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Estudo Dirigido [Respondido]Professor: Milleno MotaInstituição: UNIMEDisciplina: Planejamento de FármacosAno: 2014.1TRANSCRIPT
FACULDADE DELTA – UNIME SALVADOR
Aluno(a): _________________________________________________________________________
Data: __/___/___ Professor: Milleno Mota Disciplina: Planejamento de Fármacos
Curso: Farmácia Período: ______ Semestre: ______ Turma: ______
ESTUDO DIRIGIDO
ORIENTAÇÕES:
• Considerado o tema “Metabolismo de Fármacos”, utilize a bibliografia da disciplina e artigos
científicos para responder as questões a seguir:
o BARREIRO, E.J. Química Medicinal: As Bases Moleculares para Ação dos Fármacos.
Artmed. Porto Alegre, 2000.
o THOMAS, G. Química Medicinal: uma introdução.
ESTUDO DE CASO
A Srta. B é uma mulher caucasiana de 32 anos de idade que, nos últimos 5 dias, vem se
queixando de faringite e dificuldade na deglutição. O exame físico revela lesões brancas e cremosas
sobre a língua, que são identificadas como candidíase oral, uma infecção fúngica. Seu histórico inclui
atividade sexual com diversos parceiros, uso inconstante de preservativo e uso contínuo de
anticoncepcionais orais durante os últimos 14 anos. O quadro sugere um diagnóstico de infecção pelo
HIV-1, que é confirmado pela análise com reação em cadeia da polimerase (PCR). A Srta. B apresenta
baixa contagem de células T CD4, e inicia-se imediatamente um esquema padrão de fármacos anti-HIV,
que inclui o inibidor da protease, o saquinavir. A candidíase oral regride com um agente antifúngico
tópico. A despeito da terapia agressiva, as contagens de células CD4 continuam a diminuir, e, vários
meses depois, a paciente procura o médico com fadiga e tosse persistente. Um exame mais detalhado
leva ao diagnóstico de tuberculose.
QUESTÕES:
1. Quais os fatores que um médico deveria considerar no planejamento de um esquema farmacológico
para tratar tanto a tuberculose aguda quanto a doença subjacente por HIV dessa paciente?
2. Um dos fármacos de primeira linha no tratamento da tuberculose é a rifampicina, que apresenta uma
interação medicamentosa importante com os inibidores da protease do HIV. Qual é o tipo de
interação medicamentosa que ocorre, implicação e o mecanismo envolvido?
3. A isoniazida é outro fármaco comumente utilizado no tratamento da tuberculose. Por que a origem
étnica da Srta. B dá a seu médico motivo para se preocupar ao considerar o uso desse fármaco?
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RESPOSTAS:
1. Embora saiba-se que em geral, os esquemas terapêuticos convencionais são igualmente eficazes
para pacientes HIV-negativos e HIV-positivos, os efeitos adversos dos fármacos podem ser mais
proeminentes nos pacientes infectados pelo HIV. Por tal motivo, existem três considerações
importantes que o clínico deve ter em mente acerca do tratamento da tuberculose em pacientes
infectados pelo HIV: aumento da frequência de reações paradoxais, interações medicamentosas
entre a terapia antirretroviral (TAR) e as rifamicinas, e a seleção de cepas monorresistentes à
rifampicina durante o tratamento intermitente com intervalos longos. Além disso, segundo as mais
recentes diretrizes, todos os pacientes com TB infectados pelo HIV são candidatos a TAR e o
momento ideal para seu início é o mais cedo possível e dentro das primeiras 8 semanas de terapia
anti-TB.
A despeito das interações medicamentosas, temos que a rifampicina age induzindo potencialmente
(e potentemente) as seguintes isoenzimas do complexo Citocromo P450: 1A2, 2C9, 2C19 e 3A4, a
sua administração leva a uma diminuição da meia-vida de vários compostos, incluindo a protease do
HIV e os inibidores da transcriptase reversa não nucleosídeos, além de uma série de outros
fármacos que sofram biotransformação à partir de qualquer dessas isoenzimas. A rifampicina leva à
falha terapêutica destes agentes, com consequências potencialmente catastróficas. Portanto, antes
de iniciar um paciente em um regime com rifampicina, o clínico e/ou farmacêutico deverão examinar
todas as suas medicações à procura de interações potenciais. A rifabutina é um indutor de CYPs
menos potente que a rifampicina, tanto em termos de potência quanto em quantidade de enzimas
envolvidas; entretanto, a rifabutina induz enzimas microssomais hepáticas e diminui a meia-vida da
zidovudina, prednisona, digitoxina, quinidina, cetoconazol, propranolol, fenitoína, sulfonilureias e
varfarina. E Por fim, como medidas de precaução sobre as potenciais interações e reações não
desejadas temos que a depuração do saquinavir aumenta com a indução da CYP3A4; assim, a
coadministração de indutores de CYP3A4, como rifampicina, fenitoína ou carbamazepina,
reduz as concentrações de saquinavir e portanto deve ser evitada. Além disso, segundo dados
da literatura, a maior parte das interações medicamentosas vistas com saquinavir/ritonavir reflete o
efeito do agente potencializador.
2. - O tipo de interação medicamentosa que ocorre é: Indução enzimática da isoenzima
biotransformadora do fármaco em questão.
- A Implicação é que: O aumento da atividade dessa enzima diminui a meia-vida e as
concentrações plasmáticas do inibidor da protease, o saquinavir.
- O Mecanismo envolvido é: A interação química entre a rifampicina e a isoenzima CYP3A4 que
leva a um aumento na sua atividade catalizadora.
3. As reações adversas a medicamentos (RAMs) e a possibilidade de ocorrer interações
medicamentosas são respostas que, muitas vezes, estão relacionadas à variabilidade genética
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individual. Segundo a literatura, esta variabilidade passou a ser estudada, mesmo antes que as
técnicas modernas de biologia molecular permitissem determinar a carga genética individual de
receptores e enzimas metabolizadoras, uma vez que já se observavam diferenças nas respostas a
fármacos, as quais estavam relacionadas a diferenças étnicas. A toxicidade que certos grupos
étnicos apresentam ao fármaco tuberculostático isoniazida é um exemplo de como a variação
genética entre populações foi observada. A eliminação deste fármaco depende principalmente de
acetilação, envolvendo acetil CoA e a enzima N-acetiltransferase. E o polimorfismo do gene NAT2
está relacionado à presença de capacidades acetiladoras distintas entre diferentes grupos étnicos,
com uma prevalência de acetiladores lentos variando de 10-20% entre japoneses, 50-60% entre
caucasianos e 90% entre a população do norte da África. Assim, o risco de toxicidade causada pela
deficiência de metabolização da isoniazida varia em diferentes populações, e portanto, o médico da
Srta. B, deverá estar atento ao fato de que, por ser ela uma mulher caucasiana apresenta um risco
potencialmente alto (grande probabilidade) de dispor do polimorfismo do gene NAT2, sendo assim,
uma acetiladora lenta.