estudo do comportamento de viga de concreto armado convencional e de viga reforÇada À flexÃo...

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Nesse trabalho, por meio do Método de Elementos Finitos (MEF), foram simuladas duas vigas: uma em concreto armado convencional e outra com reforço em manta de polímero reforçado com fibra de carbono (PRFC). A simulação foi realizada com base nos ensaios de Ferrari (2007) com auxílio do programa computacional Abaqus. Para a simulação do comportamento total (até o carregamento de ruptura) das vigas foi desenvolvida uma análise considerando-se a não-linearidade física dos materiais aço e concreto, o que aumentou a complexidade do problema devido à introdução de conceitos de Mecânica da Fratura para representar o comportamento do concreto após a sua fissuração (tension stiffening). Com isso, o foco do problema foi direcionado à obtenção de modelos teóricos representativos do comportamento de tension stiffening do concreto e também ao alcance da convergência dos resultados do processamento do comportamento das vigas pelo programa. Com isso, detectou-se a necessidade da adição de placas rígidas nas regiões de apoio e de aplicação de carga para reduzir a concentração de tensões nessas regiões. Todo o estudo desenvolvido até o momento não foi suficiente para representar numericamente o comportamento das vigas, visto que houve alguns erros grosseiros ao final. No entanto, o conhecimento obtido é representativo para o direcionamento de novos trabalhos.

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  • ISSN

    2237-8219

    ESTUDO DO COMPORTAMENTO DE VIGA DE CONCRETO ARMADO

    CONVENCIONAL E DE VIGA REFORADA FLEXO USANDO-SE O

    MEF

    Renan Gustavo Junqueira 1

    Vladimir Jos Ferrari 2

    RESUMO

    Nesse trabalho, por meio do Mtodo de Elementos Finitos (MEF), foram simuladas duas

    vigas: uma em concreto armado convencional e outra com reforo em manta de polmero reforado

    com fibra de carbono (PRFC). A simulao foi realizada com base nos ensaios de Ferrari (2007) com

    auxlio do programa computacional Abaqus. Para a simulao do comportamento total (at o

    carregamento de ruptura) das vigas foi desenvolvida uma anlise considerando-se a no-linearidade

    fsica dos materiais ao e concreto, o que aumentou a complexidade do problema devido introduo

    de conceitos de Mecnica da Fratura para representar o comportamento do concreto aps a sua

    fissurao (tension stiffening). Com isso, o foco do problema foi direcionado obteno de modelos

    tericos representativos do comportamento de tension stiffening do concreto e tambm ao alcance da

    convergncia dos resultados do processamento do comportamento das vigas pelo programa. Com

    isso, detectou-se a necessidade da adio de placas rgidas nas regies de apoio e de aplicao de

    carga para reduzir a concentrao de tenses nessas regies. Todo o estudo desenvolvido at o

    momento no foi suficiente para representar numericamente o comportamento das vigas, visto que

    houve alguns erros grosseiros ao final. No entanto, o conhecimento obtido representativo para o

    direcionamento de novos trabalhos.

    Palavras-chave: Simulao. Vigas. Reforo

    1 Acadmico do Curso de Engenharia Civil, Universidade Estadual de Maring-UEM, Departamento de

    Engenharia Civil-DEC, [email protected], [email protected] 2 Prof. Dr., Universidade Estadual de Maring-UEM, Departamento de Engenharia Civil-DEC,

    [email protected], [email protected]

  • IV Seminrio de Engenharia Civil da UEM 2

    1. INTRODUO

    medida que surgem novas construes ou ao se observar algumas j existentes, percebe-se

    um aumento nas patologias dessas obras, que podem ser como rachaduras, trincas, armaduras

    amostra, entre outras. Para Arquez (2010) as estruturas apresentam mudanas na carga de utilizao,

    erros de projeto e construo. J para Ferrari (2007), as construes, frequentemente, no apresentam

    boa aparncia nem condies tcnicas adequadas, seja devido corroso das armaduras, fissurao

    do concreto ou cobrimento insuficiente das armaduras, e prope a aplicao de polmeros reforados

    com fibra de carbono (PRFC) como reforo estrutural de estruturas em concreto armado.

    Concomitantemente aos avanos das pesquisas referentes ao emprego desse reforo, so

    desenvolvidos estudos analticos para auxiliar no entendimento do comportamento do PRFC como

    reforo em elementos estruturais. Alm disso realizam-se estudos das ferramentas computacionais

    como o Mtodo dos Elementos Finitos (MEF), tornando possvel o aprofundamento do tema.

    Assim, baseando-se nos resultados experimentais extrados do trabalho de Ferrari (2007) e

    utilizando o programa computacional Abaqus, possvel realizar um estudo do comportamento de

    vigas em concreto armado convencional e viga em concreto armado reforada flexo com 3 mantas

    de PRFC. O programa em questo utiliza o Mtodo de Elementos Finitos que o principal objeto de

    estudo desse trabalho.

    Ao envolver a plasticidade dos materiais, como o escoamento do ao e principalmente

    fissurao do concreto na regio tracionada, esse trabalho de simulao se torna extremamente

    oneroso, visto que o maior problema dado na convergncia numrica ao se considerar as

    propriedades para o comportamento trao do concreto.

    Nesse trabalho, foi adotado o modelo de Energia de Fratura (Figura 2) para o comportamento

    de fissurao do concreto, sendo identificado no programa computacional como tension-stiffening,

    dentro do modelo de concreto da biblioteca do software denominado de concrete smeared cracking.

    A definio de tension-stiffening pode ser dada de duas formas dentro do programa

    computacional Abaqus. Um deles o critrio da relao tenso-deformao ps-falha no qual se

    inserem diversos pontos da curva tenso-deformao do concreto submetido trao, de acordo com

    a Figura 1.

    Figura 1 Modelo com curva tension-stiffening

    Fonte: Abaqus Analysis Users Manual (2010)

  • IV Seminrio de Engenharia Civil da UEM 3

    O segundo critrio baseia-se na energia de fraturamento indiretamente pelo parmetro u0 que

    representa o valor de deslocamento em que a deformao ps-fissurao resulta em tenso nula

    conforme Figura 2.

    Figura 2 Modelo de fissurao de Energia de Fratura

    Fonte: Abaqus Analysis Users Manual (2010)

    Esse valor de deslocamento pode ser calculado em funo da resistncia trao do concreto

    e da energia de fratura, conforme equao ((1) de Chen (2012).

    (1)

    Em que:

    wcr = Abertura de fissura em completo alvio de tenso (u0)

    GF = Energia de fratura

    ft = Resistncia trao do concreto

    O estudo da fissurao do concreto objeto de estudo para muitos pesquisadores. Sendo

    assim, para Chen, Chen e Teng (2012) o modelo de tension-stiffening deve ser adotado para

    representao do comportamento de abertura de fissuras no concreto, podendo haver excees nessa

    adoo. Embora Chen (2010) tenha obtido resultados muito bons com o modelo concrete damaged

    plasticity em vez do smeared cracking, nesse trabalho foi utilizado esse segundo modelo, pois os

    parmetros utilizados por Ferrari (2007) esto imersos na Mecnica da Fratura, que a base do

    modelo smeared cracking.

    O modelo damaged plasticity embasado pela teoria da plasticidade, tomando com parmetro

    principal a questo do dano. Para De Souza (2013), esse modelo considera os parmetros DC e DT, o

    que simboliza o dano compresso e trao, respectivamente. Esses valores variam de 0 a 1, sendo

    0 a representao do elemento ntegro (ainda em fase linear do carregamento) e 1 a runa dessa pea.

    Com as informaes pertinentes em mos, as vigas so modeladas no programa

    computacional Abaqus de forma a se obterem os resultados mais prximos possveis dos

    experimentais. Por meio dessa comparao de comportamentos analtico-experimental, tem-se a

    calibrao do modelo. Essa calibrao, por sua vez, de grande valia no momento de extrapolar os

    resultados obtidos, tais como deformaes, deslocamentos, tenses no concreto, dentre outros

    parmetros de interesse em qualquer local da viga.

    Dessa forma possvel obter uma grande economia no momento da experimentao,

    reduzindo quantidade de extensmetros e defletmetros, assim como volume de dados

    computacionais (que so gigantescos para ensaio de flexo de viga) e tambm a reduo do esforo

    t

    Fcr

    f

    Gw 14,5

  • IV Seminrio de Engenharia Civil da UEM 4

    humano, j que o trabalho laboratorial envolve muitos funcionrios na preparao e execuo dos

    ensaios.

    O objetivo desse trabalho simular duas vigas extradas do trabalho de Ferrari (2007) sendo

    uma em concreto armado convencional (viga de referncia V1A) e outra em concreto armado

    convencional reforada flexo com 3 mantas de PRFC (polmero reforado com fibra de carbono)

    (V1C), usando-se o programa computacional Abaqus. Aps a simulao desses elementos,

    prossegue-se comparao dos resultados analticos com os experimentais por meio de grfico de

    carga aplicada em funo do deslocamento mximo ao longo do comprimento da viga.

    2. SIMULAO

    2.1 Concepo das vigas

    2.1.1 Viga em concreto armado convencional (V1A)

    A geometria da viga em concreto armado convencional, assim como o esquema de

    carregamento, est mostrada na Figura 3.

    Figura 3 Geometria e esquema de carregamento da viga V1A

    Fonte: Ferrari (2007)

    2.1.2 Viga em concreto armado reforada flexo com trs mantas de PRFC (V1C)

    A geometria e carregamento da viga em concreto armado com reforo esto mostrados na

    Figura 4 (idntico viga V1A, diferindo-se apenas no acrscimo do reforo de PRFC).

    Figura 4 Geometria e esquema de carregamento da viga V1C

    Fonte: Ferrari (2007) (editado pelo autor)

  • IV Seminrio de Engenharia Civil da UEM 5

    2.2 Propriedades dos materiais

    2.2.1 Concreto

    Para o concreto, foram considerados os modelos Elastic para comportamento linear e

    Concrete smeared cracking para comportamento no-linear. No modelo Elastic so inseridas as

    propriedades elsticas do material, tais como mdulo de Young e coeficiente de Poisson tomados de

    acordo com Ferrari (2007) e NBR6118:2003, respectivamente. J no modelo de concrete so

    inseridos valores de deslocamento u0 para o tension-stiffening conforme j visto na Figura 2 e a curva

    de tenso versus deformao plstica na compresso. Os valores encontram-se na Tabela 1.

    Tabela 1 Propriedades do concreto

    Viga V1A Viga V1C

    E (MPa) 30.034 26.553

    Poisson 0,2 0,2

    Concreto* Usinado Betoneira

    el () 1,150 1,104

    u0 (mm) 0,38 0,33 *Nota: O concreto foi definido por Ferrari (2007) a fim de

    caracterizar as curvas de compresso axial para o

    concreto utilizado em cada viga.

    As curvas de compresso axial para os dois tipos de concreto so dadas na Figura 5.

    Figura 5 Propriedades constitutivas compresso para o concreto usinado e concreto

    betoneira

    2.2.2 Ao

    Para as armaduras, considerou-se tambm o modelo Elastic no comportamento linear e, para

    as propriedades no-lineares foi utilizado o modelo Plastic. Admitiu-se o comportamento

    elastoplstico perfeito para o ao conforme ilustrado na Figura 6.

    0,00

    5,00

    10,00

    15,00

    20,00

    25,00

    30,00

    35,00

    40,00

    0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50

    Ten

    so (

    MP

    a)

    Deformao

    Concreto Usinado

    0,00

    5,00

    10,00

    15,00

    20,00

    25,00

    30,00

    35,00

    40,00

    0,00 1,00 2,00 3,00

    Ten

    so (

    MP

    a)

    Deformao

    Concreto Betoneira

  • IV Seminrio de Engenharia Civil da UEM 6

    Figura 6 Propriedade constitutiva do ao

    As propriedades das armaduras para as vigas so descritas na Tabela 2.

    Tabela 2 Propriedades das armaduras

    Viga V1A Viga V1C

    Armadura inferior 212,5 mm 212,5 mm

    Armadura superior 2 mm 2 mm

    Estribos mm c/ 12 cm mm c/ 12 cm

    ES (MPa) (inferior) 210.921,00 199.677,00

    ES (MPa) (superior e estribos) 176.316,00 173.269,00

    fy (MPa) (inferior) 547,99 532,44

    fy (MPa) (superior e estribos) 540,94 571,94

    A aderncia entre concreto e ao foi considerada perfeita, sendo utilizada a condio de

    embedded existente na biblioteca do programa computacional Abaqus.

    2.2.3 Reforo de PRFC

    As propriedades do reforo de PRFC foram adotadas como perfeitamente elsticas, sendo

    utilizado apenas o modelo Elastic com mdulo de elasticidade ER = 234.000 MPa.

    As interfaces manta-manta e manta-viga foram consideradas como perfeitamente aderentes

    ao utilizar a condio tie que tambm se encontra na biblioteca do programa computacional Abaqus.

    2.3 Vinculao

    As vigas foram consideradas simtricas com relao ao meio do vo, ou seja, desenhou-se

    apenas metade da viga, metade das armaduras e metade das mantas de reforo.

    Para a extremidade correspondente ao eixo de simetria inseriram-se condies de contorno

    restringindo a translao no eixo x e a rotao nos eixos y e z. Essa vinculao funciona como um

    engaste mvel, que impede os deslocamentos horizontais e rotaes mas libera o deslocamento

    vertical.

    O vnculo do apoio foi considerado de primeiro gnero, o que impede apenas a movimentao

    vertical no ponto onde se encontra o apoio.

    A carga aplicada inserida no momento em que se determinam as vinculaes e condies de

    contorno do problema dentro do programa computacional Abaqus. Dessa forma inserem-se as cargas

    ltimas de ambas as vigas para a simulao dessas. Esses valores sero mostrados frente nos

    Resultados e discusses.

  • IV Seminrio de Engenharia Civil da UEM 7

    2.4 Malha de elementos finitos

    A geometria da viga de concreto puro e da manta foram feitas em modelagem bidimensional

    com o tipo shell planar. Para ambas as partes utilizou-se o elemento CPS3 (3-node linear plane stress

    triangle).

    As geometrias das barras das armaduras foram feitas tambm com modelo 2D, no entanto

    utilizando o tipo wire. Vale salientar que a seo atribuda s armaduras do tipo truss, ou seja,

    possuem apenas efeitos de esforo normal axial. Dessa forma, para o ao, utilizou-se o elemento

    T2D2 (2-node linear 2-D truss).

    Os elementos utilizados no modelo podem ser visualizados conforme ilustra-se na Figura 7.

    Figura 7 Elemento CPS3 (a) e T2D2 (b)

    (a) (b)

    Aps gerar a malha de elementos finitos sobre o modelo das vigas, obtm-se a configurao

    da Figura 8.

    Figura 8 Malha de elementos finitos triangular

    O uso do elemento triangular apesar de parecer estranho para esse tipo de simulao, foi

    definido devido melhor convergncia numrica, sendo, dentre todos os elementos testados, o que

    promoveu o maior progresso nas simulaes. Alm desse elemento, tambm foram testados os

    elementos CPS4, CPS4R, CPS4I, CPE4, CPE3, CPE4RH, CPE4H, CPE3 e CPE3H, no entanto, no

    deram convergncia to boa quanto o elemento CPS3.

  • IV Seminrio de Engenharia Civil da UEM 8

    2.5 Resultados e discusses

    A Figura 9 apresenta, com auxlio de grfico, a comparao entre o comportamento

    experimental e numrico da viga em concreto armado convencional.

    Figura 9 Resultados para a viga em concreto armado convencional (V1A)

    Os valores da carga de fissurao, escoamento da armadura e de ruptura so respectivamente

    22,31 kN, 69,74 kN e 71,26 kN.

    Vale a pena complementar esse estudo com uma anlise das deformaes do ao e do concreto

    comprimido por meio de grfico de carga versus deformao para cada situao mostrada na Figura

    10.

    Figura 10 Diagrama carga-deformao do (a) ao e (b) concreto comprimido para a viga

    V1A

    (a) (b)

    Percebe-se que o escoamento coincide com a ruptura do material, demonstrando que a ruptura

    ocasionada devido ao escoamento do ao.

    0,00

    10,00

    20,00

    30,00

    40,00

    50,00

    60,00

    70,00

    80,00

    90,00

    0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00

    Car

    ga (

    kN)

    Deslocamento (mm)

    Experimental

    Numrico

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    80

    90

    0,00 2,00 4,00 6,00

    Car

    ga (

    kN)

    Deformao ()

    Ao

    Numrico

    Experimental

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    80

    90

    0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00

    Car

    ga (

    kN)

    Deformao ()

    Concreto comprimido

    Numrico

    Experimental

  • IV Seminrio de Engenharia Civil da UEM 9

    Para a viga de concreto armado reforada com 3 mantas de PRFC, tem-se os resultados de

    carga-deslocamento de acordo com o grfico da Figura 11.

    Figura 11 Resultados para a viga em concreto armado reforada com 3 mantas de PRFC

    Os valores da carga de fissurao, escoamento da armadura e de ruptura so respectivamente

    36,84 kN, 82,90 kN e 102,35 kN.

    Para essa viga, torna-se importante tambm os diagramas de carga-deformao do ao e

    tambm da manta que so ilustrados na Figura 12.

    Figura 12 - Diagrama carga-deformao do (a) ao e (b) reforo de PRFC para a viga V1C

    (a) (b)

    O confronto entre as vigas, comparando ambos resultados experimentais no mesmo plano

    cartesiano e ambos numricos em um outro plano cartesiano, dado conforme Figura 13.

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    120

    140

    0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00

    Car

    ga (

    kN)

    Deslocamento (mm)

    Experimental

    Numrico

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    120

    140

    0 4 8 12 16

    Car

    ga

    (kN

    )

    Deformao ()

    Ao

    NumricoExperimental

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    120

    140

    0 3 6 9 12

    Car

    ga

    (kN

    )

    Deformao ()

    PRFC

    Numrico

    Experimental

  • IV Seminrio de Engenharia Civil da UEM 10

    Figura 13 Confronto entre vigas (a) numricas e (b) experimentais

    (a) (b)

    Confeccionando um quadro resumo das cargas de fissurao, escoamento da armadura e carga

    ltima de ruptura, comparando com seus valores experimentais e calculando os respectivos erros

    percentuais, obtm-se a Tabela 3.

    Tabela 3 Valores das cargas das vigas

    Viga V1A Viga V1C

    Pf (kN) Py (kN) Pu (kN) Pf (kN) Py (kN) Pu (kN)

    Numrica 22.31 69.74 71.26 36.84 82.9 102.35

    Experimental 21.01 79.8 89.27 25.16 118.45 147.37

    Erro (%) 6.19% 12.61% 20.17% 46.42% 30.01% 30.55%

    3. CONCLUSO

    Os resultados obtidos permitem as seguintes consideraes:

    1) Percebe-se que, para a viga em concreto armado convencional, o incio da plastificao do concreto se d de forma conservadora entre 20 e 30 kN conforme ocorrido em

    laboratrio. Essa viga possui um comportamento satisfatrio quando comparada com

    os resultados em laboratrio at um certo carregamento, entretanto o valor de

    escoamento da armadura e, consequentemente, o de ruptura esto equivocados, isto ,

    o ao escoa muito antes do esperado. Tal ocorrncia pode ter ocorrido devido s

    caractersticas dos elementos finitos utilizados e tambm do modelo de clculo do

    programa computacional.

    2) A viga com reforo de PRFC encontra-se extremamente conservadora ao ser comparada com a viga experimental. Embora sirva como uma base para estudos

    futuros, sua caracterizao no satisfatria e no pode ser utilizada como um modelo

    calibrado da viga, pois a curva numrica diverge muito da curva experimental.

    3) Percebe-se que os erros ao final das anlises so um tanto grosseiros. Tal problema dado devido ao modelo de clculo utilizado para o comportamento no-linear do

    concreto trao (concrete smeared cracking), assim como as simplificaes

    consideradas na aderncia entre concreto-ao e tambm entre manta-viga, que foram

    adotadas como perfeitas. possvel fazer tal afirmao, pois experimentalmente a viga

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    120

    140

    0 10 20 30

    Car

    ga

    (kN

    )

    Deslocamento mximo (mm)

    Vigas numricas

    V1AV1C

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    120

    140

    0 10 20 30

    Car

    ga

    (kN

    )

    Deslocamento mximo (mm)

    Vigas experimentais

    V1AV1C

  • IV Seminrio de Engenharia Civil da UEM 11

    reforada rompe com o destacamento da manta e ainda, para Chen (2010), a fissurao

    dada principalmente devido ao deslizamento relativo entre a barra de ao e o concreto

    e afirma que essa considerao importante ser feita para esse tipo de simulao.

    4) A fim de melhorar os resultados, sugere-se que, em estudos posteriores, sejam considerados elementos de interface para os itens do tpico anterior, assim como o

    efeito de deslizamento e contato entre as partes. Alm disso, pode-se fazer uma nova

    simulao dessas vigas utilizando o modelo de dano concrete damaged plasticity para

    que se compare com esses resultados e se defina qual modelo fornece melhores

    resultados.

    5) Sugere-se, para melhor convergncia dos dados a elaborao de sub-rotina a ser utilizada como modelo alternativo o concrete smeared cracking e concrete damaged

    plasticity. Essa uma ideia muito difundida nessa rea de simulaes, diversos

    trabalhos de mestrado, doutorado, PhD citam o uso de sub-rotinas e descrevem as

    equaes a serem utilizadas.

    AGRADECIMENTOS

    Aos meus pais que sempre me ajudaram em tudo, tanto financeiramente quanto

    psicologicamente e espiritualmente.

    Ao professor Vladimir Jos Ferrari pela excelente orientao e ampla disposio de tempo.

    Ao professor Rodrigo Mazia Enami pelo auxlio com o programa computacional Abaqus.

    Aos melhores amigos com quem convivi os 5 anos na Universidade Estadual de Maring.

    Caroline Strongren Palmieri pela ajuda na reviso deste artigo.

    REFERNCIAS

    ABAQUS (2010). Analysis Users Manual version 6.10

    ARQUEZ, A. P. Aplicao de laminado de polmero reforado com fibras de carbono (PRFC)

    inserido em substrato de microconcreto com fibras de ao para reforo flexo de vigas de concreto

    armado. So Carlos, 2010. Dissertao (Mestrado) Escola de Engenharia de So Carlos, Universidade de

    So Paulo.

    ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. ABNT NBR 6118: Projeto de estruturas

    de concreto Procedimento. Rio de Janeiro, 2003.

    CHEN, G. M. Behaviour and strength of RC beams shear-strengthened with externally bonded

    FRP reinforcement. Hong Kong, 2010. Tese (Ph.D) Universidade Politcnica de Hong Kong.

    CHEN, G. M.; CHEN, J. F.; TENG, J. G. On the finite element modelling of RC beams shear-

    strengthened with FRP. Construction and Building Materials, v. 32, p. 14, 01/jul. 2012.

    DE SOUZA, L. A. F. Modelo numrico para simular o comportamento estrutural de viga de concreto

    armado reforada com PRFC. In: CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO, 55., 2013, Gramado. Anais

    do 55. Congresso brasileiro de concreto. Gramado: IBRACON, 2013. p. 2-11. ISSN 2175-8182.

    FERRARI, V. J. Reforo flexo de vigas de concreto armado com manta de polmero reforado

    com fibras de carbono (PRFC) aderido a substrato de transio constitudo por compsito cimentcio

    de alto desempenho. Tese (Doutorado) Escola de Engenharia de So Carlos, USP, So Carlos, 2007.