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REVISTA ACADÊMICA ELETRÔNICA

ISSN: 2447-455X

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3 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X

FACULDADE SÃO FRANCISCO DE JUAZEIRO

DIRETOR GERAL: Jair Miranda Júnior

COLEGIADO DE COMUNICAÇÃO – PUBLICIDADE E PROPAGANDA

Coordenador: Wellington Dias e Silva Júnior

COLEGIADO DE FISIOTERAPIA

Coordenadora: Laís de Holanda

COLEGIADO DE ENFERMAGEM

Coordenadora: Ana Carolina Cordeiro Penaforte

COLEGIADO DE ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO PÚBLICA

Coordenador: Fábio Feitosa da Silva

COLEGIADO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E RECURSOS HUMANOS

Coordenador: Sivaldo de Melo Torres

COLEGIADO DE ENGENHARIA CIVIL

Coordenador: Lucas Conceição

COLEGIADO DE ENGENHARIA AGRONÔMICA

Coordenador: Sirando Lima Seido

COLEGIADO DE PEDAGOGIA

Coordenadora: Maria da Conceição Araújo Carneiro

COLEGIADO DE MEDICINA VETERINÁRIA

Coordenador: Jorge Messias Leal do Nascimento

COLEGIADO DE ODONTOLOGIA

Coordenadora: Vivian Pamponet

COORDENAÇÃO DE PESQUISA E EXTENSÃO

Coordenador: Jorge Messias Leal do Nascimento

EDITOR GERAL DA REVISTA EXPANSÃO ACADÊMICA

Prof. Dr. Jorge Messias Leal do Nascimento

LAYOUT PARA INTERNET

Luécito de Sousa Filho

DESIGN GRÁFICO

Tiago Vieira Ribeiro De Carvalho

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OBJETIVO DA REVISTA

A revista Expansão Acadêmica possui como objetivo o ideal de fomento à pesquisa acadêmica,

integrando professores e alunos da Faculdade São Francisco de Juazeiro neste processo científico,

divulgando por meio de suas edições os saberes produzidos nesta instituição, bem como as colaborações

advindas dos mais variados espaços acadêmicos do país, oferecendo à comunidade científica e à

sociedade em geral contribuições através dos debates aqui promovidos.

CONSELHO EDITORIAL

Administração – Ciências Contábeis – Recursos Humanos – Gestão Pública

Prof. Fabio Feitosa da Silva – Especialista

Prof. Hesler Piedade Caffé Filho – Mestre

Prof. José Adelson Gonçalves de Almeida – Especialista

Prof. Mario Cleone de Souza Junior – Mestre

Prof. Wellington Dantas de Sousa – Mestre

Prof.ª Erika Jamir – Mestre

Prof.ª Gabriela Gonçalves – Mestre

Prof. Augusto Jorge – Mestre

Fisioterapia

Prof.ª Bruna Angela Antonelli – Mestre

Prof.ª Caroline Dieder Dalmas de Andrade – Mestre

Prof. Carlos Dornels Freire de Souza – Mestre

Prof.ª Daniela C. Gomes Goncalves e silva – Mestre

Prof. Denilson José de Oliveira – Mestre

Prof. Hugo José Cavalcanti Coelho Pereira – Especialista

Prof.ª Valéria Mayaly Alves de Oliveira – Mestranda

Prof.ª Roberta Machado – Doutora

Prof.ª Paula Telles Vasconcelos – Mestre

Prof. Fabricio Olinda – Mestre

Comunicação Social (Publicidade e Propaganda)

Prof.ª Aline Francisca dos Santos Benevides – Mestre

Prof. Cecilio Ricardo de Carvalho Bastos – Mestre

Prof.ª Késia Araújo – Mestre

Prof.ª Teresa Leonel Costa – Mestre

Prof.ª Vera Medeiros – Mestre

Áreas convergentes

Prof.ª Eliene Matos e Silva – Doutora

Prof.ª Jordânia de Cassia de Araújo Costa – Mestre

Prof. Jorge Messias Leal do Nascimento – Doutor

Prof.ª Maria Aline Rodrigues de Moura – Mestre

Prof.ª Maria da Conceição Araújo Carneiro – Doutora

Prof. Pablo Michel Cândido Alves de Magalhães – Mestre

Prof. Ronilson de Sousa – Mestre

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SUMÁRIO

BRINCAR E APRENDER.......................................................................................................6 Bruno Freitas Santos

BREVE ANÁLISE DA EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CONTABILIDADE: DO MUNDO

ANTIGO À IDADE CONTEMPORÂNEA.................................................................17 Inaldo Moreno de Sousa

Alberto de Medeiros Brandão

LINGUA MATERNA, ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO ESCOLAR.....................32 Iranice Rosas dos Santos

AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DO COMPORTAMENTO

EMPREENDEDOR NOS ALUNOS DE ADMINISTRAÇÃO: ESTUDO DE CASO EM

UMA IES................................................................................................................................39 Aluizio Biones Ferraz Neto

Paulo André Lima Santos

Erika Maria Jamir de Oliveira

A LOGÍSTICA DA DISTRIBUIÇÃO FÍSICA NO AGRONEGÓCIO DA UVA E DA

MANGA NO VALE DO SÃO FRANCISCO.......................................................................54 Carlito de Souza Bitencourt Junior

Hesler Piedade Caffé Filho

A IMPORTÂNCIA DO BRANDING PARA A CONSOLIDAÇÃO DAS EMPRESAS NO

MERCADO.......................................................................................................................69 Fábio Feitosa da Silva

EMPREENDEDORISMO SOCIAL NO MUNICIPIO DE JUAZEIRO-BA: UM ESTUDO

DE CASO NO INSTITUTO MEDPREV...................................................................78 Ana Cintia dos Santos Pereira

Jaciara dos Santos Costa

Verônica Maria Neto Lopes

A ÉTICA, DEMOCRACIA E PARTICIPAÇÃO A PARTIR DA PERSPECTIVA

TRANSVERSAL NO CURRÍCULO ESCOLAR- SÉRIES INICIAIS............................89 Normilza Cristina Moura da Silva

Rita de Cássia Ferreira da Silva

Maria da Conceição Araujo carneiro

PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS DISCENTES DE UMA ESCOLA DE SÃO

RAIMUNDO NONATO..........................................................................................................102 Daniela Santos Landim Silva

OS IMPACTOS DO DESMATAMENTO NA VEGETAÇÃO BRASILEIRA................118 Sileide Mendes da Silva HUMAN CAPITAL VALORIZATION IMPORTANCE AS INFLUENCE FACTOR OF

ORGANIZATIONAL PRODUCTIVITY……………………………………………………………133

Odair Sousa Silva, Edneilton Eduardo Andrade de Souza, Lílian Filadelfa Lima dos Santos Leal, Débora

Maira Messias Leal do Nascimento, Tiago Vieira Ribeiro de Carvalho, Wellington Dantas de Sousa e

Jorge Messias Leal do Nascimento

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BRINCAR E APRENDER

Bruno Freitas Santos

RESUMO

Este trabalho apresenta os grandes desafios da prática docente que podem ser amenizados ou

superados por meio da arte do aprender brincando, uma das possíveis soluções apontada por

inúmeros especialista em educação para uma ensino muito mais significativo. O objetivo dessa

obra cientifica é discutir e compreender como a ludicidade é imprescidivel para o processo de

ensino aprendizagem, trazendo resultados satisfatorios. A metodologia utilizada foi a pesquisa

bibliográfica que ressaltava essa importante temática. As mudanças educacionais que se almeja

só se concretizará de fato quando houver um processo educativo dinâmico, prazeroso e lúdico

para todos os personagens do processo educativo. A educação infantil só irá fluir de verdade por

meio de iniciativas e praticas pedagógica como é o caso da brinquedoteca, ludoteca e ações

desse tipo. Os resultados dessa pesquisa têm como finalidade verificar que a educação deve ser

intervinda e trabalhada com metas especificas em prol do êxito educacional. A estrutura desse

trabalho se dará por tópicos com ideias claras .

Palavras-chaves: Educação. Ludicidade. Ação. Brinquedo. Jogos.

ABSTRACT.

This paper presents the great challenges of teaching practice through learning joking, one of the

possible solutions pointed out by countless specialists in education for a very meaningful

education. The purpose of this scientific work is to discuss and understand how playfulness is

paramount in the process of teaching learning. The methodology used was the bibliographical

research that emphasized this important theme. However, in order for educational changes to

occur, a dynamic, pleasurable and playful educational process proposed by this professional

must take place. The education of children will only really flow through initiatives and

pedagogical practices such as the toy library, toy library and actions of this type. The results of

this research aim to verify that education must be intervened and worked with specific goals for

educational success. The structure of this work will be given for topics with clear ideas.

Keywords: Education. Playfulness. Action. Toy. Games.

INTRODUÇÃO.

Na procura por um trabalho docente com resultados mais concretos, surge a ludicidade e

a implantação de atividades educativas por meio de jogos e brincadeira. A escola deve oferecer

um leque de possibilidades que sirva de ponte entre o conhecimento teórico e pratico.

Fundamentado nisso os jogos funcionam como atividades práticas que realizam esse importante

papel.

Desafios todos os dias são encarados dentro de uma sala de aula, e trabalhar

fundamentado nessa proposta de jogos e brincadeiras lúdicas, nada mais é do que um grande

desafio, que estimula tanto professores quanto alunos. A formação de uma aprendizagem

facilitadora é a busca constante de todos os profissionais da educação, e isso é concretizado

quando é inserida essa metodologia didática por meio da ludicidade.

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A problemática encontrada dentro dessa pesquisa é a resistência por partes das escolas e

de seus profissionais em aderir essa prática educativa de ensinar, através da ludicidade, um

excelente recurso que disponibiliza um grande leque de possibilidades de se trabalhar a

interdisciplinariedade. Esta visão errônea tem dificultado os avanços no ensino, que a cada

instante tem se reinventado e ganhado formas diferenciadas, facilitando o acesso ao

conhecimento que está espalhado por toda parte. O pensamento errôneo que a ludicidade não é

produtiva,é ainda reflexo do ensino tradicional que está muito enraizado, onde se priorizava o

ensino sempre rígido, sem abertura nenhuma para o prazer e o lazer dentro dessa ação

educativa.

A principal justificativa pela escolha da temática foi a busca incessante por métodos

muito mais eficazes para uma pratica educacional bem sucedida, com resultados mais rápidos

onde seja construído um aprendizado mais solido e prazeroso.

O referencial teórico dessa pesquisa está embasado nos estudos de pesquisadores que

apontaram uma excelente estratégia na arte do educar com muito mais dinâmica e

funcionalidade, tais como as obras de Kishimoto (1994), Santos (2000, Cunha ( 1994), Almeida

(1995), Piaget (1978 ) dentre outros.

METODOLOGIA

Nesta obra cientifica de cunho bibliográfico, como afirma Cervo, Bervian e da Silva

(2007, p.61), a pesquisa bibliográfica ―constitui o procedimento básico para os estudos

monográficos, pelos quais se busca o domínio do estado da arte sobre determinado tema.‖ Essa

fase é crucial para o desenvolvimento de uma obra cientifica, é também um ponto de partida que

permite a coleta e a construção das informações que estão em pauta.

Fundamentado nisso foram utilizadas pesquisas referentes à aprendizagem por meio do

brincar, uma importante característica na infância. Um excelente momento para trabalhar

determinadas competências e habilidades que são necessárias para o processo de escolarização

das crianças. Para tanto, foram feitas consultas em sites com artigos, teses e dissertações que

apresentavam informações pertinentes acerca do brincar e também do aprender em seus vários

aspectos.

Os artigos selecionados para o levantamento de dados foram no total de 10 trabalhos,

sendo selecionadas as informações que eram relevantes e que respondessem o problema da

pesquisa. Como critérios de inclusão foram usados os textos e as citações que argumentavam

com maior precisão essa questão que é tão séria. Foram avaliadas ainda informações e

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estatísticas acerca dos avanços que foram obtidos com as crianças que se desenvolveram, a

partir do interagir brincando.

Nesse sentido, tratar de uma temática tão ampla requer do pesquisador uma atenção e um

esforço expressivo, de modo que falar da aprendizagem escolar é sempre algo de muita

relevância para aqueles que estão envolvidos no processo educacional. Ofertando ao professor

educador um questionamento e uma reflexão sobre o tema aqui apresentado, bem como rever

sua ação docente, procurando o melhor aprimoramento da mesma, inserindo as brincadeiras

como estratégias a serem aplicadas.

Afinal, tratar da aprendizagem no processo de escolarização das crianças é algo

complexo e requer um olhar especial e prioritário, pois trata-se da aprendizagem significativa

por meio da ludicidade e de seus inúmeros recursos, requer sem sombras de duvidas o auto

conhecimento sobre essa temática que tem sido a pauta de grande discussão no universo

pedagógico, permitindo uma melhor construção de uma base mais concreta que é aprendizagem

eficiente desses sujeitos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A IMPORTÂNCIA DE UMA LUDOTECA

A educação deve ofertar sempre um espaço prazeroso e apto para a descoberta do

conhecimento cientifico nas suas muitas facetas. Essa descoberta só será de fato ampla e

concreta quando ocorrer um conjunto de ações e intervenções, aliadas a disponibilidade dos

recursos pedagógicos necessários que permitam passo a passo a construção da aprendizagem

como fruto do aprender brincando. Nessa ideia de aprender brincando, inúmeras sugestões e

propostas já foram comprovadas teoricamente como eficientes.

Exemplo disso é a implantação de uma ludoteca, a qual é definida como um espaço

preparado para estimular a criança a brincar, dentro de um ambiente lúdico, criado com o

objetivo de proporcionar condições favoráveis para que as crianças brinquem, inventem,

expressem suas fantasias, seus desejos, seus medos, seus sentimentos e desenvolvam sua

criatividade. A implantação de um projeto dessa natureza representa na pratica escolar um

avanço qualitativo e quantitativo dentro do processo de ensino aprendizagem.

Na visão de Cunha a ludoteca é:

Ludoteca Escolar é um local com material lúdico especialmente preparado de

acordo com as diversas fases de desenvolvimento infantil, com o objetivo de

oportunizar o afloramento das múltiplas inteligências da criança e do

enriquecimento das interações sociais. Ao oferecer um espaço para a criança

experimentar e escolher o brinquedo, qualquer brinquedo, qualquer

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brinquedoteca ou ludoteca incentiva a autonomia e desenvolve a capacidade

crítica ( CUNHA, 1994, p.20).

As primeiras experiências de ludoteca ocorreram em Los Angels-EUA, em 1934, com

empréstimos de brinquedos a crianças que não podiam comprá-los,mostrando que uma pequena

ação de doar um brinquedo para uma criança carente, pode se tornar um importante componente

no processo e desenvolvimento de saberes . Este serviço ainda é utilizado e é chamado de Toy

Loan. Uma importante iniciativa que pode sim ser copiada e trabalhada nas escolas brasileiras,

devolvendo a alegria de uma infância com prazer que resulta em aprendizagem.

Como confirma Vygotsky (1987) afirmando que na brincadeira ―a criança se comporta

além do comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário; no

brinquedo, é como se ela fosse maior do que ela é na realidade‖ (p.117). Já realidade em

algumas escolas o uso dos brinquedos como um instrumento pedagógico, porém ainda em um

numero muito pequeno.Porque falta ainda o apoio didático, pedagógico e financeiros dos órgãos

competentes que regem a educação no Brasil.

Essa grande necessidade deve ser priorizada nos muitos diferentes espaços de ensino

infantil. Mesmo que não haja apoio dos órgãos competentes, cabe ao professor em exercício de

suas atividades docentes, traçar um projeto desse tipo. Mesmo com brinquedos de segunda mão,

que podem ser também frutos de doações. Esse processo de criar um pequeno espaço para uma

ludoteca pode iniciar como um local improvisado dentro da própria sala de aula.

Por meio dessa iniciativa haverá um aproveitamento muito maior das competências e

habilidades, que cada criança deve desenvolver dentro do seu estagio de aprendizagem.

Ao pesquisar sobre, a primeira ludoteca no Brasil, vimos que ela foi montada pela

APAE, em 1973, voltada a crianças portadoras de deficiência mental. Aqui pesquisadores e

especialista da área perceberam que houve um avanço significativo da aprendizagem, após essa

realização de trabalhos com essa natureza. Se com crianças especiais houve esse importante

progresso, o que dirá com as demais crianças ditas como normais? Após esta experiência

positiva, as ludotecas multiplicaram-se no país, porém é ainda muito pequeno em relação a

grande demanda de todo o país.

As palavras ludoteca e brinquedoteca podem ser consideradas sinônimas, embora a

primeira esteja mais ligada à ideia de biblioteca e o segundo à de lugar especial para brincar. O

que importa é que ambos os projetos são eficientes dentro do processo de aquisição de novos

saberes

As características básicas são as mesmas, embora possa haver diferença em sua

organização. O essencial é o objetivo de atender às necessidades lúdicas da criança. O trabalho

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por meio da ludicidade é riquíssimo, pois possibilita de forma prazerosa que essa se

autodesenvolva.

O papel da ludoteca na educação cresceu, e ela é uma agente de mudança do ponto de

vista educacional. Grandes objetivos já foram alcançados por meio dessa importante iniciativa,

como por exemplo, a alfabetização. Um árduo processo que exige um conjunto de ações

predefinidas. E a ludoteca aliada com a brinquedoteca torna esse trabalho menos árduo.

Embora o brinquedo seja considerado a essência da infância, o mesmo brinquedo pode

ser um instrumento pedagógico muito útil. O lúdico deve ser usado com os diferentes

brinquedos educativos que poderão ser inseridos dentro da prática docente.

Almeida (1995), diz que é importante que os educadores repensem o conteúdo e a sua

prática pedagógica, substituindo a rigidez e a passividade pela vida, pela alegria, pelo

entusiasmo de aprender, pela maneira de ver, pensar, compreender e reconstruir o

conhecimento. Analisando esse pensamento percebe-se que não basta apenas ensinar meros

conteúdos didáticos, e sim possibilitar um espaço para alegria, pensamento, compreensão e

reconstrução do conhecimento. E, isso é possível por meio de atividades em forma de

brinquedotecas e ludotecas.

Na visão de Kishimoto ―Pesquisas, relatos e experiências têm mostrado resultados que

comprovam a importância dos jogos e brinquedos e sua aplicação em diferentes contextos e

etapas do desenvolvimento humano‖ (KISHIMOTO, 1994, p.14 ).

É notável que as escolas que possuem ludoteca têm mostrado resultados muito maiores

no requisito da aprendizagem. No tradicionalismo essa importante ferramenta pedagógica seria

totalmente descartada. Já no construtivismo o jogo e o brinquedo é uma estratégia poderosa para

a construção do conhecimento, pelos desafios que o lúdico proporciona.

Tanto a área das linguagens, matemática e o conhecimento de mundo podem ser

inseridos facilmente por meio de jogos educativos, que devem ser previamente pesquisados e

usados da maneira correta. Inúmeros recursos recicláveis podem ser introduzidos dentro desse

projeto de implantação, tais recursos podem ser embalagens de produtos, garrafas, latinhas etc.

É importante ressaltar que arte do brincar deve ser traçada com cuidado, pois o brincar

só por brincar não fluirá. É necessário estabelecer regras especificas, para que a própria criança

desenvolva uma autoconsciência, sobre tudo aquilo que está sendo feito.

Na concepção de Silvestre,

A ludoteca no espaço escolar contribui para o desenvolvimento integral da

criança/jovem, estabelecendo o equilíbrio entre o real e o imaginário, dá maior

satisfação escolar e equilíbrio afetivo e oportunidade às crianças de usufruir dos

benefícios do brincar; dá ainda, à criança a possibilidade de se relacionar, de

partilhar e contribuir com prazer para algo que também lhe dê prazer, isto é,

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brincar pelo prazer de brincar, para além de proporcionar a abertura ao meio

envolvente (CUNHA,1994, p.45).

A ludoteca quando trabalhada da forma correta fluirá efeitos positivos para o processo de

aprendizado, através de jogos, brinquedos e brincadeiras que estimulem o desenvolvimento de

habilidades básicas e aquisição de novos conhecimentos. Importante lembrar que cada jogo ou

brincadeira deve ser pesquisado previamente para que esse profissional trabalhe embasado em

teorias concretas e funcionais.

Alcançar o desenvolvimento integral de uma criança é um árduo trabalho que requer

ações especificas aliado ao apoio de recursos didáticos que dê condições necessárias para que tal

objetivo seja de fato alcançado. Isso também deve estar relacionado com o tempo que cada

criança precisa para se autodesenvolver e com as características genéticas que cada criança

herda de sua árvore genealógica. O maior objetivo de um trabalho com ludoteca é o equilíbrio

entre o real e o imaginário. Essa grande combinação da realidade com a imaginação é

extremamente relevante para o sucesso do processo de ensino aprendizagem.

Os benefícios do brincar são muitos, dentre os muitos benefícios podem ser citados o

desenvolvimento do relacionamento pessoal, o partilhar com o próximo, a assimilação das

regras que servem para toda uma vida, e o mais gratificante: a contribuição do prazer.

Como confirma o caderno pedagógico do pró-letramento diz que ―os jogos promovem

habilidades no exercício fonológico, na exploração e domínio das relações som-grafia, levando a

terem avanços na leitura e escrita‖. Na práticas esses benefícios são notados a olhos nus tanto

pelo educador quanto os demais que compõem o processo de ensino aprendizagem. Porque

aprender de verdade deve ir muito além do habito repetitivo de ler e escrever. E a ludicidade tem

o poder de transmitir o prazer um elemento indispensável para que esse ambiente de inúmeras

descobertas, onde o sujeito sem perceber libera certas substancias que são provenientes do

cérebro humano, responsáveis por propor o estado de felicidade e satisfação. Contribuindo

positivamente na construçao de um conhecimento muito mais feliz, e não forçado como foi

muito comum no ensino tradicional impostos pelos Jesuítas e que se perpetuou por anos.

A relevância desse trabalho é tão grandiosa que as universidades, principalmente nas

Ciências Humanas, buscam cumprir as metas do ensino, pesquisas, extensão e capacitação de

recursos humanos, através do lúdico. Nesses cursos a ludoteca é encarda como um laboratório

onde professores e alunos do Ensino Superior dedicam-se à exploração do brinquedo e do jogo.

Na visão de Antunes

A idéias de um ensino despertado pelo interesse do aluno acabou

transformando o sentido do que se entende por material pedagógico. Cada

estudante, independente de sua idade, passou a ser um desafio à competência

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do professor. Seu interesse passou a ser a força que comanda o processo da

aprendizagem, suas experiências e descobertas o motor de seu progresso e o

professor um gerador de situações estimuladoras e eficazes (ANTUNES, 2000,

p.34).

Como afirma o autor a sala de aula deve ser sempre um espaço estimulador e eficaz para

que de fato se conduza a uma aprendizagem significativa, e isso pode ocorre por meio da

ludicidade, enquanto uma ferramenta pedagógica.A ausência de um espaço educativo com essas

características que são imprescindíveis para o desenvolvimento intelectual e cognitivo do

sujeito, tornando o ensino deficiente e s destímulante. Fundamentado nisso o processo de

aprendizagem fica comprometido, pois cada indivíduos, seja criança ou adulto necessita ser

estimulado para alcançar determinados avanços.

Conforme Bzuneck (2000, p. 9) ―a motivação, ou o motivo, é aquilo que move uma

pessoa ou que a põe em ação ou a faz mudar de curso‖.A motivação é o ingrediente obrigatório

para se alcançar o êxito escolar, e isso cabe ao educador dentro de sua ação. Exemplo disso são

os seres humanos quando são bebês e que estão se autodesenvolvendo necessita de situações

estimuladoras que permitam o andar e o falar. Dentro do processo de escolarização acontece a

mesma situação, quando iniciamos a educação infantil somos bebes no conhecimento e pouco a

pouco somos amadurecidos e desenvolvendo as habilidades e competências necessárias para o

estagio do saber em que se encontra.

O educador dentro de sua ação tem inúmeras funções e gigantes desafios, dentre elas o

de incentivador e estimulador do saber, isso pode ser feito por meio de historias contadas e

dramatizadas, a aplicação de jogos e brincadeiras infantis que visam determinados fins, sendo

esses fins o de aprender de forma concreta e significativa.

A brinquedoteca é um recurso que permitirá uma aprendizagem muito mais prazerosa,

porque o lúdico e o brincar são dois elementos indissociáveis. Na visão de Cunha:

A escola pode ensinar, a psicopedagogia pode cuidar dos problemas de

aprendizagem, a psicologia pode resolver problemas emocionais, a família

pode educar, mas a brinquedoteca precisa preservar um espaço para a

criatividade, para a vida afetiva para o cultivo da sensibilidade; um espaço para

a nutrição da alma deste ser humano criança, que preserva sua integridade,

através do exercício do respeito à sua condição do ser em formação. (CUNHA,

1998 p. 130).

Seria muito enriquecedor que todas as escolas tivessem os recursos necessários para a

implantação de uma brinquedoteca uma excelente oporrunidade para se explorar a leitura, a

escrita e a ludicidade, porque ela exerce um papel importante na construção da criatividade,

afetividade e da sensibilidade do sujeito. Pontos que são fatores decisivos para a formação do

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sujeito. E por meio dela serão de fato concretizados as competências e habilidades que lhes é

de direito.

A CRIAÇÃO DE UMA LUDOTECA NA ESCOLA

Neste titulo acima é criado a ideia errônea que a questão da ludicidade é voltada apenas

para o público infantil, ela deve ser estendida para as demais modalidades do processo de

escolarização. É um erro pensar dessa forma, porque algumas instituições escolares tem

atuado com esses tipo de projetos dentro, investido na implantação de ludotecas e

brinquedotecas em seus ambiente de aprendizagem, com o objetivo maior de formar homens e

mulheres cada vez mais habilitados.

A formação de um profissional competente, que tenha domínio da teoria concomitante à

reflexão prática, baseado nas experiências é cada vez mais procurada em um mercado tão amplo

e competitivo. E essa relação pode ser bem trabalhada dentro das propostas de criação de um

ludoteca e biblioteca.

Formar crianças que aprendem que desenvolvem, que socializam é sempre um grande

desafio para os professores em todas as esferas. Daí surge a enorme necessidade de inovar e

criar situações que possibilitem esses três grandes objetivos, já citados. E o brincar permite

alcançar de forma concreta essa proeza tão difícil de se efetuar.

A construção de uma ludoteca permite que sejam trabalhados um grande leque de

possibilidades, e isso é riquíssimo, porque serve para explorar atividades práticas em várias

disciplinas, organizar atividades lúdico-pedagógicas de acordo com as diversas fases do

desenvolvimento infanto-juvenil, criar e testar jogos e brinquedos.

Como afirma a autora Cabe a nós, educadores, estabelecer ―relacionamentos nutritivos‖ e

oportunidades ricas em desafios que sejam adequadas às condições afetivas, físicas, sociais e

intelectuais ( CUNHA, 1994, p.19)

Nesse pensamento a autora consegue chegar ao êxtase de todo o conhecimento. É

proposto aqui que sejam criados e alimentados dentro da sala de aula um relacionamento

nutritivos entre professores e alunos que inclua a autoconfiança, a afetividade e o aprendizado. É

papel de todo educador no uso de suas atribuições e práticas docentes criar oportunidades ricas

em desafios desde o mais simples até o mais complexo, incluindo todas as áreas do saber

humano. Por meio desse árduo trabalho esse educador estará contribuindo intensamente para o

bom desenvolvimento desses indivíduos atingindo as áreas afetivas, físicas, sociais e intelectuais

que são particularidade de todo e qualquer individuo.

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CONTRIBUIÇÃO DOS JOGOS E DAS BRINCADEIRAS

Aliar educar é brincar não é uma tarefa fácil, porém é necessária para determinados objetivos

sejam alcançados como afirma Ferreiro (1988):

Brincar ―é divertir-se e entreter-se infinitamente em jogos de criança‖ Lúdico -

―que tem caráter de jogos, de aprender brinquedo e divertimento; é uma

necessidade básica da personalidade, do corpo e da mente, faz parte das

atividades essenciais da dinâmica humana‖ (FERREIRO, 1988, p.139).

Alicerçada nesse pensamento o brincar possui um grande poder sobre a vida da criança, e

o autor se refere ao brincar com significado, um objetivo bem traçado por trás das chamadas

brincadeiras como é dita por muitos, porém tudo muito bem planejado pedagogicamente

falando.

Para Santos (1995), jogos, brinquedos e brincadeiras fazem parte do mundo da criança,

pois brincar está presente na humanidade desde o seu início. A escola deve assumir esse

importante papel, o de inserção da arte do brincar sendo ela uma forte aliada na aquisição de

novos saberes. Na prática isso significa um avanço no aprendizado, já que a educação

construtivista tem dado muito mais abertura para a inovação na forma de ensinar e também de

aprender. A autora argumenta ainda que

(...) devemos ―olhar‖ o brinquedo com um fator de extrema relevância no

desenvolvimento infantil. O brincar é um direito da criança, e este é

reconhecido em declarações, convenções e leis, como nos mostram a

Convenção sobre Direitos da criança de 1989, adotada pela Assembléia das

Nações Unidas, a Constituição Brasileira de 1988 e o Estatuto da Criança e do

Adolescente de 1990 (SANTOS, 1995, p.4-5).

Ao analisar os direitos de aprendizagem que é obrigatório para todas as crianças, o

brincar surge como uma grande possibilidade de trabalhar diferentes conteúdos didáticos das

mais diversos do conhecimento de forma interdisciplinar e contextualizada. Brincar é um

direito, e esse direito não pode ser jamais negado, Faz-se necessário que haja várias

reformulações no currículo escolar com o intuito de permitir que a criança aprenda sempre mais.

As muitas contribuições pedagógicas do jogo e da brincadeira na educação infantil são

riquíssimas porque trabalha todo o desenvolvimento cognitivo e motor da criança. Esse grande

desafio é constante e diário, à medida que esse educador visa grandes resultados dentro da sua

prática docente.

As diversas contribuições são presentes em diversas áreas que vai desde a imagem

corporal, aprendizagem da linguagem corporal, verbal e escrita. Áreas extremamente

importantes para o sucesso do processo de apropriação do conhecimento. Outra importante

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contribuição dos jogos e brincadeiras é o trabalhar da sua identidade pessoal, a autosegurança e

a construção de uma personalidade confiante.

De acordo com Piaget ele descreve em seu livro psicologia da Criança, que:o jogo é fator

de grande importância no desenvolvimento cognitivo. O conhecimento não deriva da

representação de fenômenos externos, mas sim, da interação da criança com o meio ambiente.

(PIAGET, 1951, p.54)

Fundamentado nesse pensamento conclui-se que os jogos educativos exercem o papel

primordial no bom desempenho de seu desenvolvimento. Sabendo que o conhecimento que o ser

humano adquire ao longo da sua jornada estudantil é fruto da interação que ele realiza com o

meio em que ele está inserido. Como a arte do brincar é algo comum na vida de uma criança,

cabe esse educador converter a sala de aula em um ambiente adequado a realização de práticas

educativas onde seja contextualizado os conteúdos didáticos juntamente com as demais

habilidades que devem ser prioritariamente desenvolvidas. Então, a sala de aula é esse local com

objetivos e metas bem traçados para que seja alcançado um alvo em comum: A aprendizagem.

A expansão positiva que um jogo educativo pode fluir é tamanha que vai desde as

habilidades comuns até as mais complexas como, por exemplo, a construção dos valores,

princípios e conceitos presentes na vida do ser humano. Todas essas questões devem ser

pensadas e priorizadas no espaço estudantil.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A discussão acerca da aprendizagem é sempre uma temática muito interessante para

todos que fazem parte do universo acadêmico. Não só a Educação Infantil como todas as demais

modalidades de ensino. Percebendo que existe uma grande carência da incorporação da

ludicidade dentro da prática pedagógica.

Em especifico o ensino infantil tem um primordial papel na formação dos indivíduos,

porque é aqui que começa a longa caminhada de escolarização. E quando esse trabalho é bem

desenvolvido todo o restante do processo educativo irá deslanchar com sucesso.

O lúdico na sala de aula traz inúmeros benefícios tais como maior compromisso com o

seu próprio aprendizado, um bom relacionamento em grupo, o que contribui positivamente um

ser respeitoso. Essa vitória alcançada por meio desse trabalho são extremamente indispensável

na formação desses individuo enquanto pessoa, e enquanto um ser social que é.

Como afirma o autor Bzuneck

Quando se considera o contexto específico de sala de aula, as atividades do

aluno, para cuja execução e persistência deve estar motivado, têm

características peculiares que as diferenciam de outras atividades humanas

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igualmente dependentes de motivação, como esporte, lazer, brinquedo, ou

trabalho profissional (BZUNECK, 2000, p. 10).

Essa proposta de trabalho propicia ainda um dialogo dentro da própria aprendizagem, o

que favorece também a construção da autonomia moral e intelectual. Sendo necessário que a

escola sempre motive a aplicação do esporte nas suas mais diversas modalidades, o lazer com

um objetivo pedagógico e o brinquedo com um instrumento didático de grande valor.

As brincadeiras sempre fizeram parte da vida humana desde os tempos mais antigos, não

importa a idade que cada um tem. O que é relevante então? É propor um mundo novo de

descobertas de forma prazerosa, e não obrigatória, sendo motivada por meio de diferentes

estímulos.

Como já foram provado, por meio do lúdico as crianças se desenvolvem com mais

clareza o seu conhecimento. Essa é a maior riqueza que cada educador pode dar para os seus

aprendizes. É um processo tão rico que permite uma maior qualidade de compreensão,

favorecendo a fantasia e o imaginário que cada criança tem dentro de si.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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professores. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2000.

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Disponívele<http://fumec.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576050476>. Acesso

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CUNHA, N.H.S. Brinquedoteca - Um mergulho no brincar. São Paulo, 1994.

CUNHA, N.H.S. Brinquedoteca: definição histórica no Brasil e no mundo in:Experiências

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KISHIMOTO, T.M. Jogos, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo, 1994.

PIAGET, J. Psicologia da criança. Rio de Janeiro: Diefel, 1978.

Pró-letramento: Programa de Formação Continuada de Professores dos anos/séries Iniciais do

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Secretaria de Educação Básica, 2008.

SANTOS, S.M.P. Brinquedoteca: a criança, o adulto e o lúdico. In: C. 2000.

VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1987.

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BREVE ANÁLISE DA EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CONTABILIDADE: DO MUNDO

ANTIGO À IDADE CONTEMPORÂNEA

* Inaldo Moreno de Sousa

** Alberto de Medeiros Brandão

* Graduado no curso de Licenciatura Plena em Geografia com Especialização em Educação Ambiental

pelo Centro de Ensino Superior do Vale do São Francisco (CESVASF), Mestre em Ciências da Educação

pela Unisal (Universidade San Lorenzo-Py), Professor Substituto do Centro de Ensino Superior do Vale

do São Francisco (CESVASF), Professor de Geografia, Artes e Ecumenismo na Escola Professora Odete

Lustosa (EPOL), Colégio Nossa Senhora do Patrocínio (CNSP) - ([email protected]).

** Graduado em Ciências Contábeis pela FAISA - Faculdades Alternativas de Santo Augusto,

atualmente é Coordenador de T.I. da FASF - Faculdade do Sertão do São Francisco. Tem experiência na

área de Educação, com ênfase em Educação Superior. ([email protected])

RESUMO

O presente artigo tem por objetivo, através de revisão de literatura, analisar de maneira crítica a

evolução histórica da contabilidade no Brasil. A contabilidade sofreu várias transformações

desde a antiguidade quando sua finalidade era o controle das riquezas, até passar por um longo

processo de evolução e ser reconhecida como ciência. A história da contabilidade no Brasil

começou a partir da época Colonial, com a evolução da sociedade e a necessidade de controles

contábeis para o desenvolvimento das primeiras Alfândegas. À medida que o mercantilismo se

propagou no Brasil a contabilidade cresceu. A metodologia utilizada neste trabalho foi

adescritiva através de pesquisa bibliográfica. Constatou-se que é fundamental existir a

compreensão da evolução da contabilidade ao longo do tempo, principalmente, até o momento

em que foi reconhecida como uma ciência. Verificou-se que o desenvolvimento da

contabilidadeno decorrer dos séculos ocorreu junto aos avanços econômicos das civilizações,

transformando-se em elemento indispensável para fomentar o desenvolvimento do país.

Palavras-Chave:Contabilidade, Evolução Histórica, Economia.

ABSTRACT

The purpose of this article is to review critically the historical evolution of accounting in Brazil.

Accounting has undergone several transformations since antiquity when its purpose was the

control of riches, until going through a long process of evolution and being recognized as

science. The history of accounting in Brazil began as of the colonial period, with the evolution

of society and the need for accounting controls for the development of the first Customs. As

commercialism spread in Brazil, accounting grew. The methodology used in this work was the

descriptive research through bibliographic research. It was found that it is essential to

understand the evolution of accounting over time, especially until the moment it was recognized

as a science. It has been found that the development of accounting over the centuries has

occurred along with the economic advances of civilizations, becoming an indispensable element

to foster the development of the country.

Key Words - Accounting, Historical Evolution, Economics.

INTRODUÇÃO

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O presente artigo tem por objetivo, analisar de maneira crítica a evolução histórica da

contabilidade no Brasil através de revisão de literatura. A contabilidade iniciou-se na

antiguidade devido à necessidade humana de terinformações a respeito de suas riquezas.

Para Sá (2008) é necessário que ―se compreenda a Contabilidade, pois, como ramo

importante do saber humano que é necessário se faz remontar a suas profundas origens‖ (SÁ,

2008).

Desde os primórdios das civilizações humanas, como os hindus, chineses, egípcios,

fenícios, israelitas, persas, caldeus, assírios, gregos e romanos, a contabilidade se faz presente

tendo fomento com o surgimento da linguagem escrita dos números (SILVA; MARTINS,

2006).

Aproximadamente, 4500 a.C., surgiram as primeiras evidências da atividade econômica,

época em que assírios, caldeus e sumérios se dedicaram à agricultura e construíram cidades que

praticavam atividades de comércio. As transações comerciais eram registradas em placas de

argila, nas quais se marcava os resultados das colheitas, objetos que foram trocados, bem como

impostos e taxas coletadas (PALHARES E RODRIGUES, 1990). Sobre essa evolução histórica,

Augusto (2009) destaca:

O surgimento e a evolução da contabilidade confundem-se com o próprio

desenvolvimento da humanidade. Nesse contexto os estudos sobre as

civilizações da Antiguidade nos mostram que o homem primitivo já ―cuidava

da sua riqueza‖, através , por exemplo, da contagem e do controle do seu

rebanho. Porém, alguns estudiosos fazem remontar os primeiros sinas objetivo

da existência das contas e os primeiros exemplos completos da contabilidade,

mesmo sendo uma forma de contabilidade rudimentar, a aproximadamente

4000 anos a.C na civilização sumério-babilonense. A contabilidade aprimorou-

se de acordo com as necessidades de cada período histórico. O aparecimento da

escrita, o surgimento da moeda, a prensa de Gutemberg, o descobrimento da

América, a invenção da máquina a vapor, que deu impulso à Revolução

Industrial, são marcos da nossa história que fizeram desencadear o

desenvolvimento da ciência contábil (AUGUSTO, 2009).

A metodologia utilizada neste trabalho foi a abordagem descritiva através de pesquisa

bibliográfica. Verificou-se que o desenvolvimento da contabilidade no decorrer dos séculos

ocorreu junto aos avanços econômicos das civilizações, transformando-se em elemento

indispensável para fomentar o desenvolvimento do país.

A ORIGEM DA CONTABILIDADE

Vários cientistas garantem que há cerca de 30 mil anos, o homem primitivo já

evidenciava certo conhecimento contábil. Isto é demonstrado através de indícios arqueológicos

encontrados em grutas, como por exemplo, na gruta de Dáurignac,ao sul da França e também há

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registros semelhantes no Brasil, precisamente no município de Raimundo Nonato, no Piauí (SÁ,

2008).

Sobre as origens da contabilidade Melis (1959) destaca que sua principal característica é

a conta, que advém da necessidade humana de controlar seus bens e riquezas:

A Contabilidade, e sua principal e mais característica manifestação – a conta –

é tão antiga quanto é a civilização construída pelos homens. A história da

Contabilidade é, em certo ponto, uma conseqüência da história da civilização,

tanto em suas vicissitudes como nas mais altas manifestações da referida

civilização, sobretudo no campo econômico (MELIS, 1950).

Com a formação das cidades nas civilizações antigas as atividades econômicas fizeram-

se cada vez mais presentes, as mesmas se desenvolveram com maior fluxo mercantil. A este

respeito Iudícibus (2009) destaca:

É assim, fácil de entender, passando por cima da Antiguidade, por que a

Contabilidade teve seu florescer, como disciplina adulta e completa, nas

cidades italianas de Veneza, Gênova, Florença, Pisa e outras. Estas cidades e

outras da Europa fervilhavam de atividade mercantil, econômica e cultural,

momento a partir do século XIII até o início do século XVII. Representaram o

que de mais avançado poderia existir, na época, em termos de

empreendimentos comerciais e industriais incipientes. Foi nesse período,

obviamente, que Pacioli escreveu seu famoso Tractatus de coputisetscripturi,

provavelmente o primeiro a dar uma exposição completa e com muitos

detalhes, ainda hoje atual, da Contabilidade (IUDÍCIBUS, 2009).

Sobre a evolução da contabilidade, cabe mencionar que na Era neolítica,através da

oralidade transmitia-se as atividades em um grupo determinado, todavia novas maneiras de

comunicação seriam necessárias a grupos cada vez maiores de pessoas. Assim um tipo de sinal

específico emitido poderia significar várias coisas diferentes, por isso foram estabelecidos

símbolos que fortaleceram a invenção da escrita, esses símbolos são chamados de pictogramas

(JAIME PINSKY, 2003).

A evolução desses símbolos fez seu uso passar de utilização de sons para formar as

imagens que adquiriram formas e significados.Na Mesopotâmia foi criada uma nova técnica por

meio da qual utilizou-se de pequenas placas de argila cunhadas com uma ferramenta em formato

de cunha originando o nome de escrita cuneiforme. Assim também os números passaram por um

processo parecido. Utilizavam traços para cada unidade, e aumentavam as quantidades, devido à

necessidade de representar números maiorescriou-seo sistema decimal.

Durante a época mais rudimentar da escrita na qual símbolos e grupos destes queriam

expressar frases ou ideias, no Peru os Incas usavam cordinhas de distintas cores com nós para

fazer cálculos (HIGOUNET, 2003).

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A pedra, o ferro, o bronze, ossos, a seda madeira, tela, tabuletas de cera eram utilizados

para escrever. Ainda naquela época iniciou-se o uso do papiro, o papel, o pergaminhoe a pena de

aves para escrever, assim como o uso do carvão, o grafite, e o giz. Por fim a tinta firmou-se

como um material essencial para a escrita. A invenção da imprensa no século XV bem como das

máquinas de escrever mudaram para sempre os métodos manuais de escrever. (HIGOUNET,

2003). A Contabilidade manifestou-se, ainda que maneira intuitiva neste contexto geral da

evolução.

A CONTABILIADE NO MUNDO ANTIGO

A evolução da contabilidade aconteceu de maneira gradual ao longo da história. Sua fase

empírica consistiu no período em que os sinais e símbolos, desenhos e figuras representavam os

bens (IUDÍCIBUS e MARION, 2002).

Em 1836 a Academia de Ciências da França reconheceu a contabilidade como uma

ciência, tal reconhecimento também veio por parte dos pensadores mais modernos da época

(SÁ, 2002).

Na Suméria a escrituração contábil surgiu antes mesmoque a escrita comum aparecesse,

uma vez que necessidade de controlar as riquezas e bens era fundamental o registro da riqueza

antecedeu aos demais, como exemplo, cita-se a contabilidade grosseira do pastor para averiguar

quanto seus rebanho tiveram de acréscimo, para tanto fazia uso de pedrinhas as quais somava e

contava entre os dois períodos (IUDÍCIBUS e MARION, 2002).

Na Itália, no ano de 1202, foi publicado o livro "LiberAbaci", de Leonardo

Pisano.Estudavam-se, naquele tempo, técnicas de matemática, pesos e medidas, câmbio,

fazendo do ser humano mais evoluído em conhecimentos comerciais e financeiros.―Se os

sumérios-babilônios plantaram a semente da contabilidade e os egípcios a regaram, foram os

italianos que fizeram o cultivo e a colheita‖ (SOUSA e ZANLUCA, 2016).

Foi um período importante na história do mundo, especialmente na história da

Contabilidade, denominado a Era Técnica, devido às grandes invenções, como moinho de vento,

aperfeiçoamento da bússola, que abriram novos horizontes aos navegadores, como Marco Pólo e

outros.A indústria artesanal se propagou com o surgimento de novas técnicas no sistema de

mineração e metalurgia (SOUSA e ZANLUCA, 2016).

O comércio exterior incrementou-se por intermédio dos venezianos, surgindo,

como conseqüência das necessidades da época, o livro caixa, que recebia

registros de recebimentos e pagamentos em dinheiro. Já se utilizavam, de forma

rudimentar, o débito e o crédito, oriundos das relações entre direitos e

obrigações, e referindo-se, inicialmente, a pessoas.O aperfeiçoamento e o

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crescimento da Contabilidade foram a conseqüência natural das necessidades

geradas pelo advento do capitalismo, nos séculos XII e XIII. O processo de

produção na sociedade capitalista gerou a acumulação de capital, alterando-se

as relações de trabalho. O trabalho escravo cedeu lugar ao trabalho assalariado,

tornando os registros mais complexos. No século X, apareceram as primeiras

corporações na Itália, transformando e fortalecendo a sociedade burguesa.No

final do século XIII apareceu, pela primeira vez a conta "Capital",

representando o valor dos recursos injetados nas companhias pela família

proprietária.O método das Partidas Dobradas teve sua origem na Itália, embora

não se possa precisar em que região. O seu aparecimento implicou a adoção de

outros livros que tornassem mais analítica a Contabilidade, surgindo, então, o

Livro da Contabilidade de Custos(SOUSA e ZANLUCA, 2016).

No início do Século XIV, já se encontravam registros explicitados de custos comerciais e

industriais, nas suas diversas fases: custo de aquisição; custo de transporte e dos tributos; juros

sobre o capital, referente ao período transcorrido entre a aquisição, o transporte e o

beneficiamento; mão-de-obra direta agregada; armazenamento; tingimento, etc., o que

representava uma apropriação bastante analítica para época. A escrita já se fazia no moldes de

hoje, considerando, em separado, gastos com matérias-primas, mão-de-obra direta a ser

agregada e custos indiretos de fabricação. Os custos eram contabilizados por fases

separadamente, até que fossem transferidos ao exercício industrial (SÁ, 1997).

A igrejacatólica e seus responsáveis também foram os primórdios da contabilidade ao

escriturarem as ofertas e dízimosde seus fiéis anotando as entradas e saídas de valores.

Vários são os elementos que fundamentam o fato da contabilidade ter evoluído em seus

primeiros passos em tais épocas e locais, como, por exemplo, o atual alfabeto, o calendário,

sistema decimal, pesos e medidas e muitos outros legados, por toda a história (SÁ, 1997).

As provas arqueológicas encontradas como pranchas de argila contendo os registros,

controle de produção, e orçamentosna Suméria e Babilôniatambém fundamentam o quão antiga

é a ciência de contabilizar as riquezas (SÁ, 1997).

Os escribas se profissionalizaram como escriturários a partir da contabilidade feita

através do uso de papiros e do cálamo. No Egito moedashat, que era de ouro ou prata, contribuiu

para o sistema de contas se complementar, estipulando os bens e seus respectivos valores com

aprimoradaexatidão (SCHMIDT, 2000).

O período moderno foi a fase da pré-ciência. Devem ser citados três eventos

importantes que ocorreram neste período:em 1453, os turcos tomam

Constantinopla, o que fez com que grandes sábios bizantinos emigrassem,

principalmente para Itália;em 1492, é descoberta a América e, em 1500, o

Brasil, o que representava um enorme potencial de riquezas para alguns países

europeus;em 1517, ocorreu a reforma religiosa; os protestantes, perseguidos na

Europa, emigram para as Américas, onde se radicaram e iniciaram nova vida.A

Contabilidade tornou-se uma necessidade para se estabelecer o controle das

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inúmeras riquezas que o Novo Mundo representava(SOUSA e ZANLUCA,

2016).

A introdução da técnica contábil nos negócios privados foi uma contribuição de

comerciantes italianos do séc. XIII. Os empréstimos a empresas comerciais e os investimentos

em dinheiro determinaram o desenvolvimento de escritas especiais que refletissem os interesses

dos credores e investidores e, ao mesmo tempo, fossem úteis aos comerciantes, em suas relações

com os consumidores e os empregados.O aparecimento da obra de Frei Luca Pacioli,

contemporâneo de Leonardo da Vinci, que viveu na Toscana, no século XV, marca o início da

fase moderna da contabilidade (SOUSA e ZANLUCA, 2016).

A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CONTABILIDADE NO BRASIL

No começo do século XIX os primeiros fomentos no país para as ciências contábeis

surgiram com a chegada da Família Real portuguesa ao Brasil. Como bem descrevem Bacci e

Peleia (2004) o início dos estudos contábeis no Brasil tem seu surgimento datado no ano de

1804, época em Visconde de Cairu fez a publicação do livro chamado ―Princípios de Economia

Política‖ (BACCI e PELEIAS, 2004):

Os primórdios do estudo comercial no Brasil datam de 1804, quando José da

Silva Lisboa, intitulado Visconde de Cairu, faz publicar a obra ―Princípios de

Economia Política‖. Este autor forneceria ainda outra contribuição no início do

século XIX, a ser apresentada seguindo a cronologia adotada. Por meio de

alvará publicado em 23 de agosto de 1808, cria-se a Real Junta de Comércio,

Agricultura, Fábricas e Navegação. Este documento determinou a adoção do

sistema de partidas dobradas, para controle dos bens. A adoção deste sistema

teve como causa principal o reconhecimento de seu uso pelos países da Europa

(BACCI e PELEIAS, 2004).

Nesta época iniciou-se a Era científica da contabilidade a qual se caracterizou pelo

conhecimento do inventário, livros mercantis, diário e razão. A contabilidade chegou às

universidades, porque antes disso esta ciência era ensinada apenas em aulas de comércio na

corte.

Na era científica foi o momento em que a contabilidade teve seus maiores pensadores e

intelectuais da área como Pacioli, um dos maiorescolaboradores que reescreveram a

contabilidade e deram grandeajuda para a ciência contemporânea (SÁ, 2004).

Enfatiza-se que os cursos superiores só foram criados no ano de 1808 e a primeira

universidade em 1920. Como já mencionado a vinda da Família Real ao Brasil impulsionou a

oficialização da contabilidade como ciência no país, pois tal fato exigiu o aumento dos gastos

públicos bem como da renda nos estados, e, por conseguinte exigiu também um sistema fiscal e

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contábil mais complexo e eficiente. Assim foi instituído o Erário Régio ou o Tesouro Nacional e

Público, e o Banco do Brasil no ano de 1808 (BARROS LEITE, 2005). A respeito das

tesourarias da fazenda constituídas na época, BACCI e PELEIA (2004) esclarecem:

As Tesourarias de Fazenda nas províncias eram compostas de um inspetor, um

contador e um procurador fiscal, responsáveis por toda a arrecadação,

distribuição e administração financeira e fiscal. Hoje, as funções do contabilista

não se restringem ao âmbito meramente fiscal, tornando-se, num mercado de

economia complexa, vital para empresas informações mais precisas possíveis

para tomada de decisões e para atrair investidores (BACCI e PELEIAS, 2004).

Destaca-se que Francesco Villa rompeu as barreiras conceituaisde Contabilidade na Era

científica, mostrando que o estudioso em contabilidade não era apenas um mero escriturário e

guarda-livros, mas que deveria também detalhar cada informação bem como conhecer o seu

significado (SOMBRA, 2013).

Fábio Bésta definiu a contabilidade como sendo uma ciência do controle econômico,

reforçando o conceito de que a contabilidade objetiva o patrimônio. Moura (2001).

É importante mencionar que ao fim do século XIX, a Associação de Guarda-Livros

procurou criar um curso regulamentado de maneira a oficializar que a profissão de contabilista.

Com este fim, na data de 20 de abril de 1902 a Escola Prática de Comércio foi criada,

futuramente esta passou a ser chamada de Escola de Comércio Álvares Penteado (SCHMIDT,

2002).

Frisa-se que além desta outras instituições foram criadas, as quais são a Escola de

Comércio Mackenzie College, Sindicato dos Contabilistas de São Paulo e Faculdade de

Economia e Administração da Universidade de São Paulo.

O Decreto Federal nº 1.339, de 9 de janeiro de 1905 reconheceu de maneira oficial os

diplomas expedidos pela Escola de Comércio Álvares Penteado e também os cursos de Guarda-

Livros e Perito-contador.

Machado (1982) destaca que muito embora fosse um avanço tal decreto tinha um caráter

tão somente de utilidade pública objetivando a organizaçãodos cursos da Academia de

Comércio do Rio de Janeiro e da Escola Prática de Comércio de São Paulo (MACHADO, 1982).

Bacci(2002) explica que em 30 de junho de 1931, foi firmado o Decreto nº 20.158,

responsável pela reestruturaçãodo ensino contábil no país (BACCI, 2002).

Foi estabelecido neste decreto que a todos aqueles que concluíssem os estudos no curso

superior de administração e finanças fosse conferido o diploma de bacharel em ciências

econômicas.

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O curso tinha a duração de três anos, e àqueles que completassem o curso técnico de dois

anos seria conferido o título de Guarda-Livros; e para aqueles que completassem três anos de

curso técnico receberiam o título de Perito-contador (BACCI, 2002).

A Profissão Contábil tem primazia no reconhecimento como profissão liberal,

reunidos por Contadores e Técnicos em Contabilidade, regulamentada pelo

Decreto-Lei n° 9.295, de 27 de maio de 1946 e resoluções complementares.

Segundo disposições expressas no art. 12 do Decreto-Lei nº 9.295-46, só pode

exercer a profissão contábil quem possuir seu registro (inscrição profissional)

no CRC da sua jurisdição (GONÇALVES, 2005).

Nos anos 60 foram feitos acréscimos às leis que provocaram mais complexos controles

fiscais e contábeis, isto no âmbito dos órgãos públicos e das empresas particulares (GOMES,

1978).

Os seguintes acréscimos se destacam:

- A Lei Orçamentária - Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964;

- A Lei de Reforma Bancária - Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de

1964);

- A Lei de Mercado de Capitais - Lei nº 4.728, de 14 de julho de 1965;

- A Reforma Administrativa - Decreto-lei nº 200, de 25 de fevereiro de

1967.

No ano de 1972 a profissão de auditor foi regulamentada pela Resolução nº 220, do

Banco Central, esta norma teve origem em uma sugestãoformada pelo Ibracon, que originou as

circularesnº 178 e nº179 do Bacen. Esse conjunto de normas determinava:

a) obrigatoriedade de auditoria das demonstrações contábeis das sociedades com ações

negociadas na bolsa;

b) regras relativas ao registro dos auditores independentes junto ao Bacen;

c) Normas Gerais de Auditoria e Princípios e Normas de Contabilidade (ANDRADE,

2003).

A Lei das Sociedades por Ações de nº 6.404 foi outorgada em 1976 iniciando novo

período da história da contabilidade do Brasil. Esta lei, na visão de alguns doutrinadores, devido

à necessidade de haver qualidade nos dadoscontábeis e em sua divulgação, para tornar mais fácil

o conhecimento e a apreciação da situação financeira da organização bem como de sua

performance econômico (TELES, 1989). A esse respeito Bacci (2002) ressaltou:

a nova lei veio consagrar a adoção do sistema contábil americano com algumas

contribuições brasileiras de relevância, sendo algumas práticas essencialmente

nacionais como a correção monetária‖ (BACCI, 2002).

Pode-se destacar as seguintes contribuições desta lei para a economia:

a) introdução da reavaliação a valor de mercado; b) criação da reserva de lucros

a realizar; c) separação entre contabilidade comercial e contabilidade fiscal; d)

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aperfeiçoamento da classificação das contas do balanço; e) consolidação das

demonstrações financeiras de um mesmo grupo, ou de investimentos em

empresas consideradas controladas; e criação das demonstrações das mutações

patrimoniais e das origens e aplicações de recursos.

Tratando da Lei de Mercado de Capitais,esta criou a figura do auditor independente, e no

ano de 1971 foi constituído o Instituto de Auditores Independentes do Brasil (IAIB), que em 1º

de julho de 1982, que posteriormente passou a utilizar a sigla Ibracon (SILVA; MARTINS,

2006).

Vê-se, portanto, que a evolução das legislações que regulamentaram a atividade contábil

no Brasilcontribuírame muito para não somente para a economia do país como também para o

ensino superior.

A EVOLUÇÃO DA LEGISLAÇÃO CONTÁBIL À EPOCA ATUAL

No Brasil, o exercício da contabilidade é tido como profissão liberal, sendo

regulamentada pelo Decreto-Lei n° 9.295, de 27 de maio de 1946, além de resoluções

complementares. O exercício da profissão contábil é permitido apenas a quem possuir o devido

registro, que consiste em um registro, no CRC de sua respectiva jurisdição. O art. 25 da

mencionada lei dispõe a respeitodas atribuições profissionais dos contabilistas conforme segue:

Art. 25. São considerados trabalhos técnicos de contabilidade: a) organização e

execução de serviços de contabilidade em geral; b) escrituração dos livros de

contabilidade obrigatórios, bem como de todos os necessários no conjunto da

organização contábil e levantamento dos respectivos balanços e demonstrações;

c) perícias judiciais ou extrajudiciais, revisão de balanços e de contas em geral,

verificação de haveres, revisão permanente ou periódica de escritas,

regulamentações judiciais ou extrajudiciais de avarias grossas ou comuns,

assistência aos Conselhos Fiscais das sociedades anônimas e quaisquer outras

atribuições de natureza técnica conferidas por lei aos profissionais de

contabilidade.

A sociedade atual passa por um momento muito complexo, onde vários eventos

importantes impactam diretamente todos os setores da vida humana. A evolução tecnológica,

principalmente na área da informática e da indústria de telecomunicações, proporcionou o

progresso da ciência bem como do da variedade dos serviços e bens oferecidos.

Todavia, essa evolução elevou os riscos potenciais como insegurança social, terrorismo e

inconstâncias cambiais bruscas, nos preços dos insumos de produção e das ações das empresas e

organizações.

Entende-se hoje que a riqueza de uma empresa não centraliza- se somente em bens

materiais, mas também em seu capital intelectual e em ativos intangíveis. As transformações

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frequentes exigem resultados cada vez mais excelentes por parte dos gestores e administradores,

principalmente por causa da competitividade do mercado. A partir do momento que este bom

resultado não é alcançado existe o risco de a contabilidade ser utilizada como um instrumento

para gerenciar resultados.

Em se tratando do registro profissional nos CRCs dos respectivos Estados é obrigatório

para todos aqueles que desejam exercer a profissão de técnicos em contabilidade ou contabilistas

com bacharelado.

As disposições profissionais são explicitadas na Resolução CFC nº 560, de 1983

conforme segue nos artigos primeiro e segundo:

Art. 1º O exercício das atividades compreendidas na Contabilidade

considerada esta na sua plena amplitude e condição de Ciência Aplicada,

constitui prerrogativa, sem exceção, dos contadores e dos técnicos em

contabilidade legalmente habilitados, ressalvadas as atribuições

privativas dos contadores.

Art. 2º O contabilista pode exercer as suas atividades na condição de

profissional liberal ou autônomo, de empregado regido pela CLT, de

servidor público, de militar, de sócio de qualquer tipo de sociedade, de

diretor ou de Conselheiro de quaisquer entidades, ou, em qualquer outra

situação jurídica definida pela legislação, exercendo qualquer tipo de

função.

Cabe colocar neste trabalho todas as atribuições privativas dos contadores estabelecidas

pelo art. 3º, em seu § 1º, como dispostas a seguir:

a) avaliação de acervos patrimoniais e verificação de haveres e

obrigações, para quaisquer finalidades, inclusive de natureza fiscal;

b) avaliação dos fundos de comércio, apuração do valor patrimonial de

participações, quotas ou ações;

c) reavaliações e medição dos efeitos das variações do poder aquisitivo

da moeda sobre o patrimônio e o resultado periódico de quaisquer

entidades;

d) apuração de haveres e avaliação de direitos e obrigações do acervo

patrimonial de quaisquer entidades, em vista de liquidação, fusão, cisão,

expropriação no interesse publico, transformação ou incorporação dessas

entidades, bem como em razão de entrada, retirada, exclusão ou

falecimento de sócios, cotistas ou acionistas;

e) concepção dos planos de determinação das taxas de depreciação e

exaustão dos bens materiais e dos de amortização dos valores imateriais,

inclusive de valores diferidos;

f) regulamentações judiciais ou extrajudiciais, de avarias grossas ou

comuns;

g) análise de custos e despesas, em qualquer modalidade, em relação a

quaisquer funções, como a produção, administração, distribuição,

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transporte,comercialização, exportação, publicidade e outras, bem como

a análise com vista à racionalização das operações e do uso de

equipamentos e materiais, e ainda a otimização do resultado diante do

grau de ocupação ou do volume de operações;

h) controle, avaliação e estudo da gestão econômica, financeira e

patrimonial das empresas e demais entidades;

i) análise de custos com vista ao estabelecimento dos preços de venda de

mercadorias, produtos ou serviços, bem como de tarifas nos serviços

públicos, e a comprovação dos reflexos dos aumentos de custos nos

preços de venda, diante de órgãos governamentais;

j) análise de balanços, análise do comportamento das receitas, avaliação

do desempenho das entidades e exame das causas de insolvência ou

incapacidade de geração de resultado;

l) estudo sobre a destinação do resultado e cálculo do lucro por ação ou

outra unidade de capital investido; determinação de capacidade

econômico financeira das entidades, inclusive nos conflitos trabalhistas e

de tarifa; ]

m) análise das variações orçamentárias, conciliações de contas,

organização dos processos de prestação de contas das entidades e órgãos

da administração pública federal, estadual, municipal, dos territórios

federais e do Distrito Federal, das autarquias, sociedades de economia

mista, empresas públicas e fundações de direito público, a serem

julgadas pelos Tribunais, Conselhos de Contas ou órgãos similares;

n) revisões de balanços, contas ou quaisquer demonstrações ou registros

contábeis; o) auditoria interna operacional, auditoria externa

independente, perícias contábeis, judiciais e extrajudiciais;

p) fiscalização tributária que requeira exame ou interpretação de peças

contábeis de qualquer natureza;

q) assistência aos Conselhos Fiscais das entidades, notadamente das

sociedades por ações;

u) assistência aos comissários nas concordatas, aos síndicos nas

falências, e aos liquidantes de qualquer massa ou acervo patrimonial;

v) magistério das disciplinas compreendidas na Contabilidade, em

qualquer nível de ensino, inclusive no de pós-graduação; participação

em bancas de exames e em comissões julgadoras de concursos, onde

sejam aferidos conhecimentos relativos à Contabilidade.

Ressalta-se que a preocupação de deixar documentadas as mudanças na contabilidade e

de explicar essas transformações, verificando suas origens é no decorrer dos últimos tempos um

dos principais fatores que impulsionam a investigação em história da contabilidade (GOMES E

RODRIGUES, 2009).

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Sobre o surgimento dos tipos de sociedades empresariais Correa (2004) esclarece que as

sociedades anônimas tiveram sua origem formal através do Código Comercial de 1850

(CORREA, 2004).

No ano de 1939 foi elaborado o anteprojeto da Lei das Sociedades Anônimas que por fim

se tornou o Decreto-lei n° 2.627, de 26 de setembro de 1940. Esse decreto-lei vigeu até a

promulgação da Lei n° 6.404/1976.

Cabe ainda frisar que a publicação da Lei nº 9.457/1997, trouxe consideráveis alterações

na Lei das Sociedades por Ações, com o objetivo de alinhar as práticas contábeis brasileiras ao

padrão internacional, como expõe Bacci (2002):

A contabilidade do mundo atual procura a harmonização de procedimentos, de

padrões que atendam a globalização, e que pela pulverização dos investimentos

a nível mundial nas bolsas de valores, vêm tentando uma uniformização dos

informes contábeis com objetivos claros de se adotar maior transparência e

evidenciação dos critérios aplicados [...]. Dessa forma, em 2001 foi promulgada

a Lei nº 10.303, que altera e acrescenta dispositivos na Lei nº 6.385/1976 e na

Lei nº 6.404/1976, visando, principalmente, assegurar certos direitos dos

acionistas e atrair investimentos para o mercado de capitais (BACCI, 2002).

Ressaltando as mudanças trazidas pelas legislações contemporâneasno meio contábil

cita-se uma que impactou significativamente o mundo da contabilidade no Brasil, foi a criação

da lei 11.638 de 28 de dezembro de 2007 na qual a CVM pronunciou no dia 2 de maio de 2008

com a Instrução CVM nº 469 dispondo sobre a aplicação da Lei 11.638/07 (BACCI, 2002).

Este pronunciamento esclareceu a dúvida de muitas pessoas, momento em que se tornou

mais claro a aplicação de tal norma legal que altera e revoga os dispositivos da Lei das

Sociedades por Ações.

Esta alteração da legislação societária, proposta pelo Projeto de Lei 3.741/00, veio com o

objetivo de harmonizar os pronunciamentos internacionais de contabilidade que são emitidos

pelos IASB que é o InternationalAccounting Standards Board, através do IFRSo

chamadoInternational Financial Reporting Standardse do IAS que é o InternationalAccounting

Standards(UFSC, 2008).

Fazem parte desta harmonização todas as normas contábeis emitidas pela

Comissão de Valores Mobiliários – CVM, que tem o objetivo de emitir

normas para as companhias abertas de acordo com os padrões

internacionais. A nova legislação trouxe mudanças marcantes e uma

delas é o § 5º do Art. 177, que determina que as normas expedidas pela

Comissão de Valores Mobiliários (CVM) deverão ser elaboradas de

acordo com os padrões internacionais de contabilidade, onde a partir do

exercício de 2010 as companhias abertas deveriam apresentar suas

demonstrações financeiras consolidadas adotando o padrão internacional

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do Internacional Accounting Standards Board (IASB). Outra grande

mudança que trouxe grande impacto foi no art. 176 da Lei 6404/76,

sendo este, o primeiro artigo alterado pela Lei 11.638/07 (UFSC, 2008).

Depois da alteração o dispositivo exclui a obrigatoriedade da chamada Demonstração de

Origens e Aplicações de Recursosao fim de cada exercício e implanta a Demonstração do Fluxo

de Caixa. Ainda tornouobrigatória apenas para as companhias de capital aberto, a confecção da

Demonstração do Valor Adicionado e o Art. 188 trouxe as informações elementares que tem que

constarna Demonstração do Fluxo do Caixa e a Demonstração do Valor Adicionado (UFSC,

2009).

A Lei nº 11.638/2007 determinou que as normas de contabilidade da CVM fossem

consonantes com os padrões internacionais, por conta disso foram encontradas diversos

obstáculos de conceito nas práticas contábeis no Brasil, e isso porque sempre foi priorizado o

atendimento fiscal (ERNST& YOUNG; FIPECAFI, 2009).

Segue-se neste entendimento explicando que as normas vindas da IASB consistem em

uma vasta gama de regras mandatórias de evidenciação, sendo o seu conteúdo o maior possível

de informação qualitativa e quantitativa, foram assim estabelecidas com a finalidade de

assegurar informações e dados confiáveis de relevância com (DASKE; GEBHARDT, 2006).

Diante o explanado nota-se que a Lei nº 11.638/2007 entronizouenormes modificações

na Lei nº 6.404/1976, dentre as quais se destacam as seguintes: a escrituração das demonstrações

contábeis; nova estrutura do Balanço Patrimonial; demonstrações obrigatórias; demonstrações

dos fluxos de caixa; demonstração do valor adicionado; critérios de avaliação dos ativos;

primazia da essência sobre a forma; equivalência patrimonial; reavaliação de ativos; e Teste de

Recuperabilidade (BRASIL, 2007).

Por fim cabe mencionar que aplicação da Lei nº 11.638/2007 é ampla e se aplica às

chamadassociedades de grande porte, ou seja, aquelas sociedades com receita bruta superior a

R$ 300 milhões por ano ou ainda que tenham ativos em valor superior a R$ 240 milhões,

mesmo que sejam estas sociedades limitadas. Tais sociedades de grande portetem assim as

mesmas obrigações das sociedades por ações no que se refere à sua escrituração, elaboração de

demonstrações financeiras e obrigatoriedade de auditoria independente(BRASIL, 2007).

Verificou-se ainda ao longo do presente trabalho o longo processo de evolução histórica

da contabilidade desde os seus primórdios na antiguidade até a sociedade contemporânea cada

vez mais exigente. As leis que regulamentaram a profissão de contador tiveram papel

fundamental no reconhecimento da atividade contábil como profissão liberal e as rígidas normas

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internacionais cumprem seu papel de controlar as ações de empresas e seus gestores de modo a

proporcionar auditorias e informações confiáveis.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente artigo teve por objetivo, através de revisão de literatura, apresentar a evolução

histórica da contabilidade no Brasil. Para tanto a metodologia utilizada neste trabalho foi a

descritiva através de pesquisa bibliográfica..

A contabilidade sofreu várias transformações desde a antiguidade época em que sua

finalidade era o controle das riquezas, até passar por um longo processo de evolução e ser

reconhecida como ciência.

No Brasil a atividade contábil começou a partir da época colonial, com a evolução da

sociedade e a necessidade de controles contábeis para o desenvolvimento das primeiras

Alfândegas. À medida que o mercantilismo se propagou no Brasil a contabilidade cresceu. Tal

atividade se reforçou com a chegada da Família Real Portuguesa.

A oficialização dos cursos superiores e técnicos para formar contadores foram

reconhecidos oficialmente ainda no século XIX e diversas foram as normas legais que

regulamentaram a atividade contábil no Brasil ao longo do século XX.

Ficou evidenciado que a contabilidade, como ciência milenar, surgiu para atender à

necessidade de controle do patrimônio e riquezas pelos homens. Esta mesma contabilidade,

surgida rudimentar, evoluiu com os avanços econômicos das civilizações, tornando-se

atualidade imprescindível para impulsionar o Brasil ao concerto das nações desenvolvidas.

Constatou-se que é fundamental existir a compreensão da evolução histórica da

contabilidade ao longo do tempo, principalmente, até o momento em que foi reconhecida como

uma ciência.

Identificou-se ainda que o longo processo de evolução histórica da contabilidade desde

os seus primórdios na antiguidade até a sociedade contemporânea cada vez mais exigente foi

relevante para o crescimento econômico e gestão das empresas e organizações.

As leis que regulamentaram a profissão de contador tiveram papel fundamental no

reconhecimento da atividade contábil como profissão liberal e as rígidas normas internacionais

cumprem seu papel de controlar as ações de empresas e seus gestores de modo a proporcionar

auditorias e informações confiáveis.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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LINGUA MATERNA, ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO ESCOLAR

Iranice Rosas dos Santos

Discente do curso de Mestrado em Educação da Anne Sullivan University

Email: [email protected]

RESUMO

Objetivou-se demonstrar a falta de atividades nas aulas de língua materna com a modalidade

oral em contraponto com a modalidade escrita, por meio de gêneros discursivos, que a falta de

dedicação à leitura e escrita e de uma proposta de ensino que respeite as variedades da língua

são fatores que contribuem para que os alunos não consigam distinguir a gramática da

modalidade oral da gramática da modalidade escrita, o que compromete o processo e aquisição

de letramento de usuários de variedades linguísticas não padrão. Como fatores apontamos o

despreparo técnico-didático-metodológico do professor, que insiste em um ensino ainda

―gramatiqueiro‖ descontextualizado, e ignora que o ensino de língua vai além do ensino da

gramática normativa e que o oral é tão importante quanto o escrito no convívio social. Os

aspectos fonológicos, mais precisamente ligados à questão da grafia, ou seja, aos aspectos

convencionais da língua, que são equivocadamente confundidos e apontados como erros de

língua e atribuídos às variedades não padrão, fazendo parecer que a grafia é algo natural e não

convencional, e que de fato se escreve como se fala, quando na verdade se trata de falha lacunar

do próprio sistema de convenção que não consegue estabelecer uma relação biunívoca entre fala

e escrita a contento. Assim, o processo de letramento é comprometido à medida que o professor

de língua materna não consegue apreender e trabalhar com ambas as modalidades e levar os

alunos a dominarem e a diferenciarem-nas em seus vários aspectos e peculiaridades.

Palavras-Chave: Língua. Leitura. Escrita.

ABSTRACT The objective was to demonstrate the lack of activities in the mother tongue classes with the oral

modality in counterpoint with the written modality, through discursive genres, that the lack of

dedication to reading and writing and a teaching proposal that respects the varieties of the

Language are factors that contribute to the students not being able to distinguish the grammar of

the oral modality from the grammar of the written modality, which compromises the process and

acquisition of literacy of users of non-standard linguistic varieties. As factors we point out the

technical-didactic-methodological lack of preparation of the teacher, who insists on a still

"grammatical" teaching decontextualized, and ignores that language teaching goes beyond the

teaching of normative grammar and that oral is as important as writing in socializing social. The

phonological aspects, more precisely linked to the question of spelling, that is, the conventional

aspects of language, which are mistakenly mistaken for language mistakes and attributed to non-

standard varieties, making it appear that spelling is natural and unconventional, And that in fact

one writes as one speaks, when in fact it is a lacunar failure of the convention system itself that

can not establish a biunivocal relationship between speech and written content. Thus, the

process of literacy is compromised as the mother-tongue teacher can not grasp and work with

both modalities and lead students to dominate and differentiate them in their various aspects and

peculiarities.

Keywords: Language. Reading. Writing.

INTRODUÇÃO

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Língua materna, também chamada de língua nativa é a primeira língua que uma

criança aprende e que, geralmente corresponde ao grupo étnico-linguístico com que o indivíduo

se identifica culturalmente (SPINASSÉ, 2006). Por exemplo, uma criança descendente de

portugueses mais facilmente irá adotar a língua que os seus pais utilizam devido às suas origens.

Em certos casos, quando a criança é educada por pais (ou outras pessoas) que falem línguas

diferentes, é possível adquirir o domínio de duas línguas simultaneamente, cada uma delas

podendo ser considerada língua materna, configura-se então uma situação de bilinguismo.

A expressão língua materna provém do costume em que as mães eram as únicas a educar

os seus filhos na primeira infância, fazendo com que a língua da mãe seja a primeira a ser

assimilada pela criança, condicionando seu aparelho fonador àquele sistema linguístico

(SPINASSÉ, 2006).

A aquisição da língua materna ocorre em várias fases. Inicialmente, a criança regista

literalmente os fonemas e as entonações da língua, sem ainda ser capaz de os reproduzir. Em

seguida, começa a produzir sons e entonações até que seu aparelho fonador permita-lhe a

articular palavras e organizar frases, assimilando contemporaneamente o léxico. A sintaxe e a

gramática são integradas paulatinamente dentro deste processo de aprendizagem.

O TRABALHO COM LÍNGUA MATERNA

Como muitos autores afirmam, cabe à escola, principalmente no que tange à língua

portuguesa, capacitar o aluno ao domínio da norma padrão. Mas, não como uma subserviência à

língua literária, utilizada por autores famosos do passado e, sim como a habilidade geral que

permita ao aluno fazer uso de uma linguagem adequada às diferentes circunstâncias do

cotidiano. Para isso, o trabalho em sala de aula deve colaborar para que o aluno se torne:

Cada vez mais consciente de que, a escolha dos elementos da língua para

construir textos não é fortuita, mas, regida pela adequação do recurso

linguístico e das instruções de sentido que contém aos propósitos dos usuários

da língua em cada situação de comunicação. (Travaglia, 1997, p. 151).

Para isso é inviável uma proposta que trate apenas de exercícios envolvendo

nomenclaturas ou que conduza o processo através da exposição oral de ideias prontas sobre

determinado tópico linguístico.

Não seria o caso de descartar o estudo da gramática nas aulas de Educação Básica, mas

de empregar uma metodologia que proporcione o exercício das possibilidades gramaticais

através do emprego comparativo, seja a partir da análise do respeito a determinadas convenções

gramaticais ou na ausência deles. Atividades dessa natureza remetem o aluno à observância dos

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resultados semânticos obtidos através das seleções de uso feitas em dado contexto, o que conduz

à compreensão dos fenômenos envolvidos.

Gentner & Medina (1998) defendem que mesmo entre adultos existe uma mistura do

processamento baseado na comparação com o baseado em regras. Afirmam também que,

estando o conhecimento abstrato já constituído, processos de ―alinhamento‖ são necessários

para que aconteça o repasse desses conhecimentos para novas situações.

Essa é uma postura reflexiva que usa os efeitos da linguagem para a análise de seu

registro escrito, impedindo a falta de compromisso com a busca do padrão sem considerá-lo

mera erudição; mas, sim, domínio social, como também evitando o uso exclusivo da

nomenclatura, trabalho árduo e infrutífero.

A alfabetização é um processo que começa muito antes da entrada da criança na escola,

onde é submetida a mecanismos formais de aprendizagem da leitura e da escrita.

Entende-se por alfabetização o processo pelo qual se adquire o domínio de um sistema

linguístico e das habilidades de utilizá-lo para ler e escrever, ou seja, o domínio das ferramentas

e o conjunto de técnicas necessárias para exercer a arte e a ciência da escrita e da leitura.

Hoje, tão importante quanto conhecer o funcionamento do sistema de escrita é poder se

engajar em práticas sociais letradas. Assim, enquanto a alfabetização se ocupa da aquisição da

escrita, o letramento se preocupa com a função social do ler e do escrever.

A expressão letramento apareceu ao lado da alfabetização por se considerar o domínio

mecânico da leitura e da escrita insuficiente na sociedade atual. Tornou-se objetivo de a escola

introduzir os alunos nas práticas sociais de leitura e escrita, pois deixou de ser satisfatório em

sua formação o desenvolvimento específico da habilidade de codificar e decodificar a escrita.

Para tal, é necessário mais do que apresentar para os alunos às letras e sua relação com

os sons, as palavras e as frases. É preciso trabalhar com textos reais estimulando a leitura e a

escrita dos diversos gêneros textuais para que aprendam a diferenciá-los e a perceber a

funcionalidade de cada um dos textos (para que eles sirvam) e as diversas finalidades da leitura

e da escrita (para que lemos e escrevemos).

Dessa forma, percebemos que alfabetizar e letrar são duas tarefas a serem desenvolvidas

concomitantemente nas classes de alfabetização.

Se alfabetizar significa orientar a criança para o domínio da tecnologia da escrita, letrar

significa levá-la ao exercício das práticas sociais de leitura e de escrita. Uma criança

alfabetizada é uma criança que sabe ler e escrever; uma criança letrada (tomando este adjetivo

no campo semântico de letramento e de letrar, e não com o sentido que tem tradicionalmente na

língua, este dicionarizado) é uma criança que tem o hábito, as habilidades e até mesmo o prazer

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de leitura e de escrita de diferentes gêneros de textos, em diferentes suportes ou portadores, em

diferentes contextos e circunstâncias (SOARES, 2004).

Assim, é possível considerar que letrar é direcionar, conduzir a criança ao exercício das

práticas sociais de leitura e escrita, é inseri-la ao campo das letras em seu sentido e contexto

social, é fazer com que a criança tome gosto pelo hábito de ler e, a alfabetização compreende a

decodificação e assimilação dos signos linguísticos; alfabetizar está em inserir a criança para a

prática da leitura, ou seja, fazer com que se aprenda a ler, mas isso não implica em criar hábito

da leitura, pois sabemos que há sujeitos alfabetizados que necessariamente não tomam gosto

pelo hábito de ler, ou não leem com frequência, dizemos portanto que não basta alfabetizar a

criança, é preciso letrá-la ou conduzi-la aos diversos tipos de expressões textuais, é capacitar a

criança a criar relações com práticas de leitura e escrita, é compreender e questionar, sobretudo

fazer a chamada leitura do mundo a partir de suas práticas sociais.

Sabemos ainda que Alfabetização e Letramento estão intrinsecamente ligados, já que, de

acordo com os Parâmetros Curriculares, estes destacam que o ensino da linguagem deve ser

direcionado a três fundamentos básicos: a leitura, a compreensão e a produção numa relação de

contexto social, e para que a alfabetização e o letramento tomem parte do ensino da língua em

sua prática social é preciso que se alfabetize letrando.

Ao compreender que a escola tem o papel de alfabetizar, os pais estão satisfeitos com a

construção de saber de seus filhos, tornando desnecessário na visão de esses acompanhar seus

filhos para uma forma mais dinâmica e satisfatória em relação à construção da aprendizagem da

criança com relação a sua alfabetização.

É preciso que os pais compreendam que a criança, antes mesmo de aprender a ler, possui

uma antecipação de seu letramento e alfabetização, isso se ela estiver dentro de um contexto

social onde a leitura e a escrita façam parte de seu convívio — exemplificando, quando uma

criança que ainda não está na escola, mas seu pai ou mãe lê para ela, já consegue distinguir que

há códigos ali e que esses códigos representam algum significado na forma escrita, representam

objetos e coisas; então, podemos dizer que essa criança não é um papel em branco, numa visão

de que possui fundamentos de compreensão, de relacionar a escrita ao objeto por ela

denominado.

É nesse sentido que podemos chamá-la de criança não alfabetizada e já letrada, pois já

possui e está inserida em práticas sociais de leitura, mesmo não estando ainda alfabetizada; já é,

no caso, um sujeito letrado, pois está dentro de contextos sociais da linguagem e escrita, pois

seus pais leem para ela, e essa criança já consegue distinguir e dar antecipações de estruturas

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linguísticas aleatórias e, sobretudo, está compartilhando o processo social do letramento por

meio de capacidades lógicas e de ambientes linguísticos e intertextuais.

A proposta de alfabetização e letramento deve naturalmente adequar-se às exigências da

realidade atual. Nessa realidade, a letra de imprensa está presente em todos os momentos da vida

de crianças e adultos: nos livros, na televisão, nas revistas, nos jornais, nas embalagens, nos

rótulos, no teclado do computador. Sendo assim, fica claro o papel social fundamental da letra

de imprensa na alfabetização.

Começar a alfabetização com letra de imprensa maiúscula é uma tentativa de respeitar a

sequência do desenvolvimento visual e motor da criança. Esse tipo de letra, por ter um traçado

mais simples, possibilita uma ampliação de tempo para pensar sobre a escrita dos diversos tipos

de texto, das palavras e das letras que devem ser usadas para representar os sons.

E a letra cursiva não precisa mais ser ensinada?

Na verdade, não existe apenas um alfabeto, e sim vários tipos de alfabetos, e todos são

socialmente importantes. Dessa maneira, a alfabetização precisará trabalhar com todos os tipos

de letras, iniciando o trabalho com letra de imprensa maiúscula para a leitura e para a escrita.

Em paralelo, deve estabelecer a relação desses tipos de letras com as cursivas, trabalhando a

movimentação delas na pauta dupla. A letra de imprensa minúscula deve ser usada apenas para a

leitura, embora possa ser utilizada para a escrita com o auxílio do alfabeto móvel.

Mesmo assim, é importante que a criança aprenda o traçado correto desse tipo de letra e

use a letra maiúscula com propriedade. Acima de tudo, seja qual for a letra usada, o essencial é

que seja legível.

O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ESCRITA

A construção da escrita caracteriza-se por ser um processo que ocorre nas interações

sociais vivenciadas pela criança, isto é, na interação com os adultos, a qual não somente vai

dando sentido à escrita da própria criança, como também contribui para que ela se torne

"sujeito".

Dessa forma, a alfabetização como prática social precisa lidar com textos reais e com as

reais necessidades de leitura e escrita, para que as crianças percebam a função social de tal

aprendizado e assim estabeleçam um diálogo com o mundo.

Nessa perspectiva, Soares (1997) afirma que "a função da escola, na área de linguagem,

é introduzir a criança no mundo da escrita, explorando tanto a língua oral quanto a escrita como

forma de interlocução, em que quem fala ou escreve é um sujeito que em determinado contexto

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social e histórico, em determinada situação pragmática, interage com um locutor, também um

sujeito, e o faz levado por um objetivo, um desejo, uma necessidade de interação".

A aprendizagem do uso da escrita, na escola, torna-se um aprendizado a mais: ser capaz

de assumir sua palavra na interação com interlocutores que reconhece e com quem deseja

interagir para atingir objetivos e satisfazer desejos e necessidades de comunicação.

Portanto, é fundamental que, no processo de alfabetização, as crianças saibam as funções

sociais e as finalidades da leitura e da escrita; precisam saber para que se aprende a escrever e a

ler. Só compreendendo e praticando esse exercício é que a alfabetização terá sentido.

LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A evolução da leitura e da escrita, tendência natural, expressiva e criativa da criança,

pode ser facilitada pelo educador por meio de atividades lúdicas, que servirão de apoio ao

desenvolvimento da linguagem falada e ao processo de aquisição da linguagem escrita. Jogar e

brincar são atividades que, se bem orientadas, certamente contribuirão para o desenvolvimento

da psicomotricidade no contexto do processo escolar.

O brincar ensina a criança a lidar com as emoções. Por meio da brincadeira, a criança

equilibra as tensões provenientes de seu mundo cultural, construindo sua individualidade, sua

marca pessoal e sua personalidade. Portanto, a escola deve facilitar a aprendizagem utilizando

atividades lúdicas que criem um ambiente alfabetizador a fim de favorecer o processo de

aquisição de autonomia na hora do aprendizado.

As atividades lúdicas, quando bem direcionadas, trazem benefícios que proporcionam

saúde física, mental, social e intelectual à criança, ao adolescente e até mesmo ao adulto.

Em resumo, percebemos que, mais do que um passatempo, o lúdico é altamente

importante como estratégia de trabalho para o desenvolvimento dos conteúdos conceituais,

procedimentais e atitudinais na formação das crianças e deve estar presente na sala de aula.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Capacitar o aluno de Educação Básica a usar com propriedade a língua padrão é uma

tarefa escolar e exige do professor de Língua Portuguesa uma reflexão sobre todos os fatores

envolvidos no ensino-aprendizagem. A partir da postura crítica sobre a realidade escolar e

linguística e do domínio teórico-prático dos processos intelectuais, é possível ao profissional do

ensino de línguas construir uma prática reflexiva, tanto para ele como para os alunos, que

facilitará o aperfeiçoamento da competência comunicativa de seus tutorados em um trabalho

consciente.

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Para isso, o docente encontra em Vygotsky (1993) e sua teoria na formação de conceitos

um suporte fundamental para toda atividade escolar do mesmo gênero daquela que pudemos

vivenciar e ora relatamos no presente trabalho.

Para que o aluno atinja o grau de letramento desejado, domine a variedade padrão, tanto

oral quanto escrita, é preciso que a escola proporcione um novo paradigma de ensino de língua

materna onde incluam atividades que explorem a oralidade, a escrita e a leitura como práticas

efetivas a partir de gêneros discursivos reais. Em outras palavras, que desde o processo de

alfabetização e de aquisição da escrita, seja feito esse trabalho, caso queira atingir o letramento,

pois entendemos que ao chegar às séries subsequentes os alunos tenham vencido as etapas de

aprendizagem que distinguem a gramática da oralidade da gramática da escrita.

Diante do exposto, gostaríamos de dizer que a Sociolinguística deve servir ao propósito

de desmistificar o preconceito linguístico e social que se pratica por meio da língua e pode

promover o letramento mostrando que, o oral tanto quanto o escrito têm o mesmo valor, porém,

ressaltando sua peculiaridades e fazendo ver que em toda e qualquer língua, segundo a

abordagem da teoria variacionista laboviana, o ―normal‖ é a variação linguística, portanto, não

cabe a discriminação e o preconceito em relação às variedades linguísticas não padrão.

Deve-se ensinar, e este é o papel da escola, a variedade padrão àqueles que não a detêm,

mostrando-lhes a importância de adquiri-la para a vida social. Assim, é como ensinar uma outra

língua a esses falantes, e os professores precisam estar preparados teórica e linguisticamente

para isso, para não incorrer em preconceito, como, infelizmente, comumente se acontece no

ensino de língua materna.

E a Sociolinguística possibilita esta visão laica sobre o que é língua: não se restringe

apenas a ensinar regras de gramática normativa. Na escola, diferentemente do que acontece

atualmente, deve haver diversidade no ensino de língua materna, talvez, seguindo a proposta de

Magda Soares, do bidialetalismo ou, a proposta da professora Socorro Aragão, que propõe o

multidialetalismo, ou seja, segundo a professora, a escola deve explorar todas as variedades

linguísticas que surgirem em seu âmbito como matéria de ensino no sentido de permitir aos

alunos o contato, sem preconceito, com essas variedades.

Uma forma de tornar esse ensino diferenciado e diverso é o ensino por meio de gêneros,

dentro dessa perspectiva, como ilustramos acima. Pois o ensino com gêneros permite o contato

dos alunos/falantes com a língua real em um contexto real de uso, em um gênero discursivo real

circulante na sociedade, o que implica o uso adequado da modalidade e da variedade de acordo

com o gênero em questão, seja oral seja escrito.

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REFERÊNCIAS BILIOGRAFICAS

SOARES, M. B. Alfabetização e letramento: caminhos e descaminhos. Pátio. Ano VIII, nº 29,

fev/abr, p. 19-22, 2004.

SOARES, M. B. Linguagem e escola: uma perspectiva social. 15. Ed. São Paulo: Ática, 1997.

SPINASSÉ, K. P. Os conceitos Língua Materna, Segunda Língua e Língua Estrangeira e os

falantes de línguas alóctones minoritárias no Sul do Brasil. Revista Contingentia, Vol. 1,

novembro, p. 01–10, 2006.

TRAVAGLIA, L. C. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática. 9.

Ed. rev. São Paulo: Cortez, 1997.

VYGOTSKY, L.S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1993.

AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DO COMPORTAMENTO

EMPREENDEDOR NOS ALUNOS DE ADMINISTRAÇÃO: ESTUDO DE CASO EM

UMA IES

Aluizio Biones Ferraz Neto¹

Paulo André Lima Santos²

Erika Maria Jamir de Oliveira³

RESUMO

O campo da administração é bastante concorrido, e o exercício da função, está cada vez mais

complexa e desafiadora, por isso, pesquisadores da atualidade destacam a importância do

desenvolvimento das Características do Comportamento Empreendedor CCE‘s, estabelecidas

pelo psicólogo David McClelland na Universidade de Harvard (EUA), como determinantes para

que o administrador execute suas atribuições com sucesso, inovando e otimizando o uso dos

recursos organizacionais. Neste contexto, a presente pesquisa teve como objetivo identificar e

analisar as Características do Comportamento Empreendedor nos alunos de administração da

disciplina de empreendedorismo da FACAPE. Para tanto, foi utilizada a pesquisa descritiva, e

como técnica o estudo de caso. O método de amostragem foi a aleatória simples, a partir do

conhecimento do universo foram sorteados 34 alunos no software R.3.3.0. A coleta de dados foi

instrumentalizada por um questionário com 30 questões atualmente utilizado pelo EMPRETEC.

Os resultados indicam que os alunos possuem as CCE‘s, destacando-se a exigência de

qualidade, eficiência e busca de informação. Já busca de oportunidade, planejamento e

monitoramento sistemático, apesar de obterem pontuações menores em relação as anteriores,

ainda foram altas comparadas ao total de pontos. Todavia, vive-se em um ambiente cada vez

mais dinâmico e mutável, então, sugere-se que a IES desenvolva projetos, práticas e dinâmicas

relacionadas ao empreendedorismo, permitindo que os estudantes descubram e aprimorem ainda

mais suas CCE‘s.

Palavras-chave: Organização. Habilidades. Inovação.

ABSTRACT

Business administration is getting even more complex and challenging, therefore, nowadays

researchers highlight the importance of developing the Personal Entrepreneurial Competencies

(PECs), established by psychologist David McClelland at Harvard University (USA), as a key to

the administrator successfully execute his attributions, innovating and optimizing use of

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organizational resources. In this context, the present research aimed to identify and analyze the

Personal Entrepreneurial Competencies on FACAPE‘s Business Administration School

alumnus. For that, descriptive research was used and the case study was used as technique.

Simple random sampling was chosen, sorting 34 alumnus with R.3.3.0 software. Data collection

was instrumentalized using a questionnaire with 30 questions elaborated by EMPRETEC

program. Results indicate that these students have the PECs, mostly the demand for efficiency

and quality and information-seeking. On the other hand, opportunity-seeking, systematic

planning and monitoring, though obtaining a lower score, comparing to the previous ones, was

considered high. However, an even more dynamic and mutable environment is present

nowadays, so it is suggested to Higher Education Institutions to develop projects, practices and

dynamics related to entrepreneurship, allowing students to asses and enhance their PECs.

Keywords: Organization. Skills. Innovation.

INTRODUÇÃO

Atualmente no Brasil formam-se muitos Administradores, tornando o mercado bastante

competitivo. O empreendedorismo pode ser uma alternativa para este cenário, no qual os

administradores que possuírem o espírito empreendedor podem se diferenciar em relação aos

demais. De acordo com a pesquisa do Censo da Educação superior realizada pelo Instituto

Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP), no Brasil em 2013, 117.634 pessoas

concluíram o curso de bacharelado em Administração. Deste total, 4.084 foram do estado de

Pernambuco (CONSELHO FEDERAL DE ADMINISTRAÇÃO).

Entretanto, de acordo com uma reportagem da BBC Brasil, realizada em 2016, os

estudantes brasileiros apesar de concluir o ensino superior, tem dificuldades de empregar-se nas

áreas em que realizaram a graduação. Uma pesquisa do Censo do Ensino Superior e da Relação

Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho, indicou que em 2014 cerca de

30% dos concluintes do país eram formados em Administração, mas somente 4,9% dos

trabalhadores com graduação eram administradores de empresas. Não há mercado para tantos

profissionais, e as empresas preferem profissionais de instituições renomadas ou por

profissionais que se sobressaem (BBC BRASIL, 2016).

Neste contexto, para que o administrador possa se destacar no mercado e/ou nas

organizações é necessário que este se diferencie em relação aos outros candidatos. Uma forma

de se diferenciar frente aos concorrentes é com as Características do Comportamento

Empreendedor (CCE‘s). Na década de 80, David McClelland elaborou as CCE´s, 10

características importantes do perfil de um empreendedor de sucesso, essas foram divididas em

3 conjuntos, Realização, Planejamento e Poder. A finalidade da descrição dessas características

não foi apenas para descobrir se as pessoas têm ou não, mas para aperfeiçoamento das mesmas

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(SEBRAE, 2015, p. 111). Com o desenvolvimento das CCE´s o administrador irá se diferenciar

em relação aos outros, e com isso maiores chances de sucesso no mercado.

O problema que norteou a presente pesquisa foi: Os alunos de administração da

disciplina de Empreendedorismo da FACAPE possuem Características do Comportamento

Empreendedor? Assim esse estudo teve como objetivo avaliar as características do

comportamento empreendedor nos alunos matriculados na disciplina de empreendedorismo do

curso de administração da FACAPE.

Será apresentado na pesquisa o referencial teórico, que abordará as influências da

administração, as habilidades, competências e papéis do administrador, empreendedorismo e seu

desenvolvimento histórico além das características do comportamento empreendedor e sua

importância no exercício da função do administrador. Em seguida, é mostrado o método

utilizado para realizar a pesquisa. Mais adiante é apresentado a analise dos dados com gráficos,

detalhando a amostra e seus resultados. Por ultimo as considerações finais, com as conclusões,

limitações do trabalho e sugestões para novas pesquisas e como a IES pode utilizar esta pesquisa

para realizar novos estudos com os discentes.

ADMINISTRAÇÃO: CONCEITO E ORIGEM

Existem diversos conceitos para administração, de acordo com Chiavenato (2011, p. 13),

a administração não é somente organizar, dirigir, controlar e planejar, ela exige diversas ações

para que se consiga realizar os objetivos da organização, tendo que enfrentar diversas situações

imprevisíveis. Para Caravantes, Panno e Kloeckner (2007, p. 385), a administração é a atividade

responsável por traçar metas e objetivos para as organizações, e é utilizada para que se alcancem

tais propósitos de forma eficaz e eficiente.

É a Teoria Geral da Administração (TGA) que estuda a administração e o aglomerado

das teorias administrativas, suas relações com o ambiente interno e externo, além de seus

comportamentos e estratégias. Podendo ser tanto em instituições lucrativas, como em

instituições não lucrativas (CHIAVENATO, 2011, p. 2).

A ciência da administração é recente, suas teorias começaram a ser desenvolvidas no

começo do séc. XX. Mas séculos antes, com outros acontecimentos na história foi influenciando

o surgimento da administração. Houve influência de varias civilizações, teóricos e organizações.

Cada contribuição leva-se em consideração o governo da época, contexto social, econômico e

filosófico. Contribuições científicas foram fundamentais para o desenvolvimento de teorias da

administração, como a teoria clássica. No séc. XVIII teve inicio a revolução industrial na

Inglaterra, nos séc. XIX e XX ocorreram grandes avanços tecnológicos, o ambiente de negócios

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estava em constante mudança devido ao livre mercado, as novas tecnologias e o aumento na

capacidade de investimento (CHIAVENATO, 2011, p. 32).

QUAL É O PAPEL DO ADMINISTRADOR?

O administrador é o principal responsável para que haja um bom funcionamento das

organizações, pois é a partir dele que serão tomadas medidas importantes sobre as decisões da

empresa. Entretanto, é necessário que o administrador tenha certas habilidades para fazer isso.

Segundo Katz (1955, apud Certo, 2005, p. 9), são necessárias habilidades técnicas, que

envolve conhecimento especializado nas atividades técnicas, habilidades humanas, que envolve

o relacionamento com as pessoas e as habilidades conceituais, que estão relacionadas com a

tomada de decisões e resolução dos problemas. Essas habilidades estão coligadas, e cada uma

depende da outra para que sejam bem executadas, como pode ser visto na Figura 01.

Figura 01. Habilidades do administrador.

Fonte: CHIAVENATO (2011).

Entretanto, para que essas habilidades sejam colocadas em pratica, é necessária a

utilização das competências, que significa uma aptidão para analisar e resolver os problemas.

Para o sucesso do administrador é preciso progredir três competências: conhecimento,

perspectiva e atitude. Conhecimento refere-se a todo aprendizado, além da frequente atualização

de informações; Perspectiva relaciona- se com saber aplicar o conhecimento para resolver

problemas. Já atitude é ser capaz de fazer acontecer, como ter liderança e espirito empreendedor

(CHIAVENATO, 2011, p.5). Como pode ser observado na Figura 02.

Habilidades Conceituais

Habilidades Humanas

Habilidades Técnicas

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Figura 02. Competências do administrador.

Fonte: CHIAVENATO (2011).

Mintzberg (1990, apud PECI, 2012, p.12) argumenta que os administradores executam

os papéis interpessoais, papéis informacionais e os papéis decisórios. Os papéis interpessoais

são ligados ao meio que o administrador influencia as pessoas, podendo ser dentro ou fora da

organização. Os papéis informacionais relacionam-se com a divulgação de informações, coleta e

acompanhamento. Já os papéis decisórios estão relacionados à tomada de decisão, em que estará

o papel de negociador, administrador de recursos, solucionador de conflitos e também o papel

de empreendedor.

De acordo com a literatura atual que para o sucesso do administrador, é necessário que se

possua ou desenvolva comportamentos empreendedores, pois estarão dentro das competências e

dos papéis. Dessa maneira, o administrador irá desempenhar seu papel com maiores chances de

sucesso.

A AÇÃO EMPREENDEDORA E O SER EMPREENDEDOR

Para Dolabela (2006, p. 29) empreendedorismo vem da palavra entrepreneurship que em

tradução livre é inovação e iniciativa, assim sendo um termo que pode se interpretar como um

modo de se relacionar. Entretanto, para Maximiliano (2011, p. 1) esta mesma palavra tem como

significado espirito empreendedor.

Por sua vez, Bateman e Snell (2006, p. 227) o empreendedorismo, acontece quando uma

pessoa decide seguir uma oportunidade com fins lucrativos. O Empreendedor é responsável por

fundar uma nova empresa, com isto este cria novos produtos ou serviços para atender a novos

segmentos de mercado.

O empreendedor é aquele que cria valor, enxerga novas oportunidades no meio em que

estar inserido, assim inovando para criar novas organizações ou alavancar organizações já

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existentes. Ele é capaz de assumir riscos calculados e aceita a possiblidade de fracasso, mas

persiste mesmo com falhas que podem ocorrer durante o processo e desta forma comprometido

com a atividade (DORNELAS, 2012, p. 29).

EVOLUÇÃO DO CONCEITO DO EMPREENDEDORISMO

O primeiro exemplo de empreendedor é o de Marco Polo, um mercador Veneziano que

buscou criar uma rota comercial com o Oriente. Este como empreendedor assumia riscos físicos

e emocionais, já o capitalista que o emprestava dinheiro, assumia o risco do dinheiro investido,

após a viagem bem-sucedida, repartia-se entre os dois. Já durante a Idade Média, gerenciava

projetos, comumente construções e edificações, para o governo, assumindo assim riscos

moderados. Durante o sec. XVII os empreendedores realizavam acordos com o governo para

executar serviços ou fornecer produtos, estes assumiam riscos, pois os acordos eram com

valores estabelecidos, sendo assim lucro ou prejuízo do empreendedor (SEBRAE, 2015, p.70).

Nos séc. XIX e XX os empreendedores eram confundidos nas organizações como

administradores, para os capitalistas, no começo do séc. XX teve se uma noção de diferenciação

da função do empreendedor, que é inovar e ou reformar o modo que uma empresa realiza suas

operações. Já no séc. XXI o empreendedor não estar mais associado só aos negócios, seu campo

de atuação estar mais amplo, atuando também no governo e no terceiro setor (SEBRAE, 2015,

p. 71).

Enquanto no Brasil, de acordo com Dornelas (2012, p.14), o empreendedorismo

começou a ser constituído na década de 90, com a criação de dois programas do governo

federal, o SEBRAE e o Softex. Esses dois programas foram constituídos com a finalidade de

auxiliar os pequenos empresários, o SEBRAE realizando consultorias e o Softex buscando

exportar empresas do ramo de tecnologia. O Brasil é um dos países com maior numero de

empreendedores no mundo, há dois tipos de empreendedores, o por necessidade e por

oportunidade.

O empreendedorismo por necessidade ocorre quando o trabalhador que está

desempregado decide empreender para obter renda e assim se sustentar. Já o empreendedor por

oportunidade começa a empreender com planejamento, este possui intenção de ascender,

gerando oportunidades de emprego e ganhos de capital, impulsionando a economia

(DORNELAS, 2012, p. 18).

CARACTERÍSTICAS DO COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR

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O empreendedor de êxito possui características adquiridas em diversos meios sociais e

ambientais, além de particularidades pessoais, e o conjunto desses atributos possibilita a criação

de uma empresa (DORNELAS, 2011, p. 22).

O estudo das Características de Comportamento Empreendedor (CCE´s) começou após a

segunda guerra mundial, onde houve uma preocupação sobre o comportamento dos

empreendedores, para assim construir avanços nas organizações e no aparecimento de novas

empresas. McClelland junto à empresa McBer e a Management Systems Internacional (MSI)

fora os primeiros a estudar sobre as CCE´s, onde através de um processo de pesquisa foi

analisado as características mais comuns entre os empreendedores de sucesso (SEBRAE, 2015,

p. 136).

No final do estudo foi determinada uma serie de dez características, divididas em três

subgrupos, sendo eles as características do conjunto de realização, que se direciona em relação

com a iniciativa, comprometimento, persistência, qualidade e saber correr riscos; as

características do conjunto de planejamento, que foca em buscar informações e estabelecer

metas; e por ultimo as características do conjunto de poder que estarão relacionadas com a

confiança em si mesmo e manter contatos com pessoas importantes para a organização

(SEBRAE, 2015, p. 138). Como pode ser visto na Figura 03.

Figura 03. Características do comportamento empreendedor.

Fonte: SEBRAE (2015)

Entretanto, para Maximiano (2006, p. 4) outro traço de comportamento do empreendedor

é a criatividade. De acordo com Chér (2008, p. 210) a criatividade empreendedora, é quando se

consegue de forma constate utilizar de novos meios para resolver os problemas encontrados.

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Entretanto, nem sempre o consumidor pode aceitar essas mudanças propostas, sendo necessário

que o empreendedor também possua as habilidades de negociação e comunicação. Para ter essas

habilidades, será necessário que se conheça as inseguranças dos consumidores, para dessa forma

tentar persuadi-los a aceitar as novas propostas, e assim conseguir vender a ideia.

Com as CCE´s, foi desenvolvido o programa EMPRETEC (junção das palavras

empreendedorismo e tecnologia), que é um programa da ONU. Em 1993 o SEBRAE obteve

autorização para utilizar esse material no Brasil, assim ajudando e desenvolvendo as

características comportamentais dos empreendedores (COOLEY, 1990; SEBRAE, 2009 apud

CASTRO, 2011).

Filion comenta que (1997 apud DOLABELA, 2008, p. 71), as características

empreendedoras irão variar com o desenvolvimento da empresa e dependendo das práticas

realizadas pelos empresários em um determinado período. Essas características podem ser

obtidas com o passar do tempo, e são importantes para que as pessoas vejam quais atributos

serão necessários para que ela possa ter sucesso na empresa (DOLABELA, 2008, p. 73).

Bernardi (2007, p. 65) coloca que tem vários fatores que podem levar ao aparecimento

do empreendedor, podendo ser por razões de desemprego, aposentadoria, por ser o herdeiro da

empresa, por desejo de ter o próprio negócio ou também por possuir experiência na área.

Entretanto é indispensável que todos possuam essas características empreendedoras, para que

não ocorram problemas no futuro negócio.

ESTRATÉGIA METODOLÓGICA

Para alcançar os objetivos propostos foi utilizado o tipo de pesquisa descritiva, que

possui em suas características a coleta de dados, para que seja possível analisar os objetos e suas

causas ou consequências, assim criando hipóteses para explicar estes acontecimentos. Este tipo

de pesquisa é mais comumente utilizado em pesquisas de comportamentos e mercados

(BERTUCCI, 2012, p. 50).

A técnica da presente pesquisa foi o estudo de caso. Segundo Godoy (1995 apud

BERTUCCI, 2012, p. 52) é essencial que haja uma ampla e profunda descrição do objeto

analisado, para que seja possível seu maior entendimento. O ambiente da pesquisa foi realizado

na disciplina de Empreendedorismo do curso de Administração da Faculdade de Ciências

Sociais de Petrolina/PE (FACAPE), que é uma Autarquia municipal, denominada Autarquia

Educacional do Vale do São Francisco. Atualmente a instituição tem oito cursos de graduação e

três cursos de pós-graduação.

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Para execução do estudo de caso foi utilizada a amostra aleatória simples, segundo Bruni

(2011, p. 166) a aplicação da mesma consiste em um sorteio aleatório da amostra, na qual todos

tem a mesma probabilidade de serem escolhidos. A fórmula da Figura 04 foi utilizada para

calcular o tamanho da amostra. O universo da avaliação é composto por 51 alunos da disciplina

de Empreendedorismo do 6º período noturno do curso de Administração, a amostra da pesquisa

foram 34 alunos selecionados através do software R 3.3.0. Entretanto foram sorteados 45 alunos,

no caso de alguns alunos sorteados faltassem ou não quisesse participar da pesquisa.

Figura 04. Fórmula para determinação da amostra com base na estimativa da proporção populacional.

O instrumento utilizado para coleta de dados foi um questionário do manual do

empreendedor do SEBRAE (2011), formulado por Mcclelland, que tem como objetivo

identificar características do comportamento empreendedor nos entrevistados, através de 30

perguntas, em que está subdividido em 3 conjuntos, são eles: Realização, Planejamento e Poder.

Foi utilizada no questionário a escala de Likert, possibilitando um resultado mais preciso em

relação aos comportamentos praticados pelos entrevistados.

A análise teve uma abordagem mista, com dados qualitativos e quantitativos. A técnica

qualitativa permite ao autor da pesquisa coletar dados através de entrevistas ou observações, em

fontes primarias ou secundarias. O método quantitativo possui elementos que podem ser

utilizados para incrementar a análise qualitativa, como dados de gênero e faixa etária

(BERTUCCI, 2012, p. 53).

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Foi observado na análise de dados que a quantidade de homens participantes na pesquisa

foi maior que o de mulheres. O universo é composto por 51 alunos, destes 26 homens e 25

mulheres, já na amostra participaram 19 homens e 15 mulheres, com idade media de 23,5 anos

tanto para homens como para mulheres. Para o sexo masculino o desvio padrão de idade é 2,89 e

para mulheres 2,97, como pode ser visto na Figura 05.

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Figura 05. Média e desvio padrão das idades dos participantes.

A pesquisa ainda procurou identificar a ocupação da amostra. Dos 34 participantes, 5 são

empresários, 4 estagiários, 9 funcionários sem cargo de gestão, 4 gestores em níveis

operacionais, 2 gestores em níveis táticos e 10 que estudam. Segue abaixo a Figura 06 com a

quantidade de pessoas por cargos.

Figura 06. Ocupação dos participantes.

Para análise dos resultados foi adotada a mediana das respostas, o questionário foi

subdividido em 3 conjuntos, são eles: Realização, Planejamento e Poder. No conjunto de

Realização são as características em que o profissional tende há tomar iniciativa, além de buscar

por inovações no ambiente de trabalho almejando uma melhoria nos resultados (SEBRAE,

2015, p. 138). Neste quesito a amostra obteve a mediana de 57 pontos de um total de 75.

O conjunto de comportamentos que fazem parte de Planejamento, o profissional pratica

atitudes que tem como finalidade alcançar os objetivos, buscando adquirir conhecimentos

constantemente para cumpri-los e realizando as atividades de maneira programada (SEBRAE,

2015, p. 138). A mediana da amostra é de 35 pontos de 45 totais.

23,5

2,97

23,5

2,89

MEDIA (IDADE)

DESVIO PADRÃO

MASCULINO FEMININO

0

2

4

6

8

10

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49 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X

Conjunto de Poder são as capacidades de acreditar em si mesmo e conseguir influenciar

e utilizar da sua rede de contatos para atingir objetivos (SEBRAE, 2015, p. 138). A amostra teve

como mediana 23 pontos dos 30 pontos totais.

Foram avaliadas as características dos conjuntos separadamente e seus resultados. Os

comportamentos que expressão o conjunto de Realização foram: Busca de oportunidade e

iniciativa que teve 10 pontos; Persistência 11; Comprometimento 12; Exigência de qualidade e

eficiência 13 e por último correr riscos que obteve 11 pontos. Esses resultados mostram que os

participantes obtiveram um número alto de pontos nas características desse conjunto, entretanto

houve uma pontuação maior na característica de exigência de qualidade e eficiência.

Comportamento muito importante, pois o empreendedor que possuir essa característica vai se

preocupar em sempre melhorar seu empreendimento ou seu produto de forma eficiente, além de

se preocupar com a qualidade do mesmo. Como se pode ver na Figura 07.

Figura 07. Características do conjunto de realização.

Já os comportamentos que expressam Planejamento foram: Estabelecimento de metas

que obteve 11 pontos; Busca de informação 12 e Planejamento e monitoramento sistemático um

total de 11 pontos. Observa-se que nesse conjunto o comportamento de buscar informações se

destaca em relação aos outros. Algo relevante, já que com esse comportamento o empreendedor

busca as informações necessárias para melhorar seu negócio, assim procurando essas

informações com clientes, fornecedores, concorrentes ou um conhecedor sobre o assunto

necessitado. Como pode ser visto na Figura 08.

0

5

10

15

Busca deoportunidade

e iniciativa

Persistência

Comprometimento

Exigência deQualidade e

Eficiência

Correr RiscosCalculados

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Figura 08. Características do conjunto de planejamento

Na Figura 09 os comportamentos classificados como conjunto de Poder são Persuasão e

rede de contatos que obtiveram 12 pontos e Independência e autoconfiança 11 pontos. É

perceptível que há uma maior facilidade em convencer as pessoas a realizar alguma tarefa, e em

expandir sua rede de contatos. Os participantes também tiveram uma alta pontuação em

independência e autoconfiança, questão importante, pois com essa característica o

empreendedor confia em si mesmo, assim ajudando a enfrentar os desafios.

Figura 09. Características do conjunto de poder.

Na Figura 10 pode-se observar os 3 conjuntos, de forma geral foi possível correlacionar

os conjuntos de realização, planejamento e poder. Pode-se constatar que os participantes da

pesquisa possuem a característica da exigência de qualidade e eficiência, busca por informações

e persuasão e rede de contatos, como as características de pontuações mais altas de cada

conjunto.

É interessante destacar que algumas características possuem íntima relação, tornando-se

insuficiente individualmente. As características estão interligadas, assim, para garantir o

desempenho efetivo das competências, pois uma auxilia a outra.

10,5

11

11,5

12Estabelecimento de Metas

Busca de InformaçãoPlanejamento e

Monitoramento Sistemático

10

11

12

Persuasão e Rede deContatos

Independencia eAutoconfiança

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Figura 10. Conjuntos das características do comportamento empreendedor.

Segundo Oliveira (2005 apud RODRIGUES; MELO; LOPES, 2014) uma instituição de

ensino que oferece diversas práticas e dinâmicas sobre o empreendedorismo faz com que os

alunos descubram e aprimorem cada vez mais suas características empreendedoras.

Além de que Castro (2011) afirma que os empreendedores que possuem ou desenvolvem

as características do comportamento empreendedor, conseguem obter mais sucesso e as

organizações que são lideradas por estes empreendedores, tem maior longevidade e melhores

resultados financeiros.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa teve como objetivo a avaliação das características nos alunos da

disciplina de empreendedorismo da FACAPE, em que foi possível observar que os mesmos

possuem características do comportamento empreendedor, entretanto, deve-se desenvolvê-las de

forma contínua. Com os resultados pode-se afirmar que os alunos aplicam no dia a dia, as

características do comportamento empreendedor (CCE‘s), e que o curso de Administração na

instituição, apresenta em seu cronograma disciplinas que ao longo do curso, possibilita aos

estudantes desenvolverem habilidades essenciais para a função do administrador.

Os resultados da pesquisa indicam que os entrevistados possuem as Características do

Comportamento Empreendedor, este fato pode ter ocorrido devido à idade media ser superior

aos 23 anos de idade e grande maioria dos entrevistados já estarem no mercado de trabalho,

sendo que 24 alunos possuem experiência no mercado e apenas 10 alunos, não. Os que possuem

experiência são empresários, funcionários com cargo de gestão, gestores em níveis operacionais,

gestores de níveis táticos, estagiários e funcionários sem cargos de gestão, que por vezes já

possuem ou desenvolveram mais as características estudadas. Assim os entrevistados que atuam

no mercado de trabalho influenciaram positivamente a mediana dos resultados.

0102030405060

ConjuntoRealização

ConjuntoPlanejamento

Conjunto Poder

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52 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X

Concluímos que estes entrevistados terão mais chances de serem empreendedores ou

administradores de sucesso, por praticarem as CCE‘s. Na pesquisa foram citados autores que

indicam a importância destas ações. Além de que na conjuntura atual da economia em crise, as

empresas estão procurando cada vez mais profissionais capazes de promover inovações,

aumentar as vendas, produtividade e focar nos resultados.

Para o empreendedor é essencial que se tenha estratégias para atingir objetivos,

estabelecer relações com profissionais de outras empresas e outros segmentos, por causa do

ambiente de negócios ser mutável e dinâmico integrando várias empresas e pessoas. Não

somente os empreendedores devem ter estas práticas, os administradores dentro das empresas

que já atuantes no mercado podem inovar com novas práticas e ou serviços, desta forma

melhorando resultados e assim conseguindo ascender em suas carreiras. Como já foi dito

também na pesquisa, os administradores estão em empresas do governo e terceiro setor,

inovando projetos e executando com eficiência para administrar os recursos.

A pesquisa teve como limitações o tamanho do universo, que foi composto somente por

uma disciplina do período noturno. Não foram entrevistados demais alunos que já concluíram

esta disciplina, alguns ainda estão concluindo o curso matriculado nos períodos posteriores.

Estes alunos poderiam ser entrevistados para enriquecer os resultados, ampliando o tamanho da

população e consequentemente a amostra. Além de que na pesquisa foi o utilizado apenas o

questionário de David McClelland para coleta de dados, poderia ter sido utilizado mais

instrumentos.

É sugerido que pesquisas futuras ampliem o universo em todo o curso de administração,

entre alunos que já fizeram a disciplina e outros não, desde o primeiro período até o ultimo.

Desta forma pode se ainda monitorar os alunos no período de ingresso no curso e após sua

conclusão, comparando os resultados e percebendo o desenvolvimento dos comportamentos

citados na pesquisa. A faculdade teria como mensurar o desenvolvimento de seus alunos e

analisar que medidas podem ser tomadas para melhorar cada vez mais o curso.

Além de que é necessário que a instituição adote novos meios para ajudar os alunos a

aperfeiçoarem suas características empreendedoras, pois somente a teoria não seria o suficiente.

Uma sugestão para por atividades práticas, por exemplo, a adoção de jogos e dinâmicas que

façam com que os estudantes tenham que desenvolver as competências. A faculdade poderia

criar uma integração entre os cursos, onde o aluno de administração criaria uma empresa fictícia

e com auxilio de alunos de outros cursos, como ajudam de alunos estudantes de contabilidade,

ciências da computação, comercio exterior entre outros. Assim o aluno poderia desenvolver

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características do comportamento empreendedor, como planejamento, rede de contatos, busca de

informações, além de esta preparando o aluno para o mercado de trabalho.

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54 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X

A LOGÍSTICA DA DISTRIBUIÇÃO FÍSICA NO AGRONEGÓCIO DA UVA E DA

MANGA NO VALE DO SÃO FRANCISCO

Carlito de Souza Bitencourt Junior

1

Hesler Piedade Caffé Filho2

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo analisar a logística da distribuição física da uva e da

manga no agronegócio do Vale do São Francisco com relação às infraestruturas utilizadas pelas

empresas exportadoras a fim de evidenciar as possíveis vantagens competitivas, considerando a

hipótese de que a melhoria dos modais utilizados deva reduzir os custos de transporte das

fazendas até o consumidor final. Para tal, foram feitas entrevistas presenciais com empresas

classificadas entre os principais exportadores da região, de ambas as frutas, com o objetivo de

entender o processo de exportação na região, os fatores importantes que definem a escolha do

modal, assim como a movimentação e particularidades do mercado doméstico e internacional

das frutas em questão. Foram realizadas análises exploratórias de dados referentes à utilização

dos portos, do aeroporto de Petrolina-PE e períodos de janela de mercado.

Palavras-chave: Distribuição física, Modais, Vale do São Francisco, Janelas de mercado,

Viticultura e Mangicultura.

ABSTRACT

The present work aims to analyze the logistics of the physical distribution of grape and mango

in the agribusiness of the Valley of São Francisco in relation to the infrastructures used by the

exporting companies in order to show the possible competitive advantages considering the

hypothesis that the improvement of modalities should reduce transport costs from farms to the

final consumer. To this end, face-to-face interviews were conducted with companies classified

among the region's main exporters of both fruits, in order to understand the export process in the

region, the important factors that define the modal choice, as well as the movement and

particularities of the domestic and international market for the fruit in question. Exploratory

analyzes of data regarding the use of ports, the Petrolina-PE airport and market window periods

were carried out.

KEY WORDS: Physical distribution, Mode, São Francisco Valley, Market windows,

Viticulture and Mangiculture.

INTRODUÇÃO

O objetivo dessa pesquisa é estudar o funcionamento da logística de distribuição no setor

da viticultura e mangicultura do submédio do Vale do São Francisco a partir dos principais

modais de transportes utilizados na exportação dos produtos, tanto para o mercado interno

quanto para o externo. Nesse cenário, será possível verificar como funciona o processo de

1 Pós graduando em MBA de Gestão Empresarial e Marketing pela Faculdade São Francisco de Juazeiro

(FASJ). E-mail [email protected] 2 Mestre em Gestão de Políticas Públicas – UFRB – Universidade do Recôncavo Baiano. Administrador

na UNIVASF – Universidade Federal do Vale do São Francisco. Professor do Colegiado de Administração na Faculdade São Francisco de Juazeiro (FASJ). E-mail: [email protected]

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exportação da manga e da uva produzidas no Vale, os impactos causados pelos gastos

decorrentes do custo com o transporte das frutas. Diante desse contexto, a análise dos diversos

modais logísticos de distribuição dessas frutas e das respectivas infraestruturas utilizadas

justifica-se pela importância que o transporte representa para o custo logístico e o quanto ele

impacta no mercado competitivo.

Conforme Cointeiro (2010), a produção de uva e manga no Vale do São Francisco

representam quase 100% das exportações brasileiras a nível nacional e internacional. De acordo

com a Associação dos Exportadores de Hortigranjeiros do Vale do São Francisco -

VALEXPORT (2016), o Vale do São Francisco está no ranking de terceiro maior produtor de

frutas do mundo. São produzidos em média de 43,8 milhões de toneladas de frutas por ano,

ultrapassando o consumo mundial de frutas frescas que é da ordem de 42 milhões de toneladas;

movimenta em torno de US$ 28 bilhões na comercialização de frutas anualmente; a participação

nacional nesse comércio totalizam US$ 642,7 milhões (2,3%), deste total o Submédio do São

Francisco-SMSF- participa com 39,1%, exportando principalmente uva e manga, sendo

responsável por um total de US$ 251,5 milhões. 80% da uva e 65% da manga exportadas vão

para a União Europeia; 15% da uva e 30% da manga são destinados para os Estados Unidos e

5% de manga e uva são transportados para o Canadá, países da Ásia, da América do Sul e

Oriente Médio. Segundo a (ABRAFRUTAS 2015), atualmente o Vale do São Francisco é o

principal polo frutícola do Brasil.

O Vale do São Francisco detém 85% das exportações de manga e uvas finas de mesa do

país, que são as principais commodities (produtos de baixo valor agregado que não sofrem

processos de alteração) do agronegócio de frutas frescas da região. Vale salientar que, em 2011,

as exportações brasileiras de manga atingiram valores de 126 mil toneladas e US$ 141 milhões

e, em 2012 esses números elevaram-se para 127 mil toneladas, o equivalente a US$ 237,6

milhões. Segundo o Secex/Datafruta-Ibraf (2011), as exportações de uvas de mesa indicam que,

em mais de dez anos, o VSF exportou mais de 95% de todas essas frutas que saíram do país,

entre os anos de 2007 a 2010 chegou a atingir 99% do total das exportações. Os principais

mercados importadores dessas frutas produzidas no Vale do São Francisco são a União Europeia

com 80% e os EUA com 15% (ABRAFRUTAS 2015).

A pesquisa compôs-se por analisar a distribuição física do agronegócio da uva e da

manga no Vale do São Francisco com relação às infraestruturas utilizadas em sua distribuição

logística. A partir dessa análise, a realização deste estudo se justifica pela importância do setor

da viticultura e mangicultura para o agronegócio do Vale do São Francisco e para sua economia,

do funcionamento da distribuição logística dessas fruticulturas que desenvolvidos devem

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contribuir para a análise do processo logístico na região, com aspectos voltados para a qualidade

na distribuição física com maior competitividade no processo de exportação dos produtos.

O Vale do São Francisco é o maior exportador da fruta, e corresponde a 20% da colheita

nacional (MUNDO HUSQVARNA, 2015). Segundo o IBGE (2008) Petrolina - PE e Juazeiro –

BA estão entre os principais municípios brasileiros produtores de frutas e lideram nas suas

respectivas produções e participações conforme mostrada na tabela abaixo.

Principais municípios produtores de frutas, Brasil - 2006.

Fonte: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Pesquisa, 2008).

À proporção em que as cadeias de suprimento tornam-se mais complexas, as empresas

precisam priorizar o planejamento logístico para torna-las mais competitivas por meio do

fornecimento de mercadorias e serviços com qualidade e preços promocionais, visando

estimular a demanda. Estes autores consideram os canais de distribuição como um sistema pela

relação de interdependência entre os agentes que o compõem. Ou seja, os componentes do canal

mantêm inter-relações de forma interdependente com o objetivo de produzir um resultado

específico.

Este projeto de pesquisa objetivou-se responder se no Vale do São Francisco existe

alguma vantagem competitiva em relação à distribuição logística no negócio de uva e manga, e

se existir, de que forma ele se configura em seus diversos modais de transportes, redução de

custos e movimentação de informações.

O método utilizado no estudo foi organizado através de levantamento de dados primários

e secundários, e caracteriza-se como exploratório, pois visa realizar um paralelo entre a

distribuição física do agronegócio da uva e da manga no Vale do São Francisco com relação às

infraestruturas utilizadas em sua distribuição logística. Para tratar especificamente da

distribuição logística, buscou-se utilizar referências bibliográficas, artigos científicos e materiais

de estudo disponíveis na rede eletrônica. Segundo Ruiz (2006), a pesquisa de campo consiste na

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observação dos fatos tal como ocorrem espontaneamente, na coleta de dados e no registro de

variáveis presumivelmente relevantes de futuras análises.

O instrumento utilizado foram questionários aplicados em quatro empresas exportadoras

da uva e da manga que são produzidas na região. O público pesquisado foi a Cooperativa

Agrícola de Juazeiro (CAJ), a Associação dos Exportadores de Hortigranjeiros do Vale do São

Francisco (VALEXPORT), a Special Fruit, fica localizada no município de Juazeiro-BA e, a

Swetfruit, situada no município de Casa Nova-BA, as quais estão classificadas entre as

principais empresas exportadoras de uva e de manga no Vale do São Francisco, onde através dos

seus gestores foram repassados dados que puderam contribuir de maneira significativa para a

elaboração deste trabalho.

A pesquisa bibliográfica favorece no enriquecimento do entendimento de determinado

assunto, pois, induz o aprofundamento do conhecimento sobre o que está sendo pesquisado,

além de facilitar a identificação e seleção dos métodos e técnicas a serem utilizados pelo

pesquisador. Segundo Lima; Mioto (2007) a pesquisa bibliográfica é uma etapa fundamental

antes da elaboração de um estudo, artigo ou tese. Essa etapa não pode ser vista como aleatória,

por esse motivo ela implica em um conjunto ordenado de procedimentos de busca por soluções

atentas ao objeto de estudo.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A produção de uvas e manga pode obter ganhos significativos em competitividade

através da implantação de sistemas logísticos inovadores que garantam mais eficiência, visando

manter as exigências dos consumidores por produtos de melhor qualidade, menor custo e

entregas em tempo hábil e no lugar certo, além da grande oportunidade de ganhos em economias

de escala através da melhoria da eficiência no uso dos recursos.

Na busca de melhorias das operações de distribuição física da uva, podem-se utilizar

inúmeras aplicações, como meios de transportes mais rápidos a fim de garantir rapidez com as

encomendas, (OLIVEIRA, 2009). Assim, este trabalho tem a pretensão de analisar a distribuição

física da uva e da manga desde a cadeia de suprimentos, infraestrutura das rodovias e dos

demais modais e os custos dos transportes utilizados, para a movimentação dos produtos até ao

consumidor final, tanto na importação quanto na exportação, a partir de uma comparação de

rotas que interligam o Polo fruticultor aos principais portos marítimos da região nordeste do

Brasil que são Porto Suape, Porto de Pecém e Porto de Salvador.

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CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO

De acordo com Novaes (2004), os canais de distribuição constituem conjuntos de

organizações interdependentes envolvidas no processo de tornar o produto ou serviço disponível

para uso ou consumo. A escolha do canal de distribuição mais viável deve ser montada a partir

das decisões estratégicas capaz de colocar o produto no mercado, podendo significar um

diferencial altamente competitivo.

O gerenciamento dos Canais de Distribuição alinhado à estratégia central pode ser

responsável pela evolução do desempenho de uma cadeia. No caso das uvas de mesa a

qualidade, que é uma característica inerente a esses produtos, exige arranjo dos canais de

distribuição que permite sua comercialização da forma mais eficiente possível, o que pode,

muitas vezes, dificultar alguns produtores de atingir determinados mercados com maior grau de

complexidade na comercialização, como a exportação para mercados interna e externa.

MODALIDADES DE TRANSPORTE NA DISTRIBUIÇÃO DE PRODUTOS

O transporte é uma das principais funções logísticas, pois representa a maior parcela

dos custos logísticos na maioria das empresas. Com uma parcela significativa que chega em

média, cerca de 60% das despesas logísticas, o que em alguns casos pode significar duas ou três

vezes o lucro de uma companhia. Segundo Novaes (2007), a melhor opção de modalidades de

transportes que o embarcador deve escolher ―será aquela que corresponder ao menor custo total

de transporte de porta a porta, no entanto, os limites mínimo e máximo de tempo (janelas de

tempo)‖. Segundo a Associação dos Exportadores de Hortigranjeiros do Vale do São Francisco -

VALEXPORT (2016), em média 80% das frutas produzidas no Vale do São Francisco para

exportação saem pelo Porto de Pecém-Ceará, pelo porto de Salvador saem 10% e o restante por

transporte aéreo. O Porto de Suape deixou de ser plataforma de embarque de frutas por cobrar

tarifas mais altas e não competitivas, deixando espaço para o Porto de Pecém que faz o

transporte da mercadoria com um valor de custo que chega a ser 40% mais barato.

Os principais modais de transportes utilizados são rodoviários, ferroviários, aeroviários,

hidroviários (fluviais e aquaviário) e os dutoviários. A escolha de cada modal é definida de

acordo com a necessidade específica sobre o produto a ser distribuído, o tempo de distribuição e

os custos fixos.

Transporte Rodoviário

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59 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X

Este tipo de modal é utilizado no Brasil em dois métodos: o método de lotação completa

e, de carga fracionada. O primeiro é utilizado quando o veículo e totalmente carregado com um

lote de despacho. Para o segundo, a capacidade de carga do veículo é compartilhada com mais

de um embarcador. Por isso, muitas empresas desenvolveram terminais intermediários de

transportes em locais estratégicos, visando facilitar a distribuição dos produtos pertencentes aos

seus lotes.

Para Novaes (2007), a utilização de tantas operações intermediárias tende a aumentar

tanto o tempo de viagem porta a porta como o custo de transporte. Por isso se faz necessário

planejar a viabilidade econômica das rotas de distribuição dos produtos. A lotação completa

predomina na escolha do centro distribuidor, por ser mais vantajoso quanto aos ganhos nos

custos, os quais são:

(a) o veículo é em geral maior, com custo mais baixo por unidade transportada;

(b) por ser mais homogênea, a carga é melhor arrumada dentro do caminhão,

com melhor aproveitamento do espaço, reduzindo assim o custo unitário; (c)

eliminam-se inúmeras operações intermediárias descritas anteriormente, com

expressiva redução dos custos de movimentação da carga (Novaes, 2007, p.

245).

Muitas empresas brasileiras vêm buscando eficiência em suas operações. Com isso,

investem na Logística, e mais especificamente no setor de transportes, que se torna uma forma

de obter diferencial competitivo. Segundo (RODRIGUES, 2007), estudos nacionais e

internacionais comprovaram matematicamente que, em distâncias superiores a um raio máximo

de 300 km, o transporte rodoviário torna-se antieconômico, pelo elevado custo com

combustíveis. Em busca da tal eficiência as iniciativas são tomadas a partir do aprimoramento

nas atividades relacionadas ao transporte, com destaque nos investimentos realizados em

tecnologia da informação que visam fornecer às empresas melhor planejamento e controle da

operação, assim como a busca por soluções intermodais que possibilitem uma redução

significativa nos custos.

Ainda segundo a VALEXPORT (2016), o Brasil exporta 85% da manga que é produzida

no Vale do São Francisco, sendo que o mercado interno obtém uma participação de 78% no

consumo da fruta, os outros 22% seguem para ser comercializada no exterior, nos respectivos

países: Europa, Estados Unidos e Ásia. Com uma maior participação de mercado a Europa com

70% da exportação, seguido dos Estados Unidos com 25%.

Transporte ferroviário

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60 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X

O transporte ferroviário, quando comparado com o rodoviário, é mais eficiente

considerando os custos operacionais por possuir maior capacidade de carga de produtos a granel

(NOVAES, 2007). Entretanto, o alto custo das ferrovias acaba por onerar os custos fixos com

fretes, tornando esse tipo de modal menos competitivo. Para tornar essa modalidade mais

eficiente as empresas estão apostando em parcerias.

Formação de parcerias: essa está sendo a principal estratégia de ferrovias para

ganhar competitividade no transporte de cargas – passando a carregar produtos

de maior valor agregado – e recuperar a malha ferroviária brasileira. Grandes

empresas usuárias desse sistema, empresas como Basf, Caramuru e Votorantim

estão apostando na construção de ramais e compra de vagões e locomotivas

para escoar sua produção (LOG&MAN; Nov. 2002, p.52).

É necessário construir terminais de carga e descarga mais eficientes com capacidade de

transportar produtos a granel. De acordo com Ballou (1993), há duas formas de serviço

ferroviário, que são o transportador regular e o privado. Evidencia-se que o transportador regular

presta serviços para qualquer tipo de usuário, sendo regulamentado em termos econômicos e de

segurança por política governamental. Já o transportador privado diz respeito a um usuário

particular, que o emprega com exclusividade.

Transportes aquaviário

O transporte aquaviário é desenvolvido através da água podendo ser marítimo, fluvial,

lacustre, por cabotagem - transporte dentro do país, entre portos locais da costa marítima - e de

longo curso, que se dá nos transportes entre diferentes países e continentes. Vieira (2002),

afirma que o transporte marítimo movimenta três tipos de cargas: Granéis líquidos, que seriam o

petróleo, produtos petrolíferos e gases líquidos; Granéis sólidos, que seria o mineral de ferro,

carvão, grãos, bauxita, açúcar e outros; Carga Geral, que seria os produtos alimentícios, bebidas,

cafés, máquinas têxteis, papeis e outros. Este tipo de modal apresenta como vantagens a

capacidade de transportar mercadorias em grandes distâncias e volumes elevados e com baixo

valor agregado, porém, suas vantagens são limitadas, pois depende de vias apropriadas, exige

documentações com maior complexidade no seu gerenciamento e percorre a um longo tempo de

trânsito.

Segundo Novaes (2007), atualmente existem navios que são construídos exclusivamente

para a estivagem de produtos específicos, como por exemplo, o transporte de bobinas de papel,

automóveis, etc., denominados de roll-on e roll-off. Neste tipo de transporte, a rampa pode ser

disposta na proa, na popa ou no acostado. Por isso, ele pode atracar tanto ao longo do cais

quanto perpendicularmente, quando é possível ter acesso pela proa e pela popa. De acordo com

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Magalhães (2010), a carga é transportada nos vários decks e o acesso entre os decks é, em geral,

realizado através de rampas ou elevadores internos. Em alguns casos, é possível ter conexões de

cada nível separado dos decks ou conveses diretamente para o cais.

Transporte Aéreo

Este modal tem como característica mais relevante a rapidez, principalmente em

percursos mais distantes e como consequência apresenta um custo mais elevado em relação aos

demais modais, além de menor capacidade de cargas. Devido a rapidez deste transporte, não é

extremamente necessário utilizar embalagens mais reforçadas, pois o manuseio é mais

cuidadoso. Segundo Alvarenga (2000), apesar do elevado custo dessa modalidade, o transporte

de produtos perecíveis tornam-se vantajosos quando há a necessidade de entregar as cargas para

longas distâncias em curto prazo.

Ainda de acordo com Alvarenga (2000), apesar dos fretes elevados, o transporte aéreo é

a melhor opção quando é levado em conta os custos de estoques e as restrições de

comercialização de produtos específicos de alto valor. Além de reduzir os riscos envolvidos no

transporte terrestre, como por exemplo, roubos, extravios e danos à carga.

Transporte por dutos

Possui uma capacidade limitada de serviços de transporte, pois a utilização é de

predominância para a movimentação de produtos líquidos e pode ser dividido em oleodutos,

gasodutos, minerodutos e aquedutos ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres).

Algumas características são atribuídas ao transporte dutoviário como, agilidade, segurança,

baixa flexibilidade e capacidade de fluxo. Este modal pode transportar o produto de forma

ininterrupta garantindo uma alta capacidade do fluxo e causando variabilidade no tempo de

entrega que o torna mais efetivo do que os outros modais. Tem alta flexibilidade nos serviços

integrados dos multimodais.

Segundo Bowersox; Closs; Cooper (2007), os dutos tem uma particularidade em relação

aos outros modais que é o funcionamento 24 horas por dia, 7 dias da semana, e só são limitados

por operações de troca de mercadorias e manutenção. Castiglioni (2012) conceitua o transporte

dutoviário como ―aquele que utiliza a força da gravidade ou pressão mecânica por meio de dutos

para o transporte de graneis‖. Rodrigues (2007), define o transporte dutoviário como ―transporte

de graneis, por gravidade ou pressão mecânica, através de dutos adequadamente projetados á

finalidade a que se destinam‖.

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CUSTOS LOGÍSTICOS

De acordo com estudos apresentados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária -

EMBRAPA (2003), a região Nordeste possui alguns fatores como clima, solo, localização,

disponibilidade de água para irrigação e custo da mão-de-obra, que oferecem à região, vantagens

competitivas para a fruticultura em relação às demais do país garantindo assim a sua liderança

na produção e exportação de frutas tropicais. A localização favorecida reduz o tempo e o custo

do transporte para países europeus, um dos fatores de competitividade de grande importância

dentro da logística, principalmente quando se trata de produtos altamente perecíveis que é o caso

da uva e da manga produzidas na região. Apesar de grandes vantagens competitivas ainda há

grandes dificuldades no escoamento da produção da uva e da manga devido a deficiência na

infraestrutura das estradas, portos, aeroportos, transporte, processamento e armazenamento que

acaba elevando os custos.

Se tratando do transporte de frutas, como manga e uva, além do tempo de carga e

descarga, a capacidade de acondicionamento impacta diretamente no custo do transporte, uma

vez que, para garantir a qualidade do produto é preciso que todo processo de deslocamento seja

feito com o uso de contêineres refrigerados que consequentemente aumenta o valor do frete

contratado. Os modais de transporte referem-se às várias maneiras de como é realizada à

transação e distribuição dos produtos, tornando-se uma das atividades mais importantes pelo

simples fato de absorver em média, de um a dois terços dos custos logísticos.

O transporte normalmente representa o elemento mais importante em termos de

custos logísticos para inúmeras empresas. A movimentação de cargas absorve

de um a dois terços dos custos logísticos totais. Por isso, o operador logístico

precisa ser um grande conhecedor da questão dos transportes (BALLOU 2006,

p. 149).

Na busca de melhorias das operações de distribuição física da uva, podem-se utilizar

inúmeras aplicações, como meios de transportes mais rápidos a fim de garantir rapidez com as

encomendas, assim como instalar um depósito intermediário mais próximo do consumidor,

porém atrelados a uma infraestrutura eficiente de corredores, embalagens e conceituados

produtos (OLIVEIRA et al., 2009).

DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS.

O polo fruticultor da manga e da uva localizado no Nordeste brasileiro, denominado

Submédio Vale do São Francisco, abrange os municípios do Estado da Bahia como, Juazeiro,

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Curaçá, Sento- Sé, Sobradinho e Casa Nova, no Estado de Pernambuco, as cidades de Petrolina,

Lagoa Grande, Santa Maria da Boa Vista e Orocó. Segundo dados levantados pelo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE (2009 apud MARKESTRAT, 2009, p. 134), a área

ocupada com as principais culturas frutíferas na região é de aproximadamente 47.619 ha. Maior

parte desta área está ocupada com as culturas da manga e da uva, o Estado da Bahia com uma

área de 22.327 hectares e Pernambuco com uma área de 9.107 hectares, representando em média

66% de participação da área de fruticultura.

De acordo com estudos levantados pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do

São Francisco e do Parnaíba – CODEVASF (1999), a manga é uma das culturas predominantes

no Vale do São Francisco, com cerca de 22 mil hectares plantados, onde chega a ser maior

produtora brasileira tanto para importação quanto para exportação . Sendo que, no Estado da

Bahia encontram-se 62,8% da produção, Pernambuco com 25,7% e Minas Gerais com apenas

10%. As regiões de Petrolina e Juazeiro obtém uma vantagem competitiva por apresentar a

maior densidade de plantio de manga, com cerca de 12,5 mil hectares e representa 57,3% dos

plantios de manga existentes em toda a região do Vale do São Francisco.

No Vale do São Francisco, encontram-se vários projetos de irrigação com plantios de

frutíferas adequadas a região, em destaque a viticultura e mangicultura, que são produzidas

desde os pequenos produtores à empreendimentos de grande porte, totalizando milhares de

hectares nos estados da Bahia e Pernambuco. O Polo de Petrolina e Juazeiro é visto como

maior centro produtor internacional de uvas finas de mesa, contribuindo com 95% das

exportações brasileiras. Contribuem também com 92% das vendas externas de manga, cerca de

quase 105 mil toneladas.

A mangicultura na região do Submédio São Francisco se destaca no cenário nacional,

pela expansão da área cultivada, do volume e qualidade de produção e pela rentabilidade

alcançada. Visando atender as exigências de consumo do mercado mundial de suprimento de

frutas frescas e selecionadas, a região produz atualmente a manga de acordo com as normas de

controle de segurança dentro dos padrões exigidos pelos órgãos responsáveis pela importação e

exportação.

A pesquisa de campo foi realizada através de coleta de dados primários, por meio de e-

mails eletrônicos, destinados às empresas Cooperativa Agrícola de Juazeiro (CAJ), a

VALEXPORT, a Special Fruit e a Swetfruit, as quais estão classificadas entre as principais

empresas exportadoras de uva e de manga no Vale do São Francisco. Buscou-se conhecer os

principais modais de transportes utilizados para efetuar a distribuição física dos produtos até ao

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consumidor final. Para o mercado nacional é utilizado transporte rodoviário, que atende os

consumidores e, para o mercado externo, são adotados os modais marítimo e aéreo.

O processo de definição dos canais de distribuição física é estabelecido de acordo com o

perfil de cada empresa; e se dá a partir das negociações de mercado, tempo de chegada,

capacidade logística, Transit Time (é o tempo que se leva para concluir o processo de entrega de

um produto.), níveis de exigência aduaneira/ fitossanitária e custo. A CAJ, por exemplo,

trabalha apenas com os grandes armadores para fins de exportação e o grande diferencial para

definição acaba sendo o valor do frete, e quantos dias cada armador lhe disponibiliza em

monitoramento e frio no pátio do porto até o momento de embarque. Geralmente isso gira em

torno de 2 a 3 dias corridos. Como a carga é frigorificada, esse é um detalhe sensível ao

processo, pois se o contêiner precisar esperar muito, a contratante arca com alto custo cobrado

pelo porto por seu espaço.

Os principais critérios de decisão utilizados para escolha dos modais são baseados no

custo, na vida útil do produto, qualidade do serviço no que tange pontualidade, manutenção de

temperatura e agilidade na liberação origem e destino. Visando atender o mercado externo,

principalmente a Europa e Estados Unidos, o modal marítimo atende satisfatoriamente (15 dias

de transit time), além de ser mais barato que o modal aéreo, que por sua vez, é também usado

em larga escala aqui na região, sobretudo para empresas que exportam uva para o continente

asiático, ou que exportam manga – que é uma fruta que amadurece, mesmo depois de colhida,

fazendo com que o tempo de transporte seja um fator limitante, mesmo em distâncias

convencionais.

Para o monitoramento em tempo real das movimentações dos produtos, são utilizados

por algumas empresas, sistemas tecnológicos, como o sistema de rastreabilidade da fruta que

permite ao consumidor final, conhecer a origem específica daquele produto, e todos os dados

respectivos ao processo produtivo e logístico. Mas não monitora os passos da fruta em tempo

real; outras empresas utilizam um controle de temperatura monitorado, GPS, controle de

velocidade a fim de garantir a qualidade das frutas ao consumidor por meio do rastreamento

constante, monitoramento em tempo real geográfico, de temperatura, umidade e luminosidade

dos contêineres destinados à exportação.

Dentre as três principais atividades da logística: processamento de pedidos, estoque e

transporte, o transporte tem maior impacto em termos de custo para as empresas, pois é

responsável por cerca de 2/3 do custo da logística. Por isso, as empresas terceirizam o transporte

junto aos armadores, como por exemplo, a HamburgSüd sendo estabelecida em contrato a

responsabilidade das partes quanto à manutenção da qualidade do produto. Para a exportação, o

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impacto é significativo, tendo em vista que essa conta é arcada pela contratante, e o custo Brasil

é sempre demasiadamente elevado. Para o mercado nacional, apesar das empresas viabilizarem

o transporte, o custo é integralmente dos clientes, logo o impacto do transporte nos custos acaba

sendo reduzido.

Quanto ao nível do serviço para o cliente, tanto para o mercado nacional quanto para o

externo, é definido anteriormente com cada cliente. As empresas acreditam que esta decisão

tende a maximizar os resultados com o menor gasto de energia possível, para se tornarem

sempre mais competitivas, mais sólidas, mais rentáveis, perpetuando o negócio de forma

sustentável. O consumidor se dá conta da qualidade do produto a partir dos selos de

conformidade da qualidade, adquiridos através das certificações específicas de cada rede de

supermercados. Sendo assim, a entrega de um produto dentro das condições adequadas de

temperatura, umidade e a pontualidade são itens fundamentais no planejamento comercial do

cliente e esta confiabilidade agrega valor e fortalece a competitividade do produto e sua

permanência no mercado.

Para reduzir os custos com fretes, as empresas consolidam a utilização de armazéns em

pontos estratégicos a custos competitivos, o aproveitamento dos veículos com viagens

carregando frutas na ida, e no retorno trazendo insumos da produção, visando o controle do

consumo médio de combustível.

Para o mercado externo, onde esse custo é da empresa, busca-se barganhar com os

armadores sobre os custos diretos, já que há grande volume de frutas e isso é um diferencial

positivo ao seu favor no momento da negociação. Além disso, a organização opta por uma

logística ajustada entre programação de colheita em campo, entrega em câmara fria, solicitação

de contêineres e carregamento no navio. Quanto menos dias o contêiner passar no pátio do

porto, o custo será proporcionalmente menor. Por outro lado, a empresa precisará atender a

demanda do cliente que aguarda aquela fruta em data pré-agendada, então, quanto mais ajustada

todos esses pontos, maiores são as chances de conseguir carregar o contêiner no navio correto, a

um custo mais satisfatório possível.

O terminal de Logística de Carga (TECA) do aeroporto Senador Nilo Coelho em

Petrolina – PE, registrou, no primeiro semestre de 2017, 1.337 toneladas de mercadorias

exportadas – um crescimento de 16% em relação ao mesmo período de 2016, quando foram

contabilizadas 1.151 toneladas. Atualmente, o aeroporto de Petrolina conta com uma frequência

semanal da empresa Cargolux, que opera com um Boeing 747 – 400. O complexo logístico do

aeroporto de Petrolina tem mais de 3 mil m² de área edificada e conta com 6 câmaras de

armazenamento, 3 antecâmaras de resfriamento e 2 túneis de resfriamento, toda uma estrutura

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para atender ao setor de exportação, que tem o escoamento de frutas do Vale do São Francisco

como maior expoente da região.

A pista de pouso de decolagem do aeroporto é uma das maiores do país e a segunda

maior do Nordeste, com 3.250 metros de comprimento, e o aeroporto conta com um pátio de

aeronaves exclusivo para atender a demanda da área de logística de carga. A Infraero adotou um

novo posicionamento, estratégico e de mercado na área de logística de carga, buscando expandir

o portfólio de serviços e produtos e produtos de logística integrada oferecidos pela empresa e

ampliando a parceria com a iniciativa privada nos negócios. Os processos licitatórios de

diversos TECA‘s da empresa são um passo importante dessas novas diretrizes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os levantamentos de dados adquiridos através das empresas pesquisadas puderam

responder de maneira satisfatória, atingindo as expectativas que contribuíram para o

desenvolvimento da pesquisa. A partir do desenvolvimento da pesquisa de campo, pôde-se

observar que esta é uma ferramenta que influencia no aprofundamento dos conhecimentos, além

de mostrar uma visão mais ampla do objeto estudado, pois enfatiza de maneira concisa a

realidade das organizações, suas dificuldades e barreiras/gargalos, estratégias utilizadas, etc.

A elaboração do presente artigo demonstrou a importância do transporte dentro da

logística, que interligado com os demais processos contribui para realizar as atividades de

escoamento e a distribuição dos produtos. As empresas entrevistadas consideram, como fatores

importantes para aquisição de vantagens competitivas, na distribuição logística do Vale São

Francisco em relação às outras regiões do país, a proximidade dos mercados, de portos e

aeroportos; a região possui também alguns fatores como clima, solo, localização,

disponibilidade de água para irrigação e custo da mão-de-obra, fatores que contribuem para a

liderança na produção e exportação de frutas tropicais. A localização favorecida reduz o tempo e

o custo do transporte para países europeus, um dos fatores de competitividade de grande

importância dentro da logística, principalmente quando se trata de produtos altamente perecíveis

que é o caso da uva e da manga produzidas na região. No caso das exportações, o tempo de

transporte dos portos do Nordeste é crucial para o sucesso do processo, além dos custos mais em

conta em relação ao Sudeste, já que as distâncias são bem maiores, como Salvador, por

exemplo, que fica a cerca de 510 km da cidade de Juazeiro – um turno viajando, sendo que para

o Sudeste, esse turno significaria dias, e o custo aumentaria sensivelmente por conta disso, além

do fato de que se o escoamento fosse via Sudeste, todo o processo perderia em velocidade.

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Um dos principais entraves para o desenvolvimento da logística no Brasil está voltado às

enormes deficiências encontradas na infraestrutura de transporte, dificultando o acesso para o

escoamento do produto. Os métodos utilizados para minimizarem esses entraves são: o estudo

constante dos mercados, as janelas de mercado, o cronograma de produção, a aquisição de

equipamentos de refrigeração próprios (Genset), que possibilita coletas mais rápidas nos portos

e de veículos 09 eixos (bitrem), melhorando o tráfego de dia e adequando-se à legislação dos

motoristas sem perda de produtividade, o que faz reduzir os custos com combustível. As

empresas percebem também que as estruturas dos portos no Nordeste ainda são insuficientes às

demandas diárias. São pequenos e ocasionam enormes filas de navios para aproximação e

realização de carga e descarga. Além disso, a falta de infraestrutura encarece o processo

enormemente, e dificulta sua fluência. Uma empresa não conquista o mercado, seja nacional ou

internacional se não houver uma logística planejada desde a produção até o consumidor final,

por isso faz-se necessário investir nesta atividade que traz benefícios à geração de lucros para

qualquer organização, seja de pequeno ou grande porte.

O método utilizado para a pesquisa mostrou-se eficiente, pois foi possível captar o maior

número de informações com dados reais. A pesquisa de campo pôde contribuir de forma

relevante, com resultados significativos, pois foi possível verificar os métodos utilizados na

escolha dos modais por cada empresa no processo de exportação das frutas, ampliando o

entendimento de tomadas de decisões na escolha do modal. Verificou-se que a escolha certa do

tipo de transporte reduz custos que são transformados em benefícios para a empresa contratante.

Observou-se também que uma parcela significativa dos custos das empresas está associada ao

transporte, com isso deve-se fazer uma análise cautelosa no momento da escolha do modal para

que não haja despesas desnecessárias no fim da cadeia.

O vale do São Francisco vem se destacando entre as partes interessadas do agronegócio

da uva e da manga, fazendo-se necessário conhecer a distribuição física desenvolvida através

dos principais modais utilizados no transporte logístico na região. Nesse cenário, foi possível

verificar que no escoamento da manga e da uva de mesa produzidas na região, os gastos

decorrentes com o transporte acabam por onerar bastante o custo das frutas, tanto na distribuição

para o mercado internacional quanto para o doméstico. Diante desse contexto, a análise dos

diversos modais logísticos de distribuição dessas frutas e das respectivas infraestruturas

utilizadas justifica-se pela importância que o transporte representa para o custo logístico e o

quanto ele impacta no mercado competitivo. Verificou-se que na distribuição para as demais

regiões do Brasil, principalmente para o Sudeste, os produtos são comercializados pelos

atacadistas, que se distribui para os varejistas de todo o país, chegando até ao consumidor final.

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No caso das exportações, os pequenos produtores negociam sua produção através das

cooperativas que comercializam os produtos para os agentes, os quais negociam as frutas para as

redes varejistas internacionais. Já os médios e grandes produtores, negociam diretamente com as

redes varejistas internacionais.

As principais dificuldades encontradas durante todo o processo de distribuição da uva e

da manga para a exportação são as estruturas portuárias limitadas e burocráticas (várias horas

para entrega de contêineres cheios, e a retirada dos vazios em alguns portos do Nordeste), a

limitação de horários para trafegar (lei do motorista), as barreiras fitossanitárias, as estradas em

más condições de tráfego, o alto custo dos insumos, os custos elevados de todos os processos, a

disputa com os concorrentes e o câmbio; além das rotineiras greves portuárias de todos os anos,

que dificultam grande parte do processo de escoamento.

O sucesso das atividades produtivas pode está diretamente relacionado com uma série de

fatores, podendo-se salientar aspectos relacionados à comercialização e aos canais de

distribuição física. O desenvolvimento e manutenção de um adequado planejamento do canal de

distribuição podem significar uma vantagem competitiva expressiva a nível nacional e

internacional.

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A IMPORTÂNCIA DO BRANDING PARA A CONSOLIDAÇÃO DAS EMPRESAS NO

MERCADO

Fábio Feitosa da Silva

Curso MBA em Marketing e Vendas

Polo de Juazeiro, BA

RESUMO

Este artigo científico tem por objetivo mostrar através de pesquisa em livros, artigos e sites

especializados, a importância que o branding exerce na empresa, levantando pontos que geram a

necessidade da profissionalização do negócio e mostrar que o bom gerenciamento da marca cria

dividendos aos proprietários. É visto nos dias atuais, devido à velocidade das informações, a

necessidade de estar atento às mudanças de comportamento dos consumidores e a tendência

estratégica dos concorrentes para conquistar o mercado, já que o fluxo comercial se encontra no

limiar da escassez, qualquer falha pode ser crucial para o futuro da empresa. O branding possui

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ferramentas que sinaliza ao administrador ameaças que podem ser combatidas, falhas que devem

ser corrigidas e mostrar estimativas futuras da companhia. Por fim, apesar de toda dinâmica feita

em volta de uma marca, é crucial à atenção para a mesma, pois ela liga a empresa com o

ambiente externo e através do nível de dedicação, estará selando seu destino como companhia.

Palavras – chave: branding, conquistar, empresas, marca, mercado

INTRODUÇÃO

No mundo atual, onde o processo irreversível da globalização está cada vez mais

consolidado, o consumidor mais exigente e os recursos financeiros mais escassos, surge a

necessidade das empresas concentrarem suas energias ao bom relacionamento com o mercado

para garantir a continuidade da companhia. Assim, através da gestão de marcas, as empresas

encontram estratégias necessárias para a consolidação de seus projetos, gerando a necessidade

especialização profissional e uma atenção especial, pois é um dos principais ativos de uma

empresa.

Devido sua importância, o branding é um assunto que se torna cada vez mais necessário

às discussões seja nas grandes companhias ou universidades.

O QUE É BRANDING

Voltando-se aos primórdios da história da humanidade, percebe-se que o ser humano

sempre teve a prática de determinar o que é seu através de um símbolo identificatório ou marco

limitando um determinado território. Um dos livros mais antigos do mundo, a Bíblia Sagrada, já

referenciava estas práticas em seus manuscritos.

―[...] todos do sexo masculino entre vocês serão circuncidados na carne.

Terão que fazer essa marca, que será o símbolo da aliança entre Mim e vocês.

[...] Qualquer do sexo masculino que não for incircunciso será eliminado do

meio do seu povo [...]‖ (Gênesis 17.10-11 / 14).

Acompanhando o curso da história, em todas as épocas, a humanidade sempre sentiu a

necessidade de identificar suas conquistas ou posses, a exemplo do Marco do Descobrimento em

Porto Seguro ou a bandeira dos Estados Unidos na Lua.

O que vem ser branding? De acordo com Guimarães (2012, p. 5), a palavra, de origem

escandinava, dá sentido de marca, posse, propriedade. No âmbito mercantil, branding é a

dinâmica que as empresas trabalham em busca de conquista de mercado, buscando atender

necessidades, satisfações ou desejos de consumidores, mantendo assim um relacionamento

recíproco.

Quando se pensa em uma marca é gerado na mente do consumidor um conjunto de

atributos positivos ou negativos que identifica bem ou serviço, ajudando-o na definição em

adquiri-lo ou não.

Segundo Kotler (2012), uma marca forte precisa ser:

Memorável – uma propagada ou frase que fique na lembrança do consumidor. Quando

se diz ―1001 utilidades‖ já se associa a um produto.

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Facilmente reconhecida e lembrada – uma palavra ou logomarca que esteja

incrementada no cotidiano do público-alvo facilita ser recordada.

Significativa, descritiva e persuasiva – passar ao consumidor segurança, conforto e

clareza do produto.

Simpática, divertida e interessante – mascotes e garotos-propaganda que agradem ao

público.

Protegível, perante a lei e os concorrentes – sempre existem copiadores de grandes

ideias e há necessidade de salvaguardá-las através de patentes.

Adaptável, flexível e realizável – o mercado está em constante mudança. Gostos, crises

e quebra de paradigmas podem afetar o desempenho da empresa caso seja rígida em suas

dinâmicas.

Transferível – ter facilidade de lançar produtos em outra categoria e aceitação em

cultura diferente da original.

Com todos estes elementos uma marca consolidada pode gerar frutos para a companhia

como: (GOMES, 2004).

Preferência de seus produtos – quando o consumidor vai comprar algum produto, vem

à mente dele marcas que são conhecidas.

Maior valor no mercado – o cliente, na maioria dos casos, paga um pouco a mais por

produtos mais consolidados no mercado.

Fidelização da marca – devido ao envolvimento do cliente com a marca, elementos

como preço e concorrência tem pouca significância na decisão de compra.

Indicação do produto – devido sua satisfação, o cliente sugere e elogia os produtos

daquela marca para pessoas que estão em seu círculo de envolvimento.

Defensores da marca – o nível de envolvimento e satisfação do consumidor é tão

grande que ele zela pela marca. Há um sentimento de posse da marca.

Mas o branding não é apenas uma ferramenta empresarial que aborda o consumidor. Em

situações administrativas, o branding pode ser um fator que facilita no processo decisivo de uma

empresa como: (GOMES, 2004 p. 20).

Aquisições e fusões – em muitos casos a marca se torna um fator influenciador nas

negociações.

Respeito da concorrência – uma marca forte provoca aos concorrentes projetos e

estratégias mais complexas.

Atração de investimentos – por mostrar solidez no mercado, uma marca pode facilitar

entrada de capital.

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Penetração de Mercado – devido seu Know-how, a conquista de outros mercados ser

torna mais fácil.

Lançamento de um novo produto – devido sua credibilidade, a aceitação de um

produto que a empresa deseja lançar no mercado se torna maior.

Escolha dos melhores profissionais – pessoas mais capacitadas buscam empresas que

possui uma marca forte devido à estabilidade, melhor renda financeira e status.

POR QUE ADQUIRIR UM PRODUTO DE UMA MARCA?

Devido à proximidade da qualidade de seus similares, os fatores que podem incentivar o

consumidor a comprar não estão mais associados apenas ao bom produto ou serviço e sim um

conjunto de estratégias definidas pela gestão de marcas.

Neste caso, é importante entender a definição de marca. Para a American Marketing

Association é um ―nome, termo, signo, símbolo ou desenho – ou uma combinação desses

elementos – que deve identificar os bens e serviços de uma empresa ou grupo de empresas e

diferenciá-los dos da concorrência‖. (KOTLER, 2005, p. 235).

Quando se fala em marca, não apenas se associa a um símbolo, nome, ou sensação de

segurança, mas um conjunto de fatores que caracterizam aquela empresa e o que ela significa

para o cliente. Segundo Kotler (2005, p. 235) uma marca pode gerar para o consumidor seis

níveis de significado:

Atributos – Ligados às características da marca. Confiabilidade, durabilidade,

sofisticação, exclusividade.

Benefícios – Voltados às vantagens da marca. Custo-benefício, garantias, valor de

revenda.

Valores – O que simboliza aquela marca na sociedade. Status, popular, moderno,

conservador.

Cultura – Ligados à caracterização da origem do produto. Bem arquitetado, mal

desenvolvido.

Personalidade – Identifica o relacionamento da marca com o consumidor.

Exclusividade, popular, discreto, chamativo.

Usuário – Quem usará esta marca. Executivo, profissional liberal, operador.

BRAND EQUITY

Apesar do mundo dos negócios sempre ser competitivo, houve uma época que a marca

era apenas um símbolo e/ou nome que se associava a um produto ou serviço. Devido à

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profissionalização do negócio e o conhecimento do poder que a marca exerce ao influenciar o

consumidor em adquirir um produto, se tornou um ativo precioso para as empresas. Nos dias

atuais, devido à globalização, a competição está mais acirrada e ter uma marca que influencie na

decisão de compra do consumidor é fundamental para quem quer se consolidar no mercado.

O brand equity, de acordo com Aaker (1998) ―é conjunto de ativos e passivos ligados a

uma marca, seu nome e seu símbolo, que somam ou se subtraem do valor proporcionado por um

bem ou serviço para uma empresa e seus consumidores‖.

Todos os pontos a seguir os associam-se ao brand equity: (AAKER, 1998).

Qualidade percebida – Quando o consumidor associa a marca à qualidade impacta na

decisão em adquirir o produto.

Associações – Ligações voltadas à rotina do dia-a-dia do consumidor, mascote, sinônimo

de sofisticação.

Lealdade – os produtos ou serviços adquiridos com grande frequência pelos

consumidores, gerando estabilidade e previsão financeira.

Reconhecimento – ser destaque na praça gera segurança em adquirir o produto e

respeito dos concorrentes.

Outros ativos da marca – ligados aos sistemas logísticos da marca e patentes.

Sempre são publicados em revistas especializadas ou divulgados em sites voltados ao

mundo dos negócios, os valores em dinheiro de uma determinada marca. Então surge um

questionamento, como algo intangível pode representar uma grande fatia do ativo de uma

empresa?

Segundo Keller (2006) existem cinco aspectos para definir o valor do brand equity da

empresa:

Premium Price – devido aos atributos agregados à marca, pode-se gerar receita extra.

Esta análise pode ser feita através de pesquisa ante o consumidor, fluxos e saúde financeira.

Nome da marca e preferência do consumidor – em consequência à similaridade de

preços, bens e serviços, o estudo do impacto e o prestígio que a marca exerce no consumidor

torna-se uma trilha para a definição do valor. Este estudo busca compreender qual participação

do nome da marca relativo à lealdade do consumidor. Se o nome da marca deixasse de existir

por um determinado período, quais impactos negativos causariam no mercado?

Custos de substituição – é o confronto entre o nome da marca comparável e o negócio.

Movimento de preços das ações – é o calculo baseado circulação das ações da marca no

mercado.

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Brand equity com base em lucros futuros – criação de expectativa de lucros futuros

para ser descontados no valor presente agregando aos ativos do brand equity.

A tabela 1 mostra a publicação de Portugal (2013), na Revista Exame, sobre as marcas

mais valiosas do mundo de 2013 de acordo o ranking da BrandZ da consultoria Millward

Brown, uma das maiores organizações de pesquisa de mercado do mundo.

Tabela 1. As marcas mais valiosas do mundo em 2013

POSIÇÃO MARCA VALOR

em bilhões

SETOR CRESCIMENTO

US$

185,0

Informáti

ca

1%

US$

113,7

Informática

5%

US$

112,5

Informática

-3%

US$

90,3

Fast-food

-5%

US$

78,4

Bebidas

6%

US$ 75,5

Telecomunicaçõe

s

10%

US$ 69,8

Informática

-9%

US$ 69,4

Tabaco

-6%

FONTE: Ranking BrandZ / Millward Brown.

POSICIONAMENTO DE UMA MARCA

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É de suma importância que uma empresa de qualquer ramo se destaque no mercado com

um diferencial que crie um vínculo com o consumidor. Sendo assim, este diferencial gera na

mente do cliente um conjunto que qualidades e atributos que ligue a marca da empresa que

possam deixá-lo satisfeito e fiel.

O posicionamento de uma marca é para Arnold (2002) ―um processo pela qual a empresa

oferece a marca ao consumidor‖. Este conceito remete aos elementos que a empresa gerará para

ser percebida pelo consumidor.

Não existe mesma mercadoria ainda que sejam oferecidos os mesmos produtos. Segue o

exemplo:

A concessionária 1 trabalha com automóveis da marca Volkswagen, tem seu padrão de

abordagem ao cliente de forma cordial e negociações diretas.

A concessionária 2 também negocia com carros da Volkswagen, porém, tem seu modo

de abordagem diferente, além da forma cordial, o presenteia com brindes, as negociações são

esclarecedoras e quando fechado o negócio o cliente leva o carro com tanque cheio, seguro pago

e documentações em dia.

Percebe-se que apesar das duas empresas trabalharem com o mesmo bem, a forma de

como o expõe é diferente, uma aborda o cliente de forma simples, enquanto a outra agrega ao

produto qualidades que podem incentivar ao cliente levá-lo além criar uma percepção para a

sociedade que possui de um atendimento diferenciado.

Quando a empresa definir qual o posicionamento que deve atingir no mercado, alguns

pontos devem ser respondidos:

Qual o público-alvo?

O que se pretende alcançar?

Quais estratégias personalizadas serão desenvolvidas para atingir o alvo?

Para Tomiya (2010, p. 60), As perguntas abaixo são relativas à relevância financeira e a

personalidade de uma marca em relação ao seu posicionamento:

O posicionamento da marca deve incorporar quais elementos de identidade da

mesma e de sua proposta de valor?

Quais seriam as audiências primárias e secundárias?

Quais os objetivos de comunicação?

Há necessidade de ajuste na imagem atual?

Quais as lacunas em relação ao posicionamento?

Quais os pontos que diferenciam a marca?

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Segundo Guimarães (2012 p. 25) são elementos essenciais que devem ser apresentados

pela empresa relativos ao posicionamento da marca:

Definição dos consumidores-alvo.

Características de identificação destes consumidores, trabalhando variáveis

demográficas e psicográficas relacionadas ao setor da empresa e utilização da

marca.

Identificação dos objetivos oferecidos ao público-alvo da marca.

Definição dos motivos pelos quais a marca é superior aos concorrentes no que

se cita à referência.

Definição das crenças.

Outro importante fator é o ciclo de vida da marca. Este ciclo mostra em que etapa está o

relacionamento com o consumidor.

Para Tomiya (2010), o ciclo de vida de uma marca se divide em cinco etapas:

Etapa 1 – A marca está voltada ao ingresso no mercado.

Etapa 2, Etapa 3 – Fase em que busca persuadir o cliente.

Etapa 4 – conquista da reputação entre a marca e consumidores.

Etapa 5 – o consumidor já tem consciência dos valores da marca o reconhece.

Consolidação atingida.

Seguindo o raciocínio de Tomiya (2010), outro importante fator é apontar quais são as

oportunidades de posicionamento. Pode-se obter este resultado através da avaliação de três

dimensões:

Estratégia de negócio – o que a empresa almeja conquistar em longo prazo.

Diferenciais competitivos – quais são as peculiaridades que a empresa tem tanto no

âmbito interno quanto externo.

Necessidades dos públicos estratégicos – os concorrentes sempre estão buscando

definir o público através das características da marca. A importância deste público é obvia e as

companhias não pode tomar posse (TOMIYA, 2010).

ZELO E GERENCIAMENTO DA MARCA

Devido toda dinâmica e investimento que uma empresa faz em volta de uma marca, é de

crucial importância à proteção da mesma, pois ela representa toda companhia frente ao mercado,

seja consumidor, fornecedor ou concorrentes.

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Marcas que possuem um status diferenciado no mercado geralmente atraem indivíduos

que querem aproveitar do bom momento com segundas intenções ou não.

Uma forma de zelar pela marca, de acordo com Gomes (2004), é pelo registro no INPI

(Instituto Nacional da Propriedade Industrial). Este registro confere ao proprietário o direito de

usufruir com exclusividade à exploração devida da marca, assim como a publicação, imagem e

os lucros gerados pela mesma vinculada ao titular.

Voltando ao gerenciamento de marcas, lhe é atribuído um conjunto de procedimentos

que se destinam ao zelo, defensa, estímulo à valorização.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Toda a empresa mercadológica para atingir seu objetivo, depende da atitude do cliente

em adquirir um bem ou serviço, gerando assim vendas para obter lucro. Assim, toda sinergia

estratégica de uma empresa deve está voltada para promover a marca no mercado, pois ela é a

principal fonte de ligação entre a companhia e o consumidor.

A marca cria percepção de que aquela empresa existe, atribui qualidades e defeitos de

seus produtos e cria na mente do cliente sensações que relativas às emoções, confiança, desejos

e necessidades, gerando um relacionamento íntimo que ajuda a definir e consequentemente

estimulando à compra de seus produtos.

A necessidade de fazer uma gestão diferenciada da marca torna-se crucial ao sucesso da

empresa devido todo poder de influência que pode ela exercer no âmbito mercantil, pois uma

marca consolidada gera poder de barganha em relação aos fornecedores, estratégias mais

complexas de concorrentes e até determinar o preço a ser exercido no comércio.

No âmbito interno de uma empresa, uma marca gera aos funcionários estímulos de dar o

melhor de si até porque trabalhar nesta empresa traz conforto, segurança e status e a própria

marca torna um patrimônio valioso aos proprietários.

A marca gera atributos à empresa que define sua posição no mercado por isso deve-se à

atenção em manter o nome sem máculas no comércio, pois, caso contrário, as consequências

podem ser catastróficas.

Por fim, a conquista de um mercado cada vez mais acirrado depende da importância que

a empresa dará à marca, sua vontade agregá-la elementos estratégicos bem elaborados,

garantindo assim sua sobrevivência e existência, caso contrário, estarão fadadas ao sacrifício

exagerado e ao fracasso.

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TOMIYA, E. Gestão do Valor da Marca. 2 Ed. São Paulo: SENAC 20

EMPREENDEDORISMO SOCIAL NO MUNICIPIO DE JUAZEIRO-BA: UM ESTUDO

DE CASO NO INSTITUTO MEDPREV

Ana Cintia dos Santos Pereira

Jaciara dos Santos Costa

Verônica Maria Neto Lopes

RESUMO

A percepção das empresas sobre os desafios sociais tem estimulado a criação de um tipo de

empreendedorismo que abrange estratégias alinhadas às dimensões do desenvolvimento social.

Estudos de cunho teórico destacam que o empreendedorismo social age como transformador dos

cenários de crise. Nesse contexto, o objetivo deste artigo foi analisar como o empreendedorismo

social contribui para melhoria da saúde pública na região de Juazeiro – BA. Para tanto, utilizou-

se uma pesquisa de caráter descritiva na cidade baiana, realizada com os clientes do Instituto

Medprev. A amostra coletada foi de 40 pessoas, que responderam a um questionário contendo

perguntas de múltipla escolha. Os resultados evidenciaram que o Instituto age como facilitador

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na marcação de consultas e exames, oferecendo relevante melhoria na saúde e qualidade de vida

das pessoas dessa região.

Palavras-Chaves: Empreendedorismo social; Saúde; Qualidade de vida; Medprev.

ABSTRACT

The perception of companies about social challenges has stimulated the creation of a type of

entrepreneurship that includes strategies aligned with the dimensions of social development.

Theoretical studies emphasize that social entrepreneurship acts as a transformer of crisis

scenarios. In this context, the objective of this article was to analyze how social

entrepreneurship contributes to the improvement of public health in the Juazeiro - BA region.

For that, a descriptive research was done in the city of Bahia, performed with the users of the

Medprev Institute. The sample collected was 40 people, who answered a questionnaire

containing questions of multiple choices. The results showed that the Institute acts as a

facilitator in the appointment of consultations and examinations, offering relevant improvement

in the health and quality of life of the people of this region. Keywords: Social Entrepreneurship; Cheers; Quality of life; Medprev.

INTRODUÇÃO

O Empreendedorismo Social tem-se apresentado um fenômeno mundial, sendo o

empreendedor societário visto como o intermediador na busca de soluções para os mais variados

problemas sociais, demonstrando a capacidade de atuar como um agente ativo e transformador

dos valores da sociedade. Segundo Vieira (2001, p.23), criar valores sociais por meio da

inovação e da força de recursos financeiros, independente da sua origem, visa o

desenvolvimento social, econômico e comunitário.

Utilizando tecnologias de gestão apontadas como não convencionais, o

empreendedorismo social aparenta emergir no cenário global contemporâneo como alternativa

na busca de mitigação de problemáticas no âmbito social, econômico e ambiental, tais como

baixos índices de escolaridade, remunerações insuficientes ou ainda descarte inadequado de

resíduos sólidos. A tecnologia de gestão não convencional é entendida como uma proposta

voltada para os interesses da coletividade, buscando alternativas para beneficiar comunidades

desfavorecidas e /ou a redução de danos causados ao meio ambiente, abandonando desta forma a

prática individual ou unicamente do mercado em si. Eis que nessa solução de prática coletiva o

cooperativismo tem grande relevância, visto que ele propõe transformar vidas, oferecendo novas

oportunidades de empreender, para quem acredita num mundo mais justo e equilibrado para

todos em termos de melhores chances. Melo Neto e Froes (2001, p.16).

O MEDPREV é uma franquia instalada em várias regiões do Brasil, inclusive na cidade

de Juazeiro BA, localizada no centro da cidade, que tem como principal atividade o

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agendamento assistencial a pessoas que não podem pagar plano de saúde, garantindo o contato

com profissionais de saúde formando parcerias com empresas que abastecem seu banco de

dados com valores acessíveis em consultórios e clínicas particulares, consequentemente

reduzindo o custo para o cliente que não pode pagar plano de saúde, sempre respeitando a ética

e a moral. Não se trata, porém, de um plano de saúde ou cartão desconto.

Em decorrência da proposta dessa empresa, o artigo em questão observou que a

Medprev, tem como intuito, o assistencialismo na área de encaminhamentos clínicos, através de

parcerias assistenciais com diversas especialidades médicas e odontológicas, sem cobrar taxa de

adesão, mensalidade ou anuidade. Sua proposta tende a desafogar as filas do SUS (Sistema

Único de Saúde) e proporcionar agilidade nos diagnósticos a baixo custo.

Diante desse cenário, o artigo buscou responder o seguinte questionamento: De que

forma o empreendedorismo social praticado pela Medprev contribui para a melhoria da saúde

pública na região de Juazeiro - BA?

Envolvidos nessa temática, o objetivo central dessa pesquisa foi analisar a relevância do

empreendedorismo social, com destaque no trabalho realizado pelo Instituto Medprev. Segundo

Dornelas (2003, p.196) a importância da iniciativa para a criação de um novo negócio, se faz a

partir da capacidade de utilizar os recursos de forma criativa, transformando o ambiente social e

econômico em que se vive.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Empreendedorismo Social

Segundo os autores Melo Neto e Froes (2002, p.143), o empreendedorismo social atrai

visões superiores, essas cercadas de diversas ideias onde é possível relacionar seu principal

objetivo com possibilidades financeiras e concentração de recursos humanos capazes de adquirir

produção de bens e serviços que reflitam nos problemas sociais e ambientais.

Ademais,

Segundo Oliveira (2004, p.225) ao citar especialistas como Luther King,

Gandhi; esses em suas relevantes predisposições na atuação de direção e

aperfeiçoamento quanto às alterações em situação de produção expansiva,

acredita que a temática do empreendedorismo social pode ser considerada nova

quanto ao seu presente formato, mas, por meio destes entendedores, é

considerável precedente a existência da essência quanto ao assunto.

Acrescendo, algumas características do empreendedor social igualam-se ao do

empreendedor privado, pois, ambos praticam o funcionalismo, estratégias, revolução e a visto

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disso tornam-se incapaz de elucidar propriamente quem seria o empreendedor social, de resto,

um e outro conquistam ampla fração do público que não é tão interessante para os agenciadores,

conforme Elkington e Hartigan (2008, p.457).

A School Social Entrepreneurship (SSE) do Reino Unido denota também

quanto ao empreendedor social sendo esse trabalhador em atuação empresarial,

todavia, com intuito de atingir o público mais carente a fim de contribuir em

função do benefício social, ao invés de lucrar. Pode aquele laborar em

atividades éticas, de exercício governamental, de modo espontâneo e público.

Conforme citação acima são infinitas as áreas a que se possa aplicar o

empreendedorismo social, aliás, o desenvolvimento de práticas voltadas ao bem de uma

comunidade pode ser desempenhado tanto voltado para a saúde e educação, quanto para áreas de

negócios e afins.

―Empreendedores sociais nunca dizem não pode ser feito‖. (OLIVEIRA, 2004, p.59).

Conforme o autor, o empreendedor sempre tem um sim como resposta a quaisquer desafios, eles

sempre procuram uma maneira de encontrar o ponto chave do problema e assim poder ver qual a

melhor forma de mudar os cenários encontrados, e evidentemente movidos pelo bem coletivo e

não por motivos capitalistas.

Por conseguinte, influencia também Rouere e Pádua (2001, p.29) quando expressam sua

ótica quanto aos empreendedores sociais, relatando que esses atuam como elementos

substanciais no âmbito social, realizando um progresso sustentável a fim de afetar na qualidade

de vidas dos indivíduos que se encontram em situações de menor favorecimento. Segundo essa

afirmativa dos autores, o empreendedor social transforma o ambiente em que assume papel

social, à medida que os paradigmas são alterados e toda a comunidade passa a ter benefícios até

então inexistentes para determinada demanda.

Empreendedorismo social como novo paradigma

Ao tratar do empreendedorismo social, Neto e Froes (2002, p.31) falam que o assunto e

seus representantes estão sempre na pretensão de atuais protótipos, pois, o negócio deve ser

tratado e correlacionado a sociedade civil e população, envolvendo também, estado e setor

privado. Conforme relatam os autores, uma das maiores crenças dos empreendedores sociais é a

de que é possível acabar com muitos problemas mundiais, e o setor privado pode ter um papel

importante nesse desenvolvimento, uma vez que dispõe de recursos próprios para desenvolver

seus projetos.

De outra maneira, nem todos têm o discernimento de atuar como empreendedor social,

pois, a profissão requer entendimento quanto aos âmbitos que lhe cercam, visto que segundo

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(Neto e Froes, 2002, p.75), trata-se de uma heterogeneidade de aspectos da ciência e da arte,

idealização e visão, utopia e realidade, força inovadora e praticidade. Isso porque, na verdade o

empreendedor social não busca o sucesso de vendas, mas sim o sucesso no impacto social, bem

como todos os efeitos que venha a trazer para as pessoas beneficiadas.

Vale frisar que o empreendedorismo social além dos benefícios próprios da sua

existência, pode proporcionar aos colaboradores que atuam na área maior autonomia refletindo

em melhores condições de vidas. Em contrapartida, esse empreendedorismo tem intuitos

próprios superiores à aquisição de lucros e vínculos de mercado. (ESTEVER, 2011, p.93). De

acordo com esse conceito do autor, no empreendedorismo social, a economia está a serviço da

comunidade, pois é ela que cria seus empreendimentos e busca através da economia local e

regional, a viabilização de seus negócios.

Desafios do empreendedorismo social

O empreendedorismo social enfrenta os mais variados desafios para sua implantação,

que vão desde fatores sociais, econômicos e políticos a fatores culturais e ambientas da

sociedade em que busca atuação.

Neto e Froes (2002, p.31) trazem em seu trabalho um conceito amplo sobre o

empreendedorismo social, tendo na sociedade sua principal linha de atuação,

diferenciando – se do empreendedorismo convencional, cuja principal meta é o

mercado.

É notável que em ambos os tipos de empreendedorismo, os desafios são constantes e

visíveis, bem como retrata o autor. Porém, esses desafios são distintos, pois de um lado

encontra-se o mercado e do outro a comunidade. Em termos de maior nível de obstáculo não se

pode definir quais dos desafios contém a maior proporção de problemas. De fato, não é tarefa

fácil conduzir um negócio no mesmo ritmo que o mercado exige como também definir a

aceitação da comunidade para determinado seguimento. Com isso, todos os empreendedores

precisam manter-se atentos, e conduzir da maneira mais estratégica os parâmetros de sua

organização, para que não percam a direção da proposta.

Em meio a esse contexto, encontramos um questionamento acerca dos desafios do

empreendedorismo social, afinal, de que precisam as ações do empreendedorismo social para

que possam ser bem sucedidas?

Neto e Froes (2002, p.31) trazem em seu estudo estratégias que devem ser

adotadas para o sucesso da implantação do empreendedorismo social, bem

como, o desenvolvimento de metodologias que desenvolvam a participação e

inserção social, engajando pessoas num processo de desenvolvimento de

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iniciativas de auto sustentação e geração de emprego e renda, mudanças no

comportamento da população e preservação da cultura local.

É importante salientar que existe interdependência entre cada elemento, destacando o

que chamamos de fatores estruturantes no novo modelo de desenvolvimento sustentável e de

empreendedorismo social.

Arruda (2000 p.199), entretanto, traz um conceito mais rígido e estruturado

acerca das características necessárias à implantação do empreendedorismo

social, que vão desde implantação de valores baseados no cooperativismo.

Valorizando a partilha, reciprocidade, solidariedade e co-responsabilização

pelo processo. Destacando o uso do trabalhador como unidade primordial de

criação de valor, organizando interconexões na forma de parcerias e

transformação do caráter social de empresas em comunidades humanas.

É importante salientar que de acordo com as citações dos autores, eles demonstraram a

interdependência entre cada elemento, destacando o que chamamos de fatores estruturantes no

novo modelo de desenvolvimento sustentável e de empreendedorismo social.

Para Pádua (2001, p.85) o empreendedorismo social não exige conceitos estruturados

que busquem a solução de todos os problemas sociais existentes. Para o ele, os esforços devem

ser direcionados para o busca do empoderamento da comunidade, de modo que a mesma se

mobilize na busca de desenvolver alternativas que solucionem ou minimizem os problemas

sociais considerados prioritários, por meio da construção de processos participativos

direcionados para o desenvolvimento prioritário sustentável e integral.

Ciclo do Empreendedorismo Social

De acordo com a organização, o ciclo do Empreendedorismo Social assemelha-se a um

plano de negócios, onde a princípio é imprescindível identificar o problema, concentrando-se

nas causas a investigar o que deveras se encontra errôneo. Após essa confirmação, devem-se

coletar todos os dados e informações que expõem a sua relevância, dessa forma montando

estratégias para solucioná-los e por fim, desenvolver todo o protótipo proposto para as ações

necessárias.

A implementação do empreendedorismo direcionado a organizações sociais

compreende três etapas distintas e inter-relacionadas que devem ser seguidas e

avaliadas periodicamente, sejam elas, a percepção da problemática social,

posteriormente a busca de soluções viáveis para o problema identificado e, por

fim, a implementação das ações propostas (ASHOKA 2001, p.296).

As percepções desses problemas sociais se iniciam através de uma análise feita perante a

comunidade e seus reais aspectos, tanto de violência, como de déficit de educação, e

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principalmente saúde pública defasada. Ou seja, o empreendedorismo social surge a partir

dessas deficiências públicas e mal prognosticadas.

METODOLOGIA DE PESQUISA

O estudo pautou-se na pesquisa descritiva de cunho qualitativo. A qual teve o seu

delineamento por meio de estudo de caso realizado junto aos clientes do instituto Medprev.

Como procedimentos metodológicos foram utilizados a aplicação de questionários e estudos

bibliográficos.

Na visão de Silva e Menezes (2001, p. 534), ―a pesquisa bibliográfica é [...] elaborada a

partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e

atualmente com material disponibilizado na internet‖.

Já o estudo de caso é modalidade de pesquisa amplamente utilizada nas ciências

biomédicas e sociais. GIL (2002, p.165). Consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou

poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa

praticamente impossível mediante outros delineamentos já considerados.

A coleta dos dados deu-se por meio de uma pesquisa realizada junto a 40 clientes do

instituto Medprev. Pela qual foi possível fazer a tabulação e análise dos mesmos. A

fundamentação dessa pesquisa necessitou-se da obtenção de conceitos e definições sobre o que é

o empreendedor social.

ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

O Instituto MEDPREV foi criado para garantir o acesso da população brasileira a uma

saúde digna e de qualidade, disponibilizando especialidades médicas, odontológica e exames

dos mais variados. O Instituto funciona como defensor do direito a saúde das pessoas,

principalmente as mais carentes, facilitando e possibilitando o contato entre o cliente e o

profissional parceiro.

Além disso, parte dos recursos utilizados serve para cobrir, total ou parcialmente, os

custos das consultas e exames para os clientes carentes, que muitas vezes obtém atendimento

total gratuito. A ação assistencial do Instituto possibilita atendimento por médicos especialistas,

dentistas, clinicas de imagens, laboratório de análises clínica, agilizando assim os diagnósticos,

encurtando os requisitos necessários para internamentos e cirurgias em todos os hospitais da

região, cidades vizinhas e do interior.

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Durante a coleta de dados foi aplicado um questionário contendo sete perguntas a um

total de 40 (quarenta) clientes do instituto MEDPREV, e a partir da análise rigorosa e criteriosa

dos dados, pode-se observar que em meio aos entrevistados o total da amostra considerou 70%

do sexo feminino e 30% do sexo masculino, evidenciando uma tendência maior das mulheres

frequentarem mais os consultórios médicos. Este dado também concorda com dados da pesquisa

feita pelo IBGE (2013), onde a quantidade de mulheres que frequentam os médicos no período

de 12 meses supera os homens em 14,1%.

GRÁFICO 1: SOBRE O PERFIL DOS ENTREVISTADOS: IDADE

FONTE: Resultado da pesquisa (2016)

Para o gráfico apresentado, observou-se que a maior quantidade de entrevistados está na

faixa etária de 20 a 35 anos, enquanto que os idosos representam apenas 15% dessa amostra.

Confrontando com a pesquisa feita pelo IBGE (2013), esses dados diferem da realidade da

população brasileira no ano da pesquisa, onde a população com mais de 60 anos que frequentam

médicos no período de 12 meses representam 83,5% enquanto a população com 20 a 35 anos

representam 68,4%.

GRÁFICO 2 – TEMPO DE USUÁRIO DA MEDPREV

FONTE: Resultado da pesquisa (2016)

O gráfico 1 representa o tempo em que os entrevistados são usuários da Medprev.

Constatou-se que mais da metade dos entrevistados estão em parceria com a empresa a mais de

10%

65%

10%

15%

De 15 a 19 anos

De 20 a 35 anos

De 36 a 50 anos

De 60 a 70 anos

25%

52%

18%

5%

2 anos

3 anos

5 meses

1 anos

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três anos, totalizando vinte e uma pessoas, enquanto apenas 5% utilizam o serviço da Medprev

em apenas um ano.

GRÁFICO 3 – OPINIÃO SOBRE A MELHORA DA SAÚDE DOS USUÁRIOS DA MEDPREV

FONTE: Resultado da pesquisa realizada com 40 usuários. (2016)

O gráfico apresentado refere à pergunta ―O que tem melhorado em termos de saúde

desde que passou a ser usuário da Medprev?‖ Constatou-se que 17 pessoas obtiveram mais

facilidade em consulta e 12 pessoas melhor acesso a realização de exames laboratoriais,

ademais, 8% tiveram assistência imediata nas solicitações feitas.

GRÁFICO 4 – USUÁRIOS QUE RECOMENDARIAM A MEDPREV

FONTE: Resultado da pesquisa (2016)

O gráfico 3 apresenta quantos usuários indicaram a Medprev para outras pessoas,

verificou-se que 100% dos entrevistados recomendaram a empresa. Demonstrando a satisfação

dos usuários com a empresa citada.

42%

30% 0%

20%

8%

Facilidade em consulta

Melhor acesso a realização deexames laboratoriais

Prevenção de doenças

Diagnóstico antecipado dealgumas patologias

Assistência imediata nassolicitações feitas

100%

0%

Sim

Não

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GRÁFICO 5 – ASPECTOS NEGATIVOS DA MEDPREV

FONTE: Resultado da pesquisa (2016)

O presente gráfico retrata a opinião dos entrevistados sobre os pontos negativos da

empresa Medprev, nota-se que 95% afirmam que não há nenhum ponto negativo, e apenas 5%

aponta insatisfação em algumas consultas. O que denota uma percepção bastante positiva dos

usuários sobre os serviços do instituto. Pontos como mau atendimento, tempo de espera

prolongado e falta de ética em clinicas parceiras não foram citados como aspectos negativos do

instituto.

GRÁFICO 6 – EMPREENDEDORISMO SOCIAL E A MEDPREV

FONTE: Resultado de pesquisa (2016)

O empreendedorismo social almeja trazer efeitos positivos para a sociedade em que está

inserida, distinguindo-se do empreendedorismo clássico pela característica de não visar o lucro

da organização e sim buscar solucionar problemas de uma determinada classe ou situação. No

gráfico 5 quando perguntado aos usuários da Medprev se a empresa zela pelo o

0% 0%

5%

0%

95%

Mal atendimento

Tempo de espera prolongado

Insatisfação em algumasconsultas

Falta de ética em clinas parceiras

Nenhum

100%

0%

Sim

Não

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empreendedorismo social no Vale do São Francisco, 100% da amostra responderam que ―sim‖,

demonstrando a visão da sociedade sobre a organização.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ser empreendedor social significa muito mais que dispor de retorno financeiro do

negócio a que se propôs investir. Vai além da ambição humana, à medida que procura atingir o

bem comum, o bem da sociedade, a solução de problema de saúde pública e outras situações de

risco em que as pessoas podem se encontrar.

Investigar as causas dos fatores de cada problema social requer um tempo prolongado

dos reais fatores originários e certa prudência para certificar-se do que realmente deve ser feito.

Eis que essas são uma das muitas características dos empreendedores sociais, observar com

precisão para os infinitos infortúnios existentes por toda parte.

Na cidade de Juazeiro-BA, o sucateamento do serviço público, aliado a superlotação das

unidades de saúde e a precárias condições dos serviços oferecidos, atinge não só outras regiões

do país, mas também a região do Vale do São Francisco, tendo em vista que o município não

dispõe de atendimento suficiente para toda a demanda pública e adquirir um plano de saúde não

é tarefa fácil para todos, pois o custo mensal cobrado por essas operadoras de planos saúde são

significativas em relação à renda real da maioria da população.

O trabalho que o Instituto Medprev realiza é de total importância para a mudança desse

quadro, uma vez que foi constatada que diversos diagnósticos foram solucionados através do

auxílio que a Medprev desenvolve na região. Pagar quantias irrisórias e somente quando

necessário, facilita o acesso médico e melhora o prognóstico de saúde dos pacientes atendidos.

Como demonstrado no presente estudo o empreendedorismo social está amenizando a

realidade do município, onde a comunidade tem aproveitado e obtido mais acesso ao sistema de

saúde com essa nova iniciativa. Não há nada tão poderoso como uma ideia nas mãos de um

empreendedor de excelência.

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2001.

A ÉTICA, DEMOCRACIA E PARTICIPAÇÃO A PARTIR DA PERSPECTIVA

TRANSVERSAL NO CURRÍCULO ESCOLAR- SÉRIES INICIAIS.

Normilza Cristina Moura da Silva

Rita de Cássia Ferreira da Silva

Maria da Conceição Araujo carneiro

RESUMO

O presente artigo tem a intenção de apresentar reflexões a respeito de uma nova concepção de

currículo escolar, evidenciando as mudanças ocorridas na sociedade atual, destacando o papel da

escola enquanto espaço de construção de saberes, construção de uma consciência ética

autônoma, onde os sujeitos envolvidos no ambiente educativo vivenciam a perspectiva do

ensino da ética e da transversalidade, situando o espaço educacional como local de diálogo

capaz de formar sujeitos ativos, participativos, solidários, humanizados e dinâmicos tendo em

vista o contexto presente, que necessita cada vez mais de pessoas reflexivas, que pensem,

proponham intervenção positivas sobre os problemas vividos no seu entorno local e de uma

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escola que tem uma concepção ampla de currículo, espaço de aprendizagem participativa e

democrática.

Palavras-chave: Ética. Transversalidade; Currículo; Democracia; Participação.

INTRODUÇÃO

Convivemos, atualmente, com um mundo repleto de transformações no campo

socioeconômico, político, cultural, científico e tecnológico. Um mundo globalizado, neoliberal

onde as desigualdades sociais e econômicas se intensificam cada vez mais.

Estamos vivendo o que chamamos de a era da informação, o conhecimento hoje se

processa em um ritmo acelerado, os meios de comunicação ajudam a difundir novas formas de

pensamentos e novas culturas, assim vão se modificando as relações sociais existentes na

sociedade, bem como a simplicidade da vida humana, que em busca de um padrão econômico

―digno‖ imposto pela própria globalização, as pessoas não dispõem mais de tempo suficiente

para laços maternais, paternais e fraternais. A cultura do ser foi substituída pelo ter, fomentado

por diversos ciclos viciosos, presentes em quase todos os lugares através da mídia.

Rediscutir o currículo envolvendo questões sobre a ética, democracia e participação no

âmbito escolar , faz parte da própria exigência real de princípios que norteiam todos os

momentos da nossa vida contemporânea. Este tema permeia todas as áreas do conhecimento, e

somos, enquanto educadores, pouco conscientes de sua importância quando repassamos

conhecimentos específicos de cada disciplina. Não podemos falar em ética no trabalho, na

política, no direito, falar em democracia e participação sem falar no processo ensino

aprendizagem, pois o como aprendemos e internalizamos valores, refletem no nosso cotidiano

nas diferenciadas funções que exercemos. Neste sentido, buscamos dialogar um pouco neste

artigo sobre o papel da escola na formação ética e cidadã, evidenciando a democracia e

participação a serem trabalhadas hoje, no currículo, a partir da perspectiva da transversalidade.

No entanto, o objetivo maior do referido trabalho será refletir sobre a importância de um

currículo escolar comprometido com uma prática educativa, ética, democrática e participativa,

capaz de oferecer uma educação significativa que prepara o sujeito para viver uma sociedade

em constante transformação. Ainda nessa direção buscaremos conceituar ética e currículo a

partir de uma concepção democrática e participativa, discutiremos sobre a perspectiva de ética

e transversalidade, além de analisar a importância do desenvolvimento de um currículo

contextualizado, participativo e coletivo. A partir de um levantamento e estudo bibliográfico

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faremos uma abordagem do tema segundo os trabalhos de Touraine, Gadotti, Soares; Pereira

Freire, Libâneo, Sacristán, Coll, Morgado e os temas transversais.

ÉTICA E EDUCAÇÃO ESCOLAR

Antes de falarmos sobre educação escolar convém levantar algumas considerações sobre

o conceito de ética.

O termo ética remonta ao grego ―ethos‖ que, significa a morada do homem, modo ser,

estilo de vida, caráter. Designa também comportamento que resulta do hábito, a repetição

constante dos mesmos atos num certo sentido. Seria a disposição habitual de agir de uma certa

maneira. Ética foi considerada como ciência ou parte da filosofia que tem como objeto critérios

do bem 3e mal, vício, virtude. O ―ethos‖ seria o espaço propriamente humano, construído e

reconstruído pelo homem. Nele inscrevemos os costumes, os hábitos, as normas, as interdições,

os valores e ações que vão determinando um modo próprio de ser do homem.

A ética, segundo Vazquez (1999) por sua vez é a reflexão sobre o comportamento moral.

É uma reflexão teórica que analisa e critica ou legitima os fundamentos e princípios que regem

um determinado sistema moral.

O ser humano é um ser de possibilidades. Não nasce pronto. Deve construir o seu ser.

Tornar-se pessoa. Esta tarefa de construção de si mesmo é o sentido fundamental da liberdade.

Segundo Coll (1993, p. 20)

As pessoas não nascem boas ou ruins; é a sociedade quer queira ou não, que

educa moralmente seus membros, embora a família, os meios de comunicação

e o convívio com outras pessoas tenham influência marcante no

comportamento do indivíduo.

Neste sentido percebe-se que tanto as transformações sociais, políticas, econômicas e

culturais, quanto as novas relações firmadas na sociedade influenciam na mudança de hábitos e

atitudes do indivíduo. O desenvolvimento e construção do ser vão se dando no convívio social,

nos diversos ambientes e grupos de interação. Sendo assim, a escola por ser um espaço de

formação, tem importante papel na construção da identidade do sujeito.

Portanto, educar é um processo de transformar o humano por meio do diálogo. A

experiência primeira do ser é com o outro, nos mais variados grupos sociais. Nesta perspectiva

as relações intersubjetivas são educativas. É no convívio, na coexistência que é possível

instaurar o humano. Assim a identidade da educação escolar perpassa pela racionalidade e por

uma ação intencionada.

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Educar é desenvolver possibilidades ao humano. Considerando esses princípios que

norteiam a ampliação da visão do mundo, podemos afirmar que educação tem relação direta

com o diálogo e a investigação.

A inclusão da ética na educação significa a eleição de princípios metodológicos que

fundamentalmente afirmam o reconhecimento do outro, ou noutros termos; ética na educação

significa o confronto através do diálogo e da troca de argumentos, isto é, diálogo e reflexão.

Portanto, ela deve promover a convivência harmoniosa entre os indivíduos, pois a

reflexão constante sobre não só agir bem, mas querer o bem perante os outros, ajuda a solidificar

e melhorar as relações sociais em todos os campos, hoje, da atividade humana.

De acordo os Parâmetros Curriculares:

Na escola, o tema Ética encontra-se, em primeiro lugar, nas próprias relações

entre os agentes que constituem essa instituição: alunos, professores,

funcionários e pais. Em segundo lugar, o tema Ética encontra-se nas

disciplinas do currículo, uma vez que, sabe-se o conhecimento não é neutro,

nem impermeável a valores de todo tipo. Finalmente encontra-se nos demais

temas Transversais, já que de uma forma ou de outra, tratam de valores e

normas (BRASIL, 1998, p.32).

Uma das ideias que acreditamos estar subjacente aos objetivos descritos acima é a de que

a escola tem como função primeira fazer educação e não apenas ensinar, ou noutros termos, é

função da educação escolar não apenas possibilitar a informação, mas também a formação.

Portanto, é tarefa da escola não apenas falar, promover discussão sobre o tema, mas sim

possibilitar uma vivência concreta dos valores e princípios que ensina. Nessa direção o PCN

1998, p;32 continua a afirmar que : ― a escola deve ser local de diálogo, de aprender a conviver,

vivenciando a própria cultura e respeitando as diferentes formas de expressão cultural‖. Assim, a

escola deve se posicionar como articuladora dos saberes, da cultura, dos valores trazidos pelos

educandos e os princípios educativos, os valores, a cultura que a escola quer ensinar.

O espaço escolar deve criar oportunidades de se pensar os valores como algo

significativo, sem imposições, mas sim na perspectiva de uma convivência harmônica entre os

diversos agrupamentos humanos, onde se aprenda a conviver com o diferente, com a

diversidade, ou seja, com o pluralismo de maneira solidária. Onde o cumprimento dos direitos e

deveres tenha como principal objetivo a promoção do legitimo exercício da cidadania e

autonomia do individuo.

Conforme Soares; Pereira, (1997, p.13), a escola têm como princípio norteador a

autonomia. Assim ela deve educar a partir de ações dinâmicas. Nessa mesma direção Doll

afirma ― [...] que os poderes humanos de organização e reorganização criativa da experiência,

sejam operativos no contexto educacional [...]" (1997, p.117)

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Esse sistema aberto permite que professores, alunos, pais, comunidade, coordenadores e

diretores estabeleçam uma comunicação dialógica, propícia à criação de estruturas

metodológicas mais flexíveis para reinventar sempre que for preciso. A confirmação desse

contexto só poderá ser dada numa escola autônoma, em que as relações pedagógicas são

humanizadas. Portanto, "pode-se dizer que a autonomia faz parte da própria natureza da

educação [...]" (GADOTTI, 1997, p. 44).

Observando os princípios explícitos nas formulações seguintes, por exemplo: ―pleno

desenvolvimento da pessoa‖ (Constituição de 1988, artigo 205); ―o desenvolvimento da

capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a

formação de atitudes e valores‖ (LDB artigo 32 inciso III); ―posicionar-se de maneira crítica,

responsável e construtiva nas diferentes situações sociais, utilizando o diálogo como forma de

mediar conflitos e de tomar decisões coletivas‖(PCN VOL. 1 p.55). Pressupomos que para a

consecução de tais objetivos pela instituição de ensino, a ética, a democracia, a participação,

devem ser tomadas como referência para a construção de uma proposta curricular séria e

comprometida com a efetivação de tais princípios.

Por isso, acreditamos que a ética deve ser trabalhada no ensino fundamental, principalmente nas

séries iniciais a partir da perspectiva transversal de modo que possa contribuir para consolidar os

ideais de justiça, igualdade, diálogo, democracia e participação. Uma ética capaz de efetivar e

vivenciar valores que contribuam com a consolidação de uma escola verdadeiramente democrática

e participativa.

ÉTICA E A TRANSVERSALIDADE NO CURRÍCULO ESCOLAR

Se entendermos currículo como um conjunto de aprendizagens valorizadas socialmente e

como uma construção contínua, resultante da participação de todos, um espaço integrador, flexível

e sensível às diferenças, que respeita o contexto e a diversidade; podemos pensar na inclusão do

tema ética no contexto escolar a partir do cotidiano, da vivência, das relações que são construídas

no seu interior. É o que diz (MORGADO, 2004, p. 337) ―O currículo enquanto projecto exprime

uma arte de construir intenções, construção essa que deve ser coletiva, sendo, contudo sujeita a

conflitos, uma vez que as tensões devem constituir-se num documento de conflência‖.

É preciso atentar para o fato de que a possibilidade de inserção do tema ética nos diferentes

contextos do espaço escolar e nas diferentes áreas do conhecimento depende de como a escola está

conduzindo o processo educativo, depende sobretudo de como ela define a sua proposta curricular.

Pois, segundo os PCN a proposta da transversalidade exige que a unidade escolar reflita e atue na

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educação de valores e atitudes nas diversas áreas, implicando assim a transformação da prática

pedagógica, em que as intenções e propostas são construídas coletivamente envolvendo a

participação de todos os sujeitos. Há uma necessidade de se romper com prática da fragmentação,

continentes isolados, estando atento aos diferentes aspectos que compõem o exercício da cidadania.

Segundo Freire (1999, p.54-55), ―se educar é construir cidadãos, a práxis escolar deve

pressupor participação‖ [...].

Trabalhar propostas pedagógicas a partir da perspectiva do coletivo tem sido considerado a

forma ideal de a instituição escolar orientar eticamente aos seus alunos uma aprendizagem

articulada com sua realidade social e cultural. Ainda nos PCN (1998, p.39) sobre os temas

transversais diz:

A inclusão dos temas implica a necessidade de um trabalho sistemático e contínuo

no decorrer de toda a escolaridade, o que possibilitará um tratamento cada vez

mais aprofundado das questões eleitas. Por exemplo, se é desejável que os alunos

desenvolvam uma postura de respeito às diferenças, é fundamental que isso seja

tratado desde o início da escolaridade e continue sendo tratado cada vez com

maiores possibilidades de reflexão, compreensão e autonomia. Muitas vezes essas

questões são vistas como sendo da ―natureza‖ dos alunos (eles são ou não são

respeitosos), ou atribuídas ao fato de terem tido ou não educação em casa. Outras

vezes são vistas como aprendizados possíveis somente quando jovens (maiores) ou

quando adultos. Sabe-se, entretanto, que é um processo de aprendizagem que

precisa de atenção durante toda a escolaridade e a contribuição da educação escolar

é de natureza complementar à familiar: não se excluem nem se dispensam

mutuamente.

Conclui-se situando a ética na questão curricular, em que: Pedra citado por Libâneo (2001,

p. 142) supõe que o ―currículo se sustenta em representações sociais presentes na cultura na qual se

dá a teoria e a prática do currículo‖. E, para Sacristán currículo ―é a ligação entre a cultura e a

sociedade exterior à escola e a educação; entre o conhecimento e cultura herdados e a

aprendizagem dos alunos; entre a teoria (ideias, suposições e aspirações) e a prática possível, dada

determinadas condições‖. (1993, p. 32)

Portanto, no currículo se dá a posição da escola em relação à cultura. Assim sendo, o

currículo pode ir além do que foi falado, que seria a própria cultura sistematizada em ensino

(seleção, organização). Além de corpus da ética herdada, o currículo poderia ser o espaço

privilegiado, não só da discussão social da ética vigente, mas instrumento científico, num modelo

de pedagogia que se realiza na prática. E, o contrário, instrumento de alienação, se o professor-

educador não ampliar seus conhecimentos ou não se comprometer com esse tema como

componente dessa pedagogia prática, a priori, científica, experimentando na dialeticidade, uma

ética concreta, que auxilie as demandas sociais pela humanização e pela democracia.

Essa competência do professor seria aquela que levaria o aluno a ter o que mobilizar, como

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saber voltado para a liberdade; para enfrentar problemas que muitas vezes se relacionam com

valores não democráticos, ou situações da ausência dos valores democráticos.

A transversalidade conduz à complexidade e à globalização do currículo. Se, de um lado

temos uma concepção de educação clássica, na qual nos interessa um cidadão que assimile uma

cultura, que se revelou imprescindível para o desenvolvimento, por outro, também nos interessam

pessoas sensíveis aos problemas, que esse desenvolvimento provoca nas sociedades.

A escola existe não apenas para preparar adolescentes para o mercado de trabalho, mas

também para formar alunos cidadãos. "A escola deve ser um lugar onde cada aluno encontre a

possibilidade de se instrumentalizar para a realização de seus projetos; por isso, a qualidade do

ensino é a condição necessária à formação moral de seus alunos. Se não promove um ensino de boa

qualidade, a escola condena seus alunos a sérias dificuldades futuras na vida e, decorrentemente, a

que vejam seus projetos de vida frustrados". (PCN 1998, v.08 :79 -).

Contudo, cabe aos sistemas educativos e as instituições escolares repensarem

constantemente sobre suas propostas pedagógicas num contínuo exercício de ação-reflexão-ação,

para que possa promover a autonomia dos seus educandos. E a autonomia é conquistada a partir de

uma escola autônoma, portanto escola de ―qualidade política". Somente assim a escola conseguirá

atender as necessidades típicas do tempo-espaço atual, definido pela velocidade das mudanças

globais.

Embora a transversalidade seja uma marca do mundo atual, esse conceito não foi, ainda,

generalizado e tem encontrado muitas barreiras. Exemplo: o estudo da Ética em todas as

disciplinas. Ela deve ser abordada pelas disciplinas convencionais de forma que seus conteúdos as

explicitem e seus objetivos sejam contemplados. A aprendizagem de todas as disciplinas contribui

para o desenvolvimento discente ao diálogo. Todas elas são momentos excelentes de

desenvolvimento e exercício do diálogo e superação de conflitos. Também são importantes pelo

reconhecimento do espaço e do respeito pelo outro e da interação da comunidade escolar.

A transversalidade, atualmente, é uma colocação séria, integradora, não repetitiva,

compartimentada. A ética a ser trabalhada na escola a partir da perspectiva transversal constitui em

linhas do conhecimento, que atravessam e se cruzam entre as diferentes disciplinas, constituindo-se

em fator estruturador e fio condutor da aprendizagem. Ela deve potencializar valores, fomentar

comportamentos e desenvolver conceitos, procedimentos e atitudes, que respondam às necessidades

pessoais e da própria sociedade.

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O C CURRÍCULO ESCOLAR DEMOCRACIA E PARTICIPAÇÃO

Na prática pedagógica atual, o processo de planejamento do ensino tem sido objeto de

constantes indagações quanto a sua validade como efetivo instrumento de melhoria qualitativa de

aprendizagem. A vivência do cotidiano escolar nos tem evidenciado situações bastante

questionáveis nesse sentido, e desvinculados da realidade social. Os conteúdos são definidos sem

levar em conta a realidade local, mostrando-se sem elos significativos com experiência de vida dos

alunos, seus interesses e necessidades. O papel fundamental do currículo democrático e

participativo no desenvolvimento das pessoas e comunidade amplia-se ainda mais no despertar do

novo milênio e aponta para as necessidades de se construir uma escola voltada para a formação de

cidadãos. Tal demanda impõe uma revisão dos currículos, que orientam o trabalho cotidianamente

realizado pelos professores. A escola, através de seus currículos, para exercerem a função social

que se faz necessária, precisa possibilitar o cultivo dos bens culturais e sociais considerando as

expectativas e as necessidades dos alunos, dos pais, da comunidade, dos professores, enfim.

Entretanto, hoje, são inúmeros os problemas que atingem a escola, e agravam-se com o atual

estágio de mudanças em todas as esferas da sociedade contemporânea. Como salienta Gadotti

(1997, p.33), ―a crise paradigmática também atinge a escola e ela se pergunta sobre si mesma, sobre

seu papel como instituições numa sociedade [...] pós-industrial, caracterizada pela globalização da

economia, das comunicações, da educação e da cultura, pelo pluralismo político, pela emergência

do poder local [...].‖

As novas exigências impostas pela sociedade atual coloca novos desafios que a escola

precisa atender. Neste ponto é importante considerarmos a importância de se discutir, refletir e

reorganizar os currículos escolares, pautando-se no ideal de democracia que permeia a sociedade

contemporânea.

Atualmente, a exemplo do que tem acontecido em outros países, também no Brasil as

recentes políticas educativas e curriculares têm procurado valorizar o papel da escola, como espaço

maior de toda ação educativa, reconhecendo os profissionais da educação, como elementos

fundamentais de todo processo. Dessa forma procura não apenas confiar a contextualização, o

enriquecimento do currículo proposto em nível nacional, como ao mesmo tempo dar condições de

mobilização das condições locais para buscar novas estratégias, inovações capazes de responder às

novas transformações e desafios da atualidade.

Vivemos uma realidade educativa em que se valoriza cada vez mais a construção

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participada pelos diversos elementos sociais, dando novos poderes as unidades de ensino, abrindo

espaço para uma nova concepção de escola em que a mesma tem maior liberdade para elaborar e

desenvolver projetos a partir das necessidades dos contextos locais.

Tais mudanças resultam de um novo paradigma social e educativo, que revela uma nova

relação do sistema educativo, ou seja, da escola com a sociedade. As transformações a que nos

referimos, perpassam de maneira generalizada em todos os países da América Latina, incluindo

Brasil, resultado de mudanças significativas que fomentam um novo paradigma educativo, em que

todos precisam ter direito à educação e procurando atribuir a todos os elementos que interagem

na escola especialmente os professores e alunos maior atenção por parte das políticas direcionadas a

este setor.

Segundo Judith Chapman citado por Morgado (2004, p.116) diz que:

O acesso maciço à educação, com consequente emergência de novos públicos

escolares, e a necessidade de oferecer oportunidades educativas que respondam

a princípios de eficácia econômica, de justiça e inclusão social, de participação

democrática e de desenvolvimento pessoal trouxeram novos desafios e novas

experiências aos sistemas educativos e as escolas, aspectos com os quais nos

confrontamos atualmente.

No entanto, com respeito ao currículo escolar os efeitos são percebidos de forma imediata.

Isto se reflete também na passagem de um paradigma curricular altamente centralizado, em que a

escola tinha que executar objetivos e conteúdos pré-definidos a nível nacional para um novo

paradigma curricular que privilegia mais o próprio espaço escolar, valorizando a complexidade, as

características comuns da comunidade local garantido maior autonomia ao processo educativo.

Ao entendermos que a escola é um dos principais ― lócus‖ de discussão, formação da

cidadania e tem como tarefa primordial a socialização dos conhecimentos na perspectiva

democrática, ou seja, a que contribui e deve assegurar aos cidadãos o exercício dos direitos à

liberdade e à igualdade de acesso aos bens sociais e ao desenvolvimento pleno.

Neste contexto, a mudança de paradigma não pode estar dissociada de um novo modelo de

aprendizagem. Conforme essa concepção o conhecimento deixa de ser um mero processo de

acumulação e passa a ser um processo de construção e reconstrução dinâmico, em que os sujeitos

são os principais protagonistas de sua aprendizagem.

Esse novo conceito de aprendizagem não valoriza a separação entre os que teorizam e os

que praticam a educação; nem ao mesmo tempo, permitem a falta de significados e sentidos que

devem nortear todo esse processo. Portanto, surge ai a ideia, ou seja, a tendência de descentralizar,

aqui entendida como o deslocamento os centros de decisões para situações em contexto, pautada

nos ideais de projetos e gestão participativa, como forma de dar resposta as transformações que

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surgem no cenário educativo. A elaboração de propostas pedagógicas pelo coletivo da escola tem

sido considerada a forma ideal para a instituição escolar organizar projetos curriculares articulados

com sua realidade social e cultural em que está inserida.

Para que estas propostas sejam realmente democráticas, além da participação conjunta, é

necessária também a orientação por critérios pedagógicos voltados para a educação inclusiva, para

a formação do cidadão.

O currículo é, nesta perspectiva, visto como espaço do conhecimento, é também espaço do

debate, das relações sociais humanas, espaço do poder, do trabalho, da gestão e da conivência. É

enfim, um campo prático complexo como Walker citado por Sacristán (2000, p.21) afirma:

Os fenômenos curriculares incluem todas aquelas atividades e iniciativas através

dos quais o currículo é planejado, criado, adotado, apresentado, experimentado,

criticado, atacado, defendido e avaliado, assim como todos aqueles objetos

materiais que configuram , como são os livros-textos, e os aparelhos e

equipamentos, os planos e guias do professor, etc.

O currículo, nessa direção, modela-se dentro de um sistema escolar concreto, dirige-se a

determinados professores, alunos e outros elementos da instituição escolar, serve de determinados

meios, num contexto, que é o que acaba pro lhe dar o significado real.

Ainda podemos definir currículo como um conjunto de aprendizagens valorizadas

socialmente e como uma construção contínua, resultante da participação de todos, um espaço

integrador, flexível e sensível às diferenças, o qual respeita o contexto e a diversidade. É o que diz

Morgado, ― O currículo enquanto projeto exprime uma arte de construir intenções, construção essa

que deve ser coletiva, sendo contudo sujeito a conflitos, uma vez que as tensões devem constituir-se

num documento de confluência‖ ( 2004, p.337).

Neste contexto, o projeto curricular é visto como ―um instrumento de renovação pedagógica

da prática escolar, destinado a proporcionar ferramentas ao professorado e uma visão diferente dos

conteúdos e diversas áreas do currículo‖ (SACRISTÁN, 2000, p.14). Construindo um projeto

curricular pretende-se mobilizar docentes em tornos de objetivos definidos de cada área, entendidos

como as capacidades e competências a desenvolver pelos estudantes, assim como o emprego de

metodologias que devem dar suporte ao desenvolvimento dos processos de ensino aprendizagem.

Em suma, podemos considerar que a construção do projeto curricular é ―crucial para a

construção plural do currículo para a territorialização das decisões nacionais que necessitam de ser

recontextualizadas na medida em que a melhoria da qualidade do processo de ensino aprendizagem

exige a participação dos distintos atores educativos‖ (MORGADO, 2004, p.58).

Neste sentido não podemos pensar em uma escola, que não se preocupa com todas as formas

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de exclusão, principalmente a exclusão social, econômica e política. No final do século XX, os

efeitos da globalização têm ajudado a competitividade e produtividade. Esse novo modelo de

capital se propaga por todas as esferas da sociedade. O projeto curricular precisa se dar conta deste

processo para não apenas reproduzir no seu espaço ideologias que reforçam o modelo produtivo

vigente, mas contribuir para aguçar a consciência crítica dos estudantes para que possam combater

esse modelo perverso e excludente.

Alain Tourain, chama a atenção para o fato de a sociedade pós-industrial continuar a sofrer

conflitos sociais. A diferença reside na existência desses conflitos sociais como consequência do

fato de ―as classes sociais dominantes deterem o conhecimento e dominarem a informação‖ (1997,

p.28).

Pensando nessa direção, um currículo verdadeiramente democrático deve oferecer aos

estudantes fontes constantes de informações, devem ser colocados em contato com a cultura de seu

tempo, pelo uso de variados meios de comunicação, incluindo os diversos tipos de material

impresso, livros, revistas e jornais , assim como o cinema , o teatro, as artes em geral, a televisão e

o computador. Só assim a escola poderá estar ajudando a minimizar a distância existente entre as

classes sociais como afirma Touraine (1997).

Ao consideramos que a escola é um espaço de formação da cidadania e tem como função a

socialização dos conhecimentos historicamente acumulados e a construção de diversos tipos de

saberes, é importante destacar que compreendemos a cidadania a perspectiva democrática, ou seja,

a que contribui e deve assegurar aos cidadãos o exercício dos direitos à liberdade e à igualdade de

acesso aos bens sociais e ao desenvolvimento. Portanto, nessa direção.

Mais do que uma criação de uma sociedade política justa ou abolição de todas as

formas de dominação e exploração, o principal objetivo da democracia deve

permitir que os indivíduos, grupos e coletividades se tornem sujeitos livres,

produtores de sua história, capazes de reunir em suas ações o universalismo da

razão e as potencialidades da identidade pessoal e coletiva‖. (TOURAINE, 1994,

p.263).

Uma das questões que se coloca para os educadores, é que a escola tem a tarefa de garantir o

acesso e a permanência dos jovens e, portanto, deve ser vista como espaço de construção do

conhecimento e de exercício de práticas sociais. Para isso, é imprescindível reavaliar a finalidade da

educação, seus objetivos e o papel social da escola, para que esta possa responder às novas

exigências que emergem na sociedade, em especial as questões referentes à formação dos jovens na

perspectiva do respeito aos direitos humanos e da formação da cidadania democrática.

Compreender o papel da escola nessa direção é entender que a formação da cidadania é

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prática de vida em todas as instâncias de convívio social dos indivíduos: na família, na escola, no

trabalho, na comunidade, na igreja e no conjunto da sociedade.

Essa escola, que o sociólogo francês Alain Touraine4 (1997) denomina de escola

democratizante, assume o compromisso de capacitar os indivíduos para serem autores, ensina a

respeitar a liberdade do outro, os direitos individuais, a defesa dos interesses sociais e os valores

culturais.

À escola democratizante é associada à ideia de escola da comunicação e , por isso, deve

priorizar na formação do aluno a capacidade de expressão, de compreender as mensagens escritas

ou orais. É necessário trabalhar o diálogo, ensinando ao aluno a argumentar, analisar discursos e

mensagens e principalmente a manejar a língua como instrumento de emancipação e autonomia.

Como afirma Alain Touraine (1994, p. 269) conhecer-se é ser sujeito na realidade, constituir-se

plenamente como pessoa. Ainda continua Touraine (1997) quando se trata de sua sociologia da

ação nos insere no conceito de sujeito, ―sujeito como capacidade e vontade de ser uma pessoa‖. Ser

uma pessoa–realização plena da experiência humana; capacidade e vontade atributos do sujeito de

história que se relaciona com a realidade de maneira dinâmica, buscando significado de tudo, dando

significado a tudo, a todos os fatos com os quais se depara.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O homem é responsável pelo seu próprio ser, pela construção da sua vida, pelo tornar-se

pessoa. E cada vez mais aumenta a consciência de que sua responsabilidade moral perante a todos

os homens. Isto exige uma ética e um currículo participativo com princípios e valores válidos e

aceitos por e para todos. Um currículo ético, democrático responsável e solidário.

Nesta perspectiva a escola deve ser um espaço onde o currículo é pensado, refletido, tendo

em vista a necessidade de uma formação mais humana, crítica e cidadã. Assim o currículo deve ser

visto como uma construção e reconstrução continua das propostas, das ações a serem

desenvolvidas pela unidade de ensino, tendo em vista a melhoria do processo ensino e

aprendizagem.

Logo "educar nesta perspectiva" deve ser o objetivo político e ético de cada espaço

educativo, fazendo com que a escola seja realmente um lugar onde a cidadania seja construída

tendo a democracia, a participação e a ética como eixos principais. Dessa forma pode-se ajudar na

formação de sujeitos críticos, autônomos, capaz de utilizar o diálogo como referência em todas as

situações da convivência humana. Pois, é na relação com o outro que nos humanizamos. Tornamo-

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nos sujeitos capazes de conviver com as diferenças, respeitar as singularidades, combater qualquer

tipo de preconceito e processos sociais de exclusão.

A vida contemporânea nos coloca a possibilidade da reflexão sobre a necessidade de se

adotar novas posturas e comportamentos que são influenciados pelo modo de pensar; pois, os

pensamentos determinam as práticas, as atitudes, que se estabelecem e se desenvolvem nas

sociedades. Portanto cada vez mais, a urgência de mudanças nas diversas áreas do saber nos

indicam que a escola como uma instituição de aprendizagem dos indivíduos deve colaborar para

ajudar o ser humano a se tornar mais sensível a necessidade de construir um mundo melhor.

Nessa direção compreendemos que é necessário mudar a prática pedagógica desenvolvida

no âmbito escolar, criar novas alternativas e desenvolver critérios e procedimentos diversificados,

para construírmos uma sociedade mais justa e mais solidária.

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PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS DISCENTES DE UMA ESCOLA DE SÃO

RAIMUNDO NONATO

Daniela Santos Landim Silva

RESUMO

Este artigo centra-se na percepção ambiental dos discentes de uma escola da cidade de São

Raimundo Nonato, apresentam com base em seus conhecimentos já adquiridos. Tendo como

objetivo central analisar, a partir da percepção dos alunos, se os projetos e ações de Educação

Ambiental de uma escola do município São Raimundo Nonato do estado do Piauí, produzem

efeitos significativos que se traduzam em práticas saudáveis no dia a dia dos educandos. Para

isto foi realizada uma pesquisa de campo e bibliográfica, utilizando como instrumento de coletas

de dados respectivamente, um questionário seguindo os padrões de ética. A análise dos

resultados associados à teoria pertinente destas investigações traz um novo olhar para a

Educação Ambiental, na qual ainda precisa-se que as práticas de ensino de todas as disciplinas

escolares tenham um olhar mais atento para esta temática, que gere a racionalidade do indivíduo

e que torne uma prática continua de forma permanente e integradora dentro do ambiente escolar.

Dessa forma pôde-se perceber ainda percepções de discentes que não se acham responsáveis

pelos problemas ambientais, os conteúdos curriculares não são trabalhados com base na

transversalidade. Então há a necessidade da escola buscar sensibilizar e mudar as percepções

negativas dos discentes, pois eles representam o futuro da nação.

Palavras-chave: Educação Ambiental. Escola. Alunos. Sensibilização.

ENVIRONMENTAL PERCEPTION OF THE STUDENTS OF A SCHOOL OF SÃO

RAIMUNDO NONATO

ABSTRACT

This article focuses on the environmental perception of the students of a school in the city of

São Raimundo Nonato, it has based on their knowledge already acquired. With the main

objective of analyzing, from the students‘ perception, whether the projects and actions of

Environmental Education of a school in the municipality of São Raimundo Nonato in the state

of Piauí, produce significant effects that translate into healthy practices in the students' daily life.

For this, it was performed a field and bibliographical research, using as a data collection

instrument, respectively, a questionnaire following the ethical standards. The analysis of the

results associated to the pertinent theory of these investigations brings a new look for the

Environmental Education, in which it is still necessary that the teaching practices of all the

school subjects have a closer look at this theme, which manages the rationality of the individual

and to make a practice continuous and integrative in the school environment. This way it was

possible to perceive perceptions of students, who are not responsible for the environmental

problems, the curricular contents are not worked based on transversally. Then there is the need

for the school to look at sensitize and change the negative perceptions of the students, as they

represent the future of the nation.

Keywords: Environmental Education. School. Students. Awareness.

INTRODUÇÃO

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A Educação Ambiental é muito discutida, a fim de alcançar um mundo mais sustentável,

mundo esse que somente seria alcançado se pudesse fazer o replanejamento da habitação do

planeta. Que desde quando o ser humano começou a utilizar a sua capacidade mental para

produzir produtos que destrói a natureza e explora a biosfera o planeta Terra não se encontra em

equilíbrio com o ecossistema. O ancestral comum do homem que neste planeta viveu mesmo

sem saber a sua real capacidade mental utilizava a natureza a seu favor, com total respeito e com

consciência sustentável.

No entanto as novas gerações que hoje se formaram são pessoas capitalistas, consumistas

e ignorantes que somente pensam em si próprios, sem lembrar das futuras gerações que

precisam encontrar um planeta habitável a vida, até mesmo para garantir a espécie Homo

sapiens, isto é somente alcançado quando todos repensarem na maneira de vida de cada um,

criando novas concepções a cerca do meio ambiente em que vivem. Segundo Guimarães é

através da Educação Ambiental que vem sendo chamada a dar conta da mudança de valores e

atitudes da humanidade diante da natureza, sendo colocada como um dos pilares para a

efetivação de um modelo de desenvolvimento sustentável (GUIMARÃES, 2007, p. 17).

Portanto a busca pela mudança de valores em uma sociedade é um processo de difícil

alcance, mas este está integrado junto à educação, sendo um caminho a ser seguido para abrir

novos paradigmas, concepções e percepções ambientais em cada ser envolvido dentro do

processo de educação. Com isto ―a percepção é o primeiro passo no processo do conhecimento‖

(COIMBRA, 2004, p. 539) e é o ato de perceber as ações e os efeitos ao meio. Com base nisto

―A educação Ambiental traz essa proposta de transformar o conhecimento em prática. De não

apenas discutir, questionar e debater, mas mudar hábitos, conscientizar‖ (CARVALHO, 2014, p.

37).

Entretanto é por meio não só disto, mas da busca pela sensibilização humana, através da

apresentação dos problemas ambientais, as causas e efeitos dos mesmos a fim de comover e

mobilizar cada indivíduo. Por outro lado é dentro do ambiente escolar que os alunos adquirem

conhecimentos que servem para toda vida, é através do exercício de professores capacitados e

uma gestão democrática e participativa que é alcançado os objetivos almejados pela proposta da

educação ambiental, em prol da coletividade, dentro da discussão política, social que torne mais

justa e igualitária para todos da comunidade biótica (conjunto de todos os seres vivos) e que

mantenha o equilíbrio com os ecossistemas.

Com base neste contexto o presente artigo tem como objetivo geral analisar, a partir da

percepção dos alunos, se os projetos e ações de Educação Ambiental de uma escola do

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município São Raimundo Nonato do estado do Piauí, produzem efeitos significativos que se

traduzam em práticas saudáveis no dia a dia dos educandos.

Com isso, pretende identificar se: a Educação Ambiental é estudada de forma insolada de

outras disciplinas ou de forma interdisciplinar; a educação ambiental é trabalhada em sala de

aula; há projetos desenvolvidos ao longo do ano; há interesse dos estudantes com relação à

Educação Ambiental; os conhecimentos adquiridos em sala são transmitidos adiante. Além

disso, buscar compreender: a frequência em que a escola trabalha a Educação Ambiental; as

atitudes desenvolvidas pela instituição de ensino que proponha a sensibilização dos educandos;

de quem é a responsabilidade para resolver os problemas ambientais e conhecer o nível de

conhecimento dos estudantes com relação ao tema bordado.

Para isto foi desenvolvido um estudo de caso realizado com 59 alunos do 3º ano do

Ensino Médio Integrado à Educação Profissional. Utilizado como instrumento de coleta de

dados um questionário (seguindo os padrões éticos) com 13 questões fechadas, e os dados

coletados foram analisados com um olhar quantitativo e para melhorar o aprimoramento dos

conhecimentos empíricos foi desenvolvida uma leitura bibliográfica de relevância dentro da

educação ambiental. O texto aqui apresentado se encontra dividido em quatro tópicos, sendo que

o primeiro traz uma abordagem sobre a Educação Ambiental, seguido de um subtópico que

apresenta sobre o sentido da percepção ambiental, e já no terceiro abrangem os aspectos

metodológicos envolvidos na pesquisa, seguido pelo quinto tópico, na qual apresenta uma breve

conclusão para o momento.

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Os problemas ambientais hoje é um tema polêmico que gera discussões no mundo todo,

são muitas as devastações praticadas pelos efeitos antrópicos, ou seja, pela ação do homem, que

se não houver mudanças o mais rápido possível, o planeta entrará em um colapso e

esgotamentos dos seus recursos naturais. Muitos recursos que não são renováveis e estão quase

se esgotando devido à extração descontrolada, efeitos causados pela população humana que

prejudica o equilíbrio natural do ecossistema, que demorou bilhões de anos para se formar e esta

sendo destruído em apenas séculos.

Por isto que a sensibilização da geração do século XXI, se faz cada vez mais necessária,

a fim de garantir a um ambiente propício à vida nos próximos séculos, pois com a Educação

Ambiental aliada como as escolas, pode se alcançar os objetivos almejados, de sensibilizar a

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presente geração sobre os efeitos causados ao meio ambiente sobre seus atos. Dentro deste

aspecto Macatto (2002) divide didaticamente a Educação ambiental em duas categorias básicas:

Educação Formal: Envolve estudantes em geral, desde a educação infantil até a

fundamental, média e universitária, além de professores e demais profissionais

envolvidos em cursos de treinamento em Educação Ambiental. Educação

Informal: Envolve todos os segmentos da população, como por exemplo:

grupos de mulheres, de jovens, trabalhadores, políticos, empresários,

associações de moradores, profissionais liberais, dentre outros (MACATTO,

2002, p.16).

Portanto a Educação Ambiental envolve todos para que em conjunto construa algo

sustentável e transformador e que todos sejam capazes de identificarem a sua importância dentro

desse processo. Segundo a Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental (Tbilisi,

1977).

A educação Ambiental é o resultado de uma reorientação e articulação das

diversas disciplinas e experiências educativas, que facilitam a percepção

integrada do meio ambiente, tornando possível uma ação mais racional e capaz

de responder às necessidades sociais (TBILISI, 1977, p. 3).

Desta forma na educação formal a Educação Ambiental não deve ser trabalhada como

uma disciplina insolada, mas de forma transversal, que envolva todas as áreas de conhecimento,

que gere a racionalidade do indivíduo e que torne uma prática continua de forma permanente e

integradora dentro do ambiente escolar. Uma vez que é por meio da Educação que se forma

sujeitos críticos conscientes, na qual tenha a plena consciência de seus atos diante do meio

ambiente, na qual serão levados para as futuras gerações e que os seus próprios atos sobre o

meio, retornarão em forma de cascata, por exemplos os inúmeros desmatamentos, as caças de

animais, poluições de rios e lagos, poluições do solo e do ar, com o tempo a biosfera não

conseguirá mais desempenhar o seu papel biológico, resultando assim em grandes desastres

ecológicos, como o aumento da temperatura do planeta causando assim o aquecimento global,

assim como a perda de muitas espécies do Planeta, desequilibrando assim toda a dinâmica

existente entre os ecossistemas. Com base nisso Giassi (2016) alega que

ao lecionar, o professor precisa aliar os conhecimentos exigidos nos currículos

escolares com a Educação Ambiental. Esta atitude, embora direcionada

legalmente, deveria fazer parte da rotina do professor em sala de aula, já que o

aluno permanece com ele por várias horas no dia. Desse modo os alunos podem

fazer maiores relações entre as relações constituinte do universo, ou seja,

físicos, químicos, biológicos e sociais, orientando, assim, processos

interdisciplinares e ampliando a forma de percepção de mundo de todos

(GIASSI et. al, 2016, p. 27).

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Dessa forma, conseguiríamos ampliar os conhecimentos de todos os alunos, em vez de

ficar esperando somente alguns professores de Biologia, Ciências, Geografia e Química, por

exemplo, trabalhar o que exigido dentro do currículo da Educação Ambiental, pois nessas

disciplinas já existem conteúdos curriculares que são estudados o meio ambiente. Havendo

assim a necessidade de ser explorado de modo interdisciplinar.

PERCEPÇÃO AMBIENTAL

É através da percepção que o ser cria ideias próprias, gera uma mentalidade com novas

concepções, sendo assim capaz de praticar atos positivos ou negativos com relação ao meio em

que vive. A palavra percepção significa ―o ato, efeito ou faculdade de perceber‖ (Ferreira, 2001,

p. 526) e já a percepção segundo Santos (2001, p. 462) é ―o ato de tomar conhecimento de

alguma coisa por meio dos sentidos‖. Dessa forma os indivíduos adquirem a capacidade de

percepção quando, por si ou por intermédio do seu próprio meio, consiga alterar o seu

pensamento cognitivo, na qual sua própria mente constrói ao longo de todo processo de

aprendizagem.

Pensando nisto França e Guimarães (2014, p. 3131) afirmam que: ―A educação e

percepção ambiental despontam como armas na defesa do meio natural, e ajuda a reaproximar o

homem da natureza, garantindo um futuro com mais qualidade de vida para todos‖. Portanto o

ambiente escolar é propicio para formular esta concepção, buscando demonstrar a inter-relações

entre o homem e natureza, através da sensibilização dos discentes, para o exercício social, com

um ambiente mais sustentável. De acordo com Campos et al. (2017)

Para contextualizar a problemática ambiental que vivemos, é de suma

importância um maior entendimento do termo percepção ambiental que

potencialize uma autoanálise de nossas ações diante do meio ambiente

promovendo uma integração, inclusão e participação de todos na valorização

do espaço natural (CAMPOS et al, 2017, p. 112).

De fato, o individuo somente reconhece a sua importância como sujeitos pertencentes do

meio em que vivi, quando ele apresentar uma percepção, que se inclua nas ações diretas do meio

ambiente, que vá realmente fazer a diferença.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Inicialmente foi realizada uma leitura bibliográfica baseados em artigos científicos em

periódicos, livros e revistas que abordem sobre a Educação Ambiental. Com o objetivo de

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esclarecer a problemática observada com base na realidade. Segundo Prodanov e Freitas (2013,

p. 128) uma pesquisa bibliográfica ―é concebida a partir de materiais já publicados‖. Tendo

como lócus a cidade de São Raimundo Nonato no mês de Junho de 2015, à pesquisa foi

desenvolvida junto aos discentes do 3º ano do ensino médio em uma escola estadual de ensino

profissionalizante.

Para isto utilizou-se como instrumento da pesquisa de campo um questionário com 13

questões, com perguntas fechadas, tendo varias opções de respostas. Com a finalidade de

conhecer o nível de informação dos entrevistados com relação às questões ambientais e a

Educação Ambiental dentro da instituição de ensino e fora dela. Com isto Prodanov e Freitas,

(2013) afirma que a pesquisa de campo:

é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou

conhecimentos acerca de um problema para o qual procuramos uma resposta,

ou de uma hipótese, que queiramos comprovar, ou, ainda, descobrir novos

fenômenos ou as relações entre eles. Consiste na observação de fatos e

fenômenos tal como ocorrem espontaneamente, na coleta de dados a eles

referentes e no registro de variáveis que presumimos relevantes, para analisá-

los (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 59).

Na referida escola foi aplicado um questionário, na qual foram seguidos os padrões de

ética, para isto se vez necessário a não identificação dos pesquisados, assim como a não

identificação da instituição de ensino, perfazendo um total de 69 alunos (as) que responderam os

mesmos. Os dados obtidos foram analisados e interpretados sobre um olhar quantitativo, através

da organização dos dados por categoria e transformado em porcentagem e exposto em gráficos

como é apresentado a seguir.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Com base no questionário aplicado foi possível observar a carência dos discentes dentro

da temática estudada. A primeira questão buscou conhecer o conhecimento dos alunos acerca

do tema Educação Ambiental, como pode ser analisado no gráfico 01, na qual mostra que

76,28% responderam que sabem o que é Educação Ambiental e 22,03% ainda não sabem o que

é Educação Ambiental e 1, 69% não responderam.

Com isto segundo a Lei 9.795, de 27 abril de 1999, capítulo I, Art. 2. ―A Educação

Ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar

presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidade do processo educativo, em

caráter formal e não-formal‖, cabe à escola explorar e utilizar de meios educativos para

disponibilizar a Educação Ambiental, com novas abordagens metodológicas, com o objetivo de

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sensibilizar a geração de hoje para construir a geração futura, com novas percepções ambientais

e sustentáveis.

O próximo quesito, gráfico 02 procurou compreender a percepção ambiental dos alunos,

ao analisar se o meio ambiente é importante para os mesmos. Os resultados obtidos foram,

86,4% que responderam que o meio ambiente é importante e 10,2% nunca pararam para pensar

no assunto e 1,7% não responderam. Nesse aspecto há ainda muito para desenvolver dentro do

ambiente escolar para a busca da sensibilização dos discentes, a fim de gerar uma consciência

crítica em prol de uma sociedade que busque por melhorias nos problemas ambientais

deixados por gerações passadas e que estão prosseguindo para as gerações futuras. Na qual se a

geração presente não perceber a sua responsabilidade, os danos ao ambiente serão irreversíveis.

Como caracteriza Stoffel e Colognese (2016),

na perspectiva da sustentabilidade social, a presença do ser humano é colocada

como destaque na ecosfera. A maior preocupação volta-se ao bem-estar

humano, à condição de vida humana e aos meios utilizados para manter,

melhorar e até mesmo aumentar essa qualidade de vida. Uma sociedade

sustentável supõe que todos os cidadãos tenham direito ao mínimo necessário

para uma vida digna e, além disso, tenham o direito de usufruir dos bens e

serviços, recursos naturais e energéticos sem prejudicar o bem-estar do outro

(STOFFEL; COLOGNESE, 2016, p. 31).

Nesse contexto da sustentabilidade que os autores trazem certamente o mundo seria

melhor, sem tanto prejuízo para o Planeta Terra, todos conseguiriam viver sem prejudicar as

futuras gerações de seres vivos, mas isto somente irá acontecer quando todos os seres humanos

reconhecer a importância da natureza para todos.

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No tópico três procurou conhecer quais são os meios de captação dos conhecimentos

ambientais que os alunos têm maior acesso. O gráfico 03 apresenta o número correspondentes

das alternativas escolhidas pelos alunos, na qual expõe que os discentes recebem maior

informação sobre o meio ambiente é por meio da TV em primeiro lugar, seguido pelas

disciplinas da escola, e em terceira colocação está o jornal. Com essa perspectiva abre ainda

mais a importância da escola dentro da construção do chamado conhecimento ambiental a ser

criado e fluido dentro de cada ser envolvido dentro do ambiente.

No gráfico 04 demonstra que a educação ambiental é estudada de forma insolada não

ocorrendo à interdisciplinaridade entre as mesmas. As disciplinas que trabalham com a

Educação Ambiental são apenas disciplinas que em seus conteúdos abordados já discutem a

temática como a Biologia (53%), Geografia (5%) e a Química (1%).

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Além disso, os conteúdos curriculares dessas disciplinas já possuem em seus objetivos o

estudo do meio ambiente, mas o que ocorre na maioria das escolas é a desvalorização por parte

de alguns profissionais da educação, que não apresentam o mínimo interesse em trabalhar a

Educação Ambiental com seus alunos (as), ou devido a falta de tempo e até mesmo falta de

capacitação. Os PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) afirmam que,

os conteúdos de Meio Ambiente foram integrados às áreas, numa relação de

transversalidade, de modo que impregne toda a prática educativa e, ao mesmo

tempo, crie uma visão global e abrangente da questão ambiental, visualizando

os aspectos físicos e histórico-sociais, assim como as articulações entre a escala

local e planetária desses problemas (PCN, 1998, p. 193).

Portanto trabalhar dentro da transversalidade é transformar o conceito de ensinar,

levando o dia-a-dia dos alunos e assim como trazer a participação de cada um, abri assim a visão

para o seu papel de importância dentro do meio ambiente na qual esta inserido, criando um

leque de novos saberes críticos com consenso ambiental.

Em seguida no gráfico 05 demonstra que 53% responderam que eles como alunos nunca

viram nem um trabalho desenvolvido em sala de aula que tratasse do tema meio ambiente e 47%

responderam que já, sendo que foram trabalhados durante as feiras de meio ambiente, e através

de trabalhos em sala com as temáticas: como cuidar da água, poluição, a poluição no Brasil,

floresta tropical (desmatamento), poluição de esgotos e apresentados em forma de seminários e

palestras.

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Dessa forma ao longo do ano a escola desenvolve alguns projetos como: horta na escola,

feira do meio ambiente, jogar lixos no lixo, palestras, reciclagem e feira de ciências. Com isso

cabe ressaltar que a Educação Ambiental não se resume somente a isto. Ao pegar, por exemplo,

o projeto de reciclagem desenvolvida dentro da escola, ele ficará somente de forma interna, pois

de forma externa não surge efeito algum, pois no município o destino final do lixo é um lixão a

céu aberto. Como pode ser analisado no gráfico 06 que 64% dos alunos entrevistados

responderam que não são desenvolvidos projetos que se relacionam com o meio ambiente, mas

36% responderam que sim. Por certo é sinal que os trabalhos realizados não surgiram tanto

efeito com a concepção do alunado.

Mais adiante no item 07 os discentes foram perguntados o que eles consideravam um

problema ambiental. Sendo que 54% consideram a poluição das águas, 7% a contaminação do

solo, 24% o lixo, a falta de água, esgoto a céu aberto e a fumaça de carro tiveram a mesma

porcentagem, 5%. De acordo com Sobrinho e Sousa (2016) a escola funciona,

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como centro de transformação, a escola deve-se comprometer-se as

perspectivas e as decisões que os favoreçam o exercício da cidadania. Tal

transformação de envolver valores e conhecimentos, que permitam desenvolver

as capacidades necessárias para a participação social efetiva (SOBRINHO;

SOUSA, 2016, p.35).

Por outro lado são muitos os desafios existentes dentro dos ambientes escolares, que nem

sempre é possível atender todas as necessidades e especificações do currículo escolar. Assim

como pode ser estudado no gráfico 07. O que é evidencia, é que cada ser tem o seu modo de

percepção, e uma maneira de perceber o ambiente ao seu redor. ―Portanto o homem se torna um

ator, que dependendo do seu senso crítico, pode beneficiar o ambiente e todos os processos

ecológicos envolvidos‖ (SOUZA; SANTOS, 2016, p. 56). Por isso que a maioria dos efeitos

causados ao meio ambiente, são devido aos efeitos antrópicos.

Acrescenta-se com o objetivo de avaliar de quem é a responsabilidade de resolver os

problemas ambientais, os dados como pode ser visto abaixo no gráfico 08, mostra que 78% dos

discentes consideram que a responsabilidade maior é do povo, seguidos por 10,2% consideram a

responsabilidade dos políticos, 3,4% a firmam que é responsabilidade das associações de

moradores, 5% organizações ecológicas, 1,7% consideram que é de responsabilidade dos

cientistas e 1,7% apenas consideram como ele próprio como responsável. Segundo a

Constituição Federal de 1988. Art. 225.

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso

comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder

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público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e

futuras gerações (BRASIL, 1988, p. 36).

Dessa forma a responsabilidade é de todos, desde que cada um faça o seu papel dentro da

sociedade, não basta tratar os problemas de forma insolada, pois um único problema ativa o

efeito cascata para o meio ambiente. Na qual gera muitos outros fatores, necessitando assim a

corresponsabilidade ambiental, de empresas, governo e a população.

Mais adiante no gráfico 09 expõe as atitudes negativas para o meio ambiente, que os

alunos praticavam e afirmam não praticarem mais. A primeira atitude que os discentes afirmam

ter deixado de praticar, foi 36% afirmam ter deixado de desperdiçar água, 29% deixaram de

jogar lixo nas ruas, 12% pararam de deixar as luxes acesas, 13% deixaram de matar passarinho,

10% deixaram de jogar lixo nos lagos e rios. Com isto estas são atitudes resultantes do processo

educativo da Educação Ambiental, na qual é por meio da sensibilização que se cria uma visão

critica dos discentes.

Em seguida os discentes foram questionados quais as atitudes que são desenvolvidas por

sua escola que visam á conscientização ambiental. No gráfico 10 como podem ser observados,

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54% respondeu que a escola desenvolve palestras, 9% desenvolvem a horta na escola,

reciclagem e debates em sala de aula, 4% filmes, 1% coleta seletiva, 3% desenvolve

caminhadas, 5% responderam nada, e 3% não responderam. Estas são algumas maneiras de

trabalhar a Educação Ambiental, que proporciona ao educado desenvolver as suas

potencialidades e criar posturas pessoais, com comportamento construtivista em um ambiente

mais saudável.

E no gráfico 11 analisa o grau de interesse dos discentes, sendo que 41% responderam

que o seu interesse é médio e 34% responderam que tem muito interesse, 17% pouco se

interessam pelo assunto. Com base nos dados pode ser observados que os alunos são

interessados em aprender a educação ambiental, mas cabe à escola explorar cada vez mais e

buscar sensibilizar esta porcentagem que não são interessados.

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E no gráfico 12 busca analisar se os alunos aprendem sobre Educação Ambiental e se

eles transmitem os mesmos. 59% responderam que sim e 36% responderam que não transmitem

e 5% não Responderam. Com isto é contemplado o interesse pela transmissão do que é

aprendido na escola, objetivando assim o alcance da sociedade fora do ambiente escolar.

Por fim no último gráfico 13 busca compreender a frequência em que a escola trabalha

com a educação ambiental. Sendo que 47,45% responderam que a frequência era pouca, 39,98%

responderam às vezes, nunca e sempre tiveram a mesma porcentagem (5,08%) e 3,39% não

responderam. A escola deve trabalhar durante todo o ano letivo com a Educação Ambiental e

não apenas em datas comemorativas, com o objetivo de chegar à formação de novas concepções

críticas.

Dessa forma pode se perceber que a frequência do estudo que aborda a Educação

Ambiental, é muito pouca, assim percebida pelos estudantes. Necessitando de maior abordagem

desta temática dentro de todas as disciplinas escolares, não deixando a cargo de disciplinas da

Gráfico 12.

Fonte: pesquisa de campo, 2015.

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área de Ciências da Natureza, cabendo assim maiores abordagens nas outras áreas do

conhecimento.

CONCLUSÕES

A escola é um ambiente propicio ao desenvolvimento da Educação Ambiental, através de

metodologias dentro da prática escolar que envolva cada ser dentro do processo. Com a

finalidade de gerar uma consciência ambiental, por meio da sensibilização do seu alunado. Com

base nos dados analisados sobre a Educação Ambiental desenvolvida na escola pesquisada,

muitos dos alunos acreditam saber o que é Educação Ambiental, isto devido os meios de

comunicação proporcionar a comoção por meio da mesma, o que é mais de admirar é o

individualismo em ver como um problema ambiental, o que somente afeta a cada ser humano,

como se cada homem e mulher vivessem no ecossistema e não dependesse do que esta nele.

Os conteúdos curriculares que hoje devem ser trabalhados dentro de sala de aula tem que

está envolvido dentro dos conteúdos transversais como a Educação Ambiental, não basta espera

que somente as disciplinas como a Biologia estude a natureza, por exemplo, pois dentro dos seus

conteúdos já são estudados de forma integrada.

Portanto ao longo do planejamento escolar há uma maior preocupação com as datas

comemorativas como a semana do meio ambiente, o dia da água, o dia da árvore, com isto, não

basta trabalhar a Educação Ambiental somente nestas datas comemorativas, ela deve ser

trabalhada ao longo de todo o ano, também não deve ser estudada como uma disciplina isolada

dos outros conhecimentos científicos.

Por outro lado cada educando tem a sua maneira de perceber o meio na qual esta

inserido, o problema ambiental que hoje é considerado maior é a crise hídrica que afeta todo o

País, mas esse é somente um dos efeitos que vem sendo carregado pelos os outros efeitos

ambientais como: desmatamento, assoreamento dos rios e lagos, lixos, esgotos, aquecimento

global etc. Isto é devido ao desequilíbrio ambiental causado pelos efeitos antrópicos.

Contudo não tem como reverter tudo isto cabe a cada um fazer a sua parte como

cidadãos conscientes, para que todos tornem responsáveis pelos seus atos, assim como,

empresas, políticos, comunidade e escolas para o desenrola de uma educação. A única maneira

de alcançar esse objetivo é por meio da sensibilização, ou seja, da comoção popular. Na qual,

alcance a percepção individual, empresarial e coletiva. Portanto a Educação ambiental é capaz

de proporcional o equilíbrio dentro de uma comunidade biológica, por meios sustentáveis. Dessa

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forma, novas pesquisas poderão ser desenvolvidas, na qual busque novas abordagens cientificas

e aumente a percepção ambiental dos alunos e alunas, que são o futuro da nação.

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OS IMPACTOS DO DESMATAMENTO NA VEGETAÇÃO BRASILEIRA

Sileide Mendes da Silva

RESUMO

A pesquisa teve como objetivo analisar as causas do desmatamento no Brasil e os impactos

provocados na vegetação. Fundamentada na pesquisa bibliográfica, os autores mostraram que o

desmatamento é uma atividade que objetiva a retirada total da cobertura vegetal nativa de uma

área ou a degradação de uma área de floresta pela diminuição da densidade e a modificação da

estrutura espacial das árvores, com perda de biomassa, diversidade genética e de espécies, além

do impacto na redução na efetividade de serviços ambientais. Em um sentido mais restrito, o

desmatamento é um processo de conversão de espaços com cobertura florestal em áreas não-

florestadas, objetivando atividades agropecuárias como exploração madeireira, emprego da terra

para plantio e formação de pastagens; assentamentos urbanos e reforma agrária; atividades

industriais; florestais; para o processo de geração e transmissão de energia; de mineração; e de

transporte. Os resultados apontam que na maioria dos casos, o desmatamento pode provocar

modificações geográficas sejam elas erosão, assoreamento de rios, enchentes, problemas de

saúde como aumento de doenças infecciosas consequente da perda de habitats naturais de

vetores de doenças, como no caso do Mal de Chagas e modificar o clima com aumento da

concentração de CO2 atmosférico, mudanças nas fases de chuva, entre outros.

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Palavras Chave: Desmatamento. Vegetação. Ecossistemas brasileiros.

INTRODUÇÃO

Atualmente, todos os biomas ou os domínios morfoclimáticos do Brasil estão degradados

ou sofrendo ameaças em grande ou pequena escala pela ação pela atuação das pessoas na

exploração predatória dos ecossistemas. Os motivos da degradação são diversos e estão

vinculados a problemas históricos, demográficos, sociais e culturais.

Um dos principais agentes de mudança das paisagens naturais tem sido o ser humano,

desde especialmente a fases da Revolução Industrial e a expansão do processo de urbanização

acontecida a partir do final do século XVIII.

O desenvolvimento e aperfeiçoamento de técnicas e tecnologias concedem às sociedades

humanas uma grande capacidade de modificar a paisagem natural. E quanto mais o ser humano

produz, mais usa as reservas de água, minérios, madeira e outros recursos naturais. Para

consegui-los, as pessoas praticam queimadas, desmatamentos, esgota o solo, caça e pesca de

maneira predatória etc. E essas atitudes danosas ao meio ambiente não causam sequer

preocupação aos impactos que causará, ainda despeja seus dejetos e materiais poluentes na

atmosfera, nos rios e no mar.

Como resultado da história de ocupação do território brasileiro - extração do pau-brasil,

cultivo da cana-de-açúcar, do café e atualmente da soja, estabelecimento de fábricas e expansão

de cidades - as paisagens naturais identificadas no passado sofreram e ainda sofrem grandes

alterações.

Partindo do princípio que o desmatamento abrange um impacto ambiental dos mais

acentuados, em decorrência da descaracterização total do habitat natural, leva-se em conta esta

prática como sendo a última opção, pois se a área requerida para o desmate ainda é madeirável,

isto é, se ela possui madeira de boa qualidade em números economicamente viáveis, ao

contrário de se realizar um desmatamento, deve-se inserir um Plano de Manejo Florestal

Sustentado (PMFS).

Caso a área solicitada seja para constituição de pastagens, dependendo do tipo, pode-se

escolher pelo plantio direto. Nos casos em que a área requerida realmente depende do corte raso

para favorecer a utilização agrícola, pode-se intercalar faixas de vegetação nativa entre as áreas

de plantio, objetivando reduzir os impactos abrangido com a perda de solo e processos erosivos.

Com base nesses argumentos, a pesquisa trouxe como problema: Quais os impactos do

desmatamento na vegetação brasileira?

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A escolha da temática deve-se ao fato de buscar dados e divulgá-los, visto que é

necessário agir e agora, para minimizar os impactos da sociedade de hoje sobre as futuras

gerações. Num momento em que a Natureza se apresenta especialmente inquieta, com

manifestações provocadas ou não pelo homem – mas que cobram um preço alto em vidas –, tais

como furacões furiosos, enchentes devastadoras, deslizamentos mortais, invernos glaciais,

chega-se a necessidade de repassar informações chamando não somente à reflexão, mas,

especialmente, à ação de todos em defesa da vida.

Fundamentado na pesquisa bibliográfica, teve-se como objetivo geral: analisar as causas

do desmatamento no Brasil e os impactos provocados na vegetação. Como objetivos específicos:

analisar a importância de preservar a natureza e combater o desmatamento e divulgar as várias

causas e as consequências do desmatamento.

VEGETAÇÃO E OS IMPACTOS DO DESMATAMENTO

Quando os ecossistemas são afligidos por impactos ambientais, normalmente a vegetação

é o primeiro elemento da natureza a ser afetado, pois é reflexo harmonizado das condições

naturais de solo, relevo e clima do lugar em que acontece.

Nos dias atuais, todas as formações vegetais, em maior ou menor grau, deparam-se

alteradas pela ação das pessoas. Isso aconteceu especialmente em decorrência das atividades

agropecuárias e pelos impactos provocados pela industrialização e urbanização. Em muitas

situações, restam unicamente algumas manchas em que a vegetação original é localizada, nas

quais, embora com pequenas modificações, ainda mantem suas características principais.

O primeiro resultado do desmatamento é o comprometimento da

biodiversidade, em decorrência da redução ou, mesmo, da extinção de espécies

vegetais e animais. As florestas tropicais tem uma grande biodiversidade e, por

isso, possuem um valor indeterminável (FREYRE, 2007, p.23).

Diversas espécies, atualmente ainda desconhecidas da sociedade urbano-industrial,

podem vir a ser a resolução para a cura de determinadas doenças e poderão ser utilizadas na

alimentação ou como matérias primas. Com o desmatamento, existe o perigo dessas espécies

serem destruídas antes de serem descobertas e pesquisadas.

Especificamente na Floresta Amazônica existe uma grande quantidade de espécies

endêmicas. Parte desse patrimônio genético é conhecida pelas diversas nações indígenas que ali

residiam, mas a maioria dessas comunidades nativas está passando por um processo de fazer

parte da sociedade urbano-industrial que tem conduzido a perda do patrimônio dos seus

conhecimentos.

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Outro aspecto relevante que atinge os interesses nacionais dos países onde existem

florestas tropicais, inclusive o Brasil, é a biopirataria, por intermédio das quais diversas

empresas escolhem práticas ilegais para assegurar o direito de explorar, no momento futuro,

possíveis matéria prima para a indústria farmacêutica e de cosméticos, dentre outras indústrias.

Conforme Drew (1996, p.68) as principais consequências do desmatamento são:

– Destruição da biodiversidade;

– Genocídio e etnocídio das nações indígenas;

– Erosão e empobrecimento dos solos;

– Enchente e assoreamento dos rios;

– Diminuição dos índices pluviométricos;

– Elevação das temperaturas;

– Desertificação;

– Proliferação de pragas e doenças.

O desmatamento traz consequências sérias como é o caso da destruição e extinção de

variadas espécies. Diversas espécies podem auxiliar na cura de doenças, utilizadas na

alimentação ou como novas matérias-primas, são desconhecidas do ser humano.

Uma outra consequência agravante do desmatamento é o desenvolvimento dos

processos de erosão. As árvores de uma floresta têm o papel de proteger o solo,

para que a água da chuva não passe pelo tronco e infiltre no subsolo. Elas

reduzem a velocidade do escoamento superficial, e impedem o impacto direto

das chuvas como o solo e suas raízes auxiliam a conservá-lo, dificultando a sua

desagregação (DREW, 1996, p.69).

A retirada da cobertura vegetal expõe o solo ao impacto das chuvas. As consequências

dessa interferência do ser humano são diversas (CARVALHO, 1997):

– acréscimo do processo erosivo, o que conduz a um empobrecimento dos solos, como

consequência da retirada de sua camada superficial e, muitas vezes, termina inviabilizando a

agricultura;

– assoreamento de rios e lagos, como consequência da elevação da sedimentação, que

causa desequilíbrios nesses ecossistemas aquáticos, além de provocar enchentes e, diversas

vezes, trazer empecilhos para a navegação;

– eliminação de nascentes: o aprofundamento do lençol freático, causado pela redução da

infiltração de água das chuvas no subsolo, diversas vezes pode causar problemas de

abastecimento de água nas zonas urbanas e na agricultura;

– redução dos índices pluviométricos, em consequência do acontecimento abordado

acima, mas também do fim da evapotranspiração. Avalia-se que 50% das chuvas que caem

sobre as florestas tropicais são consequências da evapotranspiração, ou seja, da troca de água da

floresta com a atmosfera;

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– aumento das temperaturas locais e regionais, como resultado da maior irradiação de

calor para a atmosfera por meio do solo exposto. Boa parte da energia solar é consumida pela

floresta para o processo que se denomina fotossíntese e evapotranspiração. Se não houvesse

floresta, quase toda essa energia seria refletida de volta para a atmosfera em forma de calor,

aumentando as temperaturas médias;

– agravamento dos processos de desertificação, em decorrência da junção de todos os

fenômenos até agora abordados: redução das chuvas, aumento das temperaturas,

empobrecimento dos solos e, logo, acentuada redução da biodiversidade;

– ou término das atividades extrativas vegetais, muitas vezes de grande valor

socioeconômico. É relevante perceber que, muitas vezes, compensa mais, em circunstancias

sociais, ambientais e até mesmo econômicas, o cuidado com floresta, na qual pode ser explorada

de maneira sustentável, sendo mais compensadora do que sua troca por outra atividade qualquer;

– crescimento em número de pragas e doenças, como resultado de desequilíbrios nas

cadeias alimentares. Algumas espécies, normalmente insetos, antes em nenhuma nocividade,

passam a multiplicar exponencialmente com a matança de seus predadores, provocando sérios

danos, especialmente para a agricultura.

A devastação das áreas, de floresta causam grandes impactos tanto locais quanto

regionais, além de existir também um perigoso impacto a nível global. A destruição da floresta

seja ela decorrente de incêndios criminosos, seja pela retirada de lenha ou carvão vegetal para

variados fins, uma delas é a queima do carvão vegetal na Amazônia brasileira principalmente no

Pará para garantir a produção de ferro nas usinas daquela região, por sua vez processo vem

colaborando de forma acentuada para o aumento da concentração de gás carbônico na

atmosfera, ainda é importante ressaltar que esse gás é um dos principais responsáveis pelo efeito

estufa (CARVALHO, 1997).

Os incêndios ou queimadas nas florestas brasileiras, vem consumindo uma quantidade

imaginável de biomassa todos os anos, são causados principalmente para o desenvolvimento das

atividades agropecuárias, em muitos casos ocorrem em gigantescos projetos que recebem

incentivos do governo e, logo, sob a proteção da lei. Podem também ser consequências de

práticas criminosas ou ainda de acidentes, inclusive naturais.

A DEGRADAÇÃO AMBIENTAL DOS ECOSSISTEMAS BRASILEIROS

A natureza sempre atendeu as necessidades das pessoas. Nos primórdios, de maneira

simplória limitava-se unicamente à alimentação, mas ao deixar sua condição de nômade o

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homem necessitou desenvolver habilidades que provessem as novas condições. A posição era

outra e passou a demandar mais do meio natural, era preciso produzir, e não unicamente colher.

Até adentrar na Era Industrial a degradação ambiental acontecia em um grau menor, mas

era conveniente progredir, a humanidade atingira outro estágio – aumentara a população e

consequentemente a produção era proporcional em todos os níveis. A destruição dos

ecossistemas ultimamente está globalizada e inversamente proporcional à produção e ao

consumo da população do mundo.

Desde o período do descobrimento, o solo, as águas, a fauna e a flora são

exploradas para as variadas atividades, quando então o país tornou-se fonte

inesgotável para prover a produção industrial em todo o mundo. De início foi o

pau-brasil que estava mais á mostra, depois os mais diversos tipos de matéria-

prima, que atendia a necessidade do crescimento industrial da Europa e que se

começa no Brasil na segunda metade do século XX. O desenvolvimento foi e

será preciso, no entanto atingiu um limite que não é mais possível controlar, e a

degradação dos ecossistemas no Brasil é resultado tanto da exploração externa

como interna para manter o processo desenvolvimentista que sempre priorizou

unicamente com a produção e o lucro (PRADO JR, 1959, p.24).

O perigo que rodeia os ecossistemas acontece por falta de um compromisso maior

quando do uso dos recursos naturais. A ausência de um planejamento apropriado levou a uma

corrida demasiada para a exploração destes recursos, cuja renovação não acompanhou o ritmo

intensificado da produção.

Ao todo são sete ecossistemas que envolvem o Brasil de norte a sul, e de grande

relevância para continuidade da vida, inclusive do planeta com toda a modernidade que atingiu

no decorrer dos milênios.

Na Amazônia está o maior ecossistema do mundo, e em decorrência das benéficas

condições climáticas, concentra a maior biodiversidade do planeta. Conforme o Fundo Mundial

para a Natureza (WWF), organização não-governamental, a região possui uma vegetação

formada por mais de 30 mil espécies distribuídas de maneira diversificada entre cerrados com

savanas nas áreas mais secas; gramíneas nos campos e campinaranas.

De acordo com cada tipo de solo e da topografia de cada região a vegetação podem ser

divididas em matas de terras firmes nas quais nunca são alagadas, matas de várzea que sofrem

alagamentos durante os meses de cheia e matas de igapó essas por sua vez fica

permanentemente alagadas (FURLAN E NUCCI, 1999).

A fauna possui 85% dos peixes de água doce da América do Sul, 350 espécies de

mamíferos, 950 tipos de aves e cerca de 2,5 milhões de insetos. Todas estas comunidades

animais e vegetais residem níveis diferentes ao longo da floresta. A degradação que vem

acontecendo na Amazônia é ocasionada pelas práticas mineradoras e agropecuárias, bem como

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pela atividade da caça e pesca predatória que põem em perigo sua biodiversidade com impactos

como o desmatamento, erosão, poluição das águas e inundações de florestas (ALMANAQUE

ABRIL-BRASIL – 2002).

O Pantanal, situado no Centro Oeste brasileiro é a maior planície alagada do planeta com

cerca de 150 mil quilômetros quadrados, localizada numa área de transição entre a floresta

Amazônia e o Cerrado, com ecossistemas aquáticos. Especificamente agrícola, e com intensa

atração para o Turismo ecológico pela agradável paisagem que possui, manifesta sérios

problemas no que se refere a degradação ambiental, especialmente com o lixo acumulado nas

regiões ribeirinhas, que agrupam localidades com saneamento básico escasso e são pontos de

partidas para diversas atividades e acabam por contaminar as águas no decorrer das hidrovias.

O Ecossistema de Caatinga prevalece na região do semi-árido e abrange oito Estados

Nordestinos (Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte,

Sergipe), e ainda parte do norte de Minas Gerais. O clima sobressai o semi-árido e as altas

temperaturas, a maior média do país, entre 25º C e 29º C e o solo seco. A fauna é formada por

lagartos, serpentes, anfíbios e mamíferos, dentre este último grupo, estão veados, preás, cutias,

gambás, capivaras entre muitos outros animais.

Uma das principais características da vegetação nessa região é a perda total das folhas de

quase todas as espécies no período da estação seca, a água é armazenada em seus tecidos, suas

folhas têm superfície reduzida ou reduzida a espinhos. No bioma caatinga predomina as famílias

Bignoniceae (carobas e paus d‘arco), Enphorbiaceae (maniçoba e marmeleiros), Leguminosae

(juremas e jatobás), entre os cactos encontra-se o mandacaru (Cereus jamacuru), o xique-xique

(Cephalo cereus gounellei), entre outros (RODRIGUES, 2011).

Este ecossistema vem sofrendo degradação há vários séculos, as perdas foram

especialmente em decorrência à colonização da área fundamentada restritamente na agricultura e

pecuária, que propiciou a formação de grandes latifúndios que mantem atualmente, ocasionando

danos com o desmatamento, utilização demasiada dos lençóis de água e a desertificação.

No estado do Piauí concentra-se uma área considerável de degradação na qual é

responsável por gerar o desaparecimento de várias espécies de animais e vegetais (…). As

principais causas do processo de desertificação na região de Gilbués e áreas circunvizinhas é

basicamente pela destruição da cobertura vegetal do solo, incentivada num primeiro momento

pela extração de diamantes e em seguida pela implementação de campos pastoris naquela região

(SILVA NETO, 2001).

O território brasileiro tem como a segunda maior vegetação o cerrado e envolve dez

estados do Brasil Central, o que corresponde 23,1%. Com duas estações bem estabelecidas com

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o inverno seco e verão chuvoso, este ecossistema contem três das maiores bacias hidrográficas

da América do Sul. Concentra uma vegetação rica, com árvores esparsas e espalhadas entre

arbustos, e uma vida animal variada, tendo inclusive algumas espécies postas em perigo de

extinção como é o caso do mico-leão dourado e a preguiça de coleira em decorrência da caça e

do comercio ilegal de animais e vegetais.

Os fatores de degradação que mais atingem as áreas de Cerrado são: mineração e os

projetos agropecuários e a expansão territorial. Na mesma proporção que se ocorre o

desenvolvimento, acontece a degradação, e o afastamento entre o equilíbrio econômico e o

ambiental fica cada vez maior.

O ecossistema mais degradado do país é a Mata Atlântica, juntando-se a ela a Mata de

Araucárias, o cerrado e a Zona Litorânea, constitui uma das maiores interações ecossistêmicas.

A cobertura vegetal correspondia 15% das terras descobertas, envolvendo a região Sudeste, Sul

e Nordeste. Sua degradação foi intensa e diversos fatores foram usados ao mesmo tempo,

desmatamento, agricultura, e expansão urbana. Hoje está limitada a 7% de sua área original,

preservados, devido à presença da Serra do Mar.

É importante ressaltar que cada floresta possui características exclusivas como condições

de umidade, de temperatura e tipos diferentes de solo. Isso pode ser observado por exemplo na

composição das espécies de uma floresta ao nível do mar e de uma outra localizada no topo de

uma montanha. Em sua vegetação encontra-se espécies de madeiras raras e de grande valor

econômico como o cedro (Cedrela fissilis) e a peroba rosa (Aspidosperma peroba).

Já na fauna existe uma variedade tanto para os ambientes aquáticos (patos, mergulhão

pescador, jacarés, cagados e várias espécies de peixes), como para os de terra firme como,

quatis, onças, lagartos, gambas e vários tipos de primatas. Na região norte do pais predomina os

campos em faixas isoladas, porém, é no sul do Brasil que se concentra uma vasta pradaria. A

região dos pampas gaúchos predomina a vegetação aberta e com arvores de pequeno porte

formadas por gramíneas (campos limpos), arbustos (campos sujos) e herbáceas, há também

algumas espécies que são endêmicas, como os cactos e as bromélias. A hidrografia, a terra e o

clima favorecem o desenvolvimento das atividades agropecuárias nas quais são as principais

responsáveis pela degradação que vem acontecendo nesse ecossistema, ocasionando ainda a

perda da fertilidade do solo, a erosão, desmatamento e a desertificação (FURLAN E NUCCI,

1999).

O cenário ambiental do Brasil, está passando por uma fase que carece de uma atenção

especial, tanto por parte das autoridades brasileiras, quanto dos organismos internacionais que

cuidam pela harmonia entre o ser humano e o meio ambiente.

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Os programas de preservação devem ser intensificados para dificultar interferências mais

intensas sobre o meio ambiente, bem como tomar providências de conservação que direcionem

ao manejo sustentável, ou seja, a exploração dos recursos naturais sem grandes impactos

ambientais.

Para modificar conceitos e hábitos, será preciso não unicamente educar o ser humano

para uma melhor convivência com o espaço natural, mas alterar as relações capitalistas, como

novos sistemas produtivos e com uma nova estrutura social. No entanto, todo este enfoque não

omite o ser humano a sua parte de responsabilidade quanto à degradação provocada aos recursos

naturais.

A gestão racional é uma opção para reintegrar o ser humano e natureza, que

não são partes isoladas, o espaço é o mesmo para a convivência harmoniosa de

ambos. Para o ecossistema progredir não poderá haver isolamento de uma

espécie dentro do sistema geral, o progresso é contínuo e sucessivo com

estabilidade para todos os integrantes (RIZZINI 1998, p.33).

A ideia de utilização diversa das unidades básicas da organização da natureza manifesta-

se como uma forma mais adequada para sanar o desequilíbrio ambiental, pois requer em

responsabilidade para o uso dos recursos naturais, onde o manejo favorecerá uma estabilidade

dos ecossistemas.

Desmatamento da Amazônia

O pulmão do mundo possui oportunidades de virar um enorme deserto se os níveis de

desmatamentos não reduzirem níveis a se considerar. Críticos apontam que o poder público não

fiscaliza sob a ótica qualitativa e por resultado ocorrem acréscimos nos principais índices que

servem para medir o desmatamento que ocorre na floresta amazônica.

No último mês de dezembro do ano de 2012 ocorreu verificação por conta do IMAZON

(Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia) para ter conhecimento sobre os valores

que se relacionam com o desmatamento na floresta amazônica. De acordo com a instituição de

pesquisa ocorreu à degradação que se equivale em valores superiores do que 170 quilômetros

quadrados.

Se for fazer uma comparação com os valores que foram obtidos através dá instituição de

pesquisas na comparação entre os valores de 2009 a 2011, percebe-se que ocorreu um acréscimo

de quase mil por cento em termos de desmatamento, manifestando que a degradação no

território ocorre de modo rápido e sem controle por conta do poder público. Interessante

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observar que durante o período foram desmatados cerca de dezesseis quilômetros quadrados de

floresta amazônica.

Durante o primeiro mês do ano de 2011 registrou-se pouco, cerca de oitenta quilômetros

quadrados tratando-se somente de desmatamento, um fato que na prática representa um aumento

superior a vinte por cento, levando em consideração com o mesmo período do ano anterior, no

qual durante este período o ato de desmatar quase atingiu o patamar de setenta quilômetros

quadrados do território amazônico.

Ainda pode-se considerar que na real circunstância dos fatos esses valores podem

ultrapassar os que foram registrados de acordo com informações da própria instituição de

pesquisa, uma vez que o monitoramento realizado nessa região nos anos de 2010 e 2011 foi

prejudicado tendo uma estimava de monitoração em valores de 30% do território completo.

Segundo o IMAZON isso aconteceu por causa da presença de muitas nuvens durante os

períodos de trabalho impossibilitando assim a análise de quase 70% do território amazônico,

principalmente na área do Acre e Amapá, nos quais quase 80% de seus territórios estavam com

as extensões vegetativas cobertas por essas nuvens.

Conforme o próprio Ministério do Meio Ambiente com o tempo ocorre

aumento nos níveis de desmatamento no território amazônico que está presente

em terras nacionais. A Amazônia Legal indicou crescimento depois de ocorrer

queda do desmatamento no período de quatro anos, acontecimento que está

contrabalanceado por variados institutos de pesquisas que não convergem com

os dados ministeriais. O ato de desmatar se encontra sob a percepção ilegal e

por resultado enriquece unicamente o mercado paralelo (AMAZONAS, 2009,

p.46).

A floresta Amazônica vem sendo agredida constantemente com o desmatamento, o lucro

e o comodismo demasiadamente em grandes proporções das autoridades são os principais

motivos deste imenso problema que assola a maior floresta no mundo, e a cada dia que passa

parece não ter fim toda essa degradação.

Há 500 anos quando os portugueses vieram para o Brasil e levavam a matéria prima, já

era o começo do desmatamento, e como se não fosse o suficiente os próprios habitantes do

Brasil começaram a cometer o mesmo tipo de exploração, provocando assim um descaso com o

meio ambiente.

O principal motivo do desmatamento é a consciência do ser humano pelo que ase

percebe nos resultados e acontecimentos que estão vindos junto com esta devastação. E

logicamente por queimadas, posses ilegais de moradias, madeiras ilegais, entre muitos outros

aspectos.

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O aumento da população fez com que as pessoas necessitem de mais artigos retirados das

reservas ambientais e especialmente da Amazônia, pois é a floresta mais abundante em matéria

prima, mas essa necessidade tornou-se um exagero veloz demais, e é bem provável se a situação

permanecer assim, as matérias primas terão que serem outras.

A disseminação de doenças irá aumentar, especialmente no norte do país, provocando

problemas maiores ainda.

Mas o pior é que irá chover de forma abundante em alguns lugares, provocando

enchentes e mortes absurdas, e em outras secas, que especialmente provocaram mortes por

fome, mas, os impactos mais manifestos são a erosão e a compactação do solo e o esgotamento

dos nutrientes.

À medida que a qualidade do solo piora, a produção agrícola abaixa junto com ela,

alguns sistemas podem ser conservados, por exemplo a alternância de cultivo é uma alternativa

para suprir essas perdas.

As escolhas da administração florestal terminam nas mesmas proporções que vai

desmatando, tanto nos recursos genéticos quanto nos recursos farmacológicos. Quando a floresta

é transformada para utilizações como as pastagens, todas as funções realizadas pela bacia

hidrográfica são perdidas.

As cheias são constituídas quando as áreas desmatadas são precipitadas, pelas enormes

fases em que as águas não percorrem na sua direção normal.

Conforme Brasil (1991) algumas ações que se sobressaem na prevenção dos

desmatamentos são: ―Com imagens de satélite detectar, em tempo real que está acontecendo,

cada árvore que está sendo retirada, sendo ele legal ou ilegal, esse sistema terá um alerta, a

pessoas que estarão controlando quase que 24 horas‖.

Outra maneira que será eficaz é o acordo que os Ministérios estão fechando, de ações de

fiscalização, tanto para o trabalho escravo ou infantil, e especialmente para o desmatamento,

dentre diversas outras atividades ilícitas praticadas na Amazônia.

Contudo, é necessário a aquisição de equipamentos e outras melhorias para que essas

ações se tornem possíveis. Porém, enquanto tudo isso não se torna concreto, necessita-se ter

certeza de onde vem os produtos que se está adquirindo, se não são mais peças retiradas das

escassas matérias primas que ainda restam na mata.

Desmatamento da Mata Atlântica

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O desmatamento no Brasil hoje é um dos maiores problemas ecológicos encontrados no

país. Diversas são suas causas, e elas têm peso diferenciados nas variadas regiões, sendo as mais

relevantes a transformação das terras para a produção agrícola ou prática da pecuária, a extração

de madeireira, a grilagem de terras, a urbanização e a fundação de infraestruturas como pontes,

estradas e barragens. O estado do Mato Grosso é o mais afetado pelo desmatamento, seguido

pelo Pará e Rondônia.

Desde que o ser humano chegou ao atual território do Brasil, milhares de anos

atrás, passou a causar impacto no meio ambiente em ciclos repetidos de

desmatamento. Mudanças climáticas também devem ter ocasionado relevantes

rearranjos nas composições florestais de amplas regiões, mas o conhecimento

do processo em períodos tão recuados é muito incompleto (CÂMARA, 2009,

p.91).

Por meio da conquista portuguesa em 1500 os acontecimentos começam a ser mais

abundantes, demonstrando que muitas florestas caíram, principalmente no litoral, para retirada

de madeiras e utilização agropecuária da terra. Desse período para cá o problema se intensificou

profundamente.

Estima-se que o país tinha originalmente 90% de sua área coberta por formações

florestais diversas, o restante era formado de campos, mas em 2000 a proporção total havia

reduzido para 62,3%. Regionalmente o acontecimento é ainda mais preocupante. Alguns biomas

tiveram diminuições muito maiores, principalmente a Mata Atlântica, uma das florestas mais

ricas em biodiversidade do mundo, da qual atualmente resta menos de 13%, e em estado

bastante fragmentário, o que aumenta sua fragilidade.

Desde os anos 70 o desmatamento vem obtendo crescente evidência nos meios de

comunicação e vem sido combatido pelo desenvolvimento de número de personalidades

notáveis, entre as quais se destacam cientistas, juristas, filósofos, artistas e educadores de mérito

bastante reconhecido, desenvolvendo uma considerável polêmica pública que nos últimos anos

que se tornou de maneira intensa.

Em toda, a parte se crescem em número as pesquisas científicas e as ações independentes

para um crescimento ecologicamente livre de risco, o governo tem investido diversos recursos

na esfera e tem grandes projetos para o futuro, mas isso tem sido contemplado muito pouco para

garantir uma alteração decisiva rumo à sustentabilidade, e o governo em sido rigidamente

criticado por desenvolver retrocessos intensos em diversos níveis que anulam os ganhos.

Conforme dados da FAO ( Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a

Agricultura) divulgados em março de 2010, nos anos anteriores o Brasil vinha manifestando

uma clara tendência de diminuição na taxa anual de perdas, e diminui a área líquida desmatada

em 20 anos. Todavia, permanece líder mundial, seguido pela Indonésia e a Austrália, e em 2013

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o ritmo da devastação voltou a aumentar rapidamente, colocando a perder os progressos obtidos

na década passada para manter o controle do problema.

O desmatamento não é um impacto ambiental isolado. Ele está intimamente

associado a outras deteriorações ecossistêmicas, como é o caso da poluição, a

invasão de espécies exóticas e o aquecimento global, reage com eles e essa

incorporação os torna mais intenso mutuamente, ocasionando resultados

negativos maiores do que a simples junção de seus componentes, resultados

que são muitas vezes irreversíveis (FERREIRA, 2005, p. 43).

O problema é grave no Brasil, tem origens culturais bastante antigas e profundas e

muitas ramificações, ocasiona graves danos ecológicos, econômicos, sociais e culturais, e sem

aparentar está próximo de uma solução decisiva, encarando maciça pressão de setores

conservadores e do agronegócio.

Os especialistas que o pesquisam afirmam que são precisas providências muito mais

vigorosas de combate, que levem em conta as informações científicas antes do que os interesses

políticos e econômicos, e que abranjam uma educação da sociedade em grande escala, pois

grande parte do problema origina da escassa informação do público em geral, principalmente

das populações menos favorecidas, sobre a decisiva influência de seus hábitos e modos de

pensamento na degradação do meio ambiente e na destruição das florestas, e sobre as

repercussões negativas em grande escala que disso resultam, em dano tanto da natureza como da

qualidade de vida da população.

Desmatamento e seca

O ciclo de chuvas está intrinsecamente associado ao serviço ambiental praticado pelas

florestas. Quando árvores caem ou morrem, a seca se intensifica. O Brasil vive uma fase crítica

de estiagem, que poderia não ser tão séria caso não se tivesse praticado o desmatamento tanto no

passado.

O desmatamento na Amazônia deve estar favorecendo de alguma maneira para

a atual seca que afeta o Sudeste. A associação entre a reciclagem de água pela

floresta amazônica e o transporte de vapor d‘água do Norte do país para o

Sudeste, nos denominados ‗rios voadores‘, é bem enfatizada (FERREIRA,

2005, p.46).

Apesar da incerteza sobre o que provoca a seca, é relevante aprender as lições que essa

ocorrência ensina as pessoas. A primeira lição enfatiza ao ‗desenvolvimento‘ da Amazônia: se

este permanecer a percorrer o curso atual, com o continuo plano de construir novas rodovias,

barragens e outras estruturas que favorecem para o desmatamento, e com subsídios para a

destruição da floresta, em uma larga escala de políticas perversas, faltará água, sim, em São

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Paulo. Nesse caso, porém, a falta não estará vinculada unicamente a uma variação de chuvas de

um ano para outro: será para sempre.

O desmatamento da região Amazônia influencia a falta de água encarada pelas regiões

mais populosas do país, incluindo o Sudeste. A redução da quantidade de árvores no bioma

dificulta o fluxo de umidade entre o Norte e o Sul do País.

A falta de precipitação no Sudeste, em específico no estado de São Paulo, seria resultado

indireto do desmatamento amazônico.

A destruição da cobertura vegetal acaba que influenciando na interrupção do fluxo de

umidade do solo enviado para a atmosfera. Desta maneira, os ―rios voadores‖ não ―seguem

viagem‖, provocando a escassez hídrica.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A força do desmatamento é um fator predominante do esgotamento das fontes de água

natural, desta forma provocando o desabastecimento da mesma para suprir as necessidades

básicas da sociedade, e ainda proporciona a erosão de grandes áreas, uma vez que as raízes das

plantas são as responsáveis por evitar esse processo de degradação do solo.

A destruição florestal é uma preocupação de todos os ambientalistas do mundo inclusive

dos brasileiros, pois interferem na fauna, destrói espécies da flora, favorece a poluição das

águas, do ar, provoca chuvas ácidas, do efeito estufa e ainda há no meio de todo esse processo a

comercialização ilegal de madeiras nobres. Assim, acontece a poluição do solo, quando lançado

sobre ele qualquer matéria nestas áreas desmatadas, o material lançado não entra em

decomposição, uma vez que os decompositores naturais são destruídos, tornado assim, o solo

contaminado um agente transmissor e propagador de doenças, provocando ainda a perda da

fertilidade deste.

A situação atual é crítica percebe-se uma modificação na geografia da devastação que

permanece acelerada. A Mata Atlântica está associada a três ecossistemas como a restingas,

manguezais e campos de altitude, vale apena ressalta que mangues são depósitos de matéria

orgânica na qual serve de alimento para inúmeras espécies.

Por último, pode-se salientar as florestas com árvores mais altas e folhagens mais densas,

cujas raízes dificultam a destruição das camadas de solo férteis, movidas pela ação das chuvas.

A sombra da copa dessas árvores tem uma função muito importante que é a preservação das

nascentes e dos lençóis freáticos. Esse conjunto funcionando de forma harmoniosa significa que

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a mata está saudável e com muita vitalidade. Dentro da mata as bromélias uma planta belíssima,

brotam no solo ou em caules, servem de deposito de água para insetos, pássaros e animais

pequenos como mico-leão, outrora, a função destes é dispersar sementes pelo chão da floresta

após se alimentarem das frutas.

A mata ainda manifesta enorme diversidade de madeiras nobres, como o jacarandá, o

pequi e o jequitibá nos quais são imensamente disputados pelos mercados internacionais. Porém

espécies sem grande valor comercial como por exemplo a embaúba, tem lá sua serventia, as

folhas dessas árvores é a base da dieta alimentar do bicho preguiça.

A degradação das florestas, vão desde o interesse econômico das grandes industrias, na

qual utilizam argumentos como a geração de empregos para exploração desenfreada, até mesmo

a sobrevivência de pequenos agricultores. Um fator predominante para o desmatamento de

vastas áreas com o objetivo de sediar grandes fazendas sãos as centenas de autorizações

falsificadas de documentos que autorizam esse desmate.

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HUMAN CAPITAL VALORIZATION IMPORTANCE AS INFLUENCE FACTOR OF

ORGANIZATIONAL PRODUCTIVITY

Odair Sousa Silva1, Edneilton Eduardo Andrade de Souza

1, Lílian Filadelfa Lima dos Santos Leal

1,

Débora Maira Messias Leal do Nascimento1, Tiago Vieira Ribeiro de Carvalho

2, Wellington Dantas de

Sousa2 e Jorge Messias Leal do Nascimento

3*

1Discentes dos cursos de Administração e Ciências Contábeis, da Faculdade São Francisco de

Juazeiro, Juazeiro-BA, Brasil. E-mail: [email protected],

[email protected], [email protected], [email protected] 2Docentes dos cursos de Administração, Ciências Contábeis e Comunicação Social da

Faculdade São Francisco de Juazeiro, Juazeiro-BA, Brasil. E-mail: [email protected],

[email protected] 3Docente dos cursos de Administração, Ciências Contábeis, Comunicação Social e Fisioterapia

da Faculdade São Francisco de Juazeiro, Juazeiro-BA e do Instituto Federal de Educação,

Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano, Petrolina-PE, Brasil. E-mail:

[email protected] *Autor responsável pelo artigo

ABSTRACT:

This study aims to analyze the importance of human capital valorization and its influence on

increasing organizational productivity, fostering the competitive capacity and contributing to its

success and permanence in the market. The human capital valorization in a company reveals to

be an extremely important factor for businesses goals achievements and for the increasing of its

productivity. Therefore, developing policies for the enhancement of human capital in an

organization turns to be a necessity that companies should worry about deploying, because in

this way, they will be doing a long-term investment and contributing to organizational

success. This article talks about the characteristics of human capital valorization, the importance

of the function production in an organization and the human capital influence on productivity.

Keyword: organizational culture, people management, human resources management

IMPORTÂNCIA DA VALORIZAÇÃO DO CAPITAL HUMANO COMO FATOR

INFLUÊNCIADOR DA PRODUTIVIDADE ORGANIZACIONAL

RESUMO:

Este estudo aborda a importância da valorização do capital humano para a organização,

exercendo influência no aumento da produtividade da mesma, fomentando a capacidade

competitiva da empresa e contribuindo para o seu êxito e permanência no mercado. A

valorização do capital humano em uma organização torna-se um fator de extrema importância

para que, o mesmo alcance resultados nos seus negócios, aumentando assim, a sua

produtividade. Portanto, desenvolver políticas de valorização do capital humano em uma

organização passa a ser uma necessidade que a mesma deve se preocupar em implantar, pois

dessa forma, ela estará fazendo um investimento a longo prazo e contribuindo para o sucesso

organizacional. Esse artigo discorre ainda sobre as características de valorização do capital

humano, a importância da função produção em uma organização e, o capital humano e a sua

influência na produtividade.

Palavra Chave: cultura organizacional, gestão de pessoas, recursos humano

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INTRODUCCIÓN

Human capital is the key driver for the organization income goals achievement,

generating more productivity and growth (MARCH et al., 2013). This sense, creativity, and

efficiency are highly related with production capacity. The term productivity correlates to the

amount of goods and services that the employee can perform every hour of work. Assuming that

production determines the performance of the company, the productivity growth leads to

a performance improvement (ANTON et al., 2012).

In this context, if well applied, human capital can be used as a valuable tool to improve

organization production performance (RAMOS FERREIRA, 2010). Due to the substantial

increase in competitiveness in the market, more and more companies are seeking to develop

differentiate activities that contribute to giving them competitive advantage.

Human capital valorization brings benefits for the organization. For example, if an

employee realizes that the company is actually investing in his career, there will be a return in

productivity, as the value of human capital involves several factors, such as: training,

encouragement of teamwork, investments in new equipment, improvement of working facilities,

personnel and staff security investment, food, bonus, and health insurance not only for

employees, but extended to their relatives. These incorporated values have a significant

contribution to a better employee production performance (MENEZES & ARAGÃO, 2013).

An employee who feels valued in their work environment, and realizes that the

organization sees him as a business partner, indeed exert positive influence on the group of

which it is inserted, making, organizational productivity increases.

THEORETICAL METHODOLOGY ASPECTS

For the development of this article was necessary literature review of the main authors

that stand out with the theme, as Andrade, Severino, Chiavenato, Moreira, Carvalho and

Serafim, by which our work was based on the purpose of acquiring knowledge to the study,

analyzing the development of human capital as influential factor in business productivity.

According to Andrade (2007), "the literature search is a key part of the research as well

as provide a review of the literature on the subject, the literature search allows the determination

of the goals but also based the choice justification".

For Severino (2007), the literature review as a technic aims to the description and

classification of books and similar documents. "The most accurate way to get information is

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through the literature review; that should be relevant to the subject matter to be investigated"

(Köche, 1997). Authors have confirmed that the literature review enriches the search, once it is

where concepts are grounded and also it is where we can identify arguments that support the

importance of a particular subject. It is understood that for the beginning of any study is

necessary to compose a survey of theoretical foundation.

DEVELOPMENT

HUMAN CAPITAL

The concept of human capital has its origins during the 1950 with Theodore W. Schultz

studies. The concept was developed and popularized by Gary Becker, resumed in the 1980s

and has expanded over time. Human capital is understood in general as the human beings

embodied potential especially in the form of health and education (MOTA, 2008).

The unique talent of each individual, when valued and recognized, triggers the best in

productivity, so in the organizational environment, the group of people constitutes the human

capital of organizations. Araujo & Garcia (2009) comment that people in the organization that

form the workforce and contribute favorably to the results in business or whatever the core

activity of the organization, shall consider human capital.

Chiavenato (2004) conceptualizes the human capital as a human talent, which is regarded

as an invaluable property that an organization can gather to achieve competitiveness and

success. Given the above, it is quite remarkable that to worry about the human aspects of an

organization is to worry about its growth. According to Chiavenato (2010), human capital needs

two elements to be relevant for the organization: talents and context. The talents are taken as

knowledge and skills needs to be placed in a context to develop.

HUMAN CAPITAL RELAVANCE FOR ORGANIZATION

Organizations can be described as the result of the combination of people that get

together around similar goals and unite to achieve them. Therefore, the synergy degree that

drives this combination must reach a high level of interaction and harmony because from this

complicity, organization can move up production levels ever higher and satisfactory (JACOB-

VILELA & SATO, 2012).

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For Chiavenato (2004), "the organization is seen as a consciously coordinated activities

system of two or more people, requiring the cooperation between them for the existence of the

organization".

Organizations, in its context, develop a fundamental role in society because they are

responsible for the production and provision of goods and services that will meet the needs of

people.

The current situation increasingly requires from the organizations a concern with its

capital, once it has a very positive influence in the processes development. The good usage of

the human aspect in an organization tends to increase its ability to obtain competitive

advantages over the other existing organizations in the market. Human capital and the

organization should establish a partnership that aims to maximize production and profits, as well

as a better organizational climate, triggering thus a more peaceful and conducive work

environment for the better development of organizational tasks.

The importance to be given to human capital in the organization works with the idea that

organizations with employees working as partners only increase their ability to produce better

and with more quality and satisfaction for both parts, not only for company's functional

processes but also to bring the employee to become more committed, in other words, the

optimization of human capital within an organization develops links between individuals and

organization making employees work more effectively for the benefit of the

organization (PESSANHA, et al., 2010).

Human element without patrimony is not a social cell, as well as the patrimony without

human element does not constitute a company.

For Chiavenato (2004), throughout the course of the industrial age, successful

organizations were those that had their financial capital increased. In the information age, the

financial capital is ceasing to be the most important resource. In its place, we can find Intangible

assets made by: foreign capital, domestic and human capital. Human capital is the capital of

people, talents and skills.

In an organization is essential to have people, but this requires that organizations make

use of a good organizational structure, management focused on the human aspects, not only

promoting employee motivation, but also conducting them to develop activities that contribute

to the organization, increasing their chance to stay in the labor market.

According Chiavenato (2004, p.59) organizations depend on people to drive them and

control them and make them work, there are no organizations without people, the whole

organization is made up of people and depend on them for success and continuity.

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For Rabaglio (2001), talented people are the ones who bring with them a range of

competencies (knowledge, skills and attitudes) that make the difference in performing the task

and add value to the business.

HUMAN CAPITAL VALUATION FEATURES

Nowadays, the difference between one and another company are the people they have in

it, their human capital. For Kanaane (1999), people have a tendency to compose situations at

work according to their values and it exerts a direct influence on their performance.

The development of human capital in organizations has its origins in the theory of human

relations, which found that the man has some basic needs that need to be addressed. The most

humanistic trend has emerged in the decade of 30, with Elton Mayo saying that work is a group

activity and that man always needs to be in the company of other people and to be recognized as

this motivates human behavior.

According Chiavenato (1993), the theory of human relations created a new

administrative language and began to talk about motivation, leadership, communication, and

informal organization.

The human capital valorization process in an organization is given in many ways and has

very important characteristics that can be analyzed by the organization in order to bring them

long-term benefits.

Human capital valorization contributes with numerous benefits, for example, an

employee who realizes that the organization cares about him and invests in his well being, for

sure will bring positive results making the most committed employee with the

organization. Among the many forms of enhancement of human capital we can say: training,

encouragement of teamwork, investments in new equipment, improvement of working facilities,

personnel and staff security investment.

PRODUCTION FUNCTION IN ORGANIZATION

The production function is part of any organization, from products to services

companies. According to Moreira (2011), the production and operation relate to activities

production-oriented of physical goods or the provision of a service.

In general, companies have their production processes. Production refers to the activities

of industrial companies while the operation is the activitie in service companies and brands.

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Industrial activity in its most characteristic form involves the

manufacture of a product, physical, tangible. On the other hand, service

is provided, and the provision of this service implies an action, although

physical means may be present to facilitate or justify the service

(MOREIRA, 2011, p.1).

The production of an organization aims to develop products or services that meet

customer needs, for that happened is necessary a combination of connected factors that

contribute to providing products or services with quality and convenience to the market is

necessary.

HUMAN CAPITAL AND ITS INFLUENCE ON PRODUCTIVITY

Currently, it‘s been noticed a factor of extreme necessity and relevance on organizations

productivity: human capital valorization. Many companies have been engaged in joint

recognition strategies of their workforce, understanding that this is a necessary action for both

satisfaction in the workplace and to foster a productive and competitive capacity (RAMOS &

FERREIRA, 2010).

Organizations can modify its production capacity through various elements, from

investments in technical compliance, innovative technologies to other productive forces.

However, it‘s understood that only the improvement and adjustment of these tools alone does

not define the growth levels of productivity since this is intrinsically linked to the human capital

of the organization (BIRTH & HETKOWSKI, 2009).

Creative actions and effectiveness in the production of a company are highly

related to the skills and competencies of its workforce. The term "productivity" correlates to the

amount of goods and services that the employee can perform every hour of work. Consequently

it‘s understood that production determines the company performance, and productivity

enhancement will improve performance. Since organizational productivity is directly related to

the productive capacity of the employees and good productivity is the result of an organization

that cares about its employees, it is important that organizations invest in their human capital, in

order to obtain profits enhancement, as well as products with higher quality standards.

Ponchirolli (2000) reports that companies need to realize that people in their jobs are not

just people moving assets, themselves are assets that need to be measured, valorized and

developed. They should indeed be treated as the most valuable of all assets. "

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Human capital is the primary tool for maximizing organizational productivity, to

generate growth opportunities and to make the success of the firm, thereby, the progressive and

productive advancement of an organization reflect its degree of appreciation towards its

employees (ANTUNES & CAESAR, 2007). Employees should be viewed as valuable resources

that could contribute in a rich and varied way to the organization's activities.

CONCLUSION

Given the above, it is remarkable that human capital is an essential part in the

organizational gear, and that its recovery is a paramount icon for the progress of a company. It

should be noted that the enhancement of organization productivity is inextricably linked to

valuation policy of its human capital and requires skills and competencies of the firm's

leadership to recognize the importance and value of its employees.

For Carvalho & Serafim (2001), as work is one of the individual livelihoods and the

individual spends most of his time working, it is necessary that the company has a concern about

their employees, because what it does will influence production.

The dynamism and efficiency of businesses in general are linked to productivity, and

refers to the developer's ability to produce goods and services per hour of work to effectively

meet customer needs, reducing costs and maintaining quality standards, so it is understood that

investing in human capital is the wisest way to assign resources to the main source of wealth of

the company and provide positive returns for the profits of the firm as its Stakeholders.

This study allowed us to diagnose through literature that investing in human capital

optimizes organizational processes and maximize productivity and satisfaction in the workplace,

promoting the interaction between company and employees, besides granting competitive

advantage for the organization with both higher quality standards of the products or services

offered, as the enhancement of employees satisfaction and commitment.

"The people in the organization that make up the workforce and contribute favorably to

the results in business or whatever the core activity of the organization, which makes the

organization reaches its destination are the human capital" (ARAÚJO & GARCIA, 2009).

In conclusion, therefore, the main force of a company is its workforce and the companies

that do not develop focused policies for the human resources enhancement certainly will have

more difficulties to achieve their goals and remain competitive in the global market since the

knowledge, training and appreciation of individuals is the driving force for the success of any

organization.

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