estudo empÍrico sobre lealdade a restaurantes · a pesquisa sobre antecedentes e conseqüências...

141
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES: UMA ABORDAGEM VIA EQUAÇÕES ESTRUTURAIS LEONARDO BARBOSA SOARES ORIENTADOR: Prof. Frederico A. A. de Carvalho, Ph. D. RIO DE JANEIRO 2004

Upload: duongcong

Post on 27-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO

ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES:

UMA ABORDAGEM VIA EQUAÇÕES ESTRUTURAIS

LEONARDO BARBOSA SOARES

ORIENTADOR: Prof. Frederico A. A. de Carvalho, Ph. D.

RIO DE JANEIRO

2004

Page 2: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

ii

ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES:

UMA ABORDAGEM VIA EQUAÇÕES ESTRUTURAIS

LEONARDO BARBOSA SOARES

Dissertação submetida ao corpo docente do Instituto COPPEAD de Administração da

Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos requisitos necessários à

obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.).

Aprovada por:

___________________________________________________ Prof. Dr. Frederico A.A. de Carvalho COPPEAD/UFRJ – Presidente da Banca

___________________________________________________

Profª. Dra. Letícia Moreira Casotti COPPEAD/UFRJ

___________________________________________________

Prof. Dr. Antonio Roberto Ramos Nogueira COPPEAD /UFRJ

___________________________________________________

Prof. Dr. Valdecy Faria Leite FEA/UFRJ

RIO DE JANEIRO

2004

Page 3: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

iii

Soares, Leonardo Barbosa. Estudo Empírico sobre Lealdade a Restaurantes: uma Abordagem via Equações Estruturais / Leonardo Barbosa Soares. Rio de Janeiro, COPPEAD, 2004.

ix; 132 f.; il.

Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Pós-Graduação em Administração – COPPEAD, 2004. Orientador: Frederico A. de Carvalho.

1. Lealdade. 2. Restaurantes. 3. Equações Estruturais. 4.

Administração –Teses. I. Carvalho, Frederico A. de (Orient.) II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto de Pós-Graduação em Administração. III Título.

Page 4: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

iv

AGRADECIMENTOS

Um dos aspectos mais importantes numa relação de lealdade é a gratidão

expressa por tudo o que se recebeu no passado no relacionamento com os demais.

Sendo assim, depois de ter me debruçado sobre a lealdade quero pôr em prática uma das

lições que aprendi durantes estes meses e fazer os meus agradecimentos.

Sou eternamente grato a Deus, aos meus pais e às minhas irmãs.

Tenho muito a agradecer pela valiosíssima orientação do Prof. Frederico

Carvalho. Seu comprometimento com a qualidade da pesquisa foi sem dúvida o ponto

alto da orientação. Durante este ano, fiz-me amigo dos seus amigos, especialmente o

Cel. Montezuma e o Major Aniceto. Suas palavras sensatas, exigentes e carinhosas, são

inesquecíveis.

A Profª Letícia Casotti honra-me com sua presença na Banca examinadora. Sua

sensibilidade e suas palavras de carinho e estímulo foram fundamentais, desde o

primeiro momento em que fui selecionado para cursar o mestrado no Coppead.

A presença do Prof. Roberto Nogueira nesta banca se relaciona, sobretudo, com

a sua contagiante paixão pela pesquisa empírica. Devo a ele a primeira exposição que

tive à estatística multivariada no contexto da Disciplina de Gerência Estratégica de

Tecnologia da Informação.

Agradeço a pronta disponibilidade e cortesia do Prof. Valdecy Leite ao aceitar o

convite para participar da Banca de defesa.

O corpo docente do Instituto COPPEAD de Administração é conhecido pela

excelência. Sou imensamente agradecido a todos os professores. Todavia, não poderia

deixar de mencionar que fui agraciado com a oportunidade de ter sido aluno da Profª

Ângela da Rocha, do Prof. Celso Leme e da Profª Úrsula Wetzel.

Agradeço a professora Rosalind McMullan que permitiu que eu replicasse a sua

escala de lealdade num contexto brasileiro. Quero demonstrar a minha gratidão ao

professor Dwayne Gremler, pelo seu empenho e presteza no envio de um dos artigos

utilizados, praticamente impossível de ser encontrado no Brasil.

Page 5: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

v

O convívio com os talentosos colegas do mestrado foi tão gratificante que

passou a constituir parte de meu patrimônio afetivo. Quero agradecer especialmente

toda a ajuda que recebi de Gustavo Sued, Leonardo Jullianelli, Maribel Suarez e

Ronaldo Deccax.

Sou grato a Edson Dalton e a Vitor Almeida cujo apoio em diferentes momentos

da pesquisa foram inestimáveis.

Sou imensamente grato à Cida e à Simone. Sempre fui recebido com enorme

carinho. Aliás, carinho e atenção é a marca registrada do atendimento no COPPEAD.

Quero agradecer também a Marinete, Márcia, e Ana Rita pela ajuda na busca de artigos

e livros.

Sem informação, não há pesquisa. Agradeço imensamente aos professores

Frederico Bonaldo, Helena, Otávio Figueiredo, Ricardo Miyashita, Éber Schimitz pelo

apoio irrestrito na coleta de dados.

Agradeço aos amigos Ricardo Miyashita e Marcílio Bromerchenkel que me

estimularam a ingressar no Coppead. Agradeço ainda ao amigo Augusto Silberstein e a

Janet Ortega pela ajuda na tradução dos questionários aplicados nesta pesquisa

Tenho muito a agradecer ao trabalho cuidadoso e paciente na revisão do texto de

Luis Fernando e José Antonio. Quaisquer erros presentes neste trabalho, no entanto, são

de minha inteira responsabilidade.

Agradeço, por fim, ao CAPES pelo apoio concedido.

Page 6: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

vi

RESUMO

SOARES, Leonardo Barbosa. Estudo Empírico sobre Lealdade a Restaurantes: uma

Abordagem via Equações Estruturais. Orientador: Frederico A. de Carvalho. Rio de

Janeiro: COPPEAD/UFRJ, 2004. Dissertação (Mestrado em Administração)

A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50 anos. De fato, a busca pela lealdade dos consumidores representa um dos principais objetivos estratégicos de diversas organizações. Com o emprego da Modelagem de Equações Estruturais, esta dissertação pretende avaliar alguns modelos de lealdade que consideram aspectos atitudinais e comportamentais no contexto de restaurantes. Especificamente, esta dissertação examina a hipótese de que variáveis latentes relacionadas a aspectos cognitivos, afetivos e conativos influenciam o comportamento de lealdade. Tendo por base os modelos de lealdade de DICK e BASU (1994) e OLIVER (1997), este trabalho realiza um estudo empírico sobre a lealdade dos consumidores a restaurantes de ocasiões especiais. A partir de uma escala de lealdade que combina ítens das escalas propostas por ZEITHAML et al. (1996) e MCMULLAN e GILMORE (2003), foi realizado um survey com 210 estudantes de duas universidades do Rio de Janeiro. A análise dos diferentes modelos de lealdade revelou que os aspectos tangíveis, o nível de comprometimento e o grau de satisfação dos consumidores influenciam positivamente na formação da sua lealdade a restaurantes de ocasiões especiais.

Page 7: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

vii

ABSTRACT

SOARES, Leonardo Barbosa. Estudo Empírico sobre Lealdade a Restaurantes: uma

Abordagem via Equações Estruturais. Orientador: Frederico A. de Carvalho. Rio de

Janeiro: COPPEAD/UFRJ, 2004. Dissertação (Mestrado em Administração)

For 50 years, Marketing academics and practitioners have been looking to the antecedents and consequences of customer loyalty. Indeed, the quest for customer loyalty accounts for one of the main strategic goals in almost every organization. Based upon the Structural Equation Modeling, this dissertation aims to analyze some attitudinal and behavioral loyalty models within the food service context. Specifically this research examines the hypotheses that cognitive, affective and conative variables have positive influence on loyalty behavior. Based on a customer loyalty model developed by DICK and BASU (1994) and OLIVER (1997), this empiric research investigates customer loyalty regarding special occasion restaurants. A loyalty scale was developed combining items proposed by ZEITHAML et al. (1996) and MCMULLAN and GILMORE (2003), and a survey questionnaire was completed by 210 students from two universities in Rio de Janeiro. Results indicate positive influence of tangible features, consumer’s commitment and satisfaction level on the development of the customer loyalty regarding special occasion restaurants.

Page 8: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

viii

1. O PROBLEMA............................................................................................................... 1

1.1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 1 1.2 OBJETIVOS........................................................................................................................ 2 1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ............................................................................................... 2 1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO ................................................................................................. 3 1.5 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO .............................................................................................. 3

2. REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................................... 5 2.1 A IMPORTÂNCIA DA LEALDADE DO PONTO DE VISTA ESTRATÉGICO................................ 5 2.2 A LEALDADE COMPORTAMENTAL .................................................................................... 7 2.3 A LEALDADE ATITUDINAL................................................................................................ 8

2.3.1. Fundamentos Psicométricos ..................................................................................................10 2.3.2. O modelo de DICK e BASU (1994)........................................................................................14 2.3.3. O modelo de OLIVER (1997).................................................................................................19

2.4 POLÊMICAS NAS MEDIDAS DE LEALDADE ..................................................................... 24 2.5 ESTUDOS EXPLORATÓRIOS DA LEALDADE EM SERVIÇOS .............................................. 25

2.5.1. Lealdade em Serviços por CZEPIEL e GILMORE (1987) ...................................................25 2.5.2. Abordagem de GREMLER e BROWN ..................................................................................27

2.6 ABORDAGENS EMPÍRICAS SOBRE LEALDADE EM SERVIÇOS.......................................... 28 2.6.1. O Estudo de ZEITHAML, BERRY e PARASURAMAN (1996)...........................................28 2.6.2. O Estudo de PRITCHARD e HOWARD (1997)....................................................................29 2.6.3. Os Estudos de BLOEMER, RUYTER e WETZELS .............................................................30 2.6.4. O Estudo de CARUANA (2002) .............................................................................................32 2.6.5. O Estudo de GILMORE e MCMULLAN (2003)...................................................................32

2.7 A ESCOLHA DO CONSTRUTO DE LEALDADE.................................................................... 34 3. METODOLOGIA DA PESQUISA............................................................................. 36

3.1 UNIVERSO E AMOSTRA................................................................................................... 36 3.2 COLETA DE DADOS ......................................................................................................... 38

3.2.1. Modo de Aplicação .................................................................................................................40 3.2.2. Instrumento de coleta de dados..............................................................................................41 3.2.3. Efeitos de Ordem ....................................................................................................................41 3.2.4. Tradução e Adaptação dos Ítens do Questionário.................................................................42 3.2.5. Revisão dos Construtos Presentes no Questionário ..............................................................43

3.3 ANÁLISE DE DADOS ....................................................................................................... 49 3.3.1. Análise Fatorial e Análise de Confiabilidade........................................................................49 3.3.2. Modelagem de Equações Estruturais ....................................................................................57

3.4 HIPÓTESES DE PESQUISA ................................................................................................ 65

Page 9: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

ix

3.5 LIMITAÇÕES DA PESQUISA ............................................................................................. 72 4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................... 75

4.1 ANÁLISE DESCRITIVA DA AMOSTRA.............................................................................. 75 4.2 ANÁLISE POR TABULAÇÃO CRUZADA............................................................................. 78 4.3 ANÁLISE UNIVARIADA ................................................................................................... 81 4.4 AVALIAÇÃO DOS MODELOS DE LEALDADE ................................................................... 83

4.4.1. Avaliação do Modelo Original Inspirado em DICK e BASU (1994) ....................................84 4.4.2. Avaliação do Modelo Revisado Inspirado em DICK e BASU (1994) ...................................88 4.4.3. Avaliação do Modelo Original Inspirado em Oliver (1997)..................................................93 4.4.4. Avaliação do Modelo Revisado Inspirado em Oliver (1997).................................................97 4.4.5. Modelo Proposto Híbrido.....................................................................................................101

4.5 BALANÇO FINAL ENTRE OS MODELOS RIVAIS ............................................................ 105 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 110

5.1 CONCLUSÕES................................................................................................................ 110 5.2 SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS .......................................................................... 112

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 114 ANEXO 1 - RESTAURANTES CITADOS PELOS RESPONDENTES ........................... 124 ANEXO 2 - QUESTIONÁRIO UTILIZADO NA PESQUISA ........................................... 127

Page 10: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

1

1. O PROBLEMA

1.1 Introdução

“Customer Loyalty is to service marketers what love is to pubescent children. Even though they

don’t know what it is or how to get it, they want it because they think it will feel good.”

(CZEPIEL e GILMORE, 1987, p. 91)

O estudo da lealdade, em suas diversas formas, tem motivado pesquisadores e profissionais de

Marketing há quase 50 anos (CUNNINGHAM, 1956; TUCKER, 1964; UNCLES,

DOWLING e HAMMOND, 2003). O interesse pela definição e operacionalização do

construto parece se renovar, ao mesmo tempo que diversos antecedentes são propostos como

um meio de desenvolvimento da lealdade dos consumidores. (UNCLES, DOWLING e

HAMMOND, 2003)

A literatura de marketing mostra que lealdade pode ser encarada como um termo equívoco.

Assim, surgem outros termos que se prestam a explicar uma mesma realidade a partir de

diferentes perspectivas (JACOBY e CHESTNUT, 1978 apud OLIVER, 1997). Fala-se de

fidelidade, retenção, envolvimento, comprometimento, intenção de recompra, comportamento

de recompra, etc. Alguns consideram a lealdade como um atributo constituinte da marca

(DEKIMPE et al., 1997), outros defendem que seja uma característica pessoal (RAJU, 1980),

ou ainda como conseqüências de construtos como qualidade percebida de serviço ou

satisfação. (DICK e BASU, 1994; OLIVER, 1997)

Esta abundância de termos, muitos deles relacionados entre si, pode até gerar inconsistências

nas pesquisas sobre o tema. Por exemplo: Como avaliar os diversos estudos sobre o impacto e

rentabilidade da lealdade e a sua relação com outros construtos como satisfação ou qualidade

percebida, sem saber ao certo se ao menos se discute sobre o mesmo construto?

Page 11: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

2

Na visão de JACOBY e KYNER (1973, p. 1):

“Antes de medir um fenômeno, deve-se definir claramente o que ele é e o que ele não é. De

acordo com a lógica da ciência moderna, tais definições conceituais devem preceder e

determinar a sua operacionalização e não o contrário.”

1.2 Objetivos

O objetivo central desta dissertação é realizar uma pesquisa exploratória do construto de

lealdade, tendo por base as escalas propostas por MCMULLAN e GILMORE (2003) e

ZEITHAML et al. (1996). Com o emprego da modelagem de equações estruturais, pretende-

se testar alguns modelos da lealdade que consideram aspectos atitudinais e comportamentais

no contexto de restaurantes.

Especificamente, esta pesquisa testa a hipótese principal de que as variáveis latentes

relacionadas aos componentes cognitivos, afetivos e conativos influenciam o comportamento

de lealdade, conforme sugerem os modelos de DICK e BASU (1994) e OLIVER (1997).

1.3 Delimitação do estudo

O estudo da lealdade nesta pesquisa situa-se no contexto de serviços. Segundo CZEPIEL e

GILMORE (1987) e GREMLER e BROWN (1996), a lealdade em serviços tem um grande

potencial de desenvolvimento, em comparação com produtos, devido a características como

heterogeneidade, percepção de risco e interação pessoal envolvida no consumo de serviços.

Esta pesquisa se restringiu à escolha de restaurantes para ocasiões especiais com estudantes

residentes na cidade do Rio de Janeiro. A escolha de ocasiões especiais foi intencional e teve

por objetivo investigar fatores atitudinais presentes nesta escolha, por hipóteses mais

presentes em situações cujo consumo é menos freqüente (UNCLES, DOWLING e

Page 12: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

3

HAMMOND, 2003). Entende-se por ocasiões especiais, aquelas situações em que busca algo

diferente do dia-a-dia, seja para quebrar a rotina, seja para comemorar datas significativas,

como Dia das Mães, Dia dos Pais, aniversários etc. (WARDE e MARTENS, 2000)

Outro motivo para escolha de situações especiais foi servir de estímulo à memória do

respondente. Como sugerem COOPER e SCHINDLER (2002), o uso de situações especiais se

aproxima, de certo modo, às pesquisas que utilizam a técnica do incidente crítico, que

investigam experiências de consumo extremamente positivas ou negativas. Assim, ambas

podem ser úteis no estímulo à memória das experiências de consumo dos respondentes,

melhorando as respostas dos mesmos em pesquisas de marketing.

1.4 Relevância do estudo

Segundo GIL (1989), uma pesquisa deve informar a sua relevância em termos científicos e

práticos.

Em termos científicos, a relevância desta pesquisa pode ser auferida pela replicação de uma

escala de lealdade proposta por MCMULLAN e GILMORE (2003). Trata-se de uma escala

piloto, cuja replicação neste trabalho poderia contribuir para o desenvolvimento da teoria de

Marketing, como sugerem HUBBARD e ARMSTRONG (1994).

Do ponto de prático, esta pesquisa pretende avaliar uma escala de lealdade que poderá ser

usada por donos de restaurantes e empresários para fins de segmentação de sua base de

clientes, bem como para identificação de pontos de melhoria na sua oferta de serviço.

1.5 Organização do estudo

Essa dissertação se divide em cinco capítulos, incluindo este capítulo de introdução. A partir

de uma revisão de literatura são apresentadas no segundo capítulo as duas principais visões

Page 13: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

4

sobre lealdade, bem como os modelos que serviram de base para o estudo empírico. No

terceiro capítulo, descreve-se a metodologia empregada nesta pesquisa, bem como as

hipóteses da pesquisa. No quarto capítulo, são apresentados os resultados da pesquisa

empírica a partir da análise descritiva da amostra, da análise por tabulação cruzada e da

análise univariada. São também analisados os modelos de lealdade com o emprego da

metodologia de equações estruturais, e em seguida, propõe-se um modelo que busca

harmonizar as diferenças encontradas entre os modelos anteriores. Finalmente, são feitas

algumas breves considerações sobre esse estudo e são realizadas sugestões para pesquisas

futuras a respeito do tema. Ao final podem ser encontrados as referências bibliográficas e os

anexos, que trazem um exemplar dos questionários utilizados e uma lista dos restaurantes

citados pelos respondentes.

Page 14: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

5

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo faz-se uma revisão da literatura sobre lealdade. Esta revisão parte da descrição

dos benefícios da lealdade como objetivo estratégico das organizações. Em seguida, são

apresentadas as duas principais visões sobre a lealdade: a lealdade comportamental e lealdade

atitudinal. Apresentam-se seus pontos de divergência e algumas polêmicas entre alguns

autores sobre o construto de lealdade ideal. Por fim, apresentam-se dois modelos de lealdade

de consumidores, bem como estudos exploratórios e empíricos sobre a lealdade em serviços.

2.1 A importância da lealdade do ponto de vista estratégico.

A defesa dos benefícios da lealdade é abundante na literatura de marketing. Diversos autores

como DICK e BASU (1994), ZINS (2001), LOWENSTEIN (1995), OLIVER (1997, 1999)

entre muitos outros ressaltam como principais conseqüências da lealdade: a propaganda boca

a boca e a resistência a iniciativas de contra-persuasão de concorrentes, além a recompra e os

lucros crescentes gerados pelos clientes leais ao longo do tempo (lifetime value). Estudos

empíricos como o de REICHHELD e SASSER (1990) e o de GREMLER e BROWN (1999)

mostram que quanto mais tempo uma empresa mantém um cliente, maior o lucro gerado

individualmente pelo mesmo.

A importância da lealdade pode ser ainda maior em mercados maduros e competitivos, onde o

pouco crescimento do setor pode gerar movimentos intensos em busca da retenção da própria

base de clientes, bem como uma disputa intensa pelos clientes dos concorrentes. (SHARP e

SHARP, 1997 e DUBÉ e MAUTE, 1998)

Conforme afirmam DICK e BASU (1994), embora a literatura sobre lealdade tenha dado

maior ênfase à lealdade à marca de bens de consumo, o conceito de lealdade é fundamental

também para os setores de serviços, bem como para o mercado corporativo.

Page 15: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

6

Por exemplo, REICHHELD e SASSER (1990) afirmaram, com base num estudo empírico,

que a retenção de 5% dos clientes desertores possibilitaria a duplicação dos lucros totais de

uma empresa. Por outro lado, a conquista de novos clientes pode envolver o investimento em

programas de incentivo à força de vendas, publicidade e custos de prospecção, aumentando os

custos de vendas. São muitas as empresas que investem na busca de novos clientes, porém

não fazem o mesmo para manter e cativar os atuais.

Apesar da sua importância, a busca da lealdade, bem como o seu gerenciamento, têm sido um

dos grandes desafios aos executivos de marketing. Uma dificuldade prática é medir o impacto

de programas de lealdade ou de programas de recuperação de falhas no relacionamento com

clientes (DUBÉ e MAUTE, 1998; REINARTZ e KUMAR, 2000; UNCLES, DOWNLING e

HAMMOND, 2003). Outro obstáculo é a determinação do custo da perda de um cliente,

muitas vezes não conhecida nem contabilizada no negócio. (UNCLES, DOWNLING e

HAMMOND, 2003)

Talvez as dificuldades dos gestores sejam compreensíveis, uma vez que a própria academia

continua debatendo o construto ideal da lealdade. A maioria dos autores defende a existência

de diversas famílias de modelos de lealdade. (JACOBY e KYNER ,1973; DAY, 1969; DICK

e BASU, 1994; GREMLER e BROWN, 1996; OLIVER, 1997, 1999; HART et al., 1998;

RUYTER, WETZELS e BLOEMER, 1998; BOWEN e SHOEMAKER, 1998; CARUANA,

2002)

Estes modelos apontam diferentes dimensões, sendo muitas delas, rivais entre si. As

controvérsias entre os diversos autores, tanto na academia quanto na prática, ocorrem em

diversos níveis: no interior do construto, na importância de variáveis intervenientes e mesmo

em modelos de comportamento do consumidor. Para tentar compreendê-las, serão

Page 16: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

7

apresentados os dois principais tipos de lealdade: a lealdade comportamental e a lealdade

atitudinal.

2.2 A lealdade comportamental

Historicamente os primeiros modelos de lealdade se basearam em bens duráveis. Nesta

perspectiva, a lealdade é vista principalmente como um comportamento observável de

recompra (UNCLES, DOWLING e HAMMOND, 2003). Assim, para medir a lealdade de um

cliente, dever-se-ia analisar o seu histórico de compras. (CUNNINGHAM, 1956; TUCKER;

1964; KAHN, KALWANI e MORRISON, 1986)

A operacionalização do construto neste caso inclui a medição de fatores de mercado como

proporção de compras (CUNNINGHAM, 1956), seqüência de compras (KAHN, KALWANI

e MORRISON, 1986), tíquete médio, taxa de penetração, longevidade, volume e quantidade

de clientes-chave, freqüência média de compras e técnicas estocásticas descritivas de compras

passadas. (JACOBY e KYNER, 1973; UNCLES, DOWLING e HAMMOND, 2003)

Os defensores da lealdade comportamental apontam a existência da abundância de dados

empíricos que suportam esta perspectiva. Pode-se considerar que há uma escola inglesa que

defende esta abordagem, considerando-as como a melhor forma de medir a lealdade. Autores

como Andrew Ehrenberg, Mark Uncles, Grahame Downling, entre outros, defendem o uso

exclusivo de medidas comportamentais em relação à lealdade.

Dentre as vantagens do uso de medidas comportamentais, pode-se citar a maior confiabilidade

dos dados em produtos ou serviços que apresentam alta freqüência de compras. Alguns

exemplos são produtos de higiene e limpeza, restaurantes de fast food, usuários freqüentes de

companhias aéreas. Nestes casos, haveria um baixo envolvimento dos consumidores com

produtos de compra, cuja escolha normalmente é fruto da rotina. Muitos consumidores não

Page 17: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

8

sentiriam a necessidade de se relacionar com uma marca ou mesmo nem reconheceriam as

mesmas como presentes no seu conjunto de valores simbólicos e individuais. (UNCLES,

DOWLING e HAMMOND, 2003)

Outra razão para o uso de critérios comportamentais estaria no fato de que os consumidores

apresentam lealdade a múltiplas marcas (SHETH e PARK, 1974; UNCLES, DOWLING e

HAMMOND, 2003). Mais recentemente, a acirrada competição entre empresas promoveu

uma multiplicidade de ofertas com nível compatível de qualidade. Ao longo da década de 80,

falou-se então da erosão da lealdade à marca, principalmente entendida como a compra

repetida e exclusiva de uma mesma oferta. (YIM e KANNAN, 1999)

Para alguns autores a lealdade a múltiplas marcas seria o resultado do grande número de

produtos dentro de uma mesma categoria e da baixa diferenciação entre eles. Em seu estudo,

ZINS (2001) empregou o modelo de DICK e BASU (1994) para avaliar passageiros de

companhias aéreas. Seus resultados sugerem que houve um baixo grau de diferenciação na

atitude dos consumidores em relação às empresas estudadas. Assim, não seria adequado o uso

de medidas atitudinais em setores cuja base de clientes apresente um grau de atitude muito

semelhante em relação às diferentes marcas.

2.3 A lealdade atitudinal

As medidas comportamentais, tais como compra repetida e porcentagem total das compras,

têm sido criticadas por “refletirem uma visão muito estreita do relacionamento entre

consumidores e empresas” (JACOBY e CHESTNUT, 1978 apud OLIVER, 1997; BLOEMER

e RUYTER, 1999). Por exemplo, um baixo grau de compra repetida de um produto ou serviço

poderia ser resultado de fatores situacionais, tais como disponibilidade ou falta de recursos.

Page 18: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

9

Por outro lado, as compras repetidas de uma marca não representam preferência, mas sim

indiferença em relação às ofertas, inércia ou alto custo de troca para os consumidores.

A maior fraqueza do uso de definições operacionais é o foco nos resultados do processo de

escolha. Na verdade, a ênfase deveria estar nos fatores que afetam este processo. (JACOBY e

KYNER, 1973; TANKERSELEY, 1977).

Apesar de estarem baseadas em indicadores confiáveis e detalhados de compra, a menos que

sejam complementadas por outras variáveis psicológicas, as medidas comportamentais

oferecem um baixo poder de análise. Ao se restringir apenas ao histórico de compras, não se

poderiam distinguir os consumidores realmente envolvidos e comprometidos no processo de

compra. (DAY, 1969; JACOBY e CHESTNUT, 1978 apud OLIVER, 1997)

JACOBY e CHESTNUT (1978) apud OLIVER (1997) atentaram para o fato de que não se

deve inferir a lealdade do consumidor, baseando-se apenas na freqüência de repetição de

compra. Sem levar em conta a lealdade espúria e a lealdade latente, clientes fiéis a mais de

uma marca (multibrand loyalty ou split loyalty) pareceriam ser exclusivamente fiéis, pois

comprariam freqüentemente uma determinada marca.

A inclusão da dimensão “atitude” no construto da lealdade foi proposta pela primeira vez na

literatura por DAY (1969). O autor defendeu o uso de itens atitudinais na avaliação da

lealdade para superar os problemas da segmentação dos consumidores que apresentavam altas

taxas de recompra.

Esta abordagem foi estudada também por JACOBY (1971) ao identificar a lealdade a

múltiplas marcas. Sua abordagem considerava que dentro de um grupo limitado de marcas,

estas podiam ser substituídas entre si, desde que possuíssem alguns requisitos básicos de

qualidade equivalentes. A lealdade a uma única marca somente era possível caso não

Page 19: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

10

houvesse – na concepção do consumidor – a menor possibilidade de se adquirir nenhuma

outra marca concorrente.

Esta perspectiva “aditiva” sobre o construto da lealdade leva em conta aspectos

comportamentais e atitudinais. Ela representa o pensamento de DAY (1969), JACOBY e

KYNER (1973), DICK e BASU (1994) e OLIVER (1997, 1999).

JACOBY e KYNER (1973) oferecem uma definição de lealdade que integra componentes

comportamentais e atitudinais. A sua definição é expressa em termos de seis condições

necessárias e coletivamente suficientes:

“Lealdade à marca é a ação comportamental (1) intencional (2) (não-aleatória), expressa no

tempo (3) por uma unidade de compra (4), em relação a um conjunto de marcas alternativas

(5) e é uma função de processos psicológicos (6).” (JACOBY e KYNER, 1973, p. 2)

Assim, os modelos atitudinais descrevem os clientes leais como ligados afetivamente à

empresa. Já clientes com lealdade espúria seriam aqueles clientes que compram há anos por

simples conveniência e falta de opções (HART et al 1998), não desenvolvem nenhum

relacionamento com a mesma (BUTCHER et al., 2001) e, eventualmente, nem mesmo são

rentáveis. (REINARTZ e KUMAR, 2000)

Antes de apresentar os modelos conceituais e empíricos dos modelos atitudinais da lealdade

propostos na literatura é preciso descrever alguns fundamentos psicométricos indispensáveis

para o estudo da lealdade sob a perspectiva do comportamento do consumidor.

2.3.1. Fundamentos Psicométricos

Uma dificuldade operacional no estudo de DAY (1969) se encontrava na medição da atitude

em relação à marca com apenas um indicador. O próprio autor reconheceu este problema

Page 20: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

11

devido à baixa confiabilidade de um único item, principalmente se medido num estudo não-

longitudinal. (BOHRNSTEDT, 1993)

Por sua vez, a pesquisa do conceito de atitude na Psicologia se encontra em pleno

desenvolvimento. Alguns autores consideram a existência de disputas sobre a natureza da

atitude. Por exemplo SEEMAN (1993) defende que apesar dos evidentes avanços das técnicas

sofisticadas de análise, a pesquisa sobre a atitude se encontra com temas recorrentes, entre os

quais a ligação entre atitude e comportamento, seja talvez o mais relevante para o Marketing.

Descreve-se a definição recolhida em AJZEN (1993) em que a atitude é:

A disposição de um indivíduo em reagir de modo favorável ou desfavorável em relação a um objeto, comportamento, pessoa, instituição, evento ou qualquer outro aspecto relevante para o conjunto de valores do indivíduo. (AJZEN,1993, p. 41)

Segundo SEEMAN (1993) esta é a definição clássica de atitude, ao falar de orientações

parcialmente estáveis em relação a objetos sociais. Em situações de consumo, alguns

exemplos de objetos da atitude são produtos, marcas, serviços, pessoas, propaganda, preço,

entre outros.

ROSENBERG e HOVLAND (apud BAGOZZI et al., 1979) defendem um modelo de atitude

com três componentes – o chamado modelo hierárquico de atitude. Trata-se de agrupar todas

as avaliações em três conjuntos que, em última análise, remontam até Platão: os componentes

cognitivos, afetivos e conativos. (AJZEN, 1993)

SCHIFFMAN e KANUK (2000) recolhem as descrições de um modo mais didático:

Componente cognitivo – abrange o conhecimento e as percepções que são adquiridas por

uma combinação de informações de várias fontes e da experiência direta do indivíduo com o

objeto da atitude. Este conhecimento e as percepções resultantes se transformam em crenças

Page 21: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

12

sobre o objeto. Desta forma, o consumidor acredita que o objeto em questão possui vários

atributos e que um comportamento específico de sua parte levará a resultados específicos por

parte do objeto.

Componente afetivo – composto pelas emoções e/ou sentimentos do consumidor quanto ao

objeto da atitude. Estas emoções e sentimentos são freqüentemente tratados na literatura como

avaliáveis por natureza, isto é, é possível captar a avaliação direta ou global da atitude que um

indivíduo possui em relação a um objeto. Estas experiências carregadas de afeição também se

manifestam como estados emocionais temporários (como, por exemplo, alegria, tristeza,

vergonha, desgosto, raiva, angústia, culpa ou surpresa). Estes estados emocionais podem

melhorar ou ampliar experiências de compra positivas ou negativas, impactando a memória

do consumidor e, conseqüentemente, as suas ações futuras.

Componente conativo – baseia-se nas intenções do consumidor, isto é, a probabilidade ou

tendência de que um indivíduo irá realizar uma ação específica ou se comportar de uma

determinada maneira com relação ao objeto da atitude. De acordo com algumas

interpretações, o componente conativo pode incluir também o comportamento em si.

AJZEN (1993) propõe duas conseqüências empíricas do modelo hierárquico de atitude.

Primeiramente, deve haver algum grau de correlação entre os três componentes. Em segundo

lugar, deve-se pensar se há um modelo único de atitude ou os três componentes são realmente

diferentes entre si. Apesar das controvérsias, a maior parte das pesquisas empíricas da

literatura apontam para um único fator com explicação razoável da variância, bem como uma

boa correlação entre as medidas dos três componentes. (BAGOZZI et al. 1979; BAGOZZI e

BURNKRANT, 1980)

Page 22: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

13

Com relação à importância ou à ordem entre os componentes da atitude, há diferentes

perspectivas, como por exemplo, a seqüência cognitiva-afetiva-conativa, ou a afetiva-

cognitiva-conativa, dentre outras. Cada seqüência pode ser mais representativa dependendo

das diversas situações de compras, o grau de envolvimento dos consumidores e a diferença

percebida entre as diversas ofertas de produtos e serviços.

A abordagem mais tradicional na formação da atitude é a teoria da aprendizagem cognitiva

(AJZEN, 1993). Esta abordagem sugere que a aprendizagem do consumidor envolve um

complexo processamento mental da informação (SCHIFFMAN e KANUK, 2000). Sendo

assim, o desenvolvimento de atitudes começaria na formação seqüencial de crenças, gostos e

intenções. Para AJZEN (1993), a formação da atitude é baseada na estrutura cognitiva do

indivíduo a partir das crenças mais salientes e do uso de um modelo de valor-expectativa.

Outros autores como HOLBROOK e BATRA (1987) encontraram num estudo empírico um

impacto mais significativo do componente afetivo na determinação da atitude. BODUR,

BRINBERG e COUPEY (2000) descobriram resultados que indicam que a afeição influi na

formação da atitude de um modo direto e independente do componente cognitivo. Um

exemplo pode ser representado em situações de compras por impulso.

DICK e BASU (1994, p. 104) indicam que as emoções podem superar os antecedentes

cognitivos em duas situações: (1) quando o comportamento passado é considerado adequado,

o desenvolvimento de uma avaliação cognitiva é inibido e as emoções passadas são

resgatadas, podendo determinar o comportamento, e (2) uma vez tornado habitual por meio de

repetidas experiências passadas, o comportamento se torna menos sensível às avaliações

cognitivas e mais guiado pelas emoções passadas. Este pensamento é corroborado por

ALLEN, MACHLEIT e KLEINE (1992).

Page 23: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

14

O modelo hierárquico da atitude baseado na teoria do aprendizado cognitivo apresenta sua

maior força quando há alto envolvimento por parte do consumidor. Quando este envolvimento

é baixo a seqüência seguiria uma ordem cognitiva-conativa-afetiva.

Considera-se que as atitudes têm quatro características: direção, intensidade, saliência e

diferenciação. A direção se refere à inclinação positiva, negativa ou neutra em relação a um

objeto. A intensidade de uma atitude identifica-se com a força do componente afetivo. A

saliência refere-se ao grau de importância percebida de uma atitude no sistema de valores do

individuo. Por fim, a diferenciação da atitude é diretamente proporcional às diferentes

crenças, valores e outras atitudes que servem de apoio a uma determinada atitude.

(BODWITCH e BUONO, 2001)

Há ainda modelos de atitude mais sofisticados como a Teoria da Ação Racionalizada (Reason

Action Theory) de FISHBEIN e AJZEN (1980), Modelo do Comportamento Planejado

(Theory of Planned Behavior) de AJZEN (1985) e mais recentemente o Modelo de

Experimentação (BAGOZZI 1990). Apesar destes modelos não terem sido utilizados nesta

pesquisa, o exame dos modelos de lealdade nos tópicos a seguir mostrará que muitas de suas

idéias inspiraram os modelos de lealdade na perspectiva do Marketing.

2.3.2. O modelo de DICK e BASU (1994)

O artigo de DICK e BASU (1994) é uma das referências recentes mais citadas ao analisar a

lealdade sob a perspectiva atitudinal. Para estes autores, apesar da pesquisa sobre lealdade em

Marketing ter tido seu foco principal em relação a marcas, o conceito de lealdade é

fundamental para empresas de serviços e varejistas.

DICK e BASU (1994) adotaram o modelo de lealdade de DAY (1969) e JACOBY e KYNER

(1973), desenvolvendo um modelo integrado, no qual a lealdade é fruto da combinação entre

Page 24: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

15

o comportamento de repetição de compra do consumidor e a sua atitude relativa com relação

ao objeto de consumo. A introdução do conceito de atitude relativa foi a principal

contribuição destes autores no desenvolvimento do construto de lealdade:

“Considerando a validade da previsão de comportamentos, pode ser mais vantajoso comparar marcas consideradas relevantes pelos consumidores numa determinada situação de consumo. O conceito de atitude relativa pode fornecer uma previsão mais robusta do comportamento de recompra do que uma atitude com respeito a uma determinada marca tomada isoladamente. Duas dimensões, a intensidade atitudinal e o grau de diferenciação da atitude fundamentam a atitude relativa de um consumidor com relação a um objeto.” (DICK e BASU, 1994; p. 101)

Ao correlacionar atitude relativa e repetição de compra, DICK e BASU (1994) identificam

quatro tipos de lealdade: verdadeira, latente, espúria e ausência de lealdade.

A lealdade verdadeira é aquela em que o consumidor apresenta uma alta atitude relativa em

relação à determinada marca e um alto comportamento de recompra.

A lealdade latente é a forte preferência ou atitude em relação à marca, porém com um baixo

comportamento de recompra devido a circunstâncias ambientais ou situacionais.

A lealdade espúria ocorre quando o consumidor freqüentemente adquire uma mesma marca,

porém não considera a marca com atributos significativamente diferentes das demais. A

recompra periódica pode ocorrer em situações onde não há alternativas de escolha ou a

escolha é realizada com base em hábitos passados.

A ausência de lealdade ocorre quando os consumidores não diferenciam as marcas e

apresentam baixo comportamento de recompra. A Figura 2.1 ilustra a relação existente entre

a atitude relativa e a repetição de compra:

Page 25: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

16

REPETIÇÃO DE COMPRA

ALTA BAIXA

ALT

A

Lealdade Lealdade

Latente

ATIT

UDE

RELA

TIVA

BAIX

A Lealdade

Espúria

Ausência de

Lealdade

Figura 2.1 Framework de DICK e BASU (1994)

Seguindo a fundamentação dos pesquisadores de atitude, DICK e BASU (1994) propõem que

a atitude relativa é influenciada por antecedentes cognitivos, afetivos e conativos,

descrevendo os fatores que compõem cada antecendente.

Antecedentes cognitivos

• Acessibilidade – é o grau de facilidade com que uma atitude pode ser recuperada pela

memória;

• Confiança – é o nível de certeza associado a uma atitude;

• Centralidade – é o grau com que uma atitude em relação a uma marca é associada ao

conjunto de valores de um consumidor;

• Clareza – uma atitude é clara quando o indivíduo a considera como sendo a única

aceitável entre as alternativas que possui.

Page 26: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

17

Antecedentes afetivos

• Emoções – levam o indivíduo a reter sua atenção em alvos específicos e são capazes de

modificar o seu comportamento;

• Humor / estado emocional – pode influenciar a lealdade por meio do seu impacto sobre

a acessibilidade, tornando o conhecimento relacionado ao estado emocional atual mais

presente na memória do indivíduo;

• Afeto primário – é uma resposta imediata, independente de aspectos cognitivos,

estimulada pela presença de uma determinada atitude ou objeto que influencia o grau

de associação entre a atitude e o comportamento do indivíduo;

• Satisfação – é a avaliação feita pelo consumidor sobre o grau com que um produto ou

serviço sacia suas necessidades em relação às suas expectativas. (OLIVER, 1997)

Antecedentes conativos

• Custos de mudança – são custos que devem ser incorridos quando se deseja mudar de

fornecedor;

• Custos afundados – são custos que já foram incorridos, que não podem ser recuperados

e que não devem ser considerados na análise de novos investimentos;

• Expectativas – refletem o ajuste entre as ofertas presentes e futuras do mercado e as

necessidades e desejos dos consumidores.

Se os antecedentes cognitivos, afetivos e conativos forem consistentemente favoráveis a uma

marca, sua diferenciação em relação às demais deve aumentar visto que o consumidor tende a

apresentar uma atitude relativa mais positiva. (DICK e BASU, 1994). A Figura 2.2 ilustra o

modelo de lealdade destes autores.

Page 27: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

18

Figura 2.2 Modelo Integrado de Lealdade de DICK e BASU (1994)

Fatores Sociais / Situacionais

Os fatores sociais (normas sociais) e situacionais também influenciam o comportamento de

repetição de compra. Tais fatores podem endossar ou se contrapor a uma dada atitude relativa.

As normas sociais quando contrárias a uma atitude relativa, podem fazer com que esta seja

destoante do comportamento do indivíduo

Já os fatores situacionais são elementos exógenos àqueles determinantes da atitude relativa e

podem gerar inconsistências no relacionamento entre atitude e comportamento.

RELACIONAMENTO DE LEALDADE

COGNIÇÃO

1. Acessibilidade 2. Confiança 3. Centralidade 4. Clareza

AFEIÇÃO

1. Emoção 2. Humor 3. Afeto primário 4. Satisfação

CONAÇÃO

1. Custos de Mudança 2. Custos afundados 3. Expectativas

CONSEQÜÊNCIAS

1. Motivação de busca 2. Resistência à contra-persuasão 3. Boca a boca

FATORES

SITUACIONAIS

NORMAS

SOCIAIS

ATITUDE

RELATIVA

RECOMPRA

Page 28: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

19

Conseqüências da Lealdade

As implicações da lealdade do consumidor, segundo DICK e BASU (1994), podem ser

divididas em três grupos: motivação para procura, resistência à contra persuasão e divulgação

boca a boca.

Motivação de busca

A motivação de busca é resultante da comparação entre os benefícios auferidos e os custos de

procura. Os benefícios mais significativos são preços inferiores, satisfação decorrente da

certeza de ter feito um “bom negócio” e o ganho de informação. Já os custos mais expressivos

da procura são a perda de tempo, dinheiro e desgaste físico e mental.

Resistência à contra persuasão

DICK e BASU (1994) ressaltam que pesquisadores de diferentes linhas de pesquisa

constataram que indivíduos altamente comprometidos com objetos, eventos ou assuntos

demonstram uma maior resistência às tentativas de persuasão. Ou seja, clientes fiéis a uma

marca tendem a ser muito menos sensíveis aos esforços de comunicação empreendidos pelos

concorrentes.

Divulgação boca a boca

A divulgação boca a boca da satisfação ou insatisfação parece estar ligada a situações onde o

cliente vivência experiências emocionais mais intensas.

2.3.3. O modelo de OLIVER (1997)

OLIVER propõe uma definição de lealdade ancorada na noção de comprometimento. Em suas

palavras lealdade é:

“Um comprometimento profundo em comprar ou utilizar novamente um produto ou serviço consistentemente, no futuro, e, assim, causar compras repetidas da mesma marca ou mesmo de um conjunto de marcas, apesar de

Page 29: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

20

influências situacionais e esforços de marketing que possam causar comportamento de mudança.” (OLIVER, 1997; p. 392)

A definição considera o comportamento de repetição de compra, a influência dos aspectos

psicológicos (representados pelo comprometimento), fatores situacionais e do poder de

persuasão da concorrência no processo de formação lealdade do consumidor.

OLIVER (1997) em seu modelo também utilizou o trabalho de JACOBY e CHESTNUT

(1978) como base, isto é, optou pelo uso da cognição, afeição e conação no estudo da

lealdade. Seu trabalho difere do DICK e BASU (1994) em dois aspectos fundamentais:

• Na visão de DICK e BASU (1994), cognição, afeição e conação são os antecedentes

dos quais resulta a atitude relativa que, influenciada pela norma social e pelos fatores

situacionais, pode gerar o comportamento de repetição de compra e posteriormente a

lealdade. Na concepção de OLIVER (1997), existem diferentes estágios de lealdade –

lealdade cognitiva, lealdade afetiva e lealdade conativa. Esses estágios são em geral

seqüenciais (apesar de existirem exceções), no sentido de que a lealdade conativa

pressupõe a existência da lealdade afetiva que pressupõe a existência da lealdade

cognitiva.

• OLIVER (1997) propõe a existência de um quarto estágio: a lealdade ativa, na qual o

consumidor transforma em ação (comportamento) a intenção de recomprar uma

marca.

Primeira etapa – Lealdade cognitiva

A lealdade cognitiva pode ser alcançada quando o consumidor julga que uma determinada

marca é superior às demais. Tal julgamento é feito tomando como base os atributos, o custo,

os benefícios, a qualidade e a performance do bem ou produto associado àquela marca.

Page 30: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

21

Esse estágio de lealdade possui vínculos frágeis com o cliente, pois é sustentado apenas por

“informação”. O desenvolvimento para a etapa posterior, a lealdade afetiva, poderá ocorrer

dependendo de fatores como satisfação e envolvimento.

Segunda etapa – Lealdade afetiva

Para atingir essa segunda etapa, o consumidor já deve ter desenvolvido uma atitude em

relação à marca, fruto do consumo do bem ou serviço por várias vezes, gerando assim um

acúmulo de satisfação.

A lealdade afetiva é mais profunda do que a cognitiva na medida em que já floresce um

comprometimento, codificado na mente do consumidor em termos de afetividade e cognição.

Contudo, a lealdade exibida nesse estágio ainda não pode ser considerada definitiva, posto

que, conforme ressaltaram diversos autores, consumidores satisfeitos não são necessariamente

clientes fiéis. (JONES e SASSER JR, 1995; REICHHELD, 1996)

Terceira etapa – Lealdade conativa

A lealdade conativa é um estágio mais avançado do que a afetiva, uma vez que o consumidor

já possui um profundo desejo em recomprar uma marca específica. Na verdade, trata-se de

uma etapa onde ele demonstra ter desenvolvido uma intenção de recompra expressa em

termos comportamentais. Essa forte motivação para recomprar tende a se transformar numa

ação, contudo está sujeita a não realização, já que se trata de uma intenção.

Quarta etapa – Lealdade ativa

É a etapa em que a intenção demonstrada na lealdade conativa é transformada em prontidão

para ação, onde o consumidor assume um compromisso em recomprar a marca

consistentemente no futuro, resultando na compra repetitiva de uma marca.

Page 31: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

22

Repetindo-se a prontidão para a ação em conjunto com a “vontade extra” de passar sobre os

obstáculos que se apresentam no caminho da lealdade, o consumidor está apto a desenvolver o

que o autor chama de “ação inercial”. Essa ação inercial caracteriza-se pelo hábito de

recomprar a marca preferida, o que implica na constatação de que o comportamento torna-se

seu próprio guia.

Para OLIVER (1997) há alguns obstáculos no desenvolvimento da lealdade:

Idiossincrasias individuais –alguns aspectos relacionados à natureza do consumo, são

contrários à lealdade. Dentre eles destacam-se: a busca por variedade e experimentação, a

mudança das necessidades do consumidor, a desistência da categoria de produto ou serviço

representada pela marca preferida e a lealdade a mais de uma marca.

Incentivos para a troca – decorrem basicamente do forte poder de persuasão que a

concorrência exerce sobre o consumidor.

Para o autor, todas as etapas da lealdade possuem vulnerabilidades e forças de sustentação que

podem impedir o seu progresso para a etapa posterior ou até mesmo conduzir o consumidor à

deslealdade. As forças de sustentação e as vulnerabilidades podem ser vistas como

antecedentes para cada estágio da lealdade. A Figura 2.3 apresenta o modelo de lealdade de

OLIVER (1997), as forças de sustentação e vulnerabilidades.

A lealdade cognitiva é a mais vulnerável, pois é baseada em performance apenas e

direcionada à análise de custos e benefícios. Apesar de chamar esta fase de lealdade cognitiva,

OLIVER (1997), neste estágio o consumidor não é leal à marca, pois ainda não desenvolveu

uma atitude em relação a ela.

Page 32: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

23

Figura 2.3 O Modelo de Lealdade de Quatro Estágios de OLIVER (1997)

Por sua vez, na lealdade afetiva o consumidor já possui uma atitude positiva em relação à

marca, o que contribui para o estreitamento dos vínculos da lealdade. Contudo, episódios de

insatisfação podem resultar na erosão da base cognitiva, atingindo também a lealdade afetiva.

Na etapa seguinte, a lealdade conativa manifesta-se no consumidor pela sua intenção de

manter um compromisso de lealdade. OLIVER (1997) ressalta que a essa altura a empresa já

deve ter desenvolvido a lealdade cognitiva e afetiva, posto que o consumidor demonstra uma

preferência pela marca, fruto da qualidade do produto e da informação que é transmitida ao

consumidor e da contínua habilidade em satisfazê-lo.

A maior ameaça à lealdade conativa reside na forte persuasão da concorrência que procura

estimular a insatisfação do cliente com a marca à qual ele se propõe a ser fiel. A possibilidade

de provar gratuitamente os bens ou serviços da concorrência também coloca em xeque a

lealdade conativa, posto que o consumidor ainda é suscetível a novas experiências.

Cognitiva

Afetiva

Conativa

Ativa

Estágio Sustentação Vulnerabilidade

Custo Benefícios Qualidade

Custo Benefícios Qualidade

Satisfação Envolvimento Preferência

Insatisfação Persuasão Experimentação Induzida

Comprometimento Consistência Cognitiva

Persuasão Experimentação Induzida

Inércia Custos Afundados

Persuasão Experimentação Induzida

Page 33: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

24

De acordo com OLIVER (1997), somente no estágio da lealdade ativa, o consumidor terá

desenvolvido as habilidades necessárias para superar a quase totalidade das ameaças e

obstáculos que se opõem à lealdade, mas mesmo assim não estará imune aos ataques da

concorrência e daquelas ameaças e obstáculos não previstos e, portanto, mais difíceis de

serem transpostos.

2.4 Polêmicas nas Medidas de Lealdade

Embora boa parte do pensamento atual propõe que a lealdade inclui outras dimensões além da

comportamental, alguns pesquisadores continuam medindo a lealdade exclusivamente a partir

de medidas comportamentais. (GREMLER e BROWN, 1996)

Na verdade, poderia se falar inclusive de uma Escola Inglesa sobre a lealdade. “Liderada”

pelo respeitável professor Andrew Ehrenberg, esta escola defende o uso exclusivo de modelos

estocásticos da lealdade, como o modelo Dirichlet, Cadeias de Markov e Equações de

Bernoulli. (DEKIMPE et al., 1997; KAHN, KALWANI e MORRISON, 1986; DALL'OLMO

RILEY et al., 1997; SHETH e PARK, 1974; UNCLES, DOWLING e HAMMOND, 2003)

Alguns dos defensores de tais medidas como DALL'OLMO RILEY et al. (1997) contestam o

uso de ítens atitudinais para investigar lealdade. Num estudo empírico com respondentes

norte-americanos e britânicos, eles encontraram uma grande variabilidade nas respostas dos

entrevistados. Os mesmos questionários (ligeiramente adaptados para cada produto ou

serviço) foram aplicados duas vezes para os mesmos respondentes com um intervalo de tempo

que variou de 1 a 18 meses. Metade dos entrevistados mudou suas respostas em relação à

primeira aplicação do questionário. Estes resultados contrariam o pressuposto da estabilidade

das respostas sobre atitudes em relação a diversas categorias de produtos ao longo do tempo.

Page 34: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

25

Outro exemplo é a disputa sobre a ligação entre atitude e comportamento (cujas bases

epistemológicas encontram-se na Psicologia). Em diversos artigos e réplicas BALDINGER e

RUBINSON (1996,1997) e EHRENBERG (1997a, 1997b) evidenciam as diferenças de

pensamento entre aqueles que defendem o uso de medidas atitudinais e comportamentais, dos

que propõem a primazia de medidas comportamentais.

Outra linha de ação se encontra no questionamento sobre a capacidade de produtos de uso

freqüente desenvolverem algum tipo de atitude (UNCLES, DOWLING e HAMMOND,

2003). Para estes autores, o uso de medidas atitudinais só faria sentido em categorias de

produtos e serviços em que há envolvimento suficiente por parte do consumidor. Outra

característica é o grande nivelamento de marcas consideradas aceitáveis pelos consumidores.

Assim, segundo eles, não faria sentido ser leal exclusivamente a uma marca, pois haveria na

verdade um conjunto de opções aceitáveis para o consumidor.

Outros são mais contundentes e afirmam que falar de lealdade verdadeira e lealdade espúria é

“um argumento sem sentido que carece de base científica”. (SHARP, SHARP e WRIGHT,

1997, p. 2)

No outro extremo existem ainda autores como BUTCHER et al. (2001) que criticam o uso

simultâneo de medidas atitudinais e comportamentais. Em seu artigo, eles defendem o uso de

medidas exclusivamente atitudinais para medir a lealdade.

2.5 Estudos exploratórios da Lealdade em Serviços

2.5.1. Lealdade em Serviços por CZEPIEL e GILMORE (1987)

Num artigo seminal sobre lealdade em serviços, CZEPIEL e GILMORE (1987) propuseram

uma definição de lealdade fundamentada na “disposição de continuar num relacionamento de

troca, baseando-se apenas nas experiências passadas deste relacionamento” (p. 91). As

Page 35: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

26

conseqüências comportamentais desta atitude não seriam apenas a recompra, mas também a

manifestação de insatisfação em vez do abandono puro e simples do relacionamento.

Os autores falam do desenvolvimento da lealdade através de quatro fatores: sentido de

identidade e posse, confiança, comprometimento e atitudes positivas. Ao descrever a lealdade

em serviços, os autores desenvolvem um modelo do potencial de desenvolvimento de lealdade

de acordo com o tipo de serviço.

ALT

A Lealdade ao

Serviço

Lealdade com

Laços Duplos

Habi

lidad

e e

Des

ejo

de

Pers

onal

izaçã

o

BAIX

A Baixo Potencial

Lealdade

Lealdade ao

Provedor

BAIXA ALTA

Intensidade da Interação

Figura 2.4 Potencial de Lealdade de Acordo com o Tipo de Serviço: CZEPIEL e GILMORE (1987)

Uma outra contribuição importante no estudo da lealdade é o conceito não-instrumental de

lealdade. Segundo estes autores, a lealdade se aproximaria da origem etimológica da palavra1

em situações em que o cliente tolera inclusive alguns níveis de performance inferior em troca

dos benefícios que um relacionamento de longo prazo poderia trazer.

1 Respeito aos princípios e regras que norteiam a honra e a probidade HOUAISS (2001), p. 1734

Page 36: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

27

2.5.2. Abordagem de GREMLER e BROWN

GREMLER e BROWN (1996) ao estudar a lealdade em serviços realizam uma ampla revisão

para apresentar as diferenças deste tipo de lealdade em relação à tradicional pesquisa sobre

marcas. Os traços distintivos seriam:

(1) Empresas de serviço têm mais potencial de criar laços de lealdade com seus clientes que

as empresas de bens mais tangíveis;

(2) A lealdade é maior ou mais dominante entre consumidores de serviços do que entre

consumidores de produtos;

(3) Serviços oferecem maiores possibilidades de interações pessoais que geralmente oferecem

mais oportunidades para o desenvolvimento da lealdade;

(4) O risco percebido envolvido na compra de serviços é geralmente maior do que na compra

de produtos, o que propicia uma atmosfera em que a lealdade é usada como um redutor do

risco percebido;

(5) Em alguns serviços, as barreiras de saída e os custos de mudança podem ser maiores do

que em produtos.

GREMLER e BROWN (1996) consideram três tipos de antecedentes da lealdade: a lealdade

comportamental, atitudinal e cognitiva. As primeiras são as duas já vistas anteriormente neste

capítulo. A lealdade cognitiva seria representada pela freqüência com que uma empresa ou

marca viria à mente do consumidor em primeiro lugar, quando surge uma necessidade de

consumo. Outra operacionalização proposta é a capacidade da marca ou empresa em ser a

escolha “número 1” para o consumidor entre diversas alternativas. Nestes casos a motivação

de busca de alternativas seria menor para clientes muito leais.

Page 37: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

28

A definição dos autores para lealdade no contexto de serviços é:

“Lealdade em serviços é o grau com que um cliente: exibe um comportamento de recompra em relação a uma empresa; possui disposição atitudinal favorável em relação ao mesmo; considera utilizar os serviços apenas desta empresa quando surge uma necessidade deste serviço.” GREMLER e BROWN, 1996, p. 172

Esta definição sugere que a lealdade em serviços admite graus, variando desde o cliente

completamente leal para aquele que nem pensa em utilizar aquele provedor de serviço. De

acordo com a definição, um cliente extremamente leal é aquele que (a) regularmente usa os

serviços de uma empresa; (b) gosta da empresa e a tem em grande estima e (c) nem considera

a possibilidade de usar os serviços de uma empresa concorrente.

A dimensão cognitiva proposta pelos autores e expressa no item (c) acima, se aproxima da

dimensão de clareza no modelo de DICK e BASU (1994) e da Lealdade Ativa de OLIVER

(1997), em que o consumidor freqüentemente recompra a marca, não considerando quaisquer

alternativas.

2.6 Abordagens empíricas sobre Lealdade em Serviços

Serão apresentados alguns estudos empíricos sobre a lealdade em serviços. Estas abordagens

usaram diversos indicadores de lealdade, conforme o caso. A sua análise pode ser valiosa na

consideração sobre a escolha da escala de lealdade mais adequada.

2.6.1. O Estudo de ZEITHAML, BERRY e PARASURAMAN (1996)

Em seu artigo sobre as conseqüências comportamentais da qualidade percebida. ZEITHAML

et al. investigaram as conseqüências intencionais das cinco dimensões da qualidade percebida

em serviço dos mesmos autores (PARASURAMAN, ZEITHAML e BERRY 1994), a saber:

Confiabilidade, Presteza, Empatia, Garantia e Tangíveis.

Page 38: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

29

As intenções comportamentais foram compiladas pelos autores numa lista com 13 ítens,

classificados a priori em quatro categorias, tais como: lealdade, disposição de troca,

insensibilidade a preço e comportamento de reclamação. Na análise fatorial das intenções

comportamentais, os quatro fatores foram encontrados, sendo que o de lealdade continha

cinco ítens propostos:

• “Disposição para falar positivamente sobre a empresa”;

• “Recomendar a empresa a pessoas que lhe pedem indicações”;

• “Encorajar parentes e amigos a fazerem negócios com a empresa”;

• “Considerar a empresa como primeira escolha para serviços”;

• “Continuar utilizando os serviços da empresa nos próximos anos”.

Por meio de equações de regressão linear, os autores identificaram impacto positivo da

qualidade percebida global (medida com um único item) e a qualidade percebida ponderada

(medida com os 22 ítens da escala SERVQUAL) nas quatro intenções comportamentais.

Foram coletadas respostas de clientes finais de seguros de automóvel, seguros de vida, varejo

e clientes corporativos de um fabricante de computadores.

2.6.2. O Estudo de PRITCHARD e HOWARD (1997)

No seu estudo sobre clientes de companhias aéreas, hotéis e campos de golfe, os autores

estudaram o impacto da qualidade percebida, da satisfação e do envolvimento na lealdade do

consumidor às empresas destes setores.

Para medir a qualidade percebida, os autores utilizaram a versão da escala SERVQUAL de

1988 (PARASURAMAN et al., 1988). O envolvimento foi medido com a escala de

LAURENT e KAPFERER (1985) e a satisfação foi medida com a escala de OLIVER (1980).

Page 39: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

30

Como medidas de lealdade, PRITCHARD e HOWARD (1997) usaram três ítens

comportamentais, como proporção de uso, volume e freqüência de uso e um único item

atitudinal de grau de lealdade, declarado pelos respondentes em relação ao prestador de

serviço.

Seus resultados a partir de uma análise de clusters apresentaram consistência com o modelo

de segmentação proposto por DICK e BASU (1994), classificando os consumidores em

relação à sua lealdade, como: verdadeira, latente, espúria e baixa.

Em relação aos antecedentes, os autores destacam o impacto maior das variáveis de Empatia

no construto de qualidade percebida. Em relação ao envolvimento, os clientes classificados

como verdadeiramente leais apresentaram um alto grau de envolvimento simbólico,

atribuindo a escolha do serviço como expressão da própria identidade ou auto-imagem. Por

fim, foi encontrada uma influência positiva da satisfação dentro do grupo com lealdade

verdadeira.

2.6.3. Os Estudos de BLOEMER, RUYTER e WETZELS

Os autores possuem dois estudos semelhantes publicados no European Journal of Marketing

e no International Journal of Service Industry Management. Em ambos o foco está no

relacionamento entre a qualidade percebida e a lealdade em serviços.

No primeiro deles, RUYTER, WETZELS e BLOEMER (1998) investigaram o

relacionamento entre qualidade percebida, lealdade e custo de mudança em cinco tipos de

serviços: parques de diversão, restaurantes fast food, supermercados, clínicas de saúde e

teatros.

A qualidade percebida foi medida com um único item de avaliação global do serviço. As

dimensões da lealdade foram medidas com os 13 ítens da escala de ZEITHAML, BERRY e

Page 40: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

31

PARASURAMAN (1996). Percebe-se aqui que RUYTER, WETZELS e BLOEMER

consideram como lealdade todos os 13 ítens da escala, diferentemente de ZEITHAML,

BERRY e PARASURAMAN (1996) que chamam de lealdade apenas um dos quatro fatores,

como foi visto anteriormente.

A análise fatorial empregada nos 13 ítens produziu três fatores, nomeados por eles como:

preferência, indiferença a preço e resposta de insatisfação. As diferenças para a análise

fatorial de ZEITHAML et al. (1996) foram duas:

– O item “Do less business with in the next few years” migrou do fator troca em

ZEITHAML et al. (1996) para preferência em RUYTER et al. (1998);

– O item “Take some of your business to a competitor that offers more attractive

prices” migrou do fator de troca em ZEITHAML et al. (1996) para sensibilidade a preço em

RUYTER et al. (1998).

O outro estudo (BLOEMER, RUYTER e WETZELS, 1999) procurou identificar as

dimensões existentes na lealdade a serviços, bem como o seu relacionamento com as cinco

dimensões da qualidade percebida em serviços.

Foram investigados clientes de quatro tipos de serviços: restaurantes fast food,

supermercados, clínicas de saúde e parques de diversão com o emprego da metodologia de

equações estruturais. Os resultados da análise fatorial confirmatória identificaram quatro

fatores relativos aos 13 ítens da escala de ZEITHAML et al. (1996) e sugeridos por estes

autores: lealdade, disposição de troca, insensibilidade a preço e comportamento de

reclamação, já mencionados anteriormente.

Os resultados da relação entre as cinco dimensões de qualidade percebida e as quatro

Page 41: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

32

dimensões de intenções comportamentais apresentaram diferenças significativas de nos

diferentes serviços analisados. Um resultado importante foi que em nenhum dos quatro

serviços estudados, foi identificada uma relação significativa entre as cinco dimensões de

qualidade percebida e a dimensão de reclamação. Os autores sugerem esta dimensão é afetada

por outras variáveis antecedentes como a atitude do indivíduo em relação ao ato de reclamar,

o custo percebido de reclamar e a probabilidade subjetiva da reclamação ser bem-sucedida.

2.6.4. O Estudo de CARUANA (2002)

O estudo empírico de CARUANA (2002) procurou relacionar satisfação, qualidade percebida

e lealdade no contexto de serviços bancários. Para medir satisfação o autor usou uma a escala

de quatro ítens de avaliação pós-compra com avaliações afetivas e globais. A qualidade

percebida foi medida com uma escala SERVQUAL DE 22 ítens. O autor mediu lealdade com

13 ítens da escala de componentes atitudinais e comportamentais, inspirando-se em

GREMLER e BROWN (1996).

Utilizando um modelo de equações estruturais, CARUANA (2002) sugere que a satisfação é

uma variável interveniente na relação entre qualidade percebida e lealdade.

2.6.5. O Estudo de GILMORE e MCMULLAN (2003)

Ao estudar a lealdade a restaurantes, as autoras deste estudo propõem uma escala para

investigar o modelo de lealdade de OLIVER (1997). Seguindo a orientação do autor citado,

foram compilados de ítens de diversas escalas, como envolvimento, satisfação, qualidade

percebida, comprometimento e busca por variedade.

Inspirando-se em DICK e BASU (1994), as autoras acrescentam uma coluna de antecedentes

em cada estágio da lealdade do Modelo de OLIVER (1997), baseando-se no quadro de forças

de sustentação e vulnerabilidades de Oliver. Esta proposta é apresentada na Figura 2.5

Page 42: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

33

Figura 2.5 Fases do Desenvolvimento da Lealdade: MCMULLAN e GILMORE (2003)

Ao revisar os antecedentes da lealdade propostos por DICK e BASU (1994), as autoras

identificam cada grupo de fatores antecedentes destes autores com os construtos propostos

por Oliver (1997), mencionados acima. Assim, na hipótese de MCMULLAN e GILMORE

(2003), o estágio cognitivo seria o construto de Envolvimento e Qualidade. Satisfação seria o

construto antecedente do estágio afetivo. O estágio conativo teria como antecedente principal

o construto de Comprometimento, enquanto que o estágio de lealdade ativa seria o construto

Busca por Variedade.

A reunião de todas estas escalas os ítens produziu um questionário de 122 ítens que foi

analisado por um painel de cinco juízes, sendo reduzido para 28 ítens. A escala produzida foi

aplicada no contexto de lealdade a restaurantes com uma amostra aleatória de 438 estudantes,

membros de um programa de relacionamento de um restaurante universitário britânico.

A partir de 210 respostas usáveis as autoras realizaram uma análise do componente principal

para tentar identificar os quatro estágios do modelo de OLIVER (1997). Foram encontrados

nove fatores com autovalores maiores que 1, sendo que o grau de intercorrelação entre os

Cognitiva

Afetiva

Conativa

Ativa

Estágio Antecedente Sustentação

Acessibilidade Confiança Centralidade Clareza

Custo Benefícios Qualidade

Emoções Humor Afeto primário Satisfação

Satisfação Envolvimento Preferência

Custos de Mudança Custos Afundados

Comprometimento Consistência Cognitiva

Inércia Custos Afundados

Persuasão Experimentação Induzida

Vulnerabilidade

Custo Benefícios Qualidade

Insatisfação Persuasão Experimentação Induzida

Persuasão Experimentação Induzida

Persuasão Experimentação Induzida

Page 43: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

34

itens do questionário, calculado com o Teste de Kaiser-Meyer-Olkin, foi de 0,75. A

confiabilidade da escala foi reforçada pelo alpha de Cronbach, com valores de 0,697 e 0,811

para os dois primeiros fatores (os únicos valores fornecidos pelas autoras em seu artigo).

Talvez a principal limitação deste estudo seja a justificativa para reduzir os nove fatores

encontrados na análise fatorial relatada no artigo aos quatro estágios do modelo de Oliver

(1997). A escolha dos fatores parece ter sido arbitrária com base na afirmação de que “os

quatro primeiros fatores abarcam a maior parte da variância” (MCMULLAN e GILMORE,

2003, p. 238). Na verdade, a variância explicada com os quatro fatores escolhidos situa-se em

0,475. Além disso não se discute o significado dos fatores encontrados, como por exemplo, a

correspondência dos ítens do questionário e os estágios do modelo de Oliver (1997).

2.7 A escolha do construto de lealdade

UNCLES, DOWNLING e HAMMOND (2003) considerados da “corrente comportamental”

da lealdade defendem um uso complementar das medidas, de acordo a estrutura do mercado.

Segundo eles, quando há mais envolvimento por parte do consumidor, torna-se mais

adequado usar escalas com itens atitudinais.

Pode-se acrescentar que em casos onde há baixo envolvimento na compra, o uso de medidas

comportamentais pode indicar resultados mais consistentes. Isso pode ser ainda mais

verdadeiro, quando a atitude do usuário em relação às diversas marcas apresenta pouco poder

discriminante. Os resultados de ZINS (2001) na avaliação da atitude de passageiros em

relação a companhias aéreas corroboram esta idéia.

Além disso, JACOBY e KYNER (1973) afirmam que a previsão do comportamento do

consumidor leal deve se apoiar mais no seu histórico de compras, do que na sua declaração de

intenções futuras.

Page 44: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

35

Por outro lado, OLIVER (1997) indica o uso de medidas comportamentais apenas para

situações em que dispõem de dados abundantes de estudos em painel de consumidores. Se

estes dados não estiverem disponíveis, a alternativa é recorrer à memória do consumidor

perguntando-lhe sobre a sua freqüência de compras e a proporção de compras de uma marca

em relação ao total de compras. Esta abordagem, além de não fornecer necessariamente dados

exatos sobre o comportamento de compra, pode conter um viés embutido pelo desejo do

respondente de querer parecer consistente em suas respostas ao responder o questionário.

Como foi visto anteriormente nos estudos de BLOEMER, RUYTER e WETZELS (1998,

1999), a relação entre os antecedentes pode sofrer grande influência do setor a ser estudado na

pesquisa. Assim, a replicação da pesquisa no mesmo setor, mas com outras amostras pode

favorecer o desenvolvimento da teoria como sugerem HUBBARD e ARMSTRONG (1994).

Page 45: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

36

3. METODOLOGIA DA PESQUISA

Neste capítulo serão discutidos os principais aspectos de metodologia. Isto inclui questões

relativas ao desenho de pesquisa, procedimento de amostragem, coleta de dados, variáveis e

procedimentos estatísticos de análise dos dados.

3.1 Universo e Amostra

A população do estudo é composta de estudantes universitários da cidade do Rio de Janeiro

que tivessem cursado pelo menos a metade do curso. O uso de estudantes como respondentes

de pesquisas representa um fator de conveniência e é muito empregado em pesquisas de

ciências sociais. No entanto, o seu uso deve ser precedido de ao menos uma rápida

consideração sobre a adequação da utilização de estudantes em pesquisas para fazer

inferências sobre a população em geral.

Num estudo empírico, PETERSON (2001) encontrou suporte para sua proposição de que as

respostas de estudantes, em pesquisas empíricas, são levemente mais homogêneas que as

respostas de amostras de adultos não-estudantes. Assim, haveria problemas de generalização

dos resultados encontrados. Para o autor, no entanto, esta discussão é controversa, sendo que

há autores que disputam sobre a confiabilidade e a validade do uso de estudantes como

respondentes de pesquisas em ciências sociais.

Para assegurar a representação não tendenciosa da população, o caminho mais seguro é a

amostragem probabilística simples. Neste procedimento, há uma escolha aleatória dos

elementos da população, em que todos possuem uma chance conhecida de serem

selecionados. Para a definição de uma amostra aleatória, compila-se inicialmente uma lista de

todos os elementos da população. Utiliza-se, em seguida, um procedimento aleatório para

selecionar os elementos da amostra.

Page 46: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

37

Apesar da amostragem aleatória simples ser fundamental na seleção de uma amostra

representativa da população, há outros procedimentos de amostragem probabilística, como a

amostragem estratificada, sistemática, por conglomerado e dupla (COOPER e SCHINDLER,

2001).

Embora desejável, nem sempre é possível obter uma amostra probabilística. Isso implica em

que não se sabe a probabilidade de quão bem ela representa a população. Embora

pesquisadores prefiram métodos de amostragem aleatória, existem circunstâncias em que

conduzir uma amostragem randômica não é viável nem prático, em termos de tempo e de

custos envolvidos (COOPER e SCHINDLER, 2001).

Esta pesquisa se baseou numa amostragem de conveniência. A amostra não-probabilística por

conveniência é amplamente empregada em ciências sociais. A principal explicação para o

emprego da amostra constituída de estudantes universitários é a facilidade de obter

entrevistas. Nesse caso, não há evidência de que a referida amostra seja representativa da

população que se deseja generalizar.

Segundo MOTTA (2000), na amostra por conveniência os elementos são selecionados em

decorrência da facilidade de extração ou do benefício para o pesquisador. O autor observa que

a existência de determinada acidentalidade na extração pode produzir resultados positivos,

desde que essa acidentalidade corresponda à aleatoriedade estatística.

A escolha de uma amostra de conveniência se deu fundamentalmente pelo número mínimo de

respostas necessárias para o emprego da modelagem de equações estruturais. De fato, para

que haja convergência de solução e grau de ajustamento adequado do modelo de equações

estruturais, é necessário, embora não suficiente, que a amostra seja constituída por um número

adequado de observações. O procedimento mais utilizado na modelagem de equações

Page 47: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

38

estruturais para estimação dos parâmetros é o Maximum Likehood (ML). Para assegurar o

emprego apropriado do ML, HAIR et al (1998) recomendam um tamanho mínimo de amostra

entre 100 e 150. Quando o tamanho da amostra ultrapassa essa magnitude, o método ML

aumenta a sua sensibilidade de detecção de diferenças entre os dados. Segundo KLINE (1998)

apud VIEIRA (2003), amostras menores que 100 observações são consideradas pequenas, ao

passo que entre 100 e 200 são julgadas médias. Na categoria de amostra grande, estariam as

que possuem 200 ou mais observações.

A amostra do presente estudo é constituída de 210 estudantes de diversos cursos de graduação

de duas universidades da cidade do Rio de Janeiro. Os estudantes convidados a responderem o

questionário, na época da aplicação do mesmo, tinham concluído pelo menos a metade dos

seus respectivos cursos universitários. A exclusão de estudantes dos primeiros anos de cada

curso foi intencional. O objetivo foi obter estudantes mais velhos, supondo-se que assim a

amostra seria composta por pessoas com certa experiência de consumo em restaurantes, que

tivessem participado ativamente na escolha dos mesmos.

Foram convidados estudantes de diversos cursos como Administração, Direito, Engenharia,

Estatística, Medicina, Odontologia e Psicologia. A descrição detalhada da amostra será

apresentada no capítulo 4.

3.2 Coleta de dados

O estudo empírico proposto nesta pesquisa exigiu o emprego de dados primários. Sendo

assim, foi escolhido o método survey. O survey é a opção mais adequada quando se objetiva

coletar dados primários com fins de investigação causal e generalização de resultados

(COOPER e SCHINDLER, 2001). O uso deste método possibilita a obtenção de um grande

número de informações por respondente de uma única vez. Opiniões, percepções, avaliações e

Page 48: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

39

atitudes são usualmente investigadas por survey. A pesquisa de survey permite ainda testar

hipóteses complexas, envolvendo diversas variáveis em interação simultânea.

Segundo BABBIE (2001), a pesquisa de survey concorre para o enriquecimento da ciência,

uma vez que os dados coletados constituem fonte permanente de informações. Um conjunto

de dados de survey pode ser analisado, logo após a coleta, confirmando determinada teoria.

Caso a teoria sofra modificações no futuro, pode-se utilizar o mesmo conjunto de dados,

realizando nova análise sob modelo teórico alternativo.

No intuito de aperfeiçoar o questionário, realizou-se um pré-teste com 35 universitários, com

perfil semelhante à amostra deste estudo. A aplicação se deu em sala de aula para reproduzir a

situação de coleta, feita posteriormente. Os participantes responderam o questionário,

relatando dúvidas ou problemas com o conteúdo e/ou estrutura.

Nas instruções foi decidido alertar os respondentes para que desconsiderassem restaurantes

fast food, estabelecimentos associados a situações do dia-a-dia e não a ocasiões especiais,

conforme sugerem WARDE e MARTTENS (2000). Além disso, originalmente as instruções

solicitavam aos respondentes qual restaurante os mesmos “escolheriam” de acordo com as

ocasiões especiais sugeridas. Decidiu-se enfatizar que os respondentes deveriam pensar nos

restaurantes que eles realmente haviam escolhido em situações semelhantes ocorridas no

passado.

Algumas mudanças adicionais foram feitas nas instruções e na formulação de três ítens da

escala, no sentido de ajudar a compreensão dos mesmos. Os itens do questionário original de

MCMULLAN e GILMORE (2003) que sofreram alterações foram:

“Nessa região tenho uma preferência pelo Restaurante X.” “Eu tentaria outro restaurante se ele fosse 5% mais barato que o Restaurante X.”

“A escolha do Restaurante X não funcionou tão bem como pensei.”

Page 49: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

40

Ao analisar as respostas do pré-teste, para ajudar no esclarecimento de dúvidas surgidas na

aplicação do instrumento de coleta, decidiu-se incluir as alterações em negrito:

“Na região em que está localizado, tenho uma preferência pelo Restaurante X.”

“Eu tentaria outro restaurante se ele fosse mais barato que o Restaurante X.”

“A escolha do Restaurante X nem sempre funcionou tão bem como pensei.”

3.2.1. Modo de Aplicação

O presente estudo realizou uma pesquisa de survey, utilizando questionários auto-

administrados entregues por interceptação em salas de aula, com a assistência do

entrevistador.

Seguindo as recomendações de CAVUSGIL e ELVEY-KIRK (1998), foi assegurado o

anonimato dos respondentes para fortalecer o fator motivador associado à boa vontade do

respondente. A presença de cada professor nas salas de aula e suas palavras de incentivo à

participação da pesquisa foram outros fatores motivadores para um preenchimento cuidadoso

das respostas, por parte dos respondentes.

A escolha da aplicação do questionário pelo método de interceptação se deu com o objetivo

de garantir um grande número de respostas. A presença do autor desta pesquisa durante o

preenchimento favoreceu o esclarecimento de questões duvidosas.

Os questionários foram distribuídos pelo autor aos estudantes que concordassem em participar

da pesquisa. Foram contactados 321 estudantes em salas de aula, sendo que 284 questionários

foram entregues, destes restaram 274 questionários preenchidos. A taxa de resposta foi de

88,47%, enquanto a de aproveitamento foi de 85,35%. A coleta de dados foi realizada entre os

meses de dezembro de 2003 e janeiro de 2004.

Page 50: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

41

3.2.2. Instrumento de coleta de dados

O instrumento do survey é o questionário estruturado, constituído por uma série de perguntas.

JANES (1999) apud VIEIRA (2003) adverte que os indivíduos respondem à questão que lhes

é apresentada, o que não coincide necessariamente com o que se deseja saber. Por essa razão,

as questões devem ser cuidadosamente elaboradas.

A escala empregada nesta pesquisa contém afirmativas das escalas de MCMULLAN e

GILMORE (2003) e ZEITHAML, BERRY e PARASURAMAN (1996), que utilizaram

escalas Likert de 7 pontos, como será visto mais adiante. Ao usar a escala Likert, solicita-se

ao respondente que indique seu grau de concordância ou discordância em relação a uma série

de afirmativas. Uma escala Likert consiste de duas partes, uma para a afirmativa e a outra

para a avaliação, que inclui um conjunto de opções que varia de “discordo totalmente” a

“concordo totalmente”.

O objetivo do uso de questões favoráveis e desfavoráveis, balanceadas ao longo do

questionário, é o de minimizar o erro sistemático. MOTTA (2000, p. 67) recomenda que se

deve “...formular assertivas (não mais do que 20%) em forma negativa, de modo que a

negação signifique resultado positivo. Esse procedimento visa manter os respondentes atentos

em função da quebra de padrão dos enunciados”. Os itens negativos foram invertidos antes

das análises a serem empreendidas neste estudo.

3.2.3. Efeitos de Ordem

As dificuldades de se obter informações inteiramente confiáveis numa pesquisa de survey

podem ser explicada não apenas pela instabilidade real das atitudes, mas também pela forma

como as perguntas são formuladas. Por exemplo, uma mera troca de palavras pode produzir

variações significativas nas respostas.

Page 51: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

42

Outro problema importante é que os ítens localizados perto uns dos outros podem apresentar

correlações maiores do que o esperado. Isto ocorre devido ao fato de que os respondentes

poderiam utilizar as respostas anteriores para gerar as respostas para questões que estão logo

em seguida. Para alguns autores, os primeiros itens de uma pesquisa podem servir de base

para a memória do respondente e assim, influir em todas as respostas restantes.

(TOURANGEAU e RASINSKI, 1988; FELDMAN & LYNCH, 1988)

Em um esforço para minimizar os efeitos da ordem, foram tomadas duas medidas:

– Em primeiro lugar alguns dos itens incluídos no questionário foram alternados em

afirmações positivas e negativas. Assim, os respondentes deveriam ajustar seu referencial de

uma questão positiva para uma negativa, tornando mais difícil o uso da resposta anterior para

a geração de resposta para a questão seguinte. Como mencionado anteriormente, este

procedimento é sugerido por MOTTA (2000) para reduzir a tendência à repetição de

respostas;

– Outra medida foi a confecção de quatro modelos de questionários diferentes entre si

quanto a ordem dos ítens, com uma distribuição aleatória das perguntas para contornar a

influência de uma determinada questão sobre as respostas das questões seguintes.

3.2.4. Tradução e Adaptação dos Ítens do Questionário

Uma vez que os ítens utilizados das escalas de foram formulados originalmente em inglês,

alguns cuidados foram tomados para garantir a manutenção do significado e do conteúdo dos

mesmos.

Os ítens foram traduzidos para a língua portuguesa através da técnica de tradução reversa

(DILLON, 1994). Em primeiro lugar, as frases originais foram traduzidas para o português

pelo autor, que possui proficiência na língua inglesa. A versão em português foi submetida a

Page 52: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

43

um brasileiro, professor de inglês, para que corrigisse algum possível erro. Em seguida, esta

versão foi submetida a uma americana, professora de inglês e de português, para que a

traduzisse novamente para o inglês. Por fim, um especialista em marketing com profundos

conhecimentos de inglês comparou as versões originais do inglês e da americana, bem como a

versão em português, buscando garantir a precisão na tradução dos termos e significados.

O questionário completo está no Anexo 2. Cabe salientar que perguntas sobre idade, gênero,

grau de instrução e renda familiar mensal dos respondentes foram incluídas, oferecendo

informações demográficas básicas sobre a amostra.

3.2.5. Revisão dos Construtos Presentes no Questionário

Cada frase presente na escala de lealdade utilizada no artigo de MCMULLAN e GILMORE

(2003) apresenta uma classificação de uma das quatro fases do modelo de OLIVER (1997), a

saber: lealdade cognitiva, afetiva, conativa e ativa. No entanto, as autoras não apresentaram a

origem exata de cada item do questionário.

Sendo assim, foi realizada uma revisão de cada item para identificar as possíveis dimensões

presentes. A partir das referências citadas pelas autoras e em manuais de escalas de Marketing

como o de BEARDEN, NETEMEYER e MOBLEY (1993) e de BRUNER e HENSEL (1994)

foi gerado o Quadro 3.1.

O exame dos 28 ítens da escala de MCMULLAN e GILMORE (2003) possibilitou a

identificação de seis construtos, referenciados neste estudo como: Comprometimento,

Envolvimento, Satisfação, Qualidade Percebida e Busca por Variedade. Alguns destes

construtos como Comprometimento, Envolvimento e Satisfação estão representados com um

número razoável de ítens. Por sua vez, os construtos Qualidade Percebida (PARASURAMAN

et al., 1988) e Busca por Variedade (RAJU, 1980), originalmente medidos com 22 e 39 itens,

Page 53: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

44

respectivamente, apresentam apenas cinco e seis ítens, respectivamente, um número

insuficiente para caracterizar os construtos identificados na escala proposta pelas autoras.

Diversos estudos empíricos já comentados na seção 2.6 (BLOEMER, WETZELS e RUYTER,

1999; CARUANA 2002, PRITCHARD, HAVITZ e HOWARD, 1999) medem o construto de

lealdade com variações dos cinco ítens da escala de lealdade de ZEITHAML, BERRY e

PARASURAMAN (1996). A ausência destes ítens na escala proposta por MCMULLAN e

GILMORE (2003) pode ser justificada pelo objetivo do estudo das autoras em investigar o

modelo de lealdade de OLIVER (1997). Por sua vez, este autor não menciona estes ítens ao

falar dos construtos a serem medidos numa escala de lealdade. A única exceção é do item que

se refere à intenção de recompra por parte do cliente. Portanto, foi decidida a inclusão destes

cinco ítens com o objetivo de se ter indicadores de lealdade no modelo estrutural.

Foram incluídos ainda no questionário um item para medir a satisfação global com o

restaurante (n. 35), a partir de MOTTA (2000) e um item para representar dimensão cognitiva

de lealdade (n.3) , proposto por GREMLER e BROWN (1996) e presente também no estudo

empírico de CARUANA (2002).

Page 54: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

45

Quadro 3.1 Referências Teóricas da Escala Utilizada nesta Pesquisa

FRASE DIMENSÃO FONTES CONSTRUTO

Eu me considero muito leal ao Restaurante X.

Comprometimento com a marca

BEATTY et al., 1988 PRITCHARD e HOWARD, 1997 COMPROMETIMENTO

Comer no Restaurante X diz muito sobre quem eu sou.

Comprometimento de ego PRITCHARD, 1999 COMPROMETIMENTO

Eu me importo muito com o Restaurante X.

Comprometimento afetivo BEATTY et al., 1988 COMPROMETIMENTO

Eu mudaria de restaurante se o novo me oferecesse mais status. *

Comprometimento de ego MCMULLAN e GILMORE, 2003 COMPROMETIMENTO

Conheço as características do Restaurante X o suficiente para poder compará-lo com outros restaurantes.

Familiaridade

LASTOVICKA e GARDNER, 1979 apud BEARDEN et al., 1993 JENSON et al., 1988 apud BEARDEN et al., 1993

ENVOLVIMENTO

O Restaurante X é um restaurante sobre o qual eu poderia falar por muito tempo. Familiaridade

LASTOVICKA e GARDNER, 1979 apud BEARDEN et al., 1993 JENSON et al., 1988 apud BEARDEN et al., 1993

ENVOLVIMENTO

O Restaurante X me desperta interesse. Familiaridade

LASTOVICKA e GARDNER, 1979 apud BEARDEN et al., 1993 JENSON et al., 1988 apud BEARDEN et al., 1993

ENVOLVIMENTO

* ítens invertidos

Page 55: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

46

Quadro 3.1 Referências Teóricas da Escala Utilizada nesta Pesquisa (cont.)

FRASE DIMENSÃO FONTES CONSTRUTO

Na região onde está localizado, tenho uma preferência pelo Restaurante X. Familiaridade

LASTOVICKA e GARDNER, 1979 apud BEARDEN et al., 1993 JENSON et al., 1988 apud BEARDEN et al., 1993

ENVOLVIMENTO

Ao decidir comer fora, é importante que eu faça a escolha certa.

Envolvimento com a compra

LASTOVICKA e GARDNER,1979 JENSON et al., 1988 apud BEARDEN et al., 1993

ENVOLVIMENTO

Quando vou escolher um restaurante não me preocupo com promoções ou ofertas.

Envolvimento com a compra MCMULLAN e GILMORE, 2003 ENVOLVIMENTO

Quando vou escolher um restaurante, comparo preços de vários para ter certeza que escolhi o que oferece a melhor relação de custo/benefício.*

Envolvimento com a compra MCMULLAN e GILMORE, 2003 ENVOLVIMENTO

O Restaurante X é mais do que um simples restaurante. need fulfillment OLIVER, 1980 SATISFAÇÃO

O Restaurante X é exatamente o que preciso em termos de restaurante. need fulfillment OLIVER, 1980 SATISFAÇÃO

Gosto de comer no Restaurante X. Afeto favorável OLIVER, 1997 SATISFAÇÃO Eu realmente gostei de comer no Restaurante X. Afeto favorável OLIVER, 1997 SATISFAÇÃO

A escolha do Restaurante X nem sempre funcionou tão bem como pensei. *

Falha nas expectativas OLIVER, 1997 SATISFAÇÃO

* ítens invertidos

Page 56: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

47

Quadro 3.1 Referências Teóricas da Escala Utilizada nesta Pesquisa (cont.)

FRASE DIMENSÃO FONTES CONSTRUTO

Se pudesse escolher de novo, escolheria outro restaurante em vez do Restaurante X. * Lamentação OLIVER, 1997 SATISFAÇÃO

Em termos gerais que nota de 0 a 10 Você daria ao seu Restaurante X?

Avaliação geral de satisfação MOTTA, 2000 SATISFAÇÃO

Eu mudaria de restaurante se os garçons do outro fossem mais amigáveis. * Empatia PARASURAMAN et al., 1988 apud

MCMULLAN e GILMORE, 2003 QUALIDADE PERCEBIDA

Não se espera que restaurantes ofereçam aos clientes atenção individualizada. * Empatia PARASURAMAN et al., 1988 apud

MCMULLAN e GILMORE, 2003 QUALIDADE PERCEBIDA

O Restaurante X tem prédios e instalações visualmente atraentes. Tangíveis PARASURAMAN et al., 1988 QUALIDADE

PERCEBIDA Eu tentaria um outro restaurante que oferecesse instalações melhores que o Restaurante X. *

Tangíveis PARASURAMAN et al., 1988 apud MCMULLAN e GILMORE, 2003

QUALIDADE PERCEBIDA

O Restaurante X tem instalações e equipamentos modernos. Tangíveis PARASURAMAN et al., 1988 QUALIDADE

PERCEBIDA Quando vejo um novo restaurante, diferente dos usuais, eu procuro saber sobre ele. * Busca por novidade RAJU, 1980 BUSCA POR

VARIEDADE Eu cansaria de comer sempre no Restaurante X toda vez que fosse comer fora. * Comportamento de

troca RAJU, 1980 BUSCA POR VARIEDADE

Se gosto do restaurante, raramente o troco só para tentar algo diferente.

Comportamento de troca RAJU, 1980 BUSCA POR

VARIEDADE

* ítens invertidos

Page 57: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

48

Quadro 3.1 Referências Teóricas da Escala Utilizada nesta Pesquisa (cont.)

FRASE DIMENSÃO FONTES CONSTRUTO

Fico entediado de comprar as mesmas marcas mesmo que elas sejam boas. * Comportamento de troca RAJU, 1980 BUSCA POR

VARIEDADE Quando vou a um restaurante, acho mais seguro pedir pratos que conheço. Aversão a risco RAJU, 1980 BUSCA POR

VARIEDADE Estando em determinada região, geralmente como no mesmo restaurante. Comportamento de troca RAJU, 1980 BUSCA POR

VARIEDADE Dificilmente penso em comer em outro lugar que não seja o Restaurante X. Primeira escolha GREMLER, 1996

CARUANA, 2002 COMPORTAMENTO

DE LEALDADE O Restaurante X é a minha primeira escolha quando decido comer fora. Primeira escolha GREMLER, 1996

ZEITHAML et al., 1996 COMPORTAMENTO

DE LEALDADE Pretendo voltar ao Restaurante X outras vezes. Intenção de recompra ZEITHAML et al., 1996 COMPORTAMENTO

DE LEALDADE

Falo bem do Restaurante X para outras pessoas. Referência boca-a-boca ZEITHAML et al., 1996 COMPORTAMENTO

DE LEALDADE

Eu incentivo amigos e parentes a comer no Restaurante X. Referência boca-a-boca ZEITHAML et al., 1996 COMPORTAMENTO

DE LEALDADE

Eu tentaria outro restaurante se ele fosse mais barato que o Restaurante X.*

Pagar mais, como conseqüência

comportamental ZEITHAML et al., 1996 COMPORTAMENTO

DE LEALDADE

* ítens invertidos

Page 58: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

49

3.3 Análise de Dados

Esta seção faz uma descrição dos procedimentos realizados, tanto para a purificação da

escala utilizada nesta pesquisa, quanto para análise dos dados coletados.

Para a purificação da escala, serão descritas a análise fatorial exploratória e a análise de

confiabilidade. Estas análises serão realizadas separadamente para o grupo de variáveis

antecedentes e para o grupo de variáveis classificadas como conseqüências da lealdade,

de acordo com os modelos de DICK e BASU (1994) e OLIVER (1997).

Os dados foram analisados à luz dos preceitos da Estatística Descritiva, sendo utilizadas

as medidas de freqüência, dispersão e cruzamentos entre algumas variáveis. Foi

realizada ainda a análise univariada dos itens, depois de realizada a purificação da

escala.

A modelagem de equações estruturais foi empregada para investigar as relações entre os

construtos identificados na revisão de literatura e propostos na escala empregada neste

estudo. O uso desta técnica a partir de uma análise fatorial prévia se justifica dada à

natureza exploratória deste estudo.

3.3.1. Análise Fatorial e Análise de Confiabilidade

Por constituir-se um estudo exploratório, julgou-se apropriado o emprego da análise

fatorial exploratória e da análise de confiabilidade para obter uma purificação da escala

proposta, selecionando os possíveis construtos e variáveis que serão testados a partir da

modelagem de equações estruturais.

Page 59: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

50

A análise fatorial é adequada quando ainda estamos na fase exploratória da pesquisa, em

que se procura entender o número de fatores envolvidos, a natureza da relação entre eles

(ortogonal ou oblíqua) e a estrutura fatorial (a matriz de carga fatorial) do construto

(DOWLING, 1988 apud VIEIRA, 2003).

A análise de confiabilidade reflete o grau em que os itens que mensuram determinado

construto geram resultados similares. O seu uso possibilita avaliar a qualidade

psicométrica do instrumento de coleta de dados. Dentre as estimativas utilizadas para

medir a confiabilidade interna, o alfa de Cronbach é talvez o mais empregado.

Considera-se que o valor crítico inferior para o alfa de Cronbach é 0,70 (HAIR et al.,

1998).

Ambas análises serão realizadas separadamente para o grupo de variáveis antecedentes

e para o grupo de variáveis classificadas como conseqüências da lealdade, de acordo

com os modelos de DICK e BASU (1994) e OLIVER (1997).

Avaliação das variáveis antecedentes

As variáveis antecedentes foram representadas pelos construtos de SATISFAÇÃO,

ENVOLVIMENTO, QUALIDADE PERCEBIDA e COMPROMETIMENTO. A

análise fatorial exploratória dos 23 itens relativos a estes construtos produziu uma

matriz de sete componentes com autovalores (eigenvalues) maiores que 1.

O teste de Kaiser-Meyer-Olkin foi utilizado para medir o grau de intercorrelação entre

os ítens, isto é, em que medida um item pode ser previsto sem erro pelo conjunto dos

demais. O valor de 0,742 situa a medida KMO como razoável, segundo HAIR et al.

(1998). Também foi realizado o teste de esfericidade de Barlett para avaliar com que

Page 60: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

51

probabilidade existem correlações significativas entre os ítens na matriz fatorial. Este

teste indicou a existência de correlações significantes a p<0,01 para os ítens de cada

variável.

Para cada item foi calculada a sua maior carga na matriz, sendo que valores abaixo de

0,35 foram desconsiderados. A matriz apresentada na Tabela 3.1 foi rotacionada

segundo o método VARIMAX com Normalização Kaiser.

Page 61: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

52

Tabela 3.1 Matriz de Componentes – Análise Fatorial das Variáveis Antecedentes Item do Questionário Variável 1 2 3 4 5 6 7 Comunalidade Eu me importo muito com o Restaurante X. me_importo ,815 ,737 Eu me considero muito leal ao restaurante X leal ,795 ,725 Comer no Restaurante X diz muito sobre quem eu sou. diz_muito ,748 ,582 O Restaurante X é mais do que um simples restaurante. mais_que_simples ,567 ,453 O Restaurante X é um restaurante sobre o qual eu poderia falar por muito tempo.

poderia_falar ,413 ,368 Eu realmente gostei de comer no Restaurante X. gostei ,738 ,607 Gosto de comer no Restaurante X. gosto ,738 ,653 O Restaurante X é exatamente o que preciso em termos de restaurante. o_que_preciso ,530 ,570 Se pudesse escolher de novo, escolheria outro restaurante em vez do Restaurante X.

escolheria_outro ,519 ,298 Eu mudaria de restaurante se os garçons do outro fossem mais amigáveis. mudaria_garcons ,764 ,652 Eu tentaria um outro restaurante que oferecesse instalações melhores que o Restaurante X.

tentaria_inst ,744 ,640 A escolha do Restaurante X nem sempre funcionou tão bem como pensei. escolha_errada ,620 ,514 Eu mudaria de restaurante se o novo me oferecesse mais status. mudaria_status ,414 -,387 ,425 O Restaurante X tem prédios e instalações visualmente atraentes. predio_ins_atraem ,767 ,664 O Restaurante X tem instalações e equipamentos modernos. inst_equip_mod ,689 ,388 ,667 O Restaurante X me desperta interesse. desperta_interesse ,427 ,610 ,639 Quando vou escolher um restaurante não me preocupo com promoções ou ofertas.

preco_promo ,829 ,751 Quando vou escolher um restaurante, comparo preços de vários para ter certeza que escolhi o que oferece a melhor relação de custo/benefício.

comparo_preços ,662 ,633 Eu tentaria outro restaurante se ele fosse mais barato que o Restaurante X.

tentaria_barato ,390 ,641 ,649 Conheço as características do Restaurante X o suficiente para poder compará-lo com outros restaurantes.

conheço ,363 ,390 Ao decidir comer fora, é importante que eu faça a escolha certa. importa_escolha ,769 ,669 Na região onde está localizado, tenho uma preferência pelo Restaurante X.

prefiro_regiao ,486 ,586 ,615 Não se espera que restaurantes ofereçam aos clientes atenção individualizada.

atencao_indiv ,895 ,839 Autovalores 2,691 2,557 2,073 1,980 1,848 1,384 1,217 - Variância total explicada (%) Total= 59,783 11,699 11,119 9,012 8,610 8,034 6,018 5,292 -

Page 62: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

53

Depois de realizada a análise fatorial, foi feita a análise de confiabilidade de cada um

dos sete fatores encontrados. Este procedimento foi importante para purificar a escala,

garantindo a qualidade psicométrica do instrumento de coleta de dados. Descreve-se a

seguir o valor do alfa de Cronbach calculado para cada fator encontrado na análise

fatorial. Foi adotado como critério de eliminação de uma variável o valor do coeficiente

Alpha obtido após a sua eliminação, através o procedimento “Alpha if item Deleted” do

software SPSS 11.0 for Windows.

O primeiro fator revelou as variáveis me_importo, leal, diz_muito, mais_que_simples e

poderia_falar. A aplicação do procedimento Alpha if item deleted do SPSS indicou que

a exclusão dos item poderia_falar elevaria o coeficiente alpha de 0,75 para 0,76. A

análise destes ítens à luz das escalas revisadas e apresentadas no Quadro 3.1 revela que

os ítens leal, me_importo e diz_muito representam dimensões do construto de

Comprometimento. Já a variável mais_que_simples a dimensão de familiaridade, dentro

do construto de Envolvimento. Foi definido que este fator seria chamado de

Comprometimento.

A medida do alfa de Cronbach para os ítens do segundo fator foi de 0,65, valor abaixo

do mínimo recomendado de 0,70. No entanto, ao aplicar o procedimento Alpha if item

deleted do SPSS, foi percebida a elevação do coeficiente alpha para 0,69 com a

exclusão do item escolheria_outro. Assim, restaram os ítens gostei, gosto e

o_que_preciso. A escolha do nome par a este fator recaiu em Satisfação, uma vez que

ao consultar o Quadro 3.1, nota-se que os três ítens estão presentes no construto de

Satisfação.

Page 63: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

54

O terceiro fator foi representado pelas variáveis mudaria_garçons, tentaria_inst,

mesmas_marcas e mudaria_status. A análise de confiabilidade para este fator produziu

o valor do coeficiente alfa de 0,62. Com a exclusão do item mudaria_status, o

coeficiente alfa, com o escore de 0,63 e sem nenhuma outra chance de melhora com a

eliminação dos itens restantes. Este fator permaneceu menor que valor mínimo de 0,70.

Ao calcular o coeficiente alfa do quarto fator, houve uma boa indicação de melhora do

coeficiente ao excluir o item inst_equip_mod. Assim, o coeficiente alfa passou de 0,66

para 0,74. À primeira vista, as variáveis predio_ins_atraem e desperta_interesse não se

referem ao mesmo construto, de acordo com o Quadro 3.1. O primeiro item se refere à

dimensão de tangíveis da escala SERVQUAL de PARASURAMAN, BERRY e

ZEITHAML (1988). Já o segundo item se refere à dimensão de familiaridade, no

construto de envolvimento (LASTOVICKA e GARDNER,1979 apud BEARDEN et al.,

1993; JENSON et al., 1988 apud BEARDEN et al., 1993). As frases a que estas

variáveis se referem são:

• “O Restaurante X me desperta interesse”, variável desperta_interesse

• “O Restaurante X tem prédios e instalações visualmente atraentes”, variável

predio_ins_atraem

Foi escolhido o termo Tangíveis para representar este fator, com intenção de captar a

influência do meio físico no comportamento do consumidor.

O quinto e o sexto fator apresentaram valores de 0,62 e 0,48, respectivamente, para o

coeficiente alfa de Cronbach, inferiores ao mínimo de 0,70. Por apresentarem valores

Page 64: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

55

abaixo do mínimo recomendado, estes fatores e suas respectivas variáveis, juntamente

com o terceiro fator não foram selecionados para a escala.

O sétimo fator também foi excluído da escala devido à impossibilidade de incluir

variáveis latentes com apenas uma variável observada em modelagem de equações

estruturais, como se verá mais adiante.

Em resumo, seguindo as recomendações de Hair et al, 1998, foram conservadas como

variáveis antecedentes apenas os fatores que apresentaram coeficientes alfa acima do

mínimo de 0,70, isto é os fatores Comprometimento, Satisfação e Tangíveis.

Avaliação das Variáveis Conseqüentes

As variáveis conseqüentes são todas aquelas representadas pelo construto BUSCA POR

VARIEDADE de RAJU (1980) e COMPORTAMENTO DE LEALDADE de

ZEITHAML, BERRY e PARASURAMAN (1996). (cfr. Quadro 3.1, p. 45). Como foi

visto na revisão de literatura, DICK e BASU (1994) propõem as variáveis presentes em

ambos construtos como conseqüência da lealdade. Por sua vez, OLIVER (1997)

reconhece apenas as variáveis relacionadas ao construto BUSCA POR VARIEDADE

como conseqüência da fase de lealdade ativa.

A análise fatorial exploratória das variáveis conseqüentes produziu a matriz de 4

componentes com autovalores (eigenvalues) maiores que 1.

O teste de KMO obteve o valor de 0,680, classificado como medida razoável, segundo

HAIR et al., 1998. O teste de esfericidade de Barlett indicou a existência de correlações

significantes a p<0,01 para os ítens componentes de cada variável.

Page 65: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

56

Para cada item foi calculada a sua maior carga na matriz, sendo que valores abaixo de

0,35 foram desconsiderados. O método extração empregado foi a Análise dos

Componentes Principais (Principal Component Analysis). A matriz apresentada na

Tabela 3.2 foi rotacionada segundo o método VARIMAX com Normalização Kaiser

Tabela 3.2 Matriz de Componentes – Análise Fatorial das Variáveis Conseqüentes

Componentes Item do questionário Variável 1 2 3 4

Comunalidade

Pretendo voltar ao Restaurante X outras vezes.

pretendo_voltar ,818 ,727

Falo bem do Restaurante X para outras pessoas.

falo_bem ,800 ,668

Eu incentivo amigos e parentes a comer no Restaurante X.

incent_ amigpar ,766 ,681

Quando vejo um novo restaurante, diferente dos usuais, eu procuro saber sobre ele.

procuro_saber novo

-,499 ,428 ,447

Dificilmente penso em comer em outro lugar que não seja o Restaurante X.

dif_penso_outro ,760 ,635

Se gosto do restaurante, raramente o troco só para tentar algo diferente.

raram_ troco ,727 ,550

O Restaurante X é a minha primeira escolha quando decido comer fora.

primeira_escolha ,371 ,531 ,517

Fico entediado de comprar as mesmas marcas mesmo que elas sejam boas.

mesmas_marcas ,862 ,785

Eu cansaria de comer sempre no Restaurante X toda vez que fosse comer fora.

cansaria ,609 -,525 ,733

Quando vou a um restaurante, acho mais seguro pedir pratos que conheço.

pratos_ conhecidos ,797 ,677

Estando em determinada região, geralmente como no mesmo restaurante.

como_ regiao ,418 ,442 ,374

Autovalores 2,349 1,952 1,267 1,227 - Variância total explicada (%)

Total= 61,777 21,354 17,745 11,520 11,158 -

Depois da análise fatorial, foi calculado o coeficiente alfa de Cronbach para cada fator.

O emprego do procedimento Alpha if item deleted sugeriu a exclusão da variável

procuro_saber_novo. Assim, o coeficiente alfa passou de 0,40 para 0,768.

Page 66: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

57

Os fatores 2, 3 e 4 apresentaram coeficientes Alpha nos valores de 0,612, 0,392 e 0,267,

respectivamente. Mesmo utilizando o procedimento “Alpha if item Deleted” do

software SPSS for Windows, não houve nenhuma oportunidade de melhoria. Seguindo

as recomendações de Hair et al, 1998, foi conservado apenas o fator 1 que teve valor

acima do mínimo de 0,70. Ele agrupa as variáveis pretendo_voltar, falo_bem e

incent_amigpar. Ao confrontar com o Quadro 3.1, fator recebeu o nome de

Comportamento de Lealdade.

3.3.2. Modelagem de Equações Estruturais

O emprego da técnica de Modelagem de Equações Estruturais (Structured Equation

Modeling - SEM) teve por objetivo avaliar os modelos de DICK e BASU (1994) e

OLIVER (1997). Não se pretende dar aqui uma visão exaustiva deste método. Há

excelentes livros de análise multivariada contendo capítulos sobre esta técnica e mesmo

livros dedicados a tratar exclusivamente de modelagem de equações estruturais. Em

português, o leitor pode encontrar um resumo valioso sobre o método na tese de

VIEIRA (2003).

A modelagem de equações estruturais estima, simultaneamente, uma série de equações

de regressão múltipla, as quais, embora separadas, são interdependentes. Para

estimação, emprega-se um modelo estrutural, o qual relaciona os construtos

fundamentais, e um modelo de mensuração especificado. O modelo de mensuração

descreve as relações entre as variáveis latentes e as suas variáveis observadas

(indicadores), ao passo que o modelo estrutural descreve a estrutura da relação entre as

variáveis latentes.

Page 67: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

58

São denominados variáveis latentes ou fatores os construtos teóricos que não podem ser

observados diretamente. Como as variáveis latentes não são observadas diretamente,

estas não podem ser diretamente medidas. Nesse sentido, associam-se variáveis

observadas a cada variável não-observada (ou latente), tornando a sua mensuração

possível.

É importante, ao se trabalhar com a modelagem de equações estruturais, distinguir entre

variáveis latentes exógenas e endógenas. Variável latente exógena é sinônimo de

variável independente; ela causa flutuação no valor de outras variáveis latentes do

modelo. Variável latente endógena significa variável dependente e influenciada pelas

variáveis exógenas.

É recomendável, segundo SCHUMAKER e LOMAX (1996, p. 79) apud VIEIRA

(2003), “que cada variável latente seja mensurada por mais de uma variável observada,

pois, caso utilizemos uma única variável observada, estaremos supondo que não existe

erro de mensuração associado à determinação da variável latente”.

RAYKOV e MARCOULIDES (2000) apud VIEIRA (2003) recomendam que sejam

utilizadas mais de duas variáveis observadas para cada variável latente. Segundo HAIR

et al (1998, p. 598), “um construto pode ser representado por dois indicadores, mas três

é o número mínimo preferido de indicadores [...]. Em termos práticos, cinco ou sete

indicadores deveriam representar a maior parte dos construtos”.

A modelagem de equações estruturais é geralmente empregada em modelos de path

analysis, modelos de análise fatorial confirmatória e modelos de regressão estrutural.

(HAIR et al., 1998).

Page 68: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

59

O modelo de regressão estrutural postula, além de possíveis correlações, relações de

determinação entre as variáveis latentes. Ou seja, especifica a estrutura de regressão

entre as variáveis latentes. Nesse caso, pode estabelecer hipóteses sobre o impacto de

um construto latente sobre outro. Além de considerar efeitos causais diretos, o modelo

de regressão estrutural também possibilita a existência de efeitos causais indiretos, o

que explica o seu amplo emprego nas mais diferenciadas áreas de investigação.

Quando o modelo de regressão estrutural não produz os valores esperados, pode-se

alterá-lo, respeitando os postulados teóricos, com vistas a obter um modelo que melhor

se ajuste aos dados existentes. Os modelos estruturais também podem ser empregados

para explorar relações potenciais entre variáveis latentes de interesse.

O modelo de regressão estrutural especifica as relações entre as variáveis latentes,

podendo ser representado por uma série de equações de regressão estruturais. No

entanto, segundo VIEIRA (2003), o modelo de equações estruturais geralmente é

comunicado por meio de desenho, denominado diagrama de caminho (path diagram).

Há algumas convenções gráficas adotadas na construção do diagrama de caminho:

a) Variáveis observadas são inseridas em retângulos ou em quadrados, enquanto as

latentes são inseridas em elipses ou círculos.

b) Os erros de medida (erros de mensuração das variáveis observadas exógenas), ao

passo que os erros residuais representam erros de predição de variáveis latentes

endógenas ou de variáveis observadas endógenas.

c) Os erros de medida e os residuais representam, na realidade, variáveis latentes,

razão pela qual são incluídas em círculos menores.

Page 69: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

60

d) As flechas unidirecionais são reservadas aos coeficientes estruturais, que

relacionam as variáveis latentes entre si; às cargas fatoriais, que relacionam as

variáveis latentes às observadas; e às relações entre os termos de erro e suas

respectivas variáveis dependentes.

e) As flechas curvas com setas em ambos os lados representam covariâncias ou

correlações.

f) As variáveis dependentes recebem pelo menos um caminho (flecha de sentido

único) de outra variável no modelo

g) As variáveis independentes originam caminhos, podendo ser correlacionadas

entre si, o que implica, no diagrama de caminho, flechas de duplo sentido as

conectando.

Os parâmetros do modelo são os pesos (ou coeficientes) estruturais, as variâncias dos

erros de medida, as variâncias dos erros residuais e as covariâncias. A diferença entre as

informações existentes e os parâmetros define os graus de liberdade do modelo.

O processo de ajustamento de um modelo de equações estruturais é análogo à resolução

de um sistema de equações. Segundo HAIR et al (1998, p. 584), “o SEM estima,

simultaneamente, uma série de múltiplas equações de regressão separadas, mas

interdependentes, por meio da especificação do modelo estrutural empregado pelo

programa estatístico”.

O método Maximum Likehood (ML) é amplamente empregado quando os dados

observados são normalmente distribuídos. De fato, a hipótese de normalidade é muito

comum na análise multivariada. Segundo RAYKOV e MARCOULIDES (2000) apud

VIEIRA (2003), pesquisas recentes recomendam o emprego do ML quando os desvios

Page 70: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

61

da normalidade não são significativos. Em termos simplificados, o ML determina

estimativas para os parâmetros do modelo que maximizam a probabilidade de se obter

os dados disponíveis, caso sejam coletados novos dados da mesma população.

Avaliar o grau em que um modelo hipotético se ajusta ou, em outras palavras, descreve

adequadamente os dados da amostra, constitui objetivo fundamental na modelagem de

equações estruturais. Em termos mais específicos, a avaliação deveria destacar a

adequação: a) das estimativas dos parâmetros; e b) do modelo como um todo.

A avaliação dos parâmetros individuais compreende a verificação da magnitude e o

sinal dos parâmetros e sua consistência com os pressupostos teóricos. Avalia-se também

a significância estatística da estimativa do parâmetro. No AMOS 4.0, esta é determinada

pela razão crítica (C.R). O teste estatístico C.R representa a estimativa do parâmetro

dividido por seu erro padrão. O teste opera como uma estatística z, na medida em que

testa se a estimativa é estatisticamente diferente de zero. O AMOS 4.0 considera um

nível de significância de 0,05, o que implica dizer que estimativas com razões críticas

superiores ao valor absoluto de ± 1,96 são significativamente diferentes de zero no nível

de 5%. Convém notar que parâmetros não significativos podem indicar um tamanho de

amostra que seja demasiadamente pequeno.

Quanto à avaliação do modelo como um todo, a modelagem de equações estruturais

oferece diferentes índices que refletem o grau de ajuste do modelo aos dados. Serão

apresentados os índices calculados pelo AMOS 4.0 utilizados na pesquisa. KLINE

(1998) apud VIEIRA (2003) recomenda sejam utilizados pelo menos quatro testes, tais

como qui-quadrado, CFI, TLI e RMSEA.

Page 71: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

62

os pesquisadores dividem o valor χ2 pelos graus de liberdade (df), para reduzir o seu

valor, bem como a sensibilidade da estatística χ2 ao tamanho da amostra. No AMOS

4.0, a razão χ2 /graus de liberdade aparece como CMIN/DF, a qual mostra a diferença

entre as matrizes de covariância observada e estimada. Um valor elevado indica que as

matrizes de covariância observada e estimada diferem significativamente. Sugere-se que

o valor de χ2/df, uma sugestão freqüente seja menor do que 3 (KLINE, 1998 apud

VIEIRA, 2003).

Segundo HU e BLENTER (1995) apud VIEIRA (2003), os índices de ajustamento

poderiam ser classificados em incremental e absoluto. Há diversos índices de

ajustamento incremental, cabendo mencionar os seguintes:

1) IFI (Incremental Fit Index)

O índice de ajustamento incremental (IFI) reflete a proporção em que o modelo do

pesquisador melhora o ajustamento comparativamente ao modelo independente (ou

nulo) ao tamanho da amostra, uma vez que o NFI tende a subestimar o ajustamento em

amostras pequenas. Valores acima de 0,90 indicam bons ajustamentos.

2) TLI (Tucker-Lewis Index)

O Tucker-Lewis Index (TLI), Non-Normed Fit Index (NNFI) ou Bentler-Bonett Non-

Normed Fit Index é similar ao IFI, embora penalize a complexidade do modelo. Por

convenção, um valor de TLI abaixo de 0,90 sinaliza a necessidade do modelo ser

especificado novamente. O TLI é um dos índices de ajustamento menos afetado pelo

tamanho da amostra (BYRNE, 2001 apud VIEIRA, 2003).

Page 72: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

63

3) CFI (Comparative Fit Index)

O Comparative Fit Index (CFI), conhecido também como Bentler Comparative Fit

Index, compara o ajuste do modelo existente com um modelo nulo, no qual se supõe a

inexistência de correlação entre as variáveis latentes do modelo. O CFI é um índice de

ajustamento incremental, menos afetado pelo tamanho da amostra. Por convenção, o

CFI deve ser igual ou superior a 0,90 para que o modelo seja aceito, pois indica que

90% da covariância nos dados podem ser reproduzidas pelo modelo formulado.

Dentre os índices de ajustamento absoluto, destacam-se:

1) RMSR (Root Mean Square Residual)

O índice RMSR indica a média dos resíduos ajustados entre as matrizes estimadas e

observadas, sob a hipótese de corretude do modelo.Valores baixos indicam um bom

ajustamento (Hair et al., 1998) e um valor zero no índice RMSR indica um ajustamento

perfeito. No software AMOS 4.0 esta estimativa é abreviada para RMR.

2) RMSEA (Root Mean Square Error of Approximation)

O RMSEA avalia quão bem o modelo se ajustaria à matriz de covariância da população,

caso fosse disponível. Esse índice é sensível ao número de parâmetros estimados. Os

índices cujos valores sejam inferiores a 0,05 indicam um bom ajustamento. Valores

maiores de 0,05 e inferiores a 0,08 representam ajustamento razoável. Valores variando

de 0,08 a 0,10 indicam ajustamentos pobres (ARBUCKLE e WOTHKE, 1999 apud

VIEIRA, 2003).

Page 73: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

64

2) ECVI (Expected Cross Validation Index)

O ECVI é uma estatística de ajustamento fundamental. O ECVI foi proposto para

avaliar, com base numa única amostra, a probabilidade que o modelo hipotético fosse

válido em amostras de tamanho similar, supondo-se a mesma população. Computa-se

um índice ECVI para cada modelo (hipotético, saturado e nulo), os quais são, então,

classificados. O modelo de menor ECVI apresenta maior potencial de ser válido em

outra amostra de mesmo tamanho, extraída da mesma população (BYRNE, 2001 apud

VIEIRA, 2003).

3) GFI (Goodness of Fit Index)

O índice de bondade do ajustamento GFI (Goodness-of-Fit Index) é outra medida do

grau de adequação do modelo. É uma medida não estatística que varia de 0 (ajustamento

pobre) até 1,0 (ajustamento perfeito), embora possa assumir, teoricamente, valores

negativos. O GFI é análogo ao R2 tendo em vista que indica a proporção das

covariâncias observadas explicada pelas covariâncias originadas pelo modelo.O GFI é

sensível ao tamanho da amostra.. Os valores mais elevados indicam melhores

ajustamentos, mas nenhum nível absoluto mínimo de aceitação foi estabelecido, embora

seja sugerido um valor a 0,90 para que o modelo seja aceito (BYRNE, 2001 apud

VIEIRA, 2003).

4) AGFI (Adjusted Goodness of Fit Index)

O índice de bondade do ajustamento ajustado (Adjusted Goodness of Fit Index-AGFI) é

uma variante do GFI, ajustando-o aos graus de liberdade do modelo em relação ao

número de variáveis. Ele também varia de 0 a 1, mas também pode, teoricamente, gerar

Page 74: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

65

valores negativos. O AGFI é análogo ao R2 ajustado. Especificamente, modelos mais

complexos, ou seja, aqueles com mais parâmetros, tendem a se ajustar melhor aos

mesmos dados do que os mais simples. O AGFI leva isso em consideração, corrigindo

para baixo o valor do GFI quando o número de parâmetros aumenta. Da mesma forma

que o GFI, o AGFI também é aceitável quando apresenta magnitude superior ou igual a

0,90 (Byrne, 2001 apud VIEIRA, 2003).

Embora tenhamos comentado as variáveis e apresentado as hipóteses que fundamentam

o modelo de equações estruturais, convém, antes de sua apresentação, que as variáveis

latentes (independentes e dependente) e as observadas sejam uma vez mais listadas,

constando, desta feita, sua abreviação entre parênteses para uma leitura mais direta do

modelo.

3.4 Hipóteses de pesquisa

O estudo tem como objetivo estudar empiricamente a lealdade, a partir dos modelos de

DICK e BASU (1994) e de OLIVER (1997), a partir de uma escala proposta por

MCMULLAN e GILMORE (2003), a qual foi modificada para incluir alguns ítens

relativos às conseqüências da lealdade, conforme foi apontado anteriormente.

A revisão da escala inicial de ítens, apoiada pela análise fatorial exploratória, permite

estabelecer as seguintes hipóteses:

HIPÓTESE 1

A variável latente Tangíveis influi positivamente a percepção dos consumidores quanto

à variável observada Capacidade do Restaurante em despertar o interesse do cliente.

Page 75: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

66

HIPÓTESE 2

A variável latente Tangíveis influencia positivamente a percepção dos consumidores

quanto à variável observada Atração visual exercida pelo prédio e instalações do

Restaurante.

HIPÓTESE 3

A variável latente Satisfação influencia positivamente a percepção dos consumidores

quanto à variável observada Prazer em comer no Restaurante no momento presente.

HIPÓTESE 4

A variável latente Satisfação influencia positivamente a percepção dos consumidores

quanto à variável observada Prazer em comer no Restaurante em ocasiões passadas.

HIPÓTESE 5

A variável latente Satisfação influi positivamente na percepção dos consumidores em

relação à variável observada Capacidade do Restaurante em atender às demandas do

cliente.

HIPÓTESE 6

A variável latente Comprometimento influencia positivamente a percepção dos

consumidores quanto à variável observada Grau de identificação entre o Restaurante e a

Personalidade do cliente.

Page 76: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

67

HIPÓTESE 7

A variável latente Comprometimento influencia positivamente a percepção dos

consumidores quanto à variável observada Grau de diferenciação afetiva que o cliente

atribui ao restaurante.

HIPÓTESE 8

A variável latente Comprometimento influencia positivamente a percepção dos

consumidores quanto à variável observada Grau de importância que o cliente atribui ao

Restaurante.

HIPÓTESE 9

A variável latente Comprometimento influencia positivamente a percepção dos

consumidores quanto à variável observada Grau de importância que o cliente atribui ao

Restaurante.

HIPÓTESE 10

A variável latente Comportamento de Lealdade influencia positivamente a percepção

dos consumidores quanto à variável observada. Referências positivas comunicadas aos

demais sobre o restaurante.

HIPÓTESE 11

A variável latente Comportamento de Lealdade influencia positivamente a percepção

dos consumidores quanto à variável observada Intenção de retorno ao restaurante.

Page 77: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

68

HIPÓTESE 12

A variável latente Comportamento de Lealdade influencia positivamente a percepção

dos consumidores quanto à variável observada Incentivo a amigos e parentes a comerem

no restaurante.

As doze hipóteses anteriores se referem ao modelo de mensuração. Elas pertencem a

ambos modelos que serviram de inspiração esta pesquisa, com exceção das hipóteses

10, 11 e 12 que não estão presentes no modelo baseado em OLIVER (1997).

Apresentam-se agora os dois modelos inspirados em DICK e BASU (1994) e em

OLIVER (1997). Dizem-se modelos inspirados nos autores, uma vez que se reconhece

que nem todos os construtos propostos por eles foram identificados na análise fatorial

exploratória da escala utilizada nesta pesquisa. A Figura apresenta o modelo de

lealdade inspirado em DICK e BASU (1994)

Figura 3.1 Modelo de Lealdade Inspirado em DICK e BASU (1994)

+

+Comprometimento

Tangíveis

Satisfação

Comportamento de Lealdade

+

H13

H14 H15

Page 78: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

69

HIPÓTESE 13

A dimensão referente a Tangíveis influencia positivamente o construto de

Comprometimento.

HIPÓTESE 14

A dimensão referente a Satisfação influencia positivamente o construto de

Comprometimento.

HIPÓTESE 15

A dimensão referente a Comprometimento influencia positivamente o construto de

Comportamento de Lealdade.

Apresenta-se a seguir o modelo de lealdade inspirado em OLIVER (1997) na Figura

3.2, a partir dos construtos propostos na escala deste estudo.

Figura 3.2 Modelo de Lealdade Inspirado em OLIVER (1994)

++ Comprometimento Tangíveis Satisfação

Lealdade cognitiva

Lealdade afetiva

Lealdade conativa

H14H16

Page 79: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

70

O modelo inspirado em OLIVER (1997) supõe a hipótese 14 e propõe a hipótese 16, a

seguir:

HIPÓTESE 16

A dimensão referente a Tangíveis influencia positivamente o construto de Satisfação.

Na medida em que se empregou a modelagem de equações estruturais para testar as

hipóteses desenvolvidas a partir dos modelos descritos acima, foram definidas variáveis

observadas e latentes.

Variáveis Observadas

1. Capacidade do Restaurante em despertar o interesse do cliente. (desperta_interesse)

2. Atração visual exercida pelo prédio e instalações do Restaurante.

(predios_ins_atraem)

3. Prazer em comer no Restaurante no momento presente. (gosto)

4. Prazer em comer no Restaurante em ocasiões passadas. (gostei)

5. Capacidade geral do Restaurante em atender às demandas do cliente.

(o_que_preciso)

6. Grau de identificação que o cliente percebe entre si mesmo e o Restaurante.

(diz_muito)

7. Grau de diferenciação e significado simbólico que o cliente atribui ao Restaurante.

(mais_que_simples)

8. Grau de importância que o cliente atribui ao Restaurante. (me_importo)

9. Grau de lealdade que o cliente atribui a si mesmo em relação ao Restaurante. (leal)

10. Referências positivas comunicadas aos demais sobre o Restaurante. (falo_bem)

Page 80: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

71

11. Grau de Intenção de retorno ao Restaurante. (pretendo_voltar)

12. Disposição de incentivar amigos e parentes a comerem no restaurante.

(incentivo_amigpar)

Variáveis Latentes

1) TANGÍVEIS (TANG)

Essa variável latente refere-se à influência do meio físico em chamar a atenção do

consumidor. Sua estimação ocorreu a partir de duas variáveis observadas: Capacidade

do Restaurante em despertar o interesse do cliente e Atração visual exercida pelo prédio

e instalações do Restaurante.

2) SATISFAÇÃO (SATIS)

Essa variável latente refere-se à satisfação do consumidor em relação ao restaurante.

Sua estimação ocorreu a partir de quatro variáveis observadas, a saber: Prazer em comer

no Restaurante no momento presente; Prazer em comer no Restaurante em ocasiões

passada; Capacidade geral do Restaurante em atender às demandas do cliente.

3) COMPROMETIMENTO (COMPROMET)

Essa variável latente refere-se à percepção de comprometimento que o cliente atribui ao

seu relacionamento com o restaurante. A estimação deste construto ocorreu a partir de

quatro variáveis observadas, tais como: Grau de identificação que o cliente percebe

entre si mesmo e o Restaurante; Grau de diferenciação e significado simbólico que o

cliente atribui ao Restaurante; Grau de importância que o cliente atribui ao Restaurante;

Grau de lealdade o cliente atribui a si mesmo em relação ao Restaurante.

Page 81: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

72

4) COMPORTAMENTO DE LEALDADE (LEALDADE)

Essa variável latente está vinculada às ações de lealdade declaradas pelo respondente. A

sua estimação ocorreu a partir de três variáveis observadas, quais: Referências positivas

comunicadas aos demais sobre o Restaurante; Grau de Intenção de retorno ao

Restaurante; Disposição de incentivar amigos e parentes a comerem no restaurante.

3.5 Limitações da Pesquisa

O uso de um grupo de estudantes como respondentes constitui a primeira limitação

desta pesquisa. PETERSON (2001) encontrou suporte empírico para a proposição de

que as respostas de estudantes em pesquisas de escalas são levemente mais homogêneas

que as respostas de amostras de não-estudantes. Assim, haveria problemas de

generalização dos resultados encontrados. Esta pesquisa tentou minorar estes problemas

admitindo principalmente estudantes mais velhos, que tivessem concluído ao menos a

metade do curso. Assim, se conseguiu uma amostra principalmente de jovens, no

entanto com idades superior a 22 anos em média, como será visto na seção 4.1 do

próximo capítulo.

A segunda limitação se deve ao uso de uma amostra de conveniência. Novamente surge

o problema da generalização dos resultados encontrados, uma vez que a amostra

utilizada poderia nem mesmo ser representativa da população de estudantes

universitários. No entanto, a escolha de estudantes de duas universidades e sete cursos

universitários diferentes, contemplando áreas de ciências sociais, ciências exatas e de

saúde ajudar a minimizar estes efeitos.

Page 82: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

73

A terceira se refere ao momento de aplicação do instrumento de coleta de dados. De

fato, para obter respostas mais ricas quanto à memória dos respondentes, o momento

ideal de aplicação seria realizar entrevistas após o encontro de serviço. Decidiu-se, no

entanto, que em restaurantes para ocasiões especiais há um alto grau de envolvimento

do consumidor, propiciando experiências de consumo mais acessíveis aos respondentes.

Assim, a aplicação em sala de aula, precedida por algumas palavras de incentivo dos

professores, e a provável satisfação em participar de um estudo, cujo tema lhes era

familiar ajudaram os respondentes a fornecerem respostas mais precisas.

Outra limitação foi a não identificação de uma dimensão conativa, presente tanto no

modelo de DICK e BASU (1994), como no modelo de OLIVER (1997). De fato, no

Quadro 3.1, alguns ítens poderiam ser classificados como conativos, principalmente

aqueles formulados com os tempos verbais no futuro e no futuro do pretérito, como é o

caso de “Eu mudaria de restaurante se o novo me oferecesse mais status” ou de

“Pretendo voltar ao Restaurante X outras vezes”. Alguns autores como BLOEMER et

al. (1999) alegam que os indicadores de lealdade empregados teriam natureza conativa.

De qualquer modo, a não-identificação desta dimensão foi principalmente decorrente da

natureza exploratória desta pesquisa.

A quinta está relacionada ao fato de que os modelos surgidos a partir da análise fatorial

exploratória podem não representar exatamente o pensamento de OLIVER (1997) e

DICK e BASU (1994), na medida em que não incluem todos os fatores. No entanto,

houve duas razões para esta escolha:

1) Primeiramente, não é do conhecimento do autor a existência de uma escala validada

que incluísse todos os fatores propostos por DICK e BASU (1994) e OLIVER (1997).

Page 83: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

74

Propor uma nova escala estaria além do escopo desta dissertação. A escala de

MCMULLAN e GILMORE (2003) pareceu um bom ponto de partida para realizar uma

replicação no contexto de um estudo exploratório.

2) Como afirmam DICK e BASU (1994), “o modelo integrado de lealdade proposto

aqui deve ser um ponto de partida e pode ser adaptado conforme cada caso” pg. 111.

OLIVER (1997) usa palavras semelhantes ao mencionar que o número de ítens de um

questionário de lealdade só estaria limitado pela imaginação e disponibilidade do

pesquisador.

Por fim, a última limitação do estudo diz respeito às características da modelagem de

equações estruturais, uma vez que o emprego de equações lineares simplifica

demasiadamente a realidade. Na concepção de MACCALLUM (apud VIEIRA, 2003),

“na melhor das hipóteses pode-se esperar, em lugar de ajustamento perfeito, que os

modelos forneçam uma grande aproximação aos dados observados. No caso do SEM, os

fenômenos do mundo real [...] são muito mais complexos para que possamos

representá-los com o emprego de um modelo de equações estruturais lineares e as

hipóteses a ele associado”.

Page 84: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

75

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Os resultados da pesquisa foram analisados tendo em vista três objetivos. O primeiro foi

descrever as características demográficas dos respondentes, fazendo alguns cruzamentos

entre algumas variáveis mais importantes. O segundo objetivo foi apresentar uma

análise univariada dos ítens que compõem as variáveis observadas. Por fim,

apresentam-se – a partir da técnica de modelagem de equações estruturais – os

resultados relativos ao exame dos modelos inspirados em DICK e BASU (1994) e

OLIVER (1997), para então, verificar e discutir as hipóteses estabelecidas. Apresenta-se

em seguida um modelo híbrido, resultado das avaliações dos modelos mencionados

anteriormente.

4.1 Análise Descritiva da Amostra

A partir dos contatos em sala de aula foram abordados 321 estudantes universitários de

graduação de duas universidades públicas, que tivessem completado pelo menos a

metade do curso. Deste total, foram recolhidos 284 questionários, sendo que 13 foram

devolvidos em branco, 21 questionários foram excluídos em função de não terem sido

preenchidos integralmente, 39 eram de respondentes não residentes na cidade do Rio de

Janeiro. Assim, 210 questionários foram considerados válidos.

Os estudantes universitários que participaram da pesquisa são oriundos de sete cursos

diferentes. Buscou-se um equilíbrio entre o número de estudantes das áreas de ciências

humanas, ciências exatas e ciências de saúde.

Levando-se em conta apenas os questionários considerados validados, apresenta-se a

Tabela 4.1 com a distribuição obtida de respondentes por curso.

Page 85: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

76

Tabela 4.1 Distribuição dos Respondentes por Curso

Ao classificar cada curso universitário como das tradicionais áreas do saber, (ciências

exatas, ciências sociais e ciências de saúde), obteve-se a Tabela 4.2 abaixo:

Tabela 4.2 Distribuição dos Respondentes por Ramo do Saber

Freqüência Percentual

Ciências Exatas 52 24,7%

Ciências Sociais 74 35,3%

Ciências de Saúde 84 40,0%

No que toca às duas universidades onde os questionários foram aplicados, obteve-se 90

respostas de estudantes da UFRJ e 120 respostas de estudantes da UERJ. A maioria

(63,6%) dos respondentes trabalha ou faz estágio, sendo que 36,4% declararam que não

trabalhavam nem faziam estágio. (Tabela 4.3 e 4.4)

Tabela 4.3 Distribuição dos Respondentes por Universidade

CURSO

15 7,1 7,1 7,1 45 21,4 21,4 28,6 74 35,2 35,2 63,8 54 25,7 25,7 89,5 5 2,4 2,4 91,9 7 3,3 3,3 95,2

10 4,8 4,8 100,0 210 100,0 100,0

Psicologia EngenhariaMedicina Direito Administração Estatística OdontologiaTotal

Freqüência Percentual

Percentual Válidos

Percentual Acumulados

90 42,9 42,9 42,9 120 57,1 57,1 100,0 210 100,0 100,0

UFRJ UERJ Total

Percentual Acumulados Freqüência Percentual Percentual

Válidos

Page 86: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

77

Tabela 4.4 Distribuição dos Respondentes por Ocupação

Quanto à idade dos respondentes, a média é 22,5 anos (d.p. = 2,75), a moda e a mediana

são iguais a 22 anos. A amostra apresentou 51,2% de mulheres. Em relação à renda

familiar mensal, 3,6% declaram ter renda mensal de até mil reais, 21,5% de 1 a 3 mil

reais, 27,7% de 3 a 5 mil reais, 21,5% de 5 a 8 mil reais e 25,6% têm renda familiar

maior que 8 mil reais. Quase a totalidade (96,2%) dos respondentes é formada por

solteiros, sendo que 3,3% são casados e 0,5% são separados. (Tabela 4.5 e Figura 4.1)

Tabela 4.5 Distribuição Idade dos Respondentes por Renda

76 36,2 36,4 36,4 24 11,4 11,5 47,8

109 51,9 52,2 100,0 209 99,5 100,0

1 ,5210 100,0

só estuda estuda e trabalha estuda e faz estágio Total

Missing Total

Acumulados Percentual Freqüência Percentual Percentual

Válidos

Estatísticas

IDADE 209

122,50

,19022,0022

2,7487,549

ValidosMissing

N

Média Desvio-Padrão da MédiaMediana Moda Desvio-Padrão Variância

Page 87: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

78

Figura 4.1 DISTRIBUIÇÃO DOS RESPONDENTES POR RENDA

Foi solicitado aos respondentes que informassem o restaurante escolhido como de

ocasiões especiais, isto é, considerando as seguintes situações: o restaurante para levar a

família; o restaurante para levar a(o) namorada(o); o restaurante para celebrar festas ou

comemorações.As respostas cobrem uma ampla gama de tipos de restaurantes, sendo

que a lista completa dos restaurantes citados é apresentada no Anexo 1.

4.2 Análise por tabulação cruzada

Procurou-se apresentar alguns cruzamentos entre as variáveis RENDA, OCUPAÇÃO e

CURSO.

A Tabela 4.6 apresenta o cruzamento do curso com a faixa de renda do entrevistado.

Pode-se verificar que os estudantes de Direito e Medicina são os que apresentam um

maior percentual de renda familiar mensal maior que oito mil reais, com percentuais de

37,3% e 38,5%, respectivamente.

RENDA

25,6%

21,5% 27,7%

21,5%

3,6%mais de R$8.000

de R$5.001 a R$8.000 de R$3.001 a R$5.000

menos de R$1.000

de R$1.001 a R$3.000

Page 88: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

79

Tabela 4.6 Cruzamento do Curso com Faixa de Renda do Entrevistado

O cruzamento da renda com a ocupação do entrevistado (cfr. Tabela 4.7) sugere que os

estudantes que apresentam renda mais alta tendem a se dedicar de modo exclusivo aos

estudos, numa parcela sensivelmente maior, se comparados com os estudantes que

apresentam renda familiar inferior.

Tabela 4.7 Composição da Renda por Ocupação do Entrevistado

1 9 2 2 147,1% 64,3% 14,3% 14,3% 100,0%

16 13 10 4 4337,2% 30,2% 23,3% 9,3% 100,0%

2 9 15 14 25 653,1% 13,8% 23,1% 21,5% 38,5% 100,0%

3 4 15 10 19 515,9% 7,8% 29,4% 19,6% 37,3% 100,0%

1 2 1 1 520,0% 40,0% 20,0% 20,0% 100,0%

2 2 2 1 728,6% 28,6% 28,6% 14,3% 100,0%

1 1 5 3 1010,0% 10,0% 50,0% 30,0% 100,0%

7 42 54 42 50 1953,6% 21,5% 27,7% 21,5% 25,6% 100,0%

Count % within CURSOCount % within CURSOCount % within CURSOCount % within CURSOCount % within CURSOCount % within CURSOCount % within CURSOCount % within CURSO

Psicologia

Engenharia

Medicina

Direito

Administração

Estatística

Odontologia

CURSO

Total

Até R$1.000

RENDA

Total

Entre R$ 1.000 e R$ 3.000

Maior que R$ 8.000

Entre R$ 3.000 e R$ 5.000

Entre R$ 5.000 e R$ 8.000

2 5 7 28,6% 71,4% 100,0%

14 5 23 42 33,3% 11,9% 54,8% 100,0%

16 11 26 53 30,2% 20,8% 49,1% 100,0%

14 4 24 42 33,3% 9,5% 57,1% 100,0%

22 3 25 50 44,0% 6,0% 50,0% 100,0%

68 23 103 194 35,1% 11,9% 53,1% 100,0%

Count % within RENDACount % within RENDACount % within RENDACount % within RENDACount % within RENDACount % within RENDA

RENDA

Total

só estudaestuda etrabalha

estuda efaz estágio

Ocupação

Total Até

R$1.000

Maior que R$ 8.000

Entre R$ 3.000 e R$ 5.000

Entre R$ 5.000 e R$ 8.000

Entre R$ 1.000 e R$ 3.000

Page 89: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

80

A Tabela 4.8 apresenta o cruzamento do curso com a ocupação do entrevistado. Pode-se

verificar que a maior parte dos estudantes de todos os cursos (exceto Medicina)

desenvolve algum tipo de atividade, seja estágio ou trabalho. No curso de Medicina,

reconhecidamente um curso de dedicação integral, a maioria dos estudantes (59,5%)

não desenvolve nenhuma atividade profissional paralela aos estudos. Outro fator que

ajuda a explicar este fato é que os alunos de Medicina começam a fazer estágios a partir

do 8º período.

Tabela 4.8 Cruzamento do Curso com a Ocupação do Entrevistado

É importante ressaltar que os cursos de Direito, Engenharia, Medicina e Odontologia

são cursos de dez semestres, enquanto que os cursos de Administração, Estatística e

Psicologia possuem duração de oito semestres. De qualquer modo esta distribuição

indica que a imensa maioria dos respondentes é formada por alunos que cursaram ao

menos a metade do cursos, conforme o desenho da pesquisa. A Tabela 4.9 ilustra a

5 1 9 1533,3% 6,7% 60,0% 100,0%

9 10 25 4420,5% 22,7% 56,8% 100,0%

44 4 26 7459,5% 5,4% 35,1% 100,0%

12 5 37 5422,2% 9,3% 68,5% 100,0%

1 1 3 520,0% 20,0% 60,0% 100,0%

1 6 714,3% 85,7% 100,0%

5 2 3 1050,0% 20,0% 30,0% 100,0%

76 24 109 20936,4% 11,5% 52,2% 100,0%

Count % within CURSOCount % within CURSOCount % within CURSOCount % within CURSOCount % within CURSOCount % within CURSOCount % within CURSOCount % within CURSO

Psicologia

Engenharia

Medicina

Direito

Administração

Estatística

Odontologia

CURSO

Total

só estudaestuda etrabalha

estuda e faz estágio

Ocupação

Total

Page 90: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

81

distribuição dos respondentes por curso e semestre cursado.

Tabela 4.9 Cruzamento do Curso com o Período dos Respondentes

9 4 2 1560,0% 26,7% 13,3% 100,0%

8 13 10 11 3 4517,8% 28,9% 22,2% 24,4% 6,7% 100,0%

34 40 7445,9% 54,1% 100,0%

25 23 6 5446,3% 42,6% 11,1% 100,0%

3 2 560,0% 40,0% 100,0%

7 7100,0% 100,0%

7 3 1070,0% 30,0% 100,0%

17 82 61 38 9 3 2108,1% 39,0% 29,0% 18,1% 4,3% 1,4% 100,0%

Count% within CURSOCount% within CURSOCount% within CURSOCount% within CURSOCount% within CURSOCount% within CURSOCount% within CURSOCount% within CURSO

Psicologia

Engenharia

Medicina

Direito

Administração

Estatística

Odontologia

CURSO

Total

5 6 7 8 9 10PERIODO

Total

4.3 Análise Univariada

A partir da análise fatorial e da análise de confiabilidade já mencionadas anteriormente,

chegou-se ao conjunto de variáveis do modelo. Os dados descritivos dessas variáveis

serão explorados a seguir. A importância desses dados se reflete em quais itens há

espaço para o desenvolvimento da lealdade dos consumidores, no contexto de

estudantes universitários. Desta forma, a partir deles, pode-se ter uma visão mais ampla

de como os consumidores avaliam a experiência de consumo em restaurantes de

situações especiais, em termos de lealdade, tangíveis, satisfação e comprometimento. A

Tabela 4.10 apresenta a média, mediana e desvio-padrão de cada uma destas variáveis.

Page 91: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

82

Tabela 4.10 Análise Univariada dos Ítens do Questionário

Dentre os ítens analisados na escala tipo Likert de 7 pontos, a intenção de recompra,

representada pela variável “pretendo_voltar” alcançou a maior média (6,01). As

variáveis de satisfação em termos de gosto também revelaram escores altos nas

variáveis “gostei” (6,00) e “gosto” (5,99).

Por outro lado, as variáveis de comprometimento apresentaram os menores escores e ao

mesmo tempo com os maiores desvios-padrão. Esse resultado pode ser um indicador de

que há espaço para um crescimento na dimensão de comprometimento dos

consumidores. As discrepâncias entre as respostas podem revelar também que há um

grupo de consumidores que apresenta um certo grau de comprometimento.

Aparentemente uma surpresa foi o resultado da variável “leal”, que representa o item do

questionário “Eu me considero muito leal ao Restaurante X”. Este item apresentou um

grau de discordância elevado, sendo o que apresenta a média mais baixa entre as

variáveis (3,31). De fato, ao examinar a Tabela 4.11, apenas 19,5% apresentaram um

grau de concordância em relação a essa afirmativa.

5,25 5,00 1,126 6,01 6,00 ,925 5,64 5,00 ,949 5,08 5,00 ,953 4,96 5,00 1,142 5,99 6,00 ,923 4,71 5,00 1,014 6,00 6,00 ,910 3,52 3,00 1,538 3,42 3,00 1,336 3,31 3,00 1,336

incent_amigpar pretendo_voltar falo_bemdesperta_interesse predio_ins_atraem gosto o_que_preciso gostei diz_muito me_importo leal

Média Mediana Desvio-Padrão

4,36mais_que_simples 4,00 1,245

Page 92: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

83

Tabela 4.11 Freqüências de respostas da variável LEAL

Este resultado é interessante porque pode dar uma idéia do segmento da amostra que

realmente se considera leal. Se pensarmos no “clássico” quadrante de DICK e BASU

(1994) (cfr. Figura 2.1, pg. 16), seria razoável pensar que dentre um conjunto de

consumidores apenas um segmento apresenta “lealdade verdadeira”. De fato,

PRITCHARD e HOWARD (1997) encontraram 33,6% de respondentes neste cluster. Já

ZINS (2001) obteve 17,6% dos passageiros considerados como de “lealdade

verdadeira” à companhia aérea que forneceu a população utilizada no seu estudo.

4.4 Avaliação dos Modelos de Lealdade

Dentre as estratégias de avaliação de modelos teóricos, HAIR et al. (1998) sugerem: a

análise confirmatória de modelos definidos a priori; a avaliação de modelos rivais ou

equivalentes e o desenvolvimento de modelos. Segundo comenta SANTOS (2001), “a

estratégia envolvendo modelos equivalentes pode ser considerada a superior, pois não

envolve reespecificações de modelos, que, muitas vezes, são guiadas pelos dados e não

pela teoria que os fundamenta”. A comparação entre modelos rivais fornece

informações sobre interpretações alternativas para os dados, gerando uma proteção

contra o viés da confirmação (MACCALLUM e AUSTIN, 2000 apud SANTOS (2001).

28 13,3 13,3 13,3 18 8,6 8,6 21,9 74 35,2 35,2 57,1 49 23,3 23,3 80,5 35 16,7 16,7 97,1 3 1,4 1,4 98,6 3 1,4 1,4 100,0

210 100,0 100,0

1234567Total

Valid Acumulados Percentual Freqüência Percentual Percentual

Válidos

Page 93: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

84

Ao avaliar o modelo de DICK e BASU (1994) e OLIVER (1997) será utilizada a

estratégia de modelos equivalentes indicada por HAIR et al. (1998). Essa estratégia será

baseada na adição de novas relações causais entre os construtos estudados, as quais não

foram contempladas no modelo original. Cabe salientar que esta adição de parâmetros

será guiada, essencialmente, pela fundamentação teórica que permeia este estudo.

4.4.1. Avaliação do Modelo Original Inspirado em DICK e BASU (1994)

Com base nas quatro variáveis latentes analisadas, apresenta-se o modelo de lealdade

com inspirado no modelo de DICK e BASU (1994) na Figura 4.2. Diz-se modelo

inspirado nesses autores, uma vez que nem todas os construtos incluídos na escala

proposta por MCMULLAN e GILMORE (2003) apresentaram coeficientes de

confiabilidade satisfatórios, depois da análise fatorial exploratória. As variáveis latentes

que foram excluídas por este motivo foram Busca por variedade, Sensibilidade a preço

e Disposição de troca.

Page 94: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

85

,23

COMPROMET

,33

diz_muito

e1

,71me

importo

e2

,48

leal

e3

SATIS

,28

o_queprecisoe5

,53,54

gostoe6 ,74

,54gosteie7

,74

,84,58,69

TANG

1,00

despertainteressee15

,34

predio_insatraeme16

1,00

,21

LEALDADE

,54

incentamigpar e21

,48

pretendovoltar e22

,55

falo_bem e23

,73

,69

,74,32

e24

e26,59

,52

,23

,46

,30mais_quesimples

e4

,55

Figura 4.2 Modelo Inspirado em DICK e BASU (1994)

A avaliação deste modelo originalmente proposto, através do programa AMOS 4.0,

produziu convergência de solução. O modelo é recursivo, mais do que identificado, com

31 parâmetros, 60 graus de liberdade e uma amostra de 210 observações (Quadro 4.1).

Quadro 4.1

Modelo original de DICK e BASU (1994):

resumo do relatório do AMOS 4.0

Número de variáveis exógenas: 16

Número de variáveis endógenas: 14

Tamanho da amostra: 210

Computação dos graus de liberdade

Número distinto de momentos da amostra: 78

Número de parâmetros distintos a serem estimados: 27

Graus de liberdade: 51

Chi-square = 214,612

Probability level = 0,000

Page 95: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

86

Nota-se que o modelo original em DICK e BASU (1994) exibiu escores na maioria dos

diversos índices de ajustamento abaixo do mínimo exigido para caracterizar um bom

ajustamento (Tabela 4.12).

Tabela 4.12 Ajustamento do Modelo Original de DICK e BASU (1994): resultados do AMOS 4.0

Medida Ajustamento Qui-Quadrado 214,612 Graus de Liberdade 51 CMIN/DF 4,208 RMR 0,137 GFI 0,866 AGFI 0,795 IFI 0,810 TLI 0,750 CFI 0,807 RMSEA 0,123 ECVI Modelo Hipotético 1,267 Modelo Saturado 0,736 Modelo Independente 4,422

A razão χ2 /graus de liberdade (CMIN/DF) apresentou valor superior (4,208) ao limite

máximo aceitável de 3.

O Goodness of Fit Index (GFI) e o Adjusted Goodness of Fit Index (AGFI) ficaram

aquém do limite inferior de 0,90. O mesmo ocorreu com o Incremental Fit Index (IFI), o

Tucker-Lewis Index (TLI) e o Comparative Fit Index (CFI).

O Expected Cross Validation Index (ECVI) revela que o modelo hipotético é inferior ao

saturado, já que o valor do primeiro é superior ao do segundo. Ao analisar o índice Root

Mean Square Error of Approximation (RMSEA), nota-se que o valor de 0,123 supera o

limite máximo de ajustamento pobre (0,10), distanciando-se, assim, significativamente

do limite máximo de um ajustamento razoável (0,08).

Page 96: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

87

Os índices revelam que é preciso promover algum tipo de reespecificação no modelo.

Na concepção de HAIR et al (1998), a estratégia de desenvolvimento do modelo inicia

com a construção de um modelo original que tenha fortes fundamentos teóricos.

Emprega-se, então, a modelagem de equações estruturais não somente para testá-lo

empiricamente, mas visando extrair insights para seu aperfeiçoamento.

A satisfação, por sua vez, é considerada um dos principais antecedentes da lealdade

(BITNER, 1995). Mais ainda, diversos estudos empíricos sugerem que o construto de

satisfação influi diretamente na lealdade dos consumidores. Como exemplo, vamos

enunciar alguns que se basearam no modelo de DICK e BASU (1994) e outros que

analisaram a relação entre os dois construtos em questão.

Ao submeter o modelo de DICK e BASU (1994) a um teste empírico, PRITCHARD e

HOWARD (1997) confirmaram que a satisfação tem influência direta e positiva na

lealdade. No seu estudo sobre clientes de companhias aéreas, hotéis e campos de golfe,

os autores usaram como medidas de lealdade três ítens comportamentais (proporção de

uso, volume e freqüência de uso) e um único item atitudinal de grau de lealdade

declarado pelos respondentes em relação ao prestador de serviço.

Ao investigar a lealdade de passageiros a companhias aéreas, ZINS (2001) foi outro

autor que descobriu uma relação direta entre satisfação e lealdade. Como indicadores de

lealdade, ZINS (2001) escolheu um item para expressar preferência e outro que

representasse a recomendação do serviço a terceiros.

Por sua vez, BLOEMER e KASPER (1995) encontraram um efeito positivo entre

satisfação e lealdade à marca, ao estudar bens não-duráveis. Entretanto, esses autores

Page 97: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

88

mediram lealdade como comprometimento e intenção de recompra, não incluindo

variáveis de recomendação a terceiros.

CARUANA (2002) sugere que a satisfação é uma variável interveniente na relação

entre qualidade percebida e lealdade. O autor mediu lealdade com uma escala que

incluía componentes atitudinais e comportamentais.

Por fim, o estudo de BEARDEN e TELL (1983) propõe que a recomendação é um dos

efeitos diretos da satisfação. Amparado pela teoria, pode-se propor uma alteração no

modelo inspirado em DICK e BASU (1994) como se verá na próxima seção.

4.4.2. Avaliação do Modelo Revisado Inspirado em DICK e BASU (1994)

A alteração proposta é a inclusão de uma relação direta entre a variável SATIS e a

variável LEALDADE, conforme a Figura 4.3.

Figura 4.3 Modelo Revisado Inspirado em DICK e BASU (1994)

O modelo modificado é recursivo, com 28 parâmetros estimados e 50 graus de

,17

COMPROMET

,34

diz_muito

e1

,75me

importo

e2

,50

leal

e3

SATIS

,23

o_que preciso e5

,48 ,65 gosto e6 ,81

,47 gostei e7

,69

,87,58,71

TANG

1,00

despertainteressee15

,34 predio_ins

atraeme16

1,00

,76

LEALDADE

,41

incent amigpar e21

,52

pretendo voltar e22

,62 falo_bem e23

,64

,72

,79,24

e24

e26,59

,53 ,23

,07

,28mais_quesimples

e4

,53

,85

Page 98: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

89

liberdade. Os índices de ajustamento do modelo ficaram razoavelmente acima dos

valores mínimos críticos de validação (Tabela 4.13).

Tabela 4.13 Modelo Revisado de DICK e BASU (1994): resultados do AMOS 4.0

Medida Ajustamento Qui-Quadrado 116,915 Graus de Liberdade 50 CMIN/DF 2,338 RMR 0,091 GFI 0,922 AGFI 0,878 IFI 0,923 TLI 0,896 CFI 0,921 RMSEA 0,079 ECVI

Modelo Hipotético 0,816 Modelo Saturado 0,736

Modelo Independente 4,422

Todos os índices de ajustamento do modelo modificado são muito mais robustos do que

o do modelo original. A razão CMIN/DF é bem inferior a 3 (2,338). O modelo

modificado melhora o ajustamento do Goodness of Fit Index (GFI) para 0,922.

O RMR, que indica uma média de resíduos ajustados, é de 0,091, valor acima do índice

de ajustamento razoável.

O Incremental Fit Index (IFI) superou o valor mínimo crítico com o valor de 0,923. O

Tucker-Lewis Index (TLI) que penaliza a complexidade do modelo, acumulando a

vantagem adicional de ser um dos menos afetado pelo tamanho da amostra, também

apresentou valor muito próximo (0,896) ao mínimo crítico de 0,90. Analogamente, o

Comparative Fit Index (CFI) apresentou magnitude de 0,921. Assim, 92,1% da

covariância nos dados podem ser reproduzidas pelo modelo hipotético modificado.

Page 99: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

90

O índice expresso pela RMSEA indica ajustamento razoável, visto que se situa em

patamar inferior a 0,08 (0,079).

Apesar das melhoras, o índice Adjusted Goodness of Fit Index (AGFI) no valor de 0,878

ficou aquém do limite inferior de 0,90 recomendado por HAIR et al (1998). O índice

Expected Cross Validation Index (ECVI) revela que o modelo hipotético é inferior ao

saturado, já que o valor do primeiro permaneceu superior ao do segundo.

No entanto, uma vez que os demais índices estão situados dentro dos limites aceitáveis,

pode-se adotar – dado o caráter exploratório desta pesquisa – critérios menos

parcimoniosos de autores como DURANDE-MOREAU e USUNIER (1999) e VAN

BIERGELEN, RUYTER e WETZELS (2001) que aceitam índices superiores a 0,80 e

0,85, respectivamente.

Considerada a validade do modelo hipotético, convém analisarmos as estimativas dos

parâmetros, objetivando identificar os caminhos estatisticamente significativos.

Segundo atesta VIEIRA (2003), no software AMOS 4.0, o teste para significância

estatística da estimativa do parâmetro é determinado pela razão crítica que testa se a

estimativa do peso de regressão é estatisticamente diferente de zero, ao nível de

significância de 0,05. Sendo assim, caso a estimativa em valor absoluto supere 1,96,

podemos rejeitar a hipótese de que a estimativa seja igual a zero com nível de

significância de 5%.

À exceção da estimativa do peso de regressão referente à influência direta da variável

latente de comprometimento (COMPROMET) sobre a variável de Lealdade, as demais

estimativas são estatisticamente significativas ao nível de 5%. (Tabela 4.14)

Page 100: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

91

Tabela 4.14 Modelo Revisado de DICK e BASU (1994): pesos de regressão

Caminho Estimativa

PadronizadaEstimativa

Erro

Padrão Razão Crítica

P

COMPROMET <-- SATIS 0,238 0,371 0,159 2,335 0,020

COMPROMET <-- TANG 0,229 0,278 0,108 2,585 0,010

LEALDADE <-- COMPROMET 0,072 0,046 0,048 0,966 0,334*

LEALDADE <-- SATIS 0,846 0,851 0,101 8,401 0,000

o_que_preciso <-- SATIS 0,478 0,658 0,102 6,453 0,000

gosto <-- SATIS 0,806 1,000

gostei <-- SATIS 0,686 0,839 0,090 9,332 0,000

me_importo <-- COMPROMET 0,867 1,000

diz_muito <-- COMPROMET 0,580 0,765 0,098 7,833 0,000

leal <-- COMPROMET 0,708 0,816 0,088 9,307 0,000

mais_que_simples <-- COMPROMET 0,528 0,569 0,080 7,129 0,000

incentivo_amigpar <-- LEALDADE 0,640 0,962 0,110 8,709 0,000

pretendo_voltar <-- LEALDADE 0,724 0,895 0,091 9,804 0,000

falo_bem <-- LEALDADE 0,787 1,000

desperta_interesse <-- TANG 1,000 1,000

predio_ins_atraem <-- TANG 0,585 0,703 0,067 10,507 0,000 * não-significativo a 5%

Apesar de melhorar muito o ajustamento do modelo, a inclusão da influência direta do

construto Satisfação sobre o construto Comportamento de Lealdade revelou um

pequeno efeito não desejado. Ao analisar o baixo valor (0,072) da estimativa de

regressão padronizada da relação entre COMPROMET e LEALDADE, pode-se constatar

que o modelo revisado produziu um resultado discordante do que recomenda a

literatura. De fato, a influência direta e positiva da variável latente de Comprometimento

na variável latente de Comportamento de Lealdade foi relatada em estudos empíricos de

PRITCHARD e HOWARD (1997), PRITCHARD, HAVITZ e HOWARD (1999) e

PRADO e SANTOS (2003).

Este resultado inesperado pode ser atribuído a diferentes significados do que seria um

Page 101: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

92

restaurante de ocasiões especiais. Como já foi observado, o restaurante escolhido para

um jantar romântico pode ser bem diferente daquele que seria “adequado” para um

almoço de confraternização com toda a família ou mesmo aquele escolhido para

comemorar uma festa com amigos.

É necessário mencionar ainda que a covariância entre a variável satisfação e a variável

Tangíveis garante um efeito indireto desta última variável no construto de

Comportamento de Lealdade. No entanto, ao analisar os efeitos diretos das variáveis

TANG e SATIS sobre COMPROMET, percebe-se que os pesos de regressão são 0,24 e

0,23, respectivamente. Além disso, a variância explicada de COMPROMET por estes

caminhos é de apenas 14% (Tabela 4.15). Estes resultados podem sugerir alterações

mais profundas neste modelo.

Tabela 4.15 Correlações Quadradas Múltiplas (R2)

Variável Estimativa COMPROMET 0,167 LEALDADE 0,763 desperta_interesse 1,000 me_importo 0,751 gosto 0,649 falo_bem 0,619 pretendo_voltar 0,524 leal 0,501 gostei 0,470 incentivo_amigpar 0,410 predio_ins_atraem 0,342 diz_muito 0,337 mais_que_simples 0,279 o_que_preciso 0,228

É notório que Comprometimento apresenta um “baixo desempenho” como variável

interveniente. Na próxima seção, a análise do modelo inspirado em OLIVER (1997)

poderá fornecer algumas possíveis sugestões para compreender melhor a relação entre

Page 102: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

93

estes construtos.

Os resultados do modelo revisado de DICK e BASU (1994) indicam a rejeição da

hipótese 15 e a aceitação de uma nova hipótese 15a, descrita a seguir:

HIPÓTESE 15a: A dimensão referente à Satisfação influencia positivamente o

construto de Comportamento de Lealdade.

4.4.3. Avaliação do Modelo Original Inspirado em Oliver (1997)

Novamente com base nas quatro variáveis latentes analisadas, apresenta-se agora o

modelo de lealdade com inspirado em OLIVER (1997,1999) na Figura 4.4. Como foi

feito anteriormente, diz-se modelo inspirado nesse autor, uma vez que nem todas as

variáveis latentes incluídas na escala proposta por MCMULLAN e GILMORE (2003)

obtiveram os índices mínimos sugeridos na análise de confiabilidade. As variáveis

latentes excluídas por este motivo foram: Busca por Variedade, Sensibilidade a Preço e

Disposição de Troca.

Page 103: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

94

Figura 4.4 Modelo Original Inspirado em OLIVER (1997, 1999)

Através do programa AMOS 4.0, a avaliação modelo proposto baseado em OLIVER

(1997) apresentou convergência de solução. O modelo é recursivo, mais do que

identificado, com 20 parâmetros, 25 graus de liberdade e uma amostra de 210

observações (Quadro 4.2).

Quadro 4.2 Modelo original de OLIVER (1997):

resumo do relatório do AMOS 4.0

Número de variáveis exógenas: 12

Número de variáveis endógenas: 11

Tamanho da amostra: 210

Computação dos graus de liberdade

Número distinto de momentos da amostra: 45

Número de parâmetros distintos a serem estimados: 20

Graus de liberdade: 25

Chi-square = 73,803

Probability level = 0,000

,17 COMPROMET

,33

diz_muito

e1

,77

meimporto

e2

,50

leal

e3

,32SATIS

,30

o_quepreciso

e4

,54

,52

gosto

e5

,51

gostei

e6

,88,57,71

TANG

,96

desperta interesse e7

,36 predio_ins

atraem e8

,98

,60

,72 ,72

,56 ,42

e14

,27

mais_que simples

e15

,52

e12

Page 104: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

95

Em diversos índices de ajustamento, o modelo original inspirado em OLIVER (1997)

exibiu escores superiores ao mínimo exigido para caracterizar um bom ajustamento

(Tabela 4.16).

Tabela 4.16 Modelo Original baseado em OLIVER (1997): resultados do AMOS 4.0

Medida Ajustamento Qui-Quadrado 73,803 Graus de Liberdade 25 CMIN/DF 2,952 RMR 0,104 GFI 0,931 AGFI 0,875 IFI 0,911 TLI 0,870 CFI 0,910 RMSEA 0,096 ECVI

Modelo Hipotético 0,537 Modelo Saturado 0,425

Modelo Independente 2,802

A razão χ2 /graus de liberdade (CMIN/DF) apresentou valor inferior (2,952) ao limite

máximo aceitável de 3.

O Goodness of Fit Index (GFI) superou o mínimo recomendado. O mesmo ocorreu com

o Incremental Fit Index (IFI) e o Comparative Fit Index (CFI).

No entanto, os resultado de alguns índices sugerem que há oportunidade para melhorar

este modelo. O Adjusted Goodness of Fit Index (AGFI) e o Tucker-Lewis Index (TLI)

ficaram aquém do limite inferior de 0,90. Além disso, o Expected Cross Validation

Index (ECVI) revela que o modelo hipotético é inferior ao saturado, já que o valor do

primeiro é superior ao do segundo.

Ao analisar o índice Root Mean Square Error of Approximation (RMSEA), nota-se que

Page 105: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

96

o valor de 0,096 situa o modelo no ajustamento pobre (0,10). O índice RMR de 0,104

representa a um índice de ajustamento pobre, acima do limite superior de 0,10 para

ajustamento pobre.

Como foi visto anteriormente, a variável latente Tangíveis descreve, segundo este

estudo, a influência dos aspectos tangíveis do restaurante na lealdade do cliente ao

mesmo. Além de impactar positiva e diretamente na variável Satisfação, conforme o

modelo inspirado em Oliver (1997), pode-se propor o seu impacto direto na variável

Comprometimento, pelas razões dadas a seguir.

CARUANA (2002) sugere que há uma relação direta entre qualidade percebida e

lealdade. O autor mediu qualidade percebida com uma escala SERVQUAL e a lealdade

com uma escala que incluía componentes atitudinais e comportamentais.

Alguns autores consideram que o construto de comprometimento está ligado ou mesmo

se confunde com o construto de Lealdade Atitudinal (PRADO e SANTOS, 2003).

Sendo assim, pode-se considerar Tangíveis um componente cognitivo que impacta

diretamente a variável Lealdade Atitudinal, como propõe o modelo de DICK e BASU

(1994).

PRITCHARD e HOWARD (1997) reportaram resultados empíricos que sustentam o

efeito direto de qualidade percebida (também medidos por eles através de uma escala

SERVQUAL) no construto de Lealdade Atitudinal.

Amparando-se nestes argumentos, pode-se propor uma alteração no modelo inspirado

em OLIVER (1997) como se verá na próxima seção.

Page 106: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

97

4.4.4. Avaliação do Modelo Revisado Inspirado em Oliver (1997)

A alteração proposta é a inclusão de uma relação direta entre a variável TANG e a

variável COMPROMET, conforme a Figura 4.5.

Figura 4.5 Modelo Revisado Baseado em OLIVER (1997)

O modelo modificado é recursivo, com 21 parâmetros estimados e 24 graus de

liberdade. Com a alteração proposta, os índices de ajustamento do modelo ficaram

razoavelmente acima dos valores mínimos críticos de validação (Tabela 4.17).

Tabela 4.17 Modelo Revisado Baseado em OLIVER (1997): resultados do AMOS 4.0

Medida Ajustamento Qui-Quadrado 68,076 Graus de Liberdade 24 CMIN/DF 2,837 RMR 0,100 GFI 0,937 AGFI 0,883 IFI 0,920

,17 COMPROMET

,33 diz_muito

e1

,76

me importo

e2

,50

leal

e3

,27SATIS

,27

o_quepreciso

e4

,52

,54

gosto

e5

,55

gostei

e6

,87

,58 ,71

TANG

,99

desperta interesse e7

,35 predio_ins

atraem e8

1,00

,59

,74,74

,52 ,25

e14

,28

mais_quesimples

e15

,53

e12

,22

Page 107: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

98

Medida Ajustamento TLI 0,878 CFI 0,918 RMSEA 0,093 ECVI

Modelo Hipotético 0,519 Modelo Saturado 0,425

Modelo Independente 2,802

Todos os índices de ajustamento do modelo modificado são um pouco melhores que o

do modelo original. A razão CMIN/DF é inferior a 3 (2,251). O modelo hipotético

modificado melhora o ajustamento do Goodness of Fit Index (GFI).

O RMR, que indica uma média de resíduos ajustados, é de 0,10, situa o modelo como de

ajustamento pobre (HAIR et al., 1998).

O Incremental Fit Index (IFI) superou o valor mínimo crítico com o valor de 0,920. bem

como o Comparative Fit Index (CFI), que apresentou magnitude superior a 0,90.

Assim, 91,8% da covariância nos dados podem ser reproduzidas pelo modelo hipotético

modificado.

O índice expresso pela RMSEA indica ajustamento pobre, visto que se situa em patamar

inferior a 0,10 (0,093).

A melhoria pela inclusão da relação direta entre as variáveis TANG e COMPROMET

não foi suficiente para melhorar os índices AGFI, que como o valor de 0,883 ficou

aquém do limite inferior de 0,90 recomendado por HAIR et al (1998). O mesmo ocorreu

com o índice TFI. E por fim, o índice Expected Cross Validation Index (ECVI) revela

que o modelo hipotético é inferior ao saturado, já que o valor do primeiro permaneceu

superior ao do segundo.

Page 108: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

99

Como foi comentado na discussão sobre o modelo revisado baseado em Dick e Basu

(1994), uma vez que os demais índices estão dentro dos limites aceitáveis, pode-se

adotar – dado o caráter exploratório desta pesquisa – critérios menos parcimoniosos de

autores como DURANDE-MOREAU e USUNIER (1999) e VAN BIERGELEN,

RUYTER e WETZELS (2001) que aceitam índices superiores a 0,80 e 0,85,

respectivamente.

Considerada a validade do modelo revisado, inspirado em OLIVER (1997), serão

computadas as estimativas dos parâmetros. Os resultados da Tabela 4.18 mostram que

todo os caminhos são estatisticamente significativos ao nível de 5%.

Os efeitos diretos das variáveis TANG e SATIS sobre COMPROMET são 0,22 e 0,25

respectivamente.

Tabela 4.18 Modelo Revisado Baseado em OLIVER (1997): pesos de regressão

Caminho EstimativaPadronizada

Estimativa Erro Padrão

Razão Crítica

P

SATIS <-- TANG 0,515 0,365 0,085 4,306 0,000

COMPROMET <-- SATIS 0,249 0,432 0,186 2,328 0,020

COMPROMET <-- TANG 0,221 0,272 0,126 2,161 0,031

predio_ins_atraem <-- TANG 0,998 1,000

desperta_interesse <-- TANG 0,585 0,704 0,138 5,080 0,000

gostei <-- SATIS 0,741 1,000

o_que_preciso <-- SATIS 0,519 0,789 0,128 6,174 0,000

gosto <-- SATIS 0,736 1,008 0,135 7,466 0,000

leal <-- COMPROMET 0,704 0,802 0,087 9,209 0,000

me_importo <-- COMPROMET 0,874 1,000

mais_que_simples<-- COMPROMET 0,522 0,802 0,087 9,209 0,000

diz_muito <-- COMPROMET 0,577 0,754 0,097 7,761 0,000

A partir da Tabela 4.19, nota-se que as variáveis endógenas SATIS e COMPROMET

apresentam variância explicada de 0,27 e 0,17, respectivamente, abaixo do mínimo

Page 109: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

100

recomendado 0,50 (HAIR et al., 1998). Apesar dos caminhos a partir da variável

exógena TANG serem significativos, há razões para se supor que outra estrutura pode

ser desenvolvida para acomodar as variáveis latentes em questão. (Tabela 4.19)

Tabela 4.19 Correlações Quadradas Múltiplas (R2)

Variável Estimativa SATIS 0,270 COMPROMET 0,172 mais_que_simples 0,276 leal 0,499 me_importo 0,757 diz_muito 0,335 gostei 0,550 gosto 0,543 o_que_preciso 0,275 desperta_interesse 0,991 predio_ins_atraem 0,335

Os resultados do modelo revisado, inspirado em OLIVER (1997) indicam a aceitação de

uma nova hipótese 17a, descrita a seguir:

HIPÓTESE 17a: A dimensão referente à Tangíveis influencia positivamente o construto

de Comprometimento.

Ao se comparar os modelos revisados inspirados em DICK e BASU (1994) e OLIVER

(1997), foi possível verificar que, embora ambos apresentem bons índices de

ajustamento, ainda restam alguns problemas. Dentre eles, há uma baixa variância

explicada em algumas variáveis endógenas em ambos os modelos e o desempenho

insatisfatório de comprometimento como variável inteveniente.

O modelo inspirado em OLIVER apresenta um poder de explicação menor do fenômeno

da lealdade, uma vez que o construto de Comportamento de Lealdade não foi proposto

pelo autor. A exclusão desta variável pode ter tido um impacto significativo no

Page 110: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

101

ajustamento do modelo inspirado em Oliver (1997). Sendo assim, o bom ajustamento

pode ter sido conseqüência de uma amostra com poucos dados e não de um desenho que

realmente descreva o fenômeno estudado (BRANNICK, 2001).

A próxima seção apresenta um modelo híbrido que tenta conciliar estas questões, e que

satisfaça as avaliações relacionadas à sua estrutura e mensuração.

4.4.5. Modelo Proposto Híbrido

Apresenta-se, por fim, um modelo híbrido que tenta conciliar as contribuições dos

modelos anteriores de DICK e BASU (1994) e OLIVER (1997). No modelo híbrido a

seguir, a variável COMPROMET passa a ter correlações com as variáveis TANG e

SATIS. (Figura 4.6)

Figura 4.6 Modelo Híbrido

TANG

,34 predio_ins

atraem

e1

,59

1,00 desperta interesse

e2

1,00

SATIS

,23

o_quepreciso

e5

,47

gostei

e4

,65 gosto

e3

,81

,76

LEALDADE

,62 falo_bem e10

,52 pretendo_voltar e11

,72

e13

COMPROMET

,36 diz_muito

e6 ,60

me_importo

e7,36

leal

e8

,60

,41 incent_amigpar e12

,64

,77,60

,79

,09

,52

,83

,42

,35mais_quesimples

e9

,59

,69 ,48

,41

Page 111: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

102

O modelo híbrido apresentou convergência de solução. O modelo é recursivo, mais do

que identificado, com 21 parâmetros, 49 graus de liberdade e uma amostra de 210

observações (Quadro 4.3).

Quadro 4.3 Modelo híbrido: resumo do relatório do AMOS 4.0

Número de variáveis exógenas: 16

Número de variáveis endógenas: 13

Tamanho da amostra: 210

Computação dos graus de liberdade

Número distinto de momentos da amostra: 78

Número de parâmetros distintos a serem estimados: 29

Graus de liberdade: 29

Chi-square = 112,529

Probability level = 0,000

Em diversos índices de ajustamento, o modelo híbrido exibiu escores superiores ao

mínimo exigido para caracterizar um bom ajustamento (Tabela 4.20).

Tabela 4.20 Modelo Híbrido: resultados do AMOS 4.0

Medida Ajustamento Qui-Quadrado 112,529 Graus de Liberdade 49 CMIN/DF 2,297 RMR 0,087 GFI 0,924 AGFI 0,879 IFI 0,927 TLI 0,901 CFI 0,925 RMSEA 0,078 ECVI

Modelo Hipotético 0,804 Modelo Saturado 0,736

Modelo Independente 4,422

A razão χ2 /graus de liberdade (CMIN/DF) apresentou valor (2,297) inferior ao limite

máximo aceitável de 3.

Page 112: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

103

O Goodness of Fit Index (GFI) superou o mínimo recomendado com o valor de 0,924.

O RMR de 0,087 representa um valor considerado ligeiramente acima do índice de

ajustamento razoável, mas que não chega a comprometer o ajuste geral do modelo, na

medida em que existem fortes correlações entre os construtos (HAIR et al., 1998).

O Incremental Fit Index (IFI),o Tucker-Lewis Index (TLI) e o Comparative Fit Index

(CFI) apresentaram resultados superiores a 0,90. O Adjusted Goodness of Fit Index

(AGFI) apresentou o valor de 0,879, ligeiramente inferior ao mínimo recomendado.

O índice expresso pela RMSEA indica ajustamento razoável, visto que se situa em

patamar inferior a 0,08 (0,078).

Na comparação do índice ECVI em relação aos modelos saturado e independente, não

houve melhoria em relação aos modelos revisados apresentados anteriormente. O

modelo híbrido ainda apresenta menor potencial de ser válido em outra amostra de

mesmo tamanho, extraída da mesma população.

Considerada a validade do modelo híbrido, serão computadas as estimativas dos

parâmetros. Os resultados da Tabela 4.21 mostram que todos os caminhos são

estatisticamente significativos ao nível de 1%, com exceção da relação entre a variável

COMPROMET e LEALDADE, como será examinado a seguir.

Page 113: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

104

Tabela 4.21 Modelo Híbrido: pesos de regressão

Caminho EstimativaPadronizada

Estimativa Erro Padrão

Razão Crítica

P

LEALDADE <-- COMPROMET 0,073 0,073 0,067 1,087 0,277*

LEALDADE <-- SATIS 0,836 0,836 0,104 8,024 0,000

predio_ins_atraem <-- TANG 0,585 1,000

desperta_interesse <-- TANG 1,000 1,423 0,135 10,507 0,000

gostei <-- SATIS 0,687 0,840 0,090 9,335 0,000

o_que_preciso <-- SATIS 0,477 0,657 0,102 6,444 0,000

gosto <-- SATIS 0,807 1,000

leal <-- COMPROMET 0,598 0,869 0,158 5,497 0,000

me_importo <-- COMPROMET 0,773 1,124 0,174 6,448 0,000

mais_que_simples<-- COMPROMET 0,593 0,807 0,130 6,223 0,000

diz_muito <-- COMPROMET 0,602 1,000 incentivo_amigpar <-- LEALDADE 0,640 0,962 0,110 8,708 0,000 pretendo_voltar <-- LEALDADE 0,724 0,896 0,091 9,815 0,000 falo_bem <-- LEALDADE 0,787 1,000

* não-significativo a 5%

A variável endógena LEALDADE apresenta variância explicada de 0,762, valor quase

idêntico ao modelo inspirado em DICK e BASU (1994). Ao analisar a coluna dos pesos

de regressão padronizados, percebe-se que os efeitos diretos das variáveis

COMPROMET e SATIS sobre LEALDADE são 0,07 e 0,83 respectivamente (Tabela

4.21e Tabela 4.22).

Uma diferença importante no modelo híbrido é a proposta de correlação entre as

variáveis exógenas TANG, SATIS e COMPROMET. Esta proposta superou o problema

da baixa variância explicada da variável COMPROMET no modelo inspirado em

OLIVER (1997), em que COMPROMET é tratada como variável endógena.

Page 114: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

105

Tabela 4.22 Correlações Quadradas Múltiplas (R2)

Variável Estimativa LEALDADE 0,762

gosto 0,651

gostei 0,472

o_que_preciso 0,228

desperta_interesse 1,000

predio_ins_atraem 0,342

leal 0,358

me_importo 0,597

mais_que_simples 0,352

diz_muito 0,362

falo_bem 0,619

pretendo_voltar 0,525

incent_amigpar 0,410

De fato a fraqueza deste modelo é o baixo valor do peso de regressão entre

COMPROMET e LEALDADE. Apesar de ter apresentado uma ligeira melhora, o valor

da estimativa padronizada foi 0,073 (p=0,277).

O modelo híbrido suporta apenas a aceitação da Hipótese 15a, rejeitando a Hipótese 15

ao nível de significância de 0,05.

Valem aqui as considerações feitas sobre esta hipótese na seção 4.4.2 sobre a avaliação

do modelo revisado inspirado em DICK e BASU (1994). Em favor do modelo híbrido,

pode-se mencionar ainda que a influência do construto de Comprometimento sobre

Comportamento de Lealdade pode ocorrer também através do construto de Satisfação,

uma vez que ambos os construtos apresentam correlação significativa de 0,41.

4.5 Balanço Final Entre os Modelos Rivais

Apresenta-se agora um resumo da comparação entre os três modelos rivais.

Page 115: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

106

Tabela 4.23 Análise dos três Modelos Estruturais Rivais

D & B Revisado Oliver Revisado Modelo Hibrido

CaminhoEfeitos Diretos (βs) p<0.05

SATIS → COMPROMET 0,238 0,249 −TANG → COMPROMET 0,229 0,221 −COMPROMET → LEALDADE 0,072 − 0,073*SATIS → LEALDADE 0,846 − 0,836TANG → SATIS − 0,515 −* p < 0.33

Correlações Múltiplas Quadradas (R2)LEALDADE 0,763 − 0,762COMPROMET 0,167 0,172 −SATIS − 0,270 −p < 0.05

AjustamentoCMINDF 2,338 2,837 2,297RMR 0,091 0,100 0,087GFI 0,922 0,937 0,924AGFI 0,878 0,883 0,879IFI 0,923 0,920 0,927TLI 0,896 0,878 0,899CFI 0,921 0,918 0,925RMSEA 0,079 0,093 0,078

Dentre as vantagens apresentadas pelo modelo híbrido, além dos índices de ajustamento

razoáveis, destaca-se a sua conformidade com o modelo de DICK e BASU (1994),

sugerindo, no entanto, que o construto de Satisfação tem um peso maior do que o

considerado pelos autores.

Em relação ao modelo de OLIVER (1997), o modelo híbrido oferece uma base empírica

para sugerir a inclusão de indicadores de Lealdade como a recomendação do restaurante

a parentes e amigos.

Em resumo, o modelo híbrido supõe a existência de efeitos diretos do construto

Satisfação (SATIS) sobre a variável latente Comportamento de Lealdade

(LEALDADE).

Page 116: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

107

A variável latente Comportamento de Lealdade (LEALDADE) também sofre o impacto

indireto dos construtos Tangíveis (TANG) e Comprometimento (COMPROMET) via

correlação positiva dessa última variável Satisfação (SATIS).

Após as avaliações, ao se examinar as hipóteses de pesquisa, observa-se que:

Todas as hipóteses de 1 a 12, relativas ao modelo de mensuração – o que relaciona cada

variável latente e suas respectivas variáveis observadas – apresentam relações diretas

significativas ao nível de significância de 0,05. Retomando as hipóteses em questão:

Em relação ao modelo revisado inspirado em DICK e BASU (1994) foram examinadas

as hipóteses 13, 14, 15 e 15a. Este modelo aceita todas estas hipóteses com exceção da

Hipótese 15, não-significativa a 0,05.

O modelo revisado, inspirado em OLIVER (1997) apresenta as hipóteses 17, 17a, 18,

sendo que todas são aceitas, no entanto, como foi mencionado este modelo não incluiu a

variável latente Comportamento de Lealdade, uma vez que OLIVER (1997) não

identificou as variáveis observáveis deste construto.

Os resultados da pesquisa destacam a Satisfação (SATIS) como o principal construto do

modelo. Além de exercer influência direta sobre o construto de Comportamento de

Lealdade, desempenha a variável Satisfação permite as influências indiretas das

variáveis suas principais variáveis observadas.

Em relação à escala original proposta por MCMULLAN e GILMORE (2003), pode-se

comentar que a inclusão dos indicadores de lealdade (presentes no construto

Comportamento de Lealdade), a partir da escala de CARUANA (2002) enriquece a

Page 117: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

108

escala proposta pelas autoras para medir o construto de Lealdade. A Tabela 4.24

apresenta um resumo dos resultados em relação a cada hipótese:

Tabela 4.24 Resumo dos Resultados das Hipóteses

Hipótese Descrição Resultado

1 A variável latente Tangíveis influencia positivamente a percepção dos consumidores quanto à variável observada Capacidade do Restaurante em despertar o interesse do cliente.

Aceita

2 A variável latente Tangíveis influencia positivamente a percepção dos consumidores quanto à variável observada Atração visual exercida pelo prédio e instalações do Restaurante.

Aceita

3 A variável latente Satisfação influencia positivamente a percepção dos consumidores quanto à variável observada Prazer em comer no Restaurante no momento presente.

Aceita

4 A variável latente Satisfação influencia positivamente a percepção dos consumidores quanto à variável observada Prazer em comer no Restaurante em ocasiões passadas.

Aceita

5 A variável latente Satisfação influencia positivamente a percepção dos consumidores quanto à variável observada Capacidade do Restaurante em atender às demandas do cliente.

Aceita

6 A variável latente Comprometimento influencia positivamente a percepção dos consumidores quanto à variável observada Grau de identificação entre o Restaurante e a Personalidade do cliente.

Aceita

7 A variável latente Comprometimento influencia positivamente a percepção dos consumidores quanto à variável observada Grau de diferenciação afetiva que o cliente atribui ao restaurante.

Aceita

8 A variável latente Comprometimento influencia positivamente a percepção dos consumidores quanto à variável observada Grau de importância que o cliente atribui ao Restaurante.

Aceita

9 A variável latente Comprometimento influencia positivamente a percepção dos consumidores quanto à variável observada Grau de importância que o cliente atribui ao Restaurante.

Aceita

10 A variável latente Comportamento de Lealdade influencia positivamente a percepção dos consumidores quanto à variável observada. Referências positivas comunicadas aos demais sobre o restaurante.

Aceita

Page 118: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

109

Tabela 4.24 Resumo dos Resultados das Hipóteses (cont.)

Hipótese Descrição Resultado

11 A variável latente Comportamento de Lealdade influencia positivamente a percepção dos consumidores quanto à variável observada Intenção de retorno ao restaurante.

Aceita

12 A variável latente Comportamento de Lealdade influencia positivamente a percepção dos consumidores quanto à variável observada Incentivo a amigos e parentes a comerem no restaurante.

Aceita

13 A dimensão referente a Tangíveis influencia positivamente o construto de Comprometimento. Aceita

14 A dimensão referente a Satisfação influencia positivamente o construto de Comprometimento. Aceita

15 A dimensão referente a Comprometimento influencia positivamente o construto de Comportamento de Lealdade. Rejeitada

15a A dimensão referente à Satisfação influencia positivamente o construto de Comportamento de Lealdade. Aceita

16 A dimensão referente a Tangíveis influencia positivamente o construto de Satisfação. Aceita

Page 119: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

110

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao final desta pesquisa podem-se tecer algumas considerações sobre o que foi estudado,

bem como os resultados das análises do modelo. Em seguida serão feitas algumas

sugestões para estudos futuros.

5.1 Conclusões

Este trabalho teve por objetivo realizar uma pesquisa exploratória do construto de

lealdade. Ao partir das escalas propostas por MCMULLAN e GILMORE (2003) e

ZEITHAML et al. (1996), buscou-se realizar uma replicação do estudo de

MCMULLAN e GILMORE (2003), submetendo questionários a uma amostra de

conveniência com estudantes universitários no contexto de restaurantes de situações

especiais.

A escolha de situações especiais foi feita no sentido de avivar a memória dos

respondentes, ao mesmo tempo que segue as recomendações de UNCLES, DOWLING

e HAMMOND (2003) de utilizar escalas atitudinais de lealdade em situações que

supõem um maior envolvimento por parte do consumidor. Foi pedido aos respondentes

que pensassem no restaurante que eles haviam escolhido, ultimamente, na maioria das

vezes para três situações: (a) um restaurante para levar sua (seu) namorada (o) ou

cônjuge; (b) um restaurante para celebrar comemorações com os amigos; (c) um

restaurante para comemorar festas com a família.

Com o emprego da modelagem de equações estruturais, foram avaliados alguns

modelos de lealdade inspirados em DICK e BASU (1994) e OLIVER (1997), que

consideram aspectos atitudinais e comportamentais.

Page 120: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

111

Como objetivo secundário procurou-se avaliar os modelos de lealdade de DICK e

BASU (1994) e OLIVER (1997), bem como avaliar o questionário de lealdade adaptado

pelo autor desta dissertação a partir das escalas supracitadas.

Esta pesquisa buscou avaliar a influência das variáveis latentes relacionadas aos

componentes cognitivos, afetivos e conativos no comportamento de lealdade, conforme

sugerem os modelos de DICK e BASU (1994) e OLIVER (1997).

A estrutura da escala inicial, proposta por MCMULLAN e GILMODE (2003) não foi

encontrada nas coletas de dados executadas. Houve a mescla de algumas dimensões

iniciais, que resultaram em três fatores, como foi se mostrou anteriormente. Desta

forma, os indicadores utilizados foram aqueles apresentados na tabela com os resultados

na análise fatorial. (Tabela 3.1na p.52 e Tabela 3.2 na p.56).

O principal resultado da pesquisa foi a obtenção de uma escala de 12 ítens para medir a

lealdade com coeficiente de Cronbach superior a 0,70.

Comprovou-se ainda a influência do construto de Satisfação sobre o construto de

Lealdade, conforme sugere ampla literatura sobre o assunto (BITNER, 1995;

PRITCHARD e HOWARD,1997; ZINS, 2001, BLOEMER e KASPER, 1995,

CARUANA, 2002).

Foi possível identificar uma dimensão de comprometimento, muito ligada à identidade

simbólica entre o restaurante e o consumidor. Nesse sentido, pode-se interpretar que a

dimensão de comprometimento se aproxima muito da lealdade atitudinal no modelo de

DICK e BASU (1994), conforme os resultados de PRADO e SANTOS (2003).

Page 121: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

112

5.2 Sugestões para estudos futuros

Podem ser feitas algumas sugestões futuras com base nas limitações desta pesquisa. A

primeira delas seria a submissão do questionário a uma amostra aleatória de adultos,

não-estudantes e em outras cidades, a fim de comparar os resultados e efetuar

generalizações das hipóteses que venham a ser confirmadas.

Ao perguntar qual o restaurante o respondente tem escolhido na maioria das situações

especiais, tentou-se captar um indicativo de comportamento passado de recompra. No

entanto, para BLOEMER et al. (1998), estes indicadores possuem natureza conativa.

Assim, para investigar o modelo original de DICK e BASU, devem-se incluir algumas

perguntas sobre o comportamento de recompra em termos de volume e freqüência de

consumo em restaurantes de situações especiais, bem como em relação ao restaurante

escolhido pelo respondente.

O resultado sobre a influência dos aspectos tangíveis sugere uma investigação mais

profunda sobre a influência da atmosfera em encontros de serviço. Uma nova

investigação poderia considerar fatores como iluminação, som ambiente etc, na

qualidade percebida e conseqüentemente na lealdade dos consumidores.

Outra possibilidade seria investigar melhor a influência do staff, (garçons, maitre) na

lealdade interpessoal, examinando, segundo as indicações de REYNOLDS e BEATTY,

(2000) a influência da lealdade ao prestador de serviço na lealdade à empresa.

Ao situar o estudo em ocasiões especiais, perdeu-se a oportunidade de avaliar a

importância que o respondente dá às influências dos demais (família, amigos,

namorada) sobre o comportamento de compra e a disposição de agir em conformidade

Page 122: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

113

com estas influências. Assim, em termos de modelos de lealdade, uma investigação que

incorpore os modelos da Teoria de Comportamento Planejado de AJZEN (1993)

poderia investigar estas influências, chamadas de “normas sociais” no modelo de

lealdade de DICK e BASU (1994)

Page 123: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

114

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AJZEN, I. Attitude Theory and the Attitude-Behavior Relation, p. 41-57 in KREBS, D., SCHIMIDT, F.; “New Directions in Attitude Measurement”, p. 3-20. Walter de Gruter, Berlin, New York, 1993.

_________. From intentions to actions: A theory of planned behavior, p. 11-39 in KUHL, J.; BECKMAN, J. (eds.), Action—control: From cognition to behavior. Heidelberg: Springer, 1985

ALLEN C.T.; MACHLEIT, K.A.; KLEINE, S.S. A comparison of attitudes and emotions as predictors of behavior at diverse levels of behavioral. Journal of Consumer Research, v. 18, n 4, p. 493-504, 1992.

ARBUCKLE, J.L.; WOTHKE, W. Amos 4.0 User’s Guide. Chicago: SmallWaters, 1999 apud VIEIRA, P. R. C. Imagem e reputação do Banco Central: relação entre percepção de desempenho e compromisso institucional. 264 p. Tese (Doutorado em Administração) – COPPEAD/UFRJ, Rio de Janeiro, 2003.

BABBIE, E. Métodos de Pesquisa de Survey. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2001.

BAGOZZI, R. P.; WARSHAW, P. R. Trying to Consume. Journal of Consumer Research, v. 17, n.2, p. 127-140, 1990

BAGOZZI, R. P.; BURNKRANT, R.E. Single Component Versus Multicomponent Models Of Attitude: Some Cautions And Contingencies For Their Use. Advances in Consumer Research, v. 7, n.1, p. 339-345, 1980.

BAGOZZI, R. P.; TYBOUT, A. M.; CRAIG, C. S.; STERNTHAL, B.; The Construct Validity of the Tripartite Classification of Attitudes. Journal of Marketing Research, v. 16, n.1, p 88-95, 1979.

BALDINGER, A. L.; RUBINSON, J.; In Search of the Holy Grail: A Rejoinder; Journal of Advertising Research, v. 37, n.1, p. 18-20, 1997.

___________. Brand Loyalty: The Link between Attitude and Behavior. Journal of Advertising Research, v.36, n.6, p 22-34, 1996.

BEARDEN, W. O., NETEMEYER, R. G., MOBLEY, M. F. Handbook of Marketing Scales, Newbury Park, CA. Sage Publications, 1993.

Page 124: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

115

BEARDEN, W.O.; TEEL, J.E. Selected determinants of consumer satisfaction and complaint behavior. Journal of Marketing Research, v. 20, fev, p. 21-8, 1983.

BITNER, Mary Jo. It’s all about promises. Journal of the Academy of Marketing Science, v. 23, n. 4, 1995, p. 246-251.

BLOEMER, J., de RUYTER, K., WETZELS, M. Linking perceived service quality and service loyalty: multi-dimensional perspective. European Journal of Marketing, v. 33, n. 11/12, p. 1082-1106, 1999.

BLOEMER, J.M.M.; KASPER, H. D. P. The complex relationship between consumer satisfaction and brand loyalty. Journal of Economic Psychology, v.16, p. 311-329, 1995.

BODUR, H. O.; BRINBERG, D.; COUPEY, E. Belief, Affect, and Attitude: Alternative Models of the Determinants of Attitude. Journal of Consumer Psychology, v.9, n.1, p. 17-28, 2000.

BODWITCH, James.L.; BUONO, Anthony “A Primer on Organization Behavior”, 5th edition New York, Wisley and Sons, 2001.

BOHRNSTEDT, G. Classical Measurement Theory: Its Utility and Limitations for Attitude Research, p. 169-186, in KREBS, D., SCHIMIDT; “New Directions in Attitude Measurement”, p. 3-20. Walter de Gruter, Berlin, New York, 1993.

BOWEN, J. T.; SHOEMAKER, S. Loyalty: a strategic commitment?, Cornell Hotel and Restaurant Administration Quarterly,v. 39, n.1, p. 12-25, 1998.

BRANNICK, M. T. Critical comments on applying covariance structure modeling. Journal of Organizational Behavior, v. 16, n.3, p201-214, 1995.

BRUNER, G. C.; HENSEL, P.J. Marketing scales handbook: a compilation of multi-item measures.Chicago. American Marketing Association, 1315 p, 1994.

BUTCHER, K.; SPARKS, B.; O’CALLAGHAN, F. Evaluative and relational influences on service loyalty. International Journal of Service Industry Management. v. 12, n. 4, p. 310-327, 2001.

BYRNE, B.M. Structural equation modeling with AMOS: basic concepts, applications, and programming. New Jersey: Lawrence Erlbaum, 2001 apud VIEIRA, P. R. C. Imagem e reputação do Banco Central: relação entre percepção de desempenho e

Page 125: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

116

compromisso institucional. 264 p. Tese (Doutorado em Administração) – COPPEAD/UFRJ, Rio de Janeiro, 2003.

CARUANA, A. Service loyalty: The effects of service quality and the mediating role of customer satisfaction. European Journal of Marketing, v. 36, n. 7/8, 2002, p. 811-828.

CAVUSGIL, S.T.; ELVEY-KIRK, L.A. Mail survey response behavior: A conceptualization of motivating factors and an empirical study. European Journal of Marketing, v.32, n. 11/12, p. 1165-1192, 1998.

COOPER, D. R.; SCHINDLER, P.S.; Métodos de pesquisa em administração.7 ed. Porto Alegre: Bookman, 640 p., 2003.

CUNNINGHAM, R.M. Brand loyalty – what, where, how much. Harvard Business Review, v. 39, November-December, p. 116-38, 1956.

CZEPIEL J. A.; GILMORE, R.. Exploring the concept of loyalty in services, in: CZEPIEL; J. A.; CONGRAM, C. A.; SHANAHAN, J. (Eds.). The services challenge: Integrating for competitive advantage, American Marketing Association, Chicago, 91-94, 1987.

DALL'OLMO RILEY, F.; EHRENBERG, A. S. C.; CASTLEBERRY, S. B.; BARWISE, T. P.; BARNARD, N. R. The variability of attitudinal repeat-rates. International Journal of Research in Marketing, v. 14, n.5, p. 437-450, 1997.

DAY, G.S. “A two-dimensional concept of brand loyalty”. Journal of Advertising Research, v. 9, p. 29-35, 1969.

DEKIMPE, M. G.; STEENKAMP, J.-B. E. M.; MELLENS, M.; ABEELE, P.V. Decline and variability in brand loyalty. International Journal of Research in Marketing, v. 14, n.5, p 405-420, 1997.

DICK, A. S., BASU, K. Customer loyalty: toward an integrated conceptual framework. Journal of the Academy of Marketing Science. v. 22, spring, p. 99-113, 1994.

DILLON, W. R. Marketing research in a marketing environment. Burr Ridge : Irwin, 1994. 760 p.

DOWLING, G.R. Measuring Corporate Images: A Review of Alternatives Approaches. Journal of Business Research, v. 17, p. 27-34, 1988 apud VIEIRA, P. R. C. Imagem e

Page 126: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

117

reputação do Banco Central: relação entre percepção de desempenho e compromisso institucional. 264 p. Tese (Doutorado em Administração) – COPPEAD/UFRJ, Rio de Janeiro, 2003.

DUBÉ, L.; MAUTE, M. F. Defensive strategies for managing satisfaction and loyalty in the service industry. Psychology & Marketing, v. 15, n. 8, p. 775-791, 1998.

DURANDE-MOREAU, A.; USUNIER, J. C. Time Styles and the Waiting Experience: an Exploratory Study. Journal of Service Research. V.2, n.2, p. 173-186, 1999.

EDVARDSSON, B. et al.. The effects of satisfaction and loyalty on profits and growth: products versus services. Total Quality Management, v. 11, n. 7, S917-S927, 2000.

EHRENBERG, A.S.C. Description and Prescription. Journal of Advertising Research, v. 37, n.6, p. 17-22, 1997a.

__________, A.S.C In Search of Holy Grails: Two Comments. Journal of Advertising Research.v.37, n.1 p. 9-12, 1997b.

FELDMAN, J.M. & LYNCH, J.G., Jr. Self-generated validity and other effects of measurement on belief, attitude, intention, and behavior. Journal of Applied Psychology, v.73, p. 421-435, 1988.

FISHBEIN, M.; AJZEN, I. Belief, attitude, intention, and behavior: An introduction to theory and research. Reading, MA: Addison-Wesley, 1975.

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social 2. ed. São Paulo : Atlas, 206 p., 1989.

GREMLER, D. D. BROWN, S. W. The loyalty ripple effect: appreciating the full value of customers. International Journal of Service Industry Management. v. 10, n. 3, p. 271-291, 1999.

GREMLER, D. D., BROWN, S. W., "Service Loyalty: Its Nature, Importance, and Implications," in EDVARDSSON, B., BROWN, S.W., JOHNSTON, R. and SCHEUING, E.E. (Eds), Proceedings American Marketing Association, p. 171-80, 1996.

HAIR, J.F., ANDERSON, R.E., TATHAM, R.L.; BLACK, W.C., Multivariate Data Analysis, 4th ed., New York: Prentice-Hall, 1998.

Page 127: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

118

HART, S., SMITH, A., SPARKS, L., TZOKAS, N. Are Loyalty Schemes a Manifestation of Relationship Marketing? Journal of Marketing Management, v. 15, n.6, p. 541-562, 1999.

HOLBROOK, M. B.; BATRA, R. Assessing the role of emotions as mediators of consumer responses to advertising. Journal of Consumer Research, v.14, p. 404–420, 1987.

HOUAISS, A.; VILLAR, M. S.; FRANCO, F. M. M. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

HU, L.; BLENTER, P.M. Evaluating Model Fit. In: HOYLE, R. (Org.). Structural Equation Modeling: Concepts, Issues and Applications. London: Sage, 1995, cap.5, p. 76-99.

HUBBARD, R.; ARMSTRONG, J.S. Replications and extensions in marketing: rarely published but quite contrary. International Journal of Research in Marketing, v. 11, p. 233-48, 1994.

JACOBY, J. A model of multi-brand loyalty. Journal of Advertising Research. v. 11, p. 25-31, 1971.

JACOBY, J.; CHESTNUT, R.W. Brand Loyalty: Measurement and Management, John Wiley, New York, 1978 apud OLIVER, R. L. Satisfaction: A Behavioral Perspective on the Consumer. New York: Irwin/McGraw-Hill, 1997.

JACOBY, J., KYNER, D. B. Brand loyalty vs. repeat purchasing behavior. Journal of Marketing Research, v.10, fev., p. 1-9, 1973.

JANES, J. On research : Survey construction. Library Hi Tech, v. 17, n. 3, p. 321-325, 1999 apud VIEIRA, P. R. C. Imagem e reputação do Banco Central: relação entre percepção de desempenho e compromisso institucional. 264 p. Tese (Doutorado em Administração) – COPPEAD/UFRJ, Rio de Janeiro, 2003.

JENSON, T.D.; CARLSON, L.; TRIPP, C. The Dimensionality of Involvement: An Empirical Test. Advances in Consumer Research, v.16, p. 680-689 in: WALLENDORF, M.; ANDERSON, P. (eds.), The Association for Consumer Research: Provo, UT, apud BEARDEN, W. O., NETEMEYER, R. G., MOBLEY, M. F. Handbook of Marketing Scales, Newbury Park, CA. Sage Publications, 1993.

Page 128: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

119

JONES, T. O., SASSER Jr, W. E. Why Satisfied Customers Defect. Harvard Business Review, v. 73, n. 6, p. 88–99, 1995.

KAHN, B.E.; KALWANI, M.U.; MORRISON, D.G. Measuring Variety Seeking and Reinforcement Behaviors Using Panel Data. Journal of Marketing Research, v. 23, maio, p. 89-100, 1986.

KLINE, R.B. Principles and practice of structural equation modeling. New York: Guilford, 1998 apud VIEIRA, P. R. C. Imagem e reputação do Banco Central: relação entre percepção de desempenho e compromisso institucional. 264 p. Tese (Doutorado em Administração) – COPPEAD/UFRJ, Rio de Janeiro, 2003.

LASTOVICKA, J.L.; GARDNER, D.M. Components of involvement. p. 53-73 In: MALONEY, J.C.; SILVERMAN, B. (Eds.) Attitude Research Plays for High Stakes. Chicago: American Marketing Association, 1979 apud BEARDEN, W. O., NETEMEYER, R. G., MOBLEY, M. F. Handbook of Marketing Scales, Newbury Park, CA. Sage Publications, 1993.

LOWENSTEIN, M. W. Customer Retention: An Integrated Process for Keeping Your Best Customers. Milwaukee: ASP Quality Press, 1995.

MACCALLUM, R.C. Model Specification: Procedures, Strategies, and Related Issues. In: Structural Equation Modeling: concepts, issues, and applications, Boyle, R.H. (ed.). London: Sage, 1995 apud VIEIRA, P. R. C. Imagem e reputação do Banco Central: relação entre percepção de desempenho e compromisso institucional. 264 p. Tese (Doutorado em Administração) – COPPEAD/UFRJ, Rio de Janeiro, 2003.

MACCALLUM, R. C.; AUSTIN, J. T. Applications of structural equation modeling in psychological research. Annu. Rev. Psychology, v. 51, p. 201-226, 2000 apud SANTOS, C. P. dos. Impacto do Gerenciamento de Reclamações na Confiança e Lealdade do Consumidor, no Contexto de Trocas Rrelacionais de Serviços: Construção e Teste de um Modelo Teórico. 252 p. Tese (Doutorado em Administração) – PPGA/UFRGS, Porto Alegre, 2001.

MCMULLAN, R.; GILMORE A.; The conceptual development of customer loyalty measurement: A proposed scale; Journal of Targeting, Measurement and Analysis for Marketing, v. 11, n. 3, p. 230-243, 2003

MOTTA, P.C. Serviços: Pesquisando a Satisfação do Consumidor. Rio de Janeiro: Papel Virtual, 2ª ed., 2000.

Page 129: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

120

OLIVER, R. L. “Whence Consumer Loyalty?” Journal of Marketing. vol. 63 (special issue), p. 33-44, v.63, dez, 1999.

__________. A Cognitive Model of the Antecedents and Consequences of Satisfaction Decisions. Journal of Marketing Research, v. 17, n.4, p460-469, 1980.

_________. Satisfaction: “A Behavioral Perspective on the Consumer”. New York: Irwin/McGraw-Hill, 1997.

PARASURAMAN, A,; ZEITHAML, A.; BERRY, L. L. Alternative scales for measuring service quality: a comparative assessment based on psychometric and diagnostic criteria. Journal of Retailing, v. 70, n. 3, p. 201-30, 1994.

____________. SERVQUAL: a multiple-item scale for measuring customer perceptions of service quality. Journal of Retailing, v. 64, n. 1, p. 12-40, 1988.

PETERSON, R. A. On the Use of College Students in Social Science Research: Insights from a Second-Order Meta-analysis. Journal of Consumer Research, v. 28, dez, p. 450-461, 2001.

PRADO, P.H.M.; SANTOS, R.C.S. Comprometimento e Lealdade: Dois Conceitos ou Duas Dimensões de um Único Conceito? Anais do XXVII Encontro da ANPAD. Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração, Atibaia, SP, 2003.

PRITCHARD, M.P, HOWARD, D.R. The loyal traveler: examining a typology of service patronage. Journal of Travel Research, v. 35, n. 4, p. 2-11, 1997.

PRITCHARD, M. P.; HAVITZ, M. E.; HOWARD, D. R. Analyzing the commitment -loyalty link in service contexts Journal of the Academy of Marketing Science. v. 27, n. 3, p. 333-348, 1999.

RAJU, P. S.; Optimum Stimulation Level: Its Relationship to Personality, Demographics, and Exploratory Behavior. Journal of Consumer Research, v. 7, n.3, p.282-290, 1980.

RAYKOV, T.; MARCOULIDES, G.A. A First Course in Structural Equation Modeling. New Jersey: Lawrence Erlbaum, 2000. apud VIEIRA, P. R. C. Imagem e reputação do Banco Central: relação entre percepção de desempenho e compromisso institucional. 264 p. Tese (Doutorado em Administração) – COPPEAD/UFRJ, Rio de Janeiro, 2003.

Page 130: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

121

REICHHELD, F. F. The Loyalty Effect: The Hidden Force Behind Growth, Profits and Lasting Value. Boston: Harvard Business School Press, 1996.

REICHHELD, F. F., SASSER, W. E., Zero defections: quality comes to services Harvard Business Review, v. 68, n. 5, p. 105-111, 1990.

REINARTZ, W.J.; KUMAR, V. On the profitability of long-life customers in a noncontractual setting: an empirical investigation and implications for marketing. Journal of Marketing, v. 64, n. 4, p. 17-35, 2000.

REYNOLDS, K.E.; BEATTY, S.E. Customer benefits and Company Consequences of Customer-Salesperson Relationships in Retailing. Journal of Retailing. v.75, n.1, p. 11-32, 1999.

ROSENBERG, M.J.; HOVLAND, C.I. Cognitive, affective and behavioral components of attitudes. In HOVLAND, C. I.; ROSENBERG, M.J.(Eds.) Attitude organization and change. p. 1-14. New Haven, CT: Yale University Press, 1960 apud BAGOZZI, R. P.; TYBOUT, A. M.; CRAIG, C. S.; STERNTHAL, B.; The Construct Validity of the Tripartite Classification of Attitudes. Journal of Marketing Research, v. 16, n.1, p 88-95, 1979.

RUST, R.T., ZAHORIK, A.J., KEININGHAM, T.L. Return on quality (ROQ): making service quality financially accountable. Journal of Marketing, v. 59, April, p. 58-70, 1995.

RUYTER, K. de, WETZELS, M.; BLOEMER J.; On the relationship between perceived service quality, service loyalty and switching costs. International Journal of Service Industry Management; v. 9, n. 5, 1998.

SANTOS, C. P. dos. Impacto do Gerenciamento de Reclamações na Confiança e Lealdade do Consumidor, no Contexto de Trocas Rrelacionais de Serviços: Construção e Teste de um Modelo Teórico. 252 p. Tese (Doutorado em Administração) – PPGA/UFRGS, Porto Alegre, 2001.

SCHIFFMAN, L G.; KANUK, L.L. Comportamento do Consumidor. 6ª ed. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2000.

SEEMAN, M. A Historical Perspective on Attitude Research in KREBS, D., SCHIMIDT; New Directions in Attitude Measurement, p. 3-20. Walter de Gruter, Berlin, New York, 1993.

Page 131: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

122

SHARP, B., SHARP, A., Loyalty programs and their impact on repeat-purchase loyalty patterns, International Journal of Research in Marketing, v. 14, n. 5, p. 473-86, 1997.

SHARP, B. SHARP, A.; WRIGHT, M. Questioning the Value of the True Brand Loyalty Distinction Australian & New Zealand Marketing Academy 1999 proceedings. Sydney: School of Marketing, University of New South Wales, 1999. Acessado em 20-07-2004 http://www.byronsharp.com/papers/6427 true loyalty.pdf

SHETH, J.; PARK, W. A Theory of Multidimensional Brand Loyalty. Advances in Consumer Research, v.1, p. 449-459, 1974.

SHUMACKER. R.E.; LOMAX, R.G. A Beginner’s Guide to Structural Equation Modeling. New Jersey: Lawrence Erlbaun, 1996 apud VIEIRA, P. R. C. Imagem e reputação do Banco Central: relação entre percepção de desempenho e compromisso institucional. 264 p. Tese (Doutorado em Administração) – COPPEAD/UFRJ, Rio de Janeiro, 2003.

SHOEMAKER, S., LEWIS, R., “Customer Loyalty In Hotels,” International Journal of Hospitality Management. v. 18, n. 4 p. 345-370, 1999.

TANKERSELEY, Clint B. Attitude and brand loyalty: A longitudinal study of multiattribute attitude models and intervening variables. Journal of the Academy of Marketing Science. vol. 5, n.3, summer, p. 249-262, 1977.

TOURANGEAU, R. & RASINSKI, K.A. (1988). Cognitive processes underlying context effects in attitude measurement. Psychological Bulletin, v. 103, n.3, p. 299-314.

TUCKER, W. T. The Development of Brand Loyalty. Journal of Marketing Research, 1, August, 32-5, 1964.

UNCLES, M.D., DOWLING, G.R. HAMMOND, K. Customer loyalty and customer loyalty programs. Journal of Consumer Marketing, v. 20, n.4, p. 294-316, 2003.

VAN BIERGELEN, M. RUYTER, K. de WETZELS, M. What makes Service Research Centers Effective? Journal of Service Research. v.3, n.3, p. 265-273, 2001.

VIEIRA, P. R. C. Imagem e reputação do Banco Central: relação entre percepção de desempenho e compromisso institucional. 264 p. Tese (Doutorado em Administração) – COPPEAD/UFRJ, Rio de Janeiro, 2003.

Page 132: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

123

YIM, C.K.; KANNAN, P.K. Consumer Behavioral Loyalty: A Segmentation Model and Analysis. Journal of Business Research, v. 44, n. 2, pp. 75-92, 1999.

WARDE, A.; MARTENS, L. Eating out: Social differentiaton, Consumption and Pleasure”. Cambridge: Cambridge University Press, 2000.

ZEITHAML, V. A.; BERRY, L. L.; PARASURAMAN, A. The behavioral consequences of service quality. Journal of Marketing, v. 60, n. 2, p. 31-46, 1996.

ZINS, A. H Relative attitudes and commitment in customer loyalty models: Some experiences in the commercial airline industry. International Journal of Service Industry Management, v. 12, n. 3; 2001.

Page 133: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

124

ANEXO 1 - RESTAURANTES CITADOS PELOS RESPONDENTES

Restaurante Freqüência Percentual Outback 25,00 13,30 La Mole 20,00 10,64 Porcão 12,00 6,38 Parmê 7,00 3,72 Galeria Gourmet 6,00 3,19 Doce Delícia 5,00 2,66 Carretão 3,00 1,60 Churrascaria Estrela do Sul 3,00 1,60 Fiorino 3,00 1,60 Rialto 3,00 1,60 Spoletto 3,00 1,60 Tourão 3,00 1,60 Barra Brasa 2,00 1,06 Couve Flor 2,00 1,06 Gula Gula 2,00 1,06 Joe e Leo´s 2,00 1,06 Kilograma 2,00 1,06 Kyoto 2,00 1,06 Manoel e Joaquim 2,00 1,06 Rei do Bacalhau 2,00 1,06 3 Marias churrascaria 1,00 0,53 7 Grill 1,00 0,53 A Mineira 1,00 0,53 Adega da Maria 1,00 0,53 Adegão Português 1,00 0,53 Aipo e Aipim 1,00 0,53 Al Legro 1,00 0,53 Alho e Óleo 1,00 0,53 Artigiano 1,00 0,53 Ativa 1,00 0,53 Bar da Heineken 1,00 0,53 Bar da Tia 1,00 0,53 Bar do Mineiro - Santa Teresa 1,00 0,53 Barra Grill 1,00 0,53 Beco do Alemão 1,00 0,53 Camarão e Cia 1,00 0,53 Cantina di Bianca 1,00 0,53

Page 134: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

125

Restaurante Freqüência Percentual Cantina do Amici 1,00 0,53 Capricciosa - Pizzaria 1,00 0,53 Carpaccio & Cia 1,00 0,53 Casa do Fritz 1,00 0,53 Cavallino 1,00 0,53 China in Box 1,00 0,53 Churrascaria Macanudo 1,00 0,53 Churrascaria Palace 1,00 0,53 Churrascaria Palau 1,00 0,53 Churrascaria Pampa 1,00 0,53 Coliseu das Massas 1,00 0,53 Confeitaria Colombo 1,00 0,53 Degrau 1,00 0,53 Estação Mesa Luna 1,00 0,53 Ettore Leblon 1,00 0,53 Evandro´s 1,00 0,53 Fiammeta - Rio Design Center 1,00 0,53 Guimas 1,00 0,53 Ipiathy 1,00 0,53 Ital Bar 1,00 0,53 Jardinetto 1,00 0,53 Kotobuki 1,00 0,53 Lamas 1,00 0,53 Le Saint Honoré 1,00 0,53 Madame Butterfly 1,00 0,53 Mercado do Peixe 1,00 0,53 Miss Tanaka Horto 1,00 0,53 Montana Churrascaria 1,00 0,53 Nick Sushi Ipanema 1,00 0,53 Pan 1,00 0,53 Pax Delícia - Ipanema 1,00 0,53 Picanha da Praia 1,00 0,53 Pizza Chopp Park 1,00 0,53 Pizza e Grill 1,00 0,53 Pizzaria Business 1,00 0,53 Pizzaria York 1,00 0,53 Planeta Sushi 1,00 0,53 Pronto - Leblon 1,00 0,53 Puebla café mexicano 1,00 0,53 Quiosque de Japonês 1,00 0,53

Page 135: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

126

Restaurante Freqüência Percentual Red House 1,00 0,53 Rio Sol e Mar 1,00 0,53 Salada e Etc 1,00 0,53 Simplesmente 1,00 0,53 Sindicato do Chopp 1,00 0,53 Siri 1,00 0,53 Siri do galeão 1,00 0,53 Taberna Alpina 1,00 0,53 Tanaka 1,00 0,53 Tia Penha - Pedra de Guaratiba 1,00 0,53 Tosaka 1,00 0,53 Tratoria del Capitano 1,00 0,53 Uma churrascaria 1,00 0,53 Varandão Gaúcho 1,00 0,53 Via Farani 1,00 0,53 Viena 1,00 0,53 Total 182,00* 100,00 * 28 respondentes não indicaram o nome restaurante utilizado para ocasiões especiais.

Page 136: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

127

ANEXO 2 - QUESTIONÁRIO UTILIZADO NA PESQUISA

Page 137: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

128

Caro(a) Entrevistado(a) Este questionário servirá de apoio à elaboração de uma dissertação de mestrado. Seu caráter é puramente acadêmico, sem fins comerciais. Esta pesquisa não conta com patrocínio de nenhum restaurante, nem de qualquer outra empresa. Algumas breves indicações que podem ajudar o preenchimento. 1. Por favor, leia com atenção as frases e responda a todas elas segundo a sua opinião 2. Nas questões a seguir Você deve considerar como “Restaurante X” aquele restaurante “especial”, que não seja fast food , que Você tem escolhido na maioria das

seguintes situações: – aquele restaurante para levar a família; – aquele restaurante para levar a(o) namorada(o); – aquele restaurante para celebrar festas ou comemorações.

3. Ao responder, marque aquele número que melhor indica seu grau de discordância ou concordância com as afirmativas apresentadas. 4. NÃO existe resposta certa ou errada. O que vale é sua opinião! Desde já muito obrigado pela paciência!

1. Conheço as características do Restaurante X o suficiente para poder compará-lo com outros restaurantes. Discordo

Totalmente Discordo

Muito Discordo

Não concordo, nem discordo

Concordo

Concordo Muito

Concordo Totalmente

1 2 3 4 5 6 7 2. Ao decidir comer fora, é importante que eu faça a escolha certa.

Discordo Totalmente

Discordo Muito

Discordo

Não concordo, nem discordo

Concordo

Concordo Muito

Concordo Totalmente

1 2 3 4 5 6 7 3. Dificilmente penso em comer em outro lugar que não seja o Restaurante X.

Discordo Totalmente

Discordo Muito

Discordo

Não concordo, nem discordo

Concordo

Concordo Muito

Concordo Totalmente

1 2 3 4 5 6 7 4. Quando vou escolher um restaurante, não me preocupo com promoções ou ofertas.

Discordo Totalmente

Discordo Muito

Discordo

Não concordo, nem discordo

Concordo

Concordo Muito

Concordo Totalmente

1 2 3 4 5 6 7 5. Quando vou escolher um restaurante, comparo preços de vários para ter certeza que escolhi o que oferece a melhor relação de custo/benefício.

Discordo Totalmente

Discordo Muito

Discordo

Não concordo, nem discordo

Concordo

Concordo Muito

Concordo Totalmente

1 2 3 4 5 6 7

Page 138: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

129

6. O Restaurante X tem instalações e equipamentos modernos.

Discordo Totalmente

Discordo Muito

Discordo

Não concordo, nem discordo

Concordo

Concordo Muito

Concordo Totalmente

1 2 3 4 5 6 7 7. Eu incentivo amigos e parentes a comer no Restaurante X.

Discordo Totalmente

Discordo Muito

Discordo

Não concordo, nem discordo

Concordo

Concordo Muito

Concordo Totalmente

1 2 3 4 5 6 7 8. Pretendo voltar ao Restaurante X outras vezes.

Discordo Totalmente

Discordo Muito

Discordo

Não concordo, nem discordo

Concordo

Concordo Muito

Concordo Totalmente

1 2 3 4 5 6 7 9. Estando em determinada região, geralmente como no mesmo restaurante.

Discordo Totalmente

Discordo Muito

Discordo

Não concordo, nem discordo

Concordo

Concordo Muito

Concordo Totalmente

1 2 3 4 5 6 7 10. Se pudesse escolher de novo, escolheria outro restaurante em vez do Restaurante X.

Discordo Totalmente

Discordo Muito

Discordo

Não concordo, nem discordo

Concordo

Concordo Muito

Concordo Totalmente

1 2 3 4 5 6 7 11. Eu realmente gostei de comer no Restaurante X.

Discordo Totalmente

Discordo Muito

Discordo

Não concordo, nem discordo

Concordo

Concordo Muito

Concordo Totalmente

1 2 3 4 5 6 7 12. Não se espera que restaurantes ofereçam aos clientes atenção individualizada.

Discordo Totalmente

Discordo Muito

Discordo

Não concordo, nem discordo

Concordo

Concordo Muito

Concordo Totalmente

1 2 3 4 5 6 7 13. O Restaurante X é um restaurante sobre o qual eu poderia falar por muito tempo.

Discordo Totalmente

Discordo Muito

Discordo

Não concordo, nem discordo

Concordo

Concordo Muito

Concordo Totalmente

1 2 3 4 5 6 7

Page 139: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

130

14. Na região onde está localizado, tenho uma preferência pelo Restaurante X. Discordo

Totalmente Discordo

Muito Discordo

Não concordo, nem discordo

Concordo

Concordo Muito

Concordo Totalmente

1 2 3 4 5 6 7 15. Se gosto do restaurante, raramente o troco só para tentar algo diferente.

Discordo Totalmente

Discordo Muito

Discordo

Não concordo, nem discordo

Concordo

Concordo Muito

Concordo Totalmente

1 2 3 4 5 6 7 16. Eu tentaria outro restaurante se ele fosse mais barato que o Restaurante X.

Discordo Totalmente

Discordo Muito

Discordo

Não concordo, nem discordo

Concordo

Concordo Muito

Concordo Totalmente

1 2 3 4 5 6 7 17. Eu tentaria um outro restaurante que oferecesse instalações melhores que o Restaurante X.

Discordo Totalmente

Discordo Muito

Discordo

Não concordo, nem discordo

Concordo

Concordo Muito

Concordo Totalmente

1 2 3 4 5 6 7 18. Eu mudaria de restaurante se o novo me oferecesse mais status.

Discordo Totalmente

Discordo Muito

Discordo

Não concordo, nem discordo

Concordo

Concordo Muito

Concordo Totalmente

1 2 3 4 5 6 7 19. Fico entediado de comprar as mesmas marcas mesmo que elas sejam boas.

Discordo Totalmente

Discordo Muito

Discordo

Não concordo, nem discordo

Concordo

Concordo Muito

Concordo Totalmente

1 2 3 4 5 6 7 20. Gosto de comer no Restaurante X.

Discordo Totalmente

Discordo Muito

Discordo

Não concordo, nem discordo

Concordo

Concordo Muito

Concordo Totalmente

1 2 3 4 5 6 7 21. Falo bem do Restaurante X para outras pessoas.

Discordo Totalmente

Discordo Muito

Discordo

Não concordo, nem discordo

Concordo

Concordo Muito

Concordo Totalmente

1 2 3 4 5 6 7

Page 140: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

131

22. O Restaurante X é exatamente o que preciso em termos de restaurante. Discordo

Totalmente Discordo

Muito Discordo

Não concordo, nem discordo

Concordo

Concordo Muito

Concordo Totalmente

1 2 3 4 5 6 7 23. O Restaurante X tem prédios e instalações visualmente atraentes.

Discordo Totalmente

Discordo Muito

Discordo

Não concordo, nem discordo

Concordo

Concordo Muito

Concordo Totalmente

1 2 3 4 5 6 7 24. O Restaurante X me desperta interesse.

Discordo Totalmente

Discordo Muito

Discordo

Não concordo, nem discordo

Concordo

Concordo Muito

Concordo Totalmente

1 2 3 4 5 6 7 25. O Restaurante X é a minha primeira escolha quando decido comer fora.

Discordo Totalmente

Discordo Muito

Discordo

Não concordo, nem discordo

Concordo

Concordo Muito

Concordo Totalmente

1 2 3 4 5 6 7 26. Eu mudaria de restaurante se os garçons do outro fossem mais amigáveis.

Discordo Totalmente

Discordo Muito

Discordo

Não concordo, nem discordo

Concordo

Concordo Muito

Concordo Totalmente

1 2 3 4 5 6 7 27. Quando vejo um novo restaurante, diferente dos usuais, eu procuro saber sobre ele.

Discordo Totalmente

Discordo Muito

Discordo

Não concordo, nem discordo

Concordo

Concordo Muito

Concordo Totalmente

1 2 3 4 5 6 7 28. A escolha do Restaurante X nem sempre funcionou tão bem como pensei.

Discordo Totalmente

Discordo Muito

Discordo

Não concordo, nem discordo

Concordo

Concordo Muito

Concordo Totalmente

1 2 3 4 5 6 7 29. Comer no Restaurante X diz muito sobre quem eu sou.

Discordo Totalmente

Discordo Muito

Discordo

Não concordo, nem discordo

Concordo

Concordo Muito

Concordo Totalmente

1 2 3 4 5 6 7

Page 141: ESTUDO EMPÍRICO SOBRE LEALDADE A RESTAURANTES · A pesquisa sobre antecedentes e conseqüências da lealdade de consumidores tem motivado pesquisadores de Marketing há quase 50

132

30. Eu me importo muito com o Restaurante X. Discordo

Totalmente Discordo

Muito Discordo

Não concordo, nem discordo

Concordo

Concordo Muito

Concordo Totalmente

1 2 3 4 5 6 7 31. Eu me considero muito leal ao Restaurante X.

Discordo Totalmente

Discordo Muito

Discordo

Não concordo, nem discordo

Concordo

Concordo Muito

Concordo Totalmente

1 2 3 4 5 6 7 32. Eu cansaria de comer sempre no Restaurante X toda vez que fosse comer fora.

Discordo Totalmente

Discordo Muito

Discordo

Não concordo, nem discordo

Concordo

Concordo Muito

Concordo Totalmente

1 2 3 4 5 6 7 33. Quando vou a um restaurante, acho mais seguro pedir pratos que conheço.

Discordo Totalmente

Discordo Muito

Discordo

Não concordo, nem discordo

Concordo

Concordo Muito

Concordo Totalmente

1 2 3 4 5 6 7 34. O Restaurante X é mais do que um simples restaurante.

Discordo Totalmente

Discordo Muito

Discordo

Não concordo, nem discordo

Concordo

Concordo Muito

Concordo Totalmente

1 2 3 4 5 6 7 35. Em termos gerais, que nota de 0 a 10 Você daria ao seu Restaurante X?__________

Agora mate minha curiosidade. Se puder, responda qual restaurante Você considerou como Restaurante X?____________________________________ Por favor, responda um pouco sobre Você: Em que bairro Você mora? ______________________ Idade ____ anos Sexo: Feminino Masculino Estado civil:

( ) Solteiro (a) ( ) Separado(a) ou Divorciado(a) ( ) Casado (a) ( ) Viúvo (a) Renda familiar mensal:

( ) Menos de R$ 1.000,00 ( ) De R$ 1.001,00 a R$ 3.000,00 ( ) De R$ 3.001,00 a R$ 5.000,00 ( ) De R$ 5.001,00 a R$ 8.000,00 ( ) Mais de R$ 8.000,00 Além de estudar Você trabalha ou faz estágio?

( ) Só estudo ( ) Estudo e trabalho ( ) Estudo e faço estágio Com que freqüência Você come fora?__________________________________________________

Acabou! Muito obrigado!