estudo do espectro de h e na - astro.sunysb.edu · ,n = 4,5,... (13) onde as letras s, p, d e f...

7
RH =1.105(3) · 10 7 m -1 RNa =1.1094(13) · 10 7 m -1 R =1.09677576(12) · 10 7 m -1 P = -13.7002(12)eV P = -13.6057eV s = -1.350(15) s = -1.37 PNa =5.05(11)eV -5.1208eV ¯ h E = - m e Z 2 e 4 (4π 0 ) 2 h 2 1 n 2 n =1, 2 ... m e E = ν = c λ ΔE = m e Z 2 e 4 (4π 0 ) 2 h 2 1 n 2 f - 1 n 2 i λ ν = 1 λ = R H 1 n 2 f - 1 n 2 i

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Estudo do Espectro de H e Na

Marques, F. Padilha, A.C.M. Steinkirch, M.D.T.V.

Tubero, R.A.

Instituto de Física da Universidade de São Paulo

28 de agosto de 2006

Resumo

Os espectros de emissão e de absorção são característicos das substâncias, sendo usados para a suaidenti�cação. Tais espectros são o resultado de transições entre diferentes estados estacionários dosátomos ou moléculas, sendo emitidas ou absorvidas, simultaneamente, ondas electromagnéticas. Dessaforma, esse experimento teve como objetivo o estudo do espectro de emissão do hidrogênio e do sódio,utilizando o espectro do mercúrio para calibração. A obtenção se deu por meio de um espectrógrafode rede difração, que separa a luz incidente nos diversos comprimentos de onda constituintes. Alémdisso, utilizou-se lâmpadas de H, Na e Hg, �lmes virgens para registrar o espectro e um projetor dediapositivos para determinação de distâncias entre as linhas. Obteve-se o valor para algumas linhas doespectro do hidrogênio e do sódio, e calculou-se o valor da constante de Rydberg, utilizando o hidrogênio,RH = 1.105(3) · 107m−1, utilizando o sódio, na série difusa, RNa = 1.1094(13) · 107m−1. Os valoresobtidos foram compatíveis com o valor nominal, R = 1.09677576(12) · 107m−1. Obteve-se o potencialde ionização do hidrogênio P = −13.7002(12)eV , próximo ao valor nominal P = −13.6057eV . Emsequência, foi calculado o valor para o defeito quântico da série nítida (sharp) s = −1.350(15) parao sódio, sendo o valor nominal s = −1.37 e o potencial de ionização do sódio, PNa = 5.05(11)eV ,compatível em uma incerteza com o valor teórico, também calculado, igual a −5.1208eV . Por �m,construiu-se os diagramas de energia do hidrogênio e do sódio, e, no caso do sódio, observou-se asregras de transição, validando o modelo teórico utilizado.

1 Introdução

Hoje em dia, a espectroscopia vem desempenhandoum papel muito importante nos estudos da física,já que pode-se utilizá-la na análise e identi�caçãode substâncias. Um exemplo disso ocorre no es-tudo de estrelas, já que pode-se estudar suas com-posições analisando a luz que chega na terra. Sabe-mos que um gás, ao ser excitado pela passagem decorrente elétrica, por exemplo, emite luz. Ao seranalisada em um espectrógrafo, essa luz se mostraconstituída de diversos comprimentos de onda dis-cretos e bem de�nidos, que são característicos doelemento emissor. Para esse estudo, pode-se con-siderar que a radiação emitida é característica dosátomos ou molécula individuais, já quem em umgás estes estão bem afastados entre si. O mod-elo de Bohr para o átomo de Hidrogênio postula aquantização do momento angular orbital L de umelétron, de modo que esse seja um múltiplo inteiro

de h̄, e o que implica na quantização da energiatotal E desse elétron, de acordo com 1[3].

E = − meZ2e4

(4πε0)22h̄2

1n2

n = 1, 2 . . . (1)

onde me é a massa do elétron, Z é o númeroatômico, e é a carga elementar e n é o númeroquântico principal. Substituindo em 1 a equaçãode Einstein E = hν, onde ν = c

λ é a frequência,pode-se expressar a diferença entre dois níveis deenergia pela equação 2.

∆E =meZ

2e4

(4πε0)22h̄2

(1n2

f

− 1n2

i

)(2)

que pode ser escrita em função do comprimentode onda λ como:

ν′ =1λ

= RH

[1n2

f

− 1n2

i

](3)

1

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onde RH é a constante de Rydberg. Transiçõesde órbita de um elétron para diferentes níveis re-sultam em diferentes séries no espectro. Por exem-plo, considerando-se o átomo de hidrogênio, paranf = 1 tem-se a série de Lyman, para nf = 2 tem-se a série de Balmer e, para outros valores de nf ,outras séries como se mostra a seguir:

• Série de Lyman (ultravioleta)

ν′ =1λ

= RH

[112− 1

n2

], n = 2, 3, 4, ... (4)

• Série de Balmer (visível e ultravioleta)

ν′ =1λ

= RH

[122− 1

n2

], n = 3, 4, 5, ... (5)

• Série de Paschen (infravermelho)

ν′ =1λ

= RH

[132− 1

n2

], n = 4, 5, 6, ... (6)

• Série de Brackett (infravermelho)

ν′ =1λ

= RH

[142− 1

n2

], n = 5, 6, 7, ... (7)

• Série de Pfund (infravermelho)

ν′ =1λ

= RH

[142− 1

n2

], n = 6, 7, 8, ... (8)

Neste experimento enfatizou-se o estudo da sériede Balmer, pois os comprimentos de onda associa-dos a ela encontram-se na região do visível. Comisso, os comprimentos de onda podem ser determi-nados experimentalmente por meio de uma rede dedifração ou prisma de onde obtém-se o espectro doátomo.Outro conceito importante é o do potencial de

ionização, que é a energia mínima para que umelétron da camada mais interna do átomo seja ion-izado. Da equação 1, obtem-se, com n = 1, para oátomo de hidrogênio, o valor teórico do potencial:−13.6057eV . Além disso, considerando as equações2 e 3 e tomando o limite em que nf →∞ o poten-cial de ionização pode ser calculado como:

P = hcRH (9)

Os demais elementos da tabela periódica pos-suem uma estrutura eletrônica mais complexa queo hidrogênio (com poucas excessões, como no casodo He+ e do Li2+, por possuírem mais elétronse prótons. Porém, os metais alcalinos, que pos-suem somente um elétron na camada eletrônicamais externa (ou camada de valência) e têm osoutros níveis eletrônicos mais internos totalmentepreenchidos, podem ser idealizados como um átomosemelhante ao hidrogênio. Dessa maneira, seu nú-cleo e elétrons mais internos podem ser encara-dos como um 'núcleo' de um átomo que possui so-mente um elétron. Nesse modelo, porém, há al-gumas correções, já que os elétrons mais internosdeste átomo idealizado interagem com o elétronmais interno, e, dessa forma, há uma pequena so-breposição das funções de onda destes dentro doátomo, criando um comportamento que se diferen-cia do hidrogênio. Para explicar a estrutura desteátomo, assim como as suas transições eletrônicas,a fórmula proposta por Rydberg para o átomo dehidrogênio pode ser utilizada com algumas alter-ações que levam em consideração as interações en-tre seus elétrons. Como estes átomos apresentamuma estrutura interna mais complexa, os espectrosobtidos apresentam diversas séries, que são expli-cadas pelas quatro fórmulas de Rydberg modi�-cadas a seguir.

• Série principal

ν′ = R

[1

(3 + s)2− 1

(n + p)2

], n = 3, 4, ...

(10)

• Série nítida (Sharp)

ν′ = R

[1

(3 + p)2− 1

(n + s)2

], n = 4, 5, ...

(11)

• Série Difusa

ν′ = R

[1

(3 + p)2− 1

(n + d)2

], n = 3, 4, ...

(12)

• Série fundamental

ν′ = R

[1

(3 + f)2− 1

(n + f)2

], n = 4, 5, ...

(13)

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onde as letras s, p, d e f são os números quânticos lrespectivos aos subníveis energéticos do átomo emquestão e nestas fórmulas, referem-se à correção domodelo, sendo também chamados de defeitos quân-ticos, dados por

n. quântico subnível atômico defeito quântico0 s -1,371 p -0,872 d -0,013 f 0,00

Tabela 1: Tabela com os números quânticos de cadasubnível atômico e seus respectivos defeitos quân-ticos.

Pode-se notar que à medida que l aumenta, odefeito quântico diminui. Isto pode ser explicadolevando-se em conta que os subníveis atômicos ap-resentam uma superposição entre si, e quanto maisexternos ao átomo forem os subníveis, menor seráesta superposição. Quanto menor a superposição,menor será a in�uência dos elétrons internos sobreo elétron mais externo e mais próximo do compor-tamento do hidrogênio estará o átomo em questão.

2 Descrição Experimental

Para o estudo do espectro do hidrogênio e do sódio,utilizando um modelo de calibração dado pelo con-hecido espectro do mercúrio, utilizou-se lâmpadasde hidrogênio, sódio e mercúrio, e um espectrógrafode rede de difração que decompõe a luz formandoo espectro de emissão. Para registrar os espectrosforam utilizados �lmes fotográ�cos virgens e, paraque as posições fossem determinadas, utilizou-seum projetor de diapositivos, cuja incerteza asso-ciada foi de 0.01 mm. O modelo do espectrógrafode rede de difração utilizado é mostrado pela �gura1.A partir de uma fenda ajustável do espectró-

grafo, (F) a qual se era permitido determinar maiorou menor intensidade luminosa, correspondendo auma maior ou menor largura das linhas de emis-são das lâmpadas à sua frente, a luz era re�etidaem um espelho plano (E1) e logo após, em um es-pelho esférico (E2). Deste espelho, a luz era desvi-ada em direção à rede de difração (R) que separavaas raias, formando o espectro de emissão do ele-mento em questão. Este espectro era re�etido num

Figura 1: Espectrógrafo de rede de difração.

espelho esférico (E3) e �nalmente era registradoem um �lme, preso em um cassete localizado em(C). Com a utilização do diafragma de Hartmann,foi possível que em um mesmo �lme fossem reg-istrados mais de um espectro, pois este dispositivopermitia um deslocamento dos espectros registra-dos no �lme fotográ�co. Os primeiros �lmes fo-tográ�cos foram utilizados para estimar o tempode exposição necessário para cada uma das lâm-padas utilizadas, assim como a largura da fenda naqual os espectros �cassem com a melhor de�niçãopossível. Como o dispositivo de ajuste da largurada fenda não fornecia uma leitura con�ável, mesmotendo marcações semelhantes a de um micrômetromecânico, as fendas foram estimadas observando-se as raias formadas num papel vegetal e somenteo número de voltas do dispositivo de ajuste. Emseguida, os tempos foram determinados, sendo en-tão 2 minutos para a lâmpada de mercúrio, 4 minu-tos para a lâmpada de hidrogênio e para a lâmpadade sódio, dois tempos foram utilizados: 16 minutospara a exposição longa, do qual se esperava obteras raias mais fracas de emissão deste elemento e16 segundos para a exposição curta, da qual eraalmejado obter somente a raia mais intensa do só-dio, caracterizada por um amarelo intenso (o só-dio possui duas linhas com intensidades muito su-periores às outras, e, dessa maneira, essas linhasforam obtidas em espectro adicional de curta ex-posição). Sabendo-se os tempos de exposição apro-priados para cada lâmpada, os espectros do sódio edo hidrogênio foram obtidos acompanhados do es-pectro do mercúrio, que era a referência. Os �lmesforam então revelados e a seguir escaneados, paraa análise no software apropriado [1].

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3 Resultado e Análise

3.1 Análise do Espectro do

Hidrogênio

Inicialmente, para analisar os espectros do H (e, damesma forma, posteriormente, o do Na), contruiu-se[4] uma curva de calibração com o espectro domercúrio (�gura 3 e tabela 2). A obtenção dos val-ores das distâncias das linhas de emissão do mer-cúrio se fez com o auxílio do editor de imagensImagemJ[1], a partir da contagem de pixels (e con-vertendo para milímetros) entre as linhas do �lmedo hidrogênio, escaneado, conforme a �gura 2.

Figura 2: Filme com o espectro do Hidrogênio e doMercúrio.

Assim, a partir dessa relação, obteve-se a funçãode calibração, da qual, o melhor ajuste foi umafunção linear, de acordo com a �gura 3, e de ondefoi possível medir os comprimentos de onda do es-pectro do hidrogênio, conforme os valores da tabela3.

Figura 3: Função de Calibração do Espectro doMercúrio, para o hidrogênio.

À seguir, no mesmo software[1], as distâncias en-tre as raias do hidrogênio foram obtidas, possibil-itando, então, conhecer os comprimentos de ondasdo espectro do hidrogênio e compará-los com osvalores nominais, de acordo com a tabela 3.

Y = A + B * XA (Å) 6711(7)

B (Å/mm) 43.36(16)

Tabela 2: Função linear de calibração do mercúrio,para o hidrogênio.

H Dist. H λ Calculado λ Nominal

Hα 2.80 (17) mm 6590(10) A 6563 AHβ 42.80 (21) mm 4855(13) A 4861 AHγ 54.80 (12) mm 4335(12) A 4340 AHσ 60.16 (9) mm 4103(13) A 4102 AHε 63.28 (24) mm 3967(16) A 3970 AHϕ 65.20 (36) mm 3884(20) A 3889 A

Tabela 3: Tabela com os comprimento de ondasobtidos do Hidrogênio.

À partir desses valores e pela equação 3, traçou-se o grá�co de determinação da constante de Ryd-berg, que é o coe�ciente linear do grá�co 4: RH =1.105(3) · 107m−1, de forma que o valor nominal éR = 1.09677576(12) · 107m−1.

Figura 4: Determinação da constante de Rydberg.

E, �nalmente, à partir da equação9, tomando c = 2.999792458.108m/s eh = 4.13566743(35).10−15eV.s determinou-se o potencial de ionização do hidrogênio,P = −13.7002(12)eV , que apresentou-se próximodo valor nominal P = −13.6057eV , de acordo coma equação 9.Em seguida, de 3, temos 14, de onde se obteve os

valores dos níveis de energia do hidrogênio, tabela4, e se construiu o diagrama de níveis de energia,

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�gura 5.

∆E = hcRH

[1n2

f

− 1n2

i

]= P

[1n2

f

− 1n2

i

](14)

n ∆E(eV )n = 1 ∆E(eV )n = 28 13.4955 3.2137 13.4359 3.1476 13.3289 3.0475 13.1613 2.8794 12.8529 2.5713 12.1864 1.904

Tabela 4: Energias na Série de Lyman e Balmer.

Figura 5: Diagrama de energias obtidas experimen-talmente para o hidrogênio.

3.2 Análise do Espectro do Sódio

Para a análise do espectro do sódio, foram reve-lado três �lmes, a�m de obter aquele com a melhorobservação das raias (�guras 6 e 7).A obtenção dos valores das distâncias das linhas

de emissão do mercúrio se fez mais uma vez comeditor de imagens ImagemJ[1]. A seguir, obteve-sea função de calibração, da qual, o melhor ajuste foiuma função linear, de acordo com a �gura 8 e atabela 5.

3.2.1 Série Difusa

Nesta etapa, fez-se uma aproximação para o defeitoquântico desta série µd = 0. Este valor estava próx-

Figura 6: Os dois primeiros �lmes revelados para oespectro do Sódio e do Mercúrio.

Figura 7: Filmes com o espectro do Sódio e doMercúrio.

imo do valor nominal que era µd = −0, 01. Comessa aproximação, pôde-se plotar o grá�co de ν′ emfunção de 1

n2 e ajustar uma reta aos pontos, comovisto na �gura 9. De acordo com a equação 12 comd = 0.00, os coe�cientes linear e angular do ajustedavam respectivamente R

(3+p)2 e R.Assim, os valores obtidos do ajuste podem ser

observados a seguir:

R = −1.109(13) · 107

R

(3 + p)2= 2.4529(54) · 106

O valor da constante de Rydberg obtida a par-tir do ajuste no grá�co 12 apresentou-se próximotanto com o valor obtido a partir das medidas doespectro do hidrogênio quanto com o valor nominal,conforme visto na seção 3.1.

3.2.2 Série Sharp

Como tanto na equação 11 quanto na equação 12 oprimeiro termo foi igual, e conhecendo-se os valoresde n para cada valor de ν′ assim como o valor de

R(3+p)2 , pôde-se rearranjar a equação 11 de modoque o valor do defeito quântico correspondente àtransição 3s - np pudesse ser obtido. A equaçãoutilizada foi

s =

√R

R(3+p)2 − ν′

− n (15)

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Figura 8: Função de Calibração do Espectro doMercurio para o Sódio.

Y = A + B * XA (Å) 2971.6(2)

B (Å/mm) 44.03(07)

Tabela 5: Função linear de calibração do mercúrio,para o sódio.

Como haviam somente três raias correspondentesà série sharp no espectro , três valores de s foramcalculados e um valor médio foi então:

s = −1.350(15)

Tal valor mostrou-se compatível com o valornominal que era s = −1.37.

3.2.3 Série Principal

Sabendo-se o valor do defeito quântico s, foi pos-sível obter o valor do primeiro termo da equação 10.Com isso calculou-se a energia de ionização do só-dio, fazendo n → ∞ e multiplicando-se esse termopor hc. O valor obtido, desse modo, foi:

PNa = −5.05(11)eV

Que é compatível, considerando uma incerteza,com o valor teórico calculado da equação 1, iguala −5.1208eV . Assim, comparando o valor do po-tencial de ionização do sódio com o do hidrogênio,da seção 3.1, veri�ca-se que o primeiro é menor emmódulo, e, conclui-se que é aproximadamente duasvezes mais fácil ionizar o sódio do que o hidrogênioem termos de quantidade de energia necessária noprocesso. Mas é importante ressaltar que a energia

de ionização do sódio corresponde à energia associ-ada ao comprimento de onda da transição 3s →∞,pois esta é a transição do nível fundamental doelétron de valência (nível 3s) para fora do átomo(nível np, com n →∞).Uma outra análise que se fez foi a identi�cação

dos dubletos no �lme do sódio. No caso, veri�cou-se o dubleto que de acordo com a análise no Im-ageJ, correspondeu a uma diferença de distâncias0.20(1) mm, e aos comprimentos de onda calcula-dos: λ1 = 5898(63) e λ2 = 5907(62), e teóricos (daplaca do laboratório, sem incertezas): λ1 = 5896 eλ2 = 5910. A diferença de energia desse dubleto édada pela equação da energia de Einstein E = hν,onde ν = c

λ , resultando em 3.2025 ·10−3eV . Esten-dendo o cálculo das diferenças de energias de todasas raias observadas no �lme do espectro do sódio,foi possível obter o diagrama de níveis de energia dosódio, como pode ser observado na �gura 10. Nãofoi possível observar as transições 3d-3p, 4s-3p, 6p-3s e as transições do subnível f. As duas primeirastransições omitidas, deu-se, possivelmente, por cor-responderem a fótons de baixa energia, o que fariacom que as raias correspondentes se encontrassemna região do infravermelho. A última transição cor-responde a um fóton de alta energia, cuja raia corre-spondente se encontraria na região do ultravioleta.Um fato que ainda deve ser explicado é a pre-

sença de uma raia que se divide em duas outrasmuito próximas, na região do amarelo. Isto se dápelo fato de existir uma pequena diferença de en-ergia na transição correspondente, pois os elétronsdo nível 3p podem apresentar números quânticos despin ± 1

2 , o que faz com que haja um acoplamentoentre seus estados descritos pelos seus números

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Figura 10: Diagrama de níveis de energia do sódio.

quânticos associados ao momento angular orbital(l) e o de spin (s). Este número é dado por

j = l + s (16)

Que implica em uma regra de seleção na qualsomente transições em que ∆l = ∓1 ou ∆l = 0 sãopossíveis. Observando a transição do dubleto, nota-se que os possíveis valores de j são 1

2 ,32 ,

52 , cujas

únicas transições possíveis são j = 12 → j = 3

2 ,j = 3

2 → j = 32 e j = 3

2 → j = 52 . Como as

duas primeiras apresentam uma pequena diferençade energia, essas se relacionam a uma das raias dodubleto enquanto que a outra transição se relacionacom a outra.Finalmente, a grande intensidade de luz emitida

pelo dubleto amarelo foi explicada pelo fato de quea maioria dos elétrons atingem a camada menosenergética do átomo através da transição 3p - 3s.

4 Conclusão

Através de uma pré-calibração feita com a lâm-pada de mercúrio, cujo espectro de emissão eraconhecido, foi possível obter experimentalmente aconstante de Rydberg para o átomo de hidrogênio:RH = 1.105(3) · 107m−1. Este valor concorda

dentro de 3 incertezas com o valor teórico: R =1.09677576(12) · 107m−1. Obteve-se ainda, comoresultado da análise, o valor da energia de ioniza-ção do hidrogênio, a saber, P = −13.7002(12)eV ,cujo valor teórico foi calculado: P = −13.6057eV .O fato dos valores de energia de ionização doHidrogênio diferirem por mais de três incertezaspode ser explicado pelo fato do valor nominal nãoapresentar incertezas, o que torna difícil e incon-clusiva qualquer tentativa de comparação dos da-dos. Além disso, foi obtido, também, o valor daenergia de ionização do sódio, PNa = 5.05(11)eV ,compatível em uma incerteza com o valor teórico,−5.1208eV , e menos da metade da energia de ion-ização do átomo de Hidrogênio. No estudo do es-pectro do sódio, o defeito quântico da série princi-pal calculado p = −0.79(4) se mostrou compatívelcom o valor nominal que era p = −0.87. O de-feito quântico da série nítida (sharp) calculado fois = −1.350(15), sendo o valor nominal s = −1.37,sendo estes compatíveis dentro de três incertezas, oque foi considerado satisfatório. O fato destes de-feitos quânticos se mostrarem muito próximo dosvalores esperados, mostrou que o modelo propostopara o estudo do sódio, no qual se idealiza o átomode sódio como um átomo de hidrogênio com umnúcleo formado pelo próprio núcleo atômico maisos elétrons mais internos, mostrou-se satisfatóriopara o estudo em questão. Por �m, calculou-se osdiagramas de nível de energia tanto do hidrogênioquanto do sódio, e, dessa maneira, pôde-se, �nal-mente, concluir-se que a calibração com o espectrodo mercúrio é e�caz para obter os valores dos out-ros elementos e, também, o modelo utilizado parao sódio, considerando-o como um hidrogenóide éválido experimentalmente.

Referências

[1] Software, ImageJ, fabricante:http://rsb.info.nih.gov/ij.

[2] R.V. Ribas, M.A.Rizzutto, Apostila de Lab-oratório de Estrutura da Matéria. IF-USP,

1996.

[3] Software, Origin ver:7.1, fabricante: MicrocalLtd.