experiência de gestão e educação ambiental no projeto...

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Anais... 1º SIMAGA - Simpósio Alagoano de Gestão Ambiental, Arapiraca-AL, Brasil, 31 maio a 04 de junho de 2010, UNEAL/CAMPUS I, p. 21-30. CD ROM ISSN 2177-7268. 21 Experiência de Gestão e Educação Ambiental no projeto Farmácia Viva em duas Escolas. Jhonatan David dos Santos das NEVES 1 ; Rubens Pessoa de BARROS 2 ; Glauber Feitosa Xavier de BARROS 2 . 1. Graduando de Licenciatura em Ciências Biológicas na Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL- Campus I. e-mail: [email protected] 2. Professor Assistente do Departamento do Curso de Ciências Biológicas da Uneal – NEPA: Núcleo de Ensino - Pesquisa e Aplicação em Biologia/Projeto Farmácia Viva. e-mail: [email protected] Resumo O objetivo deste trabalho é o de relatar as experiências de pesquisa e extensão universitária vivenciadas em duas Escolas Públicas, localizadas no município de Arapiraca, pertencentes à rede estadual de ensino: Escola Estadual Prof. José Quintella Cavalcanti, e a outra pertencente à rede municipal de ensino: Escola Prof. Divaldo Suruagy. A Educação Ambiental surge como alternativa para solução da problemática ambiental atual e tem como objetivo principal a transformação individual e coletiva para obtenção de qualidade de vida ambiental e humana, a depender da maneira em que é focada pelo educador, podem ser abordados diferentes conteúdos de forma significativa e contextualizada e promover vivências e resgatar valores, para gerenciar os espaços escolares dando um enfoque na Gestão Ambiental que visa ordenar as atividades humanas para que estas originem o menor impacto possível sobre o meio. Esta organização vai desde a escolha das melhores técnicas até o cumprimento da legislação, "gerir" ou "gerenciar" significa saber manejar as ferramentas existentes da melhor forma possível e não necessariamente desenvolver a técnica ou a pesquisa ambiental em si. A metodologia utilizada pelo trabalho foi a coleta de espécies de ervas medicinais pelos alunos e selecionadas sendo plantadas em garrafas “pet” e cultivadas em canteiros feitos pelos alunos para formar um banco de ervas com matrizes de mudas sadias e perfeitas, para serem implantadas nas duas escolas delimitadas neste trabalho. Foram implantadas nas duas Escolas citadas, sendo um total de 21 ervas medicinais, dentre as quais, aquelas que são mais utilizadas pela comunidade que está inserida as escolas. O pessoal envolvido consiste em um total de 21 alunos das escolas envolvidas e um total de 16 alunos do Curso de Ciências Biológicas da Uneal – Campus I em Arapiraca. O projeto ainda se encontra em implantação e implementação, pois o cultivo das ervas tem sofrido alterações para se ajustar a falta de estrutura das escolas e pessoal envolvido, haja vista a falta de formação continuada de professores e falta de insumos inclusive a água para a gestão ambiental do projeto farmácia viva. Palavras-chave: horta escolar, gestão ambiental, educação ambiental.

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Anais... 1º SIMAGA - Simpósio Alagoano de Gestão Ambiental, Arapiraca-AL, Brasil, 31 maio a 04 de junho de 2010, UNEAL/CAMPUS I, p. 21-30. CD ROM ISSN 2177-7268.

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Experiência de Gestão e Educação Ambiental no projeto Farmácia Viva em duas Escolas.

Jhonatan David dos Santos das NEVES1; Rubens Pessoa de BARROS2; Glauber Feitosa

Xavier de BARROS2.

1. Graduando de Licenciatura em Ciências Biológicas na Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL- Campus I.

e-mail: [email protected] 2. Professor Assistente do Departamento do Curso de Ciências Biológicas da Uneal – NEPA:

Núcleo de Ensino - Pesquisa e Aplicação em Biologia/Projeto Farmácia Viva. e-mail: [email protected]

Resumo O objetivo deste trabalho é o de relatar as experiências de pesquisa e extensão universitária vivenciadas em duas Escolas Públicas, localizadas no município de Arapiraca, pertencentes à rede estadual de ensino: Escola Estadual Prof. José Quintella Cavalcanti, e a outra pertencente à rede municipal de ensino: Escola Prof. Divaldo Suruagy. A Educação Ambiental surge como alternativa para solução da problemática ambiental atual e tem como objetivo principal a transformação individual e coletiva para obtenção de qualidade de vida ambiental e humana, a depender da maneira em que é focada pelo educador, podem ser abordados diferentes conteúdos de forma significativa e contextualizada e promover vivências e resgatar valores, para gerenciar os espaços escolares dando um enfoque na Gestão Ambiental que visa ordenar as atividades humanas para que estas originem o menor impacto possível sobre o meio. Esta organização vai desde a escolha das melhores técnicas até o cumprimento da legislação, "gerir" ou "gerenciar" significa saber manejar as ferramentas existentes da melhor forma possível e não necessariamente desenvolver a técnica ou a pesquisa ambiental em si. A metodologia utilizada pelo trabalho foi a coleta de espécies de ervas medicinais pelos alunos e selecionadas sendo plantadas em garrafas “pet” e cultivadas em canteiros feitos pelos alunos para formar um banco de ervas com matrizes de mudas sadias e perfeitas, para serem implantadas nas duas escolas delimitadas neste trabalho. Foram implantadas nas duas Escolas citadas, sendo um total de 21 ervas medicinais, dentre as quais, aquelas que são mais utilizadas pela comunidade que está inserida as escolas. O pessoal envolvido consiste em um total de 21 alunos das escolas envolvidas e um total de 16 alunos do Curso de Ciências Biológicas da Uneal – Campus I em Arapiraca. O projeto ainda se encontra em implantação e implementação, pois o cultivo das ervas tem sofrido alterações para se ajustar a falta de estrutura das escolas e pessoal envolvido, haja vista a falta de formação continuada de professores e falta de insumos inclusive a água para a gestão ambiental do projeto farmácia viva. Palavras-chave: horta escolar, gestão ambiental, educação ambiental.

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Introdução

A Gestão Ambiental visa ordenar as atividades humanas para que estas originem o menor impacto possível sobre o meio. Esta organização vai desde a escolha das melhores técnicas até o cumprimento da legislação e a alocação correta de recursos humanos e financeiros. O que deve ficar claro é que "gerir" ou "gerenciar" significa saber manejar as ferramentas existentes da melhor forma possível e não necessariamente desenvolver a técnica ou a pesquisa ambiental em si. Pode estar aí o foco da confusão de conceitos entre a enorme gama de profissionais em meio ambiente. Pois, muitos são parte das ferramentas de Gestão (ciências naturais, pesquisas ambientais, sistemas e outros), mas não desenvolvem esta como um todo, esta função pertence aos gestores ou gerentes ambientais que devem ter uma visão holística apurada (BRUNS, 2010).

A horta na escola é um laboratório vivo e se torna em uma estratégia viva, capaz de promover estudos, pesquisas, debates e atividades sobre a questão ambiental, alimentar e nutricional, além de estimular o trabalho pedagógico dinâmico, participativo, prazeroso, inter e transdisciplinar, podendo ainda se tornar na forma de educar para o ambiente, para a alimentação e para a vida. Ao trabalhar a horta escolar, professores e alunos educam-se para a lógica de que as áreas públicas – o público, de modo geral, é de todos e que todos têm o dever de cuidar delas e de preservá-las, uma vez que do modo contrário as conseqüências são desastrosas. O espaço utilizado para o cultivo de hortaliças e plantas medicinais pode se transformar em um espaço para as diversas experiências de ensino no currículo do aluno e também do educador. Por isso, é importante notar que as escolas precisam de ações efetivas por parte da comunidade universitária e que pode proporcionar atividades de incorporação de saberes populares, enfatizando desta forma, a etnobotânica (BRASIL, 2007).

As hortas escolares se tornam instrumentos que podem ser abordados em diferentes conteúdos de forma significativa e contextualizada e promover vivências e resgatar valores. Gadotti (2002, p.41) utilizando-se de uma metáfora, afirma: “Um pequeno jardim, uma horta, um pedaço de terra, é um microcosmos de todo o mundo natural. Nele encontramos formas de vida, recursos de vida, processos de vida. A partir dele podemos reconceitualizar nosso currículo escolar. (...). Ele nos ensina os valores da emocionalidade com a Terra: a vida, a morte, a sobrevivência, os valores da paciência, da perseverança, da criatividade, da adaptação, da transformação, da renovação”. O espaço utilizado para o cultivo de hortaliças e plantas medicinais pode se transformar em um laboratório vivo para as diversas experiências de ensino no currículo do aluno e também do educador (FONTE, 2009).

A Educação Ambiental surge como alternativa para solução da problemática ambiental atual e tem como objetivo principal a transformação individual e coletiva para obtenção de qualidade de vida ambiental e humana. De acordo com Sato (1997, p.108) “a educação ambiental deve ter como base o pensamento crítico e inovador, em qualquer tempo e lugar, em sua expressão formal, não formal e informal, promovendo a transformação e a construção da sociedade.”

DIAS (2000), acredita que Educação Ambiental seja um processo onde as pessoas apreendam como funciona o ambiente, como dependemos dele, como o afetamos e como promovemos a sua sustentabilidade. Para Vasconcellos (1997), a presença, em todas as práticas educativas, da reflexão sobre as relações dos seres entre

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si, do ser humano com ele mesmo e do ser humano com seus semelhantes é condição imprescindível para que a Educação Ambiental ocorra.

A Educação Ambiental é continuada, ela não acaba ao sair do portão da escola, sensibiliza-se para o fato de que os atores ambientais quando tomam consciência dessa realidade e quando tem consciência da relação com o meio ambiente e com os demais homens. O processo passa a ser um fato de se ter ações ambientais e essas ações serem praticadas da escola á família á sociedade (EFFTING, 2007).

Magalhães (2003) afirma que utilizar a horta escolar como estratégia, visando estimular o consumo de feijões, hortaliças e frutas, torna possível adequar a dieta das crianças. Outro fator interessante é que as hortaliças cultivadas na horta escolar, quando presentes na alimentação escolar, fazem muito sucesso, ou seja, todos querem provar, pois é fruto do trabalho dos próprios alunos.

Andrade (2000) expõe que implementar a educação ambiental nas escolas tem se mostrado uma tarefa exaustiva, devido a existência de grandes dificuldades nas atividades de sensibilização e formação, na implantação de atividades e projetos e, principalmente, na manutenção e continuidade dos já existentes.

Fatores como o tamanho da escola, número de alunos e de professores, predisposição destes professores em passar por um processo de treinamento, vontade da direção de realmente implementar um projeto ambiental que vá alterar a rotina na escola, além de fatores resultantes da integração dos acima citados e ainda outros, podem servir como obstáculos à implementação da Educação Ambiental. Outra problemática levantada por Serrano (2003) é o fato dos projetos de educação ambiental desenvolvidos nas escolas de ensino fundamental estarem sendo mais discursivos e teóricos do que práticos.

É de suma importância destacar a preocupação demonstrada pela maioria dos professores em trabalhar educação ambiental nas escolas, esta preocupação torna-se ponto favorável para a implantação de novas idéias e propostas ligadas à área (VALDAMERI, 2004).

A horta escolar assume um papel importante no resgate da cultura alimentar de cada região, sendo assim é imprescindível incentivar a utilização de materiais com características locais (adaptação ao meio, parte da cultura alimentar, rusticidade e produtividade) e nutricionais. É possível através do estudo e conhecimento dessas plantas, reforçar relação com a história indígena e culturas locais incidindo na recuperação, reconhecimento e respeito da diversidade cultural, lingüística e ecológica (MORGADO, 2006).

Marondin e Baptista (2001) afirmam que a utilização de plantas para o tratamento da saúde teve seu registro em diferentes épocas na historia da humanidade, e permanece até os dias de hoje fazendo parte da cultura de diferentes comunidades populacionais. Sabe-se que a medicina através dos tempos, sempre lançou mão das plantas medicinais como recurso natural. As práticas indígenas brasileiras, aliadas aos conhecimentos orientais, são responsáveis, hoje, pela forte medicina popular brasileira. Muito inspirada nos rituais sobrenaturais, esta medicina é, com certeza, a alternativa de muitos brasileiros, principalmente, em regiões com infra-estrutura deficitária. Segundo a OMS, 80% da população mundial faz uso das plantas medicinais (LUCCA, 2004; NEVES et al., 2009). Material e métodos

O projeto consistiu em primeiro momento na pesquisa das ervas medicinais em busca do conhecimento adequado sobre as funções de cada erva. As plantas foram

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selecionadas pela eficiência terapêutica, verificadas na literatura científica e pela adaptabilidade do cultivo na região.

O experimento com a seleção das mudas de ervas medicinais foi instalado no Campus I da Uneal, Arapiraca, Estado de Alagoas em uma estufa com madeira e sombrite, para a acomodação das garrafas “pet” com as ervas já plantadas e dois canteiros medindo 0,70 x 3,0 m cada um, para o plantio das ervas desbastadas das garrafas “pet”. As espécies de ervas medicinais coletadas pelos alunos e selecionadas foram plantadas em garrafas “pet” e cultivadas em canteiros feito pelos alunos para formar um banco de ervas com matrizes de mudas sadias e perfeitas, para serem implantadas nas escolas do município de Arapiraca, interessados em implantação de hortas escolares no cultivo das plantas medicinais. Entenda-se aqui duas Escolas da rede Estadual e uma da rede municipal.

O projeto coordenado na Uneal – Universidade Estadual de Alagoas, através do NEPA: Núcleo de Ensino-Pesquisa e Aplicação em Biologia, consistiu na sensibilização e capacitação de professores e alunos e equipe pedagógica de cada Escola onde foram implantadas, a saber: Escola Estadual Quintella Cavalcanti e Escola Municipal de Ensino Fundamental Divaldo Suruagy, sendo trabalhadas textos que abordaram a temática de Educação Ambiental, Horta escolar e o cultivo de ervas medicinais. Resultados parciais e discussão

Após a apresentação do projeto e o cohecimento das etapas da pesquisa e extensão, a implantação do Projeto farmácia viva foi realizado em duas Escolas, sendo uma pertencente à rede Estadual de Ensino (Escola Estadual Prof. José Quintella Cavalcanti) e uma pertencente à rede municipal de Ensino (Escola Municipal de Educação Básica Prof. Divaldo Suruagy). Essas experiências extensionistas além de contemplarem as proposições expressas no Plano Nacional de Extensão Universitária, expressam a concepção que considera o estudante como sujeito da construção de seu próprio conhecimento e não receptor passivo da transmissão de conhecimento e estão afinadas com o pensamento expresso por Paulo Freire (2006). As experiências de pesquisa e extensão universitária na implantação estão descritas a seguir:

Escola Estadual Prof. José Quintella Cavalcanti

A Escola está localizada no bairro Baixão, à Rua Prof. José Ventura de Farias,

S/N, com as coordenadas geográficas: 9º 44´ 29” S e 36º 40´02 O, com aproximadamente 2.800 alunos, funcionando os três turnos, com turma do 9º (nono) ano até o 3º (terceiro) ano do ensino médio.O presente projeto teve inicio em 02 de Setembro de 2009 com uma sensibilização dos alunos e professores na Escola Estadual prof. José Quintella Cavalcanti. No dia 23 de Setembro de 2009 teve inicio a primeira reunião, onde foi definido o lider e vice líder do grupo, os dias e horários das reuniões seguintes, assim como as tarefas dos componentes do grupo. Logo após a reunião, foi iniciado o plantio das mudas no horta da escola pelos alunos (figura 1).

O projeto está sendo direcionado para capacitar os alunos em aulas práticas para melhor entendimento do manejo das ervas quanto ao uso adequado das plantas sendo estas estudadas nas oficinas que são promovidas no laboratório da UNEAL utilizando plantas do desenvolvidas na Escola, a segunda escola o projeto encontra-se em andamento com reuniões e produção do seu próprio banco vivo (horta escolar) de ervas.

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Figura 1. Alunos da escola estadual numa aula prática no local do projeto farmácia viva.

Na Escola Estadual Prof. José Quintella Cavalcanti, foi formado um grupo com

13 (treze) alunos, sendo 03 (três) do sexo masculino e 10 (dez) do sexo feminino. O plantio e a preparação do terreno da horta Escolar foram realizados pela coordenação do Projeto. A área do terreno para a implantação da horta (Farmácia Viva), fica localizado ao lado da Cantina da Escola, com uma área aproximada de (15 m x 6 m), perfazendo um total de 90 m2.

No dia do plantio das ervas a temperatura se apresentava em torno de 28ºC numa tarde ensolarada, com nuvens esparsas e parcialmente nublado. Foram selecionadas ervas: Boldo (Coleus barbathus), Capim-santo (Cymbopogm citratus), Citronela-de-Java (Cymbopogom winterianus), hortelã da folha grossa (Plectrantus amboinicus), manjericão (Ocimun basilicum), logo em seguida, após dois meses, foram plantadas, mais duas ervas: anador (Artemísia vulgaris), hortelã da folha miúda (Mentha pulegium). As mudas foram adquiridas da estufa do projeto Farmácia Viva da Uneal – Campus I, e estavam plantadas em garrafas tipo PET, com tamanho e desenvolvimento relativo a 04 (quatro) meses. As plantinhas estavam viçosas e nutridas com esterco bovino e complementadas com mistura agronômica a base de NPK (Nitrogênio-fosforo e potássio). Foram utilizadas as ferramentas: ancinho, pá, enxada, conforme a figura 2.

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Figura 2. Alunos da Escola Estadual Professor José Quintella Cavalcanti utilizando as ferramentas para o plantio das ervas no canteiro.

Os alunos envolvidos pegaram as ferramentas e orientados pelos alunos-

bolsistas, transplantaram as ervas das garrafas PET, para os canteiros feitos pelos alunos no horário matutino. Os alunos ficaram empolgados e interessados em conhecer as ervas, seu desenvolvimento no canteiro, sendo irrigadas em seguida e ficando sob a responsabilidade de duplas de alunos a irrigação nos horários da manhã (8 horas ) no horário vespertino (17 horas).

As plantas que foram transplantadas e que mais se adaptaram ao novo ambiente da horta foram: boldo, capim-santo, citronela-de-java, hortelã da folha grossa, manjericão, anador. Dentre as ervas implantadas, no segundo momento do projeto, a hortelã-da-folha-miúda (Mentha pulegium) não conseguiu se adaptar ao local, o que pode sugerir um solo impactado pelo pisoteio dos alunos e de entulhos no local, tornando o solo pobre para o plantio e também a quantidade de sol que a mesma estava exposta durante o dia.

O acompanhamento do projeto na Escola Quintella Cavalcanti se deu durante o período letivo (09/2009 a 03/2010), tendo as reuniões ocorridas até a ultima semana do mês de Março de 2010, ocorrendo uma pausa durante o recesso escolar devendo ter continuação após a volta às aulas (ano letivo 2010) que devem ocorrer a partir do mês de Junho/2010.

Escola Municipal de Ensino Fundamental Prof. Divaldo Suruagy

A Escola está localizada no bairro Brasília, à Rua Aderval Inácio da Silva, S/N,

com as coordenadas geográficas: 9º 45´ 09” S e 36º 38´38” O, com aproximadamente 600 alunos, funcionando com o ensino fundamental no horário matutino e vespertino, nesta Escola foi promovido à sensibilização, no início deste presente ano letivo, em 30 de Março com a participação de alunos e professores do componente curricular ciências, em palestras ocorridas nos períodos matutino e vespertino (Figura 3).

Figura 3. Alunos, pais e professores da Escola Municipal Professor Divaldo Suruagy, no

momento da formação. Após as palestras a equipe diretiva da Escola (Direção, Coordenação

Professores) concordaram em participar do projeto sendo entregue a eles o plano de

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implantação com as instruções para a produção do banco vivo (horta escolar ) das ervas medicinais, ficando por conta dos mesmos selecionar os alunos a serem envolvidos no projeto, de maneira que se formassem dois grupos de 15 alunos em cada turno (Figura 4).

Figura 4. Equipe de bolsistas, professor (UNEAL) e alunos da Escola M. Professor Divaldo

Suruagy. No dia 6 de Abril/2010, foram reunidos os dois grupos para implantar as ervas

medicinais na forma de um banco vivo no terreno cedido pela escola (figura 5) com o auxilio dos alunos foram transplantadas as mudas produzidas na estufa da UNEAL, dentre as mudas transplantadas estavam o Anador (Artemísia vulgaris), Arnica (Solidago chilensis), Babosa (Aloe vera), Boldo-do-Chile (Coleus barbathus), Capim-santo (Cymbopogm citratus), Citronela-de-Java (Cymbopogom winterianus), Erva-cidreira (Lippia alba) Hortelã-da-folha-grossa (Plectrantus amboinicus), Manjericão (Ocimun basilicum) totalizando 30 mudas divididas entre os canteiros. Foi utilizado o sistema de duplas para auxiliarem na manutenção da Farmácia Viva da escola visando assim um maior contato com as plantas.

Figura 5. Terreno da Escola Municipal Prof. Divaldo Suruagy – local da farmácia viva.

A segunda etapa do projeto consistirá na extração de óleos essenciais ou extratos

químicos no Laboratório de Pesquisa em Biologia e Química da Uneal- Campus I, das plantas que estão sendo cultivadas nas hortas escolares (projeto Farmácia Viva) e foco da pesquisa e extensão. O projeto está sendo avaliado, em seu decorrer, a cada bimestre

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com ajustes das partes integrantes é corrigido a cada reunião de avaliação das orientações e manejo para novos desafios do projeto. Aspectos positivos e negativos na gestão da horta escolar

Dentre as dificuldades das ações do projeto encontradas para a gestão da horta escolar, que estão inseridas no projeto de implantação da horta escolar, com o enfoque nas ervas medicinais, podem ser elencadas para redimensionar a gestão:

Marco pedagógico

A falta de formação continuada de professores das escolas envolvidas, a falta de pessoal no manejo da horta e a falta de incentivo para o currículo do professor na participação do projeto, uma vez que eles se sentem atarefados com as atividades de sala de aula, pois alguns dos professores trabalham em várias escolas.

Marco estrutural

A falta de água e análise do solo, dificuldades em adquirir os insumos para a manutenção do desenvolvimento vegetal das espécies cultivadas, engajamento de todo o pessoal da Escola, mas o recurso mais destacado é a gestão da água nas Escolas, o abastecimento é da companhia de saneamento e abastecimento de alagoas – CASAL, em algumas escolas, existem cacimbas, no caso estudado, as duas possuem uma cacimba, que fornece água, inclusive para a cozinha. Estímulo dos alunos nas escolas

A avaliação do projeto tem detectado que os alunos envolvidos possuem um

estímulo a mais para continuar os seus estudos, incluindo o contra-turno nestas tarefas, quando comparecem à Escola para o manejo da horta (irrigação) e capina manual como também a introdução de novas plantas medicinais, trazidas pelos alunos encontradas em seus quintais, também formam grupos de estudos nas escolas do projeto. Considerações finais A implantação do projeto farmácia viva em escolas, tem sido um desafio para professores e alunos do Curso de Ciências Biológicas da Uneal, Campus I em Arapiraca, precisamente do NEPA: Núcleo de Ensino-Pesquisa e Aplicação em Biologia, trabalhando projetos em extensão e divulgando as atividades desenvolvidas na Universidade e levando para as escolas, campo de trabalho dos futuros professores. A receptividade do projeto quando é apresentado a comunidade escolar é espetacular e bem-vinda, o problema reside no manejo e na falta de intercomunicação entre os entes da escola envolvida, quando na administração da horta, no momento da irrigação e na aquisição de insumos para a manutenção das plantas. Mas de alguma forma, o projeto é aceito e entendido pelos alunos e está sendo desenvolvido e implementado nas duas escolas com o desafio de mais duas escolas, outra da rede municipal e outra da rede estadual. Freire (2006), afirma que o conhecimento não se aplica ao que se julga sabedor, mas até aqueles que se julga não saberem; o conhecimento se constitui nas relações homem-mundo, relações de transformação, e se aperfeiçoa na problematização crítica destas relações.

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Agradecimentos

• Os agradecimentos às equipes diretivas das duas escolas, onde o projeto está implantado, aos pais, alunos e professores destas duas escolas;

• A FAPEAL – Fundação de Amparo à Pesquisa em Alagoas, por proporcionar recursos para o bolsista do projeto farmácia viva.

• À Coordenação do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em gestão Ambiental da Uneal – Campus I, por proporcionar os recursos para um bolsista do projeto farmácia viva.

• Ao professor orientador por disponibilizar dedicação à pesquisa e extensão neste projeto farmácia viva.

• Aos professores do Curso de Ciências Biológicas da Uneal – Campus I, por apoiar o Projeto farmácia viva.

Referências bibliográficas BRUNS, G. B. Afinal o que é Gestão Ambiental. Kapodistrian University of Athens e Università degli Studi di Parma, Itália. In: Ambiente Brasil. Disponível em: http:/ http://ambientes.ambientebrasil.com.br/gestao/artigos/afinal,_o_que_e_gestao_ambiental%3F.html, acesso em 22 de maio de 2010, às 15:13 h. BRASIL. Orientações para implantação e implementação de hortas escolares. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação/Ministério da Educação. 2007. Disponível em: www.educandocomahorta.org.br, acesso em 11 de junho de 2009. DIAS, G. F. Educação Ambiental: princípios e práticas. São Paulo, Gaia, 2000. EFFTING, Tânia Regina. Educação Ambiental nas Escolas Públicas: Realidade e Desafios. Marechal Cândido Rondon, 2007. Monografia (Pós Graduação em “Latu Sensu” Planejamento Para o Desenvolvimento Sustentável) – Centro de Ciências Agrárias, Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus de Marechal Cândido Rondon, 2007. FREIRE, Paulo. Extensão ou Comunicação. 13a Edição. São Paulo: Paz e Terra, 2006 FONTE, P. Projeto Horta. Disponível em: <http://www.projetospedagogicosdinamicos.com/PROJETO%20HORTA_PPD.pdf>, acesso em 12 de Junho de 2009. GADOTTI, M. Boniteza de um sonho: Ensinar-e-aprender com sentido. São Paulo: Cortez, 2002. 52p. MAGALHÃES, A. M. A horta como estratégia de educação alimentar em creche. 2003. 120 f. Dissertação (Mestrado em Agroecossistemas) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003.

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Anais... 1º SIMAGA - Simpósio Alagoano de Gestão Ambiental, Arapiraca-AL, Brasil, 31 maio a 04 de junho de 2010, UNEAL/CAMPUS I, p. 21-30. CD ROM ISSN 2177-7268.

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