amoníaco. Contudo, esta técnica é relativamente cara devido à necessidade de aquisição de

equipamentos específicos (Hennion, 1999).

A tecnologia de membranas tornou-se uma parte importante da técnica de separação

nas últimas décadas. A principal vantagem da tecnologia de membrana sobre as demais é o

fato de que ela funciona sem a adição de produtos químicos, aliado ao consumo relativamente

baixo de energia e à simplicidade do processo. A tecnologia de separação por membranas

baseia-se no uso de membranas semipermeáveis, que atuam como um filtro que deixa passar

apenas moléculas de tamanho menor que o poro da membrana, retendo partículas com peso

molecular mais elevado. Normalmente ocorre a permeação da água e a manutenção dos

sólidos e outras substâncias em suspensão. Existem vários métodos que possibilitam variar o

peso molecular das substâncias que permeiam através de uma membrana (Rupasinghe et al.,

2003).

As técnicas de extração com solventes podem ser associadas a aditivos, que são

ingredientes adicionados intencionalmente em alimentos sem o propósito de nutrir, com o

objetivo de auxiliar na extração e purificação dos compostos bioativos em vegetais, além de

serem utilizados durante a fabricação, processamento, acondicionamento, transporte ou

manipulação do alimento, com a finalidade de modificar as características químicas, físicas,

biológicas ou sensoriais (Anvisa – RDC 540, 1997).

Alguns aditivos empregados pelas indústrias, em especial de bebidas, tem objetivo de

diminuir a concentração de compostos fenólicos que podem diminuir a qualidade sensorial do

produto. Dentre os aditivos que atuam com essa função, pode-se citar a polivinilpirrolidona

(PVP) e o polietilenoglicol (PEG), ambos sintéticos, e que contêm um número suficiente de

átomos de nitrogênio e oxigênio, respectivamente, para formar ligações de hidrogênio com os

grupos fenólicos dos taninos (Silanikove et al., 2001).

2.4.1. Planejamento de experimentos: principais contribuições para a otimização da extração

diferencial

Como já foi explicado anteriormente, os processos de extração são afetados por

inúmeros fatores, denominados variáveis de processo, tais como o tipo de extração,

quantidade de solvente, temperatura, tempo, pH, uso de aditivos, entre outros. Dessa maneira,

47

a otimização dessas variáveis é de grande interesse para a extração eficiente dos compostos de

interesse.

O planejamento experimental é uma ferramenta amplamente empregada para alcançar

as condições otimizadas de um processo, ao desenvolvimento da formulação de produtos

dentro das especificações desejadas ou simplesmente para avaliar os efeitos ou impactos que

os fatores têm nas respostas desejadas. Dentre as principais técnicas de planejamento

experimental, pode-se citar: planejamento fatorial (completo e fracionado), metodologia por

superfície de resposta, planejamento experimental de mistura e planejamento Simplex

(Rodrigues & Iema, 2005).

Dois tipos principais de variáveis podem influenciar a resposta de um sistema

químico: as de processo e as de mistura. O planejamento fatorial é uma ferramenta estatística

usada para extrair o máximo de informações úteis com o mínimo de experimentos realizados,

visando a otimização das variáveis de um processo em estudo. Os planejamentos fatoriais

utilizam inúmeras variáveis de processo que podem influenciar este sistema de estudo, com

consequente avaliação quantitativa desta influência. Fatores como pH, temperatura, tempo e

proporção entre material e solvente são exemplos de variáveis de processo. Alterações nos

níveis das variáveis de processo podem afetar o resultado experimental através de seus efeitos

principais (efeitos individuais) e de interação com outras variáveis de processo, mas seus

níveis podem ser variados de forma independente uns dos outros durante o modelamento,

como acontece nos planejamentos fatoriais.

Em um planejamento de misturas, as variáveis estudadas são os componentes dessa, e

a resposta medida é uma função da proporção entre eles. A metodologia específica de

superfície de resposta gerada a partir de um planejamento de mistura consiste na determinação

da hipótese a ser testada, seleção das variáveis importantes para o sistema, coleta e análise de

dados, análise da variância e ajuste dos modelos matemáticos em função dos dados coletados.

Uma das caracteísticas do planejamento experimental de mistura é que a soma de todos os

compostos que serão analisados deverá ser 100%. Isto significa que, ao contrário do

planejamento de experimentos fatorial, onde as variáveis são independentes, no planejamento

de misturas os componentes representam proporções e, neste caso, são dependentes entre si.

Além disso, não há restrições quanto ao estado físico dos componentes, de modo que os

mesmos podem ser sólidos, líquidos ou gasosos, desde que as propriedades do sistema

químico sejam definidas pela sua proporção na mistura. Assim, a quantidade de cada

componente do sistema deve ser tratada como uma variável (variável de mistura), que não é

48

independente das demais. Pode-se, ainda, estabelecer limites inferiores e superiores das

proporções dos componentes nas misturas (Barros & Neto et al., 1995; Zauberas et al., 2004).

Em planejamentos de experimentos, a fim de se determinar se certa variável de

resposta apresenta comportamento linear ou não linear, além dos experimentos nos níveis

inferior e superior, deve ser feito um experimento adicional nos níveis médios de cada uma

das variáveis (chamado de ponto central). Nessa condição, é importante realizar um mínimo

de três réplicas, pois a reprodutibilidade do experimento nesse ponto central do plano fatorial

permite estimar o erro experimental global, considerando que este erro é uniforme em todo o

plano experimental (Montgomery, 2001).

No caso específico da extração com solventes, no qual variáveis de processo e de

composição do solvente podem influenciar a resposta desejada, as técnicas de planejamento

fatorial e de planejamento de misturas podem ser associadas, promovendo uma melhor

resposta na obtenção dos resultados e um menor tempo de análise.

49

3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo geral

Avaliar os solventes e as condições de processo para a extração diferencial de

isoflavonas e saponinas da soja.

3.2. Objetivos específicos

Definir, por meio de um experimento de extração preliminar, quais solventes serão

empregados em um estudo de extração utilizando o planejamento de experimentos;

Determinar o produto comercial que será utilizado como matéria-prima para a

produção de extratos à base de soja;

Determinar, por meio do planejamento experimental de misturas acoplado ao

planejamento fatorial, as condições de extração (tempo de extração, uso de ultrassom e

composição do solvente) ótimas para a obtenção de extratos à base de soja;

Avaliar a atividade antioxidante dos extratos obtidos pelos ensaios de FRAP e TEAC e

relacioná-la aos compostos bioativos avaliados;

Aplicar as condições estabelecidas no planejamento experimental em experimentos em

maior escala;

Caracterizar os extratos obtidos quanto aos teores de saponinas, isoflavonas e

compostos fenólicos minoritários por cromatografia líquida de alta eficiência com

detector de arranjo de diodos e acoplada à espectrometria de massas (CLAE-DAD-

EM).

50

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. Reagentes

Nesse estudo foram utilizados os seguintes solventes de grau analítico: metanol,

etanol, acetato de etila, isopropanol, éter etílico, acetonitrila, ácido fórmico (Tedia Brazil® e

Vetec Química Fina®

, Brasil). Foram utilizados padrões analíticos de isoflavonas de soja

(genisteína, genistina, glicitina, gliciteína, daidzina e daidzeína) (Apin Chemicals Ltd®, Reino

Unido), padrões analíticos de outros compostos fenólicos (ácido 3,4-dihidroxibenzóico, ácido

3,4-dihidroxifenilacético, catequina (aglicona), ácido p-hidroxibenzóico, ácido

5-cafeioquínico, ácido 4-hidroxifenilacético, ácido 2,4- dihidroxibenzóico, ácido caféico,

ácido siríngico, ácido p-cumárico, ácido ferúlico, ácido trans-3-hidroxicinâmico, ácido

benzoico, rutina, miricitina, quercetina, ácido gálico) (Sigma Chemical Co, Alemanha),

mistura comercial de saponinas de soja (Wako Chemicals®, Japão), reagente de Folin-

Ciocalteu (Sigma-Aldrich®), cloreto de alumínio, vanilina e carbonato de sódio (Spectrum

®,

Canadá), ácido sulfúrico 98% (Emsure®, Alemanha), 2,2-azinobis 3-etilbenzotiazolina-6-

sulfonato, sal de diamônio (ABTS), persulfato de potássio, cloreto férrico, tripiridiltriazina

(TPTZ), sulfato ferroso e polivinilpirrolidona (Merck®, Alemanha). Água Milli-Q

(Millipore®, Brasil) foi utilizada em todos os experimentos.

4.2. Amostras

Para a extração preliminar com misturas binárias de solventes foi adquirida uma

amostra comercial de fibra de soja da marca A.

4.3. Extração diferencial de compostos bioativos

4.3.1. Estudo Preliminar

4.3.1.1. Misturas binárias de solventes

Para a extração diferencial dos compostos bioativos foram utilizados os solventes

puros água, etanol, éter etílico e isopropanol e misturas binárias (v/v) desses solventes em

diferentes proporções: água:etanol (50:50), água:etanol (75:25), água:etanol (25:75),

51

água:isopropanol (50:50), água:isopropanol (75:25), água:isopropanol (25:75), etanol:éter

etílico (50:50), etanol:éter etílico (25:75). As diferentes proporções de solventes avaliados

foram realizadas de acordo com adaptações da literatura.

4.3.1.2. Extração

A amostra de fibra de soja foi submetida à extração, em duplicata, com os solventes

puros e as misturas binárias dos mesmos. Foi realizada também a extração com metanol

aquoso 80% como condição controle, visto que esse solvente é descrito na literatura como

sendo eficiente para a extração de compostos fenólicos totais e saponinas (Shi et al., 2005). A

dois gramas da fibra de soja foram adicionados 10 mL de solvente, sendo a extração realizada

em vortex por 3 min à temperatura ambiente. O extrato obtido foi centrifugado (Sorvall

ST16R, Thermo Scientific, EUA) a velocidade de 3.000 rpm por 15 min e o sobrenadante

coletado em balão volumétrico de 25 mL. O processo de extração foi repetido mais duas

vezes com 10 mL de solvente em cada etapa e os sobrenadantes foram combinados.

4.3.2. Planejamento de experimentos

4.3.2.1. Etapa de seleção de amostras

Foram avaliadas sete marcas comerciais de produtos à base de soja, adquiridas em

supermercados do estado do Rio de Janeiro. Esses produtos diferem-se de acordo com suas

características de produção entre amostras de fibra de soja (obtida a partir das cascas da soja

retiradas durante o processamento industrial do grão) das marcas Ae B, extrato de soja das

marcas A, C, D e E e leite de soja da marca D (extrato de soja, popularemente conhecido

como leite de soja, é o produto obtido a partir da emulsão aquosa resultante da hidratação dos

grãos de soja, seguido de processamento tecnológico adequado, podendo ser submetido à

desidratação total ou parcial).

4.3.2.2. Misturas ternárias de solventes

Após seleção da amostra comercial à base de soja (extrato de soja da marca E),

diferentes misturas ternárias de solventes foram testadas para a extração dos compostos

bioativos de interesse. Essas misturas foram definidas a partir de um planejamento de

52

misturas, ao qual foi aplicado uma restrição de concentração máxima de acetato de etila de

40%. O acetato de etila foi utilizado nas misturas de solventes supondo-se melhorar a extração

diferencial dos compostos de interesse quando associado à água e ao etanol, em especial,

devido à sua polaridade intermediária (índice de polaridade igual à 4,4). Além disso, o acetato

de etila apresenta baixa toxicidade (de acordo com a MSDS - Material Safety Data Sheet) e

sua utilização é permitida pela ANVISA /RDC nº 114 (1999) na concentração máxima de 10

mg/kg. A restrição de concentração máxima desse solvente em 40% foi aplicada ao

planejamento pois concentrações superiores dariam origem a misturas com baixa polaridade

e, consequentemente, baixo rendimento de extração dos compostos de interesse. Assim, foram

definidas nove diferentes misturas, sendo duas adicionais como pontos centrais, totalizando

onze misturas (Tabela 7).

Tabela 7: Misturas de solventes geradas pelo planejamento de misturas com restrição.

* (C) = Ponto Central

Associado ao planejamento de misturas foi realizado um planejamento fatorial

completo com ponto central (22), onde foram considerados os seguintes fatores: tempo de

extração em vortex (2, 4 e 6 min) e tempo de aplicação de banho de ultrassom (0, 2,5 e 5 min)

(Tabela 8).

Mistura Solventes

Água (%) Etanol (%) Acetato de etila (%)

1 100 0 0

2 0 100 0

3 60 0 40

4 0 60 40

5 0 80 20

6 80 0 20

7 50 50 0

8 (C)* 30 30 40

9 (C) 40 40 20

10 (C) 30 30 40

11 (C) 40 40 20

53

Tabela 8: Condições de extração geradas pelo planejamento fatorial completo com ponto

central.

Condição de extração Tempo (min.) Ultrassom (min.)

1 2 0

2 6 0

3 2 5

4 6 5

5 (C)* 4 2,5

6 (C) 4 2,5

* (C) = Ponto Central

Os dois planejamentos associados totalizaram 66 condições de extração independentes

(Tabela 9). As matrizes dos planejamentos de experimentos foram geradas pelo software

Statistica 7.0 (StatSoft®).

Tabela 9: Experimentos gerados pela associação do planejamento de misturas com restrição

ao planejamento fatorial completo.

Experimento Água

(%)

Etanol

(%)

Acetato de

etila (%)

Vortex

(min)

Ultrassom

(min)

1 100 0 0 2 0

2 0 100 0 2 0

3 60 0 40 2 0

4 0 60 40 2 0

5 0 80 20 2 0

6 80 0 20 2 0

7 50 50 0 2 0

8 30 30 40 2 0

9 40 40 20 2 0

10 40 40 20 2 0

11 30 30 40 2 0

12 100 0 0 6 0

13 0 100 0 6 0

14 60 0 40 6 0

15 0 60 40 6 0

16 0 80 20 6 0

17 80 0 20 6 0

18 50 50 0 6 0

19 30 30 40 6 0

20 40 40 20 6 0

21 40 40 20 6 0

22 30 30 40 6 0

23 100 0 0 2 5

54

4.3.2.3. Extração

A amostra de extrato de soja foi submetida à extração com os solventes puros e as

misturas binárias e ternárias (v/v/v) dos mesmos, descritas na Tabela 8. A dois gramas de

24 0 100 0 2 5

25 60 0 40 2 5

26 0 60 40 2 5

27 0 80 20 2 5

28 80 0 20 2 5

29 50 50 0 2 5

30 30 30 40 2 5

31 40 40 20 2 5

32 40 40 20 2 5

33 30 30 40 2 5

34 100 0 0 6 5

35 0 100 0 6 5

36 60 0 40 6 5

37 0 60 40 6 5

38 0 80 20 6 5

39 80 0 20 6 5

40 50 50 0 6 5

41 30 30 40 6 5

42 40 40 20 6 5

43 40 40 20 6 5

44 30 30 40 6 5

45 100 0 0 4 2,5

46 0 100 0 4 2,5

47 60 0 40 4 2,5

48 0 60 40 4 2,5

49 0 80 20 4 2,5

50 80 0 20 4 2,5

51 50 50 0 4 2,5

52 30 30 40 4 2,5

53 40 40 20 4 2,5

54 40 40 20 4 2,5

55 30 30 40 4 2,5

56 100 0 0 4 2,5

57 0 100 0 4 2,5

58 60 0 40 4 2,5

59 0 60 40 4 2,5

60 0 80 20 4 2,5

61 80 0 20 4 2,5

62 50 50 0 4 2,5

63 30 30 40 4 2,5

64 40 40 20 4 2,5

65 40 40 20 4 2,5

66 30 30 40 4 2,5

55

amostra de soja foram adicionados 10 mL de solvente, sendo a extração realizada à

temperatura ambiente em vortex, considerando-se as condições geradas no planejamento

fatorial (tempo de extração e uso de banho de ultrassom) (Tabela 9). O extrato obtido foi

centrifugado (3.000 rpm por 15 min) e o sobrenadante coletado em balão volumétrico de 25

mL. O processo de extração foi repetido mais duas vezes com 10 mL de solvente em cada

etapa e os sobrenadantes foram combinados. Apesar do volume total de solvente utilizado (30

mL) ser superior ao do balão volumétrico, a capacidade do mesmo não foi excedida, uma vez

que parte do solvente utilizado ficou retido no material sólido.

4.3.3. Extração com o reagente polivinilpirrolidona (PVP) adicionado ao solvente

Após a realização das extrações nas condições do planejamento de experimentos,

foram selecionadas três condições de extração para a adição de (PVP), em duas concentrações

diferentes: 0,1% e 1%. Nas três diferentes misturas do planejamento de experimentos

previamente selecionadas: mistura ternárias (água:etanol:acetato de etila 40:40:20); mistura

binária (água:acetato de etila 80:20) e etanol (100%) com utilização de vortex por 2 min e

sem utilização de ultrassom. A 2g da amostra de extrato de soja foi novamente extraída,

porém com a mistura em diferentes proporções do reagente PVP nas condições descritas

anteriormente.

4.3.4. Extração em maior escala

Para a realização da extração em maior escala, dois solventes (etanol puro e mistura

ternária água: etanol: acetato de etila 40:40:20) foram selecionados a partir dos resultados do

planejamento de experimentos. A 20g do extrato de soja foram adicionados 100 mL de

solvente, sendo a extração realizada em placa de agitação orbital à temperatura ambiente por

30 min e velocidade de 300 rpm. O extrato obtido foi centrifugado (300 rpm por 15 min) e o

sobrenadante coletado em balão volumétrico de 250 mL. Cada extração foi realizada em

duplicata.

4.4. Análise de compostos fenólicos totais por espectrofotometria

A análise de compostos fenólicos totais nos extratos foi realizada em triplicata de

acordo com o método descrito por Singleton et al. (1999). Alíquotas de 200 μL do extrato

56

foram transferidas para tubos de ensaios, seguido da adição de 1400 μL de água Milli-Q.

Após homogeneização, foram adicionados 100 μL do reagente de Folin-Ciocalteu e 300 μL de

carbonato de sódio a 20%. A mistura foi, então, levada ao banho-maria por 30 minutos à

temperatura de 40º C. A leitura das absorbâncias a 765 nm foi realizada em leitor de

microplacas Wallac 1420 Multilabel Counter (Perkin Elmer). Foram realizadas as análises dos

brancos de solvente. Os resultados foram expressos em mg de equivalentes de ácido gálico

(EAG) por 100g. A curva padrão foi realizada com seis concentrações conhecidas de ácido

gálico (5, 10, 15, 25, 50 e 65 mg/L) obtidas a partir de uma solução estoque de 5000 mg/L.

4.5. Análise de flavonoides totais por espectrofotometria

A determinação dos teores de flavonoides totais nos extratos foi realizada em triplicata

de acordo com o método descrito por Tail et al. (2008). A alíquotas de 500 μL dos extratos

em tubos de ensaios foram adicionados 500 μL de solução etanólica de cloreto de alumínio

2%. Após homogeneização, os tubos foram armazenados à temperatura ambiente e ao abrigo

de luz por uma hora. A leitura das absorbâncias a 405 nm foi realizada em leitor de

microplacas Wallac 1420 Multilabel Counter (Perkin Elmer). A análise dos brancos de

solvente foi realizada. A curva de calibração foi realizada com seis concentrações conhecidas

de genisteína (8, 20, 50, 100, 150 e 200 mg/L), a partir de uma solução estoque de 500 mg/L

de genisteína e os resultados foram expressos em mg de equivalentes de genisteína (EG) por

100 g.

4.6. Análise de saponinas totais por espectrofotometria

A análise de saponinas totais foi realizada em triplicata de acordo com adaptações do

método descrito por Shiau et al. (2009). As alíquotas de 100 μL dos extratos em tubos de

ensaios foram adicionados 100 μL de solução etanólica de vanilina 10%. Após

homogeneização os tubos foram levado à banho de gelo por 5 minutos e adicionaram-se 1000

μL de solução de ácido sulfúrico 72%. Após nova homogeneização, os tubos foram levados

ao banho-maria por 10 minutos à temperatura de 60ºC e, em seguida, ao banho de gelo por

mais cinco minutos. A leitura das absorbâncias a 535 nm foi realizada em leitor de

microplacas Wallac 1420 Multilabel Counter (Perkin Elmer). A análise dos brancos de

solvente foi realizada. A curva de calibração foi realizada com seis concentrações conhecidas

de saponinas de soja (0,10; 0,20; 0,25; 0,40; 0,80 e 1,00 mg/mL), a partir de uma solução

57

estoque de 1,00 mg/mL de saponinas, preparada a partir da mistura comercial. Os resultados

foram expressos em mg de saponinas totais por 100g.

4.7. Capacidade Antioxidante

O ensaio de TEAC (Trolox Equivalent Antioxidant Capacity) foi realizado em

triplicata como descrito por Charurin et al. (2002), com algumas adaptações. As amostras

foram previamente diluídas com água Milli-Q em uma proporção de 1:10 (v/v). O radical

ABTS foi preparado no dia anterior à analise da seguinte forma: misturou-se 7mM do

reagente ABTS com 2,45 mM de persulfato de potássio em água Milli-Q, sendo a solução

mantida ao abrigo de luz em temperatura ambiente. No dia da análise, a solução de radical

ABTS foi diluída (1:50) em água Milli-Q, de maneira a obter uma solução com absorbância

de 0,68 a 0,72 em 720nm. O ensaio foi realizado em microplaca, onde adicionaram-se 10 L

da amostra. Em seguida, o injetor automático de um leitor de microplacas (Wallac 1420

Muitlabel Counter, Perkin Elmer) dispensou 190 µL da solução de radical ABTS, mantida em

banho maria à 37 ºC. A placa foi agitada e mantida a temperatura de 37ºC por 6 min, sendo

então feita a leitura da absorbância em 720 nm. A curva de calibração foi realizada utilizando

solução estoque padrão de Trolox a 2 mM com concentrações conhecidas (0,05; 0,1; 0,25;

0,5; 0,75 µmol de Trolox/L). Os resultados foram expressos em mmoles Trolox/g.

O ensaio de FRAP (Ferric Reducing Antioxidant Power) foi realizado em triplicata

como descrito por Benzie & Strain (1996), com algumas adaptações. O reagente de FRAP foi

preparado no dia da análise, utilizando o tampão acetato 300 mM (pH 3,6), cloreto férrico 20

mM e TPTZ 10 mM, na proporção de 10:1:1 (v/v/v) e uma alíquota de 20 µL da amostra

previamente diluída (1:10 v/v). O ensaio foi realizado em microplaca, onde adicionaram-se 20

L da amostra. Em seguida, o injetor automático de um leitor de microplacas (Wallac 1420

Muitlabel Counter, Perkin Elmer) dispensou 180 µL da solução do reagente de FRAP,

mantida em banho maria à 37 ºC. A placa foi agitada e mantida a temperatura de 37ºC por 4

min, sendo então feita a leitura da absorbância em 595 nm. A curva de calibração foi realizada

utilizando o solução estoque de sulfato ferroso a 10 mM com concentrações conhecidas (50;

100; 200; 400; 600; 750 µmol Fe +2

/L). Os resultados foram expressos em µmol de ferro

reduzido/g.

58

4.8. Análise de isoflavonas e saponinas por CLAE-DAD-EM

A análise cromatográfica foi realizada de acordo com a metodologia descrita por

Fonseca (2012). O sistema cromatográfico (Shimadzu, Kioto, Japão) consistiu em uma bomba

quaternária (LC-10ADvp), injetor manual (8125 Rheodyne, com loop de 20 μL), detector de

arranjo de diodos (SPD-M10Avp) e um forno para coluna (CTO-10ASvp). O sistema

cromatográfico foi acoplado a um espectrômetro de massas (LC-MS 2010, Shimadzu, Kioto,

Japão) equipado com uma fonte de íons do tipo electrospray. A separação cromatográfica foi

realizada em coluna C18 (5μm, 150 x 2,1 mm, Kromasil), mantida a temperatura constante de

40 ºC. A fase móvel consistiu em um gradiente (Tabela 10) entre uma solução aquosa com

0,3% de ácido fórmico (eluente A) e acetonitrila com 0,3% de ácido fórmico (eluente B), com

vazão de 0,3 mL/min e tempo total de corrida de 30 minutos.

Tabela 10: Gradiente de eluição para análise de isoflavonas e saponinas por CLAE-

DAD-EM.

Para a detecção por EM utilizou-se a fonte de ionização por electronspray no modo

positivo para isoflavonas e saponinas, com fluxo de nitrogênio de 3,0 L/min e monitoramento

seletivo de íons (SIM).

Os compostos foram identificados com base na comparação com o tempo de retenção

e a razão massa-carga (m/z) do íon pseudomolecular de seus respectivos padrões analíticos

comerciais adquiridos. Para os compostos que não possuíam padrões comerciais disponíveis,

a identificação foi realizada através do íon pseudomolecular na espectrometria de massas.

A quantificação foi realizada por calibração externa. Em relação às isoflavonas, foi

utilizado o sinal do DAD a 250 nm. Os teores das isoflavonas malonilglicosiladas e

acetilglicosiladas foram determinados a partir da curva de calibração do padrão de isoflavona

β-glicosilada correspondente, fazendo-se o ajuste para as diferenças de peso molecular. Para

as saponinas foi utilizado o sinal do EM, íon-base de m/z 423, sendo o mesmo um fragmento

característico das três saponinas (B-I, B-II e B-III) analisadas. A quantificação das saponinas

Tempo (min.) Eluente A (%) Eluente B (%)

0,03 85 15

1,00 77 23

17,00 77 23

23,00 50 50

30,00 85 15

59

B-II e B-III foi realizada de maneira conjunta, pois as mesmas não foram separadas na

cromatografia.

A concentração das soluções dos padrões variou de 0,1 a 5,0 μg/mL para as

isoflavonas daidzina, glicitina, genistina, daidzeína, gliciteína, genisteína e de 0,5 a 20,0

μg/mL para as saponinas B-I, B-II e B-III. As curvas de calibração obtidas apresentaram

valores de R2 maiores que 0,9956.

4.9. Análise de compostos fenólicos minoritários por CLAE-DAD-EM

Os compostos fenólicos foram identificados e quantificados, seguindo a metodologia

de John & Sahidi (2010), com algumas adaptações. O sistema cromatográfico utilizado foi o

mesmo descrito no item anterior. A separação cromatográfica foi realizada em coluna C18

(5μm, 150 x 2,1 mm, Kromasil), mantida a temperatura constante de 40ºC. A fase móvel

consistiu em um gradiente (Tabela 11) entre uma solução aquosa com 0,3% de ácido fórmico

(eluente A), metanol (eluente B) e acetonitrila (eluente C), com vazão de 0,4 mL/min e tempo

total de corrida de 20 minutos.

Tabela 11: Gradiente de eluição para análise de compostos fenólicos por CLAE-DAD-EM.

Para a detecção por EM utilizou-se a fonte de ionização por electronspray no modo

negativo, fluxo de nitrogênio de 3 L/min e SIM.

Os compostos foram identificados com base na comparação com o tempo de retenção

e a razão massa-carga (m/z) do íon pseudomolecular de seus respectivos padrões analíticos

comerciais adquiridos. A quantificação foi realizada por calibração externa utilizando-se o

sinal do íon pseudomolecular de cada composto.

Tempo (min.) Eluente A (%) Eluente B (%) Eluente C (%)

0,03 84 15,25 0,75

7,00 66 32,45 1,55

14,00 50 47,65 2,35

20,00 31 65,85 3,15

60

4.10. Análises estatísticas

Os resultados foram expressos como média ± desvio-padrão. As diferenças entre os

teores de compostos bioativos dos extratos obtidos foram avaliadas por ANOVA com pós-

teste de Tukey. Foram consideradas significativas diferenças com p < 0,05. Associações entre

os teores de compostos bioativos nos extratos e sua atividade antioxidante foram avaliadas por

correlação de Pearson. O planejamento de experimentos foi realizado utilizando o software

Statistica 7.0 e as demais análises estatísticas foram realizadas com o software Prism

(GraphPad, versão 6.0).

61

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. Estudo preliminar: extração com misturas binárias de solventes

Os teores de compostos fenólicos totais e de saponinas totais na amostra de fibra de

soja submetida à extração utilizando-se os diferentes solventes puros e as misturas binárias de

solventes testados são apresentados na Tabela 12.

Tabela 12: Teores de compostos fenólicos totais e saponinas em amostra de fibra de soja

submetida à extração com diferentes solventes puros e suas misturas binárias1.

Solvente de extração Compostos fenólicos totais

(mg EAG2/g)

Saponinas totais

(mg/g)

Água 1,19 ± 0,04ª 6,68 ± 0,08a

Etanol ND3 2,33 ± 0,06

b

Isopropanol ND n.d.4

Éter etílico ND 1,68 ± 0,15c

Água:etanol (75:25) 0,93 ± 0,06b,d

11,36 ± 0,22d

Água:etanol (50:50) 1,15 ± 0,03a,b

16,42 ± 0,26e

Água:etanol (25:75) 1,06 ± 0,00c,f

14,36 ± 0,14f

Água:isopropanol (75:25) 0,98 ± 0,03c,d,f

n.d.

Água:isopropanol (50:50) 1,01 ± 0,05c,d

n.d.

Água:isopropanol (25:75) 0,84 ± 0,00e n.d.

Etanol:éter etílico (50:50) 0,10 ± 0,00g 2,03 ± 0,09

b,c

Etanol:éter etílico (25:75) 0,10 ± 0,01g 1,69 ± 0, 10

c

Metanol:água (80:20) 0,90 ± 0,06e,f

12,56 ± 0,11i

1Os resultados estão expressos na forma de média ± desvio-padrão (n=3). Médias na mesma coluna com

letras sobrescritas diferentes são significativamente diferentes (ANOVA com pós-teste de Tukey; p<0,05); 2EAG: equivalentes de ácido gálico;

3ND: não detectado;

4n.d.: não determinado.

Os teores de compostos fenólicos e saponinas observados na amostra de fibra de soja

analisada no presente trabalho estão de acordo com os resultados relatados na literatura para

outras amostras de alimentos à base de soja, independentemente do uso de diferentes

combinações de solventes (Barbosa et al., 2006; Jin et al., 2006 ). Cabe ressaltar que os

resultados obtidos para os teores de compostos fenólicos são uma boa aproximação dos teores

de isoflavonas, visto que em alimentos à base de soja um mínimo de 72% dos compostos

fenólicos presentes são isoflavonas (Seo & Morr, 1984). Além disso, a amostra de fibra de

soja analisada nesse estudo apresentou teor mais elevado de saponinas do que de compostos

fenólicos totais, o que contraria o senso comum de que esses tipos de alimentos possuem

majoritariamente isoflavonas como compostos bioativos.

Foi observado que a utilização de diferentes solventes influenciou na extração dos

compostos fenólicos e das saponinas presentes na fibra de soja. A extração máxima de

62

compostos fenólicos ocorreu quando foram utilizados os solventes água pura (1,19 mg

EAG/g) e água:etanol (50:50) (1,15 mg EAG/g). A extração máxima de saponinas ocorreu

quando a mistura binária dos solventes água:etanol (50:50) (16,42 mg/g) foi utilizada. A

extração com metanol aquoso 80% foi realizada pois esse solvente é considerado como sendo

adequado para extrair simultaneamente isoflavonas e saponinas de alimentos à base de soja,

conforme já mencionado anteriormente (Coward et al., 1993; Tsao & Deng, 2004; Shi et al.,

2005). Entretanto, apesar dos teores de compostos fenólicos totais e de saponinas extraídos

utilizando metanol aquoso 80% terem sido elevados, esse solvente não foi aquele que

proporcionou a extração máxima desses compostos.

A utilização de etanol, isopropanol e éter etílico puros, assim como misturas binárias

contendo éter etílico, foram ineficientes para a extração dos compostos fenólicos presentes na

amostra de fibra de soja. É interessante notar que a eficiência de extração de compostos

fenólicos dependeu fortemente da presença de água na mistura utilizada. Lapornik et al.

(2005) e Liyana-Pathirana & Shahidi (2005) relataram que a água, combinada com outros

solventes orgânicos, contribui para criar um meio moderadamente polar, favorecendo a

extração de compostos fenólicos totais em grãos integrais e farelo de trigo. Turkemn et al.

(2006) verificaram que acetona aquosa 50% foi o solvente mais eficiente para a extração de

compostos fenólicos de erva-mate. Contudo, esses autores relataram que, diferentemente do

que observou-se no presente estudo, a água pura foi o solvente menos eficiente para a

extração de compostos fenólicos de erva-mate e chá preto.

Em relação à extração de saponinas, foi observado que as misturas binárias de água e

etanol foram aquelas mais eficientes, mesmo quando comparadas aos mesmos solventes

puros. Güçlü-Üstündağ et al. (2007) avaliaram o efeito de diferentes solventes (água, metanol,

etanol e misturas binárias de etanol e água nas proporções de 50:50 e 80:20) na extração

acelerada com solvente e na extração ultrassônica de saponinas de uma gramínea utilizada

como ração animal e verificaram que a mistura de etanol e água (80:20) foi a mais eficiente

para a extração das saponinas. Shiau et al. (2009) relataram que a mistura de etanol e água

(50:50) foi eficiente para a extração de saponinas presentes em frutos do gênero Sapindus. Os

resultados desses trabalhos publicados na literatura corroboram aqueles observados no

presente estudo de que misturas binárias de água e etanol são eficientes para a extração de

saponinas.

Assim como para a extração de compostos fenólicos, a utilização de éter etílico e das

misturas binárias contendo esse solvente foi ineficiente para a extração de saponinas da

amostra de fibra de soja. Não foi possível realizar a análise de saponinas nos extratos que

63

continham isopropanol como solvente, em qualquer proporção, pois o branco desse solvente

apresentou coloração intensa, sendo considerado, portanto, um interferente.

Os percentuais de extração de compostos fenólicos totais e de saponinas utilizando

água, etanol, éter etílico e suas misturas binárias, assim como metanol aquoso 80%, em

relação à condição máxima de extração de cada uma dessas classes de compostos são

apresentados na Figura 11. A partir da análise dos resultados apresentados nessa figura é

possível afirmar que na condição de extração máxima para compostos fenólicos (água pura),

somente 41% da quantidade de saponinas presentes na fibra de soja foi extraída. Dessa

maneira, a utilização de água pura favorece o empobrecimento de saponinas da fibra de soja,

ao mesmo tempo em que apresenta excelente rendimento para extração de compostos

fenólicos.

Figura 11: Percentuais de extração de compostos fenólicos totais e saponinas, em relação à

condição máxima de extração, utilizando diferentes solventes puros e misturas binárias.

Em contrapartida, na condição que apresenta o melhor rendimento para a extração de

saponinas (água:etanol 50:50), não ocorreu um empobrecimento do teor de compostos

fenólicos presentes na fibra de soja. Para a obtenção de um extrato empobrecido em

compostos fenólicos e enriquecido em saponinas, o uso de etanol e éter etílico puros seria os

mais adequados. Apesar de ambos os solventes apresentarem baixo rendimento para a

extração de saponinas, os extratos etanólico ou etéreo obtidos são isentos de compostos

fenólicos. O rendimento obtido pelo uso de etanol (14%) foi significativamente superior

64

aquele obtido pelo uso do éter etílico (10%) e, desta forma, o etanol seria a opção mais

adequada para a extração diferencial de saponinas e compostos fenólicos totais.

5.2. Planejamento de experimentos: extração com misturas ternárias de solventes

5.2.1. Seleção das amostras

As sete amostras comerciais de produtos à base de soja foram submetidas à extração

com metanol 80% e os teores de compostos fenólicos totais e de saponinas totais foram

determinados nesses extratos (Tabela 13). O teor de saponinas totais não pôde ser

determinado na amostra de fibra de soja da marca B, pois algum componente da formulação

do produto, provavelmente um carboidrato, foi interferente na reação colorimétrica.

Considerando o baixo rendimento do extrato rico em saponinas obtido no experimento

preliminar, a amostra a ser utilizada no planejamento de experimentos foi selecionada de

acordo com a razão entre os teores de saponinas e de compostos fenólicos, assim como o

teor absoluto de saponinas. Assim, a amostra de extrato de soja da marca E foi selecionada,

uma vez que apresentou a maior razão entre saponinas e compostos fenólicos (40,0), assim

como o maior teor de saponinas totais (31,3 mg/g).

Tabela 13: Teores de fenólicos totais e saponinas nas amostras comerciais de produtos à base

de soja submetida à extração com metanol 80%.

Amostra (marca) Compostos fenólicos

(mgEAG/g)

Saponinas totais

(mg/g)

Razão

saponinas/compostos fenólicos

Fibra de Soja (A) 2,21 ± 0,62 15,2 ± 0,52 6,90

Extrato de Soja (B) 2,27 ± 0,05 18,4 ± 2,72 8,10

Fibra de Soja (B) 0,90 ± 0,06 12,6 ± 0,11 13,9

Extrato de Soja (C) 0,79 ± 0,01 17,4 ± 2,61 22,1

Leite de Soja (D) 1,68 ± 0.06 nd2 Nd

Extrato de soja (D) 0,83 ± 0,03 27,1 ± 0,03 32,7

Extrato de soja (E) 0,78 ± 0,05 31,3 ± 1,82 40,0

1Resultados expressos como média ± desvio-padrão (n=3); Coeficiente de Variação (CV) < 10%; EAG: equivalentes de ácido

gálico; 2nd: não determinado

5.2.2. Solventes selecionados

Avaliando-se os resultados do estudo preliminar de extração com misturas binárias, a

água e o etanol foram selecionados como solventes para o planejamento de misturas ternárias

65

em função da sua elevada polaridade (índices de polaridade de Burdick & Jackson: água =

9,0; etanol = 5,2) e eficiência observadas para a extração das duas classes de compostos

bioativos. Já o isopropanol (índice de polaridade = 3,9) e o éter etílico (índice de polaridade =

2,8), solventes mais apolares e que supostamente poderiam favorecer a extração das

saponinas, não apresentaram resultados satisfatórios, sendo ineficientes tanto para extração de

compostos fenólicos quanto para extração de saponinas. Além disso, o isopropanol puro e as

suas misturas binárias foram considerados como interferentes na análise de saponinas totais.

Outra desvantagem desses dois solventes é sua toxidez, que apesar de moderada, poderia

dificultar a utilização destes extratos em estudos in vivo posteriores.

Com o objetivo de introduzir um solvente de menor polaridade, selecionou-se o

acetato de etila, pois o mesmo apresenta polaridade intermediária (índice de polaridade = 4,4).

Além disso, o acetato de etila apresenta baixa toxicidade (LD50 em ratos = 4100 mg/kg;

MSDS – Material Safety Data Sheet) e, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária

(ANVISA), de acordo com a Resolução no 104 de 1999, sua utilização em alimentos é

permitida, desde que o produto final apresente, no máximo, 10 mg/kg do solvente.

A adição de um solvente de menor polaridade poderia promover a extração diferencial

dos compostos bioativos de interesse. Jin et al. (2006) utilizaram mistura aquosa de etanol

para melhorar a performance de extração de saponinas de soja e observaram um percentual de

recuperação de extração de aproximadamente 98% de saponinas de soja. Spigno et al. (2006)

afirmaram que solventes como metanol, etanol, acetona, propanol e acetato de etila são

comumente utilizados para extração de compostos fenólicos em alimentos, por melhorar a

solubilidade destes compostos, e consequentemente o rendimento de extração. Os mesmos

autores também afirmaram que a adição de água melhora a taxa de extração desses

compostos.

5.2.3. Efeito das diferentes misturas ternárias de solventes e dos diferentes fatores associados

Para avaliar o efeito da composição do solvente e das variáveis de processo sobre a

extração das diferentes classes de compostos bioativos, foram utilizadas as 66 condições

previamente determinadas pelo planejamento de experimentos de misturas associado ao

planejamento fatorial completo (22). Em cada extrato obtido, foram determinados os teores de

saponinas totais, flavonoides totais e compostos fenólicos totais e calculada a razão entre

saponinas totais e compostos fenólicos (Tabela 14).

66

Tabela 14: Teores de saponinas, flavonoides e compostos fenólicos totais e razão entre os

teores de saponinas e compostos fenólicos (sap/fen) nos extratos obtidos a partir do

planejamento de mistura acoplado ao planejamento fatorial completo1 (continua na página

seguinte).

Exp2

Saponinas

totais (mg/g)

Flavonoides

(mgEG/g)

Compostos

fenólicos

(mgEAG/g)

Razão

sap/fen

1 11,5 ± 1,0 0,74 ± 0,04 1,28 ± 0,11 8,7 ± 1,8

2 4,3 ± 0,4#,‡

0,46 ± 0,15 ND3 ∞

3 12,2 ± 0,2 0,82 ± 0,07 2,17 ± 0,01 5,6 ± 0,1

4 4,7 ± 0,5#,‡

1,36 ± 0,08 0,08 ± 0,02 56,9 ± 18,6†

5 5,3 ± 0,4 1,07 ± 0,11 0,04 ± 0,01 139,3 ± 37,3*

6 13,3 ± 1,0 0,41 ± 0,03‡ 2,74 ± 0,07

*,† 4,8 ± 0,3

7 17,5 ± 0,5* 2,32 ± 0,01

* 2,97 ± 0,10

* 5,9 ± 0,1

8 18,5 ± 1,2* 2,30 ± 0,15

* 2,94 ± 0,08

* 6,3 ± 0,5

9 19,3 ± 2,2* 2,15 ± 0,16

*,† 2,76 ± 0,01

*,† 7,0 ± 0,8

10 15,5 ± 5,1*,†

2,35 ± 0,19* 2,62 ± 0,30

*,† 6,0 ±2,3

11 19,6 ± 0,8* 2,46 ± 0,04

* 3,02 ± 0,11

* 6,5 ± 0,3

12 7,8 ± 0,1 0,67 ± 0,03 2,63 ± 0,01*,†

3,0 ± 0,0

13 3,5 ± 1,3#,‡

0,20 ± 0,02#,‡

0,23 ± 0,02 14,8 ± 4,5

14 5,1 ± 0,7 ‡ 0,81 ± 0,02 2,01 ± 0,08 2,6 ± 0,4

15 2,5 ± 0,1#,‡

0,19 ± 0,00#,‡

0,22 ± 0,05 12,0 ± 3,3

16 5,8 ± 0,4 0,19 ± 0,00#,‡

ND ∞

17 14,3 ± 1,0*,†

0,70 ± 0,03 2,03 ± 0,13 7,3 ± 0,9

18 11,9 ± 0,1

1,71 ± 0,08 2,52 ± 0,14*,†

4,9 ± 0,0

19 13,3 ± 1,4

1,70 ± 0,07

2,37 ± 0,15†

5,8 ± 1,1

20 14,8 ± 1,1*,†

2,53 ± 0,12*

2,71 ± 0,09*,†

5,4 ± 0,8

21 15,9 ± 0,8*,†

2,41 ± 0,05*

2,60 ± 0,09*,†

6,4 ± 0,5

22 13,5 ± 0,8

1,94 ± 0,21†

2,74 ± 0,02*,†

4,8 ± 0,2

23 9,9 ± 0,8 0,51 ± 0,03 1,58 ± 0,21 6,6 ± 1,4

24 1,9 ± 0,0

#,‡ 0,13 ± 0,02

#,‡ ND ∞

25 14,5 ± 0,2*,†

0,65 ± 0,00

2,79 ± 1,02*,†

5,6 ± 2,1

26 1,2 ± 0,0#,‡

0,09 ± 0,01#,‡

ND ∞

27 0,3 ± 0,1#

0,10 ± 0,01#,‡

ND ∞

28 12,5 ± 0,6 0,60 ± 0,03 0,71 ± 0,00 17,6 ± 1,2

29 15,3 ± 1,7*,†

1,22 ± 0,04 2,93 ± 0,20* 5,2 ± 0,3

30 15,0 ± 1,4*,†

1,29 ± 0,05 2,68 ± 0,22*,†

5,6 ± 0,2

31 16,0 ± 0,9*,†

1,45 ± 0,06 2,93 ± 0,08* 5,5 ± 0,4

32 16,2 ± 0,8*,†

1,29 ± 0,06

2,88 ± 0,15*,†

5,6 ± 0,5

33 16,2 ± 0,5#,‡

1,65 ± 0,17 2,66 ± 0,08*,†

6,1 ± 0,1

34 9,5 ± 1,0 0,67 ± 0,03 2,66 ± 0,08*,†

3,6 ± 0,5

35 2,3 ± 0,0#,‡

0,34 ± 0,01#,‡

ND ∞

36 8,4 ± 0,3 0,57 ± 0,02 1,68 ± 0,07 5,0 ± 0,2

37 2,9 ± 0,2#,‡

0,34 ± 0,03#,‡

ND ∞

38 3,0 ± 0,0#,‡

0,73 ± 0,27 ND ∞

39 9,8 ± 0,8 0,71 ± 0,06 2,39 ± 0,08 4,1 ± 0,4

40 14,8 ± 1,1*,†

1,71 ± 0,05 2,98 ± 0,04* 5,0 ± 0,4

41 15,4 ±1,5 *,†

1,64 ± 0,07 2,47 ± 0,03*,†

6,2 ± 0,6

42 14,2 ± 1,5*,†

1,79 ± 0,13 2,56 ± 0,08*,†

5,5 ± 0,3

43 15,4 ± 0,0*,†

1,51 ± 0,11 2,79 ± 0,13*,†

5,4 ± 0,0

67

44 15,8 ± 0,3*,†

1,65 ± 0,03 2,71 ± 0,25#,‡

5,9 ± 0,5

45 7,6 ± 0,2 0,80 ± 0,06 1,05 ± 0,06#,‡

7,2 ± 0,5

46 2,5 ± 0,1#,‡

0,22 ± 0,02#,‡

ND ∞

47 2,5 ± 0,3#,‡

0,81 ± 0,04 0,45 ± 0,05 5,1 ± 1,0

48 2,5 ± 0,3#,‡

0,27 ± 0,00#,‡

ND ∞

49 2,5 ± 0,2#,‡

0,18 ± 0,00#,‡

ND ∞

50 3,2 ± 0,3#,‡

0,68 ± 0,01 0,56 ± 0,06 5,8 ± 0,1

51 12,5 ± 0,3 1,53 ± 0,06 2,07 ± 0,06#,‡

6,0 ± 0,3

52 13,8 ± 0,1† 1,18 ± 0,02 1,91 ± 0,03 7,2 ± 0,1

53 8,5 ± 0,8 1,48 ± 0,15 1,15 ± 0,10 7,4 ± 0,2

54 12,7 ± 0,3 1,34 ± 0,02 1,89 ± 0,09#,‡

6,7 ± 0,3

55 12,5 ± 0,7 1,47 ± 0,06 1,80 ± 0,07#,‡

7,1 ± 0,5

56 6,1 ± 0,2 0,74 ± 0,01 2,48 ± 0,12#,‡

2,5 ± 0,2

57 2,8 ± 0,3#,‡

0,07 ± 0,01#,‡

ND ∞

58 12,7 ± 0,8 0,82 ± 0,02 1,35 ± 0,40#,‡

9,5 ± 2,9

59 2,6 ± 0,6#,‡

0,22 ± 0,02#,‡

0,03 ± 0,01‡ 95,2 ± 43,7

60 3,4 ± 0,0#,‡

0,10 ± 0,01#,‡

ND ∞

61 2,4 ± 0,3#,‡

0,66 ± 0,02 0,79 ± 0,06# 3,0 ± 0,4

62 10,4 ± 1,1

1,25 ± 0,03

2,78 ± 0,13#,‡

3,7 ± 0,2

63 7,1 ± 1,1 1,17 ± 0,03 2,12 ± 0,09#,‡

3,4 ± 0,6

64 14,4 ± 0,1*,†

1,52 ± 0,14 2,63 ± 0,03#,‡

5,4 ± 0,0

65 15,0 ± 1,0*,†

1,52 ± 0,10 2,46 ± 0,09 6,1 ± 0,5

66 16,0 ± 0,4*,†

1,31 ± 0,02 2,52 ± 0,12*,†

6,2 ± 0,4 1Valores expressos como média ± desvio-padrão de três replicatas. Em cada coluna, os valores máximos

(símbolos * e † sobrescritos) e mínimos (símbolos # e ‡ sobrescritos) foram avaliados por ANOVA seguida de

pós-teste de Tukey (p<0,05). 2As condições de cada experimento estão apresentadas na Tabela 9.

3Não

Detectado. Nesses casos, a razão tende ao infinito (∞) pois o teor de compostos fenólicos foi igual a zero.

Avaliando os resultados obtidos, nota-se que as condições em que ocorreu,

simultaneamente, o máximo de extração de saponinas totais, flavonoides e compostos

fenólicos totais (p<0,05) foram aquelas dos experimentos 7, 8, 9, 10, 11, 20 e 21. Nesses

experimentos, o teores de saponinas, flavonoides e compostos fenólicos variaram entre 14,8 e

19,6 mg/g, 2,15 e 2,53 mg EG/g e 2,60 e 3,02 mg EAG/g, respectivamente. É interessante

notar que todos esses experimentos empregaram uma das misturas ternárias de água, etanol e

acetato de etila geradas pelo planejamento de experimentos (30:30:40 ou 40:40:20), com

exceção do experimento 7 que utilizou uma mistura binária de água e etanol (50:50). Além

disso, em nenhum desses experimentos foi empregado o ultrassom, um dos fatores avaliados

através do planejamento fatorial completo (22). Cabe ressaltar ainda que os experimentos 9 e

11 e 8 e 10 são duplicatas dos pontos centrais do planejamento e apresentaram o mesmo

comportamento, conforme esperado.

Considerando os experimentos que proporcionaram o máximo de extração de

saponinas totais, observou-se que as condições de extração também levaram à extração

máxima de compostos fenólicos. Consequentemente, nenhuma destas condições foi adequada

68

para a obtenção de um extrato rico em saponinas e pobre em isoflavonas. Dessa maneira, para

a obtenção de um extrato o mais purificado possível em relação às saponinas, foi utilizado

como primeiro critério de escolha os experimentos nos quais não foram identificados

compostos fenólicos pelo método de análise espectrofotométrico. 13 condições experimentais

satisfizeram esse primeiro critério, sendo elas: 2, 16, 24, 26, 27, 35, 37, 38, 46, 48, 49, 57 e

60.

É interessante notar que em nenhum desses experimentos o solvente utilizado continha

água na sua composição. Essa observação está de acordo com alguns estudos publicados na

literatura que indicam que a extração de compostos fenólicos é fortemente influenciada pela

quantidade de água que é aplicada no sistema de extração (Liyana-Pathirana & Shahidi,

2005). Os solventes utilizados nos experimentos citados foram o etanol puro ou misturas

binárias de etanol e acetato de etila (80:20 ou 60:40). Essa observação foi confirmada pelo

diagrama de Pareto (modelo representativo dos efeitos que são estatisticamente importantes)

gerado no planejamento, em que os efeitos do acetato de etila e do etanol na composição da

mistura de solvente foram significativos para a extração das saponinas totais.

O segundo critério utilizado foi selecionar a condição para a obtenção de um extrato

purificado em saponinas, desta forma selecionou-se os teores absolutos de saponinas totais e

flavonoides. Dessa maneira, das 13 condições pré-selecionadas, duas destacaram-se, pois

apresentaram teores elevados de saponinas totais e teores baixos de flavonoides (p < 0,05):

experimento 2, no qual foi utilizado etanol puro como solvente de extração e experimento 16,

no qual foi utilizado a mistura binária de etanol e acetato de etila (80:20). Nessas condições,

os teores de saponinas totais e de flavonoides foram de 4,3 e 5,8 mg/g e 0,46 e 0,19 mg EG/g,

respectivamente.

Considerando que o etanol é um solvente com menor custo, menos poluente,

renovável e de menor toxicidade (Lutermann et al., 1998; Kim et al., 2005; Hill et al., 2006),

selecionou-se as condições do experimento 2 (solvente de extração = etanol puro; agitação em

vortex = 2 minutos; sem uso de ultrassom) para a obtenção do extrato purificado em

saponinas.

Como o rendimento proporcionado pela condição do experimento 2 foi baixo,

selecionou-se também uma condição alternativa, no intuito de aumentar o rendimento em

relação às saponinas, com um pequeno comprometimento da pureza em relação à presença de

compostos fenólicos. Para tal fim, o experimento 28, no qual utilizou-se como solvente a

mistura binária de água e acetato de etila (80:20), agitação em vortex por 2 minutos e

ultrassom por 5 minutos, foi selecionado. O teor de saponinas totais obtido nesse experimento

69

foi de 12,5 mg/g, significativamente maior (p < 0,05) que aquele obtido no experimento 2 (4,3

mg/g), ao passo que o teor de flavonoides foi de 0,60 mg EG/g não sendo, portanto,

significativamente diferente (p < 0,05) daquele obtido no experimento 2 (0,46 mg EG/g).

Cabe destacar que no experimento 28, foi utilizado o ultrassom, que de acordo com Vinatoru

(2001) ajuda na extração de compostos bioativos, oferecendo vantagens como a redução do

tempo de extração e da temperatura, preservando os compostos termolábeis.

Os resultados relativos aos experimentos selecionados para a obtenção de um extrato

rico em todas as classes de compostos bioativos (experimentos 9 e 11) e de um extrato rico

em saponinas e pobre em isoflavonas (experimentos 2 e 28) são apresentados na Tabela 15.

Tabela 15: Teores de saponinas (mg/g), compostos fenólicos (mg EAG/g) e flavonoides (mg

EG/g) em extratos selecionados do planejamento de misturas associado ao planejamento

fatorial completo1.

Experimento Solvente de extração Vortex

(min)

Ultrassom

(min) Saponinas Flavonoides

Compostos

fenólicos

9 (C)2 H2O/EtOH/AcOEt (40:40:20) 2 0 19,3 ± 2,2 2,15 ± 0,16 2,76 ± 0,01

11(C) H2O/EtOH/AcOEt (40:40:20) 2 0 19,6 ± 0,8 2,46 ± 0,04 3,02 ± 0,11

2 EtOH 2 0 4,3 ± 0,4 0,46 ± 0,15 ND3

28 H2O/AcOEt (80:20) 2 5 12,5 ± 0,6 0,60 ± 0,03 0,71 ± 0,00 1Coeficiente de variação (CV) de todas as extrações < 10%; EAG: equivalentes de ácido gálico; EG: equivalentes de

genisteína. 2Os experimentos 9 e 11 são replicatas do ponto central (C) do planejamento. 3Não detectado.

Nessas condições selecionadas, foi avaliado o efeito da adição de PVP na extração dos

compostos de interesse. A PVP é um polímero solúvel em água e em alguns solventes

orgânicos amplamente utilizados por indústrias alimentícias. Esse polímero foi adicionado às

misturas de solventes nas concentrações de 0,1% e 1% (p/v). Entretanto, quando adicionado

na mistura binária de água e acetato de etila (80:20) na concentração de 1%, o polímero

promoveu a formação de duas fases, impedindo a extração dos compostos de interesse. Nos

outros solventes, a adição de 1% de PVP impossibilitou as análises espectrofotométricas, já

que houve formação de coloração intensa com o branco dos diferentes solventes utilizados.

Quando adicionado aos solventes na concentração de 0,1%, o polímero não promoveu

separação de fases nem ocasionou interferência analítica. Contudo, nesses extratos não foram

detectados os compostos de interesse. Supõe-se que o polímero pode ter ocasionado um efeito

do tipo salting-out, competindo pelo solvente e diminuindo a solubilização dos compostos

bioativos nos mesmos.

A partir dos resultados obtidos no planejamento de misturas acoplado ao planejamento

fatorial completo, foram geradas superfícies de resposta que permitem avaliar como os fatores

influenciam as variáveis de resposta. Na Figura 12 são apresentadas as superfícies de

70

resposta (saponinas totais, flavonoides e compostos fenólicos) geradas pelo planejamento de

misturas, fixando-se as variáveis de processo do planejamento fatorial (vortex = 2 min;

ultrassom = 5 min).

Fitted Surface; Variable: Teor de Flavonoides (mgEG/g)

DV: Teor de Flavonoides (mgEG/g); R-sqr=.8839; Adj:.7679

Model: Quadratic

0,14

0,12

0,10

0,80

0,60

0,40

0,20

0

0%

25%

50%

75%

100%

Acetato de Etila (%): 30%

25%

50%

75%

100%

Água (%): 1

0% 25% 50% 75% 100%

Etanol (%): 2

Fitted Surface; Variable: Teor de compostos fenólicos (MgEAG/g)

DV: Teor de compostos fenólicos (MgEAG/g); R-sqr=.89; Adj:.7801

Model: Quadratic

0,8

0,6

0,4

0,2

0

0%

25%

50%

75%

100%

Acetato de Etila (%): 30%

25%

50%

75%

100%

Água (%): 1

0% 25% 50% 75% 100%

Etanol (%): 2

(B)

(C)

Fitted Surface; Variable: Teor de Saponinas totais (mg/g)

DV: Teor de Saponinas totais (mg/g); R-sqr=.9601; Adj:.9202

Model: Quadratic

20,00

16,00

12,00

8,00

4,0

0%

25%

50%

75%

100%

Acetato de Etila (%): 30%

25%

50%

75%

100%

Água (%): 1

0% 25% 50% 75% 100%

Etanol (%): 2

(A)

Figura 12: Superfícies de resposta das variáveis dependentes (teor de saponinas totais (A),

flavonoides (B) e compostos fenólicos(C)) geradas pelo programa Statistica 7.0.

Considerando-se as regiões de máximo de saponinas (Figura 12A) e de mínimo de

compostos fenólicos (Figura 12A) e de flavonoides (Figura 12C), podemos selecionar uma

região de sobreposição das mesmas (Figura 13). Essa região representa as misturas de

solvente ideais (quantidades de água, etanol e acetato de etila variando de 15% a 35%, 15% a

35% e 50% a 62%, respectivamente) para a obtenção de um extrato rico em saponinas e pobre

em compostos fenólicos e flavonoides. É importante ressaltar que nessa região, as quantidades

de acetato de etila são superiores àquelas testadas experimentalmente (máximo de 40%). Não

71

foi encontrada, no entanto, nenhuma região que fosse a sobreposição das regiões de mínimo

de saponinas e de máximo de flavonoides e de compostos fenólicos.

Fitted Surface; Variable: Teor de Saponinas totais (mg/g)

DV: Teor de Saponinas totais (mg/g); R-sqr=.9601; Adj:.9202

Model: Quadratic

20,00

16,00

12,00

8,00

4,0

0%

25%

50%

75%

100%

Acetato de Etila (%): 3

0%

25%

50%

75%

100%

Água (%): 1

0% 25% 50% 75% 100%

Etanol (%): 2

Figura 13: Superfícies de resposta sobrepondo os valores de teor mínimo de flavonoides

(representado por ) e de compostos fenólicos (representado por ) sobre o valor de teor

máximo de saponinas totais (representado por ), tendo como ponto de convergência ideal

para a obtenção de um extrato rico em saponinas e pobre em compostos fenólicos o item

representado pelo símbolo ( ).

A atividade antioxidante de todos os 66 extratos obtidos através do planejamento de

experimentos foi determinada pelos ensaios de FRAP e TEAC. Foram encontradas

correlações entre a atividade antioxidante e os teores de compostos fenólicos (r > 0,51; p =

0,0001), flavonoides (r > 0,51; p = 0,0001) e saponinas (r > 0,46; p = 0,0001) (Figura 14).

Apesar dos valores de correlação não terem sido elevados, possivelmente devido aos

inúmeros interferentes analíticos e as várias condições de extração utilizadas, todos foram

significativos.

Os resultados encontrados são consistentes com estudos da literatura, nos quais

demonstrou-se que a atividade antioxidante de produtos derivados da soja está relacionada

principalmente aos compostos fenólicos presentes, em especial às isoflavonas. Barbosa et al.

(2006) analisaram a soja e produtos derivados do grão e relataram que a atividade

antioxidante desses produtos variou significativamente, o que estava associado não apenas aos

teores de compostos fenólicos totais, mas também às formas de isoflavonas presentes. Além

disso, já foi relatado na literatura que as saponinas também podem apresentar atividade

72

antioxidante, principalmente as saponinas de soja do grupo B que estão ligadas ao radical

DDMP (Yoshiki et al. 1998; Hu et al. 2002).

r= 0,57p= 0,0001

r= 0,46p= 0,0001

r= 0,51p= 0,0001

r= 0,56p= 0,0001

C o m p o s to s fe n ó lic o s (m g E A G /g )

TE

AC

(

mo

l T

rolo

x/g

)

0 1 2 3 4

0 .0

0 .5

1 .0

1 .5

2 .0

C o m p o s to s fe n ó lic o s (m g E A G /g )

FR

AP

(

mo

l F

e+

2/g

)

0 1 2 3 4

0

2

4

6

8

1 0

r= 0,70p= 0,0001

r= 0,51p= 0,0001

Figura 14: Correlações entre os teores de saponinas totais, flavonoides e compostos fenólicos

e a atividade antioxidante medida pelos ensaios de TEAC e FRAP.

Também foi encontrada correlação positiva significativa entre os valores de atividade

antioxidante medidas pelos ensaios de FRAP e TEAC (r = 0,32; p = 0,0099) (Figura 15),

sugerindo assim que os componentes antioxidantes nos extratos são capazes tanto de reduzir o

complexo TPTZ-Fe3+

na reação do ensaio FRAP quanto converter o cátion-radical ABTS à

sua forma não-radicalar na reação do ensaio TEAC.

r= 0,32 p= 0,0099

Figura 15: Correlação entre os ensaios de FRAP e TEAC

73

5.3. Avaliação dos extratos após extração em maior escala

A partir da seleção das condições experimentais ótimas para a obtenção de extratos

ricos em todas as classes de compostos bioativos e extratos ricos em saponinas e pobres em

isoflavonas (Tabela 15), novos experimentos foram realizados nessas condições em maior

escala, com um aumento de 10 vezes nas quantidades de amostra e solvente. Contudo, nesses

experimentos em maior escala, a extração em vortex foi substituída pela extração em placa de

agitação orbital. Como a agitação orbital é menos eficiente que o vortex, o tempo de extração

foi ajustado para 15 minutos, em comparação com os 2 minutos empregados em todas as

condições do planejamento selecionadas.

Os teores de saponinas totais, flavonoides e compostos fenólicos nos extratos obtidos

na escala do planejamento de experimentos e em maior escala, nas diferentes condições

experimentais, são apresentados na Figura 16. Observou-se que os teores de saponinas totais

nos extratos obtidos nos experimentos em maior escala foram significativamente menores

(40,5 % em média) do que aqueles obtidos no planejamento de experimentos (Figura 16A).

Esse mesmo comportamento foi observado para flavonoides (Figura 16B) e compostos

fenólicos (Figura 16C) quando a mistura ternária de solventes foi utilizada. A menor extração

de compostos bioativos nos experimentos em maior escala em comparação com aqueles do

planejamento ocorreu, provavelmente, devido à menor eficiência do agitador orbital em

comparação com o vortex.

74

Te

or

de

Sa

po

nin

as

To

ta

is (

mg

/g)

H 2 O /E tO H /A c O E t (4 0 :4 0 :2 0 ) H 2 O /A c O E t (8 0 :2 0 ) E tO H (1 0 0 )

0

5

1 0

1 5

2 0

2 5

E x tra ç ã o p la n e ja m e n to d e e xp e rim e n to s

E x tra ç ã o m a io r e s c a la

*

*

*

(A )

Te

or

de

Fla

vo

no

ide

s (

mg

EG

/g)

H 2 O /E tO H /A c O E t (4 0 :4 0 :2 0 ) H 2 O /A c O E t (8 0 :2 0 ) E tO H (1 0 0 )

0

1

2

3

E x tra ç ã o p la n e ja m e n to d e e xp e rim e n to s

E x tra ç ã o m a io r e s c a la

(B )

*

Te

or

de

Co

mp

os

tos

fe

lic

os

(m

gE

AG

/g)

H 2 O /E tO H /A c O E t (4 0 :4 0 :2 0 ) H 2 O /A c O E t (8 0 :2 0 ) E tO H (1 0 0 )

0

1

2

3

4

E x tra ç ã o p la n e ja m e n to d e e xp e rim e n to s

E x tra ç ã o m a io r e s c a la

(C )

*

*

Figura 16: Teores de saponinas totais (A), flavonoides (B) e compostos fenólicos (C) nos

extratos obtidos na escala do planejamento de experimentos e em maior escala, em diferentes

condições de extração. O asterisco representa diferença significativa (p < 0,05) entre as

diferentes escalas de extração.

75

Em relação aos teores de flavonoides, não houve diferença significativa entre os

experimentos de diferente escala, quando empregou-se a mistura binária de água e acetato de

etila ou etanol puro (Figura 16B). Surpreendentemente, quando a mistura binária de água e

acetato de etila foi utilizada, o teor de compostos fenólicos no extrato obtido no experimento

em maior escala foi maior (65,6%) do que aquele obtido no experimento na escala do

planejamento (Figura 16C). A extração em maior escala utilizando a mistura binária de água

e acetato de etila, correspondente ao experimento 28 do planejamento, e que havia sido

selecionada como uma alternativa para o aumento do rendimento de extração de saponinas,

não foi adequada para obter um extrato rico em saponinas e pobre em isoflavonas. Ao

contrário do observado no planejamento, o extrato obtido no experimento em maior escala

continha quantidades elevadas de compostos fenólicos.

Conforme já mencionado, quando etanol puro foi utilizado como solvente o teor de

saponinas totais no extrato obtido no experimento em maior escala foi menor do que aquele

obtido no experimento do planejamento. No intuito de aumentar o rendimento de extração de

saponinas, novos experimentos foram realizados, empregando-se maiores tempos de extração

em agitador orbital (30; 60 e 120 min). Os teores de saponinas totais e flavonoides nesses

extratos são apresentados na Figura 17. Em todos os extratos avaliados, não foi possível

detectar a presença de compostos fenólicos.

Te

or

de

Sa

po

nin

as

To

tais

(m

g/g

)

0

1

2

3

4

1 5 m in 3 0 m in 6 0 m in 1 2 0 m in

a

b

c

d

(A )

Te

or

de

Fla

vo

no

ide

s (

mg

EG

/g)

0 .0 0

0 .0 5

0 .1 0

0 .1 5

0 .2 0

1 5 m in

1 5 m in 3 0 m in 6 0 m in 1 2 0 m in

a

b

c

a , b

(B )

Figura 17: Influência do tempo de extração sobre os teores de saponinas totais (A) e

flavonoides (B) nos extratos obtidos nos experimentos em maior escala, utilizando etanol

puro como solvente. Letras minúsculas acima das barras indicam diferenças significativas

(p < 0,05).

Em comparação com a condição inicial, quando a amostra foi extraída por 15 min, os

teores de saponinas totais aumentaram significativamente (p < 0,05) quando a mesma foi

76

extraída por 30 e 60 min (40 e 47%, respectivamente). Prolongando-se a extração por 120

min, observou-se uma diminuição no teor de saponinas totais em relação aos tempos de

extração de 30 e 60 min, mas sendo ainda superior ao tempo inicial de 15 min.

O aumento do tempo de extração em relação à condição inicial levou à diminuição dos

teores de flavonoides nos extratos, provavelmente devido a oxidação dos mesmos. Um

comportamento semelhante foi encontrado no estudo de Derkyi et al. (2011) após a extração

de compostos fenólicos da casca do pinheiro. Esse resultado foi positivo, pois favoreceu a

pureza dos extratos em relação às saponinas. Dessa maneira, para a obtenção, em maior

escala, de um extrato enriquecido em saponinas e empobrecido em isoflavonas, as condições

de extração foram: solvente = etanol; tempo de agitação = 60 min; ultrassom = 0 min.

5.4. Caracterização detalhada dos extratos obtidos após experimentos em larga escala por

CLAE-DAD-EM

A caracterização detalhada dos compostos bioativos presentes nos extratos foi

realizada através da técnica de CLAE-DAD-EM. Essa técnica é mais sensível e específica

quando comparada às determinações espectrofotométricas para essas classes de compostos.

Cada amostra foi submetida a duas análises cromatográficas. Na primeira análise determinou-

se os teores de saponinas e de isoflavonas (Figura 18), ao passo que na segunda determinou-

se os teores de outros compostos fenólicos não isoflavonoides.

77

Figura 18: Cromatogramas típicos por CLAE-DAD-EM da análise de isoflavonas e

saponinas nos extratos de soja obtidos com a mistura ternária (A) e com etanol (B).

(1) = daidzina; (2) = glicitina; (3) = genistina; (4) = malonil genistina; (5) = acetil daidizina;

(6) = acetil glicitina + malonil daidzina; (7) = Daidzeína; (8) = gliciteína; (9) = genisteína;

(10) = saponina I; (11) saponina II+III.

Os teores de saponinas nos extratos são apresentados na Tabela 16. Os teores de

saponinas totais variaram entre 2,23 e 11,49 mg/100g nos extratos obtidos com etanol puro,

enquanto o teor no extrato obtido com a mistura ternária foi de 22,43 mg/100g. Observou-se

que o aumento do tempo de extração de 15 para 120 min levou a um aumento da concentração

de saponinas totais (p < 0,05). Outros estudos na literatura que empregaram a CLAE-EM para

a análise de saponinas em diferentes cultivares de soja relataram teores totais que variaram

entre 260,5 e 904,3 mg/100g (Hu et al., 2002; Fang et al., 2004; Kim et al., 2006), 11 e 40

vezes maiores, respectivamente, que o encontrado no presente estudo quando a mistura

ternária foi utilizada como solvente de extração. Entretanto, considerando-se somente os

teores das saponinas avaliadas no presente estudo (B-I, B-II e B-III) nas amostras analisadas

nesses estudos, os valores encontrados variaram entre 16,8 e 754,6 mg/100g. Apesar

da grande variabilidade desses teores, o valor encontrado no presente estudo encontra-se

dentro da faixa de valores relatados.

78

Tabela 16: Teores de saponinas (mg/100g) nos extratos obtidos nos experimentos em maior

escala, utilizando diferentes solventes e tempos de extração1,2

Saponina Etanol 100% H2O/EtOH/AcOEt

(40:40:20) 15 min 30 min 60 min 120 min

B-I 1,44±0,13ª 3,94±1,09ª 2,55±0,04ª 8,47±0,39b 16,95±1,51

c

B-II + B-III 0,79±0,15ª 1,68±0,34ª 1,06±0,21ª 3,04±0,11b 5,48±0,46

c

Totais 2,23±0,28ª 5,62±1,43ª 3,61±0,24ª 11,49±0,50b 22,43±1,97

c

1Média± DP, n = 2; 2Médias na mesma coluna com letras sobrescritas diferentes são significativamente diferentes (ANOVA

com pós-teste de Tukey; p<0,05).

A saponina B-I foi o composto majoritário, correspondendo a 71%, em média, do teor

de saponinas totais. O restante (29%) correspondeu às saponinas B-II e B-III. Esse perfil está

de acordo com os dados de Fang et al. (2004), que relatam que a saponina B-I é o principal

composto dessa classe em soja (aproximadamente 83%). Entretanto, outros trabalhos

relataram um perfil diferente para as saponinas de soja, no qual as formas ligadas ao DDMP

foram mais representativas (42% a 97% do teor de saponinas totais). Levando-se em

consideração que no presente estudo os teores de saponinas obtidos pela análise

espectrofotométrica foram muito maiores (aproximadamente 86 vezes) do que aqueles obtidos

pela análise cromatográfica é provável que as saponinas conjugadas ao DDMP sejam as

majoritárias na amostra analisada. Essa hipótese é reforçada pela correlação positiva

encontrada entre a atividade antioxidante medida pelos ensaios de FRAP e TEAC e o teor de

saponinas medido pelo ensaio espectrofotométrico. Como já mencionado, somente as

saponinas ligadas ao grupamento DDPM apresentam atividade antioxidante (Yoshiki et al.

1998; Hu et al. 2002). Cabe destacar, entretanto, que o método espectrofotométrico é mais

sujeito à interferentes do que a análise por CLAE-DAD-EM. Além disso, a análise

espectrofotométrica utiliza como padrão uma mistura de saponinas comercial de perfil

desconhecido, ao passo que a cromatografia é realizada com padrões analíticos puros e bem

caracterizados.

Os teores de isoflavonas nos extratos são apresentados na Tabela 17. Os teores de

isoflavonas totais variaram entre 5,11 e 13,85 mg/100g nos extratos obtidos com etanol puro,

enquanto o teor no extrato obtido com a mistura ternária foi de 1412,49 mg/100g. Observou-

se que o aumento do tempo de extração de 15 para 120 min levou a um aumento da

concentração de isoflavonas totais (p < 0,05). Os teores de isoflavonas em produtos

comerciais à base de soja encontram-se em uma faixa bastante ampla, variando de 60 a 2800

mg/100g (Seo & Morr, 1984). Essa grande variabilidade deve-se tanto às diferenças de

processamento desses alimentos quanto aos teores de isoflavonas nos próprios grãos de soja,

79

que dependem de diversos fatores como clima, local de plantio, genética, entre outros. Wang

& Murphy (1994) relataram que o teor de isoflavonas em grãos de soja colhidos em dois anos

diferentes foram de 12 e 33 mg/100g. Outro aspecto que deve ser levado em consideração

quando da comparação de dados de diferentes estudos da literatura, é a metodologia de

extração das isoflavonas da matriz do alimento. Já foi relatado na literatura que diversos

fatores da extração, tais como o solvente (Murphy et al., 2002), o tempo de contato e a

agitação (Carrão-Panizzi et al., 2002) influenciam significativamente nos teores de

isoflavonas.

Tabela 17: Teores de isoflavonas (mg/100g) nos extratos obtidos nos experimentos em maior

escala, utilizando diferentes solventes e tempos de extração1,2

Isoflavona Etanol 100% H2O/EtOH/AcOEt

(40:40:20) 15 min 30 min 60 min 120 min

Daidzina 0,89 ± 0,04ª 1,54 ± 0,10ª 1,74 ± 0,25ª 1,67 ± 0,04ª 418,76 ± 34,67b

Glicitina ND3 ND ND 0,23 ± 0,08ª 70,96 ± 5,29

b

Genistina 1,651 ± 0,17ª 2,90 ± 0,095ª 2,43 ± 0,06ª 3,18 ± 0,16ª 470,33 ± 34,45b

Malonil genistina ND ND ND ND 8,82 ± 0,13 ª

Acetil daidzina 0,11 ± 0,00ª 2,1 ± 0,05ª 0,68 ± 0,03ª 0,48 ± 0,01ª 89,27 ± 7,03b

Acetil glicitina ND ND ND ND 10,22 ± 0,73ª

Malonil daidzina 0,10 ± 0,06ª 0,26 ± 0,07ª 0,36 ± 0,06ª 0,28 ± 0,13ª 161,00 ± 12,32b

Daidzeína 0,63 ± 0,75ª 2,02 ± 0,14ª 0,42 ± 0,02ª 2,63 ± 0,01ª 62,77 ± 4,23b

Gliciteína 0,09 ± 0,03ª 8,31 ± 0,22b 0,13 ± 0,01ª 1,65 ± 0,58ª 51,01 ± 3,09 ª

,c

Genisteína 1,36 ± 0,46ª 3,26 ± 0,66ª 5,03 ± 1,64ª 3,72 ± 0,50ª 69,34 ± 6,81b

Totais 5,11 ± 0,62ª 11,01± 0,92ª 10,80 ± 1,84ª 13,85 ± 1,27ª 1412,49 ± 108,82b

1Média± DP, n = 2; 2Médias na mesma coluna com letras sobrescritas diferentes são significativamente diferentes (ANOVA

com pós-teste de Tukey; p<0,05); 3Não detectado.

Nos extratos obtidos com etanol, os teores de isoflavonas determinados pela análise

cromatográfica (5,11 a 13,85 mg/100g) foram semelhantes aqueles encontrados utilizando-se

o ensaio espectrofotométrico para flavonoides (3,0 a 15,7 mgEG/100g). Entretanto, no extrato

obtido com a mistura ternária, os teores de isoflavonas foram maiores quando analisados por

CLAE-DAD-EM (1412,49 mg/100g) em comparação com a espectrofotometria (131,1

mgEG/100g). Essa diferença deve-se, provavelmente, ao fato da análise espectrofotométrica

ser realizada utilizando-se um único padrão (genisteína, no caso do presente trabalho), o que

pode acarretar subestimação ou superestimação dos resultados, em função de diferentes

fatores de resposta dos flavonoides na metodologia analítica.

Apesar das isoflavonas comporem a principal classe de compostos fenólicos na soja e

em produtos derivados do grão (Seo & Morr, 1984), no presente estudo investigaram-se,

ainda, outros compostos fenólicos minoritários, flavonoides e não-flavonoides, nos extratos

80

obtidos nos experimentos em maior escala. Dos 17 compostos fenólicos para os quais

dispunha-se de padrão comercial, 9 compostos fenólicos foram detectados por CLAE-DAD-

EM no extrato obtido com a mistura ternária (Figura 19A), enquanto que apenas 5 desses

compostos foram identificados nos extratos etanólicos (Figura 19B).

Figura 19: Cromatogramas típicos por CLAE-DAD-EM no modo SIM (-) da análise de

compostos fenólicos minoritários nos extratos de soja obtidos com a mistura ternária (A) e

com etanol (B). (1) = ácido gálico; (2) = ácido 3,4-dihidroxi-benzóico; (3) catequina

(aglicona); (4) = ácido 2,4-dihidroxi-benzóico; (5) = ácido cafeico; (6) = ácido p-cumárico;

(7) = rutina; (8) = miricetina; (9) = quercetina.

No extrato obtido utilizando-se a mistura ternária, identificaram-se três compostos da

classe dos ácidos hidroxi-benzóicos (ácidos gálico, 3,4-dihidroxi-benzóico e 2,4-dihidroxi-

benzóico), dois compostos da classe dos ácidos hidroxi-cinâmicos (ácidos cafeico e p-

cumárico) e quatro flavonoides (catequina, rutina, miricetina e quercetina). Seis desses

compostos (3,4-dihidroxi-benzóico, 2,4-dihidroxi-benzóico, catequina, rutina, miricetina e

81

quercetina) foram identificados pela primeira vez em soja, até o limite do nosso

conhecimento. Entretanto, já foram descritos na literatura outros 5 compostos fenólicos em

soja (ácidos 4-hidroxibenzóico, salicílico, ferúlico, 2,5-dihidroxi-benzóico e vanílico) (Potter

et al., 1986; Kim et al., 2005).

Os teores de compostos fenólicos minoritários nos extratos são apresentados na

Tabela 18. Os teores variaram entre 0,37 e 1,18 mg/100g nos extratos obtidos com etanol

puro, enquanto o teor no extrato obtido com a mistura ternária foi de 16,00 mg/100g. A

principal classe de compostos fenólicos minoritários foram os flavonoides, seguidos dos

ácidos hidroxi-cinâmicos e hidroxi-benzóicos. Nos extratos etanólicos, essas classes

corresponderam a 78%, 16% e 6% do total de compostos fenólicos minoritários,

respectivamente, ao passo que no extrato obtido utilizando-se a mistura ternária como

solvente, as mesmas corresponderam a 84%, 8% e 8%.

Tabela 18: Teores de compostos fenólicos minoritários (mg/100g) nos extratos obtidos nos

experimentos em maior escala, utilizando diferentes solventes e tempos de extração1,2

Composto Etanol (100%) H2O/EtOH/AcOEt

(40:40:20) 15 min 30 min 60 min 120 min

Ácido gálico 0,05 ± 0,02ª 0,04 ± 0,01ª 0,04 ± 0,00a 0,03 ± 0,00

a 0,15 ± 0,10

a

Ácido 3,4-dihidroxibenzóico ND3 ND ND ND 0,77 ± 0,24

a

Ácido 2,4-dihidroxibenzóico ND ND ND ND 0,43 ± 0,21a

Ácido caféico 0,02 ± 0,01ª 0,03 ± 0,00a,b

0,16 ± 0,01 a,b

0,17 ± 0,00 a,b

0,49 ± 0,26b

Ácido p-cumárico ND ND ND ND 0,75 ± 0,19ª

Catequina (aglicona) ND ND ND ND 0,06 ± 0,05ª

Rutina 0,02 ± 0,00a 0,02 ± 0,00

a 0,02 ± 0,00

a ND 0,59 ± 0,17

b

Miricetina 0,34 ± 0,30ª 0,13 ± 0,01ª 0,20 ± 0,11ª 0,02 ± 0,00a 6,13 ± 3,04

b

Quercetina 0,75 ± 0,68 a,b

0,44± 0,01ª 0,73 ± 0,39 a,b

0,15 ± 0,04a 6,65 ± 3,25

b

Total 1,18 ± 1,02ª 0,66 ± 0,01ª 1,14 ± 0,49ª 0,37 ± 0,05ª 16,00 ± 7,52b

1Média± DP, n = 2; 2Médias na mesma coluna com letras sobrescritas diferentes são significativamente diferentes (ANOVA

com pós-teste de Tukey; p<0,05); 3Não detectado.

Os teores de compostos fenólicos minoritários analisados em todos os extratos por

CLAE-DAD-EM foram significativamente menores do que a diferença entre os teores de

compostos fenólicos e de flavonoides determinados espectrofotometricamente. Contudo, os

teores de compostos fenólicos totais determinados por essa última metodologia estão de

acordo com dados da literatura, que relatam amostras de soja contendo entre 494 e 622 mg

EAG/100g (Malenčić et al., 2012).

82

6. CONCLUSÕES

No estudo preliminar, verificou-se que a utilização de água pura seria adequada para

empobrecer a fibra de soja em saponinas e extrair os compostos fenólicos, em especial

isoflavonas, com um bom rendimento. Além disso, para a obtenção de um extrato

empobrecido em isoflavonas e rico em saponinas, o uso de etanol foi o mais adequado, apesar

do baixo rendimento observado.

A análise de compostos fenólicos e saponinas em sete amostras comerciais de fibra e

extrato de soja apontou o extrato da marca E como tendo o perfil de compostos ativos mais

favoráveis para a obtenção dos extratos de interesse utilizando o planejamento de

experimentos. Os extratos obtidos apresentaram atividade antioxidante medida pelos ensaios

de FRAP e TEAC, sendo essa atividade relacionada à presença de flavonoides, assim como de

saponinas nas amostras.

Apesar de apresentar baixo rendimento, o etanol puro foi selecionado como solvente

ideal para a obtenção de extratos ricos em saponinas e empobrecidos em flavonoides.

Entretanto, não foi possível determinar condições de extração para a obtenção de extratos

ricos em flavonoides e empobrecidos em saponinas. A utilização de uma mistura ternária

contendo água, etanol e acetato de etila como solvente proporcionou o máximo de extração de

ambas as classes de compostos bioativos, sendo ainda mais eficiente do que a metodologia

empregada na maioria dos estudos da literatura, que utiliza metanol 80% aquoso para a

extração.

Aplicando-se as condições de extração determinadas no planejamento de experimentos

em maior escala e após a otimização do tempo de extração, o etanol manteve-se seletivo para

a extração diferencial de saponinas.

Contudo, em função de discrepâncias entre os teores de saponinas avaliados pelos

métodos cromatográfico e espectrofotométrico, a seletividade do etanol precisa ainda ser

confirmada em estudos futuros. A análise de outras saponinas, em especial aquelas

conjugadas ao DDMP seria muito relevante, porém não estão disponíveis os padrões

comerciais das mesmas. Nesse sentido, o isolamento das saponinas de soja por cromatografia

semi-preparativa está em andamento.

De maneira geral, este trabalho demonstra que a utilização de diferentes misturas de

solventes e parâmetros de extração é uma ferramenta promissora para a obtenção de extratos

contendo classes específicas de compostos bioativos da soja.

83

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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