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1 1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA ESTUDO DE CASO OFFSHORE- GESTÃO EM SAÚDE DO TRABALHADOR Por: Rafaela Soares Barbi Orientador Prof. Fabiane Muniz

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

ESTUDO DE CASO OFFSHORE- GESTÃO EM SAÚDE DO

TRABALHADOR

Por: Rafaela Soares Barbi

Orientador

Prof. Fabiane Muniz

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Niterói

2012

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

ESTUDO DE CASO OFFSHORE- GESTÃO EM SAÚDE DO

TRABALHADOR

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do grau

de especialista em Gestão de Recursos Humanos

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RESUMO

No mundo de hoje cada vez mais exigente com relação á nosso desenvolvimento no trabalho e à nossa capacidade de adaptação a contextos sociais altamente flexiveis e de alta pressão, a saúde é condição fundamental para se viver com boa qualidade de vida, alta capacidade laborativa e possibilidade de inserção na vida social e econômica. Através deste estudo objetivou-se identificar todos os fatores relevantes na qualidade de vida do trabalhador. Objetivou-se ainda: reconhecer o processo de saúde e doença; identificar questões que possam influenciar o comportamento das pessoas; descrever o estresse no trabalho; oferecer contribuição para a promoção de uma boa qualidade de vida no trabalho. Concluiu-se que a abordagem da higiene e segurança no trabalho se volta cada vez mais para a melhoria das condições de saúde das pessoas, a preservação da sanidade física e mental, a boa alimentação e, a qualidade de vida das pessoas e sua capacidade de produzir mais e melhor. Por outro lado, as condições ambientais que asseguram conforto e segurança na empresa e, consequentemente, melhoria da qualidade de vida também são fortemente realçadas. Com relação à qualidade de vida dos trabalhadores offshore, concluiu-se que em decorrência do trabalho em turnos poderão ocorrer alterações de sono, distúrbios gastrintestinais, cardiovasculares e desordens psíquicas e, em relação à vida social e à família, ressalta-se o prejuízo na participação de atividades sociais organizadas, como as escolares, culturais, esportivas, etc., dificultando sua integração na vida social da comunidade. Palavras-chave: trabalho; saúde; qualidade de vida

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METODOLOGIA

Para o desenvolvimento desta pesquisa, optou-se pela pesquisa bibliográfica

associada a um estudo de caso a respeito da qualidade de vida no trabalho de uma

população offshore.

A pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referências

teóricas publicadas, buscando conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas do passado existentes sobre um determinado assunto, tema

ou problema.

O presente estudo será dividido em 5 etapas, a saber: (a) levantamento

do referencial teórico; (b) seleção do referencial teórico apropriado a presente

investigação; (c) leitura crítico-analítica do referencial selecionado; (d) organização

dos dados levantados e (e) elaboração do relatório final.

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SUMÁRIO

RESUMO---------------------------------------------------------------------------------------------03

METODOLOGIA ----------------------------------------------------------------------------------- 04

INTRODUÇÃO--------------------------------------------------------------------------------------07

1 A SAÚDE ------------------------------------------------------------------------------------------ 08

1.1 A saúde e doença ---------------------------------------------------------------------- 08

1.2 Saúde e produtividade ---------------------------------------------------------------- 11

1.3 Fatores condicionantes da saúde -------------------------------------------------- 12

2 O O TRABALHADOR E O TRABALHO -------------------------------------------------- 16

2.1 Aspectos individual e social --------------------------------------------------------- 16

2.2 Valor do trabalhador ------------------------------------------------------------------- 18

2.3 Motivação do trabalhador ------------------------------------------------------------ 20

3 SAÚDE OCUPACIONAL --------------------------------------------------------------------- 22

3.1 Conceitos de higiene e segurança do trabalho -------------------------------- 22

3.2 Os maiores problemas de saúde nas organizações -------------------------- 23

3.3 Estresse ---------------------------------------------------------------------------------- 25

4 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO ------------------------------------------------- 27

4.1 Conceito de qualidade de vida no trabalho ------------------------------------- 27

4.2 A Gestão dos Programas de Qualidade de Vida no Trabalho (GQVT) -- 29

4.3 O impacto para o trabalhador ------------------------------------------------------- 30

4.4 A satisfação no trabalho -------------------------------------------------------------- 31

4.5 Fatores relacionados a qualidade de vida no trabalho-----------------------33

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5 ESTUDO DE CASO : ANSIEDA E ESTRESSE NO MEIO OFFSHORE -------- 36

5.1 Caracterização -------------------------------------------------------------------------- 36

5.2 Variáveis da população --------------------------------------------------------------- 37

5.3 Ansiedade -------------------------------------------------------------------------------- 37

5.4 Estresse ---------------------------------------------------------------------------------- 39

5.5 Intervenção------------------------------------------------------------------------------41

CONCLUSÃO--------------------------------------------------------------------------------------- 43

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS --------------------------------------------------------- 45

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INTRODUÇÃO

No mundo de hoje cada vez mais exigente com relação à nossa

performance no trabalho e à nossa capacidade de adaptação a contextos sociais

altamente mutáveis e de alta pressão, a saúde é condição fundamental para se

viver com boa qualidade de vida, alta capacidade laborativa e possibilidade de

inserção na vida social e econômica.

A saúde depende de características hereditárias, ambientais e sociais.

Entretanto, o estilo e as condições de vida e de trabalho são, em grande parte,

responsáveis por uma boa saúde.

O trabalho constitui-se numa das mais importantes fontes de realização

humana, esteja ele relacionado à satisfação de necessidades materiais básicas de

sobrevivência ou a necessidades de realização individual e social mais sofisticadas

.

Também o trabalho pode ser um fator indutor de desconforto e de

doença, levando a diversos tipos de distúrbios, tais como sintomas . Para que a

atividade laboral seja um fator indutor de saúde, importante que as pessoas

tenham: condições de trabalho adequadas às próprias características psíquicas e

físicas, o que pode ser obtido através da aplicação da ergonomia; um bom “estilo

pessoal de trabalho”, fruto de bons hábitos laborais.

Esta monografia analisará a temática gestão de saúde no trabalho.

Através deste estudo objetiva-se identificar todos os fatores relevantes na

qualidade de vida do trabalhador. Objetiva-se ainda: reconhecer o processo de

saúde e doença identificar questões que possam influenciar o comportamento das

pessoas; descrever o estresse no trabalho; oferecer contribuição para a promoção

de uma boa qualidade de vida no trabalho.

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1 A SAÚDE

1.1 Saúde e Doença

Questiona-se a atual definição de saúde da Organização Mundial da

Saúde: "situação de perfeito bem-estar físico, mental e social" da pessoa,

considerada ultrapassada, primeiramente, por visar a uma perfeição inatingível,

atentando-se as próprias características da personalidade. Menciona-se como

principal sustentação dessa idéia, a renúncia necessária a parte da liberdade

pulsional do homem, em troca da menor insegurança propiciada pelo convívio

social. Discute-se a validade da distinção entre soma, psique e sociedade,

esposando o conceito de homem "integrado", e registrando situações em que a

interação entre os três aspectos citados é absolutamente cristalina. É revista a

noção de qualidade de vida sob um vértice antipositivista. Essa priorização e

proposta de resgate do subjetivismo, reverte a um questionamento da atual

definição de saúde, toda ela embasada em avaliações externas, "objetivas", dessa

situação.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde não apenas como

a ausência de doença, mas como a situação de perfeito bem-estar físico, mental e

social. Essa definição, até avançada para a época em que foi realizada, é, no

momento, irreal, ultrapassada e unilateral.

A definição de saúde da OMS está ultrapassada por que ainda faz

destaque entre o físico, o mental e o social. Mesmo a expressão "medicina

psicossomática", encontra-se superada, eis que, graças à vivência psicanalítica,

percebe-se a inexistência de uma clivagem entre mente e soma, sendo o social

também inter-agente, de forma nem sempre muito clara, com os dois aspectos

mencionados.

Caberia aqui acrescentar que as injunções sociais atuam sobre este

aparato complexo que é o sujeito. O estilo e o ritmo de vida impostos pela cultura, a

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modalidade da organização do trabalho, a vida nas metrópoles, entre tantos outros

fatores, poderiam fazer pensar, até mesmo, em uma suposta unidade

"socio-psicossomática". No que diz respeito especificamente ao impacto da

natureza do trabalho na sociedade contemporânea sobre o sujeito, Déjours (1980)

tem nos trazido grandes contribuições, analisando as formas de organização do

trabalho que impedem o trabalhador de manter seu funcionamento mental pleno,

tendo assim de lançar mão de um processo de repressão da vida fantasmática que

o induz a responder à excitacão através da somatização.

O sistema do organismo humano, em relação a uma definição de saúde,

representa uma organização complexa e holística, que integra de formas diversas

os diferentes processos participantes no desenvolvimento saudável, um dos quais,

sem dúvida, é a sua dimensão subjetiva, que, apesar de sua natureza social, não

esgota outros aspectos da vida social do homem que intervém no desenvolvimento

da saúde.

Em González (1993, p.8), definimos a saúde através dos seguintes

aspectos essenciais:

a - A saúde não se pode identificar com um estado de normalidade, pois a nível individual é um processo único e com manifestações próprias. A saúde não é uma "média", é uma integração funcional que a nível individual se alcança por múltiplas e diversas alternativas. b - A saúde não é um estado estático do organismo, é um processo que contentemente se desenvolve, onde participa de forma ativa e consciente o indivíduo como sujeito do processo. c - Na saúde se combinam de forma estreita fatores genéticos, congênitos, somato-funcionais e psicológicos. A saúde é uma expressão plurideterminada e seu curso não se decide pela participação ativa do homem de forma unilateral. d - A expressão sintomatológica da enfermidade é resultante de um processo que precede o surgimento dos sintomas. A doença, como a saúde, é um processo que se define qualitativamente antes do surgimento dos sintomas, os quais não são mais do que um momento do desenvolvimento da doença.

Nesta definição de saúde torna-se claro sua característica integral e

completa, irredutível a fórmulas únicas aplicáveis a todos os indivíduos diante de

doenças similares. A saúde não é a ausência de sintomas, senão que um processo

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integral que otimiza os recursos do organismo para diminuir sua vulnerabilidade

diante dos diferentes agentes e processos causadores da doença.

Compete à psicologia não apenas o estudo da saúde mental, cuja

separação da saúde somática é pertinente apenas em termos didáticos, mas não no

exercício da profissão. A saúde mental e somática configuram-se de forma única

dentro do sistema da saúde humana, e é necessário encontrar e explicar as

diversas

formas em que ambas se integram dentro do curso integral deste processo.

Como assinala Lazarus (1986, p.33):

[...] ampliar o conceito psicossomático que abarque desde um grupo específico de moléstias, tais como úlcera e hipertensão, até o conceito geral de que toda a doença poderia ter uma etiologia psicossocial dentro de um sistema multicausal, estimulou a consideração da resposta imune como fator possível inclusive do surgimento de processos neoplásicos, transtornos bastante distanciados do significado original de psicossomático.

Considerar a doença como um fenômeno complexo explicita sua

característica plurideterminada, dentro da qual o psíquico seria uma dimensão

constitutiva do processo de em geral. Considerar o psíquico nesta dimensão não

significa a psicologização da doença, como aconteceu na psicossomática de origem

psicanalítica, que definiu padrões constitutivos únicos de certas formas de doença,

precisamente daquelas consideradas psicossomáticas.

Ao compreender-se de forma diferente a etiologia da doença, no nosso

critério, igualmente pode-se supor uma redimensão na maneira em que o psíquico

está presente na etiologia.

Transferir a saúde de uma definição organicista e contextualizá-la numa

definição social, é a única via para o desenvolvimento de políticas congruentes com

a prevenção e promoção de saúde, entretanto, estaríamos cometendo um erro ao

pensar que as funções de prevenção e promoção de saúde, em especial a segunda,

associada mais ao desenvolvimento e fortalecimento da saúde de que evitar a

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doença, devem desenvolver-se apenas desde as instituições de saúde, pois a

promoção é uma função orgânica do funcionamento social, e através dele, de todas

as instituições e organizações comprometidas com o desenvolvimento social.

Promover saúde é antes de tudo educar um modo de vida diferente, no

qual as atividades desenvolvidas pelo sujeito estejam comprometidas com seu

desenvolvimento e bem estar. Saúde e bem estar são dois conceitos muito

relacionados entre si.

1.2 Saúde e produtividade

O homem deve fazer todo o esforço individual e coletivo, no sentido de

evitar a doença. Nesse esforço ele não pode deixar de reconhecer que a existência

normal do indivíduo compõe-se de três fases:

a) fase de preparação;

b) fase de produtividade; e

c) fase da velhice.

A saúde é, sem dúvida, condição fundamental e imprescindível à

produtividade do homem. É um verdadeiro capital à disposição do homem, razão

porque passou a constituir pré-condição não somente para o crescimento, mas

principalmente para o desenvolvimento econômico.

Usando esse raciocínio e também o modelo de Horwitz, Souto (2003,

p.31), nos coloca o Ciclo Econômico da Saúde, segundo o qual:

[...] uma produção elevada de bens, a aquisição de mais alimentos, contribuindo para que haja melhor nutrição, conduzem à redução do absenteísmo, à educação mais eficiente e possibilitam a aquisição de moradias mais higiênicas. Consequentemente, há elevação do padrão de vida. Esses fatores fundamentais condicionam a saúde que, por sua vez, aumenta a capacidade e com ela a produtividade.

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Compreende-se assim porque a saúde passou a se constituir

pré-condição essencial para o crescimento social. Os recursos financeiros

consignados para os cuidados de saúde representam um investimento gerador de

produtividade, e não de gastos.

1.3 Fatores condicionantes da Saúde

É comum, entre os profissionais de saúde e a população em geral, uma

concepção limitada do significado do termo saúde, definindo-a como o oposto da

doença (ausência de doença).

Segundo estudos realizados por Nilva Stédile (1996), grande parte da

população acredita que saúde e doença são apresentados como fenômenos

"dicotômicos" e invariavelmente separados. Na verdade, os indivíduos em geral,

não são saudáveis ou doentes. Apresentam diferentes graus nas suas condições de

saúde, que podem variar, dependendo de uma grande quantidade de fatores que as

determinam em dado momento. As variações dependem, inclusive, do tipo de

combinações que esses fatores apresentam em um momento específico,

determinando condições de saúde que podem ser boas ou ruins em graus diversos.

Não é fácil separar o momento exato em que um indivíduo pode ser considerado

saudável ou doente.

A OMS (Organização Mundial da Saúde - 1948) apresenta uma definição

de saúde como "um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não

apenas a ausência da afecção ou doença."

A VIII Conferência Nacional de Saúde (1988) ampliou significativamente

o conceito, incluindo nele não só as condições de vida (alimentação, habitação,

trabalho...) mas, também, direitos ligados ao acesso universal e igualitário à ações e

serviços de promoção, proteção e recuperação da saúde e exigências ligadas a

uma política nacional de saúde.

Nesse sentido, saúde é o resultado da inter-relação entre variáveis

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determinantes das condições de saúde. A multideterminação e multifatorialidade

propiciam uma noção da complexidade que pode haver nos eventos relacionados

com a saúde dos indivíduos. Saúde e doença não aparecem como fenômenos

estáticos, separados ou dicotômicos, mas são gradientes resultantes da

combinação de inúmeros fatores que podem determinar, dependendo dos tipos de

combinações, diferentes graus nas condições de saúde dos organismos.

A forma como os serviços de saúde estão organizados, restringem o

campo de atuação profissional à atuação predominante nas situações em que os

organismos já estejam apresentando "doenças".

O campo profissional parece voltado para apenas uma pequena parte de um objeto de trabalho: a doença. E poderia haver uma atuação dirigida para todos os valores ou níveis das condições de saúde de um organismo ou de uma população, bem como para os determinantes desses níveis ou valores nas condições de saúde (REBELATTO e BOTOMÉ, 1987, apud CHOR, 1999, p.2).

Por esse motivo, o conceitos de prevenção também precisa ser revisto.

Alguns parecem limitar a utilização desse termo a atividades de orientação ou a

cura precoce de uma doença isolada.

Leavell e Clark (1976) apud Chor (1999) apresentam prevenção como

uma categoria geral, dividida em três subcategorias:

• Prevenção primária: Onde a forma de atuação profissional está voltada

para a promoção à saúde e a proteção específica;

• Prevenção secundária: Atua no diagnóstico precoce, tratamento adequado

da doença e limitação da invalidez;

• Prevenção terciária: Atuação baseada na reabilitação do paciente.

Prevenir implica agir em relação aos determinantes dos problemas e não

apenas em relação aos problemas ou suas conseqüências. É algo feito antes que o

problema aconteça e para impedí-lo de acontecer.

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A saúde é resultante da relação entre fatores biológicos, mentais, sociais

e aspectos do ambiente onde os indivíduos vivem.

Dora Chor (1999) reconhece em seu artigo, que alguns dos principais

fatores de risco para doenças são passíveis de alteração por meio de mudanças

dos hábitos de vida. Isso toma uma dimensão coletiva, embora os hábitos

relacionados à saúde sejam mediados culturalmente, tomando formas bastante

pessoais.

A autora sugere a presença de profissionais de saúde em locais de

trabalho, escolas, moradias, grupos religiosos. Ambientes coletivos podem ser

adequados para a elaboração e implantação das ações de saúde, visto que podem

ser ajustadas a cada contexto específico. Por este meio, podemos atingir os

indivíduos, partindo da compreensão de sua experiência de vida, seu vocabulário,

seus temores, esperanças e anseios frente a vida e a morte.

Percebe-se que a informação, o nível de escolaridade e acesso a bens e

serviços de saúde não são suficientes para causar mudanças necessárias de

hábitos e atitudes, visando uma melhor qualidade de vida.

Aponta-se a necessidade de integrar-se as várias determinantes do

comportamento humano, buscando estratégias de promoção da saúde e prevenção

de doenças.

Há necessidade urgente de se implantarem políticas compensatórias

para amenizar os efeitos danosos da desigualdade social. É preciso um esforço

coletivo para modificar esta situação desastrosa que se evidencia e afeta

gravemente a saúde e as próprias chances de sobrevivência do ser humano.

A saúde não é uma condição simples, estática, isolada. Pelo contrário,

como todos os aspectos da vida do homem, ela tem a sua origem histórica e social.

Suas raízes se prendem a uma imensa rede de fatores diversos, uns integrantes do

próprio homem e que são partes do seu equipamento somático básico, outros

oriundos do ambiente externo. Alguns agem criando dificuldades e problemas,

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outros provêem apoio para solução de problemas.

De acordo com Souto (2003, p.23), “dependendo das circunstâncias, eles

podem agir de maneira inteiramente independente, mas geralmente se

inter-relacionam”.

Segundo Souto (2003, p.24),

[...] os fatores que influenciam a saúde podem ser esquematizados utilizando-se o modelo apresentado por Marc Lalonde, que limita a quatro os grupos de elementos condicionantes da saúde: a) biologia humana; b) o meio ambiente; c) os hábitos de vida; e d) a organização da assistência à saúde.

A biologia humana engloba todos os aspectos da saúde, física e mental,

que têm origem no interior do organismo e que dependem da estrutura biológica e

da constituição orgânica do indivíduo. Engloba o patrimônio genético individual, a

maturação, a velhice e os diferentes sistemas internos complexos do organismo,

notadamente o esqueleto e os sistemas nervoso, muscular, cardiovascular,

endócrino e digestivo.

O meio ambiente é o meio no qual vive o homem. Representa o conjunto

de fatores externos que tem forte influência sobre a saúde o homem. Seu estudo é

essencial para a completa compreensão da saúde e da história natural de uma

doença determinada geneticamente.

Os hábitos de vida representam as decisões que os indivíduos tomam e

que têm repercussões sobre sua própria saúde. São fatores de comportamento ou

culturais, e, como sobre eles o indivíduo pode exercer certo controle, a redução de

suas repercussões negativas sobre a saúde depende das decisões que o indivíduo

tome sobre o meio ambiente e sobre os seus hábitos de vida.

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2 O TRABALHADOR E O TRABALHO

2.1 Aspectos individual e social

A diferenciação do homem perante os animais se faz a partir do momento

em que ele começa a produzir para viver. Entretanto, o ser humano não age apenas

em função das necessidades imediatas e nem se guia pelos instintos, como fazem

os animais. Os homens são capazes de antecipar na sua cabeça os resultados das

suas ações, sendo desse modo, capazes de escolher os caminhos que irão seguir.

É como Marx descreve, em “O Capital":

[...] o que distingue, de antemão, o pior arquiteto da melhor abelha é que ele construiu o favo na cabeça, antes de construí-lo em cera. No fim do processo de trabalho obtêm-se um resultado que já no início deste existiu na imaginação do trabalhador, e portanto idealmente (MARX, 1975, p.150).

Assim, o trabalho criou para o homem a possibilidade de ir além da pura

natureza, podendo contrapor-se como sujeito ao mundo dos objetos, conquistando

assim uma certa autonomia diante dela.

Segundo Souto (2003, p.37), “trabalho é entendido como todo esforço

que o homem no exercício de sua capacidade física e mental, executa para atingir

seus objetivos em consonância com princípios éticos”.

Qualquer forma de trabalho reveste-se de dignidade, porque é um dar de

si, da pessoa que o realiza, e seus resultados expressam a nobreza e a beleza de

criar, aperfeiçoar ou cooperar, bem como a coragem de lutar.

Todo homem tem o direito ao trabalho digno, a fim de realizar-se e

garantir sua subsistência, assim como daqueles por quem é responsável.

Pelo aspecto individual, segundo Souto (2003, p.38), “o trabalho é uma

maneira de engrandecer a vida e não deve se transformar, pelo modo como é

realizado e pelas condições do ambiente em que é executado, num caminho para a

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invalidez ou para o encurtamento da vida”.

Daí a importância da manutenção da saúde no trabalho. Podemos dizer

que este é o conceito individual do trabalho, onde se insere grande parte dos

problemas referentes à saúde no trabalho.

Socialmente considerado, o trabalho é um dos imperativos da vida

coletiva, cuja subsistência exige o esforço comum para o seu desenvolvimento, e,

por conseguinte, reclama, implicitamente, da atividade humana um labor contínuo e

eficiente para o aumento das fontes de riquezas expressas pela produção.

De acordo com Souto (2003, p.39):

Sua finalidade principal é a segurança da produção em proveito da coletividade e do Estado, sendo o trabalhador considerado não isoladamente, mas no conjunto da comunidade, como um dos elementos fundamentais ao seu progresso e à sua prosperidade.

O trabalho é, portanto, um dever social, seja ele intelectual, técnico ou

manual. E por isso o Estado tem a obrigação de criar as condições para que ele seja

acessível a todas as pessoas indistintamente. A todos é garantido o direito de

subsistir mediante o seu trabalho honesto, e este, como meio de subsistência do

indivíduo, constitui um bem que deve ser garantido.

As empresas privadas e públicas, assim como os próprios órgãos

governamentais, são os responsáveis pelas condições próximas do trabalho. Os

mecanismos institucionais podem fomentar não somente o preparo de mão-de-obra

qualificada, implantar tecnologias sofisticadas, mas acima de tudo são

responsáveis pela aplicação de metodologias que visem diminuir e controlar os

riscos que são inerentes ao trabalho.

A Constituição Federal de 1988 consagrou a Saúde como “direito de

todos e dever do Estado”, estabelecendo princípio a serem respeitados pela

legislação trabalhista de forma a garantir aos trabalhadores condições seguras e

salubres nos ambientes de trabalho.

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2.2 Valor do trabalhador

Não se obtém produtividade e qualidade na consecução do trabalho se

não houver um ambiente de respeito mútuo e confiança. E este ambiente se

constrói quando o corpo gerencial possui credibilidade, conquistada com um

discurso transparente e com ações que estejam em sintonia com as demandas dos

trabalhadores. É também fundamental que informações fluam entre os participantes

de todas as instâncias organizacionais. Organizações centradas nas pessoas

compartilham informações com todos os seus colaboradores, pois acreditam que,

se é preciso utilizar o capital intelectual dos trabalhadores, estes necessitam

compreender os propósitos, objetivos e metas da empresa e ter informações sobre

os resultados alcançados.

O que distingue empresas inovadoras das demais é que as primeiras

valorizam o potencial e o conhecimento de seus colaboradores, transformando-os

em competitividade empresarial e não em custo. Este trabalhador sabe que é

importante como pessoa para a organização e, principalmente, que a empresa tem,

com ele, um compromisso de longo prazo. Ao reconhecer que trabalha em um

ambiente de estabilidade, o colaborador retribui com lealdade e, especialmente,

com motivação, um fator carente hoje nas empresas.

Segundo Harman e Horman (1990, p.56):

O desenvolvimento do processo motivacional na organização é o elemento-chave de uma gestão estratégica voltada para resultados. Entretanto, tal processo não se dá sem um conjunto claro e expressivo de valores. Valores entendidos aqui como os princípios ou padrões considerados importantes, valiosos ou relevantes por determinada pessoa ou grupo. Nesse sentido, cada organização define seus valores segundo o que considera merecer maior atenção.

Para conhecer quais são os valores vigentes numa organização é

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necessário entender o que baliza suas prioridades e caminhos em busca de seus

objetivos, ou qual a visão de futuro da organização com relação a seus

colaboradores e a si mesma.

Segundo Souto (2003, p.45), “não valorizar os seus trabalhadores hoje

em dia é perder competitividade e dinheiro”.

O desenvolvimento empresarial e social precisa de pessoas competentes

em todas as atividades; elas existem, estão na empresa, mas precisam ser

despertadas e valorizadas. Os trabalhadores têm conhecimentos próprios e são

extremamente úteis quando recebem um suporte, o que na maioria das vezes lhe é

negado.

Além disso, mais que em qualquer época anterior da história da

humanidade, vivemos uma era na qual o conhecimento é valorizado e investir no

próprio capital intelectual é tão ou mais importante que investir no mercado

financeiro.

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2.3 Motivação do trabalhador

O processo de motivação dos indivíduos nas organizações é complexo,

pois não há uma única maneira de levar todos os trabalhadores, em todas as partes,

a ter motivação elevada no desempenho de suas atividades. Há um princípio,

porém, válido para qualquer situação: é necessário considerar as peculiaridades

individuais, quer isto pareça ou não conveniente para o ambiente organizacional.

Sabe-se que bons resultados aparecem quando as organizações respeitam as

pessoas em sua individualidade, valorizam seus pontos fortes no dia-a-dia e,

principalmente, oferecem oportunidade de exercerem seu potencial criativo.

Segundo Harman e Horman (1990, p.58):

O empresariado brasileiro carrega, ainda, o estereótipo de patrimonialista-burocrático. Demonstra pouca ou nenhuma preocupação com o desenvolvimento individual e profissional ou com a valorização de seus colaboradores. Os talentos humanos são, em grande parte, considerados elementos facilmente substituíveis na organização. É uma situação paradoxal, pois apesar do sucesso e da fama internacional que os brasileiros possuem por sua criatividade e empreendedorismo, muitas empresas ainda consideram como custo os investimentos em capacitação e desenvolvimento profissional.

De acordo com Souto (2003, p.46):

[...] o caráter do brasileiro, que em geral é individualista, improvisador, emotivo, adaptável e cordial, lhe dá um imenso sentimento de liberdade e de espaço, propiciadores de uma filosofia de vida capaz de assegurar-lhe plena realização pessoal proporcionando um desenvolvimento em termos de valores humanos e de participação capaz de elevar em alta escala seus padrões de qualidade de vida.

Portanto, a pior coisa que as administrações empresariais podem fazer é

tornarem-se defensivas, desprezando ou racionalizando o que ouvem de seus

empregados sobre as condições de trabalho. É necessário que os dirigentes

propiciem o diálogo e desenvolvam sua capacidade de adaptação. Isso, entretanto,

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não significa o engajamento em soluções simplistas de massificação ou de

vulgarização que propiciem contestação ou colocações maniqueístas. Por outro

lado, não se compatibiliza com soluções generalizantes que ignorem as

diversidades humanas. Nenhuma administração pode ignorar a capacidade dos

empregados de se educarem e seu real desejo de colaborar.

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3 SAÚDE OCUPACIONAL

3.1 Conceitos de higiene e segurança do trabalho

Segundo Costa (1989, p.22),

[...] a Higiene do Trabalho integra o conjunto de metodologias não médicas necessárias à prevenção de doenças profissionais, tendo como principal campo de ação o controle dos agentes físicos, químicos e biológicos presentes nos componentes dos materiais do trabalho.

Esta abordagem assenta fundamentalmente em técnica e medidas que

incidem sobre o ambiente de trabalho.

De acordo com Chiavenato (1999, p.375):

A higiene do trabalho está relacionada com as condições ambientais de trabalho que asseguram a saúde física e mental e com as condições de bem-estar das pessoas. Do ponto de vista de saúde física, o local de trabalho constitui a área de ação da higiene do trabalho, envolvendo aspectos ligados à exposição do organismo humano a agentes externos como ruído, ar, temperatura, umidade, luminosidade e equipamentos de trabalho.

Assim, um ambiente saudável de trabalho deve envolver condições

ambientais físicas que atuem positivamente sobre todos os órgãos dos sentidos

humanos, como visão, audição, tato, olfato e paladar.

Ainda segundo Chiavenato (1999, p.375), “do ponto de vista de saúde

mental, o ambiente de trabalho deve envolver condições psicológicas e sociológicas

saudáveis e que atuem positivamente sobre o comportamento das pessoas,

evitando impactos emocionais como o estresse”.

A Segurança do trabalho pode ser entendida como os conjuntos de

medidas que são adotadas visando minimizar os acidentes de trabalho, doenças

ocupacionais, bem como proteger a integridade e a capacidade de trabalho do

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trabalhador.

Para Laurell e Noriega (1989, p.34)

A Segurança do Trabalho integra um conjunto de metodologias adequadas à prevenção de acidentes de trabalho, tendo como principal campo de ação o reconhecimento e o controlo dos riscos associados ao local de trabalho e ao processo produtivo (materiais, equipamentos e modos operatórios).

Esta abordagem, vive assim de medidas de diversa natureza, sendo de

destacar as de “Engenharia”.

3.2 Os maiores problemas de saúde nas organizações

Acredita-se que o ambiente de trabalho em si pode provocar doenças.

De acordo com Chiavenato (1999, p.376): “Saúde é um estado físico,

mental e social de bem-estar”.

Essa definição enfatiza as relações entre corpo, mente e padrões sociais.

A saúde de um empregado pode ser prejudicada por doenças, acidentes ou

estresse. Os gerentes devem assumir também a responsabilidade de cuidar do

estado geral de saúde dos funcionários, incluindo seu bem-estar psicológico.

O debate hoje acerca da saúde do trabalhador remete ao quadro das

transformações que estão em curso no mundo do trabalho, o que possibilita

compreender como estão configurando as novas formas de intensificação da

exploração da força de trabalho, que é uma das principais características do novo

padrão de acumulação do capital. Sua objetivação tem-se dado, quer por meio da

adoção de novas tecnologias, da utilização de novas formas de organização da

produção e do trabalho ou de mudanças nas próprias relações de trabalho que

implicam contratos precários, na subcontratação, no trabalho em domicílio, no

aumento desmedido da jornada de trabalho e, até mesmo, na exploração criminosa

do trabalho infantil. Gerando um quadro de violência no trabalho, que "[...] em nossa

sociedade vem assumindo contornos epidêmicos [...]" (Navarro et al., 2001, p.106).

Antunes (1999, p.204-205), contrapondo-se aos que afirmam o fim da

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centralidade do trabalho, afirma que:

[...] o que se vê [hoje] não é o fim do trabalho e sim a retomada de níveis explosivos de exploração do trabalho, de intensificação do tempo e do ritmo de trabalho [...] e é exatamente isso que vem ocorrendo em praticamente todas as partes: uma maior intensidade, uma maior exploração de força humana que trabalha.

Ainda segundo Antunes (1999:244), o grande desafio hoje é "[...] olhar

para uma sociedade que vá além do capital, mas que tem que dar respostas

imediatas para a barbárie que assola a vida cotidiana do ser social que trabalha".

Toda essa complexidade deve ser compreendida para que se possa

evidenciar, cada vez mais, o vínculo entre a saúde e o trabalho nesse momento de

substanciais mutações no mundo do trabalho para, valendo-se dessa

compreensão, possa-se reafirmar o compromisso com uma sociedade na qual os

homens sejam tratados como homens, como seres humanos que são.

De acordo com Oliveira (2001, p.32), “não existem doenças do trabalho

propriamente ditas. Na verdade, vários tipos de doenças podem surgir em

ambientes de trabalho inadequados, desencadeando uma série de

problemas de saúde no trabalhador”. O exemplo mais conhecido

desse tipo de problema é a LER (Lesão por Esforço Repetitivo), que

é uma inflamação na parte do corpo que faz movimentos repetidos

por um período longo. A LER costuma atingir com mais freqüência quem trabalha

com informática, por causa do movimento da digitação e trabalho com o

mouse.

Segundo Oliveira (2001, p.35),

[...] os riscos à saúde decorrentes do trabalho vão desde atravessar uma rua - para quem faz tarefas externas - até lidar com radiação ionizante - para quem trabalha em usinas nucleares. Alguns riscos são sutis, associados a pressões causadas pelo tipo de organização da empresa.

Por isso, cada atividade e cada ambiente de trabalho, deve receber

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orientação e acompanhamento específicos, como prevê a legislação trabalhista

brasileira, quando obriga que cada empresa tenha o seu Programa de Prevenção

de Riscos Ambientais - PPRA e Programa de Controle Médico de Saúde

Ocupacional - PCMSO, a cargo de médicos do trabalho e de engenheiros de

segurança.

De acordo com Chiavenato (1999, p.377), os principais problemas de

saúde nas organizações estão relacionados com.

1. Alcoolismo e dependência química de drogas, medicamentos, fumo, etc.

2. AIDS: é a síndrome de deficiência imunológica adquirida que ataca o

sistema que protege o organismo de doenças.

3. Estresse no trabalho.

4. Exposição a produtos químicos perigosos, como ácidos, arbestos, etc.

5. Exposição a condições ambientais frias, quentes, contaminadas, secas,

úmidas, barulhentas, pouco iluminadas, etc.

6. Hábitos alimentares inadequados: obesidade ou perda de peso.

7. Vida sedentária, sem contatos sociais e sem exercícios físicos.

8. Automedicação sem cuidados

3.3 Estresse

Atualmente a palavra estresse tem sido muito recorrida, associada a

sensações de desconforto, sendo cada vez maior o número de pessoas que se

definem como estressadas ou relacionam a outros indivíduos na mesma situação.

Segundo Chiavenato (1999, p.377)

Estresse é um conjunto de reações físicas, químicas e mentais de uma pessoa a estímulos ou estressores no ambiente. É uma condição dinâmica, na qual uma pessoa é confrontada com uma oportunidade, restrição ou demanda relacionada com o que ela deseja.

Segundo Cox (1991, p.31):

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O estresse é quase sempre visualizado como algo negativo que ocasiona prejuízo no desempenho global do indivíduo. Estressor é uma situação ou experiência que gera sentimentos de tensão, ansiedade, medo ou ameaça que pode ser de origem interna ou externa. O estresse não deve ser entendido como uma condição estática, pois é um fenômeno bastante complexo e dinâmico.

O estresse é difícil de conceituar e pode ser entendido de formas

distintas.

De acordo com Ross e Altamaier (1994, p.32), “o estresse ocupacional é

a interação das condições de trabalho com as características do trabalhador, nas

quais a demanda do trabalho excede as habilidades do trabalhador para

enfrentá-las”.

Para Couto (1987, p.71),

[...] estresse ocupacional é um estado em que ocorre um desgaste anormal do organismo humano e/ou diminuição da capacidade de trabalho, devido basicamente à incapacidade prolongada de o indivíduo tolerar, superar ou se adaptar às exigências de natureza psíquica existentes em seu ambiente de trabalho ou de vida.

Segundo Sarafino (1990, p.57):

Existem três formas de definição: como estímulo, como resposta ou como interação ou transação entre ambiente interno e externo do Indivíduo. Admite-se estas três questões envolvidas na conceituação segundo distintas abordagens: (1) como estímulo, com o enfoque no impacto dos estressores; (2) como resposta, quando examina a tensão produzida pelos estressores; e (3) como processo, quando entendido a partir da interação entre pessoa e ambiente.

Estas diferenças de abordagem têm propiciado o questionamento se o

estresse é uma demanda do ambiente, uma característica do indivíduo ou uma

interação entre indivíduo e o ambiente; este fenômeno ainda não está devidamente

respondido. De acordo com Machado (1996, p.67), “o estresse é um processo

psicológico e a compreensão dos eventos estressantes é afetada por variáveis

cognitivas; não é a situação nem a resposta da pessoa que define o estresse, mas a

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percepção do indivíduo sobre a situação”.

Quanto ao estresse ocupacional, percebe-se igualmente uma extensão

da indefinição do conceito de estresse. Considerado um assunto complexo, o

estresse ocupacional não é um fenômeno novo, mas um novo campo de estudo que

é enfatizado devido ao aparecimento de doenças que foram vinculadas ao estresse

no trabalho, tais como hipertensão, úlcera e outras.

4 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

4.1 Conceito de Qualidade de Vida no Trabalho

Há uma década os autores Kaplan e Norton (1997) definiram o Balanced

Scorecard como uma forma de avaliar o desempenho da empresa em consonância

com a missão, visão e valores. Os autores propuseram quatro perspectivas:

financeira, cliente, processos internos e pessoas. Neste quarto critério, que

efetivamente é por onde devemos começar, consta algo como qualidade de vida no

trabalho.

É muito provável que funcionários motivados, capacitados e bem

remunerados passem a ter um desempenho acima da média, reduzindo custo,

apresentando melhores soluções aos clientes e gerando como desdobramento

maior vitalidade financeira, que, mais do que nunca, pode significar a sobrevivência

da empresa.

Pode-se entender a QVT como um programa que visa facilitar e satisfazer

as necessidades do trabalhador ao desenvolver suas atividades na organização,

tendo como idéia básica o fato de que as pessoas são mais produtivas quanto mais

estiverem satisfeitas e envolvidas com o próprio trabalho. Feigenbaum (1994)

entende que QVT é baseada no princípio de que o comprometimento com a

qualidade ocorre de forma mais natural nos ambientes em que os funcionários se

encontram intrinsecamente envolvidos nas decisões que influenciam diretamente

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suas atuações.

Para Fernandes (1996, p.43), não existe uma definição consensual sobre

a expressão Qualidade de Vida no Trabalho, porém, nos diferentes enfoques,

observase algo comum voltada para a “conciliação dos interesses dos indivíduos e

das organizações, ou seja, ao mesmo tempo que melhora a satisfação do

trabalhador, melhora a produtividade da empresa.” Para a mesma pesquisadora, no

Brasil o advento de programas de Qualidade Total pode ter despertado o interesse

sobre o assunto, em função da abertura de mercado para a importação de produtos

estrangeiros.

Guest conceitua a Qualidade de Vida no Trabalho como:

[...] um processo pelo qual uma organização tenta revelar o potencial criativo de seu pessoal, envolvendo-os [trabalhadores] em decisões que afetam suas vidas no trabalho. Uma característica marcante do processo é que seus objetivos não são simplesmente extrínsecos, focando melhora da produtividade e eficiência em si; elas também são intrínsecos no que diz respeito ao que o trabalhador vê como fins de auto-realização e auto-engrandecimento (GUEST, 1979, apud BÚRIGO, 1997, p.37).

Shamir e Salomon (apud RODRIGUES, 1999, p.98-99) utilizam a

expressão Qualidade de Vida no Trabalho para exprimir “um bem-estar relacionado

ao emprego do indivíduo e a extensão em que sua experiência de trabalho é

compensadora, satisfatória e despojada de stress e outras conseqüências

negativas.”

Os autores pesquisaram os efeitos do trabalho realizado em casa, ou

seja, o trabalhador desenvolve sua atividade profissional em sua residência, a partir

das possibilidades oferecidas pelas inovações tecnológicas.

A meta principal do programa de QVT é a conciliação dos interesses dos

indivíduos e das organizações, ou seja, ao melhorar a satisfação do trabalhador,

melhora-se a produtividade da empresa.

De acordo com Campos (1992), um dos mais importantes conceitos dos

programas de qualidade está na premissa de que somente se melhora o que se

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pode medir e, portanto, é preciso medir para melhorar. Assim, faz-se necessário

avaliar de forma sistemática a satisfação dos profissionais da empresa, pois, nesse

processo de auto-conhecimento, as sondagens de opinião interna são uma

importante ferramenta para detectar a percepção dos funcionários sobre os fatores

intervenientes na qualidade de vida e na organização do trabalho. Questões como o

posicionamento do funcionário em relação ao posto de trabalho ocupado, ao

ambiente, às formas de organização do trabalho e à relação chefia/subordinado são

itens que não podem deixar de ser avaliados.

4.2 A Gestão dos programas de Qualidade de Vida no Trabalho (GQVT)

A melhoria das condições de vida e da saúde tem sido um tema de

crescente importância, já que impacta indireta ou diretamente a produtividade das

pessoas, e os resultados obtidos pelas organizações. Esse tema tem sido discutido

dentro da denominação de Qualidade de Vida no Trabalho (FERNANDES e

GUTIERREZ, 1998). Embora haja um limite sutil entre as questões de trabalho e de

vida na família e na comunidade, ambos tratam de questões relacionadas a

promover e assegurar a qualidade do bem-estar geral do ser humano. Por isso, tão

importante quanto as condições de vida das comunidades são as práticas

desenvolvidas pelas empresas, já que é nas empresas que o ser humano

desenvolve uma parte muito significativa de sua vida: o trabalho.

Segundo Albuquerque e Limongi-França (1998, p.131), Qualidade de

Vida no Trabalho é um

[...] conjunto de ações de uma empresa que envolve diagnóstico e implantação de melhorias e inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais dentro e fora do ambiente de trabalho, visando propiciar condições plenas de desenvolvimento humano para e durante a realização do trabalho.

Todas as ações que a empresa e os empregados desenvolvem na busca

da integração biopsicossocial e do controle dos fatores de riscos ocupacionais

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estão ligadas a gestão da qualidade de vida no trabalho. O foco de análise são as

ações de QVT desenvolvidas no escopo de Gestão de Pessoas, tais como:

atividades associativas e esportivas; eventos de turismo e cultura; atendimento à

família; processos de seleção e avaliação de desempenho, carreira, remuneração e

programas participativos, que exercem sem dúvida influência sobre a qualidade de

vida dos funcionários; medidas ergonômicas e de cuidados com a alimentação.

4.3 O impacto para o trabalhador

O conceito de qualidade de vida no trabalho (QVT) tem sido avaliado e

questionado através dos anos, definindo-se não como modismo passageiro, mas

como um processo consolidado na busca do desenvolvimento humano e

organizacional. Walton (apud LIMONGI-FRANÇA e ARELLANO, 2002, p.45)

entende QVT como “um conceito amplo, composto de diversos aspectos que

avaliam a relação entre o indivíduo e o seu trabalho”. Este autor propôs um modelo

conceitual composto das seguintes oito categorias, com o objetivo de avaliar a QVT

nas organizações:

1) Remuneração Justa e Adequada, que trata da equidade salarial.

2) Segurança e salubridade do trabalho, que se refere às condições

ambientais, jornada de trabalho e aos riscos que possam ameaçar a saúde do

trabalhador.

3) Oportunidade de utilizar e desenvolver habilidades, referente ao uso e

desenvolvimento das capacidades, como autonomia, variedade de habilidades,

informação e perspectiva da atividade, significado e planejamento da tarefa.

4) Oportunidade de progresso e segurança no emprego, que

manifestam-se na avaliação acerca das possibilidades de desenvolvimento da

carreira e na sensação de ter um mínimo de estabilidade e segurança no emprego.

5) Integração social na organização, relativo à percepção de um ambiente

favorável às relações pessoais, com ausência de preconceitos e com democracia

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social, ascensão na carreira, companheirismo, união e comunicação aberta.

6) Leis e normas sociais, referente de maneira geral à cultura

organizacional, e de forma mais específica ao direito à privacidade e à liberdade de

expressão de idéias, com tratamento eqüitativo e normas claras.

7) Trabalho e vida privada, verifica em que medida as condições de

crescimento na carreira interferem no descanso e na vida familiar do empregado; e,

8) Significado social da atividade do empregado, referente à idéia de que

a atuação social da organização tem significado importante para os empregados,

tanto em sua percepção da empresa, quanto em sua auto-estima.

Pode-se entender que QVT, então, se refere a percepção que o indivíduo

tem das suas condições físicas de trabalho, da sua equidade salarial, da qualidade

das relações sociais, das possibilidades de desenvolvimento e auto-realização

inerentes à sua tarefa e do espaço para crescimento e progresso profissional dentro

da organização.

4.4 A satisfação no trabalho

O ser humano, na busca pela satisfação de suas necessidades e como

um ser histórico e social, produz seus próprios bens através do trabalho. As

constantes transformações no mundo do trabalho (globalização, robotização,

terceirização, informática, dentre outras) estão provocando um repensar da posição

do indivíduo dentro deste contexto.

Assim, o homem não pode mais ser tratado como uma máquina e sim

como um ser humano que tem necessidades. Muitas vezes ele desconhece o

significado do seu próprio trabalho. Despersonalizado, sem imaginação e

inteligência, manifesta sentimentos de vergonha pela sua inutilidade dentro do

processo robotizado (DEJOURS, 1992).

A satisfação no trabalho tem relação íntima com a questão de saúde do

trabalhador. Segundo Dejours (1992, p.133) ela está ligada com a organização do

trabalho com impactos sobre o aparelho psíquico. Para o autor, o sofrimento mental

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começa quando “o homem, no trabalho, já não pode fazer nenhuma modificação na

sua tarefa no sentido de torná-la mais conforme às suas necessidades fisiológicas e

seus desejos psicológicos – isso é, quando a relação homem-trabalho é

bloqueada.”

Acrescenta ainda que o conteúdo do trabalho é uma fonte de satisfação e

que a condição ideal é vista nas profissões artesanais, em profissionais liberais e

entre trabalhadores de alto nível que têm possibilidade de deliberar sobre a

organização do seu trabalho.

Os fatores que geralmente atuam como condicionantes da satisfação do

ser humano no trabalho, segundo Iida (1990), podem ser agrupados nas seguintes

categorias:

• ambiente físico: dentre os fatores que interferem no ambiente físico podemos

destacar a localização geográfica, as máquinas, os equipamentos e as

condições de saneamento básico e higiene do trabalho (salubridade e

segurança);

• ambiente psicossocial: abrange aspectos como percepção de segurança e

estima, oportunidades de crescimento profissional, aspectos institucionais,

relações interpessoais e benefícios que o trabalhador recebe da empresa;

• remuneração: embora não se constitua no único fator de satisfação, a

questão salarial interfere em fatores do ambiente psicossocial e físico que

nem mesmo os próprios trabalhadores conseguem explicitar, mas que se

transformam em reivindicações objetivas;

• jornada de trabalho: o excesso de horas trabalhadas se transforma numa

fonte de insatisfação, provocando doenças e absenteísmo;

• organização: está relacionada íntimamente com a organização do trabalho e

gera satisfação ao trabalhador a partir do momento em que ele é envolvido

nas decisões.

Estes fatores, no entanto, são conjunturais e podem ser identificados

através da análise do contexto onde o trabalho se desenvolve. Isso particulariza as

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causas e as conseqüências da satisfação ou insatisfação no trabalho, sendo esta

um fator de produção tão importante como qualquer outro e indispensável para que

o ser humano enquanto trabalhador se realize enquanto ser social.

4.5 Fatores relacionados com a Qualidade de vida no trabalho

Para Hackman e Lawler (apud MORAES, KILIMNIK e RAMOS, 1994,

p.42),

[...] os trabalhadores satisfazem suas necessidades no ambiente laborativo a partir do momento em que conseguem desenvolver suas tarefas com elevada variedade, autonomia, identidade e feedback, além da possibilidade de conviver em grupo e estabelecer laços de amizade.

Para os autores, o processo participativo é um dos objetivos da

Qualidade de Vida no Trabalho.

Seguindo o mesmo raciocínio da participação, Huse e Cummungs (apud

RODRIGUES, 1999, p.90) apontam para dois fatores responsáveis pela Qualidade

de Vida no Trabalho: “a preocupação com o bem-estar do trabalhador e com a

eficácia organizacional; e a participação dos trabalhadores nas decisões e

problemas de trabalho.”

Faune e Dubin (1975, apud FERNANDES, 1996, p.43) relacionam

Qualidade de Vida no Trabalho com atribuições do cargo ocupado pelo trabalhador

dentro da organização, dando destaque para “nível de autonomia, oportunidade

para criatividade e reconhecimento pela realização do trabalho”, como formas de

promoção do atendimento das necessidades pessoais.

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O desenvolvimento do potencial criativo dos trabalhadores, através da

autonomia de decisão também está relacionado com a Qualidade de Vida no

Trabalho, conforme afirmam Nadler e Lawler (apud MACEDO, 1993, p.18),

destacando que:

[...] a qualidade de vida no trabalho é um modo de pensar sobre as pessoas, trabalho e organizações. [...] Seus elementos distintivos são: preocupação sobre o impacto do trabalho sobre as pessoas e a afetividade organizacional; a idéia de participação na solução de problemas organizacionais e tomada de decisão.

Para Nadler e Lawler (apud FERNANDES, 1996) o processo de

participação dos problemas da organização, a reestruturação do trabalho, as

inovações nos sistema de recompensas e a melhoria do meio-ambiente do trabalho

são atividades representativas nas tentativas de ampliar a Qualidade de Vida no

Trabalho.

Fernandes (1996) destaca que os quatro pontos indicados por Nadler e

Lawler são os elementos chave da Qualidade de Vida no Trabalho. Para a autora,

Qualidade de Vida do Trabalho pode ser definida como “a gestão dinâmica e

contingencial de fatores físicos, tecnológicos e sócio-psicológicos que afetam a

cultura e renovam o clima organizacional, refletindo-se no bem-estar do trabalhador

e na produtividade das empresas” (FERNANDES, 1996, p.45-46).

Para Kanaane (1995), a Qualidade de Vida no Trabalho está relacionada

com o desenvolvimento organizacional e voltada para aspectos de satisfação no

cargo e valorização do trabalho. Argumenta sua idéia apontando indicadores da

Qualidade de Vida no Trabalho: remuneração justa, ambiente seguro e saudável,

possibilidade de crescimento e segurança, autenticidade, relevância social, espaço

para lazer e família e metas de auto-realização.

Para Bom Sucesso (1998), a Qualidade de Vida no Trabalho está

relacionada a diversos fatores, dentre os quais a renda justa e satisfatória, o orgulho

pelo trabalho realizado, a vida emocional, a auto-estima, a imagem institucional, o

equilíbrio entre trabalho e lazer, condições ambientais e constitucionalismo,

oportunidades de crescimento e de uso do potencial.

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A Qualidade de Vida no Trabalho deve ser definida em termos das

percepções dos empregados e deve envolver, de acordo com Albrecht (1992), pelo

menos os seguintes fatores: um trabalho que valha a pena ser feito; condições de

trabalho seguras; remuneração justa e adequada; segurança no emprego;

supervisão competente; feedback quanto ao desempenho no trabalho;

oportunidades de crescimento intelectual e profissional; possibilidade de promoção;

bom clima social e justiça.

5 ESTUDO DE CASO: ANSIEDADE E ESTRESSE

EM MEIO OFFSHORE

5.1 Caracterização

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Macaé-Brasil ocupa uma posição de destaque dentro do cenário mundial

do Petróleo. Esta posição foi conquistada pelos progressivos avanços na técnica de

exploração de petróleo e gás em suas bacias, principalmente em águas profundas,

somado ao esforço, dedicação e trabalho diário do Homem offshore.

Reconhecer a importância dos trabalhadores offshore de bacia de

petróleo, é uma forma de dinamizar o pensamento na direção de uma população,

que merece estar presente na reflexão da prática médica e de outras

especialidades com as suas inserções sociais.

Com o seu perfil definido através da abordagem de sua rotina em

ambiente de trabalho, com as variáveis resultantes da especificidade de sua

atuação: sono, ansiedade, estresse, depressão, e o fato de possuírem regimes de

trabalho em turnos, nos remete ao pensamento de como se dá o seu desempenho

biopsicossocial, e seus resultados compondo o cenário de uma sociedade que não

pode parar.

As normas regulamentadoras da política SMS, segurança, meio ambiente

e saúde, buscam atender a população offshore, na freqüência de sua atuação e no

cotidiano de sua prática laborativa.

Assim identificar as alterações que possam interferir em sua saúde e a

relação com a segurança e o meio ambiente, a relação com o trabalho, com

resultados, foi o objetivo deste estudo de caso.

O ecossistema humano foi o que motivou a observação dessa categoria,

pois dessa forma poderíamos ter uma visão do meio ambiente interno e externo

desse indivíduo: as relações com a segurança individual e sua relação com o meio

ambiente coletivo.

5.2 Variáveis da população

1. Afastamento do núcleo familiar;

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2. Afrouxamento das relações sociais;

3. Variações das relações étnicas com os companheiros de bordo;

4. Circulação de afetos, emoções, sentimentos e humor;

5. Intimidade e privacidade do conjunto social transitório;

6. Relações de trabalho em turnos, confiabilidade e segurança;

7. Crises.

5.3 Ansiedade

A ansiedade é um fenômeno que acomete o indivíduo com uma intensa

sensação de angústia, inquietude e aflição caracterizada por impaciência e até mal

estar generalizado.

O estado psíquico pode estar acompanhado de excitação ou inibição, que

por muitas vezes apresenta uma sensação de constrição na garganta, de aperto na

região do pescoço, de frio e sudorese nas mãos, taquicardia e de aperto no peito.

Esta impressão associada ao sentimento de medo ou de

pressentimentos, pode apresentar-se em caráter primário, como indicativo de uma

alteração ou como sintoma associado de outros quadros comportamentais do

indivíduo.

Pode ainda, apresentar quadro de ansiedade generalizada com a sua

sintomatologia, medos, obsessões, comportamentos compulsivos,surtos de pânico,

porém podem até levar a quadros depressivos.

Essa queixa é freqüente nos trabalhadores embarcados em regime de

turnos.

Normalmente é um quadro que precede a situação de embarque,

podendo perdurar por todo período e se acentuando durante o momento que

precede o desembarque.

Muitas vezes esse fato se dá de maneira tão rotineira, que passa a fazer

parte do cotidiano do trabalhador, como uma variante de sua função no trabalho.

Todos os momentos relacionados com o ir e vir de sua atividade

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laborativa, vinculam-se ao caráter de confinamento e aos vários fatores ligados a

sua atividade embarcada: como o afastamento da família, da sociedade, das

atividades rotineiras, do lazer e dos problemas inerentes ao convívio social

considerado tradicional.

A ansiedade, pode estar apontando para o início de um ciclo que se

fecha, associado ao estresse, a depressão, alterações do sono, comportamentos

desconfortáveis, sensações difíceis de descrever, cada vez mais freqüentes nesta

população.

A irritabilidade, a falta de motivação, baixa auto-estima, a sensação de

menos valia, tudo contribui para a oscilação do humor durante os dias que

precedem o início do trabalho embarcado.

Esse quadro pode se tornar uma constante dificuldade de relação social

com os filhos, os amigos, com as crises econômico-financeiras, com as doenças na

família. E outras tantas situações, que fogem ao controle, oferecendo uma outra

angulação de foco a esse trabalhador.

O fato de encontrar-se embarcado dificulta a interação e

consequentemente a intervenção do indivíduo, que deve adaptar-se a essa nova

realidade, com freqüência.

Apesar da regularidade do trabalho em turno, a cada embarque repete-se

o ciclo desestabilizador biopsicossocial – ansiedade, estresse.

Portanto é fundamental a necessidade de minimizar o impacto dessa

situação na população discutida.

Adiante serão apresentadas algumas propostas de intervenção.

5.4 Estresse

É com certeza um quadro clínico freqüente na sociedade atual. Podendo

afirmar que todos estamos expostos a esse evento e devemos nos preparar para

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esse convívio e criar situações que possam minimizar suas repercussões.

Cada vez mais comuns estão as preocupações com problemas

financeiros, profissionais, familiares, situação de vida, doenças, adição de

substâncias – medicamentos ou álcool e substâncias psicoativas que facilitam a

produção de adrenalina em níveis anormais.

A dificuldade com a forma de trabalho ou a necessidade de adaptar-se

com formas de trabalho exigidas pelo panorama social atual, fundamentalmente o

trabalho em turnos, é uma variante importante na produção de adrenalina.

Somando-se também dificuldades com as relações no trabalho, na vida

pessoal, na sociedade, situações que variam dos problemas com supervisores,

filhos, marido, mulher, e os inerentes a vida em sociedade. Ocorre um aumento na

produção de adrenalina, substância importante na construção de um

comportamento estressante e estressado.

A adrenalina é um hormônio, que nos auxilia a defesa nas situações de

risco, nos deixando mais alertas, fortes e atentos para enfrentar o perigo que possa

se apresentar a cada momento.

Assim deveria acontecer, a produção se dar de forma a garantir a

proteção, porém com a forma de vida que levamos estamos sujeitos a uma

produção excessiva, seja pela exposição contínua de fatos desagradáveis ao nosso

entendimento, com o acúmulo diário, seja por situações de risco que estimulam sua

produção.

Quando essa produção encontra-se em níveis considerados sub ótimos,

podemos identificar a diminuição do rendimento das atividades laborais, aumento

do número de erros, até acidentes. Distrações, absenteísmo, insatisfação,

indecisão, adiamento e atraso nas tarefas, perda de prazos, irritabilidade,

explosividade, baixa concentração e alteração da memória, alteração do sono,

reclamações mais freqüentes. O uso de folgas, sejam: férias, feriados e final de

semana fará ordenar o trabalho acumulado, ao invés de usar os dias de folga para

repouso e lazer.

Hoje ocupamos o nosso dia cada vez mais com o trabalho, sobrando

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menos tempo para relaxar e se divertir, parecendo que um dia normal de trabalho é

pouco, é insuficiente para as atividades laborais anteriormente executadas,

sensação de que tudo está igual, sem entusiasmo pelas coisas e pela vida, sono

agitado, pesadelo, insônia, alteração do modo do sono: pela qualidade e

profundidade.

Consequentemente, com todas essas dificuldades é comum o

cansaço-fadiga, alteração de peso, alteração da pressão arterial, do colesterol, da

glicemia, dores de cabeça, alterações intestinais, erupção de pele, diminuição da

libido, podendo chegar a impotência sexual.

Doenças psicossomáticas, muitas vezes uso abusivo do álcool e do

tabaco e outras drogas.

Dores de coluna, musculares, articulares, fibromialgia, podendo levar a

situações de ansiedade e até depressão.

O estresse pode surgir a partir do acúmulo de pequenos atos ou de um

único e isolado fato, que venha produzir um grande mal-estar, ou descontentamento

no indivíduo.

Pode o estresse ser considerado positivo, quando sinaliza a partir de um

evento prazeroso como uma festa, a conclusão de um curso, uma promoção no

trabalho, aumento de salário, mudança para uma casa melhor. Porém sempre nos

lembramos do estresse quando esse se apresenta de forma negativa, relacionado

com as formas de descontentamento e aflição.

Com a observação aqui apresentada, podemos classificar a situação de

trabalho em turno embarcado, como uma situação estressante desde a situação do

próprio trabalho em si como nas vertentes que interagem diretamente com a

atividade desempenhada.

Portanto, devemos nos mobilizar no sentido de estar buscando

estratégias para minimizar os eventos, que possam estar contribuindo para o

agravamento do nível dessa situação.

Evidente, que a possibilidade de turnos se faz cada vez mais presente na

sociedade atual e para isso se faz necessário à implementação de intervenções,

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que possam estar incluídas no plano de ação da S.M.S. de cada empresa dentro

inclusive da competência das CIPAS, como sugestão, conforme normas

regulamentadoras no que se refere ao capítulo de situações ocupacionais.

A proposta é de adaptar a realidade da sociedade de 24 horas, as

condições que minimizem os riscos de aumento do estresse no indivíduo, buscando

maior prazer e felicidade no desempenho de suas atividades profissionais, e

consequentemente maior realização pessoal e institucional nas organizações

empresariais.

5.5 Proposta de intervenção

Apresenta-se preliminarmente como propostas de estratégias de

intervenção:

1) A mudança de hábito: pode ser um ponto inicial, a redução do uso de

bebidas alcoólicas e tabaco, uma alimentação saudável, o lazer como uma prática

regular, exercícios físicos, o redimensionamento da família, a consulta médica e o

uso de medicamentos num certo momento podem auxiliar a redução do estresse.

Porém ainda temos de estar de maneira contínua inserindo programas

regulares antiestresse na vida das pessoas e nas organizações, com entendimento

que a prevenção irá dirigir a segurança e a saúde da sociedade.

2) A identificação através do Perfil Profissiográfico, de medidas de higiene e

prevenção das ações da ansiedade, estresse, depressão, uso abusivo do álcool e

tabaco e outros temas, nas unidades de operação funcional do trabalhador, seja do

trabalho em turno das 24 horas offshore e ou onshore.

3) Avaliação do sono do trabalhador em turnos através de medidas

protocolares consentidas de mapeamento aparelhado por polisonografia e

actigrafia para identificação da qualidade, profundidade e alterações encontradas, a

fim de reduzir a nocividade advinda desse evento. Por ser essa situação preditora

de inúmeras desordens na performance do trabalho.

4) CIPAS, com o reforço de seu papel como instrumento de relação e

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provedor de informações aos trabalhadores, relativo a conferências, palestras e

workshop de assuntos que venham informar e minimizar o impacto da nocividade

na categoria.

5) Criação de núcleo de pesquisa sobre trabalho, com a participação das

empresas prestadoras de serviço offshore, Petrobrás, USP (Universidade Federal

de São Paulo), Instituto do Sono, sindicatos, indústria farmacêutica, profissionais da

área de Saúde Ocupacional.

6) Programa de atenção a família dos trabalhadores offshore e de bacia de

petróleo.

7) Implementação de publicações periódicas para o trabalhador e

organização, buscando a informação através de conteúdo científico e prático, como

estratégia fundamental de intervenção.

CONCLUSÃO

O trabalho tem sido a atividade mais importante na organização da vida

social e o contexto de trabalho é determinante no desenvolvimento do ser humano.

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Não é apenas uma tarefa, pois dá sentido à vida das pessoas e é fundamental na

construção da identidade. A aquisição de uma identidade social depende dos

processos de interação pessoal.

A qualidade de vida no trabalho passou a ser uma preocupação quase

que obsessiva das empresas bem sucedidas. Elas chegaram à conclusão de que a

qualidade de seus produtos e serviços é fortemente condicionada pela qualidade de

vida, seja no trabalho ou fora dele, das pessoas que os produzem. Para garantir a

qualidade de vida dos funcionários, como um contexto dentro do qual as pessoas

sintam-se envolvidas e estimuladas a dar o melhor possível de si próprias.

Sabemos que as organizações não podem ser responsabilizadas pelos

problemas sociais. Mas, será que não podem ou devem ajudar a minimizá-los?

Cada ambiente organizacional deverá estar adequado em termos de

metas e objetivos, realizando tarefas e rotinas que agreguem valor aos produtos e

serviços, impactando a sua qualidade final. Este conjunto de rotinas e

procedimentos deve ser dinamicamente analisado e otimizado sempre que

possível.

A abordagem da higiene e segurança no trabalho se volta cada vez mais

para a melhoria das condições de saúde das pessoas, a preservação da sanidade

física e mental, a boa alimentação e, conseqüentemente, a qualidade de vida das

pessoas e sua capacidade de produzir mais e melhor. Por outro lado, as condições

ambientais que asseguram conforto e segurança na empresa e,

conseqüentemente, melhoria da qualidade de vida também são fortemente

realçadas.

Com relação à qualidade de vida dos trabalhadores offshore, concluiu-se

que em decorrência do trabalho em turnos poderão ocorrer alterações de sono,

distúrbios gastrintestinais, cardiovasculares e desordens psíquicas e, em relação à

vida social e à família, ressalta-se o prejuízo na participação de atividades sociais

organizadas, como as escolares, culturais, esportivas, etc., dificultando sua

integração na vida social da comunidade.

Deverá ser assegurado um plano de avaliações médicas e psicológicas

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dos trabalhadores offshore: análises bioquímicas periódicas (colesterol, HDL,

triglicerídeos) tensão arterial, fadiga crônica, reflexos e tempos de reação, exame

do estado mental, índice de massa corporal, etc.

Os trabalhadores deverão ser incentivados à prática do desporto em

outdoor, treino de métodos simples de relaxamento, bem como adoção de uma

alimentação adequada, rica em fibras. O consumo do álcool e do tabaco são outros

fatores onde a informação/educação deverá incidir. Nos casos em que haja

alterações graves, poderá ser necessária uma intervenção clínica individual

(tratamento farmacológico, psicoterapia cognitivo-comportamental, "baixa" para

estudo ou mudança para trabalho diurno). Em nenhum caso o trabalhador deverá

automedicar-se, na medida em que a medicação não prescrita por médico poderá

ter repercussões nos relógios biológicos complicadas (ou mesmo irreversíveis),

para além dos efeitos colaterais já conhecidos.

Do ponto de vista ergonômico, as empresas deveriam tentar conciliar os

imperativos econômicos com os princípios cronobiológicos. Beneficiarão os

trabalhadores em termos de saúde e bem-estar, acabando a empresa por ser

beneficiada com aumento da produção e da qualidade da mesma, sem custos

significativos em termos de absentismo e indenizações.

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