a musicalidade na literatura insatisfeitos com a onda de cientificismo e materialismo na segunda...

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A MUSICALIDADE NA A MUSICALIDADE NA LITERATURA LITERATURA

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Page 1: A MUSICALIDADE NA LITERATURA Insatisfeitos com a onda de cientificismo e materialismo na segunda metade do século XIX, os simbolistas representam a reação

A MUSICALIDADE NAA MUSICALIDADE NA

LITERATURALITERATURA

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Insatisfeitos com a onda de Insatisfeitos com a onda de cientificismo e materialismo na cientificismo e materialismo na

segunda metade do século XIX, os segunda metade do século XIX, os simbolistas representam a reação simbolistas representam a reação

da intuição contra a lógica, do da intuição contra a lógica, do subjetivismo contra a objetividade subjetivismo contra a objetividade científica, do misticismo contra o científica, do misticismo contra o

materialismo, da sugestão sensorial materialismo, da sugestão sensorial contra a explicação racional.contra a explicação racional.

Page 3: A MUSICALIDADE NA LITERATURA Insatisfeitos com a onda de cientificismo e materialismo na segunda metade do século XIX, os simbolistas representam a reação

Os simbolistas não acreditam na Os simbolistas não acreditam na possibilidade de a arte e a possibilidade de a arte e a

literatura poderem fazer um retrato literatura poderem fazer um retrato total da realidade. Duvidaram das total da realidade. Duvidaram das explicações “positivas” da ciência.explicações “positivas” da ciência.

Page 4: A MUSICALIDADE NA LITERATURA Insatisfeitos com a onda de cientificismo e materialismo na segunda metade do século XIX, os simbolistas representam a reação

Recusa a todos os valores ideológicos e Recusa a todos os valores ideológicos e existenciais da burguesia. Em vez da existenciais da burguesia. Em vez da

"belle époque" do capitalismo "belle époque" do capitalismo financeiro e industrial, do financeiro e industrial, do

imperialismo que se adonava de boa imperialismo que se adonava de boa parte do mundo, temos o parte do mundo, temos o

marginalismo de Verlaine, o marginalismo de Verlaine, o amoralismo de Rimbaud e a amoralismo de Rimbaud e a destruição da linguagem por destruição da linguagem por

Mallarmé. Mallarmé.

Page 5: A MUSICALIDADE NA LITERATURA Insatisfeitos com a onda de cientificismo e materialismo na segunda metade do século XIX, os simbolistas representam a reação

Características da poesia Características da poesia simbolistasimbolista

Negação do positivismo, do Negação do positivismo, do cientificismo, do materialismo cientificismo, do materialismo e das estéticas neles e das estéticas neles fundamentados, o Realismo, fundamentados, o Realismo, o Naturalismo e o o Naturalismo e o ParnasianismoParnasianismo..

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Diz Mallarmé: Diz Mallarmé:

““Os parnasianos tomam os objetos em Os parnasianos tomam os objetos em sua integridade e mostram-nos. Por sua integridade e mostram-nos. Por isso carecem de mistério. Descrever isso carecem de mistério. Descrever um objeto é suprimir três quartas um objeto é suprimir três quartas partes do prazer de um poema, que é partes do prazer de um poema, que é feito da felicidade de adivinhar-se feito da felicidade de adivinhar-se pouco a pouco. Sugerir, eis o sonho. E pouco a pouco. Sugerir, eis o sonho. E o uso perfeito deste mistério é o que o uso perfeito deste mistério é o que constitui o símbolo: evocar o objeto constitui o símbolo: evocar o objeto para expressar um estado de alma para expressar um estado de alma através de uma série de decifrações.”através de uma série de decifrações.”

Page 7: A MUSICALIDADE NA LITERATURA Insatisfeitos com a onda de cientificismo e materialismo na segunda metade do século XIX, os simbolistas representam a reação

Criação poética como fruto do Criação poética como fruto do inconsciente, da intuição, da inconsciente, da intuição, da sugestão, do “eu-profundo”, da sugestão, do “eu-profundo”, da associação de idéias e imagens. associação de idéias e imagens. Complexidade na relação eu/mundo.Complexidade na relação eu/mundo.

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Espiritualidade, misticismo, Espiritualidade, misticismo, subjetivismo intenso, ocultismo, subjetivismo intenso, ocultismo, Ânsia de superação, de fuga do Ânsia de superação, de fuga do terreno, comunhão com os terreno, comunhão com os Astros, o Espírito, o Alto, a Alma, Astros, o Espírito, o Alto, a Alma, o Infinito, a Essência, O o Infinito, a Essência, O Desconhecido.Desconhecido.

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Emprego de figuras de Emprego de figuras de linguagem como a linguagem como a sinestesia, metáfora, sinestesia, metáfora, aliteração e assonância.aliteração e assonância.

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Figuras de somFiguras de som

a) aliteração: consiste na repetição a) aliteração: consiste na repetição ordenada de mesmos sons consonantais. ordenada de mesmos sons consonantais. “Esperando, parada, pregada na pedra do “Esperando, parada, pregada na pedra do porto.” porto.”

b) assonância: consiste na repetição b) assonância: consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênticos. ordenada de sons vocálicos idênticos. “Sou um mulato nato no sentido lato “Sou um mulato nato no sentido lato mulato democrático do litoral.” mulato democrático do litoral.”

c) paronomásia: consiste na aproximação c) paronomásia: consiste na aproximação de palavras de sons parecidos, mas de de palavras de sons parecidos, mas de significados distintos. significados distintos. “Eu que passo, penso e peço.” “Eu que passo, penso e peço.”

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Pontos de contato com o Pontos de contato com o Parnasianismo – preocupação Parnasianismo – preocupação formal, culto da rima, formal, culto da rima, distanciamento da vida, distanciamento da vida, descompromisso com as descompromisso com as questões mundanas.questões mundanas.

Page 12: A MUSICALIDADE NA LITERATURA Insatisfeitos com a onda de cientificismo e materialismo na segunda metade do século XIX, os simbolistas representam a reação

Interesse pelas zonas Interesse pelas zonas profundas da mente profundas da mente (inconsciente e (inconsciente e subconsciente) e pela loucura.subconsciente) e pela loucura.

Page 13: A MUSICALIDADE NA LITERATURA Insatisfeitos com a onda de cientificismo e materialismo na segunda metade do século XIX, os simbolistas representam a reação

Atração pela morte e Atração pela morte e elementos decadentes da elementos decadentes da condição humana.condição humana.

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Poesia metafísica.Poesia metafísica.

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Simbolismo Parnasianismo

Subjetivismo Objetivismo

Linguagem vaga, fluida, que busca sugerir em vez de nomear.

Linguagem precisa, objetiva, culta.

Abundância de metáforas. Busca do equilíbrio formal.

Cultivo de soneto e de outras formas de composição poética.

Preferência pelo soneto.

Antimaterialismo, anti-racionalismo.

Materialismo, racionalismo.

Misticismo, religiosidade. Paganismo greco-latino.

Pessimismo, dor de existir. Contenção dos sentimentos.

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CHARLES BAUDELAIRECHARLES BAUDELAIREUMA FIGURA IMPORTANTEUMA FIGURA IMPORTANTE

As Flores do Mal, obra que marcou a As Flores do Mal, obra que marcou a vida do autor,vida do autor, contém poesias que contém poesias que

datam de 1841. Rendeu-lhe um datam de 1841. Rendeu-lhe um processo pelo tribunal correcional do processo pelo tribunal correcional do Sena; uma multa por atentar à moral Sena; uma multa por atentar à moral

e aos bons costumes, além de ser e aos bons costumes, além de ser obrigado a retirar seis poemas do obrigado a retirar seis poemas do

volume original, sendo publicado na volume original, sendo publicado na íntegra apenas nas edições póstumas, íntegra apenas nas edições póstumas,

em 1911. em 1911.

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Baudelaire também foi Baudelaire também foi alvo da hostilidade da alvo da hostilidade da

imprensa, que o imprensa, que o julgava um subproduto julgava um subproduto

degenerado do degenerado do romantismo. Porém, romantismo. Porém,

sua carreira foi sua carreira foi admirada e elogiada admirada e elogiada

por Vitor Hugo e por Vitor Hugo e Gustave Flaubert, entre Gustave Flaubert, entre

outros. outros.

De atuação ousada, De atuação ousada, tornou-se um ícone no tornou-se um ícone no

século XX influenciando século XX influenciando a poesia mundial de a poesia mundial de

tendências simbolistas, tendências simbolistas, inclusive no Brasil .inclusive no Brasil .

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O VampiroO Vampiro

Tu que, como uma Tu que, como uma punhalada, punhalada,

Em meu coração penetraste, Em meu coração penetraste, Tu que, qual furiosa manada Tu que, qual furiosa manada De demônios, ardente, De demônios, ardente,

ousaste,ousaste,  De meu espírito humilhado, De meu espírito humilhado, Fazer teu leito e possessão Fazer teu leito e possessão - Infame à qual estou atado - Infame à qual estou atado Como o galé ao seu grilhão,Como o galé ao seu grilhão,  Como ao baralho o jogador, Como ao baralho o jogador, Como à carniça ao parasita, Como à carniça ao parasita, Como à garrafa ao bebedor Como à garrafa ao bebedor - Maldita sejas tu, maldita!- Maldita sejas tu, maldita!  

Supliquei ao gládio veloz Supliquei ao gládio veloz

Que a liberdade me Que a liberdade me alcançasse, alcançasse,

E ao veneno, pérfido algoz, E ao veneno, pérfido algoz,

Que a covardia me amparasse.Que a covardia me amparasse.

  

Ai de mim! Com mofa e Ai de mim! Com mofa e desdém, desdém,

Ambos me disseram então: Ambos me disseram então:

"Digno não és de que ninguém "Digno não és de que ninguém

Jamais te arranque a Jamais te arranque a escravidão,escravidão,

  

Imbecil! - se de teu retiro Imbecil! - se de teu retiro

Te libertássemos um dia, Te libertássemos um dia,

Teu beijo ressuscitaria Teu beijo ressuscitaria

O cadáver de teu vampiro!O cadáver de teu vampiro!

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Remorso PóstumoRemorso Póstumo    Quando fores dormir, ó bela tenebrosa,Quando fores dormir, ó bela tenebrosa,Em teu negro e mamóreo mausoléu, e Em teu negro e mamóreo mausoléu, e

nãonãoTiveres por alcova e refúgio senãoTiveres por alcova e refúgio senãoUma cova deserta e uma tumba Uma cova deserta e uma tumba

chuvosa;chuvosa;  Quando a pedra, a oprimir tua carne Quando a pedra, a oprimir tua carne

medrosamedrosaE teus flancos sensuais de lânguida E teus flancos sensuais de lânguida

exaustão,exaustão,Impedir de querer e arfar teu coração,Impedir de querer e arfar teu coração,E teus pés de correr por trilha E teus pés de correr por trilha

aventurosa,aventurosa,

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O túmulo, no qual em sonho me abandonoO túmulo, no qual em sonho me abandono

- Porque o túmulo sempre há de entender - Porque o túmulo sempre há de entender o poeta -,o poeta -,

Nessas noites sem fim em que nos foge o Nessas noites sem fim em que nos foge o sono,sono,

  

Dir-te-á: "De que valeu, cortesã Dir-te-á: "De que valeu, cortesã indiscreta, indiscreta,

Ao pé dos mortos ignorar o seu lamento?" Ao pé dos mortos ignorar o seu lamento?"

- E o verme te roerá como um remorso - E o verme te roerá como um remorso lentolento

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As primeiras manifestações simbolistas As primeiras manifestações simbolistas já eram sentidas desde o final da década já eram sentidas desde o final da década de 80 do século XIX. Apesar disso, tem-de 80 do século XIX. Apesar disso, tem-se apontado como marco introdutório do se apontado como marco introdutório do movimento simbolista brasileiro a movimento simbolista brasileiro a publicação, em 1893, das obras publicação, em 1893, das obras MissalMissal (prosa) e (prosa) e BroquéisBroquéis (poesia), de nosso (poesia), de nosso maior autor simbolista:Cruz e Sousa.maior autor simbolista:Cruz e Sousa.

CRUZ E CRUZ E SOUSASOUSA

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Além de Cruz e Sousa, Além de Cruz e Sousa, destacam-se, entre outros, destacam-se, entre outros, Alphonsus de Guimaraens e Alphonsus de Guimaraens e Pedro Kilkerry (recentemente Pedro Kilkerry (recentemente redescoberto pela crítica).redescoberto pela crítica).

Page 23: A MUSICALIDADE NA LITERATURA Insatisfeitos com a onda de cientificismo e materialismo na segunda metade do século XIX, os simbolistas representam a reação

Cruz e Souza foi especialista na utilização Cruz e Souza foi especialista na utilização de imagens ousadas com efeito de de imagens ousadas com efeito de

sugestão. Angústia sexual e erotismo sugestão. Angústia sexual e erotismo misturam-se na exaltação de uma mulher misturam-se na exaltação de uma mulher

que parece devorar os homens: que parece devorar os homens: Cróton* selvagem, tinhorão* lascivo, Cróton* selvagem, tinhorão* lascivo,

Planta mortal, carnívora, sangrenta, De Planta mortal, carnívora, sangrenta, De tua carne báquica* rebenta A vermelha tua carne báquica* rebenta A vermelha explosão de um sangue vivo explosão de um sangue vivo

*Cróton - arbusto ornamental*Cróton - arbusto ornamental*Tinhorão - erva ornamental*Tinhorão - erva ornamental*Báquica - relativo a Baco, deus grego do *Báquica - relativo a Baco, deus grego do vinho e da dissipaçãovinho e da dissipação

Page 24: A MUSICALIDADE NA LITERATURA Insatisfeitos com a onda de cientificismo e materialismo na segunda metade do século XIX, os simbolistas representam a reação

O sofrimento da condição negra não se O sofrimento da condição negra não se transforma em protesto racial, e sim em transforma em protesto racial, e sim em

isolamento, solidão, aristocratização isolamento, solidão, aristocratização amarga. O Simbolismo é para ele uma amarga. O Simbolismo é para ele uma forma de revolta contra a sociedade e forma de revolta contra a sociedade e contra suas próprias origens africanas, contra suas próprias origens africanas,

pelas quais sente, ao mesmo tempo, pelas quais sente, ao mesmo tempo, orgulho e pesar. O "emparedado" vinga-orgulho e pesar. O "emparedado" vinga-se das "paredes" que o asfixiam com a se das "paredes" que o asfixiam com a sua criatividade poética. É uma revolta sua criatividade poética. É uma revolta

estética, raramente quebrada pela estética, raramente quebrada pela denúncia social, a não ser em textos denúncia social, a não ser em textos

como Litania dos pobres: como Litania dos pobres:

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Os miseráveis, os rotosOs miseráveis, os rotosSão as flores dos esgotosSão as flores dos esgotos

São espectros implacáveisSão espectros implacáveisOs rotos, os miseráveisOs rotos, os miseráveis

São prantos negros de furnasSão prantos negros de furnasCaladas, mudas, soturnas (...)Caladas, mudas, soturnas (...)

Faróis à noite apagados Faróis à noite apagados Por ventos desesperados(...)Por ventos desesperados(...)

Bandeiras rotas, sem nome,Bandeiras rotas, sem nome,Das barricadas da fome.Das barricadas da fome.

Bandeiras estraçalhadasBandeiras estraçalhadasDas sangrentas barricadas.Das sangrentas barricadas.

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A música é obrigatória, como nesta espécie A música é obrigatória, como nesta espécie de receita poética de Cruz e Sousa: de receita poética de Cruz e Sousa: Derrama luz e cânticos e poemasDerrama luz e cânticos e poemasNo verso e torna-o musical e doce No verso e torna-o musical e doce Como se o coração, nessas supremasComo se o coração, nessas supremasEstrofes, puro e diluído fosse.Estrofes, puro e diluído fosse.

Mesmo a morte, na obra do simbolista Mesmo a morte, na obra do simbolista brasileiro, possui uma terrível brasileiro, possui uma terrível musicalidade: musicalidade: A música da Morte, a nebulosa,A música da Morte, a nebulosa,Estranha, imensa música sombria,Estranha, imensa música sombria,Passa a tremer pela minh'alma e friaPassa a tremer pela minh'alma e friaGela, fica a tremer, maravilhosa...Gela, fica a tremer, maravilhosa...

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Ó Ó carnes que eu amei carnes que eu amei sangrentamente.sangrentamente.

Ó volúpias letais e dolorosas,Ó volúpias letais e dolorosas,Essências de heliotropos e de Essências de heliotropos e de

rosasrosasDe essência morna, tropical, De essência morna, tropical,

dolente...dolente...

Carnes virgens e tépidas do Carnes virgens e tépidas do OrienteOriente

Do sonho e das estrelas Do sonho e das estrelas fabulosas,fabulosas,

Carnes acerbas e maravilhosas,Carnes acerbas e maravilhosas,Tentadoras do sol intensamenteTentadoras do sol intensamente

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Passai, dilacerada pelos zelos,Passai, dilacerada pelos zelos,

Através dos profundos pesadelosAtravés dos profundos pesadelos

Que me apunhalam de mortais Que me apunhalam de mortais horrores...horrores...

Passai, passai desfeitas em Passai, passai desfeitas em tormentos,tormentos,

Em lágrimas, em prantos, em Em lágrimas, em prantos, em lamentos,lamentos,

Em ais, em luto, em convulsões, em Em ais, em luto, em convulsões, em dores...dores...

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Quando Ismália Quando Ismália enlouqueceu,enlouqueceu,

Pôs-se na torre a Pôs-se na torre a sonhar...sonhar...

Viu uma lua no céu,Viu uma lua no céu,

Viu outra lua no mar. Viu outra lua no mar.

No sonho em que se No sonho em que se perdeu,perdeu,

Banhou-se toda em Banhou-se toda em luar...luar...

Queria subir ao céu,Queria subir ao céu,

Queria descer ao mar...Queria descer ao mar...

Page 30: A MUSICALIDADE NA LITERATURA Insatisfeitos com a onda de cientificismo e materialismo na segunda metade do século XIX, os simbolistas representam a reação

E, no desvario seu,E, no desvario seu,

Na torre pôs-se a Na torre pôs-se a cantar...cantar...

Estava perto do céu,Estava perto do céu,

Estava longe do Estava longe do mar...mar...

E como um anjo E como um anjo pendeupendeu

As asas para voar...As asas para voar...

Queria a lua do céuQueria a lua do céu

Queria a lua do marQueria a lua do mar

Page 31: A MUSICALIDADE NA LITERATURA Insatisfeitos com a onda de cientificismo e materialismo na segunda metade do século XIX, os simbolistas representam a reação

A imagem da moça que, A imagem da moça que, enlouquecida, não consegue enlouquecida, não consegue

distinguir a lua de seu distinguir a lua de seu reflexo no mar e mergulha reflexo no mar e mergulha para a morte é um símbolo para a morte é um símbolo

da eterna busca que marcou da eterna busca que marcou os poetas desse período.os poetas desse período.

Page 32: A MUSICALIDADE NA LITERATURA Insatisfeitos com a onda de cientificismo e materialismo na segunda metade do século XIX, os simbolistas representam a reação

O que sugere o título do poema?O que sugere o título do poema?

O amor sensual e a morte é uma O amor sensual e a morte é uma associação comum para os associação comum para os

simbolistas, o que nos remete simbolistas, o que nos remete à segunda geração romântica.à segunda geração romântica.

Page 33: A MUSICALIDADE NA LITERATURA Insatisfeitos com a onda de cientificismo e materialismo na segunda metade do século XIX, os simbolistas representam a reação

A música da morte, a nebulosa,A música da morte, a nebulosa,Estranha, imensa música sombria,Estranha, imensa música sombria,Passa a tremer pela minh’alma e friaPassa a tremer pela minh’alma e friaGela, fica a tremer, maravilhosa...Gela, fica a tremer, maravilhosa...

Onda nervosa e atroz, onda nervosa,Onda nervosa e atroz, onda nervosa,Letes sinistro e torvo de agonia,Letes sinistro e torvo de agonia,Recresce a lancinante sinfonia,Recresce a lancinante sinfonia,Sobe, numa volúpia dolorosa...Sobe, numa volúpia dolorosa...

Page 34: A MUSICALIDADE NA LITERATURA Insatisfeitos com a onda de cientificismo e materialismo na segunda metade do século XIX, os simbolistas representam a reação

Sobe recresce tumultuando e Sobe recresce tumultuando e amarga,amarga,

Tremenda, absurda, imponderada e Tremenda, absurda, imponderada e larga,larga,

De pavores e trevas alucina...De pavores e trevas alucina...

E alucinando e em trevas delirando,E alucinando e em trevas delirando,

Como um ópio letal, vertiginando,Como um ópio letal, vertiginando,

Os meus nervos, letárgica, fascina...Os meus nervos, letárgica, fascina...

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Objetivo / questionamentos:Objetivo / questionamentos: 1. O que faz com que as poesias simbolistas 1. O que faz com que as poesias simbolistas

sejam diferentes das poesias românticas?sejam diferentes das poesias românticas? 2. O que propiciou o aparecimento do 2. O que propiciou o aparecimento do

simbolismo na 2ª metade do século XIX?simbolismo na 2ª metade do século XIX? Quais as características dos poemas Quais as características dos poemas

simbolistas, quanto à forma? simbolistas, quanto à forma?

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IMAGENS SIMBOLISTASIMAGENS SIMBOLISTAS

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GUSTAVE MOREAUGUSTAVE MOREAU

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MUNCHMUNCH

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PIERRE PUVIS DE PIERRE PUVIS DE CHAVANNESCHAVANNES

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