“eu”. poemas parnasianistas e simbolistas cÉtico com realaÇÃo ao amor obsessÃo com o...
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“EU”
POEMAS PARNASIANISTAS E SIMBOLISTAS CÉTICO COM REALAÇÃO AO AMOR
OBSESSÃO COM O PRÓPRIO “EU”
O AMOR SE CONVERTE EM ÓDIO E ASPIRA A MORTE
ISSO SE REDUZ A ELEMENTOS QUÍMICOS E DECOMPOSIÇÃO DE MOLÉCULAS
VOCABULÁRIO CIENTÍFICO
Versos Íntimos
Vês! Ninguém assistiu ao formidávelEnterro de tua última quimera.Somente a Ingratidão - esta pantera -Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!O Homem, que, nesta terra miserável,Mora, entre feras, sente inevitávelNecessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!O beijo, amigo, é a véspera do escarro,A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,Apedreja essa mão vil que te afaga,Escarra nessa boca que te beija!
NÃO EXISTE AMIZADE ENTRE HOMENS
AMARGURA DAS DECEPÇÕES
PESSIMISMO E DESENGANO
AMOR COMO MENTIRA Falas de amor, e eu ouço e calo!
O amor da Humanidade é uma mentira.É. E é por isso que na minha lira
De amores fúteis poucas vezes falo.
Psicologia de um vencidoEu, filho do carbono e do amoníaco,Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,A influência má dos signos do zodíaco.Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância... Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los, E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
NÃO CONSEGUIA DESVENDAR O MISTÉRIO DE SUA VIDA
Cuspo, cujas caudais meus beiços regam,Sob a forma de mínimas camândulas,Benditas sejam todas essa glândulas,Quem quotidianamente, te segregam!
Escarrar de um abismo noutro abismo,Mandando ao Céu o fumo de um cigarro,Há mais filosofia neste escarroDo que em toda a moral do Cristianismo!
Por que, se no orbe oval que os meus pés tocamEu não deixasse o meu cuspo carrasco,Jamais exprimiria o acérrimo ascoQue os canalhas do mundo me provocam!
ENXERGAR A PODRIDÃO DOS OUTROS A CARNE É HUMANA, A ALMA É DIVINA
Não me incomoda esse último abandono.
Se a carne individual hoje apodrece, Amanhã, como Cristo, reaparece,
Na universalidade do Carbono.