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    Digitalizao

    Emanuence digital

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    ESDRAs

    Antnio neves de Mesquita

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    ESBOO DO LIVRO DE ESDRAS

    CAPTULO I - PRIMRDIOS

    CAPTULO II - ORIGENS OBSCURAS DE CIRO

    CAPTULO III - O REGRESSO DOS EXILADOS A JERUSALM SOB A LIDERANA DE

    ZOROBABEL (1:1 - 6:22)

    1. O Decreto de Ciro (1:1-3)

    2. Os Que Regressaram de Babilnia (1:4-11)

    3. O Rol dos Que Regressaram (2:1-70)

    4. Comea a Construo do Templo (3:1-13)

    5. As Obras So Embargadas (4:1-24; ver Nota)

    6. Recomea a Construo (5:1 - 6:12)

    7. Acaba-se e Dedica-se o Templo (6:13-22)

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    CAPITULO IV - ESDRAS REVIGORA A LEI DE MOISS (7:1-10:44)

    1. A Vinda de Esdras a Jud (7:1-10)

    2. A Carta de Artaxerxes (7:11-28)

    3. Estatstica dos Exilados Que Voltaram (8:1-14)

    4. O Problema dos Casamentos Mistos (9:1-15)

    5. O Povo Une-se a Esdras na Sua Amargura (10:1-6)

    6. Uma Grande Assemblia , Convocada (10:7-15)

    7. Uma Grande Comisso Nomeada por Esdras (10: 16-44)

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    CAPTULO I - PRIMRDIOS

    Antes de entrarmos em nosso estudo dos livros de Esdras e Neemias, pareceu-nos

    oportuno uma mirada na histria geral desta poca, para com isso, melhor podermos

    apreciar no apenas os livros ora em exame, mas os protagonistas persas que nestaquadra tiveram tanta relevncia. Se isso parecer suprfluo, seja o autor perdoado por

    desejar servir melhor; se for considerado bom e til, seja o benefcio creditado aos

    leitores, poucos, cremos, mas bons.

    Com a queda de Nnive, a arrogante capital do Imprio Assrio, em 606 ou 605 A.

    C., imprio que foi o terror dos povos fracos por mais de 200 anos, estava aberto o

    caminho para uma nova era, de mais liberdade e compreenso entre os povos vencidos e

    vencedores. Por anos vinham os povos oprimidos procurando livrar-se da Assria.

    Estamos lembrados da embaixada babilnica que veio a Jerusalm, por ocasio da

    doena de Ezequias, para saber como ia, mas Isaas, vendo as coisas ao longe, no gostou

    da vinda do grupo mandado por Nabopolassar, reisete de Babilnia, sdito da Assria. A

    trama estava bem ordenada. Nabopolassar, de Babilnia, junto com Cixares, da Mdia,

    cercaram a valente cidade, que, depois de um cerco, caiu, com ela ruindo o mais famosoimprio em crueldades entre todos que conhecemos. Em 605 morre Nabopolassar e

    sobe ao trono de Babilnia, o grande Nabucodonozor, que haveria de destruir o Reino de

    Jud. Estava aberta a porta para uma outra era no muito melhor, porm menos

    sanguinria que a anterior. Tudo que atualmente se sabe da famosa capital assria, alm

    do que a Bblia nos ensina, devemo-lo Arqueologia, que j desenterrou os palcios de

    Senaqueribe, Tiglate-Pileser e Assurbanipal, o ltimo monarca, que, antes de cair com a

    sua cidade, colecionou tudo que havia da histria antiga de sua cidade e de outros povos

    (Veja Apndice III em Estudo sobre Reis). Hoje o estudante de histria e da Bblia pode

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    tomar conhecimento do que foram a grande capital e suas conquistas. Alguns dos seus

    relatos suplantam o que a Bblia diz, pois entram em detalhes que a mesma Bblia omite.

    A subida ao trono de Babilnia, de Nabucodonozor, em 605 A. C., inaugurou, como

    dissemos antes, uma nova era, no to sanguinria como a anterior. Coube-lhe a ingrata

    tarefa de liquidar o rebelde Estado judaico, nas pessoas dos filhos de Josias, que, se

    tivessem tido mais juzo, teriam poupado a cidade e sua religio. A entrada de Fara

    Neco nesta quadra da Histria, quando Josias morreu no monte Megido, foi apenas um

    arranco da velha civilizao do Nilo para se impor e tentar contrabalanar as f oras

    orientais, que tambm surgiam, ameaando o Egito, como mais tarde se viu. Do

    encontro das foras de Neco com a coligao Medo-Babilnica, demos informaes em

    nosso Estudo sobre Reis, pelo que nos sentimos dispensados de voltar a tratar do

    assunto. Se Neco venceu, como disse, o que Jeremias desmente, ou se venceram os

    medos e babilnios, como parece ser a verdade, assunto que escapa ao escopo destas

    simples notas. Neco, voltando da batalha de Carqueinis, passou em Jud e substituiu o

    filho de Josias, que o povo havia colocado no trono, por nome Jeoacaz, levando-o para o

    Egito, no sabemos a que ttulo, pois colocou no trono, como seu vassalo, a Eliaquim,cujo nome foi mudado para Jeoaquim. Isso tudo foi uma simples tentativa de mostrar

    que era rei poderoso, o que no valia muito perante as foras de Nabucodonozor. De

    fato, Nabucodonozor apareceu logo depois na Palestina, para acertar as contas com o

    cambaleante Estado judaico. Como nos informa Jeremias (38:14-28), se Zedequias

    tivesse tido mais coragem e bom senso, ter-se-iam salvo a cidade e o povo; estas boas

    qualidades, porm, estavam ausentes naqueles dias trgicos. Finalmente a cidade foi

    tomada e o povo levado cativo para Babilnia, onde ficou por 67 anos ou, em algarismos

    redondos, 70, como tinha profetizado Jeremias (Jer. 25:11).

    Agora s havia um grande governo no mundo oriental, Nabucodonozor, cujo brilho e

    poder bem nos retrata o profeta Daniel, dos primeiros cativos levados para a Caldia.

    Em 562 A. C. morre Nabucodonozor e sobe ao poder o filho, por nome Evil-

    Merodaque, rei fraco que no soube manter as glrias conquistadas por seu pai. Neste

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    tempo estavam os judeus espalhados pelas provncias da Mdia e de Babilnia, muitos

    metidos em altos negcios com os seus irmos do, Egito, tendo fundado grandes

    emprios comerciais, bancos para troca de moedas, etc. Muitos dedicaram-se lavoura

    e prosperaram, porque no interessava ao governo oprimir esta gente laboriosa e

    inteligente, elementos teis ao Estado. Ezequiel e Daniel foram lderes judaicos desta

    triste poca, e os seus conselhos, que nem sempre eram aceitos, segundo a norma,

    valeram muito para manter o povo com o rosto virado para Jerusalm, aguardando o

    sinal verde, para voltarem. Com a morte de Evil-Merodaque em 560 A. C. sobe ao Poder

    Neriglissar, que tambm no foi capaz de continuar a manter o governo do ilustre

    Nabucodonozor. Daniel, que era o lder inconteste da poltica do tempo e tambm o

    intrprete dos interesses do seu povo, nem sequer cita estes dois monarcas.

    Finalmente, em 555, sobe ao poder um rei famoso, mais por sua cultura do que mesmo

    por sua poltica: Nabonido, o Nabonaide dos documentos arqueolgicos. Este, mais

    interessado na cincia do que na poltica, pois considerado o pai da Arqueologia,

    dedicou-se de corpo e alma coleo de documentos antigos. Sua filha, a princesa Bel-

    Shalti-Nannar, sacerdotisa do Templo de Marduque, colaborou com o pai na busca dedocumentos antigos. A antiga e famosa torre de Babel, arruinada pelos anos e pelo

    tempo, foi praticamente demolida, no anseio de serem encontrados documentos

    valiosos. Devemos ao ingls Woolley. grande arquelogo, a descoberta de um anexo ao

    templo onde a princesa oficiava, e que era um verdadeiro museu de antigidades, talvez

    o primeiro do mundo. Entre muitos outros documentos foi encontrado um cilindro de

    barro, com escrita por todos os lados, e que Woolley considera o primeiro catlogo do

    mundo antigo.

    Enquanto Nabonido se entregava a estas pesquisas cientficas, o governo foi dado ao

    regente, Belsazar, ou melhor, Baltazar, que certa noite, deu um banquete aos seus

    grandes e s suas mulheres, bebendo todos nos vasos sagrados, trazidos de Jerusalm

    por Nabucodonozor. Foi quando a mo misteriosa apareceu escrevendo na caiadura da

    parede aquelas fatdicas palavras: MENE, MENE, TEQUEL, UFARSIM, que interpretadas

    por Daniel (cap. 5) significavam que o reino tinha sido contado (terminado), ele pesado

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    na balana e achado em falta, e o reino seria dividido e entregue aos medos. Naquela

    mesma noite, os soldados persas entraram na fortaleza de Babilnia e mataram o rei,

    como tinha sido previsto por Daniel. Conta-se que Ciro, o conquistador, desviou o curso

    do Eufrates, que passava pelo centro da cidade, uma espcie de Capibaribe como o do

    Recife, e entrou pelo leito do rio a p enxuto. No houve batalha. Simplesmente a

    cidade foi ocupada por outras foras.

    Jeremias e mesmo Isaas nos ensinam, que tanto Nabucodonozor como Ciro eram servos

    de Deus (Jer. 43:10; Is. 44:28 e segs.). Todos os homens so servos de Deus para

    executarem a Sua vontade, quando escolhidos para isso. , assim que se deve entender

    estas Escrituras e tantas outras, correspondentes.

    Com a vinda de Ciro, rei da Prsia, o mundo oriental, o chamado "Frtil Crescente",

    entrava na sua fase final. Daniel nos informa (5:31) que Dario, o Medo, tomou o poder

    com a idade de 62 anos. Nada nos diz de Ciro. Os crticos da histria da Bblia tiveram

    muito trabalho para deslindar tanto a presena de Baltazar no governo, como a de Dario,

    o Medo, pois nem um nem outro figura nos arquivos histricos daqueles dias. Quanto a

    Baltazar natural que isso acontecesse, pois no era o rei, mas um regente; no tocante a

    Dario, o Medo, a coisa assume outros aspectos, e por isso Daniel foi julgado como falso

    na histria por ele descrita. Depois, tudo se esclareceu. De fato, Ciro era o lder da

    conquista, mas a tomada de Babilnia no encerrava a conquista do imprio, e era

    necessrio ir adiante. Foi assim que tomou conta de Babilnia o aliado Dario at a volta

    de Ciro, que se deu em 536, justamente dois anos depois da queda de Babilnia, com

    quem Daniel passou a entender-se. Ficou assim perfeitamente esclarecida a histria e o

    profeta Daniel reconhecido como um historiador seguro. O captulo 6 de Daniel nos d

    um dos primeiros incidentes havidos entre ele e Dario, que era seu amigo e chefe, pois

    Daniel era o superintendente de todos os negcios do reino, o terceiro no curto reinado

    de Baltazar e o primeiro no reinado de Dario (Dan. 6:3).

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    Estamos agora prontos para entrar no estudo dos grandes personagens dos livros de

    Esdras e Neemias, que, a nosso ver, esto perfeitamente identificados com a histria dos

    judeus.

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    CAPTULO II - ORIGENS OBSCURAS DE CIRO

    Ciro era neto de Astiages, rei da Mdia. Este Astages teve um sonho, como tantos

    que teve Nabucodonozor, e, chamados os adivinhos e astrlogos, estes lhe disseram que

    a interpretao era uma torrente de gua, que tinha visto e que inundava a sua cidade etoda a sia, significando um novo rei que dominaria tudo. Astages tinha uma filha,

    Mandan, e, como estivesse em tempo de casar, no a quis dar a outro medo, mas a um

    persa por nome Cambises, para que no tivesse o herdeiro qualquer pretenso ao trono.

    Depois do casamento da filha, teve outro sonho: era uma videira, nascida do ventre da

    filha, que cobria toda a sia. Chamados os intrpretes, disseram que o menino que ia

    nascer seria um poderoso rei, que dominaria tudo. Ento mandou chamar a filha, para

    que logo que nascesse o menino fosse morto. Nascido o infante, Astages chamou o seu

    corteso, por nome Harpago, e disse-lhe: "Toma o menino, leva-o e mata-o". Harpago

    no teve coragem de matar a criana, e Ciro continuou vivo. Quem contou esta histria

    foi Herdoto, o chamado Pai da Histria. Tanto o nascimento como a educao de Ciro

    esto envoltas em mistrio, nada se sabendo ao certo. A primeira vez que ele surge na

    Histria quando, em 550 A. C., tomou Ecbtana, capital do reino dos medos, tendo o

    seu av de exilar-se noutro pas. O que ele tanto temia no foi evitado. Ciro reuniu a

    Mdia ao reino dos persas, formando um s Estado, territrios atualmente ocupados

    pelos iraquianos e iraneanos. Contra esta coligao de povos se levantaram Creso, da

    Ldia, na sia Menor, a uns 80 quilmetros distante de Esmirna, Babilnia e Esparta. Ciro

    no perdeu tempo, e venceu Creso, o homem mais rico do mundo, e depois Sardes, a

    capital de Esparta. Era agora o senhor absoluto, desde a sia Menor at o Eufrates, pois

    nenhum povo de importncia restava, desde os tempos das guerras assrias e caldaicas.

    Babilnia era uma seduo. Nabucodonozor mesmo chegou a se envaidecer, dizendo:

    "No esta a grande Babilnia, que eu edifiquei para a casa real, com o meu grande

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    poder e para a glria da minha majestade?" (Daniel 4:30). Era de fato uma glria

    terrestre. Construda sobre as margens d Eufrates, com os seus jardins suspensos,

    reunindo as riquezas de tantos reis vencidos, era mesmo o que os arquelogos tentam

    dizer-nos, alm do que a Bblia nos ensina. Ciro sabia disso, e, naturalmente, depois de

    vencer outros reis, esperava poder vencer o rei de Babilnia, o nosso Nabonaide. O

    destino traado por Deus estava cooperando com os sonhos de Ciro. Na noite que

    Baltazar deu o seu banquete, j referido no Captulo anterior, Ciro entrou pacificamente

    em Babilnia, sem dar uri tiro, como se diria em linguagem moderna, assumindo o

    governo da cidade como prefeito Dario, o Medo, enquanto Ciro continuava as suas

    conquistas mais para leste.

    O que Isaas tinha dito (cap. 47:1) cumpriu-se: "Desce e assenta-te no p, virgem f ilha de

    Babilnia; assenta-te no cho, pois j no h trono, 6 f ilha dos caldeus, porque nunca,

    mais te chamars (a ti mesma) a mimosa e delicada." Babilnia estava vencida. Tinha

    cumprido a sua misso como Estado avassalador. Foi usada por Deus para castigar o seu

    povo rebelde, mas isso j estava pertencendo ao passado; a folha do livro fora virada.

    Agora era a vez de outro poder, mais alto, com misso diferente. Babilnia teve a missode destruir; Ciro, babilnio, teve a misso de reconstruir. Nisso est certa a Escritura, que

    chama tanto a Nabucodonozor como a Ciro "servos" de Deus.

    Ciro conta-nos, no seu cilindro de barro, j aludido, como conquistou a cidade. "Quando

    entrei pacificamente em Babilnia e, entre manifestaes de jbilo e alegria, estabeleci a

    residncia da minha soberania no palcio dos prncipes, Marduque (o principal deus

    babilnico), o gro senhor, inclinou para mim o grande corao dos babilnios, porque eu

    me preocupava em honr-lo diariamente. Minhas tropas numerosas percorriam

    Babilnia pacificamente, e no permiti que os sumrios e acdios (os primitivos povos

    caldeus) fossem assustados por ningum. Interessei-me pelo interior de Babilnia e por

    todas as suas cidades. Libertei os habitantes de Babilnia do jugo que no lhes convinha.

    Melhorei as suas habitaes arruinadas, livrei-os do seu sofrimento. Eu sou Ciro, o rei da

    coletividade, o grande rei, poderoso rei de Babilnia, rei dos sumrios e dos acdios, rei

    dos quatro cantos do mundo.

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    Ciro gloriava-se de ser liberal, coisa que o mundo desconhecia. Era uma novidade para o

    tempo, e Ciro se gloriava disso, pois sabia que nenhum outro monarca jamais tinha feito

    tal coisa. Todos os povos, alm dos hebreus, foram libertados, para voltarem s suas

    terras, se desejassem, ou continuar em Babilnia, se gostassem.

    Quando lemos outras declaraes de Ciro, a respeito do Deus dos israelitas, parece-nos

    um crente falando. A verdade que ele respeitava todos os deuses e lhes prestava culto,

    como vemos com o deus de Babilnia, Marduque. Era uma outra faceta do seu feitio.

    Honrou todos os deuses dos siros, dos medos, dos babilnios e o Deus dos judeus. Esta

    palavra deve ser reconhecida como a expresso da verdade. Ele teria sido informado das

    diversas Escrituras a seu respeito e isso teria aumentado o seu respeito por Deus, mas s

    isso. Foi um crente como tantos outros, que conhecem a Deus, mas conhecem tambm a

    Mamom. Os diversos monarcas persas se mostraram to tolerantes e amigos dos judeus,

    que chegamos a julg-los bons crentes. Quem sabe se no o seriam? Nem todos os

    crentes esto nas igrejas, e muitos que l comparecem, no o so. Esse o mistrio da

    revelao, em que ns apenas somos crianas, mal tentando decifrar os primeiros sinais

    da escrita divina. De qualquer sorte, tanto Ciro como Nabucodonozor realizaram a obrade Deus, e isso o que nos cabe apreciar.

    Nesta oportunidade, vale a pena abordar um outro assunto, de muita valia para a

    Histria, de modo geral. Nos tempos de Abrao, 2160 A. C., a civilizao caldaica era j

    uma mistura de povos, que os historiadores, uns com certa dvida, outros com

    segurana, como este autor, chamam de acdios e sumrios, que parece terem sido os

    conquistadores dos primitivos habitantes depois do dilvio. Abrao era, pois, acdio ou

    sumrio. Os caminhos seguidos por esta gente e sua ptria so, em grande parte,

    desconhecidos; todavia, o fato de agora, 2. 000 anos depois, ainda serem mencionados

    por Ciro representa qualquer coisa que admira o historiador. Parece que, entre muitos

    outros povos habitantes da Caldia, provindos de diversas origens, por efeito de

    conquistas, os sumrios e acdios ainda eram o elemento fundamental entre o povo. O

    pouco que se sabe dessa gente, nos tempos de Abrao, que era um povo laborioso,

    pacfico e progressista. Isso parece ser ainda uma das facetas do povo nos tempos de

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    Ciro, e este reconheceu o fato e prometeu que no os molestaria, mas antes melhoraria

    as condies de sua vida. Eis aqui uma, ironia da Histria: a Caldia deu-nos o nosso

    Abro, depois chamado Abrao, o patriarca do povo hebreu: agora devolve-nos os seus

    descendentes, para a continuao da sua histria. Como linda esta histria! Como d

    tantas voltas, para chegar ao caminho que Deus determinou!

    NOTA ESPECIAL

    Antes de passarmos ao estudo do regresso dos exilados judeus sua terra, a

    sempre querida Jerusalm, este autor pede licena para registrar aqui uma nota

    particular sobre o grande Ciro, cuja vida poltica muito de perto interessa Histria, e

    particularmente histria dos judeus.

    Celebrando-se, nesta oportunidade, o aniversrio do Imprio Persa, 2.500 anos,

    transcrevemos para esta pgina a notcia publicada em jornais do Rio a respeito de Ciro, o

    homem que deu humanidade a primeira Carta dos Direitos do Homem.

    Eis a noticia:

    "BANQUETE REAL COMEMORA 2.500 ANOS DE PRSIA

    "Perspolis, Ir - O X do Ir comemorou ontem os 2.500 anos de fundao de seu

    imprio com um banquete para reis e presidentes da metade do mundo, em meio a

    esplendores dignos das mil e uma noites.

    A ocasio era nica: os 2.500 anos da fundao da dinastia mais antiga da terra por Ciro,

    o Grande. E como foi Ciro quem deu ao mundo sua primeira carta de direitos humanos, o

    X achou que a festa era de toda a humanidade. O cenrio tambm era nico: uma

    plancie rida, junto s runas de Perspolis, onde artesos construram uma cidade de

    luxuosas tendas, completando o ambiente com piscinas, fontes e jardins de rosas.

    Perspolis, fundada por Ciro, foi destruda por Alexandre Magno em 330 A. C., segundo

    os historiadores gregos, porque uma de suas cortess queria ver a cidade em chamas. O

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    banquete foi servido numa tenda de 75 metros de comprimento por 25 de largura, entre

    dossis de veludo vermelho, iluminado por 14 candelabros. cabeceira da mesa de 65

    metros, sentados em seus tronos, estavam o X e a Imperatriz Farah Diba, que hoje

    completa 33 anos de idade. A mesa estava coberta por uma s toalha bordada a mo na

    Frana. Entre os convidados se encontravam um imperador, oito reis, cinco rainhas, dois

    prncipes herdeiros, dois prncipes, um gro-duque e 13 presidentes atualmente no

    poder. Tambm estavam no banquete o Prncipe Philip e a Princesa Anne da Gr-

    Bretanha, o Vice-Presidente Spiro Agnew, dos Estados Unidos, e o Cardeal Maxilian von

    Furstenberg, representante do Papa (UPI) ".

    Ao estudarmos os efeitos do Decreto de Ciro dando liberdade a todos os cativos,

    conforme nos informam Esdras e Neemias, parece-nos ser de bom alvitre esta humilde

    homenagem a um dos maiores vultos da Histria, mas muito pouco conhecido. Ele foi

    declarado servo de Deus, pastor (Is. 44:28-45:1), 200 anos antes de nascer. Junto ao seu

    tmulo em Passrgada, perto de Perspolis, foi celebrado o grande banquete.

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    CAPTULO III - O REGRESSO DOS EXILADOS A JERUSALM SOB A

    LIDERANA DE ZOROBABEL (Esd. 1:1-6:22)

    1. O Decreto de Ciro (1:1.3)

    Jeremias tinha prometido que depois de 70 anos (Jer. 25:11), os cativos voltariam sua

    terra. Acredita-se que durante estes anos os profetas Ezequiel e Daniel no teriam

    esquecido esta promessa e procuraram manter o corao do povo na esperana da volta.Diz-nos o texto que o Senhor despertou o esprito de Ciro, rei da Prsia, o qual fez passar

    prego por todo o seu reino, como tambm por escrito, dizendo:

    "Assim diz Ciro, rei da Prsia: O Senhor Deus dos cus me deu todos os reinos da

    terra, e me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalm, que em Jud. Quem h

    entre vs de todo o seu povo (seja seu Deus com ele) suba para Jerusalm, que em

    Jud, e edifique a casa do SENHOR Deus de Israel; ele o Deus que habita em Jerusalm"

    (Esd. 1:2,3).

    Estava feita a proclamao e publicado o decreto em todas as provncias do grande

    imprio. Pela linguagem, parece mesmo um hebreu falando, ou um crente, como

    diramos ns, a verdade, porm, que ele tambm atribua a Marduque a conquista de

    Babilnia. Era um reinante que acendia velas a todos os santos. Assim mesmo, demos-

    lhe o crdito de liberal, que merece, e o respeito que revelou para com o nosso Deus.

    Estamos agora em 538, data da conquista de Babilnia. Se o decreto foi publicado logo

    aps a conquista, o que no parece ser o caso, ento data de 536, quando ele assumiu

    sozinho os destinos do grande imprio, depois da morte de Dario, o Medo. Por todo o

    vasto imprio soou a nota da volta a Jerusalm querida. Muitos no poderiam mesmo

    voltar, porque estavam envolvidos em grandes negcios, que no poderiam abandonar,

    mas ajudariam, como o fizeram, os que subissem. Acredita-se que os judeus lhe teriam

    mostrado as Escrituras, em que ele era mencionado por nome (Is. 44:28 e Jer. 25:11), o

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    que teria contribudo para, acelerar o decreto. Isso, entretanto, pura possibilidade, pois

    no existe qualquer documento que autorize tal suposio. Isso tampouco importa, pois

    Ciro libertou todos os povos que se encontravam cativos em Babilnia; entretanto, somos

    de parecer que s os judeus teriam voltado, porque os outros no tinham razes destes

    para voltarem s suas terras de origem. Podemos imaginar, 96 imaginar, o que teria

    acontecido por todo o mundo persa. Os judeus tomam conhecimento de que no s

    poderiam voltar, mas iriam reconstruir o seu templo e a sua cidade, contando com o

    apoio do governo central para essa empresa. Deveria ser um dia igual ao de Ester 9.

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    LIDERANA DE ZOROBABEL (Esd. 1:1-6:22)

    2. Os Que Regressaram de Babilnia (1:1-11)

    Ciro, no seu cilindro, declara que devolveu todos os deuses aos seus povos, mas como os

    judeus no tinham dolos, ento todos os pertences do Deus de Israel seriam

    naturalmente entregues, como foram. Todos ento marchariam rumo a Jerusalm,levando as suas riquezas adquiridas na terra do cativeiro, bem como as coisas do templo

    de Deus. O verso 6 indica que todos se sentiram movidos pela nova e, os que no

    subiram, ajudaram os que regressaram. Seria um rebolio maior do que aquele quando

    vieram para o cativeiro. Geralmente se atribui a Zorobabel a chefia da primeira vinda dos

    cativos; no entanto, o verso diz que todos os vasos foram contados e entregues a

    Sesbazar, que o I Esdras chama de Sanabassar. Quem era este Sanabassar ou Sesbazar?

    H diversas opinies: uns entendem, fosse outro nome de Zorobabel; mas luz de Esdras

    5:14 parece que no porque este Sesbazar era o governador, e Zorobabel ainda existia.

    Pensam outros que seria Senazar, filho do rei Joaquim (I Crn. 3:18); talvez Sesbazar

    morresse pouco depois, e Zorobabel, homem de ao e altamente credenciado diante

    dos judeus, ilustre sacerdote de famlia real, teria tomado o lugar, assim se identificando

    com todos os pormenores da volta dos cativos. Ainda outros pensam, era um alto

    funcionrio do governo persa e que, ao morrer ou voltar a Babilnia, teria sido sucedido

    por Zorobabel. O verso oito diz que Sesbazar era prncipe de Jud. Seria ele uma espcie

    de superintendente dos servios gerais, com a incumbncia de colocar os judeus nas suas

    terras e nas suas casas, enquanto Zorobabel seria um oficial secundrio. Zorobabel

    mencionado em Mat. 1:12, enquanto Sesbazar desaparece do cenrio pouco depois. No

    tem muita valia saber quem era ou quem no era; o certo que foi a ele que Ciro

    entregou todos os vasos, do santurio, depois de passarem pela mo do tesoureiro

    Mitredate. As peas eram em nmero de cinco mil e quatrocentas, todas entregues na

    mo de Sesbazar (v. 11). Algumas eram bastante pesadas, e outras, no. De qualquer

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    modo seria uma carga grande,. a ser transportada nas costas de camelos e burricos

    trazidos do cativeiro pelos cativos.

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    3. O Rol dos Que Regressaram (2:1,70)

    H muita discusso a respeito das listas dos que regressaram. Neemias repete a lista com

    algumas variantes'(Neem. 7:6-73). I Esdras tambm oferece uma lista diferente (5:4-6). O

    comentador L. W. Batten pensa que havia uma lista oficial de todos que vieram de

    babilnia at o tempo de Esdras; e outros acham ser a lista que foi dada a Tatenai,

    quando este pediu os nomes dos que estavam construindo o Templo (Esd. 5). No

    adianta especular muito a respeito de listas e sobre qual seria a exata. Aceitamos o que o

    texto nos oferece. J sabemos que o hebraico no usava algarismos, e, sim, letras, e

    estas ofereciam a possibilidade de erros nas cpias.

    1) Os Companheiros de Zorobabel (2:1,2)

    Zorobabel, filho de Sealtiel, , noutros passos, filho de Pedaas (I Crn. 3:19).

    Pensa-se que, se Sealtiel no teve filhos, Pedaas foi seu irmo, que contraiu casamento

    de Levirato com a viva. Entre os companheiros de Zorobabel, o lder da caravana.

    encontra-se o Mardoqueu, clebre na luta contra Ham, talvez outro do mesmo nome,

    porque o Mardoqueu do livro de Ester viveu no tempo de Xerxes I, em 486 A. C. e ns

    estamos agora em 536 ou 38, havendo uma diferena de 32 ou 34 anos. Poder ser o

    mesmo, no caso de ter sido jovem quando ocorreram os acontecimentos relatados nolivro de Ester. Jesua ou Josu o sumo sacerdote que colaborou grandemente com

    Zorobabel na obra de reconstruo da cidade (Ver Neem. 2). Antes de passarmos a

    apreciar as diversas listas que nos so oferecidas, seria bom pensarmos no custo da volta

    a Jerusalm, nas dificuldades da viagem etc. Ao todo, eram 42.360 pessoas, com os seus

    pertences domsticos e mais os utenslios do Templo. A viagem, seguindo o curso do rio

    Eufrates, num percurso de 1.300 quilmetros, atravs de imensos nevoeiros de areia e

    sujeitos a serem assaltados, mesmo que fossem protegidos pelas foras reais mandadas

    por Ciro, era perigosssima. Teriam passado pelo lugar onde estivera Mari, a famosa

    cidade do rei Mari, rumo a Ar e Damasco, para entrarem em Cana pelo norte, e depois

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    subirem a Jerusalm. Uma viagem de cinco meses, o tempo que Esdras gastou de

    Babilnia a Jerusalm (Esd. 7:8,9). 'Tomemos conhecimento de que, alm da multido

    propriamente judaica, havia 7.336 servos. Os seus cavalos eram 736, os mulos 245, os

    camelos 435, os jumentos 6 8720. A caminhada era a que 1.400 anos antes Abrao

    empreendera, sem saber para onde ia. Agora os seus descendentes, em nmero

    consideravelmente maior, palmilhavam a mesma trilha. Esta volta no foi mero

    acontecimento: foi a manuteno da velha tradio, com as suas antigas idias e opinies

    e os seus princpios, que continuam a governar o mundo de hoje. Se no voltassem, ter-

    se-ia perdido todo um patrimnio que a humanidade no poderia dispensar. Era a

    civilizao que retomava; era a riqueza de normas e princpios doutrinrios que reviviam.

    Quaisquer que sejam os nossos pontos de vista quanto ao judasmo, temos de

    reconhecer que esta gente constitui um patrimnio da humanidade. O seu Pentateuco,

    com as leis sobre moral e religio, jurisprudncia e economia, higiene e maneiras de

    conduzir uma sociedade com elevado nvel moral e religioso, um repositrio de inegvel

    valor para a humanidade. Se o povo no voltasse, e se perdesse, como sucedeu a seus

    irmos do norte, o mundo teria perdido, talvez, a maior de todas as riquezas morais e

    espirituais que qualquer povo j pde oferecer. Portanto, esta volta, a nosso ver, era

    mais do que o retorno de um povo ao seu territrio; era o regresso dos princpios e

    normas que tm regido a humanidade nos ltimos dois milnios. Basta que se reconhea

    ser o povo eleito de Deus, ao qual Deus mesmo confiara as regras seguras da felicidade

    para qualquer povo. : assim que ns pensamos dos judeus, no como judeus, mas como

    povo a quem Deus escolheu e por seu intermdio deu humanidade os princpios bsicos

    do convvio humano. No h povo civilizado, pelo menos ocidental, que no deva a esta

    gente sua valiosa contribuio.

    2) As Famlias ou Cls entre o povo (2:3-19)

    J apreciamos ligeiramente o verso 2. Essa lista representa os chefes de cls

    regionais, antigos chefes, possivelmente muitos que f oram assim constitudos por Davi,

    na organizao do povo, com os seus chefes frente. Entre outros muitos, aparecePaate-,Moabe, um antepassado de chefe que teria sido governador daquela regio

    quando esteve sob o domnio de Israel. Ter-se-la destacado de tal maneira que passou

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    Histria como um chefe. Isso no quer dizer que fosse propriamente moabita, mas chefe

    em Moabe. Todos os demais so filhos de chefes regionais.

    3) Colocao do Povo em Regies (2:20-35)

    Os filhos de Gibar, os filhos de Belm, de Anatote, de Betel, etc., at os filhos de

    Jeric. No podemos e no seria interessante a este Estudo voltarmos a falar destes

    lugares, todos, ou a maioria, bem familiares aos leitores dos livros histricos do Velho

    Testamento. Na seo precedente, vemos como certos homens se destacaram entre

    seus irmos, legando o seu nome posteridade; nesta seo, vemos como cada

    localidade deu os seus vares ilustres para o servio da nao. Se tal organizao

    existisse no tempo, cham-lo-amos os profetas locais.

    4) Lista dos Sacerdotes (2:36-39)

    Poderamos voltar a examinar as genealogias de I Crn. 2:3-35, e l

    encontraramos alguns chefes da casa de Levi que ainda aparecem nesta relao. Jesua

    (36), Cadmiel e tantos outros, atravs dos tempos, servindo ao Senhor e mantendo os

    seus nomes por geraes. A vida moderna dilui as famlias, e, quando se chega segunda

    ou terceira gerao, j o nome do ancestral desapareceu. No era assim em Israel.

    5) As Divises dos Levitas (2:40-42)

    Apenas 341 levitas regressaram a Jud, quando o nmero deveria ser de milhares; mas o

    fato de estarem com as suas vidas plantadas nos negcios da terra do cativeiro reteve-os

    l. Mais tarde, quando Esdras voltou com o seu grupo, teve de fazer uma campanha para

    aliciar mais levitas para o acompanharem (8:1520). Dos sacerdotes vieram muitos, pois

    se contam 4.289. Entre estes encontram-se os cantores, filhos de Asafe, 128, e os filhos

    dos porteiros do Templo, 139.

    6) Os Servidores do Templo (2:43-54)

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    So apelidados de netinitas, embora no se saiba bem o que significa. Talvez fossem

    elementos recrutados entre os gibeonitas e que vieram a ser o que chamaramos de

    zeladores do Templo. Eram servidores de multa importncia e por isso vm aqui

    devidamente catalogados de acordo com suas famlias. Era um Posto hereditrio e de

    grande responsabilidade, sendo-lhes muita vez confiado o tesouro do Templo, no que

    concernia ao sustento dos sacerdotes. Eram zeladores fiis.

    7) Os Servidores de Salomo (2:55-58)

    H um pouco de obscuridade quanto a esta designao, e eles so mencionados em

    diversos passos (Ver I Reis 9:21) e que deveriam representar os cananeus, que no foram

    de todo assimilados e foram usados por Salomo em servios caseiros, como rachadores

    de lenha, puxadores de gua, etc. Eles ficaram sendo conhecidos como os "servos de

    Salomo". Depois de tantos sculos, ainda aparecem aqui devidamente catalogados em

    nmero de 392, sendo que o verso 58 j inclui os zeladores do Templo, o que talvez

    coubesse a alguns deles.

    8) Os "Sem Ptria" (2:59-63)

    Muitos no puderam provar a sua identidade judaica, no tinham o que ns

    chamaramos "certido de batismo ou registro civil", e no foram includos no rol dos

    verdadeiros israelitas. Isto, at que provassem a sua identidade. Vemos, assim, que no

    de agora que se exige a identidade da pessoa, seu nome, o de seus pais, etc. Entre os

    tais havia um Barsila, nome muito familiar e muito querido, pois foi o ancestral deste

    personagem que cuidou de Davi na sua fuga de Absalo (II Sam. 17:27; 19:32-39; I Reis

    2:7). Esses, que eram sacerdotes, ficaram de quarentena at que se levantasse um

    sacerdote com Urim e Tumim, quando ento seriam consagrados ao servio do Templo.

    O Urim e Tumim eram duas pedras colocadas no peitoral do sumo sacerdote, um meio de

    comunicao com Deus (Ver x. 28:30-37; I Sam. 28:9). Poucas vezes, no decurso da

    histria, se ouve falar destas pedras. Parece certo que se perderam nas muitas lutas em

    que os hebreus se envolveram, ou, se existiam quando da deportao, se perderam

    ento; o que parece certo que j no os possuam mais nesta poca. No possuindo

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    assim que o verso 70 nos informa que os sacerdotes, levitas e servidores j estavam

    alojados em suas casas, nas suas cidades. Com que prazer esta gente no estava

    voltando a morar em suas casas, a tomar conta das suas vinhas e de suas oliveiras, e a

    comer as roms, os figos e tantas outras frutas do lugar. Quando este autor visitou

    Jerusalm e viu, na porta de uma casa, uma cesta com tmaras, ficou to tocado que

    imediatamente comprou um quilo e comeu no meio da rua frescas, tiradas da tamareira.

    Lembrou-se dos hebreus que voltaram sua terra, para comer tanta coisa que haviam

    perdido, por falta de religio e temor de Deus.

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    entretanto. Os mais velhos, que tinham visto a grandiosidade do primeiro templo e

    contemplavam este, de propores reduzidas, choravam; e os gritos de alegria de uns e o

    choro de outros misturaram-se no ar de Jud. Nunca antes tal espetculo teria sido visto

    e observado naquele local. O Templo agora iniciado e que seria inaugurado cinco anos

    depois, no seria de fato o Templo do tempo de Jesus. Herodes, pouco depois de tomar

    conta da Judia como rei, em nome dos romanos, e para agradar aos mesmos judeus,

    iniciou uma srie de obras que estavam ainda em andamento no tempo de Jesus (Joo

    2:20), depois de 46 anos de construo. Todavia, nem o Templo de Salomo teve tanta

    glria como este, o chamado terceiro templo. Estavam postos os alicerces, e as obras

    continuaram intermitentemente, como veremos no prximo pargrafo.

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    5. As Obras so Embargadas (4:1-24)

    Depois de alguns meses de trabalho na construo, houve uma parada quase total. Os

    vizinhos dos judeus, que no eram da linhagem de Jac, pediram para cooperar na

    construo (Esd. 4:1, 2). A resposta foi: Nada tendes conosco na edificao da casa do

    Senhor nosso Deus: ns mesmos, sozinhos a edificaremos ao Senhor, Deus de Israel,

    como nos ordenou Ciro, rei da Prsia (Esd. 4:3).

    Os que desejavam ajudar na construo eram os povos que os reis da Assria

    tinham trazido para a Palestina e ali se tinham misturado com os restantes israelitas.

    Eram, portanto, mestios, e os judeus no queriam nada com esta gente. Podem ser

    censurados, mas o seu ponto de vista era vlido. Ento as gentes da terra desanimaram o

    povo de Jud, inquietando-o no edificar (Esd. 4:4).

    Admite-se que, alm dos mestios, povos de outras terras Errados com os judeus, alguns

    que no foram levados para o cativeiro, tambm queriam cooperar. Possivelmente era

    gente que no se teria corrompido com os dolos dos outros povos, porque na celebrao

    da Pscoa por Josias. muitos do norte vieram e tomaram, parte na festa (II Crn. 35:

    17,18). Agora estariam desligados da nacionalidade, sem registros legais, e no podiam

    ser considerados limpos. Criara-se um srio problema em Jud. Os recm-vndos do

    cativeiro seriam em grande maioria, e poderiam dominar qualquer tentativa de revide;

    assim lanaram mo da intriga, arma terrvel. Essa gente veio a ser mais tarde conhecida

    por samaritanos, que ainda no tempo de Jesus viviam separados da comunidade judaica.

    1) A Intriga Armada (Esd. 4:5-10)

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    no o Assuero, marido de Ester, pois ainda nem teria nascido. Havia ento outro

    Assuero? Quem seria ele? Por que a Histria ignora qualquer outro e este, que se

    conhece, s mencionado no livro de Ester, sendo totalmente ignorado na histria

    profana?

    Deve ficar bem entendido que a ordem para parar as obras foi dada em 529 A. C., oito

    anos antes de Dario 1, que subiu ao poder em 521, e 43 anos antes de Xerxes, marido de

    Ester, o conhecido Assuero, subir ao poder. Devemos, pois, procurar saber quem seria o

    Assuero de Esdras 4:6, tambm chamado Artaxerxes (4:11 e 23).

    Josefo admite que o Assuero aqui referido era o Cambises, filho de Ciro, e o imediato

    predecessor de Dario I, o Hitaspis, em cujo reinado foi o Templo completado e

    inaugurado (Esd. 6:1-18). Poderia tambm ser Gautama, o Usurpador, que reinou apenas

    oito meses, por morte de Cambises, em 522 A. C., mas no h multa probabilidade.

    O nome Assuero no era comum e no consta dos arquivos persas, apenas mencionado

    em Ester. O Dicionrio Bblico que usamos ensina que Assuero era um ttulo equivalente

    a Senhor, que alguns reis usavam, como o pai de Dario, o medo, Astages, av de Ciro,

    conquistador de Babilnia (Dan. 9:1). Aceitando, pois, o testemunho de Josefo, que

    deveria saber um pouco da histria antiga, de que o Assuero de Esdras era Cambises

    (Historical Digest, p. 31) e no o Assuero de Ester, podemos, assim, concatenar a histria

    de um modo lgico e formal.

    Resta saber quem era o Artaxerxes de Esdras 4:11,23. O nico Artaxerxes que a Histria

    registra o Artaxerxes Longimano do tempo de Neemias (2:1) e o mesmo que deu ordem

    a Esdras de vir a Jerusalm reconstruir os muros da cidade (Esd. 8:1). Muitos

    comentadores, para contornarem a dificuldade da paralisao das obras do Templo em

    529, alegam que a ordem de parar tais obras foi a dos muros, o que no certo, porque

    Neemias veio com permisso de Artaxerxes para reconstruir os muros e em 52 dias os

    acabou. certo que houve tambm oposio, mas sem efeito. Devemos fazer a distino

    entre a parada das obras do Templo e a construo ou reconstruo dos muros.

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    6. Recomea a Construo (5:1-6:12)

    1) As Obras Continuam em Ritmo Vagaroso (5:16)

    Dois anos antes de Dario Histaspes, o animador da construo do templo, subir ao

    poder, Deus levantou dois profetas, Ageu e Zacarias (Ageu 1:1; Ac. 1:1), para o fim de

    animar o povo na construo das obras. No apenas este fato. O texto sagrado tambm

    nos informa que os olhos de Deus estavam sobre os ancios dos judeus, de maneira que

    no foram obrigados a parar, at que o assunto chegasse a Dario e viesse a resposta (5:5;

    6:14). Na resposta da carta dirigida a Assuero ou Artaxerxes, tambm veio a ressalva de

    que as obras poderiam continuar sob a sua ordem (4:21). Temos ento que as obras

    foram paradas, de modo geral, embora mesmo vagarosamente, sem alarde, continuaram

    at o segundo ano de Dario Histaspes (4:24).

    2) Nova Consulta Feita ao Rei Persa (5:17)

    Correram os anos entre 529-521 A. C., ou seja, oito anos, quando a situao

    poltica na Prsia mudou, com o desaparecimento de Cambises em 522 A. C., sendo o

    governador daqum do Eufrates, Tatenai, junto com Setar-Bozenai e seus companheiros,

    os afarsequitas (5:6). Resolveram estes consultar o novo rei sobre o problema da

    construo do templo dos judeus, problema que estaria criando embaraos boa ordem

    da administrao desta banda do Eufrates, pois, por um lado havia a proibio da

    continuao das obras, mas por outro, e com o favor de Deus, as obras estavam andando.

    Isso era uma desmoralizao para o governo. Qualquer ao contra os judeus seria

    contraproducente, porque eram muitos em nmero e no seria interessante usar a fora

    contra eles, mesmo porque isso era contrrio aos princpios e normas persas. Alm disso,

    havia um decreto antigo que dava a esta gente o direito de construir o seu Templo, e isso

    era sabido das autoridades. A ordem recente de Cambises, Assuero, de parar as obras

    era contrria ao decreto de Ciro, que havia morrido poucos anos antes. Assim pareceu

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    de bom alvitre ao governador consular o novo rei da Prsia sobre o negcio. Admiramos

    esta norma do governador, que estava dentro dos princpios gerais da Prsia de no

    oprimir ou molestar os povos que haviam sido libertos. Na carta, o governador alega que

    tinha ido a Jerusalm (5:8) examinar o assunto da construo, pedindo os nomes dos que

    estavam trabalhando na obra, oficialmente embargada, tendo este declarado que eram

    servos do Deus dos cus, e que, por outro lado, tinham tido ordem de Ciro, rei de

    Babilnia (5:13), para construrem o Templo, e que at os utenslios levados por

    Nabucodonozor tinham sido devolvidos por Ciro, o que se poderia provar, se fosse o caso.

    Nesta ordem de Ciro estava at includo o nome de Sesbazar, nomeado governador do

    Estado judeu, o que tambm poderia ser provado. Noutras palavras, havia um decreto

    anulando outro decreto, um rei contra outro rei, sendo este o fundador do Imprio Persa.

    Pedia o governador que fosse dada busca nos arquivos reais, para verificar se o alegado

    pelos ancios dos judeus era verdade. timo proceder, e legal.

    3) Dario Manda Investigar o Problema (6:1-12)

    Estamos agora em 522 A. C. Um novo governo em Babilnia teria sido saudado

    com demonstraes de regozijo, porque Cambises era atrabilirio e violento, e, por isso

    ou por outros motivos, foi assassinado neste ano de 522 A. C. Ento, como j vimos, fez-

    se a consulta ao novo monarca, que se mostrou tolerante para com os povos vencidos.

    Quem sabe se por isso tambm os profetas Ageu e Zacarias, enfrentando as ordens

    antigas do governo, insuflavam os construtores a prosseguir, na certeza de que Deus

    estava no negcio. Ageu se queixa da morosidade da construo e diz que, por causa

    disso, a chuva no tinha vindo, faltando o azeite e o vinho (Ageu 1:9-11). O mesmo teor

    da linguagem usado por Zacarias (Zac. 1:3,4). Parece que Zorobabel tinha sido investido

    das funes de governador, se que no o era antes, e Azeu (1:12), junto com Josu,

    animam o povo, enquanto esperam por ordens vindas de Babilnia.

    A busca nos arquivos oficiais se fez e, em Aemeta, na fortaleza da Provncia da Mdia

    (6:2), foi encontrado um rolo, em que estava registrado o decreto de Ciro, devolvendo os

    judeus sua terra e mais os utenslios do Templo. Tem constitudo admirao o fato de o

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    decreto de Ciro estar registrado num rolo, em vez de nas tabuinhas em que os babilnios

    escreviam. Verifica-se mais que o documento estava guardado numa fortaleza, talvez por

    motivos de segurana. At o verso 5, do capitulo 6 deve ser considerado o documento de

    Ciro; do verso 6 em diante, as ordens de Dario para a continuao das obras. Agora, pois,

    Tatenai, governador dalm do Eufrates, Setar-Bozenai e seus companheiros... retirai-vos

    para longe dali (6:6).

    7. Acaba-se e Dedica-se o Templo (6:13-22)

    1) As Obras Aceleram-se Custa do Estado (6:13)

    A deciso governamental de Dario Histaspes um documento que honraria

    qualquer governo liberal dos nossos dias. Depois de verificar que os judeus estavam

    autorizados a construir o seu templo, no s d ordens severas para que este seja

    terminado, mas ainda manda pagar, dos cofres pblicos, as despesas (v. 8). A sua

    linguagem parece a de um cristo, bem informado, chamando a Deus, o Deus dos cus (v.

    9). Manda igualmente que sejam dados animais para o holocausto e sacrifcio dirios,

    segundo a determinao dos sacerdotes (v. 9), e pede que orem pelo rei e seus filhos (v.

    10). O decreto, na ltima determinao, traz uma clusula que nunca vimos em qualquer

    outro documento pblico. No que um decreto de uma autoridade moderna diria:

    "Revogam-se as disposies em contrrio", este dizia: "Tambm, por mim se decreta que

    todo homem que alterar este decreto, uma viga se arranque da sua casa, e seja nela ele

    levantado e pendurado, e que da sua casa se faa um monturo" (v. 11). O decreto vai

    mais alm e pede que o Deus que fez habitar o seu nome derribe todos os reis e povos

    que estenderem a mo para alterar este decreto, para destruir a casa de Deus. "Eu,

    Dario, baixei o decreto: que se execute com toda a pontualidade." Damos graas a Deus

    que levantou um homem como Dario Histaspes, com tal viso de Deus e da Sua Casa,

    para que nenhum outro Assuero ou Artaxerxes ou quem quer que fosse tentasse contra a

    Casa de Deus. Dario teria sido informado das decises do seu antecessor, em proibir a

    construo do Templo, e para isso previne-se com uma determinao to rigorosa, que

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    nenhum outro monarca persa teria coragem para alterar. E assim foi. Nada sabemos de

    Xerxes, o marido de Ester, seno o que nos conta o prprio Livro de Ester, mas o seu

    sucessor, Artaxerxes Longmano, que reinou de 464-424 A. C., em cujo reinado veio

    Esdras a Jerusalm, no stimo ano deste monarca (437 A. C.), mais tarde no vigsimo ano

    do seu reinado, 444 A. C. manda Neemias reconstruir os muros da Cidade Santa (Neem.

    2:1). Ento Tatenai, o governador daqum do Eufrates, Setar-Bozenai e os seus

    companheiros assim o fizeram, pontualmente, segundo decretara o rei Dario (v. 13).

    2) Ultimam-se os Preparativos para o Trmino do Templo (vv. 14-15)

    O texto sagrado lacnico quanto ao regozijo, que deveria ter provocado em

    Jerusalm este decreto real, mas o verso 14 parece dizer tudo. Os ancios, em virtude da

    lei, puseram mos obra, como ensinavam (profetizavam) Ageu e Zacarias, que de h

    muito vinham insistindo com os judeus para no pararem de todo a obra, confiando em

    Deus, e agora, com dinheiro farto dos tesouros do rei, nada obstava a que as obras no

    andassem a todo o vapor. Assim, no sexto ano de Dario, cinco anos depois do decreto,

    no ms de Adar, estava completo o Templo. Os que conheciam o primeiro, construdo

    por Salomo, e viram este de dimenses menores, choraram de tristeza (Esd. 3:12) ;

    entretanto, a este Templo estava destinada uma glria que o outro no tivera: a de nele

    ser recebido o REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES. 2 certo que j neste tempo havia

    sido muito aumentado e melhorado pela mo de Herodes, o Grande, que por 46 anos

    trabalhou nele (Joo 2:20).

    3) O Templo Inaugurado (6:16-18)

    Estamos agora no ano 515 A. C., no stimo ano do reinado de Dario Histaspes, que

    subiu ao poder em 522. No temos muitas informaes histricas do governo de Dario;

    todavia, a julgar pelo conjunto de fatos que possumos, foi um governo tranqilo. O

    mundo inteiro estava sob o governo persa e, naturalmente, se sentia seguro e feliz, pois

    este era tolerante, segundo os padres daqueles dias. Vem depois o Xerxes, muito nosso

    conhecido por seu casamento com uma judia, e o que se observa nos relatos possudos

    que as ordens do imprio eram favorveis. Foi, pois, neste ambiente de paz e segurana

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    que os oficiais judeus prepararam tudo para a festa da dedicao e muito podemos

    inferir, pelo que fazemos, quando isso se d com as nossas igrejas. Os sacerdotes, levitas

    e o restante do povo, dos exilados, celebraram com regozijo a dedicao (v. 16).

    Ofereceram 100 novilhos, 200 carneiros, 400 cordeiros e 12 cabritos, tudo para oferta

    pelo pecado de todo o Israel, segundo o prescrito no livro de Moiss. Os cultos, agora

    normalmente realizados no novo Templo, prosseguiram, num preparo nacional para a

    celebrao da Pscoa no dia 14 do primeiro ms, o dia nacional dessa festa, segundo

    xodo 12:14. Preliminarmente, havia a oferta d cordeiro pascal, um para cada famlia,

    no caso de a famlia ser pequena, se ajuntariam duas e o comeriam assado (no cozido),

    com ervas amargas. A este tempo, j se haviam separado muitos dos casamentos mistos

    havidos entre eles, mesmo que uns tantos ainda ficassem impuros. Por sete dias

    comeram os pes asmos (sem sal) e se alegraram muito, porque Deus lhes tinha dado o

    corao do rei da Assria. O escritor estava com a mente posta nos terrveis dias dos

    assrios, e por isso menciona aqui Dario como rei da Assria, o que no era. Babilnia

    nada tinha com Nnive, seno a lembrana. Nem sempre os escritores sagrados so

    muito seguros no uso de nomes, o que para eles estava certo, mas no para ns, que

    estamos presos Histria, o que no lhes acontecia.

    Entre a dedicao do Templo, referida no captulo 6, e os dizeres do verso 7, vai um lapso

    de tempo considervel. Dario viveu at o ano 486 A. C. A seguir, subiu ao trono o seu

    filho, por nome Xerxes I, o qual alguns comentadores do como o Assuero de 4:6 e que j

    mostramos no ser verdade, pois este Xerxes s mencionado por Assuero no Livro de

    Ester. Assuero significa Senhor; reinou de 486-465 A. C. Portanto, j se tinham passado

    36 anos desde a consagrao do Templo, no sexto ano de Dario e agora no stimo de

    Artaxerxes, filho de Xerxes I (464-424). Como vemos, o historiador nada disse das coisas

    do seu povo, por todo este tempo, no entanto, a vinda de Esdras a Jerusalm indica e diz

    tudo, pois foi assim que Esdras deu o seu nome a este livro que estamos estudando no

    qual vamos apreciar muita coisa nova ,e muita decadncia entre os judeus.

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    CAPTULO IV - ESDRAS REVIGORA A LEI DE MOISS (7:1-10:19)

    MISSO OFICIAL EM JUD

    Estamos agora em 457 A. C., ou seja, 43 anos depois da inaugurao do Templo de Jeov,

    em Jerusalm, no sexto ano de Dario Histaspes. Dessa data at a vinda de Esdras quase

    nada se sabe; apenas que os judeus celebraram a pscoa (Esd. 6:19-22). Esta celebrao

    deveria ter ocorrido logo depois da inaugurao em 515. Portanto, de 515 a 457,

    correram apenas 58 anos. Isto compreende o resto do reino de Dario, que morreu em

    486 e todo o reino de Xerxes, de 486-465, vinte e um anos. Foi o perodo de deboche

    sexual em Sus, quando entrou em cena a linda Ester, sobrinha de Mardoqueu, de quem

    nos ocuparemos quando estudarmos o Livro de Ester.

    Com a subida de Artaxerxes Longmano ao trono em 464, substituindo seu pai Xerxes I, o

    mundo judaico entrou num perodo de reconstruo social e religiosa, que ser apreciada

    em Esdras e Neemias. At o mundo gentlico melhorou com a subida deste monarca que,

    apesar dos vcios do trono persa, foi um admirvel administrador.

    Esdras subiu a Jerusalm no stimo ano de Artaxerxes, ou seja em 457 A. C. Neemias

    subiu no 201? ano do mesmo reinante, em 440. Destas datas em diante a histria clara

    e vigorosa, depois de um longo perodo de silncio e melancolia religiosa.

    Alguns comentadores entendem que vinda de Esdras seguiu-se a de Neemias, tendo o

    escritor sagrado, portanto, confundido Artaxerxes I com Artaxerxes II, o Menmon. No

    temos nenhuma pacincia com esta gente que interpreta a histria ao jeito de suas

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    convices doutrinrias, Pois o de que tratam estes comentadores colocar o trmino do

    livro de Esdras ao redor de 300 A. C., j no tempo de Alexandre. Porque e quais as

    vantagens para a Histria, no sabemos. Parece-nos que as narrativas, como se

    encontram em Esdras e a seguir em Neemias, so bem claras e correspondem ao que se

    poderia esperar da situao em Jud. Depois da inaugurao do Templo, em 515, no

    sexto ano do rei Dario I, o Histaspes, e da vinda de Esdras (Esd. 7:7) no stimo ano de

    Artaxerxes, em 457, medeia tempo suficiente para ocorrerem as fraquezas encontradas

    por este servo de Deus. Vamos, pois, estudar a histria das atividades de Esdras em

    Jerusalm como nos apresentada no livro inspirado.

    1. A Vinda de Esdras a Jud (7:1-10)

    Pelo todo da narrativa, conclumos que os monarcas persas continuavam interessados na

    vida do povo judaico, no tanto como uma das provncias do grande imprio, mas por

    causa da sua religio, que eles mesmos apoiavam e protegiam. Isso fica evidente desde

    os dias de Dario Histaspes, que em tudo favoreceu os interesses dos judeus. Esdras era

    descendente de Aro, por Eleazar (v. 5), portanto sacerdote, e, nessa capacidade foi

    mandado por Artaxerxes para cuidar das coisas da religio em Jud. A sua genealogia dada mui resumidamente, como o feitio da maioria destas genealogias. Tanto melhor.

    , mais compreensiva. Ele era escriba versado na lei de Moiss, ou hbil, diz a antiga

    verso de Almeida, e isso tambm nos mostra que o livro de Moiss era conhecido e

    estudado no cativeiro. Foi nessa longa experincia na terra estranha, que os judeus

    aprenderam a amar e estudar a sua lei, criando as sinagogas, onde a mesma lei era

    estudada, instituio que atravessou os tempos at os nossos dias. No vale o

    argumento dos racionalistas, que querem fazer crer que o Pentateuco foi inventado

    durante o cativeiro, sendo o primeiro livro, o de Deuteronmio, encontrado no templo,

    na reforma de Josias (II Crn. 34). O rei, por merc de Deus, concedeu a Esdras tudo

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    quanto lhe pediu, e o que recebeu no foi pouco, como constatamos dos versos 15-22.

    Esdras era um crente fiel, como diramos, e tinha disposto o seu corao para buscar a

    Deus. Esta a condio nica de qualquer sucesso. A viagem durou desde o primeiro dia

    do primeiro ms, quando saiu de Babilnia ao primeiro dia do quinto ms, quando

    chegou a Jerusalm. Portanto, quatro meses para fazer a viagem de 1. 400 quilmetros,

    com uma multido de companheiros, 1.439 e mais 258 levitas, ao todo 1.697. Deveria

    haver crianas e velhos, e a viagem no podia ser feita com muita carreira, especialmente

    levando tanta carga. O caminho era perigoso e Esdras teve vergonha de pedir auxlio em

    soldados ao rei, pois j havia declarado que Deus era o seu protetor (Esd. 8:22).

    2. A Carta de Artaxerxes (7:11.28)

    Essa carta encontra-se em aramaico. Foi includa no texto sagrado tal como escrita pelo

    rei ou seus escribas. A introduo normal, como em toda correspondncia oficial.

    tratava-se de um decreto real, referendado pelos sete conselheiros (ministros; conf.

    Ester 1:15 e Herdoto 3:84). O fim era inquirir dos negcios da provncia de Jud e das

    condies do povo e da religio. Portanto, Esdras era portador de uma lei que o

    capacitava para qualquer trabalho que desejasse fazer.

    1) Prata e Ouro para o Templo (vv. 15-20)

    Os judeus que no podiam voltar, por causa dos seus negcios, davam

    liberalmente para o custeio dos servios religiosos (v. 16). Ainda atualmente fazem isso.

    Com esse dinheiro, Esdras deveria comprar novilhos e bodes para os sacrifcios, e o que

    restasse podia ser usado conforme achasse por bem Esdras (v. 18). Era uma prova de

    confiana na honestidade do enviado. Se o que Esdras havia recebido do rei e de seus

    conselheiros e mais os donativos do povo no bastassem Para as necessidades da Casa de

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    Deus, Esdras estava autorizado a pedir aos governadores alm do Eufrates o que preciso

    fosse (v. 21).

    2) AUTORIZAO para Receber Tudo Que Posse NECESSRIO (vv. 21-23)

    Alm da liberalidade do decreto, como vimos antes, o rei deu ordens aos

    tesoureiros de aqum do Eufrates para darem ao sacerdote Esdras o que ele pedisse, at

    os limites: cem talentos de prata, cem coros de trigo, cem batos de vinho e at cem batos

    de azeite e sal vontade. Calculando os 100 talentos de prata, e os cem coros de trigo,

    os cem batos de vinho e cem batos de azeite, encontramos convertidas estas moedas e

    estas medidas em valores ocidentais, uns 100.000 dlares, 800 alqueires de trigo, 2.800

    litros de vinho e outro tanto de azeite. Uma liberalidade admirvel.

    rei reconhece que o que estava fazendo para a Casa de Deus e do povo era uma

    obrigao, pois no queria que a ira de Deus casse sobre o seu reino, seus filhos e ele

    mesmo. Eram tementes a Deus, ou diriam alguns, supersticiosos. Estes monarcas

    deveriam ter aprendido que o Deus dos judeus era um Deus pessoal, e que no era um

    dolo como qualquer dos muitos que os outros povos adoravam.

    3) Outras Obrigaes Legais do Decreto (vv. 24,25)

    Todos os que serviam no Templo ficavam isentos do pagamento de impostos,

    pedgios ou direitos alfandegrios (v. 24). Antigamente os pastores no Brasil, bem como

    os jornalistas e magistrados estavam isentos de certos impostos, como de renda,recebiam abatimentos em passagens, etc. Depois todos foram igualados aos demais

    cidados. Cremos que esteja certa esta medida, para no haver favoritismos. Todavia, os

    que vivem do Evangelho deveriam gozar de certas vantagens, como ocorre nos EE.UU.,

    em que um pregador paga 50% do bilhete de trem. Isto, para facilitar a propaganda da

    religio. Esdras estava tambm autorizado a nomear magistrados e juizes para a

    administrao das coisas do Estado. Era uma incumbncia admirvel, imposta a um

    judeu por um rei gentio.

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    Jerusalm. A incumbncia foi coroada de xito, e vieram ao acampamento, junto ao rio

    que corre para Ava, 258.

    1) Um Jejum como Preparo para a Viagem (vv. 21-23)

    Os gegrafos ainda no identificaram o canal ou rio que corria para Ava. Talvez

    um canal dos muitos que havia em Babilnia e que tenha desaparecido agora. Reunidos

    numa multido de quase 2. 000 pessoas - mulheres, meninos e alguns velhos Esdras

    achou que era bom praticar um jejum, como preparativo para o longo caminho. O valor

    do jejum nas prticas religiosas evanglicas caiu da moda, e modernamente tal prtica

    tem causado mais mal do que bem, em alguns grupos. Entre os judeus era e boa

    prtica. Porque no o seria entre todos que buscam a Deus? A preocupao de Esdras

    era o caminho, que, alm de longo, oferecia muitos perigos de inimigos. No trato com o

    rei, Esdras teria dito que o seu Deus cuidaria dele e dos seus companheiros, de maneira

    que agora teve vergonha de pedir soldados para proteo, como aconteceu na primeira

    volta. Outras informaes j foram dadas quando estudamos a vinda de Zorobabel. A

    travessia em linha reta seria bem mais curta (ver mapa), mas teriam de enfrentar o

    deserto sem gua e as grandes tempestades de areia. Assim, subiriam ao longo do rio

    Eufrates, passando por onde foi o antigo reino de Mari, contemporneo de Abrao,

    chegando aos subrbios de Damasco, para ento descerem pelo Anti-Lbano, at

    Jerusalm. Teriam certamente se lembrado de Ar, onde morou Abrao antes de ir

    Palestina, e l deviam ainda morar remanescentes da famlia de Naor. No se sabe quem

    seria o governador de Jud nesta data; possivelmente estaria unida a alguma outra

    satrapia, talvez a da Sria ou do Egito. Tambm no sabemos se Esdras tinha

    conhecimento da situao em Jud, ou no. Os correios naquele tempo eram escassos e

    s transitavam a servio do Estado. Que ligaes haveria entre os judeus, em Jerusalm,

    e os colonos, em Babilnia, tambm se ignora. Talvez uma completa ruptura de

    comunicaes, e isso explica o espanto que se apoderou de Esdras, quando viu a situao

    a que chegara a colnia judaica quanto aos casamentos mistos. Terminamos esta seo

    entregando Esdras ao seu cargo em Jerusalm aps longa viagem.

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    Os exilados que vieram do cativeiro ofereceram holocaustos ao Deus de Israel: Por todo o

    Israel, doze novilhos, noventa e seis carneiros, setenta e sete cordeiros, e como oferta

    pelo pecado, doze bodes. Ento Esdras comunicou as ordens recebidas do rei aos seus

    strapas deste lado do rio, e ajudaram o povo na reconstruo da Casa de Deus. Esta

    reconstruo deve referir-se a reparos, pois a casa tinha sido construda s pressas e sob

    tremenda oposio, e seria mais do que natural que estivesse agora, tantos anos depois,

    carecendo de reparos. No se confunda, pois, esta declarao de 8:36 com a

    reconstruo do Templo, porquanto isso foi feito no sexto ano de Dario Histaspes, 415 A.

    C.

    4. O Problema dos Casamentos Mistos (9:1-15)

    Acabadas estas coisas, vieram ter comigo os prncipes, dizendo... (v. 1). "Acabadas estas

    coisas" quer dizer depois das cerimnias do Templo, do descanso necessrio, e aps

    prestar contas dos tesouros trazidos de Babilnia, quando tudo fora devidamente pesado

    e entregue tesouraria do Templo. Admiramos o escrpulo e o tino contbil daqueles

    dias, pois tudo foi pesado e devidamente anotado ou escriturado.

    1) O Espanto de ESDRAS ao Verificar a Situao (9:1-5)

    Os lderes contaram-lhe que sacerdotes, levitas e o povo se tinham misturado com

    os vizinhos por meio de casamentos. Esta era uma das muitas proibies de Moiss: no

    se misturarem com os povos vizinhos, no darem seus filhos nem tomarem suas filhas

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    para eles (x. 34:16; Deut. 7:13; 23:2). Era a nica maneira de conservar a raa pura.

    Depois da disperso do ano 70 da nossa era, aprenderam a no se misturar com os

    gentios, e a maior desgraa que podia cair sobre a cabea de uma moa judia era casar

    com um rapaz gentio. Era mesmo uma verdadeira desgraa. Foi graas a este costume,

    quase lei, que os judeus puderam atravessar os dois milnios relativamente puros em

    matria de miscigenao.

    Logo que Esdras soube da situao, rasgou as vestes, costume em caso de aflio,

    arrepelou os cabelos e a barba (v. 3) e assentou-se atnito no cho. Isso constituiu

    escndalo aos olhos dos demais judeus, pois um enviado do rei Artaxerxes, um

    governador fazer tal coisa? Todo mundo se lhe chegou como a perguntar o que havia.

    Ele ficou nessa posio, assentado, at o sacrifcio da tarde, quando se levantou para orar

    ao seu Deus. Alguns comentadores entendem que esta situao foi verificada anos

    depois da chegada de Esdras, quando alguns do seu grupo tambm teriam cometido essa

    falta. No nos parece isso possvel. Logo que chegou a Jerusalm teria procurado

    informar-se da situao geral, pois de nada sabia. Teria sido informado da situao dos

    casamentos mistos. Portanto, parece-nos que o assombro de Esdras ocorreu logo suachegada. No teria ficado alheio ao que se passava por muitos dias. O sacrifcio da tarde

    era o requerido em xodo 29:41, R Reis 16:15 e demais. Foi nessa hora que ele se

    levantou,

    2) A Orao de Esdras (9:6-15)

    Esdras no apenas confessou o pecado do seu povo, mas se confessou confuso,

    aturdido e envergonhado (v. 6). Esta orao lembra-nos a de Daniel (9:4-19), de Neemias

    (9:5-38) e tantas outras em situaes dramticas. Para Esdras, a nao judaica estava

    arruinada; no havia mais povo puro. A religio estava perdida porque a sua salvao

    constava da manuteno do povo separado do gentio. Talvez alguns se louvassem no

    caso de Rte e de Boaz, esse, porm, e alguns outros foram casos excepcionais, que no

    acobertavam o casamento misto. Neemias mais tarde enfrentou o mesmo problema

    (Neem. 13:23-28), no muitos anos depois de Esdras. O Novo Testamento no alheio a

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    esse problema, mando que, quem se casar se case no Senhor (I Cor. 7:39). Os pastores

    atualmente enfrentam uma sria luta, quando as moas das suas igrejas casam com

    descrentes, alegando que no h rapazes crentes. Este autor sempre diz, que o problema

    do casamento deve ser tratado como qualquer outro em que o crente no pode transigir.

    A verdade que as moas no atendem, e vo casando e arruinando a sua f. Poucas

    conseguem vencer a situao e continuar nas igrejas. Essas poucas alcanam isso, graas

    complacncia dos seus maridos, que at cooperam em traze-las Igreja. Poucas, bem

    poucas. Pastores h que realizam cerimnias religiosas de casamentos mistos; outros

    recusam terminantemente. Qualquer psiclogo desaconselharia tais unies por

    divergncias de religio.

    A orao de Esdras contm diversos elementos dignos de apreciao.

    (1) Desde os dias de nossos pais... Sempre houvera transgresses.

    (2) Por isso o cativeiro, de onde alguns estavam voltando.

    (3) Agora, por um breve momento, estavam livres, para outra vez dar ao povo a

    sua estabilidade.

    (4) Eram servos, verdade, porm nesta servido Deus no os havia desamparado.

    (5) Os reis da Prsia tinham sido benignos em dar aos cativos a sua liberdade. Face

    a tudo isto, que se poderia dizer? Depois de tanta experincia, de tanto sofrimento,

    Esdras faz uma confisso pattica a Deus, como se ele mesmo fosse culpado. No era,

    mas orava por seu povo. Deus lhes havia dado um muro de segurana (v. 9), talvez umareferncia s muralhas de Jerusalm, que ainda no estavam restauradas, embora

    esperana de o fazer houvesse. Pensa-se que seja uma expresso metafrica de Esdras,

    se bem que o momento no comportasse figuras de retrica. Seriam mesmo os muros

    de Jerusalm que estavam na mente do governador? (Miq. 7:11). Acreditam alguns

    comentadores que j se estivesse trabalhando na reconstruo dos muros, mas nada

    favorece esta suposio, pois 13 anos mais tarde, Neemias se sentiu humilhado, porque

    os muros da cidade de seus antepassados estavam em runas (Neem. 2:17-19). A

    reconstruo dos muros e a construo do Templo tm sido motivo para grandes

    confuses e difceis interpretaes do texto. Vejam as notas em Esdras 4:6-24. Parece

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    curioso que, se os judeus no tinham tido escrpulos de se unirem a mulheres gentias,

    como teriam tido lembrana ou mesmo condies para cuidarem da reconstruo dos

    muros da cidade? A religio estava em decadncia, no h dvida. Dos cultos mesmo,

    no sabemos muito a respeito nesses dias depois de Zorobabel. A orao de Esdras um

    modelo de amor por sua cidade e pela religio do seu Deus.

    5. O Povo Une-se a Esdras na Sua Amargura (10:1-6)

    Enquanto Esdras orava... e fazia confisso dos pecados do povo, chorando e prostrado

    diante da Casa de Deus, ajuntou-se-lhe uma grande congregao de homens, mulheres e

    crianas, todos chorando em grande choro (v. 1). Devia ser um espetculo que ns

    pagaramos para ver. Isso mostra que o povo erra, como os homens, mas ainda h ou

    sempre houve esperana. Quando h arrependimento sincero diante de Deus, tudo se

    remedia. S no h jeito quando a incredulidade domina. Ento tudo est na casa do

    "sem jeito", como diz o adgio popular. Nisso, um homem por nome Secanias, filho de

    Jeiel, tomou a palavra e disse a Esdras: Ns temos transgredido contra o nosso Deus,

    casando com mulheres estrangeiras , dos povos de outras terras, mas no tocante a isto

    ainda h esperana (v. 2). Levanta-te, pois esta coisa de tua incumbncia, e ns

    seremos contigo (v. 4). Felizmente que nas grandes crises sempre h um homem que

    toma a frente para salvar uma situao. Ele mesmo prope o negcio: as mulheres

    seriam despedidas com os seus filhos, uma coisa de cortar o corao, mesmo aos que

    esto milnios distante desta cena. Afinal, mesmo errados, estavam casados e tinham

    filhos, e agora mandar embora essas criaturas, que nenhuma culpa tinham no caso, era

    mesmo de dilacerar o ntimo. Era um grande sacrifcio: famlias arruinadas para sempre,

    novos casamentos e novas situaes. Deus e a sua palavra mereciam este sacrifcio. Era

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    feito em nome da felicidade do mesmo povo e da sua religio. Gente que no est

    disposta a perder nada por amor sua religio no serve para Deus. Note-se que Deus

    aceitou esta deciso, porque estava base de todo o passado e de todo o Concerto. No

    podia haver mistura de raas, ou melhor, de crenas. Ponham os olhos -nesta situao os

    rapazes e moas que, por causa de um sentimento muito natural, trocam a religio, a

    igreja, os muitos irmos, por um homem ou por uma mulher, quando h tantos e tantas

    em nosso meio. Isto est dentro do padro de Jesus: os que no esto dispostos a deixar

    pai, me, irmos e terras por amor a ele, no so dignos dele. Deus e os interesses do

    Seu Reino em primeira lugar, e isto porque o proveito nosso. Em face da deciso do

    orador do grupo de transgressores, Esdras se levantou e ajuramentou o; povo para uma

    deciso herica e tremenda.

    6. Uma Grande Assemblia Convocada (10:7-15)

    O assunto era grave e o povo devia tomar conhecimento dele. Esdras, por sua vez, no

    comeu nem bebeu, enquanto o assunto no estivesse pelo menos posto em bases

    seguras. Os principais sacerdotes e levitas, os responsveis pela situao, j haviam dado

    a sua palavra de que o assunto seria estudado e uma soluo encontrada. Recolheu-se

    cmara de Joan, filho de Eliasibe, esperando por uma deciso.

    1) Um PREGO Foi Feito a Todo o Israel (vv. 7,8)

    Os correios partiram a todo galope para as regies de Benjamim e de Jud, os

    culpados da situao, para que dentro de trs dias estivessem em Jerusalm, sob pena de

    serem totalmente destrudos, e suas casas, arruinadas. No foi feito convite ao Israel do

    norte, porque este estava fora dos negcios de Jud. A transgresso de Jeroboo alterou

    a histria para sempre. Os deportados para Babilnia foram os do norte e do sul; mas o

    assunto, de agora em diante, o Israel atual, eram Jud e seu irmo Benjamim, as tribos

    mais fiis a Deus. Podemos ver a que ponto o pecado atinge um povo. Israel do norte

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    desapareceu do mapa. Alguns que ficaram na terra se misturaram com os povos trazidos

    por Sargo e outros levados para a Palestina e perderem a sua identidade. Os que foram

    disperses e no voltaram, ficaram perdidos na Histria. Quando Paulo e seus

    companheiros saram a pregar pelo Imprio Romano, l encontraram esta gente agarrada

    sua Bblia, e tambm l estariam os de Jud e Benjamim, desterrados pelos romanos.

    2) Em Trs Dias o Povo Estava em Jerusalm para o Acerto de CONTAS (vv. 9-15)

    Dentro de trs dias, a vinte do nono ms, o povo se ajuntou numa grande

    multido, e no havia espao para acomodar tanta gente; alm disso, era tempo de

    grandes chuvas, e o povo ficou fora do Templo, na chuva de dezembro. O julgamento

    seria longo, pois eram muitos os que tinham transgredido (v. 13). Foi alvitrado que os

    culpados fossem julgados pelos prncipes do povo em lugares determinados, isto , em

    suas cidades, pois um assunto de tal monta no seria decidido ali, na chuva e ao

    desabrigo. Jnatas e Asael se opuseram ao adiamento do negcio, mas parece que sua

    opinio no prevaleceu. Por certo queriam que o assunto fosse tratado ali mesmo,

    naquela hora.

    3) Um Esclarecimento Histrico

    Os comentadores que colocam Esdras depois de Neemias entendem que Joan (v.

    6), filho de Eliasibe, o mesmo Jnatas de Neem. 12:10 e 11 e foi sumo sacerdote em

    408 A. C. Nesse versculo no chamado sacerdote nem Eliasibe tampouco; era lder e

    nada mais. Conforme o testemunho de Josefo, (1) o pai de Eliasibe, Joaquim, era sumo

    sacerdote quando Ezdras chegou a Jerusalm. Certamente Joaquim era agora um velho.

    Eliasibe tinha pelo menos dois filhos crescidos, Jadua e Joan, ambos com aposentos no

    Templo, nas dependncias destinadas aos sacerdotes. Sendo Jadua o filho mais velho,

    terminou por suceder a Eliasibe, e, por sua vez, foi sucedido por seu filho mais velho, por

    nome Jnatas ou Joan, como irmo de Jadua, no sendo o de Neem. 12:10,11, a menos

    que a Histria retroceda, o que no possvel.

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    7. Uma Grande Comisso Nomeada por Esdras (10:16,44)

    Prevaleceu o bom senso, e uma grande comisso foi escolhida nominalmente por Esdras

    para tratar do assunto, composta dos cabeas das famlias e que logo tomaram assento

    no primeiro dia de outubro e trabalharam de tal modo que em 1, de janeiro, segundo o

    nosso calendrio, que diferente do dos judeus, o servio estava terminado. Dois meses

    apenas. Cada um dos culpados, relacionados nos versos 18-43, ao todo 113, segurou a

    mo dos membros da Comisso e prometeu despedir sua mulher com os seus filhos.

    Estes foram os filhos dos sacerdotes, porm o princpio seria estendido a todos os

    implicados. Mesmo admitindo que os laos de famlia no fossem to fortes como

    atualmente, pois a natureza da vida que levavam os tornava mais suscetveis de

    frouxido, ainda assim temos de ver nisso um sacrifcio que a religio exigia. No s a

    religio, como a pureza racial. Cada culpado deveria oferecer um carneiro, conforme

    ordena Moiss em Levitico 5:15, por pecado de ignorncia. Em II Reis, Jonadabe deu a

    mo a Je como promessa de lealdade. Tambm em Ez. 17:18 h igual proceder, quando

    o aperto de mo constitua um juramento solene e que alguns tinham violado.

    O incidente tem suas lies para ns, como teve para os judeus do dia. Atualmente nopodemos ter a presuno de manter um povo racialmente puro, porque a mestiagem

    durante os milnios torna isso impossvel. No h povo racialmente puro, nem mesmo o

    alemo, que no pensamento de Hitler o era, e, para manter essa pureza, promoveu uma

    depurao horrorosa, mas, a bem da verdade, em nome de outros motivos. No h povo

    puro racialmente, dizemos, mas h uma pureza religiosa que deve ser mantida, em nome

    da qual os 113 despediram suas mulheres e filhos. O Evangelho no permite que nos

    misturemos com o mundo; somos separados. outra maneira de separao. Os pastores

    deveriam pregar mais a respeito desse assunto, mas no o fazem.

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    Terminamos aqui o nosso estudo dos problemas da SEGUNDA VOLTA do cativeiro, do

    povo que veios com Zorobabel.