estudo do discurso religioso sob a perspectiva da nova retórica

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  • 8/3/2019 Estudo do discurso religioso sob a perspectiva da Nova Retrica

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    FERREIRA,Molses Olimpio. Estudo do discurso rel igioso sob a perspect iva da Nova Ret6rica. In: GARCIA, B.B.V.; CUNHA, c.l.; . PIRIS,E.l.; FERRAZ,F.5,M.; GONc;ALVES SEGUNDO, P.R (Orgs.l, Analises do Discufso: 0 dlalogo entre as varias tendencies na USP. Sa oPaulo: Paulistana Editora, 2009. ISBN 978-8599829- 38 7. Oispcnfvel em: http:Uwww.epedusp.org

    Estudo do discurso re lig io so sob aperspectiva da Nova Retorica

    .................................. - _.._--_._ .

    Moises OHmpio Ferreira 1

    A Nova Ret6rica proposta por Cbotm Perelman e seus sucessotes trouxe nova luz aos estudos retorico-argumentativos e abriu espaco para a analise da persuasiio em diversos tipos de discursa, inclusive no

    religioso. 0 orador, no intenr;:oo de obter odesiio, procura adequar-se aa(s) auditoriots} que pretendeatcancar, busca adaptar-se aos juizos de volores reconhecidos,a daxa 1 odmitida par seu publico. Comoopoia os seus orgumentos sabre esse conjunto reconheckio e porti/hado de volores e paixoes, ele constrtii emodela a seu ethos de ocordo com as reoresentocses coletivos pre-exisientes. A nossa pesquisa visa arelTetir sabre as procedimentos retoricos empreqodos pelo oradot com vistas 00 ossentimento do oudltorio.o corpus e constitufdo pelo discurso do apostolo Paulo diante dos gregos de Atenas, registrado em Atos dasApastolos. Coma base tea rica, servimo-nos dos conceitos do Nova Ret6rica relotivos as estrateqiosargumentativas. Quanta a gramotico do lingua grega, utilizomos a orcobouco tear/co de Henriquetvturacnco,para quem a trodudio deve levar em coma as retocses semtuitlca, logica, organica e [unciono;do lingua. A partir do reiooio discursive entre enunciador e enunciotiuio e do verijicofiia das odaptor;:l5eseestroteqla: retortcas do primeiro em lum;iio do segundo com lim argumentativo, 0 presente estudocontribui para as discussiies oinda otuais sabre as condiciies de produr;:iio dos enunciados e de seusobjetivos. Por haver aptiauiio de teorias modern os no analise de textos antiqos, as resultados do pesquisainteressariia noo soa teoloqos mas tambem a todos osdemais estudiosos de textos retiqiosos.

    Palavras-chave:' Discurso reiiqioso, Nova Retarica, orador, auditorio, apastoio Paulo.

    1. lntroducao

    A Ret6rica Antiga dedicou significativo espaco para 0 estudo dos processes argumentativos.

    Constituida pela inventio. dispositio, elocutio, actio e, posteriorrnente, pela memoria, a Ret6rica foi definida

    como a arte de falar ou de escrever de modo a conduzir 0 ouvinte a aceitar 0 ponto de vista do orador,isto

    e ,a ganhar ou a intensificar a adesao do audit6rio asteses apresentadas a aqulescencla ..EmArist6teles, ela

    e a arte de procurar, em qualquer situacao, as rneios de persuasao disponfveis e, 0 seu material sao asquestoes dialeticas em que se exarninarn os raciocfnios provaveis, as probabilidades, as condus6es

    verosslmeis, ascrencas, 0 rnundo das opinioes gerais.

    I Doutorando do Prcgrama de P6s-Gradua.r;:iio de Filologia' e Lingua Portuguese (FFLCH-USP), so b CIcrientacao da Prof~ Or" UneideSalvador Mosca,e do Prof. Dr. Henrique Graciano MurClchco. E-mail: moisesolim@yahooJr.

    2 Em nossa transcrtcao, preferirnos as forrnasacentuadas ethos (carater, modo de ser) - para diferenciar de ethos (costume, habito)-,

    16gos,pdthos e dd1/Q, 0 q ue e sta d e a co rd o com a acentuacso da lingua orlginal.

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    Na Ret6rica, (1,1356ss.), as provas de persuasao forneeidas pelo discurso sao de tres especles: umas

    residem "no caeater moral de quem fala" lE v t" 41 ~HEL t"OU AEYOV t"OC ),outras, "no modo como se dispoe 0

    ouvinte" (E v t"0 1:01.1 &Kpoa t" ~v oU19E lv aLnoc) e outras, "no proprio discurso" (Ev aut"0 n;i wy~), pelo que

    essemostra ou parece mostrar.

    A argurnentacao se da pelo ethos "quando 0 discurso e dlto de tal maneira a construir 0 orador demodo confiavel" (omv oihw 1EX etJ6 wyoe WO ' ("E&.~l 6T ILo" t0 l! T Io lil oru , ("O l! lEyov '( "a .) .Isso oeorre par meio do

    /6gos (oUf1~Cd.l!EWO U XTOU loyou ) e nao por meio de alguma opiniao previa. 'Indo mais alern em rela

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    intelectual", Como seu objetivo e causar "urn a rnudanca na cabeca dos ouvintes ..."(PERElMAN, 1999:304),obtendo au aumentando a adesao ;) tese apresentada, e preciso reconhecer que ela ocorre em func,:aodo

    auditorio ao qual 0 orador devera conhecer e adequar-se": "...umerro sobre este ponte pode ser fatal para

    oefeito que ele quer produzir ..." (PERELMAN,1987:237).

    Assim,e em relacao ao auditorio que os discursos deverao ser ajustados, pols "0 importante ... nao e

    saber 0 que a proprio orador considera verdadeiro ou probatorio, mas qual e 0 parecer daqueles a quem ela

    (a argumentacso] se dirige" (PERELMAN & OLBRECHTS-TYTECA, 000:26-7); 0 exito depende dessa condic;ao,

    pois lise quiser agir, 0 orador e obrigado a adaptar-se a seu audltorio ..." (idem, p. 22). Se se deseja

    argumentar, e necessarlo "pensar nos argumentos que podem influendar seu mterlocutor, preocupar-se

    com ele, lnteressar-se por seu estado de esplrito" (idem, p.18).

    A persuasao, po r tanto, ocorre quando 0 orador parte daquilo que 0 auditorio ja admite,

    estabelecendo a seguir uma relac,:aoentre 0 universe de crenc;as (d6xa) ja existentes eo que se busca fazer

    admitir (idem, p. 23). Ao realizar escolhas formals para a expressao escrlta, ele procura harmonizar 0

    discurso ao(s) auditoriois) que pretende alcanc;ar,busca adequar-se aos jufzos de valores reconhecidos, ao s

    habitus admiti.dos por seu publico. Ao apoiar seus argumentos sobre 0 que esta partilhado, sobre as

    paixoes e osvalores admitidos, ele modela 0 seu ethos - a imagem que pretende projetar de si - de acordo

    com as representacoes coletivas preexistentes, Meyer (1993:126), ao tratar sobre a torca argumentativa do

    carater do orador, diz: "Ao aceitarmos 0 que diz, porque esta 'bern colocado para 0 dizer', porque 'conhece

    a questao', aceitamos aderir ou partilhar com ele".

    Como a imagem etica do orador e construfda em funcao daquela que ele tern da audiencia, os

    ajustes lhe serao fundamentalmente necessaries se ele quiser mostrar vinculo pessoal com a doxa admitida

    e provocar consentimento e partlcipacoes mental e emocional, Desse modo, as escolhas linguisticas

    sofrerao as acornodacoes, as coercoes e as ajustes exigidos pelo pathos que se impfie como agente diante

    do eu que fala, Como afirmarn Barthes (1975:203): "Ethe sao os atributos do orador( ....). 5ao os traces de

    carater que 0 tribune deve mostrar ao auditorio (pOLICOmporta a sua sinceridade) para causar boa

    impressfio: sao suas aparencias, (....) 0 orador enunda uma i;nformal;:ao e, ao mesmo tempo, afirma: sou

    isso e nao aquilo" ..

    Aqui, ethos e pathos se integram haja vista que a comunhao dos espfritos e as operacoes persuasivas

    SeTaOestabelecidas por meio da representacao que urn faz do outre, Ao comentar as ideias de Perelman,

    Amossy (2005:124) afirma:

    3 Perelman (2004b:145"6) aflrnra: "A adaptas:ilo ao auditono nilo se refere somente a questees de linguagem, pols nao basta que 0

    auditorlo compreenda 0 orador para que d~ sua adesi lo i i,s teses que este apresenta a seu assent irnento, Para persuadlr 0 audit6rioe necessarto primeiro ccnhece-to, ou seja, conhecer as teses que eie admite de anternao e que poderao servir de gancho a

    argurnentacllo" .

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    o orador apota seus argumentos sobre a doxo que toma ernprestada de seu publlco domesmo modo que modela seu ethos com as representacees coletivas que assumem, aosolhos dos interlocutores, um valor positivo e sao suscetfveis de produzir nelesa impressaoapropriada as circunstancias.

    o orador constroi sua propria imagem em fum;:ao daimagem quaele faz de seu audltorlo.lsto e ,das representacoes do orador conflavel e competente que ele ere ser as do publico.

    Em mao dupla, enquanto a enunciador cria a representacao de si- a que Arist6teles, devido a sua

    forca persuasiva, estava inclinado a considerar como a principal prova argumentative -e a de seu

    enunciatario, e faz 0 sentido vir a existencia por meio do seu modo de direr, par este, a audiencia

    reconhece 0 carater de quem fala (reconstitui I.inguistkamente a imagem do enunciador} e (re)constr6i 0

    sentido, avaliando-os, atribuindo-lhes graus de identiflcacao, aceitando au nao a sua legitimidade.

    Enquanto, par um lado, a intenc;,:aodo orador nesse processo de criaC;aoSi4e do outro POf meio da palavra

    e obter autoridade e garantir 0 sucesso do empreendimento oratorio, determinando comportamentos e

    opinioes,. par outro lado, a audlencla e co-produtora do discurso, e sujeito co-enunciador cujaimagem

    estabelece coercoes, e ser agente diante do eu que fala,

    2 . A nalise do co rpus

    Paulo era judeu e foi na qualidade de judeu que recebeu sua comissao evangellstlca, Apes a teofania

    que teve e a vocacso que recebeu no caminho de Damasco, ele se autodenominou enviodo de Jesus Cristo

    atroves do vontode de Deus (t i" rT CM n o A o C X p u J to u'lnoou Iha S E ? t.T t~ C tT O C S E oD -Ejesios 1.1). A quem foi

    enviado? A resposta ele mesmo nos da em Romanos 11.13: Ei. j . l~ EY W ES v c .3 v& : n : 6 o - rOAOC ;(eu sou aposto

    [envlado] dos gentios).

    Nessa sua incumbencia, diante de urn mundo cultural muito maier do que a sua formacao religiosa,

    valeu-lhe 0 conjunto dos conhecimentos adquiridos entre os gentios, pois as suas epistolas tarnbem

    revelarn grande dominio da lingua grega, das Jdeias filosoficas populates e das habilidades retoricas

    (KOESTER,200Sb:114). fie se movia no mundo helenizado como se estivesse em seu habitat natural e

    usava argumentativamente a experiencia que supomos compartilhar com a sua audiencia, pols a forca

    teol6gica de seus ensinos esta relacionada ao dialogo que mantinha com 0 seu publico (DUNN, 2003:803).

    Em sua visita a Atenas (Atos 17..22-34), os meios de persuasao util izados em sua prega~ao foram

    diversos. Detectamos, de lnlcio, 0 efeito de cump/icidade pelo usa do vocativo (Homens otenienses, v. 22),

    que quer produzir uma relacaoimediata entre eu/tu. No mesmo versiculo, encontramos a argumentacao

    Perelman(2004b:180)aflrma: "A eflcada da argurnentacao, 0 faro de exercer sobre 0 auditorio uma influencia de malor ou menorimportancia, depende nao apenasdo efeito dosargumentosisolados, mas tarnbern da total.idade do diseurso,da intera~aoentreargurnentosentre si, dos argumentos que acodemesoontanearnente ao espirito de quem ouve 0 discurso. a efeito do discurso econdlctonaoo notadamente pela ideia que 0 audltorlo faz do orador. 0 ethos do orador, como assinalou Artstoteles, desernpenhaum pape'linegavelno modo como 0 dlscurso e recebido".

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    baseada na sedudk: (como muito tementes aos deuses vas estou contemplando, v. 22), isto e ,no incentivo

    que busca, pela avaliacao positive, orientar 0 auditorio de uma maneira tal que possa ser conduzido a

    crenca,

    Foi ernpregado 0 recurso a simpatiza~iio entre orador e audltorio pelo uso do pronorne nos, queproduz 0 ejeito de identifica~iio. 0 "nos inclusivo" perrnite a anulacac de distancias e busca, em

    deterrninado aspecto, a assimilac;:aoentre as partes, como e possivel perceber quanto a origem do homem

    e a universalidade da presenca de Deus (vs. 27~8).A enalage do numero de pessoas - a permutacso do eu edo tu pelo nos - rnostra que 0 orador quer confundir-se com a auditorlo e, portanto, e figura (PERELMAN&OLBRECHTS-TYTECA, 000:202) pela qual se empenha em criar au confirmar a comunhiio corn 0 auditorio,

    Ha 0 apelo para 0 argumento de autoridade baseado no conhecimento enclclopedico dos ouvintes,

    Asslrn, embora 0 TaU (de/e/desse - v..28) em Arastos indicasse Zeus e em Paulo se referisse a rowah, as

    caracteristlcas de ambas as divindades arroladas (w. 24 a 28)- mesmo aquelas relatives ao lugar de

    habitac;aoe a total completude de Deus em si rnesrno - jafaziam parte do conjunto de crencas do auditorto,o que retorca a efeito de identificor;iio, de compartilhamento da doxa pre-existents. Aoevocar os poetas

    gregos, 0 orador mostra a si mesmo, expoe-se abertamente aos seus ouvintes por meio do que diz:

    ". ..quem invoca uma autoridade se compromete: nao ha argumento de autoridade que nao repercuta em

    quem a emprega" (PERELMAN& OLBRECHTS-TYTECA, 000:350). Assim, poe-se na dependencia do valor

    que e atribuido ao discurso citado, submetendo a si rnesmo a julgamento.Por esse recurso estar total e nitidamente condicionado ao prestigio da Fonte, ele pode ser

    valorizado au desvalorizado conformeco.incida au nao com a opin.ia.o do orador ou coma do auditorio,

    Como as ouvintes derarn atencao 01 0 evangelists, aparentemente sem retrucar, possivelmente a discurso

    baseou-se em concepcdes, opini6es, conviccoes proprias da culture grega. Se considerarmos que a pessoa

    de Paulo era totalmente desconhecida e insignificante no contexto helenico ateniense e que 0 seu ethos

    teve que ser construido inteiramente pelo dlscurso, 0 born uso do recurso a autoridade reconhecida pelaaudieneia acrescentou peso significativo ao conteudo que propunha.

    A representacao que constroi de si indica urn orador competente e autorlzado a dizer 0 que diz. No v.

    23,. ele se apresenta como simples informante: entiio, em relo~ao00

    que niio-conhecedores sols piedosos,isso eu a vas vau anunciar, mas no v. 30 e 0 proprio Deus que ~ par meio de seu legitimo representante

    ordenado, de seu porta-voz - anuncia os oraculos: portanta, Deus tendo o/hado de cima as tempos do nfio-

    conhecimento, agora, em reiociio bs coisos, est6 onunciondo a todos as homens, par todo parte, mudor de

    mente. Dessa forma, 0 discurso paulino passa a ser a de Deus e se esse status for confirrnado pelos

    ouvintes a sua legitimidade ficara incontestavel.

    Pelos discursos disponfveis, e bern perceptivel que em Paulo subjaziam as ensinos das Escrituras

    judaicas. Porern, a construcao dos seus discursos sempre objetivava a comunldade efetiva dos espiritos

    (PERELMAN & OLBRECHTS- TYTECA, 2000:16), 0 que raramente sattsfazia as judeus de sua epoca. Ao

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    procurer mostrar vinculo pessoal com os valores que os ouvintes jii possuiam e ao provocar com isso

    consentimentoe participacao mental, 0 orador alcancou a atencso dos gregas que tanto Ihe era cara.

    Dutra estrategia argumentativa foi 0 anuncio em forma de pafavra revelada (w. 23 a 27") que (ria 0

    efeito de afastomento entreenunciador e sua enunciacao e, portanto, 0 de "verdade", Essamanobra dii ao

    discurso sagrado a sirnulacao da auto-errunciacao, pais se rnostra sem mediador. Essa manobra val ao

    encontro do ethos competente do orador que se mostra como um simples anunciante da voz celeste, sem

    inferir no conteudo da rnensagern.

    Por repeticso, Paulo a seguir reforca 0 conteudo do dito, presentificando-o,. a fim de produzir

    reacoes [vv, 27 b a 29). No Tratado da Argurnentacao (2000.:197-8), encontramos a repetkiio entre as

    figuros de presenca que produzem 0 efeito de permonencia do objeto do discurso na consciencia do

    auditorio, reforcando a seu valor, intensificando a sua existencia, fazendo crer na sua realidade. Essa

    presenca amplificada desperta e move as cargas atetivas para chegar a adesaoe a al;ao, como afirrnaOleron (1993:62): "".Ia repetition est une condition de rnaintien, d'entretien, des charges affectlves'".

    Ao levar 0 audit6rio ao confronto direto com a divindade (v . .30), 0 orador aplica a argurnentacao

    baseada na intimida9iio - que quer coagir os recalcitrantes a se submeterem ao dlscurso -, firmando asslrn a

    sua autoridade e a I.egitimidade do anuncio que assevera punicao contra os descrentes. A inten~ao e atingir

    a audlencia, nao 56 intelectualmente,. mas tarnbern par meio das cargas af'etivas que servem como

    condutoras e produtoras de crencas e de acoes,

    A perceocso desses procedimentos discursivos mostra-se valiosa a analise na medida em que

    revelam a concepcso e a valor que 0 orador tem em relacao a seus ouvintes, pais estes sao caracteri.zados

    pela atitude adotada a seu respeito, pela maneira de julga-los e de trata-los,

    Referencias biblicgraflcas

    AMOSSY,Ruth. 0 ethos na interseccao das disciplines: retorica. pragrnatica, soclologia dos campos. In:AMOSSY,Ruth [Org.]. lmagens de si no discurso - a censtrucao do ethos. Tradu~ao de Dilson Ferreira daCruz et alii. Sao Paulo: Contexto, 200S,

    ARISTOTLE.Art of Rhetoric. English Translation by John Henry Freese. London: Harvard University Press,2000.

    BARTHES,Roland. A retorica Antiga, In: COHEN,Jean e t a li i.Pesquisas de Ret6rica. Tradu~ao de Leda PintoMafra lruzun, Sao Paulo: Editora Vozes, 1975.

    DUNN, JamesD.G, A teologia do ap6stolo Paulo. Traducao de Edwina Royer. SaoPaulo: Paulus, 2003.

    KOESTER,Helmut. lntrodu~ao ao Novo Testamento. Historia, culture e rellgiao do perfodo helenlstico,Volume 2. Trad'U(;aode Euclides LuizCalloni. Sao Paulo: Paulus, 2005.

    MEYER,Michel. Quest5es de Ret6rica: Linguagem, Razao e Seducao. Traducao de Antonio Hall. tisboa:Edi

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    MURACHCO, Henrique Graciano. Ungua Grega. Visao Sernantica, toglca, Organicae Funcional 2". edi~ao,vol. 1 e 2. Petropolis, Editora Vozes/ Discurso Editorial, 2003.

    Oll::RON,Pierre. L'argumentation. Col, "Que sais-je?", n!!2087, Paris: P.U.F., 1993.

    PERELMANChaTm& OLBRECHTS-TYTECA,ucie..Tratado daargumentacao. Traducao de Maria ErmantinaGalvao. Sao Paulo: Martins Fontes, 2000.

    PERELMAN,ChaTm. Argurnentacao. In: Encidopedia Einaudi, v. 11, lrnprensa Nacional - Casa da Maeda,1987.

    ________ . Imperio ret6rko: retorica e cornunlcacao. Portugal: ASA,1993.

    ________ . Ret6rkas. Tradu~ao de Maria Ermantina de Almeida Prado Galvao, 2". edir;ao. SaoPaulo: Martins Fontes, 2004a.

    ________ . l6gica Jurldlca. TradU(;:aode Verginia K. Pupi. 2.edi~ao. SaoPaulo: Martins Fontes,2004b.

    The Greek New Testament (GNT), edited by Kurt Aland, Matthew Black, Carlo M. Martini, Bruce M ..

    Metzger, and Allen Wikgren, in cooperation wi,th the Institute for New Testament Textual Research,Munster/Westphalia, Fourth Edition (with exactly the same text as the Nestle-Aland 2ih. Edition of theGreek New Testament). In: software "Bible Works". Copyright 1995 Michael: S. Bushell.

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    Anexo

    Discurso de Paulo aos gentios nao convertidos de Atenas (Atos 17.22-34)

    2 2.:E ta8 dt; O E [0] IIau? 'ol; E V j.l.E Olo}tou'Apeiou llayou nr iiV t'iP EC 'A8rw aloL ,. K atC t1 TaV to: w eoELotOal!. .LOVEOtEpOUCu~ . u i c8EWpW.

    Tendo se posto em pe, Paulo, no rneio da colina de Ares, dizra: Homen s aien ien ses, d e oeordo com tod os ascoiso s, como mu ito temen tes ao s d eu ses v as esto u eon temp lan da ;

    2 3.0 lE PX 0I..I.EVOCYO :p K ilL aVIl8 Ew pWV to: OE :~&.otJ .cnaU flWV EDPOV Kat ~W flOV EV4 iETIEYEyPI lTI tO ' 'Ayvwotw.8100.a OUV a yv oOUvtEC EUOE~E ltE .rotrro E yWK lltaYYE ,uw U lllV.

    P ais atra ves san te e eon temp la nte cu id ad as o d os ob jetosd e v en ero dio d e v as, en co ntrei p or a ca so tambemum a lta r n o q uai foro in scrito: "A um ndo-co nh ecid o d eu s". E nta o, em relaciio00 que nso-corureceaores sois

    p iedosas, is so eu a vas comer; :oa anuncio r.

    24.0 8EO C0 T IO l"OC t.C tOY Koa floV K at1TaVto: taE v etG tt.\l, O D tO e OU petVOUK at Y ile ll1 TapxWV KUP LOCOUKEVXnPOT IOL frt0 tC v aole. K atoLKE l

    o Deus,a que feza mun do e as coisas todas, as n ele, esse, de ceu e d e ferro sen do S en hor, n ao em temp/osfeito s p ar moos e sta h ab itondo,

    2 5 .oooE {tITO XE lPWVc\:V8pWll(VWV 8 Ep allE uE tln T IPOOOEO flEVOCLVOC ;, au tOC OU )OU eT liiO L (WTW Kat1TVO~VKat

    to: 1Tavta'

    n em pelo s m iios h uman as est6 receb en do cu id od os , n ecessitan te d e olg umo co iso ; e ler e 1 d an te a to do svida e respiror;: iioe todas coisas;

    26 .E llOL1 l0EV tEE~EVOCm i l.' e8 voc; &V9pW1TWV Ka,OLKELVh e i : n ew - r o c ;1TpOOW1TO Utry; Y11C; ,oploae1TpOO'tE'taYI..I .EyOUC;nL POU t; K !l t 'tac O p08 EOto:(; ' t11( ;Ket 'tOlKlac; a l tl :Wv

    jez, a partir de um so, todoa toea d e h umono s h ab ltors ob re tod a a face d o terra - ten do estob elecid oiim ites o os tempos ord en od os ea fixar;:oodo hobi tor;oo deles - ,

    27 (T j'tE lv 'tO Y 8EQ V Elapa yE tf IT jAacI J.i) on etlJ IYU1 :0VKa t EUPOLEV.K i ll. YE0 6 tlaKpaV a lTOEVoc; kKU01:OU~ I . .I .WVlJ1Tapxov'tIY.

    p ara b uscar a Deu s see que poder iamemiio opo lp a-io e poder iam eneontr6 (-lo ), me sma nao e stontio la ngede coda um de nos~,

    2 8. E V o:ut0 ya:p (W I ..I .EVKa t KLV0uI..I .E8aKCtEO I l E I J .w ~KCtt. ' tLVE~tW V K C t9 'UI. .I .&~!TOLTj 'twv EtP"KIYOLV' roi) yapK at Y EVO~ EOflE V.

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    poi neie estomos vivendo e estamos nos movendo e estamos existintio, como tambem alguns dos poetasentre vas disseram: Desse,pois, tombem roca somas.

    2 9 .y EV O e; O U ll um ipX O V CE e; tO U 8E O U O U K 6$E U ,.0 IlE V v O ll t( E LV X PlIO ~ ~ a py upL Jft H 81 J), x ap ttY fla n 't 'E X ll 'l l e ; K a LI :v 8 u ll~ o E W e ; a v 8 pw TIo u , to 8 E 10 v E tvaL 3f lO LO l l.

    portonto, raca sendo de Deus, niio estamos devendo considerar a ouro, au (.I proto, au a pedro, a umtrabolho de entalhe de arte tambem de rejlex{io humono, a divino ser semelbante.

    3D .to D< ; p :e v O D V xp o vo ue ; . 't 'D e ; a y vo La e; tJ 1 T E PU SW V6 8 E O e ; ,n\ Nuv T I a p l l y y HAELrotc a V 8 pW T IO L e ; 1 T tt V CO 'e ;

    Portonto, Deus tendo olhado de cima (desprezado) os tempos do nao-conhecimento,. agora, em retadio ascoisas, esta anunciando a todos as homens, par todo parte, mudor de mente,

    3 1 .K 0 '8 o n E O 't ''I1 0E V ~ IlE p a V E VT II lE .U n K p( v nv' t '~v O l K O l iI lE V 'l1 V E V O L KO ' lO d U V T I , E V a v o p L0 W P LO E V, n lo nvn a p a o xw v rr iio w a v a o n lO cte ; O 'u tb v E K V E KpW V .

    segundo a que estabeleceu um dia em que vaijulgor 0 mundo, que e hobitodo, em justil;a, no homem quepas a parte, concedente a provo a todos, tendo-a ievantado de entre as mottos.

    32. 'A K O U o (W tE C ; a Eavcl.o't'lXOwV E K P W Vol flEVE X M UO '(O V . o ] a EE In a l)" a XO l lO O j .1 E e& :G O U T IE PLroirrou K a ln a . ALV.

    Tendo ouvido (depois que ouvirom) em refor;Go a ar;oo de /evantar de mottos, uns cor;:oovom, outrosdisseram: Ouviremos de tt a respeito disso oindo de novo;

    33 . o un . i l e ;6 IT auA o e ; E ~D A 8E V E K IlE O O Uau't'wv.

    desse modo Paulo saiu do meio deles..

    3 4 . tW E e;010C i:v a p E e ; K O UT J .8 E v t "E C ; .a u 't '~ E U l O 't 'E l lO I lV, E Vo le K IlL t: . lO V U O lO e ; ( ; 'A pw rra y f tn e; K il lYW116VO f l il t l

    6 .&f J : e t . pu; K a l E 't 'E P O L G U ll a uw 1 c;.

    Mas alguns bomens, tendo sejuntado a eie, creram, entre asquais tambem Dionisio, a areopogita (membra

    do corte do colino de Ares) e uma mu/her, chamodo Damaris, e outros com eles.