estudos citogenéticos em peixes da família sternopygidae...

50
GISELE APARECIDA FIDELIS Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae (Pisces, Gymnotiformes) da planície de inundação do alto rio Paraná Maringá Paraná - Brasil MAIO - 2005

Upload: trinhhanh

Post on 25-Jan-2019

220 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

GISELE APARECIDA FIDELIS

Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae

(Pisces, Gymnotiformes) da planície de inundação do alto

rio Paraná

Maringá

Paraná - Brasil

MAIO - 2005

Page 2: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

Page 3: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

GISELE APARECIDA FIDELIS

Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae

(Pisces, Gymnotiformes) da planície de inundação do alto

rio Paraná

Dissertação apresentada à Universidade Estadual de Maringá, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento, para obtenção do título de Mestre.

Maringá

Paraná - Brasil

MAIO - 2005

Page 4: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) (Biblioteca Central - UEM, Maringá – PR., Brasil)

Fidelis, Gisele Aparecida F451e Estudos citogenéticos em peixes da família

Sternopygidae(Pisces, Gymnotiformes) da planície de inundação do alto rio Paraná / Gisele Aparecida Fidelis. – Maringá, PR : [s.n.], 2005.

32 f. : il. color. Orientador : Prof. Dr. Horácio Ferreira Júlio

Júnior Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de

Maringá, Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento, 2005.

1. Sternopygus macrurus - Citogenética - Rio

Paraná. 2. Eigenmannia aff.trilineata (Sternopygidae, Gymnotiformes) - Citogenética - Rio Paraná.I. Universidade Estadual de Maringá. Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento.II. Título

CDD 21.ed.597.48

Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte (A autora)

Page 5: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

ii

“Segue o teu destino,

Rega as tuas plantas

Ama as tuas rosas,

O resto é a sombra

De árvores alheias.”

Fernando Pessoa.

Page 6: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

iii

Dedico aos meus pais, Valente Antônio Fidelis e Marlene

Roncaglia Fidelis, pelo apoio incondicional durante toda esta caminhada.

Page 7: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

iv

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, que me guia em todos os momentos.

Aos meus irmãos, Carlos e Valmir (in memorian) e a todos os meus familiares

que sempre torceram por mim.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Horácio Ferreira Júlio Júnior, pela orientação e

apoio.

À Prof.ª Dr.ª Ana Luiza de Brito Portela Castro pela excelente co-orientação, e à

Prof.ª Dr.ª Isabel Cristina Martins dos Santos, pela atenção e ensinamentos prestados.

Aos membros da banca examinadora: Prof. Dr. Horácio Ferreira Júlio Júnior

(orientador, UEM), Prof.ª Dr.ª Lucia Giuliano Caetano (UEL) e Prof.ª Dr.ª Ana Luiza de

Brito Portela Castro (UEM) pelas sugestões e críticas, que contribuíram para o

enriquecimento deste trabalho.

Ao Prof. Dr. Hélio Conte, por ter despertado em mim o interesse pela pesquisa.

Aos colegas que fizeram ou fazem parte do Laboratório de Citogenética de Peixes

da UEM: Alain, Ricardo, Édner, Tiago, Diego, Paulo, Rafael, Lana, Kátia, Letícia, Suzana

(a macrófita) e principalmente à Ana Paula, Alexandre e Fernanda, pela paciência e

atenção sempre que precisei de ajuda.

Aos técnicos, Soninha e Leonardo e à auxiliar de laboratório mais atenciosa que já

conheci, Maria José.

À Valéria, pela amizade adquirida neste período e pelos momentos de estudo e

trabalho que dividimos.

Page 8: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

v

A todos os amigos e amigas que conquistei durante minha vida, especialmente

Érica, Camila, Cris e Thaís.

Ao Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento pela oportunidade

deste trabalho se tornar realidade.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela

bolsa concedida.

E a todos que contribuíram de alguma forma para a realização deste trabalho.

Page 9: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

vi

BIOGRAFIA

Gisele Aparecida Fidelis, natural de Doutor Camargo, Paraná, concluiu o curso de

Técnico em Contabilidade no ano de 1997. Ingressou no curso de Ciências Biológicas da

Universidade Estadual de Maringá em 1998, graduando-se em Licenciatura no ano de

2002.

Em 2003, iniciou o curso de Mestrado no Programa de Pós-Graduação em

Genética e Melhoramento.

Page 10: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

vii

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS...................................................................................................... ix

RESUMO......................................................................................................................... x

ABSTRACT.................................................................................................................... xii

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................... 1

2. REVISÃO DE LITERATURA.................................................................................... 2

2.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS DA ORDEM GYMNOTIFORMES .................... 2

2.2. CARACTERÍSTICAS GERAIS DA FAMÍLIA STERNOPYGIDAE.................... 3

2.3. ESTUDOS CITOGENÉTICOS................................................................................ 4

2.3.1. Variabilidade cromossômica............................................................................... 4

2.3.2. As regiões organizadoras de nucléolos (NORs)................................................. 7

3. MATERIAL E MÉTODOS......................................................................................... 10

3.1. MATERIAL.............................................................................................................. 10

3.2. MÉTODOS ............................................................................................................... 11

3.2.1. Indução de mitoses............................................................................................... 11

3.2.2. Preparação dos cromossomos mitóticos ............................................................ 12

3.2.3. Detecção de heterocromatina constitutiva (Banda C) ...................................... 13

3.2.4. Detecção das regiões organizadoras de nucléolos (NORs) ............................... 13

3.2.5. Detecção das regiões ricas em bases GC ............................................................ 14

3.2.6. Hibridação fluorescente in situ (FISH) .............................................................. 14

Page 11: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

viii

3.2.7. Estudos cariotípicos ............................................................................................. 17

3.2.8. Medidas cromossômicas ...................................................................................... 18

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................. 19

4.1. ESTUDOS CITOGENÉTICOS EM Sternopygus macrurus.................................... 19

4.2. ESTUDOS CITOGENÉTICOS EM Eigenmannia aff. trilineata ............................ 21

5. CONCLUSÕES ........................................................................................................... 27

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 28

Page 12: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Exemplar das espécies: (a) Sternopygus macrurus; (b) Eigenmannia

aff. trilineata ............................................................................................... 10

Figura 2. Mapa da planície de inundação do rio Paraná............................................. 11

Figura 3. (a) Cariótipo de Sternopygus macrurus; (b) Caracterização da

NOR utilizando Giemsa, banda C e Ag-NOR ........................................... 23

Figura 4. Cromossomos metafásicos de Sternopygus macrurus

(a) bandeamento C; (b) Ag-NOR; (c) hibridação fluorescente in situ; (d)

mitramicina ................................................................................................. 24

Figura 5. Cariótipo de Eigenmannia aff. trilineata (a) fêmea; (b) macho ................. 25

Figura 6. Cromossomos metafásicos de Eigenmannia aff. trilineata

(a) Ag-NOR; (b) hibridação fluorescente in situ ....................................... 26

Page 13: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

x

RESUMO

FIDELIS, Gisele Aparecida. M. Sc. Universidade Estadual de Maringá, Maio de 2005. Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae (Pisces, Gymnotiformes) da planície de inundação do alto rio Paraná. Professor Orientador: Horácio Ferreira Júlio Júnior. Professores Conselheiros: Ana Luiza de Brito Portela Castro e Isabel Cristina Martins dos Santos.

Estudos citogenéticos foram realizados em Sternopygus macrurus e Eigenmannia

aff. trilineata (Sternopygidae, Gymnotiformes) coletados na planície de inundação do alto

rio Paraná. A análise cariotípica em S. macrurus mostrou número diplóide 2n=46

cromossomos para machos e fêmeas. A fórmula cariotípica é composta por 30M+16SM

com NF=92. Esta espécie apresentou sistema de NOR simples, com marcação na posição

terminal do braço curto do maior par de cromossomos metacêntricos, detectado através da

técnica de impregnação pela prata (Ag-NOR) e hibridação fluorescente in situ (FISH) com

sonda de DNAr 18S. O padrão de banda C mostrou marcações evidentes na região

adjacente à constrição secundária e fracas marcações nas regiões centroméricas de alguns

cromossomos do complemento. A análise da coloração com mitramicina (MM) mostrou

que as regiões organizadoras do nucléolo são MM positivas, indicando que esta região é

rica em pares de bases GC. Em Eigenmannia aff. trilineata, a análise citogenética mostrou

cariótipo com 2n=36 cromossomos para machos e fêmeas e presença de mecanismo sexual

simples do tipo XX/XY. A fórmula cariotípica é composta por 8M+4SM+2ST+22A com

NF=50 para fêmeas e 9M+4SM+2ST+21A com NF=51 para machos. As técnicas Ag-NOR

e FISH mostraram um par de cromossomos acrocêntricos marcados na região terminal do

braço curto, mostrando heteromorfismo de tamanho para este segmento. Os dados

citogenéticos obtidos e comparados com os descritos para outras populações leva a

concluir que S. macrurus apresenta padrão cariotípico conservado, indicando uma

Page 14: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

xi

condição ancestral para o grupo. Em Eigenmannia aff. trilineata o número diplóide e

fórmula cromossômica encontrados na população analisada são distintos para este gênero,

indicando fortemente a existência de uma nova espécie na planície de inundação do alto rio

Paraná.

PALAVRAS-CHAVE: Sternopygidae, Gymnotiformes, cariótipo.

Page 15: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

xii

ABSTRACT

FIDELIS, Gisele Aparecida. M. Sc. State University of Maringá, May, 2005. Cytogenetic studies in fishes from family Sternopygidae (Pisces, Gymnotiformes) from upper Paraná River floodplain. Adviser: Horácio Ferreira Júlio Júnior. Co-Advisers: Ana Luiza de Brito Portela Castro and Isabel Cristina Martins dos Santos.

Cytogenetic studies were carried out in Sternopygus macrurus and Eigenmannia

aff. trilineata (Sternopygidae, Gymnotiformes) from upper Paraná River floodplain.

Karyotipical analysis in S. macrurus showed diploid number 2n=46 chromosomes for

males and females. The karyotipic formulae is composed by 30M+16SM with FN=92.

This species presented simple NOR system with a marker in the terminal region of the

short arm of the largest metacentric pair of chromosomes, detected by silver staining (Ag-

NOR) and fluorescent in situ hybridization (FISH) with 18S rDNA gene probes. The C-

banding pattern showed evident marks in the area adjacent to the secondary constriction

and weak marks in the centromerics areas of some chromosomes of the complement.

Mitramycin staining (MM) analysis showed that nucleolus organizer region is MM

positive, indicating that this region is GC-rich. In Eigenmannia aff. trilineata the

cytogenetic analysis showed karyotype with 2n=36 chromosomes for males and females

and presence of XX/XY sex chromosome system. The karyotipic formulae is composed by

8M+4SM+2ST+22A with FN=50 for females and 9M+4SM+2ST+21A with FN=51 for

males. Ag-NOR and FISH techniques showed a pair of acrocentric chromosomes marked

in the terminal area of the short arm showing size heteromorphism for this segment. The

cytogenetic data obtained and compared with previous reports for other populations leads

to conclude that S. macrurus presents karyotipical conserved pattern indicating an ancestral

condition for the group. In Eigenmannia aff. trilineata the diploid number and

Page 16: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

xiii

chromosome formulae found in the analyzed population are distinct for this genus

indicating strongly the existence of a new specie from upper Paraná River floodplain.

Key-Words: Sternopygidae, Gymnotiformes, karyotype.

Page 17: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

1

1. INTRODUÇÃO

A ictiofauna de água doce da América do Sul e Central é uma das mais

diversificadas e ricas do mundo, estimando-se cerca de 8.000 espécies, o que representa

aproximadamente 25% de toda a diversidade de peixes do planeta (VARI e

MALABARBA, 1998). Na bacia do alto rio Paraná, são estimadas mais de 250 espécies

para a ictiofauna somente no trecho brasileiro, mas não existe consenso acerca do status

taxonômico de muitas espécies listadas (AGOSTINHO e JÚLIO JÚNIOR, 1999).

De acordo com a revisão de OLIVEIRA et al. (2000), são conhecidos os números

diplóides e/ou haplóides para 921 espécies, 252 gêneros e 44 famílias em peixes

Neotropicais das águas continentais, com registros de grande diversidade cariotípica. A

citogenética de peixes tem contribuído bastante, principalmente nos últimos anos, como

uma ferramenta citotaxonômica utilizando cariótipos para identificação de espécies. O

estudo citogenético pode fornecer dados cromossômicos que permitem separar espécies

morfologicamente muito semelhantes, propor a existência de espécies não descritas ou

detectar variações cromossômicas populacionais e, além disso, é possível ter evidências de

grupos citogenéticamente conservativos e não conservativos.

A realização de estudos citogenéticos na planície de inundação do alto rio Paraná

é útil quanto à caracterização das espécies fornecendo subsídios para identificação das

mesmas, uma vez que nessa região existe um grande número de espécies que ainda não

foram descritas, e outras com descrição não confiável que dificultam muitos trabalhos

sobre biologia e ecologia de peixes. Diante disso, este trabalho tem por objetivo

caracterizar cromossômicamente algumas espécies da família Sternopygidae, ordem

Gymnotiformes, que ocorrem na planície de inundação do alto rio Paraná, com ênfase em

Sternopygus macrurus e Eigenmannia aff. trilineata.

Page 18: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

2

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS DA ORDEM GYMNOTIFORMES

Os Gymnotiformes são peixes de água doce, originários da América do Sul, com

espécies que invadiram posteriormente a América Central, e constituem um grupo

interessante do ponto de vista científico pela sua capacidade eletrogênica e de

eletrolocalização, apresentando órgãos geradores de eletricidade localizados na pele que

lhes permite formar um campo elétrico ao redor do corpo (MAGO-LECCIA, 1978). As

descargas elétricas da maioria das espécies de Gymnotiformes atingem apenas algumas

frações de volts e são utilizadas na detecção de objetos e na comunicação intraespecífica.

Dessa forma, qualquer objeto ou animal que penetre nesse campo provocando distorção é

detectado imediatamente. A amplitude e freqüências dos pulsos elétricos são típicas de

cada espécie e estão relacionadas com o reconhecimento sexual entre os indivíduos desta

ordem (HOPKINS, 1974).

As espécies da ordem Gymnotiformes apresentam severas modificações na forma

do corpo em relação aos outros grupos de peixes, sendo desprovidos de nadadeiras dorsal

e ventral e a nadadeira caudal está ausente em quase todas as espécies, exceto nos

membros da família Apteronotidae. A nadadeira peitoral tem a forma semelhante a de

outros peixes, mas a nadadeira anal é muito longa, com mais de 100 raios, podendo ou não

alcançar o final da cauda e a abertura anal está localizada na porção anterior do corpo,

abaixo da inserção das nadadeiras peitorais. A presença da nadadeira anal muito extensa

facilita seu movimento na água através de ondas de contração que os permitem nadar para

frente e para trás com igual facilidade. O corpo é coberto por escamas ciclóides delgadas,

que podem estar ausentes na região antero - dorsal ou estarem restritas à cauda (LOWE-

McCONNEL, 1975).

Page 19: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

3

De acordo com MAGO-LECCIA (1994), os Gymnotiformes se alimentam

basicamente de pequenos animais aquáticos como microcrustáceos e insetos

(particularmente larvas de Diptera), porém, as espécies que alcançam um porte maior

como Electrophorus e Sternopygus são piscívoras.

MAGO-LECCIA (1978) propôs pela primeira vez, um sistema classificatório

com seis famílias para a ordem Gymnotiformes designadas como Sternopygidae,

Gymnotidae, Apteronotidae, Rhamphichthyidae, Hypopomidae e Electrophoridae.

Segundo AGOSTINHO et al. (1997), na planície de inundação do alto rio Paraná ocorrem

peixes de todas as famílias desta ordem, exceto Electrophoridae.

2.2. CARACTERÍSTICAS GERAIS DA FAMÍLIA STERNOPYGIDAE

As espécies da família Sternopygidae possuem múltiplas fileiras de dentes

viliformes e pequenos em ambas as mandíbulas e os olhos apresentam diâmetro igual ou

maior que a distância entre as narinas. Uma importante distinção morfológica entre os

gêneros Sternopygus e Eigenmannia se refere à presença de margem orbital livre em

Sternopygus e olho sem a margem orbital livre, ou seja, o olho fica coberto pela pele da

cabeça em Eigenmannia (MAGO-LECCIA, 1978).

Segundo AGOSTINHO et al. (1997), nesta família, apenas os gêneros

Sternopygus e Eigenmannia ocorrem na planície de inundação do alto rio Paraná, sendo

coletadas as espécies S. macrurus, E. virescens, E. trilineata e outra muito semelhante a E.

virescens denominada Eigenmannia sp., sugerindo que nesta região podem ocorrer várias

espécies desta família (AGOSTINHO e JÚLIO JÚNIOR, 1999).

Estas espécies habitam lagoas da planície de inundação com cobertura de

macrófitas flutuantes, principalmente Eichhornia azurea e E. crassipes. Apresentam

Page 20: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

4

hábito noturno e durante o dia permanecem escondidas entre as raízes dessas plantas ou

em cavidades da margem. Os peixes do gênero Sternopygus são popularmente conhecidos

como “espadinha” e os do gênero Eigenmannia como “tuvira” ou “sarapó”, os quais são

utilizados como isca pelos pescadores, além de serem explorados como peixes

ornamentais no comércio de aquários.

2.3. ESTUDOS CITOGENÉTICOS

2.3.1. Variabilidade Cromossômica

Os peixes da ordem Gymnotiformes apresentam uma grande variação de números

cromossômicos. Em estudos iniciais na família Gymnotidae realizados por

HINEGARDNER e ROSEN (1972), foi relatado apenas o número cromossômico haplóide

de Gymnotus carapo como n=19. Contudo, FORESTI et al. (1981) encontraram o número

diplóide de 2n=52 e análises cariotípicas posteriores realizadas nesta espécie por FORESTI

et al. (1984) indicaram ampla variabilidade no número de cromossomos, com variação

entre 2n=42 até 2n=54 cromossomos, além de apresentar diferenças na morfologia

cromossômica. Estas informações já sugeriam a possível existência de espécies não

descritas, as quais ainda estavam sendo consideradas como Gymnotus carapo.

Posteriormente, ALBERT et al. (1999) realizaram comparações ao nível morfológico,

molecular, citogenético e dos padrões de descargas dos órgãos elétricos entre as espécies

do gênero Gymnotus. Os dados obtidos por estes autores mostraram que G. silvius

apresenta número diplóide de 2n=40 sendo descrita como uma nova espécie para este

gênero, pois difere de G. carapo (2n=54), G. inaequilabiatus (2n=52) e G. pantherinus

(2n=52).

Page 21: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

5

A variabilidade cariotípica entre os Gymnotiformes também é encontrada na

família Sternopygidae. Análises cromossômicas em Eigenmannia virescens realizadas por

ALMEIDA-TOLEDO (1978) revelaram variação no número diplóide de 2n=38 até 2n=40

e Eigenmannia sp. com 2n=28 até 2n=32, em exemplares da Bacia Amazônica e do

Paraná. Além disso, em uma população de Eigenmannia sp. proveniente da Bacia

Amazônica foi encontrado um indivíduo com 46 cromossomos caracterizado como um

triplóide natural (ALMEIDA-TOLEDO et al., 1985). De acordo com FORESTI (1987) as

populações de Eigenmannia sp. do rio Jarí (PA) apresentaram 2n=31 e 2n=32

cromossomos e tal diferença no número diplóide não caracterizava um mecanismo sexual,

mas sim um caso de rearranjo cromossômico do tipo fusão Robertsoniana, uma vez que

este fenômeno ocorreu tanto em machos quanto em fêmeas desta população; na Ilha de

Marajó (PA) foram encontrados números diplóides com 28, 29, 30, 31 e 32 cromossomos;

em Pirassununga (SP) os indivíduos analisados apresentaram 2n=28 e em Torres (RS)

2n=30, sendo que tal polimorfismo cromossômico não se mostrou ligado ao sexo.

Nos Gymnotiformes a variabilidade cariotípica está associada também à presença

de cromossomos sexuais. Na família Sternopygidae, especialmente no gênero

Eigenmannia ocorrem sistemas de cromossomos sexuais do tipo simples e múltiplo. Em

Eigenmannia sp., os exemplares procedentes do rio Capivara (SP) apresentaram cariótipo

com 2n=36 cromossomos, NF=49 e 50 e fêmea heterogamética, evidenciando o sistema

sexual simples do tipo ZZ/ZW. Populações de E. virescens da ilha de Marajó (PA) e de

rios da Bacia do Paraná possuem 2n=38, entretanto os exemplares de Marajó apresentam

cromossomos sexuais do tipo ZZ/ZW enquanto que nos exemplares da Bacia do Paraná

não foram detectadas diferenças cromossômicas ligadas ao sexo (FORESTI, 1987). De

acordo com ALMEIDA-TOLEDO et al. (2002), populações de E. virescens com

procedência da Bacia Amazônica e da Bacia do rio São Francisco (MG) mostraram um par

Page 22: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

6

cromossômico heterogamético no cariótipo da fêmea, caracterizando o mecanismo sexual

ZZ/ZW. Além disso, estudos citogenéticos realizados por ALMEIDA-TOLEDO et al.

(2001) em duas populações de E. virescens mostraram que a população dos rios Tiête e

Mogi-Guaçu (SP) pertencentes à Bacia do alto rio Paraná apresentam o mesmo número

cromossômico (2n=38), porém a do rio Tietê apresenta um sistema de determinação do

sexo do tipo XX/XY, enquanto que a população do rio Mogi-Guaçu não possuem

cromossomos sexuais diferenciados. Estes dados reforçam a idéia de que E. virescens

representa um complexo de espécies tal como acontece com outros grupos de peixes como

o complexo Hoplias malabaricus (BERTOLLO et al., 2000) e o complexo Astyanax

scabripinnis (MOREIRA-FILHO e BERTOLLO, 1991).

O sistema sexual múltiplo (X1X1X2X2/X1X2Y) foi relatado em Eigenmannia sp.2

proveniente de um pequeno tributário do rio Tietê, apresentando número diplóide 2n=32

para fêmeas e 2n=31 para machos (ALMEIDA-TOLEDO et al., 2000a). O mesmo tipo de

mecanismo foi descrito em Brachyhypopomus pinnicaudatus (Hypopomidae,

Gymnotiformes), sendo este o segundo relato deste mecanismo sexual em Gymnotiformes

e o quinto entre os peixes Neotropicais de água doce (ALMEIDA-TOLEDO et al., 2000b).

Recentemente, SOARES e JÚLIO JÚNIOR (2004) analisaram uma espécie identificada

como E. trilineata coletada na planície de inundação do alto rio Paraná que apresentou

2n=32 para fêmeas e 2n=31 para machos e mecanismo múltiplo de determinação do sexo

do tipo X1X1X2X2 /X1X2Y.

Em S. macrurus, HINEGARDNER e ROSEN (1972) descreveram inicialmente o

número haplóide de n=24 cromossomos. Estudos posteriores realizados por FORESTI et

al. (1981) e FORESTI (1987) em populações de Manaus (AM), Rio Claro (SP) e Botucatu

(SP), mostraram um cariótipo característico com 2n=46 cromossomos, todos do tipo meta e

submetacêntrico e não foi detectada a presença de cromossomos heteromórficos ligados ao

Page 23: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

7

sexo. BAROLIN et al. (2002) realizaram estudos em S. macrurus no trecho argentino do

rio Paraná e observaram o mesmo número diplóide (2n=46), com fórmula cariotípica

composta principalmente por cromossomos metacêntricos e submetacêntricos. Dessa

maneira, o cariótipo de S. macrurus apresenta-se conservativo, uma vez que exemplares

capturados em bacias hidrográficas distantes mostram grande identidade cariotípica.

2.3.2. As regiões organizadoras de nucléolos (NORs)

A técnica de impregnação pela prata (Ag-NOR) foi desenvolvida para a

diferenciação da região organizadora do nucléolo (NOR) em cromossomos humanos por

HOWELL et al. (1975) e modificada por HOWELL e BLACK (1980). Entretanto, essa

técnica detecta apenas loci de DNAr nucleolares que estiveram ativos na intérfase

precedente (MILLER et al., 1976).

Posteriormente, outras técnicas foram empregadas para a caracterização das

NORs, como as que utilizam fluorocromos base específicos. Segundo AMEMIYA e

GOLD (1986) existe uma estreita correlação entre os fluorocromos GC específicos

cromomicina A3 (CMA) e mitramicina (MM) com os loci de Ag-NORs em peixes. No

entanto, esta característica nem sempre ocorre nos peixes, como foi observado em E.

virescens, onde há alguns blocos Cromomicina A3 positivos que não possuem correlação

com as NORs da espécie (ALMEIDA-TOLEDO et al., 1989).

Recentemente, a hibridação fluorescente in situ (FISH) com sonda de DNAr é

usada para marcar a região organizadora do nucléolo em muitas espécies de vertebrados,

incluindo peixes (PENDÁS et al., 1993). Segundo ALMEIDA-TOLEDO et al. (1996) para

desenvolver um estudo comparativo entre a atividade e a posição da NOR, é necessário

associar os resultados da técnica Ag-NOR com a hibridação fluorescente in situ.

Page 24: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

8

Nos peixes podem ser observados dois padrões de distribuição da NOR. Alguns

grupos possuem sistema simples com os cístrons ribossômicos localizados em um único

par de cromossomos, enquanto outros apresentam sistema múltiplo com os sítios da NOR

distribuídos em vários cromossomos do complemento (GALETTI JÚNIOR, 1998).

FORESTI et al. (1981) analisaram a região organizadora do nucléolo em cinco

espécies de Gymnotiformes (G. carapo, Apteronotus albifrons, S. macrurus, Eigenmannia

sp. e E. virescens) e todas elas apresentaram somente um par de cromossomos portadores

de NOR. Posteriormente, ALMEIDA-TOLEDO et al. (1996) encontraram apenas um par

de cromossomos portadores de NOR em quatro espécies do gênero Eigenmannia coletadas

nos rios Tietê, Paranapanema e Mogi-Guaçu. Contudo, um espécime de Eigenmannia sp.1

apresentou fenótipo diferente, contendo dois pares de cromossomos portadores de NOR.

Em S. macrurus, a NOR ocorre apenas em um par de cromossomos. Na população

de Manaus (AM), o segmento da NOR se localiza em posição intersticial do braço longo

de um dos maiores cromossomos do complemento, enquanto que nas populações de Rio

Claro e Botucatu (SP) este segmento se localiza em posição terminal do braço curto de um

cromossomo metacêntrico de tamanho intermediário (FORESTI, 1987). Em estudos

realizados no rio Paraná (Corrientes, Argentina) observou-se em S. macrurus, regiões

organizadoras do nucléolo localizadas no braço curto de um par grande de

metacêntrico/submetacêntrico (BAROLIN et al., 2002).

Em peixes, são freqüentes as formas heteromórficas das NORs com relação ao seu

tamanho. Em Eigenmannia sp., FORESTI et al. (1981) descreveram extensa variação no

tamanho deste segmento, tanto inter quanto intraespecífica. Na população da Ilha de

Marajó (PA) foi encontrado um indivíduo com NOR próxima ao centrômero de um par de

acrocêntricos pequenos e um indivíduo com este segmento cerca de seis vezes maior em

um dos homólogos. Um terceiro indivíduo apresentou par portador de NOR heteromórfico,

Page 25: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

9

formado por um cromossomo de dois braços e um acrocêntrico. O autor (op. cit.) atribui a

este heteromorfismo como resultante provável de uma inversão pericêntrica na região da

constrição secundária. Na população de S. macrurus proveniente de Manaus (AM), a

localização da NOR é terminal em um cromossomo e subterminal no seu homólogo,

causada segundo os autores, por uma deleção na porção terminal do braço longo de um dos

cromossomos portadores de NOR.

Page 26: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

10

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. MATERIAL

Foram obtidos resultados satisfatórios em 13 exemplares de Sternopygus

macrurus (7 machos, 3 fêmeas e 3 indeterminados) e em 7 exemplares de Eigenmannia aff.

trilineata (4 machos e 3 fêmeas) que estão representados na Figura 1. Os peixes foram

coletados em sintopia nos bancos de macrófitas em lagoas da planície de inundação do alto

rio Paraná, na Área de Proteção Ambiental das Ilhas e Várzeas do rio Paraná, próximo ao

município de Porto Rico (PR), cujos locais estão representados na Figura 2. Os animais

foram transportados com aeração para o Laboratório de Citogenética de Peixes,

Departamento de Biologia Celular e Genética da Universidade Estadual de Maringá

(UEM), onde foram analisados citogenéticamente.

Os exemplares foram identificados pela Dr.ª Carla Pavanelli e depositados na

coleção de peixes do Laboratório de Citogenética de Peixes da UEM.

Figura 1. Exemplar das espécies: (a) Sternopygus macrurus (28 cm); (b) Eigenmannia aff. trilineata (18 cm).

Page 27: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

11

Figura 2. Mapa da planície de inundação do rio Paraná - as setas indicam os locais de coleta.

3.2. MÉTODOS

3.2.1. Indução de mitoses

Para aumentar o índice de células em divisão foi utilizada a técnica descrita por

MOLINA (2001), a qual consiste em aplicar intra-abdominalmente o composto

farmacêutico Munolan (Allergan Frumtost) na proporção de 1 mL de solução para cada 50

g do peso do animal, por um período de 24 a 54 horas anterior à preparação cromossômica.

Este composto contém uma associação de antígenos de fungos e bactérias, a qual provoca

um aumento na produção da taxa de divisão mitótica nas células de defesa sem provocar a

morte do animal.

Page 28: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

12

3.2.2. Preparação dos cromossomos mitóticos

As preparações cromossômicas seguiram a metodologia de BERTOLLO et al.

(1978) com algumas adaptações que consiste em:

1) Injetar intra-abdominalmente, solução de colchicina a 0,025%, na proporção de

1 mL/100 g do peso do animal;

2) Deixar o peixe em um aquário bem aerado por um período de 25-40 minutos e

sacrificá-lo em seguida retirando o rim anterior;

3) Colocar os tecidos retirados em uma placa de Petri contendo solução hipotônica

de KCl (0,075 M) à temperatura ambiente;

4) Fragmentar o material com auxílio de pinças de dissecção e em seguida fazer

movimentos de aspiração e expiração do material com o auxílio de uma seringa

hipodérmica de vidro desprovida de agulha para facilitar a separação dos blocos celulares;

5) Colocar a suspensão obtida em estufa a 37°C, durante 30 minutos;

6) Ressuspender o material, com auxílio de uma pipeta Pasteur e transferir a

solução para um tubo de centrífuga. Nesta transferência, os pedaços de tecido ainda não

desfeitos devem ser descartados;

7) Adicionar algumas gotas de fixador (álcool metílico - ácido acético 3:1) recém

preparado e ressuspender o material novamente;

8) Centrifugar durante 10 minutos, a 900 rpm;

9) Retirar o sobrenadante e colocar 6-8 mL de fixador;

10) Ressuspender o material com uma pipeta Pasteur;

11) Repetir os itens 8 a 10 por três vezes;

12) Após a última centrifugação, descartar o sobrenadante e colocar 1 ou 2 mL de

fixador, ressuspender o material, acondicionar a solução em tubos de plástico do tipo

Eppendorff e mantê-los em ambiente refrigerado;

Page 29: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

13

13) Pingar duas ou três gotas da suspensão em uma lâmina limpa (mantida em

água destilada, na geladeira), deixar secar ao ar, corar com Giemsa 10% durante 15

minutos e lavar em água corrente.

3.2.3. Detecção de heterocromatina constitutiva (Banda C)

A técnica utilizada foi descrita por SUMNER (1972) com algumas adaptações,

seguindo os procedimentos abaixo:

1) A lâmina contendo as gotas do material para a análise devem ser tratadas com

HCl 0,2N em temperatura ambiente, por 7 minutos; lavar em água deionizada e secar ao ar;

2) Incubar em solução filtrada de hidróxido de bário 5% (recém preparada) por 5

minutos, a 42°C;

3) Lavar rapidamente em solução de HCl 0,2N em água destilada e secar ao ar;

4) Incubar em solução salina (2 x SSC) a 60°C, por 30 minutos;

5) Lavar em água deionizada e secar ao ar;

6) Corar com Giemsa, diluído a 5% em tampão fosfato pH 6,8, por 5-10 minutos;

7) Lavar em água corrente e secar ao ar.

3.2.4. Detecção das regiões organizadoras de nucléolos (NORs)

Foi adotada a metodologia de impregnação com nitrato de prata descrita por

HOWELL e BLACK (1980), que consiste em:

1) Sobre uma lâmina previamente preparada para obtenção de cromossomos

mitóticos, pingar duas gotas de solução de gelatina (1g de gelatina/50 mL de água

deionizada/0,5 mL de ácido fórmico);

2) Adicionar 1 gota de água destilada e 2 gotas de solução aquosa de nitrato de

prata 50% (1g de AgNO3/1 mL de água deionizada);

Page 30: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

14

3) Cobrir com lamínula e colocar em estufa a 60°C;

4) Deixar por 3-8 minutos, até a lâmina assumir uma cor amarelada, retirar da

estufa e monitorar a cor dos cromossomos sob o microscópio;

5) Remover a lamínula com água corrente e deixar secar.

3.2.5. Detecção das regiões ricas em bases GC

Esta metodologia foi descrita por SCHWEIZER (1980), modificada por SCHMID

(1980) e GALETTI JÚNIOR e RASCH (1993):

1) Sobre uma lâmina preparada segundo a técnica descrita para cromossomos

mitóticos, colocar 150 µl de solução de distamicina A;

2) Cobrir com lamínula e deixar agindo por 15 minutos em temperatura ambiente;

3) Lavar a lâmina em tampão McIlvaine, de modo que a lamínula saia da lâmina e

deixar secar por poucos minutos;

4) Colocar sobre a lâmina 150 µl de solução de mitramicina, cobrindo novamente

com lamínula. Deixar agir por 60 minutos, no escuro, a temperatura ambiente;

5) Repetir o item 3;

6) Montá-la com uma nova lamínula, utilizando DABCO 5%;

7) Estocar a lâmina à temperatura ambiente ou na geladeira, no escuro, por no

mínimo 15 dias antes de analisar, para aumentar a estabilidade do fluorocromo.

3.2.6. Hibridação fluorescente in situ (FISH)

Obtenção das sondas:

A extração do DNA foi realizada a partir de tecidos (músculo e nadadeira) de

Astyanax scabripinnis seguindo o protocolo apresentado por SAMBROOK et al. (1989).

Page 31: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

15

Para detecção dos sítios de DNAr foram utilizadas técnicas descritas por

HESLOP-HARRISON et al. (1991) e CUADRADO e JOUVE (1994).

As sondas de DNAr foram produzidas a partir de PCR (reação de polimerase em

cadeia), utilizando-se os primers NS1 (5’-GTAGTCATATGCTTGTCTC-3’) e NS8 (5’-

TCCGCAGGTTCACCTACGGA-3’) para amplificar os genes 18S conforme protocolo

descrito em VAHEY et al. (1995), usando oligonucleotídeos empregados por WHITE et

al. (1990).

Procedimento para amplificação da sonda 18S:

3,5 µl de tampão;

1,5 µl de MgCl2;

8 µl de dNTPs (concentração inicial: 1,2 mM de cada dNTP);

3 µl de primer NS1;

3 µl de primer NS8;

1 µl de Taq polimerase (concentração inicial: 5000 u/mL);

1 µl de DNA (concentração inicial: 100 ng/µl);

29 µl de Água-milliQ.

Ciclos de reação: (94ºC por 5 minutos; 94ºC por 1 minuto; 50ºC por 1 minuto;

72ºC por 2,5 minutos) repetir 30 ciclos, 72ºC por 10 minutos até infinito.

Tratamento da lâmina:

1) Colocar 50 µl de RNAse em cada lâmina, cobrir com lamínula plástica e levar

para a estufa a 37°C por 1 hora, em câmara úmida;

2) Lavar a lâmina em 2 x SSC por 10 minutos a temperatura ambiente no agitador;

3) Transferir para a solução de paraformaldeído 4% a temperatura ambiente, por

10 minutos no agitador;

Page 32: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

16

4) Lavar novamente em 2 x SSC, por 10 minutos, no agitador;

5) Transferir para álcool etílico 70% por 5 minutos, no agitador;

6) Lavar em álcool 100% por 5 minutos, sem agitar;

7) Deixar a lâmina secando por 1 a 3 horas;

8) Neste intervalo, deve-se preparar a mistura de hibridação (HIS): 15 µl de

formamida 100%, 6 µl de Dextran, 3 µl de 20 x SSC, 1 µl de DNA de bloqueio (timo de

bezerro), 1 µl de SDS 10%, 5 µl de sonda;

9) Denaturar a mistura de hibridação (HIS) a 70°C por 10 minutos;

10) Incubar no gelo ao menos 5 minutos e no máximo por 2 horas;

11) Colocar 30 µl da mistura de HIS por lâmina, cobrir com lamínula plástica e

levar para o termociclador (90°C por 10 minutos, 48°C por 10 minutos, 38°C por 5

minutos e 37°C até infinito);

12) Deixar a lâmina em câmara úmida a 37°C durante a noite.

Banhos pós-hibridação (Sonda 18S):

1) Lavar a lâmina em 2 x SSC a 42°C, por 5 minutos;

2) Lavar em formamida 20% (20 mL de formamida deionizada/80 mL de 0,1 x

SSC) a 42°C, por 10 minutos;

3) Colocar a lâmina em 0,1 x SSC a 42°C por 5 minutos;

4) Lavar com 2 x SSC a 42°C por 5 minutos;

5) Descartar o 2 x SSC e colocar o 4 x SSC/tween 0,2%, a 42°C por 5 minutos;

6) Repetir a última lavagem à temperatura ambiente.

Obs.: Todas as lavagens desta etapa foram efetuadas no agitador.

Page 33: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

17

Detecção da hibridação:

1) Retirar a lâmina e com ela ainda molhada, colocar 50 µl de BSA 5% por 5

minutos e cobrir com lamínula plástica;

2) Retirar a lamínula e colocar 50 µl de solução de detecção (1 µl de Avidina-

FITC (Fluoresceina Isotil Cianato-avidina conjugada) + 49 µl de BSA 5%), cobrir com

lamínula plástica e incubar a 37°C por 1 hora em câmara úmida;

3) Lavar a lâmina em 4 x SSC/tween 0,2% por 5 minutos à temperatura ambiente

no agitador, no escuro.

Coloração:

1) Após retirar a lâmina do 4 x SSC/tween 0,2%, colocar 25 µl de solução de

iodeto de propídio (1 µl de iodeto de propídio e 25 µl de antifading como o DABCO 5%),

cobrir com lamínula de vidro e guardar em caixa fechada para evitar entrada de luz.

3.2.7. Estudos cariotípicos

As análises das metáfases foram realizadas em microscópio óptico comum. Após

a contagem dos cromossomos foi estabelecido o número modal para machos e fêmeas das

espécies estudadas.

As metáfases coradas com Giemsa ou submetidas à impregnação com nitrato de

prata que apresentaram melhor dispersão e nítida morfologia dos cromossomos foram

fotografadas com objetivas de imersão em microscópio Axioskop Zeiss, utilizando-se

filme Kodak Imagelink, preto e branco, regulado para ISO 25 e revelado em D-76, da

Kodak. As cópias dos negativos foram feitas em papel fotográfico profissional

KODABROMIDE-F3.

Page 34: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

18

As metáfases submetidas às técnicas de banda C, FISH e mitramicina foram

analisadas com objetivas de imersão em microscópio Axioskop 2 plus Zeiss com AxioCam

acoplada, e digitalizadas utilizando o Software AxioVision 4.

3.2.8. Medidas cromossômicas

As fotografias foram recortadas para a montagem dos cariótipos e ordenação

visual dos cromossômicos homólogos. Em seguida foram realizadas as medidas dos

cromossomos nos cariótipos de machos e de fêmeas, com o auxílio de paquímetro,

determinando-se o comprimento do braço menor, do braço maior e o comprimento total de

cada cromossomo, calculando-se os valores médios para cada par. A classificação dos

cromossomos em metacêntrico, submetacêntrico, subtelocêntrico e acrocêntrico foi

estabelecida conforme os valores da relação de braços (RB) proposto por LEVAN et al.

(1964), sendo que a constrição secundária não foi considerada para a classificação. Para a

determinação do número fundamental (NF), os cromossomos metacêntricos,

submetacêntricos e subtelocêntricos foram considerados com dois braços cromossômicos.

Page 35: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

19

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. ESTUDOS CITOGENÉTICOS EM Sternopygus macrurus

Os exemplares de S. macrurus apresentaram um número diplóide constante de 46

cromossomos para machos e fêmeas, não sendo detectada a presença de cromossomos

sexuais diferenciados. A fórmula cariotípica é formada por quinze pares de cromossomos

metacêntricos (M) e oito pares de submetacêntricos (SM), apresentando número

fundamental (NF) igual a 92 (Figura 3a), com predomínio de cromossomos de dois braços,

sugerindo que esta seja a condição ancestral no grupo. A constituição cariotípica de S.

macrurus é similar à da população analisada por FORESTI et al. (1981) e FORESTI

(1987), embora os autores classifiquem os cromossomos em um único grupo (M-SM).

Além disso, BAROLIN et al. (2002) observaram o mesmo número diplóide (2n=46) em S.

macrurus e fórmula cariotípica composta principalmente por cromossomos metacêntricos e

submetacêntricos. Dessa forma, os resultados obtidos evidenciam um cariótipo conservado

nesta espécie.

Pela técnica de banda C, foram detectados blocos de heterocromatina constitutiva

discretos nas regiões centroméricas de alguns cromossomos do complemento e um bloco

heterocromático mais conspícuo foi observado no maior par metacêntrico (par 1 do

cariótipo) em posição pericentromérica do braço curto, próximo ao centrômero e não

coincidente com a região da constrição secundária (Figuras 3b e 4a). Casos como este de

banda C negativa para a região da constrição secundária foi relatado em Apteronotus

albifrons por ALMEIDA-TOLEDO et al. (1981) e em Liposarcus anisitsi por ARTONI et

al. (1999) entre outros. Entretanto, a região da constrição secundária pode ser banda C

positiva para outros peixes como, por exemplo, em Rineloricaria latirostris e R.

pentamaculata (GIULIANO-CAETANO, 1998) e em peixes do gênero Eigenmannia

(FORESTI, 1987).

Page 36: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

20

Duas regiões organizadoras do nucléolo (Ag-NORs) foram observadas nesta

espécie, localizadas em um par de cromossomos metacêntricos, o de número 1 no

cariótipo, coincidente com a localização da constrição secundária no braço curto, a qual se

mostrou evidente em algumas preparações com Giemsa (Figuras 3b e 4b). O sistema de

NOR simples observado em S. macrurus também foi relatado por FORESTI et al. (1981)

em espécimes de Manaus (AM); por FORESTI (1987) em Manaus (AM), Rio Claro (SP) e

Botucatu (SP) e por BAROLIN et al. (2002) no trecho argentino do rio Paraná. Entretanto,

houve diferença na localização da NOR entre as populações estudadas por FORESTI

(1987), sendo que nos indivíduos de Manaus, a NOR se localiza em posição intersticial do

braço longo do primeiro par de cromossomos do complemento, enquanto que na população

de São Paulo este segmento se localiza em posição terminal do braço curto de um par

cromossômico metacêntrico/submetacêntrico (par 7) de tamanho intermediário. Em S.

macrurus do alto rio Paraná, o par cromossômico portador da NOR é muito similar ao par

Ag-NOR da população de Manaus, embora o autor considere estes sítios como intersticial,

eles se encontram próximos da região telomérica. Contudo, variações fenotípicas das

regiões organizadoras do nucléolo foram registradas em outras populações de S. macrurus,

sugerindo a possibilidade dos espécimes representarem um complexo de espécies

relacionadas (ALMEIDA-TOLEDO et al., 1993).

Na espécie analisada, a hibridação fluorescente in situ com sonda de DNAr 18S

mostrou marcações coincidentes com os sítios Ag-NOR (Figura 4c). Os resultados obtidos

com esta metodologia confirmam o sistema de NOR simples para S. macrurus do rio

Paraná.

Em tratamentos com mitramicina (MM) observou-se que a região organizadora do

nucléolo é positiva para este fluorocromo (Figura 4d), indicando que esta região é rica em

pares de bases GC. Embora AMEMIYA e GOLD (1986) tenha observado correlação entre

Page 37: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

21

segmentos Ag-NORs e regiões positivas para fluorocromos GC específicos, em E.

virescens há alguns blocos Cromomicina A3 positivos que não possuem correlação com as

NORs da espécie (ALMEIDA-TOLEDO et al., 1989).

4.2. ESTUDOS CITOGENÉTICOS EM Eigenmannia aff. trilineata

As metáfases mitóticas mostraram 2n=36 cromossomos para machos e fêmeas,

porém foram encontradas diferenças na macroestrutura cariotípica entre os sexos. O

cariótipo das fêmeas apresentou 4 pares de cromossomos metacêntricos, 2

submetacêntricos, 1 subtelocêntrico e 11 acrocêntricos com NF=50, enquanto que os

machos apresentaram cariótipo com 4 pares de cromossomos metacêntricos, 2

submetacêntricos, 1 subtelocêntrico, 10 acrocêntricos e 1 par heteromórfico formado por

um cromossomo acrocêntrico e um metacêntrico pequeno e com NF=51, caracterizando o

sistema sexual simples do tipo XX/XY (Figuras 5a e 5b), o qual provavelmente teve

origem por uma inversão pericêntrica em um dos homólogos do menor par de

cromossomos acrocêntricos. O número diplóide encontrado (2n=36) foi descrito

anteriormente em um citótipo de Eigenmannia, coletado na bacia hidrográfica do rio São

Francisco (ALMEIDA-TOLEDO et al., 2004), contudo a estrutura cariotípica apresentou

nove pares de cromossomos meta/submetacêntricos, nove pares de acrocêntricos e

ausência de mecanismo de determinação do sexo. Existe considerável homologia na

estrutura cariotípica e mecanismo sexual entre os cariótipos de Eigenmannia aff. trilineata

da planície de inundação do rio Paraná com uma população de E. virescens proveniente do

rio Tietê, entretanto, esta última apresenta 2n=38 com dois pares de cromossomos

meta/submetacêntrico excedentes. A fórmula cromossômica e número diplóide observados

em Eigenmannia aff. trilineata também diferem de E. trilineata estudada por SOARES e

JÚLIO JÚNIOR (2004), a qual apresentou 2n=32 cromossomos (8M-24A) para fêmeas e

Page 38: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

22

2n=31 (9M-22A) para machos com mecanismo múltiplo de determinação do sexo

(X1X1X2X2/X1X2Y). Essa diferença no número diplóide e na fórmula cariotípica sugere

que na planície de inundação do alto rio Paraná, provavelmente ocorre duas espécies do

gênero Eigenmannia que são morfologicamente muito parecidas, visto que ambas foram

inicialmente identificadas como E. trilineata. A grande divergência cariotípica encontrada

neste gênero provavelmente é causada por alterações cromossômicas estruturais e a

variedade de citótipos faz supor que o gênero Eigenmannia seja um complexo formado por

um número maior de espécies do que se tem referência.

Foram observadas duas regiões organizadoras do nucléolo localizadas em um par

de cromossomos acrocêntricos, provavelmente o par 16, em posição terminal no braço

curto (Figura 6a). O sistema de NOR simples encontrado na espécie analisada é freqüente

no gênero Eigenmannia e foi registrado por FORESTI et al. (1981); FORESTI (1987);

ALMEIDA-TOLEDO et al. (2000a,b; 2001 e 2002) em várias populações.

A hibridação fluorescente in situ mostrou pequenas marcações em um par de

cromossomos acrocêntricos (par16), com localização na região terminal do braço curto,

coincidindo com a localização da NOR pela impregnação com nitrato de prata (Figura 6b).

A região organizadora do nucléolo se mostra discretamente heteromórfica, apresentando

diferença entre os homólogos devido ao tamanho desigual da constrição secundária. Em

estudos prévios, FORESTI et al. (1981) descreveram extensa variação no tamanho deste

segmento, tanto inter quanto intraespecífica em uma população de Eigenmannia sp. da Ilha

de Marajó no Estado do Pará.

Os dados citogenéticos obtidos com a espécie Eigenmannia aff. trilineata

demonstra a importância destas análises na identificação de novas espécies e confirma a

complexidade cariotípica e taxonômica deste gênero.

Page 39: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

23

Figura 3. (a) Cariótipo de Sternopygus macrurus; (b) Caracterização da NOR utilizando Giemsa, banda C e Ag-NOR.

Page 40: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

24

Figura 4. Cromossomos metafásicos de Sternopygus macrurus

(a) bandeamento C- as setas indicam os blocos mais conspícuos de heterocromatina constitutiva;

(b) Ag-NOR- as setas mostram a região organizadora do nucléolo; (c) hibridação fluorescente in situ- as setas apontam os sinais de hibridação; (d) mitramicina - as setas indicam regiões ricas em pares de bases GC.

Page 41: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

25

Figura 5. Cariótipo de Eigenmannia aff. trilineata (a) fêmea; (b) macho.

Page 42: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

26

Figura 6. Cromossomos metafásicos de Eigenmannia aff. trilineata (a) Ag-NOR - as setas mostram a região organizadora do nucléolo; (b) hibridação fluorescente in situ- as setas apontam os sinais de hibridação.

Page 43: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

27

5. CONCLUSÕES

A ocorrência de cariótipos similares em exemplares de S. macrurus provenientes

de bacias hidrográficas distantes parece mostrar certa estabilidade do padrão cariotípico,

indicando uma característica conservativa para esta espécie. Não foi observado nenhum

mecanismo de determinação sexual, ao nível das análises efetuadas.

A presença de um cariótipo característico para Eigenmannia aff. trilineata

confirma a variabilidade cromossômica observada em estudos prévios no gênero

Eigenmannia, uma vez que o número diplóide e fórmula cromossômica encontrados em

Eigenmannia aff. trilineata são distintos para este gênero, indicando fortemente a

existência de uma nova espécie na planície de inundação do alto rio Paraná.

Os dados citogenéticos mostram que a biodiversidade regional é maior que aquela

estimada pela sistemática convencional. Desse modo, a variedade de citótipos faz supor

que o gênero Eigenmannia seja um complexo formado por um número maior de espécies

do que se tem referência.

Page 44: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

28

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGOSTINHO, A.A.; JÚLIO JÚNIOR, H.F.; GOMES, L.C.; BINI, L.M.; AGOSTINHO, C.S. Composição, abundância e distribuição espaço-temporal da ictiofauna. In: VAZZOLER, A.E.M.A.; AGOSTINHO, A.A.; HAHN, N.S. (Eds). A planície de inundação do rio Paraná: aspectos físicos, biológicos e sócio-econômicos. Eduem, 1997. p. 79-208.

AGOSTINHO, A.A.; JÚLIO JÚNIOR, H.F. Peixes da Bacia do Alto Paraná. In: LOWE-McCONNELL, R.H. Estudos ecológicos de comunidades de peixes tropicais. Tradução: VAZOLLER, A.E.M.A.; AGOSTINHO, A.A.; CUNNINGHAM, P.T.M. São Paulo: EDUSP, 1999. p. 374-399.

ALBERT, J.S.; FERNANDES-MATIOLI, F.M.; ALMEIDA-TOLEDO, L.F. New Species of Gymnotus (Gymnotiformes, Teleostei) from Southeastern Brazil: Toward the deconstruction of Gymnotus carapo. Copeia, v. 2, p. 410-421, 1999.

ALMEIDA-TOLEDO, L.F. Contribuição à citogenética dos Gymnotoidae (Pisces, Ostariophysi). 1978. Ph.D. Thesis, Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1978.

ALMEIDA-TOLEDO, L.F.; FORESTI, F.; TOLEDO-FILHO, S.A. Constitutive heterochromatin and nucleolus organizer in the knifefish, Apteronotus albifrons (Pisces, Apteronotidae). Experientia, v. 37, p. 953-954, 1981.

ALMEIDA-TOLEDO, L.F.; FORESTI, F.; TOLEDO-FILHO, S.A. Spontaneous triploidy and NOR activity in Eigenmannia sp. (Pisces, Sternopygidae) from the Amazon basin. Genetica, v. 66, p. 85-88, 1985.

ALMEIDA-TOLEDO, L.F.; FORESTI, F.; TOLEDO-FILHO, S.A.; GRANT, G. Coloração por cromomicina A3 dos cromossomos de Eigenmannia virescens (Pisces, Sternopygidade). Brazilian Journal of Genetics, v. 12, p. 128, 1989.

ALMEIDA-TOLEDO, L.F.; FORESTI, F.; DANIEL-SILVA, M.F.Z.; TOLEDO-FILHO, S.A. Nucleolar chromosome variants in Sternopygus macrurus (Pisces, Sternopygidade) from three Brazilian river basins. Caryologia, v. 46 (1), p. 53-61, 1993.

ALMEIDA-TOLEDO, L.F.; STOCKER, A.J.; FORESTI, F.; TOLEDO-FILHO, S.A. Fluorescence in situ hybridization with rDNA probes on chromosomes of two nucleolus organizer phenotypes of a species of Eigenmannia (Pisces, Gymnotoidei, Sternopygidae). Chromosome Research, v. 4, p. 301-305, 1996.

Page 45: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

29

ALMEIDA-TOLEDO, L.F.; FORESTI, F.; DANIEL-SILVA, M.F.Z.; TOLEDO-FILHO, S.A. Sex chromosome evolution in fish: the formation of the neo-Y in Eigenmannia (Gymnotiformes). Chromosoma, v. 109, p. 197-200, 2000a.

ALMEIDA-TOLEDO, L.F.; DANIEL-SILVA, M.F.Z.; LOPES, C.E.; TOLEDO-FILHO, S.A. Sex chromosome evolution in fish: second occurrence of a X1X2Y sex chromosome system in Gymnotiformes. Chromosome Research, v. 8, p. 335-340, 2000b.

ALMEIDA-TOLEDO, L.F.; FORESTI, F.; PEQUIGNOT, E.V.; DANIEL-SILVA, M.F.Z. XX:XY sex chromosome system with X heterocromatinization: an early stage of sex chromosome differentiation in the Neotropic eletric eel Eigenmannia virescens. Cytogenetics and Cell Genetics, v. 95, p. 73-78, 2001.

ALMEIDA-TOLEDO, L.F.; DANIEL-SILVA, M.F.Z.; MOYSÉS, C.B.; FONTELES, S.B.A.; LOPES, C.E.; AKAMA, A.; FORESTI, F. Chromosome evolution in fish: sex chromosome variability in Eigenmannia virescens (Gymnotiformes: Sternopygidae) Cytogenetic and Genome Research, v. 99, p. 164-169, 2002.

ALMEIDA-TOLEDO, L.F.; MOYSÉS, C.B.; DANIEL-SILVA, M.F.Z.; LOPES, C.E. Diversidade de espécies e distribuição geográfica do gênero Eigenmannia (Pisces, Gymnotiformes): caracterização citogenética e molecular de três citótipos do rio São Francisco, MG. In: X SIMPÓSIO DE CITOGENÉTICA E GENÉTICA DE PEIXES, 2004, Natal. Anais... Natal: Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2004. p. 142.

AMEMIYA, C.T., GOLD, J.R. Chromomycin A3 stains nucleolus organizer regions of fish chromosomes. Copeia, v.1, p. 226-231, 1986.

ARTONI, R.F.; MOLINA, W.F.; BERTOLLO, L.A.C.; GALETTI JR, P.M. Heterochromatin analysis in the fish species Liposarcus anisitsi (Siluriformes) and Leporinus elongates (Characiformes). Genetics and Molecular Biology, v. 22, p. 39-44, 1999.

BAROLIN, C.; SÁNCHEZ, S.; JORGE, L.C. Estúdios citogenéticos preliminares em peces de la família Sternopygidae (Pisces, Gymnotiformes) de la región de Corrientes, Argentina. 2002. Disponível em http://www.vet.unne.edu.ar. Acesso em: 05 abr. 2005.

BERTOLLO, L.A.C.; TAKAHASHI, C.S.; MOREIRA FILHO, O. Cytotaxonomic consideration on Hoplias lacerdae (Pisces, Erythrinidae). Brazilian Journal of Genetics, v. 1(2), p. 103-120, 1978.

BERTOLLO, L.A.C.; BORN, G.G.; DERGAM, J.A.; FENOCCHIO, A.S.; MOREIRA-FILHO, O. A biodiversity approach in the neotropical Erythrinidae fish, Hoplias

Page 46: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

30

malabaricus. Karyotypic survey, geographic distribution of cytotypes and cytotaxonomic considerations. Chromosome Research, v. 8, p. 603-613, 2000.

CUADRADO, A.E.; JOUVE, N. Mapping and organization of highly-repeated DNA sequences by means of simultaneous and sequential FISH and C-banding in 6x-triticale. Chromosome Research, v. 2, p. 331-338, 1994.

FORESTI, F.; ALMEIDA-TOLEDO, L.F.; TOLEDO-FILHO, S.A. Polymorphic nature of nucleolus organizer regions in fishes. Cytogenetics and Cell Genetics, v. 31, p. 137-144, 1981.

FORESTI, F.; ALMEIDA-TOLEDO, L.F.; TOLEDO-FILHO, S.A. Chromosome studies in Gymnotus carapo and Gymnotus sp. (Pisces, Gymnotidae). Caryologia, v. 37, p. 141-146, 1984.

FORESTI, F. Estudos cromossômicos em Gymnotiformes (Pisces, Ostariophysi). 1987. 189 p. Tese de Livre Docência- UNESP, Botucatu, São Paulo, 1987.

GALETTI JÚNIOR, P.M. Chromosome diversity in neotropical fishes: NOR studies. Italian Journal of Zoology, v. 65 (Suppl.), p. 53-56, 1998.

GALETTI JÚNIOR., P.M.; RASCH, E.M. Chromosome studies in Poecilia latipunctata with NOR polymorphism as shown by silver nitrate and chromomycin A3 (Teleostei: Poeciliidae). Ichthyological Exploration Freshwaters, v. 4, p. 269-277, 1993.

GIULIANO-CAETANO, L. Polimorfismo cromossômico Robertsoniano em populações de Rineloricaria latirostris (Pisces, Loricariinae). 1998. 78p. Tese de Doutorado. Universidade Federal de São Carlos, 1998.

HESLOP-HARRISON, J.S.; SCHWARZACHER, T.; ANAMTHAWAT-JÓNSSON, K.; LEITCH, A.R.; SHI, M.; LEITCH, I.J. In situ hibridization with automated chromosome denaturation. Technique, v.3, p. 109-116, 1991.

HINEGARDNER, R.; ROSEN, D.E. Cellular DNA content and the evolution of teleostean fishes. American Naturalist, v. 106, p. 621-644, 1972.

HOPKINS, C.D. Eletric communication in fish. American Scientist, v. 62, p. 426-427, 1974.

Page 47: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

31

HOWELL, W.N.; DENTON, T.E.; DIAMOND, J.R. Differential staining of the satellite regions of human acrocentric chromosomes. Experientia, v. 31, p. 260-262, 1975.

HOWELL, W.N.; BLACK, D.A. Controlled silver-staining of nucleolus organizer regions with a protective colloidal developer: a 1-step method. Experientia, v. 36, p. 1014-1015, 1980.

LEVAN, A.; FREDGA, K.; SANDBERG, A.A. Nomenclature for centromeric position on chromosomes. Hereditas, v. 52, p. 201-220, 1964.

LOWE-McCONNEL, R.H. Fish communities in tropical freswaters. London, Longman, 1975. 337 p.

MAGO-LECCIA, F. Los peces de la família Sternopygidae de Venezuela. Acta Científica Venezolana, v. 29, p. 1-89, 1978.

MAGO-LECCIA, F. Electric fishes of the continental waters of America. Caracas, FUDECI (Fundación para el Desarrollo de las Ciencias Fisicas, Matematicas y Naturales), 1994. 206p.

MILLER, O.J.; MILLER, D.A.; DEV, V.G.; TANTRAVAHI, R.; CROCE, C.M. Expression of human and supression of mouse nucleolus organizer activity in mouse-humam somatic cell hybrids. Proceedings of the National Academy of Sciences (USA), v. 73, p. 4531-4535, 1976.

MOLINA, W.F. An alternative method for mitotic stimulation in fish cytogenetics. Chromosome Science, v. 5, p. 149-152, 2001.

MOREIRA-FILHO, O.; BERTOLLO, L.A.C. Astyanax scabripinnis (Pisces, Characidae): a species complex. Revista Brasileira de Genética, v. 14, p. 331-357, 1991.

OLIVEIRA, C.; ALMEIDA-TOLEDO, L.F.; FORESTI, F. Revisão dos estudos citogenéticos em peixes neotropicais de águas continentais. In: VIII SIMPÓSIO DE CITOGENÉTICA E GENÉTICA DE PEIXES, 2000, Manaus. Resumos... Manaus: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, 2000. p. 24.

PENDÁS, A.M.; MORÁN, P.; GARCIA-VÁSQUEZ, E. Multi-chromosomal location of ribossomal RNA genes and heterochromatin association in brown trout. Chromosome Research, v. 1, p. 63-67, 1993.

Page 48: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

32

SAMBROOK, J.; FRITSCH, E.F.; MANIATIS, T. Molecular cloning: A laboratory manual. New York, Cold Spring Harbor Laboratory Press, 1989. 545 p.

SCHMID, M. Chromosome banding in Amphibia. IV. Differentiation of GC- and AT- rich chromosome regions in Anura. Chromosoma, v. 77, p. 83-103, 1980.

SCHWEIZER, D. Simultaneous fluorescent staining of R bands and specific heterochromatic regions (DA/DAPI bands) in human chromosomes. Cytogenetics and Cell Genetics, v. 27, p. 190-193, 1980.

SOARES, A.A.F.; JÚLIO JÚNIOR, H.F. O gênero Eigenmannia (Pisces, Gymnotiformes) na planície de inundação do alto rio Paraná: estudos citogenéticos. In: XIII ENCONTRO ANUAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 2004, Londrina. Anais... Londrina: UEL, 2004. CD-ROOM.

SUMNER, A.T. A simple technique for demonstrating centromeric heterocromatin. Experimental Cell Research, v. 75, p. 304 -306, 1972.

VAHEY, M.T.; WONG, M.T.; MICHAEL, N.L. A standard PCR protocol: rapid isolation of DNA and PCR assay for globin. In: DIEFFEBACH, C.W.; DVEKSLER, G.S. (Eds). PCR Primers: A Laboratory manual. New York, Cold Spring Harbor Laboratory Press, 1995. p. 17-22.

VARI, R.P.; MALABARBA, L.R. Neotropical Ichthyology: An Overview. In: MALABARBA, L.R.; REIS, R.; VARI, R.P.; LUCENA, Z.M.S.; LUCENA, C.A.S. (Eds). Phylogeny and Classification of Neotropical Fishes. Porto Alegre, Edipucrs, 1998. p. 1-11.

WHITE, T.J.; BRUNS, T.; LEE, S.; TAYLOR, J.W. Amplification and direct sequencing of fungal ribosomal genes for phylogenetics. In: INNIS, M.A.; GELFAND, D.H.; SNINSKY, J.J.; WHITE, T.J. (Eds). PCR protocols: A Guide to Methods and Applications. New York, Academic Press, 1990. p. 315-322.

Page 49: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas

Page 50: Estudos citogenéticos em peixes da família Sternopygidae ...livros01.livrosgratis.com.br/cp041984.pdf · “Segue o teu destino, Rega as tuas plantas Ama as tuas rosas, O resto

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo