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A CONSTRUÇÃO DE UMA BOLA DE FUTEBOL E O ENSINO DA GEOMETRIA EUCLIDIANA: uma experiência no 9º ano do ensino fundamental
Autora: Maria das Graças de Oliveira1 Orientadora: Talita Secorun dos Santos2
Resumo: Este trabalho refere-se a um projeto aplicado em parceria com o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE e a Secretaria de Estado da Educação do Paraná – SEED para uma turma do 9º Ano, do período matutino, do Colégio Estadual Carlos Gomes de Ubiratã-PR. A experiência teve como objetivo, desenvolver metodologias práticas para despertar o interesse dos alunos para o aprendizado da Geometria Euclidiana a partir dos sólidos geométricos, harmonizando as figuras presentes para a construção de uma bola de futebol. Foi analisado o conhecimento prévio dos alunos para possibilitar a compreensão teórica e também estabelecer relações na prática. A importância deste trabalho está na relevância do tema para a disciplina de matemática, tendo em vista que enfatiza as Diretrizes Curriculares da Educação Básica (DCE), bem como as propostas inseridas para a formação do aluno como sujeito para uma vida criativa e reflexiva sobre suas ações. A metodologia aplicada procedeu de revisão de literatura com fundamentos teóricos em autores como Pavanello (1989), Fonseca (2008) e Lorenzato (1995). Os resultados evidenciaram que a Geometria tem um papel fundamental para a leitura do mundo, e a experiência com a turma, foi significativa e enriquecedora, conduzindo a resultados positivos e satisfatórios. Palavras-chave: Planificação. Geometria. Bola. Desenvolvimento. Aprendizagem.
INTRODUÇÃO
A Matemática com suas múltiplas funções, se bem utilizada com sua
interpretação, lógica e dedutiva, é também uma excelente forma de colaborar para a
resolução dos problemas decorrentes do cotidiano. Todavia, o ensino de matemática
apresenta desafios que compreendem o uso de metodologias que podem despertar
o interesse pelos conteúdos e a dinâmica do aprendizado através da transformação
do próprio conhecimento, sendo mediado pelo educador como um ensino que
oportuniza ao aluno conhecer e compreender suas bases como cidadão. Nesse
contexto, as DCE esclarecem que a educação de matemática almeja um ensino que
possibilite ao educando analisar, discutir, apropriar de conceitos e formular ideias
(PARANÁ, 2008). 1 Professora da Rede Pública do Estado do Paraná, na disciplina de Matemática. Endereço
eletrônico: [email protected] 2 Professora na Universidade Estadual do Paraná/Campus de Campo Mourão. Endereço eletrônico:
Dentro dessas perspectivas, a Geometria é um dos campos da matemática
que explora o conhecimento através das figuras, linhas, formatos, dimensões e
posições, as quais fazem parte do cotidiano das pessoas em diversas esferas da
sua prática diária. Entretanto, é considerável que a aprendizagem sobre os Sólidos
Geométricos possibilita ao aluno um entendimento sobre o espaço onde está
inserido, e com isso, possa construir suas próprias bases de aprendizagem. Nesse
contexto, as DCE especificam que o conteúdo de Geometria no ensino fundamental,
tem o espaço como referência de modo que o aluno consiga analisá-lo e perceber
seus objetos para, então, representá-lo (PARANÁ, 2008).
Dessa maneira, “a geometria é uma das partes mais importantes do currículo
matemático e possibilita ao aluno desenvolver um pensamento especial, na
compreensão do mundo onde ele está inserido” (BRASIL, 1998, p.51).
Seguindo estes fundamentos teóricos, a proposta deste trabalho partiu de um
estudo detalhado sobre as figuras geométricas e a planificação dos sólidos
geométricos para a construção de uma bola de futebol. A implementação do projeto
foi aplicado em uma turma do 9º ano da modalidade do ensino fundamental, do
Colégio Estadual Carlos Gomes – Ensino Fundamental e Médio, do município de
Ubiratã-PR, com o objetivo de desenvolver metodologias empregadas na prática
escolar para despertar o interesse do aprendizado dos sólidos geométricos e a
harmonização das figuras presentes na construção de uma bola de futebol.
Entretanto, buscou-se identificar ferramentas metodológicas capazes de despertar o
aprendizado para a construção do conhecimento no cotidiano, bem como para a
reflexão e a assimilação da aprendizagem no processo de formação do sujeito.
O ENSINO DA GEOMETRIA EUCLIDIANA PARA A CONSTRUÇÃO DA
APRENDIZAGEM
A educação brasileira tem como característica o ensino voltado para a
diversidade, no campo que influencia os conteúdos a serem trabalhados e como
devem ser trabalhados de modo a atender as especificidades de cada educando,
oferecendo-lhes os caminhos e as oportunidades necessárias para sua construção
como sujeito autônomo de conhecimentos. Assim sendo, Tahan (1984, p.218)
explica que a matemática a “senhora que ensina o homem a ser simples e humilde,
é a base de todas as Ciências e de todas as Artes”.
Todavia, é com as virtudes de compreender a matemática que se pode
construir o aprendizado, tendo como referência as bases que ampliam o ensino e
transforma o conhecimento. Esse tipo de trabalho dará ao aluno a oportunidade de
observar, descobrir, criar, levantar hipóteses. Pois, segundo Freire (1996), os
homens se fazem no trabalho e na ação-reflexão, para que o ensino de matemática
não seja visto pelo aluno como algo pronto em que ele não pode opinar e
demonstrar seu método, ou seja, a sua maneira de descobrir. O referido autor
chama essa caracterização da matemática de Educação Bancária por ser
transmitida de maneira imposta do professor para o aluno, de forma que o professor,
que já tinha o conhecimento, o deposita no aluno, assim, o professor passa ser o
depositante e o aluno o depositário. É uma prática que torna o aluno um ser passivo
que apenas recebe, memoriza e repete aquilo que o professor vai produzindo.
Nesse sentido, cabe ao educador buscar métodos para o ensino de
matemática, visando contribuir com a consistência da teorização, na construção do
sujeito como cidadão, para que ele possa inserir-se e ampliar seus conhecimentos e
aprendizagens (PARANÁ, 2008).
De acordo com as DCE, a matemática é dividida em quatro grandes eixos
temáticos, que são segundo Paraná (2008):
Números e Operações: Conhecimento dos números naturais e números
racionais, como instrumentos eficazes para resolver determinados problemas.
Geometria: Os conceitos geométricos desenvolvem um tipo especial de
pensamento que permite ao aluno compreender, descrever e representar de forma
organizada o mundo em que vive.
Grandezas e Medidas: Este bloco é de caráter prático e utilitário. As
atividades em que as noções de grandezas e medidas são exploradas proporcionam
melhor compreensão de conceitos relativos ao espaço e às formas.
Tratamento da Informação: Integram este bloco noções de estatística, de
probabilidade e de combinatória.
Num estudo mais detalhado sobre a geometria, Bolda (1997, p.158) revela
que “a visualização de uma figura não ocorre em um simples olhar. Ela é muito mais
complexa, pois, todo objeto visível pode não só ter diferentes maneiras de ser
descrito, mas também de ser visto”.
A manipulação das figuras geométricas serve de construção para o
aprendizado e enriquecimento das metodologias de ensino, que permitem ao aluno
explorar os campos do cotidiano em suas bases empíricas e desenvolver
habilidades na escola. Por isso, a exploração de objetos para que os alunos possam
perceber e analisar a contextualização geométrica possibilita a construção de suas
fontes para a aprendizagem na elaboração de uma bola de futebol. Entretanto, é na
representação do cotidiano, que o aluno deve compreender suas bases teóricas e
constituir um aprendizado pautado nas suas experiências. Nesse contexto, as DCE
especificam pontos importantes a serem identificados nos aspectos geométricos:
A Geometria Plana, como: ponto, reta e plano; paralelismo e perpendicularismo; estrutura e dimensões das figuras geométricas planas e seus elementos fundamentais; cálculos geométricos: perímetro e área, diferentes unidades de medidas e suas conversões; representação cartesiana e confecção de gráficos (PARANÁ, 2008,p.56).
Assim, com a visualização e a identificação dos conteúdos que tematizam a
Geometria Plana e Espacial, os alunos passam a compreender melhor seus espaços
e a utilidade do aprendizado sobre os conteúdos. Além disso, é necessário criar
mecanismos de produção, nos quais eles possam produzir objetos e por meio
destes, possam perceber, conhecer e aprender o dinamismo dos sólidos
geométricos.
Geometria espacial: nomenclatura, estrutura e dimensões dos sólidos geométricos e cálculos de medida de arestas, área das faces, área total e volume de prismas retangulares (paralelepípedo e cubo) e prismas triangulares (base triângulo retângulo), incluindo conversões (PARANÁ, 2008, p.56).
De acordo com Gutierrez (1991 apud Becker, 2009, p.27), o trabalho com a
visualização geométrica e representações de sólidos nos planos tridimensionais e
bidimensionais, “despertam habilidades que permitem o aluno, criar, mover, analisar
e transformar imagens mentais de objetos tridimensionais geradas através de
informações dadas por meio de um desenho plano”.
Conforme (Paraná, 2008), as DCE esclarecem que, é necessário que o
processo pedagógico em Matemática contribua para que o estudante tenha
condições de constatar regularidades, generalizações e apropriação de linguagem
adequada. Com as condições oportunizadas por meio das metodologias planejadas
pelo educador, é que o aluno se desenvolve com capacidades para descrever e
interpretar fenômenos matemáticos e de outras áreas do conhecimento.
Freire (1987) reforça a ideia de que o homem dialógico sabe que, o poder de
fazer, de criar, de transformar, é um poder dos homens. Mas, se o ser humano não
se desenvolver, podem em situação concreta, se tornar alienados e ter o poder
prejudicado. Essa possibilidade deve servir de desafio para transformar uma
situação opressora, pois, somente o diálogo, que implica um pensar crítico, é capaz,
também, de gerá-lo.
Contudo, o ensino da Geometria deve ser feito de forma contextualizada e
criativa, com métodos que despertam o cognitivo e dê condições para o
desenvolvimento da aprendizagem. No processo ensino e aprendizagem, professor
e aluno devem estar centrados em um mesmo caminho, com visões educacionais
que se tornam importantes para a evolução de cada cidadão. Nessas perspectivas, a
aprendizagem da Geometria pode servir de utilidade para as pessoas em suas
atividades humanas, podendo ser percebida até na natureza, estando presente de
forma explícita ou implícita, com grande influência no desenvolvimento humano.
APLICAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS METODOLÓGICAS
O conteúdo foi desenvolvido por meio de aulas expositivas e diálogos, com
textos que abordam o uso cotidiano dos Sólidos Geométricos, e a construção de
figuras geométricas, atividades práticas na elaboração de objetos diversos (cubo,
paralelogramo e prismas) com produções individuais; além da construção de uma
bola de futebol em equipes com três alunos.
As atividades foram desenvolvidas em etapas, assim distribuídas:
Na primeira etapa fizemos a aplicação do questionário inicial com questões
dissertativas, que foram respondidas, individualmente de acordo com as
capacidades e condições de cada aluno. O nosso objetivo foi investigar o
conhecimento prévio de cada aluno sobre as bases da geometria e suas utilidades
no dia a dia relacionados à escola, atividades domésticas, atividades sociais e
outras.
Na segunda etapa dialogamos com os alunos acerca da proposta de
construção da bola de futebol, e em seguida fizemos a leitura de poemas: “tão visível
e vivenciada quanto despercebida”, da autora Ruth Nunes Dualibi; e “para quê
estudar geometria” do autor Antônio José Crespo Moreira. Foi realizado um diálogo
com interação dos alunos, sobre o uso da Geometria nos aspectos do dia a dia, para
que fosse possível ao mesmo tempo desenvolver o aprendizado, conhecer e
conviver com as condições de construir-se como sujeito. E também foi feito a
representação do poema em forma de desenhos. O nosso objetivo foi proporcionar
aos alunos uma atividade prática, embasada na práxis escolar para despertar o
interesse pela geometria e suas aplicações na construção de novos olhares para as
vivências e experiências do dia a dia.
A terceira etapa foi dividida em três fases. Na primeira foram trabalhados
no caderno, com uso de régua e compasso,várias figuras planas para identificar
seus elementos, como: base, altura, ângulos e simetria. O objetivo foi desenvolver
as perspectivas de cálculos, diferenciando as articulações do perímetro e da área
com uso de ferramentas como régua e compasso, considerando importante o
aprendizado do manuseio desses elementos, além de ampliar as vertentes para
determiná-los por meio de fórmulas a área da região limitada pela figura,
conhecendo as unidades utilizadas para medir superfícies.
Na segunda fase desenvolvemos atividades com os sólidos geométricos,
por meio de embalagens de alimentos, remédios e cosméticos, planificando e
reconstruindo mesmos os formatos os Sólidos Geométricos. Objetivamos com isso
trabalhar os modelos de planificação e reconstrução das embalagens com formas
variadas, compreendendo a face, aresta e vértice, bem como, explorar os recursos
tecnológicos para a construção dos sólidos geométricos no GeoGebra.
Na terceira fase foi trabalhado o vídeo3 sobre a Construção da bola de
futebol, para que os alunos pudessem interagir com o aprendizado. Em seguida,
iniciou-se a construção da bola de futebol, trabalhando a edificação das figuras
geométrica (pentágono e Hexágono) em folha de papel sulfite. Os dois polígonos
foram desenvolvidos utilizando-se também do software GeoGebra, para que os
educandos pudessem fazer comparações com a construção tradicional e
tecnológica. Para a elaboração da bola de futebol, as figuras foram transferidas do
papel sulfite para o papel cartão com duas cores diferentes para que os polígonos
fossem destacados. Esses foram polígonos regulares 5 centímetros de lado. Com
3 RODRIGUES (2010). Construção de bola com pentágonos e hexágonos regulares. Disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=sgBuivUhOSk.
isso pretendíamos tornar o ensino da geometria interessante e criativo, unindo teoria
e prática, demonstrando que vai muito além de cálculos numéricos, pois é por meio
dela que se constroem objetos, elementos e espaços.
Aplicamos o questionário final na quarta etapa, buscando resgatar o
desenvolvimento do aluno enquanto a aprendizagem proporcionada por meio das
metodologias aplicadas.
Na última etapa fizemos a análise dos dados coletados, com exposição dos
resultados e dos trabalhos realizados pelos alunos para outras turmas de 9º ano.
Foram considerados a participação, o diálogo, as perguntas, as curiosidades, as
vivências, como estratégias no processo de ensinar e aprender. Também de
maneira dialógica, foi problematizado o uso de outros materiais, levando em
consideração a análise dos custos que envolvem a construção da bola como um
objeto comercial.
A princípio, o desenvolvimento deste projeto partiu da escolha da turma,
sendo o 9º Ano A, pelo fato de preparar melhor os alunos para a aprendizagem mais
aprofundada da geometria, tendo em vista que a turma encerra um nível de
modalidade de ensino.
APLICAÇÃO E RESULTADOS DA CONSTRUÇÃO DA APRENDIZAGEM
Inicialmente foi feito um questionário com a turma, o qual permitiu ter uma
visão do conhecimento prévio sobre a geometria. Foi notável neste momento certa
apreensão, devido algumas dúvidas e dificuldades apresentadas pelos alunos em
relação a algumas questões, como: por quê a geometria é ensinada na escola, e
quais as diferenças entre a geometria plana e a espacial, porém, com auxílio e apoio
da professora, utilizando figuras planas e sólidos geométricos e também
apresentando exemplos, as dúvidas foram esclarecidas.
Na sequencia, foi realizado um diálogo em uma roda de discussão acerca do
uso da geometria no cotidiano. Neste momento houve uma ótima participação dos
alunos, os quais compartilharam informações de forma dialógica, acreditando na
capacidade de fazer, criar e transformar, como sempre reforçou Paulo Freire.
Também contribuíram emitindo suas opiniões, como ressaltou o aluno “A” “usa-se
geometria em quase tudo, nas quadras esportivas, quando subimos escadas, na
cozinha, nas casas, os pedreiros usam nas construções”. E, após a discussão foi
apresentada a proposta da construção da bola de futebol, o que os deixou muito
motivados.
Figura 1: Modelo da bola de futebol apresentada na proposta Fonte: Arquivo pessoal.
Para possibilitar o desenvolvimento do aprendizado, do conhecimento e da
convivência com as condições de construírem-se como sujeitos, foram apresentados
aos alunos, os poemas “Tão visível e vivenciada quanto despercebida” de Ruth
Nunes Dualib e, “Para quê estudar geometria” de Antônio José Crespo Moreira. A
partir daí, numa interação dialógica, a turma representou os referidos poemas em
forma de desenhos, considerando os aspectos e aplicações da geometria no
cotidiano. Como resultado, foi possível perceber que os alunos gostaram muito desta
atividade, pois, realizaram boa interpretação, além de admiração por apresentar
poesia com matemática, bem como em relação à utilização e à importância da
geometria.
Figura 2: Representação do poema Fonte: Arquivo pessoal.
Continuando a implementação do projeto, foram iniciados os trabalhos com
atividades contextualizadas de área e perímetro, sendo que nesta atividade, devido à
concentração e interesse dos alunos, os acertos foram significativos, pois, a maioria
acertou todas as questões. Isso evidencia um momento enriquecedor e prazeroso no
processo ensino-aprendizagem, tendo em vista a relação dialógica no decorrer das
atividades, o que valoriza a importância do papel do professor e do papel do aluno no
contexto da sala de aula.
Trabalhamos a planificação de diversas embalagens, e uma questão
interessante é que foi possível perceber que os alunos desconheciam a palavra
planificação, todavia, através de uma conversação informal, citando exemplos, e
trocando argumentos com os alunos, logo os mesmos tiveram percepção acerca da
palavra e da atividade em questão. A partir daí, todos participaram com êxito,
interesse e dedicação na atividade proposta, compreendendo através da
visualização, o que é face, aresta e vértice.
Figura 3: Planificação Fonte: Arquivo pessoal.
Trabalhando a geometria espacial, mais especificamente, abrangendo cálculo
da área da superfície e volume de forma contextualizada, os alunos não encontraram
dificuldades para resolver as questões, foram rápidos na resolução das atividades
que não envolviam corpos redondos. devido à manipulação e trabalho com o cubo
anteriormente na planificação. E ao desenhar e observar o cubo, puderam
visualizar com facilidade seus elementos, (faces, arestas e vértices) e, assim,
calcular a sua área da superfície e o seu volume. Porém quando foi trabalhada a
questão do círculo, do raio, do diâmetro e do valor do Pi, a maioria dos alunos
apresentou dificuldades, o que dificultou o desenvolvimento dos cálculos da área da
superfície e volume do cilindro. Todavia, com direcionamento e orientação da
professora, os alunos alcançaram resultados positivos na referida atividade.
É importante ressaltar que, as atividades que exigiram cálculos de área e
perímetro de figuras planas foram desenvolvidas com mais facilidade pela turma,
como por exemplo, encontrar a quantidade de grama utilizada em uma determinada
área, encontrar a quantidade de metros de arame para cercar um terreno de forma
retangular com três voltas através do cálculo do perímetro, dentre outros. Nesse
contexto, geometricamente, houve maior facilidade na interpretação e
representação, chegando à solução com bons resultados.
Para a construção do pentágono e do hexágono a maioria dos alunos
conseguiu fazer as figuras como polígonos regulares, especialmente, o hexágono. Já
o pentágono, alguns apresentaram dificuldades na construção com os lados
congruentes. Isso evidencia que, ao trabalhar com régua e compasso, os alunos
apresentam maiores dificuldades na atividade proposta. No entanto ao trabalharmos
com o GeoGebra, tais dificuldades não apareceram. O que evidencia a facilidade dos
alunos com trabalhos realizados com o software de geometria dinâmica.
Figura 4: Construção geométrica Fonte: Arquivo pessoal.
Em toda a trajetória da implementação, houve interesse, curiosidade e
dedicação, pois, a turma participou e se envolveu de maneira crítica e reflexiva nas
atividades propostas, como por exemplo, na montagem da bola com as figuras
geométricas desenhadas e recortadas por eles, resultando no alcance dos objetivos
definidos no projeto e uma excelente experiência ao concluir a construção da bola de
futebol a partir do ensino da geometria. Isso ficou evidente quando os alunos
responderam o questionário final com algumas alterações em relação ao questionário
inicial, pois, foi possível perceber uma melhora expressiva com relação à valorização
da geometria e suas aplicações no cotidiano.
Figura 5: Montagem da bola pelos alunos Fonte: Arquivo pessoal.
Para finalizar, os alunos apresentaram as bolas concluídas nas outras turmas
de 9º Ano do colégio, explicando passo a passo o seu processo de construção, e
como resultado, foi notável o interesse e a curiosidade de todos os participantes. Foi
um momento prazeroso, enriquecedor e gratificante para entender que, o processo
de ensino-aprendizagem deve acontecer numa interação dialética entre professor e
aluno, a partir de diferentes metodologias, as quais exigem planejamento e reflexão-
ação sobre o assunto a ser estudado.
CONCLUSÃO
As questões geométricas costumam despertar com naturalidade o interesse
dos alunos, pois a geometria é um vasto campo de situações-problema que favorece
o desenvolvimento das competências para argumentações e construção de
conceitos. Entretanto, quando o aluno se adapta a esse tipo de conhecimento, ele
compreende-o, transportando para a realidade.
Dentro dessas perspectivas, a implementação do projeto na escola foi uma
experiência enriquecedora e, ao mesmo tempo prazerosa, tendo em vista que foram
desenvolvidas metodologias práticas que despertaram o interesse dos alunos com
espontaneidade para a aprendizagem da Geometria Euclidiana a partir dos sólidos
geométricos, e com isso, realizaram um trabalho através de figuras e construíram
uma bola de futebol de maneira crítica e reflexiva. Todavia, é possível afirmar que, na
trajetória da implementação, houve compreensão teórica, bem como demonstração
de relações na prática, a partir de uma interação dialógica entre professora e alunos,
o que levou a alcançar resultados positivos e satisfatórios dentro do contexto
esperado.
Algumas estratégias como a participação, o diálogo, as perguntas, as
curiosidades, as vivências, dentre outras, fizeram a diferença no processo ensino-
aprendizagem para a concretização deste trabalho. Assim sendo, é possível afirmar
que quando se trabalha com diferentes metodologias e de forma integrada e
dialógica com os alunos, considerando suas ideias e sugestões em relação ao
caminho percorrido durante a resolução de uma atividade, os conceitos envolvidos
tornam-se mais nítidos e, dessa maneira, podem se transformar em uma
aprendizagem mais eficaz se comparado com outros métodos nos quais os conceitos
são apresentados pelo professor sem uma discussão ou análise dos conhecimentos
já adquiridos pelos alunos.
Afinal, a geometria tem um papel fundamental para a leitura do mundo, dessa
maneira, é preciso proporcionar condições aos alunos para a compreensão dos
vários significados dos termos e conceitos dos conteúdos geométricos, e assim,
conduzi-los na resolução de situações do seu cotidiano. Para tanto, é preciso
considerar a análise, reflexão, observação, manipulação e representação como
pontos-chave para a aprendizagem da geometria, em que os educandos possam
transformar figuras e objetos, bem como construir ideias e hipóteses.
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