evolução da profissão de contabilista: o desenvolvimento … · 2019. 10. 16. · mercados e da...
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Evolução da Profissão de Contabilista:
O Desenvolvimento Tecnológico e a Aquisição de Competências
Tiago Luís Ribeiro da Cunha | [email protected]
Faculdade de Economia da Universidade do Porto, Portugal
Helena Gonçalves Martins | [email protected]
Faculdade de Economia da Universidade do Porto, Portugal
Amélia Oliveira Carvalho | [email protected]
Escola Superior de Tecnologia e Gestão, Politécnico do Porto – CIICESI, Portugal
Área Temática: A - A contabilidade na era digital
Resumo
Diversas têm sido as alterações ocorridas na contabilidade, decorrentes da evolução dos
mercados e da tecnologia. O surgimento de uma 4.ª revolução industrial (4ªRI) marcada pelo
desenvolvimento da inteligência artificial, veio acelerar esse processo de mudança, que tem
resultado na transformação do papel do contabilista, enquanto criador de valor para as
empresas. Por forma a não se tornarem obsoletos, os contabilistas deverão alargar o seu espectro
de competências. É propósito deste estudo identificar, através de uma revisão sistemática da
literatura, quais as competências desenvolvidas na última década para a definição do perfil dos
contabilistas. Sendo a inteligência emocional a característica humana mais dificilmente
replicável pela inteligência artificial, o foco dos contabilistas deverá centrar-se em melhorar as
suas competências relacionais, de comunicação e de trabalho em grupo, por forma a evoluir
como agentes consultores. As instituições de ensino superior (ES) desempenham um papel
determinante na construção deste perfil e na relevância atribuída às competências adquiridas
pelos futuros profissionais.
Palavras Chave:
Contabilista; Competências Genéricas; Tecnologia; Inteligência Emocional
1. Introdução
A contabilidade e a profissão de contabilista, tem sofrido no século XXI um dos maiores
processos de evolução de que há registo histórico. A transformação da economia industrial em
economia de informação, o aumento da globalização e o aumento da informação produzida e
da capacidade de processamento da mesma (Shortridge & Smith, 2009), serviram de catalisador
para que os serviços de contabilidade se tornassem cada vez mais amplos e diversificados (Bui
& Porter, 2010), o que provocou nos contabilistas a necessidade de alargar o seu conhecimento
e mudar a sua forma de agir na criação de valor para as empresas. Embora se trate de um
processo de evolução contínuo, a sua intensificação ocorreu ao longo da última década. O início
da 4ª RI, num contexto global marcada pela introdução da inteligência artificial (IA), veio
permitir aumentar o número de tarefas realizadas de forma automatizada, no âmbito da
profissão de contabilista, e possibilitar uma intensificação do progresso tecnológico, uma vez
que houve uma replicação e um alargamento do espetro da inteligência humana, por via da IA.
É inequívoco que a profissão de contabilista tem sofrido significativas alterações quer ao nível
das funções que são da competência dos contabilistas quer ao nível da forma como essas
mesmas funções são executadas. Em resposta a essas alterações, os contabilistas devem ajustar
o seu perfil por via do desenvolvimento de novas competências sem cariz técnico (Hassall et
al., 2005) (Bui & Porter, 2010). Torna-se, assim, fundamental que os contabilistas que já
integram o mercado, invistam em formação contínua por forma a se ajustar às novas exigências
da profissão, e que os estudantes que frequentam os cursos de contabilidade procurem
desenvolver as competências necessárias antes do primeiro contacto com o mercado de trabalho
(Jackling & De Lange, 2009).
Estando a profissão de contabilista perante um fenómeno evolutivo, e em alguns momentos
revolutivo, é pertinente que seja feita uma análise, no sentido de perceber o que diz a literatura
não só no contexto português como também mundial, relativamente às alterações na profissão,
à forma como os contabilistas devem acompanhar essas alterações e relativamente à
possibilidade ou não de extinção da profissão.
Recorrendo a uma revisão sistemática da literatura (RSL) pretende-se, traçar e caracterizar com
base no que é dito na literatura, qual o perfil e quais as competências que um contabilista deve
deter, bem como quais as alterações que esse perfil e essas competências irão sofrer no futuro,
como resultado das transformações a que a contabilidade e a profissão de contabilista têm sido
sujeitas, com o surgimento da 4ª RI e com a introdução da IA na contabilidade.
O âmbito das competências dos contabilistas deve ser alargado e a formação profissional
contínua deve ser uma prioridade para os profissionais já inseridos no mercado de trabalho.
Para além das competências técnicas, os contabilistas deverão também deter competências de
comunicação orais e escritas, competências de trabalho em grupo, competências de análise e
gestão de problemas não estruturados, competências tecnológicas e competências no âmbito
das relações interpessoais, procurando ser o mais interdisciplinares possível, permitindo assim
que sejam capazes de intervir quer na área financeira quer nas áreas não financeiras. O
desenvolvimento de competências genéricas como as acima descritas deverá permitir aos
contabilistas desenvolver a sua inteligência emocional, que se tornará tão mais dificilmente
replicável quanto maior o domínio dessas competências por parte dos contabilistas. A função
de consultores será um papel a ser explorado pelos contabilistas, dado que estes tenderão a ser
mais participativos na tomada de decisões das empresas quer na área financeira quer em áreas
não financeiras.
2. Fundamentação Teórica
A partir da implementação por parte do Estado Português do Simplex em 2006, com o objetivo
de modernizar toda a componente administrativa dos serviços do Estado, assistiu-se à
implementação de um conjunto de medidas que permitissem segundo a Agência para a
Modernização Administrativa (2011, p. 13) a “simplificação administrativa e legislativa”,
provocando alterações significativas na profissão de contabilista. A implementação deste
programa reflete assim, uma grande preocupação do Estado Português em acompanhar aquilo
que foi a tendência da Europa e de grande parte dos países desenvolvidos do resto do mundo
(AMA, 2011). Foi uma fase essencialmente marcada pela introdução das tecnologias de
informação e comunicação (Instituto Nacional de Estatística & Pordata, 2019) com vista a
modernizar, desburocratizar e melhorar a qualidade dos serviços prestados e da informação
tratada (Mateus, 2008). Todos os países afetados por esta evolução tecnológica, sentiram a
necessidade e identificaram a oportunidade para melhorar a qualidade da sua performance na
criação de riqueza, e os programas como o Simplex foram uma das várias estratégias seguidas
por esses países para alcançar esse objetivo.
Com o início de uma 4ª RI marcada na sua essência pelo desenvolvimento e implementação no
quotidiano do mundo de IA, este processo de progresso tecnológico foi intensificado, dado que
houve um alargamento do espetro da inteligência humana, por via da IA. Este impacto foi
superior ao nível dos serviços, pelo que a profissão de contabilista acaba por ser uma das áreas
em que este progresso mais se repercutiu, dada a natureza da profissão (Makridakis, 2017). O
seu impacto direto na profissão de contabilista traduziu-se na capacidade de automatizar
funções estruturadas, planeadas e repetitivas, permitindo assim processar grandes quantidades
de informação em curtos espaços de tempo. Contudo o impacto da IA na contabilidade não se
prevê que fique por aqui, uma vez que a mesma terá capacidade de auto aprendizagem, o que
lhe permitirá no futuro desenvolver também as tarefas pouco estruturadas e com grande
complexidade até então inexploradas (Marshall & Lambert, 2018).
Estaremos, portanto, no futuro, não só perante uma alteração de processos e métodos de
trabalho, como também das funções do contabilista. Dado que as principais funções da
profissão de contabilista irão no futuro ser desenvolvidas de forma autónoma por computadores
com recurso à IA, é primordial que os contabilistas estejam munidos de um conjunto de
valências que lhes permita continuar a oferecer valor ao mercado e que torne a existência da
profissão pertinente (Bui & Porter, 2010).
Se os contabilistas forem capazes de explorar novas necessidades do mercado e capazes de
executar tarefas que sejam apenas parcialmente automatizadas, então também serão capazes de
acompanhar a evolução da tecnologia sem que o futuro da profissão seja posto em causa
(Kokina & Davenport, 2017), sendo para isso necessário o desenvolvimento de novas
competências e a melhoria dos seus currículos.
O ensino assume, assim, um papel preponderante na melhoria e alargamento das competências
dos contabilistas. Contudo, também o ensino irá sofrer alterações por forma a ser capaz de se
ajustar ao mercado de trabalho e às novas necessidades emergentes, repercutindo os novos
princípios nos estudantes de contabilidade, quer sejam eles aspirantes a contabilistas, quer
sejam eles profissionais de contabilidade a apostar numa formação contínua (Jackling & De
Lange, 2009).
É importante neste estudo caracterizar, à luz da literatura, o perfil e as competências que um
contabilista deve deter, bem como as alterações para o futuro em termos de competências fruto
das transformações da própria contabilidade e da sociedade, enquanto consequência da
introdução da inteligência artificial na contabilidade.
3. Metodologia e Análise de Dados
Estando a profissão de contabilista perante um fenómeno evolutivo, e em alguns momentos
revolutivo, é pertinente que seja feita uma análise, no sentido de perceber o que diz a literatura
científica não só no contexto português como também mundial, relativamente às alterações na
profissão, à forma como os contabilistas devem acompanhar essas alterações e relativamente à
possibilidade ou não de extinção da profissão. Perante toda a realidade acima descrita, é
objetivo deste estudo, identificar, as alterações de que a profissão de contabilista foi alvo.
Assim, pretendemos traçar e caracterizar à luz da literatura, o perfil e as competências que um
contabilista deve deter, bem como as alterações que esse perfil e essas competências irão sofrer
no futuro, como consequência das transformações que a contabilidade e a profissão de
contabilista têm sofrido com o surgimento da 4ªRI e da introdução da inteligência artificial na
contabilidade.
Para cumprir esse objetivo pretendemos recorrer a uma revisão sistemática da literatura, RSL.
Segundo Fink (2010), uma RSL é uma revisão sistemática, explicita e capaz de ser reproduzida
pelos utilizadores da informação, sendo o seu principal propósito identificar, avaliar e resumir
informação produzida por investigadores, académicos e profissionais de uma determinada
temática ou área científica. Seguindo as fases de uma RSL, tal como desenhadas por Okoli e
Schabram, (2010) foi possível encontrar um caminho que a literatura aponta como os autores
mais relevantes sobre o tema e por sua vez uma definição de clusters relativos às competências
chaves identificadas no perfil do contabilista desta era digital.
A análise do estado da arte relativo ao perfil do contabilista e a construção desse perfil, foram
desenvolvidos com recurso a uma RSL com o propósito de se identificar as principais
competências, que os autores em análise, entendem ser imprescindíveis para um contabilista no
exercício das suas funções no contexto da 4ªRI. A RSL terá como fonte da pesquisa, onde
também serão definidos os critérios de inclusão, a Web of Science, sendo posteriormente
definidos os critérios de exclusão e tratada a informação recorrendo a uma análise bibliométrica
por meio da ferramenta VOSviewer e da metodologia PICOS. Uma vez definida a amostra final
que servirá de base à RSL, será feita uma análise integral do conteúdo da amostra e uma
posterior sintetização de conceitos, por forma a poder desenvolver as considerações finais sobre
qual o perfil que os contabilistas devem deter nos dias de hoje e quais as perspetivas quanto a
sua evolução no futuro. A pesquisa realizada tem um horizonte temporal de 13 anos, que
decorre entre 2007 e 2019, num período após a implementação do Simplex em Portugal.
Considerando o objetivo desta RSL, a pesquisa dos termos foi feita no sentido de agregar
estudos que se relacionassem com as competences (competências), com as skills (aptidões),
com o future (futuro) e com o profile (perfil) no âmbito da contabilidade. No sentido de se
restringir estes termos à área da contabilidade procurou-se associar todos os termos de procura
a palavras derivadas do termo account, no sentido de garantir que derivações como
accountability, accounting e accountant eram incluídas na pesquisa associados à temática.
Contudo, o fator de maior restrição no que respeita às palavras chave está relacionado com o
facto de se tratar de uma pesquisa das palavras chave apenas nos títulos dos artigos através do
uso do termo TI.
Tabela 1 – Equação Booleana utilizada na pesquisa na Web of Science
Um outro mecanismo de inclusão usado na recolha de dados no âmbito deste estudo, foi a
filtragem por categorias na qual a Web of Science agrega os seus conteúdos. As áreas incluídas
nesta análise foram Education Educational Research, Business Finance, Economics, Education
Scientific Disciplines, Management, Business, Ethics, Computer Science Information Systems,
Multidisciplinary Sciences, Computer Science Artificial Intelligence e Computer Science
Título (TI) Título (TI) Título (TI) Título (TI)
account*
education
ou account* competences
ou account* skills
ou account*
future
ou account* profile
Interdisciplinary Applications.
Para que se alcance o objetivo do estudo foram selecionados um conjunto de artigos que
abordam esta temática sob várias perspetivas. Esse processo de seleção ocorreu em duas fases,
com base em dois métodos distintos, mas complementares. Primeiro, com recurso ao
VOSviewer foi feita uma filtragem da amostra de 488 artigos obtidos, segundo os parâmetros a
cima descritos na Web of Science, no sentido de se apurar quais as referências bibliográficas
que tiveram maior impacto na construção destes 488 artigos. Posteriormente, depois de
identificadas as referências bibliográficas com maior destaque na construção da amostra dos
488 artigos, foi realizada uma análise da bibliografia dos artigos destacados na seleção pelo
VOSviewer por forma a selecionar artigos com pertinência para este estudo, com base na
metodologia PICOS, completando assim o total de artigos a integrar na RSL e apresentando os
de maior importância para o estudo.
A finalidade é destacar quais os autores e os respetivos artigos que apresentam uma maior
relevância para a amostra, ou seja, quais os artigos e os autores que mais vezes são citados nos
488 artigos que compõe a amostra, bem como a forma como estes se relacionam entre si, na
medida em que são citados em simultâneo por um mesmo autor, e que se representam através
da figura 1. A sintetização da informação, contida em cada um dos artigos analisados nesta
RSL, será feita recorrendo à metodologia PICOS no sentido de selecionar quais os artigos que
apresentam relevância para o tema e quais devem ser excluídos. Esta metodologia consiste na
sistematização tabelada da informação contida nos artigos analisados quanto à Population
(população), quanto à Intervention (intervenção), quanto à Comparasion (comparação), quanto
ao Outcome (resultado) e quanto ao Study type (tipo de estudo) (Methley et al., 2014) , a partir
da qual se selecionam os artigos a analisar mais aprofundadamente e se reflete acerca dos seus
principais contributos, similaridades e diferenças e sobre as tendências identificadas na
literatura, output apresentados nos anexos 1 e 2.
Figura 1 - Mapa da análise de co-citações do VOSviewer
Fonte: VOSviewer
Com recurso à análise das co-citações presentes na amostra recolhida, tendo em conta a
ponderação das mesmas no total da amostra e a forma como estes autores se relacionam entre
si, destacam-se 6 artigos seminais que representam 25% dos 24 artigos que serão alvo de uma
análise detalhada na RSL a realizar. Até se obter este número restrito de 6 artigos, a amostra foi
submetida a duas fases de exclusão tendo por base o VOSviewer. Foram excluídos inicialmente
da análise todos os autores co-citados menos de 6 vezes uma vez que dada a dimensão da
amostra o próprio programa assim o sugeria por defeito, sendo que deste primeiro processo de
filtragem resultou um mapa de todas os artigos e ligações expostos na figura 1.
Posteriormente, através de uma análise por clusters foram apenas considerados os autores co-
citados 10 ou mais vezes, resultando daí, uma amostra de 8 artigos. Da análise por clusters
resultou a exclusão de 2 artigos do primeiro e quarto clusters uma vez que o seu enquadramento
no tema era pouco significativo. Assim, os artigos considerados pertinentes com base na
agregação por clusters do VOSviewer, 5 integram o segundo cluster e 1 integra o terceiro cluster.
Ultrapassada a primeira fase de seleção com recurso ao VOSviewer, foram analisadas na íntegra
as bibliografias dos 6 artigos seminais, no sentido de repetir o processo seguido até então no
VOSviewer de seleção de artigos com base nas referências bibliográficas dos artigos seminais,
sendo agora nesta fase o processo realizado sem recurso a qualquer ferramenta. Deste processo
resultaram os artigos da segunda fase refletidos também no anexo 1. Os critérios que definiram
a seleção manual destes artigos na RSL foram o enquadramento do seu título com a temática
em estudo nas suas diversas vertentes.
Ainda assim, uma vez que os 6 artigos resultantes da seleção com recurso ao VOSviewer foram
redigidos no máximo até ao ano de 2010, toda a bibliografia que serviu de base para a
construção desses mesmos artigos, estava limitada até esse ano inclusive. Como tal surgiu a
necessidade de alargar o horizonte temporal da RSL visto que se trata de uma análise
direcionada para o futuro da profissão do contabilista. Assim, numa terceira fase, foi realizada
uma pesquisa adicional na Web of Science com recurso à equação booleana, utilizada
inicialmente como descreve a Tabela 1, condicionada por um horizonte temporal de 2017-2019,
da qual resultaram 3 artigos. Da análise da bibliografia dos 3 artigos da terceira fase, foram
selecionados 4 artigos seguindo o critério de seleção em função do título do artigo à semelhança
do que foi feito anteriormente na segunda e terceira fases de análise manual da bibliografia dos
artigos obtidos do VOSviewer.
O anexo 1, sintetiza de forma uniforme e sistemática toda a informação presente nos artigos
que compõe a amostra, selecionada seguindo a metodologia PICOS anteriormente referida. Já
o anexo 2 refere todos os artigos que embora selecionados com base no seu título, foram
excluídos após a análise do seu conteúdo recorrendo à metodologia PICOS.
Assim todos artigos encontram-se catalogados, pelo nome do(s) autor(es) do artigo, pelo título
do artigo, e pelo ano de publicação dos mesmo. Adicionalmente, mediante a metodologia
PICOS seguida, são identificados também a população em estudo (P), a intervenção utilizada
(I), os métodos e teorias de comparação (C), os resultados principais dos estudos (O) e o tipo
de estudo levado a cabo pelo(s) autor(es) (S) de modo a clarificar o motivo da exclusão dos
artigos sem pertinência, embora apresentem títulos que aludem ao tema deste estudo.
Com o objetivo de validar o enquadramento da amostra inicial de 488 artigos, que viria a servir
de base à seleção dos artigos integrantes da RSL, e mais uma vez com recurso à ferramenta
VOSviewer, realizou-se uma análise de coocorrências de palavras chave, no sentido de se
perceber se as mesmas estão presentes nas principais conclusões da RSL.
Figura 2 - Mapa da análise de coocorrência de termos do VOSviewer
Fonte: VOSviewer
Com um maior destaque no mapa obtido, dado o maior número de ocorrências, vemos os termos
accounting education para o cluster 1, performance para o cluster 2, teacher education para o
cluster 3, management para o cluster 4, education para o cluster 5, students para o cluster 6 e
learning outcomes para o cluster 7.
4. Análise dos Resultados
Da recolha e seleção de artigos com relevância para a presente RSL, resultaram um conjunto
de 24 artigos, dos quais 6 primeiros seminais, mais 18 complementares que foram redigidos
entre 1991 e 2018. Desse total de 24 artigos, 14 foram desenvolvidos entre 2007 e 2019, ou
seja, durante o período que serviu de critério de inclusão durante a análise bibliométrica com
recurso ao VOSviewer, uma vez que 2007 marca o início da implementação do Simplex no
contexto português, que é seguido pelo início da 4ª RI no contexto global, e seus
desenvolvimentos até aos dias de hoje. Contudo, 9 dos 24 artigos que foram analisados nesta
RSL foram redigidos entre 1991 e 2007, o que demonstra que, a evolução do papel do
contabilista nas empresas e os ajustamentos necessários no ensino decorrentes dessa evolução,
apresentam relevância teórica mesmo antes do advento do Simplex.
O perfil do contabilista tradicional à luz de Carnegie e Napier (2010), remete-nos para
profissionais maioritariamente do sexo masculino marcados positivamente por ser honestos,
confiáveis, educados, e alguém a quem se pode confiar dinheiro alheio pois irá zelar pela sua
segurança. Em contrapartida, o contabilista tradicional é também descrito como alguém
monótono, aborrecido, sem boas competências de comercial, obcecado por dinheiro e pouco
criativo. Dadas as características positivas e negativas enumeradas, o contabilista tradicional é
definido pelos autores como alguém que apresenta um elevado grau de competência, sobretudo
técnica, e responsabilidade nas funções que desempenha, mas que por outro lado não investe
no desenvolvimento de relações interpessoais com os seus clientes (Carnegie & Napier, 2010).
Segundo Carnegie (2014) embora a contabilidade seja marcada pela sua forte componente
técnica, de registo, mensuração e interpretação de informação financeira, ela é também uma
prática social e, desde 1980, que a interdisciplinaridade da contabilidade é reconhecida, como
consequência das influências recebidas de outras áreas distintas como a psicologia, o direito ou
a educação. O fenómeno da contabilidade enquanto prática social é corroborado pelo autor com
o argumento de que o trabalho dos contabilistas tem consequências no comportamento humano,
uma vez que o relato produzido pela contabilidade serve de base à tomada de decisão humana
(Carnegie, 2014).
Contudo, das diversas alterações que existiram no mercado e consequentemente na profissão
de contabilista, Howieson (2003) destaca o aumento do ritmo e da extensão da mudança que
levará à necessidade de os contabilistas serem capazes de antecipar e gerir as mudanças, o
desenvolvimento da tecnologia e da comunicação que irão permitir um contacto constante e em
tempo real com o resto do mundo permitindo assim às pequenas e médias empresas aceder a
mercados globais (Parker, 2001), a mudança nas expectativas dos intervenientes do negócio
aumentando assim a sua envolvência no mesmo o que levará à necessidade de produzir mais
informação quer financeira quer não financeira que garanta que todas as partes vão sendo
mantidas informadas e, por fim, um aumento da importância do capital humano para as
empresas dado que a sua mobilidade e independência é cada vez maior e como tal surge a
necessidade de reter e fazer evoluir os mais competentes. Os contabilistas devem assim ser
proactivos e deter competências multidisciplinares, investindo em formação no domínio das
tecnologias de informação. Ainda segundo o autor, num mundo em que a principal valência é
o conhecimento, os contabilistas revelam-se numa posição privilegiada para crescer com
sucesso, se forem capazes de assumir o papel de principais consultores das empresas,
produzindo informação que sustente a tomada de decisão nas mais diversas áreas das empresas
(Howieson, 2003).
As áreas até então autónomas como a gestão estratégica e gestão de custos passarão a ser
integradas na contabilidade, e consequentemente, o contabilista irá acumular funções prestando
serviços de consultoria cada vez mais abrangentes às diversas áreas do negócio. Os contabilistas
devem, assim, desenvolver um conjunto de competências gerais e transversais a qualquer área
de negócio, das quais o autor destaca a comunicação oral e escrita, o trabalho em equipa, a
análise e gestão de problemas, e compreensão do modelo de negócio (Parker, 2001).
É comum a qualquer contabilista, a necessidade de desenvolver competências de comunicação
oral e escrita, competências analíticas, competências de informática e competências no âmbito
das relações interpessoais. Contudo, o desenvolvimento destas competências não deve colocar
em causa o desenvolvimento de competências técnicas. Assim, para que seja possível
desenvolver estas novas competências deve haver uma reestruturação dos planos de estudos em
contabilidade (Albin & Crockett, 1991). As competências multidisciplinares que permitam ao
contabilista relacionar conhecimentos e tornar mais eficiente o seu desempenho são apontadas
como primordiais, bem como as competências pessoais que facilitem as relações interpessoais,
o pensamento crítico e por fim o conhecimento global sobretudo ao nível ético e legislativo
(Mohamed & Lashine, 2003).
Considera-se como insubstituíveis pela inteligência artificial, a perspicácia para o negócio, os
conhecimentos financeiros e a capacidade de gestão estratégica dos contabilistas, o que torna
fundamental o desenvolvimento destas competências por forma a garantir que os contabilistas
são capazes de fazer convergir os seus currículos com as lacunas não preenchidas pela
implementação de tecnologia e IA na profissão de contabilista (Richins et al., 2017).
Assim o ensino assume aqui um papel preponderante não só no desenvolvimento de
competências tecnológicas nos estudantes de contabilidade, mas também no desenvolvimento
de competências genéricas que ajudem os estudantes de contabilidade e os contabilistas a
encarar e aceitar a introdução de tecnologia na contabilidade de forma cordial, percebendo que
irão continuar a ter um papel preponderante enquanto contabilistas e de que forma o deverão
fazer (Fernandez & Aman, 2018).
Uma boa preparação dos contabilistas para a introdução de tecnologia na profissão permitirá
reduzir a inércia por parte destes, face às mudanças ocorridas. Este processo de aprendizagem
deve ser continuado de modo a que seja possível aos contabilistas acompanhar todas as
alterações inerentes aos avanços tecnológicos e todas as alterações ocorridas nos métodos de
trabalho (Grabski et al., 2011).
Segundo Jackling e De Lange (2009) existem algumas
divergências quanto às competências que são consideradas mais genéricas, já que não são
devidamente desenvolvidas nos cursos de contabilidade, e apontam uma competência que se
revela transversal, o comportamento ético. Esses valores são corroborados pelas entidades
empregadoras quanto ao conhecimento e perceção do negócio em termos de contexto real e às
competências técnicas básicas (Kavanagh & Drennan, 2008).
Com base num estudo levado a cabo por Hassal, Joyce, Arquero e Anes (2005), os autores
concluíram que o desenvolvimento de competências genéricas tem assumido uma importância
cada vez mais crescente na formação dos contabilistas, pois o facto de se tratar de competências
multidisciplinares permite aos contabilistas fazer um uso mais consciente e eficiente das suas
capacidades técnicas. Com base no mesmo estudo, os autores concluíram que entidades
empregadoras visam como competências chave para o futuro dos estudantes de contabilidade,
a capacidade de ter uma visão panorâmica do negócio, a gestão de tempo, as capacidades de
comunicação, a capacidade de trabalho em equipa e a capacidade de delegar funções (Hassall
et al., 2005).
Segundo Milner e Hill (2006) embora se encontre presente nos alunos a necessidade de
desenvolver competências comportamentais, não é claro para estes de que forma o podem fazer.
As instituições de ES assumem assim um papel preponderante na definição de metodologias e
na colocação à disposição de ferramentas que permitam aos alunos desenvolver este tipo de
competências. Deverá ser avaliado pelas universidades se estas competências são
desenvolvidas de forma independente ou se são integradas nos módulos já existentes nos
programas de estudo. Para que seja possível desenvolver estas novas competências deverá
ocorrer uma reestruturação dos planos de estudos em contabilidade. Através da realização de
entrevistas a 13 estudantes britânicos, Milner e Hill (2006) identificaram como principais
restrições ao desenvolvimento destas competências, a excessiva dimensão das turmas no ES, o
elevado preenchimento dos planos de estudo em termos de tempo de aulas o que não permite
desenvolver algumas competências de forma autónoma, mas apenas incorporando-as nas
demais competências técnicas já existentes e por fim a reduzida predisposição por parte dos
alunos para a aprendizagem de matérias teóricas e sem componente técnica de contabilidade.
As restrições financeiras também não devem ser descartadas, na medida em que limitam a
capacidade de manter docentes especializados vinculados aos cursos em questão acabando
essas lacunas por ser compensadas pelos restantes docentes de áreas mais técnicas e, portanto,
com menor especialização em determinadas áreas de cariz mais geral (Milner & Hill, 2006).
Jackson e Cherrington (2002), procuraram identificar diferenças de perspetivas entre estudantes
que frequentam cursos de contabilidade no ES e estudantes que já frequentaram estes cursos e
já se encontram inseridos no mercado de trabalho. Assim, com recurso a um questionário a 132
licenciados e 34 estudantes, concluíram que existe uma clara distinção no que respeita às
competências consideradas críticas por ambas as partes. Enquanto que os estudantes do ES
valorizam mais a capacidade de apresentação ou a capacidade de fazer pesquisas na Internet,
os ex-estudantes que já se encontram inseridos no mercado consideram críticas competências
como o trabalho em equipa e o pensamento crítico. Estas diferenças demonstram que a perceção
que os estudantes de contabilidade têm durante a frequência do curso está desfasada da
realidade, o que alerta para a necessidade de se refletir de forma mais precisa de que forma o
contexto de trabalho real se desenvolve.
No estudo realizado por Usoff e Feldmann (1998) a estudantes de licenciatura e estudantes de
3º ciclo de estudos que já adquiriram alguma experiência em termos de mercado de trabalho,
os autores concluíram que existem diferenças na identificação de competências prioritárias uma
vez que os estudantes já com experiência reconhecem as competências de comunicação como
as mais importantes enquanto que os estudantes de licenciatura ainda sem experiência de
trabalho consideraram como mais importantes as competências de liderança e o trabalho em
equipa. Os autores concluíram ainda que à medida que os estudantes de contabilidade vão
adquirindo mais experiência, vão valorizando cada vez mais as competências genéricas, em
especial as competências interpessoais, a expressão oral e escrita, o domínio das tecnologias de
informação, o trabalho em equipa e as competências sociais e éticas (De Lange et al., 2006)
(Usoff & Feldmann, 1998).
Embora exista uma preocupação por parte das instituições de ES para adequar as suas estruturas
tendo por base recomendações de órgãos internacionais na área da contabilidade como a AECC
(Accounting Education Change Comission), nem todas as instituições dispõe de iguais recursos
para a prossecução dessas mudanças. Duncan e Schmutte (2006) demonstraram que as
instituições de ES de maior dimensão, têm ao seu dispor recursos financeiros e humanos que
lhe permitem desenvolver cursos para o desenvolvimento de competências especificas, ao
contrário das instituições de menor dimensão que vêm o seu âmbito de ação limitado pelo que
apenas podem oferecer e desenvolver cursos mais genéricos que permitem abranger um número
mais alargado de competências, no entanto de forma superficial. Há também uma maior
propensão para que as instituições de ensino de maior dimensão ajustem e reestruturem os
cursos de contabilidade já existentes, sendo esta tendência também justificada pela posse de
mais recursos bem como pela maior necessidade destas instituições cumprir as orientações de
entidades superiores com vista a manter a sua reputação e credibilidade (Duncan & Schmutte,
2006).
Adicionalemente ás alterações que o ensino em contabilidade tem sofrido nos últimos anos
devido ao desenvolvimento tecnológico e à integração de IA na contabilidade, devemos
considerar as alterações que existem no ensino em contabilidade fruto da diversidade cultural
e geográfica (Paisey & Paisey, 2010), e enfatizar a realização de estudos comparativos com as
tendências seguidas por outras profissões, para perceber quais as tendências futuras da profissão
contabilista, sendo as áreas mais vulgarmente usadas como termo de comparação, a medicina
e o direito.
Scapens e Jazayeri (2003) desenvolveram um estudo que consistiu no acompanhamento da
implementação de um sistema de planeamento de recursos empresariais por uma empresa
multinacional americana. Os autores, verificaram no seguimento da implementação, mudanças
significativas nas funções de contabilista. Houve a eliminação de tarefas rotineiras, o
alargamento de conhecimento em contabilidade aos cargos de gerência que passaram a ter um
maior controlo sobre as suas chefias uma vez que o trabalho de todos os departamentos estão
agora espelhados no sistema implementado, uma maior perspetiva e predisposição para a
formação, decorrente da necessidade de aprender a usar a ferramenta e a acompanhar as suas
constantes atualizações e melhoramentos, e um âmbito de ação mais alargado para os
contabilistas na medida em que liberta estes para o desempenho de novas funções,
nomeadamente de consultores (Scapens & Jazayeri, 2003).
Segundo Akhter e Sultana (2018), a automação é um processo que segue regras pré-
programadas para executar os processos de contabilidade e auditoria e a IA é a imitação da
inteligência humana, processada por sistemas computorizados, para a tomada de decisão.
Enquanto que os sistemas de informação por si só permitiam apenas a automação de tarefas
rotineiras, sistemáticas e planeáveis, com a introdução de IA na contabilidade, o âmbito da
automação foi alargado, uma vez que os sistemas de informação passam a possuir capacidade
de aprendizagem que lhes permite reagir a novos problemas não estruturados.
Tabela 2 - Evolução das funções desenvolvidas pelos contabilistas
Tarefas Passado Presente Futuro
Introdução de dados Contabilista Contabilista/Assistente de contabilidade Inteligência artificial
Lançamentos
contabilísticos
Contabilista Softwares de contabilidade Inteligência artificial
Relatórios de
conformidade legal
Contabilista /
Auditor
Softwares de contabilidade Inteligência artificial
Recolha de
documentos dos
clientes
Assistentes de
contabilidade
Entrega por correio eletrónico Entrega por correio eletrónico
Faturação Contabilista Software de faturação Inteligência artificial com
autoaprendizagem
Elaboração de
balancetes
Contabilista Folha de cálculo Software
Elaboração de
conciliações
Contabilista Software Inteligência artificial com
autoaprendizagem
Testes de auditoria Auditor Software de análise forense Inteligência artificial
Submissão de
obrigações fiscais
Contabilista Software Inteligência artificial com
autoaprendizagem
Elaboração de
relatórios de gestão
Contabilista Contabilista com recurso a software Relatórios automáticos
Baseado em (Akhter & Sultana, 2018)
A metodologia seguida por Akhter e Sultana (2018) passou pela análise de tarefas comuns da
contabilidade e da auditoria, na ótica da forma como estas eram executadas no passado, como
são executadas no presente e como serão executadas no futuro, conforme consta da tabela 2.
Constata-se que todas as tarefas elencadas, o nível de intervenção dos contabilistas diminui com
o passar do tempo
Contudo, a tecnologia não será capaz de substituir a inteligência emocional dos contabilistas,
por isso estes irão continuar a exercer um papel fundamental na tomada de decisão e na
prestação de serviços de consultoria (Akhter & Sultana, 2018). Constata-se, ainda assim, um
défice de contabilistas dotados de competências suficientes para desempenhar o papel de
consultores e para influenciar as tomadas de decisão.
Já em termos de resultados e focando a situação da figura 2 temos a destacar do cluster 1 a
presença dos termos skills, higher education, globalisation e tecnology. A crescente
globalização da contabilidade e a evolução tecnológica verificada no contexto de 4ªRI, levaram
à necessidade de mudanças estruturais ao nível do ES em contabilidade e ao surgimento de
novas competências, as quais devem ser desenvolvidas pelos contabilistas e estudantes de
contabilidade.
Do cluster 2 o governance e corporate governance, reform e manegement accounting. O papel
do contabilista nas organizações tem sofrido também ele uma reforma significativa tanto nas
funções desempenhadas, quanto na forma como são desempenhadas, uma vez que o contabilista
deixa de ter o seu âmbito de trabalho limitado à recolha, registo e tratamento de informação
contabilística e passa a intervir no governance das organizações enquanto consultor na tomada
de decisão das hierarquias superiores deixando de intervir apenas na área financeira.
Do cluster 3 standards, competence e leadership. O desenvolvimento das IES pelo IAESB veio
estabelecer os padrões pelos quais a formação dos contabilistas se deve reger quer em termos
de competências que devem ser detidas por estes, quer em termos de formação contínua destes.
A capacidade de liderança, sobretudo no trabalho em grupo, foi uma das competências
identificadas na RSL como sendo fundamentais para os contabilistas num contexto de 4ªRI.
Do cluster 4 knowledge, decisions, experience e perspective. Mais uma vez o papel do
contabilista na tomada de decisão das organizações, tenderá a ser crescente como de resto foi
referido ao longo da RSL. A experiência destes, sobretudo no domínio das tecnologias de
informação, bem como o pensamento crítico e o desenvolvimento de perspetivas prórpias são
competências que os contabilistas devem desenvolver para acompanhar a evolução da
profissão.
Do cluster 5 attributes, generic skills, employability e expectations. A importância do
desenvolvimento de competências genéricas para o futuro dos contabilistas, foi uma das
principais conclusões com destaque na RSL. Para além de competências técnicas, os
contabilistas devem deter competências genéricas, transversais a qualquer área de negócio, que
lhes permita ter uma maior abrangência nas funções desempenhadas. Um outro factor a ter em
conta é o gap entre as expectativas do mercado face aos contabilistas que saem do ES, as
expectativas dos estudantes de contabilidade face ao mercado e as expectativas das instituições
de ES face ao mercado e aos estudantes de contabilidade.
Do cluster 6 perceptions, curriculum, ethics e reflection. Grande parte da RSL desenvolvida
incide sobre a reformulação dos curricula dos contabilistas, alertando para a importância de
melhorar a componente comportamental, ética e reflexiva dos contabilistas, tal como demonstra
a IES 4 proposta pelo IAESB. Também a percepção dos contabilistas quanto às necessidades
do mercado e de que forma estes devem ser dotados, por forma a responder a essas mesmas
necessidades, encontra-se presente nas conclusões da RSL.
Do cluster 7 o termo evaluation. A constante evolução da contabilidade, leva a que seja de
extrema importância que com regularidade sejam avaliados os métodos de ensino, os planos de
estudos, o desempenho dos contabilistas inseridos no mercado, e as necessidades do mercado,
no sentido de ser possível acompanhar as mudanças e garantir a pertinência da profissão de
contabilista.
Desta análise conclui-se assim que de um total de 52 palavras chave, 31 estão diretamente
relacionadas com as conclusões obtidas da RSL, o que enfatiza o enquadramento da amostra de
488 artigos recolhida inicialmente da Web of Science que serviu de base para a identificação
dos artigos seminais para o tema, enquanto ferramenta para construir o perfil do contabilista no
contexto da 4ªRI.
5. Conclusões
Seguindo o conceito tradicional de contabilista descrito por Carnegie & Napier (2010), o
contabilista ou também designado nesse contexto por beancounter, necessita apenas de
competências técnicas na medida em que as funções que desempenha são meramente de
processamento de informação financeira e relato da mesma sem que seja necessário qualquer
tipo de contacto com os clientes e restantes partes envolvidas no negócio. Embora no passado
o sucesso ou insucesso de um contabilista estivesse maioritariamente dependente da maior ou
menor quantidade de competências técnicas detidas por este, nos dias de hoje as competências
genéricas assumem também uma ponderação significativa no leque de competências de um
contabilista.
Essa alteração decorre da crescente participação dos contabilistas na tomada de decisão dentro
das empresas, enquanto conselheiros de departamentos não só financeiros, como também não-
financeiros, exigindo assim da parte dos contabilistas uma maior capacidade relacional e de
comunicação. Dado que o campo de ação dos contabilistas foi alargado, estes devem procurar
ser o mais interdisciplinares possível, permitindo assim que sejam capazes de intervir quer nas
áreas financeiras quer nas áreas não financeiras.
Concluímos com base na RSL desenvolvida que os contabilistas devem nos dias de hoje deter
mais competências de comunicação orais e escritas, competências de trabalho em equipa,
pensamento crítico, pro atividade, competências para a resolução de problemas não
estruturados, competências no domínio das tecnologias e sistemas de informação e
competências no âmbito das relações interpessoais dentro e fora das organizações. A literatura
alude assim para a necessidade de desenvolvimento de competências comportamentais e
genéricas que no passado não eram tão preponderantes.
Embora sejam consideradas as competências nucleares, o desenvolvimento destas
competências não deverá colocar em causa a continuidade do desenvolvimento de
competências técnicas.
O desenvolvimento de competências genéricas e comportamentais como as acima descritas
deverá permitir aos contabilistas desenvolver a sua inteligência emocional que segundo
Richins, Stapleton, Stratopoulos e Wong (2017) e Fernandez e Aman (2018) são as
competências humanas mais dificilmente replicáveis pela IA.
O ES em contabilidade assume assim um papel preponderante quer na preparação de estudantes
de contabilidade que aspiram exercer a profissão, quer na oferta de formação contínua aos
contabilistas já inseridos no mercado de trabalho, de modo a garantir a atualização dos
conhecimentos destes.
Da análise de coocorrências representada na figura 2 verificamos uma concordância entre os
termos com maior destaque e as conclusões da RSL expostas acima. Esta simultaneidade valida
por um lado os artigos analisados na RSL, uma vez que apesar de derivarem da amostra inicial
da Web of Science apenas 6 dos 24 artigos, a presença dos termos da figura 2 verificou-se em
toda a RSL. Por outro lado, clarifica que desde o século XX, a literatura convergente com a
realidade quando se expressa relativamente ao futuro da contabilidade e dos contabilistas.
Existe por um lado uma concordância entre académicos e profissionais quanto às competências
que são críticas para o sucesso enquanto contabilista, embora a forma com ambas as partes
hierarquizam essas competências, seja distinta.
Por outro lado, a opinião dos estudantes de contabilidade quanto ao facto de considerarem que
essas mesmas competências não são abordadas de forma suficiente nos planos de estudo em
contabilidade no ES, com exceção das competências técnicas básicas, é corroborada pela
opinião das entidades empregadoras de que os estudantes que representam a oferta do mercado,
não detêm as competências consideradas críticas para o exercício da profissão de contabilista
nos dias de hoje. Ainda assim, conclui-se também que muitas vezes os contabilistas dominam
as competências quer técnicas quer genéricas na sua génese teórica, porém, apresentam alguma
dificuldade em estabelecer a ponte entre o contexto académico e o contexto de trabalho, na
aplicação dessas mesmas competências.
Não há unanimidade quanto ao facto de os contabilistas serem ou não substituídos pela IA, de
entre as opiniões dos autores analisados na RSL. Contudo, com base nos estudos dissecados na
RSL, concluiu-se que o foco da profissão de contabilista será alterado, uma vez que as tarefas
mais rotineiras e estruturadas passarão a ser inevitavelmente desempenhadas de forma
automatizada decorrentes da evolução tecnológica e da integração de IA na contabilidade. Num
contexto da 4ª RI e no futuro que suceder esta, os contabilistas irão cada vez mais criar valor
para as empresas enquanto consultores com um raio de ação superior, e por isso quanto mais
interdisciplinares conseguirem ser, mais fácil será a sua adaptação ao estado atual e futuro da
profissão de contabilista.
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Anexo 1 - Artigos incluídos na RSL à luz da metodologia PICOS
Fase Autor(es) Título A
n
o
P (População) I (Intervenção) C (Comparação) O (Resultados) S(Tipo de estudo)
1ª Kavanagh,
M. H., &
Drennan, L
What skills and
attributes does
an accounting
graduate need?
Evidence from
student
perceptions and
employer
expectations.
2
0
0
8
Estudantes de
Contabilidade
e
Empregadores
Perceção dos estudantes de
contabilidade e perceção dos
empregadores quanto à
necessidade de os
contabilistas alargar o seu
leque de competências
Necessidade de os estudantes de
contabilidade alargar o seu leque
de competências de modo a
singrar enquanto contabilistas,
demonstrada pelas diversas partes
relacionadas das empresas
Os estudantes de contabilidade têm
consciência das expectativas do mercado e
tanto os estudantes como os empregadores
concordam que o ensino é deficitário no
desenvolvimento de competências não
técnicas
Estudo qualitativo com
dados recolhidos por
via de inquérito
Jackling,
B., & De
Lange, P.
Do Accounting
Graduates’
Skills Meet The
Expectations of
Employers? A
Matter of
Convergence or
Divergence.
2
0
0
9
Estudantes de
Contabilidade
e
Empregadores
Perceção dos estudantes de
contabilidade e perceção dos
empregadores quanto ao
enfase dado às competências
técnicas e às competências
genéricas pelo ensino
Enfase dado pelos comités
internacionais de educação para a
adequabilidade dos graduados ao
mercado de trabalho e o desafio de
formar contabilistas que criem
valor para as empresas
Ambos os grupos inquiridos atribuíram a
mesma importância às competências
técnicas, contudo as competências
genéricas consideradas importantes pelos
empregadores não são devidamente
trabalhadas no ensino segundo os
estudantes
Estudo qualitativo com
dados recolhidos por
via de inquérito
Bui, B., &
Porter, B.
The
Expectation-
Performance
Gap in
Accounting
Education: An
Exploratory
Study.
2
0
1
0
Estudantes,
docentes e
empregadores
em
contabilidade
Desenvolver e testar um
framework que permita
representar as lacunas entre
as expectativas e o
desempenho dos
contabilistas
Posição crítica por parte das
entidades empregadoras, dos
estudantes de contabilidade e dos
órgãos que regulam e representam
a profissão
Existem grandes lacunas entre as
competências que o mercado espera que os
contabilistas detenham, e as competências
que efetivamente estes desenvolver na sua
formação. Devem ocorrer mundanças no
ensino em contabilidade.
Estudo qualitativo com
dados recolhidos por
via de inquérito
Howieson,
B.
Accounting
practice in the
new
millennium: is
accounting
education ready
to meet the
challenge?
2
0
0
3
Contabilistas e
instituições de
ensino
Qual o rumo que irá tomar a
prática da contabilidade no
futuro, quais as
competências críticas para
os contabilistas face a essas
mudanças, e que
implicações terão estas
mudanças no ensino em
contabilidade
Maior capacidade das empresas
para captar e tratar informação,
mesmo as de menor dimensão, e o
crescimento de áreas de
intervenção dos contabilistas no
papel de consultores
Os contabilistas devem deter, além das
competências técnicas, competências de
análise, de resolução de problemas de
forma inovadora, de comunicação e de
relação com os clientes. Cada vez mais os
contabilistas irão assumir um papel de
consultores no suporte à tomada de
decisão nas empresas.
Revisão da literatura
De Lange,
P.,
Jackling,
B. & Gut,
A.
Accounting
graduates’
perceptions of
skills emphasis
in
undergraduate
courses: an
investigation
from two
Victorian
universities
2
0
0
6
Licenciaturas
em
contabilidade
Estudar o enfâse dado às
competências técnicas e
competências genéricas na
ótica dos licenciados
Alerta das organizações
internacionais de contabilidade
para a adequabilidade dos cursos
de contabilidade bem como a
dificuldade dos académicos em
projetar cursos com aplicabilidade
prática
Competências consideradas necessárias
para integrar o mercado de trabalho em
contabilidade
Estudo de caso
Wells, P.
K.,
Kranenbur
g, I.,
Gerbic, P.
& Bygrave,
J.
Professional
Skills and
Capabilities of
Accounting
Graduates: The
New Zealand
Expectation
Gap?
2
0
0
9
Contabilistas
com uma
experiência
profissional
compreendida
entre 3 e 5
anos e seus
supervisores
Identificar quais as
competências críticas para
os contabilistas para singrar
nos primeiros anos após a
sua formação, e aferir em
que medida as universidades
neozelandesas tem em conta
essas competências nos seus
planos de estudos.
Evidências na literatura que
demonstram existir deficiências
no ensino e na aprendizagem em
cursos de contabilidade do ensino
superior
Existe concordância entre as competências
consideradas críticas pelos supervisores e
as competências desenvolvidas nas
universidades com base na experiência de
contabilistas há entre 3 e 5 anos. Há
também uma crescente adaptação e
atenção da parte das universidades no
contexto neozelandês.
Estudo qualitativo com
dados recolhidos por
via de inquérito
2ª Parker, L.
D.
Back to the
Future: the
broadening
accounting
trajectory
2
0
0
1
Profissão de
Contabilista
Análise aos últimos cem
anos da história da
contabilidade, com enfoque
para a questão do
alargamento da abrangência
da profissão no tipo de
serviços que presta,
analisando qual o impacto
destas alterações ao nível da
educação em contabilidade.
O desajustamento face à imagem
tradicional de contabilista e o
aumento da abrangência das
atividades desenvolvidas pelos
contabilistas
O contabilista irá acumular funções
prestando um serviço de consultoria cada
vez mais abrangente às diversas áreas do
negócio. Deverá deter competências de
comunicação oral e escrita, de trabalho em
equipa, de análise e gestão de problemas,
e de compreensão do modelo de negócio
Revisão da literatura
Albin, M.
J. &
Crockett,
R.
Integrating
Necessary Skills
and Concepts
into the
Accounting
Curriculum
1
9
9
1
Cursos
superiores de
contabilidade
Elencar quais as
competências que o
curriculum de um
contabilista deve deter e no
seguimento disso refletir
sobre os métodos a ser
utilizados para o
desenvolvimento das
competências identificadas,
nos cursos superiores em
contabilidade.
De que forma devem os
estudantes de contabilidade ser
preparados adequadamente para
ingressarem no mercado de
trabalho
Os cursos superiores em contabilidade
devem procuram desenvolver nos alunos
competências de comunicação oral e
escrita, competências analíticas,
competências de informática e
competências no âmbito das relações
interpessoais. Deverá haver uma
reestruturação dos planos de estudos em
contabilidade
Revisão da literatura
com opinião dos
autores
Hassal, T.,
Joyce, J.,
Montanto,
J. L. &
Anes, J.A.
Priorities for the
Development of
Vocational
Skills in
Management
Accountants: a
European
Perspective
2
0
0
5
Empregadores
de empresas
de
contabilidade
no Reino
Unido e
Espanha
Comparar as opiniões dos
empregadores de Espanha e
Reino Unido e determinar as
prioridades de
desenvolvimento de
competências genéricas.
Identificar e comparar os
principais constrangimentos
ao desenvolvimento de
competências genéricas.
Alertas vindos de órgãos de
contabilidade internacionais para
a reorientar o ensino em
contabilidade para o
desenvolvimento de competências
como a comunicação, o trabalho
em grupo e resolução de
problemas.
Identificação de competências chave para
o futuro dos estudantes de contabilidade
como, a capacidade de ter uma visão
panorâmica do negócio, a gestão de
tempo, as capacidades de comunicação, a
capacidade de trabalho em equipa e a
capacidade de delegar funções. o
desenvolvimento destas competências é da
responsabilidade das instituições de
ensino.
Estudo qualitativo com
dados recolhidos por
via de inquérito de
opinião
Mohamed,
E. K. &
Lashine, S.
H.
Accounting
Knowledge and
Skills and the
Challenges of a
global Business
Environment
2
0
0
3
Ensino
superior em
contabilidade
Identificar os desafios a que
o ensino em contabilidade
estará sujeito o procurar
ajustar as competências dos
estudantes de contabilidade
ao mercado de trabalho
O aumento da globalização e os
elevados desenvolvimentos
tecnológicos que provocaram
significativas alterações nos
modelos de negócio
Um plano estratégico com o objetivo de
reduzir as lacunas entre as competências
adquiridas pelos estudantes de
contabilidade e as competências exigidas
pelo mercado, dado o atual
desalinhamento que se verifica entre o
ensino e o mercado de trabalho
Estudo qualitativo com
proposta de um plano
estratégico
Duncan, J.
&
Schmutte,
J.
Change in
Accounting
Programs: the
impact of
Influences and
Constraints
2
0
0
6
Coordenadore
s de curso e
diretores de
universidades
Mudanças ocorridas nos
cursos de contabilidade
decorrentes da legislação
das 150 horas, das
recomendações da AECC
(accounting education
change commission), do
tamanho da universidade e
da acreditação AACSB
(Association to Advance
Collegiate Schools of
Business)
O impacto de medidas como a
legislação das 150 horas e
recomendações de organizações
mundiais que regulam o ensino
Há concordância quanto à importância
atribuída a legislação das 150 horas, das
recomendações da AECC. Influenciado
pela dimensão da instituição a importância
atribuída às recomendações do AACSB
não é unânime.
Estudo qualitativo com
dados recolhidos por
via de inquérito
Hill, W. Y.
& Milner,
M. M.
The Placing of
skills in
Accounting
Degree
Programmes in
Higher
Education:
Some
Contrasting
Approaches in
the UK
2
0
0
7
Ensino
superior em
contabilidade
no Reino
Unido
Estudar as diferentes
metodologias utilizadas para
o desenvolvimento de
competências genéricas e
transversais em diversas
universidades do Reino
Unido, tendo em conta a
reforma do ensino posterior
a 1992
Diversos estudos que pretendiam
analisar as diferentes
metodologias utilizadas para o
desenvolvimento de competências
genéricas e transversais em
universidades escocesas
Responsabilização da universidades pela
clarificação dos meios através dos quais o
estudantes de contabilidade devem
desenvolver novas competências mais
genéricas, bem como a identificação de
quais os principais desafios à criação de
condições para o desenvolvimento destas
competências.
Estudo qualitativo com
dados recolhidos por
via de entrevistas
individuais
Jackson, R.
B. &
Cherringto
n, J.O.
IT Instruction
Methodology
and Minimum
Competency for
Accounting
Students
2
0
0
2
Ex-estudantes
e estudantes de
uma disciplina
de sistemas de
informação
direcionado
para a
contabilidade
da Brigham
Young
University
Apresentar a estrutura da
disciplina de sistemas de
informação em
contabilidade existente na
Brigham Young University,
identificando quais os
conhecimentos mais úteis
para o contexto de trabalho
segundo a opinião de ex-
alunos comparando essa
perceção com a dos atuais
alunos
Aumento da importância
assumida pelos sistemas de
informação na profissão de
contabilista
Divergência de opiniões quanto às
competências com maior importância no
contexto de trabalho e quanto ao nível de
preparação percecionado pelos inquiridos
após a frequência da disciplina.
Estudo qualitativo com
dados recolhidos por
via de inquérito
Robley,
W.,
Whittle, S.
&
Murdoch-
Eaton, D.
Mapping
Generic Skills
Curricula: a
Recommended
Methodology
2
0
0
5
Estudantes e
docentes de
cursos para o
desenvolvime
nto de
competências
genéricas
Mapear o conteúdo dos
currículos dos cursos de
competências genéricas por
categorias, de forma a
permitir avaliar a efetividade
de destes, bem como a testar
a integração ou o
desenvolvimento em
paralelo destes, com os
demais cursos de ensino
superior
Crescente importância do
desenvolvimento de competências
genéricas, que levou ao
surgimento de cursos focados
apenas no desenvolvimento deste
tipo de competências
Evidência de pouca clareza por parte dos
estudantes quanto ao tipo de competências
que se procuram desenvolver com os
cursos de desenvolvimento de
competências genéricas e com os novos
métodos de ensino integrados nestes
cursos
Estudo qualitativo com
proposta de mapa de
controlo de efetividade
Usoff, C. &
Feldmann,
D.
Accounting
Students
Perceptions of
Important Skills
for Career
Success
1
9
9
8
Estudantes de
licenciatura de
e estudantes
pós-graduados
de uma mesma
universidade
Avaliar a perceção detida
pelos estudantes quanto à
importância das
competências não técnicas
no seu futuro enquanto
contabilistas
Crescente enfâse atribuído às
competências não técnicas nos
cursos superiores de contabilidade
Os benefícios para os estudantes de
licenciatura serão tanto maiores, quanto
maior a sua consciencialização para a
importância de deter competências não
técnicas, e no caso das estudantes do sexo
feminino deverá haver uma preocupação
acrescida para o desenvolvimento de
competências de liderança
Estudo qualitativo com
dados recolhidos por
via de inquérito
Carniege,
G. D. &
Napier, C.
J.
Traditional
Accountants
and Business
Professionals:
Portraying the
Accounting
Profession after
Enron
2
0
1
0
Profissão de
contabilista ao
longo do
tempo
Analisar de que forma o os
meios de comunicação
descrevem o estereótipo do
contabilista, de que forma
são vistas as alterações na
profissão de contabilista
registadas no século XXI, e
quais as alterações de
personalidade ocorridas no
tempo
Conotação negativa da profissão
de contabilista reconhecida pela
sociedade depois de escândalos
financeiros como o caso da Enron
Quais os traços que caracterizavam os
contabilistas no passado e de que forma os
contabilistas poderão voltar a credibilizar
a profissão depois de escândalos como o
caso Enron terem denegrido o papel do
contabilista perante a sociedade
Revisão da literatura
Scapens, R.
W. &
Jazayeri,
M.
ERP systems
and
management
accounting
change:
opportunities or
impacts? A
research note
2
0
0
3
Departamento
europeu de
uma empresa
multinacional
americana
Avaliar a introdução de
sistemas de planeamento de
recursos e analisar a
implementação de sistema
de planeamento de recursos
no departamento europeu de
uma empresa multinacional
americana
Estudos que defendem que a
introdução de um sistema de
planeamento de recursos
empresariais tem um impacto
relativamente moderado nos
contabilistas e nas suas tarefas
Mudanças ocorridas nas funções e tarefas
desempenhadas pelos contabilistas na
empresa e qual o papel destes no futuro,
assim como o impacto da implementação
deste sistema nos vários departamentos da
empresa com repercussões no
departamento da contabilidade
Estudo de caso
Paisey, C.
& Paisey,
N. J
Comparative
research: An
opportunity for
accounting
researchers to
learn from other
professions
2
0
1
0
A
contabilidade,
a medicina, e o
direito
enquanto áreas
sujeitas a
mudanças
Avaliar a viabilidade da
utilização de um método de
análise comparativa, com
base nas alterações sofridas
por outras áreas científicas,
para fazer previsões quanto
ao futuro do ensino em
contabilidade
Existência de outras áreas
científicas que, à semelhança da
contabilidade, estão a ser alvo de
um processo de mudança e
reestruturação ao nível do ensino
superior
Viabilidade de o ensino em contabilidade
seguir as tendências e as práticas adotadas
pela medicina e pelo direito, enquanto
áreas também em mudança e com
necessidades equiparáveis á contabilidade
Estudo qualitativo com
proposta de método
comparativo
3ª Richins,
G.,
Stapleton,
A.,
Stratopoul
os, T. C. &
Wong C.
Big Data
Analytics:
Opportunity or
Threat for the
Accounting
Profession?
2
0
1
7
Profissão de
contabilista
Demonstrar qual o grau de
familiaridade dos
contabilistas com o
tratamento de dados
estruturados e com análises
orientadas para problema
A previsão de Frey e Osborne
(2013) de que a profissão
contabilista enfrenta no futuro a
sua extinção
Identificação das alterações que a
profissão de contabilista será alvo e
identificação das valências dos
contabilistas que não são capazes de ser
substituídas e que permitem que estes
continuem a criar valor
Revisão da literatura
com opinião dos
autores
Akhter, A.
& Sultana,
R.
Sustainability of
Accounting
Profession at the
Age of Fourth
Industrial
Revolution
2
0
1
8
Profissão de
contabilista
durante a 4ª
revolução
industrial
Identificar quais as
competências que os
contabilistas devem
desenvolver no futuro de
modo a que sejam capazes
de continuar a criar valor, e
perceber quais as tendências
que a profissão irá seguir
dadas a evolução
tecnológica
A evolução tecnológica não será
capaz de substituir a inteligência
emocional e o pensamento crítico
do ser humano
Identificação e esquematização das
competências dos contabilistas que mais
dificilmente serão replicáveis pela
inteligência artificial, e proposta de como
essas competências devem ser geridas
pelos contabilistas
Revisão da literatura
com opinião dos
autores
Fernandez,
D. &
Aman, A.
Impacts of
Robotic Process
Automation on
Global
Accounting
Services
2
0
1
8
Contabilistas
integrantes de
uma empresa
de serviços de
contabilidade
Analisar o impacto da
introdução de inteligência
artificial e da automação de
processos numa empresa de
serviços de contabilidade,
quer a nível individual de
cada contabilista quer ao
nível da empresa no seu todo
Aumento da automação de
processos nos serviços de
contabilista decorrentes da
introdução de inteligência
artificial na contabilidade
Quais os impactos mais significativos ao
nível dos indivíduos e ao nível da
organização decorrentes da automação de
processos, e de que forma podem os
contabilistas assegurar o seu cargo
desempenhando outras funções e
alterando a sua forma de agir
Estudo de caso
4ª Carniege,
G. D
The present and
future of
Accounting
History
2
0
1
4
O futuro da
profissão de
contabilista
Apresentação de reflexões
pessoais do autor com base
na literatura existente sobre
a atual situação da
contabilidade e sobre o que
se prevê que seja o futuro
próximo da profissão de
contabilista
Pesquisas recentes e trabalhos
publicados pelo autor
relativamente ao futuro da
contabilidade e dos contabilistas
como uma consequência do
passado
Retrato da evolução da literatura em
contabilidade no que respeita á quantidade
de informação produzida e aos temas
abordados, bem como proposta de
questões de pesquisa futuras
Considerações
pessoais do autor
Severin V.
G., Stewart
A. L., &
Pamela J.
S.
A Review of
ERP Research:
A Future
Agenda for
Accounting
Information
Systems
2
0
1
1
Empresas de
contabilidade
com sistemas
de
planeamento
de recursos
implementado
s
Identificação dos fatores
críticos de sucesso na
implementação de sistema
de planeamento de recursos,
qual o seu impacto ao nível
da organização e qual o seu
impacto a nível económico
através de uma análise
extensiva da literatura sem
qualquer tipo de limitação
temporal e sem restrições ao
nível da fonte dos artigos
O aumento da complexidade dos
sistemas de planeamento de
recursos, face aos sistemas de
informação iniciais, como forma
de acompanhar as necessidades de
negócio das empresas
Identificação de quais as exigências feitas
aos contabilistas decorrentes da
implementação de sistemas de
planeamento de recursos e proposta de
métodos para que os contabilistas se
preparem para esta nova realidade
Estudo de caso
Carniege,
G. D. &
Napier, C.
J.
Accounting’s
past, present
and future: the
unifying power
of history
2
0
1
2
A profissão de
contabilista no
século XX e
no século XXI
Identificar semelhanças da
realidade atual com
comparativamente à obra
“Accounting history into the
twenty-first century” de
1996 publicada no
Accounting, Auditing &
Accountability Journal, e
perceber em que medida as
alterações ocorridas na
contabilidade no século XXI
foram influenciadas pela
literatura produzida em
séculos anteriores
Previsões feitas quanto ao futuro
da contabilidade no século XXI na
obra “Accounting history into the
twenty-first century” de 1996
publicada no Accounting,
Auditing & Accountability
Journal
A contabilidade do século XXI como uma
consequência do comportamento passado
dos contabilistas, das matérias
desenvolvidas pela literatura e da evolução
registada em outras áreas cientificas
Revisão da literatura
com opinião dos
autores
Anexo 2 - Artigos excluídos na RSL à luz da metodologia PICOS
Fase Autor(es) Título Ano P (População) I (Intervenção) C
(Comparação)
O
(Resultados)
S (Tipo de estudo)
Excluídos Apostolou, B.,
Hassell, J. M.,
Dorminey, J.
W. & Watson,
S. F.
Accounting
education
literature
review
(2010–2012)
2013 291 artigos e
104 estudos de
caso publicados em 6 revistas
cientificas de contabilidade
Revisão
extensiva dos
artigos e estudos de caso
publicados entre
2010-2012 com base em um
método dividido em 4 fases
Revisões
sistemáticas de
literatura no âmbito da contabilidade
Desenvolviment
o de novos
métodos de análise de artigos
científicos
considerados mais rigorosos pelos autores
Revisão
sistemática da
literatura
Albrecht, W.S.
& Sack, R.J.
Perilous
Future of
Accounting
Education
2001 Ensino superior
em contabilidade
Análise dos
fatores que provocaram
alterações no
ensino em contabilidade
Alterações no
ensino em contabilidade
Razões que
levaram à diminuição da
procura de
cursos de contabilidade
Revisão dos
autores com estudo de caso
Tempone, I. &
Martin, E.
Iteration
between
Theory and
Practice as a
Pathway to
Developing
Generic
Skills in
Accounting
2003 Estudantes de cursos
superiores em
contabilidade da Europa Oriental e Australia
Establecer uma ligação entre a
teoria e a prática
para desenvolver um
método de
aprendizagem de competências
técnicas
Atuais métodos de ensino em contabilidade
Reação dos alunos perante a
exposição a
problemas de contexto real
Estudo de caso
Walker, S. P. Innovation,
convergence
and
Argument
without End
in
Accounting
History
2008
Artigos
publicados pelo
Accounting, Auditing &
Accountability
Journal entre 1988 e 2008
Revisão
sistemática de
todos os artigos publicado ao
longo de 20 anos
pelo Accounting,
Auditing &
Accountability Journal
As principais
temáticas pelas
quais o Accounting,
Auditing &
Accountability Journal é catalogado
Identificação dos
principais temas
abordados pelo jornal e sugestão
de assuntos para
publicações futuras
Revisão
Sistemática da literatura
Bertalan, N. &
Napier, C. J.
The
Emergence
of the “new
accounting
history”
2013 Contabilistas e académicos em contabilidade
Analisar o surgimento do
“The New
Accounting
History” e de
que forma
influenciou as publicações em contabilidade
O conceito “The New
Accounting History”
Os principais catalisadores e
entraves à
evolução do
conceito “The
New Accounting History”
Revisão da Literatura