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JULIANA ANTONIOLLI DUARTE ESTUDO COMPARATIVO ENTRE DUAS TÉCNICAS DE IRRIGAÇÃO NASAL NO TRATAMENTO DE PACIENTES COM RINITE ALÉRGICA Trabalho apresentado à Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito para a conclusão do Curso de Graduação em Medicina. Florianópolis Universidade Federal de Santa Catarina 2006

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JULIANA ANTONIOLLI DUARTE

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE DUAS TÉCNICAS DE

IRRIGAÇÃO NASAL NO TRATAMENTO DE PACIENTES

COM RINITE ALÉRGICA

Trabalho apresentado à Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito para a conclusão do Curso de Graduação em Medicina.

FlorianópolisUniversidade Federal de Santa Catarina

2006

Page 2: ESTUDO COMPARATIVO ENTRE DUAS TÉCNICAS DE … · O tratamento engloba controle ambiental e medicamentos. Entre ... como aguda quando os sintomas permaneciam por menos de três semanas,

JULIANA ANTONIOLLI DUARTE

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE DUAS TÉCNICAS DE

IRRIGAÇÃO NASAL NO TRATAMENTO DE PACIENTES

COM RINITE ALÉRGICA

Trabalho apresentado à Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito para a conclusão do Curso de Graduação em Medicina.

Presidente do Colegiado: Prof. Dr. Maurício José Lopes PereimaOrientador: Prof. Dr. Cláudio Márcio Yudi IkinoCo-orientador: Prof. Dr. Waldir Carreirão Filho

FlorianópolisUniversidade Federal de Santa Catarina

2006

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AGRADECIMENTOS

A Deus, meu guia...

A Meus Pais, pelo apoio incondicional, pelo terreno forte no qual construo minha vida.

A Meus Mestres, com carinho, agradeço e dedico este trabalho:

Dr. Cláudio Márcio Yudi Ikino, meu paciente e incansável orientador de todas as horas, exemplo ímpar de ética e profissionalismo, agradeço por ter consolidado a paixão pela carreira que vou seguir.

Dr. Newton Macuco Capella, pelo exemplo, por todos os conselhos e oportunidades.

Dr. Waldir Carreirão Filho, pelos ensinamentos em otorrinolaringologia.

Dr. Gilberto Vaz Teixeira, pelo exemplo profissonal, paciência, dedicação, primeiros ensinamentos cirúrgicos e pela primeira sugestão da otorrino.

Dr. Fernando Gubert, pelos ensinamentos cirúrgicos, pelo exemplo de bom humor...

Dr. José Antônio de Souza, pelo exemplo de dedicação, de doação, e dignidade pessoal.

Dr. Jamil Assreuy, pela oportunidade da iniciação científica, por todo apoio.

Á alguém especial...Jaime Arthur Pirola Krüger pelos dois anos e meio de aprendizado e felicidade.

A colega...Marcy Terezinha Gaidiski, companheira das terças de manhã, pela paciência e colaboração direta.

Aos Pacientes...Instrumento e motivo de meu trabalho: “se não puder curá-los que ao menos possa confortá-los...”

Aos Amigos...Daniela Paula Russi,Gabriela Bastos da Cunha, Gisele Meinerz, Juliana Maciel de Souza, Karine Perin Fernandes, Marina Amaral Costa, Niceli Macarini Olivo, Patrícia Costa Câmara e Ricardo Luis Vanz, pela cumplicidade em todos os melhores e piores momentos nestes quase 6 anos.

“O valor das coisas não está no tempo em que elas duram,mas sim na intensidade que elas acontecem, por isso, existem coisas inexplicáveis, momentos incomparáveis

e pessoas inesquecíveis.” (FernandoPessoa)

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RESUMO

Introdução: A rinite alérgica acomete 30 a 40% da população, interferindo em sua qualidade

de vida. O tratamento engloba controle ambiental e medicamentos. Entre as medicações tem-

se preconizado o uso dos corticosteróides intranasais. Além destes, estudos tem mostrado a

importância e os efeitos benéficos do uso regular de irrigação nasal com solução salina na

terapêutica da rinite alérgica. Não há na literatura consenso sobre a técnica mais adequada

para a irrigação com a solução salina.

Objetivo: Comparar o efeito da irrigação com solução salina isotônica nas fossas nasais

através de jato com seringa ou com spray na evolução de sinais e sintomas de pacientes com

rinite alérgica em uso de triancinolona tópica nasal.

Método: Avaliou-se 28 pacientes submetidos ao tratamento com triancinolona e soro

fisiológico por 28 dias, divididos em dois grupos. O grupo 1 utilizou a solução salina através

de seringa de 3 ml e o grupo 2 através de spray dosimetrado. Uma escala de escores foi

empregada para avaliação dos sinais e sintomas pré e pós tratamento adaptada de Meltzer.

Resultados: A média dos escores pré-tratamento observados para o grupo 1 foi de 11,

enquanto que para o grupo 2 foi de 10,29 (p> 0,05; t = 0,51), não se observando diferença

estatisticamente significativa. Observamos uma melhora nos escores pós-tratamento com

relação ao pré-tratamento em ambos os grupos. Após o tratamento a média para o grupo 1 foi

de 4,57 e a do grupo 2 de 4,86 (p>0,05; t = - 0,17) também não havendo diferença

estatisticamente significativa.

Conclusão: Concluímos não haver diferença estatisticamente significativa entre o uso de

solução salina isotônica através de spray ou seringa na melhora de sinais e sintomas de

pacientes portadores de rinite alérgica.

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ABSTRACT

Introduction: Allergic rhinitis affects 30 to 40% of the population, interfering with its quality

of life. Treatment envolves enviroment control and medication. Among the last group, the use

of intra-nasal corticosteroids has been indicated. Moreover, studies have shown the

importance and the benefits of the regular use of nasal irrigation with saline solution on the

therapeutic of allergic rhinitis. There is no consensus in the literature on wich is the most

adequate techniche for irrigation with saline solution.

Objective: Compare the effect of the irrigation with isotonic saline solution of the nasal fossa

using a syringe stream versus spray irrigation on the evolution of signs and symptoms of

patients with allergic rhinitis using topic nasal triancinolone.

Method: 28 patients that underwent treatment with saline solution and triancinolone for 28

days where evaluated, divided in two groups. Group 1 used saline solution applied by a 3 ml

syringe and group 2 by a dosimetric spray. An Meltzer modified scale was used to evaluate

the pre and post-treatment signs and symptoms.

Results: Pre-treatment mean score for Group 1 was 11, and for Group 2 was 10.29 (p>0,05;

t=0,51), there was no statatiscally significant difference between the groups. It was observed

an improvement on the post treatment scores in both groups. After treatment, mean for Group

1 was 4,57 and for Group 2 was 4,86 (p>0,05, t=-0,17), without statatiscally significant

difference between the groups.

Conclusion: There is no statiscally significant difference between the use of isotonic saline

solution applied by syringe or spray on the improvement of signs and symptoms of patients

having allergic rhinitis.

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SUMÁRIO

FALSA FOLHA DE ROSTO............................................................................................i

FOLHA DE ROSTO.........................................................................................................ii

AGRADECIMENTOS.....................................................................................................iii

RESUMO...iv

ABSTRACT........................................................................................................................v

SUMÁRIO........................................................................................................................vi

1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................1

2 REVISÃO DE LITERATURA............................................................................4

2.1 Conceito.................................................................................................................4

2.2 Epidemiologia e Etiopatogenia............................................................................4

2.3 Diagnóstico............................................................................................................5

2.4 Tratamento............................................................................................................6

2.5 Tratamento Adjuvante com solução salina........................................................7

2.5.1 Aplicações da solução salina................................................................................8

2.5.2 Mecanismos de ação da solução salina...............................................................9

2.5.3 Técnicas de administração.................................................................................10

2.5.4 Uso da solução salina na rinite alérgica............................................................11

3 OBJETIVO..........................................................................................................13

4 MÉTODO............................................................................................................14

4.1 Casuística............................................................................................................14

4.2 Método................................................................................................................14

5 RESULTADOS..................................................................................................17

6 DISCUSSÃO......................................................................................................21

7 CONCLUSÃO...................................................................................................25

REFERÊNCIAS ............................................................................................................26

NORMAS ADOTADAS.................................................................................................31

ANEXOS.........................................................................................................................32

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1 INTRODUÇÃO

A rinite é definida como uma inflamação da mucosa de revestimento nasal,

caracterizada pela presença de um ou mais dos seguintes sintomas: congestão nasal, rinorréia,

espirros e prurido. 1-6

A classificação quanto à permanência dos sintomas antigamente considerava a rinite

como aguda quando os sintomas permaneciam por menos de três semanas, subaguda até três

meses e crônica acima de três meses.2 Após o ARIA (Allergic rhinitis and its impact on

asthma) Worshop4 classifica-se a rinite como intermitente ou como persistente; e quanto a

severidade em leve e moderada-grave. 4

A prevalência da rinite alérgica varia de acordo com o país ou região estudada.

Estatísticas mundiais referem 30 a 40% de crianças e adolescentes acometidos e por volta de

40% dos adultos.1,2,4 No Brasil acomete 33% dos escolares e 34% dos adolescentes. Esta

prevalência é crescente nos últimos tempos principalmente em áreas urbanas e devido a

mudanças no estilo de vida, com maior permanência em ambientes fechados, em aglomerados

humanos, havendo a contribuição dos fatores infecciosos e sócio-econômicos.2

Embora, a rinite alérgica não apresente risco de vida e não seja referida muitas vezes

como comorbidade, freqüentemente leva a uma redução da qualidade de vida, responsável por

abstinência no trabalho e escola.1-4

Além disto, a rinite alérgica correlaciona-se a outras doenças; estima-se que 60 a 80%

dos asmáticos7 e 30% dos pacientes com eczema apresentam rinite8; além de predispor a

SAHOS (síndrome da apnéia e hipopnéia obstrutiva do sono)6 e, sobretudo em crianças,

predispõe a freqüentes infecções de vias aéreas superiores, otites, perda de concentração e

sonolência diurnos.5,6

A maioria dos alérgenos são proteínas pequenas e solúveis que estão presentes em

partículas ressecadas de material derivado de plantas e de animais. Exemplos são os grãos de

pólen, pêlos de gato e saliva, restos de insetos como baratas e as fezes do ácaro do pó

doméstico Dermatophagoides pteronyssinus, principal alérgeno, responsável por mais de 20%

das alergias na América do Norte.2,5,8

O quadro clínico se caracteriza por congestão nasal, rinorréia hialina, prurido e

gotejamento pela faringe posterior. Isto devido aos efeitos dos mediadores vasoativos, aos

estímulos neurais e à hipersecreção das glândulas nasais.2 Apresentam ao exame físico,

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mucosa nasal pálida ou azulada e os cornetos podem ser hipertrofiados. Ainda são comuns

prega nasal transversa, palato alto e abobadado devido a respiração bucal, mal-oclusão

dentária, “olheira alérgica” e a presença de linhas de Dennie-Morgan.5

O diagnóstico da rinite alérgica é clínico, e pode ser confirmado através de testes

laboratoriais.1-6,9 O que define a etiologia da doença alérgica é a demonstração de

sensibilização específica que pode ser obtida por testes in vivo ou in vitro. 1-6,10

O tratamento da rinite alérgica inicia-se pelo controle ambiental e quando necessário

inicia-se a farmacoterapia. 1-6,9

A farmacoterapia inespecífica inclui anti-histamínicos sistêmicos e mais recentes os

tópicos, simpaticomiméticos tópicos ou sistêmicos, cromoglicato de sódio, corticoesteróides

tópicos ou sistêmicos, e solução salina nasal objetivando alívio dos sintomas. A terapêutica

específica é a imunoterapia que reduz os níveis séricos de IgE, aumenta os anticorpos IgG,

diminui a sensibilidade das células liberadoras de histamina e diminui a responsividade dos

linfócitos. 1-6

O tratamento deve ser individualizado levando-se em consideração a segurança,

eficácia, preferência do paciente, custo e comorbidades.3,6

Estudos clínicos têm demonstrado a importância e os efeitos benéficos do uso regular

de irrigação nasal com solução salina na terapêutica da rinite alérgica. 1-6 , 11-28

Há relatos de utilização de solução salina nasal desde o século XIX,15,29 sendo

indicado seu uso na rinossinusite aguda e crônica, na rinite alérgica e não-alérgica, em

sintomas nasais inespecíficos (incluindo gota pós-nasal), perfuração de septo, cuidados pós-

operatórios,12,15,16,19-27,29,30 pós-radioterapia da cavidade nasal e para pacientes portadores de

fibrose cística e HIV com acometimento nasossinusal. 9,31

O mecanismo de ação da solução salina é controverso. As hipóteses mais sustentadas

sugerem limpeza mecânica da via aérea de descarga pós-nasal, melhora da função

mucociliar,12,14,15,17,19,21,22,26 diminuição de edema da mucosa, diminuição de mediadores

inflamatórios (histamina, prostaglandina D2, leucotrieno C4) da secreção nasal33 e no pós-

operatório, redução das crostas e do risco de sinéquias 20,21. Acredita-se também que melhora

a distribuição e a absorção das drogas tópicas sobre a mucosa nasal,5,14 diminui o uso de

outras medicações, podendo reduzir o número de consultas ao médico14.

Vários estudos sugerem que a solução salina hipertônica é superior a irrigação com

solução isotônica,9,13,15,17,18,21,35 devido melhora mais significativa do clearence mucociliar28

quando comparada a isotônica, contudo, há relatos de seu efeito irritante sobre a mucosa nasal

com alteração do epitélio.22

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Em crianças, Garavello et al (2003) relata o uso seguro da solução salina hipertônica e

associa significativamente a menor necessidade de uso de anti-histamínicos e melhora nos

escores de sintomas na rinite alérgica.13

Pode ser instilada apenas com ação da gravidade, sobre pressão positiva, pressão

negativa ou nebulizadores.19,27,33 Olson et al (2002) analisou estas 3 técnicas encontrando que

a pressão positiva e a pressão negativa são mais eficazes que os nebulizadores na distribuição

da solução nos seios paranasais.20 Wormald et al (2004) também analisou a distribuição da

solução salina isotônica nos seios paranasais através das 3 técnicas, por spray , por

nebulização e ducha nasal com seringa. Encontrou resultados semelhantes, embora a ducha

tenha sido mais efetiva, o autor levanta a dificuldade de pacientes mais idosos em se adaptar a

este método.24

Não há nenhum modelo de recomendação uniforme para o uso da irrigação nasal, são

utilizados diferentes recipientes, diferentes tonicidades, inclusão de aditivos, mudanças no ph

e numerosos aparelhos e métodos de se instilar, entre outros.16,19,21,32 Este último parâmetro

motivou este estudo, pois na literatura há estudos que avaliam o uso isoladamente de cada

método de irrigação e outros que comparam os métodos através de exames complementares,

não existindo estudo comparativo que leve em consideração somente o quadro clínico do

paciente e sua eficácia como adjuvante no tratamento medicamentoso da rinite alérgica.

Desta maneira, com o objetivo de conhecer qual o resultado mais efetivo entre as

técnicas de aplicação da solução salina isotônica em pacientes com rinite alérgica perene,

desenvolveu-se esta pesquisa.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Conceito de Rinite Alérgica

A rinite alérgica (RA), conhecida na Europa como febre do feno,1 é definida como

uma inflamação da mucosa de revestimento nasal, desencadeada por reação de

hipersensibilidade do tipo I, caracterizada pela presença de um ou mais dos seguintes

sintomas: congestão nasal, rinorréia, espirros e prurido, ocorrendo com relação temporal e

causal à exposição a aerolérgenos.1-6,13

2.2 Epidemiologia e Etiopatogenia

As queixas nasossinusais afetam em torno de 15% da população dos EUA, sendo a

rinite alérgica a quinta condição médica crônica mais prevalente.21

A prevalência da RA varia de acordo com o país ou região estudada. Estatísticas

mundiais referem 30 a 40% de crianças e adolescentes acometidos e por volta de 40% dos

adultos.1,2,4 No Brasil acomete 33% dos escolares e 34% dos adolescentes.2 Na Europa o pico

de prevalência é em torno dos 10 a 19 anos e nos EUA em torno dos 24 anos. Nota-se um

predomínio em áreas urbanas, correspondendo a 75% dos pacientes.38

A rinite alérgica manifesta-se por herança autossômica dominante com penetrância

incompleta. A história familiar positiva é muito sugestiva, mas uma história negativa não

descarta a RA devido ao caráter poligênico da herança.5

A RA é mediada pela reação de hipersensibilidade tipo I de Gell e Coombs,

considerada imediata, e mais freqüentemente nos casos crônicos a do tipo IV, considerada

tardia. As partículas alergênicas ressecadas e leves são veiculadas pelo ar e inaladas pelos

seres humanos quando respiram. Uma vez inaladas, as partículas são aprisionadas pelo muco

que reveste os epitélios das vias aéreas e dos pulmões. Elas então se reidratam, liberando as

proteínas antigênicas. Esses antígenos são transportados às células apresentadoras de

antígenos na mucosa. Os antígenos são processados e apresentados por elas para as células

TCD4, estimulando uma resposta T helper tipo 2 (TH2) que conduz à produção de IgE e sua

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ligação aos mastócitos. Estes degranulam liberando principalmente histamina que age em

receptores H1 nas células de músculo liso e nas células endoteliais dos vasos sangüíneos,

induzindo permeabilidade dos vasos e entrada de outras células inflamatórias na mucosa,

como basófilos e eosinófilos. Como resultado final tem-se constrição da via aérea, edema e

indução de secreção de muco. 1-6

2.3 Diagnóstico

Os testes cutâneos de hipersensibilidade imediata a aeroalérgenos por meio de

punctura (prick test) são os mais utilizados no diagnóstico da alergia respiratória em geral. O

teste avalia, in vivo, simultaneamente a presença de IgE específica ligada ao mastócito, a

reatividade da célula exposta ao alérgeno e a resposta de órgãos-alvo locais à liberação de

mediadores. É executado com antígenos padronizados, escolhido de acordo com a região do

país. É realizada punctura na região anterior do antebraço; considera-se positivo quando

ocorre formação de pápula maior que 3mm na presença de controle positivo com histamina.

Os aeroalérgenos mais freqüentemente utilizados são: ácaros de poeira domiciliar (D.

pteronisinus, B. tropicalis), baratas, fungos, epitélio de cão e gato e na região sul do país

pólens e árvores.1-6

O método para determinação de IgE específica in vitro mais utilizado é o ensaio

radioimunoenzimático (RAST). Quando utilizados alérgenos padronizados revela

sensibilidade e especificidade semelhantes aos testes cutâneos, mas por serem mais

dispendiosos, necessitarem de punção venosa e laboratório especializado são reservados para

quando há dificuldades na realização dos testes cutâneos como naqueles portadores de

enfermidades cutâneas, dermografismo e aqueles em uso contínuo de medicação.1,2

Ricci et al (2003) ao comparar os dois tipos de teste relata que ambos são igualmente

sensíveis.8 Todavia, sabe-se que o teste in vitro além de mais caro, complexo e sem ganho em

sensibilidade, tem dificuldade em se quantificar qual seria o valor de IgE específica para se

considerar um indivíduo apenas sensibilizado ou já com doença alérgica, principalmente nos

assintomáticos.7,8

Estes testes são úteis principalmente para afastar aqueles casos sintomáticos de rinite

por irritantes primários como fumaça de cigarro, mudanças na temperatura e não por resposta

alérgica devida à interação com anticorpos IgE e células liberadoras de histamina.1-3 Outros

diagnósticos diferenciais para a RA seriam os pólipos nasais, os fatores mecânicos como

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desvio de septo, a hipertrofia dos cornetos e de adenóide, variantes do complexo ostiomeatal,

corpos estranhos, tumores benignos e malignos, doenças granulomatosas e rinoliquorréia.2,4

2.4 Tratamento

O controle e a higiene ambiental devem ser orientados ao paciente com o intuito de

minimizar sua exposição aos alérgenos da poeira doméstica, de fungos, de pêlo de animais,

insetos, pólen e poluentes.1-6

Quanto a farmacoterapia inespecífica têm-se os anti-histamínicos que agem na fase

imediata da reação alérgica sendo preferível os de segunda geração por serem pouco sedantes

e apresentarem menos efeitos colaterais, podendo ser utilizados profilaticamente sendo

preferível para gestantes e crianças;1,2 tem-se também o cromoglicato de sódio (estabilizador

da membrana dos mastócitos), indicado como profilático para casos leves a moderados, e

indicado nos casos de reatividade brônquica; o Brometo de Ipatrópio que age em fase tardia,

indicado para controle de rinorréia1,2 e os corticosteróides tópicos e sistêmicos.

A RA pode ser efetivamente tratada com corticosteróides tópicos, sendo hoje a

medicação mais potente em uso para rinite alérgica e não-alérgica.1-6,9,35 Como profiláticos

podem prevenir o aumento da reatividade brônquica e os sintomas asmáticos. O uso

prolongado inibe tanto as fases de hipersensibilidade imediata quanto a tardia. Agem através

do controle da velocidade da síntese de proteínas pró e anti-inflamatórias.1,2 Os esteróides

nasais podem causar edema mucoso, eritema leve, ardência, ressecamento e epistaxe. Quanto

aos efeitos sistêmicos sabe-se que não possuem relevância clínica e não demonstraram risco

de supressão do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal.1,2,5

Storms (2004) relata a importância de se melhorar os sintomas noturnos dos pacientes,

pois estes seriam responsáveis pela sonolência e fadiga diurnos. Afirma que os

corticoesteróides intranasais administrados pela manhã tem maior eficácia nos sintomas

noturnos dos pacientes.36

Meltzer (1998) avaliou o uso do corticoesteróide tópico budesonida em 3 diferentes

concentrações sobre os sinais e sintomas de pacientes com rinite alérgica em estudo

randomizado, multicêntrico, duplo-cego e com grupo controle. Encontrou melhora

estatisticamente significativa na obstrução nasal, rinorréia e espirros nos 3 grupos em relação

ao controle, sem relação dose-resposta. Concluiu que o corticoesteróide intranasal é o mais

efetivo e bem tolerado tratamento para a rinite alérgica perene, principalmente por causar

menores efeitos colaterais que os anti-histamínicos, viabilizando o tratamento a longo prazo.35

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2.5 Tratamento adjuvante com solução salina

Holmstrong et al (1997) cita um trecho de um editorial de 1895 do BMJ (British

Medical Journal): “...um dos órgãos mais sujos no corpo e deveria ser lavado diariamente

com solução salina.”29

O uso da irrigação nasal é correntemente recomendada como uma modalidade de

tratamento adjuvante em muitas doenças nasosinusais como a rinossinusite e a rinite

alérgica.12,15,16,19-27,29,30 Trata-se não apenas de adjuvante sendo considerada um importante

componente do tratamento segundo a American Academy of Otolaryngol-Head Neck Surgery

e American Academy of Allergy, Asthma and Immunology.21

A solução salina é bem tolerada, de baixo custo, efetiva e não há dúvidas quanto a

seus benefícios, mas sim sobre a forma mais adequada de prescrevê-la.9,11,13,16,19,-23,40,39

Nenhum modelo de recomendação uniforme existe para o uso da irrigação nasal. De

fato, várias soluções de irrigação nasal estão disponíveis: diferentes recipientes, soluções

manufaturadas e caseiras, variação da tonicidade, inclusão de aditivos, mudanças no ph e

numerosos aparelhos.16,21

Durante o século XIX, a doença nasal e dos seios paranasais eram de grande

importância, uma das mais comuns complicações da sífilis e da tuberculose era a perda da

estrutura nasal. Nos estágios precoces de infecção a lavagem nasal era considerada tratamento

de escolha, pois ainda não havia antibióticos e a solução além de baixo custo podia ser

administrada pelos pacientes em suas próprias casa.24,40

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Figura 1 - Ducha nasal do Dr. Thidicum.40

A figura 1, de 1870, demonstrava a prática caseira da irrigação nasal, realizada pelo

Dr. Johann L.W. Thidicum (1829-1901) - um bioquímico pioneiro na utilização da lavagem

nasal. Em 1926, o rinologista Dr. Arthur W. Proetz (1888-1966) escreveu um clássico

trabalho sobre a irrigação nasal e dos seios paranasais. Seus estudos, ainda no século XIX, já

descreviam a fisiologia nasal e mostravam a importância da ação dos cílios da mucosa nasal

para se ter uma boa saúde e que muito das terapias tradicionais, particularmente o uso do

composto nitrato de prata cáustico “argerol” inibia o movimento dos cílios e prejudicava a

função mucociliar, enquanto que o uso da solução salina instilada com seringa melhorava a

função ciliar.40

Anteriormente há relatos de seu uso na Índia em rotinas de purificação na Yoga.24 No

século XX esta prática ganhou popularidade, contudo ainda nos dias de hoje há poucos

ensaios clínicos controlados sobre o assunto.

2.5.1 Aplicações da solução salina

A solução salina nasal tem seu uso indicado na rinossinusite aguda e crônica, na rinite

alérgica e não-alérgica, em sintomas nasais inespecíficos (incluindo gota pós-nasal),

perfuração de septo, cuidados pós-operatórios12,15,16,19-27,29,30 e naqueles com doença

nasosinusal por fibrose cística, HIV e para pacientes que sofreram radioterapia da cavidade

nasal.9,31 Há estudos que relacionam o uso da solução salina a diminuição na prescrição de

outras medicações5,14 e a diminuição no número de consultas médicas.14

Seu uso em pós-operatório, principalmente após cirurgias endoscópicas dos seios

paranasais, é bastante difundido, devido remoção de crostas hemáticas e por evitar

aderências.12,15,16

Schwartz (1997) avalia a importância da solução salina nos quadros de rinossinusite

em crianças, principalmente quando recorrentes. Afirma que a solução salina auxilia na

tranqüilização dos pais devido diminuir a rinorréia na fase inicial, podendo retardar e diminuir

o uso de antibióticos, refere boa aceitação, e poucos efeitos colaterais; obteve apenas 8 casos

de otalgia, que relaciona a má aplicação da solução salina pelos pais que não observaram o

correto posicionamento da cabeça.14

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Holmström et al (1997) analisa o uso da solução salina isotônica através de pressão

positiva em trabalhadores de indústrias moveleiras. Relata que os trabalhadores que se expõe

a formaldeído e solventes, além do pó da madeira sofrem de rinite por irritantes e se

beneficiam do uso da solução salina, com melhora nos sintomas, melhora no pico de fluxo

expiratório e melhora do clearence mucociliar.29

Rabone e Saraswati (1999) semelhante a Holmström et al (1997)observaram a mesma

melhora nos sintomas em trabalhadores expostos ao pó da madeira em acompanhamento

realizado em período de 1 ano.39

Além desta finalidade terapêutica há estudos que comprovam sua utilidade como

método diagnóstico de condições nasosinusais, através da avaliação do lavado com solução

salina da cavidade nasal obtêm-se os principais agentes contaminantes ambientais e

infecciosos da cavidade nasal, sendo considerado método não-invasivo, seguro e

reprodutível.41

2.5.2 Mecanismos de ação da solução salina

O exato mecanismo de ação é controverso, as hipóteses mais sustentadas são: melhora

da função mucociliar,15,17,19,21,29,32,37 diminuição de edema da mucosa, diminuição de

mediadores inflamatórios e limpeza mecânica.16,20,21

Promove a drenagem nasal, limpa a via aérea de descarga pós-nasal e reduz os

mediadores inflamatórios (histamina, prostaglandina D2, leucotrienosC4) da secreção nasal.33

Em pós-operatório reduz as crostas e o risco de adesão, evitando infecção secundária e

ajudando na cicatrização.19,33 Além disto melhora a distribuição das drogas tópicas sobre a

mucosa nasal.5,32

Há várias teorias para explicar a melhora do clearence mucociliar, primeiramente fala-

se em maior liberação de muco devido aumento da secreção de muco já pronto e previamente

armazenado nas glândulas mucosas e não ao aumento na produção através de transcrição

genética.41 Talbot (1997)15 e Holmström (1997)29 em seus estudos sugerem que a melhora do

clearence tem como principal fator as alterações reológicas do muco. O transporte mucociliar

depende não somente de uma atividade coordenada dos cílios mas também das propriedades

reológicas do muco. Sabe-se que o muco funciona como um fluido não-Newtoniano, com

propriedades viscoelásticas heterogêneas. Após a exposição aos alérgenos, os valores de

elasticidade e viscosidade tem se mostrado diminuídos.42

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Vários estudos tem mostrado que a irrigação com solução salina age através de

liquefação do muco, o que melhoraria estas propriedades reológicas que são afetadas nos

processos alérgicos.15,29,42 A melhora na freqüência de batimento dos cílios parece melhorar o

clearence.19 Em 2001 um estudo demonstrou que o ciclo nasal tem um marcado efeito sobre o

clearence mucociliar. O clearence mostrou-se aumentado quando a narina estava

desobstruída. Isto teria implicações práticas na absorção de medicamentos pela mucosa

nasal.43 Pode-se correlacionar com a ação da solução salina, que através da redução do edema

deixaria a via aérea mais patente e por isso talvez se relacione a melhora do clearence

mucociliar.

Sabe-se que os benefícios da solução sobre o bloqueio nasal é aparentemente mais

devido ao efeito da lavagem mecânica que a alguma ação farmacológica.12

Há evidência de que a solução salina sob pressão positiva poderia ajudar na remoção

de bactérias da mucosa.44

2.5.3 Técnicas de administração

Há diferentes aparelhos e técnicas para instilar a solução salina nasal. Pode-se instilar

apenas sobre ação da gravidade através de gotas, sobre pressão positiva através de seringa,

pressão negativa quando aspiradas pelo paciente ou uso de aplicadores como nebulizadores e

sprays.20,21,24,28

Estudos recentes consideram as pressões positiva e negativa métodos mais efetivos

que os nebulizadores.21,24,28 Olson et al (2002), analisaram estas três categorias em pacientes

saudáveis e encontraram que a pressão positiva (seringa) e a pressão negativa (aspiração) são

mais efetivos que os nebulizadores na distribuição da solução nos seios etmoidal e maxilar e

os únicos que alcançam os seios frontal e esfenoidal através de análise tomográfica dos seios

paranasais antes e após a solução salina.20 Semelhante a Olson, Wormald et al (2004) também

analisaram a distribuição da solução salina nos seios paranasais em pacientes com sinusite

crônica através de marcação com Tecnécio 99. Comparou o spray com a nebulização e com a

ducha nasal com seringa. Encontrou resultados semelhantes; na cavidade nasal anterior e

posterior as três técnicas não mostraram diferenças sendo efetivas para a irrigação. Nos seios

maxilar e frontal a ducha se mostrou mais efetiva com significância estatística e não foram

alcançados pelo spray. O seio esfenóide foi pobremente irrigado pelas três técnicas. E houve

pouco acesso a orofaringe pelas três técnicas. Embora a ducha tenha sido a mais efetiva, o

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autor levanta a dificuldade de pacientes mais idosos em se adaptar ao método que exige que o

paciente fique de joelhos.24

Levanta-se também a questão de que se a esterilidade da solução poderia variar com o

método utilizado. Um estudo, utilizando a seringa ou o “pot” de irrigação (figura 3), ao

comparar a quantidade de colônias bacterianas nos dois recipientes observou não haver

diferença estatisticamente significativa embora houvesse maior crescimento bacteriano na

seringa.18

Em outro estudo, Brook selecionou 20 pacientes que utilizaram gotas de solução salina

e outros 20 em uso de spray para rinussinusite aguda. A análise dos recepientes 3 dias após ao

início do tratamento demonstrou que o crescimento bacteriano foi maior nos recipientes de

spray.44

Como observado acima, a maioria dos estudos encontrados na literatura comparam as

técnicas em indivíduos saudáveis ou com rinossinusite, encontrou-se apenas um estudo

comparando duas técnicas em pacientes com rinite alérgica, realizado por Georgitis. Este

comparou as técnicas de irrigação com seringa e nebulizador em relação a redução nos

mediadores inflamatórios. O nebulizador diminui os valores da histamina significativamente

menos que a irrigação com seringa e por menos tempo, somente até 4 horas. A irrigação com

seringa também reduz mais efetivamente a produção de leucotrieno C4 por várias horas e o

mesmo não é visto para a prostaglandina D2.33

2.5.4 Uso da solução salina na rinite alérgica

Há uma carência na literatura de estudos, sobretudo controlados e randomizados, que

avaliam o uso da solução salina em pacientes com rinite alérgica diferente do encontrado com

relação a rinossinusite24,26,27,43 e pós-operatório de cirurgias nasossinusais.12,15,16,29,30

Nuutinen et al (1986) avalia os efeitos do spray de solução salina isotônica em

indivíduos com rinite crônica sobre seus sintomas nasais. Encontrou em 91% dos pacientes

melhora dos sintomas e em 71% potencialização de outras medicações. A solução utilizada

continha além do cloreto de sódio, cloreto de potássio, cloreto de cálcio e cloreto de

benzalcônio. Utilizaram diariamente conforme a necessidade.12

Spector et al relata ser o primeiro estudo randomizado e duplo-cego que avaliou os

efeitos de dois agentes umidificantes da mucosa em pacientes com rinite. Comparou a

resposta clínica e laboratorial de solução de propileno e polietilenoglicol com solução salina

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isotônica ambos instilados por spray, após 2 semanas houve diminuição da obstrução nasal

(medido por pico de fluxo expiratório) e melhora nos sintomas em ambos os grupos sem

significância estatística. Apesar de ter considerado a solução salina como isotônica em seu

estudo, relata tratar-se de solução de cloreto de sódio a 0,65%, e ainda havia como aditivo o

álcool benzílico.45

Garavello et al realiza o primeiro estudo com uso de solução salina hipertônica em

crianças. Investiga a eficácia do uso da salina hipertônica na evolução dos sintomas de

pacientes pediátricos (6 anos a 12 anos) com rinite alérgica. As crianças utilizaram somente a

solução salina 3 vezes ao dia por 6 semanas administrada através de seringa. Um grupo usou

salina hipertônica a 3% e outro grupo salina isotônica. Analisou-se através de um questionário

feito pelos pacientes e seus pais os critérios clínicos: prurido nasal, rinorréia, obstrução nasal

e espirros quantificando de 0 a 4 de acordo com a gravidade, além de anotações sobre a

necessidade do uso de anti-histamínicos. Houve melhora nos escores em quem usou solução

hipertônica, sendo estatisticamente significante na 3º, 4º e 5º semanas. Houve menor

necessidade de uso de anti-histamínico pelo grupo que usou a solução hipertônica, sendo

estatisticamente significante na 3º, 4º e 6º semanas. Afirma que a existência de um efeito

placebo poderia se justificar devido as diferenças não serem notadas na primeira semana do

estudo. 13

Georgitis conclui que a irrigação com salina isotônica deve ser considerada como

terapia para rinite alérgica pois reduz a histamina nasal por no mínimo 6h após 1 única

aplicação de 15min. A irrigação também reduz a produção de leucotrieno C4 por várias horas

e o mesmo não é visto para a prostaglandina D2.33

Tomooka et al observa melhora em escores de qualidade de vida em pacientes com

rinite crônica, atrófica e gota pós-nasal após uso de spray de solução salina hipertônica

comparados com controles após 6 semanas de tratamento.16

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3 OBJETIVO

Comparar o efeito da irrigação com solução salina isotônica nas fossas nasais através

de jato com seringa ou com spray na evolução de sinais e sintomas de pacientes com rinite

alérgica em uso de triancinolona tópica nasal.

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4 MÉTODO

4.1 Casuística

Avaliou-se neste estudo 28 pacientes com diagnóstico de rinite alérgica, com pelo

menos 30 dias sem uso de medicação para rinite, atendidos no Serviço de

Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital Universitário da UFSC (HU

– UFSC) no período de março a setembro de 2006, estes foram incluídos após obtenção do

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Excluíram-se os pacientes com rinossinusite, desvio de septo acentuado, polipose

nasal, rinite medicamentosa, história de catarata ou glaucoma, história de hiperssensibilidade

aos medicamentos do estudo, uso de medicações como corticosteróides, cromoglicato de

sódio, descongestionantes e antihistamínicos no período de 0 a 29 dias da consulta inicial e

gestantes.

4.2 Método

Realizou-se um ensaio clínico prospectivo, randomizado e simples cego.

O diagnóstico de rinite alérgica foi realizado por anamnese, exame físico e teste alérgico

de sensibilidade imediata a alérgenos inalatórios (prick test) realizado no HU-UFSC.

Após obtenção do termo de consentimento livre e esclarecido, incluiu-se no estudo 28

pacientes que foram divididos em 2 grupos, denominados grupo 1 e 2, através de tabela de

randomização.46 O grupo 1 recebeu orientações do uso de solução salina isotônica na

quantidade de 3 mL por narina, instilada com o uso de seringa plástica, pela manhã e à noite e

concomitantemente o uso de spray de Triancinolona, na dose de 50 mcg por narina à noite,

logo após a solução salina, ambos por um período de 28 dias.

O grupo 2 recebeu orientações para o uso de solução salina isotônica através de spray

dosimetrado, na quantidade de 2 borrifadas por narina, pela manhã e à noite e uso no mesmo

período de spray de Triancinolona, na dose de 50 mcg por narina à noite, logo após a solução

salina, ambos também por um período de 28 dias. A todos os pacientes foi orientado

verbalmente e por escrito a importância dos cuidados de higiene ambiental.

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Os pacientes foram avaliados quanto a idade, sexo, doenças concomitantes e

resultados do teste cutâneo. Com relação a evolução do quadro clínico da rinite alérgica, cada

paciente foi avaliado através de uma escala de sinais e sintomas idealizada por Meltzer9 que

atribui pontuação a dados da anamnese (tabela 1) e do exame físico (tabela 2) antes do início

do tratamento e após 28 dias do uso das medicações prescritas.

Realizou-se comparação da soma dos escores de sintomas e de sinais no início e ao final de

28 dias do uso das medicações entre os grupos 1 e 2 e dentro de cada grupo entre o início e

término do tratamento. A avaliação dos pacientes foi realizada por um único examinador

que foi cego para o grupo ao qual pertencia o paciente. A inclusão do paciente em um

determinado grupo e a prescrição das medicações a serem utilizadas foram realizadas por

um segundo pesquisador.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da

Universidade Federal de Santa Catarina sob o protocolo nº362/05 (anexo II).

Para análise dos escores, utilizou-se o Teste t de Student do software Microsoft Excel.

O nível de significância adotado foi de 95% (p<0,05).

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Tabela 1 - Escores de sintomas de pacientes portadores de rinite alérgica

SintomasEscores

Espirros/Prurido CorizaObstrução

NasalSecreção retro-

nasal

0

1

2

3

Ausente

1 à 4 por dia/ prurido

ocasional

5 à 10 por dia/ prurido

esporádico por mais de 30 min.

11 ou mais/ interfere com

sono e/ou concentração

Ausente

Limpeza 1 à 4 vezes/dia

Limpeza 5 à 10 vezes/dia

Limpeza Constante

Ausente

Pequena e não atrapalha

Respiração bucal na maior

parte do dia

Não respira pelo nariz

Ausente

Sensação de secreção na

garganta

Limpeza freqüente da

garganta

Tosse e incômodo para

falar

FONTE: Adaptada de Eli O.Meltzer, 19889

Tabela 2 - Escores de sinais de pacientes portadores de rinite alérgica

Escores SinaisColoração dos

cornetosSecreção Edema dos

cornetosInflamação

faríngea0

1

2

3

Normal/Róseo

Avermelhado/ Rosa pálido

Vermelho/ Pálido

Inflamado/ Anêmico/ Azulado

Ausente

Mucosa Úmida

Secreção visível em cornetos ou

assoalho da fossa nasal

Profusa/drenando

Ausente

Hipertrofia de corneto inferior ou médio com

pequeno bloqueio nasal

Congestão com respiração

prejudicada uni ou bilateral

Congestão impedindo

respiração uni ou bilateral

Normal

Orofaringe discretamente hiperemiada

Folículos Linfóides aparentes

Muco na parede posterior da orofaringe

FONTE: Adaptada de Eli O. Meltzer, 19889

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5 RESULTADOS

No período de Março a Setembro de 2006, foram acompanhados 28 pacientes, sendo

14 em cada grupo. No grupo 1, a média de idade foi de 28,21 + 12,7 anos, sendo 10 pacientes

(71,43%) do sexo feminino e 4 (28,57%) do sexo masculino. No grupo 2, a média de idade foi

de 24,35 + 5,48 anos, sendo composto por 9 pacientes (64,29%) do sexo feminino e 5

(35,71%) do sexo masculino. Não houve diferença estatisticamente significativa entre os dois

grupos em relação à idade média.

Quanto aos resultados do teste alérgico de sensibilidade imediata (prick test)

observou-se predominância de sensibilidade ao Dermatophagoides pteronyssinus (92,86%) e

em seguida observou-se uma maior prevalência dos demais ácaros da poeira doméstica como

apresentado na tabela 3.

TABELA 3 – Prevalência de sensibilidade aos alérgenos inalatórios.

ALÉRGENOS PACIENTES

n %

Pena 00 00

Gato 02 7,14

Cão 06 21,43

Pólen 03 10,71

Fungo 00 00

Barata 02 7,14

Blomia tropical 21 75

Blomia kulagine 23 82,14

Dermatophagoides

pteronyssinus

26 92,86

Dermatophagoides

farinae

21 75

“Mix” 18 64,29

Árvores 17 60,71

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Na figura 3 podemos visualizar a média e o desvio padrão dos escores de cada um dos

sintomas apresentados pelos pacientes anteriormente ao tratamento com o corticóide e a

solução salina isotônica. Comparando-se o grupo 1 ao grupo 2, não houve diferença

estatisticamente significativa entre os sintomas relatados pelos pacientes.

Figura 3 – Média dos escores de sintomas pré-tratamento

no grupo 1 (seringa) e grupo 2 (spray).

A figura 4 mostra a média e o desvio padrão dos sinais observados ao exame físico dos

pacientes também anteriormente ao tratamento. Esta diferença entre os grupos ao exame físico

também não foi estatisticamente significativa.

Figura 4 – Média de sinais observados pré-tratamento

no grupo 1 e grupo 2.

6 ,2 9

1

1,791,711,79

5,2 1

0 ,79

1,4 31,4 31,57

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Espirros/ prur id o C oriza Obst rução nasal Secreção ret ro -nasal

T ot al

Ser ing a

Sp ray

4,71

1,2111,211,29

5,07

1,571,291,141,07

0

1

2

3

4

5

6

7

8

Coloraçãocornetos

Secreção Edemacornetos

Inflamaçãofaringe

Total

Seringa

Spray

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Após os 28 dias de tratamento diário com a triancinolona tópica e a solução salina

intranasal foram novamente observados os escores de sintomas e sinais. A média dos escores

de sintomas pós-tratamento para cada um dos grupos é demonstrada na figura 5. Entre o

grupo 1 e o grupo 2 também não houve diferença estatisticamente significativa.

2,14

0,50,640,50,5

2,21

0,640,50,570,50

1

2

3

4

5

6

Espirro s/ prurido C o riza Obstrução nasal Secreção retro -nasal

T o tal

Seringa

Spray

Figura 5 – Média dos escores de sintomas pós-tratamento

nos grupos 1 e 2.

Em seqüência, a figura 6 demonstra a média dos escores dos sinais observados ao

exame físico. Ao se comparar um grupo com o outro ao final do tratamento percebe-se que

não houve diferença estatisticamente significativa entre o grupo que utilizou a solução salina

através de ducha com seringa ou com spray.

2,43

0,710,360,57

0,79

2,64

0,860,570,50 ,71

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

5

Coloraçãocornetos

Secreção Edemacornetos

Inflamaçãofaringe

Total

Seringa

Spray

Figura 6 – Média dos escores de sinais pós-tratamento

nos grupos 1 e 2.

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Na figura 7 apresentamos a média e desvio-padrão da soma dos escores de sinais e

sintomas dos dois grupos no pré e pós-tratamento, havendo diferença estatisticamente

significativa nos escores entre o ínicio e o final do período de tratamento.

Figura 7 – Média dos escores totais pré-tratamento e pós-tratamento

no grupo 1 e grupo 2. *p <0,001; t = 7,09, †p < 0,001, t = 6,64 ao Teste t de Student.

4,57

11

4,86

10 ,29

0

2

4

6

8

10

12

14

16

T o tal pré- tto T o tal pó s-t to

Seringa

Spray

* †

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6 DISCUSSÃO

A casuística deste estudo tratou-se de dois grupos homogêneos com relação ao sexo e

a média de idade. A faixa etária dos pacientes encontrava-se entre a segunda e terceira

décadas corroborando a literatura com relação a faixa etária acometida pela rinite alérgica,1-6

exceto por não apresentarmos pacientes pediátricos.

O alérgeno mais prevalente tratou-se do Dermatophagoides pteronyssinus, e em

seguida observou-se a predominância dos demais ácaros da poeira doméstica, como a Blomia

kulaginae e a tropicalis e o Dermatophagoides farinae, concordante com a literatura.1,2,4-8

A maioria dos estudos considera a importância da análise do quadro clínico do

paciente,1,2,4-6 sendo que alguns deles que utilizam exames complementares sugerem

confrontamento com o quadro clínico do paciente.20,24 Por isso, utilizou-se neste estudo uma

escala de sinais e sintomas idealizada por Meltzer em 1988,9 adaptada e utilizada até hoje,

principalmente porque leva em consideração o grau de severidade dos sinais e sintomas, o que

é proposto atualmente pelo ARIA (Allergic rhinitis and its impact on asthma) em 20014,

sendo analisados as médias destes escores clínicos.

Houve poucas queixas com relação à medicação; sobre a triancinolona alguns

pacientes relataram gosto ruim e leve ardência local às primeiras aplicações e para a solução

salina leve prurido também apenas presente nas primeiras aplicações, não havendo nenhum

abandono de tratamento devido inadaptação a medicação e não foi relatado nenhum efeito

colateral corroborando com a literatura.1-6, 13,34

O presente estudo não apresenta na literatura um correspondente, contudo, muitos são

os artigos que abordam o uso terapêutico da solução salina. Percebeu-se a variedade destes

estudos e a carência de estudos randomizados e controlados sobre o uso da solução salina na

rinite alérgica diferente do encontrado com relação a rinossinusite24,26,27,45 e pós-operatório de

cirurgias nasossinusais.12,24,25

Spector et al (1982), Nuutinen et al (1986) utilizam em seus estudos solução salina

isotônica através de spray em pacientes com rinite alérgica. Contudo, o primeiro compara uma

solução salina que afirma ser isotônica, mas relata tratar-se de cloreto de sódio a 0,65% e que

continha como aditivo o álcool benzílico, a uma solução de propileno e polietilenoglicol e

diferentemente a nossos resultados não encontrou diferença significativa na melhora dos

sintomas.46 Já o segundo, utilizou-se de grupo controle sem medicação e a solução salina

isotônica prescrita, era acrescida de cloreto de potássio, cálcio e benzalcônio, além de que

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considerava pacientes com rinite alérgica, atrófica e não excluía aqueles com polipose,

sinusite ou em pós-operatório; 12 todavia, encontrou resultados semelhantes aos nossos com

relação a melhora dos sintomas e observa potencialização de outras medicações usadas pelos

pacientes o que pode ter ocorrido em nosso estudo com a associação da solução salina com a

triancinolona.

Garavello et al (2003)13 realiza a primeira pesquisa com uso de solução salina

hipertônica em crianças com rinite alérgica sazonal através de uso de seringa. Analisou

critérios clínicos semelhantes àqueles de Meltzer9: prurido nasal, rinorréia, obstrução nasal e

espirros quantificando de 0 a 4 de acordo com a gravidade, além de anotações sobre a

necessidade do uso de anti-histamínicos. Também encontrou melhora nos escores no grupo da

solução salina e observou menor necessidade de uso de anti-histamínico. Em 2005 o autor

repete o estudo, agora com crianças com rinoconjuntivite que instilaram a salina com spray e

obteve resultados semelhantes. 34

Georgitis (1994), apresenta importante evidência do uso terapêutico da irrigação com

solução salina isotônica para rinite alérgica, após observar que há redução na histamina nasal

por no mínimo 6h após 1 única aplicação de 15min. A irrigação também reduziu a produção

de leucotrieno C4 por várias horas e o mesmo não foi visto para a prostaglandina D2.33 O que

corrobora os efeitos benéficos da solução salina; esta associada à triancinolona pode ter

contribuído na melhora dos sinais e sintomas observados neste ensaio.

Tomooka et al (2000) também observou melhora em escores de qualidade de vida em

pacientes com rinite crônica, atrófica e gota pós-nasal após uso de spray de solução salina,

contudo utilizou-se de solução hipertônica a 3%.16 Novamente observamos inclusão de

pacientes com diagnósticos distintos em um mesmo grupo de tratamento o que prejudica a

comparabilidade entre os dados, o que se evitou em nosso trabalho ao selecionarmos apenas

pacientes com rinite alérgica.

Ao final do tratamento uma diferença importante entre os escores pré e pós-tratamento

foi observada em cada um dos grupos, o que nos permitiu a observação da eficácia do

corticosteróide tópico associado à solução salina isotônica no tratamento da rinite alérgica,

como observado por outros autores.1-6,9,36

Papsin et al (2003)19 e Brown et al (2004)21 realizaram revisão de literatura e

metanálise sobre o uso da solução salina como terapia adjuvante na rinite alérgica, que

apontaram evidências do uso terapêutico da solução salina, reafirmando não se tratar de efeito

placebo, evidenciando ainda melhores resultados quando analisado o uso da solução

hipertônica.

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Acredita-se que a resistência nasal ao fluxo aéreo seja um fator importante que é

alterado com o uso da solução salina através de diminuição do edema dos cornetos e

fluidificação do muco.16,20,21 Sabe-se também que a solução salina melhora o clearence

mucociliar.30,38 Esta ação no clearence mucociliar garante uma melhora na depuração da via

aérea que se encontra prejudicada na doença alérgica.6

Apesar de observarmos em nosso estudo eficácia no tratamento, não foi observada

diferença entre as médias dos escores pós-tratamento entre os grupos, o que nos leva a

concluir que não houve diferença entre as duas técnicas de irrigação nasal utilizadas.

Há um estudo na literatura que compara duas técnicas e que também encontra a

igualdade entre as mesmas, contudo não em pacientes com rinite alérgica. Heatley et al

(2001) randomizou pacientes com sinusite crônica em 3 grupos, um controle que recebeu

massagem reflexológica e outros dois que utilizaram salina hipertônica, um através de seringa

e outro com pote de irrigação. Cada método resultou em melhora de 70% nos sintomas

nasosinusais e redução do uso de outras medicações em um terço, concluindo que não houve

diferença entre as técnicas utilizadas.18

Clinicamente observamos que não há diferença entre as técnicas de irrigação através

de spray e seringa, mas Olson em 2002 ao realizar análise radiográfica da distribuição da

solução salina nos seios paranasais após irrigação através de seringa, aspiração e nebulização

observa que somente há boa penetração pelos dois primeiros métodos, não recomendando o

uso do nebulizador.20 Georgitis (1994) concorda com Olson, ao observar em seu estudo que a

irrigação da solução salina com seringa reduz os mediadores inflamatórios da mucosa e o

mesmo não sendo observado com o nebulizador.33

Além da técnica de aplicação há vários tipos de pesquisas que avaliam outras

características da solução salina, o fato de ser tamponada ou não, ou mesmo que a compara a

outras soluções. Homer et al (1999) não encontrou diferenças no clearence mucociliar entre a

solução tamponada e a que não recebeu bicarbonato de sódio.32 Ünal et al (2001) compara a

solução salina com o uso do ringer lactato especula que a melhora mais acentuada no

clearence observada com o uso do ringer seria devido ao efeito do cálcio sobre o batimento

ciliar.25 A solução salina continua sendo nos últimos consensos a solução de eleição por ser a

de menor custo, fácil manipulação, podendo ser confeccionada em casa1-6 e ter resultados

semelhantes as demais.

O uso de aplicadores como o spray apresentam a comodidade no transporte o que

facilitaria sua aplicação várias vezes ao dia. Além de que exige menor extensão cervical o que

facilita o uso para pacientes idosos.27 Além de ser melhor tolerado por crianças.39

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Contudo, o uso da seringa é referido por muitos pacientes como uma maior sensação

de limpeza, especialmente quando há associação dos sintomas nasais com a gota pós-nasal.

Há ainda evidências de que a solução salina sob pressão positiva poderia ajudar na remoção

de bactérias da mucosa.45

Taccarielo et al (1999) relataram que os pacientes aderem melhor ao spray, devido ao

fato de poderem o utilizar quando sentem necessidade, atribuindo a isto a melhora que

observou nos escores do questionário de qualidade de vida em comparação a ducha (gotas

nasais). Recomenda empiricamente o uso do spray diariamente e, nas crises, o uso da ducha.27

Concluímos serem as duas técnicas toleráveis e de igual eficácia podendo-se contar

com a participação ativa do paciente sobre a escolha da técnica. Na hora de prescrever a

solução salina deve-se levar em consideração a importância de ser diária, de anteceder outras

medicações tópicas e de se adequar a técnica de instilação, seringa ou spray de acordo com a

acessibilidade do paciente ao recurso e a adesão do mesmo. Sabe-se que o controle da rinite

alérgica e a diminuição de suas comorbidades somente são obtidos com a adesão do paciente,

tolerabilidade da medicação e custo adequado da mesma.

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7 CONCLUSÃO

Não há diferença estatisticamente significativa entre a aplicação da solução salina

isotônica através de jato com seringa ou com spray, no tratamento de pacientes com rinite

alérgica em uso de triancinolona tópica nasal.

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NORMAS ADOTADAS

Este trabalho foi realizado de acordo com as normas da resolução número 001/2005

aprovada em reunião do Colegiado do Curso de Graduação em Medicina da Universidade

Federal de Santa Catarina em 17 de Novembro de 2005.

Para as referências bibliográficas foram adotadas as normas da Convenção de Vancouver

(Canadá), de acordo com a 5ª edição dos “Requisitos Uniformes para originais submetidos a

Revistas Biomédicas”, publicado pelo Comitê Internacional de Editores de Revistas Médicas.

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ANEXOS

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ANEXO IFICHA CLÍNICA

Universidade Federal de Santa CatarinaHospital UniversitárioServiço de Otorrinolaringologia

“Comparação entre duas técnicas de irrigação nasal”

Ficha Clínica

1. Dados do paciente:

Nome:_________________________________________Registro: _______________

Sexo: ____________________Idade: _______________

Comorbidades:_________________________________________________________

2. Teste Alérgico

Inalantes

( ) Penas( ) Gatos( ) Cão( ) Pólens ( ) Fungos( ) Barata

( ) Blomia tropical( ) Blomia KulagineDermatophagoides pteronyssinus ( )Dermatophagoides farinae ( )( ) “Mix” ( ) Árvores

3. Escala de Sintomas (pré-tratamento):

Espirros/Prurido: 0 - 1 - 2 - 3 = _____

Coriza: 0 - 1 - 2 - 3 = _____

Obstrução Nasal: 0 - 1 - 2 - 3 = _____

Secreção retro-nasal: 0 - 1 - 2 - 3 = _____

4. Escala de Sinais (pré-tratamento) :

Coloração dos cornetos: 0 - 1 - 2 - 3 = _____

Secreção: 0 - 1 - 2 - 3 = _____

Edema de cornetos: 0 - 1 - 2 - 3 = _____

Inflamação faríngea: 0 - 1 - 2 - 3 = _____

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5. Escala de Sintomas (pós-tratamento):

Espirros/Prurido: 0 - 1 - 2 - 3 = _____

Coriza: 0 - 1 - 2 - 3 = _____

Obstrução Nasal: 0 - 1 - 2 - 3 = _____

Secreção retro-nasal: 0 - 1 - 2 - 3 = _____

6. Escala de Sinais (pós-tratamento):

Coloração dos cornetos: 0 - 1 - 2 - 3 = _____

Secreção: 0 - 1 - 2 - 3 = _____

Edema de cornetos: 0 - 1 - 2 - 3 = _____

Inflamação faríngea: 0 - 1 - 2 - 3 = _____

7. Terapêutica: ( ) soro fisiológico c/ seringa

( ) soro fisiológico spray

8. Evolução:

Tempo de uso da medicação: _________

Falha na terapêutica: Sim ( ) Não ( )

Pontuação pré-tratamento:____________

Pontuação pós-tratamento:____________

9. Queixas em relação ao soro:

( ) Desconforto ( ) Engasgos

( ) Dor (ardência) ( ) Espirros

( ) Prurido ( ) Outros: ______________________________

10. Queixas com relação ao corticóide tópico

( ) Dor (ardência) ( ) Espirros

( ) Prurido ( ) Epistaxe

( ) Outros:__________________________________

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ANEXO IIPARECER COMITÊ DE ÉTICA

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