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EXMO. SR. JUIZ DA VARA DO TRABALHO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO Distribuição em 07 de Novembro de 2003 ANTONIO MARCOS DA SILVA, brasileiro, casado, aeroviário, portador da CTPS nº 20.000, serie 001, residente e domiciliado à Rua Montenegro, nº 100 apto. 1102, Ipanema, Rio de Janeiro, CEP 22.000-001, vem, por seu advogado, apresentar a presente RECLAMAÇÃO TRABALHISTA, COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA, Em face de VIAÇÃO AÉREA MINAS GERAIS S/A, com endereço à Avenida do Contorno, nº 03, Belo Horizonte, Minas Gerais, CEP 30.000-000, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos: COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA 1 - Informa o reclamante que a Comissão de Conciliação Prévia de sua categoria profissional ainda não foi constituída. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA O autor requer a concessão dos benefícios da justiça gratuita, nos termos da Lei nº 1060/50, um vez que se encontra passando por sérias dificuldades financeiras, não tendo condições de arcar com o ônus financeiro desta ação, inclusive custas, honorários de advogado e honorários periciais, sem prejuízo do seu sustento familiar O CONTRATO DE TRABALHO

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EXMO. SR. JUIZ DA VARA DO TRABALHO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

Distribuição em 07 de Novembro de 2003

ANTONIO MARCOS DA SILVA, brasileiro, casado, aeroviário, portador da CTPS nº 20.000, serie 001, residente e domiciliado à Rua Montenegro, nº 100 apto. 1102, Ipanema, Rio de Janeiro, CEP 22.000-001, vem, por seu advogado, apresentar a presente

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA, COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA,

Em face de VIAÇÃO AÉREA MINAS GERAIS S/A, com endereço à Avenida do Contorno, nº 03, Belo Horizonte, Minas Gerais, CEP 30.000-000, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA

1 - Informa o reclamante que a Comissão de Conciliação Prévia de sua categoria profissional ainda não foi constituída.

DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

O autor requer a concessão dos benefícios da justiça gratuita, nos termos da Lei nº 1060/50, um vez que se encontra passando por sérias dificuldades financeiras, não tendo condições de arcar com o ônus financeiro desta ação, inclusive custas, honorários de advogado e honorários periciais, sem prejuízo do seu sustento familiar

O CONTRATO DE TRABALHO

2 - O reclamante foi admitido pela reclamada em 13 de Outubro de 1988, para exercer a função de Despachante, recebendo, por último, o salário de R$ 1.500,00, por mês. Foi dispensado, arbitrariamente, sem justa causa, no dia 18 de Março de 2003.3- O autor foi contratado e sempre desenvolveu suas atividades na cidade de Belo Horizonte.

Informa, ainda, que até a presente data, não recebeu as parcelas inerentes a sua dispensa imotivada.

A NULIDADE DO ENCERRAMENTO CONTRATUAL E A ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

4 - A reclamada, desde o ano passado, vem promovendo a dispensa de vários empregados, sem observar os termos da Circular 003/90, bem como o conteúdo da clausula 1ª do termo aditivo da norma coletiva, pertinente a categoria profissional do autor.

É importante registrar que a Circular supra mencionada estabelece que, em caso de necessidade de redução da força de trabalho, a reclamada deverá priorizar os empregados com menor tempo de serviço na empresa.

Quanto à norma coletiva, destaca-se que o seu conteúdo, de forma expressa, noticia que a reclamada se compromete a não demitir, salvo em caso de justa causa, o aeroviário que contar com mais de 10 anos de casa.

Deste modo, não resta dúvida, que a dispensa sem justa causa do reclamante configura atitude arbitrária do empregador, razão porque deverá ser declarada a nulidade deste ato e, determinada, de imediato, a reintegração do reclamante no emprego.

Acrescente-se que os requisitos contidos nos arts. 273 e 461, § 3º do CPC se encontram integralmente preenchidos, uma vez que o autor, na condição de desempregado, não tem como suportar o período de tempo que certamente irá transcorrer até a decisão definitiva. Ressalte-se, que o reclamante depende de seu salário para o sustento de sua família, composta de esposa e quatro filhos.

5 - A INADIMPLÊNCIA EM RELAÇÃO AO PAGAMENTO DAS PARCELAS RESILITORIAS

Quando do encerramento do contrato, a reclamada nada pagou ao reclamante.

Assim, resta configurada a inadimplência em relação ao saldo de salários do mês da dispensa, aviso prévio, décimo terceiro salário proporcional de 2003 (04/12), férias vencidas do período aquisitivo 2001/2002, com acréscimo do terço constitucional, férias proporcionais (06/12), com acréscimo do terço constitucional, guias para levantamento do FGTS e postulação do seguro desemprego.

Como as parcelas da dispensa não foram quitadas a tempo e modo se impõe o pagamento da multa prevista no artigo 477 da CLT.

É importante esclarecer que as parcelas vinculadas ao término do pacto laboral serão pleiteadas de forma subsidiaria (CPC, 289) caso o pedido de reintegração não seja acolhido.

6 - OS EXPURGOS INFLACIONÁRIOS E A MULTA INDENIZATÓRIA DE 40%

O autor, embora não tenha percebido os valores inerentes a sua dispensa imotivada, postula o pagamento, de forma subsidiária da multa indenizatória de 40% do saldo do FGTS, com o acréscimo da correção monetária proveniente dos expurgos inflacionários relativos aos planos econômicos Verão, no percentual de 42,72%, (janeiro de 1989) e Collor, no percentual de 44,80% (abril de 1990).

O autor afirma que a Lei Complementar nº 110/2001 já garantia aos trabalhadores optantes a inclusão em suas contas vinculadas destes percentuais, em cumprimento a decisão do Excelso Supremo Tribunal Federal.

Esclarece, ainda, que firmou Termo de Adesão junto a Caixa Econômica Federal, para recebimento dos expurgos inflacionários anteriormente mencionados.

Informa ainda que esta parcela tem natureza eminentemente trabalhista, sendo de competência desta Justiça laboral a postulação deste título.

DA ALTERAÇÃO CONTRATUAL PREJUDICIAL

7 - O reclamante, desde a sua admissão, juntamente com seu salário, recebia uma gratificação identificada sob o titulo “gratificação auxílio”, que corresponde a 20% do valor do salário bruto.

A Reclamada, sem qualquer justificativa, a partir de Dezembro de 1992, suprimiu o pagamento da referida gratificação, o que configura alteração contratual prejudicial, ferindo, por completo, a medida protetora da irredutibilidade do salário (CF, art 7º, VI e CLT, 468). Assim, deve o demandado promover o pagamento da parcela “gratificação-auxílio”, desde o momento de sua supressão, devendo o valor da mesma, ser incorporado as parcelas que compõem a remuneração do demandante.

A JORNADA DE TRABALHO E AS HORAS EXTRAS

8 - O reclamante trabalhava de segunda a quinta-feira, de 07:00 hs. às 17:00 hs. e às sextas-feiras, de 07:00 hs. às 16:00 hs., com uma hora de intervalo para alimentação, com folgas em sábados, domingos e feriados. Esta jornada de trabalho, com toda certeza viola o artigo 7º, XIII da Carta Magna, uma vez que o autor, por quatro vezes na semana, desenvolvia trabalho em quantidade superior a oito horas diárias. Desde logo fica esclarecido que inexiste qualquer acordo coletivo ou mesmo individual que referende a prorrogação da jornada de trabalho do autor.

Assim, deve o reclamado ser condenado no pagamento de horas extras e seus respectivos reflexos nas parcelas que compõem a remuneração do autor.

Informa o reclamante que seus controles de freqüência refletem com exatidão sua jornada de trabalho

O DANO MORAL

9 – O reclamante, no exercício de suas atividades, trabalhava em pé e habitualmente conferia as bagagens que seriam despachadas para posteriormente encaminhá-las para o caminhão que conduz o material para a aeronave. Este tipo de serviço trouxe para o autor sérios danos à sua saúde, especificamente à sua coluna vertebral, o que o levou a afastar-se do trabalho, pelo período de 2 meses, entre maio e julho de 2000, ocasião em que a doença profissional foi recepcionada junto ao INSS como acidente de trabalho.

Em que pese o retorno ao serviço, desde aquela ocasião o autor não consegue desenvolver com normalidade as atividades esportivas que lhe permitiam usufruir com maior prazer os momentos de folga. Esta situação esta devidamente registrada em atestado médico que acompanha a peça inicial.

Não resta dúvida que o reclamado deve ser responsabilizado pelas seqüelas enfrentadas pelo demandante, uma vez que sempre exigiu do mesmo o exercício de trabalho sem respeito às mínimas garantias quanto à preservação de sua saúde e conforto no ambiente de trabalho.

Esta situação, com toda certeza, configura dano moral, uma vez que o autor se sente humilhado e em posição desconfortável em relação aos companheiros e amigos que com ele participam de atividades esportivas nos finais de semana. Atualmente, o reclamante até evita sair de casa nestes dias, para não ser cobrado pelos amigos, em relação a sua participação nas atividades supra mencionadas.

Com isso deve o reclamado ser condenado ao pagamento de uma indenização pelo dano moral praticado, no valor de R$ 50.000,00.

O TRABALHO EM CONDIÇÕES INSALUBRES

10 - O autor, em boa parte de sua jornada de trabalho, se encontrava no pátio em que as aeronaves estavam estacionadas, uma vez que era necessária a inspeção final das bagagens que seriam embarcadas.

Nestas ocasiões, o autor utilizava os protetores auriculares fornecidos pela reclamada, entretanto, os mesmos apenas atenuavam o grande barulho oriundo dos motores das aeronaves que taxiavam no pátio. Assim, constata-se o trabalho em condições insalubres, cabendo ao autor o recebimento do respectivo adicional, no grau máximo, uma vez que este nunca foi pago pelo demandado.

O autor postula que a base de cálculo do adicional de insalubridade deverá ser pelo valor de seu salário base e não sobre o salário mínimo, uma vez que a Carta Magna não permite a vinculação deste último para qualquer fim (art. 7º, inciso IV CF).

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

11 - A Constituição Federal de 1988 – art. 133 - consagra o princípio de que o advogado é indispensável à administração da justiça.

No art. 22 do Estatuto da Advocacia, há previsão legal quanto à imprescindibilidade do advogado no acesso do trabalhador ao provimento jurisdicional.

Assim, os honorários advocatícios devem ser suportados pela reclamada, sem o que o autor não poderia demandar em juízo, na ordem de 20%.

DA APLICAÇAO DOS JUROS

12 - Quando da liquidação de sentença, o cálculo dos juros de mora deverá observar o valor praticado pelas instituições financeiras, uma vez que a fixação do percentual de apenas 1% ao mês incentiva a inadimplência e o enriquecimento sem causa do empregador.

DO PEDIDO

Em vista do exposto, postula a condenação do reclamado nos pedidos abaixo assinalados, com base na maior remuneração incluindo o valor das horas extras e do adicional de insalubridade:

a) Concessão imediata de tutela antecipada, sem oitiva da parte contrária, no sentido de declarar a nulidade do ato de encerramento contratual e, em conseqüência, determinar a reintegração do autor no quadro de empregados do reclamado, com pagamento de parcelas vencidas e vincendas, garantindo-se os reajustamentos normativos e regulamentares. Deverá ser fixada multa diária em caso de atraso no cumprimento da decisão

judicial.

Caso não seja acolhido o pedido de antecipação de tutela, formula, de modo subsidiário (CPC, 289) pedidos vinculados a inadimplência da ré quando da resilição contratual (letras B a J).

b) aviso prévio;

c) saldo de salários do mês de Março de 2003;

d) 04/12 – 13º salário de 2003

e) férias vencidas, período 2001/2002, com acréscimo do terço constitucional;

f) 06/12 de férias proporcionais, com acréscimo do terço constitucional;

g) entrega de guias para levantamento do FGTS, devendo o empregador se responsabilizar pela integralidade dos depósitos fundiários;

h) entrega de guias para postulação do seguro desemprego, sob pena de pagamento de uma indenização fixada no valor de R$ 4.500,00;

i) multa prevista no artigo 477 § 8º da CLT;

j) multa indenizatória de 40% sobre a totalidade dos depósitos fundiários, devendo ser considerado, para o cálculo da multa, as diferenças vinculadas aos expurgos inflacionários;

k) gratificação auxílio, desde Dezembro de 1992, com integração destes valores nas parcelas que compõem a remuneração do autor, inclusive no FGTS;

l) horas extras ao longo de todo contrato de trabalho;

m) integração das parcelas pertinentes as horas extras, no repouso remunerado, aviso prévio, saldo de salários, férias vencidas e proporcionais, 13º salário, FGTS e multa indenizatória de 40%;

n) adicional de insalubridade, no percentual de 40%, calculado sobre o salário base;

o) integração do valor do adicional de insalubridade na base de cálculo das horas extraordinárias, bem como nas parcelas que compõem a remuneração do reclamante, inclusive no que se refere ao FGTS e descanso remunerado;

p) indenização por dano moral causado pelo empregador, no valor de R$ 50.000,00;

q) aplicação da penalidade prevista no art. 467 da CLT, em relação às parcelas pleiteadas nas letras B, C, D, E, F, G, I e J, caso as mesmas não sejam quitadas na audiência inaugural;

r) honorários advocatícios;

s) beneficio da gratuidade de justiça;

t) aplicação de juros de mercado, praticado pelas instituições financeiras, quando da liquidação de sentença.

Protesta pela produção de todos os meios de provas admitidos em direito, inclusive pericial, sob o ônus da demandada, requerendo a citação da Reclamada para contestar, querendo, a presente ação, sob pena de aplicação da penalidade de revelia e confissão quanto à matéria fática, sendo condenada a final quanto à totalidade dos pedidos desta ação.

Atribui à causa o valor de R$ 50.000,00

Pede Deferimento

Rio de Janeiro, 06 de Novembro de 2003

DR. CASEMIRO DE ABREUOAB/RJ nº 200.000

DOCUMENTO INTERNO

CIRCULAR 003/90

Belo Horizonte, 23 de Maio de 1990

Aos Gerentes de todos os Departamentos Operacionais

A Diretoria da Companhia se compromete a, em caso de necessidade de redução de pessoal, escolher, por indicação da gerência dos departamentos, os empregados com menos tempo de serviço na empresa.

Sem mais no momento, subscrevo-me, atenciosamente

Fulano de Tal – Diretoria da Viação Aérea Minas Gerais S/A

ATESTADO MÉDICO

Atesto para os devidos fins que o Sr. ANTONIO MARCOS DA SILVA é meu paciente e se encontra impossibilitado de desenvolver, com normalidade, atividades físicas, em decorrência de problemas em sua coluna vertebral.

Rio, 08 de Agosto de 2002

Dr. JOSÉ COLUNACRM nº 100.000

TERMO ADITIVO ao ACORDO COLETIVO DE TRABALHO

O SINDICATO NACIONAL DOS AEROVIÁRIOS, de um lado, e VIAÇÃO AÉREA MINAS GERAIS S/A, do outro, têm, entre si justo e contratado, o seguinte termo aditivo:

CLÁUSULA PRIMEIRA: GARANTIA de EMPREGO

A empresa se compromete a não demitir, salvo em caso de justa causa, o aeroviário que contar com mais de 10 anos de casa.

CLÁUSULA SEGUNDA : REDUÇÃO da FORÇA de TRABALHO

Se houver necessidade de redução da força de trabalho, as demissões, preferencialmente, serão direcionadas para os empregados em processo de admissão ou estágio inicial na empresa.

CLÁUSULA TERCEIRA : VIGÊNCIA

Este termo aditivo terá vigência de 24 meses a contar de 01 de Setembro de 2002.

Belo Horizonte, 01 de Setembro de 2002

SINDICATO NACIONAL DOS AEROVIÁRIOS

VIAÇÃO AÉREA MINAS GERAIS S/A

PROCURAÇÃO

Pelo presente instrumento, o outorgante, ANTONIO MARCOS DA SILVA, brasileiro, casado, aeroviário, residente na Rua Montenegro, nº 100 apto. 1102, Ipanema, Rio de Janeiro, CEP: 22.000-001, constitui seu bastante procurador o advogado CASEMIRO DE ABREU, brasileiro, casado, com escritório na Rua da Consolação, nº 10.000 sala 101, Centro, Rio de Janeiro (CEP: 20.000-000), inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional do Rio de Janeiro sob o nº 200.000, outorgando-lhe os poderes da clausula “ad judicia” para o foro em geral e os especiais de acordar, transigir, conciliar, dar e receber quitação, substabelecer, bem como praticar todos os demais atos que se fizerem necessários para o fiel cumprimento deste mandato em Reclamação Trabalhista em face de VIAÇÃO AÉREA MINAS GERAIS S/A.

Rio de Janeiro, 06 de Novembro de 2003

________________________________________ANTONIO MARCOS DA SILVA

PROCESSO N.º 02700/200390ª VARA DO TRABALHO/RIO DE JANEIRO

DECISÃO em PEDIDO de TUTELA ANTECIPADA

Vistos, etc.

Trata-se de pedido de tutela antecipada, na forma do art. 273 do CPC, pela nova redação dada pela Lei n.º 8952/94.

Não há evidências nos autos da prova inequívoca de que as alegações são verossímeis, sem a manifestação da parte contrária.

Sem a manifestação do réu, liminarmente, este juízo não tem elementos para verificar a exatidão e pertinência da tutela requerida.

No caso dos autos, a tutela antecipada requerida, liminarmente, sem a audiência da parte contrária, não preenche os requisitos legais de sua concessão.

PELO EXPOSTO, INDEFIRO, por ora, a medida liminar requerida, podendo o juízo reavaliar o pedido após a apresentação de defesa por parte da reclamada.

DETERMINA-SE a INCLUSÃO do PROCESSO em PAUTA do DIA 02 de DEZEMBRO de 2003, às 09:00 hs., NOTIFICANDO-SE as PARTES para a AUDIÊNCIA, com as ADVERTÊNCIAS de PRAXE e a CIÊNCIA desta decisão.

Rio de Janeiro, 10 de Novembro de 2003

Juiz do Trabalho

EXMO SR. DR. JUIZ da 90ª VARA do TRABALHO da CIDADE do RIO de JANEIRO

Processo nº 2700/2003

VIAÇÃO AÉREA MINAS GERAIS S/A nos autos da Reclamação Trabalhista promovida por ANTONIO MARCOS DA SILVA, vem, por seu advogado, apresentar sua contestação, através dos fatos a seguir expostos:

INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA

1 - Diante do contido no art. 109 da Constituição Federal, não resta dúvida que as questões que envolvem o acidente de trabalho não pode ser apreciadas pela Justiça do Trabalho, que tem a competência limitada ao conteúdo do artigo 114 da Carta Magna. A indenização vinculada ao dano moral, conforme alegado na petição inicial, é decorrente de acidente de trabalho não podendo a mesma ser apreciada por esta Justiça Especializada.

Assim, deve o processo ser extinto sem julgamento de mérito (CPC, 267, I c/c 301, II).

2 - O processo também deve ser extinto sem julgamento de mérito, posto que falece a Justiça do Trabalho a competência para apreciar pedido concernente a multa de 40% do FGTS quanto à incidência dos expurgos inflacionários de planos econômicos.

O pedido de incidência da multa de 40%, considerando-se os expurgos inflacionários, não é matéria decorrente de relacionamento entre empregado e empregador, posto que a Caixa Econômica Federal, como agente operador do FGTS, é a responsável pela inclusão nas contas vinculadas dos trabalhadores optantes, dos índices de correção monetária.

Esta matéria deve ser apreciada e julgada pela Justiça Federal em ação a ser ajuizada em face da Caixa Econômica Federal.

Assim, deve ser declarada a incompetência da Justiça do Trabalho para julgar o presente processo, julgando-o extinto sem julgamento de mérito (CPC, 267, I c/c 301, II).

LITISPENDÊNCIA

O reclamante pretende a sua reintegração no emprego, ao argumento de que sua dispensa ocorrera de forma arbitraria, em desrespeito ao conteúdo de circular interna e norma coletiva.

Esclarece a reclamada que tal matéria esta sendo discutida perante a MM 84ª VT/RJ, Processo nº ACPU 3000/2002, uma vez que o sindicato que assiste a categoria profissional do autor, na condição de substituto processual, ajuizou Ação Civil Pública, aduzindo exatamente a mesma pretensão.

Registre-se, desde logo, que tal ação ainda não transitou em julgado.

Assim, impõe-se a extinção do processo, sem apreciação do mérito, conforme determinado no artigo 267, V, da legislação processual civil.

DA COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA

Deve o processo ser extinto sem a apreciação do mérito, uma vez que o autor não observou a determinação contida no artigo 625-D da CLT.

Informa a reclamada que a Comissão de Conciliação Prévia vinculada à categoria profissional do autor se encontra em pleno funcionamento.

Com isso, deve o processo ser extinto sem julgamento de mérito (CPC, 267, IV).

ILEGITIMIDADE PASSIVA

A Reclamada é parte ilegítima para figurar no pólo passivo da presente ação pelo fato de não ser a responsável pela inclusão dos índices fixados pelo governo federal nas contas vinculadas dos trabalhadores, mormente o autor.

A Caixa Econômica Federal é a responsável legal quanto à manutenção das contas vinculadas dos trabalhadores, cabendo ao empregador os depósitos dos valores devidos, mês a mês, e o cálculo da multa de 40% quando da dispensa imotivada do empregado.

A Caixa Econômica Federal tem a atribuição de incluir nas contas vinculadas os índices determinados pelo governo federal, através do órgão próprio, sem qualquer interveniência do empregador.

Assim, deve ser declarada a ilegitimidade de parte da reclamada, na forma do art. 267, inciso VI do CPC.

PRESCRIÇÃO EXTINTIVA

Este MM Juízo deverá declarar a EXTINÇÃO do pedido concernente a parcela postulada “gratificação-auxílio” pelo fato de que a reclamada suprimiu tal benefício a mais de dois anos da distribuição desta ação.

É plenamente aplicável a orientação contida no Enunciado nº 294 do C. TST, a seguir transcrito:

“294 - Prescrição. Alteração contratual. Trabalhador urbano - Tratando-se de demanda que envolva pedido de prestações

sucessivas decorrente de alteração do pactuado, a prescrição é total, exceto quando o direito à parcela esteja também assegurado por preceito de lei.”

O próprio autor confessa na inicial que a reclamada parou de pagar-lhe esta parcela a partir de Dezembro de 1992.

A ação distribuída na data de 07/11/2003 superou o prazo determinado pelo art. 7º, inciso XXIX da Constituição Federal de 1988, com a nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 26 de 2000.

Assim, deve ser declarado este direito extinto com julgamento de mérito, na forma do art. 269, inciso IV do CPC.

PRESCRIÇÃO PARCIAL

Em se argumentando quanto à rejeição da preliminar de prescrição extintiva do direito de ação, a reclamada argúi a incidência da prescrição parcial, na forma do art. 7º, inciso XXIX da Carta Magna quanto aos direitos reclamados pelo autor.

MÉRITO

ANTECIPAÇÃO DE TUTELA – NULIDADE DO ENCERRAMENTO CONTRATUAL

Informa a reclamada que, nos últimos 12 meses, algumas dispensas foram realizadas em decorrência da grave crise financeira que atinge o setor de transporte aéreo.

De todo modo, cabe destacar que a Circular 003/90 teve seu conteúdo vinculado apenas para os empregados ocupantes de cargo de gerencia, no sentido de orientá-los quanto aos critérios que deveriam ser observados nas dispensas dos empregados que lhes fossem subordinados.

Tal Circular não foi divulgada para os demais empregados da empresa nem mesmo para o sindicato que assiste a categoria dos aeronautas e aeroviários.

Como se percebe, trata-se de uma circular de âmbito interno, que não envolve qualquer garantia ou mesmo estabilidade no emprego, tendo apenas a intenção de melhor auxiliar a atividade gerencial de alguns empregados da empresa.

Por outro lado, é importante destacar que a Circular 003/90 teve seu conteúdo cancelado através da Circular 005/93, conforme se observa pela documento que acompanha a peça de defesa.

Assim, ainda que se admitisse, por absurdo, alguma garantia de emprego face ao teor da Circular 003/90, tal situação estaria de todo resolvida com o expresso cancelamento do seu conteúdo, através de uma outra circular.

Quanto ao contido na cláusula 1ª do termo aditivo do acordo coletivo, registra-se que em nenhum momento a referida cláusula obriga o empregador à não promover dispensas sem justa causa.

Trata-se, na verdade, de um compromisso e não uma obrigação, inexistindo qualquer penalidade em caso de não cumprimento do compromisso aventado na norma coletiva.

Percebe-se, com clareza, que o conteúdo da cláusula 1ª do termo aditivo é meramente programático, não conferindo ao empregado qualquer garantia de emprego, caso o mesmo seja dispensado sem justa causa.

Desta maneira é certo que o ato de encerramento contratual não apresenta qualquer vício quanto à alegada nulidade da resilição contratual, não permitindo a reintegração do autor no emprego.

Registre-se, ainda, que em se tratando de obrigação de fazer, não se torna aconselhável à antecipação de tutela, conforme entendimento jurisprudencial majoritário adotado pelas principais cortes trabalhistas do país.

Destarte, tais pedidos devem ser rejeitados.

VERBAS DA DISPENSA

A reclamada, nos últimos anos, vem acumulando prejuízos, em face de política econômica adotado pelo governo federal.

A falta de reajustes nas tarifas aéreas e elevado percentual de taxa de juros impede o prosseguimento normal das atividades empresariais, configurando a ocorrência de força maior.

Ainda assim, sensibilizada com a situação do autor, a reclamada tentou pagar as verbas da dispensa do autor de forma parcelada, o que não foi aceito pelo reclamante, que preferiu ajuizar a presente reclamação trabalhista.

A reclamada coloca à disposição do autor, nesta assentada, parte do valor das parcelas resilitórias.

A reclamada compromete-se, tão logo se verifique a melhora na sua situação financeira, a promover o pagamento do valor restante em relação às verbas decorrentes do encerramento do pacto laboral.

Em face de existência de força maior e a notória situação financeira da reclamada devem ser rejeitados os pedidos lançados nas letras I e Q da inicial. No que se refere ao pedido da letra H, deve o juízo determinar a expedição de ofício para o órgão competente, no sentido de habilitar o autor ao recebimento do seguro desemprego.

Assim, nenhuma indenização deverá ser fixada em favor do autor, a uma, por falta de amparo legal, e a duas, por se tratar de matéria que pode ser resolvida diretamente pelo juízo, através do ofício supra mencionado.

MULTA INDENIZATÓRIA DE 40% SOBRE OS EXPURGOS

Em caso de rejeição das preliminares em relação a este tópico, o que se admite apenas para argumentar, melhor sorte não assiste ao autor.

A reclamada, mesmo em dificuldades notórias, vem cumprindo, com muito esforço e abnegação, com suas obrigações trabalhistas e fundiárias, mormente quanto ao recolhimento dos depósitos do FGTS de seus empregados, em particular o autor.

O valor da multa de 40% deve observar o saldo existente na conta vinculado do empregado no ato da dispensa.

Os créditos dos percentuais devidos são de responsabilidade da Caixa Econômica Federal.

É importante assinalar que os planos econômicos afetaram a vida de todos os seguimentos da sociedade, quer trabalhadores, quer empresários, onde todos tiveram que dar suas cotas de sacrifícios quanto aos atos de império.

A reclamada desconhece se a Caixa Econômica Federal já providenciara, a inclusão dos expurgos inflacionários, na conta vinculada do reclamante.

Em caso negativo, não pode a reclamada ser responsabilizada por esta inclusão, mormente pelo fato de que não teve dolo ou culpa, que configurasse a sua responsabilidade objetiva fora dos ditames legais.

Ademais, a multa de 40% deve ser calculada sobre os depósitos realizados pela empresa nos últimos 5 anos, na forma do art. 7º, inciso XXIX da Constituição Federal e Orientação Jurisprudencial nº 204 da SDI-1.

Caso o juízo entenda devida à respectiva multa indenizatória, deverá ser adotado como base de cálculo o valor creditado pela Caixa Econômica Federal à titulo destes expurgos.

DA GRATIFICAÇÃO AUXÍLIO

Em caso de rejeição da preliminar argüida em relação a este pedido, em se argumentando, a reclamada informa que esta gratificação foi paga por um curto período de tempo, por liberalidade da empresa.

A ausência de imposição legal para o pagamento deste título faz com que o mesmo não se incorpore ao contrato de trabalho do reclamante, podendo o empregador, a qualquer tempo, suprimí-lo.

Esta gratificação, na verdade, visava o aprimoramento das atividades dos empregados da reclamada, servindo como incentivo para uma melhor produtividade.

O seu cancelamento se deu por força das dificuldades financeiras ocorridas no final do ano de 1992.

Ainda que o juízo entenda de forma diversa, o que não se espera, esclarece a reclamada que este pagamento era um prêmio para os empregados, não possuindo natureza salarial, que, por si só, impede que o seu valor repercuta nas demais parcelas que compõem a remuneração do autor.

Desta maneira, este pedido deve ser rejeitado.

HORAS EXTRAS

A jornada de trabalho assinalada na peça inicial está devidamente anotada nos controles de freqüência, conforme confessado pelo autor.

Como se percebe, o reclamante não ultrapassava o limite semanal de 44 hs., estabelecido pelo legislador constituinte.

O tipo de jornada de trabalho estabelecida pela reclamada é desenvolvido em diversas outras categorias profissionais, como, por exemplo, na construção civil, tendo a jurisprudência se posicionado pela ausência de serviço extraordinário neste tipo de horário de trabalho.

Registra-se, ainda, que a reclamada promoveu acordo verbal com seus empregados para que a jornada prorrogada de segunda a quinta-feira fosse compensada com ausência de trabalho nos sábados.

Assim, deve ser rejeitado o pedido de horas extras e seus respectivos reflexos.

DANO MORAL

A reclamada sempre assegurou ao autor todas as condições necessárias para o desenvolvimento normal de suas atividades.

É certo afirmar que a reclamada, quando o autor retornou de seu benefício previdenciário, qualificado como doença profissional, lhe propiciando a garantia de todos os benefícios de um acidente de trabalho, garantiu-lhe a readaptação em suas funções, mesmo sem que esta advertência tivesse sido recomendada pela perícia médica do órgão previdenciário. O autor, nesta ocasião, retornou paulatinamente as suas atividades contratuais.

É oportuno salientar que a perícia médica do INSS recomendou-lhe a busca de atividade física compatível com suas novas condições de saúde, devido ao tipo de diagnóstico promovido pelo órgão previdenciário.

Foi indicado ao autor a realização de atividade física aeróbica, sem grandes impactos, para não prejudicar sua coluna vertebral.

O autor não pode imputar a reclamada um ônus que sobrecarrega sua natureza física e idade – cerca de 50 anos – devendo adaptar seu lazer a esta nova realidade.

É oportuno salientar que a reclamada mantém convênios com academias de ginástica e hidroginástica para seus empregados.

Assim, entende a reclamada não poder ser compelida a indenizar o autor, se propiciou a este todas as condições de saúde disponíveis para o desenvolvimento de suas atividades laborais.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS e GRATUIDADE DE JUSTIÇA

O autor não preencheu os requisitos legais para obter os benefícios da gratuidade de justiça, que é disciplinada na Justiça do Trabalho pela Lei nº 5584/70.

O autor percebe salário superior ao dobro do salário mínimo federal e não está assistido por entidade sindical.

A hipótese dos autos é aquele cristalizada pela jurisprudência no Enunciado nº 329 do C. TST.

JUROS DE MERCADO

A aplicação dos juros de mora na Justiça do Trabalho é estabelecida na Lei nº 8177/91, que declara que este acréscimo deve ser aplicado em 1% sobre o valor atualizado do crédito, contados a partir da distribuição da ação.

A reclamada, devido as suas dificuldades financeiras, também está sujeita a pagamentos com taxas de juros de mercado, que são absolutamente ilegais.

A aplicação de juros de mora desejada pelo autor fere os princípios constitucionais e legais, devendo ser rejeitado este pedido.

DAS CUSTAS “PRO-RATA”

O comando da Lei nº 10.535/2002 estabelece que as custas devem ser suportadas por ambas as partes, vencedoras e vencidas.

Em caso de improcedência, requer a reclamada que o autor suporte com a sua integralidade, sem qualquer isenção.

Em caso de procedência parcial, é extremamente justo que o juízo decida que ambos os litigantes deverão arcar com a proporcionalidade das custas a serem arbitradas para a condenação.

COMPENSAÇÃO

Requer a reclamada à compensação dos valores pagos a fim de não se caracterizar o enriquecimento ilícito, sem a aplicação do Enunciado nº 187 do C. TST, por tratar desigualmente partes que devem ter tratamento igualitário perante a lei.

REQUERIMENTOS FINAIS

Protesta a reclamada por todos os meios de prova admitidos em direitos, mormente a prova pericial, requerendo o julgamento da presente ação totalmente improcedente por medida de justiça.

Pede Deferimento

Rio de Janeiro, 02 de Dezembro de 2003

DR. RUI BARBOSAOAB/MG nº 190.000

DOCUMENTO INTERNO

CIRCULAR 005/93

Belo Horizonte, 25 de Maio de 1993

Aos Gerentes de todos os Departamentos Operacionais

A atual Diretoria da Companhia, por deliberação em Assembléia Extraordinária, resolveu CANCELAR os efeitos da Circular 003/90 a partir desta data.

Sem mais no momento, subscrevo-me, atenciosamente

Fulano de Tal – Diretoria da Viação Aérea Minas Gerais S/A

EXMO. SR. DR. JUIZ da 84ª VARA do TRABALHO do RIO de JANEIRO

Distribuição em 20 de Novembro de 2002

A.C.P.U. nº 3000/2002

SINDICATO NACIONAL DOS AEROVIÁRIOS, entidade sindical em que representa, em todo o território nacional a categoria dos aeroviários, com sede na Av. Beira Mar, nº 001, nesta cidade, CEP: 20000-008, vem, através de seu advogado propor

AÇÃO CIVIL PÚBLICA

Em face de VIAÇÃO AÉREA MINAS GERAIS S/A, com endereço na Avenida do Contorno, nº 370, Belo Horizonte, Minas Gerais, CEP: 3.000-002, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

A acionada, desde o dia 23 de Maio de 1990, através da Circular 003/90, garantiu a estabilidade no emprego de seus empregados aeroviários, ao determinar, de forma expressa que as dispensas, caso necessárias, deveriam observar os critérios estabelecidos na circular supramencionada, priorizando, por exemplo, o desligamento dos empregados com menor tempo de serviço.

A acionada, desde meados de 2002, vem promovendo a dispensa de diversos empregados, desrespeitando, por completo, o conteúdo da Circular por ela elaborada.

Os efeitos da decisão pretendida deverão ser estendidos a todos os aeroviários da acionada.

Desta forma, serve a presente para pleitear:

a) Reintegração dos empregados que foram dispensados sem observância do conteúdo da Circular 003/90;

b) Determinar que a acionada se abstenha de promover dispensas de empregados, em respeito a Circular 003/90.

Protesta pela produção da prova documental, testemunhal e depoimento pessoal.

Valor da Causa: R$ 1.000,00 Requer, ainda, a citação da acionada para contestar o feito, sob pena de revelia.

Termos em quePede Deferimento

Rio de Janeiro, 20 de Novembro de 2002

DR. LUIS DE CAMÕES – Advogado do SindicatoOAB/RJ nº 200.001

PROCURAÇÃO

Pelo presente instrumento, o outorgante, VIAÇÃO AÉREA MINAS GERAIS S/A, pessoa jurídica de direito privado, estabelecida na Avenida do Contorno, nº 03, Belo Horizonte, Minas Gerais, CEP: 30.000-000, constitui seu bastante procurador o advogado RUI BARBOSA, brasileiro, divorciado, com escritório na Rua da Absolvição, nº 100 sala 404, Centro de Belo Horizonte, Minas Gerais (CEP: 30.010-005), inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Belo Horizonte sob o nº 190.000, outorgando-lhe os poderes da clausula “ad judicia” para o foro em geral e os especiais de acordar, transigir, conciliar, dar e receber quitação, substabelecer, bem como praticar todos os demais atos que se fizerem necessários para o fiel cumprimento deste mandato em Reclamação Trabalhista ajuizada por ANTONIO MARCOS DA SILVA.

Belo Horizonte, 01 de Dezembro de 2003

________________________________________________________PRESIDENTE de VIAÇÃO AÉREA MINAS GERAIS S/A

EXMO. SR. DR. JUIZ DA 90ª VARA DO TRABALHO DO RIO DE JANEIRO

Processo nº 2700/2003

VIAÇÃO AÉREA MINAS GERAIS S/A, estabelecida na Av. do Contorno, 370, Belo Horizonte, Minas Gerais, nos autos da reclamação trabalhista que lhe é movida por ANTONIO MARCOS DA SILVA, vem , através de seu advogado, apresentar

RECONVENÇÃO

pelos fatos e fundamentos abaixo aduzidos:

A Reconvinte, no dia 02 de Dezembro de 2002, atendendo a um apelo do reconvindo, que pretendia presentear sua mulher com um carro novo, promoveu o empréstimo da quantia de R$ 30.000,00. Tal empréstimo seria quitado em 20 parcelas de R$ 1.500,00 em todo dia 20, a partir do mês de Janeiro de 2003. Após o pagamento das duas primeiras parcelas, o reconvindo não efetuou qualquer pagamento a reconvinte, alegando que, em decorrência de sua dispensa, nada mais seria devido.

Ora, não resta dúvida que o reconvindo, quando da realização do empréstimo se obrigou ao pagamento integral do mesmo, razão porque fica configurada sua inadimplência em relação ao saldo devedor, no valor de R$ 27.000,00. Desta forma, serve a presente para requerer a condenação do reconvindo no sentido de que o mesmo pague a reconvinte a quantia de R$ 27.000,00.

Protesta, desde já, pela produção das provas que se fizerem necessárias, requerendo a procedência da reconvenção.

Confere a causa o valor de R$ 27.000,00.

Pede Deferimento.

Belo Horizonte, 02 de Dezembro de 2003

Dr. Rui BarbosaOAB/MG nº 190.000

90ª VARA DO TRABALHO DO RIO DE JANEIRO

PROCESSO Nº 2700/2003

ATA DA PRIMEIRA AUDIÊNCIA

Aos 02 dias do mês de Dezembro do ano de 2003, às 09:00 horas, na Sala de Audiências da 90ª VARA DO TRABALHO DO RIO DE JANEIRO, na presença do Juiz do Trabalho foram apregoados os litigantes ANTONIO MARCOS DA SILVA, Reclamante e VIAÇÃO AÉREA MINAS GERAIS S/A., Reclamada.

Partes presentes, assistidas, respectivamente pelos Drs. Casemiro de Abreu pelo autor, Dr. Rui Barbosa e Willian Scarpa. preposto, pela reclamada.

Conciliação rejeitada.Contestação escrita lida e juntada aos autos, com documentos.Alçada fixada em R$ 50.000,00.

A Reclamada apresentou, neste ato, Reconvenção, sem documentos.

A fim de que o autor possa contestar a Reconvenção, suspende-se a audiência e designa-se novo prosseguimento para o dia 12/01/2004 às 10:00 hs.

O juízo autoriza o autor a retirar autos de Cartório e determinar sua devolução dez dias antes da próxima audiência.

A contestação à Reconvenção será apresentada na próxima audiência, sob as penas da lei.

Cientes as partes.

E, para constar, Secretário de Audiências, subscrevo a presente ata que vai assinada na forma da lei.

JUIZ DO TRABALHO

EXMO. SR. DR. JUIZ DO TRABALHO DA 90ª VARA DO TRABALHO DO RIO DE JANEIRO

Processo nº 2700/2003

VIAÇÃO AÉREA MINAS GERAIS S/A, nos autos da Reclamação Trabalhista que lhe é movida por ANTONIO MARCOS DA SILVA, vem, através de seu advogado regularmente constituído, apresentar perante V. Exa. a

EXCEÇÃO DE INCOMPETENCIA RELATIVA de FORO

pelas razões aduzidas abaixo:

O autor foi admitido pela reclamada na data constante de seus assentamentos funcionais para laborar na cidade de Belo Horizonte.

O autor sempre trabalhou na cidade de Belo Horizonte, onde também residia, até a ruptura de seu contrato de trabalho, de iniciativa da Reclamada.

Assim, diante da regra estabelecida no artigo 651 da CLT, é evidente a incompetência do juízo, que exerce suas atividades na cidade do Rio de Janeiro, devendo o mesmo, à luz do que preceitua o artigo 795 § 1º da CLT remeter, de oficio, os presentes autos para o Distribuidor da Justiça do Trabalho na cidade de Belo Horizonte, no sentido de que este o redistribua para uma das Varas do Trabalho da localidade.

Assim, espera a reclamada o acolhimento da exceção de incompetência, por ser medida da mais inteira justiça.

Belo Horizonte, 08 de Janeiro de 2004

________________________________Dr. Rui BarbosaOAB/MG nº 190.000

EXMO. SR. JUIZ DO TRABALHO DA 90ª VARA DO TRABALHO DO RIO DE JANEIRO

Processo nº 2700/2003

ANTONIO MARCOS DA SILVA já qualificado na Reclamação Trabalhista, vem, através de seu advogado, na melhor forma de direito, apresentar sua

CONTESTAÇÃO À RECONVENÇÃO

formulada por VIAÇÃO AÉREA MINAS GERAIS S/A pelas razões abaixo descritas:

É verdadeira a afirmação da reconvinte, em relação à existência de um empréstimo entre os litigantes, no valor de R$ 30.000,00. O referido empréstimo foi pago, de forma correta, até a dispensa do reconvindo.

Em face de dispensa arbitrária, bem como a inadimplência em relação ao pagamento das parcelas resilitórias, tornou-se impossível à continuidade dos pagamentos. Deste modo, por culpa do empregador não pode o reconvindo cumprir a obrigação anteriormente assumida. Em se argumentando, em caso de acolhimento da pretensão da Reconvinte, o autor, ora Reconvindo, pede que seja observado o contido no art. 477 § 5º da CLT, quanto ao valor acaso descontado e a aplicação do Enunciado nº 187 do C. TST.

Assim, deve a reconvenção ser julgada improcedente, informando o reconvindo que tão logo receba os valores pleiteados na reclamação trabalhista, se prontifica a pagar o saldo devedor do empréstimo acima noticiado.

Rio de Janeiro, 12 de Janeiro de 2004

________________________________Dr. Casemiro de AbreuOAB/RJ nº 200.000

90ª VARA DO TRABALHO DO RIO DE JANEIRO

PROCESSO Nº 2700/2003

ATA DA SEGUNDA AUDIÊNCIA

Aos 12 dias do mês de Janeiro do ano de 2004, às 10:00 horas, na Sala de Audiências da 90ª VARA DO TRABALHO DO RIO DE JANEIRO, na presença do Juiz do Trabalho foram apregoados os litigantes ANTONIO MARCOS DA SILVA, Reclamante e VIAÇÃO AÉREA MINAS GERAIS S/A., Reclamada.

Partes presentes, assistidas, respectivamente pelos Drs. Casemiro de Abreu pelo autor, Dr. Rui Barbosa e Willian Scarpa. preposto, pela reclamada.

Conciliação rejeitada. Contestação escrita lida e juntada aos autos, quanto a Reconvenção

apresentada pela reclamada, sem documentos.Alçada já fixada na audiência anterior.A Reclamada Reconvinte paga, neste ato, a quantia de R$ 700,00, pelo

cheque nº 001, do Banco Interplanetário S/A – Agência 0055, de Belo Horizonte, referente a parte do valor que entendeu devido ao autor, em relação as verbas resilitórias. O autor recebeu tal quantia com ressalvas.

Verifica o juízo que a reclamada, após a realização da primeira audiência, apresentou, através de simples petição, exceção de incompetência relativa ao foro.

Indagado, requer o autor que a exceção seja rejeitada, informando ainda que não pretende a produção de novas provas e por isso as questões preliminares e a exceção de incompetência podem ser apreciadas quando da sentença.

A reclamada também não pretende produzir outras provas, concordando com o requerimento do reclamante, quanto ao encerramento da instrução processual.

Sem mais provas, encerrou-se a presente instrução. Em razões finais orais, as partes se reportaram aos elementos

constantes dos autos, permanecendo inconciliadas.Sine die para decisão .Cientes as partes.

E, para constar, Secretário de Audiências, subscrevo a presente ata que vai assinada na forma da lei.

JUIZ DO TRABALHO