ética e politica

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MINHAS LUTAS PELA DIGNIDADE HUMANA PEDRO SIMON SENADOR DO REGIME MILITAR AO MENSALÃO Brasília 2006

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  • 1. anos de profcua atuao na CasaA leitura deste livro equiva-Alta do Parlamento.le a um mergulho no ltimo quar- Deve-se destacar, inicial-to de sculo da Histria brasileira.mente, a apresentao de 1.389 ini-Desde sua chegada ao Senado, emciativas legislativas, dessa forma dis-1979, Pedro Simon cuja produotribudas: 42 Propostas de Emenda legislativa est sintetizada neste livroConstituio, 244 projetos de lei, 483 participou ativamente dos princi-requerimentos de informao, 379 pais eventos da vida nacional. Umpareceres sobre matrias em trami- dos lderes da luta poltica contra otao pelas Comisses do Senado, regime militar, desde que se instau-quatro projetos de decreto legisla- O ministro Luiz Carlos Mendona de Barros estava no Se- SENADO FEDERAL rou no Pas, em 1964, o senador ga-tivo, 37 projetos de resoluo e 198 cho desempenhou um papel decisivoemendas.nado para explicar sua conduta na privatizao de empresas depara o efetivo desmantelamento, emtelecomunicaes, exposta com a publicao de escutas ilegais DO REGIME Igualmente significativa a2006, de um inaceitvel e quase ina-presena de Pedro Simon na Tribu- de conversas que teve ao telefone s vsperas de um leilo. Os creditvel mecanismo de corrupona. Ao longo dos vinte e quatro anos conhecido como mensalo.de presena no Senado Federal, osenadores perguntavam. E quanto mais inslitas e provocativas Foi s depois que Pedro Si- MILITAR AOparlamentar gacho fez at maio as perguntas, melhor se defendia. Quando chegou a sua vez, mon, em companhia do senadorde 2006 exatos 1.148 pronuncia-amazonense Jefferson Pres, conse-mentos. O nmero indica a presenaPedro Simon no fez perguntas, construiu um labirinto verbal.guiu do Supremo Tribunal Federalconstante do senador naquela queEnredado, Mendona de Barros no tinha o que responder, pois uma sentena determinando que o MENSALO uma das principais trincheiras daPresidente do Senado indicasse osMINHAS LUTAS PELA DIGNIDADE HUMANAluta poltica, mas no d por si s no havia pergunta. Limitou-se a uma declarao de trinta se-membros da CPI dos Bingos ten-gundos admitindo, pela primeira vez, a renncia. Tal como Si-do em vista que os lderes partid-MILITAR AO a exata dimenso de importnciaDO REGIMEMENSALOda palavra de Pedro Simon na vidarios se recusavam a faz-lo que sepoltica brasileira ao longo das lti-mon pedia. desvendou o funcionamento de ummas dcadas.Sutilmente, como um jogo de palavras, como se montasse milionrio esquema de propinas dis-os termos de um elementar silogismo, Pedro Simon havia cons-MINHAS LUTAS PELA DIGNIDADE HUMANA tribudas aos dirigentes de partidos da base de sustentao do Governo.trudo solidamente um labirinto de Creta a teia de corredores Com a mesma seriedade ede sada quase impossvel para os que nele se embrenhavam eeficincia com que atuou no debate das grandes questes nacionais, onele precipitado sua vtima. senador foi inflexvel na defesa dosO astuto e desabusado ministro, que passara a manhinteresses do Rio Grande do Sul,Obras recentes dodiante de uma Unio cada vez maisSenador Pedro Simon:desdenhando as interpelaes grosseiras, expondo ao ridculo sedenta por recursos, em detrimen-Boicote s CPIs Facilitou a os senadores mais agressivos, demolindo denncias e devol- to de estados e municpios. TodasCorrupoas grandes questes do Estado fo-vendo carapuas, agora parecia manietado. Incapaz de qualquerram discutidas por Pedro Simon nasLeis em Favor dos Mais Pobresreao diante das palavras de Pedro Simon, que analisou seus Comisses e na Tribuna do Senado Federal, a comear pela necessidadeReage, Rio Grande!atos com civilidade e bonomia, ao ministro no restou outra al-inadivel de um novo pacto federati-A Reconstruo da Democraciaternativa, seno caminhar para o cadafalso.vo. Parte desse trabalho foi reunida no livro Reage, Rio Grande!, lan-Menos Juros Mais Empregosado no primeiro semestre de 2006.O Pas dos ClandestinosJornalista Luiz Gutemberg, Consagrado como um dos maiores oradores do Senado Federal no prefcio do livro Basta de ImpunidadePEDRO SIMONIncluso da Metade Sul e numa brilhante tradio que temPrevidncia para os Pobres em Rui Barbosa seu ponto mais ele- SENADORAnos de Transiovado , Pedro Simon um dos par-(Discursos 1979-1987)lamentares mais assduos, em ple-Coerncia e ResponsabilidadePEDRO SIMONnrio ou nas comisses, como pode ser testemunhado nas transmisses da TV Senado. Seja na elaborao deA Luta Pela Candidatura Prpriado PMDBSENADOR pareceres decisivos, seja na apresen- tao de importantes requerimentos,Basta de Impunidadeo senador gacho exemplo maisEm Defesa da tica patente de que a atividade poltica importante para a vida da Nao.Solidariedade e Cidadania Levantamento parcial de sua BrasliaBrasliaproduo legislativa, realizado no fi-Subsdio Agrcola, Investimentonal do primeiro semestre de 2006,Pblico 20062006 registrou cerca de 2.500 peas, ela-Relendo Alberto Pasqualini boradas ao longo de vinte e quatro

2. SENADO FEDERALSenador PEDRO SIMONDo Regime Militar ao Mensalo (Minhas lutas pela dignidade humana) BRASLIA 2006 3. A pesquisa para a elaborao deste livro foi realizada peloGabinete do Senador Pedro Simon em Braslia.Simon, Pedro.Do regime militar ao mensalo : (minhas lutas pela dignidade humana) /Pedro Simon. Braslia : Senado Federal, 2006.680 p.1. Poltica e governo, Brasil. 2. Discurso parlamentar. 3. tica poltica.4. Simon, Pedro, atuao parlamentar. I. Ttulo. CDD 320.08 4. SUMRIO Pg.Apresentao .......................................................................................................................................7Primeira Parte PronunciamentosAnlise de quinze anos de regime militar ............................................................................................. 33Recesso econmica e concentrao de renda ......................................................................................48Represso policial aos operrios do ABC paulista ............................................................................... 76Lei Orgnica para o trabalho e o trabalhador ........................................................................................90Correo do desequilbrio entre preos e salrios ................................................................................. 101Anlise da economia do Rio Grande do Sul .........................................................................................109Anlise da poltica agrcola ...................................................................................................................122Votao da Lei das Inelegibilidades ......................................................................................................129Falta de regras para as eleies brasileiras ...........................................................................................132Anlise da situao do Pas ................................................................................................................... 143Crtica aos pacotes econmicos ditados pelo FMI ................................................................................152Cancelamento da visita de Figueiredo ao RS .......................................................................................174Derrubada da Emenda Dante de Oliveira ............................................................................................. 184Vinte anos do Estatuto da Terra ............................................................................................................202Despedida do Senado para assumir o Ministrio da Agricultura .......................................................... 206Despedida para assumir o Governo do Rio Grande do Sul ..................................................................224Em defesa do parlamentarismo .............................................................................................................250Debate sobre parlamentarismo .............................................................................................................. 261Governo Collor contra o parlamentarismo ........................................................................................... 276Duplicao do plo petroqumico do Sul .............................................................................................. 300Violncia no campo ...............................................................................................................................312Anlise do julgamento de Collor pelo STF ...........................................................................................317Encerramento da CPI do Oramento .................................................................................................... 342 5. CPI para investigar os corruptores ........................................................................................................ 347A posse de FHC e o Governo Itamar ................................................................................................... 350Crise no setor primrio gacho .............................................................................................................367Crtica abertura indiscriminada do mercado nacional ......................................................................... 380Referendo popular sobre reeleio ........................................................................................................385Iseno de contribuio social para quem ganha menos ...................................................................... 392Pedindo a renncia de Luiz Carlos Mendona de Barros .....................................................................395O modelo federativo brasileiro .............................................................................................................399Por uma poltica mais agressiva no comrcio exterior .........................................................................403Diferenas salariais no Brasil ................................................................................................................ 109tica poltica e impunidade no Brasil ................................................................................................... 415Candidatura prpria do PMDB ............................................................................................................. 426Comemorao dos 111 anos do Senado Federal ...................................................................................438Crise na metade sul do Rio Grande do Sul ...........................................................................................447Previdncia para os mais pobres ........................................................................................................... 453A impunidade a regra no Brasil .......................................................................................................... 459Crtica criao do Conselho Federal de Jornalismo. .......................................................................... 466Centro Nacional F e Poltica ............................................................................................................... 470Taxa de juros e dvida nacional ............................................................................................................. 476Segunda Parte ProjetosRevogao de artigos da Lei de Segurana Nacional ........................................................................... 483Alterao da lei que regula o salrio mnimo .......................................................................................485Regras para remessa de valores para o exterior .................................................................................... 495Criao, aumento ou reduo de tributos ..............................................................................................501Instituio de gatilho salarial para o mnimo ........................................................................................502Restituio de imposto descontado na fonte .........................................................................................505Cobrana de meio ingresso para estudantes ..........................................................................................507Reajuste de prestaes do Sistema Financeiro da Habitao ................................................................509Quitao de hipoteca e escritura de imveis ......................................................................................... 511Regulamentao para os agrotxicos .................................................................................................... 513Iseno de IPI para motoristas profissionais .........................................................................................520Comisso para investigar os corruptores ..............................................................................................522Concluso de obras paralisadas ............................................................................................................ 524 6. Estudo de cidadania na escola ...............................................................................................................526Gasoduto internacional Brasil-Argentina .............................................................................................530Investimentos gachos em empresas privatizadas ................................................................................532Veiculao de programas educativos na televiso ................................................................................ 534Desconto em passagens para maiores de 65 anos .................................................................................538Servio alternativo ao Servio Militar Obrigatrio ..............................................................................540Controle da investigao pelo Ministrio Pblico ................................................................................542Imunidade parlamentar s para opinio ................................................................................................ 543Crdito para assentados e agricultura familiar ......................................................................................547Impenhorabilidade de mquinas e implementos agrcolas ...................................................................550Embalagens de baterias e pilhas ...........................................................................................................552Indicao de membros de comisses temporrias ................................................................................ 554Comparecimento de embaixadores ao Senado Federal ........................................................................555Criao do Programa Trator Popular ....................................................................................................557Manuteno de pessoa portadora de deficincia ...................................................................................559Limites mximos para aposentadoria ....................................................................................................561Financiamento para a metade sul .......................................................................................................... 564Remessa de inqurito policial ao MP .................................................................................................... 566Fundo de assistncia a microempreendedores ......................................................................................570Prazo para restituio do Imposto de Renda ......................................................................................... 572Utilizao de batalho de engenharia ................................................................................................... 574Direitos dos pacientes ........................................................................................................................... 576Abuso de poder na administrao pblica ............................................................................................ 579Documentos produzidos por meio eletrnico .......................................................................................583Publicidade oficial da administrao pblica ....................................................................................... 586Conta bancria especfica para eleies ................................................................................................ 590Propaganda eleitoral ao vivo na TV ......................................................................................................592Emisso gratuita de documentos ........................................................................................................... 594Concurso para ingresso no Servio Pblico .......................................................................................... 599Responsabilidade solidria ....................................................................................................................601Programa de Habitao Popular ............................................................................................................ 603Crimes contra a ordem tributria ..........................................................................................................606Uso de escritura pblica ........................................................................................................................608Proteo do patrimnio fossilfero ........................................................................................................611 7. Classificao de obras visuais para menores ........................................................................................ 616Ressarcimento da Unio aos estados ....................................................................................................619Terceira Parte RequerimentosCPI para investigar programao das tevs .......................................................................................... 623CPI para investigar os corruptores ......................................................................................................... 625Comisso para estudar causas do desemprego ......................................................................................626Indicao da Ministra Ellen Gracie ....................................................................................................... 647Comisso para investigar o PROER ..................................................................................................... 649Centenrio de rico Verssimo .............................................................................................................. 652Quarta Parte PareceresControle de medidas provisrias ...........................................................................................................657Construo de ponte sobre o rio Uruguai .............................................................................................664Avaliao de incentivos fiscais, subsdios e benefcios ........................................................................ 666Certides para defesa de direitos .........................................................................................................670Denncias de irregularidades ao TCU .................................................................................................. 671Definio de crimes resultantes de preconceito ....................................................................................672Facilidade para os registros pblicos .................................................................................................... 674Eficcia das decises do TCU ..............................................................................................................675Renncia de parlamentares investigados ..............................................................................................678 8. APRESENTAOA elaborao deste livro representou para seus organizadores um mergulho nos ltimosvinte e cinco anos da Histria brasileira. Pode-se dizer, sem medo de errar, que desde sua chegadaao Senado, em 1979, o Senador Pedro Simon participou de todos os fatos mais importantes da vidanacional. Ou seja, esteve entre os lderes da luta contra o regime militar, da mesma forma comoesteve na linha de frente na luta contra o mensalo. Alis, a CPI dos Bingos s foi instalada depoisque os Senadores Pedro Simon e Jeferson Pres conseguiram do Supremo Tribunal Federal umasentena determinando que o presidente do Senado indicasse os membros da comisso, tendo emvista que os lderes partidrios se recusaram a faz-lo. Com a mesma seriedade, o Senador foi a vozdo Rio Grande do Sul no Senado Federal. Todas as grandes questes do Estado foram discutidas porele, a comear pela necessidade de um novo pacto federativo. Pedro Simon se pronunciou toda vezque o interesse do Estado teve de ser defendido diante de uma Unio que s tem feito, nos ltimosgovernos, aumentar sua capacidade de arrecadao em detrimento de estados e municpios.Seja na tribuna do Senado Federal onde se consagrou como um dos maiores oradores, numabrilhante tradio que tem em Rui Barbosa seu ponto mais elevado , seja nos debates nas comisses,seja nas articulaes polticas nos momentos mais sensveis da nacionalidade, seja na elaborao depareceres decisivos, seja na apresentao de importantes requerimentos, o Senador Pedro Simon levaa srio o exerccio mais amplo da atividade poltica, sempre est presente. Levantamento realizado no fim de junho de 2006, quando faltava um semestre para a con-cluso do terceiro mandato de Pedro Simon no Senado Federal, apontou uma produo legislativa decerca de 2.500 peas, ao longo de vinte e quatro anos de atuao na Casa Alta do Parlamento.Pode-se destacar inicialmente a apresentao de 1.389 iniciativas legislativas, assim dis-tribudas: 42 emendas Constituio, 244 projetos de lei, 483 requerimentos de informaes, 379pareceres sobre matrias em tramitao pelas comisses do Senado, quatro projetos de decreto le-gislativo, 37 projetos de resoluo e 198 emendas.Igualmente importante a presena de Pedro Simon na tribuna. Ao longo dos vinte e quatroanos em que atua no Senado Federal, o parlamentar gacho fez at maio de 2006 exatos 1.148pronunciamentos. O nmero indica a presena constante do Senador naquela que uma das principaistrincheiras da luta poltica, mas no d por ele mesmo a dimenso da importncia da palavra dePedro Simon na vida brasileira ao longo das ltimas dcadas.7 9. PronunciamentosAnalisando os discursos do Senador gacho, o jornalista Luiz Gutenberg que escreveu olivro Pedro Simon Uma Biografia destaca a tcnica sofisticada que o poltico sul-rio-grandenseemprega e que o transformou em um dos maiores tribunos da era republicana.No prefcio do livro Basta de Impunidade, que rene a atuao parlamentar de Pedro Simonao longo do ano de 2000, escreveu Luiz Gutenberg:O Ministro Luiz Carlos Mendona de Barros estava no Senado para explicar sua condutana privatizao de empresas de telecomunicaes, exposta com a publicao de escutas ilegais deconversas que teve ao telefone s vsperas de um leilo. Os senadores perguntavam. E quanto maisinslitas e provocativas as perguntas, melhor se defendia. Quando chegou a sua vez, Pedro Simonno fez perguntas, construiu um labirinto verbal. Enredado, Mendona de Barros no tinha o queresponder, pois no havia pergunta. Limitou-se a uma declarao de trinta segundos admitindo pelaprimeira vez a renncia. Tal como Simon pedia.Sutilmente, como um jogo de palavras, como se montasse os termos de um elementar silo-gismo, Pedro Simon havia construdo solidamente um labirinto de Creta a teia de corredores desada quase impossvel para os que nele se embrenhavam e nele precipitado sua vtima.O astuto e desabusado ministro, que passara a manh desdenhando as interpelaesgrosseiras, expondo ao ridculo os senadores mais agressivos, demolindo denncias e devolvendocarapuas, agora parecia manietado. Incapaz de qualquer reao diante das palavras de PedroSimon, que analisou seus atos com civilidade e bonomia, ao ministro no restou alternativa, senocaminhar para o cadafalso. HistriaA leitura atenta dos discursos pronunciados por Pedro Simon ao longo das trs ltimasdcadas pode funcionar como um roteiro para a compreenso da histria recente do Brasil. Desdeque se elegeu senador pela primeira vez, em 1978, o poltico sul-rio-grandense tem se engajado nasprincipais discusses sobre os numerosos e graves problemas brasileiros.Escolhemos para este livro quase quatro dezenas de pronunciamentos, abordando todos elestemas essenciais em algum momento histrico recente. Pedro Simon estria na tribuna do Senadodenunciando a violncia do regime militar de 1964. Ainda nos anos mais duros, atacou os casusmosincontveis de que se socorreu a ditadura para se manter no poder, mesmo sem apoio popular; e de-monstrou a insensibilidade do modelo econmico do regime militar diante dos excludos. De l parac, at chegarmos ao grande debate nacional iniciado pelo ex-Deputado Roberto Jefferson sobreuma inusitada forma de corrupo poltica, que recebeu o nome de mensalo, nada de relevante navida poltica ficou de fora da observao atenta de Pedro Simon.Durante a ditadura, numa poca de medo, Simon era um dos poucos a atacar o regime. Pro-nunciou-se a favor dos operrios do ABC, em 1979, quando pipocaram as primeiras greves. Exigiuleis em defesa do trabalhador, quando isso era considerado subverso. Fez anlises irrespondveissobre a ineficincia e insensibilidade do modelo econmico. Denunciou os acordos impostos peloFMI, dcadas antes de isso tornar-se um slogan de partidos ditos de esquerda.8 10. Pedro Simon acusou o deliberado enfraquecimento da economia gacha, um estado consi-derado rebelde pelo regime militar, que l no obtinha a maioria de votos que conseguia em outrasunidades da Federao. Defendeu a Emenda Dante de Oliveira, que estabelecia a eleio direta paraa Presidncia da Repblica. Cobrou do governo militar a implantao do Estatuto da Terra e pediu ofim da execuo dos lderes das lutas dos agricultores, numa poca em que corria risco de vida quemamparasse os homens do campo.O Senador gacho defendeu com empenho o parlamentarismo por julgar que o presiden-cialismo est na origem das graves crises polticas que assombraram a vida nacional e que aindahoje coloca em risco a governabilidade. Foi um dos mais atuantes integrantes da CPI dos Anes doOramento e exigiu depois a criao da CPI dos Corruptores, aceita por Itamar Franco e soterradapor Fernando Henrique Cardoso.Num episdio bastante conhecido, o Senador cobrou a renncia do Ministro Luiz CarlosMendona de Barros, quando esse admitiu que havia atuado de forma pouco ortodoxa nas privatiza-es. Ainda no Governo FHC, Pedro Simon exigiu uma poltica de comrcio exterior mais agressivae criticou o federalismo brasileiro que concentra poderes e recursos na Unio, em detrimento deestados e municpios. A luta pela candidatura prpria do PMDB presidncia da Repblica foi outrade suas lutas.Em vrias oportunidades, Simon exigiu uma mudana na poltica salarial de modo a reduziros desnveis de renda no Pas. Apresentou vrias emendas constitucionais e projetos de lei em favordos mais desfavorecidos, em especial dos que esto alijados do sistema previdencirio. E, de um modosistemtico, atacou a corrupo e a impunidade, verdadeiras pragas do Estado brasileiro, saqueadoincessantemente por empresrios ou por polticos inescrupulosos. OratriaSimon estria na tribuna do Senado em maro 1979. Seu primeiro pronunciamento umaanlise acurada dos 15 anos de ditadura militar. Depois de criticar a atuao sempre subserviente dopartido de apoio ao regime, a Arena, ele sintetiza:A chamada Revoluo de 64, divorciada da evoluo histrica, radicalizou-se em doissistemas de mando absoluto. Na esfera econmica, um para os ricos, outro para os pobres. Nocampo poltico, a desigualdade foi colocada em termos de situao e oposio, confundindo-se oopositor com o inimigo, num governo gerado por preconceitos, socialmente condicionado ao medode enfrentar sua prpria ilegalidade.Um ms depois, o Senador volta tribuna para fazer uma demolidora contestao da polticaeconmica do Governo da poca. Os dois pontos fracos do regime eram, no campo poltico, as leisde exceo, conhecidas como casusmos e, no terreno da economia, o esgotamento do modelo dedesenvolvimento adotado, em evidente runa desde os sucessivos choques nos preos do petrleo.Disse Simon a certa altura:Senhor Presidente, Srs. Senadores, h vrios anos suportamos uma crise econmica que geroubaixas taxas de crescimento, onde os desprivilegiados tornaram-se as maiores vtimas. Esperava-seuma retomada do crescimento como uma das poucas formas de combater a misria e o desemprego.Lana-se, todavia, a economia nacional na recesso por meio de medidas restritivas.9 11. Em maio de 1980, o Senador foi tribuna para tratar do tema mais candente daquele mo-mento: a crise no ABC paulista, onde estavam pipocando as primeiras greves. Simon denunciou queos operrios estavam sendo impedidos, pelo Governo, de manifestar seu descontentamento com acrise poltica. Declarou o Senador: Recebo, agora, a informao do Senador Teotnio Vilela, de que so duzentos os feridosdo ABC. So duzentas as pessoas que terminaram feridas, no ABC, no choque entre os operrios eos policiais. Repito, porque importante, porque ele um testemunho insuspeito. At ontem, o Senador Jarbas Passarinho fazia questo de dizer, desta tribuna, que era sur-preendente a forma ordeira e pacfica como os grevistas estavam agindo em So Bernardo do Campo.Mas, a verdade que parece que aquilo que se queria foi conseguido: duzentos feridos no ABC. Num tempo de medo, em que as palavras tinham que ser bem medidas, com temor de repre-slias, sendo que a mais forte delas era a cassao do mandato parlamentar, Pedro Simon no deixavade atingir duramente o Governo nos seus pontos mais sensveis. Um deles era o divrcio total entre oregime e os trabalhadores. Em outubro de 1980, Simon prope uma profunda reforma na consolidaodas Leis do Trabalho, de modo a garantir, entre outras conquistas, a representao sindical: Para vencer esta barreira histrica e com o objetivo de determinar uma clara tomada de po-sio de governantes e governados, em termos de Poder Legislativo, bem como na justa procura de umcorreto posicionamento diante da realidade social, que demos conseqncia ao nosso pensamento,quando encaminhamos Mesa um projeto de lei (PLS-149/79) para consubstanciar as mais sentidasreivindicaes das classes trabalhadoras, despojando a CLT de tudo quanto a faz um instrumento deinjustia social a servio do arbtrio. Mal comeamos esta tarefa com dois projetos, mas haveremosde termin-la, assessorados pelas mais autnticas lideranas sindicais. Em abril de 1981, o Senador voltou a bater na mesma tecla. Em criterioso pronunciamento,mostrou de que modo havia um claro desequilbrio entre a elevao dos preos praticados no comrcioe os reajustes de salrios pagos aos trabalhadores. Na concluso, Simon alega: Para ns do PMDB, desenvolvimento se mede pela melhoria das condies de vida dohomem, no conjunto da sociedade. Para ns, desenvolvimento deveria buscar o progresso socialde todo o conjunto social. E me parece que ns, a esta altura, deveramos ter prioridades bsicas.Prioridade 1: Tem gente passando fome? Tem. Temos de resolver o problema daqueles que estopassando fome. Prioridade 2: Tm milhes de brasileiros que esto doentes? Sim. O problema dasade um problema fundamental. Prioridade 3: Tm milhes de analfabetos que no tm condiesde estudar? A educao um problema prioritrio. Num extenso e minucioso pronunciamento, em junho de 1981, Pedro Simon analisou a criseenfrentada pela economia gacha, mostrando de que forma o modelo de desenvolvimento adotadopelo regime militar havia causado danos importantes nas atividades do Estado: Com os caminhos impostos a partir de 1964, a substituio das importaes diminuiu deritmo durante quase uma dcada. Houve reflexos terrveis sobre as economias regionais, a partir datransferncia de seus grupos controladores para o centro do Pas. O Rio Grande do Sul condenou essa fase, chamando-a de desgauchizao de sua eco-nomia. Contra ela, como deputado estadual, poca, manifestei-me repetidamente, ao lado de vozesexpressivas do Legislativo e das classes trabalhadoras e empresariais.10 12. A partir de 1968, nova imposio de rumos, com a prevalncia de um modelo industrial debens sofisticados, de consumo restrito. A economia de meu Estado teve agravado o papel secundrioque lhe tinha sido determinado pelo modelo, seja como fornecedora de excedentes agrcolas, sejacomo produtora de bens industriais intermedirios.Em novembro de 1981, o Senador ataca a poltica agrcola do regime militar, marcada,segundo ele, pelo descaso para com os trabalhadores rurais e com os empresrios do campo:O desemprego do trabalhador rural jamais preocupou qualquer escalo governamental.Viram sem reao nem econmica, nem social o xodo subtrair, continuadamente, a populaoativa dos nossos campos.E viram, irresponsavelmente, os que neles permaneceram, serem obrigados a convivercom a ausncia quase absoluta de garantias legais, a comear pela falta de assinatura da Carteirade Trabalho, o pagamento do salrio mnimo, do 13 salrio, o atendimento do perodo de frias, orespeito ao repouso semanal remunerado, a segurana no trabalho, as garantias, afinal, mnimasque o trabalhador conquistou com sacrifcios enormes e que, s em casos especialssimos, so re-conhecidos no campo.Tivemos, por isso mesmo, o aparecimento dos bias-frias, figura social que nos envergo-nha como povo, muito embora seja aceita com revoltante naturalidade por governos insensveis aodrama social neles traduzido.O velho problema de, em ano eleitoral, os parlamentares brasileiros se recusarem a alteraras regras eleitorais para melhorar o sistema poltico foi atacado por Pedro Simon em pronunciamentoque fez, em junho de 1982. Naquela poca ainda estava em vigor a Lei Falco, que restringia a pro-paganda poltica apresentao de uma fotografia dos candidatos a cargos pblicos. Disse Simon:Futebol, propaganda de tudo, novela de televiso, filme americano de gangsterismo, tudo vivel, menos o aparecimento de candidatos.Num pronunciamento de maio de 1983, Pedro Simon analisou a situao do Pas, e comeoudenunciando a insensibilidade oficial diante dos problemas sociais. Para tanto, atacou os tecnocratas,os tcnicos indicados pelos militares para desempenhar cargos no Poder Executivo:A chamada revoluo imps uma Secretaria de Planejamento que , indiscutivelmente,o superpoder dominante sobre ministros, sobre o Presidente, sobre governadores, sobre prefeitos,sobre a Nao, enfim.Imps, por esse instrumento de ao, o imprio do absolutismo tecnoburocrtico, ao mesmotempo em que se desfiguravam os planejadores em executivos e, no mesmo passo, tudo era e inten-tado para minimizar o poltico e fazer da poltica uma prtica sob crescente carga de desconfiananacional.Num discurso de junho de 1983, o Senador criticou a influncia do Fundo Monetrio Interna-cional sobre o modelo econmico que era imposto pelos governantes da poca ao povo brasileiro:Os termos das negociaes levadas a cabo pelo FMI com mexicanos e brasileiros garan-tem, isso sim, que as suas economias vo mergulhar numa depresso das mais profundas e, comoresultado, eles sero virtualmente incapazes de repagar suas dvidas. As condies que o FMIimps ao Brasil, por exemplo, incluem a destruio da fora de trabalho do Pas; um corte de 20% 11 13. nos oramentos das empresas estatais; um corte de US$10 bilhes nos emprstimos governamentaiss empresas privadas; uma desvalorizao de moeda de 23%, e, tambm, o leilo das companhiasestatais brasileiras e empresas privadas quebradas, aos investidores estrangeiros.Em junho de 1984, o Presidente da Repblica, Joo Baptista Figueiredo cancela, por re-comendao de polticos ligados ao Governo, uma visita ao Rio Grande do Sul, devido ao clima derevolta vigente no Estado. Assim, Simon descreve o panorama poltico no Estado:A revolta dos arrozeiros era qualquer coisa de impressionante...A greve dos professores e alunos das universidades, que se prolonga talvez a mais longade que se tenha conhecimento uma greve de revolta generalizada, desde o ensino, desde as con-dies materiais, at os vencimentos dos professores e funcionrios.O protesto dos servidores pblicos se fundamenta em algo de revoltante, que so os sal-rios que eles esto recebendo. Eles demonstram que, se o trabalhador que ganha salrio mnimo jno pode viver com esse salrio, eles, funcionrios pblicos, so vtimas de uma defasagem muitomaior.A derrota da Emenda Dante de Oliveira, que estabelecia eleio direta para a Presidncia daRepblica, em junho de 1984, foi lamentada pelo Senador em discurso candente, no qual ele apontatodos os elementos de convencimento usados pelo Governo:Hoje, Senhor Presidente, mais do que nunca, est provado que a Emenda Dante de Oliveirateria passado, se no fossem as medidas de emergncia, se os beleguins do arbtrio no tivessemcercado o Congresso Nacional, se o Presidente da Repblica no tivesse estabelecido a censura aordio e televiso, e se o Presidente da Repblica e seus ministros no tivessem chamado a compa-recer, aos seus gabinetes, uma srie de deputados e senadores para lhes formular vrias promessas,dentre as quais a Emenda Figueiredo, que fora enviada ao Congresso, s vsperas da votaoda Emenda Dante de OliveiraPedro Simon trata, em novembro de 1984, dos vinte anos de criao do Estatuto da Terra eda imobilidade do Governo diante dos problemas que se acumulavam no campo:A realidade mostra e exige que chegada a hora de que o Estatuto da Terra deixe asgavetas onde dormiu nesses ltimos vinte anos, e seja posto em prtica. Somente com uma radicalmudana da estrutura agrria brasileira conseguiremos resgatar a dvida que est sendo legada sgeraes futuras. O Estatuto da Terra o instrumento legal indicado para iniciar essas mudanasque a soberania nacional e solidariedade humana esto a reclamar.No seu nico pronunciamento em 1985, feito no dia 14 de maro, na vspera de assumir oMinistrio da Agricultura, Pedro Simon fala da grande esperana depositada pelo povo brasileiro noGoverno Tancredo Neves, que ele integraria:Algum como ns, que praticamente fez toda a sua vida poltica no campo da oposio,que levado pelos desgnios da realidade deste Pas, 21 anos aps a vitria do movimento de 1964,alimenta perspectivas de que possamos, realmente, mudar alguma coisa. Algum, como ns, quepercorreu os cantos e recantos do seu estado natal e, muitas vezes, da prpria Nao, chamando aateno para a importncia e o significado de mudanas reais, de mudanas, no sentido de transfor-maes que busquem uma nova sociedade. Algum como ns, que semeou a expectativa de que o povodeveria ter a esperana de um novo raiar, de uma nova sociedade, chega e vive o dia de amanh, na12 14. expectativa de que possamos, efetivamente, buscar, em conjunto com a sociedade brasileira, iniciaresse processo de transformao. No seu nico pronunciamento do ano seguinte, em 4 de dezembro de 1986, Pedro Simonfoi tribuna para despedir-se do Senado, a fim de assumir o Governo do Estado do Rio Grande doSul, para o qual havia sido eleito pouco antes. Ao fim de longo discurso, aparteado por muitos deseus colegas que unanimemente elogiaram sua atuao no Senado , disse: Agradeo dizendo que, l no Rio Grande do Sul, apesar das dificuldades, das lutas, dosproblemas, apesar das questes financeiras, apesar do Rio Grande ter mil questes para levar adiante,o povo gacho estar identificado com o povo brasileiro, nesta hora e neste desafio. Na torcida, naluta e na garra para que a Constituinte d certo. E vai dar certo! Pode-se dizer que 1991 foi um ano no qual Pedro Simon dedicou seus esforos em favor daaprovao do parlamentarismo, submetido naquele ano a plebiscito. Neste livro foram includos trspronunciamentos sobre o tema, que do um panorama dos acesos debates sobre a adoo desse sistemade governo. Entusiasta do parlamentarismo, Pedro Simon ataca duramente o regime presidencial, quejulga causador das incontveis crises polticas vividas pela Nao ao longo do sculo XX. No seuterceiro discurso sobre o tema neste livro, o Senador gacho denuncia as manobras secretas do entoPresidente Fernando Collor de Mello, que se dizia isento, em favor do presidencialismo: Ns perdemos. Perder faz parte da vida. No parlamentarismo estamos cansados de perder.Mas a posio do Presidente da Repblica me parece algo srio. Um presidente que, quando can-didato, para ganhar a Presidncia, provou ao Brasil inteiro que o Lula confiscaria o dinheiro dapoupana se ganhasse as eleies; quando eleito fez tudo aquilo que dizia, assustando a Nao, queo seu adversrio faria. Ento a palavra do Presidente j no de muita credibilidade. Em fevereiro de 1992, Pedro Simon critica o descaso do Presidente Fernando Collor de Mellocom o Rio Grande do Sul, tendo ele ido ao Estado em apenas duas oportunidades, e em ambas parase encontrar com os presidentes dos pases integrantes do Mercosul. O Senador cobra a duplicaodo plo petroqumico, com a qual Collor havia se comprometido e encerra dizendo: Durante a campanha, at nos parecia que o Presidente Fernando Collor, pelo seu laoafetivo de sangue, dos seus antepassados paternos, teria um carinho e um afeto especial pelo RioGrande do Sul. Alis, Sua Excelncia, em mais de uma oportunidade, deu a entender exatamenteessas coisas, de que, por todas as suas origens, ele olharia com muito afeto e com muito respeitoo Rio Grande do Sul. Com relao ao afeto, Senhor Presidente, se tem ou se no tem, no possocobrar. Mas, com relao ao tratamento que o Rio Grande do Sul tem o direito de receber por partedo Governo Federal, este sim, e estamos aqui para lamentar a melanclica atuao do PresidenteFernando Collor com relao ao Rio Grande do Sul. E exigir de Sua Excelncia o tratamento queo Rio Grande do Sul tem direito. Em junho de 1992, o Senador denuncia o descaso do governo para com a violncia reinanteno campo. Usando dados recolhidos num levantamento da Comisso Pastoral da Terra, diz Simon: Em 1991, os pobres do campo foram discriminados e maltratados. No houve financiamen-tos para a agricultura. Tivemos a pior safra dos ltimos dez anos. Os preos dos produtos agrcolasestiveram l embaixo. As cestas bsicas para a regio da seca chegaram s na hora das enchentes.O Judicirio atuou, em alguns estados, como fiel amigo dos grileiros, expulsando at comunidades13 15. centenrias de negros. Com alegria, fazemos uma ressalva para alguns juzes que se esforarampara vencer a impunidade.Num longo pronunciamento, Pedro Simon analisou a deciso do Supremo Tribunal Federal,adotada em dezembro de 1993, sobre o afastamento do Presidente Fernando Collor de Mello, ocorridaum ano antes:Eu sempre me pergunto: por que, na legislao de outros pases, vemos crimes e delitospunidos, praticamente em cima do fato, e no Brasil s ladro de galinha vai para a cadeia? E repito:a principal causa de tudo o que acontece neste Pas se chama impunidade. Se no temos a autoridademoral para fazer com que o cidado que rouba galinha pare de agir assim, quanto mais impedir queos grandes roubem a vida do povo brasileiro! E no acontece nada.No encerramento da CPI do Oramento, em janeiro de 1995, o Senador Pedro Simonregistrou a importncia histrica do acontecimento, marcado pela cassao do mandato de vriosparlamentares: a primeira vez, na histria do mundo que um presidente da Repblica sofre um impea-chment e afastado pelo Congresso Nacional... nos Estados Unidos, no houve cassao: Nixon que corria o risco de ser cassado renunciou antes. Alm disso, l, mataram muita gente, muitospresidentes. Aqui, no. Aqui e pela primeira vez na histria do mundo afastou-se um, democra-ticamente. E hoje, Senhor Presidente, , tambm, pela primeira vez na histria do mundo, que umregime presidencialista faz sua autopunio. Estamos buscando a nossa autopunio.Um ms depois, em fevereiro de 1994, o Senador discursou no Palcio do Planalto, diantedo Presidente Itamar Franco, em cerimnia na qual estava sendo constituda uma comisso do PoderExecutivo para rastrear sinais de corrupo na administrao pblica. Disse Simon:Ns estamos iniciando um processo de fim da impunidade. A rigor, estamos revogando aLei de Grson. Chega de levar vantagem em tudo! Pelo contrrio, ao invs de levar vantagemem tudo, cada brasileiro como se ns estivssemos criando uma nova lei cada brasileiro tem dedar um pouco de si para o seu Pas, tem de dar uma colaborao, um percentual do seu tempo, dasua capacidade de ao. Ao invs de receber a mais, tem de dar a mais, para que a sociedade possacrescer.Em janeiro de 1995, o Senador sada a eleio de Fernando Henrique Cardoso Presidn-cia da Repblica, mas anuncia sua deciso de manter-se independente para poder critic-lo, quandojulgar necessrio:No h dvida nenhuma de que o Brasil vai crescer, e precisa crescer. Na dcada de 70,poca do milagre econmico, o Brasil cresceu bastante; mas um pas que tem trinta milhes de pes-soas passando fome precisa crescer com justia...Acredito que o Presidente Fernando Henrique Cardoso far isso. Se no o fizer, virei aquipara discordar, com a mesma sinceridade com que, contrariando deciso do meu partido, deixei devotar no seu candidato para defender a candidatura de Fernando Henrique Cardoso e o fiz desdeo incio.Em maio de 1995, como se pode ver num pronunciamento de Pedro Simon sobre o suca-teamento do setor agrcola do Rio Grande do Sul, surge com fora a sua divergncia em relao orientao central do Governo FHC:14 16. Perdoe-me o Senhor Fernando Henrique Cardoso, mas no o entendo. Tenho muito cari-nho por Sua Excelncia, dei-lhe meu voto, meu amigo, mas no entendo um socilogo sentado nacadeira da Presidncia da Repblica que no tenha como primeira meta resolver o problema dos 30milhes de brasileiros que passam fome. Atender esses 30 milhes de brasileiros que passam fomepara mim mais urgente do que o problema da Petrobras, que importante, mas no to urgente,ou do que o problema da privatizao da telefonia, que importante, mas no to mais urgente.Eu vi, nesses seis meses, muita ao da esposa do Presidente. Mas aquilo que eu disse: parece-meque o Presidente dividiu o social fica com a mulher dele e o resto fica com ele.Outra forte divergncia de Simon com o Governo FHC seria em relao ao processo deabertura das nossas importaes, sem que o Brasil exigisse contrapartida nos mercados dos pasesque vendiam para ns. Em discurso de dezembro de 1996, disse Simon:Argumento para o fato de que essa globalizao existe, mas que no devemos entrar crus,deixando tudo aos cuidados das leis de mercado. Devemos ter a obrigao de exercer esse controle.Contrrio reeleio de administradores pblicos, o Senador manifestou-se sobre o tema,em maio de 1997, quando ele estava sendo discutido no Senado:Senhor Presidente, quero dizer, com muita singeleza, o que penso com relao reeleio.Em primeiro lugar, digo isso com todas as letras, que votar como se quer a reeleio, Senhor Presi-dente, um golpe do Congresso. O Congresso vai violentar a sua Constituio.Em 19 de novembro de 1998, num dos seus mais conhecidos pronunciamentos, Pedro Simonlevou o ministro Luiz Carlos Mendona de Barros, das Comunicaes, a pedir demisso. Assim, oSenador concluiu seu discurso:Do fundo do corao, digo que tenho o maior respeito por V. Exa, acho que no tem nenhumtipo de comprometimento nisso, mas as circunstncias levaram a que V. Ex ...Para sua biografia, para ajudar o seu Presidente, o nosso Presidente, a renncia o grandegesto.Em abril de 1999, num pronunciamento de grande densidade, o Senador gacho examinoua fundo as idiossincrasias do modelo federativo brasileiro, arrematando assim seu pensamento:Concluo Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Senadores, fazendo um apelo aos gover-nadores e ao Presidente da Repblica. Renam-se! Renam-se com maior freqncia! Renam-sesem idias preconcebidas! Renam-se sem pensar no que dir a mdia depois! Renam-se pensandoapenas no Brasil! Renam-se sem pensar que fazem parte de partidos diferentes! Renam-se sempensar na eleio para a presidncia em 2002! Comecem a discutir um pacto federativo porque, sechegaram e concretiz-lo, estaro dando o primeiro passo para o estabelecimento de um projetonacional. Um grande projeto nacional a ser perseguido por todos, em clima de cordialidade e decooperao. Basta de rivalidade! hora de unio nacional em torno de um projeto nacional.Uma poltica mais agressiva no comrcio exterior o que o Senador gacho cobra doGoverno brasileiro num discurso pronunciado em junho de 1999. Em certo trecho, Simon fez umasntese dos problemas da economia brasileira:Senhora Presidente, Senhoras e Senhores Senadores, para estimular ainda mais nossasexportaes precisamos: primeiro, diminuir o chamado Custo Brasil verdade que tem origem15 17. na nossa infra-estrutura insuficiente, nos meios de transporte inadequados e no sistema porturioainda deficitrio, ainda ineficiente; segundo, reduzir os tributos incidentes sobre o produto nacio-nal, algo que poderemos fazer j, durante a reforma tributria; terceiro, ampliar financiamentosde longo prazo no setor exportador, com juros adequados e compatveis com os vigentes l fora;quarto, incrementar a propaganda de produtos brasileiros no exterior por meio de publicidade e napresena dos nossos produtos nas feiras internacionais e, quinto, por fim, ainda uma outra medidaque considero a mais importante de todas: preciso lutar de forma mais agressiva para derrubaras barreiras tarifrias e no-tarifrias s nossas exportaes, que so erguidas pelos pases desen-volvidos da Europa, pelos Estados Unidos e pelo Japo.Em fevereiro do ano 2000, o Senador tratou de um dos seus temas recorrentes: a extraordi-nria diferena entre os salrios dos funcionrios mais graduados e dos menos graduados no serviopblico do Brasil. Mais uma vez, Simon defendeu que o salrio mximo pago ao servidor do maisalto escalo no poderia ser mais do que vinte vezes superior ao menor salrio. Argumentou Simonem certa passagem:Algum me disse: Senador, isso demagogia! Como um deputado, um senador, um juiz, umministro vai viver com um salrio vinte vezes maior do que o salrio mnimo lembrando que issodaria R$2.500,00? Ento, disse-lhe: creio que voc no deveria perguntar como que viveremoscom um salrio de R$2.500,00. Voc deveria perguntar como que um trabalhador vive com umsalrio de R$150,00.Pedro Simon fez um importante pronunciamento sobre a influncia nefasta do sentimentode impunidade que acomete os brasileiros, diante de tantos desmandos. Analisando a derrocada ticada sociedade brasileira, disse o Senador, em novembro do ano 2000:Quando vejo os levantamentos feitos sobre o que se rouba no Brasil fico espantado. Odinheiro roubado daria praticamente um novo salrio para os brasileiros... Acho que essa devia sera nossa grande misso. Essa devia ser a nossa obrigao, compromisso, dever, responsabilidade.Aqui no interessa o partido, no interessam as divergncias, no interessam os mal-quereres. O queinteressa a causa. Temos de olhar o conjunto, o macro da questo. Acho que essa a nossa granderesponsabilidade e para fazer isso temos de ter coragem de ver as questes e elas so singelas.Defendendo a candidatura prpria do PMDB na futura eleio presidencial, o Senador foi tribuna em agosto de 2001, a fim de colocar seu nome disposio do partido. Argumentou que oPMDB, o maior partido brasileiro, no poderia continuar a reboque de legendas menores. Em certapassagem, descreveu como seria um governo comandado por ele:Quero dirigir-me aos membros do meu partido para dizer quem eu sou e eles o sabemmuito bem. Busco uma candidatura sem dios e sem vinditas, mas com respeito e com dignidade.Jamais serei um governo de centro-direita! Nisso me diferenciarei radicalmente do Senhor FernandoHenrique Cardoso, que, embora sendo socialdemocrata, fez um governo absolutamente neoliberal.O meu Governo ser voltado para os que mais precisam e para os que mais necessitam.Por ocasio da comemorao dos 111 anos do Senado Federal, Pedro Simon, em junho de2002, fez um pronunciamento histrico, que comea assim:Sempre considerei a tribuna como sendo a alma do Senado. aqui que, quotidianamente,os mais candentes problemas do Pas so tratados. Nos momentos mais graves da nossa Histria,16 18. a tribuna do Senado acabou funcionando como um farol que orienta a Nao para as melhoresdecises. Afinal, este aqui um tradicional reduto dos mais experimentados homens pblicos. Foiassim no Imprio e assim na Nova Repblica. Este plenrio congrega ex-Ministros, ex-Governa-dores, ex-Presidentes, homens e mulheres com vasto conhecimento da vida brasileira e da gestodos negcios pblicos.Ao defender uma emenda de sua autoria que destinava recursos constitucionais para a metadedo sul do Rio Grande do Sul, em setembro de 2003, Pedro Simon fez um pronunciamento em quehistoria as dificuldades que acabaram por transformar o pampa na regio mais pobre do Estado:No inconsciente dos brasileiros, o pampa est tambm ligado a uma noo de riqueza, deabundncia e de fartura. Mas essa uma falsa imagem, como veremos neste pronunciamento.Se estabelecermos uma linha imaginria cortando o Rio Grande do Sul ao centro, perce-beremos que as extensas plancies verdes os pampas ocorrem na metade sul do nosso Estado. No entanto, aquela no uma regio de fartura e de riqueza. Muito pelo contrrio. Nametade sul est concentrada a maioria dos municpios mais pobres do nosso Estado.Ainda em setembro de 2003, Pedro Simon fez um importante pronunciamento para apre-sentar sua emenda de incluso previdenciria para os mais pobres. O Senador gacho apresentouemenda criando um sistema de contribuio para os brasileiros que ganham menos, de forma a reduzira parcela de cidados que hoje no tm acesso ao sistema previdencirio. Disse Pedro Simon: Conforme os dados mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar,Referncia 2001, de 70 milhes de trabalhadores brasileiros, apenas 30 milhes contribuem paraa Previdncia Social; os demais no tm cobertura de regime previdencirio. Isso significa que, decada dez trabalhadores, apenas quatro esto protegidos pela Previdncia Social e seis esto forada Previdncia. So 40,6 milhes os excludos, os sem-previdncia. E desse total, 18,7 milhes detrabalhadores tm rendimento mensal acima de um salrio mnimo e podem ser considerados eco-nomicamente capazes de contribuir e de ter uma contrapartida. Para promover essa incluso, apresentei uma emenda singela, apenas para garantir aincluso na Constituio do direito desses brasileiros aos benefcios da Previdncia Social. Pedro Simon dedicou-se mais uma vez a analisar dois dos temas que mais o preocupamnum discurso de junho de 2004, em que mostra a ligao indissolvel que existe entre a corrupo ea impunidade. A primeira s existe e prospera porque os saqueadores do dinheiro pblico sabem queno sero punidos. Advertiu o Senador: A impunidade a regra. O caso mais escandaloso de que se tem notcia a absolvio doex-Presidente Fernando Collor pelo Supremo Tribunal Federal.No caso dos vampiros do Ministrio da Sade, o funcionrio encarregado de controlaras licitaes sabia da investigao que acabou por lev-lo priso. Mesmo assim, manteve o esque-ma de propinas. Afinal, um lobista que atuava na rea desde os tempos de PC Farias chegou a serdenunciado e nada aconteceu. o manto da impunidade, garantindo que, no mximo, os corruptospassem uns poucos dias na cadeia. Nunca precisam devolver o dinheiro que roubaram e o patrimnioacumulado ilegalmente, custa do trabalho e do sacrifcio do povo. Assim o Brasil. 17 19. Em outros pases tambm se rouba. Recentemente, grandes corporaes norte-americanasforam apanhadas fraudando balanos e enganando acionistas e o Fisco. A diferena que l osresponsveis so punidos. No existe impunidade como aqui. Uma gravssima tentativa de manipulao da imprensa pelo Governo foi denunciada emagosto de 2004, quando Pedro Simon se pronunciou contra a criao do Conselho Federal de Jorna-lismo, um monstrengo jurdico engendrado para calar os jornalistas brasileiros: Sim, foi nas entranhas do Poder Executivo, especificamente na Casa Civil, que o projetoteve retocados alguns de seus mais importantes dispositivos, at se transformar no mostrengo que hoje. Quero lembrar que, quando estava maquiando o projeto, o Executivo no se lembrou de ouvirnem mesmo a Associao Brasileira de Imprensa, a gloriosa ABI, que ontem, dia 10, se pronuncioucontrria iniciativa, em reunio de seu conselho deliberativo. Alm disso, em inmeras oportuni-dades, o Presidente da ABI, jornalista Maurcio Azedo, atacou vigorosamente o anteprojeto. Num dos mais vigorosos pronunciamentos de sua carreira, em abril de 2005, Pedro Simoncomenta a criao, pela Conferncia Nacional dos Bispos do Brasil, do Centro Nacional F e Pol-tica, um centro de estudos para que se analise a atuao poltica diante das exigncias de f. Disseo Senador: No Brasil, de certa forma, vivemos hoje uma guerra no declarada, confirmada na violnciaque ronda nossas esquinas, ruas e avenidas. Acumulam-se as vtimas de balas perdidas e de balascom endereo certo. Como diz aquela msica, todos, podemos dizer, todos os dias: est l mais umcorpo estendido no cho. Estou falando de uma guerra que ceifou a vida dos meninos da Candelria,dos fiscais do Ministrio do Trabalho, em Una, e da Irm Dorothy, a missionria da Amaznia. Confesso, sinceramente, que, ao folhear os diferentes cadernos que retratam o dia-a-dia desteincio do terceiro milnio, pouco ou nada encontro de inspirao para, concretamente, transformareste mundo. Restam-me os meus sonhos. E eles no so poucos. E, apesar de tudo, sinto que eles sofactveis. Deus, na sua infinita bondade, traou-me um caminho. Esse caminho foi pavimentado pelaf e sedimentado na atuao poltica. F e poltica: sem elas, eu vegetaria numa vida sem sentido,sem sonhos e sem utopia. Em um pronunciamento de grande repercusso, em maio de 2005, Pedro Simon criticouuma das maiores distores da economia brasileira atual, os juros exorbitantes, apresentando umexemplo impressionante: Se um correntista tivesse depositado R$100,00 (cem reais) na poupana num banco, nodia 1o de julho de 1994 (data do lanamento do real), ele teria hoje na conta a fantstica quantia deR$374,00 (trezentos e setenta e quatro reais). Se esse mesmo correntista tivesse sacado R$100,00(cem reais) no cheque especial, na mesma data, teria hoje uma dvida de R$139.259,00 (cento etrinta e nove mil e duzentos e cinqenta e nove reais), no mesmo banco. Ou seja: com R$100,00 docheque especial, ele ficaria devendo nove carros populares e, com o dinheiro da poupana, conse-guiria comprar apenas quatro pneus. Resumindo: os bancos ganham uma enormidade, enquanto os cidados e as empresaspagam uma barbaridade.18 20. PROJETOSPara dar uma mostra, ainda que mnima, das proposies legislativas de Pedro Simon,escolhemos alguns projetos de lei para incluir neste livro. De certa forma, as preocupaes centraisdo Senador justia social, educao para a cidadania, combate corrupo e impunidade, defesados pequenos agricultores, proteo do meio ambiente e fim dos privilgios esto representadasaqui. Vamos repetir: o Senador apresentou em vinte e quatro anos de Senado Federal exatas 1.343proposies legislativas. E, dessas, escolhemos 62 para incluir nesta obra.Na essncia da atividade parlamentar, alm do eixo dos pronunciamentos materializados pordiscursos, apartes e indagaes Mesa sobre os trabalhos, existe um conjunto de atividades que so,fundamentalmente, o objetivo clssico da atividade poltica, que a atividade legiferante, analticae fiscalizadora. Essas so as grandes bases da atividade parlamentar e, em especial, essas bases sobastante amplas quando se trata do exerccio da senatoria.E mais uma vez, o Senador Pedro Simon nos coloca numa difcil posio de selecionar,ainda que por alto e brevemente, o que mais importante. Ao longo de seus trs mandatos, tem atuadode maneira to prolfica e produtiva, que qualquer seleo certamente est longe de fazer justia diligncia do Senador. raro encontrar na histria da Repblica parlamentar de atuao to profundae ciosa quanto a de Simon.No fcil retirar das centenas de proposies legislativas algumas poucas que possammelhor espelhar a produo. Trata-se de um trabalho muito vasto e de contedo muito denso. Naqui-lo que prope, questiona, requer, estuda e relata percebe-se que Pedro Simon estudou o tema comprofundidade.Pedro Simon tem como diferencial invocar a participao da sociedade nos debates legisla-tivos em que se envolve. caracterstica dele a convocao dos interessados, em especial dos maishumildes, na definio de novas leis. De sua lavra, ou a seu pedido, foram feitas centenas de audiescom todos os segmentos afeitos ao que votado.Um grande desafio que exigido do parlamentar federal, em particular mais ainda dossenadores da Repblica, o balizamento de sua esfera de atuao. De fato o Senado representa epreserva o equilbrio dos estados da Federao. No status de membro da Cmara Maior Revisora, umsenador em geral atua tendo em vista um, no raro, difcil ponto de convergncia entre os interessesdo povo e do estado que representa com os anseios de carter nacional.Pelo que Pedro Simon produziu ao longo dos seus mandatos, constata-se que ele tem odomnio dessa arte delicada, a de conciliar os interesses do Estado que o elegeu com os interesses daNao. Pode-se dizer, sem medo de errar, que, analisando a vasta produo do Senador, descobre-seque ele , ao mesmo tempo, o mais gacho dos parlamentares e o mais cosmopolita dos senadores.Representa e defende seu Rio Grande com o mesmo ardor e paixo com que luta pelos interessesnacionais.Neste aspecto, podemos detectar na atividade legislativa de Pedro Simon pronunciamentose propostas legislativas em defesa da Amaznia, do Cerrado e da Mata Atlntica, das minorias tni-cas, dos despossudos, dos aposentados, das crianas, da tica na poltica, do respeito ao Errio, docombate corrupo, sem jamais olvidar os temas estaduais que aborda com vigor e profundidade. 19 21. Assim, na tentativa de mostrar aqui parte dessa imensa produo, optamos por destacar unspoucos projetos.Um deles pedia a revogao na Lei de Segurana Nacional naqueles dispositivos que im-puseram aos meios de comunicao social a censura prvia.Uma outra proposta importante, ainda no tempo do regime militar, estabelece critrios paraa fixao de um salrio mnimo justo para o trabalhador brasileiro, garantindo a eles as condiesmnimas de vida que devem ser asseguradas ao ser humano. A instituio do salrio mnimo semprefoi combatida tenazmente pelo liberalismo econmico, que considera o trabalho simples mercadoria,devendo submeter-se lei de oferta e procura, no cabendo ao Estado interferncia nas iniciativasprivadas. O salrio mnimo, hoje consagrado em quase todas as legislaes do mundo, consideradoum direito que tem o trabalhador desfavorecido, muitas vezes, sem profisso definida.Escolhemos ainda uma proposta para instituio de uma nova lei para regular as remessasde lucros ao exterior pelas empresas multinacionais. A drenagem dos recursos naturais brasileiros remessa sem qualquer controle de lucros, juros, royalties e dividendos era a causa mais do queconhecida do dficit estrutural do nosso balano de pagamentos. O que ocorria no era transfernciade capitais estrangeiros para o Brasil, mas, ao contrrio, o escoamento de recursos brasileiros parao exterior.Em um outro projeto importantssimo, o Senador Pedro Simon exige que a Unio pagueos grandes dbitos que tem para com o Rio Grande do Sul. Assim argumentou o Senador no seuprojeto:Nos tempos em que, ainda, cabia ao Estado o papel de alavancar o crescimento econmicobrasileiro, o Governo Federal decidiu implantar um novo plo petroqumico. Em contraposio,colocava-se a alternativa de duplicao das unidades j existentes em So Paulo e na Bahia. Nofaltam presses neste ltimo sentido. A deciso ltima pelo Rio Grande do Sul foi sedimentada pelamobilizao das representaes polticas gachas e pela participao, efetiva, do Governo do Es-tado no empreendimento. Como um verdadeiro scio, o Rio Grande aportou recursos para obrasde infra-estrutura e de proteo ao meio ambiente, algo prximo de US$250 milhes. O Governogacho idealizou e implantou a Aos Finos Piratini. Projetada para uma produo anual de 450 miltoneladas, sua produo inicial se estabilizou em 150 mil. Sem condies financeiras para alcanara plena capacidade, o Governo Estadual, aps exaustivas discusses na Assemblia Legislativa,transferiu a empresa para a Unio, sob o compromisso formal do aumento integral da produo.Pois bem, com o advento do Programa Nacional de Desestatizao, o Plo Petroqumico do Sul ea Aos Finos Piratini foram transferidos para mos privadas. O primeiro, sem que o Estado do RioGrande do Sul fosse ressarcido na proporo dos recursos alocados na sua implantao. A AosFinos Piratini, idem, e sem que a Unio tenha cumprido a clusula de expanso produtiva. Iguaisdesfechos restaram antecipao de recursos, pelo Governo gacho, para implantao de estradasfederais e aquisio de terras para reforma agrria, quando da minha gesto como governador doEstado, na dcada de oitenta. A promessa de ressarcimento ainda dormita nos documentos oficiais.Os recursos devidos ao Rio Grande do Sul so os mesmos que faltam para desenvolver suas regiesmais pobres, como, por exemplo, a sua metade sul. So essas as justificativas que me orientam aapresentar esta proposio, na expectativa que o trabalho desempenhado por esta Comisso Espe-20 22. cial possa quantificar e subsidiar a Unio a restituir ao Estado do Rio Grande do Sul recursos comtamanhos custos de oportunidade para o Estado. Publicamos aqui texto de um projeto que submete ao Congresso Nacional as normas sobreos produtos sujeitos a impostos, bem como para aumentar ou reduzir alquotas destes, de acordo como interesse pblico. Outra importante iniciativa legislativa diz respeito instituio de um sistema de reajusta-mento semestral dos salrios, tendo em vista que o sistema anterior estabelecia a reviso anual, nose ajustando aos fatos econmicos, que demonstravam um acelerado e pertinaz aumento do custo devida, reduzindo, inapelavelmente, o j escasso poder aquisitivo dos assalariados, acarretando umaqueda generalizada da demanda efetiva, especialmente de produtos de primeira necessidade. Istocaracterizava um crculo vicioso que deveria ser freado. Outro projeto significativo prope a fixao de prazo para restituio do Imposto sobre aRenda, que sempre penaliza cruel e regressivamente, o ganho assalariado. A pior injustia, porm,reside no fato de que isso feito, enquanto o grande capital, inclusive as empresas multinacionais,desfrutam de inmeros favores, subsdios e isenes fiscais. Por outro lado, em razo da aceleradaperda de seu poder aquisitivo, os assalariados, quando apresentam suas declaraes de Imposto sobrea Renda e constatam que tm direito a restituio, na maioria dos casos, negociam os valores que lhessero devolvidos, com os bancos comerciais, em prazos que variam de 60 a 90 dias. Quando a ReceitaFederal atrasa, inexplicavelmente, as devolues, os assalariados se vem em grandes apertos parafazer frente aos compromissos assumidos com os bancos e obrigados a pagar juros de mercado. Uma outra importante proposio quer estender para o mbito nacional o direito conquista-do pelos estudantes meia-entrada em cinemas, teatros e espetculos, um dos fatores de incentivo freqncia de todos os brasileiros aos bancos escolares, facilitando o seu acesso cultura. A propostalegaliza uma situao que j existe de fato. Outra proposta visa dirimir uma situao conflituosa e muitas vezes restritiva aos direitosdas crianas e adolescentes quanto a sua presena em atividades culturais, no caso especfico, cinema,teatros e salas de exibio de DVD, vdeos e congneres, quando em desacordo com as classificaesindicativas estipuladas pelo Ministrio da Justia, rgo competente para regular e dispor sobre oassunto. Apresentamos neste livro o projeto que visa a ordenar uma situao que aflige grande partedos promitentes compradores de imveis pela Caixa Econmica Federal, Banco Nacional da Habi-tao e seus agentes, quando do desejo daqueles em quitarem suas propriedades. O que acontece que os rgos repassadores do BNH protelam sempre a quitao para osemestre seguinte ao pedido do promitente comprador, ocasionando um aumento do saldo devedorde 20 para 25%, em apenas alguns dias. O juro o mais elevado do mundo. A distoro prejudicavaoperrios, trabalhadores, funcionrios pblicos, professores, profissionais liberais, enfim, todos aque-les que sonharam com a casa prpria, guardam o seu dinheiro e, na primeira oportunidade, procuramquit-la, para se livrarem das correes trimestrais no saldo devedor. Um outro projeto visa disciplinar e restringir o uso de defensivos agrcolas, porque a sinteti-zao de substncias qumicas e seu emprego na moderna agricultura, notadamente aps os anos 60,contribuiu para um incrvel aumento da produtividade das colheitas, mas veio a ocasionar, tambm, 21 23. o fenmeno da contaminao ambiental e o surgimento de novas e graves enfermidades de carteragudo e crnico. Ainda na questo do meio ambiente, Pedro Simon apresentou proposio com objetivodisciplinar, conscientizar e orientar os agentes participantes da cadeia produtiva (fabricantes, distri-buidores, revendedores e consumidores finais), quanto destinao adequada a ser dada a determi-nados produtos e subprodutos que contenham substncias txicas. Simon argumenta que descartadosou depositados indiscriminadamente na natureza, tais produtos podem contaminar o meio ambientecom resduos altamente nocivos sade humana e ao ecossistema em geral no caso especfico,baterias de automveis, de telefones celulares e pilhas eletroqumicas (pilhas comuns, utilizadas emdiversos eletrodomsticos). Outra proposio visa regularizar a situao dos stios arqueolgicos e, em especial, a pro-teo ao patrimnio fossilfero. Hoje, dada a vacncia legal sobre o tema, adicionada divergnciaconceitual do tratamento da questo, gera-se um quadro confuso e um desamparo formal no trato dosrecursos fsseis, sua pesquisa, seu resguardo e defesa. Diante da verificao de que os motoristas de txi de inmeras cidades no tinham tidooportunidade de se beneficiarem da iseno do IPI na aquisio de veculos automotores movidos alcool, porque terminara o prazo de iseno sem que nessas cidades tivessem sido sequer instaladasas bombas ou postos para a venda de lcool, o Senador Pedro Simon tomou uma iniciativa. Haviaum decreto que dispensava o pagamento de IPI nas aquisies de txi dos motoristas profissionais,por mais um ano. A matria tratada por espasmos de benefcios tributrios. Pedro Simon, sensvel questo da classe, props legislao perene para a iseno. Da maior importncia o projeto de lei que pretende que obras pblicas iniciadas no soframsoluo de continuidade at sua concluso. Pretende, ainda, que se promova um levantamento dasobras pblicas cuja execuo esteja paralisada, suspensa e em andamento e os respectivos estgiosem que se encontram para que o Congresso Nacional, com a colaborao do Executivo, possa decidirque destino dar s mesmas. Uma outra proposta tem por finalidade romper com a viso cada vez mais predominante deque a escola de nvel bsico deve to-somente transmitir informaes e saberes que tenham utilida-de para a vida profissional ou para a continuidade dos estudos em nvel superior. No seu projeto, oSenador rejeita essa concepo puramente instrumental da escola, tornando mais conseqente o fatode que ela tambm responsvel pela formao tica e cvica dos estudantes. Essa responsabilidadeganha ainda maior relevncia diante do tempo cada vez mais exguo que muitos pais dispem paraconviver com seus filhos, sem poder educ-los adequadamente, e tambm diante do papel por vezesdeletrio que os meios de comunicao de massa, particularmente a televiso, assumem na formaodas personalidades das crianas e adolescentes. Nesse contexto, a criao de um componente curricularpara a abordagem de questes ticas e cvicas se reveste de inequvoca importncia. Um tema polmico recente foi antecipado pelo Senador h muito tempo. Como comple-mentao do Projeto Internacional do Gasoduto BrasilBolvia, hoje em crise, Pedro Simon sugeriua instituio do gasoduto ArgentinaBrasil, que se estenderia do nordeste argentino, entrando em solonacional pela fronteira com o Rio Grande do Sul em Uruguaiana, seguindo curso por Santa Maria e22 24. finalizando em Porto Alegre, interligando, desta forma, o Mercosul ao sudeste do Pas, por meio doscomplexos de gasodutos BrasilBolvia e ArgentinaBrasil.Destacamos, a seguir, uma outra iniciativa legiferante, defendida com muito empenho peloSenador Pedro Simon: a utilizao da televiso como elemento de educao das crianas brasileiras.Grande repercusso obteve o projeto que tinha como propsito permitir, aos idosos maioresde sessenta e cinco anos, uma vantagem em relao aos demais cidados, o desconto em passagensinterestaduais. Fixava ainda que as empresas concessionrias de transportes coletivos interestaduaislimitariam a 10% da capacidade de cada veculo o benefcio.De largo alcance o projeto de lei que objetiva incluir, entre as atividades previstas naprestao do Servio Alternativo ao Servio Militar Obrigatrio a possibilidade de os no-engaja-dos prestarem servios no mbito dos Poderes Legislativo e Judicirio, alm do Executivo, nos trsnveis de Governo: federal, estadual e, sobretudo, no mbito municipal, facultando, deste modo,a permanncia do cidado no seu prprio domiclio. O Senador prope reiteradamente uma maiorparticipao da juventude no equacionamento e na soluo dos problemas de nossa sociedade; essa uma das grandes idias e propostas a esse respeito.Pedro Simon props ainda a modernizao da legislao processual penal, seguindo o modelode reformas legislativas efetuadas na Itlia, em Portugal e na Espanha, que deixaram a fase inves-tigatria sob a direo do Ministrio Pblico, acompanhando as modernas democracias ocidentais,como a Alemanha, os Estados Unidos da Amrica do Norte e a Frana, entre outras, com resultadosimediatos, conforme se pode verificar, por exemplo, na chamada Operao Mos Limpas, uma dasmaiores iniciativas para o combate corrupo.No mesmo sentido, o Senador Pedro Simon apresentou proposta com o objetivo de restringiras imunidades parlamentares. O Senador lembra na justificativa que a imunidade formal, nos termosem que estava regulada, era o maior empecilho ao da Justia italiana, condutora do processo dedepurao.Um outro projeto de lei significativo trata de uma grande preocupao do Senador: visaassegurar condies especiais e diferenciadas ao crdito rural concedido a duas categorias de produ-tores rurais: aqueles assentados em projetos de reforma agrria e os agricultores familiares.Um dos projetos pelo qual o Senador Pedro Simon mais se empenhou foi o que sugeria acriao da CPI dos Corruptores. O projeto apresentado pelo Senador gacho veio em decorrnciada CPI que investigou as acusaes de Pedro Collor contra Paulo Csar Farias, que resultou no im-peachment de Fernando Collor; e da CPI que apurou as denncias de Jos Carlos Alves dos Santos(mais conhecida como CPI do Oramento).Ao final dessas CPI, diversos parlamentares manifestaram-se favorveis criao de outraCPI destinada a examinar a atuao dos agentes corruptores. No encerramento da chamada CPI doOramento foi apresentado requerimento, aprovado por unanimidade, solicitando a instalao ime-diata da CPMI destinada a apurar a ao dos corruptores. Segundo Simon, a recuperao dos valoresmorais, iniciada com a CPI do Impeachment, teria de prosseguir e, por isso, seria imprescindvel ainvestigao dos fatos apontados nas duas CPI j solicitadas. Disse na poca o Senador gacho: ANao no compreende por que, aps tantas notcias, nada tenha sido apurado e, muito menos, quecorruptos e corruptores no tenham sido punidos. Simon lembrou que a preocupao em combater 23 25. os corruptores, sem os quais no haveria corruptos, teve resultados altamente positivos no Governo doPresidente Itamar Franco, quando os preos de muitas obras caram, aproximadamente, 30%. Argu-mentou Pedro Simon: O superfaturamento em obras pblicas uma forma de corrupo indiscutvel,que no aconteceria sem o comprometimento de setores da administrao. A CPI do Impeachment ea do Oramento afastaram, puniram alguns corruptos, mas os corruptores esto ainda impunes e, oque pior, em plena atividade, razo pela qual imprescindvel e moralizadora a imediata instalaoda CPI dos Corruptores. Um outro projeto, no mesmo sentido, que institui uma Comisso Especial de Investigao,nos moldes a que foi criada no Governo Itamar Franco pelo Decreto n 1.001, de 6 de dezembrode 1993 , para apurar, averiguar, investigar todo e qualquer indcio de ilcito, de malversao ou decrimes contra a administrao pblica. Uma outra iniciativa legislativa diz respeito aos bens impenhorveis. O Cdigo de ProcessoCivil, de 1973, j elenca os bens que, por razes diversas, no esto sujeitos penhorabilidade. PedroSimon lembra na justificao do projeto que, pela redao atual, a lei dispe que so absolutamenteimpenhorveis os livros, as mquinas, os utenslios e os instrumentos, necessrios ou teis ao exer-ccio de qualquer profisso. E argumenta: desse modo, das varas de primeira instncia aos tribunaisestaduais e superiores, farta a jurisprudncia a assegurar o fiel cumprimento da lei. Todavia, ataqui, tais garantias s tm alcanado as atividades profissionais urbanas. Portanto, a lei no chegouao campo para resguardar os direitos do homem que ali trabalha. Mais uma das importantes propostasaqui elencadas. No campo poltico, teve grande destaque o projeto de Pedro Simon que fixa prazo para queos lderes partidrios indiquem os representantes que integraro as comisses cuja constituio tenhasido aprovada, evitando manobras que facultam a um partido apenas, por inexpressiva que seja suarepresentao, tornar incua a deciso de um tero, no mnimo, dos membros do Senado. A importnciade tal iniciativa pode ser medida no escndalo do Mensalo, quando o ento Presidente do Senado noindicou membros para a CPI dos Bingos, que s veio a ser formada depois de sentena do STF. Um outro projeto de lei tem por objetivo dar tratamento tributrio especial e permanente aospequenos e mdios agricultores e suas respectivas associaes cooperativas, quando da aquisio demquina agrcola, conforme definio especfica do projeto, denominada Trator Popular. Simon pediu tambm a alterao da Lei Orgnica da Previdncia Social (LOAS) no pontoem que ela determina que o benefcio de prestao continuada a garantia de 1 (um) salrio mnimomensal pessoa portadora de deficincia e ao idoso com 70 (setenta) anos ou mais e que comprovemno possuir meios de prover a prpria manuteno e nem t-la provida por sua famlia. Um incisoda lei define essa famlia como sendo aquela cuja renda per capita seja inferior a (um quarto) dosalrio mnimo. Para Simon, consagrar em lei que uma famlia possa se manter com importnciadessas , no mnimo, maldade. E, se essa famlia ainda conta, entre seus membros, com um idosode mais de 70 anos ou com um deficiente, uma perversidade. Nesse livro inclumos a iniciativa que pede a mudana na Constituio Federal de modo aaumentar a aposentadoria compulsria de servidores pblicos de setenta para setenta e cinco anos. Oobjetivo de Simon evitar que magistrados ou professores universitrios, no auge de sua capacidadeintelectual, sejam afastados compulsoriamente de seus trabalhos na mquina estatal.24 26. Da maior importncia a PEC de Pedro Simon que estende mesorregio metade sul doEstado do Rio Grande do Sul os meios para o desenvolvimento econmico e social hoje assegura-dos s regies Norte, Nordeste e Centro-Oeste. O objetivo da PEC possibilitar a criao do FundoConstitucional de Financiamento da Mesorregio Metade Sul do Estado do Estado do Rio Grande doSul, propiciando a recuperao e a integrao desse espao aos cenrios nacional e estadual. Polticase aes governamentais, para alm do mbito estadual, so necessrias, uma vez que as fronteiraspodem constituir um freio ao desenvolvimento da regio. Significativa no campo econmico a proposta de criao de linha especial para o micro-crdito. Simon argumenta que muitos cidados especialmente numa fase de desemprego como aque vivemos se propem a atividades prprias, faltando-lhes apenas um pequeno capital com quedem incio ao seu empreendimento. Com o microcrdito levariam adiante tal empreendimento que,alm de possibilitar-lhes meio de vida prprio, poder contribuir para a criao de uma microempresa,com a gerao de emprego, tudo isso em moldes legais. Na mesma direo vai o projeto de lei que visa alterar a Lei n 10.840, de 11 de fevereirode 2004, que criou o Programa Especial de Habitao Popular PEHP, no sentido de operacionalizaro programa e aumentar a oferta de habitaes para a populao de menor poder aquisitivo. Vrios projetos de lei foram sugeridos a Pedro Simon e por ele encampados pela Asso-ciao dos Magistrados do Brasil durante a tramitao da reforma da Judicirio. No campo militar, Simon elaborou projeto baseado na experincia histrica e a performanceda engenharia militar que credenciam-na capaz de executar a implantao de obras pblicas. Almdisso, argumenta o Senador, a rigidez na aquisio de materiais e no acompanhamento da execuode obras fsicas d aos batalhes de engenharia a possibilidade de minimizar custos, nas obras sobcontratao indireta. Alm disso, os gastos de tais batalhes poderiam constituir em referncia depreos para a contratao de obras pblicas em nveis federal, estadual e municipal. Em meio s inmeras discusses sobre reforma poltica, o Senador Simon apresentou vriosprojetos: financiamento pblico de campanhas, abertura total das contas de campanha, proibio detrucagens e efeitos visuais, fidelidade partidria. Para melhorar a vida do cidado, Simon apresentou proposta de emenda Constituioque impe a gratuidade pelo registro civil de nascimento e pelo assento de bito, bem como pelaprimeira certido respectiva. Um outro projeto de Simon traz profundo avano em nossa legislaoao admitir a possibilidade da escriturao pblica para resolver situaes judiciais em que no hajalitgio ou desavena entre as partes. Na sensvel questo da gesto do Estado, Pedro Simon apresentou proposta para restringiro acesso e limitar o nmero de cargos em comisso. Argumenta Simon: A existncia, apenas nombito federal, de cerca de 20 mil cargos de livre nomeao, a maior parte dos quais preenchida porcritrios polticos, enfraquece, no apenas a administrao pblica federal, cujo bom funcionamentofica merc dos nimos polticos da coalizo do momento. Enfraquece, sobretudo, o Poder Legisla-tivo, cujos relacionamentos e independncia em relao ao Poder Executivo ficam comprometidos econtaminados pela regra do fisiologismo, quando deveriam estar baseados em questes programticas,visando construo de um real projeto de Pas. 25 27. Na mesma direo segue o projeto que limita e disciplina a publicidade oficial da Admi-nistrao Pblica Federal. E tambm a proposio que tem como objetivo legitimar e autenticar ocontedo e o trmite eletrnico de documentos no setor pblico. A sempre preocupante questo da arrecadao financeira dos estados, do Distrito Federale dos e municpios, que deficiente e no propicia recursos para investimentos nas reas econmicae social, foi tratada pelo Senador. Segundo ele, uma das razes desse fato o no cumprimento daLei Kandir. Diz Simon: Os estados cumprem a sua parte, renunciando ao ICMS com a finalidadede baratear o produto para a exportao, tornando-o mais competitivo no mercado internacional,mas a Unio no vem cumprindo a sua parte, eximindo-se do dever de ressarcir os estados e DistritoFederal por essa renncia. Por extenso, os municpios tambm ficam prejudicados nos repasses quelhes cabem. Nesse sentido, Pedro Simon submeteu projeto de lei complementar que sujeita a Unioao cumprimento de um prazo 15 dias para ressarcir os estados e Distrito Federal das rennciashavidas. Sem isso, os estados e Distrito Federal passaro a recolher o ICMS devido, at que sejamressarcidos. Alm disso, o projeto obriga a Unio a ressarcir, em 30 dias, a dvida acumulada at adata da publicao da lei. Ainda cabe lembrar que as leis de crime de improbidade administrativa, licitaes e contratospblicos e orgnica do Tribunal de Contas da Unio foram relatadas e recriadas pelo Senador PedroSimon e, hoje, constituem um dos maiores arcabouos e ferramenta institucional para o combate corrupo e aos saques dos cofres pblicos. Nesses anos, Simon discursou, props, cobrou, assinou, fiscalizou, atuou e exigiu mais quequalquer outro parlamentar. Nesta pequena amostra de trabalho queremos apresent-lo em toda suaamplitude e produtividade. No custa lembrar que aqui est apenas um fragmento de sua dinmicavida pblica, reconhecida pelo povo gacho, e tambm pelo povo brasileiro, haja vista as centenasde homenagens e prmios que o Senador vem arrebanhado em toda a Nao. RequerimentosOs requerimentos de informao so uma importante arma parlamentar. Delas se socorremos senadores ou deputados quando precisam exigir do Governo informaes aprofundadas sobreuma determinada rea da administrao pblica. De 1979 at hoje, Pedro Simon apresentou 460requerimentos sobre importantes temas em discusso no Senado ou mesmo na imprensa. Optamospor colocar aqui apenas seis requerimentos do Senador, mas julgamos que eles do uma noo dafuno desse importante instrumento da vida poltica. Mostramos aqui um requerimento em que oSenador pede a criao de Comisso Parlamentar de Inqurito para investigar a programao das te-vs. Essa uma grande preocupao de Simon: o nvel dos programas oferecidos aos brasileiros maisjovens, ainda em formao. O segundo requerimento refere-se criao de uma CPI para investigaros corruptores. Esse pedido de Simon decorreu da concluso da CPI dos Anes do Oramento, emque foram punidos os que se corromperam, mas no os que pagaram propinas a eles.Outro tema de grande relevncia para Simon o desemprego. Para examinar todas as impli-caes da falta de trabalho e tambm para buscar solues, o Senador apresentou requerimento nessesentido. Uma outra iniciativa de Simon foi buscar a constituio de uma CPI para investigar o famosoProer, programa de saneamento de bancos estatais, para posterior venda iniciativa privada.26 28. Trazemos ainda mais dois exemplos de funes dos requerimentos. Num deles, PedroSimon requer um voto de louvor pela indicao da primeira mulher para integrar o SupremoTribunal Federal, a Ministra Ellen Gracie Northfleet. Em outro, pede a realizao de uma sessocomemorativa pelo transcurso do centenrio de nascimento do mais importante escritor gacho,rico Verssimo. PareceresPor problema de espao, escolhemos apenas nove entre os 376 pareceres emitidos peloSenador Pedro Simon para obter uma mostra, ainda que precria, da amplitude do seu trabalho legis-lativo, sobre matrias em tramitao pelas comisses. Tratam esses pareceres do controle de medidasprovisrias, construo de uma ponte sobre o rio Uruguai; a avaliao de incentivos fiscais, subsdiose benefcios; a concesso de certides para defesa de direitos; as denncias de irregularidades aoTCU; a definio de crimes resultantes de preconceito; e a eficcia das decises do TCU. A seguirreproduzimos um quadro sobre a atividade de Pedro Simon nos seus trs mandatos.Cabe, por fim, destacar dois dos mais importantes pareceres do Senador Pedro Simon, queaqui no reproduzimos por serem muito extensos. O primeiro deles, que tratava da legislao paralicitaes e contratos da administrao pblica, acabou por ser aprovado e recebeu o nome de Leidas Licitaes, a mais importante iniciativa das ltimas dcadas para evitar a pilhagem de verbaspblicas. Igualmente significativo, e tambm tratando da corrupo no interior do Estado, o pare-cer do senador gacho sobre enriquecimento iltico de agentes pblicos. Esses dois pareceres, degrande densidade, confirmam, mais uma vez, que uma das maiores preocupaes do legislador sul-rio-grandense com a urgente necessidade de se estancar de vez a corrupo no Brasil.Jorge Schelb e Loureno Cazarr 27 29. QUADRO ESTATSTICO DA ATUAO DO SENADOR PEDRO SIMON ATUAO DO SENADOR PEDRO SIMON DURANTE O 1 MANDATODOCUMENTOS 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 TOTALDiscursos 24 36 26 12 21 21 01 01 139Emendas Constit. --- 02----02Projetos de Lei 05 05 07 04----21Pareceres 1110 1402 16 21 060282Requerimentos-03- - 23-- -26SOMA4054 4420 60 42 0703270 ATUAO DO SENADOR PEDRO SIMON DURANTE O 2 MANDATODOCUMENTOS 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 TOTALDiscursos 44 29 42 26 15654 31 41 423Emendas Constit.01---1002 07-20Projetos de Lei 15 18 06-3903 32 01 114Pareceres 17 13 04 022010 22 0896Requerimentos 21 53 06 176011 21 07 196Proj. Resoluo- 05 04 01 15- 04-29Emendas- 07 01 02 34 17 16 1188SOMA98129 63 48334 98133 68 97128 30. ATUAO DO SENADOR PEDRO SIMON DURANTE O 3 MANDATO DOCUMENTOS 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 TOTAL Discursos 16154 73 17 97 65 77 42586 Emendas Constit.07 01- - 03 03 06 0222 Projetos de Lei 19- 01 01 08 19 51 10109 Pareceres 17 14 19 09 44 27 58 13201 Requerimentos 23 29 44 16 53 36 37 15261 Proj.Dec.Legislat.01-- -01 -01 0104 Proj. Resoluo 06-- 01 --01 - 08 Emendas 36 20 12 04 15 12 04 07110 SOMA 270 118149 48221162235 901.301 T O TAL408301256 116615302 375 1612534* 200, at junho 29 31. Primeira Parte Pronuciamentos 32. ANLISE DE QUINZE ANOS DE REGIME MILITAR(Pronunciado em 27 de maro de 1979)Senhor Presidente, Senhores Senadores, no preciso ressaltar, perante Vossas Excelncias,a honra cvica com que me sinto distinguido, ao ocupar esta tribuna, de onde a Nao teve sempre asexpresses mais vivas da oratria parlamentar, que se complementaram no brilhantismo da forma eno contedo das idias iluminando o Senado da Repblica. Nem preciso pr em evidncia o meu estado de esprito, aps 20 anos de vida parlamentar,na humildade do meu Rio Grande do Sul. Tenho a certeza de que a mesma comoo tomou contados senhores, quando do primeiro momento de falar Nao, com a responsabilidade de faz-lo daCmara Alta.Relembro, agora, sem uma explicao consciente, meu primeiro discurso de vereador nanobre Cmara Municipal de minha terra natal, Caxias do Sul, onde dei os primeiros passos de m