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ESTUDO DE VIABILIDADE DE IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA PRO-PSA NA REGIÃO HIDROGRÁFICA DO GUANDU – RIO DE JANEIRO Outubro de 2013

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ESTUDO DE VIABILIDADE DE IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA PRO-PSA NA REGIÃO HIDROGRÁFICA DO GUANDU – RIO DE JANEIRO Outubro de 2013

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Coordenação Programa de Conservação da Mata Atlântica e Savanas Centrais

Hendrik Mansur Especialista em Conservação

João Guimarães Serviços Ambientais - Coordenador de Projetos

Claudio Klemz Serviços Ambientais - Coordenador de Articulação

Colaboração Mauricio Ruiz Secretário Executivo

Colaboração Beto Mesquita, Diretor para a Mata Atlântica, Conservação Internacional.

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SUMÁRIO EXECUTIVO

Uma das estratégias que tem obtido resultados mais eficazes no fomento à proteção e

restauração de ecossistemas, sobretudo aqueles que são essenciais para a manutenção das

condições que garantem a provisão de serviços ecossistêmicos dos quais depende o bem estar

da sociedade, como o abastecimento de água, é a implementação de iniciativas de pagamento

por serviços ambientais (PSA).

Neste sentido, em setembro de 2012 o Comitê de Gestão da Bacia Hidrográfica do Guandu

aprovou uma resolução criando o Programa de Pagamento por Serviços Ambientais PRO-PSA

na Região Hidrográfica II – Guandu. O objetivo deste programa é incentivar a adoção de

práticas de conservação e de restauração ambiental, visando a manutenção da quantidade e

da qualidade dos recursos hídricos das bacias sob gestão do comitê, sendo o pagamento por

serviços ambientais o principal instrumento para estimular estas práticas.

Iniciativas como o PRO-PSA tornam-se ainda mais relevantes quando levamos em conta que a

Região Hidrográfica do Guandu (RH Guandu) é responsável pela provisão de 85% da água

consumida na capital do estado e nas demais cidades localizadas em sua região metropolitana,

a segunda maior do país e uma das maiores da América Latina.

Um dos principais argumentos para a criação do PRO-PSA foi a experiência bem sucedida do

projeto-piloto “Produtores de Água e Floresta”, desenvolvido em Rio Claro-RJ desde 2008, o

qual beneficiou 62 propriedades rurais, recompensando a proteção de mais de 4 mil hectares e

viabilizando a restauração de cerca de 500 hectares, adicionalmente, em áreas críticas para os

recursos hídricos e a biodiversidade.

Ainda que o PRO-PSA represente um incremento considerável nos investimentos em PSA a

serem realizados pelo Comitê do Guandu nos próximos anos, é certo que tais recursos não

serão suficientes para atender a toda a demanda existente. Dadas a dimensão das bacias

hidrográficas abrangidas pelo comitê, o estado atual de degradação do seu capital natural e a

diversidade de paisagens e condições encontradas, faz-se necessária a adoção de princípios e

critérios para a priorização estratégica destes investimentos.

Deste modo, este estudo teve como propósito fazer uma avaliação preliminar sobre a

viabilidade técnica e financeira do PRO-PSA e apontar as sub-bacias e áreas prioritárias para

implementação de ações de conservação e restauração florestal nos próximos anos. Fruto da

cooperação técnica entre três das organizações que integram o grupo de representantes da

sociedade civil no comitê – Instituto Terra de Preservação Ambiental (ITPA), The Nature

Conservancy (TNC) e Conservação Internacional (CI-Brasil) – ele parte dos resultados

apontados por estudos anteriores, os quais, combinados com novas análises e procedimentos,

apontam as áreas críticas onde os investimentos devem ser concentrados nos primeiros anos

do PRO-PSA.

O primeiro recorte do estudo levou em conta as sub-bacias que apresentam maior

contribuição para o ingresso e aporte de recursos hídricos na bacia como um todo, incluindo a

interceptação horizontal da umidade vinda do mar e as áreas de recarga, combinando estes

quesitos com uma maior suscetibilidade à erosão. Esta análise apontou 11 sub-bacias, com

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uma área total de mais de 242 mil hectares (ou 65% da área total da RH Guandu), sobre as

quais se concentraram as etapas seguintes de priorização.

O segundo recorte, restrito às sub-bacias apontadas na primeira análise, levou em conta um

modelo de previsão e quantificação de aporte de sedimentos aos corpos d´água por erosão,

considerando tipos de solo e cobertura vegetal (ou uso) sobre o mesmo. Como resultado,

chegou-se à conclusão que seis sub-bacias dentro da Região Hidrográfica do Guandu, dentre

aquelas mais importantes para a produtividade hídrica, concentram mais de 95% das áreas

com maior potencial de aportar sedimentos aos corpos hídricos: Alto Piraí; Médio Piraí;

Represa Ribeirão das Lajes; Represa Santana; Sacra Família; Santana.

O terceiro e último recorte para a indicação de áreas prioritárias para os investimentos do

PRO-PSA levou em conta a cobertura florestal e o potencial de viabilidade da restauração

florestal das faixas marginais dos cursos d´água. Neste caso, foram aplicados os mesmos

parâmetros e métricas adotados no projeto-piloto Produtores de Água e Floresta, por

considerarmos ser estes os que oferecem a maior segurança em termos de proteção dos

serviços ecossistêmicos aportados pelas Áreas de Preservação Permanente (APP).

Como resultado final, chegou-se à indicação e mapeamento de cerca de 15 mil hectares de

áreas prioritárias em APP para investimentos em restauração, proteção e PSA, localizados nas

seis sub-bacias apontadas acima. Desse total, temos cerca de 4 mil hectares de APP priorizados

para restauração florestal e aproximadamente 11 mil hectares classificados como prioritários

para compensação por proteção de remanescentes florestais. Estas áreas estão localizadas nos

municípios de Barra do Piraí, Engenheiro Paulo de Frontin, Japeri, Mendes, Miguel Pereira,

Paracambi, Piraí, Rio Claro e Vassouras, ou seja, em nove dos 15 municípios que integram a RH

do Guandu.

Com estes resultados, oferecemos ao Comitê do Guandu um valioso instrumento para suporte

à tomada de decisão na definição das áreas estratégicas para os investimentos em

infraestrutura verde e em pagamentos por serviços ambientais, que possam por sua vez gerar

e manter benefícios para os sistemas de provisão de água e energia elétrica inseridos nesta

região. Indo um pouco além, este estudo permitiu ainda elaborar recomendações e um

modelo de plano de trabalho e cronograma de investimentos para o PRO-PSA, visando

otimizar e tornar mais eficiente a aplicação dos recursos, aumento o efeito positivo da sua

relação custo-benefício e reduzindo riscos.

Estamos convencidos que a priorização de áreas e as recomendações deste relatório serão

úteis para o aperfeiçoamento das iniciativas de PSA do Comitê Guandu, bem como para o

cumprimento de nossas metas institucionais de cooperação e colaboração com a proteção do

capital natural e com a governança dos recursos naturais da região.

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ESTUDO DE VIABILIDADE DE IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA PRO-PSA NA REGIÃO

HIDROGRÁFICA DO GUANDU – RIO DE JANEIRO

1. Definição de escopo e objetivos

O Comitê de Bacia Hidrográfica do Guandu aprovou em setembro de 2012 o Programa de

Pagamento por Serviços Ambientais PRO-PSA na Região Hidrográfica II – Guandu, através da

publicação da Resolução no 85. Este programa tem como objetivo “incentivar a adoção de

práticas de conservação e restauração ambiental visando à manutenção da quantidade e da

qualidade dos recursos hídricos das bacias sob a gestão do Comitê Guandu”, sendo o

Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) o principal instrumento para estimular estas

práticas. Um dos principais motivadores para a criação deste programa pelo comitê foi a

experiência bem sucedida do projeto Produtores de Água e Floresta desenvolvido em Rio

Claro-RJ, sendo que o comitê manifestou o compromisso de apoiar a criação de novos projetos

de PSA, ampliando o uso deste instrumento econômico para a conservação dos recursos

hídricos na Região Hidrográfica Guandu.

O presente estudo tem o propósito de fazer uma avaliação preliminar de viabilidade técnica e

econômica da implantação do Programa PRO-PSA através da análise de diversos estudos já

realizados na região e da realização de estudos específicos de priorização de áreas para

atividades de recuperação e conservação de mananciais, avaliação de custos para a

implementação destas atividades, e estimativas de benefícios biofísicos e econômicos

advindos das mesmas.

Este estudo pretende instrumentalizar o Comitê de Bacia com uma análise estratégica de

suporte à tomada de decisão sobre investimentos permanentes em infraestrutura verde e

pagamentos por serviços ambientais, que possam por sua vez gerar e manter benefícios para

os sistemas de provisão de água e energia elétrica inseridos nesta região.

Por fim este estudo faz orientações sobre estudos adicionais que se revelam necessários e

sugere um programa de investimento para a expansão das ações atuais para outras áreas

prioritárias dentro da região hidrográfica. As análises aqui realizadas e os estudos adicionais

sugeridos ao Comitê Guandu vêm no sentido de reduzir riscos e de aperfeiçoar o uso dos

recursos financeiros disponíveis para implantação do Programa PRO-PSA.

Objetivo

Orientar o financiamento de longo prazo para o Programa PRO-PSA através da: 1) sugestão de

áreas prioritárias para investimentos em infraestrutura verde, 2) estimativa de custos diretos e

indiretos associados a intervenções nestas áreas, 3) estimativa de benefícios biofísicos e

econômicos advindos destas intervenções, 4) apresentação de uma análise custo/benefício

preliminar que indica a viabilidade econômica destes investimentos, 5) orientação de estudos

adicionais necessários e 6) sugestão de um programa de investimentos para expansão do

programa para toda a região hidrográfica a ser incorporado na revisão do Plano de Bacia.

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2. Histórico de projetos e programas de Pagamento por Serviços Ambientais no estado do

Rio de Janeiro

O Estado do Rio de Janeiro foi um dos pioneiros na implantação dos instrumentos de gestão dos recursos hídricos estabelecidos pela Lei das Águas (Lei nº 9.433/97). Em 1999, estabeleceu a Política Estadual de Recursos Hídricos através da Lei nº 3.239/99, que nos seus artigos 5º e 11º criou o Programa Estadual de Conservação e Revitalização de Recursos Hídricos (Pro-Hidro), que tem por objetivo “proporcionar a revitalização, quando necessária, e a conservação, onde possível, dos recursos hídricos, como um todo, sob a ótica do ciclo hidrológico, através do manejo dos elementos dos meios físico e biótico, tendo a bacia hidrográfica como unidade de planejamento e trabalho”. O Decreto Nº 42.029/11, que regulamenta este programa, define como um de seus componentes o Programa Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais (PRO-PSA).

O Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos no Estado do Rio de Janeiro está em pleno funcionamento com o Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERHI) e os Comitês de Bacias instalados em todo o território fluminense. A cobrança pelo uso da água no estado teve inicio em março de 2004, em todas as bacias hidrográficas do estado.

A Região Hidrográfica II – Guandu foi a primeira do estado fluminense a se organizar em torno de um Comitê de Bacia e desde 2007 conta com um Plano de Bacia Hidrográfica, denominado Plano Estratégico de Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas dos Rios Guandu, da Guarda e Guandu Mirim.

2.1 Comitê da Bacia Hidrográfica Guandu

O Comitê de Bacia Guandu é o órgão colegiado que tem atribuições normativas, consultivas e deliberativas e reúne 60 instituições (membros titulares e suplentes), entre representantes dos usuários da água, da sociedade civil organizada e de órgãos de governo (municipal, estadual e federal).

O Comitê tem a atribuição principal de fomentar a gestão integrada e participativa dos recursos hídricos na região, além de: (1) Promover o debate das questões relacionadas aos recursos hídricos da bacia; (2) Articular a atuação das entidades que trabalham com este tema; (3) Arbitrar, em primeira instância, os conflitos relacionados aos recursos hídricos; (4) Aprovar e acompanhar a execução do Plano de Recursos Hídricos da Bacia; (5) Estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e sugerir os valores a serem cobrados; (6) Estabelecer critérios e promover o rateio de custeio das obras de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo.

As decisões do Comitê Guandu estão pautadas no “Plano Estratégico de Recursos Hídricos das

Bacias dos Rios Guandu, da Guarda e Guandu Mirim” (Plano de Bacia), uma ferramenta de

diagnóstico da situação dos recursos hídricos e de planejamento das ações necessárias para a

recuperação e conservação dos recursos hídricos na região. Este é o instrumento que norteia a

aplicação dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso da água.

O braço executivo de um Comitê de Bacia é a Agência de Água de Bacias Hidrográficas, mais

comumente chamada de Agência de Bacia, sendo que esta figura institucional foi definida pela

Lei Federal 9.433/97. São instâncias executivas responsáveis pela implementação das decisões

dos respectivos Comitês de Bacia.

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Suas competências básicas incluem: (i) atuar como secretaria executiva do respectivo comitê;

(ii) manter cadastro de usuários e balanço atualizado das disponibilidades hídricas; (iii) efetuar,

mediante delegação do outorgante, a cobrança pelo uso da água; (iv) elaborar o Plano de

Recursos Hídricos, para aprovação do respectivo comitê de bacia; (v) promover estudos e

analisar planos, projetos e obras a serem financiados à conta da cobrança pelo uso da água.

A Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia do Rio Paraíba do Sul – AGEVAP exerce a função de Agência de Bacia da RH II e está vinculada, por intermédio de contrato de gestão, ao Comitê Guandu. Desde 2010 a AGEVAP vem implantando as ações do plano de bacia através da aplicação dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso da água.

2.2 O Projeto Produtor de Água e Florestas - PAF

Por meio de uma iniciativa capitaneada pelo Instituto Terra de Preservação Ambiental, em 2008, teve início a implementação do projeto piloto de pagamento por serviços ambientais – PSA denominado Produtores de Água e Floresta - PAF. Este projeto vem sendo desenvolvido na microbacia do Rio das Pedras, localizada na região do Alto Rio Piraí, município de Rio Claro/RJ.

No âmbito do projeto Produtores de Água e Floresta constituiu-se um grupo de trabalho entre membros da Secretaria Estadual do Ambiente, o Comitê Guandu, a Prefeitura Municipal de Rio Claro, a The Nature Conservancy e o Instituto Terra de Preservação Ambiental, formalmente denominado de Unidade Gestora do Projeto – UGP. Esta estrutura possibilitou a gestão e a implementação compartilhada deste projeto entre o poder público, a instância deliberativa e a sociedade civil organizada.

O projeto piloto Produtores de Água e Florestas aplica o modelo provedor-recebedor, através de um sistema de pagamentos por serviços ambientais, incentivando, mediante compensação financeira, os agentes que, comprovadamente, adotarem, contribuírem ou implementarem práticas para a proteção e recuperação de mananciais, auxiliando a recuperação do potencial de geração de serviços ecossistêmicos, provendo benefícios às bacias hidrográficas e às populações que se provem de seus recursos hídricos.

A área piloto do projeto (microbacia do rio das Pedras) está localizada em Lídice, distrito do município de Rio Claro/RJ, e abrange uma área total de 5.227 ha compreendendo as principais nascentes do Rio Piraí. Este manancial é responsável por até 15% dos recursos hídricos disponíveis no sistema Guandu, destacando-se, igualmente, pela alta relevância para a biodiversidade da Mata Atlântica, sendo zona núcleo da Reserva da Biosfera, entorno do Parque Estadual Cunhambebe e território da Área de Proteção Ambiental do Alto Piraí. A escolha da área considerou a sua importância para o abastecimento de água para a região metropolitana do Rio de Janeiro, onde se concentram aproximadamente 7 milhões de pessoas e a localização na região denominada Corredor de Biodiversidade Tinguá – Bocaina, região onde há núcleos da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, e áreas prioritárias para conservação da biodiversidade estabelecidas pelo PROBIO (Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente). A região é considerada pelo Estado do Rio de Janeiro como de importância estratégica para a manutenção dos recursos hídricos e para a biodiversidade, devido ao seu

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perfil de manancial estratégico e área com alto índice de biodiversidade, o que justifica a manutenção e a restituição das condições ecossistêmicas próximas às originais. Os estudos preliminares realizados na Bacia do Rio das Pedras indicaram que haveria cerca de 335 ha para restauração em áreas prioritárias (matas ciliares, entorno de nascentes e áreas de interceptação vertical da chuva), de forma a se incrementar a oferta de serviços ambientais hídricos da microbacia. Dos fragmentos florestais existentes na área piloto do projeto, estimou-se que 3.677 ha seriam destinados para fins de conservação florestal.

Através da assinatura do Termo de Cooperação Técnica pelos membros da UGP em 2009, foram definidas as responsabilidades dos atores do projeto e as principais contrapartidas para a viabilização, execução e garantia do cumprimento das atividades. O Comitê Guandu aprovou a destinação de recursos financeiros para pagamentos aos Produtores de Água e Floresta pelos serviços ambientais prestados. Para tanto, foram cumpridos os trâmites do sistema estadual de recursos hídricos, obtendo-se aprovação nas câmaras técnicas, plenária do Comitê Guandu e Conselho Estadual de Recursos Hídricos. Inicialmente o contrato de transferência de recursos financeiros do comitê para os produtores rurais para o pagamento de serviços ambientais era celebrado pela AGEVAP, mas em 2010 foi promulgada, pelo município de Rio Claro, a Lei Municipal Nº 514 autorizando o poder executivo municipal a prestar apoio financeiro aos proprietários de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) e participantes do projeto Produtores de Água e Floresta, e permitindo ao Município celebrar contratos de Pagamentos por Serviços Ambientais com os proprietários rurais selecionados pelo projeto. Esta lei foi em seguida regulamentada pelo Decreto Municipal Nº 931 de 01 de julho de 2011.

Por fim, em 2011 o Estado do Rio de Janeiro aprovou o Decreto nº 42.029/11 que criou o Programa Estadual de Conservação e Revitalização de Recursos Hídricos (Pro-Hidro) que estabeleceu o mecanismo de Pagamento por Serviços Ambientais e criou o Programa Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais.

Esta foi a base para iniciar o processo de ampliação do projeto piloto Produtores de Água e Floresta que, após sobrepor diversos desafios, atualmente apresenta resultados expressivos.

Em 2009, 18 produtores da microbacia do Rio das Pedras foram contratados. No ano seguinte o projeto foi ampliado para todo o município de Rio Claro e atualmente são 62 produtores integrantes do projeto. O projeto conta com aproximadamente 4.150 ha contratados para conservação e 494 ha contratados para restauração, valores estes que ultrapassaram as metas previamente estabelecidas um ano antes da conclusão da primeira fase do projeto, conforme pode ser observado no gráfico a seguir:

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Gráfico 1: Metas e Resultados do Projeto Produtores de Água e Floresta

Até o momento foram investidos no projeto mais de 5 milhões de reais, provenientes da

captação de fundos dos parceiros do projeto juntamente com os recursos alocados pelo

Comitê Guandu.

A implantação do Projeto Produtor de Água e Florestas, desde sua concepção, contou com o

aporte financeiro de alguns parceiros institucionais como a The Nature Conservancy - TNC, o

Instituto Terra de Preservação Ambiental – ITPA, o Comitê Guandu, a Conservação

Internacional e o INEA (compensações ambientais de empreendimentos privados).

Esta experiência dos primeiros cinco anos de projeto pode ser considerada como balizadora da

estimativa de custos de implantação e operação do Programa PRO-PSA e é apresentada na

Tabela 1. Estes valores representam os investimentos dos últimos cinco anos no Projeto

Produtor de Água e Florestas através da atuação de uma Unidade Gestora de Projeto. As

atividades descritas nesta análise compõem todas as etapas que serão indispensáveis na

expansão da iniciativa para a região hidrográfica através do Programa PRO-PSA.

Tabela 1 – Custos de implantação e operação do Produtor de Água e Floresta 2008-2012

Atividade Total (R$) %

Diagnóstico e prospecção 178.806 3

Conservação 480.192 9

Restauração 2.742.877 52

Saneamento 67.000 1

PSA 368.417 7

Comunicação 119.900 2

Capacitação 13.000 1

Gestão 1.266.813 24

Monitoramento Hidrológico 72.750 1

Total 5.309.755 100

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2.3 Programa PRO-PSA

Com base na experiência do projeto Produtor de Água e Floresta, o Comitê Guandu criou o Programa de Pagamento de Serviços Ambientais – PRO-PSA para favorecer a criação de projetos de PSA na Região Hidrográfica do Guandu – RH II, com objetivo de contribuir para a adoção de práticas de conservação e restauração ambiental visando à manutenção da quantidade e da qualidade dos recursos hídricos das bacias sob a gestão do Comitê Guandu. Através da Resolução Nº 85 de 12 de setembro de 2012, ficou determinado que a partir de 2012 fosse aplicado anualmente, no mínimo, o valor relativo a 3,5% da arrecadação do Comitê Guandu no Programa PRO-PSA, além da utilização para o mesmo fim do montante de R$ 1,9 milhões previamente aprovados pela resolução nº 70 deste mesmo comitê. Esta Resolução também define as diretrizes para a implantação do Programa, com destaque para os artigos 2º e 11º:

Art.2º §1º “Os investimentos de Pagamentos por Serviços Ambientais – PSA deverão priorizar as áreas rurais e de mananciais de abastecimento público e nas (sic) áreas identificadas como prioritárias pelo Plano de Bacia dos rios Guandu, da Guarda e Guandu-Mirim.” Art. 11º “O Comitê Guandu buscará investir de maneira equânime os recursos do PRO-PSA entre os municípios e regiões contidas na Bacia, respeitando os seguintes critérios de prioridade: regiões produtoras de água, situadas no trecho alto da bacia, em entorno de unidades de conservação de proteção integral e dentro de unidade de conservação de uso sustentável.”

A resolução 98 de 30 de setembro de 2013 define que os recursos do PRO PSA poderão ser utilizados em ações como "gerenciamento, administração, monitoramento, acompanhamento, fiscalização, conservação, restauração florestal e PSA aos possuidores a qualquer título de área rural". A melhor definição das categorias de investimento dos recursos provenientes do Programa propicia maior segurança financeira aos projetos, garantindo sua sustentabilidade em longo prazo.

3. Contextualização inerente ao Programa PRO-PSA

3.1 Contexto geográfico

A RH-II Guandu compreende a bacia hidrográfica do Rio Guandu, bem como as bacias

hidrográficas dos Rios da Guarda e Guandu-Mirim, a bacia do rio Piraí, a bacia do Ribeirão

das Lajes, além das bacias dos rios afluentes ao Canal de São Francisco, até a sua

desembocadura, na Baía de Sepetiba. A rede hídrica que drena esta região é responsável por cerca de 80% do abastecimento de água e 25% da geração de energia elétrica para a região metropolitana do Rio de Janeiro, onde beneficia aproximadamente oito milhões de pessoas. Este fornecimento de água e energia elétrica só é possível devido à transposição de até 180 m3/s das águas da Bacia do Rio Paraíba do Sul, que além de garantir vazão suficiente para a operação da Estação de Tratamento de Água Guandu e da Usina Hidroelétrica Pereira Passos, permite a diluição dos poluentes lançados nos rios que drenam áreas com baixo índice de saneamento urbano e industrial.

Esta região hidrográfica situa-se na porção oeste do estado, abrange uma área de 3.715 km2 e envolve total ou parcialmente o território de 15 municípios fluminenses. Engenheiro Paulo de

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Frontin, Itaguaí, Japeri, Mangaratiba, Paracambi, Queimados e Seropédica possuem o território integralmente inserido na RH-II, enquanto Barra do Piraí, Mendes, Miguel Pereira, Nova Iguaçu, Piraí, Rio Claro, Rio de Janeiro e Vassouras estão parcialmente inseridos.

Mapa 1 – Região Hidrográfica II – Guandu, com destaque para a microbacia do Rio das Pedras (fase 1 do projeto PAF) e o município de rio Claro (fase II do projeto PAF)

3.2. Contexto socioeconômico

3.2.1 Demografia Segundo o Plano de Desenvolvimento Sustentável da Baia de Sepetiba - PDS (2010), a população inserida na Região Hidrográfica II - Guandu, de acordo com o Censo de 2010 chega a 1,89 milhões de pessoas, tendo crescido 1,4% ao ano na última década. A zona oeste do Município do Rio de Janeiro é responsável por 57% dessa população. Em termos de crescimento populacional, os municípios com maior destaque são Itaguaí, Seropédica e Mangaratiba, que mais que triplicaram o volume populacional nas últimas décadas. 3.2.2 Desenvolvimento Humano O Plano de Desenvolvimento Sustentável da Baia de Sepetiba – PDS (2010) também traz uma avaliação sobre os índices de desenvolvimento humano na região. O Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal – IFDM acompanha o desenvolvimento humano, econômico e social de todos os 5.564 municípios brasileiro com dados oficiais relativos às três principais

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áreas de desenvolvimento: Emprego & Renda, Educação e Saúde. O ranking municipal é feito com base nos seguintes critérios: baixo (de 0 a 0,4), regular (0,4001 a 0,6), moderado (de 0,6001 a 0,8) e alto (0,8001 a 1) desenvolvimento humano. Tal índice procura retratar alguns aspectos da qualidade de vida dos moradores de municípios relativos ao acesso e à qualidade da educação, alguns aspectos como atenção básica à saúde, e relativos à capacidade de gerar emprego e renda, aspectos que seriam as grandes vertentes que definem o desenvolvimento de uma localidade.1 O IFDM apresenta distribuição diferenciada nos municípios que integram a RH-II. O menor índice encontrado foi em Japeri, com IFDM = 0,540, mais de 53% abaixo do mais elevado, de 0,833 em Piraí. O Rio de Janeiro apresenta o segundo melhor índice, com 0,830, devido às grandes disparidades existentes em seu território. O índice médio da RH-II é de 0,69. Se o índice do Rio de Janeiro for desconsiderado da média, o índice passa a ser 0,68, abaixo da média estadual e nacional. Em termos de distribuição relativa, o município que apresenta melhor situação de Emprego e Renda é Itaguaí, motivado possivelmente pela presença do Porto, num índice de 0,955. Neste tópico, o pior colocado é o de Paracambi, com 0,239 de índice. No quesito Educação, o município melhor classificado volta a ser Piraí. Seropédica, apesar de contar com Universidade Federal Rural, está na 12ª posição regional, com índice de 0,675. Por último, a questão de Saúde também está mais bem equacionada em Piraí, com índice de 0,952. O município em pior situação é Queimados, onde o índice cai a 0,663. 3.2.3 Atividades Econômicas Segundo o Plano de Desenvolvimento Sustentável da Baia de Sepetiba – PDS (2010), o setor de

comércio e serviços é o mais importante na RH-II, respondendo por 78% do PIB regional, em

2008. Já o setor industrial gerou R$ 2 bilhões na RH-II (2% da economia estadual),

respondendo por 12% do PIB da RH-II. A agropecuária tem participação modesta no PIB da

região, com uma participação de apenas 4% no PIB regional. Entretanto, ao se analisar o uso

da terra na região (de acordo com o mapeamento de uso da terra disponibilizado pelo INEA) as

atividades agropecuárias são territorialmente significativas nesta Região Hidrográfica,

correspondendo a mais de 40% da área total. A pecuária se destaca, uma vez que as pastagens

ocupam cerca de 98% das áreas convertidas para atividades produtivas. A agricultura

permanente e temporária ocupa menos de 1% (1.329 ha) das áreas de produção agropecuária,

uma área menor que aquela ocupada por atividades silviculturais. A banana é a cultura

permanente predominante nestas áreas agrícolas, sendo que a cana-de-açúcar, feijão e milho

se destacam entre as culturas temporárias. Os municípios do Rio de Janeiro, Seropédica, Japeri

e Itaguaí concentram mais de 80% das áreas destinadas à agricultura.

1 São os indicadores que compõem o IFDM:

Emprego & Renda (geração de emprego formal; estoque de emprego formal; salários médios do emprego formal); Educação (taxa de matrícula na educação infantil; taxa de abandono; taxa de distorção idade/série; percentual de docentes com ensino superior; média de horas/aula diárias; resultado do IDEB); Saúde (número de consultas pré-natal; óbitos por causas mal definidas; óbitos infantis por causas evitáveis)

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Como já citado anteriormente, a pecuária é a principal atividade econômica ligada ao uso da

terra na região. Pelo fato da pecuária desenvolvida na região ser de caráter extensivo, com

baixa tecnificação e por consequência apresentar baixa produtividade por unidade de área, o

rendimento médio desta atividade é da ordem de R$ 60/hectare/ano.

A contextualização socioeconômica aqui apresentada é limitada e não atinge a profundidade

necessária para atender às demandas de suporte para a gestão do PRO-PSA. Assim é

apresentada no Anexo 1 - Modelo de Termo de Referência para Estudo Socioeconômico uma

sugestão de conteúdo de levantamento socioeconômico que se recomenda realizar nas

microbacias ou municípios objeto de expansão do projeto.

3.3 Contexto institucional

3.3.1 Contexto institucional do projeto Produtores de Água e Floresta

O arranjo institucional formado para a implantação do projeto piloto Produtores de Água e

Floresta na bacia do Rio das Pedras no município de Rio Claro/RJ foi oficializado por meio da

celebração do Termo de Cooperação Técnica celebrado entre a The Nature Conservancy –

TNC, o Instituto Terra de Preservação Ambiental – ITPA, o Município de Rio Claro e o Instituto

Estadual do Ambiente – INEA, com a interveniência do Estado do Rio de Janeiro e do Comitê

Guandu, onde cada instituição teve definida a sua atribuição (Anexo 2 - Termo de Cooperação

Técnica).

O Comitê Guandu destina recursos para pagamento por serviços ambientais aos proprietários

rurais e por meio da Agencia de Bacia (AGEVAP) realiza as vistorias de campo para verificação

das ações implantadas, enquanto o Estado do Rio de Janeiro, por meio da Secretaria de

Ambiente (SEA) e do Instituto Estadual do Ambiente (INEA), investe recursos para a

restauração florestal e lidera a construção de políticas públicas de PSA visando a ampliação do

projeto.

Durante o andamento do Projeto Produtores de Água e Floresta, houve uma adequação das

atribuições dos outros parceiros, principalmente em relação ao Município de Rio Claro.

Percebeu-se que o município teve dificuldades em disponibilizar recursos humanos para o

cumprimento das atribuições definidas no Termo de Cooperação, ação que acabou sendo

assumida pelo ITPA. Esta situação pode ser enfrentada por outros municípios na região e

denota a necessidade investimentos na capacitação técnica dos municípios.

A TNC realizou apoio técnico ao projeto, captou recursos financeiros e celebrou um convênio

com o ITPA visando custear as atividades previstas nas atribuições de gestão e execução do

projeto, além de custear parcialmente o pagamento por serviços ambientais aos produtores, a

conservação, e integralmente a comunicação, a capacitação, o monitoramento e a gestão o

projeto.

Da mesma forma o ITPA assumiu a primeira parcela do Pagamento por Serviços Ambientais

por dificuldades operacionais da FAPUR que até então funcionava como agência delegatária do

Comitê Guandu.

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3.3.2 Contexto institucional para o programa PRO-PSA

A ampliação do Programa PRO-PSA é fundamental para a Região Hidrográfica II – Guandu,

devido à vocação das cabeceiras desta região como mananciais para a provisão de água e a

necessidade de conservar e em certos casos recuperar o aspecto predominantemente natural

das mesmas. Outro fator importante é a possibilidade de agregação de outras instituições ao

arranjo institucional do Programa PRO-PSA, que tenham objetivos similares a este programa,

como, por exemplo, empresas fortemente dependente da regularidade da oferta e da

qualidade de recursos hídricos para seus negócios.

Com a experiência adquirida nos últimos anos, os resultados alcançados, o fortalecimento das

parcerias e a demanda pelos municípios da RH-II por projetos de PSA criou-se o ambiente para

a ampliação do programa.

As situações de dificuldades, enfrentadas no desenvolvimento do projeto Produtores de Água

e Floresta servem de referência para os possíveis desafios envolvidos na expansão do

Programa PRO-PSA. Por outro lado, avaliando as condições institucionais atuais para viabilizar

a expansão, temos um cenário mais favorável, ainda que investimentos sejam necessários em

treinamento e capacitação de instituições que venham a aderir a este programa e que não

tenham experiência concreta com projetos de PSA.

Com base no Plano de Bacia (Plano Estratégico de Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas dos Rios Guandu, da Guarda e Guandu Mirim – 2007) que aponta a importância da região para o abastecimento de água para a região metropolitana do Rio de Janeiro, o Comitê Guandu demonstrou seu empenho em ampliar o projeto de PSA para outras regiões da bacia quando aprovou o Programa PRO-PSA. O Plano de Bacia destaca a necessidade de melhor articular o gerenciamento dos recursos hídricos com o planejamento do uso do solo nos municípios integrantes da bacia. A proposta do Programa PRO-PSA vem exatamente neste sentido, buscando contribuir para a adoção de práticas de conservação e restauração ambiental visando a manutenção da quantidade e da qualidade dos recursos hídricos das bacias sob a gestão do Comitê Guandu. Vale destacar a sinalização do Comitê em possibilitar que os recursos do programa possam ser destinados também para outras ações além do pagamento em si aos proprietários envolvidos, tais como ações de restauração e conservação, visando a sustentabilidade financeira para as intervenções e a criação de ambiente favorável para a ampliação do projeto e a realização de novas parcerias. O Estado do Rio de Janeiro, visando alternativas para minimizar a possibilidade de escassez de

recursos hídricos para a região metropolitana do Rio de Janeiro, e aproveitando a maior

disponibilidade de recursos proporcionados pelo advento dos eventos das Olimpíadas e da

Copa do Mundo, reforçou dentro do seu plano ambiental o componente de conservação e

restauração de florestas aliado à implantação de programas de PSA. Um dos exemplos mais

ilustrativos desta tendência é o Programa Jogos Limpos, que prevê o plantio de no mínimo24

milhões de mudas para compensar as emissões de gases-estufa durante os jogos de 2016,

sendo que há uma expectativa que seja atingido um número final de 32 milhões de árvores

plantadas.

Outro programa estadual de potencial interface com o programa PRO-PSA é o Programa Rio

Rural. Esta iniciativa do governo estadual tem foco na melhoria da qualidade de vida no

campo, conciliando o aumento da renda do produtor rural com a conservação dos recursos

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naturais. Ele é executado pela Secretaria de Agricultura e Pecuária do Estado do Rio de Janeiro

(SEAPEC) através da Superintendência de Desenvolvimento Sustentável (SDS), com

financiamento do Banco Mundial/BIRD. O Programa incentiva a adoção de práticas

sustentáveis e técnicas produtivas mais eficientes e ambientalmente adequadas, inclusive com

apoio financeiro. Deste modo, contribui para a diminuição das ameaças à biodiversidade, para

o aumento dos estoques de carbono na paisagem agrícola e para a inversão do processo de

degradação das terras em ecossistemas de importância global da Mata Atlântica.

A experiência de mais de 60 anos da The Nature Conservancy - TNC em projetos com

governos, empresas e inúmeros parceiros para promover a conservação ambiental em larga

escala e em mais de 30 países, garante um sólido apoio técnico ao programa para vencer os

desafios de ampliação para as áreas prioritárias da RH II - Guandu. Só no Brasil são mais de 25

anos atuando em conservação ambiental, sendo que a TNC é parceira do Programa Produtor

de Água, da Agência Nacional de Águas (ANA), tendo participado ativamente da

implementação do primeiro projeto de PSA gerido por uma entidade governamental, o projeto

Conservador das Águas, da prefeitura de Extrema - MG, iniciado em 2006. Atualmente a TNC

está oficialmente envolvida com 9 projetos de PSA no Brasil, com diferentes arranjos

institucionais e financeiros.

Outro parceiro que adquiriu uma excelente experiência no planejamento e na implementação

de projetos de PSA, por meio do Projeto Produtores de Água e Floresta em Rio Claro/RJ, foi o

Instituto Terra de Preservação Ambiental – ITPA, que desde o início, em 2009, vem exercendo

a função de coordenação e execução do projeto e que mantém diversas outras iniciativas de

restauração na Bacia do Guandu, em especial, por meio do Banco de Áreas para Restauração

Florestal e do programa institucional do Corredor de Biodiversidade Tinguá - Bocaina.

Vários municípios da região do Guandu estão interessados em implantar projetos de PSA

visando garantir o abastecimento de água às suas populações, assim como aumentar a

sustentabilidade financeira das propriedades rurais, incentivando a fixação do homem no

campo e a manutenção do caráter rural desta região. Estas prefeituras podem contribuir, a

título de contrapartida, com uma parte dos recursos financeiros e humanos para implantação

dos projetos.

Com o objetivo de gerar um modelo de instrumento legal a ser utilizado pelos demais

municípios da Região Hidrográfica do Guandu, o ITPA contratou uma consultoria jurídica que

elaborou uma minuta padrão de projeto de lei e de decreto regulamentador (Anexos 1 e 2),

que deverá facilitar a regulamentação de projetos de PSA municipais.

Outras organizações poderão ser parceiras quando da ampliação do projeto, principalmente

instituições de ensino e pesquisa, ONGs e empresas que atuam na região. As empresas que

dependem diretamente de recursos hídricos como insumo para suas atividades de produção

podem ser potenciais apoiadores financeiros e técnicos de projetos de PSA, sendo que esta

adesão está fortemente condicionada à percepção das mesmas em relação à importância da

“infraestrutura verde” para a manutenção da quantidade e qualidade da água utilizada no seu

negócio. Segundo dados do Cadastro Nacional de Usuários de Recursos Hídricos, divulgado

pelo INEA, existem 386 empreendimentos cadastrados na RH-II Guandu. O Plano de

Desenvolvimento Sustentável da Região Hidrográfica da Baía de Sepetiba relaciona 28

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principais indústrias com outorga de captação de água na Região Hidrográfica II, conforme

cadastro de usuários de recursos hídricos, que podem ser possíveis parceiros nos projetos de

PSA.

Cabe destacar os benefícios potenciais do programa PRO-PSA especificamente para a

Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro - CEDAE e para a Companhia de

Energia Elétrica do Rio de Janeiro - Light, uma vez que a redução de sólidos em suspensão e de

nutrientes na água será um resultado notável em médio e longo prazo se o programa priorizar

as regiões mais críticas em relação ao aporte destes elementos. A CEDAE será beneficiada em

função da redução do custo com tratamento de água na Estação de Tratamento de Água

Guandu (ETA Guandu) e a Light com diminuição do assoreamento dos reservatórios e

consequentemente a manutenção do volume útil da água, assim como a extensão da vida útil

dos mesmos.

Outros parceiros importantes para os projetos de PSA são aqueles que de alguma forma

possam contribuir para as ações de monitoramento dos projetos. Atualmente o projeto

Produtores de Água e Floresta conta com o monitoramento hidrológico, da avifauna e da

ictiofauna. O monitoramento hidrológico é realizado em parceria da Companhia Estadual de

Águas e Esgotos – CEDAE do Estado do Rio de Janeiro, responsável pela coleta e análise da

água.

O monitoramento dos projetos ligados ao programa PRO-PSA poderá ser incluído no programa

Observatório de Bacia, previsto no Plano Estratégico de Recursos Hídricos da Bacia do Guandu,

no item 1.3.1- Concepção e Implantação do Observatório da Bacia, aprovado por meio da

Resolução Comitê Guandu nº 22 de 13 de setembro de 2007. Este programa visa estabelecer

uma rede de monitoramento de quantidade e qualidade de água suficientemente robusta para

o diagnóstico e o planejamento de ações que visem promover a regularidade da oferta de

água assim como garantir a manutenção de sua qualidade.

Outro assunto em discussão no Comitê Guandu que pode ser agregado ao Programa PRO-PSA

é o saneamento rural. Na implementação dos projetos de PSA poderão ser identificadas as

demandas por saneamento rural, inclusive com pontos georeferenciados, e a equipe do

projeto poderá apoiar a implantação das melhores soluções para o tratamento de resíduos

sólidos.

Outras ações do Programa, como, por exemplo, conservação do solo, podem ser assumidas

por instituições de ensino e pesquisa em condições de pleitearem recursos públicos em órgãos

dos governos Federal e Estadual, no âmbito dos programas que contemplem este objetivo.

Cabe destacar a necessidade de integração entre outros programas e os projetos de PSA,

principalmente dos governos Federal, Estadual e Municipais, com destaque para o Programa

de Desenvolvimento Rural Sustentável em Microbacias Hidrográficas do Estado do Rio de

Janeiro – RIO RURAL (já descrito anteriormente) e o Programa Produtor de Água da Agência

Nacional de Águas – ANA.

O Programa Produtor de Água da ANA tem como foco o estímulo à política de Pagamento por

Serviços Ambientais voltados a proteção hídrica no Brasil. Para tanto, o programa apoia,

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orienta e certifica projetos que visem a redução da erosão e do assoreamento de mananciais

no meio rural, propiciando a melhoria da qualidade e ampliação e a regularização da oferta de

água em bacias hidrográficas de importâncias estratégica para o País. O Programa prevê o

apoio técnico e financeiro. Atualmente está em análise pela ANA uma proposta, no valor de R$

446.400,00, de implantação de práticas de conservação de solos em propriedades contratadas

no âmbito do Projeto Produtores de Água e Floresta, nas Bacias do Rio Parado e Rio das

Pedras, em Rio Claro – RJ.

Dessa forma há um contexto institucional instalado na Região Hidrográfica II – Guandu

favorável à ampliação do programa PRO-PSA para novas sub-bacias. Por outro lado a

articulação institucional, a concretização de parcerias e a capacitação técnica de novos

parceiros são alguns dos grandes desafios a serem enfrentados. A seguir são apresentados

outros desafios que merecem destaque:

- Ampliar o aporte de recursos financeiros da cobrança pelo uso água pelo Comitê Guandu aos projetos de PSA diante da Lei Estadual nº 5234/2008 que determina a aplicação de no mínimo 70% (setenta por cento) dos recursos arrecadados pela cobrança pelo uso da água incidente sobre o setor de saneamento em coleta e tratamento de efluentes urbanos. Existe uma forte relação entre os projetos de PSA com o saneamento, uma vez que um dos resultados esperado é melhoria da qualidade e quantidade da água e mais especificamente a redução de sólidos em suspensão e nutrientes que comprometem a qualidade da água. - Conseguir a adesão das instituições privadas aos projetos de PSA, principalmente daquelas que atuam na Região Hidrográfica II – Guandu, para ampliar o suporte financeiro e permitir reduzir o tempo de atingimento das metas. Neste sentido cria-se a necessidade de um plano de comunicação e marketing para os projetos. - Integrar os programas Rio Rural (Estado do Rio de Janeiro), Programa Produtor de Água (ANA) e programas municipais ao Programa PRO-PSA. A integração de programas públicos consolidados e independentes depende de decisão política dos governos e da aceitação dos técnicos envolvidos, o que exige uma grande capacidade de articulação, mobilização e capacitação.

4. Estudos sobre o potencial de projetos de carbono na bacia

Um benefício econômico que pode ser agregado ao Programa PRO-PSA é a remuneração pela

geração de créditos de carbono oriundos de projetos florestais.

Um dos primeiros passos para se avaliar a viabilidade de implantação de projetos dessa

natureza é proceder-se à análise de elegibilidade. A partir dela, é possível identificar se os

trechos incluídos em projeto estão aptos a gerar créditos de carbono válidos perante os

mercados internacionais (regulamentado ou voluntário).

Essa análise baseia-se na premissa de que qualquer iniciativa que envolva a absorção de CO2

da atmosfera necessita a comprovação de que as atividades pré-projeto não contribuíram para

o cenário atual de mudanças climáticas. Assim, como o desmatamento e a mudança de uso de

solo são a 2ª maior causa da intensificação das emissões de GEE no Brasil e no mundo (MCT,

2010), uma das principais preocupações ao se desenvolver um projeto florestal de carbono é

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que as áreas submetidas às ações do projeto não tenham sido desmatadas recentemente –

usualmente, o intervalo mínimo para avaliação é 10 anos antes do início das atividades.

As áreas prioritárias para o Programa PRO-PSA apontadas neste estudo têm grande

possibilidade de serem elegíveis à geração de créditos de carbono, uma vez que os processos

de substituição de florestas por outras categorias de uso de solo foram mais evidentes ao

longo do século passado.

A análise de elegibilidade realizada pela TNC, a partir da base de dados do “Pacto para

Restauração da Mata Atlântica”, e seguindo critérios do principal padrão de validação do

mercado voluntário – o VCS (Verified Carbon Standard), identificou um total de 55.900 ha

elegíveis para projetos florestais de carbono na Região Hidrográfica II – Guandu. Nela,

atualmente encontra-se em fase de desenvolvimento o documento de concepção de projeto

(DCP) de um projeto florestal de carbono direcionado à restauração ecológica. Fruto de

parceria entre o ITPA, a TNC, a Conservação Internacional e o INEA, o DCP será submetido à

validação dentro do padrão Clima, Comunidade e Biodiversidade – CCB, que atesta que além

das ações relacionadas às mudanças climáticas, o projeto apresenta benefícios para a

comunidade e para a biodiversidade.

5. Análise de viabilidade biofísica e econômica

O desenvolvimento deste estudo de viabilidade é sustentado em três áreas do conhecimento:

as ciências naturais, as ciências sociais e a ciência econômica.

É das ciências naturais que provém a identificação espacial e a quantificação de áreas de maior

criticidade em termos de aporte potencial de sedimentos assim como a identificação de sub-

bacias prioritárias para investimentos. Feita a identificação destas sub-bacias com maior

concentração de áreas críticas, buscou-se identificar e quantificar as regiões marginais aos rios

e reservatórios que pudessem ser alvo de projetos de restauração e conservação. A título de

análise demonstrativa de resultados potenciais em termos de melhorias de qualidade de água,

realizou-se uma modelagem de cenário futuro de recuperação ambiental das áreas críticas,

visando uma estimativa inicial de benefícios biofísicos decorrentes de investimento em

infraestrutura verde.

As ciências sociais nos dão o subsídio para avaliar a viabilidade da implantação de ações de

conservação de recursos hídricos frente ao contexto socioeconômico da região do Guandu,

bem como a avaliar a capacidade de implantação existente nos municípios e as demandas de

capacitação.

Finalmente, é a partir de uma avaliação econômica simplificada que serão feitas as estimativas

de benefícios financeiros provenientes das melhorias biofísicos como redução da

sedimentação e custos de tratamento de água. Da mesma forma, as condicionantes

econômicas relacionadas à disponibilidade atual de recursos financeiros e previsão de recursos

futuros servirão de referência para a definição dos limites geográficos e do ritmo da

implementação do PRO-PSA na Região Hidrográfica.

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É com base nestas análises e avaliações que este estudo de viabilidade pretende subsidiar o

Comitê Guandu com informações que sirvam como instrumentos de tomada de decisão sobre

a expansão do Programa PRO-PSA para determinadas áreas da Região Hidrográfica II - Guandu.

5.1 Análise biofísica

5.1.1 Identificação de Sub-bacias da Região Hidrográfica Guandu Potenciais para Implantação

do Programa PRO-PSA Guandu

O Instituto Terra de Preservação Ambiental - ITPA, a Conservação Internacional - CI e a The

Nature Conservancy - TNC criaram uma coalisão para fornecer informações com base científica

e técnica para o Comitê Guandu, de forma que o mesmo possa examinar possibilidades de

investimento em infraestrutura verde, a fim de melhorar a provisão de serviços ecossistêmicos

relacionado ao abastecimento de água do Sistema Guandu. Neste âmbito, o grupo elaborou

uma proposta a ser apresentada ao Comitê para auxiliar na priorização de investimentos do

programa PRO-PSA, com aplicação direta na gestão deste novo programa.

Definiu-se conjuntamente que seria conduzida uma análise para identificação de sub-bacias

potenciais para o desenvolvimento de projetos do Programa PRO-PSA para o aumento dos

serviços ecossistêmicos, com base em critérios hidrológicos, geomorfológicos, pedológicos, e

também critérios relacionados à utilização das regiões como manancial e a ocorrência de

Unidade de conservação de proteção Integral e de Uso Sustentável. Procurou-se considerar

como principal norteador para esta análise, os indicativos presentes na Resolução Guandu nº

85/2012, que dispõe sobre a criação do Programa de Pagamento por Serviços Ambientais –

PRO-PSA na Região Hidrográfica II - Guandu, notadamente aqueles que constam do Art.2º §1º

e Art.11º, mencionados no item 2.3 deste estudo.

Como referência para a identificação de áreas mais propícias do ponto de vista de produção de

água e suscetibilidade à erosão, o grupo decidiu tomar por base o estudo conduzido pela

Conservação Internacional e pelo ITPA, em 2012, intitulado "Protecting freshwater sources of

the Rio de Janeiro’s metropolitan area: Applying freshwater conservation priority-setting

framework in the Guandu and Piraí Basins” (Honzák et al, 2012), que identificou áreas

prioritárias para restauração e conservação, a fim de reduzir a erosão e regular o fluxo de água

para toda a Bacia Hidrográfica Guandu. Visando um aperfeiçoamento desta análise de

priorização, o grupo buscou integrar alguns dos resultados deste estudo com outros

indicativos, como a ocorrência de áreas protegidas, a localização das áreas mais altas da bacia,

e a função de manancial, a fim de integrar a necessidade de proteger e incrementar os serviços

ecossistêmicos com os objetivos de conservação da biodiversidade, cumprindo assim com as

diretrizes do Programa PRO-PSA do Comitê Guandu.

Esta primeira etapa da análise de priorização indicou quais sub-bacias hidrográficas (ou trechos

de sub-bacias hidrográficas) da Região Hidrográfica II Guandu são os mais adequados para

receber projetos de PSA, em conformidade com a resolução do Comitê Guandu que criou o

PRO-PSA e de acordo com os critérios estabelecidos pelo grupo de trabalho, que foram

baseados nos mesmos princípios desta resolução. Desta forma foram identificadas as

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seguintes unidades de análise: Alto Piraí, Médio Piraí, Sacra Família, Santana, São Pedro,

Macaco, Queimados, Ribeirão das Lajes, Canal do Guandu, represa Santana e represa Ribeirão

das Lajes, perfazendo assim 11 sub-bacias ou trechos de sub-bacias dentre as 19 unidade

analisadas. Estas sub-bacias estão destacadas no mapa 2 a seguir. Apesar da unidade de

análise “bacia da represa Santana”, constituída pelo trecho final do rio Piraí, não haver

atendido aos critérios biofísicos (mínimo de 15% da área da sub-bacia com alta suscetibilidade

à erosão e alto potencial de regulação do fluxo hídrico), após apresentação dos resultados

preliminares à Unidade Gestora de Projeto Guandu, foi acatada a recomendação da mesma de

incluir este trecho da bacia do rio Piraí, devido à conexão estratégica que esta unidade de

análise faz entre as áreas mais altas da bacia do Piraí e o trecho final deste rio, que recebe as

águas transpostas do rio Paraíba do Sul. Desta forma todas as sub-bacias que fornecem água

ao Sistema de Abastecimento Guandu foram identificadas como potenciais para acolherem

projetos do programa PRO-PSA.

Tabela 2- Quantificação dos critérios de priorização e identificação das unidades de análise selecionadas

(em vermelho).

Sub-bacia

Área Total da

Sub-bacia (ha)

Região de Manancial ?

Área com Atendimento a

Critérios Biofísicos (ha)

% de Área Prioritária

em Relação a Área Total

da Sub-bacia

Sub-bacia Prioritária?

1 Bacia do Macaco 7.385,7 Sim 7.368,1 99,8 Sim

2 Bacia do Santana 31.853,2 Sim 31.721,0 99,6 Sim

3 Bacia do Ribeirão das Lajes 26.697,2 Sim 26.523,5 99,3 Sim

4 Bacias Mangaratiba e Itacurussá

29.341,2 Não 28.173,7 96,0 Não

5 Bacia do Alto Piraí 27.327,5 Sim 19.722,9 72,2 Sim

6 Bacia do São Pedro 9.262,2 Sim 6.600,3 71,3 Sim

7 Bacia do Piraquê ou Cabuçu 10.801,6 Não 6.539,7 60,5 Não

8 Bacia da Represa Ribeirão das Lajes

32.119,3 Sim 16.935,9 52,7 Sim

9 Bacia do Portinho 6.336,2 Não 2.708,3 42,7 Não

10 Bacia do Canal do Guandu 9.282,6 Sim 2.906,5 31,3 Sim

11 Bacia do Guandu-Mirim 15.320,2 Não 4.561,4 29,8 Não

12 Bacia do Queimados 25.245,0 Sim 7.391,9 29,3 Sim

13 Bacia do Mazomba 9.602,9 Não 2.731,1 28,4 Não

14 Bacia do Sacra Família 22.487,7 Sim 6.359,7 28,3 Sim

15 Bacia do Médio Piraí 29.102,4 Sim 4.443,1 15,3 Sim

16 Bacia do Ponto 2.938,7 Não 228,3 7,8 Não

17 Bacia do Rio da Guarda 33.466,2 Não 1.747,3 5,2 Não

18 Bacia da Represa Santana 21.537,2 Sim 108,2 0,5 Sim

19 Bacia do Canal do Itá 9.730,3 Não 0,0 0,0 Não

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Mapa 2 – Sub-bacias potenciais para expansão do Programa PRO-PSA

5.1.2 Estimativa do aporte de sedimentos atual nas sub-bacias potenciais e Identificação de

sub-bacias prioritárias

As sub-bacias previamente identificadas como mais importantes para expansão do programa PRO-PSA foram objeto de uma análise posterior para a identificação de áreas de maior criticidade em relação ao potencial de aportarem sedimentos para os rios e reservatórios do Sistema Guandu. O principal objetivo desta análise foi avaliar dentre estas 11 sub-bacias quais apresentavam maior concentração de áreas críticas, o que justificaria um investimento preferencial para recuperação ambiental nas mesmas. Ou seja, no presente estudo foram executadas duas etapas de priorização de sub-bacias para expansão do Programa PRO-PSA: 1) a identificação de sub-bacias que reúnem melhores condições biofísicas, institucionais e estratégicas para o desenvolvimento de projetos nos moldes previstos pelo programa PRO-PSA (conforme item 5.1.1); e 2) a identificação de sub-bacias dentre as anteriormente citadas onde foi possível identificar maior ocorrência de áreas de alto potencial de exportação de sedimentos; esta segunda etapa de priorização permite a otimização da aplicação dos recursos disponíveis nas áreas onde o retorno em termos de incremento de serviços ambientais possa ser comparativamente maior. A ferramenta InVEST, utilizada na identificação de áreas críticas e na estimativa de benefícios biofísicos potenciais, foi desenvolvida pela iniciativa chamada “Natural Capital Project“, formada pela cooperação entre a Universidade de Stanford, The Nature Conservancy - TNC e o Fundo Mundial para a Natureza - WWF. Esta iniciativa vem desenvolvendo ferramentas para quantificar o valor do capital natural de forma clara, prática e confiável, partindo do pressuposto de que é necessário demonstrar o potencial de retorno de investimentos na conservação da natureza e dos serviços ambientais que dela provêm, para conquistar a aceitação social de tais investimentos.

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Na região de mananciais do Sistema Guandu, que concidentemente corresponde ao conjunto de sub-bacias identificadas na primeira etapa de priorização (item 5.5.1), foi aplicado o modelo de Retenção de Sedimentos da ferramenta InVEST, de forma a estimar os benefícios em termos de melhoria de qualidade de água e consequente diminuição de custos de tratamento para abastecimento, decorrentes de ações hipotéticas de restauração florestal em áreas identificadas como críticas para o abatimento de processos erosivos que acabam promovendo o aporte de sedimentos aos rios e represas da região e comprometendo a qualidade das águas locais. O modelo de Retenção de Sedimentos é baseado na metodologia da Equação Universal de Perda do Solo (EUPS ou USLE, em inglês), desenvolvida por Wischmeier & Schimdt (1978). Esta metodologia é amplamente difundida e aplicada em estudos de processos erosivos, perda de solo agrícola, e sedimentação de corpos d’água ao redor do mundo. Adicionalmente, este modelo leva em conta também a capacidade de filtragem de sedimentos que cada uso da terra pode proporcionar, evitando que o solo erodido nas partes mais altas das encostas chegue aos rios que formam estes sistemas de abastecimento, criando um efeito “barreira”. Em condições similares de topografia e solos, as áreas de cobertura florestal apresentam uma capacidade maior de retenção de sedimentos em relação a áreas de agricultura e pastagem. A ferramenta InVEST permite também que diferentes cenários de Uso da Terra possam ser construídos e avaliados, de forma a permitir uma análise comparativa de processos de erosão e sedimentação ao se aplicarem diferentes abordagens de uso e manejo dos recursos naturais em uma mesma área de estudo. Com base na premissa de análise comparativa de cenários pré e pós projeto, esta abordagem metodológica permite quantificar os benefícios adicionais em termos de abatimento de erosão e de sedimentação que podem ser alcançados pela implementação das atividades de restauração e conservação previstas no programa PRO-PSA. a) Metodologia

a.1) Foi aplicado o modelo de sedimentos do pacote InVEST considerando o uso e cobertura da terra “atual” (base cartográfica de uso da terra referente ao ano de 2009, produzida pelo INEA para o projeto Base Temática – O Estado do Ambiente). Desta maneira foram obtidas estimativas de erosão total (quantidade de solo que se desprende do seu local original) e de aporte de sedimentos (porção da erosão total que chega efetivamente aos corpos d’água) aos rios que compõem este sistema de abastecimento. a.2) Avaliando os mapas de potencial produção de sedimentos gerados pelo modelo, foram identificadas as porções do território que mais contribuem para a exportação de sedimentos para o sistema. Considerando os usos da terra com maior factibilidade de receberem intervenções como restauração ecológica e conservação de solo, selecionamos em seguida, dentre as áreas com maior potencial de aporte de sedimentos, apenas as áreas que se encontravam sob os seguintes usos: agricultura, pastagem e solo exposto. Estas áreas foram definidas como prioritárias para as intervenções que seriam representadas no cenário de “infraestrutura verde”. a.3) Foi elaborado um cenário de uso da terra hipotético no qual as áreas identificadas no passo anterior já teriam sido objeto das seguintes intervenções: áreas de agricultura, pastagem e solo exposto passaram a ser modeladas como floresta em estágio médio/avançado (utilizando-se os parâmetros de modelagem específicos deste tipo de cobertura da terra).

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a.4) O modelo InVEST foi aplicado a este novo cenário de uso da terra, para uma nova estimativa de aporte de sedimentos considerando-se as intervenções nas áreas identificadas anteriormente. a.5) O passo seguinte foi calcular o possível incremento do serviço ambiental de abatimento de aporte de sedimentos que poderia ser proporcionado pelas intervenções de “infraestrutura verde” nas áreas críticas de exportação de sedimentos. Para tanto, foi mensurada a diferença do valor total de aporte de sedimentos aos corpos d’água nos mananciais do Sistema de Abastecimento Guandu entre os cenários de uso atual e uso futuro (considerando intervenções). b) Resultados

Estimativa de taxas atuais de erosão e de aporte de sedimentos A modelagem de erosão e de produção de sedimentos que considerou o cenário atual de uso e cobertura da terra nos mananciais do Sistema de Abastecimento Guandu indicou as seguintes taxas médias de erosão na área de estudo: 18,6 toneladas/hectare/ano. Esta taxa de erosão pode ser considerada elevada, por ser superior ao valor médio de tolerância a perda de solos no Brasil, de cerca de 10 ton/ha/ano (Chaves, 2010). Em relação ao aporte de sedimentos, ou seja, a fração da erosão total que efetivamente chega aos corpos d’água (lembrando que a maior parte do solo erodido acaba se depondo em partes mais baixas das encostas, em especial nas áreas de APP, antes de chegar aos rios), o modelo Invest gerou uma estimativa de aporte de sedimentos de 0,69 toneladas/hectare/ano (ou 69 ton/km2/ano) aos rios desta bacia. A taxa de aporte de sedimentos modelada para o cenário atual é semelhante ao potencial de produção de sedimentos estimado por Campagnoli (2006) para esta área de interesse, já que o mapa de produção potencial de sedimentos no Brasil produzido por este autor indica um valor médio de 0,66 ton/ha/ano para esta região. Identificação de Sub-bacias Prioritárias Considerando como unidades de análise para a identificação de sub-bacias prioritárias para expansão do programa PRO-PSA as 11 sub-bacias definidas como potenciais para projetos desta natureza, foram selecionadas dentre as mesmas aquelas que concentravam mais áreas com maior potencial de aporte de sedimentos (tendo sido definido o valor mínimo de aporte de sedimentos da ordem de 0,1 ton/hectare/ano). O resultado desta análise pode ser visto na tabela 3, a seguir.

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Tabela 3: Extensão de áreas críticas (maior aporte potencial de sedimentos) nas sub-bacias prioritárias

Sub-bacia Área total (ha) Áreas críticas (ha)

1 Bacia do Médio Piraí 29.102,7 796,2

2 Bacia do Santana 31.853,4 611,3

3 Bacia do Alto Piraí 27.327,7 483,5

4 Bacia da Represa Santana 21.537,4 404,2

5 Bacia do Sacra Família 22.487,8 389,6

6 Bacia da Represa Ribeirão das Lajes 32.119,6 338,0

7 Bacia do Macaco 7.385,8 79,1

8 Bacia do Ribeirão das Lajes 26.697,4 56,0

9 Bacia do São Pedro 9.262,3 3,0

10 Bacia do Queimados 25.245,1 2,4

11 Bacia do Canal do Guandu 9.282,6 0,8

TOTAL 242.301,8 3.164,1

Estas áreas de maior exportação potencial de sedimentos se concentram às margens de rios e

reservatórios, as quais estão legalmente definidas como Áreas de Preservação Permanente

ciliares; pelo fator de proximidade, o solo erodido nestas áreas, se não houver uma adequada

cobertura do solo, tem mais probabilidade de atingir corpos d’água do que os sedimentos que

provém de partes mais altas; além disso, a existência de vegetação natural nestas áreas é

fundamental para a interceptação de sedimentos carreados das partes mais altas das

encostas. Por isso, as áreas definidas como APP ciliares, se efetivamente protegidas por

vegetação natural, representam uma barreira estratégica que pode evitar a chegada de

sedimentos aos corpos d’água e a consequente degradação dos mesmos.

Visto que as sub-bacias do Médio Piraí, Alto Piraí, do rio Santana, da represa Santana, da

represa do Ribeirão das Lajes e do rio Sacra Família concentram mais de 95% das áreas

identificadas como de maior potencial de aporte de sedimentos aos rios da região,

recomenda-se considerar como prioritárias para expansão do PRO-PSA estas seis sub-bacias.

Esta recomendação visa otimizar os investimentos do programa PRO-PSA, sugerindo uma

concentração de investimentos nas sub-bacias onde poderia ser gerado o maior retorno

biofísico, em termos de incremento do serviço ambiental “retenção de sedimentos”.

Utilizando como referência de Uso e Cobertura da Terra atual a base temática ambiental oficial

do estado do Rio de Janeiro, produzida pelo INEA em 2011, foi possível identificar os usos e

coberturas destas áreas críticas no que tange à exportação de sedimentos, como indicado na

tabela 4.

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Tabela 4 – Uso e cobertura da terra das áreas críticas nas 6 sub-bacias prioritárias (base cartográfica de Uso da Terra: Base Temática – O Estado do Ambiente, INEA, 2011)

Uso/Cobertura do Solo Área (ha) Área (ha) com Usos Passíveis de

Mudança

Pastagem 2.823,3 2.823,3

Floresta 107,7

Ocupação Urbana de Média Densidade 41,5

Vegetação Secundária em Estágio Inicial 9,7

Agricultura 10,9 10,9

Ocupação Urbana de Baixa Densidade 10,1

Pastagem em Várzea 6,0 6,0

Reflorestamento 5,3

Afloramento Rochoso 5,4

Água 0,5

TOTAL 3.020,3 2.840,2

Os usos da terra atuais passíveis de intervenção, de acordo com as modalidades previstas para projetos desta natureza (restauração ecológica e conservação de solo) são aqueles destacados na tabela acima, ou seja Pastagem, Pastagem em Várzea e Agricultura. Estes usos somam 2.840,2 ha, e somente estas áreas foram objeto do exercício de modelagem considerando um novo cenário de uso da terra onde as mesmas já teriam sofrido intervenções (restauração ecológica). É importante ressaltar que esta identificação de áreas críticas pelo alto potencial de exportação de sedimentos visou mapear e quantificar a ocorrência das mesmas, de forma a possibilitar a identificação de sub-bacias com maior contribuição potencial de aporte de sedimentos, ocasionado pelo uso antrópico em áreas de maior fragilidade. Este mapeamento preliminar se presta também como subsídio para estimar, em caráter demonstrativo, o impacto relativo que o programa PRO-PSA poderia oferecer em termos de mitigação de aporte de sedimentos, ao se concentrar as referidas intervenções nas sub-bacias mais frágeis do sistema. Porém as áreas efetivamente consideradas neste estudo como prioritárias para intervenção e que foram objeto de uma estimativa de custos para expansão do Programa PRO-PSA são aquelas apresentadas em tópico mais a frente, que este estudo apresenta como critério fundamental de priorização para ações de infraestrutura verde, a localização das áreas alvo em Áreas de Preservação Permanente Ciliares, seja para ações de restauração ecológica como para conservação (de acordo com o respectivo uso da terra). Cabe ressaltar que a legislação ambiental é forte aliada para a adesão de proprietários rurais aos programas que visam a conversão do uso da terra nestas áreas, assim como para a manutenção de remanescentes naturais. Estimativa das taxas de aporte de sedimentos no cenário de intervenções em áreas críticas das sub-bacias prioritárias

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Feita a Identificação das sub-bacias prioritárias para investimento, foi realizada também uma estimativa de redução de aporte de sedimentos relacionada à restauração ecológica das áreas críticas, em relação a potencial de aporte de sedimentos, desprovidas de cobertura vegetal. Esta estimativa visa basicamente fornecer uma dimensão inicial dos benefícios advindos dos investimentos em "infraestrutura verde" para aumento da segurança hídrica do Sistema de Abastecimento Guandu. Após a aplicação do modelo de sedimentos InVest ao cenário de intervenções de “infraestrutura verde” nas áreas anteriormente identificadas como críticas foram obtidas estimativas de erosão total e de aporte de sedimentos para a região de estudo considerando-se as intervenções nestas áreas . Na região de interesse, enquanto a taxa de erosão estimada passou de 18,6 ton/ha/ano no cenário atual para 17,4 ton/ha/ano no cenário pós-intervenções (redução de 6,1%), a estimativa de exportação de sedimentos para os rios, que era de 0,69 ton/ha/ano no cenário atual, passou para 0,31 ton/ha/ano, configurando uma redução estimada da ordem de 54,9%. A redução mais significativa na exportação de sedimentos do que na taxa de erosão total se deve ao fato de que embora as fontes de erosão tenham sido diminuídas somente nas áreas que sofreram a intervenção hipotética, estas áreas apresentam um incremento em sua capacidade de reter sedimentos provenientes de partes mais altas das encostas. Esta verificação apoia a premissa de que a restauração ecológica pode incrementar exponencialmente o efeito barreira gerado pela cobertura florestal próxima aos cursos d’água. Tabela 5– Estimativas de erosão e aporte de sedimentos nos mananciais do Sistema Guandu nos

cenários pré e pós-intervenções.

Área de estudo: Mananciais do Sistema Guandu (Área total 237.796,2 hectares)

Área (ha) Cenário Erosão Total

(ton/ano) Erosão média (ton/ha/ano)

Exportação de Sedimentos

total (ton/ano)

Exportação de Sedimentos

média (ton/ha/ano)

23.7796,2 Uso da Terra atual 4.417.003,0 18,6 164.347 0,69

23.7796,2

Uso da Terra considerando

intervenções em áreas críticas

4.148.479,3 17,4 74.124 0,31

Redução Absoluta 268.523,7 1,1 90.223,0 0,4

Redução Percentual 6,1% 6,1% 54,9% 54,9%

As estimativas de redução no aporte de sedimentos aqui apresentadas são decorrentes de modelagens, sujeitas a um nível considerável de incertezas, relacionadas aos dados analisados e às limitações dos próprios modelos. Por isso, os resultados aqui indicados devem ser tratados como preliminares e avaliados com parcimônia, devendo ser aprimorados com análises mais sofisticadas. Deve–se ter em mente também que o efeito das intervenções propostas se revela a médio e longo prazo, sendo que as taxas de abatimento de aporte de sedimentos nos primeiros anos pós-intervenções deverão ser bem menores que as estimadas pelo modelo, já que o mesmo considera um cenário onde todas as intervenções já foram estabelecidas.

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Entretanto, estas análises preliminares já são um forte indicativo do potencial da estratégia de intervenções de “infraestrutura verde” para a mitigação do aporte de sedimentos em água para abastecimento humano, principalmente se estas intervenções forem direcionadas para áreas previamente identificadas pelo seu alto potencial de exportação de sedimentos. Espera-se que o retorno do investimento relacionado às intervenções propostas seja maior do que em outras porções da área de estudo, devido a dois fatores: 1) estas áreas concentram boa parte da produção de sedimentos total em uma pequena extensão territorial, o que proporciona um maior efeito de mitigação de impactos com menor área de intervenção; 2) a importância do efeito de interceptação de sedimentos vindos das partes mais altas é maior nestas áreas, pelo fato de se concentrarem principalmente nas proximidades de cursos d’água, funcionando como a última barreira que pode evitar a poluição da água por sedimentos.

5.3 Análise de benefícios econômicos (redução de custos de tratamento de água)

Com base na redução estimada do aporte de sedimentos aos mananciais do Sistema Guandu,

ocasionada pela restauração ecológica hipotética em áreas identificadas como de alto

potencial de aporte de sedimentos (item 4.2), que por sua vez proporcionaria uma menor

concentração de sólidos em suspensão e menor turbidez nas águas captadas pela Estação de

Tratamento de Água Guandu, foi estimada a possível redução dos custos de tratamento de

turbidez ocasionada pela melhoria da qualidade de água mencionada acima.

A massa total de sedimentos carreados aos rios dos mananciais da ETA Guandu, na situação

atual e considerando intervenções de "infraestrutura verde", foi dividida pela vazão média no

rio Guandu no trecho onde ocorre a captação da ETA Guandu. Desta forma obteve-se uma

concentração média de sólidos em suspensão, para as duas situações: a) 40.4 mg/L nas

condições atuais de uso da terra na Região Hidrográfica Guandu e b) 18.22 mg/L no cenário

que considera intervenções em áreas prioritárias.

Em seguida utilizou-se a equação 1 (Teixeira e Senhorelo, 2000, apud Sousa Junior, 2013,

adaptada por Sousa Junior, 2013), que permite estimar o nível de turbidez (em UNT) a partir

de uma concentração de sólidos na água, para estimar os níveis de turbidez médios na

condição atual de uso da terra da região de mananciais do Sistema Guandu e numa condição

de diminuição do carreamento de sedimentos ocasionada pela restauração em áreas críticas

da bacia.

T = (ln SS – 1,57)/0,1 Eq. (1) em que: T = turbidez (NTU)e SS = sólidos suspensos (mg/L).

O nível médio de turbidez considerando o cenário de menor aporte de sedimentos foi da

ordem de 13.3 UNT, sendo que o nível médio de turbidez estimado na condição atual, no

trecho da captação da ETA Guandu foi de 21.3 UNT. Sendo assim, a redução de turbidez

estimada foi da ordem de 37.4%. Sousa Junior (2013) obteve os custos específicos de

tratamento de turbidez em uma estação “padrão” da SABESP (empresa de saneamento do

estado de São Paulo), para diferentes níveis de turbidez, e pôde desta forma definir uma

equação de correlação (com R2=0,92) entre diferentes valores de turbidez e os respectivos

custos de coagulante (sulfato de alumínio), para a eliminação desta turbidez. Porém, para o

presente estudo não foi possível obter os custos de coagulantes associados a diferentes níveis

de turbidez encontrados nas águas captadas pela ETA Guandu. Por isso, decidiu-se considerar

que a redução de turbidez estimada geraria uma redução proporcional no uso de produtos

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químicos para o tratamento desta turbidez. Visto que os custos médios anuais de uso de

coagulantes como sulfato de alumínio e cloreto férrico na ETA Guandu são da ordem de R$ 15

milhões/ano (referência boletim Guandu) uma redução de 37.4% no uso de coagulantes

geraria uma economia anual da ordem de R$ 5.6 milhões. Certamente a obtenção dos custos

específicos relacionados ao uso de coagulantes na ETA Guandu, para diferentes níveis de

turbidez, permitirá no futuro uma estimativa muito mais aproximada da possível economia nos

custos de tratamento nesta planta.

5.4 Áreas prioritárias para intervenções de infraestrutura verde nas sub-bacias prioritárias

O projeto Produtores de Água e Floresta (PAF) considera como áreas prioritárias para restauração florestal as margens de rios e riachos em largura variável, e o entorno de nascentes que estão sem vegetação nativa, conforme tabela e figura abaixo: Tabela 6– Áreas prioritárias em relação a nascentes ou largura do rio

ÁREA PRIORITÁRIA NASCENTE OU LARGURA DO RIO

50 m de raio Nascentes

30 m de cada margem até 10 m de largura

50 m de cada margem de 10 m largura até 50 m

100 m de cada margem de 50 m largura até 200 m

200 m de cada margem de 200 m largura até 600 m

Figura 01 - Áreas prioritárias para restauração florestal

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Esta escolha foi baseada nos preceitos do Código Florestal Brasileiro de 1965 que foi alterado em 2012, levando à flexibilização de algumas normas dentre elas a largura das Áreas de Preservação Permanente que foram sensivelmente reduzidas. Contudo, como o projeto foi iniciado antes destas alterações e inúmeros estudos científicos recomendaram a manutenção (e até ampliação) destas áreas de preservação, os parceiros do projeto decidiram manter as dimensões originais. No presente estudo considera-se que a expansão do Programa PRO-PSA seguirá estas mesmas premissas para a determinação de áreas prioritárias para investimentos em restauração florestal. Neste sentido, visando quantificar na região formada pelas 6 sub-bacias prioritárias identificadas no presente estudo, as áreas degradadas existentes nas Áreas de Preservação Permanente ciliares, o ITPA cruzou informações espaciais de Uso da Terra produzidas pela própria organização (em escala 1:10.000, mais detalhada que a base produzida pelo INEA), com os limites destas áreas cuja proteção é prevista pelo projeto Produtores de Água e Floresta. A classificação deste estudo contempla as seguintes classes de uso da terra: Afloramento Rochoso, Área Antrópica, Brejo, Corpos Hídricos, Culturas/ Reflorestamento, Pastagem, Pasto Sujo, Vegetação Inicial e Vegetação Média/Avançada. As classes consideradas neste estudo como de maior viabilidade para restauração, considerando as técnicas de menor custo benefício, foram:, pasto sujo e floresta inicial. Estes usos dentro de Áreas de Preservação Permanente ciliares somam 4.056,72 ha, o que configura um montante considerável de áreas para ações de restauração associadas a novos projetos no âmbito do Programa PRO-PSA. Além disso, estas sub-bacias são cobertas por 62.845,93 ha de remanescentes em estágio médio e avançado (sendo que desta total, 11.065 ha encontram-se em APP ciliares), o que também indica um potencial grande de áreas elegíveis para as ações de apoio à conservação, também previstas no PRO-PSA. Tabela 7 – Uso da Terra nas APP ciliares das 6 sub-bacias prioritárias para expansão do programa PRO-PSA (fonte ITPA, 2011)

6. Estimativa de investimentos necessários para expansão do Programa PRO-PSA

6.1 Distribuição geográfica das sub-bacias prioritárias

As sub-bacias prioritárias para a ampliação do PRO-PSA abrangem 8 municípios, Rio Claro,

Piraí, Barra do Piraí, Mendes, Eng. Paulo de Frontin, Paracambi, Vassouras e Miguel Pereira,

conforme a tabela 8, onde são indicados os municípios relacionados a cada uma das 6 sub-

bacias. Prevê-se neste estudo 5 unidades coordenadoras para atuar nas 6 sub-bacias

prioritárias.

SUB-BACIAAfloramento

RochosoÁrea Antrópica Brejo

Corpos

Hidricos

Culturas /

Reflorestamento

Não

ClassificadoPastagem Pasto Sujo

Vegetação /

Inicial

Vegetação Média

/ AvançadaTotal

Bacia do Médio Piraí 1,25 183,61 4,29 0,14 87,93 0,93 2.493,92 252,06 344,75 1.169,97 4.538,85

Bacia do Santana 4,10 195,54 3,54 0,00 44,69 1,32 1.161,51 400,63 707,07 1.868,75 4.387,15

Bacia do Alto Piraí 16,90 68,03 0,00 0,00 7,47 44,77 1.205,60 143,30 453,65 2.078,52 4.018,24

Bacia da Represa Santana 0,00 204,62 14,78 0,00 15,17 13,58 2.379,95 281,39 399,41 1.182,64 4.491,54

Bacia do Sacra Família 1,11 513,03 5,30 0,08 50,96 0,20 1.202,64 204,73 448,10 1.686,80 4.112,95

Bacia da Represa Ribeirão das Lajes 3,03 36,70 0,00 0,01 1,36 12,99 1.295,95 180,61 241,02 3.078,70 4.850,37

TOTAL 26,39 1.201,53 27,91 0,23 207,58 73,79 9.739,57 1.462,72 2.594,00 11.065,38 26.399,10

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Mapa 3 – Sub-bacias prioritárias

Tabela 8 – Sub-bacias prioritárias e municípios relacionados

Sub-bacia Municípios

Alto Piraí Rio Claro

Médio Piraí Rio Claro Piraí

Represa de Ribeirão das Lajes Rio Claro

Represa do Santana Piraí

Sacra Família

Barra do Piraí

Mendes

Eng. Paulo de Frontin

Vassouras

Rio Santana

Eng. Paulo de Frontin Vassouras Miguel Pereira Paracambi Japeri

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6.2 - Princípios Norteadores das Estimativas de Custo da Ampliação do PRO-PSA

6.2.1 – Gestão Compartilhada

Para que o projeto ganhe a escala da Bacia Hidrográfica será necessário remodelar a estrutura

de gestão compartilhada do projeto. Tendo em vista que a avaliação do projeto piloto foi

satisfatória quanto a capacidade da Unidade Gestora do Projeto - UGP em solucionar conflitos

e buscar saídas para problemas técnicos e burocráticos, propõe-se a reestruturação da UGP

com uma nova composição incluindo as prefeituras e demais parceiros onde os projetos forem

instalados. Para esta nova composição deverá ser formalizado um novo Termo de Cooperação

Técnica semelhante àquele em vigência.

O custo da gestão compartilha está incluído no custo da Coordenação Geral do PRO-PSA, uma

vez que esta coordenação será responsável pela secretaria executiva do projeto e os membros

da UGP não serão remunerados ou receberão qualquer ajuda de custo para participar das

reuniões. Cada instituição parceira e membro da UGP arcará com seus custos de participação.

6.2.2- Coordenação e Apoio Técnico

Para fins do presente estudo considerou-se o período entre os anos de 2014 e 2020, ou seja,

foram estimados os custos para os primeiros 7 anos de expansão do programa PRO-PSA. Para

a ampliação do PRO-PSA na Região Hidrográfica II – Guandu adotou–se a estratégia de

definição de uma unidade coordenadora (coordenação e apoio técnico) mínima necessária

para coordenar de maneira descentralizada a expansão do PRO-PSA em determinada região,

considerando a amplitude territorial das sub-bacias prioritárias. Uma das unidades

coordenadoras (Coordenadora Regional) será responsável pela expansão do programa em uma

sub-bacia ou mais sub-bacias e também assumirá a Coordenação Geral do programa PRO-PSA,

sendo responsável pela orientação e acompanhamento das atividades desenvolvidas pelas

outras equipes.

A implantação de um projeto de PSA pressupõe etapas de planejamento, contratação da

equipe, mobilização, sensibilização, entre outras. Neste sentido, há a necessidade de se

considerar uma implementação gradual das ações em campo, a medida que o projeto vai se

estruturando e obtendo adesões de proprietários rurais. Considerando a grande extensão

territorial do conjunto de sub-bacias prioritárias apontadas neste estudo, o projeto deverá ser

ampliado conforme definição do comitê. No entanto, este estudo propõe inicialmente a

expansão do PRO-PSA considerando a formação de 2 unidades coordenadoras no ano de 2014,

passando para um total de 3 unidades no ano seguinte, e assim por diante, chegando a um

total de 5 unidades coordenadoras no ano de 2017, mantendo o mesmo número até o ano de

2020 (Tabela 9).

A unidade coordenadora com a responsabilidade de também coordenar o programa em toda

RG II – Guandu será composta de 01 coordenador geral, 01 coordenador local, 01assessor e 01

assistente, enquanto as unidades coordenadoras locais serão compostas por um coordenador

local, 01 assessor e 01 assistente.

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Tabela 9 – Quant. de Unidades Coordenadoras por Ano

Com base na experiência adquirida no projeto Produtores de Água e Floresta em Rio Claro/RJ,

o dimensionamento de cada unidade coordenadora foi associada à capacidade da mesma em

coordenar a implementação das ações de restauração que atendam à demanda anual

estimada; assim cada unidade coordenadora terá a capacidade de gerenciar as atividades

relacionadas ao projeto considerando uma meta de restauração anual de 100 hectares. Ainda

com base na experiência anterior, a relação entre a área de restauração e a área a ser

conservada em cada propriedade é de aproximadamente 1 ha de restauração para 10 ha de

conservação; sendo assim, com a implementação de 100 ha de restauração anuais espera-se

contratar aproximadamente 1.000 ha de conservação por ano. Em relação à estimativa de

propriedades contratadas, este número varia em função do tamanho médio das propriedades

em determinada região, o que poderá gerar um maior número de contratos em regiões onde

há um maior parcelamento fundiário. Para fins deste estudo considerou-se um número de 15

novos contratos com proprietários rurais a cada ano. Mesmo considerando uma capacidade de

cada unidade gestora de gerenciar as atividades relacionadas a 1.000 ha de conservação

anuais, a limitação de recursos financeiros destinados ao PRO-PSA levou este estudo a adotar

o valor de 500 ha de conservação por unidade coordenadora.

Tabela 10 – Meta de trabalho anual estimada para cada Unidade Gestora

Meta Anual Prevista para cada Unidade Coordenadora

Item unid. Quant.

Contratos de PSA unid. 15

Conservação Florestal ha 500

Restauração ha 100

Regiões (Sub-bacias) 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

Região 1

(Unid. Coordenadora Regional)1

Região 2

(Unid. Coordenadora Local)1

Região 3

(Unid. Coordenadora Local)1

Região 4

(Unid. Coordenadora Local)1

Região 5

(Unid. Coordenadora Local)1

Total de Unidades

Coordenadoras / Ano2 3 4 5 5 5 5

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Estima-se que até o ano de 2020 as ações do PRO-PSA resultarão em no mínimo 2.900 ha

restaurados, e 14.500 ha conservados mediante 435 contratos de PSA assinados.

Tabela 11 – Previsão de Resultados Mínimos para o Período entre os Anos de 2014 a 2020

Unidade Coord. 1

Unidade Coord. 2

Unidade Coord. 3

Unidade Coord. 4

Unidade Coord. 5

TOTAL

Restauração (ha)

2014 100 100 200

2015 100 100 100 300

2016 100 100 100 100 400

2017 100 100 100 100 100 500

2018 100 100 100 100 100 500

2019 100 100 100 100 100 500

2020 100 100 100 100 100 500

Total Geral 700 700 600 500 400 2.900

Conservação (ha)

2014 500 500 1000

2015 500 500 500 1500

2016 500 500 500 500 2000

2017 500 500 500 500 500 2500

2018 500 500 500 500 500 2500

2019 500 500 500 500 500 2500

2020 500 500 500 500 500 2500

Total Geral 3.500 3.500 3.000 2.500 2.000 14.500

Novos Contratos

2014 15 15 30

2015 15 15 15 45

2016 15 15 15 15 60

2017 15 15 15 15 15 75

2018 15 15 15 15 15 75

2019 15 15 15 15 15 75

2020 15 15 15 15 15 75

Total Geral 105 105 90 75 60 435

Nas Tabelas 12 e 13 estão estimados os custos para o funcionamento da unidade

coordenadora regional que terá a função acumulada de unidade coordenadora local em uma

ou duas das sub-bacias prioritárias.

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Tabela 12– Detalhamento do Custo da Unidade coordenadora Regional

Unidade Coordenadora Regional e Local

Item Unid QT Custo Unit

(R$) Custo Total/Ano (R$)

Coordenador Geral sal. Mensal 1 4.950,00 59.400,00

Coordenador Local sal. Mensal 1 3.000,00 36.000,00

Assessor sal. Mensal 2 2.000,00 48.000,00

Assistente sal. Mensal 1 820,00 9.840,00

Custos Trabalhistas % 92% 140.980,80

Aluguel Veículo unid. 1 2.000,00 24.000,00

Combustível litro 250 3,10 9.300,00

Diárias unid. 4 100,00 4.800,00

Telefone mensal 1 500,00 6.000,00

Internet mensal 1 200,00 2.400,00

Material de consumo unid. 1 300,00 3.600,00

Equipamento de informática

unid. 1 3.500,00 3.500,00

Subtotal 1 347.820,80

Taxa administrativa % 15% 52.173,12

Subtotal 2 399.993,92

Impostos % 12,6% 50.399,23

Total 450.393,15

Tabela 13 – Custo de Unidade coordenadora para o Período de 2014 a 2020

Unidade Coordenadora Regional e Local

Ano Unid Quant. Custo Unit/Ano

(R$) Custo Anual *

(R$) Custo Período 2014 a 2020

(R$)

2014

unid.

1

450.393

450.393

3.667.105

2015 1 472.913

2016 1 496.558

2017 1 521.386

2018 1 547.456

2019 1 574.828

2020 1 603.570

* aumento de 5% ao ano.

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As tabelas 14 e 15 indicam os custos das unidades coordenadoras locais.

Tabela 14 – Detalhamento do Custo da Unidade Coordenadora Local

Unidade Coordenadora Local

Item Unid QT Custo Unit (R$) Custo Total/Ano (R$)

Coordenador Local sal. Mensal 1 3.000,00 36.000,00

Assessor sal. Mensal 1 2.000,00 24.000,00

Assistente sal. Mensal 1 820,00 9.840,00

Custos Trabalhistas % 92% 64.252,80

Aluguel Veículo unid. 1 2.000,00 24.000,00

Combustivel litro 500 3,10 18.600,00

Diárias unid. 2 100,00 2.400,00

Telefone mensal 1 600,00 7.200,00

Internet mensal 1 200,00 2.400,00

Material de consumo diversos 1 300,00 3.600,00

Equipamento de informática

Unidade 1 3.500,00 3.500,00

Subtotal 1 195.792,80

Taxa administrativa % 15% 29.368,92

Subtotal 2 225.161,72

Impostos 12,6% 28.370,38

Total 253.532,10

Tabela 15 – Custo das Unidades Coordenadoras Locais para o Período de 2014 a 2020

Unidade Coordenadora Local

Ano Unid Quant. Custo

Unit/Ano (R$)

Custo Anual * (R$) Custo Período 2014 a 2020 (R$)

2014

unid.

1

253.532

253.532

6.684.509

2015 2 532.417

2016 3 838.557

2017 4 1.173.980

2018 4 1.232.679

2019 4 1.294.313

2020 4 1.359.029

* aumento de 5% ao ano.

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Considerando os custos específicos da unidade coordenadora regional (com função acumulada

de unidade coordenadora local) e das 4 unidades coordenadoras locais teremos um custo total

para gerenciamento dos projetos no período de 2014 a 2020 no valor de R$ 10.351.614,00.

6.2.2 – Comunicação, Mobilização e Capacitação

As atividades relacionadas a comunicação, mobilização e capacitação são necessárias para a

divulgação das atividades, a adesão do proprietários rurais ao programa e o aperfeiçoamento

do mesmo.

As atividades previstas são a elaboração e distribuição de folders e cartazes, a disponibilização

de informação sobre o programa em instituições públicas e privadas e a realização de eventos

(reuniões, palestras e cursos). Outra atividade é a instalação de placas sinalizadoras do

programa nas propriedades e vias de acesso as mesmas.

Tabela 16 – Custo das Atividades de Comunicação, Mobilização e Capacitação por Unidade Gestora por

Ano

Comunicação, Mobilização e Capacitação por Unidade Coordenadora por Ano

Item Unid. Quant./ano Tempo (ano) Custo Unit (R$) Custo Total/Ano

(R$)

Evento

Unid.

4 1 2.000 8.000

Folder/Cartaz 2000 1 5 10.000

Placas de sinalização 15 1 2.000 30.000

Total 48.000

Tabela 17 – Custo das Atividades de Comunicação, Mobilização e Capacitação para o Período de 2014 a

2020

Comunicação, Mobilização e Capacitação para o Período de 2014 a 2020

Ano Unid. Quant.

(unid. coord./ano) (acumulado)

Custo Unitário

(R$)

Custo Anual * (R$)

Custo Período 2014 a 2018

(R$)

2014 (2 Unid. Coord.)

Unid.

2

48.000

96.000

1.656.362

2015 (3 Unid. Coord.)

3 151.200

2016 (4 Unid. Coord.)

4 211.680

2017 (5 Unid. Coord.)

5 277.830

2018 (5 Unid. Coord.)

5 291.722

2019 (5 Unid. Coord.)

5 306.308

2020 (5 Unid. Coord.)

5 321.623

* aumento de 5% ao ano.

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6.2.3- Diagnóstico e prospecção

Para a ampliação e a operacionalização do programa PRO-PSA, tornam-se indispensáveis dados e informações adequados à estruturação do programa, preferencialmente sistematizados e integrados em uma base de dados, tais como: mapeamento físico da região (temas como uso da terra, relevo, solos, hidrografia), definição da malha fundiária, avaliação da situação ambiental das propriedades rurais da região frente ao novo Código Florestal, e a identificação dos passivos ambientais a serem sanados para a adequação ambiental destas propriedades. Neste sentido o Cadastro Ambiental Rural é uma ferramenta fundamental para o diagnóstico da situação ambiental das propriedades rurais, sendo um passo essencial para a adequação dos imóveis rurais à legislação ambiental, a proteção dos remanescentes e a restauração de áreas degradadas, assim como para a conservação da integridade ecológica da bacia e, consequentemente, será uma etapa fundamental para a expansão do Programa nesta região.

O Cadastro Ambiental Rural (CAR) permitirá a aquisição de informações estratégicas para a prospecção de novas propriedades para adesão a projetos de PSA nas sub-bacias prioritárias identificadas e ainda para outros projetos do Comitê, como por exemplo saneamento rural. Para alcançar os impactos planejados, a presente iniciativa atuará em três níveis de intervenção:

1) Fortalecimento e estruturação do arranjo institucional; 2) Mobilização de apoio para o cadastramento e implantação do PRO-PSA; 3) Cadastramento de propriedades rurais e planejamento da paisagem.

Considerando que o CAR servirá também de instrumento para outros projetos do Comitê, elencou-se para a implantação do CAR os municípios que integralmente ou parcialmente tem área na região de manancial que abastece o Sistema Guandu. Estes municípios são: Barra do Piraí, Engenheiro Paulo de Frontin, Itaguaí, Japerí, Mangaratiba, Mendes, Miguel Pereira, Nova Iguaçu, Paracambi, Piraí, Queimados, Rio Claro, Seropédica e Vassouras. Mapa 4 – Mapa de Localização de Municípios para a elaboração do CAR

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Nos municípios selecionados foram identificadas as áreas contribuintes para mananciais, conforme discriminadas na Tabela 18.

Tabela 18 – Área por Município no Manancial do Sistema Guandu

MUNICÍPIO ÁREA TOTAL

(ha) ÁREA DO MUNICÍPIO NO MANANCIAL DO SISTEMA

GUANDU (ha)

BARRA DO PIRAÍ 57.868,3 4.350,0

ENGENHEIRO PAULO DE FRONTIN 13.289,8 13.289,8

ITAGUAÍ 27.574,6 4.888,1

JAPERI 8.184,7 8.184,7

MANGARATIBA 35.620,8 415, 9

MENDES 9.699.8 7.212,1

MIGUEL PEREIRA 28.912,9 25.146,7

NOVA IGUAÇU 52.113,6 20.252,5

PARACAMBI 17.961,2 17.961,2

PIRAÍ 50.512,9 39.488,6

QUEIMADOS 7.567,4 7.567,3

RIO CLARO 83.678,2 79.506,5

SEROPÉDICA 28.366,0 5.158,8

VASSOURAS 53.798,6 4.012,6

TOTAL 475.148,8 237.434,8

A elaboração do CAR tem objetivos e atividades que devem ter os seguintes resultados:

Criação e adoção de legislação, normas operacionais e procedimentos para registro de propriedades rurais e/ou para Cadastramento Ambiental Rural;

Capacitação do quadro técnico estadual, municipal e do Comitê/Agência de Bacia para operacionalizar rotinas de gestão ambiental;

Mapeamento de terras privadas em municípios selecionados e assim, na criação de um instrumento de gestão para identificação e monitoramento de áreas para inclusão no PRO-PSA;

Inclusão das propriedades rurais dos municípios selecionados no Cadastro Ambiental Rural Estadual e, portanto, iniciando formalmente o processo de adequação da propriedade ao Código Florestal;

A necessidade de melhor articular o gerenciamento dos recursos hídricos com o planejamento do uso do solo no território da bacia e ainda a importância do acompanhamento do programa PRO-PSA indica a necessidade de um sistema de gerenciamento integrado das informações do CAR e do PRO-PSA.

A The Nature Conservancy (TNC) elaborou uma estimativa de custo para a realização do CAR e a implantação nos municípios e no Comitê de um sistema de gerenciamento das informações do CAR e do PRO-PSA.

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O sistema utilizado pela TNC é o Portal Ambiental Municipal (PAM) que permite:

Utilizar ambiente WEB e plataforma de softwares livres sem custos anuais com licenças;

Otimizar o processo de alimentação da base de dados do CAR;

Facilitar o acesso a base de dados geográfica com a possibilidade de realização de diagnósticos ambientais, já em conformidade com o Novo Código Florestal, com a visão do contexto paisagístico da região;

Realizar a gestão dos projetos implantados no âmbito do programa PRO-PSA por meio de um módulo específico de PSA;

Ampliar o sistema com outros módulos de interesse do Comitê Guandu ou Municípios. A duração prevista para conclusão do CAR é de 24 meses e a utilização do PAM está prevista no início da elaboração do CAR. A estimativa preliminar do orçamento é de R$ 2,8 milhões.

Tabela 19 – Custo do Cadastro Ambiental Rural e Portal Ambiental Municipal

Cadastro Ambiental Rural (CAR) e Portal Ambiental Municipal (PAM)

Quant.(ha) Tempo (ano) Custo Total (R$)

237.435 2 2.800.000,00

6.2.4- Restauração e Conservação

"A restauração ecológica almeja recriar comunidades ecologicamente viáveis,

protegendo e fomentando a capacidade natural de mudança dos ecossistemas, e

resgatando uma relação saudável entre o homem e a natureza". Kageyama,

P.Y... (et. al.).(orgs) - Restauração Ecológica de Ecossistemas Naturais. Botucatu:

FEPAF, 1ª edição revisada, 2008. 340 p.

Existem diversas formas de se atingir a restauração ecológica de uma área, bastando, para

isso, uma avaliação criteriosa de sua situação ecológica e elencando a técnica mais adequada.

Segundo o Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, "apenas recentemente os distúrbios

naturais foram reconhecidos como fenômenos frequentes e que exercem marcante influência

na dinâmica de desenvolvimento da vegetação, dando origem ao “Paradigma Contemporâneo

da Ecologia” (Pickett & White, 1985). A partir de então, o processo sucessional passou a ser

considerado como um produto de eventos estocásticos, os quais não operavam em um

sentido pré-estabelecido e também não conduziam a área restaurada a um único clímax, mas

sim criavam inúmeras possibilidades de trajetórias que levariam a comunidade vegetal a

diferentes níveis de organização e estrutura (Gandolfi et al., 2005; Gandolfi & Rodrigues, 2007;

Rodrigues et al., 2009). Essa visão resultou no uso de vários métodos de restauração, além do

plantio total de mudas, tal como a condução da regeneração natural e a semeadura direta,

transplante de plântulas, etc."

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Nesta perspectiva, a experiência do projeto Produtores de Água e Floresta criou para as

atividades de restauração florestal dois cenários de técnicas que podem ser desenvolvidas

dependendo da disponibilidade de recursos financeiros. No primeiro cenário tem-se a

metodologia da Regeneração Natural Assistida, que compreende técnicas de: retirada de

vetores de pressão com isolamento; retirada de vetores de pressão com aceiramento;

mudança do uso do solo; e condução de regeneração. No caso do segundo cenário, são

utilizadas técnicas de: plantio total, enriquecimento, nucleação e sistemas agroflorestais.

Para efeito desta modelagem estimamos somente a utilização da metodologia da Regeneração

Natural Assistida, tendo em vista a grande disponibilidade de áreas em processo de

regeneração natural nas sub-bacias prioritárias e a necessidade de compatibilizar a iniciativa

com a disponibilidade financeira do Comitê Guandu.

Cabe ressaltar que a possibilidade de aporte de outros recursos financeiros - tanto para a

ampliação da meta de restauração, quanto da utilização de metodologias e técnicas mais

custosas - são potencializadas com o compromisso de investimento do Comitê Guandu. Ou

seja, nosso objetivo é que o recurso aportado pelo Comitê conforme este estudo de

viabilidade funcione também como alavancagem para novos recursos de origem pública ou

privada.

Considerações sobre o Cenário 1: Regeneração Natural Assistida

Neste cenário foi considerado o método da Regeneração Natural Assistida (RNA) que, segundo

a FAO, é um conjunto de técnicas simples e de baixo custo para restauração florestal que pode

efetivamente converter terras desmatadas em florestas conservadas. O método tem como

objetivo acelerar, ao invés substituir, os processos naturais de sucessão, removendo ou

reduzindo as barreiras à regeneração de florestas naturais, tais como degradação do solo,

competição com espécies daninhas, e distúrbios recorrentes (por exemplo, fogo, pastoreio e

extração de madeira). Comparado aos métodos convencionais de restauração envolvendo o

plantio de mudas de árvores, RNA oferece significativa vantagens de custo, pois reduz ou

elimina os custos associados com a propagação, transporte e plantio de mudas. (SHONO,

Kenichi; CADAWENG, Ernesto; DURST, Patrick. 2007. Application of Assisted Natural

Regeneration to Restore Degraded Tropical Forestlands.

http://www.fao.org/forestry/anr/en/).

Entre as técnicas recomendadas no âmbito da RNA estão a:

- Retirada de vetores de pressão com isolamento: Retirada de animais, principalmente gado e

cavalos, da área que será restaurada. Esses animais são especialmente indesejáveis pela

utilização das espécies florestais como alimento, pelo pisoteio das mudas e pelo processo de

compactação gerado. Para o projeto Produtores de Água e Floresta estão previstos dois

modelos de isolamento, o "Simples" e o "Reforçado". O modelo "Simples", adequado a áreas

sob menor pressão do gado (principalmente) consiste na instalação de mourões de eucalipto

tratado ou similar em um espaçamento de 5 (cinco) metros e com 4 (quatro) fios de arame. No

modelo "Reforçado" adequado a áreas sob maior pressão do gado (principalmente) consiste

na instalação de mourões de eucalipto tratado ou similar em um espaçamento de 4 (quatro)

metros e com 4 (quatro) fios de arame, adicionado 2 (dois) balancins entre cada mourão.

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- Retirada de vetores de pressão com aceiramento: A fim de evitar propagação de incêndios

para as áreas de restauração florestal, deverá ser realizada a capina manual ou química nos

trechos em que o risco de incêndios for eminente. Neste caso, a largura será de, no mínimo, 5

metros. Poderá ser optado realizar aceiros no perímetro integral ou em parte da área, assim

como aceiros internos.

- Mudança do uso do solo: A mudança da forma de manejo e uso da terra por si só pode

viabilizar a restauração florestal por meio da regeneração natural assistida, quando a área não

estiver sobre intensa pressão de animais domésticos ou sob risco eminente de fogo. Sendo

assim, a mudança destas práticas (limpeza de pasto, desbaste, bosqueamento ou outros) por

parte do usuário da área, será suficiente para que regeneração natural se encarregue da

restauração florestal.

- Condução de regeneração: Buscando acelerar o processo de regeneração de uma área pode-

se optar em realizar atividades de roçada seletiva de gramíneas invasoras, amassamento de

touceiras de gramíneas invasoras e/ou coroamento de indivíduos arbóreos regenerantes. A

roçada poderá ser feita mecânica, manual ou quimicamente. Já o coroamento consiste na

eliminação de matocompetição para auxiliar o crescimento das mudas e/ou indivíduos

regenerantes, com um raio de até 60 cm.

De acordo com a experiência dos parceiros do projeto Produtores de Água e de Floresta,

convencionou-se um custo médio para técnica de Restauração Natural Assistida de R$

8.028,38 por hectare, sem considerar o isolamento da área (cercamento).

Tabela 20 – Valor de Restauração

Restauração

Item Unid. Quant. Custo Unit (R$) / ha/ ano

Implantação (1º ano) ha 1 4.000,00

Manutenção (2º ano) ha 1 1.100,00

Manutenção (3º ano) ha 1 1.100,00

Subtotal 1 6.200,00

Custo Adm. % 15,0% 930,00

Subtotal 2 7.130,00

Impostos % 12,6% 898,38

Total / ha /3 anos 8.028,38

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40

Tabela 21– Custo de Implantação da Restauração (1º ano) para o Período de 2014 a 2020

Restauração - Implantação (1º ano -intervenção)

Ano

Quant. Restauração Implantada

(ha)/Ano

Custo Unit

(R$) /ha

Custo Anual* (R$)

Custo Anual + Custo Admin.

(15%)

Custo Anual Total (Custo Anual + Custo Adm. +

Impostos 12,6%)

Custo Período 2014 a 2020 (R$)

2014 (2 Unid.Coord.)

200

4.000

800.000 920.000 1.035.920

17.873.527

2015 (3 Unid.Coord.)

300 1.260.000 1.449.000 1.631.574

2016 (4 Unid.Coord.)

400 1.764.000 2.028.600 2.284.204

2017 (5 Unid.Coord.)

500 2.315.250 2.662.538 2.998.017

2018 (5 Unid.Coord.)

500 2.431.013 2.795.664 3.147.918

2019 (5 Unid.Coord.)

500 2.552.563 2.935.448 3.305.314

2020 (5 Unid.Coord.)

500 2.680.191 3.082.220 3.470.580

Total (2014 a 2020)

2.900

* aumento de 5% ao ano.

Tabela 22– Custo de Manutenção da Restauração (2º e 3º anos) para o Período de 2014 a 2020

Manutenção de Restauração ( 2º e 3º ano - manutenção)

Ano

Quant. Restauração Implantada

(ha)/Ano

Quant. Manutenção

da Restauração

(ha)/Ano

Custo Unit /ha/Ano

(R$)

Custo Anual*

(R$)

Custo Anual + Custo

Admin. (15%)

Custo Anual Total (Custo

Anual + Custo Adm. +

Impostos 12,6%)

Custo Período

2014 a 2020 (R$)

2014 (2 Unid.Coord.)

200

1.100

7.165.252

2015 (3 Unid.Coord.)

300 200 220.000 253.000 284.878

2016 (4 Unid.Coord.)

400 500 577.500 664.125 747.805

2017 (5 Unid.Coord.)

500 700 848.925 976.264 1.099.273

2018 (5 Unid.Coord.)

500 900 1.146.049 1.317.956 1.484.019

2019 (5 Unid.Coord.)

500 1.000 1.337.057 1.537.615 1.731.355

2020 (5 Unid.Coord.)

500 1.000 1.403.910 1.614.496 1.817.923

Total (2014 a 2020) 4.300

* aumento de 5% ao ano.

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41

O custo de restauração (implantação e manutenção) para o período de 2014 a 2020 será de R$

25.038.778,00.

6.2.5- Isolamento

As áreas passíveis de restauração devem ser isoladas dos fatores de degradação (fogo, gado,

enchentes, etc.), sempre que haja um risco de perturbação do processo de autorecuperação,

induzido pelas técnicas de restauração; da mesma forma, áreas de conservação com

significativo grau de risco de degradação por fatores externos podem ser cercadas, para

supressão ou diminuição destes riscos. Como no momento não é possível definir o risco de

perturbação da restauração ou de degradação de áreas conservadas para as áreas objeto

deste estudo, optou-se por considerar a relação proporcional entre implantação de cercas e a

extensão total de áreas de restauração e conservação contratadas em Rio Claro, pelo projeto

PAF.

A experiência adquirida no projeto Produtores de Água e Floresta aponta uma otimização no

cercamento das áreas quando áreas de restauração estão adjacentes a áreas de conservação.

Isto significa que, em muitos casos, aos se realizar o cercamento das áreas de restauração

também há isolamento das áreas de conservação. A relação entre metros de cerca e hectares

de restauração e conservação vivenciado pelo ITPA é de 155 metros por hectare, e será

utilizada com referencial para o cálculo de custos associados ao isolamento, seja para

restauração e, consequentemente para a conservação.

Neste estudo a manutenção do isolamento será considerada como atribuição do proprietário

rural.

Tabela 23– Valor do Isolamento (implantação)

Isolamento

Item Unid. Quant. Custo Unit (R$) / metro linear

Cercamento metro linear 1 12,00

Taxa Adm. % 15% 1,80

Subtotal 1 13,80

Impostos % 12,6% 1,74

Total 15,54

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Tabela 24 – Custo de Implantação do Isolamento para o Período de 2014 a 2020

Implantação Isolamento (Restauração) (1 ha = 10.000 m² = 155 metros lineares de cerca)

Ano Quant.

(ha) Quant.

(metros) Custo Unit

(R$)/ha

Custo Anual*

(R$)

Custo Anual + Custo Admin.

(15%)

Custo Anual Total (Custo Anual + Custo

Adm. + Impostos 12,6%)

Custo Período 2014 a 2020

(R$)

2014 (2 Unid.Coord.)

200 31.000

12,00

372.000 427.800 481.703

8.311.190

2015 (3 Unid.Coord.)

300 46.500 585.900 673.785 758.682

2016 (4 Unid.Coord.)

400 62.000 820.260 943.299 1.062.155

2017 (5 Unid.Coord.)

500 77.500 1.076.591 1.238.080 1.394.078

2018 (5 Unid.Coord.)

500 77.500 1.130.421 1.299.984 1.463.782

2019 (5 Unid.Coord.)

500 77.500 1.186.942 1.364.983 1.536.971

2020 (5 Unid.Coord.)

500 77.500 1.246.289 1.433.232 1.613.820

Total 2.900 449.500

* aumento de 5% ao ano.

O custo de Isolamento das áreas de restauração e conservação para o período de 2014 a 2020

será de R$ 8.311.190,00.

6.2.6- Monitoramento Hidrológico

O monitoramento hidrológico deverá ser implantado em cada região de atuação de cada

unidade coordenadora, no ano de criação de cada unidade, preferencialmente antes até do

início das atividades de implementação em campo dos projetos de PSA hídrico, gerando-se

uma linha de base da condição inicial da bacia hidrográfica. Desta forma, é possível, a médio e

longo prazo, uma verificação dos esperados impactos positivos das intervenções associadas a

estes projetos sobre a quantidade e a qualidade de água.

O envolvimento de instituições de pesquisa e órgãos relacionados à gestão de recursos

hídricos, no planejamento e na implementação da rede de monitoramento, assim como no

acompanhamento do processo de coleta de dados e análise do comportamento da bacia

hidrográfica em relação aos parâmetros de quantidade e qualidade de água é altamente

recomendado. Cabe destacar também a importância da integração das ações de

monitoramento relacionadas ao PRO-PSA com aquelas previstas no âmbito do programa

Observatório de Bacias do Comitê Guandu. Estas duas estratégias são muito importantes para

garantir que este componente do programa PRO-PSA cumpra sua função estratégica de

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43

demonstração da efetividade de intervenções de infraestrutura verde em áreas sensíveis das

sub-bacias da RHII-Guandu onde serão desenvolvidos os projetos de PSA hídrico.

A estrutura de monitoramento aqui proposta foi desenhada para promover o registro de

precipitação, deflúvio e qualidade de água. Os custos relacionados a equipamentos de

monitoramento foram dimensionados considerando-se uma estrutura básica que permite o

monitoramento automático de vazão, precipitação e qualidade em 3 pontos de uma bacia

hidrográfica. A coleta periódica de dados dos equipamentos, assim como a calibração e

manutenção dos mesmos, deverá ser realizada pela unidade coordenadora com o apoio de um

bolsista. Alguns custos aqui apresentados como o desenvolvimento de curvas-chave (nível x

vazão e turbidez x sólidos em suspensão) podem ser sensivelmente reduzidos por meio de

parcerias do comitê Guandu com instituições de pesquisa que tenham interesse em

desenvolver estudos nestas regiões.

Tabela 25– Custo de Bolsista por Ano

Bolsista

Item Unid. Quant. Custo (R$) / Mês Custo (R$) /Ano (13 meses)

Bolsistas Unid. 1 650,00 8.450,00

Encargos % 92% 598,00 7.774,00

Subtotal 1 1.248,00 16.224,00

Custo Adm. % 15,0% 187,20 2.433,60

Subtotal 2 1.435,20 18.657,60

Impostos % 12,6% 180,84 2.350,86

Total 1.616,04 21.008,46

Tabela 26– Custo de Bolsistas para o Período de 2014 a 2020

Bolsistas (Monitoramento)

Ano Quant.

Contratação de Bolsistas/ano

Quant. de Bolsistas / ano (acumulado)

Custo Unit. (R$)/

Ano

Custo Anual *

(R$)

Custo Anual + Custo Admin. (15%)

Custo Anual Total (Custo Anual + Custo

Adm. + Impostos 12,6%)

Custo Período 2014 a

2020 (R$)

2014 (2 Unid. Coord.)

2 2

16.224

32.448 37.315 42.017

724.950

2015 (3 Unid. Coord.)

1 3 51.106 58.771 66.177

2016 (4 Unid. Coord.)

1 4 71.548 82.280 92.647

2017 (5 Unid. Coord.)

1 5 93.907 107.993 121.600

2018 (5 Unid. Coord.)

0 5 98.602 113.392 127.680

2019 (5 Unid. Coord.)

0 5 103.532 119.062 134.064

2020 (5 Unid. Coord.)

0 5

108.709

125.015 140.767

* aumento de 5% ao ano.

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44

Tabela 27– Investimento em Monitoramento para o 1º ano por Sub-bacia

Monitoramento (investimento no 1º ano)

Item Unid. Quant. Custo Unit.

(R$) Custo Total 1º Ano (R$)

Curvas: nível x vazão e turbidez x sólidos em suspenção

Serviço (ponto de coleta)

3 30.000 90.000

Sensor de nível (Level Logger) + leitor

Unid. 3 5.000 15.000

Barologger Unid. 1 2.000 2.000

Vertedouro Unid. 3 5.000 15.000

Sonda multiparamétrica qualidade Unid. 3 26.000 78.000

Analises em laboratório Ponto de Coleta 3 10.000 30.000

Estação Meteorológica Unid. 2 9.000 18.000

Total 230.000

Tabela 28– Custo em Monitoramento (1º ano) para o Período de 2014 a 2020

Monitoramento (Custo 1º Ano) 2014 a 2020

Ano Unidades

Coordenadoras Implantadas / ano

Custo Unitário 1º

ano

Custo 1º ano * (R$)

Custo Período 2014 a 2020 (R$)

2014 (2 Unid. Coord.)

2

230.000

460.000

1.221.329

2015 (3 Unid. Coord.)

1 241.500

2016 (4 Unid. Coord.)

1 253.575

2017 (5 Unid. Coord.)

1 266.254

2018 (5 Unid. Coord.)

0

2019 (5 Unid. Coord.)

0

2020 (5 Unid. Coord.)

0

* aumento de 5% ao ano.

Tabela 29 – Investimento em Monitoramento a partir do 1º Ano

Monitoramento (a partir do 1º ano)

Item Unid. Quant. Custo Unit.

(R$) Custo Total 1º Ano (R$)

Analises em laboratório Pontos de Coleta 3 10.000 30.000

Total 30.000

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Tabela 30 – Custo em Monitoramento (a partir do 1º ano) para o Período de 2014 a 2020

Monitoramento (Custo a partir do 1º Ano) - 2014 a 2020

Ano Unidades

Coordenadoras Atuando/Ano

Custo Unitário 1º

Ano

Custo 1º ano * (R$)

Custo Período 2014 a 2020

(R$)

2014 (2 Unid.Coord.)

2

30.000

60.000

1.035.226

2015 (3 Unid.Coord.)

3 94.500

2016 (4 Unid.Coord.)

4 132.300

2017 (5 Unid.Coord.)

5 173.644

2018 (5 Unid.Coord.)

5 182.326

2019 (5 Unid.Coord.)

5 191.442

2020 (5 Unid.Coord.)

5 201.014

* aumento de 5% ao ano.

O valor previsto em monitoramento para o período de 2014 a 2020 é de R$ 2.981.505, sendo

R$ 724.950,00 com bolsistas, R$ 2.256.555,00 com equipamentos e análises em laboratórios.

6.2.7- Monitoramentos Complementares

Outros monitoramentos que não foram considerados neste estudo poderão ser adotados no

programa, tais como:

Monitoramento das áreas de intervenção do projeto para verificação da qualidade do serviço de restauração e dos resultados alcançados;

Monitoramento da avifauna visando avaliar os impactos do PRO-PSA; e

Monitoramento da ictiofauna para definição de espécies indicadora de qualidade da água.

6.2.8- Saneamento

Outra atividade já executada no projeto Produtores de Água e Floresta é a implantação de

biossistemas com tratamento biológico de efluentes com aproveitamento de biogás.

O saneamento rural está em discussão no Comitê Guandu e algumas ações poderão ser

integradas aos projetos de PSA. Na implementação dos projetos de PSA, durante a fase de

“Diagnóstico e Prospecção”, poderão ser identificadas as demandas por saneamento rural,

inclusive com a estimativa de quantificação do esgoto a ser tratado e a localização do pontos

de lançamento georreferenciados com inclusão no Portal Ambiental Municipal. As unidades

gestoras dos projetos de PSA poderão apoiar a implantação das melhores soluções para o

tratamento dos esgotos.

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46

As atividades de saneamento deverão ser implantadas com a identificação de parceiros ou a

destinação de recursos do Comitê Guandu para saneamento, portanto não estão sendo

consideradas nos custos de expansão do Programa PRO-PSA.

6.2.9- Pagamento por Serviços Ambientais

Com o Novo Código Florestal e a exigência legal de implantação o Cadastro Ambiental Rural no

Estado do Rio de Janeiro o produtor será obrigado a realizar o Cadastro e o Estado terá

melhores condições de fiscalização ambiental.

A ampliação do PRO-PSA assume outra dimensão em relação ao projeto Produtores de Água e

Floresta quando incorpora o Cadastramento Ambiental Rural na etapa de “Diagnóstico e

Prospecção” oferecendo, sem custo, o cadastro ao proprietário rural e condições de

adequação a legislação ambiental. Tem-se então um benefício e um atrativo adicional ao

proprietário rural, que não existia no projeto Produtores de Água e Floresta.

Atualmente o valor pago ao produtor rural no projeto Produtores de Água e Floresta é de no

máximo R$ 60,00 por hectare conservado e R$ 50,00 por hectare restaurado. A valoração do

serviço ambiental prestado se dá com base na área (em hectares) contratada e no percentual

de restauração proposta (participação), cujo cálculo utiliza como valor de referência o custo de

oportunidade da terra local/ha/ano, associado a parâmetros aprovados pela Unidade Gestora

do Projeto – UGP. Estes valores estão sendo revisados.

Neste estudo optou-se em adotar os valores máximos supracitados, ou seja, R$ 60,00 por

hectare para áreas conservadas e R$ 50,00 por hectare para áreas restauradas.

Ainda para efeito de cálculo do custo de pagamento por serviços ambientais foi adotado o

período de 3 anos para o referido pagamento, ou seja, o proprietário Rural receberá pelos

serviço ambientais durante um período de 3 anos, quando o contrato será encerrado.

Tabela 31– Valores de Pagamento por Serviços Ambientais

Pagamento por Serviços Ambientais

Item Unid. Quant. Custo Unit (R$)/ha

PSA Restauração

ha

1 50,00

PSA Conservação 1 60,00

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47

Tabela 32– Custo do Pagamento por Serviços Ambientais (Restauração) para o Período de 2014 a 2020

Pagamento por Serviços Ambientais - Restauração * (100 ha/Unidade Coordenadora/Ano)

Ano Unid. Quant.

(acumulada) Custo Unit

(R$)/ha Custo Anual**

(R$) Custo Período 2014 a

2020 (R$)

2014 (2 Unid. Coord.)

ha

200

50,00

10.000

436.634

2015 (3 Unid. Coord.)

500 26.250

2016 (4 Unid. Coord.)

900 49.613

2017 (5 Unid. Coord.)

1.200 69.458

2018 (5 Unid. Coord.)

1.400 85.085

2019 (5 Unid. Coord.)

1.500 95.721

2020 (5 Unid. Coord.)

1.500 100.507

* contrato de PSA pelo período de 3 anos.

* *aumento de 5% ao ano.

Tabela 33– Custo do Pagamento por Serviços Ambientais (Conservação) para o Período de 2014 a 2020

Pagamento por Serviços Ambientais - Conservação* (500 ha/Unidade Coordenadora/Ano)

Ano Unid. Quant.

(acumulada) Custo Unit

(R$)/ha Custo Anual**

(R$) Custo Período 2014 a

2020 (R$)

2014 (2 Unid. Coord.)

ha

1000

60,00

60.000

2.619.802

2015 (3 Unid. Coord.)

2.500 157.500

2016 (4 Unid. Coord.)

4.500 297.675

2017 (5 Unid. Coord.)

6.000 416.745

2018 (5 Unid. Coord.)

7.000 510.513

2019 (5 Unid. Coord.)

7.500 574.327

2020 (5 Unid. Coord.)

7.500 603.043

* contrato de PSA pelo período de 3 anos.

* *aumento de 5% ao ano.

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48

O projeto Produtores de Água e Floresta, em andamento no município de Rio Claro/RJ, destina

R$ 232.000,00/ano (valor considerando revisão de valores de PSA aprovada pela Unidade

Gestora do Projeto) para PSA.

Tabela 34– Custo de PSA dos Contratos em andamento do Projeto Produtores de Água e Floresta para o

Período de 2014 a 2020

2014 2015* 2016* 2017* 2018* 2019* 2020* Total**

Valor anual de PSA para Contratos Assinados (projeto

Produtores de Água e Floresta)

232.000

243.600

255.780

268.569

281.997

296.097

310.902

1.888.946

* aumento de 5% ao ano. ** custo relativo a Região 1 onde está localizado o Projeto Produtores de Água e Floresta.

O custo do pagamento por serviços ambientais (restauração e conservação) será de R$

3.056.436,00 e acrescentando os valores de PSA já contratados tem-se o valor total de R$

4.945.382,00 para o período de 2014 a 2020.

6.2.10 – Custo total de expansão do Programa PRO-PSA para o período 2014-2020

Em função da decisão de ampliação do programa PRO-PSA e da limitação de recursos

financeiros para tal, foi considerado neste trabalho, para a estimativa dos custos de

implantação das ações de restauração, o cenário 1 (Regeneração Natural Assistida) que prevê,

dentre outras, a técnica de "Condução de Regeneração" seguida por manutenção nos dois

anos subsequentes. Esta sugestão possibilita uma expressiva redução de custos de

restauração, se comparada ao cenário que inclui técnicas como "Plantio Total" e

"Enriquecimento", mantendo o mesmo grau de eficiência para as áreas que já estão em

processo inicial de regeneração e que compreendem parcela significativa das Áreas Prioritárias

para Restauração previstas neste estudo. As áreas identificadas para a aplicação de técnicas de

maior custo (por apresentarem menor potencial de auto-recuperação) deverão ser

cadastradas e posteriormente restauradas caso seja aportado recursos financeiros suficientes

para custear estas atividades mais onerosas. Ou seja, espera-se constituir um “banco de áreas”

passíveis de restauração, cujas intervenções ficarão condicionadas a um maior aporte de

recursos. Cabe ressaltar que historicamente a Região Hidrográfica do Guandu tem sido foco de

investimentos significativos em restauração florestal, tanto pelo setor público quanto privado,

compreendendo fontes decorrentes de obrigações legais ou voluntárias.

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49

Tabela 35– Composição Detalhada dos Custos Previstos de Implantação do Programa PRO-PSA

Guandu/RJ

Os custos totais estimados para a expansão do Programa PRO-PSA para as 6 sub-bacias

identificadas neste estudo como prioritárias, no período de 2014 a 2020, atingem um

montante de R$ 56.084.832,00. A maior parcela do custo total reside nos investimentos

necessários para as atividades de restauração (implantação e manutenção) no valor de R$

25.038.778,49 (45%), justamente as ações relacionadas ao principal objetivo do PRO-PSA, a

conservação dos recursos hídricos da Região Hidrográfica II – Guandu. Em seguida, os custos

de gerenciamento do programa, por meio das unidades de coordenação regional e de

execução local, somam o valor de R$ 10.351.613,94 (18%), enquanto o isolamento representa

15% do custo ( R$ 8.311.189,87) . O pagamento por serviços ambientais responde por 9% do

custo total com o valor de R$ 4.945.382,06. O mapeamento de propriedades e diagnóstico da

situação ambiental das mesmas, por meio do Cadastro Ambiental Rural, para fins de

prospecção de propriedades potenciais para adesão ao programa, no valor de R$

2.800.000,00, representa um custo relativo de 5% em relação ao valor total. As atividades de

comunicação e mobilização, e de monitoramento hidrológico, representam, somados 10 % dos

investimentos previstos, com valores de R$ 1.656.362,03 (5%) e R$ 2.981.505,26 (5%)

respectivamente. Estes valores estão consolidados na Tabela 36.

Itens2014

(2 Unid.Coord.)

2015

(3 Unid.Coord.)

2016

(4 Unid.Coord.)

2017

(5 Unid.Coord.)

2018

(5 Unid.Coord.)

2019

(5 Unid.Coord.)

2020

(5 Unid.Coord.)Total %

Unidade Coord.

Regional e Local 450.393 472.913 496.558 521.386 547.456 574.828 603.570 3.667.105 6%

Unidades Coord.

Locais 253.532 532.417 838.557 1.173.980 1.232.679 1.294.313 1.359.029 6.684.509 12%

Comunicação,

Mobilização e

Capacitação

96.000 151.200 211.680 277.830 291.722 306.308 321.623 1.656.362 3%

Diagnóstico e

prospecção 1.800.000 1.000.000 - - - - - 2.800.000 5%

Implantação

Restauração 1.035.920 1.631.574 2.284.204 2.998.017 3.147.918 3.305.314 3.470.580 17.873.527 32%

Manutenção

Restauração - 284.878 747.805 1.099.273 1.484.019 1.731.355 1.817.923 7.165.252 13%

Isolamento 481.703 758.682 1.062.155 1.394.078 1.463.782 1.536.971 1.613.820 8.311.190 15%

Monitoramento 562.017 402.177 478.522 561.497 310.005 325.506 341.781 2.981.505 5%

PSA

(Restauração e

Conservação)

302.000 427.350 603.068 754.772 877.596 966.145 1.014.452 4.945.382 9%

Total 4.981.565 5.661.191 6.722.549 8.780.834 9.355.176 10.040.740 10.542.777

Total Geral

100%

56.084.832

56.084.832

PRO-PSA - Guandu/RJ

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50

Tabela 36– Composição Agrupada dos Custos de Expansão Previstos para o Programa PRO-PSA

Guandu/RJ

PRO-PSA - Guandu/RJ (2014 a 2020)

Item Valor (R$) %

Gestão Local e Regional 10.351.613,94 18%

Comunicação, Mobilização e Capacitação 1.656.362,03 3%

Diagnóstico e prospecção 2.800.000,00 5%

Restauração 25.038.778,49 45%

Isolamento 8.311.189,87 15%

Monitoramento 2.981.505,26 5%

PSA 4.945.382,06 9%

Total 56.084.831,63 100%

Visando permitir uma melhor análise, pelo Comitê, a Tabela 37 apresenta o custo por região

(Unidade Coordenadora) e por ano para o período de 2014 a 2020.

Tabela 37– Custo por Região e por Ano para o Período de 2014 a 2020

Regiões

(Sub-bacias)2014**

(2 Unid.Coord.)

2015**(3 Unid.Coord.)

2016(4 Unid.Coord.)

2017(5 Unid.Coord.)

2018(5 Unid.Coord.)

2019(5 Unid.Coord.)

2020(5 Unid.Coord.)

Total/Região

(2014 a 2020)

Região 1*

Coord. Regional

(todos os custos)

2.705.213 2.401.413 2.097.569 2.208.299 2.288.062 2.446.026 2.568.327 16.714.908

Região 2

Coord. Local

(todos os custos)

2.276.352 1.951.109 1.624.749 1.711.838 1.766.779 1.898.679 1.993.612 13.223.118

Região 3

Coord. Local

(todos os custos)

- 1.308.670 1.624.749 1.711.838 1.766.779 1.898.679 1.993.612 10.304.327

Região 4

Coord. Local

(todos os custos)

- - 1.375.481 1.711.838 1.766.779 1.898.679 1.993.612 8.746.389

Região 5

Coord. Local

(todos os custos)

- - - 1.437.020 1.766.779 1.898.679 1.993.612 7.096.090

Total/ano 4.981.565 5.661.191 6.722.549 8.780.834 9.355.176 10.040.740 10.542.777

Total Geral 56.084.832

56.084.832

** elaboração do Cadastro Ambiental Rural

* Região onde está implantado o projeto Produtores de Água e Floresta

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51

Para o período de 2014 a 2020 serão investidos R$ 56.084.831,63 para a restauração de 2.900

ha e a conservação de 14.500 ha, totalizando 17.400 ha a um custo de R$ 3.223,27 /ha.

Ao adotar a estratégia de contratação das unidades coordenadoras ao longo do tempo,

verifica-se que a partir do ano de 2019 o custo torna-se fixo, sem considerar a correção

monetária de produtos e serviços, em R$ 10.040.740/ano, com a restauração de 500 ha/ano e

na conservação 2.500 ha/ano, representando um custo de R$ 3.346,91/ha/ano considerando

todos os custos do Programa.

7. Fontes de Recursos para a Ampliação do PRO-PSA

O Manual Operativo do Programa Produtor de Água da Agência Nacional de Águas (ANA)

relaciona uma série de fontes de recursos financeiros em potencial que podem ser utilizadas

para o pagamento por serviços ambientais e na execução de ações necessárias ao seu

provimento. As potenciais fontes de recursos são:

Orçamento Geral da União, Estados e Municípios;

Fundos Estaduais de Recursos Hídricos e de Meio Ambiente;

Fundo Nacional de Meio Ambiente;

Outros Fundos (Clima, Amazônia);

Bancos (setor de apoio, carteira de crédito);

Organismos Internacionais (BIRD, BID);

Organizações Não Governamentais;

Fundações;

Empresas de saneamento;

Empresas de geração de energia elétrica;

Comitês de bacia (recursos da cobrança pelo uso da água);

Termos de Ajustes de Conduta, Compensação Financeira e Multas;

Compensação ambiental;

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo;

Empresas públicas e privadas.

Ainda segundo o Manual da ANA, a situação financeira e o porte da entidade financiadora que

atua no PSA não são relevantes para o Programa, haja vista que o que se busca, em todos os

projetos, é a sustentabilidade, ou seja, o financiador só deve investir o montante proporcional

aos ganhos obtidos com as intervenções, não se tratando de transferências de cunho social,

mas sim da compra de serviços ambientais que se traduzem em benefícios para os

compradores.

Inicialmente a principal fonte de recurso para o PRO-PSA é o Fundo Estadual de Recursos

Hídricos do Estado do Rio de Janeiro (FUNDRHI) com os recursos financeiros da cobrança pelo

uso da água da Região Hidrográfica II – Guandu, que será responsável pela sustentabilidade do

Programa, mas a medida que o PRO-PSA ganhar escala e visibilidade aumenta a possibilidade

da participação de novos parceiros aumenta. O Comitê Guandu destinou R$ 6.877.360,00 para

projetos de PSA para o período de 2009 a 2018. Foram gastos R$ 276,615,00, logo existe um

saldo de R$ 6.600.744,00 para o PRO-PSA, conforme Tabela 29.

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52

Tabela 38– Valores destinados pelo Comitê Guandu a Projetos de PSA

Outra alternativa importante como fonte de recursos para projetos de PSA é o ICMS VERDE

criado em 2007, pela Lei Estadual nº 5.100. Segundo o Estado do Rio de Janeiro, em 2013, o

Governo do Estado estimou a distribuição de R$ 177,7 milhões às prefeituras que investiram

na preservação do meio ambiente. Na Tabela 39 está a estimativa de distribuição de ICMS

Verde para os municípios da Região Hidrográfica II – Guandu.

Tabela 39– Estimativa de Distribuição de ICMS Verde (2013)

Município Estimativa de Distribuição de ICMS Verde em 2013 (R$)

Rio Claro 6.923.791

Miguel Pereira 5.697.504

Piraí 2.592.932

Paracambi 2.100.590

Barra do Piraí 1.033.392

Engenheiro Paulo de Frontin 585.148

Mendes 444.999

Japeri 423.116

Vassouras 218.846

Total 20.020.318 Fonte: site do Estado do Rio de Janeiro

Resolução

Comitê

Guandu

Status

20122013 2014 2015 2016 2017 2018 TOTAL

Previsto 600.000 200.000 200.000 - - - - 1.000.000

Realizado 105.546 171.069 - - - - - 276.615

Saldo 494.454 28.931 - - - - - 523.385

Previsto 1.905.764 - - - - - - 1.905.764

Realizado - - - - - - - -

Saldo 1.905.764 - - - - - - 1.905.764

Previsto * 681.596 630.000 560.000 525.000 525.000 525.000 525.000 3.971.596

Realizado - - - - - - - -

Saldo 681.596 630.000 560.000 525.000 525.000 525.000 525.000 3.971.596

3.187.360 830.000 760.000 525.000 525.000 525.000 525.000 6.877.360

105.546 171.069 0 0 0 0 0 276.615

3.081.814 658.931 760.000 525.000 525.000 525.000 525.000 6.600.744

3.081.814 3.740.744 4.500.744 5.025.744 5.550.744 6.075.744 6.600.744

Saldo Anual

* Valores estimados em função da seguinte previsão de arrecadação: 2012 (R$ 19.474.171),

2013 (R$ 18.000.000), 2014 (R$ 16.000.000), 2015 (R$ 15.000.000), 2016 (R$ 15.000.000),

2017 (R$ 15.000.000) e 2018 (R$ 15.000.000).

Nº 70/12 (R$ 1.905.763,64)

Nº 85/12(mínimo 3,5% da

arrecadação)

Total Previsto Anual

Total Realizado Anual

Nº 42/12

(R$ 200.000/ano)

(2010 a 2014)

Saldo acumulado

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53

Os usuários de recursos hídricos da Região Hidrográfica II – Guandu são potenciais parceiros,

uma vez que o PRO-PSA visa a conservação dos recursos hídricos da Região. A ampliação do

PRO-PSA trará grande visibilidade para o Programa, o que poderá levar as empresas da região,

a considerar o PRO-PSA como uma boa opção de investimento ambiental e social.

Os principais usuários de água bruta da região são:

Sistema Intermunicipal do Guandu - CEDAE

Petróleo Brasileiro S/A - Refinaria Duque de Caxias

ThyssenKrupp CSA Companhia Siderúrgica do Atlântico

Petróleo Brasileiro S.A (TERMORIO)

Rio Polímeros S.A

Companhia de Bebidas das Américas

Gerdau Aços Longos S/A

SEF - Sociedade Fluninense de Energia LTDA

Companhia do Coque Calcinado de Petróleo S.A - Coquepar

Petroflex Industria e Comércio S/A

Companhia Vale do Rio Doce

Linde Gases Ltda

Fábrica Carioca de Catalisadores S/A

VALESUL Alumínio

Furnas Centrais Elétricas S/A

Casa da Moeda do Brasil

Nuclebras Equipamentos Pesados S/A

Construtora Norberto Odebrecht S/A

Duratex S.A.

Pedreira Sepetiba Ltda

8. Análise Custos x Benefícios para avaliação da viabilidade econômica

Para fins da avaliação da viabilidade econômica da expansão do programa PRO-PSA para

outras sub-bacias da Região Hidrográfica II - Guandu, considerando ações de restauração em

cerca de 2.900 ha de áreas identificadas como prioritárias para o incremento de serviços

ambientais hídricos, utilizou-se o cenário 1 (intermediário) apresentado no item 6.2.4. Neste

cenário, o valor total do Programa é igual a R$ 56.084.831 e o custo médio anual no período

de 2014 a 2020 ( 7 anos) é de R$ 8.012.118.

Conforme indicado no item 5.3 (Análise de benefícios econômicos), foi estimada uma

economia em relação à diminuição de custos de tratamento de água na Estação de

Tratamento Guandu da ordem de R$ 5,6 milhões por ano. Vale lembrar que esta economia

será gerada gradualmente, a mediada que as ações de restauração são executadas, e vai

havendo um processo de incremento dos serviços ambientais de redução do aporte de

sedimentos. Considerando um prazo de 5 anos para que uma área restaurada atinja seu

potencial máximo de oferta deste serviço ambiental, este benefício econômico deverá ser

alcançado em sua totalidade no ano de 2025. É importante observar também que apenas foi

estimada a economia associada à redução da concentração de sedimentos, sendo que outros

serviços ambientais que certamente serão incrementados pelas ações propostas, como

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redução do aporte e de nutrientes e regulação dos fluxos de vazão, não foram estimados no

presente estudo; é seguro afirmar que o valor real de economia gerada pelas ações propostas

para a expansão do programa PR-PSA será maior que o valor aqui apresentado.

Não foi considerada na presente análise fatores como correção monetária em custos de

produtos e serviços assim como na estimativa de redução de custos. Mesmo que não levemos

em conta que os horizontes temporais dos investimentos (2014 a 2020) e dos benefícios

(iniciando em 2014, aumentando gradualmente até 2025 e seguindo no mesmo patamar por

período indefinido) são diferentes, e que os investimentos serão finitos, enquanto os

benefícios devem ser permanentes, podemos comparar de maneira simplificada os

investimentos médios anuais (R$ 8.012.118) e os benefícios econômicos anuais (R$ 5.600.000)

e perceber que a proposta de expansão do Programa PRO-PSA apresentada neste estudo é

viável economicamente.

Considerando um prazo de 5 anos para que uma área restaurada atinja seu potencial máximo

de oferta do serviço ambiental, em 2025 os serviços ambientais dos 2.900 ha restaurados no

período de 2014 a 2020 serão completos.

Tabela 40– Área restaurada acumulada prestando serviços ambientais após 5 anos da implantação da

restauração

Ano Área de Implantação da Restauração (ha) /ano

Área Restaurada Acumulada Prestando Serviços Ambientais Após 5 anos da

Implantação da restauração (ha) /ano

2014 200 0

2015 300 0

2016 400 0

2017 500 0

2018 500 0

2019 500 200

2020 500 500

2021 900

2022 1.400

2023 1.900

2024 2.400

2025 2.900

Para efeito de cálculo, estimou-se que a diminuição de custos de tratamento de água na

Estação de Tratamento Guandu da ordem de R$ 5,6 milhões por ano para 2.900 ha

restaurados representa R$1.931/ha. Na Tabela 41 está a estimativa do benefício gerado por

ano em reais.

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55

Tabela 41– Estimativa da redução dos custos de tratamento de água

Ano Área de Implantação da Restauração (ha) /ano

Área Restaurada Acumulada Prestando Serviços Ambientais Após 5 anos da Implantação da

restauração (ha) /ano *

Redução dos custos de tratamento de água (R$)

/ano

2014 200 0 -

2015 300 0 -

2016 400 0 -

2017 500 0 -

2018 500 0 -

2019 500 200 386.200

2020 500 500 965.500

2021 900 1.737.900

2022 1.400 2.703.400

2023 1.900 3.668.900

2024 2.400 4.634.400

2025 2.900 5.599.900

* Considerando um prazo de 5 anos para que uma área restaurada atinja seu potencial máximo de oferta de serviço ambiental

Considerando o PRO-PSA no período de 2014 a 2020, a partir do ano de 2032 os custos de

ampliação do PRO-PSA serão superados pelo valor de redução dos custos de tratamento de

água, conforme demonstrado na Tabela 42.

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56

Tabela 42– Previsão de retorno do investimento no PRO-PSA

Ano

(A)* Área restaurada

acumulada prestando serviços ambientais após 5 anos da implantação da

restauração (ha) /ano

(B) Redução dos

custos de tratamento de água (R$) /ano -------------------- (R$ 1931/ha)

(C) Custo da

ampliação do PRO-PSA (R$)

/ano

(D=B-C) Saldo

(R$)/ano

Saldo Acumulado

(R$)/ano

2014 0 - 4.981.565 -4.981.565 -4.981.565

2015 0 - 5.661.191 -5.661.191 -10.642.756

2016 0 - 6.722.549 -6.722.549 -17.365.304

2017 0 - 8.780.834 -8.780.834 -26.146.138

2018 0 - 9.355.176 -9.355.176 -35.501.314

2019 200 386.200 10.040.740 -9.654.540 -45.155.854

2020 500 965.500 10.542.777 -9.577.277 -54.733.132

2021 900 1.737.900

1.737.900 -52.995.232

2022 1.400 2.703.400

2.703.400 -50.291.832

2023 1.900 3.668.900

3.668.900 -46.622.932

2024 2.400 4.634.400

4.634.400 -41.988.532

2025 2.900 5.599.900

5.599.900 -36.388.632

2026 2.900 5.599.900

5.599.900 -30.788.732

2027 2900 5.599.900

5.599.900 -25.188.832

2028 2900 5.599.900

5.599.900 -19.588.932

2029 2900 5.599.900

5.599.900 -13.989.032

2030 2900 5.599.900

5.599.900 -8.389.132

2031 2900 5.599.900

5.599.900 -2.789.232

2032 2900 5.599.900

5.599.900 2.810.668

Total 58.895.500 56.084.832 2.810.668 * Considerando um prazo de 5 anos para que uma área restaurada atinja seu potencial máximo de oferta de

serviço ambiental

Evidencia-se que o PRO-PSA gerará benefícios eternos, independente da interrupção do

programa, mas o ideal é a sua ampliação para outras áreas além das indicadas neste estudo.

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57

10. Referências

Agência Nacional de Águas. Manual Operativo do Programa Produtor de Água / Agência

Nacional de Águas. 2ª Edição. Brasília: ANA, 2012

Agência Nacional de Águas. Plano Estratégico de Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas

dos Rios Guandu, da Guarda e Guandu Mirim. Brasília, 2009.

Plano de Desenvolvimento Sustentável da Região Hidrográfica da Baía de Sepetiba

Instituto Terra de Preservação Ambiental. Planejamento para o Desenvolvimento do

Programa Regional PRO-PSA. Rio de Janeiro, 2013.

IBGE (2009) Censo Agropecuário (2006). Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Disponível a partir de: http://www.ibge.gov.br/.

Conservation International. Applying freshwater conservation priority-setting framework in

the Guandu and Piraí Basins. Rio de Janeiro, 2012.

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Anexo 1 – Minutas de Mensagem, Projeto de Lei Municipal de PSA e Justificativa

Mensagem nº

Excelentíssimo Senhor Presidente da Câmara Municipal,

Submeto a apreciação de V.Exa. e dos dignos Pares o incluso Projeto de lei que dispõe sobre

criação do Programa Produtores de Água e Floresta no âmbito deste Município.

Local, data

Nome – Prefeito Municipal

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Projeto de Lei nº ______ /2012

Institui, no âmbito do Município ___________, o Programa Produtores de Água e Floresta,

autoriza o Poder Executivo a prestar apoio financeiro aos posseiros e/ou proprietários rurais

que voluntariamente aderirem a este programa e dá outras providências.

O Prefeito Municipal de ___________, no uso de suas atribuições legais, faz saber que a

Câmara Municipal de _____________ aprovou e ele sanciona a seguinte lei:

Art. 1° – Fica instituído o Programa Produtores de Água e Florestas, que visa à implantação de

ações de fomento às práticas e às iniciativas que favoreçam a conservação, manutenção,

ampliação ou a restauração da Mata Atlântica local com efeitos benéficos à conservação das

águas, voluntariamente desenvolvidas por possuidores e proprietários rurais situados no

Município __________________.

Art. 2º - Fica o Poder Executivo autorizado a prestar apoio financeiro aos posseiros e/ou aos

proprietários rurais que tenham aderido ao Programa Produtores de Água e Floresta, e que

executem ações visando o cumprimento de metas estabelecidas.

§1º - Fica instituído o Cadastro Municipal de Produtores de Água Floresta, no qual deverá

constar os dados de todos possuidores e proprietários rurais habilitados para se inscrever no

programa, bem como informações sobre área objeto do benefício.

§ 2º- O apoio financeiro aos posseiros e/ou proprietários rurais somente será iniciado com a

implantação de todas as ações propostas em regulamento e se estenderá por no mínimo três

anos.

Art. 3° – As características das propriedades, as ações e as metas serão definidas mediante

critérios técnicos e legais, estabelecidas em regulamento, e que tenham como objetivo:

I - incentivar a adoção de práticas conservacionista de solo;

II - aumentar a cobertura vegetal do Município;

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III – conservar e recuperar a biodiversidade, por meio de fluxo gênico;

IV – conservar e recuperar as faixas marginais de proteção; e

V – melhorar a qualidade e quantidade de água.

Art. 4º - O programa seguirá critérios a serem definidos pelo Poder Executivo e o valor a ser

pago a cada possuidor e/ou proprietário rural será definido por hectare (ha)/ ano, de acordo

com o orçamento disponível e a regulamentação específica.

Parágrafo Único – Todos os pagamentos realizados deverão ser precedidos de relatório

técnico, o qual deverá especificar as ações realizadas nas posses ou propriedades rurais

beneficiadas com o Programa Produtores de Água e Floresta.

Art. 5º - Fica o município autorizado a firmar convênio, ou outro instrumento jurídico similar,

com entidades governamentais e da sociedade civil com a finalidade de apoio técnico e

financeiro ao Programa Produtores de Água e Floresta.

Parágrafo único – No caso acima disposto, as metas, ações e plano de trabalho poderão ser

adequados às normas institucionais da entidade governamental ou sociedade civil financiadora

do programa, desde que não contrarie norma municipal vigente.

Art. 6º – As despesas com a execução da presente lei correrão por meio de verbas próprias

consignadas no orçamento em vigor, bem como por meio de recursos extra-orçamentários

previstos no artigo 5º desta Lei.

Art. 7º - Caberá ao Poder Executivo delegar profissional técnico para dar apoio técnico-

administrativo ao desenvolvimento do programa no âmbito da Secretaria de Meio Ambiente e

Desenvolvimento Sustentável.

Art. 8º – O Poder Executivo regulamentará esta lei, mediante decreto, dentro de 90 (noventa)

dias, a partir da data de sua publicação.

Art. 9º - Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação.

Data

Nome do Prefeito Municipal

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Justificativa do projeto de lei

O Projeto Produtores de Água e Floresta teve início em 2009, por meio de uma

cooperação técnica que agregou representações da Secretaria Estadual do Ambiente, o Comitê

da Bacia Hidrográfica do Rio Guandu, a The Nature Conservancy e o Instituto Terra de

Preservação Ambiental. O intuito era, por meio de um sistema de pagamentos por serviços

ambientais, incentivar, mediante compensação financeira, os agentes que, comprovadamente,

adotassem, contribuíssem ou implementassem práticas para a proteção e recuperação de

mananciais, auxiliando a recuperação do potencial de geração de serviços ecossistêmicos, e

dessa forma podendo prover benefícios às bacias hidrográficas e às populações que utilizam os

recursos hídricos.

Por mais que a União, os Estados e os Municípios tenham se empenhado na atuação

junto às atividades que evolvem o meio ambiente, sempre houve uma grande dificuldade em

atrair parceiros para a conservação. Essa realidade se agrava quando abordamos as

dificuldades enfrentadas pelas áreas rurais, para a qual a questão ambiental sempre foi um

entrave ao desenvolvimento.

Foi nessa ótica, no intuito de congregar o desenvolvimento rural e a proteção

ambiental, que começaram a se desenvolver em diversos estados benefícios para aqueles

proprietários de terra que conservassem ou favorecessem a restauração florestal de suas

áreas. Esses benefícios, conhecidos por serviços ambientais, já ganharam inúmeras

denominações, como Conservador das Águas e Produtores de Água e Floreta.

Esses projetos visam à conservação de remanescentes florestais, por meio da

manutenção das áreas florestadas nativas da Mata Atlântica, com sua valorização enquanto

área geradora de benefícios socioambientais. Assim como, visam à restauração ambiental, por

meio da proteção de áreas de mananciais e nascentes, promovendo a gradativa alteração da

cobertura do solo, amenizando os processos erosivos e visando a recuperação da floresta

nativa.

Todavia, é no município que esses programas se destacam, pois é no território que se

sentem as alterações climáticas, as erosões, a poluição, as alterações dos cursos de rios e o

empobrecimento do solo. Por isso não pode o município ficar inerte diante de inúmeras

iniciativas que vem surgindo dentro e fora do Brasil. Necessária a realização de políticas

públicas que agreguem tanto interesses públicos quanto privados, com vistas a incentivar os

particulares a conservar, manter, ampliar ou a restaurar a Mata Atlântica local

A ideia inicial desse projeto de lei foi baseada em atuações pioneiras como a do Município de

Extrema, localizado no Estado de Minas Gerais. No Estado do Rio de Janeiro a primeira cidade

a ser beneficiada com projeto semelhante foi Rio Claro, mas sua multiplicação foi planejada

para outros municípios.

Nesse intuito e com o objetivo de promulgar uma regulamentação legal da atividade,

em 15 de junho de 2011 foi publicado o Decreto Estadual nº 42.029, que regulamentou o

Programa Estadual de Conservação e Revitalização de Recursos Hídricos - PROHIDRO, previsto

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61

nos artigos 5º e 11 da lei nº 3.239, de 02 de agosto de 1999, que instituiu a política estadual de

recursos hídricos e deu outras providências. Dentre os objetivos do referido decreto estava à

necessidade de promoção da integridade e conservação ambiental das bacias hidrográficas,

com inclusão social da população rural em situação de vulnerabilidade e da melhoria das

condições de uso e ocupação do solo em áreas relevantes para a conservação dos recursos

naturais, ou seja, a instituição de um pagamento por serviços ambientais.

De acordo com o exposto é que a presente lei se propõe a incentivar os posseiros e

proprietários rurais interessados na proteção ambiental a participar de um programa de

restauração não só de suas propriedades, mas também do próprio município, que poderá ser

contemplado com recursos do ICMS Ecológicos, de projetos advindos do Mecanismo de

Desenvolvimento Limpo, de doações nacionais e internacionais, dentre outros.

De maneira mais específica, o município poderá apresentar junto ao Conselho Estadual

de Recursos Hídricos - CERHI, projetos para obter financiamento do Fundo Estadual de

Recursos Hídricos – FUNDRHI, que colaborem na implementação dos instrumentos de gestão

de recursos hídricos. Em âmbito federal poderá participar ativamente de projetos

desenvolvidos pela Agência Nacional de Águas.

Baseado na interface entre o princípio do poluidor pagador e o provedor-recebedor,

bem como da cobrança pelo uso da água e do incentivo ao produtor de água e floresta,

significativo será o apoio oferecido ao posseiro ou proprietário rural que aplique recursos para

preservar e conservar os mananciais. As boas práticas adotadas para melhorar a oferta e a

qualidade de recursos hídricos, assim como a conservação das florestas e biodiversidade

devem ser remuneradas como fator de estímulo e de renda.

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Anexo 2 – Minutas de Decreto de Regulamentação de Lei Municipal de PSA

Decreto nº ___, de ___de__________de 20__.

Regulamenta a Lei nº __________ que instituiu,

no âmbito do Município, o Programa Produtores

de Água e Floresta e autorizou a prestação de

apoio financeiro aos posseiros e/ou

proprietários rurais integrantes do programa.

O PREFEITO DA CIDADE DE ____________, no uso das atribuições que lhe são conferidas pela

legislação em vigor, resolve:

Capítulo I – Objeto

Art. 1º - Regulamentar a Lei nº __________ que instituiu, no âmbito do Município, o Programa

Produtores de Água e Floresta e autorizou a prestação de apoio financeiro aos posseiros e/ou

proprietários rurais que voluntariamente integrarem o programa.

Capítulo II – Metas

Art. 2º - O Programa Produtores de Água e Floresta priorizará duas linhas de atuação:

I – a conservação de remanescentes florestais, por meio da manutenção das áreas florestais

nativas inseridas no Bioma Mata Atlântica;

II – a restauração florestal, por meio da proteção de mananciais e nascentes que promovam a

gradativa alteração da cobertura do solo, amenizando os processos erosivos e a recuperação

da floresta nativa.

Parágrafo Primeiro – No caso da restauração florestal, a condição mínima para o

enquadramento de um imóvel no programa é que este disponibilize no mínimo 25% de sua

área total sem cobertura florestal;

Parágrafo Segundo - Para a restauração das áreas disponibilizadas, poderão ser utilizadas

diferentes metodologias (plantio total, nucleação, enriquecimento, condução de regeneração

e/ou isolamento)

Capítulo III – Habilitação

Art. 3º - Os interessados em aderir ao Programa Produtores de Água e Floresta deverão

preencher o plano de trabalho disposto no ANEXO I e entregar todos os documentos

especificados na seção II deste capítulo, após o qual passarão por uma seleção.

Parágrafo único – Terão prioridade as propostas apresentadas por agricultor familiar ou

empreendedor familiar rural, assim enquadrados nos termos da Lei Federal nº 11.326/2006, e

que apresentem a Declaração de Aptidão ao Programa (DAP) emitida pela Empresa de

Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Rio de Janeiro – EMATER-Rio.

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Art. 4° - Para pleitear recursos de pagamento por serviços ambientais no âmbito do programa

Produtores de Água e Floresta os proponentes deverão, ainda, submeter proposta

descrevendo as ações de conservação e restauração para a área proposta.

Seção I – Dos Proponentes

Art. 5º - Poderão se habilitar ao Programa:

I – pessoas físicas possuidoras ou proprietárias de imóveis rurais, que possam apresentar

comprovação da relação legal com o imóvel;

II – pessoas jurídicas sem fins lucrativos representativas de comunidades tradicionais,

quilombolas, indígenas e caiçaras.

Art. 6º - A documentação pessoal a ser exigida das pessoas físicas e jurídicas a serem

contempladas com o pagamento pelo serviço ambiental prestado em seu imóvel será definida

pela Secretaria Municipal de_____________, que a dará publicidade.

Seção II – Da habilitação dos imóveis

Art. 7º - A demonstração da posse ou propriedade dos imóveis rurais cuja área seja objeto do

programa poderão ser apresentadas da seguinte forma:

I – Certidão atualizada emitida pelo Cartório do Registro de Imóveis competente, ou em sua

substituição, documentos comprobatórios da situação dominial, tais como:

a) declaração de produtor rural (EMATER);

b) recibos de compra e venda (formalizados em cartório);

c) ato declaratório ambiental – ADA; ou

d) comprovantes de pagamento de Imposto Territorial (ITR ou IPTU), contratos de aluguel ou

arrendamento (desde que contemplem o prazo da proposta de prestação de serviço

ambiental).

II – Documento de comprovação de posse, enquadrada nos seguintes casos:

a) posse de imóvel em área desapropriada por Ente Público, com comprovação por meio de

"termo de imissão provisória de posse", obrigatoriamente concedida por juiz;

b) doação ainda não concluída, mas que tenha lei de doação publicada em Diário Oficial;

d) no caso de doação entre particulares, em que o processo de doação não esteja concluído,

apresentação do termo de doação e Registro Geral de Imóveis, ficando os pagamentos

condicionados à apresentação do registro da doação em cartório;

e) cópia do contrato de cessão gratuita de uso, irretratável e irrevogável, por período mínimo

de 20 anos, contados a partir da data da assinatura do contrato, e certidão atualizada de

registro de imóveis demonstrando a cessão de uso;

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f) cópia do ajuizamento de ação de usucapião individual ou coletivo.

§1° – Nos casos de intervenções em orlas, em que a área é caracterizada como terreno de

marinha, deverá ser apresentada autorização da Marinha do Brasil emitida pelas Capitanias,

Delegacias ou Agências, conforme a área de jurisdição.

§2° – Nos casos de área de propriedade do INCRA deverá ser apresentada a certidão atualizada

do registro de imóveis, acompanhada de autorização de ocupação emitida pela

Superintendência Regional.

§3° - No caso de intervenção em áreas de assentamentos deverá ser apresentada a portaria de

criação do projeto de assentamento.

§4°- Quando se tratar de área ocupada por comunidade remanescente de quilombos deverão

ser apresentados os seguintes documentos:

a) ato administrativo ou comprovação de existência de processo que reconheça os limites da

área ocupada pela comunidade remanescente ou quilombo, expedido pelo órgão do ente

federativo responsável pela sua titulação; ou

b) declaração do órgão competente, responsável pelo ordenamento territorial ou

regularização fundiária, de que a área é ocupada por comunidade remanescente de quilombo,

caso ainda não tenha sido expedido o devido ato administrativo.

§5° - Quando se tratar de área ocupada por comunidade indígena deverá ser apresentado

documento expedido pela FUNAI.

Art. 8° – Poderá ser exigida complementação da documentação toda vez que a autoridade

competente entender necessário para bom andamento do programa.

Capítulo IV - Apoio Financeiro

Seção I – Valoração

Art. 9° - A valoração do serviço ambiental prestado se dará com base na área (em hectares)

contratada e na parte destinada para restauração florestal, cujo cálculo utiliza como valor de

referência o potencial de geração de riqueza por área ao ano.

Parágrafo Primeiro – Deverão ser associados ao cálculo da valoração os seguintes parâmetros

para a concessão do benefício:

I - a proximidade ou inclusão em unidade de conservação;

II - as áreas de preservação permanente de margens de rios e entorno de nascentes e lagos e

as áreas interceptoras com vegetação em estágio médio ou avançado de regeneração;

III - as áreas de preservação permanente de margens de rios e entorno de nascentes e lagos e

as áreas interceptoras com vegetação em estágio inicial de regeneração;

IV - áreas com floresta em estágio inicial, médio ou avançado de regeneração.

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Parágrafo Segundo - para a caracterização do estágio sucessional da vegetação deverão ser

utilizadas as resoluções CONAMA pertinentes.

Seção II - Critérios

Art. 10 - No momento do pagamento será observado se o produtor de água e floresta:

a. impediu ou dificultou o acesso da fiscalização aos locais de restauração ou conservação dentro de seu imóvel;

b. dificultou o desenvolvimento das ações previstas no plano de trabalho, tais como alteração de traçado ou de local de cercas;

c. danificou direta ou indiretamente cercas ou mudas implantas, ou qualquer outra ação de restauração/ conservação implantada;

d. cortou ou extraiu vegetação nativa sem licença do órgão ambiental competente; e. fez uso de fogo no imóvel, mesmo para limpeza de pasto sem a devida licença do

órgão ambiental competente; f. não informou imediatamente à Secretaria Municipal de ___________qualquer caso

criminoso de depredação às cercas, mudas, áreas em restauração florestal ou áreas conservadas;

g. não informou imediatamente ao responsável local do projeto qualquer caso que possa de alguma forma impedir ou dificultar o desenvolvimento das medidas de conservação ou restauração de florestas.

Art. 11 - O pagamento pelos serviços ambientais prestados está condicionado à avaliação das

atividades desenvolvidas por meio de relatórios de implantação periódicos e laudo de vistoria,

em que serão observados o estado geral e os cuidados com as ações implantadas.

Art. 12 - A hierarquização de propostas ocorrerá somente em caso de restrição de recursos em

relação à demanda de propostas.

Capítulo V – Cadastro Municipal de Produtores de Água e Floresta

Art. 13 - A Secretaria Municipal de _________ficará responsável pelo Cadastro Municipal de

Produtores de Água e Floresta, que deverá conter informações relativas às áreas

contempladas, beneficiários e serviços ambientais prestados.

Capítulo VI – Inadimplência

Art. 14 - A inadimplência técnica ou formal acarretará a suspensão do pagamento, podendo o

beneficiário ser suspenso do programa caso não regularize sua situação dentro do prazo

concedido pela Secretaria Municipal de ___________________.

§1º - Considera-se inadimplência técnica a paralisação das ações de restauração previstas sem

justificativa técnica ou a sua execução em desacordo com o aprovado.

§2° - Considera-se inadimplência formal a não entrega de qualquer documento que comprove

a regularidade da posse ou propriedade do imóvel rural, bem como dos documentos pessoais.

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Capítulo VII - Disposições gerais

Art. 15 – A Secretaria Municipal de__________divulgará um Edital e um Manual de Orientação

ao Proponente, no qual serão definidas a ordem de prioridade e/ou critérios de hierarquização

para fins de seleção das propostas habilitadas; prazos e demais condições para proponentes,

de forma a caracterizar situações de adimplência.

Art. 16 - Este Decreto entra em vigor na data de publicação.

Cidade, data

Prefeito