estudo comparativo sobre a qualidade de vida em gestantes · resumo o presente estudo ... e...

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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Fisioterapia Amanda de Andrade Macedo Juliana da Silva Santos Samara Bertoni Estudo comparativo sobre a qualidade de vida em gestantes LINS SP 2016

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UNISALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Fisioterapia

Amanda de Andrade Macedo

Juliana da Silva Santos

Samara Bertoni

Estudo comparativo sobre a qualidade de vida em gestantes

LINS – SP

2016

AMANDA DE ANDRADE MACEDO

JULIANA DA SILVA SANTOS

SAMARA BERTONI

ESTUDO COMPARATIVO SOBRE A QUALIDADE DE VIDA EM GESTANTES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, Curso de Fisioterapia, sob a orientação da Profª Ma. Ana Claudia de Souza Costa e orientação técnica da Profª Ma. Jovira Maria Sarraceni.

LINS – SP 2016

Macedo, Amanda de Andrade; Santos, Juliana da Silva; Bertoni, Samara

Estudo comparativo sobre a qualidade de vida em gestantes - estudo comparativo / Amanda de Andrade Macedo; Juliana da Silva Santos; Samara Bertoni. – – Lins, 2016.

65p. il. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em Fisioterapia, 2016.

Orientadores: Ana Cláudia de Souza Costa; Jovira Maria Sarraceni

1. Gestantes. 2. Alterações Gestacionais. 3. Qualidade de Vida. I Título.

CDU 615.8

M119e

AMANDA DE ANDRADE MACEDO

JULIANA DA SILVA SANTOS

SAMARA BERTONI

ESTUDO COMPARATIVO SOBRE A QUALIDADE DE VIDA EM GESTANTES

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,

para obtenção do título de Fisioterapeuta.

Aprovada em: __/__/__

Banca Examinadora:

Profª Orientadora: Ana Cláudia de Souza Costa

Titulação: Mestre em Fisioterapia pela Unimep-Piracicaba

Assinatura: ___________________________________

1º Prof(a):_______________________________________________________

Titulação: _______________________________________________________

_______________________________________________________________

Assinatura: __________________________________

2° Prof(a):_______________________________________________________

Titulação: _______________________________________________________

_______________________________________________________________

Assinatura: ___________________________________

“Apesar dos nossos defeitos, precisamos enxergar que somos pérolas únicas

no teatro da vida e entender que não existem pessoas de sucesso ou pessoas fracassadas. O que existe são pessoas que lutam pelos seus sonhos ou

desistem deles.”

Augusto Cury

Dedico aos meus amados pais Roberto Carlos Pereira de Macedo e Edna Martins de Andrade Macedo por serem a minha inspiração e base, a minha

família que sempre me apoiaram em tudo e acreditaram em minha capacidade. E ao meu amor Guilherme Bridi Leal que não mediu esforços, sempre me apoiando em tudo e me fazendo acreditar que valeria a pena toda minha

dedicação.

Amanda de Andrade Macedo

Dedico a minha família e amigos que lutaram junto comigo para que o que antes era apenas um sonho se tornasse real, pois sempre me apoiaram e se

mostraram dispostos a me sob qualquer circunstância.

Juliana da Silva Santos

Dedico este trabalho aos meus amados pais, João Bertoni Neto e Maria Geni de Carvalho que sempre acreditaram em minha capacidade e estão sempre ao

meu lado me apoiando, e não mediram esforços para qυе este sonho se tornasse realidade.

Samara Bertoni

AGRADECIMENTOS

A Deus Primeiramente pelo dom da vida, por me permitir sonhar, por me capacitar para

a concretização e realização de um sonho, por me dar forças para seguir em frente mesmo nos momentos mais difíceis que em silêncio eu clamei e

supliquei por forças, em que pensei fraquejar e ele com sua imensa bondade jamais me deixou desamparada, pela fé e a coragem depositada em mim.

Aos meus pais

Roberto e Edna que são a minha base e alicerce, meus exemplos de vida e superação, que me mostraram desde criança o valor de se buscar por meus

sonhos por mais distantes que pareçam estar por acreditarem mais em mim do que eu mesma, pela dedicação que sempre tiveram, principalmente pelo amor, obrigada por cada sacrifício que se propuseram a passar, por se doarem tanto e não medirem esforços para que tudo o que sonhei e almejei fosse possível. Saibam que a vossa história de superação para poder estudar, atravessando quilômetros em estradas, no frio e chuva, me deram forças e motivação para

que hoje nós comemorássemos essa vitória. Obrigado novamente meus amores, essa conquista é de vocês também!

Ao meu namorado

Guilherme, o melhor presente que a faculdade poderia ter me dado. Obrigada meu príncipe por toda paciência, compreensão, carinho e amor. Que me acompanhou a cada instante dessa longa jornada, que me reergueu nos

momentos de dificuldades me mostrando soluções quando elas pareciam não existir, por jamais permitir que eu desanimasse, por compartilhar comigo de

momentos de tristeza, cansaço, extrema alegria e superação, essencialmente por ser a minha paz em meio a tanta tempestade, sem você essa conquista

não teria o mesmo gosto.

Aos meus irmãos Alice de Andrade Macedo, Anelyse de Andrade Macedo, João Carlos N.

Macedo, por acreditarem em mim, pela motivação e ingestão de ânimo, pela segurança e todo amor que me transmitem, pelo cuidado e compreensão. Por compartilharem comigo cada detalhe do meu crescimento, por serem parte de

minha estrutura e principalmente meu motivo de orgulho, amo muito vocês.

A minha Sobrinha Beatriz, que em meio a tanta ansiedade e preocupação me trouxe sempre a

paz e a tranquilidade através de seu olhar sereno, um carinho que levava toda tempestade pra longe e seu sorriso encantador que ilumina sempre meus dias.

Tata ama demais você princesa!

As minhas companheiras Juliana da Silva Santos e Samara Bertoni, obrigada pela oportunidade de

conviver e aprender com vocês, “do improvável nasce o que mais se preza” essa frase cabe muito bem a nós, pois jamais imaginaria o quão bem iríamos ser juntas, um trio improvável, que surpreendeu até a nós mesmas! Obrigada

gacinhas vocês foram incríveis e fizeram a diferença no transcorrer desse ano todo, tornaram a tarefa árdua e desgastante do tão temido “TCC” em algo

divertido e prazeroso, obrigada pela confiança, paciência, principalmente pela amizade e todo o companheirismo.

A orientadora

Ana Claúdia de Souza Costa não somente pelo seu profissionalismo, pois além ser uma excelente profissional, é um ser humano lindo. Obrigada Ana, pela

paciência, por toda dedicação, por estar sempre presente, nos auxiliando em tudo, obrigada principalmente pela oportunidade de aprender, por acreditar em

nosso sonho, por nos conduzir com brilhantismo e maestria, por ter me acolhido tão bem e sempre de braços abertos.

A todos os Mestres Docentes

Que fizeram parte dessa jornada, que dividiram um pouco de todo seu conhecimento conosco durante esses cinco anos, sempre procurando o melhor

em cada um de nós, obrigada por toda paciência e dedicação. Obrigada novamente, por nos fazer acreditar em nossos sonhos!

Amanda de Andrade Macedo

A Deus Ao meu amor maior, por ser a minha alegria diante da tristeza, a minha força

na fraqueza, a minha esperança nas desilusões, a minha paz perante a guerra, a minha capacidade ante os obstáculos, a minha condição nas limitações e a

minha coragem diante do medo. Sem Ele nada disso seria possível.

A minha família Que viveram cada etapa dessa fase da minha vida se alegrando com as

minhas conquistas e acreditando que eu seria capaz de conquistar a realização desse sonho. Em especial a minha mãe por não poupar esforços, mas sempre

cuidou de mim nos mínimos detalhes.

Aos meus amigos Que são a extensão da minha família. Pelo carinho, companheirismo e apoio

que sempre me deram. Amo muito cada um!

As minhas parceiras Amanda e Samara Por comprovar que o sucesso pode nascer do improvável, pois durante esse

um ano juntas geramos não só um trabalho de conclusão de curso, mas também um laço de amizade. Pelo respeito, compreensão e paciência que sempre tiveram comigo tornando esse período tão conturbado mais suave.

A nossa orientadora Ana Cláudia

Obrigado por todo o suporte que nos ofereceu e por ter demostrado paciência perante o nosso desespero, que fizeram com que meu respeito e admiração

por você crescessem ainda mais.

Ao corpo docente do curso de fisioterapia Por compartilhar parte do conhecimento de vocês contribuindo não somente na

minha formação profissional, mas também pessoal.

Juliana da Silva Santos

A Deus Grata a Deus pelo dom da vida, pelo seu amor infinito, sem ele nada sou. Obrigada Senhor por me dar forças nos momentos mais difíceis e ter me

amparado quando eu precisei, por depositar tamanha coragem e fé em mim, e ter me dado sabedoria e me capacitado para enfrentar todos os obstáculos

impostos e permitir que este sonho se tornasse realidade.

Aos meus pais João e Maria que são minha base, que se não fosse vocês eu não teria

chegado até aqui, sem vocês eu nada sou. Que acompanham e vivem tudo ao meu lado, desde os momentos tristes, aos felizes, que depositaram total

confiança em mim, e juntos vamos tornar esse sonho realidade e eu serei eternamente grata a vocês. Obrigado por estarem ao meu lado sempre, por me apoiarem para que eu não desistisse de caminhar nunca, ainda que em passos

lentos, é preciso caminhar para chegar a algum lugar.

Ao meu namorado Rafael Finalli Bonifácio, por todo amor, carinho e paciência que tem dedicado a

mim, que sempre me apoio em minhas decisões e também por ser tão compreensivo, que quando pensei em desistir de tudo você estava lá para me reerguer, e nos momentos de crises e desespero estava sempre ao meu lado,

e que acredita em mim, e sempre me diz que ‘’tudo que um sonho precisa para ser realizado é alguém que acredite que ele possa ser realizado’’.

As minhas companheiras Amanda de Andrade Macedo e Juliana da Silva Santos que com toda certeza

não teria escolhido parceiras melhores, pessoas incríveis que com certeza fizeram tamanha diferença em minha vida, que nos momentos de desespero

estavam lá sempre ao meu lado, que depositaram total confiança em mim. ‘’E quem diria que esse trio daria tão certo’’, essa frase nos descreve, pois só

agora nesse último ano podemos nos aproximar tanto, uma amizade maravilhosa que se tornou muito significante para mim, obrigada por fazerem

parte desta etapa tão importante.

A orientadora Ana Claudia de Souza Costa, uma pessoa maravilhosa por dentro e por fora,

que não mediu esforços para que este sonho se concretizasse. Serei grata eternamente a você, te admiro tanto como pessoa, como profissional, uma

pessoa que transmite segurança, tranquilidade e que acredita plenamente no meu potencial e com toda certeza você é um exemplo a ser seguido.

A todos os Mestres Docentes Que fizeram parte dessa trajetória toda, que passaram para cada um de nós

um pouco de seus conhecimentos, e que acreditaram no potencial de cada um.

Samara Bertoni

RESUMO

O presente estudo visa proporcionar a sociedade um conhecimento mais

amplo sobre as alterações físicas e emocionais que ocorrem durante o período gestacional e a interferência destas na qualidade de vida da mulher. Trata-se de uma pesquisa experimental sendo realizada de forma comparativa, com abordagem quantitativa e observação sistemática, que teve como objetivo avaliar a qualidade de vida em gestantes nos diferentes trimestres gestacionais e verificar se existiam diferenças da mesma de um trimestre para o outro. A gestação é dividida em três períodos conhecidos como trimestrais, sendo que cada um possuí características especificas. No primeiro são poucas as alterações anatômicas, porém a gestante pode relatar desconforto devido às alterações na mama. Entre o 1° e 2° trimestre podem apresentar, náuseas, vomito, enjoo matutino, ptialismo. Normalmente no segundo trimestre ocorre o aumento da circunferência, os movimentos fetais tornam-se perceptíveis, alterações emocionais são comuns. Já no terceiro trimestre as alterações corporais são mais intensas e causam maior desconforto. Ao término desse trimestre a respiração torna-se dificultosa, os movimentos fetais mais intensos, e a insônia, as dores lombares, o aumento da frequência urinária, as cãibras, a constipação, os edemas e as varizes se tornam frequentes. Foram incluídas na pesquisa gestantes que recebiam acompanhamento na Casa Santa Madre Paulina – Lins SP, que concordaram em assinar o termo de consentimento livre e esclarecido e que não apresentavam gravidez de risco e/ou estivessem em repouso absoluto e excluídas as gestantes que apresentavam sintomas característicos de riscos, sendo indicadas à repouso absoluto, as que não concordaram em preencher o questionário proposto ou as que não assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Para isso participaram do estudo 47 gestantes que foram divididas em 3 grupos, sendo 8 no grupo 1, que corresponde ao primeiro trimestre, 19 no grupo 2, que corresponde ao segundo trimestre e 20 no grupo 3, que corresponde ao terceiro trimestre. Para obter-se a pontuação do nível de qualidade de vida das gestantes foi utilizado o questionário SF-36 (Short-Form Health Survey) que é composto por 36 itens que avaliam a capacidade funcional, dor, aspectos sociais, saúde mental, estado geral de saúde, aspectos físicos, aspectos emocionais e vitalidade. Os resultados do presente estudo demonstraram que quanto mais adiantado o trimestre, mais alterações na qualidade de vida a gestante pode vir a apresentar. Diante disto, pode-se concluir que as alterações decorrendo do período gestacional interferem diretamente na qualidade de vida da mulher. Palavras-chave: Gestantes. Alterações gestacionais. Qualidade de vida.

ABSTRACT

The present effort has purpose provide to the society a more knowledge about

physical and emotional changes occurring during gestational period and their interference in the women’s life quality. It’s a experimental search being realized as a comparative form with quantitative approach and systematic observation that has objective evaluate the life quality in pregnant women in different trimesters of pregnancy and check if exist differences of same from one trimester to other. The gestation is divided in three periods known as quarterly being that each one has specific characteristics. In the first one are little anatomic changes, but the pregnant woman may report discomfort because of breast change. Between 1º and 2º trimester may present nausea, vomit, morning sickness and ptyalism. Normally in the second trimester occur the increase of circumference, fetal movements become perceptible and emotional changes are normal. In the third trimester the body changes are more intense and cause more discomfort. In the end of this trimester the breath become hard, fetal movements are more intense and there is insomnia, there are backaches, increased urination, cramps, cold, edema and varicose veins become frequent. Were included in the search pregnant women that received accompaniment at the Casa Santa Madre Paulina – Lins – SP that agreed in sign the consent form and that not presented risk pregnancy or were on bedrest and were deleted pregnant women that presented symptoms risk, being indicated bedrest, pregnant women that not agreed in complete the proposed questionnaire or pregnant women that not signed consent form. For this participated in the study 47 pregnant women were divided in 3 groups, being 8 in the group 1, corresponding first trimester, 19 in the group 2, corresponding second trimester and 20 in the group 3, corresponding third trimester. To get the level score of pregnant women’s life quality was used the questionnaire SF-36 (Short-Form Health Survey) that consists of 36 items to evaluate functional capacity, pain, social aspects, mental health, general health, physical aspects, emotional aspects and vitality. The results of present effort have shown that the earlier the quarter, less life quality the pregnant woman may present. Before that we can conclude that changes resulting from pregnancy interfere directly in the woman’s life quality. Key Words: Pregnant Women, Gestational Changes, Life Quality.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Alterações anatômicas na gestação ...................................................... 17

Figura 2: Aumento do peso pela produção de leite e alongamento da pele ......... 21

Figura 3: Alterações físicas e fisiológicas durante a gestação .............................. 23

Figura 4: Alterações gastrointestinais antes e durante a gravidez ........................ 28

LISTA DE TABELA

Tabela 1: Valores expressos em média e desvio padrão, SF- 36 ......................... 44

LISTAS DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Cm- Centímetros

CO2-Gás Carbônico

DASM- Disability of the arm, Sholder and Hanol Questionaire

G1- Grupo 1

G2- Grupo 2

G3- Grupo 3

MeSH- Medical Subject Heading

mmHg- Milímetros por mercúrio

O2- Oxigênio

OMS- Organização Mundial da Saúde

pH- Potencial Hidrogeniônico

QWB- Quality of Will Being Scole

SF36- Short-Form Health Survey

SMFA- Short Músculos Keletal Functional Assissment

SNC-Sistema Nervoso Central

SP- São Paulo

SS-QOL- Strosce-specific of Quality of life

WHOQOL-100- World Health Organization Quality of Life

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 17

1 CONCEITOS PRELIMINARES .......................................................................... 20

1.1 A gestação ...................................................................................................... 20

1.1.1 Alterações anatômicas e fisiológicas que podem ocorrer durante a

gestação ............................................................................................................... 22

1.1.2 Alterações no sistema endócrino ................................................................. 23

1.1.3 Alterações no sistema cardiovascular .......................................................... 24

1.1.4 Alterações no sistema respiratório ............................................................... 25

1.1.5 Alterações no sistema gastrointestinal ......................................................... 27

1.1.6 Alterações no sistema renal ......................................................................... 28

1.1.7 Alterações no sistema reprodutor ................................................................ 29

1.1.8 Alterações no sistema tegumentar ............................................................... 30

1.1.9 Alterações no sistema nervoso .................................................................... 32

1.1.10 Alterações emocionais ............................................................................... 33

1.2 Qualidade de Vida .......................................................................................... 34

1.2.1 Conceito ....................................................................................................... 34

1.2.2 Qualidade de vida na gestação .................................................................... 35

1.2.3 Instrumentos de avaliação da qualidade de vida ......................................... 38

1.2.4 Instrumentos genéricos ................................................................................ 39

1.2.5 Instrumentos específicos ............................................................................. 40

2 O EXPERIMENTO ............................................................................................. 42

2.1 Procedimentos Metodológicos ........................................................................ 42

2.2 Casuísticas e Métodos .................................................................................... 42

2.2.1 Casuísticas .................................................................................................. 42

2.2.2 Métodos ....................................................................................................... 43

2.2.2.1 Questionário SF- 36 .................................................................................. 43

2.3 Resultados ...................................................................................................... 43

2.4 Discussão ....................................................................................................... 44

2.5 Conclusão ....................................................................................................... 46

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 48

APÊNDICES ......................................................................................................... 52

ANEXOS ............................................................................................................... 54

17

INTRODUÇÃO

O ciclo biológico da mulher é dividido em fases sendo que, uma dessas

fases pode ser constituída pela gestação a qual é um fenômeno natural, porém

causa desconfortos e diversas modificações no organismo materno sejam

essas modificações físicas para que ocorra uma adaptação à condição

gravídica e puerperal, como também as modificações emocionais como uma

preparação tanto para o momento do parto quanto a aceitação da nova

identidade que irá assumir decorrente da maternidade.

A gestação é dividida em três períodos conhecidos como trimestrais,

sendo que cada um possui características especificas. De 50 e 70 % das

gestantes entre o 1° e 2° trimestre apresentam náuseas, vomito, enjoo

matutino, ptialismo. No terceiro e último trimestre gestacional as alterações

emocionais se tornam mais intensas, devido as maiores alterações corporais e

do nível de interferência no interesse sexual. Ao termino desse trimestre a

respiração torna-se dificultosa, os movimentos fetais mais intensos, e a insônia,

as dores lombares, o aumento da frequência urinária, as cãibras, a

constipação, os edemas e as varizes se tornam frequentes, aumentando o

desconforto da gestante, como também a confusão de sentimentos. (VIDO,

2006)

Figura 1: Alterações anatômicas na gestação

Fonte: Google imagens, 2016.

18

Deve se levar em consideração que qualidade de vida não é apenas

suprimento das necessidades básicas para a sobrevivência, mas sim, uma

junção de fatores como saúde física e mental, relações sociais, educação,

interação com o meio ambiente e lazer. Portanto, as alterações e desconfortos

vivenciados pelas gestantes interferem diretamente em sua qualidade de vida,

sendo que, com o decorrer da gestação estes tendem a se tornar mais

intensos.

Alguns pesquisadores se empenharam em desenvolver instrumentos

para a mensuração da qualidade de vida, que avaliam questões emocionais,

auto avaliação ou condutas, através de questionamentos diretos (entrevista) ou

questionários autoaplicáveis.

Estes questionários podem ser divididos em específicos ou genéricos.

Dentre os instrumentos genéricos o presente estudo utilizou do questionário

SF-36 para a mensuração da mesma.

O presente estudo refere-se a uma pesquisa experimental sendo

realizada de forma comparativa, com abordagem quantitativa e observação

sistemática, discutindo-se as alterações que ocorrem durante todo o período

gestacional e como estas podem interferir diretamente na qualidade de vida da

mulher e a análise dos resultados através da aplicação do questionário SF-36.

Tem como objetivo geral avaliar a qualidade de vida em gestantes nos

diferentes trimestres gestacionais e o objetivo específico de verificar se existem

diferenças na qualidade de vida das gestantes nos diferentes trimestres

gestacionais e verificar quais os domínios que estão mais exacerbados e

correlacionar com a idade gestacional.

Para alcançar o objetivo proposto foi utilizado o questionário SF- 36

sendo aplicado em 47 gestantes, que foram divididas em 3 grupos, seguindo o

seu trimestre gestacional, que recebem atendimento na Santa Madre Paulina

de Lins –SP, e que aceitaram participar da pesquisa mediante assinatura do

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Ocorrendo o seguinte questionamento: Até que ponto podem existir

mudanças na qualidade de vida das gestantes nos diferentes trimestres

gestacionais?

Em resposta ao questionamento a hipótese levantada foi que durante o

período gestacional o organismo da mulher apresenta diversas alterações e

19

desconfortos característicos da gestação, que interferem diretamente

na qualidade de vida da mulher grávida e tende a progredir cada vez mais com

o aumento da idade gestacional.

O trabalho foi estruturado da seguinte forma, conceito preliminar

descreve sobre o período gestacional, a qualidade de vida e as formas de

avaliação desta, seguidos do experimento, resultados, discussão e conclusão.

20

1 CONCEITOS PRELIMINARES

1.1 A gestação

A gestação é um período em que a saúde da mulher se encontra em

uma condição especial, pois é caracterizada por diversas alterações no seu

organismo, necessárias para a adaptação do corpo a condição gravídica e

puerperal. (SOARES, 2002)

O ciclo biológico da mulher constitui-se de fases, dentre essas, a

gravidez é de fundamental importância e é considerado um fenômeno natural.

É necessário salientar que embora ocorram modificações fisiológicas que

afetam principalmente os órgãos da reprodução, ocorrem modificações em

toda a estrutura feminina das mais variadas esferas, tais modificações são

primordiais para o desenvolvimento do feto, o parto e lactação necessária.

(BRIQUET, 2011)

A gestação é dividida em três períodos conhecidos como trimestrais,

sendo que cada um possui características especificas. No primeiro são poucas

as alterações anatômicas, porém a gestante pode relatar desconforto devido às

alterações na mama, aumento da frequência e urgência em urinar, como

também sensação de mal-estar e fadiga. De 50 e 70 % das gestantes entre o

1° e 2° trimestre apresentam náuseas, vômito, enjoo matutino, ptialismo. E por

consequência da estimulação hormonal, a cérvice torna-se hipertrófica e

hiperativa levando ao aumento da lubrificação vaginal.

Normalmente no segundo trimestre ocorre o aumento do abdome, a

circunferência da cintura e o volume das mamas aumentam, os movimentos

fetais tornam-se perceptíveis, alterações emocionais são comuns. Ocorrem

alterações na pele como aumento da pigmentação e da oleosidade ou até

mesmo acne em algumas. A pressão do útero gravídico sobre a veia cava

ascendente reduz a perfusão uteroplacentária e renal, induzindo a hipotensão

supina e bradicardia.

21

Figura 2: Aumento do peso pela produção de leite e

alongamento da pele

Fonte: Google imagens, 2016.

É comum também alterações no sistema digestório como o aumento do

apetite por certos alimentos, pirose ou ingestão ácida, constipação e flatulência

devido à motilidade do trato gastrointestinal, podendo alterar os hábitos

alimentares e aumentar a ingestão de líquidos.

No terceiro e último trimestre gestacional as alterações emocionais se

tornam mais intensas, devido as maiores alterações corporais e do nível de

desconforto interferem no interesse sexual. Ao término desse trimestre a

respiração torna-se dificultosa, os movimentos fetais mais intensos, e a insônia,

as dores lombares, o aumento da frequência urinária, as cãibras, a

constipação, os edemas e as varizes se tornam frequentes, aumentando o

desconforto da gestante, como também a confusão de sentimentos. (VIDO,

2006)

De acordo com Ramos (2012) o ciclo da gestação dura em média 40

semanas, também denominada como gestação a termo. São 280 dias e pode

ser dividida em trimestres, totalizando três trimestres: o primeiro trimestre

compreende do 1º ao 3º mês, o segundo do 4º ao 6º mês e, o terceiro, do 7º ao

9º mês.

Durante nove meses de gestação, as alterações morfológicas e fisiológicas sofridas pelo organismo materno são profundas e multissistêmicas. A sua integração visa proporcionar as condições necessárias para o desenvolvimento fetal em equilíbrio com o sistema materno. A maioria destas adaptações ocorrem em resposta a estímulos provenientes do feto ou tecidos fetais. O seu objetivo não se restringe ao desenvolvimento fetal, mas também tem como intuito preparar a

22

mulher para o momento do parto e lactação. (SOARES, 2002, p.4)

1.1.1 Alterações anatômicas e fisiológicas que podem ocorrer durante a

gestação

As extensas alterações e adaptações anatômicas, fisiológicas e

bioquímicas que acontecem na mulher em estado gravídico, dão-se início logo

após a fertilização, prosseguindo por todo o período da gestação e tendem a

desaparecer após o parto e lactação. (NEME, 2006)

Essas alterações são decorrentes, principalmente, devido ao resultado

da interação entre alguns hormônios, sendo que a progesterona, o estrogênio e

a relaxina, são os hormônios mais influentes e causadores das alterações, que

podem interferir no funcionamento normal de todos os órgãos e sistemas do

corpo da gestante. (SOARES, 2002)

Segundo Souza et al. (2009) as alterações no organismo materno são

consequências de modificações que ocorrem de formas gerais e locais,

ocasionando uma série de adaptações fisiológicas, devido aos hormônios

provenientes da gestação e a pressão mecânica devido ao aumento do útero e

de outros tecidos. Tais transposições frente a essas alterações se fazem

necessárias para que o feto possua um desenvolvimento dentro dos

parâmetros de normalidade e para que a mulher possa se adaptar a gravidez,

portanto durante as 42 semanas de gestação, o organismo feminino passa por

profundas alterações anatômicas, fisiológicas e bioquímicas em quase todos os

órgãos e sistemas, que dá – se início nas primeiras semanas e transcorre até o

fim da gestação.

Segundo Polden e Mantle (apud NORA, 1993) a gravidez evidência

ciclos de intensas adaptações, físicas e emocionais, em virtude as adequações

posturais compensatórias e as queixas de desconforto, habituais ao ciclo

gravídico-puerperal, ocorrendo uma prevalência de queixas relacionadas à

descomodidade musculoesqueléticas por mulheres em estado gravídico.

23

Figura 3: Alterações fisicas e fisiologicas durante a gestação

Fonte: http://www.lersaude.com.br/a-gravidez-semana-a-semana-tudo-sobre-o-

desenvolvimento-do-bebe/

1.1.2 Alterações no Sistema Endócrino

De acordo com Polden; Mantle (1997 apud MARTINS; ARZANI, LUCAS,

2008, p. 25) “as mudanças que ocorrem no corpo da mulher grávida são

decorrentes das ações dos hormônios estrogênio, progesterona e relaxina”.

O hormônio progesterona é produzido pelo corpo lúteo e seguidamente

pela placenta em até dez semanas de gestação. Esse hormônio é responsável

em aumentar a temperatura, gordura, frequência e amplitude respiratória da

gestante, diminuir o tônus da musculatura lisa e desenvolver célula alveolar e

glandular que são responsáveis pela produção de leite. (MARTINS; ARZANI;

GERMANI, 2008)

Segundo Nogueira (2009) assim como a progesterona o estrogênio é um

hormônio placentário que no decorrer da gestação aumenta significativamente.

Esse hormônio tem a função de expandir a maioria dos órgãos reprodutores, e

com a quantia alta de estrogênio obtém-se o aumento do útero e de outros

órgãos como, as mamas e genitália externa, e prepara os ductos mamários

para a lactação, com a ajuda do metabolismo cálcio maternos, também é

interessante mencionar que o estrogênio fornece um acúmulo de relaxina,

concedendo uma maior extensibilidade e flexibilidade nas articulações pélvicas.

A relaxina é um hormônio que proporciona relaxamento nas articulações,

24

sendo que em determinados tecidos ocorre a substituição gradual de colágeno,

que atua de forma modeladora resultando numa maior flexibilidade e

extensibilidade. (NOGUEIRA, 2009)

1.1.3 Alterações no Sistema Cardiovascular

De acordo com Sá; Picon (2005 apud ALVES, 2012) durante a gestação

e o parto ocorrem alterações do sistema cardiovascular, decorrendo em

alterações hemodinâmicas. As alterações principais que ocorrem são: aumento

do débito cardíaco e do volume, diminuição da reatividade vascular e

resistência vascular sistêmica.

Nas fases iniciais da gestação acontece um aumento do débito cardíaco

e vasodilatação. Todavia, esse aumento que acontece no débito cardíaco não

é capaz de equilibrar totalmente a vasodilatação. Desta forma, a pressão

arterial abaixa, estimulando o sistema renina-angiotensina-aldosterona,

causando a retenção de água e sódio e amplificação do volume plasmático.

(ZUGAIB, RUOCCO, 2005)

Segundo Nogueira (2009) o volume sanguíneo aumenta em torno de

40%, para que o corpo consiga defrontar as alterações que ocorrem. Esse

aumento ocorre em cerca da metade do segundo semestre para frente. Em

parte, a razão para este aumento do fluxo sanguíneo se dá pela quantia alta de

hormônios, pelo acúmulo de liquido causado nos rins.

Apesar do aumento do débito cardíaco e do volume sanguíneo, há

diminuição da pressão arterial, em razão do aumento da resistência vascular

periférica. No 2° trimestre de gestação a pressão arterial diastólica e sistólica

abaixa de 5 a 10 mmHg, chegando a valores médios de 105/60 mmHg. A

pressão aumenta e se estabiliza no final do 3° trimestre. (MONTENEGRO,

REZENDE, 2014)

Pelo fato do sistema do fluxo sanguíneo ser mais elevado, aumenta o

volume de ejeção sistólica que leva a elevação da frequência cardíaca cerca de

10 a 15 batimentos por minuto, devido à medula óssea transformar-se mais

operante ela possibilita uma grande produção de células hemácias para

circundar no acúmulo de liquido. Com o aumento de sangue gerado no corpo

25

da mulher grávida o coração aumenta seu tamanho para uma boa

acomodação. (NOGUEIRA, 2009)

Segundo Guyton; Hall (2006 apud NOGUEIRA, 2009) através do

trabalho de parto o sangue que se tem em excesso durante a gestação é

perdido, para a segurança da mãe.

De acordo com Sá; Picon (2005 apud ALVES, 2012) durante a gestação

o debito cardíaco se eleva aos poucos.

Com a elevação no organismo materno na vigésima sétima semana de

gravidez ocorre uma subida do debito cardíaco de 30 a 40 % a mais que o

normal, e por motivos sem explicação, o débito cardíaco abaixa no decorrer

das oito últimas semanas de gravidez passando um pouco do normal.

(GUYTON; HALL, 2006 apud NOGUEIRA, 2009)

Para Zugaib, Ruocco (2005) durante a gravidez o débito cardíaco

aumenta próximo de 30 % a 50 % em virtude da elevação, de 20 % a 50 % do

volume sistólico e elevação da frequência cardíaca, de 20 % a 30 %. Essa

elevação do débito cardíaco que acontece é distribuída especialmente para o

útero.

1.1.4 Alterações no Sistema Respiratório

Segundo Soares (2002) no início da gravidez ocorrem diversas

alterações no aparelho respiratório, levando ao edema da nasofaringe, laringe,

traqueia e brônquios, por consequência da dilatação capilar ao longo da árvore

respiratória. Com isso, a voz e a respiração modificam-se tornando mais difícil

a respiração pelo nariz.

A amplificação do volume sanguíneo e a vasodilatação da gestação

levam a vermelhidão e inchaço da mucosa do sistema respiratório superior.

Devido essas alterações levam a mulher grávida ao congestionamento nasal,

sangramento e mudança na voz. (REZENDE, 2012)

De acordo com Soares (2002) com o aumento do volume do útero o

diafragma eleva-se cerca de 4 cm superiormente e a caixa torácica é

deslocada para cima e para lateral. O ângulo subcostal torna-se maior e o

diâmetro transversal do gradil torácico se eleva próximo de 2 cm. O perímetro

torácico se eleva 6 cm, o que não é razoável para equilibrar a baixa do volume

26

residual devido a subida do diafragma. Além disso, durante a ventilação o

movimento do diafragma é maior na gestante, e o volume corrente se eleva. A

parede abdominal apresenta-se com os tônus dos músculos fracos e baixa

atividade, pelo que o padrão respiratório torna-se mais diafragmático.

Ocorre um aumento do diafragma próximo de 4 cm, a respiração é mais

diafragmática do que costal. No fim da expiração ocorre um aumento da

pressão gástrica, no padrão da capacidade residual funcional, essa capacidade

na gestante mostra-se diminuída, com isso aumentará o trabalho mecânico

diafragmático. (BRIQUET, 2011)

Soares (2002) descreve durante o período gestacional que ocorre

relaxamento da musculatura das vias aéreas, levando ao aumento do espaço

morto, ar que não atinge os alvéolos. Devido à elevação do diafragma a

capacidade pulmonar total diminui cerca de 4 a 5%. Ao longo da gravidez o

volume corrente aumenta cerca de 35 – 50 % e o volume residual diminui junto

a capacidade residual funcional e o volume de reserva expiratório. Com um

maior volume corrente e menor volume residual, proporcionará um aumento de

cerca de 65 % da ventilação alveolar. Com isso, a capacidade inspiratória

aumenta cerca de 5 a 10%, alcançando valor máximo às 22-24 semanas de

gestação.

A complacência pulmonar não sofre alterações enquanto que a condutância das vias aéreas aumenta e a resistência pulmonar total diminui, possivelmente devido à ação da progesterona. Em termos de alterações funcionais, acresce um ligeiro aumento da frequência respiratória e um aumento progressivo do consumo de oxigénio que poderá atingir os 15-20% na gravidez de termo e que é devido ao aumento das necessidades metabólicas da mãe e feto. (SOARES, 2002, p.18).

Com o progredir da gravidez diminuirá a complacência da parede

torácica o que levará ao aumento do trabalho da respiração. (REZENDE, 2012)

Segundo Soares (2002) com o aumento do volume correndo junto a uma

frequência respiratória mais o menos normal levará ao aumento do volume

ventilatório-minuto (~26 %). À quantidade que este aumenta, acontece o

fenômeno de hiperventilação da gestação, com decorrente redução da pressão

alveolar de CO2. Deste modo, a pressão parcial de CO2 arterial diminui.

Entretanto, a pressão alveolar de O2 permanece em seus limites normais. A

hiperventilação materna pode ser, possivelmente, à ação da progesterona

27

sobre o centro respiratório, apesar de que tenha sido indicado um crescimento

de sensibilidade dos quimiorreceptores periféricos no grau do corpo carotídeo.

Este acontecimento de hiperventilação materna é observado como uma função

que protege a exposição do feto de CO2.

As dificuldades que as gestantes apresentam durante a gravidez não

são devido às alterações funcionais do pulmão, mas sim devido às pressões

psicológicas pelo fato de estar grávida. (MORON, CAMANO, KULAY, 2011)

1.1.5 Alterações no Sistema Gastrointestinal

De acordo com Briquet (2011), uma boa porcentagem das gestantes

relata que sentem um aumento da sede e do apetite. No primeiro trimestre as

náuseas e os vômitos, são manifestações corriqueiras.

No terceiro trimestre 80% das gestantes apresentam refluxo

gastresofágico, múltiplos fatores podem contribuir no refluxo gastresofágico,

tais como: acréscimo no teor de progesterona, delonga do período de

esvaziamento do estômago, singularmente na finalização da gravidez,

dilatação do volume do útero elevando a parte distal do esôfago e o estômago,

expansão da tensão intra-abdominal, ondas peristálticas do esôfago em ritmo

diminuído, entre outros. (BRIQUET, 2011)

Segundo Neme (2006), as alterações do aparelho digestivo destinam-se

para a melhora da absorção para prover nutrientes necessários ao concepto.

No primeiro trimestre gestacional, ocorre um acrescentamento do apetite e da

sede que percorrem por toda a gestação. A motivação pode estar relacionada à

diminuição dos níveis de glicose e aminoácidos ou devido ao aumento de

gorduras causarem modificação central no balanço energético.

Em sua constituição o aparelho digestivo também se encontra fibras

musculares lisas, consequentemente sofrendo ações relaxantes levando a

diminuição do peristaltismo, ocasionando a lentidão da extensão do bolo

alimentar em todo seu trajeto, devido à ação relaxante das prostaciclinas.

(NEME, 2006)

De acordo com Neme (2006) as enzimas líticas no intestino delgado

possuem ação sobre o bolo alimentar, para que se tenha um melhor

aproveitamento alimentar, que ocorre em maior tempo.

28

Rezende (2005) relata que as disfunções no sistema gastrointestinal

causam alterações e desconfortos frequentemente relatados e encontrados em

gestações ditas normais, porém, não exercem grandes problemas. O estado

gravídico apresenta um amplo efeito sobre a motilidade, que é

supostamente ligada a elevação dos hormônios femininos. Dentre as queixas

mais destacadas entre as gestantes em relação ao sistema intestinal, a

constipação está em maior predominância devido ao acréscimo do trânsito

delgado e eventualmente devido aos crescentes níveis de progesterona.

Figura 4: Alterações gastrointestinais antes e durante a gravidez

Fonte: http://esposasonline.com.br/como-emagrecer-depois-da-gravidez/

1.1.6 Alterações no Sistema Renal

Devido ao estado gravídico os rins sofrem modificações, levando ao

aumento de suas proporções, em torno de 1,5 cm no comprimento longitudinal,

com aumento síncrono no peso. Em magnitude a pélvis renal passa para 60 ml,

quando em proporções não gravídicas o considerado normal é de 10 ml,

juntamente os ureteres estão vastos singularmente à direita. Podendo ser

observado urina residual em cerca de 200 ml. (ZUGAIB; RUOCCO, 2005)

Tais modificações podem eventualmente, alterar os mecanismos

envoltos com a continência urinária, que uma significativa porcentagem em

condições gravídicas, vem apresentar: polaciúria, noctúria e urgência

miccional. (BRIQUET, 2011)

29

Zugaib (2005, p.82) descreve: “o ritmo de filtração glomerular e o fluxo

plasmático renal aumentam em torno de 50% a 80%, em relação a níveis pré-

gravídicos”. Este aumento designa modificações nos testes que classificam a

atividade renal, tais modificações ocorrem eventualmente devido uma

amplificação de hormônios placentários e maternos, e aumento da quantidade

plasmática.

Proeminentes níveis do hormônio relaxina encontram-se na circulação

sanguínea durante o estado gravídico, podendo culminar um extenso nível no

terceiro trimestre da gestação. (BRIQUET, 2011)

1.1.7 Alterações no Sistema Reprodutor

Logo após a fecundação os órgãos genitais femininos começam a sofrer

alterações bioquímicas, funcionais e anatômicas que permanecerão durante

toda a gestação. Dentre os primeiros sinais de uma gestação estão a

amenorreia, congestão e hiperestesia mamária progredindo para o aumento da

vascularização na mama, hiperpigmentação da aréola primária, hipertrofia das

glândulas sebáceas na aréola secundária, pigmentação da linha alba, volume

uterino aumentado, amolecimento do istmo uterino e cianose vaginal e cervical.

(BARACHO, 2007)

Segundo Moron; Camano; Kulai (2011) as maiores alterações do

sistema reprodutor ocorrem no útero, que sofre um considerável aumento de

volume, forma, condição, consistência e coloração. No primeiro trimestre

gestacional ocorre uma anteversoflexão devido a acentuação da atitude

fisiológica. Ele passa a comprimir a bexiga, aumentando a frequência miccional

da gestante. No final da gestação o seu peso é maior, pois comporta o feto, o

líquido amniótico e a placenta. Após o parto o útero volta ao seu volume

normal.

Devido ao aumento da vascularização a vagina se torna mais volumosa,

amolecida, aveludada e flexível e o seu PH aumenta, que juntamente ao

aumento do volume do útero pode causar desconfortos durante a penetração

do pênis nas relações sexuais. A eliminação do conteúdo esbranquiçado

também é aumentada.

As mamas aumentam de volume, se tornam túrgidas e doloridas no

30

segundo mês da gestação. Quando esse volume for muito aumentado podem

aparecer estrias na lateral da mama. (MORON; CAMANO; KULAY, 2011)

O aumento do volume da mama pode ser observado a partir da sexta

semana de gestação, e elas também se tornam mais pigmentados e sensíveis

devido a ação hormonal do estrógeno e da progesterona, levando as gestantes

se queixarem de dor na região durante o primeiro trimestre gestacional com

acentuação desse desconforto com o decorrer da gestação. (ZUGAIB, 2012)

1.1.8 Alterações no Sistema Tegumentar

No que se refere aos aspectos dermatológicos são comuns alterações

na coloração da pele devido a uma hiperpigmentaçao, principalmente em

regiões frequentemente expostas ao sol, sendo que a área mais comum é a

face. É comum também o surgimento de estrias na região abdominal. Outras

alterações comuns são unhas enfraquecidas, hipertricose, eritema palmar e um

excesso da transpiração devido ao aumento da temperatura cutânea.

(MORON, CAMANO, KULAY, 2011)

De acordo com Briquet (2011) entre a décima oitava a vigésima semana,

ocorre um aumento considerável da perfusão da pele, que se acentua entre a

vigésima e à trigésima semana, sem elevação considerável após esse período.

Esse aumento do fluxo sanguíneo se manifesta através da elevação da

temperatura da pele e sudorese excessiva nas mãos, como também a

ocorrência de congestão nasal devido ao aumento do fluxo periférico que pode

ser observado nas membranas mucosas das fossas nasais.

Embora ocorra em graus variados, 90% das gestantes, principalmente

morenas, apresentam a pigmentação, que é causada pela deposição de

melanina nos macrófagos epidérmicos e dérmicos, que tem uma tendência a

aparecer logo no início da gravidez. Elas podem se manifestar na face, nas

mamas, no abdome e região vulvoperineal. O melasma se manifesta em 70%

das gestantes, clareando após o parto, porém, não se sabe com exatidão o seu

surgimento. (BRIQUET, 2011)

Em cerca de dois terços das gestantes brancas se desenvolve os

angiomas, ou nervos aracniformes e teleangiectasias. Esses angiomas

geralmente surgem no terceiro trimestre gestacional e desaparecem alguns

31

meses após o parto. Estão mais frequentemente presentes nas áreas drenadas

pela veia cava superior, face, pescoço, tórax e membros superiores.

Em aproximadamente 70% das gestantes brancas ocorrem o eritema

palmar, que tem início no primeiro trimestre gestacional. Ele pode se

apresentar de forma difusa, abrangendo toda a palma da mão, sendo que este

é o mais comum, ou apresentar-se predominantemente nas eminencias tênar e

hipotênar e sobre a face palmar das articulações metacarpo falangeanas.

(BRIQUET, 2011)

Outra alteração comum e de grande incômodo para as gestantes é o

surgimento de estrias, que aumentam a partir do sexto mês de gravidez. Estão

presentes nas mamas, raiz das coxas e abdome. Podem apresentar-se com

aspecto de estrias ou víbices lineares, de coloração violácea, estando

perpendicular a tensão da pele. Existem vários fatores que influenciam no seu

surgimento, os quais são a sobredistensão tissular, sendo mais comum em

gestações múltiplas, a obesidade e macrossomia fetal, a tendência familiar, a

rotura de fibras elásticas e do colágeno e o aumento da atividade

adrenocortical. Também são citadas a participação dos hormônios estrogênio e

relaxina.

A lanugem que debrua a orla do couro cabeludo demonstra a pilificação

que se refere ao sinal de Halban. Essa pilificação manifesta-se na face, nos

membros e, raramente a linha mediana do abdome, acompanhando o padrão

masculino. As causas podem estar relacionadas à secreção de androgênios

placentários, as corticotropinas e as gonadotropinas. (BRIQUET, 2011)

Devido à produção placentária aumentada de progesterona ocorre uma

vasodilatação em toda a periferia do organismo causando alterações

vasculares que levam ao eritema palmar, teleangiectasias, hipertricose e

aumento da secreção sebácea e sudorese. Não é comum, mas podem ocorrer

casos de alopecias devidos as alterações hormonais. (ZUGAIB, 2012)

Segundo Baracho (2007) ocorre uma predisposição em relação ao

aumento de peso com gordura localizada na região da raiz das coxas, abdome,

braços e mamas. As unhas podem se tornar quebradiças, porém volta ao seu

normal após o parto, e o surgimento de pêlos que se tornam incômodos para a

gestante.

Devido a complicações no retorno venoso ao coração, excesso de peso

32

e vasodilatação periférica, após a segunda metade da gestação pode surgir

varizes. (BARACHO, 2007)

1.1.9 Alterações no Sistema Nervoso

Segundo Zugaib (2012) é comum as gestantes relatarem certa

sonolência e alterações da memória e concentração, normalmente no último

trimestre. A progesterona, hormônio que tem elevada concentração durante a

gestação, é um depressor do Sistema Nervoso Central, isso explicaria a

sonolência, que também sofre influência da alcalose respiratória causada pela

hiperventilação. É comum também ocorrer, de forma lenta e progressiva, uma

lentificação geral do sistema nervoso central (SNC), podendo estar relacionada

a alterações vasculares das artérias cerebrais média e superior.

O padrão e qualidade do sono são alterados, aumentando a sensação

de fadiga no fim da gestação e podem contribuir para o surgimento de quadros

psíquicos de blues puerperal (melancolia pós-parto) e até mesmo depressão.

Episódios de apneia do sono não são tão frequentes, porém a posição supina

prejudica a oxigenação da gestante, que a leva dispneia paroxística noturna.

Zugaib (2012) relata ainda que durante o ciclo gravídico-puerperal o

psiquismo da mulher é alterado. As alterações vasculares e hormonais,

comuns ao período gestacional, podem estar relacionadas à hiperêmese

gravídica, enxaquecas e alguns distúrbios psiquiátricos, como episódios

conversivos ou isolados de hipomania e depressão.

As córneas sofrem alterações como edema localizado e opacificações

pigmentares, modificando a acuidade visual e a pressão intraocular pode estar

diminuída devido à acelerada velocidade da reabsorção do humor aquoso.

Alterações retinianas da conformação vascular podem estar relacionadas à

síndrome hipertensiva.

Devido às adaptações sistêmicas da circulação sanguínea, a mucosa

nasal encontra-se hipervascularizada e edemaciada. Portanto ocorrências de

epistaxe (hemorragia nasal), rinite vasomotora e hiposmia são comuns, e

felizmente sem maiores complicações.

A audição pode ser levemente comprometida, melhorando sua acuidade

após o parto. Gestantes com alterações vasculares locais mais intensas podem

33

relatar vertigem e zumbidos. (ZUGAIB, 2012)

As alterações que normalmente ocorre no sistema nervoso durante a

gravidez estão relacionadas tanto ao psiquismo quanto ao sistema nervoso

vegetativo. As alterações neuropsíquicas se manifestam muitas vezes na forma

de vomito. Manifestações de medo exagerado, irritabilidade, melancolia e a

tocofobia devem ser levados em consideração, porém com certa prudência

para não exacerbar o desconforto da gestante. Pode ocorrer uma reversão

grande na área da emotividade, levando a gestante a apresentar sinais de

irritabilidade com seus entes queridos. O fator inconsciente também interfere

fortemente deixando a gestante ansiosa e preocupada com suas futuras

responsabilidades.

As gestações normalmente rejeitam certos odores e alimentos e em

contrapartida exacerba o desejo por determinados alimentos que podem refletir

necessidades nutritivas. Devido ao aumento do requerimento de ações

metabólicas a sensibilidade e a argúcia da avaliação ficam comprometidas.

(BRIQUET, 2011)

Moron; Camano; Kulay (2011) afirma que 55% das gestantes relatam

sofrerem distúrbios emocionais, como ansiedade, depressão, e medo do

momento do parto. Pode ocorrer também aumento da secreção lacrimal.

1.1.10 Alterações emocionais

De acordo com Moron, Camano, Kulay (2011) durante o período da

gestação a mulher passa por uma preparação psicológica tanto para o

momento do parto como para a maternidade que levará a uma mudança de

identidade e uma nova definição de papeis, que pode levá-la a antigos conflitos

de relacionamentos familiares.

A chegada de um filho causa alterações também nos fatores

socioeconômicos, já que a mulher pode ficar restrita a um menor desempenho

profissional em contrapartida ao aumento dos gastos.

Essas privações reais de afeto e condição socioeconômicas provoca

uma tensão que intensificam a regressão e a ambivalência.

As preocupações da gestante com o futuro podem intensificar suas

frustrações que consequentemente gera raiva e ressentimento, o que pode

34

interferir na sua satisfação com a gravidez.

Mais de 55% das gestantes apresentam alterações emocionais,

podendo apresentar-se como ansiedade, depressão, agitação e medo do

momento do parto. Se a ansiedade alcançar uma intensidade muito elevada ela

pode causar interferências no sono da gestante, o que ocorre em 23% dos

casos. (MORON, CAMANO, KULAY, 2011)

No decorrer da gestação ocorrem alguns períodos em que a mulher

manifesta sinais de ansiedade. São comuns no primeiro trimestre elas se

tornarem ambivalentes em relação à aceitação da gestação, sentirem medo de

abortar o feto, alterarem facilmente o humor mostrando-se muitas vezes

irritadas, estranheza ás primeiras modificações corporais. No segundo trimestre

a ansiedade já está relacionada à introversão e passividade, modificações no

desejo e desempenho sexual e percepção do movimento fetal concretizando a

presença de filho em seu ventre. Já no terceiro trimestre a ansiedade se refere

as preocupações com o momento do parto, como o medo da dor e da morte e

os desconfortos físicos aumentam. (SARMENTO; SETÚBAL, 2003)

1.2 Qualidade de Vida

1.2.1 Conceito

Qualidade de vida (QV) não é somente o que se tem como roupas,

trabalho, alimentação e casa, mas sim em ter saúde física e mental, educação,

respeito para com as outras pessoas, ser uma pessoa que quer o bem, que

tem tempo livre para se divertir para usufruir o que o mundo oferece. Em razão

disto, não se sabe exatamente uma resposta clara para definir a qualidade de

vida, o que pode ser entendido é que qualidade de vida não é somente o

que foi citado acima. (TANI apud PEREIRA et al., 2009)

Segundo Campos; Rodrigues (2008) no conceito recentemente usado

pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a qualidade de vida foi

determinada como, o entendimento do ser humano sobre seu posicionamento

na vida, de como vivem, sentem e compreendem o dia-a-dia.

Sentimentos expressados como o amor, felicidade e a liberdade são

difíceis de serem compreendidos, mas apresentam bastante importância nos

35

aspectos da vida. Trata-se de um assunto no qual uma definição é difícil de ser

formada. Qualidade de vida é um assunto no qual vem havendo discussões na

sociedade. Com isso, esse conceito pode ser menosprezado ou reconhecido

preservando o seu significado e valor. (TANI apud PEREIRA et al., 2009)

Foram desenvolvidos vários instrumentos de pesquisa para mensurar a

qualidade de vida, capazes de distinguir as condições de “completo bem-estar

físico, mental e social”. A saúde é uma medida de impacto em respeito

à qualidade de vida. O interesse pela verificação da qualidade de vida é

recente, tanto nas políticas públicas quanto nas práticas assistenciais, e

também nas áreas de prevenção de doenças e promoção de saúde. Não se

tem uma definição consensual, e sim grande aumento de interesse em

modificar a qualidade de vida atualmente em uma medida

quantitativa. (CAMPOS; RODRIGUES, 2008)

Segundo Pereira et al. (2009) a qualidade de vida é tratada por diversas

óticas devido à ausência de um conceito abundantemente aceito, sendo, em

vários casos, distinta como sinônimo de saúde, felicidade, satisfação pessoal,

condições de vida, estilo de vida, dentre outros.

A qualidade de vida não é um conceito novo, mas tem um crescente

papel devido a várias razões. Saúde não é somente definida por não

apresentar doenças, mas também pelo bem-estar físico, mental e social. O

uso da QV tem sido reforçado como necessário nos cuidados e pesquisa em

saúde, sendo diretamente ligada à promoção de saúde, tendo como objetivo

defender a vida e a evolução do ser humano. (CAMPOS; RODRIGUES, 2008)

A definição de QV tem incluído indicadores subjetivos e objetivos, como

casa, salário e funções físicas, frequentemente usadas como QV. Os

indicadores subjetivos são a experiência de vida de cada um, de como cada

indivíduo vive. Deste modo percebe-se que não existe uma concordância clara

sobre a definição de qualidade de vida exposta a sua grande subjetividade na

concepção pessoal do que indica ter uma boa vida. (VIDO, 2006)

1.2.2 Qualidade de vida na gestação

Segundo Prado et al. (2013) durante o período gestacional o organismo

da mulher apresenta diversas alterações e desconfortos característicos da

36

gestação, que interferem diretamente na qualidade de vida da mulher grávida e

tende a progredir cada vez mais com o aumento da idade gestacional.

O conceito qualidade de vida vem sendo discutido por estudiosos no

Brasil e no mundo, visando a importância da função física, onde são utilizados

de alguns meios para a realização da avaliação da qualidade de vida e em

relação ao estado de saúde, para que se possa elaborar e traçar um

tratamento. O indicador tem demostrado à importância da satisfação entre

profissionais e pesquisadores, que utilizam do mesmo antes de realizar

qualquer tipo de decisões relacionadas à sua conduta a ser realizada.

Durante a gravidez muitas gestantes apresentam queixas, para

algumas, essas queixas passam despercebidas. As queixas mais relatadas são

vômitos e náuseas que mais da metade das gestantes passam por esse

desconforto. Algumas passam por situações mais graves que é a hiperêmese

gravídica que causa vômitos intensos podendo levar a internação devido à

desidratação, acarretando sobre a qualidade de vida da gestante, feto e família.

(SILVA apud REZENDE, 2012)

Segundo Vido (2006) com o nascimento da criança ocorrem muitas

mudanças que não se limita somente as variáveis psicobiologias, além

disso, possui outro fator que é fundamental neste processo de mudança, que é

o fator socioeconômico. Numa comunidade urbana, onde a mulher como de

costume trabalha fora, sendo responsável por tudo que diz respeito a sua

família, não só pelos interesses profissionais, mas também sociais, com isso

ter um filho ocasiona resultados bastante significativos.

As alterações fisiológicas na gravidez causam grande impacto na

qualidade de vida da mulher grávida, tendo como forma correta possíveis

orientações. Adotando esse critério, vários profissionais de saúde a fim de

melhorar a QV das gestantes. Dentre as alterações sofridas pelo organismo

materno, encontra-se a alteração hormonal, que causa estresse,

ansiedade, náuseas e vômitos diminuindo assim a QV das

gestantes. (CASARIN; BARBOSA; SIQUEIRA, 2010)

Independentemente da idade, as mulheres tendem a adaptar-se a

complexidade do aprendizado social e cognitivo. O processo da gestação

envolve um amadurecimento, que por muitas vezes, se torna emocionalmente

incômodo, porém muito compensador, já que torna a mulher preparada para

37

assumir novas responsabilidades. Esse amadurecimento envolve a aceitação

da gestação, se identificar como mãe, mudanças de papel nas relações

familiares e a preparação para o momento do parto. (VIDO, 2006)

A dor lombar na gestação é uma alteração normal causada na postura

devido ao crescimento do abdome e dos órgãos, mas causa grande impacto na

qualidade de vida das gestantes, ainda mais quando

relacionada à predisposição física. A fisioterapia apresenta inúmeros benefícios

no pré-natal para as gestantes sedentárias, melhorando a qualidade de vida,

incluindo aspectos emocionais e físicos quando participam de um programa de

fisioterapia pré-natal. (CASARIN; BARBOSA; SIQUEIRA, 2010)

De acordo com Vido (2006) apesar de que um estado geral de bem-

estar seja maior, muitas se deparam em apresentar instabilidade emocional

rápidas e mudanças de humor repentinas, as quais estão ligadas as mudanças

hormonais. Estas mudanças emocionais e o aumento da sensibilidade aos

outros são desconcertantes para si mesma e para os que estão a sua volta. As

mudanças de humor, sentimentos de alegria, raiva se alteram por alguma ou

nenhuma razão. As alterações que ocorrem em sua aparência física e nas

funcionalidades de seu corpo afetam as gestantes emocionalmente.

É sabido que a gestante apresenta como alterações fisiológicas a seborreia e está propensa a desenvolver gengivites com mais frequência do que uma mulher não grávida, assim como ter complicações como parto prematuro se apresentar cáries e dentes sépticos. A dor oral, no entanto, não é uma alteração fisiológica do período gestacional, sendo que lesões na mucosa oral ou dentes desencadeiam um efeito negativo na QV da gestante, uma vez que ocasiona dificuldade em se alimentar, manter a higiene oral e até mesmo manter equilíbrio emocional e autoestima. (CASARIN; BARBOZA; SIQUEIRA, 2010, p. 1050)

Segundo Vido (2006) em cada trimestre ocorrem diversas alterações, as

sensações de desconforto podem incomodá-la repercutindo na qualidade de

vida das mulheres. As alterações mais acentuadas nas formas, a aparência

corporal e grau de desconforto interferem no desejo sexual do casal. Na fase

final a gestante encontra-se impaciente, com desejo de que o trabalho de parto

tenha início, e surgem sentimentos de alegria, medo ou uma combinação dos

dois.

A incontinência urinária está associada com a diminuição da qualidade

de vida das gestantes, pois muitas sofrem com esse problema principalmente

38

quando relacionada com o puerpério. Muitas mulheres que tem controle

mínimo sobre a urgência miccional não demonstram efeitos negativos na

qualidade de vida, mas as que não possuem controle tem sua QV diminuída,

apresentando limitações e estresse devido aos sintomas. (CASARIN;

BARBOSA; SIQUEIRA, 2010)

De acordo com Vido (2006) apesar de a gravidez ser um fenômeno

normal na vida da mulher, pouca atenção tem sido dada as modificações

físicas e psicológicas em seu estado de saúde e qualidade de vida, ou seja, as

alterações da gravidez sobre a qualidade de vida. Por isso é importante a

gestante conhecer tais aspectos para melhor definir suas expectativas sobre a

gestação e saber identificar fatores de risco durante a gravidez.

Com isso, temos o questionário Medical Outcomes Study 36 – Item

Short – Form Healt Survey (SF-36), que avalia a qualidade de vida, que tem

como objetivo analisar até que ponto a gravidez normal afeta a qualidade de

vida das gestantes.

1.2.3 Instrumentos de avaliação da qualidade de vida

Vido (2006, p. 13) descreve: “A medida da qualidade de vida é um fato

irreversível que vai, provavelmente, pertencer ao nosso universo, trata-se de

um instrumento recente, vindo de uma tradição estrangeira, anglo-saxônica,

espiritista e utilitarista. ”

Na década de 1970 alguns pesquisadores se empenharam em

desenvolver instrumentos que quantificassem a qualidade de vida. Porém, com

a elaboração do Quality of Well Being Scale (QWB), em 1973, a aplicabilidade

dos instrumentos de avaliação foram expandidas, integrando julgamentos de

valor na avaliação do status de saúde ou nos resultados do tratamento. E

desde então tem demonstrado um desenvolvimento considerável. (CICONELLI

et al., apud MASSON; MONTEIRO; VEDOVATO 2008)

No ano de 1977, devido ao crescimento do número de pesquisas e

artigos voltados para a avaliação da qualidade de vida, tornou-se necessário a

criação do termo “Qualidade de Vida” como palavra-chave no Medical Subject

Heading (MeSH) da US National Libray of Medicine (Pub Med). (CICONELLI et

al., apud MASSON; MONTEIRO; VEDOVATO 2008)

39

Segundo Fleck (apud MASSON; MONTEIRO; VEDOVATO, 2008)

descreve ainda que na década de 1990 a falta de ferramentas de avaliação da

qualidade de vida em uma concepção transcultural induziu a Organização das

Nações Unidas (OMS) a criar o instrumento WHOQOL-100. Sendo que a sua

versão em português foi feita em 1999 por Fleck e col.

Encontra-se na literatura, diversos instrumentos de medida da qualidade

de vida. Em um dos trabalhos de Bowling podemos encontrar uma revisão

referente às escalas de qualidade de vida relacionadas à saúde, que envolvem

medidas de capacidade funcional, de bem-estar psicológico, do estado de

saúde, de redes de apoio social, satisfação e estado de ânimo. De uma forma

geral é possível concluir que de forma implícita ou explicita as medidas são

fundamentadas em procedimentos de mensuração. (BOWLING apud VIDO,

2006)

Os instrumentos hoje disponíveis são orientados por três vertentes

diferentes, sendo elas: o funcionalismo, que está relacionado a função social

ou morbidade individual que interferem na execução de atividades diárias; a

teoria do bem-estar, que se refere as reações do indivíduo frente a

experiências de vida e a capacidade de minimizar sofrimentos e aumentar a

satisfação pessoal, e também a base econômica, que prognostica a escolha

dos indivíduos ao confrontarem um determinado estado de saúde a outro.

(BOWLING apud VIDO, 2006)

Os instrumentos de medida da qualidade de vida consistem em questionários que medem sentimentos, auto avaliação ou condutas, por meio de interrogatório direto com o paciente (entrevista) ou questionário autoaplicável. (VIDO, 2006, p. 13)

Como os dois instrumentos fornecem informações diferentes, eles

podem ser aplicados conjuntamente. (VIDO, 2006)

1.2.4 Instrumentos Genéricos

Nos últimos 20 anos foram publicados diversos trabalhos com citações

de instrumentos genéricos, sendo que sua principal característica é a

capacidade de avaliar uma grande massa populacional. (VIDO, 2006)

40

Os instrumentos genéricos mensuram a qualidade de vida de uma forma global, relacionados ou não a saúde, abrangendo todos os aspectos relacionados aos impactos de uma patologia no indivíduo. Podem ser aplicados tanto em uma população geral quanto em pequenos grupos. (VIDO, 2006, p. 13)

Os instrumentos genéricos são utilizados na avaliação da qualidade de

vida da população em geral. Em relação ao campo de aplicação, usam-se

questionários de base populacional sem especificar enfermidades, sendo mais

apropriadas a estudos epidemiológicos, planejamento e avaliação do sistema

de saúde. (VIDO, 2006)

Eles são multidimensionais, o que permite a mensuração de vários

aspectos como a capacidade funcional, aspectos físicos, dor, vitalidade,

aspectos sociais, emocionais, estado geral de saúde e saúde mental. (AGUIAR

et al. apud MASSON; MONTEIRO; VEDOVATO, 2008)

1.2.5 Instrumentos Específicos

Os primeiros registros na literatura sobre qualidade de vida foram em

1970, a partir daí tem demonstrado crescimento considerável. (VIDO, 2006)

Segundo Dantas (2013), os instrumentos específicos avaliam de forma

individual e de maneira especifica determinados aspectos que envolvem a

qualidade de vida, porém, apresentam dificuldades de compreensão e para

validar características psicométricas.

Os instrumentos de qualidade de vida permitem explorar o efeito de uma doença sobre a vida do indivíduo, avaliando aspectos como as disfunções, desconfortos físicos e emocionais, contribuindo na decisão, planejamento e avaliação de determinados tipos de tratamentos. (LEAL apud MASSON; MONTEIRO; VEDOVATO, 2008)

De acordo com Masson; Monteiro; Vedovato (2008) os instrumentos de

avaliação da qualidade de vida podem ser divididos em genéricos e

específicos, de uma maneira geral os instrumentos específicos avaliam

diversos aspectos relacionados à “[...] percepção geral da qualidade de vida,

entretanto sua ênfase é sobre os sintomas, incapacidades ou limitações [...]”.

Como exemplos, existem: o Short Musculos keletal Functional Assessment (SMFA), desenvolvido para avaliar qualquer

41

desordem músculo esquelética da extremidade superior ou inferior, o Disability of the Arm, Shoulder and Hand Questionnaire (DASH) para avaliação do membro superior, Western Ontario Rotator Cuff Index, Western Ontario Shoulder Instability Research Group, para avaliar desordens do manguito rotador e nas instabilidades de ombro, o Stroke-specific of Quality of Life (SS-QOL), utilizado na avaliação da qualidade de vida de pacientes com acidente vascular cerebral e entre outros. (OLIVEIRA; ORSINI e CASTILLO et al., apud ALVES, 2012)

42

2 O EXPERIMENTO

2.1 Procedimentos metodológicos

Considerando a hipótese de que durante o período gestacional o

organismo da mulher apresenta diversas alterações e desconfortos

característicos da gestação, que interferem diretamente na qualidade de vida

da mulher grávida e tende a progredir cada vez mais com o aumento da idade

gestacional, foi realizado um estudo com um grupo de 47 gestantes que foram

divididas em três grupos, e que recebiam atendimento na Casa Santa Madre

Paulina - Lins SP, sendo aplicado o questionário SF- 36, após a aprovação do

Comitê de Ética e Pesquisa do Unisalesiano, Parecer no. 1.532.740, de 05 de

maio de 2016 (ANEXO A).

Após assinatura do termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(ANEXO B). Foi realizada uma pesquisa experimental de forma comparativa,

com objetivo de verificar se existem diferenças na qualidade de vida das

gestantes nos diferentes trimestres gestacionais e quais os domínios que estão

mais exacerbados e correlacionar com a idade gestacional.

2.2 Casuística e métodos

2.2.1 Casuísticas

Foi realizada a aplicação do questionário SF–36, para avaliar a

capacidade funcional, dor, aspectos sociais, saúde mental, estado geral de

saúde, aspectos físicos, aspectos emocionais e vitalidade, em 47 gestantes

que foram divididas em três grupos, de acordo com seu trimestre gestacional.

Sendo 8 no G1 - primeiro trimestre; 19 no G2 - segundo trimestre e 20 no G3 -

terceiro trimestre. Posteriormente foram calculados os domínios e comparado

os resultados entre os grupos.

Foram incluídas as gestantes que recebiam o acompanhamento na Casa

Santa Madre Paulina–Lins SP, e que aceitaram participar da pesquisa e assinar

o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, e que não apresentavam

gravidez de risco e/ou estivesse em repouso absoluto.

43

Foram excluídas as gestantes que apresentaram sintomas característicos

de riscos sendo indicadas à repouso absoluto, ou as que não concordaram em

preencher o questionário proposto e que não assinaram o termo de

consentimento livre e esclarecido

O convite foi realizado pelas pesquisadoras de forma oral, as gestantes

que recebiam acompanhamento na Casa Santa Madre Paulina -Lins/SP, que

foram informadas e orientadas sobre os objetivos da pesquisa de campo.

2.2.2 Métodos

2.2.2.1 Questionário SF- 36

O questionário SF- 36 é um instrumento genérico de fácil administração

e compreensão, que considera a percepção dos indivíduos quanto ao seu

próprio estado de saúde e contempla os aspectos mais representativos da

saúde. (OLIVEIRA apud CABRAL, 2011)

Composto por 36 itens que avaliam a capacidade funcional, dor,

aspectos sociais, saúde mental, estado geral de saúde, aspectos físicos,

aspectos emocionais e vitalidade.

Trata-se de uma tabela com diversas situações características do

cotidiano com uma escala de intensidade em cada item.

O resultado final da avaliação é obtido através do escore, que varia de 0

a 100, em que 0 é a pior pontuação, e 100 a melhor pontuação indicando

melhor estado de saúde.

2.3 Resultados

A análise dos dados foi realizada com os procedimentos estatísticos,

admitindo-se a média e desvio padrão, com análise descritiva através do

programa Excel.

44

Tabela 1: Valores expressos em média e desvio padrão, SF- 36

DOMÍNIOS 1º trimestre

(M ± DP)

2º trimestre

(M ± DP)

3º trimestre

(M ± DP)

Capacidade funcional 95 ± 0.0 60 ± 8.05 30 ± 0.0

Limitação por aspectos

físicos

50 ± 35.35 60.29 ± 37.60 43.75 ± 37.93

Dor 82.57 ± 18.77 62.23 ± 18.44 51.3 ± 16.95

Estado geral de saúde 56.14 ± 16.91 65.52 ± 16.10 62.85 ± 13.77

Vitalidade 67.85 ± 17.99 45.41 ± 26.37 50.25 ± 20.48

Aspectos sociais 90 ± 13.69 83.33 ± 19.65 75.56 ± 27.35

Limitação por aspectos

emocionais

100.00 ± 0.00 90 ± 40.45 66.47 ± 40.82

Saúde mental 74.85 ± 17.69 62.11 ± 20.85 69 ± 14.56

Fonte: Elaborada pelas autoras, 2016.

Observa-se através dos valores apresentados que de uma maneira geral

a qualidade de vida das gestantes apresenta valores inversamente

proporcionais à evolução da gestação, ou seja, quanto mais adiantado o

trimestre, menos qualidade de vida a gestante pode vir a apresentar.

2.4 Discussão

Carvalho et al. (2015) realizaram um estudo sobre a lombalgia na

gestação, em que foram entrevistadas 97 gestantes de baixo risco, com o

objetivo de verificar a queixa de lombalgia entre essas gestantes, chegando a

conclusão de que a lombalgia é uma queixa comum em gestantes,

apresentando características específicas e que é mais frequente no segundo

trimestre. No entanto, o presente estudo verificou-se um resultado diferente,

onde o domínio de dor foi pontuado com maior intensidade no terceiro

trimestre.

Segundo Terra; Lopes e Caetano (2015) que realizaram uma revisão de

literatura sobre os benefícios da reeducação postural global na lombalgia

gestacional, a reeducação postural global pode diminuir as limitações

funcionais e auxiliar no tratamento da dor lombar durante a gestação, este

estudo vem corroborar com este trabalho e mostrar que a dor é um aspecto

45

limitante que interfere na qualidade de vida da gestante.

Para Saraiva; Santos (2015) que realizaram um estudo transversal com

45 gestantes do 1º ao 3º trimestre gestacional, em que foram aplicados os

questionários de Oswestry, que tem por finalidade avaliar a dor lombar e

quantificar a incapacidade funcional e o questionário Roland-Morris Brasil que é

específico para medir a capacidade funcional em pacientes com lombalgia

classificando-os como ‘capaz ou incapaz’, por terem maior prevalência de dor,

as gestantes do terceiro trimestre são as que mais sofrem com as mudanças

ocorridas durante este período, tendo também características álgicas mais

limitantes em relação aos outros trimestres, confirmando o presente estudo.

Já o estudo de Vido (2006) sobre qualidade de vida na gravidez teve

como objetivo identificar o índice de qualidade de vida para gestantes entre os

trimestres, utilizando uma adaptação do instrumento Ferrans & Pawers,

analisando de forma geral que no índice de qualidade de vida, houve diferença

estatística entre as gestantes do 1º trimestre com relação as do 2º trimestre. As

gestantes do 1º trimestre apresentaram maiores índices de qualidade de vida,

porém, não houve diferença significativa na comparação das gestantes do 2º

trimestre com as do 3º trimestre assim como as do 1º e 3º trimestre, enquanto

o presente estudo apresenta uma queda significativa com o transcorrer dos

trimestres, em relação à qualidade de vida, o que leva a interferência direta em

sua capacidade funcional.

Um estudo feito por Falcone et al (2005) sobre a atuação

multiprofissional e saúde mental de gestantes, em que aplicou os instrumentos

Self Reporting Questionnairee Beck Depression Inventory em 103 gestantes,

com o objetivo de identificar os transtornos afetivos não psicóticos em

gestantes, intervir com grupos psicoprofiláticos e avaliar as possíveis

alterações após intervenção, demonstrou que 43,7 % das gestantes

apresentavam transtornos afetivos antes da intervenção e 20,4 apresentavam

depressão, confirmando o presente estudo em relação as limitações

relacionadas ao aspecto emocional que podem ocorrer durante o período

gestacional.

Baptista; Baptista; Torres (2006) realizaram um estudo com 44 gestantes

aplicando-lhes um questionário de identificação, a Escala de Depressão Pós-

parto de Edinburgh (EPDS), o IDATE e uma Escala de Percepção de Suporte

46

Social (EPSS) com o objetivo de correlacionar a presença de sintomatologia

depressiva e ansiosa com o suporte social em gestantes durante o pré-natal

que demonstrou que houve correlação positiva entre a escala de depressão,

estado e traço de ansiedade, além de correlação negativa entre as escalas de

depressão e suporte social, traço de ansiedade e estado com suporte social o

que pode-se relacionar a acentuação dos aspectos emocionais.

Pereira; Bachion (2005) realizaram uma pesquisa descritiva com onze

gestantes de baixo-risco que foram divididas em grupos conforme o período

gestacional, aplicando-lhes um questionário com o objetivo de analisar o perfil

de diagnósticos de enfermagem identificados, em que ficou comprovado que

no primeiro trimestre uma das alterações sofridas no organismo da mulher são

as ocorrências de náuseas e nutrição deficiente, que pode-se relacionar o

baixo escore no estado geral de saúde no primeiro trimestre.

Silva (2008) teve como objetivo principal realizar um protocolo de

tratamento das náuseas e vômitos em gestantes, durante o primeiro trimestre

da gravidez, recorrendo ao uso de acupressão/massagem, num ponto

específico da acupuntura e que se mostrou eficiente no alívio destes sintomas.

Descreve ainda que as náuseas e os vômitos são um dos grandes incômodos

influenciando na diminuição do bem-estar e qualidade de vida da mulher

grávida. Reafirmando os resultados do presente estudo.

2.5 Conclusão

Diante dos resultados obtidos pode-se observar que com o decorrer

da gestação as alterações sofridas pelo organismo da mulher e os

desconfortos como as náuseas e os vômitos comuns no primeiro trimestre,

interferem no aspecto que avalia o estado geral de saúde, assim como a dor

lombar e fadiga característicos do terceiro trimestre interferem na capacidade

funcional e causam limitação por aspectos físicos interferindo diretamente em

sua qualidade de vida.

A fisioterapia através de seus recursos físicos e naturais poderá ser

de grande importância para a melhora da qualidade de vida das gestantes,

proporcionando um alivio nos desconfortos apresentados.

Além de proporcionar qualidade de vida durante a gestação, o

47

trabalho da fisioterapia é para prepará-la para o momento do parto e para o

puerpério.

Como forma de ampliar o conhecimento da fisioterapia na área da

obstetrícia propõe-se novos estudos, que avaliem outros aspectos

apresentados pelas gestantes, beneficiando assim a sua qualidade de vida.

48

REFERÊNCIAS

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52

APÊNDICE

53

APÊNDICE A – Tabela de Resultados

Tabela 1: Valores expressos em média e desvio padrão, SF- 36

DOMÍNIOS 1º trimestre

(M ± DP)

2º trimestre

(M ± DP)

3º trimestre

(M ± DP)

Capacidade funcional 95 ± 0.0 60 ± 8.05 30 ± 0.0

Limitação por aspectos

físicos

50 ± 35.35 60.29 ± 37.60 43.75 ± 37.93

Dor 82.57 ± 18.77 62.23 ± 18.44 51.3 ± 16.95

Estado geral de saúde 56.14 ± 16.91 65.52 ± 16.10 62.85 ± 13.77

Vitalidade 67.85 ± 17.99 45.41 ± 26.37 50.25 ± 20.48

Aspectos sociais 90 ± 13.69 83.33 ± 19.65 75.56 ± 27.35

Limitação por aspectos

emocionais

100.00 ± 0.00 90 ± 40.45 66.47 ± 40.82

Saúde mental 74.85 ± 17.69 62.11 ± 20.85 69 ± 14.56

54

ANEXOS

55

ANEXO A – Parecer Consubstanciado do CEP

56

57

58

ANEXO B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

(T.C.L.E)

Eu .........................................................................................................................

,portador do RG n°. ............................................................, atualmente com ............. anos,

residindo na ...................................................................................................................................

,após leitura da CARTA DE INFORMAÇÃO AO PARTICIPANTE DA PESQUISA,

devidamente explicada pela equipe de pesquisadores Amanda de Andrade Macedo, Juliana da

Silva Santos e Samara Bertoni, apresento meu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

em participar da pesquisa proposta, e concordo com os procedimentos a serem realizados para

alcançar os objetivos da pesquisa.

Concordo também com o uso científico e didático dos dados, preservando a minha

identidade.

Fui informado sobre e tenho acesso a Resolução 466/2012 e, estou ciente de que todo

trabalho realizado torna-se informação confidencial guardada por força do sigilo profissional e

que a qualquer momento, posso solicitar a minha exclusão da pesquisa.

Ciente do conteúdo, assino o presente termo.

Lins, ............. de ............... de 20.....

.............................................................

Assinatura do Participante da Pesquisa

.............................................................

Ana Claudia de Souza Costa

Endereço: Avenida Emesto Monte, Nº: 06

Telefone:(14)3541-1802

59

ANEXO C – Questionário de Qualidade de Vida SF-36

60

61

62

63

64

65

Em caso de dúvidas com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você poderá consultar:

Pesquisador (a) Responsável: Ana Cláudia da Souza Costa

Endereço: Av. Ernesto Monte, 06

Promissão/SP - CEP: 16370-000

Fone: (14) 3541 1802 / E-mail: [email protected] Pesquisadora Assistente: Amanda de Andrade Macedo

Endereço: Rua FelicioTakase, 269

Guaiçara/SP - CEP: 16430-000

Fone: (14) 981842211/ E-mail: [email protected]

Pesquisadora Assistente: Juliana da Silva Santos

Endereço: Rua Nelson Costa, 167

Guaiçara/SP - CEP: 16430-000

Fone: (14) 997692294 / E-mail: [email protected] Pesquisadora Assistente: Samara Bertoni

Endereço: Rua João Bertoli, 898

Guarantã/SP - CEP: 16570-000

Fone: (14) 997915948 / E-mail: [email protected]