euridice figueiredo literatura comparada lo regional lo nacional lo transnacional.pdf

18
31 Literatura comparada: o regional, o nacional e o transnacional Eurídice Figueiredo* * Universidade Federal Fluminense/CNPq. RESUMO: O texto propõe uma revisão do conceito de Literatura Comparada a partir das mudanças operadas no mundo literário desde a descolonização dos países africanos e as diásporas de escritores que se instalaram nos países ocidentais, embaralhando o próprio conceito de Literatura Nacional. Em seguida, sugere a possibilidade de trabalhos comparativos entre as literaturas dos países que foram colonizados, longe da ideia de influência de literaturas centrais sobre as literaturas ditas periféricas. PALAVRAS-CHAVE: Literatura Comparada; literaturas diaspóricas; estudos pós-coloniais. ABSTRACT: This text proposes a revision of the concept of Comparative Literature considering the transformations that have taken place in the literary world since the decolonization of African countries. The work of diasporical writers who moved to Western countries calls into question the very notion of a National Literature itself. The text then suggests that it is possible to perform comparative studies of literatures of formerly colonized countries that differ from the traditional approach which focuses on the influence of Central Literatures on Peripheral ones. KEY WORDS: Comparative Literature; Diasporical Literatures; Post Colonial Studies.

Upload: lilibethzambrano

Post on 15-Dec-2015

14 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 31

    Literatura comparada: o regional, o nacional

    e o transnacional Eurdice Figueiredo*

    * Universidade Federal Fluminense/CNPq.

    Resumo: O texto prope uma reviso do conceito de Literatura Comparada a partir das mudanas operadas no mundo literrio desde a descolonizao dos pases africanos e as disporas de escritores que se instalaram nos pases ocidentais, embaralhando o prprio conceito de Literatura Nacional. Em seguida, sugere a possibilidade de trabalhos comparativos entre as literaturas dos pases que foram colonizados, longe da ideia de influncia de literaturas centrais sobre as literaturas ditas perifricas.PalavRas-chave: Literatura Comparada; literaturas diaspricas; estudos ps-coloniais.

    abstRact: This text proposes a revision of the concept of Comparative Literature considering the transformations that have taken place in the literary world since the decolonization of African countries. The work of diasporical writers who moved to Western countries calls into question the very notion of a National Literature itself. The text then suggests that it is possible to perform comparative studies of literatures of formerly colonized countries that differ from the traditional approach which focuses on the influence of Central Literatures on Peripheral ones.Key woRds: Comparative Literature; Diasporical Literatures; Post Colonial Studies.

  • 32 Revista Brasileira de Literatura Comparada, n.23, 2013

    Literatura Comparada: textos fundadores

    Tomo como mote para a minha reflexo o livro que Eduardo Coutinho e Tania Carvalhal organizaram em 1994 com o ttulo Literatura Comparada: textos funda-dores, no qual incluram artigos publicados de 1886 at 1974. O livro trouxe uma relevante contribuio para os estudos da rea, j que colocaram disposio do pblico brasileiro artigos escritos em vrias lnguas, dispersos em revistas ou livros de difcil acesso. Quase vinte anos de-pois, relendo o livro para escrever este texto, parece-me importante ressaltar alguns elementos. Considerando que a Literatura Comparada nasceu na Frana em torno de 1830 (JEUNE, 1994, p. 223), no surpreende que haja hegemonia da linha francesa no livro. No sculo XIX a nova disciplina se configurou a partir da ideia de centrali-dade da Literatura Francesa, cujo principal postulado era a influncia que exercia sobre as demais. O nacionalismo e a primazia da Frana eram os alicerces do pensamento que se delineava de maneira bastante inflexvel.

    A contrapartida veio dos professores (muitos deles emigrados europeus) dos departamentos das universida-des americanas, que adotaram uma posio mais aberta e mais cosmopolita. Muitos deles j no faziam distino rgida entre Literatura Geral ou Literatura Mundial e Literatura Comparada. Remak questiona a assertiva do crtico francs Van Tieghem segundo a qual a literatura comparada envolvia investigaes limitadas a dois pases. Por que uma comparao entre Richardson e Rousseau deveria ser classificada como literatura comparada, ao passo que uma comparao entre Richardson, Rousseau e Goethe [...] seria atribuda literatura geral? (REMAK, 1994, p. 186).Alm disso, uma nova questo metodol-gica se abria para o dilogo entre a Literatura e outras reas do saber. A definio de Remak bem ampla e se aproxima daquilo que se pratica at hoje.

    A literatura comparada o estudo da literatura alm das fronteiras de um pas especfico e o estudo das relaes entre, por um lado, a literatura, e, por outro, diferentes reas do conhecimento e da crena, tais como as artes

  • 33

    [...], a filosofia, a histria, as cincias, a religio etc. Em suma, a comparao de uma literatura com outra ou outras e a comparao da literatura com outras esferas da expresso humana (REMAK, 1994, p. 175).

    Note-se no livro de Coutinho e Carvalhal a au-sncia da Amrica Latina tanto como sujeito do discurso (no h autores latino-americanos) como objeto do dis-curso (no h meno s Literaturas Nacionais da regio seno de passagem). A frica e o Oriente aparecem uma ou outra vez nos textos como reas exticas que um dia viriam participar desse concerto de naes literrias. De-ve-se destacar tambm a ausncia de negros e demulhe-res.

    Ren Wellek mostra que h um paradoxo na evolu-o da literatura comparada j que, apesar de ela ter sur-gido como uma reao contra o nacionalismo limitado, como um protesto contra o isolacionismo, acabou desem-bocando numa competio entre pases, cada um queren-do provar que mais exerceu influncia sobre os demais ou que melhor assimilou um grande escritor estrangeiro (WELLEK, 1994, p. 112-114).

    Novas literaturas

    Passados quase 40 anos da publicao do ltimo texto que compe a antologia, o que mudou? Na Am-rica Latina aconteceu o chamado boom que inseriu, de maneira cabal, as literaturas hispnicas do subcontinente no cnone da literatura. Mas o fenmeno talvez mais im-pressionante foi a emergncia tanto de literaturas africa-nas quanto de literaturas de pases asiticos (como ndia e Paquisto) escritas nas lnguas europeias. Uma nova caracterstica mudou o mapa das grandes literaturas: es-critores tnicos (seja pela cor seja pela religio: negros, mestios, muulmanos), provenientes das antigas col-nias, deixaram seus pases e se radicaram nas metrpoles dos pases ocidentais comeando a dar novas configura-es s literaturas nacionais.

    As primeiras publicaes (tanto de poesia quanto

    Literatura comparada: o regional, o nacional e o transnacional

  • 34 Revista Brasileira de Literatura Comparada, n.23, 2013

    de romance ou teatro) de autores que viriam a ser con-siderados fundadores das novas literaturas africanas co-mearam em torno dos anos 1950: no mundo da fran-cofonia, Lopold Sdar Senghor (do Senegal) publicou a Anthologie de la nouvelle posiengre et malgaxe, em 1948, e Kateb Yacine (da Arglia) publicou o romance Nedjma, em 1956; no mundo de lngua inglesa, Chinua Achebe publicava o romance, recentemente traduzido entre ns, O mundo se despedaa, enquanto Wole Soyinka (ambos da Nigria) representava suas primeiras peas em Londres em 1958. As literaturas das antigas colnias portuguesas na frica emergem no mesmo movimento. Em 1953, publicado o caderno Poesia negra de expresso portuguesa, organizado por Francisco Jos Tenreiro e Mrio de An-drade, que, segundo Benjamin Abdalla, foi concebido na esteira da Antologia de Senghor, que recebera como pre-fcio o famoso texto de Sartre, Orfeu Negro (ABDALLA, 2008, p. 80). Um pouco mais tarde (1964), saa Luuanda, de Luandino Vieira, que se tornaria um clssico da litera-tura angolana. O que parece ser um denominador comum nessas literaturas, bem como em alguns autores do Caribe e da Amrica Hispnica, a tentativa de se apropriar da tradio literria, transformando-a de modo a integrar as tradies orais que caracterizam essas culturas.

    O barroco

    Em grande parte da obra desses autores predomina o barroco, que permite a mistura, o hibridismo, a profu-so de elementos que decorrem da mestiagem cultural. Severo Sarduy assinala que o barroco reflete estrutural-mente a desarmonia, a ruptura da homogeneidade, do logos enquanto absoluto, a carncia que constitui nosso fundamento epistmico, ou seja, os escritores barrocos fazem uma crtica da histria oficial, adotando uma viso crtica, contestatria.

    Barroco em sua ao de pesar, em sua queda, em sua lin-guagem afetada, s vezes estridente, multicor e catico, metaforiza a impugnao da entidade logocntrica que

  • 35

    at ento nos estruturava em sua distncia e sua autori-dade; barroco que recusa toda instaurao, que metafo-riza a ordem discutida, o deus julgado, a lei transgredida. Barroco da Revoluo (SARDUY, 1979, p. 178).

    Esses escritores barrocos fazem uma invocao pi-ca da Histria atravs da alegoria, da fantasmagoria, si-tuando-se numa viso revisionista que se insurge contra os paradigmas de modernizao difundida pelo Ocidente, ao mesmo tempo em que incorpora os elementos da tra-dio europeia, inclusive a do prprio barroco. H neles uma viso no linear e no naturalista da Histria. Se-gundo Chiampi, o barroco se dinamiza no nvel de uma temporalidade paralela que seria a da meta-histria: o nosso devir permanente, o morto que continua falando, um passado que dialoga com o presente por seus fragmen-tos e runas, quem sabe para preveni-lo de tornar-se te-leolgico e conclusivo (CHIAMPI, 1998, p. xvii).

    As histrias contadas pelos escritores barrocos se embaralham, se entranham, em metamorfoses que pro-duzem uma profuso de sentidos. As narrativas no so nem lineares nem mimticas, as intrigas e as relaes en-tre os personagens no so muito claras nem muito lgi-cas. O leitor encontra-se no terreno do indecidvel, h uma hesitao justamente porque os romances no so realistas (no sentido dos romances europeus do sculo XIX). A liberdade destes escritores decorre do fato de eles no terem a pretenso de desvelar a verdade; antes uma maneira de conservar uma liberdade que se abre a todas as liberdades. Incorpora-se a tradio rabelaisiana do barroco que a Frana havia apagado por sculos, intro-duzindo o riso, o erotismo, a carnavalizao, a linguagem desregrada e inovadora, o realismo grotesco.1

    Considerando que o Prmio Nobel no garantia de qualidade, mas constitui um sintoma de mudanas dos cnones, torna-se pertinente destacar o aumento signi-ficativo de no europeus que foram premiados, sobretu-do desde os anos 1980. Hispano-americanos tiveram seis prmios (trs antes de 1980, trs depois): Gabriela Mis-tral (Chile), em 1945, Miguel ngel Astrias (Guatema-la), em 1967, Pablo Neruda (Chile), em 1971, Gabriel

    Literatura comparada: o regional, o nacional e o transnacional

    1 Desenvolvo este aspecto no artigo O humor rabelaisiano de Patrick Chamoiseau e Mrio de Andrade, publicado na revista Alea: Estudos neo-latinos, vol. 7, n. 2, dez. 2005. Disponvel em www.scielo.br e retomado, com pequenas modificaes, no meu livro Representaes de etnicidade: perspectivas interamericanas de literatura e cultura (7letras, 2010).

  • 36 Revista Brasileira de Literatura Comparada, n.23, 2013

    Garcia Marquez (Colmbia), em 1982, Octavio Paz (M-xico), em 1990, Mrio Vargas Llosa (Peru), em 2010. O Caribe de lngua inglesa teve dois: Derek Walcott (Santa Lcia), em 1992, e V.S. Naipaul (Trinidad e Tobago), em 2001. A frica teve quatro: Wole Soyinka (Nigria), em 1986, Naguib Mahfouz (Egito), em 1988, Nadine Gordi-mer (frica do Sul), em 1991, John Coetzee (frica do Sul), em 2003. O Japo e a China tiveram dois cada um: Yasunari Kawabata (Japo), em 1968, e Kenzaburo Oe (Japo), em 1994; Gao Xingjian (China), em 2000, e Mo Yan (China), em 2012. A Turquia, um pas perifrico da Europa, teve um: Orhan Pamuk, em 2006. Merece des-taque o Nobel concedido escritora afro-americana Toni Morrison, em 1993.

    Um aspecto que afeta a percepo do nacional o fato de as lnguas europeias terem sido apropriadas e transformadas por esses escritores descentrados: so mui-tas as variaes de francs, ingls, espanhol e portugus. Acabou a relao, mesmo que tnue, da trade: um pas, uma lngua, uma literatura. Assim, novas apelaes sur-giram para designar o fenmeno - literaturas diaspricas, literaturas migrantes, literaturas transnacionais. Nesse panorama movedio, em que os antigos alicerces ruram, a Literatura Comparada j no pode mais ser a mesma.

    Do conceito de influncia ao de intertextualidade

    A literatura no mais apangio dos pases euro-peus, j que a cada ano surgem novos escritores, oriundos de pases quase desconhecidos do grande pblico, com formas literrias inovadoras. O conceito de influncia continua na berlinda. Ultrapassada a viso positivista do sculo XIX francs, ele foi apresentado, em artigo de 1967, pelo crtico russo Victor Zhirmunsky.2 Ele considerava que a influncia envolvia sempre a transformao social do modelo, ou seja, cada modelo reinterpretado e adap-tado s condies literrias e sociais que determinaram sua influncia, s novas relaes de tempo e espao, tradio literria nacional em geral e individualidade

    2 bom lembrar que a Unio Sovitica ocupa uma posio perifrica se comparada com a hegemonia francesa e norte-americana.

  • 37

    ideolgica, psicolgica e artstica do autor em questo (ZHIRMUNSKY, 1994, p. 208).Franco Moretti, em ar-tigo publicado em 2000, afirma que o romance europeu, transposto em culturas perifricas, revela uma conci-liao entre uma influncia formal ocidental (em geral francesa ou inglesa) e matrias locais (MORETTI apud VASCONCELOS, 2011, p. 68). Como Sandra Guardini Vasconcelos (2011, p. 68) aponta, a adoo de modelos abstratos para explicar a difuso do romance, tal como feito por Moretti, tende a deixar de lado o particular, ou seja, o objeto em seu contexto histrico.

    No Brasil, j h algum tempo, evita-se falar de in-fluncia, porque nela subjaz a ideia de uma relao de subalternidade das literaturas dos pases colonizados em relao s dos pases colonizadores. A crtica a essa rela-o de dependncia foi feita por ensastas brasileiros, den-tre os quais eu destacaria a figura de Silviano Santiago, no sentido de repensar o estatuto da literatura brasileira em relao s literaturas europeias, com destaque para arti-gos como O entre-lugar do discurso latino-americano (Uma literatura nos trpicos, de 1978), Apesar de depen-dente, universal (Vale quanto pesai, de 1982).

    Do ponto de vista da teoria do texto, desde Mikhal Bakhtin, Julia Kristeva e Roland Barthes, fala-se muito mais de intertextualidade, conceito mais neutro, que d conta do fato de que todo escritor , antes de tudo, leitor. Para Barthes, a escritura a destruio de toda voz, de toda origem. A escritura esse neutro, esse composto, esse oblquo aonde foge o nosso sujeito, o branco-e-preto onde vem se perder toda identidade, a comear pela do corpo que escreve (BARTHES, 1988, p. 65).3 Ao mos-trar que o texto um tecido de citaes (BARTHES, 1988), as quais, por sua vez, emanam de outros textos, Barthes dessacralizava a figura do autor como criador nico e autoconsciente do texto. Ao tirar o foco do autor, Barthes privilegiava o leitor, aquele que teria o encargo de dar sentido ao texto no processo de leitura: o leitor o espao mesmo onde se inscrevem, sem que nenhuma se perca, todas as citaes de que feita uma escritura; a unidade do texto no est em sua origem, mas no seu destino (BARTHES, 1988, p. 70).

    Literatura comparada: o regional, o nacional e o transnacional

    3 O tradutor usa a palavra es-critura para criture; eu prefiro usar o termo mais comum da lngua portuguesa, escrita, e creio que esta a tendncia atual.

  • 38 Revista Brasileira de Literatura Comparada, n.23, 2013

    Manifeste pour une Littrature-Monde enfranais

    No dia 16 de maro de 2007, o jornal Le Monde publicou um Manifeste pour une littrature-monde em franais, assinado por 44 escritores, dentre os quais Edou-ard Glissant, Tahar Ben Jelloun, Dany Laferrire e Maryse Cond. Alguns meses mais tarde, foi publicado um livro, Pour une littrature-monde, do qual participaram alguns dos signatrios do Manifeste e outros escritores que no o haviam assinado. Inicialmente preciso observar que o ponto de comparao postulado a existncia de uma literatura de lngua inglesa que no teria um rtulo an-logo a francfono e cujos autores produziram roman-ces ruidosos, coloridos, mestios, que diziam, com uma fora rara e palavras novas, o rumor destas metrpoles exponenciais em que se chocavam, se misturavam, se mesclavam as culturas de todos os continentes (Mani-feste, traduo minha). Na reivindicao dos signatrios do Manifeste, percebe-se a superao do nacional em benefcio de uma viso transnacional da literatura na medida em que a maioria deles pertence, ao mesmo tem-po, a vrias comunidades imaginadas (Anderson), ou seja, so escritores que vivem uma realidade de hibridis-mo e mestiagem.

    O livro Les littratures de langue franaise lheure de la mondialisation (2010), organizado por Lise Gauvin, pu-blicou o Manifeste pour une littrature-monde em franais, que estava indito em livro desde sua publicao no jor-nal. Este livro assinala a posio crtica dos quebequenses em relao ao Manifesto e a favor da francofonia literria, embora reconhea o rano colonial que subsiste no termo francofonia, tal como usado no terreno da poltica inter-nacional.

    Literatura do Commonwealth

    Contrariamente afirmao presente no Manifesto de que em ingls no haveria rtulo anlogo francofo-nia, Salman Rushdie, em artigo intitulado A literatura

  • 39

    do Commonwealth no existe, escrito em 1983 (1993, p. 77), mostrava que a expresso literatura do Com-monwealth utilizada ento para agrupar os escritores oriundos dos pases que outrora fizeram parte do Imprio Britnico era inapropriada, porque inclua escritores provenientes de pases que no faziam parte do Com-monwealth (como a frica do Sul e o Paquisto). Mas o argumento principal tinha a ver com as mesmas questes colocadas pelos signatrios do Manifeste pour une littra-ture-monde quase 25 anos depois, ou seja, que o termo ti-nha uma ressonncia paternalista e colonialista. Haveria, de um lado, a literatura inglesa propriamente dita a superior, a sagrada e, de outro lado, a literatura da pe-riferia que reagruparia um bando de rudes recm-chega-dos ao mundo das letras. Ele considerava particularmente desagradvel a expresso literatura do Commonwealth por ela se constituir em gueto de excluso. importante destacar que ele concebe a literatura inglesa como toda a literatura escrita em lngua inglesa, como Tahar Ben Jelloun considera que todos os que escrevem em fran-cs fazem literatura francesa (e no francfona). Assim, separar a literatura inglesa seria conferir-lhe um carter segregacionista nos planos topogrfico, nacionalista e talvez at mesmo racista (RUSHDIE, 1993, p. 79). A regra base que sustenta o edifcio do gueto literatura do Commonwealth seria que a literatura expresso da na-cionalidade, o que ele contesta. Assim, a recepo nos pases centrais varia: se os livros recriam tradies orais e populares, com elementos das culturas ancestrais, eles so apreciados, enquanto que aqueles que mesclam as tradi-es ou rompem com elas parecem suspeitos. O escritor ps-colonial , ento, acusado de falta de autenticidade. Ora, por que se exige autenticidade de um escritor afri-cano, asitico ou latino-americano, e no se exige auten-ticidade de um escritor francs ou ingls? Porque, como afirma Rushdie, a autenticidade a herdeira do velho exotismo. Ela exige que as fontes, as formas, o estilo, a lngua e os smbolos derivem todos de uma tradio pre-tensamente homognea e contnua (RUSHDIE, 1993, p. 83). A busca de autenticidade falaciosa, porque mes-mo as tradies so mltiplas e j misturadas, no existe

    Literatura comparada: o regional, o nacional e o transnacional

  • 40 Revista Brasileira de Literatura Comparada, n.23, 2013

    nada puro e homogneo, seno de forma abstrata e ima-ginria. Nimrod, escritor nascido no Chade, afirma que o que os racistas europeus recusam a mestiagem cultural:

    O que dizer do escritor africano? Tudo se passa como se ele tivesse de produzir uma literatura extica destina-da aos europeus e a si prprio, o que leva a destinar nostalgia uma frica que desapareceu h muito tempo [...] A literatura atravessa sua existncia e o leva a es-crever no uma literatura de africanos autnticos mas a de africanos urbanos em todos os sentidos do termo que a prova inaudita do mestio cultural em que eles se transformaram (NIMROD, 2007, p. 223).

    A exigncia de representar o autenticamente na-cional coloca-se to somente para os perifricos, porque ningum pergunta sobre a francidade dos escritores fran-ceses nem sobre a anglicidade dos escritores ingleses. A criao literria, nos dias de hoje, tanto nos pases cen-trais quanto nos pases que passaram pelo processo de co-lonizao, no segue paradigmas rgidos.

    Lusofonia?

    No que se refere aos pases africanos de lngua por-tuguesa, o termo lusofonia tende a no ser apreciado por atrel-los de modo simblico a Portugal, como salienta Laura Padilha (2007), que v a lusofonia como extenso do lusismo, maneira de afirmao de Portugal. Ela consi-dera que lusofonia significa mais do que o simples aspecto lingustico e, nesse sentido, vai de encontro posio de Eduardo Loureno.

    Como nos espaos de lngua francesa e inglesa, o portugus foi transformado para se moldar s peculiari-dades da vida cultural dos diferentes pases africanos e, principalmente, para incorporar elementos da tradio oral, como acontece em outras reas diglssicas, ou seja, pases que falam mais de uma lngua, com estatutos dife-rentes (a lngua ocidental e outra/s lngua/s grafa/s). Essa reinveno lingustica e cultural da lngua portuguesa foi chamada por David Mestre de geogramtica (PADI-LHA, 2007, p. 106).

  • 41

    Do ponto de vista da legitimao, publicao e dis-tribuio de livros, os autores africanos ainda passam por Lisboa, mas de se destacar a amplitude do mercado edi-torial brasileiro que abre as portas para esses escritores. E tambm importante lembrar que os laos com o Brasil so antigos, j que os primeiros escritores, que participa-ram dos movimentos de independncia, foram leitores dos brasileiros, como Guimares Rosa e Jorge Amado, o que provocou uma transversalidade bastante produtiva.

    Lngua e linguagem

    Rushdie ressalta que a flexibilidade do ingls possi-bilita que escritores de vrias partes do globo o reinventem para exprimir suas necessidades. A partir da etimologia de traduzir traducere, levar alm o autor afirma que eles so homens traduzidos, pois foram levados para longe de seus locais de nascimento. Apesar de normalmente se dizer que se perde no processo de traduo, Rushdie aposta que se pode tambm ganhar (1993, p. 28). O fato de eles terem uma dupla perspectiva, de dentro e de fora, permite que sua viso estereoscpica (RUSHDIE, 1993, p. 30) seja particularmente interessante.

    De maneira semelhante, escritores africanos como Nimrod afirmam que eles inventaram uma nova maneira de escrever em francs, porque exprimem realidades que so parcialmente distantes da cultura e da sensibilidade francesas. O francs consegue falar nossas lnguas sem deixar de ser francs (NIMROD, 2007, p.230). Patrick Chamoiseau, Raphal Confiant e Jean Bernab, no Eloge de lacrolit, explicam como os antilhanos conquistaram a lngua francesa: Ns estendemos o sentido de certas pa-lavras. Ns desviamos outros. E metamorfoseamos muito. Ns a enriquecemos tanto no lxico quanto na sintaxe. Ns a preservamos em muitos vocbulos cujo uso se per-dera. Em suma, ns a habitamos. Em ns, ela ficou viva. Nela, ns construmos nossa linguagem (BERNAB; CHAMOISEAU; CONFIANT, 1989, p. 47, grifos dos autores, traduo minha).

    Edouard Glissant concebe a crioulizao como um

    Literatura comparada: o regional, o nacional e o transnacional

  • 42 Revista Brasileira de Literatura Comparada, n.23, 2013

    processo de transformao da linguagem na narrativa an-tilhana, que se nutre dos contos crioulos e adota a eco-nomia da lngua crioula no interior da lngua francesa. preciso abrir caminho atravs da lngua em direo de uma linguagem que no reside talvez na lgica interna dessa lngua. A potica forada nasce da conscincia des-sa oposio entre uma lngua de que se serve e uma lin-guagem da qual se necessita (GLISSANT, 1981, p. 237). A crioulizao pretende engendrar uma linguagem capaz de tecer as poticas crioulas, barrocas, presentes na orali-dade tradicional, em contraste com a economia da lngua francesa, muito mais concisa, clara e clssica.

    E as possibilidades de leitura de autores de ori-gens muito variadas aumentam, facilitadas pela rapidez com que as obras literrias so traduzidas. Trata-se de uma polinizao cruzada (RUSHDIE, 1993, p. 31), em grande parte devido multiplicao dos centros e maior divulgao e circulao de bens culturais no mun-do globalizado. Assim, cada escritor pode escolher seus predecessores a partir de suas afinidades eletivas. Salman Rushdie, por exemplo, coloca-se como herdeiro de Ggol, Cervantes, Kafka, Melville e Machado de Assis, uma r-vore genealgica poliglota, dos quatro cantos do mundo. Decididamente, os escritores que esto produzindo uma literatura transnacional eliminaram todo tipo de gueto, seja ele nacional, territorial ou lingustico.

    Repblica mundial das letras

    Como os escritores antilhanos e africanos de lngua francesa, Rushdie postula que a lngua inglesa deixou de ser propriedade dos ingleses h muito tempo e que, nesse sentido, no h mais centro. Destruir o centro tem como corolrio destruir a noo de periferia, qual so relega-dos os escritores provenientes da imigrao. Este ponto importante como matria de discusso. No caso do in-gls, a colocao parece ser bastante apropriada, porque o poderio americano desestabilizou a posio da Inglaterra enquanto centro. J os escritores canadenses de lngua inglesa, prximos demais dos Estados Unidos, preferem

  • 43

    reforar o polo de Londres, que lhes fornece um capital cultural em contraposio dominao do seu vizinho do sul (CASANOVA, 1999, p. 176). Entretanto, no caso francs, Paris continua a exercer uma primazia tanto pol-tica quanto cultural no espao francfono e, como aponta Pascale Casanova, se ela desempenhou o papel de centro de consagrao para inmeros escritores norte-america-nos (Faulkner, os negros a partir do movimento do Har-lem Renaissance) e latino-americanos (sobretudo do cha-mado boom), paradoxalmente, para os escritores de lngua francesa, Paris no pode funcionar como uma espcie de terceiro lugar especfico (CASANOVA, 1999, p. 177). Como no h outro local que possa exercer a funo de centro de consagrao, o mal-estar e a marginalizao dos escritores francfonos redundaram no Manifesto. No caso das literaturas africanas de lngua portuguesa, Lisboa ainda conserva seu poder de legitimao e de divulgao de livros e escritores, embora o peso demogrfico e edito-rial do Brasil tenda a desequilibrar a balana de Portugal. Assim, preciso reconhecer que as capitais dos antigos e atuais imprios Paris, Londres, Lisboa, Nova York ainda so centrais no jogo do poder cultural, e no por acaso que nessas grandes cidades que os escritores de todo mundo se encontram e dialogam.

    Assistiu-se, nas ltimas dcadas, renovao do romance pela interveno de autores vindos do Sul, como observa Milan Kundera: uma nova grande cultura romanesca caracterizada por um extraordinrio sentido do real ligado a uma imaginao desenfreada que ul-trapassa todas as regras da verossimilhana (KUNDE-RA,1993, p.43). Salman Rushdie tambm aponta para o carter inovador da produo dos pases pobres e das minorias deserdadas dos pases ricos e para o intercmbio e a intertextualidade existentes entre diferentes regies do planeta: por exemplo, o realismo mgico latino-ame-ricano foi absorvido e reciclado por escritores da ndia, como ele prprio (1993, p. 85). Haveria uma repblica mundial das letras para usar a expresso de Pascale Casanova sem fronteiras polticas e lingusticas. Mas, paradoxalmente, se os autores das periferias esto mais aptos a renovar do que os escritores dos centros literrios,

    Literatura comparada: o regional, o nacional e o transnacional

  • 44 Revista Brasileira de Literatura Comparada, n.23, 2013

    a nos grandes centros que os escritores do sul devem ser consagrados, para terem uma oportunidade de sobreviver.

    No por acaso que os escritores de lngua fran-cesa que reivindicam a pertena a uma literatura-mun-do se comparam aos escritores de lngua inglesa que so, hoje, os mais inovadores, os mais vendidos e os mais ci-tados. Abaixo deles viriam os latino-americanos, tanto os romancistas do boom quanto novos escritores, como Ro-berto Bolao, Rodrigo Fresn, Santiago Gamboa e outros. Com algumas excees, naturalmente, pode-se afirmar que os maiores prosadores da contemporaneidade so pessoas com duplas ou mltiplas identidades, pessoas que no esto coladas a nenhuma nao de modo monoltico, pessoas hbridas que se situam no entre dois, no entrelu-gar.

    Temas da ABRALIC

    Creio que os temas dos congressos da ABRALIC de 2011 e 2013, respectivamente Centro, centros e A in-ternacionalizao do regional esto conectados s ques-tes que estou levantando, porque tm a ver com a noo de Universal propalada pelo Ocidente, que, vendo-se como centro, relegava ao folclore e ao exotismo tudo o que no se conformasse com ele. Se, historicamente, houve, na Amrica Latina, a oposio entreregionalis-mo (geralmente associado a romance rural) e cosmopo-litismo/universal, isso se deve ao fato de se considerar o primeiro como sendo atrasado enquanto o urbano teria carter universal e seria, portanto, associado ao moderno (ao centro).

    Ora, agora, no sculo XXI, as barreiras parecem borradas: escritores que tm os ps fincados na regio so to universais quanto aqueles que situam seus romances nos grandes centros urbanos. Por outro lado, num mundo globalizado e caminhando para a homogeneizao, eles tornam-se valorizados no mercado internacional justa-mente porque tm um diferencial a oferecer. Para citar um exemplo: os romances e novelas de Milton Hatoum

  • 45

    no s se passam sempre em Manaus como se nutrem da complexidade sciocultural da Amaznia. E foi por essa razo que foi convidado pela editora escocesa Canonga-tea participar da coleo Mitos, cuja proposta era de que escritores produzissem novelas-releituras de lendas de seu pas. Assim nasceu rfos do Eldorado, livro imediata-mente traduzido para o ingls para a tal coleo.

    A prpria noo de regio tende a se alargar no sentido postulado por ngel Rama e Ana Pizarro, ou seja, as grandes regies ultrapassam as fronteiras nacionais e lingusticas. Assim, o Cone Sul, a Amaznia e o Cari-be so macro-regies marcadas por uma histria e uma cultura comuns, o que permite estudos comparados que levem em conta essa dimenso. Samos, assim, do eixo Norte-Sul, ou seja, Europa versus os pases por ela colo-nizados, para trabalhar no eixo Sul-Sul, aprofundando as ligaes existentes entre as literaturas das macro-regies. A regio j se internacionalizou h muito tempo, s Ca-rolina no viu.

    Concluso

    A clausura do/no nacional tem impedido a com-preenso de que movimentos e tendncias surgidos em um pas ou rea lingustica tm correlao com outros muito mais amplos que atingem outras regies, consti-tuindo-se em macro-regies. Assim, as inter-relaes que se podem vislumbrar no presente podem suscitar outros desdobramentos a fim de se detectarem as linhas de fora das literaturas colocadas assim em dilogo.

    A internacionalizao do regional se d porque no-vas redes transnacionais se formam permitindo a circula-o de ideias e a criao de novos padres de comporta-mento, novos gostos, muitos deles bastante hibridizados. Um exemplo analisado por Marilene Weinhardt (2013) o romance Rolide, de Homero Fonseca. No se pode deixar de evocar a Bollywood da ndia, similar, portan-to, Rolide do Nordeste brasileiro, ambos remetendo a Hollywood, a meca do cinema americano. Estamos todos no mesmo mundo globalizado, para o bem e para o mal.

    Literatura comparada: o regional, o nacional e o transnacional

  • 46 Revista Brasileira de Literatura Comparada, n.23, 2013

    Nesse mundo em que os trnsitos se do tanto de forma real quanto virtual, em que a polinizao cruzada de que fala Rushdie torna-se regra em vez de ser exceo, a Literatura Comparada se impe como disciplina aber-ta para a experincia da outridade, porque a experincia de escritores e leitores no se circunscreve aos limites de uma nao. Embora as grandes reas lingusticas tenham um canal de comunicao j dado de antemo, a media-o da traduo impe-se cada vez mais, permitindo que mais leitores tenham acesso a obras de todos os recantos do planeta.

    Referncias

    ABDALLA JR., Benjamin. Imaginrio social e Globalizao. In: SANTOS, Ana Cristina dos, ALMEIDA, Cludia, PON-TES JR., Geraldo (Orgs.). Relaes literrias internacionais II. Rio de Janeiro, Niteri de Letras, EdUFF, 2008. p.73-84.BARTHES, Roland. O rumor da lngua. Traduo de Mrio Laranjeira. Prefcio de Leyla Perrone-Moiss. So Paulo: Bra-siliense, 1988.BERNAB, Jean, CONFIANT, Raphal, CHAMOISEAU, Pa-trick. Eloge de lacrolit. Paris: Gallimard, 1989.CANDIDO, Antonio. Literatura e subdesenvolvimento. In: MORENO, Csar Fernndez. Amrica Latina em sua literatura. So Paulo: Perspectiva, 1979.CASANOVA, Pascale. La Rpublique mondiale des lettres. Paris: Seuil, 1999.CHIAMPI, Irlemar. Barroco e modernidade. Ensaios sobre litera-tura latino-americana. So Paulo: FAPESP/ Perspectiva, 1998.COUTINHO, Eduardo F., CARVALHAL, Tania Franco. Lite-ratura Comparada. Textos fundadores. Rio de Janeiro: Rocco, 1994.FIGUEIREDO, Eurdice. Representaes de etnicidade: pers-pectivas interamericanas de literatura e cultura. Rio de Janei-ro:7letras, 2010.GAUVIN, Lise (Org). Les littratures de langue franaise lheu-re de la mondialisation. Montral: Constantes/Acadmie des Le-ttres du Qubec/Hurtubise, 2010.

  • 47

    GLISSANT, Edouard. Le discoursantillais. Paris: Seuil, 1981.________. Introduction une potique du divers.Paris: Galli-mard, 1996.________. Potique de la Relation. Paris: Seuil, 1990.HALL, Stuart. Da dispora. Identidades e mediaes culturais. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.JEUNE, Simon. Literatura geral e literatura comparada. In: COUTINHO, Eduardo F., CARVALHAL, Tania Franco. Lite-ratura Comparada. Textos fundadores. Rio de Janeiro: Rocco, 1994. p. 219-240.KUNDERA, Milan. Testaments trahis. Paris : Gallimard, 1993. LE BRIS, Michel, ROUAUD, Jean (dir.). Pour une littrature-monde. Paris: Gallimard, 2007.MANIFESTE pour une littrature-monde en franais. Le Monde. 16 mars 2007. Disponvelem: .Acessojulho de 2007.NIMROD. La nouvelle chose franaise. Pour une literature dcolonise. In: LE BRIS, Michel, ROUAUD, Jean (dir.). Pour une littrature-monde. Paris: Gallimard, 2007.PADILHA, Laura Cavalcanti. A frica e suas fonias Im-passes e resgates. In: PONTES, Geraldo, ALMEIDA, Cludia (Orgs.). Relaes literrias internacionais. Rio de Janeiro, Ni-teri: de Letras, EdUFF, 2007. p. 103-116.PIZARRO, Ana. El Sur y los Trpicos. Ensayos de cultura latino americana. Cuadernos de Amrica sin nombre. N. 10. Alican-te: Universidad de Alicante, 2005.REMAK, Henry H. H. Literatura comparada: definio e fun-o. In: COUTINHO, Eduardo F., CARVALHAL, Tania Fran-co. Literatura Comparada. Textos fundadores. Rio de Janeiro: Rocco, 1994. p.175-190.RUSHDIE, Salman. Patries imaginaires. Essais et critiques 1981/1991. Traduit par Aline Chatelin. Paris: Christian Bour-gois Editeur, 1993.SANTIAGO, Silviano. Uma literatura nos trpicos. So Paulo: Perspectiva, 1978.______.Vale quanto pesa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.SARDUY, Severo. O Barroco e o Neobarroco. In: FERNN-DEZ MORENO, Csar (coordenao e introduo). Amrica Latina em sua literatura. Traduo Luiz Joo Gaio. S. Paulo: Perspectiva, 1979.VASCONCELOS, Sandra Guardini Teixeira. Sobre o trnsito das formas literrias: o caso do romance. In: WEINHARDT, Marilene, CARDOZO, Maurcio Mendona. Centro, centros. Literatura e Literatura Comparada em discusso. Curitiba: Edi-tora UFPR, 2011. p. 57-80.

    Literatura comparada: o regional, o nacional e o transnacional

  • 48 Revista Brasileira de Literatura Comparada, n.23, 2013

    WEINHARDT, Marilene. Trnsito possvel entre as trs ins-tncias Modelo buscado na criao ficcional. In: LCIO, Ana Cristina Marinho, MACIEL, Digenes Andr Vieira. Me-mrias da Borborema. Reflexes em torno do regional. Campina Grande: Abralic, 2013.WELLEK, Ren. A crise da literatura comparada. In: COU-TINHO, Eduardo F., CARVALHAL, Tania Franco. Literatura Comparada. Textos fundadores. Rio de Janeiro: Rocco, 1994. p.108-119.ZHIRMUNSKY, Victor M. Sobre o estudo da literatura com-parada. In: COUTINHO, Eduardo F., CARVALHAL, Tania Franco. Literatura Comparada. Textos fundadores. Rio de Janei-ro: Rocco, 1994. p. 199-214.