a grande politica e nietzsche e a politica que vem agamben

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  • cadernos

    ideias

    Mrcia Rosane Junges

    ano 12 n 210 vol. 12 2014 ISSN 1679-0316

    A GRANDEPOLTICA

    NIETZSCHEE A POLTICAQUE VEM

    AGAMBEN

    em

    em

  • A grande poltica em Nietzsche e a poltica que vem em Agamben

    Nietzsches great politics and Agambens coming politics

    Mrcia Rosane JungesUNISINOS

    Resumo

    Com este artigo propomos algumas reflexes acerca da grande poltica, de Nietzsche, e da poltica que vem, de Agamben, problema-tizando uma possvel hegemonia da economia sobre a poltica. A partir desse horizonte, at que ponto o niilismo reativo nietzschiano se expres-sa atualmente em uma apatia poltica fundamentada na sacralizao de instituies como Estado, lei, autoridade e mercado, conforme Giorgio Agamben em Profanaes? Finalmente, haveria algum nexo entre a sacralizao do mercado e uma consequente hegemonia da economia sobre a poltica?

    Palavras-chave: poltica, niilismo, apatia, sacralizao do Estado.

    Abstract

    In this paper we propose some reflections on Nietzsches great politics and Agambens coming politics, discussing a possible hegemony of economics over politics. From this context, we would like to inquire till what extent the political apathy of Nietzschean reactive nihilism is based on Giorgio Agambens sacredness of institutions of his work Profanities, such as State, Law, Authority and Market? Finally, we would like to ask if it is some connection between the consecration of the market and a consequent hegemony of economics over politics?

    Keywords: politics, nihilism, apathy, sacralization of the State.

  • A grande poltica em Nietzsche e a poltica que vem em Agamben

    Mrcia Rosane JungesUniversidade do Vale do Rio dos Sinos UNISINOS

    ano 12 n 210 vol. 12 2014 ISSN 1679-0316

  • Cadernos IHU ideias uma publicao quinzenal impressa e digital do Instituto Humanitas Unisinos IHU que apresenta artigos produzidos por palestrantes e convidados(as) dos eventos promovidos pelo Instituto, alm de artigos inditos de pesquisadores em diversas universidades e instituies de pesquisa. A diversidade transdisciplinar dos temas, abrangendo as mais diferentes reas do conhecimento, a caracterstica essencial desta publicao.

    UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS UNISINOS

    Reitor: Marcelo Fernandes de Aquino, SJVice-reitor: Jos Ivo Follmann, SJ

    Instituto Humanitas Unisinos

    Diretor: Incio Neutzling, SJGerente administrativo: Jacinto Schneider

    www.ihu.unisinos.br

    Cadernos IHU ideiasAno XII N 210 V. 12 2014ISSN 1679-0316 (impresso)

    Editor: Prof. Dr. Incio Neutzling - Unisinos

    Conselho editorial: MS Caio Fernando Flores Coelho; Profa. Dra. Cleusa Maria Andreatta; Prof. MS Gilberto Antnio Faggion; Prof. MS Lucas Henrique da Luz; MS Marcia Rosane Junges; Profa. Dra. Marilene Maia; Dra. Susana Rocca.

    Conselho cientfico: Prof. Dr. Adriano Neves de Brito, Unisinos, doutor em Filosofia; Profa. Dra. Angelica Massuquetti, Unisinos, doutora em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade; Profa. Dra. Berenice Corsetti, Unisinos, doutora em Educao; Prof. Dr. Celso Cndido de Azambuja, Unisinos, doutor em Psicologia; Prof. Dr. Csar Sanson, UFRN, doutor em Sociologia; Prof. Dr. Gentil Corazza, UFRGS, doutor em Economia; Profa. Dra. Suzana Kilpp, Unisinos, doutora em Comunicao.

    Responsvel tcnico: MS Caio Fernando Flores Coelho

    Reviso: Carla Bigliardi

    Editorao eletrnica: Rafael Tarcsio Forneck

    Impresso: Impressos Porto

    Cadernos IHU ideias / Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Instituto Humanitas Unisinos. Ano 1, n. 1 (2003)- . So Leopoldo: Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 2003- .

    v.

    Quinzenal (durante o ano letivo).

    Publicado tambm on-line: .

    Descrio baseada em: Ano 1, n. 1 (2003); ltima edio consultada: Ano 11, n. 204 (2013).

    ISSN 1679-0316

    1. Sociologia. 2. Filosofia. 3. Poltica. I. Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Instituto Hu-manitas Unisinos.

    CDU 316 1

    32

    Bibliotecria responsvel: Carla Maria Goulart de Moraes CRB 10/1252

    ISSN 1679-0316 (impresso)

    Solicita-se permuta/Exchange desired.As posies expressas nos textos assinados so de responsabilidade exclusiva dos autores.

    Toda a correspondncia deve ser dirigida Comisso Editorial dos Cadernos IHU ideias:

    Programa de Publicaes, Instituto Humanitas Unisinos IHU Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos

    Av. Unisinos, 950, 93022-000, So Leopoldo RS Brasil Tel.: 51.3590 8213 Fax: 51.3590 8467

    Email: [email protected]

  • A GRANDE POLTICA EM NIETZSCHE E A POLTICA QUE VEM EM AGAMBEN

    Mrcia Rosane JungesUNISINOS

    Aproximaes e distanciamentos

    Nietzsche e Agamben so dois pensadores importantes para compreendermos os tempos em que vivemos, e especial-mente a poltica, mais do que nunca convertida em uma bio-poltica. Alm desse deslocamento de perspectiva, a poltica tradicional demonstra sinais de esgotamento e perda de efeti-vidade. Frente economia, ela cumpre um papel secundrio, refm que est das decises do capital financeirizado na con-duo das decises.

    Em Agamben, a poltica pode ser pensada a partir de dois grandes eixos, quais sejam, a exceo e a oikonomia, conforme acentua em O reino e a glria (AGAMBEN, 2011). Em Nietzsche, um dos pontos centrais de seu pensamento poltico a crtica democracia liberal, que por sua vez encontrar uma conexo no conceito de governamentalizao da vida, desenvolvido por Michel Foucault. Este autor inspira o conceito de oikonomia co-mo governo da vida em Agamben.

    Assim, acreditamos que, se para Nietzsche a poltica contempornea est vazia, gira em falso e ouve seu prprio eco num processo de apequenamento e degenerescncia, is-so acontece porque foi reduzida oikonomia, isto , ao gover-no da vida, obediente ao sistema capitalista que impele ao consumo e ao eterno desespero de desejar e alimentar uma vida a crdito.

    Se pensarmos com Agamben que consumir no um ato de uso, mas sim um ato de destruio, o capitalismo nos coloca diante do improfanvel. De toda sorte, adverte o pensador, a profanao do improfanvel a tarefa poltica da gerao que vem (AGAMBEN, 2007, p. 79). Nesse sentido, o que talvez nos caiba fazer formularmos uma recusa normatizao da ma-quinaria biopoltica que produz em escala planetria a vida nua utilizvel, consumvel e sacrificvel (BAZANELLA, ASSMANN, 2013, p. 164) desde os comeos, nas origens da tradio polti-ca civilizatria ocidental. Seja nos totalitarismos ou nas demo-cracias da modernidade, Agamben localiza a mesma matriz bio-

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    poltica constitutiva do poder soberano. Portanto, preciso retirar a assinatura de sacralidade do modelo secularista da modernidade que mantm esferas de poder e instituies ina-cessveis ao poder real do povo (RUIZ, 2013b). vida nua deve-mos contrapor a profanao como forma de resistncia, atravs da qual podemos tentar uma nova poltica, um novo ser huma-no, uma nova comunidade, pensando e promovendo o avesso da vida nua, a potncia da vida, e a vida humana como potncia de ser e de no ser (AGAMBEN, 2007, p. 8-9).

    Nesse sentido, retirar do templo, profanar, devolver ao uso comum, fazer das coisas um novo uso. E nessa seara que pensamos a profanao da poltica em Agamben como disso-nante ao jugo do poder econmico. Em Profanaes, o filsofo turinense escreve que da mesma forma que a religio no mais observada, mas jogada, abre a porta para o uso, assim tambm as potncias da economia, do direito e da poltica, desativadas em jogo, tornam-se a porta de uma nova felicidade (Ibid., 2007, p. 67). Em A comunidade que vem, acentua que na figura desse mundo separado e organizado atravs dos media, em que a forma do estado e da economia se compenetram, que a economia mercantil tem acesso a um estado de soberania abso-luto e irresponsvel sobre a vida social inteira (AGAMBEN, 2013, p. 7). Por sua vez, quando empreende sua denncia feroz sociedade de massas, de produtores e apticos consumidores, controlados em suas energias vitais, controlados em sua condio de vida e morte, Nietzsche descortina o horizonte biopoltico do(s) prximo(s) sculo(s) (BAZANELLA, ASSMANN, 2013, p. 21-22). Nesse sentido, que formas a vida humana pode assumir num contexto de mundo marcado pela hegemonia de um fundamen-talismo democrtico de mercado (Ibid., 2013, p. 21-22)?

    Uma das articulaes filosficas possveis em Agamben e Nietzsche a afirmao da vida em seus matizes trgico e pro-fano como obra de arte. Assim, brotam inquietantes as ideias da grande poltica, atravs da transvalorao dos valores, e da po-ltica que vem, atravs da profanao, como convites a um pen-sar que nos ajude a vislumbrar outro horizonte, uma outra vida, na qual a hegemonia do mercado e sua mediocridade estejam ameaadas e onde haja espao para uma poltica revigorada e que compreenda a centralidade da vida em sua forma trgica e profana, como resistncia ao apequenamento.

    Se Nietzsche tributava a Herclito a importncia e a gnese de seu conceito de devir, Agamben bebe na mesma fonte ao ponderar que perdemos a arte de viver, isto , a infncia, lugar primeiro da mais sria profanao da vida, como j fora anuncia-do pelo Zaratustra de Nietzsche (AGAMBEN, 2007, p. 13). Mati-zado por cores nietzschianas, Agamben escreve que no limiar da zona de no conhecimento, Eu deve abdicar de suas proprie-dades, deve comover-se. E a paixo a corda estendida entre

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    ns e Genius, sobre a qual caminha a vida funmbula (Ibid., 2007, p. 19).

    Crtica democracia

    A crtica de Nietzsche endereada democracia liberal do sculo XIX igualou esse sistema a uma mentalidade de rebanho, expresso de fraqueza e decadncia, amesquinhamento da hu-manidade, embotamento da vontade de poder e nivelamento por baixo. Nietzsche compreendia a democracia liberal como uma transposio poltica do cristianismo paulino. No contexto da morte de Deus como um dos principais eventos da modernida-de, o filsofo apontava a reificao da democracia como uma extenso secular das estruturas filosficas e tradicionais ento colocadas sob suspeita. Acirrava-se a configurao da dinmica niilista do Ocidente. Ao apagar o horizonte com uma esponja, ao ter as mos sujas do sangue de Deus e ao entrar nas igrejas e delas se aperceber como tumbas da divindade, o homem mo-derno entra em colapso. Porm, mais do que diagnosticar o niilismo e prever como um sismgrafo o terremoto dos prximos dois sculos, Nietzsche saudava esse fenmeno como necess-rio para que o esprito de gravidade e a moral de rebanho fos-sem soterrados. Em seu lugar deveriam vir o alm do homem e uma moral de senhores expressa na existncia trgica, no amor fati, no eterno retorno e na construo da vida como obra de arte. Suas crticas fundamentais expressas ao mencionar a grande poltica so os ideais modernos, o problema dos valores e a pequena poltica como sua consequncia.

    Calcados naquilo que George Brandes nomeou como radi-calismo aristocrtico, os alicerces do iderio poltico nietzschia-no foram fundados em conceitos oriundos da Grcia arcaica. Nesse sentido, h duas ideias fundamentais. A primeira delas a justia trgica, tributria de uma moral agonstica e que prima-va pela hierarquizao e competio e pelo embate entre inimi-gos respeitveis. O segundo conceito a excelncia, ou aret, dada por nascimento. Contudo, sua filosofia no clamava por um retorno de uma poltica nos moldes gregos arcaicos. Sua concepo compreendia uma poltica revigorada, na qual a cul-tura ocuparia posio privilegiada, alicerada pela vontade de poder. Nesse sentido, Nietzsche cunha a terminologia grande poltica como o expediente capaz de se contrapor ao niilismo caracterstico da pequena poltica democrtica que se dissemi-nava pela Europa no final do sculo XIX. Sua grande poltica uma espcie de contradiscurso modernidade poltico-moral e de todo cortejo de radical homogeneizao e apequenamento do homem que a acompanha.

    Nietzsche compreendia que a unilateralidade poltico-moral caracterstica do Ocidente est sedimentada na dinmica deca-

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    dencial presente desde um dos embries dessa cultura, qual seja, a judaico-crist, cujo prolongamento se d em movimentos sociopolticos como a democracia. A unilateralidade dessa pers-pectiva, que atravs do instinto judeu, segundo Nietzsche, se consagrou como a nica vlida, algo pernicioso. Isso porque retira a possibilidade do combate, do enfrentamento e promove uma aniquilao das diferenas. Dentro desse processo niilista deve ser compreendido aquilo que o filsofo apontou como o processo de homogeneizao dos europeus, ou ainda, tornar igual a partir da excluso das diferenas. O movimento demo-crtico, diz Nietzsche, contm a mesma dinmica de extermnio do conflito por meio do extermnio das diferenas implcita em seu princpio bsico. O movimento democrtico, por meio da igualdade, possui a mesma lgica utilizada pelos judeus para continuar sobrevivendo como nao, com o supremo objetivo de conservao (VIESENTEINER, 2006).

    Para Nietzsche, a concepo de poltica ideal aquela que a v como um meio para um fim: a produo de cultura e de grandeza humana (PEARSON, 1997, p. 21). Quando nossa con-cepo fica subjugada pelas preocupaes com o poder mate-rial, diz que nos tornamos incapazes de acrescentar existncia qualquer sentido espiritual ou cultural. O alm do homem vem para transcender esse tipo decadente de homem, liderando no uma revoluo poltica no sentido comum do termo, da pequena poltica cotidiana, mas uma modificao global nos campos da educao e da cultura, uma avaliao da utilidade, do motivo pelo qual a sociedade existe e nela estamos inseridos. Em lti-ma anlise, no existe, em Nietzsche, um projeto poltico espe-cfico, mas sim uma sada cultural para o problema social.

    Por outro lado, ponderamos que, se para Nietzsche o alvo da cultura a vinda do alm do homem, fica claro que sua linha filosfica filia-se ao aristocratismo. Como observa Oswaldo Giacoia, esse aristocratismo no significa anulao do outro e, muito menos, seu extermnio. Nietzsche tinha em mente a im-portncia da alteridade na existncia trgica, basta lembrar sua insistncia em afirmar os princpios apolneo e dionisaco como fundamentais, bem como do conceito de inimigo, ao modo das disputas da poca grega, com o agon. Entretanto, preciso ad-mitir que esse posicionamento tem na hierarquizao e na meri-tocracia dois pontos constitutivos, e da advm toda uma srie de objees que se colocam em contraposio democracia, por exemplo.

    Tomando em considerao as ideias polticas de Nietzsche, propomos uma reflexo sobre sua pertinncia no sculo XXI, problematizando-as com o pensamento filosfico de Giorgio Agamben. Assim, nos perguntamos se haveria um nexo entre a pequena poltica democrtica que Nietzsche deplorava e a as-censo na modernidade de um governo sem centro, indistinto,

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    cujo prncipe, em ltima instncia, o mercado. At que ponto a vontade de nada, ou seja, o niilismo reativo apontado pelo filsofo alemo, encontraria sua traduo na apatia poltica e no niilismo poltico frente convalescena da poltica tradicional, que ora vivenciamos? Em que medida essa apatia poltica conveniente a um governo biopoltico, versado na conduo do estado de exceo e no jugo do homo sacer, figura paradoxal e ambgua, insacrificvel e matvel, concomitantemente? At que ponto essa apatia poltica tem a ver com a sacralizao de insti-tuies como Estado, mercado, lei e autoridade, como prope Giorgio Agamben? Outra questo que nos inquieta trata das possveis aproximaes que podemos inferir entre a grande po-ltica de Nietzsche e a poltica que vem, de Agamben. Nessa lgica, haveria um nexo entre a transvalorao dos valores e a categoria de profanao?

    No artigo Giorgio Agamben, controvrsias sobre a seculari-zao e a profanao poltica, Castor Bartolom Ruiz frisa que a sacralizao do real tem consequncias ticas e polticas gra-ves porque retira das pessoas a potncia do agir transferindo-a para outras instncias que no alcana (RUIZ, 2013b). Para Agamben, a pretenso da secularizao de aproximar a realida-de social e poltica do povo fracassou porque a secularizao manteve intacto o dispositivo da sacralidade dentro das institui-es, s que agora de forma secular. Os espaos modernos secularizados permanecem atravessados pela assinatura da sacralidade; neles no h espao para a democracia real. A de-mocracia incompatvel com a administrao biopoltica e as formas corporativas de governo (Ibid, 2013b).

    As formas polticas, afirma Agamben, continuam vivas co-mo formas vazias, mas a poltica tem hoje a forma de uma eco-nomia, a saber, de um governo das coisas e dos seres huma-nos (AGAMBEN, 2013). A consequncia dessa transferncia da assinatura do sagrado para poltica que esta funciona como um espetculo religioso mal disfarado (DICKINSON, KOTSKO, 2013). Para isso, basta observarmos o quo sagrados se tor-naram certos espaos e figuras polticas com o passar dos anos. Em O reino e a glria, o filsofo turinense menciona que todos os conceitos decisivos da moderna doutrina do Estado so con-ceitos teolgicos secularizados (AGAMBEN, 2011, p. 14).

    Agamben (2013b) pontua que o capitalismo no somente uma secularizao da f protestante, como acentuava Max We-ber. Hoje, o capitalismo o prprio fenmeno religioso, que se desenvolve de modo parasitrio a partir do cristianismo. Em Benjamin, o capitalismo a religio da modernidade. Tal reli-gio no visa a uma redeno da humanidade, mas sua destrui-o, uma vez que investe suas foras na culpa e no desespero. O filsofo italiano aponta que o banco uma mquina de fabri-car e gerir crdito que toma o lugar da igreja, e ao governar o

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    crdito, manipula e gere a f a escassa e incerta confiana que o nosso tempo ainda conserva em si (Ibid., 2013b).

    Para Agamben, a soberania e o governo so os mecanis-mos fundantes daquilo que nomeia como a mquina poltica do Ocidente. E no centro dessa mquina est o arcanum imperii, a herana teolgica da glria da qual derivam as democracias contemporneas. Essas mquinas agambenianas, cujo centro est vazio e que giram no vazio, tm nessa caracterstica uma das condies de sua eficcia. Por certo, Agamben recorre obra Segurana, territrio e populao, de Foucault, para esta-belecer uma relao de governamentalidade econmica com o cristianismo e o pastorado, indo buscar suas razes na oikono-mia trinitria dos primeiros sculos. Teria sido, ento, o trono vazio do qual fala o filsofo, ocupado pelo mercado hegemnico, preponderante inclusive sobre a poltica?

    Aqui compete recorrermos ao conceito de dispositivo, que Agamben tambm retoma de Foucault. A funo dos dispositi-vos , precisamente, a de capturar o vivente, dando lugar, por meio dessa captura, aos processos de subjetivao e de des-subjetivao. Nesse sentido, afirma o filsofo italiano que no seria errado definir a fase extrema do desenvolvimento capitalis-ta que vivemos como uma gigantesca acumulao e prolifera-o de dispositivos. A respeito desse processo, no se trata nem de suprimir os dispositivos, nem de imaginar-se ingenuamente um bom uso, mas de profan-los. Em Meios sem fim, Agamben acentua que

    o que est em jogo outra coisa e mais extrema, pois se trata de assumir como tarefa a pura e simples existncia ftica dos povos, quer dizer, em ltima anlise, sua vida nua. Nessa perspectiva, os totalitarismos de nosso sculo constituem verdadeiramente a outra cara da ideia hegel- kojviana de um fim da histria: o homem alcanou seu tlos histrico e s fica a despolitizao das sociedades humanas por meio do destaque incondicional do reino da oikonomia ou a assuno da prpria vida biolgica como tarefa poltica suprema (1996a).

    Para compreendermos o lao que pensamos existir entre o niilismo reativo diagnosticado por Nietzsche, que tem na secula-rizao das instituies sagradas um de seus pilares, e a hege-monia do mercado que intumos a partir das ideias de Agamben, pensamos ser pertinente a elucidao dos nexos entre grande poltica e justia trgica.

    Grande poltica e justia trgica

    A fim de superar o niilismo, a grande poltica inspira-se em um modelo peculiar de justia, a justia trgica grega. Ao ques-

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    tionar-se se existe culpa, injustia, contradio e sofrimento no mundo, Nietzsche diz que sim, mas apenas para os homens limitados. No aforismo 377, Ns, os aptridas, de Gaia cincia, o pensador afirma no ser desejvel que o reino da justia e da concrdia seja fundado na Terra (NIETZSCHE, 1981, p. 284), e que no deveriam ser ouvidos os brados de direitos iguais, sociedade livre e nivelamento social. Assim, precisa-mos atentar para o fato de que o conceito de justia nietzschia-no deve ser entendido dentro da lgica da existncia trgica. Compreenda-se que o conceito de eterno retorno e o amor fati so fundamentais para captar essa concepo.

    A justia nietzschiana no a mesma dos cdigos positi-vos, mas sim uma justia fundamentada no jogo das pulses apolneas e dionisacas, capazes de expressar a incomensura-bilidade da existncia (MELO, 2004, p. 2). A moral dicotmica e maniquesta cede espao a um entendimento totalmente outro de justia, isto , a justia trgica prima pelo retorno a uma natu-ralizao do homem no sentido de uma superao constante de si, abrindo-se autoconstruo, experimento, erro e alegria, mas alheio a qualquer noo de progresso (Ibid, 2004, p. 85). Para Nietzsche, a justia trgica difere substancialmente da so-crtica, porquanto esta quer massificar, nivelar, tornar os indiv-duos iguais e apagar suas diferenas. Com esses elementos entendemos que, quando Nietzsche critica a igualdade demo-crtica, se refere quilo que compreende como despersonaliza-o e nivelamento por baixo que suscita.

    Por sua vez, a justia trgica preconiza o agon como funda-mento ltimo existencial, apondo vida um carter heroico, de autoconstruo e de luta para afirmar-se (Ibid, 2004, p. 16). A justia trgica e o agon nietzschiano admitem derrotas, que fa-zem parte da facticidade do devir (Ibid., 2004, p. 16), e h um eterno recomear do jogo da vida, sem uma teleologia que se queira explicativa de todo esse processo.

    A concepo trgica do filsofo, baseada no jogo e na luta, tributria figura de Herclito, que aponta igualmente um mo-do de se pensar a justia tragicamente (Ibid., 2004, p. 17). No existe uma dualidade entre ser e devir este ltimo o motor do mundo e manifesta-se por uma luta polarizada de contrrios (Ibid., 2004, p. 17), que revelam a justia eterna. Criando regras constantemente para domar tanto o monstruoso e o anmalo quanto o belo e o exuberante, o homem terico, cujo maior ex-poente para Nietzsche era Scrates, busca encaixar o mundo em frmulas s quais pode acorrer quando necessrio for, crian-do, assim, a falsa concepo de ter domado aquilo que impos-svel domesticar a vida em seu perecer e recomear. Diferente dessa justia socrtica, que unia a conscincia e o saber jus-teza da ao (Ibid., 2004, 29), a justia trgica no possui cone-xes com a culpa e a responsabilidade.

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    Nietzsche entende o devir como inocente, como um jogo, e seu representante Dionsio, a quem o filsofo contrape o Cru-cificado, representante da moral crist de culpabilidade e de res-sentimento. Por isso, a inocncia do devir como tragdia uma contraposio teologia paulina e luterana (Ibid., 2004, p. 32). No lugar da redeno por meio de Deus, a redeno por meio da arte; ao invs do amor ao prximo, os valores heroicos; em vez da teologia crist da histria, o devir de Herclito; em vez da certeza da salvao, o amor fati (Ibid., 2004, p. 32).

    Evidentemente, esse entendimento de justia difere da-quele convencionado em nossas sociedades ocidentais, e, so-bretudo, democrticas, e abre-se um abismo de dubiedades s quais os escritos nietzschianos esto sujeitos. Ento, a grande poltica precisa ser compreendida no escopo de sua concep-o de justia trgica. Agora veremos em que medida o concei-to de justia trgica se aproxima do tipo de justia intrnseca ao mercado globalizado.

    Uma poltica colonizada pela economia?

    Corrigindo as teses de Michel Foucault e Hannah Arendt, Agamben escreve que a oikos e a polis, as duas formas tradicio-nais de governo, foram subvertidas pelo modo oikonomico de governar a polis. Enquanto a poltica tem como fundamento o autogoverno e a deciso soberana dos sujeitos, a oikonomia vi-sa ao governo destes. O governo oikonomico, que remete ideia aristotlica de administrao da casa (AGAMBEN, 2011, p. 31) se caracteriza por objetivar a vida humana como elemento governvel e fazer dos sujeitos meros seres viventes, objetos das estratgias de governo. Vale destacar, contudo, que a oikos no se refere

    casa unifamiliar moderna nem simplesmente a famlia am-pliada, mas um organismo complexo no qual se entrela-am relaes heterogneas, que Aristteles distingue em trs grupos: relaes despticas senhores-escravos (que costumam incluir a direo de um estabelecimento agrco-la de dimenses amplas), relaes paternas pais-filhos e relaes gmicas marido-mulher. O que une essas re-laes econmicas (cuja diversidade sublinhada por Aristteles) um paradigma que poderamos definir como gerencial (Ibid., 2011, p. 31).

    Esse sentido gerencial fica mais claro em uma passagem de Marco Aurlio (Ibid., 2011, p. 33). Por outro lado, costuma-se atribuir a Paulo o primeiro uso do termo oikonomia em sentido teolgico. Contudo, pondera Agamben, uma leitura mais atenta das passagens em questo no confirma essa hiptese (Ibid., 2011, p. 35) e acentua a importncia da inverso do sintagma

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    paulino economia do mistrio para mistrio da economia na-quilo que nomeia como construo do paradigma econmico- trinitrio (Ibid., 2011, p. 53).

    Agamben, como Arendt e Foucault, identifica na oikos cls-sica o modelo de governo objetivador que administra a vida hu-mana, porm compreende que a genealogia da oikonomia no acontece como ruptura na modernidade, com o aparecimento do Estado e do mercado: ela foi, outrossim, se dando nos debates teolgicos dos sculos II a V a respeito da teologia da Trindade divina e do modo como Deus governa o mundo.

    Na abertura de O reino e a glria, Agamben esclarece que sua pesquisa quer investigar os modos e os motivos pelos quais o poder foi assumindo no Ocidente a forma de uma oikonomia, ou seja, de um governo dos homens. Situa-se, portanto, no ras-tro das pesquisas de Michel Foucault sobre a genealogia da go-vernamentalidade, mas procura, ao mesmo tempo, compreen-der as razes internas por que elas no chegaram a seu cumprimento (Ibid. 2011, p. 9). Para esse pensador, o disposi-tivo da oikonomia trinitria serve como um laboratrio privile-giado para observar o funcionamento e a articulao (...) da m-quina governamental (Ibid. 2011, p. 9). Agamben procura demonstrar que da teologia crist se originam dois paradigmas polticos em sentido amplo, antinmicos, porm funcionalmente conexos (Ibid., 2011, p. 13). Trata-se da teologia econmica e da teologia poltica:

    a teologia poltica, que fundamenta no nico Deus a trans-cendncia do poder soberano, e a teologia econmica, que substitui aquela pela ideia de uma oikonomia, con-cebida como uma ordem imanente domstica e no po-ltica em sentido estrito tanto da vida divina quanto da vida humana. Do primeiro paradigma derivam a filosofia poltica e a teoria moderna da soberania; do segundo, a biopoltica moderna at o atual triunfo da economia e do governo sobre qualquer outro aspecto da vida social (Ibid, 2011, p. 13).

    Quando os filsofos da economia poltica do sculo XVII, fisiocratas, mercantilistas e liberais procuram um paradigma de governo da riqueza e dos bens, utilizaram-se do paradigma oikonomico da teologia, atravs do qual Deus governa o mundo pela providncia. Assim surgiu a economia poltica moderna, que no seu crescimento foi suplantando a poltica.

    A diferena entre o paradigma teolgico e o paradigma da economia poltica que a teologia sempre tensionou a neces-sidade de preservar a liberdade humana como condio do governo da providncia divina. Sem uma autntica liberdade, livre arbtrio, no poderia haver responsabilidade humana, e como consequncia no haveria nem salvao, nem possibili-dade de condenao. Por isso, o paradigma oikonomico da

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    providncia divina sempre teve que lidar com a aporia da afir-mao da liberdade com fim em si mesmo e a necessidade do governo divino do mundo, sem conseguir resolver, at hoje, essa tenso. Por sua vez, a economia poltica moderna tem por objetivo governar a liberdade, que o objeto de governo, reduzindo-a a um elemento da natureza que entra nos clcu-los de previsibilidade.

    Nesse significado genuinamente governamental, o pa-radigma impoltico da economia mostra igualmente suas implicaes polticas. A fratura entre teologia e oikonomia, entre ser e ao, na medida em que torna livre e anrqui-ca a prxis, estabelece ao mesmo tempo a possibilidade e a necessidade de seu governo.Em um momento histrico que deixa vista uma crise radical dos conceitos clssicos, tanto ontolgicos quan-to polticos, a harmonia entre o princpio transcendente e eterno e a ordem imanente do cosmo acaba rompida, e o problema do governo do mundo e de sua legitimao torna-se, em todos os sentidos, o problema poltico deci-sivo (Ibid., 2011, p. 81).

    Na Idade Mdia, o mercado era o local privilegiado das discusses polticas e das negociaes econmicas. Ali estava materializado o espao onde ocorriam essas discusses e transaes de compra e venda de produtos. Com a financeiri-zao da economia em escala planetria, esta assume feies e um papel antes concedido somente a Deus. A ela conferido um poder onipresente, j que abrange todos os pases atravs de um sistema econmico internacional, interligado em termos globais. A economia assume, ainda, um carter onisciente, ten-do em vista que pauta todos os meandros das negociaes entre os pases. A onipotncia outra de suas prerrogativas, pois atravs de agncias de risco pode rebaixar ou elevar pases num ranking cujos resultados prticos so impiedosos, basta lembrarmos alguns episdios ligados crise econmica mundial de 2008, que de certa forma se desdobra at nossos dias. Decises polticas so tomadas a reboque dos aconteci-mentos econmicos, e verdadeiras catstrofes podem varrer um pas em termos de carestia de produtos, desemprego, infla-o e retrao de investimentos. A poltica tradicionalmente constituda cede espao a uma financeirizao que suplanta a participao do sujeito. As pessoas, por saberem que seu voto no ter fora suficiente para eleger um candidato que rompa com o interesse econmico e coloque interesses autnticos em seu lugar, desacreditam do processo poltico.

    Castor Bartolom Ruiz acentua que a poltica atual est centrada no governo da vida humana, ou na terminologia agambeniana, em um governo oikonomico, e por isso refora seu carter biopoltico. A democracia, escreve, tem sido redu-

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    zida a um espetculo miditico da indstria cultural (RUIZ, 2012) e uma sombra autoritria ronda a biopoltica. Surgidos como efeitos das tcnicas de governo e seus regimes de ver-dade, Estado e mercado se imbricam de maneira indissocivel nas democracias ocidentais. Portanto, no nos parece mais possvel delimitar com clareza onde termina o Estado e onde comea o mercado, tamanha a simbiose entre ambos. A economia poltica estabelece um novo regime de verdades que validar uma prtica governamental no pela moralidade de seus objetivos, nem pelos valores ticos de seus meios, mas pela eficincia dos resultados. Estes independem daqueles (Ibid., 2012). Mais adiante, acrescenta que a economia polti-ca funciona como um espao de veridio: um espao produtor de verdades. Dessa forma, um setor significativo da atividade governamental ficar submetido a um novo regime de verdade cujo efeito principal deslocar todas as questes ticas das tcnicas de governo para a lgica da utilidade (Ibid., 2012). O sofrimento humano no entra na contabilizao das artes eco-nmicas do governo, mas , antes de tudo, considerado inevi-tvel e um mal necessrio. Aqui percebemos um ponto de convergncia do mercado, que pensamos ser hegemnico, com a justia trgica nietzschiana.

    O mercado hegemnico

    Pensamos que a suposio de hegemonia do mercado que levantamos aponta, em ltima instncia, para a concretiza-o e o desdobramento de uma das formas de niilismo aponta-do por Nietzsche, qual seja, a desvalorizao da poltica. Em seu lugar, instaura-se um imprio sem governantes especficos, sem rosto, um no espao fsico. Ao invs de se ocupar de uma mudana cultural do rumo da sociedade, a poltica foi tor-nada refm de uma mentalidade economicista, calcada no lu-cro, na explorao e na eficincia. E aqui acenamos para uma compreenso governamental da poltica em termos oikonomi-cos. Percebe-se uma crescente precificao das relaes e a ascendncia de uma racionalidade mercadolgica que descon-sidera o critrio tico (SANDEL, 2012). Se estendermos mais o raciocnio economicista, chegaremos s formas de vida politica-mente relevantes e quelas formas de vida que podem ser abandonadas prpria sorte. No primeiro caso, trata-se dos consumidores, que tm um sentido e finalidade justificveis na relao custo e benefcio que orienta a dinmica da produo e do consumo, que rege o funcionamento e os interesses da eco-nomia global (BAZANELLA, ASSMANN, 2013, p. 186). J as vi-das inteis economicamente so matveis sem que com isso se incorra em crime, afinal, elas no colaboram com o bom funcio-namento do sistema econmico vigente. Assim, toda socieda-

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    de mesmo a mais moderna decide quais sejam seus ho-mens sacros (AGAMBEN, 2004, p. 146).

    Partindo dessas percepes, salientamos a pertinncia de empreender um exame do pensamento poltico de Nietzsche luz das ideias de Agamben, para refletirmos sobre a hegemonia do mercado surgida a partir da assinatura do sagrado que se imprimiu na poltica de nosso tempo, marcando-a pela inacessi-bilidade e pelo distanciamento e como uma expresso do niilismo reativo. Nesse sentido, questionamos se a categoria de profana-o pode ser uma alternativa para restituir a poltica ao uso co-mum dos homens. Alm disso, em que medida a potncia-do-no, bem como a vontade de poder, seriam chaves para refletirmos sobre a poltica que vem, de Agamben, e a grande poltica, de Nietzsche?

    Agamben menciona que j no se pode falar da crise eco-nmica como algo isolado (AGAMBEN, 2013). Ela , outrossim, o modo normal como opera o capitalismo neste sculo. Assim, va-lendo-se de expedientes como a biopoltica e o governo oikono-mico, o sistema capitalista encontrou uma maneira eficaz de manter sob sua tutela as pessoas atravs de um mecanismo do qual impossvel escapar. Deus no morreu, ele se tornou Di-nheiro. O Banco com os seus cinzentos funcionrios e espe-cialistas assumiu o lugar da Igreja e dos seus padres (AGAMBEN, 2013c), disse o filsofo. Em O reino e a glria, o fil-sofo recupera uma ideia de Erik Peterson, afirmando que, para esse autor, o paradigma econmico seria parte integrante da herana judaica da modernidade, em que os bancos tendem a tomar o lugar do templo (AGAMBEN, 2011, p. 89). E acrescen-ta: Nossos bancos transformaram-se em templos, no so eles prprios que tornam evidente, na assim chamada ordem econmica, a superioridade do sacrifcio sangrento do Glgota e mostram a impossibilidade de salvar o que histrico (PETERSON, In: AGAMBEN, 2011, p. 89). De acordo com Ba-zanella e Assmann,

    estamos inseridos numa dinmica de economizao e ju-dicializao integral da vida humana, acarretando a perda da capacidade de fazer experincias temporais vitalmente significativas que possibilitem a qualificao poltica das formas-de-vida em curso. Estamos num contexto de des-vinculao do poder econmico e jurdico da poltica. Essa condio implica na impotncia da poltica de colocar em jogo a busca do bem viver (2013, p. 56).

    Dessa forma, acrescentam,

    o diagnstico agambeniano, realizado luz dos aconteci-mentos do sculo XX, confirma, sua maneira, o niilismo denunciado por Nietzsche no sculo XIX. Para Agamben, a mquina antropolgica, poltica e governamental ocidental

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    gira sobre o prprio eixo, gira no vazio em que a economia elevada condio primeira de existncia, se tornou um fim em si mesma, resultando no vcuo poltico existencial em que nos encontramos, produzindo, atravs da captura dos indivduos pelos mltiplos dispositivos de segurana, de controle, de consumo a que as massas humanas esto submetidas (Ibid., p. 55).

    O filsofo alemo reage ideia moderna de que a felicida-de seja alcanada atravs do consumo, e que este seja uma garantia do bem-estar. Nietzsche entende essa viso economi-cista como mais uma das manifestaes da moral de rebanho na busca desesperada de novas transcendncias que lhes con-firam sentido e finalidade existencial, mesmo que isso signifique submeter a vida a uma pequena felicidade, ao rebaixamento do tipo humano (Ibid., p. 179-180). Consumir sem parar o hori-zonte ontolgico da existncia humana hoje, advertem os auto-res. Nesse contexto, a economia elevada condio de trans-cendncia exige do homem moderno a administrabilidade de seu tempo vital como tempo dedicado tarefa de produzir (Ibid., p. 180), bem como a submisso a um imperativo econmico que lhe exige a disponibilidade de recursos humanos para as tarefas de uso e consumo da vida na busca de pequenas felici-dades (Ibid., p. 180).

    O vaticnio de Nietzsche sobre o deicdio cometido pelo mais feio dos homens concretiza-se numa sociedade em que a divindade muda de personificao e rende graas ao deus todo poderoso do mercado. O Louco que arremessa ao cho sua lan-terna de Digenes e se exaspera porque a mensagem que traz no compreendida pelo povo, que se ri dele, est justamente na praa do mercado, local onde se davam os encontros, as trocas e os negcios desde a Antiguidade at a Idade Mdia. O mercado era considerado o lugar natural da metafsica (TRCKE, 1993), e a suma de toda metafsica era Deus. Paradoxalmente, esse local fsico, palpvel, emblemtico por sua importncia no cotidiano da polis e por sua representatividade filosfica e eco-nmica, cedeu espao a um mercado adjetivado como capitalis-ta, cuja realidade virtual, impalpvel, mas que pode ser carac-terizada pela produo de verdades.

    Assim como a justia trgica grega caracterstica do pensa-mento poltico de Nietzsche, nos parece haver uma proximidade entre o mercado capitalista hegemnico, que no contm como prerrogativa o critrio de justia, de compaixo ou piedade. Ao contrrio do mercado capitalista atual, o mercado medieval se pautava pelo preo justo, e no pela livre especulao. Os mol-des clssicos de Aristteles e So Toms de Aquino de justia distributiva material assentavam-se como alicerces do mercado no medievo. Isso definitivamente no acontece no modelo capi-talista financeirizado.

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    Aristteles havia formulado as categorias de valor, troca, dinheiro e riqueza a partir de um saber tico e poltico, submeti-do metafsica, matriz organizadora do pensamento cientfico clssico. Por outro lado, em A riqueza das naes, Adam Smith fundamenta a criao da cincia econmica a partir do empiris-mo, separando e autonomizando seu objeto. Assim, a cincia de Smith separa-se da moral. Esvaziada a poltica enquanto ope-rador social pelo ser humano naturalmente socivel, a teoria mo-ral e a cincia de Smith resistem em aceitar a instituio, por excelncia, da poltica, que o Estado. Seu papel na organiza-o econmico-social tem acepo meramente administrativa, sobretudo para suprir o vazio de respostas consistentes que a sociedade o conjunto dos indivduos moralmente dotados ainda no encontrou (DRUMMOND, 2004, p. 19). Por fim, o mer-cado convertido de instncia-meio para instncia-fim. A racio-nalidade instrumental de instncia-meio, que a tcnica do fazer econmico, autonomiza-se e substitui a racionalidade praxiolgica de instncia-fim, que so a moral e a poltica (Ibid., 2004, p. 26).

    A razo, que se metamorfoseou em racionalidade cientfica transformando-se em clculo, usada de modo instrumental, configurando uma racionalidade tcnica que no fundamenta nada, seno sua prpria operao. O uso instrumental da ra-zo, que muitos autores contemporneos consideram uma falsa racionalidade, desloca valores, transpondo para os fins da razo o que antes eram simples meios de vida: a riqueza, o poder, o prestgio e outros que tais. Atinge-se, deste modo, o patamar do mundo totalmente administrado por uma razo que funciona sozinha e independente de qualquer subjetividade. A razo alienada de si, isto , sem perspectiva humana, gera um mundo rico de bens, mas pobre de contedo humano (AQUINO, In DRUMMOND, 2004). Tal razo instrumental alienada ganha uma configurao especial na razo instrumental do mercado, muni-da de uma fora que age, trabalha e produz as coisas, resulta na monopolizao da racionalidade possvel, no permitindo que nenhuma razo subsista fora dela. O indivduo moderno sente, no seu mundo interior, a reverberao do antagonismo entre mercado e poder do Estado (Ibid., 2004, p. 10). Como sabemos, em si, a economia uma ordem de circulao de ri-quezas. Contudo, a economia poltica,

    na qual a economia estava posta a servio da poltica, transformou-se pouco a pouco em simples economia, re-legando a poltica a um papel subalterno. Havendo dis-solvido a substncia que esta ainda possua, a economia passou a reinar absoluta com suas leis prprias, objetivas e racionais, isto , leis que tm a razo de ser no prprio sistema produtivo, indiferentes aos desejos e s situaes individuais (Ibid., 2004, p. 10).

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    Bazanella e Assmann advertem que

    a crtica de Nietzsche e Agamben atinge a profundida-de constitutiva da proposta civilizatria ocidental em seu estgio moderno e contemporneo, capitaneado por uma lgica econmica que se transformou num fim em si mesmo, e que por conta disso submete a poltica condio de sua dinmica e justificao. Modernidade e contemporaneidade que tem na racionalidade instrumen-tal da tcnica, a condio do pleno controle dos hbitos, dos costumes, da vida de bilhes de seres humanos, que habitam o campo de concentrao global, com suas ilhas de prosperidade, de liberdade, de produo, de consu-mo, mas tambm de misria, de violncia e morte co-tidiana de milhares de vidas nuas, de carne humana a ser consumida pela transcendncia de mercado em seus fundamentos econmicos autojustificveis, ou pela razo de Estado que opera na condio de estado de exceo, garantindo a ordem jurdica e social de produo da vida nua (2013, p. 30).

    Instala-se, a partir disso, uma verdadeira tentao do mer-cado, um desejo exacerbado de consumo com um preo bem mais do que financeiro a ser pago, porquanto desloca o consu-midor dos extremos do gozo sem fim para o meio instrumental, no qual ele posto como instrumento a servio do capital e da racionalidade do mercado (DRUMMOND, 2004, p. 11). Nessa l-gica, ao contrrio dos aristocratas do futuro, dos filsofos legis-ladores esperados por Nietzsche, cuja moral aristocrtica no reconhece o igualitarismo, teria tomado o seu lugar o mercado hegemnico, este tambm alheio a qualquer compromisso hu-manitrio? A vontade de poder teria se convertido no oscilar das bolsas e nos humores das cotaes do mercado, na vonta-de de acumulao e especulao financeira? Teria o tipo mais altamente bem logrado, em oposio ao homem moderno, ao homem bom, aos cristos e outros niilistas (NIETZSCHE, 1978, p. 375) cedido lugar aos operadores e investidores da bolsa de valores?

    Tal configurao nos parece ser a consecuo de uma for-ma de niilismo, cujo poder microfsico reside, justamente, na po-tncia econmica que lhe subjaz como fundamento. Nesse as-pecto, esse homo economicus, paradigmtico de nossa sociedade de mercado, parece estar muito longe do filsofo le-gislador nietzschiano, criador de uma nova era trgica. Tambm est h anos luz do sujeito da poltica que vem agambeniana enquanto posicionamento crtico frente s formas biopolticas perpetradas pelo Ocidente, a partir das cises e fraturas origin-rias que constituem, sob o fundamento da linguagem, o mundo humano (BAZANELLA, ASSMANN, 2013, p. 195).

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    Acreditamos que esse homo economicus pode, isso sim, ser considerado a personificao do ltimo homem, motivo de zombaria na praa do mercado, prottipo do homem da moder-nidade, preocupado com seus pequenos confortos burgueses. Tal homem seria o servo de uma entidade espectral, engrena-gem nfima no jogo de investimentos (BARRENECHEA, 2003, p. 47), um autntico homem de rebanho. No domnio desptico da dinmica economicista consumou-se totalmente a mediocriza-o do homem europeu, o triunfo do rebanho amorfo. Os inves-tidores no exercem o poder, apenas acatam o domnio de uma fora impessoal. Eis a total anemia da vontade, de fora: a mni-ma potncia do exerccio poltico (Ibid., 2003, p. 47).

    No so, portanto, os indivduos com nome e sobrenome que exercem o poder. Tampouco so as instituies e os grupos formalmente organizados. So os jogos de investimentos que controlam o mundo. Para alm das decises, supostamente executivas, dos centros burocrticos, dos governantes efetivos, age o jogo de apostas dos mercados computadorizados (Ibid., 2003, p. 45). o imprio da impessoalidade, do nada, ou do mercado guindado a um status hegemnico, caso nossa hipte-se esteja correta. Os homens so mansos produtores que no tm ningum para contestar, no h ningum para derrubar, j que a garantia desse sistema consiste em que o poder invis-vel, annimo e, portanto, inquestionvel (Ibid., p. 50).

    Tendo essas ideias em vista, acreditamos que as filosofias de Nietzsche e Agamben tm muito a nos dizer e inquietar acer-ca do lugar e do futuro da poltica. Elas nos instigam a repensar o espao que a economia, reduzida oikonomia, preocupada com o governo e a administrao til e rentvel da vida, assumiu frente poltica.

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    SUFFRIN, Pierre Hber. O Zaratustra de Nietzsche. Rio de Janeiro: Jor-ge Zahar, 1999.

    SILVA, Mayara Annanda Samarine Nunes da. Sobre a normatizao da vida: um ensaio a partir de Nietzsche e Agamben. Anais do VII Semin-rio de Ps-Graduao em Filosofia da UFSCar, 2011.

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  • Cadernos IHU ideias 23

    ______. Introduo a Nietzsche. Lisboa: Presena, 1990.

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    VERSIGNASSI, Alexandre. Uma breve histria da economia da Grcia Antiga ao Sculo XXI. So Paulo: Leya, 2011.

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    ZAMAGNI, Stefano. Civilizar a economia. Cadernos IHU Ideias n 155, So Leopoldo, 2011.

  • CADERNOS IHU IDEIAS

    N. 01 A teoria da justia de John Rawls Jos NedelN. 02 O feminismo ou os feminismos: Uma leitura das produes tericas Edla Eggert O Servio Social junto ao Frum de Mulheres em So Leopoldo Clair Ribeiro Ziebell e Acad-

    micas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz StraussN. 03 O programa Linha Direta: a sociedade segundo a TV Globo Sonia MontaoN. 04 Ernani M. Fiori Uma Filosofia da Educao Popular Luiz Gilberto KronbauerN. 05 O rudo de guerra e o silncio de Deus Manfred ZeuchN. 06 BRASIL: Entre a Identidade Vazia e a Construo do Novo Renato Janine RibeiroN. 07 Mundos televisivos e sentidos identirios na TV Suzana KilppN. 08 Simes Lopes Neto e a Inveno do Gacho Mrcia Lopes DuarteN. 09 Oligoplios miditicos: a televiso contempornea e as barreiras entrada Valrio Cruz BrittosN. 10 Futebol, mdia e sociedade no Brasil: reflexes a partir de um jogo dison Luis GastaldoN. 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de Auschwitz Mrcia TiburiN. 12 A domesticao do extico Paula CaleffiN. 13 Pomeranas parceiras no caminho da roa: um jeito de fazer Igreja, Teologia e Educao Popular

    Edla EggertN. 14 Jlio de Castilhos e Borges de Medeiros: a prtica poltica no RS Gunter AxtN. 15 Medicina social: um instrumento para denncia Stela Nazareth MeneghelN. 16 Mudanas de significado da tatuagem contempornea Dbora Krischke LeitoN. 17 As sete mulheres e as negras sem rosto: fico, histria e trivialidade Mrio MaestriN. 18 Um itinenrio do pensamento de Edgar Morin Maria da Conceio de AlmeidaN. 19 Os donos do Poder, de Raymundo Faoro Helga Iracema Ladgraf PiccoloN. 20 Sobre tcnica e humanismo Oswaldo Giacia JuniorN. 21 Construindo novos caminhos para a interveno societria Lucilda SelliN. 22 Fsica Quntica: da sua pr-histria discusso sobre o seu contedo essencial Paulo Henri-

    que DionsioN. 23 Atualidade da filosofia moral de Kant, desde a perspectiva de sua crtica a um solipsismo prtico

    Valrio RohdenN. 24 Imagens da excluso no cinema nacional Miriam RossiniN. 25 A esttica discursiva da tev e a (des)configurao da informao Nsia Martins do RosrioN. 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do Vale do Rio dos Sinos UNISINOS Rosa

    Maria Serra BavarescoN. 27 O modo de objetivao jornalstica Beatriz Alcaraz MaroccoN. 28 A cidade afetada pela cultura digital Paulo Edison Belo ReyesN. 29 Prevalncia de violncia de gnero perpetrada por companheiro: Estudo em um servio de aten-

    o primria sade Porto Alegre, RS Jos Fernando Dresch KronbauerN. 30 Getlio, romance ou biografia? Juremir Machado da SilvaN. 31 A crise e o xodo da sociedade salarial Andr GorzN. 32 meia luz: a emergncia de uma Teologia Gay Seus dilemas e possibilidades Andr Sidnei

    MusskopfN. 33 O vampirismo no mundo contemporneo: algumas consideraes Marcelo Pizarro NoronhaN. 34 O mundo do trabalho em mutao: As reconfiguraes e seus impactos Marco Aurlio SantanaN. 35 Adam Smith: filsofo e economista Ana Maria Bianchi e Antonio Tiago Loureiro Arajo dos

    SantosN. 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emergente mercado religioso brasileiro: uma

    anlise antropolgica Airton Luiz JungblutN. 37 As concepes terico-analticas e as proposies de poltica econmica de Keynes Fernando

    Ferrari FilhoN. 38 Rosa Egipcaca: Uma Santa Africana no Brasil Colonial Luiz MottN. 39 Malthus e Ricardo: duas vises de economia poltica e de capitalismo Gentil CorazzaN. 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina Adriana BragaN. 41 A (anti)filosofia de Karl Marx Leda Maria PaulaniN. 42 Veblen e o Comportamento Humano: uma avaliao aps um sculo de A Teoria da Classe

    Ociosa Leonardo Monteiro MonasterioN. 43 Futebol, Mdia e Sociabilidade. Uma experincia etnogrfica dison Luis Gastaldo, Rodrigo

    Marques Leistner, Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinityN. 44 Genealogia da religio. Ensaio de leitura sistmica de Marcel Gauchet. Aplicao situao atual

    do mundo Grard DonnadieuN. 45 A realidade quntica como base da viso de Teilhard de Chardin e uma nova concepo da

    evoluo biolgica Lothar SchferN. 46 Esta terra tem dono. Disputas de representao sobre o passado missioneiro no Rio Grande do

    Sul: a figura de Sep Tiaraju Ceres Karam BrumN. 47 O desenvolvimento econmico na viso de Joseph Schumpeter Achyles Barcelos da CostaN. 48 Religio e elo social. O caso do cristianismo Grard DonnadieuN. 49 Coprnico e Kepler: como a terra saiu do centro do universo Geraldo Monteiro SigaudN. 50 Modernidade e ps-modernidade luzes e sombras Evilzio TeixeiraN. 51 Violncias: O olhar da sade coletiva lida Azevedo Hennington e Stela Nazareth MeneghelN. 52 tica e emoes morais Thomas KesselringJuzos ou emoes: de quem a primazia na

    moral? Adriano Naves de BritoN. 53 Computao Quntica. Desafios para o Sculo XXI Fernando HaasN. 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na Europa e no Brasil An Vranckx

  • N. 55 Terra habitvel: o grande desafio para a humanidade Gilberto DupasN. 56 O decrescimento como condio de uma sociedade convivial Serge LatoucheN. 57 A natureza da natureza: auto-organizao e caos Gnter KppersN. 58 Sociedade sustentvel e desenvolvimento sustentvel: limites e possibilidades Hazel

    HendersonN. 59 Globalizao mas como? Karen GloyN. 60 A emergncia da nova subjetividade operria: a sociabilidade invertida Cesar SansonN. 61 Incidente em Antares e a Trajetria de Fico de Erico Verssimo Regina ZilbermanN. 62 Trs episdios de descoberta cientfica: da caricatura empirista a uma outra histria Fernando

    Lang da Silveira e Luiz O. Q. PeduzziN. 63 Negaes e Silenciamentos no discurso acerca da Juventude Ctia Andressa da SilvaN. 64 Getlio e a Gira: a Umbanda em tempos de Estado Novo Artur Cesar IsaiaN. 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro: uma alegoria humanista tropical La Freitas PerezN. 66 Adoecer: Morrer ou Viver? Reflexes sobre a cura e a no cura nas redues jesutico-guaranis

    (1609-1675) Eliane Cristina Deckmann FleckN. 67 Em busca da terceira margem: O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimares

    Rosa Joo Guilherme BaroneN. 68 Contingncia nas cincias fsicas Fernando HaasN. 69 A cosmologia de Newton Ney LemkeN. 70 Fsica Moderna e o paradoxo de Zenon Fernando HaasN. 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes, de Joaquim Pedro de Andrade Miriam de Souza

    RossiniN. 72 Da religio e de juventude: modulaes e articulaes La Freitas PerezN. 73 Tradio e ruptura na obra de Guimares Rosa Eduardo F. CoutinhoN. 74 Raa, nao e classe na historiografia de Moyss Vellinho Mrio MaestriN. 75 A Geologia Arqueolgica na Unisinos Carlos Henrique NowatzkiN. 76 Campesinato negro no perodo ps-abolio: repensando Coronelismo, enxada e voto Ana

    Maria Lugo RiosN. 77 Progresso: como mito ou ideologia Gilberto DupasN. 78 Michael Aglietta: da Teoria da Regulao Violncia da Moeda Octavio A. C. ConceioN. 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul Moacyr FloresN. 80 Do pr-urbano ao urbano: A cidade missioneira colonial e seu territrio Arno Alvarez KernN. 81 Entre Canes e versos: alguns caminhos para a leitura e a produo de poemas na sala de

    aula Glucia de SouzaN. 82 Trabalhadores e poltica nos anos 1950: a ideia de sindicalismo populista em questo Marco

    Aurlio SantanaN. 83 Dimenses normativas da Biotica Alfredo Culleton e Vicente de Paulo BarrettoN. 84 A Cincia como instrumento de leitura para explicar as transformaes da natureza Attico

    ChassotN. 85 Demanda por empresas responsveis e tica Concorrencial: desafios e uma proposta para a

    gesto da ao organizada do varejo Patrcia Almeida AshleyN. 86 Autonomia na ps-modernidade: um delrio? Mario FleigN. 87 Gauchismo, tradio e Tradicionalismo Maria Eunice MacielN. 88 A tica e a crise da modernidade: uma leitura a partir da obra de Henrique C. de Lima Vaz Mar-

    celo PerineN. 89 Limites, possibilidades e contradies da formao humana na Universidade Laurcio NeumannN. 90 Os ndios e a Histria Colonial: lendo Cristina Pompa e Regina Almeida Maria Cristina Bohn

    MartinsN. 91 Subjetividade moderna: possibilidades e limites para o cristianismo Franklin Leopoldo e SilvaN. 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunidade de catadores: um estudo na pers-

    pectiva da Etnomatemtica Daiane Martins BocasantaN. 93 A religio na sociedade dos indivduos: transformaes no campo religioso brasileiro Carlos

    Alberto SteilN. 94 Movimento sindical: desafios e perspectivas para os prximos anos Cesar SansonN. 95 De volta para o futuro: os precursores da nanotecnocincia Peter A. SchulzN. 96 Vianna Moog como intrprete do Brasil Enildo de Moura CarvalhoN. 97 A paixo de Jacobina: uma leitura cinematogrfica Marins Andrea KunzN. 98 Resilincia: um novo paradigma que desafia as religies Susana Mara Rocca LarrosaN. 99 Sociabilidades contemporneas: os jovens na lan house Vanessa Andrade PereiraN. 100 Autonomia do sujeito moral em Kant Valerio RohdenN. 101 As principais contribuies de Milton Friedman Teoria Monetria: parte 1 Roberto Camps

    MoraesN. 102 Uma leitura das inovaes bio(nano)tecnolgicas a partir da sociologia da cincia Adriano

    PremebidaN. 103 ECODI A criao de espaos de convivncia digital virtual no contexto dos processos de ensino

    e aprendizagem em metaverso Eliane SchlemmerN. 104 As principais contribuies de Milton Friedman Teoria Monetria: parte 2 Roberto Camps

    MoraesN. 105 Futebol e identidade feminina: um estudo etnogrfico sobre o ncleo de mulheres gremistas

    Marcelo Pizarro NoronhaN. 106 Justificao e prescrio produzidas pelas Cincias Humanas: Igualdade e Liberdade nos discur-

    sos educacionais contemporneos Paula Corra HenningN. 107 Da civilizao do segredo civilizao da exibio: a famlia na vitrine Maria Isabel Barros

    BelliniN. 108 Trabalho associado e ecologia: vislumbrando um ethos solidrio, terno e democrtico? Telmo

    AdamsN. 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular Celso Candido de AzambujaN. 110 Formao e trabalho em narrativas Leandro R. Pinheiro

  • N. 111 Autonomia e submisso: o sentido histrico da administrao Yeda Crusius no Rio Grande do Sul Mrio Maestri

    N. 112 A comunicao paulina e as prticas publicitrias: So Paulo e o contexto da publicidade e pro-paganda Denis Gerson Simes

    N. 113 Isto no uma janela: Flusser, Surrealismo e o jogo contra Esp. Yentl DelanhesiN. 114 SBT: jogo, televiso e imaginrio de azar brasileiro Sonia MontaoN. 115 Educao cooperativa solidria: perspectivas e limites Carlos Daniel BaiotoN. 116 Humanizar o humano Roberto Carlos FveroN. 117 Quando o mito se torna verdade e a cincia, religio Rber Freitas BachinskiN. 118 Colonizando e descolonizando mentes Marcelo DascalN. 119 A espiritualidade como fator de proteo na adolescncia Luciana F. Marques e Dbora D.

    DellAglioN. 120 A dimenso coletiva da liderana Patrcia Martins Fagundes Cabral e Nedio SeminottiN. 121 Nanotecnologia: alguns aspectos ticos e teolgicos Eduardo R. CruzN. 122 Direito das minorias e Direito diferenciao Jos Rogrio LopesN. 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias: em busca de marcos regulatrios Wilson EngelmannN. 124 Desejo e violncia Rosane de Abreu e SilvaN. 125 As nanotecnologias no ensino Solange Binotto FaganN. 126 Cmara Cascudo: um historiador catlico Bruna Rafaela de LimaN. 127 O que o cncer faz com as pessoas? Reflexos na literatura universal: Leo Tolstoi Thomas Mann

    Alexander Soljentsin Philip Roth Karl-Josef KuschelN. 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental identidade gentica Ingo Wolfgang

    Sarlet e Selma Rodrigues PetterleN. 129 Aplicaes de caos e complexidade em cincias da vida Ivan Amaral GuerriniN. 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentvel Paulo Roberto MartinsN. 131 A phila como critrio de inteligibilidade da mediao comunitria Rosa Maria Zaia Borges AbroN. 132 Linguagem, singularidade e atividade de trabalho Marlene Teixeira e derson de Oliveira CabralN. 133 A busca pela segurana jurdica na jurisdio e no processo sob a tica da teoria dos sistemas

    sociais de Nicklass Luhmann Leonardo GrisonN. 134 Motores Biomoleculares Ney Lemke e Luciano HennemannN. 135 As redes e a construo de espaos sociais na digitalizao Ana Maria Oliveira RosaN. 136 De Marx a Durkheim: Algumas apropriaes tericas para o estudo das religies afro-brasileiras

    Rodrigo Marques LeistnerN. 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psquico: sobre como as pessoas reconstroem

    suas vidas Breno Augusto Souto Maior FontesN. 138 As sociedades indgenas e a economia do dom: O caso dos guaranis Maria Cristina Bohn

    MartinsN. 139 Nanotecnologia e a criao de novos espaos e novas identidades Marise Borba da SilvaN. 140 Plato e os Guarani Beatriz Helena DominguesN. 141 Direitos humanos na mdia brasileira Diego Airoso da MottaN. 142 Jornalismo Infantil: Apropriaes e Aprendizagens de Crianas na Recepo da Revista Recreio

    Greyce VargasN. 143 Derrida e o pensamento da desconstruo: o redimensionamento do sujeito Paulo Cesar

    Duque-EstradaN. 144 Incluso e Biopoltica Maura Corcini Lopes, Kamila Lockmann, Morgana Domnica Hattge e

    Viviane KlausN. 145 Os povos indgenas e a poltica de sade mental no Brasil: composio simtrica de saberes para

    a construo do presente Bianca Sordi StockN. 146 Reflexes estruturais sobre o mecanismo de REDD Camila MorenoN. 147 O animal como prximo: por uma antropologia dos movimentos de defesa dos direitos animais

    Caetano SordiN. 148 Avaliao econmica de impactos ambientais: o caso do aterro sanitrio em Canoas-RS Fer-

    nanda SchutzN. 149 Cidadania, autonomia e renda bsica Josu Pereira da SilvaN. 150 Imagtica e formaes religiosas contemporneas: entre a performance e a tica Jos Rogrio

    LopesN. 151 As reformas poltico-econmicas pombalinas para a Amaznia: e a expulso dos jesutas do

    Gro-Par e Maranho Luiz Fernando Medeiros RodriguesN. 152 Entre a Revoluo Mexicana e o Movimento de Chiapas: a tese da hegemonia burguesa no

    Mxico ou por que voltar ao Mxico 100 anos depois Claudia WassermanN. 153 Globalizao e o pensamento econmico franciscano: Orientao do pensamento econmico

    franciscano e Caritas in Veritate Stefano ZamagniN. 154 Ponto de cultura teko arandu: uma experincia de incluso digital indgena na aldeia kaiow e

    guarani Teikue no municpio de Caarap-MS Neimar Machado de Sousa, Antonio Brand e Jos Francisco Sarmento

    N. 155 Civilizar a economia: o amor e o lucro aps a crise econmica Stefano ZamagniN. 156 Intermitncias no cotidiano: a clnica como resistncia inventiva Mrio Francis Petry Londero e

    Simone Mainieri PaulonN. 157 Democracia, liberdade positiva, desenvolvimento Stefano ZamagniN. 158 Passemos para a outra margem: da homofobia ao respeito diversidade Omar Lucas Perrout

    Fortes de SalesN. 159 A tica catlica e o esprito do capitalismo Stefano ZamagniN. 160 O Slow Food e novos princpios para o mercado Eriberto Nascente SilveiraN. 161 O pensamento tico de Henri Bergson: sobre As duas fontes da moral e da religio Andr

    Brayner de FariasN. 162 O modus operandi das polticas econmicas keynesianas Fernando Ferrari Filho e Fbio Hen-

    rique Bittes TerraN. 163 Cultura popular tradicional: novas mediaes e legitimaes culturais de mestres populares pau-

    listas Andr Luiz da Silva

  • N. 164 Ser o decrescimento a boa nova de Ivan Illich? Serge LatoucheN. 165 Agostos! A Crise da Legalidade: vista da janela do Consulado dos Estados Unidos em Porto

    Alegre Carla Simone RodegheroN. 166 Convivialidade e decrescimento Serge LatoucheN. 167 O impacto da plantao extensiva de eucalipto nas culturas tradicionais: Estudo de caso de So

    Luis do Paraitinga Marcelo Henrique Santos ToledoN. 168 O decrescimento e o sagrado Serge LatoucheN. 169 A busca de um ethos planetrio Leonardo BoffN. 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalizao do ser: um convite ao abolicionismo

    Marco Antonio de Abreu ScapiniN. 171 Sub specie aeternitatis O uso do conceito de tempo como estratgia pedaggica de religao

    dos saberes Gerson Egas SeveroN. 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecnologias digitais Bruno PucciN. 173 Tcnicas de si nos textos de Michel Foucault: A influncia do poder pastoral Joo Roberto Barros IIN. 174 Da mnada ao social: A intersubjetividade segundo Levinas Marcelo FabriN. 175 Um caminho de educao para a paz segundo Hobbes Lucas Mateus Dalsotto e Everaldo CesconN. 176 Da magnitude e ambivalncia necessria humanizao da tecnocincia segundo Hans Jonas

    Jelson Roberto de OliveiraN. 177 Um caminho de educao para a paz segundo Locke Odair Camati e Paulo Csar NodariN. 178 Crime e sociedade estamental no Brasil: De como la ley es como la serpiente; solo pica a los

    descalzos Lenio Luiz StreckN. 179 Um caminho de educao para a paz segundo Rousseau Mateus Boldori e Paulo Csar NodariN. 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil: entre o reconhecimento e a concretizao

    Afonso Maria das ChagasN. 181 Aptridas e refugiados: direitos humanos a partir da tica da alteridade Gustavo Oliveira de

    Lima PereiraN. 182 Censo 2010 e religies:reflexes a partir do novo mapa religioso brasileiro Jos Rogrio LopesN. 183 A Europa e a ideia de uma economia civil Stefano ZamagniN. 184 Para um discurso jurdico-penal libertrio: a pena como dispositivo poltico (ou o direito penal

    como discurso-limite) Augusto Jobim do AmaralN. 185 A identidade e a misso de uma universidade catlica na atualidade Stefano ZamagniN. 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento solidrio aos refugiados Joseane Marile

    Schuck PintoN. 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino, pesquisa e extenso na educao supe-

    rior brasileira e sua contribuio para um projeto de sociedade sustentvel no Brasil Marcelo F. de Aquino

    N. 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razo no campo da preveno Luis David CastielN. 189 Produes tecnolgicas e biomdicas e seus efeitos produtivos e prescritivos nas prticas sociais

    e de gnero Marlene TamaniniN. 190 Cincia e justia: Consideraes em torno da apropriao da tecnologia de DNA pelo direito

    Claudia FonsecaN. 191 #VEMpraRUA: Outono brasileiro? Leituras Bruno Lima Rocha, Carlos Gadea, Giovanni Alves,

    Giuseppe Cocco, Luiz Werneck Vianna e Rud RicciN. 192 A cincia em ao de Bruno Latour Leticia de Luna FreireN. 193 Laboratrios e Extraes: quando um problema tcnico se torna uma 0questo sociotcnica

    Rodrigo Ciconet DornellesN. 194 A pessoa na era da biopoltica: autonomia, corpo e subjetividade Heloisa Helena BarbozaN. 195 Felicidade e Economia: uma retrospectiva histrica Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago

    Wickstrom AlvesN. 196 A colaborao de Jesutas, Leigos e Leigas nas Universidades confiadas Companhia de Jesus:

    o dilogo entre humanismo evanglico e humanismo tecnocientfico Adolfo NicolsN. 197 Brasil: verso e reverso constitucional Fbio Konder ComparatoN. 198 Sem-religio no Brasil: Dois estranhos sob o guarda-chuva Jorge Claudio RibeiroN. 199 Uma ideia de educao segundo Kant: uma possvel contribuio para o sculo XXI Felipe

    Bragagnolo e Paulo Csar NodariN. 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia urbana: a experincia da ocupao

    Razes da Praia Natalia Martinuzzi CastilhoN. 201 Desafios ticos, filosficos e polticos da biologia sinttica Jordi MaisoN. 202 Fim da Poltica, do Estado e da cidadania? Roberto RomanoN. 203 Constituio Federal e Direitos Sociais: avanos e recuos da cidadania Maria da Glria GohnN. 204 As origens histricas do racionalismo, segundo Feyerabend Miguel ngelo FlachN. 205 Compreenso histrica do regime empresarial-militar brasileiro Fbio Konder ComparatoN. 206 Sociedade tecnolgica e a defesa do sujeito: Technological society and the defense of the individual

    Karla SaraivaN. 207 Territrios da Paz: Territrios Produtivos? Giuseppe CoccoN. 208 Justia de Transio como Reconhecimento: limites e possibilidades do processo brasileiro

    Roberta Camineiro BaggioN. 209 As possibilidades da Revoluo em Ellul Jorge Barrientos-Parra

  • Mrcia Rosane Junges possui graduao em Comunicao Social Habilitao Jornalismo pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos Unisinos (2000), ps-graduao em Cincia Poltica pela Universidade Luterana do Brasil Ulbra (2001) e mestrado em Filosofia pela Unisinos (2006), onde est atualmente cursando doutorado em Filosofia. Atualmente professora tutora da Unisinos e jor-nalista do Instituto Humanitas Unisinos IHU. Tem

    experincia na rea de Filosofia, com nfase em tica, atuando prin-cipalmente nos seguintes temas: filosofia, biopoltica, tica, memria e pensamento de Giorgio Agamben.

    Algumas obras da autoraJUNGES, M. R. Giorgio Agamben, uma filosofia para compreender nosso tempo. (Apresentao). Cadernos IHU em Formao, n 45, Instituto Hu-manitas Unisinos, So Leopoldo, 2013.

    ______. Democracia agonstica e radicalismo aristocrtico: paradoxo nietzschiano. Cadernos IHU em Formao, Instituto Humanitas Unisi-nos, So Leopoldo, 2007.

    ______. Deus e metafsica em Ockham e Nietzsche. Controvrsia (UNISINOS), v. 1, p. 1, 2005.

    Outras publicaesGIACOIA, Oswaldo. O mal como resultado do processo civilizatrio mo-derno: entrevista [24/03/2014]. Revista IHU On-Line, Ed. 438. So Leo-poldo: Instituto Humanitas Unisinos IHU. Entrevista concedida a Mrcia Rosane Junges.

    KOTSKO, Adam. A monstruosidade de Cristo. Paradoxo ou dialtica: en-trevista [16/06/2014]. Revista IHU On-Line, Ed. 446. So Leopoldo: Ins-tituto Humanitas Unisinos IHU. Entrevista concedida a Mrcia Rosane Junges.

    GIACOIA, Oswaldo. Kant e Nietzsche e a autodeterminao como fun-damento da autonomia: entrevista [06/05/2013]. Revista IHU On-Line, Ed. 417. So Leopoldo: Instituto Humanitas Unisinos IHU. Entrevista concedida a Mrcia Rosane Junges.

    KOTSKO, Adam. Zizek e a tentativa radical de repensar a tradio crist: entrevista [29/10/2013]. Revista IHU On-Line. So Leopoldo: Instituto Hu-manitas Unisinos IHU. Entrevista concedida a Mrcia Rosane Junges.