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GUSTAVO PINA GODOY EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DAS INTEGRINAS α2β1, α3β1 E α5β1 EM FOLÍCULOS PERICORONÁRIOS ESPESSADOS E CISTOS DENTÍGEROS INCIPIENTES Natal/RN 2005

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GUSTAVO PINA GODOY

EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DAS INTEGRINAS αααα2ββββ1,

αααα3ββββ1 E αααα5ββββ1 EM FOLÍCULOS PERICORONÁRIOS ESPESSADOS

E CISTOS DENTÍGEROS INCIPIENTES

Natal/RN 2005

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL

CURSO DE DOUTORADO EM PATOLOGIA ORAL

EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DAS INTEGRINAS αααα2ββββ1,

αααα3ββββ1 E αααα5ββββ1 EM FOLÍCULOS PERICORONÁRIOS ESPESSADOS E

CISTOS DENTÍGEROS INCIPIENTES

Doutorando: Gustavo Pina Godoy Orientadora: Profa. Dra. Lélia Maria Guedes Queiroz

Natal / RN

2005

Tese apresentada ao Colegiado do Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos para obtenção do grau de doutor em Patologia Oral.

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Catalogação da publicação. UFRN/Biblioteca Setorial de Odontologia

Godoy, Gustavo Pina. Expressão das integrinas α2β1, α3β1 e α5β1 em folículos pericoronários espessados e cistos dentígeros incipientes/Gustavo Pina Godoy.__Natal,[RN], 2005. 120f. : il.

Orientadora: Lélia Maria Guedes Queiroz.

Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral.

1. Cistos odontogênicos – Tese. 2. Folículo pericoronário – Tese. 3. Cisto dentígero – Tese. 4. Integrinas –Tese. 5. Imuno-histoquímica-Tese. I Queiroz, Lélia Maria Guedes. II. Título. RN/UF/BSO/2005 BLACK D793

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A DeusDeusDeusDeus, presença constante em minha vida, por me fazer forte e digno de merecer alcançar os

meus objetivos, por me dar serenidade e discernimento de que este é apenas o início de uma luta diária

pela qual sempre aspirei: a vida acadêmica.

Aos meus pais, MarcosMarcosMarcosMarcos e EneideEneideEneideEneide, responsáveis pela formação do ser humano em que me

tornei., agradeço pela dedicação, apoio, carinho e por sempre me incentivarem a buscar algo maior.

Através desta referência de amor incontestável, me mantive norteado sob todos os aspectos de minha

construção pessoal. A vocês dedico não só esta tese, mas também a minha vida. Amo vocês!

“Para ser grande, sê inteiro

Nada teu exagera ou exclui

Sê todo em cada coisa.

Põe quanto és no mínimo que fazes.

Assim em cada lago

A lua toda brilha

Porque alta vive.”

(Ricardo Reis)

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À minha irmã e grande amiga JulianaJulianaJulianaJuliana, agradeço cada instante de sua presença em minha vida. Seu

cuidado e amor incondicional me servem como referência e alento.Desde os primeiros passos dividimos

tudo juntos, e por isso comemoro mais esta vitória ao seu lado, como haverá de ser sempre assim!

Obrigado por tudo e meu amor eterno!

Aos meus familiares, em especial ao meu irmão MarcMarcMarcMarcosososos, minha sobrinha GabriellaGabriellaGabriellaGabriella, meus

cunhados AlexandreAlexandreAlexandreAlexandre e IzabellaIzabellaIzabellaIzabella e minha madrinha e segunda mãe MarlyMarlyMarlyMarly. Agradeço a torcida, o apoio

e por se tornarem co-partícipes na sensação plena de família que tenho.

À minha orientadora Dra. Lélia Maria Guedes QueiroLélia Maria Guedes QueiroLélia Maria Guedes QueiroLélia Maria Guedes Queirozzzz, agradeço pelos ensinamentos, pela

atenção especial com que sempre fui tratado, pela confiança irrestrita em mim depositada na

realização das atividades acadêmicas e pelos laços de amizade que foram solidificados durante o

Mestrado e o Doutorado. Serei sempre grato por sua boa vontade e disponibilidade constantes.

Aos professores deste Programa de Pós-graduação, em especial à Dra. Lélia Batista de Lélia Batista de Lélia Batista de Lélia Batista de

SouzaSouzaSouzaSouza, minha madrinha na profissão, agradeço pelo carinho, incentivo e por sempre me auxiliar em

todas as instâncias; à Dra. Roseana de Almeida FreitasRoseana de Almeida FreitasRoseana de Almeida FreitasRoseana de Almeida Freitas, pela convivência salutar, respeitosa e

descontraída e por seus valiosos ensinamentos; ao Dr. Leão Pereira PintoLeão Pereira PintoLeão Pereira PintoLeão Pereira Pinto, pela confiança em mim

depositada, pelo estímulo e pela grande disponibilidade em oferecer seus préstimos; ao Dr. Antonio de Antonio de Antonio de Antonio de

Lisboa Lopes CostaLisboa Lopes CostaLisboa Lopes CostaLisboa Lopes Costa, pelo exemplo de dignidade e idealismo; e à Dra. Hébel Cavalcanti GalvãoHébel Cavalcanti GalvãoHébel Cavalcanti GalvãoHébel Cavalcanti Galvão, por

sua doçura, respeito e atenção dispensadas. Não posso deixar de ressaltar a inesquecível Dra. Claudia Claudia Claudia Claudia

Roberta L.V. FigueiredoRoberta L.V. FigueiredoRoberta L.V. FigueiredoRoberta L.V. Figueiredo, minha orientadora do Mestrado, que certamente me serve como referência

profissional e contribuiu enormemente para minha evolução como patologista. Saudades de todos

desde já!

À professora e amiga Jurema Freire Lisboa de CastroJurema Freire Lisboa de CastroJurema Freire Lisboa de CastroJurema Freire Lisboa de Castro, a quem atribuo todo o direcionamento

da minha vida profissional. A você agradeço por despertar em mim o interesse pela Patologia Oral,

por me orientar na opção por Programa para realização da minha Pós-graduação, por sua amizade,

confiança e estímulo sempre constantes.

Ao professor e amigo Kenio Costa LimaKenio Costa LimaKenio Costa LimaKenio Costa Lima, pela dedicação sem medidas na análise estatística

deste estudo, pelos exemplos de dignidade e caráter, e por ter se tornado um amigo tão caro e sincero.

Aos meus grandes amigos Márcia Márcia Márcia Márcia e ManuelManuelManuelManuel. Estar ao lado de vocês dividindo os momentos

alegres, os sonhos, as angústias e as expectativas do dia-a-dia fez com que se solidificasse um

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sentimento puro e intenso de amizade verdadeira. Fica a certeza de que se só fosse por isso, minha

vinda a Natal já teria valido a pena.Difícil e inevitável é dizer adeus, assim como impossível será não

levá-los comigo nos meus melhores pensamentos.

Aos amigos de uma turma de Doutorado tão especial: MarcioMarcioMarcioMarcio, amigo fiel, honesto, sincero e

grande caráter, RivadávioRivadávioRivadávioRivadávio, amigo sempre disponível, irreverente e idealista, RosileneRosileneRosileneRosilene, amiga solícita,

sempre bem humorada e altruísta. O que fizemos por nós e pela Pós-graduação só resta ser lembrado

com bastante orgulho e uma saudade sem fim!

Aos demais colegas da Pós-graduação, TarsilaTarsilaTarsilaTarsila, LeonardoLeonardoLeonardoLeonardo, JamilleJamilleJamilleJamille, FrancielFrancielFrancielFranciellililili, Andréa, João, Andréa, João, Andréa, João, Andréa, João,

Karuza, Cassiano, Danielle, George, Igor, Simone, Flavio, Sormani, Fernanda, Carmem, Antonio Karuza, Cassiano, Danielle, George, Igor, Simone, Flavio, Sormani, Fernanda, Carmem, Antonio Karuza, Cassiano, Danielle, George, Igor, Simone, Flavio, Sormani, Fernanda, Carmem, Antonio Karuza, Cassiano, Danielle, George, Igor, Simone, Flavio, Sormani, Fernanda, Carmem, Antonio

Luiz, Emanuel, João Luiz, Roberta, Janaina, Marta Luiz, Emanuel, João Luiz, Roberta, Janaina, Marta Luiz, Emanuel, João Luiz, Roberta, Janaina, Marta Luiz, Emanuel, João Luiz, Roberta, Janaina, Marta e Claudine Claudine Claudine Claudine agradeço pelos incontáveis

momentos de descontração e pelas oportunidades de crescimento pessoal e profissional. Agradeço

especialmente às amigas e “irmãs” ErickaErickaErickaEricka e RuthinéiaRuthinéiaRuthinéiaRuthinéia, pela disponibilidade, companheirismo e

ternura. Sem vocês tudo poderia ter sido mais difícil.

Aos amigos que fiz em Natal e que estiveram sempre presentes, especialmente a SerginhoSerginhoSerginhoSerginho,

KarinaKarinaKarinaKarina, ÂngelaÂngelaÂngelaÂngela e DemersonDemersonDemersonDemerson, com os quais vivi momentos inesquecíveis. Agradeço sobremaneira a

KetsiaKetsiaKetsiaKetsia, minha grande referência, a quem atribuo minha lucidez e determinação perante as tribulações

e por me fazer sempre uma pessoa melhor no seu sentido mais pleno.

Pelo auxílio que tive de diversas pessoas e instituições para obtenção da amostra utilizada

nesta tese, agradeço aos Serviços de Patologia Oral da UFPEUFPEUFPEUFPE, USPUSPUSPUSP----São PauloSão PauloSão PauloSão Paulo, UNIFORUNIFORUNIFORUNIFOR, UFSUFSUFSUFS e

UFMAUFMAUFMAUFMA, como também aos cirurgiões dentistas DanielDanielDanielDaniella Medeiros Gomes, Jimmy Charles la Medeiros Gomes, Jimmy Charles la Medeiros Gomes, Jimmy Charles la Medeiros Gomes, Jimmy Charles e Sergio Sergio Sergio Sergio

Martorelli Martorelli Martorelli Martorelli que não mediram esforços em oferecer os seus préstimos.

Aos funcionários da Disciplina de Patologia Oral, Gracinha, Canindé, Sandrinha, HévioGracinha, Canindé, Sandrinha, HévioGracinha, Canindé, Sandrinha, HévioGracinha, Canindé, Sandrinha, Hévio e

Idelzuite,Idelzuite,Idelzuite,Idelzuite, pela disponibilidade, bom humor e convivência tão salutar. Sentirei muita falta do nosso

convívio.

Aos professores e funcionários da UEPB, UEPB, UEPB, UEPB, pela acolhida calorosa, pelo estímulo e pela

paciência nos momentos em que minha ausência foi inevitável.

À CAPESCAPESCAPESCAPES, pelo auxílio financeiro, permitindo desta forma a realização não só desta tese,

mas também das pesquisas por mim realizadas durante o Mestrado e o Doutorado.

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“Segue o teu destino

Rega as tuas plantas

Ama as tuas rosas

O resto é sombra

De árvores alheias.”

(Ricardo Reis)

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SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

RESUMO

1 - INTRODUÇÃO............................................................................................. 17

2 - REVISÃO DA LITERATURA.................................................................... 21

2.1- CISTO DENTÍGERO............................................................................. 21

2.1.1- CONSIDERAÇÕES GERAIS........................................................... 21

2.1.2- HISTOGÊNESE DO CISTO DENTÍGERO.................................. 22

2.1.3- ASPECTOS CLÍNICOS E RADIOGRÁFICOS DO CISTO

DENTÍGERO............................................................................... 23

2.1.4- CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS DO CISTO

DENTÍGERO......... ................................................................... 25

2.2- FOLÍCULO PERICORONÁRIO........................................................... 26

2.2.1- DIFERENCIAÇÃO ENTRE O CISTO DENTÍGERO

INCIPIENTE E O FOLÍCULO PERICORONÁRIO

ESPESSADO............................................................................................. 26

2.3- PROTEÍNAS DA MATRIZ EXTRACELULAR................................... 35

2.4- INTEGRINAS......................................................................................... 41

2.4.1- CONSIDERAÇÕES GERAIS........................................................ 41

2.4.2- INTERAÇÕES ENTRE AS INTEGRINAS E OS

COMPONENTES DA MATRIZ

EXTRACELULAR.................................................................................. 43

2.4.3- ESTUDOS AVANÇADOS COM AS INTEGRINAS α2β1, α3β1 E

α5β1............................................................................................... 44

2.4.4- ESTUDOS COM AS INTEGRINAS α2β1, α3β1 E α5β1 EM

NEOPLASIAS MALIGNAS.................................................................. 50

3 – PROPOSIÇÃO............................................................................................. 61

4 - MATERIAL E MÉTODOS......................................................................... 63

4.1- CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO.................................................... 64

4.2- POPULAÇÃO........................................................................................ 64

4.3- AMOSTRA............................................................................................. 64

4.4- ESTUDO MORFOLÓGICO.................................................................. 65

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4.5- ESTUDO IMUNO-HISTOQUÍMICO................................................... 65

4.6- ANÁLISE DO PERFIL IMUNO-HISTOQUÍMICO............................. 67

4.7- ANÁLISE ESTATÍSTICA..................................................................... 68

4.8- IMPLICAÇÕES ÉTICAS....................................................................... 69

5 - RESULTADOS............................................................................................. 70

6 - DISCUSSÃO................................................................................................. 83

7 - CONCLUSÕES............................................................................................ 99

SUMMARY

REFERÊNCIAS

ANEXOS

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Página

QUADROS

Quadro 1- Especificidade, clone, recuperação antigênica, diluição e tempo de incubação dos anticorpos utilizados

65656565

TABELAS

Tabela 1- Número de espécimes, média dos postos, intervalos de confiança (95%) e significância estatística para intensidade geral de expressão das integrinas α2β1, α3β1 e α5β1 em folículos pericoronários e cistos dentígeros incipientes. Natal / RN, 2005.

73737373

Tabela 2- Número de espécimes, média dos postos, intervalos de confiança (95%) e significância estatística para intensidade geral de expressão das integrinas α2β1, α3β1 e α5β1 em relação aos folículos pericoronários e aos cistos dentígeros incipientes. Natal / RN, 2005.

74747474

Tabela 3- Número de espécimes, média dos postos, intervalos de confiança (95%) e significância estatística para intensidade de expressão das integrinas α2β1, α3β1 e α5β1 na interface epitélio/tecido conjuntivo em folículos pericoronários e cistos dentígeros incipientes. Natal / RN, 2005.

75757575

Tabela 4- Número de espécimes, média dos postos, intervalos de confiança (95%) e significância estatística para intensidade de expressão das integrinas α2β1, α3β1 e α5β1 na interface epitélio/tecido conjuntivo em relação aos folículos pericoronários e aos cistos dentígeros incipientes. Natal / RN, 2005.

76767676

Tabela 5- Número de espécimes, média dos postos, intervalos de confiança (95%) e significância estatística para intensidade de expressão das integrinas α2β1, α3β1 e α5β1 nas ilhotas de epitélio odontogênico em folículos pericoronários e cistos dentígeros incipientes. Natal / RN, 2005.

76767676

Tabela 6- Número de espécimes, média dos postos, intervalos de confiança (95%) e significância estatística para intensidade de expressão das integrinas α2β1, α3β1 e α5β1 nas ilhotas de epitélio odontogênico em relação aos folículos pericoronários e aos cistos dentígeros incipientes. Natal / RN, 2005.

77777777

Tabela 7. Número de espécimes, média dos postos, intervalos de confiança (95%) e significância estatística para expressão das integrinas α2β1, α3β1 e α5β1 nos contatos intercelulares em folículos pericoronários. Natal / RN, 2005

78787878

Tabela 8. Número de espécimes, média dos postos, intervalos de confiança (95%) e significância estatística para expressão das integrinas α2β1, α3β1 e α5β1 nos contatos intercelulares em cistos dentígeros incipientes. Natal / RN, 2005.

78787878

Tabela 9. Padrão de distribuição da integrina α3β1 nos espécimes de folículos pericoronários e cistos dentígeros incipientes. Natal / RN, 2005.

FIGURAS

79797979

Figura 1- Fraca imunorreatividade para a integrina αααα2ββββ1 no epitélio reduzido do órgão do esmalte no folículo pericoronário espessado

80808080

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(Estreptoavidina- Biotina- 400x).

Figura 2- Expressão imuno-histoquímica discreta da integrina α2β1 nas ilhotas de epitélio odontogênico no folículo pericoronário espessado (Estreptoavidina- Biotina- 400x).

80808080

Figura 3- Forte marcação imuno-histoquímica da integrina α2β1 no limitante epitelial do cisto dentígero incipiente (Estreptoavidina- Biotina- 400x).

80808080

Figura 4- Expressão imuno-histoquímica intensa da integrina α2β1 nas ilhotas de epitélio odontogênico no folículo pericoronário espessado (Estreptoavidina- Biotina- 400x).

80808080

Figura 5- Discreta marcação imuno-histoquímica da integrina α3β1 no epitélio reduzido do órgão do esmalte no folículo pericoronário espessado (Estreptoavidina- Biotina- 400x).

81818181

Figura 6- Fraca imunorreatividade para a integrina α3β1 nas ilhotas de epitélio odontogênico no folículo pericoronário espessado (Estreptoavidina- Biotina- 400x).

81818181

Figura 7- Expressão imuno-histoquímica discreta da integrina α3β1 no limitante epitelial do cisto dentígero incipiente (Estreptoavidina- Biotina- 400x).

81818181

Figura 8- Discreta marcação imuno-histoquímica da integrina α3β1 nas ilhotas de epitélio odontogênico no cisto dentígero incipiente (Estreptoavidina- Biotina- 400x).

81818181

Figura 9- Intensa marcação imuno-histoquímica da integrina α5β1 no epitélio reduzido do órgão do esmalte no folículo pericoronário espessado (Estreptoavidina- Biotina- 400x).

82828282

Figura 10- Forte imunorreatividade para a integrina α5β1 nas ilhotas de epitélio odontogênico no folículo pericoronário espessado (Estreptoavidina- Biotina- 400x).

82828282

Figura 11- Expressão imuno-histoquímica intensa da integrina α5β1 no limitante epitelial do cisto dentígero incipiente (Estreptoavidina- Biotina- 400x).

82828282

Figura 12- Intensa marcação imuno-histoquímica da integrina α5β1 nas ilhotas de epitélio odontogênico no cisto dentígero incipiente (Estreptoavidina- Biotina- 400x).

82828282

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RESUMO

Uma das grandes controvérsias encontradas na literatura científica consiste no

estabelecimento de critérios para distinção entre um folículo pericoronário espessado e

um cisto dentígero incipiente. O objetivo do presente estudo consistiu em avaliar a

expressão imuno-histoquímica das integrinas α2β1, α3β1 e α5β1 nas referidas entidades,

onde foram selecionados 23 casos de folículos pericoronários espessados e 21casos de

cistos dentígeros incipientes. Analisou-se a presença ou ausência de expressão destas

integrinas nas ilhotas de epitélio odontogênico e nos epitélios constituintes de cada

entidade, enfatizando a localização, intensidade e padrão de distribuição para

comparação entre as mesmas. Todas as integrinas apresentaram marcação nos casos

analisados. Foi observada uma diferença estatisticamente significativa (p<0,0001) para

a integrina α2β1 entre as duas entidades, apresentando os cistos dentígeros incipientes

uma marcação mais intensa. Também se verificou diferença entre a camada basal e a

suprabasal no epitélio cístico (p<0,0034). A integrina α3β1 apresentou uma diferença

estatisticamente significativa (p<0,013) entre as duas entidades, com os cistos

dentígeros incipientes apresentando uma tendência de marcação intensa. Em relação a

integrina α5β1, não se observou diferença de expressão entre os dois grupos, ressaltando-

se entretanto a intensa marcação desta integrina na maioria dos casos aqui avaliados,

reforçando o entendimento da participação da mesma na diferenciação celular.

Concluiu-se portanto que a maior expressão da integrina α2β1 em cistos dentígeros

incipientes, bem como nas células da camada basal do epitélio deste cisto, pode estar

relacionada com a maior atividade proliferativa das referidas células, enquanto que a

tendência de expressão mais intensa da integrina α3β1 nos cistos dentígeros incipientes

se deva à participação desta integrina na organização da estratificação epitelial bem

como na expansão cística por possível ativação de metaloproteinases. Adicionalmente,

verificou-se que estes achados corroboram a possibilidade de distinção histopatológica

entre um folículo pericoronário espessado e um cisto dentígero incipiente, onde a

metaplasia escamosa do epitélio reduzido do órgão do esmalte para um epitélio

pavimentoso estratificado seria o primeiro sinal visível de transformação cística.

Palavras-chave: Cistos odontogênicos, folículo pericoronário, cisto dentígero,

integrinas, imuno-histoquímica.

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1. INTRODUÇÃO

O folículo pericoronário ou saco dentário corresponde a uma

condensação ectomesenquimal que envolve a coroa de um dente não-

erupcionado, sendo responsável pela orientação da erupção dentária.

O limitante epitelial constitui-se em epitélio reduzido do órgão do

esmalte, o qual é composto por camada única de células cúbicas.

O limitante epitelial deste tecido pode originar algumas patologias, dentre elas

os cistos e tumores de origem odontogênica, destacando-se especialmente o cisto

dentígero, o qual é conceituado, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS),

como um cisto folicular de desenvolvimento que envolve a coroa de um dente não-

erupcionado e a ele está aderido na altura da junção amelocementária (KRAMER,

PINDBORG, SHEAR, 1992).

Um dos pontos de grande discordância na literatura atual consiste no

estabelecimento de critérios que ofereçam subsídios para o diagnóstico conclusivo de

um cisto dentígero incipiente ou de um folículo pericoronário espessado.

Alguns estudos indicaram que o diagnóstico conclusivo de um cisto dentígero

só pode ser emitido através da informação cirúrgica de presença de cavidade patológica

entre a coroa dentária e a porção ectomesenquimal, ressaltando destarte que não é

possível a distinção entre o cisto dentígero incipiente e o folículo pericoronário

espessado através do exame histopatológico (DAMANTE, 1987; DALEY, WISOCKI,

1995).

Outras pesquisas têm enfatizado que a distinção entre eles pode ser feita através

de critérios identificados pelo patologista, baseando-se principalmente no tipo de

epitélio presente no espécime. Esses estudos ressaltaram que o epitélio do tipo reduzido

do órgão do esmalte, o qual caracteriza-se por ser cúbico simples e com áreas de

descontinuidade, seria indicativo de epitélio de um folículo pericoronário. Já para o

cisto dentígero, a metaplasia escamosa do epitélio anteriormente referido seria sua

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característica preponderante, onde se verificaria que o mesmo se dispõe pelo espécime

de maneira contínua e delgada em sua maior extensão (EISENBERG, 1995; GLOSSER,

CAMPBELL, 1999; ADELSPERGER et al 2000).

Diante da grande controvérsia existente em torno deste assunto, estudos mais

aprofundados são necessários para nortear os profissionais das áreas envolvidas,

direcionando-os para um diagnóstico conclusivo. As integrinas representam uma família

de heterodímeros com importante função em diversas atividades biológicas, em virtude

de sua participação efetiva nos eventos que medeiam as interações célula-célula e

célula-matriz extracelular, estando envolvidas na diferenciação das células através das

camadas epiteliais de acordo com Decline e Rousselle (2001) e Hart, Healy e Jones

(2003), o que justificaria desta forma sua utilização como um diferencial a mais para

distinção entre o cisto dentígero incipiente e o folículo pericoronário espessado.

Portanto, o objetivo desta pesquisa foi realizar um estudo imuno-histoquímico,

utilizando anticorpos específicos para as integrinas α2β1, α3β1 e α5β1, as quais

correspondem, respectivamente, aos ligantes de maior afinidade para o colágeno IV,

laminina e fibronectina, visando comparar a expressão das mesmas entre o cisto

dentígero incipiente e o folículo pericoronário espessado, com o intuito de fornecer

subsídios adicionais que contribuam para a diferenciação histopatológica entre estas

duas entidades.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. CISTO DENTÍGERO

2.1.1.CONSIDERAÇÕES GERAIS

O cisto dentígero é definido como um cisto que se origina pela separação do

folículo que envolve a coroa de um dente incluso, apresentando o termo “dentígero” o

significado de “contendo um dente” (MABRIE et al., 2000). É o cisto odontogênico de

desenvolvimento mais comum, sendo o segundo mais freqüente dentre todos os cistos

odontogênicos, perfazendo aproximadamente 24% do total de cistos verdadeiros dos

maxilares (KRAMER, PINDBORG, SHEAR, 1992; NEVILLE et al., 2004). Sua

freqüência na população em geral tem sido estimada em 1,44 casos para cada 100

dentes não-erupcionados (KO, DOVER, JORDAN, 1999).

O cisto dentígero envolve a coroa de um dente incluso e a ele está unido no

limite da junção esmalte-cemento. Ocorre com maior freqüência em terceiros molares

inferiores, seguido dos caninos superiores e terceiros molares superiores. Raramente

envolvem dentes decíduos sendo verificados principalmente em pacientes jovens, com a

idade entre 10 e 30 anos, do gênero masculino e da raça branca. Ocasionalmente podem

associar-se a dentes supranumerários, odontomas e tumores odontogênicos

adenomatóides. Alguns casos de cistos dentígeros bilaterais ou múltiplos podem fazer

parte do quadro de síndromes como a displasia cleidocraniana, a síndrome de Gorlin-

Goltz e a síndrome de Maroteaux-Lamy ou mucopolissacaridose tipo VI. Na ausência

destas síndromes, os cistos dentígeros bilaterais são raros (SOUSA, SOUZA, PINTO,

1994; BOYCZUK, BERGER, 1995; VALLEJO et al., 1998; SANDS, TOCCHIO,

1998; KO, DOVER, JORDAN, 1999; MABRIE et al., 2000).

Sousa, Souza, Pereira Pinto (1994) estudaram 102 casos de cistos dentígeros,

observando que a lesão ocorreu com uma freqüência maior nas três primeiras décadas

de vida, principalmente na segunda década. Houve ligeira predileção pelo gênero

masculino, sendo a raça branca a mais afetada. A localização anatômica mais comum

foi a região de terceiros molares inferiores e caninos superiores. Na maioria dos casos

não houve associação com outras lesões.

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Bento, Souza e Pereira Pinto (1996), em um estudo de 446 cistos odontogênicos,

verificaram que o cisto dentígero foi a segunda lesão mais prevalente, correspondendo a

21,5% dos casos observados. Houve uma maior predominância de lesões no gênero

masculino (60,4%) e nas três primeiras décadas de vida. As localizações mais

freqüentes foram a região anterior da maxila e a posterior da mandíbula.

Os cistos dentígeros são raros na primeira década de vida (DALEY, WISOCKI,

1997; MABRIE et al., 2000; NEVILLE et al., 2004) O’Neil, Mosby e Lowe (1989)

descreveram um caso de um paciente de 5 anos de idade, raça negra, com um cisto

dentígero bilateral nos primeiros molares inferiores permanentes sem associação com

síndrome alguma. Kusukawa et al. (1992) apresentaram um caso de um cisto dentígero

em um paciente do gênero masculino com 2 anos de idade. Takagi e Koyama (1998)

relataram a presença de um cisto dentígero associado a um segundo pré-molar superior

no seio maxilar em uma paciente de 6 anos de idade. Sands e Tocchio (1998)

descreveram um caso de uma paciente do gênero feminino com 3 anos de idade, que

apresentava múltiplos cistos dentígeros situados nos dentes 31, 41, 36 e 46 e não era

portadora de qualquer síndrome.

2.1.2. HISTOGÊNESE DO CISTO DENTÍGERO

A origem do cisto dentígero tem sido bastante discutida na literatura. Algumas

destas lesões se desenvolvem precocemente na odontogênese, pela degeneração do

retículo estrelado do órgão do esmalte, apresentando o dente envolvido, neste caso,

hipoplasia do esmalte. Porém, em muitas outras situações, as coroas dos dentes

envolvidos estão completamente formadas, sugerindo que o cisto origine-se pelo

acúmulo de líquido entre a coroa do elemento dentário e o epitélio reduzido do órgão do

esmalte, ou entre as camadas deste epitélio (BROWNE, 1991; KAYA, BOCUTOGLU,

1994; BENN, ALTINI, 1996; GALVÃO, SOUZA, 1999; MARTÍNEZ-PEREZ,

VARELA-MORALES, 2001; NEVILLE et al., 2004).

Main apud Benn e Altini (1996) sugere que tal acúmulo de líquido ocorre como

resultado da pressão exercida por um dente com potencial eruptivo em seu folículo

impactado provocando a obstrução do fluxo venoso, o que acarretaria na rápida

transudação de plasma através das paredes dos capilares.

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2.1.3. ASPECTOS CLÍNICOS E RADIOGRÁFICOS DO CISTO DENTÍGERO

Clinicamente os cistos dentígeros pequenos são assintomáticos, sendo

descobertos em radiografias de rotina. Alguns podem aumentar consideravelmente de

tamanho chegando a causar assimetria facial, fato este que é bastante incomum. A

tumefação e a dor estão associadas a infecções secundárias (KAYA, BOCUTOGLU,

1994; NEVILLE et al., 2004). Algumas lesões apresentam uma considerável expansão

podendo ser confundidas com outras entidades quanto ao aspecto clínico. Quando se

expande para o seio maxilar, esta lesão pode fazer diagnóstico diferencial com a

mucocele, bem como a displasia fibrosa e alguns tumores odontogênicos, incluindo o

ameloblastoma e o tumor de Pindborg ou tumor odontogênico epitelial calcificante

(MABRIE et al., 2000).

Kaya e Bocutoglu (1994) relataram um caso de um cisto dentígero envolvendo a

coroa de um canino superior que se estendia até o seio maxilar e o assoalho da órbita. O

diagnóstico e tratamento inicial foram de um abscesso. Shapira, Smidt e Casap (1996)

relataram um caso de cisto dentígero que envolvia o terceiro molar superior esquerdo,

em um paciente do gênero feminino e de 32 anos de idade. Foi observada, clinicamente,

uma área de drenagem na distal do segundo molar superior esquerdo e que apresentava

uma bolsa periodontal de 10 mm, tendo o diagnóstico clínico inicial de uma lesão

periodontal.

A punção biópsia do cisto dentígero revela a presença de um líquido cístico de

cor que varia do amarelo claro ao marrom escuro, sendo, por vezes, sanguinolento. Sua

composição bioquímica mostra níveis de imunoglobulinas semelhantes às do soro,

sendo que apenas o nível de IgA está ligeiramente elevado. O nível de proteínas

solúveis (acima de 5g/100ml) é semelhante ao dos demais cistos odontogênicos, apesar

de discretamente menor, sendo, portanto, mais próximo dos valores do soro

(DAMANTE, 1987).

Radiograficamente, o cisto dentígero apresenta-se como uma lesão

radiotransparente unilocular, circundando simetricamente a coroa de um dente incluso,

ligando-se a ela lateralmente ou envolvendo o dente através da junção amelocementária,

como se o mesmo estivesse irrompido para o seu interior. A área radiotransparente

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geralmente é bem definida, com margens escleróticas, exceto quando o cisto está

infectado. Em algumas situações, o deslocamento do dente envolvido para distâncias

consideráveis é observado (BENTO, SOUZA, PEREIRA PINTO, 1996; KO, DOVER,

JORDAN, 1999; MARTÍNEZ-PÉREZ, VARELA-MORALES, 2001; NEVILLE et al.,

2004).

Yoshiura et al. (1997) realizaram uma investigação das características

apresentadas por ceratocistos odontogênicos, cistos dentígeros e cistos radiculares na

tomografia computadorizada. Estes definiram o padrão dos cistos dentígeros como

predominantemente unilocular, com algumas lesões podendo exibir lobulações ou

aspecto multilocular.

Shibata et al. (2004) realizaram uma avaliação radiográfica no intuito de

verificar a relação entre os dentes decíduos e cistos dentígeros envolvendo os dentes

sucessores permanentes durante a dentição mista. Para isto, foi desenvolvido estudo

retrospectivo no qual foram selecionados 70 pacientes abaixo dos 16 anos de idade que

tiveram o diagnóstico histopatológico de cisto dentígero, sendo utilizadas radiografias

periapicais e panorâmicas para verificação de suas características radiográficas. A

maioria dos casos de cisto dentígero (54 casos, 77%) acometeram a região de pré-

molares, com 7 destes não apresentando o dente antecessor decíduo. Dos 47 casos

restantes, 44 tiveram associação com a inflamação proveniente do dente antecessor

decíduo em decorrência de extensas lesões de cárie.

O diagnóstico diferencial do cisto dentígero inclui outras lesões císticas, como o

ceratocisto odontogênico e o cisto paradentário, e tumores odontogênicos como o

ameloblastoma unicístico, o fibroma ameloblástico e o tumor odontogênico

adenomatóide (ACKERMANN, COHEN, ALTINI, 1987; KO, DOVER, JORDAN,

1999; MARTÍNEZ-PÉREZ, VARELA-MORALES, 2001).

2.1.4. CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS DO CISTO DENTÍGERO

Histologicamente, o cisto dentígero apresenta uma cápsula de tecido conjuntivo

fibroso arranjada frouxamente, contendo pequenas ilhas ou cordões de restos de epitélio

odontogênico, que podem sofrer calcificação. A presença de um infiltrado inflamatório

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do tipo mononuclear pode ser observada e, ocasionalmente, alguns polimorfonucleares

também podem estar presentes. Ainda, na cápsula, podem ser encontrados áreas de

hemorragia, depósitos de hemossiderina, edema, vasos congestos e imagens negativas

de cristais de colesterol. O limitante epitelial apresenta-se contínuo e delgado

constituindo-se de duas a quatro camadas de células epiteliais cúbicas, tendo a junção

epitélio/conjuntivo plana. Na grande maioria dos casos, a camada basal apresenta-se

indistinta das demais e sem núcleos polarizados. O conteúdo cístico é representado por

um exsudato seroso ou hemorrágico com presença eventual de células epiteliais e

inflamatórias (BROWNE, 1991; SOUSA, SOUZA, PINTO, 1994; BENN, ALTINI,

1996; JUÁREZ, LUCAS, LUCAS, 2000; NEVILLE et al., 2004).

No cisto dentígero secundariamente inflamado, a cápsula fibrosa apresenta-se

mais colagênica, e exibe infiltrado de células inflamatórias crônicas. O limitante

epitelial poderá mostrar variação de hiperplasia, com ocasional desenvolvimento de

projeções arciformes. Células mucosas também podem ser encontradas neste

revestimento epitelial (BENN, ALTINI, 1996; NEVILLE et al., 2004).

Dunsche et al. (2003) objetivaram verificar se o ameloblastoma unicístico pode

ser confundido histologicamente com o cisto dentígero quando apenas dois cortes da

peça forem examinados. Para isso foram avaliados 101 casos de lesões que

radiograficamente se assemelharam ao cisto dentígero, tendo como critério de inclusão

da amostra a lesão apresentar pelo menos 15 mm de diâmetro na radiografia

panorâmica. A avaliação microscópica não identificou epitélio ameloblastomatoso nos

101 casos observados, levando os autores a concluir que o ameloblastoma unicístico não

é confundido histologicamente com o cisto dentígero.

2.2. FOLÍCULO PERICORONÁRIO

Durante o processo de erupção, os dentes são envolvidos por um folículo ou

saco dentário que, concomitantemente ao desenvolvimento do órgão do esmalte e da

papila dentária, surge de uma condensação celular marginal do ectomesênquima que

cerca aquelas estruturas, tendo suas células um importante papel na formação do

cemento e do ligamento periodontal (KATCHBURIAN, ARANA, 1999). Durante o

processo de maturação dentária o limitante epitelial é composto por epitélio reduzido do

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órgão do esmalte composto por camada única de células cúbicas (MILLER, BEAN,

1994).

O folículo pericoronário parece regular muitos eventos celulares e moleculares

na erupção dentária, incluindo a diferenciação osteoclástica necessária para a reabsorção

do osso alveolar direcionando desta maneira um caminho para erupção dos dentes

(WISE, YAO, 2003). Destaca-se dentre outras citocinas o TNF-α (fator de necrose

tumoral) que promove o recrutamento de células mononucleadas para o folículo

pericoronário permitindo a referida diferenciação osteoclástica (YAO, WISE, 2003).

De acordo com Sands e Tocchio (1998), o espaço pericoronário,

radiograficamente, apresenta-se radiolúcido, representando o espaço ocupado pelo

tecido capsular do folículo. A espessura deste espaço varia entre os dentes, assim como

entre os indivíduos, sendo influenciada pela espessura do próprio folículo. De acordo

com estes autores, a presença de fluido acumulado entre o tecido mole capsular e a

coroa determinaria um aumento dessa espessura e assim representaria um cisto.

2.2.1 DIFERENCIAÇÃO ENTRE O CISTO DENTÍGERO INCIPIENTE E O

FOLÍCULO PERICORONÁRIO ESPESSADO

Para muitos autores a diferenciação de um cisto dentígero pequeno e um

folículo pericoronário espessado na coroa de um dente incluso é uma tarefa bastante

difícil (STANLEY, KROGH, PANNKUK, 1965; ELIASSON, HEIMDAHL,

NORDENRAM, 1989; EISENBERG, 1993; MILLER, BEAN, 1994; DALEY,

WISOCKI, 1995; KO, DOVER, JORDAN, 1999; GLOSSER, CAMPBELL, 1999;

ADELSPERGER et al. 2000; DAMANTE, FLEURY, 2001; NEVILLE et al., 2004).

Stanley, Krogh e Pannkuk (1965) em um estudo clássico observaram as

variações histológicas que podem ocorrer nos folículos pericoronários em diferentes

períodos cronológicos. Foram estudados 70 folículos, onde a idade dos pacientes variou

dos 13 aos 69 anos (média de 26,5 anos). Os espécimes foram divididos em 2 grupos:

um de pacientes com menos de 22 anos (I) e o outro com pacientes de 22 anos ou mais

(II). Observou-se que no grupo I houve uma predominância do epitélio reduzido do

órgão do esmalte, enquanto que no grupo II predominou o epitélio escamoso

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exclusivamente. Nenhum epitélio reduzido foi encontrado em pacientes acima dos 26

anos de idade e, quando este epitélio esteve presente, nenhuma concentração de células

inflamatórias foi encontrada subjacente ao mesmo.

Os autores supracitados relataram que, geralmente, quando o folículo é separado

do dente associado, o limitante epitelial do tipo reduzido do órgão do esmalte fica

aderido ao esmalte, não sendo visto nos cortes histológicos devido à presença de fibrilas

submicroscópicas (hemidesmossomos) que permitem uma adesão mais efetiva entre o

referido epitélio e a superfície do esmalte, enquanto que o epitélio escamoso não se

adere ao esmalte com a mesma intensidade, sendo visto portanto em uma concentração

mais significativa nos espécimes analisados. Outro achado importante foi a redução do

número de ilhotas de epitélio odontogênico com o passar da idade. Tais ilhotas, que nos

jovens eram circundadas por tecido mixomatoso, também sofreram metaplasia

escamosa com a idade, e o componente mixomatoso foi sendo substituído por colágeno.

As calcificações no epitélio de revestimento e nos restos epiteliais também se

intensificaram com o passar do tempo. Os autores ressaltaram ainda que o fato do

epitélio escamoso predominar em pacientes acima dos 26 anos dificultaria bastante a

distinção dos folículos pericoronários em relação aos cistos dentígeros incipientes.

Moreira-Diaz apud Damante (1987) estudou, macroscopicamente, 200 supostos

folículos pericoronários de terceiros molares retidos, que não apresentavam imagens

radiográficas císticas, com objetivo de estimar a porcentagem de casos cuja

histopatologia era compatível com cisto dentígero. As imagens radiográficas tinham

uma espessura média de 1 mm ou menos. O fragmento selecionado foi a região cervical

do folículo pericoronário, sendo considerado como cisto dentígero os casos cuja

histopatologia mostravam, na face interna, uma cavidade virtual com a superfície do

esmalte e que se encontrava revestida por duas ou mais camadas de células epiteliais.

Concluiu-se que 11,5% dos espécimes estudados corresponderam histologicamente a

um cisto dentígero, sendo ressaltado que a aparente normalidade radiográfica do

folículo pericoronário não era conclusiva, razão pela qual deveria realizar biópsia

sistemática dessa estrutura para se chegar a um diagnóstico definitivo.

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Stephens, Kogon e Reid (1989) realizaram uma análise crítica da literatura usada

como base para justificar a prática de cirurgias profiláticas de terceiros molares

impactados assintomáticos, uma vez que é bastante citada a associação desses dentes

impactados com alguma patologia ou com reabsorção radicular do dente adjacente. Os

autores afirmaram que a extração só deve ser indicada quando houver uma patologia

evidente como infecção, cistos, tumores ou reabsorções radiculares. De acordo com os

mesmos, lesões como cisto dentígero não são tão freqüentes, bem como a transformação

neoplásica do limitante destes cistos, tornando a indicação da remoção preventiva dos

dentes impactados não-justificável.

Eliasson, Heimdahl e Nordenram (1989) investigaram radiograficamente

alterações patológicas relacionadas a terceiros molares impactados em 644 pacientes. A

amostra consistiu de 1211 dentes impactados, dos quais 477 eram dentes superiores e

734 eram dentes inferiores. Um espaço pericoronário patologicamente espessado

indicativo de um cisto dentígero, com medida superior a 2,5 mm, foi observado em 5

dos dentes superiores e em 43 dos dentes inferiores, sugerindo uma pequena incidência

desta lesão em dentes impactados. Estes autores recomendaram, por conseguinte, um

acompanhamento clínico e radiográfico dos casos não indicativos de alterações

patológicas.

Knights, Brokaw e Kessler (1991) avaliaram 170 espécimes obtidos de terceiros

molares inclusos com o objetivo de observar a incidência do cisto dentígero nesta

amostra. A idade dos pacientes variou dos 17 aos 39 anos (média de 21,6 anos), sendo a

população composta por 126 homens e 44 mulheres. Os espécimes foram categorizados

em 3 grupos: (1) cisto dentígero, (2) folículo dental hiperplásico com remanescentes de

epitélio reduzido do órgão do esmalte (FDHR) e (3) folículo dental hiperplásico (FDH).

O critério microscópico para os cistos dentígeros foi a presença de um limitante epitelial

do tipo escamoso estratificado com mais de 3 camadas de células. Dos 170 espécimes,

76 (44,7%) foram diagnosticados como cisto dentígero.

Kim e Ellis (1993) investigaram a incidência e as possíveis razões para o

diagnóstico incorreto de um folículo pericoronário. O diagnóstico de folículo

pericoronário foi realizado em 847 espécimes de 663 pacientes, sendo que 84% destes

estiveram na segunda e terceira décadas, com uma proporção de 1,4:1 dos gêneros

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masculino/feminino. O estudo revelou que 20% dos casos foram incorretamente

diagnosticados, sendo especialmente o cisto dentígero, bem como o mixoma

odontogênico e o fibroma odontogênico as lesões mais comumente referidas. Segundo

os autores, o folículo pericoronário apresenta quantidade variável do limitante epitelial,

com este epitélio podendo ser um epitélio reduzido do órgão do esmalte ou um epitélio

escamoso estratificado, sendo a metaplasia escamosa justificada pela presença de uma

inflamação crônica, por uma alteração inerente ao envelhecimento ou por uma possível

formação de um cisto dentígero.

De acordo com Eisenberg (1993), o cisto dentígero origina-se a partir do

limitante epitelial dos folículos pericoronários e que a alteração metaplásica do limitante

epitelial de um epitélio reduzido do órgão do esmalte para um epitélio escamoso seria a

marca inicial da degeneração de um folículo pericoronário para um cisto dentígero.

Miller e Bean (1994) preconizaram que o espaço folicular normal mede

aproximadamente 2,5 a 3 mm entre a coroa dentária e a parede folicular, e,

conseqüentemente, áreas radiolúcidas que excedam esta medida poderiam ser

consideradas como um cisto dentígero.

Daley e Wysocki (1995) relataram que a distinção entre folículo pericoronário e

cisto dentígero é feita com base na informação cirúrgica, já que radiograficamente e

histologicamente são bastante semelhantes. Um cisto verdadeiro permite ao cirurgião

uma separação fácil deste em relação à superfície do esmalte do dente impactado. Esses

autores puderam verificar através da análise de 1662 casos de cisto dentígero e 824 de

folículos pericoronários que a epidemiologia destas condições são distintas. A

incidência dos folículos foi maior na segunda década de vida e o gênero feminino foi

mais acometido. Aproximadamente 49,3% desses envolveram os terceiros molares

inferiores, sendo 24,3% associados a terceiros molares superiores e 13% a caninos

superiores. Já os cistos dentígeros foram mais comuns na terceira década de vida e no

gênero masculino. Em 77% dos casos houve associação aos terceiros molares inferiores,

enquanto 6,6% envolviam os caninos superiores e 6,5% os terceiros molares superiores.

Ainda segundo estes autores a progressão natural do epitélio reduzido do órgão do

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esmalte para um epitélio escamoso em dentes impactados nos pacientes com maior faixa

etária não ocasionaria um acréscimo na incidência de cistos dentígeros.

Adicionalmente, segundo os autores anteriormente referidos, para o diagnóstico

do cisto dentígero recomenda-se que três critérios sejam observados: sendo eles: (1)

radiolucidez pericoronária maior do que 4 mm em seu maior diâmetro; (2)

histologicamente ser observado tecido conjuntivo fibroso exibindo limitante epitelial do

tipo escamoso estratificado não-ceratinizado e; (3) espaço cístico observado

cirurgicamente entre o esmalte e o limitante epitelial.

Moresco e Barbachan (1997) analisaram microscopicamente folículos

pericoronários de terceiros molares inferiores, caninos superiores e terceiros molares

superiores inclusos nos diferentes tempos de retenção, sendo examinados 280 espécimes

e observadas alterações presentes no tecido conjuntivo e no epitélio odontogênico. O

aspecto microscópico dos folículos pericoronários caracterizava-se por ser constituído

por tecido conjuntivo fibroso bem organizado, variando desde áreas com aspecto

mixóide até mesmo áreas hialinizadas. Verificou-se a presença de infiltrado

inflamatório predominantemente mononuclear, sem que houvesse perda das

características de normalidade. Os remanescentes de epitélio odontogênico

apresentaram-se dispostos sob a forma de ilhotas epiteliais ou sob forma de

revestimento epitelial (epitélio reduzido do órgão do esmalte). Concluiu-se, dessa

forma, que houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos dentários

estudados, com relação às alterações microscópicas observadas, ressaltando-se, dentre

elas, a redução do número de ilhotas de epitélio odontogênico com o aumento do tempo

de retenção nos folículos pericoronários

Manganaro (1998) avaliou a probabilidade de patologias acometerem terceiros

molares inclusos, utilizando a amostra de 101 dentes em 42 pacientes, na maioria dos

casos extraídos por razões ortodônticas. O diagnóstico de cisto dentígero foi instituído

em 46 casos (45,5%), onde a espessura da radiolucidez variou de 0,1 a 3 mm, com

média de 1 mm, tendo o autor utilizado como critério diagnóstico microscópico a

presença de um limitante epitelial com, no mínimo, três camadas de espessura. O autor

ainda referiu que a alta porcentagem de cistos dentígeros chama atenção para a remoção

dos dentes impactados devido à probabilidade de transformação cística ou neoplásica

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dos folículos pericoronários (até antes dos 30 anos de idade) ou anaplásica (displasia ou

carcinoma) em uma faixa etária mais avançada.

Andrade (1999) analisou 102 folículos pericoronários através da microscopia

óptica com intuito de verificar alterações histológicas indicativas ou precursoras de

patologias. Foram estudados folículos de dentes inclusos com cirurgia indicada, sendo

excluídos da amostra aqueles cujo espaço pericoronário visualizado na radiografia

panorâmica medisse mais que 4 mm de largura. Os folículos foram divididos em 2

grupos: (I) formado por folículos de terceiros molares e (II) por folículos de outros

dentes, inclusive os supranumerários, sendo avaliada a relação das alterações

histológicas com os fatores sexo, faixa etária e sintomatologia dolorosa.

O autor supracitado observou que a ocorrência de alterações histológicas como

hiperplasia do epitélio de revestimento, proliferação dos restos epiteliais, formação

cística, transformação ameloblastomatosa e inflamação na cápsula conjuntiva, esteve

mais evidente no grupo II do que no I. O gênero feminino apresentou uma diferença

significativa entre os grupos, enquanto no grupo II predominaram os casos com

alteração histológica, no grupo I predominaram os espécimes com aspecto histológico

normal. A relação entre a distribuição das alterações histológicas e os fatores faixa

etária e sintomatologia não obteve significância estatística.

Para Ko, Dover e Jordan (1999) o espaço folicular radiograficamente normal é

de 3 a 4 mm de diâmetro, podendo ser aventada a presença de um cisto dentígero

quando o espaço é maior do que 5mm.

Glosser e Campbell (1999) investigaram a incidência de anormalidades

histológicas em tecido mole adjacente a terceiros molares impactados que não estiveram

associados com lesões líticas pericoronárias, correspondendo teoricamente a um folículo

pericoronário. Para este estudo, foram excluídos pacientes com espaço folicular maior

que 2,4 mm. Histologicamente foram considerados como cisto dentígero os espécimes

de tecido mole com epitélio escamoso ao longo da sua superfície. Foram colhidos 96

espécimes de pacientes com média de idade de 22 anos, dentre os quais 31 foram

diagnosticados como cisto dentígero. Enquanto 25% dos espécimes da maxila

corresponderam a cistos dentígeros, aproximadamente 37% dos da mandíbula tiveram

este mesmo diagnóstico. Os autores concluíram que a incidência de cistos dentígeros

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associados a terceiros molares impactados parece ser muito maior que a relatada em

outros estudos radiográficos, ressaltando-se ainda que nenhuma outra entidade

patológica foi diagnosticada.

Adelsperger et al. (2000) objetivaram avaliar histologicamente patologias de

tecido mole pericoronário em terceiros molares impactados, com espaço folicular menor

que 2 mm radiograficamente. Foram selecionados 100 espécimes e o diagnóstico de

cisto dentígero foi dado quando se evidenciou metaplasia escamosa no limitante

epitelial. A idade dos pacientes variou de 15 a 34 anos, com média de 18,9 anos, e a

relação do gênero masculino/feminino foi de 1,5:1. Um aumento significativo da

presença de metaplasia escamosa esteve relacionado com um aumento na idade dos

pacientes. Os resultados mostraram que, em 34% dos pacientes, a presença de

metaplasia escamosa era consistente com um cisto dentígero.

Ainda no estudo citado anteriormente, da amostra total, foram selecionados 10

casos de folículo pericoronário e 8 de cisto dentígero, com o objetivo de observar a

atividade proliferativa celular no limitante epitelial através da marcação para o PCNA.

Nenhum dos folículos marcou positivamente para o PCNA, enquanto 5 cistos

dentígeros apresentaram marcação positiva. Logo, concluiu-se que a metaplasia

escamosa é uma alteração patológica passível de ocorrer no desenvolvimento do cisto

dentígero devido a um aumento da atividade celular nestas lesões, evidenciada pela

marcação para o PCNA. Portanto, foi sugerido pelos referidos autores que a ausência de

manifestações radiográficas não necessariamente reflete a ausência de uma lesão. Para

eles, as alterações epiteliais são, possivelmente, alterações iniciais que parecem

preceder alterações ósseas que, radiograficamente, caracterizam o cisto dentígero.

Damante e Fleury (2001) realizaram uma inter-relação clínica, radiográfica e

microscópica do espaço pericoronário de 165 dentes, dentre os quais 130 correspondiam

a dentes não-irrompidos e 35 eram dentes parcialmente irrompidos. Os espaços

pericoronários variaram de 0,4 a 5,6 mm de largura, exibindo a maioria dos casos entre

1 e 3 mm. Segundo esses autores, o alargamento do espaço pericoronário é

acompanhado microscopicamente pela presença de epitélio pavimentoso estratificado,

com variados graus de hiperplasia e inflamação no conjuntivo subjacente, sendo a

inflamação um fator determinante neste alargamento. O autor concluiu que não há

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parâmetros radiográficos nem microscópicos que permitam diferenciar folículos

pericoronários de cistos dentígeros incipientes, reforçando que o diagnóstico só seria

possível de realizar quando clinicamente fossem detectados cavitação e conteúdo cístico

pelo cirurgião.

Raimundo (2001) investigou em seu estudo o comportamento clínico,

radiográfico e histológico de 104 folículos pericoronários de terceiros molares inferiores

semi-inclusos. A faixa etária dos pacientes variou entre 18 e 26 anos. A largura da

radiolucidez pericoronária alternou de 0,8 a 11 mm de diâmetro, sendo a sintomatologia

dolorosa freqüente em 77% dos casos, existindo uma relação dessa sintomatologia com

eventos inflamatórios.

Costa-Filho (2001) avaliou radiográfica e histologicamente o folículo

pericoronário de terceiros molares inclusos humanos, em diferentes fases de rizogênese.

Foram selecionados 25 pacientes na faixa etária de 13 a 22 anos, totalizando 46 dentes.

A medida da radiolucidez pericoronária foi realizada em radiografia panorâmica,

elegendo-se a área de maior largura, obtendo-se uma variação de 1 a 6 mm, com uma

concentração de 70% dos casos entre 2 e 3 mm.

Ainda no estudo acima referido, na avaliação histológica do epitélio de

revestimento, predominou o tipo reduzido do órgão do esmalte, na forma inativa, como

também nos remanescentes epiteliais. Foi observada a presença de tecido conjuntivo

fibroso com predominância para denso. A ausência de inflamação foi observada na

maioria dos folículos e a calcificação foi um achado comum. O autor concluiu que a

radiografia constitui um complemento ao diagnóstico clínico e histológico, não

permitindo diagnóstico conclusivo da normalidade dos folículos, sendo impossível

relacionar os estágios de rizogênese com os achados radiográficos e histológicos dos

folículos pericoronários.

Farah e Savage (2002) relataram que quando o espaço pericoronário apresentar-

se maior do que 2,5 mm na radiografia periapical ou maior do que 3 mm na radiografia

panorâmica deve-se suspeitar de uma possível patologia na região, destacando-se o cisto

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dentígero como a lesão mais comum. Segundo estes pesquisadores, quando essas

medidas forem excedidas justifica-se a intervenção cirúrgica na região.

Curran e Damm (2002) realizaram um estudo identificando as características

histopatológicas de uma extensa série de tecidos pericoronários em adultos, utilizando-

se uma amostra de 2646 casos. Destes, observou-se que 67,1% correspondiam a

folículos pericoronários , enquanto que 32,9% apresentaram alguma patologia, onde o

cisto dentígero correspondeu à lesão mais freqüente, seguido do ceratocisto

odontogênico, odontoma, ameloblastoma, carcinoma, dentre outros. Os autores

concluíram que os folículos pericoronários apresentam um grande potencial de

transformação patológica, justificando portanto a remoção destes dentes inclusos

quando houver algum sinal radiográfico significativo.

Godoy et al (2003) reavaliaram microscopicamente 113 casos diagnosticados

como cisto dentígero no intuito de separar aqueles que deveriam ser classificados como

folículo pericoronário, sugerindo desta forma uma alteração no diagnóstico destes casos.

Para a reclassificação em folículo pericoronário, os critérios utilizados pelos autores

foram a presença de um limitante epitelial delgado e descontínuo, do tipo reduzido do

órgão do esmalte, bem como um tecido conjuntivo frouxo, discretamente vascularizado

e com escassas células inflamatórias mononucleadas. Da amostra total, 13 casos

(11,5%) foram reclassificados como folículos pericoronários.

2.3. PROTEÍNAS DA MATRIZ EXTRACELULAR

Uma das características dos cistos odontogênicos, dentre eles o cisto dentígero, é

a contínua proliferação epitelial, que leva, em conseqüência, a um crescimento

ininterrupto da lesão. Esta capacidade de proliferação varia entre os diferentes tipos de

cistos odontogênicos, estando ainda não totalmente esclarecido o que leva esses

epitélios a proliferarem. Recentes estudos tentam correlacionar a modificação dos

componentes da matriz extracelular com a quebra da manutenção e integridade dos

tecidos (TOSIOS, KAPRANOS, PAPANICOLAOU, 1998; WILSON, 1999).

A matriz extracelular é uma rede complexa e organizada de macromoléculas que

se encontra subjacente às células epiteliais ou envolvendo as células mesenquimais,

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sendo composta de glicosaminoglicanas, proteoglicanas, proteínas fibrosas (colágeno e

elastina) e glicoproteínas (laminina, nidogênio, fibronectina, tenascina, ondulina e

trombospondina). Ela atua como um filtro molecular e desempenha papel muito ativo e

complexo na regulação do comportamento das células com as quais faz contato,

influenciando seu desenvolvimento, migração, proliferação, forma e função. Pressupõe-

se que a matriz exerça influências químicas e mecânicas na forma e fisiologia celular.

As interações entre as células normais e a matriz extracelular podem ser alteradas em

neoplasias e, dessa forma, pode influir na proliferação e invasão tumoral (WERNET,

1997; LIOTTA apud OLIVEIRA, 2000).

A membrana basal, também chamada de lâmina basal, é uma estrutura elástica

composta por diversas moléculas, dentre elas o colágeno IV e VI, o heparan sulfato e o

sulfato de condroitina, além de glicoproteínas como a laminina, a tenascina e a

fibronectina. Esta membrana é constituída por três camadas, sendo elas: a lâmina lúcida,

a lâmina densa e a lâmina reticular ou região de ancoragem (GONZÁLEZ et al., 1994;

WILSON et al., 1999). O maior componente estrutural é o colágeno IV, o qual é

unicamente encontrado nesta membrana e consiste numa proteína de alto peso

molecular, formada por duas cadeias polipeptídicas (α1 e α2), unidas em uma única

molécula tri-helicoidal que se dispõe em rede, constituindo o principal componente da

lâmina densa, uma vez que os outros componentes da matriz são organizados através de

sua estrutura. De acordo com Dumont e Bitonti (1994) a adesão a esta proteína pode ser

crítica na migração de células tumorais através da camada endotelial e da membrana

basal/matriz extracelular. O colágeno I também existe na matriz subendotelial.

A lâmina lúcida mede entre 10 e 50 nm, e se encontra adjacente à membrana

plasmática basal das células que repousam na membrana basal, enquanto que a lâmina

densa mede de 30 a 300 nm, estando situada logo abaixo da lâmina lúcida. Já a lâmina

reticular, que contém as fibrilas de ancoragem, situa-se abaixo da lâmina densa

mantendo contato com o tecido conjuntivo subjacente (THORGEIRSSON,

TURPEENNIEMI-HUJANEN, LIOTTA, 1985; GONZÁLEZ et al., 1994).

A membrana basal apresenta papel funcional e estrutural nos estágios iniciais de

desenvolvimento do organismo. Já foi comprovado em embriões que as células

epiteliais sintetizam sua própria membrana basal, que, por sua vez, atua como

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arcabouço para as células durante a morfogênese, sendo assim requerida para a

diferenciação terminal. Nos tecidos adultos, as maiores funções da membrana basal são:

exercer suporte estrutural, promover a ligação entre as camadas celulares e o tecido

conjuntivo intersticial subjacente, servir como barreira para a passagem de moléculas e

controlar a proliferação celular (THORGEIRSSON, TURPEENNIEMI-HUJANEN,

LIOTTA, 1985).

A laminina é a glicoproteína mais abundante da membrana basal, com alto peso

molecular que varia de 200 a 400kD. É encontrada em todas as membranas basais

teciduais, sendo sintetizada por células epiteliais. Sua molécula é constituída por uma

cadeia pesada (α), e duas cadeias leves (β e γ), conectadas por pontes dissulfídicas que

assumem uma configuração assimétrica em forma de cruz. Tal proteína localiza-se na

lâmina lúcida e é considerada um potente imunógeno, com capacidade de unir-se a

sítios bacterianos específicos. Sua função é desconhecida, sendo sugerida uma possível

atuação na adesão das células epiteliais basais à lâmina densa e ao colágeno IV, ao

sulfato de heparana, à entactina e outros receptores protéicos. A laminina regula uma

variedade de fenômenos biológicos incluindo fixação, crescimento, morfologia e

migração celular (GONZÁLEZ et al., 1994; KOSMEHL, BERNDT, KATENKAMP,

1996; COLETTA et al., 1997).

A fibronectina é uma das proteínas da matriz extracelular mais abundante, tendo

em sua estrutura duas cadeias polipeptídicas conectadas entre si por pontes dissulfídicas

em forma de “V”. Apresenta sítios de ligação para o colágeno, heparina e receptores de

superfície celular, sendo considerada, portanto, uma proteína adesiva. Muitas de suas

funções são divididas com a laminina, formando parte de um sistema filamentoso de

ancoragem da lâmina lúcida. Esta proteína tem atuação conhecida no processo de

reparação tecidual através da reepitelização, estando, por conseguinte, relacionada com

a adaptação espacial das células (GONZÁLEZ et al., 1994).

Segundo Kosmehl, Berndt e Katenkamp (1996), a fibronectina pode apresentar-

se em duas formas diferentes, sendo uma forma plasmática e solúvel encontrada no

sangue e outros líquidos corporais, e uma outra forma celular e insolúvel que faz parte

da matriz extracelular.

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Armstrong e Armstrong (2000) relataram que a fibronectina em alguns tipos de

matriz extracelular promove invasão tecidual, enquanto que em outros a presença da

fibronectina inibe esta invasão. A diferença está relacionada ao fato de o tecido invasor

estar migrando por uma matriz extracelular acelular ou se a invasão se dá em um tecido

ricamente celularizado. Na primeira hipótese, a fibronectina promove a invasão tecidual

enquanto que na segunda hipótese a mesma estabiliza a interface em contato com os

tecidos e inibe a invasão.

Heikinheimo et al. (1991) avaliaram a distribuição de algumas proteínas de

matriz extracelular em dois tipos de tumores odontogênicos, sendo eles o

ameloblastoma e o fibroma ameloblástico, e em germes dentários. Para isto foram

utilizados anticorpos monoclonais para a fibronectina, tenascina e laminina. Verificou-

se que a fibronectina com um domínio oncofetal, já identificada em carcinomas, foi

detectada focalmente nos ameloblastomas e estando ausente nos fibromas

ameloblásticos e nos germes dentários. A tenascina apresentou forte marcação na

membrana basal de todos os tumores odontogênicos, bem como nos germes dentários.

Ainda no estudo citado anteriormente, a laminina marcou fortemente em todos

os espécimes, exceto em alguns focos nos ameloblastomas, onde a marcação esteve

ausente. Estes resultados levaram os autores a sugerir que a expressão peculiar das

proteínas de matriz extracelular no ameloblastoma pode estar relacionada com o seu

comportamento agressivo e, em adição, que a tenascina e a fibronectina estão

envolvidas em interações epitélio/mesenquimais durante o desenvolvimento dos dentes

e dos tumores odontogênicos.

Becker, Schuppan e Müller (1993) verificaram a expressão imuno-histoquímica

de algumas proteínas da matriz extracelular, dentre elas o colágeno IV e a tenascina, em

lesões diagnosticadas como hiperplasias fibrosas e constataram que a distribuição destas

é semelhante àquela observada na mucosa oral normal.

Coletta et al. (1997) ao avaliarem a expressão e distribuição da laminina em

germes dentais de primeiros molares de ratos jovens, verificaram que tal proteína estava

expressa nas membranas basais dos epitélios interno e externo do órgão do esmalte, nos

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pequenos vasos sangüíneos e nas fibrilas nervosas localizadas na papila e no folículo

pericoronário. Nas regiões onde ocorreu diferenciação de células mesenquimais em

odontoblastos e de células do epitélio interno em ameloblastos, a expressão da laminina

não foi observada. Os autores sugeriram que a expressão desta proteína na membrana

basal está relacionada com a diferenciação celular e secreção da matriz orgânica.

Oliveira et al (2002) verificaram o padrão de distribuição da laminina e colágeno

IV na membrana basal de 10 cistos radiculares, 10 cistos dentígeros e 10 ceratocistos

odontogênicos. Os resultados desta pesquisa revelaram que a laminina e o colágeno IV

apresentaram um padrão de marcação mais contínuo e intenso nos cistos radiculares,

enquanto que nos ceratocistos odontogênicos foi descontínuo e fraco. Os cistos

dentígeros apresentaram um padrão intermediário entre os citados anteriormente. Os

autores sugeriram que, em virtude da fraca expressão das proteínas de membrana basal

identificada nos ceratocistos odontogênicos, possíveis modificações nas relações

interativas entre o epitélio e o tecido conjuntivo adjacente devem acontecer, o que

poderia contribuir, de certa forma, para um comportamento biológico mais agressivo

exibido por este cisto.

Raitz, Martins e Araújo (2003) pesquisaram a expressão imuno-histoquímica da

laminina, colágeno IV, fibronectina e tenascina nos tumores originados do ducto

intercalado das glândulas salivares, dentre eles o adenoma pleomórfico (8 casos),

mioepitelioma (2 casos), adenoma de células basais (3 casos), adenocarcinoma

polimorfo de baixo grau (11 casos) e carcinoma adenóide cístico (10 casos). Verificou-

se que a laminina e o colágeno IV estiveram presentes em todos os tumores,

principalmente na periferia das estruturas ductiformes, separando-as do estroma, sendo

identificadas também no próprio estroma de todas as lesões. A fibronectina teve

marcação semelhante, exceto pelo fato de não estar presente nos espaços pseudocísticos

da variante cribiforme do carcinoma adenóide cístico. Observou-se adicionalmente que

a fibronectina na membrana basal esteve espessada nos tumores malignos, sugerindo

uma possível relação com a capacidade invasiva destas lesões.

Oliveira et al (2004), avaliaram o padrão de expressão da fibronectina e

tenascina em 10 casos de cisto radicular, 10 casos de cisto dentígero e 10 casos de

ceratocisto odontogênico. Verificou-se que o padrão de expressão da fibronectina

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apresentou-se variável entre os cistos estudados, sendo predominantemente fibro-

reticular no mesênquima e linear, descontínuo e fraco em membrana basal nos cistos

radiculares. Nos ceratocistos odontogênicos esta expressão foi fibrilar ou reticular no

mesênquima e linear, contínua e mais intensa na membrana basal. Nos cistos dentígeros,

a expressão desta proteína foi fibro-reticular no mesênquima e, em membrana basal,

apresentou-se como uma linha descontínua. Os resultados demonstraram, portanto,

diferenças no padrão de expressão das proteínas de matriz extracelular estudadas entre

estes cistos, o que justificaria, segundo estes pesquisadores, as diferenças em seus

comportamentos biológicos.

Estudos como os de Tiitta et al. (1994), Sekiguchi et al. (1995), Yoshida et al.

(1997), Wernert (1997), Tosios, Kapranos e Papanicolaou (1998) e Wilson et al. (1999)

têm sido realizados no intuito de estabelecer, com maior clareza, as alterações

patológicas que ocorrem nas proteínas da matriz extracelular, favorecendo, em algumas

situações relacionadas ao câncer, o processo de invasão tumoral, uma vez que a matriz

extracelular, dentre outras funções, atua como mecanismo de suporte e ancoragem

celular, além de mediar a ligação entre as células.

Sekiguchi et al. (1995) conjeturaram que a degradação de alguns tipos de

colágeno, dentre eles o colágeno IV, pode facilitar a invasão de células tumorais em

carcinomas de células escamosas orais.

De acordo com González et al. (1994) e Chiquet-Ehrismann (1995), as

diferentes proteínas da matriz extracelular desempenham um papel extremamente

importante na manutenção do equilíbrio tecidual, por interferir diretamente no

comportamento celular. Sendo assim, qualquer alteração na expressão destas proteínas

resultará em um comprometimento fisiológico dos tecidos.

.

2.4. INTEGRINAS

2.4.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS

As integrinas são uma família de heterodímeros α e β de receptores de adesão

celular, os quais são ligados não-covalentemente e medeiam interações célula-célula e

célula-matriz extracelular. Esta ligação se dá de maneira bastante complexa, podendo

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várias proteínas da matriz extracelular ligarem-se ao mesmo complexo de integrinas por

exemplo (VIRTANEN et al, 1990; TAKADA et al, 1997; GRUNDSTRÖM et al 2003;

KARMAKAR, MUKHERJEE, 2003). De acordo com Grundström et al (2003) existem

até o momento 8 subunidades β e 18 subunidades α que ao se combinarem originam 24

tipos distintos de integrinas, com capacidade de ligação a uma ou mais proteínas.

A subunidade α apresenta um polipeptídeo sinalizador, um longo domínio

extracelular (composto por aproximadamente 1008 a 1152 aminoácidos), um domínio

transmembrana (composto em média por 20 a 30 aminoácidos), e um pequeno segmento

citoplasmático (composto por volta de 22 a 32 aminoácidos). O domínio I extracelular é

crítico para a função de ligação, apresentando todas as informações necessárias para o

sítio de ligação. A subunidade β, composta por aproximadamente 770 aminoácidos,

também apresenta este domínio I na região N terminal extracelular, a qual apresenta

fragmentos críticos para ligações específicas (TAKADA et al, 1997; SIEBERS et al,

2005). Segundo Azuma et al (1996), a subunidade β é suficiente para ligações focais de

maneira ligante-independente, enquanto a subunidade α regula a especificidade das

interações ligante-dependentes. Hoog et al (1994) ressaltaram que ambas as

subunidades necessitam da presença de fatores intracelulares e cátions divalentes

extracelulares, dentre eles os íons Ca+2 e/ou Mg+2, para adesão com seus ligantes.

Haier e Nicolson (2001) ressaltaram que a interação das integrinas ocorre em

duas etapas distintas. Na primeira, estas se aderem aos seus ligantes de baixa afinidade.

Para estes autores esta ligação de baixa afinidade parece ser a condição primária para

ativação de uma ligação de maior afinidade, a qual estabiliza a adesão celular.

As integrinas são os primeiros receptores para as proteínas da matriz extracelular

e são essenciais no processo de mobilidade celular, contribuindo em diversas etapas do

referido processo. Inicialmente, a afinidade da integrina com a proteína da matriz

extracelular pode ser modulada por sinais intracelulares, correspondendo a um processo

chamado “inside-out”. Em seguida, a ativação da integrina mobiliza diversas moléculas

na interface célula-substrato, caracterizando um processo de sinalização denominado

“outside-in”. Depois, a ligação que a integrina forma entre a actina intracelular do

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citoesqueleto e a matriz extracelular permite às células exercer uma força em seu

ambiente. A geração desta força é crítica para muitos processos celulares, incluindo o

deslocamento das células. A migração celular é, portanto, um processo cíclico que

requer a participação das integrinas em muitas, senão em todas as etapas do processo

(HOLLY; LARSON; PARISE, 2000).

Sua expressão nos tecidos e tumores pode refletir a origem e/ou

desenvolvimento destes (VIRTANEN et al, 1990; HAIER, NICOLSON, 2001). De

acordo com Virtanen et al (1990), a utilização de diferentes integrinas como receptores

de membrana basal em vários tecidos pode, de maneira geral, regular as propriedades

adesivas das células e controlar a sua função e diferenciação. Jensen e Wheelock (1995)

referiram que na epiderme, por exemplo, a distribuição das integrinas ocorre

principalmente na região pericelular dos ceratinócitos basais e nos imediatamente

suprabasais, localizações que necessitam uma adesão célula-célula mais eficiente.

Segundo Cai et al (2000), as integrinas são capazes de realizar transdução de

sinais através da membrana plasmática celular para regular processos como

desenvolvimento, reparo, inflamação, trombose, tumorigênese e metástase. Elas

precisam ser reguladas de diversas maneiras, sabendo-se que fatores de crescimento e

diferenciação podem regular os níveis de expressão destas integrinas. Dentre estes se

destacam o TGF-β, uma família de polipeptídeos que conhecidamente regula diversos

processos, dentre eles a proliferação e diferenciação celular, e que podem modificar a

expressão de diversos componentes na matriz extracelular bem como diferentes

subunidades α e β das integrinas, alterando conseqüentemente a adesão e migração de

vários tipos celulares.

2.4.2. INTERAÇÕES ENTRE AS INTEGRINAS E OS COMPONENTES DA

MATRIZ EXTRACELULAR

Dentre as integrinas mais estudadas, destacam-se a α2β1 que se adere

principalmente ao colágeno e laminina, α3β1 que se liga mais a laminina e epiligrina, e

α5β1 que apresenta uma maior especificidade a fibronectina (JENSEN, WHEELOCK,

1995; HAIER, NICOLSON, 2001; DECLINE, ROUSSELLE, 2001).

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Grundström et al (2003) referiram que quatro integrinas apresentam ligação

intersticial ao colágeno, que são α1β1, α2β1, α10β1 e α11β1. Emsley et al (2004) relataram

que o colágeno contém sítios de ligação específicos para as integrinas anteriormente

referidas. Segundos estes autores, estas interações exercem um papel importante em

diversas funções celulares, incluindo, adesão, disseminação, migração, divisão e

expressão de diferentes fenótipos celulares. Adicionalmente, a desregulação das

interações célula-proteínas da matriz extracelular está implicada no desenvolvimento de

alguns processos patológicos como a trombose, crescimento tumoral e metástase.

De acordo com Heino (2000) e Haier e Nicolson (2001), a integrina α2β1 é

expressa em vários tipos celulares, incluindo plaquetas, células epiteliais, fibroblastos,

osteoblastos, condrócitos, células endoteliais, linfócitos e também células tumorais. Esta

integrina serve como receptor de ligação ao colágeno ou laminina. Segundo estes

autores, a ativação da integrina α2β1 pode ser acompanhada pela ligação de proteínas

regulatórias ao domínio citoplasmático da integrina, que resulta em alterações

conformacionais que permitem alta afinidade de ligação ao colágeno.

Ha-Chung, Wu e Huang (2004) referiram que, uma vez que as integrinas α1β1 e

α2β1 promovem migração celular, proliferação e reorganização da matriz extracelular,

seria possível que a ativação destas esteja envolvida também nos processos

angiogênicos.

Segundo relatos de Darribère et al (2000), a perda da integrina α3β1 afeta a

organização da membrana basal epidérmica, observando-se em conseqüência disto uma

descontinuidade ultraestrutural e desgarramento celular, uma vez que a α3 pode

dimerizar com a subunidade β1 para formar um receptor para a laminina e entactina.

Segundo estes autores, a ausência desta integrina ou de outras associadas à subunidade

β1 afetam tanto na formação quanto na manutenção das membranas basais.

Hemler e Rutishauser (2000) enfatizaram que a integrina α3β1 atua não apenas

como receptor de membrana basal, mas também como organizadora da matriz

extracelular e moduladora na migração celular, na organização do citoesqueleto e na

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produção de metaloproteinases. Os autores ressaltaram ainda que estas funções são

efetuadas com a ligação da integrina α3β1 com outras proteínas transmembrana além da

laminina.

Labat-Robert (2002) ressaltaram que a α5β1 é uma integrina amplamente

difundida entre os tecidos e está envolvida na deposição ativa da fibronectina na matriz

extracelular pericelular, bem como na remodelação da mesma, exercendo um

importante papel no crescimento, migração e tumorigenicidade celulares. Sua expressão

inativa os genes de proliferação celular, destacando-se o c-fos, c-jun e jun B, reduzindo

destarte o crescimento das células e a tumorigenicidade conseqüentemente.

2.4.3. ESTUDOS AVANÇADOS COM AS INTEGRINAS α2β1, α3β1 E α5β1.

Vários estudos têm sido realizados com o intuito de esclarecer a participação das

integrinas α2β1, α3β1 e α5β1 em diversas situações, desde eventos fisiológicos até a

possível participação das referidas integrinas em processos patológicos.

Blaschuk e Holland (1994) examinaram a expressão da integrina α5β1 durante o

crescimento e diferenciação de culturas de células musculares de bíceps humanos. O

tratamento de algumas destas culturas com o BudR, um análogo da timidina que inibe a

diferenciação das células musculares, resultou em um aumento na expressão da

subunidade α5. Entretanto, houve uma redução na expressão da α5β1 quando, mesmo

acrescentando ao meio o BudR, foi retirado deste os fatores de crescimento, levando a

crer que a expressão da α5β1 não é uma conseqüência da diferenciação terminal das

células musculares, mas é dependente da combinação destes fatores de crescimento

exógenos que também são necessários para a diferenciação e proliferação das células

musculares.

Jensen e Wheelock (1995) avaliaram o papel das integrinas α2β1 e α3β1 na

adesão celular em cultura de ceratinócitos humanos. Inicialmente foram dirigidos

anticorpos contra os receptores das referidas integrinas para verificação dos efeitos na

adesão celular. Observou-se que a α2β1 e α3β1 não apresentaram papel preponderante na

adesão intercelular dos ceratinócitos, apesar de serem essenciais em algumas condições

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devido ao seu envolvimento significativo na motilidade celular. Adicionalmente foi

verificado que as referidas integrinas foram susceptíveis à influência regulatória da E-

caderina na adesão celular.

Becker e Schuppan (1995) investigaram a expressão imuno-histoquímica de

proteínas da matriz extracelular, bem como das integrinas α2, α3, α4, α5, α6 e β4 em 14

espécimes de líquen plano, 5 de gengivas ortoceratinizadas e 4 hiperplasias fibrosas. As

integrinas α2, α3 e α5 apresentaram expressão aumentada nas células epiteliais das

camadas suprabasais no líquen plano, bem como uma maior expressão das mesmas na

região pericelular das células inflamatórias na lâmina própria. Entretanto, os autores não

verificaram correlação entre a distribuição das proteínas da matriz extracelular e os seus

receptores de integrinas. Segundo os referidos pesquisadores, a reação auto-imune no

líquen plano pode não ser direcionada aos ceratinócitos orais, e sim a um antígeno

desconhecido no tecido conjuntivo subjacente.

Nishimura et al (1998) verificaram a expressão imuno-histoquímica das

integrinas α2, α3 e β4 em 9 casos de ceratocistos odontogênicos e em 6 casos de cistos

dentígeros. As integrinas α2 e α3 foram expressas em todas as camadas celulares nos

epitélios de revestimento cístico de ambas lesões. Nos epitélios de menor espessura, a

expressão foi observada fortemente na camada basal, enquanto nas células suprabasais

foi fraca ou esporádica. Segundo estes autores, a estratificação do epitélio pavimentoso

depende do contato célula-célula que é mediado pela qualidade adesiva das integrinas

α2 e α3. Logo, a perda de expressão destas integrinas aparentemente leva a uma redução

na adesão célula-célula e constante desgarramento das células superficiais, favorecendo,

portanto a ceratinização dessas células e conseqüente descamação. Os autores

concluíram desta maneira que a espessura epitelial dos cistos odontogênicos está

relacionada à distribuição das integrinas e que estas moléculas exercem importante

papel na regulação do espessamento epitelial.

Decline e Rousselle (2001) investigaram o papel da laminina-5 na migração dos

ceratinócitos no processo de reparação de feridas através de cultura de células. Foi

verificado que, os ceratinócitos migraram através da fibronectina e colágeno IV,

necessitando para isto a deposição da laminina-5 recém-sintetizada. A respeito do papel

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da laminina-5 na migração celular, observou-se que este processo é acompanhado por

uma redução significativa na adesão a laminina-5 “selvagem”. Entretanto, a laminina-5

recém-sintetizada interage com a α3β1 tornando as células mais aderidas e retardando

desta forma a migração celular. Já a interação da laminina-5 com a α2β1 mostrou-se

essencial para a migração celular por toda extensão da laminina-5.

Bennett et al (2001) verificaram as diferenças na expressão das integrinas em

diferentes e sucessivos estágios de uma linhagem osteoblástica oriunda da mandíbula

humana. Em um grupo, as células cresceram na presença do EGF, dando um fenótipo

proliferativo e menos diferenciado; em um outro grupo as células cresceram em um

meio administrando vitamina D3 e hidrocortisona, resultando um fenótipo mais

diferenciado; no terceiro grupo as células cresceram sem a administração de qualquer

componente. A expressão da α5β1 esteve aumentada quando as células cresceram no

meio que favoreceu o fenótipo osteoblástico, sugerindo que a sinalização através do

receptor para a α5β1 é mais importante quando necessita a diferenciação celular. A

subunidade α2 foi expressa em baixos níveis, tendo uma maior expressão quando o EGF

foi adicionado, sugerindo-se desta forma que a α2 se expressa em momentos precoces,

em tipos celulares em proliferação. A maior expressão da α3, principalmente nos

osteócitos, sugere um papel para esta subunidade como mediador de interações célula-

matriz após a diferenciação osteoblástica. Esses resultados levam a crer que as células

em sucessivos estágios de diferenciação exibem diferentes padrões de expressão das

integrinas, os quais contribuem para a diferenciação osteoblástica.

De acordo com White et al (2003), experimentos em cultura de células com gel

de colágeno que verificaram que as integrinas α1β1 e α2β1 apresentam efeitos distintos

nas células, onde a α1β1 tem sido associada à proliferação celular, enquanto a α2β1

esteve mais associada à regulação da remodelação da matriz extracelular.

Adicionalmente, outros estudos indicam que altos níveis de expressão da integrina α2β1

na superfície das plaquetas aumenta o risco de acidente vascular cerebral e enfarte do

miocárdio, além de ser verificado um aumento considerável também em um número

variável de tumores malignos, dentre eles o melanoma.

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Grundström et al (2003) avaliaram a interação da α2β1, devido a sua grande

especificidade de ligação ao colágeno, bem como de fatores de crescimento derivados

de plaquetas (PDGF), nas atividades funcionais com o colágeno utilizando para isto

cultura de células de linhagem fibroblástica (GD25). Foi verificado que as células que

perdiam a expressão das subunidades α1 e α2 das integrinas não aderiram ao colágeno.

Entretanto verificou-se que quando adicionado ao meio o PDGF, houve estimulação

para interação dos fibroblastos com o colágeno através da integrina αvβ3 quando a

função da β1 encontrava-se prejudicada, caracterizando, portanto, uma forma alternativa,

sob condição específica, de ligação celular ao colágeno.

Zhang et al (2003) analisaram a possibilidade de diferenciação glandular de um

clone de células normais de intestino (Caco-2) em cultura de células, investigando o

papel das integrinas α2 e α3 neste processo. Observou-se que, no grupo controle, as

células Caco-2 se diferenciaram e apresentaram um aumento na expressão da α3.

Entretanto, quando foram utilizados anticorpos monoclonais que bloquearam os efeitos

das integrinas α2 e α3, não foi observada uma diferenciação glandular destas células,

reforçando, por conseguinte, o papel significativo destas integrinas no referido processo.

Kataoka et al (2003) investigaram a expressão da integrina α2 em meio de

cultura de fibroblastos oriundos da gengiva de ratos, sendo em seguida adicionada ao

meio a ciclosporina em um grupo, e em um outro esta droga não foi administrada. A

fagocitose colagênica, uma das formas de degradação do colágeno, foi medida in vitro,

verificando-se que esta se apresentou sensivelmente reduzida no grupo submetido a

ciclosporina. Adicionalmente, observou-se menor expressão da integrina α2 no grupo

tratado com ciclosporina. Concluiu-se desta maneira que um dos fatores implicados na

inibição da fagocitose colagênica foi a diminuição da expressão da integrina α2 nos

fibroblastos gengivais.

DeHart, Healy e Jones (2003) pesquisaram se a α3β1 apresentava alguma

participação na organização estrutural das células nas membranas basais. Para isto foi

investigado se esta integrina exerce alguma função na modelagem da laminina-5 na

matriz extracelular de uma cultura de ceratinócitos oriunda da pele de ratos. Foram

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divididos dois grupos, onde um destes constituiu-se de ceratinócitos “selvagens” e o

outro de ceratinócitos com ausência da integrina α3. Foi verificado que os ceratinócitos

com a ausência da referida integrina apresentaram uma deficiente organização e

remodelação à laminina-5, com as células exibindo uma reduzida capacidade

organizacional na matriz extracelular, levando portanto à evidência de que a interação

entre a α3β1 e a laminina-5 é um importante determinante para a adesão entre as células

epidérmicas e a membrana basal.

Andrade (2003) analisou a expressão imuno-histoquímica das integrinas α2β1,

α3β1 e α5β1 em ameloblastomas, tumores odontogênicos adenomatóides (TOAs) e

germes dentais fetais. Para isto, foram utilizados 30 ameloblastomas (20 sólidos e 10

unicísticos), 12 TOAs e 5 germes dentais fetais em diferentes fases da odontogênese.

Foi verificada uma diferença estatisticamente significativa entre o ameloblastoma e o

TOA e entre o ameloblastoma e os germes dentais fetais para a integrina α2β1 ; entre o

ameloblastoma e os germes dentais e entre o TOA e os germes dentais para a integrina

α3β1; e entre o ameloblastoma e o TOA para integrina α5β1. Adicionalmente, não foi

identificado diferença na expressão das referidas integrinas entre as variantes do

ameloblastoma. O autor concluiu que as variações observadas na expressão imuno-

histoquímica das integrinas α2β1, α3β1 e α5β1 nas referidas entidades sugerem uma

possível influência das mesmas nos eventos celulares e nas interações célula-matriz

nestas neoplasias e na odontogênese.

Modolo et al (2004) pesquisaram a intensidade e padrão de distribuição das

integrinas α2, α3, α5, αv, β1, β3 e β4 em 14 espécimes de ameloblastoma, dos quais 4 eram

do subtipo folicular, 6 plexiformes, 2 acantomatosos e 2 unicísticos, e compararam a sua

expressão com amostras de germe dentário, lâmina dentária e epitélio de mucosa oral.

Todas as integrinas foram expressas em todos os casos estudados, especialmente nas

células periféricas do ameloblastoma, sugerindo um importante papel destas na

interação entre as células e a membrana basal. Observou-se que o germe dentário na

fase de campânula apresentou forte marcação em padrão reticular para todas as

integrinas, e todas as camadas do epitélio do órgão do esmalte foram positivas. A

imunomarcação no epitélio interno do órgão do esmalte concentrou-se no pólo basal das

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células, enquanto a papila dentária apresentou ausência de marcação para as referidas

integrinas. Já na lâmina dentária, a distribuição reticular e fortemente positiva localizou-

se na camada basal das células periféricas e por todo o citoplasma das células centrais.

Adicionalmente, os autores verificaram que o ameloblastoma folicular, acantomatoso e

unicístico exibiram padrão de expressão das integrinas semelhante ao epitélio de

mucosa oral, enquanto a variante plexiforme foi similar ao germe e à lâmina dentária.

2.4.4. ESTUDOS COM AS INTEGRINAS α2β1, α3β1 E α5β1 EM NEOPLASIAS

MALIGNAS

De maneira geral, nos tumores humanos, as células neoplásicas apresentam as

mesmas integrinas que os tecidos de origem, entretanto, em tumores pobremente

diferenciados, ocorre a diminuição ou perda de expressão de algumas destas integrinas

(VIRTANEN et al, 1990).

Jones et al (1993) avaliaram a distribuição das subunidades de integrina α2, α3,

α6, β1 e β4em epitélio normal, hiperplásico, displásico e em carcinoma de células

escamosas. Observou-se que a expressão destas integrinas foi maior na camada basal

dos espécimes de epitélio normal, enquanto que no epitélio displásico e no hiperplásico

adjacente a áreas de ulceração, a marcação nas camadas suprabasais esteve mais

pronunciada. Com relação aos carcinomas de células escamosas, verificou-se que 13

dos 17 casos avaliados apresentaram perda de expressão da maioria das integrinas,

sendo verificada inclusive esta perda em relação as integrinas α2 e α3. Os autores

concluíram que, uma vez que as integrinas regulam não apenas a adesão dos

ceratinócitos, mas também a diferenciação dos mesmos, as alterações na expressão

destas proteínas transmembrana podem apresentar papel relevante no comportamento

individual dos tumores.

Dumont e Bitonti (1994) verificaram o papel da PMA, substância que é

responsável pela fosforilação de algumas subunidades de integrinas, dentre estas a α1, α2

e α3, no processo de metástase, utilizando para isto uma linhagem de células de

melanoma metastático. Constatou-se que o tratamento com a referida substância

proporcionou um aumento na fosforilação tanto da α3 quanto da α1, entretanto não

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apresentou nenhum efeito na α2. Estes resultados sugerem que a fosforilação da α3β1

através da PMA pode explicar a facilitação de metástases através da ativação da

proteinoquinase C (PKC).

Kosmehl et al (1995) pesquisaram a expressão de algumas proteínas da matriz

extracelular (fibronectina, laminina e colágeno IV) e das integrinas α2β1, α6 e α5 em 25

espécimes de carcinomas de células escamosas orais e 6 espécimes de mucosa oral

normal. Nos espécimes de mucosa normal verificou-se que a expressão das integrinas

α2β1 e α6 esteve restrita às camadas basal e parabasal, enquanto a α5 expressou-se

descontinuamente na interface entre as células da camada basal e a membrana basal. As

integrinas α2β1 e α6 também foram expressas nos carcinomas, onde foi verificada uma

expressão da α2β1 semelhante à mucosa normal nas lesões bem diferenciadas,

observando-se um aumento na expressão da α6 e uma redução na expressão da α5 nos

casos de carcinoma. Adicionalmente, constatou-se que a alta atividade proliferativa,

verificada através da expressão do Ki-67, que esteve associada com uma redução na

expressão das integrinas α2β1 e α6, levando os autores a concluir que há uma possível

participação destas integrinas na patogênese dos carcinomas.

Azuma et al (1996) avaliaram a expressão das integrinas α2, α3, α6 e β1 em

clones de células de glândula salivar normal, bem como nos tumores malignos das

referidas glândulas. A marcação por imunofluorescência bem como a análise por

“immunobloting” revelou que as subunidades α2 , α3 e α6 estiveram marcadamente

reduzidas nos clones de células metastáticas, enquanto que a subunidade β1 não

apresentou diferença significativa entre os grupos estudados. Entretanto, quando

adicionado ao meio o TGF-β1, observou-se uma maior expressão da subunidade β1 nas

células normais. Os autores sugeriram que a redução da expressão das subunidades α2,

α3 e α6 teria uma relação inversamente proporcional com o grau de malignidade celular,

especialmente com a α2, e que o TGF-β1 é um fator regulador positivo na expressão da

subunidade β1 nas células normais mas não nos clones malignos.

Franchi et al. (1997) compararam o padrão de expressão imuno-histoquímico das

integrinas α2, α3, α4, α5, α6 e αv em uma série de tumores benignos e malignos

(carcinomas) das glândulas salivares. Foi observado que as subunidades α2 e α3 foram

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expressas em todos os casos de tumores benignos, com a imunomarcação localizando-se

não apenas na interface epitélio-mesênquima, mas também nos contatos célula-célula. A

α5 esteve expressa em 76,9% dos casos, com distribuição preferencial nas áreas de

deposição de matriz (tanto condróide quanto mixóide). Quanto aos tumores malignos, a

expressão da α2 e α3 foi observada em quase todos os casos, variando de focal a difusa,

exceto em um caso de carcinoma de células acinares, o qual apresentou metástase para

linfonodos, e não exibiu marcação para as referidas integrinas.Quanto à α5, nenhum dos

casos dos carcinomas apresentou-se positivo. Os autores sugerem que a perda de

expressão de algumas subunidades de integrinas , bem como a manutenção de algumas

outras, pode ser uma etapa essencial para a sobrevida celular e também um favorecedor

para um perfil proliferativo das células neoplásicas malignas.

Lundström et al (1998) verificaram os mecanismos moleculares envolvidos na

adesão de uma linhagem de células malignas de mama à matriz óssea. Inicialmente

foram direcionados anticorpos monoclonais contra as subunidades α2, α3 e α5

impedindo-as de se ligarem ao osso. Os autores verificaram que ao não se aderirem às

integrinas, as células não proliferaram, sugerindo portanto que as integrinas,

especialmente a α2β1 e α3β1, são essenciais para a adesão destas células malignas à

matriz óssea extracelular.

Thorup et al (1998) avaliaram a expressão imuno-histoquímica das integrinas

α2β1, α3β1, α6β4 bem como da laminina-5 em 18 casos de carcinomas de células

escamosas, 21 casos de leucoplasias e 11 espécimes de mucosa oral com inflamação

crônica. Verificou-se uma redução na expressão das integrinas α3β1 e α6β4 bem como da

laminina-5 no front invasivo dos carcinomas de células escamosas pobremente

diferenciados, enquanto que houve um ligeiro aumento na expressão da α2β1 na referida

região. Nas leucoplasias e nas mucosas orais com inflamação observou-se também

pequena redução na expressão da α3β1, α6β4 e laminina-5 nas células da camada

suprabasal. Os autores correlacionam a alteração de expressão das integrinas e da

laminina-5 à condição patológica propriamente dita, inclusive nos casos associados à

inflamação, cujas células epiteliais sofrem efeito dos produtos das células inflamatórias

(proteases e citocinas).

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Shaw (1999) relatou que a integrina α2β1 apresenta-se expressa normalmente nas

células luminais bem como nas células mioepiteliais de mama. Sua expressão é mantida

em lesões benignas, como nos fibroadenomas e doenças fibrocísticas. Entretanto, sua

expressão reduz sensivelmente com o estágio de diferenciação dos adenocarcinomas de

mama. Especificamente as lesões pobremente diferenciadas expressam níveis baixos ou

quase ausência de expressão da α2β1. Estes achados sugerem que a integrina α2β1 é

importante para a manutenção da diferenciação e controle da proliferação das células

epiteliais da mama, e que sua perda de expressão é um importante determinante na

progressão para um carcinoma invasivo.

Cai et al (2000) pesquisaram os efeitos do TGF-β1 na expressão da integrina

α5β1 em linhagens de células de carcinoma hepatocelular. Observou-se que houve uma

redução na expressão desta integrina em um grupo sem tratamento com o TGF-β1,

enquanto que no grupo submetido ao referido tratamento, houve um aumento na

expressão desta integrina, inclusive nos níveis de RNAm da subunidade α5, estimulando

desta forma a adesão celular à fibronectina e laminina, e promovendo a migração

celular, sugerindo portanto que o TGF-β1 pode regular o comportamento das células

tumorais através da sinalização mediada por integrinas, especialmente a α5β1.

Adachi et al (2000) avaliaram a expressão da integrina α5β1, através da imuno-

histoquímica e RT-PCR, em 20 linhagens celulares de câncer de pulmão e em 88

espécimes retirados de pacientes com câncer de pulmão que não apresentavam

envolvimento linfonodal. Foi observado que dos 88 espécimes relatados, 44 (50%)

apresentaram uma expressão mais intensa da integrina α5β1, e que essa superexpressão

esteve associada com o estágio de diferenciação e com a idade dos pacientes. Foi

constatado ainda que os pacientes que apresentaram a superexpressão da referida

integrina tiveram um índice de sobrevida significativamente inferior do que aqueles que

não apresentaram. Os autores concluíram que a superexpressão da integrina α5β1 pode

ser um fator preditivo para um pior prognóstico nos pacientes com câncer de pulmão

sem envolvimento linfonodal.

Loducca et al (2000) observaram a presença e distribuição do colágeno IV e

laminina, bem como de seus ligantes (α2β1 e α3β1) em 5 casos de adenocarcinoma

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polimorfo de baixo grau e 5 casos de carcinoma adenóide cístico, com o intuito de

verificar diferenças histoarquiteturais entre estas duas entidades. O adenocarcinoma

polimorfo de baixo grau apresentou um padrão de expressão delgado ao redor das

estruturas ductais para a laminina e o colágeno IV, bem como uma forte marcação para

as integrinas α2β1 e α3β1. Já o carcinoma adenóide cístico apresentou expressão de

forma espessa para as proteínas da matriz ao redor das estruturas ductais, cribiformes ou

tubulares, enquanto as integrinas foram expressas nos espaços intercelulares e ao redor

das células luminais das estruturas tubulares. A expressão destas proteínas da matriz e

de seus ligantes (integrinas) levaram os autores a considerar que as estruturas ductais do

adenocarcinoma polimorfo de baixo grau apresentam camada única, enquanto as que

compõem o carcinoma adenóide cístico apresentam estruturas ductais compostas por

dupla camada de células neoplásicas.

Kawashima et al (2001) verificaram o efeito do TNF-α sobre as integrinas α2β1

e α5β1 na linhagem de células OST de osteossarcomas através da cultura de células, RT-

PCR e imunofluorescência. Observou-se que as células OST que foram estimuladas

pelo TNF-α tiveram não só a adesão à matriz extracelular, mas também a migração

celular potencializada. Os autores através deste estudo sugeriram que a expressão da

α2β1, quando aumentada, favorece uma maior adesão e migração celular,

correlacionando o fato, desta forma, com uma maior habilidade metastática para estas

células. Já a α5β1 favoreceu uma maior habilidade para a migração das células na

fibronectina, porém não afetou a adesão celular com a referida proteína. Destarte, a

superexpressão da integrinas α2β1 e α5β1 parece contribuir para um maior potencial de

invasão e metástase tumoral.

Araújo et al (2001) avaliaram a expressão das integrinas β1, β3 e β4 em 8 casos de

carcinoma adenóide cístico e 5 casos de adenocarcinoma polimorfo de baixo grau com o

intuito de ter subsídios adicionais para a distinção histopatológica entre a variante

cribiforme de ambas as entidades.Observou-se que todas as integrinas estiveram

expressas nas estruturas cribiformes do adenocarcinoma polimorfo de baixo grau,

exibindo um padrão bipolar, enquanto que no carcinoma adenóide cístico os espaços

cribiformes apresentaram células luminais negativas para as integrinas estudadas.

Concluiu-se, portanto, que as áreas cribiformes de ambas lesões apresentam-se similares

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histologicamente, entretanto ultraestruturalmente são diferentes. Os autores concluíram

que a avaliação da expressão imuno-histoquímica das integrinas pode servir como

critério adicional para distinção entre essas lesões.

Owens e Watt (2001) verificaram se a expressão das integrinas na camada

suprabasal pode alterar a susceptibilidade dos ceratinócitos para transformação maligna,

utilizando para isto ratos transgênicos nos quais observou-se a expressão das integrinas

α2β1 e α3β1 nas células da camada epitelial referida. Estes ratos foram submetidos a um

protocolo de carcinogênese química que permite o desenvolvimento de neoplasias

benignas (papilomas) e malignas (carcinoma de células escamosas). Observou-se que os

ratos transgênicos para α3β1 apresentaram índice de transformação neoplásica menor do

que os transgênicos para a α2β1 bem como os do grupo controle. Esses resultados

levaram os autores a sugerir que a integrina α3β1 pode suprimir a transformação

maligna por mecanismos que ainda não estão completamente esclarecidos.

De acordo com Fornaro, Manes e Languino (2001), a maioria das subunidades α

das integrinas apresenta níveis mais reduzidos nos adenocarcinomas de próstata,

enquanto a expressão da subunidade β1 esteve aumentada nas referidas lesões. Uma vez

que se observa um aumento na expressão quando as subunidades α estão formando

heterodímeros com a subunidade β, os autores sugeriram uma mudança na composição

estrutural da integrina na progressão do câncer de próstata.

Pichard et al. (2001) estudaram os efeitos do EGF (fator de crescimento

epidérmico) e os componentes da MEC na etiopatogênese dos adenocarcinomas. Para

isto, foi realizado um estudo “in vitro” através de cultura de uma linhagem celular

HT29-D4 de adenocarcinomas de cólon onde o papel do EGF e do colágeno IV foi

examinado na adesão celular. Foi observado que o EGF mediou um aumento na adesão

celular essencialmente através da integrina α2β1. Através da citometria de fluxo

verificou-se ainda que o efeito do EGF se deu através de um aumento da ativação da

α2β1 e não por um aumento numérico na expressão na superfície celular da referida

integrina, provavelmente por um mecanismo de fosforilação FAK EGF-dependente.

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Dyce et al (2002) verificaram o padrão de expressão das integrinas α2, α3, α5, α6,

β1 e β4 em duas linhagens celulares de carcinoma de células escamosas de cabeça e

pescoço de comportamento biológico distinto, sendo uma a UM-SCC-1, de

comportamento mais agressivo, e a outra a JHU-022-SCC, de comportamento menos

agressivo. Observou-se que as subunidades α2β1 e α3β1 estiveram expressas com maior

intensidade na linhagem UM-SCC-1, levando os autores a justificar o fato a uma maior

afinidade das células através destas integrinas com a laminina-5, justificando uma

motilidade celular mais significativa para estas células, denotando por conseqüência um

comportamento mais agressivo para a referida linhagem celular.

Su et al (2002) analisaram o padrão de expressão da FAK (quinase de adesão

focal) e das integrinas α5 e β1 em diferentes tipos de carcinomas, dentre eles o gástrico,

colorretal, hepatocelular, uterocervical e de pulmão. Verificou-se que as integrinas α5 e

β1 exibiram redução na sua expressão de acordo com o grau de diferenciação de todos

os tumores referidos, onde a expressão foi mais fraca nos carcinomas pobremente

diferenciados, sendo intermediária nos casos bem diferenciados e maior nos tecidos

normais que foram utilizados como controle. Adicionalmente, verificou-se que em

alguns tumores essa redução foi mais significativa, destacando-se o carcinoma de

pulmão e o uterocervical. Os autores concluíram que as integrinas α5 e β1 apresentaram

participação efetiva na diferenciação, mas não na invasão e metástase das células

tumorais.

Prifti et al (2002) realizaram um estudo com intuito de determinar se existe uma

correlação entre as integrinas e componentes do sistema plasminogênio com a invasão

das células tumorais em linhagens de células endometriais malignas. Inspirados neste

propósito, foi realizada a imunocitoquímica com anticorpos para α2β1 e α5β1, dentre

outras integrinas, e posteriormente a imunorreatividade dos componentes do sistema

plasminogênio foi verificada pelo teste ELISA. Os anticorpos direcionados a estas

integrinas inibiram a adesão das células à fibronectina e laminina no matrigel, sugerindo

portanto um papel regulatório destas integrinas na invasão de linhagens de células

neoplásicas endometriais malignas.

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Whittard et al (2002) verificaram uma possível interação entre a E-caderina e a

integrina α2β1. Diante desta premissa, foi utilizada cultura de células de fibrossarcomas

humanos, as quais interagem com a E-caderina. Inicialmente, foram dirigidos anticorpos

antifuncionais para a integrina α2β1, verificando em seguida uma redução na expressão

das E-caderinas. Diante destes achados, os autores concluíram que a E-caderina, que

usualmente realiza interações homotípicas, também participa de ligações heterotípicas

com a α2β1. Eles ainda utilizaram estas informações para a pele, sugerindo que as

interações entre as integrinas e a E-caderina no epitélio pavimentoso da pele,

especialmente nas células da camada basal e suprabasal, são necessárias na regulação da

estratificação epitelial e na manutenção da estrutura epidérmica.

Lindberg et al. (2002) avaliaram o papel da superexpressão da cerbB2

diretamente implicada na patogênese do carcinoma de mama utilizando para isto cultura

de células HB2 e verificando-se os resultados através de citometria de fluxo de Western

Blot. Foi verificado que esta superexpressão apresentou influência direta na inativação

das integrinas, especialmente a α2β1, causando destarte uma disrupção das células ao

colágeno, diminuindo sua adesão ao mesmo, favorecendo uma disseminação destas

células.

Jayne et al (2002) investigaram a correlação da expressão de algumas proteínas

da matriz extracelular (fibronectina, laminina e colágeno IV), bem como da integrina

α5β1, com os índices de apoptose e proliferação celular no câncer retal, avaliando

subseqüentemente a resposta ao tratamento quimioradioterápico. Foi utilizada uma

amostra de 32 pacientes com carcinoma de reto, sendo realizadas biópsias pré e pós-

tratamento quimioradioterápico, sendo realizada uma comparação entre as mesmas.

Verificou-se que 18 casos apresentaram insucesso no tratamento, enquanto que 14

tiveram boa resposta, havendo remissão total em 5 dos casos. Da amostra total, 22

espécimes apresentaram moderada ou intensa marcação para a fibronectina, enquanto

que esta expressão foi vista em 18 casos para a laminina e em 5 casos para o colágeno

IV. A expressão da integrina α5β1 teve correlação significativa com a fibronectina e

também com a resposta ao tratamento quimioradioterápico, onde se verificou que os

tumores que apresentaram boa resposta ao referido tratamento exibiram marcação mais

intensa para a α5β1. Os autores concluíram que a expressão da integrina α5β1 pode ser

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utilizada como parâmetro fidedigno na verificação dos casos de carcinomas retais que

apresentam maior chance de êxito no tratamento quimioradioterápico.

Karmakar e Mukherjee (2003) pesquisaram “in vitro” as interações existentes

entre as integrinas e as proteínas da matriz extracelular no processo de invasão celular e

metástase, utilizando uma linhagem de células de adenocarcinoma de cólon.

Inicialmente verificou-se que, adicionando o TNF-α ao meio, houve uma

superexpressão das proteínas referidas. Em seguida, foram utilizados anticorpos

bloqueadores para os receptores de integrinas como as α2β1, α4β1 e α5β1, bem como as

integrinas β2. Observou-se que houve uma redução significativa na adesão celular,

levando os autores a sugerir que estas integrinas são essenciais no processo de metástase

a sítios secundários específicos através de interações célula-célula bem como célula-

matriz extracelular.

Han et al (2003) analisaram a distribuição das integrinas α5 e β1 e das proteínas

de matriz extracelular (colágeno IV, laminina e fibronectina) em pacientes com

carcinomas de células grandes do pulmão, fazendo uma correlação entre os diferentes

tipos histológicos, bem como correlação com metástase linfonodal. Foi observado que a

superexpressão das integrinas α5 e β1 esteve associada com a metástase linfonodal nas

referidas patologias. Segundo estes autores, a ligação da α5β1 à fibronectina favorece a

sobrevida celular e provavelmente está mediada pela superexpressão da bcl-2.

Observou-se ainda que os adenocarcinomas apresentaram uma maior expressão da α5β1

em relação ao carcinoma de células escamosas, reforçando desta forma a maior

propensão metastática dos adenocarcinomas.

Pochec et al (2003) observaram o perfil da glicosilação da integrina α3β1 em

uma linhagem celular humana do melanoma. Para isto, foram separados dois grupos:

um oriundo de melanoma não-metastático e outro oriundo do melanoma metastático.

Foi observado que a glicosilação no domínio ligante da integrina α3β1 esteve presente

apenas na linhagem de células metastáticas, sugerindo que esta glicosilação em células

do melanoma está relacionada a uma maior capacidade de invasão durante a progressão

da lesão. Desta forma, corrobora-se o fato de que a glicosilação das integrinas está

implicada na modulação de suas afinidades.

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Yamanaka et al (2003) compararam a expressão das integrinas em uma cultura

de células de adenocarcinoma cervical, onde um grupo foi tratado com o EGF, enquanto

o outro esteve isento deste tratamento. Dentre várias integrinas testadas, foi verificado

que a α2β1 esteve superexpressa após o tratamento com o EGF e que este exerceu um

papel importante na progressão e disseminação das células neoplásicas. Foi sugerido,

portanto que esse aumento na migração celular esteve relacionado diretamente a um

maior número de receptores para a α2β1 favorecendo a disseminação das células

neoplásicas através da interação da α2β1 especialmente com o colágeno IV e também

com a fibronectina.

Loducca et al (2003) avaliaram o padrão de expressão das integrinas β1, β3 e β4

em 7 casos de adenocarcinoma polimorfo de baixo grau, 10 casos de carcinoma

adenóide cístico e 3 casos de carcinoma de células acinares, comparando seus

respectivos resultados com os de 5 espécimes de glândula salivar normal. Observou-se

que as estruturas neoplásicas dos tumores estudados apresentaram expressão das

referidas integrinas semelhante às estruturas normais das glândulas salivares.

Entretanto, nos carcinomas adenóides císticos observou-se que nas células neoplásicas

que circundavam os espaços pseudocísticos, esta expressão apresentou-se escassa, fato

também observado nas células anaplásicas presentes na variante sólida do carcinoma

adenóide cístico. Este padrão de expressão levou os autores a concluir que esta variação

se deve ao comportamento mais agressivo do carcinoma adenóide cístico.

Evans et al (2004) verificaram a freqüência de mutações no domínio I da

subunidade da integrina β1 em uma amostra de 124 casos de carcinomas de células

escamosas de boca. Para este estudo, foi investigada uma possível mutação em tecidos

tumorais, utilizando-se como comparação amostras de mucosa normal e de sangue.

Foram detectadas seis alterações nucleotídicas simples na seqüência referida, as quais

estiveram presentes tanto nos tecidos tumorais quanto nos tecidos sadios. Os autores

concluíram que tais alterações não correspondiam a mutações adquiridas durante o

curso da doença, reforçando que essas mutações são incomuns nos carcinomas de

células escamosas.

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Miguel (2005) avaliou a expressão imuno-histoquímica das integrinas α2β1, α3β1

e α5β1 em 14 casos de adenoma pleomórfico de glândula salivar maior, 14 casos de

adenoma pleomórfico de glândula salivar menor e em 10 casos de carcinoma adenóide

cístico. Foi verificado que houve diferença estatisticamente significativa para a integrina

α2β1 entre os dois tumores, com os adenomas pleomórficos apresentando marcação mais

intensa. Adicionalmente, verificou-se que o subtipo sólido apresentou expressão ausente

ou reduzida das referidas. A autora concluiu que a reduzida expressão da α2β1 nos

carcinomas adenóides císticos pode estar relacionada com a menor diferenciação celular

neste tumor, e que a reduzida expressão da α5β1 pode estar implicada no comportamento

mais agressivo do subtipo sólido do carcinoma adenóide cístico.

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3- PROPOSIÇÃO

O presente estudo teve como objetivo avaliar a expressão imuno-histoquímica

das integrinas α2β1, α3β1 e α5β1, as quais correspondem respectivamente aos ligantes de

maior afinidade para o colágeno IV, laminina e fibronectina, em cistos dentígeros

incipientes e folículos pericoronários espessados, com o intuito de fornecer subsídios

adicionais que reforcem a possibilidade de distinção histopatológica entre as referidas

entidades, fato de grande controvérsia na literatura.

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4- MATERIAL E MÉTODOS

4.1- CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO

O presente estudo consistiu de uma pesquisa descritiva

constituída pela observação, e registro da expressão imuno-

histoquímica das integrinas αααα2ββββ1, αααα3ββββ1 e αααα5ββββ1 em cistos dentígeros

incipientes e folículos pericoronários espessados, objetivando realizar

uma análise comparativa da expressão destes marcadores entre as

referidas entidades.

4.2- POPULAÇÃO

Do total de casos registrados e diagnosticados nos arquivos do

Serviço de Anatomia Patológica da Disciplina de Patologia Oral da

Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte/UFRN, foram selecionados os casos de cistos dentígeros

incipientes e folículos pericoronários espessados que constituíram a

amostra.

4.3- AMOSTRA

A amostra foi constituída por 21 casos de cistos dentígeros

incipientes e 23 casos de folículos pericoronários espessados, todos

emblocados em parafina, obtidos nos arquivos do Serviço de Anatomia

Patológica da Disciplina de Patologia Oral da Faculdade de

Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN.

Foram utilizados, como critérios de inclusão, o relato da hipótese

diagnóstica de cisto dentígero ou folículo pericoronário, dado constante

na ficha clínica encaminhada pelo cirurgião-dentista para realização

do exame anatomo-patológico. Os critérios histopatológicos para

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eleição dos casos foram os seguintes: para o cisto dentígero deveria ser

observado epitélio de revestimento da cavidade cística, o qual era do

tipo pavimentoso estratificado, delgado e com áreas de continuidade,

disposto por toda extensão de uma cápsula conjuntiva de densidade

variável. Já para os folículos pericoronários foi observado um epitélio

do tipo reduzido do órgão do esmalte, o qual se caracterizava por ser

um epitélio cúbico simples, delgado e descontínuo, disposto em tecido

conjuntivo fibroso frouxo. Como critério de exclusão da amostra,

foram descartados os casos que não apresentaram a dúvida do

cirurgião-dentista quanto ao fato de se tratar de um cisto dentígero ou

de um folículo pericoronário. Adicionalmente, foram excluídos da

pesquisa os espécimes de folículo pericoronário que não apresentaram

uma quantidade considerável de epitélio reduzido do órgão do esmalte,

bem como os espécimes de cisto dentígero que apresentaram grande

concentração de células inflamatórias na cápsula cística.

4.4- ESTUDO MORFOLÓGICO

Para o estudo morfológico, foram utilizadas lâminas com cortes

de 5 µm de espessura do material incluído em blocos de parafina,

corado pela técnica da Hematoxilina/Eosina (descrita adiante) e

posteriormente examinados à microscopia de luz. Foi então realizada

uma análise descritiva dos aspectos histológicos observados nos cistos

dentígeros incipientes e folículos pericoronários espessados.

4.5- ESTUDO IMUNO-HISTOQUÍMICO

Do material emblocado em parafina foram obtidos cortes de 3µm

de espessura e estendidos em lâminas de vidro previamente limpas e

preparadas com adesivo à base de Organosilano (3-

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aminopropyltriethoxi-silano, Sigma Chemical Co, St Louis, MO, USA).

O material foi posteriormente submetido a anticorpos para as

integrinas αααα2ββββ1, αααα3ββββ1 e αααα5ββββ1 (conforme protocolo descrito no Quadro

1). Empregou-se, nesta técnica imuno-histoquímica, o método da

estreptoavidina-biotina (SABC- streptoavidin biotin complex),

utilizando o sistema de amplificação CSA (catalized signal

amplification).

QUADRO 1- Especificidade, clone, recuperação antigênica, diluição e tempo de

incubação dos anticorpos utilizados

ESPECIFICIDA

DE

CLONE RECUPERAÇÃO

ANTIGÊNICA

DILUIÇÃ

O

TEMPO DE

INCUBAÇÃ

O

Integrina αααα2ββββ1 * BHA 2,1 Pepsina 0,5%

(Estufa

370C/30Minutos)

1/1000 60 minutos

Integrina αααα3ββββ1* M-

KD102

Pepsina 0,5%

(Estufa

370C/30Minutos)

1/500 60 minutos

Integrina αααα5ββββ1* FBS5 Pepsina 0,5%

(Estufa

370C/30Minutos)

1/1000 60 minutos

* (Chemicon International, Temeluca, CA, USA)

TÉCNICA DA IMUNO-HISTOQUÍMICA- SABC

� Xilol I a 59º C (30 minutos)

� Xilol II a temperatura ambiente (20 minutos)

� Álcool absoluto I (5 minutos)

� Álcool absoluto II (5 minutos)

� Álcool absoluto III (5 minutos)

� Álcool 95º GL (5 minutos)

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� Álcool 80º GL (5 minutos)

� Hidróxido de amônia a 10% em etanol 95º GL (10 minutos)

� Lavagem em água corrente (10 minutos)

� Água destilada (dupla passagem de 5 minutos cada)

� Recuperação antigênica: (Otimizada por Andrade, 2003)

� Água corrente (10 minutos)

� Água destilada (dupla passagem de 5 minutos cada)

� Bloqueio da peroxidase endógena com peróxido de hidrogênio a

3%, durante 20 minutos

� Lavagem em água corrente (10 minutos)

� Água destilada (dupla passagem de 5 minutos cada)

� Imersão em solução tampão de TRIS-HCL, pH 7.4, dupla

passagem de 5 minutos cada, (tris- hidroximetil-aminometano,

Sigma Chemical, St Louis, MO, USA)

� Incubação com BSA (albumina de soro bovino a 1%) em PBS

(solução tampão de fosfato) por 60 minutos a temperatura

ambiente, para supressão das ligações inespecíficas com

reagentes subseqüentes

� Incubação dos cortes com o anticorpo primário para as

integrinas αααα2ββββ1, αααα3ββββ1 e αααα5ββββ1 (Ver especificações no Quadro 1)

diluídos em solução de BSA (albumina de soro bovino a 1%

conservada em azida sódica a 0,1%/ BSA- Bioset S/A, São Paulo,

Brasil) em TRIS HCl, pH 7.4

� Dupla lavagem de 5 minutos cada, em solução de Tween 20 a 1%

em TRIS-HCL, pH 7.4, para melhor identificação das integrinas

� Incubação por 15 minutos em cada um dos regentes seqüenciais

do kit CSA (Catalized Signal Amplification- System for mouse

primary antibodies-Dako, K1500, Carpinteria, CA) que são:

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anticorpo secundário, complexo estreptoavidina biotina,

reagente amplificador e estreptoavidina peroxidase

� Dupla lavagem de 5 minutos cada, em solução de Tween 20 a 1%

em TRIS-HCL, pH 7.4

� Revelação da reação com a solução cromógena

Diaminobenzidina a 0,03% (Sigma Chemical Co, St Louis,

MO, USA) diluída em 100 ml de TRIS-HCL, ativada por 600 µµµµl

de peróxido de hidrogênio a 10 volumes em câmara escura (3

minutos)

� Lavagem em água corrente (10 minutos)

� Lavagem em água destilada

� Contracoloração com Hematoxilina de Mayer (10 minutos)

� Água corrente (10 minutos)

� Água destilada (dupla passagem de 5 minutos cada)

� Álcool 70º GL (2 minutos)

� Álcool 95º GL (2 minutos)

� Álcool absoluto I (3 minutos)

� Álcool absoluto II (3 minutos)

� Álcool absoluto III (3 minutos)

� Xilol I (5 minutos)

� Xilol II (5 minutos)

� Xilol III (5 minutos)

� Montagem em Permount® (Fischer Scientific, Fair Lawn, NJ,

USA)

4.6- ANÁLISE DO PERFIL IMUNO-HISTOQUÍMICO

A expressão imuno-histoquímica das integrinas αααα2ββββ1, αααα3ββββ1 e

αααα5ββββ1 em cistos dentígeros incipientes e folículos pericoronários

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espessados foi analisada verificando-se a presença ou ausência, a

intensidade e o padrão de distribuição da marcação. Com relação à

intensidade de marcação foram atribuídos os escores 0, 1 e 2, os quais

correspondem respectivamente a ausência, fraca e forte marcação.

Esta intensidade foi avaliada de uma forma geral no espécime, e

também em locais específicos como a interface epitélio/ tecido

conjuntivo, nos contatos intercelulares e nas ilhotas de epitélio

odontogênico. No tocante aos contatos intercelulares, especificamente

nos cistos dentígeros, estes foram avaliados separadamente nas

camadas basal e suprabasal, em virtude da estratificação presente no

referido epitélio, diferentemente dos folículos pericoronários, que por

apresentarem epitélio com camada única de células, não necessitaram

desta distinção entre camadas. Com relação ao padrão de distribuição,

a marcação focal foi estabelecida para os casos onde esta esteve

presente em agrupamentos de células, independente do número destas,

enquanto que o padrão difuso foi estabelecido nos casos onde a

marcação foi homogênea nas células por todo o espécime. As amostras

foram analisadas por um único observador em um microscópio de luz

com um aumento de 400x (LEICA ATC 2000) em dois momentos

distintos. Os achados foram então descritos e tabulados em fichas

específicas (anexo 1 e 2), objetivando a posterior análise comparativa

dos resultados obtidos.

4.7- ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os resultados obtidos foram submetidos à análise estatística, a fim de

confirmar ou refutar as hipóteses propostas no presente estudo. Para tanto, os dados

foram digitados no programa Statistical Package SPSS® versão 10.0 para ambiente

windows (SPSS Inc. Chicago, Illinois,1999), onde foram realizadas as referidas

análises.

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A existência ou não de distribuição normal dos dados não foi verificada, em

virtude de estes serem representados por escores, o que nos remete à realização de uma

análise não paramétrica. Esses dados referem-se ao desfecho, intensidade de marcação

(variável dependente), das integrinas α2β1, α3β1 e α5β1 para as entidades cisto

dentígero incipiente e folículo pericoronário, nas ilhotas de epitélio odontogênico, nos

contatos intercelulares e na interface epitélio/ tecido conjuntivo (variáveis

independentes). Ademais, foi avaliado o padrão de distribuição (variável independente)

de marcação para as referidas integrinas nas duas entidades estudadas.

Portanto, para a comparação da intensidade geral de marcação das três integrinas

em cada uma das entidades, realizou-se o teste de Kruskal-Wallis, seguido do pós-teste

de comparação múltipla de Dunn, desde que o primeiro mostrasse diferença

significativa. Esse mesmo teste foi utilizado quando foi comparada a intensidade de

marcação nos contatos intercelulares, ilhotas de epitélio odontogênico e na interface

epitélio/ tecido conjuntivo para cada uma das entidades. Quando a comparação da

intensidade geral e por localização de marcação foi realizada entre as entidades para

cada uma das integrinas, o teste estatístico utilizado foi o de Mann-Whitney. O nível de

significância foi estabelecido em 95% (α=0,05).

No tocante à distribuição de marcação (se focal ou difusa) para cada uma das

integrinas em relação às entidades estudadas, foi utilizado o teste do qui-quadrado que

estabelece uma possível associação entre o tipo de entidade e o tipo de distribuição de

marcação para cada uma das integrinas.

Para todos os testes estatísticos utilizados, o nível de significância estabelecido

foi de 95% (α=0,05).

4.8- IMPLICAÇÕES ÉTICAS

O projeto de pesquisa a ser desenvolvido foi submetido à apreciação do Comitê

de Ética e Pesquisa desta instituição, o qual aprovou o projeto através do parecer no

85/2004, constante em anexo.

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5. RESULTADOS

A análise da expressão imuno-histoquímica das integrinas α2β1, α3β1 e α5β1 nos

folículos pericoronários espessados e cistos dentígeros incipientes foi efetuada através

da microscopia de luz. Observou-se que todos os casos apresentaram marcação positiva

para as referidas integrinas, entretanto algumas peculiaridades foram identificadas para

cada integrina e para cada entidade avaliada.

A integrina α2β1 exibiu predominantemente um padrão de marcação discreto

para os espécimes de folículos pericoronários espessados, onde 20 (86,96%) dos 23

casos apresentaram esta característica. Foi observado que esta marcação apresentou

distribuição difusa e granular em todos os casos, sendo identificada a referida expressão

nos contatos célula- célula e na interface epitélio/tecido conjuntivo. Do total de folículos

pericoronários espessados avaliados,15 (83,33%) apresentaram marcação discreta para a

α2β1 nas ilhotas de epitélio odontogênico, enquanto que 3 (16,67%) apresentaram

marcação intensa. Em 5 casos de folículos pericoronários espessados não foram

identificadas ilhotas de epitélio odontogênico dispersas pelo tecido conjuntivo (Figuras

1-2).

Já para os cistos dentígeros incipientes, a integrina α2β1 exibiu marcação intensa

em 14 (66,67%) dos 21 casos, enquanto que em 7 (33,33%) verificou-se uma discreta

marcação. Foi observado que esta marcação apresentou distribuição difusa e granular

em todos os casos, e que a mesma foi identificada nos contatos célula- célula e na

interface epitélio/ tecido conjuntivo. Adicionalmente, verificou-se uma tendência de

marcação mais intensa das células da camada basal do limitante epitelial em

comparação com as células da camada suprabasal. Apenas 8 (38,10%) dos 21 casos de

cistos dentígeros incipientes apresentaram ilhotas de epitélio odontogênico, e em todos

estes casos o padrão de marcação para a integrina α2β1 foi discreto (Figuras 3-4).

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Em relação à integrina α3β1, verificou-se um padrão de marcação discreto na

maioria dos folículos pericoronários espessados avaliados (86,96%), enquanto que

apenas 3 casos (13,04%) exibiram uma marcação intensa. Observou-se ainda que a

maioria dos casos apresentou um padrão de distribuição focal (82,6%), enquanto que 4

casos (17,4%) revelaram um padrão de distribuição difuso. A marcação para a integrina

α3β1 também apresentou aspecto granular no citoplasma das células epiteliais.

Adicionalmente, não se verificou diferença na intensidade de marcação para esta

integrina entre as células da camada basal e as células da camada suprabasal do

limitante epitelial. Em 17 casos foram identificadas ilhotas de epitélio odontogênico,

dos quais 15 destes (88,24%) exibiram discreta marcação para a α3β1, enquanto que 2

casos (11,76%) apresentaram intensa marcação (Figuras 5-6).

Quanto aos cistos dentígeros incipientes, a expressão da integrina α3β1 revelou-

se discreta em 11 casos (52,28%), enquanto que em 10 (47,62%) apresentou-se intensa.

Foi verificado que o padrão de distribuição da α3β1 foi difuso e de aspecto granular em

todos os casos, sendo identificada esta expressão nos contatos célula-célula e na

interface epitélio/tecido conjuntivo. Não foi observada diferença de expressão para a

referida integrina entre as células da camada basal e suprabasal do limitante epitelial.

Apenas 8 (38,10%) dos 21 casos exibiram ilhotas de epitélio odontogênico, dos quais 6

(75%) apresentaram discreta marcação para a α3β1 e 2 (25%) apresentaram intensa

marcação para esta integrina (Figuras 7-8).

Em se tratando da integrina α5β1, verificou-se que o padrão de marcação intenso

esteve presente em 20 casos (86,94%) dos folículos pericoronários, enquanto que em 3

(13,04%) observou-se uma discreta marcação. Foi verificado que o padrão de

distribuição difuso e granular esteve presente em todos os espécimes de folículos

pericoronários espessados, identificando-se essa expressão nos contatos célula-célula e

na interface epitélio/tecido conjuntivo. Dos 23 casos da amostra, 16 (69,57%)

apresentaram ilhotas de epitélio odontogênico, dos quais 14 (87,5%) exibiram intensa

marcação nas referidas ilhotas, enquanto que 2 casos (12,5%) revelaram discreta

marcação (Figuras 9-10).

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A integrina α5β1 apresentou intensa marcação em 18 casos (85,72%) dos cistos

dentígeros incipientes, enquanto que em 3 (14,28%) verificou-se discreta marcação. Foi

observado ainda que todos os casos exibiram padrão de distribuição difuso e granular,

ressaltando-se ainda que não houve diferença no padrão de expressão das células da

camada basal e suprabasal do limitante epitelial. Adicionalmente, em 12 (57,14%) casos

foram identificadas ilhotas de epitélio odontogênico, dos quais 10 (83,33%)

apresentaram intensa marcação para a α5β1, enquanto que em 2 casos (16,67%)

observou-se discreta marcação para a referida integrina Figuras 11-12).

Ao comparar-se a intensidade geral de expressão das integrinas α2β1, α3β1 e α5β1

entre os folículos pericoronários espessados e os cistos dentígeros incipientes, foi

verificado que houve uma diferença estatisticamente significativa para as integrinas

α2β1 e α3β1 entre as referidas entidades, não sendo possível constatar diferença

significativa em se tratando da integrina α5β1 (Tabela 1).

Tabela 1. Número de espécimes, média dos postos, intervalos de confiança (95%) e significância estatística para intensidade geral de expressão das integrinas α2β1, α3β1 e α5β1 em folículos pericoronários e cistos dentígeros incipientes. Natal / RN, 2005

Intensidade Geral Integrina Espécime n Median

aIC (95%) Média dos

postos p

Folículo 23 1 0,981 – 1,279 16,37 αααα2ββββ1

CD 21 2 1,504 – 1,925 29,21

0,0001

Folículo 23 1 0,981 – 1,279 18,87 αααα3ββββ1

CD 21 1 1,243 – 1,709 26,48

0,013

Folículo 23 2 1,721 – 2,018 22,63 αααα5ββββ1

CD 21 2 1,694 – 2,020 22,36

0,906

Ainda com relação à intensidade geral de expressão das integrinas α2β1, α3β1 e

α5β1, foi verificada a existência de diferença estatística no padrão de expressão destas

integrinas em cada uma das entidades separadamente. Com relação aos folículos

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pericoronários espessados, a diferença foi estatisticamente significativa entre as

integrinas α2β1e α5β1, bem como entre as integrinas α3β1 e α5β1. Já para os cistos

dentígeros incipientes, observou-se diferença estatisticamente significativa quando

foram comparados os resultados entre todas integrinas, ou seja, entre a α2β1 e α3β1, entre

a α2β1e α5β1, e entre a α3β1 e α5β1 (Tabela 2).

Tabela 2. Número de espécimes, média dos postos, intervalos de confiança (95%) e significância estatística para intensidade geral de expressão das integrinas α2β1, α3β1 e α5β1 em relação aos folículos pericoronários e aos cistos dentígeros incipientes. Natal / RN, 2005

Intensidade Geral

Entidade Integrina n Mediana IC (95%)

Média dos

postos

p

α2β1 a* 23 1 0,981

1,279

16,37

α3β1 a* 23 1 1,504

1,925

18,87

Folículo

α5β1 b* 23 2 0,981

1,279

22,63

<

0,0001

α2β1 a* 21 2 1,243

1,709

29,21

α3β1 b* 21 1 1,721

2,018

26,48

CD

α5β1 c* 21 2 1,694

2,020

22,36

<

0,0292

* Letras diferentes representam diferença estatisticamente significativa para α= 0,05 segundo pós-teste decomparação múltipla de Dunn.

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65

Em uma análise direcionada à interface epitélio/ tecido conjuntivo dos folículos

pericoronários espessados e dos cistos dentígeros incipientes, foi constatada uma

diferença estatisticamente significativa para a intensidade de expressão das integrinas

α2β1 e α3β1, enquanto que a diferença para a integrina α5β1 não apresentou significância

estatística (Tabela 3).

Tabela 3. Número de espécimes, média dos postos, intervalos de confiança (95%) e significância estatística para intensidade de expressão das integrinas α2β1, α3β1 e α5β1 na interface epitélio/tecido conjuntivo em folículos pericoronários e cistos dentígeros incipientes. Natal / RN, 2005

Intensidade Interface Integrina Espécime n Mediana IC (95%) Média dos

postos p

Folículo 23 1 0,981 – 1,279 15,87 αααα2ββββ1

CD 21 2 1,563 – 1,961 29,76

0,0001

Folículo 23 1 0,981 – 1,279 18,87 αααα3ββββ1

CD 21 1 1,243 – 1,709 26,48

0,013

Folículo 23 2 1,721 – 2,018 22,63 αααα5ββββ1

CD 21 2 1,694 – 2,020 22,36

0,906

Ainda com relação à intensidade de expressão das integrinas na interface

epitélio/tecido conjuntivo, procedeu-se uma comparação dos resultados para cada uma

das entidades analisadas separadamente. Foi observado que nos folículos pericoronários

espessados houve diferença estatisticamente significativa no padrão de expressão entre

as integrinas α2β1e α5β1, bem como entre as integrinas α3β1 e α5β1. Já para os cistos

dentígeros incipientes, a diferença mostrou ser estatisticamente significativa entre a

α2β1 e α3β1, como também entre a α2β1 e α5β1, e entre a α3β1 e α5β1 (Tabela 4).

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66

Tabela 4. Número de espécimes, média dos postos, intervalos de confiança (95%) e significância estatística para intensidade de expressão das integrinas α2β1, α3β1 e α5β1 na interface epitélio/tecido conjuntivo em relação aos folículos pericoronários e aos cistos dentígeros incipientes. Natal / RN, 2005

Intensidade Interface Entidade Integrina n Median

aIC (95%) Média dos

postos p

α2β1 a* 23 1 0,981 – 1,279 26,50

α3β1 a* 23 1 0,981 – 1,279 26,50

α5β1 b* 23 2 1,721 – 2,018 52,00

< 0,0001

α2β1 a* 21 2 1,563 – 1,961 37,00

α3β1 b* 21 1 1,243 – 1,709 34,00

CD

α5β1 c* 21 2 1,694 – 2,020 25,00

< 0,0211

* Letras diferentes representam diferença estatisticamente significativa para α= 0,05 segundo pós-teste decomparação múltipla de Dunn.

Uma análise da intensidade de expressão das integrinas α2β1, α3β1 e α5β1 também

foi realizada nas ilhotas de epitélio odontogênico presentes nos folículos pericoronários

espessados e nos cistos dentígeros incipientes. Para estas entidades não foi identificada

diferença estatisticamente significativa para cada uma das integrinas (Tabela 5).

Tabela 5. Número de espécimes, média dos postos, intervalos de confiança (95%) e significância estatística para intensidade de expressão das integrinas α2β1, α3β1 e α5β1 nas ilhotas de epitélio odontogênico em folículos pericoronários e cistos dentígeros incipientes. Natal / RN, 2005

Intensidade Ihotas Integrina Espécime n Mediana IC (95%) Média dos

postos p

Folículo 18 1 0,976 – 1,357 14,17 αααα2ββββ1

CD 08 1 1,000 – 1,000 12,00

0,229

Folículo 17 1 0,974 – 1,184 13,85 αααα3ββββ1

CD 12 1 0,963 – 1,537 16,63

0,148

Folículo 16 2 1,693 – 2,057 13,00 αααα5ββββ1

CD 08 2 1,363 – 2,137 11,50

0,448

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À semelhança das análises anteriores, uma comparação da intensidade de

expressão das integrinas α2β1, α3β1 e α5β1 foi realizada nas ilhotas de epitélio

odontogênico em cada uma das entidades. Constatou-se que, nos folículos

pericoronários espessados, houve diferença estatisticamente significativa entre as

integrinas α2β1e α5β1, bem como entre as integrinas α3β1 e α5β1. Já para os cistos

dentígeros incipientes, esta diferença apresentou significância estatística entre as

integrinas α2β1 e α3β1, bem como entre a α2β1 e α5β1 e entre a α3β1 e α5β1 (Tabela 6).

Tabela 6. Número de espécimes, média dos postos, intervalos de confiança (95%) e significância estatística para intensidade de expressão das integrinas α2β1, α3β1 e α5β1 nas ilhotas de epitélio odontogênico em relação aos folículos pericoronários e aos cistos dentígeros incipientes. Natal / RN, 2005

Intensidade Ilhotas

Entidade Integrina n Mediana IC (95%)

Média dos

postos

p

α2β1 a* 18 1 0,976

1,357

21,500

α3β1 a* 17 1 0,934

1,184

18,500

Folículo

α5β1 b* 16 2 1,693

2,057

39,313

<

0,0001

α2β1 a* 08 1 1,000

1,000

20,500

α3β1 b* 08 1 0,963

1,537

10,000

CD

α5β1 c* 12 2 1,363

2,137

13,500

<

0,0055

* Letras diferentes representam diferença estatisticamente significativa para α= 0,05 segundo pós-teste decomparação múltipla de Dunn.

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Para a verificação da intensidade expressão das integrinas α2β1, α3β1 e α5β1 nos

contatos intercelulares, o método de avaliação para cada uma das entidades foi distinto.

No folículo pericoronário espessado, em virtude de apresentar uma camada única de

células epiteliais, o resultado foi expresso em apenas um valor, caracterizado como

intensidade de expressão nos contatos intercelulares. Observou-se diante dos resultados

que houve diferença estatisticamente significativa entre as integrinas α2β1 e α5β1 e entre

a α3β1 e α5β1 (Tabela 7).

Tabela 7. Número de espécimes, média dos postos, intervalos de confiança (95%) e significância estatística para expressão das integrinas α2β1, α3β1 e α5β1 nos contatos intercelulares em folículos pericoronários. Natal / RN, 2005

Intensidade contatos intercelulares

Entidade Integrina n Mediana IC (95%)

Média dos

postos

p

α2β1 a* 23 1 0,981

1,279

26,50

α3β1 a* 23 1 1,504

1,925

26,50

Folículo

α5β1 b* 23 2 0,981

1,279

52,00

<

0,0001

* Letras diferentes representam diferença estatisticamente significativa para α= 0,05 segundo pós-teste decomparação múltipla de Dunn.

Já para os cistos dentígeros incipientes, a intensidade de marcação entre os

contatos intercelulares foi subdividida em dois grupos: nas células da camada basal e

nas células da camada suprabasal. A opção por esse tipo de avaliação se justificou em

virtude da estratificação do epitélio dos cistos dentígeros incipientes. Foi observado que,

para a integrina α2β1 houve uma diferença estatisticamente significativa entre as células

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da camada basal e as células da camada suprabasal, o mesmo não sendo identificado

para as integrinas α3β1 e α5β1 (Tabela 8).

Tabela 8. Número de espécimes, média dos postos, intervalos de confiança (95%) e significância estatística para expressão das integrinas α2β1, α3β1 e α5β1 nos contatos intercelulares em cistos dentígeros incipientes. Natal / RN, 2005

Intensidade de marcação Integrina Camada n Mediana IC (95%) Média dos

postos p

Basal 21 2,000 1,563 – 1,961 27,00α2β1

Suprabasal 21 1,000 1,039 – 1,437 16,000,0034

Basal 21 1,000 1,243 – 1,709 21,50α3β1Suprabasal 21 1,000 1,243 – 1,709 21,50

0,9898

Basal 21 2,000 1,694 – 2,020 21,50α5β1Suprabasal 21 2,000 1,694 – 2,020 21,50

0,9895

As integrinas α2β1 e α5β1 apresentaram um padrão de distribuição difuso por

todo o espécime em todos os casos de folículos pericoronários espessados e cistos

dentígeros incipientes, justificando destarte a não realização de testes estatísticos em

virtude da não variabilidade entre os escores. Já para a integrina α3β1, observou-se

marcação focal em 19 casos (82,6%) de folículos pericoronários espessados, enquanto

que em apenas 4 casos (17,4%) esta marcação foi difusa. Já para os cistos dentígeros

incipientes, em todos os casos a marcação para a α3β1 foi difusa, mostrando portanto

uma associação estatisticamente significativa entre o padrão de distribuição e o tipo de

entidade avaliada.

Tabela 9. Padrão de distribuição da integrina α3β1 nos espécimes de folículos pericoronários e cistos dentígeros incipientes. Natal / RN, 2005

Padrão de Distribuição Entidade

Focal Difusa Total p

Folículo 19 (82,6%) 4 (17,4%) 23 (100%)

CD 0 (0%) 21 (100%) 21 (100%)

<0,0001

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6. DISCUSSÃO

O cisto dentígero é o cisto odontogênico de desenvolvimento mais comum,

apresentando características clínicas, radiográficas e histopatológicas bem estabelecidas.

Sua histogênese é bastante discutida, não havendo ainda um consenso na literatura a

respeito da sua possível etiopatogenia, sendo aventadas principalmente a degeneração

do retículo estrelado do órgão do esmalte e o acúmulo de líquido entre a coroa do dente

e o epitélio reduzido do órgão do esmalte ou entre as camadas do referido epitélio

(BROWNE, 1991; BENN, ALTINI, 1996; GALVÃO, SOUZA, 1999; MARTÍNEZ-

PÉREZ, VARELA-MORÁLEZ, 2001; NEVILLE et al, 2004).

Na maioria dos casos, o cisto dentígero não assume grandes proporções, sendo

descobertos geralmente em radiografias de rotina. Entretanto, algumas lesões

apresentam um comportamento biológico não usual, podendo exibir tumefação,

assimetria facial e dor (KAYA, BOCUTOGLU, 1994; SHAPIRA, SMIDT, CASAP,

1996; KO, DOVER, JORDAN, 1999). Uma das grandes controvérsias que envolvem o

cisto dentígero consiste na dificuldade de diferenciação entre um cisto dentígero

incipiente e um folículo pericoronário espessado (EISENBERG, 1993; DALEY,

WISOCKI, 1995; GLOSSER, CAMPBELL, 1999; ADELSPERGER et al, 2000;

DAMANTE, FLEURY, 2001; NEVILLE et al, 2004).

Inicialmente, um trabalho clássico desenvolvido por Stanley, Krogh e Pankuk

(1965) foi utilizado como parâmetro para estabelecimento de critérios para o

diagnóstico histopatológico de um folículo pericoronário. Segundo estes pesquisadores,

esta entidade poderia apresentar dois tipos de epitélio: o reduzido do órgão do esmalte e

o pavimentoso estratificado, fato este que levaria uma grande dificuldade para distinção

entre o folículo pericoronário e o cisto dentígero. Autores como Stephens, Kogon e Reid

(1989); Eliasson, Heimdahl e Nordenram (1989); Knights, Brokaw e Kessler (1991) e

Kim e Ellis (1993) em trabalhos posteriores reforçaram a grande dificuldade de

distinção entre as duas entidades.

Um dos achados histopatológicos importantes descritos no trabalho de Stanley,

Krogh e Pankuk (1965) foi a forte tendência de adesão das células do epitélio reduzido

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do órgão do esmalte à superfície dentária, mais especificamente ao esmalte do dente,

fato este justificado pela presença de hemidesmossomos que permitem uma adesão mais

efetiva entre o referido epitélio e a superfície do esmalte. Isso levaria ao entendimento,

por conseguinte, da pequena concentração de células epiteliais identificadas nos

espécimes de folículo pericoronário, onde este epitélio é sempre visto com grandes

áreas de descontinuidade. Já nos casos com metaplasia epitelial para um epitélio

pavimentoso estratificado, observou-se uma maior adesão das células ao tecido

conjuntivo e não à superfície do esmalte.

Estes achados anteriormente citados e o fato de uma metaplasia tecidual não ser

esperada em tecidos com organogênese já estabelecida, levaram Eisenberg (1993) a

afirmar categoricamente que a alteração metaplásica de um epitélio do tipo reduzido do

órgão do esmalte para um epitélio pavimentoso estratificado seria o evento inicial de

transformação cística em um folículo pericoronário.

Os trabalhos seguintes aumentaram a controvérsia quanto aos parâmetros para

estabelecimento de critérios conclusivos para diagnóstico. Daley e Wisocki (1995)

preconizaram que, para o diagnóstico de cisto dentígero, três condições deveriam ser

observadas: radiolucidez pericoronária maior do que 4 mm em seu maior diâmetro;

identificação do epitélio pavimentoso estratificado no exame histopatológico; e espaço

cístico observado cirurgicamente entre o esmalte e o limitante epitelial. Alguns outros

estudos, dentre estes o de Ko, Dover e Jordan (1999) e o de Farah e Savage (2002)

referiram que a mensuração do espaço pericoronário através de radiografias

convencionais direcionaria para o diagnóstico definitivo. O primeiro trabalho citou que

o cisto dentígero deve ser diagnosticado em espaços foliculares superiores a 5 mm,

enquanto que o segundo estudo referiu que este espaço, quando apresentar medida

superior a 3 mm, já sinalizaria a hipótese de uma possível alteração na região, em

especial o cisto dentígero. Em contrapartida, para Damante e Fleury (2001), não existem

parâmetros radiográficos nem microscópicos que permitam diferenciar um folículo

pericoronário espessado de um cisto dentígero incipiente. Segundo estes autores, o

diagnóstico de cisto dentígero só deveria ser emitido quando fossem referenciados pelo

cirurgião-dentista a presença de cavitação e conteúdo cístico.

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Entretanto, a maioria dos estudos utilizou como critério as informações

fornecidas por Eisenberg (1993), destacando-se dentre estes Manganaro (1998), Glosser

e Campbell (1999), Adelsperger et al (2000), Curran e Damm (2002) e Godoy et al

(2003). Segundo estes pesquisadores, a presença de um limitante epitelial do tipo

pavimentoso estratificado já seria o critério diferencial para o diagnóstico de um cisto

dentígero.

Foi verificada a necessidade de informações adicionais que

pudessem contribuir para a constatação ou não dos critérios aqui

utilizados para a distinção entre as duas entidades. Constatou-se

portanto que uma avaliação de componentes da matriz extracelular e

seus ligantes específicos, dentre eles as integrinas, poderia trazer uma

contribuição importante para o caso em questão.

Sabe-se atualmente que a membrana basal é composta por diversas moléculas,

dentre elas o colágeno IV e glicoproteínas como a laminina e a fibronectina

(GONZÁLEZ et al, 1994; WILSON et al, 1999). Esta membrana basal apresenta papel

funcional e estrutural nos estágios iniciais de desenvolvimento do organismo, mas

também assume outras funções importantes como: exercer suporte estrutural, promover

a ligação entre as camadas celulares e o tecido conjuntivo adjacente, servir como

barreira para passagem de moléculas e controlar a proliferação celular

(THORGEIRSSON, TUPEENNIEMI-HUJANEN, LIOTTA, 1985). O estudo das

relações das células epiteliais entre si e destas com os componentes da membrana basal

poderia trazer informações importantes para serem utilizadas no conhecimento mais

aprofundado dos folículos pericoronários e dos cistos dentígeros.

As integrinas representam uma família de heterodímeros (α e β) que são ligados

não-covalentemente e medeiam interações célula-célula e célula-matriz. Este estudo

avaliou a expressão imuno-histoquímica das integrinas α2β1, α3β1 e α5β1 que

representam respectivamente os principais receptores celulares para o colágeno IV,

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73

laminina e fibronectina em folículos pericoronários espessados e cistos dentígeros

incipientes com o intuito de verificar se há diferenças que sirvam como subsídio

adicional para reforçar a possibilidade de distinção histopatológica entre as referidas

entidades.

Apesar da grande freqüência de realização de procedimentos cirúrgicos para

remoção de dentes inclusos na Clínica Odontológica, um dos grandes contratempos do

presente estudo foi a obtenção da amostra. Um dos motivos que justificaram esta

dificuldade foi o hábito pouco disseminado entre os cirurgiões-dentistas de

encaminhamento dos espécimes cirúrgicos para avaliação histopatológica. Isto poderia

mascarar, segundo Curran e Damm (2002) uma incidência maior de patologias

pericoronárias, dentre elas o cisto dentígero. Um outro fato que também dificultou a

obtenção da referida amostra foi o critério imprescindível de informação duvidosa do

cirurgião-dentista entre folículo pericoronário e cisto dentígero, sendo as medidas

verificadas nas radiografias de rotina portanto não conclusivas de uma lesão cística.

Adicionalmente, a obtenção das amostras de folículos pericoronários apresentou

dificuldade em virtude da maioria dos espécimes não conservarem um fragmento

representativo de epitélio reduzido do órgão do esmalte, que seria uma condição

essencial para a avaliação destes no presente estudo.

Com relação aos resultados da presente pesquisa, foi observado que todos os

casos de folículos pericoronários e de cistos dentígeros incipientes apresentaram

marcação positiva para as integrinas que foram avaliadas, sendo esta positividade

identificada através de um padrão de expressão granular disposto preferencialmente em

localização citoplasmática e na maioria dos casos em proximidade com a membrana

citoplasmática celular. Este tipo de expressão pericelular pôde ser identificado também

por Jensen e Wheelock (1995) em ceratinócitos epidérmicos, reforçando o entendimento

da importância das integrinas no processo de adesão célula-célula e célula-matriz

extracelular, através da membrana basal. Essa positividade também foi identificada nas

amostras de germe dentário, lâmina dentária e epitélio de mucosa oral estudados por

Modolo et al (2004), reforçando a importância das integrinas na manutenção

arquitetural de diversos tipos de epitélio.

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As ligações das integrinas podem ser homotípicas e heterotípicas, onde nesta

última se destaca a E-caderina como importante molécula de adesão, fazendo

especialmente uma ligação com a integrina α2β1. De acordo com Whittard et al (2002),

a interação existente entre a E-caderina e a α2β1 é importante na regulação da

estratificação epitelial e na manutenção estrutural do epitélio pavimentoso estratificado

da pele, especialmente nas células da camada basal e da camada suprabasal.

No presente estudo, a integrina α2β1 apresentou um padrão de marcação

diferente entre os folículos pericoronários e os cistos dentígeros incipientes, sendo

verificado que nos folículos pericoronários essa marcação foi mais discreta, tanto nas

células que compõem o epitélio reduzido do órgão do esmalte quanto nas ilhotas de

epitélio odontogênico, quando estas estiveram presentes nos espécimes. Em

contrapartida, a marcação nos cistos dentígeros incipientes foi predominantemente

intensa, especialmente nas células que compunham a camada basal do limitante epitelial

cístico. Esses achados estão de acordo com os relatos de Bennett et al (2001), que

referiram que a subunidade α2 é expressa em maior quantidade em células que estão em

proliferação. Isto justificaria a tendência de expressão mais significativa nas células da

camada basal do epitélio cístico, uma vez que estas células encontram-se em constante

atividade proliferativa no limitante epitelial, diferentemente das células que compõem o

epitélio reduzido do órgão do esmalte, as quais apresentam tendência à quiescência, não

sendo requisitadas a entrar constantemente no ciclo celular. Este fato pôde ser

comprovado no presente estudo através da diferença estatisticamente significativa na

expressão da α2β1 na interface epitélio/ tecido conjuntivo entre os folículos

pericoronários e cistos dentígeros incipientes (p<0,0001). Em contrapartida, autores

como Modolo et al (2004) referiram que a integrina α2β1 inibe o ciclo celular e promove

remodelação da matriz extracelular, apesar de verificarem uma forte expressão desta

integrina em tecidos em proliferação como a lâmina dentária.

Nishimura et al (1998) referiram que a subunidade de integrina α2 tem

participação efetiva na estratificação de epitélios escamosos, dentre eles o epitélio de

lesões císticas. Estes autores identificaram que a α2 esteve mais expressa nas células da

camada basal do limitante epitelial que compõe os cistos dentígeros e os ceratocistos

odontogênicos, relatando que a redução de expressão nas camadas subseqüentes se

deveria a uma redução na adesão célula-célula e favoreceria uma descamação das

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75

células mais superficiais. Estes achados puderam ser constatados na presente pesquisa,

uma vez que foi identificada uma diferença estatisticamente significativa na intensidade

de expressão da integrina α2β1 nas células da camada basal em detrimento das células

da camada suprabasal no epitélio dos cistos dentígeros incipientes.

Acreditamos que esta marcação mais intensa pode ser justificada não só pelos

argumentos explicitados anteriormente, mas também pela constatação das informações

citadas por González et al (1994), Wilson et al (1999) e Oliveira et al (2002), onde o

colágeno IV, principal proteína à qual se adere a integrina α2β1, encontra-se disposto

abundantemente em membranas basais, sendo o seu principal componente estrutural.

Tal fato justificaria portanto a maior concentração de moléculas de integrina α2β1 nas

células da camada basal do epitélio dos cistos dentígeros incipientes, favorecendo

destarte uma melhor organização estrutural destas células.

A marcação mais discreta para a α2β1, nas células que compõem o epitélio

reduzido do órgão do esmalte nos folículos pericoronários, pode ser justificada não

apenas porque estas células não apresentam atividade proliferativa relevante. Uma outra

explicação plausível se deve ao fato referenciado no trabalho clássico de Stanley, Krogh

e Pankuk (1965), onde estas células epiteliais apresentariam uma adesão mais

expressiva à superfície do esmalte através de hemidesmossomos, sendo a adesão celular

ao tecido conjuntivo subjacente pouco eficiente, justificando portanto uma ligação mais

tênue entre a integrina α2β1 e o colágeno IV presente nesta membrana basal.

Com relação às ilhotas de epitélio odontogênico, foi verificado nesta pesquisa

que estas, quando identificadas nos folículos pericoronários e nos cistos dentígeros

incipientes, apresentaram um padrão de marcação mais discreto para a α2β1 em ambas

entidades, não havendo diferença estatisticamente significativa na intensidade de

marcação nas referidas ilhotas entre os folículos pericoronários e os cistos dentígeros

incipientes. Tal fato pode ser justificado em virtude das células que compõem as ilhotas

de epitélio odontogênico apresentarem uma tendência à quiescência, especialmente com

o passar do tempo pois, de acordo com Stanley, Krogh e Pankuk (1965); Kim e Ellis

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(1993) e Moresco e Barbachan (1997) as ilhotas de epitélio odontogênico, tanto nos

folículos pericoronários quanto nos cistos dentígeros, apresentam a tendência de

sofrerem calcificação, havendo inclusive uma redução do número de ilhotas com o

passar do tempo de retenção intra-óssea destas entidades.

No presente estudo, a integrina α3β1 apresentou um padrão de marcação discreto

tanto nos folículos pericoronários quanto nos cistos dentígeros incipientes, entretanto

algumas peculiaridades puderam ser identificadas. Observou-se que nos folículos

pericoronários o padrão de distribuição predominante foi o focal, enquanto que nos

cistos dentígeros incipientes esse padrão de distribuição foi difuso, não sendo

identificada diferença na intensidade de marcação entre as células da camada basal e as

células da camada suprabasal do epitélio cístico. Para os cistos dentígeros incipientes

houve uma ligeira tendência de marcação discreta para a α3β1, com 52,28% dos casos

apresentando esta característica, enquanto que a grande maioria dos folículos

pericoronários apresentou marcação discreta, com 86,96% dos casos.

A identificação da α3β1 em todos os casos avaliados nesta pesquisa encontra

respaldo nos achados de Darribère et al (2000) e deHart, Heally e Jones (2003), os quais

afirmaram a importância da interação da integrina α3β1 com a laminina-5 em

membranas basais, o que favoreceria a adesão das células epiteliais à referida

membrana, bem como na adesão célula-célula, levando em conseqüência à organização

e remodelação dos diversos tipos de células epiteliais. Ao ser comparada a intensidade

geral de marcação para a integrina α3β1 entre folículos pericoronários e cistos

dentígeros incipientes, foi verificada uma diferença estatisticamente significativa entre

as referidas entidades, apesar do padrão discreto ainda ser predominante nos dois

grupos. Tal achado pode encontrar respaldo nos relatos de Nishimura et al (1998) que

ressaltaram a importância da α3β1 na estratificação dos epitélios císticos estudados

naquela pesquisa, o que explicaria uma tendência maior de expressão da α3β1 nos cistos

dentígeros incipientes em detrimento dos folículos pericoronários, fato comprovado

também através da diferença estatisticamente significativa da expressão da α3β1 na

interface epitélio/ tecido conjuntivo entre os folículos pericoronários e os cistos

dentígeros incipientes.

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O padrão de marcação para a α3β1 semelhante para todas as camadas do epitélio

cístico indica que a adesão célula-célula através da referida integrina encontra-se

uniforme por toda extensão epitelial, indicando portanto que esta integrina,

diferentemente da α2β1, não teria papel preponderante na estratificação das camadas

epiteliais. O padrão de marcação mais discreto desta integrina identificado na maioria

dos casos, talvez indique que a α3β1 participe na organização estrutural do epitélio

cístico, porém de maneira menos expressiva.

Esse padrão de marcação mais discreto verificado para a α3β1 no presente estudo

também foi identificado nas pesquisas de Andrade (2003), que utilizou ameloblastomas

e tumores odontogênicos adenomatóides, e de Miguel (2005), que utilizou adenomas

pleomórficos e carcinomas adenóides císticos. Thorup et al (1998) também referiram

que em patologias como a leucoplasia e o carcinoma epidermóide, há uma tendência de

redução de expressão da α3β1. Azuma et al (1996) afirmaram que a redução na

expressão da α3β1 estaria inversamente proporcional ao grau de malignidade em

tumores de glândula. Em contrapartida, Dyce et al (2002) associaram que um aumento

na expressão da α3β1 favoreceria a motilidade celular no caso de linhagens de células de

carcinoma epidermóide.

Estudos como os de Hemler e Rutishauser (2000) e Dyce te al (2002) referiram

que a integrina α3β1 pode produzir e ativar algumas metaloproteinases, processo que

justificaria também a tendência de expressão mais intensa desta integrina nos cistos

dentígeros incipientes em comparação com os folículos pericoronários, uma vez que se

sabe da importância da participação de algumas metaloproteinases no processo de

degradação da matriz óssea e conseqüente expansão cística. Esse processo seria menos

intenso, por conseguinte, em se tratando dos folículos pericoronários, especialmente nos

casos em que o dente perdeu a força de erupção e observa-se a inabilidade para

reabsorção óssea e conseqüente exfoliação do dente não-erupcionado.

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Houve uma constatação de diferença estatisticamente significativa no padrão de

distribuição da α3β1 nos folículos pericoronários e cistos dentígeros incipientes, onde no

primeiro grupo foi predominantemente focal, enquanto que no segundo grupo esta

marcação foi difusa em todos os casos. Esse achado pode ser justificado através dos

relatos de Nishimura et al (1998) e deHart, Heally e Jones (2003), os quais reforçaram a

importância da α3β1 na organização estrutural de epitélios pavimentosos como o

encontrado nos cistos dentígeros incipientes na presente pesquisa, onde esta integrina é

necessária para adesão célula-célula e célula-matriz extracelular, sendo verificado

portanto um padrão de marcação difuso nestas lesões. A fraca adesão das células do

epitélio reduzido do órgão do esmalte ao tecido conjuntivo subjacente nos folículos

pericoronários seria uma das possíveis explicações para um padrão de marcação focal

da α3β1, o que justificaria a tendência do referido epitélio estar ausente ou com grandes

áreas de descontinuidade nos espécimes de folículos pericoronários, uma vez que

estudos como os de Darribère et al (2000) e Hemler e Rutishauser (2000) enfatizaram a

grande importância da ligação da integrina α3β1 à laminina-5 para organização de

células epiteliais com a membrana basal.

A integrina α5β1 apresentou intensa marcação e padrão de distribuição difuso e

granular tanto nos folículos pericoronários quanto nos cistos dentígeros incipientes, não

sendo identificada diferença estatisticamente significativa na intensidade de marcação

entre as duas entidades. Foi verificado também que não houve diferença no padrão de

expressão entre as células da camada basal e as da camada suprabasal do epitélio

cístico. As ilhotas de epitélio odontogênico, quando presentes nos espécimes das duas

entidades, também apresentaram intensa marcação para a α5β1, não sendo observada

diferença estatisticamente significativa na intensidade de expressão entre os dois

grandes grupos aqui estudados.

A interpretação dos resultados da integrina α5β1 tem apresentado várias

controvérsias na literatura, especialmente em se tratando de sua avaliação em neoplasias

malignas, onde autores como Adachi et al (2001), Kawashima et al (2001) e Han et al

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(2003) relacionaram uma superexpressão da α5β1 a tumores mais invasivos e com mais

habilidade para metástase. Em contrapartida, Su et al (2002) e Jayne et al (2002)

relacionaram uma maior expressão da α5β1 a tumores com comportamento biológico

menos agressivo, enquanto que Miguel (2005) associou a redução na expressão da α5β1

a um comportamento biológico mais agressivo nos carcinomas adenóides císticos, uma

vez que esse achado foi identificado nos subtipos sólidos desta lesão.

Segundo relatos de Bennett et al (2001) e Su et al (2002), a integrina α5β1 é

muito importante para a diferenciação celular, fato este que pôde ser corroborado pelos

resultados do presente estudo, onde foi identificada uma intensa marcação nas células

do epitélio reduzido do órgão do esmalte nos folículos pericoronários e nas células do

epitélio pavimentoso estratificado dos cistos dentígeros incipientes. Estas células têm a

característica de apresentarem diferenciação bem estabelecida, o que justificaria a alta

expressão da integrina α5β1. Esses resultados entretanto são discordantes dos achados

de Kosmehl et al (1995), onde foi identificada uma marcação descontínua da α5β1 na

interface epitélio/ membrana basal em amostras de mucosa oral normal, e uma

marcação mais intensa em amostras de carcinoma epidermóide pobremente

diferenciados. Segundo estes autores, as células mais indiferenciadas é que

apresentariam uma tendência de maior expressão da integrina α5β1.

De acordo com Labat-Robert (2002), a expressão da integrina α5β1 inativa os

genes de proliferação celular, favorecendo em conseqüência um controle no

crescimento tecidual. Este fato pode justificar a intensa expressão da integrina α5β1

tanto no epitélio reduzido do órgão do esmalte nos folículos pericoronários quanto no

epitélio pavimentoso estratificado nos cistos dentígeros, inclusive na interface epitélio/

tecido conjuntivo, onde não foi identificada diferença estatisticamente significativa na

intensidade de expressão entre os folículos pericoronários e os cistos dentígeros

incipientes, corroborando a importância da interação da α5β1 com a fibronectina,

presente em abundância na membrana basal subjacente, no controle da proliferação

celular.

Foi observado, no presente estudo, que as células da camada basal exibiram o

mesmo padrão de marcação para a α5β1 que o das células da camada suprabasal no

epitélio dos cistos dentígeros incipientes, não havendo diferença estatisticamente

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significativa entre as duas camadas celulares. Este fato pode ser explicado não apenas

pela diferenciação celular em todas as camadas celulares do epitélio cístico, levando a

uma maior expressão da α5β1 citada por Bennett et al (2001), mas também pela

participação desta integrina no processo de adesão célula- célula favorecendo uma

organização estrutural do referido epitélio.

Os relatos de Bennett et al (2001) e Andrade (2003) referiram que as células em

diferenciação terminal exibem uma grande tendência de superexpressar a integrina α5β1.

Talvez essa seja uma justificativa para a forte expressão da α5β1 nas células que

compõem o epitélio reduzido do órgão do esmalte nos folículos pericoronários.

Com relação às ilhotas de epitélio odontogênico nos folículos pericoronários e

nos cistos dentígeros incipientes, verificou-se também uma intensa marcação para a

integrina α5β1, não havendo diferença no padrão de expressão entre as duas entidades.

Esse padrão de expressão também pode ser justificado pelos achados de Bennett et al

(2001) e Andrade (2003), uma vez que as células que compõem as ilhotas de epitélio

odontogênico também são células em diferenciação terminal, inclusive com tendência à

calcificação, levando por conseguinte a uma maior expressão da integrina α5β1.

Adicionalmente, vale ressaltar a concentração significativa de moléculas de fibronectina

nas membranas basais, bem como sua produção através da integrina α5β1, justificando a

intensa marcação não só nas ilhotas de epitélio odontogênico, mas também nas células

que compõem os tecidos epiteliais nos folículos pericoronários e nos cistos dentígeros

incipientes.

Diante de todos os resultados individuais para cada integrina, foi comparado o

padrão de expressão entre cada uma delas dentro da mesma entidade, sendo verificado

que houve uma diferença estatisticamente significativa na intensidade geral de

expressão bem como na interface epitélio/ tecido conjuntivo entre as integrinas α2β1 e

α5β1 e entre a α3β1 e a α5β1 nos folículos pericoronários. Isto se deveu a uma expressão

mais significativa da α5β1 em comparação com a α2β1 e α3β1, indicando uma

participação mais efetiva da interação α5β1-fibronectina na organização do limitante

epitelial e das ilhotas de epitélio odontogênico nos folículos pericoronários. Tal fato

pode ser justificado porque este epitélio é bem diferenciado e pouco proliferativo, onde

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essas células apresentam-se quiescentes e, em virtude de uma alteração no padrão de

erupção, encontram uma participação de fatores ósteo-reabsortivos menos evidente

sobre as integrinas, o que alteraria ao padrão de expressão das mesmas, favorecendo

uma tendência geral de fraca marcação nos folículos pericoronários.

De acordo com Tosios, Kapranos e Papanicolaou (1998) e Wilson (1999) os

cistos odontogênicos, dentre eles o cisto dentígero, encontram-se em contínua

proliferação epitelial, favorecendo um crescimento ininterrupto da lesão. Segundo estes

autores, os componentes da matriz extracelular, bem como seus ligantes, podem

apresentar alguma participação neste processo. Tal fato foi identificado através da

expressão imuno-histoquímica das integrinas α2β1 , α3β1 e α5β1 nos cistos dentígeros

incipientes aqui estudados, sendo verificada uma tendência de marcação mais intensa

para a α2β1 e α5β1 tanto no aspecto de intensidade geral de marcação quanto na interface

epitélio/ tecido conjuntivo.

Observou-se portanto diferença estatisticamente significativa nos cistos

dentígeros incipientes entre a α2β1 e α3β1, bem como entre a α2β1 e α5β1 e entre a α3β1 e

α5β1. Isso se deve ao fato que o epitélio cístico é bem diferenciado e mais proliferativo

do que o do folículo pericoronário, justificando as diferenças significativas na expressão

entre as referidas integrinas.

Já com relação à expressão das integrinas nas ilhotas de epitélio odontogênico,

observou-se uma diferença estatisticamente significativa entre a α2β1 e a α3β1, bem

como entre a α2β1 e a α5β1 e a α3β1 e a α5β1 . Tal fato pode ser justificado através das

observações anteriormente constatadas para as ilhotas de epitélio odontogênico, pois as

mesmas apresentam-se quiescentes, sem atividade proliferativa evidente, reduzindo a

intensidade de expressão para a α2β1, que se mostrou discreta em todos os casos

observados, diferentemente do que foi identificado para a marcação da α2β1 no

limitante epitelial cístico. Esta variação na marcação da α2β1 nas ilhotas de epitélio

odontogênico favoreceu portanto a verificação de diferença estatisticamente

significativa entre as integrinas nas ilhotas de epitélio odontogênico dos cistos

dentígeros incipientes.

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A avaliação da marcação das integrinas nos contatos intercelulares foi realizada

de maneira distinta nos folículos pericoronários e nos cistos dentígeros incipientes em

virtude destas entidades apresentarem epitélios com organização estrutural distinta. Nos

folículos pericoronários o epitélio é simples, com camada única de células, favorecendo

uma observação mais simplificada nos contatos intercelulares, uma vez que a marcação

pôde ser identificada nos contatos laterais das células e entre estas e a membrana basal.

O padrão de marcação pericelular identificado na maioria dos estudos, dentre eles os de

Loducca et al (2002), Andrade (2003), Han et al (2003), Modolo et al (2004) e Miguel

(2005) foi corroborado pelos resultados do presente estudo. À semelhança do padrão de

intensidade geral para as integrinas nos folículos pericoronários, observou-se diferença

estatisticamente significativa entre a α2β1 e a α5β1 bem como entre a α3β1 e a α5β1, com

as possíveis explicações anteriormente já citadas neste texto.

Já para os cistos dentígeros incipientes, optou-se por verificar separadamente a

expressão das integrinas na camada basal e na camada suprabasal, em virtude da

estratificação epitelial, o que alteraria o padrão de expressão das integrinas de acordo

com Nishimura et al (1998). Logo, a observação das células da camada basal se dá

através dos contatos célula-célula e sofrem influência também dos contatos célula-

membrana basal, enquanto que nas células da camada suprabasal a observação dos

contatos intercelulares é meramente célula-célula. Tal fato poderia apresentar uma

diferença de expressão nas integrinas entre as referidas camadas, o que foi identificado

na expressão da α2β1, que revelou uma diferença estatisticamente significativa entre as

células da camada basal e as células da camada suprabasal. Kosmehl et al (1995) e

Juarez, Lucas e Lucas (2000) referiram que as células da camada basal dos epitélios

estratificados apresentam atividade metabólica e proliferativa mais intensa do que nas

demais camadas, fato identificado inclusive através da microscopia óptica por uma

coloração mais basofílica no núcleo destas células. Adicionalmente, o colágeno IV é um

dos grandes componentes da membrana basal nos epitélios císticos, como foi descrito

no estudo de Oliveira et al (2002), o que levaria a uma adesão mais efetiva das células

da camada basal à membrana basal subjacente através da interação da integrina α2β1

com este colágeno IV. Estes achados portanto justificariam a diferença estatisticamente

significativa entre as duas camadas epiteliais nos cistos dentígeros incipientes.

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Diante de todos os achados da expressão das integrinas α2β1, α3β1 e α5β1 em

folículos pericoronários e cistos dentígeros incipientes, sugere-se portanto que a

metaplasia escamosa pode ser realmente o primeiro sinal visível de transformação

cística nos folículos pericoronários, uma vez que foram identificadas diferenças

significativas no padrão de expressão das integrinas entre as duas entidades. Tais

resultados nos fazem corroborar os relatos de Eisenberg (1993), que referiu a

possibilidade de distinção histopatológica entre um folículo pericoronário e um cisto

dentígero incipiente.

Entretanto, ressaltamos a importância de se ter prudência no diagnóstico

conclusivo, sendo as informações clínicas e cirúrgicas bastante importantes, uma vez

que, de acordo com Katchburian e Arana (1999) no processo normal de erupção dos

dentes existe um fusionamento das células do epitélio reduzido do órgão do esmalte

com as células da camada basal do epitélio da mucosa oral, o que poderia confundir o

patologista ao identificar áreas de epitélio pavimentoso estratificado nos espécimes de

folículo pericoronário que se encontram semi-inclusos. Portanto, os critérios relatados

para distinção entre um folículo pericoronário e um cisto dentígero incipiente são

válidos apenas para dentes totalmente inclusos. Adicionalmente, sugere-se outros tipos

de estudos, em especial através da verificação da participação das metaloproteinases,

para corroborar os achados desta pesquisa e de outros estudos pregressos, favorecendo

um consenso na emissão do diagnóstico de folículos pericoronários e dos cistos

dentígeros incipientes.

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7. CONCLUSÕES

Diante dos achados do presente estudo, foi possível concluir que:

1) As integrinas α2β1, α3β1 e α5β1 apresentaram marcação positiva em todos os casos de

folículos pericoronários espessados e cistos dentígeros incipientes, reforçando o

entendimento da participação das mesmas no processo de adesão célula-célula e célula-

matriz extracelular, favorecendo uma manutenção arquitetural do epitélio destas

entidades.

2) A integrina α2β1 apresentou diferença estatisticamente significativa entre os folículos

pericoronários espessados e os cistos dentígeros incipientes, e também entre as camadas

basal e suprabasal no epitélio deste cisto, comprovando a participação da referida

integrina na proliferação celular, bem como na organização estrutural das células nas

diferentes camadas do epitélio estratificado do cisto dentígero.

3) A integrina α3β1 apresentou diferença estatisticamente significativa, entre os folículos

pericoronários espessados e os cistos dentígeros incipientes, na intensidade geral de

expressão e também no padrão de distribuição, permitindo o entendimento da

participação desta integrina na estratificação epitelial identificada nos cistos.

Adicionalmente, sugere-se que a maior expressão da α3β1 em cistos dentígeros

incipientes se deve à produção e ativação de metaloproteinases nestas lesões.

4) A integrina α5β1 não apresentou diferença estatisticamente significativa entre os

folículos pericoronários espessados e os cistos dentígeros incipientes, reforçando o

conhecimento da importância desta integrina na diferenciação celular bem como no

controle do crescimento tecidual para ambas entidades.

5) Através da avaliação imuno-histoquímica das integrinas α2β1, α3β1 e α5β1, verificou-

se achados adicionais que corroboram a possibilidade de distinção histopatológica entre

um folículo pericoronário espessado e um cisto dentígero incipiente, onde a metaplasia

escamosa do epitélio reduzido do órgão do esmalte para o epitélio pavimentoso

estratificado seria o primeiro sinal visível de transformação cística.

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SUMMARY

The distinction between incipient dentigerous cyst (DC) and thick pericoronal

dental follicle (PDF) remains one of the most controversial questions in the literature.

The goal of the present study was to analyze the immunohistochemistry expression of

α2β1, α3β1 e α5β1 in 23 cases of PDFs and 21 cases of incipient DCs. It was taken into

consideration the expression or not of the referred integrins in islands of odontogenic

epithelium with special attention to localization, intensity and distribution pattern in

order to perform comparative analysis. All integrins were immunopositive in the studied

cases. A significant difference was detected regarding α2β1 integrin (p<0,0001) in which

a higher expression was present in DCs. Moreover, statistical difference was also found

between basal and suprabasal cell layer in cystic epithelium (p<0,0034). The α3β1

integrin expression showed significant difference (p<0,013) between PDF and DC with

a tendency of more pronounced staining in DC. It was not observed significant

differences regarding α5β1 integrin. Nonetheless, it must be pointed out the intense

immunostaining of this integrin in most of the studied cases giving support to its role in

cellular differentiation. It can be concluded that the higher expression of α2β1 integrin

not only in DC but also in its basal cell layer of the epithelium may be related to higher

proliferative activity of these cells. On the other hand, the tendency of more pronounced

expression of α3β1 integrin in incipient DC could be associated with its the role in

epithelium stratification and cystic growth by metalloproteinase activation.

Furthermore, these results corroborate the possibility of histopathological distinction

between a thick PDF and incipient DC in which squamous metaplasia of reduced

enamel epithelium to stratified epithelium would be the first event of cystic

transformation.

Key-Words: Odontogenic cyst, pericoronal dental follicle, dentigerous cyst, integrins,

immunohistochemical.

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