estudo socioeconômico 2007 - carapebus (1)

148
3 Angra ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007 CARAPEBUS OUTUBRO 2007

Upload: cleber-fenrir-vitorio

Post on 11-Dec-2015

27 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

estudo social e econômico

TRANSCRIPT

Page 1: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

VALENÇA

3

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2005

Angra dos Reis

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

CARAPEBUS

OUTUBRO 2007

Page 2: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

2

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Conselho Deliberativo

Presidente

José Maurício de Lima Nolasco

Vice-Presidente Jonas Lopes de Carvalho Junior

Conselheiros

Aluisio Gama de Souza José Gomes Graciosa

Marco Antonio Barbosa de Alencar José Leite Nader

Julio Lambertson Rabello

Ministério Público Especial Horácio Machado Medeiros

Secretário-Geral de Controle Externo Ricardo Ewerton Britto Santos

Secretária-Geral de Planejamento

Maria Alice dos Santos

Secretário-Geral de Administração Emerson Maia do Carmo

Secretária-Geral das Sessões

Leila Santos Dias

Procurador-Geral Sylvio Mário de Lossio Brasil

Chefe de Gabinete da Presidência

Adriana Lopes de Castro

Diretor-Geral da Escola de Contas e Gestão José Augusto de Assumpção Brito

Coordenador de Comunicação Social,

Imprensa e Editoração Hugo Leão de Castro Filho (interino)

Arte e Editoração: Coordenadoria de Comunicação Social, Imprensa e Editoração

Praça da República, 70/4º andar 20211-351 - Rio de Janeiro - RJ

Tels.: (21) 3231 4134 / (21) 3231 5283 www.tce.rj.gov.br [email protected]

Page 3: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

3

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

APRESENTAÇÃO

O Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro apresenta a nova edição dos “Estudos Socioeconômicos dos Municípios Fluminenses”, abrangendo o período de 2001 a 2006. Este trabalho é a sétima versão de uma atividade iniciada em 2001 com análises do período de 1997 a 2000, e cresceu nas versões seguintes para apresentar a evolução de uma série de indicadores que retratassem seis anos consecutivos, o que ultrapassa o tempo de um único mandato da gestão municipal, trazendo um conjunto de conhecimentos capaz de servir tanto como fundamento para a elaboração de políticas públicas efetivas, no âmbito de cada cidade ou região, quanto de base para consulta pelos diversos interessados na realidade e no desenvolvimento dos municípios fluminenses.

O objetivo é apresentar o desempenho de diferentes áreas sociais e de governo de cada município fluminense. O administrador tem aqui maiores subsídios para que sejam adotadas melhores decisões no atendimento às necessidades da população. Serve, também, como fonte de consulta para políticos, técnicos, pesquisadores, jornalistas, estudantes e todos os que tenham interesse em conhecer um município específico, uma determinada região de nosso Estado ou todo o seu conjunto.

É com grata satisfação que verificamos o número crescente de acessos ao sítio deste Tribunal, com internautas buscando o perfil dos municípios fluminenses. Cada vez mais publicações, livros, teses, dissertações e sítios diversos usam estes estudos como referência, por vezes reproduzindo-os integralmente. Todas as edições estão disponíveis, o que propicia o acesso a dez anos de informação do que chamamos espinha dorsal dos estudos: histórico, dados demográficos e geográficos, meio ambiente, educação, saúde, trabalho e renda, gestão, economia e finanças municipais.

A edição de 2001 trazia, ainda, análises do Índice de Desenvolvimento Humano – IDH; o primeiro Índice de Qualidade dos Municípios – IQM Potencial para o Desenvolvimento; o IQM Necessidades Habitacionais e as potencialidades de cada município. Em 2002, a publicação divulgou o IQM Carências, um retrato do quantum de cidadania já fora alcançado pela sociedade fluminense; também abordou as ferramentas disponíveis à época para o desenvolvimento urbano e os primeiros indicadores de gestão municipal. No ano 2003, os aspectos turísticos foram introduzidos de forma abrangente, por ser esta atividade fator fundamental de desenvolvimento em um Estado que é a porta de entrada do turismo receptivo no país; trouxe uma comparação do uso do solo retratado em dois momentos distintos pelo IQM Verde II: 1994 e 2001; as quatro versões do IDH municipal, abrangendo, também, os resultados do Censo 2000; e a última pesquisa sobre infra-estrutura da saúde em termos de serviços oferecidos, equipamentos e qualificação dos profissionais. A edição de 2004 abordou a questão da exclusão digital, a evolução das necessidades habitacionais e os arranjos produtivos locais. Em 2005, foi dada ênfase aos objetivos do milênio. Já em 2006, introduzimos uma análise do governo eletrônico nos municípios, o IQM Potencial para o Desenvolvimento II, a nova dinâmica territorial do Estado e os fatores de competitividade.

A presente edição aborda novas questões, como segurança pública, e traz um capítulo especial sobre royalties do petróleo, bem como as perspectivas de

Page 4: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

4

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

sustentabilidade local e regional. Destaque-se, ainda, o tópico sobre meio ambiente, o qual demonstra que causas estruturais persistem na sua contaminação e se traduzem em irresponsabilidade, impunidade, fiscalização precária, processos de licenciamento imprevidentes, burla da legislação, sonegação de informações sobre riscos, permissividade ambiental de agências públicas, etc. A degradação do meio ambiente não deve ser considerada como um mal necessário para o desenvolvimento nos dias atuais. É tempo de investimentos maciços na profilaxia e no tratamento dos resíduos e efluentes urbanos e industriais. Tais ações são parte do esforço para alcançar a sustentabilidade, conceito em constante construção, que tem múltiplas dimensões: a espacial, a ecológica, a ambiental, a social, a política, a econômica, a demográfica, a cultural e a institucional.

Em hipótese alguma as questões mais relevantes da administração pública se esgotam nos temas abordados e nas análises sobre cada assunto apresentado. É preciso que haja um aumento significativo de oferta de informação pelas próprias administrações federal, estaduais e municipais que, em suas áreas fins e de planejamento, deveriam fomentar, ainda mais, a formação de um banco de dados confiável e representativo dos inúmeros aspectos socioeconômicos e ambientais do Rio de Janeiro.

As crescentes demandas da sociedade, principalmente por maior qualidade dos serviços prestados e elevação dos padrões de desempenho dos servidores, estão na pauta do administrador público, que deve buscar o aperfeiçoamento das estruturas administrativa e gerencial e dos procedimentos de trabalho.

Planejamento sistemático, monitoramento e avaliação continuados são parte da nova agenda do Estado. A mudança da cultura organizacional e a profissionalização dos servidores públicos devem ser elementos que tragam inovação, num contexto em que o gestor competente seja negociador, coordenador de conflitos, construtor do consenso e promotor de talentos ao invés de mero ordenador de despesas. Este é um desafio para todos os níveis de governo.

Este livro faz parte de uma coleção de noventa e um estudos de cada município jurisdicionado a este Tribunal de Contas, além de um caderno que compara os desempenhos das finanças dos mesmos municípios, tendo sido elaborada pelo Núcleo de Estudos Socioeconômicos desta Secretaria-Geral, coordenado por Marcelo Franca de Faria Mello, assessorado por Carlos Eduardo Lopes Soares e Vânia Brandão Lázaro, com a colaboração de Luana Figueiredo Ferreira Lós de Sousa, também desta SGP, e muitas prefeituras que nos encaminharam informações sobre seus municípios.

SECRETARIA-GERAL DE PLANEJAMENTO Outubro de 2007

Page 5: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

5

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

SUMÁRIO

I - Histórico ........................................................................................................... 7 II - Caracterização do Município .......................................................................... 8 Aspectos turísticos ................................................................................................. 12 Atrações naturais.................................................................................................... 13 Atrações culturais ................................................................................................... 14 Artesanato .............................................................................................................. 14 Principais festas populares..................................................................................... 14 Uso do solo............................................................................................................. 15 Outros aspectos ambientais ................................................................................... 17 Gestão municipal.................................................................................................... 28 Governo eletrônico ................................................................................................. 31 III - Indicadores Sociais........................................................................................ 39 Educação no estado e no município....................................................................... 44 Saúde ..................................................................................................................... 56 Mercado de trabalho............................................................................................... 66 Segurança pública.................................................................................................. 74 Distribuição espacial dos dados sobre criminalidade ............................................. 77 Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania .................................... 78 IV - Indicadores Econômicos............................................................................... 80 Introdução............................................................................................................... 80 Economia fluminense em 2006 .............................................................................. 83 Produção Industrial................................................................................................. 83 Comparações inter-regionais.................................................................................. 85 Indústria Extrativa................................................................................................... 86 Indústria de Transformação.................................................................................... 87 Comércio Varejista ................................................................................................. 91 Estimativa do PIB do Estado do Rio de Janeiro ..................................................... 93 Agropecuária .......................................................................................................... 94 Indústria.................................................................................................................. 94 Comércio ................................................................................................................ 95 Construção ............................................................................................................. 95

Page 6: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

6

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Serviços Industriais de Utilidade Pública................................................................ 95 Comunicações........................................................................................................ 96 Transportes ............................................................................................................ 96 Serviços.................................................................................................................. 96 Administração Pública ............................................................................................ 97 Consolidação da estimativa do PIB ........................................................................ 97 PIB per capita ......................................................................................................... 99 Petróleo e derivados............................................................................................... 99 Economia regional e local....................................................................................... 101 V - Indicadores Financeiros ................................................................................ 106 VI - Royalties do Petróleo e as Perspectivas de Sustentabilidade Local e Regional ................................................................................................................. 122 A história da legislação do petróleo no Brasil ......................................................... 122 A evolução das participações governamentais entre os municípios fluminenses... 126 Sustentabilidade local e regional ............................................................................ 132 VII - Conclusão...................................................................................................... 141 Posfácio................................................................................................................. 143 Referências Bibliográficas................................................................................... 145

Page 7: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

7

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

I - HISTÓRICO 1 A origem dos municípios de Carapebus e Quissamã encontra-se ligada à de

Macaé, município ao qual pertenciam até recentemente, como sedes distritais. O início da colonização da área que corresponde atualmente a Carapebus ocorreu

em 1627, quando a Coroa Portuguesa concedeu aos Sete Capitães, militares portugueses que lutaram na expulsão dos franceses da Baía de Guanabara, as terras entre o Rio Macaé e o Cabo de São Tomé.

A ocupação da área remonta à primeira metade do século XVII, tendo o núcleo inicial de Macaé progredido com base na economia canavieira, em torno da antiga Fazenda dos Jesuítas de Macaé, constituída de engenho, colégio e capela situada no Morro de Santana.

Já na segunda metade do século XVIII, 20% das terras de Carapebus pertenciam, através de sesmarias, ao capitão Francisco José, que plantava as culturas de feijão e mandioca e se dedicava a criação de gado, além de arrendar grande parte da área. No final do século XVIII, parte das terras são vendidas, constituindo-se a Fazenda de São Domingos. Com o crescimento da cultura de cana-de-açúcar na região, aquela fazenda passou a ser uma das mais prósperas do Norte Fluminense, no início do século XIX. Outras importantes atividades econômicas da região foram a agropecuária e a pesca.

O desenvolvimento da localidade de Macaé motivou sua elevação à categoria de vila em 1813, sob o nome de São João de Macaé, cujo território foi desmembrado dos municípios de Cabo Frio e Campos. No período colonial, a vila evoluiu rapidamente, favorecida pela posição geográfica de maior acessibilidade ao Norte Fluminense, passando à categoria de cidade em 1846.

O alicerce da economia de Macaé foi, por muitos anos, o cultivo da cana-de-açúcar, que respondeu por um crescimento demográfico expressivo nos séculos XVIII e XIX. O município chegou a desempenhar o papel de porta de entrada e saída do Norte Fluminense, favorecido pela ligação com Campos dos Goytacazes, através da construção do canal Macaé-Campos e da implantação da ferrovia ligando estas duas sedes municipais.

A Usina de Carapebus foi fundada nos idos de 1927, época em que ainda existiam na região muitas outras usinas de açúcar, sendo a primeira fonte de renda e de emprego do então terceiro distrito de Macaé. Carapebus adquiriu sua autonomia municipal em 19 de julho de 1995, face à edição da Lei n.º 2471, e foi instalado em 01 de janeiro de 1997.

1 - Fontes: Estudos para o Planejamento Municipal – SECPLAN/FIDERJ – 1978 e sítios www.turisrio.rj.gov.br/minisite/destino.asp. e www.carapebus.rj.gov.br.

Page 8: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

8

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

II - CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO Carapebus pertence à Região Norte Fluminense, que também abrange os

municípios de Campos dos Goytacazes, Cardoso Moreira, Conceição de Macabu, Macaé, Quissamã, São Fidélis, São Francisco de Itabapoana e São João da Barra.

O município tem uma área total 2 de 310,6 quilômetros quadrados,

correspondentes a 3,2% da área da Região Norte Fluminense. As ligações da sede municipal com os outros municípios da Região das Baixadas

Litorâneas e do Estado são feitas por duas rodovias e uma ferrovia. A RJ-178 liga Carapebus a Macaé, ao sul, e a Quissamã, ao norte. A RJ-182 alcança a BR-101, no caminho para Conceição de Macabu. A ferrovia, que liga o Estado do Rio de Janeiro ao Espírito Santo, é usada quase que exclusivamente para transporte de cargas.

A rodovia RJ-178 – Macaé – Campos, de acordo com o mapa do DNIT de 2002, passa por Carapebus e termina seu trecho pavimentado na localidade de Santa Catarina, ao norte da sede de Quissamã. Dali segue em leito natural até Dores de Macabu, no extremo sul de Campos. Dali, é renomeada RJ-180, há mais um trecho de terra até a altura de Ibitioca, onde conecta com a BR-101.

As imagens a seguir apresentam o mapa do município e uma perspectiva de satélite capturada no programa Google Earth em janeiro de 2007. 2 - IBGE/CIDE - 2002.

Page 9: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

9

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Carapebus, a 3km de altitude.

De acordo com o censo de 2000, Carapebus tinha uma população de 8.666

habitantes, correspondentes a 1,2% do contingente da Região Norte Fluminense, com uma proporção de 106,0 homens para cada 100 mulheres. A densidade demográfica era de 29 habitantes por km2, contra 74 habitantes por km2 de sua região. Sua população estimada em 2006 3 é de 10.389 pessoas.

3 - IBGE.

Page 10: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

10

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

O município apresentou 4 uma taxa média geométrica de crescimento, no período de 1991 a 2000, de 2,02% ao ano, contra 1,49% na região e 1,30% no Estado. Sua taxa de urbanização corresponde a 79,3% da população, enquanto que, na Região Norte Fluminense, tal taxa corresponde a 85,1%.

Carapebus tem um contingente de 8.345 eleitores 5, correspondentes a 80% do total da população. O município tem um número total de 3.149 domicílios 6, com uma taxa de ocupação de 78%. Dos 686 domicílios não ocupados, 40% têm uso ocasional.

A distribuição da população na região do município e no Estado, de acordo com o Censo 2000, dava-se conforme gráficos a seguir:

Distribuição da população

RM sem a capital34%

Capital41%

Região Noroeste Fluminense

2%

Região Norte Fluminense 5%

Região Serrana 5%

Região das Baixadas Litorâneas

4%

Região do Médio Paraíba 5%

Região Centro-Sul Fluminense

2%

Região da Costa Verde 2%

Distribuição da população na Região Norte Fluminense

Campos dos Goytacazes58%

Carapebus1%

Cardoso Moreira2%

Macaé19%

Quissamã2%

São Fidélis5%

São João da Barra4%

São Francisco de Itabapoana

6%

Conceição de Macabu3%

4 - Fundação CIDE. 5 - TSE - Dados de junho 2006. 6 - IBGE - Censo 2000.

Page 11: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

11

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

A população local distribui-se no território municipal conforme gráfico a seguir:

População por região administrativa (Censo 2000)

5 577

1 687

1 374

28

- 1 000 2 000 3 000 4 000 5 000 6 000

Centro

Ubás

Rodagem

Praia de Carapebus

A população residente, por grupos de idade, apresenta o quadro abaixo, em

comparação com a região do município e o Estado:

Distribuição da População

0% 5% 10% 15% 20% 25%

0 a 4 anos

5 a 9 anos

10 a 19 anos

20 a 29 anos

30 a 39 anos

40 a 49 anos

50 a 59 anos

60 anos ou mais

Carapebus Região Norte Fluminense Estado

Page 12: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

12

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Ao examinarmos o gráfico, percebemos que a faixa etária predominante encontra-se entre os 10 e 39 anos, e que idosos representam 10% da população do município, contra 18% de crianças entre 0 e 9 anos.

Apresentamos, a seguir, as distribuições de cor ou raça da população do município, assim como por religião:

Carapebus

Parda 53,3%

Amarela 0,0%

Preta 7,1%

Branca 38,5%

Sem declaração 0,9%

Indígena 0,3%

CarapebusSem religião

10%

Outras2%

Evangélicas 20%

CatólicaApostólicaRomana

68%

Percebe-se que há uma predominância de pessoas que se declaram

afrodescendentes, representando 60,4% da população, contra 38,5% de brancos e que o número de católicos, 68%, é superior a soma dos praticantes de outras religiões.

Carapebus não possui agências de correios 7, possui uma agência bancária 8, e não possui estabelecimentos hoteleiros 9. Quanto aos equipamentos culturais 10, o município dispõe de 1 cinema, 1 teatro e 1 biblioteca pública. As principais atividades artesanais 10 desenvolvidas no município, levando em consideração as de maior quantidade produzida, são: bordado, tecelagem e renda.

Aspectos Turísticos 11 O turismo proporciona diversos benefícios para a comunidade, tais como geração

de empregos, produção de bens e serviços e melhoria da qualidade de vida da população. Incentiva, também, a compreensão dos impactos sobre o meio ambiente. Assegura uma distribuição equilibrada de custos e benefícios, estimulando a diversificação da economia local. Traz melhoria nos sistemas de transporte, nas comunicações e em outros aspectos infra-estruturais. Ajuda, ainda, a custear a preservação dos sítios arqueológicos, dos bairros e edifícios históricos, melhorando a auto-estima da comunidade local e trazendo uma maior compreensão das pessoas de diversas origens.

A Companhia de Turismo do Estado do Rio de Janeiro, a Turisrio, apresenta os potenciais turísticos do Estado divididos em treze regiões distintas, conforme suas características individuais.

7 - ECT - 2005. 8 - BACEN - 2005. 9 - MTE-RAIS - 2004. 10 - IBGE - Pesquisa de Informações Básicas Municipais 2005. 11 - Para maiores informações, consulte www.turisrio.rj.gov.br e www.carapebus.rj.gov.br.

Page 13: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

13

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Regiões turísticas: Costa Verde Agulhas Negras Vale do Paraíba Vale do Ciclo do Café Metropolitana Baixada Fluminense Serra Tropical Serra Verde Imperial Baixada Litorânea Costa do Sol Serra Norte Noroeste das Águas Costa Doce

Araruama; Armação dos Búzios; Arraial do Cabo; Cabo Frio; Carapebus; Casimiro

de Abreu, com destaque para Barra de São João; Iguaba Grande; Macaé; Maricá; Quissamã; Rio das Ostras; São Pedro da Aldeia e Saquarema pertencem à região turística Costa do Sol.

A denominação Carapebus tem origem em um peixe saboroso, o carapeba da

lagoa, com a desinência "us", qualificativo na língua dos indígenas goitacazes, que quer dizer boas ou bom.

Tradicional pólo de plantio e processamento de cana-de-açúcar, Carapebus apresenta atrativos turísticos notáveis.

Atrações naturais • Parque Nacional de Jurubatiba, criado em 1998, é uma área de restinga de 14 mil

hectares com muitas lagoas, abrangendo os municípios de Macaé, Carapebus e Quissamã. O parque é formado por 44 quilômetros de costa. A diversidade de Jurubatiba é tão importante que lá podem ser encontrados vestígios tanto do sertão nordestino, quanto da Floresta

Page 14: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

14

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Amazônica e as clusias 12. A área de preservação possui 12 lagoas costeiras e inúmeros brejos temporários e permanentes, com florestas inundáveis e inundadas. Entre as espécies da flora, destacam-se a pitangueira, o cajueiro, a erva-mate e madeiras de lei, como o angelim-rosa, o aderno, o catambu, a caixeta e o ipê-amarelo. No Parque vivem jacarés, capivaras, tatus, lontras, tamanduás-mirins, além de um número considerável de aves e peixes. Das lagoas costeiras dependem várias espécies de aves aquáticas, residentes e migratórias, como irerês, marrecas-caboclas, patos de crista, marrecas-queixo-branco e outras.

• Praia de Carapebus, de extensão aproximada de 12km, encontra-se no Parque, entre as praias de Lagomar, em Macaé, e João Francisco, em Quissamã. Suas águas são frias e transparentes, as areias têm granulação grossa e cor escura. Estreito cordão de restinga paralelo à praia, separa o oceano de diversas lagunas.

• Lagoa de Carapebus, formada pelos córregos do Sameiro, Maracujá e Jacutinga e ligada ao canal Macaé-Campos, tem área aproximada de 10km², possui vegetação típica de restinga junto às suas margens. Possui água doce e morna, de tonalidade escura e pouca transparência.

• O histórico Canal Macaé-Campos, que interliga as Lagoas de Carapebus e do Paulista, possui 106km de extensão e é o segundo maior canal artificial do mundo. Levou-se quase 20 anos, entre 1843 e 1861, para construí-lo com a força do trabalho escravo. Visava ao escoamento do açúcar produzido em Campos através de vapores que chegavam ao porto de Macaé, o mais importante da região na época.

Atrações culturais • Igreja Matriz de Nossa Senhora da Glória, inaugurada em 1950, é uma das mais

belas de toda região. Sua construção iniciou-se em 1932 e, apesar de não estar acabada interiormente, foi entregue ao culto em 1939.

• Igreja do Caxanga (Nossa Senhora da Conceição), foi construída entre 1865 e 1882. Quando a Igreja ficou pronta, acabou ficando afastada cerca de dois quilômetros da vila, pois a população acabou se aglomerando em torno da Estação da Estrada de Ferro.

Artesanato As principais atividades artesanais13 desenvolvidas no município, levando em

consideração as de maior quantidade produzida, são:

• bordado

• tecelagem

• renda

Principais festas populares • Janeiro - Festa da rodagem São Sebastião

12 - Árvores típicas de regiões mais áridas que realizam a fotossíntese à noite, um fenômeno que pode ser constatado em regiões como o Deserto do Saara. 13 - IBGE - Pesquisa de Informações Básicas Municipais 2005.

Page 15: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

15

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

• Junho - Festa de Ubás São João Batista

• Agosto - Festa da padroeira N. Srª da Glória

• Dezembro - Festa do caxanga N. Srª da Conceição Para concluir o presente tópico sobre turismo, foram pesquisados atrativos turísticos

adicionais que os próprios municípios divulgam pela internet. O sítio oficial do município (www.carapebus.rj.gov.br), acessado em 06/09/07,

disponibiliza fotos de atrações turísticas locais. Dentre os pontos turísticos, além de alguns dos já citados, destaca o Centro Cultural de Carapebus, uma antiga estação de trens reformada.

Uso do Solo Em maio de 2003, a Fundação Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro –

CIDE publicou o IQM – Verde II, seqüência do primeiro estudo, lançado em julho de 2001. Ambos comparam as áreas cobertas pelos remanescentes da cobertura vegetal com as ocupadas pelos diversos tipos de uso do solo, criando, desta forma, o Índice de Qualidade de Uso do Solo e da Cobertura Vegetal (IQUS). O monitoramento dos diferentes ambientes fitoecológicos pode servir de guia para o estabelecimento de políticas públicas confiáveis. As informações do mapeamento digital têm base em dados coletados em 1994 (primeiro IQM) e em 2001 (segundo estudo).

No Estado do Rio de Janeiro o mapeamento de uso do solo e cobertura vegetal teve a seguinte evolução:

Uso do solo Área em km2 (1994) % Área em km2

(2001) %

Pastagens 19.556 44,5 21.669 49,4 Florestas ombrófilas densas (formações florestais) 7.291 16,6 4.211 9,6

Capoeiras ( vegetação secundária 14 ) 6.814 15,5 8.071 18,5

Área agrícola 4.135 15,5 4.167 9,5 Restingas, manguezais, praias e várzeas (formações pioneiras) 1.900 4,3 1.579 3,6

Área urbana 1.846 4,2 2.763 6,3 Corpos d’água 995 2,3 921 2,1 Não sensoriado 586 1,3 0 0,0 Área degradada 506 1,2 132 0,3 Afloramento rochoso e campos de altitude 241 0,5 175 0,4

Outros 39 0,1 132 0,3 Total 43.910 100,0 43.864 100,0

14 - De acordo com a Resolução CONAMA nº 010, de 01/10/93, a vegetação secundária é resultante de processos naturais de sucessão, após supressão total ou parcial da vegetação natural por ações antrópicas ou causas naturais, podendo ocorrer árvores remanescentes da vegetação primária.

Page 16: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

16

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

São relevantes as mudanças ocorridas em um período de apenas sete anos, durante os quais, campos e pastagens cresceram 11%, sem que isso signifique aumento da produção pecuária. As formações florestais foram reduzidas em 42% de sua área original, enquanto a vegetação secundária crescia 19%. Não houve expressividade no aumento de um ponto percentual em área agrícola. As formações pioneiras foram reduzidas em 16% e áreas urbanas aumentaram seu tamanho em 50%.

Os municípios do Estado do Rio de Janeiro foram classificados segundo os Índices de Qualidade de Uso do Solo e da Cobertura Vegetal – IQUS abaixo:

IQUS Características

Rodeio Maior percentual de pastagens; presença de pequenas manchas urbanas; pequena influência de formações originais e de áreas agrícolas

Rural Maior percentual de formações originais e de áreas agrícolas; presença de áreas urbanas, degradadas e de vegetação secundária; quase nenhuma influência de pastagens

Nativo Maiores áreas de formações originais e de pastagens; presença de vegetação secundária e áreas agrícolas; pouca influência das áreas urbanas e degradadas

Verde Grandes áreas de formações originais e/ou de vegetação secundária; menores valores percentuais de áreas urbanas, agrícolas, de pastagem ou degradadas

Metrópole Maior percentual de áreas urbanas Carapebus, com base no levantamento de 1994, tinha sua área distribuída da

seguinte maneira: 25% de formações pioneiras, 11% de área agrícola e 59% de pastagens. O município se encaixava no cluster C1 - RODEIO/NATIVO, agrupamento com grandes áreas de pastagens e de vegetação secundária, com presença de áreas agrícolas e formações originais.

Já em 2001, ocorreu aumento de formações pioneiras para 28% do território municipal e grande crescimento de área agrícola para 34%. Houve redução expressiva em campo/pastagem para 32%. A área urbana cresceu de 0,1 para 0,5%. O segundo estudo classificou-o como pertencente ao cluster J2 - RURAL/NATIVO, caracterizado por altos percentuais de áreas agrícolas, ocupando uma média de 43% do território, com presença média de 33% de área de formações originais. Dentre as localidades deste agrupamento, constam três municípios da Região Norte - Carapebus, Quissamã e São Francisco de Itabapoana.

O IQM Verde identifica, ainda, os Corredores Prioritários para a Interligação de Fragmentos Florestais (CPIF), ou Corredores Ecológicos, como foram denominados mais recentemente, para escolha de áreas de reflorestamento. Devido às atividades do homem, a tendência dos ecossistemas florestais contínuos, como as florestas da costa atlântica brasileira, é de fragmentação. O processo de fragmentação florestal rompe com os mecanismos naturais de auto-regulação de abundância e raridade de espécies e leva à insularização de populações de plantas e animais. Num ambiente ilhado, ocorre maior pressão sobre os recursos existentes, afetando a capacidade de suporte dos ambientes impactados, aumentando-se o risco de extinção de espécimes da flora e da fauna.

A reversão da fragmentação apóia-se, fundamentalmente, no reflorestamento dos segmentos que unam as bordas dos fragmentos de floresta, vegetação secundária e

Page 17: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

17

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

savana estépica. Esses eixos conectores são denominados corredores. Além de viabilizar a troca genética entre populações, eles possibilitam a integração dos fragmentos numa mancha contínua, alavancando a capacidade de suporte da biodiversidade regional.

Carapebus necessitaria implantar 296 hectares 15 de corredores ecológicos, o que representa 1,0% da área total do município.

A figura a seguir, gerada a partir do programa do CD-ROM do IQM-Verde II, apresenta os tipos de uso do solo no território municipal, estando marcados em vermelho os corredores sugeridos.

O IQM Verde II prossegue com a análise de custo de implantação desses

corredores; com a comparação do tipo de uso e cobertura do solo de fotos realizadas entre 1956 e 1975 e a última coletânea de 2001; com uma outra análise por bacia hidrográfica e complexo lagunar; com estudos sobre as variações climáticas nas últimas três décadas, manejo de florestas, avaliação de estoque de carbono e outros, configurando-se instrumento essencial para melhor conhecimento do elemento terra e sua utilização em nosso Estado, e das ações possíveis para sua recuperação e preservação a curto, médio e longo prazos.

Outros Aspectos Ambientais A água se presta a múltiplas utilizações de suma importância econômica e social:

abastecimento das populações e das indústrias; irrigação das culturas e meio de transporte; produção de energia; fator de alimentação com o desenvolvimento da pesca;

15 - Cada hectare corresponde a 10.000 metros quadrados, ou 0,01 quilômetro quadrado.

Page 18: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

18

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

ambiente para o esporte, o turismo e o lazer; vida, enfim. Porém, por ser um recurso finito em qualidade e disponibilidade, para que o mundo continue tendo água potável é necessário que os mananciais sejam preservados. Isso depende tanto de ações individuais e coletivas quanto da iniciativa dos governos federal, estaduais e municipais.

O Brasil tem 12 regiões hidrográficas, espaços territoriais compreendidos por uma bacia, grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas contíguas com características naturais, sociais e econômicas homogêneas ou similares, criadas para orientar o planejamento e gerenciamento dos recursos hídricos, de acordo com a figura abaixo:

O Estado do Rio de Janeiro pertence à Região Hidrográfica Atlântico Sudeste,

formada pelas bacias hidrográficas dos rios que deságuam no litoral sudeste brasileiro, do norte do Espírito Santo ao norte do Paraná. Drena uma das mais expressivas regiões brasileiras, marcada pelo elevado contingente populacional, pela diversidade econômica e pelo significativo parque industrial.

De acordo com a Agência Nacional de Águas - ANA, em 2005, a agricultura foi responsável por 56% do consumo de água no Brasil; a indústria, por 18%; enquanto que o abastecimento urbano respondeu por 26%. Diferentemente do apontado pela ANA para o resto do país, a demanda rural respondeu por apenas 28% do consumo de água na

Page 19: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

19

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Região Atlântico Sudeste em 2005, onde o consumo industrial somou 26% e a utilização urbana alcançou 46%.

O grande desenvolvimento dessa Região, entretanto, é motivo de problemas em relação à disponibilidade de água. Isso ocorre porque, ao mesmo tempo em que apresenta uma das maiores demandas hídricas do país, possui uma das menores disponibilidades relativas (1,8% da vazão média brasileira de recursos hídricos superficiais). Nesse contexto, promover seu uso sustentado, garantindo seu uso múltiplo, representa um grande desafio. Este trabalho implica colocar em prática formas de gestão que conciliem o crescimento econômico e populacional com a preservação ambiental.

A Região tem cerca de 230 mil km² de área. Os seus principais rios são o Paraíba do Sul e o Doce, com respectivamente 1.137 e 853 quilômetros de extensão. Além desses, a Região Hidrográfica também é formada por rios menos extensos que formam as seguintes bacias: São Mateus, Santa Maria, Reis Magos, Benevente, Itabapoana, Itapemirim, Jacu, Ribeira e os litorais do Rio de Janeiro e São Paulo. Sua abrangência geográfica está definida no mapa a seguir:

Cerca de 26 milhões de pessoas habitam a Região, sendo que 90% da população

vivem em áreas urbanas. Outra característica demográfica marcante são os significativos adensamentos populacionais, dos quais se destacam a Região Metropolitana do Rio de Janeiro e as regiões metropolitanas de Vitória e da Baixada Santista.

No mapa a seguir estão explicitadas as bacias hidrográficas do Estado do Rio de Janeiro, conforme definido pela Fundação CIDE. A bacia do Paraíba do Sul apresenta-se subdividida em quatro partes: Curso Médio Superior, Curso Médio Inferior, Pequenas Bacias do Curso Inferior e Complexo Deltáico.

Page 20: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

20

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

O processo de ocupação do território avançou inconseqüentemente sobre a floresta, invadiu áreas de proteção de mananciais e gerou várias situações de conflito pelo uso da água: de um lado, água destinada ao abastecimento público e geração de energia elétrica; do outro, destino final de esgotos, efluentes industriais e agrícolas, erosão, assoreamento, desmatamento das margens, entre outros. Um dos principais problemas detectados é a ocupação irregular de encostas e áreas ribeirinhas, estimulada em grande parte pelo intenso e desordenado processo de uso e ocupação, podendo ser encontrados ao longo dos rios apenas pequenos trechos com vegetação ciliar, geralmente em mau estado de conservação. A questão do saneamento básico agrava-se a cada dia e várias formas de poluição se multiplicaram e ampliaram seus efeitos.

Na bacia do rio Paraíba do Sul, a partir do início do século XX, foram realizadas obras hidrelétricas que possibilitaram o desenvolvimento econômico da região e a regularização das vazões do rio. São cinco reservatórios: Paraibuna, Jaguari e Santa Branca em São Paulo; Funil em Resende/Itatiaia, cuja usina tem capacidade instalada de 216MW, e Santa Cecília em Barra do Piraí. Este último introduziu o conceito de transposição de bacias por elevações em série e a operação de uma usina subterrânea, formando o subsistema Paraíba-Piraí do complexo hidrelétrico de Lajes.

Page 21: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

21

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

A estação elevatória de Santa Cecília capta cerca de 2/3 da vazão do rio Paraíba levando-os para o reservatório de Santana em Piraí, onde são novamente bombeadas pela elevatória de Vigário, formando um reservatório de mesmo nome que alimenta as turbinas da usina Nilo Peçanha, com capacidade instalada de 380MW 16.

Os problemas causados pela poluição de origem industrial são relevantes na bacia do Paraíba do Sul. No trecho paulista do rio, a montante, são observados metais pesados (cádmio, cromo total, níquel e mercúrio), fenóis e oxigênio dissolvido em desacordo com os padrões de qualidade em algumas amostras. As elevadas densidades populacionais e a ausência de tratamento em níveis adequados nos municípios paulistas de Jacareí, São José dos Campos e Taubaté fazem com que seus esgotos domésticos constituam a principal pressão para a má qualidade de seus recursos hídricos.

O tipo de ocupação e o uso do solo no trecho paulista desta bacia exercem extrema influência sobre a qualidade da água do reservatório de Funil, que está em rápido processo de eutrofização, apresentando floração de algas com freqüência crescente e redução de sua capacidade devido à sedimentação acelerada. Decantador natural de material em suspensão e de outras substâncias potencialmente tóxicas, o Funil beneficia expressivamente a qualidade das águas do Paraíba do Sul no trecho fluminense. Periodicamente, contudo, são realizadas descargas de fundo com o objetivo de reduzir o acúmulo de sólidos junto à barragem, lançando o material de fundo para o trecho a jusante.

Apesar de sua vital importância para o Rio de Janeiro, o Paraíba do Sul é rio de jurisdição federal, pois se estende por três estados da Federação. Nessa condição, desde a década de 80, a gestão ambiental do rio Paraíba do Sul é feita pelo Comitê Executivo de Estudos Integrados da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul - CEIVAP (Decreto nº 87.561/82), tendo sido revitalizada, posteriormente, com a aprovação da Lei nº 9433/97, da Política Nacional de Recursos Hídricos.

Considerando toda a bacia, as áreas mais críticas em relação a despejos industriais brutos e líquidos estão no Rio de Janeiro, localizadas em Resende, Barra Mansa e Volta Redonda, causadas por indústrias de grande porte e poluentes importantes como fenóis, cianetos, sulfetos, metais pesados (cromo, zinco, cobre, chumbo, cádmio, mercúrio) e solventes orgânicos. Os resultados das análises de metais mostram que, na região mais industrializada de Barra Mansa e Volta Redonda, ocorrem as concentrações máximas de todos os metais, exceto o cobre, que apresentou maior índice na cidade de Resende. As maiores concentrações de hidrocarbonetos aromáticos polinucleares também ocorrem nessa região.

A qualidade da água vai decrescendo no sentido do fluxo do rio também na medida em que a poluição orgânica, a poluição fecal e o nível de nutrientes são crescentes em decorrência dos despejos domésticos de cidades como Barra do Piraí, Vassouras, Andrade Pinto, Valença e Paraíba do Sul. Nos períodos de estiagem, a retirada de água em Santa Cecília tem contribuído para piorar a qualidade da água

16 - Do mesmo complexo hidrelétrico também fazem parte os subsistemas Lajes e Pereira Passos. O primeiro é formado pela grande represa de Ribeirão das Lajes, que também capta parte da vazão do rio Piraí na barragem de Tócos, também localizada em Rio Claro, e a hidrelétrica de Fontes Nova com capacidade instalada de 132MW. A jusante das geradoras Nilo Peçanha e Lajes há um novo reservatório com barragem que forma o subsistema Pereira Passos, cuja usina localizada no sopé da Serra das Araras tem capacidade instalada de 100MW. As águas, por fim, contribuem para o rio Guandu.

Page 22: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

22

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

do rio nos trechos a jusante devido à diminuição da capacidade de diluição de efluentes.

Mais adiante, em Três Rios, na margem esquerda do Paraíba desemboca o rio Paraibuna. Esse rio pode ser considerado comprometido quanto aos níveis de poluentes industriais a jusante de Juiz de Fora (MG). Essa região sofre influência dos despejos de várias indústrias, predominantemente as de papéis, têxteis e alimentícias, além de graves acidentes por despejos irregulares de resíduos industriais. Próximo à sua foz no rio Paraíba do Sul, entretanto, o Paraibuna não apresenta fontes potenciais de poluição industrial, o que, associado a sua significativa vazão média, favorece a manutenção de níveis aceitáveis de metais pesados e de outros resíduos de origem industrial.

No mesmo município, pela margem direita chega o rio Piabanha. O próprio e seu afluente Preto, que recebe as águas do Paquequer, são os principais corpos receptores de despejos domésticos e industriais dos municípios de Petrópolis, Teresópolis e São José do Vale do Rio Preto. A jusante de Três Rios, o Paraíba do Sul apresenta aumento acentuado de vazão, propiciando novo aproveitamento hidrelétrico em Carmo: a usina Ilha dos Pombos tem capacidade instalada de 183MW. Do ponto de união dos rios até a cidade de Itaocara não se encontram fontes importantes de poluição industrial, podendo-se citar apenas a presença de indústrias de papéis.

Para aproveitar a vazão propiciada pelos três rios, já se encontra em construção o Complexo Hidrelétrico de Simplício. Um primeiro reservatório surgirá em função da barragem e usina hidrelétrica de pequeno porte no distrito sapucaiense de Anta. Neste ponto, a vazão do rio será mais uma vez desviada por meio de túneis e canais para cinco reservatórios intermediários no território mineiro. Cerca de 25km adiante, em Além Paraíba/Carmo, a água retornará ao leito original do rio Paraíba a jusante da segunda hidrelétrica: Simplício. O complexo, previsto para entrar em operação em 2011, irá gerar 333,7MW e mudará o perfil do rio, formando um trecho represado e alagado entre Três Rios e Anta e um rio com mínima vazão a jusante desta primeira barragem.

Os tributários importantes do trecho seguinte do Paraíba são os rios Pomba e Muriaé na margem esquerda, que fazem parte de sub-bacias mineiras, e o rio Dois Rios na margem direita.

Quando o rio Pomba alcança o Estado do Rio de Janeiro, já sofreu influência dos esgotos lançados pela malha urbana das cidades mineiras de Laranjal e Recreio. Em Santo Antônio de Pádua e Miracema, suas águas recebem uma nova carga de esgotos domésticos sem tratamento, elevando ainda mais os níveis de coliformes fecais. A jusante de Itaocara, o rio Pomba desemboca no Paraíba do Sul, com alguns focos de poluição industrial ocasionados pelos despejos das indústrias de papéis.

Dois Rios tem sua foz em São Fidélis e, com seu afluente Grande, traz toda a carga poluidora de efluentes industriais e domésticos de Nova Friburgo, por meio do seu contribuinte rio Bengala.

O rio Muriaé, último dos grandes afluentes do rio Paraíba do Sul, a jusante das cidades de Muriaé, Patrocínio do Muriaé (ambas em MG) e Itaperuna, apresenta-se bastante comprometido devido aos despejos orgânicos recebidos, com taxas elevadas

Page 23: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

23

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

de material fecal, também decorrentes da contribuição de seu afluente Carangola, que passa por Porciúncula e Natividade.

A concentração da carga poluidora por esgotos domésticos nos grandes centros urbanos, como na cidade do Rio de Janeiro, também é evidente. No litoral fluminense, este problema tem caráter agudo nas bacias da Baía de Guanabara e recorrência sazonal nas cidades-balneário.

Em relação aos rios da bacia da Baía de Guanabara, pode-se dizer que aqueles que atravessam as áreas mais densamente povoadas são verdadeiras canalizações de esgoto a céu aberto, recebendo ainda grandes contribuições de despejos industriais e lixo. Nesta situação estão incluídos os afluentes da costa oeste da Baía, que vão do Canal do Mangue ao Canal de Sarapuí, além dos rios Alcântara, Mutondo, Bomba e Canal do Canto do Rio da costa leste.

As concentrações de metais pesados nos sedimentos são maiores na parte interna oeste da baía, próximas às desembocaduras dos rios São João de Meriti, Sarapuí e Iguaçu, decrescendo em direção ao canal central e à entrada da baía. Os picos de concentração de mercúrio, cromo, cobre e níquel são observados nos rios da costa oeste. Outros metais, como ferro, manganês, cádmio e zinco, encontram-se distribuídos ao longo da bacia, com maiores concentrações também no lado oeste. As concentrações de mercúrio são maiores nos rios Acari e São João de Meriti.

A falta de infra-estrutura de saneamento básico é a responsável pela situação crítica de degradação dos corpos d’água da região da bacia da Baía de Sepetiba. A principal forma de poluição industrial nessa bacia é relacionada à contaminação por metais pesados em vários pontos do sistema hídrico da bacia, tendo como maior contribuinte os sedimentos carreados pelo rio Guandu que assoream o fundo da Baía, em especial na sua porção leste. O passivo ambiental da Ingá Mercantil é outro risco iminente de contaminação, já tendo ocorrido vazamentos graves no passado recente.

Na bacia do Guandu, o crescimento populacional da região sem uma adequada infra-estrutura de saneamento básico tem causado problemas de qualidade da água, principalmente dos rios Poços, seu contribuinte Queimados e o Ipiranga, que contribuem para o Guandu imediatamente antes da tomada de água da maior estação de tratamento de água do mundo. O abastecimento de grande parte da Região Metropolitana do Rio de Janeiro depende das águas deste manancial. A acentuada poluição do rio Guandu tem ocasionado à Cedae crescentes custos operacionais devido aos despejos industriais e esgotos. São toneladas diárias de cloro, cloreto férrico, sulfato de alumínio, polímero, cal e flúor, empregados pela empresa a fim de tornar a água própria ao consumo humano.

Em outubro de 2007, a Cedae anunciou a transposição dos rios contaminados para além do ponto de captação de água que alimenta a ETA Guandu, por meio da construção de barragem e tubulações de desvio, como ilustrado em laranja na foto do Google Earth a seguir. A obra deverá estar concluída em 2009 e serve tão somente como uma solução de curto prazo para o abastecimento, prosseguindo o grave problema de poluição desta bacia por falta de tratamento adequado de esgoto.

Page 24: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

24

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

A ação antrópica também prejudica a qualidade das águas em decorrência da extração indiscriminada de areia do leito e das planícies de inundação dos rios Paraíba do Sul, Muriaé e, até recentemente, o Guandu. A mineração de areia na bacia desse rio era largamente efetuada por meio dos processos de extração direta em leito e em cavas submersas. Em muitos casos, observava-se a conjugação dos dois processos com o avanço de frentes distintas, verificando-se o rompimento das margens e a incorporação das lagoas formadas ao curso d’ água, acarretando grandes modificações na geometria do rio, além de lançar sedimentos em suspensão, aprofundar excessivamente a calha e desestabilizar as margens. A poluição que atinge as lagoas marginais se dá pelo transbordamento do rio durante as cheias, ou através do próprio lençol freático pela comunicação com os cursos d’água poluídos da região, dando origem à proliferação de algas tóxicas. Essas atividades vinham constantemente revolvendo o fundo do rio e desbarrancando suas margens, o que colocava em suspensão material mais fino, como silte e argila, que chegava à Baía de Sepetiba. O nível de opacidade da água alcançara o limite do tempo de decantação da usina de tratamento do Guandu. Ações enérgicas da Cedae fizeram com que fosse proibida a exploração no leito do rio.

Rio Ipiranga

Rio Poços após a contribuição do Rio Queimados

Ponto de captação de água da ETA Guandu

Rio Guandu

Page 25: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

25

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Na capital Rio de Janeiro, o sistema das Lagoas de Jacarepaguá apresenta-se fragilizado pela poluição dos esgotos domésticos, que atinge a orla marítima da região da Barra da Tijuca e Jacarepaguá. Desse sistema, a Lagoa de Marapendi, que recebe lixo e esgoto de favelas ao longo do canal das Taxas, apresenta-se como a mais frágil e suscetível a desaparecimento iminente. A oeste fica a Lagoinha, a última do conjunto, cujo espelho d’água sofreu grande redução. A Lagoa de Camorim encontra-se praticamente sem oxigênio e a Lagoa da Tijuca, onde se registra os maiores índices de coliformes fecais de todo o conjunto lagunar, apresenta-se com 30% de seu espelho d’água assoreado. Na Lagoa de Jacarepaguá os índices de oxigênio dissolvido são baixos por falta de circulação das águas, ocorrendo também a proliferação de algas que podem ser potencialmente tóxicas.

As lagoas de Piratininga e Itaipu, em Niterói, vêm sofrendo crescente processo de alteração de suas características morfométricas, físico-químicas, biológicas e granulométricas. Destaca-se a elevada carga de origem doméstica, evidenciada pelas concentrações de nutrientes, principalmente de fósforo total, indicando eutrofização de origem antrópica. Pode-se dizer que esse ambiente apresenta o grau mais grave de eutrofização de um corpo d'água, o que retrata a alarmante situação de degradação dessas lagoas. O mesmo compasso de urbanização acelerada e falta de tratamento adequado de esgotos põe em risco os complexos lagunares de Maricá, Saquarema e Araruama.

A Região Norte Fluminense, há algum tempo, era composta por um complexo natural de rios e lagos, configurando-se em uma região alagadiça a Bacia Hidrográfica da Lagoa Feia, ou Complexo Deltáico do Paraíba do Sul. Em tempos de cheias desse rio, suas águas vertiam pelas margens em direção à Lagoa Feia ou para o mar, fazendo da região uma segunda foz. Tal característica sempre foi considerada empecilho ao uso pecuário e agrícola. As primeiras obras hidráulicas ocorreram ainda em finais do século XVII, sendo sucedidas por inúmeras outras de controle de inundações e drenagem.

As obras mais expressivas foram realizadas pelo extinto Departamento Nacional de Obras e Saneamento – DNOS que, tendo como objetivo a recuperação de áreas vulneráveis a inundações para a agricultura, promoveu uma série de obras hidráulicas, mormente na década de 1960, alterando significativamente o regime hidrológico local. Com a extinção do DNOS, cerca de 1.500 km de canais e valões de drenagem, bem como comportas e dragas foram abandonados. Atualmente, grande parte desses canais encontra-se assoreada ou poluída por efluentes, inutilizando a água para o uso agrícola.

A Organização Mundial de Saúde - OMS, define o saneamento como o controle de todos os fatores do meio físico do homem que exercem, ou podem exercer, efeitos nocivos sobre a saúde, incluídas as medidas que visam a prevenir e controlar doenças, sejam elas transmissíveis ou não. A mesma OMS apurou, recentemente, que 65% dos leitos dos hospitais do país são ocupados por pacientes com problemas de saúde relacionados à falta de saneamento. Sistemas de abastecimento de água, de esgotos sanitários, de coleta e destinação adequada de resíduos sólidos urbanos, especiais e das áreas rurais estão, por conseguinte, diretamente ligados à qualidade de vida da população.

Page 26: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

26

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

A estreita relação da saúde com a provisão de medidas sanitárias é bastante conhecida, principalmente no que se refere à água de abastecimento doméstico e ao destino de dejetos. Cerca de 80% das doenças de países em desenvolvimento como o Brasil são provenientes da água de qualidade ruim. As enfermidades mais comuns que podem ser transmitidas pela água são: febre tifóide, disenteria, cólera, diarréia, hepatite, leptospirose e giardíase. Vale ressaltar que a água de qualidade também é importante fator de inclusão social, uma vez que a população de baixa renda dificilmente tem condições de pagar medicamentos para tratar as doenças de veiculação hídrica, ou até mesmo ter recursos para acesso à água de qualidade para beber.

O tratamento do esgoto sanitário constitui uma das mais importantes medidas preventivas de enfermidades. Apesar das empresas de saneamento básico exercerem atividades consideradas nobres, elas são responsáveis por impactos ambientais significativos, sentidos não só nas obras de implantação de tais sistemas, mas, principalmente, na operação destes.

Até pouco tempo atrás, programas de saneamento privilegiavam somente ações nos campos de abastecimento de água e de coleta de esgotos sanitários. O esgoto era conduzido a um corpo d’água e, neste, lançado in natura. É muito comum ver-se a utilização de galerias pluviais como pontos de descarga de esgotos. Usual, ainda, é a falta de manutenção de elevatórias de esgoto que, quando paralisadas, simplesmente desviam os dejetos para a rede pluvial.

Verifica-se, portanto, problemas graves e generalizados de poluição em rios, lagoas e mares, gerados por esgotos domésticos e industriais. De acordo com a Agência Nacional de Águas - ANA (2006), o conflito gerado pelo decréscimo da qualidade das águas e o abastecimento humano configura-se como de urgente solução nos seguintes locais de nosso Estado:

- Rio Paraíba do Sul, desde o trecho a jusante de Barra do Piraí ao trecho a jusante do município de Paraíba do Sul, e os consumos humanos de água captada em sua calha nos municípios de Três Rios, Chiador (MG), Sapucaia e Além Paraíba (MG);

- Rio Guandu, a jusante das cidades de Japeri e Queimados, e o abastecimento humano da cidade do Rio de Janeiro;

- Rio Pomba, a jusante das cidades de Laranjal e Recreio (MG), e os consumos humanos de água captada em sua calha nos municípios de Palma (MG) e Santo Antônio de Pádua;

- Rio Muriaé, a jusante da cidade de Muriaé (MG) até jusante da cidade de Itaperuna, e os consumos humanos de água captada em sua calha nos municípios de Italva e Cardoso Moreira;

- Rio Grande, a jusante da foz do rio Bengala, que recebe cargas orgânicas de Nova Friburgo, e os consumos humanos de água captada em sua calha nos municípios de Trajano de Moraes, São Sebastião do Alto e Santa Maria Madalena.

O tratamento de esgotos é fundamental para qualquer programa de despoluição das águas. Em grande parte das situações, a viabilidade econômica das estações de tratamento de esgotos – ETEs, é reconhecidamente reduzida, em razão dos elevados

Page 27: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

27

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

investimentos iniciais necessários à sua construção e, em alguns casos, os altos custos operacionais.

De modo a incentivar a implantação de estações de tratamento de esgotos, com a finalidade de reduzir os níveis de poluição dos recursos hídricos no país, e ao mesmo tempo induzir à implementação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos mediante a organização dos Comitês de Bacia Hidrográfica e a instituição da cobrança pelo direito de uso da água, a ANA criou o Programa Despoluição de Bacias Hidrográficas - PRODES. Também conhecido como "programa de compra de esgoto tratado", é uma iniciativa inovadora: não financia obras ou equipamentos, paga pelos resultados alcançados, pelo esgoto efetivamente tratado.

O PRODES consiste na concessão de estímulo financeiro pela União, na forma de pagamento pelo esgoto tratado, a prestadores de serviço que investirem na implantação e operação de ETEs. A liberação dos recursos se dá apenas a partir da conclusão da obra e início da operação da ETE, em parcelas vinculadas ao cumprimento de metas de abatimento de cargas poluidoras e demais compromissos contratuais. O valor do estímulo financeiro a ser aportado pela ANA equivale a 50% do custo do investimento da ETE.

Apesar do Brasil ter historicamente subsidiado a construção de obras de saneamento, os resultados decorrentes das ações governamentais nesse campo por vezes não têm alcançado os objetivos principais devido a concepções inadequadas, obras mal dimensionadas, preços elevados, sistemas mal operados, abandonados ou que nunca entraram em operação. Uma das razões do problema está no modelo de subsídio adotado, cujo foco é a obra. Quando se transfere este foco para os resultados, como propõe o PRODES, os problemas citados tendem a ser minimizados.

A solução para os esgotos sanitários de comunidades menores, quando não há rede coletora de esgotos, é a utilização de fossas sépticas, cuja obrigatoriedade deve ser exigida pela Administração local.

Os resíduos sólidos, por sua vez, também merecem toda atenção da administração pública municipal, uma vez que a falta de coleta e a inadequada disposição final do lixo gera sérios problemas sanitários, como a proliferação de vetores transmissores de doenças - moscas, mosquitos, ratos e baratas, que neste meio encontram alimento e condições para reprodução; a contaminação dos mananciais; a poluição do solo e do ar; e o agravamento das enchentes em épocas de chuva.

Os problemas relacionados à disposição final do lixo urbano podem ser reduzidos por meio de políticas públicas que incentivem a redução do material a ser gerado como lixo, a reutilização de parte do lixo produzido, a reciclagem de muitos materiais inorgânicos que se joga fora, a compostagem do lixo orgânico para produção de adubo e o devido tratamento do chorume. Este é bem mais agressivo que o esgoto, sendo formado pela solubilização de componentes do lixo na água, principalmente da chuva. Essa água fica em contato com o lixo durante certo período e, por ação natural da gravidade, percola até encontrar uma camada impermeável do solo, lençóis freáticos ou superfícies previamente preparadas para receber o lixo, onde acumula e

Page 28: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

28

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

escoa. Nos aterros sanitários, a disposição planejada dos resíduos sólidos canaliza o chorume para neutralização de sua carga tóxica.

Dados apurados no ano 2000 17 apresentam o seguinte panorama do município:

• No tocante ao abastecimento de água, Carapebus tem 35,5% dos domicílios com acesso à rede de distribuição, 63,9% com acesso à água através de poço ou nascente e 0,6% têm outra forma de acesso à mesma. O total distribuído alcança 432 metros cúbicos por dia, dos quais a totalidade passa por tratamento convencional.

• A rede coletora de esgoto sanitário chega a 45,6% dos domicílios do município; outros 11,1% têm fossa séptica, 26,2% utilizam fossa rudimentar, 6,0% estão ligados a uma vala, e 11,0% são lançados diretamente em um corpo receptor (rio, lagoa ou mar). O esgoto coletado não teve seu tratamento ou destino reportados.

• Carapebus tem 78,6% dos domicílios com coleta regular de lixo, outros 0,5% têm seu lixo jogado em terreno baldio ou logradouro, e 20,4% o queimam.

Dados preliminares de 2005 da Fundação CIDE apontam que o atual quadro de resíduos sólidos em Carapebus é o seguinte: são coletadas 4,8 toneladas/dia, cujo destino é aterro sanitário licenciado (compartilhado) de propriedade da Prefeitura, localizado em Macaé (Rodovia Amaral Peixoto s/nº - Cabiúnas).

Faz-se urgente que a gestão dos recursos naturais se efetue de forma mais competente e eficaz do que vem sendo feita até hoje. A realização de investimentos e ações de desenvolvimento tecnológico resultará na implantação de projetos mais eficientes e menos impactantes na qualidade dos corpos hídricos e do solo, e na reutilização dos subprodutos dos tratamentos de água, esgoto e resíduos sólidos.

Gestão Municipal O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicou, no final de 2006, a

quinta edição da Pesquisa de Informações Básicas Municipais - MUNIC 2005. A coleta das informações ocorreu entre novembro de 2005 e março de 2006, sendo efetuada preferencialmente através de entrevista presencial. Esta edição da pesquisa não contemplou informações sobre o cadastro e o número de contribuintes do ISS. Os dados foram obtidos através do preenchimento de questionários por diversos setores das prefeituras municipais e são os seguintes para o município de Carapebus:

17 - Fontes: Sistema Nacional de Indicadores Urbanos – SNIU do Ministério das Cidades – dados coletados nos dias 3 e 4 de junho de 2003 referentes ao ano 2000 e IBGE – Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000.

Page 29: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

29

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

COMPOSIÇÃO DO QUADRO DE PESSOAL DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA: Total de funcionários ativos da administração direta 1151

Total de funcionários ativos da administração direta - Ensino fundamental(A) 474Total de funcionários ativos da administração direta - Ensino médio 501Total de funcionários ativos da administração direta - Ensino superior 139Total de funcionários ativos da administração direta - Pós-graduação 37Total de funcionários ativos da administração direta - Estatutários 822

Total de funcionários ativos da administração direta - Ensino fundamental(A) 376Total de funcionários ativos da administração direta - Ensino médio 321Total de funcionários ativos da administração direta - Ensino superior 93Total de funcionários ativos da administração direta - Pós-graduação 32

Total de funcionários ativos da administração direta - CLT 0Total de funcionários ativos da administração direta - Ensino fundamental(A) 0Total de funcionários ativos da administração direta - Ensino médio 0Total de funcionários ativos da administração direta - Ensino superior 0Total de funcionários ativos da administração direta - Pós-graduação 0

Total de funcionários ativos da administração direta - Somente comissionados 321Total de funcionários ativos da administração direta - Ensino fundamental(A) 98Total de funcionários ativos da administração direta - Ensino médio 180Total de funcionários ativos da administração direta - Ensino superior 38Total de funcionários ativos da administração direta - Pós-graduação 5

Total de funcionários ativos da administração direta - Sem vínculo permanente 8Total de funcionários ativos da administração direta - Ensino fundamental(A) 0Total de funcionários ativos da administração direta - Ensino médio 0Total de funcionários ativos da administração direta - Ensino superior 8Total de funcionários ativos da administração direta - Pós-graduação 0

(A) A declaração de escolaridade referente ao ensino fundamental refere-se ao primeiro grau completo ou incompleto. Quanto às demais escolaridades, considerou-se apenas o curso completo. COMPOSIÇÃO DO QUADRO DE PESSOAL DA ADMINISTRAÇÃO INDIRETA:

Administração indireta - existência Não

Page 30: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

30

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

LEGISLAÇÃO E INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO NO MUNICÍPIO Ano da Lei orgânica do município (B) 1998Lei de parcelamento do solo - existência NãoLei de zoneamento ou equivalente - existência NãoCódigo de obras - existência SimLei específica de Solo criado - existência SimLei específica de Contribuição de melhoria - existência SimLei específica de Operação urbana consorciada - existência NãoLei específica de Estudo de impacto de vizinhança - existência NãoEstá havendo debates, audiências e consultas públicas sobre as propostas do plano plurianual - PPA, da lei de diretrizes orçamentárias - LDO e do orçamento anual – LOA? SimO município utiliza os instrumentos de política urbana previstos no Estatuto das cidades? NãoPlano Diretor – existência (C) Não

O município está revendo ou elaborando o Plano Diretor? SimInstrumentos de participaçao utilizados no processo de revisão ou elaboração do

Plano Diretor: Coordenação compartilhada com efetiva participação do poder público e da sociedade SimConselho de Política Urbana ou da Cidade NãoConferência ou congresso da cidade NãoDiscussão em segmentos sociais específicos SimDiscussão ou debate temático SimDiscussão por bairros, distritos, setores ou outra divisão territorial do município NãoAtividades de capacitação sobre o Estatuto da Cidade e Plano Diretor Participativo NãoOutros NãoNenhum instrumento de participação Não

O município possui legislação sobre zona e/ou área de interesse especial? SimTipo de área de interesse:

Interesse social NãoAmbiental SimHistórico NãoCultural NãoPaisagístico NãoArquitetônico NãoArqueológico NãoOutra Não

Page 31: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

31

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

CADASTRO DO IPTU: Cadastro imobiliário - existência SimCadastro imobiliário informatizado - existência SimO município cobra IPTU Sim

Ano da lei (B) 2003Planta Genérica de Valores - existência SimPlanta Genérica de Valores informatizada - existência Sim TAXAS INSTITUÍDAS: Taxa de iluminação pública - existência SimTaxa de coleta de lixo - existência SimTaxa de incêndio ou combate a sinistros - existência NãoTaxa de limpeza urbana - existência NãoTaxa de poder de polícia - existência SimOutros tipos de taxas - existência Sim(B) Como o período de coleta da pesquisa se estendeu até março de 2006, foram consideradas todas as legislações aprovadas até este mês. (C) A obrigatoriedade da existência ou revisão do Plano Diretor decenal para municípios com mais de 20.000 habitantes e outros casos especiais foi estabelecida pelo estatuto da cidade para outubro de 2006.

Governo Eletrônico O termo governo eletrônico, ou e-government refere-se ao uso da tecnologia da

informação utilizando as ferramentas da web para facilitar o acesso aos serviços e informações para os mais diferentes segmentos da sociedade. É uma importante ferramenta que visa a simplificar e otimizar os processos administrativos, ampliar a eficiência e eliminar formalidades e exigências burocráticas que oneram o cidadão, as empresas e os próprios cofres públicos. Pode ser a chave para a promoção de relações mais democráticas e transparentes entre governo e sociedade civil, além de tornar os processos relacionados à administração pública mais rápidos, eficazes e baratos, vindo a ser um instrumento poderoso de fiscalização das ações públicas que pode estar a apenas um clique do mouse para qualquer cidadão. Nesse sentido, cabe aos gestores maior interesse em se envolverem neste processo de modernização dessa importante tecnologia de informação.

Este novo modelo de gestão pública parece-nos central para a efetivação de reformas que possam garantir o acesso de serviços e informações para o usuário, independente do seu papel econômico e conhecimento tecnológico. Os gestores ainda têm uma visão muito limitada das possibilidades que essas tecnologias de informação podem proporcionar e investem menos do que seria necessário para melhoria desses serviços. Com base em levantamentos realizados, existe um “pacote mínimo” de e-serviços que deveriam ser oferecidos aos cidadãos . sendo um grande desafio para eles acompanharem o ritmo das transformações dessas novas soluções tecnológicas.

Page 32: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

32

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Com o objetivo de analisar o grau de participação das prefeituras do Estado do Rio de Janeiro no processo de desburocratização eletrônica e avaliar o nível de utilização e evolução dos sítios municipais, o sistema FIRJAN vem desenvolvendo uma série de estudos sobre o tema desde o ano 2000 que resultou em três versões (2002, 2005 e 2007), permitindo assim uma análise da evolução desses sítios.

Ciente de que o governo eletrônico é uma ferramenta de capacitação política da sociedade e vetor de aumento de eficiência para o governo, o Tribunal de Contas do Estado também vem acompanhando, desde 2006, a construção e o desenvolvimento dos sítios municipais.

O desenvolvimento do e-government passa por quatro estágios diferentes. O primeiro deles consiste na criação de sítios para difusão de informações sobre os mais diversos órgãos e departamentos dos vários níveis de governo. Eventualmente, estes sítios são reunidos em uma espécie de portal oficial com finalidade informativa.

Num segundo estágio, estes sítios passam também a receber informações e dados por parte dos cidadãos, empresas e outros órgãos. O usuário pode, por exemplo, utilizar a Internet para declarar seu imposto de renda, informar uma mudança de endereço, fazer reclamações e sugestões a diversas repartições ou, ainda, efetuar o cadastro on-line de sua empresa. Neste âmbito, o sítio governamental passa a ter uma finalidade maior do que a meramente informativa, tornando-se interativo.

Na terceira etapa de implantação do e-government, as transações se tornam mais complexas e o sítio assume um caráter transacional. Neste estágio, são possíveis trocas de valores que podem ser quantificáveis, como pagamentos de contas e impostos, educação à distância, matrículas na rede pública, marcação de consultas médicas, pregões eletrônicos, etc. Em outras palavras, além da troca de informações, valores são trocados e serviços anteriormente prestados por um conjunto de funcionários passam a ser realizados diretamente pela Internet.

Essas modificações tornam-se ainda mais complexas no quarto estágio de implantação do governo eletrônico. Neste estágio, é desenvolvido um tipo de portal que não é mais um simples índice de sítios, mas uma plataforma de convergência de todos os serviços prestados pelo governo. Os serviços são disponibilizados por funções ou temas, sem seguir a divisão real do Estado em ministérios, secretarias, departamentos, etc.

Assim, ao lidar com o governo, cidadãos e empresas não precisam mais se dirigir a inúmeros órgãos diferentes. Em um único portal e com uma única senha, qualificada como assinatura eletrônica (certificação digital), conseguem resolver aquilo que precisam. Para tal, a integração entre os diferentes órgãos prestadores de informações e serviços é imprescindível, ou seja, estes devem realizar trocas de suas respectivas bases de dados numa velocidade capaz de garantir o atendimento ao cidadão. Esse recurso exige informações de uma série de departamentos que, interligados por uma infra-estrutura avançada, conseguem atender à demanda do cidadão em tempo real. Neste último estágio, o sítio é qualificado como integrativo.

Page 33: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

33

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Alguns serviços na pesquisa atual não eram oferecidos na pesquisa da edição 2006 dos Estudos Socioeconômicos, são eles Plano Diretor, Cadastro de Fornecedor e Balcão de Empregos. Só foram considerados os serviços ou informações que estavam acessíveis no período de agosto a setembro de 2007, quando foi feito o levantamento desta pesquisa.

No estudo realizado este ano, 100% das prefeituras do Estado do Rio de Janeiro possuíam sítios oficiais, atingindo a meta prevista no Mapa do Desenvolvimento do Estado do Rio, lançado há um ano pela FIRJAN que estabelecia 2008 como o prazo para atingir essa marca. As iniciativas que vêm sendo empreendidas no projeto de governo eletrônico têm mostrado resultados claramente positivos no que diz respeito à disponibilização de serviços públicos via web, mas também identificam grandes dificuldades a serem superadas, pois os serviços prestados continuam ainda deficientes, necessitando de mudanças que ultrapassem questões meramente tecnológicas.

O único sítio municipal que estava desabilitado no período da pesquisa era o de Cambuci. As prefeituras de Lage de Muriaé, Paraíba do Sul e Pinheral apesar de terem sítios oficiais, não apresentam a terminação “.gov.br”, padrão dos sítios governamentais brasileiros.

Os principais problemas encontrados foram sítios desatualizados, navegação deficiente, vários ícones que não abrem os links quando clicados ou apresentam mensagens de erro, e dificuldades em localizar determinadas informações por não estarem na página principal e sim embutidas em outros ícones.

Todas as prefeituras pesquisadas apresentaram sítios informativos. Somente as prefeituras de Cardoso Moreira, Iguaba Grande, Itaocara, Itatiaia,

Miracema, Natividade, Porto Real, Quatis, Santa Maria Madalena, Santo Antônio de Pádua e Sapucaia não apresentaram serviços interativos. O serviço de ouvidoria, como nas pesquisas anteriores, continua sendo o que aparece com mais freqüência. Esse é o único tipo de serviço interativo encontrado em 41 dos 91 sítios pesquisados, o que determina a classificação deles como interativos.

Os únicos municípios que apresentaram serviços transacionais foram Angra dos Reis, Barra Mansa, Itaboraí, Japeri, Mesquita, Niterói, Paraíba do Sul, Petrópolis, Quissamã, Resende, São Gonçalo e Volta Redonda, sendo o Pregão Eletrônico o serviço mais oferecido.

As tabelas a seguir apresentam o estágio em que se encontram os sítios dos governos municipais.

Page 34: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

34

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Serviços Informativos:

Municípios com sítios informativos H

istó

ria d

o M

unic

ípio

Geo

graf

ia

Eco

nom

ia

Fina

nças

Pub

licas

Cul

tura

e e

ntre

teni

men

to

Saú

de

Edu

caçã

o

Mei

o Am

bien

te

Infra

estru

tura

Trib

utaç

ão

Legi

saçã

o

Not

ícia

s

Turis

mo

Est

rutu

ra A

dmin

istra

tiva

Inve

stim

ento

s

Pol

ítica

s P

úblic

as

Trab

alho

e e

mpr

ego

Trân

sito

Pla

no d

ireto

r

Tota

l

Angra dos Reis 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 16Aperibé 1 1 1 1 1 1 1 7 Araruama 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 11Areal 1 1 1 1 1 1 1 1 8 Armação dos Búzios 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 11Arraial do Cabo 1 1 2 Barra do Piraí 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 11Barra Mansa 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 14Belford Roxo 1 1 1 1 1 5 Bom Jardim 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 10Bom Jesus do Itabapoana 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 11Cabo Frio 1 1 1 1 1 1 1 1 8 Cachoeiras de Macacu 1 1 1 1 1 1 1 1 8 Cambuci 0 Campos dos Goytacazes 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 14Cantagalo 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 12Carapebus 1 1 1 1 1 5 Cardoso Moreira 1 1 1 1 1 1 6 Carmo 1 1 1 1 1 1 1 1 1 9 Casimiro de Abreu 1 1 1 1 1 1 1 1 1 9 Comendador Levy Gasparian 1 1 1 1 1 1 1 1 8 Conceição de Macabu 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 12Cordeiro 1 1 1 1 1 1 6 Duas Barras 1 1 1 1 1 1 6 Duque de Caxias 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 12Engenheiro Paulo de Frontin 1 1 1 3 Guapimirim 1 1 2 Iguaba Grande 1 1 2 Itaboraí 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 11Itaguaí 1 1 1 1 1 1 1 1 1 9 Italva 1 1 1 1 1 1 1 1 1 9 Itaocara 1 1 1 1 1 1 1 1 1 9 Itaperuna 1 1 1 1 4 Itatiaia 1 1 1 1 1 1 1 1 8 Japeri 1 1 1 1 1 1 1 7 Laje do Muriaé 1 1 1 1 1 1 1 7 Macaé 1 1 1 1 1 1 1 7 Macuco 1 1 1 1 1 1 1 7 Magé 1 1 1 1 4 Mangaratiba 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 12Maricá 1 1 1 1 1 1 1 1 1 9 Mendes 1 1 1 1 1 5

Page 35: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

35

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Municípios com sítios informativos

His

tória

do

Mun

icíp

io

Geo

graf

ia

Eco

nom

ia

Fina

nças

Pub

licas

Cul

tura

e e

ntre

teni

men

to

Saú

de

Edu

caçã

o

Mei

o Am

bien

te

Infra

estru

tura

Trib

utaç

ão

Legi

saçã

o

Not

ícia

s

Turis

mo

Est

rutu

ra A

dmin

istra

tiva

Inve

stim

ento

s

Pol

ítica

s P

úblic

as

Trab

alho

e e

mpr

ego

Trân

sito

Pla

no d

ireto

r

Tota

l

Mesquita 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 11Miguel Pereira 1 1 1 1 4 Miracema 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 10Natividade 1 1 1 1 1 1 1 1 1 9 Nilópolis 1 1 1 1 1 1 1 1 8 Niterói 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 12Nova Friburgo 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 12Nova Iguaçu 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 12Paracambi 1 1 1 1 1 1 1 1 1 9 Paraíba do Sul 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 10Paraty 1 1 1 3 Paty do Alferes 1 1 1 1 1 5 Petrópolis 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 17Pinheiral 1 1 1 1 1 1 1 7 Piraí 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 12Porciúncula 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 14Porto Real 1 1 2 Quatis 1 1 1 3 Queimados 1 1 1 1 1 1 6 Quissamã 1 1 1 1 1 1 1 7 Resende 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 14Rio Bonito 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 12Rio Claro 1 1 1 1 1 1 1 1 1 9 Rio das Flores 1 1 1 1 1 1 1 1 1 9 Rio das Ostras 1 1 1 1 1 5 Santa Maria Madalena 1 1 1 1 1 1 1 1 1 9 Santo Antônio de Pádua 1 1 1 1 1 1 1 7 São Fidélis 1 1 1 1 1 5 São Francisco de Itabapoana 1 1 1 1 1 1 6 São Gonçalo 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 14São João da Barra 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 11São João de Meriti 1 1 1 3 São José de Ubá 1 1 1 1 1 1 1 1 8 São José do Vale do Rio Preto 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 10São Pedro da Aldeia 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 10São Sebastião do Alto 1 1 2 Sapucaia 1 1 1 1 1 1 1 1 8 Saquarema 1 1 1 1 1 1 6 Seropédica 1 1 1 1 1 1 1 1 8 Silva Jardim 1 1 1 1 1 5 Sumidouro 1 1 1 1 1 1 6 Tanguá 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 12Teresópolis 1 1 1 1 1 5 Trajano de Morais 1 1 1 1 1 1 1 7 Três Rios 1 1 1 1 1 1 1 7 Valença 1 1 1 1 1 1 1 1 1 9 Varre - Sai 1 1 1 1 1 1 1 1 8 Vassouras 1 1 1 1 1 1 1 1 8 Volta Redonda 1 1 1 1 1 1 1 1 1 9

Page 36: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

36

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Serviços Interativos:

Municípios com sítios interativos

IPTU

ISS

ITBI

Sim

ples

proc

esso

s

Sau

de

Edu

caçã

o

Hab

itaçã

o

Ilum

inaç

ão P

úblic

a

Águ

a e

Esg

oto

Tran

spor

tes

Obr

as e

Mei

o A

mbi

ente

Vig

ilânc

ia s

anitá

ria

Con

curs

os

Lici

taçõ

es

Cad

astro

de

forn

eced

ores

Bal

cão

de e

mpr

egos

Ouv

idor

ia

Tota

l

Angra dos Reis 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 11Aperibé 1 1 Araruama 1 1 Areal 1 1 Armação dos Búzios 1 1 1 3 Arraial do Cabo 1 1 Barra do Piraí 1 1 Barra Mansa 1 1 1 1 1 5 Belford Roxo 1 1 1 3 Bom Jardim 1 1 Bom Jesus do Itabapoana 1 1 2 Cabo Frio 1 1 1 3 Cachoeiras de Macacu 1 1 Cambuci 0 Campos dos Goytacazes 1 1 1 3 Cantagalo 1 1 1 3 Carapebus 1 1 2 Cardoso Moreira 0 Carmo 1 1 Casimiro de Abreu 1 1 2 Comendador Levy Gasparian 1 1 2 Conceição de Macabu 1 1 1 1 4 Cordeiro 1 1 Duas Barras 1 1 Duque de Caxias 1 1 1 1 4 Engenheiro Paulo de Frontin 1 1 Guapimirim 1 1 Iguaba Grande 0 Itaboraí 1 1 2 Itaguaí 1 1 1 3 Italva 1 1 Itaocara 0 Itaperuna 1 1 Itatiaia 0 Japeri 1 1 Laje do Muriaé 1 1 Macaé 1 1 1 3 Macuco 1 1 Magé 1 1 2 Mangaratiba 1 1 1 1 4 Maricá 1 1 1 1 1 5 Mendes 1 1 Mesquita 1 1 1 1 4 Miguel Pereira 1 1 Miracema 0 Natividade 0 Nilópolis 1 1 Niterói 1 1 1 1 1 1 1 7 Nova Friburgo 1 1 1 1 1 5

Page 37: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

37

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Municípios com sítios interativos

IPTU

ISS

ITBI

Sim

ples

proc

esso

s

Sau

de

Edu

caçã

o

Hab

itaçã

o

Ilum

inaç

ão P

úblic

a

Águ

a e

Esg

oto

Tran

spor

tes

Obr

as e

Mei

o A

mbi

ente

Vig

ilânc

ia s

anitá

ria

Con

curs

os

Lici

taçõ

es

Cad

astro

de

forn

eced

ores

Bal

cão

de e

mpr

egos

Ouv

idor

ia

Tota

l

Nova Iguaçu 1 1 Paracambi 1 1 Paraíba do Sul 1 1 2 Paraty 1 1 Paty do Alferes 1 1 Petrópolis 1 1 1 1 1 1 1 1 1 9 Pinheiral 1 1 1 1 4 Piraí 1 1 1 3 Porciúncula 1 1 Porto Real 0 Quatis 0 Queimados 1 1 Quissamã 1 1 Resende 1 1 1 1 4 Rio Bonito 1 1 Rio Claro 1 1 Rio das Flores 1 1 2 Rio das Ostras 1 1 1 1 1 1 1 7 Santa Maria Madalena 0 Santo Antônio de Pádua 0 São Fidélis 1 1 São Francisco de Itabapoana 1 1 São Gonçalo 1 1 1 3 São João da Barra 1 1 São João de Meriti 1 1 1 3 São José de Ubá 1 1 São José do Vale do Rio Preto 1 1 São Pedro da Aldeia 1 1 1 1 4 São Sebastião do Alto 1 1 Sapucaia 0 Saquarema 1 1 2 Seropédica 1 1 Silva Jardim 1 1 Sumidouro 1 1 Tanguá 1 1 Teresópolis 1 1 Trajano de Morais 1 1 Três Rios 1 1 1 1 4 Valença 1 1 1 3 Varre - Sai 1 1 Vassouras 1 1 Volta Redonda 1 1 1 1 1 1 1 7

Page 38: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

38

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Serviços Transacionais:

Municípios com sítio transacional

Impr

essã

o de

doc

umen

tos

fisca

is

Con

sulta

pré

via

onlin

e - a

lvar

á pr

ovis

ório

Lici

taçã

o e

preg

ão

Alv

ará

Not

a fis

cal e

letrô

nica

Edu

caçã

o - m

atríc

ula

onlin

e

Em

issã

o de

cer

tidão

neg

ativ

a de

déb

ito

Tota

l

Angra dos Reis 1 1 1 3

Barra Mansa 1 1 1 3

Itaboraí 1 1

Japeri 1 1

Mesquita 1 1 2

Niterói 1 1

Paraíba do Sul 1 1

Petrópolis 1 1 1 1 1 5

Quissamã 1 1

Resende 1 1

São Gonçalo 1 1

Volta Redonda 1 1

À guisa de conclusão deste tema, a desburocratização eletrônica, aliada à vontade

política por mudança, pode contribuir cada vez mais para aperfeiçoar nossa democracia e estimular o desenvolvimento econômico, bastando para isso que os administradores públicos municipais se empenhem cada vez mais em acompanhar o ritmo das transformações das novas soluções tecnológicas, com alto impacto sobre os serviços ao cidadão e empresas.

O governo eletrônico tem sido um passo fundamental para uma gestão moderna e eficiente, pois é uma ferramenta de capacitação política da sociedade e um importante vetor de aumento de eficiência para o governo proporcionando mais transparência e desenvolvimento. Deve-se destacar que, no estudo de 2002 da FIRJAN, havia apenas 42 municípios fluminenses na web, o que evoluiu em 2005 para 62. Em agosto de 2006, o número subiu para 67 sítios oficiais e, no mesmo mês de 2007, alcançou 100% dos municípios.

Devemos observar que, apesar de ter havido uma melhora quantitativa, a grande maioria dos sítios municipais encontra-se em seu estágio inicial. Os assuntos informativos continuam predominando. Já os serviços interativos e transacionais promovidos pelas prefeituras por meio de seus websites aparecem com menor freqüência além de baixo desempenho.

Page 39: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

39

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

III - INDICADORES SOCIAIS

O ideário democrático sempre atribuiu à educação uma função central na relação

com a cidadania. Educação e democracia formam parte de um todo onde os indivíduos deveriam ter igualdade de oportunidades em um universo social de diferenças individuais.

No plano social, é importante reconhecer também que as reivindicações da população relacionadas diretamente a carência de oportunidades econômicas, negligências dos serviços públicos com educação e saúde, e destituição cultural sistemática tiveram grande relevância no sentido de influenciar o Estado em vários países democráticos a acolher uma concepção da justiça social mais atenta às dificuldades dessas pessoas. Contudo, medidas emergenciais baseadas somente numa estreita perspectiva pragmática sempre estarão sujeitas ao risco de esvaziamento rápido quando a sociedade perceber que os resultados alcançados não maximizaram as oportunidades dos desfavorecidos.

Atualmente, a qualidade em conhecimentos da população de um país constitui elemento diferenciador estratégico, uma vez que o nível de educação das pessoas terá forte repercussão tanto no seu rendimento individual como no rendimento coletivo das organizações a que pertencem e, em decorrência, do próprio Estado.

Por essas e outras razões, a educação é considerada uma das principais iniciativas para diminuir as desigualdades, na medida em que traz oportunidades de melhor formação ao conjunto da população. O que a sociedade espera da educação é que ela responda às necessidades de um novo perfil de qualificação, no qual não só a aquisição do conhecimento seja importante, mas também a sua melhor utilização, já que ela deve, ainda, instrumentalizar todos a lidar com os novos parâmetros de difusão de informações gerados pela tecnologia da informação e pelos meios de comunicação de massa. A educação, portanto, deve contribuir para recuperar e construir a dimensão social e ética do desenvolvimento econômico e capacitar para o exercício da cidadania.

Cada vez mais a oferta de ensino de boa qualidade é requisito para que se possa pensar em justiça social, proporcionando condições para que os indivíduos possam competir em graus semelhantes.

É extremamente complexa a implantação de políticas públicas continuadas quando, em regra geral, o ensino fundamental é atribuição do Município; o ensino médio, do Estado; e o ensino superior, da União.

Uma iniciativa que pode nortear tais políticas é a avaliação da qualidade do ensino. Há longa data, o Ministério da Educação – MEC implementou o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

O Saeb é adotado desde 1990. A partir de 2005, ele passou a ser composto por duas avaliações, a Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb) e a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Anresc). A Aneb é realizada por amostragem das redes de ensino, em cada unidade da Federação e tem foco nas gestões dos sistemas educacionais . Por manter as mesmas características, a Aneb recebe o nome do Saeb em suas divulgações. Participam do Saeb alunos de 4ª e 8ª séries do ensino fundamental, e

Page 40: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

40

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

também estudantes do 3º ano do ensino médio regular, tanto da rede pública quanto da rede privada, em área urbana e rural.

Já a Anresc é mais extensa e detalhada que a Aneb e tem foco em cada unidade escolar. Por seu caráter universal, recebe o nome de Prova Brasil em suas divulgações. Na última edição dos Estudos Socioeconômicos, foram apresentadas informações oficiais divulgadas em junho de 2006 sobre a Prova Brasil 2005. Estas foram retificadas pelo Inep/MEC em abril de 2007 e os novos números são os seguintes: a prova foi realizada em 5.387 municípios de todas as unidades da Federação, avaliando 3.392.880 alunos (ao invés dos 3.306.317 divulgados anteriormente) de 4ª e 8ª séries do ensino fundamental, distribuídos em 125.852 turmas de 40.962 escolas públicas urbanas com mais de 30 alunos matriculados na série avaliada.

Como o MEC, a partir de 2004, ampliou o Ensino Fundamental para nove anos (cinco anos no primeiro ciclo – Anos Iniciais e quatro anos no segundo – Anos Finais), nas escolas onde o ensino fundamental está organizado neste regime a prova foi aplicada nas turmas de 5º e 9º série e nos alunos das 4ª e 8ª séries das escolas que ainda mantinham o regime anterior. Os resultados da Prova Brasil são apresentados em uma escala de desempenho por disciplina. Em Língua Portuguesa ela vai de 125 até 350. Em Matemática, a escala é de 125 a 375. Nos parâmetros estabelecidos para a quarta série, em ambas as disciplinas a nota máxima é 300 pontos. Para os estudantes da oitava série, 350 é a nota máxima para português e 375, para matemática.

Esses novos resultados da Prova Brasil 2005 não mais fazem comparativo de médias brasileira e estaduais da 4ª e da 8ª séries. É disponibilizada a pontuação de cada município, de cada rede e de cada escola, dificultando o confronto dos resultados em nível regional ou nacional. Tal comparação agora somente pode ser feita por outro indicador: Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - IDEB, que será apresentado adiante.

Cabe, portanto, apresentar as notas corrigidas que as escolas de Carapebus tiveram, em média, na Prova Brasil 2005, considerando-se, ainda, que a próxima avaliação ocorrerá durante 2007 com resultados divulgados somente em 2008:

Série Matemática Português 4ª da rede estadual inexiste inexiste 8ª da rede estadual 239,7 229,9 4ª da rede municipal 176,0 168,4 8ª da rede municipal 215,5 204,1

Para conhecer o resultado de cada escola individualmente, bem como a descrição

das competências e habilidades do aluno em cada nível da escala de pontuação, deve-se acessar o sítio http://provabrasil.inep.gov.br.

O Enem, por sua vez, é aplicado anualmente aos alunos concluintes e aos egressos (os que já concluíram em outros anos) do ensino médio e tem como objetivo principal oferecer uma referência para que cada estudante possa se auto-avaliar, visando às suas escolhas futuras, tanto em relação ao mercado de trabalho quanto para a

Page 41: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

41

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

continuidade dos estudos. Não é um simples teste: ele identifica em que área do conhecimento ou competência o participante do ensino médio está mais ou menos apto e onde ele precisa reforçar o seu grau de desenvolvimento. A matriz do Enem é elaborada em cinco competências:

• Dominar a norma culta da língua portuguesa e fazer uso da linguagem matemática, artística e científica.

• Construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para a compreensão de fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da produção tecnológica e das manifestações artísticas.

• Selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados e informações representados de diferentes formas, para tomar decisões e enfrentar situações-problema.

• Relacionar informações, representadas em diferentes formas, e conhecimentos disponíveis em situações concretas, para construir argumentação consistente.

• Recorrer aos conhecimentos desenvolvidos na escola para elaboração de propostas de intervenção solidária na realidade, respeitando os valores humanos e considerando a diversidade sociocultural.

A parte objetiva da prova é constituída por questões de múltipla escolha de igual valor, avaliada numa escala de 0 a 100 pontos. Além disso, é atribuída uma nota na mesma escala a cada uma das cinco competências avaliadas. Na redação, também há uma nota global de 0 a 100 e outra para cada uma das cinco competências aferidas. A nota global é a média aritmética simples das notas por competência.

De um total de 2,7 milhões alunos que fizeram o Enem em 2006, cerca de 187 mil são fluminenses. O desempenho médio da prova objetiva no país foi de 36,90 e de 52,08 na redação. O Estado do Rio de Janeiro ficou na primeira posição, com notas médias 38,61 e 53,34, respectivamente. Todas essas notas foram inferiores aos resultados de 2005. A nota global foi de 42,616 para o país e de 44,246 para o Estado. Apesar da superioridade em relação ao restante do país, é baixo o desempenho do Estado do Rio de Janeiro, pois somente três municípios tiveram mais de 50% de aproveitamento em 2006.

Carapebus teve nota global 34,810. Para conhecer o resultado de cada escola individualmente, deve-se acessar o sítio http://mediasenem.inep.gov.br/ desempenho.php.

Em 2007, o MEC, apresentou o primeiro IDEB (2005). Ele é um indicador sintético de qualidade educacional que combina dois indicadores usualmente utilizados para monitorar nosso sistema de ensino: desempenho em exames padronizados e rendimento escolar (taxa média de aprovação dos estudantes na etapa de ensino – Censos 2005 e 2006).

O indicador final é a pontuação no exame padronizado ajustada pelo tempo médio, em anos, para conclusão de uma série naquela etapa de ensino. A proficiência média é padronizada para o IDEB estar entre zero e dez.

O MEC lançou, também em 2007, o Plano de Metas “Compromisso Todos pela Educação”, cujo objetivo é fazer com que a qualidade da educação gradativamente alcance novos patamares em quinze anos. Um dos objetivos é que em 2022, ano em que o Brasil comemora o bicentenário da Independência, possa-se também comemorar

Page 42: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

42

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

resultados de um sistema educacional com qualidade equivalente à dos países desenvolvidos.

Para o conjunto do país, a proposta do Plano de Metas é que os resultados do IDEB dos Anos Iniciais do ensino fundamental passe de 3,8 em 2005 para 6,0 em 2021; de 3,5 para 5,5 nos Anos Finais do ensino fundamental; e de 3,4 para 5,2 no ensino médio. As metas abrangem cada dependência administrativa, com desafios para todas as redes de ensino. Note-se que, como o IDEB utiliza um indicador de rendimento para o qual são necessários dados de dois anos seqüenciais, ele sempre estará defasado por este mesmo intervalo de tempo.

No caso do Estado do Rio de Janeiro, o IDEB dos Anos Iniciais do ensino fundamental deve passar de 3,8 em 2005 para 6,0 em 2021; de 2,9 para 4,9 nos Anos Finais do ensino fundamental; e de 2,8 para 4,6 no ensino médio. Carapebus teve, em média, a seguinte pontuação no ensino fundamental:

IDEB 2005 e ranking no Estado do Rio de Janeiro Anos Iniciais Anos Finais

Rede municipal 3,4

74º lugar entre os 88 municípios avaliados

3,1 61º lugar entre os

74 municípios avaliados

Rede estadual inexiste 4,0

20º lugar entre os 89 municípios avaliados

Os resultados de cada escola podem ser encontrados no sítio

http://ideb.inep.gov.br/Site/. No final de junho de 2007, quando foi realizada a presente pesquisa, não havia dados individualizados sobre o desempenho no IDEB do ensino médio. As escolas que cumprirem as metas do IDEB vão receber, a título de incentivo, uma parcela extra de recursos do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE). O PDDE é implementado pelo MEC, por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e presta assistência financeira, em caráter suplementar, às escolas públicas do ensino fundamental e especial.

A transparência dos resultados da Prova Brasil e do Enem, e agora também do IDEB, no portal do Inep/MEC permite que toda a população acesse pela internet o desempenho de cada escola e que os responsáveis pela pasta da educação no município e no estado e a população-alvo: pais e alunos do estabelecimento de ensino cobrem explicações sobre os motivos que levam instituições equivalentes a terem desempenhos tão díspares e exijam providências para melhorá-los.

Nesse sentido, o Decreto nº 6.094, de 24 de abril de 2007, dispõe sobre a implementação do citado Plano de Metas pela União, em regime de colaboração com os demais entes da Federação, e a participação das famílias e da comunidade, mediante programas e ações de assistência técnica e financeira, visando à mobilização social pela melhoria da qualidade da educação básica.

As boas práticas que, em todo ou em parte, são adotadas por escolas que obtiveram bons resultados de aprendizagem de seus alunos foram sistematizadas em

Page 43: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

43

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

28 diretrizes que integram o decreto, como orientações a que devem aderir os sistemas estaduais e municipais que queiram assumir o Compromisso Todos pela Educação. São elas: estabelecer como foco a aprendizagem, apontando resultados concretos a atingir; alfabetizar as crianças até, no máximo, os oito anos de idade, aferindo os resultados por exame periódico específico; acompanhar cada aluno da rede individualmente, mediante registro da sua freqüência e do seu desempenho em avaliações, que devem ser realizadas periodicamente; combater a repetência, dadas as especificidades de cada rede, pela adoção de práticas como aulas de reforço no contra-turno, estudos de recuperação e progressão parcial; combater a evasão pelo acompanhamento individual das razões da não-freqüência do educando e sua superação; matricular o aluno na escola mais próxima da sua residência; ampliar as possibilidades de permanência do educando sob responsabilidade da escola para além da jornada regular; valorizar a formação ética, artística e a educação física; garantir o acesso e permanência das pessoas com necessidades educacionais especiais nas classes comuns do ensino regular, fortalecendo a inclusão educacional nas escolas públicas; promover a educação infantil; manter programa de alfabetização de jovens e adultos.

Outras diretrizes são instituir programa próprio ou em regime de colaboração para formação inicial e continuada de profissionais da educação; implantar plano de carreira, cargos e salários para os profissionais da educação, privilegiando o mérito, a formação e a avaliação do desempenho; valorizar o mérito do trabalhador da educação, representado pelo desempenho eficiente no trabalho, dedicação, assiduidade, pontualidade, responsabilidade, realização de projetos e trabalhos especializados, cursos de atualização e desenvolvimento profissional; dar conseqüência ao período probatório, tornando o professor efetivo estável após avaliação, de preferência externa ao sistema educacional local; envolver todos os professores na discussão e elaboração do projeto político pedagógico, respeitadas as especificidades de cada escola; incorporar ao núcleo gestor da escola coordenadores pedagógicos que acompanhem as dificuldades enfrentadas pelo professor; fixar regras claras, considerados mérito e desempenho, para nomeação e exoneração de diretor de escola.

O decreto dispõe, ainda, que devem ser divulgados na escola e na comunidade os dados relativos à área da educação, com ênfase no IDEB; acompanhar e avaliar, com participação da comunidade e do Conselho de Educação, as políticas públicas na área de educação e garantir condições, sobretudo institucionais, de continuidade das ações efetivas, preservando a memória daquelas realizadas; zelar pela transparência da gestão pública na área da educação, garantindo o funcionamento efetivo, autônomo e articulado dos conselhos de controle social; promover a gestão participativa na rede de ensino; elaborar plano de educação e instalar Conselho de Educação, quando inexistentes; integrar os programas da área da educação com os de outras áreas como saúde, esporte, assistência social, cultura, dentre outras, com vista ao fortalecimento da identidade do educando com sua escola; fomentar e apoiar os conselhos escolares, envolvendo as famílias dos educandos, com as atribuições, dentre outras, de zelar pela manutenção da escola e pelo monitoramento das ações e consecução das metas do Compromisso; transformar a escola num espaço comunitário e manter ou recuperar aqueles espaços e equipamentos públicos da cidade que possam ser utilizados pela

Page 44: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

44

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

comunidade escolar; firmar parcerias externas à comunidade escolar, visando à melhoria da infra-estrutura da escola ou à promoção de projetos socioculturais e ações educativas; organizar um comitê local do Compromisso, com representantes das associações de empresários, trabalhadores, sociedade civil, Ministério Público, Conselho Tutelar e dirigentes do sistema educacional público, encarregado da mobilização da sociedade e do acompanhamento das metas de evolução do IDEB.

Com o objetivo de apoiar os entes que aderirem ao Compromisso, foram criadas ações que reorganizam a distribuição de recursos voluntários do Ministério da Educação e mobilizam os entes federados a assumir, em conjunto com a União, a responsabilidade pelo avanço dos resultados educacionais. De acordo com o sistema de incentivos que orienta o Compromisso está previsto o incremento da mobilização social em torno da qualidade da educação por meio da divulgação ampla dos indicadores, metas atingidas, resultados obtidos, envolvendo todos os atores sociais no processo. Caberá à própria comunidade avaliar as razões pelas quais as metas foram, ou não, alcançadas. Por isso é tão importante a participação e a mobilização das comunidades locais em torno do Compromisso. Esse é o sentido da instituição do Comitê Todos pela Educação como uma forma de apoiar, colaborar e cobrar os resultados educacionais.

O diagnóstico da situação educacional local está estruturado em quatro grandes dimensões: gestão educacional; formação de professores e dos profissionais de serviço e apoio escolar; práticas pedagógicas e avaliação; infra-estrutura física e recursos pedagógicos. Cada dimensão é composta por áreas de atuação e cada área apresenta indicadores específicos, que devem ser analisados para orientar a formulação de um Plano de Ações Articuladas – PAR, adequado às demandas locais. O cumprimento das metas constantes do Termo de Adesão ao Compromisso Todos pela Educação será acompanhado e, posteriormente, servirá para a correção de rumos do PAR.

Para tal diagnóstico e planejamento, consultores de todo o país na área de educação serão contratados, por meio de edital da UNESCO, para sua elaboração em conjunto com dirigentes estaduais e/ou municipais de educação. Além disso, o profissional contratado prestará assistência técnica na implementação dos Planos e na checagem das metodologias utilizadas para monitoramento e aferição de resultados.

A expansão das capacidades das pessoas para levar o tipo de vida que elas valorizam podem ser aumentadas por uma política pública da envergadura desse Plano de Metas. Por outro lado, a direção dessa política pública pode ser influenciada pelo uso efetivo das capacidades participativas do povo, numa relação de mão dupla prevista pelo próprio MEC.

Educação no Estado e no Município De acordo com o Censo Escolar 2006, no Brasil, 89,6% dos 33.282.663 alunos

matriculados no ensino fundamental estão nas redes públicas. No Estado do Rio de Janeiro a proporção cai para 81,4% de seus 2.425.991 estudantes. O contingente da população estudantil que recorre às escolas públicas apresentou crescimento até 2003, mantendo-se estável desde então, como demonstra a tabela a seguir:

Page 45: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

45

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Dep. Administrativa 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Federal 0,4% 0,4% 0,4% 0,4% 0,4% 0,4% Estadual 26,1% 25,6% 24,2% 23,3% 21,9% 21,3% Municipal 55,2% 55,3% 56,1% 57,2% 58,5% 59,7% Particular 18,4% 18,7% 19,2% 19,1% 19,2% 18,6%

Nº total de alunos Ensino Fundamental 2.463.074 2.474.530 2.470.264 2.474.150 2.479.105 2.425.991

Houve uma ligeira queda no número total de matrículas em 2006, tendo ocorrido

redução expressiva na participação da rede estadual nos últimos seis anos, em movimento inverso à rede municipal, que tem atribuição constitucional de prover o ensino fundamental. Uma das razões dessa inversão é o expressivo aumento no número de matrículas no ensino médio, de responsabilidade do Estado, como se verificará a seguir.

O ano de 2006 teve, em nosso Estado, um total de 731.754 alunos matriculados no ensino médio, dos quais 84,0% estavam em escolas públicas. Também se reduziu o número de matrículas no ensino médio. Entretanto, mais de 56 mil vagas foram abertas na rede pública estadual, contra um aumento geral de apenas 24 mil no período, como demonstra a tabela a seguir:

Dep. Administrativa 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Federal 2,0% 1,7% 1,6% 1,7% 1,6% 1,7% Estadual 75,7% 78,2% 78,6% 79,8% 79,8% 80,9% Municipal 1,7% 1,5% 1,7% 1,5% 1,4% 1,4% Particular 20,6% 18,6% 18,1% 17,0% 17,2% 16,0%

Nº total de alunos Ensino Médio 707.486 746.234 763.817 770.658 759.825 731.754

As 536 mil vagas oferecidas pela rede estadual, em 2001, cresceram para 592 mil

em 2005, o que configura grande migração de alunos de outras redes para aquela gerida pelo governo do Estado.

Para melhor visualizar a evolução do número de matrículas no ensino básico, o gráfico a seguir é bastante ilustrativo sobre os três pontos críticos de estrangulamento do sistema, que ocorrem nas 1ª e 5ª séries do ensino fundamental, e na 1ª do ensino médio. Em virtude da nova seriação em nove anos, é possível observar uma redução na pressão que ocorria na antiga 1ª série até 2003. Para efeito comparativo do período dos seis anos em análise, e considerando que as escolas privadas não aderiram em peso à nova seriação, enquanto a rede pública, sim, foi mantida no gráfico a seriação antiga.

Page 46: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

46

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Em um breve resumo sobre a situação da estrutura educacional no Estado do Rio de

Janeiro, com referência ao ano de 2006 18, verifica-se que: 1) Com relação ao quantitativo de escolas: - Para o Ensino Infantil, há 2.472 estabelecimentos de creche e a rede pública é

responsável por 40% deles. A pré-escola soma 5.994 estabelecimentos, sendo que a rede pública responde por cerca de 54%;

- o Ensino Fundamental é disponibilizado em 7.440 escolas, das quais 68% são públicas;

- o Ensino Médio é encontrado em 1.903 escolas, sendo que cerca de 58% pertencem à rede pública;

- o Ensino de Jovens e Adultos está disponível em 1.529 estabelecimentos, sendo 81% desses públicos;

- a Educação Especial foi disponibilizada em 717 unidades, 84% públicas. Outros 3.154 estabelecimentos, 88% públicos, oferecem integração dos portadores de necessidades educativas especiais em salas de aula comuns, metade deles com apoio pedagógico especializado.

2) A quase totalidade das escolas encontra-se em área urbana. Com relação ao total de estabelecimentos, 7% das creches, 16% das pré-escolas, 18% das unidades de ensino fundamental e 4% de ensino médio estão na zona rural.

3) No que diz respeito ao número de matrículas iniciais: - a Educação Infantil 19 disponibilizou cerca de 486 mil matrículas. Cursam a rede

pública 52% do total dos 109.056 alunos de creche e 61% dos 376.837 estudantes de pré-escola;

18 - Fonte: Inep/MEC. 19 - Educação Infantil: Trata-se da primeira etapa da educação básica e tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. A educação infantil é oferecida em creches, ou entidades equivalentes, e pré-escolas.

Total de matrículas nos ensinos fundamental e médio - RJ

0

100.000

200.000

300.000

400.000

500.000

600.000

Nova 1ªSérie

1ª Sérieantiga

2ª Sérieantiga

3ª Sérieantiga

4ª Sérieantiga

5ª Sérieantiga

6ª Sérieantiga

7ª Sérieantiga

8ª Sérieantiga

1ª SérieMédio

2ª SérieMédio

3ª SérieMédio

2001 2002 2003 2004 2005 2006

Page 47: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

47

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

- no Ensino Fundamental, o total de matrículas nos cinco anos iniciais foi de 1.380.362, dos quais 70% são na rede municipal e 11% na estadual. Os quatro anos finais somaram 1.045.629 matrículas, 46% na rede municipal e 35% na rede estadual;

- no Ensino Médio, o total de matrículas foi de 731.754, 84% feitas na rede pública;

- na educação de jovens e adultos, o número de matrículas foi de 310.826, sendo 237.338 no Ensino Fundamental, 96% na rede pública, e 73.488 no Ensino Médio, 63% na rede pública;

- a educação especial teve, aproximadamente, 27 mil matrículas, 58% na rede pública.

4) Quanto à função docente 20, o Estado dispõe de 6.907 professores na creche, 43% deles em instituições públicas. São 22.627 docentes na pré-escola, 54% na rede pública. Outros 137.465 lecionam no ensino fundamental, 75% em escolas públicas. Mais 55.634 profissionais dão aulas no ensino médio, também 75% nas redes municipal, estadual e federal. Finalmente, 20.038 professores atendem à educação de jovens e adultos, sendo 82% na rede pública, e outros 3.874 lecionam na educação especial, 74% em instituições públicas.

O censo 2005 de educação superior aponta a existência de 121 estabelecimentos de ensino superior no Estado do Rio de Janeiro, 108 deles particulares. O total de matrículas somava 473.585, sendo 18% em instituições públicas. Já o corpo docente somava 32.504 profissionais, 31% da rede pública.

Apresentamos, a seguir, os indicadores disponíveis do município em estudo 21. Carapebus apresenta o seguinte quadro relativo à escolaridade da população, em comparação com o Estado:

Anos de estudo por população acima de 10 anos de idade - IBGE - Censo 2000 -

0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0% 40,0% 45,0%

Sem instruçãoe menos de 1 ano

1 a 3 anos

4 a 7 anos

8 a 10 anos

11 a 14 anos

15 anos ou mais

Não determinados

Estado Carapebus

20 - O mesmo docente pode atuar em mais de um nível/modalidade de ensino e em mais de um estabelecimento. 21 - Números de matrículas, professores e escolas de 2001 – SEE/CIDE. Dados de 2002 e 2003 tabulados a partir do Sistema de Estatísticas Educacionais Edudatabrasil, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC). Dados de 2004 a 2006 obtidos diretamente do Inep/MEC.

Page 48: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

48

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Os dados dos levantamentos censitários das últimas décadas apresentam forte redução na taxa de analfabetismo da população brasileira. Em 2000, o país ainda tinha 14% de analfabetos na população com 15 anos ou mais. No Estado do Rio, a média cai para 7% e, em Carapebus, e seu município de origem, Macaé, apresentou a seguinte evolução:

Evolução do percentual da população analfabeta acima de 15 anos

0

5

10

15

20

25

30

35

1970 1980 1991 2000Censo IBGE - Compilação: Ministério das Cidades/SNIU

% Carapebus

O número total de matrículas nos ensinos infantil, fundamental e médio de

Carapebus, em 2005, foi de 3.247 alunos, tendo evoluído para 3.220 em 2006, apresentando redução (-0,8%) no número de estudantes.

Em um maior nível de detalhamento, apresentamos o quadro dos estabelecimentos de ensino infantil, que engloba creche e pré-escola:

Carapebus não tem creches há, pelo menos, seis anos. Na pré-escola, a rede municipal é responsável por 90% das matrículas em 2006 e

o quadro que se apresenta é o seguinte:

Ano

Nº de Unidades

Nº de professores

Nº de matrículas

Rateio alunos/ professor no

município

Rateio alunos/ professor no

Estado 01 11 32 484 15,1 16,5 02 11 34 514 15,1 16,8 03 12 37 523 14,1 17,0 04 11 36 529 14,7 17,0 05 11 42 536 12,8 16,8 06 11 44 535 12,2 16,7 Houve constância no número de unidades escolares. O corpo docente cresceu

proporcionalmente mais que o número de matrículas, cuja variação foi de 11% no período, propiciando redução nos índices do rateio aluno/professor no município.

Page 49: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

49

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Com relação à qualificação do corpo docente do ensino infantil, os gráficos seguintes ilustram a qualificação dos professores da rede municipal:

Formação dos professores da rede municipal de ensino infantil

Pré-escola - 2006

1º grau2º grau3º grau

Carapebus apresenta o panorama abaixo para o ensino fundamental:

Ano

Nº de Unidades

Nº de professores

22

Nº de matrículas

Rateio alunos/ professor no

município

Rateio alunos/ professor no

Estado 01 15 130 1.901 14,6 18,7 02 15 137 2.025 14,8 18,6 03 16 138 1.987 14,4 18,5 04 15 131 2.136 16,3 18,1 05 15 149 2.161 14,5 17,8 06 15 143 2.161 15,1 17,6

O número de unidades escolares não teve alteração. Houve aumento no número

de alunos do ensino fundamental (14%), tendo havido menor incremento no quadro de docentes, com piora do rateio de alunos por professor.

Especificamente em relação à rede estadual, que teve 16% dos alunos matriculados de 2006, o quadro que se apresenta é o seguinte:

Ano

Nº de Unidades

Nº de professores

Nº de matrículas

Rateio alunos/ professor no

município

Rateio alunos/ professor da rede

estadual no Estado

01 1 20 458 22,9 18,8 02 1 19 370 19,5 18,2 03 1 17 334 19,6 19,1 04 1 22 310 14,1 18,0 05 1 24 325 13,5 16,9 06 1 23 341 14,8 16,3 O quantitativo de unidades manteve-se inalterado, tendo ocorrido, no período,

redução no número de alunos na rede estadual do ensino fundamental (-26%), acompanhada por incremento no quadro de docentes, com melhora do rateio de alunos

22 - O mesmo docente de ensino fundamental pode atuar da Série inicial à 4ª série e da 5ª à 9ª série.

Page 50: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

50

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

por professor. A rede estadual tem, em média, 31,0 alunos por sala de aula nos Anos Finais (5ª à 9ª série), não sendo oferecido o primeiro segmento do ensino fundamental.

Já na rede municipal de Carapebus, com 82% do volume de matrículas em 2006, os dados seguem na tabela:

Ano

Nº de Unidades

Nº de professores

Nº de matrículas

Rateio alunos/ professor no

município

Rateio alunos/ professor da rede

municipal no Estado

01 14 110 1.443 13,1 22,1 02 14 118 1.655 14,0 21,8 03 14 117 1.617 13,8 21,2 04 14 109 1.826 16,8 21,0 05 13 113 1.800 15,9 21,0 06 13 115 1.778 15,5 20,5

O número de unidades diminuiu. Houve, no período, aumento de 23% no número

de alunos na rede municipal do ensino fundamental, com menor incremento no quadro de docentes, propiciando piora do rateio de alunos por professor. A rede municipal tem, em média, 17,6 alunos por sala de aula nos Anos Iniciais do ensino fundamental (Série inicial à 4ª série) e 24,7 nos Anos Finais (5ª à 8ª série).

O indicador de distorção de série por idade foi implementado desde 1999 e permite verificar o percentual de estudantes com idade acima do adequado para a série em estudo. Os gráficos a seguir apresentam o nível médio de distorção por série entre 2001 e 2006 e este indicador por rede escolar do município no ano 2006, lembrando que a nova seriação do ensino fundamental começou a ser adotada e medida a partir de 2004:

Evolução da taxa de distorção série-idade total - Ensino fundamental

0

10

20

30

40

50

60

2001 2002 2003 2004 2005 2006

Perc

entu

al d

os a

luno

s

Carapebus 1ª série nova 1ª série antiga 2ª série antiga 3ª série antiga

4ª série antiga 5ª série antiga 6ª série antiga 7ª série antiga 8ª série antiga

Page 51: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

51

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Pode-se observar uma tendência decrescente do serial de distorção série-idade com o passar dos anos. Este indicador, entretanto, permanece em patamares elevados.

Distorção série-idade ensino fundamental - redes - 2006

0

10

20

30

40

50

60

1ª série nova

1ª série antiga

2ª sérieantiga

3ª sérieantiga

4ª sérieantiga

5ª sérieantiga

6ª sérieantiga

7ª série antiga

8ª série antiga

Estadual Municipal Particular Total

A rede privada tem taxas inferiores às redes públicas, sendo a municipal aquela que apresenta maiores taxas no seqüencial das séries.

A decorrência principal da distorção série-idade é um elevado número de alunos matriculados que têm acima de 14 anos já a partir da 5ª série, como ilustra o gráfico a seguir:

Faixa de idade por série do Ensino Fundamental - 2006

0%

20%

40%

60%

80%

100%

M atrícula com mais de 14 anos 0 38 21 58 47 25 39 49 95

M atrícula de 7 a 14 anos 135 269 261 246 214 230 209 102 37

M atrícula com menos de 7 anos 86 0 0 0 0 0 0 0 0

Ano Inicial 1ª Série 2ª Série 3ª Série 4ª Série 5ª Série 6ª Série 7ª Série 8ª Série

O comparativo dos indicadores de aprovação por rede de ensino, entre 2000 e

2005 é apresentado nos gráficos a seguir, sendo ilustrativos da descontinuidade do primeiro segmento na rede estadual, do baixo rendimento da rede pública em geral, bem como do declínio das atividades da rede particular, restringidas apenas ao primeiro segmento.

Page 52: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

52

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Evolução da taxa de aprovação da rede estadual

3040

50607080

90100

1ª Sér ie 2ª Sér ie 3ª Sér ie 4ª Sér ie 5ª Sér ie 6ª Sér ie 7ª Sér ie 8ª Sér ie

2000 2001 2002 2003 2004 2005

Evolução da taxa de aprovação da rede municipal

30

40

50

60

70

80

90

100

1ª Sér ie 2ª Série 3ª Sér ie 4ª Sér ie 5ª Sér ie 6ª Sér ie 7ª Sér ie 8ª Série

2000 2001 2002 2003 2004 2005

Evolução da taxa de aprovação da rede privada

30405060708090

100

1ª Sér ie 2ª Sér ie 3ª Sér ie 4ª Sér ie 5ª Sér ie 6ª Sér ie 7ª Série 8ª Série

2000 2001 2002 2003 2004 2005

Evolução da taxa de aprovação das redes em conjunto

30405060

708090

100

1ª Sér ie 2ª Série 3ª Sér ie 4ª Sér ie 5ª Sér ie 6ª Sér ie 7ª Sér ie 8ª Série

2000 2001 2002 2003 2004 2005

O gráfico seguinte apresenta o número de alunos que concluíram o curso

fundamental em Carapebus, de um total de 79 em 1998 para 101 formandos em 2005, houve variação de 28% no período.

Concluintes no ensino fundamental

0

20

40

60

80

100

120

140

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Carapebus Rede estadual Rede municipal Rede privada Total

Os gráficos a seguir mostram a formação dos professores das redes públicas no ano de 2006:

Page 53: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

53

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Formação dos professores da rede estadual

de ensino fundamental Anos finais - 2006

1º grau2º grau3º grau

No caso dos professores municipais no ensino fundamental, observa-se predominância de professores com formação no segundo grau para o primeiro segmento e aumento do número de docentes com graduação no segundo segmento do ensino fundamental, o mesmo ocorrendo no quadro de professores estaduais, com diferente distribuição.

Formação dos professores da rede municipal

de ensino fundamental Anos Iniciais -2006

1º grau2º grau3º grau

Formação dos professores da rede municipal

de ensino fundamental Anos Finais - 2006

Com relação ao ensino médio, Carapebus apresenta o panorama abaixo:

Ano

Nº de Unidades

Nº de professores

Nº de matrículas

Rateio alunos/ professor no

município

Rateio alunos/ professor no

Estado 01 3 46 561 12,2 14,6 02 3 50 617 12,3 14,9 03 4 45 616 13,7 16,4 04 2 49 713 14,6 15,1 05 2 41 550 13,4 13,3 06 2 37 524 14,2 13,2

A redução no número de matrículas foi acompanhada por maior diminuição no

quadro de docentes, propiciando piora do rateio de alunos por professor.

Page 54: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

54

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

A rede municipal de Carapebus responde por 4% das matrículas do ensino médio. Especificamente da rede estadual, com 96% do volume de matrículas em 2006, o quadro que se apresenta é o seguinte:

Ano

Nº de Unidades

Nº de professores

Nº de matrículas

Rateio alunos/ professor no

município

Rateio alunos/ professor da rede

estadual no Estado

01 1 17 288 16,9 18,0 02 1 22 403 18,3 18,2 03 1 18 490 27,2 19,9 04 1 35 555 15,9 17,9 05 1 35 492 14,1 15,2 06 1 33 501 15,2 15,1 Observa-se, no período, aumento no número de alunos do ensino médio em

escolas do Estado, acompanhado por maior incremento no quadro de docentes, com melhora do rateio de alunos por professor, equivalente ao observado no Estado. A rede estadual tem, em média, 38,5 alunos por sala de aula no ensino médio.

Novamente, a decorrência da distorção série-idade é um elevado número de alunos matriculados que têm acima de 17 anos, como ilustra o gráfico a seguir:

Faixa de idade por série do Ensino Médio - 2006

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

M atrícula com mais de 17 anos 98 103 118

M atrícula de 15 a 17 anos 128 55 22

M atrícula com menos de 15 anos 0 0 0

1ª Série 2ª Série 3ª Série

Os gráficos a seguir apresentam o nível médio de distorção por série entre 2001 e 2006 e a comparação de cada rede escolar do município no ano 2006:

Page 55: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

55

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Evolução da taxa de distorção série-idade total - Ensino médio

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

2001 2002 2003 2004 2005 2006

Perc

entu

al d

os a

luno

sCarapebus 1ª Série 2ª Série 3ª Série

No caso do ensino médio, as taxas não apresentaram diminuição ou alteração significativa entre 2001 e 2006.

Distorção série-idade ensino médio - redes - 2006

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

1ª série 2ª série 3ª série

Estadual Municipal Particular Total

A rede municipal é aquela que apresenta maiores taxas neste indicador. O comparativo dos indicadores de aprovação por rede de ensino, entre 2000 e

2005, é apresentado nos gráficos a seguir:

Evolução da taxa de aprovação da rede estadual

30

40

50

60

70

80

90

100

1ª Sér ie 2ª Sér ie 3ª Série

2000 2001 2002 2003 2004 2005

Evolução da taxa de aprovação da rede m unicipal

30

40

50

6070

80

90

100

1ª Sér ie 2ª Sér ie 3ª Sér ie

2000 2001 2002 2003 2004 2005

Page 56: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

56

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Evolução da taxa de aprovação da rede privada

30

40

50

60

70

80

90

100

1ª Sér ie 2ª Sér ie 3ª Série

2000 2001 2002 2003 2004 2005

Evolução da taxa de aprovação das redes em conjunto

30

40

50

60

70

80

90

100

1ª Sér ie 2ª Sér ie 3ª Série

2000 2001 2002 2003 2004 2005

O gráfico seguinte apresenta o número de alunos que concluíram o curso. Os

formandos foram em número de 90 em 1998, passando para 86 em 2005, uma variação de -4% nesse período de oito anos.

Concluintes no ensino médio

0

20

40

60

80

100

120

140

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Carapebus Rede estadual Rede municipal Rede privada Total

A formação específica do corpo docente da rede pública é 100% de professores com

graduação. No ensino de jovens e adultos, Carapebus tem um total de 233 alunos matriculados em

2006, todos para cursos presenciais. O município de Carapebus não tinha instituição de ensino superior em 2005. Saúde A viabilização plena do direito ao acesso universal e equânime aos serviços e ações de

promoção, proteção e recuperação da saúde é operada pelas chamadas Leis Orgânicas da Saúde, nº 8.080/90 e nº 8.142/90, e as Normas Operacionais Básicas – NOB. O Sistema Único de Saúde – SUS opera tanto em nível federal, quanto nas esferas estadual e municipal.

Page 57: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

57

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Em anos recentes, o Ministério e as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde desencadearam diversas atividades de planejamento e de adequação de seus modelos assistenciais e de gestão, ponderando criticamente os avanços e os desafios que novas diretrizes organizativas trariam para sua realidade. Em fevereiro de 2002, foi publicada a Norma Operacional da Assistência à Saúde – NOAS-SUS 01/2002, que estabelece o processo de regionalização como estratégia de hierarquização dos serviços de saúde e de busca de maior eqüidade; cria mecanismos para a gestão do Sistema Único de Saúde e procede à atualização dos critérios de habilitação de estados e municípios, ampliando as responsabilidades dos municípios na Atenção Básica.

Ao compor a estratégia de gestão da regulação do Sistema Único de Saúde – SUS, no Estado do Rio de Janeiro, foi criada a Rede de Centrais de Regulação do Estado do Rio de Janeiro - RCR/RJ, que tem por missão agilizar e qualificar o fluxo de acesso do cidadão aos serviços e ações de alta e média complexidade em saúde, de forma organizada, colocando-se a serviço da defesa do direito à saúde. Para tal, deve exercer as seguintes funções:

- Facilitar o acesso aos serviços de saúde existentes no Estado, de forma equânime e tecnicamente qualificada, a partir da pactuação de Protocolos de Regulação;

- Exercer a função de alerta do Sistema de Saúde, ao identificar situações que mereçam a atuação da Vigilância Sanitária, Gerência de Assistência, Controle e Avaliação, Vigilância Epidemiológica, emitindo “sinais de alerta” em um trabalho articulado e solidário;

- Subsidiar o processo de planejamento e gestão da saúde na produção de informações com qualidade e de forma ágil sobre a demanda por oferta de serviços de saúde e sobre o fluxo de pacientes em todo o Estado, sinalizando de forma sistematizada as principais carências de investimento tecnológico, fornecendo subsídios para o processo da Programação Pactuada Integrada;

- Contribuir para um processo pedagógico permanente de aplicação dos Protocolos junto às Unidades solicitantes, interagindo na troca de informações, visando a resolutividade mais apropriada para cada caso;

- Instrumentalizar e apoiar o processo de regionalização e hierarquização das ações de saúde no Estado.

A RCR/RJ, teve sua implementação por etapas. O primeiro ciclo (1999 a 2002) foi dedicado ao planejamento e pactuação do desenho da Rede, após estudos do fluxo dos pacientes no Estado e da capacidade instalada, com a identificação dos municípios pólo, de acordo com o Plano Diretor de Regionalização do Estado. Fez parte dessa etapa a organização da infraestrutura local e de telecomunicação das Centrais, bem como a execução de concurso público pela Secretaria de Estado de Saúde – SES.

O segundo ciclo de evolução da RCR/RJ (2003-2005) caracterizou-se por concentrar esforços no fortalecimento do processo de regulação através da adoção de quatro estratégias complementares: efetivação da regionalização da Rede; constituição do arcabouço jurídico-institucional; incorporação escalonada de leitos/internações por especialidade à luz dos protocolos pactuados; e constituição do Núcleo Interno de Regulação em cada unidade hospitalar pública, das três esferas de governo.

Page 58: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

58

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Para visualizar a distribuição geográfica de recursos tecnológicos e humanos, o mapa a seguir apresenta as centrais de regulação que ordenam a oferta de serviços e agilizam o atendimento aos pacientes.

Page 59: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

59

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Marco jurídico-institucional foi a Deliberação da Comissão Intergestores Bipartite - CIB nº 203, de novembro de 2005, que aprovou a expansão escalonada de leitos/internações por especialidade na Rede de Centrais de Regulação do Estado, iniciando, no mesmo mês, pelas internações de obstetrícia e pediatria, gestações de alto risco e UTI neonatal. No mês seguinte, foram reguladas internações de pacientes de primeira vez em Atenção Hematológica e aquelas referidas à Rede de Alta Complexidade e à Saúde Mental. A partir de março de 2006, foram reguladas ações de Saúde Auditiva e Clínica Médica. Naquele mesmo ano 2005 foram estabelecidas as funções das centrais de regulação; o fluxo da informação; as atribuições dos profissionais da rede de centrais e dos núcleos de regulação das demais unidades de saúde; e a padronização dos procedimentos operacionais.

A programação dos sistemas ambulatorial e hospitalar de atendimento estabelece e aperfeiçoa continuamente a metodologia de alocação de recursos financeiros que considere, além da população e da capacidade instalada, indicadores de saúde, características locais e regionais, a efetiva utilização dos recursos e o impacto causado pelas ações de saúde desenvolvidas.

Nesse sentido, um município pode estar habilitado à condição de Gestão Plena da Atenção Básica, ou de Gestão Plena do Sistema Municipal. Na primeira forma, resumidamente, o município é responsável por gerir e executar a assistência ambulatorial básica, as ações básicas de vigilância sanitária, de epidemiologia e controle de doenças; gerir todas as unidades ambulatoriais estatais (municipal/estadual/federal) ou privadas; autorizar internações hospitalares e procedimentos ambulatoriais especializados; operar o Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA-SUS); controlar e avaliar a assistência básica.

A atenção básica deve ser compreendida como o conjunto de ações prestadas às pessoas e à comunidade, com vistas à promoção da saúde e à prevenção de agravos, bem como seu tratamento e reabilitação no primeiro nível de atenção dos sistemas locais de saúde.

Para garantir o custeio das ações básicas em saúde foi implantado em janeiro de 1988, o Piso da Atenção Básica- PAB, que é composto de uma parte fixa destinada à assistência e de parte variável relativa aos incentivos para ações complementares da atenção básica. Um sistema de acompanhamento e avaliação da produção de serviços de atenção básica avalia o impacto da implantação do PAB na melhoria desses serviços e a sua efetividade, assim como a utilização dos recursos repassados para os municípios. Este sistema de acompanhamento consiste em um conjunto de metas que são pactuadas anualmente entre as três esferas de governo constituindo o Pacto da Atenção Básica.

A citada NOAS-SUS 01/2002 criou a Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada como uma das condições de gestão dos sistemas municipais de saúde. Agrega atividades como o controle da tuberculose, a eliminação da hanseníase, o controle da hipertensão arterial, o controle da diabetes mellitus, a saúde da criança, a saúde da mulher e a saúde bucal.

Já na Gestão Plena do Sistema Municipal, o município é responsável por gerir e executar todas as ações e serviços de saúde no município; gerir todas as unidades ambulatoriais, hospitalares e de serviços de saúde estatais ou privadas; administrar a

Page 60: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

60

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

oferta de procedimentos de alto custo e complexidade; executar as ações básicas, de média e de alta complexidade de vigilância sanitária, de epidemiologia e de controle de doenças; controlar, avaliar e auditar os serviços no município; e operar o Sistema de Informações Hospitalares (SIH-SUS) e o SIA-SUS.

No Estado do Rio de Janeiro, 14% dos municípios estão na condição de Gestão Plena da Atenção Básica, 22% na Gestão Plena do Sistema Municipal, 64% na Gestão Plena Estadual, que ocorre naqueles municípios que ainda não estão aptos para assumir a gestão de seu sistema hospitalar ou, como no caso de Duque de Caxias, Niterói e a capital, que têm Gestão Plena do Sistema Municipal e algumas unidades geridas pelo Estado.

Carapebus tem Gestão Plena da Atenção Básica 23, dispondo da seguinte estrutura:

Centro de saúde / Unidade Básica de Saúde 4 Clínica / ambulatório especializado - Consultório isolado 1 Hospital especializado - Hospital geral - Policlínica - Posto de saúde - Unidade de apoio a diagnose e terapia - Outras unidades 1

Os estabelecimentos que prestam serviços ao SUS, por tipo de atendimento têm o

seguinte quantitativo:

Ambulatorial 138 * Internação 9 Emergência 6 Unidade de Tratamento Intensivo/CTI 6 Diálise 3 Nota: Provável erro de digitação do IBGE

Apresentamos no próximo gráfico a evolução dos recursos repassados pelo SUS.

Os repasses do SUS para o município podem estar sendo contabilizados diretamente no fundo municipal específico, não aparecendo nas finanças municipais da administração direta, objeto do capítulo Indicadores Financeiros.

23 - Fontes: Unidades – CIDE 2005; Leitos – SES; Estabelecimentos que prestam serviços ao SUS – Pesquisa Assistência Médico-Sanitária – AMS 2005 – IBGE; Demais dados – Datasus.

Page 61: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

61

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Observe-se que a notável redução dos repasses do SUS decorre de uma mudança

de sistemática de transferências. De acordo com o DATASUS, com relação à Farmácia Básica, as transferências relativas aos estados estão contabilizadas no “município ignorado” do respectivo estado, com exceção da Farmácia Básica, contabilizada nos municípios a que esta verba se destina, apesar de ter sido transferida ao estado. Cabe a este fazer o repasse ao município. Já com relação a procedimentos de alta complexidade e ações estratégicas, as transferências relativas à gestão plena estadual estão contabilizadas no “município ignorado” do respectivo estado. Nesta rubrica, R$ 50 milhões foram repassados à administração estadual no ano 2001. As cifras subiram para R$ 157 milhões em 2002, R$ 329 milhões em 2003, R$ 311 milhões em 2004, R$ 817 milhões em 2005 e alcançaram R$ 865 milhões em 2006, respectivamente 4%, 11%, 27%, 21%, 46% e 47% das transferências totais ao nosso estado, no espírito da Programação Pactuada Integrada mencionada anteriormente.

Na perspectiva de superar as dificuldades de consolidação do SUS e qualificar os avanços organizativos obtidos com o processo de descentralização, os gestores das três esferas do sistema assumiram o compromisso público da construção do Pacto Pela Saúde 2006, expresso nas Portarias nos 399, de 22 de fevereiro de 2006, e 699, de 30 de março de 2006. O Pacto apresenta três dimensões: Pacto pela Vida, Pacto em Defesa do SUS e Pacto de Gestão.

O Pacto pela Vida contém seis prioridades pactuadas: redução da mortalidade infantil e materna; controle do câncer do colo do útero e da mama; saúde do idoso; fortalecimento da capacidade de resposta às doenças emergentes e endemias, com ênfase na dengue, hanseníase, tuberculose, malária e influenza; promoção da saúde; e fortalecimento da atenção básica. Para cada prioridade, metas são estabelecidas anualmente pela União sobre um conjunto de 30 indicadores para cada município. São eles:

Recursos repassados pelo SUS (R$ mil)

641

581

490444

506 518

-

100

200

300

400

500

600

700

2001 2002 2003 2004 2005 2006

Carapebus

Page 62: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

62

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

As prioridades do Pacto em Defesa do SUS são: implementar um projeto permanente de mobilização social com a finalidade de mostrar a saúde como direito de cidadania e o SUS como sistema público universal garantidor desses direitos; alcançar, no curto prazo, a regulamentação da Emenda Constitucional nº 29 pelo Congresso Nacional; garantir, no longo prazo, o incremento dos recursos orçamentários e financeiros para a saúde; aprovar o orçamento do SUS, composto pelos orçamentos das três esferas de gestão, explicitando o compromisso de cada uma delas; elaborar e divulgar a carta dos direitos dos usuários do SUS. Compromisso inequívoco com a repolitização do SUS, consolida a política pública de saúde brasileira como uma política de Estado, mais do que uma política de governos. Os gestores reconhecem a necessidade de romper os limites setoriais e levar a discussão sobre a política pública de saúde para a sociedade organizada, tendo o financiamento público da saúde como um dos pontos centrais.

15 Taxa de internações por acidente vascular cerebral (AVC)16 Taxa de internações por insuficiência cardíaca congestiva (ICC)17 Proporção de portadores de hipertensão arterial cadastrados

18 Proporção de internações por complicações do Diabetes Mellitus19 Proporção de portadores de diabetes mellitus cadastrados

20 Proporção de abandono de tratamento de tuberculose21 Taxa de incidência de tuberculose pulmonar positiva

22 Coeficiente de prevalência de hanseníase23 Coeficiente de detecção de casos novos de hanseníase

24 Cobertura de primeira consulta odontológica programática25 Cobertura da ação coletiva escovação dental supervisionada26 Média de procedimentos odontológicos básicos individuais27 Proporção de procedimentos odontológicos especializados em relação às ações odontológicas individuais

28 Proporção da população coberta pelo Programa de Saúde da Família29 Média anual de consultas médicas por habitante nas especialidades básicas30 Média mensal de visitas domiciliares por família

Eliminação da Hanseníase

Saúde Bucal

Gerais

Controle da Hipertensão Arterial

Controle da Diabetes Mellitus

Controle da Tuberculose

Indicador

1 Número absoluto de óbitos em menores de 1 ano de idade2 Coeficiente de mortalidade infantil3 Proporção de nascidos vivos com baixo peso ao nascer4 Proporção de óbitos em menores de um ano de idade por causas mal definidas5 Taxa de internações por Infecção Respiratória Aguda (IRA) em menores de 5 anos6 Taxa de internações por Doença Diarréica Aguda (DDA) em menores de 5 anos7 Número absoluto de óbitos neonatais tardios8 Coeficiente de mortalidade neonatal tardia

9 Proporção de óbitos de mulheres em idade fértil investigados10 Proporção de nascidos vivos de mães com 4 ou mais consultas de pré-natal11 Razão entre exames citopatológicos cérvico-vaginais em mulheres de 25 a 59 anos e a população feminina

nesta faixa etária12 Razão de mortalidade materna13 Proporção de partos cesáreos14 Proporção de nascidos vivos de mães com 7 ou mais consultas de pré-natal

Saúde da Mulher

IndicadorSaúde da Criança

Page 63: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

63

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

No bojo do Pacto de Gestão, a Saúde da Família é considerada como a estratégia prioritária para o fortalecimento da atenção básica e seu desenvolvimento deve considerar as diferenças loco-regionais. O Programa Saúde da Família – PSF, criado em 1994, consolidou-se como a melhor forma de organização da atenção básica do Sistema Único de Saúde, propondo uma mudança de modelo e contribuindo para a efetiva melhoria das condições de vida da comunidade. Para atingir o objetivo proposto, o trabalho da equipe Saúde da Família se inicia a partir do mapeamento do território e do cadastramento da população adstrita. Em seguida é realizado o diagnóstico de saúde da comunidade, com base no qual se faz o planejamento e a priorização das ações a serem desenvolvidas pelos profissionais. Essas ações devem ser orientadas tendo em vista as responsabilidades dos municípios em relação à atenção básica.

O trabalho de promoção da saúde busca levar a cada domicílio o acesso ao tratamento e à prevenção das doenças. A implantação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde - PACS (cidadãos da própria comunidade que são treinados para realizar visitas domiciliares e orientar as famílias) é considerada uma estratégia transitória para o estabelecimento de vínculos entre os serviços de saúde e a população. É estimulada até que seja possível a plena expansão do PSF, ao qual os Agentes Comunitários – ACS, são gradativamente incorporados.

A equipe de Saúde da Família – ESF, é multiprofissional, composta por, no mínimo, um médico de família e comunidade, um enfermeiro de saúde pública, um auxiliar de enfermagem e de 4 a 6 agentes comunitários de saúde. Cada equipe trabalha em áreas de abrangência definida, por meio do cadastramento e do acompanhamento de um número determinado de famílias de forma individualizada. Cada equipe de Saúde da Família acompanha de 600 a mil famílias, com limite máximo de 4.500 pessoas por equipe. Cada agente comunitário de saúde acompanha até o máximo de 150 famílias ou 450 pessoas.

Essas equipes vão até a casa das pessoas, prestando atenção para reconhecer os principais problemas, evitando deslocamentos desnecessários às Unidades de Saúde e, juntos, procuram as melhores soluções para enfrentar os desafios locais que possam estar determinando os problemas de saúde, antes que eles se instalem de modo mais grave. Significa atuar nos momentos precoces iniciais da transmissão de doenças, assim como sobre os riscos sanitários, ambientais e individuais. O novo conceito é “desospitalizar”, a soma de promoção, prevenção e resolução, que resulta no tratamento efetivo das pessoas, sem necessidade de atendimento no hospital. Junto com a comunidade, cada equipe deve elaborar um plano para enfrentar os principais problemas detectados e trabalhar para desenvolver a educação de saúde preventiva, promovendo a qualidade de vida dos habitantes daquela área.

A implantação do PSF depende da decisão política da administração municipal, que deve submeter a proposta ao Conselho Municipal de Saúde e discutir amplamente com as comunidades a serem beneficiadas e toda sociedade organizada local. A Secretaria de Estado de Saúde, juntamente com o Ministério da Saúde, oferece o apoio necessário à elaboração do projeto e à sua implementação.

A inserção da saúde bucal na estratégia de Saúde da Família representou a possibilidade de criar um espaço de práticas e relações a serem construídas para a reorientação do processo de trabalho e para a própria atuação da saúde bucal no âmbito

Page 64: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

64

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

dos serviços de saúde. Dessa forma, o cuidado em saúde bucal passa a exigir a conformação de uma equipe de trabalho que se relacione com usuários e que participe da gestão dos serviços para dar resposta às demandas da população e ampliar o acesso às ações e serviços de promoção, prevenção e recuperação da saúde bucal, por meio de medidas de caráter coletivo e mediante o estabelecimento de vínculo territorial. Existem dois tipos de Equipes de Saúde Bucal - ESB, quais sejam: ESB Modalidade I: composta por cirurgião-dentista e auxiliar de consultório dentário; ESB Modalidade II: composta pelos dois especialistas citados mais um técnico em higiene dental.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, disponíveis no sítio http://dtr2004.saude.gov.br/dab/abnumeros.php, o Estado do Rio de Janeiro tinha, em dezembro de 2006, 89 municípios cobertos por 9.046 ACS atendendo 32,7% da população; 86 municípios atendidos por 1.328 ESF dando cobertura a 28,8% da população; e 61 municípios servidos por 455 ESB atendendo 16,5% da população.

Já Carapebus apresentou a seguinte evolução:

A Saúde da Família é uma estratégia de caráter substitutivo da atenção básica

convencional. As formas de organização da atenção básica seguem lógicas distintas na maneira como planejam, lidam e se organizam para atender e acompanhar a saúde da sua população. A equipe Saúde da Família da Unidade Básica de Saúde – UBS (antigo Centro de Saúde reestruturado ou antiga Unidade Mista), deve se constituir tanto como o primeiro contato, como o contato longitudinal e perene do usuário com o SUS.

As ESF devem resolver cerca de 85% dos problemas de saúde da comunidade. Portanto, é necessário dispor de recursos estruturais e equipamentos compatíveis que possibilitem a ação dos profissionais de saúde em relação a esse compromisso. A UBS não é um local de triagem onde a maior parte dos casos é encaminhada para os serviços especializados.

O Ministério da Saúde alerta que a experiência de implantação da Saúde da Família tem demonstrado ser incompatível a co-existência das equipes de atenção básica convencional e das equipes de Saúde da Família trabalhando em uma mesma estrutura física, por gerar conflitos constantes entre as equipes e confusão na vinculação entre equipe Saúde da Família e comunidade adstrita. Criam-se distorções na prestação da assistência clínica aos usuários, pois favorece a dicotomia das ações de promoção, prevenção, assistência, reabilitação e manutenção da saúde dos usuários, geralmente,

Mês / anoNº de ACS

credenciados pela CIB

Nº de ACS implantados

% de cobertura populacional

ACS

Nº de ESF credenciadas

pela CIB

Nº de ESF implantados

% de cobertura populacional da

SF

Nº de ESB modalidade I credenciadas

pela CIB

Nº de ESB modalidade I implantadas

Nº de ESB modalidade II credenciadas

pela CIB

Nº de ESB modalidade II implantadas

% de cobertura populacional da

SB

Dezembro 2001 22 22 100,00 3 3 100,00 0 0 0 0 0

Dezembro 2002 22 22 100,00 3 3 100,00 0 0 0 0 0

Dezembo 2003 22 22 100,00 3 3 100,00 0 0 0 0 0

Dezembro 2004 22 22 100,00 3 3 100,00 0 0 0 0 0

Dezembro 2005 22 22 100,00 3 3 100,00 0 0 0 0 0

Dezembro 2006 24 24 100,00 4 4 100,00 0 0 0 0 0

Page 65: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

65

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

restringindo o papel das ESF às ações de promoção e prevenção, descompromissado da assistência.

Por fim, a criação de vínculos e de compromissos entre ESF e comunidade é dificultada, pois, as equipes acabam por competirem entre si neste papel, o que, conseqüentemente, impossibilita que se estabeleçam reais laços de co-responsabilidade entre ESF, usuários e famílias.

Cabe salientar que só é possível planejar tendo conhecimento do sistema sob nosso comando e do contexto em que ele se insere. O sucesso do planejamento, ou seja, a efetividade dos resultados mantém relação direta com a qualidade das informações. Na saúde, as informações necessárias dizem respeito tanto à caracterização dos equipamentos - unidades de atendimento - como das pessoas que os utilizam. Vale dizer que a informação constitui-se em suporte básico para toda atividade humana e que todo o nosso cotidiano é um processo permanente de informação. Para as organizações conhecerem seus problemas, buscar alternativas para solucioná-los, atingir metas e cumprir objetivos, é necessário conhecimento e, portanto, informação. Por isso, pode-se dizer que há um consenso de que não é possível exercer gerência em nenhum setor se não houver um sistema de apoio à decisão que se sustente na informação.

Da mesma forma, a informação em saúde deve ser entendida como um instrumento de apoio decisório para o conhecimento da realidade socioeconômica, demográfica e epidemiológica (disciplina básica da saúde pública voltada para a compreensão do processo saúde-doença no âmbito de populações, aspecto que a diferencia da clínica, que tem por objetivo o estudo desse mesmo processo, mas em termos individuais), para o planejamento, gestão, organização e avaliação nos vários níveis que constituem o Sistema Único de Saúde. Gerenciar um serviço de saúde significa cuidar dos aspectos organizacionais e funcionais, tal como em qualquer empresa, lidar com aspectos administrativos como controlar estoques de materiais, equipamentos, gerir finanças, recursos humanos, etc., controlar aspectos que representam as condições de organização e funcionamento dos serviços de saúde.

Dispõe-se de uma série de indicadores e técnicas que permitem estimar a quantidade de consultas, procedimentos, internações e exames demandados ao sistema de saúde por uma certa clientela e calcular a capacidade instalada necessária dos serviços para garantir aquele atendimento. Em relação aos serviços, permitem calcular a capacidade instalada atual. Esses dados dão suporte à análise da adequação do sistema às necessidades da clientela.

Uma série de manuais do projeto Saúde & Cidadania está disponível no sítio http://dtr2004.saude.gov.br/dab/saude_cidadania/index.html, abrangendo temas como: Distritos Sanitários: Concepção e Organização; Planejamento em Saúde; Qualidade na Gestão Local de Serviços e Ações de Saúde; Gestão da Mudança Organizacional; Auditoria, Controle e Programação de Serviços de Saúde; Sistemas de Informação em Saúde para Municípios; Vigilância em Saúde Pública; Vigilância Sanitária; Gestão de Recursos Humanos; Gestão de Recursos Financeiros; Gerenciamento e Manutenção de Equipamentos Hospitalares; e Gestão de Recursos Materiais e de Medicamentos.

Page 66: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

66

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Mercado de Trabalho Em 2006, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE, quatro dos

principais indicadores do mercado de trabalho da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ) apresentaram desempenho superior ao observado em 2005, o mesmo se verificando para o conjunto das seis regiões metropolitanas abrangidas pelo levantamento. Nesta comparação, a RMRJ teve desempenho mais favorável do que a média das áreas cobertas no quesito relativo à formalização do trabalho24 e na evolução da taxa de desemprego. No primeiro caso, o aumento da formalização foi maior na RMRJ, em 2006, tanto em relação a 2005 quanto a 2003. Mesmo assim, a proporção de ocupados formais na RMRJ, de 43,23% em 2006, ainda é inferior à média das seis demais regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE, de 46,11%.

Indicadores do Mercado de Trabalho

Região Metropolitana do Rio de Janeiro

Média Variação (%) ou Diferença (P.P.) Indicadores

2003 2005 2006 2006/2005 2006/2003 Taxa de Desemprego (%) 9,19 7,72 7,88 0,16* -1,31* Nível de Ocupação*** 4.794 4.964 5.038 1,49** 5,09** Formalização (%) 40,94 41,68 43,23 1,55* 2,29* Rendimentos Reais (R$) 939,81 954,35 989,13 3,64** 5,25**

Seis regiões metropolitanas

Média Variação (%) ou Diferença (P.P.) Indicadores

2003 2005 2006 2006/2005 2006/2003 Taxa de Desemprego (%) 12,32 9,83 10,00 0,17* -2,32* Nível de Ocupação*** 18.669 19.830 20.281 2,27** 8,63** Formalização (%) 44,28 44,98 46,11 1,13* 1,83* Rendimentos Reais (R$) 990,38 1.002,66 1.045,75 4,30** 5,59** Notas: * Diferença (p.p.); ** Variação (%); ***Média mensal do número de pessoas de 10 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de referência, em milhares

No segundo caso, a taxa de desemprego, o indicador mais tradicional do mercado

de trabalho, mostrou pequena deterioração em 2006, na comparação com 2005, simultaneamente na RMRJ e na média das seis regiões. A deterioração na RMRJ, de 0,16 ponto percentual, foi ligeiramente menor que a média, de 0,17 ponto percentual. No período de três anos, invertem-se as posições, com a RMRJ reduzindo o desemprego mais lentamente. Em 2006, a RMRJ registrou taxa de desemprego de 7,88%, inferior à média, de 10,0%, e a mais baixa entre as seis regiões pesquisadas.

24 - Empregados com carteira assinada, em relação ao total de ocupados.

Page 67: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

67

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Taxa de desemprego por região metropolitana - 2006

10,52

9,98

8,53

8,02

7,88

13,68

14,57

0 2 4 6 8 10 12 14

Recife

Salv ador

São Paulo

Total das áreas - PME

Belo Horizonte

Porto Alegre

Rio de Janeiro

%

Os outros dois indicadores, nível de ocupação e rendimentos reais, evoluíram

positivamente, mas em ritmo mais moderado na RMRJ do que no conjunto das áreas abrangidas pela pesquisa. Esta conclusão é válida tanto para a comparação com o ano anterior como no triênio.

O crescimento do nível de ocupação na RMRJ, em 2006, de 1,49%, foi o mais baixo entre as seis regiões metropolitanas componentes da PME. O melhor resultado foi o de Belo Horizonte: 5,83%. No triênio analisado, o desempenho da RMRJ, com crescimento de 5,09%, foi o segundo mais baixo, à frente somente de Recife, que registrou aumento de 4,64%, no mesmo período, como se observa na tabela a seguir.

Média mensal do número de pessoas de 10 anos

ou mais de idade, ocupadas na semana de referência

Milhares Taxa de Variação (%) Regiões

2003 2005 2006 2006/2005 2006/ 2003

Total das áreas - PME 18.669 19.830 20.281 2,27 8,64 Recife 1.258 1.282 1.317 2,73 4,64 Salvador 1.289 1.392 1.425 2,37 10,59 Belo Horizonte 1.924 2.074 2.195 5,83 14,06 Rio de Janeiro 4.794 4.964 5.038 1,49 5,09 São Paulo 7.784 8.410 8.567 1,87 10,06 Porto Alegre 1.620 1.708 1.740 1,87 7,41

O gráfico a seguir mostra a distribuição do número de pessoas ocupadas segundo

as regiões metropolitanas. A RMRJ, com 5.038 mil ocupados em média, em 2006 é a segunda maior, com 24,84% do total das seis regiões. São Paulo é a maior, com 42,24% e Recife a menor, com 6,49%.

Page 68: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

68

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Distribuição percentual das pessoas ocupadas, segundo regiões metropolitanas (média de 2006)

São Paulo42,24%

Porto A legre8,58%

Recife6,49%

Salvador7,03%

Belo Horizonte10,82%

Rio de Janeiro 24,84%

O avanço do nível de ocupação na RMRJ não foi homogêneo. O maior crescimento

se verificou no emprego com carteira de trabalho assinada, que aumentou 5,25%, em 2006, e 10,97%, em três anos. Ao mesmo tempo, reduziu-se o emprego sem carteira, confirmando a maior formalização das relações de trabalho, sobretudo no período mais recente, enquanto continuou a crescer, mas em ritmo decrescente, a ocupação por conta própria.

Média mensal do número de pessoas de 10 anos ou mais de idade, por

posição na ocupação na Região Metropolitana do Rio de Janeiro

Milhares Taxa de Variação (%) Posição na ocupação

2003 2005 2006 2006/2005 2006/2003 Total 4.342 4.500 4.596 2,15 5,85 Empregadas - com carteira de trabalho assinada 1.963 2.069 2.178 5,25 10,97

Empregadas - sem carteira de trabalho assinada 985 1.015 990 -2,48 0,50

Conta própria 1.083 1.152 1.164 1,01 7,47 Empregadoras 282 242 245 0,96 -13,24 Não remuneradas 31 22 21 -3,85 -31,69 Nota: Exclui funcionários públicos estatutários e militares

A ampliação do emprego com carteira assinada é uma tendência que vem se

intensificando, pelo menos desde 2003, nas seis regiões metropolitanas integrantes da PME. Neste aspecto, a RMRJ não diverge da média, embora a proporção de ocupados com carteira seja inferior: 38,4%, ante 41,4%, para o conjunto das áreas pesquisadas em 2006. A diferença se apresenta na forma de ocupação anterior à assinatura da carteira: na RMRJ, houve diminuição de 1,3 ponto percentual nos empregados sem carteira, entre 2003 e 2006, enquanto na média das seis regiões a redução foi de 0,7 ponto percentual. Por outro lado, permaneceu em ascensão a parcela de ocupados por conta própria na RMRJ, que passou de 22,6% para 23,1%, no triênio em questão. No mesmo intervalo, esta proporção, relativa ao conjunto das regiões, baixou de 20,0% para 19,1%.

Page 69: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

69

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Com o alargamento do mercado de trabalho, reduziu-se a proporção de empregadores, tanto na RMRJ quanto nas demais. O trabalho doméstico cresceu mais na RMRJ do que nas outras áreas da pesquisa, alcançando 8,6% dos ocupados, em 2006. Ao mesmo tempo, iniciou-se um processo de redução da parcela do emprego público na RMRJ, que não é evidente nas demais regiões. Este contingente, que em 2003 correspondia a 12,2% dos ocupados na RMRJ, passou a representar 11,7%, em 2006. No conjunto das regiões, a proporção recuou de 10,8% para 10,7%, havendo casos, como Recife, que seguiram caminho oposto, com acréscimo do percentual ocupado na esfera pública. A tabela a seguir apresenta a distribuição percentual das posições na ocupação, na RMRJ e na média das seis regiões, entre 2003 e 2006.

Distribuição percentual dos ocupados

por posição na ocupação %

Seis Regiões Metropolitanas RMRJ

EMPREGADOS COM CARTEIRA – SETOR PRIVADO

2003 39,7 37,0 2005 40,3 36,9 2006 41,4 38,4

EMPREGADOS SEM CARTEIRA – SETOR PRIVADO

2003 15,5 14,1 2005 15,6 13,9 2006 14,8 12,8

CONTA PRÓPRIA 2003 20,0 22,6 2005 19,4 23,2 2006 19,1 23,1

EMPREGADORES 2003 5,5 5,9 2005 5,2 4,9 2006 5,0 4,9

TRABALHADORES DOMÉSTICOS 2003 7,6 7,5 2005 8,2 8,3 2006 8,2 8,6

SETOR PÚBLICO 2003 10,8 12,2 2005 10,5 12,3 2006 10,7 11,7

Analisando-se as ocupações por grupos de atividade, verifica-se que as que mais

cresceram, tanto no ano como no triênio, foram intermediação financeira e serviços domésticos. Também tiveram bom desempenho a indústria e o comércio, a primeira apenas em 2006 e a segunda, desde 2003. A tabela a seguir apresenta o comportamento da RMRJ, por atividade.

Page 70: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

70

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Pessoas de 10 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de referência por grupo de atividade, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro

Milhares Taxa de Variação (%) Grupos de Atividade

2003 2005 2006 2006/2005 2006/2003Total 4.794 4.964 5.038 1,49 5,1 Indústria extrativa/transformação 613 603 618 2,49 0,9 Construção 374 386 386 0,00 3,1 Comércio 921 943 965 2,33 4,8 Intermediação financeira 700 733 770 5,05 10,1 Administração pública 850 894 891 -0,34 4,9 Serviços domésticos 361 414 432 4,35 19,5 Outros serviços 940 966 955 -1,14 1,6 Outras atividades 35 27 22 -18,52 -37,4

Os rendimentos reais, que já vinham crescendo desde 2003, ganharam forte

impulso em 2006 nas seis regiões metropolitanas da pesquisa. O aumento médio, em 2006, foi de 4,30%, e no triênio, 5,59%. A RMRJ, que tem o segundo nível mais elevado de rendimentos entre as seis regiões, atrás apenas de São Paulo, foi também a que mostrou a segunda mais baixa taxa de crescimento a curto e médio prazos. Em 2006, os rendimentos reais auferidos pelos ocupados na RMRJ cresceram 3,64%, em relação a 2005. Na comparação com 2003, o acréscimo foi de 5,25%. Nos dois períodos de comparação, os acréscimos na RMRJ superaram apenas os de Porto Alegre.

Rendimento mensal habitualmente Recebido pelas pessoas de 10 anos ou mais de idade

R$/mês Taxa de Variação (%) Regiões

2003 2005 2006 2006/2005 2006/ 2003

Total das áreas - PME 990,38 1.002,66 1.045,75 4,30 5,59 Recife 692,04 710,35 750,98 5,72 8,52 Salvador 757,18 777,11 815,37 4,92 7,69 Belo Horizonte 873,45 900,9 938,12 4,13 7,40 Rio de Janeiro 939,81 954,35 989,13 3,64 5,25 São Paulo 1.129,41 1.140,28 1.199,51 5,19 6,21 Porto Alegre 962,96 964,48 998,63 3,54 3,70

De acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados

(CAGED), do Ministério do Trabalho, no Estado do Rio de Janeiro, o emprego formal cresceu 4,52%, em 2006. Foram criados liquidamente 116.158 postos de trabalho. A maior taxa de crescimento foi registrada pela construção, que teve aumento de 13,56%. A segunda maior foi a do comércio, com 4,59%. Na indústria de transformação, a taxa de crescimento foi de 3,94% e no setor de serviços, 3,93%. A cidade do Rio de Janeiro

Page 71: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

71

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

respondeu por metade das posições criadas em 2006, registrando acréscimo de 3,94% no nível de emprego. Na comparação com as demais unidades da federação, a taxa de crescimento do emprego formal no Estado do Rio de Janeiro ocupou a 15ª posição em 2006.

Em pesquisa realizada no Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (CAGED), constata-se que a regionalização do Estado do Rio de Janeiro feita pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) difere daquela adotada pela PME do IBGE. O objetivo da análise que ora apresentamos é comparar o desempenho do emprego formal das diversas regiões e do próprio município de Carapebus. Primeiramente, devem ser listados quais municípios pertencem a essas regiões diferenciadas do CAGED/MTE; a saber:

Região CAGED Municípios que dela fazem parte

Bacia de São João Casimiro de Abreu, Rio das Ostras e Sumidouro Baía da Ilha Grande Angra dos Reis e Paraty Barra do Piraí Barra do Piraí, Rio das Flores e Valença Campos dos Goytacazes

Campos dos Goytacazes, Cardoso Moreira, São Fidélis, São Francisco de Itabapoana e São João da Barra

Cantagalo-Cordeiro Cantagalo, Carmo, Cordeiro e Macuco Itaguaí Itaguaí , Mangaratiba e Seropédica

Itaperuna Bom Jesus do Itabapoana, Italva, Itaperuna, Laje do Muriaé, Natividade, Porciúncula e Varre-Sai

Lagos Araruama, Armação dos Búzios, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia e Saquarema

Macacu-Caceribu Cachoeiras de Macacu e Rio Bonito Macaé Carapebus, Conceição de Macabu, Macaé e Quissamã Nova Friburgo Bom Jardim, Duas Barras, Nova Friburgo e Sumidouro

Rio de Janeiro Belford Roxo, Duque de Caxias, Guapimirim, Itaboraí, Japeri, Magé, Maricá, Mesquita, Nilópolis, Niterói, Nova Iguaçu, Queimados, Rio de Janeiro, São Gonçalo, São João de Meriti e Tanguá

Santa Maria Madalena Santa Maria Madalena, São Sebastião do Alto e Trajano de Morais Serrana Petrópolis, São José do Vale do Rio Preto e Teresópolis

Três Rios Areal, Comendador Levy Gasparian, Paraíba do Sul, Sapucaia e Três Rios

Vale do Paraíba Barra Mansa, Itatiaia, Pinheiral, Piraí, Porto Real, Quatis, Resende, Rio Claro e Volta Redonda

Vassouras Engenheiro Paulo de Frontin, Mendes, Miguel Pereira, Paracambi, Paty do Alferes e Vassouras

Procedeu-se a uma análise da evolução do emprego formal no período de janeiro

de 2001 ao mesmo mês de 2007 e pode ser verificado na tabela a seguir que algumas dessas regiões apresentaram dinamismo no emprego formal nos últimos seis anos, algumas com surpreendentes resultados. Outras, entretanto, apresentaram desequilíbrio entre seu grau de participação no total da população do Estado e o mesmo grau no número de vagas em 1º de janeiro de 2007 e estão destacadas em laranja na tabela a seguir. Vale salientar que somente a capital responde por 56,7% dos postos de trabalho formais em toda a unidade da federação.

Page 72: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

72

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Fonte: Tabulação própria feita a partir dos dados do CAGED de cada município fluminense

Como já mencionado, Carapebus pertence à Micro-Região de Macaé, que

abrange, também, Conceição de Macabu, Macaé e Quissamã, totalizando 1,3% da população do Estado do Rio de Janeiro. O município teve um crescimento populacional da ordem de 17,6% entre 1º de julho de 2001 e a mesma data de 2006, quando atingiu 10.389 habitantes, o que representa 5,0% do contingente populacional de sua Micro-Região. Com relação ao nível de emprego formal, sua evolução e sua participação no número de empregos formais na Micro-Região encontram-se na tabela que segue:

Período: Jan de 2001 a Jan de 2007

Município Micro Região Movimentação qtde % qtde Admissões 1º Emprego 58 0,22 26.117 Reemprego 203 0,14 150.264 Transferência 1 0,06 1.583 Total 262 0,15 177.964 Desligamentos Demissões 197 0,13 146.378 Transferência 0 0 1.210 Aposentadoria, Invalidez e Morte 0 0 887 Total 197 0,13 148.475 Variação Absoluta 65 29.489 Variação Relativa 8,41 % 62,93 % Número de empregos formais 1º Janeiro de 2007 209 0,26 80.698 Total de Estabelecimentos Janeiro de 2007 165 2,2 7.491 Fonte: CAGED, disponível em http://perfildomunicipio.datamec.com.br

Região

Nº de empregos formais em 1º Janeiro

2001

Admissões Desligamentos Variação absoluta

Nº de empregos formais em 1º Janeiro

2007

Variação 2007/2001

% da população no Estado

em 01/07/06 (IBGE)

% dos empregos formais no

Estado (em 01/01/07)

Macacu-Caceribu 8.838 87.972 70.126 17.846 26.684 202% 0,7% 1,0%Itaguaí 18.915 60.213 43.754 16.459 35.374 87% 1,3% 1,3%Baía da Ilha Grande 18.402 70.949 59.165 11.784 30.186 64% 1,2% 1,1%Bacia de São João 7.212 29.594 25.255 4.339 11.551 60% 0,7% 0,4%Macaé 51.209 177.964 148.475 29.489 80.698 58% 1,3% 3,0%Santo Antônio de Pádua 7.302 18.401 15.584 2.817 10.119 39% 0,8% 0,4%Nova Friburgo 34.274 87.923 76.675 11.248 45.522 33% 1,5% 1,7%Lagos 39.831 118.537 105.815 12.722 52.553 32% 3,1% 1,9%Três Rios 22.978 84.870 78.021 6.849 29.827 30% 1,0% 1,1%Itaperuna 17.483 35.718 31.064 4.654 22.137 27% 1,2% 0,8%Campos dos Goytacazes 64.837 163.213 146.828 16.385 81.222 25% 3,6% 3,0%Vassouras 14.932 32.352 28.848 3.504 18.436 23% 1,1% 0,7%Rio de Janeiro 1.678.359 4.409.019 4.047.930 361.089 2.039.448 22% 74,3% 75,3%Barra do Piraí 18.940 44.040 40.038 4.002 22.942 21% 1,1% 0,8%Serrana 67.054 168.314 154.929 13.385 80.439 20% 3,1% 3,0%Vale do Paraíba Fluminense 94.939 244.902 226.151 18.751 113.690 20% 4,4% 4,2%Cantagalo-Cordeiro 7.108 15.201 14.164 1.037 8.145 15% 0,4% 0,3%Santa Maria Madalena 1.308 2.743 2.886 (143) 1.165 -11% 0,2% 0,0%

Totais 2.173.921 5.851.925 5.315.708 536.217 2.710.138 25%

Page 73: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

73

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

À guisa de conclusão deste capítulo, salientamos que a oferta de ensino de boa qualidade é requisito para que se possa pensar em justiça social, dando condições para que os indivíduos possam competir em graus semelhantes de igualdade.

O problema da desigualdade racial e de gênero no Brasil é inegável e agudo. Também necessita ser abordado e solucionado. Uma redução efetiva de tais desigualdades ocorreria naturalmente dentro de um processo de qualificação do ensino básico público, responsável por mais de 80% das matrículas nesta fase. Esta certamente é uma empreitada muito mais ambiciosa que qualquer política assistencialista, pois age na raiz do problema e pode efetivamente resolvê-lo a médio prazo.

Nesse sentido, vale ressaltar a existência de uma correspondência significativa da demanda de trabalho entre os níveis de educação e as remunerações que as pessoas podem alcançar de acordo com a escolaridade. Isto pode ser visto principalmente quando se compara a série de 1992 a 2005 na tabela a seguir:

Fonte: Elaborado pelo IETS a partir dos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD/IBGE). Notas: 1 - A pesquisa não foi a campo em 1994 e 2000. 2 - A pesquisa reformulou os códigos de setores de atividades para o ano de 2002, assim a comparação com este ano não é a mais adequada. 3 - Valores expressos em reais de 2005.

Observa-se que, para todas as classes, o pico da renda real média ocorreu no

biênio 1997-1998, ocorrendo redução gradual desde então. As desigualdades de gênero e raça também são evidentes em toda a série. À medida que aumenta a escolaridade, a renda média sobe expressivamente em todos os anos, havendo, entretanto, desvantagem para aqueles que têm o 2º grau incompleto quando comparados com aqueles que tem o

1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005Sexo

Homem 1.064 973 1.313 1.366 1.295 1.407 1.273 1.233 1.188 1.118 1.092 1.114 Mulher 668 615 806 869 892 904 880 815 814 755 760 766

Raça Branco 1.132 1.042 1.383 1.498 1.416 1.514 1.341 1.331 1.266 1.210 1.167 1.240 Preto e Pardo 592 527 696 711 682 707 712 652 665 615 654 667

Idade 15-24 470 386 525 548 554 564 547 509 517 511 474 506 25-49 1.019 927 1.206 1.306 1.234 1.261 1.166 1.129 1.092 992 1.005 977 50 ou mais 1.052 1.000 1.416 1.310 1.365 1.636 1.467 1.331 1.252 1.223 1.150 1.285

Escolaridade 1º grau incompleto 511 436 580 588 583 598 578 532 532 492 490 509 1º grau completo 723 642 785 785 778 825 770 702 670 605 595 629 2º grau incompleto 742 618 741 770 725 778 687 626 586 583 588 571 2º grau completo 1.069 928 1.222 1.277 1.199 1.204 1.157 1.103 977 938 886 885 Superior incompleto ou mais 2.281 2.220 2.879 2.884 2.945 3.105 2.798 2.592 2.548 2.227 2.179 2.110

Posição na ocupação Empregado com carteira 987 850 1.034 1.087 1.066 1.118 1.047 992 981 934 912 918 Militar 1.237 1.003 1.459 1.482 1.489 1.692 1.641 1.864 1.570 1.789 1.483 1.563 Funcionário público 1.342 1.158 1.595 1.676 1.745 1.719 1.628 1.780 1.751 1.636 1.781 1.784 Empregado sem carteira 431 426 563 610 575 648 638 631 645 571 567 567 Conta própria 746 768 1.048 1.249 1.096 1.138 1.023 955 884 810 813 903 Empregador 2.360 2.839 4.033 3.881 4.214 4.014 4.065 3.450 3.208 2.910 2.651 2.821 Auto consumo - - - - - - - - - - - - Não remunerado - - - - - - - - - - - -

Setor de atividade 2Agricultura e extração 733 475 948 636 821 502 1.532 1.167 752 1.637 1.162 735 Administração pública 1.387 1.255 1.758 1.707 1.752 1.770 1.843 1.876 1.827 1.763 1.845 1.729 Construção civil 637 617 862 965 904 916 766 815 812 644 706 763 Serviços distributivos 912 857 1.117 1.141 1.109 1.184 1.137 1.000 832 781 796 830 Industria moderna 1.176 1.031 1.495 1.449 1.424 1.541 1.221 1.251 1.371 1.274 1.127 1.293 Serviços pessoais 560 480 655 731 709 689 709 638 641 599 602 616 Serviços produtivos 1.428 1.452 1.678 1.898 1.791 2.000 1.631 1.693 1.545 1.421 1.351 1.362 Saúde e educação 913 847 1.220 1.263 1.210 1.400 1.259 1.216 1.260 1.133 1.139 1.169 Serviços comunitários 873 836 1.024 932 1.088 1.312 879 1.163 958 868 684 991 Industria tradicional 790 633 913 1.067 918 1.090 1.006 781 808 707 731 690 Não especificado 2.125 923 1.069 1.214 1.079 1.046 1.367 1.343 - - - -

Renda real média do trabalho principal por características básicas no Rio de Janeiro metropolitano (pessoas com 15 anos ou mais)

Page 74: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

74

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

1º grau completo. Empregadores, militares e funcionários públicos são os que percebem maior renda média. Já os empregados sem carteira apresentam o menor rendimento por todo o período, sujeitos, ainda, a todas as mazelas da informalidade.

Segurança Pública O Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, em parceria com a Fundação

Getúlio Vargas, lançou em 2006 um projeto cuja finalidade é abordar temas sobre a realidade de nosso Estado. Visando a contribuir para maior eficácia na elaboração de políticas públicas no Estado, caso da segurança pública. Denominado “O Investimento Público e a Efetividade das Ações Estatais na Segurança”, o texto integral encontra-se disponível no sítio do TCE-RJ.

Apesar das análises terem caráter exploratório, nada impede que sejam usadas como ponto de partida para estudos mais profundos e como orientação para políticas mais urgentes na área de segurança, as quais se encontram no centro da agenda pública do estado e do país.

A falta de recursos para o aparelhamento das polícias e demais instituições de segurança pública é um dos fatores que ganham contornos concretos quando nos detemos sobre a execução orçamentária do Governo do Estado do Rio de Janeiro. Entre janeiro de 2003 e junho de 2006, em média, ela absorveu 12,6% dos gastos totais do Estado, fatia inferior apenas àquelas inscritas nas rubricas Encargos Especiais e Educação. Mas, quando se analisa a distribuição de gastos, confirma-se que os recursos se mostram insuficientes para fazer frente às necessidades de investimento e custeio. Dos recursos públicos estaduais destinados à área, em média, mais de 30% se destinam ao Fundo Único da Previdência Social e mais de 40% aos gastos com pessoal da ativa e seus respectivos encargos. Por outro lado, só 3,25% costumam ser direcionados para o policiamento propriamente dito, sugerindo um desequilíbrio entre o que é gasto nas atividades meio e o que é gasto nas atividades fim de segurança pública.

Para cumprir os objetivos da pesquisa foram realizadas entrevistas com diferentes gestores de instituições ligadas à Segurança Pública do Estado: Polícia Militar, Polícia Civil e Sistema Prisional.

A ausência de planejamento e de critérios de gestão sobre questões orçamentárias mostrou-se objeto de grande preocupação para significativa parcela dos profissionais entrevistados. Os discursos acerca desses problemas apontam para déficits de eficácia na ação empreendida pelo Estado no campo da segurança, visto que o planejamento, em especial o do sistema orçamentário, é premissa para uma boa execução de políticas públicas. A elaboração do orçamento viria sendo executada com base no que foi feito em anos anteriores, sem a preocupação com os aumentos de custos registrados no período, nem com o estabelecimento de um elo entre receitas, despesas e objetivos de longo prazo para a segurança pública. Sem contar que diversos fatores exteriores às organizações (crises, cobranças da opinião pública, julgamentos morais, adequação ao sistema legal) interferem no seu cotidiano mostrando que a necessidade de antecipação às contingências é essencial para sua eficácia. Nesse sentido, a adoção de instrumentos gerenciais eficazes será fundamental para o sucesso de qualquer política no setor.

Page 75: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

75

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Sem o respaldo de critérios previamente definidos, os entrevistados ressaltam a dificuldade em se estabelecer o planejamento orçamentário e sua execução. Dentre as deficiências relatadas, estão a improvisação constante, o excesso de burocracia e a falta de comunicação no interior da organização (Polícia Militar ou Civil), e entre as organizações de uma maneira em geral (Polícias, Sistema Penitenciário, Executivo etc.).

Haveria um conflito entre os critérios técnicos e políticos na construção do orçamento das instituições da área de segurança pública. Há forte influência política na definição de prioridades, o que levaria questões fundamentais a receberem tratamento apenas superficial, comprometendo a própria subsistência das instituições ligadas ao setor. Cortes de verbas, por exemplo, seriam realizados com o intuito de economizar recursos que poderiam ser empregados em programas de maior visibilidade, gerando problemas concretos como a ameaça de suspensão de contratos por parte de fornecedores, entre outros. Isso, afirmam os entrevistados, faz com que investimentos sejam decididos sem o necessário acompanhamento do andamento do projeto e sem um planejamento financeiro para a sua manutenção. Ou seja, a interferência política estimula o descasamento entre o recurso aplicado e seus desdobramentos, ou entre o investimento e o custeio, salvo quando o projeto em questão ganha legitimidade na sociedade civil. A dependência em relação à Secretaria de Segurança também é apontada como um fator crítico para a condução das atividades. As questões de natureza política são vistas como um empecilho ao melhor funcionamento das instituições de segurança, criando até mesmo um tratamento não-isonômico para os profissionais da área.

As entrevistas trazem à tona uma série de questões capazes de comprometer a eficiência e a eficácia dos gastos em segurança pública realizados pelo Estado do Rio de Janeiro. Essas questões vão desde a percepção da predominância de um viés político na definição de prioridades até uma concentração excessiva de verbas no orçamento da Secretaria de Segurança Pública.

O terceiro elemento identificado a partir dos discursos dos gestores é representado pelo orçamento insuficiente e a execução precária que o acompanha. Dentre os fatores apontados pelos entrevistados como aqueles que mais dificultam a execução do orçamento encontra-se o contingenciamento, que atinge até mesmo materiais de consumo básicos das unidades, atrapalhando a continuidade dos trabalhos. Estabelecer-se-ia, então, uma situação de precariedade, levando o Estado a liberar verbas de forma reativa, quando algum problema emergencial ganha amplitude na opinião pública. O atraso de verbas compromete a execução de projetos, que acabam sendo executados apenas parcialmente.

Observam os entrevistados que faltam verbas para investimentos fundamentais como a compra e manutenção de viaturas. Outra questão importante apontada pelos entrevistados foi a necessidade de investimento para o sistema prisional que, segundo um deles, necessita de grande aporte de recursos. A percepção é de que não apenas os recursos destinados às instituições são insuficientes, mas também acabam sendo gastos de forma nem sempre mais adequada.

As instituições se propõem a realizar projetos que, depois, não recebem a dotação orçamentária esperada. O resultado é que os gastos se realizam de forma improvisada.

Page 76: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

76

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

A quarta categoria encontra-se voltada para um expediente usual, segundo os entrevistados, que é a utilização de sobras das despesas com alimentação (“rancho”) para custear outras atividades dos batalhões e unidades da PM, como combustível e manutenção. Tal fato reflete tanto a precariedade de verbas quanto a ausência de planejamento financeiro. Trata-se de recurso arraigado na polícia, que teria dificuldades em suspender a prática, justamente por não ter a capacitação técnica para o planejamento. Desvios de recursos de uma atividade para outra, como a verificada do rancho para atividades de policiamento, são resultado direto da falta de regularidade nos repasses de recursos. Problema que, conforme observado anteriormente, mostra-se decisivo para a diminuição da eficácia da atividade fim do setor de segurança.

Chega-se, por fim, à última categoria percebida nas entrevistas, a necessidade de melhor treinamento dos recursos humanos para lidar com as questões orçamentárias. A insegurança para lidar com tais questões mostrou-se generalizada entre os entrevistados, em função da ausência de um treinamento adequado na área financeira, ou seja, de qualquer preparo específico quando o profissional é designado para uma função que envolve orçamento. Eles explicitaram a demanda por pelo menos formação básica na área, reconhecendo que, em determinadas funções, o oficial passa a ter muito mais um papel de gestor do que de executor das decisões voltadas para a segurança pública.

Observam os entrevistados que há até algumas orientações práticas voltadas para a área, como a de que cada unidade ou batalhão se transforme em uma unidade orçamentária, mas essas orientações acabam por esbarrar no conteúdo inadequado que a abordagem do assunto recebe no Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais. Eles apontam a necessidade de reformulação de conteúdo e a extensão da disciplina orçamentária também para o Curso de Formação de Oficiais. Na ausência dessa formação, observa um dos participantes do estudo, os responsáveis pelo orçamento acabam por aprender com a prática, incorporando erros inerentes a esse tipo de improvisação.

A pesquisa deixa claro que a eficácia dos gastos na área de segurança pública do Rio de Janeiro passa essencialmente pela questão do planejamento e da execução orçamentária. Algumas soluções demandam ações mais complexas, e outras não. O fundamental, contudo, é que o conceito de estratégia seja incorporado não só ao dia-a-dia das instituições ligadas à área, mas à própria forma como o Estado aborda a questão da segurança pública no contexto das políticas sociais.

A Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), vinculada ao Ministério da Justiça, coordena o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) que identificou e definiu sete ações estruturantes de um adequado sistema de segurança pública. São elas:

1 - modernização organizacional; 2 - sistema de informações gerenciais; 3 - implementação e modernização da infra-estrutura; 4 - valorização profissional; 5 - prevenção; 6 - reaparelhamento; 7 - repressão classificada.

Page 77: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

77

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Distribuição Espacial dos Dados sobre Criminalidade Tomando por base os dados do Instituto de Segurança Pública - ISP, a análise da

criminalidade no Estado do Rio de Janeiro a partir da sua distribuição espacial teve por base as seguintes categorias de crimes: homicídio doloso, tentativa de homicídio, roubo, furto, latrocínio e tráfico de entorpecentes.

As taxas referentes aos homicídios dolosos, revelam que, no ano de 2002, o fenômeno apresentava incidência expressiva em seis das oito Regiões de Governo: Costa Verde, Metropolitana, Baixadas Litorâneas, Norte Fluminense, Centro-Sul Fluminense e Médio Paraíba. Nas duas regiões restantes, Serrana e Noroeste Fluminense, o fenômeno apresenta menor força no período. Ainda em 2002, as taxas mais elevadas de incidência do fenômeno se apresentaram nos municípios de Itaguaí, Itaboraí, Armação dos Búzios, Rio das Ostras e Macaé. No mesmo sentido, em 2004, destacam-se esses mesmos municípios, à exceção de Itaboraí, que apresentou redução em sua taxa.

Comparando os anos de 2002 e 2004, percebe-se uma desaceleração onde já se apresentava menor incidência (regiões Serrana e Noroeste Fluminense) e em três das Regiões de Governo onde apresentava maior incidência (Costa verde, Médio Paraíba e Centro-Sul Fluminense). A comparação entre os dois períodos revela ainda que o fenômeno se estabilizou em três das regiões onde sua incidência já era expressiva (Metropolitana, Baixadas Litorâneas e Norte Fluminense). Conclui-se assim que, pela base de dados do ISP, houve uma diminuição nos crimes de homicídio doloso no período entre 2002 e 2004. Por outro lado, dados de outras fontes sobre homicídios sugerem que sua incidência apresenta-se de forma crítica por quase todo o Estado.

Quanto aos crimes de roubo ocorridos no estado no ano de 2002, as taxas, segundo sua distribuição espacial, revelam uma incidência maior em quatro das oito Regiões de Governo: Médio Paraíba, Norte Fluminense, Metropolitana e Baixadas litorâneas, sendo que nas duas últimas o fenômeno é visivelmente mais expressivo. Os municípios com as taxas mais elevadas para os anos de 2002 e 2004 foram os mesmos: Rio de Janeiro, Nilópolis, Duque de Caxias e Niterói, todos pertencentes à Região Metropolitana do Estado. É importante destacar que as taxas referentes a essa modalidade criminosa são bastante elevadas, principalmente no município do Rio de Janeiro.

A distribuição espacial das taxas relativas aos crimes de furto revela um espalhamento do fenômeno por todo o Estado, com as taxas mais expressivas localizadas na Região das Baixadas Litorâneas. De uma forma geral, os valores das taxas referentes a esta modalidade criminosa são extremamente altos e bem mais críticos se comparados aos referentes aos crimes de roubo.Os municípios com as taxas mais elevadas no ano de 2002 foram Itatiaia, Mangaratiba, Saquarema, Iguaba Grande, Cabo Frio, Rio das Ostras e Armação dos Búzios. Em 2004, as taxas mais expressivas foram verificadas nos municípios de Paraty, Itatiaia, Resende, Niterói, São João da Barra, Maricá, Saquarema, Araruama, Iguaba Grande, Cabo Frio, Armação dos Búzios e Rio das Ostras. Tanto em 2002 quanto em 2004 observou-se a predominância dos municípios das Baixadas Litorâneas.

Verificou-se que, das seis categorias de crimes analisadas, os crimes de latrocínio são os de menor incidência no Estado. Nas Regiões Serrana e Norte

Page 78: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

78

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Fluminense, no ano de 2002, o fenômeno foi quase inexistente. Em 2004, esse aspecto é verificado nessas duas regiões e na Região da Costa Verde, sendo que na maior parte do Estado o fenômeno se estabilizou.

Os crimes de tráfico de drogas se apresentam de forma quase homogênea pelo Estado. Um exame sobre o banco de dados do Programa Disque-Denúncia do Estado do Rio de Janeiro, revela que o número de denúncias relativas aos crimes de tráfico e consumo de drogas e entorpecentes é extremamente elevado. No ano de 2002, os municípios com as taxas mais elevadas foram Paraty, Itatiaia, Itaguaí, Engenheiro Paulo de Frontin, Laje do Muriaé, Miracema, Macaé, Armação dos Búzios, Rio Bonito, Guapimirim e Niterói. No mesmo sentido, em 2004 os municípios com as taxas mais expressivas foram Paraty, Mangaratiba, Itaguaí, Piraí, Itatiaia, Quatis, Teresópolis, Aperibé, Miracema, Campos dos Goytacazes, Macaé, Rio das Ostras, Armação dos Búzios e Niterói.

Buscou-se verificar quais municípios do Estado do Rio, concentravam as taxas mais elevadas de criminalidade. Esse enfoque revelou que, em todo o Estado do Rio de Janeiro, no ano de 2004, 34 municípios apresentavam estatísticas de criminalidade críticas. Considerando que o estado é formado por 92 municípios, mais de um terço necessita de políticas de segurança diferenciadas.

Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania Foi lançada, na segunda metade de 2007, mais uma iniciativa no combate à

criminalidade no país. Desenvolvido pelo Ministério da Justiça 25, o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania - Pronasci, também conhecido como PAC da Segurança, articula as políticas de segurança pública com ações sociais, buscando priorizar a prevenção, o controle e a repressão da violência e será implementado por meios de ações integradas dos três níveis de governo, além do Ministério Público e Poder Judiciário.

Composto por 94 medidas, o Pronasci trabalhará com os seguintes objetivos:

• Modernização do sistema de segurança pública e valorização de seus profissionais e reestruturação do sistema prisional;

• Combate à corrupção policial, ao crime organizado, ao controle de armas e munições;

• Promoção dos direitos humanos, considerando as questões de gênero, étnicas, raciais, de orientação sexual e diversidade cultural;

• Ressocialização de jovens com penas restritivas de liberdade e egressos do sistema prisional;

• Inclusão do jovem em situação infracional ou criminal nas políticas sociais do governo;

• Recuperação de espaços públicos degradados por meio de medidas de urbanização.

25 - Disponível no sítio www.justica.gov.br/pronasci. Acesso em 22/08/07.

Page 79: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

79

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Com um investimento de R$ 6,7 bilhões até 2012 o programa atenderá inicialmente 11 regiões metropolitanas que, segundo dados do Ministério da Justiça, têm os mais altos índices de violência do país, são elas: Belém, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Maceió, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Vitória. Do total de recursos previstos, R$ 483 milhões serão aplicados já em 2007.

Além dos funcionários do sistema de segurança pública, o Pronasci está voltado também para jovens de 15 a 29 anos à beira da criminalidade, como também aqueles que se encontram ou já estiveram em conflito com a lei. Inclui, ainda, os reservistas, atrativos ao crime organizado em função de seu aprendizado do manejo de armas durante o serviço militar.

A execução do programa se dará por meio de mobilizações comunitárias e policiais e começará a partir da instalação dos Gabinetes de Gestão Integrada Municipais - GGIM. No Rio de Janeiro, além da capital, os municípios de Belford Roxo, Duque de Caxias, Nilópolis, Nova Iguaçu, Queimados e São Gonçalo, serão os primeiros a receberem os benefícios.

Espera-se que os resultados tragam uma gestão integrada de segurança pública cidadã, um espaço público saudável e a valorização da vida com a redução da criminalidade em geral.

Page 80: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

80

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

IV - INDICADORES ECONÔMICOS

Introdução Uma das melhores notícias para a economia do Estado do Rio de Janeiro em 2006

foi o anúncio da implantação do Comperj – Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro 26, maior projeto individual da história da Petrobras e um dos maiores empreendimentos do setor petroquímico no mundo.

Previsto para entrar em operação em 2012, é fruto de parceria da Petrobras com o grupo Ultra e o BNDES e está sendo considerada a principal iniciativa brasileira para aumentar a capacidade de refino de petróleo pesado da bacia de Campos.

Com tecnologia de ponta, o Comperj deverá fabricar produtos petroquímicos básicos e derivados. Sua estrutura será formada por três gerações, sendo a primeira responsável pela produção de produtos petroquímicos básicos (eteno, benzeno, propeno, paraxileno, além de derivados como diesel, nafta e coque) e, a segunda, pela transformação destes produtos básicos em resinas termoplásticas (estireno, etileno-glicol, polipropileno, PTA/PET e outras). A expectativa da Petrobrás é de que sejam instaladas cerca de oito fábricas de segunda geração além de sua própria unidade. Já as indústrias de terceira geração, a serem atraídas pelo Complexo, serão responsáveis por transformar esses produtos petroquímicos em bens de consumo, tais como garrafas de plástico, tecidos, tintas, fibras, componentes para automóveis, aviões e eletrodomésticos etc. Haverá, ainda, uma Central de Utilidades responsável pelo fornecimento de água, vapor e energia elétrica necessários para a operação de todo o Complexo.

Com um investimento de aproximadamente US$ 8,3 bilhões, estima-se que o Comperj terá capacidade para processar 150 mil barris/dia de óleo pesado nacional, propiciando uma economia de mais de US$ 2 bilhões ao ano em divisas ao reduzir a importação de petróleo leve e derivados como a nafta e outros produtos petroquímicos. O Complexo será instalado em um terreno de 45 milhões de metros quadrados, em área antes considerada rural, e deverá gerar mais de 200 mil empregos diretos e indiretos durante a fase de construção. Espera-se, ainda, que sejam incorporados mais 50 mil empregos diretos e indiretos na fase da operação.

Segundo os estudos técnicos desenvolvidos pela Petrobras, a região escolhida foi apontada como a mais viável em termos econômicos, logísticos e socioambientais. Foram escolhidos os municípios de Itaboraí e São Gonçalo por estes apresentarem uma localização estratégica em área com infra-estrutura portuária - terminais de Angra dos Reis, Ilha d’Água e Ilha Redonda (estes últimos localizados na baía de Guanabara), dutoviária e rodo-ferroviária, assim como está próxima do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento – CENPES, na Ilha do Fundão, e pode propiciar sinergia com a refinaria de Duque de Caxias e a Rio Polímeros e outras indústrias petroquímicas, possibilitando um investimento total menor.

Em Itaboraí será instalada a unidade de produção de petroquímicos básicos. O crescimento urbano do município foi reavaliado e, com o fluxo migratório que deverá

26 - Para maiores informações, consulte o sítio www.comperj.com.br.

Page 81: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

81

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

ocorrer, serão necessárias grandes modificações na infra-estrutura da cidade, que deverá ter o apoio do Governo do Estado e do Governo Federal.

Em São Gonçalo serão instalados a Central de Escoamento da produção e o Centro de Integração. Este último irá capacitar empresas e indústrias locais para o fornecimento de produtos e serviços, além de gerar a maior parte da mão-de-obra tanto para a fase de construção quanto para a operação do Comperj.

As prefeituras de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Guapimirim e Magé, no entorno da baía de Guanabara, mais as de Tanguá, Maricá, Rio Bonito, Silva Jardim, Cachoeiras de Macacu e Casimiro de Abreu formaram o consórcio Conleste para definir estratégia e atuação conjuntas diante dos possíveis impactos sociais decorrentes da implantação do Complexo. Deverão ser instalados centros de capacitação profissional oferecendo 78 tipos de cursos, todos gratuitos, sendo 78% em nível básico, 21% em nível técnico e 1% em nível superior.

Outros investimentos que não são de responsabilidade da Petrobras devem ocorrer de forma concomitante à implantação do Complexo, sob risco de prejudicar toda a região metropolitana do Estado. São eles: o Arco Rodoviário com 145 quilômetros de extensão ligando o município de Itaboraí ao Porto de Sepetiba; a implantação do Veículo Leve sobre Trilhos – VLT, entre Niterói e Itaboraí, aproveitando a malha ferroviária existente; e a criação de um terminal hidroviário em São Gonçalo.

O impacto social e econômico que surgirá durante e após a implantação do Comperj é a grande preocupação mostrada pelos municípios integrantes do consórcio; pois, se por um lado trará desenvolvimento com responsabilidade socioambiental, atração de investimentos para pequenas e médias empresas, geração de empregos e melhoria da qualidade de vida dos moradores dos municípios; por outro, questões como saneamento básico, trânsito, especulação imobiliária e explosão demográfica desordenada com previsível processo da favelização são bastante inquietantes.

Durante os cinco anos de construção do Complexo, advirão demandas expressivas de prestação de serviços de saúde, educação, assistência social e habitação. Após esse período, é provável que parte dos 200 mil empregados seja aproveitada na operação, mas a grande maioria ficará sem emprego, o que demandará uma ação coordenada e planejada para realocação desse contingente, sob pena de agravamento de problemas de ordem social.

Por ser um empreendimento de tamanho porte e com tantos desafios a serem enfrentados, o Complexo exigirá uma convergência de esforços de toda a sociedade com ações pró-ativas, antecipando as demandas e minimizando os impactos negativos em todo o Estado.

Na publicação Decisão Rio Investimentos 2006-2008 27, o Sistema FIRJAN apresenta os investimentos anunciados para esse período, coletados até o mês de julho de 2006, que totalizam R$69,5 bilhões. Somente em infra-estrutura, o total previsto soma R$11,6 bilhões.

27 - Disponível em http://www.firjan.org.br/notas/media/DecisaoRio_b.pdf. Acesso em 14/08/2007.

Page 82: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

82

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Os investimentos industriais alcançam a cifra de R$52,5 bilhões, sendo R$32,8 bilhões pela Petrobras e R$19,7 bilhões pela indústria de transformação. A estatal de energia, além do COMPERJ, fará investimentos na construção de plataformas de petróleo; exploração e descoberta de novos campos; encomenda de navios; na área de gás natural, energia, refino (modernização da Reduc) e distribuição.

Já a indústria de transformação tem entre seus principais projetos a construção de quatro novas usinas: Companhia Siderúrgica do Atlântico - CSA, parceria entre a Thyssen Krupp e a Vale do Rio Doce, com investimentos de US$3 bilhões; a implantação de uma nova usina da CSN com dois altos-fornos para produção de aço em uma área no Porto de Itaguaí, com investimentos da ordem de US$3,6 bilhões; a nova usina do Grupo Votorantim a ser construída em Resende, com investimentos que totalizam cerca de R$1 bilhão; e a implantação de uma nova usina do Grupo Gerdau em Santa Cruz, com investimentos previstos de R$930 milhões, bem como a ampliação da Cosigua, pertencente ao mesmo grupo, com investimentos da ordem de R$ 480 milhões.

O município de Itaguaí também receberá investimentos significativos em função das obras que serão realizadas no porto pela CSA, a reforma do Terminal de Carvão pela CSN, a expansão do Terminal de Contêineres e a implantação do Terminal de Grãos.

Some-se a essas cifras R$1,6 bilhão em expansão dos estaleiros para atender à demanda prevista das encomendas da Petrobras e de armadores da iniciativa privada. Outros investimentos da indústria de transformação estão relacionados aos da borracha (R$600 milhões); da indústria automobilística (R$1,0 bilhão); e de transformação plástica (R$243 milhões).

No que se refere ao turismo, os investimentos previstos somam R$4,1 bilhões, sendo R$3,3 bilhões em infraestrutura de apoio para os jogos Pan Americanos. A publicação destaca, também, os setores têxtil e de confecções, da agro-indústria, de rochas ornamentais, da tecnologia da informação e da “indústria criativa” – pesquisa e desenvolvimento, cultura e entretenimento.

O maior empreendimento mapeado pela Firjan para a Região Norte Fluminense é a implantação, pelo Grupo EBX, do que está sendo chamado Complexo Logístico Integrado do Norte Fluminense no porto de Açu. O projeto 28 se destina a escoar até 26,5 milhões de toneladas de minério de ferro, transportadas por meio de um mineroduto com mais de 500km de extensão entre Minas Gerais e o porto localizado em São João da Barra. O Complexo permitirá a atracação de navios de até 250 mil toneladas e sua retroárea está projetada para abrigar um complexo siderúrgico, uma usina termoelétrica, até 4 usinas de pelotização de minério, além de áreas para tancagem de granéis líquidos. Estará ligado à rodovia BR-101 por via asfaltada e à malha da Ferrovia Centro Atlântica por meio de um ramal com 45km de extensão.

Por outro lado, já em 2007, as prefeituras de Campos dos Goytacazes e Quissamã firmaram convênio com o Governo do Estado para implantação do Complexo Logístico e Industrial de Barra do Furado, no canal das Flechas situado no limite dos dois municípios. O projeto terá, ainda, um estaleiro e um porto, num investimento previsto de R$210 milhões.

28 - De acordo com dados do próprio Grupo EBX, disponível em http://www.mmx.com.br/web/pt/sistemas/minas-rio/index.html. Acesso em 14/08/2007.

Page 83: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

83

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Economia Fluminense em 2006 A medida síntese do desempenho de uma economia, o produto interno bruto, é

calculada simultaneamente para todos os estados brasileiros pelo IBGE. Os resultados destes cálculos, entretanto, são divulgados com aproximadamente um ano e meio de defasagem. Desse modo, a estimativa oficial do PIB do Rio de Janeiro, bem como as dos demais estados, referente ao ano de 2006, somente será conhecida no segundo semestre de 2008. Nesse meio tempo, recorrendo a indicadores de atividade já publicados, é possível antecipar, com razoável margem de acerto, a estimativa oficial.

Cálculos preliminares realizados pela FGV indicam que, em 2006, o PIB fluminense cresceu 3,59%, taxa quase três pontos de percentagem inferior à estimada para 2005, de 6,42%. Boa parte da desaceleração se explica pelo crescimento mais lento da atividade de extração de petróleo e gás que, de acordo com o IBGE respondia, em 2004, por 28,2% de todos os bens e serviços produzidos no Estado do Rio de Janeiro. Com a desaceleração, a economia fluminense, em 2006, cresceu em linha com a brasileira, convergência pouco freqüente. Em valores monetários, o PIB do Estado do Rio de Janeiro, referente a 2006, foi estimado em R$ 292.737 milhões, o equivalente a 12,6% do PIB nacional.

Nas próximas páginas serão apresentados e comentados os resultados de duas importantes atividades econômicas desenvolvidas no Estado: indústria (extrativa e de transformação) e comércio varejista. Somadas, as duas atividades correspondem à metade do PIB fluminense. Em seguida, serão reunidas e consolidadas informações disponíveis sobre a agricultura, serviços, administração pública e demais setores que formam a economia do Rio de Janeiro. Conjugadas, estas informações compõem a estimativa preliminar de 3,59% para o crescimento do PIB do Estado, em 2006. A participação de cada atividade no PIB é fornecida pelo IBGE, em seu site, na seção relativa a Contas Regionais. O último dado divulgado, usado nesta estimativa, se refere ao ano de 2004.

Produção Industrial A indústria fluminense cresceu 1,91%, em 2006, na comparação com o ano

anterior, de acordo com a Pesquisa Industrial Regional do IBGE. Em 2005, a indústria estadual havia crescido 2,03%. Embora os resultados anuais pouco divirjam, sendo a taxa de 2006 somente 0,12 ponto percentual inferior à de 2005, as trajetórias se opõem. Ao longo de 2005, como se vê no gráfico a seguir, as taxas apresentaram evolução crescente, passando de 0,89%, no primeiro trimestre, para 3,40%, no quarto, em relação a igual período do ano anterior. Em 2006, após alcançar 5,07%, nos três primeiros meses do ano, a expansão da atividade industrial cedeu e terminou o ano em 0,11%. A trajetória de desaceleração também contrasta com o resultado da indústria em âmbito nacional, que, apesar de ter registrado recuo de 0,27 ponto percentual em relação a 2005, ganhou impulso durante o segundo semestre de 2006.

Page 84: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

84

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Produção industrial do Estado do Rio de Janeiro e Brasil

3,40

2,101,66

0,890,11

1,06

1,71

5,07

3,192,78

0,87

4,60

0

1

2

3

4

5

6

I TRIM II TRIM III TRIM IV TRIM

RJ 2005 RJ 2006 BR 2006

%

Fonte: IBGE Nota: Variações percentuais em relação a igual trimestre do ano anterior.

A taxa de crescimento da indústria fluminense, em 2006, de 1,91%, foi 0,91 ponto percentual inferior à média brasileira, de 2,82%. Este ordenamento, em que o Rio de Janeiro situa-se aquém da média nacional, repetiu-se pelo quarto ano consecutivo. Nesses quatro anos, enquanto a indústria do país como um todo cresceu 14,87%, a do Rio de Janeiro avançou 5,42%. O gráfico a seguir ilustra a comparação.

Indústria geral, Estado do Rio de Janeiro e Brasil

2,823,09

8,30

0,05

2,731,912,032,44

-1,03

12,35

-3

0

3

6

9

12

15

2002 2003 2004 2005 2006

BR RJ

%

Fonte: IBGE Nota: Variações percentuais em relação ao ano anterior

Page 85: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

85

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

A contribuição das atividades extrativa e de transformação corresponde à multiplicação entre a taxa de crescimento de cada uma e o peso que esta tem na formação da taxa final. Em 2006, o crescimento da indústria fluminense foi igualmente influenciado pelas duas atividades. A equivalência resulta do aumento quase cinco vezes maior do volume produzido pela indústria extrativa, combinado a um peso mais de quatro vezes menor, no contexto da Pesquisa Industrial Regional do IBGE.

Comparações Inter-regionais O Rio de Janeiro apresentou desempenho industrial mais destacado que

Amazonas, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, ocupando a nona posição entre os 13 estados participantes da pesquisa. O Amazonas, que em 2005 havia liderado o crescimento industrial, registrou, em 2006, o desempenho mais fraco entre os 13 estados pesquisados, com taxa de -2,23%. A inversão se explica, predominantemente, pela retração de 12,79% na produção de material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicação, segmento que responde por fração expressiva da produção amazonense, mas tem escassa participação na estrutura industrial do Rio de Janeiro.

O Rio Grande do Sul e o Paraná também registraram taxas negativas de crescimento industrial em 2006: -1,98% e -1,59%, respectivamente. No primeiro Estado, a crise do agronegócio ainda se refletiu sobre o segmento de máquinas e equipamentos, cuja produção foi 16,28% inferior à de 2005. Adicionalmente, o complexo coureiro-calçadista, expoente da economia gaúcha, acusou recuo de 8,91% no volume manufaturado. No segundo Estado, a produção de veículos automotores sofreu redução de 20,48%. A economia catarinense, ao contrário dos estados vizinhos, registrou taxa positiva, mas inferior à fluminense. O fraco desempenho teve a influência contracionista dos setores madeireiro e de vestuário.

Os resultados da indústria do Rio de Janeiro, em 2006, foram inferiores aos dos outros três estados da região Sudeste, em particular o Espírito Santo, que cresceu 7,61%. Assim como a fluminense, a economia capixaba tem na atividade extrativa o seu principal vetor de crescimento. A diferença é que, enquanto no Rio de Janeiro a atividade é formada quase que exclusivamente por petróleo e gás natural, no Espírito Santo o foco é o minério de ferro. A indústria paulista, a mais diversificada do país, cresceu 3,19%, resultado de expansões em 17 das 20 atividades pesquisadas. Em termos de contribuição ao resultado final, cabe destacar a produção de máquinas para escritório e equipamentos de informática, com aumento de 48,54%, em relação a 2005. Em Minas Gerais, a taxa de 4,53% refletiu os aumentos de 8,81% na atividade extrativa e de 10,56% na produção de veículos automotores.

O Rio de Janeiro também não acompanhou os três estados da região Nordeste integrantes da pesquisa. Bahia, com crescimento de 3,18%, Pernambuco, com 4,84%, e Ceará, 8,24%, tiraram proveito, respectivamente, do avanço da produção de celulose, açúcar e têxteis, os dois primeiros alavancados pelas exportações. Por fim, o estado que melhor desempenho demonstrou em 2006 e que, por isso, mais se distanciou do Rio de Janeiro, superando-o em 12,32 pontos percentuais, foi o Pará. A integração das atividades extrativas, onde se destacam tanto os minérios de ferro quanto os de metais não ferrosos, com a metalurgia do alumínio garantiu 12,25 pontos percentuais dos 14,23% de crescimento assinalados pela indústria paraense.

Page 86: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

86

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Produção industrial em estados selecionados %

Locais 2005 2006 Aceleração(p.p.)

Diferença RJ (p.p.)*

BRASIL 3,09 2,82 -0,27 -0,91 Amazonas 11,78 -2,23 -14,01 4,14 Pará 3,81 14,23 10,43 -12,32 Ceará -1,56 8,24 9,79 -6,33 Pernambuco 2,92 4,84 1,92 -2,93 Bahia 4,26 3,18 -1,08 -1,27 Minas Gerais 6,33 4,53 -1,80 -2,62 Espírito Santo 1,39 7,61 6,22 -5,70 Rio de Janeiro 2,03 1,91 -0,12 ... São Paulo 3,70 3,17 -0,52 -1,26 Paraná 1,33 -1,59 -2,92 3,50 Santa Catarina 0,04 0,23 0,19 1,68 Rio Grande do Sul -3,55 -1,98 1,57 3,89 Goiás 3,23 2,41 -0,82 -0,50

Nota: Variações percentuais em relação ao ano anterior. *Diferença entre a taxa de crescimento do Rio de Janeiro e a de cada estado. Fonte: IBGE/DPE/Coordenação de Indústria

Indústria Extrativa Em 2006, a indústria extrativa fluminense, que praticamente se confunde com a

extração de petróleo e gás natural, registrou expansão de 5,03%. A taxa é quase dez pontos percentuais inferior à de 2005, de 14,99%, indicando forte desaceleração. No primeiro trimestre do ano, a produção ainda conservou o dinamismo de 2005, crescendo 17,54%. Nos trimestres seguintes, por força de paralisações nem sempre previstas, a taxa reduziu-se drasticamente, ensaiando, de forma tímida, um princípio de recuperação durante os meses finais do ano. O gráfico a seguir compara a evolução da indústria extrativa no Rio de Janeiro e no país com um todo. Mesmo levando em conta a influência que o Estado exerce sobre a média nacional, fator que justifica a semelhança entre as duas seqüências, a mineração teve desempenho superior à extração de petróleo, como atestam os resultados já mencionados de Minas Gerais, Espírito Santo e Pará. Esta segunda componente da atividade extrativa, mineração, explica porque as taxas nacionais foram superiores às estaduais.

Page 87: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

87

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Indicador de produção, indústria extrativa

-0,55

13,20

4,125,69

7,13

17,54

1,45

3,51

-4

0

4

8

12

16

20

I TRIM 2006 II TRIM 2006 III TRIM 2006 IV TRIM 2006

BR RJ

%

Fonte: IBGE Nota: Variações percentuais em relação a igual trimestre do ano anterior

Indústria de Transformação A indústria de transformação do Estado do Rio de Janeiro registrou crescimento de

1,18% em 2006. A taxa superou a referente a 2005, de -0,62%. Como já ressaltado, entretanto, a trajetória ao longo dos trimestres foi de desaceleração, começando com 2,30%, no primeiro trimestre, e terminando com -0,71%, no quarto. O gráfico a seguir compara as trajetórias fluminense e nacional da indústria de transformação em 2006. Esta, ao contrário da primeira, reagiu no segundo semestre.

Indústria de transformação, Rio de Janeiro e Brasil

2,982,62

0,69

4,13

-0,71

0,97

2,262,30

-1

0

1

2

3

4

5

I TRIM 2006 II TRIM 2006 III TRIM 2006 IV TRIM 2006

BR RJ

%

Fonte: IBGE Nota: Variações percentuais em relação a igual trimestre do ano anterior

Page 88: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

88

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Dos 12 setores componentes da indústria de transformação no Rio de Janeiro, apenas cinco registraram taxas positivas, contribuindo para o crescimento da produção manufatureira. No plano nacional, o crescimento, além de mais elevado, representado por uma taxa de 2,57%, resultou de uma difusão maior de expansões: 19 dos 26 setores cobertos pela pesquisa produziram mais em 2006 do que no ano anterior. A tabela a seguir apresenta as taxas de crescimento da indústria de transformação, segundo setores, e as respectivas contribuições para a formação do resultado geral, em âmbito nacional e para o Estado do Rio de Janeiro.

Produção da indústria de transformação, por setores, Brasil e Rio de Janeiro - 2006

Brasil Rio de Janeiro Setores Taxa de

crescimento (%)

Contribuição (p.p.)

Taxa de crescimento

(%)

Contribuição (p.p.)

INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO 2,57 2,57 1,18 1,18 Alimentos 1,81 0,23 11,04 1,03 Bebidas 7,08 0,23 5,10 0,39 Fumo 3,94 0,04 - - Têxtil 1,55 0,04 -7,44 -0,16 Vestuário e acessórios -5,11 -0,07 - - Calçados e artigos de couro -2,72 -0,04 - - Madeira -6,85 -0,08 - - Celulose, papel e produtos de papel 2,18 0,09 - - Edição, impressão e reprodução de gravações 1,73 0,08 10,17 0,89 Refino de petróleo e álcool 1,62 0,12 -2,45 -0,41 Farmacêutica 4,39 0,16 5,10 0,50 Perfumaria, sabões, detergentes e produtos de limpeza 1,96 0,03 -7,72 -0,18

Outros produtos químicos -0,90 -0,06 1,99 0,18 Borracha e plástico 2,15 0,08 -2,05 -0,06 Minerais não metálicos 2,57 0,10 -0,25 -0,02 Metalurgia básica 2,84 0,17 -4,62 -0,67 Produtos de metal - exclusive máquinas e equipamentos -1,28 -0,04 - -

Máquinas e equipamentos 4,00 0,26 - - Máquinas para escritório e equipamentos de informática 51,57 0,66 - -

Máquinas, aparelhos e materiais elétricos 8,71 0,25 - - Material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações 0,00 0,00 - -

Equip. de instrumentação médico-hospitalar, ópticos e outros 9,37 0,08 - -

Veículos automotores 1,28 0,12 -4,13 -0,30 Outros equipamentos de transporte 2,10 0,03 - - Mobiliário 8,43 0,09 - - Diversos -1,27 -0,01 - - Fonte: IBGE

Page 89: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

89

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Dos cinco setores que se expandiram no Rio de Janeiro, responsáveis por pouco mais de metade do valor produzido pela indústria de transformação fluminense, quatro apresentaram taxas superiores a 5%. Destes, o que registrou a maior contribuição individual, bem como a maior taxa de crescimento, foi a indústria de alimentos. O percentual de expansão deste setor no Rio de Janeiro, de 11,04%, superou por larga margem a média nacional, de 1,81%. Apesar do crescimento expressivo, a proporção ocupada pelo setor de alimentos fluminense na indústria do Estado é a mais baixa entre as 13 unidades da federação incluídas na pesquisa. No país, houve desempenhos ainda mais destacados que o da indústria de alimentos fluminense. No Pará, o setor cresceu 18,04% e no Espírito Santo, 12,53%. Em compensação, em Santa Catarina, onde o setor de alimentos é líder em participação na estrutura industrial, o resultado foi de -8,04%, reflexo das dificuldades enfrentadas pela avicultura e suinocultura em suas respectivas operações de exportação.

Dos demais quatro setores com taxas positivas de crescimento no Rio de Janeiro, três obtiveram aumentos mais expressivos do que as respectivas médias nacionais. Por ordem de contribuição ao resultado final aparecem: edição, impressão e reprodução de gravações, com crescimento de 10,17%, no Estado, ante 1,73% na média nacional; farmacêutica, com 5,10% contra 4,39% no país, e outros produtos químicos, com 1,99% contra -0,90%. Destas três, farmacêutica é aquela em que o Rio de Janeiro ocupa a posição de maior relevo no contexto nacional, atrás apenas das unidades sediadas em São Paulo que, em 2006, registraram crescimento de 3,14%. Destacou-se ainda no Rio de Janeiro a indústria de bebidas, que cresceu 5,10%, desempenho, todavia, superado pela média nacional, que registrou aumento de 7,08%.

Outros três setores, que somados representam pouco mais de um terço da indústria de transformação fluminense, apresentaram decréscimos em seus respectivos volumes de produção em 2006, ao mesmo tempo em que no plano nacional tais segmentos obtiveram resultados positivos. A queda que provocou a maior repercussão negativa sobre o resultado global da indústria foi a do setor de metalurgia básica. Este segmento, que compreende um leque amplo de produtos siderúrgicos, especialmente bobinas de aço e folhas de flandres, registrou variação de -4,62% no volume produzido em 2006. A média nacional foi de 2,84%. O gráfico a seguir compara o desempenho da metalurgia básica fluminense com os de outros cinco estados onde a atividade está instalada de forma representativa. Em todos, as taxas de crescimento superaram a do Rio de Janeiro, embora a comparação com Pará e Bahia seja menos pertinente pois nesses estados a atividade está voltada à metalurgia dos não ferrosos. A queda na produção fluminense pode ser em parte atribuída à paralisação de um alto forno da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), já reparado.

Page 90: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

90

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Metalurgia básica, produção em estados selecionados - 2006

2,712,844,298,049,69

22,92

-4,62-10

-5

0

5

10

15

20

25

Pará Bahia EspíritoSanto

SãoPaulo

Brasil MinasGerais

Rio deJaneiro

%

Fonte: IBGE

Nota: Variações percentuais em 2006, em relação a 2005

Seguem-se, pelo critério de magnitude do impacto negativo, o refino de petróleo e

álcool e a fabricação de veículos automotores. No primeiro caso, de seis estados onde a atividade de refino ocupa um papel de peso na indústria local, quatro cresceram, com Minas Gerais e Bahia registrando taxas ao redor de 5%. O Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul assinalaram recuos semelhantes, de 2,45% e 2,76%. No segundo, comparando-se os mesmo estados, o Rio de Janeiro ocupou a quarta posição. Registraram quedas de maior dimensão as indústrias automotivas da Bahia, com 6,41% de retração, e do Paraná, com 20,48%. A tabela a seguir apresenta as taxas de crescimento do volume produzido pelos dois setores nos seis estados selecionados.

Refino de petróleo e álcool e veículos automotores, produção em estados selecionados - 2006

Taxas de crescimento 2006-2005(%) Estados Refino de petróleo

e álcool Veículos

automotores

Brasil 1,62 1,28 Bahia 4,62 -6,41 Minas Gerais 5,33 10,56 Rio de Janeiro -2,45 -4,13 São Paulo 1,73 3,5 Paraná 1,17 -20,48 Rio Grande do Sul -2,76 7,07

Fonte: IBGE

Page 91: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

91

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

A diferença entre os resultados nacional e estadual também se deve a atividades que não estão presentes no Rio de Janeiro, como se observa na tabela 16. Das 26 abrangidas pela pesquisa, 14 não têm representação no Rio de Janeiro. Destas, oito contribuíram para o crescimento da indústria nacional, das quais vale destacar três: máquinas para escritório e equipamentos de informática, com taxa de 51,57%, máquinas, aparelhos e materiais elétricos, 8,71%, e máquinas e equipamentos, 4,00%. Os três setores reforçaram o desempenho da indústria de máquinas, contribuindo para a aceleração dos investimentos destinados ao aumento da capacidade produtiva do país.

Na indústria naval instalada no Rio de Janeiro, que não está representada no indicador conjuntural do IBGE, o emprego formal cresceu 0,9%, em 2006. O resultado contrasta fortemente com os de anos anteriores. Segundo o Ministério do Trabalho, depois de avançar a uma taxa média de 75% ao ano, de 2000 a 2003, fase em que o setor praticamente renasceu, o nível de emprego formal passou a se expandir entre 15% e 20% ao ano nos dois anos seguintes, praticamente estagnando-se em 2006.

Emprego formal na indústria naval

do Estado do Rio de Janeiro

Total % Brasil Crescimento (%)

2000 2.064 44,5 ... 2003 11.010 76,5 75,7* 2004 12.755 75,3 15,8 2005 15.079 78,1 18,2 2006 15.208 75,4 0,9

Fonte: MTE *Taxa anual média entre 2000 e 2003

Comércio Varejista O comércio varejista, um dos destaques da economia brasileira, em 2006, registrou

crescimento no volume de vendas de 6,08%, no Estado do Rio de Janeiro. A taxa é praticamente a mesma observada no conjunto do país, de 6,16%. No conceito de comércio varejista ampliado, que engloba outras duas atividades - veículos, motos, partes e peças e material para construção - o volume de vendas expandiu-se 5,98%, no Estado, e 6,45%, no país.

Na comparação com as outras unidades da federação, a taxa de crescimento do volume de vendas do comércio varejista do Rio de Janeiro ocupou a 17ª colocação, avançando cinco posições em relação a 2005. Na região Sudeste, o Rio de Janeiro superou São Paulo, por pouco mais de 0,30 ponto percentual, mas ficou atrás de Minas Gerais e Espírito Santo, ambos com taxas acima de 10%.

Page 92: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

92

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Taxas de crescimento do volume de vendas - comércio varejista, unidades da federação

% 2005 2006 Brasil 4,84 6,16 Roraima 8,89 30,13 Acre 21,40 27,46 Amapá 5,26 23,58 Alagoas 16,05 18,73 Tocantins 33,17 18,72 Maranhão 23,03 17,49 Amazonas 20,18 13,65 Piauí 22,24 10,35 Espírito Santo 11,24 10,35 Minas Gerais 3,96 10,26 Bahia 7,06 9,67 Rio Grande do Norte 23,59 9,58 Ceará 16,06 9,57 Paraíba 28,51 7,48 Distrito Federal 12,80 6,42 Pernambuco 14,00 6,23 Rio de Janeiro 4,13 6,08 Goiás 16,55 5,93 São Paulo 2,31 5,75 Pará 12,28 5,74 Sergipe 28,24 4,83 Santa Catarina 4,26 4,76 Mato Grosso do Sul 7,32 4,24 Rondônia 11,06 3,97 Paraná -0,97 2,92 Rio Grande do Sul -2,10 1,05 Mato Grosso 2,73 -9,93

Fonte: IBGE - Pesquisa Mensal de Comércio Das oito atividades que compõem o indicador de volume de vendas do comércio

varejista fluminense, cinco apresentaram crescimento. No plano nacional, foram sete as atividades em expansão. O resultado mais expressivo no Rio de Janeiro foi o do segmento de equipamentos para escritório, informática e comunicação, com 67,46% de aumento, após ter praticamente duplicado as vendas em 2005. A informatização das residências não é um fenômeno apenas fluminense. As taxas nacionais são bastante robustas, mas o ritmo com que o uso domiciliar dos computadores se dissemina no Estado é duas vezes maior do que na média do país. O Rio de Janeiro superou a marca nacional em outras três atividades: hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, o carro chefe do comércio varejista; livros, jornais, revistas e papelaria; e outros artigos de uso pessoal e doméstico.

Page 93: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

93

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Nos ramos de tecidos, vestuário e calçados; móveis e eletrodomésticos; e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, a redução das taxas de crescimento foi mais forte no Rio de Janeiro do que no conjunto das unidades da federação. A primeira e a terceira atividades chegaram a apresentar taxas negativas em 2006. O comércio varejista fluminense teve seu pior resultado setorial no ramo combustíveis e lubrificantes, cujas vendas se retraíram em 12,23%, após queda de 13,96%, em 2005. Na média nacional, esta foi também a atividade com o pior desempenho: queda de 8,04%, que se seguiu à diminuição de 7,36%, em 2005.

Volume de vendas do comércio varejista no Estado do Rio de Janeiro %

Rio de Janeiro Brasil Atividades 2005 2006 2005 2006

Combustíveis e Lubrificantes -13,96 -12,23 -7,36 -8,04 Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo 3,61 7,93 3,08 7,55

Hipermercados e Supermercados 1,84 8,04 2,14 7,70 Tecidos, vestuário e calçados 5,82 -0,08 5,86 1,94 Móveis e Eletrodomésticos 9,84 3,61 16,02 10,25Artigos Farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos 3,20 -5,78 6,07 3,73

Livros, jornais, revistas e papelaria -1,54 13,45 1,54 0,70 Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação 97,21 67,46 53,95 30,04

Outros Artigos de uso pessoal e doméstico 10,78 24,05 14,84 17,15Comércio Varejista 4,13 6,08 4,84 6,16 Comércio Varejista Ampliado --- 5,98 --- 6,45 Fonte: IBGE Nota: Variações percentuais em relação ao ano anterior. Estimativa do PIB do Estado do Rio de Janeiro A presente estimativa do PIB do Estado do Rio de Janeiro resulta da média

ponderada das taxas de crescimento de dez atividades: agropecuária, indústria extrativa, indústria de transformação, construção, serviços industriais de utilidade pública, comércio, comunicações, transportes, serviços e administração pública. Os pesos atribuídos a cada atividade são informados pelo IBGE, em sua publicação “Contas Regionais do Brasil”. No cálculo relativo ao ano de 2006, são utilizados os pesos referentes a 2004, informação mais recente da série divulgada pelo IBGE. Para cada atividade componente do PIB é utilizado um indicador do volume físico de produção, descrito a seguir. Para a indústria e o comércio, são usadas as taxas de crescimento obtidas pelas respectivas pesquisas setoriais, comentadas anteriormente.

Page 94: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

94

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Agropecuária A atividade agropecuária responde por 0,6% do PIB fluminense, a mais baixa

contribuição à economia local entre todos os estados brasileiros. A fração agropecuária fluminense só é maior do que a do Distrito Federal. Para estimar o desempenho do setor na economia estadual, foram selecionadas seis culturas, com valores de produção que se destacam em relação às demais. O valor da produção, levantado pelo IBGE em sua Pesquisa Agrícola Municipal (PAM), referente a 2004, última informação disponível, é usado como peso para se obter um indicador consolidado da atividade agrícola fluminense. O desempenho de cada lavoura em 2006 é obtido da pesquisa Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, também do IBGE.

A lavoura canavieira, principal atividade agrícola desenvolvida no Estado, ao contrário do que se verificou nos principais pólos produtores, sofreu uma retração de 9,72% no volume colhido. Das outras cinco lavouras selecionadas para representar a atividade agropecuária fluminense, quatro apresentaram pequenas oscilações, para mais ou para menos, com impactos praticamente desprezíveis sobre o resultado do indicador. O quinto produto, mandioca, registrou queda de produção de 11,63%. Consideradas as taxas de crescimento e o peso relativo destas seis lavouras, chega-se a um resultado consolidado de –4,64%, que será usado para fins de estimativa do PIB fluminense de 2006.

Produção agrícola no Estado do Rio de Janeiro Mil t

2005 2006 Variação (%) Peso (%) Contribuição (p.p.)

Cana de Açúcar 7.554,0 6.836,1 -9,72 36,49 -3,55 Tomate 211,9 212,6 0,33 29,27 0,10 Mandioca 173,3 153,1 -11,63 10,16 -1,18 Banana 161,8 161,4 -0,24 11,51 -0,03 Café 15,9 15,9 -0,04 6,65 0,00 Laranja 68,9 69,1 0,33 5,92 0,02 Indicador -4,64 100,00 -4,64

Fonte: Levantamento Sistemático da Produção Agrícola e Produção Agrícola Municipal - IBGE Indústria A atividade industrial, no contexto do cálculo do PIB fluminense, desdobra-se em

duas: extrativa e de transformação. As duas serão representadas pelos respectivos indicadores de produção física, levantados pelo IBGE em sua Pesquisa Industrial Regional, comentada anteriormente. Em 2006, as taxas de variação relativas aos dois setores no Estado do Rio de Janeiro foram: 5,03% e 1,18%.

Page 95: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

95

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Comércio A atividade comercial inclui varejo e atacado. Para efeito desta estimativa, dada a

inexistência de informações regionalizadas acerca da parcela atacadista, usa-se apenas o indicador de volume de vendas do comércio varejista, cuja taxa de crescimento em 2006, no Rio de Janeiro, foi de 6,08%.

Construção Em 2006, o valor adicionado pelo setor da construção registrou aumento real, isto

é, sem a influência dos preços, de 4,6%, considerando-se o país como um todo. O resultado representou importante recuperação, após crescimento de apenas 1,2%, em 2005. Um dos fatores que explicam a melhora de desempenho do setor é a ampliação das operações de crédito habitacional, de 22,6%, nos 12 meses encerrados em dezembro de 2006, impulsionadas por aumento na renda das famílias e redução nas taxas de juros. Uma conseqüência do maior dinamismo da atividade foi a elevação do nível de emprego. Segundo o CAGED, do Ministério do Trabalho, o emprego formal na construção cresceu em 2006, em todo o território nacional, o equivalente a 7,84%. No Rio de Janeiro, o emprego formal elevou-se 13,56%. Outra indicação da boa fase que a construção atravessa é o consumo de cimento. Segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC), o consumo do produto no Estado foi de 3.594.172 toneladas, com aumento de 12,02%, em relação a 2005. No plano nacional, verificou-se alta de 8,28%.

Para efeito de cálculo do PIB do Rio de Janeiro, será usado como indicador de crescimento do valor adicionado da construção a taxa de variação atribuída ao setor no PIB brasileiro, multiplicada pela razão entre as taxas de crescimento do emprego formal no Rio de Janeiro e no Brasil. Este procedimento pressupõe que a produtividade do trabalho seja a mesma, no Estado e no país, hipótese que se justifica pela disseminação de práticas semelhantes nas diversas regiões geográficas e amplo emprego de mão-de-obra pouco qualificada. Em termos numéricos, admite-se que cada ponto percentual de variação na mão-de-obra empregada leva à mesma variação do valor adicionado da construção no Rio de Janeiro e no Brasil. Vale dizer, a taxa estimada de crescimento da atividade no estado será de 8,33%.

Serviços Industriais de Utilidade Pública Esta atividade, identificada pela sigla SIUP, terá seu desempenho, no Rio de

Janeiro, representado pelo consumo dos seguintes itens: gás encanado, água e energia elétrica. O indicador resulta da média geométrica simples das três taxas de variação. A partir de dados da Fundação CIDE, apresentados na tabela a seguir, o valor adicionado deste setor no contexto fluminense registrou acréscimo de 2,8%, em 2006.

Page 96: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

96

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Consumo de energia elétrica, água e gás encanado no Rio de Janeiro

2005 2006 Var %

Consumo de energia elétrica (Gwh) 31.566 31.538 -0,1 Consumo de água (mil m3) 3.615.156 3.733.082 3,3 Consumo de gás encanado (mil m3) 596.505 628.573 5,4

Fonte: Fundação CIDE Comunicações No cálculo do PIB, o setor de comunicações é tradicionalmente representado pelo

número de pulsos telefônicos. Na ausência desta informação, optou-se por replicar para o Rio de Janeiro, a taxa de crescimento observada para o país, de 2,3%, segundo dados do IBGE.

Transportes O indicador usado para se estimar o desempenho regional deste setor é o

consumo de óleo diesel, uma vez que grande parte dos meios de transporte se utiliza deste combustível. Em 2006, segundo dados da ANP, as vendas de óleo diesel no Rio de Janeiro decresceram 6,85%, retrocedendo a níveis próximos aos de 2000. No plano nacional, também se verificou queda nas vendas, de 6,21%.

Vendas de óleo diesel, Rio de Janeiro e Brasil Mil m3

Brasil Rio de Janeiro Ano 1.000 m3 % a.a. 1.000 m3 % a.a.

2002 37.668 1,74 2.253 3,45 2003 36.853 -2,16 2.185 -3,04 2004 39.219 6,42 2.139 -2,08 2005 39.137 -0,21 2.189 2,30 2006 36.708 -6,21 2.039 -6,85

Fonte: ANP Serviços O setor de serviços, na presente estimativa, compreende a intermediação

financeira, as atividades imobiliárias e outros serviços, tais como alojamento e alimentação. O desempenho regional do setor é avaliado por meio da evolução do nível de emprego, combinado a um indicador de produtividade do trabalho. Em 2006, o nível de emprego formal no setor de serviços no Estado do Rio de Janeiro, segundo dados do CAGED do Ministério do Trabalho, elevou-se 3,93%, taxa um pouco inferior à do setor em termos nacionais, de 4,84%. Ao mesmo tempo, a taxa de crescimento do setor de serviços, no contexto do PIB brasileiro, segundo o IBGE, foi de 4,25%.

Combinando-se os percentuais de crescimento do valor adicionado e do emprego, obtém-se um coeficiente indicativo da evolução da produtividade do trabalho no setor. De

Page 97: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

97

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

acordo com este coeficiente, estimado com base nos parâmetros nacionais, cada ponto percentual de aumento no nível de emprego formal está associado a 0,88 ponto percentual de acréscimo da produção do setor de serviços. Considerando que o nível de produtividade do trabalho no setor de serviços é o mesmo no Estado e no país, como a taxa de crescimento do emprego neste segmento, no Rio de Janeiro, em 2006, foi de 3,93%, obtém-se como indicador do avanço do valor adicionado setorial a taxa de 3,35%.

Administração Pública Por convenção metodológica adotada pelo IBGE no cálculo das Contas Nacionais,

as taxas de variação do conjunto de atividades exercidas pelas administrações públicas, antes estimadas pelo crescimento populacional, são agora avaliadas pelo nível de emprego. Dessa forma, usando dados do Ministério do Trabalho (CAGED) de 2006, considerou-se para este setor, que representa aproximadamente 17,1% do PIB regional, um crescimento de 3,36% no Rio de Janeiro.

Consolidação da Estimativa do PIB A tabela abaixo sintetiza as informações relativas a esta estimativa preliminar para o

crescimento do PIB do Estado do Rio de Janeiro, em 2006. Na primeira coluna, aparecem as taxas de variação dos indicadores de cada uma das atividades componentes, relativas a 2006. Destacaram-se pelo bom desempenho a construção, o comércio e a indústria extrativa. Ao mesmo tempo, registraram perdas as atividades agropecuária e transportes. A segunda coluna relaciona os percentuais de participação de cada atividade no PIB. Estes dados, como já mencionado, são fornecidos pelo IBGE e referem-se a 2004. A indústria extrativa prosseguiu em franca expansão, tendo sua participação no PIB alcançado 28,2%. A terceira coluna combina multiplicativamente as informações das duas primeiras, apresentando, para cada atividade, a contribuição à formação da taxa de variação do PIB. Mais uma vez, evidencia-se o predomínio da indústria extrativa, responsável por quase a metade do crescimento da economia fluminense em 2006. Os serviços e a administração pública aparecem em seguida, com contribuições de 0,65 e 0,57 ponto percentual.

Síntese das contribuições setoriais ao crescimento do PIB fluminense - 2006

Setores Taxa de Crescimento (%)

Participação no PIB (%)

Contribuição (pontos percentuais)

Agropecuária -4,64 0,6 -0,03 Indústria Extrativa 5,03 28,2 1,42 Indústria de Transformação 1,17 17,3 0,20 Construção 8,33 5,8 0,48 SIUP 2,83 3,3 0,09 Comércio 6,08 4,6 0,28 Comunicações 2,3 1,9 0,04 Transportes -6,85 1,8 -0,12 Serviços 3,35 19,4 0,65 Administração Pública 3,36 17,1 0,57 Total (PIB) 3,59 100 3,59

Fonte: IBGE, Ministério do Trabalho, ANP, Fundação CIDE.

Page 98: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

98

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

A taxa de crescimento de 2006 foi quase três pontos percentuais inferior à de 2005, estimada em 6,42%29. A principal justificativa desta desaceleração foi o recuo da taxa de crescimento da indústria extrativa, de 14,98%, em 2005, para 5,03%, em 2006. Outro setor que contribuiu para a menor expansão foi a administração pública, cuja taxa de crescimento baixou de 7,50% para 3,36%. Estes recuos foram em parte compensados por acelerações nas atividades de construção, comércio e serviços. O gráfico a seguir compara as taxas de crescimento setoriais, em 2005 e 2006.

Taxas de crescimento das atividades componentes

do PIB do Estado do Rio de Janeiro

6,42

-3,42

14,98

-0,62

1,59

9,52

4,13

4,30

2,30

2,00

7,50

3,59

-4,64

5,03

1,17

8,33

2,83

6,08

2,30

-6,85

3,35

3,36

-10 -5 0 5 10 15 20

PIB

Agropecuária

Indústria Extrativ a

Indústria de Transformação

Construção

SIUP

Comércio

Comunicações

Transportes

Serv iços

Administração Pública

2005 2006

%

Fonte: IBGE, Ministério do Trabalho, ANP, Fundação CIDE

Os cálculos feitos para os anos de 2005 e 2006 podem ser encadeados aos dados

divulgados pelo IBGE, referentes ao período que vai de 2001 a 2004, combinando-se as taxas de crescimento físico a deflatores setoriais do PIB nacional, ponderados de acordo com a estrutura da economia fluminense. Através deste encadeamento chega-se ao valor estimado para o PIB do Estado de Rio de Janeiro, em 2006: R$ 292.737 milhões.

29 - A taxa de 2005 foi recalculada com base nas ponderações de 2004, sendo atualizada em relação à estimativa feita no início de 2006, com pesos de 2003. Houve ainda revisões nas taxas de crescimento das atividades serviços industriais de utilidade pública e administrações públicas, objeto do Relatório de Parecer Prévio das Contas de Governo de 2005.

Page 99: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

99

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Produto Interno Bruto (PIB), Estado do Rio de Janeiro

Preços Correntes (R$ Milhões)

Part. RJ/BR ( %)

Taxa de Crescimento Real

(%) 2001 148.033 12,3 1,23 2002 170.114 12,6 4,67 2003 190.384 12,2 -0,10 2004 222.564 12,6 1,87 2005* 259.283 12,1 6,42 2006* 292.737 12,6 3,59

Nota: * Dados estimados pela FGV Fonte: IBGE (até 2004) e FGV (2005 e 2006).

PIB per capita Em 2004, último ano para o qual existem estimativas do IBGE, que permitem

comparações interestaduais, o PIB per capita do Rio de Janeiro era o maior entre os estados, atrás apenas do Distrito Federal. Em comparação à média nacional, o PIB fluminense por habitante era 50,46% superior. A distância se ampliou: em 2001, era de 46,35%. Em relação a São Paulo, a superioridade era de 6,66%, desvio que também se elevou. Dividindo o valor do PIB estadual, estimado pela FGV, pela população residente de 15.561.720 habitantes, segundo o IBGE, chega-se à cifra de R$ 18.811,35 para o PIB per capita do Estado do Rio de Janeiro, em 2006.

PIB per capita, Brasil e estados selecionados – 2004

8.771

9.729

10.289

11.434

13.320

13.725

14.639

19.071

5.000 10.000 15.000 20.000

MG

BR

ES

AM

RS

SP

RJ

DF

R$

Fonte: IBGE

Petróleo e Derivados A produção de petróleo no Estado do Rio de Janeiro, em 2006, apresentou

crescimento de 5,6%, em relação ao ano de 2005, aumento similar ao apresentado pelos demais estados. Com isto, a participação fluminense sobre o total de petróleo extraído no

Page 100: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

100

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

país manteve-se em 84,2%. O desempenho ao longo de 2006 foi irregular, com taxas entre 16,1%, no primeiro trimestre, e 0,1%, no segundo. O ano terminou com a produção em rota de normalização, ainda que a uma taxa modesta, de 4,7%, no terceiro trimestre.

Produção de petróleo, Brasil e Rio de Janeiro Barris

2005 2006 Variação 2006/2005 (%) Trimestre

Brasil Rio de Janeiro

Participação 2005 (%)

Brasil Rio de Janeiro

Participação 2006 (%)

Brasil Rio de Janeiro

1º 135.914.019 112.164.132 82,53 152.294.771 130.259.201 85,53 12,05 16,13 2º 153.600.514 129.946.169 84,60 155.222.695 130.043.789 83,78 1,06 0,08 3ª 152.503.708 128.660.708 84,37 158.261.077 132.187.023 83,52 3,78 2,74 4º 154.236.383 131.000.594 84,93 163.018.865 137.137.228 84,12 5,69 4,68

Ano 596.254.624 501.771.603 84,15 628.797.408 529.627.242 84,23 5,46 5,55 Fonte: ANP

O gráfico a seguir mostra a evolução na produção de petróleo, entre 2000 e 2005. Observa-se que, em 2003 e 2004, a produção ficou praticamente estacionada, chegando a apresentar, em 2004, pequena queda30 na comparação com 2003. O crescimento de 2005 devolveu à produção fluminense a dinâmica que havia se tornado característica da atividade, durante mais de 10 anos, mas o ritmo não se sustentou em 2006.

Produção de petróleo, Rio de Janeiro e Brasil

300

350

400

450

500

550

600

650

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

RJ BR

Milhões de Barris

Fonte: ANP

Acompanhando a extração de petróleo, a produção de gás natural no Estado do

Rio de Janeiro desacelerou-se, em 2006. A taxa de crescimento de 3,14% foi o resultado de forte expansão no primeiro trimestre, que ainda reproduziu o ritmo alcançado em 2005, seguida de taxas modestas e até negativas nos trimestre posteriores. O aumento da

30 - No Rio de Janeiro, a queda foi de 0,69% e no Brasil, de 0,98%.

Page 101: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

101

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

produção de gás natural, com vistas à auto-suficiência, tornou-se objetivo ainda mais estratégico, após a crise com a Bolívia, que em meados de 2006 nacionalizou investimentos brasileiros, desincentivando, pelo aumento da incerteza, novas inversões naquele país.

Produção de gás natural, Brasil e Rio de Janeiro m3

2005 2006 Variação 2006/2005 (%) Trimestre

Brasil Rio de Janeiro

Participação 2005 (%)

Brasil Rio de Janeiro

Participação 2006 (%)

Brasil Rio de Janeiro

1º 4.251.938 1.795.827 42,24 4.268.713 2.051.691 48,06 0,39 14,25 2º 4.532.065 2.068.013 45,63 4.482.608 2.010.787 44,86 -1,09 -2,77 3ª 4.446.082 2.003.208 45,06 4.499.019 2.036.594 45,27 1,19 1,67 4º 4.469.116 2.100.135 46,99 4.455.821 2.118.604 47,55 -0,30 0,88

Ano 17.699.201 7.967.183 45,01 17.706.161 8.217.676 46,41 0,04 3,14 Fonte: ANP

Economia Regional e Local Os números definitivos e abertos por município em 2006 somente estarão

disponíveis no ano 2008, cabendo, portanto, analisar os dados do PIB estadual, regional e local até 2005. A Fundação CIDE utiliza metodologia diversa daquela adotada pelo IBGE e pela FGV, apresentada na introdução deste capítulo.

O PIB do Estado em 2005, a preços básicos, de acordo com a CIDE, foi de R$263,8 bilhões, dos quais a capital e a Bacia de Campos participaram com 63,4% do total.

A capital do Estado, com PIB a preços básicos de R$105,8 bilhões em 2005, liderou em todos os setores da economia estadual naquele ano, com exceção da agropecuária.

O total dos setores da economia, antes da imputação de intermediação financeira, alcançou R$270,8 bilhões em 2005, R$63,0 bilhões somente na Bacia de Campos.

Na agropecuária, destacam-se, pela ordem: Campos dos Goytacazes, Sumidouro, Trajano de Morais, Itaperuna, Barra do Piraí, São José do Vale do Rio Preto e Macaé. Este setor somou um produto de R$1,1 bilhão.

Quanto à extração de outros minerais, o setor somou R$138 milhões. O município do Rio de Janeiro tem 8 vezes a produção do segundo colocado, Quatis, seguidos por Itaguaí e São Francisco de Itabapoana. Em outro patamar estão Tanguá, Seropédica, São Gonçalo, Macaé, Italva e Cantagalo.

A indústria de transformação é mais presente na capital, em Duque de Caxias e Volta Redonda. Porto Real, Resende, Barra Mansa, Belford Roxo e Niterói são outros municípios que têm mais de R$ 1 bilhão de produção na indústria de transformação, que totalizou R$50,3 bilhões.

O comércio é mais forte na capital e em Duque de Caxias, seguidos de Macaé, Niterói, Nova Iguaçu, São Gonçalo e Campos dos Goytacazes. Os setores atacadista e varejista somaram R$14,6 bilhões.

Page 102: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

102

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

A construção civil tem a capital 13 vezes maior que o segundo colocado: São Gonçalo. Duque de Caxias e Petrópolis são fortes produtores, seguidos de Mesquita, Niterói, São João de Meriti e Nilópolis. O setor alcançou R$16,9 bilhões.

Nos serviços industriais de utilidade pública, a capital é 3,5 vezes maior que Piraí, seguida por Nova Iguaçu, Niterói, São Gonçalo, Duque de Caxias e Carmo. No total, o produto deste setor somou R$10,6 bilhões.

Nos transportes, cujo produto somou R$10,8 bilhões, após a capital seguem Macaé, Duque de Caxias, Niterói, Nova Iguaçu, Volta Redonda, São Gonçalo e Itaguaí.

As comunicações apresentam destaque na capital, 12 vezes maior que Niterói, seguido por Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Macaé, Petrópolis, Campos e São João de Meriti. Seu produto alcançou R$9,3 bilhões em 2005.

Mais de oitenta por cento das instituições financeiras concentram sua produção na capital, seguida por Niterói, Duque de Caxias, Campos dos Goytacazes, Nova Iguaçu, Volta Redonda, São Gonçalo, Macaé, Petrópolis e Nova Friburgo. Este setor somou um produto de R$5,2 bilhões.

Quanto à Administração Pública, o setor somou R$16,0 bilhões. Após a capital, têm maior produção São Gonçalo, Duque de Caxias e Nova Iguaçu, seguidos de Belford Roxo, Niterói, São João de Meriti e Campos dos Goytacazes.

Os aluguéis totalizaram R$20,2 bilhões, tendo a capital um produto oito vezes mais que os três seguintes, todos acima de R$1 bilhão: São Gonçalo, Duque de Caxias e Nova Iguaçu. Seguem Belford Roxo, Niterói, São João de Meriti e Campos dos Goytacazes.

Em outros serviços, a capital é 18 vezes mais forte que cada um dos três seguintes, com produto equivalente, casos de Macaé, Niterói e Duque de Caxias. Seguem Petrópolis, Volta Redonda, Itaguaí e Nova Iguaçu. O setor totalizou R$52,6 bilhões.

Para uma melhor visualização da participação das regiões na economia estadual, depuramos no gráfico a seguir as participações da capital e da Bacia de Campos, reduzindo-se o PIB para aquilo que foi produzido apenas nos demais municípios, ou seja, 36,6% dos R$263,8 bilhões apurados pela Fundação CIDE.

Participação das regiões no PIB 2005 (excluída a capital e a Bacia de Campos - R$ 96,5 bilhões)

Região Metropolitana sem a capital

47%

Região Noroeste Fluminense

2%

Região Norte Fluminense9%

Região da Costa Verde3%

Região Centro-Sul Fluminense

2%

Região do Médio Paraíba24%

Região das Baixadas Litorâneas

6%

Região Serrana7%

Page 103: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

103

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Dos 22 municípios com PIB a preços básicos acima de R$ 1 bilhão em 2005, nove pertencem à Região Metropolitana (pela ordem: capital, Duque de Caxias, Niterói, São Gonçalo, Nova Iguaçu, Belford Roxo, São João de Meriti, Mesquita e Magé); dois à Região Norte (Macaé e Campos); três representam a Região Serrana (Petrópolis, Nova Friburgo e Teresópolis); a Região das Baixadas Litorâneas é representada por Cabo Frio; a Região do Médio Paraíba traz cinco municípios (Volta Redonda, Porto Real, Resende, Barra Mansa e Piraí); e a Região da Costa Verde apresenta Angra dos Reis e Itaguaí.

Naquele mesmo ano, dez municípios tiveram PIB entre R$ 500 milhões e R$ 1 bilhão, sendo três da Região Metropolitana (Itaboraí, Nilópolis e Queimados); Itaperuna representa a Região Noroeste; Rio Bonito, Araruama e Maricá, a Região das Baixadas Litorâneas; Barra do Piraí e Itatiaia, o Médio Paraíba; e Três Rios, a Região Centro-Sul Fluminense.

Entre R$ 200 e R$ 500 milhões de PIB, encontravam-se 18 municípios: Seropédica, Japeri, Paracambi e Guapimirim da Região Metropolitana; Santo Antônio de Pádua e Bom Jesus do Itabapoana da Região Noroeste; Cantagalo e Carmo da Região Serrana; Rio das Ostras, Cachoeiras de Macacu, São Pedro da Aldeia, Saquarema, Armação dos Búzios e Casimiro de Abreu da Região das Baixadas Litorâneas; Valença do Médio Paraíba; Paraíba do Sul da Região Centro-Sul; Mangaratiba e Paraty da Região da Costa Verde.

Entre R$ 100 e R$ 200 milhões, havia 18 municípios; entre R$ 50 e R$ 100 milhões, 17; e sete produziram menos de R$ 50 milhões.

No gráfico que segue, pode-se verificar os desempenhos dos municípios da região de Carapebus, entre 2000 e 2005.

Comparativo da evolução do PIB a preços básicos (R$ mil correntes)

2 757 666

45 660

55 784

93 731

141 323

153 210

199 405

168 977

4 714 290

500 000 1 000 000 1 500 000 2 000 000 2 500 000 3 000 000 3 500 000 4 000 000 4 500 000 5 000 000

Campos dos Goytacazes

Carapebus

Cardoso Moreira

Conceição de Macabu

Macaé

Quissamã

São Fidélis

São Francisco de Itabapoana

São João da Barra

2000 2001 2002 2003 2004 2005

Page 104: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

104

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

A composição do PIB de Carapebus, em 2005, corresponde ao gráfico a seguir:

Outros serviços18,2%

Ind.extrativa0,0%

Agropecuária13,4%

Aluguéis26,8%

Adm.pública21,3%

Inst.financeiras0,6%

Construção civil6,9%

Transportes0,2%

Comunicações3,4%

Ind.transformação0,5%

SIUP6,9%

Já a produção dos setores apresentou os seguintes desempenhos no período

2000-2005 31:

Evolução do PIB por setor (R$ mil correntes)

1 000 2 000 3 000 4 000 5 000 6 000 7 000

Agropecuária

Ind.extrativa

Ind.transformação

Comércio

Construção civil

SIUP

2000 2001 2002 2003 2004 2005

31 - Em 2000, o setor Transportes engloba Comunicações. Dados setoriais sem imputação de intermediação financeira.

Page 105: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

105

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Evolução do PIB por setor (R$ mil correntes)

5 000 10 000 15 000 20 000 25 000 30 000

Transportes

Comunicações

Inst.financeiras

Adm.pública

Aluguéis

Outros serviços

2000 2001 2002 2003 2004 2005

Para concluir o presente capítulo, a tabela a seguir apresenta a produção por setor econômico em Carapebus no ano 2005 e sua posição frente aos demais 91 municípios do Estado nos últimos seis anos.

Ranking no ano Setor econômico

2000 2001 2002 2003 2004 2005 Valor PIB em 2005

(R$ mil) Agropecuária 59 70 45 44 44 49 6 297Extração de outros minerais 70 65 59 65 62 55 16Indústria de transformação 46 71 - 92 78 90 215Comércio 84 84 87 88 87 89 842Construção civil 85 86 88 89 86 89 3 230

Serviços industriais de utilidade pública 86 87 86 83 83 80 3 255

Transportes 90 91 90 89 90 91 115Comunicações 90 90 85 83 86 79 1 590Instituições financeiras 90 - - 82 82 85 282Administração pública 51 45 39 84 84 84 9 961Aluguéis 83 84 84 84 84 84 12 538Outros serviços 66 66 70 61 61 64 8 521

Total dos setores 46 861Imputação de intermediação financeira - 1 201

PIB a preços básicos 83 86 85 86 86 86 45 660Notas: - significa atividade não identificada naquele ano pela Fundação CIDE no município. Em 2000, Transportes e Comunicações sempre estarão na mesma posição, pois um englobava o outro. Para o PIB de 2005, a Fundação CIDE uniu Comércio Atacadista e Comércio Varejista, tendo sido somados os valores de ambos os setores nos anos anteriores para possibilitar o comparativo do ranking.

Page 106: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

106

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

V - INDICADORES FINANCEIROS 32 O presente capítulo atém-se tão-somente à análise do desempenho econômico-

financeiro da administração direta do município, com base em números fornecidos pelo próprio nas prestações de contas de administração financeira encaminhada ao Tribunal de Contas para emissão de parecer prévio, não abordando questões de legalidade, legitimidade e economicidade, objeto de avaliação pelo Corpo Deliberativo do TCE-RJ. A administração direta pode não contemplar todas as receitas recebidas por outros órgãos municipais diretamente fundo a fundo ou via receita própria de entidades da administração indireta.

A evolução e a composição das receitas e despesas no período de 2001 a 2006 são demonstradas nos gráficos abaixo, lembrando que as cifras apresentadas neste capítulo são em valores correntes.

Evolução da receita realizada

0

10.000

20.000

30.000

40.000

50.000

60.000

Mil reais

Receitas de Capital - - 370 259 - -

Receitas Correntes 26.273 38.332 42.099 43.086 47.580 53.720

Receita Total 26.273 38.332 42.469 43.345 47.580 53.720

2001 2002 2003 2004 2005 2006

Evolução da despesa realizada

0

10.000

20.000

30.000

40.000

50.000

60.000

Mil reais

Despesas de Capital 6.914 7.155 10.346 5.031 3.728 3.788

Despesas Correntes 22.235 28.984 38.918 45.197 38.759 51.074

Despesa total 29.149 36.139 49.264 50.228 42.487 54.862

2001 2002 2003 2004 2005 2006

32 - Fontes: Prestações de Contas 2001 a 2006 – dados revisados em relação à edição anterior; Anuários CIDE 2001 a 2006; Fundação CIDE: ICMS arrecadado; IBGE: projeção de população 2001 a 2006.

Page 107: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

107

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

A receita realizada aumentou 104%, enquanto que a despesa cresceu 88% entre 2001 e 2006.

Com relação à composição das receitas correntes, os gráficos a seguir apresentam sua evolução no período de seis anos em análise:

2001

Transferências Correntes do

Estado37,4%

Receita de Serviços

0,0%

Royalties51,5%

Receita Patrimonial

0,0%

Outras receitas correntes

0,7%

Receita Tributária1,0%

Transferências Correntes da

União9,4%

2002

Transferências Correntes do

Estado31,2%

Receita de Serviços

0,1%

Royalties52,7%

Outras receitas correntes

0,3%

Receita Patrimonial

0,1%

Receita Tributária0,8%

Transferências Correntes da

União14,8%

2003

Transferências Correntes do

Estado31,9%

Receita Tributária0,9%

Royalties58,9%

Receita Patrimonial

0,6%

Receita de Serviços

0,3%

Outras receitas correntes

0,5%

Transferências Correntes da

União6,8%

2004

Transferências Correntes da União

8,0%

Outras receitas correntes

0,6%

Receita Tributária1,5% Receita Patrimonial

0,2%

Royalties56,5%

Receita de contribuição

0,5%

Receita de Serviços

0,4%

Transferências Correntes do

Estado32,1%

Pode-se observar predominância das transferências correntes e dos royalties, já que a receita tributária representa 1,3% do total no ano 2006.

O montante transferido pela União e pelo Estado ao município observou a seguinte evolução:

2005

Transferências Correntes do

Estado27,0%

Transferências Correntes da

União8,2%

Receita Tributária1,9%

Royalties60,8%

Receita Patrimonial

0,7%

Outras receitas correntes

0,5% Receita de Serviços

0,4%Receita de

contribuição0,5%

2006

Receita de contribuição

0,5%

Receita de Serviços

0,5%

Outras receitas correntes

0,8%

Receita Patrimonial

0,7%

Royalties63,1%

Receita Tributária1,3%

Transferências Correntes da

União8,2%

Transferências Correntes do

Estado24,8%

Page 108: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

108

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Evolução das Transferências

da União e do Estado

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

14.000

16.000

18.000

20.000

Mil reais

Correntes e de capital 12.272 17.624 16.672 17.300 16.746 17.711 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Na análise da evolução das transferências totais da União e do Estado para o município, verificamos um aumento de 44% entre 2001 e 2006, enquanto que a receita tributária teve um crescimento de 147% no mesmo período.

Evolução e Composição das Receitas Tributárias

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1.000

Mil reais

IPTU 68 64 73 83 91 97

ITBI 15 23 24 31 31 17

ISS 133 159 208 495 753 516

Taxas 58 67 70 48 47 46

Contr.de Melhoria - - - - - -

Total 274 312 375 656 922 676

2001 2002 2003 2004 2005 2006

De acordo com o gráfico acima, o município apresentou uma evolução na receita tributária beneficiada pelo aumento de 287% na arrecadação de ISS. Também houve acréscimo de 42% na receita de IPTU e de 14% no ITBI, contra queda de 19% nas taxas. Houve redução de 27% em relação ao total de 2005.

Page 109: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

109

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Evolução e Composição das Transferências da União

0

1.000

2.000

3.000

4.000

5.000

6.000

Mil Reais

FPM 1.395 1.461 1.525 1.661 2.067 2.277

IRRF 200 431 625 711 577 626

ITR 2 8 13 19 20 10

ICMS Exportação 192 213 202 182 150 83

Outras 669 3.561 493 878 1.107 1.385

Total 2.458 5.673 2.859 3.450 3.921 4.382

2001 2002 2003 2004 2005 2006

As transferências correntes da União 33 cresceram 78% no período, com aumento de 63% no repasse do Fundo de Participação dos Municípios e de 107% em Outras Transferências.

Evolução e Composição das Transferências do Estado

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

14.000

16.000

Mil Reais

ICMS 8.748 10.459 11.601 11.375 10.188 10.616

IPVA 43 66 77 93 121 137

IPI 94 110 144 185 188 218

FUNDEF 913 1.231 1.533 1.735 2.059 2.208

Outras 16 85 89 463 268 150

Total 9.814 11.951 13.444 13.850 12.825 13.329

2001 2002 2003 2004 2005 2006

A evolução das transferências correntes do Estado foi de 36% no período, tendo contribuído para tanto um aumento de 21% no repasse do ICMS e o crescimento de 142% do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério - FUNDEF.

33 - A partir de 2002, a receita de Imposto de Renda retido na fonte – IRRF, passou a ser contabilizada como receita tributária do município. Para preservar a série, no entanto, o IRRF segue alocado como Transferência Corrente da União.

Page 110: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

110

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Os indicadores a seguir são úteis para melhor interpretação das finanças públicas da administração direta municipal.

1) Indicador de equilíbrio orçamentário em 2006: receita realizada = R$ 53.720.267 = 0,9792 despesa executada R$ 54.861.856 Este quociente demonstra o quanto da receita realizada serve de cobertura para a

despesa executada. A interpretação objetiva desse quociente nos leva a considerar que há R$ 97,92

para cada R$ 100,00 de despesa executada, apresentando déficit de execução. Para os exercícios anteriores, o gráfico a seguir apresenta sua evolução,

demonstrando desequilíbrio orçamentário em quatro dos seis anos em análise.

Indicador de equilíbrio orçamentário

0,9011,060

0,862

1,1190,979

0,863

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

2001 2002 2003 2004 2005 2006

2) Indicador do comprometimento da receita corrente com a máquina administrativa em 2006: despesas de custeio = R$ 51.073.749 = 0,95 receitas correntes R$ 53.720.267 Este indicador mede o nível de comprometimento do município com o

funcionamento da máquina administrativa utilizando-se recursos provenientes das receitas correntes.

Do total da receita corrente, 95% são comprometidos com despesas de custeio. O gráfico a seguir apresenta a evolução desse indicador desde 2001.

Page 111: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

111

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Indicador do comprometimento da receita corrente com a máquina

administrativa

0,75 0,75 0,92

1,05

0,810,95

0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20

2001 2002 2003 2004 2005 2006

As despesas de custeio destinam-se à manutenção dos serviços prestados à

população, inclusive despesas de pessoal, mais aquelas destinadas a atender a obras de conservação e adaptação de bens móveis, necessárias à operacionalização dos órgãos públicos.

Tais despesas tiveram um crescimento de 160% entre 2001 e 2006, enquanto que as receitas correntes cresceram 104% no mesmo período.

3) Indicador da autonomia financeira em 2005: receita tributária própria = R$ 675.878 = 0,013 despesas de custeio R$ 51.073.749 Este indicador mede a contribuição da receita tributária própria do Município no

atendimento às despesas com a manutenção dos serviços da máquina administrativa. Como pode-se constatar, o município apresentou uma autonomia de 1,3% no

exercício de 2006. A evolução deste indicador está demonstrada no gráfico a seguir.

Page 112: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

112

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Indicador da autonomia financeira

0,014 0,011 0,010

0,015

0,024

0,013

0,000

0,010

0,020

0,030

2001 2002 2003 2004 2005 2006

Houve redução da autonomia municipal, uma vez que a Receita Tributária cresceu

147% no período, contra 160% de aumento das despesas de custeio. Conclui-se que houve queda na capacidade do ente em manter as atividades e

serviços próprios da administração com recursos oriundos de sua competência tributária, o que o torna mais dependente de transferências de recursos financeiros dos demais entes governamentais.

4) Indicador do esforço tributário próprio em 2006: receita tributária própria + inscrição líquida na dívida ativa = receita arrecadada R$ 675.878 + 50.224 = 0,014 R$ 53.720.267 Este indicador tem como objetivo comparar o esforço tributário próprio que o

município realiza no sentido de arrecadar os seus próprios tributos, em relação às receitas arrecadadas.

Os recursos financeiros gerados em decorrência da atividade tributária própria do município correspondem a 1,4% da receita total, enquanto, nos anos anteriores, sua performance está demonstrada no gráfico a seguir.

Page 113: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

113

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Indicador do esforço tributário próprio

0,019

0,008

0,014

0,014

0,014

0,022

0,00

0,01

0,02

0,03

2001 2002 2003 2004 2005 2006

Não houve variação neste entre 2001 e 2006, tendo ocorrido fortes variações no

período. Não resta dúvida que a maior parte da capacidade de investimento do Município

está atrelada ao comportamento da arrecadação de outros governos, Federal e Estadual, em função das transferências de recursos.

Há de se ressaltar, também, dentro de nossa análise, quanto aos valores que vêm sendo inscritos em dívida ativa, se comparados com o total da receita tributária arrecadada nos respectivos exercícios 34. Dentro dos demonstrativos contábeis, não foi possível segregar a dívida ativa em tributária e não tributária.

Comparativo entre receita tributária e inscrição na dívida ativa

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Participação no somatório de ambos os

componentes

Receita Tributária 274 312 375 656 922 676

Inscrição na Dívida Ativa 104 - 236 180 138 50

2001 2002 2003 2004 2005 2006

34 - Gráficos seguintes com valores em milhares de reais.

Page 114: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

114

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

O gráfico abaixo apresenta a performance da cobrança da dívida ativa sobre o estoque pré-existente, já que não é possível apurar a idade das cobranças recebidas no exercício.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Eficácia da Cobrança da Dívida Ativa

Cobrança no exercício 57 50 120 119 57 127 Estoque anterior 166 213 163 279 340 416

2001 2002 2003 2004 2005 2006

Cabe, ainda, salientar os valores cancelados, como demonstram os gráficos a seguir.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Evolução da Cobrança versus Cancelamento da Dívida Ativa

Cancelamento de dívida ativa - - - - 6 - Cobrança no exercício 57 50 120 119 57 127

2001 2002 2003 2004 2005 2006

Page 115: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

115

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Evolução do Estoque versus Cancelamento da Dívida Ativa

Cancelamento de dívida - - - - 6 - Estoque anterior 166 213 163 279 340 416

2001 2002 2003 2004 2005 2006

5) Indicador da dependência de transferências de recursos em 2006: transferências correntes e de capital = R$ 17.711.279 = 0,33 receita realizada R$ 53720.267 Verifica-se que a receita de transferências representa 33% do total da receita do

município. O gráfico a seguir apresenta os valores deste indicador para os anos anteriores, demonstrando uma aparente redução da dependência do repasse de outros entes da federação.

Indicador da dependência de

transferências de recursos

0,47 0,46 0,39 0,40 0,35 0,33

0,96 0,960,960,980,990,98

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

2001 2002 2003 2004 2005 2006

Sem royalties Com royalties

Page 116: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

116

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Caso somássemos as receitas de royalties ao numerador acima, a dependência de recursos transferidos, para o exercício de 2006, subiria para 96%.

transferências correntes, de capital e royalties = R$ 51.632.505 = 0,96 receita realizada R$ 53.720.267 Este indicador reforça os prognósticos, já comentados, a respeito da autonomia

financeira do Município em face de sua dependência das transferências e, mais recentemente, de royalties que, no gráfico abaixo, estão incluídos na receita própria e representaram R$ 13,5 milhões em 2001, R$ 20,2 milhões em 2002, R$ 24,8 milhões em 2003, R$ 24,3 milhões em 2004, R$ 28,9 milhões em 2005 e R$ 33,9 milhões em 2006.

Como indica o gráfico a seguir, houve melhora na relação Receita própria/Transferências.

Comparativo entre transferências de outros entes e receita própria

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

35.000

40.000

Mil reais

Total de transferênciascorrentes e de capital

12.272 17.624 16.672 17.300 16.746 17.711

Receita própria (tributária e não)

14.001 20.708 25.797 26.044 30.833 36.009

Receita Própria / Transferências

114% 117% 155% 151% 184% 203%

2001 2002 2003 2004 2005 2006

Já com relação ao ICMS, arrecadado pelo Governo do Estado, verifica-se no gráfico a seguir o valor arrecadado no município contra o repasse feito pelo Estado (excluída a parcela do FUNDEF), entre 2001 e 2006.

Page 117: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

117

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Comparativo entre ICMSarrecadado e redistribuído

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

14.000

Mil Reais

Repasse do Estado 8.748 10.459 11.601 11.375 10.188 10.616ICMS gerado no município 126 1.847 58 177 77 82

2001 2002 2003 2004 2005 2006

6) Indicador da carga tributária per capita em 2006: receita tributária própria + cobrança da dívida ativa = população do município R$ 675.878 + 127.192 = R$ 77,30/habitante 10.389 Este indicador reflete a carga tributária que cada habitante do município tem em

decorrência da sua contribuição em impostos, taxas e contribuições de melhoria para os cofres municipais.

Verifica-se que, ao longo do exercício de 2006, cada habitante contribuiu para com o fisco municipal em aproximadamente 77 reais. Nos exercícios anteriores, tais contribuições estão expressas em valores correntes no gráfico a seguir, havendo aumento de 107% no período.

Page 118: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

118

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Indicador da carga tributária per capita

37,41 38,5951,83

77,87

96,31

77,30

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

120,00

2001 2002 2003 2004 2005 2006

Reais

7) Indicador do custeio per capita em 2006: despesas de custeio = R$ 51.073.749 = R$ 4.916,14/hab população do município 10.389

Este indicador objetiva demonstrar, em tese, o “quantum” com que cada cidadão arcaria para manter a operacionalização dos órgãos públicos municipais.

Caberia a cada cidadão, caso o Município não dispusesse de outra fonte de geração de recursos contribuir com 4.916 reais em 2006. Nos exercícios anteriores, os valores estão expressos no próximo gráfico, havendo um aumento de 121% no período de 2001 a 2006.

Indicador do custeio per capita

2.226,90 3.088,03

4.073,454.541,95

3.811,13

4.916,14

0,00

1.000,00

2.000,00

3.000,00

4.000,00

5.000,00

6.000,00

2001 2002 2003 2004 2005 2006

Reais

Page 119: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

119

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Como já citado no indicador nº 2, os dados acima não levam em consideração as transferências operacionais (intragovernamentais) para a administração indireta até o ano 2001.

8) Indicador dos investimentos per capita em 2006: investimentos = R$ 3.161.674 = R$ 304,33/hab população do município 10.389 Este indicador objetiva demonstrar, em relação aos investimentos públicos

aplicados, o quanto representariam em benefícios para cada cidadão. Verifica-se que cada habitante recebeu da administração pública, na forma de

investimentos no exercício de 2006, o equivalente a 304 reais em benefícios diretos e indiretos. O investimento per capita dos anos anteriores está expresso no gráfico que segue.

Se considerarmos que cada cidadão contribuiu para os cofres municipais com R$ 77,30 (Indicador nº 6 – carga tributária per capita), a quantia de R$ 304,33 representaria praticamente que quatro vezes o valor dos tributos pagos pelos cidadãos a eles retornaram como investimentos públicos.

Indicador dos investimentos per capita

689,66 759,30

1.066,84

471,27311,79 304,33

0,00

200,00

400,00

600,00

800,00

1.000,00

1.200,00

2001 2002 2003 2004 2005 2006

Reais

9) Indicador do grau de investimento em 2006: investimentos = R$ 3.161.674 = 0,0589 receita total R$ 53.720.267

Page 120: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

120

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Este indicador reflete a contribuição da receita total na execução dos investimentos.

Os investimentos públicos correspondem, aproximadamente, a 6% da receita total do município. A restrição de investimentos ocorre de forma a não comprometer a liquidez com utilização de recursos de terceiros ou com a própria manutenção da máquina administrativa, uma vez que, somente com despesas de custeio (Indicador nº 2 - comprometimento da receita corrente com a máquina administrativa) já compromete-se 95% das receitas correntes.

Esse quociente vem decaindo, evidenciando uma parcela considerável dos recursos públicos direcionados ao desenvolvimento do município no período de 2001 a 2004.

Indicador do grau de investimento

23,19%

18,55%

24,00%

10,82%

6,66% 5,89%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

2001 2002 2003 2004 2005 2006

10) Indicador da liquidez corrente em 2006: ativo financeiro = R$ 2.551.019 = 0,75 passivo financeiro R$ 3.420.144 Este quociente mede a capacidade da entidade de pagar as suas obrigações com

as suas disponibilidades monetárias. O quociente acima revela perspectivas desfavoráveis à solvência imediata dos

compromissos a curto prazo assumidos pela Prefeitura, dificultando, ou até mesmo impossibilitando, a assunção de novos compromissos.

Como o gráfico a seguir aponta, a situação de liquidez do município esteve equilibrada somente em 2002.

Page 121: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

121

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Indicador de liquidez corrente

0,10

0,33

0,75

0,18

1,12

0,12

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

2001 2002 2003 2004 2005 2006

Page 122: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

122

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

VI - ROYALTIES DO PETRÓLEO E AS PERSPECTIVAS DE SUSTENTABILIDADE LOCAL E REGIONAL

A História da Legislação do Petróleo no Brasil Em 1939 foi descoberta a primeira acumulação brasileira de petróleo, o Campo de

Lobato, no Recôncavo Baiano (BA) que, no entanto, foi considerado não comercial. Um ano antes já havia sido criado o Conselho Nacional de Petróleo – CNP, e decretada a propriedade estatal das jazidas de petróleo e do parque de refino. No ano 1941, em Candeias, também no Recôncavo, foi descoberto o primeiro campo comercial de petróleo do Brasil. Esta descoberta foi seguida por outras em Sergipe e Alagoas. Contudo, a consolidação só viria na década de 50, com a campanha de mobilização para o estabelecimento do monopólio estatal do petróleo.

A Lei nº 2.004, de 3 de outubro de 1953, dispunha sobre a Política Nacional do Petróleo, estabelecia o monopólio da União Federal sobre as atividades integrantes da indústria do petróleo e definia as atribuições do CNP. A Lei estabelecia, também, que a União Federal estava autorizada a constituir empresa estatal para execução do monopólio, incluindo a execução de quaisquer atividades correlatas ou afins àquelas monopolizadas.

Surgia assim a Petrobras, constituída em 12 de março de 1954, durante a 82ª Sessão Extraordinária do CNP. Em 2 de abril de 1954, o Governo Federal aprovava a decisão com o Decreto nº 35.308, e instituiu a sociedade por ações Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras. Em seu primeiro ano de existência, a Petrobras contava com uma produção de 2,7 mil barris por dia, o equivalente a menos de 3% das necessidades nacionais.

Da criação da empresa, passando pela exploração em alto-mar, com a descoberta em 1969 do Campo de Guaricema (SE), até 1974, quando foi descoberto o primeiro campo de Garoupa, na Bacia de Campos, a produção subiu para 178 mil barris por dia, cerca de 29% do consumo do país. Dia após dia, a Bacia de Campos tornava-se a mais importante província petrolífera brasileira. Em 1984, a produção era de 500 mil barris por dia e representava 45% das necessidades nacionais.

A partir de 1984, com as descobertas dos campos gigantes Albacora e Marlim nas águas profundas da Bacia de Campos, e a descoberta de Roncador em 1996, a Petrobras mudou de patamar, chegando em 1998 a 1 milhão de barris por dia, cerca de 58% do consumo nacional e atingindo, em 2002, a produção de 1,5 milhão de barris por dia, ou seja, 85% das necessidades do mercado brasileiro.

A partir de 2002, na procura por opções de produção, a Petrobras saiu do núcleo central produtor da Bacia de Campos para norte e para sul, buscando novas frentes exploratórias nas vizinhas bacias de Santos e Espírito Santo, e bacias ainda pouco exploradas em suas águas profundas, como as da costa sul da Bahia, Sergipe, Alagoas e da margem equatorial brasileira. Além do expressivo volume de petróleo descoberto, foram identificadas novas províncias de óleo de excelente qualidade, gás natural e condensado, permitindo que o atual perfil das reservas e produção da empresa,

Page 123: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

123

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

predominantemente de óleo pesado de menor valor econômico, começasse a mudar para um de maior valor no mercado mundial de petróleo.

Ao longo de cinco décadas, portanto, a empresa tornou-se líder em distribuição de derivados no país, num mercado competitivo fora do monopólio da União, colocando-se entre as maiores empresas petrolíferas do planeta. Detentora de uma das tecnologias mais avançadas do mundo para a produção de petróleo em águas profundas e ultraprofundas, a Petrobras alcançou a autonomia brasileira na produção de petróleo em 2006, com a implantação da plataforma gigante P-50 no campo de Albacora Leste.

A Lei nº 7.453, de 27 de dezembro de 1985, sujeitou também a exploração e a produção de petróleo no mar ao pagamento de royalties, mantendo o mesmo percentual de 5% da primeira lei do setor: 1,5% da arrecadação aos estados confrontantes com poços produtores; 1,5% aos municípios confrontantes com poços produtores e àqueles pertencentes às áreas geoeconômicas dos municípios confrontantes; 1% ao Ministério da Marinha; e 1% para constituir um Fundo Especial, a ser repartido entre todos os estados e municípios da Federação.

Acompanhando as mudanças na distribuição dos recursos, com ampliação dos beneficiários, essa lei estabeleceu que os valores da indenização recebidos pelos estados, territórios e municípios passariam a ser aplicados, preferencialmente, em energia, pavimentação de rodovias, abastecimento e tratamento de água, irrigação, proteção ao meio ambiente e saneamento básico.

Em 1988, a Constituição Federal assegurou aos estados, Distrito Federal, municípios e órgãos da Administração Direta da União participação no resultado da exploração do petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e outros recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou, então, compensação financeira por essa exploração; que viria a ser posteriormente instituída pela Lei Federal nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989, e regulamentada pelo Decreto nº 01, de 11 de janeiro de 1991.

De acordo com esse Decreto, a alíquota de 1,5% devida aos municípios confrontantes e suas respectivas áreas geoeconômicas passou a ser repartida entre os municípios integrantes da Zona de Produção Principal (60%) 35, os integrantes da Zona de Produção Secundária (10%) 36, e aqueles integrantes da Zona Limítrofe (30%) 37.

Zona de Produção Principal de uma dada área de produção petrolífera marítima é o conjunto formado pelos municípios confrontantes com os poços produtores e os municípios onde estiverem localizadas três ou mais instalações dos seguintes tipos:

• Instalações industriais para processamento, tratamento, armazenamento e escoamento de petróleo e gás natural, excluídos os dutos. Estas instalações industriais devem atender, exclusivamente, à produção petrolífera marítima.

• Instalações relacionadas às atividades de apoio à exploração, produção e ao escoamento do petróleo e gás natural, tais como: portos, aeroportos, oficinas de manutenção e fabricação, almoxarifados, armazéns e escritórios.

35 - Rateados entre todos, na razão direta da população de cada um, assegurando-se ao município que concentrasse as instalações industriais para processamento, tratamento, armazenamento e escoamento de petróleo e gás natural 1/3 (um terço) da cota desse item. 36 - Rateados entre eles, na razão direta da população dos distritos cortados por dutos. 37 - Rateados entre eles, na razão direta da população de cada um, excluídos os municípios integrantes da Zona de Produção Secundária.

Page 124: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

124

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Por Zona de Produção Secundária entende-se o conjunto dos municípios atravessados por oleodutos ou gasodutos, incluindo as respectivas estações de compressão e bombeio, destinados, exclusivamente, ao escoamento da produção de uma dada área de produção petrolífera marítima. Os trechos dos oleodutos ou gasodutos que não atendam exclusivamente ao escoamento da produção petrolífera marítima foram excluídos, da mesma forma que os ramais de distribuição secundários, feitos com outras finalidades.

Por Zona Limítrofe entende-se o conjunto dos municípios contíguos àqueles que integram a zona de produção principal, bem como municípios que, embora não atendendo ao critério da contigüidade, possam ser social ou economicamente atingidos pela produção ou exploração do petróleo ou do gás natural, segundo critérios adotados pelo IBGE.

Para cada município integrante da zona de produção principal – por ser confrontante com um poço produtor marítimo ou porque nele estão localizadas três ou mais instalações industriais ou de apoio à produção – torna-se necessário identificar os municípios a ele contíguos, bem como os demais municípios que façam parte de sua área geoeconômica, pois estes passarão a fazer parte da zona limítrofe à zona de produção principal.

O IBGE, desde 1986, identifica e classifica as unidades territoriais beneficiadas com relação à produção marítima de petróleo e gás natural.

A aprovação dessas normas alterou a distribuição dos royalties, incluindo entre os beneficiários os municípios onde se localizassem instalações de embarque e desembarque de petróleo ou de gás natural. Para acomodar essa mudança, reduziu-se de 1% para 0,5% o percentual relativo ao Fundo Especial, destinando-se os demais 0,5% aos municípios com instalações marítimas ou terrestres de embarque ou desembarque.

A Petrobras deteve o monopólio de exploração das jazidas de petróleo e gás natural até a promulgação da Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997, conhecida como Lei do Petróleo. Com a Lei, foram criados a Agência Nacional do Petróleo - ANP, encarregada de regular, contratar e fiscalizar as atividades do setor e o Conselho Nacional de Política Energética - CNPE, órgão formulador da política pública de energia. A Lei do Petróleo aumentou de 5% para 10% a alíquota básica dos royalties 38, mantendo inalterados os critérios de distribuição para a parcela do valor dos royalties que representam os 5% estipulados pela Lei nº 7.990/89, acima resumidos, e introduziu uma forma diferenciada de distribuição para a parcela que excede os 5%: quando a lavra ocorre no mar – caso do estado do Rio de Janeiro, deverão ser pagos, desse valor, 22,5% aos estados; 22,5% aos municípios produtores, confrontantes ou afetados por zona de influência; 15% ao Ministério da Marinha, para atender aos encargos de fiscalização e proteção das áreas de produção; 7,5% aos municípios afetados pelas operações de embarque e desembarque de petróleo e gás natural; 7,5% para a constituição de um Fundo Especial, a ser distribuído entre todos os estados, territórios e municípios; e, por fim, 25% ao Ministério da Ciência e Tecnologia.

38 - A lei prevê que esta alíquota poderá ser reduzida pela ANP até um limite de 5%, tendo em conta os riscos geológicos, as expectativas de produção e outros fatores.

Page 125: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

125

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Os municípios confrontantes com campos petrolíferos de elevada produção e alta rentabilidade passaram a fazer jus, ainda, às participações especiais, caso de alguns dos municípios confrontantes com a Bacia de Campos. Diferentemente da forma como são calculados e pagos os royalties, a participação especial é aplicada sobre a receita líquida da produção trimestral de cada campo, ou seja, o lucro do campo, que é apurado deduzindo-se da receita bruta da produção os royalties, os investimentos na exploração, os custos operacionais, a depreciação e os tributos previstos na legislação em vigor. Os recursos das participações especiais são calculados por campo, utilizando alíquotas progressivas, que variam de zero a 40% do lucro, em razão do tempo e da localização da lavra, segundo o Decreto 2.705/98, sendo os procedimentos detalhados em Portarias da ANP.

De acordo com a mesma Lei, 40% dos recursos das participações especiais vão para o estado onde ocorrer a produção em terra ou que seja confrontante com a plataforma continental onde se realizar a produção e 10% vão para o(s) município(s) com aquelas mesmas características. Os 50% restantes vão para a União, sendo 40% ao Ministério de Minas e Energia e 10% ao Ministério do Meio Ambiente.

Por fim, o texto legal ainda em vigor não mais exige que recursos de participações governamentais se destinem a investimentos. A restrição atual é tão somente para que não sejam utilizados para pagamento de despesas de pessoal e de dívidas (exceto para com a União).

Além dessas disposições, a Constituição de 1988 assegurou ao conjunto dos municípios brasileiros (não só os produtores) a transferência de 25% da parcela do valor dos royalties até 5% recebida pelos respectivos estados, mediante os mesmos critérios vigentes de repartição do ICMS, dispositivo regulamentado pelo art. 9 da Lei Federal nº 7.990/89, sendo:

• 75% (¾), no mínimo, na proporção do valor adicionado nas operações relativas à circulação de mercadorias e nas prestações de serviços, realizadas em seus territórios.

• Até 25% (¼), de acordo com o que dispuser Lei estadual. O valor adicionado (VA), em termos de fórmula matemática é sinônimo de PIB,

uma vez que VA=VP-CI, onde VP é o valor da produção, ou seja, o que foi faturado com tudo que foi produzido; e o CI é o consumo intermediário, que dá conta daquilo que foi consumido no processo produtivo, ou, ainda, o valor de compra de um produto e o valor da revenda. Os valores são fornecidos pelas empresas à Secretaria Estadual de Fazenda, através da DECLAN anual.

Em síntese, o valor adicionado para cada município, apurado a cada ano, corresponderá à diferença entre o valor final constante da nota fiscal de venda (saída) das mercadorias comercializadas pela indústria, pelo comércio e pelo produtor, deduzido o valor final constante da nota fiscal da compra das mercadorias (entrada), mais o valor dos serviços prestados no município. Sua apuração para o ano t se dá no ano t-1, com base no valor adicionado nos exercícios t-2 e t-3. Por exemplo, a apuração de 2007 se dá em 2006, com base em 2005 e 2004.

Page 126: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

126

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

A fração correspondente ao ¼ restante dos 25% do ICMS repassados aos municípios fluminenses obedecem à Lei Estadual/RJ n.º 2664/96, onde são considerados os seguintes índices:

• Índice de População - (INP): relação percentual entre a população residente no município e o total da região, segundo o IBGE;

• Índice da Área Geográfica - (INA): relação percentual entre a área geográfica do município e o total da região, informado pela Fundação Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro –CIDE;

• Índice da Receita Própria - (INP): relação percentual entre a receita própria arrecadada com origem em tributos de competência municipal e a arrecadação do ICMS no município, baseada em dados relativos ao ano civil imediatamente anterior, fornecidos pelo TCE-RJ;

• Índice de Cota Mínima - (INC): parcela em igual valor para os todos municípios de uma mesma região;

• Índice de Ajuste Econômico - (IAE): percentual a ser distribuído entre os municípios de uma mesma região, proporcionalmente à soma inversa dos índices de população, área e valor adicionado de cada município em relação ao total da região.

Estes recursos de royalties até 5% vêm sendo redistribuídos aos municípios fluminenses pelo Estado do Rio e não serão objeto de análise neste capítulo por obedecerem a outras regras de partilha que não aquelas dos royalties repassados diretamente pela Secretaria do Tesouro Nacional.

O que se apresenta adiante são análises de dados capturados no sítio da ANP, que não necessariamente coincidem com valores de participações governamentais mencionados no capítulo anterior, pois não agregam valores repassados pelo Estado e, portanto, não refletem aquilo que o município declara em sua prestação de contas de administração financeira.

O Estado do Rio de Janeiro recebeu, entre royalties (até 5%), royalties excedentes (acima de 5%) e participações especiais, recursos nominais da ordem de R$1,145 bilhão em 2001; R$1,375 bilhão em 2002; R$2,869 bilhões em 2003; R$3,087 bilhões em 2004; R$4,019 bilhões em 2005; e R$5,102 bilhões em 2006.

Já o conjunto dos municípios fluminenses recebeu em participações governamentais R$669 milhões em 2001; R$986 milhões em 2002; R$1,487 bilhão em 2003; R$1,640 bilhão em 2004; R$2,117 bilhões em 2005; e R$2,685 bilhões em 2006.

A Evolução das Participações Governamentais entre os Municípios Fluminenses O histórico dos municípios beneficiários de royalties, royalties excedentes e

participações especiais tem apresentado significativas mudanças nos anos recentes. No ano 2001, faziam parte da Zona de Produção Principal – ZPP, os entes

Armação dos Búzios, Cabo Frio, Campos dos Goytacazes, Carapebus, Casimiro de Abreu, Macaé, Quissamã, Rio das Ostras e São João da Barra. Da Zona de Produção

Page 127: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

127

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Secundária – ZPS, estavam aqueles fora da principal que têm o gasoduto passando por seus distritos: Silva Jardim, Cachoeiras de Macacu, Guapimirim, Magé e Duque de Caxias. Faziam parte da Zona Limítrofe – ZL, um conjunto de outros municípios, sendo que 32 deles nada recebiam.

Em 2003, quando Angra dos Reis, Duque de Caxias, Rio de Janeiro e Niterói passaram a integrar a ZPP, os municípios em seu entorno se habilitaram para a ZL, beneficiando Belford Roxo, Itaboraí, Itaguaí, Maricá, Mesquita, Nilópolis, Nova Iguaçu, Paracambi, Paraty, Queimados, São João de Meriti, Seropédica e Tanguá.

Em 2006, habilitaram-se para ZPS os municípios de Nova Iguaçu, Miguel Pereira, Paty do Alferes, Vassouras e Rio das Flores, em virtude do gasoduto que segue para Minas Gerais. Também começaram a receber liminarmente como ZPS os municípios de Japeri, Piraí, Volta Redonda e Barra Mansa, decorrente do gasoduto que segue para São Paulo. Em decorrência, os municípios em seu entorno passaram a receber como ZL em 2007: Barra do Piraí, Itatiaia, Mendes, Pinheiral, Porto Real, Quatis, Resende, Rio Claro e Valença.

O mapa a seguir é ilustrativo do quadro de mudanças ocorrido:

No ano 2007, somente não recebem alguma participação governamental os

municípios de Areal, Comendador Levy Gasparian, Paraíba do Sul, Sapucaia e Três Rios, todos localizados na Região Centro-Sul Fluminense, marcados em branco no mesmo mapa.

Page 128: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

128

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Os montantes em royalties e royalties excedentes pagos diretamente pela ANP aos municípios fluminenses obedeceram a um crescimento expressivo no período, vide na tabela:

Apenas 17 municípios (quatro da ZPP original, três da ZPP mais recente, outros

quatro da ZPS inicial e seis da ZL) tiveram aumento superior à média de 266,2% entre 2001 e 2006 e uma análise mais pormenorizada deve ser feita à luz dos componentes de cada um dos elementos dessas rubricas de royalties 39.

Constam desses 17 os municípios de Japeri, Piraí, Volta Redonda e Barra Mansa, que seguem recebendo como ZL e, também, liminarmente, como ZPS. Tal distorção está causando perdas nos royalties até 5% de todos os demais municípios. Ao invés de 60% para a ZPP, estão sendo pagos somente 59,40%; de 10% previstos para ZPS, apenas 9,44%; de 30% para ZL, não mais que 28,31%.

Também inclusos nos mesmos 17 entes estão o primeiro colocado, Niterói, que teve aumento de participações governamentais da ordem de 46.361% em seis anos; Rio de Janeiro, 6.437%; e Angra dos Reis, 666%. Duque de Caxias foi o município mais prejudicado no período, com uma evolução de apenas 56% entre 2001 e 2006.

A entrada para ZPP dos municípios de Angra dos Reis, Duque de Caxias, Niterói e Rio de Janeiro no ano 2003 fez com que o grupo inicial contemplado pela Bacia de Campos repassasse pouco mais de 27% dos royalties até 5% para os novos participantes, bem como que Macaé perdesse 2/3 de sua participação como provedora de instalações para Angra e a capital. Dos royalties acima de 5%, há 11% deste valor destinados a municípios afetados por instalações e Macaé cedeu 25% do que recebia principalmente para Angra dos Reis. Dos 4% desta rubrica destinados a municípios afetados por zona de influência, os maiores beneficiados foram Mangaratiba e Paraty. O primeiro teve aumento de 1.355% em participações governamentais e o segundo, que somente passou a ter alguma compensação em 2003, apresentou crescimento de 348% em apenas três anos. Os 85% restantes da parcela acima de 5% destinados aos municípios confrontantes em nada se alterou.

O ingresso em 2006 de novos participantes da ZPS fez com que os integrantes iniciais da mesma ficassem com 47,4% da cota de 10% dos royalties até 5%. Os novos integrantes, que nada recebiam até 2006, já participam com mais da metade desse quinhão. Nada impede que mais um ou outro município ainda venha a se habilitar como ZPS no futuro.

Os integrantes pioneiros da ZL tiveram que partilhar, no período, com novos participantes do grupo, que já soma um total de 65 municípios em 2007. Para se ter uma idéia do tamanho dessa nova divisão, seu incremento de receita ficou pouco acima dos 100%, contra 266% da média no período 2001-2006. Como o rateio considera a

39 - Disponível em http://www.anp.gov.br . Acesso em 04/09/2007.

2001 2002 2003 2004 2005 2006Valores históricos em R$ mil 497.353 736.593 997.787 1.138.917 1.446.811 1.821.494 Crescimento em relação ao ano anterior - 48,1% 35,5% 14,1% 27,0% 25,9%Crescimento 2006/2001 - - - - - 266,2%

Page 129: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

129

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

população de cada município, aqueles com pequeno contingente populacional foram os mais prejudicados no processo.

De acordo com dados da ANP, os municípios seguintes faziam parte da Zona Limítrofe no mês de agosto de 2007, subdivididos em grupos conforme o percentual que recebem 30% previstos dos royalties até 5%, estando em negrito aqueles que vêm arrecadando liminarmente, também, como ZPS, conforme citado anteriormente:

Municípios % Aperibé, Laje do Muriaé, Macuco, São José de Ubá, São Sebastião do Alto e Varre-Sai 1,06 Duas Barras, Santa Maria Madalena, Trajano de Morais e Quatis 1,11 Cardoso Moreira, Italva, Engenheiro Paulo de Frontin e Porto Real 1,17 Cambuci, Carmo, Iguaba Grande, Natividade, Porciúncula e Sumidouro 1,22 Mendes e Rio Claro 1,27 Cantagalo, Conceição de Macabu, Cordeiro, Pinheiral e São José do Vale do Rio Preto 1,32 Arraial do Cabo, Bom Jardim, Itaocara e Piraí 1,38 Mangaratiba, Miracema, Tanguá e Itatiaia 1,43 Paraty 1,48 Bom Jesus do Itabapoana 1,54 Santo Antônio de Pádua e São Fidélis 1,59 Paracambi e São Francisco de Itabapoana 1,64 Rio Bonito e Saquarema 1,69 São Pedro da Aldeia 1,75 Seropédica e Valença 1,80 Maricá 1,85 Araruama, Itaperuna, Japeri, Itaguaí e Barra do Piraí 1,91 Resende 1,96 Queimados 2,01 Teresópolis 2,07 Barra Mansa, Belford Roxo, Itaboraí, Mesquita, Nilópolis, Nova Friburgo, Petrópolis, São Gonçalo, São João de Meriti e Volta Redonda 2,12

Já com relação às participações especiais, todas as mudanças ocorridas em nada

alteraram o cálculo de arrecadação dos nove municípios confrontantes, de forma ortogonal ou paralela com os campos e poços produtores da Bacia de Campos, que participam dos lucros dos campos de exploração. Os mapas a seguir ilustram esses critérios.

Page 130: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

130

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Page 131: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

131

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Como a tabela abaixo demonstra, as participações especiais alcançaram a cifra total de R$2,9 bilhões nos seis anos analisados, distribuída da seguinte forma:

Em uma primeira análise da série histórica de participações especiais creditadas,

pode-se observar o início de lucratividade dos poços que beneficiam Armação dos Búzios e Cabo Frio, bem como o atraso que São João da Barra teve em suas receitas devido ao naufrágio da plataforma P-36 da Petrobras em 2002.

Quando se observa a evolução percentual de tais recursos em relação ao ano anterior, detectam-se outras questões: as paradas programadas para manutenção das plataformas em 2004 retardou o ritmo de crescimento de forma acentuada, assim como a lucratividade dos campos beneficientes para Carapebus e Quissamã caiu expressivamente em 2006, o que aponta a tabela a seguir:

Independentemente da questão do mérito das novas configurações de partilha das

participações governamentais dos municípios fluminenses, constata-se um quadro em que tais receitas estão sujeitas a mudanças súbitas de regras e a outros fatores exógenos aos municípios que delas se beneficiam, quais sejam: paradas de operação de plataformas para manutenção, volume final produzido, cotação do petróleo no mercado internacional, liminares na justiça, projetos de lei diversos propondo mudanças na atual legislação etc.

Município 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Armação dos Búzios 0 818 3.523 3.496 6.204 8.791 Cabo Frio 0 5.157 21.798 22.323 44.403 82.141 Campos dos Goytacazes 88.550 128.735 253.489 264.073 348.834 444.085 Carapebus 660 993 1.671 2.026 2.492 1.841 Casimiro de Abreu 848 1.217 4.826 4.793 13.125 29.821 Macaé 30.503 41.058 72.301 72.110 83.049 92.875 Quissamã 6.668 9.227 17.504 17.840 22.124 17.409 Rio das Ostras 44.267 61.702 114.415 114.134 142.647 178.301 São João da Barra 88 - - - 7.175 8.203

Totais 171.584 248.907 489.528 500.795 670.055 863.467

Participações especiais creditadas (Valores históricos em R$ mil)

Município 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Armação dos Búzios - 3593811% 331% -1% 77% 42% Cabo Frio - 3204216% 323% 2% 99% 85% Campos dos Goytacazes - 45% 97% 4% 32% 27% Carapebus - 50% 68% 21% 23% -26% Casimiro de Abreu - 43% 297% -1% 174% 127% Macaé - 35% 76% 0% 15% 12% Quissamã - 38% 90% 2% 24% -21% Rio das Ostras - 39% 85% 0% 25% 25% São João da Barra - -100% - - - 14%

Variação em relação ao ano anterior

Page 132: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

132

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Além de finitos, por serem decorrentes de atividade extrativa não renovável, esses recursos são instáveis. Contar com os mesmos para custeio continuado é uma temeridade. O foco deve ser no investimento para promoção do desenvolvimento sustentável e em custeio flexível para aprimoramento da gestão pública.

Sustentabilidade Local e Regional O termo desenvolvimento sustentável surgiu em 1980 e foi consagrado em 1987

pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como Comissão Brundtland, que produziu um relatório considerado básico para a definição desta noção e dos princípios que lhe dão fundamento. De acordo com o Relatório Brundtland, publicado em português com o título “Nosso Futuro Comum”, ‘desenvolvimento sustentável é um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações futuras, [...] é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades’.

O conceito de desenvolvimento sustentável deve ser inserido na relação dinâmica entre o sistema econômico humano e um sistema maior: o ecológico. Para ser sustentável, essa relação deve assegurar que a vida humana possa continuar indefinidamente, com crescimento e desenvolvimento da sua cultura, observando-se que os efeitos das atividades humanas permaneçam dentro de fronteiras adequadas, de modo a não destruir a diversidade, a complexidade e as funções do sistema ecológico de suporte à vida.

O município tem muitos instrumentos para se planejar. Os três mais importantes são o Plano Plurianual, o Plano Diretor e a Agenda 21 local.

O Plano Plurianual – PPA, contém as ações prioritárias do governo municipal para o prazo de quatro anos, definidas em função do rumo que se quer dar à dinâmica econômica e social; o Plano Diretor – PD, define a destinação das diversas áreas do território municipal, tendo em consideração seu entorno e especificidades; e a Agenda 21 define um Plano Local de Desenvolvimento Sustentável, com ações de curto, médio e longo prazos para um determinado território, seja ele o município, um conjunto de municípios ou uma bacia hidrográfica, dentre outros.

O PPA começa sempre no segundo ano de uma administração e acaba no primeiro ano da administração seguinte, sendo obrigatório para todos os municípios. Ele influencia a Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO, e a Lei Orçamentária Anual – LOA, que prevêem os gastos do poder municipal ao longo de um ano. A LDO e a LOA só podem ser aprovadas pela Câmara de Vereadores se estiverem em conformidade com o PPA municipal.

O PPA municipal, com vistas a maximizar os resultados e melhorar a qualidade dos gastos públicos, compreende a definição de objetivos, estratégias, recursos e ações, organizados em programas com metas e indicadores. Desenhado dessa forma, permite o acompanhamento e a avaliação de sua implementação. Mais que isso, existe a necessidade dos objetivos de cada programa serem identificados por descrições claras do

Page 133: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

133

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

propósito a atingir, com datas de início e fim, além de pressupor a disponibilidade de recursos, para que se tenha indicadores que possam mensurar seus impactos e resultados.

Um dos maiores resultados desse sistema de planejamento se referiria ao aumento da responsabilidade pelos resultados do administrador público perante a sociedade, bem como para o crescimento da confiança pública nos serviços prestados. Contudo, o conteúdo desses instrumentos legais, na maioria dos municípios fluminenses, segue sendo fictício, pois sua execução tem, indistintamente do porte ou estrutura organizacional, suplementações e reduções relevantes de créditos orçamentários, desfigurando o orçamento original da LOA.

Mais recentemente, um novo instrumento de planejamento surgiu com o advento da Lei Federal nº 10.275/01, conhecida como Estatuto da Cidade, que obriga alguns municípios a elaborar seu Plano Diretor decenal. Como instrumento básico da política municipal de desenvolvimento e ordenamento do crescimento urbano, o PD deve estabelecer as diretrizes e os instrumentos para que a cidade cresça de forma ordenada. Como abrange todo o território municipal, suas diretrizes também devem se estender aos outros núcleos urbanos existentes e às áreas rurais.

É função do PD prever como serão usados e ocupados os diversos espaços dos municípios; definir a área de expansão das indústrias e das atividades econômicas em geral, propiciando economia de escala e maior competitividade de seus produtos; definir as áreas de moradias sociais, as quais o poder público poderá destinar às pessoas de menor renda, cobrando-lhes menos impostos; determinar as áreas que devem ser preservadas do ponto de vista ambiental e definir as áreas que devem ser adensadas, pois, assim, a oferta de serviços públicos poderá ser feita com melhor qualidade e menor custo. Ainda define os locais mais convenientes para instalação de micro e pequenos negócios, para que os empreendedores tenham mais condições de sucesso e orienta onde construir escolas, postos de saúde, praças, rodoviárias e aterros de lixo.

O PD também identifica as propriedades e suas atividades econômicas, definindo os melhores espaços de sua expansão e prevê as tendências de evolução dos pequenos aglomerados urbanos e as vias de comunicação que deverão ser construídas a médio e longo prazos. Demarca as áreas de maior potencial hídrico e ricas em recursos naturais, definindo quais as atividades compatíveis a serem nelas desenvolvidas. Sinaliza os locais onde podem ser instaladas indústrias, possibilitando, desta forma, que a autoridade pública tome medidas para erradicar, reduzir ou compensar os malefícios sobre o meio ambiente. Finalmente, traça o perfil dos bens e imóveis históricos, indicando as possibilidades de seu aproveitamento turístico.

O PD é uma obrigação legal de todos os municípios brasileiros que, no ano 2000, tinham mais de 20 mil habitantes. Da mesma forma, é obrigatório nas áreas de especial interesse turístico, naquelas situadas em zonas de empreendimentos com fortes impactos ambientais e nos municípios integrantes de Regiões Metropolitanas. No entanto, em virtude de sua importância para o desenvolvimento planejado e para a melhoria das condições de vida, é recomendável que todos os municípios elaborem os seus planos, adaptados às suas condições e especificidades.

Se o PPA municipal explicita as prioridades da ação governamental no período de

Page 134: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

134

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

quatro anos e o PD define a destinação dos espaços no município em um horizonte de dez anos, a Agenda 21 Local busca construir um Plano Local de Desenvolvimento Sustentável que contribua para mudar o modelo de desenvolvimento, como será explicitado adiante.

O PPA é obrigatório, constitucionalmente, para todos os municípios e o Plano Diretor, para alguns; a Agenda 21 Local não é exigível por lei. No entanto, é ela que tem condições de melhor articular os Planos anteriores.

Os princípios do desenvolvimento sustentável estão na base da Agenda 21, documento aprovado durante a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992 (RIO-92) com vistas ao século XXI. Esta agenda traz uma nova visão sobre o desenvolvimento, por muito tempo visto apenas como progresso econômico, integrando as dimensões social, ambiental e institucional.

Em 1996, especialistas em avaliação do mundo inteiro se reuniram na cidade de Bellagio, na Itália, e propuseram alguns princípios que servem como orientação para avaliar e melhorar a escolha, utilização e comunicação de indicadores. Tais Princípios de Bellagio foram formulados com a intenção de serem usados na implementação de projetos de avaliação de iniciativas de desenvolvimento, do nível comunitário até as experiências internacionais, passando pelos níveis intermediários

A Agenda 21 brasileira foi resultado de um planejamento participativo e procura estabelecer um equilíbrio negociado por meio da construção de propostas pactuadas, voltadas para a elaboração de uma visão de futuro entre os diferentes atores envolvidos; condução de um processo contínuo e sustentável; descentralização e controle social; e incorporação de uma visão multidisciplinar em todas as etapas do processo. Desta forma, governo e sociedade estarão utilizando este poderoso instrumento de planejamento estratégico participativo para a construção de cenários consensuais, em regime de co-responsabilidade, que devem servir de subsídios à elaboração de políticas públicas sustentáveis, orientadas para harmonizar desenvolvimento econômico, justiça social e equilíbrio ambiental.

Nossa Agenda 21 define o mesmo número de objetivos prioritários, agrupados em cinco grandes temas:

Tema I: A economia da poupança na sociedade do conhecimento 1. Produção e consumo sustentáveis contra a cultura do desperdício; 2. Ecoeficiência e responsabilidade social das empresas; 3. Retomada do planejamento estratégico, infra-estrutura e integração regional; 4. Energia renovável e biomassa; 5. Informação e conhecimento para o desenvolvimento sustentável. Tema II: Inclusão social para uma sociedade solidária 6. Educação permanente para o trabalho e a vida; 7. Promover a saúde e evitar a doença, democratizando o SUS;

Page 135: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

135

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

8. Inclusão social e distribuição de renda; 9. Universalizar o saneamento ambiental, protegendo o ambiente e a saúde. Tema III: Estratégia para a sustentabilidade urbana e rural 10. Gestão do espaço urbano e a autoridade metropolitana; 11. Desenvolvimento sustentável do Brasil rural; 12. Promoção da agricultura sustentável; 13. Promover a Agenda 21 Local e o desenvolvimento integrado e sustentável; 14. Implantar o transporte de massa e a mobilidade sustentável. Tema IV: Recursos naturais e estratégicos: água, biodiversidade e florestas 15. Preservar a quantidade e melhorar a qualidade da água nas bacias hidrográficas; 16. Política florestal, controle do desmatamento e corredores de biodiversidade. Tema V: Governança e ética para a promoção da sustentabilidade 17. Descentralização e o pacto federativo: parcerias, consórcios e o poder local; 18. Modernização do Estado: gestão ambiental e instrumentos econômicos; 19. Relações internacionais e governança global para o desenvolvimento sustentável; 20. Cultura cívica e novas identidades na sociedade da comunicação; 21. Pedagogia da sustentabilidade: ética e solidariedade. O Passo a Passo da Agenda 21 Local pode ser acessado via internet no sítio do

Ministério do Meio Ambiente. O trabalho de construção de indicadores de desenvolvimento sustentável, realizado

pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2004), é inspirado no movimento internacional liderado pela Comissão para o Desenvolvimento Sustentável (CSD em inglês) das Nações Unidas, que os organiza nas dimensões ambiental, social, econômica e institucional preconizados pela RIO-92:

A dimensão ambiental diz respeito ao uso dos recursos naturais e à degradação ambiental, e está relacionada aos objetivos de preservação e conservação do meio ambiente. Os indicadores adotados pelo IBGE abrangem:

• atmosfera – consumo industrial de substâncias destruidoras da camada de ozônio e concentração de poluentes no ar em áreas urbanas;

• terra – uso de fertilizantes, uso de agrotóxicos, terras em uso agrossilvipastoril, queimadas e incêndios florestais, desflorestamento na Amazônia Legal, área remanescente e desflorestamento na Mata Atlântica e nas formações vegetais litorâneas, desertificação e arenização;

• água doce – qualidade de águas interiores;

Page 136: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

136

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

• oceanos, mares e áreas costeiras – balneabilidade, produção de pescado marítima e continental, população residente em áreas costeiras;

• biodiversidade – espécies extintas e ameaçadas de extinção, áreas protegidas, tráfico, criação e comércio de animais silvestres, espécies invasoras;

• saneamento – acesso a serviço de coleta de lixo doméstico, destinação final do lixo, acesso a sistema de abastecimento de água, acesso a esgotamento sanitário, tratamento de esgoto.

A dimensão social corresponde aos objetivos ligados à satisfação das necessidades humanas. Nesse caso, o IBGE abrange os temas:

• população – taxa de crescimento, população e terras indígenas;

• trabalho e rendimento – índice de Gini da distribuição do rendimento, taxa de desocupação, rendimento familiar per capita, rendimento médio mensal;

• saúde – esperança de vida ao nascer, taxa de mortalidade infantil, prevalência de desnutrição total, imunização contra doenças infantis, taxa de uso de métodos contraceptivos, oferta de serviços básicos de saúde, doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado;

• educação – taxa de escolarização, taxa de alfabetização, escolaridade;

• habitação – adequação de moradia;

• segurança – coeficientes de mortalidade por homicídios e por acidentes de transporte.

A dimensão econômica dos indicadores de desenvolvimento sustentável ocupa-se com os objetivos da eficiência dos processos produtivos e com as alterações nas estruturas de consumo orientadas a uma reprodução econômica sustentável a longo prazo:

• quadro econômico – produto interno bruto per capita, taxa de investimento, balança comercial, grau de endividamento;

• padrões de produção e consumo – consumo de energia per capita, intensidade energética (consumo final de energia/PIB), participação de fontes renováveis na oferta de energia, consumo mineral per capita, vida útil das reservas minerais, reciclagem, coleta seletiva de lixo, rejeitos radioativos: geração e armazenamento.

A dimensão institucional diz respeito à orientação política, capacidade e esforço despendido para as mudanças requeridas para uma efetiva implementação do desenvolvimento sustentável. É desdobrada nos temas:

• quadro institucional – ratificação de acordos globais, existência de conselhos municipais;

• capacidade institucional – gastos com pesquisa e desenvolvimento, gasto público com proteção ao meio ambiente, acesso a serviços de telefonia e à internet.

Um outro enfoque é a relação dos indicadores segundo diretrizes para transição ao desenvolvimento sustentável, desenvolvida pelo IBGE segundo quatro vetores:

Page 137: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

137

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Eqüidade • Classe, gênero, cor e raça: índice de Gini da distribuição do rendimento, taxa de

desocupação, rendimento familiar per capita, rendimento médio mensal, taxa de escolarização, taxa de alfabetização.

• Necessidades básicas: acesso a serviço de coleta de lixo doméstico, acesso a sistema de abastecimento de água, acesso a esgotamento sanitário, prevalência de desnutrição total, oferta de serviços básicos de saúde, adequação de moradia.

Eficiência • Econômica: destinação final do lixo, tratamento de esgoto, produto interno bruto

per capita, consumo de energia per capita, intensidade energética, consumo mineral per capita, rejeitos radioativos: geração e armazenamento.

• Social: esperança de vida ao nascer, taxa de mortalidade infantil, doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado, coeficientes de mortalidade por homicídios e por acidentes de transporte.

Adaptabilidade

• Atividade: taxa de investimento, balança comercial, participação de fontes renováveis na oferta de energia, reciclagem, coleta seletiva de lixo.

• Capacidade: escolaridade, existência de conselhos municipais, gastos com pesquisa e desenvolvimento, gasto público com proteção ao meio ambiente, acesso a serviços de telefonia e à internet.

Atenção a gerações futuras • Legado ambiental: consumo industrial de substâncias destruidoras da camada

de ozônio e concentração de poluentes no ar em áreas urbanas, uso de fertilizantes, uso de agrotóxicos, terras em uso agrossilvipastoril, queimadas e incêndios florestais, desflorestamento na Amazônia Legal, área remanescente e desflorestamento na Mata Atlântica e nas formações vegetais litorâneas, desertificação e arenização, qualidade de águas interiores, balneabilidade, produção de pescado marítima e continental, população residente em áreas costeiras, espécies extintas e ameaçadas de extinção, áreas protegidas, tráfico, criação e comércio de animais silvestres, espécies invasoras.

• Legado socioeconômico: taxa de crescimento da população, população e terras indígenas, imunização contra doenças infantis, taxa de uso de métodos contraceptivos, grau de endividamento, vida útil das reservas minerais, ratificação de acordos globais.

O conceito de desenvolvimento auto-sustentado é constantemente atrelado ao de desenvolvimento endógeno ou local, entendido como processo endógeno de mobilização das energias sociais em espaços de pequena escala (municípios, localidades, microrregiões) que implementam mudanças capazes de elevar as oportunidades sociais, a viabilidade econômica e as condições de vida da população. Para que o desenvolvimento sustentado se conecte ao local, a gestão pública deve ser democratizada e descentralizada, buscando a participação dos atores sociais para a construção de um processo de planejamento que possibilite atuar numa perspectiva de longo prazo.

Page 138: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

138

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

O governo local deve estar preparado tanto política como tecnicamente para processar e dar resposta às demandas e reivindicações que surgem do movimento social. Esse é um grande desafio, pois os governos em geral, mesmo os democráticos, são marcados pela centralização do poder e as decisões não são divididas com a sociedade, que se mantém alheia, não exercendo sua cidadania.

Qualquer município pode estabelecer seu tripé estratégico para um salto efetivo de qualidade na gestão pública e na vida de seus cidadãos. No bojo da questão da sustentabilidade, inúmeros são os indicadores disponíveis, mas não todos, o que demanda ênfase do gestor local a melhor conhecer dados e informações de sua municipalidade para melhores tomadas de decisão.

A aplicação dos recursos de royalties não necessariamente está sendo realizada para garantir a sustentabilidade e criar alternativas de desenvolvimento econômico para além do petróleo. Como muitos não são obrigados a adotar as ferramentas de planejamento do Plano Diretor e da Agenda 21, é bem provável que tais recursos adicionais finitos, se mal aproveitados, venham a perenizar sua condição atual.

Pudemos apontar, ao longo deste estudo, que alguns indicadores sociais e econômicos não têm apresentado melhoras significativas. Os indicadores financeiros apontam para uma tendência de carrear as participações governamentais para custeio da máquina administrativa municipal, em detrimento dos investimentos. A constatação de que a maioria dos municípios tem privilegiado o custeio em detrimento dos investimentos com recursos dos royalties enseja outra questão: a qualidade do custeio é fundamental para a sustentabilidade das economias locais, seja na prestação de serviços de educação, saúde e assistência social, seja na capacitação do funcionalismo público e da própria população local para diversificação de atividades e atração de empresas com fins à geração de trabalho e renda – principalmente para o jovem em busca de seu primeiro emprego. Tais ações requerem maior transparência na prestação de contas à sociedade, planejamento participativo e adoção de políticas públicas harmonizadas e consistentes. Uma das referências para avaliação do esforço que o município efetua para o desenvolvimento sustentável é o indicador de grau de investimento, que reflete a participação dos investimentos na receita total.

Constata-se, outrossim, que a maioria dos municípios carecem de centralidade e vantagem locacional, riqueza e potencial de consumo, facilidades para negócios, infra-estrutura para grandes empreendimentos, dinamismo e cidadania.

Nas considerações finais do estudo sobre o IQM-2005, a Fundação CIDE aponta que o crescimento da economia fluminense dissociado das práticas de planejamento governamental cria espaços de concentração de capital, trabalho e população excluída desse processo, que, na esperança de melhores meios de sobrevivência, desloca-se em direção aos centros mais dinâmicos, gerando bolsões de pobreza. Até pouco tempo, estes centros atraíam principalmente população do campo, em decorrência da pequena participação do setor agrícola na economia do Estado. Atualmente, é cada vez maior o contingente populacional que migra de um centro urbano para outro em busca de melhores oportunidades. Sem o planejamento e o zoneamento necessários, estes centros não conseguem absorver este contingente demográfico, deparando-se com carências na oferta de emprego e moradias e outros benefícios sociais, como educação e saúde.

Page 139: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

139

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Por conseguinte, cada caso é um caso e tal processo deve ser avaliado pormenorizadamente. Cada gestor precisa conhecer quem, como, quando e porque ali está residindo um cidadão que não necessariamente tem título eleitoral local.

A administração pública, por sua vez, em muitos casos se apresenta desproporcional quando comparados os rankings de cada município no PIB estadual com sua posição em relação ao valor do setor econômico Administração Pública local frente às demais economias fluminenses, o que demonstra inchaço na maioria de suas estruturas.

Para finalizar estas ponderações, deve ser salientado que o conjunto dos municípios receberam, diretamente da ANP, um total da ordem de R$9,6 bilhões entre 2001 e 2006. Uma cifra desta monta é bem diferente do total médio de R$17 milhões recebidos por município nos seis anos. Sem dúvida que a consorciação é uma solução que traria oportunidades exponenciais.

Se os municípios trabalharem em projetos conjuntos com seus vizinhos diretos ou pertencentes à mesma região, as cifras superam a centena de milhões de reais por ano. Se fizerem suas reivindicações frente às demais esferas governamentais do Estado e da União como um só bloco, ou em blocos unos, os benefícios permanentes e a perspectiva de implantar-se um desenvolvimento sustentável se aproximam do factível, podem tornar-se reais em curto prazo.

As demais esferas de governo deveriam adotar outras políticas públicas que se façam necessárias com a maior urgência, até mesmo para contemporizar eventuais divergências de caráter político-eleitoral.

Maior flexibilização e melhor adaptação no fornecimento de bens públicos atribuídas ao gestor municipal não têm sido objeto de ações efetivas em prol do desenvolvimento econômico. Em muitos municípios, os setores tradicionais não conseguiram acompanhar as mudanças na organização e na infra-estrutura produtiva verificadas em outros pontos do território fluminense e demandam que o Estado seja indutor do desenvolvimento. Este é o papel maior a ser desempenhado pelos administradores municipais.

O Estado pode formular e perseguir objetivos que não sejam apenas reflexos das demandas de grupos de interesse para que predominem as transformações econômicas. O mandatário do executivo e os legisladores detêm o poder de propor mudanças, seu domínio é decorrente dos mandatos que receberam e é legítimo que façam com que sejam incluídas na agenda pública as políticas públicas que se façam necessárias.

As principais políticas públicas a serem incluídas, todavia, são o planejamento eficaz, uma burocracia de Estado moderna, disciplina fiscal e mecanismos de participação do cidadão. Estes podem ocorrer não apenas no modelo de orçamento participativo todos os anos, mas nas discussões para elaboração, pela ordem, da Agenda 21, do Plano Diretor e do próximo PPA, já que o existente será substituído por outro somente em 2009. Estes últimos se traduzem no planejamento eficaz.

Razoabilidade técnica, convergência de valores e antecipação de futuras limitações fazem com que essas idéias possam prosperar. As mudanças socioeconômicas e, principalmente, tecnológicas ocorridas nas últimas décadas terão que modificar o estilo de gestão dessas organizações e suas culturas. A burocracia deve dar lugar à flexibilidade, à gestão por diretrizes, ao compartilhamento da informação, à distribuição das atividades de

Page 140: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

140

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

acordo com as habilidades, à ênfase no trabalho coletivo e ao uso de intuição, criatividade e inovação, somados à razão e à lógica.

O estilo de gerência centralizador e autoritário passa para uma forma mais participativa onde as atribuições são delegadas e resultam em novos procedimentos. Cada vez mais, exige-se a competência nas relações interpessoais, na humanização das relações na cultura organizacional.

A cada dia que passa, o setor público se defronta com novos desafios. O paradigma gerencial contemporâneo requer formas flexíveis de gestão, descentralização de funções, redesenho de estruturas e criatividade de seus recursos humanos.

Nesse novo modelo, torna-se imprescindível que as administrações públicas federal, estadual e municipal estejam preparadas para enfrentar esta fase de mudanças contínuas, com vistas à maior qualidade e à melhor produtividade de suas ações, mediante a adoção de modelos gerenciais capazes de gerar resultados junto à população.

A experiência brasileira de governança local tem sido marcada por forte inovação institucional e por um complexo sistema de relações intergovernamentais, muitas vezes impulsionadas por organismos multilaterais, e que, apesar da capacidade desigual dos municípios brasileiros em tomar parte nessa nova realidade, no que tange ao maior envolvimento dos governos e das comunidades locais na provisão de serviços sociais universais e de bens públicos de uso comum, ainda não está claro se essas novas institucionalidades são sustentáveis sem o apoio financeiro e indutor do governo federal e de outros organismos exógenos à governança local.

Pois bem, aí estão os recursos de apoio financeiro advindos dos extraordinários royalties e aí está o apoio técnico de institutos e fundações com alta tecnologia, inclusive órgãos públicos, mais centenas de sérias Organizações Não Governamentais – ONGs e Organizações Sociais - OSs, todos comprometidos com o bem estar social.

A oportunidade está posta para o município analisado neste trabalho, bem como pode ser estendida aos demais: a dinâmica das relações do mundo contemporâneo, em que se estima que todo o acervo cognitivo da humanidade seja duplicado a cada cinco anos, não permite que as entidades se acomodem calcadas na premissa de que já adquiriram suficiente conhecimento organizacional ou que as pessoas que as integram dominam habilidades e competências duradouras e imutáveis.

É imperativo aproveitar melhor esses recursos finitos de royalties que estão inflando seus orçamentos, adotar gramáticas políticas diferenciadas, oportunizar a criação de janelas políticas para inclusão da inovação da gestão na agenda pública e na formulação de suas políticas, modelar suas organizações dentro dos conceitos mais modernos, consorciar-se, criar identidade própria e regional, estruturar seu observatórios locais, utilizar todas as ferramentas de planejamento para o desenvolvimento sustentado, adotar a gestão social, agregando valores democráticos à gestão pública e aprimorando a cidadania de cada um de seus habitantes, hoje e no futuro, sem jamais esquecer que o maior gerador de trabalho e renda é o empreendedor privado, cabendo ao Estado o papel de indutor do desenvolvimento e provedor de serviços essenciais de qualidade.

Page 141: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

141

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

VII - CONCLUSÃO

O município de Carapebus tem uma área total de 310,6 km2, correspondentes a 0,71% do Estado do Rio de Janeiro. Entre 1994 e 2001, houve aumento de formações pioneiras para 28% do território municipal e grande crescimento de área agrícola para 34%. Houve redução expressiva em campo/pastagem para 32%. A área urbana cresceu de 0,1 para 0,5%. De acordo com estudos realizados para recomposição da biodiversidade, seria necessário implantar corredores ecológicos em 1,0% do território municipal para interligação de eventuais remanescentes florestais.

A densidade demográfica de seus 10.389 habitantes em 2006 foi de 33 pessoas por km2, a 79ª maior do Estado. De acordo com o Censo 2000, a taxa de urbanização alcançava 79,3% de sua população, distribuídas em 3.149 domicílios, dos quais 35,5% têm acesso à rede geral de abastecimento de água, 45,6% estavam ligados à rede geral de esgoto sanitário, e 78,6% tinham coleta regular de lixo.

Quanto à educação, Carapebus teve 3.220 alunos matriculados em 2006, uma variação de -0,8% em relação ao ano anterior.

O município não tem creche. São 11 pré-escolas, com 535 estudantes, 90% deles em instituições do município.

Um total de 15 estabelecimentos se dedica ao ensino fundamental, com 2.161 alunos matriculados, 16% na única escola estadual e 82% nos 13 estabelecimentos da rede municipal. A distorção série-idade alcançou um total de 33,5% dos alunos. Enquanto a média de aprovação da rede estadual no Estado como um todo alcançou 74,2% de todos os estudantes em 2005, em Carapebus este indicador alcançou 89,5%, com 6,8% de reprovação e 3,7% de abandono. Já nas redes municipais, 80,0% foram aprovados no Estado, enquanto a rede municipal local atingiu 78,4%, tendo havido 13,3% de reprovados e 8,3% abandonaram a escola.

Os dois estabelecimentos de ensino médio tiveram 524 matrículas em 2006, sendo 96% na rede estadual. A distorção série-idade alcançou 64,6% dos alunos da primeira série. A média de aprovação no Estado atingiu 67,2% dos estudantes em 2005, contra 60,3% em Carapebus, onde a rede estadual teve 56,7% dos alunos aprovados.

O PIB a preços básicos de 2005 alcançou R$46 milhões, 86ª posição entre os 92 municípios fluminenses, com uma variação de -22,2% em relação ao ano anterior. O PIB total per capita foi de R$7.297,58. Se considerarmos a média do PIB per capita do Estado como índice 100, o de Carapebus ficou em 40,36, o que representa a 40ª colocação.

O Produto Interno Bruto do município teve as seguintes contribuições, por setor da economia:

Agropecuária 13,4% Extração mineral 0,0%Indústria de transformação 0,5% Comércio 6,9%Construção civil 6,9% Serviços industriais de utilidade pública 1,8%Transportes 0,2% Comunicações 3,4%Instituições financeiras 0,6% Administração pública 21,3%Aluguéis 26,8% Outros serviços 18,2%

Page 142: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

142

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Dos 91 municípios analisados, 42 deles gastaram mais do que arrecadaram e 31 não apresentaram liquidez corrente de sua administração direta.

Carapebus teve uma receita total de R$53,7 milhões em 2006, não apresentando equilíbrio orçamentário. Suas receitas correntes estão comprometidas em 95% com o custeio da máquina administrativa. Sua autonomia financeira é de 1,3% e seu esforço tributário alcançou 1,4% da receita total. A carga tributária per capita de R$65,06 é a 50ª do Estado, sendo R$9,29 em IPTU (76ª posição) e R$49,67 em ISS (32º lugar).

Por sua vez, o custeio per capita de R$4.916,14 é o 3º do Estado, contra um investimento per capita de R$304,33, posição de número 15 dentre os demais 91 municípios. Esse investimento representou 5,9% da receita total. Tal quadro resultou numa liquidez corrente de 0,746.

A dependência de transferências da União, do Estado e dos royalties atingiu 96%. Especificamente com relação às participações governamentais (royalties, royalties excedentes e participações especiais, conforme o caso), o município de Carapebus tem nelas 63% de sua receita total, um montante de R$33,9 milhões no ano 2006, a 12ª colocação em valor recebido, perdendo uma posição no ranking de 2005 para 2006, dentre os 91 entes analisados. Tais cifras correspondem a R$3.265,11 por habitante, 3ª colocação no Estado, mantendo a mesma posição em relação a 2005.

Ao finalizarmos o presente trabalho, devemos novamente alertar para o fato de que a atividade extrativa de petróleo e gás natural traz muitas benesses, mas algumas incertezas. Além das já citadas no capítulo anterior, há a possibilidade de alterações na legislação: em outubro de 2007, havia, em tramitação no Congresso Nacional, 22 projetos de lei que modificam os critérios ora vigentes de participações governamentais. Em nosso Estado, em virtude de liminares e novas interpretações do texto legal, 20 municípios ganharam posições, em relação aos demais no ranking destas receitas entre 2005 e 2006, e nada menos que 57 as perderam, enquanto outros 14 municípios não tiveram variação. As conseqüências destas perdas ainda não foram sentidas, pois têm sido crescentes os montantes transferidos. Porém, tais mudanças já sinalizam que não se deve abdicar da cuidadosa gestão desses recursos com vistas à provisão, pelo poder público, de melhores serviços e infra-estrutura para a população.

Page 143: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

143

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

POSFÁCIO

Após o fechamento desta edição dos Estudos Socioeconômicos, no final de

outubro, ocorreu uma sucessão de fatos relevantes. Durante o mês de novembro, o Governo do Estado do Rio de Janeiro publicou o Plano Estratégico 2007-2010, a Assembléia Legislativa promoveu audiência pública sobre o tema Gás Natural e o Desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro e o Governo Federal divulgou o resultado das licitações públicas para concessão de rodovias. Em dezembro, a FIRJAN publicou a pesquisa Decisão Rio 2008-2010. Estes eventos apresentaram projetos que complementam o quadro de investimentos mencionados na introdução do Capítulo IV - INDICADORES ECONÔMICOS, e não poderiam deixar de ser incluídos neste estudo, pois trazem perspectivas alvissareiras para o desenvolvimento do Rio de Janeiro como um todo.

As seguintes áreas de resultado, dentre outras, estão incluídas na agenda de ações prioritárias do Governo Estadual:

• Desenvolvimento econômico, atração de investimentos e inovação tecnológica;

• Desenvolvimento social, inclusão produtiva e cidadania;

• Sustentabilidade ambiental;

• Infra-estrutura urbana e logística de transportes. Algumas das ações prioritárias estruturantes envolvem saneamento básico,

redução do déficit habitacional e recuperação de passivos ambientais e de bacias hidrográficas. Ainda dentre as ações previstas, em conjunto com o Governo Federal no âmbito do Plano de Aceleração do Crescimento – PAC, constam urbanização de favelas e bairros da Região Metropolitana e desenvolvimento urbano de outras cidades, como Volta Redonda, Barra Mansa e Nova Friburgo.

No setor de infra-estrutura, o Estado seguirá com o aperfeiçoamento da malha ferroviária metropolitana e a ampliação de rodovias estaduais, incluindo as estradas RJ-106, RJ-114, RJ-149, RJ-155, RJ-163, RJ-165 e a duplicação da Av. Presidente Kennedy (RJ-101) em Duque de Caxias. Estão previstas a implantação da estação de metrô da Linha 1 na Praça General Osório, a conclusão da sinalização da Linha 2 e o início da Linha 3 entre Niterói e Itaboraí, bem como a ligação hidroviária para São Gonçalo. A concessão da BR-393 – trecho entre Volta Redonda e Carmo, propiciará a duplicação da rodovia, da mesma forma como da BR-101 Norte entre Niterói e a fronteira com o Estado do Espírito Santo, no município de Campos.

A implantação do aeroporto de Cabo Frio pelo Estado e a recuperação e revitalização do Terminal 1 de passageiros, do terminal de cargas, dos sistemas de pátios e pistas do Aeroporto Internacional Tom Jobim pela União também estão previstas. Espera-se a consolidação de uma parceria público-privada das três esferas de governo e diversas entidades particulares para recuperação e revitalização do Porto do Rio de Janeiro, envolvendo os acessos rodoviários, ferroviários e marítimos; a construção de novo terminal de passageiros e centro comercial; e a integração porto-cidade para harmonização do mesmo com os espaços urbanos que o circundam, agregando

Page 144: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

144

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

qualidade de vida ao propiciar acesso visual ao porto e ao mar. O trem de alta velocidade entre Rio e São Paulo ainda está em fase de análise pelo BNDES e de adaptações no projeto de concessão. A concessionária MRS Logística estima investimentos significativos em expansão de vias ferroviárias; ampliação e adequação de pátios; melhoria da infra-estrutura da via permanente e das instalações, principalmente em Barra do Piraí, Barra Mansa, Volta Redonda, Itaguaí, Japeri e Rio de Janeiro.

A Prefeitura do Rio implantará uma ligação entre os bairros da Penha e Barra da Tijuca com 380 ônibus articulados e 30 estações, além de dar continuidade à construção da Cidade da Música, dentre outros investimentos.

No setor energético, estão previstos investimentos bilionários para a construção da Usina Nuclear Angra III. Novos gasodutos serão instalados no Estado: Cabiúnas-Vitória, duplicação Cabiúnas-Caxias, duplicação São Paulo-Japeri e Caxias-Minas, reforço Japeri-Caxias e um terminal flexível de gás natural liquefeito na Baía de Guanabara. As concessionárias Light e CEG também prevêem investimentos expressivos em sua rede de distribuição. O mercado mundial, em busca de fontes de biocombustíveis, estimulou o investimento privado na ampliação da agroindústria para plantio de cana-de-açúcar em Cabo Frio, Quissamã, Campos dos Goytacazes e Bom Jesus do Itabapoana. Serão implantadas novas usinas e expandidas outras em Campos e Bom Jesus. Rio das Flores abrigará uma unidade de produção de biodiesel.

No setor da indústria de transformação, serão construídas novas fábricas de cimento em Cantagalo e Volta Redonda, de produtos de higiene e limpeza em Japeri, de papel em Sapucaia, de petroquímica em Caxias, de coque calcinado de petróleo em Seropédica e de motores de navio em Itaguaí; ampliada e modernizada a Siderúrgica Barra Mansa; expandidas plantas de produtos agroquímicos em Resende, de bebidas no Rio de Janeiro, de manutenção de turbinas de avião em Petrópolis e de tubos metálicos em Campos e São Gonçalo. São inúmeras as encomendas de navios a serem construídos pelos estaleiros Consórcio Rio Naval, Aliança, Sermetal e Eisa no Rio de Janeiro, bem como por Aker Promar, Renave e Consórcio Mauá-Jurong em Niterói. Consolida-se a Zona Especial de Negócios em Rio das Ostras. A a mesma infra-estrutura industrial já opera em Quissamã, aguarda licença prévia de funcionamento em Carapebus e está planejada sua implementação por Seropédica e Campos dos Goytacazes, na região do Farol de São Tomé.

No setor de turismo e veraneio, estão previstos mega-empreendimentos em Maricá, Cabo Frio e Armação dos Búzios.

Somados àqueles projetos citados no bojo deste trabalho, todos esses investimentos superam a centena de bilhões de reais e trazem um mapeamento do que serão as demandas futuras de mão-de-obra e da cadeia produtiva, ensejando sinergias e novas possibilidades de investimentos, em um ciclo virtuoso para o nosso Estado.

Page 145: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

145

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABREU, Antônio Izaías da Costa. Municípios e Topônimos Fluminenses: Histórico e Memória, Niterói: Imprensa Oficial do Estado do Rio de Janeiro, 1994.

AFONSO, José Roberto Rodrigues; Araújo, Érika Amorim. A Capacidade de Gasto dos Municípios Brasileiros: Arrecadação Própria e Receita Disponível, Junho 2001 (mimeo).

AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO (ANP). Petróleo e Desenvolvimento Municipal: o impacto dos royalties do petróleo nas finanças e nas condições socioeconômicas dos estados e municípios beneficiados – Relatório da pesquisa qualitativa – municípios do estado do Rio de Janeiro. IBAM/FUJB/ IPEA: Brasília, 2003.

__________. Anuário Estatístico 2005. Rio de Janeiro: A Agência, 2006.

AGENDA 21 BRASILEIRA. Encontro Regional – Sudeste. Brasília: MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, nov. 2001. Disponível em http://www.ambiente.sp.gov.br/ agenda21bras/agendabras.htm. Acesso em: 06 Fev 2007.

AGENDA 21 NACIONAL. Relatório do debate do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – SEMADS, mar. 2001. Disponível em http:// www.mma.gov.br/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura= 18&idConteudo=624. Acesso em: 06 Fev 2007.

AGENDA DE DESENVOLVIMENTO HUMANO E SUSTENTÁVEL PARA O BRASIL DO SÉCULO XXI. Programa Regional de Estratégias de Desenvolvimento Local. Projeto PNUD-BRA/98/017. Relatório Final. Brasília: Athalaia, 2000.

ALENCAR, Marco Antônio Barbosa de. Relatório das Contas de Gestão do Governador, Exercício 2002, TCE/RJ, 2003.

BEZERRA, Maria do Carmo de Lima e FERNANDES, Marlene Allan (coordenação-geral). Cidades sustentáveis: subsídios à elaboração da Agenda 21 brasileira. Brasília: Ministério do Meio Ambiente; Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis; Consórcio Parceria 21 IBAM-ISER-REDEH, 2000.

BIDEGAIN, Paulo. Lagoa de Araruama - Perfil Ambiental do Maior Ecossistema Lagunar Hipersalino do Mundo. Rio de Janeiro: SEMADS, 2002.

BRITO, Jorge. Arranjos Produtivos Locais: Perfil das Concentrações Econômicas no Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro: SEBRAE, 2004.

Caderno da Região Hidrográfica Atlântico Sudeste / Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Recursos Hídricos. – Brasília: MMA, 2006.

Page 146: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

146

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

Cadernos de Recursos Hídricos - Disponibilidade e demandas de recursos hídricos no Brasil / Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Recursos Hídricos. – Brasília: MMA, 2005.

CAMPAGNONE, Marcos Camargo. Gerente Municipal: Um Profissional da Gestão Local, in O MUNICÍPIO NO SÉCULO XXI: CENÁRIOS E PERSPECTIVAS, São Paulo: Fundação Prefeito Faria Lima – CEPAM, ED. ESP., 1999.

CASTRO, Maria Helena Guimarães. A Educação para o Século XXI: O Desafio da Qualidade e da Eqüidade, PREAL, 1999.

COMISSÃO DE POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DA AGENDA 21 NACIONAL. Agenda 21 brasileira – ações prioritárias. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2002.

COMISSÃO MUNDIAL SOBRE O MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO. Nosso futuro comum. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1988

CONCEIÇÃO, Jorge H.M. da; MELLO, Marcelo F. de F.; MURTA, Marcelo M.; NAZARETH, Paula A.C. de P. Petróleo e gás natural nas finanças públicas do Estado e dos municípios do Rio de Janeiro. In: Revista Síntese nº1. Rio de Janeiro: Tribunal de Contas do Estado, 2006.

CONSTANZA, R. Ecological economics: the science and management of sustainability. New York: Columbia Press, 1991.

COSTA FILHO, L.M. da; LOPES PORTO, L.F; MURTA, M.M.; NAZARETH, P.A. Finanças Públicas do Estado e dos Municípios do Rio de Janeiro – Dezembro/99, TCE/RJ, 1999.

ENCICLOPÉDIA DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, Rio de Janeiro, 1959.

Estatística de Saúde: Assistência Médico – Sanitária, 2002. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, Rio de Janeiro, 2002.

ESTUDOS PARA O PLANEJAMENTO MUNICIPAL. Fundação Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social do Rio de Janeiro, FIDERJ, Rio de Janeiro, 1978.

FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS do ESTADO do RIO DE JANEIRO – FIRJAN, Agenda Brasil 2002 – Temas Prioritários, Rio de Janeiro, FIRJAN: 2002.

_________ . Desburocratização Eletrônica nos Municípios do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, FIRJAN: 2002.

_________ . Desburocratização Eletrônica nos Municípios do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, FIRJAN: 2005.

_________ . Mapa do Desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro 2006/2015. Rio de Janeiro, FIRJAN: 2006.

Page 147: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

147

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROT EC

Secretaria-Geral de PlanejamentoESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

FUNDAÇÃO CENTRO DE INFORMAÇÕES E DADOS DO RIO DE JANEIRO (CIDE). Anuário Estatístico do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro: CIDE, 1987.

________. Índice de Qualidade dos Municípios – Verde, Rio de Janeiro, CIDE, 2000.

________. Índice de Qualidade dos Municípios - Verde II, Rio de Janeiro, CIDE, 2003.

________. Índice de Qualidade dos Municípios – Potencial para o Desenvolvimento II, Rio de Janeiro, CIDE, 2006.

GARCIA, Ronaldo Coutinho. A Reorganização do Processo de Planejamento do Governo Federal: O PPA 2000 - 2003, Brasília: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA, Maio, 2000 (Texto para Discussão n.º 726).

________. Subsídios para Organizar Avaliações da Ação Governamental, Brasília: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA, Janeiro, 2001 (Texto para Discussão n.º 776).

IBGE. Censo Demográfico – 2000 – Características da População e dos Domicílios. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Rio de Janeiro, 2000.

________. Indicadores de desenvolvimento sustentável: Brasil 2004. Rio de Janeiro: IBGE, 2004.

________. Primeiros resultados da amostra parte 1. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Rio de Janeiro, 2000.

________. Primeiros Resultados da Amostra, parte 2. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Rio de Janeiro, 2000.

________. Síntese de Indicadores Sociais. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Rio de Janeiro, 2004.

________. Pesquisa de Informações Básicas Municipais - Perfil dos Municípios Brasileiros - Gestão Pública 2005. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Rio de Janeiro,

2006. MELLO, Marcelo Franca de Faria. Mecanismos de Inovação na Gestão Pública: Perspectivas Estratégicas de Desenvolvimento Sustentável dos Municípios do Estado do Rio de Janeiro. Dissertação (Mestrado em Administração Pública). Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, 2007. MOORE, Mark Harrison. Criando valor público: gestão estratégica no governo. Rio de Janeiro: Uniletras; Brasília: ENAP, 2002.

MURTA, Marcelo Martinelli. Finanças Públicas do Estado e dos Municípios do Rio de Janeiro – Fevereiro/2001, TCE/RJ, 2001.

NAZARETH, P.A.; LOPES PORTO, L.F.. As Finanças dos Municípios Brasileiros: O Caso do Rio de Janeiro, TCE/RJ, Janeiro 2002.

Page 148: Estudo Socioeconômico 2007 - Carapebus (1)

CARAPEBUS

148

ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

NOLASCO, José Maurício de Lima. Relatório das Contas de Gestão do Governador, Exercício 2001,TCE/RJ, 2002.

OLIVEIRA, Rosiska Darcy de. Educação e Desigualdade Agenda XXI, São Paulo, 1999.

PACHECO, Regina Silvia. Administração Pública Gerencial: Desafios e Oportunidades para os Municípios Brasileiros; in O MUNICÍPIO NO SÉCULO XXI: CENÁRIOS E PERSPECTIVAS, São Paulo: Fundação Prefeito Faria Lima – CEPAM, ED. ESP., 1999.

Pesquisa Nacional de Saneamento Básico: 2000 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, Rio de Janeiro, 2002.

RABELLO, Julio L. Relatório das Contas de Gestão do Governo - Exercício 2005, TCE/RJ, 2006.

PREFEITURA MUNICIPAL, Prestações de Contas dos Exercícios de 2000, 2001, 2002, 2003, 2004, 2005. Prefeitura.

QUINTELLA, Sérgio F. Relatório das Contas de Gestão do Governo - Exercício 2003, TCE/RJ, 2004.

REIS, E.; SCHWARTZMAN, S. Pobreza e Exclusão Social: Aspectos Sócio Políticos. Versão Preliminar, World Bank, 2002.

SEMADS. Bacias Hidrográficas e Rios Fluminenses - Síntese Informativa por Macrorregião Ambiental. Rio de Janeiro: SEMADS, 2001.

SETTI, Arnaldo Augusto et alli. Introdução ao gerenciamento de recursos hídricos. Brasília: Agência Nacional de Energia Elétrica, Superintendência de Estudos e Informações Hidrológicas, 2000.

SOUZA, Aluisio Gama de. Relatório das Contas de Gestão do Governador, Exercício 2004, TCE/RJ, 2005.

________. Relatório das Contas de Gestão do Governador, Exercício 2006, TCE/RJ, 2007.