instituto nacional de pesquisas da amazÔnia - inpa ......p792 ponce de leão, sofia eugénia...
TRANSCRIPT
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DO INPA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DE ÁGUA DOCE
E PESCA INTERIOR
Movimentação e uso do espaço por adultos de Podocnemis unifilis
Troschel, 1848, na Reserva Biológica do Rio Trombetas, Pará, Brasil
Sofia Eugénia Geraldes Malheiro Ponce de Leão
Manaus – AM
2015
ii
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DO INPA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DE ÁGUA DOCE E
PESCA INTERIOR
Movimentação e uso do espaço por adultos de Podocnemis unifilis
Troschel, 1848, na Reserva Biológica do Rio Trombetas, Pará, Brasil
Sofia Eugénia Geraldes Malheiro Ponce de Leão
Orientador: Richard C. Vogt, PhD
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação do INPA, como parte dos
requisitos para obtenção do título de
Mestre em Ciências Biológicas, área de
concentração em Biologia de Água Doce
e Pesca Interior.
Manaus – AM
2015
iii
Sinopse:
Estudou-se a movimentação de adultos de Podocnemis unifilis em função do
tamanho corporal e do uso dos ambientes.
Palavras-chave: Quelônios, área de uso, movimentação, REBIO Trombetas.
Palavras-chave:
Ficha Catalográfica
P792 Ponce de Leão, Sofia Eugénia Geraldes Malheiro
Movimentação e uso do espaço por adultos de Podocnemis
unifilis Troschel, 1848, na Reserva Biológica do Rio Trombetas,
Pará, Brasil / Sofia Eugénia Geraldes Malheiro Ponce de Leão. ---
Manaus: [s.n.], 2015.
90 f. : il. color.
Dissertação (Mestrado) --- INPA, Manaus, 2015.
Orientador : Richard Carl Vogt.
Área de concentração : Biologia de Água Doce e Pesca Interior.
1. Podocnemis unifilis. 2. Área de uso. 3. Movimentação. I.
Título.
CDD 597.92
iv
À minha Avó e Tio que
viraram estrelas no céu,
e continuam brilhando
e olhando por mim!
v
AGRADECIMENTOS
Ao Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) pela concessão da bolsa de estudo
(Processo:132087/2013-8);
Ao Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA) pelo Programa de Pós-
Graduação em Biologia de Água Doce e Pesca Interior (BADPI);
Ao Projeto Pé de Pincha dos Programas Sócioambientais da Petrobras, representado
pelo Prof. Paulo Andrade, por ceder os radiotransmissores para esta pesquisa;
À fundação boticário pelo financiamento de custos de campo e em especial à Ma.
Virgínia por ter compartilhado essa verba;
Ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) pelo apoio
logístico e financeiro para custos de alimentação e ajudante de campo dentro da REBIO
Trombetas, nomeadamente a Alberto Guerreiro (in memoriam), Andréa Oliveira, André
Macêdo, Carlitos, Eliana, José Risonei Silva e Lady Soares. Toda a metodologia
empregue no estudo foi também autorizada pelo ICMBio (SISBIO: 41068-3);
Ao Prof. Dr. Richard Vogt por me orientar e por me incentivar a trabalhar com
quelônios na Amazônia;
Aos avaliadores do plano do projeto, Dra. Camila Ferrara, Dr. Augusto Fachín-Teran e
Dr. Paulo Dias pelas contribuições na parte escrita;
À banca examinadora de minha aula de qualificação, Dra. Claudia Pereira de Deus, Dra.
Fabíola Domingos e Dr. Geraldo Mendes pelas contribuições e comentários;
À secretária do BADPI, Elci e demais funcionários, pelo apoio burocrático.
Aos pais da Daniela Blois por todo o carinho apoio e recepção em Trombetas sempre
que foi necessário;
Aos voluntários Rodrigo Chagas e Klaryson Gurgel e às colegas e amigas Fernanda,
Beatriz, Graziela pela ajuda em campo nas coletas;
vi
A todos os participantes da disciplina Manejo e Conservação de Quelônios de 2013 pela
partilha de bons momentos em campo e ajuda nas coletas;
Aos “Cariocas” do curso de geografia da UFF pelo convívio descontraído;
Aos acrianos Otávio, Marciane, Leia e Professora Maria José Albuquerque por toda a
disposição e ensinamentos sobre castanha-do-brasil;
Ao Josélino dos Santos (Zélino) e ao Manoel da Conceição (96) por todos os esforços
em campo e ensinamentos de seus saberes tradicionais de extremo valor;
Ao Erasmo por ter emprestado a canoa ajuda essencial sem a qual o monitoramento não
poderia ter sido realizado;
A todos os moradores das comunidades do Trombetas em especial da Tapagem, desde
as crianças aos mais idosos, por todo o afeto e confiança especialmente à Ângela,
Séfora, Tomé, Dona Luzia e marido.
À família do Fábio Cunha que me acolheu sempre que necessário em Oriximiná e me
receberam como se fosse “da casa”;
Aos agentes ambientais do ICMBio, em especial Sr. Waldomiro, Sr. Mosquito, Sr.
Carlinhos, Sinho, João, Marquinhos, Baixo, Santos, Ninxica, Arigó, Edjares, Deco,
Bico, Copaíba, por todos os apoios e convivência diária na base do Tabuleiro e Santa
Rosa;
A todas as aventuras emocionantes que tenho vivido nesta Amazônia cheia de mistérios
que me reconstroem a cada segundo;
Aos tarturólogos do projeto Tartarugas da Amazônia – conservando para o futuro por
toda a cooperação e convivência: Camila (Kurzman), Camila (Ferrara), Elis, Johnatan,
Lana, Mariel, Professora Neves Viana, Fernanda, Fábio, Marcela, Márcia, Michele,
Sabrina, Shirley, Thais, Vinicius, Virgínia;
Um especial agradecimento à Dra. Shirley pelas aulas particulares de R e pela boa
disposição e paciência;
vii
Ao Prof. Diego Souza do departamento de estatística da UFAM pelo auxílio nas
decisões dos testes estatísticos;
Aos meus colegas e amigos de turma BADPI 2013, Alexandre, Bianca, Eduardo,
Bredson, Derek, Diogo, Fábio, Felipe, Fernanda, Irislane, José, Louzamira, Marina,
Mateus (que infelizmente abandonou o curso), Otávio, Sophia e Thalita por todos os
momentos compartilhados;
À Vanessa Ferreira minha companheira de Universidade e aventuras nesta Amazônia;
À Luciana Melo minha mãe caboca;
À minha família “manauara” que me recebeu de braços abertos: Catharyna, Dani,
Karen, Heraldo, Oneide, Monica, Carol, Lauros, João, Márcia, Regis, Klaryson, Cinthia,
Phillip, Gu, Aline, Ana, Rafa, Claudia, Danielle, Salomão, Rodrigo, Babu, Karolayne,
Ladislau, Lana, Marcelos e muitos mais com quem partilhei muitas vivências;
Ao meu companheiro de luta e amor, Belmiro Neto com quem tenho compartilhado
muitos gostos e aflições;
À minha gata Safira que sempre me fará companhia para onde quer que eu vá;
À minha família e amigos que de longe me incentivam todos os dias a dar o meu melhor
e que torcem por mim com muito carinho e afeto sempre presentes, principalmente ao
meu Pai, Mãe e irmão que sempre me apoiam em todos os caminhos que percorro;
Um especial agradecimento à minha Avó e Tio que sempre me quiseram ver sorrir e
agora ficam nas lembranças de todos os bons momentos que com eles vivi desde que
nasci;
Gratidão imensa por fazerem parte de mim!
viii
"Você não pode descobrir novos oceanos, a menos que tenha a coragem de perder de
vista a sua praia."
Provérbio Tibetano
ix
RESUMO
Adultos de Podocnemis unifilis foram monitorados entre setembro de 2013 e
setembro de 2014 recorrendo a radiotelemetria VHF na Reserva Biológica do Rio
Trombetas (REBIO Trombetas), Pará, Brasil. O objetivo principal do estudo foi analisar
a movimentação e o uso do espaço pelos indivíduos do entorno da base do Tabuleiro,
procurando descrever a sua movimentação, o tamanho e forma de suas áreas de uso.
Equiparam-se 10 machos e 10 fêmeas com radiotransmissores. O sinal de uma fêmea
não foi detectado durante todo o período de monitoramento. Verificaram-se
deslocamentos anuais de cerca de 9,6 km e taxas de deslocamento com valores médios
de 65 m/dia. A área pelo Kernel Fixo com 95% das localizações (KF95%) variou de
0,56 a 215,07 ha com média de 79,28 ± 77,08 ha (N = 13). Foi encontrada relação por
meio de regressão múltipla, entre a área das fêmeas e a sua massa corpórea (F1,3 =
16,98; R2 = 0,85; p<0,05; N = 5). Verificaram-se sobreposições frequentes com
proporção média de 14,07% nas áreas pelo KF95%. O uso dos ambientes foi
significativamente diferente entre machos e fêmeas (χ2 = 110,63; gl = 6; p<0,0001).
Machos usaram habitualmente o ambiente de igapó aberto misto, enquanto que fêmeas
se situaram mais em ambiente de lago. Visando a conservação da espécie, para além da
proteção efetiva verificada nas praias de areia grossa, propõe-se a proteção das áreas de
desova, como as campinas de areia branca, em ambiente de lago durante a estação seca.
No período de cheia, as florestas de igapó são os locais de maior intensidade de uso,
sendo necessário preservá-las juntamente com os canais de lago que efetuam a ponte
entre as áreas utilizadas nas estações do ano.
Palavras-chave: Área de uso, radiotelemetria, REBIO Trombetas, quelônios,
Podocnemis unifilis.
x
ABSTRACT
Adults of Podocnemis unifilis were monitored using VHF radiotelemetry from
September 2013 to September 2014 in the Rio Trombetas Biological Reserve, Pará,
Brazil. Our principal aim was to analyze movements and use of space by this species,
near the Tabuleiro base, by describing movements, size and shape of the estimated
home ranges. Twenty transmitters were attached to 10 males and 10 females. We never
found the signal of one female during the study. Mean movements around 9.6 km and a
rate of 65 meters per day were found. The home range calculated through the fixed
kernel (KF) method with 95% of the locations averaged 79.28 ± 77.08 ha (0.56 –
215.07; N = 13). There was a relation found by multiple regression between female
home ranges and weight (F1,3 = 16.98; R2 = 0.85; p<0.05; N = 5). The mean of
overlapping areas with the KF95% was 14.07%. The comparison related to the
environment use was statistically significant between sexes (χ2 = 110.63; df = 6;
p<0,0001). Males stayed more often in open flooded forest areas (IAM), besides
females were frequently at lake. For conservation purposes it is necessary to continue
the protection of the nesting sand beaches and increase that effort throughout the
campinas inside the lake where the species nest in the dry season. The flooded forest
areas as zones of intense use at the wet season and the linkage lake canals, as the bridge
between the environments trough the seasons should be preserved.
Key words: Home range, radiotelemetry, REBIO Trombetas, turtles, Podocnemis
unifilis.
xi
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA..........................................................................................................iv
AGRADECIMENTOS.................................................................................................v
EPÍGRAFE................................................................................................................viii
RESUMO.....................................................................................................................ix
ABSTRACT..................................................................................................................x
LISTA DE TABELAS...............................................................................................xiii
LISTA DE FIGURAS..............................................................................................xiiv
1. INTRODUÇÃO
1.1.Objetivos
1.1.1. Objetivo Geral......................................................................................8
1.1.2. Objetivos Específicos...........................................................................8
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. Área de estudo...........................................................................................9
2.2. Amostragem dos dados............................................................................11
2.2.1. Nível da água do rio Trombetas........................................................17
2.3. Análise dos dados ....................................................................................18
2.3.1. Movimentação....................................................................................18
2.3.2. Área de uso.........................................................................................19
2.3.3. Relações entre o tamanho corpóreo e o deslocamento ou área de
uso......................................................................................................21
2.3.4. Sobreposição de áreas.......................................................................21
2.3.5. Uso do ambiente.................................................................................22
3. RESULTADOS
3.1. Movimentação..........................................................................................26
3.2. Área de uso...............................................................................................46
xii
3.3. Relações entre o tamanho corpóreo e o deslocamento ou área de
uso............................................................................................................52
3.4. Sobreposição de áreas.............................................................................53
3.5. Uso do ambiente.......................................................................................59
3.6. Dificuldades encontradas.........................................................................61
4. DISCUSSÃO
4.1. Movimentação..........................................................................................63
4.2. Área de uso..............................................................................................67
4.3. Relações entre o tamanho corpóreo e o deslocamento ou área de
uso............................................................................................................70
4.4. Sobreposição de áreas..............................................................................71
4.5. Uso do ambiente........................................................................................73
5. CONCLUSÃO......................................................................................................76
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................77
xiii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. – Dados biométricos dos indivíduos separados por sexo...............................17
Tabela 2. – Identificação das fases do ciclo hidrométrico contidas no período de
amostragem......................................................................................................................22
Tabela 3. –. Sete categorias de ambiente caracterizados na área de amostragem, entre
setembro de 2013 e setembro de 2014 ............................................................................25
Tabela 4. – Estatísticas descritivas das variáveis de movimentação separadas por
estação e sexo..................................................................................................................27
Tabela 5. – Áreas de uso estimadas por diferentes métodos para ambos os sexos.........46
Tabela 6. – Estatísticas descritivas da sobreposição de áreas de uso estimadas pelo
KF 95%............................................................................................................................53
Tabela 7. – Matriz de sobreposição percentual (%) de áreas de uso estimadas pelo
método KF95% (N = 13).................................................................................................55
Tabela 8. – Matriz de sobreposição percentual (%) de áreas de uso estimadas pelo
método KF50% (N = 9)...................................................................................................57
Tabela 9. – Disponibilidade das categorias de ambiente em cada fase do ciclo
hidrométrico.....................................................................................................................59
xiv
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. – Distribuição geográfica de Podocnemis unifilis segundo Pritchard e
Trebbau 1984.....................................................................................................................3
Figura 2. – Dimorfismo sexual em adultos de Podocnemis unifilis.................................4
Figura 3. – Localização geográfica da REBIO Trombetas.............................................10
Figura 4. – Área de monitoramento dos indivíduos com destaque para os lagos. ........11
Figura 5. – Coordenadas geográficas dos locais de captura dos 20 indivíduos
monitorados.....................................................................................................................14
Figura 6. – Representação esquemática e ilustrativa da marcação medição e fixação do
radiotransmissor...............................................................................................................16
Figura 7. – Sistema eletrônico de recepção....................................................................16
Figura 8. – Identificação das fases do ciclo hidrométrico contidas no período de
amostragem......................................................................................................................17
Figura 9. – Fêmea adulta de Podocnemis unifilis a desovar ..........................................28
Figura 10. – Sequência cronológica das localizações 1- Indivíduo PU07. 2- Indivíduo
PU08................................................................................................................................29
xv
Figura 11. – Sequência cronológica das localizações. 1- Indivíduo PU10. 2- Indivíduo
PU12................................................................................................................................31
Figura 12. – Sequência cronológica das localizações. 1- Indivíduo PU17. 2- Indivíduo
PU05................................................................................................................................33
Figura 13. – Sequência cronológica das localizações. 1- Indivíduo PU09. 2- Indivíduos
PU18 e PU19 (linha amarela)..........................................................................................35
Figura 14. – Sequência cronológica das localizações. 1- Indivíduo PU01. 2- Indivíduo
PU02................................................................................................................................37
Figura 15. – Macho adulto de Podocnemis unifilis recapturado....................................38
Figura 16. – Sequência cronológica das localizações. 1- Indivíduo PU06. 2- Indivíduo
PU03................................................................................................................................39
Figura 17. – Sequência cronológica das localizações. 1- Indivíduo PU15. 2- Indivíduo
PU13................................................................................................................................41
Figura 18. – Sequência cronológica das localizações. 1- Indivíduo PU04. 2- Indivíduo
PU11................................................................................................................................43
Figura 19. – Sequência cronológica das localizações. 1- Indivíduo PU14. 2- Indivíduo
PU16................................................................................................................................45
Figura 20. – Representação das áreas de uso de cinco fêmeas adultas de Podocnemis
unifilis estimadas pelo Kernel Fixo 95% e a tracejado pelo Kernel Fixo 50%.
Monitoramento por radiotelemetria, entre setembro de 2013 e setembro de 2014 na
REBIO Trombetas, Pará..................................................................................................48
xvi
Figura 21. – Representação das áreas de uso de oito machos adultos de Podocnemis
unifilis estimadas pelo Kernel Fixo 95% e a tracejado pelo Kernel Fixo 50%.
Monitoramento por radiotelemetria, entre setembro de 2013 e setembro de 2014 na
REBIO Trombetas, Pará..................................................................................................49
Figura 22. – Representação das áreas de uso de nove fêmeas adultas de Podocnemis
unifilis estimadas pelo MPC100%. Monitoramento por radiotelemetria, entre setembro
de 2013 e setembro de 2014 na REBIO Trombetas, Pará...............................................50
Figura 23. – Representação das áreas de uso de dez machos adultos de Podocnemis
unifilis estimadas pelo MPC100%. Monitoramento por radiotelemetria, entre setembro
de 2013 e setembro de 2014 na REBIO Trombetas, Pará...............................................51
Figura 24. – Relações entre tamanho corpóreo e estimativas de área de uso em
1 – fêmeas e 2 – machos..................................................................................................52
Figura 25. – Sobreposição das áreas de uso individuais estimadas pelo método do
KF95% (N = 13)..............................................................................................................56
Figura 26. – Sobreposição das áreas de uso individuais estimadas pelo método do
KF50% (N = 9)...............................................................................................................58
Figura 27. – Frequências relativas (%) da ocorrência de fêmeas de P. unifilis nas
categorias de ambiente e separadas por fase do ciclo hidrométrico. ..............................60
Figura 28. – Frequências relativas (%) da ocorrência de machos de P. unifilis nas
categorias de ambiente e separadas por fase do ciclo hidrométrico. ..............................61
1
1. INTRODUÇÃO
No Brasil ocorrem 36 espécies inseridas na ordem Testudines, divididas nas
subordens Pleurodira e Cryptodira, em diversos ecossistemas terrestres e aquáticos. Duas
são terrestres, cinco são marinhas e 29 de água doce, sendo que destas 18 se encontram na
região amazônica (Rueda-Almonacid et al., 2007; SBH, 2014; Vogt, 2008).
A subordem Pleurodira possui apenas representantes de água doce pertencentes às
famílias Chelidae, Pelomedusidae e Podocnemididae (Ely, 2008). Na Amazônia brasileira
estão presentes cinco espécies da família Podocnemididae: Podocnemis expansa,
Podocnemis unifilis, Podocnemis sextuberculata, Podocnemis erythrocephala e
Peltocephalus dumerilianus (Rueda-Almonacid et al., 2007; Vogt, 2008).
Podocnemis unifilis (Troschel, 1848) designa-se comumente por tracajá apesar de
no Brasil, os machos também serem conhecidos como zé-prego. A sua distribuição
abrange as bacias dos rios Amazonas e Orinoco, entre a Colômbia, Equador, Peru, Bolívia,
Brasil, Guianas e Suriname (Figura 1). É uma espécie aquática e ocorre em água branca,
clara e preta, vivendo numa variedade de habitats como, grandes rios, lagos, lagos de
meandro, brejos, lagoas e pântanos. Juvenis são mais frequentemente encontrados em
lagos e enseadas enquanto que adultos nos grandes corpos de água (Vogt, 2008).
A dieta de P. unifilis é predominantemente herbívora em ambiente natural,
alimentando-se de frutos, raízes, sementes, algas, gramíneas e folhas de plantas silvestres,
sendo que desta forma o alimento não deve ser considerado um fator limitante para o
tamanho das populações (Pritchard, 1979; Almeida et al., 1986; Fachín-Terán et al., 1995;
Balensiefer e Vogt, 2006; Vogt, 2008).
Geralmente, P. unifilis apresenta um único barbelo embaixo do queixo (Pritchard e
Trebbau, 1984; Rueda-Almonacid et al., 2007), o que lhe confere o nome específico
(Vismara, 2009). Filhotes, juvenis e machos adultos apresentam um padrão de manchas de
2
coloração laranja ou amarela na cabeça que em fêmeas adultas se torna marrom.
Indivíduos adultos possuem uma carapaça lisa e alargada na região posterior, com
coloração preta em machos que tende a ser cinza nas fêmeas. O escudo anal do plastrão
têm uma fenda em forma de “V” nas fêmeas enquanto que os machos possuem a fenda em
forma de “U” e uma cauda mais espessa e longa (Figura 2; Vogt, 2008). As fêmeas
alcançam a maturidade sexual com cerca de 30 cm de comprimento retilíneo máximo da
carapaça, os machos com aproximadamente 20 cm (Rueda-Almonacid et al., 2007).
A desova de P. unifilis depende do recuo do nível da água e pode se verificar uma a
duas posturas ao ano (Vogt, 2008). Na Reserva Biológica do rio Trombetas, Pará, foram
observadas ninhadas com cerca de 19 (7-27) ovos sendo necessário um período de
incubação de 58-66 dias dependendo da temperatura de incubação (Haller e Rodrigues,
2005). O tipo de substrato varia consideravelmente desde praias de areia com declividade
variável a barrancos de solo argiloso na borda da floresta, criando diversos regimes de
temperatura. A determinação do sexo depende da temperatura de incubação (SDT), onde
temperaturas mais altas originam um maior número de fêmeas (Souza e Vogt, 1994). A
razão sexual encontrada no rio Trombetas para a espécie foi de quatro fêmeas para um
macho (Vogt, 2008).
Os quelônios são um componente de grande valor nutricional na dieta das
populações ribeirinhas e são muito apreciados ao longo da bacia Amazônica. A tartaruga-
da-amazônia (P. expansa), o maior quelônio de água doce da América do Sul foi
intensamente predada e as suas populações reduziram em número e tamanho desde o final
do século XVIII até os tempos atuais (Bates, 1863; Smith, 1979). A menor oferta suscitou
a busca de uma alternativa similar sendo que quelônios de menor porte como o cabeçudo
(P. dumerilianus), a iaçá (P. sextuberculata) e o tracajá (P. unifilis) começaram a ser
consumidos mais frequentemente (Vogt, 2008). Por não se tratar apenas de caça de
3
subsistência, o seu consumo tornou-se exacerbado. Deste modo, grandes quantidades de
animais são capturadas e comercializadas nas grandes metrópoles, onde se obtêm maiores
valores de venda, sendo esta atualmente considerada uma prática ilegal (Rebelo, 2002;
Pezutti et al., 2004; Rueda-Almonacid et al., 2007; Terra, 2008; Nascimento, 2009).
Podocnemis unifilis é um dos quelônios mais comuns da América do Sul. No
entanto, as suas populações ainda que abundantes, em alguns locais parecem estar
declinando devido à predação natural e antrópica dos ninhos, bem como à sobrexploração
de adultos, juvenis e ovos em mercados para o consumo humano (Andrade, 2008). Se esta
atividade continuar existindo de forma insustentável poderá conduzir a uma situação
crítica para a espécie (Escalona e Fa, 1998; Vogt, 2008).
Em virtude do exposto, a espécie foi inserida em 1996 na Lista Vermelha de
Espécies Ameaçadas da União Internacional para a conservação da Natureza (IUCN),
classificada como vulnerável (IUCN, 2015). Na Convenção sobre o Comercio
Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção
(CITES) está no apêndice II (CITES, 2015), no entanto não se encontra na lista brasileira
de espécies ameaçadas de extinção.
Figura 1. Distribuição geográfica de Podocnemis unifilis (Pritchard e Trebbau, 1984).
4
Figura 2. Dimorfismo sexual em adultos de Podocnemis unifilis. A, C – fêmea; B, D –
macho (Vismara, 2009).
Estudar a movimentação dentre e entre populações é relevante para o entendimento
das razões ecológicas e evolucionárias que levam os indivíduos de uma espécie a dispersar
e migrar (Gibbons et al., 1990; Souza, 2012). Movimentos são determinados por
necessidades fisiológicas, de modo que existe ocupação de locais com maior
disponibilidade de recursos, tais como abrigo, alimento, parceiros sexuais, sítios de
termorregulação e reprodução, no caso dos quelônios (Gibbons et al., 1990; Pough et al.,
2001; Kiel, 2004).
Na região amazônica, durante o período chuvoso os canais principais de diversas
bacias hidrográficas têm seus leitos transbordados. Esta variação anual no nível das águas,
chamada de pulso de inundação, origina uma variedade de ambientes aquáticos que atraem
a fauna dos rios para a floresta alagada (Junk et al., 1989; Leite, 2010). Durante a
5
enchente, quelônios de todos os tamanhos adentram os lagos de meandro e a floresta
alagada para se protegerem de predadores e forragearem, alimentando-se de frutas e
sementes que se tornam disponíveis neste período (Fachín-Terán, 1992; Rueda-Almonacid
et al., 2007; Vogt, 2008). Já na vazante, os ambientes de floresta alagada ficam
indisponíveis e simultaneamente existe por parte das fêmeas, a necessidade de encontrar
locais para a desova durante a época seca. As fêmeas de P. unifilis são bimodais na sua
resposta à diminuição do nível da água; algumas permanecem nos lagos e canais e
desovam em solo argiloso característico das suas margens, enquanto outras migram para
os rios para desovarem nas praias arenosas tendo por vezes que percorrer centenas de
metros em terra. É registada a ocorrência deste fenômeno na REBIO do rio Trombetas; no
rio Guaporé e em Mamirauá (Fáchin-Téran et al., 2005; Vogt, 2008).
A área de vida, home range, é geralmente definida como a área total que um animal
utiliza durante a realização das suas atividades rotineiras como a alimentação, a cópula e o
cuidado parental (Burt, 1943; Jewell, 1966); podendo também ser definida uma subárea de
proporção menor, utilizada durante um determinado período que representa uma fração
importante da área de vida – área de uso (Jennrich e Turner, 1969; Domingues e
Rodrigues, 2007). O tamanho da área de vida não é constante para uma espécie, vai sendo
ajustado consoante as escalas de espaço e tempo por fatores demográficos, ecológicos,
evolutivos, relacionados com o habitat e por vezes com a ação do Homem (Stickel, 1989;
Litzgus e Mousseau, 2004; Ely, 2008). A estabilidade ao longo dos anos da área de vida, a
sobreposição de áreas de vida individuais, como também a observação de padrões de
movimentação, determinam a organização social dos indivíduos de uma espécie (Gibbons,
1986).
6
Estudos de movimentação e uso do espaço por quelônios de água doce são mais
comuns nas zonas temperadas da América do Norte, nos quais geralmente se descreve a
tendência de dormência e hibernação em períodos mais frios nos lagos, pântanos e rios da
região (Buhlmann, 1998) conforme descrito para: Chrysemys picta e Pseudemys scripta
(Cagle, 1944; Moll e Legler, 1971); Chrysemys picta marginata (Sexton, 1959; Rowe e
Dalgarn, 2010); Tryonix muticus (Plummer e Shirer, 1975); Graptemys
pseudogeographica e Graptemys ouachitensis (Vogt, 1980a); Kinosternum subrubum,
Pseudemys floridana, Deirochelys reticularia, Sternotherus odoratus e Chelydra
serpentina (Gibbons, 1986); Kinosternon leucostomum (Morales-Verdeja e Vogt, 1997);
Clemmys guttata (Litzgus e Mousseau, 2004; Ramussen e Litzgus, 2010); Gopherus
polyphemus (Pike, 2006) e Macrochelys temminckii (Riedle et al., 2006).
No Brasil, estudos sobre os aspectos da movimentação e área de vida de quelônios
de água doce são escassos e relativamente recentes destacando-se os trabalhos realizados
com Trachemys adiutrix nos lençóis Maranhenses (Ely, 2008), Acanthochelys spixii no
Distrito Federal (Horta, 2008) e Hydromedusa maximiliani no Parque Estadual Carlos
Botelho em São Paulo (Costa, 2013). Na Amazônia brasileira realizaram-se estudos com:
Phrynops rufipes (Magnusson et al., 1997); P. dumerilianus (De La Ossa, 2007; Castro
2013); Rhinoclemmys punctularia punctularia (Figueiredo, 2010; Wariss et al., 2012); P.
expansa (Alho e Pádua, 1982 a, b; Moreira e Vogt, 1990; Castelblanco-Martínez et al.,
2006; Vogt et al., 2006; Leite, 2010; Souza, 2012); P. sextuberculata (Fachín-Téran et al.,
2005); P. erythrocephala (Bernhard, 2010; Leite, 2010) e P.unifilis (Félix-Silva, 2009;
Leite, 2010), nos quais geralmente se analisaram o tamanho da área de vida, atividade e
sazonalidade do uso do habitat.
O recurso a técnicas de telemetria, como também a métodos como o de captura-
recaptura permitem estudar padrões de movimentação (migração, dispersão sazonal) e uso
7
do espaço (área de vida, uso do habitat). Segundo Moll e Legler (1971) a telemetria é o
método mais efetivo para estudos de movimentação em indivíduos adultos de quelônios de
água doce pela eficácia dos esforços de localização dos indivíduos, uma vez que estes
percorrem grandes distâncias.
A proteção de áreas de desova é o foco que se tem dado às atividades
conservacionistas de quelônios na Amazônia, com o objetivo de proteger as fêmeas e o
aumentar o número de filhotes (IBAMA, 1989; Cantarelli, 2006). Programas de manejo
nos quais somente existe a liberação de filhotes (headstarting) têm pouco efeito para
sustentar populações viáveis (Frazer, 1992; Congdon et al., 1994; Vismara, 2009). Em
muitas áreas a perda de indivíduos adultos excede o seu recrutamento, dificultando a
conservação das populações que têm a sua sobrevivência baseada num longo período de
vida reprodutivo (Klemens, 1989). Na Reserva Biológica do Rio Trombetas, a queimada
das áreas de floresta de igapó pelas comunidades do entorno para atividades extrativistas, a
captura de quelônios quer para alimentação quer para o comércio ilegal, e o aumento no
tráfego de embarcações, dificultam os esforços de conservação e criam conflitos uma vez
que esta é uma unidade de proteção integral que visa principalmente proteger os sítios de
desova da tartaruga-da-amazônia e de outros quelônios do gênero Podocnemis (IBAMA e
STCP, 2004; IBAMA, 2009). Como tal, é necessário conhecer a movimentação e atividade
bem como a amplitude da área utilizada por P. unifilis e dos centros com maior intensidade
de uso pelos indivíduos, para reforçar os planos de manejo em vigor e apontar as áreas de
proteção e preservação prioritárias para a espécie na reserva.
8
1.1. Objetivos
1.1.1. Objetivo Geral
Analisar a movimentação e o uso do espaço por adultos de Podocnemis unifilis, ao
longo de um ano, no entorno do Lago do Jacaré, na Reserva Biológica do Rio Trombetas,
Pará, Brasil.
1.1.2. Objetivos específicos
1. Descrever e analisar padrões de movimentação de adultos de P. unifilis em função
do sexo e da sazonalidade;
2. Estimar e comparar áreas de uso individuais em função do sexo e da sazonalidade;
3. Relacionar o tamanho corporal dos indivíduos com o deslocamento e área de uso;
4. Avaliar o grau de sobreposição entre as áreas estimadas;
5. Descrever o uso dos ambientes disponíveis sazonalmente.
9
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. Área de estudo
A Reserva Biológica do Rio Trombetas (REBIO Trombetas, 00º 39’ a 01º 29’ S e
56º 17’ a 57º 03’ W) pertencente ao município de Oriximiná situado a noroeste do estado
do Pará, Brasil, e possui uma área de 385.000 ha. Inserida no sistema hidrográfico do rio
Amazonas, encontra-se principalmente entre os rios Trombetas e Acapu (Figura 3). O Rio
Trombetas é um afluente da margem esquerda do Amazonas que apresenta águas claras,
com coloração esverdeada e tem uma extensão de cerca de 800 km (IBAMA e STCP,
2004). Além desta feição dominante, também se verifica a presença de inúmeros lagos,
destacando-se o Erepecu, o Jacaré, o Farias, o Leonardo e o Abelardo (Figuras 3 e 4).
Anualmente dentro da reserva, surgem extensas praias fluviais ou “tabuleiros”
utilizados por quelônios do gênero Podocnemis como áreas de desova. Estes encontram-se
de montante para jusante na seguinte ordem: Abuí, Jauarí, Uirana, Jacaré, Farias e
Leonardo (Figura 4).
A principal cobertura vegetal da reserva é a floresta de terra firme (não alagável),
seguida de florestas de igapó (sazonalmente alagáveis), mata secundária e algumas
manchas de campinas de areia branca espalhadas pela região sendo o restante formado
pelos cursos de água (IBAMA e STCP, 2004; IBAMA, 2009).
O regime climático, segundo Köppen, é classificado como tropical úmido de
transição (Aw) no qual a temperatura média anual é de 26,5 ºC, com média das
temperaturas mínimas de 21,8 ºC e média das máximas rondando os 31,3 ºC. A
pluviosidade é em torno dos 2000 mm3 anuais; sendo entre janeiro e maio os meses de
maior precipitação (média mensal de 254 mm3), quando o nível da água do rio sobe, e os
10
mais secos entre agosto e outubro (média mensal de 57 mm3), traduzindo-se na descida do
nível da água. A amplitude média da variação do nível da água do rio Trombetas atinge
mais de seis metros (IBAMA e STCP, 2004).
Figura 3. Localização geográfica da REBio Trombetas, Pará, Brasil (ICMBIO, 2012;
EMBRAPA, 2012).
11
Figura 4. Área de monitoramento dos indivíduos com destaque para os lagos. O triângulo
amarelo marca a localização da base do Tabuleiro e as áreas rosa correspondem aos
tabuleiros que surgem na estação seca (Souza, 2012).
2.2. Amostragem dos dados
No presente estudo foram capturados nas imediações da base do Tabuleiro, 20
indivíduos adultos, sendo 10 machos e 10 fêmeas. As capturas se realizaram entre
setembro de 2013 e janeiro de 2014, por ser um período em que as populações de
quelônios se encontram concentradas no rio e em lagos, devido à redução do nível da água.
Na cheia quando ocorre o alagamento da floresta, os indivíduos encontram-se mais
dispersos. Bancos de areia e campinas de areia branca, necessários para a desova de
quelônios ficaram expostos nos meses de setembro a dezembro de 2013, permitindo a
captura manual de algumas das fêmeas, após desovarem.
12
Foram capturadas diretamente nos sítios de desova quatro fêmeas (PU 08, PU09,
PU10 e PU12), e os restantes indivíduos, com o auxílio de redes malhadeiras (trammel
nets; 130 m X 2,8 m), posicionadas perpendicularmente às margens do lago do Jacaré,
onde provavelmente quelônios estariam forrageando e a correnteza seria reduzida. O
comprimento entre nós das malhas externas (400 mm) e interna (110 mm) permitiu
selecionar indivíduos adultos pela sua classe de tamanho. A revisão das malhadeiras foi
realizada em intervalos de 2 h para evitar o afogamento dos indivíduos e a acumulação de
material biológico variado (Vogt, 1980b).
Os indivíduos capturados foram levados para a base do Tabuleiro, para posterior
marcação, biometria, sexagem e fixação dos radiotransmissores. A marcação dos animais
seguiu a metodologia já utilizada na REBIO Trombetas pelo projeto intitulado
“Monitoramento dos quelônios da REBIO Trombetas” de acordo com um sistema que
consiste na combinação de cortes retangulares e furos nos escudos marginais da carapaça
(adaptado Cagle, 1939). Este sistema permite que a marca seja única e de longa duração,
para que em futuras recapturas ou através da observação visual possa ser reconhecida. A
numeração das placas marginais é feita de acordo com o esquema ilustrado na Figura 5
(adaptado de Cagle, 1939). Relativamente à biometria as medidas adquiridas foram o
comprimento retilíneo máximo da carapaça (CRC), com auxílio de um paquímetro com
precisão de 1mm, e o peso (P) recorrendo a dinamômetros Pesola® com precisão de 1 a
100 g, dependendo do tamanho do indivíduo. Na sexagem dos indivíduos foram
considerados caracteres de dimorfismo sexual como: o padrão de manchas característico
dos machos, o tamanho de maturidade sexual correspondente a 20 cm para machos e 30
cm para fêmeas, o tamanho caudal e o comprimento da região pré-cloacal (Figura 2; Vogt,
2008).
Radiotransmissores VHF (very high frequency) do tipo MP2 (AVM Instrument
13
Co.), emitindo frequências entre os 164 e 165 MHz foram instalados entre o 3º e 4º
escudos costais usando uma cola epoxi subaquática Tubolit® (Figura 6). Os escudos foram
previamente raspados com uma lixa para retirar qualquer tipo substrato acumulado. A
antena dos radiotransmissores também foi fixada na carapaça dos indivíduos para que não
se danificasse durante o movimento por locais como os igapós, característicos por
apresentarem vegetação submersa (Figura 6). Cada radiotransmissor possui uma
frequência própria para que se possam individualizar os sinais emitidos, no entanto é
necessária uma diferença entre frequências de pelo menos 10 MHz para que não haja
interferências (Jacob e Rudran, 2004). A bateria dos radiotransmissores apresentava meia-
vida de cerca de 2 anos. A massa dos mesmos juntamente com a cola epóxi correspondeu a
menos de 10% da massa corporal de cada animal (cerca de 130 g) para que não houvesse
perturbação no comportamento natural (Jacob e Rudran, 2004). A cada indivíduo equipado
foi atribuído um código, composto pelas iniciais do gênero, epíteto específico e pelo
número da ordem de captura (e.x.: PU01). Após a instalação dos radiotransmissores, os
indivíduos foram mantidos em tanques vazios de fibra de vidro, durante 24 h para que a
cola secasse completamente. Em seguida foram soltos nos respectivos locais de captura
(Figura 5).
O monitoramento compreendeu os meses de setembro a dezembro de 2013 e de
janeiro a setembro de 2014, excetuando o mês de fevereiro de 2014. Um tempo mínimo de
24 h entre localizações consecutivas foi estipulado para que a premissa de independência
estatística dos estimadores de área fosse respeitada (Swihart e Slade, 1985). Os locais
monitorados variaram consoante a movimentação dos indivíduos. Um bote de alumínio
acoplado com um motor de capacidade de 15 hp foi utilizado como modo de locomoção.
Quando os animais adentraram zonas de floresta alagada, foi necessária a utilização de
uma canoa de madeira com remo.
14
Figura 5. Coordenadas geográficas dos locais de captura dos 20 indivíduos monitorados.
Os pontos rosa representam fêmeas e os azuis machos.
Em alguns períodos não foi possível a presença constante em campo,
compreendendo os dias entre: 21 de Outubro a 30 de Outubro de 2013; 13 de novembro a
5 de dezembro de 2013; 18 de janeiro a 10 de março de 2014; e 26 de março a 25 de abril
de 2014.
A recepção do sinal foi efetuada através de um sistema eletrônico, composto por
uma antena unidirecional modelo Yagi de três elementos paralelos, conectada por meio de
um cabo coaxial a um rádio-receptor modelo R2000 (ATS Instrument Co.), alimentado por
uma bateria externa de 12V para uma maior autonomia (Figura 7). A antena foi erguida em
15
altura através de uma vara de madeira, como forma de aumentar o raio de captação do
sinal que chegou a alcançar aproximadamente um quilômetro de distância. O modelo de
rádio-receptor utilizado possui uma memória interna capaz de gravar as frequências nele
inseridas, e juntamente com uma função nele existente denominada scanner permite
realizar uma varredura constante das frequências armazenadas. Estas funções
possibilitaram o estabelecimento de um padrão de busca caracterizado por intervalos de
oito segundos conferindo assim a mesma chance de encontro para cada indivíduo
monitorado. Por vezes foram usados fones de ouvido para reduzir o ruído externo (Jacob e
Rudran, 2004).
As localizações foram obtidas segundo a técnica de rastreamento (homing in) que
consiste em seguir o rumo de maior intensidade do sinal até se estabelecer o contato visual
com o indivíduo marcado. Quando não foi possível a observação direta dos indivíduos, a
antena foi desconectada do receptor e o ponto marcado correspondeu ao local onde o som
emitido pelo receptor foi mais nítido e intenso (Jacob e Rudran, 2004). Nos casos em que
os animais foram avistados procurou-se não influenciar o seu comportamento natural
(Costa, 2013).
Para cada localização foi anotada a data, hora, posição geográfica (no sistema de
projeção de coordenadas Universal Transversa de Mercator (UTM), DATUM WGS1984)
através do uso de GPS modelo Garmin GPSmap 76Cx®, o tipo de ambiente, e
observações pertinentes, como características do local, observação de outros indivíduos da
mesma espécie e espécies vegetais próximas. A projeção de coordenadas utilizada foi
UTM, pois esta é considerada a mais adequada por propiciar menores distorções, nela as
coordenadas são expressas em metros.
16
Figura 6. Representação esquemática e ilustrativa da marcação medição e fixação do
radiotransmissor. A – Vista dorsal com destaque para o comprimento retilíneo máximo da
carapaça (CRC) e para a numeração do 3º e 4º escudos costais (EC) e demais escudos
marginais (1 – 12). O D corresponde ao lado direito e o E corresponde ao lado esquerdo da
carapaça; B - Localização do radiotransmissor na carapaça de uma fêmea adulta de P.
unifilis.
Figura 7. Sistema eletrônico de recepção. A – Antena Yagi com três elementos paralelos e
rádio-receptor AVM LA12-Q, conectados por cabo coaxial (Fonte: P. Andrade). B –
Rádio-receptor ATSR2000 alimentado por bateria externa de 12V, auscultador, GPS e
caderno de campo (Fonte: M. Souza).
B
C
R
C
D E
A
3ºEC
4ºEC
A B
17
2.2.1 Nível da água do rio Trombetas
Cinco fases do ciclo hidrométrico foram identificadas a partir dos dados de nível
da água do rio (leituras da régua na estação fluviométrica, sem correção com o nível do
oceano), durante o período de amostragem compreendido entre setembro de 2013 e
setembro de 2014. Os dados foram cedidos pela Agência Nacional de Águas (ANA)
provenientes da estação fluviométrica Base Tabuleiro (Figura 8; Tabela 2; Bittencourt e
Amadio, 2007). Definiram-se duas estações agrupando assim a vazante – seca (seca) e
enchente – cheia (cheia) para a realização das análises em função da estação.
Figura 8. Identificação das fases do ciclo hidrométrico contidas no período de
amostragem. Valores da cota diária do rio Trombetas (em metros) medidos entre setembro
de 2013 e setembro de 2014, na estação fluviométrica da base do Tabuleiro.
Tabela 1. – Identificação das fases do ciclo hidrométrico contidas no período de
amostragem.
Data Amplitude (m) Duração ∆ (m) Intervalos
Início Fim Min Max
Vazante 18/07/13 17/10/13 5,00 9,97 91 -4,97 < 10 e > 5 m
Seca 18/10/13 07/12/13 4,12 4,99 51 -0,87 ≤ 5m
Enchente 08/12/13 14/04/14 5,01 10,32 128 5,31 > 5 e < 10 m
Cheia 15/04/14 21/07/14 10,01 12,13 98 2,12 ≥ 10 m
Vazante 22/07/14 18/10/14 5,03 10,43 89 -5,4 < 10 e > 5 m
18
2.3. Análise dos dados
A tabulação dos dados e as estatísticas descritivas foram realizadas no programa
Excel® 2011 e os testes estatísticos realizados no programa R versão 3.1.2 (R Core Team,
2014). O nível de significância adotado para todas as provas estatísticas foi de p ≤ 0,05
(Zar, 1999). As estatísticas descritivas foram apresentadas ao longo do texto, como média
aritmética ± desvio padrão, acompanhadas da sua amplitude e do tamanho da amostra (n).
2.3.1 Movimentação
Para cada indivíduo monitorado foi gerada uma figura da sua rota anual de
movimentação salientando o uso linear do espaço pelos indivíduos. A data de soltura, data
da última localização, e a ordem das localizações foram evidenciadas.
Calculou-se para cada indivíduo, o deslocamento total (DT) anual e sazonal, a
partir da somatória das distâncias lineares entre localizações consecutivas (trajetos)
medidas em quilômetros. Também foi calculada a taxa de deslocamento (TD) anual e
sazonal, expressa em metros por dia, pela divisão entre a somatória dos trajetos e a
somatória dos intervalos de tempo de cada trajeto. Estes índices carregam diferentes
significados. O deslocamento total permite analisar o movimento como um todo, por vezes
podendo estar influenciado pela dependência temporal e/ou pelo numero de localizações
da distribuição de utilização (UD) (Souza, 2012). A taxa de deslocamento exclui essas
dependências dando a noção do movimento mínimo diário. Deste modo, a TD foi o índice
escolhido para verificar a relação entre deslocamento e tamanho corpóreo dos indivíduos.
As variáveis DT e TD escondem outra informação, referente ao deslocamento máximo
observado entre dias consecutivos (DM) que também foi apresentado.
19
Verificou-se a diferença entre as variáveis DT e TD em função do gênero através
de um teste U de Mann Whitney.
Para analisar a movimentação dos indivíduos em função da estação do ano foi
utilizado o teste de Wilcoxon pareado.
2.3.2 Área de uso
Uma vez que o trabalho teve a duração de um ano e nem toda a área da reserva foi
monitorada, adotou-se o termo “área de uso” para designar a extensão com probabilidade
definida de ocorrência de um animal durante um determinado intervalo de tempo
(Kenward et al., 2001). Para determinar a área de uso foram utilizados três métodos
estimadores: o método do Kernel Fixo (KF) com 95% e 50% das localizações, com a área
expressa em hectares (ha); o Mínimo Polígono Convexo (MPC) com 100% das
localizações, expresso em hectares (ha), e a medição da área de uso linear, por sua vez
expressa em quilômetros (km).
No KF representa-se graficamente cada localização, com pequenos montes
arredondados – os “kernels” – que são funções de probabilidade de densidade. Este
método permite detectar múltiplos centros de atividade ao longo do tempo e exclui áreas
que não são visitadas frequentemente pelos animais fazendo uma descrição mais acurada
do uso do espaço (Worton, 1989; Jacob e Rudran, 2004). “Centro de atividade” foi
utilizado para designar a fração da área de uso com maior frequência de localizações. A
área estimada pelo KF 50% considerou-se o centro de atividade das distribuições. O grau
de detalhamento neste estimador é determinado pelo parâmetro de suavização (smoothing
parameter) ou h, que controla a variação dos contornos de densidade de utilização do
espaço para cada animal. Assim sendo, foi necessária a escolha de um método de cálculo
20
de h que provesse um bom delineamento das áreas utilizadas pelos animais para que não
ocorresse super ou subestimação das mesmas (Worton, 1989; Jacob e Rudran, 2004;
Downs e Horner, 2008). O valor de h foi calculado pelo método de validação cruzada por
mínimos quadrados (Least Square Cross Validation, LSCV) no qual, os algoritmos se
baseiam na minimização do erro quadrático integrado entre a distribuição estimada e a real
distribuição do conjunto de dados. Este é o método considerado mais acurado para estimar
o fator de suavização (Downs e Horner, 2008; Silverman, 1986). No caso dos indivíduos
que possuíram 15 ou menos localizações não foi calculada a sua área de uso pelo
estimador do kernel fixo, uma vez que este é sensível à intensidade de utilização (Seaman
et al., 1999; Costa, 2013). Assim seis dos animais monitorados, quatro fêmeas (PU10, PU
17, PU18 e PU19) e dois machos (PU11 e PU14), não tiveram suas áreas estimadas por
este método.
O MPC consiste na união dos pontos mais externos (outliers) da distribuição de
localizações, de forma a criar o menor polígono possível sem admitir concavidades (Mohr,
1947). Este método, por ser susceptível a outliers não permite adquirir informações sobre a
intensidade de uso do habitat, usualmente adquiridas através das localizações mais
internas, como também inclui áreas que nunca são utilizadas pelos indivíduos (Jacob e
Rudran, 2004). Deste modo funcionou como termo de comparação da área de uso entre
estações, pois a maioria dos indivíduos tem número de localizações menor do que 15
quando separadas por estações.
Como termo de comparação com outros estudos foi calculada para cada indivíduo a
distância direta mínima (em linha reta e assumindo movimentos unidirecionais) entre os
pontos de localização mais distantes que define a área de uso linear (AL; Morales e Vogt,
1997; Fachín-Terán et al., 2006; Bernhard, 2010).
21
As áreas de uso através do MPC 100%, do KF 95% e 50%, bem como a área de uso
linear foram calculadas no programa de geoprocessamento ArcGis® versão 9.2, mais
precisamente utilizando a extensão Hawth tools. Mapas representativos foram criados a
partir do mesmo software na versão atualizada 10.2.2 (ESRI, 2006; ESRI, 2014).
Para analisar a variação das estimativas de área de uso pelo KF95% em função do
sexo utilizou-se o teste t de student devido ao fato de se terem verificado a normalidade e a
homogeneidade dos dados.
A comparação entre estações foi realizada por meio de teste pareado de Wilcoxon.
2.3.3 Relações entre o tamanho corpóreo e deslocamento ou área de uso
A relação entre a taxa de deslocamento (TD) e o tamanho do indivíduo foi estudada
por meio de correlação de Spearman.
Como forma de prever a existência de relação entre o tamanho do indivíduo (CRC
e MC), e as estimativas de área de uso pelo KF95% foi utilizada regressão múltipla. A
variável de tamanho corpóreo que melhor representou as relações foi selecionada
funcionando como variável preditora e a área de uso como variável resposta.
2.3.4 Sobreposição de áreas
O grau de sobreposição entre as áreas estimadas pelo método do KF com 95% das
localizações foi avaliado através de matrizes. Os cálculos foram efetuados entre indivíduos
do mesmo sexo e entre os sexos. Os valores expressos em percentagens traduzem o quanto
que a área dos indivíduos das colunas se sobrepôs à área dos indivíduos das linhas. Os
cálculos foram auxiliados pelo programa ArcGis® versão 10.2.2 (ESRI, 2014). O teste U
22
de Mann-Whitney foi utilizado para comparar a proporção de sobreposição das áreas entre
machos e fêmeas.
2.3.5 Uso do ambiente
No que diz respeito ao uso dos ambientes, foi verificada a sua disponibilidade por
época do ano e realizou-se a seguinte categorização apresentada na Tabela 3. A observação
dos ambientes no período da seca foi fundamental para a sua caracterização, pois durante a
cheia há perdas de informação devido à submersão de algumas áreas. Sete categorias de
ambiente foram caracterizadas, adaptadas de Souza (2012) e Leite (2010); com base no
tipo de vegetação circundante, no tipo de substrato e na velocidade da correnteza (lêntico
ou lótico).
O qui-quadrado (χ2) foi A prova utilizada para averiguar a diferença no uso dos
ambientes em função do período do ciclo hidrométrico para cada gênero.
Os dados de uso do ambiente foram apresentados pela frequência relativa em
função das fases do ciclo hidrométrico, por meio de gráficos de barras criados no Excel®
2011.
Tabela 2. – Caracterização das categorias de ambiente na área de amostragem, entre
setembro de 2013 e setembro de 2014.
Categoria Caracterização
Lago (L) Ambiente lêntico permanente com vegetação apenas nas
margens; ocorrência de “poções” (locais com profundidade
23
elevada), com profundidade superior a oito metros, mesmo
no período da seca. Na enchente, entre dezembro e janeiro
formam-se bancos de arroz-bravo (Oryza glumaepatula) na
superfície da água, próximo às margens. Substrato lodoso e
coberto de material vegetal em decomposição (troncos de
árvores, galhos, folhas);
Igapó aberto de cuiaranas
(IAC)
Ambiente lêntico com vegetação alagada, onde predomina a
espécie vegetal cuiaraneira (Eschweilera sp.). As árvores são
submetidas a períodos de seis a oito meses de inundação, e
dispõem-se espaçadamente, permitindo a intensa entrada de
luz. O substrato é formado por lodo e areia.
Igapó aberto misto (IAM)
Ambiente lêntico de floresta alagada, com predomínio de
arbustos de carauaçu (Symmeria paniculata) e de árvores de
porte entre sete e 15 metros espaçadas entre si como arapari
(Macrolobium sp.), cuiaraneira (Eschweilera sp.), e jenipapo
(Genipa americana). As espécies vegetais são submetidas a
períodos de seis a oito meses de inundação. É comum a
ocorrência de macrófitas aquáticas. O substrato é formado
por lodo, liteira e areia.
24
Igapó Fechado (IF)
Ambiente lêntico de floresta alagada. Os tipos vegetais são
de médio a grande porte (mais de 15 m) e há pouca
passagem de luz entre elas. Árvores como tento (Ormosia
sp.), jauari (Astrocaryum jauri), açaí (Euterpe precatoria),
seringueira (Hevea brasiliensis) entre outras estão
geralmente presentes. O substrato é formado por lodo, liteira
e areia.
Clareira de Igapó (CI)
Ambiente lêntico. Espaço aberto dentre a floresta alagada,
geralmente originado pela queda de árvores de grande porte.
É comum a ocorrência de espécies vegetais como a embaúba
(Cecropia pachystachya), aninga (Montrichardia linifera),
jacitara (Desmoncus sp.), inúmeros emaranhados de cipós, e
das espécies da categoria IF no entorno. O substrato é lodoso
e com grande deposição de material orgânico.
Margem de barranco com
vegetação (MBV)
Área marginal do rio com presença de vegetação arbustiva a
arbórea, podendo ser inundada sazonalmente na área de
topografia mais baixa. Predominância de solo argiloso.
Remansos de praia (RP)
Ambiente lêntico, com profundidade até cinco metros
podendo por vezes se verificar a ocorrência de “poções”
adjacentes. Situado à margem de praias (grandes
afloramentos de solo arenoso no curso principal do rio).
Ambiente apelidado de “ressacas de praia”. Solo arenoso.
25
3. RESULTADOS
As capturas realizadas entre setembro de 2013 e janeiro de 2014 corresponderam a
um esforço amostral de 3,58 m2/h. Na Tabela 3 estão apresentados os dados biométricos
dos indivíduos capturados.
Tabela 3. Dados biométricos dos indivíduos separados por sexo. CRC – comprimento
retilíneo da carapaça; MC – massa corpórea.
CRC (mm) MC (g)
Fêmeas
(n=10)
321,3 ± 17,9
(300 – 351)
3820 ± 657,52
(3100 – 5000)
Machos
(n=10)
230,2 ± 21,6
(208 – 260)
1373 ± 328,4
(950 – 1900)
No presente estudo, houve uma fêmea (PU20) que após soltura em janeiro de 2014
não foi localizada até ao final do estudo. Pelo monitoramento de nove fêmeas e dez
machos (n=19), um total de 490 localizações (cerca de 26 ± 18 localizações por indivíduo)
foi obtido durante o período amostral de setembro de 2013 a setembro de 2014 na REBIO
Trombetas. Fazendo a análise por período do ciclo hidrométrico, na vazante registaram-se
37% das localizações, na seca 20%, na enchente 27% e na cheia 16%.
26
3.1 Movimentação
O deslocamento total (DT) dos indivíduos durante o período amostral foi cerca de
9,6 quilômetros e a taxa de deslocamento (TD) cerca de 65 metros por dia.
As fêmeas apresentaram DT médio de 7,9 quilômetros e os machos de 11,0
quilômetros. Quanto à TD a das fêmeas foi cerca de 42 metros por dia e a dos machos 85
metros por dia. Não houve diferença estatisticamente significativa no DT entre machos e
fêmeas (U = 37; p = 0,54; N=19) nem para a TD (U = 32; p = 0,31; N=19). Entre estações
(seca e cheia) também não se verificaram diferenças estatisticamente significativas para o
DT (W = 54; p = 0,24; N = 12) e para a TD (W = 45; p = 0,64; N=12). As estatísticas
descritivas das variáveis DT e TD organizadas por gênero e estação do ano estão expostas
na Tabela 4.
27
Tabela 4 – Estatísticas descritivas das variáveis de movimentação. DT – Distância total expressa em quilômetros; TD - Taxa de deslocamento
expressa em metros por dia; VS – Estação seca; EC – Estação Cheia; TA – Taxa Anual; N – número de indivíduos; IND – Indivíduos; ♀ –
fêmeas; ♂ – machos.
DT (Km) TD (m/dia)
VS EC TA VS EC PA
N = 4 N = 4 N = 9 N = 4 N = 4 N = 9
♀ 4,92 ± 4,94 1,53 ± 0,84 7,94 ± 7,67 126,04 ± 98,65 82,44 ± 89,06 42,25 ± 32,32
(0,56 - 11,79) (0,77 - 2,73) (2,08 - 22,46) (27,43 - 240,6) (3,45 - 203,67) (9,26 - 111,20)
N = 8 N = 8 N = 10 N = 8 N = 8 N = 10
♂ 5,43 ± 5,34 4,09 ± 4,26 11,01 ± 8,53 139,30 ± 120,17 250,21 ± 377,93 84,85 ± 80,02
(0,40 ± 16,61) (0,25 - 11,72) (1,94 - 24,29) (8,97 - 377,94) (1,15 - 1156,11) (13,18 - 242,86)
N = 12 N = 12 N = 19 N = 12 N = 12 N = 19
IND 5,26 ± 5,00 3,23 ± 3,65 9,56 ± 8,06 134,88 ± 109,03 194,28 ± 316,04 64,67 ± 64,37
(0,40 - 16,61) (0,25 - 11,72) (1,9 - 24,29) (8,97 - 377,94) (1,15 - 1156,11) (9,26 - 242,86)
28
As fêmeas PU07 e PU08 foram as que apresentaram maiores valores de
deslocamento total correspondentes a 22,5 e 20 quilômetros respetivamente. As suas taxas
de deslocamento foram relativamente semelhantes de 65 m/dia para PU07 e 60 m/dia para
PU08. Capturadas aproximadamente no mesmo local em 2013 e foi possível acompanhar o
seu retorno ao local de captura em 2014. A PU07 por sua vez foi uma das fêmeas
capturadas após desova numa campina de areia branca às margens do lago do Jacaré
(Figura 9). Os sinais dos transmissores da PU07 e da PU08 deixaram de ser mais
detectados no final do estudo, inclusive o da PU07 parou em pleno rastreamento (Figura
10).
Figura 9. – Fêmea adulta de Podocnemis unifilis (PU07) a desovar.
29
Figura 10. – Sequência cronológica das localizações. 1- Indivíduo PU07. 2- Indivíduo
PU08. O círculo com ponto representa o início do monitoramento e o círculo com tartaruga
o final acompanhados pelas respectivas datas. Os pontos pretos representam as
localizações, e as linhas a distância entre localizações consecutivas.
30
Os indivíduos PU10 e PU12 foram duas das quatro fêmeas capturadas após desova.
Enquanto que a PU10 foi capturada em uma campina de areia branca, PU12 foi a única
fêmea capturada em praia de areia grossa. A fêmea PU10 apresentou o maior
deslocamento máximo (DM) correspondente a dois quilômetros percorridos após soltura.
Quatro dias depois desapareceu e só voltou a reaparecer em agosto de 2014 no mesmo
local. Já a fêmea PU12 correspondente ao menor deslocamento total (2,1 km), permaneceu
no ambiente de remanso de praia até ao dia 23 de dezembro de 2013 em que desapareceu
de vez. O nascimento dos filhotes de P. unifilis, P. expansa e P. sextuberculata já estava
acontecendo (Figura 11).
31
Figura 11. – Sequência cronológica das localizações. 1- Indivíduo PU10. 2- Indivíduo
PU12. O círculo com ponto representa o início do monitoramento e o circulo com tartaruga
o final acompanhados pelas respectivas datas. Os pontos pretos representam as
localizações e as linhas a distância entre localizações consecutivas.
32
Logo após soltura, passados dois dias o indivíduo PU05 desapareceu, voltando a
aparecer um mês depois no canal principal do lago do Jacaré num local relativamente
próximo e abrigado por varias espécies vegetais próximo à margem. Aí permaneceu até ao
final do período de amostragem sendo a fêmea que teve a menor taxa de deslocamento (9
m/dia). Já a fêmea PU17 foi solta e só começou a ser monitorada um mês e meio depois,
apenas se conseguiram seis de suas localizações e não foi mais encontrada até ao final do
estudo (Figura 12).
33
Figura 12. – Sequência cronológica das localizações. 1- Indivíduo PU17. 2- Indivíduo
PU05. O círculo com ponto representa o início do monitoramento e o circulo com tartaruga
o final acompanhados pelas respectivas datas. Os pontos pretos representam as
localizações e as linhas a distância entre localizações consecutivas.
34
O sinal da PU09 foi detectado entre 14 de outubro e 15 de Dezembro de 2013 não
voltando a ser registado, esta foi a fêmea que apresentou maior taxa de deslocamento de
111 m/dia. Já os indivíduos PU18 e PU19 foram soltos a 17 de janeiro de 2014 no lago do
Leonardo. PU19 na época cheia, após permanecer em um local de clareira igapó por uns
dias não foi mais encontrado. A fêmea PU18 foi a única que utilizou ambientes de poça
dentro do igapó fechado que só tinham acesso terrestre. Depois de localizada na primeira
poça passado um mês foi encontrada em outra poça, sugerindo a movimentação terrestre.
O seu sinal começou a ficar espaçado fazendo com que sua procura dispendesse maior
esforço até que após o início da vazante, não foi mais encontrada (Figura 13).
35
Figura 13. – Sequência cronológica das localizações. 1- Indivíduo PU09. 2- Indivíduos
PU18 e PU19 (linha amarela). O círculo com ponto representa o início do monitoramento e
o circulo com tartaruga o final acompanhados pelas respectivas datas. Os pontos pretos
representam as localizações e as linhas a distância entre localizações consecutivas.
36
Os deslocamentos totais dos machos PU01 e PU02 foram 24,3 e 4,4 quilômetros
respectivamente, sendo PU01 o macho que teve o deslocamento total máximo. No que diz
respeito à taxa de deslocamento PU01 andava 243 metros por dia, e PU02 cerca de 13
metros por dia, representando os extremos. Ambos foram capturados no mesmo dia e
malhadeira. O macho PU01 voltou ao local em que foi capturado desaparecendo dia 30 de
dezembro de 2013 e o indivíduo PU02 após passar a maior parte do monitoramento se
movendo dentro do igapó aberto misto, passou a estar exatamente no mesmo local até ao
dia 22 de agosto de 2014 (Figura 14).
37
Figura 14. – Sequência cronológica das localizações. 1- Indivíduo PU01. 2- Indivíduo
PU 02. O círculo com ponto representa o início do monitoramento e o circulo com
tartaruga o final acompanhados pelas respectivas datas. Os pontos pretos representam as
localizações e as linhas a distância entre localizações consecutivas.
38
PU03 foi o macho que obteve maior número de localizações, o maior DM de 1,92
quilômetros, e o único recapturado. Revisitou o local de captura no final de agosto de
2014 e voltou a adentrar o igapó. No dia 23 de setembro de 2014, após sucesso na
recaptura foi-lhe retirado o transmissor (Figura 15). O indivíduo PU06 começou a ser
monitorado dia 1 de outubro de 2013, visitou o remanso do tabuleiro do Jacaré, onde
partilhou o ambiente com uma fêmea (PU12) e um macho (PU15) regressando dia 11 de
dezembro ao local de captura e desaparecendo de vez no dia 15 de dezembro de 2013
(Figura 16).
Figura 15. – Macho adulto de Podocnemis unifilis recapturado (PU03).
39
Figura 16. – Sequência cronológica das localizações. 1- Indivíduo PU06. 2- Indivíduo
PU 03. O círculo com ponto representa o início do monitoramento e o circulo com
tartaruga o final acompanhados pelas respectivas datas. Os pontos pretos representam as
localizações e as linhas a distância entre localizações consecutivas.
40
O maior indivíduo do estudo com 26,0 cm de comprimento retilíneo máximo de
carapaça foi o macho PU15; e PU13 um dos menores machos do estudo com 20,8 cm.
Ambos foram capturados no mesmo dia e na mesma área de amostragem, PU13 foi
gradualmente se direcionando para a cabeceira das Onças onde após lacuna no
monitoramento quando localizado novamente não voltou a mover-se do mesmo local em
ambiente de igapó fechado. No dia 16 de setembro de 2014 foi encontrado o seu
transmissor soterrado entre a liteira e lodo com sinais de ter sido arrancado do casco do
animal. O macho PU15 foi um dos que visitou o ambiente de remanso de praia,
concomitantemente com uma fêmea (PU12) e outro macho (PU06) e no dia 20 de
dezembro de 2013 voltou a adentrar o lago do Jacaré e procurou ambientes de igapó onde
foi localizado até ao dia 19 de setembro de 2014 (Figura 17).
41
Figura 17. – Sequência cronológica das localizações. 1- Indivíduo PU15. 2- Indivíduo PU
13. O círculo com ponto representa o início do monitoramento e o circulo com tartaruga o
final acompanhados pelas respectivas datas. Os pontos pretos representam as localizações
e as linhas a distância entre localizações consecutivas.
42
Os machos PU04 e PU11 foram capturados aproximadamente no mesmo local e
deixaram de ser detectados na mesma semana. PU11 não saiu das proximidades do local
de captura por todo monitoramento e PU04 foi situado a última vez no ambiente lago,
próximo à entrada de um ambiente de igapó aberto misto (Figura 18) ainda na estação
seca.
43
Figura 18. – Sequência cronológica das localizações. 1- Indivíduo PU04. 2- Indivíduo PU
11. O círculo com ponto representa o início do monitoramento e o circulo com tartaruga o
final acompanhados pelas respectivas datas. Os pontos pretos representam as localizações
e as linhas a distância entre localizações consecutivas.
44
O indivíduo PU14 foi o que teve menor número de localizações e
consequentemente menor deslocamento total (1,9 km); monitorado apenas por 33 dias. O
animal PU16 teve o seu movimento contido numa área restrita próxima ao local de
captura. Monitorado apenas na estação cheia, PU16 no final do monitoramento, em Junho
de 2014 teve seu sinal distorcido quando receptado, e no dia seguinte sumiu (Figura 19).
45
Figura 19. – Sequência cronológica das localizações. 1- Indivíduo PU14. 2- Indivíduo PU
16. O círculo com ponto representa o início do monitoramento e o circulo com tartaruga o
final acompanhados pelas respectivas datas. Os pontos pretos representam as localizações,
e as linhas a distância entre localizações consecutivas.
46
3.2 Área de uso
A área de uso dos 19 indivíduos monitorados variou de 0,56 a 1681,88 ha
dependendo do estimador utilizado. As estatísticas descritivas das estimativas pelos
diferentes métodos separadas por sexo são apresentadas na tabela 5 e ilustradas nas figuras
20 a 23.
Tabela 5. – Áreas de uso estimadas por diferentes métodos para ambos os sexos.
MPC100% – Mínimo Polígono Convexo com 100% das localizações; KF95% – Kernel
Fixo com 95% das localizações; KF50% – Kernel Fixo com 50% das localizações; AL –
Área de uso linear. Valores expressos em média aritmética ± desvio padrão e amplitude
entre parêntesis; N – número de indivíduos; IND – número total de indivíduos; ♂ –
machos; ♀ – fêmeas; ha – hectare; km – quilômetros.
MPC 100% (ha) KF 95% (ha) KF 50% (ha) AL (km)
N = 9 N = 5 N = 5 N = 9
♀ 183,21 ± 298,79 86,90 ± 96,89 20,51 ± 23,12 2,53 ± 2,27
(6,97 - 854,6) (0,56 - 215,07) (0,03 - 52,71) (0,48 - 7,04)
N = 10 N = 8 N = 8 N = 10
♂ 474,42 ± 587,60 74,51 ± 68,95 14,75 ± 15,32 3,57 ± 2,55
(11,54 - 1681,88) (1,51 - 200,58) (0,34 - 45,4) (0,63 - 6,97)
N = 19 N = 13 N = 13 N = 19
IND 336,48 ± 484,39 79,28 ± 77,08 16,97 ± 17,99 3,07 ± 2,41
(6,97 - 1681,88) (0,56 - 215,07) (0,03 - 52,71) (0,48 - 7,04)
47
Não houve diferença estatisticamente significativa entre as áreas estimadas pelo
KF95% entre sexos (t = 0,27; p = 0,79).
A comparação entre estações apenas foi possível entre as estimativas pelo método
MCP 100%. Não se observaram diferenças estatisticamente significativas no tamanho das
áreas entre as estações (W = 48; p = 0,18; N = 11).
Fêmeas apresentaram em média área de 154,04 ± 266,95 hectares para a estação
seca e de 5,45,07 ± 3,82 hectares na estação cheia. Os machos apresentaram em média
área de 279,95 ± 332,36 hectares na estação seca e 255,65 ± 412,30 hectares na estação
cheia.
48
Figura 20. – Representação das áreas de uso de cinco fêmeas adultas de Podocnemis
unifilis estimadas pelo Kernel Fixo 95% e a tracejado pelo Kernel Fixo 50%.
Monitoramento por radiotelemetria, entre setembro de 2013 e setembro de 2014 na REBIO
Trombetas, Pará. Os pontos indicam as localizações. As cores indicam diferentes
indivíduos como evidenciado na legenda.
49
Figura 21. – Representação das áreas de uso de oito machos adultos de Podocnemis
unifilis estimadas pelo Kernel Fixo 95% e a tracejado pelo Kernel Fixo 50%.
Monitoramento por radiotelemetria, entre setembro de 2013 e setembro de 2014 na REBIO
Trombetas, Pará. Os pontos indicam as localizações. As cores indicam diferentes
indivíduos como evidenciado na legenda.
50
Figura 22. – Representação das áreas de uso de nove fêmeas adultas de Podocnemis
unifilis estimadas pelo MPC100%. Monitoramento por radiotelemetria, entre setembro de
2013 e setembro de 2014 na REBIO Trombetas, Pará. Os pontos indicam as localizações.
As cores indicam diferentes indivíduos como evidenciado na legenda.
51
Figura 23. – Representação das áreas de uso de dez machos adultos de Podocnemis
unifilis estimadas pelo MPC100%. Monitoramento por radiotelemetria, entre setembro de
2013 e setembro de 2014 na REBIO Trombetas, Pará. Os pontos indicam as localizações.
As cores indicam diferentes indivíduos como evidenciado na legenda.
52
3.3 Relações entre o tamanho corpóreo e deslocamento ou área de uso
Não foi encontrada relação estatística entre o tamanho corpóreo dos indivíduos e a
taxa de deslocamento (rs = 0,03; p= 0,89; N = 19).
Através da análise de regressão múltipla foi possível verificar relação diretamente
proporcional entre a área das fêmeas pelo estimador KF95% e a sua massa corpórea
(F1,3 = 16,98; R2 = 0,85; p<0,05; N = 5) (Figura 24).
Figura 24. – Relação entre tamanho corpóreo e KF95% em fêmeas. O aumento do
diâmetro dos círculos representa o número de localizações de cada animal. MC – Massa
corporal; CRC – Comprimento retilíneo máximo da carapaça; KF95% - Kernel fixo com
95% das localizações.
MC (g)
KF9
5% (
ha)
53
3.4 Sobreposição de áreas
Foi avaliado o grau mínimo de sobreposição entre os indivíduos com área de uso
estimada pelo método do KF 95% ( N = 13). As proporções da sobreposição de áreas de
uso são apresentadas na tabela 7 e no mapa em que estão ilustradas na figura 25. O seu
valor médio, expresso em percentagem (%) foi de 14,07 ± 17,14 (0,02 – 81). O número
médio de indivíduos com área sobreposta foi cerca de 6 ± 1 (1 – 9). Pode-se observar que a
sobreposição entre fêmeas foi menos frequente (20%) do que a sobreposição entre machos
(57%). Entre sexos verificaram-se 19 sobreposições de áreas (47,5%). As fêmeas usaram
em média 15% ± 16% (0,02 – 63,1) da área dos machos. Os machos usaram 18% ± 20%
(0,9 – 70,5) das áreas das fêmeas. As estatísticas descritivas das sobreposições entre
fêmeas, machos, e intersexuais estão discriminadas na tabela 6.
Tabela 6. – Estatísticas descritivas da proporção das sobreposições de áreas de uso
estimadas pelo KF 95% entre setembro de 2013 e setembro de 2014 na REBIO Trombetas,
Pará. N – número de indivíduos.
Sobreposições (%)
Fêmeas 13,08 ± 9,93
N = 4 (2,1 - 24,0)
Machos 11,62 ± 16,65
N = 32 (0,4 – 81,0)
Intersexual 16,25± 18,14
N = 38 (0,02 - 70,5)
Fêmeas e machos não apresentaram diferenças significativas entre proporções de
sobreposição de área (U = 59; p = 0,27).
54
É de salientar que as fêmeas tiveram suas áreas sobrepostas por pelo menos dois
machos e no máximo com duas fêmeas. Duas delas nomeadamente, PU07 e PU08 tiveram
suas áreas utilizadas por seis e cinco machos respectivamente. O macho PU16 que foi dos
menores indivíduos do estudo, não teve a sua área sobreposta com nenhuma das fêmeas.
Esse último apenas partilhou sua área com o indivíduo PU13 que foi o menor do estudo.
Relativamente às zonas com maior intensidade de uso – centros de atividade –
observou-se sobreposição entre 9 indivíduos, apresentada na tabela 8 e ilustrada na figura
26. O valor médio das proporções foi de 5,3% ± 5,6% (0,1 – 23,3) e os indivíduos tiveram
seus centros de atividade sobrepostos com cerca de 4 ± 2 (1 - 6) indivíduos. Foi possível
distinguir duas áreas onde os centros de atividade sobrepostos se concentraram (Figura
26). A área na qual que se verificaram maiores proporções partilhadas correspondeu ao
período da estação cheia e a outra área destacada com áreas partilhadas de menor
proporção correspondeu ao período da seca.
55
Tabela 7. – Matriz de sobreposição percentual (%) de áreas de uso estimadas pelo método KF95% (N = 13) no período de setembro de 2013 a
setembro de 2014 na REBIO Trombetas, Pará. As áreas dos indivíduos nas colunas se sobrepõem à área dos indivíduos nas linhas. A
sobreposição entre as áreas individuais dos machos está salientada pela cor azul, e a das fêmeas pela cor rosa; entre gêneros encontra-se
evidenciada pela cor lilás. N – número de indivíduos sobrepostos; T – número total de áreas individuais sobrepostas; ♂ - machos; ♀ - fêmeas.
Indivíduo PU01 PU02 PU03 PU04 PU06 PU13 PU15 PU16 PU05 PU07 PU08 PU09 PU12 N
Sexo ♂ ♂ ♂ ♂ ♂ ♂ ♂ ♂ ♀ ♀ ♀ ♀ ♀ ♂ ♀ T
PU01 ♂ - 0,5 1,1 4,0 13,4 0,0 0,0 0,0 0,02 13,2 12,0 0,0 0,0 4 3 7
PU02 ♂ 16,2 - 2,8 0,0 81,0 0,0 51,0 0,0 0,0 63,1 27,8 0,0 0,0 4 2 6
PU03 ♂ 5,4 0,4 - 0,8 22,0 11,0 1,8 0,0 0,1 9,1 5,6 0,0 0,0 6 3 9
PU04 ♂ 15,5 0,0 0,6 - 4,6 3,1 0,0 0,0 0,8 9,1 0,0 0,0 0,0 4 2 6
PU06 ♂ 20,7 3,4 7,0 1,8 - 0,0 23,8 0,0 0,0 34,7 24,0 0,5 4,6 5 4 9
PU13 ♂ 0,0 0,0 9,5 3,4 0,0 - 17,3 0,4 0,0 0,0 0,0 17,0 0,0 4 1 5
PU15 ♂ 0,0 2,4 0,6 0,0 26,3 7,0 - 0,0 0,0 38,5 12,7 8,1 3,7 4 4 8
PU16 ♂ 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 13,0 0,0 - 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1 0 1
PU05 ♀ 7,5 0,0 4,7 70,5 0,0 0,0 0,0 0,0 - 0,0 0,0 0,0 0,0 3 0 3
PU07 ♀ 12,3 1,6 1,8 2,2 21,0 0,0 21,0 0,0 0,0 - 18,4 0,0 0,0 6 1 7
PU08 ♀ 14,7 0,9 1,4 0,0 19,0 0,0 9,1 0,0 0,0 24,0 - 2,1 0,0 5 2 7
PU09 ♀ 0,0 0,0 0,0 0,0 1,4 18,1 21,1 0,0 0,0 0,0 7,8 - 0,0 3 1 4
PU12 ♀ 0,0 0,0 0,0 0,0 60,6 0,0 43,8 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 - 2 0 2
56
Figura 25. – Sobreposição das áreas de uso individuais estimadas pelo método do KF95% (N = 13) no período de setembro de 2013 a setembro
de 2014 na REBIO Trombetas, Pará. Os machos têm suas áreas preenchidas a azul e as fêmeas a rosa. A distinção individual é realizada
conforme a legenda da figura.
57
Tabela 8. – Matriz de sobreposição percentual (%) de áreas de uso estimadas pelo método KF50% (N = 9) no período de setembro de 2013 a
setembro de 2014 na REBIO Trombetas, Pará. As áreas dos indivíduos nas colunas se sobrepõem à área dos indivíduos nas linhas. A
sobreposição entre as áreas individuais dos machos está salientada pela cor azul, e a das fêmeas pela cor rosa; entre gêneros encontra-se
evidenciada pela cor lilás. N – número de indivíduos sobrepostos; T – número total de áreas individuais sobrepostas; ♂ - machos; ♀ - fêmeas.
Indivíduo PU01 PU02 PU04 PU06 PU13 PU15 PU07 PU08 PU09 N
Sexo ♂ ♂ ♂ ♂ ♂ ♂ ♀ ♀ ♀ ♂ ♀ IND
PU01 ♂ - 0,0 0,9 4,9 0,0
9,4 5,1 0,0 2 2 4
PU02 ♂ 0,0 - 0,0 6,7 0,0 5,2 6,7 20,1 0,0 2 2 4
PU04 ♂ 3,6 0,0 - 1,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 2 0 2
PU06 ♂ 8,5 0,2 0,5 - 0,0 17,6 11,3 5,9 0,0 4 2 6
PU13 ♂ 0,0 0,0 0,0 0,0 - 0,0 0,0 0,0 0,1 0 1 1
PU15 ♂
0,2 0,0 23,3 0,0 - 9,6 4,1 1,5 2 3 5
PU07 ♀ 8,1 0,1 0,0 5,7 0,0 3,6 - 3,0 0,0 4 1 5
PU08 ♀ 6,3 0,4 0,0 4,2 0,0 2,2 4,3 - 0,6 4 2 6
PU09 ♀ 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 2,8 0,0 2,1 - 2 1 3
58
Figura 26. – Sobreposição das áreas de uso individuais estimadas pelo método do KF50% (N = 9) no período de setembro de 2013 a setembro
de 2014 na REBIO Trombetas, Pará. Os machos têm suas áreas preenchidas a azul e as fêmeas a rosa. O círculo azul representa sobreposições na
estação cheia e o círculo amarelo a seca. A distinção individual é realizada conforme a legenda da figura.
59
3.5 Uso do ambiente
A disponibilidade das categorias de ambiente no período amostral estão
evidenciadas na tabela 9. As categorias lago e margem de barranco vegetada estiveram
disponíveis durante todo ano. Do mesmo modo, os ambientes de igapó aberto estiveram
omnipresentes, diferentemente de anos anteriores que por vezes durante a época seca eram
impossíveis de acessar. Houve categorias que não estiveram presentes em algumas épocas
do ano: as de remanso de praia e margem de barranco vegetada que não estiveram
disponíveis no período da cheia, e as categorias clareira de igapó e igapó fechado não
foram observadas durante a seca.
Tabela 9. – Disponibilidade das categorias de ambiente em cada fase do ciclo
hidrométrico entre setembro de 2013 e setembro de 2014 na REBIO Trombetas, Pará.
MBV – Margem de Barranco Vegetada; L – Lago; RP – Remanso de praia; IAC – Igapó
Aberto de Cuiaranas; IAM – Igapó Aberto Misto; CI – Clareira de igapó; IF – Igapó
Fechado.
Durante o período amostral verificou-se que os indivíduos utilizaram as categorias
de ambiente na seguinte sequência decrescente: ambientes de lago (39,7%); igapó aberto
misto (36,6%); igapó fechado (8,2%); remanso de praia (6,5%); igapó aberto de cuiarana
(5,7%); Clareira de igapó (3,1%); e margem de barranco vegetada (0,2%).
Categorias de Ambiente
MBV L RP IAC IAM CI IF
Seca X X X X X
Enchente X X X X X X X
Cheia
X
X X X X
Vazante X X X X X X X
60
Pode-se verificar por meio do qui-quadrado que o uso dos ambientes foi
significativamente diferente entre machos e fêmeas (χ2
= 110,63; df = 6; p<0,0001). O
mesmo teste indicou que foi significativamente diferente o uso dos ambientes em função
dos períodos do ciclo hidrométrico, para fêmeas (χ2
= 80,80; df = 18; p<0,0001) e machos
(χ2
= 132,62; df = 15; p<0,0001). Dentre os gêneros, as categorias de ambiente com maior
frequência de uso foram notoriamente para as fêmeas a de lago seguida pela de igapó
aberto misto (Figura 27) e para os machos principalmente a de igapó aberto misto seguida
pela de lago (Figura 28).
Figura 27. – Frequências relativas (%) da ocorrência de fêmeas de P. unifilis nas
categorias de ambiente e separadas por fase do ciclo hidrométrico. S – Seca, N = 6; E –
Enchente, N = 8; C – Cheia, N = 4; V – Vazante, N = 6. MBV – Margem de Barranco
Vegetada; L – Lago; RP – Remanso de praia; IAC – Igapó Aberto de Cuiaranas; IAM –
Igapó Aberto Misto; CI – Clareira de igapó; IF – Igapó Fechado.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
S E C V
MBV
L
RP
IAC
IAM
CI
IF
61
Figura 28. – Frequências relativas (%) da ocorrência de machos de P. unifilis nas
categorias de ambiente e separadas por fase do ciclo hidrométrico. S – Seca, N = 8; E –
Enchente, N = 9; C – Cheia, N = 4; V – Vazante, N = 6. MBV – Margem de Barranco
Vegetada; L – Lago; RP – Remanso de praia; IAC – Igapó Aberto de Cuiaranas; IAM –
Igapó Aberto Misto; CI – Clareira de igapó; IF – Igapó Fechado.
3.6 Dificuldades encontradas
No ano de 2013 o tempo de duração da seca correspondeu a 51 dias. O
encurtamento do período da seca fez com que as praias e locais de desova emergissem
tardiamente, em relação a anos anteriores. Ambientes de floresta alagada permaneceram
disponíveis mesmo na estação seca. Assim sendo, os indivíduos estiveram mais dispersos
aumentando os esforços de captura, e a grande maioria ocupava áreas de igapó. O uso de
canoa tornou-se imprescindível para poder adentrar estes ambientes que na estação cheia
necessitavam de mais de um dia remando para chegar no limiar da água. Certos locais não
puderam ser monitorados devido à dificuldade de acesso, estes davam continuidade ao
ambiente em que o animal tinha sido localizado antes de desaparecer. A canoa apenas
0
10
20
30
40
50
60
70
S E C V
L
RP
IAC
IAM
CI
IF
62
esteve disponível a partir do mês de março de 2014, quando um dos colaboradores do
ICMBio emprestou a sua, auxiliando na pesquisa.
Pôde-se constatar também que alguns dos radiotransmissores pararam de funcionar
provavelmente devido à descarga completa da bateria. Apesar de apresentarem meia vida
entre 18 e 24 meses, na prática houve uma superestimação do tempo estipulado para a
duração da bateria. Podem ter existido fugas de corrente nos radiotransmissores durante o
seu armazenamento devido à forma como é bloqueada com auxílio de um íman, para além
de que as altas temperaturas verificadas na área de estudo podem também ter acelerado a
descarga da bateria dos radiotransmissores (Guilhon et al., 2011).
O ICMBio possui um acordo com as comunidades do entorno da reserva no qual
todos os anos durante a safra da castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa) que em 2014
compreendeu o período de 15 de janeiro a 31 de março, os comunitários registrados e suas
famílias têm permissão para adentrar a reserva com o intuito de coletarem a castanha.
Durante este período podem caçar e pescar como forma de subsistência. A caça e pesca
quando são práticas de subsistência são permitidas, no entanto quando se tornam
exploratórias visando fins comerciais torna-se ilegal o seu exercício. Durante todo o
período de amostragem foi possível constatar a presença de pescadores dentro da reserva
mesmo fora do período do convênio de coleta da castanha, os quais por vezes se acredita
que não pertencessem às comunidades do entorno. Houve um transmissor recapturado que
estava sendo localizado por vários dias exatamente no mesmo local. Este foi encontrado
dentro do igapó fechado quando o nível da água desceu e possuía sinais visíveis de ter sido
retirado por mão humana corroborando a hipótese de que outros indivíduos possam ter
levado o mesmo fim.
63
No final do estudo, à exceção de dois radiotransmissores recapturados, todos os
sinais deixaram de ser detectados, ou por perda do indivíduo durante o monitoramento, ou
por falha no funcionamento do radiotransmissor, ou devido à caça e pesca que se verifica
nesta área, apesar de ser uma unidade de proteção integral.
4. DISCUSSÃO
4.1 Movimentação
Como forma de estudar a movimentação dos indivíduos calcularam-se valores de
deslocamento máximo (DM), deslocamento total (DT) e taxa de deslocamento (TD). O
deslocamento máximo (DM) das fêmeas de Podocnemis unifilis correspondeu a 2,03 km e
dos machos a 1,92 km, valores relativamente próximos. Souza (2012) trabalhou na mesma
área de amostragem com sub-adultos de Podocnemis expansa (oito fêmeas e um macho) e
o maior deslocamento verificado foi de 5,6 km de uma fêmea na estação cheia, superior
aos encontrados para ambos os sexos no presente estudo. Moreira e Vogt em 1990
trabalharam com fêmeas adultas de P.expansa, exatamente na mesma área, e observaram
um deslocamento de 45 km em 48 h na calha principal do rio, resultado pelo menos 10
vezes maior que o valor registrado para P.unifilis. Fáchin-Terán e colaboradores (2006)
como também Silva e colaboradores (2011) documentaram que a espécie P. sextuberculata
possui grande capacidade migratória. Neste estudo os movimentos observados em P.
unifilis podem não ter sido de caráter migratório.
Apesar de não se terem encontrado diferenças significativas entre machos e
fêmeas, as estimativas de DT e TD apresentaram valores superiores em indivíduos do sexo
masculino. Este resultado pode estar relacionado com a dificuldade na amostragem das
fêmeas, uma vez que a maioria dispersou no período da enchente, por vezes não voltando a
64
ser encontrada; as que permaneceram monitoradas na cheia, quando localizado o ponto
mais próximo da verdadeira localização por vezes, deparávamos com ambientes que nos
eram inacessíveis.
Entre estações também não se verificaram diferenças estatisticamente
significativas. Os deslocamentos totais foram maiores na estação seca para machos e
fêmeas; no entanto, a taxa de deslocamento apresentou valores superiores na estação cheia
para os machos que de acordo com a literatura, é nesta época que se realizam movimentos
direcionados para a cópula podendo também estar relacionada à extensão das áreas
visitadas (Vogt, 2008; Costa, 2013). Em machos, o sucesso reprodutivo depende da
dispersão dos seus genes (Moll e Moll, 2004). Comportamento antagônico ao das fêmeas
que garantem o seu sucesso reprodutivo copulando com vários machos apresentando assim
poliandria (Fantin et al., 2008).
O fato de se observarem maiores valores de DT e TD na estação seca em fêmeas,
pode dever-se à sincronia com o período reprodutivo. Fêmeas apresentam grande atividade
na vazante, quando têm de ir em busca dos locais propícios para a postura dos ovos na
estação seca. Já durante a cheia as fêmeas podem apresentar atividade reduzida devido à
permanência em áreas com abundância de recursos não existindo necessidade dos
indivíduos em se locomoverem constantemente para áreas distintas.
A fidelidade ao local de desova foi comprovada pelas fêmeas PU07 e PU08 que
retornaram em 2014 ao local onde foram capturadas (próximo dos locais onde desovaram)
e pela fêmea PU10 que após soltura dentro do lago do Jacaré, em menos de um dia estava
nas proximidades do canal do rio Trombetas e passados dois dias desapareceu, regressando
no ano seguinte. A fidelidade ao local de desova já foi observada anteriormente em
podocnemidídeos (Vogt, 2008; Pantoja-Lima et al., 2009).
65
No caso da fêmea PU12 que permaneceu mais de 50 dias na frente da ressaca do
tabuleiro do Jacaré (praia protegida) constatou-se que quando deixou este local, o
nascimento dos filhotes já estava acontecendo. As fêmeas que desovaram dentro do lago
não apresentaram o mesmo comportamento, estas dispersaram dos locais de desova logo
após a soltura. A captura pode ter influenciado esses movimentos, para além de que os
ninhos nas campinas de areia branca (não protegidas) dentro do lago sofrem uma taxa de
predação muito alta. Quando fomos verificar os ninhos poucos dias após as desovas, ou
tinham sido predados pelo lagarto jacuraru (Tupinambis sp.) ou pelo homem. Deste modo
o seu movimento para áreas de alimentação pode-se ter antecipado pela inexistência dos
ninhos provocada pela sua predação.
Após a desova existem observações que indicam a permanência de P. expansa nas
proximidades das praias, comportamento que poderá estar relacionado ao esgotamento
físico após a postura dos ovos, à espera do nascimento dos filhotes, a um período de nova
fecundação ou à influência do pulso de inundação, aguardando a enchente dos rios para
retornarem aos ambientes sazonalmente alagáveis (Salera-Júnior, 2005; Ferrara et al.,
2013). Moreira e Vogt em 1990 verificaram que as fêmeas adultas de P. expansa são
estimuladas a deixar as áreas de desova, apenas dois meses após a data de postura dos ovos
que coincide com o começo da estação chuvosa e nascimento dos filhotes. Ferrara e
colaboradores em 2013 descreveram o comportamento social por vocalizações entre mães
e filhotes de P. expansa, concluindo que este pode ser usado para congregar os adultos
com os filhotes para realizarem migrações em massa. O estudo das vocalizações em P.
unifilis seria pertinente para analisar a existência de comportamento idêntico, uma vez que
a permanência de fêmeas desta espécie na frente de tabuleiros de desova também se
verifica.
Outro fator importante de salientar é que P. unifilis como espécie essencialmente
66
aquática tem sua interação com o ambiente terrestre documentada no período da desova
(Vogt, 2008). A fêmea PU18 foi encontrada em Março e Abril em poças distintas que
apenas possuíam acesso por via terrestre, nas proximidades do igapó fechado. Estas
localizações pontuais sugerem o movimento terrestre mesmo fora do período de desova.
Pensa-se que este comportamento pode ter origem na busca de locais protegidos ou pela
procura da diminuição dos gastos energéticos devido à menor profundidade caracterizada
nestes ambientes.
Importante salientar que a fêmea PU05 e os machos PU02 e PU13 (transmissor
recapturado) apresentaram em comum o fato de que a partir de certa data passaram a ser
localizados exatamente no mesmo ponto, sem que fossem avistados. No entanto, Costa em
2013 estudando uma população de Hydromedusa maximiliani no Parque Estadual Carlos
Botelho (SP), documentou a permanência de pelo menos cinco indivíduos em uma mesma
área durante meses. A pesquisadora destacou duas fêmeas que chegaram a ocupar o
mesmo local por um período de sete e 10 meses. Assim, os dados dos indivíduos que
permaneceram parados, foram considerados nas análises porque até ao momento da
recaptura do transmissor não poderia afirmar que o sinal emitido não correspondia à
presença efetiva de um indivíduo. No entanto a possibilidade dos indivíduos PU05 e PU02
terem sido predados e a constatação de que o indivíduo PU13 foi efetivamente capturado
pelo Homem não se deve descartar.
A presença de machos e fêmeas de podocnemidídeos na frente de praias de areia
situadas no curso principal de rios é descrita na literatura (Fachin-Terán et al., 2006; Vogt,
2008). No caso dos machos PU06 e PU15, a permanência dos mesmos em frente às praias
sugere a existência de cópula após a desova das fêmeas como foi verificado por Fáchin-
Terán e colaboradores (2006) para a espécie P. sextuberculata.
67
4.2 Área de Uso
A seleção do método mais adequado para estimar áreas de vida num estudo de
radiotelemetria depende da forma de movimentação dos animais, do tamanho da amostra,
da questão biológica, entre outros (Costa, 2013). Por vezes torna-se conveniente o uso
conjunto de estimadores facilitando a interpretação biológica dos dados.
A área de uso linear (AL) representa o uso linear do espaço, e tem vindo a ser
documentada em diversos estudos o que a torna um valor padrão na comparação com
outros autores. No entanto, é uma metodologia proposta para o estudo da fauna aquática
associada a igarapés, onde realmente faz sentido que os pontos mais longínquos da
distribuição representem a área de uso dos animais. Em sistemas dendríticos essa
estimativa tende a afastar-se do valor real, pois acaba por desprezar informação podendo
subestimar a área de uso efetiva (Ouelette e Cardille, 2011). O Mínimo Polígono Convexo
com 100% das localizações (MPC100%) por ser um método de ligação (linkage) permite
avaliar quais as zonas que estabelecem a ponte entre as áreas com intensa atividade, no
entanto acaba por superestimar as áreas utilizadas. No que toca ao Kernel Fixo (KF 95%)
este se baseia na densidade das localizações (Kenward et al., 2001) e estabelece áreas de
uso efetivo pelos indivíduos. Apesar de serem substancialmente diferentes, nos seus
pressupostos matemáticos, e nos métodos de cálculo produzem estimativas que não são
distinguíveis estatisticamente. Contudo as análises das estimativas originadas mostram
variação entre indivíduos e um uso diferenciado das áreas de vida (Litzgus e Mosseau,
2004).
No presente estudo observou-se uma área de uso linear média de 2,53 km para as
fêmeas e os machos apresentaram uma área de 3,57 km. Estas estimativas foram muito
68
inferiores às encontradas por Moreira e Vogt em 1990 que seguiram 10 fêmeas adultas de
P. expansa, concluindo que estas chegam a migrar 65 km de montante para jusante no rio
Trombetas até chegarem ao rio Amazonas. Em Podocnemis sextuberculata foram
apresentados valores de área de vida linear de 29,8 km em fêmeas (Fachín-Terán et al.,
2005) e para Podocnemis erytrocephala, Bernhard em 2010 encontrou valores de 28 km
em fêmeas adultas. Souza em 2012 monitorando sub-adultos de P. expansa no rio
Trombetas encontrou área de uso linear média de 6,9 km para fêmeas, e 3,19 km para um
único macho. O valor da área de uso linear é muito variável entre as espécies da família
Podocnemididae independentemente do seu tamanho. Como falado anteriormente, este
estimador pode por vezes suprir informação do uso da área em sistemas de múltiplos
canais. No presente estudo áreas menores foram bem representadas pela área de uso linear,
no entanto quando analisadas as áreas de maiores proporções ele acabou por desprezar
uma grande quantidade de informações.
Os centros de atividade representados pelas estimativas do KF50% tiveram áreas
maiores para fêmeas de 20,51 ha em comparação com os machos de 14,75 ha. Do mesmo
modo, no estudo da espécie Clemmys guttata as fêmeas apresentaram centros de atividade
de 2,45 ha enquanto que os machos de 0,92 ha (Litzgus e Mosseau, 2004); em ambas as
estimativas as áreas não diferiram significativamente. Os centros de atividade são
definidos por contornos que se traduzem numa elevada densidade de localizações podendo
vir a ser indicados como áreas de preservação e proteção prioritárias.
Uma vez calculada a área de uso através do MPC 100% e do KF 95% foram
estimadas áreas maiores pelo MPC100% como era de se esperar, este superestimou as
áreas realmente utilizadas, no entanto incluiu os corredores que ligam as áreas com maior
intensidade de uso estimada pelo KF95%. No estimador MPC100%, machos apresentaram
áreas maiores (média = 474,42 ha) que as fêmeas (média = 183, 21 ha). Contrariamente,
69
no KF95% machos (média = 74,51 ha) tiveram suas áreas estimadas com valores inferiores
ao das fêmeas (média = 86,90 ha), o que comprova que estes estimadores não são passíveis
de serem comparados estatisticamente, pois o valor de suas áreas carrega significados
diferentes.
Não se observaram diferenças significativas nas estimativas de KF95% entre
machos e fêmeas. No entanto a área das fêmeas apresentou valores superiores. Souza 2012
achou valores de 12980 ha nas áreas calculadas pelo MPC 100% e cerca de 370 ha pelo
KF95% muito superiores aos de P. unifilis. No entanto, o único macho que participou de
seu estudo apresentou área de 344 ha pelo MPC 100% e 79 ha pelo KF95%, valores que se
aproximam dos verificados em P. unifilis. Entre espécies de tartarugas de água doce, o
tamanho e a forma da área de vida apresentam-se muito variáveis e pode ser influenciados
pelas dimensões do habitat (Ely, 2008; Rowe e Moll, 1991).
Entre estações também não se verificaram diferenças significativas, apesar de que
na seca os valores calculados foram maiores. A maioria dos estudos que verificaram
diferenças entre estações são referentes a espécies que estivam ou hibernam, classificadas
como bimodais. Vogt em dados não publicados classificou as fêmeas de P. unifilis como
bimodais em resposta à diminuição do nível da água descrevendo que algumas fêmeas
permanecem nos lagos, e desovam na margem dos mesmos, enquanto outras migram para
os rios para desovar em praias de areia.
As diferenças entre sexos e estações que se verificam na área de vida de algumas
espécies podem estar relacionadas com os movimentos das fêmeas associados à desova
(Litzgus e Mosseau, 2004) ou à procura dos machos pelas fêmeas (Morreale et al., 1984).
Neste caso, o fato de não terem apresentado diferenças estatisticamente significativas pode
residir no curto período de monitorização e na dificuldade de amostragem das fêmeas,
70
provavelmente impedindo que tais diferenças fossem detectadas. Reforça-se ainda que
como foi admitido o termo área de uso, as estimativas calculadas representam apenas uma
subárea de proporção menor, utilizada durante o período entre setembro de 2013 a
setembro de 2014 que representa uma fracção importante da área de vida (Jennrich e
Turner, 1969; Domingues e Rodrigues, 2007).
As comparações entre áreas de vida de indivíduos que apresentam números de
localizações variáveis geralmente também são postas em questão, pois a área de vida não é
constante para uma espécie e relaciona-se com a densidade da população (Stickel, 1989),
com a disponibilidade de alimento, com a produtividade do habitat, e a variação anual do
nível de água entre as estações (Litzgus e Mousseau, 2004). São necessários estudos de
longa duração, para que essas variações nas áreas de vida dos adultos de Podocnemis
unifilis na REBIO Trombetas possam ser melhor estudadas.
4.3 Relação entre o tamanho corpóreo e deslocamento ou área de uso
Foi encontrada uma tendência das fêmeas com maior massa, apresentarem áreas de
uso maiores. No entanto esta relação apenas teve caráter preditor por ser verificada entre
cinco fêmeas não podendo ser inferida para o resto da população. Souza 2012 encontrou
relação entre o tamanho individual e a distância total percorrida, corroborando a hipótese
de que indivíduos de maiores dimensões percorrem distâncias e ocupam áreas maiores.
É de se esperar que os animais de maiores dimensões em uma população
apresentem requerimentos energéticos superiores e consequentemente maiores valores de
atividade e uso espaço. Indivíduos necessitam de se movimentar em busca de recursos, a
não ser que estes sejam abundantes na área em que ocorrem. Podocnemis unifilis é uma
espécie predominantemente herbívora então em ambientes de igapó e margens vegetadas
71
de lago encontra uma série de alternativas alimentares de modo que o alimento não é
considerado um fator limitante (Balensiefer, 2003; Costa, 2013; Vogt, 2008). No caso das
fêmeas adultas, por terem de incluir a produção dos ovos nos seus gastos energéticos
podem por vezes se alimentar de artrópodes ou restos de peixe (Balensiefer, 2003) o que
poderá estar relacionado ao aumento da sua atividade e consequentemente aumento da sua
área de uso. Termorregular permite o aumento da assimilação de energia, sendo possível
verificar também nos igapós maior disponibilidade de substratos (troncos fixos e
flutuantes) como recursos para a realização desta prática. Para além da procura de
recursos, as fêmeas têm necessidade de realizar movimentos associados à desova
estendendo suas áreas e movimentos até ambientes propícios para a postura dos ovos (Moll
e Moll, 2004).
4.4 Sobreposição de áreas
Pelo estudo da sobreposição entre as áreas utilizadas pelos indivíduos é possível
analisar o grau de interação entre eles uma vez que este aspecto por vezes é bastante difícil
de ser observado diretamente em campo (Burt, 1943; Costa, 2013). No entanto foi possível
observar o uso concomitante do espaço pelos indivíduos neste estudo.
O KF95% por apresentar estimativas mais rigorosas faz com que as proporções de
sobreposição entre indivíduos sejam menores do que com o MPC100%, o que aumenta a
probabilidade de cada sobreposição para além de espacial ser também temporal.
Foi possível verificar sobreposição entre todos os indivíduos monitorados, no
entanto como se analisaram as sobreposições entre as áreas estimadas pelo KF95% apenas
se estudou a interação entre 13 indivíduos. Os indivíduos se sobrepuseram com pelo
menos um indivíduo e no máximo com nove. Essas sobreposições ficaram evidentes
72
mesmo durante o monitoramento salientando que houve uso concomitante do espaço na
maioria dos casos.
Bury (1979) e Kaufmann (1992), demonstraram que especialmente para espécies de
quelônios aquáticas, a existência de territorialidade ainda não foi suficientemente
documentada. Por não haver diferença significativa entre as proporções das sobreposições,
não foi possível definir territorialidade. Inclusive, o seu comportamento é de certa forma
social, sendo verificada a presença de grandes grupos de tracajás tomando sol uns em cima
dos outros em troncos, ou menos frequentemente nos bancos de areia. Ambos os sexos e
todas as classes de tamanhos podem ser observados na prática desta atividade, apesar de
juvenis tenderem a se aglomerar separadamente dos adultos (Vogt, 2008). A
termorregulação permite acelerar a digestão, o desenvolvimento dos ovos e o crescimento
dos indivíduos, como também, pode ajudar a diminuir o número de algas e sanguessugas
que se aderem ao casco (Lacher Jr. et al., 1986; Pough et al., 1993).
Pode-se observar que um dos menores indivíduos do estudo (PU16) teve sua área
restrita a um só local e apenas se sobrepôs com outro indivíduo de iguais dimensões
(PU13). Isto pode ter acontecido pelo simples fato que os indivíduos maiores procuraram
ambientes mais distantes com maior disponibilidade de recursos, não tendo suas áreas
sobrepostas com indivíduos que se restringem a áreas menores. PU16 também não se
sobrepôs com a área de nenhuma fêmea o que pode indicar que este indivíduo ainda não
estivesse procurando fêmeas para copular. Este comportamento sugere a necessidade de
estudos que amostrem diferentes faixas etárias para verificar a interação entre eles.
Em fêmeas as sobreposições não foram tão frequentes quanto em machos
verificando-se sobreposição apenas entre duas ou menos. Quanto à interação entre sexos as
fêmeas se sobrepuseram com pelo menos dois machos corroborando a existência de
poliandria como foi encontrada por Fantin e colaboradores (2008) em um estudo genético
73
da espécie.
É de salientar que os machos de maior tamanho amostrados estiveram presentes
nos ambientes remanso de praia juntamente com uma das fêmeas monitoradas (PU12) e
após este período migraram para locais de igapó onde se verificou a sua sobreposição com
duas das fêmeas monitoradas que desovaram dentro do lago do Jacaré. Estes machos
foram dos que apresentaram áreas de uso maiores, nas quais se verificaram grande
disponibilidade de recursos, e automaticamente tiveram maior probabilidade de se
sobrepor com outros indivíduos da mesma espécie.
A análise da sobreposição dos centros de atividade representados pelas estimativas
do KF50% é de extrema importância para o estabelecimento de estratégias de conservação
em planos de manejo. Foi possível identificar duas áreas, onde houve concentração de
sobreposição de centros de atividade: uma das áreas foi identificada para a estação seca,
composta pelas sobreposições de pequenas proporções, entre sete indivíduos, e próxima
aos locais de desova dentro do lago do Jacaré; a outra área apontada para a estação cheia,
no caso uma área de igapó aberta, apresentou concentração de áreas de maior proporção
entre seis indivíduos. Quando verificadas zonas de sobreposição frequente entre áreas de
uso intenso, estas se tornam críticas para a manutenção da população em questão, como foi
o caso das duas áreas apresentadas.
4.5 Uso do Ambiente
Foi possível observar que a maioria dos indivíduos de P. unifilis nas adjacências da
base do tabuleiro se restringiu aos ambientes dos lagos do Jacaré e Leonardo, amostrados
no período de um ano. A diferença significativa entre sexos pode ser explicada pelos
74
movimentos de caráter reprodutivo no sentido da procura de locais de nidificação que
fazem com que fêmeas de P. unifilis utilizem com maior frequência os ambientes de rio,
lago e remanso de praia na estação seca. Durante a estação cheia as fêmeas têm presença
constante em ambientes de igapó. Os machos por sua vez utilizam frequentemente o
ambiente de igapó aberto misto que tem uma crescente ocupação como aumento do nível
das águas. Provavelmente os igapós por serem ambientes caracterizados pela sua grande
produtividade podem ter proporcionado recursos alimentares fartos, abrigo contra
predadores, e locais de termorregulação (Almeida et al., 1986; Balensiefer e Vogt, 2006;
Rueda-Almonacid et al., 2007; Horta, 2008; Vogt, 2008).
Em um estudo de estrutura populacional de P. unifilis no Reservatório da UHE de
Tucuruí foi encontrada diferença entre os sexos quanto aos ambientes utilizados. As
fêmeas foram identificadas em ambientes mais rasos, próximas às ilhas que utilizavam
para a desova e machos no canal principal dos corpos d’água, no entanto apesar de
apresentar variação sazonal o ambiente estudado pela autora se encontra totalmente
modificado pelas consequências ambientais da usina não oferecendo a mesma variedade de
ambientes que se verificam em habitat natural (Félix-Silva, 2009). Souza em 2012
verificou para as fêmeas de P. expansa o uso exclusivo do canal do rio e ambientes de
remanso de praia durante a época seca e na cheia apenas ambientes de igapó e lago foram
utilizados.
O pulso de inundação é responsável por inserir variação no uso anual dos
ambientes pelos quelônios e outros integrantes da comunidade faunística aquática. Este
torna disponíveis na enchente ambientes com mais recursos como é o caso dos igapós
(Junk, 1989). Este tipo de hábitat é fonte de frutos, sementes e outros materiais de origem
vegetal que compõem a dieta de P. unifilis e outros podocnemidídeos, para além de
propiciar refúgio contra possíveis predadores (Almeida et al., 1986; Balensiefer, 2003;
75
Balensiefer e Vogt, 2006; Rueda-Almonacid et al., 2007; Vogt, 2008). Durante a vazante é
verificado o movimento reverso como descrito para indivíduos adultos de P. expansa e P.
sextuberculata que anualmente saem das florestas alagadas e ambientes de lagos, para
poços nos cursos principais dos rios como forma de evitarem as consequências das águas
rasas, como o aumento das taxas de predação devido à concentração dos indivíduos nos
ambientes desprotegidos dos lagos, e também com o intuito de alcançarem os principais
sítios de desova (Alho e Pádua, 1982a; Salera-Júnior, 2005, Fachín-Terán et al., 2005).
76
5. CONCLUSÃO
Adultos de Podocnemis unifilis na REBIO Trombetas entre setembro de 2013 e
setembro de 2014 usaram áreas de 0,56 a 215,07 ha e foram capazes de realizar
deslocamentos de 2 km em apenas um dia.
Como medida de preservação e conservação para a espécie estudada, propõe-se que
para além do controle efetivo realizado nas praias de areia grossa, se efetue a proteção das
campinas de areia branca, e do lago durante a estação seca. No período da estação cheia as
florestas de igapó necessitam de especial atenção. As áreas como canais do lago que
efetuam a ligação entre os locais anteriormente referidos também devem ser consideradas.
Propõe-se a realização de estudos de longa duração que abranjam diferentes faixas
etárias como também de vocalizações para melhor estudar a organização social dos
indivíduos de P. unifilis.
77
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Alho, C. J. R.; Pádua, L. F. M. 1982a. Reproductive parameters and behavior of the
Amazon turtle Podocnemis expansa (Testudinata, Pelomedusidae) in Brazil.
Canadian Journal of Zoology, 60: 97-103.
Alho, C. J. R.; Pádua, L. F. M. 1982b. Sincronia entre o regime de vazante do rio e o
comportamento de nidificação da tartaruga da Amazônia Podocnemis expansa
(Testudinata: Pelomedusidae). Acta Amazônica, 12 (2): 323-326.
Alho, C. J. R.; Danni, T. M. S.; Pádua, L. F. M. 1985. Temperature-dependent sex
determination in Podocnemis expansa (Testudinata: Pelomedusidae). Biotropica,
17(1): 75-78.
Almeida, S. S.; Sá, P. G.; Garcia, A. 1986. Vegetais utilizados como alimento por
Podocnemis (Chelonia) na região do baixo rio Xíngú (Brasil/Pará). Boletim do
Museu Paraense Emílio Goeldi-Botânica, 2(2): 199-211.
Andrade, P. C. M. 2008. Criação e Manejo de Quelônios no Amazonas. Manaus, AM,
Brasil: IBAMA, Pró-Várzea, 522 p.
Balensiefer, D. C. 2003. Dieta de Podocnemis unifilis (Testudines, Pelomedusidae) no
Período de seca em uma Várzea do Médio Solimões, Amazonas. INPA, Dissertação
de Mestrado, 34 p.
Balensiefer, D. C.; Vogt. R. C. 2006. Diet of Podocnemis unifilis (Testudines,
Podocnemididae) during the dry season in Mamirauá sustainable development
reserve, Amazonas, Brazil. Chelonian Conservation and Biology, 5(2): 312-317.
78
Bates, H. W. 1863. The Naturalist on the River Amazon. John Murray, London. 407 p.
Bernhard, R. 2010. Dinâmica populacional de Podocnemis erythrocephala, no rio
Ayuana, Amazonas, Brasil. Tese de Doutorado. Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia, Manaus, Brasil, 106p.
Bittencourt, M. M.; Amadio, S.A. 2007. Proposta para identificação rápida dos períodos
hidrológicos em áreas de várzea do rio Solimões-Amazonas nas proximidades de
Manaus. Acta Amazonica, 37(2): 303 – 308.
Buhlmann, K. A. 1998. Ecology, terrestrial habitat use and conservation of a freshwater
turtle assemblange inhabiting a seasonally fluctuating wetland with emphasis on
the life history of Deirochelys reticularia. Ph.D. Thesis. University of Georgia,
Athens, Georgia, 176p.
Burt, W. H. 1943. Territoriality and home range as applied to mammal. Journal of
Mammal, 24: 346 – 352.
Bury, R. B. 1979. Review of the ecology and conservation of the bog turtle Clemmys
muhlenbergii. U.S. Fish and Wildlife Service. Special Scientific Report-Wildlife.
219: 13-19.
Cagle, F. R. 1939. A system of marking turtles for future identification. Copeia, 1939(3):
170-173.
Cagle, F. R. 1944. Home Range, homing behavior and migration in turtles. Museum of
Zoology .University of Michigan. Miscellaneous Publications, 61(1): 1-31.
Congdon, J. D.; Dunham, A. E.; Sels, R. C. L. 1994. Demographics of common snapping
turtles (Chelydra serpentina): implications for conservation and management of
79
long-lived organisms. American Zoologist, 34 (3): 397- 408
Cantarelli, V. H. 2006. Alometria reprodutiva da tartaruga-da-amazônia (Podocnemis
expansa): bases biológicas para o manejo. Tese de doutorado. Universidade de
São Paulo, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, 116p.
Castelblanco-Martínez, D. N.; Vogt, R. C; Klein, G. 2006. Resultados preliminares do
estudo de telemetria de Podocnemis expansa no rio Trombetas. In. VII Congreso
Internacional sobre Manejo de Fauna Silvestre en la Amazonía y Latinamérica,
Ilhéus, p. 101.
Castro, N. G. D. 2013. Movimentação e área de uso de adultos de Peltocephalus
dumerilianus (Testudines: Podocnemididae) na Reserva Biológica do Rio
Trombetas, Pará. Dissertação de Mestrado, Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia, Manaus, 33p.
CITES. 2015. Convention on international trade in endangered species of wild fauna and
flora: Appendices I, II and III. Base de dados eletrônica
(http://www.cites.org/eng/app/appendices.html). Acesso em: 11/07/2015
Costa, S. F. 2013. Área de vida, movimentaçãoo e seleção de habitat do cágado
Hydromedusa maximiliani (Testudines: Chelidae) no Parque Estadual Carlos
Botelho, SP. Tese de Doutorado, Escola Superior de Agricultura “Luiz de
Queiroz”, 104p.
De la Ossa, J. L. V. 2007. Ecologia e Conservação de Peltocephalus dumerilianus
(Testudines Podocnemididae) em Barcelos, Amazonas, Brasil. Tese de Doutorado,
INPA/UFAM/ Programa de Pós-Graduação e Biologia Tropical e Recursos
Naturais, Manaus, Brasil, 179 p.
80
Domingues, L. A. L.; Rodrigues, M. 2007. Área de uso e aspectos da territorialidade de
Schistoclamys ruficapillus (Thraupidae) em seu período não-reprodutivo. Revista
Brasileira de Ornitologia, 15 (4): 538-542
Dows, J. A.; Horner, M. W. 2008. Effects of point pattern shape on home-range estimates.
The Journal of Wildlife Management, 72 (8): 1813.1818
Ely, I. 2008. Área de vida, Movimento e Hábitat utilizado por Trachemys adiutrix
Vanzolini, 1995 (Testudines, Emydidae) na região dos Pequenos Lençóis
Maranhenses. Dissertação de mestrado, Instituto de Biociências, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil, 57p.
Escalona, T.; Fa, J. E. 1998. Survival of nests of terecay turtle (Podocnemis unifilis) in the
Nichare-Tawadu Rivers, Venezuela. Journal of Zoology, 244: 303-312.
ESRI. 2006. ArcGIS 9.2, Redlands, CA.
ESRI. 2014. ArcGIS 10.2.2, Redlands, CA.
Fachín-Terán, A. 1992. Alimentação de cinco espécies de quelônios em Costa Marques,
Rondônia-Brasil. Dissertação de Mestrado, Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia/Fundação Universidade do Amazonas, Manaus, Brasil. 71p.
Fachín-Terán, A.; Vogt, R. C.; Gomez, M. F. S. 1995. Food habitats of an assemblage of
five species of turtles in the Rio Guapore, Rondônia, Brazil. Journal. of
Herpetology, 29(4): 536-547.
Fachín-Téran A., Vogt, R. C.; Thorbjarnarson, J. B. 2006. Seasonal movements of
Podocnemis sextuberculata (Testudines, Podocnemididae) in the Mamirauá
81
Sustainable Development Reserve, Amazonas, Brazil. Chelonian Conservation and
Biology, 6(1): 000-000
Fantin, C.; Viana, L. S.; Monjeló, L. A. S.; Farias, I. P. 2008. Polyandry in Podocnemis
unifilis (Pleurodira; Podocnemididae), the vulnerable yellow-spotted Amazon
River turtle. Amphibia-Reptilia, 29: 479-486
Félix-Silva, D. 2009. Ecologia e Conservação de Podocnemis unifilis Troschel 1848
(Testudines, Podocnemididae) no Reservatório da UEH Tucuruí, Pará – Brasil,
UERJ/ Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes. Tese de Doutorado, 274 p.
Ferrara, C. R.; Vogt, R. C.; Sousa-Lima, R. S. 2013. Turtle vocalizations as the first
evidence of posthatching parental care in chelonians. Journal of Comparative
Psychology, 127(1): 24-32
Figueiredo, M. W. 2010. Estrutura populacional, uso de ambientes e crescimento corporal
de Rhinoclemmys punctularia punctularia (Daudin, 1801), na Ilha de Algodoal/
Maiandeua, Maracanã, Pará, Brasil. Dissertação de Mestrado, Instituto de
Ciências Biológicas, Universidade Federal do Pará, 74p.
Frazer, N. B. 1992. Sea turtle conservation and halfway technology. Conservation Biology,
6(2): 179-184.
Gibbons, J. W. 1986. Movement patterns among turtle populations: applicability to
management of the desert tortoise. Herpetologica, 42(1): 104-113.
Gibbons, J. W.; Greene, J. L.; Congdon, J. D. 1990. Temporal and spatial movement
patterns of sliders and other turtles, p. 201-216. In: J. W. Gibbons (ed.). Life
82
History and Ecology of the Slider Turtle. Smithsonian Institute Press, Washington,
DC, USA, 368p.
Guilhon, A.V.; Vogt, R. C.; Schneider, L.; Ferrara, C. R. 2011. Assessment of turtle
tracking technologies in the Brazilian Amazon. Herpetological Review, 42 (4):
525-530
Haller, E. C. P.; Rodrigues, M. T. 2005. Podocnemis unifilis (Yellow-spotted River
Turtle). Nests and nesting. Herpetological Review. 36(1): 60
Horta, G. F. 2008. Movimentação e uso do espaço por Acanthochelys spixii (Testudines,
Chelidae) no Parque Nacional de Brasília, Distrito Federal. Dissertação de
Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal, Universidade de
Brasília, Distrito Federal. 55p.
IBAMA. 1989. Projeto Quelônios da Amazônia – 10 anos. Brasília, Brasil.
IBAMA; STCP. Plano de manejo da Reserva Biológica do Rio Trombetas. 2004. (
http://www.ibama.gov.br/rebiotrombetas/index.php?id_menu=16). Acesso em
30/08/2011.
IBAMA. Listagem de Unidades de Conservação – Reservas Biológicas. 2009.
(http://www.ibama.gov.br/siucweb/mostraUc.php?seqUc=50). Acesso em 30/08/
2011.
IUCN. 2015. The IUCN Red List of Threatened Species. Version 2015.2. Base de dados
eletrônica (http://www.iucnredlist.org). Acesso em: 11/07/2015
Jacob, A.; Rudran, R. 2004. Rádio-telemetria em estudos populacionais. In: Cullen Jr., L.;
Rudran, R.; Valladares-Padua, C. Métodos de estudos em biologia da conservação
83
e manejo da vida silvestre. Ed. UFPR, Fundação O Boticário de Proteção à
Natureza. 285-340 p.
Jennrich, R. I.; Turner, F. B. 1969. Measurement of non-circular home range. Journal of
Theorotical Biology, 22: 227– 237.
Jewell, P. A. 1966. The concept of home range in mammals. In: P. A. JEWELL & C.
LOIZOS (eds.). Play, explotation, and territoriality in mammals. Academic Press,
London, 85-142 p.
Junk, W.; Bayley, P.; Sparks, R. 1989. The flood pulse concept in river-floodplain
systems. In: Dodge, D. (ed.) Proceedings of the International Large River
Symposium, 110-127 p.
Kaufmann, J. H. 1992. Social behavior of wood turtle, Clemmys insculpa, in central
Pennsylvania. Copeia, 1995 (1): 22-27.
Kenward, R. E.; Clarke, R. T.; Hodder, K. H.; Walls, S. S. 2001. Density and linkage
estimators of home range: nearest-neighbor clustering defines multinuclear cores.
Ecology, 82: 1905-1920.
Kiel, B. L. 2004. Homing and Spatial Use of Gag Grouper, Mycteroperca microlepis.
Dissertação de Mestrado, Universidade da Flórida. 89p.
Klemens, M. W.; Thorbjarnarson, J. B. 1995. Reptiles as a food resource. Biodiversity and
Conservation, 4: 281-298.
Lacher Jr., T.E.; Alho, C. J. R.; Pereira, I. G. T. 1986. The relation between cloacal
temperature and ambient temperature in five species of brazilian turtles. Revista
Brasileira de Biologia, 46 (3): 563-566.
84
Leite, R. U. 2010. Composição, distribuição, utilização de ambientes e variação sazonal
na densidade de quelônios aquáticos do Lago Verde, Alter do Chão, Santarém,
Pará, Brasil. Dissertação de Mestrado. Museu Paraense Emílio Goeldi/
Universidade Federal do Pará, Programa de Pós-Gradiação em Zoologia, 63 p.
Lefevre, K.; Brooks, R. J. 1995. Effects of sex and body size on basking behavior in a
northern population of the painted turtle, Chrysemys picta. Herpetologica, 51 (2):
217-224.
Litzgus, J. D.; Mousseau, T. A. 2004. Home Range and Seasonal Activity of Southern
Spotted Turtles (Clemmys guttata): Implications for Management. Copeia, (4):
804-817.
Magnusson, W. E.; Lima, A. C. de; Costa, V. L. da; Vogt, R. C. 1997. Home Range of the
Turtle, Phrynops rufipes, in an Isolated Reserve in Central Amazônia, Brazil.
Chelonian Conservation and Biology, 2 (4): 494-499.
Mohr, C. O. 1947. Table of equivalent populations of North American small mammals.
American Midland Naturalist, 37: 223-249.
Moll, E. O.; Legler, J. M. 1971. The life history of a Neotropical slider turtle, Pseudemys
scripta (Schoepff), in Panama. Bulletin of Los Angeles Country. Museum of
Natural History, Science, 11: 1-102.
Moll, D.; Moll, E. O. 2004. The ecology, Exploitation, and Conservation of River turtles.
Oxford University Press. New York. 393 p.
85
Morales-Verdeja, S. A.; Vogt, R. C. 1997. Terrestrial movementes in relation to estivation
and the annual reproductive cycle of Kinosternon leucostomum. Copeia, 1997(1):
123-130.
Morreale, S. J.; Gibbons, J. W.; Congdon, J. D. 1984. Significance of activity and
movement in the Yellow-Belied Slider Turtle (Pseudemys scripta). Canadian
Journal of Zoology, 62: 1038-1042.
Moreira, G.; Vogt, R. C. 1990. Movements of Podocnemis expansa before and after
nesting in the Trombetas River, Brazil. In: Abstracts of the 38th Annual Meeting
Herpetologists League and the 33rd Annual Meeting of the Society for the Study of
Amphibians and Reptiles, Tulane University, New Orleans, Louisiana. 79p.
Nascimento, C. A. R. do. 2009. Histórico oficial do comércio ilegal de fauna no Estado do
Amazonas. Dissertação de Mestrado, Mestrado em Ciências do Ambiente e
Sustentabilidade na Amazônia, Universidade Federal do Amazonas, Manaus,
Amazonas. 53p.
Ouellette, M.; Cardille, J.A. 2011. The complex linear home range estimator: representing
the home range of river turtles moving in multiple channels. Chelonian
Conservation and Biology 10(2): 259-265
Pezzuti, J. C. B.; Rebelo G. H.; Silva D. F.; Lima J. P.; Ribeiro M. C. 2004. A caça e a
pesca no Parque Nacional do Jaú,. In: Janelas para a biodiversidade no Parque
Nacional do Jaú: Uma estratégia para o estudo da biodiversidade na Amazônia. S.
H. Borges, S. Iwanaga, C. C. Durigan, and M. R. Pinheiro (Eds.). Fundação Vitória
Amazônica, Manaus. 213-230p.
86
Pike, D. A. 2006. Movement patterns, habitat use, and growth of hatchling tortoises.
Gopherus polyphemus. Copeia 2006(1): 68–76
Plummer, M.V.; Shirer, H.W. 1975. Movement patterns in a river population of the
softshell turtle, Trionyx muticus. Occasional Papers of the Natural History Museum
the University of Kansas 43: 1-26.
Pough, F. H.; Heiser; J. B.; Mcfarland, W. N., 1993. A Vida dos Vertebrados. Atheneu
Editora – São Paulo (SP), 839p.
Pough, F. H.; Andrews; R. M.; Cadle; J. E.; Crump, M. L.; Savitzky, A. H.; Wells, K. D.
2001. Herpetology. Prentice-Hall, New Jersey, USA, 577p.
Pritchard, P. C. H. 1979. Encyclopedia of turtles. 1 ed. USA: T. F.H. Publications Inc. Ltd,
895p.
Pritchard, P. C. H.; Trebbau P.1984. The turtles of Venezuela. Society for the Study of
Amphibians and Reptiles, Caracas, Venezuela, 360p.
R Core Team (2014). R: A language and environment for statistical computing. R
Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria. URL http://www.R-
project.org/.
Rasmussen, M. L.; Litzgus, J. D. 2010. Habitat Selection and Movement Patterns of
Spotted Turtles (Clemmys guttata): Efects of Spatial and Temporal Scales of
Analyses. Copeia, 2010(1):86-96
Rebêlo, G. H. 2002. Quelônios, jacarés e ribeirinhos no Parque Nacional do Jaú (AM).
Tese de doutorado, Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas, São
Paulo. 156p.
87
Riedle, J. D.; Shipman, P. A.; Fox, S. F.; Leslie Jr., D. M. 2006. Microhabitat use, home
range, and movements of the alligator snapping turtle, Macrochelys temminckii, in
Oklahoma. The southwestern naturalist, 51(1): 35–40.
Rowe, J. W.; Dalgarn S. F. 2010. Home range size and daily movements of midland
painted turtles (Chrysemys picta marginata) in relation to body size, sex, and
weather patterns. Herpetological Conservation and Biology, 5(3): 461-473.
Rowe J.W.; Moll E.O. 1991. A radiotelemetry study of activity and movements of the
Blanding's turtle (Emydoidea blandingi) in Northeastern Illinois. Journal
Herpetology, 25(2): 178-185.
Rueda-Almonacid, J. V.; Carr, J. L.; Mittermeier, R. A.; Rodriguez-Mahecha, J. V.; Mast,
R. B.; Vogt, R. C.; Rhodin, A. G. J.; De la Ossa, J. V.; Rueda, J. N.; Mittermeier,
C. G. 2007. Las tortugas y los crocodilianos de los paises andinos del trópico.
Serie de guias tropicales de campo n° 6. Conservación Internacional. Editorial
Panamericana, Bogotá, Colombia, 2007, 538p.
Salera-Júnior, G. 2005. Avaliação da biologia reprodutiva, predação natural e
importância social em quelônios com ocorrência na bacia do Araguaia.
Dissertação de Mestrado. Fundação Universidade Federal do Tocantins, Campos
Universitário de Palmas. Palmas, Tocantins, Brasil. 191 p.
SBH, 2014. Lista de espécies de répteis do Brasil, Sociedade Brasileira de Herpetologia
(SBH), (http://www.sbherpetologia.org.br/checklist/repteis). Acesso em 11/07/
2015.
88
Seaman, D. E.; Millspaugh, J. J.; Kernohan, B. J.; Brundige, G. C.; Raedeke, K. J.; Gitzen,
R. A. 1999. Effects of sample size on kernel home range estimates. Journal of
Wildlife Management, 63: 739-747
Sexton, J.O. 1959. Spatial and temporal movements of a population of the painted turtle,
Chrysemys picta marginata (Agassiz). Ecological monographs, 29: 113-140.
Silva, T. J.; Monjeló, L. A. S.; Viana, M. N. S.; Pezutti, J. C.; Andrade, P. C. M.; Vogt, R.
C.; Farias, I. P. 2011. Population genetics analysis of Podocnemis sextuberculata
(Testudines, Podocnemididae): lack of population structure in the central Amazon
Basin. Genetics and Molecular Research, 10(3): 1393-1402
Silverman, B.W. 1986. Density estimation for statistics and data analysis. Chapman and
Hall, London,UK.
Smith, N. J. H. 1979. Quelônios aquáticos da Amazônia: um recurso ameaçado. Acta
Amazonica, 9(1): 87-97.
Souza M. M. de. 2012. Movimentação e uso do ambiente por subadultos de Podocnemis
expansa (Testudines, Podocnemididae) na Reserva Biológica do Rio Trombetas,
Pará. Dissertação de Mestrado, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia,
Manaus, 102p.
Souza, R. R.; Vogt, R. C. 1994. Incubation temperature influences sex and hatchling size
in the neotropical turtle Podocnemis unifilis. Journal of Herpetology, 28(4): 453-
464.
Stickel, L. F. 1989. Home range behavior among box turtles (Terrapene c. carolina) of
bottomland forest in Maryland. Journal of Herpetology 23(1): 40-44.
89
Swihart, R. K.; Slade, N. A. 1985. Testing for Independence of observations in animal
movements. Ecology, 66 (4): 1176-1184
Terra, A. K. 2008. A caça de subsistência na Reserva de Desenvolvimento Sustentável
Piagaçu-Purus e na terra indígena lago Ayapuá, Amazônia Central, Brasil.
Dissertação de Mestrado, Centro de Ciências do Ambiente, Universidade Federal
do Amazonas, Manaus, Amazonas. 81p.
Vismara M. R. 2009. Influência do manejo de ninhos de Podocnemis unifilis sobre o
densenvilvimento de embriões no Lago Erepecu, REBIO-Trombetas(PA).
Dissertação de mestrado, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus,
39p.
Vogt, R. C. 1980a. Natural history of the map turtles Graptemys pseudogeographica and
G. ouachitensis in Wisconsin. Tulane Studies In Zoology, 22(1): 17-48.
Vogt, R. C. 1980b. New methods for trapping aquatic turtles. Copeia, 1980(2): 368-371.
Vogt, R. C. 2008. Amazon Turtles. Gráfica Bíblos, Lima, Peru, 2008, 104p.
Vogt, R. C.; CastelBlanco-Martínez, N.; Cruz, O. F. 2006. Satellite transmitters are
tracking Podocnemis expansa to their non-nesting habitat in the Rio Trombetas,
Brazil. In Joint Meeting of Ichthyologists and Herpetologists. University of New
Orleans, New Orleans, EUA. 131p.
Wariss, M.; Isaac, V. J.; Pezzuti, J. C. B. 2012. Habitat use, size structure and sex ratio of
the spot-legged turtle, Rhinoclemmys punctularia punctularia (Testudines:
Geoemydidae), in Algodoal- Maiandeua Island, Pará, Brazil. Revista de Biologia
Tropical, San José, v. 60(1): 413 - 424
90
Wilkinson, L. Systat: system for statistics. SYSTAT. Inc. Evanston, Illinois. 1998.
Worton, B. J. 1989. Kernel methods for estimating the utilization distribution in home-
range studies. Ecology, 70: 164-168.
Zar, J. H. 1999. Biostatiscal analysis. Prentice-Hall, Inc., New Jersey. 718 p.