Ética - cidadania na escola -artigo meu - prof tássio (salvo automaticamente)
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Artigo Científico sobre cidadania na escolaTRANSCRIPT
CURSO: PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO E MULTISCIPLINARIDADE
Mestrado Profissionalizante
Disciplina: Educação e Formação para Cidadania
Professor Dr. Tácio Vitaliano da Silva Alunos: Rosângela Cacho Sandra Accioly
Núcleo: Natal/RN
2015
ÉTICA E CIDADANIA NO ÂMBITO EDUCACIONAL
Rosângela CachoSandra Accioly
Prof. Dr. Tácio Vitaliana da Silva
Mestrado Profissionalizante – Educação e Formação para Cidadania 07/01/2015
RESUMO
Dentre os elementos básicos que sustentam a educação em valores estão o
princípio da democracia e da cidadania. Compreender suas relações com a
ética e com a educação é essencial na luta pela construção de uma sociedade
mais justa.
Hoje é impossível falar em educação sem falar em ética, já que a educação
está associada à formação ética da cidadania. Não cabe mais, nos dias atuais,
instituições educacionais preocupadas apenas com o conhecimento. Elas
também têm a responsabilidade de tornar as pessoas mais humanas, sociais e
altruístas; estimulando-as a ações concretas de cidadania.
Na educação, a ética toma espaço decisório por ter papel de formar, ao lado da
família e da sociedade, cidadãos éticos. A ética hoje é palavra obrigatória nos
meios formais e informais em todas as ordens. Na política, na religião, na
Internet, na medicina, na biologia, entre outros, e não diferente, a ética também
está na educação. Para tanto, o ensino da ética e cidadania é de suma
importância, a fim de formar cidadãos que usem, além de suas competências
científicas, também a razão com o coração.
Neste artigo iremos conversar sobre ética e cidadania na educação. Primeiro
iremos conceituar o que é ética e cidadania, para depois vermos como isso
está sendo trabalhado nas instituições educacionais.
Palavras-chave: ética, cidadania, educação.
INTRODUÇÃO
Há muito que a educação formal vem sendo praticada com uma única
preocupação: o conhecimento. A educação escolar efetivamente é formal.
Dela o aluno pode sair como uma verdadeira enciclopédia, com informações
sobre quase tudo. Quase tudo, pois a questão central do processo educativo
do ponto de vista pedagógico, a formação do ser humano, termina por ficar
esquecida num canto qualquer da sala de aula.
A dicotomia existente entre conhecimento e vida salta aos olhos. O que
se aprende na escola parece não relacionar-se com o vivido: o que é pior, o
aluno, que tem na escola um dos seus primeiros passos de socialização, passa
por esta instituição parte de sua vida e com raras exceções recebe uma
formação que vise o seu desenvolvimento enquanto pessoa e cidadão. Não é
que a escola deva descuidar-se da transmissão do conhecimento. É que o
conhecimento é apenas uma parte e não o todo da formação humana.
Enquanto humanos, somos seres sociais e políticos. Convivemos com
outros indivíduos, temos uma vida pública. E não é simplesmente, a formação
intelectual, o conhecimento, que nos ajuda na construção de novas relações
sociais e de um convívio que aponte para uma sociedade mais humana, mais
justa e solidária. Disto decorre a necessidade de repensarmos as práticas
educacionais em termos de ética e cidadania.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais é um instrumento, uma, espécie
de manual, que pode auxiliar aos técnicos educacionais e professores nas suas
atividades. Eles “sinalizam que “a educação escolar deve possibilitar que os
alunos sejam capazes de:
compreender a cidadania como participação social e política, assim como exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais, adotando, no dia-a-dia, atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito;
posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas.” pg 1
Mas não é uma receita de bolo que dispense os profissionais da reflexão
e da criação. Nesse caminho somos todos aprendizes onde o caminho vai
sendo feito pelo próprio caminhar.
O QUE É ÉTICA?
A origem da palavra ética vem do grego Ethikós, que significa “modo
de ser” “costume”. Trata o comportamento humano pelo seu valor moral.
Costume tem um sentido bastante amplo, por tratar temas de natureza do bem
e do justo. É também chamada de filosofia moral, por tratar dos valores em
sociedade, isto é, do comportamento humano pelo seu valor moral.
Moral vem do latim Mores. Ética e Moral tem seus conceitos
igualitários, levando em conta a etimologia da palavra Ethos e Mores, grego e
latim respectivamente, significam a mesma coisa costumes ou o conjunto de
costumes.
Segundo Ouaknin (1996, p. 115), “Ainda que os dicionários nos
ofereçam a precisão de uma etimologia grega para a ética e latina para moral,
eles são incapazes, porém, de precisar a sua diferença”. O termo Moral é mais
amplo que o primeiro, pois compreende “o conjunto de prescrições vigentes
numa determinada sociedade e consideradas como critérios válidos para a
orientação do agir de todos os membros dessa sociedade” (SEVERINO, 1994,
p. 195), enquanto a ética busca discutir e explicar valores referentes à ação do
homem, seus objetivos, critérios e fins.
Na visão de Savater (2002, p. 47), a moral “é um conjunto de
comportamentos e normas que você, eu e outras pessoas costumamos aceitar
como válidos” e a ética, tem significado contrário, pois trata da “reflexão sobre
por que consideramos válidos alguns comportamentos”, comparando outras
morais de outros em aspectos pessoal e cultural. Compete, no entanto, à moral
dizer o que deve ser feito, e a ética tira conclusões sobre o comportamento
moral de cada um. A ética se constitui de um sujeito (agente moral) e de
valores (virtudes éticas), e estão intrinsecamente ligados.
Tugendhat (2000, p. 34) discorre em relação às nuances dos termos
ética e moral: “Na filosofia devemos sempre ter como ponto de partida que não
faz sentido discutir sobre o verdadeiro significado das palavras.” As origens dos
termos não são apropriadas para orientação.
O objeto da ética é normativo, seus valores estão atrelados aos
padrões de conduta, onde visam à conservação e a garantia do todo na
convivência social, primando pelo bem estar físico, social e mental, portanto a
ética é normativa, porque visa impor limites para manter uma ordem, criando
barreiras éticas contra males.
A ética é a parte da filosofia que estuda a moral, (filosofia moral ou
de costumes), reflete sobre os valores em sociedade na busca da moralidade e
consciência para alcançar esses valores morais, porém a ética inicialmente
não estabelece regras.
A ética, portanto, é um termo grego “ETHIKÓS” que significa “modo
de ser”, que em aspectos filosóficos traduz-se o estudo dos juízos na conduta
do ser, que é passível do bem e o mal, presente neste único ser ou em grupo
e/ou sociedade. Está presente em todas as ordens vigentes no mundo, na
escola, na política, no esporte, nas empresas e é de vital importância nas
profissões, principalmente nos dias atuais.
A QUESTÃO DA ÉTICA COMO PROCESSO EDUCATIVO
Hoje, assuntos como ecologia, fome, racismo, direitos da mulher,
direitos da criança e do adolescente, direitos do consumidor, entre outros, são
todos de cunho ético.
A ética hoje é palavra obrigatória nos meios formais e informais em
todas as ordens. Na política, na religião, na Internet, na medicina, na biologia,
entre outros, e não diferente, a ética também está na educação. A ética foi
sempre vista como meio de educar indivíduos, pois a principal tarefa da ética é
a educação do caráter e da natureza humana, sem perder o domínio das
paixões pela razão. No entanto a discussão ética nos meios pedagógicos é
algo polêmico. Na educação, a ética toma espaço decisório por ter em seu
meio ações geradoras de conhecimento, que norteiam inúmeras questões e
por ter papel de formar, ao lado da família e da sociedade, cidadãos éticos. E a
família é o espírito ético imediato, pois “a família tem como característica a
éticidade natural (imediata), a sociedade civil baseia-se na superação dessa
éticidade [...]” (WEBER, 1996, p. 17). Hoje é impossível falar em educação sem
falar em ética, porque nessa prerrogativa está atrelada ao senso de cidadania,
já que, a educação está associada à formação ética da cidadania. Assim como
afirma Maciel (1989, p. 6), “A educação é o mais eficaz instrumento para o
resgate da cidadania. É o caminho por onde chega a consciência dos direitos e
deveres das pessoas.”
A palmatória como forma de castigo físico, foi concebida pela educação
formal como correção ética, hoje não mais admitida. A questão é
demasiadamente polemizada, por ter relação com valores diferenciados nas
sociedades. Um exemplo é a questão da pena de morte e da eutanásia (como
forma de ética estabelecida), podem tornar-se ações de cunho ético aprovados
numa sociedade utilitarista, contanto que estas ações comprovem a validade
da adoção desta prática. Existe além desta, a polêmica da educação ética por
tendências religiosas, como afirmavam certos filósofos na antiguidade, e
negada por outros também (apesar do primeiro código de ética advir das
escrituras sagradas _ Os 10 Mandamentos) como por exemplo, em Bayle (Séc
XVII), filósofo francês que repugnava a fé como forma de construir sociedades
éticas e justas. Para ele, uma sociedade de ateus poderia ser bem mais ética
que uma sociedade baseada na religião. E muitos filósofos da época aderiram
ao paradoxo de Bayle, a exemplo de Voltaire.
Quanto a uma teoria de natureza religiosa, Russell (1977, p. 114),
também, faz uma ressalva critica:
Os protestantes nos dizem, ou costumam dizer, que é contrário à vontade de Deus trabalhar aos domingos. Mas os judeus dizem que é nos sábados que a vontade de Deus proíbe trabalhar. O desacordo quanto a essa questão tem persistido por dezenove séculos, e não conheço método algum de terminar esse desacordo, exceto as câmaras de gás de Hitler, o que não seria em geral reconhecido como método legitimo na controvérsia científica. Judeus e maometanos garante-nos que Deus proíbe carne de porco, mas os hindus dizem que é a carne de vaca que ele proíbe. O desacordo quanto a essa questão fez com que dezenas de milhares de pessoas fossem massacradas nos últimos tempos. Dificilmente se poderia afirmar, portanto, que a vontade de Deus dá base para uma ética objetiva.
Está comprovado que vários universos éticos se cruzam em discursos
que necessariamente não falam o mesmo idioma. Mas, como indagou
Protágoras apud Valle (2001) que tipo de ética leva à educação? Que ética
precisamos nos currículos educacionais? É necessária uma ética para a
educação? São perguntas polêmicas que geram discussões, óbvias e
necessárias para chegarmos a um ponto de partida.
O primeiro ensinamento dado pelo professor consiste em mostrar, por
seu comportamento em classe, que é possível exercer uma profissão
respeitando os códigos de ética, a moralidade vigente, a alteridade do outro,
sempre sabendo o momento certo de ouvir, isentando seus juízos dos
preceitos e fazendo o esforço de compreender a lógica que reside em cada um
como agente moral. (FERREIRA, 2001, p. 78).
A ética é então uma preocupação predominante dos primeiros
profissionais da educação, como Protágoras, e outros sofistas que são vistos
como os primeiros pedagogos. O termo escola se deve a eles.
É possível tratar a ética na educação levando a domínio questões
que assimilam a realidade, a maneira atual de se ver o mundo, buscando as
causas naturais expressas pelos acontecimentos, ou seja, as inúmeras
transformações sociais de configuração na vida humana, como as mudanças
culturais que fizeram brotar novos problemas éticos, além, é claro, daquelas
causadas pela fragmentação cientifica, que cresce na sociedade, como as
questões da clonagem humana, a eutanásia, a ecologia, a comunicação de
massa, a legalização do uso da maconha, a manipulação genética, entre tantas
outras questões que trazem a evidencia da razão como mudanças de
paradigmas, onde esta deixa de estabelecer criticamente nas questões globais
que atingem as relações ético-sociais, isto é, nas configurações humanas.
Estas questões, atuais, podem servir de temas para tratar as virtudes éticas,
podem imputar aos alunos, uma genealogia crítica da realidade para que
possam adquirir opiniões que facilitem sua formação cívica e sua formação
humana, como apresentada por Edgar Morin, “A educação do futuro deverá ser
universal e voltada para a condição humana” (MORIN, 2001, p. 47). Morin
atribui a ética a um dos 7 saberes necessários à educação do futuro: O
conhecimento, O conhecimento pertinente, A identidade humana, A
compreensão humana, A incerteza, A condução planetária, e A antropo-ética,
onde, o autor atribui a existência de um aspecto individual, outro social e um
outro genético, todos interligados. Nela o homem deve desenvolver a ética e a
própria responsabilidade pessoal desenvolvendo a participação social. O
homem precisa estar convicto de suas ações não só na tendência pessoal
individualista, mas na social e civil que está ligada à democracia, que Morin
julga “um exercício de controle” por permitir aos cidadãos exercerem suas
responsabilidades nomeando através de voto seus representantes.
Já Touraine (1997, p. 115) tecendo criticas as revelações e relações
sociais do mundo moderno revela:
A sociedade industrial que se forma na Europa, depois na América do Norte, surge cortada por um capitalismo brutal: de um lado o mundo do interesse e da individualidade, sobre o qual Schopenhauer diz que é esteticamente uma taberna cheia de bêbados, intelectualmente um asilo de alienados e moralmente um covil de bandidos; do outro, o mundo impessoal do desejo que não se comunica com o do cálculo.
Daí entende-se que, precisam ser divididos as responsabilidades em classes profissionais, e dar às profissões éticas definidas. Uma ética (regra)
capaz de administrar uma classe ou uma classe capaz de identificar moralmente uma ética.
O QUE É CIDADANIA?
A origem da palavra cidadania vem do latim "civitas", que quer dizer
cidade. A palavra cidadania foi usada na Roma antiga para' indicar a situação
política de uma pessoa e os direitos que essa pessoa tinha ou podia exercer.
Segundo Dalmo Dallari:
“A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a
possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo. Quem
não tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida social e da tomada
de decisões, ficando numa posição de inferioridade dentro do grupo social".
(DALLARI, Direitos Humanos e Cidadania. São Paulo: Moderna,
1998. p.14)
No Brasil, estamos gestando a nossa cidadania. Damos passos
importantes com o processo de redemocratização e a Constituição de 1988.
Mas muito temos que andar. Ainda predomina uma versão reducionista da
cidadania (votar, de forma obrigatória, pagar os impostos... ou seja, fazer
coisas que nos são impostas) e encontramos muitas barreiras culturais e
históricas para a vivência redemocratização cidadania. Somos filhos e filhas de
uma nação nascida sob o signo da cruz e da espada, acostumados a apanhar
calados, a dizer sempre "sim senhor", a "engolir sapos”, a achar "normal" as
injustiças, a termos um "jeitinho" para tudo, a não levar a sério a coisa pública,
a pensar que direitos são privilégios e exigi-los é ser boçal e metido, a pensar
que Deus é brasileiro e se as coisas estão como estão é por vontade Dele.
Os direitos que temos não nos foram conferidos, mas conquistados.
Muitas vezes compreendemos os direitos como uma concessão, um favor de
quem está em cima para os que estão em baixo. Contudo, a cidadania não nos
é dada, ela é construída e conquistada a partir da nossa capacidade de
organização, participação e intervenção social.
A cidadania não surge do nada como um toque de mágica, nem tão
pouco a simples conquista legal de alguns direitos significa a realização destes
direitos. É necessário que o cidadão participe, seja ativo, faça valer os seus
direitos. Simplesmente porque existe o Código do Consumidor,
automaticamente deixarão de existir os desrespeitos aos direitos do
consumidor ou então estes direitos se tornarão efetivos? Não! Se o cidadão
não se apropriar desses direitos fazendo-os valer, esses serão letra morta,
ficarão só no papel.
Construir cidadania é também construir novas relações e consciências.
A cidadania é algo que não se aprende com os livros, mas com a convivência,
na vida social e publica. É no convívio do dia-a-dia que exercitamos a nossa
cidadania, através das relações que estabelecemos com os outros, com a
coisa publica e o próprio meio ambiente. A cidadania deve ser perpassada por
temáticas como a solidariedade, a democracia, os direitos humanos, a
ecologia, a ética.
A cidadania é tarefa que não termina. A cidadania não é como um dever
de casa, onde faço a minha parte, apresento e pronto, acabou. Enquanto seres
inacabados que somos, sempre estaremos buscando, descobrindo, criando e
tomando consciência mais ampla dos direitos. Nunca poderemos chegar a
entregar a tarefa pronta, pois novos desafios na vida social surgirão,
demandando novas conquistas e, portanto mais cidadania.
CIDADANIA COMPROMISSO SOCIAL E EDUCACIONAL
Viemos de um regime de exclusão de direitos e deveres e muitos
lutaram, dando até a vida, para o retorno do exercício da democracia.
Observamos, porém, que na atualidade alguns desses princípios de igualdade
e liberdade extrapolaram. Hoje, a condição de igualdade, sem respeitar
parâmetros, principalmente pela complexidade das Leis e atuação dos Poderes
constituídos, leva até alguns a fazerem justiça com as próprias mãos,
chegando a exageros. Gritamos tanto pelos nossos direitos que esquecemos
nossos deveres.
Hoje, principalmente os mais jovens e, particularmente, os acadêmicos,
não tiveram a oportunidade de receber uma formação para o exercício da
cidadania. Nos anos 70 e 80, houve o processo de abertura democrática, mas
muitos deles não participaram. Muitas portas da liberdade foram escancaradas,
confundindo liberdade com libertinagem. Outras vezes a palavra Cidadania
ficou restrita somente aos direitos e deveres da pessoa, diminuindo a sua
amplitude. Talvez essa prática também esteja intimamente ligada à falta de
fomento dos meios de comunicação para suscitar a cidadania.
A instituição educacional não deve ser apenas o local onde se faz
debates, leituras e complementações. Ela tem a responsabilidade de tornar as
pessoas mais humanas, sociais e altruístas; por isso, seja ela em qualquer
nível, deve estimular ações concretas de cidadania. É oportunizar ao aluno
descobrir seu potencial e estimulá-lo a colocar-se em benefício do outro. Não é
só transformá-lo num profissional ávido de ascensão social e financeira, mas
formá-lo como um homem todo, com toda dimensão social, intelectual e
espiritual, o líder que use, além das suas competências científicas, também a
razão com o coração.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Formar cidadãos prontos a participar da vida política e social do país tem
sido proposto à educação. Ferreira (1993) nos mostra que não existe
cidadania, sem o cidadão que lhe atribuirá forma própria. Talvez essa seja a
questão principal que pouco tem sido considerada.
Percebe-se que a escola, instrumento eleito para essa formação, não
consegue alcançar esse objetivo. As crianças e adolescentes não têm
aprendido a importância de tal participação e nem mesmo a equipe escolar
parece estar totalmente consciente de sua necessidade. Educar para a
cidadania conforme exposto implica em incentivar o indivíduo a participar
efetivamente da sociedade.
Muito se fala sobre “cidadania”, porém deixa-se de lado o sujeito que lhe
atribuirá consistência, o próprio cidadão, que precisa receber atenção, preparo
capacitação para o seu exercício. É necessário que se vislumbre, mesmo em
meio às dificuldades enfrentadas, um futuro cidadão, consciente de seus
direitos e deveres, que surge como resultado da disposição e persistência de
alguns poucos em valorizar aquele que é razão da luta pela cidadania, que é a
pessoa, o ser humano, no nosso caso específico, o aluno.
A cidadania passa não apenas pela conquista de igualdade de direitos e
deveres a todos os seres humanos, mas também pela conquista de uma vida
digna, em sua mais ampla concepção, para todos os cidadãos e cidadãs
habitantes do planeta. Esses são princípios éticos fundamentais que estão na
base da sociedade contemporânea e por isso é importante estudar seus
pressupostos, com o intuito explícito de que sejam adotados e consolidados
nas instituições escolares.
A partir do momento em que ética e cidadania ficar mais presente nas
escolas, as novas gerações entenderão o verdadeiro significado da
preservação do planeta, da vida, da importância da paz e harmonia entre as
sociedades.
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