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6ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE FOZ DO IGUAÇU Proteção ao Patrimônio Público e Fundações
Inquérito Civil Público nº 0053.11.000320-8
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA
CÍVEL DA COMARCA DE FOZ DO IGUAÇU – PARANÁ.
“Si autem veraciter agitur non remittitur peccatum, nisi restituatur ablatum, si, ut dixi, restitui potest. Quer dizer: Se o alheio, que se tomou ou retém, se pode restituir, e não se restitui, a penitência deste e dos outros pecados não é verdadeira penitência, senão simulada e fingida, porque se não perdoa o pecado sem se restituir o roubado, quando quem o roubou tem possibilidade de o restituir” (Sermão do Bom Ladrão – 1655 – Padre Antônio Vieira).
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ, por
seu Promotor de Justiça que ao final assina, no uso de suas atribuições constitucionais e
legais, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 127,
caput; 129, III; 37, caput; 37, I, II, V, IX, e parágrafos 2º e 4º; da Constituição Federal, na
Lei nº 7.347/85 e na Lei nº 8.429/92; propor o presente pedido de provimento jurisdicional
de
AÇÃO CIVIL PÚBLICA PELA PRÁTICA DE ATO
DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
em face de
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Inquérito Civil Público nº 0053.11.000320-8
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JAIR JOSÉ SERVO DOS SANTOS, brasileiro, casado,
comerciante, portador da Cédula de Identidade R.G. nº 1.925.087 SSP-Pr, inscrito no CPF
nº 336.361.689-91, residente na Rua Almirante Barroso, nº 2015, Centro, nesta Cidade e
Comarca de Foz do Iguaçu-Pr;
JOSÉ CARLOS NEVES DA SILVA, brasileiro, casado,
vereador, podendo ser localizado na Câmara Municipal, situada na Travessa Oscar
Muxfeldt, nº 81, nesta Cidade e Comarca de Foz do Iguaçu-Pr, pelos motivos de fato e de
direito que passa a expor:
1. DOS FATOS:
= Do Conluio Criminoso Antecedente =
O réu JOSÉ CARLOS NEVES DA SILVA foi eleito pelo
Partido da Mobilização Nacional - PMN, sendo diplomado em 01º de janeiro de 2009
para exercer mandato de vereador, o qual terá seu término em 31 de dezembro de 2012.
Já JAIR JOSÉ SERVO DOS SANTOS era também filiado
ao Partido da Mobilização Nacional – PMN – tendo assumido a direção do sobredito em
2009, e permanecendo nesta função por dez meses.
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No início de 2009, os requeridos JAIR JOSÉ SERVO DOS
SANTOS e JOSÉ CARLOS NEVES DA SILVA ajustaram entre si um plano
criminoso com o escopo de desviar em proveito de ambos, mensalmente, quantia em
dinheiro da Câmara Municipal de Foz do Iguaçu-Pr.
Tal roteiro criminoso foi arquitetado em uma reunião
realizada no escritório do Chefe Regional da Secretaria Estadual do Trabalho, a qual teve
a participação de alguns membros do mencionado partido.
Dando início a execução a tal plano sórdido, no dia 02 de
fevereiro de 2009, na Câmara de Vereadores, situada na Travessa Oscar Muxfeldt, nº 81,
Centro, nesta Cidade e Comarca de Foz do Iguaçu-Pr, JOSÉ CARLOS NEVES DA
SILVA contratou JAIR JOSÉ SERVO DOS SANTOS para a função de Assessor
Parlamentar – Referência PL-5, consoante Portaria da Presidência nº 110/2009 (fls. 191).
No entanto, conforme pactuado, o primeiro requerido não exerceria as atribuições
próprias de seu cargo, nem compareceria regularmente na sede da Câmara Municipal
para o labor no seu expediente funcional, o que de fato ocorreu.
É certo que JOSÉ CARLOS NEVES DA SILVA tinha plena
consciência de que JAIR JOSÉ SERVO DOS SANTOS não realizava a contraprestação
correspondente à remuneração, pois tal fato, como já afirmado, era derivado de um ajuste
prévio entabulado entre eles.
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Apesar do sobredito servidor ter sido dispensado em 01º de
setembro de 2009 (Portaria da Previdência nº 267/2009 - fls. 192), foi novamente
nomeado para o mesmo cargo em 01º de outubro de 2009 (Portaria da Presidência nº
286/2009 - fls. 193), sendo definitivamente exonerado somente em 15 de outubro de
2010 (Portaria da Presidência nº 167/2010 – fls. 194).
Ficou estabelecido entre os réus que o primeiro receberia a
quantia de R$ 700,00 (setecentos reais) mensais do salário para o cargo de assessor
parlamentar, sendo o restante dirigido ao segundo e distribuído entre os partidários.
= 1º Fato =
Em data não esclarecida, no mês de fevereiro de 2009, na
Câmara de Vereadores, situada na Travessa Oscar Muxfeldt, nº 81, Centro, nesta Cidade
e Comarca de Foz do Iguaçu-Pr, os requeridos JAIR JOSÉ SERVO DOS SANTOS e
JOSÉ CARLOS NEVES DA SILVA, dolosamente agindo, mediante prévio conluio,
com comunhão de esforços e identidade de propósitos, desviaram, em proveito próprio, a
quantia de R$ 4.906,10 (quatro mil, novecentos e seis reais e dez centavos), pertencentes
à Câmara Municipal, referentes aos vencimentos do cargo de assessor parlamentar
conforme o ajuste acima explicitado (fls. 195/196 e 200), sendo que o primeiro não
laborou no mês antecedente, de modo que não fazia jus a tal remuneração.
= 2º Fato =
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Em data não esclarecida, no mês de março de 2009, na
Câmara de Vereadores, situada na Travessa Oscar Muxfeldt, nº 81, Centro, nesta Cidade
e Comarca de Foz do Iguaçu-Pr, os réus JAIR JOSÉ SERVO DOS SANTOS e JOSÉ
CARLOS NEVES DA SILVA, dolosamente agindo, mediante prévio conluio, com
comunhão de esforços e identidade de propósitos, desviaram, em proveito próprio, a
quantia de R$ 4.906,10 (quatro mil, novecentos e seis reais e dez centavos), pertencentes
à Câmara Municipal, referentes aos vencimentos do cargo de assessor parlamentar
conforme o ajuste acima explicitado (fls. 195/196 e 201), sendo que o primeiro não
laborou no mês antecedente, de modo que não fazia jus a tal remuneração.
= 3º Fato =
Em data não esclarecida, no mês de abril de 2009, na Câmara
de Vereadores, situada na Travessa Oscar Muxfeldt, nº 81, Centro, nesta Cidade e
Comarca de Foz do Iguaçu-Pr, os requeridos JAIR JOSÉ SERVO DOS SANTOS e
JOSÉ CARLOS NEVES DA SILVA, dolosamente agindo, mediante prévio conluio,
com comunhão de esforços e identidade de propósitos, desviaram, em proveito próprio, a
quantia de R$ 4.906,10 (quatro mil, novecentos e seis reais e dez centavos), pertencentes
à Câmara Municipal, referentes aos vencimentos do cargo de assessor parlamentar
conforme o ajuste acima explicitado (fls. 195/196 e 202), sendo que o primeiro não
laborou no mês antecedente, de modo que não fazia jus a tal remuneração.
= 4º Fato =
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Em data não esclarecida, no mês de maio de 2009, na Câmara
de Vereadores, situada na Travessa Oscar Muxfeldt, nº 81, Centro, nesta Cidade e
Comarca de Foz do Iguaçu-Pr, os réus JAIR JOSÉ SERVO DOS SANTOS e JOSÉ
CARLOS NEVES DA SILVA, dolosamente agindo, mediante prévio conluio, com
comunhão de esforços e identidade de propósitos, desviaram, em proveito próprio, a
quantia de R$ 4.906,10 (quatro mil, novecentos e seis reais e dez centavos), pertencentes
à Câmara Municipal, referentes aos vencimentos do cargo de assessor parlamentar
conforme o ajuste acima explicitado (fls. 195/196 e 203), sendo que o primeiro não
laborou no mês antecedente, de modo que não fazia jus a tal remuneração.
= 5º Fato =
Em data não esclarecida, no mês de junho de 2009, na Câmara
de Vereadores, situada na Travessa Oscar Muxfeldt, nº 81, Centro, nesta Cidade e
Comarca de Foz do Iguaçu-Pr, os requeridos JAIR JOSÉ SERVO DOS SANTOS e
JOSÉ CARLOS NEVES DA SILVA, dolosamente agindo, mediante prévio conluio,
com comunhão de esforços e identidade de propósitos, desviaram, em proveito próprio, a
quantia de R$ 4.906,10 (quatro mil, novecentos e seis reais e dez centavos), pertencentes
à Câmara Municipal, referentes aos vencimentos do cargo de assessor parlamentar
conforme o ajuste acima explicitado (fls. 195/196 e 204), sendo que o primeiro não
laborou no mês antecedente, de modo que não fazia jus a tal remuneração.
= 6º Fato =
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Em data não esclarecida, no mês de julho de 2009, na Câmara
de Vereadores, situada na Travessa Oscar Muxfeldt, nº 81, Centro, nesta Cidade e
Comarca de Foz do Iguaçu-Pr, os requeridos JAIR JOSÉ SERVO DOS SANTOS e
JOSÉ CARLOS NEVES DA SILVA, dolosamente agindo, mediante prévio conluio,
com comunhão de esforços e identidade de propósitos, desviaram, em proveito próprio, a
quantia de R$ 4.906,10 (quatro mil, novecentos e seis reais e dez centavos), pertencentes
à Câmara Municipal, referentes aos vencimentos do cargo de assessor parlamentar
conforme o ajuste acima explicitado (fls. 195/196 e 205), sendo que o primeiro não
laborou no mês antecedente, de modo que não fazia jus a tal remuneração.
= 7º Fato =
Em data não esclarecida, no mês de agosto de 2009, na
Câmara de Vereadores, situada na Travessa Oscar Muxfeldt, nº 81, Centro, nesta Cidade
e Comarca de Foz do Iguaçu-Pr, os réus JAIR JOSÉ SERVO DOS SANTOS e JOSÉ
CARLOS NEVES DA SILVA, dolosamente agindo, mediante prévio conluio, com
comunhão de esforços e identidade de propósitos, desviaram, em proveito próprio, a
quantia de R$ 4.906,10 (quatro mil, novecentos e seis reais e dez centavos), pertencentes
à Câmara Municipal, referentes aos vencimentos do cargo de assessor parlamentar
conforme o ajuste acima explicitado (fls. 195/196 e 206), sendo que o primeiro não
laborou no mês antecedente, de modo que não fazia jus a tal remuneração.
= 8º Fato =
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Em data não esclarecida, no mês de setembro de 2009, na
Câmara de Vereadores, situada na Travessa Oscar Muxfeldt, nº 81, Centro, nesta Cidade
e Comarca de Foz do Iguaçu-Pr, os requeridos JAIR JOSÉ SERVO DOS SANTOS e
JOSÉ CARLOS NEVES DA SILVA, dolosamente agindo, mediante prévio conluio,
com comunhão de esforços e identidade de propósitos, desviaram, em proveito próprio, a
quantia de R$ 6.677,74 (seis mil, seiscentos e setenta e sete reais e setenta e quatro
centavos), pertencentes à Câmara Municipal, referentes aos vencimentos e encargos
trabalhistas relativos ao cargo de assessor parlamentar conforme o ajuste acima
explicitado (fls. 195/196 e 207), sendo que o primeiro não laborou no mês antecedente,
de modo que não fazia jus a tal remuneração.
= 9º Fato =
Em data não esclarecida, no mês de outubro de 2009, na
Câmara de Vereadores, situada na Travessa Oscar Muxfeldt, nº 81, Centro, nesta Cidade
e Comarca de Foz do Iguaçu-Pr, os réus JAIR JOSÉ SERVO DOS SANTOS e JOSÉ
CARLOS NEVES DA SILVA, dolosamente agindo, mediante prévio conluio, com
comunhão de esforços e identidade de propósitos, desviaram, em proveito próprio, a
quantia de R$ 4.906,10 (quatro mil, novecentos e seis reais e dez centavos), pertencentes
à Câmara Municipal, referentes aos vencimentos do cargo de assessor parlamentar
conforme o ajuste acima explicitado (fls. 197/198 e 208), sendo que o primeiro não
laborou no mês antecedente, de modo que não fazia jus a tal remuneração.
= 10º Fato =
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Em data não esclarecida, no mês de novembro de 2009, na
Câmara de Vereadores, situada na Travessa Oscar Muxfeldt, nº 81, Centro, nesta Cidade
e Comarca de Foz do Iguaçu-Pr, os requeridos JAIR JOSÉ SERVO DOS SANTOS e
JOSÉ CARLOS NEVES DA SILVA, dolosamente agindo, mediante prévio conluio,
com comunhão de esforços e identidade de propósitos, desviaram, em proveito próprio, a
quantia de R$ 4.906,10 (quatro mil, novecentos e seis reais e dez centavos), pertencentes
à Câmara Municipal, referentes aos vencimentos do cargo de assessor parlamentar
conforme o ajuste acima explicitado (fls. 197/198 e 209), sendo que o primeiro não
laborou no mês antecedente, de modo que não fazia jus a tal remuneração.
= 11º Fato =
Em data não esclarecida, no mês de dezembro de 2009, na
Câmara de Vereadores, situada na Travessa Oscar Muxfeldt, nº 81, Centro, nesta Cidade
e Comarca de Foz do Iguaçu-Pr, os réus JAIR JOSÉ SERVO DOS SANTOS e JOSÉ
CARLOS NEVES DA SILVA, dolosamente agindo, mediante prévio conluio, com
comunhão de esforços e identidade de propósitos, desviaram, em proveito próprio, a
quantia de R$ 6.132,63 (seis mil, cento e trinta e dois reais e sessenta e três centavos),
pertencentes à Câmara Municipal, referentes aos vencimentos e décimo terceiro salário
do cargo de assessor parlamentar conforme o ajuste acima explicitado (fls. 197/198 e
210/211), sendo que o primeiro não laborou no mês antecedente, de modo que não fazia
jus a tal remuneração.
= 12º Fato =
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Em data não esclarecida, no mês de janeiro de 2010, na
Câmara de Vereadores, situada na Travessa Oscar Muxfeldt, nº 81, Centro, nesta Cidade
e Comarca de Foz do Iguaçu-Pr, os requeridos JAIR JOSÉ SERVO DOS SANTOS e
JOSÉ CARLOS NEVES DA SILVA, dolosamente agindo, mediante prévio conluio,
com comunhão de esforços e identidade de propósitos, desviaram, em proveito próprio, a
quantia de R$ 5.451,22 (cinco mil, quatrocentos e cinqüenta e um reais e vinte e dois
centavos), pertencentes à Câmara Municipal, referentes aos vencimentos do cargo de
assessor parlamentar conforme o ajuste acima explicitado (fls. 197/198 e 212), sendo que
o primeiro não laborou no mês antecedente, de modo que não fazia jus a tal remuneração.
= 13º Fato =
Em data não esclarecida, no mês de fevereiro de 2010, na
Câmara de Vereadores, situada na Travessa Oscar Muxfeldt, nº 81, Centro, nesta Cidade
e Comarca de Foz do Iguaçu-Pr, os réus JAIR JOSÉ SERVO DOS SANTOS e JOSÉ
CARLOS NEVES DA SILVA, dolosamente agindo, mediante prévio conluio, com
comunhão de esforços e identidade de propósitos, desviaram, em proveito próprio, a
quantia de R$ 4.906,10 (quatro mil, novecentos e seis reais e dez centavos), pertencentes
à Câmara Municipal, referentes aos vencimentos do cargo de assessor parlamentar
conforme o ajuste acima explicitado (fls. 197/198 e 213), sendo que o primeiro não
laborou no mês antecedente, de modo que não fazia jus a tal remuneração.
= 14º Fato =
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Em data não esclarecida, no mês de março de 2010, na
Câmara de Vereadores, situada na Travessa Oscar Muxfeldt, nº 81, Centro, nesta Cidade
e Comarca de Foz do Iguaçu-Pr, os requeridos JAIR JOSÉ SERVO DOS SANTOS e
JOSÉ CARLOS NEVES DA SILVA, dolosamente agindo, mediante prévio conluio,
com comunhão de esforços e identidade de propósitos, desviaram, em proveito próprio, a
quantia de R$ 4.906,10 (quatro mil, novecentos e seis reais e dez centavos), pertencentes
à Câmara Municipal, referentes aos vencimentos do cargo de assessor parlamentar
conforme o ajuste acima explicitado (fls. 197/198 e 214), sendo que o primeiro não
laborou no mês antecedente, de modo que não fazia jus a tal remuneração.
= 15º Fato =
Em data não esclarecida, no mês de abril de 2010, na Câmara
de Vereadores, situada na Travessa Oscar Muxfeldt, nº 81, Centro, nesta Cidade e
Comarca de Foz do Iguaçu-Pr, os requeridos JAIR JOSÉ SERVO DOS SANTOS e
JOSÉ CARLOS NEVES DA SILVA, dolosamente agindo, mediante prévio conluio,
com comunhão de esforços e identidade de propósitos, desviaram, em proveito próprio, a
quantia de R$ 4.906,10 (quatro mil, novecentos e seis reais e dez centavos), pertencentes
à Câmara Municipal, referentes aos vencimentos do cargo de assessor parlamentar
conforme o ajuste acima explicitado (fls. 197/198 e 215), sendo que o primeiro não
laborou no mês antecedente, de modo que não fazia jus a tal remuneração.
= 16º Fato =
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Em data não esclarecida, no mês de maio de 2010, na Câmara
de Vereadores, situada na Travessa Oscar Muxfeldt, nº 81, Centro, nesta Cidade e
Comarca de Foz do Iguaçu-Pr, os réus JAIR JOSÉ SERVO DOS SANTOS e JOSÉ
CARLOS NEVES DA SILVA, dolosamente agindo, mediante prévio conluio, com
comunhão de esforços e identidade de propósitos, desviaram, em proveito próprio, a
quantia de R$ 4.906,10 (quatro mil, novecentos e seis reais e dez centavos), pertencentes
à Câmara Municipal, referentes aos vencimentos do cargo de assessor parlamentar
conforme o ajuste acima explicitado (fls. 197/198 e 216), sendo que o primeiro não
laborou no mês antecedente, de modo que não fazia jus a tal remuneração.
= 17º Fato =
Em data não esclarecida, no mês de junho de 2010, na Câmara
de Vereadores, situada na Travessa Oscar Muxfeldt, nº 81, Centro, nesta Cidade e
Comarca de Foz do Iguaçu-Pr, os requeridos JAIR JOSÉ SERVO DOS SANTOS e
JOSÉ CARLOS NEVES DA SILVA, dolosamente agindo, mediante prévio conluio,
com comunhão de esforços e identidade de propósitos, desviaram, em proveito próprio, a
quantia de R$ 4.906,10 (quatro mil, novecentos e seis reais e dez centavos), pertencentes
à Câmara Municipal, referentes aos vencimentos do cargo de assessor parlamentar
conforme o ajuste acima explicitado (fls. 197/198 e 217), sendo que o primeiro não
laborou no mês antecedente, de modo que não fazia jus a tal remuneração.
= 18º Fato =
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Em data não esclarecida, no mês de julho de 2010, na Câmara
de Vereadores, situada na Travessa Oscar Muxfeldt, nº 81, Centro, nesta Cidade e
Comarca de Foz do Iguaçu-Pr, os réus JAIR JOSÉ SERVO DOS SANTOS e JOSÉ
CARLOS NEVES DA SILVA, dolosamente agindo, mediante prévio conluio, com
comunhão de esforços e identidade de propósitos, desviaram, em proveito próprio, a
quantia de R$ 4.906,10 (quatro mil, novecentos e seis reais e dez centavos), pertencentes
à Câmara Municipal, referentes aos vencimentos do cargo de assessor parlamentar
conforme o ajuste acima explicitado (fls. 197/198 e 218), sendo que o primeiro não
laborou no mês antecedente, de modo que não fazia jus a tal remuneração.
= 19º Fato =
Em data não esclarecida, no mês de agosto de 2010, na
Câmara de Vereadores, situada na Travessa Oscar Muxfeldt, nº 81, Centro, nesta Cidade
e Comarca de Foz do Iguaçu-Pr, os requeridos JAIR JOSÉ SERVO DOS SANTOS e
JOSÉ CARLOS NEVES DA SILVA, dolosamente agindo, mediante prévio conluio,
com comunhão de esforços e identidade de propósitos, desviaram, em proveito próprio, a
quantia de R$ 5.200,46 (cinco mil e duzentos reais e quarenta e seis centavos),
pertencentes à Câmara Municipal, referentes aos vencimentos do cargo de assessor
parlamentar conforme o ajuste acima explicitado (fls. 197/198 e 219), sendo que o
primeiro não laborou no mês antecedente, de modo que não fazia jus a tal remuneração.
= 20º Fato =
Em data não esclarecida, no mês de setembro de 2010, na
Câmara de Vereadores, situada na Travessa Oscar Muxfeldt, nº 81, Centro, nesta Cidade
6ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE FOZ DO IGUAÇU Proteção ao Patrimônio Público e Fundações
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e Comarca de Foz do Iguaçu-Pr, os réus JAIR JOSÉ SERVO DOS SANTOS e JOSÉ
CARLOS NEVES DA SILVA, dolosamente agindo, mediante prévio conluio, com
comunhão de esforços e identidade de propósitos, desviaram, em proveito próprio, a
quantia de R$ 5.004,22 (cinco mil e quatro reais e vinte e dois centavos), pertencentes à
Câmara Municipal, referentes aos vencimentos do cargo de assessor parlamentar
conforme o ajuste acima explicitado (fls. 197/198 e 220), sendo que o primeiro não
laborou no mês antecedente, de modo que não fazia jus a tal remuneração.
= 21º Fato =
Em data não esclarecida, no mês de outubro de 2010, na
Câmara de Vereadores, situada na Travessa Oscar Muxfeldt, nº 81, Centro, nesta Cidade
e Comarca de Foz do Iguaçu-Pr, os requeridos JAIR JOSÉ SERVO DOS SANTOS e
JOSÉ CARLOS NEVES DA SILVA, dolosamente agindo, mediante prévio conluio,
com comunhão de esforços e identidade de propósitos, desviaram, em proveito próprio, a
quantia de R$ 7.537,00 (sete mil, quinhentos e trinta e sete reais), pertencentes à Câmara
Municipal, referentes aos vencimentos e encargos trabalhistas relativos ao cargo de
assessor parlamentar conforme o ajuste acima explicitado (fls. 199 e 221), sendo que o
primeiro não laborou no mês antecedente, de modo que não fazia jus a tal remuneração.
= Conclusão =
Desta feita, os réus JAIR JOSÉ SERVO DOS SANTOS e
JOSÉ CARLOS NEVES DA SILVA, mediante prévio conluio, com comunhão de
esforços e união de propósitos, desviaram em proveito próprio, dinheiro público
pertencente à Câmara Municipal de Foz do Iguaçu-Pr.
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Apurou-se, provisoriamente, que os requeridos desviaram,
aproximadamente, o montante de R$ 114.296,45 (cento e catorze mil, duzentos e noventa
e seis reais e quarenta e cinco centavos), consoante Informação de Auditoria de fls.
224/228.
À guisa de ilustração, traz à colação o quadro com tais valores
atualizados:
fev/12 2,7026041
Mês Vencimento Bruto Fator à Época Valor Corrigido *fev/09 4.906,10 2,3199395 5.715,34
mar/09 4.906,10 2,3220275 5.710,20 abr/09 4.906,10 2,3145970 5.728,53 mai/09 4.906,10 2,3214250 5.711,68 jun/09 7.154,73 2,3304786 8.297,18 jul/09 4.906,10 2,3316438 5.686,65
ago/09 4.906,10 2,3268640 5.698,33 set/09 6.677,74 2,3288418 7.749,47 out/09 4.906,10 2,3336159 5.681,85 nov/09 6.132,63 2,3359495 7.095,22 dez/09 4.906,10 2,3410886 5.663,71 jan/10 5.451,22 2,3426103 6.288,92 fev/10 4.906,10 2,3647480 5.607,04
mar/10 4.906,10 2,3859125 5.557,31 abr/10 4.906,10 2,4018981 5.520,32 mai/10 4.906,10 2,4193119 5.480,59 jun/10 7.359,15 2,4435050 8.139,48 jul/10 4.906,10 2,4463150 5.420,09
ago/10 5.200,46 2,4481498 5.740,98 set/10 5.004,22 2,4607577 5.496,04 out/10 7.537,00 2,4809359 8.210,42
Total 114.296,45 130.199,36 * Tabela Judiciária Estadual - média entre o INPC (IBGE) e o IGP-DI (FGV) até fevereiro/2012
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2. DO DIREITO:
Com suas condutas ilícitas, os requeridos cometeram atos de
improbidade administrativa que, ao mesmo tempo, importaram enriquecimento ilícito e
atentaram contra os princípios da Administração Pública, conforme previsão dos artigos
9º e 11 da referida Lei 8.429/92. Senão vejamos.
Reza o artigo 9º, caput, e seu inciso I, da Lei nº 8.429/92:
“Art. 9º: Constitui ato de improbidade administrativa
importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de
vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de
cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades
mencionadas no artigo 1º desta lei, e notadamente:
(...)
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou
imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou
indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou
presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que
possa ser atingido ou amparado por ação ou omissão
decorrente das atribuições do agente público;”
(...)
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens,
rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial
das entidades mencionadas no art. 1° desta lei (...)”.
6ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE FOZ DO IGUAÇU Proteção ao Patrimônio Público e Fundações
Inquérito Civil Público nº 0053.11.000320-8
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Verifica-se que JAIR JOSÉ SERVO DOS SANTOS foi
nomeado para o cargo em comissão de assistente parlamentar, junto ao Gabinete de
JOSÉ CARLOS NEVES DA SILVA, sem que nunca tivesse exercido as funções
relativas a esse cargo, sendo que os vencimentos foram utilizados em proveito de ambos.
Com isso, os requeridos enriqueceram-se ilicitamente, pois
auferiram vantagem patrimonial indevida em razão do mandato de vereador de JOSÉ
CARLOS NEVES DA SILVA e do cargo de assessor parlamentar de JAIR JOSÉ
SERVO DOS SANTOS, consistente no desvio da remuneração paga pela Câmara de
Vereadores de Foz do Iguaçu-Pr, para o (simulado) desempenho de funções que deveriam
ter sido realizadas pelo primeiro réu.
Ainda como corolário da nomeação de pessoa que nunca
trabalhou no serviço público e do desvio dos valores pagos pela Câmara Municipal,
ocorreu a incorporação ao patrimônio dos réus de valores integrantes do acervo
patrimonial da Câmara Municipal. É que, como exaustivamente se afirmou, JAIR JOSÉ
SERVO DOS SANTOS nunca trabalhou, e desta feita nenhum salário deveria lhe ser
destinado. E, em tendo os réus se aproveitado de tal situação, vieram a incorporar,
ilicitamente, valores pertencentes à Casa de Leis local.
Nem o requerido JAIR JOSÉ SERVO DOS SANTOS
deveria receber os valores referentes aos vencimentos, já que nunca desempenhou suas
funções, nem JOSÉ CARLOS NEVES DA SILVA, pois se utilizou de um prévio ajuste
ilícito para se apropriar de parcela da remuneração indevida e permitir que o restante
ficasse na posse do co-réu sem o respectivo labor em favor dos munícipes.
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Inquérito Civil Público nº 0053.11.000320-8
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A não prestação do serviço público, bem como o acordo entre
os réus, foram confirmados em averiguação ministerial.
Primeiro, pelas declarações do próprio réu JAIR JOSÉ
SERVO DOS SANTOS, às fls. 47/48, in verbis:
“O depoente esclarece que assumiu tal cargo com o
compromisso de jamais trabalhar na Câmara, ou seja, nunca
assessorou ninguém, só deu seu nome porque precisava de
cerca de um ano e meio para completar o período exigido
para receber o benefício de sua aposentadoria. Isto é, o
depoente dava seu nome como assessor, nunca apareceria
para trabalhar, tal período contaria para fins
previdenciários, mas ficaria com apenas R$ 700,00
(setecentos reais) de seu salário, sendo o restante entregue
para o vereador José Carlos Neves da Silva (...)”.
Segundo, pelos depoimentos das testemunhas Valdir Pinheiro
dos Santos (fls. 242), Antônio Alves dos Santos (fls. 243), Waldecir Francisco Gonçalves
dos Santos (fls. 246) e Valdemar Natts de Azevedo (fls. 251).
Destarte, em virtude das condutas narradas acima, JOSÉ
CARLOS NEVES DA SILVA e JAIR JOSÉ SERVO DOS SANTOS enriqueceram-se
ilicitamente, pois auferiram vantagens patrimoniais indevidas em razão do exercício do
mandato de vereador e da função de assessor parlamentar, respectivamente, já que o
primeiro era chefe imediato do segundo.
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A conduta dos requeridos, logo, encontra plena e perfeita
caracterização nos termos do que dispõem o caput e os incisos I e XI do artigo 9º, da Lei
de Improbidade Administrativa, por todas as situações ilícitas indicadas neste tópico, ou
seja, pelo emprego do método conhecido por manter funcionário “fantasma” e pelo
desvio da quantia referente aos vencimentos do cargo de assessor parlamentar.
O enriquecimento ilícito dos réus lhes ocasionou inegável
opulência econômica, em evidente prejuízo a arca municipal, a qual desembolsou valores
para o pagamento de servidor que deveria estar desempenhando funções junto ao
gabinete do vereador, mas que por acordo não exerceu nenhum labor, não obstante o
legislativo local realizar o pagamento desse comissionado.
A conduta praticada por eles cometida (contratação de
funcionário fantasma) consiste naquela pessoa nomeada para um cargo público que
jamais desempenha as atribuições que lhe cabem, id est, recebe sem trabalhar, enriquece
ilicitamente à custa do erário e do suor do contribuinte, na maior parte das vezes com
remunerações muito superiores à da maioria da população brasileira, que não conta com
o denominado "padrinho" ou "pistolão".
Trata-se de experiência corriqueira no Estado brasileiro
totalmente reprovável, tanto do ponto de vista da autoridade que nomeia quanto da
pessoa que aceita ser favorecido por tal ilicitude.
6ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE FOZ DO IGUAÇU Proteção ao Patrimônio Público e Fundações
Inquérito Civil Público nº 0053.11.000320-8
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Por nunca ter, efetivamente, desempenhado as atribuições
inerentes ao cargo para o qual foi nomeado, mas sim, aceitado participar de uma fraude
contra a Administração Pública para atingir finalidades particulares, o dito funcionário
fantasma não chega a entrar em exercício no cargo, que segundo preceitua o artigo 15, da
Lei nº 8.112/90, aplicado analogicamente, consiste no "efetivo desempenho das
atribuições do cargo público ou da função de confiança."
O enriquecimento ilícito, e consequentemente o prejuízo da
Casa de Leis local, segundo Informação de Auditoria de fls. 224/228, foi de R$
114.296,45 (cento e catorze mil, duzentos e noventa e seis reais e quarenta e cinco
centavos).
Em razão disso, JOSÉ CARLOS NEVES DA SILVA e
JAIR JOSÉ SERVO DOS SANTOS ficam sujeitos às sanções previstas no artigo 12,
inciso I, da referida Lei nº 8.429/92.
A evidente e reprovável conduta ilícita é destacada nos
seguintes julgados:
“AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA. CÂMARA MUNICIPAL.
DESIGNAÇÃO SIMULADA DE SERVIDORES.
CARGOS EM COMISSÃO. FALTA DE PRESTAÇÃO
REGULAR DE SERVIÇOS. É procedente o pedido de
ressarcimento, formulado em ação civil pública, diante da
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demonstração de que servidores municipais, ocupantes, na
época, de cargo comissionado, não exerceram
regularmente suas funções. Nega-se provimento ao agravo
retido, rejeita-se a preliminar e nega-se provimento aos
recursos de apelação” (TJMG, 4ª Câmara Cível, Apelação
nº 1.0035.00.003341-1/004, Relator DES. ALMEIDA
MELO, j. 06.09.2007, DJ 21.09.2007).
“Constitucional/Administrativo Ação de improbidade
administrativa. Legitimação ativa do Ministério Público e
demais condições acionárias presentes. Cerceamento
defensório inocorrente. Empresa pública municipal -
Contratação de servidora sem a realização de concurso
público ou processo seletivo - Ausência de efetivo exercício
das funções respectivas, apesar de assinado o ponto -
Recebimento dos salários - Infringência ao art. 37, “caput”
e inciso II, da CF - Responsabilização de todos os
envolvidos - Penalidades bem impostas, incluso o
ressarcimento do erário - Procedência parcial ampliada
para total - Provimento ao recurso ministerial e
desprovimento dos demais” (TJSP, 13ª Câmara de Direito
Público, Apelação com revisão nº 8944185100, Rel. Des.
Ivan Sartori, j. 24.06.2009, DJ 18.08.2009).
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“Cerceamento de defesa - Inocorrência - Matéria
comprovada ampla por documentos dos autos -
Preliminar rejeitada Ação Civil Pública - Improbidade
administrativa - Contratação de servidora para exercício
de cargo em comissão por indicação de Vereador -
Funcionária “fantasma”, que, embora nomeada e
empossada, jamais realizou os serviços - Pagamentos que
eram destinados para a conta do Vereador que a indicou -
Recebimento de vantagens financeiras em prejuízo do
erário público - Ação julgada procedente - Sentença
mantida - Recurso improvido” (TJSP, 6ª Câmara de
Direito Público, Apelação com revisão nº 3950545100, Rel.
Des. Leme de Campos, j. 29.06.2007).
Além do exposto, os requeridos também praticaram atos que
ferem os princípios da Administração Pública.
O artigo 11, caput, da Lei nº 8.429/92 dispõe:
“Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que
atenta contra os princípios da administração pública
qualquer ação ou omissão que viole os deveres de
honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às
instituições, e notadamente:”
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Inquérito Civil Público nº 0053.11.000320-8
23
Nos termos do artigo 37, caput, da Constituição Federal, “a
administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”.
Em consonância a esse preceito constitucional, o legislador
ordinário dispôs, no artigo 4º da Lei nº 8.429/92, que “os agentes públicos de qualquer
nível ou hierarquia são obrigados a velar pela estrita observância dos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no trato dos assuntos que lhe são
afetos”, inclusive estipulando, em seu artigo 11, que qualquer ação ou omissão que viole
aqueles princípios, configura ato de improbidade administrativa.
E foi o que ocorreu na espécie, tendo JOSÉ CARLOS
NEVES DA SILVA e JAIR JOSÉ SERVO DOS SANTOS afrontado violentamente os
princípios da legalidade e da moralidade administrativa.
Todos os aspectos demonstrados até o momento deixam à
mostra não só a desobediência ao princípio da legalidade, em virtude da prática de ato
ilícito, mas também a ruptura ao princípio da moralidade, posto que dá ensejo à mácula
ética que impregna o comportamento do vereador, bem como aceita por seu “assessor”,
sendo passível de correção pelo Poder Judiciário. Neste sentido:
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“A Constituição, sensível aos vícios identificados pela
Nação na prática da Administração Pública, não deixou
sem solução satisfatória tão grave problema de ajuste do
atuar do agente público com a finalidade pública da ação
produzida, fazendo com que o direito seja o reflexo de
uma nova concepção de justiça compatível com a
realidade social a que se destina. O amplo controle da
atividade administrativa se exerce, na atualidade, não só
pelos administrados diretamente, como, também, pelo
Poder Judiciário, em todos os atributos do ato
administrativo”1.
Sobre o conteúdo jurídico desse princípio, Lúcia Valle
Figueiredo leciona:
“... o princípio da moralidade vai corresponder ao conjunto
de regras de conduta da Administração que, em determinado
ordenamento jurídico são consideradas os standards
comportamentais que a sociedade deseja e espera”2.
1 LOPES, Maurício Antônio Ribeiro. Ética e Administração Pública. São Paulo: Revista dos Tribunais,
1993. p. 65. 2 FIGUEIREDO, Lúcia Valle. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 1994. p. 45.
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Ora, não corresponde aos padrões éticos que a sociedade
espera e deseja de um vereador e de seu assessor parlamentar, bem como não é honesto e
nem leal à instituição a qual estão vinculados, o recebimento de remuneração sem a
devida contraprestação e o desvio dos valores pertencentes à Câmara dos Vereadores.
Finalmente, ainda como consequência dessas condutas, os
requeridos praticaram ato visando a fim proibido em lei, pois, a toda evidência, não há
comando normativo autorizando que vereador (ou qualquer outro parlamentar) possa se
apropriar dos vencimentos de seus assessores, ou que assessores parlamentares possam
receber remuneração sem nunca exercerem as funções que são afetas.
JAIR JOSÉ SERVO DOS SANTOS foi nomeado para o
exercício de cargo em comissão. Logo, deveria desempenhar as funções correlatas a esse
cargo, os quais, nos termos do artigo 37, inciso V, da Constituição Federal, destinam-se
às atribuições de direção, chefia e assessoramento.
Mas, conforme foi exaustivamente afirmado: NUNCA
TRABALHOU.
Assim sendo, praticaram os requeridos atos de improbidade
administrativa, capitulados no artigo 11, caput, da Lei nº 8.429/92, ficando sujeitos às
penas consignadas no artigo 12, inciso III, da mencionada lei.
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Inquérito Civil Público nº 0053.11.000320-8
26
Apesar das independências das esferas penal e civil, é de suma
importância frisar que além de configurar ato de improbidade administrativa, os fatos
narrados configuram delitos de peculato-desvio, previsto no artigo 312, do Código Penal,
in verbis:
“Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro,
valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de
que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito
próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa”.
Por isso, e pela presença das condições da ação e justa causa,
os requeridos foram denunciados, o que reforça o caráter ilícito das condutas entabuladas.
Nessa quadra, consigne-se o julgado do Supremo Tribunal
Federal, ao receber denúncia por crime análogo:
"PENAL E PROCESSUAL PENAL. INQUÉRITO.
DENÚNCIA OFERECIDA. ART. 312, CP. PECULATO-
DESVIO. ART. 41, CPP. INDÍCIOS DE AUTORIA E
MATERIALIDADE DELITIVA. TIPICIDADE DOS
FATOS. PRESENÇA DE JUSTA CAUSA.
RECEBIMENTO. (...) 5. A imputação feita na denúncia
consiste no suposto desvio de valores do erário público, na
condição de deputado federal, ao indicar e admitir a pessoa de
Sandra de Jesus como secretária parlamentar no período de
6ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE FOZ DO IGUAÇU Proteção ao Patrimônio Público e Fundações
Inquérito Civil Público nº 0053.11.000320-8
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junho de 1997 a março de 2001 quando, na realidade, tal
pessoa continuou a trabalhar para a sociedade empresária
'Night and Day Produções Ltda', de titularidade do
denunciado, no mesmo período. (...) 7. Há substrato fático-
probatório suficiente para o início e desenvolvimento da ação
penal pública de forma legítima. 8. Denúncia recebida" (STF -
Inq 1926 / DF - DISTRITO FEDERAL- Tribunal Pleno. Rel.
Min. ELLEN GRACIE - DJU. 09.10.08. DP. 21.11.08. Por
maioria).
3. DAS SANÇÕES E DA DEVOLUÇÃO DOS VALORES
ILICITAMENTE APROPRIADOS e DO INTEGRAL RESSARCIMENTO AO
ERÁRIO:
O artigo 12 da Lei nº 8.429/92 prevê, dentre outras sanções, a
perda dos valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio do improbo e o ressarcimento
integral do dano.
Pelo explanado nesta exordial, viu-se que ocorreram atos de
improbidade administrativa com repercussão patrimonial.
Em decorrência das condutas entabuladas, houve
enriquecimento ilícito dos réus e prejuízo ao erário da importância nominal (sem juros e
correção monetária) de R$ 114.296,45 (cento e catorze mil, duzentos e noventa e seis
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reais e quarenta e cinco centavos), valor correspondente à somatória dos vencimentos que
foram creditados pela Câmara Municipal de Foz do Iguaçu em favor de JAIR JOSÉ
SERVO DOS SANTOS, conforme demonstram as fichas financeiras de fls. 195/220.
Dessa forma, nos termos do artigo 12 da Lei de Improbidade
Administrativa, devem os réus perder os valores decorrentes do enriquecimento ilícito,
ressarcindo o erário dos prejuízos causados.
Indubitavelmente, os valores decorrentes de enriquecimento
ilícito devem ser restituídos integralmente, ou seja, devidamente corrigidos
monetariamente pelos índices oficiais e acrescidos dos juros legais. Em relação a estes,
aliás, sendo a obrigação decorrente de ato ilícito, conta-se desde a data do fato danoso,
como dispõe o artigo 398 do Código Civil:
“Art. 398. Nas obrigações provenientes de ato ilícito,
considera-se o devedor em mora, desde que o praticou”.
A matéria, inclusive, já foi pacificada pelo Superior Tribunal
de Justiça através da Sumula nº 54:
“Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em
caso de responsabilidade extra-contratual”.
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Inquérito Civil Público nº 0053.11.000320-8
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Além da devolução dos valores acima nominados, aos
requeridos devem ser aplicadas as demais sanções em virtude da gravidade do ato ilícito.
O Superior Tribunal de Justiça acerca do tema já decidiu:
“ADMINISTRATIVA. CONTRATAÇÃO DE
"FUNCIONÁRIO-FANTASMA". ATO ILÍCITO.
SANÇÕES. RESSARCIMENTO AO ERÁRIO.
INSUFICIÊNCIA. ART. 12 DA LEI Nº 8.429/92.
1. O Ministério Público do Estado de São Paulo ingressou
com ação civil pública reputando como ato de improbidade
administrativa a contratação irregular pelo então Prefeito da
Municipalidade do filho do então Vice-Prefeito, o qual
percebeu vencimentos do cargo para o qual foi designado por
18 meses sem prestar efetivos serviços, como verdadeiro
"funcionário-fantasma".
(...)
7. Caracterizado o ato de improbidade administrativa, o
ressarcimento ao erário constitui o mais elementar consectário
jurídico, não se equiparando a uma sanção em sentido estrito
e, portanto, não sendo suficiente por si só a atender ao espírito
da Lei nº 8.429/92, devendo ser cumulada com ao menos
alguma outra das medidas previstas em seu art. 12.
8. Pensamento diverso, tal qual o esposado pela Corte de
origem, representaria a ausência de punição substancial a
indivíduos que adotaram conduta de manifesto descaso para
com o patrimônio público. Permitir-se que a devolução dos
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valores recebidos por "funcionário-fantasma" seja a única
punição a agentes que concorreram diretamente para a prática
deste ilícito significa conferir à questão um enfoque de
simples responsabilidade civil, o que, à toda evidência, não é
o escopo da Lei nº 8.429/92.
9. "A ação de improbidade se destina fundamentalmente a
aplicar as sanções de caráter punitivo acima referidas, que têm
a força pedagógica e intimidadora de inibir a reiteração da
conduta ilícita. Assim, embora seja certo que as sanções
previstas na Lei 8.429/92 não são necessariamente aplicáveis
cumuladamente (podendo o juiz, sopesando as circunstâncias
do caso e atento ao princípio da proporcionalidade, eleger a
punição mais adequada), também é certo que, verificado o ato
de improbidade, a sanção não pode se limitar ao ressarcimento
de danos" (Ministro Teori Albino Zavascki, Voto-Vista no
REsp nº 664.440/MG, DJU 06.04.06).
10. Como bem posto por Emerson Garcia "é relevante
observar ser inadmissível que ao ímprobo sejam aplicadas
unicamente as sanções de ressarcimento do dano e de perda de
bens, pois estas, em verdade, não são reprimendas, visando
unicamente à recomposição do status quo" (Improbidade
Administrativa. Editora Lumen Juris: Rio de Janeiro, 2ª ed.,
2004, p. 538).
11. O Ministério Público Estadual pediu de maneira explícita
o restabelecimento das demais sanções cominadas na sentença
reformada pela Corte de origem, quais sejam, (i) suspensão
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dos direitos políticos e (ii) proibição de contratar com o poder
público ou receber benefícios ou incentivos fiscais.
12. Em obséquio aos princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade, assiste razão ao Parquet .
13. Dada a gravidade da conduta de um dos litisconsortes
passivos, que demonstrou absoluto desprezo pelos princípios
que regem a Administração Pública ao abrigar como
"funcionário-fantasma" – figura repugnante que acomete de
maneira sistemática os órgãos públicos – o filho de um de
seus aliados políticos, tem-se como indispensável a
restauração das medidas previstas na sentença, inclusive no
que respeita à suspensão dos direitos políticos por 5 (cinco)
anos.
14. Outrossim, a malícia demonstrada por outro litisconsorte
ao passar 18 (dezoito) meses recebendo vencimentos de cargo
em comissão sem prestar serviços à Municipalidade autoriza,
a toda evidência, a volta da sanção prevista na sentença:
proibição de contratar com o poder público ou receber
benefícios ou incentivos fiscais por 10 (dez) anos.
15. Recurso especial provido” (REsp 1.019.555, Rel. Min.
CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, DJE 29.06.2009).
Portanto, conclui-se, de modo indubitável, que os requeridos
devem ser condenados a todas as sanções previstas nos incisos I e III, do artigo 12, da Lei
de Improbidade Administrativa.
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4. DA MEDIDA LIMINAR DE INDISPONIBILIDADE
DE BENS:
Para se tentar resguardar ao menos parcela do interesse
público, e antes que ocorra a mais que previsível dissipação de bens dos requeridos,
inviabilizando um dos objetivos desta ação de improbidade administrativa, fundamental é
a concessão de medida liminar, tornando indisponíveis os patrimônios dos réus.
O fumus boni iuris é evidente, notadamente ante a farta prova
documental e testemunhal, indicando que os réus, mediante prévio conluio, desviaram
dinheiro público.
O periculum in mora, por seu turno, embora dispensável, está
igualmente evidente, haja vista que os mencionados requeridos, que já desfalcaram os
cofres do Legislativo Municipal, em nome de escusos interesses pessoais, certamente não
se sentirão inibidos de proceder ao desvio do produto dos atos de improbidade cometidos,
caso tomem conhecimento dessa medida, que visa, dentre outras coisas, à decretação da
perda dos bens e valores acrescidos aos respectivos patrimônios pessoais.
Com efeito, a providência encontra assento no art. 37, § 4º, da
Constituição Federal, e na própria Lei nº 8.429/92, em seu art. 7º.
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Assim é que o artigo 37, § 4º, da Constituição Federal,
prescreve que os atos de improbidade administrativa importarão na indisponibilidade
dos bens.
Por sua vez, estabelece o artigo 7º da Lei Federal nº 8.429/92:
“Art. 7º: Quando o ato de improbidade causar lesão ao
patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá
à autoridade administrativa responsável pelo inquérito
representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade
dos bens do indiciado.
Parágrafo único: A indisponibilidade a que se refere o caput
deste artigo recairá sobre bens que assegurem o integral
ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial
resultante do enriquecimento ilícito”.
Portanto, vê-se que o artigo 37, § 4º, da Constituição Federal,
determina, de forma cogente, que os atos de improbidade administrativa importam na
indisponibilidade dos bens, que é medida cautelar, a ser concedida antes do julgamento
da demanda, sem traçar nenhum requisito, razão pela qual conclui-se que, para a Carta
Magna, basta a tão só interposição da ação judicial por ato de improbidade
administrativa, com a demonstração de ter havido enriquecimento ilícito ou prejuízo ao
erário, para a decretação da indisponibilidade dos bens.
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Assim sendo, denota-se, de forma definitiva, que a decretação
da indisponibilidade de bens tem como requisito apenas o fumus boni iuris, não sendo
necessária a comprovação do periculum in mora.
Aliás, este é o entendimento da doutrina mais abalizada sobre
a matéria:
“A indisponibilidade patrimonial é medida obrigatória, pois
traduz conseqüência jurídica do processamento da ação, forte
no artigo 37, parágrafo 4º, da Constituição Federal.
(...)
Com efeito, o que se deve garantir é o integral ressarcimento
ao erário. Assim, o patrimônio do réu da ação de
improbidade fica, desde logo, sujeito às restrições do artigo
37, parágrafo 4º, da Magna Carta, pouco importando, nesse
campo, a origem lícita dos bens. Trata-se de execução
patrimonial decorrente de dívida por ato ilícito.” 3 (sem grifo
no original)
Vale ressaltar, também, que o Egrégio Tribunal de Justiça do
Estado do Paraná teve oportunidade de analisar o tema, decidindo pela dispensa do
periculum in mora, conforme se verifica, dentre outros julgados:
3 OSÓRIO, Fábio Medina. Improbidade Administrativa. Porto Alegre: Síntese, 1997. p. 159.
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“AÇÃO CIVIL PÚBLICA - LIMINAR TORNANDO
INDISPONÍVEIS OS BENS DOS AGENTES PÚBLICOS -
IMPUTAÇÃO DE ATO DE IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA, PREVISTO NO ARTIGO 10, XI, DA
LEI 8.429/92 - TIPO LEGAL QUE, POR DEFINIÇÃO
LEGISLATIVA, INCLUI-SE ENTRE OS QUE ‘CAUSAM
PREJUÍZO AO ERÁRIO’ - MEDIDA DE GARANTIA QUE
SE IMPÕE EM FAVOR DA PESSOA JURÍDICA
AFETADA, POR FORÇA DOS ARTIGOS 5º E 7º DA LEI
MENCIONADA - ‘PERICULUM IN MORA’ E DO
‘FUMUS BONI IURIS’ CONFIGURADOS - AGRAVO DE
INSTRUMENTO NÃO PROVIDO - RECURSO
IMPROCEDENTE.
A liberação da verba pública sem a estrita observância das
normas pertinentes, prevista no artigo 10, XI, da Lei nº
8.429/92, enquadra-se, pela própria lei, entre os atos de
improbidade administrativa que causa prejuízo ao erário.
Ocorrendo, por disposição legal, lesão ao patrimônio público,
por quebra do dever da probidade administrativa, culposa ou
dolosa, impõe-se ao Juiz, a requerimento do Ministério
Público, providenciar medidas de garantia, adequadas e
eficazes, para o integral ressarcimento do dano em favor da
pessoa jurídica afetada, entre as quais se inclui a
indisponibilidade de bens dos agentes públicos.
Para a concessão da liminar, nas ações movidas contra os
agentes públicos, por atos de improbidade administrativa, com
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fundamento nos casos mencionados nos artigos 9 e 10 da Lei
8.429/92, basta que o direito invocado seja plausível, (‘fumus
boni iuris’), porque a probabilidade do prejuízo (‘periculum in
mora’) já vem previsto na própria legislação incidente”. (sem
grifo no original) 4
“Ação civil pública. Improbidade administrativa. Tipo legal
incluído entre os que causam prejuízo ao erário. Ação
cautelar. Liminar concedida. Quebra dos sigilos bancário,
fiscal e telefônico. Indisponibilidade de bens. Pressupostos
específicos presentes. Inteligência dos arts. 5º, 7º, 10 e 16, §
1º da lei 8.429/92. Recurso desprovido.
1. O direito ao sigilo bancário, fiscal e telefônico não é
absoluto, sendo suplantado por um interesse maior, como é o
interesse na proteção ao patrimônio público. Pode, assim, ser
quebrado, a pedido do Ministério Público, no âmbito da ação
civil pública, se tiver autorização judicial, quando houver
justificadas razões de ordem pública, entre as quais se inclui a
coleta de informações urgentes e imprescindíveis para
apuração de ilícitos, civis e penais, decorrente de improbidade
administrativa. Nesta hipótese, o fumus boni iuris reside na
plausibilidade do direito invocado e o periculum in mora no
risco de perderem-se as provas, com inegável prejuízo a uma
investigação eficaz, pela demora do procedimento menos
acelerado.
4 Acórdão n.º 11.228. Julgamento unânime da 4ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do
Paraná, proferido no Agravo de Instrumento nº 44.900-3, oriundo da Comarca de Sertanópolis, Vara Única. Julgado em 13 de março de 1996. Relator Juiz Airvaldo Stela Alves.
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2. Aliás, nem configura quebra do sigilo telefônico o mero
rastreamento das ligações já feitas, em período passado, pelas
pessoas investigadas, porquanto o que a Constituição Federal
tutela é coisa diversa, é a intimidade do individuo, que não
pode ser violada através de interceptação ou gravação.
3. Ocorrendo lesão ao patrimônio público, por quebra do
dever da probidade administrativa, culposa ou dolosa, impõe-
se ao Juiz, a requerimento do Ministério Público, providenciar
medidas de garantia, adequadas e eficazes, para o integral
ressarcimento do dano em favor da pessoa jurídica afetada,
entre as quais se inclui a indisponibilidade dos bens dos
agentes públicos. Para a concessão da liminar, nas ações
movidas contra os agentes públicos, por atos de improbidade
administrativa, com fundamento nos casos mencionados no
art. 10 da Lei 9.429/92, basta que o direito invocado seja
plausível, pois a dimensão do provável receio de dano, o
periculum in mora, é dada pela própria Lei 8.429/92 e aferida
em razão da alegada lesão ao patrimônio público”5. 6 (sem
grifo no original).
5 Agravo de Instrumento nº 96.235-4, 1ª Câmara Cível, Comarca de Londrina, Rel. Juiz Conv. Airvaldo
Stela Alves, j. 12/06/2001. 6 Em idêntico sentido, cfr. os seguintes julgados: 1) TJ/PR, Agravo de Instrumento nº 95.845-6, 1ª
Câmara Cível, Comarca de Londrina, Rel. Juiz Conv. Airvaldo Stela Alves, j. 24/04/2001; 2) TJ/PR, Agravo de Instrumento nº 95.146-8, 1ª Câmara Cível, Comarca de Londrina, Rel. Juiz Conv. Airvaldo Stela Alves, j. 29/05/2001; 3) TJ/PR, Agravo de Instrumento nº 95.782-4, 1ª Câmara Cível, Comarca de Londrina, Rel. Juiz Conv. Airvaldo Stela Alves, j. 24/04/2001; 4) TJ/PR, Agravo de Instrumento nº 95.176-6, 1ª Câmara Cível, Comarca de Londrina, Rel. Juiz Conv. Airvaldo Stela Alves, j. 24/04/2001; 5) TJ/PR, Agravo de Instrumento nº 95.130-0, 1ª Câmara Cível, Comarca de Londrina, Rel. Juiz Conv. Airvaldo Stela Alves, j. 24/04/2001; 5) TJ/PR, Agravo de Instrumento nº 98.660-5, 1ª Câmara Cível, Comarca de Guaíra, Rel. Juiz Conv. Airvaldo Stela Alves, j. 12/12/2000; 6) TJ/PR, Agravo de Instrumento nº 72.735-7, 4ª Câmara Cível, Comarca de Guaíra, Rel. Juiz Conv. Airvaldo Stela Alves, j.
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Mesmo não havendo a necessidade da comprovação do
periculum in mora, que é presumido, no caso em questão está o mesmo, como já
afirmado linhas atrás, igualmente configurado. A possibilidade de dissipação dos bens
pessoais dos requeridos improbos é real, e caso não seja decretada a indisponibilidade por
esse r. Juízo, tornará inexequível a decisão procedente de mérito a ser proferida nesta
Ação Civil Pública de Responsabilidade pela Prática de Atos de Improbidade
Administrativa, ação esta que certamente consumirá alguns anos para a sua definitiva
conclusão e trânsito em julgado.
Ressalte-se que a concessão da medida liminar torna-se
imperiosa antes mesmo de serem os requeridos intimados para a apresentação de defesa
preliminar (fase procedimental inserida pela Medida Provisória nº 2.225, de 04.09.01,
que acresceu parágrafos ao artigo 17 da Lei nº 8.429/92), pois se evitará, dessa forma, a
dissipação dos bens, o que provavelmente ocorrerá assim que os requeridos tomem
conhecimento da ação, se não for proferida desde já a liminar de indisponibilidade.
5. DO PEDIDO:
Ante todo o exposto, o Ministério Público requer:
11/08/99; 7) TJ/PR, Agravo de Instrumento nº 44.900-3, 4ª Câmara Cível, Comarca de Sertanópolis,
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a) seja deferida a liminar de indisponibilidade dos bens dos réus, consignando-se
registro e/ou averbação em todas as matrículas dos imóveis nos Cartórios competentes
dos Registros Imobiliários desta cidade de Foz do Iguaçu-Pr, bem como junto ao
Departamento de Transito do Paraná – DETRAN/PR, que for encontrado, mediante a
expedição de ofício e/ou mandado deste Juízo;
b) a notificação dos requeridos nos endereços supramencionados, para que, querendo,
apresentem manifestações nos termos do §7º, do artigo 17, da Lei nº 8.429/92, com
redação por Medida Provisória em vigor (descendente da Medida Provisória n.º 2.088-35
de 27.12.2000);
c) após as manifestações ou o decurso do prazo para apresentação das sobreditas, seja
recebida a petição inicial e determinadas as citações dos requeridos na forma do § 9o, do
precitado dispositivo legal, para, querendo, contestarem os termos da presente, sob pena
de revelia;
d) a notificação do Município de Foz do Iguaçu, na pessoa de seu Procurador Geral, na
condição de pessoa jurídica interessada, para fins do artigo 17, § 3º, da Lei nº 8.429/92,
isto é, para, caso queira, integrar a lide como litisconsorte ativo, suprindo eventuais
omissões e falhas contidas na inicial, bem como apresentar provas de que disponham
sobre os fatos;
e) o processamento da ação sob o rito ordinário, com as modificações acrescentadas pela
Lei de Improbidade;
Rel. Juiz Conv. Airvaldo Stela Alves, j. 13/03/96.
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f) a produção de todos os meios de prova em direito admitidos, em especial, o
depoimento pessoal do primeiro e do terceiro réus e do representante legal da segunda
requerida, a juntada de novos documentos, a pericial e a testemunhal, cujo rol será
oportunamente apresentado;
g) a condenação dos requeridos nas sanções previstas no artigo 12, incisos I, II e III, da
Lei nº 8.429/92, em razão da prática autônoma de atos de improbidade administrativa,
que causou enriquecimento ilícito, prejuízo ao erário e ofensa aos princípios
informadores da Administração Pública;
h) a condenação ao ressarcimento do valor de R$ 130.199,36 (cento e trinta mil, cento e
noventa e nove reais e trinta e seis centavos) pelos requeridos;
i) a concessão de Justiça Gratuita.
Atribui-se à causa o valor de R$ 130.199,36 (cento e
trinta mil, cento e noventa e nove reais e trinta e seis centavos).
Termos em que se
Pede e espera deferimento.
Foz do Iguaçu, 30 de maio de 2012.
MARCOS CRISTIANO ANDRADE
Promotor de Justiça