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1 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
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REVISTA ACADÊMICA ELETRÔNICA
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OBJETIVO DA REVISTA
A revista Expansão Acadêmica possui como objetivo o ideal de fomento à pesquisa acadêmica,
integrando professores e alunos da Faculdade São Francisco de Juazeiro neste processo científico,
divulgando por meio de suas edições os saberes produzidos nesta instituição, bem como as colaborações
advindas dos mais variados espaços acadêmicos do país, oferecendo à comunidade científica e à
sociedade em geral contribuições através dos debates aqui promovidos.
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SUMÁRIO
BRINCAR E APRENDER.......................................................................................................6 Bruno Freitas Santos
BREVE ANÁLISE DA EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CONTABILIDADE: DO MUNDO
ANTIGO À IDADE CONTEMPORÂNEA.................................................................17 Inaldo Moreno de Sousa
Alberto de Medeiros Brandão
LINGUA MATERNA, ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO ESCOLAR.....................32 Iranice Rosas dos Santos
AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DO COMPORTAMENTO
EMPREENDEDOR NOS ALUNOS DE ADMINISTRAÇÃO: ESTUDO DE CASO EM
UMA IES................................................................................................................................39 Aluizio Biones Ferraz Neto
Paulo André Lima Santos
Erika Maria Jamir de Oliveira
A LOGÍSTICA DA DISTRIBUIÇÃO FÍSICA NO AGRONEGÓCIO DA UVA E DA
MANGA NO VALE DO SÃO FRANCISCO.......................................................................54 Carlito de Souza Bitencourt Junior
Hesler Piedade Caffé Filho
A IMPORTÂNCIA DO BRANDING PARA A CONSOLIDAÇÃO DAS EMPRESAS NO
MERCADO.......................................................................................................................69 Fábio Feitosa da Silva
EMPREENDEDORISMO SOCIAL NO MUNICIPIO DE JUAZEIRO-BA: UM ESTUDO
DE CASO NO INSTITUTO MEDPREV...................................................................78 Ana Cintia dos Santos Pereira
Jaciara dos Santos Costa
Verônica Maria Neto Lopes
A ÉTICA, DEMOCRACIA E PARTICIPAÇÃO A PARTIR DA PERSPECTIVA
TRANSVERSAL NO CURRÍCULO ESCOLAR- SÉRIES INICIAIS............................89 Normilza Cristina Moura da Silva
Rita de Cássia Ferreira da Silva
Maria da Conceição Araujo carneiro
PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS DISCENTES DE UMA ESCOLA DE SÃO
RAIMUNDO NONATO..........................................................................................................102 Daniela Santos Landim Silva
OS IMPACTOS DO DESMATAMENTO NA VEGETAÇÃO BRASILEIRA................118 Sileide Mendes da Silva HUMAN CAPITAL VALORIZATION IMPORTANCE AS INFLUENCE FACTOR OF
ORGANIZATIONAL PRODUCTIVITY……………………………………………………………133
Odair Sousa Silva, Edneilton Eduardo Andrade de Souza, Lílian Filadelfa Lima dos Santos Leal, Débora
Maira Messias Leal do Nascimento, Tiago Vieira Ribeiro de Carvalho, Wellington Dantas de Sousa e
Jorge Messias Leal do Nascimento
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BRINCAR E APRENDER
Bruno Freitas Santos
RESUMO
Este trabalho apresenta os grandes desafios da prática docente que podem ser amenizados ou
superados por meio da arte do aprender brincando, uma das possíveis soluções apontada por
inúmeros especialista em educação para uma ensino muito mais significativo. O objetivo dessa
obra cientifica é discutir e compreender como a ludicidade é imprescidivel para o processo de
ensino aprendizagem, trazendo resultados satisfatorios. A metodologia utilizada foi a pesquisa
bibliográfica que ressaltava essa importante temática. As mudanças educacionais que se almeja
só se concretizará de fato quando houver um processo educativo dinâmico, prazeroso e lúdico
para todos os personagens do processo educativo. A educação infantil só irá fluir de verdade por
meio de iniciativas e praticas pedagógica como é o caso da brinquedoteca, ludoteca e ações
desse tipo. Os resultados dessa pesquisa têm como finalidade verificar que a educação deve ser
intervinda e trabalhada com metas especificas em prol do êxito educacional. A estrutura desse
trabalho se dará por tópicos com ideias claras .
Palavras-chaves: Educação. Ludicidade. Ação. Brinquedo. Jogos.
ABSTRACT.
This paper presents the great challenges of teaching practice through learning joking, one of the
possible solutions pointed out by countless specialists in education for a very meaningful
education. The purpose of this scientific work is to discuss and understand how playfulness is
paramount in the process of teaching learning. The methodology used was the bibliographical
research that emphasized this important theme. However, in order for educational changes to
occur, a dynamic, pleasurable and playful educational process proposed by this professional
must take place. The education of children will only really flow through initiatives and
pedagogical practices such as the toy library, toy library and actions of this type. The results of
this research aim to verify that education must be intervened and worked with specific goals for
educational success. The structure of this work will be given for topics with clear ideas.
Keywords: Education. Playfulness. Action. Toy. Games.
INTRODUÇÃO.
Na procura por um trabalho docente com resultados mais concretos, surge a ludicidade e
a implantação de atividades educativas por meio de jogos e brincadeira. A escola deve oferecer
um leque de possibilidades que sirva de ponte entre o conhecimento teórico e pratico.
Fundamentado nisso os jogos funcionam como atividades práticas que realizam esse importante
papel.
Desafios todos os dias são encarados dentro de uma sala de aula, e trabalhar
fundamentado nessa proposta de jogos e brincadeiras lúdicas, nada mais é do que um grande
desafio, que estimula tanto professores quanto alunos. A formação de uma aprendizagem
facilitadora é a busca constante de todos os profissionais da educação, e isso é concretizado
quando é inserida essa metodologia didática por meio da ludicidade.
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A problemática encontrada dentro dessa pesquisa é a resistência por partes das escolas e
de seus profissionais em aderir essa prática educativa de ensinar, através da ludicidade, um
excelente recurso que disponibiliza um grande leque de possibilidades de se trabalhar a
interdisciplinariedade. Esta visão errônea tem dificultado os avanços no ensino, que a cada
instante tem se reinventado e ganhado formas diferenciadas, facilitando o acesso ao
conhecimento que está espalhado por toda parte. O pensamento errôneo que a ludicidade não é
produtiva,é ainda reflexo do ensino tradicional que está muito enraizado, onde se priorizava o
ensino sempre rígido, sem abertura nenhuma para o prazer e o lazer dentro dessa ação
educativa.
A principal justificativa pela escolha da temática foi a busca incessante por métodos
muito mais eficazes para uma pratica educacional bem sucedida, com resultados mais rápidos
onde seja construído um aprendizado mais solido e prazeroso.
O referencial teórico dessa pesquisa está embasado nos estudos de pesquisadores que
apontaram uma excelente estratégia na arte do educar com muito mais dinâmica e
funcionalidade, tais como as obras de Kishimoto (1994), Santos (2000, Cunha ( 1994), Almeida
(1995), Piaget (1978 ) dentre outros.
METODOLOGIA
Nesta obra cientifica de cunho bibliográfico, como afirma Cervo, Bervian e da Silva
(2007, p.61), a pesquisa bibliográfica ―constitui o procedimento básico para os estudos
monográficos, pelos quais se busca o domínio do estado da arte sobre determinado tema.‖ Essa
fase é crucial para o desenvolvimento de uma obra cientifica, é também um ponto de partida que
permite a coleta e a construção das informações que estão em pauta.
Fundamentado nisso foram utilizadas pesquisas referentes à aprendizagem por meio do
brincar, uma importante característica na infância. Um excelente momento para trabalhar
determinadas competências e habilidades que são necessárias para o processo de escolarização
das crianças. Para tanto, foram feitas consultas em sites com artigos, teses e dissertações que
apresentavam informações pertinentes acerca do brincar e também do aprender em seus vários
aspectos.
Os artigos selecionados para o levantamento de dados foram no total de 10 trabalhos,
sendo selecionadas as informações que eram relevantes e que respondessem o problema da
pesquisa. Como critérios de inclusão foram usados os textos e as citações que argumentavam
com maior precisão essa questão que é tão séria. Foram avaliadas ainda informações e
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estatísticas acerca dos avanços que foram obtidos com as crianças que se desenvolveram, a
partir do interagir brincando.
Nesse sentido, tratar de uma temática tão ampla requer do pesquisador uma atenção e um
esforço expressivo, de modo que falar da aprendizagem escolar é sempre algo de muita
relevância para aqueles que estão envolvidos no processo educacional. Ofertando ao professor
educador um questionamento e uma reflexão sobre o tema aqui apresentado, bem como rever
sua ação docente, procurando o melhor aprimoramento da mesma, inserindo as brincadeiras
como estratégias a serem aplicadas.
Afinal, tratar da aprendizagem no processo de escolarização das crianças é algo
complexo e requer um olhar especial e prioritário, pois trata-se da aprendizagem significativa
por meio da ludicidade e de seus inúmeros recursos, requer sem sombras de duvidas o auto
conhecimento sobre essa temática que tem sido a pauta de grande discussão no universo
pedagógico, permitindo uma melhor construção de uma base mais concreta que é aprendizagem
eficiente desses sujeitos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A IMPORTÂNCIA DE UMA LUDOTECA
A educação deve ofertar sempre um espaço prazeroso e apto para a descoberta do
conhecimento cientifico nas suas muitas facetas. Essa descoberta só será de fato ampla e
concreta quando ocorrer um conjunto de ações e intervenções, aliadas a disponibilidade dos
recursos pedagógicos necessários que permitam passo a passo a construção da aprendizagem
como fruto do aprender brincando. Nessa ideia de aprender brincando, inúmeras sugestões e
propostas já foram comprovadas teoricamente como eficientes.
Exemplo disso é a implantação de uma ludoteca, a qual é definida como um espaço
preparado para estimular a criança a brincar, dentro de um ambiente lúdico, criado com o
objetivo de proporcionar condições favoráveis para que as crianças brinquem, inventem,
expressem suas fantasias, seus desejos, seus medos, seus sentimentos e desenvolvam sua
criatividade. A implantação de um projeto dessa natureza representa na pratica escolar um
avanço qualitativo e quantitativo dentro do processo de ensino aprendizagem.
Na visão de Cunha a ludoteca é:
Ludoteca Escolar é um local com material lúdico especialmente preparado de
acordo com as diversas fases de desenvolvimento infantil, com o objetivo de
oportunizar o afloramento das múltiplas inteligências da criança e do
enriquecimento das interações sociais. Ao oferecer um espaço para a criança
experimentar e escolher o brinquedo, qualquer brinquedo, qualquer
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brinquedoteca ou ludoteca incentiva a autonomia e desenvolve a capacidade
crítica ( CUNHA, 1994, p.20).
As primeiras experiências de ludoteca ocorreram em Los Angels-EUA, em 1934, com
empréstimos de brinquedos a crianças que não podiam comprá-los,mostrando que uma pequena
ação de doar um brinquedo para uma criança carente, pode se tornar um importante componente
no processo e desenvolvimento de saberes . Este serviço ainda é utilizado e é chamado de Toy
Loan. Uma importante iniciativa que pode sim ser copiada e trabalhada nas escolas brasileiras,
devolvendo a alegria de uma infância com prazer que resulta em aprendizagem.
Como confirma Vygotsky (1987) afirmando que na brincadeira ―a criança se comporta
além do comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário; no
brinquedo, é como se ela fosse maior do que ela é na realidade‖ (p.117). Já realidade em
algumas escolas o uso dos brinquedos como um instrumento pedagógico, porém ainda em um
numero muito pequeno.Porque falta ainda o apoio didático, pedagógico e financeiros dos órgãos
competentes que regem a educação no Brasil.
Essa grande necessidade deve ser priorizada nos muitos diferentes espaços de ensino
infantil. Mesmo que não haja apoio dos órgãos competentes, cabe ao professor em exercício de
suas atividades docentes, traçar um projeto desse tipo. Mesmo com brinquedos de segunda mão,
que podem ser também frutos de doações. Esse processo de criar um pequeno espaço para uma
ludoteca pode iniciar como um local improvisado dentro da própria sala de aula.
Por meio dessa iniciativa haverá um aproveitamento muito maior das competências e
habilidades, que cada criança deve desenvolver dentro do seu estagio de aprendizagem.
Ao pesquisar sobre, a primeira ludoteca no Brasil, vimos que ela foi montada pela
APAE, em 1973, voltada a crianças portadoras de deficiência mental. Aqui pesquisadores e
especialista da área perceberam que houve um avanço significativo da aprendizagem, após essa
realização de trabalhos com essa natureza. Se com crianças especiais houve esse importante
progresso, o que dirá com as demais crianças ditas como normais? Após esta experiência
positiva, as ludotecas multiplicaram-se no país, porém é ainda muito pequeno em relação a
grande demanda de todo o país.
As palavras ludoteca e brinquedoteca podem ser consideradas sinônimas, embora a
primeira esteja mais ligada à ideia de biblioteca e o segundo à de lugar especial para brincar. O
que importa é que ambos os projetos são eficientes dentro do processo de aquisição de novos
saberes
As características básicas são as mesmas, embora possa haver diferença em sua
organização. O essencial é o objetivo de atender às necessidades lúdicas da criança. O trabalho
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por meio da ludicidade é riquíssimo, pois possibilita de forma prazerosa que essa se
autodesenvolva.
O papel da ludoteca na educação cresceu, e ela é uma agente de mudança do ponto de
vista educacional. Grandes objetivos já foram alcançados por meio dessa importante iniciativa,
como por exemplo, a alfabetização. Um árduo processo que exige um conjunto de ações
predefinidas. E a ludoteca aliada com a brinquedoteca torna esse trabalho menos árduo.
Embora o brinquedo seja considerado a essência da infância, o mesmo brinquedo pode
ser um instrumento pedagógico muito útil. O lúdico deve ser usado com os diferentes
brinquedos educativos que poderão ser inseridos dentro da prática docente.
Almeida (1995), diz que é importante que os educadores repensem o conteúdo e a sua
prática pedagógica, substituindo a rigidez e a passividade pela vida, pela alegria, pelo
entusiasmo de aprender, pela maneira de ver, pensar, compreender e reconstruir o
conhecimento. Analisando esse pensamento percebe-se que não basta apenas ensinar meros
conteúdos didáticos, e sim possibilitar um espaço para alegria, pensamento, compreensão e
reconstrução do conhecimento. E, isso é possível por meio de atividades em forma de
brinquedotecas e ludotecas.
Na visão de Kishimoto ―Pesquisas, relatos e experiências têm mostrado resultados que
comprovam a importância dos jogos e brinquedos e sua aplicação em diferentes contextos e
etapas do desenvolvimento humano‖ (KISHIMOTO, 1994, p.14 ).
É notável que as escolas que possuem ludoteca têm mostrado resultados muito maiores
no requisito da aprendizagem. No tradicionalismo essa importante ferramenta pedagógica seria
totalmente descartada. Já no construtivismo o jogo e o brinquedo é uma estratégia poderosa para
a construção do conhecimento, pelos desafios que o lúdico proporciona.
Tanto a área das linguagens, matemática e o conhecimento de mundo podem ser
inseridos facilmente por meio de jogos educativos, que devem ser previamente pesquisados e
usados da maneira correta. Inúmeros recursos recicláveis podem ser introduzidos dentro desse
projeto de implantação, tais recursos podem ser embalagens de produtos, garrafas, latinhas etc.
É importante ressaltar que arte do brincar deve ser traçada com cuidado, pois o brincar
só por brincar não fluirá. É necessário estabelecer regras especificas, para que a própria criança
desenvolva uma autoconsciência, sobre tudo aquilo que está sendo feito.
Na concepção de Silvestre,
A ludoteca no espaço escolar contribui para o desenvolvimento integral da
criança/jovem, estabelecendo o equilíbrio entre o real e o imaginário, dá maior
satisfação escolar e equilíbrio afetivo e oportunidade às crianças de usufruir dos
benefícios do brincar; dá ainda, à criança a possibilidade de se relacionar, de
partilhar e contribuir com prazer para algo que também lhe dê prazer, isto é,
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brincar pelo prazer de brincar, para além de proporcionar a abertura ao meio
envolvente (CUNHA,1994, p.45).
A ludoteca quando trabalhada da forma correta fluirá efeitos positivos para o processo de
aprendizado, através de jogos, brinquedos e brincadeiras que estimulem o desenvolvimento de
habilidades básicas e aquisição de novos conhecimentos. Importante lembrar que cada jogo ou
brincadeira deve ser pesquisado previamente para que esse profissional trabalhe embasado em
teorias concretas e funcionais.
Alcançar o desenvolvimento integral de uma criança é um árduo trabalho que requer
ações especificas aliado ao apoio de recursos didáticos que dê condições necessárias para que tal
objetivo seja de fato alcançado. Isso também deve estar relacionado com o tempo que cada
criança precisa para se autodesenvolver e com as características genéticas que cada criança
herda de sua árvore genealógica. O maior objetivo de um trabalho com ludoteca é o equilíbrio
entre o real e o imaginário. Essa grande combinação da realidade com a imaginação é
extremamente relevante para o sucesso do processo de ensino aprendizagem.
Os benefícios do brincar são muitos, dentre os muitos benefícios podem ser citados o
desenvolvimento do relacionamento pessoal, o partilhar com o próximo, a assimilação das
regras que servem para toda uma vida, e o mais gratificante: a contribuição do prazer.
Como confirma o caderno pedagógico do pró-letramento diz que ―os jogos promovem
habilidades no exercício fonológico, na exploração e domínio das relações som-grafia, levando a
terem avanços na leitura e escrita‖. Na práticas esses benefícios são notados a olhos nus tanto
pelo educador quanto os demais que compõem o processo de ensino aprendizagem. Porque
aprender de verdade deve ir muito além do habito repetitivo de ler e escrever. E a ludicidade tem
o poder de transmitir o prazer um elemento indispensável para que esse ambiente de inúmeras
descobertas, onde o sujeito sem perceber libera certas substancias que são provenientes do
cérebro humano, responsáveis por propor o estado de felicidade e satisfação. Contribuindo
positivamente na construçao de um conhecimento muito mais feliz, e não forçado como foi
muito comum no ensino tradicional impostos pelos Jesuítas e que se perpetuou por anos.
A relevância desse trabalho é tão grandiosa que as universidades, principalmente nas
Ciências Humanas, buscam cumprir as metas do ensino, pesquisas, extensão e capacitação de
recursos humanos, através do lúdico. Nesses cursos a ludoteca é encarda como um laboratório
onde professores e alunos do Ensino Superior dedicam-se à exploração do brinquedo e do jogo.
Na visão de Antunes
A idéias de um ensino despertado pelo interesse do aluno acabou
transformando o sentido do que se entende por material pedagógico. Cada
estudante, independente de sua idade, passou a ser um desafio à competência
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do professor. Seu interesse passou a ser a força que comanda o processo da
aprendizagem, suas experiências e descobertas o motor de seu progresso e o
professor um gerador de situações estimuladoras e eficazes (ANTUNES, 2000,
p.34).
Como afirma o autor a sala de aula deve ser sempre um espaço estimulador e eficaz para
que de fato se conduza a uma aprendizagem significativa, e isso pode ocorre por meio da
ludicidade, enquanto uma ferramenta pedagógica.A ausência de um espaço educativo com essas
características que são imprescindíveis para o desenvolvimento intelectual e cognitivo do
sujeito, tornando o ensino deficiente e s destímulante. Fundamentado nisso o processo de
aprendizagem fica comprometido, pois cada indivíduos, seja criança ou adulto necessita ser
estimulado para alcançar determinados avanços.
Conforme Bzuneck (2000, p. 9) ―a motivação, ou o motivo, é aquilo que move uma
pessoa ou que a põe em ação ou a faz mudar de curso‖.A motivação é o ingrediente obrigatório
para se alcançar o êxito escolar, e isso cabe ao educador dentro de sua ação. Exemplo disso são
os seres humanos quando são bebês e que estão se autodesenvolvendo necessita de situações
estimuladoras que permitam o andar e o falar. Dentro do processo de escolarização acontece a
mesma situação, quando iniciamos a educação infantil somos bebes no conhecimento e pouco a
pouco somos amadurecidos e desenvolvendo as habilidades e competências necessárias para o
estagio do saber em que se encontra.
O educador dentro de sua ação tem inúmeras funções e gigantes desafios, dentre elas o
de incentivador e estimulador do saber, isso pode ser feito por meio de historias contadas e
dramatizadas, a aplicação de jogos e brincadeiras infantis que visam determinados fins, sendo
esses fins o de aprender de forma concreta e significativa.
A brinquedoteca é um recurso que permitirá uma aprendizagem muito mais prazerosa,
porque o lúdico e o brincar são dois elementos indissociáveis. Na visão de Cunha:
A escola pode ensinar, a psicopedagogia pode cuidar dos problemas de
aprendizagem, a psicologia pode resolver problemas emocionais, a família
pode educar, mas a brinquedoteca precisa preservar um espaço para a
criatividade, para a vida afetiva para o cultivo da sensibilidade; um espaço para
a nutrição da alma deste ser humano criança, que preserva sua integridade,
através do exercício do respeito à sua condição do ser em formação. (CUNHA,
1998 p. 130).
Seria muito enriquecedor que todas as escolas tivessem os recursos necessários para a
implantação de uma brinquedoteca uma excelente oporrunidade para se explorar a leitura, a
escrita e a ludicidade, porque ela exerce um papel importante na construção da criatividade,
afetividade e da sensibilidade do sujeito. Pontos que são fatores decisivos para a formação do
13 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
sujeito. E por meio dela serão de fato concretizados as competências e habilidades que lhes é
de direito.
A CRIAÇÃO DE UMA LUDOTECA NA ESCOLA
Neste titulo acima é criado a ideia errônea que a questão da ludicidade é voltada apenas
para o público infantil, ela deve ser estendida para as demais modalidades do processo de
escolarização. É um erro pensar dessa forma, porque algumas instituições escolares tem
atuado com esses tipo de projetos dentro, investido na implantação de ludotecas e
brinquedotecas em seus ambiente de aprendizagem, com o objetivo maior de formar homens e
mulheres cada vez mais habilitados.
A formação de um profissional competente, que tenha domínio da teoria concomitante à
reflexão prática, baseado nas experiências é cada vez mais procurada em um mercado tão amplo
e competitivo. E essa relação pode ser bem trabalhada dentro das propostas de criação de um
ludoteca e biblioteca.
Formar crianças que aprendem que desenvolvem, que socializam é sempre um grande
desafio para os professores em todas as esferas. Daí surge a enorme necessidade de inovar e
criar situações que possibilitem esses três grandes objetivos, já citados. E o brincar permite
alcançar de forma concreta essa proeza tão difícil de se efetuar.
A construção de uma ludoteca permite que sejam trabalhados um grande leque de
possibilidades, e isso é riquíssimo, porque serve para explorar atividades práticas em várias
disciplinas, organizar atividades lúdico-pedagógicas de acordo com as diversas fases do
desenvolvimento infanto-juvenil, criar e testar jogos e brinquedos.
Como afirma a autora Cabe a nós, educadores, estabelecer ―relacionamentos nutritivos‖ e
oportunidades ricas em desafios que sejam adequadas às condições afetivas, físicas, sociais e
intelectuais ( CUNHA, 1994, p.19)
Nesse pensamento a autora consegue chegar ao êxtase de todo o conhecimento. É
proposto aqui que sejam criados e alimentados dentro da sala de aula um relacionamento
nutritivos entre professores e alunos que inclua a autoconfiança, a afetividade e o aprendizado. É
papel de todo educador no uso de suas atribuições e práticas docentes criar oportunidades ricas
em desafios desde o mais simples até o mais complexo, incluindo todas as áreas do saber
humano. Por meio desse árduo trabalho esse educador estará contribuindo intensamente para o
bom desenvolvimento desses indivíduos atingindo as áreas afetivas, físicas, sociais e intelectuais
que são particularidade de todo e qualquer individuo.
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CONTRIBUIÇÃO DOS JOGOS E DAS BRINCADEIRAS
Aliar educar é brincar não é uma tarefa fácil, porém é necessária para determinados objetivos
sejam alcançados como afirma Ferreiro (1988):
Brincar ―é divertir-se e entreter-se infinitamente em jogos de criança‖ Lúdico -
―que tem caráter de jogos, de aprender brinquedo e divertimento; é uma
necessidade básica da personalidade, do corpo e da mente, faz parte das
atividades essenciais da dinâmica humana‖ (FERREIRO, 1988, p.139).
Alicerçada nesse pensamento o brincar possui um grande poder sobre a vida da criança, e
o autor se refere ao brincar com significado, um objetivo bem traçado por trás das chamadas
brincadeiras como é dita por muitos, porém tudo muito bem planejado pedagogicamente
falando.
Para Santos (1995), jogos, brinquedos e brincadeiras fazem parte do mundo da criança,
pois brincar está presente na humanidade desde o seu início. A escola deve assumir esse
importante papel, o de inserção da arte do brincar sendo ela uma forte aliada na aquisição de
novos saberes. Na prática isso significa um avanço no aprendizado, já que a educação
construtivista tem dado muito mais abertura para a inovação na forma de ensinar e também de
aprender. A autora argumenta ainda que
(...) devemos ―olhar‖ o brinquedo com um fator de extrema relevância no
desenvolvimento infantil. O brincar é um direito da criança, e este é
reconhecido em declarações, convenções e leis, como nos mostram a
Convenção sobre Direitos da criança de 1989, adotada pela Assembléia das
Nações Unidas, a Constituição Brasileira de 1988 e o Estatuto da Criança e do
Adolescente de 1990 (SANTOS, 1995, p.4-5).
Ao analisar os direitos de aprendizagem que é obrigatório para todas as crianças, o
brincar surge como uma grande possibilidade de trabalhar diferentes conteúdos didáticos das
mais diversos do conhecimento de forma interdisciplinar e contextualizada. Brincar é um
direito, e esse direito não pode ser jamais negado, Faz-se necessário que haja várias
reformulações no currículo escolar com o intuito de permitir que a criança aprenda sempre mais.
As muitas contribuições pedagógicas do jogo e da brincadeira na educação infantil são
riquíssimas porque trabalha todo o desenvolvimento cognitivo e motor da criança. Esse grande
desafio é constante e diário, à medida que esse educador visa grandes resultados dentro da sua
prática docente.
As diversas contribuições são presentes em diversas áreas que vai desde a imagem
corporal, aprendizagem da linguagem corporal, verbal e escrita. Áreas extremamente
importantes para o sucesso do processo de apropriação do conhecimento. Outra importante
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contribuição dos jogos e brincadeiras é o trabalhar da sua identidade pessoal, a autosegurança e
a construção de uma personalidade confiante.
De acordo com Piaget ele descreve em seu livro psicologia da Criança, que:o jogo é fator
de grande importância no desenvolvimento cognitivo. O conhecimento não deriva da
representação de fenômenos externos, mas sim, da interação da criança com o meio ambiente.
(PIAGET, 1951, p.54)
Fundamentado nesse pensamento conclui-se que os jogos educativos exercem o papel
primordial no bom desempenho de seu desenvolvimento. Sabendo que o conhecimento que o ser
humano adquire ao longo da sua jornada estudantil é fruto da interação que ele realiza com o
meio em que ele está inserido. Como a arte do brincar é algo comum na vida de uma criança,
cabe esse educador converter a sala de aula em um ambiente adequado a realização de práticas
educativas onde seja contextualizado os conteúdos didáticos juntamente com as demais
habilidades que devem ser prioritariamente desenvolvidas. Então, a sala de aula é esse local com
objetivos e metas bem traçados para que seja alcançado um alvo em comum: A aprendizagem.
A expansão positiva que um jogo educativo pode fluir é tamanha que vai desde as
habilidades comuns até as mais complexas como, por exemplo, a construção dos valores,
princípios e conceitos presentes na vida do ser humano. Todas essas questões devem ser
pensadas e priorizadas no espaço estudantil.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A discussão acerca da aprendizagem é sempre uma temática muito interessante para
todos que fazem parte do universo acadêmico. Não só a Educação Infantil como todas as demais
modalidades de ensino. Percebendo que existe uma grande carência da incorporação da
ludicidade dentro da prática pedagógica.
Em especifico o ensino infantil tem um primordial papel na formação dos indivíduos,
porque é aqui que começa a longa caminhada de escolarização. E quando esse trabalho é bem
desenvolvido todo o restante do processo educativo irá deslanchar com sucesso.
O lúdico na sala de aula traz inúmeros benefícios tais como maior compromisso com o
seu próprio aprendizado, um bom relacionamento em grupo, o que contribui positivamente um
ser respeitoso. Essa vitória alcançada por meio desse trabalho são extremamente indispensável
na formação desses individuo enquanto pessoa, e enquanto um ser social que é.
Como afirma o autor Bzuneck
Quando se considera o contexto específico de sala de aula, as atividades do
aluno, para cuja execução e persistência deve estar motivado, têm
características peculiares que as diferenciam de outras atividades humanas
16 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
igualmente dependentes de motivação, como esporte, lazer, brinquedo, ou
trabalho profissional (BZUNECK, 2000, p. 10).
Essa proposta de trabalho propicia ainda um dialogo dentro da própria aprendizagem, o
que favorece também a construção da autonomia moral e intelectual. Sendo necessário que a
escola sempre motive a aplicação do esporte nas suas mais diversas modalidades, o lazer com
um objetivo pedagógico e o brinquedo com um instrumento didático de grande valor.
As brincadeiras sempre fizeram parte da vida humana desde os tempos mais antigos, não
importa a idade que cada um tem. O que é relevante então? É propor um mundo novo de
descobertas de forma prazerosa, e não obrigatória, sendo motivada por meio de diferentes
estímulos.
Como já foram provado, por meio do lúdico as crianças se desenvolvem com mais
clareza o seu conhecimento. Essa é a maior riqueza que cada educador pode dar para os seus
aprendizes. É um processo tão rico que permite uma maior qualidade de compreensão,
favorecendo a fantasia e o imaginário que cada criança tem dentro de si.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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17 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
BREVE ANÁLISE DA EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CONTABILIDADE: DO MUNDO
ANTIGO À IDADE CONTEMPORÂNEA
* Inaldo Moreno de Sousa
** Alberto de Medeiros Brandão
* Graduado no curso de Licenciatura Plena em Geografia com Especialização em Educação Ambiental
pelo Centro de Ensino Superior do Vale do São Francisco (CESVASF), Mestre em Ciências da Educação
pela Unisal (Universidade San Lorenzo-Py), Professor Substituto do Centro de Ensino Superior do Vale
do São Francisco (CESVASF), Professor de Geografia, Artes e Ecumenismo na Escola Professora Odete
Lustosa (EPOL), Colégio Nossa Senhora do Patrocínio (CNSP) - ([email protected]).
** Graduado em Ciências Contábeis pela FAISA - Faculdades Alternativas de Santo Augusto,
atualmente é Coordenador de T.I. da FASF - Faculdade do Sertão do São Francisco. Tem experiência na
área de Educação, com ênfase em Educação Superior. ([email protected])
RESUMO
O presente artigo tem por objetivo, através de revisão de literatura, analisar de maneira crítica a
evolução histórica da contabilidade no Brasil. A contabilidade sofreu várias transformações
desde a antiguidade quando sua finalidade era o controle das riquezas, até passar por um longo
processo de evolução e ser reconhecida como ciência. A história da contabilidade no Brasil
começou a partir da época Colonial, com a evolução da sociedade e a necessidade de controles
contábeis para o desenvolvimento das primeiras Alfândegas. À medida que o mercantilismo se
propagou no Brasil a contabilidade cresceu. A metodologia utilizada neste trabalho foi
adescritiva através de pesquisa bibliográfica. Constatou-se que é fundamental existir a
compreensão da evolução da contabilidade ao longo do tempo, principalmente, até o momento
em que foi reconhecida como uma ciência. Verificou-se que o desenvolvimento da
contabilidadeno decorrer dos séculos ocorreu junto aos avanços econômicos das civilizações,
transformando-se em elemento indispensável para fomentar o desenvolvimento do país.
Palavras-Chave:Contabilidade, Evolução Histórica, Economia.
ABSTRACT
The purpose of this article is to review critically the historical evolution of accounting in Brazil.
Accounting has undergone several transformations since antiquity when its purpose was the
control of riches, until going through a long process of evolution and being recognized as
science. The history of accounting in Brazil began as of the colonial period, with the evolution
of society and the need for accounting controls for the development of the first Customs. As
commercialism spread in Brazil, accounting grew. The methodology used in this work was the
descriptive research through bibliographic research. It was found that it is essential to
understand the evolution of accounting over time, especially until the moment it was recognized
as a science. It has been found that the development of accounting over the centuries has
occurred along with the economic advances of civilizations, becoming an indispensable element
to foster the development of the country.
Key Words - Accounting, Historical Evolution, Economics.
INTRODUÇÃO
18 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
O presente artigo tem por objetivo, analisar de maneira crítica a evolução histórica da
contabilidade no Brasil através de revisão de literatura. A contabilidade iniciou-se na
antiguidade devido à necessidade humana de terinformações a respeito de suas riquezas.
Para Sá (2008) é necessário que ―se compreenda a Contabilidade, pois, como ramo
importante do saber humano que é necessário se faz remontar a suas profundas origens‖ (SÁ,
2008).
Desde os primórdios das civilizações humanas, como os hindus, chineses, egípcios,
fenícios, israelitas, persas, caldeus, assírios, gregos e romanos, a contabilidade se faz presente
tendo fomento com o surgimento da linguagem escrita dos números (SILVA; MARTINS,
2006).
Aproximadamente, 4500 a.C., surgiram as primeiras evidências da atividade econômica,
época em que assírios, caldeus e sumérios se dedicaram à agricultura e construíram cidades que
praticavam atividades de comércio. As transações comerciais eram registradas em placas de
argila, nas quais se marcava os resultados das colheitas, objetos que foram trocados, bem como
impostos e taxas coletadas (PALHARES E RODRIGUES, 1990). Sobre essa evolução histórica,
Augusto (2009) destaca:
O surgimento e a evolução da contabilidade confundem-se com o próprio
desenvolvimento da humanidade. Nesse contexto os estudos sobre as
civilizações da Antiguidade nos mostram que o homem primitivo já ―cuidava
da sua riqueza‖, através , por exemplo, da contagem e do controle do seu
rebanho. Porém, alguns estudiosos fazem remontar os primeiros sinas objetivo
da existência das contas e os primeiros exemplos completos da contabilidade,
mesmo sendo uma forma de contabilidade rudimentar, a aproximadamente
4000 anos a.C na civilização sumério-babilonense. A contabilidade aprimorou-
se de acordo com as necessidades de cada período histórico. O aparecimento da
escrita, o surgimento da moeda, a prensa de Gutemberg, o descobrimento da
América, a invenção da máquina a vapor, que deu impulso à Revolução
Industrial, são marcos da nossa história que fizeram desencadear o
desenvolvimento da ciência contábil (AUGUSTO, 2009).
A metodologia utilizada neste trabalho foi a abordagem descritiva através de pesquisa
bibliográfica. Verificou-se que o desenvolvimento da contabilidade no decorrer dos séculos
ocorreu junto aos avanços econômicos das civilizações, transformando-se em elemento
indispensável para fomentar o desenvolvimento do país.
A ORIGEM DA CONTABILIDADE
Vários cientistas garantem que há cerca de 30 mil anos, o homem primitivo já
evidenciava certo conhecimento contábil. Isto é demonstrado através de indícios arqueológicos
encontrados em grutas, como por exemplo, na gruta de Dáurignac,ao sul da França e também há
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registros semelhantes no Brasil, precisamente no município de Raimundo Nonato, no Piauí (SÁ,
2008).
Sobre as origens da contabilidade Melis (1959) destaca que sua principal característica é
a conta, que advém da necessidade humana de controlar seus bens e riquezas:
A Contabilidade, e sua principal e mais característica manifestação – a conta –
é tão antiga quanto é a civilização construída pelos homens. A história da
Contabilidade é, em certo ponto, uma conseqüência da história da civilização,
tanto em suas vicissitudes como nas mais altas manifestações da referida
civilização, sobretudo no campo econômico (MELIS, 1950).
Com a formação das cidades nas civilizações antigas as atividades econômicas fizeram-
se cada vez mais presentes, as mesmas se desenvolveram com maior fluxo mercantil. A este
respeito Iudícibus (2009) destaca:
É assim, fácil de entender, passando por cima da Antiguidade, por que a
Contabilidade teve seu florescer, como disciplina adulta e completa, nas
cidades italianas de Veneza, Gênova, Florença, Pisa e outras. Estas cidades e
outras da Europa fervilhavam de atividade mercantil, econômica e cultural,
momento a partir do século XIII até o início do século XVII. Representaram o
que de mais avançado poderia existir, na época, em termos de
empreendimentos comerciais e industriais incipientes. Foi nesse período,
obviamente, que Pacioli escreveu seu famoso Tractatus de coputisetscripturi,
provavelmente o primeiro a dar uma exposição completa e com muitos
detalhes, ainda hoje atual, da Contabilidade (IUDÍCIBUS, 2009).
Sobre a evolução da contabilidade, cabe mencionar que na Era neolítica,através da
oralidade transmitia-se as atividades em um grupo determinado, todavia novas maneiras de
comunicação seriam necessárias a grupos cada vez maiores de pessoas. Assim um tipo de sinal
específico emitido poderia significar várias coisas diferentes, por isso foram estabelecidos
símbolos que fortaleceram a invenção da escrita, esses símbolos são chamados de pictogramas
(JAIME PINSKY, 2003).
A evolução desses símbolos fez seu uso passar de utilização de sons para formar as
imagens que adquiriram formas e significados.Na Mesopotâmia foi criada uma nova técnica por
meio da qual utilizou-se de pequenas placas de argila cunhadas com uma ferramenta em formato
de cunha originando o nome de escrita cuneiforme. Assim também os números passaram por um
processo parecido. Utilizavam traços para cada unidade, e aumentavam as quantidades, devido à
necessidade de representar números maiorescriou-seo sistema decimal.
Durante a época mais rudimentar da escrita na qual símbolos e grupos destes queriam
expressar frases ou ideias, no Peru os Incas usavam cordinhas de distintas cores com nós para
fazer cálculos (HIGOUNET, 2003).
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A pedra, o ferro, o bronze, ossos, a seda madeira, tela, tabuletas de cera eram utilizados
para escrever. Ainda naquela época iniciou-se o uso do papiro, o papel, o pergaminhoe a pena de
aves para escrever, assim como o uso do carvão, o grafite, e o giz. Por fim a tinta firmou-se
como um material essencial para a escrita. A invenção da imprensa no século XV bem como das
máquinas de escrever mudaram para sempre os métodos manuais de escrever. (HIGOUNET,
2003). A Contabilidade manifestou-se, ainda que maneira intuitiva neste contexto geral da
evolução.
A CONTABILIADE NO MUNDO ANTIGO
A evolução da contabilidade aconteceu de maneira gradual ao longo da história. Sua fase
empírica consistiu no período em que os sinais e símbolos, desenhos e figuras representavam os
bens (IUDÍCIBUS e MARION, 2002).
Em 1836 a Academia de Ciências da França reconheceu a contabilidade como uma
ciência, tal reconhecimento também veio por parte dos pensadores mais modernos da época
(SÁ, 2002).
Na Suméria a escrituração contábil surgiu antes mesmoque a escrita comum aparecesse,
uma vez que necessidade de controlar as riquezas e bens era fundamental o registro da riqueza
antecedeu aos demais, como exemplo, cita-se a contabilidade grosseira do pastor para averiguar
quanto seus rebanho tiveram de acréscimo, para tanto fazia uso de pedrinhas as quais somava e
contava entre os dois períodos (IUDÍCIBUS e MARION, 2002).
Na Itália, no ano de 1202, foi publicado o livro "LiberAbaci", de Leonardo
Pisano.Estudavam-se, naquele tempo, técnicas de matemática, pesos e medidas, câmbio,
fazendo do ser humano mais evoluído em conhecimentos comerciais e financeiros.―Se os
sumérios-babilônios plantaram a semente da contabilidade e os egípcios a regaram, foram os
italianos que fizeram o cultivo e a colheita‖ (SOUSA e ZANLUCA, 2016).
Foi um período importante na história do mundo, especialmente na história da
Contabilidade, denominado a Era Técnica, devido às grandes invenções, como moinho de vento,
aperfeiçoamento da bússola, que abriram novos horizontes aos navegadores, como Marco Pólo e
outros.A indústria artesanal se propagou com o surgimento de novas técnicas no sistema de
mineração e metalurgia (SOUSA e ZANLUCA, 2016).
O comércio exterior incrementou-se por intermédio dos venezianos, surgindo,
como conseqüência das necessidades da época, o livro caixa, que recebia
registros de recebimentos e pagamentos em dinheiro. Já se utilizavam, de forma
rudimentar, o débito e o crédito, oriundos das relações entre direitos e
obrigações, e referindo-se, inicialmente, a pessoas.O aperfeiçoamento e o
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crescimento da Contabilidade foram a conseqüência natural das necessidades
geradas pelo advento do capitalismo, nos séculos XII e XIII. O processo de
produção na sociedade capitalista gerou a acumulação de capital, alterando-se
as relações de trabalho. O trabalho escravo cedeu lugar ao trabalho assalariado,
tornando os registros mais complexos. No século X, apareceram as primeiras
corporações na Itália, transformando e fortalecendo a sociedade burguesa.No
final do século XIII apareceu, pela primeira vez a conta "Capital",
representando o valor dos recursos injetados nas companhias pela família
proprietária.O método das Partidas Dobradas teve sua origem na Itália, embora
não se possa precisar em que região. O seu aparecimento implicou a adoção de
outros livros que tornassem mais analítica a Contabilidade, surgindo, então, o
Livro da Contabilidade de Custos(SOUSA e ZANLUCA, 2016).
No início do Século XIV, já se encontravam registros explicitados de custos comerciais e
industriais, nas suas diversas fases: custo de aquisição; custo de transporte e dos tributos; juros
sobre o capital, referente ao período transcorrido entre a aquisição, o transporte e o
beneficiamento; mão-de-obra direta agregada; armazenamento; tingimento, etc., o que
representava uma apropriação bastante analítica para época. A escrita já se fazia no moldes de
hoje, considerando, em separado, gastos com matérias-primas, mão-de-obra direta a ser
agregada e custos indiretos de fabricação. Os custos eram contabilizados por fases
separadamente, até que fossem transferidos ao exercício industrial (SÁ, 1997).
A igrejacatólica e seus responsáveis também foram os primórdios da contabilidade ao
escriturarem as ofertas e dízimosde seus fiéis anotando as entradas e saídas de valores.
Vários são os elementos que fundamentam o fato da contabilidade ter evoluído em seus
primeiros passos em tais épocas e locais, como, por exemplo, o atual alfabeto, o calendário,
sistema decimal, pesos e medidas e muitos outros legados, por toda a história (SÁ, 1997).
As provas arqueológicas encontradas como pranchas de argila contendo os registros,
controle de produção, e orçamentosna Suméria e Babilôniatambém fundamentam o quão antiga
é a ciência de contabilizar as riquezas (SÁ, 1997).
Os escribas se profissionalizaram como escriturários a partir da contabilidade feita
através do uso de papiros e do cálamo. No Egito moedashat, que era de ouro ou prata, contribuiu
para o sistema de contas se complementar, estipulando os bens e seus respectivos valores com
aprimoradaexatidão (SCHMIDT, 2000).
O período moderno foi a fase da pré-ciência. Devem ser citados três eventos
importantes que ocorreram neste período:em 1453, os turcos tomam
Constantinopla, o que fez com que grandes sábios bizantinos emigrassem,
principalmente para Itália;em 1492, é descoberta a América e, em 1500, o
Brasil, o que representava um enorme potencial de riquezas para alguns países
europeus;em 1517, ocorreu a reforma religiosa; os protestantes, perseguidos na
Europa, emigram para as Américas, onde se radicaram e iniciaram nova vida.A
Contabilidade tornou-se uma necessidade para se estabelecer o controle das
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inúmeras riquezas que o Novo Mundo representava(SOUSA e ZANLUCA,
2016).
A introdução da técnica contábil nos negócios privados foi uma contribuição de
comerciantes italianos do séc. XIII. Os empréstimos a empresas comerciais e os investimentos
em dinheiro determinaram o desenvolvimento de escritas especiais que refletissem os interesses
dos credores e investidores e, ao mesmo tempo, fossem úteis aos comerciantes, em suas relações
com os consumidores e os empregados.O aparecimento da obra de Frei Luca Pacioli,
contemporâneo de Leonardo da Vinci, que viveu na Toscana, no século XV, marca o início da
fase moderna da contabilidade (SOUSA e ZANLUCA, 2016).
A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CONTABILIDADE NO BRASIL
No começo do século XIX os primeiros fomentos no país para as ciências contábeis
surgiram com a chegada da Família Real portuguesa ao Brasil. Como bem descrevem Bacci e
Peleia (2004) o início dos estudos contábeis no Brasil tem seu surgimento datado no ano de
1804, época em Visconde de Cairu fez a publicação do livro chamado ―Princípios de Economia
Política‖ (BACCI e PELEIAS, 2004):
Os primórdios do estudo comercial no Brasil datam de 1804, quando José da
Silva Lisboa, intitulado Visconde de Cairu, faz publicar a obra ―Princípios de
Economia Política‖. Este autor forneceria ainda outra contribuição no início do
século XIX, a ser apresentada seguindo a cronologia adotada. Por meio de
alvará publicado em 23 de agosto de 1808, cria-se a Real Junta de Comércio,
Agricultura, Fábricas e Navegação. Este documento determinou a adoção do
sistema de partidas dobradas, para controle dos bens. A adoção deste sistema
teve como causa principal o reconhecimento de seu uso pelos países da Europa
(BACCI e PELEIAS, 2004).
Nesta época iniciou-se a Era científica da contabilidade a qual se caracterizou pelo
conhecimento do inventário, livros mercantis, diário e razão. A contabilidade chegou às
universidades, porque antes disso esta ciência era ensinada apenas em aulas de comércio na
corte.
Na era científica foi o momento em que a contabilidade teve seus maiores pensadores e
intelectuais da área como Pacioli, um dos maiorescolaboradores que reescreveram a
contabilidade e deram grandeajuda para a ciência contemporânea (SÁ, 2004).
Enfatiza-se que os cursos superiores só foram criados no ano de 1808 e a primeira
universidade em 1920. Como já mencionado a vinda da Família Real ao Brasil impulsionou a
oficialização da contabilidade como ciência no país, pois tal fato exigiu o aumento dos gastos
públicos bem como da renda nos estados, e, por conseguinte exigiu também um sistema fiscal e
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contábil mais complexo e eficiente. Assim foi instituído o Erário Régio ou o Tesouro Nacional e
Público, e o Banco do Brasil no ano de 1808 (BARROS LEITE, 2005). A respeito das
tesourarias da fazenda constituídas na época, BACCI e PELEIA (2004) esclarecem:
As Tesourarias de Fazenda nas províncias eram compostas de um inspetor, um
contador e um procurador fiscal, responsáveis por toda a arrecadação,
distribuição e administração financeira e fiscal. Hoje, as funções do contabilista
não se restringem ao âmbito meramente fiscal, tornando-se, num mercado de
economia complexa, vital para empresas informações mais precisas possíveis
para tomada de decisões e para atrair investidores (BACCI e PELEIAS, 2004).
Destaca-se que Francesco Villa rompeu as barreiras conceituaisde Contabilidade na Era
científica, mostrando que o estudioso em contabilidade não era apenas um mero escriturário e
guarda-livros, mas que deveria também detalhar cada informação bem como conhecer o seu
significado (SOMBRA, 2013).
Fábio Bésta definiu a contabilidade como sendo uma ciência do controle econômico,
reforçando o conceito de que a contabilidade objetiva o patrimônio. Moura (2001).
É importante mencionar que ao fim do século XIX, a Associação de Guarda-Livros
procurou criar um curso regulamentado de maneira a oficializar que a profissão de contabilista.
Com este fim, na data de 20 de abril de 1902 a Escola Prática de Comércio foi criada,
futuramente esta passou a ser chamada de Escola de Comércio Álvares Penteado (SCHMIDT,
2002).
Frisa-se que além desta outras instituições foram criadas, as quais são a Escola de
Comércio Mackenzie College, Sindicato dos Contabilistas de São Paulo e Faculdade de
Economia e Administração da Universidade de São Paulo.
O Decreto Federal nº 1.339, de 9 de janeiro de 1905 reconheceu de maneira oficial os
diplomas expedidos pela Escola de Comércio Álvares Penteado e também os cursos de Guarda-
Livros e Perito-contador.
Machado (1982) destaca que muito embora fosse um avanço tal decreto tinha um caráter
tão somente de utilidade pública objetivando a organizaçãodos cursos da Academia de
Comércio do Rio de Janeiro e da Escola Prática de Comércio de São Paulo (MACHADO, 1982).
Bacci(2002) explica que em 30 de junho de 1931, foi firmado o Decreto nº 20.158,
responsável pela reestruturaçãodo ensino contábil no país (BACCI, 2002).
Foi estabelecido neste decreto que a todos aqueles que concluíssem os estudos no curso
superior de administração e finanças fosse conferido o diploma de bacharel em ciências
econômicas.
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O curso tinha a duração de três anos, e àqueles que completassem o curso técnico de dois
anos seria conferido o título de Guarda-Livros; e para aqueles que completassem três anos de
curso técnico receberiam o título de Perito-contador (BACCI, 2002).
A Profissão Contábil tem primazia no reconhecimento como profissão liberal,
reunidos por Contadores e Técnicos em Contabilidade, regulamentada pelo
Decreto-Lei n° 9.295, de 27 de maio de 1946 e resoluções complementares.
Segundo disposições expressas no art. 12 do Decreto-Lei nº 9.295-46, só pode
exercer a profissão contábil quem possuir seu registro (inscrição profissional)
no CRC da sua jurisdição (GONÇALVES, 2005).
Nos anos 60 foram feitos acréscimos às leis que provocaram mais complexos controles
fiscais e contábeis, isto no âmbito dos órgãos públicos e das empresas particulares (GOMES,
1978).
Os seguintes acréscimos se destacam:
- A Lei Orçamentária - Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964;
- A Lei de Reforma Bancária - Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de
1964);
- A Lei de Mercado de Capitais - Lei nº 4.728, de 14 de julho de 1965;
- A Reforma Administrativa - Decreto-lei nº 200, de 25 de fevereiro de
1967.
No ano de 1972 a profissão de auditor foi regulamentada pela Resolução nº 220, do
Banco Central, esta norma teve origem em uma sugestãoformada pelo Ibracon, que originou as
circularesnº 178 e nº179 do Bacen. Esse conjunto de normas determinava:
a) obrigatoriedade de auditoria das demonstrações contábeis das sociedades com ações
negociadas na bolsa;
b) regras relativas ao registro dos auditores independentes junto ao Bacen;
c) Normas Gerais de Auditoria e Princípios e Normas de Contabilidade (ANDRADE,
2003).
A Lei das Sociedades por Ações de nº 6.404 foi outorgada em 1976 iniciando novo
período da história da contabilidade do Brasil. Esta lei, na visão de alguns doutrinadores, devido
à necessidade de haver qualidade nos dadoscontábeis e em sua divulgação, para tornar mais fácil
o conhecimento e a apreciação da situação financeira da organização bem como de sua
performance econômico (TELES, 1989). A esse respeito Bacci (2002) ressaltou:
a nova lei veio consagrar a adoção do sistema contábil americano com algumas
contribuições brasileiras de relevância, sendo algumas práticas essencialmente
nacionais como a correção monetária‖ (BACCI, 2002).
Pode-se destacar as seguintes contribuições desta lei para a economia:
a) introdução da reavaliação a valor de mercado; b) criação da reserva de lucros
a realizar; c) separação entre contabilidade comercial e contabilidade fiscal; d)
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aperfeiçoamento da classificação das contas do balanço; e) consolidação das
demonstrações financeiras de um mesmo grupo, ou de investimentos em
empresas consideradas controladas; e criação das demonstrações das mutações
patrimoniais e das origens e aplicações de recursos.
Tratando da Lei de Mercado de Capitais,esta criou a figura do auditor independente, e no
ano de 1971 foi constituído o Instituto de Auditores Independentes do Brasil (IAIB), que em 1º
de julho de 1982, que posteriormente passou a utilizar a sigla Ibracon (SILVA; MARTINS,
2006).
Vê-se, portanto, que a evolução das legislações que regulamentaram a atividade contábil
no Brasilcontribuírame muito para não somente para a economia do país como também para o
ensino superior.
A EVOLUÇÃO DA LEGISLAÇÃO CONTÁBIL À EPOCA ATUAL
No Brasil, o exercício da contabilidade é tido como profissão liberal, sendo
regulamentada pelo Decreto-Lei n° 9.295, de 27 de maio de 1946, além de resoluções
complementares. O exercício da profissão contábil é permitido apenas a quem possuir o devido
registro, que consiste em um registro, no CRC de sua respectiva jurisdição. O art. 25 da
mencionada lei dispõe a respeitodas atribuições profissionais dos contabilistas conforme segue:
Art. 25. São considerados trabalhos técnicos de contabilidade: a) organização e
execução de serviços de contabilidade em geral; b) escrituração dos livros de
contabilidade obrigatórios, bem como de todos os necessários no conjunto da
organização contábil e levantamento dos respectivos balanços e demonstrações;
c) perícias judiciais ou extrajudiciais, revisão de balanços e de contas em geral,
verificação de haveres, revisão permanente ou periódica de escritas,
regulamentações judiciais ou extrajudiciais de avarias grossas ou comuns,
assistência aos Conselhos Fiscais das sociedades anônimas e quaisquer outras
atribuições de natureza técnica conferidas por lei aos profissionais de
contabilidade.
A sociedade atual passa por um momento muito complexo, onde vários eventos
importantes impactam diretamente todos os setores da vida humana. A evolução tecnológica,
principalmente na área da informática e da indústria de telecomunicações, proporcionou o
progresso da ciência bem como do da variedade dos serviços e bens oferecidos.
Todavia, essa evolução elevou os riscos potenciais como insegurança social, terrorismo e
inconstâncias cambiais bruscas, nos preços dos insumos de produção e das ações das empresas e
organizações.
Entende-se hoje que a riqueza de uma empresa não centraliza- se somente em bens
materiais, mas também em seu capital intelectual e em ativos intangíveis. As transformações
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frequentes exigem resultados cada vez mais excelentes por parte dos gestores e administradores,
principalmente por causa da competitividade do mercado. A partir do momento que este bom
resultado não é alcançado existe o risco de a contabilidade ser utilizada como um instrumento
para gerenciar resultados.
Em se tratando do registro profissional nos CRCs dos respectivos Estados é obrigatório
para todos aqueles que desejam exercer a profissão de técnicos em contabilidade ou contabilistas
com bacharelado.
As disposições profissionais são explicitadas na Resolução CFC nº 560, de 1983
conforme segue nos artigos primeiro e segundo:
Art. 1º O exercício das atividades compreendidas na Contabilidade
considerada esta na sua plena amplitude e condição de Ciência Aplicada,
constitui prerrogativa, sem exceção, dos contadores e dos técnicos em
contabilidade legalmente habilitados, ressalvadas as atribuições
privativas dos contadores.
Art. 2º O contabilista pode exercer as suas atividades na condição de
profissional liberal ou autônomo, de empregado regido pela CLT, de
servidor público, de militar, de sócio de qualquer tipo de sociedade, de
diretor ou de Conselheiro de quaisquer entidades, ou, em qualquer outra
situação jurídica definida pela legislação, exercendo qualquer tipo de
função.
Cabe colocar neste trabalho todas as atribuições privativas dos contadores estabelecidas
pelo art. 3º, em seu § 1º, como dispostas a seguir:
a) avaliação de acervos patrimoniais e verificação de haveres e
obrigações, para quaisquer finalidades, inclusive de natureza fiscal;
b) avaliação dos fundos de comércio, apuração do valor patrimonial de
participações, quotas ou ações;
c) reavaliações e medição dos efeitos das variações do poder aquisitivo
da moeda sobre o patrimônio e o resultado periódico de quaisquer
entidades;
d) apuração de haveres e avaliação de direitos e obrigações do acervo
patrimonial de quaisquer entidades, em vista de liquidação, fusão, cisão,
expropriação no interesse publico, transformação ou incorporação dessas
entidades, bem como em razão de entrada, retirada, exclusão ou
falecimento de sócios, cotistas ou acionistas;
e) concepção dos planos de determinação das taxas de depreciação e
exaustão dos bens materiais e dos de amortização dos valores imateriais,
inclusive de valores diferidos;
f) regulamentações judiciais ou extrajudiciais, de avarias grossas ou
comuns;
g) análise de custos e despesas, em qualquer modalidade, em relação a
quaisquer funções, como a produção, administração, distribuição,
27 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
transporte,comercialização, exportação, publicidade e outras, bem como
a análise com vista à racionalização das operações e do uso de
equipamentos e materiais, e ainda a otimização do resultado diante do
grau de ocupação ou do volume de operações;
h) controle, avaliação e estudo da gestão econômica, financeira e
patrimonial das empresas e demais entidades;
i) análise de custos com vista ao estabelecimento dos preços de venda de
mercadorias, produtos ou serviços, bem como de tarifas nos serviços
públicos, e a comprovação dos reflexos dos aumentos de custos nos
preços de venda, diante de órgãos governamentais;
j) análise de balanços, análise do comportamento das receitas, avaliação
do desempenho das entidades e exame das causas de insolvência ou
incapacidade de geração de resultado;
l) estudo sobre a destinação do resultado e cálculo do lucro por ação ou
outra unidade de capital investido; determinação de capacidade
econômico financeira das entidades, inclusive nos conflitos trabalhistas e
de tarifa; ]
m) análise das variações orçamentárias, conciliações de contas,
organização dos processos de prestação de contas das entidades e órgãos
da administração pública federal, estadual, municipal, dos territórios
federais e do Distrito Federal, das autarquias, sociedades de economia
mista, empresas públicas e fundações de direito público, a serem
julgadas pelos Tribunais, Conselhos de Contas ou órgãos similares;
n) revisões de balanços, contas ou quaisquer demonstrações ou registros
contábeis; o) auditoria interna operacional, auditoria externa
independente, perícias contábeis, judiciais e extrajudiciais;
p) fiscalização tributária que requeira exame ou interpretação de peças
contábeis de qualquer natureza;
q) assistência aos Conselhos Fiscais das entidades, notadamente das
sociedades por ações;
u) assistência aos comissários nas concordatas, aos síndicos nas
falências, e aos liquidantes de qualquer massa ou acervo patrimonial;
v) magistério das disciplinas compreendidas na Contabilidade, em
qualquer nível de ensino, inclusive no de pós-graduação; participação
em bancas de exames e em comissões julgadoras de concursos, onde
sejam aferidos conhecimentos relativos à Contabilidade.
Ressalta-se que a preocupação de deixar documentadas as mudanças na contabilidade e
de explicar essas transformações, verificando suas origens é no decorrer dos últimos tempos um
dos principais fatores que impulsionam a investigação em história da contabilidade (GOMES E
RODRIGUES, 2009).
28 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
Sobre o surgimento dos tipos de sociedades empresariais Correa (2004) esclarece que as
sociedades anônimas tiveram sua origem formal através do Código Comercial de 1850
(CORREA, 2004).
No ano de 1939 foi elaborado o anteprojeto da Lei das Sociedades Anônimas que por fim
se tornou o Decreto-lei n° 2.627, de 26 de setembro de 1940. Esse decreto-lei vigeu até a
promulgação da Lei n° 6.404/1976.
Cabe ainda frisar que a publicação da Lei nº 9.457/1997, trouxe consideráveis alterações
na Lei das Sociedades por Ações, com o objetivo de alinhar as práticas contábeis brasileiras ao
padrão internacional, como expõe Bacci (2002):
A contabilidade do mundo atual procura a harmonização de procedimentos, de
padrões que atendam a globalização, e que pela pulverização dos investimentos
a nível mundial nas bolsas de valores, vêm tentando uma uniformização dos
informes contábeis com objetivos claros de se adotar maior transparência e
evidenciação dos critérios aplicados [...]. Dessa forma, em 2001 foi promulgada
a Lei nº 10.303, que altera e acrescenta dispositivos na Lei nº 6.385/1976 e na
Lei nº 6.404/1976, visando, principalmente, assegurar certos direitos dos
acionistas e atrair investimentos para o mercado de capitais (BACCI, 2002).
Ressaltando as mudanças trazidas pelas legislações contemporâneasno meio contábil
cita-se uma que impactou significativamente o mundo da contabilidade no Brasil, foi a criação
da lei 11.638 de 28 de dezembro de 2007 na qual a CVM pronunciou no dia 2 de maio de 2008
com a Instrução CVM nº 469 dispondo sobre a aplicação da Lei 11.638/07 (BACCI, 2002).
Este pronunciamento esclareceu a dúvida de muitas pessoas, momento em que se tornou
mais claro a aplicação de tal norma legal que altera e revoga os dispositivos da Lei das
Sociedades por Ações.
Esta alteração da legislação societária, proposta pelo Projeto de Lei 3.741/00, veio com o
objetivo de harmonizar os pronunciamentos internacionais de contabilidade que são emitidos
pelos IASB que é o InternationalAccounting Standards Board, através do IFRSo
chamadoInternational Financial Reporting Standardse do IAS que é o InternationalAccounting
Standards(UFSC, 2008).
Fazem parte desta harmonização todas as normas contábeis emitidas pela
Comissão de Valores Mobiliários – CVM, que tem o objetivo de emitir
normas para as companhias abertas de acordo com os padrões
internacionais. A nova legislação trouxe mudanças marcantes e uma
delas é o § 5º do Art. 177, que determina que as normas expedidas pela
Comissão de Valores Mobiliários (CVM) deverão ser elaboradas de
acordo com os padrões internacionais de contabilidade, onde a partir do
exercício de 2010 as companhias abertas deveriam apresentar suas
demonstrações financeiras consolidadas adotando o padrão internacional
29 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
do Internacional Accounting Standards Board (IASB). Outra grande
mudança que trouxe grande impacto foi no art. 176 da Lei 6404/76,
sendo este, o primeiro artigo alterado pela Lei 11.638/07 (UFSC, 2008).
Depois da alteração o dispositivo exclui a obrigatoriedade da chamada Demonstração de
Origens e Aplicações de Recursosao fim de cada exercício e implanta a Demonstração do Fluxo
de Caixa. Ainda tornouobrigatória apenas para as companhias de capital aberto, a confecção da
Demonstração do Valor Adicionado e o Art. 188 trouxe as informações elementares que tem que
constarna Demonstração do Fluxo do Caixa e a Demonstração do Valor Adicionado (UFSC,
2009).
A Lei nº 11.638/2007 determinou que as normas de contabilidade da CVM fossem
consonantes com os padrões internacionais, por conta disso foram encontradas diversos
obstáculos de conceito nas práticas contábeis no Brasil, e isso porque sempre foi priorizado o
atendimento fiscal (ERNST& YOUNG; FIPECAFI, 2009).
Segue-se neste entendimento explicando que as normas vindas da IASB consistem em
uma vasta gama de regras mandatórias de evidenciação, sendo o seu conteúdo o maior possível
de informação qualitativa e quantitativa, foram assim estabelecidas com a finalidade de
assegurar informações e dados confiáveis de relevância com (DASKE; GEBHARDT, 2006).
Diante o explanado nota-se que a Lei nº 11.638/2007 entronizouenormes modificações
na Lei nº 6.404/1976, dentre as quais se destacam as seguintes: a escrituração das demonstrações
contábeis; nova estrutura do Balanço Patrimonial; demonstrações obrigatórias; demonstrações
dos fluxos de caixa; demonstração do valor adicionado; critérios de avaliação dos ativos;
primazia da essência sobre a forma; equivalência patrimonial; reavaliação de ativos; e Teste de
Recuperabilidade (BRASIL, 2007).
Por fim cabe mencionar que aplicação da Lei nº 11.638/2007 é ampla e se aplica às
chamadassociedades de grande porte, ou seja, aquelas sociedades com receita bruta superior a
R$ 300 milhões por ano ou ainda que tenham ativos em valor superior a R$ 240 milhões,
mesmo que sejam estas sociedades limitadas. Tais sociedades de grande portetem assim as
mesmas obrigações das sociedades por ações no que se refere à sua escrituração, elaboração de
demonstrações financeiras e obrigatoriedade de auditoria independente(BRASIL, 2007).
Verificou-se ainda ao longo do presente trabalho o longo processo de evolução histórica
da contabilidade desde os seus primórdios na antiguidade até a sociedade contemporânea cada
vez mais exigente. As leis que regulamentaram a profissão de contador tiveram papel
fundamental no reconhecimento da atividade contábil como profissão liberal e as rígidas normas
30 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
internacionais cumprem seu papel de controlar as ações de empresas e seus gestores de modo a
proporcionar auditorias e informações confiáveis.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente artigo teve por objetivo, através de revisão de literatura, apresentar a evolução
histórica da contabilidade no Brasil. Para tanto a metodologia utilizada neste trabalho foi a
descritiva através de pesquisa bibliográfica..
A contabilidade sofreu várias transformações desde a antiguidade época em que sua
finalidade era o controle das riquezas, até passar por um longo processo de evolução e ser
reconhecida como ciência.
No Brasil a atividade contábil começou a partir da época colonial, com a evolução da
sociedade e a necessidade de controles contábeis para o desenvolvimento das primeiras
Alfândegas. À medida que o mercantilismo se propagou no Brasil a contabilidade cresceu. Tal
atividade se reforçou com a chegada da Família Real Portuguesa.
A oficialização dos cursos superiores e técnicos para formar contadores foram
reconhecidos oficialmente ainda no século XIX e diversas foram as normas legais que
regulamentaram a atividade contábil no Brasil ao longo do século XX.
Ficou evidenciado que a contabilidade, como ciência milenar, surgiu para atender à
necessidade de controle do patrimônio e riquezas pelos homens. Esta mesma contabilidade,
surgida rudimentar, evoluiu com os avanços econômicos das civilizações, tornando-se
atualidade imprescindível para impulsionar o Brasil ao concerto das nações desenvolvidas.
Constatou-se que é fundamental existir a compreensão da evolução histórica da
contabilidade ao longo do tempo, principalmente, até o momento em que foi reconhecida como
uma ciência.
Identificou-se ainda que o longo processo de evolução histórica da contabilidade desde
os seus primórdios na antiguidade até a sociedade contemporânea cada vez mais exigente foi
relevante para o crescimento econômico e gestão das empresas e organizações.
As leis que regulamentaram a profissão de contador tiveram papel fundamental no
reconhecimento da atividade contábil como profissão liberal e as rígidas normas internacionais
cumprem seu papel de controlar as ações de empresas e seus gestores de modo a proporcionar
auditorias e informações confiáveis.
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32 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
LINGUA MATERNA, ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO ESCOLAR
Iranice Rosas dos Santos
Discente do curso de Mestrado em Educação da Anne Sullivan University
Email: [email protected]
RESUMO
Objetivou-se demonstrar a falta de atividades nas aulas de língua materna com a modalidade
oral em contraponto com a modalidade escrita, por meio de gêneros discursivos, que a falta de
dedicação à leitura e escrita e de uma proposta de ensino que respeite as variedades da língua
são fatores que contribuem para que os alunos não consigam distinguir a gramática da
modalidade oral da gramática da modalidade escrita, o que compromete o processo e aquisição
de letramento de usuários de variedades linguísticas não padrão. Como fatores apontamos o
despreparo técnico-didático-metodológico do professor, que insiste em um ensino ainda
―gramatiqueiro‖ descontextualizado, e ignora que o ensino de língua vai além do ensino da
gramática normativa e que o oral é tão importante quanto o escrito no convívio social. Os
aspectos fonológicos, mais precisamente ligados à questão da grafia, ou seja, aos aspectos
convencionais da língua, que são equivocadamente confundidos e apontados como erros de
língua e atribuídos às variedades não padrão, fazendo parecer que a grafia é algo natural e não
convencional, e que de fato se escreve como se fala, quando na verdade se trata de falha lacunar
do próprio sistema de convenção que não consegue estabelecer uma relação biunívoca entre fala
e escrita a contento. Assim, o processo de letramento é comprometido à medida que o professor
de língua materna não consegue apreender e trabalhar com ambas as modalidades e levar os
alunos a dominarem e a diferenciarem-nas em seus vários aspectos e peculiaridades.
Palavras-Chave: Língua. Leitura. Escrita.
ABSTRACT The objective was to demonstrate the lack of activities in the mother tongue classes with the oral
modality in counterpoint with the written modality, through discursive genres, that the lack of
dedication to reading and writing and a teaching proposal that respects the varieties of the
Language are factors that contribute to the students not being able to distinguish the grammar of
the oral modality from the grammar of the written modality, which compromises the process and
acquisition of literacy of users of non-standard linguistic varieties. As factors we point out the
technical-didactic-methodological lack of preparation of the teacher, who insists on a still
"grammatical" teaching decontextualized, and ignores that language teaching goes beyond the
teaching of normative grammar and that oral is as important as writing in socializing social. The
phonological aspects, more precisely linked to the question of spelling, that is, the conventional
aspects of language, which are mistakenly mistaken for language mistakes and attributed to non-
standard varieties, making it appear that spelling is natural and unconventional, And that in fact
one writes as one speaks, when in fact it is a lacunar failure of the convention system itself that
can not establish a biunivocal relationship between speech and written content. Thus, the
process of literacy is compromised as the mother-tongue teacher can not grasp and work with
both modalities and lead students to dominate and differentiate them in their various aspects and
peculiarities.
Keywords: Language. Reading. Writing.
INTRODUÇÃO
33 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
Língua materna, também chamada de língua nativa é a primeira língua que uma
criança aprende e que, geralmente corresponde ao grupo étnico-linguístico com que o indivíduo
se identifica culturalmente (SPINASSÉ, 2006). Por exemplo, uma criança descendente de
portugueses mais facilmente irá adotar a língua que os seus pais utilizam devido às suas origens.
Em certos casos, quando a criança é educada por pais (ou outras pessoas) que falem línguas
diferentes, é possível adquirir o domínio de duas línguas simultaneamente, cada uma delas
podendo ser considerada língua materna, configura-se então uma situação de bilinguismo.
A expressão língua materna provém do costume em que as mães eram as únicas a educar
os seus filhos na primeira infância, fazendo com que a língua da mãe seja a primeira a ser
assimilada pela criança, condicionando seu aparelho fonador àquele sistema linguístico
(SPINASSÉ, 2006).
A aquisição da língua materna ocorre em várias fases. Inicialmente, a criança regista
literalmente os fonemas e as entonações da língua, sem ainda ser capaz de os reproduzir. Em
seguida, começa a produzir sons e entonações até que seu aparelho fonador permita-lhe a
articular palavras e organizar frases, assimilando contemporaneamente o léxico. A sintaxe e a
gramática são integradas paulatinamente dentro deste processo de aprendizagem.
O TRABALHO COM LÍNGUA MATERNA
Como muitos autores afirmam, cabe à escola, principalmente no que tange à língua
portuguesa, capacitar o aluno ao domínio da norma padrão. Mas, não como uma subserviência à
língua literária, utilizada por autores famosos do passado e, sim como a habilidade geral que
permita ao aluno fazer uso de uma linguagem adequada às diferentes circunstâncias do
cotidiano. Para isso, o trabalho em sala de aula deve colaborar para que o aluno se torne:
Cada vez mais consciente de que, a escolha dos elementos da língua para
construir textos não é fortuita, mas, regida pela adequação do recurso
linguístico e das instruções de sentido que contém aos propósitos dos usuários
da língua em cada situação de comunicação. (Travaglia, 1997, p. 151).
Para isso é inviável uma proposta que trate apenas de exercícios envolvendo
nomenclaturas ou que conduza o processo através da exposição oral de ideias prontas sobre
determinado tópico linguístico.
Não seria o caso de descartar o estudo da gramática nas aulas de Educação Básica, mas
de empregar uma metodologia que proporcione o exercício das possibilidades gramaticais
através do emprego comparativo, seja a partir da análise do respeito a determinadas convenções
gramaticais ou na ausência deles. Atividades dessa natureza remetem o aluno à observância dos
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resultados semânticos obtidos através das seleções de uso feitas em dado contexto, o que conduz
à compreensão dos fenômenos envolvidos.
Gentner & Medina (1998) defendem que mesmo entre adultos existe uma mistura do
processamento baseado na comparação com o baseado em regras. Afirmam também que,
estando o conhecimento abstrato já constituído, processos de ―alinhamento‖ são necessários
para que aconteça o repasse desses conhecimentos para novas situações.
Essa é uma postura reflexiva que usa os efeitos da linguagem para a análise de seu
registro escrito, impedindo a falta de compromisso com a busca do padrão sem considerá-lo
mera erudição; mas, sim, domínio social, como também evitando o uso exclusivo da
nomenclatura, trabalho árduo e infrutífero.
A alfabetização é um processo que começa muito antes da entrada da criança na escola,
onde é submetida a mecanismos formais de aprendizagem da leitura e da escrita.
Entende-se por alfabetização o processo pelo qual se adquire o domínio de um sistema
linguístico e das habilidades de utilizá-lo para ler e escrever, ou seja, o domínio das ferramentas
e o conjunto de técnicas necessárias para exercer a arte e a ciência da escrita e da leitura.
Hoje, tão importante quanto conhecer o funcionamento do sistema de escrita é poder se
engajar em práticas sociais letradas. Assim, enquanto a alfabetização se ocupa da aquisição da
escrita, o letramento se preocupa com a função social do ler e do escrever.
A expressão letramento apareceu ao lado da alfabetização por se considerar o domínio
mecânico da leitura e da escrita insuficiente na sociedade atual. Tornou-se objetivo de a escola
introduzir os alunos nas práticas sociais de leitura e escrita, pois deixou de ser satisfatório em
sua formação o desenvolvimento específico da habilidade de codificar e decodificar a escrita.
Para tal, é necessário mais do que apresentar para os alunos às letras e sua relação com
os sons, as palavras e as frases. É preciso trabalhar com textos reais estimulando a leitura e a
escrita dos diversos gêneros textuais para que aprendam a diferenciá-los e a perceber a
funcionalidade de cada um dos textos (para que eles sirvam) e as diversas finalidades da leitura
e da escrita (para que lemos e escrevemos).
Dessa forma, percebemos que alfabetizar e letrar são duas tarefas a serem desenvolvidas
concomitantemente nas classes de alfabetização.
Se alfabetizar significa orientar a criança para o domínio da tecnologia da escrita, letrar
significa levá-la ao exercício das práticas sociais de leitura e de escrita. Uma criança
alfabetizada é uma criança que sabe ler e escrever; uma criança letrada (tomando este adjetivo
no campo semântico de letramento e de letrar, e não com o sentido que tem tradicionalmente na
língua, este dicionarizado) é uma criança que tem o hábito, as habilidades e até mesmo o prazer
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de leitura e de escrita de diferentes gêneros de textos, em diferentes suportes ou portadores, em
diferentes contextos e circunstâncias (SOARES, 2004).
Assim, é possível considerar que letrar é direcionar, conduzir a criança ao exercício das
práticas sociais de leitura e escrita, é inseri-la ao campo das letras em seu sentido e contexto
social, é fazer com que a criança tome gosto pelo hábito de ler e, a alfabetização compreende a
decodificação e assimilação dos signos linguísticos; alfabetizar está em inserir a criança para a
prática da leitura, ou seja, fazer com que se aprenda a ler, mas isso não implica em criar hábito
da leitura, pois sabemos que há sujeitos alfabetizados que necessariamente não tomam gosto
pelo hábito de ler, ou não leem com frequência, dizemos portanto que não basta alfabetizar a
criança, é preciso letrá-la ou conduzi-la aos diversos tipos de expressões textuais, é capacitar a
criança a criar relações com práticas de leitura e escrita, é compreender e questionar, sobretudo
fazer a chamada leitura do mundo a partir de suas práticas sociais.
Sabemos ainda que Alfabetização e Letramento estão intrinsecamente ligados, já que, de
acordo com os Parâmetros Curriculares, estes destacam que o ensino da linguagem deve ser
direcionado a três fundamentos básicos: a leitura, a compreensão e a produção numa relação de
contexto social, e para que a alfabetização e o letramento tomem parte do ensino da língua em
sua prática social é preciso que se alfabetize letrando.
Ao compreender que a escola tem o papel de alfabetizar, os pais estão satisfeitos com a
construção de saber de seus filhos, tornando desnecessário na visão de esses acompanhar seus
filhos para uma forma mais dinâmica e satisfatória em relação à construção da aprendizagem da
criança com relação a sua alfabetização.
É preciso que os pais compreendam que a criança, antes mesmo de aprender a ler, possui
uma antecipação de seu letramento e alfabetização, isso se ela estiver dentro de um contexto
social onde a leitura e a escrita façam parte de seu convívio — exemplificando, quando uma
criança que ainda não está na escola, mas seu pai ou mãe lê para ela, já consegue distinguir que
há códigos ali e que esses códigos representam algum significado na forma escrita, representam
objetos e coisas; então, podemos dizer que essa criança não é um papel em branco, numa visão
de que possui fundamentos de compreensão, de relacionar a escrita ao objeto por ela
denominado.
É nesse sentido que podemos chamá-la de criança não alfabetizada e já letrada, pois já
possui e está inserida em práticas sociais de leitura, mesmo não estando ainda alfabetizada; já é,
no caso, um sujeito letrado, pois está dentro de contextos sociais da linguagem e escrita, pois
seus pais leem para ela, e essa criança já consegue distinguir e dar antecipações de estruturas
36 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
linguísticas aleatórias e, sobretudo, está compartilhando o processo social do letramento por
meio de capacidades lógicas e de ambientes linguísticos e intertextuais.
A proposta de alfabetização e letramento deve naturalmente adequar-se às exigências da
realidade atual. Nessa realidade, a letra de imprensa está presente em todos os momentos da vida
de crianças e adultos: nos livros, na televisão, nas revistas, nos jornais, nas embalagens, nos
rótulos, no teclado do computador. Sendo assim, fica claro o papel social fundamental da letra
de imprensa na alfabetização.
Começar a alfabetização com letra de imprensa maiúscula é uma tentativa de respeitar a
sequência do desenvolvimento visual e motor da criança. Esse tipo de letra, por ter um traçado
mais simples, possibilita uma ampliação de tempo para pensar sobre a escrita dos diversos tipos
de texto, das palavras e das letras que devem ser usadas para representar os sons.
E a letra cursiva não precisa mais ser ensinada?
Na verdade, não existe apenas um alfabeto, e sim vários tipos de alfabetos, e todos são
socialmente importantes. Dessa maneira, a alfabetização precisará trabalhar com todos os tipos
de letras, iniciando o trabalho com letra de imprensa maiúscula para a leitura e para a escrita.
Em paralelo, deve estabelecer a relação desses tipos de letras com as cursivas, trabalhando a
movimentação delas na pauta dupla. A letra de imprensa minúscula deve ser usada apenas para a
leitura, embora possa ser utilizada para a escrita com o auxílio do alfabeto móvel.
Mesmo assim, é importante que a criança aprenda o traçado correto desse tipo de letra e
use a letra maiúscula com propriedade. Acima de tudo, seja qual for a letra usada, o essencial é
que seja legível.
O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ESCRITA
A construção da escrita caracteriza-se por ser um processo que ocorre nas interações
sociais vivenciadas pela criança, isto é, na interação com os adultos, a qual não somente vai
dando sentido à escrita da própria criança, como também contribui para que ela se torne
"sujeito".
Dessa forma, a alfabetização como prática social precisa lidar com textos reais e com as
reais necessidades de leitura e escrita, para que as crianças percebam a função social de tal
aprendizado e assim estabeleçam um diálogo com o mundo.
Nessa perspectiva, Soares (1997) afirma que "a função da escola, na área de linguagem,
é introduzir a criança no mundo da escrita, explorando tanto a língua oral quanto a escrita como
forma de interlocução, em que quem fala ou escreve é um sujeito que em determinado contexto
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social e histórico, em determinada situação pragmática, interage com um locutor, também um
sujeito, e o faz levado por um objetivo, um desejo, uma necessidade de interação".
A aprendizagem do uso da escrita, na escola, torna-se um aprendizado a mais: ser capaz
de assumir sua palavra na interação com interlocutores que reconhece e com quem deseja
interagir para atingir objetivos e satisfazer desejos e necessidades de comunicação.
Portanto, é fundamental que, no processo de alfabetização, as crianças saibam as funções
sociais e as finalidades da leitura e da escrita; precisam saber para que se aprende a escrever e a
ler. Só compreendendo e praticando esse exercício é que a alfabetização terá sentido.
LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
A evolução da leitura e da escrita, tendência natural, expressiva e criativa da criança,
pode ser facilitada pelo educador por meio de atividades lúdicas, que servirão de apoio ao
desenvolvimento da linguagem falada e ao processo de aquisição da linguagem escrita. Jogar e
brincar são atividades que, se bem orientadas, certamente contribuirão para o desenvolvimento
da psicomotricidade no contexto do processo escolar.
O brincar ensina a criança a lidar com as emoções. Por meio da brincadeira, a criança
equilibra as tensões provenientes de seu mundo cultural, construindo sua individualidade, sua
marca pessoal e sua personalidade. Portanto, a escola deve facilitar a aprendizagem utilizando
atividades lúdicas que criem um ambiente alfabetizador a fim de favorecer o processo de
aquisição de autonomia na hora do aprendizado.
As atividades lúdicas, quando bem direcionadas, trazem benefícios que proporcionam
saúde física, mental, social e intelectual à criança, ao adolescente e até mesmo ao adulto.
Em resumo, percebemos que, mais do que um passatempo, o lúdico é altamente
importante como estratégia de trabalho para o desenvolvimento dos conteúdos conceituais,
procedimentais e atitudinais na formação das crianças e deve estar presente na sala de aula.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Capacitar o aluno de Educação Básica a usar com propriedade a língua padrão é uma
tarefa escolar e exige do professor de Língua Portuguesa uma reflexão sobre todos os fatores
envolvidos no ensino-aprendizagem. A partir da postura crítica sobre a realidade escolar e
linguística e do domínio teórico-prático dos processos intelectuais, é possível ao profissional do
ensino de línguas construir uma prática reflexiva, tanto para ele como para os alunos, que
facilitará o aperfeiçoamento da competência comunicativa de seus tutorados em um trabalho
consciente.
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Para isso, o docente encontra em Vygotsky (1993) e sua teoria na formação de conceitos
um suporte fundamental para toda atividade escolar do mesmo gênero daquela que pudemos
vivenciar e ora relatamos no presente trabalho.
Para que o aluno atinja o grau de letramento desejado, domine a variedade padrão, tanto
oral quanto escrita, é preciso que a escola proporcione um novo paradigma de ensino de língua
materna onde incluam atividades que explorem a oralidade, a escrita e a leitura como práticas
efetivas a partir de gêneros discursivos reais. Em outras palavras, que desde o processo de
alfabetização e de aquisição da escrita, seja feito esse trabalho, caso queira atingir o letramento,
pois entendemos que ao chegar às séries subsequentes os alunos tenham vencido as etapas de
aprendizagem que distinguem a gramática da oralidade da gramática da escrita.
Diante do exposto, gostaríamos de dizer que a Sociolinguística deve servir ao propósito
de desmistificar o preconceito linguístico e social que se pratica por meio da língua e pode
promover o letramento mostrando que, o oral tanto quanto o escrito têm o mesmo valor, porém,
ressaltando sua peculiaridades e fazendo ver que em toda e qualquer língua, segundo a
abordagem da teoria variacionista laboviana, o ―normal‖ é a variação linguística, portanto, não
cabe a discriminação e o preconceito em relação às variedades linguísticas não padrão.
Deve-se ensinar, e este é o papel da escola, a variedade padrão àqueles que não a detêm,
mostrando-lhes a importância de adquiri-la para a vida social. Assim, é como ensinar uma outra
língua a esses falantes, e os professores precisam estar preparados teórica e linguisticamente
para isso, para não incorrer em preconceito, como, infelizmente, comumente se acontece no
ensino de língua materna.
E a Sociolinguística possibilita esta visão laica sobre o que é língua: não se restringe
apenas a ensinar regras de gramática normativa. Na escola, diferentemente do que acontece
atualmente, deve haver diversidade no ensino de língua materna, talvez, seguindo a proposta de
Magda Soares, do bidialetalismo ou, a proposta da professora Socorro Aragão, que propõe o
multidialetalismo, ou seja, segundo a professora, a escola deve explorar todas as variedades
linguísticas que surgirem em seu âmbito como matéria de ensino no sentido de permitir aos
alunos o contato, sem preconceito, com essas variedades.
Uma forma de tornar esse ensino diferenciado e diverso é o ensino por meio de gêneros,
dentro dessa perspectiva, como ilustramos acima. Pois o ensino com gêneros permite o contato
dos alunos/falantes com a língua real em um contexto real de uso, em um gênero discursivo real
circulante na sociedade, o que implica o uso adequado da modalidade e da variedade de acordo
com o gênero em questão, seja oral seja escrito.
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REFERÊNCIAS BILIOGRAFICAS
SOARES, M. B. Alfabetização e letramento: caminhos e descaminhos. Pátio. Ano VIII, nº 29,
fev/abr, p. 19-22, 2004.
SOARES, M. B. Linguagem e escola: uma perspectiva social. 15. Ed. São Paulo: Ática, 1997.
SPINASSÉ, K. P. Os conceitos Língua Materna, Segunda Língua e Língua Estrangeira e os
falantes de línguas alóctones minoritárias no Sul do Brasil. Revista Contingentia, Vol. 1,
novembro, p. 01–10, 2006.
TRAVAGLIA, L. C. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática. 9.
Ed. rev. São Paulo: Cortez, 1997.
VYGOTSKY, L.S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DO COMPORTAMENTO
EMPREENDEDOR NOS ALUNOS DE ADMINISTRAÇÃO: ESTUDO DE CASO EM
UMA IES
Aluizio Biones Ferraz Neto¹
Paulo André Lima Santos²
Erika Maria Jamir de Oliveira³
RESUMO
O campo da administração é bastante concorrido, e o exercício da função, está cada vez mais
complexa e desafiadora, por isso, pesquisadores da atualidade destacam a importância do
desenvolvimento das Características do Comportamento Empreendedor CCE‘s, estabelecidas
pelo psicólogo David McClelland na Universidade de Harvard (EUA), como determinantes para
que o administrador execute suas atribuições com sucesso, inovando e otimizando o uso dos
recursos organizacionais. Neste contexto, a presente pesquisa teve como objetivo identificar e
analisar as Características do Comportamento Empreendedor nos alunos de administração da
disciplina de empreendedorismo da FACAPE. Para tanto, foi utilizada a pesquisa descritiva, e
como técnica o estudo de caso. O método de amostragem foi a aleatória simples, a partir do
conhecimento do universo foram sorteados 34 alunos no software R.3.3.0. A coleta de dados foi
instrumentalizada por um questionário com 30 questões atualmente utilizado pelo EMPRETEC.
Os resultados indicam que os alunos possuem as CCE‘s, destacando-se a exigência de
qualidade, eficiência e busca de informação. Já busca de oportunidade, planejamento e
monitoramento sistemático, apesar de obterem pontuações menores em relação as anteriores,
ainda foram altas comparadas ao total de pontos. Todavia, vive-se em um ambiente cada vez
mais dinâmico e mutável, então, sugere-se que a IES desenvolva projetos, práticas e dinâmicas
relacionadas ao empreendedorismo, permitindo que os estudantes descubram e aprimorem ainda
mais suas CCE‘s.
Palavras-chave: Organização. Habilidades. Inovação.
ABSTRACT
Business administration is getting even more complex and challenging, therefore, nowadays
researchers highlight the importance of developing the Personal Entrepreneurial Competencies
(PECs), established by psychologist David McClelland at Harvard University (USA), as a key to
the administrator successfully execute his attributions, innovating and optimizing use of
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organizational resources. In this context, the present research aimed to identify and analyze the
Personal Entrepreneurial Competencies on FACAPE‘s Business Administration School
alumnus. For that, descriptive research was used and the case study was used as technique.
Simple random sampling was chosen, sorting 34 alumnus with R.3.3.0 software. Data collection
was instrumentalized using a questionnaire with 30 questions elaborated by EMPRETEC
program. Results indicate that these students have the PECs, mostly the demand for efficiency
and quality and information-seeking. On the other hand, opportunity-seeking, systematic
planning and monitoring, though obtaining a lower score, comparing to the previous ones, was
considered high. However, an even more dynamic and mutable environment is present
nowadays, so it is suggested to Higher Education Institutions to develop projects, practices and
dynamics related to entrepreneurship, allowing students to asses and enhance their PECs.
Keywords: Organization. Skills. Innovation.
INTRODUÇÃO
Atualmente no Brasil formam-se muitos Administradores, tornando o mercado bastante
competitivo. O empreendedorismo pode ser uma alternativa para este cenário, no qual os
administradores que possuírem o espírito empreendedor podem se diferenciar em relação aos
demais. De acordo com a pesquisa do Censo da Educação superior realizada pelo Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP), no Brasil em 2013, 117.634 pessoas
concluíram o curso de bacharelado em Administração. Deste total, 4.084 foram do estado de
Pernambuco (CONSELHO FEDERAL DE ADMINISTRAÇÃO).
Entretanto, de acordo com uma reportagem da BBC Brasil, realizada em 2016, os
estudantes brasileiros apesar de concluir o ensino superior, tem dificuldades de empregar-se nas
áreas em que realizaram a graduação. Uma pesquisa do Censo do Ensino Superior e da Relação
Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho, indicou que em 2014 cerca de
30% dos concluintes do país eram formados em Administração, mas somente 4,9% dos
trabalhadores com graduação eram administradores de empresas. Não há mercado para tantos
profissionais, e as empresas preferem profissionais de instituições renomadas ou por
profissionais que se sobressaem (BBC BRASIL, 2016).
Neste contexto, para que o administrador possa se destacar no mercado e/ou nas
organizações é necessário que este se diferencie em relação aos outros candidatos. Uma forma
de se diferenciar frente aos concorrentes é com as Características do Comportamento
Empreendedor (CCE‘s). Na década de 80, David McClelland elaborou as CCE´s, 10
características importantes do perfil de um empreendedor de sucesso, essas foram divididas em
3 conjuntos, Realização, Planejamento e Poder. A finalidade da descrição dessas características
não foi apenas para descobrir se as pessoas têm ou não, mas para aperfeiçoamento das mesmas
41 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
(SEBRAE, 2015, p. 111). Com o desenvolvimento das CCE´s o administrador irá se diferenciar
em relação aos outros, e com isso maiores chances de sucesso no mercado.
O problema que norteou a presente pesquisa foi: Os alunos de administração da
disciplina de Empreendedorismo da FACAPE possuem Características do Comportamento
Empreendedor? Assim esse estudo teve como objetivo avaliar as características do
comportamento empreendedor nos alunos matriculados na disciplina de empreendedorismo do
curso de administração da FACAPE.
Será apresentado na pesquisa o referencial teórico, que abordará as influências da
administração, as habilidades, competências e papéis do administrador, empreendedorismo e seu
desenvolvimento histórico além das características do comportamento empreendedor e sua
importância no exercício da função do administrador. Em seguida, é mostrado o método
utilizado para realizar a pesquisa. Mais adiante é apresentado a analise dos dados com gráficos,
detalhando a amostra e seus resultados. Por ultimo as considerações finais, com as conclusões,
limitações do trabalho e sugestões para novas pesquisas e como a IES pode utilizar esta pesquisa
para realizar novos estudos com os discentes.
ADMINISTRAÇÃO: CONCEITO E ORIGEM
Existem diversos conceitos para administração, de acordo com Chiavenato (2011, p. 13),
a administração não é somente organizar, dirigir, controlar e planejar, ela exige diversas ações
para que se consiga realizar os objetivos da organização, tendo que enfrentar diversas situações
imprevisíveis. Para Caravantes, Panno e Kloeckner (2007, p. 385), a administração é a atividade
responsável por traçar metas e objetivos para as organizações, e é utilizada para que se alcancem
tais propósitos de forma eficaz e eficiente.
É a Teoria Geral da Administração (TGA) que estuda a administração e o aglomerado
das teorias administrativas, suas relações com o ambiente interno e externo, além de seus
comportamentos e estratégias. Podendo ser tanto em instituições lucrativas, como em
instituições não lucrativas (CHIAVENATO, 2011, p. 2).
A ciência da administração é recente, suas teorias começaram a ser desenvolvidas no
começo do séc. XX. Mas séculos antes, com outros acontecimentos na história foi influenciando
o surgimento da administração. Houve influência de varias civilizações, teóricos e organizações.
Cada contribuição leva-se em consideração o governo da época, contexto social, econômico e
filosófico. Contribuições científicas foram fundamentais para o desenvolvimento de teorias da
administração, como a teoria clássica. No séc. XVIII teve inicio a revolução industrial na
Inglaterra, nos séc. XIX e XX ocorreram grandes avanços tecnológicos, o ambiente de negócios
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estava em constante mudança devido ao livre mercado, as novas tecnologias e o aumento na
capacidade de investimento (CHIAVENATO, 2011, p. 32).
QUAL É O PAPEL DO ADMINISTRADOR?
O administrador é o principal responsável para que haja um bom funcionamento das
organizações, pois é a partir dele que serão tomadas medidas importantes sobre as decisões da
empresa. Entretanto, é necessário que o administrador tenha certas habilidades para fazer isso.
Segundo Katz (1955, apud Certo, 2005, p. 9), são necessárias habilidades técnicas, que
envolve conhecimento especializado nas atividades técnicas, habilidades humanas, que envolve
o relacionamento com as pessoas e as habilidades conceituais, que estão relacionadas com a
tomada de decisões e resolução dos problemas. Essas habilidades estão coligadas, e cada uma
depende da outra para que sejam bem executadas, como pode ser visto na Figura 01.
Figura 01. Habilidades do administrador.
Fonte: CHIAVENATO (2011).
Entretanto, para que essas habilidades sejam colocadas em pratica, é necessária a
utilização das competências, que significa uma aptidão para analisar e resolver os problemas.
Para o sucesso do administrador é preciso progredir três competências: conhecimento,
perspectiva e atitude. Conhecimento refere-se a todo aprendizado, além da frequente atualização
de informações; Perspectiva relaciona- se com saber aplicar o conhecimento para resolver
problemas. Já atitude é ser capaz de fazer acontecer, como ter liderança e espirito empreendedor
(CHIAVENATO, 2011, p.5). Como pode ser observado na Figura 02.
Habilidades Conceituais
Habilidades Humanas
Habilidades Técnicas
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Figura 02. Competências do administrador.
Fonte: CHIAVENATO (2011).
Mintzberg (1990, apud PECI, 2012, p.12) argumenta que os administradores executam
os papéis interpessoais, papéis informacionais e os papéis decisórios. Os papéis interpessoais
são ligados ao meio que o administrador influencia as pessoas, podendo ser dentro ou fora da
organização. Os papéis informacionais relacionam-se com a divulgação de informações, coleta e
acompanhamento. Já os papéis decisórios estão relacionados à tomada de decisão, em que estará
o papel de negociador, administrador de recursos, solucionador de conflitos e também o papel
de empreendedor.
De acordo com a literatura atual que para o sucesso do administrador, é necessário que se
possua ou desenvolva comportamentos empreendedores, pois estarão dentro das competências e
dos papéis. Dessa maneira, o administrador irá desempenhar seu papel com maiores chances de
sucesso.
A AÇÃO EMPREENDEDORA E O SER EMPREENDEDOR
Para Dolabela (2006, p. 29) empreendedorismo vem da palavra entrepreneurship que em
tradução livre é inovação e iniciativa, assim sendo um termo que pode se interpretar como um
modo de se relacionar. Entretanto, para Maximiliano (2011, p. 1) esta mesma palavra tem como
significado espirito empreendedor.
Por sua vez, Bateman e Snell (2006, p. 227) o empreendedorismo, acontece quando uma
pessoa decide seguir uma oportunidade com fins lucrativos. O Empreendedor é responsável por
fundar uma nova empresa, com isto este cria novos produtos ou serviços para atender a novos
segmentos de mercado.
O empreendedor é aquele que cria valor, enxerga novas oportunidades no meio em que
estar inserido, assim inovando para criar novas organizações ou alavancar organizações já
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existentes. Ele é capaz de assumir riscos calculados e aceita a possiblidade de fracasso, mas
persiste mesmo com falhas que podem ocorrer durante o processo e desta forma comprometido
com a atividade (DORNELAS, 2012, p. 29).
EVOLUÇÃO DO CONCEITO DO EMPREENDEDORISMO
O primeiro exemplo de empreendedor é o de Marco Polo, um mercador Veneziano que
buscou criar uma rota comercial com o Oriente. Este como empreendedor assumia riscos físicos
e emocionais, já o capitalista que o emprestava dinheiro, assumia o risco do dinheiro investido,
após a viagem bem-sucedida, repartia-se entre os dois. Já durante a Idade Média, gerenciava
projetos, comumente construções e edificações, para o governo, assumindo assim riscos
moderados. Durante o sec. XVII os empreendedores realizavam acordos com o governo para
executar serviços ou fornecer produtos, estes assumiam riscos, pois os acordos eram com
valores estabelecidos, sendo assim lucro ou prejuízo do empreendedor (SEBRAE, 2015, p.70).
Nos séc. XIX e XX os empreendedores eram confundidos nas organizações como
administradores, para os capitalistas, no começo do séc. XX teve se uma noção de diferenciação
da função do empreendedor, que é inovar e ou reformar o modo que uma empresa realiza suas
operações. Já no séc. XXI o empreendedor não estar mais associado só aos negócios, seu campo
de atuação estar mais amplo, atuando também no governo e no terceiro setor (SEBRAE, 2015,
p. 71).
Enquanto no Brasil, de acordo com Dornelas (2012, p.14), o empreendedorismo
começou a ser constituído na década de 90, com a criação de dois programas do governo
federal, o SEBRAE e o Softex. Esses dois programas foram constituídos com a finalidade de
auxiliar os pequenos empresários, o SEBRAE realizando consultorias e o Softex buscando
exportar empresas do ramo de tecnologia. O Brasil é um dos países com maior numero de
empreendedores no mundo, há dois tipos de empreendedores, o por necessidade e por
oportunidade.
O empreendedorismo por necessidade ocorre quando o trabalhador que está
desempregado decide empreender para obter renda e assim se sustentar. Já o empreendedor por
oportunidade começa a empreender com planejamento, este possui intenção de ascender,
gerando oportunidades de emprego e ganhos de capital, impulsionando a economia
(DORNELAS, 2012, p. 18).
CARACTERÍSTICAS DO COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR
45 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
O empreendedor de êxito possui características adquiridas em diversos meios sociais e
ambientais, além de particularidades pessoais, e o conjunto desses atributos possibilita a criação
de uma empresa (DORNELAS, 2011, p. 22).
O estudo das Características de Comportamento Empreendedor (CCE´s) começou após a
segunda guerra mundial, onde houve uma preocupação sobre o comportamento dos
empreendedores, para assim construir avanços nas organizações e no aparecimento de novas
empresas. McClelland junto à empresa McBer e a Management Systems Internacional (MSI)
fora os primeiros a estudar sobre as CCE´s, onde através de um processo de pesquisa foi
analisado as características mais comuns entre os empreendedores de sucesso (SEBRAE, 2015,
p. 136).
No final do estudo foi determinada uma serie de dez características, divididas em três
subgrupos, sendo eles as características do conjunto de realização, que se direciona em relação
com a iniciativa, comprometimento, persistência, qualidade e saber correr riscos; as
características do conjunto de planejamento, que foca em buscar informações e estabelecer
metas; e por ultimo as características do conjunto de poder que estarão relacionadas com a
confiança em si mesmo e manter contatos com pessoas importantes para a organização
(SEBRAE, 2015, p. 138). Como pode ser visto na Figura 03.
Figura 03. Características do comportamento empreendedor.
Fonte: SEBRAE (2015)
Entretanto, para Maximiano (2006, p. 4) outro traço de comportamento do empreendedor
é a criatividade. De acordo com Chér (2008, p. 210) a criatividade empreendedora, é quando se
consegue de forma constate utilizar de novos meios para resolver os problemas encontrados.
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Entretanto, nem sempre o consumidor pode aceitar essas mudanças propostas, sendo necessário
que o empreendedor também possua as habilidades de negociação e comunicação. Para ter essas
habilidades, será necessário que se conheça as inseguranças dos consumidores, para dessa forma
tentar persuadi-los a aceitar as novas propostas, e assim conseguir vender a ideia.
Com as CCE´s, foi desenvolvido o programa EMPRETEC (junção das palavras
empreendedorismo e tecnologia), que é um programa da ONU. Em 1993 o SEBRAE obteve
autorização para utilizar esse material no Brasil, assim ajudando e desenvolvendo as
características comportamentais dos empreendedores (COOLEY, 1990; SEBRAE, 2009 apud
CASTRO, 2011).
Filion comenta que (1997 apud DOLABELA, 2008, p. 71), as características
empreendedoras irão variar com o desenvolvimento da empresa e dependendo das práticas
realizadas pelos empresários em um determinado período. Essas características podem ser
obtidas com o passar do tempo, e são importantes para que as pessoas vejam quais atributos
serão necessários para que ela possa ter sucesso na empresa (DOLABELA, 2008, p. 73).
Bernardi (2007, p. 65) coloca que tem vários fatores que podem levar ao aparecimento
do empreendedor, podendo ser por razões de desemprego, aposentadoria, por ser o herdeiro da
empresa, por desejo de ter o próprio negócio ou também por possuir experiência na área.
Entretanto é indispensável que todos possuam essas características empreendedoras, para que
não ocorram problemas no futuro negócio.
ESTRATÉGIA METODOLÓGICA
Para alcançar os objetivos propostos foi utilizado o tipo de pesquisa descritiva, que
possui em suas características a coleta de dados, para que seja possível analisar os objetos e suas
causas ou consequências, assim criando hipóteses para explicar estes acontecimentos. Este tipo
de pesquisa é mais comumente utilizado em pesquisas de comportamentos e mercados
(BERTUCCI, 2012, p. 50).
A técnica da presente pesquisa foi o estudo de caso. Segundo Godoy (1995 apud
BERTUCCI, 2012, p. 52) é essencial que haja uma ampla e profunda descrição do objeto
analisado, para que seja possível seu maior entendimento. O ambiente da pesquisa foi realizado
na disciplina de Empreendedorismo do curso de Administração da Faculdade de Ciências
Sociais de Petrolina/PE (FACAPE), que é uma Autarquia municipal, denominada Autarquia
Educacional do Vale do São Francisco. Atualmente a instituição tem oito cursos de graduação e
três cursos de pós-graduação.
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Para execução do estudo de caso foi utilizada a amostra aleatória simples, segundo Bruni
(2011, p. 166) a aplicação da mesma consiste em um sorteio aleatório da amostra, na qual todos
tem a mesma probabilidade de serem escolhidos. A fórmula da Figura 04 foi utilizada para
calcular o tamanho da amostra. O universo da avaliação é composto por 51 alunos da disciplina
de Empreendedorismo do 6º período noturno do curso de Administração, a amostra da pesquisa
foram 34 alunos selecionados através do software R 3.3.0. Entretanto foram sorteados 45 alunos,
no caso de alguns alunos sorteados faltassem ou não quisesse participar da pesquisa.
Figura 04. Fórmula para determinação da amostra com base na estimativa da proporção populacional.
O instrumento utilizado para coleta de dados foi um questionário do manual do
empreendedor do SEBRAE (2011), formulado por Mcclelland, que tem como objetivo
identificar características do comportamento empreendedor nos entrevistados, através de 30
perguntas, em que está subdividido em 3 conjuntos, são eles: Realização, Planejamento e Poder.
Foi utilizada no questionário a escala de Likert, possibilitando um resultado mais preciso em
relação aos comportamentos praticados pelos entrevistados.
A análise teve uma abordagem mista, com dados qualitativos e quantitativos. A técnica
qualitativa permite ao autor da pesquisa coletar dados através de entrevistas ou observações, em
fontes primarias ou secundarias. O método quantitativo possui elementos que podem ser
utilizados para incrementar a análise qualitativa, como dados de gênero e faixa etária
(BERTUCCI, 2012, p. 53).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Foi observado na análise de dados que a quantidade de homens participantes na pesquisa
foi maior que o de mulheres. O universo é composto por 51 alunos, destes 26 homens e 25
mulheres, já na amostra participaram 19 homens e 15 mulheres, com idade media de 23,5 anos
tanto para homens como para mulheres. Para o sexo masculino o desvio padrão de idade é 2,89 e
para mulheres 2,97, como pode ser visto na Figura 05.
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Figura 05. Média e desvio padrão das idades dos participantes.
A pesquisa ainda procurou identificar a ocupação da amostra. Dos 34 participantes, 5 são
empresários, 4 estagiários, 9 funcionários sem cargo de gestão, 4 gestores em níveis
operacionais, 2 gestores em níveis táticos e 10 que estudam. Segue abaixo a Figura 06 com a
quantidade de pessoas por cargos.
Figura 06. Ocupação dos participantes.
Para análise dos resultados foi adotada a mediana das respostas, o questionário foi
subdividido em 3 conjuntos, são eles: Realização, Planejamento e Poder. No conjunto de
Realização são as características em que o profissional tende há tomar iniciativa, além de buscar
por inovações no ambiente de trabalho almejando uma melhoria nos resultados (SEBRAE,
2015, p. 138). Neste quesito a amostra obteve a mediana de 57 pontos de um total de 75.
O conjunto de comportamentos que fazem parte de Planejamento, o profissional pratica
atitudes que tem como finalidade alcançar os objetivos, buscando adquirir conhecimentos
constantemente para cumpri-los e realizando as atividades de maneira programada (SEBRAE,
2015, p. 138). A mediana da amostra é de 35 pontos de 45 totais.
23,5
2,97
23,5
2,89
MEDIA (IDADE)
DESVIO PADRÃO
MASCULINO FEMININO
0
2
4
6
8
10
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Conjunto de Poder são as capacidades de acreditar em si mesmo e conseguir influenciar
e utilizar da sua rede de contatos para atingir objetivos (SEBRAE, 2015, p. 138). A amostra teve
como mediana 23 pontos dos 30 pontos totais.
Foram avaliadas as características dos conjuntos separadamente e seus resultados. Os
comportamentos que expressão o conjunto de Realização foram: Busca de oportunidade e
iniciativa que teve 10 pontos; Persistência 11; Comprometimento 12; Exigência de qualidade e
eficiência 13 e por último correr riscos que obteve 11 pontos. Esses resultados mostram que os
participantes obtiveram um número alto de pontos nas características desse conjunto, entretanto
houve uma pontuação maior na característica de exigência de qualidade e eficiência.
Comportamento muito importante, pois o empreendedor que possuir essa característica vai se
preocupar em sempre melhorar seu empreendimento ou seu produto de forma eficiente, além de
se preocupar com a qualidade do mesmo. Como se pode ver na Figura 07.
Figura 07. Características do conjunto de realização.
Já os comportamentos que expressam Planejamento foram: Estabelecimento de metas
que obteve 11 pontos; Busca de informação 12 e Planejamento e monitoramento sistemático um
total de 11 pontos. Observa-se que nesse conjunto o comportamento de buscar informações se
destaca em relação aos outros. Algo relevante, já que com esse comportamento o empreendedor
busca as informações necessárias para melhorar seu negócio, assim procurando essas
informações com clientes, fornecedores, concorrentes ou um conhecedor sobre o assunto
necessitado. Como pode ser visto na Figura 08.
0
5
10
15
Busca deoportunidade
e iniciativa
Persistência
Comprometimento
Exigência deQualidade e
Eficiência
Correr RiscosCalculados
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Figura 08. Características do conjunto de planejamento
Na Figura 09 os comportamentos classificados como conjunto de Poder são Persuasão e
rede de contatos que obtiveram 12 pontos e Independência e autoconfiança 11 pontos. É
perceptível que há uma maior facilidade em convencer as pessoas a realizar alguma tarefa, e em
expandir sua rede de contatos. Os participantes também tiveram uma alta pontuação em
independência e autoconfiança, questão importante, pois com essa característica o
empreendedor confia em si mesmo, assim ajudando a enfrentar os desafios.
Figura 09. Características do conjunto de poder.
Na Figura 10 pode-se observar os 3 conjuntos, de forma geral foi possível correlacionar
os conjuntos de realização, planejamento e poder. Pode-se constatar que os participantes da
pesquisa possuem a característica da exigência de qualidade e eficiência, busca por informações
e persuasão e rede de contatos, como as características de pontuações mais altas de cada
conjunto.
É interessante destacar que algumas características possuem íntima relação, tornando-se
insuficiente individualmente. As características estão interligadas, assim, para garantir o
desempenho efetivo das competências, pois uma auxilia a outra.
10,5
11
11,5
12Estabelecimento de Metas
Busca de InformaçãoPlanejamento e
Monitoramento Sistemático
10
11
12
Persuasão e Rede deContatos
Independencia eAutoconfiança
51 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
Figura 10. Conjuntos das características do comportamento empreendedor.
Segundo Oliveira (2005 apud RODRIGUES; MELO; LOPES, 2014) uma instituição de
ensino que oferece diversas práticas e dinâmicas sobre o empreendedorismo faz com que os
alunos descubram e aprimorem cada vez mais suas características empreendedoras.
Além de que Castro (2011) afirma que os empreendedores que possuem ou desenvolvem
as características do comportamento empreendedor, conseguem obter mais sucesso e as
organizações que são lideradas por estes empreendedores, tem maior longevidade e melhores
resultados financeiros.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente pesquisa teve como objetivo a avaliação das características nos alunos da
disciplina de empreendedorismo da FACAPE, em que foi possível observar que os mesmos
possuem características do comportamento empreendedor, entretanto, deve-se desenvolvê-las de
forma contínua. Com os resultados pode-se afirmar que os alunos aplicam no dia a dia, as
características do comportamento empreendedor (CCE‘s), e que o curso de Administração na
instituição, apresenta em seu cronograma disciplinas que ao longo do curso, possibilita aos
estudantes desenvolverem habilidades essenciais para a função do administrador.
Os resultados da pesquisa indicam que os entrevistados possuem as Características do
Comportamento Empreendedor, este fato pode ter ocorrido devido à idade media ser superior
aos 23 anos de idade e grande maioria dos entrevistados já estarem no mercado de trabalho,
sendo que 24 alunos possuem experiência no mercado e apenas 10 alunos, não. Os que possuem
experiência são empresários, funcionários com cargo de gestão, gestores em níveis operacionais,
gestores de níveis táticos, estagiários e funcionários sem cargos de gestão, que por vezes já
possuem ou desenvolveram mais as características estudadas. Assim os entrevistados que atuam
no mercado de trabalho influenciaram positivamente a mediana dos resultados.
0102030405060
ConjuntoRealização
ConjuntoPlanejamento
Conjunto Poder
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Concluímos que estes entrevistados terão mais chances de serem empreendedores ou
administradores de sucesso, por praticarem as CCE‘s. Na pesquisa foram citados autores que
indicam a importância destas ações. Além de que na conjuntura atual da economia em crise, as
empresas estão procurando cada vez mais profissionais capazes de promover inovações,
aumentar as vendas, produtividade e focar nos resultados.
Para o empreendedor é essencial que se tenha estratégias para atingir objetivos,
estabelecer relações com profissionais de outras empresas e outros segmentos, por causa do
ambiente de negócios ser mutável e dinâmico integrando várias empresas e pessoas. Não
somente os empreendedores devem ter estas práticas, os administradores dentro das empresas
que já atuantes no mercado podem inovar com novas práticas e ou serviços, desta forma
melhorando resultados e assim conseguindo ascender em suas carreiras. Como já foi dito
também na pesquisa, os administradores estão em empresas do governo e terceiro setor,
inovando projetos e executando com eficiência para administrar os recursos.
A pesquisa teve como limitações o tamanho do universo, que foi composto somente por
uma disciplina do período noturno. Não foram entrevistados demais alunos que já concluíram
esta disciplina, alguns ainda estão concluindo o curso matriculado nos períodos posteriores.
Estes alunos poderiam ser entrevistados para enriquecer os resultados, ampliando o tamanho da
população e consequentemente a amostra. Além de que na pesquisa foi o utilizado apenas o
questionário de David McClelland para coleta de dados, poderia ter sido utilizado mais
instrumentos.
É sugerido que pesquisas futuras ampliem o universo em todo o curso de administração,
entre alunos que já fizeram a disciplina e outros não, desde o primeiro período até o ultimo.
Desta forma pode se ainda monitorar os alunos no período de ingresso no curso e após sua
conclusão, comparando os resultados e percebendo o desenvolvimento dos comportamentos
citados na pesquisa. A faculdade teria como mensurar o desenvolvimento de seus alunos e
analisar que medidas podem ser tomadas para melhorar cada vez mais o curso.
Além de que é necessário que a instituição adote novos meios para ajudar os alunos a
aperfeiçoarem suas características empreendedoras, pois somente a teoria não seria o suficiente.
Uma sugestão para por atividades práticas, por exemplo, a adoção de jogos e dinâmicas que
façam com que os estudantes tenham que desenvolver as competências. A faculdade poderia
criar uma integração entre os cursos, onde o aluno de administração criaria uma empresa fictícia
e com auxilio de alunos de outros cursos, como ajudam de alunos estudantes de contabilidade,
ciências da computação, comercio exterior entre outros. Assim o aluno poderia desenvolver
53 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
características do comportamento empreendedor, como planejamento, rede de contatos, busca de
informações, além de esta preparando o aluno para o mercado de trabalho.
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54 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
A LOGÍSTICA DA DISTRIBUIÇÃO FÍSICA NO AGRONEGÓCIO DA UVA E DA
MANGA NO VALE DO SÃO FRANCISCO
Carlito de Souza Bitencourt Junior
1
Hesler Piedade Caffé Filho2
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo analisar a logística da distribuição física da uva e da
manga no agronegócio do Vale do São Francisco com relação às infraestruturas utilizadas pelas
empresas exportadoras a fim de evidenciar as possíveis vantagens competitivas, considerando a
hipótese de que a melhoria dos modais utilizados deva reduzir os custos de transporte das
fazendas até o consumidor final. Para tal, foram feitas entrevistas presenciais com empresas
classificadas entre os principais exportadores da região, de ambas as frutas, com o objetivo de
entender o processo de exportação na região, os fatores importantes que definem a escolha do
modal, assim como a movimentação e particularidades do mercado doméstico e internacional
das frutas em questão. Foram realizadas análises exploratórias de dados referentes à utilização
dos portos, do aeroporto de Petrolina-PE e períodos de janela de mercado.
Palavras-chave: Distribuição física, Modais, Vale do São Francisco, Janelas de mercado,
Viticultura e Mangicultura.
ABSTRACT
The present work aims to analyze the logistics of the physical distribution of grape and mango
in the agribusiness of the Valley of São Francisco in relation to the infrastructures used by the
exporting companies in order to show the possible competitive advantages considering the
hypothesis that the improvement of modalities should reduce transport costs from farms to the
final consumer. To this end, face-to-face interviews were conducted with companies classified
among the region's main exporters of both fruits, in order to understand the export process in the
region, the important factors that define the modal choice, as well as the movement and
particularities of the domestic and international market for the fruit in question. Exploratory
analyzes of data regarding the use of ports, the Petrolina-PE airport and market window periods
were carried out.
KEY WORDS: Physical distribution, Mode, São Francisco Valley, Market windows,
Viticulture and Mangiculture.
INTRODUÇÃO
O objetivo dessa pesquisa é estudar o funcionamento da logística de distribuição no setor
da viticultura e mangicultura do submédio do Vale do São Francisco a partir dos principais
modais de transportes utilizados na exportação dos produtos, tanto para o mercado interno
quanto para o externo. Nesse cenário, será possível verificar como funciona o processo de
1 Pós graduando em MBA de Gestão Empresarial e Marketing pela Faculdade São Francisco de Juazeiro
(FASJ). E-mail [email protected] 2 Mestre em Gestão de Políticas Públicas – UFRB – Universidade do Recôncavo Baiano. Administrador
na UNIVASF – Universidade Federal do Vale do São Francisco. Professor do Colegiado de Administração na Faculdade São Francisco de Juazeiro (FASJ). E-mail: [email protected]
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exportação da manga e da uva produzidas no Vale, os impactos causados pelos gastos
decorrentes do custo com o transporte das frutas. Diante desse contexto, a análise dos diversos
modais logísticos de distribuição dessas frutas e das respectivas infraestruturas utilizadas
justifica-se pela importância que o transporte representa para o custo logístico e o quanto ele
impacta no mercado competitivo.
Conforme Cointeiro (2010), a produção de uva e manga no Vale do São Francisco
representam quase 100% das exportações brasileiras a nível nacional e internacional. De acordo
com a Associação dos Exportadores de Hortigranjeiros do Vale do São Francisco -
VALEXPORT (2016), o Vale do São Francisco está no ranking de terceiro maior produtor de
frutas do mundo. São produzidos em média de 43,8 milhões de toneladas de frutas por ano,
ultrapassando o consumo mundial de frutas frescas que é da ordem de 42 milhões de toneladas;
movimenta em torno de US$ 28 bilhões na comercialização de frutas anualmente; a participação
nacional nesse comércio totalizam US$ 642,7 milhões (2,3%), deste total o Submédio do São
Francisco-SMSF- participa com 39,1%, exportando principalmente uva e manga, sendo
responsável por um total de US$ 251,5 milhões. 80% da uva e 65% da manga exportadas vão
para a União Europeia; 15% da uva e 30% da manga são destinados para os Estados Unidos e
5% de manga e uva são transportados para o Canadá, países da Ásia, da América do Sul e
Oriente Médio. Segundo a (ABRAFRUTAS 2015), atualmente o Vale do São Francisco é o
principal polo frutícola do Brasil.
O Vale do São Francisco detém 85% das exportações de manga e uvas finas de mesa do
país, que são as principais commodities (produtos de baixo valor agregado que não sofrem
processos de alteração) do agronegócio de frutas frescas da região. Vale salientar que, em 2011,
as exportações brasileiras de manga atingiram valores de 126 mil toneladas e US$ 141 milhões
e, em 2012 esses números elevaram-se para 127 mil toneladas, o equivalente a US$ 237,6
milhões. Segundo o Secex/Datafruta-Ibraf (2011), as exportações de uvas de mesa indicam que,
em mais de dez anos, o VSF exportou mais de 95% de todas essas frutas que saíram do país,
entre os anos de 2007 a 2010 chegou a atingir 99% do total das exportações. Os principais
mercados importadores dessas frutas produzidas no Vale do São Francisco são a União Europeia
com 80% e os EUA com 15% (ABRAFRUTAS 2015).
A pesquisa compôs-se por analisar a distribuição física do agronegócio da uva e da
manga no Vale do São Francisco com relação às infraestruturas utilizadas em sua distribuição
logística. A partir dessa análise, a realização deste estudo se justifica pela importância do setor
da viticultura e mangicultura para o agronegócio do Vale do São Francisco e para sua economia,
do funcionamento da distribuição logística dessas fruticulturas que desenvolvidos devem
56 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
contribuir para a análise do processo logístico na região, com aspectos voltados para a qualidade
na distribuição física com maior competitividade no processo de exportação dos produtos.
O Vale do São Francisco é o maior exportador da fruta, e corresponde a 20% da colheita
nacional (MUNDO HUSQVARNA, 2015). Segundo o IBGE (2008) Petrolina - PE e Juazeiro –
BA estão entre os principais municípios brasileiros produtores de frutas e lideram nas suas
respectivas produções e participações conforme mostrada na tabela abaixo.
Principais municípios produtores de frutas, Brasil - 2006.
Fonte: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Pesquisa, 2008).
À proporção em que as cadeias de suprimento tornam-se mais complexas, as empresas
precisam priorizar o planejamento logístico para torna-las mais competitivas por meio do
fornecimento de mercadorias e serviços com qualidade e preços promocionais, visando
estimular a demanda. Estes autores consideram os canais de distribuição como um sistema pela
relação de interdependência entre os agentes que o compõem. Ou seja, os componentes do canal
mantêm inter-relações de forma interdependente com o objetivo de produzir um resultado
específico.
Este projeto de pesquisa objetivou-se responder se no Vale do São Francisco existe
alguma vantagem competitiva em relação à distribuição logística no negócio de uva e manga, e
se existir, de que forma ele se configura em seus diversos modais de transportes, redução de
custos e movimentação de informações.
O método utilizado no estudo foi organizado através de levantamento de dados primários
e secundários, e caracteriza-se como exploratório, pois visa realizar um paralelo entre a
distribuição física do agronegócio da uva e da manga no Vale do São Francisco com relação às
infraestruturas utilizadas em sua distribuição logística. Para tratar especificamente da
distribuição logística, buscou-se utilizar referências bibliográficas, artigos científicos e materiais
de estudo disponíveis na rede eletrônica. Segundo Ruiz (2006), a pesquisa de campo consiste na
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observação dos fatos tal como ocorrem espontaneamente, na coleta de dados e no registro de
variáveis presumivelmente relevantes de futuras análises.
O instrumento utilizado foram questionários aplicados em quatro empresas exportadoras
da uva e da manga que são produzidas na região. O público pesquisado foi a Cooperativa
Agrícola de Juazeiro (CAJ), a Associação dos Exportadores de Hortigranjeiros do Vale do São
Francisco (VALEXPORT), a Special Fruit, fica localizada no município de Juazeiro-BA e, a
Swetfruit, situada no município de Casa Nova-BA, as quais estão classificadas entre as
principais empresas exportadoras de uva e de manga no Vale do São Francisco, onde através dos
seus gestores foram repassados dados que puderam contribuir de maneira significativa para a
elaboração deste trabalho.
A pesquisa bibliográfica favorece no enriquecimento do entendimento de determinado
assunto, pois, induz o aprofundamento do conhecimento sobre o que está sendo pesquisado,
além de facilitar a identificação e seleção dos métodos e técnicas a serem utilizados pelo
pesquisador. Segundo Lima; Mioto (2007) a pesquisa bibliográfica é uma etapa fundamental
antes da elaboração de um estudo, artigo ou tese. Essa etapa não pode ser vista como aleatória,
por esse motivo ela implica em um conjunto ordenado de procedimentos de busca por soluções
atentas ao objeto de estudo.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A produção de uvas e manga pode obter ganhos significativos em competitividade
através da implantação de sistemas logísticos inovadores que garantam mais eficiência, visando
manter as exigências dos consumidores por produtos de melhor qualidade, menor custo e
entregas em tempo hábil e no lugar certo, além da grande oportunidade de ganhos em economias
de escala através da melhoria da eficiência no uso dos recursos.
Na busca de melhorias das operações de distribuição física da uva, podem-se utilizar
inúmeras aplicações, como meios de transportes mais rápidos a fim de garantir rapidez com as
encomendas, (OLIVEIRA, 2009). Assim, este trabalho tem a pretensão de analisar a distribuição
física da uva e da manga desde a cadeia de suprimentos, infraestrutura das rodovias e dos
demais modais e os custos dos transportes utilizados, para a movimentação dos produtos até ao
consumidor final, tanto na importação quanto na exportação, a partir de uma comparação de
rotas que interligam o Polo fruticultor aos principais portos marítimos da região nordeste do
Brasil que são Porto Suape, Porto de Pecém e Porto de Salvador.
58 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO
De acordo com Novaes (2004), os canais de distribuição constituem conjuntos de
organizações interdependentes envolvidas no processo de tornar o produto ou serviço disponível
para uso ou consumo. A escolha do canal de distribuição mais viável deve ser montada a partir
das decisões estratégicas capaz de colocar o produto no mercado, podendo significar um
diferencial altamente competitivo.
O gerenciamento dos Canais de Distribuição alinhado à estratégia central pode ser
responsável pela evolução do desempenho de uma cadeia. No caso das uvas de mesa a
qualidade, que é uma característica inerente a esses produtos, exige arranjo dos canais de
distribuição que permite sua comercialização da forma mais eficiente possível, o que pode,
muitas vezes, dificultar alguns produtores de atingir determinados mercados com maior grau de
complexidade na comercialização, como a exportação para mercados interna e externa.
MODALIDADES DE TRANSPORTE NA DISTRIBUIÇÃO DE PRODUTOS
O transporte é uma das principais funções logísticas, pois representa a maior parcela
dos custos logísticos na maioria das empresas. Com uma parcela significativa que chega em
média, cerca de 60% das despesas logísticas, o que em alguns casos pode significar duas ou três
vezes o lucro de uma companhia. Segundo Novaes (2007), a melhor opção de modalidades de
transportes que o embarcador deve escolher ―será aquela que corresponder ao menor custo total
de transporte de porta a porta, no entanto, os limites mínimo e máximo de tempo (janelas de
tempo)‖. Segundo a Associação dos Exportadores de Hortigranjeiros do Vale do São Francisco -
VALEXPORT (2016), em média 80% das frutas produzidas no Vale do São Francisco para
exportação saem pelo Porto de Pecém-Ceará, pelo porto de Salvador saem 10% e o restante por
transporte aéreo. O Porto de Suape deixou de ser plataforma de embarque de frutas por cobrar
tarifas mais altas e não competitivas, deixando espaço para o Porto de Pecém que faz o
transporte da mercadoria com um valor de custo que chega a ser 40% mais barato.
Os principais modais de transportes utilizados são rodoviários, ferroviários, aeroviários,
hidroviários (fluviais e aquaviário) e os dutoviários. A escolha de cada modal é definida de
acordo com a necessidade específica sobre o produto a ser distribuído, o tempo de distribuição e
os custos fixos.
Transporte Rodoviário
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Este tipo de modal é utilizado no Brasil em dois métodos: o método de lotação completa
e, de carga fracionada. O primeiro é utilizado quando o veículo e totalmente carregado com um
lote de despacho. Para o segundo, a capacidade de carga do veículo é compartilhada com mais
de um embarcador. Por isso, muitas empresas desenvolveram terminais intermediários de
transportes em locais estratégicos, visando facilitar a distribuição dos produtos pertencentes aos
seus lotes.
Para Novaes (2007), a utilização de tantas operações intermediárias tende a aumentar
tanto o tempo de viagem porta a porta como o custo de transporte. Por isso se faz necessário
planejar a viabilidade econômica das rotas de distribuição dos produtos. A lotação completa
predomina na escolha do centro distribuidor, por ser mais vantajoso quanto aos ganhos nos
custos, os quais são:
(a) o veículo é em geral maior, com custo mais baixo por unidade transportada;
(b) por ser mais homogênea, a carga é melhor arrumada dentro do caminhão,
com melhor aproveitamento do espaço, reduzindo assim o custo unitário; (c)
eliminam-se inúmeras operações intermediárias descritas anteriormente, com
expressiva redução dos custos de movimentação da carga (Novaes, 2007, p.
245).
Muitas empresas brasileiras vêm buscando eficiência em suas operações. Com isso,
investem na Logística, e mais especificamente no setor de transportes, que se torna uma forma
de obter diferencial competitivo. Segundo (RODRIGUES, 2007), estudos nacionais e
internacionais comprovaram matematicamente que, em distâncias superiores a um raio máximo
de 300 km, o transporte rodoviário torna-se antieconômico, pelo elevado custo com
combustíveis. Em busca da tal eficiência as iniciativas são tomadas a partir do aprimoramento
nas atividades relacionadas ao transporte, com destaque nos investimentos realizados em
tecnologia da informação que visam fornecer às empresas melhor planejamento e controle da
operação, assim como a busca por soluções intermodais que possibilitem uma redução
significativa nos custos.
Ainda segundo a VALEXPORT (2016), o Brasil exporta 85% da manga que é produzida
no Vale do São Francisco, sendo que o mercado interno obtém uma participação de 78% no
consumo da fruta, os outros 22% seguem para ser comercializada no exterior, nos respectivos
países: Europa, Estados Unidos e Ásia. Com uma maior participação de mercado a Europa com
70% da exportação, seguido dos Estados Unidos com 25%.
Transporte ferroviário
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O transporte ferroviário, quando comparado com o rodoviário, é mais eficiente
considerando os custos operacionais por possuir maior capacidade de carga de produtos a granel
(NOVAES, 2007). Entretanto, o alto custo das ferrovias acaba por onerar os custos fixos com
fretes, tornando esse tipo de modal menos competitivo. Para tornar essa modalidade mais
eficiente as empresas estão apostando em parcerias.
Formação de parcerias: essa está sendo a principal estratégia de ferrovias para
ganhar competitividade no transporte de cargas – passando a carregar produtos
de maior valor agregado – e recuperar a malha ferroviária brasileira. Grandes
empresas usuárias desse sistema, empresas como Basf, Caramuru e Votorantim
estão apostando na construção de ramais e compra de vagões e locomotivas
para escoar sua produção (LOG&MAN; Nov. 2002, p.52).
É necessário construir terminais de carga e descarga mais eficientes com capacidade de
transportar produtos a granel. De acordo com Ballou (1993), há duas formas de serviço
ferroviário, que são o transportador regular e o privado. Evidencia-se que o transportador regular
presta serviços para qualquer tipo de usuário, sendo regulamentado em termos econômicos e de
segurança por política governamental. Já o transportador privado diz respeito a um usuário
particular, que o emprega com exclusividade.
Transportes aquaviário
O transporte aquaviário é desenvolvido através da água podendo ser marítimo, fluvial,
lacustre, por cabotagem - transporte dentro do país, entre portos locais da costa marítima - e de
longo curso, que se dá nos transportes entre diferentes países e continentes. Vieira (2002),
afirma que o transporte marítimo movimenta três tipos de cargas: Granéis líquidos, que seriam o
petróleo, produtos petrolíferos e gases líquidos; Granéis sólidos, que seria o mineral de ferro,
carvão, grãos, bauxita, açúcar e outros; Carga Geral, que seria os produtos alimentícios, bebidas,
cafés, máquinas têxteis, papeis e outros. Este tipo de modal apresenta como vantagens a
capacidade de transportar mercadorias em grandes distâncias e volumes elevados e com baixo
valor agregado, porém, suas vantagens são limitadas, pois depende de vias apropriadas, exige
documentações com maior complexidade no seu gerenciamento e percorre a um longo tempo de
trânsito.
Segundo Novaes (2007), atualmente existem navios que são construídos exclusivamente
para a estivagem de produtos específicos, como por exemplo, o transporte de bobinas de papel,
automóveis, etc., denominados de roll-on e roll-off. Neste tipo de transporte, a rampa pode ser
disposta na proa, na popa ou no acostado. Por isso, ele pode atracar tanto ao longo do cais
quanto perpendicularmente, quando é possível ter acesso pela proa e pela popa. De acordo com
61 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
Magalhães (2010), a carga é transportada nos vários decks e o acesso entre os decks é, em geral,
realizado através de rampas ou elevadores internos. Em alguns casos, é possível ter conexões de
cada nível separado dos decks ou conveses diretamente para o cais.
Transporte Aéreo
Este modal tem como característica mais relevante a rapidez, principalmente em
percursos mais distantes e como consequência apresenta um custo mais elevado em relação aos
demais modais, além de menor capacidade de cargas. Devido a rapidez deste transporte, não é
extremamente necessário utilizar embalagens mais reforçadas, pois o manuseio é mais
cuidadoso. Segundo Alvarenga (2000), apesar do elevado custo dessa modalidade, o transporte
de produtos perecíveis tornam-se vantajosos quando há a necessidade de entregar as cargas para
longas distâncias em curto prazo.
Ainda de acordo com Alvarenga (2000), apesar dos fretes elevados, o transporte aéreo é
a melhor opção quando é levado em conta os custos de estoques e as restrições de
comercialização de produtos específicos de alto valor. Além de reduzir os riscos envolvidos no
transporte terrestre, como por exemplo, roubos, extravios e danos à carga.
Transporte por dutos
Possui uma capacidade limitada de serviços de transporte, pois a utilização é de
predominância para a movimentação de produtos líquidos e pode ser dividido em oleodutos,
gasodutos, minerodutos e aquedutos ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres).
Algumas características são atribuídas ao transporte dutoviário como, agilidade, segurança,
baixa flexibilidade e capacidade de fluxo. Este modal pode transportar o produto de forma
ininterrupta garantindo uma alta capacidade do fluxo e causando variabilidade no tempo de
entrega que o torna mais efetivo do que os outros modais. Tem alta flexibilidade nos serviços
integrados dos multimodais.
Segundo Bowersox; Closs; Cooper (2007), os dutos tem uma particularidade em relação
aos outros modais que é o funcionamento 24 horas por dia, 7 dias da semana, e só são limitados
por operações de troca de mercadorias e manutenção. Castiglioni (2012) conceitua o transporte
dutoviário como ―aquele que utiliza a força da gravidade ou pressão mecânica por meio de dutos
para o transporte de graneis‖. Rodrigues (2007), define o transporte dutoviário como ―transporte
de graneis, por gravidade ou pressão mecânica, através de dutos adequadamente projetados á
finalidade a que se destinam‖.
62 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
CUSTOS LOGÍSTICOS
De acordo com estudos apresentados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária -
EMBRAPA (2003), a região Nordeste possui alguns fatores como clima, solo, localização,
disponibilidade de água para irrigação e custo da mão-de-obra, que oferecem à região, vantagens
competitivas para a fruticultura em relação às demais do país garantindo assim a sua liderança
na produção e exportação de frutas tropicais. A localização favorecida reduz o tempo e o custo
do transporte para países europeus, um dos fatores de competitividade de grande importância
dentro da logística, principalmente quando se trata de produtos altamente perecíveis que é o caso
da uva e da manga produzidas na região. Apesar de grandes vantagens competitivas ainda há
grandes dificuldades no escoamento da produção da uva e da manga devido a deficiência na
infraestrutura das estradas, portos, aeroportos, transporte, processamento e armazenamento que
acaba elevando os custos.
Se tratando do transporte de frutas, como manga e uva, além do tempo de carga e
descarga, a capacidade de acondicionamento impacta diretamente no custo do transporte, uma
vez que, para garantir a qualidade do produto é preciso que todo processo de deslocamento seja
feito com o uso de contêineres refrigerados que consequentemente aumenta o valor do frete
contratado. Os modais de transporte referem-se às várias maneiras de como é realizada à
transação e distribuição dos produtos, tornando-se uma das atividades mais importantes pelo
simples fato de absorver em média, de um a dois terços dos custos logísticos.
O transporte normalmente representa o elemento mais importante em termos de
custos logísticos para inúmeras empresas. A movimentação de cargas absorve
de um a dois terços dos custos logísticos totais. Por isso, o operador logístico
precisa ser um grande conhecedor da questão dos transportes (BALLOU 2006,
p. 149).
Na busca de melhorias das operações de distribuição física da uva, podem-se utilizar
inúmeras aplicações, como meios de transportes mais rápidos a fim de garantir rapidez com as
encomendas, assim como instalar um depósito intermediário mais próximo do consumidor,
porém atrelados a uma infraestrutura eficiente de corredores, embalagens e conceituados
produtos (OLIVEIRA et al., 2009).
DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS.
O polo fruticultor da manga e da uva localizado no Nordeste brasileiro, denominado
Submédio Vale do São Francisco, abrange os municípios do Estado da Bahia como, Juazeiro,
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Curaçá, Sento- Sé, Sobradinho e Casa Nova, no Estado de Pernambuco, as cidades de Petrolina,
Lagoa Grande, Santa Maria da Boa Vista e Orocó. Segundo dados levantados pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE (2009 apud MARKESTRAT, 2009, p. 134), a área
ocupada com as principais culturas frutíferas na região é de aproximadamente 47.619 ha. Maior
parte desta área está ocupada com as culturas da manga e da uva, o Estado da Bahia com uma
área de 22.327 hectares e Pernambuco com uma área de 9.107 hectares, representando em média
66% de participação da área de fruticultura.
De acordo com estudos levantados pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do
São Francisco e do Parnaíba – CODEVASF (1999), a manga é uma das culturas predominantes
no Vale do São Francisco, com cerca de 22 mil hectares plantados, onde chega a ser maior
produtora brasileira tanto para importação quanto para exportação . Sendo que, no Estado da
Bahia encontram-se 62,8% da produção, Pernambuco com 25,7% e Minas Gerais com apenas
10%. As regiões de Petrolina e Juazeiro obtém uma vantagem competitiva por apresentar a
maior densidade de plantio de manga, com cerca de 12,5 mil hectares e representa 57,3% dos
plantios de manga existentes em toda a região do Vale do São Francisco.
No Vale do São Francisco, encontram-se vários projetos de irrigação com plantios de
frutíferas adequadas a região, em destaque a viticultura e mangicultura, que são produzidas
desde os pequenos produtores à empreendimentos de grande porte, totalizando milhares de
hectares nos estados da Bahia e Pernambuco. O Polo de Petrolina e Juazeiro é visto como
maior centro produtor internacional de uvas finas de mesa, contribuindo com 95% das
exportações brasileiras. Contribuem também com 92% das vendas externas de manga, cerca de
quase 105 mil toneladas.
A mangicultura na região do Submédio São Francisco se destaca no cenário nacional,
pela expansão da área cultivada, do volume e qualidade de produção e pela rentabilidade
alcançada. Visando atender as exigências de consumo do mercado mundial de suprimento de
frutas frescas e selecionadas, a região produz atualmente a manga de acordo com as normas de
controle de segurança dentro dos padrões exigidos pelos órgãos responsáveis pela importação e
exportação.
A pesquisa de campo foi realizada através de coleta de dados primários, por meio de e-
mails eletrônicos, destinados às empresas Cooperativa Agrícola de Juazeiro (CAJ), a
VALEXPORT, a Special Fruit e a Swetfruit, as quais estão classificadas entre as principais
empresas exportadoras de uva e de manga no Vale do São Francisco. Buscou-se conhecer os
principais modais de transportes utilizados para efetuar a distribuição física dos produtos até ao
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consumidor final. Para o mercado nacional é utilizado transporte rodoviário, que atende os
consumidores e, para o mercado externo, são adotados os modais marítimo e aéreo.
O processo de definição dos canais de distribuição física é estabelecido de acordo com o
perfil de cada empresa; e se dá a partir das negociações de mercado, tempo de chegada,
capacidade logística, Transit Time (é o tempo que se leva para concluir o processo de entrega de
um produto.), níveis de exigência aduaneira/ fitossanitária e custo. A CAJ, por exemplo,
trabalha apenas com os grandes armadores para fins de exportação e o grande diferencial para
definição acaba sendo o valor do frete, e quantos dias cada armador lhe disponibiliza em
monitoramento e frio no pátio do porto até o momento de embarque. Geralmente isso gira em
torno de 2 a 3 dias corridos. Como a carga é frigorificada, esse é um detalhe sensível ao
processo, pois se o contêiner precisar esperar muito, a contratante arca com alto custo cobrado
pelo porto por seu espaço.
Os principais critérios de decisão utilizados para escolha dos modais são baseados no
custo, na vida útil do produto, qualidade do serviço no que tange pontualidade, manutenção de
temperatura e agilidade na liberação origem e destino. Visando atender o mercado externo,
principalmente a Europa e Estados Unidos, o modal marítimo atende satisfatoriamente (15 dias
de transit time), além de ser mais barato que o modal aéreo, que por sua vez, é também usado
em larga escala aqui na região, sobretudo para empresas que exportam uva para o continente
asiático, ou que exportam manga – que é uma fruta que amadurece, mesmo depois de colhida,
fazendo com que o tempo de transporte seja um fator limitante, mesmo em distâncias
convencionais.
Para o monitoramento em tempo real das movimentações dos produtos, são utilizados
por algumas empresas, sistemas tecnológicos, como o sistema de rastreabilidade da fruta que
permite ao consumidor final, conhecer a origem específica daquele produto, e todos os dados
respectivos ao processo produtivo e logístico. Mas não monitora os passos da fruta em tempo
real; outras empresas utilizam um controle de temperatura monitorado, GPS, controle de
velocidade a fim de garantir a qualidade das frutas ao consumidor por meio do rastreamento
constante, monitoramento em tempo real geográfico, de temperatura, umidade e luminosidade
dos contêineres destinados à exportação.
Dentre as três principais atividades da logística: processamento de pedidos, estoque e
transporte, o transporte tem maior impacto em termos de custo para as empresas, pois é
responsável por cerca de 2/3 do custo da logística. Por isso, as empresas terceirizam o transporte
junto aos armadores, como por exemplo, a HamburgSüd sendo estabelecida em contrato a
responsabilidade das partes quanto à manutenção da qualidade do produto. Para a exportação, o
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impacto é significativo, tendo em vista que essa conta é arcada pela contratante, e o custo Brasil
é sempre demasiadamente elevado. Para o mercado nacional, apesar das empresas viabilizarem
o transporte, o custo é integralmente dos clientes, logo o impacto do transporte nos custos acaba
sendo reduzido.
Quanto ao nível do serviço para o cliente, tanto para o mercado nacional quanto para o
externo, é definido anteriormente com cada cliente. As empresas acreditam que esta decisão
tende a maximizar os resultados com o menor gasto de energia possível, para se tornarem
sempre mais competitivas, mais sólidas, mais rentáveis, perpetuando o negócio de forma
sustentável. O consumidor se dá conta da qualidade do produto a partir dos selos de
conformidade da qualidade, adquiridos através das certificações específicas de cada rede de
supermercados. Sendo assim, a entrega de um produto dentro das condições adequadas de
temperatura, umidade e a pontualidade são itens fundamentais no planejamento comercial do
cliente e esta confiabilidade agrega valor e fortalece a competitividade do produto e sua
permanência no mercado.
Para reduzir os custos com fretes, as empresas consolidam a utilização de armazéns em
pontos estratégicos a custos competitivos, o aproveitamento dos veículos com viagens
carregando frutas na ida, e no retorno trazendo insumos da produção, visando o controle do
consumo médio de combustível.
Para o mercado externo, onde esse custo é da empresa, busca-se barganhar com os
armadores sobre os custos diretos, já que há grande volume de frutas e isso é um diferencial
positivo ao seu favor no momento da negociação. Além disso, a organização opta por uma
logística ajustada entre programação de colheita em campo, entrega em câmara fria, solicitação
de contêineres e carregamento no navio. Quanto menos dias o contêiner passar no pátio do
porto, o custo será proporcionalmente menor. Por outro lado, a empresa precisará atender a
demanda do cliente que aguarda aquela fruta em data pré-agendada, então, quanto mais ajustada
todos esses pontos, maiores são as chances de conseguir carregar o contêiner no navio correto, a
um custo mais satisfatório possível.
O terminal de Logística de Carga (TECA) do aeroporto Senador Nilo Coelho em
Petrolina – PE, registrou, no primeiro semestre de 2017, 1.337 toneladas de mercadorias
exportadas – um crescimento de 16% em relação ao mesmo período de 2016, quando foram
contabilizadas 1.151 toneladas. Atualmente, o aeroporto de Petrolina conta com uma frequência
semanal da empresa Cargolux, que opera com um Boeing 747 – 400. O complexo logístico do
aeroporto de Petrolina tem mais de 3 mil m² de área edificada e conta com 6 câmaras de
armazenamento, 3 antecâmaras de resfriamento e 2 túneis de resfriamento, toda uma estrutura
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para atender ao setor de exportação, que tem o escoamento de frutas do Vale do São Francisco
como maior expoente da região.
A pista de pouso de decolagem do aeroporto é uma das maiores do país e a segunda
maior do Nordeste, com 3.250 metros de comprimento, e o aeroporto conta com um pátio de
aeronaves exclusivo para atender a demanda da área de logística de carga. A Infraero adotou um
novo posicionamento, estratégico e de mercado na área de logística de carga, buscando expandir
o portfólio de serviços e produtos e produtos de logística integrada oferecidos pela empresa e
ampliando a parceria com a iniciativa privada nos negócios. Os processos licitatórios de
diversos TECA‘s da empresa são um passo importante dessas novas diretrizes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os levantamentos de dados adquiridos através das empresas pesquisadas puderam
responder de maneira satisfatória, atingindo as expectativas que contribuíram para o
desenvolvimento da pesquisa. A partir do desenvolvimento da pesquisa de campo, pôde-se
observar que esta é uma ferramenta que influencia no aprofundamento dos conhecimentos, além
de mostrar uma visão mais ampla do objeto estudado, pois enfatiza de maneira concisa a
realidade das organizações, suas dificuldades e barreiras/gargalos, estratégias utilizadas, etc.
A elaboração do presente artigo demonstrou a importância do transporte dentro da
logística, que interligado com os demais processos contribui para realizar as atividades de
escoamento e a distribuição dos produtos. As empresas entrevistadas consideram, como fatores
importantes para aquisição de vantagens competitivas, na distribuição logística do Vale São
Francisco em relação às outras regiões do país, a proximidade dos mercados, de portos e
aeroportos; a região possui também alguns fatores como clima, solo, localização,
disponibilidade de água para irrigação e custo da mão-de-obra, fatores que contribuem para a
liderança na produção e exportação de frutas tropicais. A localização favorecida reduz o tempo e
o custo do transporte para países europeus, um dos fatores de competitividade de grande
importância dentro da logística, principalmente quando se trata de produtos altamente perecíveis
que é o caso da uva e da manga produzidas na região. No caso das exportações, o tempo de
transporte dos portos do Nordeste é crucial para o sucesso do processo, além dos custos mais em
conta em relação ao Sudeste, já que as distâncias são bem maiores, como Salvador, por
exemplo, que fica a cerca de 510 km da cidade de Juazeiro – um turno viajando, sendo que para
o Sudeste, esse turno significaria dias, e o custo aumentaria sensivelmente por conta disso, além
do fato de que se o escoamento fosse via Sudeste, todo o processo perderia em velocidade.
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Um dos principais entraves para o desenvolvimento da logística no Brasil está voltado às
enormes deficiências encontradas na infraestrutura de transporte, dificultando o acesso para o
escoamento do produto. Os métodos utilizados para minimizarem esses entraves são: o estudo
constante dos mercados, as janelas de mercado, o cronograma de produção, a aquisição de
equipamentos de refrigeração próprios (Genset), que possibilita coletas mais rápidas nos portos
e de veículos 09 eixos (bitrem), melhorando o tráfego de dia e adequando-se à legislação dos
motoristas sem perda de produtividade, o que faz reduzir os custos com combustível. As
empresas percebem também que as estruturas dos portos no Nordeste ainda são insuficientes às
demandas diárias. São pequenos e ocasionam enormes filas de navios para aproximação e
realização de carga e descarga. Além disso, a falta de infraestrutura encarece o processo
enormemente, e dificulta sua fluência. Uma empresa não conquista o mercado, seja nacional ou
internacional se não houver uma logística planejada desde a produção até o consumidor final,
por isso faz-se necessário investir nesta atividade que traz benefícios à geração de lucros para
qualquer organização, seja de pequeno ou grande porte.
O método utilizado para a pesquisa mostrou-se eficiente, pois foi possível captar o maior
número de informações com dados reais. A pesquisa de campo pôde contribuir de forma
relevante, com resultados significativos, pois foi possível verificar os métodos utilizados na
escolha dos modais por cada empresa no processo de exportação das frutas, ampliando o
entendimento de tomadas de decisões na escolha do modal. Verificou-se que a escolha certa do
tipo de transporte reduz custos que são transformados em benefícios para a empresa contratante.
Observou-se também que uma parcela significativa dos custos das empresas está associada ao
transporte, com isso deve-se fazer uma análise cautelosa no momento da escolha do modal para
que não haja despesas desnecessárias no fim da cadeia.
O vale do São Francisco vem se destacando entre as partes interessadas do agronegócio
da uva e da manga, fazendo-se necessário conhecer a distribuição física desenvolvida através
dos principais modais utilizados no transporte logístico na região. Nesse cenário, foi possível
verificar que no escoamento da manga e da uva de mesa produzidas na região, os gastos
decorrentes com o transporte acabam por onerar bastante o custo das frutas, tanto na distribuição
para o mercado internacional quanto para o doméstico. Diante desse contexto, a análise dos
diversos modais logísticos de distribuição dessas frutas e das respectivas infraestruturas
utilizadas justifica-se pela importância que o transporte representa para o custo logístico e o
quanto ele impacta no mercado competitivo. Verificou-se que na distribuição para as demais
regiões do Brasil, principalmente para o Sudeste, os produtos são comercializados pelos
atacadistas, que se distribui para os varejistas de todo o país, chegando até ao consumidor final.
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No caso das exportações, os pequenos produtores negociam sua produção através das
cooperativas que comercializam os produtos para os agentes, os quais negociam as frutas para as
redes varejistas internacionais. Já os médios e grandes produtores, negociam diretamente com as
redes varejistas internacionais.
As principais dificuldades encontradas durante todo o processo de distribuição da uva e
da manga para a exportação são as estruturas portuárias limitadas e burocráticas (várias horas
para entrega de contêineres cheios, e a retirada dos vazios em alguns portos do Nordeste), a
limitação de horários para trafegar (lei do motorista), as barreiras fitossanitárias, as estradas em
más condições de tráfego, o alto custo dos insumos, os custos elevados de todos os processos, a
disputa com os concorrentes e o câmbio; além das rotineiras greves portuárias de todos os anos,
que dificultam grande parte do processo de escoamento.
O sucesso das atividades produtivas pode está diretamente relacionado com uma série de
fatores, podendo-se salientar aspectos relacionados à comercialização e aos canais de
distribuição física. O desenvolvimento e manutenção de um adequado planejamento do canal de
distribuição podem significar uma vantagem competitiva expressiva a nível nacional e
internacional.
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<http://www.ibge.gov.br/>. Acesso em: 02 de abril de 2017.
A IMPORTÂNCIA DO BRANDING PARA A CONSOLIDAÇÃO DAS EMPRESAS NO
MERCADO
Fábio Feitosa da Silva
Curso MBA em Marketing e Vendas
Polo de Juazeiro, BA
RESUMO
Este artigo científico tem por objetivo mostrar através de pesquisa em livros, artigos e sites
especializados, a importância que o branding exerce na empresa, levantando pontos que geram a
necessidade da profissionalização do negócio e mostrar que o bom gerenciamento da marca cria
dividendos aos proprietários. É visto nos dias atuais, devido à velocidade das informações, a
necessidade de estar atento às mudanças de comportamento dos consumidores e a tendência
estratégica dos concorrentes para conquistar o mercado, já que o fluxo comercial se encontra no
limiar da escassez, qualquer falha pode ser crucial para o futuro da empresa. O branding possui
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ferramentas que sinaliza ao administrador ameaças que podem ser combatidas, falhas que devem
ser corrigidas e mostrar estimativas futuras da companhia. Por fim, apesar de toda dinâmica feita
em volta de uma marca, é crucial à atenção para a mesma, pois ela liga a empresa com o
ambiente externo e através do nível de dedicação, estará selando seu destino como companhia.
Palavras – chave: branding, conquistar, empresas, marca, mercado
INTRODUÇÃO
No mundo atual, onde o processo irreversível da globalização está cada vez mais
consolidado, o consumidor mais exigente e os recursos financeiros mais escassos, surge a
necessidade das empresas concentrarem suas energias ao bom relacionamento com o mercado
para garantir a continuidade da companhia. Assim, através da gestão de marcas, as empresas
encontram estratégias necessárias para a consolidação de seus projetos, gerando a necessidade
especialização profissional e uma atenção especial, pois é um dos principais ativos de uma
empresa.
Devido sua importância, o branding é um assunto que se torna cada vez mais necessário
às discussões seja nas grandes companhias ou universidades.
O QUE É BRANDING
Voltando-se aos primórdios da história da humanidade, percebe-se que o ser humano
sempre teve a prática de determinar o que é seu através de um símbolo identificatório ou marco
limitando um determinado território. Um dos livros mais antigos do mundo, a Bíblia Sagrada, já
referenciava estas práticas em seus manuscritos.
―[...] todos do sexo masculino entre vocês serão circuncidados na carne.
Terão que fazer essa marca, que será o símbolo da aliança entre Mim e vocês.
[...] Qualquer do sexo masculino que não for incircunciso será eliminado do
meio do seu povo [...]‖ (Gênesis 17.10-11 / 14).
Acompanhando o curso da história, em todas as épocas, a humanidade sempre sentiu a
necessidade de identificar suas conquistas ou posses, a exemplo do Marco do Descobrimento em
Porto Seguro ou a bandeira dos Estados Unidos na Lua.
O que vem ser branding? De acordo com Guimarães (2012, p. 5), a palavra, de origem
escandinava, dá sentido de marca, posse, propriedade. No âmbito mercantil, branding é a
dinâmica que as empresas trabalham em busca de conquista de mercado, buscando atender
necessidades, satisfações ou desejos de consumidores, mantendo assim um relacionamento
recíproco.
Quando se pensa em uma marca é gerado na mente do consumidor um conjunto de
atributos positivos ou negativos que identifica bem ou serviço, ajudando-o na definição em
adquiri-lo ou não.
Segundo Kotler (2012), uma marca forte precisa ser:
Memorável – uma propagada ou frase que fique na lembrança do consumidor. Quando
se diz ―1001 utilidades‖ já se associa a um produto.
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Facilmente reconhecida e lembrada – uma palavra ou logomarca que esteja
incrementada no cotidiano do público-alvo facilita ser recordada.
Significativa, descritiva e persuasiva – passar ao consumidor segurança, conforto e
clareza do produto.
Simpática, divertida e interessante – mascotes e garotos-propaganda que agradem ao
público.
Protegível, perante a lei e os concorrentes – sempre existem copiadores de grandes
ideias e há necessidade de salvaguardá-las através de patentes.
Adaptável, flexível e realizável – o mercado está em constante mudança. Gostos, crises
e quebra de paradigmas podem afetar o desempenho da empresa caso seja rígida em suas
dinâmicas.
Transferível – ter facilidade de lançar produtos em outra categoria e aceitação em
cultura diferente da original.
Com todos estes elementos uma marca consolidada pode gerar frutos para a companhia
como: (GOMES, 2004).
Preferência de seus produtos – quando o consumidor vai comprar algum produto, vem
à mente dele marcas que são conhecidas.
Maior valor no mercado – o cliente, na maioria dos casos, paga um pouco a mais por
produtos mais consolidados no mercado.
Fidelização da marca – devido ao envolvimento do cliente com a marca, elementos
como preço e concorrência tem pouca significância na decisão de compra.
Indicação do produto – devido sua satisfação, o cliente sugere e elogia os produtos
daquela marca para pessoas que estão em seu círculo de envolvimento.
Defensores da marca – o nível de envolvimento e satisfação do consumidor é tão
grande que ele zela pela marca. Há um sentimento de posse da marca.
Mas o branding não é apenas uma ferramenta empresarial que aborda o consumidor. Em
situações administrativas, o branding pode ser um fator que facilita no processo decisivo de uma
empresa como: (GOMES, 2004 p. 20).
Aquisições e fusões – em muitos casos a marca se torna um fator influenciador nas
negociações.
Respeito da concorrência – uma marca forte provoca aos concorrentes projetos e
estratégias mais complexas.
Atração de investimentos – por mostrar solidez no mercado, uma marca pode facilitar
entrada de capital.
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Penetração de Mercado – devido seu Know-how, a conquista de outros mercados ser
torna mais fácil.
Lançamento de um novo produto – devido sua credibilidade, a aceitação de um
produto que a empresa deseja lançar no mercado se torna maior.
Escolha dos melhores profissionais – pessoas mais capacitadas buscam empresas que
possui uma marca forte devido à estabilidade, melhor renda financeira e status.
POR QUE ADQUIRIR UM PRODUTO DE UMA MARCA?
Devido à proximidade da qualidade de seus similares, os fatores que podem incentivar o
consumidor a comprar não estão mais associados apenas ao bom produto ou serviço e sim um
conjunto de estratégias definidas pela gestão de marcas.
Neste caso, é importante entender a definição de marca. Para a American Marketing
Association é um ―nome, termo, signo, símbolo ou desenho – ou uma combinação desses
elementos – que deve identificar os bens e serviços de uma empresa ou grupo de empresas e
diferenciá-los dos da concorrência‖. (KOTLER, 2005, p. 235).
Quando se fala em marca, não apenas se associa a um símbolo, nome, ou sensação de
segurança, mas um conjunto de fatores que caracterizam aquela empresa e o que ela significa
para o cliente. Segundo Kotler (2005, p. 235) uma marca pode gerar para o consumidor seis
níveis de significado:
Atributos – Ligados às características da marca. Confiabilidade, durabilidade,
sofisticação, exclusividade.
Benefícios – Voltados às vantagens da marca. Custo-benefício, garantias, valor de
revenda.
Valores – O que simboliza aquela marca na sociedade. Status, popular, moderno,
conservador.
Cultura – Ligados à caracterização da origem do produto. Bem arquitetado, mal
desenvolvido.
Personalidade – Identifica o relacionamento da marca com o consumidor.
Exclusividade, popular, discreto, chamativo.
Usuário – Quem usará esta marca. Executivo, profissional liberal, operador.
BRAND EQUITY
Apesar do mundo dos negócios sempre ser competitivo, houve uma época que a marca
era apenas um símbolo e/ou nome que se associava a um produto ou serviço. Devido à
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profissionalização do negócio e o conhecimento do poder que a marca exerce ao influenciar o
consumidor em adquirir um produto, se tornou um ativo precioso para as empresas. Nos dias
atuais, devido à globalização, a competição está mais acirrada e ter uma marca que influencie na
decisão de compra do consumidor é fundamental para quem quer se consolidar no mercado.
O brand equity, de acordo com Aaker (1998) ―é conjunto de ativos e passivos ligados a
uma marca, seu nome e seu símbolo, que somam ou se subtraem do valor proporcionado por um
bem ou serviço para uma empresa e seus consumidores‖.
Todos os pontos a seguir os associam-se ao brand equity: (AAKER, 1998).
Qualidade percebida – Quando o consumidor associa a marca à qualidade impacta na
decisão em adquirir o produto.
Associações – Ligações voltadas à rotina do dia-a-dia do consumidor, mascote, sinônimo
de sofisticação.
Lealdade – os produtos ou serviços adquiridos com grande frequência pelos
consumidores, gerando estabilidade e previsão financeira.
Reconhecimento – ser destaque na praça gera segurança em adquirir o produto e
respeito dos concorrentes.
Outros ativos da marca – ligados aos sistemas logísticos da marca e patentes.
Sempre são publicados em revistas especializadas ou divulgados em sites voltados ao
mundo dos negócios, os valores em dinheiro de uma determinada marca. Então surge um
questionamento, como algo intangível pode representar uma grande fatia do ativo de uma
empresa?
Segundo Keller (2006) existem cinco aspectos para definir o valor do brand equity da
empresa:
Premium Price – devido aos atributos agregados à marca, pode-se gerar receita extra.
Esta análise pode ser feita através de pesquisa ante o consumidor, fluxos e saúde financeira.
Nome da marca e preferência do consumidor – em consequência à similaridade de
preços, bens e serviços, o estudo do impacto e o prestígio que a marca exerce no consumidor
torna-se uma trilha para a definição do valor. Este estudo busca compreender qual participação
do nome da marca relativo à lealdade do consumidor. Se o nome da marca deixasse de existir
por um determinado período, quais impactos negativos causariam no mercado?
Custos de substituição – é o confronto entre o nome da marca comparável e o negócio.
Movimento de preços das ações – é o calculo baseado circulação das ações da marca no
mercado.
74 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
Brand equity com base em lucros futuros – criação de expectativa de lucros futuros
para ser descontados no valor presente agregando aos ativos do brand equity.
A tabela 1 mostra a publicação de Portugal (2013), na Revista Exame, sobre as marcas
mais valiosas do mundo de 2013 de acordo o ranking da BrandZ da consultoria Millward
Brown, uma das maiores organizações de pesquisa de mercado do mundo.
Tabela 1. As marcas mais valiosas do mundo em 2013
POSIÇÃO MARCA VALOR
em bilhões
SETOR CRESCIMENTO
1º
US$
185,0
Informáti
ca
1%
2º
US$
113,7
Informática
5%
3º
US$
112,5
Informática
-3%
4º
US$
90,3
Fast-food
-5%
5º
US$
78,4
Bebidas
6%
6º
US$ 75,5
Telecomunicaçõe
s
10%
7º
US$ 69,8
Informática
-9%
8º
US$ 69,4
Tabaco
-6%
FONTE: Ranking BrandZ / Millward Brown.
POSICIONAMENTO DE UMA MARCA
75 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
É de suma importância que uma empresa de qualquer ramo se destaque no mercado com
um diferencial que crie um vínculo com o consumidor. Sendo assim, este diferencial gera na
mente do cliente um conjunto que qualidades e atributos que ligue a marca da empresa que
possam deixá-lo satisfeito e fiel.
O posicionamento de uma marca é para Arnold (2002) ―um processo pela qual a empresa
oferece a marca ao consumidor‖. Este conceito remete aos elementos que a empresa gerará para
ser percebida pelo consumidor.
Não existe mesma mercadoria ainda que sejam oferecidos os mesmos produtos. Segue o
exemplo:
A concessionária 1 trabalha com automóveis da marca Volkswagen, tem seu padrão de
abordagem ao cliente de forma cordial e negociações diretas.
A concessionária 2 também negocia com carros da Volkswagen, porém, tem seu modo
de abordagem diferente, além da forma cordial, o presenteia com brindes, as negociações são
esclarecedoras e quando fechado o negócio o cliente leva o carro com tanque cheio, seguro pago
e documentações em dia.
Percebe-se que apesar das duas empresas trabalharem com o mesmo bem, a forma de
como o expõe é diferente, uma aborda o cliente de forma simples, enquanto a outra agrega ao
produto qualidades que podem incentivar ao cliente levá-lo além criar uma percepção para a
sociedade que possui de um atendimento diferenciado.
Quando a empresa definir qual o posicionamento que deve atingir no mercado, alguns
pontos devem ser respondidos:
Qual o público-alvo?
O que se pretende alcançar?
Quais estratégias personalizadas serão desenvolvidas para atingir o alvo?
Para Tomiya (2010, p. 60), As perguntas abaixo são relativas à relevância financeira e a
personalidade de uma marca em relação ao seu posicionamento:
O posicionamento da marca deve incorporar quais elementos de identidade da
mesma e de sua proposta de valor?
Quais seriam as audiências primárias e secundárias?
Quais os objetivos de comunicação?
Há necessidade de ajuste na imagem atual?
Quais as lacunas em relação ao posicionamento?
Quais os pontos que diferenciam a marca?
76 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
Segundo Guimarães (2012 p. 25) são elementos essenciais que devem ser apresentados
pela empresa relativos ao posicionamento da marca:
Definição dos consumidores-alvo.
Características de identificação destes consumidores, trabalhando variáveis
demográficas e psicográficas relacionadas ao setor da empresa e utilização da
marca.
Identificação dos objetivos oferecidos ao público-alvo da marca.
Definição dos motivos pelos quais a marca é superior aos concorrentes no que
se cita à referência.
Definição das crenças.
Outro importante fator é o ciclo de vida da marca. Este ciclo mostra em que etapa está o
relacionamento com o consumidor.
Para Tomiya (2010), o ciclo de vida de uma marca se divide em cinco etapas:
Etapa 1 – A marca está voltada ao ingresso no mercado.
Etapa 2, Etapa 3 – Fase em que busca persuadir o cliente.
Etapa 4 – conquista da reputação entre a marca e consumidores.
Etapa 5 – o consumidor já tem consciência dos valores da marca o reconhece.
Consolidação atingida.
Seguindo o raciocínio de Tomiya (2010), outro importante fator é apontar quais são as
oportunidades de posicionamento. Pode-se obter este resultado através da avaliação de três
dimensões:
Estratégia de negócio – o que a empresa almeja conquistar em longo prazo.
Diferenciais competitivos – quais são as peculiaridades que a empresa tem tanto no
âmbito interno quanto externo.
Necessidades dos públicos estratégicos – os concorrentes sempre estão buscando
definir o público através das características da marca. A importância deste público é obvia e as
companhias não pode tomar posse (TOMIYA, 2010).
ZELO E GERENCIAMENTO DA MARCA
Devido toda dinâmica e investimento que uma empresa faz em volta de uma marca, é de
crucial importância à proteção da mesma, pois ela representa toda companhia frente ao mercado,
seja consumidor, fornecedor ou concorrentes.
77 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
Marcas que possuem um status diferenciado no mercado geralmente atraem indivíduos
que querem aproveitar do bom momento com segundas intenções ou não.
Uma forma de zelar pela marca, de acordo com Gomes (2004), é pelo registro no INPI
(Instituto Nacional da Propriedade Industrial). Este registro confere ao proprietário o direito de
usufruir com exclusividade à exploração devida da marca, assim como a publicação, imagem e
os lucros gerados pela mesma vinculada ao titular.
Voltando ao gerenciamento de marcas, lhe é atribuído um conjunto de procedimentos
que se destinam ao zelo, defensa, estímulo à valorização.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Toda a empresa mercadológica para atingir seu objetivo, depende da atitude do cliente
em adquirir um bem ou serviço, gerando assim vendas para obter lucro. Assim, toda sinergia
estratégica de uma empresa deve está voltada para promover a marca no mercado, pois ela é a
principal fonte de ligação entre a companhia e o consumidor.
A marca cria percepção de que aquela empresa existe, atribui qualidades e defeitos de
seus produtos e cria na mente do cliente sensações que relativas às emoções, confiança, desejos
e necessidades, gerando um relacionamento íntimo que ajuda a definir e consequentemente
estimulando à compra de seus produtos.
A necessidade de fazer uma gestão diferenciada da marca torna-se crucial ao sucesso da
empresa devido todo poder de influência que pode ela exercer no âmbito mercantil, pois uma
marca consolidada gera poder de barganha em relação aos fornecedores, estratégias mais
complexas de concorrentes e até determinar o preço a ser exercido no comércio.
No âmbito interno de uma empresa, uma marca gera aos funcionários estímulos de dar o
melhor de si até porque trabalhar nesta empresa traz conforto, segurança e status e a própria
marca torna um patrimônio valioso aos proprietários.
A marca gera atributos à empresa que define sua posição no mercado por isso deve-se à
atenção em manter o nome sem máculas no comércio, pois, caso contrário, as consequências
podem ser catastróficas.
Por fim, a conquista de um mercado cada vez mais acirrado depende da importância que
a empresa dará à marca, sua vontade agregá-la elementos estratégicos bem elaborados,
garantindo assim sua sobrevivência e existência, caso contrário, estarão fadadas ao sacrifício
exagerado e ao fracasso.
78 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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2002.
GOMES, E. Branding como fator de valorização da marca. Pós-Graduação Latu Sensu
Projeto a Vez do Mestre. Rio de Janeiro, RJ Universidade Cândido Mendes, 2004.
GUIMARÃES, L. Branding e Pesquisa de Mercado. Departamento de Pós-Graduação e
Extensão. V, SP: Anhanguera Educacional, 2012.
KELLER, K.L.; MACHADO, M. Gestão estratégica de marcas. São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2006
KOTLER, P.; ARMSTRONG, G. Princípios de Marketing. 9.Ed. São Paulo Pearson / Prentice
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KOTLER, P. Marketing essencial: conceitos, estratégias e casos / Philip Kotler; tradução
Sabrina Cairo; revisão técnica e casos Dilson Gabriel dos Santos e Francisco J. S. Mendizabal
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Disponível em: <http://www.intermanagers.com.br/editorias/estrategia-e-marketing/os-desafios-
de-construir-uma-marca-forte>. Acesso em: 26 outubro 2013.
PORTUGAL, M. As 20 marcas mais valiosas do mundo em 2013. Exame.com, 22 mai. 2013.
Disponível em: <http://exame.abril.com.br/marketing/noticias/as-20-marcas-mais-valiosas-do-
mundo-em-2013> Acesso em 26 set. 2013.
TOMIYA, E. Gestão do Valor da Marca. 2 Ed. São Paulo: SENAC 20
EMPREENDEDORISMO SOCIAL NO MUNICIPIO DE JUAZEIRO-BA: UM ESTUDO
DE CASO NO INSTITUTO MEDPREV
Ana Cintia dos Santos Pereira
Jaciara dos Santos Costa
Verônica Maria Neto Lopes
RESUMO
A percepção das empresas sobre os desafios sociais tem estimulado a criação de um tipo de
empreendedorismo que abrange estratégias alinhadas às dimensões do desenvolvimento social.
Estudos de cunho teórico destacam que o empreendedorismo social age como transformador dos
cenários de crise. Nesse contexto, o objetivo deste artigo foi analisar como o empreendedorismo
social contribui para melhoria da saúde pública na região de Juazeiro – BA. Para tanto, utilizou-
se uma pesquisa de caráter descritiva na cidade baiana, realizada com os clientes do Instituto
Medprev. A amostra coletada foi de 40 pessoas, que responderam a um questionário contendo
perguntas de múltipla escolha. Os resultados evidenciaram que o Instituto age como facilitador
79 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
na marcação de consultas e exames, oferecendo relevante melhoria na saúde e qualidade de vida
das pessoas dessa região.
Palavras-Chaves: Empreendedorismo social; Saúde; Qualidade de vida; Medprev.
ABSTRACT
The perception of companies about social challenges has stimulated the creation of a type of
entrepreneurship that includes strategies aligned with the dimensions of social development.
Theoretical studies emphasize that social entrepreneurship acts as a transformer of crisis
scenarios. In this context, the objective of this article was to analyze how social
entrepreneurship contributes to the improvement of public health in the Juazeiro - BA region.
For that, a descriptive research was done in the city of Bahia, performed with the users of the
Medprev Institute. The sample collected was 40 people, who answered a questionnaire
containing questions of multiple choices. The results showed that the Institute acts as a
facilitator in the appointment of consultations and examinations, offering relevant improvement
in the health and quality of life of the people of this region. Keywords: Social Entrepreneurship; Cheers; Quality of life; Medprev.
INTRODUÇÃO
O Empreendedorismo Social tem-se apresentado um fenômeno mundial, sendo o
empreendedor societário visto como o intermediador na busca de soluções para os mais variados
problemas sociais, demonstrando a capacidade de atuar como um agente ativo e transformador
dos valores da sociedade. Segundo Vieira (2001, p.23), criar valores sociais por meio da
inovação e da força de recursos financeiros, independente da sua origem, visa o
desenvolvimento social, econômico e comunitário.
Utilizando tecnologias de gestão apontadas como não convencionais, o
empreendedorismo social aparenta emergir no cenário global contemporâneo como alternativa
na busca de mitigação de problemáticas no âmbito social, econômico e ambiental, tais como
baixos índices de escolaridade, remunerações insuficientes ou ainda descarte inadequado de
resíduos sólidos. A tecnologia de gestão não convencional é entendida como uma proposta
voltada para os interesses da coletividade, buscando alternativas para beneficiar comunidades
desfavorecidas e /ou a redução de danos causados ao meio ambiente, abandonando desta forma a
prática individual ou unicamente do mercado em si. Eis que nessa solução de prática coletiva o
cooperativismo tem grande relevância, visto que ele propõe transformar vidas, oferecendo novas
oportunidades de empreender, para quem acredita num mundo mais justo e equilibrado para
todos em termos de melhores chances. Melo Neto e Froes (2001, p.16).
O MEDPREV é uma franquia instalada em várias regiões do Brasil, inclusive na cidade
de Juazeiro BA, localizada no centro da cidade, que tem como principal atividade o
80 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
agendamento assistencial a pessoas que não podem pagar plano de saúde, garantindo o contato
com profissionais de saúde formando parcerias com empresas que abastecem seu banco de
dados com valores acessíveis em consultórios e clínicas particulares, consequentemente
reduzindo o custo para o cliente que não pode pagar plano de saúde, sempre respeitando a ética
e a moral. Não se trata, porém, de um plano de saúde ou cartão desconto.
Em decorrência da proposta dessa empresa, o artigo em questão observou que a
Medprev, tem como intuito, o assistencialismo na área de encaminhamentos clínicos, através de
parcerias assistenciais com diversas especialidades médicas e odontológicas, sem cobrar taxa de
adesão, mensalidade ou anuidade. Sua proposta tende a desafogar as filas do SUS (Sistema
Único de Saúde) e proporcionar agilidade nos diagnósticos a baixo custo.
Diante desse cenário, o artigo buscou responder o seguinte questionamento: De que
forma o empreendedorismo social praticado pela Medprev contribui para a melhoria da saúde
pública na região de Juazeiro - BA?
Envolvidos nessa temática, o objetivo central dessa pesquisa foi analisar a relevância do
empreendedorismo social, com destaque no trabalho realizado pelo Instituto Medprev. Segundo
Dornelas (2003, p.196) a importância da iniciativa para a criação de um novo negócio, se faz a
partir da capacidade de utilizar os recursos de forma criativa, transformando o ambiente social e
econômico em que se vive.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Empreendedorismo Social
Segundo os autores Melo Neto e Froes (2002, p.143), o empreendedorismo social atrai
visões superiores, essas cercadas de diversas ideias onde é possível relacionar seu principal
objetivo com possibilidades financeiras e concentração de recursos humanos capazes de adquirir
produção de bens e serviços que reflitam nos problemas sociais e ambientais.
Ademais,
Segundo Oliveira (2004, p.225) ao citar especialistas como Luther King,
Gandhi; esses em suas relevantes predisposições na atuação de direção e
aperfeiçoamento quanto às alterações em situação de produção expansiva,
acredita que a temática do empreendedorismo social pode ser considerada nova
quanto ao seu presente formato, mas, por meio destes entendedores, é
considerável precedente a existência da essência quanto ao assunto.
Acrescendo, algumas características do empreendedor social igualam-se ao do
empreendedor privado, pois, ambos praticam o funcionalismo, estratégias, revolução e a visto
81 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
disso tornam-se incapaz de elucidar propriamente quem seria o empreendedor social, de resto,
um e outro conquistam ampla fração do público que não é tão interessante para os agenciadores,
conforme Elkington e Hartigan (2008, p.457).
A School Social Entrepreneurship (SSE) do Reino Unido denota também
quanto ao empreendedor social sendo esse trabalhador em atuação empresarial,
todavia, com intuito de atingir o público mais carente a fim de contribuir em
função do benefício social, ao invés de lucrar. Pode aquele laborar em
atividades éticas, de exercício governamental, de modo espontâneo e público.
Conforme citação acima são infinitas as áreas a que se possa aplicar o
empreendedorismo social, aliás, o desenvolvimento de práticas voltadas ao bem de uma
comunidade pode ser desempenhado tanto voltado para a saúde e educação, quanto para áreas de
negócios e afins.
―Empreendedores sociais nunca dizem não pode ser feito‖. (OLIVEIRA, 2004, p.59).
Conforme o autor, o empreendedor sempre tem um sim como resposta a quaisquer desafios, eles
sempre procuram uma maneira de encontrar o ponto chave do problema e assim poder ver qual a
melhor forma de mudar os cenários encontrados, e evidentemente movidos pelo bem coletivo e
não por motivos capitalistas.
Por conseguinte, influencia também Rouere e Pádua (2001, p.29) quando expressam sua
ótica quanto aos empreendedores sociais, relatando que esses atuam como elementos
substanciais no âmbito social, realizando um progresso sustentável a fim de afetar na qualidade
de vidas dos indivíduos que se encontram em situações de menor favorecimento. Segundo essa
afirmativa dos autores, o empreendedor social transforma o ambiente em que assume papel
social, à medida que os paradigmas são alterados e toda a comunidade passa a ter benefícios até
então inexistentes para determinada demanda.
Empreendedorismo social como novo paradigma
Ao tratar do empreendedorismo social, Neto e Froes (2002, p.31) falam que o assunto e
seus representantes estão sempre na pretensão de atuais protótipos, pois, o negócio deve ser
tratado e correlacionado a sociedade civil e população, envolvendo também, estado e setor
privado. Conforme relatam os autores, uma das maiores crenças dos empreendedores sociais é a
de que é possível acabar com muitos problemas mundiais, e o setor privado pode ter um papel
importante nesse desenvolvimento, uma vez que dispõe de recursos próprios para desenvolver
seus projetos.
De outra maneira, nem todos têm o discernimento de atuar como empreendedor social,
pois, a profissão requer entendimento quanto aos âmbitos que lhe cercam, visto que segundo
82 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
(Neto e Froes, 2002, p.75), trata-se de uma heterogeneidade de aspectos da ciência e da arte,
idealização e visão, utopia e realidade, força inovadora e praticidade. Isso porque, na verdade o
empreendedor social não busca o sucesso de vendas, mas sim o sucesso no impacto social, bem
como todos os efeitos que venha a trazer para as pessoas beneficiadas.
Vale frisar que o empreendedorismo social além dos benefícios próprios da sua
existência, pode proporcionar aos colaboradores que atuam na área maior autonomia refletindo
em melhores condições de vidas. Em contrapartida, esse empreendedorismo tem intuitos
próprios superiores à aquisição de lucros e vínculos de mercado. (ESTEVER, 2011, p.93). De
acordo com esse conceito do autor, no empreendedorismo social, a economia está a serviço da
comunidade, pois é ela que cria seus empreendimentos e busca através da economia local e
regional, a viabilização de seus negócios.
Desafios do empreendedorismo social
O empreendedorismo social enfrenta os mais variados desafios para sua implantação,
que vão desde fatores sociais, econômicos e políticos a fatores culturais e ambientas da
sociedade em que busca atuação.
Neto e Froes (2002, p.31) trazem em seu trabalho um conceito amplo sobre o
empreendedorismo social, tendo na sociedade sua principal linha de atuação,
diferenciando – se do empreendedorismo convencional, cuja principal meta é o
mercado.
É notável que em ambos os tipos de empreendedorismo, os desafios são constantes e
visíveis, bem como retrata o autor. Porém, esses desafios são distintos, pois de um lado
encontra-se o mercado e do outro a comunidade. Em termos de maior nível de obstáculo não se
pode definir quais dos desafios contém a maior proporção de problemas. De fato, não é tarefa
fácil conduzir um negócio no mesmo ritmo que o mercado exige como também definir a
aceitação da comunidade para determinado seguimento. Com isso, todos os empreendedores
precisam manter-se atentos, e conduzir da maneira mais estratégica os parâmetros de sua
organização, para que não percam a direção da proposta.
Em meio a esse contexto, encontramos um questionamento acerca dos desafios do
empreendedorismo social, afinal, de que precisam as ações do empreendedorismo social para
que possam ser bem sucedidas?
Neto e Froes (2002, p.31) trazem em seu estudo estratégias que devem ser
adotadas para o sucesso da implantação do empreendedorismo social, bem
como, o desenvolvimento de metodologias que desenvolvam a participação e
inserção social, engajando pessoas num processo de desenvolvimento de
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iniciativas de auto sustentação e geração de emprego e renda, mudanças no
comportamento da população e preservação da cultura local.
É importante salientar que existe interdependência entre cada elemento, destacando o
que chamamos de fatores estruturantes no novo modelo de desenvolvimento sustentável e de
empreendedorismo social.
Arruda (2000 p.199), entretanto, traz um conceito mais rígido e estruturado
acerca das características necessárias à implantação do empreendedorismo
social, que vão desde implantação de valores baseados no cooperativismo.
Valorizando a partilha, reciprocidade, solidariedade e co-responsabilização
pelo processo. Destacando o uso do trabalhador como unidade primordial de
criação de valor, organizando interconexões na forma de parcerias e
transformação do caráter social de empresas em comunidades humanas.
É importante salientar que de acordo com as citações dos autores, eles demonstraram a
interdependência entre cada elemento, destacando o que chamamos de fatores estruturantes no
novo modelo de desenvolvimento sustentável e de empreendedorismo social.
Para Pádua (2001, p.85) o empreendedorismo social não exige conceitos estruturados
que busquem a solução de todos os problemas sociais existentes. Para o ele, os esforços devem
ser direcionados para o busca do empoderamento da comunidade, de modo que a mesma se
mobilize na busca de desenvolver alternativas que solucionem ou minimizem os problemas
sociais considerados prioritários, por meio da construção de processos participativos
direcionados para o desenvolvimento prioritário sustentável e integral.
Ciclo do Empreendedorismo Social
De acordo com a organização, o ciclo do Empreendedorismo Social assemelha-se a um
plano de negócios, onde a princípio é imprescindível identificar o problema, concentrando-se
nas causas a investigar o que deveras se encontra errôneo. Após essa confirmação, devem-se
coletar todos os dados e informações que expõem a sua relevância, dessa forma montando
estratégias para solucioná-los e por fim, desenvolver todo o protótipo proposto para as ações
necessárias.
A implementação do empreendedorismo direcionado a organizações sociais
compreende três etapas distintas e inter-relacionadas que devem ser seguidas e
avaliadas periodicamente, sejam elas, a percepção da problemática social,
posteriormente a busca de soluções viáveis para o problema identificado e, por
fim, a implementação das ações propostas (ASHOKA 2001, p.296).
As percepções desses problemas sociais se iniciam através de uma análise feita perante a
comunidade e seus reais aspectos, tanto de violência, como de déficit de educação, e
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principalmente saúde pública defasada. Ou seja, o empreendedorismo social surge a partir
dessas deficiências públicas e mal prognosticadas.
METODOLOGIA DE PESQUISA
O estudo pautou-se na pesquisa descritiva de cunho qualitativo. A qual teve o seu
delineamento por meio de estudo de caso realizado junto aos clientes do instituto Medprev.
Como procedimentos metodológicos foram utilizados a aplicação de questionários e estudos
bibliográficos.
Na visão de Silva e Menezes (2001, p. 534), ―a pesquisa bibliográfica é [...] elaborada a
partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e
atualmente com material disponibilizado na internet‖.
Já o estudo de caso é modalidade de pesquisa amplamente utilizada nas ciências
biomédicas e sociais. GIL (2002, p.165). Consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou
poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa
praticamente impossível mediante outros delineamentos já considerados.
A coleta dos dados deu-se por meio de uma pesquisa realizada junto a 40 clientes do
instituto Medprev. Pela qual foi possível fazer a tabulação e análise dos mesmos. A
fundamentação dessa pesquisa necessitou-se da obtenção de conceitos e definições sobre o que é
o empreendedor social.
ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
O Instituto MEDPREV foi criado para garantir o acesso da população brasileira a uma
saúde digna e de qualidade, disponibilizando especialidades médicas, odontológica e exames
dos mais variados. O Instituto funciona como defensor do direito a saúde das pessoas,
principalmente as mais carentes, facilitando e possibilitando o contato entre o cliente e o
profissional parceiro.
Além disso, parte dos recursos utilizados serve para cobrir, total ou parcialmente, os
custos das consultas e exames para os clientes carentes, que muitas vezes obtém atendimento
total gratuito. A ação assistencial do Instituto possibilita atendimento por médicos especialistas,
dentistas, clinicas de imagens, laboratório de análises clínica, agilizando assim os diagnósticos,
encurtando os requisitos necessários para internamentos e cirurgias em todos os hospitais da
região, cidades vizinhas e do interior.
85 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
Durante a coleta de dados foi aplicado um questionário contendo sete perguntas a um
total de 40 (quarenta) clientes do instituto MEDPREV, e a partir da análise rigorosa e criteriosa
dos dados, pode-se observar que em meio aos entrevistados o total da amostra considerou 70%
do sexo feminino e 30% do sexo masculino, evidenciando uma tendência maior das mulheres
frequentarem mais os consultórios médicos. Este dado também concorda com dados da pesquisa
feita pelo IBGE (2013), onde a quantidade de mulheres que frequentam os médicos no período
de 12 meses supera os homens em 14,1%.
GRÁFICO 1: SOBRE O PERFIL DOS ENTREVISTADOS: IDADE
FONTE: Resultado da pesquisa (2016)
Para o gráfico apresentado, observou-se que a maior quantidade de entrevistados está na
faixa etária de 20 a 35 anos, enquanto que os idosos representam apenas 15% dessa amostra.
Confrontando com a pesquisa feita pelo IBGE (2013), esses dados diferem da realidade da
população brasileira no ano da pesquisa, onde a população com mais de 60 anos que frequentam
médicos no período de 12 meses representam 83,5% enquanto a população com 20 a 35 anos
representam 68,4%.
GRÁFICO 2 – TEMPO DE USUÁRIO DA MEDPREV
FONTE: Resultado da pesquisa (2016)
O gráfico 1 representa o tempo em que os entrevistados são usuários da Medprev.
Constatou-se que mais da metade dos entrevistados estão em parceria com a empresa a mais de
10%
65%
10%
15%
De 15 a 19 anos
De 20 a 35 anos
De 36 a 50 anos
De 60 a 70 anos
25%
52%
18%
5%
2 anos
3 anos
5 meses
1 anos
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três anos, totalizando vinte e uma pessoas, enquanto apenas 5% utilizam o serviço da Medprev
em apenas um ano.
GRÁFICO 3 – OPINIÃO SOBRE A MELHORA DA SAÚDE DOS USUÁRIOS DA MEDPREV
FONTE: Resultado da pesquisa realizada com 40 usuários. (2016)
O gráfico apresentado refere à pergunta ―O que tem melhorado em termos de saúde
desde que passou a ser usuário da Medprev?‖ Constatou-se que 17 pessoas obtiveram mais
facilidade em consulta e 12 pessoas melhor acesso a realização de exames laboratoriais,
ademais, 8% tiveram assistência imediata nas solicitações feitas.
GRÁFICO 4 – USUÁRIOS QUE RECOMENDARIAM A MEDPREV
FONTE: Resultado da pesquisa (2016)
O gráfico 3 apresenta quantos usuários indicaram a Medprev para outras pessoas,
verificou-se que 100% dos entrevistados recomendaram a empresa. Demonstrando a satisfação
dos usuários com a empresa citada.
42%
30% 0%
20%
8%
Facilidade em consulta
Melhor acesso a realização deexames laboratoriais
Prevenção de doenças
Diagnóstico antecipado dealgumas patologias
Assistência imediata nassolicitações feitas
100%
0%
Sim
Não
87 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
GRÁFICO 5 – ASPECTOS NEGATIVOS DA MEDPREV
FONTE: Resultado da pesquisa (2016)
O presente gráfico retrata a opinião dos entrevistados sobre os pontos negativos da
empresa Medprev, nota-se que 95% afirmam que não há nenhum ponto negativo, e apenas 5%
aponta insatisfação em algumas consultas. O que denota uma percepção bastante positiva dos
usuários sobre os serviços do instituto. Pontos como mau atendimento, tempo de espera
prolongado e falta de ética em clinicas parceiras não foram citados como aspectos negativos do
instituto.
GRÁFICO 6 – EMPREENDEDORISMO SOCIAL E A MEDPREV
FONTE: Resultado de pesquisa (2016)
O empreendedorismo social almeja trazer efeitos positivos para a sociedade em que está
inserida, distinguindo-se do empreendedorismo clássico pela característica de não visar o lucro
da organização e sim buscar solucionar problemas de uma determinada classe ou situação. No
gráfico 5 quando perguntado aos usuários da Medprev se a empresa zela pelo o
0% 0%
5%
0%
95%
Mal atendimento
Tempo de espera prolongado
Insatisfação em algumasconsultas
Falta de ética em clinas parceiras
Nenhum
100%
0%
Sim
Não
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empreendedorismo social no Vale do São Francisco, 100% da amostra responderam que ―sim‖,
demonstrando a visão da sociedade sobre a organização.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ser empreendedor social significa muito mais que dispor de retorno financeiro do
negócio a que se propôs investir. Vai além da ambição humana, à medida que procura atingir o
bem comum, o bem da sociedade, a solução de problema de saúde pública e outras situações de
risco em que as pessoas podem se encontrar.
Investigar as causas dos fatores de cada problema social requer um tempo prolongado
dos reais fatores originários e certa prudência para certificar-se do que realmente deve ser feito.
Eis que essas são uma das muitas características dos empreendedores sociais, observar com
precisão para os infinitos infortúnios existentes por toda parte.
Na cidade de Juazeiro-BA, o sucateamento do serviço público, aliado a superlotação das
unidades de saúde e a precárias condições dos serviços oferecidos, atinge não só outras regiões
do país, mas também a região do Vale do São Francisco, tendo em vista que o município não
dispõe de atendimento suficiente para toda a demanda pública e adquirir um plano de saúde não
é tarefa fácil para todos, pois o custo mensal cobrado por essas operadoras de planos saúde são
significativas em relação à renda real da maioria da população.
O trabalho que o Instituto Medprev realiza é de total importância para a mudança desse
quadro, uma vez que foi constatada que diversos diagnósticos foram solucionados através do
auxílio que a Medprev desenvolve na região. Pagar quantias irrisórias e somente quando
necessário, facilita o acesso médico e melhora o prognóstico de saúde dos pacientes atendidos.
Como demonstrado no presente estudo o empreendedorismo social está amenizando a
realidade do município, onde a comunidade tem aproveitado e obtido mais acesso ao sistema de
saúde com essa nova iniciativa. Não há nada tão poderoso como uma ideia nas mãos de um
empreendedor de excelência.
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2001.
A ÉTICA, DEMOCRACIA E PARTICIPAÇÃO A PARTIR DA PERSPECTIVA
TRANSVERSAL NO CURRÍCULO ESCOLAR- SÉRIES INICIAIS.
Normilza Cristina Moura da Silva
Rita de Cássia Ferreira da Silva
Maria da Conceição Araujo carneiro
RESUMO
O presente artigo tem a intenção de apresentar reflexões a respeito de uma nova concepção de
currículo escolar, evidenciando as mudanças ocorridas na sociedade atual, destacando o papel da
escola enquanto espaço de construção de saberes, construção de uma consciência ética
autônoma, onde os sujeitos envolvidos no ambiente educativo vivenciam a perspectiva do
ensino da ética e da transversalidade, situando o espaço educacional como local de diálogo
capaz de formar sujeitos ativos, participativos, solidários, humanizados e dinâmicos tendo em
vista o contexto presente, que necessita cada vez mais de pessoas reflexivas, que pensem,
proponham intervenção positivas sobre os problemas vividos no seu entorno local e de uma
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escola que tem uma concepção ampla de currículo, espaço de aprendizagem participativa e
democrática.
Palavras-chave: Ética. Transversalidade; Currículo; Democracia; Participação.
INTRODUÇÃO
Convivemos, atualmente, com um mundo repleto de transformações no campo
socioeconômico, político, cultural, científico e tecnológico. Um mundo globalizado, neoliberal
onde as desigualdades sociais e econômicas se intensificam cada vez mais.
Estamos vivendo o que chamamos de a era da informação, o conhecimento hoje se
processa em um ritmo acelerado, os meios de comunicação ajudam a difundir novas formas de
pensamentos e novas culturas, assim vão se modificando as relações sociais existentes na
sociedade, bem como a simplicidade da vida humana, que em busca de um padrão econômico
―digno‖ imposto pela própria globalização, as pessoas não dispõem mais de tempo suficiente
para laços maternais, paternais e fraternais. A cultura do ser foi substituída pelo ter, fomentado
por diversos ciclos viciosos, presentes em quase todos os lugares através da mídia.
Rediscutir o currículo envolvendo questões sobre a ética, democracia e participação no
âmbito escolar , faz parte da própria exigência real de princípios que norteiam todos os
momentos da nossa vida contemporânea. Este tema permeia todas as áreas do conhecimento, e
somos, enquanto educadores, pouco conscientes de sua importância quando repassamos
conhecimentos específicos de cada disciplina. Não podemos falar em ética no trabalho, na
política, no direito, falar em democracia e participação sem falar no processo ensino
aprendizagem, pois o como aprendemos e internalizamos valores, refletem no nosso cotidiano
nas diferenciadas funções que exercemos. Neste sentido, buscamos dialogar um pouco neste
artigo sobre o papel da escola na formação ética e cidadã, evidenciando a democracia e
participação a serem trabalhadas hoje, no currículo, a partir da perspectiva da transversalidade.
No entanto, o objetivo maior do referido trabalho será refletir sobre a importância de um
currículo escolar comprometido com uma prática educativa, ética, democrática e participativa,
capaz de oferecer uma educação significativa que prepara o sujeito para viver uma sociedade
em constante transformação. Ainda nessa direção buscaremos conceituar ética e currículo a
partir de uma concepção democrática e participativa, discutiremos sobre a perspectiva de ética
e transversalidade, além de analisar a importância do desenvolvimento de um currículo
contextualizado, participativo e coletivo. A partir de um levantamento e estudo bibliográfico
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faremos uma abordagem do tema segundo os trabalhos de Touraine, Gadotti, Soares; Pereira
Freire, Libâneo, Sacristán, Coll, Morgado e os temas transversais.
ÉTICA E EDUCAÇÃO ESCOLAR
Antes de falarmos sobre educação escolar convém levantar algumas considerações sobre
o conceito de ética.
O termo ética remonta ao grego ―ethos‖ que, significa a morada do homem, modo ser,
estilo de vida, caráter. Designa também comportamento que resulta do hábito, a repetição
constante dos mesmos atos num certo sentido. Seria a disposição habitual de agir de uma certa
maneira. Ética foi considerada como ciência ou parte da filosofia que tem como objeto critérios
do bem 3e mal, vício, virtude. O ―ethos‖ seria o espaço propriamente humano, construído e
reconstruído pelo homem. Nele inscrevemos os costumes, os hábitos, as normas, as interdições,
os valores e ações que vão determinando um modo próprio de ser do homem.
A ética, segundo Vazquez (1999) por sua vez é a reflexão sobre o comportamento moral.
É uma reflexão teórica que analisa e critica ou legitima os fundamentos e princípios que regem
um determinado sistema moral.
O ser humano é um ser de possibilidades. Não nasce pronto. Deve construir o seu ser.
Tornar-se pessoa. Esta tarefa de construção de si mesmo é o sentido fundamental da liberdade.
Segundo Coll (1993, p. 20)
As pessoas não nascem boas ou ruins; é a sociedade quer queira ou não, que
educa moralmente seus membros, embora a família, os meios de comunicação
e o convívio com outras pessoas tenham influência marcante no
comportamento do indivíduo.
Neste sentido percebe-se que tanto as transformações sociais, políticas, econômicas e
culturais, quanto as novas relações firmadas na sociedade influenciam na mudança de hábitos e
atitudes do indivíduo. O desenvolvimento e construção do ser vão se dando no convívio social,
nos diversos ambientes e grupos de interação. Sendo assim, a escola por ser um espaço de
formação, tem importante papel na construção da identidade do sujeito.
Portanto, educar é um processo de transformar o humano por meio do diálogo. A
experiência primeira do ser é com o outro, nos mais variados grupos sociais. Nesta perspectiva
as relações intersubjetivas são educativas. É no convívio, na coexistência que é possível
instaurar o humano. Assim a identidade da educação escolar perpassa pela racionalidade e por
uma ação intencionada.
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Educar é desenvolver possibilidades ao humano. Considerando esses princípios que
norteiam a ampliação da visão do mundo, podemos afirmar que educação tem relação direta
com o diálogo e a investigação.
A inclusão da ética na educação significa a eleição de princípios metodológicos que
fundamentalmente afirmam o reconhecimento do outro, ou noutros termos; ética na educação
significa o confronto através do diálogo e da troca de argumentos, isto é, diálogo e reflexão.
Portanto, ela deve promover a convivência harmoniosa entre os indivíduos, pois a
reflexão constante sobre não só agir bem, mas querer o bem perante os outros, ajuda a solidificar
e melhorar as relações sociais em todos os campos, hoje, da atividade humana.
De acordo os Parâmetros Curriculares:
Na escola, o tema Ética encontra-se, em primeiro lugar, nas próprias relações
entre os agentes que constituem essa instituição: alunos, professores,
funcionários e pais. Em segundo lugar, o tema Ética encontra-se nas
disciplinas do currículo, uma vez que, sabe-se o conhecimento não é neutro,
nem impermeável a valores de todo tipo. Finalmente encontra-se nos demais
temas Transversais, já que de uma forma ou de outra, tratam de valores e
normas (BRASIL, 1998, p.32).
Uma das ideias que acreditamos estar subjacente aos objetivos descritos acima é a de que
a escola tem como função primeira fazer educação e não apenas ensinar, ou noutros termos, é
função da educação escolar não apenas possibilitar a informação, mas também a formação.
Portanto, é tarefa da escola não apenas falar, promover discussão sobre o tema, mas sim
possibilitar uma vivência concreta dos valores e princípios que ensina. Nessa direção o PCN
1998, p;32 continua a afirmar que : ― a escola deve ser local de diálogo, de aprender a conviver,
vivenciando a própria cultura e respeitando as diferentes formas de expressão cultural‖. Assim, a
escola deve se posicionar como articuladora dos saberes, da cultura, dos valores trazidos pelos
educandos e os princípios educativos, os valores, a cultura que a escola quer ensinar.
O espaço escolar deve criar oportunidades de se pensar os valores como algo
significativo, sem imposições, mas sim na perspectiva de uma convivência harmônica entre os
diversos agrupamentos humanos, onde se aprenda a conviver com o diferente, com a
diversidade, ou seja, com o pluralismo de maneira solidária. Onde o cumprimento dos direitos e
deveres tenha como principal objetivo a promoção do legitimo exercício da cidadania e
autonomia do individuo.
Conforme Soares; Pereira, (1997, p.13), a escola têm como princípio norteador a
autonomia. Assim ela deve educar a partir de ações dinâmicas. Nessa mesma direção Doll
afirma ― [...] que os poderes humanos de organização e reorganização criativa da experiência,
sejam operativos no contexto educacional [...]" (1997, p.117)
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Esse sistema aberto permite que professores, alunos, pais, comunidade, coordenadores e
diretores estabeleçam uma comunicação dialógica, propícia à criação de estruturas
metodológicas mais flexíveis para reinventar sempre que for preciso. A confirmação desse
contexto só poderá ser dada numa escola autônoma, em que as relações pedagógicas são
humanizadas. Portanto, "pode-se dizer que a autonomia faz parte da própria natureza da
educação [...]" (GADOTTI, 1997, p. 44).
Observando os princípios explícitos nas formulações seguintes, por exemplo: ―pleno
desenvolvimento da pessoa‖ (Constituição de 1988, artigo 205); ―o desenvolvimento da
capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a
formação de atitudes e valores‖ (LDB artigo 32 inciso III); ―posicionar-se de maneira crítica,
responsável e construtiva nas diferentes situações sociais, utilizando o diálogo como forma de
mediar conflitos e de tomar decisões coletivas‖(PCN VOL. 1 p.55). Pressupomos que para a
consecução de tais objetivos pela instituição de ensino, a ética, a democracia, a participação,
devem ser tomadas como referência para a construção de uma proposta curricular séria e
comprometida com a efetivação de tais princípios.
Por isso, acreditamos que a ética deve ser trabalhada no ensino fundamental, principalmente nas
séries iniciais a partir da perspectiva transversal de modo que possa contribuir para consolidar os
ideais de justiça, igualdade, diálogo, democracia e participação. Uma ética capaz de efetivar e
vivenciar valores que contribuam com a consolidação de uma escola verdadeiramente democrática
e participativa.
ÉTICA E A TRANSVERSALIDADE NO CURRÍCULO ESCOLAR
Se entendermos currículo como um conjunto de aprendizagens valorizadas socialmente e
como uma construção contínua, resultante da participação de todos, um espaço integrador, flexível
e sensível às diferenças, que respeita o contexto e a diversidade; podemos pensar na inclusão do
tema ética no contexto escolar a partir do cotidiano, da vivência, das relações que são construídas
no seu interior. É o que diz (MORGADO, 2004, p. 337) ―O currículo enquanto projecto exprime
uma arte de construir intenções, construção essa que deve ser coletiva, sendo, contudo sujeita a
conflitos, uma vez que as tensões devem constituir-se num documento de conflência‖.
É preciso atentar para o fato de que a possibilidade de inserção do tema ética nos diferentes
contextos do espaço escolar e nas diferentes áreas do conhecimento depende de como a escola está
conduzindo o processo educativo, depende sobretudo de como ela define a sua proposta curricular.
Pois, segundo os PCN a proposta da transversalidade exige que a unidade escolar reflita e atue na
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educação de valores e atitudes nas diversas áreas, implicando assim a transformação da prática
pedagógica, em que as intenções e propostas são construídas coletivamente envolvendo a
participação de todos os sujeitos. Há uma necessidade de se romper com prática da fragmentação,
continentes isolados, estando atento aos diferentes aspectos que compõem o exercício da cidadania.
Segundo Freire (1999, p.54-55), ―se educar é construir cidadãos, a práxis escolar deve
pressupor participação‖ [...].
Trabalhar propostas pedagógicas a partir da perspectiva do coletivo tem sido considerado a
forma ideal de a instituição escolar orientar eticamente aos seus alunos uma aprendizagem
articulada com sua realidade social e cultural. Ainda nos PCN (1998, p.39) sobre os temas
transversais diz:
A inclusão dos temas implica a necessidade de um trabalho sistemático e contínuo
no decorrer de toda a escolaridade, o que possibilitará um tratamento cada vez
mais aprofundado das questões eleitas. Por exemplo, se é desejável que os alunos
desenvolvam uma postura de respeito às diferenças, é fundamental que isso seja
tratado desde o início da escolaridade e continue sendo tratado cada vez com
maiores possibilidades de reflexão, compreensão e autonomia. Muitas vezes essas
questões são vistas como sendo da ―natureza‖ dos alunos (eles são ou não são
respeitosos), ou atribuídas ao fato de terem tido ou não educação em casa. Outras
vezes são vistas como aprendizados possíveis somente quando jovens (maiores) ou
quando adultos. Sabe-se, entretanto, que é um processo de aprendizagem que
precisa de atenção durante toda a escolaridade e a contribuição da educação escolar
é de natureza complementar à familiar: não se excluem nem se dispensam
mutuamente.
Conclui-se situando a ética na questão curricular, em que: Pedra citado por Libâneo (2001,
p. 142) supõe que o ―currículo se sustenta em representações sociais presentes na cultura na qual se
dá a teoria e a prática do currículo‖. E, para Sacristán currículo ―é a ligação entre a cultura e a
sociedade exterior à escola e a educação; entre o conhecimento e cultura herdados e a
aprendizagem dos alunos; entre a teoria (ideias, suposições e aspirações) e a prática possível, dada
determinadas condições‖. (1993, p. 32)
Portanto, no currículo se dá a posição da escola em relação à cultura. Assim sendo, o
currículo pode ir além do que foi falado, que seria a própria cultura sistematizada em ensino
(seleção, organização). Além de corpus da ética herdada, o currículo poderia ser o espaço
privilegiado, não só da discussão social da ética vigente, mas instrumento científico, num modelo
de pedagogia que se realiza na prática. E, o contrário, instrumento de alienação, se o professor-
educador não ampliar seus conhecimentos ou não se comprometer com esse tema como
componente dessa pedagogia prática, a priori, científica, experimentando na dialeticidade, uma
ética concreta, que auxilie as demandas sociais pela humanização e pela democracia.
Essa competência do professor seria aquela que levaria o aluno a ter o que mobilizar, como
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saber voltado para a liberdade; para enfrentar problemas que muitas vezes se relacionam com
valores não democráticos, ou situações da ausência dos valores democráticos.
A transversalidade conduz à complexidade e à globalização do currículo. Se, de um lado
temos uma concepção de educação clássica, na qual nos interessa um cidadão que assimile uma
cultura, que se revelou imprescindível para o desenvolvimento, por outro, também nos interessam
pessoas sensíveis aos problemas, que esse desenvolvimento provoca nas sociedades.
A escola existe não apenas para preparar adolescentes para o mercado de trabalho, mas
também para formar alunos cidadãos. "A escola deve ser um lugar onde cada aluno encontre a
possibilidade de se instrumentalizar para a realização de seus projetos; por isso, a qualidade do
ensino é a condição necessária à formação moral de seus alunos. Se não promove um ensino de boa
qualidade, a escola condena seus alunos a sérias dificuldades futuras na vida e, decorrentemente, a
que vejam seus projetos de vida frustrados". (PCN 1998, v.08 :79 -).
Contudo, cabe aos sistemas educativos e as instituições escolares repensarem
constantemente sobre suas propostas pedagógicas num contínuo exercício de ação-reflexão-ação,
para que possa promover a autonomia dos seus educandos. E a autonomia é conquistada a partir de
uma escola autônoma, portanto escola de ―qualidade política". Somente assim a escola conseguirá
atender as necessidades típicas do tempo-espaço atual, definido pela velocidade das mudanças
globais.
Embora a transversalidade seja uma marca do mundo atual, esse conceito não foi, ainda,
generalizado e tem encontrado muitas barreiras. Exemplo: o estudo da Ética em todas as
disciplinas. Ela deve ser abordada pelas disciplinas convencionais de forma que seus conteúdos as
explicitem e seus objetivos sejam contemplados. A aprendizagem de todas as disciplinas contribui
para o desenvolvimento discente ao diálogo. Todas elas são momentos excelentes de
desenvolvimento e exercício do diálogo e superação de conflitos. Também são importantes pelo
reconhecimento do espaço e do respeito pelo outro e da interação da comunidade escolar.
A transversalidade, atualmente, é uma colocação séria, integradora, não repetitiva,
compartimentada. A ética a ser trabalhada na escola a partir da perspectiva transversal constitui em
linhas do conhecimento, que atravessam e se cruzam entre as diferentes disciplinas, constituindo-se
em fator estruturador e fio condutor da aprendizagem. Ela deve potencializar valores, fomentar
comportamentos e desenvolver conceitos, procedimentos e atitudes, que respondam às necessidades
pessoais e da própria sociedade.
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O C CURRÍCULO ESCOLAR DEMOCRACIA E PARTICIPAÇÃO
Na prática pedagógica atual, o processo de planejamento do ensino tem sido objeto de
constantes indagações quanto a sua validade como efetivo instrumento de melhoria qualitativa de
aprendizagem. A vivência do cotidiano escolar nos tem evidenciado situações bastante
questionáveis nesse sentido, e desvinculados da realidade social. Os conteúdos são definidos sem
levar em conta a realidade local, mostrando-se sem elos significativos com experiência de vida dos
alunos, seus interesses e necessidades. O papel fundamental do currículo democrático e
participativo no desenvolvimento das pessoas e comunidade amplia-se ainda mais no despertar do
novo milênio e aponta para as necessidades de se construir uma escola voltada para a formação de
cidadãos. Tal demanda impõe uma revisão dos currículos, que orientam o trabalho cotidianamente
realizado pelos professores. A escola, através de seus currículos, para exercerem a função social
que se faz necessária, precisa possibilitar o cultivo dos bens culturais e sociais considerando as
expectativas e as necessidades dos alunos, dos pais, da comunidade, dos professores, enfim.
Entretanto, hoje, são inúmeros os problemas que atingem a escola, e agravam-se com o atual
estágio de mudanças em todas as esferas da sociedade contemporânea. Como salienta Gadotti
(1997, p.33), ―a crise paradigmática também atinge a escola e ela se pergunta sobre si mesma, sobre
seu papel como instituições numa sociedade [...] pós-industrial, caracterizada pela globalização da
economia, das comunicações, da educação e da cultura, pelo pluralismo político, pela emergência
do poder local [...].‖
As novas exigências impostas pela sociedade atual coloca novos desafios que a escola
precisa atender. Neste ponto é importante considerarmos a importância de se discutir, refletir e
reorganizar os currículos escolares, pautando-se no ideal de democracia que permeia a sociedade
contemporânea.
Atualmente, a exemplo do que tem acontecido em outros países, também no Brasil as
recentes políticas educativas e curriculares têm procurado valorizar o papel da escola, como espaço
maior de toda ação educativa, reconhecendo os profissionais da educação, como elementos
fundamentais de todo processo. Dessa forma procura não apenas confiar a contextualização, o
enriquecimento do currículo proposto em nível nacional, como ao mesmo tempo dar condições de
mobilização das condições locais para buscar novas estratégias, inovações capazes de responder às
novas transformações e desafios da atualidade.
Vivemos uma realidade educativa em que se valoriza cada vez mais a construção
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participada pelos diversos elementos sociais, dando novos poderes as unidades de ensino, abrindo
espaço para uma nova concepção de escola em que a mesma tem maior liberdade para elaborar e
desenvolver projetos a partir das necessidades dos contextos locais.
Tais mudanças resultam de um novo paradigma social e educativo, que revela uma nova
relação do sistema educativo, ou seja, da escola com a sociedade. As transformações a que nos
referimos, perpassam de maneira generalizada em todos os países da América Latina, incluindo
Brasil, resultado de mudanças significativas que fomentam um novo paradigma educativo, em que
todos precisam ter direito à educação e procurando atribuir a todos os elementos que interagem
na escola especialmente os professores e alunos maior atenção por parte das políticas direcionadas a
este setor.
Segundo Judith Chapman citado por Morgado (2004, p.116) diz que:
O acesso maciço à educação, com consequente emergência de novos públicos
escolares, e a necessidade de oferecer oportunidades educativas que respondam
a princípios de eficácia econômica, de justiça e inclusão social, de participação
democrática e de desenvolvimento pessoal trouxeram novos desafios e novas
experiências aos sistemas educativos e as escolas, aspectos com os quais nos
confrontamos atualmente.
No entanto, com respeito ao currículo escolar os efeitos são percebidos de forma imediata.
Isto se reflete também na passagem de um paradigma curricular altamente centralizado, em que a
escola tinha que executar objetivos e conteúdos pré-definidos a nível nacional para um novo
paradigma curricular que privilegia mais o próprio espaço escolar, valorizando a complexidade, as
características comuns da comunidade local garantido maior autonomia ao processo educativo.
Ao entendermos que a escola é um dos principais ― lócus‖ de discussão, formação da
cidadania e tem como tarefa primordial a socialização dos conhecimentos na perspectiva
democrática, ou seja, a que contribui e deve assegurar aos cidadãos o exercício dos direitos à
liberdade e à igualdade de acesso aos bens sociais e ao desenvolvimento pleno.
Neste contexto, a mudança de paradigma não pode estar dissociada de um novo modelo de
aprendizagem. Conforme essa concepção o conhecimento deixa de ser um mero processo de
acumulação e passa a ser um processo de construção e reconstrução dinâmico, em que os sujeitos
são os principais protagonistas de sua aprendizagem.
Esse novo conceito de aprendizagem não valoriza a separação entre os que teorizam e os
que praticam a educação; nem ao mesmo tempo, permitem a falta de significados e sentidos que
devem nortear todo esse processo. Portanto, surge ai a ideia, ou seja, a tendência de descentralizar,
aqui entendida como o deslocamento os centros de decisões para situações em contexto, pautada
nos ideais de projetos e gestão participativa, como forma de dar resposta as transformações que
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surgem no cenário educativo. A elaboração de propostas pedagógicas pelo coletivo da escola tem
sido considerada a forma ideal para a instituição escolar organizar projetos curriculares articulados
com sua realidade social e cultural em que está inserida.
Para que estas propostas sejam realmente democráticas, além da participação conjunta, é
necessária também a orientação por critérios pedagógicos voltados para a educação inclusiva, para
a formação do cidadão.
O currículo é, nesta perspectiva, visto como espaço do conhecimento, é também espaço do
debate, das relações sociais humanas, espaço do poder, do trabalho, da gestão e da conivência. É
enfim, um campo prático complexo como Walker citado por Sacristán (2000, p.21) afirma:
Os fenômenos curriculares incluem todas aquelas atividades e iniciativas através
dos quais o currículo é planejado, criado, adotado, apresentado, experimentado,
criticado, atacado, defendido e avaliado, assim como todos aqueles objetos
materiais que configuram , como são os livros-textos, e os aparelhos e
equipamentos, os planos e guias do professor, etc.
O currículo, nessa direção, modela-se dentro de um sistema escolar concreto, dirige-se a
determinados professores, alunos e outros elementos da instituição escolar, serve de determinados
meios, num contexto, que é o que acaba pro lhe dar o significado real.
Ainda podemos definir currículo como um conjunto de aprendizagens valorizadas
socialmente e como uma construção contínua, resultante da participação de todos, um espaço
integrador, flexível e sensível às diferenças, o qual respeita o contexto e a diversidade. É o que diz
Morgado, ― O currículo enquanto projeto exprime uma arte de construir intenções, construção essa
que deve ser coletiva, sendo contudo sujeito a conflitos, uma vez que as tensões devem constituir-se
num documento de confluência‖ ( 2004, p.337).
Neste contexto, o projeto curricular é visto como ―um instrumento de renovação pedagógica
da prática escolar, destinado a proporcionar ferramentas ao professorado e uma visão diferente dos
conteúdos e diversas áreas do currículo‖ (SACRISTÁN, 2000, p.14). Construindo um projeto
curricular pretende-se mobilizar docentes em tornos de objetivos definidos de cada área, entendidos
como as capacidades e competências a desenvolver pelos estudantes, assim como o emprego de
metodologias que devem dar suporte ao desenvolvimento dos processos de ensino aprendizagem.
Em suma, podemos considerar que a construção do projeto curricular é ―crucial para a
construção plural do currículo para a territorialização das decisões nacionais que necessitam de ser
recontextualizadas na medida em que a melhoria da qualidade do processo de ensino aprendizagem
exige a participação dos distintos atores educativos‖ (MORGADO, 2004, p.58).
Neste sentido não podemos pensar em uma escola, que não se preocupa com todas as formas
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de exclusão, principalmente a exclusão social, econômica e política. No final do século XX, os
efeitos da globalização têm ajudado a competitividade e produtividade. Esse novo modelo de
capital se propaga por todas as esferas da sociedade. O projeto curricular precisa se dar conta deste
processo para não apenas reproduzir no seu espaço ideologias que reforçam o modelo produtivo
vigente, mas contribuir para aguçar a consciência crítica dos estudantes para que possam combater
esse modelo perverso e excludente.
Alain Tourain, chama a atenção para o fato de a sociedade pós-industrial continuar a sofrer
conflitos sociais. A diferença reside na existência desses conflitos sociais como consequência do
fato de ―as classes sociais dominantes deterem o conhecimento e dominarem a informação‖ (1997,
p.28).
Pensando nessa direção, um currículo verdadeiramente democrático deve oferecer aos
estudantes fontes constantes de informações, devem ser colocados em contato com a cultura de seu
tempo, pelo uso de variados meios de comunicação, incluindo os diversos tipos de material
impresso, livros, revistas e jornais , assim como o cinema , o teatro, as artes em geral, a televisão e
o computador. Só assim a escola poderá estar ajudando a minimizar a distância existente entre as
classes sociais como afirma Touraine (1997).
Ao consideramos que a escola é um espaço de formação da cidadania e tem como função a
socialização dos conhecimentos historicamente acumulados e a construção de diversos tipos de
saberes, é importante destacar que compreendemos a cidadania a perspectiva democrática, ou seja,
a que contribui e deve assegurar aos cidadãos o exercício dos direitos à liberdade e à igualdade de
acesso aos bens sociais e ao desenvolvimento. Portanto, nessa direção.
Mais do que uma criação de uma sociedade política justa ou abolição de todas as
formas de dominação e exploração, o principal objetivo da democracia deve
permitir que os indivíduos, grupos e coletividades se tornem sujeitos livres,
produtores de sua história, capazes de reunir em suas ações o universalismo da
razão e as potencialidades da identidade pessoal e coletiva‖. (TOURAINE, 1994,
p.263).
Uma das questões que se coloca para os educadores, é que a escola tem a tarefa de garantir o
acesso e a permanência dos jovens e, portanto, deve ser vista como espaço de construção do
conhecimento e de exercício de práticas sociais. Para isso, é imprescindível reavaliar a finalidade da
educação, seus objetivos e o papel social da escola, para que esta possa responder às novas
exigências que emergem na sociedade, em especial as questões referentes à formação dos jovens na
perspectiva do respeito aos direitos humanos e da formação da cidadania democrática.
Compreender o papel da escola nessa direção é entender que a formação da cidadania é
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prática de vida em todas as instâncias de convívio social dos indivíduos: na família, na escola, no
trabalho, na comunidade, na igreja e no conjunto da sociedade.
Essa escola, que o sociólogo francês Alain Touraine4 (1997) denomina de escola
democratizante, assume o compromisso de capacitar os indivíduos para serem autores, ensina a
respeitar a liberdade do outro, os direitos individuais, a defesa dos interesses sociais e os valores
culturais.
À escola democratizante é associada à ideia de escola da comunicação e , por isso, deve
priorizar na formação do aluno a capacidade de expressão, de compreender as mensagens escritas
ou orais. É necessário trabalhar o diálogo, ensinando ao aluno a argumentar, analisar discursos e
mensagens e principalmente a manejar a língua como instrumento de emancipação e autonomia.
Como afirma Alain Touraine (1994, p. 269) conhecer-se é ser sujeito na realidade, constituir-se
plenamente como pessoa. Ainda continua Touraine (1997) quando se trata de sua sociologia da
ação nos insere no conceito de sujeito, ―sujeito como capacidade e vontade de ser uma pessoa‖. Ser
uma pessoa–realização plena da experiência humana; capacidade e vontade atributos do sujeito de
história que se relaciona com a realidade de maneira dinâmica, buscando significado de tudo, dando
significado a tudo, a todos os fatos com os quais se depara.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O homem é responsável pelo seu próprio ser, pela construção da sua vida, pelo tornar-se
pessoa. E cada vez mais aumenta a consciência de que sua responsabilidade moral perante a todos
os homens. Isto exige uma ética e um currículo participativo com princípios e valores válidos e
aceitos por e para todos. Um currículo ético, democrático responsável e solidário.
Nesta perspectiva a escola deve ser um espaço onde o currículo é pensado, refletido, tendo
em vista a necessidade de uma formação mais humana, crítica e cidadã. Assim o currículo deve ser
visto como uma construção e reconstrução continua das propostas, das ações a serem
desenvolvidas pela unidade de ensino, tendo em vista a melhoria do processo ensino e
aprendizagem.
Logo "educar nesta perspectiva" deve ser o objetivo político e ético de cada espaço
educativo, fazendo com que a escola seja realmente um lugar onde a cidadania seja construída
tendo a democracia, a participação e a ética como eixos principais. Dessa forma pode-se ajudar na
formação de sujeitos críticos, autônomos, capaz de utilizar o diálogo como referência em todas as
situações da convivência humana. Pois, é na relação com o outro que nos humanizamos. Tornamo-
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nos sujeitos capazes de conviver com as diferenças, respeitar as singularidades, combater qualquer
tipo de preconceito e processos sociais de exclusão.
A vida contemporânea nos coloca a possibilidade da reflexão sobre a necessidade de se
adotar novas posturas e comportamentos que são influenciados pelo modo de pensar; pois, os
pensamentos determinam as práticas, as atitudes, que se estabelecem e se desenvolvem nas
sociedades. Portanto cada vez mais, a urgência de mudanças nas diversas áreas do saber nos
indicam que a escola como uma instituição de aprendizagem dos indivíduos deve colaborar para
ajudar o ser humano a se tornar mais sensível a necessidade de construir um mundo melhor.
Nessa direção compreendemos que é necessário mudar a prática pedagógica desenvolvida
no âmbito escolar, criar novas alternativas e desenvolver critérios e procedimentos diversificados,
para construírmos uma sociedade mais justa e mais solidária.
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102 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS DISCENTES DE UMA ESCOLA DE SÃO
RAIMUNDO NONATO
Daniela Santos Landim Silva
RESUMO
Este artigo centra-se na percepção ambiental dos discentes de uma escola da cidade de São
Raimundo Nonato, apresentam com base em seus conhecimentos já adquiridos. Tendo como
objetivo central analisar, a partir da percepção dos alunos, se os projetos e ações de Educação
Ambiental de uma escola do município São Raimundo Nonato do estado do Piauí, produzem
efeitos significativos que se traduzam em práticas saudáveis no dia a dia dos educandos. Para
isto foi realizada uma pesquisa de campo e bibliográfica, utilizando como instrumento de coletas
de dados respectivamente, um questionário seguindo os padrões de ética. A análise dos
resultados associados à teoria pertinente destas investigações traz um novo olhar para a
Educação Ambiental, na qual ainda precisa-se que as práticas de ensino de todas as disciplinas
escolares tenham um olhar mais atento para esta temática, que gere a racionalidade do indivíduo
e que torne uma prática continua de forma permanente e integradora dentro do ambiente escolar.
Dessa forma pôde-se perceber ainda percepções de discentes que não se acham responsáveis
pelos problemas ambientais, os conteúdos curriculares não são trabalhados com base na
transversalidade. Então há a necessidade da escola buscar sensibilizar e mudar as percepções
negativas dos discentes, pois eles representam o futuro da nação.
Palavras-chave: Educação Ambiental. Escola. Alunos. Sensibilização.
ENVIRONMENTAL PERCEPTION OF THE STUDENTS OF A SCHOOL OF SÃO
RAIMUNDO NONATO
ABSTRACT
This article focuses on the environmental perception of the students of a school in the city of
São Raimundo Nonato, it has based on their knowledge already acquired. With the main
objective of analyzing, from the students‘ perception, whether the projects and actions of
Environmental Education of a school in the municipality of São Raimundo Nonato in the state
of Piauí, produce significant effects that translate into healthy practices in the students' daily life.
For this, it was performed a field and bibliographical research, using as a data collection
instrument, respectively, a questionnaire following the ethical standards. The analysis of the
results associated to the pertinent theory of these investigations brings a new look for the
Environmental Education, in which it is still necessary that the teaching practices of all the
school subjects have a closer look at this theme, which manages the rationality of the individual
and to make a practice continuous and integrative in the school environment. This way it was
possible to perceive perceptions of students, who are not responsible for the environmental
problems, the curricular contents are not worked based on transversally. Then there is the need
for the school to look at sensitize and change the negative perceptions of the students, as they
represent the future of the nation.
Keywords: Environmental Education. School. Students. Awareness.
INTRODUÇÃO
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A Educação Ambiental é muito discutida, a fim de alcançar um mundo mais sustentável,
mundo esse que somente seria alcançado se pudesse fazer o replanejamento da habitação do
planeta. Que desde quando o ser humano começou a utilizar a sua capacidade mental para
produzir produtos que destrói a natureza e explora a biosfera o planeta Terra não se encontra em
equilíbrio com o ecossistema. O ancestral comum do homem que neste planeta viveu mesmo
sem saber a sua real capacidade mental utilizava a natureza a seu favor, com total respeito e com
consciência sustentável.
No entanto as novas gerações que hoje se formaram são pessoas capitalistas, consumistas
e ignorantes que somente pensam em si próprios, sem lembrar das futuras gerações que
precisam encontrar um planeta habitável a vida, até mesmo para garantir a espécie Homo
sapiens, isto é somente alcançado quando todos repensarem na maneira de vida de cada um,
criando novas concepções a cerca do meio ambiente em que vivem. Segundo Guimarães é
através da Educação Ambiental que vem sendo chamada a dar conta da mudança de valores e
atitudes da humanidade diante da natureza, sendo colocada como um dos pilares para a
efetivação de um modelo de desenvolvimento sustentável (GUIMARÃES, 2007, p. 17).
Portanto a busca pela mudança de valores em uma sociedade é um processo de difícil
alcance, mas este está integrado junto à educação, sendo um caminho a ser seguido para abrir
novos paradigmas, concepções e percepções ambientais em cada ser envolvido dentro do
processo de educação. Com isto ―a percepção é o primeiro passo no processo do conhecimento‖
(COIMBRA, 2004, p. 539) e é o ato de perceber as ações e os efeitos ao meio. Com base nisto
―A educação Ambiental traz essa proposta de transformar o conhecimento em prática. De não
apenas discutir, questionar e debater, mas mudar hábitos, conscientizar‖ (CARVALHO, 2014, p.
37).
Entretanto é por meio não só disto, mas da busca pela sensibilização humana, através da
apresentação dos problemas ambientais, as causas e efeitos dos mesmos a fim de comover e
mobilizar cada indivíduo. Por outro lado é dentro do ambiente escolar que os alunos adquirem
conhecimentos que servem para toda vida, é através do exercício de professores capacitados e
uma gestão democrática e participativa que é alcançado os objetivos almejados pela proposta da
educação ambiental, em prol da coletividade, dentro da discussão política, social que torne mais
justa e igualitária para todos da comunidade biótica (conjunto de todos os seres vivos) e que
mantenha o equilíbrio com os ecossistemas.
Com base neste contexto o presente artigo tem como objetivo geral analisar, a partir da
percepção dos alunos, se os projetos e ações de Educação Ambiental de uma escola do
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município São Raimundo Nonato do estado do Piauí, produzem efeitos significativos que se
traduzam em práticas saudáveis no dia a dia dos educandos.
Com isso, pretende identificar se: a Educação Ambiental é estudada de forma insolada de
outras disciplinas ou de forma interdisciplinar; a educação ambiental é trabalhada em sala de
aula; há projetos desenvolvidos ao longo do ano; há interesse dos estudantes com relação à
Educação Ambiental; os conhecimentos adquiridos em sala são transmitidos adiante. Além
disso, buscar compreender: a frequência em que a escola trabalha a Educação Ambiental; as
atitudes desenvolvidas pela instituição de ensino que proponha a sensibilização dos educandos;
de quem é a responsabilidade para resolver os problemas ambientais e conhecer o nível de
conhecimento dos estudantes com relação ao tema bordado.
Para isto foi desenvolvido um estudo de caso realizado com 59 alunos do 3º ano do
Ensino Médio Integrado à Educação Profissional. Utilizado como instrumento de coleta de
dados um questionário (seguindo os padrões éticos) com 13 questões fechadas, e os dados
coletados foram analisados com um olhar quantitativo e para melhorar o aprimoramento dos
conhecimentos empíricos foi desenvolvida uma leitura bibliográfica de relevância dentro da
educação ambiental. O texto aqui apresentado se encontra dividido em quatro tópicos, sendo que
o primeiro traz uma abordagem sobre a Educação Ambiental, seguido de um subtópico que
apresenta sobre o sentido da percepção ambiental, e já no terceiro abrangem os aspectos
metodológicos envolvidos na pesquisa, seguido pelo quinto tópico, na qual apresenta uma breve
conclusão para o momento.
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Os problemas ambientais hoje é um tema polêmico que gera discussões no mundo todo,
são muitas as devastações praticadas pelos efeitos antrópicos, ou seja, pela ação do homem, que
se não houver mudanças o mais rápido possível, o planeta entrará em um colapso e
esgotamentos dos seus recursos naturais. Muitos recursos que não são renováveis e estão quase
se esgotando devido à extração descontrolada, efeitos causados pela população humana que
prejudica o equilíbrio natural do ecossistema, que demorou bilhões de anos para se formar e esta
sendo destruído em apenas séculos.
Por isto que a sensibilização da geração do século XXI, se faz cada vez mais necessária,
a fim de garantir a um ambiente propício à vida nos próximos séculos, pois com a Educação
Ambiental aliada como as escolas, pode se alcançar os objetivos almejados, de sensibilizar a
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presente geração sobre os efeitos causados ao meio ambiente sobre seus atos. Dentro deste
aspecto Macatto (2002) divide didaticamente a Educação ambiental em duas categorias básicas:
Educação Formal: Envolve estudantes em geral, desde a educação infantil até a
fundamental, média e universitária, além de professores e demais profissionais
envolvidos em cursos de treinamento em Educação Ambiental. Educação
Informal: Envolve todos os segmentos da população, como por exemplo:
grupos de mulheres, de jovens, trabalhadores, políticos, empresários,
associações de moradores, profissionais liberais, dentre outros (MACATTO,
2002, p.16).
Portanto a Educação Ambiental envolve todos para que em conjunto construa algo
sustentável e transformador e que todos sejam capazes de identificarem a sua importância dentro
desse processo. Segundo a Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental (Tbilisi,
1977).
A educação Ambiental é o resultado de uma reorientação e articulação das
diversas disciplinas e experiências educativas, que facilitam a percepção
integrada do meio ambiente, tornando possível uma ação mais racional e capaz
de responder às necessidades sociais (TBILISI, 1977, p. 3).
Desta forma na educação formal a Educação Ambiental não deve ser trabalhada como
uma disciplina insolada, mas de forma transversal, que envolva todas as áreas de conhecimento,
que gere a racionalidade do indivíduo e que torne uma prática continua de forma permanente e
integradora dentro do ambiente escolar. Uma vez que é por meio da Educação que se forma
sujeitos críticos conscientes, na qual tenha a plena consciência de seus atos diante do meio
ambiente, na qual serão levados para as futuras gerações e que os seus próprios atos sobre o
meio, retornarão em forma de cascata, por exemplos os inúmeros desmatamentos, as caças de
animais, poluições de rios e lagos, poluições do solo e do ar, com o tempo a biosfera não
conseguirá mais desempenhar o seu papel biológico, resultando assim em grandes desastres
ecológicos, como o aumento da temperatura do planeta causando assim o aquecimento global,
assim como a perda de muitas espécies do Planeta, desequilibrando assim toda a dinâmica
existente entre os ecossistemas. Com base nisso Giassi (2016) alega que
ao lecionar, o professor precisa aliar os conhecimentos exigidos nos currículos
escolares com a Educação Ambiental. Esta atitude, embora direcionada
legalmente, deveria fazer parte da rotina do professor em sala de aula, já que o
aluno permanece com ele por várias horas no dia. Desse modo os alunos podem
fazer maiores relações entre as relações constituinte do universo, ou seja,
físicos, químicos, biológicos e sociais, orientando, assim, processos
interdisciplinares e ampliando a forma de percepção de mundo de todos
(GIASSI et. al, 2016, p. 27).
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Dessa forma, conseguiríamos ampliar os conhecimentos de todos os alunos, em vez de
ficar esperando somente alguns professores de Biologia, Ciências, Geografia e Química, por
exemplo, trabalhar o que exigido dentro do currículo da Educação Ambiental, pois nessas
disciplinas já existem conteúdos curriculares que são estudados o meio ambiente. Havendo
assim a necessidade de ser explorado de modo interdisciplinar.
PERCEPÇÃO AMBIENTAL
É através da percepção que o ser cria ideias próprias, gera uma mentalidade com novas
concepções, sendo assim capaz de praticar atos positivos ou negativos com relação ao meio em
que vive. A palavra percepção significa ―o ato, efeito ou faculdade de perceber‖ (Ferreira, 2001,
p. 526) e já a percepção segundo Santos (2001, p. 462) é ―o ato de tomar conhecimento de
alguma coisa por meio dos sentidos‖. Dessa forma os indivíduos adquirem a capacidade de
percepção quando, por si ou por intermédio do seu próprio meio, consiga alterar o seu
pensamento cognitivo, na qual sua própria mente constrói ao longo de todo processo de
aprendizagem.
Pensando nisto França e Guimarães (2014, p. 3131) afirmam que: ―A educação e
percepção ambiental despontam como armas na defesa do meio natural, e ajuda a reaproximar o
homem da natureza, garantindo um futuro com mais qualidade de vida para todos‖. Portanto o
ambiente escolar é propicio para formular esta concepção, buscando demonstrar a inter-relações
entre o homem e natureza, através da sensibilização dos discentes, para o exercício social, com
um ambiente mais sustentável. De acordo com Campos et al. (2017)
Para contextualizar a problemática ambiental que vivemos, é de suma
importância um maior entendimento do termo percepção ambiental que
potencialize uma autoanálise de nossas ações diante do meio ambiente
promovendo uma integração, inclusão e participação de todos na valorização
do espaço natural (CAMPOS et al, 2017, p. 112).
De fato, o individuo somente reconhece a sua importância como sujeitos pertencentes do
meio em que vivi, quando ele apresentar uma percepção, que se inclua nas ações diretas do meio
ambiente, que vá realmente fazer a diferença.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Inicialmente foi realizada uma leitura bibliográfica baseados em artigos científicos em
periódicos, livros e revistas que abordem sobre a Educação Ambiental. Com o objetivo de
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esclarecer a problemática observada com base na realidade. Segundo Prodanov e Freitas (2013,
p. 128) uma pesquisa bibliográfica ―é concebida a partir de materiais já publicados‖. Tendo
como lócus a cidade de São Raimundo Nonato no mês de Junho de 2015, à pesquisa foi
desenvolvida junto aos discentes do 3º ano do ensino médio em uma escola estadual de ensino
profissionalizante.
Para isto utilizou-se como instrumento da pesquisa de campo um questionário com 13
questões, com perguntas fechadas, tendo varias opções de respostas. Com a finalidade de
conhecer o nível de informação dos entrevistados com relação às questões ambientais e a
Educação Ambiental dentro da instituição de ensino e fora dela. Com isto Prodanov e Freitas,
(2013) afirma que a pesquisa de campo:
é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou
conhecimentos acerca de um problema para o qual procuramos uma resposta,
ou de uma hipótese, que queiramos comprovar, ou, ainda, descobrir novos
fenômenos ou as relações entre eles. Consiste na observação de fatos e
fenômenos tal como ocorrem espontaneamente, na coleta de dados a eles
referentes e no registro de variáveis que presumimos relevantes, para analisá-
los (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 59).
Na referida escola foi aplicado um questionário, na qual foram seguidos os padrões de
ética, para isto se vez necessário a não identificação dos pesquisados, assim como a não
identificação da instituição de ensino, perfazendo um total de 69 alunos (as) que responderam os
mesmos. Os dados obtidos foram analisados e interpretados sobre um olhar quantitativo, através
da organização dos dados por categoria e transformado em porcentagem e exposto em gráficos
como é apresentado a seguir.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Com base no questionário aplicado foi possível observar a carência dos discentes dentro
da temática estudada. A primeira questão buscou conhecer o conhecimento dos alunos acerca
do tema Educação Ambiental, como pode ser analisado no gráfico 01, na qual mostra que
76,28% responderam que sabem o que é Educação Ambiental e 22,03% ainda não sabem o que
é Educação Ambiental e 1, 69% não responderam.
Com isto segundo a Lei 9.795, de 27 abril de 1999, capítulo I, Art. 2. ―A Educação
Ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar
presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidade do processo educativo, em
caráter formal e não-formal‖, cabe à escola explorar e utilizar de meios educativos para
disponibilizar a Educação Ambiental, com novas abordagens metodológicas, com o objetivo de
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sensibilizar a geração de hoje para construir a geração futura, com novas percepções ambientais
e sustentáveis.
O próximo quesito, gráfico 02 procurou compreender a percepção ambiental dos alunos,
ao analisar se o meio ambiente é importante para os mesmos. Os resultados obtidos foram,
86,4% que responderam que o meio ambiente é importante e 10,2% nunca pararam para pensar
no assunto e 1,7% não responderam. Nesse aspecto há ainda muito para desenvolver dentro do
ambiente escolar para a busca da sensibilização dos discentes, a fim de gerar uma consciência
crítica em prol de uma sociedade que busque por melhorias nos problemas ambientais
deixados por gerações passadas e que estão prosseguindo para as gerações futuras. Na qual se a
geração presente não perceber a sua responsabilidade, os danos ao ambiente serão irreversíveis.
Como caracteriza Stoffel e Colognese (2016),
na perspectiva da sustentabilidade social, a presença do ser humano é colocada
como destaque na ecosfera. A maior preocupação volta-se ao bem-estar
humano, à condição de vida humana e aos meios utilizados para manter,
melhorar e até mesmo aumentar essa qualidade de vida. Uma sociedade
sustentável supõe que todos os cidadãos tenham direito ao mínimo necessário
para uma vida digna e, além disso, tenham o direito de usufruir dos bens e
serviços, recursos naturais e energéticos sem prejudicar o bem-estar do outro
(STOFFEL; COLOGNESE, 2016, p. 31).
Nesse contexto da sustentabilidade que os autores trazem certamente o mundo seria
melhor, sem tanto prejuízo para o Planeta Terra, todos conseguiriam viver sem prejudicar as
futuras gerações de seres vivos, mas isto somente irá acontecer quando todos os seres humanos
reconhecer a importância da natureza para todos.
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No tópico três procurou conhecer quais são os meios de captação dos conhecimentos
ambientais que os alunos têm maior acesso. O gráfico 03 apresenta o número correspondentes
das alternativas escolhidas pelos alunos, na qual expõe que os discentes recebem maior
informação sobre o meio ambiente é por meio da TV em primeiro lugar, seguido pelas
disciplinas da escola, e em terceira colocação está o jornal. Com essa perspectiva abre ainda
mais a importância da escola dentro da construção do chamado conhecimento ambiental a ser
criado e fluido dentro de cada ser envolvido dentro do ambiente.
No gráfico 04 demonstra que a educação ambiental é estudada de forma insolada não
ocorrendo à interdisciplinaridade entre as mesmas. As disciplinas que trabalham com a
Educação Ambiental são apenas disciplinas que em seus conteúdos abordados já discutem a
temática como a Biologia (53%), Geografia (5%) e a Química (1%).
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Além disso, os conteúdos curriculares dessas disciplinas já possuem em seus objetivos o
estudo do meio ambiente, mas o que ocorre na maioria das escolas é a desvalorização por parte
de alguns profissionais da educação, que não apresentam o mínimo interesse em trabalhar a
Educação Ambiental com seus alunos (as), ou devido a falta de tempo e até mesmo falta de
capacitação. Os PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) afirmam que,
os conteúdos de Meio Ambiente foram integrados às áreas, numa relação de
transversalidade, de modo que impregne toda a prática educativa e, ao mesmo
tempo, crie uma visão global e abrangente da questão ambiental, visualizando
os aspectos físicos e histórico-sociais, assim como as articulações entre a escala
local e planetária desses problemas (PCN, 1998, p. 193).
Portanto trabalhar dentro da transversalidade é transformar o conceito de ensinar,
levando o dia-a-dia dos alunos e assim como trazer a participação de cada um, abri assim a visão
para o seu papel de importância dentro do meio ambiente na qual esta inserido, criando um
leque de novos saberes críticos com consenso ambiental.
Em seguida no gráfico 05 demonstra que 53% responderam que eles como alunos nunca
viram nem um trabalho desenvolvido em sala de aula que tratasse do tema meio ambiente e 47%
responderam que já, sendo que foram trabalhados durante as feiras de meio ambiente, e através
de trabalhos em sala com as temáticas: como cuidar da água, poluição, a poluição no Brasil,
floresta tropical (desmatamento), poluição de esgotos e apresentados em forma de seminários e
palestras.
111 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
Dessa forma ao longo do ano a escola desenvolve alguns projetos como: horta na escola,
feira do meio ambiente, jogar lixos no lixo, palestras, reciclagem e feira de ciências. Com isso
cabe ressaltar que a Educação Ambiental não se resume somente a isto. Ao pegar, por exemplo,
o projeto de reciclagem desenvolvida dentro da escola, ele ficará somente de forma interna, pois
de forma externa não surge efeito algum, pois no município o destino final do lixo é um lixão a
céu aberto. Como pode ser analisado no gráfico 06 que 64% dos alunos entrevistados
responderam que não são desenvolvidos projetos que se relacionam com o meio ambiente, mas
36% responderam que sim. Por certo é sinal que os trabalhos realizados não surgiram tanto
efeito com a concepção do alunado.
Mais adiante no item 07 os discentes foram perguntados o que eles consideravam um
problema ambiental. Sendo que 54% consideram a poluição das águas, 7% a contaminação do
solo, 24% o lixo, a falta de água, esgoto a céu aberto e a fumaça de carro tiveram a mesma
porcentagem, 5%. De acordo com Sobrinho e Sousa (2016) a escola funciona,
112 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
como centro de transformação, a escola deve-se comprometer-se as
perspectivas e as decisões que os favoreçam o exercício da cidadania. Tal
transformação de envolver valores e conhecimentos, que permitam desenvolver
as capacidades necessárias para a participação social efetiva (SOBRINHO;
SOUSA, 2016, p.35).
Por outro lado são muitos os desafios existentes dentro dos ambientes escolares, que nem
sempre é possível atender todas as necessidades e especificações do currículo escolar. Assim
como pode ser estudado no gráfico 07. O que é evidencia, é que cada ser tem o seu modo de
percepção, e uma maneira de perceber o ambiente ao seu redor. ―Portanto o homem se torna um
ator, que dependendo do seu senso crítico, pode beneficiar o ambiente e todos os processos
ecológicos envolvidos‖ (SOUZA; SANTOS, 2016, p. 56). Por isso que a maioria dos efeitos
causados ao meio ambiente, são devido aos efeitos antrópicos.
Acrescenta-se com o objetivo de avaliar de quem é a responsabilidade de resolver os
problemas ambientais, os dados como pode ser visto abaixo no gráfico 08, mostra que 78% dos
discentes consideram que a responsabilidade maior é do povo, seguidos por 10,2% consideram a
responsabilidade dos políticos, 3,4% a firmam que é responsabilidade das associações de
moradores, 5% organizações ecológicas, 1,7% consideram que é de responsabilidade dos
cientistas e 1,7% apenas consideram como ele próprio como responsável. Segundo a
Constituição Federal de 1988. Art. 225.
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder
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público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e
futuras gerações (BRASIL, 1988, p. 36).
Dessa forma a responsabilidade é de todos, desde que cada um faça o seu papel dentro da
sociedade, não basta tratar os problemas de forma insolada, pois um único problema ativa o
efeito cascata para o meio ambiente. Na qual gera muitos outros fatores, necessitando assim a
corresponsabilidade ambiental, de empresas, governo e a população.
Mais adiante no gráfico 09 expõe as atitudes negativas para o meio ambiente, que os
alunos praticavam e afirmam não praticarem mais. A primeira atitude que os discentes afirmam
ter deixado de praticar, foi 36% afirmam ter deixado de desperdiçar água, 29% deixaram de
jogar lixo nas ruas, 12% pararam de deixar as luxes acesas, 13% deixaram de matar passarinho,
10% deixaram de jogar lixo nos lagos e rios. Com isto estas são atitudes resultantes do processo
educativo da Educação Ambiental, na qual é por meio da sensibilização que se cria uma visão
critica dos discentes.
Em seguida os discentes foram questionados quais as atitudes que são desenvolvidas por
sua escola que visam á conscientização ambiental. No gráfico 10 como podem ser observados,
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54% respondeu que a escola desenvolve palestras, 9% desenvolvem a horta na escola,
reciclagem e debates em sala de aula, 4% filmes, 1% coleta seletiva, 3% desenvolve
caminhadas, 5% responderam nada, e 3% não responderam. Estas são algumas maneiras de
trabalhar a Educação Ambiental, que proporciona ao educado desenvolver as suas
potencialidades e criar posturas pessoais, com comportamento construtivista em um ambiente
mais saudável.
E no gráfico 11 analisa o grau de interesse dos discentes, sendo que 41% responderam
que o seu interesse é médio e 34% responderam que tem muito interesse, 17% pouco se
interessam pelo assunto. Com base nos dados pode ser observados que os alunos são
interessados em aprender a educação ambiental, mas cabe à escola explorar cada vez mais e
buscar sensibilizar esta porcentagem que não são interessados.
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E no gráfico 12 busca analisar se os alunos aprendem sobre Educação Ambiental e se
eles transmitem os mesmos. 59% responderam que sim e 36% responderam que não transmitem
e 5% não Responderam. Com isto é contemplado o interesse pela transmissão do que é
aprendido na escola, objetivando assim o alcance da sociedade fora do ambiente escolar.
Por fim no último gráfico 13 busca compreender a frequência em que a escola trabalha
com a educação ambiental. Sendo que 47,45% responderam que a frequência era pouca, 39,98%
responderam às vezes, nunca e sempre tiveram a mesma porcentagem (5,08%) e 3,39% não
responderam. A escola deve trabalhar durante todo o ano letivo com a Educação Ambiental e
não apenas em datas comemorativas, com o objetivo de chegar à formação de novas concepções
críticas.
Dessa forma pode se perceber que a frequência do estudo que aborda a Educação
Ambiental, é muito pouca, assim percebida pelos estudantes. Necessitando de maior abordagem
desta temática dentro de todas as disciplinas escolares, não deixando a cargo de disciplinas da
Gráfico 12.
Fonte: pesquisa de campo, 2015.
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área de Ciências da Natureza, cabendo assim maiores abordagens nas outras áreas do
conhecimento.
CONCLUSÕES
A escola é um ambiente propicio ao desenvolvimento da Educação Ambiental, através de
metodologias dentro da prática escolar que envolva cada ser dentro do processo. Com a
finalidade de gerar uma consciência ambiental, por meio da sensibilização do seu alunado. Com
base nos dados analisados sobre a Educação Ambiental desenvolvida na escola pesquisada,
muitos dos alunos acreditam saber o que é Educação Ambiental, isto devido os meios de
comunicação proporcionar a comoção por meio da mesma, o que é mais de admirar é o
individualismo em ver como um problema ambiental, o que somente afeta a cada ser humano,
como se cada homem e mulher vivessem no ecossistema e não dependesse do que esta nele.
Os conteúdos curriculares que hoje devem ser trabalhados dentro de sala de aula tem que
está envolvido dentro dos conteúdos transversais como a Educação Ambiental, não basta espera
que somente as disciplinas como a Biologia estude a natureza, por exemplo, pois dentro dos seus
conteúdos já são estudados de forma integrada.
Portanto ao longo do planejamento escolar há uma maior preocupação com as datas
comemorativas como a semana do meio ambiente, o dia da água, o dia da árvore, com isto, não
basta trabalhar a Educação Ambiental somente nestas datas comemorativas, ela deve ser
trabalhada ao longo de todo o ano, também não deve ser estudada como uma disciplina isolada
dos outros conhecimentos científicos.
Por outro lado cada educando tem a sua maneira de perceber o meio na qual esta
inserido, o problema ambiental que hoje é considerado maior é a crise hídrica que afeta todo o
País, mas esse é somente um dos efeitos que vem sendo carregado pelos os outros efeitos
ambientais como: desmatamento, assoreamento dos rios e lagos, lixos, esgotos, aquecimento
global etc. Isto é devido ao desequilíbrio ambiental causado pelos efeitos antrópicos.
Contudo não tem como reverter tudo isto cabe a cada um fazer a sua parte como
cidadãos conscientes, para que todos tornem responsáveis pelos seus atos, assim como,
empresas, políticos, comunidade e escolas para o desenrola de uma educação. A única maneira
de alcançar esse objetivo é por meio da sensibilização, ou seja, da comoção popular. Na qual,
alcance a percepção individual, empresarial e coletiva. Portanto a Educação ambiental é capaz
de proporcional o equilíbrio dentro de uma comunidade biológica, por meios sustentáveis. Dessa
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forma, novas pesquisas poderão ser desenvolvidas, na qual busque novas abordagens cientificas
e aumente a percepção ambiental dos alunos e alunas, que são o futuro da nação.
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OS IMPACTOS DO DESMATAMENTO NA VEGETAÇÃO BRASILEIRA
Sileide Mendes da Silva
RESUMO
A pesquisa teve como objetivo analisar as causas do desmatamento no Brasil e os impactos
provocados na vegetação. Fundamentada na pesquisa bibliográfica, os autores mostraram que o
desmatamento é uma atividade que objetiva a retirada total da cobertura vegetal nativa de uma
área ou a degradação de uma área de floresta pela diminuição da densidade e a modificação da
estrutura espacial das árvores, com perda de biomassa, diversidade genética e de espécies, além
do impacto na redução na efetividade de serviços ambientais. Em um sentido mais restrito, o
desmatamento é um processo de conversão de espaços com cobertura florestal em áreas não-
florestadas, objetivando atividades agropecuárias como exploração madeireira, emprego da terra
para plantio e formação de pastagens; assentamentos urbanos e reforma agrária; atividades
industriais; florestais; para o processo de geração e transmissão de energia; de mineração; e de
transporte. Os resultados apontam que na maioria dos casos, o desmatamento pode provocar
modificações geográficas sejam elas erosão, assoreamento de rios, enchentes, problemas de
saúde como aumento de doenças infecciosas consequente da perda de habitats naturais de
vetores de doenças, como no caso do Mal de Chagas e modificar o clima com aumento da
concentração de CO2 atmosférico, mudanças nas fases de chuva, entre outros.
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Palavras Chave: Desmatamento. Vegetação. Ecossistemas brasileiros.
INTRODUÇÃO
Atualmente, todos os biomas ou os domínios morfoclimáticos do Brasil estão degradados
ou sofrendo ameaças em grande ou pequena escala pela ação pela atuação das pessoas na
exploração predatória dos ecossistemas. Os motivos da degradação são diversos e estão
vinculados a problemas históricos, demográficos, sociais e culturais.
Um dos principais agentes de mudança das paisagens naturais tem sido o ser humano,
desde especialmente a fases da Revolução Industrial e a expansão do processo de urbanização
acontecida a partir do final do século XVIII.
O desenvolvimento e aperfeiçoamento de técnicas e tecnologias concedem às sociedades
humanas uma grande capacidade de modificar a paisagem natural. E quanto mais o ser humano
produz, mais usa as reservas de água, minérios, madeira e outros recursos naturais. Para
consegui-los, as pessoas praticam queimadas, desmatamentos, esgota o solo, caça e pesca de
maneira predatória etc. E essas atitudes danosas ao meio ambiente não causam sequer
preocupação aos impactos que causará, ainda despeja seus dejetos e materiais poluentes na
atmosfera, nos rios e no mar.
Como resultado da história de ocupação do território brasileiro - extração do pau-brasil,
cultivo da cana-de-açúcar, do café e atualmente da soja, estabelecimento de fábricas e expansão
de cidades - as paisagens naturais identificadas no passado sofreram e ainda sofrem grandes
alterações.
Partindo do princípio que o desmatamento abrange um impacto ambiental dos mais
acentuados, em decorrência da descaracterização total do habitat natural, leva-se em conta esta
prática como sendo a última opção, pois se a área requerida para o desmate ainda é madeirável,
isto é, se ela possui madeira de boa qualidade em números economicamente viáveis, ao
contrário de se realizar um desmatamento, deve-se inserir um Plano de Manejo Florestal
Sustentado (PMFS).
Caso a área solicitada seja para constituição de pastagens, dependendo do tipo, pode-se
escolher pelo plantio direto. Nos casos em que a área requerida realmente depende do corte raso
para favorecer a utilização agrícola, pode-se intercalar faixas de vegetação nativa entre as áreas
de plantio, objetivando reduzir os impactos abrangido com a perda de solo e processos erosivos.
Com base nesses argumentos, a pesquisa trouxe como problema: Quais os impactos do
desmatamento na vegetação brasileira?
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A escolha da temática deve-se ao fato de buscar dados e divulgá-los, visto que é
necessário agir e agora, para minimizar os impactos da sociedade de hoje sobre as futuras
gerações. Num momento em que a Natureza se apresenta especialmente inquieta, com
manifestações provocadas ou não pelo homem – mas que cobram um preço alto em vidas –, tais
como furacões furiosos, enchentes devastadoras, deslizamentos mortais, invernos glaciais,
chega-se a necessidade de repassar informações chamando não somente à reflexão, mas,
especialmente, à ação de todos em defesa da vida.
Fundamentado na pesquisa bibliográfica, teve-se como objetivo geral: analisar as causas
do desmatamento no Brasil e os impactos provocados na vegetação. Como objetivos específicos:
analisar a importância de preservar a natureza e combater o desmatamento e divulgar as várias
causas e as consequências do desmatamento.
VEGETAÇÃO E OS IMPACTOS DO DESMATAMENTO
Quando os ecossistemas são afligidos por impactos ambientais, normalmente a vegetação
é o primeiro elemento da natureza a ser afetado, pois é reflexo harmonizado das condições
naturais de solo, relevo e clima do lugar em que acontece.
Nos dias atuais, todas as formações vegetais, em maior ou menor grau, deparam-se
alteradas pela ação das pessoas. Isso aconteceu especialmente em decorrência das atividades
agropecuárias e pelos impactos provocados pela industrialização e urbanização. Em muitas
situações, restam unicamente algumas manchas em que a vegetação original é localizada, nas
quais, embora com pequenas modificações, ainda mantem suas características principais.
O primeiro resultado do desmatamento é o comprometimento da
biodiversidade, em decorrência da redução ou, mesmo, da extinção de espécies
vegetais e animais. As florestas tropicais tem uma grande biodiversidade e, por
isso, possuem um valor indeterminável (FREYRE, 2007, p.23).
Diversas espécies, atualmente ainda desconhecidas da sociedade urbano-industrial,
podem vir a ser a resolução para a cura de determinadas doenças e poderão ser utilizadas na
alimentação ou como matérias primas. Com o desmatamento, existe o perigo dessas espécies
serem destruídas antes de serem descobertas e pesquisadas.
Especificamente na Floresta Amazônica existe uma grande quantidade de espécies
endêmicas. Parte desse patrimônio genético é conhecida pelas diversas nações indígenas que ali
residiam, mas a maioria dessas comunidades nativas está passando por um processo de fazer
parte da sociedade urbano-industrial que tem conduzido a perda do patrimônio dos seus
conhecimentos.
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Outro aspecto relevante que atinge os interesses nacionais dos países onde existem
florestas tropicais, inclusive o Brasil, é a biopirataria, por intermédio das quais diversas
empresas escolhem práticas ilegais para assegurar o direito de explorar, no momento futuro,
possíveis matéria prima para a indústria farmacêutica e de cosméticos, dentre outras indústrias.
Conforme Drew (1996, p.68) as principais consequências do desmatamento são:
– Destruição da biodiversidade;
– Genocídio e etnocídio das nações indígenas;
– Erosão e empobrecimento dos solos;
– Enchente e assoreamento dos rios;
– Diminuição dos índices pluviométricos;
– Elevação das temperaturas;
– Desertificação;
– Proliferação de pragas e doenças.
O desmatamento traz consequências sérias como é o caso da destruição e extinção de
variadas espécies. Diversas espécies podem auxiliar na cura de doenças, utilizadas na
alimentação ou como novas matérias-primas, são desconhecidas do ser humano.
Uma outra consequência agravante do desmatamento é o desenvolvimento dos
processos de erosão. As árvores de uma floresta têm o papel de proteger o solo,
para que a água da chuva não passe pelo tronco e infiltre no subsolo. Elas
reduzem a velocidade do escoamento superficial, e impedem o impacto direto
das chuvas como o solo e suas raízes auxiliam a conservá-lo, dificultando a sua
desagregação (DREW, 1996, p.69).
A retirada da cobertura vegetal expõe o solo ao impacto das chuvas. As consequências
dessa interferência do ser humano são diversas (CARVALHO, 1997):
– acréscimo do processo erosivo, o que conduz a um empobrecimento dos solos, como
consequência da retirada de sua camada superficial e, muitas vezes, termina inviabilizando a
agricultura;
– assoreamento de rios e lagos, como consequência da elevação da sedimentação, que
causa desequilíbrios nesses ecossistemas aquáticos, além de provocar enchentes e, diversas
vezes, trazer empecilhos para a navegação;
– eliminação de nascentes: o aprofundamento do lençol freático, causado pela redução da
infiltração de água das chuvas no subsolo, diversas vezes pode causar problemas de
abastecimento de água nas zonas urbanas e na agricultura;
– redução dos índices pluviométricos, em consequência do acontecimento abordado
acima, mas também do fim da evapotranspiração. Avalia-se que 50% das chuvas que caem
sobre as florestas tropicais são consequências da evapotranspiração, ou seja, da troca de água da
floresta com a atmosfera;
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– aumento das temperaturas locais e regionais, como resultado da maior irradiação de
calor para a atmosfera por meio do solo exposto. Boa parte da energia solar é consumida pela
floresta para o processo que se denomina fotossíntese e evapotranspiração. Se não houvesse
floresta, quase toda essa energia seria refletida de volta para a atmosfera em forma de calor,
aumentando as temperaturas médias;
– agravamento dos processos de desertificação, em decorrência da junção de todos os
fenômenos até agora abordados: redução das chuvas, aumento das temperaturas,
empobrecimento dos solos e, logo, acentuada redução da biodiversidade;
– ou término das atividades extrativas vegetais, muitas vezes de grande valor
socioeconômico. É relevante perceber que, muitas vezes, compensa mais, em circunstancias
sociais, ambientais e até mesmo econômicas, o cuidado com floresta, na qual pode ser explorada
de maneira sustentável, sendo mais compensadora do que sua troca por outra atividade qualquer;
– crescimento em número de pragas e doenças, como resultado de desequilíbrios nas
cadeias alimentares. Algumas espécies, normalmente insetos, antes em nenhuma nocividade,
passam a multiplicar exponencialmente com a matança de seus predadores, provocando sérios
danos, especialmente para a agricultura.
A devastação das áreas, de floresta causam grandes impactos tanto locais quanto
regionais, além de existir também um perigoso impacto a nível global. A destruição da floresta
seja ela decorrente de incêndios criminosos, seja pela retirada de lenha ou carvão vegetal para
variados fins, uma delas é a queima do carvão vegetal na Amazônia brasileira principalmente no
Pará para garantir a produção de ferro nas usinas daquela região, por sua vez processo vem
colaborando de forma acentuada para o aumento da concentração de gás carbônico na
atmosfera, ainda é importante ressaltar que esse gás é um dos principais responsáveis pelo efeito
estufa (CARVALHO, 1997).
Os incêndios ou queimadas nas florestas brasileiras, vem consumindo uma quantidade
imaginável de biomassa todos os anos, são causados principalmente para o desenvolvimento das
atividades agropecuárias, em muitos casos ocorrem em gigantescos projetos que recebem
incentivos do governo e, logo, sob a proteção da lei. Podem também ser consequências de
práticas criminosas ou ainda de acidentes, inclusive naturais.
A DEGRADAÇÃO AMBIENTAL DOS ECOSSISTEMAS BRASILEIROS
A natureza sempre atendeu as necessidades das pessoas. Nos primórdios, de maneira
simplória limitava-se unicamente à alimentação, mas ao deixar sua condição de nômade o
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homem necessitou desenvolver habilidades que provessem as novas condições. A posição era
outra e passou a demandar mais do meio natural, era preciso produzir, e não unicamente colher.
Até adentrar na Era Industrial a degradação ambiental acontecia em um grau menor, mas
era conveniente progredir, a humanidade atingira outro estágio – aumentara a população e
consequentemente a produção era proporcional em todos os níveis. A destruição dos
ecossistemas ultimamente está globalizada e inversamente proporcional à produção e ao
consumo da população do mundo.
Desde o período do descobrimento, o solo, as águas, a fauna e a flora são
exploradas para as variadas atividades, quando então o país tornou-se fonte
inesgotável para prover a produção industrial em todo o mundo. De início foi o
pau-brasil que estava mais á mostra, depois os mais diversos tipos de matéria-
prima, que atendia a necessidade do crescimento industrial da Europa e que se
começa no Brasil na segunda metade do século XX. O desenvolvimento foi e
será preciso, no entanto atingiu um limite que não é mais possível controlar, e a
degradação dos ecossistemas no Brasil é resultado tanto da exploração externa
como interna para manter o processo desenvolvimentista que sempre priorizou
unicamente com a produção e o lucro (PRADO JR, 1959, p.24).
O perigo que rodeia os ecossistemas acontece por falta de um compromisso maior
quando do uso dos recursos naturais. A ausência de um planejamento apropriado levou a uma
corrida demasiada para a exploração destes recursos, cuja renovação não acompanhou o ritmo
intensificado da produção.
Ao todo são sete ecossistemas que envolvem o Brasil de norte a sul, e de grande
relevância para continuidade da vida, inclusive do planeta com toda a modernidade que atingiu
no decorrer dos milênios.
Na Amazônia está o maior ecossistema do mundo, e em decorrência das benéficas
condições climáticas, concentra a maior biodiversidade do planeta. Conforme o Fundo Mundial
para a Natureza (WWF), organização não-governamental, a região possui uma vegetação
formada por mais de 30 mil espécies distribuídas de maneira diversificada entre cerrados com
savanas nas áreas mais secas; gramíneas nos campos e campinaranas.
De acordo com cada tipo de solo e da topografia de cada região a vegetação podem ser
divididas em matas de terras firmes nas quais nunca são alagadas, matas de várzea que sofrem
alagamentos durante os meses de cheia e matas de igapó essas por sua vez fica
permanentemente alagadas (FURLAN E NUCCI, 1999).
A fauna possui 85% dos peixes de água doce da América do Sul, 350 espécies de
mamíferos, 950 tipos de aves e cerca de 2,5 milhões de insetos. Todas estas comunidades
animais e vegetais residem níveis diferentes ao longo da floresta. A degradação que vem
acontecendo na Amazônia é ocasionada pelas práticas mineradoras e agropecuárias, bem como
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pela atividade da caça e pesca predatória que põem em perigo sua biodiversidade com impactos
como o desmatamento, erosão, poluição das águas e inundações de florestas (ALMANAQUE
ABRIL-BRASIL – 2002).
O Pantanal, situado no Centro Oeste brasileiro é a maior planície alagada do planeta com
cerca de 150 mil quilômetros quadrados, localizada numa área de transição entre a floresta
Amazônia e o Cerrado, com ecossistemas aquáticos. Especificamente agrícola, e com intensa
atração para o Turismo ecológico pela agradável paisagem que possui, manifesta sérios
problemas no que se refere a degradação ambiental, especialmente com o lixo acumulado nas
regiões ribeirinhas, que agrupam localidades com saneamento básico escasso e são pontos de
partidas para diversas atividades e acabam por contaminar as águas no decorrer das hidrovias.
O Ecossistema de Caatinga prevalece na região do semi-árido e abrange oito Estados
Nordestinos (Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte,
Sergipe), e ainda parte do norte de Minas Gerais. O clima sobressai o semi-árido e as altas
temperaturas, a maior média do país, entre 25º C e 29º C e o solo seco. A fauna é formada por
lagartos, serpentes, anfíbios e mamíferos, dentre este último grupo, estão veados, preás, cutias,
gambás, capivaras entre muitos outros animais.
Uma das principais características da vegetação nessa região é a perda total das folhas de
quase todas as espécies no período da estação seca, a água é armazenada em seus tecidos, suas
folhas têm superfície reduzida ou reduzida a espinhos. No bioma caatinga predomina as famílias
Bignoniceae (carobas e paus d‘arco), Enphorbiaceae (maniçoba e marmeleiros), Leguminosae
(juremas e jatobás), entre os cactos encontra-se o mandacaru (Cereus jamacuru), o xique-xique
(Cephalo cereus gounellei), entre outros (RODRIGUES, 2011).
Este ecossistema vem sofrendo degradação há vários séculos, as perdas foram
especialmente em decorrência à colonização da área fundamentada restritamente na agricultura e
pecuária, que propiciou a formação de grandes latifúndios que mantem atualmente, ocasionando
danos com o desmatamento, utilização demasiada dos lençóis de água e a desertificação.
No estado do Piauí concentra-se uma área considerável de degradação na qual é
responsável por gerar o desaparecimento de várias espécies de animais e vegetais (…). As
principais causas do processo de desertificação na região de Gilbués e áreas circunvizinhas é
basicamente pela destruição da cobertura vegetal do solo, incentivada num primeiro momento
pela extração de diamantes e em seguida pela implementação de campos pastoris naquela região
(SILVA NETO, 2001).
O território brasileiro tem como a segunda maior vegetação o cerrado e envolve dez
estados do Brasil Central, o que corresponde 23,1%. Com duas estações bem estabelecidas com
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o inverno seco e verão chuvoso, este ecossistema contem três das maiores bacias hidrográficas
da América do Sul. Concentra uma vegetação rica, com árvores esparsas e espalhadas entre
arbustos, e uma vida animal variada, tendo inclusive algumas espécies postas em perigo de
extinção como é o caso do mico-leão dourado e a preguiça de coleira em decorrência da caça e
do comercio ilegal de animais e vegetais.
Os fatores de degradação que mais atingem as áreas de Cerrado são: mineração e os
projetos agropecuários e a expansão territorial. Na mesma proporção que se ocorre o
desenvolvimento, acontece a degradação, e o afastamento entre o equilíbrio econômico e o
ambiental fica cada vez maior.
O ecossistema mais degradado do país é a Mata Atlântica, juntando-se a ela a Mata de
Araucárias, o cerrado e a Zona Litorânea, constitui uma das maiores interações ecossistêmicas.
A cobertura vegetal correspondia 15% das terras descobertas, envolvendo a região Sudeste, Sul
e Nordeste. Sua degradação foi intensa e diversos fatores foram usados ao mesmo tempo,
desmatamento, agricultura, e expansão urbana. Hoje está limitada a 7% de sua área original,
preservados, devido à presença da Serra do Mar.
É importante ressaltar que cada floresta possui características exclusivas como condições
de umidade, de temperatura e tipos diferentes de solo. Isso pode ser observado por exemplo na
composição das espécies de uma floresta ao nível do mar e de uma outra localizada no topo de
uma montanha. Em sua vegetação encontra-se espécies de madeiras raras e de grande valor
econômico como o cedro (Cedrela fissilis) e a peroba rosa (Aspidosperma peroba).
Já na fauna existe uma variedade tanto para os ambientes aquáticos (patos, mergulhão
pescador, jacarés, cagados e várias espécies de peixes), como para os de terra firme como,
quatis, onças, lagartos, gambas e vários tipos de primatas. Na região norte do pais predomina os
campos em faixas isoladas, porém, é no sul do Brasil que se concentra uma vasta pradaria. A
região dos pampas gaúchos predomina a vegetação aberta e com arvores de pequeno porte
formadas por gramíneas (campos limpos), arbustos (campos sujos) e herbáceas, há também
algumas espécies que são endêmicas, como os cactos e as bromélias. A hidrografia, a terra e o
clima favorecem o desenvolvimento das atividades agropecuárias nas quais são as principais
responsáveis pela degradação que vem acontecendo nesse ecossistema, ocasionando ainda a
perda da fertilidade do solo, a erosão, desmatamento e a desertificação (FURLAN E NUCCI,
1999).
O cenário ambiental do Brasil, está passando por uma fase que carece de uma atenção
especial, tanto por parte das autoridades brasileiras, quanto dos organismos internacionais que
cuidam pela harmonia entre o ser humano e o meio ambiente.
126 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
Os programas de preservação devem ser intensificados para dificultar interferências mais
intensas sobre o meio ambiente, bem como tomar providências de conservação que direcionem
ao manejo sustentável, ou seja, a exploração dos recursos naturais sem grandes impactos
ambientais.
Para modificar conceitos e hábitos, será preciso não unicamente educar o ser humano
para uma melhor convivência com o espaço natural, mas alterar as relações capitalistas, como
novos sistemas produtivos e com uma nova estrutura social. No entanto, todo este enfoque não
omite o ser humano a sua parte de responsabilidade quanto à degradação provocada aos recursos
naturais.
A gestão racional é uma opção para reintegrar o ser humano e natureza, que
não são partes isoladas, o espaço é o mesmo para a convivência harmoniosa de
ambos. Para o ecossistema progredir não poderá haver isolamento de uma
espécie dentro do sistema geral, o progresso é contínuo e sucessivo com
estabilidade para todos os integrantes (RIZZINI 1998, p.33).
A ideia de utilização diversa das unidades básicas da organização da natureza manifesta-
se como uma forma mais adequada para sanar o desequilíbrio ambiental, pois requer em
responsabilidade para o uso dos recursos naturais, onde o manejo favorecerá uma estabilidade
dos ecossistemas.
Desmatamento da Amazônia
O pulmão do mundo possui oportunidades de virar um enorme deserto se os níveis de
desmatamentos não reduzirem níveis a se considerar. Críticos apontam que o poder público não
fiscaliza sob a ótica qualitativa e por resultado ocorrem acréscimos nos principais índices que
servem para medir o desmatamento que ocorre na floresta amazônica.
No último mês de dezembro do ano de 2012 ocorreu verificação por conta do IMAZON
(Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia) para ter conhecimento sobre os valores
que se relacionam com o desmatamento na floresta amazônica. De acordo com a instituição de
pesquisa ocorreu à degradação que se equivale em valores superiores do que 170 quilômetros
quadrados.
Se for fazer uma comparação com os valores que foram obtidos através dá instituição de
pesquisas na comparação entre os valores de 2009 a 2011, percebe-se que ocorreu um acréscimo
de quase mil por cento em termos de desmatamento, manifestando que a degradação no
território ocorre de modo rápido e sem controle por conta do poder público. Interessante
127 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
observar que durante o período foram desmatados cerca de dezesseis quilômetros quadrados de
floresta amazônica.
Durante o primeiro mês do ano de 2011 registrou-se pouco, cerca de oitenta quilômetros
quadrados tratando-se somente de desmatamento, um fato que na prática representa um aumento
superior a vinte por cento, levando em consideração com o mesmo período do ano anterior, no
qual durante este período o ato de desmatar quase atingiu o patamar de setenta quilômetros
quadrados do território amazônico.
Ainda pode-se considerar que na real circunstância dos fatos esses valores podem
ultrapassar os que foram registrados de acordo com informações da própria instituição de
pesquisa, uma vez que o monitoramento realizado nessa região nos anos de 2010 e 2011 foi
prejudicado tendo uma estimava de monitoração em valores de 30% do território completo.
Segundo o IMAZON isso aconteceu por causa da presença de muitas nuvens durante os
períodos de trabalho impossibilitando assim a análise de quase 70% do território amazônico,
principalmente na área do Acre e Amapá, nos quais quase 80% de seus territórios estavam com
as extensões vegetativas cobertas por essas nuvens.
Conforme o próprio Ministério do Meio Ambiente com o tempo ocorre
aumento nos níveis de desmatamento no território amazônico que está presente
em terras nacionais. A Amazônia Legal indicou crescimento depois de ocorrer
queda do desmatamento no período de quatro anos, acontecimento que está
contrabalanceado por variados institutos de pesquisas que não convergem com
os dados ministeriais. O ato de desmatar se encontra sob a percepção ilegal e
por resultado enriquece unicamente o mercado paralelo (AMAZONAS, 2009,
p.46).
A floresta Amazônica vem sendo agredida constantemente com o desmatamento, o lucro
e o comodismo demasiadamente em grandes proporções das autoridades são os principais
motivos deste imenso problema que assola a maior floresta no mundo, e a cada dia que passa
parece não ter fim toda essa degradação.
Há 500 anos quando os portugueses vieram para o Brasil e levavam a matéria prima, já
era o começo do desmatamento, e como se não fosse o suficiente os próprios habitantes do
Brasil começaram a cometer o mesmo tipo de exploração, provocando assim um descaso com o
meio ambiente.
O principal motivo do desmatamento é a consciência do ser humano pelo que ase
percebe nos resultados e acontecimentos que estão vindos junto com esta devastação. E
logicamente por queimadas, posses ilegais de moradias, madeiras ilegais, entre muitos outros
aspectos.
128 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
O aumento da população fez com que as pessoas necessitem de mais artigos retirados das
reservas ambientais e especialmente da Amazônia, pois é a floresta mais abundante em matéria
prima, mas essa necessidade tornou-se um exagero veloz demais, e é bem provável se a situação
permanecer assim, as matérias primas terão que serem outras.
A disseminação de doenças irá aumentar, especialmente no norte do país, provocando
problemas maiores ainda.
Mas o pior é que irá chover de forma abundante em alguns lugares, provocando
enchentes e mortes absurdas, e em outras secas, que especialmente provocaram mortes por
fome, mas, os impactos mais manifestos são a erosão e a compactação do solo e o esgotamento
dos nutrientes.
À medida que a qualidade do solo piora, a produção agrícola abaixa junto com ela,
alguns sistemas podem ser conservados, por exemplo a alternância de cultivo é uma alternativa
para suprir essas perdas.
As escolhas da administração florestal terminam nas mesmas proporções que vai
desmatando, tanto nos recursos genéticos quanto nos recursos farmacológicos. Quando a floresta
é transformada para utilizações como as pastagens, todas as funções realizadas pela bacia
hidrográfica são perdidas.
As cheias são constituídas quando as áreas desmatadas são precipitadas, pelas enormes
fases em que as águas não percorrem na sua direção normal.
Conforme Brasil (1991) algumas ações que se sobressaem na prevenção dos
desmatamentos são: ―Com imagens de satélite detectar, em tempo real que está acontecendo,
cada árvore que está sendo retirada, sendo ele legal ou ilegal, esse sistema terá um alerta, a
pessoas que estarão controlando quase que 24 horas‖.
Outra maneira que será eficaz é o acordo que os Ministérios estão fechando, de ações de
fiscalização, tanto para o trabalho escravo ou infantil, e especialmente para o desmatamento,
dentre diversas outras atividades ilícitas praticadas na Amazônia.
Contudo, é necessário a aquisição de equipamentos e outras melhorias para que essas
ações se tornem possíveis. Porém, enquanto tudo isso não se torna concreto, necessita-se ter
certeza de onde vem os produtos que se está adquirindo, se não são mais peças retiradas das
escassas matérias primas que ainda restam na mata.
Desmatamento da Mata Atlântica
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O desmatamento no Brasil hoje é um dos maiores problemas ecológicos encontrados no
país. Diversas são suas causas, e elas têm peso diferenciados nas variadas regiões, sendo as mais
relevantes a transformação das terras para a produção agrícola ou prática da pecuária, a extração
de madeireira, a grilagem de terras, a urbanização e a fundação de infraestruturas como pontes,
estradas e barragens. O estado do Mato Grosso é o mais afetado pelo desmatamento, seguido
pelo Pará e Rondônia.
Desde que o ser humano chegou ao atual território do Brasil, milhares de anos
atrás, passou a causar impacto no meio ambiente em ciclos repetidos de
desmatamento. Mudanças climáticas também devem ter ocasionado relevantes
rearranjos nas composições florestais de amplas regiões, mas o conhecimento
do processo em períodos tão recuados é muito incompleto (CÂMARA, 2009,
p.91).
Por meio da conquista portuguesa em 1500 os acontecimentos começam a ser mais
abundantes, demonstrando que muitas florestas caíram, principalmente no litoral, para retirada
de madeiras e utilização agropecuária da terra. Desse período para cá o problema se intensificou
profundamente.
Estima-se que o país tinha originalmente 90% de sua área coberta por formações
florestais diversas, o restante era formado de campos, mas em 2000 a proporção total havia
reduzido para 62,3%. Regionalmente o acontecimento é ainda mais preocupante. Alguns biomas
tiveram diminuições muito maiores, principalmente a Mata Atlântica, uma das florestas mais
ricas em biodiversidade do mundo, da qual atualmente resta menos de 13%, e em estado
bastante fragmentário, o que aumenta sua fragilidade.
Desde os anos 70 o desmatamento vem obtendo crescente evidência nos meios de
comunicação e vem sido combatido pelo desenvolvimento de número de personalidades
notáveis, entre as quais se destacam cientistas, juristas, filósofos, artistas e educadores de mérito
bastante reconhecido, desenvolvendo uma considerável polêmica pública que nos últimos anos
que se tornou de maneira intensa.
Em toda, a parte se crescem em número as pesquisas científicas e as ações independentes
para um crescimento ecologicamente livre de risco, o governo tem investido diversos recursos
na esfera e tem grandes projetos para o futuro, mas isso tem sido contemplado muito pouco para
garantir uma alteração decisiva rumo à sustentabilidade, e o governo em sido rigidamente
criticado por desenvolver retrocessos intensos em diversos níveis que anulam os ganhos.
Conforme dados da FAO ( Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a
Agricultura) divulgados em março de 2010, nos anos anteriores o Brasil vinha manifestando
uma clara tendência de diminuição na taxa anual de perdas, e diminui a área líquida desmatada
em 20 anos. Todavia, permanece líder mundial, seguido pela Indonésia e a Austrália, e em 2013
130 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
o ritmo da devastação voltou a aumentar rapidamente, colocando a perder os progressos obtidos
na década passada para manter o controle do problema.
O desmatamento não é um impacto ambiental isolado. Ele está intimamente
associado a outras deteriorações ecossistêmicas, como é o caso da poluição, a
invasão de espécies exóticas e o aquecimento global, reage com eles e essa
incorporação os torna mais intenso mutuamente, ocasionando resultados
negativos maiores do que a simples junção de seus componentes, resultados
que são muitas vezes irreversíveis (FERREIRA, 2005, p. 43).
O problema é grave no Brasil, tem origens culturais bastante antigas e profundas e
muitas ramificações, ocasiona graves danos ecológicos, econômicos, sociais e culturais, e sem
aparentar está próximo de uma solução decisiva, encarando maciça pressão de setores
conservadores e do agronegócio.
Os especialistas que o pesquisam afirmam que são precisas providências muito mais
vigorosas de combate, que levem em conta as informações científicas antes do que os interesses
políticos e econômicos, e que abranjam uma educação da sociedade em grande escala, pois
grande parte do problema origina da escassa informação do público em geral, principalmente
das populações menos favorecidas, sobre a decisiva influência de seus hábitos e modos de
pensamento na degradação do meio ambiente e na destruição das florestas, e sobre as
repercussões negativas em grande escala que disso resultam, em dano tanto da natureza como da
qualidade de vida da população.
Desmatamento e seca
O ciclo de chuvas está intrinsecamente associado ao serviço ambiental praticado pelas
florestas. Quando árvores caem ou morrem, a seca se intensifica. O Brasil vive uma fase crítica
de estiagem, que poderia não ser tão séria caso não se tivesse praticado o desmatamento tanto no
passado.
O desmatamento na Amazônia deve estar favorecendo de alguma maneira para
a atual seca que afeta o Sudeste. A associação entre a reciclagem de água pela
floresta amazônica e o transporte de vapor d‘água do Norte do país para o
Sudeste, nos denominados ‗rios voadores‘, é bem enfatizada (FERREIRA,
2005, p.46).
Apesar da incerteza sobre o que provoca a seca, é relevante aprender as lições que essa
ocorrência ensina as pessoas. A primeira lição enfatiza ao ‗desenvolvimento‘ da Amazônia: se
este permanecer a percorrer o curso atual, com o continuo plano de construir novas rodovias,
barragens e outras estruturas que favorecem para o desmatamento, e com subsídios para a
destruição da floresta, em uma larga escala de políticas perversas, faltará água, sim, em São
131 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
Paulo. Nesse caso, porém, a falta não estará vinculada unicamente a uma variação de chuvas de
um ano para outro: será para sempre.
O desmatamento da região Amazônia influencia a falta de água encarada pelas regiões
mais populosas do país, incluindo o Sudeste. A redução da quantidade de árvores no bioma
dificulta o fluxo de umidade entre o Norte e o Sul do País.
A falta de precipitação no Sudeste, em específico no estado de São Paulo, seria resultado
indireto do desmatamento amazônico.
A destruição da cobertura vegetal acaba que influenciando na interrupção do fluxo de
umidade do solo enviado para a atmosfera. Desta maneira, os ―rios voadores‖ não ―seguem
viagem‖, provocando a escassez hídrica.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A força do desmatamento é um fator predominante do esgotamento das fontes de água
natural, desta forma provocando o desabastecimento da mesma para suprir as necessidades
básicas da sociedade, e ainda proporciona a erosão de grandes áreas, uma vez que as raízes das
plantas são as responsáveis por evitar esse processo de degradação do solo.
A destruição florestal é uma preocupação de todos os ambientalistas do mundo inclusive
dos brasileiros, pois interferem na fauna, destrói espécies da flora, favorece a poluição das
águas, do ar, provoca chuvas ácidas, do efeito estufa e ainda há no meio de todo esse processo a
comercialização ilegal de madeiras nobres. Assim, acontece a poluição do solo, quando lançado
sobre ele qualquer matéria nestas áreas desmatadas, o material lançado não entra em
decomposição, uma vez que os decompositores naturais são destruídos, tornado assim, o solo
contaminado um agente transmissor e propagador de doenças, provocando ainda a perda da
fertilidade deste.
A situação atual é crítica percebe-se uma modificação na geografia da devastação que
permanece acelerada. A Mata Atlântica está associada a três ecossistemas como a restingas,
manguezais e campos de altitude, vale apena ressalta que mangues são depósitos de matéria
orgânica na qual serve de alimento para inúmeras espécies.
Por último, pode-se salientar as florestas com árvores mais altas e folhagens mais densas,
cujas raízes dificultam a destruição das camadas de solo férteis, movidas pela ação das chuvas.
A sombra da copa dessas árvores tem uma função muito importante que é a preservação das
nascentes e dos lençóis freáticos. Esse conjunto funcionando de forma harmoniosa significa que
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a mata está saudável e com muita vitalidade. Dentro da mata as bromélias uma planta belíssima,
brotam no solo ou em caules, servem de deposito de água para insetos, pássaros e animais
pequenos como mico-leão, outrora, a função destes é dispersar sementes pelo chão da floresta
após se alimentarem das frutas.
A mata ainda manifesta enorme diversidade de madeiras nobres, como o jacarandá, o
pequi e o jequitibá nos quais são imensamente disputados pelos mercados internacionais. Porém
espécies sem grande valor comercial como por exemplo a embaúba, tem lá sua serventia, as
folhas dessas árvores é a base da dieta alimentar do bicho preguiça.
A degradação das florestas, vão desde o interesse econômico das grandes industrias, na
qual utilizam argumentos como a geração de empregos para exploração desenfreada, até mesmo
a sobrevivência de pequenos agricultores. Um fator predominante para o desmatamento de
vastas áreas com o objetivo de sediar grandes fazendas sãos as centenas de autorizações
falsificadas de documentos que autorizam esse desmate.
REFERÊNCIAS:
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AMAZONAS. Governo do Estado. A floresta amazônica e seu papel nas mudanças
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In: Tópicos de manejo florestal sustentável. Curitiba: EMBRAPA-CNPF, 1997.
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FERREIRA, L.V. O Desmatamento na Amazônia e a importância das áreas protegidas,
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Nordeste do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 2007.
FURLAN, Sueli Ângelo, NUCCI, João Carlos. A Conservação das Florestas Tropicais. São
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PRADO JR, C. História econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1959.
RODRIGUES, Joselina Lima Pereira. Estudos Regionais do Piauí. Teresina: Halley, 2011.
RIZZINI, C. T.; COIMBRA FILHO, A. F. Ecossistemas brasileiros/Brazilian ecosystems. Rio
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e econômicos. Teresina: Capital, 2001.
133 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
HUMAN CAPITAL VALORIZATION IMPORTANCE AS INFLUENCE FACTOR OF
ORGANIZATIONAL PRODUCTIVITY
Odair Sousa Silva1, Edneilton Eduardo Andrade de Souza
1, Lílian Filadelfa Lima dos Santos Leal
1,
Débora Maira Messias Leal do Nascimento1, Tiago Vieira Ribeiro de Carvalho
2, Wellington Dantas de
Sousa2 e Jorge Messias Leal do Nascimento
3*
1Discentes dos cursos de Administração e Ciências Contábeis, da Faculdade São Francisco de
Juazeiro, Juazeiro-BA, Brasil. E-mail: [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected] 2Docentes dos cursos de Administração, Ciências Contábeis e Comunicação Social da
Faculdade São Francisco de Juazeiro, Juazeiro-BA, Brasil. E-mail: [email protected],
[email protected] 3Docente dos cursos de Administração, Ciências Contábeis, Comunicação Social e Fisioterapia
da Faculdade São Francisco de Juazeiro, Juazeiro-BA e do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano, Petrolina-PE, Brasil. E-mail:
[email protected] *Autor responsável pelo artigo
ABSTRACT:
This study aims to analyze the importance of human capital valorization and its influence on
increasing organizational productivity, fostering the competitive capacity and contributing to its
success and permanence in the market. The human capital valorization in a company reveals to
be an extremely important factor for businesses goals achievements and for the increasing of its
productivity. Therefore, developing policies for the enhancement of human capital in an
organization turns to be a necessity that companies should worry about deploying, because in
this way, they will be doing a long-term investment and contributing to organizational
success. This article talks about the characteristics of human capital valorization, the importance
of the function production in an organization and the human capital influence on productivity.
Keyword: organizational culture, people management, human resources management
IMPORTÂNCIA DA VALORIZAÇÃO DO CAPITAL HUMANO COMO FATOR
INFLUÊNCIADOR DA PRODUTIVIDADE ORGANIZACIONAL
RESUMO:
Este estudo aborda a importância da valorização do capital humano para a organização,
exercendo influência no aumento da produtividade da mesma, fomentando a capacidade
competitiva da empresa e contribuindo para o seu êxito e permanência no mercado. A
valorização do capital humano em uma organização torna-se um fator de extrema importância
para que, o mesmo alcance resultados nos seus negócios, aumentando assim, a sua
produtividade. Portanto, desenvolver políticas de valorização do capital humano em uma
organização passa a ser uma necessidade que a mesma deve se preocupar em implantar, pois
dessa forma, ela estará fazendo um investimento a longo prazo e contribuindo para o sucesso
organizacional. Esse artigo discorre ainda sobre as características de valorização do capital
humano, a importância da função produção em uma organização e, o capital humano e a sua
influência na produtividade.
Palavra Chave: cultura organizacional, gestão de pessoas, recursos humano
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INTRODUCCIÓN
Human capital is the key driver for the organization income goals achievement,
generating more productivity and growth (MARCH et al., 2013). This sense, creativity, and
efficiency are highly related with production capacity. The term productivity correlates to the
amount of goods and services that the employee can perform every hour of work. Assuming that
production determines the performance of the company, the productivity growth leads to
a performance improvement (ANTON et al., 2012).
In this context, if well applied, human capital can be used as a valuable tool to improve
organization production performance (RAMOS FERREIRA, 2010). Due to the substantial
increase in competitiveness in the market, more and more companies are seeking to develop
differentiate activities that contribute to giving them competitive advantage.
Human capital valorization brings benefits for the organization. For example, if an
employee realizes that the company is actually investing in his career, there will be a return in
productivity, as the value of human capital involves several factors, such as: training,
encouragement of teamwork, investments in new equipment, improvement of working facilities,
personnel and staff security investment, food, bonus, and health insurance not only for
employees, but extended to their relatives. These incorporated values have a significant
contribution to a better employee production performance (MENEZES & ARAGÃO, 2013).
An employee who feels valued in their work environment, and realizes that the
organization sees him as a business partner, indeed exert positive influence on the group of
which it is inserted, making, organizational productivity increases.
THEORETICAL METHODOLOGY ASPECTS
For the development of this article was necessary literature review of the main authors
that stand out with the theme, as Andrade, Severino, Chiavenato, Moreira, Carvalho and
Serafim, by which our work was based on the purpose of acquiring knowledge to the study,
analyzing the development of human capital as influential factor in business productivity.
According to Andrade (2007), "the literature search is a key part of the research as well
as provide a review of the literature on the subject, the literature search allows the determination
of the goals but also based the choice justification".
For Severino (2007), the literature review as a technic aims to the description and
classification of books and similar documents. "The most accurate way to get information is
135 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
through the literature review; that should be relevant to the subject matter to be investigated"
(Köche, 1997). Authors have confirmed that the literature review enriches the search, once it is
where concepts are grounded and also it is where we can identify arguments that support the
importance of a particular subject. It is understood that for the beginning of any study is
necessary to compose a survey of theoretical foundation.
DEVELOPMENT
HUMAN CAPITAL
The concept of human capital has its origins during the 1950 with Theodore W. Schultz
studies. The concept was developed and popularized by Gary Becker, resumed in the 1980s
and has expanded over time. Human capital is understood in general as the human beings
embodied potential especially in the form of health and education (MOTA, 2008).
The unique talent of each individual, when valued and recognized, triggers the best in
productivity, so in the organizational environment, the group of people constitutes the human
capital of organizations. Araujo & Garcia (2009) comment that people in the organization that
form the workforce and contribute favorably to the results in business or whatever the core
activity of the organization, shall consider human capital.
Chiavenato (2004) conceptualizes the human capital as a human talent, which is regarded
as an invaluable property that an organization can gather to achieve competitiveness and
success. Given the above, it is quite remarkable that to worry about the human aspects of an
organization is to worry about its growth. According to Chiavenato (2010), human capital needs
two elements to be relevant for the organization: talents and context. The talents are taken as
knowledge and skills needs to be placed in a context to develop.
HUMAN CAPITAL RELAVANCE FOR ORGANIZATION
Organizations can be described as the result of the combination of people that get
together around similar goals and unite to achieve them. Therefore, the synergy degree that
drives this combination must reach a high level of interaction and harmony because from this
complicity, organization can move up production levels ever higher and satisfactory (JACOB-
VILELA & SATO, 2012).
136 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
For Chiavenato (2004), "the organization is seen as a consciously coordinated activities
system of two or more people, requiring the cooperation between them for the existence of the
organization".
Organizations, in its context, develop a fundamental role in society because they are
responsible for the production and provision of goods and services that will meet the needs of
people.
The current situation increasingly requires from the organizations a concern with its
capital, once it has a very positive influence in the processes development. The good usage of
the human aspect in an organization tends to increase its ability to obtain competitive
advantages over the other existing organizations in the market. Human capital and the
organization should establish a partnership that aims to maximize production and profits, as well
as a better organizational climate, triggering thus a more peaceful and conducive work
environment for the better development of organizational tasks.
The importance to be given to human capital in the organization works with the idea that
organizations with employees working as partners only increase their ability to produce better
and with more quality and satisfaction for both parts, not only for company's functional
processes but also to bring the employee to become more committed, in other words, the
optimization of human capital within an organization develops links between individuals and
organization making employees work more effectively for the benefit of the
organization (PESSANHA, et al., 2010).
Human element without patrimony is not a social cell, as well as the patrimony without
human element does not constitute a company.
For Chiavenato (2004), throughout the course of the industrial age, successful
organizations were those that had their financial capital increased. In the information age, the
financial capital is ceasing to be the most important resource. In its place, we can find Intangible
assets made by: foreign capital, domestic and human capital. Human capital is the capital of
people, talents and skills.
In an organization is essential to have people, but this requires that organizations make
use of a good organizational structure, management focused on the human aspects, not only
promoting employee motivation, but also conducting them to develop activities that contribute
to the organization, increasing their chance to stay in the labor market.
According Chiavenato (2004, p.59) organizations depend on people to drive them and
control them and make them work, there are no organizations without people, the whole
organization is made up of people and depend on them for success and continuity.
137 Expansão Acadêmica, Edição 6, v. 1, n.1, 2019. ISSN: 2447-455X
For Rabaglio (2001), talented people are the ones who bring with them a range of
competencies (knowledge, skills and attitudes) that make the difference in performing the task
and add value to the business.
HUMAN CAPITAL VALUATION FEATURES
Nowadays, the difference between one and another company are the people they have in
it, their human capital. For Kanaane (1999), people have a tendency to compose situations at
work according to their values and it exerts a direct influence on their performance.
The development of human capital in organizations has its origins in the theory of human
relations, which found that the man has some basic needs that need to be addressed. The most
humanistic trend has emerged in the decade of 30, with Elton Mayo saying that work is a group
activity and that man always needs to be in the company of other people and to be recognized as
this motivates human behavior.
According Chiavenato (1993), the theory of human relations created a new
administrative language and began to talk about motivation, leadership, communication, and
informal organization.
The human capital valorization process in an organization is given in many ways and has
very important characteristics that can be analyzed by the organization in order to bring them
long-term benefits.
Human capital valorization contributes with numerous benefits, for example, an
employee who realizes that the organization cares about him and invests in his well being, for
sure will bring positive results making the most committed employee with the
organization. Among the many forms of enhancement of human capital we can say: training,
encouragement of teamwork, investments in new equipment, improvement of working facilities,
personnel and staff security investment.
PRODUCTION FUNCTION IN ORGANIZATION
The production function is part of any organization, from products to services
companies. According to Moreira (2011), the production and operation relate to activities
production-oriented of physical goods or the provision of a service.
In general, companies have their production processes. Production refers to the activities
of industrial companies while the operation is the activitie in service companies and brands.
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Industrial activity in its most characteristic form involves the
manufacture of a product, physical, tangible. On the other hand, service
is provided, and the provision of this service implies an action, although
physical means may be present to facilitate or justify the service
(MOREIRA, 2011, p.1).
The production of an organization aims to develop products or services that meet
customer needs, for that happened is necessary a combination of connected factors that
contribute to providing products or services with quality and convenience to the market is
necessary.
HUMAN CAPITAL AND ITS INFLUENCE ON PRODUCTIVITY
Currently, it‘s been noticed a factor of extreme necessity and relevance on organizations
productivity: human capital valorization. Many companies have been engaged in joint
recognition strategies of their workforce, understanding that this is a necessary action for both
satisfaction in the workplace and to foster a productive and competitive capacity (RAMOS &
FERREIRA, 2010).
Organizations can modify its production capacity through various elements, from
investments in technical compliance, innovative technologies to other productive forces.
However, it‘s understood that only the improvement and adjustment of these tools alone does
not define the growth levels of productivity since this is intrinsically linked to the human capital
of the organization (BIRTH & HETKOWSKI, 2009).
Creative actions and effectiveness in the production of a company are highly
related to the skills and competencies of its workforce. The term "productivity" correlates to the
amount of goods and services that the employee can perform every hour of work. Consequently
it‘s understood that production determines the company performance, and productivity
enhancement will improve performance. Since organizational productivity is directly related to
the productive capacity of the employees and good productivity is the result of an organization
that cares about its employees, it is important that organizations invest in their human capital, in
order to obtain profits enhancement, as well as products with higher quality standards.
Ponchirolli (2000) reports that companies need to realize that people in their jobs are not
just people moving assets, themselves are assets that need to be measured, valorized and
developed. They should indeed be treated as the most valuable of all assets. "
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Human capital is the primary tool for maximizing organizational productivity, to
generate growth opportunities and to make the success of the firm, thereby, the progressive and
productive advancement of an organization reflect its degree of appreciation towards its
employees (ANTUNES & CAESAR, 2007). Employees should be viewed as valuable resources
that could contribute in a rich and varied way to the organization's activities.
CONCLUSION
Given the above, it is remarkable that human capital is an essential part in the
organizational gear, and that its recovery is a paramount icon for the progress of a company. It
should be noted that the enhancement of organization productivity is inextricably linked to
valuation policy of its human capital and requires skills and competencies of the firm's
leadership to recognize the importance and value of its employees.
For Carvalho & Serafim (2001), as work is one of the individual livelihoods and the
individual spends most of his time working, it is necessary that the company has a concern about
their employees, because what it does will influence production.
The dynamism and efficiency of businesses in general are linked to productivity, and
refers to the developer's ability to produce goods and services per hour of work to effectively
meet customer needs, reducing costs and maintaining quality standards, so it is understood that
investing in human capital is the wisest way to assign resources to the main source of wealth of
the company and provide positive returns for the profits of the firm as its Stakeholders.
This study allowed us to diagnose through literature that investing in human capital
optimizes organizational processes and maximize productivity and satisfaction in the workplace,
promoting the interaction between company and employees, besides granting competitive
advantage for the organization with both higher quality standards of the products or services
offered, as the enhancement of employees satisfaction and commitment.
"The people in the organization that make up the workforce and contribute favorably to
the results in business or whatever the core activity of the organization, which makes the
organization reaches its destination are the human capital" (ARAÚJO & GARCIA, 2009).
In conclusion, therefore, the main force of a company is its workforce and the companies
that do not develop focused policies for the human resources enhancement certainly will have
more difficulties to achieve their goals and remain competitive in the global market since the
knowledge, training and appreciation of individuals is the driving force for the success of any
organization.
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