universidade estadual do cearÁ centro de ciÊncia e ... · “segue o teu destino, rega as tuas...
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
CENTRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
MESTRADO ACADÊMICO EMGEOGRAFIA
VANESSA DA SILVASOUZA
ANÁLISE DA FRAGMENTAÇÃO DE ÁREAS VERDES EM FORTALEZA - CE E A
INDICAÇÃO DE CORREDORES VERDES URBANOS: O CASO DO RIO
MARANGUAPINHO
FORTALEZA - CEARÁ
2019
2
VANESSA DA SILVA SOUZA
ANÁLISE DA FRAGMENTAÇÃO DE ÁREAS VERDES EM FORTALEZA -
CE E A INDICAÇÃO DE CORREDORES VERDES URBANOS : O CASO
DO RIO MARANGUAPINHO
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Acadêmico em Geografia do Programa de Pós- Graduação em Geografia do Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial à obtenção do título de mestre em Geografia. Área de Concentração: Análise Geoambiental e Ordenação do Território nas Regiões Semiáridas e Litorâneas. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Lucia Brito da Cruz
FORTALEZA – CEARÁ
2019
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AGRADECIMENTOS
Ao escrever a parte dos agradecimentos é o momento em que paramos e notamos a
importância das pessoas em várias fases da nossa vida e nessa não poderia ser
diferente.
Agradeço primeiramente á Deus por me sustentar de forma espiritual.
Á CAPES pelo apoio financeiro durante a pesquisa.
A Profa. Dra. Maria Lucia Brito da Cruz pelo apoio durante a graduação e agora no
mestrado. Obrigada por tudo!
Aos membros da banca de qualificação pelas contribuições, Profa. Dra. Patricia
Limaverde e Prof. Dr. Manuel Rodrigues.
Aos membros da banca de defesa Prof. Manuel Rodrigues, Prof. Paulo Pessoa e
Profa. Cristiane Feitosa.
Agradeço a minha família por ter compreendido a ausência em vários momentos e
por me dar apoio mesmo que, por muitas vezes, não entendesse o que se passava e
ao meu Toddy por ser sempre companhia.
Á Márcio Diego por me apoiar e entender todas as dificuldades nesse período de
mestrado, obrigada.
Ás colegas Poly, Naíssa e Amanda pela amizade de muitos anos e pelas boas
conversas para distrair a cabeça quando tudo parecia pesado demais.
Á minha querida amiga Flora, que mesmo distante é presente, que nas poucas vezes
que conseguimos nos encontrar notamos que a amizade continua não importa por
onde andamos.
Á Laize e Nayana o meu muito obrigada, principalmente nessa reta final, me
aguentarem ouvir falando desse trabalho e das dificuldades e sempre me dando força.
A Eveline, Liza e Leila por ajudarem sempre que possível.
Aos bolsistas do laboratório que sempre estavam tentando ajudar no que fosse
possível, pelas conversas e também pelas horas de diversão. Obrigada. Niveo,
Fernando, Iggor, Felipe, Luciola, Rafael, Pedro, Epaminondes (Epa) e Mairton.
Aos funcionários do Programa de Pós-Graduação em Geografia – PROPGEO, que
sempre estiveram prontos para ajudar e retirar qualquer dúvida.
Aos meus colegas da turma de mestrado como um todo, todos tiveram sua
contribuição durante o processo de desenvolvimento da dissertação, mas, meu
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agradecimento em especial vai para Jaqueline Oliveira que está comigo desde a
graduação e até hoje no mestrado, passamos por muitas coisas e uma sempre ajudou
a outra. Obrigada.
Agradeço á todos que não puderam ser citados aqui, mas que de forma indireta ou
direta estavam prontos para ajudar.
8
“Segue o teu destino, Rega as tuas plantas, Ama as tuas rosas. O resto é a sombra De árvores alheias.
A realidade Sempre é mais ou menos Do que nós queremos.
Só nós somos sempre Iguais a nós-próprios.”
(Fernando Pessoa)
“Hoje é o dia que a minha vida começa.
Toda minha vida, fui somente uma criança respondona. Hoje me torno mestre.
Estarei pronta… Para qualquer coisa…
Para todas as coisas… Principalmente pronta para errar e aprender comisso.
Para enfrentar a vida, para enfrentar responsabilidades e possibilidades.
Hoje, a minha vida começa. E eu, pelo menos, não vejo a hora.”
(Greys Anatomy)
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RESUMO
A vegetação é um elemento integrador e indicador natural de ambiente em equilíbrio.
Nas cidades sua função é ainda mais nítida e necessária por interagir nos processos
de evapotranspiração, sombreamento, conservação da biodiversidade e mitigação
dos efeitos da poluição sonora e atmosférica. As áreas urbanas possuem a vegetação
como a forma natural mais evidente.Ao sofrerem algum tipo de alteração, todo um
ciclo é alterado de forma qualitativa e quantitativa, sendo fundamental no reflexo dos
fluxos dinâmicos naturais e sociais necessário para o equilíbrio ambiental da cidade.
A área de estudo compreende à bacia do Rio Maranguapinho no limite de Fortaleza,
que contrasta com a paisagem de áreas mais nobres onde o verde urbano é mais
visto e mais valorizado. Neste trabalho abordamos a vegetação em forma de áreas
verdes urbanas analisando suas funcionalidades seguindo três critérios: estética,
ecológica e lazer, portanto, natural e social. O presente estudo tem como principal
objetivo analisar a fragmentação das áreas verdes e o potencial natural na área do rio
Maranguapinho visando à criação de corredores verdes urbanos. O trabalho tem sua
metodologia baseada em Morero(1996),que consiste em elaborar uma análise das
áreas verdes em um processo lógico de três etapas:a primeira etapa é a definição de
objetivos e metas que orientem as ações a serem implantadas, esclarecendo as
funções e destino de tais áreas, a segunda é referente a definição dos indicadores
ambientais que, em conjunto, permitam a formulação de um diagnóstico para subsidiar
a tomada de decisão e por último a distribuição desses indicadores no espaço e
analisá-los de forma integrada. Os resultados demonstram uma falta e uma má
distribuição das áreas verdes na área de estudo, principalmente nos bairros com IDH
baixo, além da falta de conexão entre os espaços verdes existentes, fazendo com que
os benefícios desses espaços não possam ser intensificados para favorecero
equilíbrio ambientalnacidade.
Palavras-chave: Áreas Verdes. Corredores Verdes Urbanos. Rio Maranguapinho.
10
ABSTRACT
Vegetation is an integral part and natural indicator of equilibrium environment. In cities,
its function is clearerandnecessaryas itinteracts in the processes of evapotranspiration,
shading, biodiversity conservation and mitigation of the effects of noise and
atmospheric pollution. Urbanareashavevegetation as themostevidence natural form.
Whenundergoing some kindofalteration, a wholecycleisaltered in a
qualitativeandquantitativeway, being fundamental in thereflexofthe natural and social
dynamicflowsnecessary for theenvironmental balance ofthecity.The study area
comprises the Maranguapinho River basin on the Fortaleza border, which contrasts
with the landscape of more noble areas where the urban green is more seen and more
valued. In this work we approach the vegetation in the form of urban green areas
analyzing its functionalities following three criteria: aesthetic, ecological and leisure,
therefore, natural and social. The present study has as main objective to analyze the
fragmentation of green areas and the natural potential in the area of the
Maranguapinhoriver aiming at the creation of urban green corridors. The work has its
methodology based on Morero (1996), which consists of elaborating an analysis of
green areas in a logical process of three stages: the first step is the definition of
objectives and goals that guide the actions to be implemented, clarifying the functions
and the destination of such areas, the second one refers to the definition of
environmental indicators that, together, allow the formulation of a diagnosis to
subsidize decision making, and finally the distribution of these indicators in the space
and analyze them in an integrated way.The results demonstrate a lack and poor
distribution of green areas in the study area, especially in low HDI neighborhoods, as
well as the lack of connection among existing green spaces, allow the benefits of these
spaces can not be intensified to promote balance in the city.
Keywords: Green Areas. Green Urban Corridors. Maranguapinho River.
11
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Jardins Suspensos da Babilônia ..................................................... 24
Figura 2 - APA do Rio Ceará ............................................................................. 72
Figura 3 - Lagoa do Urubu-Floresta .................................................................. 73
Figura 4 - Praça do Beira Rio ............................................................................ 74
Figura 5 - Praça do Polar ................................................................................... 74
Figura 6 - Areninha Barra do Ceará .................................................................. 75
Figura 7 - Canteiros Centrais Barra do Ceará/Avenida Leste Oeste .............. 76
Figura 8 - Canteiro Central Av. Mozart Lucena ................................................ 76
Figura 9 - Açude do Campus do Pici ................................................................ 81
Figura 10 - Praça NorthShopping ....................................................................... 81
Figura 11 - Praça Igreja Redonda ....................................................................... 82
Figura 12 - Canteiros Av. MisterHull/Av. Lineu Machado ................................. 83
Figura 13 - Área Verde Conjunto Ceará .............................................................. 91
Figura 14 - Canteiros Conjunto Ceará ................................................................ 92
Figura 15 - Imagem de Satélite 2003/Imagem de Satélite 2013 ........................ 92
Figura 16 - Área requalificada Bonsucesso ....................................................... 93
Figura 17 - Lagoa Vila Manoel Sátiro .................................................................. 93
Figura 18 - Cuca Mondubim ................................................................................ 94
Figura 19 - Área com lagoa no Siqueira ............................................................. 94
Figura 20 - Praça Conjunto Ceará-UV4 ............................................................... 95
Figura 21 - Áreas livres Siqueira ......................................................................... 95
Figura 22 - Rio Maranguapinho-BomJardim ...................................................... 96
Figura 23 - Horta Comunitária-Conjunto Ceará ................................................. 96
12
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Divisão dos tipos de segundo Daltoé, Cattoni,Loch...................... 22
Quadro 2 - Contribuições da Vegetação no Ambiente Urbano ....................... 28
Quadro 3 - Indicadores Ambientais Utilizados na Pesquisa............................ 34
Quadro 4 - Indicadores Sociais Utilizados na Pesquisa .................................. 35
Quadro 5 - Quadro Referente aos Valores dos IAVH ....................................... 38
Quadro 6 - Quadro Referente aos Valores de ICV............................................. 38
Quadro 7 - Divisão da Legenda Utilizada no Mapeamento das Áreas Verdes 40
Quadro 8 - Dados Referentes a População da Área.......................................... 47
Quadro 9 - Quadro Referente aos dados de Analfabetismo............................. 54
Quadro10 - Quadro de Renda PerCapta ............................................................. 58
Quadro11 - Indice de Cobertura Vegetal ............................................................ 76
Quadro12 - Índice de AVH e ICV........................................................................... 83
Quadro13 - Indice de AVH e ICV........................................................................... 96
13
LISTA DE MAPAS
Mapa 1 - Mapa da Distribuição da População na Área de Estudo................ 46
Mapa 2 - Mapa de Índice de Desenvolvimento Humano ............................... 48
Mapa 3 - Mapa de Unidades Hospitalares Públicas ....................................... 50
Mapa 4 - Mapa Referente A Escolas Municipais e Estaduais ....................... 52
Mapa 5 - Distribuição das taxas de Analfabetismo ....................................... 53
Mapa 6 - Distribuição de Renda ...................................................................... 57
Mapa 7 - Distribuição de Valor do Solo Urbano ............................................. 60
Mapa 8 - Mapa das Áreas Verdes Regional I .................................................. 70
Mapa 9 - Mapa de Vegetação Regional III ....................................................... 79
Mapa 10 - Áreas Verdes Regional IV ................................................................. 85
Mapa 11 - Mapa de Áreas Verdes Regional V .................................................. 90
Mapa 12 - Delimitação do Corredor Verde Urbano .......................................... 101
14
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CVU Corredor Verde Urbano
DIPLA Diretoria de Planejamento e Gestão
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
IAVH Indice de Área Verde por Habitante
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICV Indice de Cobertura Vegetal
IDH Indice de Desenvolvimento Humano
IPECE Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará
ISGH Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar
ONU Organização das Nações Unidas
REG Regional
SEDUC Secretaria de Educação
SEUMA Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente
SIG Sistema de Informação Geográfica
ZCIT Zona de Convergência Intertropical
15
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 16
2 PROCEDIMENTOS TEÓRICOS CONCEITUAIS -METODOLÓGICOSE OPERACIONAIS .......................................... 19
2.1 A CIDADE E SUA RELAÇÃO COM O MEIOAMBIENTE ................... 19
2.2 CONCEITOS DE ÁREAS VERDES URBANAS ................................. 21
2.3 VEGETAÇÕESURBANAS - ÁREAVERDEURBANA ......................... 23
2.3.1 Proposições nas estratégias de planejamento –corredores
verdes urbanos C.V.U....................................................................... 28
2.4 METODOLOGIA ................................................................................. 32
2.4.1 Geotecnologia e suasAplicações ................................................... 35
2.4.2 Os Índices Trabalhados ................................................................... 36
2.5 OPERACIONALIZAÇÃO DOS DADOS .............................................. 37
2.5.1 Levantamento dos dados e elaboração dos mapas ...................... 37
3 ASPECTOS SOCIESPACIAL DA ÁREA DE ESTUDO NO CONTEXTODO RIOMARANGUAPINHO .......................................... 42
3.1 CARACTERÍSTICAS HISTÓRICAS E SOCIOECONÔMICAS ........... 42
4 CONTEXTO GEOAMBIENTAL E VEGETAÇÃO URBANA NA ÁREADE ESTUDO ............................................................................ 45
5 SOCIOECONÔMICO 49
5.1 POPULAÇÃO ..................................................................................... 49
5.2 ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO-IDH ............................ 52
5.3 SAÚDE ............................................................................................... 54
5.4 EDUCAÇÃO ....................................................................................... 56
5.5 RENDA ............................................................................................... 60
5.6 VALOR DOSOLO ............................................................................... 64
5.7 VEGETAÇÃO URBANA NA BACIA DE ACORDO COM A ONU ....... 66
6 ANÁLISE POR REGIONAL ............................................................... 66
7 DELIMITAÇÃO DO CORREDOR VERDE URBANO ........................ 98
8 CONCLUSÃO .................................................................................. 103
REFERÊNCIAS……………………………………………………… 105 105
16
1 INTRODUÇÃO
O desenvolvimento das cidades, ocorrido de forma rápida e sem levar em
consideração os componentes ambientais e suas limitações devido a uma ocupação
desordenada, ocasiona a perda de áreas naturais que, nas áreas urbanas, estão
presentes nas vegetações, rios e lagos, intensificando as problemáticas referentes ao
espaço urbano.
Problemas referentes á enchentes, poluição dos rios, poluição dos solos e do
ar, acúmulo de lixo em determinados pontos, são alguns dos elementos que podem
trazer conseqüências como doenças respiratórias, inversão térmica e ilhas de calor
que afetam a população de forma intensa.
Um desses problemas está relacionado á falta de áreas verdes na cidade,
essas áreas funcionam para o equilíbrio da temperatura, manutenção de fauna e flora
além de ser a principal forma de vegetação da cidade, é um refúgio de elementos
naturais no meio de áreas construídas artificialmente. As áreas verdes funcionam
também como uma área de lazer para a população, espaços de pertencimento da
comunidade.
Essas áreas precisam estar distribuídas de forma regular em determinadas
áreas de estudo, isso ocasiona um equilíbrio maior por toda a região e se forem feitas
com ligações entre essas áreas, os benefícios dessas áreas tendem a aumentar e
ficarem mais eficientes.
Uma das formas de relacionar essas áreas e deixarem interligadas é através
dos corredores verdes urbanos que funcionam como forma de interligação entre as
áreas verdes e os outros componentes naturais da cidade, no caso desse trabalho os
recursos hídricos, são utilizados para favorecer e potencializar o corredor e assim um
maior equilíbrio da área de estudo.
A área de estudo está localizada na região oeste da cidade de Fortaleza e
possui como característica principal ser uma área periférica e esquecida pelo poder
público no quesito de políticas públicas de aproveitamento e reestruturação das áreas
de lazer.
Os bairros que compõem a área de estudo possuem os menores Índices de
Desenvolvimento Humano – IDH, menores valores do solo urbano e baixos índices
educacionais, segundo dados da Prefeitura de Fortaleza no ano de 2014.
17
Ao analisar projetos que viabilizem a arborização urbana e a valorização dos
espaços verdes, nota-se que ocorre um maior empenho para as áreas mais nobres,
principalmente que comportam a bacia do rio Cocó, esquecendo essa parte de
Fortaleza, que necessita da mesma importância, principalmente quando se associa a
necessidade da população por esses espaços para as suas relações de lazer.
A bacia do rio Maranguapinho, expressa no mapa a seguir, é a segunda maior
em Fortaleza. Há 45 bairros localizados na bacia de drenagem do Maranguapinho
onde habitam aproximadamente 750 mil habitantes localizada em parte das regionais
1, 3, 4 e5.
A partir disso temos como principal objetivo Analisar a fragmentação das
áreas verdes e o potencial natural na área do rio Maranguapinho visando à criação de
corredores verdes urbanos ao longo do curso do rio. Maranguapinho.
Com base nesse objetivo a metodologia utilizada tem como base analisar as
condições ambientais e socioeconômicos observando-os de forma integrada para
uma tomada de decisão que favoreça os dois aspectos intensificando o
desenvolvimento urbano mais integrado e coletivo.
19
2 PROCEDIMENTOS TEÓRICOS CONCEITUAIS - METODOLÓGICOS
E OPERACIONAIS
2.1 A CIDADE E SUA RELAÇÃO COM O MEIOAMBIENTE
As áreas urbanas cresceram de forma intensa e desordenada na maioria das
cidades brasileiras, acarretando impactos ao meio ambiente em diferentes escalas e
intensidades.
A busca por um controle das áreas naturais, visou uma alteração nos modos
de uso e ocupação das cidades, com isso, o crescimento das cidades se deu a partir
dos modelos impostos pela burguesia, que teve como maior época de
desenvolvimento a Revolução Industrial, com a instalação das indústrias e outros
meios de produção, associado à busca por novas oportunidades dapopulação.
Com a necessidade de compreender e resolver problemas que surgiram
nessa época como a poluição de recursos hídricos, questões relacionadas a
saneamento básico, poluição do ar, aumento de temperatura e redução da
biodiversidade local, estudos começaram a ser realizados, mas ainda assim, os
impactos da urbanização bem como o seu potencial de restauração de ecossistemas
em áreas urbanas continuam a ser mal entendidos e em alguns lugares são pouco
estudados. (Gómez-Baggethun et. al,2013)
No Brasil, o modelo de crescimento das cidades foi diferenciado em todas as
regiões e ocorreu em diferentes épocas, os grandes ciclos econômicos como o do
algodão, do charque, do ouro, do café e o industrial foram fundamentais para o
desenvolvimento das regiões e criação das primeiras áreas urbanizadas, mas juntos
trouxeram problemas ambientais ocorrentes até o presentemomento.
Compreendeu-se então a necessidade de crescimento das áreas urbanas
aliadas a um planejamento urbano que seja voltado sempre para as necessidades da
população local e relacionado principalmente a capacidade de suporte dos
componentes ambientais.
20
O meio ambiente urbano possui suas ligações e é dependente de um sistema
natural, considerando então Andrade (2001) onde o meio ambiente urbano é como
uma articulação e a interdependência do sistema natural e cultural, sendo o primeiro
constituído dos fatores bióticos(fauna e flora) e de fatores abióticos (subsolo, solo,
água, ar, clima), enquanto que o segundo sistema é constituído pelo homem e suas
atividades (uso e ocupação do solo, demografia, distribuiçãoespacial.
Um dos principais componentes ambientais que deve ser analisado quando o
objetivo é a busca por um equilíbrio ambiental em áreas urbanas, é a vegetação, que
no caso está expressa em diferentes formas nas áreas urbanas, além de analisá-las
de forma integrada à outros componentes da cidade, como os recursos hídricos e
alterações geomorfológicas.
21
2.2 CONCEITOS DE ÁREAS VERDES URBANAS
Os conceitos relacionados às áreas verdes foram sendo desenvolvidos a
partir das necessidades de cada estudo realizado, sofrendo alterações ou novas
classificações que interferem no resultado final de cada pesquisa.
No âmbito federal De acordo com o Art. 8º, § 1º, da Resolução CONAMA Nº
369/2006, as áreas verdes são o espaço de domínio público que desempenhe função
ecológica, paisagística e recreativa, propiciando a melhoria da qualidade estética,
funcional e ambiental da cidade, sendo dotado de vegetação e espaços livres de
impermeabilização.
CARVALHO (1982) aponta que a arborização passou a ser vista nas cidades
como importante elemento natural para atuar como reestruturador do espaço urbano,
tendo como justificativa que essas áreas arborizadas apresentam uma aproximação
maior das condições ambientais normais em relação ao meio urbano.
Diversos métodos de avaliação começaram a ser estudados, tendo como
principais autores NUCCI (2008), CAVALHEIRO E DEL PICCHIA (1992), DIAS (1997),
ALVES (2012), GUZZO (2006) E JIM (1989), ambos afirmamquea vegetação possui
importante papel nas áreas urbanizadas que acaba possibilitando o processo de
regulação térmica, controle hidrológico, manutenção de fauna e flora, dentre outros
aspectos qualitativos e quantitativos para essas áreas. (Londe e Mendes,2014)
Com a necessidade de novos espaços que priorizem a vegetação nas
cidades, diversas tipologias e conceitos começaram a ser abordados por estudiosos
de todos os lugares de acordo com as necessidades de novos estudos que foram
surgindo.
Para Cavalheiro (1982), área verde é um tipo especial de espaço livre onde o
elemento fundamental de composição é a vegetação. Esse conceito é semelhante ao
de cobertura vegetal, sem distinguir áreas públicas ou privadas ou o porte de cada
uma.
Milano (1991) apud Hardt(1994) se diferencia do conceito anterior por abordar
áreas verdes como uma área livre na cidade, com predominância natural, sem levar
em conta o porte da vegetação.
22
Outro conceito que divide as áreas verdes em categorias é o de Hardt (1992),
que considera as áreas verdes como um conjunto de áreas selecionadas que estão
divididas nas categorias públicas ou privadas. O que dificulta nesse caso seria a
elaboração de um controle das áreas privadas, sendo então necessário uma
conscientização dos proprietários quanto a importância e manutenção dessas áreas
Já Lima et al. (1994) afirmam que área verde é uma categoria de espaço livre,
desde que haja predominância de vegetação arbórea, que engloba as praças, os
jardins públicos e os parques urbanos, classifica em áreas privadas, potencialmente
coletivas epúblicas.
Daltoé, Cattoni, Loch (2004, p. 3-4) apud Benini e Martin (2010), classificam
áreas verdes em seis categorias diferentes.
Quadro 1 – Divisão dos tipos de áreas verdes segundo Daltoé, Cattoni, Loch
Áreas verdes do sistema viário-
Predominam vegetações de porte arbustivo e herbáceo.Representam os canteiros, trevos e rotatórias, associados ou não às redes de transmissão de energia. Apresentam-se com valor ecológico variando de baixo a médio e valor cênico médio. Por não possuírem nenhuma estruturaquepossaatenderàsnecessidadesda população, possuem um baixo valor social.
Áreas verdes de uso particular -
Predominam vegetações de porte arbóreo. Neste grupo estão situadas as áreas verdes que se apresentam em domínios de uso habitacional particular. São áreas inacessíveis para uso público devido à ausência de acessos e infraestruturas. Seu valor ecológico é médio, enquanto o cênico e de conforto apresenta-se variandodemédioaalto.Devidoà impossibilidade de uso direto pelo público seu valor social varia entre médio e baixo.
Áreas verdes residuais-
Áreas herbáceo-arbustivas com ou sem cobertura arbórea. Em geral, representam as áreas verdes em loteamentos recentes ou em fase de implantação. Não se enquadram na classificação quanto aos valores cênicos, sociais e ecológicos devido à instabilidade da situação de uso atual.
23
Áreas verdes institucionais-.
Possuem distintas configurações, representadas pelos jardins, áreas verdes de uso institucional, campos de futebol etc. Seu valor cênico é alto e seu valor ecológico e social é médio, devido à restrição de alguns equipamentos para uso da Coletividade
Áreas verdes públicas e/ou de usocoletivo -
Nesse grupo enquadram-se as áreas verdes de composição mista com arborização significativa (espécies exóticas e nativas). Compreendem as praças, parques e bosques urbanos, assim como áreas arborizadas dentro dos complexos históricos. Possuem alto valor ecológico, cênico e social.
Áreas livres não arborizadas (vazios urbanos) -
Compreendem as coberturas herbáceo arbustivas (predominantemente gramíneas). Os lotes vazios, característicos principalmente em áreas urbanas de consolidação recente, caracterizam este grupo.
Fonte: (DALTOÉ; CATTONI;LOCH, 2004, p. 3-4, )
Notamos que nos conceitos abordados ocorre uma variação de categorias e
não há um consenso sobre o que realmente podemos considerar como áreas verdes,
isso acarreta trabalhos e metodologias diferenciadas para elaboração das análises,
lembrando que essas discussões é que fortalecem os estudos e ajudam na evolução
dotema.
Cada análise deve depender do objetivo a qual almeja alcançar, isso interfere
na questão do conceito a qual vai ser utilizado, nesse trabalho será utilizado o conceito
de Buccheri eNucci (2006), eles conceituam as áreas verdes como um tipo especial
de espaços livres onde o elemento fundamental de composição é a vegetação além
de satisfazer três objetivos principais: ecológico-ambiental, estético e delazer.
2.3 VEGETAÇÕES URBANAS - ÁREA VERDEURBANA
Ao longo da busca pela história das áreas verdes, notamos que as praças e
os jardins estão presentes nas cidades desde as suas criações e a partir de diversos
usos, possuindo uma relação com o modo de viver dos povos que a criaram de acordo
com cada época.
Loboda e Angelis (2005) traçaram um perfil que explica de forma cronológica
a evolução do que hoje classificamos como áreas verdes, antes sendo somente
jardins ou praças sem nenhum tipo de funcionalidade social ou preocupações
ambientais.
Os primeiros jardins que se tem referência estão ligados a uma relação mística
24
do homem com a natureza, como é o caso do Paraíso descrito na bíblia Gênesis 2:15
e os jardins suspensos da babilônia. (Loboda e Angelis, 2005)
Figura 1 - Jardins Suspensos da Babilônia
Fonte: Revista Galileu
No inicio do século XIX, essas áreas passam a ter uma função utilitária,
amenizando a sensação térmica ou para locais de passeio, com o inicio do que
chamavam de jardinagem cultural partindo do Egito e da China, os Gregos expandiram
essa ideia para os persas, romanos, árabes, italianos e franceses.
No Egito, ocorreu a reprodução de um sistema de irrigação usado na
agricultura, adaptando-o nas áreas mais urbanizadas da época para reduzir o calor
excessivo local. Na china, que mantinha essas áreas para um caráter religioso, era
necessário a inserção de elementos da natureza, com a presença de pedras, fontes,
lamparinas e pontes, sendo depois servindo de influencia para o Japão.
Na Grécia, esses espaços passaram a ter funções públicas, sendo
considerados lugares propícios para passeios ou qualquer outro lazer da população,
servindo como base para a Roma, que abriu as portas dos seus jardins nobres para o
uso da comunidade local.
A partir da segunda metade do século XVIII, há um interesse maior pelos
espaços livres públicos, possivelmente devido ao crescimento das cidades
ocasionado pela Revolução Industrial e pela falta de planejamento. (TOLEDO e
SANTOS, 2012)
25
A expansão mundial sofrida pelas cidades com o fenômeno da Revolução
Industrial no século XVIII e XIX, fato histórico que modificou a paisagem e a vida da
população mundial, os aspectos naturais do ambiente urbano foram deixados de lado.
O surgimento da burguesia como classe social e a concentração de capital e
de força de trabalho nas cidades européias formaram as condições ideais para a
industrialização. (Almeida, 2011)
Compreendemos então que no surgimento das cidades, o que se tinha como
prioridade era o espaço urbano construído por ser uma expressão oposta ao rural, os
componentes naturais, como a vegetação e os rios, passaram a ser utilizados de
forma negligenciada.
Essas transformações acarretaram problemas com a sobrecarga de usos que
foram dados ao ambiente, como a questão do saneamento ambiental, doenças,
aumento da temperatura e poluição de rios e lagos, isso fez com que medidas fossem
tomadas e com isso a preservação e conservação dessas áreas passasse a ter sua
valorização mais instigada.
A revolução Industrial da época alem de trazer desenvolvimento para as
cidades, grandes avanços tecnológicos, trouxe os problemas já citados, para
amenizar esses fatores foram criados bosques e parques que passaram a ter as
funções que hoje conhecemos como áreas verdes, para melhorar condições
microclimáticas e poluição do ar principalmente, como o Bois de Boulogne naFrança.
Terra (2010) coloca que a criação de áreas verdes no Brasil, teve inicio no
período colonial com uma forte influência européia, motivado pela vinda da corte
européia ao Brasil, com destaque a criação do jardim botânico em Pernambuco no
século XVII, além do passeio público do Rio de Janeiro e o jardim botânico.
Além das pequenas praças de caráter religioso, foram implantados parques e
bosques nas cidades de Recife, Belém e rio de janeiro. Em Fortaleza não foi diferente,
com características européias, foram criados o passeio publico, praça do ferreira e
praça dos leões, ambas com características francesas e usos limitados ou
setorizados. (Castro, 1982)
Com a necessidade de espaços onde haja presença de vegetação, fazendo
também aqui uma comparação com a necessidade do homem estar ligado a
26
elementos naturais, surgiu a necessidade de implantação das áreas verdes nas áreas
urbanas das cidades.
Como já explanado, as áreas verdes foram ganhando espaço e valor ao longo
da evolução das cidades e da necessidade por esses espaços, a qual se dá pelas
funções que ela desempenha no sistema, os serviços ecossistêmicos.
Para Li ET al (2005), as áreas verdes são uma parte importante de um
complexo ecossistema urbano e dos serviços ecossistêmicos e afetam e podem trazer
benefícios às suas comunidades do ponto de vista ambiental, estético eeconômico.
Segundo Momm-Schult,Freitas e Passarelli (2014) grande parte dos serviços
dos ecossistêmicos consumidos nas cidades são gerados pelos ecossistemas
situados fora das próprias cidades. As áreas verdes tendem a trazer esses serviços
para dentro das cidades.
As necessidades da vegetação urbana foram sendo sentidos a partir das
consequências de uso inadequado do meio ambiente, usos esses quenãolevaram em
conta um planejamento que visasse as limitações dos ambientes, ou seja, o quanto
essas áreas suportariam serem utilizadas.
A relação entre os benefícios que essas áreas podem trazer para a população
urbana pode ser descrita na citação de Pivetta e Silva Filho (2002) a vegetação urbana
contribui de forma relevante para a qualidade do ar, além de produzir efeito estético,
desempenhando importante papel na relação entre o homem e o ambiente natural.
As áreas verdes otimizam a prática de atividades físicas ao ar livre, estudos
franceses comprovam os benefícios a saúde mental de pacientes, além da redução
no tempo de permanência hospitalar caso essas tenham ligações com áreasverdes.
Dobbert (2010) assimila o fato dos pacientes poderem contemplar um jardim,
mesmo que não se encontrem em condições de irem até ele, possui um efeito
terapêutico na medida em que atrai a atenção involuntária, auxiliando portanto na
recuperação da fadiga mental.
Pesquisas nos EUA comprovaram a redução da violência doméstica graças
ao "fortalecimento dos laços comunitários" proporcionados pelas áreas livres
arborizadas em conjuntos habitacionais populares.A utilização dessas áreas também
27
são viáveis para a prática de educação ambiental, visando principalmente a interação
das escolas com as áreas e a população de seu entorno.
O abandono das áreas verdes, transformando-as em locais de deposição de
lixo e concentração de violência, também denota a fraqueza das instituições e a falta
de educação, o despreparo e até o desamparo de uma sociedade. Nossas áreas
verdes (ou a falta delas) refletem nossas qualidades e mazelas. (Meunier,2005)
Para (LIMA Et al, 2006) as contribuições são divididas em três tipos,
detalhados no quadro a seguir.
Quadro 2 - Contribuições da Vegetação no Ambiente Urbano
Composição Atmosférica
- Ação purificadora por fixação de poeiras e materiais residuais; - Ação
purificadora por depuração bacteriana e de outros microorganismos; - Ação
purificadora por reciclagem de gases através de mecanismosfotossintéticos;
- Ação purificadora por fixação de gases tóxicos.
Equilíbrio solo-clima-vegetação
- Luminosidade e temperatura: a vegetação ao filtrar a radiação solar, suaviza
as temperaturas extremas; - Umidade e temperatura: a vegetação contribui
para conservar a umidade do solo, atenuando sua temperatura; - Redução na
velocidade do vento; - Mantém as propriedades do solo: permeabilidade e
fertilidade; - Abrigo à fauna existente; - Influencia no
balanço hídrico.
Níveis de Ruído
- Amortecimento dos ruídos de fundo sonoro contínuo e descontínuo de
caráter estridente, ocorrentes nas grandes cidades.
Estético
- Quebra da monotonia da paisagem das cidades, causada pelos grandes
complexos de edificações; - Valorização visual e ornamental do espaço
urbano; - Caracterização
Fonte: LIMA Et al (2006)
Para os benefícios funcionarem de forma mais eficaz é necessário uma
distribuição regular das áreas verdes, essa distribuição acarreta atualmente na cidade,
uma valorização do solo urbano que de antemão acaba designando áreas com
maiores áreas verdes e mais eficaz, deixando assim áreas menos valorizadas com
28
menos benefícios acima citados.
Para uma melhor distribuição das áreas verdes na cidade, é necessário
estratégias de planejamento que visem uma melhor distribuição para intensificar os
benefícios acima citados.
2.3.1 Proposições nas estratégias de planejamento –corredores verdes urbanos
C.V.U
Com a criação de espaços naturais nas áreas urbanas, e os problemas
ambientais sendo gerados com impactos em uma macroescala, com conseqüências
cada vez mais intensas, medidas surgiram e estão sendo adaptadas e potencializadas
buscando uma melhor distribuição das áreas verdes levando em consideração as
potencialidades e limitações dos ambientes inseridos, surgiram então as estruturas
verdes, que vieram com o intuito de reduzir essesimpactos.
As estruturas verdes urbanas funcionam como um sistema de espaços na
cidade, que buscam o equilíbrio e desenvolvimento das cidades, e se relacionam com
as áreas edificadas e a população, formando um complexo sistema urbano.
(QUINTAS e CURADO, 2010)
Apesar de não ser uma estratégia nova, suas implementações estão sendo
atualizadas a partir das necessidades que estão surgindo em cada área estudada.
Estruturas verdes podem ser exemplificadas como sistemas de espaços
verdes: corredores verdes, infraestrutura verde, telhados verdes, jardins, áreas de
proteção ambiental em áreas urbanas eoutras.
Essas estruturas tiveram inicio com a difusão dos parques públicos, iniciado
na Europa, com as cidades de Tiergarter (Berlim) e Hyde Park (Londres) no século
XIX, sendo expandido depois para cidades da França e outras da Inglaterra e
Alemanha. (QUINTAS e CURADO, 2010)
As estruturas verdes abordadas nesse trabalho são os corredores verdes
urbanos (CVUs). Sua implantação vêm ocorrendo desde o século XIX, como por
exemplo o EmeraldNecklace de Olmsted, em Boston e em Denver, onde se propõe
conectar parques a escolas, centros de lazer e bairros através de “ruas verdes” com
29
ciclovias e calçadas contínuas, adequadas e arborizadas, seguras para a travessia de
pedestres, acessíveis a pessoas de todas as idadese.
Nas últimas décadas, iniciativas nos Estados Unidos, Canadá e Europa
buscam desmontar esse cenário de isolamento através da “construção” deGreenways
(vias verdes) em escalas diversas, da local à transnacional. (PENTEADO E
ALVAREZ, 2007)
Segundo Ahern (1995), o termo corredores verdes é utilizado para áreas
lineares que são planejadas, desenvolvidas e manejadas para múltiplos propósitos
tais como, ecológicos, recreacionais, culturais, estéticos e outros condizentes com o
conceito de uso sustentável do solo.
A implementação de corredores verdes promove a requalificação ambiental e
paisagística do território, através da proteção dos recursos naturais, a sua utilização
para o recreio e lazer, a promoção da estabilidade ecológica, a requalificação do
remanescente da paisagem cultural e a proteção do patrimônio natural e construído.
(ROCHA,2011)
Podemos notar a importância dos CVU na citação de (ROCHA, 2011):
Através de corredores verdes urbanos, que promovam a conexão entre diversas áreas verdes, será possível contribuir de uma forma mais eficaz para o incremento da biodiversidade em meio urbano. Bem como introduzir melhorias na qualidade do ambiente urbano, uma vez que funcionam como filtro de ar e água, privilegiam a deslocação por modos suaves e promovem a ocorrência de microclimas que permitem atenuar os efeitos da temperatura potenciando a sua regulação natural. Estes sistemas permitem ainda a infiltração da água das chuvas de forma a repor os níveis dos lençóis freáticos, situação que em meio urbano se restringe a pequenos espaços verdes e jardins, logradouros e margens de linhas de água, quando estas atravessam o meio urbano. P. 20 (ROCHA, 2011)
Para Ahern(2011), os corredores verdes podem ser definidos a partir de cinco
princípios:
A configuração espacial é essencialmente linear, sendo o princípio
que diferencia essas áreas de outros elementos dapaisagem;
União de elementos da paisagem, pois eles atuam de forma sinérgica
numsistema;
Os CVU são multifuncionais, associando usos espaciais e funcionais
de forma compatível. Esta característica exige que no momento de planejamento
30
dessas áreas, se tenham bem claros os objetivos a serem alcançados, refletindo as
necessidades ecológicas, culturais, sociais e estéticas;
O conceito de CVU está baseado naquele de desenvolvimento
sustentável;
Os corredores verdes representam uma estratégia espacial com base
em vantagens de sistemas lineares integrados, assim eles devem ser considerados
como complementos da paisagem, onde devem haver esforços para manter outras
áreas não lineares, cuja composição não seria beneficiada pelos usosmúltiplos.
Os CVU’s podem ser classificados conforme seus atributos em cinco
categorias gerais (Bischoff, 1995):
Ao longo do entorno de rios elagos;
Áreas recreacionais como praças e parques;
Naturais ecologicamente significantes;
Rotas cênicas ouhistóricas culturais;
Sistema abrangente ou rede de corredoresverdes.
Segundo Saraiva et al. (1995) apud Giordano (2009), os corredores verdes
em rios são os maiores elementos da paisagem, com muita importância ecológica,
cênica e recreacional, sendo que eles estabelecem uma trama espacial e funcional
entre os rios e suas bacias de drenagem, baseadas no seu padrão, geomorfologia,
biologia e uso humano.
Essas áreas tem funções típicas reconhecidas como a proteção de recursos
hídricos, redução de danos associados à enchentes, diminuição da poluição, redução
da erosão nas margens e sedimentação no leito do rio, recreação e educação
ambiental (GIORDANO, 2009)
Segundo Luymes &Tamminga (1995), os corredores verdes em rios de áreas
urbanas, possuem uma capacidade única de combinar benefícios ecológicos (como
proteção da mata ciliar e áreas alagáveis, proteção contra erosão e assoreamento do
rio, manutenção de hábitats e diversidade genética, e melhora da qualidade do ar) e
sociais (pela inclusão de áreas de lazer, colaborando com a educação ambiental e
estimulando rotas para transportesalternativos, como andar à pé e de bicicleta) em
áreas metropolitanas, além de auxiliarem a conexão de áreas em expansão dessas
31
metrópoles.
Gold(1980 ) apud Morero (2007) afirma que essas áreas devem seguir um
planejamento para a sua implantação, que vise sua análise de forma holística. As
funções atribuídas a áreas verdes dependem, em muito, do conjunto de metas que se
pretende atingir, que por sua vez orientam seu uso.
Uma das estratégias de planejamento para reduzir os impactos causados pela
fragmentação de ambientes são os corredores ecológicos, sendo em áreas urbanas
chamados de Corredores VerdesUrbanos.
O conceito de corredor ecológico não se aplicará ao contexto urbano, uma
vez que a presença humana é predominante. Em ambiente urbano surge o conceito
de corredor verde urbano (do Inglês Greenways), que permite, numa primeira análise,
contribuir para a melhoria da qualidade ambiental urbana. (ROCHA, 2011)
O isolamento entre grandes espaços livres e demais áreas urbanas
impossibilita a realização de uma rede que permita não somente maior conforto e
incentivo para a população, como também a ocorrência de maior biodiversidade na
cidade.
Penteado e Alvarez (2007) propõem um modelo de desenvolvimento de
corredores verdes urbanos (CVUs) que sugere a criação de redes urbanas,
compostas de sistemas de fragmentos de natureza e corredores interligados
permeando a matrizurbana.
Morero (1996), aborda o planejamento de áreas verdes como algo que deve
levar em consideração a preocupação com a proteção dos recursos naturais,
enquadrar-se em políticas e estratégias ambientais e de desenvolvimento adequadas
a região estudada.
A partir das ligações, aqui referidas como corredores verdes, pode-se notar a
importância dessa estratégia para a manutenção do equilibrio e maior funcionamentos
dos serviços dessas áreas, sendo então mais abrangente e eficaz. Em uma área
considerada periférica e menos abastecida que demaisáreas da cidade, a área de
estudo comporta um importante recurso hídrico e as áreas verdes, que podem ser
relacionados para esses estudos, viabilizando assim a pesquisa.
32
2.4 METODOLOGIA
O trabalho tem sua metodologia baseada em Morero(1996),onde são
consideradas três etapas para avaliação das áreas verdes.
• 1º etapa: Definição de objetivos e metas que orientem as ações a serem
implantadas, esclarecendo as funções e destino de taisáreas;
Essa etapa consiste na elaboração dos objetivos da pesquisa, que foram
elaborados a partir da construção do projeto e a viabilidade do mesmo.
• 2ª etapa: Definição os indicadores ambientais que em conjunto permitam a
formulação de um diagnóstico para subsidiar a tomada dedecisão.
A tomada de decisão “o que será feito” vai depender da relação de limitações
e potencialidades dos indicadores ambientais. Cada indicador foi analisado de forma
integrada e holística, buscando uma melhor utilização de suas potencialidades e
respeitando as suas limitações.
Nessa etapa foram decididos quais os indicadores seriam utilizados para
elaboração das análises da área, essa escolha foi feita de acordo com a necessidade
dos objetivos que foram propostos.
Quadro 3 - Indicadores Ambientais Utilizados na Pesquisa
Indicador Elaboração
Clima Os dados relacionados a caracterização
das condições de clima: temperatura, umidade e
quantidade de chuva, serão obtidos através de
dados de relatórios da FUNCEME e em artigos
referentes ao tema e a área de estudo.
Solos (EMBRAPA) Os tipo de solo e suas características foram obtidosatravés da base de dados da EMBRAPA
Recursos Hídricos Os recursos hídricos superficiais foram
delimitados a partir das imagens de
satélites e a delimitação da bacia hidrográfica foi
obtidajunto
33
a SEUMA
Áreas Verdes As áreas verdes foram delimitadas a partir
do conceito abordado nesse trabalho nas imagens
de satélite do ano de 2013 em uma escala de
1:10.000
A delimitação das áreas verdes ficou dividida em
ÁreasVerdes
Áreas de espaços livres
Cobertura Vegetal A cobertura vegetal foi delimitada
considerando todo tipo de vegetação existente na
área de estudo.
Foi utilizado imagem de satélite do tipo
SPOT datada de 2013,devido a disponibilidade de
imagens de alta resolução da área, e a classificação
foi realizada de forma supervisionada e por região,
realizado
através do software livre QuantumGis
Fonte: MORERO (1996)
Quadro 4 - Indicadores Sociais Utilizados na Pesquisa
Renda e densidade
demográfica ,
Ambos fornecidos pela DIPLA (prefeitura
municipal de fortaleza(2015))
Valor do solo Urbano;
DIPLA (prefeitura municipal de
fortaleza(2015)
Educação SEDUC
Saúde Secretaria de Saúde e ISGH
Fonte: MORERO (1996)
• 3ª etapa: É necessário conhecer a distribuição desses indicadores no
espaço e analisá-los de forma integrada. Nesse caso, o emprego de técnicas de
análise espacial, selecionando, ponderando e espacializando os fatores
condicionantes, resulta em melhor visualização das áreas prioritárias, facilitando a
tomada de decisões em relação ao ordenamentoterritorial.
A partir dos dados levantados durante o mapeamento dos indicadores
34
ambientais e sociais, foi elaborado uma análise dos dados obtidos e elaborados a
partir das potencialidades e limitações de cada elemento atribuindo assim
características que permitam a implantação de novas áreas verdes e conservação das
jáexistentes.
Foi elaborado também uma proposta de corredor verde, como medida de
planejamento, onde esses corredores fazem ligações entre as fragmentações de
vegetação que no caso são as áreas verdes e um recurso hídrico principal, o rio
Maranguapinho.
No fluxograma a seguir, observamos as etapas do trabalho que foram
realizadas:
Figura 1 – Fluxograma metodológico
Fonte: SOUZA (2017)
Objetivos
Seleção dos indicadores ambientais
Formação de banco de dados
Analise espacial
Potencialidades Limitações
Acertos e conflitos
dados bibliográficos e e cadastrais
Definição e hierarquização de alternativas
Formulação de diretrizes
Definição da área de estudo e I escalas de trabalho
dados cartográficos
produção de mapas temáticos e mapas síntese
35
2.4.1 Geotecnologia e suasAplicações
Com o avanço de tecnologias voltadas para a área da cartografia nas
ultimas décadas, a análise de dados ficou mais fácil e cada vez com resultados
mais precisos. A busca por representações e delimitações dos lugares foram uma
das primeiras formas de expressões dos homens. Desenhos com representações
de comunidades, organização de atividades além de outros temas são
encontrados com datas de mais de 2400 A.C. (IBGE, 2014)
A Grécia foi uma nação que contribuiu muito para a Cartografia,
principalmente pela necessidade desse conhecimento durante as expedições
militares e de navegação. (IBGE, 2014) Com o desenvolvimento da tecnologia da
informação nas últimas décadas tornou-se mais fácil, além de abrir novos
caminhos, a análise dados que antes só eram feitos em mapas e cartas de papel.
Dando espaço para o Geoprocessamento. (FITZ, 2008)
Geoprocessamento é uma tecnologia interdisciplinar, que permite a
convergência de diferentes disciplinas científicas para o estudo de
fenômenos ambientais e urbanos. Ou ainda, que “o espaço é uma
linguagem comum” para as diferentes disciplinas do conhecimento
(CAMARA e MONTEIRO, 2001).
No Geoprocessamento contem um relacionamento de dados e informações,
onde os dados são qualquer grandeza numérica ou não referente a fenômenos do
mundo real e informações são dados agregados a valores intelectuais, a partir dos
dados e informações é possível fazer uma análise dos mesmos, eles passam a ter
uma aplicação no meio. (FITZ, 2008). Algumas características justificam o crescente
interesse nesta área. Mapas são imagens, e como tal, transportam informação de
forma mais objetiva e compreensível pelo público. O mapa é a melhor maneira de
organizar informação espacial e o SIG é a melhor ferramenta disponível para interagir
com ele. (Elwood, 2006 apud in BUGS,2012)
Nesta visão, os estudos de Mapeamento Temático visam a caracterizar e
entender a organização do espaço, como base para o estabelecimento das basespara
ações e estudos futuros. Exemplos seriam levantamentos temáticos (como geologia,
geomorfologia, solos, cobertura vegetal), dos quais o Brasil está crescendo,
especialmente em escalas maiores. (CAMARA e MEDEIROS, 1998) Ao mapear áreas
urbanas precisamos de um nível de detalhe alto, para identificar as características do
local.
36
Essa versatilidade que têm esses sistemas, tona-os úteis para organizações
no processo de entendimento da ocorrência de eventos, predição e simulação de
situações, e planejamento de estratégias, pois permitem a realização de análises
espaciais complexas através da rápida formação e altera;cão de cenários. Portanto,
sua aplicação possibilita a realização de várias analises sobre o espaço geográfico,
subsidiando estudos e atuações no ramo ambiental. (MATIAS,2005)
O mapeamento auxilia na pesquisa por proporcionar uma visão mais inteira
da área de estudo, podendo então relacionar todas as varáveis, os softwares de
Geoprocessamento viabilizam a pesquisa no que se trata de elaboração do
mapeamento e sobreposição dos mapas, além do material final, onde iremos
apresentar as propostas da pesquisa a partir de mapeamentos.
2.4.2 Os Índices Trabalhados
Os índices trabalhos nessa pesquisa são referentes ao Índice de Área Verde
por Habitante (IAVH) e o Índice de Cobertura Vegetal (ICV), ambos trabalham a
análise da vegetação urbana, sendo o primeiro referente as áreas verdes e o segundo
a cobertura vegetal da área.
O Índice de Áreas Verdes é calculado fazendo uma relação entre o tamanho
das áreas verdes existentes pelo total da população da área,oresultado dessa
equação vai mostrar o quanto de área verde por cada habitante se tem em
determinadaárea.
IAVH =Total de áreas verdes
𝑃𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜𝑑𝑎á𝑟𝑒𝑎𝑑𝑒𝑒𝑠𝑡𝑢𝑑𝑜
Os cálculos realizados nessa área foram têm como base dados referentes ao
que foi pré-estabelecido pela OMS no quadro a seguir.
Quadro 5 - Quadro Referente aos Valores dos IAVH
QUALIDADE AMBIENTAL
BAIXA MÉDIA ALTA
Menor que 12m² 12% acima de 12%
Fonte: OMS (2000)
37
O índice de cobertura vegetal (ICV) vai calcular o valor do total da vegetação
pela área de estudo, esse índice estima valores referente a quanto da área se tem de
cobertura vegetal, isso leva em consideração todos os tipos de vegetação.
ICVTotal de áreas verdes
𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙𝑑𝑎á𝑟𝑒𝑎𝑑𝑒𝑒𝑠𝑡𝑢𝑑𝑜
Os cálculos realizados nessa área têm como base dados de Lombardo 1985
que identifica como o adequado seguindo a tabela a seguir.
Quadro 6 - Quadro Referente aos Valores de ICV
QUALIDADE AMBIENTAL
BAIXA MÉDIA ALTA
Menor que 30% 30% acima de 30%
Fonte: OMS (2000)
Esses dados mostram que a média de 30% é caracterizado como uma área
que possui seu equilibrio ambiental em bom estado e abaixo dessa média algo cada
vez mais desequilibrado, sendo áreas menores que 5% consideradas
áreasdesérticas.
2.5 OPERACIONALIZAÇÃO DOS DADOS
2.5.1 Levantamento dos dados e elaboração dos mapas
O levantamento do mapeamento teve como base de dados diversos órgãos
federais e municipais que juntos subsidiaram essa etapa da pesquisa.
O mapeamento dos dados socioeconômicos foram realizados a partir de
preenchimento da tabela de atributos e análise dos dados no software arcgis 10.2.2
versãoTrial.
Mapeamento das áreas verdes foi levado em consideração as categorias que
o conceito abordado categoriza. Divididos em áreas que sirvam para funções
estéticas, ecológicas e de lazer, assim ficou divididos as áreas verdes como praças e
parques que respondem essa divisão.
A imagem utilizada foi SPOT datada de 2013 com resolução de 10m e
38
processada chegando a 2,5m, disponibilizada pelo IPECE e com sua alta resolução
foi possível mapear essas categorias.
A classificação das áreas verdes foi realizada a partir de vetorização nas
análises da imagem e categorizada na tabela de atributos. A vetorização também foi
realizada para o mapeamento dos recursos hídricos superficiais.
A etapa de campo foi realizada após o mapeamento, verificando a existências
das áreas mapeadas assim como verificar algumas áreas que ficaram com dúvidas
no processamento dos dados.
O quadro a seguir mostra como ficaram as categorias, como foram elaboradas
as vetorizações e como foi encontrado no campo.
40
Quadro 7 - Divisão da Legenda Utilizada no Mapeamento das Áreas Verdes
Classe vetorizada Descrição do Uso Imagem de Satélite Fotografia
Áreas Verdes
Essas áreas foram
delimitadas com o critério de
serem áreas de lazer, com
funções estéticas eecológicas
Cobertura Vegetal
Qualquer área com
vegetação, seja elaparticular
oupública
Recursos Hídricos – Rios e
lagoas
Delimitação dos Rios
superficiais da área de estudo
41
Área Livre
Áreas sem vegetação e que
podem ser reestruturadas
para se tornarem áreas
verdes
Fonte: Autora (2017)
42
3 ASPECTOS SOCIESPACIAL DA ÁREA DE ESTUDO NO
CONTEXTODO RIOMARANGUAPINHO
3.1 - CARACTERÍSTICAS HISTÓRICAS E SOCIOECONÔMICAS
O desenvolvimento da bacia do Rio Maranguapinho ocorreu a partir do
crescimento da cidade de Fortaleza principalmente como capital do Ceará.
A origem da cidade de Fortaleza se deu com a criação das primeiras colônias
no século XVII, no Ceará foi com Pero Coelho em 1603 na Barra do Ceará com a
criação do Forte São Tiago e um pequeno vilarejo, com problemas referente a seca
Pero Coelho foi paraPernambuco.
Somente em 1612, Martins Soares Moreno ergueu o Forte São Sebastião no
mesmo local do antigo Forte de São Tiago, em 1644 os índios tomaram, que estava
sobre ordens Holandesas, e destruíram.
Em 1649 Mathias Beck construiu um novo forte as margens do Rio Pajeú
chamado de Forte Schoonenborch, em 1654 os holandeses deixaram o Brasil e o forte
entregue aos portugueses sendo chamado depois de alguns anos
deForteNossa Senhora da Assunção.
Somente em 1726 o núcleo de Fortaleza foi elevada a categoria de vila,
denominada Vila de Nossa Senhora da Assunção mas, esse núcleo teve pouco
desenvolvimento, sem fatores que estimulem o desenvolvimento da Vila, limitando a
sua relação com Baturité e Maranguape.
As descrições feitas pelo ouvidor Rodrigues de Carvalho, no ano de 1816, retratam Fortaleza como sendo uma “vila pobre, seu comércio de pouco vulto, ainda que o porto é sofrível, apesar de ser uma enseada; mas como só as imediações do termo até a serra de Uruburetama, parte do termo de Aquiraz e parte do termo da vila de Monte-mor - o Novo (Baturité) se surtem de Fortaleza, o comércio é muito menor que o de Aracati. Não há uma só casa de sobrado e as terras são muito inferiores. O solo é de areia solta; o tijolo, a cal e madeiras são caros e tudo concorre para ser muito dispendiosa a edi† cação (GIRÃO,1959).
Somente em 1866 ocorreu uma evolução no desenvolvimento de Fortaleza
com linhas de navios direto para a capital, e melhorias das vias de
43
acesso ao interior como a estrada de ferro e a expansão algodoeira ao longo de todo
o estado.
A construção de novas vias de acesso e comunicação influenciaram na
evolução da cidade por facilitar o contato entre as regiões que iniciou um processo
migratório entre o interior e a capital intensificado com as sucessivas secas de
(1932, 1952, 1958 e 1970) tendo a malha urbana expandida para oeste e leste com
aglutinação cada vez maior dos espaços periféricos.
A expansão da malha urbana ocorreu em razão de grandes levas migratórias e as ocupações em edificações precárias, somadas ao fato do reforço à manutenção desta centralidade, com o desenvolvimento de planos urbanísticos e a aplicação de códigos de posturas e a necessidade de “civilizar” a população vislumbrando o “progresso”1, supõe-se haver acontecido em virtude da inacessibilidade ao núcleo central (SILVA, 1992), aliado ao disciplinamento aplicado a população ao modus vivendi (no) urbano2.
Com uma alta concentração populacional na capital e várias áreas periféricas
ocupadas por uma população em conduções insalubres, houve a necessidade de
projetos que minimizassem os problemas que estavam surgindo como falta de
habitação, saneamento básico e problemas de saúde.
As migrações foram resultados de um atrativo econômico criado, que
contribuiu para esse aumento populacional em Fortaleza. Com isso a cidade acabou
por se expandir para áreas mais periféricas afim da necessidade dessa população.
(LOUREIRO, 2011)
A sua expansão tem relação com a estrutura urbanística designada ao
município de fortaleza, onde foi dividida em 2 cidades na formação de seu espaço
urbano com instalação de equipamentos urbanos para modernização da cidade no
inicio do século XIX.
Com a política de higienismo, equipamentos públicos foram realocados para
melhorar a visão para seus habitantes, que no caso era a elite, como o cemitério e o
hospital, fazendo com que buscassem áreas mais afastadas, no caso Aldeota e
Jacarecanga, fazendo com que a área a oeste do centro de fortaleza fosse ocupada
pela população menos abastecida que incomodava a elite.
44
A partir da modernização no sistema de transporte da época, instalação de
indústrias na área da Av Francisco Sá, surgiram bairros ditos operários como o Alvaro
Weyne, Carlito Pamplona e Jardim Iracema, fato esse que aliado a seca que atingiu o
estado e conseqüentemente o êxodo rural atingindo a capital, acarretou uma
ocupação desordenada na periferia da cidade. (Fortaleza,1982)
Após 1950, tal processo se acentuou em razão da crise da agricultura cearense, das desigualdades na estrutura fundiária e das grandes secas de 1952 e de 1958, provocando intenso movimento migratório e contribuindo para um aumento substancial na população de Fortaleza, que passou de 270.169, em 1950, para 514.813 habitantes em 1960. (Almeida, 2010)
Para CASTELO BRANCO, na década de 60 e 70 passa por mudanças
urbanísticas de alargamento de vias, novas zonas industriais e a especulação
imobiliária que ocorreu com uma valorização das áreas mais a sudeste do município
com a implantação das avenidas Engenheiro Santana Junior e Washington Soares
trazendo mais investimentos e valorização das terras.
Ao sul e oeste da cidade nas décadas de 70 e 80, o crescimento foi de forma
diferente, foi em fator de grandes Conjuntos Habitacionais para os trabalhadores que
vinham do interior para a capital e as autoconstruções em terrenos de loteamentos
mais baratos/e ou invadidos próximos a rios e lagoas. O aumento de favelas nessa
região da cidade também cresceu de forma acentuada nesse período. (COSTA, 2006
apud Castelo Brando, 2015)
Uma parcela relevante desse contingente populacional contribuiu para a
formação da maioria dos bairros da porção oeste de Fortaleza, principalmente os mais
periféricos, como Quintino Cunha, Henrique Jorge, Granja Portugal, Bom Jardim,
Parque São José, Antonio Bezerra, todos pertencentes à área drenada pelo rio
Maranguapinho.
As áreas periféricas foram sendo adensadas populosamente e não foi
diferente na região oeste do município, local de influência da bacia do Rio
Maranguapinho, a área atualmente com 48 bairros divididos em 4 regionais foi sendo
apropriada, em maior parte, por uma população que vinha do interior em busca de
emprego para uma melhor qualidade de vida
45
A questão foi que a área foi sendo ocupada e casas foram sendo construídas sem
qualquer estrutura básica, ocasionando ocupações em áreas não propicias como as
margens de rios ou campo de dunas.
A área mais antiga a ser ocupada foi a Barra do Ceará e posteriormente.
Atualmente a área possui uma população de 1.258.102km² e com 51,34% da
população de Fortaleza, é possível notar a concentração da população na área, aliado
a um menor valor do solo urbano, consequência de sua localização periférica, longe
dos centros comerciais da cidade.
4 CONTEXTO GEOAMBIENTAL E VEGETAÇÃO URBANA NA ÁREADE
ESTUDO
Fortaleza possui seu sítio natural fundado, em um sistema de planícies, plio-
pleistocênica (de origem recente) por meio de depósitos de sedimentos quaternários.
(Castelo Branco, 2014)
Geologicamente, a área é constituída por coberturas sedimentares
cenozóicas compostas por rochas dos complexos gnáissico-migmatico e granítico
migmático do período Proterozóico.(Souza ET AL, 2009)
É uma superfície de aplainamento que por processos erosivos formaram uma
superfície plana e suavemente dissecada, sua morfologia é constituída de rampas de
pedimentação com inclinação suave ao litoral e os fundos de vales
A geologia e a geomorfologia buscam interpretações sobre o relevo, solo e
processos, na área de abrangência do Rio Maranguapinho em Fortaleza, esses
componentes se caracterizam por coberturas sedimentares cenozóicas. (Souza ET
AL, 2009)
A Formação Barreiras é distribuída de forma continua em uma faixa de largura
variável que segue a linha de costa, litologicamente é formada por sedimentos areno-
argilosos de coloração vermelha-amarela por vezes esbranquiçada. (Souza, 2009)
As área de vales estão relacionadas a rede de drenagem local, no caso a área
referente ao Rio Maranguapinho, constituídos por depósitos fluvio- aluvionares, com
sedimentos lacustres ou fluviais.
46
A planície litorânea formada por campos de dunas e planícies fluvio-
marinhas, resulta de acumulação fluvial sujeita a inundação, são terrenos planos com
baixa declividade derivada da ação de deposição fluvial, acompanha
longitudinalmente as calhas inundação,dificultando a ocupação.
Na área em estudo ainda existe a presença de áreas de vales, que se
constituem por depósitos fluvio-aluvionares com sedimentos fluvias e lacustres, com
rios e riachos mais espessos constituídos por areias finas e argilas. (Souza ET AL,
2009)
Os Tabuleiros representam a área de transição entre o domínio das terras
altas e a planície costeira, sua forma de relevo é tabular e dissecado pelos riachos
litorâneos, penetram por cerca de 40km no interior do continente e altitude entre 30 a
50m podendo chegar ao litoral em forma de falésias. (Souza,1988)
Destaca-se ainda a transição entre o Tabuleiro e a Depressão sertaneja, que
na divisa com os municípios de Maracanaú e Caucaia , é uma área de contato do
embasamento cristalino com os sedimentos da formação barreiras. (Castelo Branco,
2014)
A Planície fluvial resulta de acumulação fluvial sujeita a inundação, são
terrenos planos com baixa declividade derivada da ação de deposição fluvial,
acompanha longitudinalmente as calhas inundação,. Dificulta a ocupação, sendo
então consideradas ambientes frágeis.
Depósitos Flúvio-aluvionares e de Mangues São depósitos alongados e
sinuosos que preenchem as calhas e planícies dos cursos fluviais, lacustrinos ou
estuarinos recentes e compõem-se de areias, cascalhos, siltes e argilas, com ou sem
matéria orgânica. Apresentam-se semiconsolidados, mal selecionados e com matriz
areno-argilosa. Os mangues estão associados a materiais pelíticos e de matéria
orgânica, quase sempre alagados na preamar. (Quesado Junior e Cavalcante, 2000)
As relações das condições geomorfológicas e geológicas aliadas ao regime
pluviométrico influenciam de forma direta sobre o regime dos recursos hídricos.
O clima da área de estudo é razoavelmente homogêneo, com pequenas
variações ligadas diretamente ao regime pluviométrico, segundo dados da
47
FUNCEME, Fortaleza está inserida numa área onde o índice pluviométrico médio
anual situa-se entre 1.200 a 1.400 mm e é caracterizado por dois períodos distintos,
um de grande intensidade chuvosa - janeiro a julho, e, outro escasso – agosto
adezembro.
A temperatura é suavizada por ser uma região litorânea, com valor anual da
ordem de 26ºC a 27ºC e máximo, situando-se com maior freqüência, entre 31ºC e
32ºC.
A ZCIT é o principal mecanismo causador de chuvas em Fortaleza, atuando
de fevereiro a maio, quando atinge sua máxima posição ao sul. Os VCAS geram
precipitação principalmente em janeiro e fevereiro. Os CCMs provocam chuvas fortes
e de curta duração durante o período chuvoso bem como as LI. Observa-se que as
maiores chuvas ocorrem durante a presença da ZCIT mais ao sul (fevereiro a maio) e
que a mesma é inversamente proporcional aos dados de evaporação e insolação.
(Loureiro ET AL,2007)
O recurso hídrico em questão possui sua nascente localizada no município de
Maranguape, chegando ao seu afluente o Rio Ceará já próximo ao mar, no bairro x,
com 84,73km² é a segunda bacia hidrográfica em extensão domunicípio.
Possui padrão de drenagem dendrítico e corta áreas de alta vulnerabilidade,
possui grande parte de suas margens ocupadas, bastante poluído e em muitas áreas
canalizados.
A área possui algumas lagoas que para Sales (2003)apud se formavam com
facilidade no ambiente geomorfológico de Fortaleza. A presença de tabuleiros
litorâneos de origem sedimentar, levemente inclinados em direção ao oceano e
associados à presença de campos de dunas, propiciaram a formação de incontáveis
lagoas. O extravasamento do lençol freático das dunas nos períodos de maior
pluviosidade, também, era um atributo para a formação lacustre. Algumas lagoas
apresentam grandes dimensões e são referências: Lagoa da Parangaba e Lagoa do
BomJardim.
A partir do sistema brasileiro de classificação dos solos da EMBRAPA
(SiBCS), analisamos a ocorrência dos solos: gleissolo, neossolo quartzarênico e
nessoloflúvico, além de uma pequena mancha de argissolo vermelho amarelo já nos
48
limites a sudoeste da área de estudo, caracterizados abaixo.
Os Gleissolos São definidos pelo como solos hidromórficos, constituídos por
material mineral, o horizonte superficial apresenta cores desde cinzentas até pretas,
espessura normalmente entre 10 e 50 cm. desenvolvem- se em sedimentos recentes
nas proximidades dos cursos d’água e em materiais colúvio-aluviais sujeitos a
ambientes de influência de água, podendo formar-se também em áreas de relevo
plano de terraços fluviais, lacustres ou marinhos, como também em materiais
residuais em áreas abaciadas e depressões solos que ocorrem sob vegetação
hidrófila ou higrófila herbácea, arbustiva ou arbórea. A proximidade com os rios limita
o uso sendo, também, área indicada para preservação das matasciliares.
Neossolos Quartzarênicos ocorre em relevo plano ou suave ondulado,
apresenta textura arenosa ao longo do perfil e cor amarelada uniforme abaixo do
horizonte A, que é ligeiramente escuro. Considerando-se o relevo de ocorrência, o
processo erosivo não é alto, porém, deve-se precaver com a erosão devido à textura
ser essencialmente arenosa.
Os Neossolos Flúvicos são solos minerais oriundos de sedimentos recentes
referidos ao período Quaternário. São formados por sobreposição de camadas de
sedimentos aluviais recentes sem relações pedogenéticas entre elas, devido ao seu
baixo desenvolvimento pedogenético. Possuem cores e terxturas bastante
diversificadas, com predomínio das cores variando de bruno- escuro a bruno-claro.
No geral estes solos ocorrem nos ambientes de várzeas, planícies fluviais e
terraços Aluvionares, ao longo das linhas de drenagens das principais bacias
hidrográficas, sob vegetação natural de campos higrófilos de várzea ou floresta
perenifólia de várzea. Na Zona da Mata Sul de Pernambuco, ocorrem principalmente
nas várzeas com melhores condições de drenagem, podendoestar ounão
associados com os Gleissolos e CambissolosFlúvicos.
(EMBRAPA)
As principais restrições destes solos são: riscos de inundação, baixa
fertilidade natural, excesso de umidade pela presença do lençol freático próximo à
superfície.
Os Argissolos Vermelho-Amarelos são solos desenvolvidos do Grupo
Barreiras de rochas cristalinas ou sob influência destas. Apresentam horizonte de
acumulação de argila, com cores vermelho-amareladas devido à presença São solos
profundos e muito profundos; bem estruturados e bem drenados Apresentam também
49
baixa a muito baixa fertilidade natural, com reação fortemente ácida e argilas de
atividade baixa.
5 SOCIOECONÔMICO 5.1 POPULAÇÃO
Os dados referentes a população mostram a concentração populacional na
área, o que viabiliza uma análise dos elementos básicos necessários para os bairros.
De acordo com os dados obtidos através do Senso demográfico de 2010,
fornecido pelo IBGE, que pode ser visto de forma espacializada no mapa 1nas áreas
da regional I e V. Nota-se uma concentração maior na parte ao Norte da área de
estudo, seguindo uma concentração maior nas áreas a Oeste e Sudoeste.
Isso é justificado pelo próprio inicio da ocupação do município de Fortaleza,
que teve inicio no atual bairro da Barra do Ceará e depois foi sendo expandido para
as demais áreas.
A região Oeste e Sudoeste são caracterizadas pela área de recebimento de
população que vinha fugindo da seca no interior do estado, que foi sendo estruturada
de acordo com as necessidades do bairro com: conjuntos habitacionais, escolas, rede
elétrica, água e esgoto.
Essas áreas, mesmo recebendo uma estrutura básica, não era o suficiente, a
população começou a se acumular nas margens dos rios, em áreas consideradas de
alto risco , o saneamento básico não chega para toda a população, tudo por conta da
forma desordenada de ocupação da população.
51
Quadro 8 - Dados Referentes a População da Área
Reg Bairros População Total densidade populacional
I Álvaro Weyne 18.731 0,0186830226044028
I Barra do Ceará 54.152 0,0231684881444657
I Carlito Pamplona 22.427 0,0753157090628327
I Cristo Redentor 20.202 0,6618301125607820
I Farias Brito 10.022 0,1143261315368850
I Floresta 21.387 0,0124694868814418
I Jardim Guanabara 11.696 0,0158167403547597
I Jardim Iracema 17.940 0,0162943493257846
I Vila Ellery 6.328 0,0137141889783150
I Vila Velha 46.223 0,0066314103583216
I São gerardo 14.267 0,0097918950463797
Reg Bairros População Total densidade populacional
III Amadeo Furtado 9.808 0,0195070693619626
III Antônio Bezerra 20.478 0,0093560813927548
III Autran Nunes 15.396 0,0154769183515412
III Bela Vista 13.252 0,0160838083856755
III Bonsucesso 31.351 0,0124435335510914
III Dom Lustosa 10.155 0,0085440709063250
III Henrique Jorge 21.243 0,0109307340820853
III João XXIII 14.229 0,0121264443575481
III Jóquei Club (São Cristóvão) 15.635 0,0091877674990275
III Padre Andrade (Cachoeirinha) 10.190 0,0083499917006847
III Parque Araxá 5.750 0,0197770625856342
Reg Bairros População Total densidade populacional
IV Couto Fernades 4.066 0,0234114222482053
IV Demócrito Rocha 8.814 0,0125400804703051
IV Pan-Americano 7.030 0,0128673074254547
IV Parangaba 25.051 0,0141218335352361
IV Vila Pery 16.551 0,0261283041793046
Reg Bairros População Total densidade populacional
V Bom Jardim 4.066 0,0234114222482053
V Canindezinho 8.814 0,0125400804703051
V Conjunto Ceará I 7.030 0,0128673074254547
V Conjunto Ceará II 25.051 0,0141218335352361
V Conjunto Esperança 16.551 0,0261283041793046
V Genibaú 27.718 0,0114387820867090
V Granja Lisboa 29.406 0,0088419418202541
V Granja Portugal 15.539 0,0098667247101642
V Manoel Sátiro 19.281 0,0105122256684756
V Parque Presidente Vargas 12.796 0,0140468956653625
V Parque Santa Rosa (Apolo XI) 29.035 0,0133858178205879
V Parque São José 37.527 0,0078252376959074
52
V Siqueira 28.513 0,0112698603202623
Fonte: IBGE (2010)
5.2. ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO-IDH
Os dados referentes ao IDH são utilizados no mundo inteiro para tomada de
decisão, principalmente nas áreas de saúde e educação por serem parâmetros de sua
análise, o que facilita o crescimento e torna o país, estado ou município bem mais
evoluído, esse índice vai variar de 0 a 1, onde quanto mais próximo de 1 mais
desenvolvida é a área.
Comparado a todo o município de Fortaleza, temos uma grande concentração
de piores IDHs do município partindo de 0.1352 e chegando 0.6284, esse ultimo
referente a um bairro com renda maior que sua vizinhança.
Se compararmos os mapas de dados populacionais com o de IDH nota-se
uma relação entre a quantidade de habitantes e os piores IDHs, as áreas com
menores índices estão na região Norte da área e Sudoeste, sendo então uma área
que necessita de mais atenção na área de educação e saúde principalmente para
assim melhorar os índices.
Nota-se que os dados com melhores índices estão localizados nas áreas com
melhores condições socioeconômicas, principalmente se analisarmos o valor de renda
e de solo urbano, o que deixa notório a diferença de políticas públicas para as áreas
menos abastecidas.
54
5.3 SAÚDE
A área possui atendimento a saúde de caráter público e privado, como
observado na figura a seguir, segundo dados da Prefeitura de Fortaleza, sendo
clínicas especializadas, hospitais, UPAS, Postos de saúde, ambulatórios e
laboratórios, mas a grande dificuldade é o acesso a esses serviços, pela falta de
médicos, medicamentos e demora de marcação de exames e consulta.
Os dados referentes a saúde estarão limitados ao acesso dessa população
aos meios básicos de saúde, focando em postos de saúde e unidades de pronto
atendimento – UPA. Isso é justificado pelo objetivo do trabalho que é viabilizar o
potencial de áreas verdes em espaços públicos para auxiliar na melhora da qualidade
de vida da população.
A espacialização dos dados referente a essas unidades de saúde mostram
uma maior cocnentração na região central e ao norte, ficando na região ao Sul menos
abastecida, fazendo com que essa população tenha que se deslocar para receber
atendimento básico.
56
5.4 EDUCAÇÃO
Para a SEDUC, as redes educacionais Municipal e Estadual, atuam em todos
os bairros em todos os níveis educacionais, considerando números da população da
área ocorre uma boa distribuição das escolas nas duas esferas.
Essa distribuição regular das escolas viabiliza o atendimento da população e
pode ser um fator que dificultaria a evasão escolar, problema comum nos municípios
brasileiros.
Apesar de uma boa quantidade de escolas ainda existem baixos níveis
educacionais na região, principalmente de população analfabeta que está
concentrado nas áreas mais ao Sul, justamente as áreas com menores IDHs.
Observando os dados referentes a educação e a espacialidade no mapa,
observamos que a alfabetização dessa população, a partir dos dados disponíveis pela
SEDUC, nota-se uma grande parcela não possui o ensino médio ou fundamental
completo, poucos ainda possuem acesso a cursos superiores, além de um grande
número de analfabetos.
Nota-se então uma área necessitada de políticas públicas que venham a
tentar suprir as necessidades básicas dessa população, principalmente ligadas a
educação e a saúde.As escolas estando bem distribuídas facilita a implementação de
projetos e o resultado mais rápido nos diferentes níveis de ensino.
59
Quadro 9 - Quadro Referente aos dados de Analfabetismo
Reg Bairros População Analfabeta %nalfa+15anos
I Álvaro Weyne 996 5,32
I Barra do Ceará 4.952 9,14
I Carlito Pamplona 1.913 8,53
I Cristo Redentor 2.129 10,54
I Farias Brito 429 4,28
I Floresta 1.840 8,60
I Jardim Guanabara 680 5,81
I Jardim Iracema 1.105 6,16
I São Gerardo 140 2,5
I Vila Ellery 294 4,65
I Vila Velha 3.373 7,30
Reg Bairros População Analfabeta %nalfa+15anos
III Amadeo Furtado 396 4,04
III Antônio Bezerra 1.084 5,29
III Autran Nunes 1.901 12,35
III Bela Vista 745 5,62
III Bonsucesso 2.689 8,58
III Dom Lustosa 520 5,12
III Henrique Jorge 1.132 5,33
III João XXIII 985 6,92
III Jóquei Club (São Cristóvão) 788 5,04
III Padre Andrade (Cachoeirinha) 711 6,98
III Parque Araxá 233 4,05
III Parquelândia 283 2,27
III Pici 2.749 8,69
III Presidente Kennedy 963 5,18
III Quintino Cunha 3.082 8,71
III Rodolfo Teófilo 640 4,06
Reg Bairros População Analfabeta %nalfa+15anos
IV Couto Fernades 344 8,46
IV Demócrito Rocha 450 5,11
IV Pan-Americano 403 5,73
IV Parangaba 1.142 4,56
IV Vila Pery 833 5,03
Reg Bairros População Analfabeta %nalfa+15anos
V Bom Jardim 2.932 10,58
V Canindezinho 3.413 11,61
V Conjunto Ceará I 466 3,00
V Conjunto Ceará II 635 3,29
V Conjunto Esperança 794 6,21
60
V Genibaú 3.495 12,04
V Granja Lisboa 4.144 11,04
V Granja Portugal 3.524 12,36
V Manoel Sátiro 1.747 5,91
V Parque Presidente Vargas 589 11,65
V Parque Santa Rosa (Apolo XI) 810 8,38
V Parque São José 731 9,11
V Siqueira 2.916 12,44
Fonte: IBGE (2010)
5.5 RENDA
A área de estudo está localizada na região com baixos valores do solo urbano,
isso se comparado a toda cidade de Fortaleza. Alguns bairros de dentro da área de
estudo possuem valor do solo urbano elevado, mas é um caso a parte em relação
aotodo.
Essa categoria é referente a taxa de renda per capta da população da área
de estudo, esses mapa reflete a distribuição dessa renda observando a concentração
e distribuição.
Nesse quesito a região Sul continua sendo que contém a menor taxa de renda
per capta da área, ou seja, ocorre uma alta concentração populacional e uma baixa
renda percapta.
Observando os mapas e as tabelas nota-se essa espacialidade e essa
segregação de algumas áreas, principalmente em áreas onde se tem renda per capta
alta e ao lado um bairro com baixa renda per capta.
A baixa renda per capta atraí conseqüências como baixa expectativa de vida,
problemas de saúde e ocupação em áreas de risco, além de prejudicar no
desenvolvimento econômico daárea.
Considerou-se numa perspectiva de otimizar os indicadores sociais também
utilizado para calculo do IDH, o valor do solo,que integram na sua base de calculo a
renda, considerando que a regional no seu contexto integra os menores sálarios e
conseqüente não existe atividade industrial , permanecendo sob o aposte de serviços
61
e benefícios sociais.
A área possui baixo IDH, baixa renda per capta e baixos índices de
alfabetização, sendo assim considerada uma área que não possui atrativos ou
elementos de valorização do solo urbano
As áreas verdes são fatores que aumentam esse indicador, mas na área
essas áreas de valorização são pontuais e acabam por não obter esse papel.
No mapa a seguir observamos essa distribuição, sendo as áreas com maior
valorização a Maraponga, São Gerardo e bairros ao redor, essa valorização foi
realizada devido a especulação imobiliária e valorização do comércio.
63
Quadro 10 - Quadro de Renda PerCapta
Reg Bairros renda per capta
I Álvaro Weyne 1.065,93
I Barra do Ceará 398,61
I Carlito Pamplona 500,01
I Cristo Redentor 377,42
I Farias Brito 890,48
I Floresta 390,81
I Jardim Guanabara 508,03
I Jardim Iracema 448,19
I São gerardo 826,23
I Vila Ellery 696,07
I Vila Velha 486,95
Reg Bairros renda per capta
III Amadeo Furtado 413,44
III Antônio Bezerra 556,87
III Autran Nunes 349,74
III Bela Vista 636,82
III Bonsucesso 434,41
III Dom Lustosa 547,80
III Henrique Jorge 551,52
III João XXIII 449,97
III Jóquei Club (São Cristóvão) 708,67
III Padre Andrade (Cachoeirinha) 622,59
III Parque Araxá 984,94
Reg xBairros renda per capta
IV Couto Fernades 622,40
IV Demócrito Rocha 572,76
IV Pan-Americano 564,22
IV Parangaba 787,91
IV Vila Pery 527,34
Reg Bairros renda per capta
V Bom Jardim 349,75
V Canindezinho 325,47
V Conjunto Ceará I 603,52
V Conjunto Ceará II 589,31
V Conjunto Esperança 514,66
V Genibaú 329,98
V Granja Lisboa 341,36
V Granja Portugal 334,83
V Manoel Sátiro 527,94
V Parque Presidente Vargas 287,92
64
V Parque Santa Rosa (Apolo XI) 433,82
V Parque São José 419,79
V Siqueira 326,80
Fonte: IBGE (2010)
5.6 VALOR DOSOLO
A área de estudo está localizada na região com baixos valores do solo urbano,
isso se comparado a toda cidade de Fortaleza. Alguns bairros de dentro da área de
estudo possuem valor do solo urbano elevado, mas é um caso a parte em relação
aotodo.
A área possui baixo IDH, baixa renda per capta e baixos índices de
alfabetização, sendo assim considerada uma área que não possui atrativos ou
elementos de valorização do solo urbano
As áreas verdes são fatores que aumentam esse indicador, mas na área
essas áreas de valorização são pontuais e acabam por não obter esse papel.
No mapa a seguir observamos essa distribuição, sendo as áreas com maior
valorização a Maraponga, São Gerardo e bairros ao redor, essa valorização foi
realizada devido a especulação imobiliária e valorização do comércio.
66
5.1 - VEGETAÇÃO URBANA NA BACIA DE ACORDO COM A ONU
A vegetação da área de estudo está dividida em vegetação de tabuleiro e
vegetação de área de mangue, ao chegar na foz do rio Maranguapinho, indo de
encontro ao rio Ceará e posteriormente ao mar.
Fortaleza é uma área, segundo o IBGE (2010), com 100% de sua área
considerada urbana, mas sabemos de suas características rurais, principalmente
relacionadas á algumas áreas com plantio de legumes e verduras.
Essas áreas estão presentes na periferia da cidade e com pontos na área de
estudo, além de hortas implantadas pela prefeitura de fortaleza com parceria das
regionais.
Encontramos também a vegetação em praças, lagoas, canteiros, quintais e
calçadas com fins públicos e particulares, nos mais variados tipos e espécies de
plantas, nativas ou não.
As áreas de vegetação urbana necessitam de uma distribuição regular e
principalmente de áreas públicas, claro, sem desmerecer a importância das áreas
privadas, mas as áreas públicas possuem um valor maior por ser mais acessível a
toda apopulação
A organização das nações unidas trabalha a vegetação como uma área verde
urbana, sendo necessário, no mínimo, 12m² de área verde por habitante para ter uma
boa faixa de qualidade ambiental e uma melhoria no meio ambiente.
Sobre a quantificação, Lombardo (1985) estima que um índice de cobertura
vegetal na faixa de 30% seja o recomendável para proporcionar um adequado balanço
térmico em áreas urbanas, sendo que áreas com índice de arborização inferior a 5%
determinam características semelhantes às de um deserto. (Silva, 2014)
A partir do índice de área verde e do índice de cobertura vegetal, foi possível
realizar uma análise do estado quantitativo e da distribuição davegetação com ênfase,
principalmente, nas áreas com menores e maiores índices e as áreas com maior
concentração de vegetação.
5 ANÁLISE POR REGIONAL
67
O município de Fortaleza está dividido por regionais, essa divisão foi realizada
com base na Lei Municipal nº 8.000, de 29 de janeiro de 1997, dividindo o município
em sete regionais: SER I, SER II, SER III, SER IV, SER V, SER VI E SERCentro.
As regionais têm como objetivo executar as políticas públicas e projetos de
cunho socioeconômico, estudos relacionados a patrimônio público e demais
atividades relativas ao bem estar e desenvolvimento da população da área limite de
cada regional.
A análise por regional facilita a aplicação das medidas para implementação e
conservação das áreas verdes, quanto menor a unidade de trabalho, mais detalhado
e mais resultados podem ser obtidos. As análises a seguir foram espacializadas dessa
maneira em busca de mais detalhes e maior aplicabilidade do trabalho
A área de estudo e a vetorização das áreas verdes estão localizadas no mapa
a seguir dividindo também por suas regionais, onde quatro das sete regionais
existentes, sendo elas Regional I, III, IV e V dessa forma, trabalharemos a
amostragem dos resultados nessas divisões, por viabilizar os resultados e as
possíveis aplicações obtidas na pesquisa.
69
Regional I
A regional I é composta pelos bairros Álvaro Weyne, Barra do
Ceará, Carlito Pamplona, Cristo Redentor, Farias Brito, Floresta, Jardim
Guanabara, Jardim Iracema, Vila Ellery, Vila Velha e São Gerardo.
71
Alguns dos bairros dessa regional não possuem sua totalidade localizada na
área de estudo, como é o caso do Carlito Pamplona, Farias Brito e Cristo Redentor,
mas a nível de informação iremos abordar os dados deles porinteiro.
Uma das características da REG I é conter bairros antigos e que estão ligados
a criação e desenvolvimento do próprio município de Fortaleza, possuem setores que
foram responsáveis por várias atividades econômicas que ergueram a cidade, como
a área da Avenida Francisco Sá que foi um pólo industrial e a Barra do Ceará, onde
foi montado o primeiro forte que deu inicio a ocupação da atual cidade deFortaleza.
A regional possui uma Área de Proteção Ambiental (APA), da área estuarina
do Rio Ceará, com uma área total de 2.744,89 hectares e compreende grande parte
do bairro Vila Velha, Quintino Cunha e finalizando na Barra do Ceará, fazendo limite
com o Município de Caucaia e criada pelo DECRETO Nº 25.413, de 29 de março de
1999,
Essa área possui função básica para a proteção e o uso sustentável da área,
além de possuir diversos usos para a população, está localizada na área urbana e sua
conservação acaba por influenciar na qualidade ambiental da área.As imagens a
seguir mostram como está a área da APA.
Figura 2 - APA do Rio Ceará
72
Figura 2 - APA do Rio Ceará
Fonte: Autora (2017)
As demais áreas verdes existentes na área são as praças que estão
distribuídas por toda a regional I, além de três lagoas, denominadas Lagoa do Urubu,
com uma densa área vegetacional ao redor localizada no bairro Floresta, a lagoa do
Pólo de lazer da Sargento Hermínio e a lagoa do Monte Castelo.
A área de lagoa do Urubu está localizada em uma área com baixos índices de
desenvolvimento humano, mas não deixa de ser uma área que possui um uso pela
população e que se fosse mais bem estruturada seria um local bem mais acessível.
A lagoa do Urubu possui uma praça em sua redondeza que é utilizada pela
população, mas do outro lado possui uma área abandonada com um matagal próximo
e que fica escura no período da noite
Figura 3 - Lagoa do Urubu – Floresta
73
Fonte: Autora (2017)
A área do pólo de lazer da Sargento Hermínio é uma extensa área com uma
lagoa e uma parte com bastante arborização de grande porte e que é utilizada pela
população para diversos usos principalmente de lazer, além dos efeitos benéficos do
verde urbano localizado nessa área que influencia toda a área ao redor.
A lagoa localizada no Monte Castelo possui uma urbanização que trás a área
um uso para a população e funções ambientais para a área ao seu alcance.
As demais áreas verdes, do tipo praça, estão concentradas no bairro Vila
Velha, mas não estão ausentes nos demais bairros. Essas áreas estão em alguns
casos sem manutenção como a praça do Beira Rio que possui áreas de lazer
quebradas, diferente da conhecida popularmente Praça do Polar que já tem uma
praça melhor estruturada, mas que ambas possuem vegetação de grande porte, áreas
de sombreamento e principalmente áreas que a populaçãofaz uso, seja andando de
skate, caminhadas ou corridas, sem esquecer dos benefícios da vegetação.
74
Figura 4 - Praça do Beira Rio
Fonte: Autora (2017)
Figura 5 - Praça do Polar
Fonte: Autora (2017)
A existência de outro tipo de áreas verdes, que no caso são as Areninhas, que
fazem parte de um projeto da prefeitura de reestruturação de campos de futebol para
a população. Esse tipo de área verde têm contribuído para reestruturação da área
principalmente trás um uso maior para a área, faz com que a população ocupe novos
lugares e tenha novos espaços na cidade,
No caso da Regional I a Areninha fica localizada no bairro Barra do Ceará e
pode ser observada nas fotos a seguir, a área possui ainda uma praça próxima que
está adaptada para utilização de crianças e jovens.
75
Figura 6 - Areninha Barra do Ceará
Fonte: Autora (2010)
Existe uma área que não foi classificada como área verde, mas, foi encaixada
como área de ligação, que são os canteiros, essas áreas servem como área que
interligam as áreas verdes da cidade, criando uma espécie de cinturão pela região,
levando os benefícios dos das áreas verdes por mais espaços. Nas áreas de canteiro
também são utilizadas para diversos usos para a população, como áreas para praticas
de cooper, caminhada ou implantação de áreas de ciclo faixas ou ciclovias.
Na regional I esses canteiros estão presentes em grande parte da área, com
alguns locais contendo árvores de grande porte e outros que quase não existem
vegetação em sua extensão, passando as vezes despercebido pela população, essa
área é de grande importância ambiental para o bom funcionamento das
funcionalidades da vegetação nas áreas urbanas.
Figura 8 - Canteiro Central Av. Mozart Lucena
Fonte: Autora (2017)
76
Com isso, compreendemos que as áreas verdes necessitam de manutenção
e serem bem distribuídas pela área urbana das cidades, mais do que apenas
existirem, elas necessitam de planejamento para implementação dessas áreas.
Os índices calculados para essa pesquisa, ICV e IAVH revelam a distribuição
da cobertura vegetal, onde têm mais concentração e mais vazios, os índices dessas
áreas estão presentes na tabela a seguir.
Quadro 11 - Índice de Cobertura Vegetal
Regional Bairros IAVH ICV
I Álvaro Weyne 2,54933871 14%
I Barra do Ceará 2,58527382 18%
I Carlito Pamplona
13%
I Cristo Redentor 11%
I Farias Brito 12%
I Floresta 2,26707813 18%
I Jardim Guanabara 5,68101649
11%
I Jardim Iracema 3,19632976 11%
I Vila Ellery 0,16972187 12%
I Vila Velha 72,10912316 27%
I São Gerardo 1,95738417 11%
Fonte: Autora (2017)
77
Observando os índices referentes à cobertura vegetal nota-se que nenhum
chegou a 30% mas, o mais próximo foi o bairro Vila Velha que possui 27% de sua
área destinada ao verde urbano, posteriormente o bairro Floresta e Barra do Ceará.
Esses bairros possuem os melhores índices da área, isso é devido á grandes
extensões de áreas verdes da área. No bairro Floresta a Lagoa do Urubu, no Vila
Velha e na Barra a APA do Rio Ceará.
Essas áreas verdes e a cobertura vegetal estão distribuídas nos bairros
listados nessa tabela e nota-se que as áreas verdes possuem uma concentração em
determinadas partes como nos bairros vila velha e barra do ceará e outras áreas que
são dependentes dos canteiros centrais das avenidas, como no caso do bairro jardim
Iracema.
As áreas de cobertura vegetal estão distribuídas em toda a parte da regional
I, sendo levado em consideração áreas de quintal e calçadas fazem com que o número
dessas áreas seja elevado quando levado em consideração somente á áreas públicas.
Com isso, analisamos que as áreas com os melhores índices são o Vila Velha
e a Barra do Ceará, além do bairro Floresta. As áreas com menores índices são Cristo
Redentor, Jardim Guanabara, Jardim Iracema e São Gerardo, essas áreas
necessitam de uma política de conservação das áreas existentes e de manutenção
de quintais e árvores de calçadas, além de implementação nas áreas de espaços
livres.
78
Regional III
A regional III está localizada ao centro da área de estudo e compreende
os bairros listados no mapa a seguir
80
Os bairros dessa área são os que possuem melhores índices de
desenvolvimento humano e uma área crescente referente a comercio e áreas
residenciais.
Observando a tabela a seguir notamos que os bairros com maior número de
população é Quintino Cunha, Pici e Bonsucesso, esses bairros estão localizados em
porções diferentes, maspossuem índices de renda e analfabetismos semelhantes com
diferentes índices devegetação.
Quadro – 12 Regional III População total
Regional
Bairros
População Total
III Amadeo Furtado 9.808
III Antônio Bezerra 20.478
III Autran Nunes 15.396
III Bela Vista 13.252
III Bonsucesso 31.351
III Dom Lustosa 10.155
III Henrique Jorge 21.243
III João XXIII 14.229
III Jóquei Club (São Cristóvão)
15.635
III Padre Andrade (Cachoeirinha)
10.190
III Parque Araxá 5.750
III Parquelândia 12.466
III Pici 31.638
III Presidente Kennedy 18.603
III Quintino Cunha 35.375
III Rodolfo Teófilo 15.766
Fonte: IBGE (2010)
A regional III possui uma grande área verde, que no caso é a Universidade
Federal do Ceará, que comporta um grande açude além de uma densa área de
vegetação. A universidade é um espaço público e que responde aos três critérios que
são ecológicos, estéticos e lazer e por isso foi mapeado como área verde
81
Figura 9 - Açude do Campus do Pici
Fonte: Diário do Nordeste
As outras áreas verdes mapeadas são referentes á praças, a lagoa do Rodolfo
Teófilo não está dentro da área de estudo, mas a nível de cálculo do índice ela foi
considerada devido metade do bairro estar dentro da área, isso facilitaria o cálculo do
índice e suas análises.
A praça localizada próximo ao North Shopping possui uma boa estrutura e
com equipamentos de uso público de ginástica além de ser usada pela população
para caminhadas ou outros meios de lazer da população.
Figura 10 - Praça North Shopping
Fonte: Autora (2017)
Nessa regional a densidade de cobertura vegetal é superior a densidade de
áreas verdes, áreas com valor do solo urbano altos não possuem tantas áreas verdes,
82
em compensação possuem uma certa quantidade de cobertura vegetal que aqui são
mapeadas como quintais, áreas com vegetação dentro de condomínios ou árvores em
calçadas.
No Jóquei Clube existe uma área verde particular, uma pequena área que
funciona como zoológico e possui funções bem importantes para a área, já que possui
árvores de grande porte e manutenção em dia, mas por ser particular foi mapeada
como área de cobertura vegetal.
A praça da Igreja redonda possui manutenção e é bastante utilizada pela
população da área ou de bairros próximos para lazer ou utilização de bicicletas
compartilhadas, é uma das principais praças da região.
Figura 11 - Praça Igreja Redonda
Fonte: Autora (2017)
A área não possui um número grande de praças comparado as outras
regionais, mas contém uma grande área, a UFC, que auxilia no equilíbrio ambiental
local. Outra praça bastante utilizada é do Henrique Jorge, possui uso regular pela
população, tem uma manutenção feita pela própria população além de favorecer o
uso pela população ao redor.
Nessa regional o que se torna mais em evidência são as áreas de canteiro,
que como já explicadas servem como ligação das áreas verdes trazendo um melhor
efeito das questões ambientais que essas áreas fornecem.
As áreas de canteiros estão localizadas em todos os bairros e possuem
grande importância, algumas não possuem uma vegetação adequada ou até mesmo
83
inexistente, mas outras mantém uma vegetação bastante considerável.
Essas áreas de canteiro que são bem estruturados, com calçadas largas e
vegetação de grande porte, são utilizadas como áreas de Cooper, caminhada,
bicicletas e que acabam por fazer essas áreas se desenvolverem mais, serem vistas
como áreas de comércio principalmente no turno da noite. Os índices de ICV e IAVH
da área possuem uma grande diferença devido a área verde da UFC que, por ser
muito grande, destaca muito o bairro do PICI.
Quadro 12 - Índice de AVH e ICV
Regional Bairros IAVH ICV
III Amadeo Furtado 3,68435000 12%
III Antônio Bezerra 1,19190157 22%
III Autran Nunes 2,43717259 19%
III Bela Vista 0,83654518 17%
III Bonsucesso 0,71588561 17%
III Dom Lustosa 0,13457657 29%
III Henrique Jorge 4,12826498 18%
III João XXIII 3,94297969 19%
III Jóquei Club (São Cristóvão) 2,22270625 24%
III Padre Andrade 1,38626104 22%
III Parque Araxá 0,07711952 11%
III Parquelândia 0,89384732 12%
III Pici 17,26815854 40%
III Presidente Kennedy 0,29178090 22%
III Quintino Cunha 3,02976678 28%
III Rodolfo Teófilo 2,43764634 15%
Fonte: Autora (2017)
Figura 12 - Canteiros Av. Mister Hull/ Av. Lineu
Machado Fonte: Autora (2017)
84
Regional IV
Essa regional possui somente alguns bairros na área de estudo, mas a nível
da pesquisa os índices foram calculados eles por inteiro, os bairros Couto Fernandes,
Demócrito Rocha, Panamericano, Parangaba e Vila Pery.
Esses bairros possuem características de bairros residenciais com índices de
desenvolvimento humano.
86
O bairro Parangaba se destaca nesse lista por ter uma área comercial bem
ativa e além disso uma área de lagoa de x m² que funciona como uma grande área
verde dessa regional.
A, popularmente conhecida, Lagoa da Parangaba, também possui um uma
feira bastante conhecida no município e que funciona de forma ativa durante os finais
de semana e trás esse seu uso um dos mais movimentados comércio populares da
região alcançando diversos públicos.
Figura 13 – Lagoa da Parangaba
Fonte: Autora (2017)
As demais áreas verdes são divididas em praças dentro dos outros bairros,
mas não muito numerosas. As do bairro parangaba possuem um caráter histórico de
desenvolvimento da cidade de Fortaleza então possuem praças grandes e com
árvores antigas, muito utilizadas durante o dia devido o comércio local.
87
Figura 13 – Parangaba
Fonte: Autora (2017)
As outras áreas verdes são em áreas mais residenciais, o que causa uma
maior utilização da população para áreas de lazer ou com pequenas vendas de
produtos alimentícios ou artesanais.
No bairro Panamericano se concentra uma dessas praças que a população
utiliza dessa maneira, possui árvores, um pequeno parque e está em bom estado
deconservação
Figura 15 - Panamericano
.
Fonte: Autora (2017)
Nos demais bairros há uma escassez dessas áreas, sendo então predomínio,
novamente, das áreas de cobertura vegetal, assim como na Regional III
Os bairros dessa regional se desenvolveram de forma não planejada então
não tiveram a preocupação de manutenção de um verde urbano ou de delimitação e
construção de praças para o uso da população, equivoco esse que reflete hoje em dia
na falta desses espaços.
88
A área também possui canteiros em sua extensão que são utilizados pela
população para comércio ou áreas de lazer, o que acaba sendo um único refúgio de
verde da área.
Quadro 13 – Regional IV
Reg Bairros IAVH ICV
IV Couto Fernandes 2,02877521 11%
IV Demócrito Rocha 0,63546630 17%
IV Pan-Americano 1,19871977 10%
IV Parangaba 3,31208335 29%
IV Vila Pery 13%
Fonte: Autora (2017)
Ao analisarmos os índices dessa área, notamos uma área com baixos valores
de área verde por habitantes, principalmente na área do bairro Demócrito rocha.
Essa área possui várias áreas canalizadas que poderiam ser trabalhadas de
outra maneira para novas áreas fossem implementadas ao longo desse recurso
hídrico e a população fizesse uso disso.
As áreas de cobertura vegetal do bairro Parangaba são melhores devido á
manutenção de algumas áreas com quintais, casas antigas que ainda tem esse hábito.
O Demócrito Rocha é um bairro que apesar do baixo índice de áreas verdes
possui uma taxa de cobertura vegetal relevante em relação as outras áreas, isso se
dá por ser um bairro residencial e que ainda têm o hábito de possuir quintais nas
residências.
Regional V
89
A área de regional V é uma das áreas que possui um diferencial, que é um
conjunto habitacional que buscou a criação e manutenção de áreas verdes em seu
entorno, além de possuir bairros não planejados e com ocupações irregulares
principalmente nos leitos dos rios.
Possui área com índice de desenvolvimento humano muito baixo, áreas de
favelização vertical e horizontal em torno dessa área e ainda áreas consideradas de
risco.
91
Os Bairros Conjunto Ceará I e II foram planejados na década e 70 e com uma
política de unidades de vizinhança, onde se deve ter escolas básicas e áreas verdes
em cada UV, cresceu e se desenvolveu nesses moldes até hoje.
Mantém praças, pólo de lazer e uma grande área livre de vegetação que deixa
o bairro mais verde, além de manter árvores de grande porte e espaços com bastante
uso pela população do bairro ou das áreas vizinhas.
Figura 13 - Área Verde Conjunto Ceará
Fonte: Autora (2017)
Com uma área que possui canais de drenagem que cortam todo o bairro, é
um local bastante utilizado pela população por conta dos kms de calçadão que aliado
com a vegetação se torna um local para os adeptos das atividades físicas.
Apesar de ser um dos locais onde as áreas de canteiro e as praças serem as
mais utilizadas, existem praças que não estão em um bom estado de conservação,
com vários equipamentos quebrados ou áreas abandonadas
92
Figura 14 - Canteiros Conjunto Ceará
Fonte : Autora (2010)
Algumas praças, com o projeto de adoção realizado pela prefeitura de
Fortaleza, estão melhor estruturadas com aulões de atividades físicas, manutenção
em dia, arborização feita e principalmente sendo utilizada pela população.
Essa Regional é a área da bacia que o Rio está em mais evidência, nas outras
áreas da Bacia existem pequenos canais ou lagoas, mas, aqui, o recurso hídrico está
mais emevidência.
No ano de 2009 foi iniciado a obra de revitalização do Rio Maranguapinho,
que tinha como objetivo o reassentamento das famílias, limpeza, urbanização e
saneamento da área, uma das primeiras etapas entregues é a área do Parque
Genibaú que antes tinha muitos problemas, principalmente no período chuvoso, com
alagamentos por possuir muitas famílias morando nessas áreas na beira do rio, sendo
consideradas áreas de risco
Figura 15 - Imagem de Satélite 2003 / Imagem de Satelite 2013
Fonte: Google Earth (2017)
93
Foi elaborado uma revitalização da área, as famílias foram remanejadas e a
área hoje é um grande calçadão utilizado pela população, assim como no Genibaú,
áreas da Granja Portugal, Bonsucesso também receberam essas obras e já
foramentregues.
Figura 16 - Área requalificada Bonsucesso
Fonte: Autora (2017)
Existem na área várias lagoas sendo a lagoa da Vila Manoel Sátiro a maior
com xx km² localizada próxima ao Cuca do Mondubim, é uma área grande e de uma
beleza também elevada mas que, no período do campo, ela estava abandonada, não
tinha uma manutenção, muitos bancos estavam quebrados, muito lixo ao redor, além
de não ter iluminação e também um uso pela população. Acredito que o uso fica
restrito ao cuca e não se alonga até a lagoa.
Figura 17 - Lagoa Vila Manoel Satiro
Fonte: Autora (2017)
94
Figura 18 - Cuca Mondubim
Fonte: Autora (2017)
Existe uma outra lagoa localizada no Siqueira que também está abandonada,
essa não tem nenhum tipo de estrutura, está realmente com um matagal ao seu redor,
sem nenhum tipo de manutenção e que acaba sendo algo mal visto pela população
ao redor, é tido como uma área perigosa e escura e faz o efeito inverso da área verde,
quando se deveria ser um atrativo acaba por afastar a população da área. O que
poderia ser feito era uma revitalização dessas áreas para fazer com que a população
utilize e ocupe essas áreas, fazer com que a cidade tenha outras oportunidades para
a população.
Figura 19 - Área com lagoa no Siqueira
Fonte: Autora (2017)
AS áreas de canteiro da Regional V também são fundamentais para a ligação
das áreas verdes e principalmente pela ligação com o recurso hídrico local, a área que
contém mais canteiros é a parte do bairro conjunto Ceará que possui canteiros com
95
árvores de grande porte, iluminados e com áreas de ciclofaixas, além de uma pista de
Cooper.
As áreas de revitalização que ocorreram ao longo do Rio Maranguapinho
também são de fundamental importância por estarem funcionando como área de
espaço de lazer para a população elaborarem caminhada corrida ou pequenas vendas
de produtos alimentícios ou artesanais. Uma das praças que é adotada pela
população é a praça do UV4 e a população acaba por organizar essa área.
Figura 20 - Praça Conjunto Ceará - UV4
Fonte: Autora (2017)
As áreas de cobertura vegetal são bem presentes, principalmente na parte sul
da regional, isso por conter áreas que não foram ocupadas ainda ou por ter ainda
muitas áreas de quintais.
Figura 21 - Áreas livres Siqueira
Fonte: Autora (2017)
96
Figura 22 - Rio Maranguapinho - Bom Jardim
Fonte: Autora (2017)
Existem também as hortas comunitárias, espaços que foram criados para
implementação da população de terceira idade nos projetos comunitários, as hortas
funcionam alguns dias da semana e os produtos são vendidos a preços mais baixos
e são plantados por senhoras e senhores.
Figura 23 - Horta Comunitária - Conjunto Ceará
Fonte: Diário do Nordeste (2015)
Quadro 13 - Índice de AVH e ICV
Reg Bairros IAVH ICV
V Bom Jardim 0,92556187 10,18$
V Canindezinho 0,64640548 22,49%
V Conjunto Ceará I 5,85843464 15,08%
V Conjunto Ceará II 9,54113289 15,13%
V Conjunto Esperança 1,97889966 17,95%
V Genibaú 1,53352850 11,76%
97
V Granja Lisboa 5,91686798 15,35%
V Granja Portugal 6,67727319 10,88%
V Manoel Sátiro 1,24697837 22,96%
V Parque Presidente Vargas 0,00000000 16,61%
V Parque Santa Rosa (Apolo XI) 1,05098242 22,82%
V Parque São José 1,20632943 19,02%
V Siqueira 0,01859910 14,92%
Fonte: IBGE (2010)
Observando as tabelas com os Índices de Área verde, nota-se uma relação
entre os baixos índices de Áreas Verdes com os altos índices de densidade
populacional, e os menores índices de renda per capta e alfabetização obtidos na
análise socioeconômica.
O valor do solo urbano não teve uma relação direta com a quantidade de áreas
verdes existentes, pelo menos nessa área de estudo. Áreas onde o valor do solo está
alto possuem pouca vegetação, quando áreas com menores valores possuem uma
vegetação mais expressiva.
Observando os índice de IAVH são do bairro Conjunto Ceará I e Conjunto
Ceará II, isso se justifica por se rum bairro planejado e com várias áreas verdes
distribuídas em torno do bairro.
Ao observarmos o índice de ICV os bairros com bons índices são
Canindezinho, Manoel Sátiro e Parque Santa Rosa, isso se justifica pelas áreas de
quintais e áreas que não foram ocupadas.
98
7 DELIMITAÇÃO DO CORREDOR VERDE URBANO
A delimitação do corredor verde urbano necessita de uma análise de critérios
ambientais e sociais, durante a pesquisa foram elaborados levantamentos desses
dados que já foram explanados no decorrer do texto dessa dissertação.
Os dados referentes aos condicionantes ambientais mostraram diversos
ambientes na bacia do Rio Maranguapinho, esses ambientes possuem
potencialidades e limitações que a partir disso favorecem a delimitação do corredor
verde urbano, isso associado as áreas verdes delimitadas.
Os dados referentes a socioeconômicos mostram o quanto essas áreas estão
com baixos índices de desenvolvimento humano e principalmente baixos índices de
renda, saúde e educacional. A delimitação de uma área que intensifique o uso do
verde não funciona para aumentar esses dados de forma direta, mas acaba por
valorizar a área por intensificar o uso dessas áreas pela população além de criar
oportunidades de atividades físicas, econômicas ou até mesmo culturais.
Essa criação favorece a área nos termos de fazer com que a população ocupe
os espaços da cidade, faz com que se crie um hábito de uso e de preservação dessas
áreas, que se forem aliados á escolas e outras instituições valorizam ainda mais o
entorno desses corredorverde.
De forma inicial o corredor verde necessita de um recurso hídrico que possa
servir como área de ligação, nesse caso o Rio Maranguapinho, com isso toda a sua
extensão foi delimitada como área de corredor verde, saindo do Siqueira e seguindo
até a foz do Rio Ceará, na Barra do Ceará.
As outras áreas de ligação devem levar em consideração a interligação das
lagoas, pequenas ou grandes, relacionando elas com as áreas verdes e os canteiros
delimitados nota-se que os bairros ficam interligados e a área de corredor também
A área possui alguns pontos históricos que são utilizados como áreas
histórico-culturais, no caso o cuca do monubim e o cuca da barra, além da casa
100
da Raquel de Queiroz localizada no bairro Henrique Jorge e que está abandonada
pelo poder público, mesmo com toda a sua importância para a manutenção da cultura
do nosso estado.
O auxilio das escolas, principalmente as públicas é de importância por auxiliar
na manutenção dessas áreas, principalmente quando se pode elaborar diversos
projetos referentes a educação ambiental dos alunos com as áreas verdes próximas,
fazendo com que a população, a escola e os alunos fiquem mais próximos.
É comprovado cientificamente que as áreas verdes em hospitais auxiliam na
melhora dos pacientes, essa delimitação dos corredores também contam as unidades
de saúde como postos de saúde e hospitais como áreas que devem ter uma área
verde próxima ou manutenção do verde dentro dessas unidades.
Todas essas alternativas são utilizadas com o fim em comum, a utilização e
ocupação da população nos espaços públicos, os espaços da cidade, espaços esses
que por muitas vezes são esquecidos principalmente por serem da área periférica da
grande metrópole comoFortaleza.
Essas políticas devem ser implantadas sempre com o objetivo de uso pela
população, de dar mais espaços e oportunidades de lazer para essa população que
vive no ócio e que não tem muitos espaços como esses.
A implantação do corredor não resolve os problemas mas, auxilia em uma
melhoria das condições dessa população e daria um pontapé inicial na luta pelo direito
a cidade e por mais espaços públicos que são de fundamental importância para
essapopulação.
Observando o mapa a seguir, com a delimitação dos corredores, notamos que
ele foi dividido em duas áreas, sendo a primeira denominada de Área de CVU 1 e
Área de CVU 2
.
102
A primeira Área foi delimitada seguindo o caminho do canal principal do
Rio Maranguapinho, essa área procurou levar em consideração as áreasverdes
em seu redor e sem esquecer das ligações que devem ser realizadas com as
áreas de ligação, que nessa pesquisa apontamos os canteiros centrais das
avenidas como essas áreas, sem esquecer dos quintais e áreas de calçadas.
A segunda área foi nomeada dessa maneira por ligar as áreas mais a
leste á esse canal principal, principalmente a área da Lagoa da Parangaba que é
uma lagoa fundamental para o bom equilibrio da área.
A delimitação dessas áreas foi realizada levando em consideração as
características socioeconômicas anteriormente descritas sem esquecer da
distribuição de áreas verdes e da cobertura vegetal da área, isso prioriza e otimiza
as funcionalidades da vegetação.
Levando em conta essas características pode-se otimizar o senso da
população na preservação dessas áreas e manutenção da vegetação na própria
residência, além de desmistificar a relação vegetação com local abandonado ou
com violência.
Uma das funções, além das funções ambientais e estéticas do corredor,
é a função de lazer , essa função é de fundamental importância para a população
ocupar esses espaços públicos que são fundamentais para o desenvolvimento
daregião.
A ocupação dessas áreas pode ser realiza com implantação de ciclovias
e ciclofaixas, além dos projetos já mencionados anteriormente com a interligação
de escolas públicas com o verde urbano.
103
8 CONCLUSÃO
O crescimento das cidades e a sua forma de desenvolvimento sem um
planejamento que vise o para quem é essa cidade deve ser sempre o principal foco
das análises de qualquer trabalho que observe o usos e distribuição dos espaços
públicos pela população.
É sabido que, apesar de na maioria dos casos, o poder público não levar em
consideração os usos dessas áreas, a própria população faz algo que revitalize as
praças ou outros tipos de áreas de lazer, de uma forma ou de outra a população busca
espaços em meio a falta de iniciativas públicas.
Muitos projetos foram realizados, como a questão das areninhas e a adoção
das praças, mas isso tudo foi algo paliativo se observarmos as praças já existentes
estão abandonadas e esquecidas. A criação de novos espaços sem levar em
consideração a ligaçãodos já existentes com os novos é algoinviável.
Buscar melhorias dos índices de forma quantitativa é necessário, mas isso
tudo tem que ser realizado com uma visão de distribuição de novos espaços e pra
quem esses novos espaços.
A área possui bairros com índices de renda baixos, analfabetismo altos e valor
do solos baixos, bem diferentes de outras áreas da cidade cujo o verde urbano está
sendo valorizado e passando por melhorias, isso reflete o para quem as políticas
públicas estão sendo feitas.
A bacia do rio Maranguapinho é um local que deve ser valorizado e observado
por prefeitos e vereadores, não é uma área somente constituída de áreas de risco,
possui muito mais, é uma área com projetos de desenvolvimento infantil e juvenil, com
áreas de valor histórico/cultural para a população e principalmente uma área que
mantém uma relação de pertencimento para essapopulação.
As hortas comunitárias que são voltadas para o público da terceira idade e as
areninhas para toda a população foram boas iniciativas elaboradas pela prefeitura de
Fortaleza por buscar a integração da comunidade com os meios públicos dos bairros.
104
Essa ideia deve ser continuada com as escolas e demais áreas públicas,
elaborar um pertencimento da população com os equipamentos é de fundamental
importância para manutenção dessas áreas pela própria população.
O ideal são projetos que envolvam a população com o seu bairro, fazendo
com que as escolas, creches, ONGs e demais entidades envolvam a sociedade,
identificando as árvores, fazendo plantio de mudas, analisando a biodiversidade local
.
A questão da adoção de praças feito pela própria população também é algo
viável principalmente para manutenção dessas áreas, a questão que se deve ser
discutida é se a adoção está retirando da prefeitura a obrigatoriedade da manutenção
desses espaços públicos.
As áreas verdes estão distribuídas em toda a bacia mas de forma irregular,
bairros com bastante áreas e bairros com somente uma praça que deve ser utilizada
por toda a população.
A delimitação dos corredores verdes urbanos, assim como a sua implantação,
auxilia no melhor equilíbrio da área e no desenvolvimento da área na relação de
melhorar as condições de acesso a espaços públicos de lazer para a população.
105
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