estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS FACULDADES INTEGRADAS DE FERNANDÓPOLIS DUARTE SEBASTIÃO GERMANO SUELI REGINA BONFIM ESTUDO DO USO DE ANTI-INFLAMATÓRIOS EM DROGARIAS DE OUROESTE FERNANDÓPOLIS 2011

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Page 1: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS

FACULDADES INTEGRADAS DE FERNANDÓPOLIS

DUARTE SEBASTIÃO GERMANO

SUELI REGINA BONFIM

ESTUDO DO USO DE ANTI-INFLAMATÓRIOS EM DROGARIAS DE OUROESTE

FERNANDÓPOLIS

2011

Page 2: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

DUARTE SEBASTIÃO GERMANO SUELI REGINA BONFIM

USO DE ANTI-INFLAMATÓRIOS EM DROGARIAS DE

OUROESTE

Trabalho de conclusão de curso apresentado à

Banca Examinadora do Curso de Graduação em

Farmácia da Fundação Educacional de

Fernandópolis como exigência parcial para obtenção

do título de bacharel em farmácia.

Orientador: Prof. MSc. Roney Eduardo Zaparoli

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS FERNANDÓPOLIS

2011

Page 3: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

DUARTE SEBASTIÃO GERMANO SUELI REGINA BONFIM

USO DE ANTI-INFLAMATÓRIOS EM DROGARIAS DE OUROESTE

Trabalho de conclusão de curso aprovado como

requisito parcial para obtenção do título de bacharel

em farmácia.

Aprovado em: ___ de novembro de 20___.

Banca examinadora Assinatura Conceito

Prof. MSc. Roney Eduardo Zaparoli

Orientador

Prof. MSc. Giovanni Carlos de

Oliveira

Prof.ª. Esp. Rosana Kagesawa Motta

Prof. MSc. Roney Eduardo Zaparoli

Presidente da Banca Examinadora

Page 4: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

Dedico este trabalho e a realização do curso

primeiramente a Deus, que é a fonte de inspiração e

luz do meu caminho. Dedico aos meus pais

Sebastião e Adelayde (in memoria), em principal a

minha mãe que sempre foi meu porto seguro e maior

incentivadora. Mãe de onde está sempre estará

olhando por mim. A minha esposa Cristiane e minha

filha Bruna, que com seu amor e paciência soube

contornar a minha ausência, dando tranquilidade ao

meu lar, para dedicar-me totalmente ao curso para

que eu pudesse realizar o meu sonho.

(Duarte Sebastião Germano)

“A cada vitória o reconhecimento devido ao meu

Deus, pois só ele é digno de toda honra, glória e

louvor”.

Em especial aos meus pais Leonice e João (in

memoria)... vocês esperaram ansiosos pela minha

chegada ao mundo, acompanharam meus primeiros

passos, ensinaram-me princípios e conceitos para

viver com dignidade e não mediram esforços para

que eu pudesse chegar até aqui. A minha irmã

Sandra e minha avó Maria que torceu por mim em

todos os momentos. Meus queridos filhos Gustavo e

João Augusto, tantas vezes usurpados da minha

presença, mas não do meu amor.

(Sueli Regina Bonfim)

Page 5: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

AGRADECIMENTOS

Agradecemos primeiramente a Deus, pois sem Ele, nada seria possível e

não estaríamos aqui reunidos, desfrutando, juntos, destes momentos que nos são

tão importantes.

Agradecemos ao nosso professor e orientador Roney pela atenção e tempo

a nos disponibilizados para que somente com seu apoio este trabalho pudesse ser

concluído.

Agradecemos a banca examinadora por aceitar nosso convite de participar

deste momento tão importante em nossas vidas.

A todos os professores do curso de Farmácia, pela paciência, dedicação e

ensinamentos disponibilizados nas aulas, cada um de forma diferente e especial

contribuindo para a conclusão desse trabalho e nossa formação.

Page 6: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se

esqueça que a felicidade é um sentimento simples,

você pode encontra-la e deixa-la ir embota por não

perceber sua simplicidade.

(Mário Quintana)

Page 7: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA − Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

COX 1- 2- 3 – Ciclooxigenases 1, 2 e 3

AIDS - Síndrome da Imuno Deficiência Adquirida

AINES – Anti-inflamatórios não-esterióides

AIES - Anti-inflamatórios esterióides

OMS – Organização Mundial da Saúde

ACTH – Hormônio adrenocorticotrófico

AAS – Ácido acetilsalicílico

SNC – Sistema Nervoso Central

RNA – Ácido ribonucleico

PAF – Fator ativador de plaquetas

NO – Óxido nítrico

DNA – Ácido dexosirribonucleico

PDE – Fosfodiesterase

ECA – Enzima Conversora da Angiotensina

AAS – Ácido acetilsalicílico

ISRS - Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina

DIU – Dispositivo intra-uterino

IL - Interleucinas

NBT - Nitrozaultetrazol RENAME – Relação Nacional de Medicamentos Essenciais

Page 8: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Anti-inflamatórios não-esteróides

Tabela 2: Anti-inflamatórios esteróides

Page 9: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Estrutura química do AAS Figura 2: Estrutura química do Diclofenaco Sódico Figura 3: Estrutura química da NImesulida Figura 4: Estrutura química do Melixicam Figura 5: Estrutura química da Dexametasona Figura 6: Estrutura química da Prednisona Figura 7: Sexo dos entrevistados Figura 8: Obteve o anti-inflamatórios com prescrição médica? Figura 9: Qual a classe de anti-inflamatórios escolhidas pelos que se automedicam? Figura 10: Adquiriu o medicamento por sugestão de quem? Figura 11: Prescritores Figura 12: Origem da prescrição Figura 13: Quais os anti-inflamatórios mais utilizados? Figura 14: Qual as causas do uso de anti-inflamatórios? Figura 15: O medicamento causou algum tipo de efeito adverso?

Page 10: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 13

DESENVOLVIMENTO TEÓRICO ............................................................................. 16

1 ANTI-INFLAMATÓRIOS ESTERÓIDES (AINES) .................................................. 16

1.1 Usos .................................................................................................................... 17

2 ANTI-INFLAMATÓRIOS ESTERÓIDES (AIES) .................................................... 18

2.1 Usos ................................................................................................................ 18

3 ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO-ESTERÓIDES MAIS UTILIZADOS....................... 20

3.1 Àcido acetilsalicílico ......................................................................................... 20

3.1.1 Mecanismo de ação ......................................................................................... 20

3.1.2 Interações Medicamentosas ............................................................................. 22

3.1.3 Efeitos adversos ............................................................................................... 22

3.2 Diclofenaco Sódico ....................................................................................... 23

3.2.1 Mecanismo de ação ......................................................................................... 23

3.2.2 Interações e contra-indicações ......................................................................... 24

3.3 Nimesulida ..................................................................................................... 25

3.3.1 Mecanismo de ação ......................................................................................... 25

3.3.2 Indicações ........................................................................................................ 26

3.3.3 Interações medicamentosas ............................................................................. 26

3.4 Meloxicam ...................................................................................................... 27

3.4.1 Mecanismo de ação ......................................................................................... 27

3.4.2 Indicações ........................................................................................................ 27

3.4.3 Interações Medicamentosas ............................................................................. 28

4 ANTI-INFLAMATÓRIOS ESTERÓIDES MAIS UTILIZADOS ................................. 29

4.1 Dexametasona ............................................................................................... 29

4.1.1 Mecanismo de ação ......................................................................................... 29

4.1.2 Interações medicamentosas ............................................................................. 30

4.2 Prednisona ..................................................................................................... 31

4.2.1 Mecanismo de ação ......................................................................................... 32

4.2.2 Indicações e contra-indicações ........................................................................ 32

4.2.4 Interações Medicamentosas ............................................................................. 32

Page 11: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

5 OBJETIVOS .......................................................................................................... 34

5.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................ 34

5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................. 34

6 MATERIAL E MÉTODO ......................................................................................... 35

7 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 36

8 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 45

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 46

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 47

APÊNDICE ................................................................................................................ 50

Page 12: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

RESUMO

A inflamação é fundamentalmente um mecanismo de defesa, cujo objetivo final é a eliminação da causa inicial da lesão celular e das conseqüências de tal lesão. Entretanto, a inflamação pode ser potencialmente prejudicial. O presente estudo teve como finalidade evidenciar o uso indiscriminado de anti-inflamatórios pelos clientes atendidos em drogarias do Município de Ouroeste - SP. Trata-se de uma pesquisa analítica em loco que teve como amostra 300 indivíduos maiores de 21 anos que compraram anti-inflamatórios nas drogarias em questão. Os dados foram compilados através de questionários padronizados. A pesquisa revelou que o fármaco nimesulida seguido do diclofenaco sódico foram os mais vendidos nas drogarias pesquisadas. O período de utilização desses fármacos excedeu os sete dias de tratamento e em alguns casos até anos. Dentre os motivos que levaram os entrevistados a adquirir o anti-inflamatório, inflamação de garganta obteve maior porcentagem. O estudo expôs através de estatísticas apresentadas que existe uma automedicação desses fármacos e que mostra a necessidade de maiores orientações sobre o uso desses medicamentos assim como um controle maior na compra dos mesmos e que o tempo de tratamento praticado por alguns indivíduos foi exorbitante, podendo num período breve ocasionar distúrbios gástricos, renais e circulatórios. Palavras-chaves: Anti-inflamatórios. Automedicação. Fármaco.

Page 13: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

ABSTRACT

IInnffllaammmmaattiioonn iiss ffuunnddaammeennttaallllyy aa ddeeffeennssee mmeecchhaanniissmm wwhhoossee uullttiimmaattee ggooaall iiss ttoo eelliimmiinnaattee tthhee iinniittiiaall ccaauussee ooff cceellll ddaammaaggee aanndd tthhee ccoonnsseeqquueenncceess ooff ssuucchh ddaammaaggee.. HHoowweevveerr,, iinnffllaammmmaattiioonn mmaayy bbee ppootteennttiiaallllyy hhaarrmmffuull.. TThhiiss ssttuuddyy aaiimmeedd ttoo hhiigghhlliigghhtt tthhee iinnddiissccrriimmiinnaattee uussee ooff aannttii--iinnffllaammmmaattoorryy ddrruugg ssttoorreess iinn cclliieennttss sseerrvveedd bbyy CCiittyy ooff OOuurrooeessttee -- SSPP.. IItt iiss aann aannaallyyttiiccaall rreesseeaarrcchh tthhaatt ttooookk ppllaaccee iinn tthhee ssaammpplleedd 330000 iinnddiivviidduuaallss oovveerr 2211 yyeeaarrss wwhhoo bboouugghhtt tthhee aannttii--iinnffllaammmmaattoorryy ddrruugg iinn qquueessttiioonn.. DDaattaa wweerree ccoolllleecctteedd tthhrroouugghh ssttaannddaarrddiizzeedd qquueessttiioonnnnaaiirreess.. TThhee ssuurrvveeyy rreevveeaalleedd tthhaatt tthhee ddrruugg nniimmeessuulliiddee ffoolllloowweedd bbyy ddiiccllooffeennaacc ssooddiiuumm wweerree tthhee mmoossttssoolldd iinn ddrruuggssttoorreess ssuurrvveeyyeedd.. TThhee ppeerriioodd ooff uussee ooff tthheessee ddrruuggss eexxcceeeeddeedd tthhee sseevveenn ddaayyss ooff ttrreeaattmmeenntt aanndd iinn ssoommee ccaasseess eevveenn yyeeaarrss.. AAmmoonngg tthhee rreeaassoonnss tthhaatt lleedd tthhee rreessppoonnddeennttss ttoo ppuurrcchhaassee tthhee aannttii--iinnffllaammmmaattoorryy,, ssoorree tthhrrooaatt hhaadd tthhee hhiigghheesstt ppeerrcceennttaaggee.. TThhee ssttuuddyy eexxppoosseedd bbyy ssttaattiissttiiccss pprreesseenntteedd tthhaatt tthheerree iiss aa sseellff--mmeeddiiccaattiioonn ooff tthheessee ddrruuggss aanndd iitt sshhoowwss tthhee nneeeedd ffoorr ffuurrtthheerr gguuiiddaannccee oonn tthhee uussee ooff tthheessee ddrruuggss aass wweellll aass mmoorree ccoonnttrrooll oovveerr tthhee ppuurrcchhaassee ooff tthhee ssaammee aanndd tthhaatt tthhee ttiimmee ooff ttrreeaattmmeenntt pprraaccttiicceedd bbyy ssoommee iinnddiivviidduuaallss wwaass eexxoorrbbiittaanntt,, ccaann aa bbrriieeff ppeerriioodd ccaauussee ssttoommaacchh uuppsseett,, kkiiddnneeyy aanndd cciirrccuullaattoorryy pprroobblleemmss..

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Page 14: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

13

INTRODUÇÃO

A resposta inflamatória é um processo geralmente agudo, envolvendo

eventos vasculares, neutrófilos e mastócitos. A inflamação aguda pode evoluir para

formas crônicas. A fase crônica é, geralmente, mais longa e caracterizada pela

presença de células mononucleares, macrófagos, linfócitos e pela proliferação de

tecido conectivo (FELLET et al., 2002).

Na inflamação, ocorre a vasodilatação, com edema e possível coagulação.

Alguns mediadores relacionados ao processo inflamatório são a histamina, a

bradicinina (AGUIAR, 2001), a serotonina, as prostaglandinas, os produtos do

sistema complemento as várias linfocinas liberadas pelos linfócitos T sensibilizados

(GUYTON; HALL, 1997). Outros mediadores conhecidos são o fator ativador de

plaquetas (PAF) e o óxido nítrico (NO) (PÉREZ RUIZ et al., 2007).

Entre os mediadores químicos da inflamação, os eicosanóides

(prostaglandinas, tromboxano e leucotrienos) são alvos mais relevantes na terapia

farmacológica, derivados do araquidonato, produzidos pela ação de enzimas

ciclooxigenases e lipoxigenases. As ciclooxigenases são enzimas classificadas

como constitucional ou ciclooxigenases-1 (COX-1), ou induzida, ciclooxigenase-2

(COX-2), (CORREA, 2003). Em meados do ano 2000 foi proposta a existência da

terceira isoforma denominada COX- 3 (BOTTING, 2003).

Os anti-inflamatórios são fármacos, cuja finalidade é a contenção e a reversão

da inflamação, seja ela local ou sistêmica. Devem apresentar rapidez na ação,

potência analségica e proteção. São classificados como esteroidais (AIES) ou não-

esteroidais (AINES) (MENDES, 2010).

Os AINES estão entre os mais prescritos. Podem apresentar ações

analgésicas, anti-inflamatória e antipirética. Seu mecanismo de ação geral se dá

pela inibição tanto das ciclooxigenases (COX) quanto da produção das

prostaglandinas e tromboxanos (FONSECA; VILORIA; REPETTI, 2002).

A maioria dos AINES é inibitória das ciclooxigenases (COX) (SILVA et al.,

2003). Outros mecanismos dos AINES pode ser: estabilização da membrana

lipossômica, inibição da migração de leucócitos para área inflamada, interferências

na reação antígeno-anticorpo, e inibição da biossíntese de mucopolissacarídeo. Seu

uso se torna restrito pelo ato de provocarem efeitos adversos, principalmente no

Page 15: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

14

trato gastrintestinal, além dos efeitos hepáticos, renais, baço, no sangue e na

medula-óssea (ZANINI; OGA, 1994).

Os glicocorticóides ou anti-inflmatórios esteroidais (AIES) são potentes anti-

inflamatórios e imunossupressores, que inibem não só as manifestações tardias da

inflamação, mas também os estágios posteriores de cicatrização e reparo e as

reações proliferativas observadas na inflamação crônica. São os agentes mais

efetivos no controle da inflamação crônica, sendo muito utilizados no tratamento de

artrite reumatóide, devido a sua eficácia terapêutica, relacionada com quatro

propriedades: vasoconstritor, anti-proliferativo, imunossupressor e anti-inflamatório

(SANTINI et al., 2001).

Os AIES causam bloqueio da indução, mediada pela vitamina D3 do gene da

osteocalcina, e modificação a transcrição dos genes da colagenase, além disso,

exercem sua função por meio de receptores de corticosteroides presentes no

citoplasma das células, alterando a transcrição gênica, e podem estimular a síntese

protéica e lipocortina e os fatores inibidores da migração, ou inibir a síntese de

várias interleucinas e TNF-alfa, e ciclooxigenase e fosfolipase A2, moléculas de

adesão, entre outras. Os AIES inibem o acesso de leucócitos aos sítios inflamatórios

e a função de fibroblastos, macrófagos, células endoteliais, linfócitos Te B, bem

como a produção de imunoglobulinas, que ocorre pela diminuição da síntese de

interleucinas (IL-1 a 6 e TNF-alfa). Causam linfopenia transitória e diminuem a

produção de IL-2, inibem eventos de iniciação e progressão do ciclo de

diferenciação de células T que dependem dessas interleucinas (LAZZARINI;

FREITAS; OLIVEIRA, 2003).

Partindo do entendimento dos mecanismos de ação e das causas das

reações adversas, o estudo do consumo destes anti-inflamatórios é importante para

a caracterização do perfil de utilização desses medicamentos e observação da

seriedade do consumo inadequado, relacionado, entre outros fatores, á pratica de

automedicação e á falta de acesso da população ao sistema de saúde. Segundo a

Organização Mundial da Saúde (OMS), o estudo da utilização de um medicamento,

abrange comercialização, distribuição, prescrição e uso desse medicamento em uma

sociedade, com preocupação especial sobre as conseqüências médicas, sociais e

econômicas resultantes. Vários são os fatores determinantes no uso de um

medicamento, tais como as atitudes em relação aos medicamentos, á saúde

associados a aspectos culturais e á medicina tradicional. A utilização do

Page 16: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

15

medicamento como parte do processo de cuidados médicos á saúde está

relacionada a automedicação e ao comportamento do prescritor. A automedicação é

algo preocupante, pois estudos indicam que somente de 10 a 30% dos sintomas

percebidos recebem atenção médica, alia-se isso a dificuldade de acesso aos

profissionais médicos. Pesquisas realizadas pelo Ministério da Saúde revelam que,

no Brasil entre os 50 medicamentos mais vendidos, em 2004 o diclofenaco de

potássio, ocupava o primeiro lugar e o diclofenaco sódico, o terceiro (CASTRO,

2004).

Este estudo visa avaliar o consumo de anti-inflamatório sobre os seguintes

aspectos: prescrição, compreensão do tratamento e efeitos adversos comentados

pelos pacientes.

Page 17: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

16

DESENVOLVIMENTO TEÓRICO

1 ANTI-INFLAMATÓRIOS ESTERÓIDES (AINES)

Os AINES correspondem ao grupo de fármacos que se apresentam

quimicamente diferentes, pois o composto nimesulida apresenta um radical

sulfonalida em lugar de um radical carboxílico, inclusive diferem em suas atividades

antipirética, analgésica e anti-inflamatória, inibindo as enzimas da via

ciclooxigenase, sendo excelentes medicamentos para tratar os efeitos indesejáveis

causados pela resposta inflamatória. Diminuem o edema, a hiperemia, a febre, a dor

e a rigidez; com melhora substancial na qualidade de vida do paciente. Estes anti-

inflamatórios são utilizados em variadas formas de inflamações, seja traumáticas ou

provocadas por diferentes patologias, por exemplo, a Osteoartrite e a Espondilite

anquilosante (KUMMER, 2005).

A expressão atividade antipirética tem sido mais indicada do que “antitérmica”,

porque antipirética significa que o fármaco controla apenas o aumento patológico da

temperatura, e, os AINES não tem qualquer efeito sobre a hipertermia fisiológica, por

exemplo, a hipertermia provocada por exercício violento (OLIVEIRA, 2009).

Mas, apesar de geralmente seguros, podem levar a vários efeitos adversos, que

variam desde uma simples dispepsia até a morte por uma úlcera perfurada ou

hemorragia. Seu uso, portanto, deve ser criterioso e bem indicado para que possa

proporcionar mais benefícios do que riscos ao paciente (KUMMER, 2005).

Sua administração sempre deve ser monitorada com exames laboratoriais

complementares, com especial atenção à função hepática, renal e hemograma.

Atualmente, tem sido recomendado o uso de AINE misturado com a refeição para

evitar ou reduzir os efeitos colaterais gastrintestinais (CASTRO, 2004).

Page 18: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

17

Os fármacos anti-inflamatórios não-esteróides são classificados em grupos de

acordo com a substância que levou aos respectivos derivados:

Tabela 1-Anti-inflamatórios não-esteróides

Derivados salicilados Ácido acetilsalicílico

(Aspirina) ·Diflunisal

Derivados do ácido ácetico Diclofenaco ·Tolmetina

Derivados indólicos Indometacina ·Sulindaco ·Etodolaco

Derivados do ácido enólico Meloxicam ·Piroxicam ·Nabumetona ·Tenoxicam

Fenamatos Ácido mefenâmico ·Etofenamato

Derivados pirazolónicos Dipirona (metamizol) ·Fenilbutazona

Coxibs Celecoxib ·Etoricoxib ·Rofecoxib ·Lu-miracoxib

Derivados paraminofenólicos Paracetamol (acetaminofeno) ·Fenacetina

Derivados do ácido propriónico Cetoprofeno ·Fenoprofeno ·Flurbiprofeno ·Ibuprofeno ·Loxoprofeno ·Na-proxeno

Outros: Cetorolaco ·Nimesulida Fonte: CARVALHO, 2004.

1.1 Usos

Antiinflamatório – antipirético – analgésico – aumenta ventilação alveolar (doses

terapêuticas) – diminui a agregação plaquetária – prevenção da angina pectoris e do

infarto do miocárdio (OLIVEIRA, 2009).

Page 19: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

18

2 ANTI-INFLAMATÓRIOS ESTERÓIDES (AIES)

Os esteróides ou hormônios esteroidais compreendem os hormônios do córtex

adrenal (glicocorticóides e mineralocorticóides), e, os hormônios sexuais

(andrógenos, progestágenos e estrógenos). Entretanto, somente os glicocorticóides

apresentam atividade anti-inflamatória importante, além de suprimir a imunidade

(PEREIRA, 2008).

Os glicocorticóides endógenos são produzidos a partir do colesterol, sendo a

medula adrenal estimulada pelo ACTH. Foram desenvolvidos vários fármacos

derivados semi-sintéticos dos glicocorticóides, e, indiretamente bloqueiam a

liberação do ácido araquidônico devido estes fármacos estimularem a produção da

lipocortina que tem a ação de inibir a enzima fosfolipase A2, responsável pela

transformação dos fosfolipídios em ácido araquidônico. Os corticosteróides também

estabilizam a membrana celular do mastócito, e, dos leucócitos evitando ou

diminuindo a liberação de histamina assim como de fatores quimiotáxicos, e, de

mediadores inflamatórios, o que reduz o influxo de leucócitos para o local da

inflamação. Portanto, a inflamação é acentuadamente reduzida com o uso de

glicocorticóides que também tem a ação de evitar que os neutrófilos migrem até o

local da inflamação, embora os glicocorticóides aumentem o número de neutrófilos

circulantes. Os glicocorticóides ligam-se a receptores intracelulares citoplasmáticos

específicos nos tecidos-alvos. O complexo hormônio-receptor desloca-se para o

núcleo, onde como fator de transcrição ativando ou desativando genes, a depender

do respectivo tecido (OLIVEIRA, 2009).

2.1 Usos

Os glicocorticóides são utilizados na terapia inflamatória e imunossupressora

em variadas patologias, como: doenças autoimunes, inflamatórias, asma, distúrbios

alérgicos, do colágeno, dermatológicos, gastrintestinais, hematológicas, oftálmicas,

orais, respiratórias. Os glicocorticóides são também utilizados no tratamento do

choque, de doenças neurológicas, da síndrome nefrótica, de alguns tipos de

Page 20: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

19

neoplasias, de tireoidite não-supurativa, de tumores císticos de tendão ou

aponeurose, redução de edema cerebral e, profilaxia e tratamento de rejeição de

órgão em transplante. Outra indicação para o uso de glicocorticóides consiste em

gestante com possibilidade de parto prematuro e com maturação inadequada dos

pulmões, com o objetivo de acelerar o processo fisiológico (neste caso, o agente de

eleição é a betametasona). As vias de administração dependem da natureza da

doença e da condição do paciente, e, podem administrados por via oral – parenteral

– tópica – oftálmica – inalatória – intra-articular – retal. A via retal é usada em

inflamações intestinais, e, a via tópica é utilizada em distúrbios dermatológicos

(OLIVEIRA, 2009).

De acordo com as potências, os glicocorticóides são classificados em:

glicocorticóides de ação curta (8 a 12 horas) – de ação intermediária (12 a 36 horas)

– de ação longa (36 a 72 horas).

Tabela 2- Anti-inflamatórios esteroides Glicocorticóides de ação curta Cortisona – hidrocortisona (Solu-Cortef)

(Stiefcortil)(Cortisonal).

Glicocorticóides de ação intermediária Prednisolona(Prelone) (Predsim) (Prednisolon) – metilprednisolona(Solu-Medrol) (Unimedrol) – prednisona (Meticorten) (Predicorten) – triancinolona (Omcilon) (Theracort) – beclometasona(Beclosol) (Clenil)

Glicocorticóides de ação longa Betametasona(Celestone) (Diprospan) (Candicort) (Novacort) – dexametasona(Decadron) (Decadronal) (Duo-Decadron).

Fonte: HANSON, 2000.

Page 21: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

20

3 ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO-ESTERÓIDES MAIS UTILIZADOS

3.1 Àcido acetilsalicílico

Figura 1 - Estrutura química do AAS

Fonte: KATZUNG, 1994.

O ácido acetilsalicílico pertence ao grupo de fármacos anti-inflamatórios não-

esteróides, com propriedades analgésica, antipirética e anti-inflamatória. Seu

mecanismo de ação baseia-se na inibição irreversível da enzima ciclooxigenase,

envolvida na síntese das prostaglandinas. O ácido acetilsalicílico também inibe a

agregação plaquetária, bloqueando a síntese do tromboxano A2 nas plaquetas

(KATZUNG, 1994).

3.1.1 Mecanismo de ação

A eficácia do ácido acetilsalicílico deve-se, em grande parte, a sua

capacidade de inibir a biossíntese de prostaglandinas. Com efeito, o ácido

acetilsalicílico bloqueia irreversivelmente a enzima ciclooxigenase, que catalisa a

conversão do ácido araquidônico em endoperóxidos. Em doses apropriadas, o ácido

acetilsalicílico diminui a formação de prostaglandinas e tromboxanos A2, mas não a

dos leucotrienos. Não há evidências de que o ácido acetilsalicílico seja um inibidor

Page 22: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

21

seletivo da COX II. A maior parte de uma dose de anti-inflamatória de ácido

acetilsalicílico sofre rápida desacetilação, tornando o salicilato o metabólito ativo. O

salicilato inibe reversivelmente a síntese de prostaglandinas (KUMMER, 2005).

Efeitos Anti-inflamatórios: Além de reduzir a síntese de mediadores

eicosanoides, o ácido acetilsalicílico também interferem nos mediadores químicos do

sistema da calicreína. Em consequência o ácido acetilsalicílico inibe a aderência dos

granulócitos á vasculatura lesada, estabiliza os lisossomas e inibe a migração dos

leucócitos polimorfonucleares e macrófagos para o local da inflamação.

Efeitos Analségicos: O ácido acetilsalicílico é de suma eficácia para reduzir

a dor de intensidade leve a moderada. O fármaco alivia a dor de várias causas,

como a de origem muscular, vascular e dentária, da artrite e da bursite.

Efeitos Antitérmicos: Reduz a temperatura corporal elevada, enquanto a

temperatura normal é apenas ligeiramente afetada. A queda na temperatura está

relacionada a um aumento da dissipação de calor causado pela vasodilatação dos

vasos sanguíneos superficiais. A antipirese deve ser acompanhada de sudorese

profusa. O ácido acetilsalicílico bloqueia tanto a produção de prostaglandinas

induzida por pirógenos quanto a resposta do Sistema Nervoso Central (SNC) á

interleucinas-1, por conseguinte, o fármaco pode reajustar o “controle da

temperatura” no hipotálamo, facilitando, assim, a dissipação de calor por

vasodilatação (KATZUNG, 1994).

As plaquetas sanguíneas são ativadas e se agregam em resposta à libertação

de tromboxano A2, presente em seus grânulos. O ácido acetilsalicílico é

particularmente eficaz em inibir a produção de tromboxano A2, resultando na

diminuição da tendência de agregação plaquetar. Esse é o primeiro passo na

formação de trombos arteriais; logo, o ácido acetilsalicílico diminui esses eventos. O

efeito antiagregante plaquetário do ácido acetilsalecílico está relacionado com a

capacidade do composto agir como um dado de acetil à membrana da plaqueta. O

ácido acetilsalecílico afeta a função das plaquetas inibindo a COX e impedindo

desse modo a formação do tromboxano A2 (agente agregante). Esta ação é

irreversível e os efeitos persistem durante a vida das plaquetas expostas. O ácido

acetilsalicílico pode também inibir a formação de prostaciclinas (prostaglandina I2),

que são inibidores da agregação plaquetária nos vasos sanguíneos — esta ação, no

entanto, é reversível. Estas ações podem ser dose-dependentes; contudo, há

Page 23: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

22

evidências de que doses inferiores a 100 mg por dia podem não inibir a síntese de

prostaciclinas (KUMMER, 2005).

3.1.2 Interações Medicamentosas

Os fármacos que aumentam a intoxicação por salicilato incluem a

acetazolamida e o cloreto de amônio. O álcool aumenta o sangramento

gastrointestinal provocado pelo salicilato. O ácido acetilsalicílico desloca vários

fármacos de seus sítios de ligação ás proteínas do sangue. Estes fármacos incluem

tolbutamida, clorpropamida, AINES, metotrexato, fenitoína, e probenecida. Os

corticosteroides podem diminuir a concentração do salicilato. O ácido acetilsalicílico

reduz a atividade farmacológica da espironolactona, compete com a penicilina G

pela secreção tubular renal e inibe o efeito uricosúrico da sulfimpirazona e da

probenecida (KATZUNG, 1994).

3.1.3 Efeitos adversos

Desconforto epigástrico – náuseas - vômitos – em infecções virais pode

provocar em crianças menores de 2 anos a Síndrome de Reye, que consiste em

hepatite fulminante associada a edema cerebral que pode levar ao óbito. (Usar em

crianças o paracetamol). O ácido acetilsalicílico é absorvido principalmente no meio

ácido do estômago. Não pode utilizar em pacientes hemofílicos ou que usam

heparina ou anticoagulantes orais, devido a risco de hemorragias. A ingestão de

salicilatos causa o prolongamento do tempo de sangramento. Este efeito é devido a

acetilação irreversível da ciclooxigenaseplaquetária e à conseqüente redução da

formação de tromboxana A2. Para a restauração da agregação plaquetária é

necessária a produção de novas plaquetas contendo nova ciclooxigenase

(KUMMER, 2005).

Deve-se tomar cuidado ao empregar os salicilatos em pacientes que

apresentem lesões hepáticas, hipoprotrombinemia, deficiência de vitamina K,

Page 24: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

23

hemofilia ou quando tomam anticoagulantes orais. A inibição da hemostasia

plaquetária pode resultar em hemorragia severa. Devido a possibilidade da

trombocitopenia (diminuição da quantidade de plaquetas), e, risco de hemorragia, os

salicilatos não devem ser administrados a pacientes que estejam com a suspeita da

doença Dengue.

Em homens, principalmente com idade superior a 30 anos tem ocorrido alguns

casos de idiossincrasia com a aspirina como a crise asmática, embora ainda seja

explicado estemecanismo, possivelmente, pode estar relacionado ao fato das

prostaglandinas (principalmente a prostaciclina) sejam potentes broncodilatadores,

ação inibida pelo AAS (OLIVEIRA, 2000).

3.2 Diclofenaco Sódico

Figura 2 - Estrutura química do Diclofenaco Sódico

Fonte: KOROLKOVAS, 1988.

3.2.1 Mecanismo de ação

Potente anti-inflamatório (mais do que a aspirina) – em casos agudos

dolorosos como artrite gotosa aguda, espondilite anquilosante e osteoartrite coxo-

femural, controle da dor associada auveíte e/ou pós-operatório de cirurgia

oftalmológica. Em neonatos prematuros a indometacina tem sido utilizada para

acelerar o fechamento do ducto arterioso patente. Geralmente, não deve usado para

Page 25: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

24

baixar a febre, exceto quando a febre é refratária a outros antipiréticos como na

Doença de Hodgkin). A via de administração é oral ou retal (P.R.VADE-MÉCUM,

2009).

O diclofenaco é um potente inibidor da ciclooxigenase com potência bem maior

do que a do naproxeno, da indometacina e de outras drogas do grupo. Possui

excelentes atividades anti-inflamatórias, analségicas e antipiréticas. Como anti-

inflamatório tem apresentado excelentes resultados no tratamento de afecções

reumáticas inflamatórias e degenerativas, como na artrite reumatoide, osteoartrite,

espondiloartrites e na espondilite anquilosante. Como analségico, tem sido

largamente empregado nas dores da coluna vertebral, na dor pós traumática aguda,

na dor pós-operatória e dismenorreia(OLIVEIRA, 2009).

3.2.2 Interações e contra-indicações

O diclofenaco pode elevar as concentrações plasmáticas de lítio, digoxina e

metotrexato, quando administrados conjuntamente. O uso concomitante com

diuréticos poupadores de potássio pode estar associado a elevação dos níveis

séricos de potássio. O diclofenaco, quando administrados em elevadas doses,

promove inibição da agregação plaquetária, exigindo precaução a sua associação

com outros antiagregantes plaquetários.

As contra-indicações são semelhantes as dos demais fármacos do grupo. A

não deve ser administradas em hepatopatas, crianças, gestantes e nem em

mulheres no período de amamentação (SILVA, 2006).

Page 26: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

25

3.3 Nimesulida

Figura 3 – Estrutura química da Nimesulida

Fonte: CREGHI, 2002.

3.3.1 Mecanismo de ação

A nimesulida ou nimesulide é um medicamento da classe dos anti-

inflamatórios não esteróides (AINES), que atua através da inibição da enzima

ciclooxigenase e, consequentemente, da cascata do ácido araquidónico, que é

responsável pela síntese de substâncias envolvidas na inflamação, tais como as

prostaglandinas. Desta forma, a nimesulida combate os processos inflamatórios, as

dores e a febre. O fármaco possui um modo de ação particular, pois a sua atividade

anti-inflamatória envolve vários mecanismos. É um inibidor seletivo da enzima que

sintetiza as prostaglandinas na cascata do ácido araquidónico, a ciclooxigenase

(COX). A nimesulida inibiu, in vitro e in vivo, preferencialmente a COX-2, tendo uma

atividade mínima ao nível da COX-1. A nimesulida é um inibidor preferencial da

COX-2, dado que não é totalmente semelhante aos inibidores seletivos da COX-2,

pois tem muito menos afinidade para esta enzima (a afinidade para a COX-2 é 5 a

16 vezes superior relativamente à COX-1, enquanto a afinidade dos inibidores

seletivos é de 400-800 vezes superior) (WANNMACHER, 2004).

Além disso, a nimesulida demonstrou possuir muitas outras propriedades

bioquímicas que são as principais responsáveis por suas propriedades terapêuticas.

Estas incluem a inibição da fosfodiesterase (PDE) do tipo IV; redução da formação

Page 27: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

26

do anião superóxido (O2), e portanto inibição da produção de radicais livres de

oxigénio, que contribuem para a inflamação e dor; diminuição substancial da

atividade da via mieloperoxidase, que forma ácido hipocloroso, nos neutrófilos

ativados; inibição de proteínases (elastase, colagenase); prevenção da inativação do

inibidor da alfa-1-proteínase; inibição da libertação de histamina dos basófilos e

mastócitos e dos basófilos humanos; inibição da atividade dahistamina(KUMMER,

2005).

3.3.2 Indicações

È indicado nos estados flogísticos dolorosos e não-dolorosos acompanhados

ou não de febre, inclusive os relacionados ao aparelho osteoarticular. O produto

também é indicado para o tratamento de estados febris, nos processos inflamatórios

dolorosos das vias áereas superiores, na cefaléia, mialgias. È utilizado como

analségico e antipirético em diversos processos infecciosos, tais como: sinusite,

faringoamigdalites e otites (KATZUNG, 1994).

3.3.3 Interações medicamentosas

Não se aconselha a ingestão conjunta com paracetamol, ciclosporina,

compostos de ouro, medicamentos nefrotóxicos, devido a possibilidade do aumento

no risco de efeitos adversos renais. Também não se aconselha a ingestão conjunta

com álcool ou medicamentos como AAS, outros AINES, corticosteróides,

corticotrofina, suplementos de potássio, devido a possibilidade do aumento de risco

de efeitos adversos gastrintestinais. Com anticoagulantes orais,heparina, agentes

trombolíticos, colchina a possibilidade é de aumento no risco de sangramento

(P.R.VADE-MÉCUM, 2009).

Page 28: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

27

3.4 Meloxicam

Figura 4 - Estrutura química do Meloxicam

Fonte: CREGHI, 2002.

3.4.1 Mecanismo de ação

É um medicamento anti-inflamatório, destinado ao tratamento dos sintomas

da artrite reumatóide e da osteoartrite. Age inibindo a síntese de prostaglandinas,

que são mediadores da inflamação (CRAIG, 2005).

3.4.2 Indicações

O meloxicam encontra-se indicado no alívio sintomático da inflamação e dor de

intensidade ligeira a moderada, em doenças reumáticas e outras afecções musculos

equeléticas (P.R.VADE-MÉCUM, 2009).

Page 29: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

28

3.4.3 Interações Medicamentosas

Outros Inibidores das Prostaglandinas, incluindo glicocorticóides e salicilatos

(ácido acetilsalicílico): a administração simultânea de inibidores das prostaglandinas

pode aumentar o risco de úlceras e sangramentos gastrintestinais e não é

recomendada.

O uso concomitante de meloxicam com outros anti-inflamatórios não

esteroides não é recomendado.

Anticoagulantes orais, antiplaquetários, heparina parenteral, trombolíticose

Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina (ISRS): risco aumentado de

hemorragia.

O lítio: o uso concomitante com os anti-inflamatórios não-esteróides não é

recomendado pois pode provocar aumento da concentração de lítio no sangue até

níveis tóxicos.

O metotrexato: o uso concomitante com os anti-inflamatórios não-esteróides

pode provocar aumento da concentração do metotrexato no sangue e por esta razão

não é recomendado para os pacientes tratados com altas doses de metotrexato (>

15 mg/semana) e para os pacientes tratados com baixas doses de metotrexato e

com função renal comprometida.

Contracepção: há relatos de que os anti-inflamatórios diminuem a eficácia do

DIU (dispositivo intra-uterino).

Diuréticos: o tratamento concomitante com anti-inflamatórios é associado a

risco aumentado de insuficiência renal aguda em pacientes desidratados.

Anti-hipertensivos (beta- bloqueadores, inibidores da ECA, vasodilatadores,

diuréticos): há relatos de diminuição do efeito dos anti-hipertensivos no tratamento

com anti-inflamatórios (BRASIL, 2011).

Page 30: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

29

4 ANTI-INFLAMATÓRIOS ESTERÓIDES MAIS UTILIZADOS 4.1 Dexametasona

Figura 5 - Estrutura química da Dexametasona

Fonte: KOROLKOVAS, 1988.

4.1.1 Mecanismo de ação

A Dexametasona é um medicamento pertencente à classe dos

corticosteróides, atuando no controle da velocidade de síntese de proteínas. O efeito

principal deste medicamento é a profunda alteração promovida na resposta imune

linfocitária, devido à ação anti-inflamatória e imunossupressora, podendo prevenir ou

suprimir processos inflamatórios de várias naturezas (RANG, 2001).

Os corticosteróides exercem efeitos sobre quase todas as células,

influenciando o metabolismo proteico, lipídico e glucídico, o balanço

hidroelectrolítico, as funções cardiovasculares, renal, da musculatura esquelética, do

sistema nervoso e de praticamente todos os tecidos e órgãos. Desempenham um

papel importante na homeostasia dos estímulos nóxicos internos e externos.

Page 31: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

30

Os corticosteróides combinam-se com proteínas receptoras citosólicas e, a

seguir, esse complexo liga-se à cromatina no núcleo da célula. As RNA polimerases

são ativadas, e ocorre transcrição de mRNA específicos, resultando na síntese de

proteínas nos ribossomas. Muitas das ações dos glicocorticóides dependem da

síntese de proteínas, e deve-se pressupor que essas proteínas sejam elas enzimas

ou factores reguladores, controlam as funções celulares apropriadas que

determinam os efeitos farmacológicos anteriormente descritos (PEREIRA, 2008).

Algumas das ações anti-inflamatórias dos corticosteróides podem resultar dos

seus efeitos inibitórios sobre a síntese de prostaglandinas. Esse efeito também é

medido pela síntese de proteínas, visto que os corticosteróides induzem a síntese de

transcortina e macrocortina – proteínas que inibem a síntese de prostaglandinas

através da inibição da fosfolipase A2. As respostas mediadas por células podem ser

inibidas indirectamente pela inibição da produção de determinadas citocinas,

incluindo o fator necrosante tumoral e as interleucinas.

Os glicocorticóides exercem efeitos imunossupressores. Inibem as funções

dos linfócitos: as respostas das células B e das células T a antigénos são

suprimidas, com consequente comprometimento da imunidade tanto humoral como

celular (RANG, 2001).

4.1.2 Interações medicamentosas

O ácido acetilsalicílico deve ser utilizado cautelosamente em conjunção com

os corticosteróides na hipoprotrombinemia. A difenil-hidantoína (fenitoína), o

fenobarbital , a efedrina e a rifampicina podem acentuar a depuração metabólica dos

corticosteróides , suscitando redução dos níveis sanguíneos e diminuição de sua

atividade fisiológica, o que exigirá ajuste na posologia do corticosteróide. Essas

interações podem interferir nos testes de inibição da dexametasona, que deverão

ser interpretados com cautela durante a administração destas drogas (P.R.VADE-

MÉCUM, 2009).

O tempo de protrombina deve ser verificado frequentemente nos pacientes

que estejam recebendo simultaneamente corticosteroides e anticoagulantes

cumarínicos, dadas as referências de que os corticosteróides têm alterado a

Page 32: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

31

resposta a estes anticoagulantes. Estudos têm mostrado que o efeito usual da

adição dos corticosteróides é inibir a resposta aos cumarínicos, embora tenha

havido algumas referências conflitantes de potenciação, não-corroborada por

estudos (PEREIRA, 2008).

Quando os corticosteróides são administrados simultaneamente com

diuréticos espoliadores de potássio, os pacientes devem ser observados

estritamente quanto ao seu desenvolvimento de hipocalemia. Além disso, os

corticosteróides podem afetar os testes de nitroazultetrazol (NBT) para infecção

bacteriana, produzindo falsos resultados negativos (BRASIL, 2011).

4.2 Prednisona

Figura 6 - Estrutura química da Prednisona

Fonte: KOROLKOVAS, 1988.

A prednisona é um fármacocorticóide sintético que normalmente é

administrada oralmente, mas pode ser administrada também através de injeção

intra-muscular e pode ser usada para um grande número de doenças diferentes.

Tem um efeito de glicocorticóide. Prednisona é convertida pelo fígado em

prednisolona que é a metabólito ativo e também um esteróide. É um potente

glicocorticóide de ação diminuta mineralocorticoide (BRASIL, 2011).

Page 33: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

32

4.2.1 Mecanismo de ação

O complexo receptor-glicocorticoide vai para o núcleo celular e provoca algumas

alterações no DNA, que estimulam ou reprimem determinadas sínteses de proteínas

dos órgãos. Altera assim a resposta imunológica e produção de mediadores de

inflamação (P.R.VADE-MÉCUM, 2009).

4.2.2 Indicações e contra-indicações

A prednisona é particularmente efetiva como imunossupressante e afeta tudo do

sistema imune. Então, pode ser usado em doenças auto-imunes, doenças

inflamatórias (como asma severa, dermatite de sumagre-venenoso severo, lúpus

eritematoso sistêmico, colite ulcerativa, artrite reumatóide, Doença de Crohn e

Sarcoidose), várias doenças renais inclusive síndrome nefrótica, e na preveção e

tratamento de rejeição em transplantes de órgãos. Prednisona também foi usada no

tratamento de cefaléias. É utilizada no tratamento da forma cutâneo-visceral de

loxocelismo (picada por "aranha-marrom", gênero Loxoceles).

As contra-indicações da prednisona são a existência de infecções sistêmicas por

fungos e reações de hipersensibilidade ao princípio ativo ou componentes da

fórmula que constitui o medicamento. Os médicos também fazem avaliação em

casos de doenças presentes como AIDS, hipertensão, diabetes, hipertireoidsmo,

entre outras (PEREIRA, 2008).

4.2.3 Interações Medicamentosas

O uso concomitante de fenobarbital, fenitoína, rifampicina ou efedrina pode

aumentar o metabolismo dos corticosteróides, reduzindo seus efeitos terapêuticos.

Pacientes em tratamento com corticosteróides e estrógenos devem ser observados

Page 34: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

33

em relação à exacerbação dos efeitos do corticosteroide (P.R.VADE-MÉCUM,

2009).

O uso concomitante de corticosteróides com diuréticos depletores de potássio

pode intensificar a hipopotassemia. O uso de corticosteróides com glicosídeos

cardíacos pode aumentar a possibilidade de arritmias ou de intoxicação digitálica

associada à hipopotassemia. Os corticosteróides podem potencializar a depleção de

potássio causada pela anfotericina B. Devem-se acompanhar com exames

laboratoriais (dosagem principalmente de potássio) todos os pacientes em

tratamento com associação desses medicamentos.

O uso de corticosteróides com anticoagulantes cumarínicos pode aumentar

ou diminuir os efeitos anticoagulantes, podendo haver necessidade de reajustes

posológicos.

Os efeitos dos anti-inflamatórios não-esteróides ou do álcool, somados aos

dos glicocorticóides, podem resultar em aumento da incidência ou gravidade de

úlceras gastrointestinais (BRASIL, 2009).

Os corticosteróides podem reduzir as concentrações plasmáticas de salicilato.

Nas hipoprotrombinemias, o ácido acetilsalicílico deverá ser usado com precaução,

quando associado aos corticosteróides.

Quando os corticosteróides forem indicados para diabéticos, poderão ser

necessários reajustes nos hipoglicemiantes (PEREIRA, 2008).

Page 35: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

34

5 OBJETIVOS

5.1 – OBJETIVO GERAL

Verificar o grau de conhecimento e a prática da automedicação no uso de

anti-inflamatórios na cidade de Ouroeste - SP.

5.2 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Verificar a automedicação com anti-inflamatórios nas drogarias da cidade de

Ouroeste-SP;

• Saber os motivos que levaram a população a se automedicar com anti-

inflamatórios;

• Avaliar se os clientes das drogarias em questão tem conhecimentos sobre os

riscos da automedicação com uso de anti-inflamatórios;

• conhecer os grupos farmacológicos mais utilizados na automedicação de anti-

inflamatórios.

Page 36: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

35

6 MATERIAL E MÉTODO

Aplicação de um questionário, estruturado (apêndice 1) em 10 pessoas (em

média) de ambos os sexos, por dia, durante trinta dias. A seleção dos entrevistados

foi realizada com pacientes acima de 21 anos que sofriam de doenças inflamatórias,

problemas gastrintestinais, hepáticos e renais prévios ao uso de AINES ou AIES. A

entrevista foi realizada no mês de setembro de 2011, em drogarias localizadas no

município de Ouroeste - SP.

Foram aplicados 300 questionários no balcão das drogarias, no momento da

compra dos medicamentos, e colhidas informações sobre a origem da prescrição,

compreensão do tratamento pelo paciente, sintomas relacionados ao uso do

medicamento e perfil de consumo de anti-inflamatórios, mantendo a

confidencialidade das mesmas.

Page 37: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

36

7 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os anti-inflamatórios citados variaram entre as classes farmacológicas AINES

e AIES, sendo os AINES os mais solicitados pelos pacientes.

Verificou-se que a automedicação é uma prática muito adotada pela

população estudada. Pela análise dos 300 questionários, observou-se que 195

pacientes (65%) se automedicam e 105 (35%) seguem o receituário médico ou

odontológico, dentre os que se automedicam 68% utilizam AINES e 32% AIES. Dos

entrevistados – dado confirmado por informações de balconistas da drogaria –, 26%

compram por indicação de amigos; 39%, por sugestão de familiares, e 35%, por

balconistas. Quanto à origem da prescrição, para 20% dos pesquisados, ela provém

de hospitais públicos; 12%, de hospitais particulares; 66%, de postos de saúde, e

2%, de consultórios odontológicos .

Quanto ao perfil, os prescritores de anti-inflamatórios são médicos 98% e

dentistas 2%.

Durante o uso de anti-inflamatórios, os pacientes relataram os seguintes

sintomas: Inflamação na garganta 42%, Dor de Reumática 32%, Dor de cabeça

16%, Febre 8% e Asma 2%.

Dos usuários 73% já tinham feito uso do medicamento, enquanto 27% nunca

tinham feito o uso do medicamento.

Um outro levantamento foi se o medicamento já havia causado algum efeito

adverso como: Dor estomacal 41%, Náuseas 35%, Inchaço 14%, Alergia 5% e Dor

de cabeça5%.

Observou-se pela pesquisa, um consumo maior de anti-inflamatórios por parte

das mulheres 56%, em relação aos homens 44%. Quanto a idade, verifica-se maior

freqüência entre 20 e 40 anos e de 60 a 65 anos respectivamente

Entre os AINES mais prescritos podemos citar: nimesulida (92 prescrições)

30,7%, diclofenaco sódico (78) 26%, Ácido acetilsalicílico(40) 13,3% e meloxicam

(33) 11%. Os AIES mais prescritos são dexametasona (30) 10% e prednisona (27)

9%.

Page 38: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

37

Figura 7 -Sexo dos entrevistados.

Fonte: Elaboração própria.

Observou-se pela pesquisa, um consumo maior de anti-inflamatórios por parte

das mulheres 56%, em relação aos homens 44%.

Esta figura concorda com vários estudos, pois eles também nos mostra dados

no qual a mulher sempre acaba consumindo mais medicamentos que os homens,

independente de sua classe farmacológica (PERREIRA, 2008).

Figura 8 - Obteve o anti-inflamatório com prescrição médica?

Fonte: Elaboração própria

Homens44%

Mulheres56% Homens

Mulheres

Sim35%

Não65%

Sim

Não

Page 39: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

38

Essa figura traz um resultado alarmante, uma vez que 65,0% dos

entrevistados usam anti-inflamatórios sem prescrição médica.

Os dados apresentados demonstram que, de acordo com a pesquisa realizada

nas drogarías em questão, o consumo de anti-inflamatórios é freqüente. A

automedicação superou a venda sob prescrição, fato preocupante do ponto de vista

da saúde pública, posto que a população pode não estar ciente da posologia, dos

efeitos adversos e das possíveis interações com outros fármacos ou alimentos. Isso

pode vir a ocasionar intoxicação ou doenças secundárias ao tratamento. No

mercado mundial de medicamentos, o Brasil aparece entre os dez países, comum a

característica marcante: a automedicação, em razão do fácil acesso da população

aos mais variados tipos de medicamentos, principalmente pela compra direta em

farmácias e drogarias (ALONZO; CORRÊA; ZAMBRONE, 2001).

Figura 9 – Qual a classe de anti-inflamatórios escolhidas pelos que se automedicam?

Fonte: Elaboração própria

Nesta Figura é possível observar que dentre os que se automedicam,

68% escolheram a classe dos AINES, enquanto 32% os AIES.

Isso acontece, pois os AINES são medicamentos de primeira escolha, porque

tratam de inflamações agudas, ou seja, de evolução rápida, e acabam causando

menos efeitos indesejáveis que os AIES (GREGHI, 2002).

68%

32%

AINES

AIES

Page 40: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

39

Nos Estados Unidos, o uso de AINES representa mais de cem mil

hospitalizações anuais relativas, com mortalidade de 5 a 10%, tornando -se sério

problema de saúde pública, se comparado com outras causas importantes de

mortalidade (CORREA, 2003).

Figura 10 - Adquiriu o medicamento por sugestão de quem?

Fonte: Elaboração própria.

Os dados da figura acima relatam que as maiorias das pessoas não obtiveram

orientação, adquiriram o medicamento por meio de sugestões de familiares, 39%,

balconistas, 35% e amigos com 26%.

È muito importante ressaltar esse dado, pois os familiares acabam

influenciando na compra de medicamentos anti-inflamatórios, por já terem feito uso

do mesmo e acharem que indicando para o familiar que está precisando do anti-

inflamatório, este vai surtir o mesmo efeito.

Como se pôde observar, os balconistas também influenciam na compra do

medicamento, uma vez que são procurados pelos pacientes que se queixam da falta

de acesso aos hospitais e postos de saúde. Embora conhecidos como

medicamentos seguros e eficazes dados de vários países demonstram que os

26%

39%

35% Amigos

Familiares Balconiistas

Balconistas

Page 41: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

40

AINES são responsáveis por grande parte dos atendimentos nos centros de controle

de intoxicações, com perfis característicos determinados pelas diferenças

geográficas, sociais, econômicas e sociais (ALONZO; CORRÊA; ZAMBRONE,

2001).

Figura 11 - Prescritores

Fonte: Elaboração própria

Dos entrevistados que obtinham receita médica na hora da compra, 98% dos

anti-inflamatórios eram prescritos por médicos, enquanto 2% eram por dentistas.

98%

2%

Médicos

Dentistas

Page 42: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

41

Figura12 - Origem da prescrição.

Fonte: Elaboração própria

Nesta figura é possível observar que a origem da prescrição advêm de

Postos de Saúde, 66%, seguido por Hospitais Públicos, 20%, Hospitais Particulares,

12% e Consultórios Odontológicos, 2%.

Esses dados confirmam com o perfil da cidade onde foi feito o estudo, pois a

mesma, só conta com um Posto de Saúde e um Hospital Público para atendimentos

de seus munícipes.

2%

12%

20%

66%

Consultórios odontológicos

Hospitais particulares

Hospitais públicos

Postos de saúde

Page 43: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

42

Figura 13 – Quais os anti-inflamatórios mais utilizados?

Fonte: Elaboração própria

Analisou – se que quatro tipos de anti-inflamatórios não-esteróides são mais

consumidos, entre eles 31% de Nimesulida, 26% de Diclofenaco Sódico, 13% de

AAS, 11% de Meloxicam, entre os AIES com menos frequência de uso pelos

entrevistados estão: 10% de Dexametasona e 9% de Prednisona.

Podemos ressaltar que o anti-inflamatório nimesulida nem faz parte da

Rename (Relação Nacional de Medicamentos Essenciais),e que existem outros anti-

inflamatórios no mercado que também são inibidores seletivos da Cox-2, sendo

anti-inflamatórios mais potentes e causando menos efeitos adversos que a

nimesulida, podemos citar entre eles o ibuprofeno, que nem foi citado na pesquisa, e

o meloxicam que entre os AINES citados, ocupou o último lugar.

Segundo BRICKS (1998), a escolha dos medicamentos varia de região para

região e também de acordo com a época e os conhecimentos sobre seus riscos e

benefícios. Até meados da década de 70, o ácido acetilsalisílico (AAS) era o AINE

mais utilizado em todo o mundo; porém, após ter sido revelada a associação entre

uso de AAS e síndrome de Reye, o AAS deixou de ser utilizado nos EUA, Canadá e

em diversos países da Europa, sendo substituído pelo acetaminofeno ou ibuprofeno.

31%

26%

13%

11%

10%9%

Nimesulida

Diclofenaco Sódico

AAS

Meloxicam

Dexametasona

Prednisona

Page 44: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

43

Figura 14 – Qual as causas do uso anti-inflamatórios?

Fonte: Elaboração própria

A figura demonstra que a ocasião mais comum do uso de anti-inflamatórios é

a inflamação de garganta (42,0%).

A inflamação de garganta pode surgir como sintomas ou no curso de várias

doenças. Na maior parte das vezes, elas são leves e passageiras, mas podem em

algumas situações, se tornarem bastante intensas necessitando de tratamentos

mais intensivos.

No caso de inflamações de garganta leves são utilizados os anti-inflamatórios

não – esteroides (AINES), pois são inflamações agudas , de evolução rápida e curta

duração, já para dor reumática são utilizados AIES, pois a dor é caracterizada como

inflamação crônica, ou seja, de evolução lenta e de duração mais pronlogada

(LEMES, 2010).

42%

32%

16%

8%

2%

Inflamação de garganta

Dor reumática

Dor de cabeça

Febre

Asma

Page 45: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

44

Figura 15 – O medicamento causou algum tipo de efeito adverso?

Fonte: Elaboração própria

Nessa figura é possível observar que dos entrevistados que já tinham feito

uso de anti-inflamatórios, todos tiveram algum tipo de efeito adverso, em sua maioria

dor estomacal com 41%.

Esses dados concordam com que as bulas desses medicamentos dizem, pois

um efeito adverso comum entre todos os anti-inflamatórios presente no mercado

nacional são os distúrbios gastrintestinais, ou seja, dor estomacal.

O uso concomitante de anti-inflamatórios e analgésicos pode causar

hemorragias gastrintestinais, além de uma eventual nefrite capaz de progredir para

insuficiência renal (LEMES, 2001).

Os AINES são drogas seguras se administradas com indicação médica. O

problema é que esta talvez seja a clase de drogas mais auto-prescrita pela

população. Existem inúmeros efeitos adversos e interações com outros

medicamentos que devem ser levados em conta antes de tomá-lo.

A idade é considerada um dos fatores de risco mais importantes; pacientes

commais de 60 anos são mais suscetíveis a complicações sérias. O aumento do

risco acompanha, linearmente, o da idade (ZATERKA, 2000).

41%

35%

5%

14%5%

Dor estomacal

Náuseas

Alergia

Inchaço

Dor de cabeça

Page 46: Estudo do uso de anti inflamatórios em drogarias de

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8 CONCLUSÃO

Com os dados dessa pesquisa foram identificados problemas que sem dúvida

são relevantes na utilização de anti-inflamatórios, onde estes são dispensados sem

receituário médico e que a automedicação, comum, é incentivada por sugestão de

balconistas, de familiares e de amigos.

Verificou-se também que o uso incorreto de medicamentos é prejudicial tanto

para o paciente quanto para o próprio sistema de saúde, uma vez que pode gerar

novas doenças que precisarão de outros tratamentos.

É possível verificar ainda que o farmacéutico realizando corretamente a atenção

farmacêutica, e o médico prescrevendo o medicamento correto, a automedicação

será diminuida.

È muito importante que o profissional farmacêutico possa participar ativamente

da atenção farmacéutica, e zelando pelo uso racional, porém, nem sempre o

profissional sente-se apto para discutir com o médico e opinar na escolha do

medicamento correto, ou alterar a posología, tempo de tratamento e plano

terapéutico.

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46

9 CONSIDERAÇÃO FINAL

Cabe ao farmacéutico promover ações que visa o uso racional do medicamento.

A atenção farmacêutica faz toda diferença na eficácia do tratamento e evita o

consumo desenfreado do medicamento e o mito da cura milagrosa.

È necessário, de acordo com os dados obtidos neste estudo, uma ação do

farmacêutico, visando principalmente a informação desta classe de medicamentos

(AINE e AIE), aos pacientes e/ou pessoas que possam adquiri-los.

.

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47

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APÊNDICE

APÊNDICE I – Questionário

Este questionário é acadêmico, se trata do uso de anti-inflamatórios. Todas as informações são confidenciais. Você não precisa se identificar.

1- Idade:

( ) Entre 21 e 40 anos ( ) 41 anos ou mais

2- Sexo:

( ) Masculino ( ) Feminino

3- Qual medicamento anti-inflamatório que está procurando? R -

( )Esteróides( ) Não-esteróides

4- Para qual sintomas esta procurando o medicamento citado acima? ( ) Dor de cabeça ( ) Inflamação de garganta ( ) Febre

( ) Dor reumática ( ) Ferimentos ( ) Outros

5- – Já faz uso desse medicamento?

( )Sim ( ) Não

6- Esse medicamento já te causou algum mal-estar?

( ) Sim ( ) Não

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7- Qual?

( )Dor estomacal ( )Náuseas ( ) Alergia ( ) Vômito ( ) Inchaço ( ) Dor de cabeça ( ) Outros

8- Foi prescrito pelo médico?

( ) Sim ( ) Não 9- Sabe quais as reações que esse medicamento pode causar?

( ) Sim ( ) Não