execução de contrapiso _ sofia leão carvalho

17
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL CONSTRUÇÃO CIVIL II EXECUÇÃO DE CONTRAPISO SOFIA LEÃO CARVALHO GOIÂNIA 29/11/2010

Upload: sofia-leao

Post on 05-Aug-2015

479 views

Category:

Documents


25 download

TRANSCRIPT

Page 1: Execução de Contrapiso _ Sofia Leão Carvalho

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL

CONSTRUÇÃO CIVIL II

EXECUÇÃO DE CONTRAPISO

SOFIA LEÃO CARVALHO

GOIÂNIA

29/11/2010

Page 2: Execução de Contrapiso _ Sofia Leão Carvalho

1

SOFIA LEÃO CARVALHO

071 696

EXECUÇÃO DE CONTRAPISO

Trabalho da disciplina Construção

Civil II do curso de graduação da

Escola de Engenharia Civil da

Universidade Federal de Goiás.

Professora:

Prof. Dra. Helena Carasek

GOIÂNIA

NOVEMBRO DE 2010

Page 3: Execução de Contrapiso _ Sofia Leão Carvalho

2

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 3

2. OBJETIVOS .................................................................................................................. 3

3. OBRA VISITADA ......................................................................................................... 3

4. FUNÇÕES DO CONTRAPISO ................................................................................... 4

5. COMPONENTES E TRAÇOS .................................................................................... 4

6. DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA .......................................................................... 5

7. FERRAMENTAS E EQUIPAMENTOS ..................................................................... 5

8. SERVIÇOS PRELIMINARES ..................................................................................... 7

9. ETAPAS DE EXECUÇÃO ......................................................................................... 10

10. CUIDADOS APÓS EXECUÇÃO DO CONTRAPISO ............................................ 14

11. CRONOGRAMA ......................................................................................................... 14

12. ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS OBSERVADOS NA OBRA ............... 14

13. INOVAÇÕES NO MERCADO .................................................................................. 15

14. CONCLUSÃO .............................................................................................................. 15

15. REFERÊNCIA BLIBLIOGRÁFICA ........................................................................ 16

Page 4: Execução de Contrapiso _ Sofia Leão Carvalho

3

1. INTRODUÇÃO

Esse trabalho define as funções do contrapiso em seu sistema piso utilizado em

edifícios residenciais ou comerciais, destacando os procedimentos para sua execução.

2. OBJETIVOS

O objetivo maior desse trabalho é mostrar as etapas principais e preliminares da

execução de um contrapiso.

O objetivo secundário foi comparar o que é feito por uma construtora num edifício

residencial com o que se aprende com as referências bibliográficas.

3. OBRA VISITADA

A obra visitada no dia 14 de outubro de 2010 foi o Edifício Portal dos Jacarandás, um

edifício residencial de 15 pavimentos tipo com quatro apartamentos por andar de 104,82 m2

cada é de execução da Construtora Moreira Ortence.

O endereço da construção em Goiânia, Goiás, é a Rua Maria Inês, qd. 14, Lotes 2 a 4,

Negrão de Lima.

Figura 1 Projeto Fachada e Planta de Apartamento tipo 1

Page 5: Execução de Contrapiso _ Sofia Leão Carvalho

4

4. FUNÇÕES DO CONTRAPISO

O contrapiso é uma camada de argamassa lançada sobre uma base seja ela uma laje

estrutural ou lastro de concreto magro que completa as funções de vedação e antecede a etapa

de colocação das placas cerâmicas, na maioria dos casos.

Figura 2 Sistema de um piso

Sua função principal é a de regularização, e ela é importante também para definir os

desníveis entre os ambientes, as declividades (caimentos) em áreas molháveis, além de

permitir a boa fixação do revestimento.

Sua espessura varia de 2 a 6 cm, dependendo da função e das instalações ou qualquer vedação

que esteja nele embutidas.

O contrapiso pode estar aplicado também sobre uma camada impermeável ou isolamento

termo acústico em 1 ou mais camadas. Nesse caso, ele é classificado como contrapiso não

aderido. O contrapiso em questão nesse trabalho é o aderido, cujas etapas de execução são

listadas a diante.

5. COMPONENTES E TRAÇOS

Os materiais utilizados para a produção da argamassa contrapiso são:

Cimento;

Areia média;

Água.

A argamassa para contrapiso não deve ser plástica, mas sim com aspecto de uma

“farofa” como assim é denominada nos canteiros de obra, devido a sua baixa umidade (em

torno de 10%) . Seu traço que pode variar de 1:3 a 1:6, dependendo do revestimento do

ambiente:

Base para impermeabilização 1:3 a 1:4

Carpetes (têxteis ou madeira), vinílicos 1:4 a 1:5

Revestimentos espessos ( cerâmico, pedra) 1:5 a 1:6

Page 6: Execução de Contrapiso _ Sofia Leão Carvalho

5

Como todo procedimento que envolve pega da argamassa, deve-se ressaltar que sua

fabricação deve estar dentro dos limites da velocidade de execução de seus trabalhadores,

para que essa pega não inicie, e não haja desperdício de material.

Algumas das características que o contrapiso deve ter são:

1. Resistência mecânica;

2. Capacidade de absorver deformações;

3. Compacidade;

4. Durabilidade.

Além da própria argamassa para contrapiso, são utilizados também pedaços de peças

cerâmicas para a execução das taliscas.

6. DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA

A garantia da boa execução de qualquer etapa da obra, como um todo, depende das

pré-definições e boa elaboração dos projetos. Para a execução do contrapiso, não seria

diferente.

Para isso é necessário que alguns projetos em especial estejam compatibilizados,

evitando possíveis erros que venham ser percebidos somente em etapas seguintes. São eles:

Projeto de Arquitetura, que indica as cotas, os caimentos e os tipos de revestimentos;

Projeto Estrutural, que indica as posições de juntas;

Projeto de Instalações Elétricas e Hidráulicas;

Projeto de impermeabilização, que prevê arredondamentos de cantos;

Projeto de Esquadrias, que irá definir as posições das portas.

7. FERRAMENTAS E EQUIPAMENTOS

As ferramentas usadas a cada etapa do procedimento são:

1. Para limpeza e preparo da base:

a. Vanga ou ponteira;

b. Picão;

c. Marreta;

d. Vassoura de cerdas duras (tipo piaçaba);

e. Broxa e mangueira ou balde, para transporte d’água;

2. Para execução do contrapiso:

a. Nível de mangueira ou aparelho de nível (Figura 5 );

b. Colher de pedreiro 9”;

c. Peneira com cabo e 15cm de diâmetro;

d. Balde plástico de 20 litros;

e. Vassouras de cerdas duras e broxa;

f. Pá ou enxada;

g. Metro articulado;

h. Soquete com base de 30×30 cm e aproximadamente 7 kg de peso fixada a uma das

extremidades com pontalete de 1,50m de altura;

i. Réguas metálidas de 2,5 e 3,5m;

j. Desempenadeira de madeira e de aço lisa.

Page 7: Execução de Contrapiso _ Sofia Leão Carvalho

6

Figura 3 Ferramentas: pá, vanga, squete, nível de mangueira, enxada, régua metálica e

vassoura de cerdas duras.

Figura 4 Ferramentas: picão, marreta, broxa, peneira, colher de pedreiro e desempenadeiras

de madeira e de aço.

Figura 5 Aparelho de Nível.

Page 8: Execução de Contrapiso _ Sofia Leão Carvalho

7

Para proteção individual dos trabalhadores que executam essa etapa dos serviços em

obra são necessários os equipamentos (EPI’s): capacete, bota de couro, luva de borracha.

Figura 6 Equipamentos de proteção individual (EPI)

8. SERVIÇOS PRELIMINARES

Para se executar o contrapiso, devem-se considerar as condições ideais da base, ou

seja, que ela tenha sido executada em nível e que apresente condições superficiais (planeza e

regularidade), adequada para receber o contrapiso.

Deve-se considerar o nível de referência da laje, bem como os pontos onde o nível

deverá ser verificado, que preferencialmente será coincidido com o assentamento da talisca.

Em todos os ambientes deve ser marcado o nível que o contrapiso deve ter ao final.

É altamente recomendável que ao menos a primeira fiada das paredes esteja feita, já

que a parede levantada por completo atrapalha a movimentação com a chegada de argamassa

ao pavimento. Se não, recomenda-se fazê-lo quando as paredes já estiverem rebocadas, pra só

então regularizar a base. Além disso, todas as instalações que por ali passarem já devem estar

concluídas.

Figura 7 Primeira fiada de blocos cerâmicos que antecede a execução do contrapiso

Antes mesmo do assentamento das taliscas, o ambiente deve estar limpo, retirando

entulho, resto de argamassa ou qualquer outro material aderido à base. Nesse caso,

recomenda-se utilizar o picão, vanga ou ponteira e marreta. E logo depois deve ser varrido

Page 9: Execução de Contrapiso _ Sofia Leão Carvalho

8

com a vassoura de cerdas grossas. Se existir qualquer material, como graxas, óleo, tinta ou

cola, deve-se providenciar sua completa remoção.

Figura 8 Remoção de detritos com ponteira e com picão e marreta

Figura 9 Remoção de partículas com a vassoura

Com os níveis já definidos, o próximo passo é a execução das taliscas. Elas podem ser

feitas com pedaços de cerâmica. Assentadas ao longo do perímetro do ambientem, elas não

devem distar umas das outras mais do que 3 metros, respeitando o tamanho das réguas que

serão usadas na regularização e devem alcançar duas taliscas.

Assim como o restante do piso, os locais onde são colocadas as taliscas são

devidamente limpados, umedecidos e polvilhados com cimento, já que ele fará parte do

contrapiso também. A argamassa usada deve ter o mesmo traço do próprio contrapiso.

Figura 10 Limpeza do local das talisca

Page 10: Execução de Contrapiso _ Sofia Leão Carvalho

9

Figura 11 Polvilhamento do local umedecido para assentamento das taliscas

O assentamento das taliscas devem ser feitos com 2 dias de antecedência do

contrapiso, pois permite realizar maior controle dos níveis, e minimizar erros.

Figura 12 Assentamento da talisca com nível d’água

A operação do nível para a transferência do nível marcado no cômodo deve ser feita

com dois operários que tenham experiência para isso.

Após a conclusão desta etapa, o local é novamente limpado, e o trânsito de pessoas

impedido para que se evite danificar as taliscas.

Figura 13 Talisca pronta

Page 11: Execução de Contrapiso _ Sofia Leão Carvalho

10

9. ETAPAS DE EXECUÇÃO

No dia em que será executado o contrapiso, deve-se prever a produção racional da

argamassa. Por exemplo, na obra visitada, o trabalhador com experiência na execução de

contrapiso, fazia 1 apartamento por dia, o que é relativamente rápido. O controle da produção

de argamassa é importante para evitar desperdício.

Lava-se a laje com água em abundância e depois de retirado o excesso, é polvilhado o

cimento com uma peneira (aproximadamente 0,5kg/m2

de superfície) e espalhado com a

vassoura. Essa combinação formará uma película de ligação entre a base e a argamassa.

Figura 14 Preparo da Camada de Aderência

A partir de então se começa a execução do contrapiso com a chegada de material no

pavimento. A seguinte etapa é a de execução da mestra, que é uma faixa de guia do contrapiso

que usará o alinhamento das taliscas para o nivelamento. A argamassa sobrepõe as taliscas. Só

depois de compactado e feito essas guias, é que se deveria espalhar o restante da massa no

piso.

Page 12: Execução de Contrapiso _ Sofia Leão Carvalho

11

Figura 15 Execução da mestra

O que foi observado em obra, no entanto, foi que o trabalhador, devido sua

experiência e rapidez, espalha a argamassa por todo o piso, e dedica atenção primeiramente à

parte onde estão as taliscas.

Figura 16 Compactação da argamassa em todo piso

Page 13: Execução de Contrapiso _ Sofia Leão Carvalho

12

Figura 17 Execução de uma guia com a régua sobre toda a argamassa espalhada

Só depois de feita a marcação das guias sobre todo o piso argamassado, com auxílio

das taliscas alí colocadas, é que o trabalhador partiu para o nivelamento de toda a área

restante.

Figura 18 Nivelamento do restante da área do cômodo

O próprio trabalhador previu os locais onde há caimento, e marcou com a própria

régua os locais onde ocorrerão esse desnível.

Page 14: Execução de Contrapiso _ Sofia Leão Carvalho

13

Figura 19 Previsão do caimento próximo ao ralo

O operário, terminado o nivelamento do cômodo, define a linha de transição de um

ambiente para outro, onde provavelmente ocorrerá uma mudança de nível.

Figura 20 Finalização do nivelamento do ambiente

Por último, como etapa de acabamento, a camada é desempenada. Se ela for receber

depois um revestimento fixado com argamassa adesiva, basta a desempenadeira de madeira.

Se for receber um revestimento cujo adesivo é a base de resina, é feito o alisamento com

desempenadeira de aço e polvilhado cimento em mesma quantidade, como anteriormente.

(0,5kg/m2

), constituindo uma fina camada de alta resistência.

Essa etapa é feita com auxílio de uma tábua, onde o trabalhador se apóia com os pés,

para evitar danificar o piso, e ela é feita dos cantos para a porta de saída.

Page 15: Execução de Contrapiso _ Sofia Leão Carvalho

14

Figura 21 Execução do acabamento superficial obtido por desempeno com madeira

10. CUIDADOS APÓS EXECUÇÃO DO CONTRAPISO

Depois de acabado o contrapiso recomenda-se ainda alguns cuidados:

1. O contrapiso deve ser isolado do trânsito de pessoas durante no mínimo 3 dias. O transito de

equipamentos deve ser evitado, mesmo após esse pedíodo;

2. Para a colocação do revestimento, espera-se no mínimo um prazo de 28 dias para a completa

secagem do contrapiso.

3. A cura pode ser feita sob condições ambientes, desde que esteja protegido de ações agressivas

do meio.

11. CRONOGRAMA

A execução do serviço avaliado na obra visitada é relativamente muito rápida, dado

que o trabalhador executa sozinho um apartamento de aproximadamente 104m2 por dia.

12. ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS OBSERVADOS NA OBRA

Foi observado que no Edifício Portal dos Jacarandás, a execução do contrapiso é feita

de maneira satisfatória, atendendo corretamente o cronograma da obra e não demonstrando

qualquer problema relacionado a essa etapa.

Sobre todos os aspectos observados, o único que se diferencia do que encontramos

nas referências bibliográficas é e relação à execução da mestra. O ato de lançar todo o

material necessário para um ambiente de uma única vez é prejudicial porque a massa pode

iniciar sua reação de pega, dificultar o trabalho e possivelmente desperdiçar esse material se o

trabalhador não conseguir espalhar, compactar e nivelar o ambiente relativamente rápido.

O que foi notado, no entanto, foi a alta produtividade do funcionário em específico, e

que rapidamente executou o serviço numa sacada de pequena área. Em ambientes maiores,

Page 16: Execução de Contrapiso _ Sofia Leão Carvalho

15

como uma sala, provavelmente seria mais difícil cumprir todas as etapas preocupando-se em

nivelar corretamente antes com auxílio das taliscas.

Para todo caso, é recomendável a execução da mestra, garantindo a boa execução do

contrapiso.

13. INOVAÇÕES NO MERCADO

Uma das inovações no mercado de contrapisos é o contrapiso Auto-nivelante. Ele foi

desenvolvido para aplicação em áreas onde é necessário um grande nível de assepsia, assim

como alta resistência a ataques químicos e abrasivos, suportando trânsito de leve a elevado

(pessoas, empilhadeiras e veículos pesados). O sistema auto-nivelante possui propriedades de

alta fluidez e auto-acomodação proporcionando um acabamento vítreo garantindo assim total

proteção ao substrato.

Por agregar estética e resistência, é considerado um revestimento altamente

recomendável para laboratórios, indústrias farmacêuticas, hospitais, indústrias alimentícias

entre outras.

Figura 22 Contrapiso auto-nivelante aplicado em laboratório

14. CONCLUSÃO

O subsistema piso apesar de ser uma etapa simples em relação a todos processos

executados em obra, merece atenção cuidadosa na sua execução pois dependendo de como ela

for feita, evita-se erros e desperdícios.

Quando consideramos a abordagem das referências bibliográficas, percebemos que a

teoria é praticamente condizente à realidade, com algumas ressalvas, pois ela também é

passível à adaptações em determinados casos. Contanto é muito importante que seja estudada

a possibilidade de substituição ou exclusão de determinados passos, para que não se obtenha

resultados frustrantes.

Esse trabalho cobriu todas as etapas de execução do contrapiso aderido, ressaltando as

funções as funções do contrapiso em seu sistema piso utilizado em edifícios residenciais ou

comerciais, destacando os procedimentos para sua execução.

Page 17: Execução de Contrapiso _ Sofia Leão Carvalho

16

15. REFERÊNCIA BLIBLIOGRÁFICA

BARROS, Mercia Maria S. Bottura de. Recomendações para a Produção de Contrapisos para

Edifícios. TT-13.São Paulo, 1995.

SABBATINI, Fernando H et al. Produção de Contrapisos em Edifícios. PCC-2436,

Tecnologia da Construção Civil II. Escola Politécnica- USP, São Paulo. 2006.

BORGES, Alberto de Campos et al. Práticas das Pequenas Construções. Volume I. Editora

Edgard Blücher, São Paulo. 1998.