despesa social e crescimento económico: uma análise ... · a despesa social do estado, que...

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André Filipe Ribeiro de Pinho Despesa Social e Crescimento Económico: uma análise comparada entre o Norte e o Sul da Europa Trabalho de Projecto do Mestrado em Economia, na especialidade em Economia Industrial, apresentado à Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra para obtenção do grau de Mestre Orientado por: Prof. Doutora Marta Simões Julho 2014

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Andreacute Filipe Ribeiro de Pinho

Despesa Social e Crescimento Econoacutemico uma

anaacutelise comparada entre o Norte e o Sul da Europa

Orientado por Doutora Marta Simotildees

Julho 2014

Trabalho de Projecto do Mestrado em Economia na especialidade em Economia

Industrial apresentado agrave Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra para

obtenccedilatildeo do grau de Mestre

Orientado por Prof Doutora Marta Simotildees

Julho 2014

i

Agradecimentos

Este Trabalho de Projecto representa o final de mais uma etapa importante na minha

vida e por isso quero agradecer a todos os que me acompanharam neste percurso que me

apoiaram em todos os momentos e que fizeram com que eu chegasse ateacute aqui

Agrave minha orientadora Marta Simotildees pela orientaccedilatildeo disponibilidade motivaccedilatildeo e

preocupaccedilatildeo que me transmitiu ao longo deste trabalho que foram um estiacutemulo para o

seguimento do mesmo

A todos os docentes da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra por

tudo que me ensinaram ao longo dos uacuteltimos anos

A todos os meus amigos que foram incansaacuteveis em todo este percurso e que me

deram motivaccedilatildeo para avanccedilar nos momentos mais difiacuteceis Tenho a agradecer a todos eles

por todos os momentos de diversatildeo pela paciecircncia pelo apoio e pela amizade

A toda a minha famiacutelia em especial aos meus pais e avoacutes pelo apoio incondicional

pela forccedila e principalmente por todos os sacrifiacutecios que fizeram para que tudo isto fosse

possiacutevel

ii

Resumo

O presente trabalho constitui uma reflexatildeo sobre a relaccedilatildeo entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico tendo por base uma anaacutelise comparada de dois grupos de paiacuteses da

Uniatildeo Europeia diacutespares em termos do modelo e profundidade do respectivo Estado os paiacuteses

escandinavos e os paiacuteses do Sul tambeacutem designados por vezes por periferia europeia A partir

de uma anaacutelise de estatiacutestica descritiva de um conjunto de indicadores soacutecio-econoacutemicos foi

possiacutevel constatar que em termos globais estes satildeo melhores nos paiacuteses do Norte Europeu e

piores na periferia europeia Contudo apesar disso as diferenccedilas entre estes dois grupos de

paiacuteses tecircm vindo a diminuir destacando-se indicadores em aacutereas como a sauacutede e educaccedilatildeo A

anaacutelise comparada da despesa social e sua composiccedilatildeo mostra que os paiacuteses escandinavos entre

1985 e 2010 verificaram um niacutevel de despesa social maior que os paiacuteses perifeacutericos salvo

algumas excepccedilotildees o que poderaacute justificar o diferente grau de desenvolvimento Finalmente

uma simples e muito preliminar anaacutelise de correlaccedilatildeo indica que a despesa social quer nas suas

vaacuterias componentes quer em termos totais afecta de uma forma positiva o niacutevel de PIB per

capita Por outro lado recorrendo ao mesmo meacutetodo de anaacutelise os efeitos quer da despesa

social total quer de algumas vertentes da despesa em protecccedilatildeo social no periacuteodo entre 1985-

99 com a taxa de crescimento meacutedia anual do PIB per capita entre 2000-10 satildeo negativos

Palavras-chave Despesa Social Crescimento Econoacutemico Norte da Europa Sul da

Europa

Classificaccedilatildeo JEL H51 H52 H53 I38 O40 P16

Abstract

This paper reflects on the relationship between social spending and economic growth based on a

comparative analysis of two groups of EU countries - Scandinavian countries and the Southern

countries also known as European peripheral countries - distinct in terms of governance of the

type and depth of the respective State From the analyses of descriptive statistics of a relevant

set of socio-economic indicators it can be concluded that generally in overall terms social

spending and economic growth indicators are better in North Europe countries and worse in

European outskirts However despite this fact the differences between these two groups of

countries have been decreasing especially in areas such as health and education A comparative

analysis of social spending and its contents (all the economic variables criteria to measure

social spending) show that in Scandinavian countries between 1985 and 2010 the social

spending was higher (with some exceptions) than in the Southern countries which may justify

the different levels of development Finally a simple preliminary correlation analysis indicates

that social spending in general terms and in its various components affects in a positive way the

level of GDP per capita In addition using the same method of analysis the effects of total

social spending or the expenditure on some areas of social protection in the period 1985-99 on

the annual growth rate of GDP per capita between 2000 -10 are negative

Keywords Social Expenditure Economic Growth Northern Europe Southern Europe

JEL Classification H51 H52 H53 I38 O40 P16

iii

Iacutendice

1 Introduccedilatildeo 1

2 Estado Social qual a sua importacircncia para o crescimento econoacutemico 2

3 Caracterizaccedilatildeo econoacutemico-social dos paiacuteses em anaacutelise 10

4 Despesa Social e Crescimento Econoacutemico anaacutelise comparada de alguns

dadoshelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip16

5 Conclusotildeeshelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip27

Bibliografiahelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip29

Anexoshelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip30

iv

Iacutendice de Quadros

Quadro 1 Taxas meacutedias de crescimento anual do PIB real per capita entre 1985 e

2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip18

Quadro 2 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social nas vaacuterias componentes e

o niacutevel do PIB per capita e a sua taxa de crescimento tendo em conta todos os dados

disponiacuteveis para o periacuteodo entre 1985 e 2010hellip24

Quadro 3 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social meacutedia (1985-1999) e a

taxa meacutedia de crescimento do PIB real per capita (2000-2010)helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip26

Iacutendice de Graacuteficos

Graacutefico 1 PIB per capita a preccedilos constantes de 2005 entre 1985 e 2010 helliphelliphellip30

Graacutefico 2 Esperanccedila meacutedia de vida 1985 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip30

Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em cada

1000 nascimentos) 1985 a 201031

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip31

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip31

Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip32

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip32

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip32

Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente ao

total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip33

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente ao

total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip33

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip33

Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip34

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB () 1985 e 2010helliphelliphellip34

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009helliphelliphelliphellip34

Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip35

v

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes ( do PIB) 2003 a

2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip35

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 e 2009helliphelliphelliphelliphellip35

Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip36

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010helliphelliphelliphelliphellip36

Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010helliphelliphellip37

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a

2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip37

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do PIB

1985 a 2009helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip37

Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip38

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip38

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip38

Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip39

1

1 Introduccedilatildeo

A despesa social do Estado que engloba por exemplo as prestaccedilotildees sociais

educaccedilatildeo e sauacutede entre outras despesas justifica-se do ponto de vista da melhoria do

bem-estar dos cidadatildeos reflectindo-se tambeacutem na melhoria de alguns indicadores soacutecio-

econoacutemicos agregados tais como o Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) que

contabiliza melhorias no PIB real per capita escolaridade e sauacutede da populaccedilatildeo em

geral Por exemplo em 2012 de acordo com dados do UNDP os paiacuteses escandinavos

(Dinamarca Finlacircndia e Sueacutecia) estavam nas 25 primeiras posiccedilotildees no que respeita aos

valores do IDH com um valor meacutedio deste de 0905 No mesmo ano e de acordo como

os dados da Social Expenditure Database da OCDE os trecircs paiacuteses registavam uma

despesa social em percentagem do PIB com um valor meacutedio para o grupo de 29637

superior agrave meacutedia da OCDE 21785 Jaacute os paiacuteses da Europa do Sul Espanha Greacutecia

Itaacutelia e em especial Portugal ocupavam lugares inferiores no que respeita ao ranking do

IDH (valor meacutedio para os trecircs paiacuteses 0891) gastando tambeacutem menos do que os paiacuteses

escandinavos com funccedilotildees sociais (em meacutedia 25725) Esta aparente correlaccedilatildeo

positiva entre despesa social e o IDH dever-se-aacute certamente agrave protecccedilatildeo social e

econoacutemica dos cidadatildeos realizada atraveacutes desta via pelo Estado com vista a diminuir as

desigualdades entre indiviacuteduos mais ricos e mais pobres para que estes possam ter

acesso agraves mesmas oportunidades contribuindo dessa forma para um paiacutes mais

homogeacuteneo e permitindo tambeacutem potencialmente melhorar o desempenho

macroeconoacutemico

No que diz respeito agrave Uniatildeo Europeia (UE) os paiacuteses escandinavos situados no

Norte da Europa Dinamarca Finlacircndia e Sueacutecia tecircm efectivamente registado de forma

sustentada niacuteveis de rendimento e produtividade superiores aos paiacuteses do Sul Espanha

Greacutecia Portugal e Itaacutelia Com efeito em 2012 e de acordo com dados do Eurostat os

paiacuteses escandinavos registavam um PIB real per capita entre os mais elevados da UE-

28 ocupando a segunda quarta e seacutetima posiccedilotildees em 28 possiacuteveis respectivamente

enquanto os paiacuteses do Sul se ficavam por lugares intermeacutedios muito proacuteximos ou jaacute na

metade inferior da tabela Esta situaccedilatildeo poderaacute estar relacionada com a visatildeo que cada

grupo de paiacuteses tem acerca da participaccedilatildeo do Estado na economia e na sociedade em

geral e em particular no que respeita agraves funccedilotildees sociais deste Com efeito o modelo e a

dimensatildeo do Estado Social satildeo muito diferentes entre os paiacuteses escandinavos e a

periferia europeia quer ao niacutevel da abrangecircncia dos apoios sociais quer ao niacutevel das

2

aacutereas onde se verifica uma maior despesa sendo os primeiros os que apresentam

melhores desempenhos a niacutevel macroeconoacutemico Eacute por isso adequado reflectir sobre o

potencial papel do Estado Social e em particular da despesa puacuteblica associada na

explicaccedilatildeo das diferenccedilas de desempenho macroeconoacutemico entre estes dois grupos de

paiacuteses

Esta reflexatildeo assume particular interesse numa conjuntura em que os paiacuteses

perifeacutericos enfrentam uma crise ao niacutevel da sustentabilidade das financcedilas puacuteblicas que

levou a que tivessem sido feitos cortes e reformulaccedilotildees do seu modelo de Estado Social

Surgem assim algumas questotildees pertinentes seraacute que a reestruturaccedilatildeoreduccedilatildeo do

Estado Social poderaacute agravar ainda mais o desempenho econoacutemico destes paiacuteses Ou

seraacute que o problema reside na questatildeo de eficiecircncia do modelo adoptado

O principal objectivo deste trabalho eacute assim fazer uma comparaccedilatildeo entre o Norte

(Escandinaacutevia) e o Sul da Europa relativamente ao potencial papel do Estado Social no

crescimento econoacutemico analisando a importacircncia atribuiacuteda pelos Estados a

determinadas aacutereas de intervenccedilatildeo social atraveacutes da despesa realizada nas mesmas Para

o efeito seraacute efectuada uma anaacutelise de estatiacutestica descritiva de indicadores relevantes

para a caracterizaccedilatildeo econoacutemica e social dos dois grupos de paiacuteses em anaacutelise e em

particular relativos ao seu desempenho em termos de crescimento e despesa social

recorrendo-se a dados do Eurostat OCDE e Banco Mundial O periacuteodo em anaacutelise seraacute

de 1985 ateacute 2010 sempre que possiacutevel

O restante trabalho encontra-se organizado da forma que a seguir se descreve A

secccedilatildeo 2 conteacutem uma revisatildeo da literatura sobre os potenciais mecanismos de

transmissatildeo do Estado Social relativamente ao crescimento econoacutemico bem como a

sistematizaccedilatildeo dos resultados de alguns estudos empiacutericos anteriores Na secccedilatildeo 3 eacute

feita uma caracterizaccedilatildeo das principais diferenccedilas e semelhanccedilas dos paiacuteses em anaacutelise

em termos econoacutemicos e sociais com base num conjunto de indicadores relevantes

Segue-se a secccedilatildeo 4 onde se reflecte com base numa anaacutelise de estatiacutestica descritiva

sobre a potencial relaccedilatildeo entre a despesa social e o crescimento econoacutemico na amostra

seleccionada Finalmente a secccedilatildeo 5 conteacutem as principais conclusotildees

2 Estado Social qual a sua importacircncia para o crescimento econoacutemico

O conceito de Estado Social eacute um conceito que natildeo apresenta uma definiccedilatildeo

precisa Na tentativa de definir o que eacute o Estado Social Andrade Duarte e Simotildees

(2013 p4) afirmam que de ldquoum modo geral se pode entender o Estado Social como um

3

Estado em que o governo utiliza uma parcela importante dos recursos nacionais para

oferecer serviccedilos que beneficiam indiviacuteduos ou famiacutelias que preencham determinados

criteacuterios ou seja que se destinam a ser consumidos individualmente por oposiccedilatildeo ao

consumo colectivo de bens como a defesa nacional ou a seguranccedila internardquo

Estas intervenccedilotildees do Estado tecircm genericamente como objectivo a reduccedilatildeo das

desigualdades na distribuiccedilatildeo do rendimento e a reduccedilatildeo da pobreza promovendo a

igualdade de oportunidades e o bem-estar sendo conseguidas atraveacutes de medidas

destinadas a melhorar o niacutevel de escolaridade e de sauacutede da populaccedilatildeo bem como

medidas de protecccedilatildeo social que englobam por exemplo os subsiacutedios de desemprego

pensotildees de invalidez apoios agraves famiacutelia poliacuteticas activas no mercado de trabalho bem

como as pensotildees concedidas aos reformados As medidas de protecccedilatildeo social destinam-

se assim a prevenir ou minorar situaccedilotildees que possam afectar negativamente o bem-estar

dos indiviacuteduos Por exemplo as poliacuteticas activas no mercado de trabalho visam a raacutepida

reinserccedilatildeo dos desempregados no mercado de trabalho podendo estas contribuir para a

reduccedilatildeo do nuacutemero de pessoas cuja sua uacutenica fonte de rendimento eacute o subsiacutedio de

desemprego mas tambeacutem de todos os desempregados que jaacute nem direito tecircm ao

mesmo com o intuito de lhes garantir o miacutenimo de condiccedilotildees financeiras Por outro

lado a preocupaccedilatildeo do Estado com o bem-estar das populaccedilotildees e com a reduccedilatildeo da

pobreza leva a que este conceda pensotildees aos reformados como forma de garantir que

estes no final das suas vidas activas natildeo fiquem sem qualquer tipo de fonte de

rendimento possibilitando um final de vida com o miacutenimo de condiccedilotildees A utilizaccedilatildeo

destes mecanismos como exemplo demostram dois destinos diferentes da despesa do

Estado Social que tecircm os mesmos objectivos e cuja importacircncia poderaacute ser

consideraacutevel tendo em conta o crescente aumento do nuacutemero de pensionistas e a

elevada taxa de desemprego que se verifica em alguns dos paiacuteses em anaacutelise A poliacutetica

de protecccedilatildeo social de acordo com Damerou (2011 p13) citando a definiccedilatildeo do

Eurostat (2008) ldquoengloba todas as intervenccedilotildees de organismos puacuteblicos ou privados

destinados a apoiar as famiacutelias e indiviacuteduos encargos representados por um conjunto

definido de riscos ou necessidades desde que natildeo exista simultaneamente qualquer

acordo reciacuteproco ou individualrdquo Esta poliacutetica abrange toda a populaccedilatildeo mediante

determinadas condiccedilotildees sendo os apoios atribuiacutedos quer por intermeacutedio de programas

de Seguranccedila Social ou de Assistecircncia Social No entanto as poliacuteticas de protecccedilatildeo

social necessitam de financiamento para serem realizadas mostrando-se assim as

contribuiccedilotildees sociais e os impostos pagos pela populaccedilatildeo importantes para garantir a

4

sustentabilidade financeira deste mecanismo sem comprometer o seu futuro No acircmbito

da sustentabilidade financeira deste mecanismo alguns autores tais como Damerou

(2011) consideram o PIB real per capita determinante natildeo soacute em termos do niacutevel de

bem-estar de uma sociedade mas tambeacutem para fazer diminuir as pressotildees financeiras

sobre a Seguranccedila Social em resultado dos actuais indicadores demograacuteficos que

apontam para um aumento da esperanccedila meacutedia de vida e da diminuiccedilatildeo da natalidade

Estes indicadores segundo o mesmo autor tecircm impacto directo na sustentabilidade

financeira da Seguranccedila Social na medida em que esta ao ser financiada na sua maioria

pela populaccedilatildeo activa a sua diminuiccedilatildeo poderaacute gerar um problema de financiamento

que colocaraacute em causa o actual funcionamento deste sistema daiacute a importacircncia de

existir um niacutevel de riqueza elevado para que possa ser continuada a poliacutetica de

protecccedilatildeo social Assim o niacutevel e a evoluccedilatildeo do produto influenciam de alguma forma o

comportamento da despesa social

De um ponto de vista econoacutemico a poliacutetica de protecccedilatildeo social e da despesa

associada pode ter impactos importantes nomeadamente aceitando a posiccedilatildeo teoacuterica de

que niacuteveis elevados de desigualdade e pobreza tecircm impactos negativos no crescimento

econoacutemico ou seja na criaccedilatildeo de riqueza de uma economia no longo prazo Por outro

lado a literatura econoacutemica tambeacutem aponta para que o crescimento econoacutemico apesar

de aumentar as desigualdades em fases iniciais possa diminuir a pobreza como referem

Barrientos e Scott (2008 p9) ldquoum forte crescimento econoacutemico eacute essencial para a

reduccedilatildeo da pobreza e eacute estimado que cerca de 80 da diminuiccedilatildeo da pobreza ocorrida

na deacutecada de 80 tenha sido conseguida atraveacutes do crescimento econoacutemicordquo

Na perspectiva dos modelos de crescimento exoacutegeno como o que foi

desenvolvido por Solow (1956) este com a criaccedilatildeo do seu modelo de crescimento

econoacutemico afirmou que a taxa de crescimento de longo prazo natildeo eacute influenciada pela

despesa em protecccedilatildeo social uma vez que o crescimento econoacutemico apenas eacute afectado

por factores demograacuteficos e tecnoloacutegicos exoacutegenos ao modelo Jaacute na perspectiva de

alguns modelos de crescimento endoacutegeno estes segundo Damerou (2011) apontam

para que a desigualdade na distribuiccedilatildeo do rendimento iniba o crescimento econoacutemico

como jaacute fora dito anteriormente Este mesmo autor recorrendo ao trabalho de Solimano

(2000) afirma que a instabilidade poliacutetica trazida pelas desigualdades podem levar a

uma diminuiccedilatildeo do investimento puacuteblico e do investimento privado das famiacutelias com

baixos rendimentos podendo tal reflectir-se num niacutevel de produto mais baixo

5

Apesar do Estado Social visar em primeiro lugar a protecccedilatildeo dos mais

desprotegidos economicamente ou que enfrentam situaccedilotildees inesperadas com o

desemprego ou doenccedila pode em simultacircneo potenciar o crescimento econoacutemico Neste

acircmbito Furceri e Zdzienicka (2012) defendem a existecircncia de alguns mecanismos

atraveacutes dos quais a despesa social potencia o crescimento do produto Segundo estes

autores a criaccedilatildeo de poliacuteticas que incidam de uma forma activa no mercado de trabalho

podem levar ao aumento do produto atraveacutes da criaccedilatildeo de emprego assim como o

aumento dos gastos sociais ao niacutevel de indiviacuteduos com baixos rendimentos e com

dificuldades na obtenccedilatildeo de creacutedito poderaacute estar relacionado com o aumento do

consumo privado uma vez que o aumento de rendimento incentiva ao aumento da

procura por parte das famiacutelias estimulando as empresas a produzir e aumentando assim

o produto de um paiacutes Outro autor que defende em parte estas ideias eacute Damerou (2011)

que afirma que os gastos em subsiacutedios de desemprego ou em prestaccedilotildees concedidas a

famiacutelias com crianccedilas por exemplo poderatildeo para aleacutem de reduzir as desigualdades de

rendimentos levar ao aumento do consumo das famiacutelias Assim a despesa social

permite agraves empresas tomar decisotildees de investimento pois sabem que teratildeo procura e

desta forma levar a um aumento da capacidade produtiva ou seja ao crescimento

econoacutemico

Por sua vez a concessatildeo de apoios em outras aacutereas como a educaccedilatildeo ou sauacutede

poderatildeo contribuir para a acumulaccedilatildeo de capital humano1 que em conjunto com o

capital fiacutesico e em especial nas economias modernas que querem o seu crescimento

baseado no conhecimento poderaacute ter impacto positivo no comportamento das

economias A acumulaccedilatildeo de capital humano pode traduzir-se em ganhos de

produtividade a niacutevel agregado pois os trabalhadores adquirem competecircncias teacutecnicas e

fiacutesicas que lhes permitiratildeo desempenhar as suas funccedilotildees de uma forma mais eficiente

mas que tambeacutem se transmitem a outros que com eles trabalhem tornando assim a taxa

de retorno dos investimentos individuais em sauacutede e educaccedilatildeo maior para a sociedade

do que para os indiviacuteduos Por outro lado nas economias baseadas no conhecimento em

que o progresso teacutecnico eacute o principal motor do crescimento econoacutemico o capital

1 De acordo com a OCDE (1998) o capital humano pode ser definido como ldquoo conhecimento as

aptidotildees as competecircncias e outros atributos incorporados nos indiviacuteduos que satildeo relevantes para a

actividade econoacutemicardquo Por outro lado como refere Gonccedilalves (2002 p10) citando Shuller (2000) o

ldquocapital humano baseia-se no comportamento econoacutemico dos indiviacuteduos especialmente na forma como a

respectiva acumulaccedilatildeo de conhecimento e aptidotildees permite aumentar a sua produtividade e os seus

ganhos bem como aumentar a produtividade e sauacutede das sociedades em que vivemrdquo

6

humano eacute um factor de produccedilatildeo de novas ideias logo essencial para garantir um

crescimento econoacutemico sustentaacutevel

Um outro factor que poderaacute em conjunto com o capital humano potenciar o

crescimento econoacutemico eacute o capital social Neste aspecto a existecircncia de um Estado

Social que desempenhe de forma adequada as suas funccedilotildees poderaacute contribuir para a

acumulaccedilatildeo de capital social Gonccedilalves (2002 p32) citando Shuller (2000) descreve

o capital social como sendo ldquobaseado em termos de organizaccedilotildees normas e confianccedila e

o modo como as uacuteltimas permitem aos agentes e instituiccedilotildees serem mais eficientes na

obtenccedilatildeo de objectivos comunsrdquo

Relativamente ao impacto do capital social no crescimento econoacutemico Bergh

(2011) afirma que estudos recentes apontam para que o niacutevel de confianccedila possa

explicar como os paiacuteses como a Sueacutecia podem se desenvolver e continuar os seus

abrangentes sistemas de promoccedilatildeo do bem-estar social apesar do risco de evasatildeo fiscal

ou de uma maacute distribuiccedilatildeo dos apoios Bergh (2011) tambeacutem salienta a existecircncia de

estudos que comprovam que a confianccedila tem impacto positivo na economia sendo este

ilustrado atraveacutes de um exemplo comparativo entre a Sueacutecia e os EUA onde 64 de

suecos acham que podem confiar uns nos outros em detrimento dos apenas 41 de

americanos que acham o mesmo podendo levar a que a economia sueca cresccedila

anualmente mais 05 pontos percentuais que os EUA

No entanto a literatura econoacutemica natildeo constata apenas que existem efeitos

positivos entre a despesa social e o crescimento econoacutemico No que diz respeito agrave

relaccedilatildeo negativa entre estas duas variaacuteveis autores como Izaacutek (2011) afirmam que a

distribuiccedilatildeo dos subsiacutedios e de outros apoios por parte do Estado e Social diminuem o

crescimento econoacutemico devido aos incentivos negativos que estes transmitem aos

agentes econoacutemicos por exemplo ao niacutevel dos desincentivos ao trabalho contribuindo

assim para a diminuiccedilatildeo da produtividade e do crescimento Para aleacutem deste autor

Furceri e Zdzieniecka (2012) apontam para que o crescimento da despesa social possa

estar relacionado com os incentivos agrave reforma antecipada e com os subsiacutedios de

invalidez que levam a uma diminuiccedilatildeo da forccedila de trabalho traduzindo-se essa

diminuiccedilatildeo num efeito negativo no crescimento do produto

No que respeita a estudos empiacutericos sobre a relaccedilatildeo entre despesa social e o

crescimento econoacutemico os resultados natildeo satildeo conclusivos com alguns estudos

empiacutericos a apontar para uma relaccedilatildeo positiva e outros para uma relaccedilatildeo de sinal

negativo dependo do tipo de despesa e do niacutevel de desenvolvimento do paiacutes a que nos

7

referimos De forma a compreender a relaccedilatildeo entre despesa social do Estado e

crescimento econoacutemico Afonso e Allegre (2008) no seu trabalho empiacuterico recorreram

a dados referentes a despesa social em 27 paiacuteses europeus e procuraram atraveacutes de um

estudo economeacutetrico verificar se esta contribuiacutea para o crescimento econoacutemico dos

mesmos paiacuteses Os resultados deste estudo apontaram para a existecircncia de um impacto

negativo entre os gastos em educaccedilatildeo e em protecccedilatildeo social no crescimento econoacutemico

mas tambeacutem para um efeito positivo da despesa em educaccedilatildeo no crescimento

econoacutemico De forma a estudar mais uma vez os efeitos entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico Izaacutek (2011) desenvolveu um estudo que assentava no caacutelculo

dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre valores meacutedios da despesa social em aacutereas como a

educaccedilatildeo sauacutede e protecccedilatildeo social e taxa de crescimento do PIB No entanto o periacuteodo

em anaacutelise foi relativamente curto devido agrave falta de dados sendo os dados da despesa

social referentes ao periacuteodo entre 2002 e 2006 e as estimativas de crescimento para o

periacuteodo de 2006 a 2008 Para realizar este estudo foram utilizados dados agregados

relativos agraves despesas sociais dos 25 paiacuteses pertencentes agrave UE a partir de 2004 a que

deram o nome de EU-25 Contudo para analisar esta a relaccedilatildeo entre despesa social e

crescimento econoacutemico a amostra de 25 paiacuteses foi separada em duas sendo a primeira

relativa aos 15 paiacuteses pertencentes agrave UE a partir de Janeiro de 1995 os EU-15 e a

segunda aos 10 que passaram a pertencer a partir de Maio de 2004 os denominados EU-

10

Os resultados do estudo apontam para valores negativos ao niacutevel do coeficiente

de correlaccedilatildeo entre a despesa social em termos globais das trecircs amostras e o crescimento

econoacutemico sendo que como salienta o mesmo autor o coeficiente de correlaccedilatildeo eacute mais

baixo nos paiacuteses que constituem o primeiro grupo e mais alto nos paiacuteses que mais

recentemente formam parte da UE

Izaacutek (2011) procurou tambeacutem estudar os efeitos das vaacuterias componentes da

despesa social ao niacutevel do crescimento econoacutemico Para o efeito foi calculado o

coeficiente de correlaccedilatildeo entre a despesa em protecccedilatildeo social a despesa em educaccedilatildeo e

por fim entre a despesa em sauacutede e o crescimento econoacutemico Os resultados do autor

enfatizam que a despesa social em qualquer destas aacutereas tem um impacto negativo no

crescimento econoacutemico verificaacutevel em todos os grupos analisados sendo reforccedilado o

facto surpreendente de haver uma correlaccedilatildeo negativa entre a despesa em sauacutede e o

crescimento econoacutemico

8

Outros estudos relativos ao impacto da despesa social no crescimento econoacutemico

foram desenvolvidos como eacute o caso de Wang (2011) que se foca na estimaccedilatildeo da

relaccedilatildeo entre a despesa do Estado na aacuterea da sauacutede e o crescimento econoacutemico para

uma amostra de 20 paiacuteses em desenvolvimento entre 1990 e 2009 O autor analisa a

relaccedilatildeo existente entre os gastos em sauacutede e o PIB atraveacutes do teste de cointegraccedilatildeo em

painel de Engle-Granger Os resultados apontam para a existecircncia de causalidade

bilateral ou seja para que o crescimento econoacutemico esteja relacionado com o aumento

dos gastos em sauacutede e para que os gastos em sauacutede tenham um impacto positivo no

crescimento econoacutemico Neste aspecto os resultados demonstram que no longo prazo

os gastos em sauacutede podem levar ao crescimento do produto ilustrando a importacircncia

dos apoios do Estado no sector da sauacutede para criar uma populaccedilatildeo fisicamente mais apta

e produtiva

Uma outra anaacutelise empiacuterica foi realizada por Baldacci et al (2004) que

relacionaram a despesa social com o capital humano na forma de educaccedilatildeo e sauacutede e o

seu impacto no crescimento econoacutemico usando dados em painel relativos a 120 paiacuteses

em vias de desenvolvimento para o periacuteodo de 1975 a 2000 Para a anaacutelise da relaccedilatildeo

recorreram a um estudo economeacutetrico sob a forma de um sistema de quatro equaccedilotildees

relativas ao crescimento do rendimento per capita ao investimento educaccedilatildeo e sauacutede

Com o estudo pretenderam demonstrar que as despesas sociais em sauacutede e em educaccedilatildeo

tinham um contributo positivo para acumulaccedilatildeo de capital humano que se veio a provar

como verdadeiro assim como o efeito positivo daquele no crescimento econoacutemico

Furceri e Zdzienicka (2012) investigam os efeitos dos gastos sociais no

crescimento econoacutemico num conjunto de paiacuteses pertencentes agrave OCDE para o periacuteodo

entre 1980 e 2005 Os autores recorrem a uma regressatildeo economeacutetrica concluindo que

um aumento de 1 no niacutevel de gastos sociais leva a um aumento do crescimento

econoacutemico em cerca de 012 pontos percentuais apoacutes um ano Numa segunda fase

utilizaram uma outra regressatildeo economeacutetrica tendo como objectivo estudar o impacto

da despesa social no crescimento econoacutemico com a inclusatildeo de alguns desfasamentos

do PIB verificando que no caso de um aumento de 1 dos gastos sociais em

percentagem do PIB leva a que o produto aumente em cerca de 057 pontos percentuais

sendo que as aacutereas que mais contribuiacuteram para este aumento foram os gastos em sauacutede e

com os subsiacutedios de desemprego

Outros estudos como o de Andrade et al (2013) procuraram estudar a relaccedilatildeo

entre as despesas em sauacutede e educaccedilatildeo e o crescimento econoacutemico Recorreram a uma

9

amostra de paiacuteses de vaacuterias regiotildees do mundo onde foram excluiacutedos os ex-paiacuteses

socialistas os paiacuteses que produzem essencialmente petroacuteleo e os que tinham vivido ateacute

haacute pouco tempo conflitos armados Separaram-se os paiacuteses tendo em conta o seu niacutevel

de rendimento e desenvolveram um estudo economeacutetrico para verificar o efeito da

despesa entre educaccedilatildeo e sauacutede na variaacutevel dependente PIB real per capita Os

resultados mostram de forma incontestaacutevel que os gastos em educaccedilatildeo e sauacutede tecircm

efeitos positivos no crescimento do PIB per capita de qualquer dos grupos de paiacuteses

Por fim Fic e Ghate (2005) desenvolveram um estudo com o intuito de

averiguar a relaccedilatildeo entre o Estado Social e o crescimento econoacutemico para uma amostra

de 19 paiacuteses pertencentes agrave OCDE entre os quais se incluiacuteam paiacuteses como a Dinamarca

Finlacircndia e a Sueacutecia entre 1950 e 2001 Este estudo utilizou um modelo dinacircmico de

crescimento desenvolvido anteriormente por um dos autores Ghate e Zak (2002) que

permitiu chegar agrave conclusatildeo de que a razatildeo para haver uma quebra no crescimento

econoacutemico poderaacute estar relacionado com o Estado Social Tal se justifica segundo os

autores pelo facto de no periacuteodo que antecede a quebra de crescimento a elevada taxa

de crescimento que se verifica induzir ao crescimento da despesa social Ao longo do

tempo o aumento do Estado Social leva assim agrave diminuiccedilatildeo do crescimento econoacutemico

que no Longo Prazo espera-se que leve agrave reduccedilatildeo do Estado Social Os resultados

segundo os autores sugerem que paiacuteses com um baixo crescimento econoacutemico tenham

que fazer cortes ao niacutevel da despesa com o Estado Social Estes consideram que o iniacutecio

da deacutecada de 70 foi o periacuteodo no qual foi mais visiacutevel esta relaccedilatildeo pois o baixo

crescimento econoacutemico verificado entre 1970 e 1975 foi o precedido da existecircncia de

um Estado Social de dimensotildees consideraacuteveis

Em jeito de conclusatildeo verificamos que os resultados dos estudos desenvolvidos

por Andrade et al (2013) e Baldacci et al (2004) apontam para um efeito positivo entre

a despesa social em educaccedilatildeo e sauacutede e o crescimento econoacutemico Furceri e Zdzienicka

(2012) considerando a despesa social em todas as aacutereas de intervenccedilatildeo do Estado Social

tambeacutem apontam para o contributo positivo desta no crescimento econoacutemico Quanto ao

estudo desenvolvido por Izaacutek (2011) este aponta para uma relaccedilatildeo negativa entre as

vaacuterias componentes da despesa social e o crescimento econoacutemico Os resultados

opostos podem ser fruto do niacutevel de desenvolvimento da amostra de paiacuteses utilizada

pois parece que a utilizaccedilatildeo de paiacuteses mais desenvolvidos apontam para um efeito

negativo e a utilizaccedilatildeo de alguns paiacuteses em desenvolvimento aponte para um efeito

positivo

10

3 Caracterizaccedilatildeo econoacutemico-social dos paiacuteses em anaacutelise

Neste ponto seraacute feita uma caracterizaccedilatildeo econoacutemico-social dos paiacuteses em

anaacutelise Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia trecircs paiacuteses escandinavos onde o Estado Social

haacute muito eacute uma realidade e Portugal Espanha Itaacutelia e Greacutecia paiacuteses da chamada

periferia Europeia onde o Estado social eacute uma realidade mais recente essencialmente

desde os meados dos anos 80 salientando as suas semelhanccedilas e diferenccedilas

O objectivo eacute enquadrar a anaacutelise mais especiacutefica da secccedilatildeo seguinte sobre a

potencial relaccedilatildeo entre o desempenho em termos de crescimento econoacutemico e a despesa

social total e por diferentes categorias Sempre que possiacutevel a comparaccedilatildeo entre paiacuteses

seraacute realizada ao longo do periacuteodo 1985-2010 No entanto dada a indisponibilidade de

dados relativamente a algumas variaacuteveis para alguns paiacuteses o periacuteodo de anaacutelise poderaacute

ser mais curto Eacute importante ter tambeacutem em conta o surgimento da crise de 2007 para

compreender alguns indicadores mais desfavoraacuteveis dos paiacuteses do Sul em relaccedilatildeo ao

Norte nos anos mais recentes

Inicialmente este trabalho procuraraacute discutir as semelhanccedilas e diferenccedilas entre

os dois grupos de paiacuteses relativamente a um conjunto de indicadores sociodemograacuteficos

que podem ter impacto e ser influenciados pela despesa social Em segundo lugar satildeo

apresentados e analisados alguns indicadores econoacutemicos seleccionados segundo a

mesma loacutegica ou seja que podem ter impacto e ser influenciados pela dimensatildeo e

composiccedilatildeo do Estado Social tais como o seu grau de abertura ao comeacutercio

internacional e a respectiva estabilidade macroeconoacutemica sendo utilizado como suporte

da anaacutelise os graacuteficos disponiacuteveis nos Anexos

O graacutefico 1 conteacutem os valores do PIB real per capita expressos em doacutelares a

preccedilos constantes de 2005 que eacute o principal indicador dos diferenciais de niacutevel de vida

do cidadatildeo meacutedio dos diferentes paiacuteses Da observaccedilatildeo do referido graacutefico constatamos

que em 2010 o niacutevel de rendimento por habitante eacute em todos os paiacutes mais elevado do

que o que se verificava em 1985 sendo que nos paiacuteses escandinavos o PIB real per

capita foi sempre relativamente mais elevado que nos restantes paiacuteses No caso da

Sueacutecia e Finlacircndia verificamos que estes em 2010 estes eram os mais ricos tal como jaacute

o eram em 1985 passando o valor desta variaacutevel na Sueacutecia dos 2806538 doacutelares em

1985 para os 4282567 doacutelares em 2010 e na Finlacircndia dos 242344 doacutelares de 1985

para os 3806465 doacutelares em 2010 Os paiacuteses do Sul ou periferia apresentam ao longo

do periacuteodo um PIB real per capita mais baixo nomeadamente Portugal e Greacutecia que

11

apesar de terem aumentado o seu PIB real per capita entre 1985 e 2010 no ano de 2010

Portugal tinha um valor de 1864776 doacutelares e a Greacutecia de 2130896 doacutelares

A opccedilatildeo por comeccedilar a caracterizaccedilatildeo das diferenccedilas entre os paiacuteses da amostra

pelo PIB real per capita deriva em parte do facto de este poder estar relacionado com a

melhoria de alguns indicadores que medem o niacutevel de desenvolvimento humano e que

servem para a construccedilatildeo do Iacutendice de Desenvolvimento Humano como eacute o caso da

diminuiccedilatildeo da taxa de mortalidade infantil e o aumento da esperanccedila meacutedia de vida

Face a isto relativamente ao sector da sauacutede como se pode ver no graacutefico 2 a

esperanccedila meacutedia de vida agrave nascenccedila (EMV) entre 1985 e 2010 aumentou No entanto

apesar de todos os paiacuteses terem registado um aumento da EMV ao longo do periacuteodo

analisado dos paiacuteses escandinavos apenas a Sueacutecia tem no iniacutecio do periacuteodo um valor

superior ao de todos os paiacuteses do Sul Com efeito Espanha Greacutecia e Itaacutelia partem de

uma situaccedilatildeo melhor do que a Dinamarca e a Finlacircndia O paiacutes que regista menor EMV

em 1985 eacute Portugal com 73 anos Em 2010 todos os paiacuteses da periferia ultrapassam os

paiacuteses escandinavos com excepccedilatildeo de Portugal que se manteacutem na uacuteltima posiccedilatildeo

Quanto agrave taxa de mortalidade infantil indicador que traduz o nuacutemero de mortes

de crianccedilas no primeiro ano de vida por cada 1000 nascimentos eacute de imediato

verificaacutevel no graacutefico 3 que ocorreu uma consideraacutevel melhoria neste indicador em

todos os paiacuteses ao longo do periacuteodo analisado Em 1985 a taxa de mortalidade infantil

em Portugal e na Greacutecia era maior do que nos restantes paiacuteses no entanto em 2010 jaacute

registavam um nuacutemero de mortes semelhante aos restantes paiacuteses No caso grego

verificou-se uma passagem das 16 mortes em cada 1000 nascimentos em 1985 para as 4

em 2010 ocorrendo o mesmo em Portugal que passou das 17 para as 4 No que respeita

agrave Escandinaacutevia o nuacutemero de mortes que se verificava no ano de 2010 natildeo era muito

diferente do que se verificava em 1985 e no caso da Finlacircndia houve apenas uma

pequena reduccedilatildeo das 6 para as 2 mortes durante este periacuteodo

A evoluccedilatildeo e composiccedilatildeo demograacutefica dos paiacuteses pode ter um impacto

importante naquela que eacute actualmente uma das componentes da despesa social com

maior peso a despesa com pensotildees Assim atraveacutes da anaacutelise do graacutefico 4 verifica-se

que a taxa de crescimento da populaccedilatildeo em termos anuais foi positiva em todos os

paiacuteses No entanto durante este periacuteodo (1990-2010) apenas Portugal entre 1990 e

1992 registou uma taxa de crescimento negativa que no entanto foi invertida No que

toca ao maior crescimento populacional este deu-se em Espanha entre 1997 e 2003 ao

qual se seguiu apoacutes um periacuteodo de estabilidade entre 2003 e 2007 uma diminuiccedilatildeo

12

acentuada Em termos globais a taxa de crescimento populacional tem vindo a descer

nomeadamente nos paiacuteses do Sul contrariamente aos paiacuteses do Norte Europeu que a

partir de 2000 verificaram um aumento Tal poderaacute dever-se agrave imigraccedilatildeo mas tambeacutem

poderaacute ter-se devido agraves poliacuteticas de apoio agrave natalidade com vista ao combate ao

envelhecimento da populaccedilatildeo Neste acircmbito decompondo a populaccedilatildeo dos paiacuteses da

amostra em faixas etaacuterias populaccedilatildeo jovem (ateacute aos 15 anos de idade) populaccedilatildeo entre

os 15 e 64 anos e populaccedilatildeo idosa (mais de 65 anos) verificamos que existe uma

tendecircncia para a diminuiccedilatildeo da populaccedilatildeo mais jovem face agrave total sendo esse

comportamento mais visiacutevel em Espanha que conforme o graacutefico 5 demonstra em

1985 tinha uma percentagem de jovens de cerca de 233 mas que em 2010

apresentava uma taxa de 149 Um aspecto curioso tem que ver com o facto de neste

periacuteodo de anaacutelise natildeo se ter verificado uma grande diminuiccedilatildeo desta faixa etaacuteria na

Escandinaacutevia sendo que no caso da Dinamarca esta registava em 2010 uma

percentagem de populaccedilatildeo jovem a rondar os 18 os mesmos que em 1985

Por outro lado verifica-se um agravamento do envelhecimento da populaccedilatildeo

com a pior situaccedilatildeo a verificar-se em Itaacutelia e na Greacutecia Entre 1985 e 2010 a

percentagem da populaccedilatildeo italiana com mais de 64 anos passou dos 131 em 1985

para os 203 em 2010 e na Greacutecia verificou-se uma passagem dos 133 para os 19

(ver graacutef 6) Relativamente ao Norte Europeu essa subida eacute mais ligeira e em 2010 a

Finlacircndia apresentava uma percentagem de 171 enquanto que a Dinamarca de 166

No que diz respeito agrave faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entre os 15 e 64 anos verifica-se atraveacutes

do graacutefico 7 que entre 1985 e 1995 a percentagem da populaccedilatildeo compreendida nesta

faixa etaacuteria aumentou No entanto a partir deste periacuteodo verificou-se uma descida dos

valores em alguns paiacuteses como eacute o caso da Itaacutelia onde a populaccedilatildeo pertencente a este

grupo entre 1985 e 2010 passou dos 675 para os 657 resultado talvez de uma

diminuiccedilatildeo da populaccedilatildeo jovem e do aumento da populaccedilatildeo mais idosa podendo isso

dever-se agrave baixa taxa de natalidade

Quanto agrave melhoria dos indicadores relativos agrave educaccedilatildeo verificamos que os

apoios do Estado nesta aacuterea talvez se tenham feito sentir Com efeito de acordo com o

graacutefico 8 a percentagem de populaccedilatildeo activa com apenas o ensino primaacuterio diminuiu

em todos os paiacuteses entre 1995-2010 sendo que no entanto o niacutevel de populaccedilatildeo activa

com apenas este niacutevel de escolaridade eacute mais reduzido nos paiacuteses do Norte como eacute o

caso da Finlacircndia e da Sueacutecia talvez devido ao facto de estes paiacuteses terem tomado haacute

mais tempo consciecircncia da importacircncia da educaccedilatildeo para um bom desempenho

13

econoacutemico (ver graacutef 8) Associado ao comportamento anterior verifica-se que em 2010

existe uma maior percentagem de pessoas com o ensino secundaacuterio e universitaacuterio em

todos os paiacuteses relativamente a 1995 Ao niacutevel do ensino secundaacuterio o graacutefico 9 mostra

que entre 1995 e 2010 verificou-se um aumento de trabalhadores com este niacutevel

acadeacutemico sendo esse impacto maior em Portugal Espanha Greacutecia e Itaacutelia mas no que

toca aos paiacuteses do Norte este nuacutemero foi oscilando Em todo o caso em 1995 os trecircs

paiacuteses escandinavos registavam uma maior percentagem da populaccedilatildeo com o ensino

secundaacuterio relativamente a qualquer dos paiacuteses do Sul sendo em 2010 apenas a

Dinamarca e a Finlacircndia ultrapassadas pela Itaacutelia O niacutevel de escolaridade dos

trabalhadores que mais subiu foi como se pode constatar no graacutefico 10 o universitaacuterio

verificando-se que em paiacuteses como a Finlacircndia a percentagem de trabalhadores com este

niacutevel acadeacutemico passou dos 217 em 1995 para os 373 em 2010 e na Espanha

passou dos 203 para os 33 Neste acircmbito verifica-se em 2010 a Espanha tinha uma

percentagem de indiviacuteduos com ensino superior mais elevada que a Sueacutecia e a

Dinamarca

Outra das componentes da despesa social com mais peso no total eacute a despesa

associada ao subsiacutedio de desemprego Nos anos mais recentes tem-se verificado um

aumento da taxa de desemprego como podemos ver no graacutefico 11 O desemprego pode

por em causa a estabilidade social uma vez que os indiviacuteduos sem emprego ao

perderem a sua fonte de rendimento podem perder qualidade de vida e estarem sujeitos

a situaccedilotildees de pobreza A taxa de desemprego entre 1991 e 2010 foi sempre mais

elevada no Sul em relaccedilatildeo ao Norte Os paiacuteses que apresentavam uma taxa mais elevada

em 2010 foram a Espanha com cerca de 20 seguido da Greacutecia com 125 enquanto

que a taxa de desemprego mais baixa se registou na Escandinaacutevia na Dinamarca onde a

taxa de desemprego em 2010 era de 75

No que diz respeito agrave taxa de desemprego jovem esta tem afectado sobretudo os

jovens do Sul Europeu e parece estar a tornar-se um problema grave para as geraccedilotildees

mais jovens As dificuldades em arranjar emprego podem prender-se com a falta de

experiecircncia por parte dos jovens Como tal estas situaccedilotildees levam a que estes natildeo

tenham nenhum tipo de poupanccedila nem direito a qualquer tipo de subsiacutedio como eacute o caso

do subsiacutedio de desemprego pois natildeo tiveram um passado activo consideraacutevel que lhes

permitisse ter realizado contribuiccedilotildees para a Seguranccedila Social e a ter direito a receber

subsiacutedio de desemprego Por outro lado ao natildeo terem emprego poderatildeo vir a ter

problemas em obter uma boa pensatildeo aquando o final da sua vida activa pois faratildeo

14

menos descontos do que aqueles satildeo necessaacuterios para obter um boa pensatildeo no futuro

podendo estar a comprometer a sua estabilidade financeira apoacutes a sua vida activa No

Norte Europeu paiacuteses como a Dinamarca tecircm investido na resoluccedilatildeo dos problemas

relativos ao desemprego jovem promovendo poliacuteticas de apoio aos jovens que possuem

baixos niacuteveis de estudos e que estejam sem trabalho como salientam Hughes e Borbeacutely-

Pecze (2012) Para tal foram desenvolvidos programas onde os jovens satildeo inseridos em

cursos de formaccedilatildeo praacutetica com vista a que estes adquiram experiecircncia e que os

familiarizem com o local de trabalho promovendo as suas aptidotildees de forma a capacitaacute-

los para o mercado de trabalho para que tragam ganhos de produtividade agrave entidade que

os emprega e consequentemente ao seu paiacutes Ao niacutevel da taxa de desemprego jovem o

graacutefico 12 ajuda-nos a perceber que esta era no ano de 2010 mais elevada na Espanha

com cerca de 424 sendo esta seguida pela Greacutecia com 325 Ao niacutevel das taxas

mais baixas verificamos que que entre 1991 e 2010 quem apresentou a taxa mais baixa

foi a Dinamarca sendo que no ano de 2010 esta apresentava uma taxa de cerca de

139 seguida da Finlacircndia com cerca de 203

Quanto agrave anaacutelise de factores econoacutemicos que possam ser responsaacuteveis pelas

diferenccedilas relativas ao niacutevel de vida iremos comeccedilar por analisar a importacircncia do

sector secundaacuterio e terciaacuterio para o PIB dos diversos paiacuteses na medida em que estes

sectores satildeo os que envolvem uma maior percentagem de indiviacuteduos com habilitaccedilotildees

acadeacutemicas mais elevadas e cujo seu contributo para o produto dos paiacuteses eacute mais

consideraacutevel

No que toca ao sector secundaacuterio verifica-se que entre 1985 e 2010 este tem

vindo a perder importacircncia no PIB de todos os paiacuteses No entanto durante este periacuteodo

verificou-se que o paiacutes que apresentava uma maior percentagem de riqueza gerado por

este sector era Portugal tendo contudo essa importacircncia diminuiacutedo de forma constante

chegando no ano de 2010 a ser de apenas 15 proacuteximo da percentagem da Espanha Eacute

de salientar que a importacircncia deste sector em 2010 era relativamente mais baixa nestes

paiacuteses em relaccedilatildeo agrave Dinamarca ou na Sueacutecia (ver graacutef13) Ao niacutevel do sector terciaacuterio

verificamos atraveacutes do graacutefico 14 que a importacircncia deste sector para a amostra de

paiacuteses em estudo era muito nivelado entre os 60 e os 70 No entanto a partir do ano

2000 verificou-se um aumento relativo da contribuiccedilatildeo deste sector para o PIB dos

vaacuterios paiacuteses sendo de salientar que em 2009 este sector tinha maior peso na produccedilatildeo

de riqueza no caso da Greacutecia contribuindo em cerca de 79 do total do PIB grego

15

enquanto que o mais baixo se verificava na Finlacircndia com cerca de 69 do PIB a ser

gerado por este sector

A anaacutelise da estrutura produtiva de um paiacutes pode ter tambeacutem uma relaccedilatildeo com o

grau de abertura da economia pois este poderaacute trazer algumas vantagens e explicar o

porquecirc de um determinado sector ter ganho mais importacircncia no PIB de um paiacutes Essas

vantagens podem estar relacionadas com a entrada de novos produtos e tecnologias que

normalmente estatildeo relacionados com o sector secundaacuterio e terciaacuterio e que poderatildeo

explicar o crescimento destes sectores Este factor poderaacute ainda estar relacionado com o

niacutevel de educaccedilatildeo de uma populaccedilatildeo pois quanto maior for o desenvolvimento

tecnoloacutegico de um paiacutes tal poderaacute levar agrave necessidade de um reforccedilo na educaccedilatildeo e

formaccedilatildeo profissional para capacitar a matildeo-de-obra para lidar com estas novas

tecnologias Assim o grau de abertura de um paiacutes poderaacute estar relacionado com o

aumento dos gastos em educaccedilatildeo

No que respeita ao grau de abertura da economia medido atraveacutes do volume de

importaccedilotildees e exportaccedilotildees em percentagem do PIB verificou-se que em todos os paiacuteses

em estudo houve uma tendecircncia de crescimento entre 1985 e 2010 Os paiacuteses que no

ano de 2010 apresentavam um grau de abertura mais elevado eram a Dinamarca com

cerca de 953 e a Sueacutecia com cerca de 928 Por outro lado paiacuteses como a Greacutecia e

a Espanha registavam valores muito mais baixos sendo que a Greacutecia apresentava um

niacutevel de cerca de 538 do seu PIB e a Espanha 569 como se pode constatar no

graacutefico 15 No que respeita ao saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes um valor em

percentagem do PIB positivo significa que existe um superavit ou seja que o paiacutes

aumentou os seus activos no estrangeiro Neste aspecto devido agrave falta de dados a

anaacutelise a esta variaacutevel comeccedila a partir de 2003 e consultando a graacutefico 16 verificamos

que ao longo do periacuteodo na Greacutecia Portugal Itaacutelia e Espanha a balanccedila foi sempre

deficitaacuteria sendo as situaccedilotildees mais complicadas a da Greacutecia e a de Portugal que em

2010 apresentavam um deacutefice de 104 e 97 respectivamente Por outro lado a

Dinamarca a Sueacutecia e a Finlacircndia tiveram sempre um excedente

No que toca agrave anaacutelise do saldo orccedilamental este juntamente com a diacutevida puacuteblica

poderaacute ajudar a compreender o estado das financcedilas puacuteblicas de um paiacutes Compreender o

saldo orccedilamental em percentagem do PIB eacute muito importante pois se este demonstrar

um comportamento mais despesista tal iraacute reflectir-se no aumento do endividamento do

Estado que poderaacute ter de levar a uma reduccedilatildeo dos apoios do Estado Social com vista agrave

sustentabilidade financeira do Estado Como forma de controlar as financcedilas puacuteblicas

16

poderatildeo ser necessaacuterios cortes ao niacutevel dos apoios da protecccedilatildeo social bem como a

reduccedilatildeo do orccedilamento do Estado para aacutereas com a sauacutede ou educaccedilatildeo No graacutefico 17 eacute

possiacutevel verificar que no caso de paiacuteses como a Greacutecia Portugal e Itaacutelia no periacuteodo de

estudo verificou-se que estes paiacuteses tiveram sempre um comportamento mais despesista

que os restantes sendo como jaacute vimos esta uma possiacutevel justificaccedilatildeo para o crescimento

da diacutevida puacuteblica nestes paiacuteses Jaacute os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentavam saldos

orccedilamentais mais positivos em relaccedilatildeo aos do Sul da Europa sendo mesmo o saldo

orccedilamental sueco aproximadamente de 0

A diacutevida puacuteblica em percentagem do PIB sempre foi inferior nos paiacuteses do Norte

em relaccedilatildeo aos do Sul Entre 1995 e 2010 verificamos que o niacutevel de diacutevida foi

oscilando no entanto este foi relativamente mais elevado na Greacutecia e na Itaacutelia

chegando no ano de 2010 este a ser cerca de 145 e 1194 do seu PIB

respectivamente No caso da Sueacutecia verificou-se ao longo deste periacuteodo uma tendecircncia

de descida e em 2010 este era de 394 (ver graacutef 18) Um outro factor que pode ter

feito aumentar o niacutevel de diacutevida de alguns paiacuteses do Sul da Europa a partir de 2005

pode ter que ver com o surgimento da crise econoacutemica de 2007 que agravou ainda mais

o niacutevel de diacutevida destes paiacuteses que era jaacute elevado como satildeo exemplos a Greacutecia e

Portugal

Em resumo verificamos que em termos globais os indicadores soacutecio-

econoacutemicos do Sul da Europa satildeo piores que os do Norte Europeu Contudo as

diferenccedilas tecircm vindo a diminuir Por exemplo os indicadores relativos agrave sauacutede e agrave

educaccedilatildeo tecircm demonstrado francas melhorias que talvez resultem do facto dos estados

terem reforccedilado os apoios ao niacutevel destas funccedilotildees sociais Haacute no entanto que ter em

conta que no caso do Sul Europeu o crescente aumento da diacutevida puacuteblica poderaacute

dificultar a continuidade desta acccedilatildeo na medida em que poderaacute levar agrave necessidade de

reformulaccedilotildees que passem por cortes no Estado Social com vista a fazer face ao

crescente endividamento destes Os Estados do Sul Europeu natildeo devem contudo no

periacuteodo actual de crise esquecer a importacircncia que estes sectores tecircm para a coesatildeo

social e potencialmente para o desempenho econoacutemico

4 Despesa Social e Crescimento Econoacutemico anaacutelise comparada de alguns dados

Nesta secccedilatildeo seraacute realizada uma anaacutelise de estatiacutestica descritiva que teraacute como

principal objectivo uma anaacutelise comparada dos dois grupos de paiacuteses em termos de

crescimento econoacutemico e despesa social agregada e por diferentes componentes entre

17

1985 e 2010 Por uacuteltimo procura-se verificar se o sinal da correlaccedilatildeo esperada entre a

despesa social do Estado e o comportamento do produto estaacute de acordo com a literatura

econoacutemica Para tal realizamos apenas uma anaacutelise muito simples e preliminar baseada

no caacutelculo de coeficientes de correlaccedilatildeo entre as despesas em sauacutede educaccedilatildeo e as

vaacuterias componentes da despesa em protecccedilatildeo social e respectivamente o PIB per capita

e a taxa de crescimento do mesmo

Esta anaacutelise foi realizada tendo em conta todos os dados disponiacuteveis na base de

dados da OECD Social Expenditure Database ao niacutevel dos gastos com sauacutede e

protecccedilatildeo social e com os dados disponiacuteveis do Banco Mundial relativamente a despesa

em educaccedilatildeo PIB real per capita para todos os paiacuteses em anaacutelise no periacuteodo entre 1985

e 2010

Antes de passarmos agrave anaacutelise comparada da despesa social e suas componentes

nos paiacuteses da nossa amostra detenhamo-nos na comparaccedilatildeo da respectiva prestaccedilatildeo em

termos de crescimento econoacutemico de acordo com os dados relativos agraves taxas meacutedias de

crescimento anual do PIB real per capita entre 1985 e 2010 e alguns sub-periacuteodos (ver

Quadro 1) Ao longo do periacuteodo total 1985-2010 Portugal e a Espanha foram os paiacuteses

que mais cresceram o que natildeo eacute de estranhar uma vez que partiram de valores do PIB

real per capita dos mais baixos do grupo Seguem-se a estes os paiacuteses escandinavos

Finlacircndia Sueacutecia e Dinamarca enquanto que a Greacutecia e a Itaacutelia foram os paiacuteses que

menos cresceram No caso da Greacutecia a situaccedilatildeo eacute mais insoacutelita uma vez que tal como

Portugal e Espanha partiu de um niacutevel de rendimento relativamente mais baixo e assim

sendo o potencial de crescimento e convergecircncia deveria ter sido superior ao dos paiacuteses

mais ricos Se dividirmos o periacuteodo total em anaacutelise em trecircs sub-periacuteodos 1985-95

1995-05 e 2005-10 verificamos que o desempenho relativo dos paiacuteses se vai alterando

Assim por exemplo a boa prestaccedilatildeo de Portugal entre 1985-2010 parece ter sido

consequecircncia do seu elevado crescimento relativo entre 1985 e 1995 enquanto que nos

outros dois sub-periacuteodos a taxa meacutedia de crescimento anual do seu PIB real per capita eacute

das mais baixas do grupo Os paiacuteses escandinavos tecircm taxas de crescimento relativas

mais elevadas essencialmente entre 1995 e 2005 enquanto a Espanha e a Greacutecia

melhoram o desempenho relativo no segundo e terceiro sub-periacuteodos em especial a

Espanha Em todo o caso registou-se um acentuado abrandamento e do crescimento nos

uacuteltimos cinco anos com a Itaacutelia Sueacutecia Finlacircndia e Portugal a registarem mesmo taxas

crescimento negativas Este fenoacutemeno natildeo pode deixar de ter em conta o iniacutecio da crise

econoacutemica e financeira que teve o seu comeccedilo em 2007-2008

18

Quadro 1 Taxas meacutedias de crescimento anual do PIB real per capita 1985 a 2010

Periacuteodos Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

1985-1995 1639 0940 0555 2140 3600 2698 0970

1995-2005 1682 3377 3243 1128 2025 2591 2831

2005-2010 0025 -0267 0198 -0145 -0441 0207 -0229

1985-2010 1221 1806 1461 1131 2333 2024 1690

Fonte Caacutelculos do autor com base em dados do Banco Mundial

No que diz respeito agrave anaacutelise comparada entre a despesa social dos paiacuteses em

estudo iremos comeccedilar por comparar os niacuteveis de gastos sociais totais2 em percentagem

do PIB ao longo do periacuteodo total 1985-2010 (ver graacutefico 19) Durante todo este periacuteodo

eacute possiacutevel verificar que os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentaram um niacutevel de gastos

sociais totais superior ao dos paiacuteses do Sul Europeu O paiacutes que apresentou um niacutevel de

gastos mais elevado durante a maior parte deste periacuteodo foi a Sueacutecia que apenas o

deixou de ser quando a Dinamarca se assumiu como o paiacutes que mais gastou em despesa

social em 2010 cerca de 306 do PIB Quanto agrave Finlacircndia esta no ano de 2010

tambeacutem ultrapassa a Sueacutecia ao niacutevel de uma maior despesa social Contudo no caso

finlandecircs verifica-se que entre os anos de 1990 e 1992 ocorreu um aumento

consideraacutevel na despesa social ao qual se sucede uma diminuiccedilatildeo gradual dos gastos ateacute

2000 No entanto tal como a Dinamarca e a Sueacutecia este paiacutes apresentava ainda um

niacutevel de gastos superiores ao dos paiacuteses do Sul cerca de 243 do PIB No que respeita

aos paiacuteses da periferia tambeacutem designados paiacuteses do Sul verifica-se que o paiacutes que

mais se conseguiu aproximar do niacutevel de despesa dos paiacuteses da Escandinaacutevia foi a Itaacutelia

que no ano de 2010 gastava cerca de 277 do seu PIB em gastos sociais enquanto que

a Sueacutecia cerca de 283 No entanto verificamos que a Itaacutelia em algumas ocasiotildees foi

ultrapassada pelo niacutevel de gastos da Espanha como eacute o caso do subperiacuteodo entre 1989 e

1996 Quanto aos paiacuteses que canalizaram uma menor percentagem do PIB para a

despesa social verificam-se que estes foram a Espanha Greacutecia e Portugal

Relativamente a estes dois uacuteltimos verificou-se que a Greacutecia apresentava em 1985 um

niacutevel de despesa social consideravelmente maior que Portugal cerca de 161 face aos

101 do PIB de Portugal no entanto essa diferenccedila foi diminuindo Tal resulta de um

2 Os gastos sociais totais incluem a despesa em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado laboral apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social

exceptuando os apoios em educaccedilatildeo

19

evidente aumento da despesa em Portugal e um teacutenue crescimento da Despesa Social

grega chegando Portugal no ano de 2002 a ultrapassar a Greacutecia e no ano de 2010

apresentava um niacutevel de despesa mais elevado de despesa que a Greacutecia cerca de 254

face aos 233 da Greacutecia Na globalidade verificou-se uma tendecircncia de crescimento

contiacutenuo nos paiacuteses escandinavos ateacute ao iniacutecio da deacutecada de 90 seguido de uma

diminuiccedilatildeo ateacute cerca de 2000 No Sul a tendecircncia eacute de crescimento sustentado para a

Greacutecia e Portugal e de oscilaccedilotildees na Espanha e Itaacutelia Eacute tambeacutem notoacuterio que apoacutes a crise

de 2007-08 se verifica de novo um crescimento da despesa relativamente aos paiacuteses do

Norte

No seguimento da anaacutelise comparativa da despesa social em termos globais

efectua-se agora um estudo comparativo entre a despesa do Estado nas vaacuterias

componentes da despesa social educaccedilatildeo sauacutede e protecccedilatildeo social e dentro de estas

com o pagamento de pensotildees de reforma subsiacutedios de invalidez politicas activas do

mercado de trabalho apoios agraves famiacutelias e subsiacutedio de desemprego que correspondem agrave

maioria da despesa social nestes paiacuteses

De acordo com os graacuteficos 20 e 21 os niacuteveis de despesa social quer em sauacutede e

quer em educaccedilatildeo respectivamente dos paiacuteses do Norte face aos do Sul medidos em

percentagem do seu PIB entre 1985 e 2010 satildeo maiores no primeiro grupo de paiacuteses

relativamente ao segundo agrave excepccedilatildeo da Finlacircndia que depois de um periacuteodo de

diminuiccedilatildeo da despesa em sauacutede entre 1992 e 1998 para cerca dos 53 do PIB

verifica de novo um aumento para os 67 verificados em 2010 No entanto situava-se

aqueacutem do verificado em Itaacutelia Espanha e Portugal no mesmo ano que era

respectivamente 73 713 e 712 do PIB Assim sendo a Finlacircndia encontrava-se

soacute a frente da Greacutecia que possuiacutea um niacutevel de gastos de 64 do PIB (ver graacutef 20 e 21)

Nota-se tambeacutem no que diz respeito agrave despesa em sauacutede que a Sueacutecia e a Dinamarca

foram quem mais despenderam nesta aacuterea com niacuteveis de despesa semelhantes Contudo

a partir de 1999 o niacutevel de despesa da Dinamarca passa para frente do da Sueacutecia

tornando-se assim o paiacutes com maior despesa em sauacutede chegando a 2010 a apresentar

um valor de cerca de 94 do PIB face aos 77 da Sueacutecia Eacute importante salientar que

todos os paiacuteses do Sul da Europa verificaram um crescimento sustentado que se traduz

em valores de despesa em sauacutede em percentagem do PIB maiores em 2010 que em

1985 Por fim importa destacar que entre 2009 e 2010 verificou-se uma diminuiccedilatildeo da

despesa para todos os paiacuteses por ventura efeitos da crise que comeccedilou um par de anos

antes

20

No que toca agrave educaccedilatildeo como jaacute foi referido os paiacuteses da Escandinaacutevia

apresentam durante o periacuteodo em anaacutelise um niacutevel de despesa superior nesta mateacuteria em

relaccedilatildeo aos paiacuteses da periferia Neste contexto verificamos que as diferenccedilas relativas

aos niacuteveis de despesa dos vaacuterios paiacuteses em educaccedilatildeo se encontram melhor clarificadas

que as diferenccedilas ao niacutevel da despesa em sauacutede agrave excepccedilatildeo dos anos entre 1987 e 1990

em que os valores da despesa portuguesa foram semelhantes ao da espanhola e dos anos

de 2007 e 2008 em que os valores da Itaacutelia foram semelhantes aos da Espanha Feitas

estas consideraccedilotildees verifica-se a existecircncia de um maior niacutevel de despesa em educaccedilatildeo

por parte da Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia ao longo do periacuteodo e no ano de 2009 o

valor da despesa era respectivamente de 83 72 e 68 do PIB No que toca aos

restantes paiacuteses da amostra os paiacuteses do Sul verificamos que o niacutevel de despesa grego e

portuguecircs foi aumentando chegando o portuguecircs a tornar-se o mais elevado entre os

restantes paiacuteses da periferia a partir de 1994 sem nunca esquecer a ausecircncia de dados

para o ano de 1997 e para a Greacutecia entre 2005 e 2010 No ano de 1994 o valor gasto por

Portugal era cerca de 46 chegando a 2010 aos 56 do PIB Jaacute relativamente agrave Itaacutelia

considerando a quebra de dados para este paiacutes verificamos que esta se encontrava no

topo dos paiacuteses do Sul que mais gastavam nesta aacuterea no entanto como jaacute foi referido

esta foi ultrapassada por Portugal e ateacute mesmo a Espanha a partir de 2007 paiacuteses que

tinham nesse ano respectivamente um niacutevel de gastos de 51 e 434 do PIB face

aos 426 do PIB verificados na Itaacutelia

Relativamente agrave despesa em protecccedilatildeo social entre os paiacuteses em anaacutelise e no

que diz respeito niacutevel gastos em pagamentos de pensotildees de reforma verificamos que

natildeo existe um grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 22) Neste capiacutetulo

verifica-se que em todos os paiacuteses o niacutevel de gastos nesta mateacuteria foi oscilando

Contudo nos subperiacuteodos de 1985-89 e de 1997-2009 este foi mais elevado na Itaacutelia e

a Greacutecia sendo estes ultrapassados apenas entre 1991-95 pela Sueacutecia Estes trecircs paiacuteses

em 2009 ocupavam trecircs das quatro primeiras posiccedilotildees nos gastos em pensotildees

apresentando a Itaacutelia a Greacutecia e a Sueacutecia um niacutevel de gastos de 13 109 e 102

do PIB respectivamente Quanto aos restantes paiacuteses verifica-se que o paiacutes que durante

maior parte do periacuteodo apresentou um niacutevel de despesa mais baixo foi Portugal no

entanto registou um aumento consideraacutevel se em 1985 se encontrava no uacuteltimo posto

com cerca de 33 do seu PIB gasto em pensotildees a partir de 2004 ultrapassou a

Finlacircndia Dinamarca e Espanha apresentando no ano de 2009 uma percentagem de

gastos em pensotildees relativamente ao PIB a rondar os 106 superior ao verificado na

21

Dinamarca (82) na Finlacircndia (102) e Espanha (77) Tal poderaacute ter que ver com

o facto de a populaccedilatildeo em Portugal ter envelhecido a um ritmo mais acelerado que nos

restantes paiacuteses

No que toca aos subsiacutedios de desemprego verificamos tambeacutem que natildeo haacute um

grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 23) Contudo neste capiacutetulo

constata-se que os trecircs paiacuteses que gastaram maior percentagem do PIB em subsiacutedios de

desemprego ao longo do periacuteodo foram a Dinamarca Espanha e Finlacircndia Nestes

paiacuteses verificamos que em 1993 o niacutevel de gastos foi o mais elevado cerca 53 do PIB

no caso dinamarquecircs e de 47 no caso espanhol e finlandecircs sendo uma possiacutevel razatildeo

para esse aumento a crise econoacutemica que ocorreu nesse ano O factor crise econoacutemica

poderaacute tambeacutem ajudar a compreender o porquecirc de na Espanha o niacutevel de gastos ter

subido entre 2008 e 2009 de uma forma abrupta passando dos 22 do PIB para os

35 aumento que poderaacute estar relacionado com a crise econoacutemica de 2007-08 que

poderaacute ter contribuiacutedo para o agravamento da taxa de desemprego espanhola Neste

acircmbito verifica-se tambeacutem que os paiacuteses que apresentaram ao longo deste periacuteodo um

niacutevel de despesa mais reduzido com os subsiacutedios de desemprego foram Portugal Itaacutelia e

Greacutecia que em 2009 eram os que menos gastavam com um niacutevel de despesa de cerca de

07 no caso grego 08 no caso italiano e 12 do PIB no caso portuguecircs Estes

valores ficam bem atraacutes dos verificados no mesmo ano para a Dinamarca (23) e para

a Espanha (35)

Jaacute no que toca agrave despesa social em apoios concedidos agraves famiacutelias em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e em subsiacutedios concedidos a pessoas com incapacidade

verifica-se que os paiacuteses do Norte tecircm um niacutevel de gastos nestas mateacuterias superior ao da

periferia europeia (ver graacuteficos 24 25 e 26) Verifica-se ainda assim uma pequena

excepccedilatildeo no que toca agrave Espanha em que os gastos em poliacuteticas activas no mercado de

trabalho em 1989 e 1990 foram superiores agraves verificadas na Dinamarca que eram cerca

de 08 do PIB face aos 07 despendido pelos dinamarqueses A diferenccedila entre os

dois grupos eacute evidente no caso da despesa relacionada com os apoios agraves famiacutelias onde

se verifica uma diferenccedila consideraacutevel ao longo do periacuteodo de anaacutelise entre o Norte e o

Sul A despesa em aacutereas como as poliacuteticas e com as famiacutelias dentro dos paiacuteses da

Escandinaacutevia foi inicialmente mais elevado na Sueacutecia que chegou a atingir o seu

maacuteximo em 1992 com cerca de 49 do PIB gasto nesta mateacuteria no entanto

progressivamente o niacutevel de despesa da Dinamarca foi-se aproximando da Sueacutecia

chegando ateacute a ultrapassar esta em 1995 No que diz respeito agrave Finlacircndia verificou-se

22

que dos trecircs paiacuteses que compotildeem a Escandinaacutevia eacute aquele que apresenta um niacutevel mais

baixo durante maior parte do periacuteodo em anaacutelise mas no entanto superior aos paiacuteses do

Sul como jaacute foi dito Existe contudo uma excepccedilatildeo para este paiacutes que acontece no ano

de 1994 quando este consegue ser o paiacutes que mais gasta nesta aacuterea cerca de 44 do

PIB superior aos gastos suecos que foram cerca de 43 e dos dinamarqueses cerca de

39 Quanto aos gastos em poliacuteticas activas do mercado de trabalho as diferenccedilas jaacute

natildeo satildeo tatildeo evidentes mas no entanto relativamente aos paiacuteses do Sul verificamos ao

longo de todo o periacuteodo que os paiacuteses que foram apresentando consecutivamente

valores mais elevados de despesa nesta mateacuteria foram Portugal e Espanha que entre

1985 e 2009 sofreram oscilaccedilotildees relativamente aos valores despendidos no entanto em

2009 estes gastavam cerca de 08 e 09 respectivamente um valor mais elevado que

o verificado para a Itaacutelia (04) e para a Greacutecia (02) paiacuteses que ao longo do periacuteodo

observado se ficaram pelos uacuteltimos lugares

Por uacuteltimo abordamos as diferenccedilas entre o Norte e o Sul ao niacutevel de gastos em

pensotildees por incapacidade (ver graacutef 26) Como jaacute foi referido verificamos que o niacutevel

de gastos nesta aacuterea eacute superior no Norte em relaccedilatildeo ao Sul Assim sendo verificamos

que a Sueacutecia e a Finlacircndia foram alternando a lideranccedila relativamente aos paiacuteses que

mais despenderam nestes apoios Entre 1985-91 e 1997-2009 a Sueacutecia realizou um niacutevel

de despesa mais elevado que a Finlacircndia apresentando em 1991 um niacutevel a rondar os

53 face ao gasto pela Finlacircndia que foi cerca de 49 Jaacute em 2009 o niacutevel de gastos

da Sueacutecia foi de 5 do seu PIB maior que o verificado na Finlacircndia 41 enquanto

que para o restante periacuteodo o niacutevel de gastos finlandecircs foi sempre superior ao sueco A

Dinamarca foi dos paiacuteses escandinavos aquele que ao longo da maior parte deste

periacuteodo menos gastou no entanto a partir de 2001 esta ultrapassou o niacutevel de gastos da

Finlacircndia apresentando um niacutevel de despesa de cerca de 38 do PIB face aos 37

verificados no caso finlandecircs Esta ultrapassagem deu-se natildeo soacute pela subida dos gastos

em da Dinamarca nesta aacuterea mas tambeacutem por uma descida da despesa finlandesa No

que toca aos paiacuteses do Sul verificamos que quem gastou relativamente mais durante a

maior parte do periacuteodo entre 1985 e 2009 em subsiacutedios atribuiacutedos a incapacitados

foram Espanha Portugal Itaacutelia e a Greacutecia respectivamente agrave excepccedilatildeo do subperiacuteodo

entre 1985 e 1989 em que a Itaacutelia teve um niacutevel de gastos superiores ao de Portugal

Estes paiacuteses no ano de 2009 apresentavam um niacutevel de gastos a rondar os 27 do PIB

no caso espanhol os 21 no caso portuguecircs os 19 no caso italiano e os 1 no caso

23

grego valores que apesar de serem mais baixos que os verificados nos paiacuteses do Norte

da Europa satildeo mais elevados que os verificados em 1985 para estes paiacuteses

Por fim concluiacutemos esta secccedilatildeo com uma anaacutelise quantitativa muito simples e

preliminar da relaccedilatildeo entre a despesa social e o crescimento econoacutemico que corresponde

ao caacutelculo dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre os vaacuterios tipos de despesa social e o PIB

real per capita e a sua taxa de crescimento De acordo com a revisatildeo da literatura

realizada na secccedilatildeo 2 espera-se que exista uma correlaccedilatildeo positiva entre a despesa

social e o niacutevel de crescimento do PIB na medida ou seja para que esta contribua

efectivamente para uma reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo do rendimento e da

pobreza mas tambeacutem porque certos tipos de despesa social tais como educaccedilatildeo sauacutede

mas tambeacutem os apoios agrave famiacutelia contribuem directamente para a acumulaccedilatildeo de capital

humano Contudo aceitando o argumento de que o financiamento necessaacuterio introduz

distorccedilotildees na actividade econoacutemica que por exemplo desincentivam o trabalho e o

investimento por parte das empresas a correlaccedilatildeo obtida pode ter um sinal negativo Da

mesma forma se despesas como o subsiacutedio de desemprego constituiacuterem um

desincentivo a realizar maior esforccedilo no trabalho tambeacutem o sinal poderaacute ser negativo

Em uacuteltima anaacutelise poderaacute natildeo existir qualquer correlaccedilatildeo se os efeitos de sinal contraacuterio

se compensarem exactamente Finalmente natildeo devemos esquecer que correlaccedilatildeo natildeo

significa causalidade pelo que o sinal obtido se pode dever agrave influecircncia do produto

sobre a despesa social ou agrave influecircncia muacutetua

Com auxiacutelio do Quadro 2 onde se encontram os resultados relativos aos

coeficientes de correlaccedilatildeo entre despesa social e o PIB real per capita verificamos que

tendo em conta os dados disponiacuteveis para todos os paiacuteses e anos os coeficientes de

correlaccedilatildeo entre as vaacuterias despesas sociais e o PIB real per capita satildeo todos positivos

quer no que respeita agrave despesa social total quer agraves suas diferentes componentes Os

coeficientes de correlaccedilatildeo mais elevados dizem respeito agraves despesas em educaccedilatildeo e

sauacutede respectivamente 0833 e 0791 podendo argumentar-se que isto se deve ao seu

contributo directo para a acumulaccedilatildeo de capital humano e que este factor possa ter

trazido ganhos de produtividade agraves economias conforme a literatura econoacutemica defende

Quanto ao efeito das vaacuterias componentes de despesa social em protecccedilatildeo social

verificamos que as aacutereas que possuem um coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado satildeo a

despesa em apoios atribuiacutedos agraves famiacutelias os subsiacutedios atribuiacutedos aos incapacitados e as

poliacuteticas activas do mercado de trabalho (0764 0648 e 0626 respectivamente) A

correlaccedilatildeo mais elevada na primeira e terceira dimensotildees referidas poderaacute ter que ver

24

com o seu papel na reduccedilatildeo da desigualdade e pobreza das famiacutelias mais pobres e dos

incentivos criados juntos das empresas para que estas empreguem mais trabalhadores

No que diz respeito aos subsiacutedios concedidos agraves famiacutelias estes ajudam ao aumento do

rendimento das mesmas e tal como foi dito anteriormente poderaacute ter-se traduzido no

aumento do consumo privado daiacute haver uma relaccedilatildeo positiva com o PIB per capita No

meacutedio-longo prazo pode tambeacutem permitir agraves famiacutelias investir mais no capital humano

dos seus filhos e desta forma contribuir para o aumento do PIB Nas restantes aacutereas

gastos com subsiacutedios de desemprego ou em pensotildees tambeacutem possuem uma relaccedilatildeo

positiva com o PIB per capita indicando que toda a despesa realizada pelos vaacuterios

paiacuteses ao longo deste periacuteodo foi importantes para o aumento do produto na medida em

que estas se incidiram sobre os indiviacuteduos que possuem um niacutevel de rendimento mais

baixo dando um estimulo ao consumo traduzindo-se isso no aumento do produto como

jaacute vimos anteriormente Contudo nestes casos os coeficientes de correlaccedilatildeo de 0424 e

0220 respectivamente satildeo bastante inferiores indicando que poderatildeo estar em

actuaccedilatildeo efeitos de sinal negativo que reduzem a correlaccedilatildeo positiva final

Nomeadamente os gastos com pensotildees e subsiacutedios de desemprego podem estar a

desviar a despesa de outras funccedilotildees sociais com um impacto mais directo sobre a

produtividade como a educaccedilatildeo e a sauacutede

Quadro 2 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social e componentes e o niacutevel

do PIB real per capita 1985-2010 (todos os dados disponiacuteveis)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB) PIB real

per capita

Total 0747

Sauacutede 0791

Educaccedilatildeo 0833

Pensotildees de reforma 0220

Pensotildees por incapacidade 0648

Apoios agraves Famiacutelias 0764

Poliacuteticas Activas do Mercado de Trabalho 0626

Subsiacutedio de Desemprego 0424

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

25

A anaacutelise de correlaccedilatildeo anterior apesar de interessante natildeo permite ter uma

ideia muito rigorosa da existecircncia ou natildeo de causalidade entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico uma vez que se baseia em valores correntes quer da despesa

quer do PIB e como vimos os paiacuteses mais ricos tendem tambeacutem a gastar mais com as

funccedilotildees sociais Por outro lado em termos de efeitos permanentes sobre a taxa de

crescimento eacute mais rigoroso calcular a correlaccedilatildeo entre a despesa e a taxa de

crescimento do PIB real per capita De forma a ter em conta a questatildeo da causalidade

inversa no quadro 2 satildeo apresentados os coeficientes de correlaccedilatildeo entre a meacutedia da

despesa social realizada nos sete paiacuteses no periacuteodo de 1985 a 1999 e o crescimento

meacutedio do PIB verificado nos dez anos seguintes 2000-2010

De acordo com a informaccedilatildeo que consta do quadro 3 o sinal dos coeficientes de

correlaccedilatildeo varia agora consoante o tipo de despesa considerada Relativamente agrave

despesa social total o coeficiente eacute negativo embora natildeo muito elevado -02779 A

justificaccedilatildeo mais imediata para este sinal poderaacute ter a ver com o facto do financiamento

necessaacuterio ter introduzido distorccedilotildees na actividade econoacutemica que prejudicaram o

crescimento Contudo torna-se mais informativo olhar para as diferentes componentes

da despesa social

No que respeita aos coeficientes por tipo de despesa como seria de esperar dada

a consensual relaccedilatildeo entre as despesas em educaccedilatildeo e sauacutede com o crescimento

econoacutemico por via do seu impacto sobre a acumulaccedilatildeo de capital humano3 o sinal eacute

positivo embora de magnitude reduzida 01356 e 00115 respectivamente em especial

no caso das despesas em sauacutede Estes resultados indicam tambeacutem que os coeficientes de

correlaccedilatildeo anteriores contecircm realmente informaccedilatildeo sobre a influecircncia positiva no niacutevel

de rendimento sobre as despesas sociais em educaccedilatildeo e sauacutede O outro coeficiente de

correlaccedilatildeo positivo diz respeito agrave despesa com subsiacutedios de desemprego sendo ateacute a

correlaccedilatildeo mais forte do que nos dois casos anteriores 01733 Isto pode indicar que a

existecircncia deste apoio constituiu um incentivo ao trabalho pela seguranccedila que permite

aos trabalhadores estimulando tambeacutem os mesmos a apostar na sua formaccedilatildeo porque

protegidos em caso de desemprego

Quanto ao impacto negativo das restantes componentes da despesa social

verifica-se que as despesas que apresentam um coeficiente menos negativo satildeo as

pensotildees de reforma e por incapacidade -02298 e -03338 respectivamente enquanto

3 Como vimos na secccedilatildeo 3 o estado de sauacutede mas em especial o niacutevel de escolaridade da populaccedilatildeo

dos paiacuteses escandinavos foram em geral superiores ao dos paiacuteses do Sul ao longo do periacuteodo em anaacutelise

26

ainda menos esperado a correlaccedilatildeo negativa mais forte acontece no caso das poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias -03794 e -03671 respectivamente

No caso das pensotildees de reforma e por incapacidade o sinal natildeo eacute inesperado dado o

esforccedilo que exigem em termos de financiamento e o seu papel mais indirecto na

promoccedilatildeo do crescimento econoacutemico sobretudo via a reduccedilatildeo da desigualdade e da

pobreza No caso das poliacuteticas activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias os

resultados satildeo inesperados a dois niacuteveis sinais e magnitude relativa superior Esperar-

se-ia um sinal positivo face ao descrito logo no iniacutecio da anaacutelise de correlaccedilatildeo ou pelo

menos natildeo tatildeo negativo como nos outros dois casos uma vez que em qualquer situaccedilatildeo

o financiamento necessaacuterio pode ter impacto negativo sobre o crescimento do produto

Quadro 3 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social meacutedia (1985-1999) e a

taxa meacutedia de crescimento do PIB real per capita (2000-2010)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB)

Meacutedia 1985-1999 Taxa meacutedia de crescimento anual do PIB real per capita

(2000-10)

Total -02779

Sauacutede 00115

Educaccedilatildeo 01356

Pensotildees de reforma -02298

Pensotildees por incapacidade -03338

Apoios agraves Famiacutelias -03671

Poliacuteticas Activas do Mercado de

Trabalho -03794

Subsiacutedio de Desemprego 01733

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

Em jeito de conclusatildeo os resultados apontam para uma relaccedilatildeo positiva entre a

despesa social nas vaacuterias aacutereas analisadas e o niacutevel do PIB per capita entre 1985 e 2010

o que eacute indiciador de que estatildeo em actuaccedilatildeo mecanismos de influecircncia da despesa social

que promovem um aumento do niacutevel de rendimento nomeadamente via acumulaccedilatildeo de

capital humano atraveacutes das despesas em educaccedilatildeo e sauacutede Contudo uma anaacutelise mais

rigorosa em termos de possiacuteveis impactos permanentes sobre a taxa de crescimento

econoacutemico revela que os resultados podem divergir bastante em termos de sinal e

magnitude atendendo ao tipo de despesa social considerada Os resultados deste estudo

27

apontam tambeacutem para valores que alguns casos podem ser contraacuterios aos verificados

pelos estudos empiacutericos descritos na secccedilatildeo 2 Tal poderaacute estar relacionado com a

amostra de paiacuteses utilizada assim como o periacuteodo de anaacutelise e metodologia utilizada

5 Conclusotildees

Este trabalho propocircs-se a reflectir sobre a relaccedilatildeo entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico tendo por base a comparaccedilatildeo de dois grupos de paiacuteses

pertencentes agrave Uniatildeo Europeia a Escandinaacutevia e o Sul da Europa A niacutevel teoacuterico as

previsotildees acerca da relaccedilatildeo entre Estado Social e crescimento econoacutemico divergem

sendo possiacutevel encontrar argumentos que justificam a existecircncia de uma relaccedilatildeo

positiva outros que apoiam a verificaccedilatildeo de uma relaccedilatildeo negativa e outros ainda que

apontam no sentido de ausecircncia de qualquer relaccedilatildeo Estas diferentes hipoacuteteses parecem

indicar que cabe agrave anaacutelise empiacuterica determinar o sinal da relaccedilatildeo e o respectivo

contexto

Constituindo uma anaacutelise ainda exploratoacuteria o presente trabalho recorreu a uma

anaacutelise de estatiacutestica descritiva de um conjunto variado de indicadores relevantes para o

periacuteodo de 1985 a 2010 sempre que possiacutevel para analisar empiricamente a relaccedilatildeo

entre despesa social e crescimento econoacutemico

De forma a analisar esta relaccedilatildeo em termos mais detalhados aquela foi

desagregada em diferentes componentes tendo sido utilizados dados relativos a

despesas em educaccedilatildeo sauacutede e em vaacuterias componentes da despesa com a protecccedilatildeo

social como os subsiacutedios de desemprego e incapacidade apoios agraves famiacutelias gastos em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho e em pensotildees de reforma Foram calculados os

coeficientes de correlaccedilatildeo destas com o niacutevel do PIB real per capita numa tentativa de

confirmaccedilatildeo muito preliminar do sinal esperado para a relaccedilatildeo bem como os

coeficientes de correlaccedilatildeo entre os valores meacutedios da despesa das vaacuterias variaacuteveis entre

1985 e 1999 com a taxa de crescimento do PIB per capita entre 2000-10 Os

coeficientes de correlaccedilatildeo no uacuteltimo caso poderatildeo ajudar a compreender se o niacutevel de

gastos verificado entre 1985-99 contribuiacuteram para o crescimento econoacutemico verificado

na deacutecada seguinte

Verificou-se que ao longo do periacuteodo em anaacutelise a despesa social em

percentagem do PIB agregada e nas diferentes aacutereas teve um aumento relativo entre

1985 e 2010 mas no entanto aquela foi sempre mais elevada nos paiacuteses Escandinavos

tendo estes paiacuteses registado tambeacutem valores mais elevados do PIB real per capita

28

relativamente aos paiacuteses do Sul Os resultados apontam para que todas as dimensotildees se

correlacionam positivamente com o niacutevel de rendimento per capita sendo de destacar

que a educaccedilatildeo eacute a componente com coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado seguida

das despesas com sauacutede o que parece confirmar a influecircncia deste tipo de despesa sobre

o comportamento do produto via acumulaccedilatildeo de capital humano No que respeita ao

possiacutevel efeito da despesa social sobre a taxa de crescimento do PIB real per capita o

sinal do coeficiente de correlaccedilatildeo manteacutem-se positivo mas de magnitude bastante

inferior ao dos casos anteriores enquanto a correlaccedilatildeo apresenta um sinal negativo no

caso da despesa social total A correlaccedilatildeo eacute tambeacutem negativa para as diferentes

componentes da despesa como a protecccedilatildeo social com excepccedilatildeo do subsiacutedio de

desemprego Estes resultados apoiam assim a necessidade de ao estudar a relaccedilatildeo entre

Estado Social e crescimento econoacutemico levar a cabo uma anaacutelise desagregada uma vez

que os mecanismos de transmissatildeo podem variar consoante o tipo de despesa social

pelo que a anaacutelise agregada eacute difiacutecil de interpretar em termos econoacutemicos

Em suma o presente estudo poderaacute ajudar a compreender de forma preliminar

como os gastos sociais interagem com o crescimento econoacutemico e quais as aacutereas que

tecircm contribuiacutedo de forma positiva ou negativa para o mesmo Contudo natildeo poderaacute

deixar de se ter em conta a capacidade de outros factores poderem afectar a

performance da economia assim como natildeo se deve negligenciar a importacircncia dos

gastos sociais para a convergecircncia econoacutemica dos paiacuteses do Sul para com os paiacuteses do

Norte da Europa De forma a poder generalizar a anaacutelise e tirar conclusotildees mais

robustas em relaccedilatildeo ao sentido da causalidade e mecanismos de transmissatildeo no futuro

seraacute necessaacuterio utilizar meacutetodos de inferecircncia estatiacutestica adequados e amostras mais

alargadas de paiacuteses

29

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30

Anexos

Graacutefico 1 PIB per capita a preccedilos constantes de 2005 entre 1985 e 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 2 Esperanccedila meacutedia de vida 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em

cada 1000 nascimentos) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total

da populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB ()1985 e 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

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Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes 2003 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010

Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A

despesa Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte OCDE

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009

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Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

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Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

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Agradecimentos

Este Trabalho de Projecto representa o final de mais uma etapa importante na minha

vida e por isso quero agradecer a todos os que me acompanharam neste percurso que me

apoiaram em todos os momentos e que fizeram com que eu chegasse ateacute aqui

Agrave minha orientadora Marta Simotildees pela orientaccedilatildeo disponibilidade motivaccedilatildeo e

preocupaccedilatildeo que me transmitiu ao longo deste trabalho que foram um estiacutemulo para o

seguimento do mesmo

A todos os docentes da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra por

tudo que me ensinaram ao longo dos uacuteltimos anos

A todos os meus amigos que foram incansaacuteveis em todo este percurso e que me

deram motivaccedilatildeo para avanccedilar nos momentos mais difiacuteceis Tenho a agradecer a todos eles

por todos os momentos de diversatildeo pela paciecircncia pelo apoio e pela amizade

A toda a minha famiacutelia em especial aos meus pais e avoacutes pelo apoio incondicional

pela forccedila e principalmente por todos os sacrifiacutecios que fizeram para que tudo isto fosse

possiacutevel

ii

Resumo

O presente trabalho constitui uma reflexatildeo sobre a relaccedilatildeo entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico tendo por base uma anaacutelise comparada de dois grupos de paiacuteses da

Uniatildeo Europeia diacutespares em termos do modelo e profundidade do respectivo Estado os paiacuteses

escandinavos e os paiacuteses do Sul tambeacutem designados por vezes por periferia europeia A partir

de uma anaacutelise de estatiacutestica descritiva de um conjunto de indicadores soacutecio-econoacutemicos foi

possiacutevel constatar que em termos globais estes satildeo melhores nos paiacuteses do Norte Europeu e

piores na periferia europeia Contudo apesar disso as diferenccedilas entre estes dois grupos de

paiacuteses tecircm vindo a diminuir destacando-se indicadores em aacutereas como a sauacutede e educaccedilatildeo A

anaacutelise comparada da despesa social e sua composiccedilatildeo mostra que os paiacuteses escandinavos entre

1985 e 2010 verificaram um niacutevel de despesa social maior que os paiacuteses perifeacutericos salvo

algumas excepccedilotildees o que poderaacute justificar o diferente grau de desenvolvimento Finalmente

uma simples e muito preliminar anaacutelise de correlaccedilatildeo indica que a despesa social quer nas suas

vaacuterias componentes quer em termos totais afecta de uma forma positiva o niacutevel de PIB per

capita Por outro lado recorrendo ao mesmo meacutetodo de anaacutelise os efeitos quer da despesa

social total quer de algumas vertentes da despesa em protecccedilatildeo social no periacuteodo entre 1985-

99 com a taxa de crescimento meacutedia anual do PIB per capita entre 2000-10 satildeo negativos

Palavras-chave Despesa Social Crescimento Econoacutemico Norte da Europa Sul da

Europa

Classificaccedilatildeo JEL H51 H52 H53 I38 O40 P16

Abstract

This paper reflects on the relationship between social spending and economic growth based on a

comparative analysis of two groups of EU countries - Scandinavian countries and the Southern

countries also known as European peripheral countries - distinct in terms of governance of the

type and depth of the respective State From the analyses of descriptive statistics of a relevant

set of socio-economic indicators it can be concluded that generally in overall terms social

spending and economic growth indicators are better in North Europe countries and worse in

European outskirts However despite this fact the differences between these two groups of

countries have been decreasing especially in areas such as health and education A comparative

analysis of social spending and its contents (all the economic variables criteria to measure

social spending) show that in Scandinavian countries between 1985 and 2010 the social

spending was higher (with some exceptions) than in the Southern countries which may justify

the different levels of development Finally a simple preliminary correlation analysis indicates

that social spending in general terms and in its various components affects in a positive way the

level of GDP per capita In addition using the same method of analysis the effects of total

social spending or the expenditure on some areas of social protection in the period 1985-99 on

the annual growth rate of GDP per capita between 2000 -10 are negative

Keywords Social Expenditure Economic Growth Northern Europe Southern Europe

JEL Classification H51 H52 H53 I38 O40 P16

iii

Iacutendice

1 Introduccedilatildeo 1

2 Estado Social qual a sua importacircncia para o crescimento econoacutemico 2

3 Caracterizaccedilatildeo econoacutemico-social dos paiacuteses em anaacutelise 10

4 Despesa Social e Crescimento Econoacutemico anaacutelise comparada de alguns

dadoshelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip16

5 Conclusotildeeshelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip27

Bibliografiahelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip29

Anexoshelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip30

iv

Iacutendice de Quadros

Quadro 1 Taxas meacutedias de crescimento anual do PIB real per capita entre 1985 e

2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip18

Quadro 2 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social nas vaacuterias componentes e

o niacutevel do PIB per capita e a sua taxa de crescimento tendo em conta todos os dados

disponiacuteveis para o periacuteodo entre 1985 e 2010hellip24

Quadro 3 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social meacutedia (1985-1999) e a

taxa meacutedia de crescimento do PIB real per capita (2000-2010)helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip26

Iacutendice de Graacuteficos

Graacutefico 1 PIB per capita a preccedilos constantes de 2005 entre 1985 e 2010 helliphelliphellip30

Graacutefico 2 Esperanccedila meacutedia de vida 1985 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip30

Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em cada

1000 nascimentos) 1985 a 201031

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip31

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip31

Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip32

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip32

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip32

Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente ao

total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip33

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente ao

total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip33

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip33

Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip34

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB () 1985 e 2010helliphelliphellip34

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009helliphelliphelliphellip34

Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip35

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Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes ( do PIB) 2003 a

2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip35

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 e 2009helliphelliphelliphelliphellip35

Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip36

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010helliphelliphelliphelliphellip36

Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010helliphelliphellip37

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a

2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip37

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do PIB

1985 a 2009helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip37

Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip38

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip38

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip38

Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip39

1

1 Introduccedilatildeo

A despesa social do Estado que engloba por exemplo as prestaccedilotildees sociais

educaccedilatildeo e sauacutede entre outras despesas justifica-se do ponto de vista da melhoria do

bem-estar dos cidadatildeos reflectindo-se tambeacutem na melhoria de alguns indicadores soacutecio-

econoacutemicos agregados tais como o Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) que

contabiliza melhorias no PIB real per capita escolaridade e sauacutede da populaccedilatildeo em

geral Por exemplo em 2012 de acordo com dados do UNDP os paiacuteses escandinavos

(Dinamarca Finlacircndia e Sueacutecia) estavam nas 25 primeiras posiccedilotildees no que respeita aos

valores do IDH com um valor meacutedio deste de 0905 No mesmo ano e de acordo como

os dados da Social Expenditure Database da OCDE os trecircs paiacuteses registavam uma

despesa social em percentagem do PIB com um valor meacutedio para o grupo de 29637

superior agrave meacutedia da OCDE 21785 Jaacute os paiacuteses da Europa do Sul Espanha Greacutecia

Itaacutelia e em especial Portugal ocupavam lugares inferiores no que respeita ao ranking do

IDH (valor meacutedio para os trecircs paiacuteses 0891) gastando tambeacutem menos do que os paiacuteses

escandinavos com funccedilotildees sociais (em meacutedia 25725) Esta aparente correlaccedilatildeo

positiva entre despesa social e o IDH dever-se-aacute certamente agrave protecccedilatildeo social e

econoacutemica dos cidadatildeos realizada atraveacutes desta via pelo Estado com vista a diminuir as

desigualdades entre indiviacuteduos mais ricos e mais pobres para que estes possam ter

acesso agraves mesmas oportunidades contribuindo dessa forma para um paiacutes mais

homogeacuteneo e permitindo tambeacutem potencialmente melhorar o desempenho

macroeconoacutemico

No que diz respeito agrave Uniatildeo Europeia (UE) os paiacuteses escandinavos situados no

Norte da Europa Dinamarca Finlacircndia e Sueacutecia tecircm efectivamente registado de forma

sustentada niacuteveis de rendimento e produtividade superiores aos paiacuteses do Sul Espanha

Greacutecia Portugal e Itaacutelia Com efeito em 2012 e de acordo com dados do Eurostat os

paiacuteses escandinavos registavam um PIB real per capita entre os mais elevados da UE-

28 ocupando a segunda quarta e seacutetima posiccedilotildees em 28 possiacuteveis respectivamente

enquanto os paiacuteses do Sul se ficavam por lugares intermeacutedios muito proacuteximos ou jaacute na

metade inferior da tabela Esta situaccedilatildeo poderaacute estar relacionada com a visatildeo que cada

grupo de paiacuteses tem acerca da participaccedilatildeo do Estado na economia e na sociedade em

geral e em particular no que respeita agraves funccedilotildees sociais deste Com efeito o modelo e a

dimensatildeo do Estado Social satildeo muito diferentes entre os paiacuteses escandinavos e a

periferia europeia quer ao niacutevel da abrangecircncia dos apoios sociais quer ao niacutevel das

2

aacutereas onde se verifica uma maior despesa sendo os primeiros os que apresentam

melhores desempenhos a niacutevel macroeconoacutemico Eacute por isso adequado reflectir sobre o

potencial papel do Estado Social e em particular da despesa puacuteblica associada na

explicaccedilatildeo das diferenccedilas de desempenho macroeconoacutemico entre estes dois grupos de

paiacuteses

Esta reflexatildeo assume particular interesse numa conjuntura em que os paiacuteses

perifeacutericos enfrentam uma crise ao niacutevel da sustentabilidade das financcedilas puacuteblicas que

levou a que tivessem sido feitos cortes e reformulaccedilotildees do seu modelo de Estado Social

Surgem assim algumas questotildees pertinentes seraacute que a reestruturaccedilatildeoreduccedilatildeo do

Estado Social poderaacute agravar ainda mais o desempenho econoacutemico destes paiacuteses Ou

seraacute que o problema reside na questatildeo de eficiecircncia do modelo adoptado

O principal objectivo deste trabalho eacute assim fazer uma comparaccedilatildeo entre o Norte

(Escandinaacutevia) e o Sul da Europa relativamente ao potencial papel do Estado Social no

crescimento econoacutemico analisando a importacircncia atribuiacuteda pelos Estados a

determinadas aacutereas de intervenccedilatildeo social atraveacutes da despesa realizada nas mesmas Para

o efeito seraacute efectuada uma anaacutelise de estatiacutestica descritiva de indicadores relevantes

para a caracterizaccedilatildeo econoacutemica e social dos dois grupos de paiacuteses em anaacutelise e em

particular relativos ao seu desempenho em termos de crescimento e despesa social

recorrendo-se a dados do Eurostat OCDE e Banco Mundial O periacuteodo em anaacutelise seraacute

de 1985 ateacute 2010 sempre que possiacutevel

O restante trabalho encontra-se organizado da forma que a seguir se descreve A

secccedilatildeo 2 conteacutem uma revisatildeo da literatura sobre os potenciais mecanismos de

transmissatildeo do Estado Social relativamente ao crescimento econoacutemico bem como a

sistematizaccedilatildeo dos resultados de alguns estudos empiacutericos anteriores Na secccedilatildeo 3 eacute

feita uma caracterizaccedilatildeo das principais diferenccedilas e semelhanccedilas dos paiacuteses em anaacutelise

em termos econoacutemicos e sociais com base num conjunto de indicadores relevantes

Segue-se a secccedilatildeo 4 onde se reflecte com base numa anaacutelise de estatiacutestica descritiva

sobre a potencial relaccedilatildeo entre a despesa social e o crescimento econoacutemico na amostra

seleccionada Finalmente a secccedilatildeo 5 conteacutem as principais conclusotildees

2 Estado Social qual a sua importacircncia para o crescimento econoacutemico

O conceito de Estado Social eacute um conceito que natildeo apresenta uma definiccedilatildeo

precisa Na tentativa de definir o que eacute o Estado Social Andrade Duarte e Simotildees

(2013 p4) afirmam que de ldquoum modo geral se pode entender o Estado Social como um

3

Estado em que o governo utiliza uma parcela importante dos recursos nacionais para

oferecer serviccedilos que beneficiam indiviacuteduos ou famiacutelias que preencham determinados

criteacuterios ou seja que se destinam a ser consumidos individualmente por oposiccedilatildeo ao

consumo colectivo de bens como a defesa nacional ou a seguranccedila internardquo

Estas intervenccedilotildees do Estado tecircm genericamente como objectivo a reduccedilatildeo das

desigualdades na distribuiccedilatildeo do rendimento e a reduccedilatildeo da pobreza promovendo a

igualdade de oportunidades e o bem-estar sendo conseguidas atraveacutes de medidas

destinadas a melhorar o niacutevel de escolaridade e de sauacutede da populaccedilatildeo bem como

medidas de protecccedilatildeo social que englobam por exemplo os subsiacutedios de desemprego

pensotildees de invalidez apoios agraves famiacutelia poliacuteticas activas no mercado de trabalho bem

como as pensotildees concedidas aos reformados As medidas de protecccedilatildeo social destinam-

se assim a prevenir ou minorar situaccedilotildees que possam afectar negativamente o bem-estar

dos indiviacuteduos Por exemplo as poliacuteticas activas no mercado de trabalho visam a raacutepida

reinserccedilatildeo dos desempregados no mercado de trabalho podendo estas contribuir para a

reduccedilatildeo do nuacutemero de pessoas cuja sua uacutenica fonte de rendimento eacute o subsiacutedio de

desemprego mas tambeacutem de todos os desempregados que jaacute nem direito tecircm ao

mesmo com o intuito de lhes garantir o miacutenimo de condiccedilotildees financeiras Por outro

lado a preocupaccedilatildeo do Estado com o bem-estar das populaccedilotildees e com a reduccedilatildeo da

pobreza leva a que este conceda pensotildees aos reformados como forma de garantir que

estes no final das suas vidas activas natildeo fiquem sem qualquer tipo de fonte de

rendimento possibilitando um final de vida com o miacutenimo de condiccedilotildees A utilizaccedilatildeo

destes mecanismos como exemplo demostram dois destinos diferentes da despesa do

Estado Social que tecircm os mesmos objectivos e cuja importacircncia poderaacute ser

consideraacutevel tendo em conta o crescente aumento do nuacutemero de pensionistas e a

elevada taxa de desemprego que se verifica em alguns dos paiacuteses em anaacutelise A poliacutetica

de protecccedilatildeo social de acordo com Damerou (2011 p13) citando a definiccedilatildeo do

Eurostat (2008) ldquoengloba todas as intervenccedilotildees de organismos puacuteblicos ou privados

destinados a apoiar as famiacutelias e indiviacuteduos encargos representados por um conjunto

definido de riscos ou necessidades desde que natildeo exista simultaneamente qualquer

acordo reciacuteproco ou individualrdquo Esta poliacutetica abrange toda a populaccedilatildeo mediante

determinadas condiccedilotildees sendo os apoios atribuiacutedos quer por intermeacutedio de programas

de Seguranccedila Social ou de Assistecircncia Social No entanto as poliacuteticas de protecccedilatildeo

social necessitam de financiamento para serem realizadas mostrando-se assim as

contribuiccedilotildees sociais e os impostos pagos pela populaccedilatildeo importantes para garantir a

4

sustentabilidade financeira deste mecanismo sem comprometer o seu futuro No acircmbito

da sustentabilidade financeira deste mecanismo alguns autores tais como Damerou

(2011) consideram o PIB real per capita determinante natildeo soacute em termos do niacutevel de

bem-estar de uma sociedade mas tambeacutem para fazer diminuir as pressotildees financeiras

sobre a Seguranccedila Social em resultado dos actuais indicadores demograacuteficos que

apontam para um aumento da esperanccedila meacutedia de vida e da diminuiccedilatildeo da natalidade

Estes indicadores segundo o mesmo autor tecircm impacto directo na sustentabilidade

financeira da Seguranccedila Social na medida em que esta ao ser financiada na sua maioria

pela populaccedilatildeo activa a sua diminuiccedilatildeo poderaacute gerar um problema de financiamento

que colocaraacute em causa o actual funcionamento deste sistema daiacute a importacircncia de

existir um niacutevel de riqueza elevado para que possa ser continuada a poliacutetica de

protecccedilatildeo social Assim o niacutevel e a evoluccedilatildeo do produto influenciam de alguma forma o

comportamento da despesa social

De um ponto de vista econoacutemico a poliacutetica de protecccedilatildeo social e da despesa

associada pode ter impactos importantes nomeadamente aceitando a posiccedilatildeo teoacuterica de

que niacuteveis elevados de desigualdade e pobreza tecircm impactos negativos no crescimento

econoacutemico ou seja na criaccedilatildeo de riqueza de uma economia no longo prazo Por outro

lado a literatura econoacutemica tambeacutem aponta para que o crescimento econoacutemico apesar

de aumentar as desigualdades em fases iniciais possa diminuir a pobreza como referem

Barrientos e Scott (2008 p9) ldquoum forte crescimento econoacutemico eacute essencial para a

reduccedilatildeo da pobreza e eacute estimado que cerca de 80 da diminuiccedilatildeo da pobreza ocorrida

na deacutecada de 80 tenha sido conseguida atraveacutes do crescimento econoacutemicordquo

Na perspectiva dos modelos de crescimento exoacutegeno como o que foi

desenvolvido por Solow (1956) este com a criaccedilatildeo do seu modelo de crescimento

econoacutemico afirmou que a taxa de crescimento de longo prazo natildeo eacute influenciada pela

despesa em protecccedilatildeo social uma vez que o crescimento econoacutemico apenas eacute afectado

por factores demograacuteficos e tecnoloacutegicos exoacutegenos ao modelo Jaacute na perspectiva de

alguns modelos de crescimento endoacutegeno estes segundo Damerou (2011) apontam

para que a desigualdade na distribuiccedilatildeo do rendimento iniba o crescimento econoacutemico

como jaacute fora dito anteriormente Este mesmo autor recorrendo ao trabalho de Solimano

(2000) afirma que a instabilidade poliacutetica trazida pelas desigualdades podem levar a

uma diminuiccedilatildeo do investimento puacuteblico e do investimento privado das famiacutelias com

baixos rendimentos podendo tal reflectir-se num niacutevel de produto mais baixo

5

Apesar do Estado Social visar em primeiro lugar a protecccedilatildeo dos mais

desprotegidos economicamente ou que enfrentam situaccedilotildees inesperadas com o

desemprego ou doenccedila pode em simultacircneo potenciar o crescimento econoacutemico Neste

acircmbito Furceri e Zdzienicka (2012) defendem a existecircncia de alguns mecanismos

atraveacutes dos quais a despesa social potencia o crescimento do produto Segundo estes

autores a criaccedilatildeo de poliacuteticas que incidam de uma forma activa no mercado de trabalho

podem levar ao aumento do produto atraveacutes da criaccedilatildeo de emprego assim como o

aumento dos gastos sociais ao niacutevel de indiviacuteduos com baixos rendimentos e com

dificuldades na obtenccedilatildeo de creacutedito poderaacute estar relacionado com o aumento do

consumo privado uma vez que o aumento de rendimento incentiva ao aumento da

procura por parte das famiacutelias estimulando as empresas a produzir e aumentando assim

o produto de um paiacutes Outro autor que defende em parte estas ideias eacute Damerou (2011)

que afirma que os gastos em subsiacutedios de desemprego ou em prestaccedilotildees concedidas a

famiacutelias com crianccedilas por exemplo poderatildeo para aleacutem de reduzir as desigualdades de

rendimentos levar ao aumento do consumo das famiacutelias Assim a despesa social

permite agraves empresas tomar decisotildees de investimento pois sabem que teratildeo procura e

desta forma levar a um aumento da capacidade produtiva ou seja ao crescimento

econoacutemico

Por sua vez a concessatildeo de apoios em outras aacutereas como a educaccedilatildeo ou sauacutede

poderatildeo contribuir para a acumulaccedilatildeo de capital humano1 que em conjunto com o

capital fiacutesico e em especial nas economias modernas que querem o seu crescimento

baseado no conhecimento poderaacute ter impacto positivo no comportamento das

economias A acumulaccedilatildeo de capital humano pode traduzir-se em ganhos de

produtividade a niacutevel agregado pois os trabalhadores adquirem competecircncias teacutecnicas e

fiacutesicas que lhes permitiratildeo desempenhar as suas funccedilotildees de uma forma mais eficiente

mas que tambeacutem se transmitem a outros que com eles trabalhem tornando assim a taxa

de retorno dos investimentos individuais em sauacutede e educaccedilatildeo maior para a sociedade

do que para os indiviacuteduos Por outro lado nas economias baseadas no conhecimento em

que o progresso teacutecnico eacute o principal motor do crescimento econoacutemico o capital

1 De acordo com a OCDE (1998) o capital humano pode ser definido como ldquoo conhecimento as

aptidotildees as competecircncias e outros atributos incorporados nos indiviacuteduos que satildeo relevantes para a

actividade econoacutemicardquo Por outro lado como refere Gonccedilalves (2002 p10) citando Shuller (2000) o

ldquocapital humano baseia-se no comportamento econoacutemico dos indiviacuteduos especialmente na forma como a

respectiva acumulaccedilatildeo de conhecimento e aptidotildees permite aumentar a sua produtividade e os seus

ganhos bem como aumentar a produtividade e sauacutede das sociedades em que vivemrdquo

6

humano eacute um factor de produccedilatildeo de novas ideias logo essencial para garantir um

crescimento econoacutemico sustentaacutevel

Um outro factor que poderaacute em conjunto com o capital humano potenciar o

crescimento econoacutemico eacute o capital social Neste aspecto a existecircncia de um Estado

Social que desempenhe de forma adequada as suas funccedilotildees poderaacute contribuir para a

acumulaccedilatildeo de capital social Gonccedilalves (2002 p32) citando Shuller (2000) descreve

o capital social como sendo ldquobaseado em termos de organizaccedilotildees normas e confianccedila e

o modo como as uacuteltimas permitem aos agentes e instituiccedilotildees serem mais eficientes na

obtenccedilatildeo de objectivos comunsrdquo

Relativamente ao impacto do capital social no crescimento econoacutemico Bergh

(2011) afirma que estudos recentes apontam para que o niacutevel de confianccedila possa

explicar como os paiacuteses como a Sueacutecia podem se desenvolver e continuar os seus

abrangentes sistemas de promoccedilatildeo do bem-estar social apesar do risco de evasatildeo fiscal

ou de uma maacute distribuiccedilatildeo dos apoios Bergh (2011) tambeacutem salienta a existecircncia de

estudos que comprovam que a confianccedila tem impacto positivo na economia sendo este

ilustrado atraveacutes de um exemplo comparativo entre a Sueacutecia e os EUA onde 64 de

suecos acham que podem confiar uns nos outros em detrimento dos apenas 41 de

americanos que acham o mesmo podendo levar a que a economia sueca cresccedila

anualmente mais 05 pontos percentuais que os EUA

No entanto a literatura econoacutemica natildeo constata apenas que existem efeitos

positivos entre a despesa social e o crescimento econoacutemico No que diz respeito agrave

relaccedilatildeo negativa entre estas duas variaacuteveis autores como Izaacutek (2011) afirmam que a

distribuiccedilatildeo dos subsiacutedios e de outros apoios por parte do Estado e Social diminuem o

crescimento econoacutemico devido aos incentivos negativos que estes transmitem aos

agentes econoacutemicos por exemplo ao niacutevel dos desincentivos ao trabalho contribuindo

assim para a diminuiccedilatildeo da produtividade e do crescimento Para aleacutem deste autor

Furceri e Zdzieniecka (2012) apontam para que o crescimento da despesa social possa

estar relacionado com os incentivos agrave reforma antecipada e com os subsiacutedios de

invalidez que levam a uma diminuiccedilatildeo da forccedila de trabalho traduzindo-se essa

diminuiccedilatildeo num efeito negativo no crescimento do produto

No que respeita a estudos empiacutericos sobre a relaccedilatildeo entre despesa social e o

crescimento econoacutemico os resultados natildeo satildeo conclusivos com alguns estudos

empiacutericos a apontar para uma relaccedilatildeo positiva e outros para uma relaccedilatildeo de sinal

negativo dependo do tipo de despesa e do niacutevel de desenvolvimento do paiacutes a que nos

7

referimos De forma a compreender a relaccedilatildeo entre despesa social do Estado e

crescimento econoacutemico Afonso e Allegre (2008) no seu trabalho empiacuterico recorreram

a dados referentes a despesa social em 27 paiacuteses europeus e procuraram atraveacutes de um

estudo economeacutetrico verificar se esta contribuiacutea para o crescimento econoacutemico dos

mesmos paiacuteses Os resultados deste estudo apontaram para a existecircncia de um impacto

negativo entre os gastos em educaccedilatildeo e em protecccedilatildeo social no crescimento econoacutemico

mas tambeacutem para um efeito positivo da despesa em educaccedilatildeo no crescimento

econoacutemico De forma a estudar mais uma vez os efeitos entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico Izaacutek (2011) desenvolveu um estudo que assentava no caacutelculo

dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre valores meacutedios da despesa social em aacutereas como a

educaccedilatildeo sauacutede e protecccedilatildeo social e taxa de crescimento do PIB No entanto o periacuteodo

em anaacutelise foi relativamente curto devido agrave falta de dados sendo os dados da despesa

social referentes ao periacuteodo entre 2002 e 2006 e as estimativas de crescimento para o

periacuteodo de 2006 a 2008 Para realizar este estudo foram utilizados dados agregados

relativos agraves despesas sociais dos 25 paiacuteses pertencentes agrave UE a partir de 2004 a que

deram o nome de EU-25 Contudo para analisar esta a relaccedilatildeo entre despesa social e

crescimento econoacutemico a amostra de 25 paiacuteses foi separada em duas sendo a primeira

relativa aos 15 paiacuteses pertencentes agrave UE a partir de Janeiro de 1995 os EU-15 e a

segunda aos 10 que passaram a pertencer a partir de Maio de 2004 os denominados EU-

10

Os resultados do estudo apontam para valores negativos ao niacutevel do coeficiente

de correlaccedilatildeo entre a despesa social em termos globais das trecircs amostras e o crescimento

econoacutemico sendo que como salienta o mesmo autor o coeficiente de correlaccedilatildeo eacute mais

baixo nos paiacuteses que constituem o primeiro grupo e mais alto nos paiacuteses que mais

recentemente formam parte da UE

Izaacutek (2011) procurou tambeacutem estudar os efeitos das vaacuterias componentes da

despesa social ao niacutevel do crescimento econoacutemico Para o efeito foi calculado o

coeficiente de correlaccedilatildeo entre a despesa em protecccedilatildeo social a despesa em educaccedilatildeo e

por fim entre a despesa em sauacutede e o crescimento econoacutemico Os resultados do autor

enfatizam que a despesa social em qualquer destas aacutereas tem um impacto negativo no

crescimento econoacutemico verificaacutevel em todos os grupos analisados sendo reforccedilado o

facto surpreendente de haver uma correlaccedilatildeo negativa entre a despesa em sauacutede e o

crescimento econoacutemico

8

Outros estudos relativos ao impacto da despesa social no crescimento econoacutemico

foram desenvolvidos como eacute o caso de Wang (2011) que se foca na estimaccedilatildeo da

relaccedilatildeo entre a despesa do Estado na aacuterea da sauacutede e o crescimento econoacutemico para

uma amostra de 20 paiacuteses em desenvolvimento entre 1990 e 2009 O autor analisa a

relaccedilatildeo existente entre os gastos em sauacutede e o PIB atraveacutes do teste de cointegraccedilatildeo em

painel de Engle-Granger Os resultados apontam para a existecircncia de causalidade

bilateral ou seja para que o crescimento econoacutemico esteja relacionado com o aumento

dos gastos em sauacutede e para que os gastos em sauacutede tenham um impacto positivo no

crescimento econoacutemico Neste aspecto os resultados demonstram que no longo prazo

os gastos em sauacutede podem levar ao crescimento do produto ilustrando a importacircncia

dos apoios do Estado no sector da sauacutede para criar uma populaccedilatildeo fisicamente mais apta

e produtiva

Uma outra anaacutelise empiacuterica foi realizada por Baldacci et al (2004) que

relacionaram a despesa social com o capital humano na forma de educaccedilatildeo e sauacutede e o

seu impacto no crescimento econoacutemico usando dados em painel relativos a 120 paiacuteses

em vias de desenvolvimento para o periacuteodo de 1975 a 2000 Para a anaacutelise da relaccedilatildeo

recorreram a um estudo economeacutetrico sob a forma de um sistema de quatro equaccedilotildees

relativas ao crescimento do rendimento per capita ao investimento educaccedilatildeo e sauacutede

Com o estudo pretenderam demonstrar que as despesas sociais em sauacutede e em educaccedilatildeo

tinham um contributo positivo para acumulaccedilatildeo de capital humano que se veio a provar

como verdadeiro assim como o efeito positivo daquele no crescimento econoacutemico

Furceri e Zdzienicka (2012) investigam os efeitos dos gastos sociais no

crescimento econoacutemico num conjunto de paiacuteses pertencentes agrave OCDE para o periacuteodo

entre 1980 e 2005 Os autores recorrem a uma regressatildeo economeacutetrica concluindo que

um aumento de 1 no niacutevel de gastos sociais leva a um aumento do crescimento

econoacutemico em cerca de 012 pontos percentuais apoacutes um ano Numa segunda fase

utilizaram uma outra regressatildeo economeacutetrica tendo como objectivo estudar o impacto

da despesa social no crescimento econoacutemico com a inclusatildeo de alguns desfasamentos

do PIB verificando que no caso de um aumento de 1 dos gastos sociais em

percentagem do PIB leva a que o produto aumente em cerca de 057 pontos percentuais

sendo que as aacutereas que mais contribuiacuteram para este aumento foram os gastos em sauacutede e

com os subsiacutedios de desemprego

Outros estudos como o de Andrade et al (2013) procuraram estudar a relaccedilatildeo

entre as despesas em sauacutede e educaccedilatildeo e o crescimento econoacutemico Recorreram a uma

9

amostra de paiacuteses de vaacuterias regiotildees do mundo onde foram excluiacutedos os ex-paiacuteses

socialistas os paiacuteses que produzem essencialmente petroacuteleo e os que tinham vivido ateacute

haacute pouco tempo conflitos armados Separaram-se os paiacuteses tendo em conta o seu niacutevel

de rendimento e desenvolveram um estudo economeacutetrico para verificar o efeito da

despesa entre educaccedilatildeo e sauacutede na variaacutevel dependente PIB real per capita Os

resultados mostram de forma incontestaacutevel que os gastos em educaccedilatildeo e sauacutede tecircm

efeitos positivos no crescimento do PIB per capita de qualquer dos grupos de paiacuteses

Por fim Fic e Ghate (2005) desenvolveram um estudo com o intuito de

averiguar a relaccedilatildeo entre o Estado Social e o crescimento econoacutemico para uma amostra

de 19 paiacuteses pertencentes agrave OCDE entre os quais se incluiacuteam paiacuteses como a Dinamarca

Finlacircndia e a Sueacutecia entre 1950 e 2001 Este estudo utilizou um modelo dinacircmico de

crescimento desenvolvido anteriormente por um dos autores Ghate e Zak (2002) que

permitiu chegar agrave conclusatildeo de que a razatildeo para haver uma quebra no crescimento

econoacutemico poderaacute estar relacionado com o Estado Social Tal se justifica segundo os

autores pelo facto de no periacuteodo que antecede a quebra de crescimento a elevada taxa

de crescimento que se verifica induzir ao crescimento da despesa social Ao longo do

tempo o aumento do Estado Social leva assim agrave diminuiccedilatildeo do crescimento econoacutemico

que no Longo Prazo espera-se que leve agrave reduccedilatildeo do Estado Social Os resultados

segundo os autores sugerem que paiacuteses com um baixo crescimento econoacutemico tenham

que fazer cortes ao niacutevel da despesa com o Estado Social Estes consideram que o iniacutecio

da deacutecada de 70 foi o periacuteodo no qual foi mais visiacutevel esta relaccedilatildeo pois o baixo

crescimento econoacutemico verificado entre 1970 e 1975 foi o precedido da existecircncia de

um Estado Social de dimensotildees consideraacuteveis

Em jeito de conclusatildeo verificamos que os resultados dos estudos desenvolvidos

por Andrade et al (2013) e Baldacci et al (2004) apontam para um efeito positivo entre

a despesa social em educaccedilatildeo e sauacutede e o crescimento econoacutemico Furceri e Zdzienicka

(2012) considerando a despesa social em todas as aacutereas de intervenccedilatildeo do Estado Social

tambeacutem apontam para o contributo positivo desta no crescimento econoacutemico Quanto ao

estudo desenvolvido por Izaacutek (2011) este aponta para uma relaccedilatildeo negativa entre as

vaacuterias componentes da despesa social e o crescimento econoacutemico Os resultados

opostos podem ser fruto do niacutevel de desenvolvimento da amostra de paiacuteses utilizada

pois parece que a utilizaccedilatildeo de paiacuteses mais desenvolvidos apontam para um efeito

negativo e a utilizaccedilatildeo de alguns paiacuteses em desenvolvimento aponte para um efeito

positivo

10

3 Caracterizaccedilatildeo econoacutemico-social dos paiacuteses em anaacutelise

Neste ponto seraacute feita uma caracterizaccedilatildeo econoacutemico-social dos paiacuteses em

anaacutelise Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia trecircs paiacuteses escandinavos onde o Estado Social

haacute muito eacute uma realidade e Portugal Espanha Itaacutelia e Greacutecia paiacuteses da chamada

periferia Europeia onde o Estado social eacute uma realidade mais recente essencialmente

desde os meados dos anos 80 salientando as suas semelhanccedilas e diferenccedilas

O objectivo eacute enquadrar a anaacutelise mais especiacutefica da secccedilatildeo seguinte sobre a

potencial relaccedilatildeo entre o desempenho em termos de crescimento econoacutemico e a despesa

social total e por diferentes categorias Sempre que possiacutevel a comparaccedilatildeo entre paiacuteses

seraacute realizada ao longo do periacuteodo 1985-2010 No entanto dada a indisponibilidade de

dados relativamente a algumas variaacuteveis para alguns paiacuteses o periacuteodo de anaacutelise poderaacute

ser mais curto Eacute importante ter tambeacutem em conta o surgimento da crise de 2007 para

compreender alguns indicadores mais desfavoraacuteveis dos paiacuteses do Sul em relaccedilatildeo ao

Norte nos anos mais recentes

Inicialmente este trabalho procuraraacute discutir as semelhanccedilas e diferenccedilas entre

os dois grupos de paiacuteses relativamente a um conjunto de indicadores sociodemograacuteficos

que podem ter impacto e ser influenciados pela despesa social Em segundo lugar satildeo

apresentados e analisados alguns indicadores econoacutemicos seleccionados segundo a

mesma loacutegica ou seja que podem ter impacto e ser influenciados pela dimensatildeo e

composiccedilatildeo do Estado Social tais como o seu grau de abertura ao comeacutercio

internacional e a respectiva estabilidade macroeconoacutemica sendo utilizado como suporte

da anaacutelise os graacuteficos disponiacuteveis nos Anexos

O graacutefico 1 conteacutem os valores do PIB real per capita expressos em doacutelares a

preccedilos constantes de 2005 que eacute o principal indicador dos diferenciais de niacutevel de vida

do cidadatildeo meacutedio dos diferentes paiacuteses Da observaccedilatildeo do referido graacutefico constatamos

que em 2010 o niacutevel de rendimento por habitante eacute em todos os paiacutes mais elevado do

que o que se verificava em 1985 sendo que nos paiacuteses escandinavos o PIB real per

capita foi sempre relativamente mais elevado que nos restantes paiacuteses No caso da

Sueacutecia e Finlacircndia verificamos que estes em 2010 estes eram os mais ricos tal como jaacute

o eram em 1985 passando o valor desta variaacutevel na Sueacutecia dos 2806538 doacutelares em

1985 para os 4282567 doacutelares em 2010 e na Finlacircndia dos 242344 doacutelares de 1985

para os 3806465 doacutelares em 2010 Os paiacuteses do Sul ou periferia apresentam ao longo

do periacuteodo um PIB real per capita mais baixo nomeadamente Portugal e Greacutecia que

11

apesar de terem aumentado o seu PIB real per capita entre 1985 e 2010 no ano de 2010

Portugal tinha um valor de 1864776 doacutelares e a Greacutecia de 2130896 doacutelares

A opccedilatildeo por comeccedilar a caracterizaccedilatildeo das diferenccedilas entre os paiacuteses da amostra

pelo PIB real per capita deriva em parte do facto de este poder estar relacionado com a

melhoria de alguns indicadores que medem o niacutevel de desenvolvimento humano e que

servem para a construccedilatildeo do Iacutendice de Desenvolvimento Humano como eacute o caso da

diminuiccedilatildeo da taxa de mortalidade infantil e o aumento da esperanccedila meacutedia de vida

Face a isto relativamente ao sector da sauacutede como se pode ver no graacutefico 2 a

esperanccedila meacutedia de vida agrave nascenccedila (EMV) entre 1985 e 2010 aumentou No entanto

apesar de todos os paiacuteses terem registado um aumento da EMV ao longo do periacuteodo

analisado dos paiacuteses escandinavos apenas a Sueacutecia tem no iniacutecio do periacuteodo um valor

superior ao de todos os paiacuteses do Sul Com efeito Espanha Greacutecia e Itaacutelia partem de

uma situaccedilatildeo melhor do que a Dinamarca e a Finlacircndia O paiacutes que regista menor EMV

em 1985 eacute Portugal com 73 anos Em 2010 todos os paiacuteses da periferia ultrapassam os

paiacuteses escandinavos com excepccedilatildeo de Portugal que se manteacutem na uacuteltima posiccedilatildeo

Quanto agrave taxa de mortalidade infantil indicador que traduz o nuacutemero de mortes

de crianccedilas no primeiro ano de vida por cada 1000 nascimentos eacute de imediato

verificaacutevel no graacutefico 3 que ocorreu uma consideraacutevel melhoria neste indicador em

todos os paiacuteses ao longo do periacuteodo analisado Em 1985 a taxa de mortalidade infantil

em Portugal e na Greacutecia era maior do que nos restantes paiacuteses no entanto em 2010 jaacute

registavam um nuacutemero de mortes semelhante aos restantes paiacuteses No caso grego

verificou-se uma passagem das 16 mortes em cada 1000 nascimentos em 1985 para as 4

em 2010 ocorrendo o mesmo em Portugal que passou das 17 para as 4 No que respeita

agrave Escandinaacutevia o nuacutemero de mortes que se verificava no ano de 2010 natildeo era muito

diferente do que se verificava em 1985 e no caso da Finlacircndia houve apenas uma

pequena reduccedilatildeo das 6 para as 2 mortes durante este periacuteodo

A evoluccedilatildeo e composiccedilatildeo demograacutefica dos paiacuteses pode ter um impacto

importante naquela que eacute actualmente uma das componentes da despesa social com

maior peso a despesa com pensotildees Assim atraveacutes da anaacutelise do graacutefico 4 verifica-se

que a taxa de crescimento da populaccedilatildeo em termos anuais foi positiva em todos os

paiacuteses No entanto durante este periacuteodo (1990-2010) apenas Portugal entre 1990 e

1992 registou uma taxa de crescimento negativa que no entanto foi invertida No que

toca ao maior crescimento populacional este deu-se em Espanha entre 1997 e 2003 ao

qual se seguiu apoacutes um periacuteodo de estabilidade entre 2003 e 2007 uma diminuiccedilatildeo

12

acentuada Em termos globais a taxa de crescimento populacional tem vindo a descer

nomeadamente nos paiacuteses do Sul contrariamente aos paiacuteses do Norte Europeu que a

partir de 2000 verificaram um aumento Tal poderaacute dever-se agrave imigraccedilatildeo mas tambeacutem

poderaacute ter-se devido agraves poliacuteticas de apoio agrave natalidade com vista ao combate ao

envelhecimento da populaccedilatildeo Neste acircmbito decompondo a populaccedilatildeo dos paiacuteses da

amostra em faixas etaacuterias populaccedilatildeo jovem (ateacute aos 15 anos de idade) populaccedilatildeo entre

os 15 e 64 anos e populaccedilatildeo idosa (mais de 65 anos) verificamos que existe uma

tendecircncia para a diminuiccedilatildeo da populaccedilatildeo mais jovem face agrave total sendo esse

comportamento mais visiacutevel em Espanha que conforme o graacutefico 5 demonstra em

1985 tinha uma percentagem de jovens de cerca de 233 mas que em 2010

apresentava uma taxa de 149 Um aspecto curioso tem que ver com o facto de neste

periacuteodo de anaacutelise natildeo se ter verificado uma grande diminuiccedilatildeo desta faixa etaacuteria na

Escandinaacutevia sendo que no caso da Dinamarca esta registava em 2010 uma

percentagem de populaccedilatildeo jovem a rondar os 18 os mesmos que em 1985

Por outro lado verifica-se um agravamento do envelhecimento da populaccedilatildeo

com a pior situaccedilatildeo a verificar-se em Itaacutelia e na Greacutecia Entre 1985 e 2010 a

percentagem da populaccedilatildeo italiana com mais de 64 anos passou dos 131 em 1985

para os 203 em 2010 e na Greacutecia verificou-se uma passagem dos 133 para os 19

(ver graacutef 6) Relativamente ao Norte Europeu essa subida eacute mais ligeira e em 2010 a

Finlacircndia apresentava uma percentagem de 171 enquanto que a Dinamarca de 166

No que diz respeito agrave faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entre os 15 e 64 anos verifica-se atraveacutes

do graacutefico 7 que entre 1985 e 1995 a percentagem da populaccedilatildeo compreendida nesta

faixa etaacuteria aumentou No entanto a partir deste periacuteodo verificou-se uma descida dos

valores em alguns paiacuteses como eacute o caso da Itaacutelia onde a populaccedilatildeo pertencente a este

grupo entre 1985 e 2010 passou dos 675 para os 657 resultado talvez de uma

diminuiccedilatildeo da populaccedilatildeo jovem e do aumento da populaccedilatildeo mais idosa podendo isso

dever-se agrave baixa taxa de natalidade

Quanto agrave melhoria dos indicadores relativos agrave educaccedilatildeo verificamos que os

apoios do Estado nesta aacuterea talvez se tenham feito sentir Com efeito de acordo com o

graacutefico 8 a percentagem de populaccedilatildeo activa com apenas o ensino primaacuterio diminuiu

em todos os paiacuteses entre 1995-2010 sendo que no entanto o niacutevel de populaccedilatildeo activa

com apenas este niacutevel de escolaridade eacute mais reduzido nos paiacuteses do Norte como eacute o

caso da Finlacircndia e da Sueacutecia talvez devido ao facto de estes paiacuteses terem tomado haacute

mais tempo consciecircncia da importacircncia da educaccedilatildeo para um bom desempenho

13

econoacutemico (ver graacutef 8) Associado ao comportamento anterior verifica-se que em 2010

existe uma maior percentagem de pessoas com o ensino secundaacuterio e universitaacuterio em

todos os paiacuteses relativamente a 1995 Ao niacutevel do ensino secundaacuterio o graacutefico 9 mostra

que entre 1995 e 2010 verificou-se um aumento de trabalhadores com este niacutevel

acadeacutemico sendo esse impacto maior em Portugal Espanha Greacutecia e Itaacutelia mas no que

toca aos paiacuteses do Norte este nuacutemero foi oscilando Em todo o caso em 1995 os trecircs

paiacuteses escandinavos registavam uma maior percentagem da populaccedilatildeo com o ensino

secundaacuterio relativamente a qualquer dos paiacuteses do Sul sendo em 2010 apenas a

Dinamarca e a Finlacircndia ultrapassadas pela Itaacutelia O niacutevel de escolaridade dos

trabalhadores que mais subiu foi como se pode constatar no graacutefico 10 o universitaacuterio

verificando-se que em paiacuteses como a Finlacircndia a percentagem de trabalhadores com este

niacutevel acadeacutemico passou dos 217 em 1995 para os 373 em 2010 e na Espanha

passou dos 203 para os 33 Neste acircmbito verifica-se em 2010 a Espanha tinha uma

percentagem de indiviacuteduos com ensino superior mais elevada que a Sueacutecia e a

Dinamarca

Outra das componentes da despesa social com mais peso no total eacute a despesa

associada ao subsiacutedio de desemprego Nos anos mais recentes tem-se verificado um

aumento da taxa de desemprego como podemos ver no graacutefico 11 O desemprego pode

por em causa a estabilidade social uma vez que os indiviacuteduos sem emprego ao

perderem a sua fonte de rendimento podem perder qualidade de vida e estarem sujeitos

a situaccedilotildees de pobreza A taxa de desemprego entre 1991 e 2010 foi sempre mais

elevada no Sul em relaccedilatildeo ao Norte Os paiacuteses que apresentavam uma taxa mais elevada

em 2010 foram a Espanha com cerca de 20 seguido da Greacutecia com 125 enquanto

que a taxa de desemprego mais baixa se registou na Escandinaacutevia na Dinamarca onde a

taxa de desemprego em 2010 era de 75

No que diz respeito agrave taxa de desemprego jovem esta tem afectado sobretudo os

jovens do Sul Europeu e parece estar a tornar-se um problema grave para as geraccedilotildees

mais jovens As dificuldades em arranjar emprego podem prender-se com a falta de

experiecircncia por parte dos jovens Como tal estas situaccedilotildees levam a que estes natildeo

tenham nenhum tipo de poupanccedila nem direito a qualquer tipo de subsiacutedio como eacute o caso

do subsiacutedio de desemprego pois natildeo tiveram um passado activo consideraacutevel que lhes

permitisse ter realizado contribuiccedilotildees para a Seguranccedila Social e a ter direito a receber

subsiacutedio de desemprego Por outro lado ao natildeo terem emprego poderatildeo vir a ter

problemas em obter uma boa pensatildeo aquando o final da sua vida activa pois faratildeo

14

menos descontos do que aqueles satildeo necessaacuterios para obter um boa pensatildeo no futuro

podendo estar a comprometer a sua estabilidade financeira apoacutes a sua vida activa No

Norte Europeu paiacuteses como a Dinamarca tecircm investido na resoluccedilatildeo dos problemas

relativos ao desemprego jovem promovendo poliacuteticas de apoio aos jovens que possuem

baixos niacuteveis de estudos e que estejam sem trabalho como salientam Hughes e Borbeacutely-

Pecze (2012) Para tal foram desenvolvidos programas onde os jovens satildeo inseridos em

cursos de formaccedilatildeo praacutetica com vista a que estes adquiram experiecircncia e que os

familiarizem com o local de trabalho promovendo as suas aptidotildees de forma a capacitaacute-

los para o mercado de trabalho para que tragam ganhos de produtividade agrave entidade que

os emprega e consequentemente ao seu paiacutes Ao niacutevel da taxa de desemprego jovem o

graacutefico 12 ajuda-nos a perceber que esta era no ano de 2010 mais elevada na Espanha

com cerca de 424 sendo esta seguida pela Greacutecia com 325 Ao niacutevel das taxas

mais baixas verificamos que que entre 1991 e 2010 quem apresentou a taxa mais baixa

foi a Dinamarca sendo que no ano de 2010 esta apresentava uma taxa de cerca de

139 seguida da Finlacircndia com cerca de 203

Quanto agrave anaacutelise de factores econoacutemicos que possam ser responsaacuteveis pelas

diferenccedilas relativas ao niacutevel de vida iremos comeccedilar por analisar a importacircncia do

sector secundaacuterio e terciaacuterio para o PIB dos diversos paiacuteses na medida em que estes

sectores satildeo os que envolvem uma maior percentagem de indiviacuteduos com habilitaccedilotildees

acadeacutemicas mais elevadas e cujo seu contributo para o produto dos paiacuteses eacute mais

consideraacutevel

No que toca ao sector secundaacuterio verifica-se que entre 1985 e 2010 este tem

vindo a perder importacircncia no PIB de todos os paiacuteses No entanto durante este periacuteodo

verificou-se que o paiacutes que apresentava uma maior percentagem de riqueza gerado por

este sector era Portugal tendo contudo essa importacircncia diminuiacutedo de forma constante

chegando no ano de 2010 a ser de apenas 15 proacuteximo da percentagem da Espanha Eacute

de salientar que a importacircncia deste sector em 2010 era relativamente mais baixa nestes

paiacuteses em relaccedilatildeo agrave Dinamarca ou na Sueacutecia (ver graacutef13) Ao niacutevel do sector terciaacuterio

verificamos atraveacutes do graacutefico 14 que a importacircncia deste sector para a amostra de

paiacuteses em estudo era muito nivelado entre os 60 e os 70 No entanto a partir do ano

2000 verificou-se um aumento relativo da contribuiccedilatildeo deste sector para o PIB dos

vaacuterios paiacuteses sendo de salientar que em 2009 este sector tinha maior peso na produccedilatildeo

de riqueza no caso da Greacutecia contribuindo em cerca de 79 do total do PIB grego

15

enquanto que o mais baixo se verificava na Finlacircndia com cerca de 69 do PIB a ser

gerado por este sector

A anaacutelise da estrutura produtiva de um paiacutes pode ter tambeacutem uma relaccedilatildeo com o

grau de abertura da economia pois este poderaacute trazer algumas vantagens e explicar o

porquecirc de um determinado sector ter ganho mais importacircncia no PIB de um paiacutes Essas

vantagens podem estar relacionadas com a entrada de novos produtos e tecnologias que

normalmente estatildeo relacionados com o sector secundaacuterio e terciaacuterio e que poderatildeo

explicar o crescimento destes sectores Este factor poderaacute ainda estar relacionado com o

niacutevel de educaccedilatildeo de uma populaccedilatildeo pois quanto maior for o desenvolvimento

tecnoloacutegico de um paiacutes tal poderaacute levar agrave necessidade de um reforccedilo na educaccedilatildeo e

formaccedilatildeo profissional para capacitar a matildeo-de-obra para lidar com estas novas

tecnologias Assim o grau de abertura de um paiacutes poderaacute estar relacionado com o

aumento dos gastos em educaccedilatildeo

No que respeita ao grau de abertura da economia medido atraveacutes do volume de

importaccedilotildees e exportaccedilotildees em percentagem do PIB verificou-se que em todos os paiacuteses

em estudo houve uma tendecircncia de crescimento entre 1985 e 2010 Os paiacuteses que no

ano de 2010 apresentavam um grau de abertura mais elevado eram a Dinamarca com

cerca de 953 e a Sueacutecia com cerca de 928 Por outro lado paiacuteses como a Greacutecia e

a Espanha registavam valores muito mais baixos sendo que a Greacutecia apresentava um

niacutevel de cerca de 538 do seu PIB e a Espanha 569 como se pode constatar no

graacutefico 15 No que respeita ao saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes um valor em

percentagem do PIB positivo significa que existe um superavit ou seja que o paiacutes

aumentou os seus activos no estrangeiro Neste aspecto devido agrave falta de dados a

anaacutelise a esta variaacutevel comeccedila a partir de 2003 e consultando a graacutefico 16 verificamos

que ao longo do periacuteodo na Greacutecia Portugal Itaacutelia e Espanha a balanccedila foi sempre

deficitaacuteria sendo as situaccedilotildees mais complicadas a da Greacutecia e a de Portugal que em

2010 apresentavam um deacutefice de 104 e 97 respectivamente Por outro lado a

Dinamarca a Sueacutecia e a Finlacircndia tiveram sempre um excedente

No que toca agrave anaacutelise do saldo orccedilamental este juntamente com a diacutevida puacuteblica

poderaacute ajudar a compreender o estado das financcedilas puacuteblicas de um paiacutes Compreender o

saldo orccedilamental em percentagem do PIB eacute muito importante pois se este demonstrar

um comportamento mais despesista tal iraacute reflectir-se no aumento do endividamento do

Estado que poderaacute ter de levar a uma reduccedilatildeo dos apoios do Estado Social com vista agrave

sustentabilidade financeira do Estado Como forma de controlar as financcedilas puacuteblicas

16

poderatildeo ser necessaacuterios cortes ao niacutevel dos apoios da protecccedilatildeo social bem como a

reduccedilatildeo do orccedilamento do Estado para aacutereas com a sauacutede ou educaccedilatildeo No graacutefico 17 eacute

possiacutevel verificar que no caso de paiacuteses como a Greacutecia Portugal e Itaacutelia no periacuteodo de

estudo verificou-se que estes paiacuteses tiveram sempre um comportamento mais despesista

que os restantes sendo como jaacute vimos esta uma possiacutevel justificaccedilatildeo para o crescimento

da diacutevida puacuteblica nestes paiacuteses Jaacute os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentavam saldos

orccedilamentais mais positivos em relaccedilatildeo aos do Sul da Europa sendo mesmo o saldo

orccedilamental sueco aproximadamente de 0

A diacutevida puacuteblica em percentagem do PIB sempre foi inferior nos paiacuteses do Norte

em relaccedilatildeo aos do Sul Entre 1995 e 2010 verificamos que o niacutevel de diacutevida foi

oscilando no entanto este foi relativamente mais elevado na Greacutecia e na Itaacutelia

chegando no ano de 2010 este a ser cerca de 145 e 1194 do seu PIB

respectivamente No caso da Sueacutecia verificou-se ao longo deste periacuteodo uma tendecircncia

de descida e em 2010 este era de 394 (ver graacutef 18) Um outro factor que pode ter

feito aumentar o niacutevel de diacutevida de alguns paiacuteses do Sul da Europa a partir de 2005

pode ter que ver com o surgimento da crise econoacutemica de 2007 que agravou ainda mais

o niacutevel de diacutevida destes paiacuteses que era jaacute elevado como satildeo exemplos a Greacutecia e

Portugal

Em resumo verificamos que em termos globais os indicadores soacutecio-

econoacutemicos do Sul da Europa satildeo piores que os do Norte Europeu Contudo as

diferenccedilas tecircm vindo a diminuir Por exemplo os indicadores relativos agrave sauacutede e agrave

educaccedilatildeo tecircm demonstrado francas melhorias que talvez resultem do facto dos estados

terem reforccedilado os apoios ao niacutevel destas funccedilotildees sociais Haacute no entanto que ter em

conta que no caso do Sul Europeu o crescente aumento da diacutevida puacuteblica poderaacute

dificultar a continuidade desta acccedilatildeo na medida em que poderaacute levar agrave necessidade de

reformulaccedilotildees que passem por cortes no Estado Social com vista a fazer face ao

crescente endividamento destes Os Estados do Sul Europeu natildeo devem contudo no

periacuteodo actual de crise esquecer a importacircncia que estes sectores tecircm para a coesatildeo

social e potencialmente para o desempenho econoacutemico

4 Despesa Social e Crescimento Econoacutemico anaacutelise comparada de alguns dados

Nesta secccedilatildeo seraacute realizada uma anaacutelise de estatiacutestica descritiva que teraacute como

principal objectivo uma anaacutelise comparada dos dois grupos de paiacuteses em termos de

crescimento econoacutemico e despesa social agregada e por diferentes componentes entre

17

1985 e 2010 Por uacuteltimo procura-se verificar se o sinal da correlaccedilatildeo esperada entre a

despesa social do Estado e o comportamento do produto estaacute de acordo com a literatura

econoacutemica Para tal realizamos apenas uma anaacutelise muito simples e preliminar baseada

no caacutelculo de coeficientes de correlaccedilatildeo entre as despesas em sauacutede educaccedilatildeo e as

vaacuterias componentes da despesa em protecccedilatildeo social e respectivamente o PIB per capita

e a taxa de crescimento do mesmo

Esta anaacutelise foi realizada tendo em conta todos os dados disponiacuteveis na base de

dados da OECD Social Expenditure Database ao niacutevel dos gastos com sauacutede e

protecccedilatildeo social e com os dados disponiacuteveis do Banco Mundial relativamente a despesa

em educaccedilatildeo PIB real per capita para todos os paiacuteses em anaacutelise no periacuteodo entre 1985

e 2010

Antes de passarmos agrave anaacutelise comparada da despesa social e suas componentes

nos paiacuteses da nossa amostra detenhamo-nos na comparaccedilatildeo da respectiva prestaccedilatildeo em

termos de crescimento econoacutemico de acordo com os dados relativos agraves taxas meacutedias de

crescimento anual do PIB real per capita entre 1985 e 2010 e alguns sub-periacuteodos (ver

Quadro 1) Ao longo do periacuteodo total 1985-2010 Portugal e a Espanha foram os paiacuteses

que mais cresceram o que natildeo eacute de estranhar uma vez que partiram de valores do PIB

real per capita dos mais baixos do grupo Seguem-se a estes os paiacuteses escandinavos

Finlacircndia Sueacutecia e Dinamarca enquanto que a Greacutecia e a Itaacutelia foram os paiacuteses que

menos cresceram No caso da Greacutecia a situaccedilatildeo eacute mais insoacutelita uma vez que tal como

Portugal e Espanha partiu de um niacutevel de rendimento relativamente mais baixo e assim

sendo o potencial de crescimento e convergecircncia deveria ter sido superior ao dos paiacuteses

mais ricos Se dividirmos o periacuteodo total em anaacutelise em trecircs sub-periacuteodos 1985-95

1995-05 e 2005-10 verificamos que o desempenho relativo dos paiacuteses se vai alterando

Assim por exemplo a boa prestaccedilatildeo de Portugal entre 1985-2010 parece ter sido

consequecircncia do seu elevado crescimento relativo entre 1985 e 1995 enquanto que nos

outros dois sub-periacuteodos a taxa meacutedia de crescimento anual do seu PIB real per capita eacute

das mais baixas do grupo Os paiacuteses escandinavos tecircm taxas de crescimento relativas

mais elevadas essencialmente entre 1995 e 2005 enquanto a Espanha e a Greacutecia

melhoram o desempenho relativo no segundo e terceiro sub-periacuteodos em especial a

Espanha Em todo o caso registou-se um acentuado abrandamento e do crescimento nos

uacuteltimos cinco anos com a Itaacutelia Sueacutecia Finlacircndia e Portugal a registarem mesmo taxas

crescimento negativas Este fenoacutemeno natildeo pode deixar de ter em conta o iniacutecio da crise

econoacutemica e financeira que teve o seu comeccedilo em 2007-2008

18

Quadro 1 Taxas meacutedias de crescimento anual do PIB real per capita 1985 a 2010

Periacuteodos Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

1985-1995 1639 0940 0555 2140 3600 2698 0970

1995-2005 1682 3377 3243 1128 2025 2591 2831

2005-2010 0025 -0267 0198 -0145 -0441 0207 -0229

1985-2010 1221 1806 1461 1131 2333 2024 1690

Fonte Caacutelculos do autor com base em dados do Banco Mundial

No que diz respeito agrave anaacutelise comparada entre a despesa social dos paiacuteses em

estudo iremos comeccedilar por comparar os niacuteveis de gastos sociais totais2 em percentagem

do PIB ao longo do periacuteodo total 1985-2010 (ver graacutefico 19) Durante todo este periacuteodo

eacute possiacutevel verificar que os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentaram um niacutevel de gastos

sociais totais superior ao dos paiacuteses do Sul Europeu O paiacutes que apresentou um niacutevel de

gastos mais elevado durante a maior parte deste periacuteodo foi a Sueacutecia que apenas o

deixou de ser quando a Dinamarca se assumiu como o paiacutes que mais gastou em despesa

social em 2010 cerca de 306 do PIB Quanto agrave Finlacircndia esta no ano de 2010

tambeacutem ultrapassa a Sueacutecia ao niacutevel de uma maior despesa social Contudo no caso

finlandecircs verifica-se que entre os anos de 1990 e 1992 ocorreu um aumento

consideraacutevel na despesa social ao qual se sucede uma diminuiccedilatildeo gradual dos gastos ateacute

2000 No entanto tal como a Dinamarca e a Sueacutecia este paiacutes apresentava ainda um

niacutevel de gastos superiores ao dos paiacuteses do Sul cerca de 243 do PIB No que respeita

aos paiacuteses da periferia tambeacutem designados paiacuteses do Sul verifica-se que o paiacutes que

mais se conseguiu aproximar do niacutevel de despesa dos paiacuteses da Escandinaacutevia foi a Itaacutelia

que no ano de 2010 gastava cerca de 277 do seu PIB em gastos sociais enquanto que

a Sueacutecia cerca de 283 No entanto verificamos que a Itaacutelia em algumas ocasiotildees foi

ultrapassada pelo niacutevel de gastos da Espanha como eacute o caso do subperiacuteodo entre 1989 e

1996 Quanto aos paiacuteses que canalizaram uma menor percentagem do PIB para a

despesa social verificam-se que estes foram a Espanha Greacutecia e Portugal

Relativamente a estes dois uacuteltimos verificou-se que a Greacutecia apresentava em 1985 um

niacutevel de despesa social consideravelmente maior que Portugal cerca de 161 face aos

101 do PIB de Portugal no entanto essa diferenccedila foi diminuindo Tal resulta de um

2 Os gastos sociais totais incluem a despesa em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado laboral apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social

exceptuando os apoios em educaccedilatildeo

19

evidente aumento da despesa em Portugal e um teacutenue crescimento da Despesa Social

grega chegando Portugal no ano de 2002 a ultrapassar a Greacutecia e no ano de 2010

apresentava um niacutevel de despesa mais elevado de despesa que a Greacutecia cerca de 254

face aos 233 da Greacutecia Na globalidade verificou-se uma tendecircncia de crescimento

contiacutenuo nos paiacuteses escandinavos ateacute ao iniacutecio da deacutecada de 90 seguido de uma

diminuiccedilatildeo ateacute cerca de 2000 No Sul a tendecircncia eacute de crescimento sustentado para a

Greacutecia e Portugal e de oscilaccedilotildees na Espanha e Itaacutelia Eacute tambeacutem notoacuterio que apoacutes a crise

de 2007-08 se verifica de novo um crescimento da despesa relativamente aos paiacuteses do

Norte

No seguimento da anaacutelise comparativa da despesa social em termos globais

efectua-se agora um estudo comparativo entre a despesa do Estado nas vaacuterias

componentes da despesa social educaccedilatildeo sauacutede e protecccedilatildeo social e dentro de estas

com o pagamento de pensotildees de reforma subsiacutedios de invalidez politicas activas do

mercado de trabalho apoios agraves famiacutelias e subsiacutedio de desemprego que correspondem agrave

maioria da despesa social nestes paiacuteses

De acordo com os graacuteficos 20 e 21 os niacuteveis de despesa social quer em sauacutede e

quer em educaccedilatildeo respectivamente dos paiacuteses do Norte face aos do Sul medidos em

percentagem do seu PIB entre 1985 e 2010 satildeo maiores no primeiro grupo de paiacuteses

relativamente ao segundo agrave excepccedilatildeo da Finlacircndia que depois de um periacuteodo de

diminuiccedilatildeo da despesa em sauacutede entre 1992 e 1998 para cerca dos 53 do PIB

verifica de novo um aumento para os 67 verificados em 2010 No entanto situava-se

aqueacutem do verificado em Itaacutelia Espanha e Portugal no mesmo ano que era

respectivamente 73 713 e 712 do PIB Assim sendo a Finlacircndia encontrava-se

soacute a frente da Greacutecia que possuiacutea um niacutevel de gastos de 64 do PIB (ver graacutef 20 e 21)

Nota-se tambeacutem no que diz respeito agrave despesa em sauacutede que a Sueacutecia e a Dinamarca

foram quem mais despenderam nesta aacuterea com niacuteveis de despesa semelhantes Contudo

a partir de 1999 o niacutevel de despesa da Dinamarca passa para frente do da Sueacutecia

tornando-se assim o paiacutes com maior despesa em sauacutede chegando a 2010 a apresentar

um valor de cerca de 94 do PIB face aos 77 da Sueacutecia Eacute importante salientar que

todos os paiacuteses do Sul da Europa verificaram um crescimento sustentado que se traduz

em valores de despesa em sauacutede em percentagem do PIB maiores em 2010 que em

1985 Por fim importa destacar que entre 2009 e 2010 verificou-se uma diminuiccedilatildeo da

despesa para todos os paiacuteses por ventura efeitos da crise que comeccedilou um par de anos

antes

20

No que toca agrave educaccedilatildeo como jaacute foi referido os paiacuteses da Escandinaacutevia

apresentam durante o periacuteodo em anaacutelise um niacutevel de despesa superior nesta mateacuteria em

relaccedilatildeo aos paiacuteses da periferia Neste contexto verificamos que as diferenccedilas relativas

aos niacuteveis de despesa dos vaacuterios paiacuteses em educaccedilatildeo se encontram melhor clarificadas

que as diferenccedilas ao niacutevel da despesa em sauacutede agrave excepccedilatildeo dos anos entre 1987 e 1990

em que os valores da despesa portuguesa foram semelhantes ao da espanhola e dos anos

de 2007 e 2008 em que os valores da Itaacutelia foram semelhantes aos da Espanha Feitas

estas consideraccedilotildees verifica-se a existecircncia de um maior niacutevel de despesa em educaccedilatildeo

por parte da Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia ao longo do periacuteodo e no ano de 2009 o

valor da despesa era respectivamente de 83 72 e 68 do PIB No que toca aos

restantes paiacuteses da amostra os paiacuteses do Sul verificamos que o niacutevel de despesa grego e

portuguecircs foi aumentando chegando o portuguecircs a tornar-se o mais elevado entre os

restantes paiacuteses da periferia a partir de 1994 sem nunca esquecer a ausecircncia de dados

para o ano de 1997 e para a Greacutecia entre 2005 e 2010 No ano de 1994 o valor gasto por

Portugal era cerca de 46 chegando a 2010 aos 56 do PIB Jaacute relativamente agrave Itaacutelia

considerando a quebra de dados para este paiacutes verificamos que esta se encontrava no

topo dos paiacuteses do Sul que mais gastavam nesta aacuterea no entanto como jaacute foi referido

esta foi ultrapassada por Portugal e ateacute mesmo a Espanha a partir de 2007 paiacuteses que

tinham nesse ano respectivamente um niacutevel de gastos de 51 e 434 do PIB face

aos 426 do PIB verificados na Itaacutelia

Relativamente agrave despesa em protecccedilatildeo social entre os paiacuteses em anaacutelise e no

que diz respeito niacutevel gastos em pagamentos de pensotildees de reforma verificamos que

natildeo existe um grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 22) Neste capiacutetulo

verifica-se que em todos os paiacuteses o niacutevel de gastos nesta mateacuteria foi oscilando

Contudo nos subperiacuteodos de 1985-89 e de 1997-2009 este foi mais elevado na Itaacutelia e

a Greacutecia sendo estes ultrapassados apenas entre 1991-95 pela Sueacutecia Estes trecircs paiacuteses

em 2009 ocupavam trecircs das quatro primeiras posiccedilotildees nos gastos em pensotildees

apresentando a Itaacutelia a Greacutecia e a Sueacutecia um niacutevel de gastos de 13 109 e 102

do PIB respectivamente Quanto aos restantes paiacuteses verifica-se que o paiacutes que durante

maior parte do periacuteodo apresentou um niacutevel de despesa mais baixo foi Portugal no

entanto registou um aumento consideraacutevel se em 1985 se encontrava no uacuteltimo posto

com cerca de 33 do seu PIB gasto em pensotildees a partir de 2004 ultrapassou a

Finlacircndia Dinamarca e Espanha apresentando no ano de 2009 uma percentagem de

gastos em pensotildees relativamente ao PIB a rondar os 106 superior ao verificado na

21

Dinamarca (82) na Finlacircndia (102) e Espanha (77) Tal poderaacute ter que ver com

o facto de a populaccedilatildeo em Portugal ter envelhecido a um ritmo mais acelerado que nos

restantes paiacuteses

No que toca aos subsiacutedios de desemprego verificamos tambeacutem que natildeo haacute um

grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 23) Contudo neste capiacutetulo

constata-se que os trecircs paiacuteses que gastaram maior percentagem do PIB em subsiacutedios de

desemprego ao longo do periacuteodo foram a Dinamarca Espanha e Finlacircndia Nestes

paiacuteses verificamos que em 1993 o niacutevel de gastos foi o mais elevado cerca 53 do PIB

no caso dinamarquecircs e de 47 no caso espanhol e finlandecircs sendo uma possiacutevel razatildeo

para esse aumento a crise econoacutemica que ocorreu nesse ano O factor crise econoacutemica

poderaacute tambeacutem ajudar a compreender o porquecirc de na Espanha o niacutevel de gastos ter

subido entre 2008 e 2009 de uma forma abrupta passando dos 22 do PIB para os

35 aumento que poderaacute estar relacionado com a crise econoacutemica de 2007-08 que

poderaacute ter contribuiacutedo para o agravamento da taxa de desemprego espanhola Neste

acircmbito verifica-se tambeacutem que os paiacuteses que apresentaram ao longo deste periacuteodo um

niacutevel de despesa mais reduzido com os subsiacutedios de desemprego foram Portugal Itaacutelia e

Greacutecia que em 2009 eram os que menos gastavam com um niacutevel de despesa de cerca de

07 no caso grego 08 no caso italiano e 12 do PIB no caso portuguecircs Estes

valores ficam bem atraacutes dos verificados no mesmo ano para a Dinamarca (23) e para

a Espanha (35)

Jaacute no que toca agrave despesa social em apoios concedidos agraves famiacutelias em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e em subsiacutedios concedidos a pessoas com incapacidade

verifica-se que os paiacuteses do Norte tecircm um niacutevel de gastos nestas mateacuterias superior ao da

periferia europeia (ver graacuteficos 24 25 e 26) Verifica-se ainda assim uma pequena

excepccedilatildeo no que toca agrave Espanha em que os gastos em poliacuteticas activas no mercado de

trabalho em 1989 e 1990 foram superiores agraves verificadas na Dinamarca que eram cerca

de 08 do PIB face aos 07 despendido pelos dinamarqueses A diferenccedila entre os

dois grupos eacute evidente no caso da despesa relacionada com os apoios agraves famiacutelias onde

se verifica uma diferenccedila consideraacutevel ao longo do periacuteodo de anaacutelise entre o Norte e o

Sul A despesa em aacutereas como as poliacuteticas e com as famiacutelias dentro dos paiacuteses da

Escandinaacutevia foi inicialmente mais elevado na Sueacutecia que chegou a atingir o seu

maacuteximo em 1992 com cerca de 49 do PIB gasto nesta mateacuteria no entanto

progressivamente o niacutevel de despesa da Dinamarca foi-se aproximando da Sueacutecia

chegando ateacute a ultrapassar esta em 1995 No que diz respeito agrave Finlacircndia verificou-se

22

que dos trecircs paiacuteses que compotildeem a Escandinaacutevia eacute aquele que apresenta um niacutevel mais

baixo durante maior parte do periacuteodo em anaacutelise mas no entanto superior aos paiacuteses do

Sul como jaacute foi dito Existe contudo uma excepccedilatildeo para este paiacutes que acontece no ano

de 1994 quando este consegue ser o paiacutes que mais gasta nesta aacuterea cerca de 44 do

PIB superior aos gastos suecos que foram cerca de 43 e dos dinamarqueses cerca de

39 Quanto aos gastos em poliacuteticas activas do mercado de trabalho as diferenccedilas jaacute

natildeo satildeo tatildeo evidentes mas no entanto relativamente aos paiacuteses do Sul verificamos ao

longo de todo o periacuteodo que os paiacuteses que foram apresentando consecutivamente

valores mais elevados de despesa nesta mateacuteria foram Portugal e Espanha que entre

1985 e 2009 sofreram oscilaccedilotildees relativamente aos valores despendidos no entanto em

2009 estes gastavam cerca de 08 e 09 respectivamente um valor mais elevado que

o verificado para a Itaacutelia (04) e para a Greacutecia (02) paiacuteses que ao longo do periacuteodo

observado se ficaram pelos uacuteltimos lugares

Por uacuteltimo abordamos as diferenccedilas entre o Norte e o Sul ao niacutevel de gastos em

pensotildees por incapacidade (ver graacutef 26) Como jaacute foi referido verificamos que o niacutevel

de gastos nesta aacuterea eacute superior no Norte em relaccedilatildeo ao Sul Assim sendo verificamos

que a Sueacutecia e a Finlacircndia foram alternando a lideranccedila relativamente aos paiacuteses que

mais despenderam nestes apoios Entre 1985-91 e 1997-2009 a Sueacutecia realizou um niacutevel

de despesa mais elevado que a Finlacircndia apresentando em 1991 um niacutevel a rondar os

53 face ao gasto pela Finlacircndia que foi cerca de 49 Jaacute em 2009 o niacutevel de gastos

da Sueacutecia foi de 5 do seu PIB maior que o verificado na Finlacircndia 41 enquanto

que para o restante periacuteodo o niacutevel de gastos finlandecircs foi sempre superior ao sueco A

Dinamarca foi dos paiacuteses escandinavos aquele que ao longo da maior parte deste

periacuteodo menos gastou no entanto a partir de 2001 esta ultrapassou o niacutevel de gastos da

Finlacircndia apresentando um niacutevel de despesa de cerca de 38 do PIB face aos 37

verificados no caso finlandecircs Esta ultrapassagem deu-se natildeo soacute pela subida dos gastos

em da Dinamarca nesta aacuterea mas tambeacutem por uma descida da despesa finlandesa No

que toca aos paiacuteses do Sul verificamos que quem gastou relativamente mais durante a

maior parte do periacuteodo entre 1985 e 2009 em subsiacutedios atribuiacutedos a incapacitados

foram Espanha Portugal Itaacutelia e a Greacutecia respectivamente agrave excepccedilatildeo do subperiacuteodo

entre 1985 e 1989 em que a Itaacutelia teve um niacutevel de gastos superiores ao de Portugal

Estes paiacuteses no ano de 2009 apresentavam um niacutevel de gastos a rondar os 27 do PIB

no caso espanhol os 21 no caso portuguecircs os 19 no caso italiano e os 1 no caso

23

grego valores que apesar de serem mais baixos que os verificados nos paiacuteses do Norte

da Europa satildeo mais elevados que os verificados em 1985 para estes paiacuteses

Por fim concluiacutemos esta secccedilatildeo com uma anaacutelise quantitativa muito simples e

preliminar da relaccedilatildeo entre a despesa social e o crescimento econoacutemico que corresponde

ao caacutelculo dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre os vaacuterios tipos de despesa social e o PIB

real per capita e a sua taxa de crescimento De acordo com a revisatildeo da literatura

realizada na secccedilatildeo 2 espera-se que exista uma correlaccedilatildeo positiva entre a despesa

social e o niacutevel de crescimento do PIB na medida ou seja para que esta contribua

efectivamente para uma reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo do rendimento e da

pobreza mas tambeacutem porque certos tipos de despesa social tais como educaccedilatildeo sauacutede

mas tambeacutem os apoios agrave famiacutelia contribuem directamente para a acumulaccedilatildeo de capital

humano Contudo aceitando o argumento de que o financiamento necessaacuterio introduz

distorccedilotildees na actividade econoacutemica que por exemplo desincentivam o trabalho e o

investimento por parte das empresas a correlaccedilatildeo obtida pode ter um sinal negativo Da

mesma forma se despesas como o subsiacutedio de desemprego constituiacuterem um

desincentivo a realizar maior esforccedilo no trabalho tambeacutem o sinal poderaacute ser negativo

Em uacuteltima anaacutelise poderaacute natildeo existir qualquer correlaccedilatildeo se os efeitos de sinal contraacuterio

se compensarem exactamente Finalmente natildeo devemos esquecer que correlaccedilatildeo natildeo

significa causalidade pelo que o sinal obtido se pode dever agrave influecircncia do produto

sobre a despesa social ou agrave influecircncia muacutetua

Com auxiacutelio do Quadro 2 onde se encontram os resultados relativos aos

coeficientes de correlaccedilatildeo entre despesa social e o PIB real per capita verificamos que

tendo em conta os dados disponiacuteveis para todos os paiacuteses e anos os coeficientes de

correlaccedilatildeo entre as vaacuterias despesas sociais e o PIB real per capita satildeo todos positivos

quer no que respeita agrave despesa social total quer agraves suas diferentes componentes Os

coeficientes de correlaccedilatildeo mais elevados dizem respeito agraves despesas em educaccedilatildeo e

sauacutede respectivamente 0833 e 0791 podendo argumentar-se que isto se deve ao seu

contributo directo para a acumulaccedilatildeo de capital humano e que este factor possa ter

trazido ganhos de produtividade agraves economias conforme a literatura econoacutemica defende

Quanto ao efeito das vaacuterias componentes de despesa social em protecccedilatildeo social

verificamos que as aacutereas que possuem um coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado satildeo a

despesa em apoios atribuiacutedos agraves famiacutelias os subsiacutedios atribuiacutedos aos incapacitados e as

poliacuteticas activas do mercado de trabalho (0764 0648 e 0626 respectivamente) A

correlaccedilatildeo mais elevada na primeira e terceira dimensotildees referidas poderaacute ter que ver

24

com o seu papel na reduccedilatildeo da desigualdade e pobreza das famiacutelias mais pobres e dos

incentivos criados juntos das empresas para que estas empreguem mais trabalhadores

No que diz respeito aos subsiacutedios concedidos agraves famiacutelias estes ajudam ao aumento do

rendimento das mesmas e tal como foi dito anteriormente poderaacute ter-se traduzido no

aumento do consumo privado daiacute haver uma relaccedilatildeo positiva com o PIB per capita No

meacutedio-longo prazo pode tambeacutem permitir agraves famiacutelias investir mais no capital humano

dos seus filhos e desta forma contribuir para o aumento do PIB Nas restantes aacutereas

gastos com subsiacutedios de desemprego ou em pensotildees tambeacutem possuem uma relaccedilatildeo

positiva com o PIB per capita indicando que toda a despesa realizada pelos vaacuterios

paiacuteses ao longo deste periacuteodo foi importantes para o aumento do produto na medida em

que estas se incidiram sobre os indiviacuteduos que possuem um niacutevel de rendimento mais

baixo dando um estimulo ao consumo traduzindo-se isso no aumento do produto como

jaacute vimos anteriormente Contudo nestes casos os coeficientes de correlaccedilatildeo de 0424 e

0220 respectivamente satildeo bastante inferiores indicando que poderatildeo estar em

actuaccedilatildeo efeitos de sinal negativo que reduzem a correlaccedilatildeo positiva final

Nomeadamente os gastos com pensotildees e subsiacutedios de desemprego podem estar a

desviar a despesa de outras funccedilotildees sociais com um impacto mais directo sobre a

produtividade como a educaccedilatildeo e a sauacutede

Quadro 2 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social e componentes e o niacutevel

do PIB real per capita 1985-2010 (todos os dados disponiacuteveis)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB) PIB real

per capita

Total 0747

Sauacutede 0791

Educaccedilatildeo 0833

Pensotildees de reforma 0220

Pensotildees por incapacidade 0648

Apoios agraves Famiacutelias 0764

Poliacuteticas Activas do Mercado de Trabalho 0626

Subsiacutedio de Desemprego 0424

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

25

A anaacutelise de correlaccedilatildeo anterior apesar de interessante natildeo permite ter uma

ideia muito rigorosa da existecircncia ou natildeo de causalidade entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico uma vez que se baseia em valores correntes quer da despesa

quer do PIB e como vimos os paiacuteses mais ricos tendem tambeacutem a gastar mais com as

funccedilotildees sociais Por outro lado em termos de efeitos permanentes sobre a taxa de

crescimento eacute mais rigoroso calcular a correlaccedilatildeo entre a despesa e a taxa de

crescimento do PIB real per capita De forma a ter em conta a questatildeo da causalidade

inversa no quadro 2 satildeo apresentados os coeficientes de correlaccedilatildeo entre a meacutedia da

despesa social realizada nos sete paiacuteses no periacuteodo de 1985 a 1999 e o crescimento

meacutedio do PIB verificado nos dez anos seguintes 2000-2010

De acordo com a informaccedilatildeo que consta do quadro 3 o sinal dos coeficientes de

correlaccedilatildeo varia agora consoante o tipo de despesa considerada Relativamente agrave

despesa social total o coeficiente eacute negativo embora natildeo muito elevado -02779 A

justificaccedilatildeo mais imediata para este sinal poderaacute ter a ver com o facto do financiamento

necessaacuterio ter introduzido distorccedilotildees na actividade econoacutemica que prejudicaram o

crescimento Contudo torna-se mais informativo olhar para as diferentes componentes

da despesa social

No que respeita aos coeficientes por tipo de despesa como seria de esperar dada

a consensual relaccedilatildeo entre as despesas em educaccedilatildeo e sauacutede com o crescimento

econoacutemico por via do seu impacto sobre a acumulaccedilatildeo de capital humano3 o sinal eacute

positivo embora de magnitude reduzida 01356 e 00115 respectivamente em especial

no caso das despesas em sauacutede Estes resultados indicam tambeacutem que os coeficientes de

correlaccedilatildeo anteriores contecircm realmente informaccedilatildeo sobre a influecircncia positiva no niacutevel

de rendimento sobre as despesas sociais em educaccedilatildeo e sauacutede O outro coeficiente de

correlaccedilatildeo positivo diz respeito agrave despesa com subsiacutedios de desemprego sendo ateacute a

correlaccedilatildeo mais forte do que nos dois casos anteriores 01733 Isto pode indicar que a

existecircncia deste apoio constituiu um incentivo ao trabalho pela seguranccedila que permite

aos trabalhadores estimulando tambeacutem os mesmos a apostar na sua formaccedilatildeo porque

protegidos em caso de desemprego

Quanto ao impacto negativo das restantes componentes da despesa social

verifica-se que as despesas que apresentam um coeficiente menos negativo satildeo as

pensotildees de reforma e por incapacidade -02298 e -03338 respectivamente enquanto

3 Como vimos na secccedilatildeo 3 o estado de sauacutede mas em especial o niacutevel de escolaridade da populaccedilatildeo

dos paiacuteses escandinavos foram em geral superiores ao dos paiacuteses do Sul ao longo do periacuteodo em anaacutelise

26

ainda menos esperado a correlaccedilatildeo negativa mais forte acontece no caso das poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias -03794 e -03671 respectivamente

No caso das pensotildees de reforma e por incapacidade o sinal natildeo eacute inesperado dado o

esforccedilo que exigem em termos de financiamento e o seu papel mais indirecto na

promoccedilatildeo do crescimento econoacutemico sobretudo via a reduccedilatildeo da desigualdade e da

pobreza No caso das poliacuteticas activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias os

resultados satildeo inesperados a dois niacuteveis sinais e magnitude relativa superior Esperar-

se-ia um sinal positivo face ao descrito logo no iniacutecio da anaacutelise de correlaccedilatildeo ou pelo

menos natildeo tatildeo negativo como nos outros dois casos uma vez que em qualquer situaccedilatildeo

o financiamento necessaacuterio pode ter impacto negativo sobre o crescimento do produto

Quadro 3 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social meacutedia (1985-1999) e a

taxa meacutedia de crescimento do PIB real per capita (2000-2010)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB)

Meacutedia 1985-1999 Taxa meacutedia de crescimento anual do PIB real per capita

(2000-10)

Total -02779

Sauacutede 00115

Educaccedilatildeo 01356

Pensotildees de reforma -02298

Pensotildees por incapacidade -03338

Apoios agraves Famiacutelias -03671

Poliacuteticas Activas do Mercado de

Trabalho -03794

Subsiacutedio de Desemprego 01733

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

Em jeito de conclusatildeo os resultados apontam para uma relaccedilatildeo positiva entre a

despesa social nas vaacuterias aacutereas analisadas e o niacutevel do PIB per capita entre 1985 e 2010

o que eacute indiciador de que estatildeo em actuaccedilatildeo mecanismos de influecircncia da despesa social

que promovem um aumento do niacutevel de rendimento nomeadamente via acumulaccedilatildeo de

capital humano atraveacutes das despesas em educaccedilatildeo e sauacutede Contudo uma anaacutelise mais

rigorosa em termos de possiacuteveis impactos permanentes sobre a taxa de crescimento

econoacutemico revela que os resultados podem divergir bastante em termos de sinal e

magnitude atendendo ao tipo de despesa social considerada Os resultados deste estudo

27

apontam tambeacutem para valores que alguns casos podem ser contraacuterios aos verificados

pelos estudos empiacutericos descritos na secccedilatildeo 2 Tal poderaacute estar relacionado com a

amostra de paiacuteses utilizada assim como o periacuteodo de anaacutelise e metodologia utilizada

5 Conclusotildees

Este trabalho propocircs-se a reflectir sobre a relaccedilatildeo entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico tendo por base a comparaccedilatildeo de dois grupos de paiacuteses

pertencentes agrave Uniatildeo Europeia a Escandinaacutevia e o Sul da Europa A niacutevel teoacuterico as

previsotildees acerca da relaccedilatildeo entre Estado Social e crescimento econoacutemico divergem

sendo possiacutevel encontrar argumentos que justificam a existecircncia de uma relaccedilatildeo

positiva outros que apoiam a verificaccedilatildeo de uma relaccedilatildeo negativa e outros ainda que

apontam no sentido de ausecircncia de qualquer relaccedilatildeo Estas diferentes hipoacuteteses parecem

indicar que cabe agrave anaacutelise empiacuterica determinar o sinal da relaccedilatildeo e o respectivo

contexto

Constituindo uma anaacutelise ainda exploratoacuteria o presente trabalho recorreu a uma

anaacutelise de estatiacutestica descritiva de um conjunto variado de indicadores relevantes para o

periacuteodo de 1985 a 2010 sempre que possiacutevel para analisar empiricamente a relaccedilatildeo

entre despesa social e crescimento econoacutemico

De forma a analisar esta relaccedilatildeo em termos mais detalhados aquela foi

desagregada em diferentes componentes tendo sido utilizados dados relativos a

despesas em educaccedilatildeo sauacutede e em vaacuterias componentes da despesa com a protecccedilatildeo

social como os subsiacutedios de desemprego e incapacidade apoios agraves famiacutelias gastos em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho e em pensotildees de reforma Foram calculados os

coeficientes de correlaccedilatildeo destas com o niacutevel do PIB real per capita numa tentativa de

confirmaccedilatildeo muito preliminar do sinal esperado para a relaccedilatildeo bem como os

coeficientes de correlaccedilatildeo entre os valores meacutedios da despesa das vaacuterias variaacuteveis entre

1985 e 1999 com a taxa de crescimento do PIB per capita entre 2000-10 Os

coeficientes de correlaccedilatildeo no uacuteltimo caso poderatildeo ajudar a compreender se o niacutevel de

gastos verificado entre 1985-99 contribuiacuteram para o crescimento econoacutemico verificado

na deacutecada seguinte

Verificou-se que ao longo do periacuteodo em anaacutelise a despesa social em

percentagem do PIB agregada e nas diferentes aacutereas teve um aumento relativo entre

1985 e 2010 mas no entanto aquela foi sempre mais elevada nos paiacuteses Escandinavos

tendo estes paiacuteses registado tambeacutem valores mais elevados do PIB real per capita

28

relativamente aos paiacuteses do Sul Os resultados apontam para que todas as dimensotildees se

correlacionam positivamente com o niacutevel de rendimento per capita sendo de destacar

que a educaccedilatildeo eacute a componente com coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado seguida

das despesas com sauacutede o que parece confirmar a influecircncia deste tipo de despesa sobre

o comportamento do produto via acumulaccedilatildeo de capital humano No que respeita ao

possiacutevel efeito da despesa social sobre a taxa de crescimento do PIB real per capita o

sinal do coeficiente de correlaccedilatildeo manteacutem-se positivo mas de magnitude bastante

inferior ao dos casos anteriores enquanto a correlaccedilatildeo apresenta um sinal negativo no

caso da despesa social total A correlaccedilatildeo eacute tambeacutem negativa para as diferentes

componentes da despesa como a protecccedilatildeo social com excepccedilatildeo do subsiacutedio de

desemprego Estes resultados apoiam assim a necessidade de ao estudar a relaccedilatildeo entre

Estado Social e crescimento econoacutemico levar a cabo uma anaacutelise desagregada uma vez

que os mecanismos de transmissatildeo podem variar consoante o tipo de despesa social

pelo que a anaacutelise agregada eacute difiacutecil de interpretar em termos econoacutemicos

Em suma o presente estudo poderaacute ajudar a compreender de forma preliminar

como os gastos sociais interagem com o crescimento econoacutemico e quais as aacutereas que

tecircm contribuiacutedo de forma positiva ou negativa para o mesmo Contudo natildeo poderaacute

deixar de se ter em conta a capacidade de outros factores poderem afectar a

performance da economia assim como natildeo se deve negligenciar a importacircncia dos

gastos sociais para a convergecircncia econoacutemica dos paiacuteses do Sul para com os paiacuteses do

Norte da Europa De forma a poder generalizar a anaacutelise e tirar conclusotildees mais

robustas em relaccedilatildeo ao sentido da causalidade e mecanismos de transmissatildeo no futuro

seraacute necessaacuterio utilizar meacutetodos de inferecircncia estatiacutestica adequados e amostras mais

alargadas de paiacuteses

29

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30

Anexos

Graacutefico 1 PIB per capita a preccedilos constantes de 2005 entre 1985 e 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 2 Esperanccedila meacutedia de vida 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

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Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em

cada 1000 nascimentos) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total

da populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB ()1985 e 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

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Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes 2003 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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36

Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010

Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A

despesa Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte OCDE

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

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Resumo

O presente trabalho constitui uma reflexatildeo sobre a relaccedilatildeo entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico tendo por base uma anaacutelise comparada de dois grupos de paiacuteses da

Uniatildeo Europeia diacutespares em termos do modelo e profundidade do respectivo Estado os paiacuteses

escandinavos e os paiacuteses do Sul tambeacutem designados por vezes por periferia europeia A partir

de uma anaacutelise de estatiacutestica descritiva de um conjunto de indicadores soacutecio-econoacutemicos foi

possiacutevel constatar que em termos globais estes satildeo melhores nos paiacuteses do Norte Europeu e

piores na periferia europeia Contudo apesar disso as diferenccedilas entre estes dois grupos de

paiacuteses tecircm vindo a diminuir destacando-se indicadores em aacutereas como a sauacutede e educaccedilatildeo A

anaacutelise comparada da despesa social e sua composiccedilatildeo mostra que os paiacuteses escandinavos entre

1985 e 2010 verificaram um niacutevel de despesa social maior que os paiacuteses perifeacutericos salvo

algumas excepccedilotildees o que poderaacute justificar o diferente grau de desenvolvimento Finalmente

uma simples e muito preliminar anaacutelise de correlaccedilatildeo indica que a despesa social quer nas suas

vaacuterias componentes quer em termos totais afecta de uma forma positiva o niacutevel de PIB per

capita Por outro lado recorrendo ao mesmo meacutetodo de anaacutelise os efeitos quer da despesa

social total quer de algumas vertentes da despesa em protecccedilatildeo social no periacuteodo entre 1985-

99 com a taxa de crescimento meacutedia anual do PIB per capita entre 2000-10 satildeo negativos

Palavras-chave Despesa Social Crescimento Econoacutemico Norte da Europa Sul da

Europa

Classificaccedilatildeo JEL H51 H52 H53 I38 O40 P16

Abstract

This paper reflects on the relationship between social spending and economic growth based on a

comparative analysis of two groups of EU countries - Scandinavian countries and the Southern

countries also known as European peripheral countries - distinct in terms of governance of the

type and depth of the respective State From the analyses of descriptive statistics of a relevant

set of socio-economic indicators it can be concluded that generally in overall terms social

spending and economic growth indicators are better in North Europe countries and worse in

European outskirts However despite this fact the differences between these two groups of

countries have been decreasing especially in areas such as health and education A comparative

analysis of social spending and its contents (all the economic variables criteria to measure

social spending) show that in Scandinavian countries between 1985 and 2010 the social

spending was higher (with some exceptions) than in the Southern countries which may justify

the different levels of development Finally a simple preliminary correlation analysis indicates

that social spending in general terms and in its various components affects in a positive way the

level of GDP per capita In addition using the same method of analysis the effects of total

social spending or the expenditure on some areas of social protection in the period 1985-99 on

the annual growth rate of GDP per capita between 2000 -10 are negative

Keywords Social Expenditure Economic Growth Northern Europe Southern Europe

JEL Classification H51 H52 H53 I38 O40 P16

iii

Iacutendice

1 Introduccedilatildeo 1

2 Estado Social qual a sua importacircncia para o crescimento econoacutemico 2

3 Caracterizaccedilatildeo econoacutemico-social dos paiacuteses em anaacutelise 10

4 Despesa Social e Crescimento Econoacutemico anaacutelise comparada de alguns

dadoshelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip16

5 Conclusotildeeshelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip27

Bibliografiahelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip29

Anexoshelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip30

iv

Iacutendice de Quadros

Quadro 1 Taxas meacutedias de crescimento anual do PIB real per capita entre 1985 e

2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip18

Quadro 2 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social nas vaacuterias componentes e

o niacutevel do PIB per capita e a sua taxa de crescimento tendo em conta todos os dados

disponiacuteveis para o periacuteodo entre 1985 e 2010hellip24

Quadro 3 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social meacutedia (1985-1999) e a

taxa meacutedia de crescimento do PIB real per capita (2000-2010)helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip26

Iacutendice de Graacuteficos

Graacutefico 1 PIB per capita a preccedilos constantes de 2005 entre 1985 e 2010 helliphelliphellip30

Graacutefico 2 Esperanccedila meacutedia de vida 1985 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip30

Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em cada

1000 nascimentos) 1985 a 201031

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip31

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip31

Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip32

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip32

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip32

Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente ao

total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip33

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente ao

total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip33

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip33

Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip34

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB () 1985 e 2010helliphelliphellip34

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009helliphelliphelliphellip34

Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip35

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Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes ( do PIB) 2003 a

2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip35

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 e 2009helliphelliphelliphelliphellip35

Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip36

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010helliphelliphelliphelliphellip36

Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010helliphelliphellip37

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a

2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip37

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do PIB

1985 a 2009helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip37

Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip38

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip38

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip38

Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip39

1

1 Introduccedilatildeo

A despesa social do Estado que engloba por exemplo as prestaccedilotildees sociais

educaccedilatildeo e sauacutede entre outras despesas justifica-se do ponto de vista da melhoria do

bem-estar dos cidadatildeos reflectindo-se tambeacutem na melhoria de alguns indicadores soacutecio-

econoacutemicos agregados tais como o Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) que

contabiliza melhorias no PIB real per capita escolaridade e sauacutede da populaccedilatildeo em

geral Por exemplo em 2012 de acordo com dados do UNDP os paiacuteses escandinavos

(Dinamarca Finlacircndia e Sueacutecia) estavam nas 25 primeiras posiccedilotildees no que respeita aos

valores do IDH com um valor meacutedio deste de 0905 No mesmo ano e de acordo como

os dados da Social Expenditure Database da OCDE os trecircs paiacuteses registavam uma

despesa social em percentagem do PIB com um valor meacutedio para o grupo de 29637

superior agrave meacutedia da OCDE 21785 Jaacute os paiacuteses da Europa do Sul Espanha Greacutecia

Itaacutelia e em especial Portugal ocupavam lugares inferiores no que respeita ao ranking do

IDH (valor meacutedio para os trecircs paiacuteses 0891) gastando tambeacutem menos do que os paiacuteses

escandinavos com funccedilotildees sociais (em meacutedia 25725) Esta aparente correlaccedilatildeo

positiva entre despesa social e o IDH dever-se-aacute certamente agrave protecccedilatildeo social e

econoacutemica dos cidadatildeos realizada atraveacutes desta via pelo Estado com vista a diminuir as

desigualdades entre indiviacuteduos mais ricos e mais pobres para que estes possam ter

acesso agraves mesmas oportunidades contribuindo dessa forma para um paiacutes mais

homogeacuteneo e permitindo tambeacutem potencialmente melhorar o desempenho

macroeconoacutemico

No que diz respeito agrave Uniatildeo Europeia (UE) os paiacuteses escandinavos situados no

Norte da Europa Dinamarca Finlacircndia e Sueacutecia tecircm efectivamente registado de forma

sustentada niacuteveis de rendimento e produtividade superiores aos paiacuteses do Sul Espanha

Greacutecia Portugal e Itaacutelia Com efeito em 2012 e de acordo com dados do Eurostat os

paiacuteses escandinavos registavam um PIB real per capita entre os mais elevados da UE-

28 ocupando a segunda quarta e seacutetima posiccedilotildees em 28 possiacuteveis respectivamente

enquanto os paiacuteses do Sul se ficavam por lugares intermeacutedios muito proacuteximos ou jaacute na

metade inferior da tabela Esta situaccedilatildeo poderaacute estar relacionada com a visatildeo que cada

grupo de paiacuteses tem acerca da participaccedilatildeo do Estado na economia e na sociedade em

geral e em particular no que respeita agraves funccedilotildees sociais deste Com efeito o modelo e a

dimensatildeo do Estado Social satildeo muito diferentes entre os paiacuteses escandinavos e a

periferia europeia quer ao niacutevel da abrangecircncia dos apoios sociais quer ao niacutevel das

2

aacutereas onde se verifica uma maior despesa sendo os primeiros os que apresentam

melhores desempenhos a niacutevel macroeconoacutemico Eacute por isso adequado reflectir sobre o

potencial papel do Estado Social e em particular da despesa puacuteblica associada na

explicaccedilatildeo das diferenccedilas de desempenho macroeconoacutemico entre estes dois grupos de

paiacuteses

Esta reflexatildeo assume particular interesse numa conjuntura em que os paiacuteses

perifeacutericos enfrentam uma crise ao niacutevel da sustentabilidade das financcedilas puacuteblicas que

levou a que tivessem sido feitos cortes e reformulaccedilotildees do seu modelo de Estado Social

Surgem assim algumas questotildees pertinentes seraacute que a reestruturaccedilatildeoreduccedilatildeo do

Estado Social poderaacute agravar ainda mais o desempenho econoacutemico destes paiacuteses Ou

seraacute que o problema reside na questatildeo de eficiecircncia do modelo adoptado

O principal objectivo deste trabalho eacute assim fazer uma comparaccedilatildeo entre o Norte

(Escandinaacutevia) e o Sul da Europa relativamente ao potencial papel do Estado Social no

crescimento econoacutemico analisando a importacircncia atribuiacuteda pelos Estados a

determinadas aacutereas de intervenccedilatildeo social atraveacutes da despesa realizada nas mesmas Para

o efeito seraacute efectuada uma anaacutelise de estatiacutestica descritiva de indicadores relevantes

para a caracterizaccedilatildeo econoacutemica e social dos dois grupos de paiacuteses em anaacutelise e em

particular relativos ao seu desempenho em termos de crescimento e despesa social

recorrendo-se a dados do Eurostat OCDE e Banco Mundial O periacuteodo em anaacutelise seraacute

de 1985 ateacute 2010 sempre que possiacutevel

O restante trabalho encontra-se organizado da forma que a seguir se descreve A

secccedilatildeo 2 conteacutem uma revisatildeo da literatura sobre os potenciais mecanismos de

transmissatildeo do Estado Social relativamente ao crescimento econoacutemico bem como a

sistematizaccedilatildeo dos resultados de alguns estudos empiacutericos anteriores Na secccedilatildeo 3 eacute

feita uma caracterizaccedilatildeo das principais diferenccedilas e semelhanccedilas dos paiacuteses em anaacutelise

em termos econoacutemicos e sociais com base num conjunto de indicadores relevantes

Segue-se a secccedilatildeo 4 onde se reflecte com base numa anaacutelise de estatiacutestica descritiva

sobre a potencial relaccedilatildeo entre a despesa social e o crescimento econoacutemico na amostra

seleccionada Finalmente a secccedilatildeo 5 conteacutem as principais conclusotildees

2 Estado Social qual a sua importacircncia para o crescimento econoacutemico

O conceito de Estado Social eacute um conceito que natildeo apresenta uma definiccedilatildeo

precisa Na tentativa de definir o que eacute o Estado Social Andrade Duarte e Simotildees

(2013 p4) afirmam que de ldquoum modo geral se pode entender o Estado Social como um

3

Estado em que o governo utiliza uma parcela importante dos recursos nacionais para

oferecer serviccedilos que beneficiam indiviacuteduos ou famiacutelias que preencham determinados

criteacuterios ou seja que se destinam a ser consumidos individualmente por oposiccedilatildeo ao

consumo colectivo de bens como a defesa nacional ou a seguranccedila internardquo

Estas intervenccedilotildees do Estado tecircm genericamente como objectivo a reduccedilatildeo das

desigualdades na distribuiccedilatildeo do rendimento e a reduccedilatildeo da pobreza promovendo a

igualdade de oportunidades e o bem-estar sendo conseguidas atraveacutes de medidas

destinadas a melhorar o niacutevel de escolaridade e de sauacutede da populaccedilatildeo bem como

medidas de protecccedilatildeo social que englobam por exemplo os subsiacutedios de desemprego

pensotildees de invalidez apoios agraves famiacutelia poliacuteticas activas no mercado de trabalho bem

como as pensotildees concedidas aos reformados As medidas de protecccedilatildeo social destinam-

se assim a prevenir ou minorar situaccedilotildees que possam afectar negativamente o bem-estar

dos indiviacuteduos Por exemplo as poliacuteticas activas no mercado de trabalho visam a raacutepida

reinserccedilatildeo dos desempregados no mercado de trabalho podendo estas contribuir para a

reduccedilatildeo do nuacutemero de pessoas cuja sua uacutenica fonte de rendimento eacute o subsiacutedio de

desemprego mas tambeacutem de todos os desempregados que jaacute nem direito tecircm ao

mesmo com o intuito de lhes garantir o miacutenimo de condiccedilotildees financeiras Por outro

lado a preocupaccedilatildeo do Estado com o bem-estar das populaccedilotildees e com a reduccedilatildeo da

pobreza leva a que este conceda pensotildees aos reformados como forma de garantir que

estes no final das suas vidas activas natildeo fiquem sem qualquer tipo de fonte de

rendimento possibilitando um final de vida com o miacutenimo de condiccedilotildees A utilizaccedilatildeo

destes mecanismos como exemplo demostram dois destinos diferentes da despesa do

Estado Social que tecircm os mesmos objectivos e cuja importacircncia poderaacute ser

consideraacutevel tendo em conta o crescente aumento do nuacutemero de pensionistas e a

elevada taxa de desemprego que se verifica em alguns dos paiacuteses em anaacutelise A poliacutetica

de protecccedilatildeo social de acordo com Damerou (2011 p13) citando a definiccedilatildeo do

Eurostat (2008) ldquoengloba todas as intervenccedilotildees de organismos puacuteblicos ou privados

destinados a apoiar as famiacutelias e indiviacuteduos encargos representados por um conjunto

definido de riscos ou necessidades desde que natildeo exista simultaneamente qualquer

acordo reciacuteproco ou individualrdquo Esta poliacutetica abrange toda a populaccedilatildeo mediante

determinadas condiccedilotildees sendo os apoios atribuiacutedos quer por intermeacutedio de programas

de Seguranccedila Social ou de Assistecircncia Social No entanto as poliacuteticas de protecccedilatildeo

social necessitam de financiamento para serem realizadas mostrando-se assim as

contribuiccedilotildees sociais e os impostos pagos pela populaccedilatildeo importantes para garantir a

4

sustentabilidade financeira deste mecanismo sem comprometer o seu futuro No acircmbito

da sustentabilidade financeira deste mecanismo alguns autores tais como Damerou

(2011) consideram o PIB real per capita determinante natildeo soacute em termos do niacutevel de

bem-estar de uma sociedade mas tambeacutem para fazer diminuir as pressotildees financeiras

sobre a Seguranccedila Social em resultado dos actuais indicadores demograacuteficos que

apontam para um aumento da esperanccedila meacutedia de vida e da diminuiccedilatildeo da natalidade

Estes indicadores segundo o mesmo autor tecircm impacto directo na sustentabilidade

financeira da Seguranccedila Social na medida em que esta ao ser financiada na sua maioria

pela populaccedilatildeo activa a sua diminuiccedilatildeo poderaacute gerar um problema de financiamento

que colocaraacute em causa o actual funcionamento deste sistema daiacute a importacircncia de

existir um niacutevel de riqueza elevado para que possa ser continuada a poliacutetica de

protecccedilatildeo social Assim o niacutevel e a evoluccedilatildeo do produto influenciam de alguma forma o

comportamento da despesa social

De um ponto de vista econoacutemico a poliacutetica de protecccedilatildeo social e da despesa

associada pode ter impactos importantes nomeadamente aceitando a posiccedilatildeo teoacuterica de

que niacuteveis elevados de desigualdade e pobreza tecircm impactos negativos no crescimento

econoacutemico ou seja na criaccedilatildeo de riqueza de uma economia no longo prazo Por outro

lado a literatura econoacutemica tambeacutem aponta para que o crescimento econoacutemico apesar

de aumentar as desigualdades em fases iniciais possa diminuir a pobreza como referem

Barrientos e Scott (2008 p9) ldquoum forte crescimento econoacutemico eacute essencial para a

reduccedilatildeo da pobreza e eacute estimado que cerca de 80 da diminuiccedilatildeo da pobreza ocorrida

na deacutecada de 80 tenha sido conseguida atraveacutes do crescimento econoacutemicordquo

Na perspectiva dos modelos de crescimento exoacutegeno como o que foi

desenvolvido por Solow (1956) este com a criaccedilatildeo do seu modelo de crescimento

econoacutemico afirmou que a taxa de crescimento de longo prazo natildeo eacute influenciada pela

despesa em protecccedilatildeo social uma vez que o crescimento econoacutemico apenas eacute afectado

por factores demograacuteficos e tecnoloacutegicos exoacutegenos ao modelo Jaacute na perspectiva de

alguns modelos de crescimento endoacutegeno estes segundo Damerou (2011) apontam

para que a desigualdade na distribuiccedilatildeo do rendimento iniba o crescimento econoacutemico

como jaacute fora dito anteriormente Este mesmo autor recorrendo ao trabalho de Solimano

(2000) afirma que a instabilidade poliacutetica trazida pelas desigualdades podem levar a

uma diminuiccedilatildeo do investimento puacuteblico e do investimento privado das famiacutelias com

baixos rendimentos podendo tal reflectir-se num niacutevel de produto mais baixo

5

Apesar do Estado Social visar em primeiro lugar a protecccedilatildeo dos mais

desprotegidos economicamente ou que enfrentam situaccedilotildees inesperadas com o

desemprego ou doenccedila pode em simultacircneo potenciar o crescimento econoacutemico Neste

acircmbito Furceri e Zdzienicka (2012) defendem a existecircncia de alguns mecanismos

atraveacutes dos quais a despesa social potencia o crescimento do produto Segundo estes

autores a criaccedilatildeo de poliacuteticas que incidam de uma forma activa no mercado de trabalho

podem levar ao aumento do produto atraveacutes da criaccedilatildeo de emprego assim como o

aumento dos gastos sociais ao niacutevel de indiviacuteduos com baixos rendimentos e com

dificuldades na obtenccedilatildeo de creacutedito poderaacute estar relacionado com o aumento do

consumo privado uma vez que o aumento de rendimento incentiva ao aumento da

procura por parte das famiacutelias estimulando as empresas a produzir e aumentando assim

o produto de um paiacutes Outro autor que defende em parte estas ideias eacute Damerou (2011)

que afirma que os gastos em subsiacutedios de desemprego ou em prestaccedilotildees concedidas a

famiacutelias com crianccedilas por exemplo poderatildeo para aleacutem de reduzir as desigualdades de

rendimentos levar ao aumento do consumo das famiacutelias Assim a despesa social

permite agraves empresas tomar decisotildees de investimento pois sabem que teratildeo procura e

desta forma levar a um aumento da capacidade produtiva ou seja ao crescimento

econoacutemico

Por sua vez a concessatildeo de apoios em outras aacutereas como a educaccedilatildeo ou sauacutede

poderatildeo contribuir para a acumulaccedilatildeo de capital humano1 que em conjunto com o

capital fiacutesico e em especial nas economias modernas que querem o seu crescimento

baseado no conhecimento poderaacute ter impacto positivo no comportamento das

economias A acumulaccedilatildeo de capital humano pode traduzir-se em ganhos de

produtividade a niacutevel agregado pois os trabalhadores adquirem competecircncias teacutecnicas e

fiacutesicas que lhes permitiratildeo desempenhar as suas funccedilotildees de uma forma mais eficiente

mas que tambeacutem se transmitem a outros que com eles trabalhem tornando assim a taxa

de retorno dos investimentos individuais em sauacutede e educaccedilatildeo maior para a sociedade

do que para os indiviacuteduos Por outro lado nas economias baseadas no conhecimento em

que o progresso teacutecnico eacute o principal motor do crescimento econoacutemico o capital

1 De acordo com a OCDE (1998) o capital humano pode ser definido como ldquoo conhecimento as

aptidotildees as competecircncias e outros atributos incorporados nos indiviacuteduos que satildeo relevantes para a

actividade econoacutemicardquo Por outro lado como refere Gonccedilalves (2002 p10) citando Shuller (2000) o

ldquocapital humano baseia-se no comportamento econoacutemico dos indiviacuteduos especialmente na forma como a

respectiva acumulaccedilatildeo de conhecimento e aptidotildees permite aumentar a sua produtividade e os seus

ganhos bem como aumentar a produtividade e sauacutede das sociedades em que vivemrdquo

6

humano eacute um factor de produccedilatildeo de novas ideias logo essencial para garantir um

crescimento econoacutemico sustentaacutevel

Um outro factor que poderaacute em conjunto com o capital humano potenciar o

crescimento econoacutemico eacute o capital social Neste aspecto a existecircncia de um Estado

Social que desempenhe de forma adequada as suas funccedilotildees poderaacute contribuir para a

acumulaccedilatildeo de capital social Gonccedilalves (2002 p32) citando Shuller (2000) descreve

o capital social como sendo ldquobaseado em termos de organizaccedilotildees normas e confianccedila e

o modo como as uacuteltimas permitem aos agentes e instituiccedilotildees serem mais eficientes na

obtenccedilatildeo de objectivos comunsrdquo

Relativamente ao impacto do capital social no crescimento econoacutemico Bergh

(2011) afirma que estudos recentes apontam para que o niacutevel de confianccedila possa

explicar como os paiacuteses como a Sueacutecia podem se desenvolver e continuar os seus

abrangentes sistemas de promoccedilatildeo do bem-estar social apesar do risco de evasatildeo fiscal

ou de uma maacute distribuiccedilatildeo dos apoios Bergh (2011) tambeacutem salienta a existecircncia de

estudos que comprovam que a confianccedila tem impacto positivo na economia sendo este

ilustrado atraveacutes de um exemplo comparativo entre a Sueacutecia e os EUA onde 64 de

suecos acham que podem confiar uns nos outros em detrimento dos apenas 41 de

americanos que acham o mesmo podendo levar a que a economia sueca cresccedila

anualmente mais 05 pontos percentuais que os EUA

No entanto a literatura econoacutemica natildeo constata apenas que existem efeitos

positivos entre a despesa social e o crescimento econoacutemico No que diz respeito agrave

relaccedilatildeo negativa entre estas duas variaacuteveis autores como Izaacutek (2011) afirmam que a

distribuiccedilatildeo dos subsiacutedios e de outros apoios por parte do Estado e Social diminuem o

crescimento econoacutemico devido aos incentivos negativos que estes transmitem aos

agentes econoacutemicos por exemplo ao niacutevel dos desincentivos ao trabalho contribuindo

assim para a diminuiccedilatildeo da produtividade e do crescimento Para aleacutem deste autor

Furceri e Zdzieniecka (2012) apontam para que o crescimento da despesa social possa

estar relacionado com os incentivos agrave reforma antecipada e com os subsiacutedios de

invalidez que levam a uma diminuiccedilatildeo da forccedila de trabalho traduzindo-se essa

diminuiccedilatildeo num efeito negativo no crescimento do produto

No que respeita a estudos empiacutericos sobre a relaccedilatildeo entre despesa social e o

crescimento econoacutemico os resultados natildeo satildeo conclusivos com alguns estudos

empiacutericos a apontar para uma relaccedilatildeo positiva e outros para uma relaccedilatildeo de sinal

negativo dependo do tipo de despesa e do niacutevel de desenvolvimento do paiacutes a que nos

7

referimos De forma a compreender a relaccedilatildeo entre despesa social do Estado e

crescimento econoacutemico Afonso e Allegre (2008) no seu trabalho empiacuterico recorreram

a dados referentes a despesa social em 27 paiacuteses europeus e procuraram atraveacutes de um

estudo economeacutetrico verificar se esta contribuiacutea para o crescimento econoacutemico dos

mesmos paiacuteses Os resultados deste estudo apontaram para a existecircncia de um impacto

negativo entre os gastos em educaccedilatildeo e em protecccedilatildeo social no crescimento econoacutemico

mas tambeacutem para um efeito positivo da despesa em educaccedilatildeo no crescimento

econoacutemico De forma a estudar mais uma vez os efeitos entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico Izaacutek (2011) desenvolveu um estudo que assentava no caacutelculo

dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre valores meacutedios da despesa social em aacutereas como a

educaccedilatildeo sauacutede e protecccedilatildeo social e taxa de crescimento do PIB No entanto o periacuteodo

em anaacutelise foi relativamente curto devido agrave falta de dados sendo os dados da despesa

social referentes ao periacuteodo entre 2002 e 2006 e as estimativas de crescimento para o

periacuteodo de 2006 a 2008 Para realizar este estudo foram utilizados dados agregados

relativos agraves despesas sociais dos 25 paiacuteses pertencentes agrave UE a partir de 2004 a que

deram o nome de EU-25 Contudo para analisar esta a relaccedilatildeo entre despesa social e

crescimento econoacutemico a amostra de 25 paiacuteses foi separada em duas sendo a primeira

relativa aos 15 paiacuteses pertencentes agrave UE a partir de Janeiro de 1995 os EU-15 e a

segunda aos 10 que passaram a pertencer a partir de Maio de 2004 os denominados EU-

10

Os resultados do estudo apontam para valores negativos ao niacutevel do coeficiente

de correlaccedilatildeo entre a despesa social em termos globais das trecircs amostras e o crescimento

econoacutemico sendo que como salienta o mesmo autor o coeficiente de correlaccedilatildeo eacute mais

baixo nos paiacuteses que constituem o primeiro grupo e mais alto nos paiacuteses que mais

recentemente formam parte da UE

Izaacutek (2011) procurou tambeacutem estudar os efeitos das vaacuterias componentes da

despesa social ao niacutevel do crescimento econoacutemico Para o efeito foi calculado o

coeficiente de correlaccedilatildeo entre a despesa em protecccedilatildeo social a despesa em educaccedilatildeo e

por fim entre a despesa em sauacutede e o crescimento econoacutemico Os resultados do autor

enfatizam que a despesa social em qualquer destas aacutereas tem um impacto negativo no

crescimento econoacutemico verificaacutevel em todos os grupos analisados sendo reforccedilado o

facto surpreendente de haver uma correlaccedilatildeo negativa entre a despesa em sauacutede e o

crescimento econoacutemico

8

Outros estudos relativos ao impacto da despesa social no crescimento econoacutemico

foram desenvolvidos como eacute o caso de Wang (2011) que se foca na estimaccedilatildeo da

relaccedilatildeo entre a despesa do Estado na aacuterea da sauacutede e o crescimento econoacutemico para

uma amostra de 20 paiacuteses em desenvolvimento entre 1990 e 2009 O autor analisa a

relaccedilatildeo existente entre os gastos em sauacutede e o PIB atraveacutes do teste de cointegraccedilatildeo em

painel de Engle-Granger Os resultados apontam para a existecircncia de causalidade

bilateral ou seja para que o crescimento econoacutemico esteja relacionado com o aumento

dos gastos em sauacutede e para que os gastos em sauacutede tenham um impacto positivo no

crescimento econoacutemico Neste aspecto os resultados demonstram que no longo prazo

os gastos em sauacutede podem levar ao crescimento do produto ilustrando a importacircncia

dos apoios do Estado no sector da sauacutede para criar uma populaccedilatildeo fisicamente mais apta

e produtiva

Uma outra anaacutelise empiacuterica foi realizada por Baldacci et al (2004) que

relacionaram a despesa social com o capital humano na forma de educaccedilatildeo e sauacutede e o

seu impacto no crescimento econoacutemico usando dados em painel relativos a 120 paiacuteses

em vias de desenvolvimento para o periacuteodo de 1975 a 2000 Para a anaacutelise da relaccedilatildeo

recorreram a um estudo economeacutetrico sob a forma de um sistema de quatro equaccedilotildees

relativas ao crescimento do rendimento per capita ao investimento educaccedilatildeo e sauacutede

Com o estudo pretenderam demonstrar que as despesas sociais em sauacutede e em educaccedilatildeo

tinham um contributo positivo para acumulaccedilatildeo de capital humano que se veio a provar

como verdadeiro assim como o efeito positivo daquele no crescimento econoacutemico

Furceri e Zdzienicka (2012) investigam os efeitos dos gastos sociais no

crescimento econoacutemico num conjunto de paiacuteses pertencentes agrave OCDE para o periacuteodo

entre 1980 e 2005 Os autores recorrem a uma regressatildeo economeacutetrica concluindo que

um aumento de 1 no niacutevel de gastos sociais leva a um aumento do crescimento

econoacutemico em cerca de 012 pontos percentuais apoacutes um ano Numa segunda fase

utilizaram uma outra regressatildeo economeacutetrica tendo como objectivo estudar o impacto

da despesa social no crescimento econoacutemico com a inclusatildeo de alguns desfasamentos

do PIB verificando que no caso de um aumento de 1 dos gastos sociais em

percentagem do PIB leva a que o produto aumente em cerca de 057 pontos percentuais

sendo que as aacutereas que mais contribuiacuteram para este aumento foram os gastos em sauacutede e

com os subsiacutedios de desemprego

Outros estudos como o de Andrade et al (2013) procuraram estudar a relaccedilatildeo

entre as despesas em sauacutede e educaccedilatildeo e o crescimento econoacutemico Recorreram a uma

9

amostra de paiacuteses de vaacuterias regiotildees do mundo onde foram excluiacutedos os ex-paiacuteses

socialistas os paiacuteses que produzem essencialmente petroacuteleo e os que tinham vivido ateacute

haacute pouco tempo conflitos armados Separaram-se os paiacuteses tendo em conta o seu niacutevel

de rendimento e desenvolveram um estudo economeacutetrico para verificar o efeito da

despesa entre educaccedilatildeo e sauacutede na variaacutevel dependente PIB real per capita Os

resultados mostram de forma incontestaacutevel que os gastos em educaccedilatildeo e sauacutede tecircm

efeitos positivos no crescimento do PIB per capita de qualquer dos grupos de paiacuteses

Por fim Fic e Ghate (2005) desenvolveram um estudo com o intuito de

averiguar a relaccedilatildeo entre o Estado Social e o crescimento econoacutemico para uma amostra

de 19 paiacuteses pertencentes agrave OCDE entre os quais se incluiacuteam paiacuteses como a Dinamarca

Finlacircndia e a Sueacutecia entre 1950 e 2001 Este estudo utilizou um modelo dinacircmico de

crescimento desenvolvido anteriormente por um dos autores Ghate e Zak (2002) que

permitiu chegar agrave conclusatildeo de que a razatildeo para haver uma quebra no crescimento

econoacutemico poderaacute estar relacionado com o Estado Social Tal se justifica segundo os

autores pelo facto de no periacuteodo que antecede a quebra de crescimento a elevada taxa

de crescimento que se verifica induzir ao crescimento da despesa social Ao longo do

tempo o aumento do Estado Social leva assim agrave diminuiccedilatildeo do crescimento econoacutemico

que no Longo Prazo espera-se que leve agrave reduccedilatildeo do Estado Social Os resultados

segundo os autores sugerem que paiacuteses com um baixo crescimento econoacutemico tenham

que fazer cortes ao niacutevel da despesa com o Estado Social Estes consideram que o iniacutecio

da deacutecada de 70 foi o periacuteodo no qual foi mais visiacutevel esta relaccedilatildeo pois o baixo

crescimento econoacutemico verificado entre 1970 e 1975 foi o precedido da existecircncia de

um Estado Social de dimensotildees consideraacuteveis

Em jeito de conclusatildeo verificamos que os resultados dos estudos desenvolvidos

por Andrade et al (2013) e Baldacci et al (2004) apontam para um efeito positivo entre

a despesa social em educaccedilatildeo e sauacutede e o crescimento econoacutemico Furceri e Zdzienicka

(2012) considerando a despesa social em todas as aacutereas de intervenccedilatildeo do Estado Social

tambeacutem apontam para o contributo positivo desta no crescimento econoacutemico Quanto ao

estudo desenvolvido por Izaacutek (2011) este aponta para uma relaccedilatildeo negativa entre as

vaacuterias componentes da despesa social e o crescimento econoacutemico Os resultados

opostos podem ser fruto do niacutevel de desenvolvimento da amostra de paiacuteses utilizada

pois parece que a utilizaccedilatildeo de paiacuteses mais desenvolvidos apontam para um efeito

negativo e a utilizaccedilatildeo de alguns paiacuteses em desenvolvimento aponte para um efeito

positivo

10

3 Caracterizaccedilatildeo econoacutemico-social dos paiacuteses em anaacutelise

Neste ponto seraacute feita uma caracterizaccedilatildeo econoacutemico-social dos paiacuteses em

anaacutelise Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia trecircs paiacuteses escandinavos onde o Estado Social

haacute muito eacute uma realidade e Portugal Espanha Itaacutelia e Greacutecia paiacuteses da chamada

periferia Europeia onde o Estado social eacute uma realidade mais recente essencialmente

desde os meados dos anos 80 salientando as suas semelhanccedilas e diferenccedilas

O objectivo eacute enquadrar a anaacutelise mais especiacutefica da secccedilatildeo seguinte sobre a

potencial relaccedilatildeo entre o desempenho em termos de crescimento econoacutemico e a despesa

social total e por diferentes categorias Sempre que possiacutevel a comparaccedilatildeo entre paiacuteses

seraacute realizada ao longo do periacuteodo 1985-2010 No entanto dada a indisponibilidade de

dados relativamente a algumas variaacuteveis para alguns paiacuteses o periacuteodo de anaacutelise poderaacute

ser mais curto Eacute importante ter tambeacutem em conta o surgimento da crise de 2007 para

compreender alguns indicadores mais desfavoraacuteveis dos paiacuteses do Sul em relaccedilatildeo ao

Norte nos anos mais recentes

Inicialmente este trabalho procuraraacute discutir as semelhanccedilas e diferenccedilas entre

os dois grupos de paiacuteses relativamente a um conjunto de indicadores sociodemograacuteficos

que podem ter impacto e ser influenciados pela despesa social Em segundo lugar satildeo

apresentados e analisados alguns indicadores econoacutemicos seleccionados segundo a

mesma loacutegica ou seja que podem ter impacto e ser influenciados pela dimensatildeo e

composiccedilatildeo do Estado Social tais como o seu grau de abertura ao comeacutercio

internacional e a respectiva estabilidade macroeconoacutemica sendo utilizado como suporte

da anaacutelise os graacuteficos disponiacuteveis nos Anexos

O graacutefico 1 conteacutem os valores do PIB real per capita expressos em doacutelares a

preccedilos constantes de 2005 que eacute o principal indicador dos diferenciais de niacutevel de vida

do cidadatildeo meacutedio dos diferentes paiacuteses Da observaccedilatildeo do referido graacutefico constatamos

que em 2010 o niacutevel de rendimento por habitante eacute em todos os paiacutes mais elevado do

que o que se verificava em 1985 sendo que nos paiacuteses escandinavos o PIB real per

capita foi sempre relativamente mais elevado que nos restantes paiacuteses No caso da

Sueacutecia e Finlacircndia verificamos que estes em 2010 estes eram os mais ricos tal como jaacute

o eram em 1985 passando o valor desta variaacutevel na Sueacutecia dos 2806538 doacutelares em

1985 para os 4282567 doacutelares em 2010 e na Finlacircndia dos 242344 doacutelares de 1985

para os 3806465 doacutelares em 2010 Os paiacuteses do Sul ou periferia apresentam ao longo

do periacuteodo um PIB real per capita mais baixo nomeadamente Portugal e Greacutecia que

11

apesar de terem aumentado o seu PIB real per capita entre 1985 e 2010 no ano de 2010

Portugal tinha um valor de 1864776 doacutelares e a Greacutecia de 2130896 doacutelares

A opccedilatildeo por comeccedilar a caracterizaccedilatildeo das diferenccedilas entre os paiacuteses da amostra

pelo PIB real per capita deriva em parte do facto de este poder estar relacionado com a

melhoria de alguns indicadores que medem o niacutevel de desenvolvimento humano e que

servem para a construccedilatildeo do Iacutendice de Desenvolvimento Humano como eacute o caso da

diminuiccedilatildeo da taxa de mortalidade infantil e o aumento da esperanccedila meacutedia de vida

Face a isto relativamente ao sector da sauacutede como se pode ver no graacutefico 2 a

esperanccedila meacutedia de vida agrave nascenccedila (EMV) entre 1985 e 2010 aumentou No entanto

apesar de todos os paiacuteses terem registado um aumento da EMV ao longo do periacuteodo

analisado dos paiacuteses escandinavos apenas a Sueacutecia tem no iniacutecio do periacuteodo um valor

superior ao de todos os paiacuteses do Sul Com efeito Espanha Greacutecia e Itaacutelia partem de

uma situaccedilatildeo melhor do que a Dinamarca e a Finlacircndia O paiacutes que regista menor EMV

em 1985 eacute Portugal com 73 anos Em 2010 todos os paiacuteses da periferia ultrapassam os

paiacuteses escandinavos com excepccedilatildeo de Portugal que se manteacutem na uacuteltima posiccedilatildeo

Quanto agrave taxa de mortalidade infantil indicador que traduz o nuacutemero de mortes

de crianccedilas no primeiro ano de vida por cada 1000 nascimentos eacute de imediato

verificaacutevel no graacutefico 3 que ocorreu uma consideraacutevel melhoria neste indicador em

todos os paiacuteses ao longo do periacuteodo analisado Em 1985 a taxa de mortalidade infantil

em Portugal e na Greacutecia era maior do que nos restantes paiacuteses no entanto em 2010 jaacute

registavam um nuacutemero de mortes semelhante aos restantes paiacuteses No caso grego

verificou-se uma passagem das 16 mortes em cada 1000 nascimentos em 1985 para as 4

em 2010 ocorrendo o mesmo em Portugal que passou das 17 para as 4 No que respeita

agrave Escandinaacutevia o nuacutemero de mortes que se verificava no ano de 2010 natildeo era muito

diferente do que se verificava em 1985 e no caso da Finlacircndia houve apenas uma

pequena reduccedilatildeo das 6 para as 2 mortes durante este periacuteodo

A evoluccedilatildeo e composiccedilatildeo demograacutefica dos paiacuteses pode ter um impacto

importante naquela que eacute actualmente uma das componentes da despesa social com

maior peso a despesa com pensotildees Assim atraveacutes da anaacutelise do graacutefico 4 verifica-se

que a taxa de crescimento da populaccedilatildeo em termos anuais foi positiva em todos os

paiacuteses No entanto durante este periacuteodo (1990-2010) apenas Portugal entre 1990 e

1992 registou uma taxa de crescimento negativa que no entanto foi invertida No que

toca ao maior crescimento populacional este deu-se em Espanha entre 1997 e 2003 ao

qual se seguiu apoacutes um periacuteodo de estabilidade entre 2003 e 2007 uma diminuiccedilatildeo

12

acentuada Em termos globais a taxa de crescimento populacional tem vindo a descer

nomeadamente nos paiacuteses do Sul contrariamente aos paiacuteses do Norte Europeu que a

partir de 2000 verificaram um aumento Tal poderaacute dever-se agrave imigraccedilatildeo mas tambeacutem

poderaacute ter-se devido agraves poliacuteticas de apoio agrave natalidade com vista ao combate ao

envelhecimento da populaccedilatildeo Neste acircmbito decompondo a populaccedilatildeo dos paiacuteses da

amostra em faixas etaacuterias populaccedilatildeo jovem (ateacute aos 15 anos de idade) populaccedilatildeo entre

os 15 e 64 anos e populaccedilatildeo idosa (mais de 65 anos) verificamos que existe uma

tendecircncia para a diminuiccedilatildeo da populaccedilatildeo mais jovem face agrave total sendo esse

comportamento mais visiacutevel em Espanha que conforme o graacutefico 5 demonstra em

1985 tinha uma percentagem de jovens de cerca de 233 mas que em 2010

apresentava uma taxa de 149 Um aspecto curioso tem que ver com o facto de neste

periacuteodo de anaacutelise natildeo se ter verificado uma grande diminuiccedilatildeo desta faixa etaacuteria na

Escandinaacutevia sendo que no caso da Dinamarca esta registava em 2010 uma

percentagem de populaccedilatildeo jovem a rondar os 18 os mesmos que em 1985

Por outro lado verifica-se um agravamento do envelhecimento da populaccedilatildeo

com a pior situaccedilatildeo a verificar-se em Itaacutelia e na Greacutecia Entre 1985 e 2010 a

percentagem da populaccedilatildeo italiana com mais de 64 anos passou dos 131 em 1985

para os 203 em 2010 e na Greacutecia verificou-se uma passagem dos 133 para os 19

(ver graacutef 6) Relativamente ao Norte Europeu essa subida eacute mais ligeira e em 2010 a

Finlacircndia apresentava uma percentagem de 171 enquanto que a Dinamarca de 166

No que diz respeito agrave faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entre os 15 e 64 anos verifica-se atraveacutes

do graacutefico 7 que entre 1985 e 1995 a percentagem da populaccedilatildeo compreendida nesta

faixa etaacuteria aumentou No entanto a partir deste periacuteodo verificou-se uma descida dos

valores em alguns paiacuteses como eacute o caso da Itaacutelia onde a populaccedilatildeo pertencente a este

grupo entre 1985 e 2010 passou dos 675 para os 657 resultado talvez de uma

diminuiccedilatildeo da populaccedilatildeo jovem e do aumento da populaccedilatildeo mais idosa podendo isso

dever-se agrave baixa taxa de natalidade

Quanto agrave melhoria dos indicadores relativos agrave educaccedilatildeo verificamos que os

apoios do Estado nesta aacuterea talvez se tenham feito sentir Com efeito de acordo com o

graacutefico 8 a percentagem de populaccedilatildeo activa com apenas o ensino primaacuterio diminuiu

em todos os paiacuteses entre 1995-2010 sendo que no entanto o niacutevel de populaccedilatildeo activa

com apenas este niacutevel de escolaridade eacute mais reduzido nos paiacuteses do Norte como eacute o

caso da Finlacircndia e da Sueacutecia talvez devido ao facto de estes paiacuteses terem tomado haacute

mais tempo consciecircncia da importacircncia da educaccedilatildeo para um bom desempenho

13

econoacutemico (ver graacutef 8) Associado ao comportamento anterior verifica-se que em 2010

existe uma maior percentagem de pessoas com o ensino secundaacuterio e universitaacuterio em

todos os paiacuteses relativamente a 1995 Ao niacutevel do ensino secundaacuterio o graacutefico 9 mostra

que entre 1995 e 2010 verificou-se um aumento de trabalhadores com este niacutevel

acadeacutemico sendo esse impacto maior em Portugal Espanha Greacutecia e Itaacutelia mas no que

toca aos paiacuteses do Norte este nuacutemero foi oscilando Em todo o caso em 1995 os trecircs

paiacuteses escandinavos registavam uma maior percentagem da populaccedilatildeo com o ensino

secundaacuterio relativamente a qualquer dos paiacuteses do Sul sendo em 2010 apenas a

Dinamarca e a Finlacircndia ultrapassadas pela Itaacutelia O niacutevel de escolaridade dos

trabalhadores que mais subiu foi como se pode constatar no graacutefico 10 o universitaacuterio

verificando-se que em paiacuteses como a Finlacircndia a percentagem de trabalhadores com este

niacutevel acadeacutemico passou dos 217 em 1995 para os 373 em 2010 e na Espanha

passou dos 203 para os 33 Neste acircmbito verifica-se em 2010 a Espanha tinha uma

percentagem de indiviacuteduos com ensino superior mais elevada que a Sueacutecia e a

Dinamarca

Outra das componentes da despesa social com mais peso no total eacute a despesa

associada ao subsiacutedio de desemprego Nos anos mais recentes tem-se verificado um

aumento da taxa de desemprego como podemos ver no graacutefico 11 O desemprego pode

por em causa a estabilidade social uma vez que os indiviacuteduos sem emprego ao

perderem a sua fonte de rendimento podem perder qualidade de vida e estarem sujeitos

a situaccedilotildees de pobreza A taxa de desemprego entre 1991 e 2010 foi sempre mais

elevada no Sul em relaccedilatildeo ao Norte Os paiacuteses que apresentavam uma taxa mais elevada

em 2010 foram a Espanha com cerca de 20 seguido da Greacutecia com 125 enquanto

que a taxa de desemprego mais baixa se registou na Escandinaacutevia na Dinamarca onde a

taxa de desemprego em 2010 era de 75

No que diz respeito agrave taxa de desemprego jovem esta tem afectado sobretudo os

jovens do Sul Europeu e parece estar a tornar-se um problema grave para as geraccedilotildees

mais jovens As dificuldades em arranjar emprego podem prender-se com a falta de

experiecircncia por parte dos jovens Como tal estas situaccedilotildees levam a que estes natildeo

tenham nenhum tipo de poupanccedila nem direito a qualquer tipo de subsiacutedio como eacute o caso

do subsiacutedio de desemprego pois natildeo tiveram um passado activo consideraacutevel que lhes

permitisse ter realizado contribuiccedilotildees para a Seguranccedila Social e a ter direito a receber

subsiacutedio de desemprego Por outro lado ao natildeo terem emprego poderatildeo vir a ter

problemas em obter uma boa pensatildeo aquando o final da sua vida activa pois faratildeo

14

menos descontos do que aqueles satildeo necessaacuterios para obter um boa pensatildeo no futuro

podendo estar a comprometer a sua estabilidade financeira apoacutes a sua vida activa No

Norte Europeu paiacuteses como a Dinamarca tecircm investido na resoluccedilatildeo dos problemas

relativos ao desemprego jovem promovendo poliacuteticas de apoio aos jovens que possuem

baixos niacuteveis de estudos e que estejam sem trabalho como salientam Hughes e Borbeacutely-

Pecze (2012) Para tal foram desenvolvidos programas onde os jovens satildeo inseridos em

cursos de formaccedilatildeo praacutetica com vista a que estes adquiram experiecircncia e que os

familiarizem com o local de trabalho promovendo as suas aptidotildees de forma a capacitaacute-

los para o mercado de trabalho para que tragam ganhos de produtividade agrave entidade que

os emprega e consequentemente ao seu paiacutes Ao niacutevel da taxa de desemprego jovem o

graacutefico 12 ajuda-nos a perceber que esta era no ano de 2010 mais elevada na Espanha

com cerca de 424 sendo esta seguida pela Greacutecia com 325 Ao niacutevel das taxas

mais baixas verificamos que que entre 1991 e 2010 quem apresentou a taxa mais baixa

foi a Dinamarca sendo que no ano de 2010 esta apresentava uma taxa de cerca de

139 seguida da Finlacircndia com cerca de 203

Quanto agrave anaacutelise de factores econoacutemicos que possam ser responsaacuteveis pelas

diferenccedilas relativas ao niacutevel de vida iremos comeccedilar por analisar a importacircncia do

sector secundaacuterio e terciaacuterio para o PIB dos diversos paiacuteses na medida em que estes

sectores satildeo os que envolvem uma maior percentagem de indiviacuteduos com habilitaccedilotildees

acadeacutemicas mais elevadas e cujo seu contributo para o produto dos paiacuteses eacute mais

consideraacutevel

No que toca ao sector secundaacuterio verifica-se que entre 1985 e 2010 este tem

vindo a perder importacircncia no PIB de todos os paiacuteses No entanto durante este periacuteodo

verificou-se que o paiacutes que apresentava uma maior percentagem de riqueza gerado por

este sector era Portugal tendo contudo essa importacircncia diminuiacutedo de forma constante

chegando no ano de 2010 a ser de apenas 15 proacuteximo da percentagem da Espanha Eacute

de salientar que a importacircncia deste sector em 2010 era relativamente mais baixa nestes

paiacuteses em relaccedilatildeo agrave Dinamarca ou na Sueacutecia (ver graacutef13) Ao niacutevel do sector terciaacuterio

verificamos atraveacutes do graacutefico 14 que a importacircncia deste sector para a amostra de

paiacuteses em estudo era muito nivelado entre os 60 e os 70 No entanto a partir do ano

2000 verificou-se um aumento relativo da contribuiccedilatildeo deste sector para o PIB dos

vaacuterios paiacuteses sendo de salientar que em 2009 este sector tinha maior peso na produccedilatildeo

de riqueza no caso da Greacutecia contribuindo em cerca de 79 do total do PIB grego

15

enquanto que o mais baixo se verificava na Finlacircndia com cerca de 69 do PIB a ser

gerado por este sector

A anaacutelise da estrutura produtiva de um paiacutes pode ter tambeacutem uma relaccedilatildeo com o

grau de abertura da economia pois este poderaacute trazer algumas vantagens e explicar o

porquecirc de um determinado sector ter ganho mais importacircncia no PIB de um paiacutes Essas

vantagens podem estar relacionadas com a entrada de novos produtos e tecnologias que

normalmente estatildeo relacionados com o sector secundaacuterio e terciaacuterio e que poderatildeo

explicar o crescimento destes sectores Este factor poderaacute ainda estar relacionado com o

niacutevel de educaccedilatildeo de uma populaccedilatildeo pois quanto maior for o desenvolvimento

tecnoloacutegico de um paiacutes tal poderaacute levar agrave necessidade de um reforccedilo na educaccedilatildeo e

formaccedilatildeo profissional para capacitar a matildeo-de-obra para lidar com estas novas

tecnologias Assim o grau de abertura de um paiacutes poderaacute estar relacionado com o

aumento dos gastos em educaccedilatildeo

No que respeita ao grau de abertura da economia medido atraveacutes do volume de

importaccedilotildees e exportaccedilotildees em percentagem do PIB verificou-se que em todos os paiacuteses

em estudo houve uma tendecircncia de crescimento entre 1985 e 2010 Os paiacuteses que no

ano de 2010 apresentavam um grau de abertura mais elevado eram a Dinamarca com

cerca de 953 e a Sueacutecia com cerca de 928 Por outro lado paiacuteses como a Greacutecia e

a Espanha registavam valores muito mais baixos sendo que a Greacutecia apresentava um

niacutevel de cerca de 538 do seu PIB e a Espanha 569 como se pode constatar no

graacutefico 15 No que respeita ao saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes um valor em

percentagem do PIB positivo significa que existe um superavit ou seja que o paiacutes

aumentou os seus activos no estrangeiro Neste aspecto devido agrave falta de dados a

anaacutelise a esta variaacutevel comeccedila a partir de 2003 e consultando a graacutefico 16 verificamos

que ao longo do periacuteodo na Greacutecia Portugal Itaacutelia e Espanha a balanccedila foi sempre

deficitaacuteria sendo as situaccedilotildees mais complicadas a da Greacutecia e a de Portugal que em

2010 apresentavam um deacutefice de 104 e 97 respectivamente Por outro lado a

Dinamarca a Sueacutecia e a Finlacircndia tiveram sempre um excedente

No que toca agrave anaacutelise do saldo orccedilamental este juntamente com a diacutevida puacuteblica

poderaacute ajudar a compreender o estado das financcedilas puacuteblicas de um paiacutes Compreender o

saldo orccedilamental em percentagem do PIB eacute muito importante pois se este demonstrar

um comportamento mais despesista tal iraacute reflectir-se no aumento do endividamento do

Estado que poderaacute ter de levar a uma reduccedilatildeo dos apoios do Estado Social com vista agrave

sustentabilidade financeira do Estado Como forma de controlar as financcedilas puacuteblicas

16

poderatildeo ser necessaacuterios cortes ao niacutevel dos apoios da protecccedilatildeo social bem como a

reduccedilatildeo do orccedilamento do Estado para aacutereas com a sauacutede ou educaccedilatildeo No graacutefico 17 eacute

possiacutevel verificar que no caso de paiacuteses como a Greacutecia Portugal e Itaacutelia no periacuteodo de

estudo verificou-se que estes paiacuteses tiveram sempre um comportamento mais despesista

que os restantes sendo como jaacute vimos esta uma possiacutevel justificaccedilatildeo para o crescimento

da diacutevida puacuteblica nestes paiacuteses Jaacute os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentavam saldos

orccedilamentais mais positivos em relaccedilatildeo aos do Sul da Europa sendo mesmo o saldo

orccedilamental sueco aproximadamente de 0

A diacutevida puacuteblica em percentagem do PIB sempre foi inferior nos paiacuteses do Norte

em relaccedilatildeo aos do Sul Entre 1995 e 2010 verificamos que o niacutevel de diacutevida foi

oscilando no entanto este foi relativamente mais elevado na Greacutecia e na Itaacutelia

chegando no ano de 2010 este a ser cerca de 145 e 1194 do seu PIB

respectivamente No caso da Sueacutecia verificou-se ao longo deste periacuteodo uma tendecircncia

de descida e em 2010 este era de 394 (ver graacutef 18) Um outro factor que pode ter

feito aumentar o niacutevel de diacutevida de alguns paiacuteses do Sul da Europa a partir de 2005

pode ter que ver com o surgimento da crise econoacutemica de 2007 que agravou ainda mais

o niacutevel de diacutevida destes paiacuteses que era jaacute elevado como satildeo exemplos a Greacutecia e

Portugal

Em resumo verificamos que em termos globais os indicadores soacutecio-

econoacutemicos do Sul da Europa satildeo piores que os do Norte Europeu Contudo as

diferenccedilas tecircm vindo a diminuir Por exemplo os indicadores relativos agrave sauacutede e agrave

educaccedilatildeo tecircm demonstrado francas melhorias que talvez resultem do facto dos estados

terem reforccedilado os apoios ao niacutevel destas funccedilotildees sociais Haacute no entanto que ter em

conta que no caso do Sul Europeu o crescente aumento da diacutevida puacuteblica poderaacute

dificultar a continuidade desta acccedilatildeo na medida em que poderaacute levar agrave necessidade de

reformulaccedilotildees que passem por cortes no Estado Social com vista a fazer face ao

crescente endividamento destes Os Estados do Sul Europeu natildeo devem contudo no

periacuteodo actual de crise esquecer a importacircncia que estes sectores tecircm para a coesatildeo

social e potencialmente para o desempenho econoacutemico

4 Despesa Social e Crescimento Econoacutemico anaacutelise comparada de alguns dados

Nesta secccedilatildeo seraacute realizada uma anaacutelise de estatiacutestica descritiva que teraacute como

principal objectivo uma anaacutelise comparada dos dois grupos de paiacuteses em termos de

crescimento econoacutemico e despesa social agregada e por diferentes componentes entre

17

1985 e 2010 Por uacuteltimo procura-se verificar se o sinal da correlaccedilatildeo esperada entre a

despesa social do Estado e o comportamento do produto estaacute de acordo com a literatura

econoacutemica Para tal realizamos apenas uma anaacutelise muito simples e preliminar baseada

no caacutelculo de coeficientes de correlaccedilatildeo entre as despesas em sauacutede educaccedilatildeo e as

vaacuterias componentes da despesa em protecccedilatildeo social e respectivamente o PIB per capita

e a taxa de crescimento do mesmo

Esta anaacutelise foi realizada tendo em conta todos os dados disponiacuteveis na base de

dados da OECD Social Expenditure Database ao niacutevel dos gastos com sauacutede e

protecccedilatildeo social e com os dados disponiacuteveis do Banco Mundial relativamente a despesa

em educaccedilatildeo PIB real per capita para todos os paiacuteses em anaacutelise no periacuteodo entre 1985

e 2010

Antes de passarmos agrave anaacutelise comparada da despesa social e suas componentes

nos paiacuteses da nossa amostra detenhamo-nos na comparaccedilatildeo da respectiva prestaccedilatildeo em

termos de crescimento econoacutemico de acordo com os dados relativos agraves taxas meacutedias de

crescimento anual do PIB real per capita entre 1985 e 2010 e alguns sub-periacuteodos (ver

Quadro 1) Ao longo do periacuteodo total 1985-2010 Portugal e a Espanha foram os paiacuteses

que mais cresceram o que natildeo eacute de estranhar uma vez que partiram de valores do PIB

real per capita dos mais baixos do grupo Seguem-se a estes os paiacuteses escandinavos

Finlacircndia Sueacutecia e Dinamarca enquanto que a Greacutecia e a Itaacutelia foram os paiacuteses que

menos cresceram No caso da Greacutecia a situaccedilatildeo eacute mais insoacutelita uma vez que tal como

Portugal e Espanha partiu de um niacutevel de rendimento relativamente mais baixo e assim

sendo o potencial de crescimento e convergecircncia deveria ter sido superior ao dos paiacuteses

mais ricos Se dividirmos o periacuteodo total em anaacutelise em trecircs sub-periacuteodos 1985-95

1995-05 e 2005-10 verificamos que o desempenho relativo dos paiacuteses se vai alterando

Assim por exemplo a boa prestaccedilatildeo de Portugal entre 1985-2010 parece ter sido

consequecircncia do seu elevado crescimento relativo entre 1985 e 1995 enquanto que nos

outros dois sub-periacuteodos a taxa meacutedia de crescimento anual do seu PIB real per capita eacute

das mais baixas do grupo Os paiacuteses escandinavos tecircm taxas de crescimento relativas

mais elevadas essencialmente entre 1995 e 2005 enquanto a Espanha e a Greacutecia

melhoram o desempenho relativo no segundo e terceiro sub-periacuteodos em especial a

Espanha Em todo o caso registou-se um acentuado abrandamento e do crescimento nos

uacuteltimos cinco anos com a Itaacutelia Sueacutecia Finlacircndia e Portugal a registarem mesmo taxas

crescimento negativas Este fenoacutemeno natildeo pode deixar de ter em conta o iniacutecio da crise

econoacutemica e financeira que teve o seu comeccedilo em 2007-2008

18

Quadro 1 Taxas meacutedias de crescimento anual do PIB real per capita 1985 a 2010

Periacuteodos Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

1985-1995 1639 0940 0555 2140 3600 2698 0970

1995-2005 1682 3377 3243 1128 2025 2591 2831

2005-2010 0025 -0267 0198 -0145 -0441 0207 -0229

1985-2010 1221 1806 1461 1131 2333 2024 1690

Fonte Caacutelculos do autor com base em dados do Banco Mundial

No que diz respeito agrave anaacutelise comparada entre a despesa social dos paiacuteses em

estudo iremos comeccedilar por comparar os niacuteveis de gastos sociais totais2 em percentagem

do PIB ao longo do periacuteodo total 1985-2010 (ver graacutefico 19) Durante todo este periacuteodo

eacute possiacutevel verificar que os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentaram um niacutevel de gastos

sociais totais superior ao dos paiacuteses do Sul Europeu O paiacutes que apresentou um niacutevel de

gastos mais elevado durante a maior parte deste periacuteodo foi a Sueacutecia que apenas o

deixou de ser quando a Dinamarca se assumiu como o paiacutes que mais gastou em despesa

social em 2010 cerca de 306 do PIB Quanto agrave Finlacircndia esta no ano de 2010

tambeacutem ultrapassa a Sueacutecia ao niacutevel de uma maior despesa social Contudo no caso

finlandecircs verifica-se que entre os anos de 1990 e 1992 ocorreu um aumento

consideraacutevel na despesa social ao qual se sucede uma diminuiccedilatildeo gradual dos gastos ateacute

2000 No entanto tal como a Dinamarca e a Sueacutecia este paiacutes apresentava ainda um

niacutevel de gastos superiores ao dos paiacuteses do Sul cerca de 243 do PIB No que respeita

aos paiacuteses da periferia tambeacutem designados paiacuteses do Sul verifica-se que o paiacutes que

mais se conseguiu aproximar do niacutevel de despesa dos paiacuteses da Escandinaacutevia foi a Itaacutelia

que no ano de 2010 gastava cerca de 277 do seu PIB em gastos sociais enquanto que

a Sueacutecia cerca de 283 No entanto verificamos que a Itaacutelia em algumas ocasiotildees foi

ultrapassada pelo niacutevel de gastos da Espanha como eacute o caso do subperiacuteodo entre 1989 e

1996 Quanto aos paiacuteses que canalizaram uma menor percentagem do PIB para a

despesa social verificam-se que estes foram a Espanha Greacutecia e Portugal

Relativamente a estes dois uacuteltimos verificou-se que a Greacutecia apresentava em 1985 um

niacutevel de despesa social consideravelmente maior que Portugal cerca de 161 face aos

101 do PIB de Portugal no entanto essa diferenccedila foi diminuindo Tal resulta de um

2 Os gastos sociais totais incluem a despesa em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado laboral apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social

exceptuando os apoios em educaccedilatildeo

19

evidente aumento da despesa em Portugal e um teacutenue crescimento da Despesa Social

grega chegando Portugal no ano de 2002 a ultrapassar a Greacutecia e no ano de 2010

apresentava um niacutevel de despesa mais elevado de despesa que a Greacutecia cerca de 254

face aos 233 da Greacutecia Na globalidade verificou-se uma tendecircncia de crescimento

contiacutenuo nos paiacuteses escandinavos ateacute ao iniacutecio da deacutecada de 90 seguido de uma

diminuiccedilatildeo ateacute cerca de 2000 No Sul a tendecircncia eacute de crescimento sustentado para a

Greacutecia e Portugal e de oscilaccedilotildees na Espanha e Itaacutelia Eacute tambeacutem notoacuterio que apoacutes a crise

de 2007-08 se verifica de novo um crescimento da despesa relativamente aos paiacuteses do

Norte

No seguimento da anaacutelise comparativa da despesa social em termos globais

efectua-se agora um estudo comparativo entre a despesa do Estado nas vaacuterias

componentes da despesa social educaccedilatildeo sauacutede e protecccedilatildeo social e dentro de estas

com o pagamento de pensotildees de reforma subsiacutedios de invalidez politicas activas do

mercado de trabalho apoios agraves famiacutelias e subsiacutedio de desemprego que correspondem agrave

maioria da despesa social nestes paiacuteses

De acordo com os graacuteficos 20 e 21 os niacuteveis de despesa social quer em sauacutede e

quer em educaccedilatildeo respectivamente dos paiacuteses do Norte face aos do Sul medidos em

percentagem do seu PIB entre 1985 e 2010 satildeo maiores no primeiro grupo de paiacuteses

relativamente ao segundo agrave excepccedilatildeo da Finlacircndia que depois de um periacuteodo de

diminuiccedilatildeo da despesa em sauacutede entre 1992 e 1998 para cerca dos 53 do PIB

verifica de novo um aumento para os 67 verificados em 2010 No entanto situava-se

aqueacutem do verificado em Itaacutelia Espanha e Portugal no mesmo ano que era

respectivamente 73 713 e 712 do PIB Assim sendo a Finlacircndia encontrava-se

soacute a frente da Greacutecia que possuiacutea um niacutevel de gastos de 64 do PIB (ver graacutef 20 e 21)

Nota-se tambeacutem no que diz respeito agrave despesa em sauacutede que a Sueacutecia e a Dinamarca

foram quem mais despenderam nesta aacuterea com niacuteveis de despesa semelhantes Contudo

a partir de 1999 o niacutevel de despesa da Dinamarca passa para frente do da Sueacutecia

tornando-se assim o paiacutes com maior despesa em sauacutede chegando a 2010 a apresentar

um valor de cerca de 94 do PIB face aos 77 da Sueacutecia Eacute importante salientar que

todos os paiacuteses do Sul da Europa verificaram um crescimento sustentado que se traduz

em valores de despesa em sauacutede em percentagem do PIB maiores em 2010 que em

1985 Por fim importa destacar que entre 2009 e 2010 verificou-se uma diminuiccedilatildeo da

despesa para todos os paiacuteses por ventura efeitos da crise que comeccedilou um par de anos

antes

20

No que toca agrave educaccedilatildeo como jaacute foi referido os paiacuteses da Escandinaacutevia

apresentam durante o periacuteodo em anaacutelise um niacutevel de despesa superior nesta mateacuteria em

relaccedilatildeo aos paiacuteses da periferia Neste contexto verificamos que as diferenccedilas relativas

aos niacuteveis de despesa dos vaacuterios paiacuteses em educaccedilatildeo se encontram melhor clarificadas

que as diferenccedilas ao niacutevel da despesa em sauacutede agrave excepccedilatildeo dos anos entre 1987 e 1990

em que os valores da despesa portuguesa foram semelhantes ao da espanhola e dos anos

de 2007 e 2008 em que os valores da Itaacutelia foram semelhantes aos da Espanha Feitas

estas consideraccedilotildees verifica-se a existecircncia de um maior niacutevel de despesa em educaccedilatildeo

por parte da Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia ao longo do periacuteodo e no ano de 2009 o

valor da despesa era respectivamente de 83 72 e 68 do PIB No que toca aos

restantes paiacuteses da amostra os paiacuteses do Sul verificamos que o niacutevel de despesa grego e

portuguecircs foi aumentando chegando o portuguecircs a tornar-se o mais elevado entre os

restantes paiacuteses da periferia a partir de 1994 sem nunca esquecer a ausecircncia de dados

para o ano de 1997 e para a Greacutecia entre 2005 e 2010 No ano de 1994 o valor gasto por

Portugal era cerca de 46 chegando a 2010 aos 56 do PIB Jaacute relativamente agrave Itaacutelia

considerando a quebra de dados para este paiacutes verificamos que esta se encontrava no

topo dos paiacuteses do Sul que mais gastavam nesta aacuterea no entanto como jaacute foi referido

esta foi ultrapassada por Portugal e ateacute mesmo a Espanha a partir de 2007 paiacuteses que

tinham nesse ano respectivamente um niacutevel de gastos de 51 e 434 do PIB face

aos 426 do PIB verificados na Itaacutelia

Relativamente agrave despesa em protecccedilatildeo social entre os paiacuteses em anaacutelise e no

que diz respeito niacutevel gastos em pagamentos de pensotildees de reforma verificamos que

natildeo existe um grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 22) Neste capiacutetulo

verifica-se que em todos os paiacuteses o niacutevel de gastos nesta mateacuteria foi oscilando

Contudo nos subperiacuteodos de 1985-89 e de 1997-2009 este foi mais elevado na Itaacutelia e

a Greacutecia sendo estes ultrapassados apenas entre 1991-95 pela Sueacutecia Estes trecircs paiacuteses

em 2009 ocupavam trecircs das quatro primeiras posiccedilotildees nos gastos em pensotildees

apresentando a Itaacutelia a Greacutecia e a Sueacutecia um niacutevel de gastos de 13 109 e 102

do PIB respectivamente Quanto aos restantes paiacuteses verifica-se que o paiacutes que durante

maior parte do periacuteodo apresentou um niacutevel de despesa mais baixo foi Portugal no

entanto registou um aumento consideraacutevel se em 1985 se encontrava no uacuteltimo posto

com cerca de 33 do seu PIB gasto em pensotildees a partir de 2004 ultrapassou a

Finlacircndia Dinamarca e Espanha apresentando no ano de 2009 uma percentagem de

gastos em pensotildees relativamente ao PIB a rondar os 106 superior ao verificado na

21

Dinamarca (82) na Finlacircndia (102) e Espanha (77) Tal poderaacute ter que ver com

o facto de a populaccedilatildeo em Portugal ter envelhecido a um ritmo mais acelerado que nos

restantes paiacuteses

No que toca aos subsiacutedios de desemprego verificamos tambeacutem que natildeo haacute um

grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 23) Contudo neste capiacutetulo

constata-se que os trecircs paiacuteses que gastaram maior percentagem do PIB em subsiacutedios de

desemprego ao longo do periacuteodo foram a Dinamarca Espanha e Finlacircndia Nestes

paiacuteses verificamos que em 1993 o niacutevel de gastos foi o mais elevado cerca 53 do PIB

no caso dinamarquecircs e de 47 no caso espanhol e finlandecircs sendo uma possiacutevel razatildeo

para esse aumento a crise econoacutemica que ocorreu nesse ano O factor crise econoacutemica

poderaacute tambeacutem ajudar a compreender o porquecirc de na Espanha o niacutevel de gastos ter

subido entre 2008 e 2009 de uma forma abrupta passando dos 22 do PIB para os

35 aumento que poderaacute estar relacionado com a crise econoacutemica de 2007-08 que

poderaacute ter contribuiacutedo para o agravamento da taxa de desemprego espanhola Neste

acircmbito verifica-se tambeacutem que os paiacuteses que apresentaram ao longo deste periacuteodo um

niacutevel de despesa mais reduzido com os subsiacutedios de desemprego foram Portugal Itaacutelia e

Greacutecia que em 2009 eram os que menos gastavam com um niacutevel de despesa de cerca de

07 no caso grego 08 no caso italiano e 12 do PIB no caso portuguecircs Estes

valores ficam bem atraacutes dos verificados no mesmo ano para a Dinamarca (23) e para

a Espanha (35)

Jaacute no que toca agrave despesa social em apoios concedidos agraves famiacutelias em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e em subsiacutedios concedidos a pessoas com incapacidade

verifica-se que os paiacuteses do Norte tecircm um niacutevel de gastos nestas mateacuterias superior ao da

periferia europeia (ver graacuteficos 24 25 e 26) Verifica-se ainda assim uma pequena

excepccedilatildeo no que toca agrave Espanha em que os gastos em poliacuteticas activas no mercado de

trabalho em 1989 e 1990 foram superiores agraves verificadas na Dinamarca que eram cerca

de 08 do PIB face aos 07 despendido pelos dinamarqueses A diferenccedila entre os

dois grupos eacute evidente no caso da despesa relacionada com os apoios agraves famiacutelias onde

se verifica uma diferenccedila consideraacutevel ao longo do periacuteodo de anaacutelise entre o Norte e o

Sul A despesa em aacutereas como as poliacuteticas e com as famiacutelias dentro dos paiacuteses da

Escandinaacutevia foi inicialmente mais elevado na Sueacutecia que chegou a atingir o seu

maacuteximo em 1992 com cerca de 49 do PIB gasto nesta mateacuteria no entanto

progressivamente o niacutevel de despesa da Dinamarca foi-se aproximando da Sueacutecia

chegando ateacute a ultrapassar esta em 1995 No que diz respeito agrave Finlacircndia verificou-se

22

que dos trecircs paiacuteses que compotildeem a Escandinaacutevia eacute aquele que apresenta um niacutevel mais

baixo durante maior parte do periacuteodo em anaacutelise mas no entanto superior aos paiacuteses do

Sul como jaacute foi dito Existe contudo uma excepccedilatildeo para este paiacutes que acontece no ano

de 1994 quando este consegue ser o paiacutes que mais gasta nesta aacuterea cerca de 44 do

PIB superior aos gastos suecos que foram cerca de 43 e dos dinamarqueses cerca de

39 Quanto aos gastos em poliacuteticas activas do mercado de trabalho as diferenccedilas jaacute

natildeo satildeo tatildeo evidentes mas no entanto relativamente aos paiacuteses do Sul verificamos ao

longo de todo o periacuteodo que os paiacuteses que foram apresentando consecutivamente

valores mais elevados de despesa nesta mateacuteria foram Portugal e Espanha que entre

1985 e 2009 sofreram oscilaccedilotildees relativamente aos valores despendidos no entanto em

2009 estes gastavam cerca de 08 e 09 respectivamente um valor mais elevado que

o verificado para a Itaacutelia (04) e para a Greacutecia (02) paiacuteses que ao longo do periacuteodo

observado se ficaram pelos uacuteltimos lugares

Por uacuteltimo abordamos as diferenccedilas entre o Norte e o Sul ao niacutevel de gastos em

pensotildees por incapacidade (ver graacutef 26) Como jaacute foi referido verificamos que o niacutevel

de gastos nesta aacuterea eacute superior no Norte em relaccedilatildeo ao Sul Assim sendo verificamos

que a Sueacutecia e a Finlacircndia foram alternando a lideranccedila relativamente aos paiacuteses que

mais despenderam nestes apoios Entre 1985-91 e 1997-2009 a Sueacutecia realizou um niacutevel

de despesa mais elevado que a Finlacircndia apresentando em 1991 um niacutevel a rondar os

53 face ao gasto pela Finlacircndia que foi cerca de 49 Jaacute em 2009 o niacutevel de gastos

da Sueacutecia foi de 5 do seu PIB maior que o verificado na Finlacircndia 41 enquanto

que para o restante periacuteodo o niacutevel de gastos finlandecircs foi sempre superior ao sueco A

Dinamarca foi dos paiacuteses escandinavos aquele que ao longo da maior parte deste

periacuteodo menos gastou no entanto a partir de 2001 esta ultrapassou o niacutevel de gastos da

Finlacircndia apresentando um niacutevel de despesa de cerca de 38 do PIB face aos 37

verificados no caso finlandecircs Esta ultrapassagem deu-se natildeo soacute pela subida dos gastos

em da Dinamarca nesta aacuterea mas tambeacutem por uma descida da despesa finlandesa No

que toca aos paiacuteses do Sul verificamos que quem gastou relativamente mais durante a

maior parte do periacuteodo entre 1985 e 2009 em subsiacutedios atribuiacutedos a incapacitados

foram Espanha Portugal Itaacutelia e a Greacutecia respectivamente agrave excepccedilatildeo do subperiacuteodo

entre 1985 e 1989 em que a Itaacutelia teve um niacutevel de gastos superiores ao de Portugal

Estes paiacuteses no ano de 2009 apresentavam um niacutevel de gastos a rondar os 27 do PIB

no caso espanhol os 21 no caso portuguecircs os 19 no caso italiano e os 1 no caso

23

grego valores que apesar de serem mais baixos que os verificados nos paiacuteses do Norte

da Europa satildeo mais elevados que os verificados em 1985 para estes paiacuteses

Por fim concluiacutemos esta secccedilatildeo com uma anaacutelise quantitativa muito simples e

preliminar da relaccedilatildeo entre a despesa social e o crescimento econoacutemico que corresponde

ao caacutelculo dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre os vaacuterios tipos de despesa social e o PIB

real per capita e a sua taxa de crescimento De acordo com a revisatildeo da literatura

realizada na secccedilatildeo 2 espera-se que exista uma correlaccedilatildeo positiva entre a despesa

social e o niacutevel de crescimento do PIB na medida ou seja para que esta contribua

efectivamente para uma reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo do rendimento e da

pobreza mas tambeacutem porque certos tipos de despesa social tais como educaccedilatildeo sauacutede

mas tambeacutem os apoios agrave famiacutelia contribuem directamente para a acumulaccedilatildeo de capital

humano Contudo aceitando o argumento de que o financiamento necessaacuterio introduz

distorccedilotildees na actividade econoacutemica que por exemplo desincentivam o trabalho e o

investimento por parte das empresas a correlaccedilatildeo obtida pode ter um sinal negativo Da

mesma forma se despesas como o subsiacutedio de desemprego constituiacuterem um

desincentivo a realizar maior esforccedilo no trabalho tambeacutem o sinal poderaacute ser negativo

Em uacuteltima anaacutelise poderaacute natildeo existir qualquer correlaccedilatildeo se os efeitos de sinal contraacuterio

se compensarem exactamente Finalmente natildeo devemos esquecer que correlaccedilatildeo natildeo

significa causalidade pelo que o sinal obtido se pode dever agrave influecircncia do produto

sobre a despesa social ou agrave influecircncia muacutetua

Com auxiacutelio do Quadro 2 onde se encontram os resultados relativos aos

coeficientes de correlaccedilatildeo entre despesa social e o PIB real per capita verificamos que

tendo em conta os dados disponiacuteveis para todos os paiacuteses e anos os coeficientes de

correlaccedilatildeo entre as vaacuterias despesas sociais e o PIB real per capita satildeo todos positivos

quer no que respeita agrave despesa social total quer agraves suas diferentes componentes Os

coeficientes de correlaccedilatildeo mais elevados dizem respeito agraves despesas em educaccedilatildeo e

sauacutede respectivamente 0833 e 0791 podendo argumentar-se que isto se deve ao seu

contributo directo para a acumulaccedilatildeo de capital humano e que este factor possa ter

trazido ganhos de produtividade agraves economias conforme a literatura econoacutemica defende

Quanto ao efeito das vaacuterias componentes de despesa social em protecccedilatildeo social

verificamos que as aacutereas que possuem um coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado satildeo a

despesa em apoios atribuiacutedos agraves famiacutelias os subsiacutedios atribuiacutedos aos incapacitados e as

poliacuteticas activas do mercado de trabalho (0764 0648 e 0626 respectivamente) A

correlaccedilatildeo mais elevada na primeira e terceira dimensotildees referidas poderaacute ter que ver

24

com o seu papel na reduccedilatildeo da desigualdade e pobreza das famiacutelias mais pobres e dos

incentivos criados juntos das empresas para que estas empreguem mais trabalhadores

No que diz respeito aos subsiacutedios concedidos agraves famiacutelias estes ajudam ao aumento do

rendimento das mesmas e tal como foi dito anteriormente poderaacute ter-se traduzido no

aumento do consumo privado daiacute haver uma relaccedilatildeo positiva com o PIB per capita No

meacutedio-longo prazo pode tambeacutem permitir agraves famiacutelias investir mais no capital humano

dos seus filhos e desta forma contribuir para o aumento do PIB Nas restantes aacutereas

gastos com subsiacutedios de desemprego ou em pensotildees tambeacutem possuem uma relaccedilatildeo

positiva com o PIB per capita indicando que toda a despesa realizada pelos vaacuterios

paiacuteses ao longo deste periacuteodo foi importantes para o aumento do produto na medida em

que estas se incidiram sobre os indiviacuteduos que possuem um niacutevel de rendimento mais

baixo dando um estimulo ao consumo traduzindo-se isso no aumento do produto como

jaacute vimos anteriormente Contudo nestes casos os coeficientes de correlaccedilatildeo de 0424 e

0220 respectivamente satildeo bastante inferiores indicando que poderatildeo estar em

actuaccedilatildeo efeitos de sinal negativo que reduzem a correlaccedilatildeo positiva final

Nomeadamente os gastos com pensotildees e subsiacutedios de desemprego podem estar a

desviar a despesa de outras funccedilotildees sociais com um impacto mais directo sobre a

produtividade como a educaccedilatildeo e a sauacutede

Quadro 2 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social e componentes e o niacutevel

do PIB real per capita 1985-2010 (todos os dados disponiacuteveis)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB) PIB real

per capita

Total 0747

Sauacutede 0791

Educaccedilatildeo 0833

Pensotildees de reforma 0220

Pensotildees por incapacidade 0648

Apoios agraves Famiacutelias 0764

Poliacuteticas Activas do Mercado de Trabalho 0626

Subsiacutedio de Desemprego 0424

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

25

A anaacutelise de correlaccedilatildeo anterior apesar de interessante natildeo permite ter uma

ideia muito rigorosa da existecircncia ou natildeo de causalidade entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico uma vez que se baseia em valores correntes quer da despesa

quer do PIB e como vimos os paiacuteses mais ricos tendem tambeacutem a gastar mais com as

funccedilotildees sociais Por outro lado em termos de efeitos permanentes sobre a taxa de

crescimento eacute mais rigoroso calcular a correlaccedilatildeo entre a despesa e a taxa de

crescimento do PIB real per capita De forma a ter em conta a questatildeo da causalidade

inversa no quadro 2 satildeo apresentados os coeficientes de correlaccedilatildeo entre a meacutedia da

despesa social realizada nos sete paiacuteses no periacuteodo de 1985 a 1999 e o crescimento

meacutedio do PIB verificado nos dez anos seguintes 2000-2010

De acordo com a informaccedilatildeo que consta do quadro 3 o sinal dos coeficientes de

correlaccedilatildeo varia agora consoante o tipo de despesa considerada Relativamente agrave

despesa social total o coeficiente eacute negativo embora natildeo muito elevado -02779 A

justificaccedilatildeo mais imediata para este sinal poderaacute ter a ver com o facto do financiamento

necessaacuterio ter introduzido distorccedilotildees na actividade econoacutemica que prejudicaram o

crescimento Contudo torna-se mais informativo olhar para as diferentes componentes

da despesa social

No que respeita aos coeficientes por tipo de despesa como seria de esperar dada

a consensual relaccedilatildeo entre as despesas em educaccedilatildeo e sauacutede com o crescimento

econoacutemico por via do seu impacto sobre a acumulaccedilatildeo de capital humano3 o sinal eacute

positivo embora de magnitude reduzida 01356 e 00115 respectivamente em especial

no caso das despesas em sauacutede Estes resultados indicam tambeacutem que os coeficientes de

correlaccedilatildeo anteriores contecircm realmente informaccedilatildeo sobre a influecircncia positiva no niacutevel

de rendimento sobre as despesas sociais em educaccedilatildeo e sauacutede O outro coeficiente de

correlaccedilatildeo positivo diz respeito agrave despesa com subsiacutedios de desemprego sendo ateacute a

correlaccedilatildeo mais forte do que nos dois casos anteriores 01733 Isto pode indicar que a

existecircncia deste apoio constituiu um incentivo ao trabalho pela seguranccedila que permite

aos trabalhadores estimulando tambeacutem os mesmos a apostar na sua formaccedilatildeo porque

protegidos em caso de desemprego

Quanto ao impacto negativo das restantes componentes da despesa social

verifica-se que as despesas que apresentam um coeficiente menos negativo satildeo as

pensotildees de reforma e por incapacidade -02298 e -03338 respectivamente enquanto

3 Como vimos na secccedilatildeo 3 o estado de sauacutede mas em especial o niacutevel de escolaridade da populaccedilatildeo

dos paiacuteses escandinavos foram em geral superiores ao dos paiacuteses do Sul ao longo do periacuteodo em anaacutelise

26

ainda menos esperado a correlaccedilatildeo negativa mais forte acontece no caso das poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias -03794 e -03671 respectivamente

No caso das pensotildees de reforma e por incapacidade o sinal natildeo eacute inesperado dado o

esforccedilo que exigem em termos de financiamento e o seu papel mais indirecto na

promoccedilatildeo do crescimento econoacutemico sobretudo via a reduccedilatildeo da desigualdade e da

pobreza No caso das poliacuteticas activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias os

resultados satildeo inesperados a dois niacuteveis sinais e magnitude relativa superior Esperar-

se-ia um sinal positivo face ao descrito logo no iniacutecio da anaacutelise de correlaccedilatildeo ou pelo

menos natildeo tatildeo negativo como nos outros dois casos uma vez que em qualquer situaccedilatildeo

o financiamento necessaacuterio pode ter impacto negativo sobre o crescimento do produto

Quadro 3 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social meacutedia (1985-1999) e a

taxa meacutedia de crescimento do PIB real per capita (2000-2010)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB)

Meacutedia 1985-1999 Taxa meacutedia de crescimento anual do PIB real per capita

(2000-10)

Total -02779

Sauacutede 00115

Educaccedilatildeo 01356

Pensotildees de reforma -02298

Pensotildees por incapacidade -03338

Apoios agraves Famiacutelias -03671

Poliacuteticas Activas do Mercado de

Trabalho -03794

Subsiacutedio de Desemprego 01733

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

Em jeito de conclusatildeo os resultados apontam para uma relaccedilatildeo positiva entre a

despesa social nas vaacuterias aacutereas analisadas e o niacutevel do PIB per capita entre 1985 e 2010

o que eacute indiciador de que estatildeo em actuaccedilatildeo mecanismos de influecircncia da despesa social

que promovem um aumento do niacutevel de rendimento nomeadamente via acumulaccedilatildeo de

capital humano atraveacutes das despesas em educaccedilatildeo e sauacutede Contudo uma anaacutelise mais

rigorosa em termos de possiacuteveis impactos permanentes sobre a taxa de crescimento

econoacutemico revela que os resultados podem divergir bastante em termos de sinal e

magnitude atendendo ao tipo de despesa social considerada Os resultados deste estudo

27

apontam tambeacutem para valores que alguns casos podem ser contraacuterios aos verificados

pelos estudos empiacutericos descritos na secccedilatildeo 2 Tal poderaacute estar relacionado com a

amostra de paiacuteses utilizada assim como o periacuteodo de anaacutelise e metodologia utilizada

5 Conclusotildees

Este trabalho propocircs-se a reflectir sobre a relaccedilatildeo entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico tendo por base a comparaccedilatildeo de dois grupos de paiacuteses

pertencentes agrave Uniatildeo Europeia a Escandinaacutevia e o Sul da Europa A niacutevel teoacuterico as

previsotildees acerca da relaccedilatildeo entre Estado Social e crescimento econoacutemico divergem

sendo possiacutevel encontrar argumentos que justificam a existecircncia de uma relaccedilatildeo

positiva outros que apoiam a verificaccedilatildeo de uma relaccedilatildeo negativa e outros ainda que

apontam no sentido de ausecircncia de qualquer relaccedilatildeo Estas diferentes hipoacuteteses parecem

indicar que cabe agrave anaacutelise empiacuterica determinar o sinal da relaccedilatildeo e o respectivo

contexto

Constituindo uma anaacutelise ainda exploratoacuteria o presente trabalho recorreu a uma

anaacutelise de estatiacutestica descritiva de um conjunto variado de indicadores relevantes para o

periacuteodo de 1985 a 2010 sempre que possiacutevel para analisar empiricamente a relaccedilatildeo

entre despesa social e crescimento econoacutemico

De forma a analisar esta relaccedilatildeo em termos mais detalhados aquela foi

desagregada em diferentes componentes tendo sido utilizados dados relativos a

despesas em educaccedilatildeo sauacutede e em vaacuterias componentes da despesa com a protecccedilatildeo

social como os subsiacutedios de desemprego e incapacidade apoios agraves famiacutelias gastos em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho e em pensotildees de reforma Foram calculados os

coeficientes de correlaccedilatildeo destas com o niacutevel do PIB real per capita numa tentativa de

confirmaccedilatildeo muito preliminar do sinal esperado para a relaccedilatildeo bem como os

coeficientes de correlaccedilatildeo entre os valores meacutedios da despesa das vaacuterias variaacuteveis entre

1985 e 1999 com a taxa de crescimento do PIB per capita entre 2000-10 Os

coeficientes de correlaccedilatildeo no uacuteltimo caso poderatildeo ajudar a compreender se o niacutevel de

gastos verificado entre 1985-99 contribuiacuteram para o crescimento econoacutemico verificado

na deacutecada seguinte

Verificou-se que ao longo do periacuteodo em anaacutelise a despesa social em

percentagem do PIB agregada e nas diferentes aacutereas teve um aumento relativo entre

1985 e 2010 mas no entanto aquela foi sempre mais elevada nos paiacuteses Escandinavos

tendo estes paiacuteses registado tambeacutem valores mais elevados do PIB real per capita

28

relativamente aos paiacuteses do Sul Os resultados apontam para que todas as dimensotildees se

correlacionam positivamente com o niacutevel de rendimento per capita sendo de destacar

que a educaccedilatildeo eacute a componente com coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado seguida

das despesas com sauacutede o que parece confirmar a influecircncia deste tipo de despesa sobre

o comportamento do produto via acumulaccedilatildeo de capital humano No que respeita ao

possiacutevel efeito da despesa social sobre a taxa de crescimento do PIB real per capita o

sinal do coeficiente de correlaccedilatildeo manteacutem-se positivo mas de magnitude bastante

inferior ao dos casos anteriores enquanto a correlaccedilatildeo apresenta um sinal negativo no

caso da despesa social total A correlaccedilatildeo eacute tambeacutem negativa para as diferentes

componentes da despesa como a protecccedilatildeo social com excepccedilatildeo do subsiacutedio de

desemprego Estes resultados apoiam assim a necessidade de ao estudar a relaccedilatildeo entre

Estado Social e crescimento econoacutemico levar a cabo uma anaacutelise desagregada uma vez

que os mecanismos de transmissatildeo podem variar consoante o tipo de despesa social

pelo que a anaacutelise agregada eacute difiacutecil de interpretar em termos econoacutemicos

Em suma o presente estudo poderaacute ajudar a compreender de forma preliminar

como os gastos sociais interagem com o crescimento econoacutemico e quais as aacutereas que

tecircm contribuiacutedo de forma positiva ou negativa para o mesmo Contudo natildeo poderaacute

deixar de se ter em conta a capacidade de outros factores poderem afectar a

performance da economia assim como natildeo se deve negligenciar a importacircncia dos

gastos sociais para a convergecircncia econoacutemica dos paiacuteses do Sul para com os paiacuteses do

Norte da Europa De forma a poder generalizar a anaacutelise e tirar conclusotildees mais

robustas em relaccedilatildeo ao sentido da causalidade e mecanismos de transmissatildeo no futuro

seraacute necessaacuterio utilizar meacutetodos de inferecircncia estatiacutestica adequados e amostras mais

alargadas de paiacuteses

29

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30

Anexos

Graacutefico 1 PIB per capita a preccedilos constantes de 2005 entre 1985 e 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 2 Esperanccedila meacutedia de vida 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

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Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em

cada 1000 nascimentos) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total

da populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB ()1985 e 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

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Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes 2003 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

36

Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010

Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A

despesa Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte OCDE

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

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iii

Iacutendice

1 Introduccedilatildeo 1

2 Estado Social qual a sua importacircncia para o crescimento econoacutemico 2

3 Caracterizaccedilatildeo econoacutemico-social dos paiacuteses em anaacutelise 10

4 Despesa Social e Crescimento Econoacutemico anaacutelise comparada de alguns

dadoshelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip16

5 Conclusotildeeshelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip27

Bibliografiahelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip29

Anexoshelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip30

iv

Iacutendice de Quadros

Quadro 1 Taxas meacutedias de crescimento anual do PIB real per capita entre 1985 e

2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip18

Quadro 2 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social nas vaacuterias componentes e

o niacutevel do PIB per capita e a sua taxa de crescimento tendo em conta todos os dados

disponiacuteveis para o periacuteodo entre 1985 e 2010hellip24

Quadro 3 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social meacutedia (1985-1999) e a

taxa meacutedia de crescimento do PIB real per capita (2000-2010)helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip26

Iacutendice de Graacuteficos

Graacutefico 1 PIB per capita a preccedilos constantes de 2005 entre 1985 e 2010 helliphelliphellip30

Graacutefico 2 Esperanccedila meacutedia de vida 1985 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip30

Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em cada

1000 nascimentos) 1985 a 201031

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip31

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip31

Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip32

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip32

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip32

Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente ao

total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip33

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente ao

total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip33

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip33

Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip34

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB () 1985 e 2010helliphelliphellip34

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009helliphelliphelliphellip34

Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip35

v

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes ( do PIB) 2003 a

2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip35

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 e 2009helliphelliphelliphelliphellip35

Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip36

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010helliphelliphelliphelliphellip36

Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010helliphelliphellip37

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a

2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip37

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do PIB

1985 a 2009helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip37

Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip38

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip38

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip38

Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip39

1

1 Introduccedilatildeo

A despesa social do Estado que engloba por exemplo as prestaccedilotildees sociais

educaccedilatildeo e sauacutede entre outras despesas justifica-se do ponto de vista da melhoria do

bem-estar dos cidadatildeos reflectindo-se tambeacutem na melhoria de alguns indicadores soacutecio-

econoacutemicos agregados tais como o Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) que

contabiliza melhorias no PIB real per capita escolaridade e sauacutede da populaccedilatildeo em

geral Por exemplo em 2012 de acordo com dados do UNDP os paiacuteses escandinavos

(Dinamarca Finlacircndia e Sueacutecia) estavam nas 25 primeiras posiccedilotildees no que respeita aos

valores do IDH com um valor meacutedio deste de 0905 No mesmo ano e de acordo como

os dados da Social Expenditure Database da OCDE os trecircs paiacuteses registavam uma

despesa social em percentagem do PIB com um valor meacutedio para o grupo de 29637

superior agrave meacutedia da OCDE 21785 Jaacute os paiacuteses da Europa do Sul Espanha Greacutecia

Itaacutelia e em especial Portugal ocupavam lugares inferiores no que respeita ao ranking do

IDH (valor meacutedio para os trecircs paiacuteses 0891) gastando tambeacutem menos do que os paiacuteses

escandinavos com funccedilotildees sociais (em meacutedia 25725) Esta aparente correlaccedilatildeo

positiva entre despesa social e o IDH dever-se-aacute certamente agrave protecccedilatildeo social e

econoacutemica dos cidadatildeos realizada atraveacutes desta via pelo Estado com vista a diminuir as

desigualdades entre indiviacuteduos mais ricos e mais pobres para que estes possam ter

acesso agraves mesmas oportunidades contribuindo dessa forma para um paiacutes mais

homogeacuteneo e permitindo tambeacutem potencialmente melhorar o desempenho

macroeconoacutemico

No que diz respeito agrave Uniatildeo Europeia (UE) os paiacuteses escandinavos situados no

Norte da Europa Dinamarca Finlacircndia e Sueacutecia tecircm efectivamente registado de forma

sustentada niacuteveis de rendimento e produtividade superiores aos paiacuteses do Sul Espanha

Greacutecia Portugal e Itaacutelia Com efeito em 2012 e de acordo com dados do Eurostat os

paiacuteses escandinavos registavam um PIB real per capita entre os mais elevados da UE-

28 ocupando a segunda quarta e seacutetima posiccedilotildees em 28 possiacuteveis respectivamente

enquanto os paiacuteses do Sul se ficavam por lugares intermeacutedios muito proacuteximos ou jaacute na

metade inferior da tabela Esta situaccedilatildeo poderaacute estar relacionada com a visatildeo que cada

grupo de paiacuteses tem acerca da participaccedilatildeo do Estado na economia e na sociedade em

geral e em particular no que respeita agraves funccedilotildees sociais deste Com efeito o modelo e a

dimensatildeo do Estado Social satildeo muito diferentes entre os paiacuteses escandinavos e a

periferia europeia quer ao niacutevel da abrangecircncia dos apoios sociais quer ao niacutevel das

2

aacutereas onde se verifica uma maior despesa sendo os primeiros os que apresentam

melhores desempenhos a niacutevel macroeconoacutemico Eacute por isso adequado reflectir sobre o

potencial papel do Estado Social e em particular da despesa puacuteblica associada na

explicaccedilatildeo das diferenccedilas de desempenho macroeconoacutemico entre estes dois grupos de

paiacuteses

Esta reflexatildeo assume particular interesse numa conjuntura em que os paiacuteses

perifeacutericos enfrentam uma crise ao niacutevel da sustentabilidade das financcedilas puacuteblicas que

levou a que tivessem sido feitos cortes e reformulaccedilotildees do seu modelo de Estado Social

Surgem assim algumas questotildees pertinentes seraacute que a reestruturaccedilatildeoreduccedilatildeo do

Estado Social poderaacute agravar ainda mais o desempenho econoacutemico destes paiacuteses Ou

seraacute que o problema reside na questatildeo de eficiecircncia do modelo adoptado

O principal objectivo deste trabalho eacute assim fazer uma comparaccedilatildeo entre o Norte

(Escandinaacutevia) e o Sul da Europa relativamente ao potencial papel do Estado Social no

crescimento econoacutemico analisando a importacircncia atribuiacuteda pelos Estados a

determinadas aacutereas de intervenccedilatildeo social atraveacutes da despesa realizada nas mesmas Para

o efeito seraacute efectuada uma anaacutelise de estatiacutestica descritiva de indicadores relevantes

para a caracterizaccedilatildeo econoacutemica e social dos dois grupos de paiacuteses em anaacutelise e em

particular relativos ao seu desempenho em termos de crescimento e despesa social

recorrendo-se a dados do Eurostat OCDE e Banco Mundial O periacuteodo em anaacutelise seraacute

de 1985 ateacute 2010 sempre que possiacutevel

O restante trabalho encontra-se organizado da forma que a seguir se descreve A

secccedilatildeo 2 conteacutem uma revisatildeo da literatura sobre os potenciais mecanismos de

transmissatildeo do Estado Social relativamente ao crescimento econoacutemico bem como a

sistematizaccedilatildeo dos resultados de alguns estudos empiacutericos anteriores Na secccedilatildeo 3 eacute

feita uma caracterizaccedilatildeo das principais diferenccedilas e semelhanccedilas dos paiacuteses em anaacutelise

em termos econoacutemicos e sociais com base num conjunto de indicadores relevantes

Segue-se a secccedilatildeo 4 onde se reflecte com base numa anaacutelise de estatiacutestica descritiva

sobre a potencial relaccedilatildeo entre a despesa social e o crescimento econoacutemico na amostra

seleccionada Finalmente a secccedilatildeo 5 conteacutem as principais conclusotildees

2 Estado Social qual a sua importacircncia para o crescimento econoacutemico

O conceito de Estado Social eacute um conceito que natildeo apresenta uma definiccedilatildeo

precisa Na tentativa de definir o que eacute o Estado Social Andrade Duarte e Simotildees

(2013 p4) afirmam que de ldquoum modo geral se pode entender o Estado Social como um

3

Estado em que o governo utiliza uma parcela importante dos recursos nacionais para

oferecer serviccedilos que beneficiam indiviacuteduos ou famiacutelias que preencham determinados

criteacuterios ou seja que se destinam a ser consumidos individualmente por oposiccedilatildeo ao

consumo colectivo de bens como a defesa nacional ou a seguranccedila internardquo

Estas intervenccedilotildees do Estado tecircm genericamente como objectivo a reduccedilatildeo das

desigualdades na distribuiccedilatildeo do rendimento e a reduccedilatildeo da pobreza promovendo a

igualdade de oportunidades e o bem-estar sendo conseguidas atraveacutes de medidas

destinadas a melhorar o niacutevel de escolaridade e de sauacutede da populaccedilatildeo bem como

medidas de protecccedilatildeo social que englobam por exemplo os subsiacutedios de desemprego

pensotildees de invalidez apoios agraves famiacutelia poliacuteticas activas no mercado de trabalho bem

como as pensotildees concedidas aos reformados As medidas de protecccedilatildeo social destinam-

se assim a prevenir ou minorar situaccedilotildees que possam afectar negativamente o bem-estar

dos indiviacuteduos Por exemplo as poliacuteticas activas no mercado de trabalho visam a raacutepida

reinserccedilatildeo dos desempregados no mercado de trabalho podendo estas contribuir para a

reduccedilatildeo do nuacutemero de pessoas cuja sua uacutenica fonte de rendimento eacute o subsiacutedio de

desemprego mas tambeacutem de todos os desempregados que jaacute nem direito tecircm ao

mesmo com o intuito de lhes garantir o miacutenimo de condiccedilotildees financeiras Por outro

lado a preocupaccedilatildeo do Estado com o bem-estar das populaccedilotildees e com a reduccedilatildeo da

pobreza leva a que este conceda pensotildees aos reformados como forma de garantir que

estes no final das suas vidas activas natildeo fiquem sem qualquer tipo de fonte de

rendimento possibilitando um final de vida com o miacutenimo de condiccedilotildees A utilizaccedilatildeo

destes mecanismos como exemplo demostram dois destinos diferentes da despesa do

Estado Social que tecircm os mesmos objectivos e cuja importacircncia poderaacute ser

consideraacutevel tendo em conta o crescente aumento do nuacutemero de pensionistas e a

elevada taxa de desemprego que se verifica em alguns dos paiacuteses em anaacutelise A poliacutetica

de protecccedilatildeo social de acordo com Damerou (2011 p13) citando a definiccedilatildeo do

Eurostat (2008) ldquoengloba todas as intervenccedilotildees de organismos puacuteblicos ou privados

destinados a apoiar as famiacutelias e indiviacuteduos encargos representados por um conjunto

definido de riscos ou necessidades desde que natildeo exista simultaneamente qualquer

acordo reciacuteproco ou individualrdquo Esta poliacutetica abrange toda a populaccedilatildeo mediante

determinadas condiccedilotildees sendo os apoios atribuiacutedos quer por intermeacutedio de programas

de Seguranccedila Social ou de Assistecircncia Social No entanto as poliacuteticas de protecccedilatildeo

social necessitam de financiamento para serem realizadas mostrando-se assim as

contribuiccedilotildees sociais e os impostos pagos pela populaccedilatildeo importantes para garantir a

4

sustentabilidade financeira deste mecanismo sem comprometer o seu futuro No acircmbito

da sustentabilidade financeira deste mecanismo alguns autores tais como Damerou

(2011) consideram o PIB real per capita determinante natildeo soacute em termos do niacutevel de

bem-estar de uma sociedade mas tambeacutem para fazer diminuir as pressotildees financeiras

sobre a Seguranccedila Social em resultado dos actuais indicadores demograacuteficos que

apontam para um aumento da esperanccedila meacutedia de vida e da diminuiccedilatildeo da natalidade

Estes indicadores segundo o mesmo autor tecircm impacto directo na sustentabilidade

financeira da Seguranccedila Social na medida em que esta ao ser financiada na sua maioria

pela populaccedilatildeo activa a sua diminuiccedilatildeo poderaacute gerar um problema de financiamento

que colocaraacute em causa o actual funcionamento deste sistema daiacute a importacircncia de

existir um niacutevel de riqueza elevado para que possa ser continuada a poliacutetica de

protecccedilatildeo social Assim o niacutevel e a evoluccedilatildeo do produto influenciam de alguma forma o

comportamento da despesa social

De um ponto de vista econoacutemico a poliacutetica de protecccedilatildeo social e da despesa

associada pode ter impactos importantes nomeadamente aceitando a posiccedilatildeo teoacuterica de

que niacuteveis elevados de desigualdade e pobreza tecircm impactos negativos no crescimento

econoacutemico ou seja na criaccedilatildeo de riqueza de uma economia no longo prazo Por outro

lado a literatura econoacutemica tambeacutem aponta para que o crescimento econoacutemico apesar

de aumentar as desigualdades em fases iniciais possa diminuir a pobreza como referem

Barrientos e Scott (2008 p9) ldquoum forte crescimento econoacutemico eacute essencial para a

reduccedilatildeo da pobreza e eacute estimado que cerca de 80 da diminuiccedilatildeo da pobreza ocorrida

na deacutecada de 80 tenha sido conseguida atraveacutes do crescimento econoacutemicordquo

Na perspectiva dos modelos de crescimento exoacutegeno como o que foi

desenvolvido por Solow (1956) este com a criaccedilatildeo do seu modelo de crescimento

econoacutemico afirmou que a taxa de crescimento de longo prazo natildeo eacute influenciada pela

despesa em protecccedilatildeo social uma vez que o crescimento econoacutemico apenas eacute afectado

por factores demograacuteficos e tecnoloacutegicos exoacutegenos ao modelo Jaacute na perspectiva de

alguns modelos de crescimento endoacutegeno estes segundo Damerou (2011) apontam

para que a desigualdade na distribuiccedilatildeo do rendimento iniba o crescimento econoacutemico

como jaacute fora dito anteriormente Este mesmo autor recorrendo ao trabalho de Solimano

(2000) afirma que a instabilidade poliacutetica trazida pelas desigualdades podem levar a

uma diminuiccedilatildeo do investimento puacuteblico e do investimento privado das famiacutelias com

baixos rendimentos podendo tal reflectir-se num niacutevel de produto mais baixo

5

Apesar do Estado Social visar em primeiro lugar a protecccedilatildeo dos mais

desprotegidos economicamente ou que enfrentam situaccedilotildees inesperadas com o

desemprego ou doenccedila pode em simultacircneo potenciar o crescimento econoacutemico Neste

acircmbito Furceri e Zdzienicka (2012) defendem a existecircncia de alguns mecanismos

atraveacutes dos quais a despesa social potencia o crescimento do produto Segundo estes

autores a criaccedilatildeo de poliacuteticas que incidam de uma forma activa no mercado de trabalho

podem levar ao aumento do produto atraveacutes da criaccedilatildeo de emprego assim como o

aumento dos gastos sociais ao niacutevel de indiviacuteduos com baixos rendimentos e com

dificuldades na obtenccedilatildeo de creacutedito poderaacute estar relacionado com o aumento do

consumo privado uma vez que o aumento de rendimento incentiva ao aumento da

procura por parte das famiacutelias estimulando as empresas a produzir e aumentando assim

o produto de um paiacutes Outro autor que defende em parte estas ideias eacute Damerou (2011)

que afirma que os gastos em subsiacutedios de desemprego ou em prestaccedilotildees concedidas a

famiacutelias com crianccedilas por exemplo poderatildeo para aleacutem de reduzir as desigualdades de

rendimentos levar ao aumento do consumo das famiacutelias Assim a despesa social

permite agraves empresas tomar decisotildees de investimento pois sabem que teratildeo procura e

desta forma levar a um aumento da capacidade produtiva ou seja ao crescimento

econoacutemico

Por sua vez a concessatildeo de apoios em outras aacutereas como a educaccedilatildeo ou sauacutede

poderatildeo contribuir para a acumulaccedilatildeo de capital humano1 que em conjunto com o

capital fiacutesico e em especial nas economias modernas que querem o seu crescimento

baseado no conhecimento poderaacute ter impacto positivo no comportamento das

economias A acumulaccedilatildeo de capital humano pode traduzir-se em ganhos de

produtividade a niacutevel agregado pois os trabalhadores adquirem competecircncias teacutecnicas e

fiacutesicas que lhes permitiratildeo desempenhar as suas funccedilotildees de uma forma mais eficiente

mas que tambeacutem se transmitem a outros que com eles trabalhem tornando assim a taxa

de retorno dos investimentos individuais em sauacutede e educaccedilatildeo maior para a sociedade

do que para os indiviacuteduos Por outro lado nas economias baseadas no conhecimento em

que o progresso teacutecnico eacute o principal motor do crescimento econoacutemico o capital

1 De acordo com a OCDE (1998) o capital humano pode ser definido como ldquoo conhecimento as

aptidotildees as competecircncias e outros atributos incorporados nos indiviacuteduos que satildeo relevantes para a

actividade econoacutemicardquo Por outro lado como refere Gonccedilalves (2002 p10) citando Shuller (2000) o

ldquocapital humano baseia-se no comportamento econoacutemico dos indiviacuteduos especialmente na forma como a

respectiva acumulaccedilatildeo de conhecimento e aptidotildees permite aumentar a sua produtividade e os seus

ganhos bem como aumentar a produtividade e sauacutede das sociedades em que vivemrdquo

6

humano eacute um factor de produccedilatildeo de novas ideias logo essencial para garantir um

crescimento econoacutemico sustentaacutevel

Um outro factor que poderaacute em conjunto com o capital humano potenciar o

crescimento econoacutemico eacute o capital social Neste aspecto a existecircncia de um Estado

Social que desempenhe de forma adequada as suas funccedilotildees poderaacute contribuir para a

acumulaccedilatildeo de capital social Gonccedilalves (2002 p32) citando Shuller (2000) descreve

o capital social como sendo ldquobaseado em termos de organizaccedilotildees normas e confianccedila e

o modo como as uacuteltimas permitem aos agentes e instituiccedilotildees serem mais eficientes na

obtenccedilatildeo de objectivos comunsrdquo

Relativamente ao impacto do capital social no crescimento econoacutemico Bergh

(2011) afirma que estudos recentes apontam para que o niacutevel de confianccedila possa

explicar como os paiacuteses como a Sueacutecia podem se desenvolver e continuar os seus

abrangentes sistemas de promoccedilatildeo do bem-estar social apesar do risco de evasatildeo fiscal

ou de uma maacute distribuiccedilatildeo dos apoios Bergh (2011) tambeacutem salienta a existecircncia de

estudos que comprovam que a confianccedila tem impacto positivo na economia sendo este

ilustrado atraveacutes de um exemplo comparativo entre a Sueacutecia e os EUA onde 64 de

suecos acham que podem confiar uns nos outros em detrimento dos apenas 41 de

americanos que acham o mesmo podendo levar a que a economia sueca cresccedila

anualmente mais 05 pontos percentuais que os EUA

No entanto a literatura econoacutemica natildeo constata apenas que existem efeitos

positivos entre a despesa social e o crescimento econoacutemico No que diz respeito agrave

relaccedilatildeo negativa entre estas duas variaacuteveis autores como Izaacutek (2011) afirmam que a

distribuiccedilatildeo dos subsiacutedios e de outros apoios por parte do Estado e Social diminuem o

crescimento econoacutemico devido aos incentivos negativos que estes transmitem aos

agentes econoacutemicos por exemplo ao niacutevel dos desincentivos ao trabalho contribuindo

assim para a diminuiccedilatildeo da produtividade e do crescimento Para aleacutem deste autor

Furceri e Zdzieniecka (2012) apontam para que o crescimento da despesa social possa

estar relacionado com os incentivos agrave reforma antecipada e com os subsiacutedios de

invalidez que levam a uma diminuiccedilatildeo da forccedila de trabalho traduzindo-se essa

diminuiccedilatildeo num efeito negativo no crescimento do produto

No que respeita a estudos empiacutericos sobre a relaccedilatildeo entre despesa social e o

crescimento econoacutemico os resultados natildeo satildeo conclusivos com alguns estudos

empiacutericos a apontar para uma relaccedilatildeo positiva e outros para uma relaccedilatildeo de sinal

negativo dependo do tipo de despesa e do niacutevel de desenvolvimento do paiacutes a que nos

7

referimos De forma a compreender a relaccedilatildeo entre despesa social do Estado e

crescimento econoacutemico Afonso e Allegre (2008) no seu trabalho empiacuterico recorreram

a dados referentes a despesa social em 27 paiacuteses europeus e procuraram atraveacutes de um

estudo economeacutetrico verificar se esta contribuiacutea para o crescimento econoacutemico dos

mesmos paiacuteses Os resultados deste estudo apontaram para a existecircncia de um impacto

negativo entre os gastos em educaccedilatildeo e em protecccedilatildeo social no crescimento econoacutemico

mas tambeacutem para um efeito positivo da despesa em educaccedilatildeo no crescimento

econoacutemico De forma a estudar mais uma vez os efeitos entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico Izaacutek (2011) desenvolveu um estudo que assentava no caacutelculo

dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre valores meacutedios da despesa social em aacutereas como a

educaccedilatildeo sauacutede e protecccedilatildeo social e taxa de crescimento do PIB No entanto o periacuteodo

em anaacutelise foi relativamente curto devido agrave falta de dados sendo os dados da despesa

social referentes ao periacuteodo entre 2002 e 2006 e as estimativas de crescimento para o

periacuteodo de 2006 a 2008 Para realizar este estudo foram utilizados dados agregados

relativos agraves despesas sociais dos 25 paiacuteses pertencentes agrave UE a partir de 2004 a que

deram o nome de EU-25 Contudo para analisar esta a relaccedilatildeo entre despesa social e

crescimento econoacutemico a amostra de 25 paiacuteses foi separada em duas sendo a primeira

relativa aos 15 paiacuteses pertencentes agrave UE a partir de Janeiro de 1995 os EU-15 e a

segunda aos 10 que passaram a pertencer a partir de Maio de 2004 os denominados EU-

10

Os resultados do estudo apontam para valores negativos ao niacutevel do coeficiente

de correlaccedilatildeo entre a despesa social em termos globais das trecircs amostras e o crescimento

econoacutemico sendo que como salienta o mesmo autor o coeficiente de correlaccedilatildeo eacute mais

baixo nos paiacuteses que constituem o primeiro grupo e mais alto nos paiacuteses que mais

recentemente formam parte da UE

Izaacutek (2011) procurou tambeacutem estudar os efeitos das vaacuterias componentes da

despesa social ao niacutevel do crescimento econoacutemico Para o efeito foi calculado o

coeficiente de correlaccedilatildeo entre a despesa em protecccedilatildeo social a despesa em educaccedilatildeo e

por fim entre a despesa em sauacutede e o crescimento econoacutemico Os resultados do autor

enfatizam que a despesa social em qualquer destas aacutereas tem um impacto negativo no

crescimento econoacutemico verificaacutevel em todos os grupos analisados sendo reforccedilado o

facto surpreendente de haver uma correlaccedilatildeo negativa entre a despesa em sauacutede e o

crescimento econoacutemico

8

Outros estudos relativos ao impacto da despesa social no crescimento econoacutemico

foram desenvolvidos como eacute o caso de Wang (2011) que se foca na estimaccedilatildeo da

relaccedilatildeo entre a despesa do Estado na aacuterea da sauacutede e o crescimento econoacutemico para

uma amostra de 20 paiacuteses em desenvolvimento entre 1990 e 2009 O autor analisa a

relaccedilatildeo existente entre os gastos em sauacutede e o PIB atraveacutes do teste de cointegraccedilatildeo em

painel de Engle-Granger Os resultados apontam para a existecircncia de causalidade

bilateral ou seja para que o crescimento econoacutemico esteja relacionado com o aumento

dos gastos em sauacutede e para que os gastos em sauacutede tenham um impacto positivo no

crescimento econoacutemico Neste aspecto os resultados demonstram que no longo prazo

os gastos em sauacutede podem levar ao crescimento do produto ilustrando a importacircncia

dos apoios do Estado no sector da sauacutede para criar uma populaccedilatildeo fisicamente mais apta

e produtiva

Uma outra anaacutelise empiacuterica foi realizada por Baldacci et al (2004) que

relacionaram a despesa social com o capital humano na forma de educaccedilatildeo e sauacutede e o

seu impacto no crescimento econoacutemico usando dados em painel relativos a 120 paiacuteses

em vias de desenvolvimento para o periacuteodo de 1975 a 2000 Para a anaacutelise da relaccedilatildeo

recorreram a um estudo economeacutetrico sob a forma de um sistema de quatro equaccedilotildees

relativas ao crescimento do rendimento per capita ao investimento educaccedilatildeo e sauacutede

Com o estudo pretenderam demonstrar que as despesas sociais em sauacutede e em educaccedilatildeo

tinham um contributo positivo para acumulaccedilatildeo de capital humano que se veio a provar

como verdadeiro assim como o efeito positivo daquele no crescimento econoacutemico

Furceri e Zdzienicka (2012) investigam os efeitos dos gastos sociais no

crescimento econoacutemico num conjunto de paiacuteses pertencentes agrave OCDE para o periacuteodo

entre 1980 e 2005 Os autores recorrem a uma regressatildeo economeacutetrica concluindo que

um aumento de 1 no niacutevel de gastos sociais leva a um aumento do crescimento

econoacutemico em cerca de 012 pontos percentuais apoacutes um ano Numa segunda fase

utilizaram uma outra regressatildeo economeacutetrica tendo como objectivo estudar o impacto

da despesa social no crescimento econoacutemico com a inclusatildeo de alguns desfasamentos

do PIB verificando que no caso de um aumento de 1 dos gastos sociais em

percentagem do PIB leva a que o produto aumente em cerca de 057 pontos percentuais

sendo que as aacutereas que mais contribuiacuteram para este aumento foram os gastos em sauacutede e

com os subsiacutedios de desemprego

Outros estudos como o de Andrade et al (2013) procuraram estudar a relaccedilatildeo

entre as despesas em sauacutede e educaccedilatildeo e o crescimento econoacutemico Recorreram a uma

9

amostra de paiacuteses de vaacuterias regiotildees do mundo onde foram excluiacutedos os ex-paiacuteses

socialistas os paiacuteses que produzem essencialmente petroacuteleo e os que tinham vivido ateacute

haacute pouco tempo conflitos armados Separaram-se os paiacuteses tendo em conta o seu niacutevel

de rendimento e desenvolveram um estudo economeacutetrico para verificar o efeito da

despesa entre educaccedilatildeo e sauacutede na variaacutevel dependente PIB real per capita Os

resultados mostram de forma incontestaacutevel que os gastos em educaccedilatildeo e sauacutede tecircm

efeitos positivos no crescimento do PIB per capita de qualquer dos grupos de paiacuteses

Por fim Fic e Ghate (2005) desenvolveram um estudo com o intuito de

averiguar a relaccedilatildeo entre o Estado Social e o crescimento econoacutemico para uma amostra

de 19 paiacuteses pertencentes agrave OCDE entre os quais se incluiacuteam paiacuteses como a Dinamarca

Finlacircndia e a Sueacutecia entre 1950 e 2001 Este estudo utilizou um modelo dinacircmico de

crescimento desenvolvido anteriormente por um dos autores Ghate e Zak (2002) que

permitiu chegar agrave conclusatildeo de que a razatildeo para haver uma quebra no crescimento

econoacutemico poderaacute estar relacionado com o Estado Social Tal se justifica segundo os

autores pelo facto de no periacuteodo que antecede a quebra de crescimento a elevada taxa

de crescimento que se verifica induzir ao crescimento da despesa social Ao longo do

tempo o aumento do Estado Social leva assim agrave diminuiccedilatildeo do crescimento econoacutemico

que no Longo Prazo espera-se que leve agrave reduccedilatildeo do Estado Social Os resultados

segundo os autores sugerem que paiacuteses com um baixo crescimento econoacutemico tenham

que fazer cortes ao niacutevel da despesa com o Estado Social Estes consideram que o iniacutecio

da deacutecada de 70 foi o periacuteodo no qual foi mais visiacutevel esta relaccedilatildeo pois o baixo

crescimento econoacutemico verificado entre 1970 e 1975 foi o precedido da existecircncia de

um Estado Social de dimensotildees consideraacuteveis

Em jeito de conclusatildeo verificamos que os resultados dos estudos desenvolvidos

por Andrade et al (2013) e Baldacci et al (2004) apontam para um efeito positivo entre

a despesa social em educaccedilatildeo e sauacutede e o crescimento econoacutemico Furceri e Zdzienicka

(2012) considerando a despesa social em todas as aacutereas de intervenccedilatildeo do Estado Social

tambeacutem apontam para o contributo positivo desta no crescimento econoacutemico Quanto ao

estudo desenvolvido por Izaacutek (2011) este aponta para uma relaccedilatildeo negativa entre as

vaacuterias componentes da despesa social e o crescimento econoacutemico Os resultados

opostos podem ser fruto do niacutevel de desenvolvimento da amostra de paiacuteses utilizada

pois parece que a utilizaccedilatildeo de paiacuteses mais desenvolvidos apontam para um efeito

negativo e a utilizaccedilatildeo de alguns paiacuteses em desenvolvimento aponte para um efeito

positivo

10

3 Caracterizaccedilatildeo econoacutemico-social dos paiacuteses em anaacutelise

Neste ponto seraacute feita uma caracterizaccedilatildeo econoacutemico-social dos paiacuteses em

anaacutelise Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia trecircs paiacuteses escandinavos onde o Estado Social

haacute muito eacute uma realidade e Portugal Espanha Itaacutelia e Greacutecia paiacuteses da chamada

periferia Europeia onde o Estado social eacute uma realidade mais recente essencialmente

desde os meados dos anos 80 salientando as suas semelhanccedilas e diferenccedilas

O objectivo eacute enquadrar a anaacutelise mais especiacutefica da secccedilatildeo seguinte sobre a

potencial relaccedilatildeo entre o desempenho em termos de crescimento econoacutemico e a despesa

social total e por diferentes categorias Sempre que possiacutevel a comparaccedilatildeo entre paiacuteses

seraacute realizada ao longo do periacuteodo 1985-2010 No entanto dada a indisponibilidade de

dados relativamente a algumas variaacuteveis para alguns paiacuteses o periacuteodo de anaacutelise poderaacute

ser mais curto Eacute importante ter tambeacutem em conta o surgimento da crise de 2007 para

compreender alguns indicadores mais desfavoraacuteveis dos paiacuteses do Sul em relaccedilatildeo ao

Norte nos anos mais recentes

Inicialmente este trabalho procuraraacute discutir as semelhanccedilas e diferenccedilas entre

os dois grupos de paiacuteses relativamente a um conjunto de indicadores sociodemograacuteficos

que podem ter impacto e ser influenciados pela despesa social Em segundo lugar satildeo

apresentados e analisados alguns indicadores econoacutemicos seleccionados segundo a

mesma loacutegica ou seja que podem ter impacto e ser influenciados pela dimensatildeo e

composiccedilatildeo do Estado Social tais como o seu grau de abertura ao comeacutercio

internacional e a respectiva estabilidade macroeconoacutemica sendo utilizado como suporte

da anaacutelise os graacuteficos disponiacuteveis nos Anexos

O graacutefico 1 conteacutem os valores do PIB real per capita expressos em doacutelares a

preccedilos constantes de 2005 que eacute o principal indicador dos diferenciais de niacutevel de vida

do cidadatildeo meacutedio dos diferentes paiacuteses Da observaccedilatildeo do referido graacutefico constatamos

que em 2010 o niacutevel de rendimento por habitante eacute em todos os paiacutes mais elevado do

que o que se verificava em 1985 sendo que nos paiacuteses escandinavos o PIB real per

capita foi sempre relativamente mais elevado que nos restantes paiacuteses No caso da

Sueacutecia e Finlacircndia verificamos que estes em 2010 estes eram os mais ricos tal como jaacute

o eram em 1985 passando o valor desta variaacutevel na Sueacutecia dos 2806538 doacutelares em

1985 para os 4282567 doacutelares em 2010 e na Finlacircndia dos 242344 doacutelares de 1985

para os 3806465 doacutelares em 2010 Os paiacuteses do Sul ou periferia apresentam ao longo

do periacuteodo um PIB real per capita mais baixo nomeadamente Portugal e Greacutecia que

11

apesar de terem aumentado o seu PIB real per capita entre 1985 e 2010 no ano de 2010

Portugal tinha um valor de 1864776 doacutelares e a Greacutecia de 2130896 doacutelares

A opccedilatildeo por comeccedilar a caracterizaccedilatildeo das diferenccedilas entre os paiacuteses da amostra

pelo PIB real per capita deriva em parte do facto de este poder estar relacionado com a

melhoria de alguns indicadores que medem o niacutevel de desenvolvimento humano e que

servem para a construccedilatildeo do Iacutendice de Desenvolvimento Humano como eacute o caso da

diminuiccedilatildeo da taxa de mortalidade infantil e o aumento da esperanccedila meacutedia de vida

Face a isto relativamente ao sector da sauacutede como se pode ver no graacutefico 2 a

esperanccedila meacutedia de vida agrave nascenccedila (EMV) entre 1985 e 2010 aumentou No entanto

apesar de todos os paiacuteses terem registado um aumento da EMV ao longo do periacuteodo

analisado dos paiacuteses escandinavos apenas a Sueacutecia tem no iniacutecio do periacuteodo um valor

superior ao de todos os paiacuteses do Sul Com efeito Espanha Greacutecia e Itaacutelia partem de

uma situaccedilatildeo melhor do que a Dinamarca e a Finlacircndia O paiacutes que regista menor EMV

em 1985 eacute Portugal com 73 anos Em 2010 todos os paiacuteses da periferia ultrapassam os

paiacuteses escandinavos com excepccedilatildeo de Portugal que se manteacutem na uacuteltima posiccedilatildeo

Quanto agrave taxa de mortalidade infantil indicador que traduz o nuacutemero de mortes

de crianccedilas no primeiro ano de vida por cada 1000 nascimentos eacute de imediato

verificaacutevel no graacutefico 3 que ocorreu uma consideraacutevel melhoria neste indicador em

todos os paiacuteses ao longo do periacuteodo analisado Em 1985 a taxa de mortalidade infantil

em Portugal e na Greacutecia era maior do que nos restantes paiacuteses no entanto em 2010 jaacute

registavam um nuacutemero de mortes semelhante aos restantes paiacuteses No caso grego

verificou-se uma passagem das 16 mortes em cada 1000 nascimentos em 1985 para as 4

em 2010 ocorrendo o mesmo em Portugal que passou das 17 para as 4 No que respeita

agrave Escandinaacutevia o nuacutemero de mortes que se verificava no ano de 2010 natildeo era muito

diferente do que se verificava em 1985 e no caso da Finlacircndia houve apenas uma

pequena reduccedilatildeo das 6 para as 2 mortes durante este periacuteodo

A evoluccedilatildeo e composiccedilatildeo demograacutefica dos paiacuteses pode ter um impacto

importante naquela que eacute actualmente uma das componentes da despesa social com

maior peso a despesa com pensotildees Assim atraveacutes da anaacutelise do graacutefico 4 verifica-se

que a taxa de crescimento da populaccedilatildeo em termos anuais foi positiva em todos os

paiacuteses No entanto durante este periacuteodo (1990-2010) apenas Portugal entre 1990 e

1992 registou uma taxa de crescimento negativa que no entanto foi invertida No que

toca ao maior crescimento populacional este deu-se em Espanha entre 1997 e 2003 ao

qual se seguiu apoacutes um periacuteodo de estabilidade entre 2003 e 2007 uma diminuiccedilatildeo

12

acentuada Em termos globais a taxa de crescimento populacional tem vindo a descer

nomeadamente nos paiacuteses do Sul contrariamente aos paiacuteses do Norte Europeu que a

partir de 2000 verificaram um aumento Tal poderaacute dever-se agrave imigraccedilatildeo mas tambeacutem

poderaacute ter-se devido agraves poliacuteticas de apoio agrave natalidade com vista ao combate ao

envelhecimento da populaccedilatildeo Neste acircmbito decompondo a populaccedilatildeo dos paiacuteses da

amostra em faixas etaacuterias populaccedilatildeo jovem (ateacute aos 15 anos de idade) populaccedilatildeo entre

os 15 e 64 anos e populaccedilatildeo idosa (mais de 65 anos) verificamos que existe uma

tendecircncia para a diminuiccedilatildeo da populaccedilatildeo mais jovem face agrave total sendo esse

comportamento mais visiacutevel em Espanha que conforme o graacutefico 5 demonstra em

1985 tinha uma percentagem de jovens de cerca de 233 mas que em 2010

apresentava uma taxa de 149 Um aspecto curioso tem que ver com o facto de neste

periacuteodo de anaacutelise natildeo se ter verificado uma grande diminuiccedilatildeo desta faixa etaacuteria na

Escandinaacutevia sendo que no caso da Dinamarca esta registava em 2010 uma

percentagem de populaccedilatildeo jovem a rondar os 18 os mesmos que em 1985

Por outro lado verifica-se um agravamento do envelhecimento da populaccedilatildeo

com a pior situaccedilatildeo a verificar-se em Itaacutelia e na Greacutecia Entre 1985 e 2010 a

percentagem da populaccedilatildeo italiana com mais de 64 anos passou dos 131 em 1985

para os 203 em 2010 e na Greacutecia verificou-se uma passagem dos 133 para os 19

(ver graacutef 6) Relativamente ao Norte Europeu essa subida eacute mais ligeira e em 2010 a

Finlacircndia apresentava uma percentagem de 171 enquanto que a Dinamarca de 166

No que diz respeito agrave faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entre os 15 e 64 anos verifica-se atraveacutes

do graacutefico 7 que entre 1985 e 1995 a percentagem da populaccedilatildeo compreendida nesta

faixa etaacuteria aumentou No entanto a partir deste periacuteodo verificou-se uma descida dos

valores em alguns paiacuteses como eacute o caso da Itaacutelia onde a populaccedilatildeo pertencente a este

grupo entre 1985 e 2010 passou dos 675 para os 657 resultado talvez de uma

diminuiccedilatildeo da populaccedilatildeo jovem e do aumento da populaccedilatildeo mais idosa podendo isso

dever-se agrave baixa taxa de natalidade

Quanto agrave melhoria dos indicadores relativos agrave educaccedilatildeo verificamos que os

apoios do Estado nesta aacuterea talvez se tenham feito sentir Com efeito de acordo com o

graacutefico 8 a percentagem de populaccedilatildeo activa com apenas o ensino primaacuterio diminuiu

em todos os paiacuteses entre 1995-2010 sendo que no entanto o niacutevel de populaccedilatildeo activa

com apenas este niacutevel de escolaridade eacute mais reduzido nos paiacuteses do Norte como eacute o

caso da Finlacircndia e da Sueacutecia talvez devido ao facto de estes paiacuteses terem tomado haacute

mais tempo consciecircncia da importacircncia da educaccedilatildeo para um bom desempenho

13

econoacutemico (ver graacutef 8) Associado ao comportamento anterior verifica-se que em 2010

existe uma maior percentagem de pessoas com o ensino secundaacuterio e universitaacuterio em

todos os paiacuteses relativamente a 1995 Ao niacutevel do ensino secundaacuterio o graacutefico 9 mostra

que entre 1995 e 2010 verificou-se um aumento de trabalhadores com este niacutevel

acadeacutemico sendo esse impacto maior em Portugal Espanha Greacutecia e Itaacutelia mas no que

toca aos paiacuteses do Norte este nuacutemero foi oscilando Em todo o caso em 1995 os trecircs

paiacuteses escandinavos registavam uma maior percentagem da populaccedilatildeo com o ensino

secundaacuterio relativamente a qualquer dos paiacuteses do Sul sendo em 2010 apenas a

Dinamarca e a Finlacircndia ultrapassadas pela Itaacutelia O niacutevel de escolaridade dos

trabalhadores que mais subiu foi como se pode constatar no graacutefico 10 o universitaacuterio

verificando-se que em paiacuteses como a Finlacircndia a percentagem de trabalhadores com este

niacutevel acadeacutemico passou dos 217 em 1995 para os 373 em 2010 e na Espanha

passou dos 203 para os 33 Neste acircmbito verifica-se em 2010 a Espanha tinha uma

percentagem de indiviacuteduos com ensino superior mais elevada que a Sueacutecia e a

Dinamarca

Outra das componentes da despesa social com mais peso no total eacute a despesa

associada ao subsiacutedio de desemprego Nos anos mais recentes tem-se verificado um

aumento da taxa de desemprego como podemos ver no graacutefico 11 O desemprego pode

por em causa a estabilidade social uma vez que os indiviacuteduos sem emprego ao

perderem a sua fonte de rendimento podem perder qualidade de vida e estarem sujeitos

a situaccedilotildees de pobreza A taxa de desemprego entre 1991 e 2010 foi sempre mais

elevada no Sul em relaccedilatildeo ao Norte Os paiacuteses que apresentavam uma taxa mais elevada

em 2010 foram a Espanha com cerca de 20 seguido da Greacutecia com 125 enquanto

que a taxa de desemprego mais baixa se registou na Escandinaacutevia na Dinamarca onde a

taxa de desemprego em 2010 era de 75

No que diz respeito agrave taxa de desemprego jovem esta tem afectado sobretudo os

jovens do Sul Europeu e parece estar a tornar-se um problema grave para as geraccedilotildees

mais jovens As dificuldades em arranjar emprego podem prender-se com a falta de

experiecircncia por parte dos jovens Como tal estas situaccedilotildees levam a que estes natildeo

tenham nenhum tipo de poupanccedila nem direito a qualquer tipo de subsiacutedio como eacute o caso

do subsiacutedio de desemprego pois natildeo tiveram um passado activo consideraacutevel que lhes

permitisse ter realizado contribuiccedilotildees para a Seguranccedila Social e a ter direito a receber

subsiacutedio de desemprego Por outro lado ao natildeo terem emprego poderatildeo vir a ter

problemas em obter uma boa pensatildeo aquando o final da sua vida activa pois faratildeo

14

menos descontos do que aqueles satildeo necessaacuterios para obter um boa pensatildeo no futuro

podendo estar a comprometer a sua estabilidade financeira apoacutes a sua vida activa No

Norte Europeu paiacuteses como a Dinamarca tecircm investido na resoluccedilatildeo dos problemas

relativos ao desemprego jovem promovendo poliacuteticas de apoio aos jovens que possuem

baixos niacuteveis de estudos e que estejam sem trabalho como salientam Hughes e Borbeacutely-

Pecze (2012) Para tal foram desenvolvidos programas onde os jovens satildeo inseridos em

cursos de formaccedilatildeo praacutetica com vista a que estes adquiram experiecircncia e que os

familiarizem com o local de trabalho promovendo as suas aptidotildees de forma a capacitaacute-

los para o mercado de trabalho para que tragam ganhos de produtividade agrave entidade que

os emprega e consequentemente ao seu paiacutes Ao niacutevel da taxa de desemprego jovem o

graacutefico 12 ajuda-nos a perceber que esta era no ano de 2010 mais elevada na Espanha

com cerca de 424 sendo esta seguida pela Greacutecia com 325 Ao niacutevel das taxas

mais baixas verificamos que que entre 1991 e 2010 quem apresentou a taxa mais baixa

foi a Dinamarca sendo que no ano de 2010 esta apresentava uma taxa de cerca de

139 seguida da Finlacircndia com cerca de 203

Quanto agrave anaacutelise de factores econoacutemicos que possam ser responsaacuteveis pelas

diferenccedilas relativas ao niacutevel de vida iremos comeccedilar por analisar a importacircncia do

sector secundaacuterio e terciaacuterio para o PIB dos diversos paiacuteses na medida em que estes

sectores satildeo os que envolvem uma maior percentagem de indiviacuteduos com habilitaccedilotildees

acadeacutemicas mais elevadas e cujo seu contributo para o produto dos paiacuteses eacute mais

consideraacutevel

No que toca ao sector secundaacuterio verifica-se que entre 1985 e 2010 este tem

vindo a perder importacircncia no PIB de todos os paiacuteses No entanto durante este periacuteodo

verificou-se que o paiacutes que apresentava uma maior percentagem de riqueza gerado por

este sector era Portugal tendo contudo essa importacircncia diminuiacutedo de forma constante

chegando no ano de 2010 a ser de apenas 15 proacuteximo da percentagem da Espanha Eacute

de salientar que a importacircncia deste sector em 2010 era relativamente mais baixa nestes

paiacuteses em relaccedilatildeo agrave Dinamarca ou na Sueacutecia (ver graacutef13) Ao niacutevel do sector terciaacuterio

verificamos atraveacutes do graacutefico 14 que a importacircncia deste sector para a amostra de

paiacuteses em estudo era muito nivelado entre os 60 e os 70 No entanto a partir do ano

2000 verificou-se um aumento relativo da contribuiccedilatildeo deste sector para o PIB dos

vaacuterios paiacuteses sendo de salientar que em 2009 este sector tinha maior peso na produccedilatildeo

de riqueza no caso da Greacutecia contribuindo em cerca de 79 do total do PIB grego

15

enquanto que o mais baixo se verificava na Finlacircndia com cerca de 69 do PIB a ser

gerado por este sector

A anaacutelise da estrutura produtiva de um paiacutes pode ter tambeacutem uma relaccedilatildeo com o

grau de abertura da economia pois este poderaacute trazer algumas vantagens e explicar o

porquecirc de um determinado sector ter ganho mais importacircncia no PIB de um paiacutes Essas

vantagens podem estar relacionadas com a entrada de novos produtos e tecnologias que

normalmente estatildeo relacionados com o sector secundaacuterio e terciaacuterio e que poderatildeo

explicar o crescimento destes sectores Este factor poderaacute ainda estar relacionado com o

niacutevel de educaccedilatildeo de uma populaccedilatildeo pois quanto maior for o desenvolvimento

tecnoloacutegico de um paiacutes tal poderaacute levar agrave necessidade de um reforccedilo na educaccedilatildeo e

formaccedilatildeo profissional para capacitar a matildeo-de-obra para lidar com estas novas

tecnologias Assim o grau de abertura de um paiacutes poderaacute estar relacionado com o

aumento dos gastos em educaccedilatildeo

No que respeita ao grau de abertura da economia medido atraveacutes do volume de

importaccedilotildees e exportaccedilotildees em percentagem do PIB verificou-se que em todos os paiacuteses

em estudo houve uma tendecircncia de crescimento entre 1985 e 2010 Os paiacuteses que no

ano de 2010 apresentavam um grau de abertura mais elevado eram a Dinamarca com

cerca de 953 e a Sueacutecia com cerca de 928 Por outro lado paiacuteses como a Greacutecia e

a Espanha registavam valores muito mais baixos sendo que a Greacutecia apresentava um

niacutevel de cerca de 538 do seu PIB e a Espanha 569 como se pode constatar no

graacutefico 15 No que respeita ao saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes um valor em

percentagem do PIB positivo significa que existe um superavit ou seja que o paiacutes

aumentou os seus activos no estrangeiro Neste aspecto devido agrave falta de dados a

anaacutelise a esta variaacutevel comeccedila a partir de 2003 e consultando a graacutefico 16 verificamos

que ao longo do periacuteodo na Greacutecia Portugal Itaacutelia e Espanha a balanccedila foi sempre

deficitaacuteria sendo as situaccedilotildees mais complicadas a da Greacutecia e a de Portugal que em

2010 apresentavam um deacutefice de 104 e 97 respectivamente Por outro lado a

Dinamarca a Sueacutecia e a Finlacircndia tiveram sempre um excedente

No que toca agrave anaacutelise do saldo orccedilamental este juntamente com a diacutevida puacuteblica

poderaacute ajudar a compreender o estado das financcedilas puacuteblicas de um paiacutes Compreender o

saldo orccedilamental em percentagem do PIB eacute muito importante pois se este demonstrar

um comportamento mais despesista tal iraacute reflectir-se no aumento do endividamento do

Estado que poderaacute ter de levar a uma reduccedilatildeo dos apoios do Estado Social com vista agrave

sustentabilidade financeira do Estado Como forma de controlar as financcedilas puacuteblicas

16

poderatildeo ser necessaacuterios cortes ao niacutevel dos apoios da protecccedilatildeo social bem como a

reduccedilatildeo do orccedilamento do Estado para aacutereas com a sauacutede ou educaccedilatildeo No graacutefico 17 eacute

possiacutevel verificar que no caso de paiacuteses como a Greacutecia Portugal e Itaacutelia no periacuteodo de

estudo verificou-se que estes paiacuteses tiveram sempre um comportamento mais despesista

que os restantes sendo como jaacute vimos esta uma possiacutevel justificaccedilatildeo para o crescimento

da diacutevida puacuteblica nestes paiacuteses Jaacute os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentavam saldos

orccedilamentais mais positivos em relaccedilatildeo aos do Sul da Europa sendo mesmo o saldo

orccedilamental sueco aproximadamente de 0

A diacutevida puacuteblica em percentagem do PIB sempre foi inferior nos paiacuteses do Norte

em relaccedilatildeo aos do Sul Entre 1995 e 2010 verificamos que o niacutevel de diacutevida foi

oscilando no entanto este foi relativamente mais elevado na Greacutecia e na Itaacutelia

chegando no ano de 2010 este a ser cerca de 145 e 1194 do seu PIB

respectivamente No caso da Sueacutecia verificou-se ao longo deste periacuteodo uma tendecircncia

de descida e em 2010 este era de 394 (ver graacutef 18) Um outro factor que pode ter

feito aumentar o niacutevel de diacutevida de alguns paiacuteses do Sul da Europa a partir de 2005

pode ter que ver com o surgimento da crise econoacutemica de 2007 que agravou ainda mais

o niacutevel de diacutevida destes paiacuteses que era jaacute elevado como satildeo exemplos a Greacutecia e

Portugal

Em resumo verificamos que em termos globais os indicadores soacutecio-

econoacutemicos do Sul da Europa satildeo piores que os do Norte Europeu Contudo as

diferenccedilas tecircm vindo a diminuir Por exemplo os indicadores relativos agrave sauacutede e agrave

educaccedilatildeo tecircm demonstrado francas melhorias que talvez resultem do facto dos estados

terem reforccedilado os apoios ao niacutevel destas funccedilotildees sociais Haacute no entanto que ter em

conta que no caso do Sul Europeu o crescente aumento da diacutevida puacuteblica poderaacute

dificultar a continuidade desta acccedilatildeo na medida em que poderaacute levar agrave necessidade de

reformulaccedilotildees que passem por cortes no Estado Social com vista a fazer face ao

crescente endividamento destes Os Estados do Sul Europeu natildeo devem contudo no

periacuteodo actual de crise esquecer a importacircncia que estes sectores tecircm para a coesatildeo

social e potencialmente para o desempenho econoacutemico

4 Despesa Social e Crescimento Econoacutemico anaacutelise comparada de alguns dados

Nesta secccedilatildeo seraacute realizada uma anaacutelise de estatiacutestica descritiva que teraacute como

principal objectivo uma anaacutelise comparada dos dois grupos de paiacuteses em termos de

crescimento econoacutemico e despesa social agregada e por diferentes componentes entre

17

1985 e 2010 Por uacuteltimo procura-se verificar se o sinal da correlaccedilatildeo esperada entre a

despesa social do Estado e o comportamento do produto estaacute de acordo com a literatura

econoacutemica Para tal realizamos apenas uma anaacutelise muito simples e preliminar baseada

no caacutelculo de coeficientes de correlaccedilatildeo entre as despesas em sauacutede educaccedilatildeo e as

vaacuterias componentes da despesa em protecccedilatildeo social e respectivamente o PIB per capita

e a taxa de crescimento do mesmo

Esta anaacutelise foi realizada tendo em conta todos os dados disponiacuteveis na base de

dados da OECD Social Expenditure Database ao niacutevel dos gastos com sauacutede e

protecccedilatildeo social e com os dados disponiacuteveis do Banco Mundial relativamente a despesa

em educaccedilatildeo PIB real per capita para todos os paiacuteses em anaacutelise no periacuteodo entre 1985

e 2010

Antes de passarmos agrave anaacutelise comparada da despesa social e suas componentes

nos paiacuteses da nossa amostra detenhamo-nos na comparaccedilatildeo da respectiva prestaccedilatildeo em

termos de crescimento econoacutemico de acordo com os dados relativos agraves taxas meacutedias de

crescimento anual do PIB real per capita entre 1985 e 2010 e alguns sub-periacuteodos (ver

Quadro 1) Ao longo do periacuteodo total 1985-2010 Portugal e a Espanha foram os paiacuteses

que mais cresceram o que natildeo eacute de estranhar uma vez que partiram de valores do PIB

real per capita dos mais baixos do grupo Seguem-se a estes os paiacuteses escandinavos

Finlacircndia Sueacutecia e Dinamarca enquanto que a Greacutecia e a Itaacutelia foram os paiacuteses que

menos cresceram No caso da Greacutecia a situaccedilatildeo eacute mais insoacutelita uma vez que tal como

Portugal e Espanha partiu de um niacutevel de rendimento relativamente mais baixo e assim

sendo o potencial de crescimento e convergecircncia deveria ter sido superior ao dos paiacuteses

mais ricos Se dividirmos o periacuteodo total em anaacutelise em trecircs sub-periacuteodos 1985-95

1995-05 e 2005-10 verificamos que o desempenho relativo dos paiacuteses se vai alterando

Assim por exemplo a boa prestaccedilatildeo de Portugal entre 1985-2010 parece ter sido

consequecircncia do seu elevado crescimento relativo entre 1985 e 1995 enquanto que nos

outros dois sub-periacuteodos a taxa meacutedia de crescimento anual do seu PIB real per capita eacute

das mais baixas do grupo Os paiacuteses escandinavos tecircm taxas de crescimento relativas

mais elevadas essencialmente entre 1995 e 2005 enquanto a Espanha e a Greacutecia

melhoram o desempenho relativo no segundo e terceiro sub-periacuteodos em especial a

Espanha Em todo o caso registou-se um acentuado abrandamento e do crescimento nos

uacuteltimos cinco anos com a Itaacutelia Sueacutecia Finlacircndia e Portugal a registarem mesmo taxas

crescimento negativas Este fenoacutemeno natildeo pode deixar de ter em conta o iniacutecio da crise

econoacutemica e financeira que teve o seu comeccedilo em 2007-2008

18

Quadro 1 Taxas meacutedias de crescimento anual do PIB real per capita 1985 a 2010

Periacuteodos Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

1985-1995 1639 0940 0555 2140 3600 2698 0970

1995-2005 1682 3377 3243 1128 2025 2591 2831

2005-2010 0025 -0267 0198 -0145 -0441 0207 -0229

1985-2010 1221 1806 1461 1131 2333 2024 1690

Fonte Caacutelculos do autor com base em dados do Banco Mundial

No que diz respeito agrave anaacutelise comparada entre a despesa social dos paiacuteses em

estudo iremos comeccedilar por comparar os niacuteveis de gastos sociais totais2 em percentagem

do PIB ao longo do periacuteodo total 1985-2010 (ver graacutefico 19) Durante todo este periacuteodo

eacute possiacutevel verificar que os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentaram um niacutevel de gastos

sociais totais superior ao dos paiacuteses do Sul Europeu O paiacutes que apresentou um niacutevel de

gastos mais elevado durante a maior parte deste periacuteodo foi a Sueacutecia que apenas o

deixou de ser quando a Dinamarca se assumiu como o paiacutes que mais gastou em despesa

social em 2010 cerca de 306 do PIB Quanto agrave Finlacircndia esta no ano de 2010

tambeacutem ultrapassa a Sueacutecia ao niacutevel de uma maior despesa social Contudo no caso

finlandecircs verifica-se que entre os anos de 1990 e 1992 ocorreu um aumento

consideraacutevel na despesa social ao qual se sucede uma diminuiccedilatildeo gradual dos gastos ateacute

2000 No entanto tal como a Dinamarca e a Sueacutecia este paiacutes apresentava ainda um

niacutevel de gastos superiores ao dos paiacuteses do Sul cerca de 243 do PIB No que respeita

aos paiacuteses da periferia tambeacutem designados paiacuteses do Sul verifica-se que o paiacutes que

mais se conseguiu aproximar do niacutevel de despesa dos paiacuteses da Escandinaacutevia foi a Itaacutelia

que no ano de 2010 gastava cerca de 277 do seu PIB em gastos sociais enquanto que

a Sueacutecia cerca de 283 No entanto verificamos que a Itaacutelia em algumas ocasiotildees foi

ultrapassada pelo niacutevel de gastos da Espanha como eacute o caso do subperiacuteodo entre 1989 e

1996 Quanto aos paiacuteses que canalizaram uma menor percentagem do PIB para a

despesa social verificam-se que estes foram a Espanha Greacutecia e Portugal

Relativamente a estes dois uacuteltimos verificou-se que a Greacutecia apresentava em 1985 um

niacutevel de despesa social consideravelmente maior que Portugal cerca de 161 face aos

101 do PIB de Portugal no entanto essa diferenccedila foi diminuindo Tal resulta de um

2 Os gastos sociais totais incluem a despesa em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado laboral apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social

exceptuando os apoios em educaccedilatildeo

19

evidente aumento da despesa em Portugal e um teacutenue crescimento da Despesa Social

grega chegando Portugal no ano de 2002 a ultrapassar a Greacutecia e no ano de 2010

apresentava um niacutevel de despesa mais elevado de despesa que a Greacutecia cerca de 254

face aos 233 da Greacutecia Na globalidade verificou-se uma tendecircncia de crescimento

contiacutenuo nos paiacuteses escandinavos ateacute ao iniacutecio da deacutecada de 90 seguido de uma

diminuiccedilatildeo ateacute cerca de 2000 No Sul a tendecircncia eacute de crescimento sustentado para a

Greacutecia e Portugal e de oscilaccedilotildees na Espanha e Itaacutelia Eacute tambeacutem notoacuterio que apoacutes a crise

de 2007-08 se verifica de novo um crescimento da despesa relativamente aos paiacuteses do

Norte

No seguimento da anaacutelise comparativa da despesa social em termos globais

efectua-se agora um estudo comparativo entre a despesa do Estado nas vaacuterias

componentes da despesa social educaccedilatildeo sauacutede e protecccedilatildeo social e dentro de estas

com o pagamento de pensotildees de reforma subsiacutedios de invalidez politicas activas do

mercado de trabalho apoios agraves famiacutelias e subsiacutedio de desemprego que correspondem agrave

maioria da despesa social nestes paiacuteses

De acordo com os graacuteficos 20 e 21 os niacuteveis de despesa social quer em sauacutede e

quer em educaccedilatildeo respectivamente dos paiacuteses do Norte face aos do Sul medidos em

percentagem do seu PIB entre 1985 e 2010 satildeo maiores no primeiro grupo de paiacuteses

relativamente ao segundo agrave excepccedilatildeo da Finlacircndia que depois de um periacuteodo de

diminuiccedilatildeo da despesa em sauacutede entre 1992 e 1998 para cerca dos 53 do PIB

verifica de novo um aumento para os 67 verificados em 2010 No entanto situava-se

aqueacutem do verificado em Itaacutelia Espanha e Portugal no mesmo ano que era

respectivamente 73 713 e 712 do PIB Assim sendo a Finlacircndia encontrava-se

soacute a frente da Greacutecia que possuiacutea um niacutevel de gastos de 64 do PIB (ver graacutef 20 e 21)

Nota-se tambeacutem no que diz respeito agrave despesa em sauacutede que a Sueacutecia e a Dinamarca

foram quem mais despenderam nesta aacuterea com niacuteveis de despesa semelhantes Contudo

a partir de 1999 o niacutevel de despesa da Dinamarca passa para frente do da Sueacutecia

tornando-se assim o paiacutes com maior despesa em sauacutede chegando a 2010 a apresentar

um valor de cerca de 94 do PIB face aos 77 da Sueacutecia Eacute importante salientar que

todos os paiacuteses do Sul da Europa verificaram um crescimento sustentado que se traduz

em valores de despesa em sauacutede em percentagem do PIB maiores em 2010 que em

1985 Por fim importa destacar que entre 2009 e 2010 verificou-se uma diminuiccedilatildeo da

despesa para todos os paiacuteses por ventura efeitos da crise que comeccedilou um par de anos

antes

20

No que toca agrave educaccedilatildeo como jaacute foi referido os paiacuteses da Escandinaacutevia

apresentam durante o periacuteodo em anaacutelise um niacutevel de despesa superior nesta mateacuteria em

relaccedilatildeo aos paiacuteses da periferia Neste contexto verificamos que as diferenccedilas relativas

aos niacuteveis de despesa dos vaacuterios paiacuteses em educaccedilatildeo se encontram melhor clarificadas

que as diferenccedilas ao niacutevel da despesa em sauacutede agrave excepccedilatildeo dos anos entre 1987 e 1990

em que os valores da despesa portuguesa foram semelhantes ao da espanhola e dos anos

de 2007 e 2008 em que os valores da Itaacutelia foram semelhantes aos da Espanha Feitas

estas consideraccedilotildees verifica-se a existecircncia de um maior niacutevel de despesa em educaccedilatildeo

por parte da Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia ao longo do periacuteodo e no ano de 2009 o

valor da despesa era respectivamente de 83 72 e 68 do PIB No que toca aos

restantes paiacuteses da amostra os paiacuteses do Sul verificamos que o niacutevel de despesa grego e

portuguecircs foi aumentando chegando o portuguecircs a tornar-se o mais elevado entre os

restantes paiacuteses da periferia a partir de 1994 sem nunca esquecer a ausecircncia de dados

para o ano de 1997 e para a Greacutecia entre 2005 e 2010 No ano de 1994 o valor gasto por

Portugal era cerca de 46 chegando a 2010 aos 56 do PIB Jaacute relativamente agrave Itaacutelia

considerando a quebra de dados para este paiacutes verificamos que esta se encontrava no

topo dos paiacuteses do Sul que mais gastavam nesta aacuterea no entanto como jaacute foi referido

esta foi ultrapassada por Portugal e ateacute mesmo a Espanha a partir de 2007 paiacuteses que

tinham nesse ano respectivamente um niacutevel de gastos de 51 e 434 do PIB face

aos 426 do PIB verificados na Itaacutelia

Relativamente agrave despesa em protecccedilatildeo social entre os paiacuteses em anaacutelise e no

que diz respeito niacutevel gastos em pagamentos de pensotildees de reforma verificamos que

natildeo existe um grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 22) Neste capiacutetulo

verifica-se que em todos os paiacuteses o niacutevel de gastos nesta mateacuteria foi oscilando

Contudo nos subperiacuteodos de 1985-89 e de 1997-2009 este foi mais elevado na Itaacutelia e

a Greacutecia sendo estes ultrapassados apenas entre 1991-95 pela Sueacutecia Estes trecircs paiacuteses

em 2009 ocupavam trecircs das quatro primeiras posiccedilotildees nos gastos em pensotildees

apresentando a Itaacutelia a Greacutecia e a Sueacutecia um niacutevel de gastos de 13 109 e 102

do PIB respectivamente Quanto aos restantes paiacuteses verifica-se que o paiacutes que durante

maior parte do periacuteodo apresentou um niacutevel de despesa mais baixo foi Portugal no

entanto registou um aumento consideraacutevel se em 1985 se encontrava no uacuteltimo posto

com cerca de 33 do seu PIB gasto em pensotildees a partir de 2004 ultrapassou a

Finlacircndia Dinamarca e Espanha apresentando no ano de 2009 uma percentagem de

gastos em pensotildees relativamente ao PIB a rondar os 106 superior ao verificado na

21

Dinamarca (82) na Finlacircndia (102) e Espanha (77) Tal poderaacute ter que ver com

o facto de a populaccedilatildeo em Portugal ter envelhecido a um ritmo mais acelerado que nos

restantes paiacuteses

No que toca aos subsiacutedios de desemprego verificamos tambeacutem que natildeo haacute um

grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 23) Contudo neste capiacutetulo

constata-se que os trecircs paiacuteses que gastaram maior percentagem do PIB em subsiacutedios de

desemprego ao longo do periacuteodo foram a Dinamarca Espanha e Finlacircndia Nestes

paiacuteses verificamos que em 1993 o niacutevel de gastos foi o mais elevado cerca 53 do PIB

no caso dinamarquecircs e de 47 no caso espanhol e finlandecircs sendo uma possiacutevel razatildeo

para esse aumento a crise econoacutemica que ocorreu nesse ano O factor crise econoacutemica

poderaacute tambeacutem ajudar a compreender o porquecirc de na Espanha o niacutevel de gastos ter

subido entre 2008 e 2009 de uma forma abrupta passando dos 22 do PIB para os

35 aumento que poderaacute estar relacionado com a crise econoacutemica de 2007-08 que

poderaacute ter contribuiacutedo para o agravamento da taxa de desemprego espanhola Neste

acircmbito verifica-se tambeacutem que os paiacuteses que apresentaram ao longo deste periacuteodo um

niacutevel de despesa mais reduzido com os subsiacutedios de desemprego foram Portugal Itaacutelia e

Greacutecia que em 2009 eram os que menos gastavam com um niacutevel de despesa de cerca de

07 no caso grego 08 no caso italiano e 12 do PIB no caso portuguecircs Estes

valores ficam bem atraacutes dos verificados no mesmo ano para a Dinamarca (23) e para

a Espanha (35)

Jaacute no que toca agrave despesa social em apoios concedidos agraves famiacutelias em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e em subsiacutedios concedidos a pessoas com incapacidade

verifica-se que os paiacuteses do Norte tecircm um niacutevel de gastos nestas mateacuterias superior ao da

periferia europeia (ver graacuteficos 24 25 e 26) Verifica-se ainda assim uma pequena

excepccedilatildeo no que toca agrave Espanha em que os gastos em poliacuteticas activas no mercado de

trabalho em 1989 e 1990 foram superiores agraves verificadas na Dinamarca que eram cerca

de 08 do PIB face aos 07 despendido pelos dinamarqueses A diferenccedila entre os

dois grupos eacute evidente no caso da despesa relacionada com os apoios agraves famiacutelias onde

se verifica uma diferenccedila consideraacutevel ao longo do periacuteodo de anaacutelise entre o Norte e o

Sul A despesa em aacutereas como as poliacuteticas e com as famiacutelias dentro dos paiacuteses da

Escandinaacutevia foi inicialmente mais elevado na Sueacutecia que chegou a atingir o seu

maacuteximo em 1992 com cerca de 49 do PIB gasto nesta mateacuteria no entanto

progressivamente o niacutevel de despesa da Dinamarca foi-se aproximando da Sueacutecia

chegando ateacute a ultrapassar esta em 1995 No que diz respeito agrave Finlacircndia verificou-se

22

que dos trecircs paiacuteses que compotildeem a Escandinaacutevia eacute aquele que apresenta um niacutevel mais

baixo durante maior parte do periacuteodo em anaacutelise mas no entanto superior aos paiacuteses do

Sul como jaacute foi dito Existe contudo uma excepccedilatildeo para este paiacutes que acontece no ano

de 1994 quando este consegue ser o paiacutes que mais gasta nesta aacuterea cerca de 44 do

PIB superior aos gastos suecos que foram cerca de 43 e dos dinamarqueses cerca de

39 Quanto aos gastos em poliacuteticas activas do mercado de trabalho as diferenccedilas jaacute

natildeo satildeo tatildeo evidentes mas no entanto relativamente aos paiacuteses do Sul verificamos ao

longo de todo o periacuteodo que os paiacuteses que foram apresentando consecutivamente

valores mais elevados de despesa nesta mateacuteria foram Portugal e Espanha que entre

1985 e 2009 sofreram oscilaccedilotildees relativamente aos valores despendidos no entanto em

2009 estes gastavam cerca de 08 e 09 respectivamente um valor mais elevado que

o verificado para a Itaacutelia (04) e para a Greacutecia (02) paiacuteses que ao longo do periacuteodo

observado se ficaram pelos uacuteltimos lugares

Por uacuteltimo abordamos as diferenccedilas entre o Norte e o Sul ao niacutevel de gastos em

pensotildees por incapacidade (ver graacutef 26) Como jaacute foi referido verificamos que o niacutevel

de gastos nesta aacuterea eacute superior no Norte em relaccedilatildeo ao Sul Assim sendo verificamos

que a Sueacutecia e a Finlacircndia foram alternando a lideranccedila relativamente aos paiacuteses que

mais despenderam nestes apoios Entre 1985-91 e 1997-2009 a Sueacutecia realizou um niacutevel

de despesa mais elevado que a Finlacircndia apresentando em 1991 um niacutevel a rondar os

53 face ao gasto pela Finlacircndia que foi cerca de 49 Jaacute em 2009 o niacutevel de gastos

da Sueacutecia foi de 5 do seu PIB maior que o verificado na Finlacircndia 41 enquanto

que para o restante periacuteodo o niacutevel de gastos finlandecircs foi sempre superior ao sueco A

Dinamarca foi dos paiacuteses escandinavos aquele que ao longo da maior parte deste

periacuteodo menos gastou no entanto a partir de 2001 esta ultrapassou o niacutevel de gastos da

Finlacircndia apresentando um niacutevel de despesa de cerca de 38 do PIB face aos 37

verificados no caso finlandecircs Esta ultrapassagem deu-se natildeo soacute pela subida dos gastos

em da Dinamarca nesta aacuterea mas tambeacutem por uma descida da despesa finlandesa No

que toca aos paiacuteses do Sul verificamos que quem gastou relativamente mais durante a

maior parte do periacuteodo entre 1985 e 2009 em subsiacutedios atribuiacutedos a incapacitados

foram Espanha Portugal Itaacutelia e a Greacutecia respectivamente agrave excepccedilatildeo do subperiacuteodo

entre 1985 e 1989 em que a Itaacutelia teve um niacutevel de gastos superiores ao de Portugal

Estes paiacuteses no ano de 2009 apresentavam um niacutevel de gastos a rondar os 27 do PIB

no caso espanhol os 21 no caso portuguecircs os 19 no caso italiano e os 1 no caso

23

grego valores que apesar de serem mais baixos que os verificados nos paiacuteses do Norte

da Europa satildeo mais elevados que os verificados em 1985 para estes paiacuteses

Por fim concluiacutemos esta secccedilatildeo com uma anaacutelise quantitativa muito simples e

preliminar da relaccedilatildeo entre a despesa social e o crescimento econoacutemico que corresponde

ao caacutelculo dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre os vaacuterios tipos de despesa social e o PIB

real per capita e a sua taxa de crescimento De acordo com a revisatildeo da literatura

realizada na secccedilatildeo 2 espera-se que exista uma correlaccedilatildeo positiva entre a despesa

social e o niacutevel de crescimento do PIB na medida ou seja para que esta contribua

efectivamente para uma reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo do rendimento e da

pobreza mas tambeacutem porque certos tipos de despesa social tais como educaccedilatildeo sauacutede

mas tambeacutem os apoios agrave famiacutelia contribuem directamente para a acumulaccedilatildeo de capital

humano Contudo aceitando o argumento de que o financiamento necessaacuterio introduz

distorccedilotildees na actividade econoacutemica que por exemplo desincentivam o trabalho e o

investimento por parte das empresas a correlaccedilatildeo obtida pode ter um sinal negativo Da

mesma forma se despesas como o subsiacutedio de desemprego constituiacuterem um

desincentivo a realizar maior esforccedilo no trabalho tambeacutem o sinal poderaacute ser negativo

Em uacuteltima anaacutelise poderaacute natildeo existir qualquer correlaccedilatildeo se os efeitos de sinal contraacuterio

se compensarem exactamente Finalmente natildeo devemos esquecer que correlaccedilatildeo natildeo

significa causalidade pelo que o sinal obtido se pode dever agrave influecircncia do produto

sobre a despesa social ou agrave influecircncia muacutetua

Com auxiacutelio do Quadro 2 onde se encontram os resultados relativos aos

coeficientes de correlaccedilatildeo entre despesa social e o PIB real per capita verificamos que

tendo em conta os dados disponiacuteveis para todos os paiacuteses e anos os coeficientes de

correlaccedilatildeo entre as vaacuterias despesas sociais e o PIB real per capita satildeo todos positivos

quer no que respeita agrave despesa social total quer agraves suas diferentes componentes Os

coeficientes de correlaccedilatildeo mais elevados dizem respeito agraves despesas em educaccedilatildeo e

sauacutede respectivamente 0833 e 0791 podendo argumentar-se que isto se deve ao seu

contributo directo para a acumulaccedilatildeo de capital humano e que este factor possa ter

trazido ganhos de produtividade agraves economias conforme a literatura econoacutemica defende

Quanto ao efeito das vaacuterias componentes de despesa social em protecccedilatildeo social

verificamos que as aacutereas que possuem um coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado satildeo a

despesa em apoios atribuiacutedos agraves famiacutelias os subsiacutedios atribuiacutedos aos incapacitados e as

poliacuteticas activas do mercado de trabalho (0764 0648 e 0626 respectivamente) A

correlaccedilatildeo mais elevada na primeira e terceira dimensotildees referidas poderaacute ter que ver

24

com o seu papel na reduccedilatildeo da desigualdade e pobreza das famiacutelias mais pobres e dos

incentivos criados juntos das empresas para que estas empreguem mais trabalhadores

No que diz respeito aos subsiacutedios concedidos agraves famiacutelias estes ajudam ao aumento do

rendimento das mesmas e tal como foi dito anteriormente poderaacute ter-se traduzido no

aumento do consumo privado daiacute haver uma relaccedilatildeo positiva com o PIB per capita No

meacutedio-longo prazo pode tambeacutem permitir agraves famiacutelias investir mais no capital humano

dos seus filhos e desta forma contribuir para o aumento do PIB Nas restantes aacutereas

gastos com subsiacutedios de desemprego ou em pensotildees tambeacutem possuem uma relaccedilatildeo

positiva com o PIB per capita indicando que toda a despesa realizada pelos vaacuterios

paiacuteses ao longo deste periacuteodo foi importantes para o aumento do produto na medida em

que estas se incidiram sobre os indiviacuteduos que possuem um niacutevel de rendimento mais

baixo dando um estimulo ao consumo traduzindo-se isso no aumento do produto como

jaacute vimos anteriormente Contudo nestes casos os coeficientes de correlaccedilatildeo de 0424 e

0220 respectivamente satildeo bastante inferiores indicando que poderatildeo estar em

actuaccedilatildeo efeitos de sinal negativo que reduzem a correlaccedilatildeo positiva final

Nomeadamente os gastos com pensotildees e subsiacutedios de desemprego podem estar a

desviar a despesa de outras funccedilotildees sociais com um impacto mais directo sobre a

produtividade como a educaccedilatildeo e a sauacutede

Quadro 2 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social e componentes e o niacutevel

do PIB real per capita 1985-2010 (todos os dados disponiacuteveis)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB) PIB real

per capita

Total 0747

Sauacutede 0791

Educaccedilatildeo 0833

Pensotildees de reforma 0220

Pensotildees por incapacidade 0648

Apoios agraves Famiacutelias 0764

Poliacuteticas Activas do Mercado de Trabalho 0626

Subsiacutedio de Desemprego 0424

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

25

A anaacutelise de correlaccedilatildeo anterior apesar de interessante natildeo permite ter uma

ideia muito rigorosa da existecircncia ou natildeo de causalidade entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico uma vez que se baseia em valores correntes quer da despesa

quer do PIB e como vimos os paiacuteses mais ricos tendem tambeacutem a gastar mais com as

funccedilotildees sociais Por outro lado em termos de efeitos permanentes sobre a taxa de

crescimento eacute mais rigoroso calcular a correlaccedilatildeo entre a despesa e a taxa de

crescimento do PIB real per capita De forma a ter em conta a questatildeo da causalidade

inversa no quadro 2 satildeo apresentados os coeficientes de correlaccedilatildeo entre a meacutedia da

despesa social realizada nos sete paiacuteses no periacuteodo de 1985 a 1999 e o crescimento

meacutedio do PIB verificado nos dez anos seguintes 2000-2010

De acordo com a informaccedilatildeo que consta do quadro 3 o sinal dos coeficientes de

correlaccedilatildeo varia agora consoante o tipo de despesa considerada Relativamente agrave

despesa social total o coeficiente eacute negativo embora natildeo muito elevado -02779 A

justificaccedilatildeo mais imediata para este sinal poderaacute ter a ver com o facto do financiamento

necessaacuterio ter introduzido distorccedilotildees na actividade econoacutemica que prejudicaram o

crescimento Contudo torna-se mais informativo olhar para as diferentes componentes

da despesa social

No que respeita aos coeficientes por tipo de despesa como seria de esperar dada

a consensual relaccedilatildeo entre as despesas em educaccedilatildeo e sauacutede com o crescimento

econoacutemico por via do seu impacto sobre a acumulaccedilatildeo de capital humano3 o sinal eacute

positivo embora de magnitude reduzida 01356 e 00115 respectivamente em especial

no caso das despesas em sauacutede Estes resultados indicam tambeacutem que os coeficientes de

correlaccedilatildeo anteriores contecircm realmente informaccedilatildeo sobre a influecircncia positiva no niacutevel

de rendimento sobre as despesas sociais em educaccedilatildeo e sauacutede O outro coeficiente de

correlaccedilatildeo positivo diz respeito agrave despesa com subsiacutedios de desemprego sendo ateacute a

correlaccedilatildeo mais forte do que nos dois casos anteriores 01733 Isto pode indicar que a

existecircncia deste apoio constituiu um incentivo ao trabalho pela seguranccedila que permite

aos trabalhadores estimulando tambeacutem os mesmos a apostar na sua formaccedilatildeo porque

protegidos em caso de desemprego

Quanto ao impacto negativo das restantes componentes da despesa social

verifica-se que as despesas que apresentam um coeficiente menos negativo satildeo as

pensotildees de reforma e por incapacidade -02298 e -03338 respectivamente enquanto

3 Como vimos na secccedilatildeo 3 o estado de sauacutede mas em especial o niacutevel de escolaridade da populaccedilatildeo

dos paiacuteses escandinavos foram em geral superiores ao dos paiacuteses do Sul ao longo do periacuteodo em anaacutelise

26

ainda menos esperado a correlaccedilatildeo negativa mais forte acontece no caso das poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias -03794 e -03671 respectivamente

No caso das pensotildees de reforma e por incapacidade o sinal natildeo eacute inesperado dado o

esforccedilo que exigem em termos de financiamento e o seu papel mais indirecto na

promoccedilatildeo do crescimento econoacutemico sobretudo via a reduccedilatildeo da desigualdade e da

pobreza No caso das poliacuteticas activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias os

resultados satildeo inesperados a dois niacuteveis sinais e magnitude relativa superior Esperar-

se-ia um sinal positivo face ao descrito logo no iniacutecio da anaacutelise de correlaccedilatildeo ou pelo

menos natildeo tatildeo negativo como nos outros dois casos uma vez que em qualquer situaccedilatildeo

o financiamento necessaacuterio pode ter impacto negativo sobre o crescimento do produto

Quadro 3 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social meacutedia (1985-1999) e a

taxa meacutedia de crescimento do PIB real per capita (2000-2010)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB)

Meacutedia 1985-1999 Taxa meacutedia de crescimento anual do PIB real per capita

(2000-10)

Total -02779

Sauacutede 00115

Educaccedilatildeo 01356

Pensotildees de reforma -02298

Pensotildees por incapacidade -03338

Apoios agraves Famiacutelias -03671

Poliacuteticas Activas do Mercado de

Trabalho -03794

Subsiacutedio de Desemprego 01733

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

Em jeito de conclusatildeo os resultados apontam para uma relaccedilatildeo positiva entre a

despesa social nas vaacuterias aacutereas analisadas e o niacutevel do PIB per capita entre 1985 e 2010

o que eacute indiciador de que estatildeo em actuaccedilatildeo mecanismos de influecircncia da despesa social

que promovem um aumento do niacutevel de rendimento nomeadamente via acumulaccedilatildeo de

capital humano atraveacutes das despesas em educaccedilatildeo e sauacutede Contudo uma anaacutelise mais

rigorosa em termos de possiacuteveis impactos permanentes sobre a taxa de crescimento

econoacutemico revela que os resultados podem divergir bastante em termos de sinal e

magnitude atendendo ao tipo de despesa social considerada Os resultados deste estudo

27

apontam tambeacutem para valores que alguns casos podem ser contraacuterios aos verificados

pelos estudos empiacutericos descritos na secccedilatildeo 2 Tal poderaacute estar relacionado com a

amostra de paiacuteses utilizada assim como o periacuteodo de anaacutelise e metodologia utilizada

5 Conclusotildees

Este trabalho propocircs-se a reflectir sobre a relaccedilatildeo entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico tendo por base a comparaccedilatildeo de dois grupos de paiacuteses

pertencentes agrave Uniatildeo Europeia a Escandinaacutevia e o Sul da Europa A niacutevel teoacuterico as

previsotildees acerca da relaccedilatildeo entre Estado Social e crescimento econoacutemico divergem

sendo possiacutevel encontrar argumentos que justificam a existecircncia de uma relaccedilatildeo

positiva outros que apoiam a verificaccedilatildeo de uma relaccedilatildeo negativa e outros ainda que

apontam no sentido de ausecircncia de qualquer relaccedilatildeo Estas diferentes hipoacuteteses parecem

indicar que cabe agrave anaacutelise empiacuterica determinar o sinal da relaccedilatildeo e o respectivo

contexto

Constituindo uma anaacutelise ainda exploratoacuteria o presente trabalho recorreu a uma

anaacutelise de estatiacutestica descritiva de um conjunto variado de indicadores relevantes para o

periacuteodo de 1985 a 2010 sempre que possiacutevel para analisar empiricamente a relaccedilatildeo

entre despesa social e crescimento econoacutemico

De forma a analisar esta relaccedilatildeo em termos mais detalhados aquela foi

desagregada em diferentes componentes tendo sido utilizados dados relativos a

despesas em educaccedilatildeo sauacutede e em vaacuterias componentes da despesa com a protecccedilatildeo

social como os subsiacutedios de desemprego e incapacidade apoios agraves famiacutelias gastos em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho e em pensotildees de reforma Foram calculados os

coeficientes de correlaccedilatildeo destas com o niacutevel do PIB real per capita numa tentativa de

confirmaccedilatildeo muito preliminar do sinal esperado para a relaccedilatildeo bem como os

coeficientes de correlaccedilatildeo entre os valores meacutedios da despesa das vaacuterias variaacuteveis entre

1985 e 1999 com a taxa de crescimento do PIB per capita entre 2000-10 Os

coeficientes de correlaccedilatildeo no uacuteltimo caso poderatildeo ajudar a compreender se o niacutevel de

gastos verificado entre 1985-99 contribuiacuteram para o crescimento econoacutemico verificado

na deacutecada seguinte

Verificou-se que ao longo do periacuteodo em anaacutelise a despesa social em

percentagem do PIB agregada e nas diferentes aacutereas teve um aumento relativo entre

1985 e 2010 mas no entanto aquela foi sempre mais elevada nos paiacuteses Escandinavos

tendo estes paiacuteses registado tambeacutem valores mais elevados do PIB real per capita

28

relativamente aos paiacuteses do Sul Os resultados apontam para que todas as dimensotildees se

correlacionam positivamente com o niacutevel de rendimento per capita sendo de destacar

que a educaccedilatildeo eacute a componente com coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado seguida

das despesas com sauacutede o que parece confirmar a influecircncia deste tipo de despesa sobre

o comportamento do produto via acumulaccedilatildeo de capital humano No que respeita ao

possiacutevel efeito da despesa social sobre a taxa de crescimento do PIB real per capita o

sinal do coeficiente de correlaccedilatildeo manteacutem-se positivo mas de magnitude bastante

inferior ao dos casos anteriores enquanto a correlaccedilatildeo apresenta um sinal negativo no

caso da despesa social total A correlaccedilatildeo eacute tambeacutem negativa para as diferentes

componentes da despesa como a protecccedilatildeo social com excepccedilatildeo do subsiacutedio de

desemprego Estes resultados apoiam assim a necessidade de ao estudar a relaccedilatildeo entre

Estado Social e crescimento econoacutemico levar a cabo uma anaacutelise desagregada uma vez

que os mecanismos de transmissatildeo podem variar consoante o tipo de despesa social

pelo que a anaacutelise agregada eacute difiacutecil de interpretar em termos econoacutemicos

Em suma o presente estudo poderaacute ajudar a compreender de forma preliminar

como os gastos sociais interagem com o crescimento econoacutemico e quais as aacutereas que

tecircm contribuiacutedo de forma positiva ou negativa para o mesmo Contudo natildeo poderaacute

deixar de se ter em conta a capacidade de outros factores poderem afectar a

performance da economia assim como natildeo se deve negligenciar a importacircncia dos

gastos sociais para a convergecircncia econoacutemica dos paiacuteses do Sul para com os paiacuteses do

Norte da Europa De forma a poder generalizar a anaacutelise e tirar conclusotildees mais

robustas em relaccedilatildeo ao sentido da causalidade e mecanismos de transmissatildeo no futuro

seraacute necessaacuterio utilizar meacutetodos de inferecircncia estatiacutestica adequados e amostras mais

alargadas de paiacuteses

29

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30

Anexos

Graacutefico 1 PIB per capita a preccedilos constantes de 2005 entre 1985 e 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 2 Esperanccedila meacutedia de vida 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

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Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em

cada 1000 nascimentos) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total

da populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB ()1985 e 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

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Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes 2003 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010

Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A

despesa Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte OCDE

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

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iv

Iacutendice de Quadros

Quadro 1 Taxas meacutedias de crescimento anual do PIB real per capita entre 1985 e

2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip18

Quadro 2 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social nas vaacuterias componentes e

o niacutevel do PIB per capita e a sua taxa de crescimento tendo em conta todos os dados

disponiacuteveis para o periacuteodo entre 1985 e 2010hellip24

Quadro 3 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social meacutedia (1985-1999) e a

taxa meacutedia de crescimento do PIB real per capita (2000-2010)helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip26

Iacutendice de Graacuteficos

Graacutefico 1 PIB per capita a preccedilos constantes de 2005 entre 1985 e 2010 helliphelliphellip30

Graacutefico 2 Esperanccedila meacutedia de vida 1985 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip30

Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em cada

1000 nascimentos) 1985 a 201031

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip31

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip31

Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip32

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip32

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip32

Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente ao

total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip33

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente ao

total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip33

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip33

Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip34

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB () 1985 e 2010helliphelliphellip34

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009helliphelliphelliphellip34

Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip35

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Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes ( do PIB) 2003 a

2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip35

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 e 2009helliphelliphelliphelliphellip35

Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip36

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010helliphelliphelliphelliphellip36

Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010helliphelliphellip37

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a

2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip37

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do PIB

1985 a 2009helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip37

Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip38

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip38

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip38

Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip39

1

1 Introduccedilatildeo

A despesa social do Estado que engloba por exemplo as prestaccedilotildees sociais

educaccedilatildeo e sauacutede entre outras despesas justifica-se do ponto de vista da melhoria do

bem-estar dos cidadatildeos reflectindo-se tambeacutem na melhoria de alguns indicadores soacutecio-

econoacutemicos agregados tais como o Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) que

contabiliza melhorias no PIB real per capita escolaridade e sauacutede da populaccedilatildeo em

geral Por exemplo em 2012 de acordo com dados do UNDP os paiacuteses escandinavos

(Dinamarca Finlacircndia e Sueacutecia) estavam nas 25 primeiras posiccedilotildees no que respeita aos

valores do IDH com um valor meacutedio deste de 0905 No mesmo ano e de acordo como

os dados da Social Expenditure Database da OCDE os trecircs paiacuteses registavam uma

despesa social em percentagem do PIB com um valor meacutedio para o grupo de 29637

superior agrave meacutedia da OCDE 21785 Jaacute os paiacuteses da Europa do Sul Espanha Greacutecia

Itaacutelia e em especial Portugal ocupavam lugares inferiores no que respeita ao ranking do

IDH (valor meacutedio para os trecircs paiacuteses 0891) gastando tambeacutem menos do que os paiacuteses

escandinavos com funccedilotildees sociais (em meacutedia 25725) Esta aparente correlaccedilatildeo

positiva entre despesa social e o IDH dever-se-aacute certamente agrave protecccedilatildeo social e

econoacutemica dos cidadatildeos realizada atraveacutes desta via pelo Estado com vista a diminuir as

desigualdades entre indiviacuteduos mais ricos e mais pobres para que estes possam ter

acesso agraves mesmas oportunidades contribuindo dessa forma para um paiacutes mais

homogeacuteneo e permitindo tambeacutem potencialmente melhorar o desempenho

macroeconoacutemico

No que diz respeito agrave Uniatildeo Europeia (UE) os paiacuteses escandinavos situados no

Norte da Europa Dinamarca Finlacircndia e Sueacutecia tecircm efectivamente registado de forma

sustentada niacuteveis de rendimento e produtividade superiores aos paiacuteses do Sul Espanha

Greacutecia Portugal e Itaacutelia Com efeito em 2012 e de acordo com dados do Eurostat os

paiacuteses escandinavos registavam um PIB real per capita entre os mais elevados da UE-

28 ocupando a segunda quarta e seacutetima posiccedilotildees em 28 possiacuteveis respectivamente

enquanto os paiacuteses do Sul se ficavam por lugares intermeacutedios muito proacuteximos ou jaacute na

metade inferior da tabela Esta situaccedilatildeo poderaacute estar relacionada com a visatildeo que cada

grupo de paiacuteses tem acerca da participaccedilatildeo do Estado na economia e na sociedade em

geral e em particular no que respeita agraves funccedilotildees sociais deste Com efeito o modelo e a

dimensatildeo do Estado Social satildeo muito diferentes entre os paiacuteses escandinavos e a

periferia europeia quer ao niacutevel da abrangecircncia dos apoios sociais quer ao niacutevel das

2

aacutereas onde se verifica uma maior despesa sendo os primeiros os que apresentam

melhores desempenhos a niacutevel macroeconoacutemico Eacute por isso adequado reflectir sobre o

potencial papel do Estado Social e em particular da despesa puacuteblica associada na

explicaccedilatildeo das diferenccedilas de desempenho macroeconoacutemico entre estes dois grupos de

paiacuteses

Esta reflexatildeo assume particular interesse numa conjuntura em que os paiacuteses

perifeacutericos enfrentam uma crise ao niacutevel da sustentabilidade das financcedilas puacuteblicas que

levou a que tivessem sido feitos cortes e reformulaccedilotildees do seu modelo de Estado Social

Surgem assim algumas questotildees pertinentes seraacute que a reestruturaccedilatildeoreduccedilatildeo do

Estado Social poderaacute agravar ainda mais o desempenho econoacutemico destes paiacuteses Ou

seraacute que o problema reside na questatildeo de eficiecircncia do modelo adoptado

O principal objectivo deste trabalho eacute assim fazer uma comparaccedilatildeo entre o Norte

(Escandinaacutevia) e o Sul da Europa relativamente ao potencial papel do Estado Social no

crescimento econoacutemico analisando a importacircncia atribuiacuteda pelos Estados a

determinadas aacutereas de intervenccedilatildeo social atraveacutes da despesa realizada nas mesmas Para

o efeito seraacute efectuada uma anaacutelise de estatiacutestica descritiva de indicadores relevantes

para a caracterizaccedilatildeo econoacutemica e social dos dois grupos de paiacuteses em anaacutelise e em

particular relativos ao seu desempenho em termos de crescimento e despesa social

recorrendo-se a dados do Eurostat OCDE e Banco Mundial O periacuteodo em anaacutelise seraacute

de 1985 ateacute 2010 sempre que possiacutevel

O restante trabalho encontra-se organizado da forma que a seguir se descreve A

secccedilatildeo 2 conteacutem uma revisatildeo da literatura sobre os potenciais mecanismos de

transmissatildeo do Estado Social relativamente ao crescimento econoacutemico bem como a

sistematizaccedilatildeo dos resultados de alguns estudos empiacutericos anteriores Na secccedilatildeo 3 eacute

feita uma caracterizaccedilatildeo das principais diferenccedilas e semelhanccedilas dos paiacuteses em anaacutelise

em termos econoacutemicos e sociais com base num conjunto de indicadores relevantes

Segue-se a secccedilatildeo 4 onde se reflecte com base numa anaacutelise de estatiacutestica descritiva

sobre a potencial relaccedilatildeo entre a despesa social e o crescimento econoacutemico na amostra

seleccionada Finalmente a secccedilatildeo 5 conteacutem as principais conclusotildees

2 Estado Social qual a sua importacircncia para o crescimento econoacutemico

O conceito de Estado Social eacute um conceito que natildeo apresenta uma definiccedilatildeo

precisa Na tentativa de definir o que eacute o Estado Social Andrade Duarte e Simotildees

(2013 p4) afirmam que de ldquoum modo geral se pode entender o Estado Social como um

3

Estado em que o governo utiliza uma parcela importante dos recursos nacionais para

oferecer serviccedilos que beneficiam indiviacuteduos ou famiacutelias que preencham determinados

criteacuterios ou seja que se destinam a ser consumidos individualmente por oposiccedilatildeo ao

consumo colectivo de bens como a defesa nacional ou a seguranccedila internardquo

Estas intervenccedilotildees do Estado tecircm genericamente como objectivo a reduccedilatildeo das

desigualdades na distribuiccedilatildeo do rendimento e a reduccedilatildeo da pobreza promovendo a

igualdade de oportunidades e o bem-estar sendo conseguidas atraveacutes de medidas

destinadas a melhorar o niacutevel de escolaridade e de sauacutede da populaccedilatildeo bem como

medidas de protecccedilatildeo social que englobam por exemplo os subsiacutedios de desemprego

pensotildees de invalidez apoios agraves famiacutelia poliacuteticas activas no mercado de trabalho bem

como as pensotildees concedidas aos reformados As medidas de protecccedilatildeo social destinam-

se assim a prevenir ou minorar situaccedilotildees que possam afectar negativamente o bem-estar

dos indiviacuteduos Por exemplo as poliacuteticas activas no mercado de trabalho visam a raacutepida

reinserccedilatildeo dos desempregados no mercado de trabalho podendo estas contribuir para a

reduccedilatildeo do nuacutemero de pessoas cuja sua uacutenica fonte de rendimento eacute o subsiacutedio de

desemprego mas tambeacutem de todos os desempregados que jaacute nem direito tecircm ao

mesmo com o intuito de lhes garantir o miacutenimo de condiccedilotildees financeiras Por outro

lado a preocupaccedilatildeo do Estado com o bem-estar das populaccedilotildees e com a reduccedilatildeo da

pobreza leva a que este conceda pensotildees aos reformados como forma de garantir que

estes no final das suas vidas activas natildeo fiquem sem qualquer tipo de fonte de

rendimento possibilitando um final de vida com o miacutenimo de condiccedilotildees A utilizaccedilatildeo

destes mecanismos como exemplo demostram dois destinos diferentes da despesa do

Estado Social que tecircm os mesmos objectivos e cuja importacircncia poderaacute ser

consideraacutevel tendo em conta o crescente aumento do nuacutemero de pensionistas e a

elevada taxa de desemprego que se verifica em alguns dos paiacuteses em anaacutelise A poliacutetica

de protecccedilatildeo social de acordo com Damerou (2011 p13) citando a definiccedilatildeo do

Eurostat (2008) ldquoengloba todas as intervenccedilotildees de organismos puacuteblicos ou privados

destinados a apoiar as famiacutelias e indiviacuteduos encargos representados por um conjunto

definido de riscos ou necessidades desde que natildeo exista simultaneamente qualquer

acordo reciacuteproco ou individualrdquo Esta poliacutetica abrange toda a populaccedilatildeo mediante

determinadas condiccedilotildees sendo os apoios atribuiacutedos quer por intermeacutedio de programas

de Seguranccedila Social ou de Assistecircncia Social No entanto as poliacuteticas de protecccedilatildeo

social necessitam de financiamento para serem realizadas mostrando-se assim as

contribuiccedilotildees sociais e os impostos pagos pela populaccedilatildeo importantes para garantir a

4

sustentabilidade financeira deste mecanismo sem comprometer o seu futuro No acircmbito

da sustentabilidade financeira deste mecanismo alguns autores tais como Damerou

(2011) consideram o PIB real per capita determinante natildeo soacute em termos do niacutevel de

bem-estar de uma sociedade mas tambeacutem para fazer diminuir as pressotildees financeiras

sobre a Seguranccedila Social em resultado dos actuais indicadores demograacuteficos que

apontam para um aumento da esperanccedila meacutedia de vida e da diminuiccedilatildeo da natalidade

Estes indicadores segundo o mesmo autor tecircm impacto directo na sustentabilidade

financeira da Seguranccedila Social na medida em que esta ao ser financiada na sua maioria

pela populaccedilatildeo activa a sua diminuiccedilatildeo poderaacute gerar um problema de financiamento

que colocaraacute em causa o actual funcionamento deste sistema daiacute a importacircncia de

existir um niacutevel de riqueza elevado para que possa ser continuada a poliacutetica de

protecccedilatildeo social Assim o niacutevel e a evoluccedilatildeo do produto influenciam de alguma forma o

comportamento da despesa social

De um ponto de vista econoacutemico a poliacutetica de protecccedilatildeo social e da despesa

associada pode ter impactos importantes nomeadamente aceitando a posiccedilatildeo teoacuterica de

que niacuteveis elevados de desigualdade e pobreza tecircm impactos negativos no crescimento

econoacutemico ou seja na criaccedilatildeo de riqueza de uma economia no longo prazo Por outro

lado a literatura econoacutemica tambeacutem aponta para que o crescimento econoacutemico apesar

de aumentar as desigualdades em fases iniciais possa diminuir a pobreza como referem

Barrientos e Scott (2008 p9) ldquoum forte crescimento econoacutemico eacute essencial para a

reduccedilatildeo da pobreza e eacute estimado que cerca de 80 da diminuiccedilatildeo da pobreza ocorrida

na deacutecada de 80 tenha sido conseguida atraveacutes do crescimento econoacutemicordquo

Na perspectiva dos modelos de crescimento exoacutegeno como o que foi

desenvolvido por Solow (1956) este com a criaccedilatildeo do seu modelo de crescimento

econoacutemico afirmou que a taxa de crescimento de longo prazo natildeo eacute influenciada pela

despesa em protecccedilatildeo social uma vez que o crescimento econoacutemico apenas eacute afectado

por factores demograacuteficos e tecnoloacutegicos exoacutegenos ao modelo Jaacute na perspectiva de

alguns modelos de crescimento endoacutegeno estes segundo Damerou (2011) apontam

para que a desigualdade na distribuiccedilatildeo do rendimento iniba o crescimento econoacutemico

como jaacute fora dito anteriormente Este mesmo autor recorrendo ao trabalho de Solimano

(2000) afirma que a instabilidade poliacutetica trazida pelas desigualdades podem levar a

uma diminuiccedilatildeo do investimento puacuteblico e do investimento privado das famiacutelias com

baixos rendimentos podendo tal reflectir-se num niacutevel de produto mais baixo

5

Apesar do Estado Social visar em primeiro lugar a protecccedilatildeo dos mais

desprotegidos economicamente ou que enfrentam situaccedilotildees inesperadas com o

desemprego ou doenccedila pode em simultacircneo potenciar o crescimento econoacutemico Neste

acircmbito Furceri e Zdzienicka (2012) defendem a existecircncia de alguns mecanismos

atraveacutes dos quais a despesa social potencia o crescimento do produto Segundo estes

autores a criaccedilatildeo de poliacuteticas que incidam de uma forma activa no mercado de trabalho

podem levar ao aumento do produto atraveacutes da criaccedilatildeo de emprego assim como o

aumento dos gastos sociais ao niacutevel de indiviacuteduos com baixos rendimentos e com

dificuldades na obtenccedilatildeo de creacutedito poderaacute estar relacionado com o aumento do

consumo privado uma vez que o aumento de rendimento incentiva ao aumento da

procura por parte das famiacutelias estimulando as empresas a produzir e aumentando assim

o produto de um paiacutes Outro autor que defende em parte estas ideias eacute Damerou (2011)

que afirma que os gastos em subsiacutedios de desemprego ou em prestaccedilotildees concedidas a

famiacutelias com crianccedilas por exemplo poderatildeo para aleacutem de reduzir as desigualdades de

rendimentos levar ao aumento do consumo das famiacutelias Assim a despesa social

permite agraves empresas tomar decisotildees de investimento pois sabem que teratildeo procura e

desta forma levar a um aumento da capacidade produtiva ou seja ao crescimento

econoacutemico

Por sua vez a concessatildeo de apoios em outras aacutereas como a educaccedilatildeo ou sauacutede

poderatildeo contribuir para a acumulaccedilatildeo de capital humano1 que em conjunto com o

capital fiacutesico e em especial nas economias modernas que querem o seu crescimento

baseado no conhecimento poderaacute ter impacto positivo no comportamento das

economias A acumulaccedilatildeo de capital humano pode traduzir-se em ganhos de

produtividade a niacutevel agregado pois os trabalhadores adquirem competecircncias teacutecnicas e

fiacutesicas que lhes permitiratildeo desempenhar as suas funccedilotildees de uma forma mais eficiente

mas que tambeacutem se transmitem a outros que com eles trabalhem tornando assim a taxa

de retorno dos investimentos individuais em sauacutede e educaccedilatildeo maior para a sociedade

do que para os indiviacuteduos Por outro lado nas economias baseadas no conhecimento em

que o progresso teacutecnico eacute o principal motor do crescimento econoacutemico o capital

1 De acordo com a OCDE (1998) o capital humano pode ser definido como ldquoo conhecimento as

aptidotildees as competecircncias e outros atributos incorporados nos indiviacuteduos que satildeo relevantes para a

actividade econoacutemicardquo Por outro lado como refere Gonccedilalves (2002 p10) citando Shuller (2000) o

ldquocapital humano baseia-se no comportamento econoacutemico dos indiviacuteduos especialmente na forma como a

respectiva acumulaccedilatildeo de conhecimento e aptidotildees permite aumentar a sua produtividade e os seus

ganhos bem como aumentar a produtividade e sauacutede das sociedades em que vivemrdquo

6

humano eacute um factor de produccedilatildeo de novas ideias logo essencial para garantir um

crescimento econoacutemico sustentaacutevel

Um outro factor que poderaacute em conjunto com o capital humano potenciar o

crescimento econoacutemico eacute o capital social Neste aspecto a existecircncia de um Estado

Social que desempenhe de forma adequada as suas funccedilotildees poderaacute contribuir para a

acumulaccedilatildeo de capital social Gonccedilalves (2002 p32) citando Shuller (2000) descreve

o capital social como sendo ldquobaseado em termos de organizaccedilotildees normas e confianccedila e

o modo como as uacuteltimas permitem aos agentes e instituiccedilotildees serem mais eficientes na

obtenccedilatildeo de objectivos comunsrdquo

Relativamente ao impacto do capital social no crescimento econoacutemico Bergh

(2011) afirma que estudos recentes apontam para que o niacutevel de confianccedila possa

explicar como os paiacuteses como a Sueacutecia podem se desenvolver e continuar os seus

abrangentes sistemas de promoccedilatildeo do bem-estar social apesar do risco de evasatildeo fiscal

ou de uma maacute distribuiccedilatildeo dos apoios Bergh (2011) tambeacutem salienta a existecircncia de

estudos que comprovam que a confianccedila tem impacto positivo na economia sendo este

ilustrado atraveacutes de um exemplo comparativo entre a Sueacutecia e os EUA onde 64 de

suecos acham que podem confiar uns nos outros em detrimento dos apenas 41 de

americanos que acham o mesmo podendo levar a que a economia sueca cresccedila

anualmente mais 05 pontos percentuais que os EUA

No entanto a literatura econoacutemica natildeo constata apenas que existem efeitos

positivos entre a despesa social e o crescimento econoacutemico No que diz respeito agrave

relaccedilatildeo negativa entre estas duas variaacuteveis autores como Izaacutek (2011) afirmam que a

distribuiccedilatildeo dos subsiacutedios e de outros apoios por parte do Estado e Social diminuem o

crescimento econoacutemico devido aos incentivos negativos que estes transmitem aos

agentes econoacutemicos por exemplo ao niacutevel dos desincentivos ao trabalho contribuindo

assim para a diminuiccedilatildeo da produtividade e do crescimento Para aleacutem deste autor

Furceri e Zdzieniecka (2012) apontam para que o crescimento da despesa social possa

estar relacionado com os incentivos agrave reforma antecipada e com os subsiacutedios de

invalidez que levam a uma diminuiccedilatildeo da forccedila de trabalho traduzindo-se essa

diminuiccedilatildeo num efeito negativo no crescimento do produto

No que respeita a estudos empiacutericos sobre a relaccedilatildeo entre despesa social e o

crescimento econoacutemico os resultados natildeo satildeo conclusivos com alguns estudos

empiacutericos a apontar para uma relaccedilatildeo positiva e outros para uma relaccedilatildeo de sinal

negativo dependo do tipo de despesa e do niacutevel de desenvolvimento do paiacutes a que nos

7

referimos De forma a compreender a relaccedilatildeo entre despesa social do Estado e

crescimento econoacutemico Afonso e Allegre (2008) no seu trabalho empiacuterico recorreram

a dados referentes a despesa social em 27 paiacuteses europeus e procuraram atraveacutes de um

estudo economeacutetrico verificar se esta contribuiacutea para o crescimento econoacutemico dos

mesmos paiacuteses Os resultados deste estudo apontaram para a existecircncia de um impacto

negativo entre os gastos em educaccedilatildeo e em protecccedilatildeo social no crescimento econoacutemico

mas tambeacutem para um efeito positivo da despesa em educaccedilatildeo no crescimento

econoacutemico De forma a estudar mais uma vez os efeitos entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico Izaacutek (2011) desenvolveu um estudo que assentava no caacutelculo

dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre valores meacutedios da despesa social em aacutereas como a

educaccedilatildeo sauacutede e protecccedilatildeo social e taxa de crescimento do PIB No entanto o periacuteodo

em anaacutelise foi relativamente curto devido agrave falta de dados sendo os dados da despesa

social referentes ao periacuteodo entre 2002 e 2006 e as estimativas de crescimento para o

periacuteodo de 2006 a 2008 Para realizar este estudo foram utilizados dados agregados

relativos agraves despesas sociais dos 25 paiacuteses pertencentes agrave UE a partir de 2004 a que

deram o nome de EU-25 Contudo para analisar esta a relaccedilatildeo entre despesa social e

crescimento econoacutemico a amostra de 25 paiacuteses foi separada em duas sendo a primeira

relativa aos 15 paiacuteses pertencentes agrave UE a partir de Janeiro de 1995 os EU-15 e a

segunda aos 10 que passaram a pertencer a partir de Maio de 2004 os denominados EU-

10

Os resultados do estudo apontam para valores negativos ao niacutevel do coeficiente

de correlaccedilatildeo entre a despesa social em termos globais das trecircs amostras e o crescimento

econoacutemico sendo que como salienta o mesmo autor o coeficiente de correlaccedilatildeo eacute mais

baixo nos paiacuteses que constituem o primeiro grupo e mais alto nos paiacuteses que mais

recentemente formam parte da UE

Izaacutek (2011) procurou tambeacutem estudar os efeitos das vaacuterias componentes da

despesa social ao niacutevel do crescimento econoacutemico Para o efeito foi calculado o

coeficiente de correlaccedilatildeo entre a despesa em protecccedilatildeo social a despesa em educaccedilatildeo e

por fim entre a despesa em sauacutede e o crescimento econoacutemico Os resultados do autor

enfatizam que a despesa social em qualquer destas aacutereas tem um impacto negativo no

crescimento econoacutemico verificaacutevel em todos os grupos analisados sendo reforccedilado o

facto surpreendente de haver uma correlaccedilatildeo negativa entre a despesa em sauacutede e o

crescimento econoacutemico

8

Outros estudos relativos ao impacto da despesa social no crescimento econoacutemico

foram desenvolvidos como eacute o caso de Wang (2011) que se foca na estimaccedilatildeo da

relaccedilatildeo entre a despesa do Estado na aacuterea da sauacutede e o crescimento econoacutemico para

uma amostra de 20 paiacuteses em desenvolvimento entre 1990 e 2009 O autor analisa a

relaccedilatildeo existente entre os gastos em sauacutede e o PIB atraveacutes do teste de cointegraccedilatildeo em

painel de Engle-Granger Os resultados apontam para a existecircncia de causalidade

bilateral ou seja para que o crescimento econoacutemico esteja relacionado com o aumento

dos gastos em sauacutede e para que os gastos em sauacutede tenham um impacto positivo no

crescimento econoacutemico Neste aspecto os resultados demonstram que no longo prazo

os gastos em sauacutede podem levar ao crescimento do produto ilustrando a importacircncia

dos apoios do Estado no sector da sauacutede para criar uma populaccedilatildeo fisicamente mais apta

e produtiva

Uma outra anaacutelise empiacuterica foi realizada por Baldacci et al (2004) que

relacionaram a despesa social com o capital humano na forma de educaccedilatildeo e sauacutede e o

seu impacto no crescimento econoacutemico usando dados em painel relativos a 120 paiacuteses

em vias de desenvolvimento para o periacuteodo de 1975 a 2000 Para a anaacutelise da relaccedilatildeo

recorreram a um estudo economeacutetrico sob a forma de um sistema de quatro equaccedilotildees

relativas ao crescimento do rendimento per capita ao investimento educaccedilatildeo e sauacutede

Com o estudo pretenderam demonstrar que as despesas sociais em sauacutede e em educaccedilatildeo

tinham um contributo positivo para acumulaccedilatildeo de capital humano que se veio a provar

como verdadeiro assim como o efeito positivo daquele no crescimento econoacutemico

Furceri e Zdzienicka (2012) investigam os efeitos dos gastos sociais no

crescimento econoacutemico num conjunto de paiacuteses pertencentes agrave OCDE para o periacuteodo

entre 1980 e 2005 Os autores recorrem a uma regressatildeo economeacutetrica concluindo que

um aumento de 1 no niacutevel de gastos sociais leva a um aumento do crescimento

econoacutemico em cerca de 012 pontos percentuais apoacutes um ano Numa segunda fase

utilizaram uma outra regressatildeo economeacutetrica tendo como objectivo estudar o impacto

da despesa social no crescimento econoacutemico com a inclusatildeo de alguns desfasamentos

do PIB verificando que no caso de um aumento de 1 dos gastos sociais em

percentagem do PIB leva a que o produto aumente em cerca de 057 pontos percentuais

sendo que as aacutereas que mais contribuiacuteram para este aumento foram os gastos em sauacutede e

com os subsiacutedios de desemprego

Outros estudos como o de Andrade et al (2013) procuraram estudar a relaccedilatildeo

entre as despesas em sauacutede e educaccedilatildeo e o crescimento econoacutemico Recorreram a uma

9

amostra de paiacuteses de vaacuterias regiotildees do mundo onde foram excluiacutedos os ex-paiacuteses

socialistas os paiacuteses que produzem essencialmente petroacuteleo e os que tinham vivido ateacute

haacute pouco tempo conflitos armados Separaram-se os paiacuteses tendo em conta o seu niacutevel

de rendimento e desenvolveram um estudo economeacutetrico para verificar o efeito da

despesa entre educaccedilatildeo e sauacutede na variaacutevel dependente PIB real per capita Os

resultados mostram de forma incontestaacutevel que os gastos em educaccedilatildeo e sauacutede tecircm

efeitos positivos no crescimento do PIB per capita de qualquer dos grupos de paiacuteses

Por fim Fic e Ghate (2005) desenvolveram um estudo com o intuito de

averiguar a relaccedilatildeo entre o Estado Social e o crescimento econoacutemico para uma amostra

de 19 paiacuteses pertencentes agrave OCDE entre os quais se incluiacuteam paiacuteses como a Dinamarca

Finlacircndia e a Sueacutecia entre 1950 e 2001 Este estudo utilizou um modelo dinacircmico de

crescimento desenvolvido anteriormente por um dos autores Ghate e Zak (2002) que

permitiu chegar agrave conclusatildeo de que a razatildeo para haver uma quebra no crescimento

econoacutemico poderaacute estar relacionado com o Estado Social Tal se justifica segundo os

autores pelo facto de no periacuteodo que antecede a quebra de crescimento a elevada taxa

de crescimento que se verifica induzir ao crescimento da despesa social Ao longo do

tempo o aumento do Estado Social leva assim agrave diminuiccedilatildeo do crescimento econoacutemico

que no Longo Prazo espera-se que leve agrave reduccedilatildeo do Estado Social Os resultados

segundo os autores sugerem que paiacuteses com um baixo crescimento econoacutemico tenham

que fazer cortes ao niacutevel da despesa com o Estado Social Estes consideram que o iniacutecio

da deacutecada de 70 foi o periacuteodo no qual foi mais visiacutevel esta relaccedilatildeo pois o baixo

crescimento econoacutemico verificado entre 1970 e 1975 foi o precedido da existecircncia de

um Estado Social de dimensotildees consideraacuteveis

Em jeito de conclusatildeo verificamos que os resultados dos estudos desenvolvidos

por Andrade et al (2013) e Baldacci et al (2004) apontam para um efeito positivo entre

a despesa social em educaccedilatildeo e sauacutede e o crescimento econoacutemico Furceri e Zdzienicka

(2012) considerando a despesa social em todas as aacutereas de intervenccedilatildeo do Estado Social

tambeacutem apontam para o contributo positivo desta no crescimento econoacutemico Quanto ao

estudo desenvolvido por Izaacutek (2011) este aponta para uma relaccedilatildeo negativa entre as

vaacuterias componentes da despesa social e o crescimento econoacutemico Os resultados

opostos podem ser fruto do niacutevel de desenvolvimento da amostra de paiacuteses utilizada

pois parece que a utilizaccedilatildeo de paiacuteses mais desenvolvidos apontam para um efeito

negativo e a utilizaccedilatildeo de alguns paiacuteses em desenvolvimento aponte para um efeito

positivo

10

3 Caracterizaccedilatildeo econoacutemico-social dos paiacuteses em anaacutelise

Neste ponto seraacute feita uma caracterizaccedilatildeo econoacutemico-social dos paiacuteses em

anaacutelise Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia trecircs paiacuteses escandinavos onde o Estado Social

haacute muito eacute uma realidade e Portugal Espanha Itaacutelia e Greacutecia paiacuteses da chamada

periferia Europeia onde o Estado social eacute uma realidade mais recente essencialmente

desde os meados dos anos 80 salientando as suas semelhanccedilas e diferenccedilas

O objectivo eacute enquadrar a anaacutelise mais especiacutefica da secccedilatildeo seguinte sobre a

potencial relaccedilatildeo entre o desempenho em termos de crescimento econoacutemico e a despesa

social total e por diferentes categorias Sempre que possiacutevel a comparaccedilatildeo entre paiacuteses

seraacute realizada ao longo do periacuteodo 1985-2010 No entanto dada a indisponibilidade de

dados relativamente a algumas variaacuteveis para alguns paiacuteses o periacuteodo de anaacutelise poderaacute

ser mais curto Eacute importante ter tambeacutem em conta o surgimento da crise de 2007 para

compreender alguns indicadores mais desfavoraacuteveis dos paiacuteses do Sul em relaccedilatildeo ao

Norte nos anos mais recentes

Inicialmente este trabalho procuraraacute discutir as semelhanccedilas e diferenccedilas entre

os dois grupos de paiacuteses relativamente a um conjunto de indicadores sociodemograacuteficos

que podem ter impacto e ser influenciados pela despesa social Em segundo lugar satildeo

apresentados e analisados alguns indicadores econoacutemicos seleccionados segundo a

mesma loacutegica ou seja que podem ter impacto e ser influenciados pela dimensatildeo e

composiccedilatildeo do Estado Social tais como o seu grau de abertura ao comeacutercio

internacional e a respectiva estabilidade macroeconoacutemica sendo utilizado como suporte

da anaacutelise os graacuteficos disponiacuteveis nos Anexos

O graacutefico 1 conteacutem os valores do PIB real per capita expressos em doacutelares a

preccedilos constantes de 2005 que eacute o principal indicador dos diferenciais de niacutevel de vida

do cidadatildeo meacutedio dos diferentes paiacuteses Da observaccedilatildeo do referido graacutefico constatamos

que em 2010 o niacutevel de rendimento por habitante eacute em todos os paiacutes mais elevado do

que o que se verificava em 1985 sendo que nos paiacuteses escandinavos o PIB real per

capita foi sempre relativamente mais elevado que nos restantes paiacuteses No caso da

Sueacutecia e Finlacircndia verificamos que estes em 2010 estes eram os mais ricos tal como jaacute

o eram em 1985 passando o valor desta variaacutevel na Sueacutecia dos 2806538 doacutelares em

1985 para os 4282567 doacutelares em 2010 e na Finlacircndia dos 242344 doacutelares de 1985

para os 3806465 doacutelares em 2010 Os paiacuteses do Sul ou periferia apresentam ao longo

do periacuteodo um PIB real per capita mais baixo nomeadamente Portugal e Greacutecia que

11

apesar de terem aumentado o seu PIB real per capita entre 1985 e 2010 no ano de 2010

Portugal tinha um valor de 1864776 doacutelares e a Greacutecia de 2130896 doacutelares

A opccedilatildeo por comeccedilar a caracterizaccedilatildeo das diferenccedilas entre os paiacuteses da amostra

pelo PIB real per capita deriva em parte do facto de este poder estar relacionado com a

melhoria de alguns indicadores que medem o niacutevel de desenvolvimento humano e que

servem para a construccedilatildeo do Iacutendice de Desenvolvimento Humano como eacute o caso da

diminuiccedilatildeo da taxa de mortalidade infantil e o aumento da esperanccedila meacutedia de vida

Face a isto relativamente ao sector da sauacutede como se pode ver no graacutefico 2 a

esperanccedila meacutedia de vida agrave nascenccedila (EMV) entre 1985 e 2010 aumentou No entanto

apesar de todos os paiacuteses terem registado um aumento da EMV ao longo do periacuteodo

analisado dos paiacuteses escandinavos apenas a Sueacutecia tem no iniacutecio do periacuteodo um valor

superior ao de todos os paiacuteses do Sul Com efeito Espanha Greacutecia e Itaacutelia partem de

uma situaccedilatildeo melhor do que a Dinamarca e a Finlacircndia O paiacutes que regista menor EMV

em 1985 eacute Portugal com 73 anos Em 2010 todos os paiacuteses da periferia ultrapassam os

paiacuteses escandinavos com excepccedilatildeo de Portugal que se manteacutem na uacuteltima posiccedilatildeo

Quanto agrave taxa de mortalidade infantil indicador que traduz o nuacutemero de mortes

de crianccedilas no primeiro ano de vida por cada 1000 nascimentos eacute de imediato

verificaacutevel no graacutefico 3 que ocorreu uma consideraacutevel melhoria neste indicador em

todos os paiacuteses ao longo do periacuteodo analisado Em 1985 a taxa de mortalidade infantil

em Portugal e na Greacutecia era maior do que nos restantes paiacuteses no entanto em 2010 jaacute

registavam um nuacutemero de mortes semelhante aos restantes paiacuteses No caso grego

verificou-se uma passagem das 16 mortes em cada 1000 nascimentos em 1985 para as 4

em 2010 ocorrendo o mesmo em Portugal que passou das 17 para as 4 No que respeita

agrave Escandinaacutevia o nuacutemero de mortes que se verificava no ano de 2010 natildeo era muito

diferente do que se verificava em 1985 e no caso da Finlacircndia houve apenas uma

pequena reduccedilatildeo das 6 para as 2 mortes durante este periacuteodo

A evoluccedilatildeo e composiccedilatildeo demograacutefica dos paiacuteses pode ter um impacto

importante naquela que eacute actualmente uma das componentes da despesa social com

maior peso a despesa com pensotildees Assim atraveacutes da anaacutelise do graacutefico 4 verifica-se

que a taxa de crescimento da populaccedilatildeo em termos anuais foi positiva em todos os

paiacuteses No entanto durante este periacuteodo (1990-2010) apenas Portugal entre 1990 e

1992 registou uma taxa de crescimento negativa que no entanto foi invertida No que

toca ao maior crescimento populacional este deu-se em Espanha entre 1997 e 2003 ao

qual se seguiu apoacutes um periacuteodo de estabilidade entre 2003 e 2007 uma diminuiccedilatildeo

12

acentuada Em termos globais a taxa de crescimento populacional tem vindo a descer

nomeadamente nos paiacuteses do Sul contrariamente aos paiacuteses do Norte Europeu que a

partir de 2000 verificaram um aumento Tal poderaacute dever-se agrave imigraccedilatildeo mas tambeacutem

poderaacute ter-se devido agraves poliacuteticas de apoio agrave natalidade com vista ao combate ao

envelhecimento da populaccedilatildeo Neste acircmbito decompondo a populaccedilatildeo dos paiacuteses da

amostra em faixas etaacuterias populaccedilatildeo jovem (ateacute aos 15 anos de idade) populaccedilatildeo entre

os 15 e 64 anos e populaccedilatildeo idosa (mais de 65 anos) verificamos que existe uma

tendecircncia para a diminuiccedilatildeo da populaccedilatildeo mais jovem face agrave total sendo esse

comportamento mais visiacutevel em Espanha que conforme o graacutefico 5 demonstra em

1985 tinha uma percentagem de jovens de cerca de 233 mas que em 2010

apresentava uma taxa de 149 Um aspecto curioso tem que ver com o facto de neste

periacuteodo de anaacutelise natildeo se ter verificado uma grande diminuiccedilatildeo desta faixa etaacuteria na

Escandinaacutevia sendo que no caso da Dinamarca esta registava em 2010 uma

percentagem de populaccedilatildeo jovem a rondar os 18 os mesmos que em 1985

Por outro lado verifica-se um agravamento do envelhecimento da populaccedilatildeo

com a pior situaccedilatildeo a verificar-se em Itaacutelia e na Greacutecia Entre 1985 e 2010 a

percentagem da populaccedilatildeo italiana com mais de 64 anos passou dos 131 em 1985

para os 203 em 2010 e na Greacutecia verificou-se uma passagem dos 133 para os 19

(ver graacutef 6) Relativamente ao Norte Europeu essa subida eacute mais ligeira e em 2010 a

Finlacircndia apresentava uma percentagem de 171 enquanto que a Dinamarca de 166

No que diz respeito agrave faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entre os 15 e 64 anos verifica-se atraveacutes

do graacutefico 7 que entre 1985 e 1995 a percentagem da populaccedilatildeo compreendida nesta

faixa etaacuteria aumentou No entanto a partir deste periacuteodo verificou-se uma descida dos

valores em alguns paiacuteses como eacute o caso da Itaacutelia onde a populaccedilatildeo pertencente a este

grupo entre 1985 e 2010 passou dos 675 para os 657 resultado talvez de uma

diminuiccedilatildeo da populaccedilatildeo jovem e do aumento da populaccedilatildeo mais idosa podendo isso

dever-se agrave baixa taxa de natalidade

Quanto agrave melhoria dos indicadores relativos agrave educaccedilatildeo verificamos que os

apoios do Estado nesta aacuterea talvez se tenham feito sentir Com efeito de acordo com o

graacutefico 8 a percentagem de populaccedilatildeo activa com apenas o ensino primaacuterio diminuiu

em todos os paiacuteses entre 1995-2010 sendo que no entanto o niacutevel de populaccedilatildeo activa

com apenas este niacutevel de escolaridade eacute mais reduzido nos paiacuteses do Norte como eacute o

caso da Finlacircndia e da Sueacutecia talvez devido ao facto de estes paiacuteses terem tomado haacute

mais tempo consciecircncia da importacircncia da educaccedilatildeo para um bom desempenho

13

econoacutemico (ver graacutef 8) Associado ao comportamento anterior verifica-se que em 2010

existe uma maior percentagem de pessoas com o ensino secundaacuterio e universitaacuterio em

todos os paiacuteses relativamente a 1995 Ao niacutevel do ensino secundaacuterio o graacutefico 9 mostra

que entre 1995 e 2010 verificou-se um aumento de trabalhadores com este niacutevel

acadeacutemico sendo esse impacto maior em Portugal Espanha Greacutecia e Itaacutelia mas no que

toca aos paiacuteses do Norte este nuacutemero foi oscilando Em todo o caso em 1995 os trecircs

paiacuteses escandinavos registavam uma maior percentagem da populaccedilatildeo com o ensino

secundaacuterio relativamente a qualquer dos paiacuteses do Sul sendo em 2010 apenas a

Dinamarca e a Finlacircndia ultrapassadas pela Itaacutelia O niacutevel de escolaridade dos

trabalhadores que mais subiu foi como se pode constatar no graacutefico 10 o universitaacuterio

verificando-se que em paiacuteses como a Finlacircndia a percentagem de trabalhadores com este

niacutevel acadeacutemico passou dos 217 em 1995 para os 373 em 2010 e na Espanha

passou dos 203 para os 33 Neste acircmbito verifica-se em 2010 a Espanha tinha uma

percentagem de indiviacuteduos com ensino superior mais elevada que a Sueacutecia e a

Dinamarca

Outra das componentes da despesa social com mais peso no total eacute a despesa

associada ao subsiacutedio de desemprego Nos anos mais recentes tem-se verificado um

aumento da taxa de desemprego como podemos ver no graacutefico 11 O desemprego pode

por em causa a estabilidade social uma vez que os indiviacuteduos sem emprego ao

perderem a sua fonte de rendimento podem perder qualidade de vida e estarem sujeitos

a situaccedilotildees de pobreza A taxa de desemprego entre 1991 e 2010 foi sempre mais

elevada no Sul em relaccedilatildeo ao Norte Os paiacuteses que apresentavam uma taxa mais elevada

em 2010 foram a Espanha com cerca de 20 seguido da Greacutecia com 125 enquanto

que a taxa de desemprego mais baixa se registou na Escandinaacutevia na Dinamarca onde a

taxa de desemprego em 2010 era de 75

No que diz respeito agrave taxa de desemprego jovem esta tem afectado sobretudo os

jovens do Sul Europeu e parece estar a tornar-se um problema grave para as geraccedilotildees

mais jovens As dificuldades em arranjar emprego podem prender-se com a falta de

experiecircncia por parte dos jovens Como tal estas situaccedilotildees levam a que estes natildeo

tenham nenhum tipo de poupanccedila nem direito a qualquer tipo de subsiacutedio como eacute o caso

do subsiacutedio de desemprego pois natildeo tiveram um passado activo consideraacutevel que lhes

permitisse ter realizado contribuiccedilotildees para a Seguranccedila Social e a ter direito a receber

subsiacutedio de desemprego Por outro lado ao natildeo terem emprego poderatildeo vir a ter

problemas em obter uma boa pensatildeo aquando o final da sua vida activa pois faratildeo

14

menos descontos do que aqueles satildeo necessaacuterios para obter um boa pensatildeo no futuro

podendo estar a comprometer a sua estabilidade financeira apoacutes a sua vida activa No

Norte Europeu paiacuteses como a Dinamarca tecircm investido na resoluccedilatildeo dos problemas

relativos ao desemprego jovem promovendo poliacuteticas de apoio aos jovens que possuem

baixos niacuteveis de estudos e que estejam sem trabalho como salientam Hughes e Borbeacutely-

Pecze (2012) Para tal foram desenvolvidos programas onde os jovens satildeo inseridos em

cursos de formaccedilatildeo praacutetica com vista a que estes adquiram experiecircncia e que os

familiarizem com o local de trabalho promovendo as suas aptidotildees de forma a capacitaacute-

los para o mercado de trabalho para que tragam ganhos de produtividade agrave entidade que

os emprega e consequentemente ao seu paiacutes Ao niacutevel da taxa de desemprego jovem o

graacutefico 12 ajuda-nos a perceber que esta era no ano de 2010 mais elevada na Espanha

com cerca de 424 sendo esta seguida pela Greacutecia com 325 Ao niacutevel das taxas

mais baixas verificamos que que entre 1991 e 2010 quem apresentou a taxa mais baixa

foi a Dinamarca sendo que no ano de 2010 esta apresentava uma taxa de cerca de

139 seguida da Finlacircndia com cerca de 203

Quanto agrave anaacutelise de factores econoacutemicos que possam ser responsaacuteveis pelas

diferenccedilas relativas ao niacutevel de vida iremos comeccedilar por analisar a importacircncia do

sector secundaacuterio e terciaacuterio para o PIB dos diversos paiacuteses na medida em que estes

sectores satildeo os que envolvem uma maior percentagem de indiviacuteduos com habilitaccedilotildees

acadeacutemicas mais elevadas e cujo seu contributo para o produto dos paiacuteses eacute mais

consideraacutevel

No que toca ao sector secundaacuterio verifica-se que entre 1985 e 2010 este tem

vindo a perder importacircncia no PIB de todos os paiacuteses No entanto durante este periacuteodo

verificou-se que o paiacutes que apresentava uma maior percentagem de riqueza gerado por

este sector era Portugal tendo contudo essa importacircncia diminuiacutedo de forma constante

chegando no ano de 2010 a ser de apenas 15 proacuteximo da percentagem da Espanha Eacute

de salientar que a importacircncia deste sector em 2010 era relativamente mais baixa nestes

paiacuteses em relaccedilatildeo agrave Dinamarca ou na Sueacutecia (ver graacutef13) Ao niacutevel do sector terciaacuterio

verificamos atraveacutes do graacutefico 14 que a importacircncia deste sector para a amostra de

paiacuteses em estudo era muito nivelado entre os 60 e os 70 No entanto a partir do ano

2000 verificou-se um aumento relativo da contribuiccedilatildeo deste sector para o PIB dos

vaacuterios paiacuteses sendo de salientar que em 2009 este sector tinha maior peso na produccedilatildeo

de riqueza no caso da Greacutecia contribuindo em cerca de 79 do total do PIB grego

15

enquanto que o mais baixo se verificava na Finlacircndia com cerca de 69 do PIB a ser

gerado por este sector

A anaacutelise da estrutura produtiva de um paiacutes pode ter tambeacutem uma relaccedilatildeo com o

grau de abertura da economia pois este poderaacute trazer algumas vantagens e explicar o

porquecirc de um determinado sector ter ganho mais importacircncia no PIB de um paiacutes Essas

vantagens podem estar relacionadas com a entrada de novos produtos e tecnologias que

normalmente estatildeo relacionados com o sector secundaacuterio e terciaacuterio e que poderatildeo

explicar o crescimento destes sectores Este factor poderaacute ainda estar relacionado com o

niacutevel de educaccedilatildeo de uma populaccedilatildeo pois quanto maior for o desenvolvimento

tecnoloacutegico de um paiacutes tal poderaacute levar agrave necessidade de um reforccedilo na educaccedilatildeo e

formaccedilatildeo profissional para capacitar a matildeo-de-obra para lidar com estas novas

tecnologias Assim o grau de abertura de um paiacutes poderaacute estar relacionado com o

aumento dos gastos em educaccedilatildeo

No que respeita ao grau de abertura da economia medido atraveacutes do volume de

importaccedilotildees e exportaccedilotildees em percentagem do PIB verificou-se que em todos os paiacuteses

em estudo houve uma tendecircncia de crescimento entre 1985 e 2010 Os paiacuteses que no

ano de 2010 apresentavam um grau de abertura mais elevado eram a Dinamarca com

cerca de 953 e a Sueacutecia com cerca de 928 Por outro lado paiacuteses como a Greacutecia e

a Espanha registavam valores muito mais baixos sendo que a Greacutecia apresentava um

niacutevel de cerca de 538 do seu PIB e a Espanha 569 como se pode constatar no

graacutefico 15 No que respeita ao saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes um valor em

percentagem do PIB positivo significa que existe um superavit ou seja que o paiacutes

aumentou os seus activos no estrangeiro Neste aspecto devido agrave falta de dados a

anaacutelise a esta variaacutevel comeccedila a partir de 2003 e consultando a graacutefico 16 verificamos

que ao longo do periacuteodo na Greacutecia Portugal Itaacutelia e Espanha a balanccedila foi sempre

deficitaacuteria sendo as situaccedilotildees mais complicadas a da Greacutecia e a de Portugal que em

2010 apresentavam um deacutefice de 104 e 97 respectivamente Por outro lado a

Dinamarca a Sueacutecia e a Finlacircndia tiveram sempre um excedente

No que toca agrave anaacutelise do saldo orccedilamental este juntamente com a diacutevida puacuteblica

poderaacute ajudar a compreender o estado das financcedilas puacuteblicas de um paiacutes Compreender o

saldo orccedilamental em percentagem do PIB eacute muito importante pois se este demonstrar

um comportamento mais despesista tal iraacute reflectir-se no aumento do endividamento do

Estado que poderaacute ter de levar a uma reduccedilatildeo dos apoios do Estado Social com vista agrave

sustentabilidade financeira do Estado Como forma de controlar as financcedilas puacuteblicas

16

poderatildeo ser necessaacuterios cortes ao niacutevel dos apoios da protecccedilatildeo social bem como a

reduccedilatildeo do orccedilamento do Estado para aacutereas com a sauacutede ou educaccedilatildeo No graacutefico 17 eacute

possiacutevel verificar que no caso de paiacuteses como a Greacutecia Portugal e Itaacutelia no periacuteodo de

estudo verificou-se que estes paiacuteses tiveram sempre um comportamento mais despesista

que os restantes sendo como jaacute vimos esta uma possiacutevel justificaccedilatildeo para o crescimento

da diacutevida puacuteblica nestes paiacuteses Jaacute os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentavam saldos

orccedilamentais mais positivos em relaccedilatildeo aos do Sul da Europa sendo mesmo o saldo

orccedilamental sueco aproximadamente de 0

A diacutevida puacuteblica em percentagem do PIB sempre foi inferior nos paiacuteses do Norte

em relaccedilatildeo aos do Sul Entre 1995 e 2010 verificamos que o niacutevel de diacutevida foi

oscilando no entanto este foi relativamente mais elevado na Greacutecia e na Itaacutelia

chegando no ano de 2010 este a ser cerca de 145 e 1194 do seu PIB

respectivamente No caso da Sueacutecia verificou-se ao longo deste periacuteodo uma tendecircncia

de descida e em 2010 este era de 394 (ver graacutef 18) Um outro factor que pode ter

feito aumentar o niacutevel de diacutevida de alguns paiacuteses do Sul da Europa a partir de 2005

pode ter que ver com o surgimento da crise econoacutemica de 2007 que agravou ainda mais

o niacutevel de diacutevida destes paiacuteses que era jaacute elevado como satildeo exemplos a Greacutecia e

Portugal

Em resumo verificamos que em termos globais os indicadores soacutecio-

econoacutemicos do Sul da Europa satildeo piores que os do Norte Europeu Contudo as

diferenccedilas tecircm vindo a diminuir Por exemplo os indicadores relativos agrave sauacutede e agrave

educaccedilatildeo tecircm demonstrado francas melhorias que talvez resultem do facto dos estados

terem reforccedilado os apoios ao niacutevel destas funccedilotildees sociais Haacute no entanto que ter em

conta que no caso do Sul Europeu o crescente aumento da diacutevida puacuteblica poderaacute

dificultar a continuidade desta acccedilatildeo na medida em que poderaacute levar agrave necessidade de

reformulaccedilotildees que passem por cortes no Estado Social com vista a fazer face ao

crescente endividamento destes Os Estados do Sul Europeu natildeo devem contudo no

periacuteodo actual de crise esquecer a importacircncia que estes sectores tecircm para a coesatildeo

social e potencialmente para o desempenho econoacutemico

4 Despesa Social e Crescimento Econoacutemico anaacutelise comparada de alguns dados

Nesta secccedilatildeo seraacute realizada uma anaacutelise de estatiacutestica descritiva que teraacute como

principal objectivo uma anaacutelise comparada dos dois grupos de paiacuteses em termos de

crescimento econoacutemico e despesa social agregada e por diferentes componentes entre

17

1985 e 2010 Por uacuteltimo procura-se verificar se o sinal da correlaccedilatildeo esperada entre a

despesa social do Estado e o comportamento do produto estaacute de acordo com a literatura

econoacutemica Para tal realizamos apenas uma anaacutelise muito simples e preliminar baseada

no caacutelculo de coeficientes de correlaccedilatildeo entre as despesas em sauacutede educaccedilatildeo e as

vaacuterias componentes da despesa em protecccedilatildeo social e respectivamente o PIB per capita

e a taxa de crescimento do mesmo

Esta anaacutelise foi realizada tendo em conta todos os dados disponiacuteveis na base de

dados da OECD Social Expenditure Database ao niacutevel dos gastos com sauacutede e

protecccedilatildeo social e com os dados disponiacuteveis do Banco Mundial relativamente a despesa

em educaccedilatildeo PIB real per capita para todos os paiacuteses em anaacutelise no periacuteodo entre 1985

e 2010

Antes de passarmos agrave anaacutelise comparada da despesa social e suas componentes

nos paiacuteses da nossa amostra detenhamo-nos na comparaccedilatildeo da respectiva prestaccedilatildeo em

termos de crescimento econoacutemico de acordo com os dados relativos agraves taxas meacutedias de

crescimento anual do PIB real per capita entre 1985 e 2010 e alguns sub-periacuteodos (ver

Quadro 1) Ao longo do periacuteodo total 1985-2010 Portugal e a Espanha foram os paiacuteses

que mais cresceram o que natildeo eacute de estranhar uma vez que partiram de valores do PIB

real per capita dos mais baixos do grupo Seguem-se a estes os paiacuteses escandinavos

Finlacircndia Sueacutecia e Dinamarca enquanto que a Greacutecia e a Itaacutelia foram os paiacuteses que

menos cresceram No caso da Greacutecia a situaccedilatildeo eacute mais insoacutelita uma vez que tal como

Portugal e Espanha partiu de um niacutevel de rendimento relativamente mais baixo e assim

sendo o potencial de crescimento e convergecircncia deveria ter sido superior ao dos paiacuteses

mais ricos Se dividirmos o periacuteodo total em anaacutelise em trecircs sub-periacuteodos 1985-95

1995-05 e 2005-10 verificamos que o desempenho relativo dos paiacuteses se vai alterando

Assim por exemplo a boa prestaccedilatildeo de Portugal entre 1985-2010 parece ter sido

consequecircncia do seu elevado crescimento relativo entre 1985 e 1995 enquanto que nos

outros dois sub-periacuteodos a taxa meacutedia de crescimento anual do seu PIB real per capita eacute

das mais baixas do grupo Os paiacuteses escandinavos tecircm taxas de crescimento relativas

mais elevadas essencialmente entre 1995 e 2005 enquanto a Espanha e a Greacutecia

melhoram o desempenho relativo no segundo e terceiro sub-periacuteodos em especial a

Espanha Em todo o caso registou-se um acentuado abrandamento e do crescimento nos

uacuteltimos cinco anos com a Itaacutelia Sueacutecia Finlacircndia e Portugal a registarem mesmo taxas

crescimento negativas Este fenoacutemeno natildeo pode deixar de ter em conta o iniacutecio da crise

econoacutemica e financeira que teve o seu comeccedilo em 2007-2008

18

Quadro 1 Taxas meacutedias de crescimento anual do PIB real per capita 1985 a 2010

Periacuteodos Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

1985-1995 1639 0940 0555 2140 3600 2698 0970

1995-2005 1682 3377 3243 1128 2025 2591 2831

2005-2010 0025 -0267 0198 -0145 -0441 0207 -0229

1985-2010 1221 1806 1461 1131 2333 2024 1690

Fonte Caacutelculos do autor com base em dados do Banco Mundial

No que diz respeito agrave anaacutelise comparada entre a despesa social dos paiacuteses em

estudo iremos comeccedilar por comparar os niacuteveis de gastos sociais totais2 em percentagem

do PIB ao longo do periacuteodo total 1985-2010 (ver graacutefico 19) Durante todo este periacuteodo

eacute possiacutevel verificar que os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentaram um niacutevel de gastos

sociais totais superior ao dos paiacuteses do Sul Europeu O paiacutes que apresentou um niacutevel de

gastos mais elevado durante a maior parte deste periacuteodo foi a Sueacutecia que apenas o

deixou de ser quando a Dinamarca se assumiu como o paiacutes que mais gastou em despesa

social em 2010 cerca de 306 do PIB Quanto agrave Finlacircndia esta no ano de 2010

tambeacutem ultrapassa a Sueacutecia ao niacutevel de uma maior despesa social Contudo no caso

finlandecircs verifica-se que entre os anos de 1990 e 1992 ocorreu um aumento

consideraacutevel na despesa social ao qual se sucede uma diminuiccedilatildeo gradual dos gastos ateacute

2000 No entanto tal como a Dinamarca e a Sueacutecia este paiacutes apresentava ainda um

niacutevel de gastos superiores ao dos paiacuteses do Sul cerca de 243 do PIB No que respeita

aos paiacuteses da periferia tambeacutem designados paiacuteses do Sul verifica-se que o paiacutes que

mais se conseguiu aproximar do niacutevel de despesa dos paiacuteses da Escandinaacutevia foi a Itaacutelia

que no ano de 2010 gastava cerca de 277 do seu PIB em gastos sociais enquanto que

a Sueacutecia cerca de 283 No entanto verificamos que a Itaacutelia em algumas ocasiotildees foi

ultrapassada pelo niacutevel de gastos da Espanha como eacute o caso do subperiacuteodo entre 1989 e

1996 Quanto aos paiacuteses que canalizaram uma menor percentagem do PIB para a

despesa social verificam-se que estes foram a Espanha Greacutecia e Portugal

Relativamente a estes dois uacuteltimos verificou-se que a Greacutecia apresentava em 1985 um

niacutevel de despesa social consideravelmente maior que Portugal cerca de 161 face aos

101 do PIB de Portugal no entanto essa diferenccedila foi diminuindo Tal resulta de um

2 Os gastos sociais totais incluem a despesa em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado laboral apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social

exceptuando os apoios em educaccedilatildeo

19

evidente aumento da despesa em Portugal e um teacutenue crescimento da Despesa Social

grega chegando Portugal no ano de 2002 a ultrapassar a Greacutecia e no ano de 2010

apresentava um niacutevel de despesa mais elevado de despesa que a Greacutecia cerca de 254

face aos 233 da Greacutecia Na globalidade verificou-se uma tendecircncia de crescimento

contiacutenuo nos paiacuteses escandinavos ateacute ao iniacutecio da deacutecada de 90 seguido de uma

diminuiccedilatildeo ateacute cerca de 2000 No Sul a tendecircncia eacute de crescimento sustentado para a

Greacutecia e Portugal e de oscilaccedilotildees na Espanha e Itaacutelia Eacute tambeacutem notoacuterio que apoacutes a crise

de 2007-08 se verifica de novo um crescimento da despesa relativamente aos paiacuteses do

Norte

No seguimento da anaacutelise comparativa da despesa social em termos globais

efectua-se agora um estudo comparativo entre a despesa do Estado nas vaacuterias

componentes da despesa social educaccedilatildeo sauacutede e protecccedilatildeo social e dentro de estas

com o pagamento de pensotildees de reforma subsiacutedios de invalidez politicas activas do

mercado de trabalho apoios agraves famiacutelias e subsiacutedio de desemprego que correspondem agrave

maioria da despesa social nestes paiacuteses

De acordo com os graacuteficos 20 e 21 os niacuteveis de despesa social quer em sauacutede e

quer em educaccedilatildeo respectivamente dos paiacuteses do Norte face aos do Sul medidos em

percentagem do seu PIB entre 1985 e 2010 satildeo maiores no primeiro grupo de paiacuteses

relativamente ao segundo agrave excepccedilatildeo da Finlacircndia que depois de um periacuteodo de

diminuiccedilatildeo da despesa em sauacutede entre 1992 e 1998 para cerca dos 53 do PIB

verifica de novo um aumento para os 67 verificados em 2010 No entanto situava-se

aqueacutem do verificado em Itaacutelia Espanha e Portugal no mesmo ano que era

respectivamente 73 713 e 712 do PIB Assim sendo a Finlacircndia encontrava-se

soacute a frente da Greacutecia que possuiacutea um niacutevel de gastos de 64 do PIB (ver graacutef 20 e 21)

Nota-se tambeacutem no que diz respeito agrave despesa em sauacutede que a Sueacutecia e a Dinamarca

foram quem mais despenderam nesta aacuterea com niacuteveis de despesa semelhantes Contudo

a partir de 1999 o niacutevel de despesa da Dinamarca passa para frente do da Sueacutecia

tornando-se assim o paiacutes com maior despesa em sauacutede chegando a 2010 a apresentar

um valor de cerca de 94 do PIB face aos 77 da Sueacutecia Eacute importante salientar que

todos os paiacuteses do Sul da Europa verificaram um crescimento sustentado que se traduz

em valores de despesa em sauacutede em percentagem do PIB maiores em 2010 que em

1985 Por fim importa destacar que entre 2009 e 2010 verificou-se uma diminuiccedilatildeo da

despesa para todos os paiacuteses por ventura efeitos da crise que comeccedilou um par de anos

antes

20

No que toca agrave educaccedilatildeo como jaacute foi referido os paiacuteses da Escandinaacutevia

apresentam durante o periacuteodo em anaacutelise um niacutevel de despesa superior nesta mateacuteria em

relaccedilatildeo aos paiacuteses da periferia Neste contexto verificamos que as diferenccedilas relativas

aos niacuteveis de despesa dos vaacuterios paiacuteses em educaccedilatildeo se encontram melhor clarificadas

que as diferenccedilas ao niacutevel da despesa em sauacutede agrave excepccedilatildeo dos anos entre 1987 e 1990

em que os valores da despesa portuguesa foram semelhantes ao da espanhola e dos anos

de 2007 e 2008 em que os valores da Itaacutelia foram semelhantes aos da Espanha Feitas

estas consideraccedilotildees verifica-se a existecircncia de um maior niacutevel de despesa em educaccedilatildeo

por parte da Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia ao longo do periacuteodo e no ano de 2009 o

valor da despesa era respectivamente de 83 72 e 68 do PIB No que toca aos

restantes paiacuteses da amostra os paiacuteses do Sul verificamos que o niacutevel de despesa grego e

portuguecircs foi aumentando chegando o portuguecircs a tornar-se o mais elevado entre os

restantes paiacuteses da periferia a partir de 1994 sem nunca esquecer a ausecircncia de dados

para o ano de 1997 e para a Greacutecia entre 2005 e 2010 No ano de 1994 o valor gasto por

Portugal era cerca de 46 chegando a 2010 aos 56 do PIB Jaacute relativamente agrave Itaacutelia

considerando a quebra de dados para este paiacutes verificamos que esta se encontrava no

topo dos paiacuteses do Sul que mais gastavam nesta aacuterea no entanto como jaacute foi referido

esta foi ultrapassada por Portugal e ateacute mesmo a Espanha a partir de 2007 paiacuteses que

tinham nesse ano respectivamente um niacutevel de gastos de 51 e 434 do PIB face

aos 426 do PIB verificados na Itaacutelia

Relativamente agrave despesa em protecccedilatildeo social entre os paiacuteses em anaacutelise e no

que diz respeito niacutevel gastos em pagamentos de pensotildees de reforma verificamos que

natildeo existe um grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 22) Neste capiacutetulo

verifica-se que em todos os paiacuteses o niacutevel de gastos nesta mateacuteria foi oscilando

Contudo nos subperiacuteodos de 1985-89 e de 1997-2009 este foi mais elevado na Itaacutelia e

a Greacutecia sendo estes ultrapassados apenas entre 1991-95 pela Sueacutecia Estes trecircs paiacuteses

em 2009 ocupavam trecircs das quatro primeiras posiccedilotildees nos gastos em pensotildees

apresentando a Itaacutelia a Greacutecia e a Sueacutecia um niacutevel de gastos de 13 109 e 102

do PIB respectivamente Quanto aos restantes paiacuteses verifica-se que o paiacutes que durante

maior parte do periacuteodo apresentou um niacutevel de despesa mais baixo foi Portugal no

entanto registou um aumento consideraacutevel se em 1985 se encontrava no uacuteltimo posto

com cerca de 33 do seu PIB gasto em pensotildees a partir de 2004 ultrapassou a

Finlacircndia Dinamarca e Espanha apresentando no ano de 2009 uma percentagem de

gastos em pensotildees relativamente ao PIB a rondar os 106 superior ao verificado na

21

Dinamarca (82) na Finlacircndia (102) e Espanha (77) Tal poderaacute ter que ver com

o facto de a populaccedilatildeo em Portugal ter envelhecido a um ritmo mais acelerado que nos

restantes paiacuteses

No que toca aos subsiacutedios de desemprego verificamos tambeacutem que natildeo haacute um

grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 23) Contudo neste capiacutetulo

constata-se que os trecircs paiacuteses que gastaram maior percentagem do PIB em subsiacutedios de

desemprego ao longo do periacuteodo foram a Dinamarca Espanha e Finlacircndia Nestes

paiacuteses verificamos que em 1993 o niacutevel de gastos foi o mais elevado cerca 53 do PIB

no caso dinamarquecircs e de 47 no caso espanhol e finlandecircs sendo uma possiacutevel razatildeo

para esse aumento a crise econoacutemica que ocorreu nesse ano O factor crise econoacutemica

poderaacute tambeacutem ajudar a compreender o porquecirc de na Espanha o niacutevel de gastos ter

subido entre 2008 e 2009 de uma forma abrupta passando dos 22 do PIB para os

35 aumento que poderaacute estar relacionado com a crise econoacutemica de 2007-08 que

poderaacute ter contribuiacutedo para o agravamento da taxa de desemprego espanhola Neste

acircmbito verifica-se tambeacutem que os paiacuteses que apresentaram ao longo deste periacuteodo um

niacutevel de despesa mais reduzido com os subsiacutedios de desemprego foram Portugal Itaacutelia e

Greacutecia que em 2009 eram os que menos gastavam com um niacutevel de despesa de cerca de

07 no caso grego 08 no caso italiano e 12 do PIB no caso portuguecircs Estes

valores ficam bem atraacutes dos verificados no mesmo ano para a Dinamarca (23) e para

a Espanha (35)

Jaacute no que toca agrave despesa social em apoios concedidos agraves famiacutelias em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e em subsiacutedios concedidos a pessoas com incapacidade

verifica-se que os paiacuteses do Norte tecircm um niacutevel de gastos nestas mateacuterias superior ao da

periferia europeia (ver graacuteficos 24 25 e 26) Verifica-se ainda assim uma pequena

excepccedilatildeo no que toca agrave Espanha em que os gastos em poliacuteticas activas no mercado de

trabalho em 1989 e 1990 foram superiores agraves verificadas na Dinamarca que eram cerca

de 08 do PIB face aos 07 despendido pelos dinamarqueses A diferenccedila entre os

dois grupos eacute evidente no caso da despesa relacionada com os apoios agraves famiacutelias onde

se verifica uma diferenccedila consideraacutevel ao longo do periacuteodo de anaacutelise entre o Norte e o

Sul A despesa em aacutereas como as poliacuteticas e com as famiacutelias dentro dos paiacuteses da

Escandinaacutevia foi inicialmente mais elevado na Sueacutecia que chegou a atingir o seu

maacuteximo em 1992 com cerca de 49 do PIB gasto nesta mateacuteria no entanto

progressivamente o niacutevel de despesa da Dinamarca foi-se aproximando da Sueacutecia

chegando ateacute a ultrapassar esta em 1995 No que diz respeito agrave Finlacircndia verificou-se

22

que dos trecircs paiacuteses que compotildeem a Escandinaacutevia eacute aquele que apresenta um niacutevel mais

baixo durante maior parte do periacuteodo em anaacutelise mas no entanto superior aos paiacuteses do

Sul como jaacute foi dito Existe contudo uma excepccedilatildeo para este paiacutes que acontece no ano

de 1994 quando este consegue ser o paiacutes que mais gasta nesta aacuterea cerca de 44 do

PIB superior aos gastos suecos que foram cerca de 43 e dos dinamarqueses cerca de

39 Quanto aos gastos em poliacuteticas activas do mercado de trabalho as diferenccedilas jaacute

natildeo satildeo tatildeo evidentes mas no entanto relativamente aos paiacuteses do Sul verificamos ao

longo de todo o periacuteodo que os paiacuteses que foram apresentando consecutivamente

valores mais elevados de despesa nesta mateacuteria foram Portugal e Espanha que entre

1985 e 2009 sofreram oscilaccedilotildees relativamente aos valores despendidos no entanto em

2009 estes gastavam cerca de 08 e 09 respectivamente um valor mais elevado que

o verificado para a Itaacutelia (04) e para a Greacutecia (02) paiacuteses que ao longo do periacuteodo

observado se ficaram pelos uacuteltimos lugares

Por uacuteltimo abordamos as diferenccedilas entre o Norte e o Sul ao niacutevel de gastos em

pensotildees por incapacidade (ver graacutef 26) Como jaacute foi referido verificamos que o niacutevel

de gastos nesta aacuterea eacute superior no Norte em relaccedilatildeo ao Sul Assim sendo verificamos

que a Sueacutecia e a Finlacircndia foram alternando a lideranccedila relativamente aos paiacuteses que

mais despenderam nestes apoios Entre 1985-91 e 1997-2009 a Sueacutecia realizou um niacutevel

de despesa mais elevado que a Finlacircndia apresentando em 1991 um niacutevel a rondar os

53 face ao gasto pela Finlacircndia que foi cerca de 49 Jaacute em 2009 o niacutevel de gastos

da Sueacutecia foi de 5 do seu PIB maior que o verificado na Finlacircndia 41 enquanto

que para o restante periacuteodo o niacutevel de gastos finlandecircs foi sempre superior ao sueco A

Dinamarca foi dos paiacuteses escandinavos aquele que ao longo da maior parte deste

periacuteodo menos gastou no entanto a partir de 2001 esta ultrapassou o niacutevel de gastos da

Finlacircndia apresentando um niacutevel de despesa de cerca de 38 do PIB face aos 37

verificados no caso finlandecircs Esta ultrapassagem deu-se natildeo soacute pela subida dos gastos

em da Dinamarca nesta aacuterea mas tambeacutem por uma descida da despesa finlandesa No

que toca aos paiacuteses do Sul verificamos que quem gastou relativamente mais durante a

maior parte do periacuteodo entre 1985 e 2009 em subsiacutedios atribuiacutedos a incapacitados

foram Espanha Portugal Itaacutelia e a Greacutecia respectivamente agrave excepccedilatildeo do subperiacuteodo

entre 1985 e 1989 em que a Itaacutelia teve um niacutevel de gastos superiores ao de Portugal

Estes paiacuteses no ano de 2009 apresentavam um niacutevel de gastos a rondar os 27 do PIB

no caso espanhol os 21 no caso portuguecircs os 19 no caso italiano e os 1 no caso

23

grego valores que apesar de serem mais baixos que os verificados nos paiacuteses do Norte

da Europa satildeo mais elevados que os verificados em 1985 para estes paiacuteses

Por fim concluiacutemos esta secccedilatildeo com uma anaacutelise quantitativa muito simples e

preliminar da relaccedilatildeo entre a despesa social e o crescimento econoacutemico que corresponde

ao caacutelculo dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre os vaacuterios tipos de despesa social e o PIB

real per capita e a sua taxa de crescimento De acordo com a revisatildeo da literatura

realizada na secccedilatildeo 2 espera-se que exista uma correlaccedilatildeo positiva entre a despesa

social e o niacutevel de crescimento do PIB na medida ou seja para que esta contribua

efectivamente para uma reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo do rendimento e da

pobreza mas tambeacutem porque certos tipos de despesa social tais como educaccedilatildeo sauacutede

mas tambeacutem os apoios agrave famiacutelia contribuem directamente para a acumulaccedilatildeo de capital

humano Contudo aceitando o argumento de que o financiamento necessaacuterio introduz

distorccedilotildees na actividade econoacutemica que por exemplo desincentivam o trabalho e o

investimento por parte das empresas a correlaccedilatildeo obtida pode ter um sinal negativo Da

mesma forma se despesas como o subsiacutedio de desemprego constituiacuterem um

desincentivo a realizar maior esforccedilo no trabalho tambeacutem o sinal poderaacute ser negativo

Em uacuteltima anaacutelise poderaacute natildeo existir qualquer correlaccedilatildeo se os efeitos de sinal contraacuterio

se compensarem exactamente Finalmente natildeo devemos esquecer que correlaccedilatildeo natildeo

significa causalidade pelo que o sinal obtido se pode dever agrave influecircncia do produto

sobre a despesa social ou agrave influecircncia muacutetua

Com auxiacutelio do Quadro 2 onde se encontram os resultados relativos aos

coeficientes de correlaccedilatildeo entre despesa social e o PIB real per capita verificamos que

tendo em conta os dados disponiacuteveis para todos os paiacuteses e anos os coeficientes de

correlaccedilatildeo entre as vaacuterias despesas sociais e o PIB real per capita satildeo todos positivos

quer no que respeita agrave despesa social total quer agraves suas diferentes componentes Os

coeficientes de correlaccedilatildeo mais elevados dizem respeito agraves despesas em educaccedilatildeo e

sauacutede respectivamente 0833 e 0791 podendo argumentar-se que isto se deve ao seu

contributo directo para a acumulaccedilatildeo de capital humano e que este factor possa ter

trazido ganhos de produtividade agraves economias conforme a literatura econoacutemica defende

Quanto ao efeito das vaacuterias componentes de despesa social em protecccedilatildeo social

verificamos que as aacutereas que possuem um coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado satildeo a

despesa em apoios atribuiacutedos agraves famiacutelias os subsiacutedios atribuiacutedos aos incapacitados e as

poliacuteticas activas do mercado de trabalho (0764 0648 e 0626 respectivamente) A

correlaccedilatildeo mais elevada na primeira e terceira dimensotildees referidas poderaacute ter que ver

24

com o seu papel na reduccedilatildeo da desigualdade e pobreza das famiacutelias mais pobres e dos

incentivos criados juntos das empresas para que estas empreguem mais trabalhadores

No que diz respeito aos subsiacutedios concedidos agraves famiacutelias estes ajudam ao aumento do

rendimento das mesmas e tal como foi dito anteriormente poderaacute ter-se traduzido no

aumento do consumo privado daiacute haver uma relaccedilatildeo positiva com o PIB per capita No

meacutedio-longo prazo pode tambeacutem permitir agraves famiacutelias investir mais no capital humano

dos seus filhos e desta forma contribuir para o aumento do PIB Nas restantes aacutereas

gastos com subsiacutedios de desemprego ou em pensotildees tambeacutem possuem uma relaccedilatildeo

positiva com o PIB per capita indicando que toda a despesa realizada pelos vaacuterios

paiacuteses ao longo deste periacuteodo foi importantes para o aumento do produto na medida em

que estas se incidiram sobre os indiviacuteduos que possuem um niacutevel de rendimento mais

baixo dando um estimulo ao consumo traduzindo-se isso no aumento do produto como

jaacute vimos anteriormente Contudo nestes casos os coeficientes de correlaccedilatildeo de 0424 e

0220 respectivamente satildeo bastante inferiores indicando que poderatildeo estar em

actuaccedilatildeo efeitos de sinal negativo que reduzem a correlaccedilatildeo positiva final

Nomeadamente os gastos com pensotildees e subsiacutedios de desemprego podem estar a

desviar a despesa de outras funccedilotildees sociais com um impacto mais directo sobre a

produtividade como a educaccedilatildeo e a sauacutede

Quadro 2 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social e componentes e o niacutevel

do PIB real per capita 1985-2010 (todos os dados disponiacuteveis)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB) PIB real

per capita

Total 0747

Sauacutede 0791

Educaccedilatildeo 0833

Pensotildees de reforma 0220

Pensotildees por incapacidade 0648

Apoios agraves Famiacutelias 0764

Poliacuteticas Activas do Mercado de Trabalho 0626

Subsiacutedio de Desemprego 0424

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

25

A anaacutelise de correlaccedilatildeo anterior apesar de interessante natildeo permite ter uma

ideia muito rigorosa da existecircncia ou natildeo de causalidade entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico uma vez que se baseia em valores correntes quer da despesa

quer do PIB e como vimos os paiacuteses mais ricos tendem tambeacutem a gastar mais com as

funccedilotildees sociais Por outro lado em termos de efeitos permanentes sobre a taxa de

crescimento eacute mais rigoroso calcular a correlaccedilatildeo entre a despesa e a taxa de

crescimento do PIB real per capita De forma a ter em conta a questatildeo da causalidade

inversa no quadro 2 satildeo apresentados os coeficientes de correlaccedilatildeo entre a meacutedia da

despesa social realizada nos sete paiacuteses no periacuteodo de 1985 a 1999 e o crescimento

meacutedio do PIB verificado nos dez anos seguintes 2000-2010

De acordo com a informaccedilatildeo que consta do quadro 3 o sinal dos coeficientes de

correlaccedilatildeo varia agora consoante o tipo de despesa considerada Relativamente agrave

despesa social total o coeficiente eacute negativo embora natildeo muito elevado -02779 A

justificaccedilatildeo mais imediata para este sinal poderaacute ter a ver com o facto do financiamento

necessaacuterio ter introduzido distorccedilotildees na actividade econoacutemica que prejudicaram o

crescimento Contudo torna-se mais informativo olhar para as diferentes componentes

da despesa social

No que respeita aos coeficientes por tipo de despesa como seria de esperar dada

a consensual relaccedilatildeo entre as despesas em educaccedilatildeo e sauacutede com o crescimento

econoacutemico por via do seu impacto sobre a acumulaccedilatildeo de capital humano3 o sinal eacute

positivo embora de magnitude reduzida 01356 e 00115 respectivamente em especial

no caso das despesas em sauacutede Estes resultados indicam tambeacutem que os coeficientes de

correlaccedilatildeo anteriores contecircm realmente informaccedilatildeo sobre a influecircncia positiva no niacutevel

de rendimento sobre as despesas sociais em educaccedilatildeo e sauacutede O outro coeficiente de

correlaccedilatildeo positivo diz respeito agrave despesa com subsiacutedios de desemprego sendo ateacute a

correlaccedilatildeo mais forte do que nos dois casos anteriores 01733 Isto pode indicar que a

existecircncia deste apoio constituiu um incentivo ao trabalho pela seguranccedila que permite

aos trabalhadores estimulando tambeacutem os mesmos a apostar na sua formaccedilatildeo porque

protegidos em caso de desemprego

Quanto ao impacto negativo das restantes componentes da despesa social

verifica-se que as despesas que apresentam um coeficiente menos negativo satildeo as

pensotildees de reforma e por incapacidade -02298 e -03338 respectivamente enquanto

3 Como vimos na secccedilatildeo 3 o estado de sauacutede mas em especial o niacutevel de escolaridade da populaccedilatildeo

dos paiacuteses escandinavos foram em geral superiores ao dos paiacuteses do Sul ao longo do periacuteodo em anaacutelise

26

ainda menos esperado a correlaccedilatildeo negativa mais forte acontece no caso das poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias -03794 e -03671 respectivamente

No caso das pensotildees de reforma e por incapacidade o sinal natildeo eacute inesperado dado o

esforccedilo que exigem em termos de financiamento e o seu papel mais indirecto na

promoccedilatildeo do crescimento econoacutemico sobretudo via a reduccedilatildeo da desigualdade e da

pobreza No caso das poliacuteticas activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias os

resultados satildeo inesperados a dois niacuteveis sinais e magnitude relativa superior Esperar-

se-ia um sinal positivo face ao descrito logo no iniacutecio da anaacutelise de correlaccedilatildeo ou pelo

menos natildeo tatildeo negativo como nos outros dois casos uma vez que em qualquer situaccedilatildeo

o financiamento necessaacuterio pode ter impacto negativo sobre o crescimento do produto

Quadro 3 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social meacutedia (1985-1999) e a

taxa meacutedia de crescimento do PIB real per capita (2000-2010)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB)

Meacutedia 1985-1999 Taxa meacutedia de crescimento anual do PIB real per capita

(2000-10)

Total -02779

Sauacutede 00115

Educaccedilatildeo 01356

Pensotildees de reforma -02298

Pensotildees por incapacidade -03338

Apoios agraves Famiacutelias -03671

Poliacuteticas Activas do Mercado de

Trabalho -03794

Subsiacutedio de Desemprego 01733

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

Em jeito de conclusatildeo os resultados apontam para uma relaccedilatildeo positiva entre a

despesa social nas vaacuterias aacutereas analisadas e o niacutevel do PIB per capita entre 1985 e 2010

o que eacute indiciador de que estatildeo em actuaccedilatildeo mecanismos de influecircncia da despesa social

que promovem um aumento do niacutevel de rendimento nomeadamente via acumulaccedilatildeo de

capital humano atraveacutes das despesas em educaccedilatildeo e sauacutede Contudo uma anaacutelise mais

rigorosa em termos de possiacuteveis impactos permanentes sobre a taxa de crescimento

econoacutemico revela que os resultados podem divergir bastante em termos de sinal e

magnitude atendendo ao tipo de despesa social considerada Os resultados deste estudo

27

apontam tambeacutem para valores que alguns casos podem ser contraacuterios aos verificados

pelos estudos empiacutericos descritos na secccedilatildeo 2 Tal poderaacute estar relacionado com a

amostra de paiacuteses utilizada assim como o periacuteodo de anaacutelise e metodologia utilizada

5 Conclusotildees

Este trabalho propocircs-se a reflectir sobre a relaccedilatildeo entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico tendo por base a comparaccedilatildeo de dois grupos de paiacuteses

pertencentes agrave Uniatildeo Europeia a Escandinaacutevia e o Sul da Europa A niacutevel teoacuterico as

previsotildees acerca da relaccedilatildeo entre Estado Social e crescimento econoacutemico divergem

sendo possiacutevel encontrar argumentos que justificam a existecircncia de uma relaccedilatildeo

positiva outros que apoiam a verificaccedilatildeo de uma relaccedilatildeo negativa e outros ainda que

apontam no sentido de ausecircncia de qualquer relaccedilatildeo Estas diferentes hipoacuteteses parecem

indicar que cabe agrave anaacutelise empiacuterica determinar o sinal da relaccedilatildeo e o respectivo

contexto

Constituindo uma anaacutelise ainda exploratoacuteria o presente trabalho recorreu a uma

anaacutelise de estatiacutestica descritiva de um conjunto variado de indicadores relevantes para o

periacuteodo de 1985 a 2010 sempre que possiacutevel para analisar empiricamente a relaccedilatildeo

entre despesa social e crescimento econoacutemico

De forma a analisar esta relaccedilatildeo em termos mais detalhados aquela foi

desagregada em diferentes componentes tendo sido utilizados dados relativos a

despesas em educaccedilatildeo sauacutede e em vaacuterias componentes da despesa com a protecccedilatildeo

social como os subsiacutedios de desemprego e incapacidade apoios agraves famiacutelias gastos em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho e em pensotildees de reforma Foram calculados os

coeficientes de correlaccedilatildeo destas com o niacutevel do PIB real per capita numa tentativa de

confirmaccedilatildeo muito preliminar do sinal esperado para a relaccedilatildeo bem como os

coeficientes de correlaccedilatildeo entre os valores meacutedios da despesa das vaacuterias variaacuteveis entre

1985 e 1999 com a taxa de crescimento do PIB per capita entre 2000-10 Os

coeficientes de correlaccedilatildeo no uacuteltimo caso poderatildeo ajudar a compreender se o niacutevel de

gastos verificado entre 1985-99 contribuiacuteram para o crescimento econoacutemico verificado

na deacutecada seguinte

Verificou-se que ao longo do periacuteodo em anaacutelise a despesa social em

percentagem do PIB agregada e nas diferentes aacutereas teve um aumento relativo entre

1985 e 2010 mas no entanto aquela foi sempre mais elevada nos paiacuteses Escandinavos

tendo estes paiacuteses registado tambeacutem valores mais elevados do PIB real per capita

28

relativamente aos paiacuteses do Sul Os resultados apontam para que todas as dimensotildees se

correlacionam positivamente com o niacutevel de rendimento per capita sendo de destacar

que a educaccedilatildeo eacute a componente com coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado seguida

das despesas com sauacutede o que parece confirmar a influecircncia deste tipo de despesa sobre

o comportamento do produto via acumulaccedilatildeo de capital humano No que respeita ao

possiacutevel efeito da despesa social sobre a taxa de crescimento do PIB real per capita o

sinal do coeficiente de correlaccedilatildeo manteacutem-se positivo mas de magnitude bastante

inferior ao dos casos anteriores enquanto a correlaccedilatildeo apresenta um sinal negativo no

caso da despesa social total A correlaccedilatildeo eacute tambeacutem negativa para as diferentes

componentes da despesa como a protecccedilatildeo social com excepccedilatildeo do subsiacutedio de

desemprego Estes resultados apoiam assim a necessidade de ao estudar a relaccedilatildeo entre

Estado Social e crescimento econoacutemico levar a cabo uma anaacutelise desagregada uma vez

que os mecanismos de transmissatildeo podem variar consoante o tipo de despesa social

pelo que a anaacutelise agregada eacute difiacutecil de interpretar em termos econoacutemicos

Em suma o presente estudo poderaacute ajudar a compreender de forma preliminar

como os gastos sociais interagem com o crescimento econoacutemico e quais as aacutereas que

tecircm contribuiacutedo de forma positiva ou negativa para o mesmo Contudo natildeo poderaacute

deixar de se ter em conta a capacidade de outros factores poderem afectar a

performance da economia assim como natildeo se deve negligenciar a importacircncia dos

gastos sociais para a convergecircncia econoacutemica dos paiacuteses do Sul para com os paiacuteses do

Norte da Europa De forma a poder generalizar a anaacutelise e tirar conclusotildees mais

robustas em relaccedilatildeo ao sentido da causalidade e mecanismos de transmissatildeo no futuro

seraacute necessaacuterio utilizar meacutetodos de inferecircncia estatiacutestica adequados e amostras mais

alargadas de paiacuteses

29

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30

Anexos

Graacutefico 1 PIB per capita a preccedilos constantes de 2005 entre 1985 e 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 2 Esperanccedila meacutedia de vida 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

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Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em

cada 1000 nascimentos) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total

da populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB ()1985 e 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

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Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes 2003 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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36

Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010

Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A

despesa Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes ( do PIB) 2003 a

2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip35

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 e 2009helliphelliphelliphelliphellip35

Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip36

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010helliphelliphelliphelliphellip36

Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010helliphelliphellip37

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a

2010helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip37

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do PIB

1985 a 2009helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip37

Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip38

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip38

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip38

Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip39

1

1 Introduccedilatildeo

A despesa social do Estado que engloba por exemplo as prestaccedilotildees sociais

educaccedilatildeo e sauacutede entre outras despesas justifica-se do ponto de vista da melhoria do

bem-estar dos cidadatildeos reflectindo-se tambeacutem na melhoria de alguns indicadores soacutecio-

econoacutemicos agregados tais como o Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) que

contabiliza melhorias no PIB real per capita escolaridade e sauacutede da populaccedilatildeo em

geral Por exemplo em 2012 de acordo com dados do UNDP os paiacuteses escandinavos

(Dinamarca Finlacircndia e Sueacutecia) estavam nas 25 primeiras posiccedilotildees no que respeita aos

valores do IDH com um valor meacutedio deste de 0905 No mesmo ano e de acordo como

os dados da Social Expenditure Database da OCDE os trecircs paiacuteses registavam uma

despesa social em percentagem do PIB com um valor meacutedio para o grupo de 29637

superior agrave meacutedia da OCDE 21785 Jaacute os paiacuteses da Europa do Sul Espanha Greacutecia

Itaacutelia e em especial Portugal ocupavam lugares inferiores no que respeita ao ranking do

IDH (valor meacutedio para os trecircs paiacuteses 0891) gastando tambeacutem menos do que os paiacuteses

escandinavos com funccedilotildees sociais (em meacutedia 25725) Esta aparente correlaccedilatildeo

positiva entre despesa social e o IDH dever-se-aacute certamente agrave protecccedilatildeo social e

econoacutemica dos cidadatildeos realizada atraveacutes desta via pelo Estado com vista a diminuir as

desigualdades entre indiviacuteduos mais ricos e mais pobres para que estes possam ter

acesso agraves mesmas oportunidades contribuindo dessa forma para um paiacutes mais

homogeacuteneo e permitindo tambeacutem potencialmente melhorar o desempenho

macroeconoacutemico

No que diz respeito agrave Uniatildeo Europeia (UE) os paiacuteses escandinavos situados no

Norte da Europa Dinamarca Finlacircndia e Sueacutecia tecircm efectivamente registado de forma

sustentada niacuteveis de rendimento e produtividade superiores aos paiacuteses do Sul Espanha

Greacutecia Portugal e Itaacutelia Com efeito em 2012 e de acordo com dados do Eurostat os

paiacuteses escandinavos registavam um PIB real per capita entre os mais elevados da UE-

28 ocupando a segunda quarta e seacutetima posiccedilotildees em 28 possiacuteveis respectivamente

enquanto os paiacuteses do Sul se ficavam por lugares intermeacutedios muito proacuteximos ou jaacute na

metade inferior da tabela Esta situaccedilatildeo poderaacute estar relacionada com a visatildeo que cada

grupo de paiacuteses tem acerca da participaccedilatildeo do Estado na economia e na sociedade em

geral e em particular no que respeita agraves funccedilotildees sociais deste Com efeito o modelo e a

dimensatildeo do Estado Social satildeo muito diferentes entre os paiacuteses escandinavos e a

periferia europeia quer ao niacutevel da abrangecircncia dos apoios sociais quer ao niacutevel das

2

aacutereas onde se verifica uma maior despesa sendo os primeiros os que apresentam

melhores desempenhos a niacutevel macroeconoacutemico Eacute por isso adequado reflectir sobre o

potencial papel do Estado Social e em particular da despesa puacuteblica associada na

explicaccedilatildeo das diferenccedilas de desempenho macroeconoacutemico entre estes dois grupos de

paiacuteses

Esta reflexatildeo assume particular interesse numa conjuntura em que os paiacuteses

perifeacutericos enfrentam uma crise ao niacutevel da sustentabilidade das financcedilas puacuteblicas que

levou a que tivessem sido feitos cortes e reformulaccedilotildees do seu modelo de Estado Social

Surgem assim algumas questotildees pertinentes seraacute que a reestruturaccedilatildeoreduccedilatildeo do

Estado Social poderaacute agravar ainda mais o desempenho econoacutemico destes paiacuteses Ou

seraacute que o problema reside na questatildeo de eficiecircncia do modelo adoptado

O principal objectivo deste trabalho eacute assim fazer uma comparaccedilatildeo entre o Norte

(Escandinaacutevia) e o Sul da Europa relativamente ao potencial papel do Estado Social no

crescimento econoacutemico analisando a importacircncia atribuiacuteda pelos Estados a

determinadas aacutereas de intervenccedilatildeo social atraveacutes da despesa realizada nas mesmas Para

o efeito seraacute efectuada uma anaacutelise de estatiacutestica descritiva de indicadores relevantes

para a caracterizaccedilatildeo econoacutemica e social dos dois grupos de paiacuteses em anaacutelise e em

particular relativos ao seu desempenho em termos de crescimento e despesa social

recorrendo-se a dados do Eurostat OCDE e Banco Mundial O periacuteodo em anaacutelise seraacute

de 1985 ateacute 2010 sempre que possiacutevel

O restante trabalho encontra-se organizado da forma que a seguir se descreve A

secccedilatildeo 2 conteacutem uma revisatildeo da literatura sobre os potenciais mecanismos de

transmissatildeo do Estado Social relativamente ao crescimento econoacutemico bem como a

sistematizaccedilatildeo dos resultados de alguns estudos empiacutericos anteriores Na secccedilatildeo 3 eacute

feita uma caracterizaccedilatildeo das principais diferenccedilas e semelhanccedilas dos paiacuteses em anaacutelise

em termos econoacutemicos e sociais com base num conjunto de indicadores relevantes

Segue-se a secccedilatildeo 4 onde se reflecte com base numa anaacutelise de estatiacutestica descritiva

sobre a potencial relaccedilatildeo entre a despesa social e o crescimento econoacutemico na amostra

seleccionada Finalmente a secccedilatildeo 5 conteacutem as principais conclusotildees

2 Estado Social qual a sua importacircncia para o crescimento econoacutemico

O conceito de Estado Social eacute um conceito que natildeo apresenta uma definiccedilatildeo

precisa Na tentativa de definir o que eacute o Estado Social Andrade Duarte e Simotildees

(2013 p4) afirmam que de ldquoum modo geral se pode entender o Estado Social como um

3

Estado em que o governo utiliza uma parcela importante dos recursos nacionais para

oferecer serviccedilos que beneficiam indiviacuteduos ou famiacutelias que preencham determinados

criteacuterios ou seja que se destinam a ser consumidos individualmente por oposiccedilatildeo ao

consumo colectivo de bens como a defesa nacional ou a seguranccedila internardquo

Estas intervenccedilotildees do Estado tecircm genericamente como objectivo a reduccedilatildeo das

desigualdades na distribuiccedilatildeo do rendimento e a reduccedilatildeo da pobreza promovendo a

igualdade de oportunidades e o bem-estar sendo conseguidas atraveacutes de medidas

destinadas a melhorar o niacutevel de escolaridade e de sauacutede da populaccedilatildeo bem como

medidas de protecccedilatildeo social que englobam por exemplo os subsiacutedios de desemprego

pensotildees de invalidez apoios agraves famiacutelia poliacuteticas activas no mercado de trabalho bem

como as pensotildees concedidas aos reformados As medidas de protecccedilatildeo social destinam-

se assim a prevenir ou minorar situaccedilotildees que possam afectar negativamente o bem-estar

dos indiviacuteduos Por exemplo as poliacuteticas activas no mercado de trabalho visam a raacutepida

reinserccedilatildeo dos desempregados no mercado de trabalho podendo estas contribuir para a

reduccedilatildeo do nuacutemero de pessoas cuja sua uacutenica fonte de rendimento eacute o subsiacutedio de

desemprego mas tambeacutem de todos os desempregados que jaacute nem direito tecircm ao

mesmo com o intuito de lhes garantir o miacutenimo de condiccedilotildees financeiras Por outro

lado a preocupaccedilatildeo do Estado com o bem-estar das populaccedilotildees e com a reduccedilatildeo da

pobreza leva a que este conceda pensotildees aos reformados como forma de garantir que

estes no final das suas vidas activas natildeo fiquem sem qualquer tipo de fonte de

rendimento possibilitando um final de vida com o miacutenimo de condiccedilotildees A utilizaccedilatildeo

destes mecanismos como exemplo demostram dois destinos diferentes da despesa do

Estado Social que tecircm os mesmos objectivos e cuja importacircncia poderaacute ser

consideraacutevel tendo em conta o crescente aumento do nuacutemero de pensionistas e a

elevada taxa de desemprego que se verifica em alguns dos paiacuteses em anaacutelise A poliacutetica

de protecccedilatildeo social de acordo com Damerou (2011 p13) citando a definiccedilatildeo do

Eurostat (2008) ldquoengloba todas as intervenccedilotildees de organismos puacuteblicos ou privados

destinados a apoiar as famiacutelias e indiviacuteduos encargos representados por um conjunto

definido de riscos ou necessidades desde que natildeo exista simultaneamente qualquer

acordo reciacuteproco ou individualrdquo Esta poliacutetica abrange toda a populaccedilatildeo mediante

determinadas condiccedilotildees sendo os apoios atribuiacutedos quer por intermeacutedio de programas

de Seguranccedila Social ou de Assistecircncia Social No entanto as poliacuteticas de protecccedilatildeo

social necessitam de financiamento para serem realizadas mostrando-se assim as

contribuiccedilotildees sociais e os impostos pagos pela populaccedilatildeo importantes para garantir a

4

sustentabilidade financeira deste mecanismo sem comprometer o seu futuro No acircmbito

da sustentabilidade financeira deste mecanismo alguns autores tais como Damerou

(2011) consideram o PIB real per capita determinante natildeo soacute em termos do niacutevel de

bem-estar de uma sociedade mas tambeacutem para fazer diminuir as pressotildees financeiras

sobre a Seguranccedila Social em resultado dos actuais indicadores demograacuteficos que

apontam para um aumento da esperanccedila meacutedia de vida e da diminuiccedilatildeo da natalidade

Estes indicadores segundo o mesmo autor tecircm impacto directo na sustentabilidade

financeira da Seguranccedila Social na medida em que esta ao ser financiada na sua maioria

pela populaccedilatildeo activa a sua diminuiccedilatildeo poderaacute gerar um problema de financiamento

que colocaraacute em causa o actual funcionamento deste sistema daiacute a importacircncia de

existir um niacutevel de riqueza elevado para que possa ser continuada a poliacutetica de

protecccedilatildeo social Assim o niacutevel e a evoluccedilatildeo do produto influenciam de alguma forma o

comportamento da despesa social

De um ponto de vista econoacutemico a poliacutetica de protecccedilatildeo social e da despesa

associada pode ter impactos importantes nomeadamente aceitando a posiccedilatildeo teoacuterica de

que niacuteveis elevados de desigualdade e pobreza tecircm impactos negativos no crescimento

econoacutemico ou seja na criaccedilatildeo de riqueza de uma economia no longo prazo Por outro

lado a literatura econoacutemica tambeacutem aponta para que o crescimento econoacutemico apesar

de aumentar as desigualdades em fases iniciais possa diminuir a pobreza como referem

Barrientos e Scott (2008 p9) ldquoum forte crescimento econoacutemico eacute essencial para a

reduccedilatildeo da pobreza e eacute estimado que cerca de 80 da diminuiccedilatildeo da pobreza ocorrida

na deacutecada de 80 tenha sido conseguida atraveacutes do crescimento econoacutemicordquo

Na perspectiva dos modelos de crescimento exoacutegeno como o que foi

desenvolvido por Solow (1956) este com a criaccedilatildeo do seu modelo de crescimento

econoacutemico afirmou que a taxa de crescimento de longo prazo natildeo eacute influenciada pela

despesa em protecccedilatildeo social uma vez que o crescimento econoacutemico apenas eacute afectado

por factores demograacuteficos e tecnoloacutegicos exoacutegenos ao modelo Jaacute na perspectiva de

alguns modelos de crescimento endoacutegeno estes segundo Damerou (2011) apontam

para que a desigualdade na distribuiccedilatildeo do rendimento iniba o crescimento econoacutemico

como jaacute fora dito anteriormente Este mesmo autor recorrendo ao trabalho de Solimano

(2000) afirma que a instabilidade poliacutetica trazida pelas desigualdades podem levar a

uma diminuiccedilatildeo do investimento puacuteblico e do investimento privado das famiacutelias com

baixos rendimentos podendo tal reflectir-se num niacutevel de produto mais baixo

5

Apesar do Estado Social visar em primeiro lugar a protecccedilatildeo dos mais

desprotegidos economicamente ou que enfrentam situaccedilotildees inesperadas com o

desemprego ou doenccedila pode em simultacircneo potenciar o crescimento econoacutemico Neste

acircmbito Furceri e Zdzienicka (2012) defendem a existecircncia de alguns mecanismos

atraveacutes dos quais a despesa social potencia o crescimento do produto Segundo estes

autores a criaccedilatildeo de poliacuteticas que incidam de uma forma activa no mercado de trabalho

podem levar ao aumento do produto atraveacutes da criaccedilatildeo de emprego assim como o

aumento dos gastos sociais ao niacutevel de indiviacuteduos com baixos rendimentos e com

dificuldades na obtenccedilatildeo de creacutedito poderaacute estar relacionado com o aumento do

consumo privado uma vez que o aumento de rendimento incentiva ao aumento da

procura por parte das famiacutelias estimulando as empresas a produzir e aumentando assim

o produto de um paiacutes Outro autor que defende em parte estas ideias eacute Damerou (2011)

que afirma que os gastos em subsiacutedios de desemprego ou em prestaccedilotildees concedidas a

famiacutelias com crianccedilas por exemplo poderatildeo para aleacutem de reduzir as desigualdades de

rendimentos levar ao aumento do consumo das famiacutelias Assim a despesa social

permite agraves empresas tomar decisotildees de investimento pois sabem que teratildeo procura e

desta forma levar a um aumento da capacidade produtiva ou seja ao crescimento

econoacutemico

Por sua vez a concessatildeo de apoios em outras aacutereas como a educaccedilatildeo ou sauacutede

poderatildeo contribuir para a acumulaccedilatildeo de capital humano1 que em conjunto com o

capital fiacutesico e em especial nas economias modernas que querem o seu crescimento

baseado no conhecimento poderaacute ter impacto positivo no comportamento das

economias A acumulaccedilatildeo de capital humano pode traduzir-se em ganhos de

produtividade a niacutevel agregado pois os trabalhadores adquirem competecircncias teacutecnicas e

fiacutesicas que lhes permitiratildeo desempenhar as suas funccedilotildees de uma forma mais eficiente

mas que tambeacutem se transmitem a outros que com eles trabalhem tornando assim a taxa

de retorno dos investimentos individuais em sauacutede e educaccedilatildeo maior para a sociedade

do que para os indiviacuteduos Por outro lado nas economias baseadas no conhecimento em

que o progresso teacutecnico eacute o principal motor do crescimento econoacutemico o capital

1 De acordo com a OCDE (1998) o capital humano pode ser definido como ldquoo conhecimento as

aptidotildees as competecircncias e outros atributos incorporados nos indiviacuteduos que satildeo relevantes para a

actividade econoacutemicardquo Por outro lado como refere Gonccedilalves (2002 p10) citando Shuller (2000) o

ldquocapital humano baseia-se no comportamento econoacutemico dos indiviacuteduos especialmente na forma como a

respectiva acumulaccedilatildeo de conhecimento e aptidotildees permite aumentar a sua produtividade e os seus

ganhos bem como aumentar a produtividade e sauacutede das sociedades em que vivemrdquo

6

humano eacute um factor de produccedilatildeo de novas ideias logo essencial para garantir um

crescimento econoacutemico sustentaacutevel

Um outro factor que poderaacute em conjunto com o capital humano potenciar o

crescimento econoacutemico eacute o capital social Neste aspecto a existecircncia de um Estado

Social que desempenhe de forma adequada as suas funccedilotildees poderaacute contribuir para a

acumulaccedilatildeo de capital social Gonccedilalves (2002 p32) citando Shuller (2000) descreve

o capital social como sendo ldquobaseado em termos de organizaccedilotildees normas e confianccedila e

o modo como as uacuteltimas permitem aos agentes e instituiccedilotildees serem mais eficientes na

obtenccedilatildeo de objectivos comunsrdquo

Relativamente ao impacto do capital social no crescimento econoacutemico Bergh

(2011) afirma que estudos recentes apontam para que o niacutevel de confianccedila possa

explicar como os paiacuteses como a Sueacutecia podem se desenvolver e continuar os seus

abrangentes sistemas de promoccedilatildeo do bem-estar social apesar do risco de evasatildeo fiscal

ou de uma maacute distribuiccedilatildeo dos apoios Bergh (2011) tambeacutem salienta a existecircncia de

estudos que comprovam que a confianccedila tem impacto positivo na economia sendo este

ilustrado atraveacutes de um exemplo comparativo entre a Sueacutecia e os EUA onde 64 de

suecos acham que podem confiar uns nos outros em detrimento dos apenas 41 de

americanos que acham o mesmo podendo levar a que a economia sueca cresccedila

anualmente mais 05 pontos percentuais que os EUA

No entanto a literatura econoacutemica natildeo constata apenas que existem efeitos

positivos entre a despesa social e o crescimento econoacutemico No que diz respeito agrave

relaccedilatildeo negativa entre estas duas variaacuteveis autores como Izaacutek (2011) afirmam que a

distribuiccedilatildeo dos subsiacutedios e de outros apoios por parte do Estado e Social diminuem o

crescimento econoacutemico devido aos incentivos negativos que estes transmitem aos

agentes econoacutemicos por exemplo ao niacutevel dos desincentivos ao trabalho contribuindo

assim para a diminuiccedilatildeo da produtividade e do crescimento Para aleacutem deste autor

Furceri e Zdzieniecka (2012) apontam para que o crescimento da despesa social possa

estar relacionado com os incentivos agrave reforma antecipada e com os subsiacutedios de

invalidez que levam a uma diminuiccedilatildeo da forccedila de trabalho traduzindo-se essa

diminuiccedilatildeo num efeito negativo no crescimento do produto

No que respeita a estudos empiacutericos sobre a relaccedilatildeo entre despesa social e o

crescimento econoacutemico os resultados natildeo satildeo conclusivos com alguns estudos

empiacutericos a apontar para uma relaccedilatildeo positiva e outros para uma relaccedilatildeo de sinal

negativo dependo do tipo de despesa e do niacutevel de desenvolvimento do paiacutes a que nos

7

referimos De forma a compreender a relaccedilatildeo entre despesa social do Estado e

crescimento econoacutemico Afonso e Allegre (2008) no seu trabalho empiacuterico recorreram

a dados referentes a despesa social em 27 paiacuteses europeus e procuraram atraveacutes de um

estudo economeacutetrico verificar se esta contribuiacutea para o crescimento econoacutemico dos

mesmos paiacuteses Os resultados deste estudo apontaram para a existecircncia de um impacto

negativo entre os gastos em educaccedilatildeo e em protecccedilatildeo social no crescimento econoacutemico

mas tambeacutem para um efeito positivo da despesa em educaccedilatildeo no crescimento

econoacutemico De forma a estudar mais uma vez os efeitos entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico Izaacutek (2011) desenvolveu um estudo que assentava no caacutelculo

dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre valores meacutedios da despesa social em aacutereas como a

educaccedilatildeo sauacutede e protecccedilatildeo social e taxa de crescimento do PIB No entanto o periacuteodo

em anaacutelise foi relativamente curto devido agrave falta de dados sendo os dados da despesa

social referentes ao periacuteodo entre 2002 e 2006 e as estimativas de crescimento para o

periacuteodo de 2006 a 2008 Para realizar este estudo foram utilizados dados agregados

relativos agraves despesas sociais dos 25 paiacuteses pertencentes agrave UE a partir de 2004 a que

deram o nome de EU-25 Contudo para analisar esta a relaccedilatildeo entre despesa social e

crescimento econoacutemico a amostra de 25 paiacuteses foi separada em duas sendo a primeira

relativa aos 15 paiacuteses pertencentes agrave UE a partir de Janeiro de 1995 os EU-15 e a

segunda aos 10 que passaram a pertencer a partir de Maio de 2004 os denominados EU-

10

Os resultados do estudo apontam para valores negativos ao niacutevel do coeficiente

de correlaccedilatildeo entre a despesa social em termos globais das trecircs amostras e o crescimento

econoacutemico sendo que como salienta o mesmo autor o coeficiente de correlaccedilatildeo eacute mais

baixo nos paiacuteses que constituem o primeiro grupo e mais alto nos paiacuteses que mais

recentemente formam parte da UE

Izaacutek (2011) procurou tambeacutem estudar os efeitos das vaacuterias componentes da

despesa social ao niacutevel do crescimento econoacutemico Para o efeito foi calculado o

coeficiente de correlaccedilatildeo entre a despesa em protecccedilatildeo social a despesa em educaccedilatildeo e

por fim entre a despesa em sauacutede e o crescimento econoacutemico Os resultados do autor

enfatizam que a despesa social em qualquer destas aacutereas tem um impacto negativo no

crescimento econoacutemico verificaacutevel em todos os grupos analisados sendo reforccedilado o

facto surpreendente de haver uma correlaccedilatildeo negativa entre a despesa em sauacutede e o

crescimento econoacutemico

8

Outros estudos relativos ao impacto da despesa social no crescimento econoacutemico

foram desenvolvidos como eacute o caso de Wang (2011) que se foca na estimaccedilatildeo da

relaccedilatildeo entre a despesa do Estado na aacuterea da sauacutede e o crescimento econoacutemico para

uma amostra de 20 paiacuteses em desenvolvimento entre 1990 e 2009 O autor analisa a

relaccedilatildeo existente entre os gastos em sauacutede e o PIB atraveacutes do teste de cointegraccedilatildeo em

painel de Engle-Granger Os resultados apontam para a existecircncia de causalidade

bilateral ou seja para que o crescimento econoacutemico esteja relacionado com o aumento

dos gastos em sauacutede e para que os gastos em sauacutede tenham um impacto positivo no

crescimento econoacutemico Neste aspecto os resultados demonstram que no longo prazo

os gastos em sauacutede podem levar ao crescimento do produto ilustrando a importacircncia

dos apoios do Estado no sector da sauacutede para criar uma populaccedilatildeo fisicamente mais apta

e produtiva

Uma outra anaacutelise empiacuterica foi realizada por Baldacci et al (2004) que

relacionaram a despesa social com o capital humano na forma de educaccedilatildeo e sauacutede e o

seu impacto no crescimento econoacutemico usando dados em painel relativos a 120 paiacuteses

em vias de desenvolvimento para o periacuteodo de 1975 a 2000 Para a anaacutelise da relaccedilatildeo

recorreram a um estudo economeacutetrico sob a forma de um sistema de quatro equaccedilotildees

relativas ao crescimento do rendimento per capita ao investimento educaccedilatildeo e sauacutede

Com o estudo pretenderam demonstrar que as despesas sociais em sauacutede e em educaccedilatildeo

tinham um contributo positivo para acumulaccedilatildeo de capital humano que se veio a provar

como verdadeiro assim como o efeito positivo daquele no crescimento econoacutemico

Furceri e Zdzienicka (2012) investigam os efeitos dos gastos sociais no

crescimento econoacutemico num conjunto de paiacuteses pertencentes agrave OCDE para o periacuteodo

entre 1980 e 2005 Os autores recorrem a uma regressatildeo economeacutetrica concluindo que

um aumento de 1 no niacutevel de gastos sociais leva a um aumento do crescimento

econoacutemico em cerca de 012 pontos percentuais apoacutes um ano Numa segunda fase

utilizaram uma outra regressatildeo economeacutetrica tendo como objectivo estudar o impacto

da despesa social no crescimento econoacutemico com a inclusatildeo de alguns desfasamentos

do PIB verificando que no caso de um aumento de 1 dos gastos sociais em

percentagem do PIB leva a que o produto aumente em cerca de 057 pontos percentuais

sendo que as aacutereas que mais contribuiacuteram para este aumento foram os gastos em sauacutede e

com os subsiacutedios de desemprego

Outros estudos como o de Andrade et al (2013) procuraram estudar a relaccedilatildeo

entre as despesas em sauacutede e educaccedilatildeo e o crescimento econoacutemico Recorreram a uma

9

amostra de paiacuteses de vaacuterias regiotildees do mundo onde foram excluiacutedos os ex-paiacuteses

socialistas os paiacuteses que produzem essencialmente petroacuteleo e os que tinham vivido ateacute

haacute pouco tempo conflitos armados Separaram-se os paiacuteses tendo em conta o seu niacutevel

de rendimento e desenvolveram um estudo economeacutetrico para verificar o efeito da

despesa entre educaccedilatildeo e sauacutede na variaacutevel dependente PIB real per capita Os

resultados mostram de forma incontestaacutevel que os gastos em educaccedilatildeo e sauacutede tecircm

efeitos positivos no crescimento do PIB per capita de qualquer dos grupos de paiacuteses

Por fim Fic e Ghate (2005) desenvolveram um estudo com o intuito de

averiguar a relaccedilatildeo entre o Estado Social e o crescimento econoacutemico para uma amostra

de 19 paiacuteses pertencentes agrave OCDE entre os quais se incluiacuteam paiacuteses como a Dinamarca

Finlacircndia e a Sueacutecia entre 1950 e 2001 Este estudo utilizou um modelo dinacircmico de

crescimento desenvolvido anteriormente por um dos autores Ghate e Zak (2002) que

permitiu chegar agrave conclusatildeo de que a razatildeo para haver uma quebra no crescimento

econoacutemico poderaacute estar relacionado com o Estado Social Tal se justifica segundo os

autores pelo facto de no periacuteodo que antecede a quebra de crescimento a elevada taxa

de crescimento que se verifica induzir ao crescimento da despesa social Ao longo do

tempo o aumento do Estado Social leva assim agrave diminuiccedilatildeo do crescimento econoacutemico

que no Longo Prazo espera-se que leve agrave reduccedilatildeo do Estado Social Os resultados

segundo os autores sugerem que paiacuteses com um baixo crescimento econoacutemico tenham

que fazer cortes ao niacutevel da despesa com o Estado Social Estes consideram que o iniacutecio

da deacutecada de 70 foi o periacuteodo no qual foi mais visiacutevel esta relaccedilatildeo pois o baixo

crescimento econoacutemico verificado entre 1970 e 1975 foi o precedido da existecircncia de

um Estado Social de dimensotildees consideraacuteveis

Em jeito de conclusatildeo verificamos que os resultados dos estudos desenvolvidos

por Andrade et al (2013) e Baldacci et al (2004) apontam para um efeito positivo entre

a despesa social em educaccedilatildeo e sauacutede e o crescimento econoacutemico Furceri e Zdzienicka

(2012) considerando a despesa social em todas as aacutereas de intervenccedilatildeo do Estado Social

tambeacutem apontam para o contributo positivo desta no crescimento econoacutemico Quanto ao

estudo desenvolvido por Izaacutek (2011) este aponta para uma relaccedilatildeo negativa entre as

vaacuterias componentes da despesa social e o crescimento econoacutemico Os resultados

opostos podem ser fruto do niacutevel de desenvolvimento da amostra de paiacuteses utilizada

pois parece que a utilizaccedilatildeo de paiacuteses mais desenvolvidos apontam para um efeito

negativo e a utilizaccedilatildeo de alguns paiacuteses em desenvolvimento aponte para um efeito

positivo

10

3 Caracterizaccedilatildeo econoacutemico-social dos paiacuteses em anaacutelise

Neste ponto seraacute feita uma caracterizaccedilatildeo econoacutemico-social dos paiacuteses em

anaacutelise Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia trecircs paiacuteses escandinavos onde o Estado Social

haacute muito eacute uma realidade e Portugal Espanha Itaacutelia e Greacutecia paiacuteses da chamada

periferia Europeia onde o Estado social eacute uma realidade mais recente essencialmente

desde os meados dos anos 80 salientando as suas semelhanccedilas e diferenccedilas

O objectivo eacute enquadrar a anaacutelise mais especiacutefica da secccedilatildeo seguinte sobre a

potencial relaccedilatildeo entre o desempenho em termos de crescimento econoacutemico e a despesa

social total e por diferentes categorias Sempre que possiacutevel a comparaccedilatildeo entre paiacuteses

seraacute realizada ao longo do periacuteodo 1985-2010 No entanto dada a indisponibilidade de

dados relativamente a algumas variaacuteveis para alguns paiacuteses o periacuteodo de anaacutelise poderaacute

ser mais curto Eacute importante ter tambeacutem em conta o surgimento da crise de 2007 para

compreender alguns indicadores mais desfavoraacuteveis dos paiacuteses do Sul em relaccedilatildeo ao

Norte nos anos mais recentes

Inicialmente este trabalho procuraraacute discutir as semelhanccedilas e diferenccedilas entre

os dois grupos de paiacuteses relativamente a um conjunto de indicadores sociodemograacuteficos

que podem ter impacto e ser influenciados pela despesa social Em segundo lugar satildeo

apresentados e analisados alguns indicadores econoacutemicos seleccionados segundo a

mesma loacutegica ou seja que podem ter impacto e ser influenciados pela dimensatildeo e

composiccedilatildeo do Estado Social tais como o seu grau de abertura ao comeacutercio

internacional e a respectiva estabilidade macroeconoacutemica sendo utilizado como suporte

da anaacutelise os graacuteficos disponiacuteveis nos Anexos

O graacutefico 1 conteacutem os valores do PIB real per capita expressos em doacutelares a

preccedilos constantes de 2005 que eacute o principal indicador dos diferenciais de niacutevel de vida

do cidadatildeo meacutedio dos diferentes paiacuteses Da observaccedilatildeo do referido graacutefico constatamos

que em 2010 o niacutevel de rendimento por habitante eacute em todos os paiacutes mais elevado do

que o que se verificava em 1985 sendo que nos paiacuteses escandinavos o PIB real per

capita foi sempre relativamente mais elevado que nos restantes paiacuteses No caso da

Sueacutecia e Finlacircndia verificamos que estes em 2010 estes eram os mais ricos tal como jaacute

o eram em 1985 passando o valor desta variaacutevel na Sueacutecia dos 2806538 doacutelares em

1985 para os 4282567 doacutelares em 2010 e na Finlacircndia dos 242344 doacutelares de 1985

para os 3806465 doacutelares em 2010 Os paiacuteses do Sul ou periferia apresentam ao longo

do periacuteodo um PIB real per capita mais baixo nomeadamente Portugal e Greacutecia que

11

apesar de terem aumentado o seu PIB real per capita entre 1985 e 2010 no ano de 2010

Portugal tinha um valor de 1864776 doacutelares e a Greacutecia de 2130896 doacutelares

A opccedilatildeo por comeccedilar a caracterizaccedilatildeo das diferenccedilas entre os paiacuteses da amostra

pelo PIB real per capita deriva em parte do facto de este poder estar relacionado com a

melhoria de alguns indicadores que medem o niacutevel de desenvolvimento humano e que

servem para a construccedilatildeo do Iacutendice de Desenvolvimento Humano como eacute o caso da

diminuiccedilatildeo da taxa de mortalidade infantil e o aumento da esperanccedila meacutedia de vida

Face a isto relativamente ao sector da sauacutede como se pode ver no graacutefico 2 a

esperanccedila meacutedia de vida agrave nascenccedila (EMV) entre 1985 e 2010 aumentou No entanto

apesar de todos os paiacuteses terem registado um aumento da EMV ao longo do periacuteodo

analisado dos paiacuteses escandinavos apenas a Sueacutecia tem no iniacutecio do periacuteodo um valor

superior ao de todos os paiacuteses do Sul Com efeito Espanha Greacutecia e Itaacutelia partem de

uma situaccedilatildeo melhor do que a Dinamarca e a Finlacircndia O paiacutes que regista menor EMV

em 1985 eacute Portugal com 73 anos Em 2010 todos os paiacuteses da periferia ultrapassam os

paiacuteses escandinavos com excepccedilatildeo de Portugal que se manteacutem na uacuteltima posiccedilatildeo

Quanto agrave taxa de mortalidade infantil indicador que traduz o nuacutemero de mortes

de crianccedilas no primeiro ano de vida por cada 1000 nascimentos eacute de imediato

verificaacutevel no graacutefico 3 que ocorreu uma consideraacutevel melhoria neste indicador em

todos os paiacuteses ao longo do periacuteodo analisado Em 1985 a taxa de mortalidade infantil

em Portugal e na Greacutecia era maior do que nos restantes paiacuteses no entanto em 2010 jaacute

registavam um nuacutemero de mortes semelhante aos restantes paiacuteses No caso grego

verificou-se uma passagem das 16 mortes em cada 1000 nascimentos em 1985 para as 4

em 2010 ocorrendo o mesmo em Portugal que passou das 17 para as 4 No que respeita

agrave Escandinaacutevia o nuacutemero de mortes que se verificava no ano de 2010 natildeo era muito

diferente do que se verificava em 1985 e no caso da Finlacircndia houve apenas uma

pequena reduccedilatildeo das 6 para as 2 mortes durante este periacuteodo

A evoluccedilatildeo e composiccedilatildeo demograacutefica dos paiacuteses pode ter um impacto

importante naquela que eacute actualmente uma das componentes da despesa social com

maior peso a despesa com pensotildees Assim atraveacutes da anaacutelise do graacutefico 4 verifica-se

que a taxa de crescimento da populaccedilatildeo em termos anuais foi positiva em todos os

paiacuteses No entanto durante este periacuteodo (1990-2010) apenas Portugal entre 1990 e

1992 registou uma taxa de crescimento negativa que no entanto foi invertida No que

toca ao maior crescimento populacional este deu-se em Espanha entre 1997 e 2003 ao

qual se seguiu apoacutes um periacuteodo de estabilidade entre 2003 e 2007 uma diminuiccedilatildeo

12

acentuada Em termos globais a taxa de crescimento populacional tem vindo a descer

nomeadamente nos paiacuteses do Sul contrariamente aos paiacuteses do Norte Europeu que a

partir de 2000 verificaram um aumento Tal poderaacute dever-se agrave imigraccedilatildeo mas tambeacutem

poderaacute ter-se devido agraves poliacuteticas de apoio agrave natalidade com vista ao combate ao

envelhecimento da populaccedilatildeo Neste acircmbito decompondo a populaccedilatildeo dos paiacuteses da

amostra em faixas etaacuterias populaccedilatildeo jovem (ateacute aos 15 anos de idade) populaccedilatildeo entre

os 15 e 64 anos e populaccedilatildeo idosa (mais de 65 anos) verificamos que existe uma

tendecircncia para a diminuiccedilatildeo da populaccedilatildeo mais jovem face agrave total sendo esse

comportamento mais visiacutevel em Espanha que conforme o graacutefico 5 demonstra em

1985 tinha uma percentagem de jovens de cerca de 233 mas que em 2010

apresentava uma taxa de 149 Um aspecto curioso tem que ver com o facto de neste

periacuteodo de anaacutelise natildeo se ter verificado uma grande diminuiccedilatildeo desta faixa etaacuteria na

Escandinaacutevia sendo que no caso da Dinamarca esta registava em 2010 uma

percentagem de populaccedilatildeo jovem a rondar os 18 os mesmos que em 1985

Por outro lado verifica-se um agravamento do envelhecimento da populaccedilatildeo

com a pior situaccedilatildeo a verificar-se em Itaacutelia e na Greacutecia Entre 1985 e 2010 a

percentagem da populaccedilatildeo italiana com mais de 64 anos passou dos 131 em 1985

para os 203 em 2010 e na Greacutecia verificou-se uma passagem dos 133 para os 19

(ver graacutef 6) Relativamente ao Norte Europeu essa subida eacute mais ligeira e em 2010 a

Finlacircndia apresentava uma percentagem de 171 enquanto que a Dinamarca de 166

No que diz respeito agrave faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entre os 15 e 64 anos verifica-se atraveacutes

do graacutefico 7 que entre 1985 e 1995 a percentagem da populaccedilatildeo compreendida nesta

faixa etaacuteria aumentou No entanto a partir deste periacuteodo verificou-se uma descida dos

valores em alguns paiacuteses como eacute o caso da Itaacutelia onde a populaccedilatildeo pertencente a este

grupo entre 1985 e 2010 passou dos 675 para os 657 resultado talvez de uma

diminuiccedilatildeo da populaccedilatildeo jovem e do aumento da populaccedilatildeo mais idosa podendo isso

dever-se agrave baixa taxa de natalidade

Quanto agrave melhoria dos indicadores relativos agrave educaccedilatildeo verificamos que os

apoios do Estado nesta aacuterea talvez se tenham feito sentir Com efeito de acordo com o

graacutefico 8 a percentagem de populaccedilatildeo activa com apenas o ensino primaacuterio diminuiu

em todos os paiacuteses entre 1995-2010 sendo que no entanto o niacutevel de populaccedilatildeo activa

com apenas este niacutevel de escolaridade eacute mais reduzido nos paiacuteses do Norte como eacute o

caso da Finlacircndia e da Sueacutecia talvez devido ao facto de estes paiacuteses terem tomado haacute

mais tempo consciecircncia da importacircncia da educaccedilatildeo para um bom desempenho

13

econoacutemico (ver graacutef 8) Associado ao comportamento anterior verifica-se que em 2010

existe uma maior percentagem de pessoas com o ensino secundaacuterio e universitaacuterio em

todos os paiacuteses relativamente a 1995 Ao niacutevel do ensino secundaacuterio o graacutefico 9 mostra

que entre 1995 e 2010 verificou-se um aumento de trabalhadores com este niacutevel

acadeacutemico sendo esse impacto maior em Portugal Espanha Greacutecia e Itaacutelia mas no que

toca aos paiacuteses do Norte este nuacutemero foi oscilando Em todo o caso em 1995 os trecircs

paiacuteses escandinavos registavam uma maior percentagem da populaccedilatildeo com o ensino

secundaacuterio relativamente a qualquer dos paiacuteses do Sul sendo em 2010 apenas a

Dinamarca e a Finlacircndia ultrapassadas pela Itaacutelia O niacutevel de escolaridade dos

trabalhadores que mais subiu foi como se pode constatar no graacutefico 10 o universitaacuterio

verificando-se que em paiacuteses como a Finlacircndia a percentagem de trabalhadores com este

niacutevel acadeacutemico passou dos 217 em 1995 para os 373 em 2010 e na Espanha

passou dos 203 para os 33 Neste acircmbito verifica-se em 2010 a Espanha tinha uma

percentagem de indiviacuteduos com ensino superior mais elevada que a Sueacutecia e a

Dinamarca

Outra das componentes da despesa social com mais peso no total eacute a despesa

associada ao subsiacutedio de desemprego Nos anos mais recentes tem-se verificado um

aumento da taxa de desemprego como podemos ver no graacutefico 11 O desemprego pode

por em causa a estabilidade social uma vez que os indiviacuteduos sem emprego ao

perderem a sua fonte de rendimento podem perder qualidade de vida e estarem sujeitos

a situaccedilotildees de pobreza A taxa de desemprego entre 1991 e 2010 foi sempre mais

elevada no Sul em relaccedilatildeo ao Norte Os paiacuteses que apresentavam uma taxa mais elevada

em 2010 foram a Espanha com cerca de 20 seguido da Greacutecia com 125 enquanto

que a taxa de desemprego mais baixa se registou na Escandinaacutevia na Dinamarca onde a

taxa de desemprego em 2010 era de 75

No que diz respeito agrave taxa de desemprego jovem esta tem afectado sobretudo os

jovens do Sul Europeu e parece estar a tornar-se um problema grave para as geraccedilotildees

mais jovens As dificuldades em arranjar emprego podem prender-se com a falta de

experiecircncia por parte dos jovens Como tal estas situaccedilotildees levam a que estes natildeo

tenham nenhum tipo de poupanccedila nem direito a qualquer tipo de subsiacutedio como eacute o caso

do subsiacutedio de desemprego pois natildeo tiveram um passado activo consideraacutevel que lhes

permitisse ter realizado contribuiccedilotildees para a Seguranccedila Social e a ter direito a receber

subsiacutedio de desemprego Por outro lado ao natildeo terem emprego poderatildeo vir a ter

problemas em obter uma boa pensatildeo aquando o final da sua vida activa pois faratildeo

14

menos descontos do que aqueles satildeo necessaacuterios para obter um boa pensatildeo no futuro

podendo estar a comprometer a sua estabilidade financeira apoacutes a sua vida activa No

Norte Europeu paiacuteses como a Dinamarca tecircm investido na resoluccedilatildeo dos problemas

relativos ao desemprego jovem promovendo poliacuteticas de apoio aos jovens que possuem

baixos niacuteveis de estudos e que estejam sem trabalho como salientam Hughes e Borbeacutely-

Pecze (2012) Para tal foram desenvolvidos programas onde os jovens satildeo inseridos em

cursos de formaccedilatildeo praacutetica com vista a que estes adquiram experiecircncia e que os

familiarizem com o local de trabalho promovendo as suas aptidotildees de forma a capacitaacute-

los para o mercado de trabalho para que tragam ganhos de produtividade agrave entidade que

os emprega e consequentemente ao seu paiacutes Ao niacutevel da taxa de desemprego jovem o

graacutefico 12 ajuda-nos a perceber que esta era no ano de 2010 mais elevada na Espanha

com cerca de 424 sendo esta seguida pela Greacutecia com 325 Ao niacutevel das taxas

mais baixas verificamos que que entre 1991 e 2010 quem apresentou a taxa mais baixa

foi a Dinamarca sendo que no ano de 2010 esta apresentava uma taxa de cerca de

139 seguida da Finlacircndia com cerca de 203

Quanto agrave anaacutelise de factores econoacutemicos que possam ser responsaacuteveis pelas

diferenccedilas relativas ao niacutevel de vida iremos comeccedilar por analisar a importacircncia do

sector secundaacuterio e terciaacuterio para o PIB dos diversos paiacuteses na medida em que estes

sectores satildeo os que envolvem uma maior percentagem de indiviacuteduos com habilitaccedilotildees

acadeacutemicas mais elevadas e cujo seu contributo para o produto dos paiacuteses eacute mais

consideraacutevel

No que toca ao sector secundaacuterio verifica-se que entre 1985 e 2010 este tem

vindo a perder importacircncia no PIB de todos os paiacuteses No entanto durante este periacuteodo

verificou-se que o paiacutes que apresentava uma maior percentagem de riqueza gerado por

este sector era Portugal tendo contudo essa importacircncia diminuiacutedo de forma constante

chegando no ano de 2010 a ser de apenas 15 proacuteximo da percentagem da Espanha Eacute

de salientar que a importacircncia deste sector em 2010 era relativamente mais baixa nestes

paiacuteses em relaccedilatildeo agrave Dinamarca ou na Sueacutecia (ver graacutef13) Ao niacutevel do sector terciaacuterio

verificamos atraveacutes do graacutefico 14 que a importacircncia deste sector para a amostra de

paiacuteses em estudo era muito nivelado entre os 60 e os 70 No entanto a partir do ano

2000 verificou-se um aumento relativo da contribuiccedilatildeo deste sector para o PIB dos

vaacuterios paiacuteses sendo de salientar que em 2009 este sector tinha maior peso na produccedilatildeo

de riqueza no caso da Greacutecia contribuindo em cerca de 79 do total do PIB grego

15

enquanto que o mais baixo se verificava na Finlacircndia com cerca de 69 do PIB a ser

gerado por este sector

A anaacutelise da estrutura produtiva de um paiacutes pode ter tambeacutem uma relaccedilatildeo com o

grau de abertura da economia pois este poderaacute trazer algumas vantagens e explicar o

porquecirc de um determinado sector ter ganho mais importacircncia no PIB de um paiacutes Essas

vantagens podem estar relacionadas com a entrada de novos produtos e tecnologias que

normalmente estatildeo relacionados com o sector secundaacuterio e terciaacuterio e que poderatildeo

explicar o crescimento destes sectores Este factor poderaacute ainda estar relacionado com o

niacutevel de educaccedilatildeo de uma populaccedilatildeo pois quanto maior for o desenvolvimento

tecnoloacutegico de um paiacutes tal poderaacute levar agrave necessidade de um reforccedilo na educaccedilatildeo e

formaccedilatildeo profissional para capacitar a matildeo-de-obra para lidar com estas novas

tecnologias Assim o grau de abertura de um paiacutes poderaacute estar relacionado com o

aumento dos gastos em educaccedilatildeo

No que respeita ao grau de abertura da economia medido atraveacutes do volume de

importaccedilotildees e exportaccedilotildees em percentagem do PIB verificou-se que em todos os paiacuteses

em estudo houve uma tendecircncia de crescimento entre 1985 e 2010 Os paiacuteses que no

ano de 2010 apresentavam um grau de abertura mais elevado eram a Dinamarca com

cerca de 953 e a Sueacutecia com cerca de 928 Por outro lado paiacuteses como a Greacutecia e

a Espanha registavam valores muito mais baixos sendo que a Greacutecia apresentava um

niacutevel de cerca de 538 do seu PIB e a Espanha 569 como se pode constatar no

graacutefico 15 No que respeita ao saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes um valor em

percentagem do PIB positivo significa que existe um superavit ou seja que o paiacutes

aumentou os seus activos no estrangeiro Neste aspecto devido agrave falta de dados a

anaacutelise a esta variaacutevel comeccedila a partir de 2003 e consultando a graacutefico 16 verificamos

que ao longo do periacuteodo na Greacutecia Portugal Itaacutelia e Espanha a balanccedila foi sempre

deficitaacuteria sendo as situaccedilotildees mais complicadas a da Greacutecia e a de Portugal que em

2010 apresentavam um deacutefice de 104 e 97 respectivamente Por outro lado a

Dinamarca a Sueacutecia e a Finlacircndia tiveram sempre um excedente

No que toca agrave anaacutelise do saldo orccedilamental este juntamente com a diacutevida puacuteblica

poderaacute ajudar a compreender o estado das financcedilas puacuteblicas de um paiacutes Compreender o

saldo orccedilamental em percentagem do PIB eacute muito importante pois se este demonstrar

um comportamento mais despesista tal iraacute reflectir-se no aumento do endividamento do

Estado que poderaacute ter de levar a uma reduccedilatildeo dos apoios do Estado Social com vista agrave

sustentabilidade financeira do Estado Como forma de controlar as financcedilas puacuteblicas

16

poderatildeo ser necessaacuterios cortes ao niacutevel dos apoios da protecccedilatildeo social bem como a

reduccedilatildeo do orccedilamento do Estado para aacutereas com a sauacutede ou educaccedilatildeo No graacutefico 17 eacute

possiacutevel verificar que no caso de paiacuteses como a Greacutecia Portugal e Itaacutelia no periacuteodo de

estudo verificou-se que estes paiacuteses tiveram sempre um comportamento mais despesista

que os restantes sendo como jaacute vimos esta uma possiacutevel justificaccedilatildeo para o crescimento

da diacutevida puacuteblica nestes paiacuteses Jaacute os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentavam saldos

orccedilamentais mais positivos em relaccedilatildeo aos do Sul da Europa sendo mesmo o saldo

orccedilamental sueco aproximadamente de 0

A diacutevida puacuteblica em percentagem do PIB sempre foi inferior nos paiacuteses do Norte

em relaccedilatildeo aos do Sul Entre 1995 e 2010 verificamos que o niacutevel de diacutevida foi

oscilando no entanto este foi relativamente mais elevado na Greacutecia e na Itaacutelia

chegando no ano de 2010 este a ser cerca de 145 e 1194 do seu PIB

respectivamente No caso da Sueacutecia verificou-se ao longo deste periacuteodo uma tendecircncia

de descida e em 2010 este era de 394 (ver graacutef 18) Um outro factor que pode ter

feito aumentar o niacutevel de diacutevida de alguns paiacuteses do Sul da Europa a partir de 2005

pode ter que ver com o surgimento da crise econoacutemica de 2007 que agravou ainda mais

o niacutevel de diacutevida destes paiacuteses que era jaacute elevado como satildeo exemplos a Greacutecia e

Portugal

Em resumo verificamos que em termos globais os indicadores soacutecio-

econoacutemicos do Sul da Europa satildeo piores que os do Norte Europeu Contudo as

diferenccedilas tecircm vindo a diminuir Por exemplo os indicadores relativos agrave sauacutede e agrave

educaccedilatildeo tecircm demonstrado francas melhorias que talvez resultem do facto dos estados

terem reforccedilado os apoios ao niacutevel destas funccedilotildees sociais Haacute no entanto que ter em

conta que no caso do Sul Europeu o crescente aumento da diacutevida puacuteblica poderaacute

dificultar a continuidade desta acccedilatildeo na medida em que poderaacute levar agrave necessidade de

reformulaccedilotildees que passem por cortes no Estado Social com vista a fazer face ao

crescente endividamento destes Os Estados do Sul Europeu natildeo devem contudo no

periacuteodo actual de crise esquecer a importacircncia que estes sectores tecircm para a coesatildeo

social e potencialmente para o desempenho econoacutemico

4 Despesa Social e Crescimento Econoacutemico anaacutelise comparada de alguns dados

Nesta secccedilatildeo seraacute realizada uma anaacutelise de estatiacutestica descritiva que teraacute como

principal objectivo uma anaacutelise comparada dos dois grupos de paiacuteses em termos de

crescimento econoacutemico e despesa social agregada e por diferentes componentes entre

17

1985 e 2010 Por uacuteltimo procura-se verificar se o sinal da correlaccedilatildeo esperada entre a

despesa social do Estado e o comportamento do produto estaacute de acordo com a literatura

econoacutemica Para tal realizamos apenas uma anaacutelise muito simples e preliminar baseada

no caacutelculo de coeficientes de correlaccedilatildeo entre as despesas em sauacutede educaccedilatildeo e as

vaacuterias componentes da despesa em protecccedilatildeo social e respectivamente o PIB per capita

e a taxa de crescimento do mesmo

Esta anaacutelise foi realizada tendo em conta todos os dados disponiacuteveis na base de

dados da OECD Social Expenditure Database ao niacutevel dos gastos com sauacutede e

protecccedilatildeo social e com os dados disponiacuteveis do Banco Mundial relativamente a despesa

em educaccedilatildeo PIB real per capita para todos os paiacuteses em anaacutelise no periacuteodo entre 1985

e 2010

Antes de passarmos agrave anaacutelise comparada da despesa social e suas componentes

nos paiacuteses da nossa amostra detenhamo-nos na comparaccedilatildeo da respectiva prestaccedilatildeo em

termos de crescimento econoacutemico de acordo com os dados relativos agraves taxas meacutedias de

crescimento anual do PIB real per capita entre 1985 e 2010 e alguns sub-periacuteodos (ver

Quadro 1) Ao longo do periacuteodo total 1985-2010 Portugal e a Espanha foram os paiacuteses

que mais cresceram o que natildeo eacute de estranhar uma vez que partiram de valores do PIB

real per capita dos mais baixos do grupo Seguem-se a estes os paiacuteses escandinavos

Finlacircndia Sueacutecia e Dinamarca enquanto que a Greacutecia e a Itaacutelia foram os paiacuteses que

menos cresceram No caso da Greacutecia a situaccedilatildeo eacute mais insoacutelita uma vez que tal como

Portugal e Espanha partiu de um niacutevel de rendimento relativamente mais baixo e assim

sendo o potencial de crescimento e convergecircncia deveria ter sido superior ao dos paiacuteses

mais ricos Se dividirmos o periacuteodo total em anaacutelise em trecircs sub-periacuteodos 1985-95

1995-05 e 2005-10 verificamos que o desempenho relativo dos paiacuteses se vai alterando

Assim por exemplo a boa prestaccedilatildeo de Portugal entre 1985-2010 parece ter sido

consequecircncia do seu elevado crescimento relativo entre 1985 e 1995 enquanto que nos

outros dois sub-periacuteodos a taxa meacutedia de crescimento anual do seu PIB real per capita eacute

das mais baixas do grupo Os paiacuteses escandinavos tecircm taxas de crescimento relativas

mais elevadas essencialmente entre 1995 e 2005 enquanto a Espanha e a Greacutecia

melhoram o desempenho relativo no segundo e terceiro sub-periacuteodos em especial a

Espanha Em todo o caso registou-se um acentuado abrandamento e do crescimento nos

uacuteltimos cinco anos com a Itaacutelia Sueacutecia Finlacircndia e Portugal a registarem mesmo taxas

crescimento negativas Este fenoacutemeno natildeo pode deixar de ter em conta o iniacutecio da crise

econoacutemica e financeira que teve o seu comeccedilo em 2007-2008

18

Quadro 1 Taxas meacutedias de crescimento anual do PIB real per capita 1985 a 2010

Periacuteodos Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

1985-1995 1639 0940 0555 2140 3600 2698 0970

1995-2005 1682 3377 3243 1128 2025 2591 2831

2005-2010 0025 -0267 0198 -0145 -0441 0207 -0229

1985-2010 1221 1806 1461 1131 2333 2024 1690

Fonte Caacutelculos do autor com base em dados do Banco Mundial

No que diz respeito agrave anaacutelise comparada entre a despesa social dos paiacuteses em

estudo iremos comeccedilar por comparar os niacuteveis de gastos sociais totais2 em percentagem

do PIB ao longo do periacuteodo total 1985-2010 (ver graacutefico 19) Durante todo este periacuteodo

eacute possiacutevel verificar que os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentaram um niacutevel de gastos

sociais totais superior ao dos paiacuteses do Sul Europeu O paiacutes que apresentou um niacutevel de

gastos mais elevado durante a maior parte deste periacuteodo foi a Sueacutecia que apenas o

deixou de ser quando a Dinamarca se assumiu como o paiacutes que mais gastou em despesa

social em 2010 cerca de 306 do PIB Quanto agrave Finlacircndia esta no ano de 2010

tambeacutem ultrapassa a Sueacutecia ao niacutevel de uma maior despesa social Contudo no caso

finlandecircs verifica-se que entre os anos de 1990 e 1992 ocorreu um aumento

consideraacutevel na despesa social ao qual se sucede uma diminuiccedilatildeo gradual dos gastos ateacute

2000 No entanto tal como a Dinamarca e a Sueacutecia este paiacutes apresentava ainda um

niacutevel de gastos superiores ao dos paiacuteses do Sul cerca de 243 do PIB No que respeita

aos paiacuteses da periferia tambeacutem designados paiacuteses do Sul verifica-se que o paiacutes que

mais se conseguiu aproximar do niacutevel de despesa dos paiacuteses da Escandinaacutevia foi a Itaacutelia

que no ano de 2010 gastava cerca de 277 do seu PIB em gastos sociais enquanto que

a Sueacutecia cerca de 283 No entanto verificamos que a Itaacutelia em algumas ocasiotildees foi

ultrapassada pelo niacutevel de gastos da Espanha como eacute o caso do subperiacuteodo entre 1989 e

1996 Quanto aos paiacuteses que canalizaram uma menor percentagem do PIB para a

despesa social verificam-se que estes foram a Espanha Greacutecia e Portugal

Relativamente a estes dois uacuteltimos verificou-se que a Greacutecia apresentava em 1985 um

niacutevel de despesa social consideravelmente maior que Portugal cerca de 161 face aos

101 do PIB de Portugal no entanto essa diferenccedila foi diminuindo Tal resulta de um

2 Os gastos sociais totais incluem a despesa em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado laboral apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social

exceptuando os apoios em educaccedilatildeo

19

evidente aumento da despesa em Portugal e um teacutenue crescimento da Despesa Social

grega chegando Portugal no ano de 2002 a ultrapassar a Greacutecia e no ano de 2010

apresentava um niacutevel de despesa mais elevado de despesa que a Greacutecia cerca de 254

face aos 233 da Greacutecia Na globalidade verificou-se uma tendecircncia de crescimento

contiacutenuo nos paiacuteses escandinavos ateacute ao iniacutecio da deacutecada de 90 seguido de uma

diminuiccedilatildeo ateacute cerca de 2000 No Sul a tendecircncia eacute de crescimento sustentado para a

Greacutecia e Portugal e de oscilaccedilotildees na Espanha e Itaacutelia Eacute tambeacutem notoacuterio que apoacutes a crise

de 2007-08 se verifica de novo um crescimento da despesa relativamente aos paiacuteses do

Norte

No seguimento da anaacutelise comparativa da despesa social em termos globais

efectua-se agora um estudo comparativo entre a despesa do Estado nas vaacuterias

componentes da despesa social educaccedilatildeo sauacutede e protecccedilatildeo social e dentro de estas

com o pagamento de pensotildees de reforma subsiacutedios de invalidez politicas activas do

mercado de trabalho apoios agraves famiacutelias e subsiacutedio de desemprego que correspondem agrave

maioria da despesa social nestes paiacuteses

De acordo com os graacuteficos 20 e 21 os niacuteveis de despesa social quer em sauacutede e

quer em educaccedilatildeo respectivamente dos paiacuteses do Norte face aos do Sul medidos em

percentagem do seu PIB entre 1985 e 2010 satildeo maiores no primeiro grupo de paiacuteses

relativamente ao segundo agrave excepccedilatildeo da Finlacircndia que depois de um periacuteodo de

diminuiccedilatildeo da despesa em sauacutede entre 1992 e 1998 para cerca dos 53 do PIB

verifica de novo um aumento para os 67 verificados em 2010 No entanto situava-se

aqueacutem do verificado em Itaacutelia Espanha e Portugal no mesmo ano que era

respectivamente 73 713 e 712 do PIB Assim sendo a Finlacircndia encontrava-se

soacute a frente da Greacutecia que possuiacutea um niacutevel de gastos de 64 do PIB (ver graacutef 20 e 21)

Nota-se tambeacutem no que diz respeito agrave despesa em sauacutede que a Sueacutecia e a Dinamarca

foram quem mais despenderam nesta aacuterea com niacuteveis de despesa semelhantes Contudo

a partir de 1999 o niacutevel de despesa da Dinamarca passa para frente do da Sueacutecia

tornando-se assim o paiacutes com maior despesa em sauacutede chegando a 2010 a apresentar

um valor de cerca de 94 do PIB face aos 77 da Sueacutecia Eacute importante salientar que

todos os paiacuteses do Sul da Europa verificaram um crescimento sustentado que se traduz

em valores de despesa em sauacutede em percentagem do PIB maiores em 2010 que em

1985 Por fim importa destacar que entre 2009 e 2010 verificou-se uma diminuiccedilatildeo da

despesa para todos os paiacuteses por ventura efeitos da crise que comeccedilou um par de anos

antes

20

No que toca agrave educaccedilatildeo como jaacute foi referido os paiacuteses da Escandinaacutevia

apresentam durante o periacuteodo em anaacutelise um niacutevel de despesa superior nesta mateacuteria em

relaccedilatildeo aos paiacuteses da periferia Neste contexto verificamos que as diferenccedilas relativas

aos niacuteveis de despesa dos vaacuterios paiacuteses em educaccedilatildeo se encontram melhor clarificadas

que as diferenccedilas ao niacutevel da despesa em sauacutede agrave excepccedilatildeo dos anos entre 1987 e 1990

em que os valores da despesa portuguesa foram semelhantes ao da espanhola e dos anos

de 2007 e 2008 em que os valores da Itaacutelia foram semelhantes aos da Espanha Feitas

estas consideraccedilotildees verifica-se a existecircncia de um maior niacutevel de despesa em educaccedilatildeo

por parte da Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia ao longo do periacuteodo e no ano de 2009 o

valor da despesa era respectivamente de 83 72 e 68 do PIB No que toca aos

restantes paiacuteses da amostra os paiacuteses do Sul verificamos que o niacutevel de despesa grego e

portuguecircs foi aumentando chegando o portuguecircs a tornar-se o mais elevado entre os

restantes paiacuteses da periferia a partir de 1994 sem nunca esquecer a ausecircncia de dados

para o ano de 1997 e para a Greacutecia entre 2005 e 2010 No ano de 1994 o valor gasto por

Portugal era cerca de 46 chegando a 2010 aos 56 do PIB Jaacute relativamente agrave Itaacutelia

considerando a quebra de dados para este paiacutes verificamos que esta se encontrava no

topo dos paiacuteses do Sul que mais gastavam nesta aacuterea no entanto como jaacute foi referido

esta foi ultrapassada por Portugal e ateacute mesmo a Espanha a partir de 2007 paiacuteses que

tinham nesse ano respectivamente um niacutevel de gastos de 51 e 434 do PIB face

aos 426 do PIB verificados na Itaacutelia

Relativamente agrave despesa em protecccedilatildeo social entre os paiacuteses em anaacutelise e no

que diz respeito niacutevel gastos em pagamentos de pensotildees de reforma verificamos que

natildeo existe um grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 22) Neste capiacutetulo

verifica-se que em todos os paiacuteses o niacutevel de gastos nesta mateacuteria foi oscilando

Contudo nos subperiacuteodos de 1985-89 e de 1997-2009 este foi mais elevado na Itaacutelia e

a Greacutecia sendo estes ultrapassados apenas entre 1991-95 pela Sueacutecia Estes trecircs paiacuteses

em 2009 ocupavam trecircs das quatro primeiras posiccedilotildees nos gastos em pensotildees

apresentando a Itaacutelia a Greacutecia e a Sueacutecia um niacutevel de gastos de 13 109 e 102

do PIB respectivamente Quanto aos restantes paiacuteses verifica-se que o paiacutes que durante

maior parte do periacuteodo apresentou um niacutevel de despesa mais baixo foi Portugal no

entanto registou um aumento consideraacutevel se em 1985 se encontrava no uacuteltimo posto

com cerca de 33 do seu PIB gasto em pensotildees a partir de 2004 ultrapassou a

Finlacircndia Dinamarca e Espanha apresentando no ano de 2009 uma percentagem de

gastos em pensotildees relativamente ao PIB a rondar os 106 superior ao verificado na

21

Dinamarca (82) na Finlacircndia (102) e Espanha (77) Tal poderaacute ter que ver com

o facto de a populaccedilatildeo em Portugal ter envelhecido a um ritmo mais acelerado que nos

restantes paiacuteses

No que toca aos subsiacutedios de desemprego verificamos tambeacutem que natildeo haacute um

grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 23) Contudo neste capiacutetulo

constata-se que os trecircs paiacuteses que gastaram maior percentagem do PIB em subsiacutedios de

desemprego ao longo do periacuteodo foram a Dinamarca Espanha e Finlacircndia Nestes

paiacuteses verificamos que em 1993 o niacutevel de gastos foi o mais elevado cerca 53 do PIB

no caso dinamarquecircs e de 47 no caso espanhol e finlandecircs sendo uma possiacutevel razatildeo

para esse aumento a crise econoacutemica que ocorreu nesse ano O factor crise econoacutemica

poderaacute tambeacutem ajudar a compreender o porquecirc de na Espanha o niacutevel de gastos ter

subido entre 2008 e 2009 de uma forma abrupta passando dos 22 do PIB para os

35 aumento que poderaacute estar relacionado com a crise econoacutemica de 2007-08 que

poderaacute ter contribuiacutedo para o agravamento da taxa de desemprego espanhola Neste

acircmbito verifica-se tambeacutem que os paiacuteses que apresentaram ao longo deste periacuteodo um

niacutevel de despesa mais reduzido com os subsiacutedios de desemprego foram Portugal Itaacutelia e

Greacutecia que em 2009 eram os que menos gastavam com um niacutevel de despesa de cerca de

07 no caso grego 08 no caso italiano e 12 do PIB no caso portuguecircs Estes

valores ficam bem atraacutes dos verificados no mesmo ano para a Dinamarca (23) e para

a Espanha (35)

Jaacute no que toca agrave despesa social em apoios concedidos agraves famiacutelias em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e em subsiacutedios concedidos a pessoas com incapacidade

verifica-se que os paiacuteses do Norte tecircm um niacutevel de gastos nestas mateacuterias superior ao da

periferia europeia (ver graacuteficos 24 25 e 26) Verifica-se ainda assim uma pequena

excepccedilatildeo no que toca agrave Espanha em que os gastos em poliacuteticas activas no mercado de

trabalho em 1989 e 1990 foram superiores agraves verificadas na Dinamarca que eram cerca

de 08 do PIB face aos 07 despendido pelos dinamarqueses A diferenccedila entre os

dois grupos eacute evidente no caso da despesa relacionada com os apoios agraves famiacutelias onde

se verifica uma diferenccedila consideraacutevel ao longo do periacuteodo de anaacutelise entre o Norte e o

Sul A despesa em aacutereas como as poliacuteticas e com as famiacutelias dentro dos paiacuteses da

Escandinaacutevia foi inicialmente mais elevado na Sueacutecia que chegou a atingir o seu

maacuteximo em 1992 com cerca de 49 do PIB gasto nesta mateacuteria no entanto

progressivamente o niacutevel de despesa da Dinamarca foi-se aproximando da Sueacutecia

chegando ateacute a ultrapassar esta em 1995 No que diz respeito agrave Finlacircndia verificou-se

22

que dos trecircs paiacuteses que compotildeem a Escandinaacutevia eacute aquele que apresenta um niacutevel mais

baixo durante maior parte do periacuteodo em anaacutelise mas no entanto superior aos paiacuteses do

Sul como jaacute foi dito Existe contudo uma excepccedilatildeo para este paiacutes que acontece no ano

de 1994 quando este consegue ser o paiacutes que mais gasta nesta aacuterea cerca de 44 do

PIB superior aos gastos suecos que foram cerca de 43 e dos dinamarqueses cerca de

39 Quanto aos gastos em poliacuteticas activas do mercado de trabalho as diferenccedilas jaacute

natildeo satildeo tatildeo evidentes mas no entanto relativamente aos paiacuteses do Sul verificamos ao

longo de todo o periacuteodo que os paiacuteses que foram apresentando consecutivamente

valores mais elevados de despesa nesta mateacuteria foram Portugal e Espanha que entre

1985 e 2009 sofreram oscilaccedilotildees relativamente aos valores despendidos no entanto em

2009 estes gastavam cerca de 08 e 09 respectivamente um valor mais elevado que

o verificado para a Itaacutelia (04) e para a Greacutecia (02) paiacuteses que ao longo do periacuteodo

observado se ficaram pelos uacuteltimos lugares

Por uacuteltimo abordamos as diferenccedilas entre o Norte e o Sul ao niacutevel de gastos em

pensotildees por incapacidade (ver graacutef 26) Como jaacute foi referido verificamos que o niacutevel

de gastos nesta aacuterea eacute superior no Norte em relaccedilatildeo ao Sul Assim sendo verificamos

que a Sueacutecia e a Finlacircndia foram alternando a lideranccedila relativamente aos paiacuteses que

mais despenderam nestes apoios Entre 1985-91 e 1997-2009 a Sueacutecia realizou um niacutevel

de despesa mais elevado que a Finlacircndia apresentando em 1991 um niacutevel a rondar os

53 face ao gasto pela Finlacircndia que foi cerca de 49 Jaacute em 2009 o niacutevel de gastos

da Sueacutecia foi de 5 do seu PIB maior que o verificado na Finlacircndia 41 enquanto

que para o restante periacuteodo o niacutevel de gastos finlandecircs foi sempre superior ao sueco A

Dinamarca foi dos paiacuteses escandinavos aquele que ao longo da maior parte deste

periacuteodo menos gastou no entanto a partir de 2001 esta ultrapassou o niacutevel de gastos da

Finlacircndia apresentando um niacutevel de despesa de cerca de 38 do PIB face aos 37

verificados no caso finlandecircs Esta ultrapassagem deu-se natildeo soacute pela subida dos gastos

em da Dinamarca nesta aacuterea mas tambeacutem por uma descida da despesa finlandesa No

que toca aos paiacuteses do Sul verificamos que quem gastou relativamente mais durante a

maior parte do periacuteodo entre 1985 e 2009 em subsiacutedios atribuiacutedos a incapacitados

foram Espanha Portugal Itaacutelia e a Greacutecia respectivamente agrave excepccedilatildeo do subperiacuteodo

entre 1985 e 1989 em que a Itaacutelia teve um niacutevel de gastos superiores ao de Portugal

Estes paiacuteses no ano de 2009 apresentavam um niacutevel de gastos a rondar os 27 do PIB

no caso espanhol os 21 no caso portuguecircs os 19 no caso italiano e os 1 no caso

23

grego valores que apesar de serem mais baixos que os verificados nos paiacuteses do Norte

da Europa satildeo mais elevados que os verificados em 1985 para estes paiacuteses

Por fim concluiacutemos esta secccedilatildeo com uma anaacutelise quantitativa muito simples e

preliminar da relaccedilatildeo entre a despesa social e o crescimento econoacutemico que corresponde

ao caacutelculo dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre os vaacuterios tipos de despesa social e o PIB

real per capita e a sua taxa de crescimento De acordo com a revisatildeo da literatura

realizada na secccedilatildeo 2 espera-se que exista uma correlaccedilatildeo positiva entre a despesa

social e o niacutevel de crescimento do PIB na medida ou seja para que esta contribua

efectivamente para uma reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo do rendimento e da

pobreza mas tambeacutem porque certos tipos de despesa social tais como educaccedilatildeo sauacutede

mas tambeacutem os apoios agrave famiacutelia contribuem directamente para a acumulaccedilatildeo de capital

humano Contudo aceitando o argumento de que o financiamento necessaacuterio introduz

distorccedilotildees na actividade econoacutemica que por exemplo desincentivam o trabalho e o

investimento por parte das empresas a correlaccedilatildeo obtida pode ter um sinal negativo Da

mesma forma se despesas como o subsiacutedio de desemprego constituiacuterem um

desincentivo a realizar maior esforccedilo no trabalho tambeacutem o sinal poderaacute ser negativo

Em uacuteltima anaacutelise poderaacute natildeo existir qualquer correlaccedilatildeo se os efeitos de sinal contraacuterio

se compensarem exactamente Finalmente natildeo devemos esquecer que correlaccedilatildeo natildeo

significa causalidade pelo que o sinal obtido se pode dever agrave influecircncia do produto

sobre a despesa social ou agrave influecircncia muacutetua

Com auxiacutelio do Quadro 2 onde se encontram os resultados relativos aos

coeficientes de correlaccedilatildeo entre despesa social e o PIB real per capita verificamos que

tendo em conta os dados disponiacuteveis para todos os paiacuteses e anos os coeficientes de

correlaccedilatildeo entre as vaacuterias despesas sociais e o PIB real per capita satildeo todos positivos

quer no que respeita agrave despesa social total quer agraves suas diferentes componentes Os

coeficientes de correlaccedilatildeo mais elevados dizem respeito agraves despesas em educaccedilatildeo e

sauacutede respectivamente 0833 e 0791 podendo argumentar-se que isto se deve ao seu

contributo directo para a acumulaccedilatildeo de capital humano e que este factor possa ter

trazido ganhos de produtividade agraves economias conforme a literatura econoacutemica defende

Quanto ao efeito das vaacuterias componentes de despesa social em protecccedilatildeo social

verificamos que as aacutereas que possuem um coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado satildeo a

despesa em apoios atribuiacutedos agraves famiacutelias os subsiacutedios atribuiacutedos aos incapacitados e as

poliacuteticas activas do mercado de trabalho (0764 0648 e 0626 respectivamente) A

correlaccedilatildeo mais elevada na primeira e terceira dimensotildees referidas poderaacute ter que ver

24

com o seu papel na reduccedilatildeo da desigualdade e pobreza das famiacutelias mais pobres e dos

incentivos criados juntos das empresas para que estas empreguem mais trabalhadores

No que diz respeito aos subsiacutedios concedidos agraves famiacutelias estes ajudam ao aumento do

rendimento das mesmas e tal como foi dito anteriormente poderaacute ter-se traduzido no

aumento do consumo privado daiacute haver uma relaccedilatildeo positiva com o PIB per capita No

meacutedio-longo prazo pode tambeacutem permitir agraves famiacutelias investir mais no capital humano

dos seus filhos e desta forma contribuir para o aumento do PIB Nas restantes aacutereas

gastos com subsiacutedios de desemprego ou em pensotildees tambeacutem possuem uma relaccedilatildeo

positiva com o PIB per capita indicando que toda a despesa realizada pelos vaacuterios

paiacuteses ao longo deste periacuteodo foi importantes para o aumento do produto na medida em

que estas se incidiram sobre os indiviacuteduos que possuem um niacutevel de rendimento mais

baixo dando um estimulo ao consumo traduzindo-se isso no aumento do produto como

jaacute vimos anteriormente Contudo nestes casos os coeficientes de correlaccedilatildeo de 0424 e

0220 respectivamente satildeo bastante inferiores indicando que poderatildeo estar em

actuaccedilatildeo efeitos de sinal negativo que reduzem a correlaccedilatildeo positiva final

Nomeadamente os gastos com pensotildees e subsiacutedios de desemprego podem estar a

desviar a despesa de outras funccedilotildees sociais com um impacto mais directo sobre a

produtividade como a educaccedilatildeo e a sauacutede

Quadro 2 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social e componentes e o niacutevel

do PIB real per capita 1985-2010 (todos os dados disponiacuteveis)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB) PIB real

per capita

Total 0747

Sauacutede 0791

Educaccedilatildeo 0833

Pensotildees de reforma 0220

Pensotildees por incapacidade 0648

Apoios agraves Famiacutelias 0764

Poliacuteticas Activas do Mercado de Trabalho 0626

Subsiacutedio de Desemprego 0424

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

25

A anaacutelise de correlaccedilatildeo anterior apesar de interessante natildeo permite ter uma

ideia muito rigorosa da existecircncia ou natildeo de causalidade entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico uma vez que se baseia em valores correntes quer da despesa

quer do PIB e como vimos os paiacuteses mais ricos tendem tambeacutem a gastar mais com as

funccedilotildees sociais Por outro lado em termos de efeitos permanentes sobre a taxa de

crescimento eacute mais rigoroso calcular a correlaccedilatildeo entre a despesa e a taxa de

crescimento do PIB real per capita De forma a ter em conta a questatildeo da causalidade

inversa no quadro 2 satildeo apresentados os coeficientes de correlaccedilatildeo entre a meacutedia da

despesa social realizada nos sete paiacuteses no periacuteodo de 1985 a 1999 e o crescimento

meacutedio do PIB verificado nos dez anos seguintes 2000-2010

De acordo com a informaccedilatildeo que consta do quadro 3 o sinal dos coeficientes de

correlaccedilatildeo varia agora consoante o tipo de despesa considerada Relativamente agrave

despesa social total o coeficiente eacute negativo embora natildeo muito elevado -02779 A

justificaccedilatildeo mais imediata para este sinal poderaacute ter a ver com o facto do financiamento

necessaacuterio ter introduzido distorccedilotildees na actividade econoacutemica que prejudicaram o

crescimento Contudo torna-se mais informativo olhar para as diferentes componentes

da despesa social

No que respeita aos coeficientes por tipo de despesa como seria de esperar dada

a consensual relaccedilatildeo entre as despesas em educaccedilatildeo e sauacutede com o crescimento

econoacutemico por via do seu impacto sobre a acumulaccedilatildeo de capital humano3 o sinal eacute

positivo embora de magnitude reduzida 01356 e 00115 respectivamente em especial

no caso das despesas em sauacutede Estes resultados indicam tambeacutem que os coeficientes de

correlaccedilatildeo anteriores contecircm realmente informaccedilatildeo sobre a influecircncia positiva no niacutevel

de rendimento sobre as despesas sociais em educaccedilatildeo e sauacutede O outro coeficiente de

correlaccedilatildeo positivo diz respeito agrave despesa com subsiacutedios de desemprego sendo ateacute a

correlaccedilatildeo mais forte do que nos dois casos anteriores 01733 Isto pode indicar que a

existecircncia deste apoio constituiu um incentivo ao trabalho pela seguranccedila que permite

aos trabalhadores estimulando tambeacutem os mesmos a apostar na sua formaccedilatildeo porque

protegidos em caso de desemprego

Quanto ao impacto negativo das restantes componentes da despesa social

verifica-se que as despesas que apresentam um coeficiente menos negativo satildeo as

pensotildees de reforma e por incapacidade -02298 e -03338 respectivamente enquanto

3 Como vimos na secccedilatildeo 3 o estado de sauacutede mas em especial o niacutevel de escolaridade da populaccedilatildeo

dos paiacuteses escandinavos foram em geral superiores ao dos paiacuteses do Sul ao longo do periacuteodo em anaacutelise

26

ainda menos esperado a correlaccedilatildeo negativa mais forte acontece no caso das poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias -03794 e -03671 respectivamente

No caso das pensotildees de reforma e por incapacidade o sinal natildeo eacute inesperado dado o

esforccedilo que exigem em termos de financiamento e o seu papel mais indirecto na

promoccedilatildeo do crescimento econoacutemico sobretudo via a reduccedilatildeo da desigualdade e da

pobreza No caso das poliacuteticas activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias os

resultados satildeo inesperados a dois niacuteveis sinais e magnitude relativa superior Esperar-

se-ia um sinal positivo face ao descrito logo no iniacutecio da anaacutelise de correlaccedilatildeo ou pelo

menos natildeo tatildeo negativo como nos outros dois casos uma vez que em qualquer situaccedilatildeo

o financiamento necessaacuterio pode ter impacto negativo sobre o crescimento do produto

Quadro 3 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social meacutedia (1985-1999) e a

taxa meacutedia de crescimento do PIB real per capita (2000-2010)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB)

Meacutedia 1985-1999 Taxa meacutedia de crescimento anual do PIB real per capita

(2000-10)

Total -02779

Sauacutede 00115

Educaccedilatildeo 01356

Pensotildees de reforma -02298

Pensotildees por incapacidade -03338

Apoios agraves Famiacutelias -03671

Poliacuteticas Activas do Mercado de

Trabalho -03794

Subsiacutedio de Desemprego 01733

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

Em jeito de conclusatildeo os resultados apontam para uma relaccedilatildeo positiva entre a

despesa social nas vaacuterias aacutereas analisadas e o niacutevel do PIB per capita entre 1985 e 2010

o que eacute indiciador de que estatildeo em actuaccedilatildeo mecanismos de influecircncia da despesa social

que promovem um aumento do niacutevel de rendimento nomeadamente via acumulaccedilatildeo de

capital humano atraveacutes das despesas em educaccedilatildeo e sauacutede Contudo uma anaacutelise mais

rigorosa em termos de possiacuteveis impactos permanentes sobre a taxa de crescimento

econoacutemico revela que os resultados podem divergir bastante em termos de sinal e

magnitude atendendo ao tipo de despesa social considerada Os resultados deste estudo

27

apontam tambeacutem para valores que alguns casos podem ser contraacuterios aos verificados

pelos estudos empiacutericos descritos na secccedilatildeo 2 Tal poderaacute estar relacionado com a

amostra de paiacuteses utilizada assim como o periacuteodo de anaacutelise e metodologia utilizada

5 Conclusotildees

Este trabalho propocircs-se a reflectir sobre a relaccedilatildeo entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico tendo por base a comparaccedilatildeo de dois grupos de paiacuteses

pertencentes agrave Uniatildeo Europeia a Escandinaacutevia e o Sul da Europa A niacutevel teoacuterico as

previsotildees acerca da relaccedilatildeo entre Estado Social e crescimento econoacutemico divergem

sendo possiacutevel encontrar argumentos que justificam a existecircncia de uma relaccedilatildeo

positiva outros que apoiam a verificaccedilatildeo de uma relaccedilatildeo negativa e outros ainda que

apontam no sentido de ausecircncia de qualquer relaccedilatildeo Estas diferentes hipoacuteteses parecem

indicar que cabe agrave anaacutelise empiacuterica determinar o sinal da relaccedilatildeo e o respectivo

contexto

Constituindo uma anaacutelise ainda exploratoacuteria o presente trabalho recorreu a uma

anaacutelise de estatiacutestica descritiva de um conjunto variado de indicadores relevantes para o

periacuteodo de 1985 a 2010 sempre que possiacutevel para analisar empiricamente a relaccedilatildeo

entre despesa social e crescimento econoacutemico

De forma a analisar esta relaccedilatildeo em termos mais detalhados aquela foi

desagregada em diferentes componentes tendo sido utilizados dados relativos a

despesas em educaccedilatildeo sauacutede e em vaacuterias componentes da despesa com a protecccedilatildeo

social como os subsiacutedios de desemprego e incapacidade apoios agraves famiacutelias gastos em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho e em pensotildees de reforma Foram calculados os

coeficientes de correlaccedilatildeo destas com o niacutevel do PIB real per capita numa tentativa de

confirmaccedilatildeo muito preliminar do sinal esperado para a relaccedilatildeo bem como os

coeficientes de correlaccedilatildeo entre os valores meacutedios da despesa das vaacuterias variaacuteveis entre

1985 e 1999 com a taxa de crescimento do PIB per capita entre 2000-10 Os

coeficientes de correlaccedilatildeo no uacuteltimo caso poderatildeo ajudar a compreender se o niacutevel de

gastos verificado entre 1985-99 contribuiacuteram para o crescimento econoacutemico verificado

na deacutecada seguinte

Verificou-se que ao longo do periacuteodo em anaacutelise a despesa social em

percentagem do PIB agregada e nas diferentes aacutereas teve um aumento relativo entre

1985 e 2010 mas no entanto aquela foi sempre mais elevada nos paiacuteses Escandinavos

tendo estes paiacuteses registado tambeacutem valores mais elevados do PIB real per capita

28

relativamente aos paiacuteses do Sul Os resultados apontam para que todas as dimensotildees se

correlacionam positivamente com o niacutevel de rendimento per capita sendo de destacar

que a educaccedilatildeo eacute a componente com coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado seguida

das despesas com sauacutede o que parece confirmar a influecircncia deste tipo de despesa sobre

o comportamento do produto via acumulaccedilatildeo de capital humano No que respeita ao

possiacutevel efeito da despesa social sobre a taxa de crescimento do PIB real per capita o

sinal do coeficiente de correlaccedilatildeo manteacutem-se positivo mas de magnitude bastante

inferior ao dos casos anteriores enquanto a correlaccedilatildeo apresenta um sinal negativo no

caso da despesa social total A correlaccedilatildeo eacute tambeacutem negativa para as diferentes

componentes da despesa como a protecccedilatildeo social com excepccedilatildeo do subsiacutedio de

desemprego Estes resultados apoiam assim a necessidade de ao estudar a relaccedilatildeo entre

Estado Social e crescimento econoacutemico levar a cabo uma anaacutelise desagregada uma vez

que os mecanismos de transmissatildeo podem variar consoante o tipo de despesa social

pelo que a anaacutelise agregada eacute difiacutecil de interpretar em termos econoacutemicos

Em suma o presente estudo poderaacute ajudar a compreender de forma preliminar

como os gastos sociais interagem com o crescimento econoacutemico e quais as aacutereas que

tecircm contribuiacutedo de forma positiva ou negativa para o mesmo Contudo natildeo poderaacute

deixar de se ter em conta a capacidade de outros factores poderem afectar a

performance da economia assim como natildeo se deve negligenciar a importacircncia dos

gastos sociais para a convergecircncia econoacutemica dos paiacuteses do Sul para com os paiacuteses do

Norte da Europa De forma a poder generalizar a anaacutelise e tirar conclusotildees mais

robustas em relaccedilatildeo ao sentido da causalidade e mecanismos de transmissatildeo no futuro

seraacute necessaacuterio utilizar meacutetodos de inferecircncia estatiacutestica adequados e amostras mais

alargadas de paiacuteses

29

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30

Anexos

Graacutefico 1 PIB per capita a preccedilos constantes de 2005 entre 1985 e 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 2 Esperanccedila meacutedia de vida 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

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31

Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em

cada 1000 nascimentos) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total

da populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB ()1985 e 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

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Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes 2003 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010

Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A

despesa Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte OCDE

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009

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Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

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1 Introduccedilatildeo

A despesa social do Estado que engloba por exemplo as prestaccedilotildees sociais

educaccedilatildeo e sauacutede entre outras despesas justifica-se do ponto de vista da melhoria do

bem-estar dos cidadatildeos reflectindo-se tambeacutem na melhoria de alguns indicadores soacutecio-

econoacutemicos agregados tais como o Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) que

contabiliza melhorias no PIB real per capita escolaridade e sauacutede da populaccedilatildeo em

geral Por exemplo em 2012 de acordo com dados do UNDP os paiacuteses escandinavos

(Dinamarca Finlacircndia e Sueacutecia) estavam nas 25 primeiras posiccedilotildees no que respeita aos

valores do IDH com um valor meacutedio deste de 0905 No mesmo ano e de acordo como

os dados da Social Expenditure Database da OCDE os trecircs paiacuteses registavam uma

despesa social em percentagem do PIB com um valor meacutedio para o grupo de 29637

superior agrave meacutedia da OCDE 21785 Jaacute os paiacuteses da Europa do Sul Espanha Greacutecia

Itaacutelia e em especial Portugal ocupavam lugares inferiores no que respeita ao ranking do

IDH (valor meacutedio para os trecircs paiacuteses 0891) gastando tambeacutem menos do que os paiacuteses

escandinavos com funccedilotildees sociais (em meacutedia 25725) Esta aparente correlaccedilatildeo

positiva entre despesa social e o IDH dever-se-aacute certamente agrave protecccedilatildeo social e

econoacutemica dos cidadatildeos realizada atraveacutes desta via pelo Estado com vista a diminuir as

desigualdades entre indiviacuteduos mais ricos e mais pobres para que estes possam ter

acesso agraves mesmas oportunidades contribuindo dessa forma para um paiacutes mais

homogeacuteneo e permitindo tambeacutem potencialmente melhorar o desempenho

macroeconoacutemico

No que diz respeito agrave Uniatildeo Europeia (UE) os paiacuteses escandinavos situados no

Norte da Europa Dinamarca Finlacircndia e Sueacutecia tecircm efectivamente registado de forma

sustentada niacuteveis de rendimento e produtividade superiores aos paiacuteses do Sul Espanha

Greacutecia Portugal e Itaacutelia Com efeito em 2012 e de acordo com dados do Eurostat os

paiacuteses escandinavos registavam um PIB real per capita entre os mais elevados da UE-

28 ocupando a segunda quarta e seacutetima posiccedilotildees em 28 possiacuteveis respectivamente

enquanto os paiacuteses do Sul se ficavam por lugares intermeacutedios muito proacuteximos ou jaacute na

metade inferior da tabela Esta situaccedilatildeo poderaacute estar relacionada com a visatildeo que cada

grupo de paiacuteses tem acerca da participaccedilatildeo do Estado na economia e na sociedade em

geral e em particular no que respeita agraves funccedilotildees sociais deste Com efeito o modelo e a

dimensatildeo do Estado Social satildeo muito diferentes entre os paiacuteses escandinavos e a

periferia europeia quer ao niacutevel da abrangecircncia dos apoios sociais quer ao niacutevel das

2

aacutereas onde se verifica uma maior despesa sendo os primeiros os que apresentam

melhores desempenhos a niacutevel macroeconoacutemico Eacute por isso adequado reflectir sobre o

potencial papel do Estado Social e em particular da despesa puacuteblica associada na

explicaccedilatildeo das diferenccedilas de desempenho macroeconoacutemico entre estes dois grupos de

paiacuteses

Esta reflexatildeo assume particular interesse numa conjuntura em que os paiacuteses

perifeacutericos enfrentam uma crise ao niacutevel da sustentabilidade das financcedilas puacuteblicas que

levou a que tivessem sido feitos cortes e reformulaccedilotildees do seu modelo de Estado Social

Surgem assim algumas questotildees pertinentes seraacute que a reestruturaccedilatildeoreduccedilatildeo do

Estado Social poderaacute agravar ainda mais o desempenho econoacutemico destes paiacuteses Ou

seraacute que o problema reside na questatildeo de eficiecircncia do modelo adoptado

O principal objectivo deste trabalho eacute assim fazer uma comparaccedilatildeo entre o Norte

(Escandinaacutevia) e o Sul da Europa relativamente ao potencial papel do Estado Social no

crescimento econoacutemico analisando a importacircncia atribuiacuteda pelos Estados a

determinadas aacutereas de intervenccedilatildeo social atraveacutes da despesa realizada nas mesmas Para

o efeito seraacute efectuada uma anaacutelise de estatiacutestica descritiva de indicadores relevantes

para a caracterizaccedilatildeo econoacutemica e social dos dois grupos de paiacuteses em anaacutelise e em

particular relativos ao seu desempenho em termos de crescimento e despesa social

recorrendo-se a dados do Eurostat OCDE e Banco Mundial O periacuteodo em anaacutelise seraacute

de 1985 ateacute 2010 sempre que possiacutevel

O restante trabalho encontra-se organizado da forma que a seguir se descreve A

secccedilatildeo 2 conteacutem uma revisatildeo da literatura sobre os potenciais mecanismos de

transmissatildeo do Estado Social relativamente ao crescimento econoacutemico bem como a

sistematizaccedilatildeo dos resultados de alguns estudos empiacutericos anteriores Na secccedilatildeo 3 eacute

feita uma caracterizaccedilatildeo das principais diferenccedilas e semelhanccedilas dos paiacuteses em anaacutelise

em termos econoacutemicos e sociais com base num conjunto de indicadores relevantes

Segue-se a secccedilatildeo 4 onde se reflecte com base numa anaacutelise de estatiacutestica descritiva

sobre a potencial relaccedilatildeo entre a despesa social e o crescimento econoacutemico na amostra

seleccionada Finalmente a secccedilatildeo 5 conteacutem as principais conclusotildees

2 Estado Social qual a sua importacircncia para o crescimento econoacutemico

O conceito de Estado Social eacute um conceito que natildeo apresenta uma definiccedilatildeo

precisa Na tentativa de definir o que eacute o Estado Social Andrade Duarte e Simotildees

(2013 p4) afirmam que de ldquoum modo geral se pode entender o Estado Social como um

3

Estado em que o governo utiliza uma parcela importante dos recursos nacionais para

oferecer serviccedilos que beneficiam indiviacuteduos ou famiacutelias que preencham determinados

criteacuterios ou seja que se destinam a ser consumidos individualmente por oposiccedilatildeo ao

consumo colectivo de bens como a defesa nacional ou a seguranccedila internardquo

Estas intervenccedilotildees do Estado tecircm genericamente como objectivo a reduccedilatildeo das

desigualdades na distribuiccedilatildeo do rendimento e a reduccedilatildeo da pobreza promovendo a

igualdade de oportunidades e o bem-estar sendo conseguidas atraveacutes de medidas

destinadas a melhorar o niacutevel de escolaridade e de sauacutede da populaccedilatildeo bem como

medidas de protecccedilatildeo social que englobam por exemplo os subsiacutedios de desemprego

pensotildees de invalidez apoios agraves famiacutelia poliacuteticas activas no mercado de trabalho bem

como as pensotildees concedidas aos reformados As medidas de protecccedilatildeo social destinam-

se assim a prevenir ou minorar situaccedilotildees que possam afectar negativamente o bem-estar

dos indiviacuteduos Por exemplo as poliacuteticas activas no mercado de trabalho visam a raacutepida

reinserccedilatildeo dos desempregados no mercado de trabalho podendo estas contribuir para a

reduccedilatildeo do nuacutemero de pessoas cuja sua uacutenica fonte de rendimento eacute o subsiacutedio de

desemprego mas tambeacutem de todos os desempregados que jaacute nem direito tecircm ao

mesmo com o intuito de lhes garantir o miacutenimo de condiccedilotildees financeiras Por outro

lado a preocupaccedilatildeo do Estado com o bem-estar das populaccedilotildees e com a reduccedilatildeo da

pobreza leva a que este conceda pensotildees aos reformados como forma de garantir que

estes no final das suas vidas activas natildeo fiquem sem qualquer tipo de fonte de

rendimento possibilitando um final de vida com o miacutenimo de condiccedilotildees A utilizaccedilatildeo

destes mecanismos como exemplo demostram dois destinos diferentes da despesa do

Estado Social que tecircm os mesmos objectivos e cuja importacircncia poderaacute ser

consideraacutevel tendo em conta o crescente aumento do nuacutemero de pensionistas e a

elevada taxa de desemprego que se verifica em alguns dos paiacuteses em anaacutelise A poliacutetica

de protecccedilatildeo social de acordo com Damerou (2011 p13) citando a definiccedilatildeo do

Eurostat (2008) ldquoengloba todas as intervenccedilotildees de organismos puacuteblicos ou privados

destinados a apoiar as famiacutelias e indiviacuteduos encargos representados por um conjunto

definido de riscos ou necessidades desde que natildeo exista simultaneamente qualquer

acordo reciacuteproco ou individualrdquo Esta poliacutetica abrange toda a populaccedilatildeo mediante

determinadas condiccedilotildees sendo os apoios atribuiacutedos quer por intermeacutedio de programas

de Seguranccedila Social ou de Assistecircncia Social No entanto as poliacuteticas de protecccedilatildeo

social necessitam de financiamento para serem realizadas mostrando-se assim as

contribuiccedilotildees sociais e os impostos pagos pela populaccedilatildeo importantes para garantir a

4

sustentabilidade financeira deste mecanismo sem comprometer o seu futuro No acircmbito

da sustentabilidade financeira deste mecanismo alguns autores tais como Damerou

(2011) consideram o PIB real per capita determinante natildeo soacute em termos do niacutevel de

bem-estar de uma sociedade mas tambeacutem para fazer diminuir as pressotildees financeiras

sobre a Seguranccedila Social em resultado dos actuais indicadores demograacuteficos que

apontam para um aumento da esperanccedila meacutedia de vida e da diminuiccedilatildeo da natalidade

Estes indicadores segundo o mesmo autor tecircm impacto directo na sustentabilidade

financeira da Seguranccedila Social na medida em que esta ao ser financiada na sua maioria

pela populaccedilatildeo activa a sua diminuiccedilatildeo poderaacute gerar um problema de financiamento

que colocaraacute em causa o actual funcionamento deste sistema daiacute a importacircncia de

existir um niacutevel de riqueza elevado para que possa ser continuada a poliacutetica de

protecccedilatildeo social Assim o niacutevel e a evoluccedilatildeo do produto influenciam de alguma forma o

comportamento da despesa social

De um ponto de vista econoacutemico a poliacutetica de protecccedilatildeo social e da despesa

associada pode ter impactos importantes nomeadamente aceitando a posiccedilatildeo teoacuterica de

que niacuteveis elevados de desigualdade e pobreza tecircm impactos negativos no crescimento

econoacutemico ou seja na criaccedilatildeo de riqueza de uma economia no longo prazo Por outro

lado a literatura econoacutemica tambeacutem aponta para que o crescimento econoacutemico apesar

de aumentar as desigualdades em fases iniciais possa diminuir a pobreza como referem

Barrientos e Scott (2008 p9) ldquoum forte crescimento econoacutemico eacute essencial para a

reduccedilatildeo da pobreza e eacute estimado que cerca de 80 da diminuiccedilatildeo da pobreza ocorrida

na deacutecada de 80 tenha sido conseguida atraveacutes do crescimento econoacutemicordquo

Na perspectiva dos modelos de crescimento exoacutegeno como o que foi

desenvolvido por Solow (1956) este com a criaccedilatildeo do seu modelo de crescimento

econoacutemico afirmou que a taxa de crescimento de longo prazo natildeo eacute influenciada pela

despesa em protecccedilatildeo social uma vez que o crescimento econoacutemico apenas eacute afectado

por factores demograacuteficos e tecnoloacutegicos exoacutegenos ao modelo Jaacute na perspectiva de

alguns modelos de crescimento endoacutegeno estes segundo Damerou (2011) apontam

para que a desigualdade na distribuiccedilatildeo do rendimento iniba o crescimento econoacutemico

como jaacute fora dito anteriormente Este mesmo autor recorrendo ao trabalho de Solimano

(2000) afirma que a instabilidade poliacutetica trazida pelas desigualdades podem levar a

uma diminuiccedilatildeo do investimento puacuteblico e do investimento privado das famiacutelias com

baixos rendimentos podendo tal reflectir-se num niacutevel de produto mais baixo

5

Apesar do Estado Social visar em primeiro lugar a protecccedilatildeo dos mais

desprotegidos economicamente ou que enfrentam situaccedilotildees inesperadas com o

desemprego ou doenccedila pode em simultacircneo potenciar o crescimento econoacutemico Neste

acircmbito Furceri e Zdzienicka (2012) defendem a existecircncia de alguns mecanismos

atraveacutes dos quais a despesa social potencia o crescimento do produto Segundo estes

autores a criaccedilatildeo de poliacuteticas que incidam de uma forma activa no mercado de trabalho

podem levar ao aumento do produto atraveacutes da criaccedilatildeo de emprego assim como o

aumento dos gastos sociais ao niacutevel de indiviacuteduos com baixos rendimentos e com

dificuldades na obtenccedilatildeo de creacutedito poderaacute estar relacionado com o aumento do

consumo privado uma vez que o aumento de rendimento incentiva ao aumento da

procura por parte das famiacutelias estimulando as empresas a produzir e aumentando assim

o produto de um paiacutes Outro autor que defende em parte estas ideias eacute Damerou (2011)

que afirma que os gastos em subsiacutedios de desemprego ou em prestaccedilotildees concedidas a

famiacutelias com crianccedilas por exemplo poderatildeo para aleacutem de reduzir as desigualdades de

rendimentos levar ao aumento do consumo das famiacutelias Assim a despesa social

permite agraves empresas tomar decisotildees de investimento pois sabem que teratildeo procura e

desta forma levar a um aumento da capacidade produtiva ou seja ao crescimento

econoacutemico

Por sua vez a concessatildeo de apoios em outras aacutereas como a educaccedilatildeo ou sauacutede

poderatildeo contribuir para a acumulaccedilatildeo de capital humano1 que em conjunto com o

capital fiacutesico e em especial nas economias modernas que querem o seu crescimento

baseado no conhecimento poderaacute ter impacto positivo no comportamento das

economias A acumulaccedilatildeo de capital humano pode traduzir-se em ganhos de

produtividade a niacutevel agregado pois os trabalhadores adquirem competecircncias teacutecnicas e

fiacutesicas que lhes permitiratildeo desempenhar as suas funccedilotildees de uma forma mais eficiente

mas que tambeacutem se transmitem a outros que com eles trabalhem tornando assim a taxa

de retorno dos investimentos individuais em sauacutede e educaccedilatildeo maior para a sociedade

do que para os indiviacuteduos Por outro lado nas economias baseadas no conhecimento em

que o progresso teacutecnico eacute o principal motor do crescimento econoacutemico o capital

1 De acordo com a OCDE (1998) o capital humano pode ser definido como ldquoo conhecimento as

aptidotildees as competecircncias e outros atributos incorporados nos indiviacuteduos que satildeo relevantes para a

actividade econoacutemicardquo Por outro lado como refere Gonccedilalves (2002 p10) citando Shuller (2000) o

ldquocapital humano baseia-se no comportamento econoacutemico dos indiviacuteduos especialmente na forma como a

respectiva acumulaccedilatildeo de conhecimento e aptidotildees permite aumentar a sua produtividade e os seus

ganhos bem como aumentar a produtividade e sauacutede das sociedades em que vivemrdquo

6

humano eacute um factor de produccedilatildeo de novas ideias logo essencial para garantir um

crescimento econoacutemico sustentaacutevel

Um outro factor que poderaacute em conjunto com o capital humano potenciar o

crescimento econoacutemico eacute o capital social Neste aspecto a existecircncia de um Estado

Social que desempenhe de forma adequada as suas funccedilotildees poderaacute contribuir para a

acumulaccedilatildeo de capital social Gonccedilalves (2002 p32) citando Shuller (2000) descreve

o capital social como sendo ldquobaseado em termos de organizaccedilotildees normas e confianccedila e

o modo como as uacuteltimas permitem aos agentes e instituiccedilotildees serem mais eficientes na

obtenccedilatildeo de objectivos comunsrdquo

Relativamente ao impacto do capital social no crescimento econoacutemico Bergh

(2011) afirma que estudos recentes apontam para que o niacutevel de confianccedila possa

explicar como os paiacuteses como a Sueacutecia podem se desenvolver e continuar os seus

abrangentes sistemas de promoccedilatildeo do bem-estar social apesar do risco de evasatildeo fiscal

ou de uma maacute distribuiccedilatildeo dos apoios Bergh (2011) tambeacutem salienta a existecircncia de

estudos que comprovam que a confianccedila tem impacto positivo na economia sendo este

ilustrado atraveacutes de um exemplo comparativo entre a Sueacutecia e os EUA onde 64 de

suecos acham que podem confiar uns nos outros em detrimento dos apenas 41 de

americanos que acham o mesmo podendo levar a que a economia sueca cresccedila

anualmente mais 05 pontos percentuais que os EUA

No entanto a literatura econoacutemica natildeo constata apenas que existem efeitos

positivos entre a despesa social e o crescimento econoacutemico No que diz respeito agrave

relaccedilatildeo negativa entre estas duas variaacuteveis autores como Izaacutek (2011) afirmam que a

distribuiccedilatildeo dos subsiacutedios e de outros apoios por parte do Estado e Social diminuem o

crescimento econoacutemico devido aos incentivos negativos que estes transmitem aos

agentes econoacutemicos por exemplo ao niacutevel dos desincentivos ao trabalho contribuindo

assim para a diminuiccedilatildeo da produtividade e do crescimento Para aleacutem deste autor

Furceri e Zdzieniecka (2012) apontam para que o crescimento da despesa social possa

estar relacionado com os incentivos agrave reforma antecipada e com os subsiacutedios de

invalidez que levam a uma diminuiccedilatildeo da forccedila de trabalho traduzindo-se essa

diminuiccedilatildeo num efeito negativo no crescimento do produto

No que respeita a estudos empiacutericos sobre a relaccedilatildeo entre despesa social e o

crescimento econoacutemico os resultados natildeo satildeo conclusivos com alguns estudos

empiacutericos a apontar para uma relaccedilatildeo positiva e outros para uma relaccedilatildeo de sinal

negativo dependo do tipo de despesa e do niacutevel de desenvolvimento do paiacutes a que nos

7

referimos De forma a compreender a relaccedilatildeo entre despesa social do Estado e

crescimento econoacutemico Afonso e Allegre (2008) no seu trabalho empiacuterico recorreram

a dados referentes a despesa social em 27 paiacuteses europeus e procuraram atraveacutes de um

estudo economeacutetrico verificar se esta contribuiacutea para o crescimento econoacutemico dos

mesmos paiacuteses Os resultados deste estudo apontaram para a existecircncia de um impacto

negativo entre os gastos em educaccedilatildeo e em protecccedilatildeo social no crescimento econoacutemico

mas tambeacutem para um efeito positivo da despesa em educaccedilatildeo no crescimento

econoacutemico De forma a estudar mais uma vez os efeitos entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico Izaacutek (2011) desenvolveu um estudo que assentava no caacutelculo

dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre valores meacutedios da despesa social em aacutereas como a

educaccedilatildeo sauacutede e protecccedilatildeo social e taxa de crescimento do PIB No entanto o periacuteodo

em anaacutelise foi relativamente curto devido agrave falta de dados sendo os dados da despesa

social referentes ao periacuteodo entre 2002 e 2006 e as estimativas de crescimento para o

periacuteodo de 2006 a 2008 Para realizar este estudo foram utilizados dados agregados

relativos agraves despesas sociais dos 25 paiacuteses pertencentes agrave UE a partir de 2004 a que

deram o nome de EU-25 Contudo para analisar esta a relaccedilatildeo entre despesa social e

crescimento econoacutemico a amostra de 25 paiacuteses foi separada em duas sendo a primeira

relativa aos 15 paiacuteses pertencentes agrave UE a partir de Janeiro de 1995 os EU-15 e a

segunda aos 10 que passaram a pertencer a partir de Maio de 2004 os denominados EU-

10

Os resultados do estudo apontam para valores negativos ao niacutevel do coeficiente

de correlaccedilatildeo entre a despesa social em termos globais das trecircs amostras e o crescimento

econoacutemico sendo que como salienta o mesmo autor o coeficiente de correlaccedilatildeo eacute mais

baixo nos paiacuteses que constituem o primeiro grupo e mais alto nos paiacuteses que mais

recentemente formam parte da UE

Izaacutek (2011) procurou tambeacutem estudar os efeitos das vaacuterias componentes da

despesa social ao niacutevel do crescimento econoacutemico Para o efeito foi calculado o

coeficiente de correlaccedilatildeo entre a despesa em protecccedilatildeo social a despesa em educaccedilatildeo e

por fim entre a despesa em sauacutede e o crescimento econoacutemico Os resultados do autor

enfatizam que a despesa social em qualquer destas aacutereas tem um impacto negativo no

crescimento econoacutemico verificaacutevel em todos os grupos analisados sendo reforccedilado o

facto surpreendente de haver uma correlaccedilatildeo negativa entre a despesa em sauacutede e o

crescimento econoacutemico

8

Outros estudos relativos ao impacto da despesa social no crescimento econoacutemico

foram desenvolvidos como eacute o caso de Wang (2011) que se foca na estimaccedilatildeo da

relaccedilatildeo entre a despesa do Estado na aacuterea da sauacutede e o crescimento econoacutemico para

uma amostra de 20 paiacuteses em desenvolvimento entre 1990 e 2009 O autor analisa a

relaccedilatildeo existente entre os gastos em sauacutede e o PIB atraveacutes do teste de cointegraccedilatildeo em

painel de Engle-Granger Os resultados apontam para a existecircncia de causalidade

bilateral ou seja para que o crescimento econoacutemico esteja relacionado com o aumento

dos gastos em sauacutede e para que os gastos em sauacutede tenham um impacto positivo no

crescimento econoacutemico Neste aspecto os resultados demonstram que no longo prazo

os gastos em sauacutede podem levar ao crescimento do produto ilustrando a importacircncia

dos apoios do Estado no sector da sauacutede para criar uma populaccedilatildeo fisicamente mais apta

e produtiva

Uma outra anaacutelise empiacuterica foi realizada por Baldacci et al (2004) que

relacionaram a despesa social com o capital humano na forma de educaccedilatildeo e sauacutede e o

seu impacto no crescimento econoacutemico usando dados em painel relativos a 120 paiacuteses

em vias de desenvolvimento para o periacuteodo de 1975 a 2000 Para a anaacutelise da relaccedilatildeo

recorreram a um estudo economeacutetrico sob a forma de um sistema de quatro equaccedilotildees

relativas ao crescimento do rendimento per capita ao investimento educaccedilatildeo e sauacutede

Com o estudo pretenderam demonstrar que as despesas sociais em sauacutede e em educaccedilatildeo

tinham um contributo positivo para acumulaccedilatildeo de capital humano que se veio a provar

como verdadeiro assim como o efeito positivo daquele no crescimento econoacutemico

Furceri e Zdzienicka (2012) investigam os efeitos dos gastos sociais no

crescimento econoacutemico num conjunto de paiacuteses pertencentes agrave OCDE para o periacuteodo

entre 1980 e 2005 Os autores recorrem a uma regressatildeo economeacutetrica concluindo que

um aumento de 1 no niacutevel de gastos sociais leva a um aumento do crescimento

econoacutemico em cerca de 012 pontos percentuais apoacutes um ano Numa segunda fase

utilizaram uma outra regressatildeo economeacutetrica tendo como objectivo estudar o impacto

da despesa social no crescimento econoacutemico com a inclusatildeo de alguns desfasamentos

do PIB verificando que no caso de um aumento de 1 dos gastos sociais em

percentagem do PIB leva a que o produto aumente em cerca de 057 pontos percentuais

sendo que as aacutereas que mais contribuiacuteram para este aumento foram os gastos em sauacutede e

com os subsiacutedios de desemprego

Outros estudos como o de Andrade et al (2013) procuraram estudar a relaccedilatildeo

entre as despesas em sauacutede e educaccedilatildeo e o crescimento econoacutemico Recorreram a uma

9

amostra de paiacuteses de vaacuterias regiotildees do mundo onde foram excluiacutedos os ex-paiacuteses

socialistas os paiacuteses que produzem essencialmente petroacuteleo e os que tinham vivido ateacute

haacute pouco tempo conflitos armados Separaram-se os paiacuteses tendo em conta o seu niacutevel

de rendimento e desenvolveram um estudo economeacutetrico para verificar o efeito da

despesa entre educaccedilatildeo e sauacutede na variaacutevel dependente PIB real per capita Os

resultados mostram de forma incontestaacutevel que os gastos em educaccedilatildeo e sauacutede tecircm

efeitos positivos no crescimento do PIB per capita de qualquer dos grupos de paiacuteses

Por fim Fic e Ghate (2005) desenvolveram um estudo com o intuito de

averiguar a relaccedilatildeo entre o Estado Social e o crescimento econoacutemico para uma amostra

de 19 paiacuteses pertencentes agrave OCDE entre os quais se incluiacuteam paiacuteses como a Dinamarca

Finlacircndia e a Sueacutecia entre 1950 e 2001 Este estudo utilizou um modelo dinacircmico de

crescimento desenvolvido anteriormente por um dos autores Ghate e Zak (2002) que

permitiu chegar agrave conclusatildeo de que a razatildeo para haver uma quebra no crescimento

econoacutemico poderaacute estar relacionado com o Estado Social Tal se justifica segundo os

autores pelo facto de no periacuteodo que antecede a quebra de crescimento a elevada taxa

de crescimento que se verifica induzir ao crescimento da despesa social Ao longo do

tempo o aumento do Estado Social leva assim agrave diminuiccedilatildeo do crescimento econoacutemico

que no Longo Prazo espera-se que leve agrave reduccedilatildeo do Estado Social Os resultados

segundo os autores sugerem que paiacuteses com um baixo crescimento econoacutemico tenham

que fazer cortes ao niacutevel da despesa com o Estado Social Estes consideram que o iniacutecio

da deacutecada de 70 foi o periacuteodo no qual foi mais visiacutevel esta relaccedilatildeo pois o baixo

crescimento econoacutemico verificado entre 1970 e 1975 foi o precedido da existecircncia de

um Estado Social de dimensotildees consideraacuteveis

Em jeito de conclusatildeo verificamos que os resultados dos estudos desenvolvidos

por Andrade et al (2013) e Baldacci et al (2004) apontam para um efeito positivo entre

a despesa social em educaccedilatildeo e sauacutede e o crescimento econoacutemico Furceri e Zdzienicka

(2012) considerando a despesa social em todas as aacutereas de intervenccedilatildeo do Estado Social

tambeacutem apontam para o contributo positivo desta no crescimento econoacutemico Quanto ao

estudo desenvolvido por Izaacutek (2011) este aponta para uma relaccedilatildeo negativa entre as

vaacuterias componentes da despesa social e o crescimento econoacutemico Os resultados

opostos podem ser fruto do niacutevel de desenvolvimento da amostra de paiacuteses utilizada

pois parece que a utilizaccedilatildeo de paiacuteses mais desenvolvidos apontam para um efeito

negativo e a utilizaccedilatildeo de alguns paiacuteses em desenvolvimento aponte para um efeito

positivo

10

3 Caracterizaccedilatildeo econoacutemico-social dos paiacuteses em anaacutelise

Neste ponto seraacute feita uma caracterizaccedilatildeo econoacutemico-social dos paiacuteses em

anaacutelise Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia trecircs paiacuteses escandinavos onde o Estado Social

haacute muito eacute uma realidade e Portugal Espanha Itaacutelia e Greacutecia paiacuteses da chamada

periferia Europeia onde o Estado social eacute uma realidade mais recente essencialmente

desde os meados dos anos 80 salientando as suas semelhanccedilas e diferenccedilas

O objectivo eacute enquadrar a anaacutelise mais especiacutefica da secccedilatildeo seguinte sobre a

potencial relaccedilatildeo entre o desempenho em termos de crescimento econoacutemico e a despesa

social total e por diferentes categorias Sempre que possiacutevel a comparaccedilatildeo entre paiacuteses

seraacute realizada ao longo do periacuteodo 1985-2010 No entanto dada a indisponibilidade de

dados relativamente a algumas variaacuteveis para alguns paiacuteses o periacuteodo de anaacutelise poderaacute

ser mais curto Eacute importante ter tambeacutem em conta o surgimento da crise de 2007 para

compreender alguns indicadores mais desfavoraacuteveis dos paiacuteses do Sul em relaccedilatildeo ao

Norte nos anos mais recentes

Inicialmente este trabalho procuraraacute discutir as semelhanccedilas e diferenccedilas entre

os dois grupos de paiacuteses relativamente a um conjunto de indicadores sociodemograacuteficos

que podem ter impacto e ser influenciados pela despesa social Em segundo lugar satildeo

apresentados e analisados alguns indicadores econoacutemicos seleccionados segundo a

mesma loacutegica ou seja que podem ter impacto e ser influenciados pela dimensatildeo e

composiccedilatildeo do Estado Social tais como o seu grau de abertura ao comeacutercio

internacional e a respectiva estabilidade macroeconoacutemica sendo utilizado como suporte

da anaacutelise os graacuteficos disponiacuteveis nos Anexos

O graacutefico 1 conteacutem os valores do PIB real per capita expressos em doacutelares a

preccedilos constantes de 2005 que eacute o principal indicador dos diferenciais de niacutevel de vida

do cidadatildeo meacutedio dos diferentes paiacuteses Da observaccedilatildeo do referido graacutefico constatamos

que em 2010 o niacutevel de rendimento por habitante eacute em todos os paiacutes mais elevado do

que o que se verificava em 1985 sendo que nos paiacuteses escandinavos o PIB real per

capita foi sempre relativamente mais elevado que nos restantes paiacuteses No caso da

Sueacutecia e Finlacircndia verificamos que estes em 2010 estes eram os mais ricos tal como jaacute

o eram em 1985 passando o valor desta variaacutevel na Sueacutecia dos 2806538 doacutelares em

1985 para os 4282567 doacutelares em 2010 e na Finlacircndia dos 242344 doacutelares de 1985

para os 3806465 doacutelares em 2010 Os paiacuteses do Sul ou periferia apresentam ao longo

do periacuteodo um PIB real per capita mais baixo nomeadamente Portugal e Greacutecia que

11

apesar de terem aumentado o seu PIB real per capita entre 1985 e 2010 no ano de 2010

Portugal tinha um valor de 1864776 doacutelares e a Greacutecia de 2130896 doacutelares

A opccedilatildeo por comeccedilar a caracterizaccedilatildeo das diferenccedilas entre os paiacuteses da amostra

pelo PIB real per capita deriva em parte do facto de este poder estar relacionado com a

melhoria de alguns indicadores que medem o niacutevel de desenvolvimento humano e que

servem para a construccedilatildeo do Iacutendice de Desenvolvimento Humano como eacute o caso da

diminuiccedilatildeo da taxa de mortalidade infantil e o aumento da esperanccedila meacutedia de vida

Face a isto relativamente ao sector da sauacutede como se pode ver no graacutefico 2 a

esperanccedila meacutedia de vida agrave nascenccedila (EMV) entre 1985 e 2010 aumentou No entanto

apesar de todos os paiacuteses terem registado um aumento da EMV ao longo do periacuteodo

analisado dos paiacuteses escandinavos apenas a Sueacutecia tem no iniacutecio do periacuteodo um valor

superior ao de todos os paiacuteses do Sul Com efeito Espanha Greacutecia e Itaacutelia partem de

uma situaccedilatildeo melhor do que a Dinamarca e a Finlacircndia O paiacutes que regista menor EMV

em 1985 eacute Portugal com 73 anos Em 2010 todos os paiacuteses da periferia ultrapassam os

paiacuteses escandinavos com excepccedilatildeo de Portugal que se manteacutem na uacuteltima posiccedilatildeo

Quanto agrave taxa de mortalidade infantil indicador que traduz o nuacutemero de mortes

de crianccedilas no primeiro ano de vida por cada 1000 nascimentos eacute de imediato

verificaacutevel no graacutefico 3 que ocorreu uma consideraacutevel melhoria neste indicador em

todos os paiacuteses ao longo do periacuteodo analisado Em 1985 a taxa de mortalidade infantil

em Portugal e na Greacutecia era maior do que nos restantes paiacuteses no entanto em 2010 jaacute

registavam um nuacutemero de mortes semelhante aos restantes paiacuteses No caso grego

verificou-se uma passagem das 16 mortes em cada 1000 nascimentos em 1985 para as 4

em 2010 ocorrendo o mesmo em Portugal que passou das 17 para as 4 No que respeita

agrave Escandinaacutevia o nuacutemero de mortes que se verificava no ano de 2010 natildeo era muito

diferente do que se verificava em 1985 e no caso da Finlacircndia houve apenas uma

pequena reduccedilatildeo das 6 para as 2 mortes durante este periacuteodo

A evoluccedilatildeo e composiccedilatildeo demograacutefica dos paiacuteses pode ter um impacto

importante naquela que eacute actualmente uma das componentes da despesa social com

maior peso a despesa com pensotildees Assim atraveacutes da anaacutelise do graacutefico 4 verifica-se

que a taxa de crescimento da populaccedilatildeo em termos anuais foi positiva em todos os

paiacuteses No entanto durante este periacuteodo (1990-2010) apenas Portugal entre 1990 e

1992 registou uma taxa de crescimento negativa que no entanto foi invertida No que

toca ao maior crescimento populacional este deu-se em Espanha entre 1997 e 2003 ao

qual se seguiu apoacutes um periacuteodo de estabilidade entre 2003 e 2007 uma diminuiccedilatildeo

12

acentuada Em termos globais a taxa de crescimento populacional tem vindo a descer

nomeadamente nos paiacuteses do Sul contrariamente aos paiacuteses do Norte Europeu que a

partir de 2000 verificaram um aumento Tal poderaacute dever-se agrave imigraccedilatildeo mas tambeacutem

poderaacute ter-se devido agraves poliacuteticas de apoio agrave natalidade com vista ao combate ao

envelhecimento da populaccedilatildeo Neste acircmbito decompondo a populaccedilatildeo dos paiacuteses da

amostra em faixas etaacuterias populaccedilatildeo jovem (ateacute aos 15 anos de idade) populaccedilatildeo entre

os 15 e 64 anos e populaccedilatildeo idosa (mais de 65 anos) verificamos que existe uma

tendecircncia para a diminuiccedilatildeo da populaccedilatildeo mais jovem face agrave total sendo esse

comportamento mais visiacutevel em Espanha que conforme o graacutefico 5 demonstra em

1985 tinha uma percentagem de jovens de cerca de 233 mas que em 2010

apresentava uma taxa de 149 Um aspecto curioso tem que ver com o facto de neste

periacuteodo de anaacutelise natildeo se ter verificado uma grande diminuiccedilatildeo desta faixa etaacuteria na

Escandinaacutevia sendo que no caso da Dinamarca esta registava em 2010 uma

percentagem de populaccedilatildeo jovem a rondar os 18 os mesmos que em 1985

Por outro lado verifica-se um agravamento do envelhecimento da populaccedilatildeo

com a pior situaccedilatildeo a verificar-se em Itaacutelia e na Greacutecia Entre 1985 e 2010 a

percentagem da populaccedilatildeo italiana com mais de 64 anos passou dos 131 em 1985

para os 203 em 2010 e na Greacutecia verificou-se uma passagem dos 133 para os 19

(ver graacutef 6) Relativamente ao Norte Europeu essa subida eacute mais ligeira e em 2010 a

Finlacircndia apresentava uma percentagem de 171 enquanto que a Dinamarca de 166

No que diz respeito agrave faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entre os 15 e 64 anos verifica-se atraveacutes

do graacutefico 7 que entre 1985 e 1995 a percentagem da populaccedilatildeo compreendida nesta

faixa etaacuteria aumentou No entanto a partir deste periacuteodo verificou-se uma descida dos

valores em alguns paiacuteses como eacute o caso da Itaacutelia onde a populaccedilatildeo pertencente a este

grupo entre 1985 e 2010 passou dos 675 para os 657 resultado talvez de uma

diminuiccedilatildeo da populaccedilatildeo jovem e do aumento da populaccedilatildeo mais idosa podendo isso

dever-se agrave baixa taxa de natalidade

Quanto agrave melhoria dos indicadores relativos agrave educaccedilatildeo verificamos que os

apoios do Estado nesta aacuterea talvez se tenham feito sentir Com efeito de acordo com o

graacutefico 8 a percentagem de populaccedilatildeo activa com apenas o ensino primaacuterio diminuiu

em todos os paiacuteses entre 1995-2010 sendo que no entanto o niacutevel de populaccedilatildeo activa

com apenas este niacutevel de escolaridade eacute mais reduzido nos paiacuteses do Norte como eacute o

caso da Finlacircndia e da Sueacutecia talvez devido ao facto de estes paiacuteses terem tomado haacute

mais tempo consciecircncia da importacircncia da educaccedilatildeo para um bom desempenho

13

econoacutemico (ver graacutef 8) Associado ao comportamento anterior verifica-se que em 2010

existe uma maior percentagem de pessoas com o ensino secundaacuterio e universitaacuterio em

todos os paiacuteses relativamente a 1995 Ao niacutevel do ensino secundaacuterio o graacutefico 9 mostra

que entre 1995 e 2010 verificou-se um aumento de trabalhadores com este niacutevel

acadeacutemico sendo esse impacto maior em Portugal Espanha Greacutecia e Itaacutelia mas no que

toca aos paiacuteses do Norte este nuacutemero foi oscilando Em todo o caso em 1995 os trecircs

paiacuteses escandinavos registavam uma maior percentagem da populaccedilatildeo com o ensino

secundaacuterio relativamente a qualquer dos paiacuteses do Sul sendo em 2010 apenas a

Dinamarca e a Finlacircndia ultrapassadas pela Itaacutelia O niacutevel de escolaridade dos

trabalhadores que mais subiu foi como se pode constatar no graacutefico 10 o universitaacuterio

verificando-se que em paiacuteses como a Finlacircndia a percentagem de trabalhadores com este

niacutevel acadeacutemico passou dos 217 em 1995 para os 373 em 2010 e na Espanha

passou dos 203 para os 33 Neste acircmbito verifica-se em 2010 a Espanha tinha uma

percentagem de indiviacuteduos com ensino superior mais elevada que a Sueacutecia e a

Dinamarca

Outra das componentes da despesa social com mais peso no total eacute a despesa

associada ao subsiacutedio de desemprego Nos anos mais recentes tem-se verificado um

aumento da taxa de desemprego como podemos ver no graacutefico 11 O desemprego pode

por em causa a estabilidade social uma vez que os indiviacuteduos sem emprego ao

perderem a sua fonte de rendimento podem perder qualidade de vida e estarem sujeitos

a situaccedilotildees de pobreza A taxa de desemprego entre 1991 e 2010 foi sempre mais

elevada no Sul em relaccedilatildeo ao Norte Os paiacuteses que apresentavam uma taxa mais elevada

em 2010 foram a Espanha com cerca de 20 seguido da Greacutecia com 125 enquanto

que a taxa de desemprego mais baixa se registou na Escandinaacutevia na Dinamarca onde a

taxa de desemprego em 2010 era de 75

No que diz respeito agrave taxa de desemprego jovem esta tem afectado sobretudo os

jovens do Sul Europeu e parece estar a tornar-se um problema grave para as geraccedilotildees

mais jovens As dificuldades em arranjar emprego podem prender-se com a falta de

experiecircncia por parte dos jovens Como tal estas situaccedilotildees levam a que estes natildeo

tenham nenhum tipo de poupanccedila nem direito a qualquer tipo de subsiacutedio como eacute o caso

do subsiacutedio de desemprego pois natildeo tiveram um passado activo consideraacutevel que lhes

permitisse ter realizado contribuiccedilotildees para a Seguranccedila Social e a ter direito a receber

subsiacutedio de desemprego Por outro lado ao natildeo terem emprego poderatildeo vir a ter

problemas em obter uma boa pensatildeo aquando o final da sua vida activa pois faratildeo

14

menos descontos do que aqueles satildeo necessaacuterios para obter um boa pensatildeo no futuro

podendo estar a comprometer a sua estabilidade financeira apoacutes a sua vida activa No

Norte Europeu paiacuteses como a Dinamarca tecircm investido na resoluccedilatildeo dos problemas

relativos ao desemprego jovem promovendo poliacuteticas de apoio aos jovens que possuem

baixos niacuteveis de estudos e que estejam sem trabalho como salientam Hughes e Borbeacutely-

Pecze (2012) Para tal foram desenvolvidos programas onde os jovens satildeo inseridos em

cursos de formaccedilatildeo praacutetica com vista a que estes adquiram experiecircncia e que os

familiarizem com o local de trabalho promovendo as suas aptidotildees de forma a capacitaacute-

los para o mercado de trabalho para que tragam ganhos de produtividade agrave entidade que

os emprega e consequentemente ao seu paiacutes Ao niacutevel da taxa de desemprego jovem o

graacutefico 12 ajuda-nos a perceber que esta era no ano de 2010 mais elevada na Espanha

com cerca de 424 sendo esta seguida pela Greacutecia com 325 Ao niacutevel das taxas

mais baixas verificamos que que entre 1991 e 2010 quem apresentou a taxa mais baixa

foi a Dinamarca sendo que no ano de 2010 esta apresentava uma taxa de cerca de

139 seguida da Finlacircndia com cerca de 203

Quanto agrave anaacutelise de factores econoacutemicos que possam ser responsaacuteveis pelas

diferenccedilas relativas ao niacutevel de vida iremos comeccedilar por analisar a importacircncia do

sector secundaacuterio e terciaacuterio para o PIB dos diversos paiacuteses na medida em que estes

sectores satildeo os que envolvem uma maior percentagem de indiviacuteduos com habilitaccedilotildees

acadeacutemicas mais elevadas e cujo seu contributo para o produto dos paiacuteses eacute mais

consideraacutevel

No que toca ao sector secundaacuterio verifica-se que entre 1985 e 2010 este tem

vindo a perder importacircncia no PIB de todos os paiacuteses No entanto durante este periacuteodo

verificou-se que o paiacutes que apresentava uma maior percentagem de riqueza gerado por

este sector era Portugal tendo contudo essa importacircncia diminuiacutedo de forma constante

chegando no ano de 2010 a ser de apenas 15 proacuteximo da percentagem da Espanha Eacute

de salientar que a importacircncia deste sector em 2010 era relativamente mais baixa nestes

paiacuteses em relaccedilatildeo agrave Dinamarca ou na Sueacutecia (ver graacutef13) Ao niacutevel do sector terciaacuterio

verificamos atraveacutes do graacutefico 14 que a importacircncia deste sector para a amostra de

paiacuteses em estudo era muito nivelado entre os 60 e os 70 No entanto a partir do ano

2000 verificou-se um aumento relativo da contribuiccedilatildeo deste sector para o PIB dos

vaacuterios paiacuteses sendo de salientar que em 2009 este sector tinha maior peso na produccedilatildeo

de riqueza no caso da Greacutecia contribuindo em cerca de 79 do total do PIB grego

15

enquanto que o mais baixo se verificava na Finlacircndia com cerca de 69 do PIB a ser

gerado por este sector

A anaacutelise da estrutura produtiva de um paiacutes pode ter tambeacutem uma relaccedilatildeo com o

grau de abertura da economia pois este poderaacute trazer algumas vantagens e explicar o

porquecirc de um determinado sector ter ganho mais importacircncia no PIB de um paiacutes Essas

vantagens podem estar relacionadas com a entrada de novos produtos e tecnologias que

normalmente estatildeo relacionados com o sector secundaacuterio e terciaacuterio e que poderatildeo

explicar o crescimento destes sectores Este factor poderaacute ainda estar relacionado com o

niacutevel de educaccedilatildeo de uma populaccedilatildeo pois quanto maior for o desenvolvimento

tecnoloacutegico de um paiacutes tal poderaacute levar agrave necessidade de um reforccedilo na educaccedilatildeo e

formaccedilatildeo profissional para capacitar a matildeo-de-obra para lidar com estas novas

tecnologias Assim o grau de abertura de um paiacutes poderaacute estar relacionado com o

aumento dos gastos em educaccedilatildeo

No que respeita ao grau de abertura da economia medido atraveacutes do volume de

importaccedilotildees e exportaccedilotildees em percentagem do PIB verificou-se que em todos os paiacuteses

em estudo houve uma tendecircncia de crescimento entre 1985 e 2010 Os paiacuteses que no

ano de 2010 apresentavam um grau de abertura mais elevado eram a Dinamarca com

cerca de 953 e a Sueacutecia com cerca de 928 Por outro lado paiacuteses como a Greacutecia e

a Espanha registavam valores muito mais baixos sendo que a Greacutecia apresentava um

niacutevel de cerca de 538 do seu PIB e a Espanha 569 como se pode constatar no

graacutefico 15 No que respeita ao saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes um valor em

percentagem do PIB positivo significa que existe um superavit ou seja que o paiacutes

aumentou os seus activos no estrangeiro Neste aspecto devido agrave falta de dados a

anaacutelise a esta variaacutevel comeccedila a partir de 2003 e consultando a graacutefico 16 verificamos

que ao longo do periacuteodo na Greacutecia Portugal Itaacutelia e Espanha a balanccedila foi sempre

deficitaacuteria sendo as situaccedilotildees mais complicadas a da Greacutecia e a de Portugal que em

2010 apresentavam um deacutefice de 104 e 97 respectivamente Por outro lado a

Dinamarca a Sueacutecia e a Finlacircndia tiveram sempre um excedente

No que toca agrave anaacutelise do saldo orccedilamental este juntamente com a diacutevida puacuteblica

poderaacute ajudar a compreender o estado das financcedilas puacuteblicas de um paiacutes Compreender o

saldo orccedilamental em percentagem do PIB eacute muito importante pois se este demonstrar

um comportamento mais despesista tal iraacute reflectir-se no aumento do endividamento do

Estado que poderaacute ter de levar a uma reduccedilatildeo dos apoios do Estado Social com vista agrave

sustentabilidade financeira do Estado Como forma de controlar as financcedilas puacuteblicas

16

poderatildeo ser necessaacuterios cortes ao niacutevel dos apoios da protecccedilatildeo social bem como a

reduccedilatildeo do orccedilamento do Estado para aacutereas com a sauacutede ou educaccedilatildeo No graacutefico 17 eacute

possiacutevel verificar que no caso de paiacuteses como a Greacutecia Portugal e Itaacutelia no periacuteodo de

estudo verificou-se que estes paiacuteses tiveram sempre um comportamento mais despesista

que os restantes sendo como jaacute vimos esta uma possiacutevel justificaccedilatildeo para o crescimento

da diacutevida puacuteblica nestes paiacuteses Jaacute os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentavam saldos

orccedilamentais mais positivos em relaccedilatildeo aos do Sul da Europa sendo mesmo o saldo

orccedilamental sueco aproximadamente de 0

A diacutevida puacuteblica em percentagem do PIB sempre foi inferior nos paiacuteses do Norte

em relaccedilatildeo aos do Sul Entre 1995 e 2010 verificamos que o niacutevel de diacutevida foi

oscilando no entanto este foi relativamente mais elevado na Greacutecia e na Itaacutelia

chegando no ano de 2010 este a ser cerca de 145 e 1194 do seu PIB

respectivamente No caso da Sueacutecia verificou-se ao longo deste periacuteodo uma tendecircncia

de descida e em 2010 este era de 394 (ver graacutef 18) Um outro factor que pode ter

feito aumentar o niacutevel de diacutevida de alguns paiacuteses do Sul da Europa a partir de 2005

pode ter que ver com o surgimento da crise econoacutemica de 2007 que agravou ainda mais

o niacutevel de diacutevida destes paiacuteses que era jaacute elevado como satildeo exemplos a Greacutecia e

Portugal

Em resumo verificamos que em termos globais os indicadores soacutecio-

econoacutemicos do Sul da Europa satildeo piores que os do Norte Europeu Contudo as

diferenccedilas tecircm vindo a diminuir Por exemplo os indicadores relativos agrave sauacutede e agrave

educaccedilatildeo tecircm demonstrado francas melhorias que talvez resultem do facto dos estados

terem reforccedilado os apoios ao niacutevel destas funccedilotildees sociais Haacute no entanto que ter em

conta que no caso do Sul Europeu o crescente aumento da diacutevida puacuteblica poderaacute

dificultar a continuidade desta acccedilatildeo na medida em que poderaacute levar agrave necessidade de

reformulaccedilotildees que passem por cortes no Estado Social com vista a fazer face ao

crescente endividamento destes Os Estados do Sul Europeu natildeo devem contudo no

periacuteodo actual de crise esquecer a importacircncia que estes sectores tecircm para a coesatildeo

social e potencialmente para o desempenho econoacutemico

4 Despesa Social e Crescimento Econoacutemico anaacutelise comparada de alguns dados

Nesta secccedilatildeo seraacute realizada uma anaacutelise de estatiacutestica descritiva que teraacute como

principal objectivo uma anaacutelise comparada dos dois grupos de paiacuteses em termos de

crescimento econoacutemico e despesa social agregada e por diferentes componentes entre

17

1985 e 2010 Por uacuteltimo procura-se verificar se o sinal da correlaccedilatildeo esperada entre a

despesa social do Estado e o comportamento do produto estaacute de acordo com a literatura

econoacutemica Para tal realizamos apenas uma anaacutelise muito simples e preliminar baseada

no caacutelculo de coeficientes de correlaccedilatildeo entre as despesas em sauacutede educaccedilatildeo e as

vaacuterias componentes da despesa em protecccedilatildeo social e respectivamente o PIB per capita

e a taxa de crescimento do mesmo

Esta anaacutelise foi realizada tendo em conta todos os dados disponiacuteveis na base de

dados da OECD Social Expenditure Database ao niacutevel dos gastos com sauacutede e

protecccedilatildeo social e com os dados disponiacuteveis do Banco Mundial relativamente a despesa

em educaccedilatildeo PIB real per capita para todos os paiacuteses em anaacutelise no periacuteodo entre 1985

e 2010

Antes de passarmos agrave anaacutelise comparada da despesa social e suas componentes

nos paiacuteses da nossa amostra detenhamo-nos na comparaccedilatildeo da respectiva prestaccedilatildeo em

termos de crescimento econoacutemico de acordo com os dados relativos agraves taxas meacutedias de

crescimento anual do PIB real per capita entre 1985 e 2010 e alguns sub-periacuteodos (ver

Quadro 1) Ao longo do periacuteodo total 1985-2010 Portugal e a Espanha foram os paiacuteses

que mais cresceram o que natildeo eacute de estranhar uma vez que partiram de valores do PIB

real per capita dos mais baixos do grupo Seguem-se a estes os paiacuteses escandinavos

Finlacircndia Sueacutecia e Dinamarca enquanto que a Greacutecia e a Itaacutelia foram os paiacuteses que

menos cresceram No caso da Greacutecia a situaccedilatildeo eacute mais insoacutelita uma vez que tal como

Portugal e Espanha partiu de um niacutevel de rendimento relativamente mais baixo e assim

sendo o potencial de crescimento e convergecircncia deveria ter sido superior ao dos paiacuteses

mais ricos Se dividirmos o periacuteodo total em anaacutelise em trecircs sub-periacuteodos 1985-95

1995-05 e 2005-10 verificamos que o desempenho relativo dos paiacuteses se vai alterando

Assim por exemplo a boa prestaccedilatildeo de Portugal entre 1985-2010 parece ter sido

consequecircncia do seu elevado crescimento relativo entre 1985 e 1995 enquanto que nos

outros dois sub-periacuteodos a taxa meacutedia de crescimento anual do seu PIB real per capita eacute

das mais baixas do grupo Os paiacuteses escandinavos tecircm taxas de crescimento relativas

mais elevadas essencialmente entre 1995 e 2005 enquanto a Espanha e a Greacutecia

melhoram o desempenho relativo no segundo e terceiro sub-periacuteodos em especial a

Espanha Em todo o caso registou-se um acentuado abrandamento e do crescimento nos

uacuteltimos cinco anos com a Itaacutelia Sueacutecia Finlacircndia e Portugal a registarem mesmo taxas

crescimento negativas Este fenoacutemeno natildeo pode deixar de ter em conta o iniacutecio da crise

econoacutemica e financeira que teve o seu comeccedilo em 2007-2008

18

Quadro 1 Taxas meacutedias de crescimento anual do PIB real per capita 1985 a 2010

Periacuteodos Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

1985-1995 1639 0940 0555 2140 3600 2698 0970

1995-2005 1682 3377 3243 1128 2025 2591 2831

2005-2010 0025 -0267 0198 -0145 -0441 0207 -0229

1985-2010 1221 1806 1461 1131 2333 2024 1690

Fonte Caacutelculos do autor com base em dados do Banco Mundial

No que diz respeito agrave anaacutelise comparada entre a despesa social dos paiacuteses em

estudo iremos comeccedilar por comparar os niacuteveis de gastos sociais totais2 em percentagem

do PIB ao longo do periacuteodo total 1985-2010 (ver graacutefico 19) Durante todo este periacuteodo

eacute possiacutevel verificar que os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentaram um niacutevel de gastos

sociais totais superior ao dos paiacuteses do Sul Europeu O paiacutes que apresentou um niacutevel de

gastos mais elevado durante a maior parte deste periacuteodo foi a Sueacutecia que apenas o

deixou de ser quando a Dinamarca se assumiu como o paiacutes que mais gastou em despesa

social em 2010 cerca de 306 do PIB Quanto agrave Finlacircndia esta no ano de 2010

tambeacutem ultrapassa a Sueacutecia ao niacutevel de uma maior despesa social Contudo no caso

finlandecircs verifica-se que entre os anos de 1990 e 1992 ocorreu um aumento

consideraacutevel na despesa social ao qual se sucede uma diminuiccedilatildeo gradual dos gastos ateacute

2000 No entanto tal como a Dinamarca e a Sueacutecia este paiacutes apresentava ainda um

niacutevel de gastos superiores ao dos paiacuteses do Sul cerca de 243 do PIB No que respeita

aos paiacuteses da periferia tambeacutem designados paiacuteses do Sul verifica-se que o paiacutes que

mais se conseguiu aproximar do niacutevel de despesa dos paiacuteses da Escandinaacutevia foi a Itaacutelia

que no ano de 2010 gastava cerca de 277 do seu PIB em gastos sociais enquanto que

a Sueacutecia cerca de 283 No entanto verificamos que a Itaacutelia em algumas ocasiotildees foi

ultrapassada pelo niacutevel de gastos da Espanha como eacute o caso do subperiacuteodo entre 1989 e

1996 Quanto aos paiacuteses que canalizaram uma menor percentagem do PIB para a

despesa social verificam-se que estes foram a Espanha Greacutecia e Portugal

Relativamente a estes dois uacuteltimos verificou-se que a Greacutecia apresentava em 1985 um

niacutevel de despesa social consideravelmente maior que Portugal cerca de 161 face aos

101 do PIB de Portugal no entanto essa diferenccedila foi diminuindo Tal resulta de um

2 Os gastos sociais totais incluem a despesa em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado laboral apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social

exceptuando os apoios em educaccedilatildeo

19

evidente aumento da despesa em Portugal e um teacutenue crescimento da Despesa Social

grega chegando Portugal no ano de 2002 a ultrapassar a Greacutecia e no ano de 2010

apresentava um niacutevel de despesa mais elevado de despesa que a Greacutecia cerca de 254

face aos 233 da Greacutecia Na globalidade verificou-se uma tendecircncia de crescimento

contiacutenuo nos paiacuteses escandinavos ateacute ao iniacutecio da deacutecada de 90 seguido de uma

diminuiccedilatildeo ateacute cerca de 2000 No Sul a tendecircncia eacute de crescimento sustentado para a

Greacutecia e Portugal e de oscilaccedilotildees na Espanha e Itaacutelia Eacute tambeacutem notoacuterio que apoacutes a crise

de 2007-08 se verifica de novo um crescimento da despesa relativamente aos paiacuteses do

Norte

No seguimento da anaacutelise comparativa da despesa social em termos globais

efectua-se agora um estudo comparativo entre a despesa do Estado nas vaacuterias

componentes da despesa social educaccedilatildeo sauacutede e protecccedilatildeo social e dentro de estas

com o pagamento de pensotildees de reforma subsiacutedios de invalidez politicas activas do

mercado de trabalho apoios agraves famiacutelias e subsiacutedio de desemprego que correspondem agrave

maioria da despesa social nestes paiacuteses

De acordo com os graacuteficos 20 e 21 os niacuteveis de despesa social quer em sauacutede e

quer em educaccedilatildeo respectivamente dos paiacuteses do Norte face aos do Sul medidos em

percentagem do seu PIB entre 1985 e 2010 satildeo maiores no primeiro grupo de paiacuteses

relativamente ao segundo agrave excepccedilatildeo da Finlacircndia que depois de um periacuteodo de

diminuiccedilatildeo da despesa em sauacutede entre 1992 e 1998 para cerca dos 53 do PIB

verifica de novo um aumento para os 67 verificados em 2010 No entanto situava-se

aqueacutem do verificado em Itaacutelia Espanha e Portugal no mesmo ano que era

respectivamente 73 713 e 712 do PIB Assim sendo a Finlacircndia encontrava-se

soacute a frente da Greacutecia que possuiacutea um niacutevel de gastos de 64 do PIB (ver graacutef 20 e 21)

Nota-se tambeacutem no que diz respeito agrave despesa em sauacutede que a Sueacutecia e a Dinamarca

foram quem mais despenderam nesta aacuterea com niacuteveis de despesa semelhantes Contudo

a partir de 1999 o niacutevel de despesa da Dinamarca passa para frente do da Sueacutecia

tornando-se assim o paiacutes com maior despesa em sauacutede chegando a 2010 a apresentar

um valor de cerca de 94 do PIB face aos 77 da Sueacutecia Eacute importante salientar que

todos os paiacuteses do Sul da Europa verificaram um crescimento sustentado que se traduz

em valores de despesa em sauacutede em percentagem do PIB maiores em 2010 que em

1985 Por fim importa destacar que entre 2009 e 2010 verificou-se uma diminuiccedilatildeo da

despesa para todos os paiacuteses por ventura efeitos da crise que comeccedilou um par de anos

antes

20

No que toca agrave educaccedilatildeo como jaacute foi referido os paiacuteses da Escandinaacutevia

apresentam durante o periacuteodo em anaacutelise um niacutevel de despesa superior nesta mateacuteria em

relaccedilatildeo aos paiacuteses da periferia Neste contexto verificamos que as diferenccedilas relativas

aos niacuteveis de despesa dos vaacuterios paiacuteses em educaccedilatildeo se encontram melhor clarificadas

que as diferenccedilas ao niacutevel da despesa em sauacutede agrave excepccedilatildeo dos anos entre 1987 e 1990

em que os valores da despesa portuguesa foram semelhantes ao da espanhola e dos anos

de 2007 e 2008 em que os valores da Itaacutelia foram semelhantes aos da Espanha Feitas

estas consideraccedilotildees verifica-se a existecircncia de um maior niacutevel de despesa em educaccedilatildeo

por parte da Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia ao longo do periacuteodo e no ano de 2009 o

valor da despesa era respectivamente de 83 72 e 68 do PIB No que toca aos

restantes paiacuteses da amostra os paiacuteses do Sul verificamos que o niacutevel de despesa grego e

portuguecircs foi aumentando chegando o portuguecircs a tornar-se o mais elevado entre os

restantes paiacuteses da periferia a partir de 1994 sem nunca esquecer a ausecircncia de dados

para o ano de 1997 e para a Greacutecia entre 2005 e 2010 No ano de 1994 o valor gasto por

Portugal era cerca de 46 chegando a 2010 aos 56 do PIB Jaacute relativamente agrave Itaacutelia

considerando a quebra de dados para este paiacutes verificamos que esta se encontrava no

topo dos paiacuteses do Sul que mais gastavam nesta aacuterea no entanto como jaacute foi referido

esta foi ultrapassada por Portugal e ateacute mesmo a Espanha a partir de 2007 paiacuteses que

tinham nesse ano respectivamente um niacutevel de gastos de 51 e 434 do PIB face

aos 426 do PIB verificados na Itaacutelia

Relativamente agrave despesa em protecccedilatildeo social entre os paiacuteses em anaacutelise e no

que diz respeito niacutevel gastos em pagamentos de pensotildees de reforma verificamos que

natildeo existe um grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 22) Neste capiacutetulo

verifica-se que em todos os paiacuteses o niacutevel de gastos nesta mateacuteria foi oscilando

Contudo nos subperiacuteodos de 1985-89 e de 1997-2009 este foi mais elevado na Itaacutelia e

a Greacutecia sendo estes ultrapassados apenas entre 1991-95 pela Sueacutecia Estes trecircs paiacuteses

em 2009 ocupavam trecircs das quatro primeiras posiccedilotildees nos gastos em pensotildees

apresentando a Itaacutelia a Greacutecia e a Sueacutecia um niacutevel de gastos de 13 109 e 102

do PIB respectivamente Quanto aos restantes paiacuteses verifica-se que o paiacutes que durante

maior parte do periacuteodo apresentou um niacutevel de despesa mais baixo foi Portugal no

entanto registou um aumento consideraacutevel se em 1985 se encontrava no uacuteltimo posto

com cerca de 33 do seu PIB gasto em pensotildees a partir de 2004 ultrapassou a

Finlacircndia Dinamarca e Espanha apresentando no ano de 2009 uma percentagem de

gastos em pensotildees relativamente ao PIB a rondar os 106 superior ao verificado na

21

Dinamarca (82) na Finlacircndia (102) e Espanha (77) Tal poderaacute ter que ver com

o facto de a populaccedilatildeo em Portugal ter envelhecido a um ritmo mais acelerado que nos

restantes paiacuteses

No que toca aos subsiacutedios de desemprego verificamos tambeacutem que natildeo haacute um

grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 23) Contudo neste capiacutetulo

constata-se que os trecircs paiacuteses que gastaram maior percentagem do PIB em subsiacutedios de

desemprego ao longo do periacuteodo foram a Dinamarca Espanha e Finlacircndia Nestes

paiacuteses verificamos que em 1993 o niacutevel de gastos foi o mais elevado cerca 53 do PIB

no caso dinamarquecircs e de 47 no caso espanhol e finlandecircs sendo uma possiacutevel razatildeo

para esse aumento a crise econoacutemica que ocorreu nesse ano O factor crise econoacutemica

poderaacute tambeacutem ajudar a compreender o porquecirc de na Espanha o niacutevel de gastos ter

subido entre 2008 e 2009 de uma forma abrupta passando dos 22 do PIB para os

35 aumento que poderaacute estar relacionado com a crise econoacutemica de 2007-08 que

poderaacute ter contribuiacutedo para o agravamento da taxa de desemprego espanhola Neste

acircmbito verifica-se tambeacutem que os paiacuteses que apresentaram ao longo deste periacuteodo um

niacutevel de despesa mais reduzido com os subsiacutedios de desemprego foram Portugal Itaacutelia e

Greacutecia que em 2009 eram os que menos gastavam com um niacutevel de despesa de cerca de

07 no caso grego 08 no caso italiano e 12 do PIB no caso portuguecircs Estes

valores ficam bem atraacutes dos verificados no mesmo ano para a Dinamarca (23) e para

a Espanha (35)

Jaacute no que toca agrave despesa social em apoios concedidos agraves famiacutelias em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e em subsiacutedios concedidos a pessoas com incapacidade

verifica-se que os paiacuteses do Norte tecircm um niacutevel de gastos nestas mateacuterias superior ao da

periferia europeia (ver graacuteficos 24 25 e 26) Verifica-se ainda assim uma pequena

excepccedilatildeo no que toca agrave Espanha em que os gastos em poliacuteticas activas no mercado de

trabalho em 1989 e 1990 foram superiores agraves verificadas na Dinamarca que eram cerca

de 08 do PIB face aos 07 despendido pelos dinamarqueses A diferenccedila entre os

dois grupos eacute evidente no caso da despesa relacionada com os apoios agraves famiacutelias onde

se verifica uma diferenccedila consideraacutevel ao longo do periacuteodo de anaacutelise entre o Norte e o

Sul A despesa em aacutereas como as poliacuteticas e com as famiacutelias dentro dos paiacuteses da

Escandinaacutevia foi inicialmente mais elevado na Sueacutecia que chegou a atingir o seu

maacuteximo em 1992 com cerca de 49 do PIB gasto nesta mateacuteria no entanto

progressivamente o niacutevel de despesa da Dinamarca foi-se aproximando da Sueacutecia

chegando ateacute a ultrapassar esta em 1995 No que diz respeito agrave Finlacircndia verificou-se

22

que dos trecircs paiacuteses que compotildeem a Escandinaacutevia eacute aquele que apresenta um niacutevel mais

baixo durante maior parte do periacuteodo em anaacutelise mas no entanto superior aos paiacuteses do

Sul como jaacute foi dito Existe contudo uma excepccedilatildeo para este paiacutes que acontece no ano

de 1994 quando este consegue ser o paiacutes que mais gasta nesta aacuterea cerca de 44 do

PIB superior aos gastos suecos que foram cerca de 43 e dos dinamarqueses cerca de

39 Quanto aos gastos em poliacuteticas activas do mercado de trabalho as diferenccedilas jaacute

natildeo satildeo tatildeo evidentes mas no entanto relativamente aos paiacuteses do Sul verificamos ao

longo de todo o periacuteodo que os paiacuteses que foram apresentando consecutivamente

valores mais elevados de despesa nesta mateacuteria foram Portugal e Espanha que entre

1985 e 2009 sofreram oscilaccedilotildees relativamente aos valores despendidos no entanto em

2009 estes gastavam cerca de 08 e 09 respectivamente um valor mais elevado que

o verificado para a Itaacutelia (04) e para a Greacutecia (02) paiacuteses que ao longo do periacuteodo

observado se ficaram pelos uacuteltimos lugares

Por uacuteltimo abordamos as diferenccedilas entre o Norte e o Sul ao niacutevel de gastos em

pensotildees por incapacidade (ver graacutef 26) Como jaacute foi referido verificamos que o niacutevel

de gastos nesta aacuterea eacute superior no Norte em relaccedilatildeo ao Sul Assim sendo verificamos

que a Sueacutecia e a Finlacircndia foram alternando a lideranccedila relativamente aos paiacuteses que

mais despenderam nestes apoios Entre 1985-91 e 1997-2009 a Sueacutecia realizou um niacutevel

de despesa mais elevado que a Finlacircndia apresentando em 1991 um niacutevel a rondar os

53 face ao gasto pela Finlacircndia que foi cerca de 49 Jaacute em 2009 o niacutevel de gastos

da Sueacutecia foi de 5 do seu PIB maior que o verificado na Finlacircndia 41 enquanto

que para o restante periacuteodo o niacutevel de gastos finlandecircs foi sempre superior ao sueco A

Dinamarca foi dos paiacuteses escandinavos aquele que ao longo da maior parte deste

periacuteodo menos gastou no entanto a partir de 2001 esta ultrapassou o niacutevel de gastos da

Finlacircndia apresentando um niacutevel de despesa de cerca de 38 do PIB face aos 37

verificados no caso finlandecircs Esta ultrapassagem deu-se natildeo soacute pela subida dos gastos

em da Dinamarca nesta aacuterea mas tambeacutem por uma descida da despesa finlandesa No

que toca aos paiacuteses do Sul verificamos que quem gastou relativamente mais durante a

maior parte do periacuteodo entre 1985 e 2009 em subsiacutedios atribuiacutedos a incapacitados

foram Espanha Portugal Itaacutelia e a Greacutecia respectivamente agrave excepccedilatildeo do subperiacuteodo

entre 1985 e 1989 em que a Itaacutelia teve um niacutevel de gastos superiores ao de Portugal

Estes paiacuteses no ano de 2009 apresentavam um niacutevel de gastos a rondar os 27 do PIB

no caso espanhol os 21 no caso portuguecircs os 19 no caso italiano e os 1 no caso

23

grego valores que apesar de serem mais baixos que os verificados nos paiacuteses do Norte

da Europa satildeo mais elevados que os verificados em 1985 para estes paiacuteses

Por fim concluiacutemos esta secccedilatildeo com uma anaacutelise quantitativa muito simples e

preliminar da relaccedilatildeo entre a despesa social e o crescimento econoacutemico que corresponde

ao caacutelculo dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre os vaacuterios tipos de despesa social e o PIB

real per capita e a sua taxa de crescimento De acordo com a revisatildeo da literatura

realizada na secccedilatildeo 2 espera-se que exista uma correlaccedilatildeo positiva entre a despesa

social e o niacutevel de crescimento do PIB na medida ou seja para que esta contribua

efectivamente para uma reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo do rendimento e da

pobreza mas tambeacutem porque certos tipos de despesa social tais como educaccedilatildeo sauacutede

mas tambeacutem os apoios agrave famiacutelia contribuem directamente para a acumulaccedilatildeo de capital

humano Contudo aceitando o argumento de que o financiamento necessaacuterio introduz

distorccedilotildees na actividade econoacutemica que por exemplo desincentivam o trabalho e o

investimento por parte das empresas a correlaccedilatildeo obtida pode ter um sinal negativo Da

mesma forma se despesas como o subsiacutedio de desemprego constituiacuterem um

desincentivo a realizar maior esforccedilo no trabalho tambeacutem o sinal poderaacute ser negativo

Em uacuteltima anaacutelise poderaacute natildeo existir qualquer correlaccedilatildeo se os efeitos de sinal contraacuterio

se compensarem exactamente Finalmente natildeo devemos esquecer que correlaccedilatildeo natildeo

significa causalidade pelo que o sinal obtido se pode dever agrave influecircncia do produto

sobre a despesa social ou agrave influecircncia muacutetua

Com auxiacutelio do Quadro 2 onde se encontram os resultados relativos aos

coeficientes de correlaccedilatildeo entre despesa social e o PIB real per capita verificamos que

tendo em conta os dados disponiacuteveis para todos os paiacuteses e anos os coeficientes de

correlaccedilatildeo entre as vaacuterias despesas sociais e o PIB real per capita satildeo todos positivos

quer no que respeita agrave despesa social total quer agraves suas diferentes componentes Os

coeficientes de correlaccedilatildeo mais elevados dizem respeito agraves despesas em educaccedilatildeo e

sauacutede respectivamente 0833 e 0791 podendo argumentar-se que isto se deve ao seu

contributo directo para a acumulaccedilatildeo de capital humano e que este factor possa ter

trazido ganhos de produtividade agraves economias conforme a literatura econoacutemica defende

Quanto ao efeito das vaacuterias componentes de despesa social em protecccedilatildeo social

verificamos que as aacutereas que possuem um coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado satildeo a

despesa em apoios atribuiacutedos agraves famiacutelias os subsiacutedios atribuiacutedos aos incapacitados e as

poliacuteticas activas do mercado de trabalho (0764 0648 e 0626 respectivamente) A

correlaccedilatildeo mais elevada na primeira e terceira dimensotildees referidas poderaacute ter que ver

24

com o seu papel na reduccedilatildeo da desigualdade e pobreza das famiacutelias mais pobres e dos

incentivos criados juntos das empresas para que estas empreguem mais trabalhadores

No que diz respeito aos subsiacutedios concedidos agraves famiacutelias estes ajudam ao aumento do

rendimento das mesmas e tal como foi dito anteriormente poderaacute ter-se traduzido no

aumento do consumo privado daiacute haver uma relaccedilatildeo positiva com o PIB per capita No

meacutedio-longo prazo pode tambeacutem permitir agraves famiacutelias investir mais no capital humano

dos seus filhos e desta forma contribuir para o aumento do PIB Nas restantes aacutereas

gastos com subsiacutedios de desemprego ou em pensotildees tambeacutem possuem uma relaccedilatildeo

positiva com o PIB per capita indicando que toda a despesa realizada pelos vaacuterios

paiacuteses ao longo deste periacuteodo foi importantes para o aumento do produto na medida em

que estas se incidiram sobre os indiviacuteduos que possuem um niacutevel de rendimento mais

baixo dando um estimulo ao consumo traduzindo-se isso no aumento do produto como

jaacute vimos anteriormente Contudo nestes casos os coeficientes de correlaccedilatildeo de 0424 e

0220 respectivamente satildeo bastante inferiores indicando que poderatildeo estar em

actuaccedilatildeo efeitos de sinal negativo que reduzem a correlaccedilatildeo positiva final

Nomeadamente os gastos com pensotildees e subsiacutedios de desemprego podem estar a

desviar a despesa de outras funccedilotildees sociais com um impacto mais directo sobre a

produtividade como a educaccedilatildeo e a sauacutede

Quadro 2 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social e componentes e o niacutevel

do PIB real per capita 1985-2010 (todos os dados disponiacuteveis)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB) PIB real

per capita

Total 0747

Sauacutede 0791

Educaccedilatildeo 0833

Pensotildees de reforma 0220

Pensotildees por incapacidade 0648

Apoios agraves Famiacutelias 0764

Poliacuteticas Activas do Mercado de Trabalho 0626

Subsiacutedio de Desemprego 0424

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

25

A anaacutelise de correlaccedilatildeo anterior apesar de interessante natildeo permite ter uma

ideia muito rigorosa da existecircncia ou natildeo de causalidade entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico uma vez que se baseia em valores correntes quer da despesa

quer do PIB e como vimos os paiacuteses mais ricos tendem tambeacutem a gastar mais com as

funccedilotildees sociais Por outro lado em termos de efeitos permanentes sobre a taxa de

crescimento eacute mais rigoroso calcular a correlaccedilatildeo entre a despesa e a taxa de

crescimento do PIB real per capita De forma a ter em conta a questatildeo da causalidade

inversa no quadro 2 satildeo apresentados os coeficientes de correlaccedilatildeo entre a meacutedia da

despesa social realizada nos sete paiacuteses no periacuteodo de 1985 a 1999 e o crescimento

meacutedio do PIB verificado nos dez anos seguintes 2000-2010

De acordo com a informaccedilatildeo que consta do quadro 3 o sinal dos coeficientes de

correlaccedilatildeo varia agora consoante o tipo de despesa considerada Relativamente agrave

despesa social total o coeficiente eacute negativo embora natildeo muito elevado -02779 A

justificaccedilatildeo mais imediata para este sinal poderaacute ter a ver com o facto do financiamento

necessaacuterio ter introduzido distorccedilotildees na actividade econoacutemica que prejudicaram o

crescimento Contudo torna-se mais informativo olhar para as diferentes componentes

da despesa social

No que respeita aos coeficientes por tipo de despesa como seria de esperar dada

a consensual relaccedilatildeo entre as despesas em educaccedilatildeo e sauacutede com o crescimento

econoacutemico por via do seu impacto sobre a acumulaccedilatildeo de capital humano3 o sinal eacute

positivo embora de magnitude reduzida 01356 e 00115 respectivamente em especial

no caso das despesas em sauacutede Estes resultados indicam tambeacutem que os coeficientes de

correlaccedilatildeo anteriores contecircm realmente informaccedilatildeo sobre a influecircncia positiva no niacutevel

de rendimento sobre as despesas sociais em educaccedilatildeo e sauacutede O outro coeficiente de

correlaccedilatildeo positivo diz respeito agrave despesa com subsiacutedios de desemprego sendo ateacute a

correlaccedilatildeo mais forte do que nos dois casos anteriores 01733 Isto pode indicar que a

existecircncia deste apoio constituiu um incentivo ao trabalho pela seguranccedila que permite

aos trabalhadores estimulando tambeacutem os mesmos a apostar na sua formaccedilatildeo porque

protegidos em caso de desemprego

Quanto ao impacto negativo das restantes componentes da despesa social

verifica-se que as despesas que apresentam um coeficiente menos negativo satildeo as

pensotildees de reforma e por incapacidade -02298 e -03338 respectivamente enquanto

3 Como vimos na secccedilatildeo 3 o estado de sauacutede mas em especial o niacutevel de escolaridade da populaccedilatildeo

dos paiacuteses escandinavos foram em geral superiores ao dos paiacuteses do Sul ao longo do periacuteodo em anaacutelise

26

ainda menos esperado a correlaccedilatildeo negativa mais forte acontece no caso das poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias -03794 e -03671 respectivamente

No caso das pensotildees de reforma e por incapacidade o sinal natildeo eacute inesperado dado o

esforccedilo que exigem em termos de financiamento e o seu papel mais indirecto na

promoccedilatildeo do crescimento econoacutemico sobretudo via a reduccedilatildeo da desigualdade e da

pobreza No caso das poliacuteticas activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias os

resultados satildeo inesperados a dois niacuteveis sinais e magnitude relativa superior Esperar-

se-ia um sinal positivo face ao descrito logo no iniacutecio da anaacutelise de correlaccedilatildeo ou pelo

menos natildeo tatildeo negativo como nos outros dois casos uma vez que em qualquer situaccedilatildeo

o financiamento necessaacuterio pode ter impacto negativo sobre o crescimento do produto

Quadro 3 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social meacutedia (1985-1999) e a

taxa meacutedia de crescimento do PIB real per capita (2000-2010)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB)

Meacutedia 1985-1999 Taxa meacutedia de crescimento anual do PIB real per capita

(2000-10)

Total -02779

Sauacutede 00115

Educaccedilatildeo 01356

Pensotildees de reforma -02298

Pensotildees por incapacidade -03338

Apoios agraves Famiacutelias -03671

Poliacuteticas Activas do Mercado de

Trabalho -03794

Subsiacutedio de Desemprego 01733

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

Em jeito de conclusatildeo os resultados apontam para uma relaccedilatildeo positiva entre a

despesa social nas vaacuterias aacutereas analisadas e o niacutevel do PIB per capita entre 1985 e 2010

o que eacute indiciador de que estatildeo em actuaccedilatildeo mecanismos de influecircncia da despesa social

que promovem um aumento do niacutevel de rendimento nomeadamente via acumulaccedilatildeo de

capital humano atraveacutes das despesas em educaccedilatildeo e sauacutede Contudo uma anaacutelise mais

rigorosa em termos de possiacuteveis impactos permanentes sobre a taxa de crescimento

econoacutemico revela que os resultados podem divergir bastante em termos de sinal e

magnitude atendendo ao tipo de despesa social considerada Os resultados deste estudo

27

apontam tambeacutem para valores que alguns casos podem ser contraacuterios aos verificados

pelos estudos empiacutericos descritos na secccedilatildeo 2 Tal poderaacute estar relacionado com a

amostra de paiacuteses utilizada assim como o periacuteodo de anaacutelise e metodologia utilizada

5 Conclusotildees

Este trabalho propocircs-se a reflectir sobre a relaccedilatildeo entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico tendo por base a comparaccedilatildeo de dois grupos de paiacuteses

pertencentes agrave Uniatildeo Europeia a Escandinaacutevia e o Sul da Europa A niacutevel teoacuterico as

previsotildees acerca da relaccedilatildeo entre Estado Social e crescimento econoacutemico divergem

sendo possiacutevel encontrar argumentos que justificam a existecircncia de uma relaccedilatildeo

positiva outros que apoiam a verificaccedilatildeo de uma relaccedilatildeo negativa e outros ainda que

apontam no sentido de ausecircncia de qualquer relaccedilatildeo Estas diferentes hipoacuteteses parecem

indicar que cabe agrave anaacutelise empiacuterica determinar o sinal da relaccedilatildeo e o respectivo

contexto

Constituindo uma anaacutelise ainda exploratoacuteria o presente trabalho recorreu a uma

anaacutelise de estatiacutestica descritiva de um conjunto variado de indicadores relevantes para o

periacuteodo de 1985 a 2010 sempre que possiacutevel para analisar empiricamente a relaccedilatildeo

entre despesa social e crescimento econoacutemico

De forma a analisar esta relaccedilatildeo em termos mais detalhados aquela foi

desagregada em diferentes componentes tendo sido utilizados dados relativos a

despesas em educaccedilatildeo sauacutede e em vaacuterias componentes da despesa com a protecccedilatildeo

social como os subsiacutedios de desemprego e incapacidade apoios agraves famiacutelias gastos em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho e em pensotildees de reforma Foram calculados os

coeficientes de correlaccedilatildeo destas com o niacutevel do PIB real per capita numa tentativa de

confirmaccedilatildeo muito preliminar do sinal esperado para a relaccedilatildeo bem como os

coeficientes de correlaccedilatildeo entre os valores meacutedios da despesa das vaacuterias variaacuteveis entre

1985 e 1999 com a taxa de crescimento do PIB per capita entre 2000-10 Os

coeficientes de correlaccedilatildeo no uacuteltimo caso poderatildeo ajudar a compreender se o niacutevel de

gastos verificado entre 1985-99 contribuiacuteram para o crescimento econoacutemico verificado

na deacutecada seguinte

Verificou-se que ao longo do periacuteodo em anaacutelise a despesa social em

percentagem do PIB agregada e nas diferentes aacutereas teve um aumento relativo entre

1985 e 2010 mas no entanto aquela foi sempre mais elevada nos paiacuteses Escandinavos

tendo estes paiacuteses registado tambeacutem valores mais elevados do PIB real per capita

28

relativamente aos paiacuteses do Sul Os resultados apontam para que todas as dimensotildees se

correlacionam positivamente com o niacutevel de rendimento per capita sendo de destacar

que a educaccedilatildeo eacute a componente com coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado seguida

das despesas com sauacutede o que parece confirmar a influecircncia deste tipo de despesa sobre

o comportamento do produto via acumulaccedilatildeo de capital humano No que respeita ao

possiacutevel efeito da despesa social sobre a taxa de crescimento do PIB real per capita o

sinal do coeficiente de correlaccedilatildeo manteacutem-se positivo mas de magnitude bastante

inferior ao dos casos anteriores enquanto a correlaccedilatildeo apresenta um sinal negativo no

caso da despesa social total A correlaccedilatildeo eacute tambeacutem negativa para as diferentes

componentes da despesa como a protecccedilatildeo social com excepccedilatildeo do subsiacutedio de

desemprego Estes resultados apoiam assim a necessidade de ao estudar a relaccedilatildeo entre

Estado Social e crescimento econoacutemico levar a cabo uma anaacutelise desagregada uma vez

que os mecanismos de transmissatildeo podem variar consoante o tipo de despesa social

pelo que a anaacutelise agregada eacute difiacutecil de interpretar em termos econoacutemicos

Em suma o presente estudo poderaacute ajudar a compreender de forma preliminar

como os gastos sociais interagem com o crescimento econoacutemico e quais as aacutereas que

tecircm contribuiacutedo de forma positiva ou negativa para o mesmo Contudo natildeo poderaacute

deixar de se ter em conta a capacidade de outros factores poderem afectar a

performance da economia assim como natildeo se deve negligenciar a importacircncia dos

gastos sociais para a convergecircncia econoacutemica dos paiacuteses do Sul para com os paiacuteses do

Norte da Europa De forma a poder generalizar a anaacutelise e tirar conclusotildees mais

robustas em relaccedilatildeo ao sentido da causalidade e mecanismos de transmissatildeo no futuro

seraacute necessaacuterio utilizar meacutetodos de inferecircncia estatiacutestica adequados e amostras mais

alargadas de paiacuteses

29

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30

Anexos

Graacutefico 1 PIB per capita a preccedilos constantes de 2005 entre 1985 e 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 2 Esperanccedila meacutedia de vida 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em

cada 1000 nascimentos) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total

da populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB ()1985 e 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

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Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes 2003 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010

Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A

despesa Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte OCDE

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009

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Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

39

Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

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Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

2

aacutereas onde se verifica uma maior despesa sendo os primeiros os que apresentam

melhores desempenhos a niacutevel macroeconoacutemico Eacute por isso adequado reflectir sobre o

potencial papel do Estado Social e em particular da despesa puacuteblica associada na

explicaccedilatildeo das diferenccedilas de desempenho macroeconoacutemico entre estes dois grupos de

paiacuteses

Esta reflexatildeo assume particular interesse numa conjuntura em que os paiacuteses

perifeacutericos enfrentam uma crise ao niacutevel da sustentabilidade das financcedilas puacuteblicas que

levou a que tivessem sido feitos cortes e reformulaccedilotildees do seu modelo de Estado Social

Surgem assim algumas questotildees pertinentes seraacute que a reestruturaccedilatildeoreduccedilatildeo do

Estado Social poderaacute agravar ainda mais o desempenho econoacutemico destes paiacuteses Ou

seraacute que o problema reside na questatildeo de eficiecircncia do modelo adoptado

O principal objectivo deste trabalho eacute assim fazer uma comparaccedilatildeo entre o Norte

(Escandinaacutevia) e o Sul da Europa relativamente ao potencial papel do Estado Social no

crescimento econoacutemico analisando a importacircncia atribuiacuteda pelos Estados a

determinadas aacutereas de intervenccedilatildeo social atraveacutes da despesa realizada nas mesmas Para

o efeito seraacute efectuada uma anaacutelise de estatiacutestica descritiva de indicadores relevantes

para a caracterizaccedilatildeo econoacutemica e social dos dois grupos de paiacuteses em anaacutelise e em

particular relativos ao seu desempenho em termos de crescimento e despesa social

recorrendo-se a dados do Eurostat OCDE e Banco Mundial O periacuteodo em anaacutelise seraacute

de 1985 ateacute 2010 sempre que possiacutevel

O restante trabalho encontra-se organizado da forma que a seguir se descreve A

secccedilatildeo 2 conteacutem uma revisatildeo da literatura sobre os potenciais mecanismos de

transmissatildeo do Estado Social relativamente ao crescimento econoacutemico bem como a

sistematizaccedilatildeo dos resultados de alguns estudos empiacutericos anteriores Na secccedilatildeo 3 eacute

feita uma caracterizaccedilatildeo das principais diferenccedilas e semelhanccedilas dos paiacuteses em anaacutelise

em termos econoacutemicos e sociais com base num conjunto de indicadores relevantes

Segue-se a secccedilatildeo 4 onde se reflecte com base numa anaacutelise de estatiacutestica descritiva

sobre a potencial relaccedilatildeo entre a despesa social e o crescimento econoacutemico na amostra

seleccionada Finalmente a secccedilatildeo 5 conteacutem as principais conclusotildees

2 Estado Social qual a sua importacircncia para o crescimento econoacutemico

O conceito de Estado Social eacute um conceito que natildeo apresenta uma definiccedilatildeo

precisa Na tentativa de definir o que eacute o Estado Social Andrade Duarte e Simotildees

(2013 p4) afirmam que de ldquoum modo geral se pode entender o Estado Social como um

3

Estado em que o governo utiliza uma parcela importante dos recursos nacionais para

oferecer serviccedilos que beneficiam indiviacuteduos ou famiacutelias que preencham determinados

criteacuterios ou seja que se destinam a ser consumidos individualmente por oposiccedilatildeo ao

consumo colectivo de bens como a defesa nacional ou a seguranccedila internardquo

Estas intervenccedilotildees do Estado tecircm genericamente como objectivo a reduccedilatildeo das

desigualdades na distribuiccedilatildeo do rendimento e a reduccedilatildeo da pobreza promovendo a

igualdade de oportunidades e o bem-estar sendo conseguidas atraveacutes de medidas

destinadas a melhorar o niacutevel de escolaridade e de sauacutede da populaccedilatildeo bem como

medidas de protecccedilatildeo social que englobam por exemplo os subsiacutedios de desemprego

pensotildees de invalidez apoios agraves famiacutelia poliacuteticas activas no mercado de trabalho bem

como as pensotildees concedidas aos reformados As medidas de protecccedilatildeo social destinam-

se assim a prevenir ou minorar situaccedilotildees que possam afectar negativamente o bem-estar

dos indiviacuteduos Por exemplo as poliacuteticas activas no mercado de trabalho visam a raacutepida

reinserccedilatildeo dos desempregados no mercado de trabalho podendo estas contribuir para a

reduccedilatildeo do nuacutemero de pessoas cuja sua uacutenica fonte de rendimento eacute o subsiacutedio de

desemprego mas tambeacutem de todos os desempregados que jaacute nem direito tecircm ao

mesmo com o intuito de lhes garantir o miacutenimo de condiccedilotildees financeiras Por outro

lado a preocupaccedilatildeo do Estado com o bem-estar das populaccedilotildees e com a reduccedilatildeo da

pobreza leva a que este conceda pensotildees aos reformados como forma de garantir que

estes no final das suas vidas activas natildeo fiquem sem qualquer tipo de fonte de

rendimento possibilitando um final de vida com o miacutenimo de condiccedilotildees A utilizaccedilatildeo

destes mecanismos como exemplo demostram dois destinos diferentes da despesa do

Estado Social que tecircm os mesmos objectivos e cuja importacircncia poderaacute ser

consideraacutevel tendo em conta o crescente aumento do nuacutemero de pensionistas e a

elevada taxa de desemprego que se verifica em alguns dos paiacuteses em anaacutelise A poliacutetica

de protecccedilatildeo social de acordo com Damerou (2011 p13) citando a definiccedilatildeo do

Eurostat (2008) ldquoengloba todas as intervenccedilotildees de organismos puacuteblicos ou privados

destinados a apoiar as famiacutelias e indiviacuteduos encargos representados por um conjunto

definido de riscos ou necessidades desde que natildeo exista simultaneamente qualquer

acordo reciacuteproco ou individualrdquo Esta poliacutetica abrange toda a populaccedilatildeo mediante

determinadas condiccedilotildees sendo os apoios atribuiacutedos quer por intermeacutedio de programas

de Seguranccedila Social ou de Assistecircncia Social No entanto as poliacuteticas de protecccedilatildeo

social necessitam de financiamento para serem realizadas mostrando-se assim as

contribuiccedilotildees sociais e os impostos pagos pela populaccedilatildeo importantes para garantir a

4

sustentabilidade financeira deste mecanismo sem comprometer o seu futuro No acircmbito

da sustentabilidade financeira deste mecanismo alguns autores tais como Damerou

(2011) consideram o PIB real per capita determinante natildeo soacute em termos do niacutevel de

bem-estar de uma sociedade mas tambeacutem para fazer diminuir as pressotildees financeiras

sobre a Seguranccedila Social em resultado dos actuais indicadores demograacuteficos que

apontam para um aumento da esperanccedila meacutedia de vida e da diminuiccedilatildeo da natalidade

Estes indicadores segundo o mesmo autor tecircm impacto directo na sustentabilidade

financeira da Seguranccedila Social na medida em que esta ao ser financiada na sua maioria

pela populaccedilatildeo activa a sua diminuiccedilatildeo poderaacute gerar um problema de financiamento

que colocaraacute em causa o actual funcionamento deste sistema daiacute a importacircncia de

existir um niacutevel de riqueza elevado para que possa ser continuada a poliacutetica de

protecccedilatildeo social Assim o niacutevel e a evoluccedilatildeo do produto influenciam de alguma forma o

comportamento da despesa social

De um ponto de vista econoacutemico a poliacutetica de protecccedilatildeo social e da despesa

associada pode ter impactos importantes nomeadamente aceitando a posiccedilatildeo teoacuterica de

que niacuteveis elevados de desigualdade e pobreza tecircm impactos negativos no crescimento

econoacutemico ou seja na criaccedilatildeo de riqueza de uma economia no longo prazo Por outro

lado a literatura econoacutemica tambeacutem aponta para que o crescimento econoacutemico apesar

de aumentar as desigualdades em fases iniciais possa diminuir a pobreza como referem

Barrientos e Scott (2008 p9) ldquoum forte crescimento econoacutemico eacute essencial para a

reduccedilatildeo da pobreza e eacute estimado que cerca de 80 da diminuiccedilatildeo da pobreza ocorrida

na deacutecada de 80 tenha sido conseguida atraveacutes do crescimento econoacutemicordquo

Na perspectiva dos modelos de crescimento exoacutegeno como o que foi

desenvolvido por Solow (1956) este com a criaccedilatildeo do seu modelo de crescimento

econoacutemico afirmou que a taxa de crescimento de longo prazo natildeo eacute influenciada pela

despesa em protecccedilatildeo social uma vez que o crescimento econoacutemico apenas eacute afectado

por factores demograacuteficos e tecnoloacutegicos exoacutegenos ao modelo Jaacute na perspectiva de

alguns modelos de crescimento endoacutegeno estes segundo Damerou (2011) apontam

para que a desigualdade na distribuiccedilatildeo do rendimento iniba o crescimento econoacutemico

como jaacute fora dito anteriormente Este mesmo autor recorrendo ao trabalho de Solimano

(2000) afirma que a instabilidade poliacutetica trazida pelas desigualdades podem levar a

uma diminuiccedilatildeo do investimento puacuteblico e do investimento privado das famiacutelias com

baixos rendimentos podendo tal reflectir-se num niacutevel de produto mais baixo

5

Apesar do Estado Social visar em primeiro lugar a protecccedilatildeo dos mais

desprotegidos economicamente ou que enfrentam situaccedilotildees inesperadas com o

desemprego ou doenccedila pode em simultacircneo potenciar o crescimento econoacutemico Neste

acircmbito Furceri e Zdzienicka (2012) defendem a existecircncia de alguns mecanismos

atraveacutes dos quais a despesa social potencia o crescimento do produto Segundo estes

autores a criaccedilatildeo de poliacuteticas que incidam de uma forma activa no mercado de trabalho

podem levar ao aumento do produto atraveacutes da criaccedilatildeo de emprego assim como o

aumento dos gastos sociais ao niacutevel de indiviacuteduos com baixos rendimentos e com

dificuldades na obtenccedilatildeo de creacutedito poderaacute estar relacionado com o aumento do

consumo privado uma vez que o aumento de rendimento incentiva ao aumento da

procura por parte das famiacutelias estimulando as empresas a produzir e aumentando assim

o produto de um paiacutes Outro autor que defende em parte estas ideias eacute Damerou (2011)

que afirma que os gastos em subsiacutedios de desemprego ou em prestaccedilotildees concedidas a

famiacutelias com crianccedilas por exemplo poderatildeo para aleacutem de reduzir as desigualdades de

rendimentos levar ao aumento do consumo das famiacutelias Assim a despesa social

permite agraves empresas tomar decisotildees de investimento pois sabem que teratildeo procura e

desta forma levar a um aumento da capacidade produtiva ou seja ao crescimento

econoacutemico

Por sua vez a concessatildeo de apoios em outras aacutereas como a educaccedilatildeo ou sauacutede

poderatildeo contribuir para a acumulaccedilatildeo de capital humano1 que em conjunto com o

capital fiacutesico e em especial nas economias modernas que querem o seu crescimento

baseado no conhecimento poderaacute ter impacto positivo no comportamento das

economias A acumulaccedilatildeo de capital humano pode traduzir-se em ganhos de

produtividade a niacutevel agregado pois os trabalhadores adquirem competecircncias teacutecnicas e

fiacutesicas que lhes permitiratildeo desempenhar as suas funccedilotildees de uma forma mais eficiente

mas que tambeacutem se transmitem a outros que com eles trabalhem tornando assim a taxa

de retorno dos investimentos individuais em sauacutede e educaccedilatildeo maior para a sociedade

do que para os indiviacuteduos Por outro lado nas economias baseadas no conhecimento em

que o progresso teacutecnico eacute o principal motor do crescimento econoacutemico o capital

1 De acordo com a OCDE (1998) o capital humano pode ser definido como ldquoo conhecimento as

aptidotildees as competecircncias e outros atributos incorporados nos indiviacuteduos que satildeo relevantes para a

actividade econoacutemicardquo Por outro lado como refere Gonccedilalves (2002 p10) citando Shuller (2000) o

ldquocapital humano baseia-se no comportamento econoacutemico dos indiviacuteduos especialmente na forma como a

respectiva acumulaccedilatildeo de conhecimento e aptidotildees permite aumentar a sua produtividade e os seus

ganhos bem como aumentar a produtividade e sauacutede das sociedades em que vivemrdquo

6

humano eacute um factor de produccedilatildeo de novas ideias logo essencial para garantir um

crescimento econoacutemico sustentaacutevel

Um outro factor que poderaacute em conjunto com o capital humano potenciar o

crescimento econoacutemico eacute o capital social Neste aspecto a existecircncia de um Estado

Social que desempenhe de forma adequada as suas funccedilotildees poderaacute contribuir para a

acumulaccedilatildeo de capital social Gonccedilalves (2002 p32) citando Shuller (2000) descreve

o capital social como sendo ldquobaseado em termos de organizaccedilotildees normas e confianccedila e

o modo como as uacuteltimas permitem aos agentes e instituiccedilotildees serem mais eficientes na

obtenccedilatildeo de objectivos comunsrdquo

Relativamente ao impacto do capital social no crescimento econoacutemico Bergh

(2011) afirma que estudos recentes apontam para que o niacutevel de confianccedila possa

explicar como os paiacuteses como a Sueacutecia podem se desenvolver e continuar os seus

abrangentes sistemas de promoccedilatildeo do bem-estar social apesar do risco de evasatildeo fiscal

ou de uma maacute distribuiccedilatildeo dos apoios Bergh (2011) tambeacutem salienta a existecircncia de

estudos que comprovam que a confianccedila tem impacto positivo na economia sendo este

ilustrado atraveacutes de um exemplo comparativo entre a Sueacutecia e os EUA onde 64 de

suecos acham que podem confiar uns nos outros em detrimento dos apenas 41 de

americanos que acham o mesmo podendo levar a que a economia sueca cresccedila

anualmente mais 05 pontos percentuais que os EUA

No entanto a literatura econoacutemica natildeo constata apenas que existem efeitos

positivos entre a despesa social e o crescimento econoacutemico No que diz respeito agrave

relaccedilatildeo negativa entre estas duas variaacuteveis autores como Izaacutek (2011) afirmam que a

distribuiccedilatildeo dos subsiacutedios e de outros apoios por parte do Estado e Social diminuem o

crescimento econoacutemico devido aos incentivos negativos que estes transmitem aos

agentes econoacutemicos por exemplo ao niacutevel dos desincentivos ao trabalho contribuindo

assim para a diminuiccedilatildeo da produtividade e do crescimento Para aleacutem deste autor

Furceri e Zdzieniecka (2012) apontam para que o crescimento da despesa social possa

estar relacionado com os incentivos agrave reforma antecipada e com os subsiacutedios de

invalidez que levam a uma diminuiccedilatildeo da forccedila de trabalho traduzindo-se essa

diminuiccedilatildeo num efeito negativo no crescimento do produto

No que respeita a estudos empiacutericos sobre a relaccedilatildeo entre despesa social e o

crescimento econoacutemico os resultados natildeo satildeo conclusivos com alguns estudos

empiacutericos a apontar para uma relaccedilatildeo positiva e outros para uma relaccedilatildeo de sinal

negativo dependo do tipo de despesa e do niacutevel de desenvolvimento do paiacutes a que nos

7

referimos De forma a compreender a relaccedilatildeo entre despesa social do Estado e

crescimento econoacutemico Afonso e Allegre (2008) no seu trabalho empiacuterico recorreram

a dados referentes a despesa social em 27 paiacuteses europeus e procuraram atraveacutes de um

estudo economeacutetrico verificar se esta contribuiacutea para o crescimento econoacutemico dos

mesmos paiacuteses Os resultados deste estudo apontaram para a existecircncia de um impacto

negativo entre os gastos em educaccedilatildeo e em protecccedilatildeo social no crescimento econoacutemico

mas tambeacutem para um efeito positivo da despesa em educaccedilatildeo no crescimento

econoacutemico De forma a estudar mais uma vez os efeitos entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico Izaacutek (2011) desenvolveu um estudo que assentava no caacutelculo

dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre valores meacutedios da despesa social em aacutereas como a

educaccedilatildeo sauacutede e protecccedilatildeo social e taxa de crescimento do PIB No entanto o periacuteodo

em anaacutelise foi relativamente curto devido agrave falta de dados sendo os dados da despesa

social referentes ao periacuteodo entre 2002 e 2006 e as estimativas de crescimento para o

periacuteodo de 2006 a 2008 Para realizar este estudo foram utilizados dados agregados

relativos agraves despesas sociais dos 25 paiacuteses pertencentes agrave UE a partir de 2004 a que

deram o nome de EU-25 Contudo para analisar esta a relaccedilatildeo entre despesa social e

crescimento econoacutemico a amostra de 25 paiacuteses foi separada em duas sendo a primeira

relativa aos 15 paiacuteses pertencentes agrave UE a partir de Janeiro de 1995 os EU-15 e a

segunda aos 10 que passaram a pertencer a partir de Maio de 2004 os denominados EU-

10

Os resultados do estudo apontam para valores negativos ao niacutevel do coeficiente

de correlaccedilatildeo entre a despesa social em termos globais das trecircs amostras e o crescimento

econoacutemico sendo que como salienta o mesmo autor o coeficiente de correlaccedilatildeo eacute mais

baixo nos paiacuteses que constituem o primeiro grupo e mais alto nos paiacuteses que mais

recentemente formam parte da UE

Izaacutek (2011) procurou tambeacutem estudar os efeitos das vaacuterias componentes da

despesa social ao niacutevel do crescimento econoacutemico Para o efeito foi calculado o

coeficiente de correlaccedilatildeo entre a despesa em protecccedilatildeo social a despesa em educaccedilatildeo e

por fim entre a despesa em sauacutede e o crescimento econoacutemico Os resultados do autor

enfatizam que a despesa social em qualquer destas aacutereas tem um impacto negativo no

crescimento econoacutemico verificaacutevel em todos os grupos analisados sendo reforccedilado o

facto surpreendente de haver uma correlaccedilatildeo negativa entre a despesa em sauacutede e o

crescimento econoacutemico

8

Outros estudos relativos ao impacto da despesa social no crescimento econoacutemico

foram desenvolvidos como eacute o caso de Wang (2011) que se foca na estimaccedilatildeo da

relaccedilatildeo entre a despesa do Estado na aacuterea da sauacutede e o crescimento econoacutemico para

uma amostra de 20 paiacuteses em desenvolvimento entre 1990 e 2009 O autor analisa a

relaccedilatildeo existente entre os gastos em sauacutede e o PIB atraveacutes do teste de cointegraccedilatildeo em

painel de Engle-Granger Os resultados apontam para a existecircncia de causalidade

bilateral ou seja para que o crescimento econoacutemico esteja relacionado com o aumento

dos gastos em sauacutede e para que os gastos em sauacutede tenham um impacto positivo no

crescimento econoacutemico Neste aspecto os resultados demonstram que no longo prazo

os gastos em sauacutede podem levar ao crescimento do produto ilustrando a importacircncia

dos apoios do Estado no sector da sauacutede para criar uma populaccedilatildeo fisicamente mais apta

e produtiva

Uma outra anaacutelise empiacuterica foi realizada por Baldacci et al (2004) que

relacionaram a despesa social com o capital humano na forma de educaccedilatildeo e sauacutede e o

seu impacto no crescimento econoacutemico usando dados em painel relativos a 120 paiacuteses

em vias de desenvolvimento para o periacuteodo de 1975 a 2000 Para a anaacutelise da relaccedilatildeo

recorreram a um estudo economeacutetrico sob a forma de um sistema de quatro equaccedilotildees

relativas ao crescimento do rendimento per capita ao investimento educaccedilatildeo e sauacutede

Com o estudo pretenderam demonstrar que as despesas sociais em sauacutede e em educaccedilatildeo

tinham um contributo positivo para acumulaccedilatildeo de capital humano que se veio a provar

como verdadeiro assim como o efeito positivo daquele no crescimento econoacutemico

Furceri e Zdzienicka (2012) investigam os efeitos dos gastos sociais no

crescimento econoacutemico num conjunto de paiacuteses pertencentes agrave OCDE para o periacuteodo

entre 1980 e 2005 Os autores recorrem a uma regressatildeo economeacutetrica concluindo que

um aumento de 1 no niacutevel de gastos sociais leva a um aumento do crescimento

econoacutemico em cerca de 012 pontos percentuais apoacutes um ano Numa segunda fase

utilizaram uma outra regressatildeo economeacutetrica tendo como objectivo estudar o impacto

da despesa social no crescimento econoacutemico com a inclusatildeo de alguns desfasamentos

do PIB verificando que no caso de um aumento de 1 dos gastos sociais em

percentagem do PIB leva a que o produto aumente em cerca de 057 pontos percentuais

sendo que as aacutereas que mais contribuiacuteram para este aumento foram os gastos em sauacutede e

com os subsiacutedios de desemprego

Outros estudos como o de Andrade et al (2013) procuraram estudar a relaccedilatildeo

entre as despesas em sauacutede e educaccedilatildeo e o crescimento econoacutemico Recorreram a uma

9

amostra de paiacuteses de vaacuterias regiotildees do mundo onde foram excluiacutedos os ex-paiacuteses

socialistas os paiacuteses que produzem essencialmente petroacuteleo e os que tinham vivido ateacute

haacute pouco tempo conflitos armados Separaram-se os paiacuteses tendo em conta o seu niacutevel

de rendimento e desenvolveram um estudo economeacutetrico para verificar o efeito da

despesa entre educaccedilatildeo e sauacutede na variaacutevel dependente PIB real per capita Os

resultados mostram de forma incontestaacutevel que os gastos em educaccedilatildeo e sauacutede tecircm

efeitos positivos no crescimento do PIB per capita de qualquer dos grupos de paiacuteses

Por fim Fic e Ghate (2005) desenvolveram um estudo com o intuito de

averiguar a relaccedilatildeo entre o Estado Social e o crescimento econoacutemico para uma amostra

de 19 paiacuteses pertencentes agrave OCDE entre os quais se incluiacuteam paiacuteses como a Dinamarca

Finlacircndia e a Sueacutecia entre 1950 e 2001 Este estudo utilizou um modelo dinacircmico de

crescimento desenvolvido anteriormente por um dos autores Ghate e Zak (2002) que

permitiu chegar agrave conclusatildeo de que a razatildeo para haver uma quebra no crescimento

econoacutemico poderaacute estar relacionado com o Estado Social Tal se justifica segundo os

autores pelo facto de no periacuteodo que antecede a quebra de crescimento a elevada taxa

de crescimento que se verifica induzir ao crescimento da despesa social Ao longo do

tempo o aumento do Estado Social leva assim agrave diminuiccedilatildeo do crescimento econoacutemico

que no Longo Prazo espera-se que leve agrave reduccedilatildeo do Estado Social Os resultados

segundo os autores sugerem que paiacuteses com um baixo crescimento econoacutemico tenham

que fazer cortes ao niacutevel da despesa com o Estado Social Estes consideram que o iniacutecio

da deacutecada de 70 foi o periacuteodo no qual foi mais visiacutevel esta relaccedilatildeo pois o baixo

crescimento econoacutemico verificado entre 1970 e 1975 foi o precedido da existecircncia de

um Estado Social de dimensotildees consideraacuteveis

Em jeito de conclusatildeo verificamos que os resultados dos estudos desenvolvidos

por Andrade et al (2013) e Baldacci et al (2004) apontam para um efeito positivo entre

a despesa social em educaccedilatildeo e sauacutede e o crescimento econoacutemico Furceri e Zdzienicka

(2012) considerando a despesa social em todas as aacutereas de intervenccedilatildeo do Estado Social

tambeacutem apontam para o contributo positivo desta no crescimento econoacutemico Quanto ao

estudo desenvolvido por Izaacutek (2011) este aponta para uma relaccedilatildeo negativa entre as

vaacuterias componentes da despesa social e o crescimento econoacutemico Os resultados

opostos podem ser fruto do niacutevel de desenvolvimento da amostra de paiacuteses utilizada

pois parece que a utilizaccedilatildeo de paiacuteses mais desenvolvidos apontam para um efeito

negativo e a utilizaccedilatildeo de alguns paiacuteses em desenvolvimento aponte para um efeito

positivo

10

3 Caracterizaccedilatildeo econoacutemico-social dos paiacuteses em anaacutelise

Neste ponto seraacute feita uma caracterizaccedilatildeo econoacutemico-social dos paiacuteses em

anaacutelise Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia trecircs paiacuteses escandinavos onde o Estado Social

haacute muito eacute uma realidade e Portugal Espanha Itaacutelia e Greacutecia paiacuteses da chamada

periferia Europeia onde o Estado social eacute uma realidade mais recente essencialmente

desde os meados dos anos 80 salientando as suas semelhanccedilas e diferenccedilas

O objectivo eacute enquadrar a anaacutelise mais especiacutefica da secccedilatildeo seguinte sobre a

potencial relaccedilatildeo entre o desempenho em termos de crescimento econoacutemico e a despesa

social total e por diferentes categorias Sempre que possiacutevel a comparaccedilatildeo entre paiacuteses

seraacute realizada ao longo do periacuteodo 1985-2010 No entanto dada a indisponibilidade de

dados relativamente a algumas variaacuteveis para alguns paiacuteses o periacuteodo de anaacutelise poderaacute

ser mais curto Eacute importante ter tambeacutem em conta o surgimento da crise de 2007 para

compreender alguns indicadores mais desfavoraacuteveis dos paiacuteses do Sul em relaccedilatildeo ao

Norte nos anos mais recentes

Inicialmente este trabalho procuraraacute discutir as semelhanccedilas e diferenccedilas entre

os dois grupos de paiacuteses relativamente a um conjunto de indicadores sociodemograacuteficos

que podem ter impacto e ser influenciados pela despesa social Em segundo lugar satildeo

apresentados e analisados alguns indicadores econoacutemicos seleccionados segundo a

mesma loacutegica ou seja que podem ter impacto e ser influenciados pela dimensatildeo e

composiccedilatildeo do Estado Social tais como o seu grau de abertura ao comeacutercio

internacional e a respectiva estabilidade macroeconoacutemica sendo utilizado como suporte

da anaacutelise os graacuteficos disponiacuteveis nos Anexos

O graacutefico 1 conteacutem os valores do PIB real per capita expressos em doacutelares a

preccedilos constantes de 2005 que eacute o principal indicador dos diferenciais de niacutevel de vida

do cidadatildeo meacutedio dos diferentes paiacuteses Da observaccedilatildeo do referido graacutefico constatamos

que em 2010 o niacutevel de rendimento por habitante eacute em todos os paiacutes mais elevado do

que o que se verificava em 1985 sendo que nos paiacuteses escandinavos o PIB real per

capita foi sempre relativamente mais elevado que nos restantes paiacuteses No caso da

Sueacutecia e Finlacircndia verificamos que estes em 2010 estes eram os mais ricos tal como jaacute

o eram em 1985 passando o valor desta variaacutevel na Sueacutecia dos 2806538 doacutelares em

1985 para os 4282567 doacutelares em 2010 e na Finlacircndia dos 242344 doacutelares de 1985

para os 3806465 doacutelares em 2010 Os paiacuteses do Sul ou periferia apresentam ao longo

do periacuteodo um PIB real per capita mais baixo nomeadamente Portugal e Greacutecia que

11

apesar de terem aumentado o seu PIB real per capita entre 1985 e 2010 no ano de 2010

Portugal tinha um valor de 1864776 doacutelares e a Greacutecia de 2130896 doacutelares

A opccedilatildeo por comeccedilar a caracterizaccedilatildeo das diferenccedilas entre os paiacuteses da amostra

pelo PIB real per capita deriva em parte do facto de este poder estar relacionado com a

melhoria de alguns indicadores que medem o niacutevel de desenvolvimento humano e que

servem para a construccedilatildeo do Iacutendice de Desenvolvimento Humano como eacute o caso da

diminuiccedilatildeo da taxa de mortalidade infantil e o aumento da esperanccedila meacutedia de vida

Face a isto relativamente ao sector da sauacutede como se pode ver no graacutefico 2 a

esperanccedila meacutedia de vida agrave nascenccedila (EMV) entre 1985 e 2010 aumentou No entanto

apesar de todos os paiacuteses terem registado um aumento da EMV ao longo do periacuteodo

analisado dos paiacuteses escandinavos apenas a Sueacutecia tem no iniacutecio do periacuteodo um valor

superior ao de todos os paiacuteses do Sul Com efeito Espanha Greacutecia e Itaacutelia partem de

uma situaccedilatildeo melhor do que a Dinamarca e a Finlacircndia O paiacutes que regista menor EMV

em 1985 eacute Portugal com 73 anos Em 2010 todos os paiacuteses da periferia ultrapassam os

paiacuteses escandinavos com excepccedilatildeo de Portugal que se manteacutem na uacuteltima posiccedilatildeo

Quanto agrave taxa de mortalidade infantil indicador que traduz o nuacutemero de mortes

de crianccedilas no primeiro ano de vida por cada 1000 nascimentos eacute de imediato

verificaacutevel no graacutefico 3 que ocorreu uma consideraacutevel melhoria neste indicador em

todos os paiacuteses ao longo do periacuteodo analisado Em 1985 a taxa de mortalidade infantil

em Portugal e na Greacutecia era maior do que nos restantes paiacuteses no entanto em 2010 jaacute

registavam um nuacutemero de mortes semelhante aos restantes paiacuteses No caso grego

verificou-se uma passagem das 16 mortes em cada 1000 nascimentos em 1985 para as 4

em 2010 ocorrendo o mesmo em Portugal que passou das 17 para as 4 No que respeita

agrave Escandinaacutevia o nuacutemero de mortes que se verificava no ano de 2010 natildeo era muito

diferente do que se verificava em 1985 e no caso da Finlacircndia houve apenas uma

pequena reduccedilatildeo das 6 para as 2 mortes durante este periacuteodo

A evoluccedilatildeo e composiccedilatildeo demograacutefica dos paiacuteses pode ter um impacto

importante naquela que eacute actualmente uma das componentes da despesa social com

maior peso a despesa com pensotildees Assim atraveacutes da anaacutelise do graacutefico 4 verifica-se

que a taxa de crescimento da populaccedilatildeo em termos anuais foi positiva em todos os

paiacuteses No entanto durante este periacuteodo (1990-2010) apenas Portugal entre 1990 e

1992 registou uma taxa de crescimento negativa que no entanto foi invertida No que

toca ao maior crescimento populacional este deu-se em Espanha entre 1997 e 2003 ao

qual se seguiu apoacutes um periacuteodo de estabilidade entre 2003 e 2007 uma diminuiccedilatildeo

12

acentuada Em termos globais a taxa de crescimento populacional tem vindo a descer

nomeadamente nos paiacuteses do Sul contrariamente aos paiacuteses do Norte Europeu que a

partir de 2000 verificaram um aumento Tal poderaacute dever-se agrave imigraccedilatildeo mas tambeacutem

poderaacute ter-se devido agraves poliacuteticas de apoio agrave natalidade com vista ao combate ao

envelhecimento da populaccedilatildeo Neste acircmbito decompondo a populaccedilatildeo dos paiacuteses da

amostra em faixas etaacuterias populaccedilatildeo jovem (ateacute aos 15 anos de idade) populaccedilatildeo entre

os 15 e 64 anos e populaccedilatildeo idosa (mais de 65 anos) verificamos que existe uma

tendecircncia para a diminuiccedilatildeo da populaccedilatildeo mais jovem face agrave total sendo esse

comportamento mais visiacutevel em Espanha que conforme o graacutefico 5 demonstra em

1985 tinha uma percentagem de jovens de cerca de 233 mas que em 2010

apresentava uma taxa de 149 Um aspecto curioso tem que ver com o facto de neste

periacuteodo de anaacutelise natildeo se ter verificado uma grande diminuiccedilatildeo desta faixa etaacuteria na

Escandinaacutevia sendo que no caso da Dinamarca esta registava em 2010 uma

percentagem de populaccedilatildeo jovem a rondar os 18 os mesmos que em 1985

Por outro lado verifica-se um agravamento do envelhecimento da populaccedilatildeo

com a pior situaccedilatildeo a verificar-se em Itaacutelia e na Greacutecia Entre 1985 e 2010 a

percentagem da populaccedilatildeo italiana com mais de 64 anos passou dos 131 em 1985

para os 203 em 2010 e na Greacutecia verificou-se uma passagem dos 133 para os 19

(ver graacutef 6) Relativamente ao Norte Europeu essa subida eacute mais ligeira e em 2010 a

Finlacircndia apresentava uma percentagem de 171 enquanto que a Dinamarca de 166

No que diz respeito agrave faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entre os 15 e 64 anos verifica-se atraveacutes

do graacutefico 7 que entre 1985 e 1995 a percentagem da populaccedilatildeo compreendida nesta

faixa etaacuteria aumentou No entanto a partir deste periacuteodo verificou-se uma descida dos

valores em alguns paiacuteses como eacute o caso da Itaacutelia onde a populaccedilatildeo pertencente a este

grupo entre 1985 e 2010 passou dos 675 para os 657 resultado talvez de uma

diminuiccedilatildeo da populaccedilatildeo jovem e do aumento da populaccedilatildeo mais idosa podendo isso

dever-se agrave baixa taxa de natalidade

Quanto agrave melhoria dos indicadores relativos agrave educaccedilatildeo verificamos que os

apoios do Estado nesta aacuterea talvez se tenham feito sentir Com efeito de acordo com o

graacutefico 8 a percentagem de populaccedilatildeo activa com apenas o ensino primaacuterio diminuiu

em todos os paiacuteses entre 1995-2010 sendo que no entanto o niacutevel de populaccedilatildeo activa

com apenas este niacutevel de escolaridade eacute mais reduzido nos paiacuteses do Norte como eacute o

caso da Finlacircndia e da Sueacutecia talvez devido ao facto de estes paiacuteses terem tomado haacute

mais tempo consciecircncia da importacircncia da educaccedilatildeo para um bom desempenho

13

econoacutemico (ver graacutef 8) Associado ao comportamento anterior verifica-se que em 2010

existe uma maior percentagem de pessoas com o ensino secundaacuterio e universitaacuterio em

todos os paiacuteses relativamente a 1995 Ao niacutevel do ensino secundaacuterio o graacutefico 9 mostra

que entre 1995 e 2010 verificou-se um aumento de trabalhadores com este niacutevel

acadeacutemico sendo esse impacto maior em Portugal Espanha Greacutecia e Itaacutelia mas no que

toca aos paiacuteses do Norte este nuacutemero foi oscilando Em todo o caso em 1995 os trecircs

paiacuteses escandinavos registavam uma maior percentagem da populaccedilatildeo com o ensino

secundaacuterio relativamente a qualquer dos paiacuteses do Sul sendo em 2010 apenas a

Dinamarca e a Finlacircndia ultrapassadas pela Itaacutelia O niacutevel de escolaridade dos

trabalhadores que mais subiu foi como se pode constatar no graacutefico 10 o universitaacuterio

verificando-se que em paiacuteses como a Finlacircndia a percentagem de trabalhadores com este

niacutevel acadeacutemico passou dos 217 em 1995 para os 373 em 2010 e na Espanha

passou dos 203 para os 33 Neste acircmbito verifica-se em 2010 a Espanha tinha uma

percentagem de indiviacuteduos com ensino superior mais elevada que a Sueacutecia e a

Dinamarca

Outra das componentes da despesa social com mais peso no total eacute a despesa

associada ao subsiacutedio de desemprego Nos anos mais recentes tem-se verificado um

aumento da taxa de desemprego como podemos ver no graacutefico 11 O desemprego pode

por em causa a estabilidade social uma vez que os indiviacuteduos sem emprego ao

perderem a sua fonte de rendimento podem perder qualidade de vida e estarem sujeitos

a situaccedilotildees de pobreza A taxa de desemprego entre 1991 e 2010 foi sempre mais

elevada no Sul em relaccedilatildeo ao Norte Os paiacuteses que apresentavam uma taxa mais elevada

em 2010 foram a Espanha com cerca de 20 seguido da Greacutecia com 125 enquanto

que a taxa de desemprego mais baixa se registou na Escandinaacutevia na Dinamarca onde a

taxa de desemprego em 2010 era de 75

No que diz respeito agrave taxa de desemprego jovem esta tem afectado sobretudo os

jovens do Sul Europeu e parece estar a tornar-se um problema grave para as geraccedilotildees

mais jovens As dificuldades em arranjar emprego podem prender-se com a falta de

experiecircncia por parte dos jovens Como tal estas situaccedilotildees levam a que estes natildeo

tenham nenhum tipo de poupanccedila nem direito a qualquer tipo de subsiacutedio como eacute o caso

do subsiacutedio de desemprego pois natildeo tiveram um passado activo consideraacutevel que lhes

permitisse ter realizado contribuiccedilotildees para a Seguranccedila Social e a ter direito a receber

subsiacutedio de desemprego Por outro lado ao natildeo terem emprego poderatildeo vir a ter

problemas em obter uma boa pensatildeo aquando o final da sua vida activa pois faratildeo

14

menos descontos do que aqueles satildeo necessaacuterios para obter um boa pensatildeo no futuro

podendo estar a comprometer a sua estabilidade financeira apoacutes a sua vida activa No

Norte Europeu paiacuteses como a Dinamarca tecircm investido na resoluccedilatildeo dos problemas

relativos ao desemprego jovem promovendo poliacuteticas de apoio aos jovens que possuem

baixos niacuteveis de estudos e que estejam sem trabalho como salientam Hughes e Borbeacutely-

Pecze (2012) Para tal foram desenvolvidos programas onde os jovens satildeo inseridos em

cursos de formaccedilatildeo praacutetica com vista a que estes adquiram experiecircncia e que os

familiarizem com o local de trabalho promovendo as suas aptidotildees de forma a capacitaacute-

los para o mercado de trabalho para que tragam ganhos de produtividade agrave entidade que

os emprega e consequentemente ao seu paiacutes Ao niacutevel da taxa de desemprego jovem o

graacutefico 12 ajuda-nos a perceber que esta era no ano de 2010 mais elevada na Espanha

com cerca de 424 sendo esta seguida pela Greacutecia com 325 Ao niacutevel das taxas

mais baixas verificamos que que entre 1991 e 2010 quem apresentou a taxa mais baixa

foi a Dinamarca sendo que no ano de 2010 esta apresentava uma taxa de cerca de

139 seguida da Finlacircndia com cerca de 203

Quanto agrave anaacutelise de factores econoacutemicos que possam ser responsaacuteveis pelas

diferenccedilas relativas ao niacutevel de vida iremos comeccedilar por analisar a importacircncia do

sector secundaacuterio e terciaacuterio para o PIB dos diversos paiacuteses na medida em que estes

sectores satildeo os que envolvem uma maior percentagem de indiviacuteduos com habilitaccedilotildees

acadeacutemicas mais elevadas e cujo seu contributo para o produto dos paiacuteses eacute mais

consideraacutevel

No que toca ao sector secundaacuterio verifica-se que entre 1985 e 2010 este tem

vindo a perder importacircncia no PIB de todos os paiacuteses No entanto durante este periacuteodo

verificou-se que o paiacutes que apresentava uma maior percentagem de riqueza gerado por

este sector era Portugal tendo contudo essa importacircncia diminuiacutedo de forma constante

chegando no ano de 2010 a ser de apenas 15 proacuteximo da percentagem da Espanha Eacute

de salientar que a importacircncia deste sector em 2010 era relativamente mais baixa nestes

paiacuteses em relaccedilatildeo agrave Dinamarca ou na Sueacutecia (ver graacutef13) Ao niacutevel do sector terciaacuterio

verificamos atraveacutes do graacutefico 14 que a importacircncia deste sector para a amostra de

paiacuteses em estudo era muito nivelado entre os 60 e os 70 No entanto a partir do ano

2000 verificou-se um aumento relativo da contribuiccedilatildeo deste sector para o PIB dos

vaacuterios paiacuteses sendo de salientar que em 2009 este sector tinha maior peso na produccedilatildeo

de riqueza no caso da Greacutecia contribuindo em cerca de 79 do total do PIB grego

15

enquanto que o mais baixo se verificava na Finlacircndia com cerca de 69 do PIB a ser

gerado por este sector

A anaacutelise da estrutura produtiva de um paiacutes pode ter tambeacutem uma relaccedilatildeo com o

grau de abertura da economia pois este poderaacute trazer algumas vantagens e explicar o

porquecirc de um determinado sector ter ganho mais importacircncia no PIB de um paiacutes Essas

vantagens podem estar relacionadas com a entrada de novos produtos e tecnologias que

normalmente estatildeo relacionados com o sector secundaacuterio e terciaacuterio e que poderatildeo

explicar o crescimento destes sectores Este factor poderaacute ainda estar relacionado com o

niacutevel de educaccedilatildeo de uma populaccedilatildeo pois quanto maior for o desenvolvimento

tecnoloacutegico de um paiacutes tal poderaacute levar agrave necessidade de um reforccedilo na educaccedilatildeo e

formaccedilatildeo profissional para capacitar a matildeo-de-obra para lidar com estas novas

tecnologias Assim o grau de abertura de um paiacutes poderaacute estar relacionado com o

aumento dos gastos em educaccedilatildeo

No que respeita ao grau de abertura da economia medido atraveacutes do volume de

importaccedilotildees e exportaccedilotildees em percentagem do PIB verificou-se que em todos os paiacuteses

em estudo houve uma tendecircncia de crescimento entre 1985 e 2010 Os paiacuteses que no

ano de 2010 apresentavam um grau de abertura mais elevado eram a Dinamarca com

cerca de 953 e a Sueacutecia com cerca de 928 Por outro lado paiacuteses como a Greacutecia e

a Espanha registavam valores muito mais baixos sendo que a Greacutecia apresentava um

niacutevel de cerca de 538 do seu PIB e a Espanha 569 como se pode constatar no

graacutefico 15 No que respeita ao saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes um valor em

percentagem do PIB positivo significa que existe um superavit ou seja que o paiacutes

aumentou os seus activos no estrangeiro Neste aspecto devido agrave falta de dados a

anaacutelise a esta variaacutevel comeccedila a partir de 2003 e consultando a graacutefico 16 verificamos

que ao longo do periacuteodo na Greacutecia Portugal Itaacutelia e Espanha a balanccedila foi sempre

deficitaacuteria sendo as situaccedilotildees mais complicadas a da Greacutecia e a de Portugal que em

2010 apresentavam um deacutefice de 104 e 97 respectivamente Por outro lado a

Dinamarca a Sueacutecia e a Finlacircndia tiveram sempre um excedente

No que toca agrave anaacutelise do saldo orccedilamental este juntamente com a diacutevida puacuteblica

poderaacute ajudar a compreender o estado das financcedilas puacuteblicas de um paiacutes Compreender o

saldo orccedilamental em percentagem do PIB eacute muito importante pois se este demonstrar

um comportamento mais despesista tal iraacute reflectir-se no aumento do endividamento do

Estado que poderaacute ter de levar a uma reduccedilatildeo dos apoios do Estado Social com vista agrave

sustentabilidade financeira do Estado Como forma de controlar as financcedilas puacuteblicas

16

poderatildeo ser necessaacuterios cortes ao niacutevel dos apoios da protecccedilatildeo social bem como a

reduccedilatildeo do orccedilamento do Estado para aacutereas com a sauacutede ou educaccedilatildeo No graacutefico 17 eacute

possiacutevel verificar que no caso de paiacuteses como a Greacutecia Portugal e Itaacutelia no periacuteodo de

estudo verificou-se que estes paiacuteses tiveram sempre um comportamento mais despesista

que os restantes sendo como jaacute vimos esta uma possiacutevel justificaccedilatildeo para o crescimento

da diacutevida puacuteblica nestes paiacuteses Jaacute os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentavam saldos

orccedilamentais mais positivos em relaccedilatildeo aos do Sul da Europa sendo mesmo o saldo

orccedilamental sueco aproximadamente de 0

A diacutevida puacuteblica em percentagem do PIB sempre foi inferior nos paiacuteses do Norte

em relaccedilatildeo aos do Sul Entre 1995 e 2010 verificamos que o niacutevel de diacutevida foi

oscilando no entanto este foi relativamente mais elevado na Greacutecia e na Itaacutelia

chegando no ano de 2010 este a ser cerca de 145 e 1194 do seu PIB

respectivamente No caso da Sueacutecia verificou-se ao longo deste periacuteodo uma tendecircncia

de descida e em 2010 este era de 394 (ver graacutef 18) Um outro factor que pode ter

feito aumentar o niacutevel de diacutevida de alguns paiacuteses do Sul da Europa a partir de 2005

pode ter que ver com o surgimento da crise econoacutemica de 2007 que agravou ainda mais

o niacutevel de diacutevida destes paiacuteses que era jaacute elevado como satildeo exemplos a Greacutecia e

Portugal

Em resumo verificamos que em termos globais os indicadores soacutecio-

econoacutemicos do Sul da Europa satildeo piores que os do Norte Europeu Contudo as

diferenccedilas tecircm vindo a diminuir Por exemplo os indicadores relativos agrave sauacutede e agrave

educaccedilatildeo tecircm demonstrado francas melhorias que talvez resultem do facto dos estados

terem reforccedilado os apoios ao niacutevel destas funccedilotildees sociais Haacute no entanto que ter em

conta que no caso do Sul Europeu o crescente aumento da diacutevida puacuteblica poderaacute

dificultar a continuidade desta acccedilatildeo na medida em que poderaacute levar agrave necessidade de

reformulaccedilotildees que passem por cortes no Estado Social com vista a fazer face ao

crescente endividamento destes Os Estados do Sul Europeu natildeo devem contudo no

periacuteodo actual de crise esquecer a importacircncia que estes sectores tecircm para a coesatildeo

social e potencialmente para o desempenho econoacutemico

4 Despesa Social e Crescimento Econoacutemico anaacutelise comparada de alguns dados

Nesta secccedilatildeo seraacute realizada uma anaacutelise de estatiacutestica descritiva que teraacute como

principal objectivo uma anaacutelise comparada dos dois grupos de paiacuteses em termos de

crescimento econoacutemico e despesa social agregada e por diferentes componentes entre

17

1985 e 2010 Por uacuteltimo procura-se verificar se o sinal da correlaccedilatildeo esperada entre a

despesa social do Estado e o comportamento do produto estaacute de acordo com a literatura

econoacutemica Para tal realizamos apenas uma anaacutelise muito simples e preliminar baseada

no caacutelculo de coeficientes de correlaccedilatildeo entre as despesas em sauacutede educaccedilatildeo e as

vaacuterias componentes da despesa em protecccedilatildeo social e respectivamente o PIB per capita

e a taxa de crescimento do mesmo

Esta anaacutelise foi realizada tendo em conta todos os dados disponiacuteveis na base de

dados da OECD Social Expenditure Database ao niacutevel dos gastos com sauacutede e

protecccedilatildeo social e com os dados disponiacuteveis do Banco Mundial relativamente a despesa

em educaccedilatildeo PIB real per capita para todos os paiacuteses em anaacutelise no periacuteodo entre 1985

e 2010

Antes de passarmos agrave anaacutelise comparada da despesa social e suas componentes

nos paiacuteses da nossa amostra detenhamo-nos na comparaccedilatildeo da respectiva prestaccedilatildeo em

termos de crescimento econoacutemico de acordo com os dados relativos agraves taxas meacutedias de

crescimento anual do PIB real per capita entre 1985 e 2010 e alguns sub-periacuteodos (ver

Quadro 1) Ao longo do periacuteodo total 1985-2010 Portugal e a Espanha foram os paiacuteses

que mais cresceram o que natildeo eacute de estranhar uma vez que partiram de valores do PIB

real per capita dos mais baixos do grupo Seguem-se a estes os paiacuteses escandinavos

Finlacircndia Sueacutecia e Dinamarca enquanto que a Greacutecia e a Itaacutelia foram os paiacuteses que

menos cresceram No caso da Greacutecia a situaccedilatildeo eacute mais insoacutelita uma vez que tal como

Portugal e Espanha partiu de um niacutevel de rendimento relativamente mais baixo e assim

sendo o potencial de crescimento e convergecircncia deveria ter sido superior ao dos paiacuteses

mais ricos Se dividirmos o periacuteodo total em anaacutelise em trecircs sub-periacuteodos 1985-95

1995-05 e 2005-10 verificamos que o desempenho relativo dos paiacuteses se vai alterando

Assim por exemplo a boa prestaccedilatildeo de Portugal entre 1985-2010 parece ter sido

consequecircncia do seu elevado crescimento relativo entre 1985 e 1995 enquanto que nos

outros dois sub-periacuteodos a taxa meacutedia de crescimento anual do seu PIB real per capita eacute

das mais baixas do grupo Os paiacuteses escandinavos tecircm taxas de crescimento relativas

mais elevadas essencialmente entre 1995 e 2005 enquanto a Espanha e a Greacutecia

melhoram o desempenho relativo no segundo e terceiro sub-periacuteodos em especial a

Espanha Em todo o caso registou-se um acentuado abrandamento e do crescimento nos

uacuteltimos cinco anos com a Itaacutelia Sueacutecia Finlacircndia e Portugal a registarem mesmo taxas

crescimento negativas Este fenoacutemeno natildeo pode deixar de ter em conta o iniacutecio da crise

econoacutemica e financeira que teve o seu comeccedilo em 2007-2008

18

Quadro 1 Taxas meacutedias de crescimento anual do PIB real per capita 1985 a 2010

Periacuteodos Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

1985-1995 1639 0940 0555 2140 3600 2698 0970

1995-2005 1682 3377 3243 1128 2025 2591 2831

2005-2010 0025 -0267 0198 -0145 -0441 0207 -0229

1985-2010 1221 1806 1461 1131 2333 2024 1690

Fonte Caacutelculos do autor com base em dados do Banco Mundial

No que diz respeito agrave anaacutelise comparada entre a despesa social dos paiacuteses em

estudo iremos comeccedilar por comparar os niacuteveis de gastos sociais totais2 em percentagem

do PIB ao longo do periacuteodo total 1985-2010 (ver graacutefico 19) Durante todo este periacuteodo

eacute possiacutevel verificar que os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentaram um niacutevel de gastos

sociais totais superior ao dos paiacuteses do Sul Europeu O paiacutes que apresentou um niacutevel de

gastos mais elevado durante a maior parte deste periacuteodo foi a Sueacutecia que apenas o

deixou de ser quando a Dinamarca se assumiu como o paiacutes que mais gastou em despesa

social em 2010 cerca de 306 do PIB Quanto agrave Finlacircndia esta no ano de 2010

tambeacutem ultrapassa a Sueacutecia ao niacutevel de uma maior despesa social Contudo no caso

finlandecircs verifica-se que entre os anos de 1990 e 1992 ocorreu um aumento

consideraacutevel na despesa social ao qual se sucede uma diminuiccedilatildeo gradual dos gastos ateacute

2000 No entanto tal como a Dinamarca e a Sueacutecia este paiacutes apresentava ainda um

niacutevel de gastos superiores ao dos paiacuteses do Sul cerca de 243 do PIB No que respeita

aos paiacuteses da periferia tambeacutem designados paiacuteses do Sul verifica-se que o paiacutes que

mais se conseguiu aproximar do niacutevel de despesa dos paiacuteses da Escandinaacutevia foi a Itaacutelia

que no ano de 2010 gastava cerca de 277 do seu PIB em gastos sociais enquanto que

a Sueacutecia cerca de 283 No entanto verificamos que a Itaacutelia em algumas ocasiotildees foi

ultrapassada pelo niacutevel de gastos da Espanha como eacute o caso do subperiacuteodo entre 1989 e

1996 Quanto aos paiacuteses que canalizaram uma menor percentagem do PIB para a

despesa social verificam-se que estes foram a Espanha Greacutecia e Portugal

Relativamente a estes dois uacuteltimos verificou-se que a Greacutecia apresentava em 1985 um

niacutevel de despesa social consideravelmente maior que Portugal cerca de 161 face aos

101 do PIB de Portugal no entanto essa diferenccedila foi diminuindo Tal resulta de um

2 Os gastos sociais totais incluem a despesa em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado laboral apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social

exceptuando os apoios em educaccedilatildeo

19

evidente aumento da despesa em Portugal e um teacutenue crescimento da Despesa Social

grega chegando Portugal no ano de 2002 a ultrapassar a Greacutecia e no ano de 2010

apresentava um niacutevel de despesa mais elevado de despesa que a Greacutecia cerca de 254

face aos 233 da Greacutecia Na globalidade verificou-se uma tendecircncia de crescimento

contiacutenuo nos paiacuteses escandinavos ateacute ao iniacutecio da deacutecada de 90 seguido de uma

diminuiccedilatildeo ateacute cerca de 2000 No Sul a tendecircncia eacute de crescimento sustentado para a

Greacutecia e Portugal e de oscilaccedilotildees na Espanha e Itaacutelia Eacute tambeacutem notoacuterio que apoacutes a crise

de 2007-08 se verifica de novo um crescimento da despesa relativamente aos paiacuteses do

Norte

No seguimento da anaacutelise comparativa da despesa social em termos globais

efectua-se agora um estudo comparativo entre a despesa do Estado nas vaacuterias

componentes da despesa social educaccedilatildeo sauacutede e protecccedilatildeo social e dentro de estas

com o pagamento de pensotildees de reforma subsiacutedios de invalidez politicas activas do

mercado de trabalho apoios agraves famiacutelias e subsiacutedio de desemprego que correspondem agrave

maioria da despesa social nestes paiacuteses

De acordo com os graacuteficos 20 e 21 os niacuteveis de despesa social quer em sauacutede e

quer em educaccedilatildeo respectivamente dos paiacuteses do Norte face aos do Sul medidos em

percentagem do seu PIB entre 1985 e 2010 satildeo maiores no primeiro grupo de paiacuteses

relativamente ao segundo agrave excepccedilatildeo da Finlacircndia que depois de um periacuteodo de

diminuiccedilatildeo da despesa em sauacutede entre 1992 e 1998 para cerca dos 53 do PIB

verifica de novo um aumento para os 67 verificados em 2010 No entanto situava-se

aqueacutem do verificado em Itaacutelia Espanha e Portugal no mesmo ano que era

respectivamente 73 713 e 712 do PIB Assim sendo a Finlacircndia encontrava-se

soacute a frente da Greacutecia que possuiacutea um niacutevel de gastos de 64 do PIB (ver graacutef 20 e 21)

Nota-se tambeacutem no que diz respeito agrave despesa em sauacutede que a Sueacutecia e a Dinamarca

foram quem mais despenderam nesta aacuterea com niacuteveis de despesa semelhantes Contudo

a partir de 1999 o niacutevel de despesa da Dinamarca passa para frente do da Sueacutecia

tornando-se assim o paiacutes com maior despesa em sauacutede chegando a 2010 a apresentar

um valor de cerca de 94 do PIB face aos 77 da Sueacutecia Eacute importante salientar que

todos os paiacuteses do Sul da Europa verificaram um crescimento sustentado que se traduz

em valores de despesa em sauacutede em percentagem do PIB maiores em 2010 que em

1985 Por fim importa destacar que entre 2009 e 2010 verificou-se uma diminuiccedilatildeo da

despesa para todos os paiacuteses por ventura efeitos da crise que comeccedilou um par de anos

antes

20

No que toca agrave educaccedilatildeo como jaacute foi referido os paiacuteses da Escandinaacutevia

apresentam durante o periacuteodo em anaacutelise um niacutevel de despesa superior nesta mateacuteria em

relaccedilatildeo aos paiacuteses da periferia Neste contexto verificamos que as diferenccedilas relativas

aos niacuteveis de despesa dos vaacuterios paiacuteses em educaccedilatildeo se encontram melhor clarificadas

que as diferenccedilas ao niacutevel da despesa em sauacutede agrave excepccedilatildeo dos anos entre 1987 e 1990

em que os valores da despesa portuguesa foram semelhantes ao da espanhola e dos anos

de 2007 e 2008 em que os valores da Itaacutelia foram semelhantes aos da Espanha Feitas

estas consideraccedilotildees verifica-se a existecircncia de um maior niacutevel de despesa em educaccedilatildeo

por parte da Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia ao longo do periacuteodo e no ano de 2009 o

valor da despesa era respectivamente de 83 72 e 68 do PIB No que toca aos

restantes paiacuteses da amostra os paiacuteses do Sul verificamos que o niacutevel de despesa grego e

portuguecircs foi aumentando chegando o portuguecircs a tornar-se o mais elevado entre os

restantes paiacuteses da periferia a partir de 1994 sem nunca esquecer a ausecircncia de dados

para o ano de 1997 e para a Greacutecia entre 2005 e 2010 No ano de 1994 o valor gasto por

Portugal era cerca de 46 chegando a 2010 aos 56 do PIB Jaacute relativamente agrave Itaacutelia

considerando a quebra de dados para este paiacutes verificamos que esta se encontrava no

topo dos paiacuteses do Sul que mais gastavam nesta aacuterea no entanto como jaacute foi referido

esta foi ultrapassada por Portugal e ateacute mesmo a Espanha a partir de 2007 paiacuteses que

tinham nesse ano respectivamente um niacutevel de gastos de 51 e 434 do PIB face

aos 426 do PIB verificados na Itaacutelia

Relativamente agrave despesa em protecccedilatildeo social entre os paiacuteses em anaacutelise e no

que diz respeito niacutevel gastos em pagamentos de pensotildees de reforma verificamos que

natildeo existe um grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 22) Neste capiacutetulo

verifica-se que em todos os paiacuteses o niacutevel de gastos nesta mateacuteria foi oscilando

Contudo nos subperiacuteodos de 1985-89 e de 1997-2009 este foi mais elevado na Itaacutelia e

a Greacutecia sendo estes ultrapassados apenas entre 1991-95 pela Sueacutecia Estes trecircs paiacuteses

em 2009 ocupavam trecircs das quatro primeiras posiccedilotildees nos gastos em pensotildees

apresentando a Itaacutelia a Greacutecia e a Sueacutecia um niacutevel de gastos de 13 109 e 102

do PIB respectivamente Quanto aos restantes paiacuteses verifica-se que o paiacutes que durante

maior parte do periacuteodo apresentou um niacutevel de despesa mais baixo foi Portugal no

entanto registou um aumento consideraacutevel se em 1985 se encontrava no uacuteltimo posto

com cerca de 33 do seu PIB gasto em pensotildees a partir de 2004 ultrapassou a

Finlacircndia Dinamarca e Espanha apresentando no ano de 2009 uma percentagem de

gastos em pensotildees relativamente ao PIB a rondar os 106 superior ao verificado na

21

Dinamarca (82) na Finlacircndia (102) e Espanha (77) Tal poderaacute ter que ver com

o facto de a populaccedilatildeo em Portugal ter envelhecido a um ritmo mais acelerado que nos

restantes paiacuteses

No que toca aos subsiacutedios de desemprego verificamos tambeacutem que natildeo haacute um

grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 23) Contudo neste capiacutetulo

constata-se que os trecircs paiacuteses que gastaram maior percentagem do PIB em subsiacutedios de

desemprego ao longo do periacuteodo foram a Dinamarca Espanha e Finlacircndia Nestes

paiacuteses verificamos que em 1993 o niacutevel de gastos foi o mais elevado cerca 53 do PIB

no caso dinamarquecircs e de 47 no caso espanhol e finlandecircs sendo uma possiacutevel razatildeo

para esse aumento a crise econoacutemica que ocorreu nesse ano O factor crise econoacutemica

poderaacute tambeacutem ajudar a compreender o porquecirc de na Espanha o niacutevel de gastos ter

subido entre 2008 e 2009 de uma forma abrupta passando dos 22 do PIB para os

35 aumento que poderaacute estar relacionado com a crise econoacutemica de 2007-08 que

poderaacute ter contribuiacutedo para o agravamento da taxa de desemprego espanhola Neste

acircmbito verifica-se tambeacutem que os paiacuteses que apresentaram ao longo deste periacuteodo um

niacutevel de despesa mais reduzido com os subsiacutedios de desemprego foram Portugal Itaacutelia e

Greacutecia que em 2009 eram os que menos gastavam com um niacutevel de despesa de cerca de

07 no caso grego 08 no caso italiano e 12 do PIB no caso portuguecircs Estes

valores ficam bem atraacutes dos verificados no mesmo ano para a Dinamarca (23) e para

a Espanha (35)

Jaacute no que toca agrave despesa social em apoios concedidos agraves famiacutelias em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e em subsiacutedios concedidos a pessoas com incapacidade

verifica-se que os paiacuteses do Norte tecircm um niacutevel de gastos nestas mateacuterias superior ao da

periferia europeia (ver graacuteficos 24 25 e 26) Verifica-se ainda assim uma pequena

excepccedilatildeo no que toca agrave Espanha em que os gastos em poliacuteticas activas no mercado de

trabalho em 1989 e 1990 foram superiores agraves verificadas na Dinamarca que eram cerca

de 08 do PIB face aos 07 despendido pelos dinamarqueses A diferenccedila entre os

dois grupos eacute evidente no caso da despesa relacionada com os apoios agraves famiacutelias onde

se verifica uma diferenccedila consideraacutevel ao longo do periacuteodo de anaacutelise entre o Norte e o

Sul A despesa em aacutereas como as poliacuteticas e com as famiacutelias dentro dos paiacuteses da

Escandinaacutevia foi inicialmente mais elevado na Sueacutecia que chegou a atingir o seu

maacuteximo em 1992 com cerca de 49 do PIB gasto nesta mateacuteria no entanto

progressivamente o niacutevel de despesa da Dinamarca foi-se aproximando da Sueacutecia

chegando ateacute a ultrapassar esta em 1995 No que diz respeito agrave Finlacircndia verificou-se

22

que dos trecircs paiacuteses que compotildeem a Escandinaacutevia eacute aquele que apresenta um niacutevel mais

baixo durante maior parte do periacuteodo em anaacutelise mas no entanto superior aos paiacuteses do

Sul como jaacute foi dito Existe contudo uma excepccedilatildeo para este paiacutes que acontece no ano

de 1994 quando este consegue ser o paiacutes que mais gasta nesta aacuterea cerca de 44 do

PIB superior aos gastos suecos que foram cerca de 43 e dos dinamarqueses cerca de

39 Quanto aos gastos em poliacuteticas activas do mercado de trabalho as diferenccedilas jaacute

natildeo satildeo tatildeo evidentes mas no entanto relativamente aos paiacuteses do Sul verificamos ao

longo de todo o periacuteodo que os paiacuteses que foram apresentando consecutivamente

valores mais elevados de despesa nesta mateacuteria foram Portugal e Espanha que entre

1985 e 2009 sofreram oscilaccedilotildees relativamente aos valores despendidos no entanto em

2009 estes gastavam cerca de 08 e 09 respectivamente um valor mais elevado que

o verificado para a Itaacutelia (04) e para a Greacutecia (02) paiacuteses que ao longo do periacuteodo

observado se ficaram pelos uacuteltimos lugares

Por uacuteltimo abordamos as diferenccedilas entre o Norte e o Sul ao niacutevel de gastos em

pensotildees por incapacidade (ver graacutef 26) Como jaacute foi referido verificamos que o niacutevel

de gastos nesta aacuterea eacute superior no Norte em relaccedilatildeo ao Sul Assim sendo verificamos

que a Sueacutecia e a Finlacircndia foram alternando a lideranccedila relativamente aos paiacuteses que

mais despenderam nestes apoios Entre 1985-91 e 1997-2009 a Sueacutecia realizou um niacutevel

de despesa mais elevado que a Finlacircndia apresentando em 1991 um niacutevel a rondar os

53 face ao gasto pela Finlacircndia que foi cerca de 49 Jaacute em 2009 o niacutevel de gastos

da Sueacutecia foi de 5 do seu PIB maior que o verificado na Finlacircndia 41 enquanto

que para o restante periacuteodo o niacutevel de gastos finlandecircs foi sempre superior ao sueco A

Dinamarca foi dos paiacuteses escandinavos aquele que ao longo da maior parte deste

periacuteodo menos gastou no entanto a partir de 2001 esta ultrapassou o niacutevel de gastos da

Finlacircndia apresentando um niacutevel de despesa de cerca de 38 do PIB face aos 37

verificados no caso finlandecircs Esta ultrapassagem deu-se natildeo soacute pela subida dos gastos

em da Dinamarca nesta aacuterea mas tambeacutem por uma descida da despesa finlandesa No

que toca aos paiacuteses do Sul verificamos que quem gastou relativamente mais durante a

maior parte do periacuteodo entre 1985 e 2009 em subsiacutedios atribuiacutedos a incapacitados

foram Espanha Portugal Itaacutelia e a Greacutecia respectivamente agrave excepccedilatildeo do subperiacuteodo

entre 1985 e 1989 em que a Itaacutelia teve um niacutevel de gastos superiores ao de Portugal

Estes paiacuteses no ano de 2009 apresentavam um niacutevel de gastos a rondar os 27 do PIB

no caso espanhol os 21 no caso portuguecircs os 19 no caso italiano e os 1 no caso

23

grego valores que apesar de serem mais baixos que os verificados nos paiacuteses do Norte

da Europa satildeo mais elevados que os verificados em 1985 para estes paiacuteses

Por fim concluiacutemos esta secccedilatildeo com uma anaacutelise quantitativa muito simples e

preliminar da relaccedilatildeo entre a despesa social e o crescimento econoacutemico que corresponde

ao caacutelculo dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre os vaacuterios tipos de despesa social e o PIB

real per capita e a sua taxa de crescimento De acordo com a revisatildeo da literatura

realizada na secccedilatildeo 2 espera-se que exista uma correlaccedilatildeo positiva entre a despesa

social e o niacutevel de crescimento do PIB na medida ou seja para que esta contribua

efectivamente para uma reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo do rendimento e da

pobreza mas tambeacutem porque certos tipos de despesa social tais como educaccedilatildeo sauacutede

mas tambeacutem os apoios agrave famiacutelia contribuem directamente para a acumulaccedilatildeo de capital

humano Contudo aceitando o argumento de que o financiamento necessaacuterio introduz

distorccedilotildees na actividade econoacutemica que por exemplo desincentivam o trabalho e o

investimento por parte das empresas a correlaccedilatildeo obtida pode ter um sinal negativo Da

mesma forma se despesas como o subsiacutedio de desemprego constituiacuterem um

desincentivo a realizar maior esforccedilo no trabalho tambeacutem o sinal poderaacute ser negativo

Em uacuteltima anaacutelise poderaacute natildeo existir qualquer correlaccedilatildeo se os efeitos de sinal contraacuterio

se compensarem exactamente Finalmente natildeo devemos esquecer que correlaccedilatildeo natildeo

significa causalidade pelo que o sinal obtido se pode dever agrave influecircncia do produto

sobre a despesa social ou agrave influecircncia muacutetua

Com auxiacutelio do Quadro 2 onde se encontram os resultados relativos aos

coeficientes de correlaccedilatildeo entre despesa social e o PIB real per capita verificamos que

tendo em conta os dados disponiacuteveis para todos os paiacuteses e anos os coeficientes de

correlaccedilatildeo entre as vaacuterias despesas sociais e o PIB real per capita satildeo todos positivos

quer no que respeita agrave despesa social total quer agraves suas diferentes componentes Os

coeficientes de correlaccedilatildeo mais elevados dizem respeito agraves despesas em educaccedilatildeo e

sauacutede respectivamente 0833 e 0791 podendo argumentar-se que isto se deve ao seu

contributo directo para a acumulaccedilatildeo de capital humano e que este factor possa ter

trazido ganhos de produtividade agraves economias conforme a literatura econoacutemica defende

Quanto ao efeito das vaacuterias componentes de despesa social em protecccedilatildeo social

verificamos que as aacutereas que possuem um coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado satildeo a

despesa em apoios atribuiacutedos agraves famiacutelias os subsiacutedios atribuiacutedos aos incapacitados e as

poliacuteticas activas do mercado de trabalho (0764 0648 e 0626 respectivamente) A

correlaccedilatildeo mais elevada na primeira e terceira dimensotildees referidas poderaacute ter que ver

24

com o seu papel na reduccedilatildeo da desigualdade e pobreza das famiacutelias mais pobres e dos

incentivos criados juntos das empresas para que estas empreguem mais trabalhadores

No que diz respeito aos subsiacutedios concedidos agraves famiacutelias estes ajudam ao aumento do

rendimento das mesmas e tal como foi dito anteriormente poderaacute ter-se traduzido no

aumento do consumo privado daiacute haver uma relaccedilatildeo positiva com o PIB per capita No

meacutedio-longo prazo pode tambeacutem permitir agraves famiacutelias investir mais no capital humano

dos seus filhos e desta forma contribuir para o aumento do PIB Nas restantes aacutereas

gastos com subsiacutedios de desemprego ou em pensotildees tambeacutem possuem uma relaccedilatildeo

positiva com o PIB per capita indicando que toda a despesa realizada pelos vaacuterios

paiacuteses ao longo deste periacuteodo foi importantes para o aumento do produto na medida em

que estas se incidiram sobre os indiviacuteduos que possuem um niacutevel de rendimento mais

baixo dando um estimulo ao consumo traduzindo-se isso no aumento do produto como

jaacute vimos anteriormente Contudo nestes casos os coeficientes de correlaccedilatildeo de 0424 e

0220 respectivamente satildeo bastante inferiores indicando que poderatildeo estar em

actuaccedilatildeo efeitos de sinal negativo que reduzem a correlaccedilatildeo positiva final

Nomeadamente os gastos com pensotildees e subsiacutedios de desemprego podem estar a

desviar a despesa de outras funccedilotildees sociais com um impacto mais directo sobre a

produtividade como a educaccedilatildeo e a sauacutede

Quadro 2 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social e componentes e o niacutevel

do PIB real per capita 1985-2010 (todos os dados disponiacuteveis)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB) PIB real

per capita

Total 0747

Sauacutede 0791

Educaccedilatildeo 0833

Pensotildees de reforma 0220

Pensotildees por incapacidade 0648

Apoios agraves Famiacutelias 0764

Poliacuteticas Activas do Mercado de Trabalho 0626

Subsiacutedio de Desemprego 0424

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

25

A anaacutelise de correlaccedilatildeo anterior apesar de interessante natildeo permite ter uma

ideia muito rigorosa da existecircncia ou natildeo de causalidade entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico uma vez que se baseia em valores correntes quer da despesa

quer do PIB e como vimos os paiacuteses mais ricos tendem tambeacutem a gastar mais com as

funccedilotildees sociais Por outro lado em termos de efeitos permanentes sobre a taxa de

crescimento eacute mais rigoroso calcular a correlaccedilatildeo entre a despesa e a taxa de

crescimento do PIB real per capita De forma a ter em conta a questatildeo da causalidade

inversa no quadro 2 satildeo apresentados os coeficientes de correlaccedilatildeo entre a meacutedia da

despesa social realizada nos sete paiacuteses no periacuteodo de 1985 a 1999 e o crescimento

meacutedio do PIB verificado nos dez anos seguintes 2000-2010

De acordo com a informaccedilatildeo que consta do quadro 3 o sinal dos coeficientes de

correlaccedilatildeo varia agora consoante o tipo de despesa considerada Relativamente agrave

despesa social total o coeficiente eacute negativo embora natildeo muito elevado -02779 A

justificaccedilatildeo mais imediata para este sinal poderaacute ter a ver com o facto do financiamento

necessaacuterio ter introduzido distorccedilotildees na actividade econoacutemica que prejudicaram o

crescimento Contudo torna-se mais informativo olhar para as diferentes componentes

da despesa social

No que respeita aos coeficientes por tipo de despesa como seria de esperar dada

a consensual relaccedilatildeo entre as despesas em educaccedilatildeo e sauacutede com o crescimento

econoacutemico por via do seu impacto sobre a acumulaccedilatildeo de capital humano3 o sinal eacute

positivo embora de magnitude reduzida 01356 e 00115 respectivamente em especial

no caso das despesas em sauacutede Estes resultados indicam tambeacutem que os coeficientes de

correlaccedilatildeo anteriores contecircm realmente informaccedilatildeo sobre a influecircncia positiva no niacutevel

de rendimento sobre as despesas sociais em educaccedilatildeo e sauacutede O outro coeficiente de

correlaccedilatildeo positivo diz respeito agrave despesa com subsiacutedios de desemprego sendo ateacute a

correlaccedilatildeo mais forte do que nos dois casos anteriores 01733 Isto pode indicar que a

existecircncia deste apoio constituiu um incentivo ao trabalho pela seguranccedila que permite

aos trabalhadores estimulando tambeacutem os mesmos a apostar na sua formaccedilatildeo porque

protegidos em caso de desemprego

Quanto ao impacto negativo das restantes componentes da despesa social

verifica-se que as despesas que apresentam um coeficiente menos negativo satildeo as

pensotildees de reforma e por incapacidade -02298 e -03338 respectivamente enquanto

3 Como vimos na secccedilatildeo 3 o estado de sauacutede mas em especial o niacutevel de escolaridade da populaccedilatildeo

dos paiacuteses escandinavos foram em geral superiores ao dos paiacuteses do Sul ao longo do periacuteodo em anaacutelise

26

ainda menos esperado a correlaccedilatildeo negativa mais forte acontece no caso das poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias -03794 e -03671 respectivamente

No caso das pensotildees de reforma e por incapacidade o sinal natildeo eacute inesperado dado o

esforccedilo que exigem em termos de financiamento e o seu papel mais indirecto na

promoccedilatildeo do crescimento econoacutemico sobretudo via a reduccedilatildeo da desigualdade e da

pobreza No caso das poliacuteticas activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias os

resultados satildeo inesperados a dois niacuteveis sinais e magnitude relativa superior Esperar-

se-ia um sinal positivo face ao descrito logo no iniacutecio da anaacutelise de correlaccedilatildeo ou pelo

menos natildeo tatildeo negativo como nos outros dois casos uma vez que em qualquer situaccedilatildeo

o financiamento necessaacuterio pode ter impacto negativo sobre o crescimento do produto

Quadro 3 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social meacutedia (1985-1999) e a

taxa meacutedia de crescimento do PIB real per capita (2000-2010)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB)

Meacutedia 1985-1999 Taxa meacutedia de crescimento anual do PIB real per capita

(2000-10)

Total -02779

Sauacutede 00115

Educaccedilatildeo 01356

Pensotildees de reforma -02298

Pensotildees por incapacidade -03338

Apoios agraves Famiacutelias -03671

Poliacuteticas Activas do Mercado de

Trabalho -03794

Subsiacutedio de Desemprego 01733

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

Em jeito de conclusatildeo os resultados apontam para uma relaccedilatildeo positiva entre a

despesa social nas vaacuterias aacutereas analisadas e o niacutevel do PIB per capita entre 1985 e 2010

o que eacute indiciador de que estatildeo em actuaccedilatildeo mecanismos de influecircncia da despesa social

que promovem um aumento do niacutevel de rendimento nomeadamente via acumulaccedilatildeo de

capital humano atraveacutes das despesas em educaccedilatildeo e sauacutede Contudo uma anaacutelise mais

rigorosa em termos de possiacuteveis impactos permanentes sobre a taxa de crescimento

econoacutemico revela que os resultados podem divergir bastante em termos de sinal e

magnitude atendendo ao tipo de despesa social considerada Os resultados deste estudo

27

apontam tambeacutem para valores que alguns casos podem ser contraacuterios aos verificados

pelos estudos empiacutericos descritos na secccedilatildeo 2 Tal poderaacute estar relacionado com a

amostra de paiacuteses utilizada assim como o periacuteodo de anaacutelise e metodologia utilizada

5 Conclusotildees

Este trabalho propocircs-se a reflectir sobre a relaccedilatildeo entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico tendo por base a comparaccedilatildeo de dois grupos de paiacuteses

pertencentes agrave Uniatildeo Europeia a Escandinaacutevia e o Sul da Europa A niacutevel teoacuterico as

previsotildees acerca da relaccedilatildeo entre Estado Social e crescimento econoacutemico divergem

sendo possiacutevel encontrar argumentos que justificam a existecircncia de uma relaccedilatildeo

positiva outros que apoiam a verificaccedilatildeo de uma relaccedilatildeo negativa e outros ainda que

apontam no sentido de ausecircncia de qualquer relaccedilatildeo Estas diferentes hipoacuteteses parecem

indicar que cabe agrave anaacutelise empiacuterica determinar o sinal da relaccedilatildeo e o respectivo

contexto

Constituindo uma anaacutelise ainda exploratoacuteria o presente trabalho recorreu a uma

anaacutelise de estatiacutestica descritiva de um conjunto variado de indicadores relevantes para o

periacuteodo de 1985 a 2010 sempre que possiacutevel para analisar empiricamente a relaccedilatildeo

entre despesa social e crescimento econoacutemico

De forma a analisar esta relaccedilatildeo em termos mais detalhados aquela foi

desagregada em diferentes componentes tendo sido utilizados dados relativos a

despesas em educaccedilatildeo sauacutede e em vaacuterias componentes da despesa com a protecccedilatildeo

social como os subsiacutedios de desemprego e incapacidade apoios agraves famiacutelias gastos em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho e em pensotildees de reforma Foram calculados os

coeficientes de correlaccedilatildeo destas com o niacutevel do PIB real per capita numa tentativa de

confirmaccedilatildeo muito preliminar do sinal esperado para a relaccedilatildeo bem como os

coeficientes de correlaccedilatildeo entre os valores meacutedios da despesa das vaacuterias variaacuteveis entre

1985 e 1999 com a taxa de crescimento do PIB per capita entre 2000-10 Os

coeficientes de correlaccedilatildeo no uacuteltimo caso poderatildeo ajudar a compreender se o niacutevel de

gastos verificado entre 1985-99 contribuiacuteram para o crescimento econoacutemico verificado

na deacutecada seguinte

Verificou-se que ao longo do periacuteodo em anaacutelise a despesa social em

percentagem do PIB agregada e nas diferentes aacutereas teve um aumento relativo entre

1985 e 2010 mas no entanto aquela foi sempre mais elevada nos paiacuteses Escandinavos

tendo estes paiacuteses registado tambeacutem valores mais elevados do PIB real per capita

28

relativamente aos paiacuteses do Sul Os resultados apontam para que todas as dimensotildees se

correlacionam positivamente com o niacutevel de rendimento per capita sendo de destacar

que a educaccedilatildeo eacute a componente com coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado seguida

das despesas com sauacutede o que parece confirmar a influecircncia deste tipo de despesa sobre

o comportamento do produto via acumulaccedilatildeo de capital humano No que respeita ao

possiacutevel efeito da despesa social sobre a taxa de crescimento do PIB real per capita o

sinal do coeficiente de correlaccedilatildeo manteacutem-se positivo mas de magnitude bastante

inferior ao dos casos anteriores enquanto a correlaccedilatildeo apresenta um sinal negativo no

caso da despesa social total A correlaccedilatildeo eacute tambeacutem negativa para as diferentes

componentes da despesa como a protecccedilatildeo social com excepccedilatildeo do subsiacutedio de

desemprego Estes resultados apoiam assim a necessidade de ao estudar a relaccedilatildeo entre

Estado Social e crescimento econoacutemico levar a cabo uma anaacutelise desagregada uma vez

que os mecanismos de transmissatildeo podem variar consoante o tipo de despesa social

pelo que a anaacutelise agregada eacute difiacutecil de interpretar em termos econoacutemicos

Em suma o presente estudo poderaacute ajudar a compreender de forma preliminar

como os gastos sociais interagem com o crescimento econoacutemico e quais as aacutereas que

tecircm contribuiacutedo de forma positiva ou negativa para o mesmo Contudo natildeo poderaacute

deixar de se ter em conta a capacidade de outros factores poderem afectar a

performance da economia assim como natildeo se deve negligenciar a importacircncia dos

gastos sociais para a convergecircncia econoacutemica dos paiacuteses do Sul para com os paiacuteses do

Norte da Europa De forma a poder generalizar a anaacutelise e tirar conclusotildees mais

robustas em relaccedilatildeo ao sentido da causalidade e mecanismos de transmissatildeo no futuro

seraacute necessaacuterio utilizar meacutetodos de inferecircncia estatiacutestica adequados e amostras mais

alargadas de paiacuteses

29

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30

Anexos

Graacutefico 1 PIB per capita a preccedilos constantes de 2005 entre 1985 e 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 2 Esperanccedila meacutedia de vida 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

19

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00

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20

06

20

07

20

08

20

09

20

10

Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

727374757677787980818283

19

85

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86

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89

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93

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19

97

19

98

19

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20

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08

20

09

20

10

Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

31

Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em

cada 1000 nascimentos) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total

da populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

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Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB ()1985 e 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

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Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes 2003 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010

Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A

despesa Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009

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Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009

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Estado em que o governo utiliza uma parcela importante dos recursos nacionais para

oferecer serviccedilos que beneficiam indiviacuteduos ou famiacutelias que preencham determinados

criteacuterios ou seja que se destinam a ser consumidos individualmente por oposiccedilatildeo ao

consumo colectivo de bens como a defesa nacional ou a seguranccedila internardquo

Estas intervenccedilotildees do Estado tecircm genericamente como objectivo a reduccedilatildeo das

desigualdades na distribuiccedilatildeo do rendimento e a reduccedilatildeo da pobreza promovendo a

igualdade de oportunidades e o bem-estar sendo conseguidas atraveacutes de medidas

destinadas a melhorar o niacutevel de escolaridade e de sauacutede da populaccedilatildeo bem como

medidas de protecccedilatildeo social que englobam por exemplo os subsiacutedios de desemprego

pensotildees de invalidez apoios agraves famiacutelia poliacuteticas activas no mercado de trabalho bem

como as pensotildees concedidas aos reformados As medidas de protecccedilatildeo social destinam-

se assim a prevenir ou minorar situaccedilotildees que possam afectar negativamente o bem-estar

dos indiviacuteduos Por exemplo as poliacuteticas activas no mercado de trabalho visam a raacutepida

reinserccedilatildeo dos desempregados no mercado de trabalho podendo estas contribuir para a

reduccedilatildeo do nuacutemero de pessoas cuja sua uacutenica fonte de rendimento eacute o subsiacutedio de

desemprego mas tambeacutem de todos os desempregados que jaacute nem direito tecircm ao

mesmo com o intuito de lhes garantir o miacutenimo de condiccedilotildees financeiras Por outro

lado a preocupaccedilatildeo do Estado com o bem-estar das populaccedilotildees e com a reduccedilatildeo da

pobreza leva a que este conceda pensotildees aos reformados como forma de garantir que

estes no final das suas vidas activas natildeo fiquem sem qualquer tipo de fonte de

rendimento possibilitando um final de vida com o miacutenimo de condiccedilotildees A utilizaccedilatildeo

destes mecanismos como exemplo demostram dois destinos diferentes da despesa do

Estado Social que tecircm os mesmos objectivos e cuja importacircncia poderaacute ser

consideraacutevel tendo em conta o crescente aumento do nuacutemero de pensionistas e a

elevada taxa de desemprego que se verifica em alguns dos paiacuteses em anaacutelise A poliacutetica

de protecccedilatildeo social de acordo com Damerou (2011 p13) citando a definiccedilatildeo do

Eurostat (2008) ldquoengloba todas as intervenccedilotildees de organismos puacuteblicos ou privados

destinados a apoiar as famiacutelias e indiviacuteduos encargos representados por um conjunto

definido de riscos ou necessidades desde que natildeo exista simultaneamente qualquer

acordo reciacuteproco ou individualrdquo Esta poliacutetica abrange toda a populaccedilatildeo mediante

determinadas condiccedilotildees sendo os apoios atribuiacutedos quer por intermeacutedio de programas

de Seguranccedila Social ou de Assistecircncia Social No entanto as poliacuteticas de protecccedilatildeo

social necessitam de financiamento para serem realizadas mostrando-se assim as

contribuiccedilotildees sociais e os impostos pagos pela populaccedilatildeo importantes para garantir a

4

sustentabilidade financeira deste mecanismo sem comprometer o seu futuro No acircmbito

da sustentabilidade financeira deste mecanismo alguns autores tais como Damerou

(2011) consideram o PIB real per capita determinante natildeo soacute em termos do niacutevel de

bem-estar de uma sociedade mas tambeacutem para fazer diminuir as pressotildees financeiras

sobre a Seguranccedila Social em resultado dos actuais indicadores demograacuteficos que

apontam para um aumento da esperanccedila meacutedia de vida e da diminuiccedilatildeo da natalidade

Estes indicadores segundo o mesmo autor tecircm impacto directo na sustentabilidade

financeira da Seguranccedila Social na medida em que esta ao ser financiada na sua maioria

pela populaccedilatildeo activa a sua diminuiccedilatildeo poderaacute gerar um problema de financiamento

que colocaraacute em causa o actual funcionamento deste sistema daiacute a importacircncia de

existir um niacutevel de riqueza elevado para que possa ser continuada a poliacutetica de

protecccedilatildeo social Assim o niacutevel e a evoluccedilatildeo do produto influenciam de alguma forma o

comportamento da despesa social

De um ponto de vista econoacutemico a poliacutetica de protecccedilatildeo social e da despesa

associada pode ter impactos importantes nomeadamente aceitando a posiccedilatildeo teoacuterica de

que niacuteveis elevados de desigualdade e pobreza tecircm impactos negativos no crescimento

econoacutemico ou seja na criaccedilatildeo de riqueza de uma economia no longo prazo Por outro

lado a literatura econoacutemica tambeacutem aponta para que o crescimento econoacutemico apesar

de aumentar as desigualdades em fases iniciais possa diminuir a pobreza como referem

Barrientos e Scott (2008 p9) ldquoum forte crescimento econoacutemico eacute essencial para a

reduccedilatildeo da pobreza e eacute estimado que cerca de 80 da diminuiccedilatildeo da pobreza ocorrida

na deacutecada de 80 tenha sido conseguida atraveacutes do crescimento econoacutemicordquo

Na perspectiva dos modelos de crescimento exoacutegeno como o que foi

desenvolvido por Solow (1956) este com a criaccedilatildeo do seu modelo de crescimento

econoacutemico afirmou que a taxa de crescimento de longo prazo natildeo eacute influenciada pela

despesa em protecccedilatildeo social uma vez que o crescimento econoacutemico apenas eacute afectado

por factores demograacuteficos e tecnoloacutegicos exoacutegenos ao modelo Jaacute na perspectiva de

alguns modelos de crescimento endoacutegeno estes segundo Damerou (2011) apontam

para que a desigualdade na distribuiccedilatildeo do rendimento iniba o crescimento econoacutemico

como jaacute fora dito anteriormente Este mesmo autor recorrendo ao trabalho de Solimano

(2000) afirma que a instabilidade poliacutetica trazida pelas desigualdades podem levar a

uma diminuiccedilatildeo do investimento puacuteblico e do investimento privado das famiacutelias com

baixos rendimentos podendo tal reflectir-se num niacutevel de produto mais baixo

5

Apesar do Estado Social visar em primeiro lugar a protecccedilatildeo dos mais

desprotegidos economicamente ou que enfrentam situaccedilotildees inesperadas com o

desemprego ou doenccedila pode em simultacircneo potenciar o crescimento econoacutemico Neste

acircmbito Furceri e Zdzienicka (2012) defendem a existecircncia de alguns mecanismos

atraveacutes dos quais a despesa social potencia o crescimento do produto Segundo estes

autores a criaccedilatildeo de poliacuteticas que incidam de uma forma activa no mercado de trabalho

podem levar ao aumento do produto atraveacutes da criaccedilatildeo de emprego assim como o

aumento dos gastos sociais ao niacutevel de indiviacuteduos com baixos rendimentos e com

dificuldades na obtenccedilatildeo de creacutedito poderaacute estar relacionado com o aumento do

consumo privado uma vez que o aumento de rendimento incentiva ao aumento da

procura por parte das famiacutelias estimulando as empresas a produzir e aumentando assim

o produto de um paiacutes Outro autor que defende em parte estas ideias eacute Damerou (2011)

que afirma que os gastos em subsiacutedios de desemprego ou em prestaccedilotildees concedidas a

famiacutelias com crianccedilas por exemplo poderatildeo para aleacutem de reduzir as desigualdades de

rendimentos levar ao aumento do consumo das famiacutelias Assim a despesa social

permite agraves empresas tomar decisotildees de investimento pois sabem que teratildeo procura e

desta forma levar a um aumento da capacidade produtiva ou seja ao crescimento

econoacutemico

Por sua vez a concessatildeo de apoios em outras aacutereas como a educaccedilatildeo ou sauacutede

poderatildeo contribuir para a acumulaccedilatildeo de capital humano1 que em conjunto com o

capital fiacutesico e em especial nas economias modernas que querem o seu crescimento

baseado no conhecimento poderaacute ter impacto positivo no comportamento das

economias A acumulaccedilatildeo de capital humano pode traduzir-se em ganhos de

produtividade a niacutevel agregado pois os trabalhadores adquirem competecircncias teacutecnicas e

fiacutesicas que lhes permitiratildeo desempenhar as suas funccedilotildees de uma forma mais eficiente

mas que tambeacutem se transmitem a outros que com eles trabalhem tornando assim a taxa

de retorno dos investimentos individuais em sauacutede e educaccedilatildeo maior para a sociedade

do que para os indiviacuteduos Por outro lado nas economias baseadas no conhecimento em

que o progresso teacutecnico eacute o principal motor do crescimento econoacutemico o capital

1 De acordo com a OCDE (1998) o capital humano pode ser definido como ldquoo conhecimento as

aptidotildees as competecircncias e outros atributos incorporados nos indiviacuteduos que satildeo relevantes para a

actividade econoacutemicardquo Por outro lado como refere Gonccedilalves (2002 p10) citando Shuller (2000) o

ldquocapital humano baseia-se no comportamento econoacutemico dos indiviacuteduos especialmente na forma como a

respectiva acumulaccedilatildeo de conhecimento e aptidotildees permite aumentar a sua produtividade e os seus

ganhos bem como aumentar a produtividade e sauacutede das sociedades em que vivemrdquo

6

humano eacute um factor de produccedilatildeo de novas ideias logo essencial para garantir um

crescimento econoacutemico sustentaacutevel

Um outro factor que poderaacute em conjunto com o capital humano potenciar o

crescimento econoacutemico eacute o capital social Neste aspecto a existecircncia de um Estado

Social que desempenhe de forma adequada as suas funccedilotildees poderaacute contribuir para a

acumulaccedilatildeo de capital social Gonccedilalves (2002 p32) citando Shuller (2000) descreve

o capital social como sendo ldquobaseado em termos de organizaccedilotildees normas e confianccedila e

o modo como as uacuteltimas permitem aos agentes e instituiccedilotildees serem mais eficientes na

obtenccedilatildeo de objectivos comunsrdquo

Relativamente ao impacto do capital social no crescimento econoacutemico Bergh

(2011) afirma que estudos recentes apontam para que o niacutevel de confianccedila possa

explicar como os paiacuteses como a Sueacutecia podem se desenvolver e continuar os seus

abrangentes sistemas de promoccedilatildeo do bem-estar social apesar do risco de evasatildeo fiscal

ou de uma maacute distribuiccedilatildeo dos apoios Bergh (2011) tambeacutem salienta a existecircncia de

estudos que comprovam que a confianccedila tem impacto positivo na economia sendo este

ilustrado atraveacutes de um exemplo comparativo entre a Sueacutecia e os EUA onde 64 de

suecos acham que podem confiar uns nos outros em detrimento dos apenas 41 de

americanos que acham o mesmo podendo levar a que a economia sueca cresccedila

anualmente mais 05 pontos percentuais que os EUA

No entanto a literatura econoacutemica natildeo constata apenas que existem efeitos

positivos entre a despesa social e o crescimento econoacutemico No que diz respeito agrave

relaccedilatildeo negativa entre estas duas variaacuteveis autores como Izaacutek (2011) afirmam que a

distribuiccedilatildeo dos subsiacutedios e de outros apoios por parte do Estado e Social diminuem o

crescimento econoacutemico devido aos incentivos negativos que estes transmitem aos

agentes econoacutemicos por exemplo ao niacutevel dos desincentivos ao trabalho contribuindo

assim para a diminuiccedilatildeo da produtividade e do crescimento Para aleacutem deste autor

Furceri e Zdzieniecka (2012) apontam para que o crescimento da despesa social possa

estar relacionado com os incentivos agrave reforma antecipada e com os subsiacutedios de

invalidez que levam a uma diminuiccedilatildeo da forccedila de trabalho traduzindo-se essa

diminuiccedilatildeo num efeito negativo no crescimento do produto

No que respeita a estudos empiacutericos sobre a relaccedilatildeo entre despesa social e o

crescimento econoacutemico os resultados natildeo satildeo conclusivos com alguns estudos

empiacutericos a apontar para uma relaccedilatildeo positiva e outros para uma relaccedilatildeo de sinal

negativo dependo do tipo de despesa e do niacutevel de desenvolvimento do paiacutes a que nos

7

referimos De forma a compreender a relaccedilatildeo entre despesa social do Estado e

crescimento econoacutemico Afonso e Allegre (2008) no seu trabalho empiacuterico recorreram

a dados referentes a despesa social em 27 paiacuteses europeus e procuraram atraveacutes de um

estudo economeacutetrico verificar se esta contribuiacutea para o crescimento econoacutemico dos

mesmos paiacuteses Os resultados deste estudo apontaram para a existecircncia de um impacto

negativo entre os gastos em educaccedilatildeo e em protecccedilatildeo social no crescimento econoacutemico

mas tambeacutem para um efeito positivo da despesa em educaccedilatildeo no crescimento

econoacutemico De forma a estudar mais uma vez os efeitos entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico Izaacutek (2011) desenvolveu um estudo que assentava no caacutelculo

dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre valores meacutedios da despesa social em aacutereas como a

educaccedilatildeo sauacutede e protecccedilatildeo social e taxa de crescimento do PIB No entanto o periacuteodo

em anaacutelise foi relativamente curto devido agrave falta de dados sendo os dados da despesa

social referentes ao periacuteodo entre 2002 e 2006 e as estimativas de crescimento para o

periacuteodo de 2006 a 2008 Para realizar este estudo foram utilizados dados agregados

relativos agraves despesas sociais dos 25 paiacuteses pertencentes agrave UE a partir de 2004 a que

deram o nome de EU-25 Contudo para analisar esta a relaccedilatildeo entre despesa social e

crescimento econoacutemico a amostra de 25 paiacuteses foi separada em duas sendo a primeira

relativa aos 15 paiacuteses pertencentes agrave UE a partir de Janeiro de 1995 os EU-15 e a

segunda aos 10 que passaram a pertencer a partir de Maio de 2004 os denominados EU-

10

Os resultados do estudo apontam para valores negativos ao niacutevel do coeficiente

de correlaccedilatildeo entre a despesa social em termos globais das trecircs amostras e o crescimento

econoacutemico sendo que como salienta o mesmo autor o coeficiente de correlaccedilatildeo eacute mais

baixo nos paiacuteses que constituem o primeiro grupo e mais alto nos paiacuteses que mais

recentemente formam parte da UE

Izaacutek (2011) procurou tambeacutem estudar os efeitos das vaacuterias componentes da

despesa social ao niacutevel do crescimento econoacutemico Para o efeito foi calculado o

coeficiente de correlaccedilatildeo entre a despesa em protecccedilatildeo social a despesa em educaccedilatildeo e

por fim entre a despesa em sauacutede e o crescimento econoacutemico Os resultados do autor

enfatizam que a despesa social em qualquer destas aacutereas tem um impacto negativo no

crescimento econoacutemico verificaacutevel em todos os grupos analisados sendo reforccedilado o

facto surpreendente de haver uma correlaccedilatildeo negativa entre a despesa em sauacutede e o

crescimento econoacutemico

8

Outros estudos relativos ao impacto da despesa social no crescimento econoacutemico

foram desenvolvidos como eacute o caso de Wang (2011) que se foca na estimaccedilatildeo da

relaccedilatildeo entre a despesa do Estado na aacuterea da sauacutede e o crescimento econoacutemico para

uma amostra de 20 paiacuteses em desenvolvimento entre 1990 e 2009 O autor analisa a

relaccedilatildeo existente entre os gastos em sauacutede e o PIB atraveacutes do teste de cointegraccedilatildeo em

painel de Engle-Granger Os resultados apontam para a existecircncia de causalidade

bilateral ou seja para que o crescimento econoacutemico esteja relacionado com o aumento

dos gastos em sauacutede e para que os gastos em sauacutede tenham um impacto positivo no

crescimento econoacutemico Neste aspecto os resultados demonstram que no longo prazo

os gastos em sauacutede podem levar ao crescimento do produto ilustrando a importacircncia

dos apoios do Estado no sector da sauacutede para criar uma populaccedilatildeo fisicamente mais apta

e produtiva

Uma outra anaacutelise empiacuterica foi realizada por Baldacci et al (2004) que

relacionaram a despesa social com o capital humano na forma de educaccedilatildeo e sauacutede e o

seu impacto no crescimento econoacutemico usando dados em painel relativos a 120 paiacuteses

em vias de desenvolvimento para o periacuteodo de 1975 a 2000 Para a anaacutelise da relaccedilatildeo

recorreram a um estudo economeacutetrico sob a forma de um sistema de quatro equaccedilotildees

relativas ao crescimento do rendimento per capita ao investimento educaccedilatildeo e sauacutede

Com o estudo pretenderam demonstrar que as despesas sociais em sauacutede e em educaccedilatildeo

tinham um contributo positivo para acumulaccedilatildeo de capital humano que se veio a provar

como verdadeiro assim como o efeito positivo daquele no crescimento econoacutemico

Furceri e Zdzienicka (2012) investigam os efeitos dos gastos sociais no

crescimento econoacutemico num conjunto de paiacuteses pertencentes agrave OCDE para o periacuteodo

entre 1980 e 2005 Os autores recorrem a uma regressatildeo economeacutetrica concluindo que

um aumento de 1 no niacutevel de gastos sociais leva a um aumento do crescimento

econoacutemico em cerca de 012 pontos percentuais apoacutes um ano Numa segunda fase

utilizaram uma outra regressatildeo economeacutetrica tendo como objectivo estudar o impacto

da despesa social no crescimento econoacutemico com a inclusatildeo de alguns desfasamentos

do PIB verificando que no caso de um aumento de 1 dos gastos sociais em

percentagem do PIB leva a que o produto aumente em cerca de 057 pontos percentuais

sendo que as aacutereas que mais contribuiacuteram para este aumento foram os gastos em sauacutede e

com os subsiacutedios de desemprego

Outros estudos como o de Andrade et al (2013) procuraram estudar a relaccedilatildeo

entre as despesas em sauacutede e educaccedilatildeo e o crescimento econoacutemico Recorreram a uma

9

amostra de paiacuteses de vaacuterias regiotildees do mundo onde foram excluiacutedos os ex-paiacuteses

socialistas os paiacuteses que produzem essencialmente petroacuteleo e os que tinham vivido ateacute

haacute pouco tempo conflitos armados Separaram-se os paiacuteses tendo em conta o seu niacutevel

de rendimento e desenvolveram um estudo economeacutetrico para verificar o efeito da

despesa entre educaccedilatildeo e sauacutede na variaacutevel dependente PIB real per capita Os

resultados mostram de forma incontestaacutevel que os gastos em educaccedilatildeo e sauacutede tecircm

efeitos positivos no crescimento do PIB per capita de qualquer dos grupos de paiacuteses

Por fim Fic e Ghate (2005) desenvolveram um estudo com o intuito de

averiguar a relaccedilatildeo entre o Estado Social e o crescimento econoacutemico para uma amostra

de 19 paiacuteses pertencentes agrave OCDE entre os quais se incluiacuteam paiacuteses como a Dinamarca

Finlacircndia e a Sueacutecia entre 1950 e 2001 Este estudo utilizou um modelo dinacircmico de

crescimento desenvolvido anteriormente por um dos autores Ghate e Zak (2002) que

permitiu chegar agrave conclusatildeo de que a razatildeo para haver uma quebra no crescimento

econoacutemico poderaacute estar relacionado com o Estado Social Tal se justifica segundo os

autores pelo facto de no periacuteodo que antecede a quebra de crescimento a elevada taxa

de crescimento que se verifica induzir ao crescimento da despesa social Ao longo do

tempo o aumento do Estado Social leva assim agrave diminuiccedilatildeo do crescimento econoacutemico

que no Longo Prazo espera-se que leve agrave reduccedilatildeo do Estado Social Os resultados

segundo os autores sugerem que paiacuteses com um baixo crescimento econoacutemico tenham

que fazer cortes ao niacutevel da despesa com o Estado Social Estes consideram que o iniacutecio

da deacutecada de 70 foi o periacuteodo no qual foi mais visiacutevel esta relaccedilatildeo pois o baixo

crescimento econoacutemico verificado entre 1970 e 1975 foi o precedido da existecircncia de

um Estado Social de dimensotildees consideraacuteveis

Em jeito de conclusatildeo verificamos que os resultados dos estudos desenvolvidos

por Andrade et al (2013) e Baldacci et al (2004) apontam para um efeito positivo entre

a despesa social em educaccedilatildeo e sauacutede e o crescimento econoacutemico Furceri e Zdzienicka

(2012) considerando a despesa social em todas as aacutereas de intervenccedilatildeo do Estado Social

tambeacutem apontam para o contributo positivo desta no crescimento econoacutemico Quanto ao

estudo desenvolvido por Izaacutek (2011) este aponta para uma relaccedilatildeo negativa entre as

vaacuterias componentes da despesa social e o crescimento econoacutemico Os resultados

opostos podem ser fruto do niacutevel de desenvolvimento da amostra de paiacuteses utilizada

pois parece que a utilizaccedilatildeo de paiacuteses mais desenvolvidos apontam para um efeito

negativo e a utilizaccedilatildeo de alguns paiacuteses em desenvolvimento aponte para um efeito

positivo

10

3 Caracterizaccedilatildeo econoacutemico-social dos paiacuteses em anaacutelise

Neste ponto seraacute feita uma caracterizaccedilatildeo econoacutemico-social dos paiacuteses em

anaacutelise Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia trecircs paiacuteses escandinavos onde o Estado Social

haacute muito eacute uma realidade e Portugal Espanha Itaacutelia e Greacutecia paiacuteses da chamada

periferia Europeia onde o Estado social eacute uma realidade mais recente essencialmente

desde os meados dos anos 80 salientando as suas semelhanccedilas e diferenccedilas

O objectivo eacute enquadrar a anaacutelise mais especiacutefica da secccedilatildeo seguinte sobre a

potencial relaccedilatildeo entre o desempenho em termos de crescimento econoacutemico e a despesa

social total e por diferentes categorias Sempre que possiacutevel a comparaccedilatildeo entre paiacuteses

seraacute realizada ao longo do periacuteodo 1985-2010 No entanto dada a indisponibilidade de

dados relativamente a algumas variaacuteveis para alguns paiacuteses o periacuteodo de anaacutelise poderaacute

ser mais curto Eacute importante ter tambeacutem em conta o surgimento da crise de 2007 para

compreender alguns indicadores mais desfavoraacuteveis dos paiacuteses do Sul em relaccedilatildeo ao

Norte nos anos mais recentes

Inicialmente este trabalho procuraraacute discutir as semelhanccedilas e diferenccedilas entre

os dois grupos de paiacuteses relativamente a um conjunto de indicadores sociodemograacuteficos

que podem ter impacto e ser influenciados pela despesa social Em segundo lugar satildeo

apresentados e analisados alguns indicadores econoacutemicos seleccionados segundo a

mesma loacutegica ou seja que podem ter impacto e ser influenciados pela dimensatildeo e

composiccedilatildeo do Estado Social tais como o seu grau de abertura ao comeacutercio

internacional e a respectiva estabilidade macroeconoacutemica sendo utilizado como suporte

da anaacutelise os graacuteficos disponiacuteveis nos Anexos

O graacutefico 1 conteacutem os valores do PIB real per capita expressos em doacutelares a

preccedilos constantes de 2005 que eacute o principal indicador dos diferenciais de niacutevel de vida

do cidadatildeo meacutedio dos diferentes paiacuteses Da observaccedilatildeo do referido graacutefico constatamos

que em 2010 o niacutevel de rendimento por habitante eacute em todos os paiacutes mais elevado do

que o que se verificava em 1985 sendo que nos paiacuteses escandinavos o PIB real per

capita foi sempre relativamente mais elevado que nos restantes paiacuteses No caso da

Sueacutecia e Finlacircndia verificamos que estes em 2010 estes eram os mais ricos tal como jaacute

o eram em 1985 passando o valor desta variaacutevel na Sueacutecia dos 2806538 doacutelares em

1985 para os 4282567 doacutelares em 2010 e na Finlacircndia dos 242344 doacutelares de 1985

para os 3806465 doacutelares em 2010 Os paiacuteses do Sul ou periferia apresentam ao longo

do periacuteodo um PIB real per capita mais baixo nomeadamente Portugal e Greacutecia que

11

apesar de terem aumentado o seu PIB real per capita entre 1985 e 2010 no ano de 2010

Portugal tinha um valor de 1864776 doacutelares e a Greacutecia de 2130896 doacutelares

A opccedilatildeo por comeccedilar a caracterizaccedilatildeo das diferenccedilas entre os paiacuteses da amostra

pelo PIB real per capita deriva em parte do facto de este poder estar relacionado com a

melhoria de alguns indicadores que medem o niacutevel de desenvolvimento humano e que

servem para a construccedilatildeo do Iacutendice de Desenvolvimento Humano como eacute o caso da

diminuiccedilatildeo da taxa de mortalidade infantil e o aumento da esperanccedila meacutedia de vida

Face a isto relativamente ao sector da sauacutede como se pode ver no graacutefico 2 a

esperanccedila meacutedia de vida agrave nascenccedila (EMV) entre 1985 e 2010 aumentou No entanto

apesar de todos os paiacuteses terem registado um aumento da EMV ao longo do periacuteodo

analisado dos paiacuteses escandinavos apenas a Sueacutecia tem no iniacutecio do periacuteodo um valor

superior ao de todos os paiacuteses do Sul Com efeito Espanha Greacutecia e Itaacutelia partem de

uma situaccedilatildeo melhor do que a Dinamarca e a Finlacircndia O paiacutes que regista menor EMV

em 1985 eacute Portugal com 73 anos Em 2010 todos os paiacuteses da periferia ultrapassam os

paiacuteses escandinavos com excepccedilatildeo de Portugal que se manteacutem na uacuteltima posiccedilatildeo

Quanto agrave taxa de mortalidade infantil indicador que traduz o nuacutemero de mortes

de crianccedilas no primeiro ano de vida por cada 1000 nascimentos eacute de imediato

verificaacutevel no graacutefico 3 que ocorreu uma consideraacutevel melhoria neste indicador em

todos os paiacuteses ao longo do periacuteodo analisado Em 1985 a taxa de mortalidade infantil

em Portugal e na Greacutecia era maior do que nos restantes paiacuteses no entanto em 2010 jaacute

registavam um nuacutemero de mortes semelhante aos restantes paiacuteses No caso grego

verificou-se uma passagem das 16 mortes em cada 1000 nascimentos em 1985 para as 4

em 2010 ocorrendo o mesmo em Portugal que passou das 17 para as 4 No que respeita

agrave Escandinaacutevia o nuacutemero de mortes que se verificava no ano de 2010 natildeo era muito

diferente do que se verificava em 1985 e no caso da Finlacircndia houve apenas uma

pequena reduccedilatildeo das 6 para as 2 mortes durante este periacuteodo

A evoluccedilatildeo e composiccedilatildeo demograacutefica dos paiacuteses pode ter um impacto

importante naquela que eacute actualmente uma das componentes da despesa social com

maior peso a despesa com pensotildees Assim atraveacutes da anaacutelise do graacutefico 4 verifica-se

que a taxa de crescimento da populaccedilatildeo em termos anuais foi positiva em todos os

paiacuteses No entanto durante este periacuteodo (1990-2010) apenas Portugal entre 1990 e

1992 registou uma taxa de crescimento negativa que no entanto foi invertida No que

toca ao maior crescimento populacional este deu-se em Espanha entre 1997 e 2003 ao

qual se seguiu apoacutes um periacuteodo de estabilidade entre 2003 e 2007 uma diminuiccedilatildeo

12

acentuada Em termos globais a taxa de crescimento populacional tem vindo a descer

nomeadamente nos paiacuteses do Sul contrariamente aos paiacuteses do Norte Europeu que a

partir de 2000 verificaram um aumento Tal poderaacute dever-se agrave imigraccedilatildeo mas tambeacutem

poderaacute ter-se devido agraves poliacuteticas de apoio agrave natalidade com vista ao combate ao

envelhecimento da populaccedilatildeo Neste acircmbito decompondo a populaccedilatildeo dos paiacuteses da

amostra em faixas etaacuterias populaccedilatildeo jovem (ateacute aos 15 anos de idade) populaccedilatildeo entre

os 15 e 64 anos e populaccedilatildeo idosa (mais de 65 anos) verificamos que existe uma

tendecircncia para a diminuiccedilatildeo da populaccedilatildeo mais jovem face agrave total sendo esse

comportamento mais visiacutevel em Espanha que conforme o graacutefico 5 demonstra em

1985 tinha uma percentagem de jovens de cerca de 233 mas que em 2010

apresentava uma taxa de 149 Um aspecto curioso tem que ver com o facto de neste

periacuteodo de anaacutelise natildeo se ter verificado uma grande diminuiccedilatildeo desta faixa etaacuteria na

Escandinaacutevia sendo que no caso da Dinamarca esta registava em 2010 uma

percentagem de populaccedilatildeo jovem a rondar os 18 os mesmos que em 1985

Por outro lado verifica-se um agravamento do envelhecimento da populaccedilatildeo

com a pior situaccedilatildeo a verificar-se em Itaacutelia e na Greacutecia Entre 1985 e 2010 a

percentagem da populaccedilatildeo italiana com mais de 64 anos passou dos 131 em 1985

para os 203 em 2010 e na Greacutecia verificou-se uma passagem dos 133 para os 19

(ver graacutef 6) Relativamente ao Norte Europeu essa subida eacute mais ligeira e em 2010 a

Finlacircndia apresentava uma percentagem de 171 enquanto que a Dinamarca de 166

No que diz respeito agrave faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entre os 15 e 64 anos verifica-se atraveacutes

do graacutefico 7 que entre 1985 e 1995 a percentagem da populaccedilatildeo compreendida nesta

faixa etaacuteria aumentou No entanto a partir deste periacuteodo verificou-se uma descida dos

valores em alguns paiacuteses como eacute o caso da Itaacutelia onde a populaccedilatildeo pertencente a este

grupo entre 1985 e 2010 passou dos 675 para os 657 resultado talvez de uma

diminuiccedilatildeo da populaccedilatildeo jovem e do aumento da populaccedilatildeo mais idosa podendo isso

dever-se agrave baixa taxa de natalidade

Quanto agrave melhoria dos indicadores relativos agrave educaccedilatildeo verificamos que os

apoios do Estado nesta aacuterea talvez se tenham feito sentir Com efeito de acordo com o

graacutefico 8 a percentagem de populaccedilatildeo activa com apenas o ensino primaacuterio diminuiu

em todos os paiacuteses entre 1995-2010 sendo que no entanto o niacutevel de populaccedilatildeo activa

com apenas este niacutevel de escolaridade eacute mais reduzido nos paiacuteses do Norte como eacute o

caso da Finlacircndia e da Sueacutecia talvez devido ao facto de estes paiacuteses terem tomado haacute

mais tempo consciecircncia da importacircncia da educaccedilatildeo para um bom desempenho

13

econoacutemico (ver graacutef 8) Associado ao comportamento anterior verifica-se que em 2010

existe uma maior percentagem de pessoas com o ensino secundaacuterio e universitaacuterio em

todos os paiacuteses relativamente a 1995 Ao niacutevel do ensino secundaacuterio o graacutefico 9 mostra

que entre 1995 e 2010 verificou-se um aumento de trabalhadores com este niacutevel

acadeacutemico sendo esse impacto maior em Portugal Espanha Greacutecia e Itaacutelia mas no que

toca aos paiacuteses do Norte este nuacutemero foi oscilando Em todo o caso em 1995 os trecircs

paiacuteses escandinavos registavam uma maior percentagem da populaccedilatildeo com o ensino

secundaacuterio relativamente a qualquer dos paiacuteses do Sul sendo em 2010 apenas a

Dinamarca e a Finlacircndia ultrapassadas pela Itaacutelia O niacutevel de escolaridade dos

trabalhadores que mais subiu foi como se pode constatar no graacutefico 10 o universitaacuterio

verificando-se que em paiacuteses como a Finlacircndia a percentagem de trabalhadores com este

niacutevel acadeacutemico passou dos 217 em 1995 para os 373 em 2010 e na Espanha

passou dos 203 para os 33 Neste acircmbito verifica-se em 2010 a Espanha tinha uma

percentagem de indiviacuteduos com ensino superior mais elevada que a Sueacutecia e a

Dinamarca

Outra das componentes da despesa social com mais peso no total eacute a despesa

associada ao subsiacutedio de desemprego Nos anos mais recentes tem-se verificado um

aumento da taxa de desemprego como podemos ver no graacutefico 11 O desemprego pode

por em causa a estabilidade social uma vez que os indiviacuteduos sem emprego ao

perderem a sua fonte de rendimento podem perder qualidade de vida e estarem sujeitos

a situaccedilotildees de pobreza A taxa de desemprego entre 1991 e 2010 foi sempre mais

elevada no Sul em relaccedilatildeo ao Norte Os paiacuteses que apresentavam uma taxa mais elevada

em 2010 foram a Espanha com cerca de 20 seguido da Greacutecia com 125 enquanto

que a taxa de desemprego mais baixa se registou na Escandinaacutevia na Dinamarca onde a

taxa de desemprego em 2010 era de 75

No que diz respeito agrave taxa de desemprego jovem esta tem afectado sobretudo os

jovens do Sul Europeu e parece estar a tornar-se um problema grave para as geraccedilotildees

mais jovens As dificuldades em arranjar emprego podem prender-se com a falta de

experiecircncia por parte dos jovens Como tal estas situaccedilotildees levam a que estes natildeo

tenham nenhum tipo de poupanccedila nem direito a qualquer tipo de subsiacutedio como eacute o caso

do subsiacutedio de desemprego pois natildeo tiveram um passado activo consideraacutevel que lhes

permitisse ter realizado contribuiccedilotildees para a Seguranccedila Social e a ter direito a receber

subsiacutedio de desemprego Por outro lado ao natildeo terem emprego poderatildeo vir a ter

problemas em obter uma boa pensatildeo aquando o final da sua vida activa pois faratildeo

14

menos descontos do que aqueles satildeo necessaacuterios para obter um boa pensatildeo no futuro

podendo estar a comprometer a sua estabilidade financeira apoacutes a sua vida activa No

Norte Europeu paiacuteses como a Dinamarca tecircm investido na resoluccedilatildeo dos problemas

relativos ao desemprego jovem promovendo poliacuteticas de apoio aos jovens que possuem

baixos niacuteveis de estudos e que estejam sem trabalho como salientam Hughes e Borbeacutely-

Pecze (2012) Para tal foram desenvolvidos programas onde os jovens satildeo inseridos em

cursos de formaccedilatildeo praacutetica com vista a que estes adquiram experiecircncia e que os

familiarizem com o local de trabalho promovendo as suas aptidotildees de forma a capacitaacute-

los para o mercado de trabalho para que tragam ganhos de produtividade agrave entidade que

os emprega e consequentemente ao seu paiacutes Ao niacutevel da taxa de desemprego jovem o

graacutefico 12 ajuda-nos a perceber que esta era no ano de 2010 mais elevada na Espanha

com cerca de 424 sendo esta seguida pela Greacutecia com 325 Ao niacutevel das taxas

mais baixas verificamos que que entre 1991 e 2010 quem apresentou a taxa mais baixa

foi a Dinamarca sendo que no ano de 2010 esta apresentava uma taxa de cerca de

139 seguida da Finlacircndia com cerca de 203

Quanto agrave anaacutelise de factores econoacutemicos que possam ser responsaacuteveis pelas

diferenccedilas relativas ao niacutevel de vida iremos comeccedilar por analisar a importacircncia do

sector secundaacuterio e terciaacuterio para o PIB dos diversos paiacuteses na medida em que estes

sectores satildeo os que envolvem uma maior percentagem de indiviacuteduos com habilitaccedilotildees

acadeacutemicas mais elevadas e cujo seu contributo para o produto dos paiacuteses eacute mais

consideraacutevel

No que toca ao sector secundaacuterio verifica-se que entre 1985 e 2010 este tem

vindo a perder importacircncia no PIB de todos os paiacuteses No entanto durante este periacuteodo

verificou-se que o paiacutes que apresentava uma maior percentagem de riqueza gerado por

este sector era Portugal tendo contudo essa importacircncia diminuiacutedo de forma constante

chegando no ano de 2010 a ser de apenas 15 proacuteximo da percentagem da Espanha Eacute

de salientar que a importacircncia deste sector em 2010 era relativamente mais baixa nestes

paiacuteses em relaccedilatildeo agrave Dinamarca ou na Sueacutecia (ver graacutef13) Ao niacutevel do sector terciaacuterio

verificamos atraveacutes do graacutefico 14 que a importacircncia deste sector para a amostra de

paiacuteses em estudo era muito nivelado entre os 60 e os 70 No entanto a partir do ano

2000 verificou-se um aumento relativo da contribuiccedilatildeo deste sector para o PIB dos

vaacuterios paiacuteses sendo de salientar que em 2009 este sector tinha maior peso na produccedilatildeo

de riqueza no caso da Greacutecia contribuindo em cerca de 79 do total do PIB grego

15

enquanto que o mais baixo se verificava na Finlacircndia com cerca de 69 do PIB a ser

gerado por este sector

A anaacutelise da estrutura produtiva de um paiacutes pode ter tambeacutem uma relaccedilatildeo com o

grau de abertura da economia pois este poderaacute trazer algumas vantagens e explicar o

porquecirc de um determinado sector ter ganho mais importacircncia no PIB de um paiacutes Essas

vantagens podem estar relacionadas com a entrada de novos produtos e tecnologias que

normalmente estatildeo relacionados com o sector secundaacuterio e terciaacuterio e que poderatildeo

explicar o crescimento destes sectores Este factor poderaacute ainda estar relacionado com o

niacutevel de educaccedilatildeo de uma populaccedilatildeo pois quanto maior for o desenvolvimento

tecnoloacutegico de um paiacutes tal poderaacute levar agrave necessidade de um reforccedilo na educaccedilatildeo e

formaccedilatildeo profissional para capacitar a matildeo-de-obra para lidar com estas novas

tecnologias Assim o grau de abertura de um paiacutes poderaacute estar relacionado com o

aumento dos gastos em educaccedilatildeo

No que respeita ao grau de abertura da economia medido atraveacutes do volume de

importaccedilotildees e exportaccedilotildees em percentagem do PIB verificou-se que em todos os paiacuteses

em estudo houve uma tendecircncia de crescimento entre 1985 e 2010 Os paiacuteses que no

ano de 2010 apresentavam um grau de abertura mais elevado eram a Dinamarca com

cerca de 953 e a Sueacutecia com cerca de 928 Por outro lado paiacuteses como a Greacutecia e

a Espanha registavam valores muito mais baixos sendo que a Greacutecia apresentava um

niacutevel de cerca de 538 do seu PIB e a Espanha 569 como se pode constatar no

graacutefico 15 No que respeita ao saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes um valor em

percentagem do PIB positivo significa que existe um superavit ou seja que o paiacutes

aumentou os seus activos no estrangeiro Neste aspecto devido agrave falta de dados a

anaacutelise a esta variaacutevel comeccedila a partir de 2003 e consultando a graacutefico 16 verificamos

que ao longo do periacuteodo na Greacutecia Portugal Itaacutelia e Espanha a balanccedila foi sempre

deficitaacuteria sendo as situaccedilotildees mais complicadas a da Greacutecia e a de Portugal que em

2010 apresentavam um deacutefice de 104 e 97 respectivamente Por outro lado a

Dinamarca a Sueacutecia e a Finlacircndia tiveram sempre um excedente

No que toca agrave anaacutelise do saldo orccedilamental este juntamente com a diacutevida puacuteblica

poderaacute ajudar a compreender o estado das financcedilas puacuteblicas de um paiacutes Compreender o

saldo orccedilamental em percentagem do PIB eacute muito importante pois se este demonstrar

um comportamento mais despesista tal iraacute reflectir-se no aumento do endividamento do

Estado que poderaacute ter de levar a uma reduccedilatildeo dos apoios do Estado Social com vista agrave

sustentabilidade financeira do Estado Como forma de controlar as financcedilas puacuteblicas

16

poderatildeo ser necessaacuterios cortes ao niacutevel dos apoios da protecccedilatildeo social bem como a

reduccedilatildeo do orccedilamento do Estado para aacutereas com a sauacutede ou educaccedilatildeo No graacutefico 17 eacute

possiacutevel verificar que no caso de paiacuteses como a Greacutecia Portugal e Itaacutelia no periacuteodo de

estudo verificou-se que estes paiacuteses tiveram sempre um comportamento mais despesista

que os restantes sendo como jaacute vimos esta uma possiacutevel justificaccedilatildeo para o crescimento

da diacutevida puacuteblica nestes paiacuteses Jaacute os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentavam saldos

orccedilamentais mais positivos em relaccedilatildeo aos do Sul da Europa sendo mesmo o saldo

orccedilamental sueco aproximadamente de 0

A diacutevida puacuteblica em percentagem do PIB sempre foi inferior nos paiacuteses do Norte

em relaccedilatildeo aos do Sul Entre 1995 e 2010 verificamos que o niacutevel de diacutevida foi

oscilando no entanto este foi relativamente mais elevado na Greacutecia e na Itaacutelia

chegando no ano de 2010 este a ser cerca de 145 e 1194 do seu PIB

respectivamente No caso da Sueacutecia verificou-se ao longo deste periacuteodo uma tendecircncia

de descida e em 2010 este era de 394 (ver graacutef 18) Um outro factor que pode ter

feito aumentar o niacutevel de diacutevida de alguns paiacuteses do Sul da Europa a partir de 2005

pode ter que ver com o surgimento da crise econoacutemica de 2007 que agravou ainda mais

o niacutevel de diacutevida destes paiacuteses que era jaacute elevado como satildeo exemplos a Greacutecia e

Portugal

Em resumo verificamos que em termos globais os indicadores soacutecio-

econoacutemicos do Sul da Europa satildeo piores que os do Norte Europeu Contudo as

diferenccedilas tecircm vindo a diminuir Por exemplo os indicadores relativos agrave sauacutede e agrave

educaccedilatildeo tecircm demonstrado francas melhorias que talvez resultem do facto dos estados

terem reforccedilado os apoios ao niacutevel destas funccedilotildees sociais Haacute no entanto que ter em

conta que no caso do Sul Europeu o crescente aumento da diacutevida puacuteblica poderaacute

dificultar a continuidade desta acccedilatildeo na medida em que poderaacute levar agrave necessidade de

reformulaccedilotildees que passem por cortes no Estado Social com vista a fazer face ao

crescente endividamento destes Os Estados do Sul Europeu natildeo devem contudo no

periacuteodo actual de crise esquecer a importacircncia que estes sectores tecircm para a coesatildeo

social e potencialmente para o desempenho econoacutemico

4 Despesa Social e Crescimento Econoacutemico anaacutelise comparada de alguns dados

Nesta secccedilatildeo seraacute realizada uma anaacutelise de estatiacutestica descritiva que teraacute como

principal objectivo uma anaacutelise comparada dos dois grupos de paiacuteses em termos de

crescimento econoacutemico e despesa social agregada e por diferentes componentes entre

17

1985 e 2010 Por uacuteltimo procura-se verificar se o sinal da correlaccedilatildeo esperada entre a

despesa social do Estado e o comportamento do produto estaacute de acordo com a literatura

econoacutemica Para tal realizamos apenas uma anaacutelise muito simples e preliminar baseada

no caacutelculo de coeficientes de correlaccedilatildeo entre as despesas em sauacutede educaccedilatildeo e as

vaacuterias componentes da despesa em protecccedilatildeo social e respectivamente o PIB per capita

e a taxa de crescimento do mesmo

Esta anaacutelise foi realizada tendo em conta todos os dados disponiacuteveis na base de

dados da OECD Social Expenditure Database ao niacutevel dos gastos com sauacutede e

protecccedilatildeo social e com os dados disponiacuteveis do Banco Mundial relativamente a despesa

em educaccedilatildeo PIB real per capita para todos os paiacuteses em anaacutelise no periacuteodo entre 1985

e 2010

Antes de passarmos agrave anaacutelise comparada da despesa social e suas componentes

nos paiacuteses da nossa amostra detenhamo-nos na comparaccedilatildeo da respectiva prestaccedilatildeo em

termos de crescimento econoacutemico de acordo com os dados relativos agraves taxas meacutedias de

crescimento anual do PIB real per capita entre 1985 e 2010 e alguns sub-periacuteodos (ver

Quadro 1) Ao longo do periacuteodo total 1985-2010 Portugal e a Espanha foram os paiacuteses

que mais cresceram o que natildeo eacute de estranhar uma vez que partiram de valores do PIB

real per capita dos mais baixos do grupo Seguem-se a estes os paiacuteses escandinavos

Finlacircndia Sueacutecia e Dinamarca enquanto que a Greacutecia e a Itaacutelia foram os paiacuteses que

menos cresceram No caso da Greacutecia a situaccedilatildeo eacute mais insoacutelita uma vez que tal como

Portugal e Espanha partiu de um niacutevel de rendimento relativamente mais baixo e assim

sendo o potencial de crescimento e convergecircncia deveria ter sido superior ao dos paiacuteses

mais ricos Se dividirmos o periacuteodo total em anaacutelise em trecircs sub-periacuteodos 1985-95

1995-05 e 2005-10 verificamos que o desempenho relativo dos paiacuteses se vai alterando

Assim por exemplo a boa prestaccedilatildeo de Portugal entre 1985-2010 parece ter sido

consequecircncia do seu elevado crescimento relativo entre 1985 e 1995 enquanto que nos

outros dois sub-periacuteodos a taxa meacutedia de crescimento anual do seu PIB real per capita eacute

das mais baixas do grupo Os paiacuteses escandinavos tecircm taxas de crescimento relativas

mais elevadas essencialmente entre 1995 e 2005 enquanto a Espanha e a Greacutecia

melhoram o desempenho relativo no segundo e terceiro sub-periacuteodos em especial a

Espanha Em todo o caso registou-se um acentuado abrandamento e do crescimento nos

uacuteltimos cinco anos com a Itaacutelia Sueacutecia Finlacircndia e Portugal a registarem mesmo taxas

crescimento negativas Este fenoacutemeno natildeo pode deixar de ter em conta o iniacutecio da crise

econoacutemica e financeira que teve o seu comeccedilo em 2007-2008

18

Quadro 1 Taxas meacutedias de crescimento anual do PIB real per capita 1985 a 2010

Periacuteodos Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

1985-1995 1639 0940 0555 2140 3600 2698 0970

1995-2005 1682 3377 3243 1128 2025 2591 2831

2005-2010 0025 -0267 0198 -0145 -0441 0207 -0229

1985-2010 1221 1806 1461 1131 2333 2024 1690

Fonte Caacutelculos do autor com base em dados do Banco Mundial

No que diz respeito agrave anaacutelise comparada entre a despesa social dos paiacuteses em

estudo iremos comeccedilar por comparar os niacuteveis de gastos sociais totais2 em percentagem

do PIB ao longo do periacuteodo total 1985-2010 (ver graacutefico 19) Durante todo este periacuteodo

eacute possiacutevel verificar que os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentaram um niacutevel de gastos

sociais totais superior ao dos paiacuteses do Sul Europeu O paiacutes que apresentou um niacutevel de

gastos mais elevado durante a maior parte deste periacuteodo foi a Sueacutecia que apenas o

deixou de ser quando a Dinamarca se assumiu como o paiacutes que mais gastou em despesa

social em 2010 cerca de 306 do PIB Quanto agrave Finlacircndia esta no ano de 2010

tambeacutem ultrapassa a Sueacutecia ao niacutevel de uma maior despesa social Contudo no caso

finlandecircs verifica-se que entre os anos de 1990 e 1992 ocorreu um aumento

consideraacutevel na despesa social ao qual se sucede uma diminuiccedilatildeo gradual dos gastos ateacute

2000 No entanto tal como a Dinamarca e a Sueacutecia este paiacutes apresentava ainda um

niacutevel de gastos superiores ao dos paiacuteses do Sul cerca de 243 do PIB No que respeita

aos paiacuteses da periferia tambeacutem designados paiacuteses do Sul verifica-se que o paiacutes que

mais se conseguiu aproximar do niacutevel de despesa dos paiacuteses da Escandinaacutevia foi a Itaacutelia

que no ano de 2010 gastava cerca de 277 do seu PIB em gastos sociais enquanto que

a Sueacutecia cerca de 283 No entanto verificamos que a Itaacutelia em algumas ocasiotildees foi

ultrapassada pelo niacutevel de gastos da Espanha como eacute o caso do subperiacuteodo entre 1989 e

1996 Quanto aos paiacuteses que canalizaram uma menor percentagem do PIB para a

despesa social verificam-se que estes foram a Espanha Greacutecia e Portugal

Relativamente a estes dois uacuteltimos verificou-se que a Greacutecia apresentava em 1985 um

niacutevel de despesa social consideravelmente maior que Portugal cerca de 161 face aos

101 do PIB de Portugal no entanto essa diferenccedila foi diminuindo Tal resulta de um

2 Os gastos sociais totais incluem a despesa em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado laboral apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social

exceptuando os apoios em educaccedilatildeo

19

evidente aumento da despesa em Portugal e um teacutenue crescimento da Despesa Social

grega chegando Portugal no ano de 2002 a ultrapassar a Greacutecia e no ano de 2010

apresentava um niacutevel de despesa mais elevado de despesa que a Greacutecia cerca de 254

face aos 233 da Greacutecia Na globalidade verificou-se uma tendecircncia de crescimento

contiacutenuo nos paiacuteses escandinavos ateacute ao iniacutecio da deacutecada de 90 seguido de uma

diminuiccedilatildeo ateacute cerca de 2000 No Sul a tendecircncia eacute de crescimento sustentado para a

Greacutecia e Portugal e de oscilaccedilotildees na Espanha e Itaacutelia Eacute tambeacutem notoacuterio que apoacutes a crise

de 2007-08 se verifica de novo um crescimento da despesa relativamente aos paiacuteses do

Norte

No seguimento da anaacutelise comparativa da despesa social em termos globais

efectua-se agora um estudo comparativo entre a despesa do Estado nas vaacuterias

componentes da despesa social educaccedilatildeo sauacutede e protecccedilatildeo social e dentro de estas

com o pagamento de pensotildees de reforma subsiacutedios de invalidez politicas activas do

mercado de trabalho apoios agraves famiacutelias e subsiacutedio de desemprego que correspondem agrave

maioria da despesa social nestes paiacuteses

De acordo com os graacuteficos 20 e 21 os niacuteveis de despesa social quer em sauacutede e

quer em educaccedilatildeo respectivamente dos paiacuteses do Norte face aos do Sul medidos em

percentagem do seu PIB entre 1985 e 2010 satildeo maiores no primeiro grupo de paiacuteses

relativamente ao segundo agrave excepccedilatildeo da Finlacircndia que depois de um periacuteodo de

diminuiccedilatildeo da despesa em sauacutede entre 1992 e 1998 para cerca dos 53 do PIB

verifica de novo um aumento para os 67 verificados em 2010 No entanto situava-se

aqueacutem do verificado em Itaacutelia Espanha e Portugal no mesmo ano que era

respectivamente 73 713 e 712 do PIB Assim sendo a Finlacircndia encontrava-se

soacute a frente da Greacutecia que possuiacutea um niacutevel de gastos de 64 do PIB (ver graacutef 20 e 21)

Nota-se tambeacutem no que diz respeito agrave despesa em sauacutede que a Sueacutecia e a Dinamarca

foram quem mais despenderam nesta aacuterea com niacuteveis de despesa semelhantes Contudo

a partir de 1999 o niacutevel de despesa da Dinamarca passa para frente do da Sueacutecia

tornando-se assim o paiacutes com maior despesa em sauacutede chegando a 2010 a apresentar

um valor de cerca de 94 do PIB face aos 77 da Sueacutecia Eacute importante salientar que

todos os paiacuteses do Sul da Europa verificaram um crescimento sustentado que se traduz

em valores de despesa em sauacutede em percentagem do PIB maiores em 2010 que em

1985 Por fim importa destacar que entre 2009 e 2010 verificou-se uma diminuiccedilatildeo da

despesa para todos os paiacuteses por ventura efeitos da crise que comeccedilou um par de anos

antes

20

No que toca agrave educaccedilatildeo como jaacute foi referido os paiacuteses da Escandinaacutevia

apresentam durante o periacuteodo em anaacutelise um niacutevel de despesa superior nesta mateacuteria em

relaccedilatildeo aos paiacuteses da periferia Neste contexto verificamos que as diferenccedilas relativas

aos niacuteveis de despesa dos vaacuterios paiacuteses em educaccedilatildeo se encontram melhor clarificadas

que as diferenccedilas ao niacutevel da despesa em sauacutede agrave excepccedilatildeo dos anos entre 1987 e 1990

em que os valores da despesa portuguesa foram semelhantes ao da espanhola e dos anos

de 2007 e 2008 em que os valores da Itaacutelia foram semelhantes aos da Espanha Feitas

estas consideraccedilotildees verifica-se a existecircncia de um maior niacutevel de despesa em educaccedilatildeo

por parte da Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia ao longo do periacuteodo e no ano de 2009 o

valor da despesa era respectivamente de 83 72 e 68 do PIB No que toca aos

restantes paiacuteses da amostra os paiacuteses do Sul verificamos que o niacutevel de despesa grego e

portuguecircs foi aumentando chegando o portuguecircs a tornar-se o mais elevado entre os

restantes paiacuteses da periferia a partir de 1994 sem nunca esquecer a ausecircncia de dados

para o ano de 1997 e para a Greacutecia entre 2005 e 2010 No ano de 1994 o valor gasto por

Portugal era cerca de 46 chegando a 2010 aos 56 do PIB Jaacute relativamente agrave Itaacutelia

considerando a quebra de dados para este paiacutes verificamos que esta se encontrava no

topo dos paiacuteses do Sul que mais gastavam nesta aacuterea no entanto como jaacute foi referido

esta foi ultrapassada por Portugal e ateacute mesmo a Espanha a partir de 2007 paiacuteses que

tinham nesse ano respectivamente um niacutevel de gastos de 51 e 434 do PIB face

aos 426 do PIB verificados na Itaacutelia

Relativamente agrave despesa em protecccedilatildeo social entre os paiacuteses em anaacutelise e no

que diz respeito niacutevel gastos em pagamentos de pensotildees de reforma verificamos que

natildeo existe um grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 22) Neste capiacutetulo

verifica-se que em todos os paiacuteses o niacutevel de gastos nesta mateacuteria foi oscilando

Contudo nos subperiacuteodos de 1985-89 e de 1997-2009 este foi mais elevado na Itaacutelia e

a Greacutecia sendo estes ultrapassados apenas entre 1991-95 pela Sueacutecia Estes trecircs paiacuteses

em 2009 ocupavam trecircs das quatro primeiras posiccedilotildees nos gastos em pensotildees

apresentando a Itaacutelia a Greacutecia e a Sueacutecia um niacutevel de gastos de 13 109 e 102

do PIB respectivamente Quanto aos restantes paiacuteses verifica-se que o paiacutes que durante

maior parte do periacuteodo apresentou um niacutevel de despesa mais baixo foi Portugal no

entanto registou um aumento consideraacutevel se em 1985 se encontrava no uacuteltimo posto

com cerca de 33 do seu PIB gasto em pensotildees a partir de 2004 ultrapassou a

Finlacircndia Dinamarca e Espanha apresentando no ano de 2009 uma percentagem de

gastos em pensotildees relativamente ao PIB a rondar os 106 superior ao verificado na

21

Dinamarca (82) na Finlacircndia (102) e Espanha (77) Tal poderaacute ter que ver com

o facto de a populaccedilatildeo em Portugal ter envelhecido a um ritmo mais acelerado que nos

restantes paiacuteses

No que toca aos subsiacutedios de desemprego verificamos tambeacutem que natildeo haacute um

grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 23) Contudo neste capiacutetulo

constata-se que os trecircs paiacuteses que gastaram maior percentagem do PIB em subsiacutedios de

desemprego ao longo do periacuteodo foram a Dinamarca Espanha e Finlacircndia Nestes

paiacuteses verificamos que em 1993 o niacutevel de gastos foi o mais elevado cerca 53 do PIB

no caso dinamarquecircs e de 47 no caso espanhol e finlandecircs sendo uma possiacutevel razatildeo

para esse aumento a crise econoacutemica que ocorreu nesse ano O factor crise econoacutemica

poderaacute tambeacutem ajudar a compreender o porquecirc de na Espanha o niacutevel de gastos ter

subido entre 2008 e 2009 de uma forma abrupta passando dos 22 do PIB para os

35 aumento que poderaacute estar relacionado com a crise econoacutemica de 2007-08 que

poderaacute ter contribuiacutedo para o agravamento da taxa de desemprego espanhola Neste

acircmbito verifica-se tambeacutem que os paiacuteses que apresentaram ao longo deste periacuteodo um

niacutevel de despesa mais reduzido com os subsiacutedios de desemprego foram Portugal Itaacutelia e

Greacutecia que em 2009 eram os que menos gastavam com um niacutevel de despesa de cerca de

07 no caso grego 08 no caso italiano e 12 do PIB no caso portuguecircs Estes

valores ficam bem atraacutes dos verificados no mesmo ano para a Dinamarca (23) e para

a Espanha (35)

Jaacute no que toca agrave despesa social em apoios concedidos agraves famiacutelias em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e em subsiacutedios concedidos a pessoas com incapacidade

verifica-se que os paiacuteses do Norte tecircm um niacutevel de gastos nestas mateacuterias superior ao da

periferia europeia (ver graacuteficos 24 25 e 26) Verifica-se ainda assim uma pequena

excepccedilatildeo no que toca agrave Espanha em que os gastos em poliacuteticas activas no mercado de

trabalho em 1989 e 1990 foram superiores agraves verificadas na Dinamarca que eram cerca

de 08 do PIB face aos 07 despendido pelos dinamarqueses A diferenccedila entre os

dois grupos eacute evidente no caso da despesa relacionada com os apoios agraves famiacutelias onde

se verifica uma diferenccedila consideraacutevel ao longo do periacuteodo de anaacutelise entre o Norte e o

Sul A despesa em aacutereas como as poliacuteticas e com as famiacutelias dentro dos paiacuteses da

Escandinaacutevia foi inicialmente mais elevado na Sueacutecia que chegou a atingir o seu

maacuteximo em 1992 com cerca de 49 do PIB gasto nesta mateacuteria no entanto

progressivamente o niacutevel de despesa da Dinamarca foi-se aproximando da Sueacutecia

chegando ateacute a ultrapassar esta em 1995 No que diz respeito agrave Finlacircndia verificou-se

22

que dos trecircs paiacuteses que compotildeem a Escandinaacutevia eacute aquele que apresenta um niacutevel mais

baixo durante maior parte do periacuteodo em anaacutelise mas no entanto superior aos paiacuteses do

Sul como jaacute foi dito Existe contudo uma excepccedilatildeo para este paiacutes que acontece no ano

de 1994 quando este consegue ser o paiacutes que mais gasta nesta aacuterea cerca de 44 do

PIB superior aos gastos suecos que foram cerca de 43 e dos dinamarqueses cerca de

39 Quanto aos gastos em poliacuteticas activas do mercado de trabalho as diferenccedilas jaacute

natildeo satildeo tatildeo evidentes mas no entanto relativamente aos paiacuteses do Sul verificamos ao

longo de todo o periacuteodo que os paiacuteses que foram apresentando consecutivamente

valores mais elevados de despesa nesta mateacuteria foram Portugal e Espanha que entre

1985 e 2009 sofreram oscilaccedilotildees relativamente aos valores despendidos no entanto em

2009 estes gastavam cerca de 08 e 09 respectivamente um valor mais elevado que

o verificado para a Itaacutelia (04) e para a Greacutecia (02) paiacuteses que ao longo do periacuteodo

observado se ficaram pelos uacuteltimos lugares

Por uacuteltimo abordamos as diferenccedilas entre o Norte e o Sul ao niacutevel de gastos em

pensotildees por incapacidade (ver graacutef 26) Como jaacute foi referido verificamos que o niacutevel

de gastos nesta aacuterea eacute superior no Norte em relaccedilatildeo ao Sul Assim sendo verificamos

que a Sueacutecia e a Finlacircndia foram alternando a lideranccedila relativamente aos paiacuteses que

mais despenderam nestes apoios Entre 1985-91 e 1997-2009 a Sueacutecia realizou um niacutevel

de despesa mais elevado que a Finlacircndia apresentando em 1991 um niacutevel a rondar os

53 face ao gasto pela Finlacircndia que foi cerca de 49 Jaacute em 2009 o niacutevel de gastos

da Sueacutecia foi de 5 do seu PIB maior que o verificado na Finlacircndia 41 enquanto

que para o restante periacuteodo o niacutevel de gastos finlandecircs foi sempre superior ao sueco A

Dinamarca foi dos paiacuteses escandinavos aquele que ao longo da maior parte deste

periacuteodo menos gastou no entanto a partir de 2001 esta ultrapassou o niacutevel de gastos da

Finlacircndia apresentando um niacutevel de despesa de cerca de 38 do PIB face aos 37

verificados no caso finlandecircs Esta ultrapassagem deu-se natildeo soacute pela subida dos gastos

em da Dinamarca nesta aacuterea mas tambeacutem por uma descida da despesa finlandesa No

que toca aos paiacuteses do Sul verificamos que quem gastou relativamente mais durante a

maior parte do periacuteodo entre 1985 e 2009 em subsiacutedios atribuiacutedos a incapacitados

foram Espanha Portugal Itaacutelia e a Greacutecia respectivamente agrave excepccedilatildeo do subperiacuteodo

entre 1985 e 1989 em que a Itaacutelia teve um niacutevel de gastos superiores ao de Portugal

Estes paiacuteses no ano de 2009 apresentavam um niacutevel de gastos a rondar os 27 do PIB

no caso espanhol os 21 no caso portuguecircs os 19 no caso italiano e os 1 no caso

23

grego valores que apesar de serem mais baixos que os verificados nos paiacuteses do Norte

da Europa satildeo mais elevados que os verificados em 1985 para estes paiacuteses

Por fim concluiacutemos esta secccedilatildeo com uma anaacutelise quantitativa muito simples e

preliminar da relaccedilatildeo entre a despesa social e o crescimento econoacutemico que corresponde

ao caacutelculo dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre os vaacuterios tipos de despesa social e o PIB

real per capita e a sua taxa de crescimento De acordo com a revisatildeo da literatura

realizada na secccedilatildeo 2 espera-se que exista uma correlaccedilatildeo positiva entre a despesa

social e o niacutevel de crescimento do PIB na medida ou seja para que esta contribua

efectivamente para uma reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo do rendimento e da

pobreza mas tambeacutem porque certos tipos de despesa social tais como educaccedilatildeo sauacutede

mas tambeacutem os apoios agrave famiacutelia contribuem directamente para a acumulaccedilatildeo de capital

humano Contudo aceitando o argumento de que o financiamento necessaacuterio introduz

distorccedilotildees na actividade econoacutemica que por exemplo desincentivam o trabalho e o

investimento por parte das empresas a correlaccedilatildeo obtida pode ter um sinal negativo Da

mesma forma se despesas como o subsiacutedio de desemprego constituiacuterem um

desincentivo a realizar maior esforccedilo no trabalho tambeacutem o sinal poderaacute ser negativo

Em uacuteltima anaacutelise poderaacute natildeo existir qualquer correlaccedilatildeo se os efeitos de sinal contraacuterio

se compensarem exactamente Finalmente natildeo devemos esquecer que correlaccedilatildeo natildeo

significa causalidade pelo que o sinal obtido se pode dever agrave influecircncia do produto

sobre a despesa social ou agrave influecircncia muacutetua

Com auxiacutelio do Quadro 2 onde se encontram os resultados relativos aos

coeficientes de correlaccedilatildeo entre despesa social e o PIB real per capita verificamos que

tendo em conta os dados disponiacuteveis para todos os paiacuteses e anos os coeficientes de

correlaccedilatildeo entre as vaacuterias despesas sociais e o PIB real per capita satildeo todos positivos

quer no que respeita agrave despesa social total quer agraves suas diferentes componentes Os

coeficientes de correlaccedilatildeo mais elevados dizem respeito agraves despesas em educaccedilatildeo e

sauacutede respectivamente 0833 e 0791 podendo argumentar-se que isto se deve ao seu

contributo directo para a acumulaccedilatildeo de capital humano e que este factor possa ter

trazido ganhos de produtividade agraves economias conforme a literatura econoacutemica defende

Quanto ao efeito das vaacuterias componentes de despesa social em protecccedilatildeo social

verificamos que as aacutereas que possuem um coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado satildeo a

despesa em apoios atribuiacutedos agraves famiacutelias os subsiacutedios atribuiacutedos aos incapacitados e as

poliacuteticas activas do mercado de trabalho (0764 0648 e 0626 respectivamente) A

correlaccedilatildeo mais elevada na primeira e terceira dimensotildees referidas poderaacute ter que ver

24

com o seu papel na reduccedilatildeo da desigualdade e pobreza das famiacutelias mais pobres e dos

incentivos criados juntos das empresas para que estas empreguem mais trabalhadores

No que diz respeito aos subsiacutedios concedidos agraves famiacutelias estes ajudam ao aumento do

rendimento das mesmas e tal como foi dito anteriormente poderaacute ter-se traduzido no

aumento do consumo privado daiacute haver uma relaccedilatildeo positiva com o PIB per capita No

meacutedio-longo prazo pode tambeacutem permitir agraves famiacutelias investir mais no capital humano

dos seus filhos e desta forma contribuir para o aumento do PIB Nas restantes aacutereas

gastos com subsiacutedios de desemprego ou em pensotildees tambeacutem possuem uma relaccedilatildeo

positiva com o PIB per capita indicando que toda a despesa realizada pelos vaacuterios

paiacuteses ao longo deste periacuteodo foi importantes para o aumento do produto na medida em

que estas se incidiram sobre os indiviacuteduos que possuem um niacutevel de rendimento mais

baixo dando um estimulo ao consumo traduzindo-se isso no aumento do produto como

jaacute vimos anteriormente Contudo nestes casos os coeficientes de correlaccedilatildeo de 0424 e

0220 respectivamente satildeo bastante inferiores indicando que poderatildeo estar em

actuaccedilatildeo efeitos de sinal negativo que reduzem a correlaccedilatildeo positiva final

Nomeadamente os gastos com pensotildees e subsiacutedios de desemprego podem estar a

desviar a despesa de outras funccedilotildees sociais com um impacto mais directo sobre a

produtividade como a educaccedilatildeo e a sauacutede

Quadro 2 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social e componentes e o niacutevel

do PIB real per capita 1985-2010 (todos os dados disponiacuteveis)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB) PIB real

per capita

Total 0747

Sauacutede 0791

Educaccedilatildeo 0833

Pensotildees de reforma 0220

Pensotildees por incapacidade 0648

Apoios agraves Famiacutelias 0764

Poliacuteticas Activas do Mercado de Trabalho 0626

Subsiacutedio de Desemprego 0424

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

25

A anaacutelise de correlaccedilatildeo anterior apesar de interessante natildeo permite ter uma

ideia muito rigorosa da existecircncia ou natildeo de causalidade entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico uma vez que se baseia em valores correntes quer da despesa

quer do PIB e como vimos os paiacuteses mais ricos tendem tambeacutem a gastar mais com as

funccedilotildees sociais Por outro lado em termos de efeitos permanentes sobre a taxa de

crescimento eacute mais rigoroso calcular a correlaccedilatildeo entre a despesa e a taxa de

crescimento do PIB real per capita De forma a ter em conta a questatildeo da causalidade

inversa no quadro 2 satildeo apresentados os coeficientes de correlaccedilatildeo entre a meacutedia da

despesa social realizada nos sete paiacuteses no periacuteodo de 1985 a 1999 e o crescimento

meacutedio do PIB verificado nos dez anos seguintes 2000-2010

De acordo com a informaccedilatildeo que consta do quadro 3 o sinal dos coeficientes de

correlaccedilatildeo varia agora consoante o tipo de despesa considerada Relativamente agrave

despesa social total o coeficiente eacute negativo embora natildeo muito elevado -02779 A

justificaccedilatildeo mais imediata para este sinal poderaacute ter a ver com o facto do financiamento

necessaacuterio ter introduzido distorccedilotildees na actividade econoacutemica que prejudicaram o

crescimento Contudo torna-se mais informativo olhar para as diferentes componentes

da despesa social

No que respeita aos coeficientes por tipo de despesa como seria de esperar dada

a consensual relaccedilatildeo entre as despesas em educaccedilatildeo e sauacutede com o crescimento

econoacutemico por via do seu impacto sobre a acumulaccedilatildeo de capital humano3 o sinal eacute

positivo embora de magnitude reduzida 01356 e 00115 respectivamente em especial

no caso das despesas em sauacutede Estes resultados indicam tambeacutem que os coeficientes de

correlaccedilatildeo anteriores contecircm realmente informaccedilatildeo sobre a influecircncia positiva no niacutevel

de rendimento sobre as despesas sociais em educaccedilatildeo e sauacutede O outro coeficiente de

correlaccedilatildeo positivo diz respeito agrave despesa com subsiacutedios de desemprego sendo ateacute a

correlaccedilatildeo mais forte do que nos dois casos anteriores 01733 Isto pode indicar que a

existecircncia deste apoio constituiu um incentivo ao trabalho pela seguranccedila que permite

aos trabalhadores estimulando tambeacutem os mesmos a apostar na sua formaccedilatildeo porque

protegidos em caso de desemprego

Quanto ao impacto negativo das restantes componentes da despesa social

verifica-se que as despesas que apresentam um coeficiente menos negativo satildeo as

pensotildees de reforma e por incapacidade -02298 e -03338 respectivamente enquanto

3 Como vimos na secccedilatildeo 3 o estado de sauacutede mas em especial o niacutevel de escolaridade da populaccedilatildeo

dos paiacuteses escandinavos foram em geral superiores ao dos paiacuteses do Sul ao longo do periacuteodo em anaacutelise

26

ainda menos esperado a correlaccedilatildeo negativa mais forte acontece no caso das poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias -03794 e -03671 respectivamente

No caso das pensotildees de reforma e por incapacidade o sinal natildeo eacute inesperado dado o

esforccedilo que exigem em termos de financiamento e o seu papel mais indirecto na

promoccedilatildeo do crescimento econoacutemico sobretudo via a reduccedilatildeo da desigualdade e da

pobreza No caso das poliacuteticas activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias os

resultados satildeo inesperados a dois niacuteveis sinais e magnitude relativa superior Esperar-

se-ia um sinal positivo face ao descrito logo no iniacutecio da anaacutelise de correlaccedilatildeo ou pelo

menos natildeo tatildeo negativo como nos outros dois casos uma vez que em qualquer situaccedilatildeo

o financiamento necessaacuterio pode ter impacto negativo sobre o crescimento do produto

Quadro 3 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social meacutedia (1985-1999) e a

taxa meacutedia de crescimento do PIB real per capita (2000-2010)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB)

Meacutedia 1985-1999 Taxa meacutedia de crescimento anual do PIB real per capita

(2000-10)

Total -02779

Sauacutede 00115

Educaccedilatildeo 01356

Pensotildees de reforma -02298

Pensotildees por incapacidade -03338

Apoios agraves Famiacutelias -03671

Poliacuteticas Activas do Mercado de

Trabalho -03794

Subsiacutedio de Desemprego 01733

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

Em jeito de conclusatildeo os resultados apontam para uma relaccedilatildeo positiva entre a

despesa social nas vaacuterias aacutereas analisadas e o niacutevel do PIB per capita entre 1985 e 2010

o que eacute indiciador de que estatildeo em actuaccedilatildeo mecanismos de influecircncia da despesa social

que promovem um aumento do niacutevel de rendimento nomeadamente via acumulaccedilatildeo de

capital humano atraveacutes das despesas em educaccedilatildeo e sauacutede Contudo uma anaacutelise mais

rigorosa em termos de possiacuteveis impactos permanentes sobre a taxa de crescimento

econoacutemico revela que os resultados podem divergir bastante em termos de sinal e

magnitude atendendo ao tipo de despesa social considerada Os resultados deste estudo

27

apontam tambeacutem para valores que alguns casos podem ser contraacuterios aos verificados

pelos estudos empiacutericos descritos na secccedilatildeo 2 Tal poderaacute estar relacionado com a

amostra de paiacuteses utilizada assim como o periacuteodo de anaacutelise e metodologia utilizada

5 Conclusotildees

Este trabalho propocircs-se a reflectir sobre a relaccedilatildeo entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico tendo por base a comparaccedilatildeo de dois grupos de paiacuteses

pertencentes agrave Uniatildeo Europeia a Escandinaacutevia e o Sul da Europa A niacutevel teoacuterico as

previsotildees acerca da relaccedilatildeo entre Estado Social e crescimento econoacutemico divergem

sendo possiacutevel encontrar argumentos que justificam a existecircncia de uma relaccedilatildeo

positiva outros que apoiam a verificaccedilatildeo de uma relaccedilatildeo negativa e outros ainda que

apontam no sentido de ausecircncia de qualquer relaccedilatildeo Estas diferentes hipoacuteteses parecem

indicar que cabe agrave anaacutelise empiacuterica determinar o sinal da relaccedilatildeo e o respectivo

contexto

Constituindo uma anaacutelise ainda exploratoacuteria o presente trabalho recorreu a uma

anaacutelise de estatiacutestica descritiva de um conjunto variado de indicadores relevantes para o

periacuteodo de 1985 a 2010 sempre que possiacutevel para analisar empiricamente a relaccedilatildeo

entre despesa social e crescimento econoacutemico

De forma a analisar esta relaccedilatildeo em termos mais detalhados aquela foi

desagregada em diferentes componentes tendo sido utilizados dados relativos a

despesas em educaccedilatildeo sauacutede e em vaacuterias componentes da despesa com a protecccedilatildeo

social como os subsiacutedios de desemprego e incapacidade apoios agraves famiacutelias gastos em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho e em pensotildees de reforma Foram calculados os

coeficientes de correlaccedilatildeo destas com o niacutevel do PIB real per capita numa tentativa de

confirmaccedilatildeo muito preliminar do sinal esperado para a relaccedilatildeo bem como os

coeficientes de correlaccedilatildeo entre os valores meacutedios da despesa das vaacuterias variaacuteveis entre

1985 e 1999 com a taxa de crescimento do PIB per capita entre 2000-10 Os

coeficientes de correlaccedilatildeo no uacuteltimo caso poderatildeo ajudar a compreender se o niacutevel de

gastos verificado entre 1985-99 contribuiacuteram para o crescimento econoacutemico verificado

na deacutecada seguinte

Verificou-se que ao longo do periacuteodo em anaacutelise a despesa social em

percentagem do PIB agregada e nas diferentes aacutereas teve um aumento relativo entre

1985 e 2010 mas no entanto aquela foi sempre mais elevada nos paiacuteses Escandinavos

tendo estes paiacuteses registado tambeacutem valores mais elevados do PIB real per capita

28

relativamente aos paiacuteses do Sul Os resultados apontam para que todas as dimensotildees se

correlacionam positivamente com o niacutevel de rendimento per capita sendo de destacar

que a educaccedilatildeo eacute a componente com coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado seguida

das despesas com sauacutede o que parece confirmar a influecircncia deste tipo de despesa sobre

o comportamento do produto via acumulaccedilatildeo de capital humano No que respeita ao

possiacutevel efeito da despesa social sobre a taxa de crescimento do PIB real per capita o

sinal do coeficiente de correlaccedilatildeo manteacutem-se positivo mas de magnitude bastante

inferior ao dos casos anteriores enquanto a correlaccedilatildeo apresenta um sinal negativo no

caso da despesa social total A correlaccedilatildeo eacute tambeacutem negativa para as diferentes

componentes da despesa como a protecccedilatildeo social com excepccedilatildeo do subsiacutedio de

desemprego Estes resultados apoiam assim a necessidade de ao estudar a relaccedilatildeo entre

Estado Social e crescimento econoacutemico levar a cabo uma anaacutelise desagregada uma vez

que os mecanismos de transmissatildeo podem variar consoante o tipo de despesa social

pelo que a anaacutelise agregada eacute difiacutecil de interpretar em termos econoacutemicos

Em suma o presente estudo poderaacute ajudar a compreender de forma preliminar

como os gastos sociais interagem com o crescimento econoacutemico e quais as aacutereas que

tecircm contribuiacutedo de forma positiva ou negativa para o mesmo Contudo natildeo poderaacute

deixar de se ter em conta a capacidade de outros factores poderem afectar a

performance da economia assim como natildeo se deve negligenciar a importacircncia dos

gastos sociais para a convergecircncia econoacutemica dos paiacuteses do Sul para com os paiacuteses do

Norte da Europa De forma a poder generalizar a anaacutelise e tirar conclusotildees mais

robustas em relaccedilatildeo ao sentido da causalidade e mecanismos de transmissatildeo no futuro

seraacute necessaacuterio utilizar meacutetodos de inferecircncia estatiacutestica adequados e amostras mais

alargadas de paiacuteses

29

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30

Anexos

Graacutefico 1 PIB per capita a preccedilos constantes de 2005 entre 1985 e 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 2 Esperanccedila meacutedia de vida 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

31

Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em

cada 1000 nascimentos) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total

da populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB ()1985 e 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

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Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes 2003 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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36

Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010

Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A

despesa Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte OCDE

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009

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Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

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sustentabilidade financeira deste mecanismo sem comprometer o seu futuro No acircmbito

da sustentabilidade financeira deste mecanismo alguns autores tais como Damerou

(2011) consideram o PIB real per capita determinante natildeo soacute em termos do niacutevel de

bem-estar de uma sociedade mas tambeacutem para fazer diminuir as pressotildees financeiras

sobre a Seguranccedila Social em resultado dos actuais indicadores demograacuteficos que

apontam para um aumento da esperanccedila meacutedia de vida e da diminuiccedilatildeo da natalidade

Estes indicadores segundo o mesmo autor tecircm impacto directo na sustentabilidade

financeira da Seguranccedila Social na medida em que esta ao ser financiada na sua maioria

pela populaccedilatildeo activa a sua diminuiccedilatildeo poderaacute gerar um problema de financiamento

que colocaraacute em causa o actual funcionamento deste sistema daiacute a importacircncia de

existir um niacutevel de riqueza elevado para que possa ser continuada a poliacutetica de

protecccedilatildeo social Assim o niacutevel e a evoluccedilatildeo do produto influenciam de alguma forma o

comportamento da despesa social

De um ponto de vista econoacutemico a poliacutetica de protecccedilatildeo social e da despesa

associada pode ter impactos importantes nomeadamente aceitando a posiccedilatildeo teoacuterica de

que niacuteveis elevados de desigualdade e pobreza tecircm impactos negativos no crescimento

econoacutemico ou seja na criaccedilatildeo de riqueza de uma economia no longo prazo Por outro

lado a literatura econoacutemica tambeacutem aponta para que o crescimento econoacutemico apesar

de aumentar as desigualdades em fases iniciais possa diminuir a pobreza como referem

Barrientos e Scott (2008 p9) ldquoum forte crescimento econoacutemico eacute essencial para a

reduccedilatildeo da pobreza e eacute estimado que cerca de 80 da diminuiccedilatildeo da pobreza ocorrida

na deacutecada de 80 tenha sido conseguida atraveacutes do crescimento econoacutemicordquo

Na perspectiva dos modelos de crescimento exoacutegeno como o que foi

desenvolvido por Solow (1956) este com a criaccedilatildeo do seu modelo de crescimento

econoacutemico afirmou que a taxa de crescimento de longo prazo natildeo eacute influenciada pela

despesa em protecccedilatildeo social uma vez que o crescimento econoacutemico apenas eacute afectado

por factores demograacuteficos e tecnoloacutegicos exoacutegenos ao modelo Jaacute na perspectiva de

alguns modelos de crescimento endoacutegeno estes segundo Damerou (2011) apontam

para que a desigualdade na distribuiccedilatildeo do rendimento iniba o crescimento econoacutemico

como jaacute fora dito anteriormente Este mesmo autor recorrendo ao trabalho de Solimano

(2000) afirma que a instabilidade poliacutetica trazida pelas desigualdades podem levar a

uma diminuiccedilatildeo do investimento puacuteblico e do investimento privado das famiacutelias com

baixos rendimentos podendo tal reflectir-se num niacutevel de produto mais baixo

5

Apesar do Estado Social visar em primeiro lugar a protecccedilatildeo dos mais

desprotegidos economicamente ou que enfrentam situaccedilotildees inesperadas com o

desemprego ou doenccedila pode em simultacircneo potenciar o crescimento econoacutemico Neste

acircmbito Furceri e Zdzienicka (2012) defendem a existecircncia de alguns mecanismos

atraveacutes dos quais a despesa social potencia o crescimento do produto Segundo estes

autores a criaccedilatildeo de poliacuteticas que incidam de uma forma activa no mercado de trabalho

podem levar ao aumento do produto atraveacutes da criaccedilatildeo de emprego assim como o

aumento dos gastos sociais ao niacutevel de indiviacuteduos com baixos rendimentos e com

dificuldades na obtenccedilatildeo de creacutedito poderaacute estar relacionado com o aumento do

consumo privado uma vez que o aumento de rendimento incentiva ao aumento da

procura por parte das famiacutelias estimulando as empresas a produzir e aumentando assim

o produto de um paiacutes Outro autor que defende em parte estas ideias eacute Damerou (2011)

que afirma que os gastos em subsiacutedios de desemprego ou em prestaccedilotildees concedidas a

famiacutelias com crianccedilas por exemplo poderatildeo para aleacutem de reduzir as desigualdades de

rendimentos levar ao aumento do consumo das famiacutelias Assim a despesa social

permite agraves empresas tomar decisotildees de investimento pois sabem que teratildeo procura e

desta forma levar a um aumento da capacidade produtiva ou seja ao crescimento

econoacutemico

Por sua vez a concessatildeo de apoios em outras aacutereas como a educaccedilatildeo ou sauacutede

poderatildeo contribuir para a acumulaccedilatildeo de capital humano1 que em conjunto com o

capital fiacutesico e em especial nas economias modernas que querem o seu crescimento

baseado no conhecimento poderaacute ter impacto positivo no comportamento das

economias A acumulaccedilatildeo de capital humano pode traduzir-se em ganhos de

produtividade a niacutevel agregado pois os trabalhadores adquirem competecircncias teacutecnicas e

fiacutesicas que lhes permitiratildeo desempenhar as suas funccedilotildees de uma forma mais eficiente

mas que tambeacutem se transmitem a outros que com eles trabalhem tornando assim a taxa

de retorno dos investimentos individuais em sauacutede e educaccedilatildeo maior para a sociedade

do que para os indiviacuteduos Por outro lado nas economias baseadas no conhecimento em

que o progresso teacutecnico eacute o principal motor do crescimento econoacutemico o capital

1 De acordo com a OCDE (1998) o capital humano pode ser definido como ldquoo conhecimento as

aptidotildees as competecircncias e outros atributos incorporados nos indiviacuteduos que satildeo relevantes para a

actividade econoacutemicardquo Por outro lado como refere Gonccedilalves (2002 p10) citando Shuller (2000) o

ldquocapital humano baseia-se no comportamento econoacutemico dos indiviacuteduos especialmente na forma como a

respectiva acumulaccedilatildeo de conhecimento e aptidotildees permite aumentar a sua produtividade e os seus

ganhos bem como aumentar a produtividade e sauacutede das sociedades em que vivemrdquo

6

humano eacute um factor de produccedilatildeo de novas ideias logo essencial para garantir um

crescimento econoacutemico sustentaacutevel

Um outro factor que poderaacute em conjunto com o capital humano potenciar o

crescimento econoacutemico eacute o capital social Neste aspecto a existecircncia de um Estado

Social que desempenhe de forma adequada as suas funccedilotildees poderaacute contribuir para a

acumulaccedilatildeo de capital social Gonccedilalves (2002 p32) citando Shuller (2000) descreve

o capital social como sendo ldquobaseado em termos de organizaccedilotildees normas e confianccedila e

o modo como as uacuteltimas permitem aos agentes e instituiccedilotildees serem mais eficientes na

obtenccedilatildeo de objectivos comunsrdquo

Relativamente ao impacto do capital social no crescimento econoacutemico Bergh

(2011) afirma que estudos recentes apontam para que o niacutevel de confianccedila possa

explicar como os paiacuteses como a Sueacutecia podem se desenvolver e continuar os seus

abrangentes sistemas de promoccedilatildeo do bem-estar social apesar do risco de evasatildeo fiscal

ou de uma maacute distribuiccedilatildeo dos apoios Bergh (2011) tambeacutem salienta a existecircncia de

estudos que comprovam que a confianccedila tem impacto positivo na economia sendo este

ilustrado atraveacutes de um exemplo comparativo entre a Sueacutecia e os EUA onde 64 de

suecos acham que podem confiar uns nos outros em detrimento dos apenas 41 de

americanos que acham o mesmo podendo levar a que a economia sueca cresccedila

anualmente mais 05 pontos percentuais que os EUA

No entanto a literatura econoacutemica natildeo constata apenas que existem efeitos

positivos entre a despesa social e o crescimento econoacutemico No que diz respeito agrave

relaccedilatildeo negativa entre estas duas variaacuteveis autores como Izaacutek (2011) afirmam que a

distribuiccedilatildeo dos subsiacutedios e de outros apoios por parte do Estado e Social diminuem o

crescimento econoacutemico devido aos incentivos negativos que estes transmitem aos

agentes econoacutemicos por exemplo ao niacutevel dos desincentivos ao trabalho contribuindo

assim para a diminuiccedilatildeo da produtividade e do crescimento Para aleacutem deste autor

Furceri e Zdzieniecka (2012) apontam para que o crescimento da despesa social possa

estar relacionado com os incentivos agrave reforma antecipada e com os subsiacutedios de

invalidez que levam a uma diminuiccedilatildeo da forccedila de trabalho traduzindo-se essa

diminuiccedilatildeo num efeito negativo no crescimento do produto

No que respeita a estudos empiacutericos sobre a relaccedilatildeo entre despesa social e o

crescimento econoacutemico os resultados natildeo satildeo conclusivos com alguns estudos

empiacutericos a apontar para uma relaccedilatildeo positiva e outros para uma relaccedilatildeo de sinal

negativo dependo do tipo de despesa e do niacutevel de desenvolvimento do paiacutes a que nos

7

referimos De forma a compreender a relaccedilatildeo entre despesa social do Estado e

crescimento econoacutemico Afonso e Allegre (2008) no seu trabalho empiacuterico recorreram

a dados referentes a despesa social em 27 paiacuteses europeus e procuraram atraveacutes de um

estudo economeacutetrico verificar se esta contribuiacutea para o crescimento econoacutemico dos

mesmos paiacuteses Os resultados deste estudo apontaram para a existecircncia de um impacto

negativo entre os gastos em educaccedilatildeo e em protecccedilatildeo social no crescimento econoacutemico

mas tambeacutem para um efeito positivo da despesa em educaccedilatildeo no crescimento

econoacutemico De forma a estudar mais uma vez os efeitos entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico Izaacutek (2011) desenvolveu um estudo que assentava no caacutelculo

dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre valores meacutedios da despesa social em aacutereas como a

educaccedilatildeo sauacutede e protecccedilatildeo social e taxa de crescimento do PIB No entanto o periacuteodo

em anaacutelise foi relativamente curto devido agrave falta de dados sendo os dados da despesa

social referentes ao periacuteodo entre 2002 e 2006 e as estimativas de crescimento para o

periacuteodo de 2006 a 2008 Para realizar este estudo foram utilizados dados agregados

relativos agraves despesas sociais dos 25 paiacuteses pertencentes agrave UE a partir de 2004 a que

deram o nome de EU-25 Contudo para analisar esta a relaccedilatildeo entre despesa social e

crescimento econoacutemico a amostra de 25 paiacuteses foi separada em duas sendo a primeira

relativa aos 15 paiacuteses pertencentes agrave UE a partir de Janeiro de 1995 os EU-15 e a

segunda aos 10 que passaram a pertencer a partir de Maio de 2004 os denominados EU-

10

Os resultados do estudo apontam para valores negativos ao niacutevel do coeficiente

de correlaccedilatildeo entre a despesa social em termos globais das trecircs amostras e o crescimento

econoacutemico sendo que como salienta o mesmo autor o coeficiente de correlaccedilatildeo eacute mais

baixo nos paiacuteses que constituem o primeiro grupo e mais alto nos paiacuteses que mais

recentemente formam parte da UE

Izaacutek (2011) procurou tambeacutem estudar os efeitos das vaacuterias componentes da

despesa social ao niacutevel do crescimento econoacutemico Para o efeito foi calculado o

coeficiente de correlaccedilatildeo entre a despesa em protecccedilatildeo social a despesa em educaccedilatildeo e

por fim entre a despesa em sauacutede e o crescimento econoacutemico Os resultados do autor

enfatizam que a despesa social em qualquer destas aacutereas tem um impacto negativo no

crescimento econoacutemico verificaacutevel em todos os grupos analisados sendo reforccedilado o

facto surpreendente de haver uma correlaccedilatildeo negativa entre a despesa em sauacutede e o

crescimento econoacutemico

8

Outros estudos relativos ao impacto da despesa social no crescimento econoacutemico

foram desenvolvidos como eacute o caso de Wang (2011) que se foca na estimaccedilatildeo da

relaccedilatildeo entre a despesa do Estado na aacuterea da sauacutede e o crescimento econoacutemico para

uma amostra de 20 paiacuteses em desenvolvimento entre 1990 e 2009 O autor analisa a

relaccedilatildeo existente entre os gastos em sauacutede e o PIB atraveacutes do teste de cointegraccedilatildeo em

painel de Engle-Granger Os resultados apontam para a existecircncia de causalidade

bilateral ou seja para que o crescimento econoacutemico esteja relacionado com o aumento

dos gastos em sauacutede e para que os gastos em sauacutede tenham um impacto positivo no

crescimento econoacutemico Neste aspecto os resultados demonstram que no longo prazo

os gastos em sauacutede podem levar ao crescimento do produto ilustrando a importacircncia

dos apoios do Estado no sector da sauacutede para criar uma populaccedilatildeo fisicamente mais apta

e produtiva

Uma outra anaacutelise empiacuterica foi realizada por Baldacci et al (2004) que

relacionaram a despesa social com o capital humano na forma de educaccedilatildeo e sauacutede e o

seu impacto no crescimento econoacutemico usando dados em painel relativos a 120 paiacuteses

em vias de desenvolvimento para o periacuteodo de 1975 a 2000 Para a anaacutelise da relaccedilatildeo

recorreram a um estudo economeacutetrico sob a forma de um sistema de quatro equaccedilotildees

relativas ao crescimento do rendimento per capita ao investimento educaccedilatildeo e sauacutede

Com o estudo pretenderam demonstrar que as despesas sociais em sauacutede e em educaccedilatildeo

tinham um contributo positivo para acumulaccedilatildeo de capital humano que se veio a provar

como verdadeiro assim como o efeito positivo daquele no crescimento econoacutemico

Furceri e Zdzienicka (2012) investigam os efeitos dos gastos sociais no

crescimento econoacutemico num conjunto de paiacuteses pertencentes agrave OCDE para o periacuteodo

entre 1980 e 2005 Os autores recorrem a uma regressatildeo economeacutetrica concluindo que

um aumento de 1 no niacutevel de gastos sociais leva a um aumento do crescimento

econoacutemico em cerca de 012 pontos percentuais apoacutes um ano Numa segunda fase

utilizaram uma outra regressatildeo economeacutetrica tendo como objectivo estudar o impacto

da despesa social no crescimento econoacutemico com a inclusatildeo de alguns desfasamentos

do PIB verificando que no caso de um aumento de 1 dos gastos sociais em

percentagem do PIB leva a que o produto aumente em cerca de 057 pontos percentuais

sendo que as aacutereas que mais contribuiacuteram para este aumento foram os gastos em sauacutede e

com os subsiacutedios de desemprego

Outros estudos como o de Andrade et al (2013) procuraram estudar a relaccedilatildeo

entre as despesas em sauacutede e educaccedilatildeo e o crescimento econoacutemico Recorreram a uma

9

amostra de paiacuteses de vaacuterias regiotildees do mundo onde foram excluiacutedos os ex-paiacuteses

socialistas os paiacuteses que produzem essencialmente petroacuteleo e os que tinham vivido ateacute

haacute pouco tempo conflitos armados Separaram-se os paiacuteses tendo em conta o seu niacutevel

de rendimento e desenvolveram um estudo economeacutetrico para verificar o efeito da

despesa entre educaccedilatildeo e sauacutede na variaacutevel dependente PIB real per capita Os

resultados mostram de forma incontestaacutevel que os gastos em educaccedilatildeo e sauacutede tecircm

efeitos positivos no crescimento do PIB per capita de qualquer dos grupos de paiacuteses

Por fim Fic e Ghate (2005) desenvolveram um estudo com o intuito de

averiguar a relaccedilatildeo entre o Estado Social e o crescimento econoacutemico para uma amostra

de 19 paiacuteses pertencentes agrave OCDE entre os quais se incluiacuteam paiacuteses como a Dinamarca

Finlacircndia e a Sueacutecia entre 1950 e 2001 Este estudo utilizou um modelo dinacircmico de

crescimento desenvolvido anteriormente por um dos autores Ghate e Zak (2002) que

permitiu chegar agrave conclusatildeo de que a razatildeo para haver uma quebra no crescimento

econoacutemico poderaacute estar relacionado com o Estado Social Tal se justifica segundo os

autores pelo facto de no periacuteodo que antecede a quebra de crescimento a elevada taxa

de crescimento que se verifica induzir ao crescimento da despesa social Ao longo do

tempo o aumento do Estado Social leva assim agrave diminuiccedilatildeo do crescimento econoacutemico

que no Longo Prazo espera-se que leve agrave reduccedilatildeo do Estado Social Os resultados

segundo os autores sugerem que paiacuteses com um baixo crescimento econoacutemico tenham

que fazer cortes ao niacutevel da despesa com o Estado Social Estes consideram que o iniacutecio

da deacutecada de 70 foi o periacuteodo no qual foi mais visiacutevel esta relaccedilatildeo pois o baixo

crescimento econoacutemico verificado entre 1970 e 1975 foi o precedido da existecircncia de

um Estado Social de dimensotildees consideraacuteveis

Em jeito de conclusatildeo verificamos que os resultados dos estudos desenvolvidos

por Andrade et al (2013) e Baldacci et al (2004) apontam para um efeito positivo entre

a despesa social em educaccedilatildeo e sauacutede e o crescimento econoacutemico Furceri e Zdzienicka

(2012) considerando a despesa social em todas as aacutereas de intervenccedilatildeo do Estado Social

tambeacutem apontam para o contributo positivo desta no crescimento econoacutemico Quanto ao

estudo desenvolvido por Izaacutek (2011) este aponta para uma relaccedilatildeo negativa entre as

vaacuterias componentes da despesa social e o crescimento econoacutemico Os resultados

opostos podem ser fruto do niacutevel de desenvolvimento da amostra de paiacuteses utilizada

pois parece que a utilizaccedilatildeo de paiacuteses mais desenvolvidos apontam para um efeito

negativo e a utilizaccedilatildeo de alguns paiacuteses em desenvolvimento aponte para um efeito

positivo

10

3 Caracterizaccedilatildeo econoacutemico-social dos paiacuteses em anaacutelise

Neste ponto seraacute feita uma caracterizaccedilatildeo econoacutemico-social dos paiacuteses em

anaacutelise Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia trecircs paiacuteses escandinavos onde o Estado Social

haacute muito eacute uma realidade e Portugal Espanha Itaacutelia e Greacutecia paiacuteses da chamada

periferia Europeia onde o Estado social eacute uma realidade mais recente essencialmente

desde os meados dos anos 80 salientando as suas semelhanccedilas e diferenccedilas

O objectivo eacute enquadrar a anaacutelise mais especiacutefica da secccedilatildeo seguinte sobre a

potencial relaccedilatildeo entre o desempenho em termos de crescimento econoacutemico e a despesa

social total e por diferentes categorias Sempre que possiacutevel a comparaccedilatildeo entre paiacuteses

seraacute realizada ao longo do periacuteodo 1985-2010 No entanto dada a indisponibilidade de

dados relativamente a algumas variaacuteveis para alguns paiacuteses o periacuteodo de anaacutelise poderaacute

ser mais curto Eacute importante ter tambeacutem em conta o surgimento da crise de 2007 para

compreender alguns indicadores mais desfavoraacuteveis dos paiacuteses do Sul em relaccedilatildeo ao

Norte nos anos mais recentes

Inicialmente este trabalho procuraraacute discutir as semelhanccedilas e diferenccedilas entre

os dois grupos de paiacuteses relativamente a um conjunto de indicadores sociodemograacuteficos

que podem ter impacto e ser influenciados pela despesa social Em segundo lugar satildeo

apresentados e analisados alguns indicadores econoacutemicos seleccionados segundo a

mesma loacutegica ou seja que podem ter impacto e ser influenciados pela dimensatildeo e

composiccedilatildeo do Estado Social tais como o seu grau de abertura ao comeacutercio

internacional e a respectiva estabilidade macroeconoacutemica sendo utilizado como suporte

da anaacutelise os graacuteficos disponiacuteveis nos Anexos

O graacutefico 1 conteacutem os valores do PIB real per capita expressos em doacutelares a

preccedilos constantes de 2005 que eacute o principal indicador dos diferenciais de niacutevel de vida

do cidadatildeo meacutedio dos diferentes paiacuteses Da observaccedilatildeo do referido graacutefico constatamos

que em 2010 o niacutevel de rendimento por habitante eacute em todos os paiacutes mais elevado do

que o que se verificava em 1985 sendo que nos paiacuteses escandinavos o PIB real per

capita foi sempre relativamente mais elevado que nos restantes paiacuteses No caso da

Sueacutecia e Finlacircndia verificamos que estes em 2010 estes eram os mais ricos tal como jaacute

o eram em 1985 passando o valor desta variaacutevel na Sueacutecia dos 2806538 doacutelares em

1985 para os 4282567 doacutelares em 2010 e na Finlacircndia dos 242344 doacutelares de 1985

para os 3806465 doacutelares em 2010 Os paiacuteses do Sul ou periferia apresentam ao longo

do periacuteodo um PIB real per capita mais baixo nomeadamente Portugal e Greacutecia que

11

apesar de terem aumentado o seu PIB real per capita entre 1985 e 2010 no ano de 2010

Portugal tinha um valor de 1864776 doacutelares e a Greacutecia de 2130896 doacutelares

A opccedilatildeo por comeccedilar a caracterizaccedilatildeo das diferenccedilas entre os paiacuteses da amostra

pelo PIB real per capita deriva em parte do facto de este poder estar relacionado com a

melhoria de alguns indicadores que medem o niacutevel de desenvolvimento humano e que

servem para a construccedilatildeo do Iacutendice de Desenvolvimento Humano como eacute o caso da

diminuiccedilatildeo da taxa de mortalidade infantil e o aumento da esperanccedila meacutedia de vida

Face a isto relativamente ao sector da sauacutede como se pode ver no graacutefico 2 a

esperanccedila meacutedia de vida agrave nascenccedila (EMV) entre 1985 e 2010 aumentou No entanto

apesar de todos os paiacuteses terem registado um aumento da EMV ao longo do periacuteodo

analisado dos paiacuteses escandinavos apenas a Sueacutecia tem no iniacutecio do periacuteodo um valor

superior ao de todos os paiacuteses do Sul Com efeito Espanha Greacutecia e Itaacutelia partem de

uma situaccedilatildeo melhor do que a Dinamarca e a Finlacircndia O paiacutes que regista menor EMV

em 1985 eacute Portugal com 73 anos Em 2010 todos os paiacuteses da periferia ultrapassam os

paiacuteses escandinavos com excepccedilatildeo de Portugal que se manteacutem na uacuteltima posiccedilatildeo

Quanto agrave taxa de mortalidade infantil indicador que traduz o nuacutemero de mortes

de crianccedilas no primeiro ano de vida por cada 1000 nascimentos eacute de imediato

verificaacutevel no graacutefico 3 que ocorreu uma consideraacutevel melhoria neste indicador em

todos os paiacuteses ao longo do periacuteodo analisado Em 1985 a taxa de mortalidade infantil

em Portugal e na Greacutecia era maior do que nos restantes paiacuteses no entanto em 2010 jaacute

registavam um nuacutemero de mortes semelhante aos restantes paiacuteses No caso grego

verificou-se uma passagem das 16 mortes em cada 1000 nascimentos em 1985 para as 4

em 2010 ocorrendo o mesmo em Portugal que passou das 17 para as 4 No que respeita

agrave Escandinaacutevia o nuacutemero de mortes que se verificava no ano de 2010 natildeo era muito

diferente do que se verificava em 1985 e no caso da Finlacircndia houve apenas uma

pequena reduccedilatildeo das 6 para as 2 mortes durante este periacuteodo

A evoluccedilatildeo e composiccedilatildeo demograacutefica dos paiacuteses pode ter um impacto

importante naquela que eacute actualmente uma das componentes da despesa social com

maior peso a despesa com pensotildees Assim atraveacutes da anaacutelise do graacutefico 4 verifica-se

que a taxa de crescimento da populaccedilatildeo em termos anuais foi positiva em todos os

paiacuteses No entanto durante este periacuteodo (1990-2010) apenas Portugal entre 1990 e

1992 registou uma taxa de crescimento negativa que no entanto foi invertida No que

toca ao maior crescimento populacional este deu-se em Espanha entre 1997 e 2003 ao

qual se seguiu apoacutes um periacuteodo de estabilidade entre 2003 e 2007 uma diminuiccedilatildeo

12

acentuada Em termos globais a taxa de crescimento populacional tem vindo a descer

nomeadamente nos paiacuteses do Sul contrariamente aos paiacuteses do Norte Europeu que a

partir de 2000 verificaram um aumento Tal poderaacute dever-se agrave imigraccedilatildeo mas tambeacutem

poderaacute ter-se devido agraves poliacuteticas de apoio agrave natalidade com vista ao combate ao

envelhecimento da populaccedilatildeo Neste acircmbito decompondo a populaccedilatildeo dos paiacuteses da

amostra em faixas etaacuterias populaccedilatildeo jovem (ateacute aos 15 anos de idade) populaccedilatildeo entre

os 15 e 64 anos e populaccedilatildeo idosa (mais de 65 anos) verificamos que existe uma

tendecircncia para a diminuiccedilatildeo da populaccedilatildeo mais jovem face agrave total sendo esse

comportamento mais visiacutevel em Espanha que conforme o graacutefico 5 demonstra em

1985 tinha uma percentagem de jovens de cerca de 233 mas que em 2010

apresentava uma taxa de 149 Um aspecto curioso tem que ver com o facto de neste

periacuteodo de anaacutelise natildeo se ter verificado uma grande diminuiccedilatildeo desta faixa etaacuteria na

Escandinaacutevia sendo que no caso da Dinamarca esta registava em 2010 uma

percentagem de populaccedilatildeo jovem a rondar os 18 os mesmos que em 1985

Por outro lado verifica-se um agravamento do envelhecimento da populaccedilatildeo

com a pior situaccedilatildeo a verificar-se em Itaacutelia e na Greacutecia Entre 1985 e 2010 a

percentagem da populaccedilatildeo italiana com mais de 64 anos passou dos 131 em 1985

para os 203 em 2010 e na Greacutecia verificou-se uma passagem dos 133 para os 19

(ver graacutef 6) Relativamente ao Norte Europeu essa subida eacute mais ligeira e em 2010 a

Finlacircndia apresentava uma percentagem de 171 enquanto que a Dinamarca de 166

No que diz respeito agrave faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entre os 15 e 64 anos verifica-se atraveacutes

do graacutefico 7 que entre 1985 e 1995 a percentagem da populaccedilatildeo compreendida nesta

faixa etaacuteria aumentou No entanto a partir deste periacuteodo verificou-se uma descida dos

valores em alguns paiacuteses como eacute o caso da Itaacutelia onde a populaccedilatildeo pertencente a este

grupo entre 1985 e 2010 passou dos 675 para os 657 resultado talvez de uma

diminuiccedilatildeo da populaccedilatildeo jovem e do aumento da populaccedilatildeo mais idosa podendo isso

dever-se agrave baixa taxa de natalidade

Quanto agrave melhoria dos indicadores relativos agrave educaccedilatildeo verificamos que os

apoios do Estado nesta aacuterea talvez se tenham feito sentir Com efeito de acordo com o

graacutefico 8 a percentagem de populaccedilatildeo activa com apenas o ensino primaacuterio diminuiu

em todos os paiacuteses entre 1995-2010 sendo que no entanto o niacutevel de populaccedilatildeo activa

com apenas este niacutevel de escolaridade eacute mais reduzido nos paiacuteses do Norte como eacute o

caso da Finlacircndia e da Sueacutecia talvez devido ao facto de estes paiacuteses terem tomado haacute

mais tempo consciecircncia da importacircncia da educaccedilatildeo para um bom desempenho

13

econoacutemico (ver graacutef 8) Associado ao comportamento anterior verifica-se que em 2010

existe uma maior percentagem de pessoas com o ensino secundaacuterio e universitaacuterio em

todos os paiacuteses relativamente a 1995 Ao niacutevel do ensino secundaacuterio o graacutefico 9 mostra

que entre 1995 e 2010 verificou-se um aumento de trabalhadores com este niacutevel

acadeacutemico sendo esse impacto maior em Portugal Espanha Greacutecia e Itaacutelia mas no que

toca aos paiacuteses do Norte este nuacutemero foi oscilando Em todo o caso em 1995 os trecircs

paiacuteses escandinavos registavam uma maior percentagem da populaccedilatildeo com o ensino

secundaacuterio relativamente a qualquer dos paiacuteses do Sul sendo em 2010 apenas a

Dinamarca e a Finlacircndia ultrapassadas pela Itaacutelia O niacutevel de escolaridade dos

trabalhadores que mais subiu foi como se pode constatar no graacutefico 10 o universitaacuterio

verificando-se que em paiacuteses como a Finlacircndia a percentagem de trabalhadores com este

niacutevel acadeacutemico passou dos 217 em 1995 para os 373 em 2010 e na Espanha

passou dos 203 para os 33 Neste acircmbito verifica-se em 2010 a Espanha tinha uma

percentagem de indiviacuteduos com ensino superior mais elevada que a Sueacutecia e a

Dinamarca

Outra das componentes da despesa social com mais peso no total eacute a despesa

associada ao subsiacutedio de desemprego Nos anos mais recentes tem-se verificado um

aumento da taxa de desemprego como podemos ver no graacutefico 11 O desemprego pode

por em causa a estabilidade social uma vez que os indiviacuteduos sem emprego ao

perderem a sua fonte de rendimento podem perder qualidade de vida e estarem sujeitos

a situaccedilotildees de pobreza A taxa de desemprego entre 1991 e 2010 foi sempre mais

elevada no Sul em relaccedilatildeo ao Norte Os paiacuteses que apresentavam uma taxa mais elevada

em 2010 foram a Espanha com cerca de 20 seguido da Greacutecia com 125 enquanto

que a taxa de desemprego mais baixa se registou na Escandinaacutevia na Dinamarca onde a

taxa de desemprego em 2010 era de 75

No que diz respeito agrave taxa de desemprego jovem esta tem afectado sobretudo os

jovens do Sul Europeu e parece estar a tornar-se um problema grave para as geraccedilotildees

mais jovens As dificuldades em arranjar emprego podem prender-se com a falta de

experiecircncia por parte dos jovens Como tal estas situaccedilotildees levam a que estes natildeo

tenham nenhum tipo de poupanccedila nem direito a qualquer tipo de subsiacutedio como eacute o caso

do subsiacutedio de desemprego pois natildeo tiveram um passado activo consideraacutevel que lhes

permitisse ter realizado contribuiccedilotildees para a Seguranccedila Social e a ter direito a receber

subsiacutedio de desemprego Por outro lado ao natildeo terem emprego poderatildeo vir a ter

problemas em obter uma boa pensatildeo aquando o final da sua vida activa pois faratildeo

14

menos descontos do que aqueles satildeo necessaacuterios para obter um boa pensatildeo no futuro

podendo estar a comprometer a sua estabilidade financeira apoacutes a sua vida activa No

Norte Europeu paiacuteses como a Dinamarca tecircm investido na resoluccedilatildeo dos problemas

relativos ao desemprego jovem promovendo poliacuteticas de apoio aos jovens que possuem

baixos niacuteveis de estudos e que estejam sem trabalho como salientam Hughes e Borbeacutely-

Pecze (2012) Para tal foram desenvolvidos programas onde os jovens satildeo inseridos em

cursos de formaccedilatildeo praacutetica com vista a que estes adquiram experiecircncia e que os

familiarizem com o local de trabalho promovendo as suas aptidotildees de forma a capacitaacute-

los para o mercado de trabalho para que tragam ganhos de produtividade agrave entidade que

os emprega e consequentemente ao seu paiacutes Ao niacutevel da taxa de desemprego jovem o

graacutefico 12 ajuda-nos a perceber que esta era no ano de 2010 mais elevada na Espanha

com cerca de 424 sendo esta seguida pela Greacutecia com 325 Ao niacutevel das taxas

mais baixas verificamos que que entre 1991 e 2010 quem apresentou a taxa mais baixa

foi a Dinamarca sendo que no ano de 2010 esta apresentava uma taxa de cerca de

139 seguida da Finlacircndia com cerca de 203

Quanto agrave anaacutelise de factores econoacutemicos que possam ser responsaacuteveis pelas

diferenccedilas relativas ao niacutevel de vida iremos comeccedilar por analisar a importacircncia do

sector secundaacuterio e terciaacuterio para o PIB dos diversos paiacuteses na medida em que estes

sectores satildeo os que envolvem uma maior percentagem de indiviacuteduos com habilitaccedilotildees

acadeacutemicas mais elevadas e cujo seu contributo para o produto dos paiacuteses eacute mais

consideraacutevel

No que toca ao sector secundaacuterio verifica-se que entre 1985 e 2010 este tem

vindo a perder importacircncia no PIB de todos os paiacuteses No entanto durante este periacuteodo

verificou-se que o paiacutes que apresentava uma maior percentagem de riqueza gerado por

este sector era Portugal tendo contudo essa importacircncia diminuiacutedo de forma constante

chegando no ano de 2010 a ser de apenas 15 proacuteximo da percentagem da Espanha Eacute

de salientar que a importacircncia deste sector em 2010 era relativamente mais baixa nestes

paiacuteses em relaccedilatildeo agrave Dinamarca ou na Sueacutecia (ver graacutef13) Ao niacutevel do sector terciaacuterio

verificamos atraveacutes do graacutefico 14 que a importacircncia deste sector para a amostra de

paiacuteses em estudo era muito nivelado entre os 60 e os 70 No entanto a partir do ano

2000 verificou-se um aumento relativo da contribuiccedilatildeo deste sector para o PIB dos

vaacuterios paiacuteses sendo de salientar que em 2009 este sector tinha maior peso na produccedilatildeo

de riqueza no caso da Greacutecia contribuindo em cerca de 79 do total do PIB grego

15

enquanto que o mais baixo se verificava na Finlacircndia com cerca de 69 do PIB a ser

gerado por este sector

A anaacutelise da estrutura produtiva de um paiacutes pode ter tambeacutem uma relaccedilatildeo com o

grau de abertura da economia pois este poderaacute trazer algumas vantagens e explicar o

porquecirc de um determinado sector ter ganho mais importacircncia no PIB de um paiacutes Essas

vantagens podem estar relacionadas com a entrada de novos produtos e tecnologias que

normalmente estatildeo relacionados com o sector secundaacuterio e terciaacuterio e que poderatildeo

explicar o crescimento destes sectores Este factor poderaacute ainda estar relacionado com o

niacutevel de educaccedilatildeo de uma populaccedilatildeo pois quanto maior for o desenvolvimento

tecnoloacutegico de um paiacutes tal poderaacute levar agrave necessidade de um reforccedilo na educaccedilatildeo e

formaccedilatildeo profissional para capacitar a matildeo-de-obra para lidar com estas novas

tecnologias Assim o grau de abertura de um paiacutes poderaacute estar relacionado com o

aumento dos gastos em educaccedilatildeo

No que respeita ao grau de abertura da economia medido atraveacutes do volume de

importaccedilotildees e exportaccedilotildees em percentagem do PIB verificou-se que em todos os paiacuteses

em estudo houve uma tendecircncia de crescimento entre 1985 e 2010 Os paiacuteses que no

ano de 2010 apresentavam um grau de abertura mais elevado eram a Dinamarca com

cerca de 953 e a Sueacutecia com cerca de 928 Por outro lado paiacuteses como a Greacutecia e

a Espanha registavam valores muito mais baixos sendo que a Greacutecia apresentava um

niacutevel de cerca de 538 do seu PIB e a Espanha 569 como se pode constatar no

graacutefico 15 No que respeita ao saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes um valor em

percentagem do PIB positivo significa que existe um superavit ou seja que o paiacutes

aumentou os seus activos no estrangeiro Neste aspecto devido agrave falta de dados a

anaacutelise a esta variaacutevel comeccedila a partir de 2003 e consultando a graacutefico 16 verificamos

que ao longo do periacuteodo na Greacutecia Portugal Itaacutelia e Espanha a balanccedila foi sempre

deficitaacuteria sendo as situaccedilotildees mais complicadas a da Greacutecia e a de Portugal que em

2010 apresentavam um deacutefice de 104 e 97 respectivamente Por outro lado a

Dinamarca a Sueacutecia e a Finlacircndia tiveram sempre um excedente

No que toca agrave anaacutelise do saldo orccedilamental este juntamente com a diacutevida puacuteblica

poderaacute ajudar a compreender o estado das financcedilas puacuteblicas de um paiacutes Compreender o

saldo orccedilamental em percentagem do PIB eacute muito importante pois se este demonstrar

um comportamento mais despesista tal iraacute reflectir-se no aumento do endividamento do

Estado que poderaacute ter de levar a uma reduccedilatildeo dos apoios do Estado Social com vista agrave

sustentabilidade financeira do Estado Como forma de controlar as financcedilas puacuteblicas

16

poderatildeo ser necessaacuterios cortes ao niacutevel dos apoios da protecccedilatildeo social bem como a

reduccedilatildeo do orccedilamento do Estado para aacutereas com a sauacutede ou educaccedilatildeo No graacutefico 17 eacute

possiacutevel verificar que no caso de paiacuteses como a Greacutecia Portugal e Itaacutelia no periacuteodo de

estudo verificou-se que estes paiacuteses tiveram sempre um comportamento mais despesista

que os restantes sendo como jaacute vimos esta uma possiacutevel justificaccedilatildeo para o crescimento

da diacutevida puacuteblica nestes paiacuteses Jaacute os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentavam saldos

orccedilamentais mais positivos em relaccedilatildeo aos do Sul da Europa sendo mesmo o saldo

orccedilamental sueco aproximadamente de 0

A diacutevida puacuteblica em percentagem do PIB sempre foi inferior nos paiacuteses do Norte

em relaccedilatildeo aos do Sul Entre 1995 e 2010 verificamos que o niacutevel de diacutevida foi

oscilando no entanto este foi relativamente mais elevado na Greacutecia e na Itaacutelia

chegando no ano de 2010 este a ser cerca de 145 e 1194 do seu PIB

respectivamente No caso da Sueacutecia verificou-se ao longo deste periacuteodo uma tendecircncia

de descida e em 2010 este era de 394 (ver graacutef 18) Um outro factor que pode ter

feito aumentar o niacutevel de diacutevida de alguns paiacuteses do Sul da Europa a partir de 2005

pode ter que ver com o surgimento da crise econoacutemica de 2007 que agravou ainda mais

o niacutevel de diacutevida destes paiacuteses que era jaacute elevado como satildeo exemplos a Greacutecia e

Portugal

Em resumo verificamos que em termos globais os indicadores soacutecio-

econoacutemicos do Sul da Europa satildeo piores que os do Norte Europeu Contudo as

diferenccedilas tecircm vindo a diminuir Por exemplo os indicadores relativos agrave sauacutede e agrave

educaccedilatildeo tecircm demonstrado francas melhorias que talvez resultem do facto dos estados

terem reforccedilado os apoios ao niacutevel destas funccedilotildees sociais Haacute no entanto que ter em

conta que no caso do Sul Europeu o crescente aumento da diacutevida puacuteblica poderaacute

dificultar a continuidade desta acccedilatildeo na medida em que poderaacute levar agrave necessidade de

reformulaccedilotildees que passem por cortes no Estado Social com vista a fazer face ao

crescente endividamento destes Os Estados do Sul Europeu natildeo devem contudo no

periacuteodo actual de crise esquecer a importacircncia que estes sectores tecircm para a coesatildeo

social e potencialmente para o desempenho econoacutemico

4 Despesa Social e Crescimento Econoacutemico anaacutelise comparada de alguns dados

Nesta secccedilatildeo seraacute realizada uma anaacutelise de estatiacutestica descritiva que teraacute como

principal objectivo uma anaacutelise comparada dos dois grupos de paiacuteses em termos de

crescimento econoacutemico e despesa social agregada e por diferentes componentes entre

17

1985 e 2010 Por uacuteltimo procura-se verificar se o sinal da correlaccedilatildeo esperada entre a

despesa social do Estado e o comportamento do produto estaacute de acordo com a literatura

econoacutemica Para tal realizamos apenas uma anaacutelise muito simples e preliminar baseada

no caacutelculo de coeficientes de correlaccedilatildeo entre as despesas em sauacutede educaccedilatildeo e as

vaacuterias componentes da despesa em protecccedilatildeo social e respectivamente o PIB per capita

e a taxa de crescimento do mesmo

Esta anaacutelise foi realizada tendo em conta todos os dados disponiacuteveis na base de

dados da OECD Social Expenditure Database ao niacutevel dos gastos com sauacutede e

protecccedilatildeo social e com os dados disponiacuteveis do Banco Mundial relativamente a despesa

em educaccedilatildeo PIB real per capita para todos os paiacuteses em anaacutelise no periacuteodo entre 1985

e 2010

Antes de passarmos agrave anaacutelise comparada da despesa social e suas componentes

nos paiacuteses da nossa amostra detenhamo-nos na comparaccedilatildeo da respectiva prestaccedilatildeo em

termos de crescimento econoacutemico de acordo com os dados relativos agraves taxas meacutedias de

crescimento anual do PIB real per capita entre 1985 e 2010 e alguns sub-periacuteodos (ver

Quadro 1) Ao longo do periacuteodo total 1985-2010 Portugal e a Espanha foram os paiacuteses

que mais cresceram o que natildeo eacute de estranhar uma vez que partiram de valores do PIB

real per capita dos mais baixos do grupo Seguem-se a estes os paiacuteses escandinavos

Finlacircndia Sueacutecia e Dinamarca enquanto que a Greacutecia e a Itaacutelia foram os paiacuteses que

menos cresceram No caso da Greacutecia a situaccedilatildeo eacute mais insoacutelita uma vez que tal como

Portugal e Espanha partiu de um niacutevel de rendimento relativamente mais baixo e assim

sendo o potencial de crescimento e convergecircncia deveria ter sido superior ao dos paiacuteses

mais ricos Se dividirmos o periacuteodo total em anaacutelise em trecircs sub-periacuteodos 1985-95

1995-05 e 2005-10 verificamos que o desempenho relativo dos paiacuteses se vai alterando

Assim por exemplo a boa prestaccedilatildeo de Portugal entre 1985-2010 parece ter sido

consequecircncia do seu elevado crescimento relativo entre 1985 e 1995 enquanto que nos

outros dois sub-periacuteodos a taxa meacutedia de crescimento anual do seu PIB real per capita eacute

das mais baixas do grupo Os paiacuteses escandinavos tecircm taxas de crescimento relativas

mais elevadas essencialmente entre 1995 e 2005 enquanto a Espanha e a Greacutecia

melhoram o desempenho relativo no segundo e terceiro sub-periacuteodos em especial a

Espanha Em todo o caso registou-se um acentuado abrandamento e do crescimento nos

uacuteltimos cinco anos com a Itaacutelia Sueacutecia Finlacircndia e Portugal a registarem mesmo taxas

crescimento negativas Este fenoacutemeno natildeo pode deixar de ter em conta o iniacutecio da crise

econoacutemica e financeira que teve o seu comeccedilo em 2007-2008

18

Quadro 1 Taxas meacutedias de crescimento anual do PIB real per capita 1985 a 2010

Periacuteodos Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

1985-1995 1639 0940 0555 2140 3600 2698 0970

1995-2005 1682 3377 3243 1128 2025 2591 2831

2005-2010 0025 -0267 0198 -0145 -0441 0207 -0229

1985-2010 1221 1806 1461 1131 2333 2024 1690

Fonte Caacutelculos do autor com base em dados do Banco Mundial

No que diz respeito agrave anaacutelise comparada entre a despesa social dos paiacuteses em

estudo iremos comeccedilar por comparar os niacuteveis de gastos sociais totais2 em percentagem

do PIB ao longo do periacuteodo total 1985-2010 (ver graacutefico 19) Durante todo este periacuteodo

eacute possiacutevel verificar que os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentaram um niacutevel de gastos

sociais totais superior ao dos paiacuteses do Sul Europeu O paiacutes que apresentou um niacutevel de

gastos mais elevado durante a maior parte deste periacuteodo foi a Sueacutecia que apenas o

deixou de ser quando a Dinamarca se assumiu como o paiacutes que mais gastou em despesa

social em 2010 cerca de 306 do PIB Quanto agrave Finlacircndia esta no ano de 2010

tambeacutem ultrapassa a Sueacutecia ao niacutevel de uma maior despesa social Contudo no caso

finlandecircs verifica-se que entre os anos de 1990 e 1992 ocorreu um aumento

consideraacutevel na despesa social ao qual se sucede uma diminuiccedilatildeo gradual dos gastos ateacute

2000 No entanto tal como a Dinamarca e a Sueacutecia este paiacutes apresentava ainda um

niacutevel de gastos superiores ao dos paiacuteses do Sul cerca de 243 do PIB No que respeita

aos paiacuteses da periferia tambeacutem designados paiacuteses do Sul verifica-se que o paiacutes que

mais se conseguiu aproximar do niacutevel de despesa dos paiacuteses da Escandinaacutevia foi a Itaacutelia

que no ano de 2010 gastava cerca de 277 do seu PIB em gastos sociais enquanto que

a Sueacutecia cerca de 283 No entanto verificamos que a Itaacutelia em algumas ocasiotildees foi

ultrapassada pelo niacutevel de gastos da Espanha como eacute o caso do subperiacuteodo entre 1989 e

1996 Quanto aos paiacuteses que canalizaram uma menor percentagem do PIB para a

despesa social verificam-se que estes foram a Espanha Greacutecia e Portugal

Relativamente a estes dois uacuteltimos verificou-se que a Greacutecia apresentava em 1985 um

niacutevel de despesa social consideravelmente maior que Portugal cerca de 161 face aos

101 do PIB de Portugal no entanto essa diferenccedila foi diminuindo Tal resulta de um

2 Os gastos sociais totais incluem a despesa em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado laboral apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social

exceptuando os apoios em educaccedilatildeo

19

evidente aumento da despesa em Portugal e um teacutenue crescimento da Despesa Social

grega chegando Portugal no ano de 2002 a ultrapassar a Greacutecia e no ano de 2010

apresentava um niacutevel de despesa mais elevado de despesa que a Greacutecia cerca de 254

face aos 233 da Greacutecia Na globalidade verificou-se uma tendecircncia de crescimento

contiacutenuo nos paiacuteses escandinavos ateacute ao iniacutecio da deacutecada de 90 seguido de uma

diminuiccedilatildeo ateacute cerca de 2000 No Sul a tendecircncia eacute de crescimento sustentado para a

Greacutecia e Portugal e de oscilaccedilotildees na Espanha e Itaacutelia Eacute tambeacutem notoacuterio que apoacutes a crise

de 2007-08 se verifica de novo um crescimento da despesa relativamente aos paiacuteses do

Norte

No seguimento da anaacutelise comparativa da despesa social em termos globais

efectua-se agora um estudo comparativo entre a despesa do Estado nas vaacuterias

componentes da despesa social educaccedilatildeo sauacutede e protecccedilatildeo social e dentro de estas

com o pagamento de pensotildees de reforma subsiacutedios de invalidez politicas activas do

mercado de trabalho apoios agraves famiacutelias e subsiacutedio de desemprego que correspondem agrave

maioria da despesa social nestes paiacuteses

De acordo com os graacuteficos 20 e 21 os niacuteveis de despesa social quer em sauacutede e

quer em educaccedilatildeo respectivamente dos paiacuteses do Norte face aos do Sul medidos em

percentagem do seu PIB entre 1985 e 2010 satildeo maiores no primeiro grupo de paiacuteses

relativamente ao segundo agrave excepccedilatildeo da Finlacircndia que depois de um periacuteodo de

diminuiccedilatildeo da despesa em sauacutede entre 1992 e 1998 para cerca dos 53 do PIB

verifica de novo um aumento para os 67 verificados em 2010 No entanto situava-se

aqueacutem do verificado em Itaacutelia Espanha e Portugal no mesmo ano que era

respectivamente 73 713 e 712 do PIB Assim sendo a Finlacircndia encontrava-se

soacute a frente da Greacutecia que possuiacutea um niacutevel de gastos de 64 do PIB (ver graacutef 20 e 21)

Nota-se tambeacutem no que diz respeito agrave despesa em sauacutede que a Sueacutecia e a Dinamarca

foram quem mais despenderam nesta aacuterea com niacuteveis de despesa semelhantes Contudo

a partir de 1999 o niacutevel de despesa da Dinamarca passa para frente do da Sueacutecia

tornando-se assim o paiacutes com maior despesa em sauacutede chegando a 2010 a apresentar

um valor de cerca de 94 do PIB face aos 77 da Sueacutecia Eacute importante salientar que

todos os paiacuteses do Sul da Europa verificaram um crescimento sustentado que se traduz

em valores de despesa em sauacutede em percentagem do PIB maiores em 2010 que em

1985 Por fim importa destacar que entre 2009 e 2010 verificou-se uma diminuiccedilatildeo da

despesa para todos os paiacuteses por ventura efeitos da crise que comeccedilou um par de anos

antes

20

No que toca agrave educaccedilatildeo como jaacute foi referido os paiacuteses da Escandinaacutevia

apresentam durante o periacuteodo em anaacutelise um niacutevel de despesa superior nesta mateacuteria em

relaccedilatildeo aos paiacuteses da periferia Neste contexto verificamos que as diferenccedilas relativas

aos niacuteveis de despesa dos vaacuterios paiacuteses em educaccedilatildeo se encontram melhor clarificadas

que as diferenccedilas ao niacutevel da despesa em sauacutede agrave excepccedilatildeo dos anos entre 1987 e 1990

em que os valores da despesa portuguesa foram semelhantes ao da espanhola e dos anos

de 2007 e 2008 em que os valores da Itaacutelia foram semelhantes aos da Espanha Feitas

estas consideraccedilotildees verifica-se a existecircncia de um maior niacutevel de despesa em educaccedilatildeo

por parte da Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia ao longo do periacuteodo e no ano de 2009 o

valor da despesa era respectivamente de 83 72 e 68 do PIB No que toca aos

restantes paiacuteses da amostra os paiacuteses do Sul verificamos que o niacutevel de despesa grego e

portuguecircs foi aumentando chegando o portuguecircs a tornar-se o mais elevado entre os

restantes paiacuteses da periferia a partir de 1994 sem nunca esquecer a ausecircncia de dados

para o ano de 1997 e para a Greacutecia entre 2005 e 2010 No ano de 1994 o valor gasto por

Portugal era cerca de 46 chegando a 2010 aos 56 do PIB Jaacute relativamente agrave Itaacutelia

considerando a quebra de dados para este paiacutes verificamos que esta se encontrava no

topo dos paiacuteses do Sul que mais gastavam nesta aacuterea no entanto como jaacute foi referido

esta foi ultrapassada por Portugal e ateacute mesmo a Espanha a partir de 2007 paiacuteses que

tinham nesse ano respectivamente um niacutevel de gastos de 51 e 434 do PIB face

aos 426 do PIB verificados na Itaacutelia

Relativamente agrave despesa em protecccedilatildeo social entre os paiacuteses em anaacutelise e no

que diz respeito niacutevel gastos em pagamentos de pensotildees de reforma verificamos que

natildeo existe um grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 22) Neste capiacutetulo

verifica-se que em todos os paiacuteses o niacutevel de gastos nesta mateacuteria foi oscilando

Contudo nos subperiacuteodos de 1985-89 e de 1997-2009 este foi mais elevado na Itaacutelia e

a Greacutecia sendo estes ultrapassados apenas entre 1991-95 pela Sueacutecia Estes trecircs paiacuteses

em 2009 ocupavam trecircs das quatro primeiras posiccedilotildees nos gastos em pensotildees

apresentando a Itaacutelia a Greacutecia e a Sueacutecia um niacutevel de gastos de 13 109 e 102

do PIB respectivamente Quanto aos restantes paiacuteses verifica-se que o paiacutes que durante

maior parte do periacuteodo apresentou um niacutevel de despesa mais baixo foi Portugal no

entanto registou um aumento consideraacutevel se em 1985 se encontrava no uacuteltimo posto

com cerca de 33 do seu PIB gasto em pensotildees a partir de 2004 ultrapassou a

Finlacircndia Dinamarca e Espanha apresentando no ano de 2009 uma percentagem de

gastos em pensotildees relativamente ao PIB a rondar os 106 superior ao verificado na

21

Dinamarca (82) na Finlacircndia (102) e Espanha (77) Tal poderaacute ter que ver com

o facto de a populaccedilatildeo em Portugal ter envelhecido a um ritmo mais acelerado que nos

restantes paiacuteses

No que toca aos subsiacutedios de desemprego verificamos tambeacutem que natildeo haacute um

grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 23) Contudo neste capiacutetulo

constata-se que os trecircs paiacuteses que gastaram maior percentagem do PIB em subsiacutedios de

desemprego ao longo do periacuteodo foram a Dinamarca Espanha e Finlacircndia Nestes

paiacuteses verificamos que em 1993 o niacutevel de gastos foi o mais elevado cerca 53 do PIB

no caso dinamarquecircs e de 47 no caso espanhol e finlandecircs sendo uma possiacutevel razatildeo

para esse aumento a crise econoacutemica que ocorreu nesse ano O factor crise econoacutemica

poderaacute tambeacutem ajudar a compreender o porquecirc de na Espanha o niacutevel de gastos ter

subido entre 2008 e 2009 de uma forma abrupta passando dos 22 do PIB para os

35 aumento que poderaacute estar relacionado com a crise econoacutemica de 2007-08 que

poderaacute ter contribuiacutedo para o agravamento da taxa de desemprego espanhola Neste

acircmbito verifica-se tambeacutem que os paiacuteses que apresentaram ao longo deste periacuteodo um

niacutevel de despesa mais reduzido com os subsiacutedios de desemprego foram Portugal Itaacutelia e

Greacutecia que em 2009 eram os que menos gastavam com um niacutevel de despesa de cerca de

07 no caso grego 08 no caso italiano e 12 do PIB no caso portuguecircs Estes

valores ficam bem atraacutes dos verificados no mesmo ano para a Dinamarca (23) e para

a Espanha (35)

Jaacute no que toca agrave despesa social em apoios concedidos agraves famiacutelias em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e em subsiacutedios concedidos a pessoas com incapacidade

verifica-se que os paiacuteses do Norte tecircm um niacutevel de gastos nestas mateacuterias superior ao da

periferia europeia (ver graacuteficos 24 25 e 26) Verifica-se ainda assim uma pequena

excepccedilatildeo no que toca agrave Espanha em que os gastos em poliacuteticas activas no mercado de

trabalho em 1989 e 1990 foram superiores agraves verificadas na Dinamarca que eram cerca

de 08 do PIB face aos 07 despendido pelos dinamarqueses A diferenccedila entre os

dois grupos eacute evidente no caso da despesa relacionada com os apoios agraves famiacutelias onde

se verifica uma diferenccedila consideraacutevel ao longo do periacuteodo de anaacutelise entre o Norte e o

Sul A despesa em aacutereas como as poliacuteticas e com as famiacutelias dentro dos paiacuteses da

Escandinaacutevia foi inicialmente mais elevado na Sueacutecia que chegou a atingir o seu

maacuteximo em 1992 com cerca de 49 do PIB gasto nesta mateacuteria no entanto

progressivamente o niacutevel de despesa da Dinamarca foi-se aproximando da Sueacutecia

chegando ateacute a ultrapassar esta em 1995 No que diz respeito agrave Finlacircndia verificou-se

22

que dos trecircs paiacuteses que compotildeem a Escandinaacutevia eacute aquele que apresenta um niacutevel mais

baixo durante maior parte do periacuteodo em anaacutelise mas no entanto superior aos paiacuteses do

Sul como jaacute foi dito Existe contudo uma excepccedilatildeo para este paiacutes que acontece no ano

de 1994 quando este consegue ser o paiacutes que mais gasta nesta aacuterea cerca de 44 do

PIB superior aos gastos suecos que foram cerca de 43 e dos dinamarqueses cerca de

39 Quanto aos gastos em poliacuteticas activas do mercado de trabalho as diferenccedilas jaacute

natildeo satildeo tatildeo evidentes mas no entanto relativamente aos paiacuteses do Sul verificamos ao

longo de todo o periacuteodo que os paiacuteses que foram apresentando consecutivamente

valores mais elevados de despesa nesta mateacuteria foram Portugal e Espanha que entre

1985 e 2009 sofreram oscilaccedilotildees relativamente aos valores despendidos no entanto em

2009 estes gastavam cerca de 08 e 09 respectivamente um valor mais elevado que

o verificado para a Itaacutelia (04) e para a Greacutecia (02) paiacuteses que ao longo do periacuteodo

observado se ficaram pelos uacuteltimos lugares

Por uacuteltimo abordamos as diferenccedilas entre o Norte e o Sul ao niacutevel de gastos em

pensotildees por incapacidade (ver graacutef 26) Como jaacute foi referido verificamos que o niacutevel

de gastos nesta aacuterea eacute superior no Norte em relaccedilatildeo ao Sul Assim sendo verificamos

que a Sueacutecia e a Finlacircndia foram alternando a lideranccedila relativamente aos paiacuteses que

mais despenderam nestes apoios Entre 1985-91 e 1997-2009 a Sueacutecia realizou um niacutevel

de despesa mais elevado que a Finlacircndia apresentando em 1991 um niacutevel a rondar os

53 face ao gasto pela Finlacircndia que foi cerca de 49 Jaacute em 2009 o niacutevel de gastos

da Sueacutecia foi de 5 do seu PIB maior que o verificado na Finlacircndia 41 enquanto

que para o restante periacuteodo o niacutevel de gastos finlandecircs foi sempre superior ao sueco A

Dinamarca foi dos paiacuteses escandinavos aquele que ao longo da maior parte deste

periacuteodo menos gastou no entanto a partir de 2001 esta ultrapassou o niacutevel de gastos da

Finlacircndia apresentando um niacutevel de despesa de cerca de 38 do PIB face aos 37

verificados no caso finlandecircs Esta ultrapassagem deu-se natildeo soacute pela subida dos gastos

em da Dinamarca nesta aacuterea mas tambeacutem por uma descida da despesa finlandesa No

que toca aos paiacuteses do Sul verificamos que quem gastou relativamente mais durante a

maior parte do periacuteodo entre 1985 e 2009 em subsiacutedios atribuiacutedos a incapacitados

foram Espanha Portugal Itaacutelia e a Greacutecia respectivamente agrave excepccedilatildeo do subperiacuteodo

entre 1985 e 1989 em que a Itaacutelia teve um niacutevel de gastos superiores ao de Portugal

Estes paiacuteses no ano de 2009 apresentavam um niacutevel de gastos a rondar os 27 do PIB

no caso espanhol os 21 no caso portuguecircs os 19 no caso italiano e os 1 no caso

23

grego valores que apesar de serem mais baixos que os verificados nos paiacuteses do Norte

da Europa satildeo mais elevados que os verificados em 1985 para estes paiacuteses

Por fim concluiacutemos esta secccedilatildeo com uma anaacutelise quantitativa muito simples e

preliminar da relaccedilatildeo entre a despesa social e o crescimento econoacutemico que corresponde

ao caacutelculo dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre os vaacuterios tipos de despesa social e o PIB

real per capita e a sua taxa de crescimento De acordo com a revisatildeo da literatura

realizada na secccedilatildeo 2 espera-se que exista uma correlaccedilatildeo positiva entre a despesa

social e o niacutevel de crescimento do PIB na medida ou seja para que esta contribua

efectivamente para uma reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo do rendimento e da

pobreza mas tambeacutem porque certos tipos de despesa social tais como educaccedilatildeo sauacutede

mas tambeacutem os apoios agrave famiacutelia contribuem directamente para a acumulaccedilatildeo de capital

humano Contudo aceitando o argumento de que o financiamento necessaacuterio introduz

distorccedilotildees na actividade econoacutemica que por exemplo desincentivam o trabalho e o

investimento por parte das empresas a correlaccedilatildeo obtida pode ter um sinal negativo Da

mesma forma se despesas como o subsiacutedio de desemprego constituiacuterem um

desincentivo a realizar maior esforccedilo no trabalho tambeacutem o sinal poderaacute ser negativo

Em uacuteltima anaacutelise poderaacute natildeo existir qualquer correlaccedilatildeo se os efeitos de sinal contraacuterio

se compensarem exactamente Finalmente natildeo devemos esquecer que correlaccedilatildeo natildeo

significa causalidade pelo que o sinal obtido se pode dever agrave influecircncia do produto

sobre a despesa social ou agrave influecircncia muacutetua

Com auxiacutelio do Quadro 2 onde se encontram os resultados relativos aos

coeficientes de correlaccedilatildeo entre despesa social e o PIB real per capita verificamos que

tendo em conta os dados disponiacuteveis para todos os paiacuteses e anos os coeficientes de

correlaccedilatildeo entre as vaacuterias despesas sociais e o PIB real per capita satildeo todos positivos

quer no que respeita agrave despesa social total quer agraves suas diferentes componentes Os

coeficientes de correlaccedilatildeo mais elevados dizem respeito agraves despesas em educaccedilatildeo e

sauacutede respectivamente 0833 e 0791 podendo argumentar-se que isto se deve ao seu

contributo directo para a acumulaccedilatildeo de capital humano e que este factor possa ter

trazido ganhos de produtividade agraves economias conforme a literatura econoacutemica defende

Quanto ao efeito das vaacuterias componentes de despesa social em protecccedilatildeo social

verificamos que as aacutereas que possuem um coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado satildeo a

despesa em apoios atribuiacutedos agraves famiacutelias os subsiacutedios atribuiacutedos aos incapacitados e as

poliacuteticas activas do mercado de trabalho (0764 0648 e 0626 respectivamente) A

correlaccedilatildeo mais elevada na primeira e terceira dimensotildees referidas poderaacute ter que ver

24

com o seu papel na reduccedilatildeo da desigualdade e pobreza das famiacutelias mais pobres e dos

incentivos criados juntos das empresas para que estas empreguem mais trabalhadores

No que diz respeito aos subsiacutedios concedidos agraves famiacutelias estes ajudam ao aumento do

rendimento das mesmas e tal como foi dito anteriormente poderaacute ter-se traduzido no

aumento do consumo privado daiacute haver uma relaccedilatildeo positiva com o PIB per capita No

meacutedio-longo prazo pode tambeacutem permitir agraves famiacutelias investir mais no capital humano

dos seus filhos e desta forma contribuir para o aumento do PIB Nas restantes aacutereas

gastos com subsiacutedios de desemprego ou em pensotildees tambeacutem possuem uma relaccedilatildeo

positiva com o PIB per capita indicando que toda a despesa realizada pelos vaacuterios

paiacuteses ao longo deste periacuteodo foi importantes para o aumento do produto na medida em

que estas se incidiram sobre os indiviacuteduos que possuem um niacutevel de rendimento mais

baixo dando um estimulo ao consumo traduzindo-se isso no aumento do produto como

jaacute vimos anteriormente Contudo nestes casos os coeficientes de correlaccedilatildeo de 0424 e

0220 respectivamente satildeo bastante inferiores indicando que poderatildeo estar em

actuaccedilatildeo efeitos de sinal negativo que reduzem a correlaccedilatildeo positiva final

Nomeadamente os gastos com pensotildees e subsiacutedios de desemprego podem estar a

desviar a despesa de outras funccedilotildees sociais com um impacto mais directo sobre a

produtividade como a educaccedilatildeo e a sauacutede

Quadro 2 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social e componentes e o niacutevel

do PIB real per capita 1985-2010 (todos os dados disponiacuteveis)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB) PIB real

per capita

Total 0747

Sauacutede 0791

Educaccedilatildeo 0833

Pensotildees de reforma 0220

Pensotildees por incapacidade 0648

Apoios agraves Famiacutelias 0764

Poliacuteticas Activas do Mercado de Trabalho 0626

Subsiacutedio de Desemprego 0424

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

25

A anaacutelise de correlaccedilatildeo anterior apesar de interessante natildeo permite ter uma

ideia muito rigorosa da existecircncia ou natildeo de causalidade entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico uma vez que se baseia em valores correntes quer da despesa

quer do PIB e como vimos os paiacuteses mais ricos tendem tambeacutem a gastar mais com as

funccedilotildees sociais Por outro lado em termos de efeitos permanentes sobre a taxa de

crescimento eacute mais rigoroso calcular a correlaccedilatildeo entre a despesa e a taxa de

crescimento do PIB real per capita De forma a ter em conta a questatildeo da causalidade

inversa no quadro 2 satildeo apresentados os coeficientes de correlaccedilatildeo entre a meacutedia da

despesa social realizada nos sete paiacuteses no periacuteodo de 1985 a 1999 e o crescimento

meacutedio do PIB verificado nos dez anos seguintes 2000-2010

De acordo com a informaccedilatildeo que consta do quadro 3 o sinal dos coeficientes de

correlaccedilatildeo varia agora consoante o tipo de despesa considerada Relativamente agrave

despesa social total o coeficiente eacute negativo embora natildeo muito elevado -02779 A

justificaccedilatildeo mais imediata para este sinal poderaacute ter a ver com o facto do financiamento

necessaacuterio ter introduzido distorccedilotildees na actividade econoacutemica que prejudicaram o

crescimento Contudo torna-se mais informativo olhar para as diferentes componentes

da despesa social

No que respeita aos coeficientes por tipo de despesa como seria de esperar dada

a consensual relaccedilatildeo entre as despesas em educaccedilatildeo e sauacutede com o crescimento

econoacutemico por via do seu impacto sobre a acumulaccedilatildeo de capital humano3 o sinal eacute

positivo embora de magnitude reduzida 01356 e 00115 respectivamente em especial

no caso das despesas em sauacutede Estes resultados indicam tambeacutem que os coeficientes de

correlaccedilatildeo anteriores contecircm realmente informaccedilatildeo sobre a influecircncia positiva no niacutevel

de rendimento sobre as despesas sociais em educaccedilatildeo e sauacutede O outro coeficiente de

correlaccedilatildeo positivo diz respeito agrave despesa com subsiacutedios de desemprego sendo ateacute a

correlaccedilatildeo mais forte do que nos dois casos anteriores 01733 Isto pode indicar que a

existecircncia deste apoio constituiu um incentivo ao trabalho pela seguranccedila que permite

aos trabalhadores estimulando tambeacutem os mesmos a apostar na sua formaccedilatildeo porque

protegidos em caso de desemprego

Quanto ao impacto negativo das restantes componentes da despesa social

verifica-se que as despesas que apresentam um coeficiente menos negativo satildeo as

pensotildees de reforma e por incapacidade -02298 e -03338 respectivamente enquanto

3 Como vimos na secccedilatildeo 3 o estado de sauacutede mas em especial o niacutevel de escolaridade da populaccedilatildeo

dos paiacuteses escandinavos foram em geral superiores ao dos paiacuteses do Sul ao longo do periacuteodo em anaacutelise

26

ainda menos esperado a correlaccedilatildeo negativa mais forte acontece no caso das poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias -03794 e -03671 respectivamente

No caso das pensotildees de reforma e por incapacidade o sinal natildeo eacute inesperado dado o

esforccedilo que exigem em termos de financiamento e o seu papel mais indirecto na

promoccedilatildeo do crescimento econoacutemico sobretudo via a reduccedilatildeo da desigualdade e da

pobreza No caso das poliacuteticas activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias os

resultados satildeo inesperados a dois niacuteveis sinais e magnitude relativa superior Esperar-

se-ia um sinal positivo face ao descrito logo no iniacutecio da anaacutelise de correlaccedilatildeo ou pelo

menos natildeo tatildeo negativo como nos outros dois casos uma vez que em qualquer situaccedilatildeo

o financiamento necessaacuterio pode ter impacto negativo sobre o crescimento do produto

Quadro 3 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social meacutedia (1985-1999) e a

taxa meacutedia de crescimento do PIB real per capita (2000-2010)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB)

Meacutedia 1985-1999 Taxa meacutedia de crescimento anual do PIB real per capita

(2000-10)

Total -02779

Sauacutede 00115

Educaccedilatildeo 01356

Pensotildees de reforma -02298

Pensotildees por incapacidade -03338

Apoios agraves Famiacutelias -03671

Poliacuteticas Activas do Mercado de

Trabalho -03794

Subsiacutedio de Desemprego 01733

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

Em jeito de conclusatildeo os resultados apontam para uma relaccedilatildeo positiva entre a

despesa social nas vaacuterias aacutereas analisadas e o niacutevel do PIB per capita entre 1985 e 2010

o que eacute indiciador de que estatildeo em actuaccedilatildeo mecanismos de influecircncia da despesa social

que promovem um aumento do niacutevel de rendimento nomeadamente via acumulaccedilatildeo de

capital humano atraveacutes das despesas em educaccedilatildeo e sauacutede Contudo uma anaacutelise mais

rigorosa em termos de possiacuteveis impactos permanentes sobre a taxa de crescimento

econoacutemico revela que os resultados podem divergir bastante em termos de sinal e

magnitude atendendo ao tipo de despesa social considerada Os resultados deste estudo

27

apontam tambeacutem para valores que alguns casos podem ser contraacuterios aos verificados

pelos estudos empiacutericos descritos na secccedilatildeo 2 Tal poderaacute estar relacionado com a

amostra de paiacuteses utilizada assim como o periacuteodo de anaacutelise e metodologia utilizada

5 Conclusotildees

Este trabalho propocircs-se a reflectir sobre a relaccedilatildeo entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico tendo por base a comparaccedilatildeo de dois grupos de paiacuteses

pertencentes agrave Uniatildeo Europeia a Escandinaacutevia e o Sul da Europa A niacutevel teoacuterico as

previsotildees acerca da relaccedilatildeo entre Estado Social e crescimento econoacutemico divergem

sendo possiacutevel encontrar argumentos que justificam a existecircncia de uma relaccedilatildeo

positiva outros que apoiam a verificaccedilatildeo de uma relaccedilatildeo negativa e outros ainda que

apontam no sentido de ausecircncia de qualquer relaccedilatildeo Estas diferentes hipoacuteteses parecem

indicar que cabe agrave anaacutelise empiacuterica determinar o sinal da relaccedilatildeo e o respectivo

contexto

Constituindo uma anaacutelise ainda exploratoacuteria o presente trabalho recorreu a uma

anaacutelise de estatiacutestica descritiva de um conjunto variado de indicadores relevantes para o

periacuteodo de 1985 a 2010 sempre que possiacutevel para analisar empiricamente a relaccedilatildeo

entre despesa social e crescimento econoacutemico

De forma a analisar esta relaccedilatildeo em termos mais detalhados aquela foi

desagregada em diferentes componentes tendo sido utilizados dados relativos a

despesas em educaccedilatildeo sauacutede e em vaacuterias componentes da despesa com a protecccedilatildeo

social como os subsiacutedios de desemprego e incapacidade apoios agraves famiacutelias gastos em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho e em pensotildees de reforma Foram calculados os

coeficientes de correlaccedilatildeo destas com o niacutevel do PIB real per capita numa tentativa de

confirmaccedilatildeo muito preliminar do sinal esperado para a relaccedilatildeo bem como os

coeficientes de correlaccedilatildeo entre os valores meacutedios da despesa das vaacuterias variaacuteveis entre

1985 e 1999 com a taxa de crescimento do PIB per capita entre 2000-10 Os

coeficientes de correlaccedilatildeo no uacuteltimo caso poderatildeo ajudar a compreender se o niacutevel de

gastos verificado entre 1985-99 contribuiacuteram para o crescimento econoacutemico verificado

na deacutecada seguinte

Verificou-se que ao longo do periacuteodo em anaacutelise a despesa social em

percentagem do PIB agregada e nas diferentes aacutereas teve um aumento relativo entre

1985 e 2010 mas no entanto aquela foi sempre mais elevada nos paiacuteses Escandinavos

tendo estes paiacuteses registado tambeacutem valores mais elevados do PIB real per capita

28

relativamente aos paiacuteses do Sul Os resultados apontam para que todas as dimensotildees se

correlacionam positivamente com o niacutevel de rendimento per capita sendo de destacar

que a educaccedilatildeo eacute a componente com coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado seguida

das despesas com sauacutede o que parece confirmar a influecircncia deste tipo de despesa sobre

o comportamento do produto via acumulaccedilatildeo de capital humano No que respeita ao

possiacutevel efeito da despesa social sobre a taxa de crescimento do PIB real per capita o

sinal do coeficiente de correlaccedilatildeo manteacutem-se positivo mas de magnitude bastante

inferior ao dos casos anteriores enquanto a correlaccedilatildeo apresenta um sinal negativo no

caso da despesa social total A correlaccedilatildeo eacute tambeacutem negativa para as diferentes

componentes da despesa como a protecccedilatildeo social com excepccedilatildeo do subsiacutedio de

desemprego Estes resultados apoiam assim a necessidade de ao estudar a relaccedilatildeo entre

Estado Social e crescimento econoacutemico levar a cabo uma anaacutelise desagregada uma vez

que os mecanismos de transmissatildeo podem variar consoante o tipo de despesa social

pelo que a anaacutelise agregada eacute difiacutecil de interpretar em termos econoacutemicos

Em suma o presente estudo poderaacute ajudar a compreender de forma preliminar

como os gastos sociais interagem com o crescimento econoacutemico e quais as aacutereas que

tecircm contribuiacutedo de forma positiva ou negativa para o mesmo Contudo natildeo poderaacute

deixar de se ter em conta a capacidade de outros factores poderem afectar a

performance da economia assim como natildeo se deve negligenciar a importacircncia dos

gastos sociais para a convergecircncia econoacutemica dos paiacuteses do Sul para com os paiacuteses do

Norte da Europa De forma a poder generalizar a anaacutelise e tirar conclusotildees mais

robustas em relaccedilatildeo ao sentido da causalidade e mecanismos de transmissatildeo no futuro

seraacute necessaacuterio utilizar meacutetodos de inferecircncia estatiacutestica adequados e amostras mais

alargadas de paiacuteses

29

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Wang K-M (2011) Health care expenditure and economic growth Quantil panel

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30

Anexos

Graacutefico 1 PIB per capita a preccedilos constantes de 2005 entre 1985 e 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 2 Esperanccedila meacutedia de vida 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

19

85

19

86

19

87

19

88

19

89

19

90

19

91

19

92

19

93

19

94

19

95

19

96

19

97

19

98

19

99

20

00

20

01

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Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em

cada 1000 nascimentos) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total

da populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB ()1985 e 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

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Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes 2003 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010

Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A

despesa Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

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Apesar do Estado Social visar em primeiro lugar a protecccedilatildeo dos mais

desprotegidos economicamente ou que enfrentam situaccedilotildees inesperadas com o

desemprego ou doenccedila pode em simultacircneo potenciar o crescimento econoacutemico Neste

acircmbito Furceri e Zdzienicka (2012) defendem a existecircncia de alguns mecanismos

atraveacutes dos quais a despesa social potencia o crescimento do produto Segundo estes

autores a criaccedilatildeo de poliacuteticas que incidam de uma forma activa no mercado de trabalho

podem levar ao aumento do produto atraveacutes da criaccedilatildeo de emprego assim como o

aumento dos gastos sociais ao niacutevel de indiviacuteduos com baixos rendimentos e com

dificuldades na obtenccedilatildeo de creacutedito poderaacute estar relacionado com o aumento do

consumo privado uma vez que o aumento de rendimento incentiva ao aumento da

procura por parte das famiacutelias estimulando as empresas a produzir e aumentando assim

o produto de um paiacutes Outro autor que defende em parte estas ideias eacute Damerou (2011)

que afirma que os gastos em subsiacutedios de desemprego ou em prestaccedilotildees concedidas a

famiacutelias com crianccedilas por exemplo poderatildeo para aleacutem de reduzir as desigualdades de

rendimentos levar ao aumento do consumo das famiacutelias Assim a despesa social

permite agraves empresas tomar decisotildees de investimento pois sabem que teratildeo procura e

desta forma levar a um aumento da capacidade produtiva ou seja ao crescimento

econoacutemico

Por sua vez a concessatildeo de apoios em outras aacutereas como a educaccedilatildeo ou sauacutede

poderatildeo contribuir para a acumulaccedilatildeo de capital humano1 que em conjunto com o

capital fiacutesico e em especial nas economias modernas que querem o seu crescimento

baseado no conhecimento poderaacute ter impacto positivo no comportamento das

economias A acumulaccedilatildeo de capital humano pode traduzir-se em ganhos de

produtividade a niacutevel agregado pois os trabalhadores adquirem competecircncias teacutecnicas e

fiacutesicas que lhes permitiratildeo desempenhar as suas funccedilotildees de uma forma mais eficiente

mas que tambeacutem se transmitem a outros que com eles trabalhem tornando assim a taxa

de retorno dos investimentos individuais em sauacutede e educaccedilatildeo maior para a sociedade

do que para os indiviacuteduos Por outro lado nas economias baseadas no conhecimento em

que o progresso teacutecnico eacute o principal motor do crescimento econoacutemico o capital

1 De acordo com a OCDE (1998) o capital humano pode ser definido como ldquoo conhecimento as

aptidotildees as competecircncias e outros atributos incorporados nos indiviacuteduos que satildeo relevantes para a

actividade econoacutemicardquo Por outro lado como refere Gonccedilalves (2002 p10) citando Shuller (2000) o

ldquocapital humano baseia-se no comportamento econoacutemico dos indiviacuteduos especialmente na forma como a

respectiva acumulaccedilatildeo de conhecimento e aptidotildees permite aumentar a sua produtividade e os seus

ganhos bem como aumentar a produtividade e sauacutede das sociedades em que vivemrdquo

6

humano eacute um factor de produccedilatildeo de novas ideias logo essencial para garantir um

crescimento econoacutemico sustentaacutevel

Um outro factor que poderaacute em conjunto com o capital humano potenciar o

crescimento econoacutemico eacute o capital social Neste aspecto a existecircncia de um Estado

Social que desempenhe de forma adequada as suas funccedilotildees poderaacute contribuir para a

acumulaccedilatildeo de capital social Gonccedilalves (2002 p32) citando Shuller (2000) descreve

o capital social como sendo ldquobaseado em termos de organizaccedilotildees normas e confianccedila e

o modo como as uacuteltimas permitem aos agentes e instituiccedilotildees serem mais eficientes na

obtenccedilatildeo de objectivos comunsrdquo

Relativamente ao impacto do capital social no crescimento econoacutemico Bergh

(2011) afirma que estudos recentes apontam para que o niacutevel de confianccedila possa

explicar como os paiacuteses como a Sueacutecia podem se desenvolver e continuar os seus

abrangentes sistemas de promoccedilatildeo do bem-estar social apesar do risco de evasatildeo fiscal

ou de uma maacute distribuiccedilatildeo dos apoios Bergh (2011) tambeacutem salienta a existecircncia de

estudos que comprovam que a confianccedila tem impacto positivo na economia sendo este

ilustrado atraveacutes de um exemplo comparativo entre a Sueacutecia e os EUA onde 64 de

suecos acham que podem confiar uns nos outros em detrimento dos apenas 41 de

americanos que acham o mesmo podendo levar a que a economia sueca cresccedila

anualmente mais 05 pontos percentuais que os EUA

No entanto a literatura econoacutemica natildeo constata apenas que existem efeitos

positivos entre a despesa social e o crescimento econoacutemico No que diz respeito agrave

relaccedilatildeo negativa entre estas duas variaacuteveis autores como Izaacutek (2011) afirmam que a

distribuiccedilatildeo dos subsiacutedios e de outros apoios por parte do Estado e Social diminuem o

crescimento econoacutemico devido aos incentivos negativos que estes transmitem aos

agentes econoacutemicos por exemplo ao niacutevel dos desincentivos ao trabalho contribuindo

assim para a diminuiccedilatildeo da produtividade e do crescimento Para aleacutem deste autor

Furceri e Zdzieniecka (2012) apontam para que o crescimento da despesa social possa

estar relacionado com os incentivos agrave reforma antecipada e com os subsiacutedios de

invalidez que levam a uma diminuiccedilatildeo da forccedila de trabalho traduzindo-se essa

diminuiccedilatildeo num efeito negativo no crescimento do produto

No que respeita a estudos empiacutericos sobre a relaccedilatildeo entre despesa social e o

crescimento econoacutemico os resultados natildeo satildeo conclusivos com alguns estudos

empiacutericos a apontar para uma relaccedilatildeo positiva e outros para uma relaccedilatildeo de sinal

negativo dependo do tipo de despesa e do niacutevel de desenvolvimento do paiacutes a que nos

7

referimos De forma a compreender a relaccedilatildeo entre despesa social do Estado e

crescimento econoacutemico Afonso e Allegre (2008) no seu trabalho empiacuterico recorreram

a dados referentes a despesa social em 27 paiacuteses europeus e procuraram atraveacutes de um

estudo economeacutetrico verificar se esta contribuiacutea para o crescimento econoacutemico dos

mesmos paiacuteses Os resultados deste estudo apontaram para a existecircncia de um impacto

negativo entre os gastos em educaccedilatildeo e em protecccedilatildeo social no crescimento econoacutemico

mas tambeacutem para um efeito positivo da despesa em educaccedilatildeo no crescimento

econoacutemico De forma a estudar mais uma vez os efeitos entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico Izaacutek (2011) desenvolveu um estudo que assentava no caacutelculo

dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre valores meacutedios da despesa social em aacutereas como a

educaccedilatildeo sauacutede e protecccedilatildeo social e taxa de crescimento do PIB No entanto o periacuteodo

em anaacutelise foi relativamente curto devido agrave falta de dados sendo os dados da despesa

social referentes ao periacuteodo entre 2002 e 2006 e as estimativas de crescimento para o

periacuteodo de 2006 a 2008 Para realizar este estudo foram utilizados dados agregados

relativos agraves despesas sociais dos 25 paiacuteses pertencentes agrave UE a partir de 2004 a que

deram o nome de EU-25 Contudo para analisar esta a relaccedilatildeo entre despesa social e

crescimento econoacutemico a amostra de 25 paiacuteses foi separada em duas sendo a primeira

relativa aos 15 paiacuteses pertencentes agrave UE a partir de Janeiro de 1995 os EU-15 e a

segunda aos 10 que passaram a pertencer a partir de Maio de 2004 os denominados EU-

10

Os resultados do estudo apontam para valores negativos ao niacutevel do coeficiente

de correlaccedilatildeo entre a despesa social em termos globais das trecircs amostras e o crescimento

econoacutemico sendo que como salienta o mesmo autor o coeficiente de correlaccedilatildeo eacute mais

baixo nos paiacuteses que constituem o primeiro grupo e mais alto nos paiacuteses que mais

recentemente formam parte da UE

Izaacutek (2011) procurou tambeacutem estudar os efeitos das vaacuterias componentes da

despesa social ao niacutevel do crescimento econoacutemico Para o efeito foi calculado o

coeficiente de correlaccedilatildeo entre a despesa em protecccedilatildeo social a despesa em educaccedilatildeo e

por fim entre a despesa em sauacutede e o crescimento econoacutemico Os resultados do autor

enfatizam que a despesa social em qualquer destas aacutereas tem um impacto negativo no

crescimento econoacutemico verificaacutevel em todos os grupos analisados sendo reforccedilado o

facto surpreendente de haver uma correlaccedilatildeo negativa entre a despesa em sauacutede e o

crescimento econoacutemico

8

Outros estudos relativos ao impacto da despesa social no crescimento econoacutemico

foram desenvolvidos como eacute o caso de Wang (2011) que se foca na estimaccedilatildeo da

relaccedilatildeo entre a despesa do Estado na aacuterea da sauacutede e o crescimento econoacutemico para

uma amostra de 20 paiacuteses em desenvolvimento entre 1990 e 2009 O autor analisa a

relaccedilatildeo existente entre os gastos em sauacutede e o PIB atraveacutes do teste de cointegraccedilatildeo em

painel de Engle-Granger Os resultados apontam para a existecircncia de causalidade

bilateral ou seja para que o crescimento econoacutemico esteja relacionado com o aumento

dos gastos em sauacutede e para que os gastos em sauacutede tenham um impacto positivo no

crescimento econoacutemico Neste aspecto os resultados demonstram que no longo prazo

os gastos em sauacutede podem levar ao crescimento do produto ilustrando a importacircncia

dos apoios do Estado no sector da sauacutede para criar uma populaccedilatildeo fisicamente mais apta

e produtiva

Uma outra anaacutelise empiacuterica foi realizada por Baldacci et al (2004) que

relacionaram a despesa social com o capital humano na forma de educaccedilatildeo e sauacutede e o

seu impacto no crescimento econoacutemico usando dados em painel relativos a 120 paiacuteses

em vias de desenvolvimento para o periacuteodo de 1975 a 2000 Para a anaacutelise da relaccedilatildeo

recorreram a um estudo economeacutetrico sob a forma de um sistema de quatro equaccedilotildees

relativas ao crescimento do rendimento per capita ao investimento educaccedilatildeo e sauacutede

Com o estudo pretenderam demonstrar que as despesas sociais em sauacutede e em educaccedilatildeo

tinham um contributo positivo para acumulaccedilatildeo de capital humano que se veio a provar

como verdadeiro assim como o efeito positivo daquele no crescimento econoacutemico

Furceri e Zdzienicka (2012) investigam os efeitos dos gastos sociais no

crescimento econoacutemico num conjunto de paiacuteses pertencentes agrave OCDE para o periacuteodo

entre 1980 e 2005 Os autores recorrem a uma regressatildeo economeacutetrica concluindo que

um aumento de 1 no niacutevel de gastos sociais leva a um aumento do crescimento

econoacutemico em cerca de 012 pontos percentuais apoacutes um ano Numa segunda fase

utilizaram uma outra regressatildeo economeacutetrica tendo como objectivo estudar o impacto

da despesa social no crescimento econoacutemico com a inclusatildeo de alguns desfasamentos

do PIB verificando que no caso de um aumento de 1 dos gastos sociais em

percentagem do PIB leva a que o produto aumente em cerca de 057 pontos percentuais

sendo que as aacutereas que mais contribuiacuteram para este aumento foram os gastos em sauacutede e

com os subsiacutedios de desemprego

Outros estudos como o de Andrade et al (2013) procuraram estudar a relaccedilatildeo

entre as despesas em sauacutede e educaccedilatildeo e o crescimento econoacutemico Recorreram a uma

9

amostra de paiacuteses de vaacuterias regiotildees do mundo onde foram excluiacutedos os ex-paiacuteses

socialistas os paiacuteses que produzem essencialmente petroacuteleo e os que tinham vivido ateacute

haacute pouco tempo conflitos armados Separaram-se os paiacuteses tendo em conta o seu niacutevel

de rendimento e desenvolveram um estudo economeacutetrico para verificar o efeito da

despesa entre educaccedilatildeo e sauacutede na variaacutevel dependente PIB real per capita Os

resultados mostram de forma incontestaacutevel que os gastos em educaccedilatildeo e sauacutede tecircm

efeitos positivos no crescimento do PIB per capita de qualquer dos grupos de paiacuteses

Por fim Fic e Ghate (2005) desenvolveram um estudo com o intuito de

averiguar a relaccedilatildeo entre o Estado Social e o crescimento econoacutemico para uma amostra

de 19 paiacuteses pertencentes agrave OCDE entre os quais se incluiacuteam paiacuteses como a Dinamarca

Finlacircndia e a Sueacutecia entre 1950 e 2001 Este estudo utilizou um modelo dinacircmico de

crescimento desenvolvido anteriormente por um dos autores Ghate e Zak (2002) que

permitiu chegar agrave conclusatildeo de que a razatildeo para haver uma quebra no crescimento

econoacutemico poderaacute estar relacionado com o Estado Social Tal se justifica segundo os

autores pelo facto de no periacuteodo que antecede a quebra de crescimento a elevada taxa

de crescimento que se verifica induzir ao crescimento da despesa social Ao longo do

tempo o aumento do Estado Social leva assim agrave diminuiccedilatildeo do crescimento econoacutemico

que no Longo Prazo espera-se que leve agrave reduccedilatildeo do Estado Social Os resultados

segundo os autores sugerem que paiacuteses com um baixo crescimento econoacutemico tenham

que fazer cortes ao niacutevel da despesa com o Estado Social Estes consideram que o iniacutecio

da deacutecada de 70 foi o periacuteodo no qual foi mais visiacutevel esta relaccedilatildeo pois o baixo

crescimento econoacutemico verificado entre 1970 e 1975 foi o precedido da existecircncia de

um Estado Social de dimensotildees consideraacuteveis

Em jeito de conclusatildeo verificamos que os resultados dos estudos desenvolvidos

por Andrade et al (2013) e Baldacci et al (2004) apontam para um efeito positivo entre

a despesa social em educaccedilatildeo e sauacutede e o crescimento econoacutemico Furceri e Zdzienicka

(2012) considerando a despesa social em todas as aacutereas de intervenccedilatildeo do Estado Social

tambeacutem apontam para o contributo positivo desta no crescimento econoacutemico Quanto ao

estudo desenvolvido por Izaacutek (2011) este aponta para uma relaccedilatildeo negativa entre as

vaacuterias componentes da despesa social e o crescimento econoacutemico Os resultados

opostos podem ser fruto do niacutevel de desenvolvimento da amostra de paiacuteses utilizada

pois parece que a utilizaccedilatildeo de paiacuteses mais desenvolvidos apontam para um efeito

negativo e a utilizaccedilatildeo de alguns paiacuteses em desenvolvimento aponte para um efeito

positivo

10

3 Caracterizaccedilatildeo econoacutemico-social dos paiacuteses em anaacutelise

Neste ponto seraacute feita uma caracterizaccedilatildeo econoacutemico-social dos paiacuteses em

anaacutelise Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia trecircs paiacuteses escandinavos onde o Estado Social

haacute muito eacute uma realidade e Portugal Espanha Itaacutelia e Greacutecia paiacuteses da chamada

periferia Europeia onde o Estado social eacute uma realidade mais recente essencialmente

desde os meados dos anos 80 salientando as suas semelhanccedilas e diferenccedilas

O objectivo eacute enquadrar a anaacutelise mais especiacutefica da secccedilatildeo seguinte sobre a

potencial relaccedilatildeo entre o desempenho em termos de crescimento econoacutemico e a despesa

social total e por diferentes categorias Sempre que possiacutevel a comparaccedilatildeo entre paiacuteses

seraacute realizada ao longo do periacuteodo 1985-2010 No entanto dada a indisponibilidade de

dados relativamente a algumas variaacuteveis para alguns paiacuteses o periacuteodo de anaacutelise poderaacute

ser mais curto Eacute importante ter tambeacutem em conta o surgimento da crise de 2007 para

compreender alguns indicadores mais desfavoraacuteveis dos paiacuteses do Sul em relaccedilatildeo ao

Norte nos anos mais recentes

Inicialmente este trabalho procuraraacute discutir as semelhanccedilas e diferenccedilas entre

os dois grupos de paiacuteses relativamente a um conjunto de indicadores sociodemograacuteficos

que podem ter impacto e ser influenciados pela despesa social Em segundo lugar satildeo

apresentados e analisados alguns indicadores econoacutemicos seleccionados segundo a

mesma loacutegica ou seja que podem ter impacto e ser influenciados pela dimensatildeo e

composiccedilatildeo do Estado Social tais como o seu grau de abertura ao comeacutercio

internacional e a respectiva estabilidade macroeconoacutemica sendo utilizado como suporte

da anaacutelise os graacuteficos disponiacuteveis nos Anexos

O graacutefico 1 conteacutem os valores do PIB real per capita expressos em doacutelares a

preccedilos constantes de 2005 que eacute o principal indicador dos diferenciais de niacutevel de vida

do cidadatildeo meacutedio dos diferentes paiacuteses Da observaccedilatildeo do referido graacutefico constatamos

que em 2010 o niacutevel de rendimento por habitante eacute em todos os paiacutes mais elevado do

que o que se verificava em 1985 sendo que nos paiacuteses escandinavos o PIB real per

capita foi sempre relativamente mais elevado que nos restantes paiacuteses No caso da

Sueacutecia e Finlacircndia verificamos que estes em 2010 estes eram os mais ricos tal como jaacute

o eram em 1985 passando o valor desta variaacutevel na Sueacutecia dos 2806538 doacutelares em

1985 para os 4282567 doacutelares em 2010 e na Finlacircndia dos 242344 doacutelares de 1985

para os 3806465 doacutelares em 2010 Os paiacuteses do Sul ou periferia apresentam ao longo

do periacuteodo um PIB real per capita mais baixo nomeadamente Portugal e Greacutecia que

11

apesar de terem aumentado o seu PIB real per capita entre 1985 e 2010 no ano de 2010

Portugal tinha um valor de 1864776 doacutelares e a Greacutecia de 2130896 doacutelares

A opccedilatildeo por comeccedilar a caracterizaccedilatildeo das diferenccedilas entre os paiacuteses da amostra

pelo PIB real per capita deriva em parte do facto de este poder estar relacionado com a

melhoria de alguns indicadores que medem o niacutevel de desenvolvimento humano e que

servem para a construccedilatildeo do Iacutendice de Desenvolvimento Humano como eacute o caso da

diminuiccedilatildeo da taxa de mortalidade infantil e o aumento da esperanccedila meacutedia de vida

Face a isto relativamente ao sector da sauacutede como se pode ver no graacutefico 2 a

esperanccedila meacutedia de vida agrave nascenccedila (EMV) entre 1985 e 2010 aumentou No entanto

apesar de todos os paiacuteses terem registado um aumento da EMV ao longo do periacuteodo

analisado dos paiacuteses escandinavos apenas a Sueacutecia tem no iniacutecio do periacuteodo um valor

superior ao de todos os paiacuteses do Sul Com efeito Espanha Greacutecia e Itaacutelia partem de

uma situaccedilatildeo melhor do que a Dinamarca e a Finlacircndia O paiacutes que regista menor EMV

em 1985 eacute Portugal com 73 anos Em 2010 todos os paiacuteses da periferia ultrapassam os

paiacuteses escandinavos com excepccedilatildeo de Portugal que se manteacutem na uacuteltima posiccedilatildeo

Quanto agrave taxa de mortalidade infantil indicador que traduz o nuacutemero de mortes

de crianccedilas no primeiro ano de vida por cada 1000 nascimentos eacute de imediato

verificaacutevel no graacutefico 3 que ocorreu uma consideraacutevel melhoria neste indicador em

todos os paiacuteses ao longo do periacuteodo analisado Em 1985 a taxa de mortalidade infantil

em Portugal e na Greacutecia era maior do que nos restantes paiacuteses no entanto em 2010 jaacute

registavam um nuacutemero de mortes semelhante aos restantes paiacuteses No caso grego

verificou-se uma passagem das 16 mortes em cada 1000 nascimentos em 1985 para as 4

em 2010 ocorrendo o mesmo em Portugal que passou das 17 para as 4 No que respeita

agrave Escandinaacutevia o nuacutemero de mortes que se verificava no ano de 2010 natildeo era muito

diferente do que se verificava em 1985 e no caso da Finlacircndia houve apenas uma

pequena reduccedilatildeo das 6 para as 2 mortes durante este periacuteodo

A evoluccedilatildeo e composiccedilatildeo demograacutefica dos paiacuteses pode ter um impacto

importante naquela que eacute actualmente uma das componentes da despesa social com

maior peso a despesa com pensotildees Assim atraveacutes da anaacutelise do graacutefico 4 verifica-se

que a taxa de crescimento da populaccedilatildeo em termos anuais foi positiva em todos os

paiacuteses No entanto durante este periacuteodo (1990-2010) apenas Portugal entre 1990 e

1992 registou uma taxa de crescimento negativa que no entanto foi invertida No que

toca ao maior crescimento populacional este deu-se em Espanha entre 1997 e 2003 ao

qual se seguiu apoacutes um periacuteodo de estabilidade entre 2003 e 2007 uma diminuiccedilatildeo

12

acentuada Em termos globais a taxa de crescimento populacional tem vindo a descer

nomeadamente nos paiacuteses do Sul contrariamente aos paiacuteses do Norte Europeu que a

partir de 2000 verificaram um aumento Tal poderaacute dever-se agrave imigraccedilatildeo mas tambeacutem

poderaacute ter-se devido agraves poliacuteticas de apoio agrave natalidade com vista ao combate ao

envelhecimento da populaccedilatildeo Neste acircmbito decompondo a populaccedilatildeo dos paiacuteses da

amostra em faixas etaacuterias populaccedilatildeo jovem (ateacute aos 15 anos de idade) populaccedilatildeo entre

os 15 e 64 anos e populaccedilatildeo idosa (mais de 65 anos) verificamos que existe uma

tendecircncia para a diminuiccedilatildeo da populaccedilatildeo mais jovem face agrave total sendo esse

comportamento mais visiacutevel em Espanha que conforme o graacutefico 5 demonstra em

1985 tinha uma percentagem de jovens de cerca de 233 mas que em 2010

apresentava uma taxa de 149 Um aspecto curioso tem que ver com o facto de neste

periacuteodo de anaacutelise natildeo se ter verificado uma grande diminuiccedilatildeo desta faixa etaacuteria na

Escandinaacutevia sendo que no caso da Dinamarca esta registava em 2010 uma

percentagem de populaccedilatildeo jovem a rondar os 18 os mesmos que em 1985

Por outro lado verifica-se um agravamento do envelhecimento da populaccedilatildeo

com a pior situaccedilatildeo a verificar-se em Itaacutelia e na Greacutecia Entre 1985 e 2010 a

percentagem da populaccedilatildeo italiana com mais de 64 anos passou dos 131 em 1985

para os 203 em 2010 e na Greacutecia verificou-se uma passagem dos 133 para os 19

(ver graacutef 6) Relativamente ao Norte Europeu essa subida eacute mais ligeira e em 2010 a

Finlacircndia apresentava uma percentagem de 171 enquanto que a Dinamarca de 166

No que diz respeito agrave faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entre os 15 e 64 anos verifica-se atraveacutes

do graacutefico 7 que entre 1985 e 1995 a percentagem da populaccedilatildeo compreendida nesta

faixa etaacuteria aumentou No entanto a partir deste periacuteodo verificou-se uma descida dos

valores em alguns paiacuteses como eacute o caso da Itaacutelia onde a populaccedilatildeo pertencente a este

grupo entre 1985 e 2010 passou dos 675 para os 657 resultado talvez de uma

diminuiccedilatildeo da populaccedilatildeo jovem e do aumento da populaccedilatildeo mais idosa podendo isso

dever-se agrave baixa taxa de natalidade

Quanto agrave melhoria dos indicadores relativos agrave educaccedilatildeo verificamos que os

apoios do Estado nesta aacuterea talvez se tenham feito sentir Com efeito de acordo com o

graacutefico 8 a percentagem de populaccedilatildeo activa com apenas o ensino primaacuterio diminuiu

em todos os paiacuteses entre 1995-2010 sendo que no entanto o niacutevel de populaccedilatildeo activa

com apenas este niacutevel de escolaridade eacute mais reduzido nos paiacuteses do Norte como eacute o

caso da Finlacircndia e da Sueacutecia talvez devido ao facto de estes paiacuteses terem tomado haacute

mais tempo consciecircncia da importacircncia da educaccedilatildeo para um bom desempenho

13

econoacutemico (ver graacutef 8) Associado ao comportamento anterior verifica-se que em 2010

existe uma maior percentagem de pessoas com o ensino secundaacuterio e universitaacuterio em

todos os paiacuteses relativamente a 1995 Ao niacutevel do ensino secundaacuterio o graacutefico 9 mostra

que entre 1995 e 2010 verificou-se um aumento de trabalhadores com este niacutevel

acadeacutemico sendo esse impacto maior em Portugal Espanha Greacutecia e Itaacutelia mas no que

toca aos paiacuteses do Norte este nuacutemero foi oscilando Em todo o caso em 1995 os trecircs

paiacuteses escandinavos registavam uma maior percentagem da populaccedilatildeo com o ensino

secundaacuterio relativamente a qualquer dos paiacuteses do Sul sendo em 2010 apenas a

Dinamarca e a Finlacircndia ultrapassadas pela Itaacutelia O niacutevel de escolaridade dos

trabalhadores que mais subiu foi como se pode constatar no graacutefico 10 o universitaacuterio

verificando-se que em paiacuteses como a Finlacircndia a percentagem de trabalhadores com este

niacutevel acadeacutemico passou dos 217 em 1995 para os 373 em 2010 e na Espanha

passou dos 203 para os 33 Neste acircmbito verifica-se em 2010 a Espanha tinha uma

percentagem de indiviacuteduos com ensino superior mais elevada que a Sueacutecia e a

Dinamarca

Outra das componentes da despesa social com mais peso no total eacute a despesa

associada ao subsiacutedio de desemprego Nos anos mais recentes tem-se verificado um

aumento da taxa de desemprego como podemos ver no graacutefico 11 O desemprego pode

por em causa a estabilidade social uma vez que os indiviacuteduos sem emprego ao

perderem a sua fonte de rendimento podem perder qualidade de vida e estarem sujeitos

a situaccedilotildees de pobreza A taxa de desemprego entre 1991 e 2010 foi sempre mais

elevada no Sul em relaccedilatildeo ao Norte Os paiacuteses que apresentavam uma taxa mais elevada

em 2010 foram a Espanha com cerca de 20 seguido da Greacutecia com 125 enquanto

que a taxa de desemprego mais baixa se registou na Escandinaacutevia na Dinamarca onde a

taxa de desemprego em 2010 era de 75

No que diz respeito agrave taxa de desemprego jovem esta tem afectado sobretudo os

jovens do Sul Europeu e parece estar a tornar-se um problema grave para as geraccedilotildees

mais jovens As dificuldades em arranjar emprego podem prender-se com a falta de

experiecircncia por parte dos jovens Como tal estas situaccedilotildees levam a que estes natildeo

tenham nenhum tipo de poupanccedila nem direito a qualquer tipo de subsiacutedio como eacute o caso

do subsiacutedio de desemprego pois natildeo tiveram um passado activo consideraacutevel que lhes

permitisse ter realizado contribuiccedilotildees para a Seguranccedila Social e a ter direito a receber

subsiacutedio de desemprego Por outro lado ao natildeo terem emprego poderatildeo vir a ter

problemas em obter uma boa pensatildeo aquando o final da sua vida activa pois faratildeo

14

menos descontos do que aqueles satildeo necessaacuterios para obter um boa pensatildeo no futuro

podendo estar a comprometer a sua estabilidade financeira apoacutes a sua vida activa No

Norte Europeu paiacuteses como a Dinamarca tecircm investido na resoluccedilatildeo dos problemas

relativos ao desemprego jovem promovendo poliacuteticas de apoio aos jovens que possuem

baixos niacuteveis de estudos e que estejam sem trabalho como salientam Hughes e Borbeacutely-

Pecze (2012) Para tal foram desenvolvidos programas onde os jovens satildeo inseridos em

cursos de formaccedilatildeo praacutetica com vista a que estes adquiram experiecircncia e que os

familiarizem com o local de trabalho promovendo as suas aptidotildees de forma a capacitaacute-

los para o mercado de trabalho para que tragam ganhos de produtividade agrave entidade que

os emprega e consequentemente ao seu paiacutes Ao niacutevel da taxa de desemprego jovem o

graacutefico 12 ajuda-nos a perceber que esta era no ano de 2010 mais elevada na Espanha

com cerca de 424 sendo esta seguida pela Greacutecia com 325 Ao niacutevel das taxas

mais baixas verificamos que que entre 1991 e 2010 quem apresentou a taxa mais baixa

foi a Dinamarca sendo que no ano de 2010 esta apresentava uma taxa de cerca de

139 seguida da Finlacircndia com cerca de 203

Quanto agrave anaacutelise de factores econoacutemicos que possam ser responsaacuteveis pelas

diferenccedilas relativas ao niacutevel de vida iremos comeccedilar por analisar a importacircncia do

sector secundaacuterio e terciaacuterio para o PIB dos diversos paiacuteses na medida em que estes

sectores satildeo os que envolvem uma maior percentagem de indiviacuteduos com habilitaccedilotildees

acadeacutemicas mais elevadas e cujo seu contributo para o produto dos paiacuteses eacute mais

consideraacutevel

No que toca ao sector secundaacuterio verifica-se que entre 1985 e 2010 este tem

vindo a perder importacircncia no PIB de todos os paiacuteses No entanto durante este periacuteodo

verificou-se que o paiacutes que apresentava uma maior percentagem de riqueza gerado por

este sector era Portugal tendo contudo essa importacircncia diminuiacutedo de forma constante

chegando no ano de 2010 a ser de apenas 15 proacuteximo da percentagem da Espanha Eacute

de salientar que a importacircncia deste sector em 2010 era relativamente mais baixa nestes

paiacuteses em relaccedilatildeo agrave Dinamarca ou na Sueacutecia (ver graacutef13) Ao niacutevel do sector terciaacuterio

verificamos atraveacutes do graacutefico 14 que a importacircncia deste sector para a amostra de

paiacuteses em estudo era muito nivelado entre os 60 e os 70 No entanto a partir do ano

2000 verificou-se um aumento relativo da contribuiccedilatildeo deste sector para o PIB dos

vaacuterios paiacuteses sendo de salientar que em 2009 este sector tinha maior peso na produccedilatildeo

de riqueza no caso da Greacutecia contribuindo em cerca de 79 do total do PIB grego

15

enquanto que o mais baixo se verificava na Finlacircndia com cerca de 69 do PIB a ser

gerado por este sector

A anaacutelise da estrutura produtiva de um paiacutes pode ter tambeacutem uma relaccedilatildeo com o

grau de abertura da economia pois este poderaacute trazer algumas vantagens e explicar o

porquecirc de um determinado sector ter ganho mais importacircncia no PIB de um paiacutes Essas

vantagens podem estar relacionadas com a entrada de novos produtos e tecnologias que

normalmente estatildeo relacionados com o sector secundaacuterio e terciaacuterio e que poderatildeo

explicar o crescimento destes sectores Este factor poderaacute ainda estar relacionado com o

niacutevel de educaccedilatildeo de uma populaccedilatildeo pois quanto maior for o desenvolvimento

tecnoloacutegico de um paiacutes tal poderaacute levar agrave necessidade de um reforccedilo na educaccedilatildeo e

formaccedilatildeo profissional para capacitar a matildeo-de-obra para lidar com estas novas

tecnologias Assim o grau de abertura de um paiacutes poderaacute estar relacionado com o

aumento dos gastos em educaccedilatildeo

No que respeita ao grau de abertura da economia medido atraveacutes do volume de

importaccedilotildees e exportaccedilotildees em percentagem do PIB verificou-se que em todos os paiacuteses

em estudo houve uma tendecircncia de crescimento entre 1985 e 2010 Os paiacuteses que no

ano de 2010 apresentavam um grau de abertura mais elevado eram a Dinamarca com

cerca de 953 e a Sueacutecia com cerca de 928 Por outro lado paiacuteses como a Greacutecia e

a Espanha registavam valores muito mais baixos sendo que a Greacutecia apresentava um

niacutevel de cerca de 538 do seu PIB e a Espanha 569 como se pode constatar no

graacutefico 15 No que respeita ao saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes um valor em

percentagem do PIB positivo significa que existe um superavit ou seja que o paiacutes

aumentou os seus activos no estrangeiro Neste aspecto devido agrave falta de dados a

anaacutelise a esta variaacutevel comeccedila a partir de 2003 e consultando a graacutefico 16 verificamos

que ao longo do periacuteodo na Greacutecia Portugal Itaacutelia e Espanha a balanccedila foi sempre

deficitaacuteria sendo as situaccedilotildees mais complicadas a da Greacutecia e a de Portugal que em

2010 apresentavam um deacutefice de 104 e 97 respectivamente Por outro lado a

Dinamarca a Sueacutecia e a Finlacircndia tiveram sempre um excedente

No que toca agrave anaacutelise do saldo orccedilamental este juntamente com a diacutevida puacuteblica

poderaacute ajudar a compreender o estado das financcedilas puacuteblicas de um paiacutes Compreender o

saldo orccedilamental em percentagem do PIB eacute muito importante pois se este demonstrar

um comportamento mais despesista tal iraacute reflectir-se no aumento do endividamento do

Estado que poderaacute ter de levar a uma reduccedilatildeo dos apoios do Estado Social com vista agrave

sustentabilidade financeira do Estado Como forma de controlar as financcedilas puacuteblicas

16

poderatildeo ser necessaacuterios cortes ao niacutevel dos apoios da protecccedilatildeo social bem como a

reduccedilatildeo do orccedilamento do Estado para aacutereas com a sauacutede ou educaccedilatildeo No graacutefico 17 eacute

possiacutevel verificar que no caso de paiacuteses como a Greacutecia Portugal e Itaacutelia no periacuteodo de

estudo verificou-se que estes paiacuteses tiveram sempre um comportamento mais despesista

que os restantes sendo como jaacute vimos esta uma possiacutevel justificaccedilatildeo para o crescimento

da diacutevida puacuteblica nestes paiacuteses Jaacute os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentavam saldos

orccedilamentais mais positivos em relaccedilatildeo aos do Sul da Europa sendo mesmo o saldo

orccedilamental sueco aproximadamente de 0

A diacutevida puacuteblica em percentagem do PIB sempre foi inferior nos paiacuteses do Norte

em relaccedilatildeo aos do Sul Entre 1995 e 2010 verificamos que o niacutevel de diacutevida foi

oscilando no entanto este foi relativamente mais elevado na Greacutecia e na Itaacutelia

chegando no ano de 2010 este a ser cerca de 145 e 1194 do seu PIB

respectivamente No caso da Sueacutecia verificou-se ao longo deste periacuteodo uma tendecircncia

de descida e em 2010 este era de 394 (ver graacutef 18) Um outro factor que pode ter

feito aumentar o niacutevel de diacutevida de alguns paiacuteses do Sul da Europa a partir de 2005

pode ter que ver com o surgimento da crise econoacutemica de 2007 que agravou ainda mais

o niacutevel de diacutevida destes paiacuteses que era jaacute elevado como satildeo exemplos a Greacutecia e

Portugal

Em resumo verificamos que em termos globais os indicadores soacutecio-

econoacutemicos do Sul da Europa satildeo piores que os do Norte Europeu Contudo as

diferenccedilas tecircm vindo a diminuir Por exemplo os indicadores relativos agrave sauacutede e agrave

educaccedilatildeo tecircm demonstrado francas melhorias que talvez resultem do facto dos estados

terem reforccedilado os apoios ao niacutevel destas funccedilotildees sociais Haacute no entanto que ter em

conta que no caso do Sul Europeu o crescente aumento da diacutevida puacuteblica poderaacute

dificultar a continuidade desta acccedilatildeo na medida em que poderaacute levar agrave necessidade de

reformulaccedilotildees que passem por cortes no Estado Social com vista a fazer face ao

crescente endividamento destes Os Estados do Sul Europeu natildeo devem contudo no

periacuteodo actual de crise esquecer a importacircncia que estes sectores tecircm para a coesatildeo

social e potencialmente para o desempenho econoacutemico

4 Despesa Social e Crescimento Econoacutemico anaacutelise comparada de alguns dados

Nesta secccedilatildeo seraacute realizada uma anaacutelise de estatiacutestica descritiva que teraacute como

principal objectivo uma anaacutelise comparada dos dois grupos de paiacuteses em termos de

crescimento econoacutemico e despesa social agregada e por diferentes componentes entre

17

1985 e 2010 Por uacuteltimo procura-se verificar se o sinal da correlaccedilatildeo esperada entre a

despesa social do Estado e o comportamento do produto estaacute de acordo com a literatura

econoacutemica Para tal realizamos apenas uma anaacutelise muito simples e preliminar baseada

no caacutelculo de coeficientes de correlaccedilatildeo entre as despesas em sauacutede educaccedilatildeo e as

vaacuterias componentes da despesa em protecccedilatildeo social e respectivamente o PIB per capita

e a taxa de crescimento do mesmo

Esta anaacutelise foi realizada tendo em conta todos os dados disponiacuteveis na base de

dados da OECD Social Expenditure Database ao niacutevel dos gastos com sauacutede e

protecccedilatildeo social e com os dados disponiacuteveis do Banco Mundial relativamente a despesa

em educaccedilatildeo PIB real per capita para todos os paiacuteses em anaacutelise no periacuteodo entre 1985

e 2010

Antes de passarmos agrave anaacutelise comparada da despesa social e suas componentes

nos paiacuteses da nossa amostra detenhamo-nos na comparaccedilatildeo da respectiva prestaccedilatildeo em

termos de crescimento econoacutemico de acordo com os dados relativos agraves taxas meacutedias de

crescimento anual do PIB real per capita entre 1985 e 2010 e alguns sub-periacuteodos (ver

Quadro 1) Ao longo do periacuteodo total 1985-2010 Portugal e a Espanha foram os paiacuteses

que mais cresceram o que natildeo eacute de estranhar uma vez que partiram de valores do PIB

real per capita dos mais baixos do grupo Seguem-se a estes os paiacuteses escandinavos

Finlacircndia Sueacutecia e Dinamarca enquanto que a Greacutecia e a Itaacutelia foram os paiacuteses que

menos cresceram No caso da Greacutecia a situaccedilatildeo eacute mais insoacutelita uma vez que tal como

Portugal e Espanha partiu de um niacutevel de rendimento relativamente mais baixo e assim

sendo o potencial de crescimento e convergecircncia deveria ter sido superior ao dos paiacuteses

mais ricos Se dividirmos o periacuteodo total em anaacutelise em trecircs sub-periacuteodos 1985-95

1995-05 e 2005-10 verificamos que o desempenho relativo dos paiacuteses se vai alterando

Assim por exemplo a boa prestaccedilatildeo de Portugal entre 1985-2010 parece ter sido

consequecircncia do seu elevado crescimento relativo entre 1985 e 1995 enquanto que nos

outros dois sub-periacuteodos a taxa meacutedia de crescimento anual do seu PIB real per capita eacute

das mais baixas do grupo Os paiacuteses escandinavos tecircm taxas de crescimento relativas

mais elevadas essencialmente entre 1995 e 2005 enquanto a Espanha e a Greacutecia

melhoram o desempenho relativo no segundo e terceiro sub-periacuteodos em especial a

Espanha Em todo o caso registou-se um acentuado abrandamento e do crescimento nos

uacuteltimos cinco anos com a Itaacutelia Sueacutecia Finlacircndia e Portugal a registarem mesmo taxas

crescimento negativas Este fenoacutemeno natildeo pode deixar de ter em conta o iniacutecio da crise

econoacutemica e financeira que teve o seu comeccedilo em 2007-2008

18

Quadro 1 Taxas meacutedias de crescimento anual do PIB real per capita 1985 a 2010

Periacuteodos Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

1985-1995 1639 0940 0555 2140 3600 2698 0970

1995-2005 1682 3377 3243 1128 2025 2591 2831

2005-2010 0025 -0267 0198 -0145 -0441 0207 -0229

1985-2010 1221 1806 1461 1131 2333 2024 1690

Fonte Caacutelculos do autor com base em dados do Banco Mundial

No que diz respeito agrave anaacutelise comparada entre a despesa social dos paiacuteses em

estudo iremos comeccedilar por comparar os niacuteveis de gastos sociais totais2 em percentagem

do PIB ao longo do periacuteodo total 1985-2010 (ver graacutefico 19) Durante todo este periacuteodo

eacute possiacutevel verificar que os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentaram um niacutevel de gastos

sociais totais superior ao dos paiacuteses do Sul Europeu O paiacutes que apresentou um niacutevel de

gastos mais elevado durante a maior parte deste periacuteodo foi a Sueacutecia que apenas o

deixou de ser quando a Dinamarca se assumiu como o paiacutes que mais gastou em despesa

social em 2010 cerca de 306 do PIB Quanto agrave Finlacircndia esta no ano de 2010

tambeacutem ultrapassa a Sueacutecia ao niacutevel de uma maior despesa social Contudo no caso

finlandecircs verifica-se que entre os anos de 1990 e 1992 ocorreu um aumento

consideraacutevel na despesa social ao qual se sucede uma diminuiccedilatildeo gradual dos gastos ateacute

2000 No entanto tal como a Dinamarca e a Sueacutecia este paiacutes apresentava ainda um

niacutevel de gastos superiores ao dos paiacuteses do Sul cerca de 243 do PIB No que respeita

aos paiacuteses da periferia tambeacutem designados paiacuteses do Sul verifica-se que o paiacutes que

mais se conseguiu aproximar do niacutevel de despesa dos paiacuteses da Escandinaacutevia foi a Itaacutelia

que no ano de 2010 gastava cerca de 277 do seu PIB em gastos sociais enquanto que

a Sueacutecia cerca de 283 No entanto verificamos que a Itaacutelia em algumas ocasiotildees foi

ultrapassada pelo niacutevel de gastos da Espanha como eacute o caso do subperiacuteodo entre 1989 e

1996 Quanto aos paiacuteses que canalizaram uma menor percentagem do PIB para a

despesa social verificam-se que estes foram a Espanha Greacutecia e Portugal

Relativamente a estes dois uacuteltimos verificou-se que a Greacutecia apresentava em 1985 um

niacutevel de despesa social consideravelmente maior que Portugal cerca de 161 face aos

101 do PIB de Portugal no entanto essa diferenccedila foi diminuindo Tal resulta de um

2 Os gastos sociais totais incluem a despesa em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado laboral apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social

exceptuando os apoios em educaccedilatildeo

19

evidente aumento da despesa em Portugal e um teacutenue crescimento da Despesa Social

grega chegando Portugal no ano de 2002 a ultrapassar a Greacutecia e no ano de 2010

apresentava um niacutevel de despesa mais elevado de despesa que a Greacutecia cerca de 254

face aos 233 da Greacutecia Na globalidade verificou-se uma tendecircncia de crescimento

contiacutenuo nos paiacuteses escandinavos ateacute ao iniacutecio da deacutecada de 90 seguido de uma

diminuiccedilatildeo ateacute cerca de 2000 No Sul a tendecircncia eacute de crescimento sustentado para a

Greacutecia e Portugal e de oscilaccedilotildees na Espanha e Itaacutelia Eacute tambeacutem notoacuterio que apoacutes a crise

de 2007-08 se verifica de novo um crescimento da despesa relativamente aos paiacuteses do

Norte

No seguimento da anaacutelise comparativa da despesa social em termos globais

efectua-se agora um estudo comparativo entre a despesa do Estado nas vaacuterias

componentes da despesa social educaccedilatildeo sauacutede e protecccedilatildeo social e dentro de estas

com o pagamento de pensotildees de reforma subsiacutedios de invalidez politicas activas do

mercado de trabalho apoios agraves famiacutelias e subsiacutedio de desemprego que correspondem agrave

maioria da despesa social nestes paiacuteses

De acordo com os graacuteficos 20 e 21 os niacuteveis de despesa social quer em sauacutede e

quer em educaccedilatildeo respectivamente dos paiacuteses do Norte face aos do Sul medidos em

percentagem do seu PIB entre 1985 e 2010 satildeo maiores no primeiro grupo de paiacuteses

relativamente ao segundo agrave excepccedilatildeo da Finlacircndia que depois de um periacuteodo de

diminuiccedilatildeo da despesa em sauacutede entre 1992 e 1998 para cerca dos 53 do PIB

verifica de novo um aumento para os 67 verificados em 2010 No entanto situava-se

aqueacutem do verificado em Itaacutelia Espanha e Portugal no mesmo ano que era

respectivamente 73 713 e 712 do PIB Assim sendo a Finlacircndia encontrava-se

soacute a frente da Greacutecia que possuiacutea um niacutevel de gastos de 64 do PIB (ver graacutef 20 e 21)

Nota-se tambeacutem no que diz respeito agrave despesa em sauacutede que a Sueacutecia e a Dinamarca

foram quem mais despenderam nesta aacuterea com niacuteveis de despesa semelhantes Contudo

a partir de 1999 o niacutevel de despesa da Dinamarca passa para frente do da Sueacutecia

tornando-se assim o paiacutes com maior despesa em sauacutede chegando a 2010 a apresentar

um valor de cerca de 94 do PIB face aos 77 da Sueacutecia Eacute importante salientar que

todos os paiacuteses do Sul da Europa verificaram um crescimento sustentado que se traduz

em valores de despesa em sauacutede em percentagem do PIB maiores em 2010 que em

1985 Por fim importa destacar que entre 2009 e 2010 verificou-se uma diminuiccedilatildeo da

despesa para todos os paiacuteses por ventura efeitos da crise que comeccedilou um par de anos

antes

20

No que toca agrave educaccedilatildeo como jaacute foi referido os paiacuteses da Escandinaacutevia

apresentam durante o periacuteodo em anaacutelise um niacutevel de despesa superior nesta mateacuteria em

relaccedilatildeo aos paiacuteses da periferia Neste contexto verificamos que as diferenccedilas relativas

aos niacuteveis de despesa dos vaacuterios paiacuteses em educaccedilatildeo se encontram melhor clarificadas

que as diferenccedilas ao niacutevel da despesa em sauacutede agrave excepccedilatildeo dos anos entre 1987 e 1990

em que os valores da despesa portuguesa foram semelhantes ao da espanhola e dos anos

de 2007 e 2008 em que os valores da Itaacutelia foram semelhantes aos da Espanha Feitas

estas consideraccedilotildees verifica-se a existecircncia de um maior niacutevel de despesa em educaccedilatildeo

por parte da Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia ao longo do periacuteodo e no ano de 2009 o

valor da despesa era respectivamente de 83 72 e 68 do PIB No que toca aos

restantes paiacuteses da amostra os paiacuteses do Sul verificamos que o niacutevel de despesa grego e

portuguecircs foi aumentando chegando o portuguecircs a tornar-se o mais elevado entre os

restantes paiacuteses da periferia a partir de 1994 sem nunca esquecer a ausecircncia de dados

para o ano de 1997 e para a Greacutecia entre 2005 e 2010 No ano de 1994 o valor gasto por

Portugal era cerca de 46 chegando a 2010 aos 56 do PIB Jaacute relativamente agrave Itaacutelia

considerando a quebra de dados para este paiacutes verificamos que esta se encontrava no

topo dos paiacuteses do Sul que mais gastavam nesta aacuterea no entanto como jaacute foi referido

esta foi ultrapassada por Portugal e ateacute mesmo a Espanha a partir de 2007 paiacuteses que

tinham nesse ano respectivamente um niacutevel de gastos de 51 e 434 do PIB face

aos 426 do PIB verificados na Itaacutelia

Relativamente agrave despesa em protecccedilatildeo social entre os paiacuteses em anaacutelise e no

que diz respeito niacutevel gastos em pagamentos de pensotildees de reforma verificamos que

natildeo existe um grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 22) Neste capiacutetulo

verifica-se que em todos os paiacuteses o niacutevel de gastos nesta mateacuteria foi oscilando

Contudo nos subperiacuteodos de 1985-89 e de 1997-2009 este foi mais elevado na Itaacutelia e

a Greacutecia sendo estes ultrapassados apenas entre 1991-95 pela Sueacutecia Estes trecircs paiacuteses

em 2009 ocupavam trecircs das quatro primeiras posiccedilotildees nos gastos em pensotildees

apresentando a Itaacutelia a Greacutecia e a Sueacutecia um niacutevel de gastos de 13 109 e 102

do PIB respectivamente Quanto aos restantes paiacuteses verifica-se que o paiacutes que durante

maior parte do periacuteodo apresentou um niacutevel de despesa mais baixo foi Portugal no

entanto registou um aumento consideraacutevel se em 1985 se encontrava no uacuteltimo posto

com cerca de 33 do seu PIB gasto em pensotildees a partir de 2004 ultrapassou a

Finlacircndia Dinamarca e Espanha apresentando no ano de 2009 uma percentagem de

gastos em pensotildees relativamente ao PIB a rondar os 106 superior ao verificado na

21

Dinamarca (82) na Finlacircndia (102) e Espanha (77) Tal poderaacute ter que ver com

o facto de a populaccedilatildeo em Portugal ter envelhecido a um ritmo mais acelerado que nos

restantes paiacuteses

No que toca aos subsiacutedios de desemprego verificamos tambeacutem que natildeo haacute um

grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 23) Contudo neste capiacutetulo

constata-se que os trecircs paiacuteses que gastaram maior percentagem do PIB em subsiacutedios de

desemprego ao longo do periacuteodo foram a Dinamarca Espanha e Finlacircndia Nestes

paiacuteses verificamos que em 1993 o niacutevel de gastos foi o mais elevado cerca 53 do PIB

no caso dinamarquecircs e de 47 no caso espanhol e finlandecircs sendo uma possiacutevel razatildeo

para esse aumento a crise econoacutemica que ocorreu nesse ano O factor crise econoacutemica

poderaacute tambeacutem ajudar a compreender o porquecirc de na Espanha o niacutevel de gastos ter

subido entre 2008 e 2009 de uma forma abrupta passando dos 22 do PIB para os

35 aumento que poderaacute estar relacionado com a crise econoacutemica de 2007-08 que

poderaacute ter contribuiacutedo para o agravamento da taxa de desemprego espanhola Neste

acircmbito verifica-se tambeacutem que os paiacuteses que apresentaram ao longo deste periacuteodo um

niacutevel de despesa mais reduzido com os subsiacutedios de desemprego foram Portugal Itaacutelia e

Greacutecia que em 2009 eram os que menos gastavam com um niacutevel de despesa de cerca de

07 no caso grego 08 no caso italiano e 12 do PIB no caso portuguecircs Estes

valores ficam bem atraacutes dos verificados no mesmo ano para a Dinamarca (23) e para

a Espanha (35)

Jaacute no que toca agrave despesa social em apoios concedidos agraves famiacutelias em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e em subsiacutedios concedidos a pessoas com incapacidade

verifica-se que os paiacuteses do Norte tecircm um niacutevel de gastos nestas mateacuterias superior ao da

periferia europeia (ver graacuteficos 24 25 e 26) Verifica-se ainda assim uma pequena

excepccedilatildeo no que toca agrave Espanha em que os gastos em poliacuteticas activas no mercado de

trabalho em 1989 e 1990 foram superiores agraves verificadas na Dinamarca que eram cerca

de 08 do PIB face aos 07 despendido pelos dinamarqueses A diferenccedila entre os

dois grupos eacute evidente no caso da despesa relacionada com os apoios agraves famiacutelias onde

se verifica uma diferenccedila consideraacutevel ao longo do periacuteodo de anaacutelise entre o Norte e o

Sul A despesa em aacutereas como as poliacuteticas e com as famiacutelias dentro dos paiacuteses da

Escandinaacutevia foi inicialmente mais elevado na Sueacutecia que chegou a atingir o seu

maacuteximo em 1992 com cerca de 49 do PIB gasto nesta mateacuteria no entanto

progressivamente o niacutevel de despesa da Dinamarca foi-se aproximando da Sueacutecia

chegando ateacute a ultrapassar esta em 1995 No que diz respeito agrave Finlacircndia verificou-se

22

que dos trecircs paiacuteses que compotildeem a Escandinaacutevia eacute aquele que apresenta um niacutevel mais

baixo durante maior parte do periacuteodo em anaacutelise mas no entanto superior aos paiacuteses do

Sul como jaacute foi dito Existe contudo uma excepccedilatildeo para este paiacutes que acontece no ano

de 1994 quando este consegue ser o paiacutes que mais gasta nesta aacuterea cerca de 44 do

PIB superior aos gastos suecos que foram cerca de 43 e dos dinamarqueses cerca de

39 Quanto aos gastos em poliacuteticas activas do mercado de trabalho as diferenccedilas jaacute

natildeo satildeo tatildeo evidentes mas no entanto relativamente aos paiacuteses do Sul verificamos ao

longo de todo o periacuteodo que os paiacuteses que foram apresentando consecutivamente

valores mais elevados de despesa nesta mateacuteria foram Portugal e Espanha que entre

1985 e 2009 sofreram oscilaccedilotildees relativamente aos valores despendidos no entanto em

2009 estes gastavam cerca de 08 e 09 respectivamente um valor mais elevado que

o verificado para a Itaacutelia (04) e para a Greacutecia (02) paiacuteses que ao longo do periacuteodo

observado se ficaram pelos uacuteltimos lugares

Por uacuteltimo abordamos as diferenccedilas entre o Norte e o Sul ao niacutevel de gastos em

pensotildees por incapacidade (ver graacutef 26) Como jaacute foi referido verificamos que o niacutevel

de gastos nesta aacuterea eacute superior no Norte em relaccedilatildeo ao Sul Assim sendo verificamos

que a Sueacutecia e a Finlacircndia foram alternando a lideranccedila relativamente aos paiacuteses que

mais despenderam nestes apoios Entre 1985-91 e 1997-2009 a Sueacutecia realizou um niacutevel

de despesa mais elevado que a Finlacircndia apresentando em 1991 um niacutevel a rondar os

53 face ao gasto pela Finlacircndia que foi cerca de 49 Jaacute em 2009 o niacutevel de gastos

da Sueacutecia foi de 5 do seu PIB maior que o verificado na Finlacircndia 41 enquanto

que para o restante periacuteodo o niacutevel de gastos finlandecircs foi sempre superior ao sueco A

Dinamarca foi dos paiacuteses escandinavos aquele que ao longo da maior parte deste

periacuteodo menos gastou no entanto a partir de 2001 esta ultrapassou o niacutevel de gastos da

Finlacircndia apresentando um niacutevel de despesa de cerca de 38 do PIB face aos 37

verificados no caso finlandecircs Esta ultrapassagem deu-se natildeo soacute pela subida dos gastos

em da Dinamarca nesta aacuterea mas tambeacutem por uma descida da despesa finlandesa No

que toca aos paiacuteses do Sul verificamos que quem gastou relativamente mais durante a

maior parte do periacuteodo entre 1985 e 2009 em subsiacutedios atribuiacutedos a incapacitados

foram Espanha Portugal Itaacutelia e a Greacutecia respectivamente agrave excepccedilatildeo do subperiacuteodo

entre 1985 e 1989 em que a Itaacutelia teve um niacutevel de gastos superiores ao de Portugal

Estes paiacuteses no ano de 2009 apresentavam um niacutevel de gastos a rondar os 27 do PIB

no caso espanhol os 21 no caso portuguecircs os 19 no caso italiano e os 1 no caso

23

grego valores que apesar de serem mais baixos que os verificados nos paiacuteses do Norte

da Europa satildeo mais elevados que os verificados em 1985 para estes paiacuteses

Por fim concluiacutemos esta secccedilatildeo com uma anaacutelise quantitativa muito simples e

preliminar da relaccedilatildeo entre a despesa social e o crescimento econoacutemico que corresponde

ao caacutelculo dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre os vaacuterios tipos de despesa social e o PIB

real per capita e a sua taxa de crescimento De acordo com a revisatildeo da literatura

realizada na secccedilatildeo 2 espera-se que exista uma correlaccedilatildeo positiva entre a despesa

social e o niacutevel de crescimento do PIB na medida ou seja para que esta contribua

efectivamente para uma reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo do rendimento e da

pobreza mas tambeacutem porque certos tipos de despesa social tais como educaccedilatildeo sauacutede

mas tambeacutem os apoios agrave famiacutelia contribuem directamente para a acumulaccedilatildeo de capital

humano Contudo aceitando o argumento de que o financiamento necessaacuterio introduz

distorccedilotildees na actividade econoacutemica que por exemplo desincentivam o trabalho e o

investimento por parte das empresas a correlaccedilatildeo obtida pode ter um sinal negativo Da

mesma forma se despesas como o subsiacutedio de desemprego constituiacuterem um

desincentivo a realizar maior esforccedilo no trabalho tambeacutem o sinal poderaacute ser negativo

Em uacuteltima anaacutelise poderaacute natildeo existir qualquer correlaccedilatildeo se os efeitos de sinal contraacuterio

se compensarem exactamente Finalmente natildeo devemos esquecer que correlaccedilatildeo natildeo

significa causalidade pelo que o sinal obtido se pode dever agrave influecircncia do produto

sobre a despesa social ou agrave influecircncia muacutetua

Com auxiacutelio do Quadro 2 onde se encontram os resultados relativos aos

coeficientes de correlaccedilatildeo entre despesa social e o PIB real per capita verificamos que

tendo em conta os dados disponiacuteveis para todos os paiacuteses e anos os coeficientes de

correlaccedilatildeo entre as vaacuterias despesas sociais e o PIB real per capita satildeo todos positivos

quer no que respeita agrave despesa social total quer agraves suas diferentes componentes Os

coeficientes de correlaccedilatildeo mais elevados dizem respeito agraves despesas em educaccedilatildeo e

sauacutede respectivamente 0833 e 0791 podendo argumentar-se que isto se deve ao seu

contributo directo para a acumulaccedilatildeo de capital humano e que este factor possa ter

trazido ganhos de produtividade agraves economias conforme a literatura econoacutemica defende

Quanto ao efeito das vaacuterias componentes de despesa social em protecccedilatildeo social

verificamos que as aacutereas que possuem um coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado satildeo a

despesa em apoios atribuiacutedos agraves famiacutelias os subsiacutedios atribuiacutedos aos incapacitados e as

poliacuteticas activas do mercado de trabalho (0764 0648 e 0626 respectivamente) A

correlaccedilatildeo mais elevada na primeira e terceira dimensotildees referidas poderaacute ter que ver

24

com o seu papel na reduccedilatildeo da desigualdade e pobreza das famiacutelias mais pobres e dos

incentivos criados juntos das empresas para que estas empreguem mais trabalhadores

No que diz respeito aos subsiacutedios concedidos agraves famiacutelias estes ajudam ao aumento do

rendimento das mesmas e tal como foi dito anteriormente poderaacute ter-se traduzido no

aumento do consumo privado daiacute haver uma relaccedilatildeo positiva com o PIB per capita No

meacutedio-longo prazo pode tambeacutem permitir agraves famiacutelias investir mais no capital humano

dos seus filhos e desta forma contribuir para o aumento do PIB Nas restantes aacutereas

gastos com subsiacutedios de desemprego ou em pensotildees tambeacutem possuem uma relaccedilatildeo

positiva com o PIB per capita indicando que toda a despesa realizada pelos vaacuterios

paiacuteses ao longo deste periacuteodo foi importantes para o aumento do produto na medida em

que estas se incidiram sobre os indiviacuteduos que possuem um niacutevel de rendimento mais

baixo dando um estimulo ao consumo traduzindo-se isso no aumento do produto como

jaacute vimos anteriormente Contudo nestes casos os coeficientes de correlaccedilatildeo de 0424 e

0220 respectivamente satildeo bastante inferiores indicando que poderatildeo estar em

actuaccedilatildeo efeitos de sinal negativo que reduzem a correlaccedilatildeo positiva final

Nomeadamente os gastos com pensotildees e subsiacutedios de desemprego podem estar a

desviar a despesa de outras funccedilotildees sociais com um impacto mais directo sobre a

produtividade como a educaccedilatildeo e a sauacutede

Quadro 2 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social e componentes e o niacutevel

do PIB real per capita 1985-2010 (todos os dados disponiacuteveis)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB) PIB real

per capita

Total 0747

Sauacutede 0791

Educaccedilatildeo 0833

Pensotildees de reforma 0220

Pensotildees por incapacidade 0648

Apoios agraves Famiacutelias 0764

Poliacuteticas Activas do Mercado de Trabalho 0626

Subsiacutedio de Desemprego 0424

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

25

A anaacutelise de correlaccedilatildeo anterior apesar de interessante natildeo permite ter uma

ideia muito rigorosa da existecircncia ou natildeo de causalidade entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico uma vez que se baseia em valores correntes quer da despesa

quer do PIB e como vimos os paiacuteses mais ricos tendem tambeacutem a gastar mais com as

funccedilotildees sociais Por outro lado em termos de efeitos permanentes sobre a taxa de

crescimento eacute mais rigoroso calcular a correlaccedilatildeo entre a despesa e a taxa de

crescimento do PIB real per capita De forma a ter em conta a questatildeo da causalidade

inversa no quadro 2 satildeo apresentados os coeficientes de correlaccedilatildeo entre a meacutedia da

despesa social realizada nos sete paiacuteses no periacuteodo de 1985 a 1999 e o crescimento

meacutedio do PIB verificado nos dez anos seguintes 2000-2010

De acordo com a informaccedilatildeo que consta do quadro 3 o sinal dos coeficientes de

correlaccedilatildeo varia agora consoante o tipo de despesa considerada Relativamente agrave

despesa social total o coeficiente eacute negativo embora natildeo muito elevado -02779 A

justificaccedilatildeo mais imediata para este sinal poderaacute ter a ver com o facto do financiamento

necessaacuterio ter introduzido distorccedilotildees na actividade econoacutemica que prejudicaram o

crescimento Contudo torna-se mais informativo olhar para as diferentes componentes

da despesa social

No que respeita aos coeficientes por tipo de despesa como seria de esperar dada

a consensual relaccedilatildeo entre as despesas em educaccedilatildeo e sauacutede com o crescimento

econoacutemico por via do seu impacto sobre a acumulaccedilatildeo de capital humano3 o sinal eacute

positivo embora de magnitude reduzida 01356 e 00115 respectivamente em especial

no caso das despesas em sauacutede Estes resultados indicam tambeacutem que os coeficientes de

correlaccedilatildeo anteriores contecircm realmente informaccedilatildeo sobre a influecircncia positiva no niacutevel

de rendimento sobre as despesas sociais em educaccedilatildeo e sauacutede O outro coeficiente de

correlaccedilatildeo positivo diz respeito agrave despesa com subsiacutedios de desemprego sendo ateacute a

correlaccedilatildeo mais forte do que nos dois casos anteriores 01733 Isto pode indicar que a

existecircncia deste apoio constituiu um incentivo ao trabalho pela seguranccedila que permite

aos trabalhadores estimulando tambeacutem os mesmos a apostar na sua formaccedilatildeo porque

protegidos em caso de desemprego

Quanto ao impacto negativo das restantes componentes da despesa social

verifica-se que as despesas que apresentam um coeficiente menos negativo satildeo as

pensotildees de reforma e por incapacidade -02298 e -03338 respectivamente enquanto

3 Como vimos na secccedilatildeo 3 o estado de sauacutede mas em especial o niacutevel de escolaridade da populaccedilatildeo

dos paiacuteses escandinavos foram em geral superiores ao dos paiacuteses do Sul ao longo do periacuteodo em anaacutelise

26

ainda menos esperado a correlaccedilatildeo negativa mais forte acontece no caso das poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias -03794 e -03671 respectivamente

No caso das pensotildees de reforma e por incapacidade o sinal natildeo eacute inesperado dado o

esforccedilo que exigem em termos de financiamento e o seu papel mais indirecto na

promoccedilatildeo do crescimento econoacutemico sobretudo via a reduccedilatildeo da desigualdade e da

pobreza No caso das poliacuteticas activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias os

resultados satildeo inesperados a dois niacuteveis sinais e magnitude relativa superior Esperar-

se-ia um sinal positivo face ao descrito logo no iniacutecio da anaacutelise de correlaccedilatildeo ou pelo

menos natildeo tatildeo negativo como nos outros dois casos uma vez que em qualquer situaccedilatildeo

o financiamento necessaacuterio pode ter impacto negativo sobre o crescimento do produto

Quadro 3 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social meacutedia (1985-1999) e a

taxa meacutedia de crescimento do PIB real per capita (2000-2010)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB)

Meacutedia 1985-1999 Taxa meacutedia de crescimento anual do PIB real per capita

(2000-10)

Total -02779

Sauacutede 00115

Educaccedilatildeo 01356

Pensotildees de reforma -02298

Pensotildees por incapacidade -03338

Apoios agraves Famiacutelias -03671

Poliacuteticas Activas do Mercado de

Trabalho -03794

Subsiacutedio de Desemprego 01733

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

Em jeito de conclusatildeo os resultados apontam para uma relaccedilatildeo positiva entre a

despesa social nas vaacuterias aacutereas analisadas e o niacutevel do PIB per capita entre 1985 e 2010

o que eacute indiciador de que estatildeo em actuaccedilatildeo mecanismos de influecircncia da despesa social

que promovem um aumento do niacutevel de rendimento nomeadamente via acumulaccedilatildeo de

capital humano atraveacutes das despesas em educaccedilatildeo e sauacutede Contudo uma anaacutelise mais

rigorosa em termos de possiacuteveis impactos permanentes sobre a taxa de crescimento

econoacutemico revela que os resultados podem divergir bastante em termos de sinal e

magnitude atendendo ao tipo de despesa social considerada Os resultados deste estudo

27

apontam tambeacutem para valores que alguns casos podem ser contraacuterios aos verificados

pelos estudos empiacutericos descritos na secccedilatildeo 2 Tal poderaacute estar relacionado com a

amostra de paiacuteses utilizada assim como o periacuteodo de anaacutelise e metodologia utilizada

5 Conclusotildees

Este trabalho propocircs-se a reflectir sobre a relaccedilatildeo entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico tendo por base a comparaccedilatildeo de dois grupos de paiacuteses

pertencentes agrave Uniatildeo Europeia a Escandinaacutevia e o Sul da Europa A niacutevel teoacuterico as

previsotildees acerca da relaccedilatildeo entre Estado Social e crescimento econoacutemico divergem

sendo possiacutevel encontrar argumentos que justificam a existecircncia de uma relaccedilatildeo

positiva outros que apoiam a verificaccedilatildeo de uma relaccedilatildeo negativa e outros ainda que

apontam no sentido de ausecircncia de qualquer relaccedilatildeo Estas diferentes hipoacuteteses parecem

indicar que cabe agrave anaacutelise empiacuterica determinar o sinal da relaccedilatildeo e o respectivo

contexto

Constituindo uma anaacutelise ainda exploratoacuteria o presente trabalho recorreu a uma

anaacutelise de estatiacutestica descritiva de um conjunto variado de indicadores relevantes para o

periacuteodo de 1985 a 2010 sempre que possiacutevel para analisar empiricamente a relaccedilatildeo

entre despesa social e crescimento econoacutemico

De forma a analisar esta relaccedilatildeo em termos mais detalhados aquela foi

desagregada em diferentes componentes tendo sido utilizados dados relativos a

despesas em educaccedilatildeo sauacutede e em vaacuterias componentes da despesa com a protecccedilatildeo

social como os subsiacutedios de desemprego e incapacidade apoios agraves famiacutelias gastos em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho e em pensotildees de reforma Foram calculados os

coeficientes de correlaccedilatildeo destas com o niacutevel do PIB real per capita numa tentativa de

confirmaccedilatildeo muito preliminar do sinal esperado para a relaccedilatildeo bem como os

coeficientes de correlaccedilatildeo entre os valores meacutedios da despesa das vaacuterias variaacuteveis entre

1985 e 1999 com a taxa de crescimento do PIB per capita entre 2000-10 Os

coeficientes de correlaccedilatildeo no uacuteltimo caso poderatildeo ajudar a compreender se o niacutevel de

gastos verificado entre 1985-99 contribuiacuteram para o crescimento econoacutemico verificado

na deacutecada seguinte

Verificou-se que ao longo do periacuteodo em anaacutelise a despesa social em

percentagem do PIB agregada e nas diferentes aacutereas teve um aumento relativo entre

1985 e 2010 mas no entanto aquela foi sempre mais elevada nos paiacuteses Escandinavos

tendo estes paiacuteses registado tambeacutem valores mais elevados do PIB real per capita

28

relativamente aos paiacuteses do Sul Os resultados apontam para que todas as dimensotildees se

correlacionam positivamente com o niacutevel de rendimento per capita sendo de destacar

que a educaccedilatildeo eacute a componente com coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado seguida

das despesas com sauacutede o que parece confirmar a influecircncia deste tipo de despesa sobre

o comportamento do produto via acumulaccedilatildeo de capital humano No que respeita ao

possiacutevel efeito da despesa social sobre a taxa de crescimento do PIB real per capita o

sinal do coeficiente de correlaccedilatildeo manteacutem-se positivo mas de magnitude bastante

inferior ao dos casos anteriores enquanto a correlaccedilatildeo apresenta um sinal negativo no

caso da despesa social total A correlaccedilatildeo eacute tambeacutem negativa para as diferentes

componentes da despesa como a protecccedilatildeo social com excepccedilatildeo do subsiacutedio de

desemprego Estes resultados apoiam assim a necessidade de ao estudar a relaccedilatildeo entre

Estado Social e crescimento econoacutemico levar a cabo uma anaacutelise desagregada uma vez

que os mecanismos de transmissatildeo podem variar consoante o tipo de despesa social

pelo que a anaacutelise agregada eacute difiacutecil de interpretar em termos econoacutemicos

Em suma o presente estudo poderaacute ajudar a compreender de forma preliminar

como os gastos sociais interagem com o crescimento econoacutemico e quais as aacutereas que

tecircm contribuiacutedo de forma positiva ou negativa para o mesmo Contudo natildeo poderaacute

deixar de se ter em conta a capacidade de outros factores poderem afectar a

performance da economia assim como natildeo se deve negligenciar a importacircncia dos

gastos sociais para a convergecircncia econoacutemica dos paiacuteses do Sul para com os paiacuteses do

Norte da Europa De forma a poder generalizar a anaacutelise e tirar conclusotildees mais

robustas em relaccedilatildeo ao sentido da causalidade e mecanismos de transmissatildeo no futuro

seraacute necessaacuterio utilizar meacutetodos de inferecircncia estatiacutestica adequados e amostras mais

alargadas de paiacuteses

29

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30

Anexos

Graacutefico 1 PIB per capita a preccedilos constantes de 2005 entre 1985 e 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 2 Esperanccedila meacutedia de vida 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

31

Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em

cada 1000 nascimentos) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total

da populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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1985 1990 1995 2000 2005 2010

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Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB ()1985 e 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

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Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes 2003 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010

Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A

despesa Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte OCDE

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009

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Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

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6

humano eacute um factor de produccedilatildeo de novas ideias logo essencial para garantir um

crescimento econoacutemico sustentaacutevel

Um outro factor que poderaacute em conjunto com o capital humano potenciar o

crescimento econoacutemico eacute o capital social Neste aspecto a existecircncia de um Estado

Social que desempenhe de forma adequada as suas funccedilotildees poderaacute contribuir para a

acumulaccedilatildeo de capital social Gonccedilalves (2002 p32) citando Shuller (2000) descreve

o capital social como sendo ldquobaseado em termos de organizaccedilotildees normas e confianccedila e

o modo como as uacuteltimas permitem aos agentes e instituiccedilotildees serem mais eficientes na

obtenccedilatildeo de objectivos comunsrdquo

Relativamente ao impacto do capital social no crescimento econoacutemico Bergh

(2011) afirma que estudos recentes apontam para que o niacutevel de confianccedila possa

explicar como os paiacuteses como a Sueacutecia podem se desenvolver e continuar os seus

abrangentes sistemas de promoccedilatildeo do bem-estar social apesar do risco de evasatildeo fiscal

ou de uma maacute distribuiccedilatildeo dos apoios Bergh (2011) tambeacutem salienta a existecircncia de

estudos que comprovam que a confianccedila tem impacto positivo na economia sendo este

ilustrado atraveacutes de um exemplo comparativo entre a Sueacutecia e os EUA onde 64 de

suecos acham que podem confiar uns nos outros em detrimento dos apenas 41 de

americanos que acham o mesmo podendo levar a que a economia sueca cresccedila

anualmente mais 05 pontos percentuais que os EUA

No entanto a literatura econoacutemica natildeo constata apenas que existem efeitos

positivos entre a despesa social e o crescimento econoacutemico No que diz respeito agrave

relaccedilatildeo negativa entre estas duas variaacuteveis autores como Izaacutek (2011) afirmam que a

distribuiccedilatildeo dos subsiacutedios e de outros apoios por parte do Estado e Social diminuem o

crescimento econoacutemico devido aos incentivos negativos que estes transmitem aos

agentes econoacutemicos por exemplo ao niacutevel dos desincentivos ao trabalho contribuindo

assim para a diminuiccedilatildeo da produtividade e do crescimento Para aleacutem deste autor

Furceri e Zdzieniecka (2012) apontam para que o crescimento da despesa social possa

estar relacionado com os incentivos agrave reforma antecipada e com os subsiacutedios de

invalidez que levam a uma diminuiccedilatildeo da forccedila de trabalho traduzindo-se essa

diminuiccedilatildeo num efeito negativo no crescimento do produto

No que respeita a estudos empiacutericos sobre a relaccedilatildeo entre despesa social e o

crescimento econoacutemico os resultados natildeo satildeo conclusivos com alguns estudos

empiacutericos a apontar para uma relaccedilatildeo positiva e outros para uma relaccedilatildeo de sinal

negativo dependo do tipo de despesa e do niacutevel de desenvolvimento do paiacutes a que nos

7

referimos De forma a compreender a relaccedilatildeo entre despesa social do Estado e

crescimento econoacutemico Afonso e Allegre (2008) no seu trabalho empiacuterico recorreram

a dados referentes a despesa social em 27 paiacuteses europeus e procuraram atraveacutes de um

estudo economeacutetrico verificar se esta contribuiacutea para o crescimento econoacutemico dos

mesmos paiacuteses Os resultados deste estudo apontaram para a existecircncia de um impacto

negativo entre os gastos em educaccedilatildeo e em protecccedilatildeo social no crescimento econoacutemico

mas tambeacutem para um efeito positivo da despesa em educaccedilatildeo no crescimento

econoacutemico De forma a estudar mais uma vez os efeitos entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico Izaacutek (2011) desenvolveu um estudo que assentava no caacutelculo

dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre valores meacutedios da despesa social em aacutereas como a

educaccedilatildeo sauacutede e protecccedilatildeo social e taxa de crescimento do PIB No entanto o periacuteodo

em anaacutelise foi relativamente curto devido agrave falta de dados sendo os dados da despesa

social referentes ao periacuteodo entre 2002 e 2006 e as estimativas de crescimento para o

periacuteodo de 2006 a 2008 Para realizar este estudo foram utilizados dados agregados

relativos agraves despesas sociais dos 25 paiacuteses pertencentes agrave UE a partir de 2004 a que

deram o nome de EU-25 Contudo para analisar esta a relaccedilatildeo entre despesa social e

crescimento econoacutemico a amostra de 25 paiacuteses foi separada em duas sendo a primeira

relativa aos 15 paiacuteses pertencentes agrave UE a partir de Janeiro de 1995 os EU-15 e a

segunda aos 10 que passaram a pertencer a partir de Maio de 2004 os denominados EU-

10

Os resultados do estudo apontam para valores negativos ao niacutevel do coeficiente

de correlaccedilatildeo entre a despesa social em termos globais das trecircs amostras e o crescimento

econoacutemico sendo que como salienta o mesmo autor o coeficiente de correlaccedilatildeo eacute mais

baixo nos paiacuteses que constituem o primeiro grupo e mais alto nos paiacuteses que mais

recentemente formam parte da UE

Izaacutek (2011) procurou tambeacutem estudar os efeitos das vaacuterias componentes da

despesa social ao niacutevel do crescimento econoacutemico Para o efeito foi calculado o

coeficiente de correlaccedilatildeo entre a despesa em protecccedilatildeo social a despesa em educaccedilatildeo e

por fim entre a despesa em sauacutede e o crescimento econoacutemico Os resultados do autor

enfatizam que a despesa social em qualquer destas aacutereas tem um impacto negativo no

crescimento econoacutemico verificaacutevel em todos os grupos analisados sendo reforccedilado o

facto surpreendente de haver uma correlaccedilatildeo negativa entre a despesa em sauacutede e o

crescimento econoacutemico

8

Outros estudos relativos ao impacto da despesa social no crescimento econoacutemico

foram desenvolvidos como eacute o caso de Wang (2011) que se foca na estimaccedilatildeo da

relaccedilatildeo entre a despesa do Estado na aacuterea da sauacutede e o crescimento econoacutemico para

uma amostra de 20 paiacuteses em desenvolvimento entre 1990 e 2009 O autor analisa a

relaccedilatildeo existente entre os gastos em sauacutede e o PIB atraveacutes do teste de cointegraccedilatildeo em

painel de Engle-Granger Os resultados apontam para a existecircncia de causalidade

bilateral ou seja para que o crescimento econoacutemico esteja relacionado com o aumento

dos gastos em sauacutede e para que os gastos em sauacutede tenham um impacto positivo no

crescimento econoacutemico Neste aspecto os resultados demonstram que no longo prazo

os gastos em sauacutede podem levar ao crescimento do produto ilustrando a importacircncia

dos apoios do Estado no sector da sauacutede para criar uma populaccedilatildeo fisicamente mais apta

e produtiva

Uma outra anaacutelise empiacuterica foi realizada por Baldacci et al (2004) que

relacionaram a despesa social com o capital humano na forma de educaccedilatildeo e sauacutede e o

seu impacto no crescimento econoacutemico usando dados em painel relativos a 120 paiacuteses

em vias de desenvolvimento para o periacuteodo de 1975 a 2000 Para a anaacutelise da relaccedilatildeo

recorreram a um estudo economeacutetrico sob a forma de um sistema de quatro equaccedilotildees

relativas ao crescimento do rendimento per capita ao investimento educaccedilatildeo e sauacutede

Com o estudo pretenderam demonstrar que as despesas sociais em sauacutede e em educaccedilatildeo

tinham um contributo positivo para acumulaccedilatildeo de capital humano que se veio a provar

como verdadeiro assim como o efeito positivo daquele no crescimento econoacutemico

Furceri e Zdzienicka (2012) investigam os efeitos dos gastos sociais no

crescimento econoacutemico num conjunto de paiacuteses pertencentes agrave OCDE para o periacuteodo

entre 1980 e 2005 Os autores recorrem a uma regressatildeo economeacutetrica concluindo que

um aumento de 1 no niacutevel de gastos sociais leva a um aumento do crescimento

econoacutemico em cerca de 012 pontos percentuais apoacutes um ano Numa segunda fase

utilizaram uma outra regressatildeo economeacutetrica tendo como objectivo estudar o impacto

da despesa social no crescimento econoacutemico com a inclusatildeo de alguns desfasamentos

do PIB verificando que no caso de um aumento de 1 dos gastos sociais em

percentagem do PIB leva a que o produto aumente em cerca de 057 pontos percentuais

sendo que as aacutereas que mais contribuiacuteram para este aumento foram os gastos em sauacutede e

com os subsiacutedios de desemprego

Outros estudos como o de Andrade et al (2013) procuraram estudar a relaccedilatildeo

entre as despesas em sauacutede e educaccedilatildeo e o crescimento econoacutemico Recorreram a uma

9

amostra de paiacuteses de vaacuterias regiotildees do mundo onde foram excluiacutedos os ex-paiacuteses

socialistas os paiacuteses que produzem essencialmente petroacuteleo e os que tinham vivido ateacute

haacute pouco tempo conflitos armados Separaram-se os paiacuteses tendo em conta o seu niacutevel

de rendimento e desenvolveram um estudo economeacutetrico para verificar o efeito da

despesa entre educaccedilatildeo e sauacutede na variaacutevel dependente PIB real per capita Os

resultados mostram de forma incontestaacutevel que os gastos em educaccedilatildeo e sauacutede tecircm

efeitos positivos no crescimento do PIB per capita de qualquer dos grupos de paiacuteses

Por fim Fic e Ghate (2005) desenvolveram um estudo com o intuito de

averiguar a relaccedilatildeo entre o Estado Social e o crescimento econoacutemico para uma amostra

de 19 paiacuteses pertencentes agrave OCDE entre os quais se incluiacuteam paiacuteses como a Dinamarca

Finlacircndia e a Sueacutecia entre 1950 e 2001 Este estudo utilizou um modelo dinacircmico de

crescimento desenvolvido anteriormente por um dos autores Ghate e Zak (2002) que

permitiu chegar agrave conclusatildeo de que a razatildeo para haver uma quebra no crescimento

econoacutemico poderaacute estar relacionado com o Estado Social Tal se justifica segundo os

autores pelo facto de no periacuteodo que antecede a quebra de crescimento a elevada taxa

de crescimento que se verifica induzir ao crescimento da despesa social Ao longo do

tempo o aumento do Estado Social leva assim agrave diminuiccedilatildeo do crescimento econoacutemico

que no Longo Prazo espera-se que leve agrave reduccedilatildeo do Estado Social Os resultados

segundo os autores sugerem que paiacuteses com um baixo crescimento econoacutemico tenham

que fazer cortes ao niacutevel da despesa com o Estado Social Estes consideram que o iniacutecio

da deacutecada de 70 foi o periacuteodo no qual foi mais visiacutevel esta relaccedilatildeo pois o baixo

crescimento econoacutemico verificado entre 1970 e 1975 foi o precedido da existecircncia de

um Estado Social de dimensotildees consideraacuteveis

Em jeito de conclusatildeo verificamos que os resultados dos estudos desenvolvidos

por Andrade et al (2013) e Baldacci et al (2004) apontam para um efeito positivo entre

a despesa social em educaccedilatildeo e sauacutede e o crescimento econoacutemico Furceri e Zdzienicka

(2012) considerando a despesa social em todas as aacutereas de intervenccedilatildeo do Estado Social

tambeacutem apontam para o contributo positivo desta no crescimento econoacutemico Quanto ao

estudo desenvolvido por Izaacutek (2011) este aponta para uma relaccedilatildeo negativa entre as

vaacuterias componentes da despesa social e o crescimento econoacutemico Os resultados

opostos podem ser fruto do niacutevel de desenvolvimento da amostra de paiacuteses utilizada

pois parece que a utilizaccedilatildeo de paiacuteses mais desenvolvidos apontam para um efeito

negativo e a utilizaccedilatildeo de alguns paiacuteses em desenvolvimento aponte para um efeito

positivo

10

3 Caracterizaccedilatildeo econoacutemico-social dos paiacuteses em anaacutelise

Neste ponto seraacute feita uma caracterizaccedilatildeo econoacutemico-social dos paiacuteses em

anaacutelise Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia trecircs paiacuteses escandinavos onde o Estado Social

haacute muito eacute uma realidade e Portugal Espanha Itaacutelia e Greacutecia paiacuteses da chamada

periferia Europeia onde o Estado social eacute uma realidade mais recente essencialmente

desde os meados dos anos 80 salientando as suas semelhanccedilas e diferenccedilas

O objectivo eacute enquadrar a anaacutelise mais especiacutefica da secccedilatildeo seguinte sobre a

potencial relaccedilatildeo entre o desempenho em termos de crescimento econoacutemico e a despesa

social total e por diferentes categorias Sempre que possiacutevel a comparaccedilatildeo entre paiacuteses

seraacute realizada ao longo do periacuteodo 1985-2010 No entanto dada a indisponibilidade de

dados relativamente a algumas variaacuteveis para alguns paiacuteses o periacuteodo de anaacutelise poderaacute

ser mais curto Eacute importante ter tambeacutem em conta o surgimento da crise de 2007 para

compreender alguns indicadores mais desfavoraacuteveis dos paiacuteses do Sul em relaccedilatildeo ao

Norte nos anos mais recentes

Inicialmente este trabalho procuraraacute discutir as semelhanccedilas e diferenccedilas entre

os dois grupos de paiacuteses relativamente a um conjunto de indicadores sociodemograacuteficos

que podem ter impacto e ser influenciados pela despesa social Em segundo lugar satildeo

apresentados e analisados alguns indicadores econoacutemicos seleccionados segundo a

mesma loacutegica ou seja que podem ter impacto e ser influenciados pela dimensatildeo e

composiccedilatildeo do Estado Social tais como o seu grau de abertura ao comeacutercio

internacional e a respectiva estabilidade macroeconoacutemica sendo utilizado como suporte

da anaacutelise os graacuteficos disponiacuteveis nos Anexos

O graacutefico 1 conteacutem os valores do PIB real per capita expressos em doacutelares a

preccedilos constantes de 2005 que eacute o principal indicador dos diferenciais de niacutevel de vida

do cidadatildeo meacutedio dos diferentes paiacuteses Da observaccedilatildeo do referido graacutefico constatamos

que em 2010 o niacutevel de rendimento por habitante eacute em todos os paiacutes mais elevado do

que o que se verificava em 1985 sendo que nos paiacuteses escandinavos o PIB real per

capita foi sempre relativamente mais elevado que nos restantes paiacuteses No caso da

Sueacutecia e Finlacircndia verificamos que estes em 2010 estes eram os mais ricos tal como jaacute

o eram em 1985 passando o valor desta variaacutevel na Sueacutecia dos 2806538 doacutelares em

1985 para os 4282567 doacutelares em 2010 e na Finlacircndia dos 242344 doacutelares de 1985

para os 3806465 doacutelares em 2010 Os paiacuteses do Sul ou periferia apresentam ao longo

do periacuteodo um PIB real per capita mais baixo nomeadamente Portugal e Greacutecia que

11

apesar de terem aumentado o seu PIB real per capita entre 1985 e 2010 no ano de 2010

Portugal tinha um valor de 1864776 doacutelares e a Greacutecia de 2130896 doacutelares

A opccedilatildeo por comeccedilar a caracterizaccedilatildeo das diferenccedilas entre os paiacuteses da amostra

pelo PIB real per capita deriva em parte do facto de este poder estar relacionado com a

melhoria de alguns indicadores que medem o niacutevel de desenvolvimento humano e que

servem para a construccedilatildeo do Iacutendice de Desenvolvimento Humano como eacute o caso da

diminuiccedilatildeo da taxa de mortalidade infantil e o aumento da esperanccedila meacutedia de vida

Face a isto relativamente ao sector da sauacutede como se pode ver no graacutefico 2 a

esperanccedila meacutedia de vida agrave nascenccedila (EMV) entre 1985 e 2010 aumentou No entanto

apesar de todos os paiacuteses terem registado um aumento da EMV ao longo do periacuteodo

analisado dos paiacuteses escandinavos apenas a Sueacutecia tem no iniacutecio do periacuteodo um valor

superior ao de todos os paiacuteses do Sul Com efeito Espanha Greacutecia e Itaacutelia partem de

uma situaccedilatildeo melhor do que a Dinamarca e a Finlacircndia O paiacutes que regista menor EMV

em 1985 eacute Portugal com 73 anos Em 2010 todos os paiacuteses da periferia ultrapassam os

paiacuteses escandinavos com excepccedilatildeo de Portugal que se manteacutem na uacuteltima posiccedilatildeo

Quanto agrave taxa de mortalidade infantil indicador que traduz o nuacutemero de mortes

de crianccedilas no primeiro ano de vida por cada 1000 nascimentos eacute de imediato

verificaacutevel no graacutefico 3 que ocorreu uma consideraacutevel melhoria neste indicador em

todos os paiacuteses ao longo do periacuteodo analisado Em 1985 a taxa de mortalidade infantil

em Portugal e na Greacutecia era maior do que nos restantes paiacuteses no entanto em 2010 jaacute

registavam um nuacutemero de mortes semelhante aos restantes paiacuteses No caso grego

verificou-se uma passagem das 16 mortes em cada 1000 nascimentos em 1985 para as 4

em 2010 ocorrendo o mesmo em Portugal que passou das 17 para as 4 No que respeita

agrave Escandinaacutevia o nuacutemero de mortes que se verificava no ano de 2010 natildeo era muito

diferente do que se verificava em 1985 e no caso da Finlacircndia houve apenas uma

pequena reduccedilatildeo das 6 para as 2 mortes durante este periacuteodo

A evoluccedilatildeo e composiccedilatildeo demograacutefica dos paiacuteses pode ter um impacto

importante naquela que eacute actualmente uma das componentes da despesa social com

maior peso a despesa com pensotildees Assim atraveacutes da anaacutelise do graacutefico 4 verifica-se

que a taxa de crescimento da populaccedilatildeo em termos anuais foi positiva em todos os

paiacuteses No entanto durante este periacuteodo (1990-2010) apenas Portugal entre 1990 e

1992 registou uma taxa de crescimento negativa que no entanto foi invertida No que

toca ao maior crescimento populacional este deu-se em Espanha entre 1997 e 2003 ao

qual se seguiu apoacutes um periacuteodo de estabilidade entre 2003 e 2007 uma diminuiccedilatildeo

12

acentuada Em termos globais a taxa de crescimento populacional tem vindo a descer

nomeadamente nos paiacuteses do Sul contrariamente aos paiacuteses do Norte Europeu que a

partir de 2000 verificaram um aumento Tal poderaacute dever-se agrave imigraccedilatildeo mas tambeacutem

poderaacute ter-se devido agraves poliacuteticas de apoio agrave natalidade com vista ao combate ao

envelhecimento da populaccedilatildeo Neste acircmbito decompondo a populaccedilatildeo dos paiacuteses da

amostra em faixas etaacuterias populaccedilatildeo jovem (ateacute aos 15 anos de idade) populaccedilatildeo entre

os 15 e 64 anos e populaccedilatildeo idosa (mais de 65 anos) verificamos que existe uma

tendecircncia para a diminuiccedilatildeo da populaccedilatildeo mais jovem face agrave total sendo esse

comportamento mais visiacutevel em Espanha que conforme o graacutefico 5 demonstra em

1985 tinha uma percentagem de jovens de cerca de 233 mas que em 2010

apresentava uma taxa de 149 Um aspecto curioso tem que ver com o facto de neste

periacuteodo de anaacutelise natildeo se ter verificado uma grande diminuiccedilatildeo desta faixa etaacuteria na

Escandinaacutevia sendo que no caso da Dinamarca esta registava em 2010 uma

percentagem de populaccedilatildeo jovem a rondar os 18 os mesmos que em 1985

Por outro lado verifica-se um agravamento do envelhecimento da populaccedilatildeo

com a pior situaccedilatildeo a verificar-se em Itaacutelia e na Greacutecia Entre 1985 e 2010 a

percentagem da populaccedilatildeo italiana com mais de 64 anos passou dos 131 em 1985

para os 203 em 2010 e na Greacutecia verificou-se uma passagem dos 133 para os 19

(ver graacutef 6) Relativamente ao Norte Europeu essa subida eacute mais ligeira e em 2010 a

Finlacircndia apresentava uma percentagem de 171 enquanto que a Dinamarca de 166

No que diz respeito agrave faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entre os 15 e 64 anos verifica-se atraveacutes

do graacutefico 7 que entre 1985 e 1995 a percentagem da populaccedilatildeo compreendida nesta

faixa etaacuteria aumentou No entanto a partir deste periacuteodo verificou-se uma descida dos

valores em alguns paiacuteses como eacute o caso da Itaacutelia onde a populaccedilatildeo pertencente a este

grupo entre 1985 e 2010 passou dos 675 para os 657 resultado talvez de uma

diminuiccedilatildeo da populaccedilatildeo jovem e do aumento da populaccedilatildeo mais idosa podendo isso

dever-se agrave baixa taxa de natalidade

Quanto agrave melhoria dos indicadores relativos agrave educaccedilatildeo verificamos que os

apoios do Estado nesta aacuterea talvez se tenham feito sentir Com efeito de acordo com o

graacutefico 8 a percentagem de populaccedilatildeo activa com apenas o ensino primaacuterio diminuiu

em todos os paiacuteses entre 1995-2010 sendo que no entanto o niacutevel de populaccedilatildeo activa

com apenas este niacutevel de escolaridade eacute mais reduzido nos paiacuteses do Norte como eacute o

caso da Finlacircndia e da Sueacutecia talvez devido ao facto de estes paiacuteses terem tomado haacute

mais tempo consciecircncia da importacircncia da educaccedilatildeo para um bom desempenho

13

econoacutemico (ver graacutef 8) Associado ao comportamento anterior verifica-se que em 2010

existe uma maior percentagem de pessoas com o ensino secundaacuterio e universitaacuterio em

todos os paiacuteses relativamente a 1995 Ao niacutevel do ensino secundaacuterio o graacutefico 9 mostra

que entre 1995 e 2010 verificou-se um aumento de trabalhadores com este niacutevel

acadeacutemico sendo esse impacto maior em Portugal Espanha Greacutecia e Itaacutelia mas no que

toca aos paiacuteses do Norte este nuacutemero foi oscilando Em todo o caso em 1995 os trecircs

paiacuteses escandinavos registavam uma maior percentagem da populaccedilatildeo com o ensino

secundaacuterio relativamente a qualquer dos paiacuteses do Sul sendo em 2010 apenas a

Dinamarca e a Finlacircndia ultrapassadas pela Itaacutelia O niacutevel de escolaridade dos

trabalhadores que mais subiu foi como se pode constatar no graacutefico 10 o universitaacuterio

verificando-se que em paiacuteses como a Finlacircndia a percentagem de trabalhadores com este

niacutevel acadeacutemico passou dos 217 em 1995 para os 373 em 2010 e na Espanha

passou dos 203 para os 33 Neste acircmbito verifica-se em 2010 a Espanha tinha uma

percentagem de indiviacuteduos com ensino superior mais elevada que a Sueacutecia e a

Dinamarca

Outra das componentes da despesa social com mais peso no total eacute a despesa

associada ao subsiacutedio de desemprego Nos anos mais recentes tem-se verificado um

aumento da taxa de desemprego como podemos ver no graacutefico 11 O desemprego pode

por em causa a estabilidade social uma vez que os indiviacuteduos sem emprego ao

perderem a sua fonte de rendimento podem perder qualidade de vida e estarem sujeitos

a situaccedilotildees de pobreza A taxa de desemprego entre 1991 e 2010 foi sempre mais

elevada no Sul em relaccedilatildeo ao Norte Os paiacuteses que apresentavam uma taxa mais elevada

em 2010 foram a Espanha com cerca de 20 seguido da Greacutecia com 125 enquanto

que a taxa de desemprego mais baixa se registou na Escandinaacutevia na Dinamarca onde a

taxa de desemprego em 2010 era de 75

No que diz respeito agrave taxa de desemprego jovem esta tem afectado sobretudo os

jovens do Sul Europeu e parece estar a tornar-se um problema grave para as geraccedilotildees

mais jovens As dificuldades em arranjar emprego podem prender-se com a falta de

experiecircncia por parte dos jovens Como tal estas situaccedilotildees levam a que estes natildeo

tenham nenhum tipo de poupanccedila nem direito a qualquer tipo de subsiacutedio como eacute o caso

do subsiacutedio de desemprego pois natildeo tiveram um passado activo consideraacutevel que lhes

permitisse ter realizado contribuiccedilotildees para a Seguranccedila Social e a ter direito a receber

subsiacutedio de desemprego Por outro lado ao natildeo terem emprego poderatildeo vir a ter

problemas em obter uma boa pensatildeo aquando o final da sua vida activa pois faratildeo

14

menos descontos do que aqueles satildeo necessaacuterios para obter um boa pensatildeo no futuro

podendo estar a comprometer a sua estabilidade financeira apoacutes a sua vida activa No

Norte Europeu paiacuteses como a Dinamarca tecircm investido na resoluccedilatildeo dos problemas

relativos ao desemprego jovem promovendo poliacuteticas de apoio aos jovens que possuem

baixos niacuteveis de estudos e que estejam sem trabalho como salientam Hughes e Borbeacutely-

Pecze (2012) Para tal foram desenvolvidos programas onde os jovens satildeo inseridos em

cursos de formaccedilatildeo praacutetica com vista a que estes adquiram experiecircncia e que os

familiarizem com o local de trabalho promovendo as suas aptidotildees de forma a capacitaacute-

los para o mercado de trabalho para que tragam ganhos de produtividade agrave entidade que

os emprega e consequentemente ao seu paiacutes Ao niacutevel da taxa de desemprego jovem o

graacutefico 12 ajuda-nos a perceber que esta era no ano de 2010 mais elevada na Espanha

com cerca de 424 sendo esta seguida pela Greacutecia com 325 Ao niacutevel das taxas

mais baixas verificamos que que entre 1991 e 2010 quem apresentou a taxa mais baixa

foi a Dinamarca sendo que no ano de 2010 esta apresentava uma taxa de cerca de

139 seguida da Finlacircndia com cerca de 203

Quanto agrave anaacutelise de factores econoacutemicos que possam ser responsaacuteveis pelas

diferenccedilas relativas ao niacutevel de vida iremos comeccedilar por analisar a importacircncia do

sector secundaacuterio e terciaacuterio para o PIB dos diversos paiacuteses na medida em que estes

sectores satildeo os que envolvem uma maior percentagem de indiviacuteduos com habilitaccedilotildees

acadeacutemicas mais elevadas e cujo seu contributo para o produto dos paiacuteses eacute mais

consideraacutevel

No que toca ao sector secundaacuterio verifica-se que entre 1985 e 2010 este tem

vindo a perder importacircncia no PIB de todos os paiacuteses No entanto durante este periacuteodo

verificou-se que o paiacutes que apresentava uma maior percentagem de riqueza gerado por

este sector era Portugal tendo contudo essa importacircncia diminuiacutedo de forma constante

chegando no ano de 2010 a ser de apenas 15 proacuteximo da percentagem da Espanha Eacute

de salientar que a importacircncia deste sector em 2010 era relativamente mais baixa nestes

paiacuteses em relaccedilatildeo agrave Dinamarca ou na Sueacutecia (ver graacutef13) Ao niacutevel do sector terciaacuterio

verificamos atraveacutes do graacutefico 14 que a importacircncia deste sector para a amostra de

paiacuteses em estudo era muito nivelado entre os 60 e os 70 No entanto a partir do ano

2000 verificou-se um aumento relativo da contribuiccedilatildeo deste sector para o PIB dos

vaacuterios paiacuteses sendo de salientar que em 2009 este sector tinha maior peso na produccedilatildeo

de riqueza no caso da Greacutecia contribuindo em cerca de 79 do total do PIB grego

15

enquanto que o mais baixo se verificava na Finlacircndia com cerca de 69 do PIB a ser

gerado por este sector

A anaacutelise da estrutura produtiva de um paiacutes pode ter tambeacutem uma relaccedilatildeo com o

grau de abertura da economia pois este poderaacute trazer algumas vantagens e explicar o

porquecirc de um determinado sector ter ganho mais importacircncia no PIB de um paiacutes Essas

vantagens podem estar relacionadas com a entrada de novos produtos e tecnologias que

normalmente estatildeo relacionados com o sector secundaacuterio e terciaacuterio e que poderatildeo

explicar o crescimento destes sectores Este factor poderaacute ainda estar relacionado com o

niacutevel de educaccedilatildeo de uma populaccedilatildeo pois quanto maior for o desenvolvimento

tecnoloacutegico de um paiacutes tal poderaacute levar agrave necessidade de um reforccedilo na educaccedilatildeo e

formaccedilatildeo profissional para capacitar a matildeo-de-obra para lidar com estas novas

tecnologias Assim o grau de abertura de um paiacutes poderaacute estar relacionado com o

aumento dos gastos em educaccedilatildeo

No que respeita ao grau de abertura da economia medido atraveacutes do volume de

importaccedilotildees e exportaccedilotildees em percentagem do PIB verificou-se que em todos os paiacuteses

em estudo houve uma tendecircncia de crescimento entre 1985 e 2010 Os paiacuteses que no

ano de 2010 apresentavam um grau de abertura mais elevado eram a Dinamarca com

cerca de 953 e a Sueacutecia com cerca de 928 Por outro lado paiacuteses como a Greacutecia e

a Espanha registavam valores muito mais baixos sendo que a Greacutecia apresentava um

niacutevel de cerca de 538 do seu PIB e a Espanha 569 como se pode constatar no

graacutefico 15 No que respeita ao saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes um valor em

percentagem do PIB positivo significa que existe um superavit ou seja que o paiacutes

aumentou os seus activos no estrangeiro Neste aspecto devido agrave falta de dados a

anaacutelise a esta variaacutevel comeccedila a partir de 2003 e consultando a graacutefico 16 verificamos

que ao longo do periacuteodo na Greacutecia Portugal Itaacutelia e Espanha a balanccedila foi sempre

deficitaacuteria sendo as situaccedilotildees mais complicadas a da Greacutecia e a de Portugal que em

2010 apresentavam um deacutefice de 104 e 97 respectivamente Por outro lado a

Dinamarca a Sueacutecia e a Finlacircndia tiveram sempre um excedente

No que toca agrave anaacutelise do saldo orccedilamental este juntamente com a diacutevida puacuteblica

poderaacute ajudar a compreender o estado das financcedilas puacuteblicas de um paiacutes Compreender o

saldo orccedilamental em percentagem do PIB eacute muito importante pois se este demonstrar

um comportamento mais despesista tal iraacute reflectir-se no aumento do endividamento do

Estado que poderaacute ter de levar a uma reduccedilatildeo dos apoios do Estado Social com vista agrave

sustentabilidade financeira do Estado Como forma de controlar as financcedilas puacuteblicas

16

poderatildeo ser necessaacuterios cortes ao niacutevel dos apoios da protecccedilatildeo social bem como a

reduccedilatildeo do orccedilamento do Estado para aacutereas com a sauacutede ou educaccedilatildeo No graacutefico 17 eacute

possiacutevel verificar que no caso de paiacuteses como a Greacutecia Portugal e Itaacutelia no periacuteodo de

estudo verificou-se que estes paiacuteses tiveram sempre um comportamento mais despesista

que os restantes sendo como jaacute vimos esta uma possiacutevel justificaccedilatildeo para o crescimento

da diacutevida puacuteblica nestes paiacuteses Jaacute os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentavam saldos

orccedilamentais mais positivos em relaccedilatildeo aos do Sul da Europa sendo mesmo o saldo

orccedilamental sueco aproximadamente de 0

A diacutevida puacuteblica em percentagem do PIB sempre foi inferior nos paiacuteses do Norte

em relaccedilatildeo aos do Sul Entre 1995 e 2010 verificamos que o niacutevel de diacutevida foi

oscilando no entanto este foi relativamente mais elevado na Greacutecia e na Itaacutelia

chegando no ano de 2010 este a ser cerca de 145 e 1194 do seu PIB

respectivamente No caso da Sueacutecia verificou-se ao longo deste periacuteodo uma tendecircncia

de descida e em 2010 este era de 394 (ver graacutef 18) Um outro factor que pode ter

feito aumentar o niacutevel de diacutevida de alguns paiacuteses do Sul da Europa a partir de 2005

pode ter que ver com o surgimento da crise econoacutemica de 2007 que agravou ainda mais

o niacutevel de diacutevida destes paiacuteses que era jaacute elevado como satildeo exemplos a Greacutecia e

Portugal

Em resumo verificamos que em termos globais os indicadores soacutecio-

econoacutemicos do Sul da Europa satildeo piores que os do Norte Europeu Contudo as

diferenccedilas tecircm vindo a diminuir Por exemplo os indicadores relativos agrave sauacutede e agrave

educaccedilatildeo tecircm demonstrado francas melhorias que talvez resultem do facto dos estados

terem reforccedilado os apoios ao niacutevel destas funccedilotildees sociais Haacute no entanto que ter em

conta que no caso do Sul Europeu o crescente aumento da diacutevida puacuteblica poderaacute

dificultar a continuidade desta acccedilatildeo na medida em que poderaacute levar agrave necessidade de

reformulaccedilotildees que passem por cortes no Estado Social com vista a fazer face ao

crescente endividamento destes Os Estados do Sul Europeu natildeo devem contudo no

periacuteodo actual de crise esquecer a importacircncia que estes sectores tecircm para a coesatildeo

social e potencialmente para o desempenho econoacutemico

4 Despesa Social e Crescimento Econoacutemico anaacutelise comparada de alguns dados

Nesta secccedilatildeo seraacute realizada uma anaacutelise de estatiacutestica descritiva que teraacute como

principal objectivo uma anaacutelise comparada dos dois grupos de paiacuteses em termos de

crescimento econoacutemico e despesa social agregada e por diferentes componentes entre

17

1985 e 2010 Por uacuteltimo procura-se verificar se o sinal da correlaccedilatildeo esperada entre a

despesa social do Estado e o comportamento do produto estaacute de acordo com a literatura

econoacutemica Para tal realizamos apenas uma anaacutelise muito simples e preliminar baseada

no caacutelculo de coeficientes de correlaccedilatildeo entre as despesas em sauacutede educaccedilatildeo e as

vaacuterias componentes da despesa em protecccedilatildeo social e respectivamente o PIB per capita

e a taxa de crescimento do mesmo

Esta anaacutelise foi realizada tendo em conta todos os dados disponiacuteveis na base de

dados da OECD Social Expenditure Database ao niacutevel dos gastos com sauacutede e

protecccedilatildeo social e com os dados disponiacuteveis do Banco Mundial relativamente a despesa

em educaccedilatildeo PIB real per capita para todos os paiacuteses em anaacutelise no periacuteodo entre 1985

e 2010

Antes de passarmos agrave anaacutelise comparada da despesa social e suas componentes

nos paiacuteses da nossa amostra detenhamo-nos na comparaccedilatildeo da respectiva prestaccedilatildeo em

termos de crescimento econoacutemico de acordo com os dados relativos agraves taxas meacutedias de

crescimento anual do PIB real per capita entre 1985 e 2010 e alguns sub-periacuteodos (ver

Quadro 1) Ao longo do periacuteodo total 1985-2010 Portugal e a Espanha foram os paiacuteses

que mais cresceram o que natildeo eacute de estranhar uma vez que partiram de valores do PIB

real per capita dos mais baixos do grupo Seguem-se a estes os paiacuteses escandinavos

Finlacircndia Sueacutecia e Dinamarca enquanto que a Greacutecia e a Itaacutelia foram os paiacuteses que

menos cresceram No caso da Greacutecia a situaccedilatildeo eacute mais insoacutelita uma vez que tal como

Portugal e Espanha partiu de um niacutevel de rendimento relativamente mais baixo e assim

sendo o potencial de crescimento e convergecircncia deveria ter sido superior ao dos paiacuteses

mais ricos Se dividirmos o periacuteodo total em anaacutelise em trecircs sub-periacuteodos 1985-95

1995-05 e 2005-10 verificamos que o desempenho relativo dos paiacuteses se vai alterando

Assim por exemplo a boa prestaccedilatildeo de Portugal entre 1985-2010 parece ter sido

consequecircncia do seu elevado crescimento relativo entre 1985 e 1995 enquanto que nos

outros dois sub-periacuteodos a taxa meacutedia de crescimento anual do seu PIB real per capita eacute

das mais baixas do grupo Os paiacuteses escandinavos tecircm taxas de crescimento relativas

mais elevadas essencialmente entre 1995 e 2005 enquanto a Espanha e a Greacutecia

melhoram o desempenho relativo no segundo e terceiro sub-periacuteodos em especial a

Espanha Em todo o caso registou-se um acentuado abrandamento e do crescimento nos

uacuteltimos cinco anos com a Itaacutelia Sueacutecia Finlacircndia e Portugal a registarem mesmo taxas

crescimento negativas Este fenoacutemeno natildeo pode deixar de ter em conta o iniacutecio da crise

econoacutemica e financeira que teve o seu comeccedilo em 2007-2008

18

Quadro 1 Taxas meacutedias de crescimento anual do PIB real per capita 1985 a 2010

Periacuteodos Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

1985-1995 1639 0940 0555 2140 3600 2698 0970

1995-2005 1682 3377 3243 1128 2025 2591 2831

2005-2010 0025 -0267 0198 -0145 -0441 0207 -0229

1985-2010 1221 1806 1461 1131 2333 2024 1690

Fonte Caacutelculos do autor com base em dados do Banco Mundial

No que diz respeito agrave anaacutelise comparada entre a despesa social dos paiacuteses em

estudo iremos comeccedilar por comparar os niacuteveis de gastos sociais totais2 em percentagem

do PIB ao longo do periacuteodo total 1985-2010 (ver graacutefico 19) Durante todo este periacuteodo

eacute possiacutevel verificar que os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentaram um niacutevel de gastos

sociais totais superior ao dos paiacuteses do Sul Europeu O paiacutes que apresentou um niacutevel de

gastos mais elevado durante a maior parte deste periacuteodo foi a Sueacutecia que apenas o

deixou de ser quando a Dinamarca se assumiu como o paiacutes que mais gastou em despesa

social em 2010 cerca de 306 do PIB Quanto agrave Finlacircndia esta no ano de 2010

tambeacutem ultrapassa a Sueacutecia ao niacutevel de uma maior despesa social Contudo no caso

finlandecircs verifica-se que entre os anos de 1990 e 1992 ocorreu um aumento

consideraacutevel na despesa social ao qual se sucede uma diminuiccedilatildeo gradual dos gastos ateacute

2000 No entanto tal como a Dinamarca e a Sueacutecia este paiacutes apresentava ainda um

niacutevel de gastos superiores ao dos paiacuteses do Sul cerca de 243 do PIB No que respeita

aos paiacuteses da periferia tambeacutem designados paiacuteses do Sul verifica-se que o paiacutes que

mais se conseguiu aproximar do niacutevel de despesa dos paiacuteses da Escandinaacutevia foi a Itaacutelia

que no ano de 2010 gastava cerca de 277 do seu PIB em gastos sociais enquanto que

a Sueacutecia cerca de 283 No entanto verificamos que a Itaacutelia em algumas ocasiotildees foi

ultrapassada pelo niacutevel de gastos da Espanha como eacute o caso do subperiacuteodo entre 1989 e

1996 Quanto aos paiacuteses que canalizaram uma menor percentagem do PIB para a

despesa social verificam-se que estes foram a Espanha Greacutecia e Portugal

Relativamente a estes dois uacuteltimos verificou-se que a Greacutecia apresentava em 1985 um

niacutevel de despesa social consideravelmente maior que Portugal cerca de 161 face aos

101 do PIB de Portugal no entanto essa diferenccedila foi diminuindo Tal resulta de um

2 Os gastos sociais totais incluem a despesa em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado laboral apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social

exceptuando os apoios em educaccedilatildeo

19

evidente aumento da despesa em Portugal e um teacutenue crescimento da Despesa Social

grega chegando Portugal no ano de 2002 a ultrapassar a Greacutecia e no ano de 2010

apresentava um niacutevel de despesa mais elevado de despesa que a Greacutecia cerca de 254

face aos 233 da Greacutecia Na globalidade verificou-se uma tendecircncia de crescimento

contiacutenuo nos paiacuteses escandinavos ateacute ao iniacutecio da deacutecada de 90 seguido de uma

diminuiccedilatildeo ateacute cerca de 2000 No Sul a tendecircncia eacute de crescimento sustentado para a

Greacutecia e Portugal e de oscilaccedilotildees na Espanha e Itaacutelia Eacute tambeacutem notoacuterio que apoacutes a crise

de 2007-08 se verifica de novo um crescimento da despesa relativamente aos paiacuteses do

Norte

No seguimento da anaacutelise comparativa da despesa social em termos globais

efectua-se agora um estudo comparativo entre a despesa do Estado nas vaacuterias

componentes da despesa social educaccedilatildeo sauacutede e protecccedilatildeo social e dentro de estas

com o pagamento de pensotildees de reforma subsiacutedios de invalidez politicas activas do

mercado de trabalho apoios agraves famiacutelias e subsiacutedio de desemprego que correspondem agrave

maioria da despesa social nestes paiacuteses

De acordo com os graacuteficos 20 e 21 os niacuteveis de despesa social quer em sauacutede e

quer em educaccedilatildeo respectivamente dos paiacuteses do Norte face aos do Sul medidos em

percentagem do seu PIB entre 1985 e 2010 satildeo maiores no primeiro grupo de paiacuteses

relativamente ao segundo agrave excepccedilatildeo da Finlacircndia que depois de um periacuteodo de

diminuiccedilatildeo da despesa em sauacutede entre 1992 e 1998 para cerca dos 53 do PIB

verifica de novo um aumento para os 67 verificados em 2010 No entanto situava-se

aqueacutem do verificado em Itaacutelia Espanha e Portugal no mesmo ano que era

respectivamente 73 713 e 712 do PIB Assim sendo a Finlacircndia encontrava-se

soacute a frente da Greacutecia que possuiacutea um niacutevel de gastos de 64 do PIB (ver graacutef 20 e 21)

Nota-se tambeacutem no que diz respeito agrave despesa em sauacutede que a Sueacutecia e a Dinamarca

foram quem mais despenderam nesta aacuterea com niacuteveis de despesa semelhantes Contudo

a partir de 1999 o niacutevel de despesa da Dinamarca passa para frente do da Sueacutecia

tornando-se assim o paiacutes com maior despesa em sauacutede chegando a 2010 a apresentar

um valor de cerca de 94 do PIB face aos 77 da Sueacutecia Eacute importante salientar que

todos os paiacuteses do Sul da Europa verificaram um crescimento sustentado que se traduz

em valores de despesa em sauacutede em percentagem do PIB maiores em 2010 que em

1985 Por fim importa destacar que entre 2009 e 2010 verificou-se uma diminuiccedilatildeo da

despesa para todos os paiacuteses por ventura efeitos da crise que comeccedilou um par de anos

antes

20

No que toca agrave educaccedilatildeo como jaacute foi referido os paiacuteses da Escandinaacutevia

apresentam durante o periacuteodo em anaacutelise um niacutevel de despesa superior nesta mateacuteria em

relaccedilatildeo aos paiacuteses da periferia Neste contexto verificamos que as diferenccedilas relativas

aos niacuteveis de despesa dos vaacuterios paiacuteses em educaccedilatildeo se encontram melhor clarificadas

que as diferenccedilas ao niacutevel da despesa em sauacutede agrave excepccedilatildeo dos anos entre 1987 e 1990

em que os valores da despesa portuguesa foram semelhantes ao da espanhola e dos anos

de 2007 e 2008 em que os valores da Itaacutelia foram semelhantes aos da Espanha Feitas

estas consideraccedilotildees verifica-se a existecircncia de um maior niacutevel de despesa em educaccedilatildeo

por parte da Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia ao longo do periacuteodo e no ano de 2009 o

valor da despesa era respectivamente de 83 72 e 68 do PIB No que toca aos

restantes paiacuteses da amostra os paiacuteses do Sul verificamos que o niacutevel de despesa grego e

portuguecircs foi aumentando chegando o portuguecircs a tornar-se o mais elevado entre os

restantes paiacuteses da periferia a partir de 1994 sem nunca esquecer a ausecircncia de dados

para o ano de 1997 e para a Greacutecia entre 2005 e 2010 No ano de 1994 o valor gasto por

Portugal era cerca de 46 chegando a 2010 aos 56 do PIB Jaacute relativamente agrave Itaacutelia

considerando a quebra de dados para este paiacutes verificamos que esta se encontrava no

topo dos paiacuteses do Sul que mais gastavam nesta aacuterea no entanto como jaacute foi referido

esta foi ultrapassada por Portugal e ateacute mesmo a Espanha a partir de 2007 paiacuteses que

tinham nesse ano respectivamente um niacutevel de gastos de 51 e 434 do PIB face

aos 426 do PIB verificados na Itaacutelia

Relativamente agrave despesa em protecccedilatildeo social entre os paiacuteses em anaacutelise e no

que diz respeito niacutevel gastos em pagamentos de pensotildees de reforma verificamos que

natildeo existe um grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 22) Neste capiacutetulo

verifica-se que em todos os paiacuteses o niacutevel de gastos nesta mateacuteria foi oscilando

Contudo nos subperiacuteodos de 1985-89 e de 1997-2009 este foi mais elevado na Itaacutelia e

a Greacutecia sendo estes ultrapassados apenas entre 1991-95 pela Sueacutecia Estes trecircs paiacuteses

em 2009 ocupavam trecircs das quatro primeiras posiccedilotildees nos gastos em pensotildees

apresentando a Itaacutelia a Greacutecia e a Sueacutecia um niacutevel de gastos de 13 109 e 102

do PIB respectivamente Quanto aos restantes paiacuteses verifica-se que o paiacutes que durante

maior parte do periacuteodo apresentou um niacutevel de despesa mais baixo foi Portugal no

entanto registou um aumento consideraacutevel se em 1985 se encontrava no uacuteltimo posto

com cerca de 33 do seu PIB gasto em pensotildees a partir de 2004 ultrapassou a

Finlacircndia Dinamarca e Espanha apresentando no ano de 2009 uma percentagem de

gastos em pensotildees relativamente ao PIB a rondar os 106 superior ao verificado na

21

Dinamarca (82) na Finlacircndia (102) e Espanha (77) Tal poderaacute ter que ver com

o facto de a populaccedilatildeo em Portugal ter envelhecido a um ritmo mais acelerado que nos

restantes paiacuteses

No que toca aos subsiacutedios de desemprego verificamos tambeacutem que natildeo haacute um

grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 23) Contudo neste capiacutetulo

constata-se que os trecircs paiacuteses que gastaram maior percentagem do PIB em subsiacutedios de

desemprego ao longo do periacuteodo foram a Dinamarca Espanha e Finlacircndia Nestes

paiacuteses verificamos que em 1993 o niacutevel de gastos foi o mais elevado cerca 53 do PIB

no caso dinamarquecircs e de 47 no caso espanhol e finlandecircs sendo uma possiacutevel razatildeo

para esse aumento a crise econoacutemica que ocorreu nesse ano O factor crise econoacutemica

poderaacute tambeacutem ajudar a compreender o porquecirc de na Espanha o niacutevel de gastos ter

subido entre 2008 e 2009 de uma forma abrupta passando dos 22 do PIB para os

35 aumento que poderaacute estar relacionado com a crise econoacutemica de 2007-08 que

poderaacute ter contribuiacutedo para o agravamento da taxa de desemprego espanhola Neste

acircmbito verifica-se tambeacutem que os paiacuteses que apresentaram ao longo deste periacuteodo um

niacutevel de despesa mais reduzido com os subsiacutedios de desemprego foram Portugal Itaacutelia e

Greacutecia que em 2009 eram os que menos gastavam com um niacutevel de despesa de cerca de

07 no caso grego 08 no caso italiano e 12 do PIB no caso portuguecircs Estes

valores ficam bem atraacutes dos verificados no mesmo ano para a Dinamarca (23) e para

a Espanha (35)

Jaacute no que toca agrave despesa social em apoios concedidos agraves famiacutelias em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e em subsiacutedios concedidos a pessoas com incapacidade

verifica-se que os paiacuteses do Norte tecircm um niacutevel de gastos nestas mateacuterias superior ao da

periferia europeia (ver graacuteficos 24 25 e 26) Verifica-se ainda assim uma pequena

excepccedilatildeo no que toca agrave Espanha em que os gastos em poliacuteticas activas no mercado de

trabalho em 1989 e 1990 foram superiores agraves verificadas na Dinamarca que eram cerca

de 08 do PIB face aos 07 despendido pelos dinamarqueses A diferenccedila entre os

dois grupos eacute evidente no caso da despesa relacionada com os apoios agraves famiacutelias onde

se verifica uma diferenccedila consideraacutevel ao longo do periacuteodo de anaacutelise entre o Norte e o

Sul A despesa em aacutereas como as poliacuteticas e com as famiacutelias dentro dos paiacuteses da

Escandinaacutevia foi inicialmente mais elevado na Sueacutecia que chegou a atingir o seu

maacuteximo em 1992 com cerca de 49 do PIB gasto nesta mateacuteria no entanto

progressivamente o niacutevel de despesa da Dinamarca foi-se aproximando da Sueacutecia

chegando ateacute a ultrapassar esta em 1995 No que diz respeito agrave Finlacircndia verificou-se

22

que dos trecircs paiacuteses que compotildeem a Escandinaacutevia eacute aquele que apresenta um niacutevel mais

baixo durante maior parte do periacuteodo em anaacutelise mas no entanto superior aos paiacuteses do

Sul como jaacute foi dito Existe contudo uma excepccedilatildeo para este paiacutes que acontece no ano

de 1994 quando este consegue ser o paiacutes que mais gasta nesta aacuterea cerca de 44 do

PIB superior aos gastos suecos que foram cerca de 43 e dos dinamarqueses cerca de

39 Quanto aos gastos em poliacuteticas activas do mercado de trabalho as diferenccedilas jaacute

natildeo satildeo tatildeo evidentes mas no entanto relativamente aos paiacuteses do Sul verificamos ao

longo de todo o periacuteodo que os paiacuteses que foram apresentando consecutivamente

valores mais elevados de despesa nesta mateacuteria foram Portugal e Espanha que entre

1985 e 2009 sofreram oscilaccedilotildees relativamente aos valores despendidos no entanto em

2009 estes gastavam cerca de 08 e 09 respectivamente um valor mais elevado que

o verificado para a Itaacutelia (04) e para a Greacutecia (02) paiacuteses que ao longo do periacuteodo

observado se ficaram pelos uacuteltimos lugares

Por uacuteltimo abordamos as diferenccedilas entre o Norte e o Sul ao niacutevel de gastos em

pensotildees por incapacidade (ver graacutef 26) Como jaacute foi referido verificamos que o niacutevel

de gastos nesta aacuterea eacute superior no Norte em relaccedilatildeo ao Sul Assim sendo verificamos

que a Sueacutecia e a Finlacircndia foram alternando a lideranccedila relativamente aos paiacuteses que

mais despenderam nestes apoios Entre 1985-91 e 1997-2009 a Sueacutecia realizou um niacutevel

de despesa mais elevado que a Finlacircndia apresentando em 1991 um niacutevel a rondar os

53 face ao gasto pela Finlacircndia que foi cerca de 49 Jaacute em 2009 o niacutevel de gastos

da Sueacutecia foi de 5 do seu PIB maior que o verificado na Finlacircndia 41 enquanto

que para o restante periacuteodo o niacutevel de gastos finlandecircs foi sempre superior ao sueco A

Dinamarca foi dos paiacuteses escandinavos aquele que ao longo da maior parte deste

periacuteodo menos gastou no entanto a partir de 2001 esta ultrapassou o niacutevel de gastos da

Finlacircndia apresentando um niacutevel de despesa de cerca de 38 do PIB face aos 37

verificados no caso finlandecircs Esta ultrapassagem deu-se natildeo soacute pela subida dos gastos

em da Dinamarca nesta aacuterea mas tambeacutem por uma descida da despesa finlandesa No

que toca aos paiacuteses do Sul verificamos que quem gastou relativamente mais durante a

maior parte do periacuteodo entre 1985 e 2009 em subsiacutedios atribuiacutedos a incapacitados

foram Espanha Portugal Itaacutelia e a Greacutecia respectivamente agrave excepccedilatildeo do subperiacuteodo

entre 1985 e 1989 em que a Itaacutelia teve um niacutevel de gastos superiores ao de Portugal

Estes paiacuteses no ano de 2009 apresentavam um niacutevel de gastos a rondar os 27 do PIB

no caso espanhol os 21 no caso portuguecircs os 19 no caso italiano e os 1 no caso

23

grego valores que apesar de serem mais baixos que os verificados nos paiacuteses do Norte

da Europa satildeo mais elevados que os verificados em 1985 para estes paiacuteses

Por fim concluiacutemos esta secccedilatildeo com uma anaacutelise quantitativa muito simples e

preliminar da relaccedilatildeo entre a despesa social e o crescimento econoacutemico que corresponde

ao caacutelculo dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre os vaacuterios tipos de despesa social e o PIB

real per capita e a sua taxa de crescimento De acordo com a revisatildeo da literatura

realizada na secccedilatildeo 2 espera-se que exista uma correlaccedilatildeo positiva entre a despesa

social e o niacutevel de crescimento do PIB na medida ou seja para que esta contribua

efectivamente para uma reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo do rendimento e da

pobreza mas tambeacutem porque certos tipos de despesa social tais como educaccedilatildeo sauacutede

mas tambeacutem os apoios agrave famiacutelia contribuem directamente para a acumulaccedilatildeo de capital

humano Contudo aceitando o argumento de que o financiamento necessaacuterio introduz

distorccedilotildees na actividade econoacutemica que por exemplo desincentivam o trabalho e o

investimento por parte das empresas a correlaccedilatildeo obtida pode ter um sinal negativo Da

mesma forma se despesas como o subsiacutedio de desemprego constituiacuterem um

desincentivo a realizar maior esforccedilo no trabalho tambeacutem o sinal poderaacute ser negativo

Em uacuteltima anaacutelise poderaacute natildeo existir qualquer correlaccedilatildeo se os efeitos de sinal contraacuterio

se compensarem exactamente Finalmente natildeo devemos esquecer que correlaccedilatildeo natildeo

significa causalidade pelo que o sinal obtido se pode dever agrave influecircncia do produto

sobre a despesa social ou agrave influecircncia muacutetua

Com auxiacutelio do Quadro 2 onde se encontram os resultados relativos aos

coeficientes de correlaccedilatildeo entre despesa social e o PIB real per capita verificamos que

tendo em conta os dados disponiacuteveis para todos os paiacuteses e anos os coeficientes de

correlaccedilatildeo entre as vaacuterias despesas sociais e o PIB real per capita satildeo todos positivos

quer no que respeita agrave despesa social total quer agraves suas diferentes componentes Os

coeficientes de correlaccedilatildeo mais elevados dizem respeito agraves despesas em educaccedilatildeo e

sauacutede respectivamente 0833 e 0791 podendo argumentar-se que isto se deve ao seu

contributo directo para a acumulaccedilatildeo de capital humano e que este factor possa ter

trazido ganhos de produtividade agraves economias conforme a literatura econoacutemica defende

Quanto ao efeito das vaacuterias componentes de despesa social em protecccedilatildeo social

verificamos que as aacutereas que possuem um coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado satildeo a

despesa em apoios atribuiacutedos agraves famiacutelias os subsiacutedios atribuiacutedos aos incapacitados e as

poliacuteticas activas do mercado de trabalho (0764 0648 e 0626 respectivamente) A

correlaccedilatildeo mais elevada na primeira e terceira dimensotildees referidas poderaacute ter que ver

24

com o seu papel na reduccedilatildeo da desigualdade e pobreza das famiacutelias mais pobres e dos

incentivos criados juntos das empresas para que estas empreguem mais trabalhadores

No que diz respeito aos subsiacutedios concedidos agraves famiacutelias estes ajudam ao aumento do

rendimento das mesmas e tal como foi dito anteriormente poderaacute ter-se traduzido no

aumento do consumo privado daiacute haver uma relaccedilatildeo positiva com o PIB per capita No

meacutedio-longo prazo pode tambeacutem permitir agraves famiacutelias investir mais no capital humano

dos seus filhos e desta forma contribuir para o aumento do PIB Nas restantes aacutereas

gastos com subsiacutedios de desemprego ou em pensotildees tambeacutem possuem uma relaccedilatildeo

positiva com o PIB per capita indicando que toda a despesa realizada pelos vaacuterios

paiacuteses ao longo deste periacuteodo foi importantes para o aumento do produto na medida em

que estas se incidiram sobre os indiviacuteduos que possuem um niacutevel de rendimento mais

baixo dando um estimulo ao consumo traduzindo-se isso no aumento do produto como

jaacute vimos anteriormente Contudo nestes casos os coeficientes de correlaccedilatildeo de 0424 e

0220 respectivamente satildeo bastante inferiores indicando que poderatildeo estar em

actuaccedilatildeo efeitos de sinal negativo que reduzem a correlaccedilatildeo positiva final

Nomeadamente os gastos com pensotildees e subsiacutedios de desemprego podem estar a

desviar a despesa de outras funccedilotildees sociais com um impacto mais directo sobre a

produtividade como a educaccedilatildeo e a sauacutede

Quadro 2 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social e componentes e o niacutevel

do PIB real per capita 1985-2010 (todos os dados disponiacuteveis)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB) PIB real

per capita

Total 0747

Sauacutede 0791

Educaccedilatildeo 0833

Pensotildees de reforma 0220

Pensotildees por incapacidade 0648

Apoios agraves Famiacutelias 0764

Poliacuteticas Activas do Mercado de Trabalho 0626

Subsiacutedio de Desemprego 0424

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

25

A anaacutelise de correlaccedilatildeo anterior apesar de interessante natildeo permite ter uma

ideia muito rigorosa da existecircncia ou natildeo de causalidade entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico uma vez que se baseia em valores correntes quer da despesa

quer do PIB e como vimos os paiacuteses mais ricos tendem tambeacutem a gastar mais com as

funccedilotildees sociais Por outro lado em termos de efeitos permanentes sobre a taxa de

crescimento eacute mais rigoroso calcular a correlaccedilatildeo entre a despesa e a taxa de

crescimento do PIB real per capita De forma a ter em conta a questatildeo da causalidade

inversa no quadro 2 satildeo apresentados os coeficientes de correlaccedilatildeo entre a meacutedia da

despesa social realizada nos sete paiacuteses no periacuteodo de 1985 a 1999 e o crescimento

meacutedio do PIB verificado nos dez anos seguintes 2000-2010

De acordo com a informaccedilatildeo que consta do quadro 3 o sinal dos coeficientes de

correlaccedilatildeo varia agora consoante o tipo de despesa considerada Relativamente agrave

despesa social total o coeficiente eacute negativo embora natildeo muito elevado -02779 A

justificaccedilatildeo mais imediata para este sinal poderaacute ter a ver com o facto do financiamento

necessaacuterio ter introduzido distorccedilotildees na actividade econoacutemica que prejudicaram o

crescimento Contudo torna-se mais informativo olhar para as diferentes componentes

da despesa social

No que respeita aos coeficientes por tipo de despesa como seria de esperar dada

a consensual relaccedilatildeo entre as despesas em educaccedilatildeo e sauacutede com o crescimento

econoacutemico por via do seu impacto sobre a acumulaccedilatildeo de capital humano3 o sinal eacute

positivo embora de magnitude reduzida 01356 e 00115 respectivamente em especial

no caso das despesas em sauacutede Estes resultados indicam tambeacutem que os coeficientes de

correlaccedilatildeo anteriores contecircm realmente informaccedilatildeo sobre a influecircncia positiva no niacutevel

de rendimento sobre as despesas sociais em educaccedilatildeo e sauacutede O outro coeficiente de

correlaccedilatildeo positivo diz respeito agrave despesa com subsiacutedios de desemprego sendo ateacute a

correlaccedilatildeo mais forte do que nos dois casos anteriores 01733 Isto pode indicar que a

existecircncia deste apoio constituiu um incentivo ao trabalho pela seguranccedila que permite

aos trabalhadores estimulando tambeacutem os mesmos a apostar na sua formaccedilatildeo porque

protegidos em caso de desemprego

Quanto ao impacto negativo das restantes componentes da despesa social

verifica-se que as despesas que apresentam um coeficiente menos negativo satildeo as

pensotildees de reforma e por incapacidade -02298 e -03338 respectivamente enquanto

3 Como vimos na secccedilatildeo 3 o estado de sauacutede mas em especial o niacutevel de escolaridade da populaccedilatildeo

dos paiacuteses escandinavos foram em geral superiores ao dos paiacuteses do Sul ao longo do periacuteodo em anaacutelise

26

ainda menos esperado a correlaccedilatildeo negativa mais forte acontece no caso das poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias -03794 e -03671 respectivamente

No caso das pensotildees de reforma e por incapacidade o sinal natildeo eacute inesperado dado o

esforccedilo que exigem em termos de financiamento e o seu papel mais indirecto na

promoccedilatildeo do crescimento econoacutemico sobretudo via a reduccedilatildeo da desigualdade e da

pobreza No caso das poliacuteticas activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias os

resultados satildeo inesperados a dois niacuteveis sinais e magnitude relativa superior Esperar-

se-ia um sinal positivo face ao descrito logo no iniacutecio da anaacutelise de correlaccedilatildeo ou pelo

menos natildeo tatildeo negativo como nos outros dois casos uma vez que em qualquer situaccedilatildeo

o financiamento necessaacuterio pode ter impacto negativo sobre o crescimento do produto

Quadro 3 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social meacutedia (1985-1999) e a

taxa meacutedia de crescimento do PIB real per capita (2000-2010)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB)

Meacutedia 1985-1999 Taxa meacutedia de crescimento anual do PIB real per capita

(2000-10)

Total -02779

Sauacutede 00115

Educaccedilatildeo 01356

Pensotildees de reforma -02298

Pensotildees por incapacidade -03338

Apoios agraves Famiacutelias -03671

Poliacuteticas Activas do Mercado de

Trabalho -03794

Subsiacutedio de Desemprego 01733

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

Em jeito de conclusatildeo os resultados apontam para uma relaccedilatildeo positiva entre a

despesa social nas vaacuterias aacutereas analisadas e o niacutevel do PIB per capita entre 1985 e 2010

o que eacute indiciador de que estatildeo em actuaccedilatildeo mecanismos de influecircncia da despesa social

que promovem um aumento do niacutevel de rendimento nomeadamente via acumulaccedilatildeo de

capital humano atraveacutes das despesas em educaccedilatildeo e sauacutede Contudo uma anaacutelise mais

rigorosa em termos de possiacuteveis impactos permanentes sobre a taxa de crescimento

econoacutemico revela que os resultados podem divergir bastante em termos de sinal e

magnitude atendendo ao tipo de despesa social considerada Os resultados deste estudo

27

apontam tambeacutem para valores que alguns casos podem ser contraacuterios aos verificados

pelos estudos empiacutericos descritos na secccedilatildeo 2 Tal poderaacute estar relacionado com a

amostra de paiacuteses utilizada assim como o periacuteodo de anaacutelise e metodologia utilizada

5 Conclusotildees

Este trabalho propocircs-se a reflectir sobre a relaccedilatildeo entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico tendo por base a comparaccedilatildeo de dois grupos de paiacuteses

pertencentes agrave Uniatildeo Europeia a Escandinaacutevia e o Sul da Europa A niacutevel teoacuterico as

previsotildees acerca da relaccedilatildeo entre Estado Social e crescimento econoacutemico divergem

sendo possiacutevel encontrar argumentos que justificam a existecircncia de uma relaccedilatildeo

positiva outros que apoiam a verificaccedilatildeo de uma relaccedilatildeo negativa e outros ainda que

apontam no sentido de ausecircncia de qualquer relaccedilatildeo Estas diferentes hipoacuteteses parecem

indicar que cabe agrave anaacutelise empiacuterica determinar o sinal da relaccedilatildeo e o respectivo

contexto

Constituindo uma anaacutelise ainda exploratoacuteria o presente trabalho recorreu a uma

anaacutelise de estatiacutestica descritiva de um conjunto variado de indicadores relevantes para o

periacuteodo de 1985 a 2010 sempre que possiacutevel para analisar empiricamente a relaccedilatildeo

entre despesa social e crescimento econoacutemico

De forma a analisar esta relaccedilatildeo em termos mais detalhados aquela foi

desagregada em diferentes componentes tendo sido utilizados dados relativos a

despesas em educaccedilatildeo sauacutede e em vaacuterias componentes da despesa com a protecccedilatildeo

social como os subsiacutedios de desemprego e incapacidade apoios agraves famiacutelias gastos em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho e em pensotildees de reforma Foram calculados os

coeficientes de correlaccedilatildeo destas com o niacutevel do PIB real per capita numa tentativa de

confirmaccedilatildeo muito preliminar do sinal esperado para a relaccedilatildeo bem como os

coeficientes de correlaccedilatildeo entre os valores meacutedios da despesa das vaacuterias variaacuteveis entre

1985 e 1999 com a taxa de crescimento do PIB per capita entre 2000-10 Os

coeficientes de correlaccedilatildeo no uacuteltimo caso poderatildeo ajudar a compreender se o niacutevel de

gastos verificado entre 1985-99 contribuiacuteram para o crescimento econoacutemico verificado

na deacutecada seguinte

Verificou-se que ao longo do periacuteodo em anaacutelise a despesa social em

percentagem do PIB agregada e nas diferentes aacutereas teve um aumento relativo entre

1985 e 2010 mas no entanto aquela foi sempre mais elevada nos paiacuteses Escandinavos

tendo estes paiacuteses registado tambeacutem valores mais elevados do PIB real per capita

28

relativamente aos paiacuteses do Sul Os resultados apontam para que todas as dimensotildees se

correlacionam positivamente com o niacutevel de rendimento per capita sendo de destacar

que a educaccedilatildeo eacute a componente com coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado seguida

das despesas com sauacutede o que parece confirmar a influecircncia deste tipo de despesa sobre

o comportamento do produto via acumulaccedilatildeo de capital humano No que respeita ao

possiacutevel efeito da despesa social sobre a taxa de crescimento do PIB real per capita o

sinal do coeficiente de correlaccedilatildeo manteacutem-se positivo mas de magnitude bastante

inferior ao dos casos anteriores enquanto a correlaccedilatildeo apresenta um sinal negativo no

caso da despesa social total A correlaccedilatildeo eacute tambeacutem negativa para as diferentes

componentes da despesa como a protecccedilatildeo social com excepccedilatildeo do subsiacutedio de

desemprego Estes resultados apoiam assim a necessidade de ao estudar a relaccedilatildeo entre

Estado Social e crescimento econoacutemico levar a cabo uma anaacutelise desagregada uma vez

que os mecanismos de transmissatildeo podem variar consoante o tipo de despesa social

pelo que a anaacutelise agregada eacute difiacutecil de interpretar em termos econoacutemicos

Em suma o presente estudo poderaacute ajudar a compreender de forma preliminar

como os gastos sociais interagem com o crescimento econoacutemico e quais as aacutereas que

tecircm contribuiacutedo de forma positiva ou negativa para o mesmo Contudo natildeo poderaacute

deixar de se ter em conta a capacidade de outros factores poderem afectar a

performance da economia assim como natildeo se deve negligenciar a importacircncia dos

gastos sociais para a convergecircncia econoacutemica dos paiacuteses do Sul para com os paiacuteses do

Norte da Europa De forma a poder generalizar a anaacutelise e tirar conclusotildees mais

robustas em relaccedilatildeo ao sentido da causalidade e mecanismos de transmissatildeo no futuro

seraacute necessaacuterio utilizar meacutetodos de inferecircncia estatiacutestica adequados e amostras mais

alargadas de paiacuteses

29

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30

Anexos

Graacutefico 1 PIB per capita a preccedilos constantes de 2005 entre 1985 e 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 2 Esperanccedila meacutedia de vida 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

31

Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em

cada 1000 nascimentos) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total

da populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

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1985 1990 1995 2000 2005 2010

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Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

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Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

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Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB ()1985 e 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

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Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes 2003 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010

Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A

despesa Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte OCDE

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009

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7

referimos De forma a compreender a relaccedilatildeo entre despesa social do Estado e

crescimento econoacutemico Afonso e Allegre (2008) no seu trabalho empiacuterico recorreram

a dados referentes a despesa social em 27 paiacuteses europeus e procuraram atraveacutes de um

estudo economeacutetrico verificar se esta contribuiacutea para o crescimento econoacutemico dos

mesmos paiacuteses Os resultados deste estudo apontaram para a existecircncia de um impacto

negativo entre os gastos em educaccedilatildeo e em protecccedilatildeo social no crescimento econoacutemico

mas tambeacutem para um efeito positivo da despesa em educaccedilatildeo no crescimento

econoacutemico De forma a estudar mais uma vez os efeitos entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico Izaacutek (2011) desenvolveu um estudo que assentava no caacutelculo

dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre valores meacutedios da despesa social em aacutereas como a

educaccedilatildeo sauacutede e protecccedilatildeo social e taxa de crescimento do PIB No entanto o periacuteodo

em anaacutelise foi relativamente curto devido agrave falta de dados sendo os dados da despesa

social referentes ao periacuteodo entre 2002 e 2006 e as estimativas de crescimento para o

periacuteodo de 2006 a 2008 Para realizar este estudo foram utilizados dados agregados

relativos agraves despesas sociais dos 25 paiacuteses pertencentes agrave UE a partir de 2004 a que

deram o nome de EU-25 Contudo para analisar esta a relaccedilatildeo entre despesa social e

crescimento econoacutemico a amostra de 25 paiacuteses foi separada em duas sendo a primeira

relativa aos 15 paiacuteses pertencentes agrave UE a partir de Janeiro de 1995 os EU-15 e a

segunda aos 10 que passaram a pertencer a partir de Maio de 2004 os denominados EU-

10

Os resultados do estudo apontam para valores negativos ao niacutevel do coeficiente

de correlaccedilatildeo entre a despesa social em termos globais das trecircs amostras e o crescimento

econoacutemico sendo que como salienta o mesmo autor o coeficiente de correlaccedilatildeo eacute mais

baixo nos paiacuteses que constituem o primeiro grupo e mais alto nos paiacuteses que mais

recentemente formam parte da UE

Izaacutek (2011) procurou tambeacutem estudar os efeitos das vaacuterias componentes da

despesa social ao niacutevel do crescimento econoacutemico Para o efeito foi calculado o

coeficiente de correlaccedilatildeo entre a despesa em protecccedilatildeo social a despesa em educaccedilatildeo e

por fim entre a despesa em sauacutede e o crescimento econoacutemico Os resultados do autor

enfatizam que a despesa social em qualquer destas aacutereas tem um impacto negativo no

crescimento econoacutemico verificaacutevel em todos os grupos analisados sendo reforccedilado o

facto surpreendente de haver uma correlaccedilatildeo negativa entre a despesa em sauacutede e o

crescimento econoacutemico

8

Outros estudos relativos ao impacto da despesa social no crescimento econoacutemico

foram desenvolvidos como eacute o caso de Wang (2011) que se foca na estimaccedilatildeo da

relaccedilatildeo entre a despesa do Estado na aacuterea da sauacutede e o crescimento econoacutemico para

uma amostra de 20 paiacuteses em desenvolvimento entre 1990 e 2009 O autor analisa a

relaccedilatildeo existente entre os gastos em sauacutede e o PIB atraveacutes do teste de cointegraccedilatildeo em

painel de Engle-Granger Os resultados apontam para a existecircncia de causalidade

bilateral ou seja para que o crescimento econoacutemico esteja relacionado com o aumento

dos gastos em sauacutede e para que os gastos em sauacutede tenham um impacto positivo no

crescimento econoacutemico Neste aspecto os resultados demonstram que no longo prazo

os gastos em sauacutede podem levar ao crescimento do produto ilustrando a importacircncia

dos apoios do Estado no sector da sauacutede para criar uma populaccedilatildeo fisicamente mais apta

e produtiva

Uma outra anaacutelise empiacuterica foi realizada por Baldacci et al (2004) que

relacionaram a despesa social com o capital humano na forma de educaccedilatildeo e sauacutede e o

seu impacto no crescimento econoacutemico usando dados em painel relativos a 120 paiacuteses

em vias de desenvolvimento para o periacuteodo de 1975 a 2000 Para a anaacutelise da relaccedilatildeo

recorreram a um estudo economeacutetrico sob a forma de um sistema de quatro equaccedilotildees

relativas ao crescimento do rendimento per capita ao investimento educaccedilatildeo e sauacutede

Com o estudo pretenderam demonstrar que as despesas sociais em sauacutede e em educaccedilatildeo

tinham um contributo positivo para acumulaccedilatildeo de capital humano que se veio a provar

como verdadeiro assim como o efeito positivo daquele no crescimento econoacutemico

Furceri e Zdzienicka (2012) investigam os efeitos dos gastos sociais no

crescimento econoacutemico num conjunto de paiacuteses pertencentes agrave OCDE para o periacuteodo

entre 1980 e 2005 Os autores recorrem a uma regressatildeo economeacutetrica concluindo que

um aumento de 1 no niacutevel de gastos sociais leva a um aumento do crescimento

econoacutemico em cerca de 012 pontos percentuais apoacutes um ano Numa segunda fase

utilizaram uma outra regressatildeo economeacutetrica tendo como objectivo estudar o impacto

da despesa social no crescimento econoacutemico com a inclusatildeo de alguns desfasamentos

do PIB verificando que no caso de um aumento de 1 dos gastos sociais em

percentagem do PIB leva a que o produto aumente em cerca de 057 pontos percentuais

sendo que as aacutereas que mais contribuiacuteram para este aumento foram os gastos em sauacutede e

com os subsiacutedios de desemprego

Outros estudos como o de Andrade et al (2013) procuraram estudar a relaccedilatildeo

entre as despesas em sauacutede e educaccedilatildeo e o crescimento econoacutemico Recorreram a uma

9

amostra de paiacuteses de vaacuterias regiotildees do mundo onde foram excluiacutedos os ex-paiacuteses

socialistas os paiacuteses que produzem essencialmente petroacuteleo e os que tinham vivido ateacute

haacute pouco tempo conflitos armados Separaram-se os paiacuteses tendo em conta o seu niacutevel

de rendimento e desenvolveram um estudo economeacutetrico para verificar o efeito da

despesa entre educaccedilatildeo e sauacutede na variaacutevel dependente PIB real per capita Os

resultados mostram de forma incontestaacutevel que os gastos em educaccedilatildeo e sauacutede tecircm

efeitos positivos no crescimento do PIB per capita de qualquer dos grupos de paiacuteses

Por fim Fic e Ghate (2005) desenvolveram um estudo com o intuito de

averiguar a relaccedilatildeo entre o Estado Social e o crescimento econoacutemico para uma amostra

de 19 paiacuteses pertencentes agrave OCDE entre os quais se incluiacuteam paiacuteses como a Dinamarca

Finlacircndia e a Sueacutecia entre 1950 e 2001 Este estudo utilizou um modelo dinacircmico de

crescimento desenvolvido anteriormente por um dos autores Ghate e Zak (2002) que

permitiu chegar agrave conclusatildeo de que a razatildeo para haver uma quebra no crescimento

econoacutemico poderaacute estar relacionado com o Estado Social Tal se justifica segundo os

autores pelo facto de no periacuteodo que antecede a quebra de crescimento a elevada taxa

de crescimento que se verifica induzir ao crescimento da despesa social Ao longo do

tempo o aumento do Estado Social leva assim agrave diminuiccedilatildeo do crescimento econoacutemico

que no Longo Prazo espera-se que leve agrave reduccedilatildeo do Estado Social Os resultados

segundo os autores sugerem que paiacuteses com um baixo crescimento econoacutemico tenham

que fazer cortes ao niacutevel da despesa com o Estado Social Estes consideram que o iniacutecio

da deacutecada de 70 foi o periacuteodo no qual foi mais visiacutevel esta relaccedilatildeo pois o baixo

crescimento econoacutemico verificado entre 1970 e 1975 foi o precedido da existecircncia de

um Estado Social de dimensotildees consideraacuteveis

Em jeito de conclusatildeo verificamos que os resultados dos estudos desenvolvidos

por Andrade et al (2013) e Baldacci et al (2004) apontam para um efeito positivo entre

a despesa social em educaccedilatildeo e sauacutede e o crescimento econoacutemico Furceri e Zdzienicka

(2012) considerando a despesa social em todas as aacutereas de intervenccedilatildeo do Estado Social

tambeacutem apontam para o contributo positivo desta no crescimento econoacutemico Quanto ao

estudo desenvolvido por Izaacutek (2011) este aponta para uma relaccedilatildeo negativa entre as

vaacuterias componentes da despesa social e o crescimento econoacutemico Os resultados

opostos podem ser fruto do niacutevel de desenvolvimento da amostra de paiacuteses utilizada

pois parece que a utilizaccedilatildeo de paiacuteses mais desenvolvidos apontam para um efeito

negativo e a utilizaccedilatildeo de alguns paiacuteses em desenvolvimento aponte para um efeito

positivo

10

3 Caracterizaccedilatildeo econoacutemico-social dos paiacuteses em anaacutelise

Neste ponto seraacute feita uma caracterizaccedilatildeo econoacutemico-social dos paiacuteses em

anaacutelise Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia trecircs paiacuteses escandinavos onde o Estado Social

haacute muito eacute uma realidade e Portugal Espanha Itaacutelia e Greacutecia paiacuteses da chamada

periferia Europeia onde o Estado social eacute uma realidade mais recente essencialmente

desde os meados dos anos 80 salientando as suas semelhanccedilas e diferenccedilas

O objectivo eacute enquadrar a anaacutelise mais especiacutefica da secccedilatildeo seguinte sobre a

potencial relaccedilatildeo entre o desempenho em termos de crescimento econoacutemico e a despesa

social total e por diferentes categorias Sempre que possiacutevel a comparaccedilatildeo entre paiacuteses

seraacute realizada ao longo do periacuteodo 1985-2010 No entanto dada a indisponibilidade de

dados relativamente a algumas variaacuteveis para alguns paiacuteses o periacuteodo de anaacutelise poderaacute

ser mais curto Eacute importante ter tambeacutem em conta o surgimento da crise de 2007 para

compreender alguns indicadores mais desfavoraacuteveis dos paiacuteses do Sul em relaccedilatildeo ao

Norte nos anos mais recentes

Inicialmente este trabalho procuraraacute discutir as semelhanccedilas e diferenccedilas entre

os dois grupos de paiacuteses relativamente a um conjunto de indicadores sociodemograacuteficos

que podem ter impacto e ser influenciados pela despesa social Em segundo lugar satildeo

apresentados e analisados alguns indicadores econoacutemicos seleccionados segundo a

mesma loacutegica ou seja que podem ter impacto e ser influenciados pela dimensatildeo e

composiccedilatildeo do Estado Social tais como o seu grau de abertura ao comeacutercio

internacional e a respectiva estabilidade macroeconoacutemica sendo utilizado como suporte

da anaacutelise os graacuteficos disponiacuteveis nos Anexos

O graacutefico 1 conteacutem os valores do PIB real per capita expressos em doacutelares a

preccedilos constantes de 2005 que eacute o principal indicador dos diferenciais de niacutevel de vida

do cidadatildeo meacutedio dos diferentes paiacuteses Da observaccedilatildeo do referido graacutefico constatamos

que em 2010 o niacutevel de rendimento por habitante eacute em todos os paiacutes mais elevado do

que o que se verificava em 1985 sendo que nos paiacuteses escandinavos o PIB real per

capita foi sempre relativamente mais elevado que nos restantes paiacuteses No caso da

Sueacutecia e Finlacircndia verificamos que estes em 2010 estes eram os mais ricos tal como jaacute

o eram em 1985 passando o valor desta variaacutevel na Sueacutecia dos 2806538 doacutelares em

1985 para os 4282567 doacutelares em 2010 e na Finlacircndia dos 242344 doacutelares de 1985

para os 3806465 doacutelares em 2010 Os paiacuteses do Sul ou periferia apresentam ao longo

do periacuteodo um PIB real per capita mais baixo nomeadamente Portugal e Greacutecia que

11

apesar de terem aumentado o seu PIB real per capita entre 1985 e 2010 no ano de 2010

Portugal tinha um valor de 1864776 doacutelares e a Greacutecia de 2130896 doacutelares

A opccedilatildeo por comeccedilar a caracterizaccedilatildeo das diferenccedilas entre os paiacuteses da amostra

pelo PIB real per capita deriva em parte do facto de este poder estar relacionado com a

melhoria de alguns indicadores que medem o niacutevel de desenvolvimento humano e que

servem para a construccedilatildeo do Iacutendice de Desenvolvimento Humano como eacute o caso da

diminuiccedilatildeo da taxa de mortalidade infantil e o aumento da esperanccedila meacutedia de vida

Face a isto relativamente ao sector da sauacutede como se pode ver no graacutefico 2 a

esperanccedila meacutedia de vida agrave nascenccedila (EMV) entre 1985 e 2010 aumentou No entanto

apesar de todos os paiacuteses terem registado um aumento da EMV ao longo do periacuteodo

analisado dos paiacuteses escandinavos apenas a Sueacutecia tem no iniacutecio do periacuteodo um valor

superior ao de todos os paiacuteses do Sul Com efeito Espanha Greacutecia e Itaacutelia partem de

uma situaccedilatildeo melhor do que a Dinamarca e a Finlacircndia O paiacutes que regista menor EMV

em 1985 eacute Portugal com 73 anos Em 2010 todos os paiacuteses da periferia ultrapassam os

paiacuteses escandinavos com excepccedilatildeo de Portugal que se manteacutem na uacuteltima posiccedilatildeo

Quanto agrave taxa de mortalidade infantil indicador que traduz o nuacutemero de mortes

de crianccedilas no primeiro ano de vida por cada 1000 nascimentos eacute de imediato

verificaacutevel no graacutefico 3 que ocorreu uma consideraacutevel melhoria neste indicador em

todos os paiacuteses ao longo do periacuteodo analisado Em 1985 a taxa de mortalidade infantil

em Portugal e na Greacutecia era maior do que nos restantes paiacuteses no entanto em 2010 jaacute

registavam um nuacutemero de mortes semelhante aos restantes paiacuteses No caso grego

verificou-se uma passagem das 16 mortes em cada 1000 nascimentos em 1985 para as 4

em 2010 ocorrendo o mesmo em Portugal que passou das 17 para as 4 No que respeita

agrave Escandinaacutevia o nuacutemero de mortes que se verificava no ano de 2010 natildeo era muito

diferente do que se verificava em 1985 e no caso da Finlacircndia houve apenas uma

pequena reduccedilatildeo das 6 para as 2 mortes durante este periacuteodo

A evoluccedilatildeo e composiccedilatildeo demograacutefica dos paiacuteses pode ter um impacto

importante naquela que eacute actualmente uma das componentes da despesa social com

maior peso a despesa com pensotildees Assim atraveacutes da anaacutelise do graacutefico 4 verifica-se

que a taxa de crescimento da populaccedilatildeo em termos anuais foi positiva em todos os

paiacuteses No entanto durante este periacuteodo (1990-2010) apenas Portugal entre 1990 e

1992 registou uma taxa de crescimento negativa que no entanto foi invertida No que

toca ao maior crescimento populacional este deu-se em Espanha entre 1997 e 2003 ao

qual se seguiu apoacutes um periacuteodo de estabilidade entre 2003 e 2007 uma diminuiccedilatildeo

12

acentuada Em termos globais a taxa de crescimento populacional tem vindo a descer

nomeadamente nos paiacuteses do Sul contrariamente aos paiacuteses do Norte Europeu que a

partir de 2000 verificaram um aumento Tal poderaacute dever-se agrave imigraccedilatildeo mas tambeacutem

poderaacute ter-se devido agraves poliacuteticas de apoio agrave natalidade com vista ao combate ao

envelhecimento da populaccedilatildeo Neste acircmbito decompondo a populaccedilatildeo dos paiacuteses da

amostra em faixas etaacuterias populaccedilatildeo jovem (ateacute aos 15 anos de idade) populaccedilatildeo entre

os 15 e 64 anos e populaccedilatildeo idosa (mais de 65 anos) verificamos que existe uma

tendecircncia para a diminuiccedilatildeo da populaccedilatildeo mais jovem face agrave total sendo esse

comportamento mais visiacutevel em Espanha que conforme o graacutefico 5 demonstra em

1985 tinha uma percentagem de jovens de cerca de 233 mas que em 2010

apresentava uma taxa de 149 Um aspecto curioso tem que ver com o facto de neste

periacuteodo de anaacutelise natildeo se ter verificado uma grande diminuiccedilatildeo desta faixa etaacuteria na

Escandinaacutevia sendo que no caso da Dinamarca esta registava em 2010 uma

percentagem de populaccedilatildeo jovem a rondar os 18 os mesmos que em 1985

Por outro lado verifica-se um agravamento do envelhecimento da populaccedilatildeo

com a pior situaccedilatildeo a verificar-se em Itaacutelia e na Greacutecia Entre 1985 e 2010 a

percentagem da populaccedilatildeo italiana com mais de 64 anos passou dos 131 em 1985

para os 203 em 2010 e na Greacutecia verificou-se uma passagem dos 133 para os 19

(ver graacutef 6) Relativamente ao Norte Europeu essa subida eacute mais ligeira e em 2010 a

Finlacircndia apresentava uma percentagem de 171 enquanto que a Dinamarca de 166

No que diz respeito agrave faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entre os 15 e 64 anos verifica-se atraveacutes

do graacutefico 7 que entre 1985 e 1995 a percentagem da populaccedilatildeo compreendida nesta

faixa etaacuteria aumentou No entanto a partir deste periacuteodo verificou-se uma descida dos

valores em alguns paiacuteses como eacute o caso da Itaacutelia onde a populaccedilatildeo pertencente a este

grupo entre 1985 e 2010 passou dos 675 para os 657 resultado talvez de uma

diminuiccedilatildeo da populaccedilatildeo jovem e do aumento da populaccedilatildeo mais idosa podendo isso

dever-se agrave baixa taxa de natalidade

Quanto agrave melhoria dos indicadores relativos agrave educaccedilatildeo verificamos que os

apoios do Estado nesta aacuterea talvez se tenham feito sentir Com efeito de acordo com o

graacutefico 8 a percentagem de populaccedilatildeo activa com apenas o ensino primaacuterio diminuiu

em todos os paiacuteses entre 1995-2010 sendo que no entanto o niacutevel de populaccedilatildeo activa

com apenas este niacutevel de escolaridade eacute mais reduzido nos paiacuteses do Norte como eacute o

caso da Finlacircndia e da Sueacutecia talvez devido ao facto de estes paiacuteses terem tomado haacute

mais tempo consciecircncia da importacircncia da educaccedilatildeo para um bom desempenho

13

econoacutemico (ver graacutef 8) Associado ao comportamento anterior verifica-se que em 2010

existe uma maior percentagem de pessoas com o ensino secundaacuterio e universitaacuterio em

todos os paiacuteses relativamente a 1995 Ao niacutevel do ensino secundaacuterio o graacutefico 9 mostra

que entre 1995 e 2010 verificou-se um aumento de trabalhadores com este niacutevel

acadeacutemico sendo esse impacto maior em Portugal Espanha Greacutecia e Itaacutelia mas no que

toca aos paiacuteses do Norte este nuacutemero foi oscilando Em todo o caso em 1995 os trecircs

paiacuteses escandinavos registavam uma maior percentagem da populaccedilatildeo com o ensino

secundaacuterio relativamente a qualquer dos paiacuteses do Sul sendo em 2010 apenas a

Dinamarca e a Finlacircndia ultrapassadas pela Itaacutelia O niacutevel de escolaridade dos

trabalhadores que mais subiu foi como se pode constatar no graacutefico 10 o universitaacuterio

verificando-se que em paiacuteses como a Finlacircndia a percentagem de trabalhadores com este

niacutevel acadeacutemico passou dos 217 em 1995 para os 373 em 2010 e na Espanha

passou dos 203 para os 33 Neste acircmbito verifica-se em 2010 a Espanha tinha uma

percentagem de indiviacuteduos com ensino superior mais elevada que a Sueacutecia e a

Dinamarca

Outra das componentes da despesa social com mais peso no total eacute a despesa

associada ao subsiacutedio de desemprego Nos anos mais recentes tem-se verificado um

aumento da taxa de desemprego como podemos ver no graacutefico 11 O desemprego pode

por em causa a estabilidade social uma vez que os indiviacuteduos sem emprego ao

perderem a sua fonte de rendimento podem perder qualidade de vida e estarem sujeitos

a situaccedilotildees de pobreza A taxa de desemprego entre 1991 e 2010 foi sempre mais

elevada no Sul em relaccedilatildeo ao Norte Os paiacuteses que apresentavam uma taxa mais elevada

em 2010 foram a Espanha com cerca de 20 seguido da Greacutecia com 125 enquanto

que a taxa de desemprego mais baixa se registou na Escandinaacutevia na Dinamarca onde a

taxa de desemprego em 2010 era de 75

No que diz respeito agrave taxa de desemprego jovem esta tem afectado sobretudo os

jovens do Sul Europeu e parece estar a tornar-se um problema grave para as geraccedilotildees

mais jovens As dificuldades em arranjar emprego podem prender-se com a falta de

experiecircncia por parte dos jovens Como tal estas situaccedilotildees levam a que estes natildeo

tenham nenhum tipo de poupanccedila nem direito a qualquer tipo de subsiacutedio como eacute o caso

do subsiacutedio de desemprego pois natildeo tiveram um passado activo consideraacutevel que lhes

permitisse ter realizado contribuiccedilotildees para a Seguranccedila Social e a ter direito a receber

subsiacutedio de desemprego Por outro lado ao natildeo terem emprego poderatildeo vir a ter

problemas em obter uma boa pensatildeo aquando o final da sua vida activa pois faratildeo

14

menos descontos do que aqueles satildeo necessaacuterios para obter um boa pensatildeo no futuro

podendo estar a comprometer a sua estabilidade financeira apoacutes a sua vida activa No

Norte Europeu paiacuteses como a Dinamarca tecircm investido na resoluccedilatildeo dos problemas

relativos ao desemprego jovem promovendo poliacuteticas de apoio aos jovens que possuem

baixos niacuteveis de estudos e que estejam sem trabalho como salientam Hughes e Borbeacutely-

Pecze (2012) Para tal foram desenvolvidos programas onde os jovens satildeo inseridos em

cursos de formaccedilatildeo praacutetica com vista a que estes adquiram experiecircncia e que os

familiarizem com o local de trabalho promovendo as suas aptidotildees de forma a capacitaacute-

los para o mercado de trabalho para que tragam ganhos de produtividade agrave entidade que

os emprega e consequentemente ao seu paiacutes Ao niacutevel da taxa de desemprego jovem o

graacutefico 12 ajuda-nos a perceber que esta era no ano de 2010 mais elevada na Espanha

com cerca de 424 sendo esta seguida pela Greacutecia com 325 Ao niacutevel das taxas

mais baixas verificamos que que entre 1991 e 2010 quem apresentou a taxa mais baixa

foi a Dinamarca sendo que no ano de 2010 esta apresentava uma taxa de cerca de

139 seguida da Finlacircndia com cerca de 203

Quanto agrave anaacutelise de factores econoacutemicos que possam ser responsaacuteveis pelas

diferenccedilas relativas ao niacutevel de vida iremos comeccedilar por analisar a importacircncia do

sector secundaacuterio e terciaacuterio para o PIB dos diversos paiacuteses na medida em que estes

sectores satildeo os que envolvem uma maior percentagem de indiviacuteduos com habilitaccedilotildees

acadeacutemicas mais elevadas e cujo seu contributo para o produto dos paiacuteses eacute mais

consideraacutevel

No que toca ao sector secundaacuterio verifica-se que entre 1985 e 2010 este tem

vindo a perder importacircncia no PIB de todos os paiacuteses No entanto durante este periacuteodo

verificou-se que o paiacutes que apresentava uma maior percentagem de riqueza gerado por

este sector era Portugal tendo contudo essa importacircncia diminuiacutedo de forma constante

chegando no ano de 2010 a ser de apenas 15 proacuteximo da percentagem da Espanha Eacute

de salientar que a importacircncia deste sector em 2010 era relativamente mais baixa nestes

paiacuteses em relaccedilatildeo agrave Dinamarca ou na Sueacutecia (ver graacutef13) Ao niacutevel do sector terciaacuterio

verificamos atraveacutes do graacutefico 14 que a importacircncia deste sector para a amostra de

paiacuteses em estudo era muito nivelado entre os 60 e os 70 No entanto a partir do ano

2000 verificou-se um aumento relativo da contribuiccedilatildeo deste sector para o PIB dos

vaacuterios paiacuteses sendo de salientar que em 2009 este sector tinha maior peso na produccedilatildeo

de riqueza no caso da Greacutecia contribuindo em cerca de 79 do total do PIB grego

15

enquanto que o mais baixo se verificava na Finlacircndia com cerca de 69 do PIB a ser

gerado por este sector

A anaacutelise da estrutura produtiva de um paiacutes pode ter tambeacutem uma relaccedilatildeo com o

grau de abertura da economia pois este poderaacute trazer algumas vantagens e explicar o

porquecirc de um determinado sector ter ganho mais importacircncia no PIB de um paiacutes Essas

vantagens podem estar relacionadas com a entrada de novos produtos e tecnologias que

normalmente estatildeo relacionados com o sector secundaacuterio e terciaacuterio e que poderatildeo

explicar o crescimento destes sectores Este factor poderaacute ainda estar relacionado com o

niacutevel de educaccedilatildeo de uma populaccedilatildeo pois quanto maior for o desenvolvimento

tecnoloacutegico de um paiacutes tal poderaacute levar agrave necessidade de um reforccedilo na educaccedilatildeo e

formaccedilatildeo profissional para capacitar a matildeo-de-obra para lidar com estas novas

tecnologias Assim o grau de abertura de um paiacutes poderaacute estar relacionado com o

aumento dos gastos em educaccedilatildeo

No que respeita ao grau de abertura da economia medido atraveacutes do volume de

importaccedilotildees e exportaccedilotildees em percentagem do PIB verificou-se que em todos os paiacuteses

em estudo houve uma tendecircncia de crescimento entre 1985 e 2010 Os paiacuteses que no

ano de 2010 apresentavam um grau de abertura mais elevado eram a Dinamarca com

cerca de 953 e a Sueacutecia com cerca de 928 Por outro lado paiacuteses como a Greacutecia e

a Espanha registavam valores muito mais baixos sendo que a Greacutecia apresentava um

niacutevel de cerca de 538 do seu PIB e a Espanha 569 como se pode constatar no

graacutefico 15 No que respeita ao saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes um valor em

percentagem do PIB positivo significa que existe um superavit ou seja que o paiacutes

aumentou os seus activos no estrangeiro Neste aspecto devido agrave falta de dados a

anaacutelise a esta variaacutevel comeccedila a partir de 2003 e consultando a graacutefico 16 verificamos

que ao longo do periacuteodo na Greacutecia Portugal Itaacutelia e Espanha a balanccedila foi sempre

deficitaacuteria sendo as situaccedilotildees mais complicadas a da Greacutecia e a de Portugal que em

2010 apresentavam um deacutefice de 104 e 97 respectivamente Por outro lado a

Dinamarca a Sueacutecia e a Finlacircndia tiveram sempre um excedente

No que toca agrave anaacutelise do saldo orccedilamental este juntamente com a diacutevida puacuteblica

poderaacute ajudar a compreender o estado das financcedilas puacuteblicas de um paiacutes Compreender o

saldo orccedilamental em percentagem do PIB eacute muito importante pois se este demonstrar

um comportamento mais despesista tal iraacute reflectir-se no aumento do endividamento do

Estado que poderaacute ter de levar a uma reduccedilatildeo dos apoios do Estado Social com vista agrave

sustentabilidade financeira do Estado Como forma de controlar as financcedilas puacuteblicas

16

poderatildeo ser necessaacuterios cortes ao niacutevel dos apoios da protecccedilatildeo social bem como a

reduccedilatildeo do orccedilamento do Estado para aacutereas com a sauacutede ou educaccedilatildeo No graacutefico 17 eacute

possiacutevel verificar que no caso de paiacuteses como a Greacutecia Portugal e Itaacutelia no periacuteodo de

estudo verificou-se que estes paiacuteses tiveram sempre um comportamento mais despesista

que os restantes sendo como jaacute vimos esta uma possiacutevel justificaccedilatildeo para o crescimento

da diacutevida puacuteblica nestes paiacuteses Jaacute os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentavam saldos

orccedilamentais mais positivos em relaccedilatildeo aos do Sul da Europa sendo mesmo o saldo

orccedilamental sueco aproximadamente de 0

A diacutevida puacuteblica em percentagem do PIB sempre foi inferior nos paiacuteses do Norte

em relaccedilatildeo aos do Sul Entre 1995 e 2010 verificamos que o niacutevel de diacutevida foi

oscilando no entanto este foi relativamente mais elevado na Greacutecia e na Itaacutelia

chegando no ano de 2010 este a ser cerca de 145 e 1194 do seu PIB

respectivamente No caso da Sueacutecia verificou-se ao longo deste periacuteodo uma tendecircncia

de descida e em 2010 este era de 394 (ver graacutef 18) Um outro factor que pode ter

feito aumentar o niacutevel de diacutevida de alguns paiacuteses do Sul da Europa a partir de 2005

pode ter que ver com o surgimento da crise econoacutemica de 2007 que agravou ainda mais

o niacutevel de diacutevida destes paiacuteses que era jaacute elevado como satildeo exemplos a Greacutecia e

Portugal

Em resumo verificamos que em termos globais os indicadores soacutecio-

econoacutemicos do Sul da Europa satildeo piores que os do Norte Europeu Contudo as

diferenccedilas tecircm vindo a diminuir Por exemplo os indicadores relativos agrave sauacutede e agrave

educaccedilatildeo tecircm demonstrado francas melhorias que talvez resultem do facto dos estados

terem reforccedilado os apoios ao niacutevel destas funccedilotildees sociais Haacute no entanto que ter em

conta que no caso do Sul Europeu o crescente aumento da diacutevida puacuteblica poderaacute

dificultar a continuidade desta acccedilatildeo na medida em que poderaacute levar agrave necessidade de

reformulaccedilotildees que passem por cortes no Estado Social com vista a fazer face ao

crescente endividamento destes Os Estados do Sul Europeu natildeo devem contudo no

periacuteodo actual de crise esquecer a importacircncia que estes sectores tecircm para a coesatildeo

social e potencialmente para o desempenho econoacutemico

4 Despesa Social e Crescimento Econoacutemico anaacutelise comparada de alguns dados

Nesta secccedilatildeo seraacute realizada uma anaacutelise de estatiacutestica descritiva que teraacute como

principal objectivo uma anaacutelise comparada dos dois grupos de paiacuteses em termos de

crescimento econoacutemico e despesa social agregada e por diferentes componentes entre

17

1985 e 2010 Por uacuteltimo procura-se verificar se o sinal da correlaccedilatildeo esperada entre a

despesa social do Estado e o comportamento do produto estaacute de acordo com a literatura

econoacutemica Para tal realizamos apenas uma anaacutelise muito simples e preliminar baseada

no caacutelculo de coeficientes de correlaccedilatildeo entre as despesas em sauacutede educaccedilatildeo e as

vaacuterias componentes da despesa em protecccedilatildeo social e respectivamente o PIB per capita

e a taxa de crescimento do mesmo

Esta anaacutelise foi realizada tendo em conta todos os dados disponiacuteveis na base de

dados da OECD Social Expenditure Database ao niacutevel dos gastos com sauacutede e

protecccedilatildeo social e com os dados disponiacuteveis do Banco Mundial relativamente a despesa

em educaccedilatildeo PIB real per capita para todos os paiacuteses em anaacutelise no periacuteodo entre 1985

e 2010

Antes de passarmos agrave anaacutelise comparada da despesa social e suas componentes

nos paiacuteses da nossa amostra detenhamo-nos na comparaccedilatildeo da respectiva prestaccedilatildeo em

termos de crescimento econoacutemico de acordo com os dados relativos agraves taxas meacutedias de

crescimento anual do PIB real per capita entre 1985 e 2010 e alguns sub-periacuteodos (ver

Quadro 1) Ao longo do periacuteodo total 1985-2010 Portugal e a Espanha foram os paiacuteses

que mais cresceram o que natildeo eacute de estranhar uma vez que partiram de valores do PIB

real per capita dos mais baixos do grupo Seguem-se a estes os paiacuteses escandinavos

Finlacircndia Sueacutecia e Dinamarca enquanto que a Greacutecia e a Itaacutelia foram os paiacuteses que

menos cresceram No caso da Greacutecia a situaccedilatildeo eacute mais insoacutelita uma vez que tal como

Portugal e Espanha partiu de um niacutevel de rendimento relativamente mais baixo e assim

sendo o potencial de crescimento e convergecircncia deveria ter sido superior ao dos paiacuteses

mais ricos Se dividirmos o periacuteodo total em anaacutelise em trecircs sub-periacuteodos 1985-95

1995-05 e 2005-10 verificamos que o desempenho relativo dos paiacuteses se vai alterando

Assim por exemplo a boa prestaccedilatildeo de Portugal entre 1985-2010 parece ter sido

consequecircncia do seu elevado crescimento relativo entre 1985 e 1995 enquanto que nos

outros dois sub-periacuteodos a taxa meacutedia de crescimento anual do seu PIB real per capita eacute

das mais baixas do grupo Os paiacuteses escandinavos tecircm taxas de crescimento relativas

mais elevadas essencialmente entre 1995 e 2005 enquanto a Espanha e a Greacutecia

melhoram o desempenho relativo no segundo e terceiro sub-periacuteodos em especial a

Espanha Em todo o caso registou-se um acentuado abrandamento e do crescimento nos

uacuteltimos cinco anos com a Itaacutelia Sueacutecia Finlacircndia e Portugal a registarem mesmo taxas

crescimento negativas Este fenoacutemeno natildeo pode deixar de ter em conta o iniacutecio da crise

econoacutemica e financeira que teve o seu comeccedilo em 2007-2008

18

Quadro 1 Taxas meacutedias de crescimento anual do PIB real per capita 1985 a 2010

Periacuteodos Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

1985-1995 1639 0940 0555 2140 3600 2698 0970

1995-2005 1682 3377 3243 1128 2025 2591 2831

2005-2010 0025 -0267 0198 -0145 -0441 0207 -0229

1985-2010 1221 1806 1461 1131 2333 2024 1690

Fonte Caacutelculos do autor com base em dados do Banco Mundial

No que diz respeito agrave anaacutelise comparada entre a despesa social dos paiacuteses em

estudo iremos comeccedilar por comparar os niacuteveis de gastos sociais totais2 em percentagem

do PIB ao longo do periacuteodo total 1985-2010 (ver graacutefico 19) Durante todo este periacuteodo

eacute possiacutevel verificar que os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentaram um niacutevel de gastos

sociais totais superior ao dos paiacuteses do Sul Europeu O paiacutes que apresentou um niacutevel de

gastos mais elevado durante a maior parte deste periacuteodo foi a Sueacutecia que apenas o

deixou de ser quando a Dinamarca se assumiu como o paiacutes que mais gastou em despesa

social em 2010 cerca de 306 do PIB Quanto agrave Finlacircndia esta no ano de 2010

tambeacutem ultrapassa a Sueacutecia ao niacutevel de uma maior despesa social Contudo no caso

finlandecircs verifica-se que entre os anos de 1990 e 1992 ocorreu um aumento

consideraacutevel na despesa social ao qual se sucede uma diminuiccedilatildeo gradual dos gastos ateacute

2000 No entanto tal como a Dinamarca e a Sueacutecia este paiacutes apresentava ainda um

niacutevel de gastos superiores ao dos paiacuteses do Sul cerca de 243 do PIB No que respeita

aos paiacuteses da periferia tambeacutem designados paiacuteses do Sul verifica-se que o paiacutes que

mais se conseguiu aproximar do niacutevel de despesa dos paiacuteses da Escandinaacutevia foi a Itaacutelia

que no ano de 2010 gastava cerca de 277 do seu PIB em gastos sociais enquanto que

a Sueacutecia cerca de 283 No entanto verificamos que a Itaacutelia em algumas ocasiotildees foi

ultrapassada pelo niacutevel de gastos da Espanha como eacute o caso do subperiacuteodo entre 1989 e

1996 Quanto aos paiacuteses que canalizaram uma menor percentagem do PIB para a

despesa social verificam-se que estes foram a Espanha Greacutecia e Portugal

Relativamente a estes dois uacuteltimos verificou-se que a Greacutecia apresentava em 1985 um

niacutevel de despesa social consideravelmente maior que Portugal cerca de 161 face aos

101 do PIB de Portugal no entanto essa diferenccedila foi diminuindo Tal resulta de um

2 Os gastos sociais totais incluem a despesa em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado laboral apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social

exceptuando os apoios em educaccedilatildeo

19

evidente aumento da despesa em Portugal e um teacutenue crescimento da Despesa Social

grega chegando Portugal no ano de 2002 a ultrapassar a Greacutecia e no ano de 2010

apresentava um niacutevel de despesa mais elevado de despesa que a Greacutecia cerca de 254

face aos 233 da Greacutecia Na globalidade verificou-se uma tendecircncia de crescimento

contiacutenuo nos paiacuteses escandinavos ateacute ao iniacutecio da deacutecada de 90 seguido de uma

diminuiccedilatildeo ateacute cerca de 2000 No Sul a tendecircncia eacute de crescimento sustentado para a

Greacutecia e Portugal e de oscilaccedilotildees na Espanha e Itaacutelia Eacute tambeacutem notoacuterio que apoacutes a crise

de 2007-08 se verifica de novo um crescimento da despesa relativamente aos paiacuteses do

Norte

No seguimento da anaacutelise comparativa da despesa social em termos globais

efectua-se agora um estudo comparativo entre a despesa do Estado nas vaacuterias

componentes da despesa social educaccedilatildeo sauacutede e protecccedilatildeo social e dentro de estas

com o pagamento de pensotildees de reforma subsiacutedios de invalidez politicas activas do

mercado de trabalho apoios agraves famiacutelias e subsiacutedio de desemprego que correspondem agrave

maioria da despesa social nestes paiacuteses

De acordo com os graacuteficos 20 e 21 os niacuteveis de despesa social quer em sauacutede e

quer em educaccedilatildeo respectivamente dos paiacuteses do Norte face aos do Sul medidos em

percentagem do seu PIB entre 1985 e 2010 satildeo maiores no primeiro grupo de paiacuteses

relativamente ao segundo agrave excepccedilatildeo da Finlacircndia que depois de um periacuteodo de

diminuiccedilatildeo da despesa em sauacutede entre 1992 e 1998 para cerca dos 53 do PIB

verifica de novo um aumento para os 67 verificados em 2010 No entanto situava-se

aqueacutem do verificado em Itaacutelia Espanha e Portugal no mesmo ano que era

respectivamente 73 713 e 712 do PIB Assim sendo a Finlacircndia encontrava-se

soacute a frente da Greacutecia que possuiacutea um niacutevel de gastos de 64 do PIB (ver graacutef 20 e 21)

Nota-se tambeacutem no que diz respeito agrave despesa em sauacutede que a Sueacutecia e a Dinamarca

foram quem mais despenderam nesta aacuterea com niacuteveis de despesa semelhantes Contudo

a partir de 1999 o niacutevel de despesa da Dinamarca passa para frente do da Sueacutecia

tornando-se assim o paiacutes com maior despesa em sauacutede chegando a 2010 a apresentar

um valor de cerca de 94 do PIB face aos 77 da Sueacutecia Eacute importante salientar que

todos os paiacuteses do Sul da Europa verificaram um crescimento sustentado que se traduz

em valores de despesa em sauacutede em percentagem do PIB maiores em 2010 que em

1985 Por fim importa destacar que entre 2009 e 2010 verificou-se uma diminuiccedilatildeo da

despesa para todos os paiacuteses por ventura efeitos da crise que comeccedilou um par de anos

antes

20

No que toca agrave educaccedilatildeo como jaacute foi referido os paiacuteses da Escandinaacutevia

apresentam durante o periacuteodo em anaacutelise um niacutevel de despesa superior nesta mateacuteria em

relaccedilatildeo aos paiacuteses da periferia Neste contexto verificamos que as diferenccedilas relativas

aos niacuteveis de despesa dos vaacuterios paiacuteses em educaccedilatildeo se encontram melhor clarificadas

que as diferenccedilas ao niacutevel da despesa em sauacutede agrave excepccedilatildeo dos anos entre 1987 e 1990

em que os valores da despesa portuguesa foram semelhantes ao da espanhola e dos anos

de 2007 e 2008 em que os valores da Itaacutelia foram semelhantes aos da Espanha Feitas

estas consideraccedilotildees verifica-se a existecircncia de um maior niacutevel de despesa em educaccedilatildeo

por parte da Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia ao longo do periacuteodo e no ano de 2009 o

valor da despesa era respectivamente de 83 72 e 68 do PIB No que toca aos

restantes paiacuteses da amostra os paiacuteses do Sul verificamos que o niacutevel de despesa grego e

portuguecircs foi aumentando chegando o portuguecircs a tornar-se o mais elevado entre os

restantes paiacuteses da periferia a partir de 1994 sem nunca esquecer a ausecircncia de dados

para o ano de 1997 e para a Greacutecia entre 2005 e 2010 No ano de 1994 o valor gasto por

Portugal era cerca de 46 chegando a 2010 aos 56 do PIB Jaacute relativamente agrave Itaacutelia

considerando a quebra de dados para este paiacutes verificamos que esta se encontrava no

topo dos paiacuteses do Sul que mais gastavam nesta aacuterea no entanto como jaacute foi referido

esta foi ultrapassada por Portugal e ateacute mesmo a Espanha a partir de 2007 paiacuteses que

tinham nesse ano respectivamente um niacutevel de gastos de 51 e 434 do PIB face

aos 426 do PIB verificados na Itaacutelia

Relativamente agrave despesa em protecccedilatildeo social entre os paiacuteses em anaacutelise e no

que diz respeito niacutevel gastos em pagamentos de pensotildees de reforma verificamos que

natildeo existe um grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 22) Neste capiacutetulo

verifica-se que em todos os paiacuteses o niacutevel de gastos nesta mateacuteria foi oscilando

Contudo nos subperiacuteodos de 1985-89 e de 1997-2009 este foi mais elevado na Itaacutelia e

a Greacutecia sendo estes ultrapassados apenas entre 1991-95 pela Sueacutecia Estes trecircs paiacuteses

em 2009 ocupavam trecircs das quatro primeiras posiccedilotildees nos gastos em pensotildees

apresentando a Itaacutelia a Greacutecia e a Sueacutecia um niacutevel de gastos de 13 109 e 102

do PIB respectivamente Quanto aos restantes paiacuteses verifica-se que o paiacutes que durante

maior parte do periacuteodo apresentou um niacutevel de despesa mais baixo foi Portugal no

entanto registou um aumento consideraacutevel se em 1985 se encontrava no uacuteltimo posto

com cerca de 33 do seu PIB gasto em pensotildees a partir de 2004 ultrapassou a

Finlacircndia Dinamarca e Espanha apresentando no ano de 2009 uma percentagem de

gastos em pensotildees relativamente ao PIB a rondar os 106 superior ao verificado na

21

Dinamarca (82) na Finlacircndia (102) e Espanha (77) Tal poderaacute ter que ver com

o facto de a populaccedilatildeo em Portugal ter envelhecido a um ritmo mais acelerado que nos

restantes paiacuteses

No que toca aos subsiacutedios de desemprego verificamos tambeacutem que natildeo haacute um

grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 23) Contudo neste capiacutetulo

constata-se que os trecircs paiacuteses que gastaram maior percentagem do PIB em subsiacutedios de

desemprego ao longo do periacuteodo foram a Dinamarca Espanha e Finlacircndia Nestes

paiacuteses verificamos que em 1993 o niacutevel de gastos foi o mais elevado cerca 53 do PIB

no caso dinamarquecircs e de 47 no caso espanhol e finlandecircs sendo uma possiacutevel razatildeo

para esse aumento a crise econoacutemica que ocorreu nesse ano O factor crise econoacutemica

poderaacute tambeacutem ajudar a compreender o porquecirc de na Espanha o niacutevel de gastos ter

subido entre 2008 e 2009 de uma forma abrupta passando dos 22 do PIB para os

35 aumento que poderaacute estar relacionado com a crise econoacutemica de 2007-08 que

poderaacute ter contribuiacutedo para o agravamento da taxa de desemprego espanhola Neste

acircmbito verifica-se tambeacutem que os paiacuteses que apresentaram ao longo deste periacuteodo um

niacutevel de despesa mais reduzido com os subsiacutedios de desemprego foram Portugal Itaacutelia e

Greacutecia que em 2009 eram os que menos gastavam com um niacutevel de despesa de cerca de

07 no caso grego 08 no caso italiano e 12 do PIB no caso portuguecircs Estes

valores ficam bem atraacutes dos verificados no mesmo ano para a Dinamarca (23) e para

a Espanha (35)

Jaacute no que toca agrave despesa social em apoios concedidos agraves famiacutelias em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e em subsiacutedios concedidos a pessoas com incapacidade

verifica-se que os paiacuteses do Norte tecircm um niacutevel de gastos nestas mateacuterias superior ao da

periferia europeia (ver graacuteficos 24 25 e 26) Verifica-se ainda assim uma pequena

excepccedilatildeo no que toca agrave Espanha em que os gastos em poliacuteticas activas no mercado de

trabalho em 1989 e 1990 foram superiores agraves verificadas na Dinamarca que eram cerca

de 08 do PIB face aos 07 despendido pelos dinamarqueses A diferenccedila entre os

dois grupos eacute evidente no caso da despesa relacionada com os apoios agraves famiacutelias onde

se verifica uma diferenccedila consideraacutevel ao longo do periacuteodo de anaacutelise entre o Norte e o

Sul A despesa em aacutereas como as poliacuteticas e com as famiacutelias dentro dos paiacuteses da

Escandinaacutevia foi inicialmente mais elevado na Sueacutecia que chegou a atingir o seu

maacuteximo em 1992 com cerca de 49 do PIB gasto nesta mateacuteria no entanto

progressivamente o niacutevel de despesa da Dinamarca foi-se aproximando da Sueacutecia

chegando ateacute a ultrapassar esta em 1995 No que diz respeito agrave Finlacircndia verificou-se

22

que dos trecircs paiacuteses que compotildeem a Escandinaacutevia eacute aquele que apresenta um niacutevel mais

baixo durante maior parte do periacuteodo em anaacutelise mas no entanto superior aos paiacuteses do

Sul como jaacute foi dito Existe contudo uma excepccedilatildeo para este paiacutes que acontece no ano

de 1994 quando este consegue ser o paiacutes que mais gasta nesta aacuterea cerca de 44 do

PIB superior aos gastos suecos que foram cerca de 43 e dos dinamarqueses cerca de

39 Quanto aos gastos em poliacuteticas activas do mercado de trabalho as diferenccedilas jaacute

natildeo satildeo tatildeo evidentes mas no entanto relativamente aos paiacuteses do Sul verificamos ao

longo de todo o periacuteodo que os paiacuteses que foram apresentando consecutivamente

valores mais elevados de despesa nesta mateacuteria foram Portugal e Espanha que entre

1985 e 2009 sofreram oscilaccedilotildees relativamente aos valores despendidos no entanto em

2009 estes gastavam cerca de 08 e 09 respectivamente um valor mais elevado que

o verificado para a Itaacutelia (04) e para a Greacutecia (02) paiacuteses que ao longo do periacuteodo

observado se ficaram pelos uacuteltimos lugares

Por uacuteltimo abordamos as diferenccedilas entre o Norte e o Sul ao niacutevel de gastos em

pensotildees por incapacidade (ver graacutef 26) Como jaacute foi referido verificamos que o niacutevel

de gastos nesta aacuterea eacute superior no Norte em relaccedilatildeo ao Sul Assim sendo verificamos

que a Sueacutecia e a Finlacircndia foram alternando a lideranccedila relativamente aos paiacuteses que

mais despenderam nestes apoios Entre 1985-91 e 1997-2009 a Sueacutecia realizou um niacutevel

de despesa mais elevado que a Finlacircndia apresentando em 1991 um niacutevel a rondar os

53 face ao gasto pela Finlacircndia que foi cerca de 49 Jaacute em 2009 o niacutevel de gastos

da Sueacutecia foi de 5 do seu PIB maior que o verificado na Finlacircndia 41 enquanto

que para o restante periacuteodo o niacutevel de gastos finlandecircs foi sempre superior ao sueco A

Dinamarca foi dos paiacuteses escandinavos aquele que ao longo da maior parte deste

periacuteodo menos gastou no entanto a partir de 2001 esta ultrapassou o niacutevel de gastos da

Finlacircndia apresentando um niacutevel de despesa de cerca de 38 do PIB face aos 37

verificados no caso finlandecircs Esta ultrapassagem deu-se natildeo soacute pela subida dos gastos

em da Dinamarca nesta aacuterea mas tambeacutem por uma descida da despesa finlandesa No

que toca aos paiacuteses do Sul verificamos que quem gastou relativamente mais durante a

maior parte do periacuteodo entre 1985 e 2009 em subsiacutedios atribuiacutedos a incapacitados

foram Espanha Portugal Itaacutelia e a Greacutecia respectivamente agrave excepccedilatildeo do subperiacuteodo

entre 1985 e 1989 em que a Itaacutelia teve um niacutevel de gastos superiores ao de Portugal

Estes paiacuteses no ano de 2009 apresentavam um niacutevel de gastos a rondar os 27 do PIB

no caso espanhol os 21 no caso portuguecircs os 19 no caso italiano e os 1 no caso

23

grego valores que apesar de serem mais baixos que os verificados nos paiacuteses do Norte

da Europa satildeo mais elevados que os verificados em 1985 para estes paiacuteses

Por fim concluiacutemos esta secccedilatildeo com uma anaacutelise quantitativa muito simples e

preliminar da relaccedilatildeo entre a despesa social e o crescimento econoacutemico que corresponde

ao caacutelculo dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre os vaacuterios tipos de despesa social e o PIB

real per capita e a sua taxa de crescimento De acordo com a revisatildeo da literatura

realizada na secccedilatildeo 2 espera-se que exista uma correlaccedilatildeo positiva entre a despesa

social e o niacutevel de crescimento do PIB na medida ou seja para que esta contribua

efectivamente para uma reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo do rendimento e da

pobreza mas tambeacutem porque certos tipos de despesa social tais como educaccedilatildeo sauacutede

mas tambeacutem os apoios agrave famiacutelia contribuem directamente para a acumulaccedilatildeo de capital

humano Contudo aceitando o argumento de que o financiamento necessaacuterio introduz

distorccedilotildees na actividade econoacutemica que por exemplo desincentivam o trabalho e o

investimento por parte das empresas a correlaccedilatildeo obtida pode ter um sinal negativo Da

mesma forma se despesas como o subsiacutedio de desemprego constituiacuterem um

desincentivo a realizar maior esforccedilo no trabalho tambeacutem o sinal poderaacute ser negativo

Em uacuteltima anaacutelise poderaacute natildeo existir qualquer correlaccedilatildeo se os efeitos de sinal contraacuterio

se compensarem exactamente Finalmente natildeo devemos esquecer que correlaccedilatildeo natildeo

significa causalidade pelo que o sinal obtido se pode dever agrave influecircncia do produto

sobre a despesa social ou agrave influecircncia muacutetua

Com auxiacutelio do Quadro 2 onde se encontram os resultados relativos aos

coeficientes de correlaccedilatildeo entre despesa social e o PIB real per capita verificamos que

tendo em conta os dados disponiacuteveis para todos os paiacuteses e anos os coeficientes de

correlaccedilatildeo entre as vaacuterias despesas sociais e o PIB real per capita satildeo todos positivos

quer no que respeita agrave despesa social total quer agraves suas diferentes componentes Os

coeficientes de correlaccedilatildeo mais elevados dizem respeito agraves despesas em educaccedilatildeo e

sauacutede respectivamente 0833 e 0791 podendo argumentar-se que isto se deve ao seu

contributo directo para a acumulaccedilatildeo de capital humano e que este factor possa ter

trazido ganhos de produtividade agraves economias conforme a literatura econoacutemica defende

Quanto ao efeito das vaacuterias componentes de despesa social em protecccedilatildeo social

verificamos que as aacutereas que possuem um coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado satildeo a

despesa em apoios atribuiacutedos agraves famiacutelias os subsiacutedios atribuiacutedos aos incapacitados e as

poliacuteticas activas do mercado de trabalho (0764 0648 e 0626 respectivamente) A

correlaccedilatildeo mais elevada na primeira e terceira dimensotildees referidas poderaacute ter que ver

24

com o seu papel na reduccedilatildeo da desigualdade e pobreza das famiacutelias mais pobres e dos

incentivos criados juntos das empresas para que estas empreguem mais trabalhadores

No que diz respeito aos subsiacutedios concedidos agraves famiacutelias estes ajudam ao aumento do

rendimento das mesmas e tal como foi dito anteriormente poderaacute ter-se traduzido no

aumento do consumo privado daiacute haver uma relaccedilatildeo positiva com o PIB per capita No

meacutedio-longo prazo pode tambeacutem permitir agraves famiacutelias investir mais no capital humano

dos seus filhos e desta forma contribuir para o aumento do PIB Nas restantes aacutereas

gastos com subsiacutedios de desemprego ou em pensotildees tambeacutem possuem uma relaccedilatildeo

positiva com o PIB per capita indicando que toda a despesa realizada pelos vaacuterios

paiacuteses ao longo deste periacuteodo foi importantes para o aumento do produto na medida em

que estas se incidiram sobre os indiviacuteduos que possuem um niacutevel de rendimento mais

baixo dando um estimulo ao consumo traduzindo-se isso no aumento do produto como

jaacute vimos anteriormente Contudo nestes casos os coeficientes de correlaccedilatildeo de 0424 e

0220 respectivamente satildeo bastante inferiores indicando que poderatildeo estar em

actuaccedilatildeo efeitos de sinal negativo que reduzem a correlaccedilatildeo positiva final

Nomeadamente os gastos com pensotildees e subsiacutedios de desemprego podem estar a

desviar a despesa de outras funccedilotildees sociais com um impacto mais directo sobre a

produtividade como a educaccedilatildeo e a sauacutede

Quadro 2 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social e componentes e o niacutevel

do PIB real per capita 1985-2010 (todos os dados disponiacuteveis)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB) PIB real

per capita

Total 0747

Sauacutede 0791

Educaccedilatildeo 0833

Pensotildees de reforma 0220

Pensotildees por incapacidade 0648

Apoios agraves Famiacutelias 0764

Poliacuteticas Activas do Mercado de Trabalho 0626

Subsiacutedio de Desemprego 0424

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

25

A anaacutelise de correlaccedilatildeo anterior apesar de interessante natildeo permite ter uma

ideia muito rigorosa da existecircncia ou natildeo de causalidade entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico uma vez que se baseia em valores correntes quer da despesa

quer do PIB e como vimos os paiacuteses mais ricos tendem tambeacutem a gastar mais com as

funccedilotildees sociais Por outro lado em termos de efeitos permanentes sobre a taxa de

crescimento eacute mais rigoroso calcular a correlaccedilatildeo entre a despesa e a taxa de

crescimento do PIB real per capita De forma a ter em conta a questatildeo da causalidade

inversa no quadro 2 satildeo apresentados os coeficientes de correlaccedilatildeo entre a meacutedia da

despesa social realizada nos sete paiacuteses no periacuteodo de 1985 a 1999 e o crescimento

meacutedio do PIB verificado nos dez anos seguintes 2000-2010

De acordo com a informaccedilatildeo que consta do quadro 3 o sinal dos coeficientes de

correlaccedilatildeo varia agora consoante o tipo de despesa considerada Relativamente agrave

despesa social total o coeficiente eacute negativo embora natildeo muito elevado -02779 A

justificaccedilatildeo mais imediata para este sinal poderaacute ter a ver com o facto do financiamento

necessaacuterio ter introduzido distorccedilotildees na actividade econoacutemica que prejudicaram o

crescimento Contudo torna-se mais informativo olhar para as diferentes componentes

da despesa social

No que respeita aos coeficientes por tipo de despesa como seria de esperar dada

a consensual relaccedilatildeo entre as despesas em educaccedilatildeo e sauacutede com o crescimento

econoacutemico por via do seu impacto sobre a acumulaccedilatildeo de capital humano3 o sinal eacute

positivo embora de magnitude reduzida 01356 e 00115 respectivamente em especial

no caso das despesas em sauacutede Estes resultados indicam tambeacutem que os coeficientes de

correlaccedilatildeo anteriores contecircm realmente informaccedilatildeo sobre a influecircncia positiva no niacutevel

de rendimento sobre as despesas sociais em educaccedilatildeo e sauacutede O outro coeficiente de

correlaccedilatildeo positivo diz respeito agrave despesa com subsiacutedios de desemprego sendo ateacute a

correlaccedilatildeo mais forte do que nos dois casos anteriores 01733 Isto pode indicar que a

existecircncia deste apoio constituiu um incentivo ao trabalho pela seguranccedila que permite

aos trabalhadores estimulando tambeacutem os mesmos a apostar na sua formaccedilatildeo porque

protegidos em caso de desemprego

Quanto ao impacto negativo das restantes componentes da despesa social

verifica-se que as despesas que apresentam um coeficiente menos negativo satildeo as

pensotildees de reforma e por incapacidade -02298 e -03338 respectivamente enquanto

3 Como vimos na secccedilatildeo 3 o estado de sauacutede mas em especial o niacutevel de escolaridade da populaccedilatildeo

dos paiacuteses escandinavos foram em geral superiores ao dos paiacuteses do Sul ao longo do periacuteodo em anaacutelise

26

ainda menos esperado a correlaccedilatildeo negativa mais forte acontece no caso das poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias -03794 e -03671 respectivamente

No caso das pensotildees de reforma e por incapacidade o sinal natildeo eacute inesperado dado o

esforccedilo que exigem em termos de financiamento e o seu papel mais indirecto na

promoccedilatildeo do crescimento econoacutemico sobretudo via a reduccedilatildeo da desigualdade e da

pobreza No caso das poliacuteticas activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias os

resultados satildeo inesperados a dois niacuteveis sinais e magnitude relativa superior Esperar-

se-ia um sinal positivo face ao descrito logo no iniacutecio da anaacutelise de correlaccedilatildeo ou pelo

menos natildeo tatildeo negativo como nos outros dois casos uma vez que em qualquer situaccedilatildeo

o financiamento necessaacuterio pode ter impacto negativo sobre o crescimento do produto

Quadro 3 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social meacutedia (1985-1999) e a

taxa meacutedia de crescimento do PIB real per capita (2000-2010)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB)

Meacutedia 1985-1999 Taxa meacutedia de crescimento anual do PIB real per capita

(2000-10)

Total -02779

Sauacutede 00115

Educaccedilatildeo 01356

Pensotildees de reforma -02298

Pensotildees por incapacidade -03338

Apoios agraves Famiacutelias -03671

Poliacuteticas Activas do Mercado de

Trabalho -03794

Subsiacutedio de Desemprego 01733

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

Em jeito de conclusatildeo os resultados apontam para uma relaccedilatildeo positiva entre a

despesa social nas vaacuterias aacutereas analisadas e o niacutevel do PIB per capita entre 1985 e 2010

o que eacute indiciador de que estatildeo em actuaccedilatildeo mecanismos de influecircncia da despesa social

que promovem um aumento do niacutevel de rendimento nomeadamente via acumulaccedilatildeo de

capital humano atraveacutes das despesas em educaccedilatildeo e sauacutede Contudo uma anaacutelise mais

rigorosa em termos de possiacuteveis impactos permanentes sobre a taxa de crescimento

econoacutemico revela que os resultados podem divergir bastante em termos de sinal e

magnitude atendendo ao tipo de despesa social considerada Os resultados deste estudo

27

apontam tambeacutem para valores que alguns casos podem ser contraacuterios aos verificados

pelos estudos empiacutericos descritos na secccedilatildeo 2 Tal poderaacute estar relacionado com a

amostra de paiacuteses utilizada assim como o periacuteodo de anaacutelise e metodologia utilizada

5 Conclusotildees

Este trabalho propocircs-se a reflectir sobre a relaccedilatildeo entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico tendo por base a comparaccedilatildeo de dois grupos de paiacuteses

pertencentes agrave Uniatildeo Europeia a Escandinaacutevia e o Sul da Europa A niacutevel teoacuterico as

previsotildees acerca da relaccedilatildeo entre Estado Social e crescimento econoacutemico divergem

sendo possiacutevel encontrar argumentos que justificam a existecircncia de uma relaccedilatildeo

positiva outros que apoiam a verificaccedilatildeo de uma relaccedilatildeo negativa e outros ainda que

apontam no sentido de ausecircncia de qualquer relaccedilatildeo Estas diferentes hipoacuteteses parecem

indicar que cabe agrave anaacutelise empiacuterica determinar o sinal da relaccedilatildeo e o respectivo

contexto

Constituindo uma anaacutelise ainda exploratoacuteria o presente trabalho recorreu a uma

anaacutelise de estatiacutestica descritiva de um conjunto variado de indicadores relevantes para o

periacuteodo de 1985 a 2010 sempre que possiacutevel para analisar empiricamente a relaccedilatildeo

entre despesa social e crescimento econoacutemico

De forma a analisar esta relaccedilatildeo em termos mais detalhados aquela foi

desagregada em diferentes componentes tendo sido utilizados dados relativos a

despesas em educaccedilatildeo sauacutede e em vaacuterias componentes da despesa com a protecccedilatildeo

social como os subsiacutedios de desemprego e incapacidade apoios agraves famiacutelias gastos em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho e em pensotildees de reforma Foram calculados os

coeficientes de correlaccedilatildeo destas com o niacutevel do PIB real per capita numa tentativa de

confirmaccedilatildeo muito preliminar do sinal esperado para a relaccedilatildeo bem como os

coeficientes de correlaccedilatildeo entre os valores meacutedios da despesa das vaacuterias variaacuteveis entre

1985 e 1999 com a taxa de crescimento do PIB per capita entre 2000-10 Os

coeficientes de correlaccedilatildeo no uacuteltimo caso poderatildeo ajudar a compreender se o niacutevel de

gastos verificado entre 1985-99 contribuiacuteram para o crescimento econoacutemico verificado

na deacutecada seguinte

Verificou-se que ao longo do periacuteodo em anaacutelise a despesa social em

percentagem do PIB agregada e nas diferentes aacutereas teve um aumento relativo entre

1985 e 2010 mas no entanto aquela foi sempre mais elevada nos paiacuteses Escandinavos

tendo estes paiacuteses registado tambeacutem valores mais elevados do PIB real per capita

28

relativamente aos paiacuteses do Sul Os resultados apontam para que todas as dimensotildees se

correlacionam positivamente com o niacutevel de rendimento per capita sendo de destacar

que a educaccedilatildeo eacute a componente com coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado seguida

das despesas com sauacutede o que parece confirmar a influecircncia deste tipo de despesa sobre

o comportamento do produto via acumulaccedilatildeo de capital humano No que respeita ao

possiacutevel efeito da despesa social sobre a taxa de crescimento do PIB real per capita o

sinal do coeficiente de correlaccedilatildeo manteacutem-se positivo mas de magnitude bastante

inferior ao dos casos anteriores enquanto a correlaccedilatildeo apresenta um sinal negativo no

caso da despesa social total A correlaccedilatildeo eacute tambeacutem negativa para as diferentes

componentes da despesa como a protecccedilatildeo social com excepccedilatildeo do subsiacutedio de

desemprego Estes resultados apoiam assim a necessidade de ao estudar a relaccedilatildeo entre

Estado Social e crescimento econoacutemico levar a cabo uma anaacutelise desagregada uma vez

que os mecanismos de transmissatildeo podem variar consoante o tipo de despesa social

pelo que a anaacutelise agregada eacute difiacutecil de interpretar em termos econoacutemicos

Em suma o presente estudo poderaacute ajudar a compreender de forma preliminar

como os gastos sociais interagem com o crescimento econoacutemico e quais as aacutereas que

tecircm contribuiacutedo de forma positiva ou negativa para o mesmo Contudo natildeo poderaacute

deixar de se ter em conta a capacidade de outros factores poderem afectar a

performance da economia assim como natildeo se deve negligenciar a importacircncia dos

gastos sociais para a convergecircncia econoacutemica dos paiacuteses do Sul para com os paiacuteses do

Norte da Europa De forma a poder generalizar a anaacutelise e tirar conclusotildees mais

robustas em relaccedilatildeo ao sentido da causalidade e mecanismos de transmissatildeo no futuro

seraacute necessaacuterio utilizar meacutetodos de inferecircncia estatiacutestica adequados e amostras mais

alargadas de paiacuteses

29

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Wang K-M (2011) Health care expenditure and economic growth Quantil panel

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30

Anexos

Graacutefico 1 PIB per capita a preccedilos constantes de 2005 entre 1985 e 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 2 Esperanccedila meacutedia de vida 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

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20

06

20

07

20

08

20

09

20

10

Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

727374757677787980818283

19

85

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19

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20

10

Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

31

Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em

cada 1000 nascimentos) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total

da populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

19

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19

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19

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19

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96

19

97

19

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19

99

20

00

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Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB ()1985 e 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

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Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes 2003 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010

Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A

despesa Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

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Outros estudos relativos ao impacto da despesa social no crescimento econoacutemico

foram desenvolvidos como eacute o caso de Wang (2011) que se foca na estimaccedilatildeo da

relaccedilatildeo entre a despesa do Estado na aacuterea da sauacutede e o crescimento econoacutemico para

uma amostra de 20 paiacuteses em desenvolvimento entre 1990 e 2009 O autor analisa a

relaccedilatildeo existente entre os gastos em sauacutede e o PIB atraveacutes do teste de cointegraccedilatildeo em

painel de Engle-Granger Os resultados apontam para a existecircncia de causalidade

bilateral ou seja para que o crescimento econoacutemico esteja relacionado com o aumento

dos gastos em sauacutede e para que os gastos em sauacutede tenham um impacto positivo no

crescimento econoacutemico Neste aspecto os resultados demonstram que no longo prazo

os gastos em sauacutede podem levar ao crescimento do produto ilustrando a importacircncia

dos apoios do Estado no sector da sauacutede para criar uma populaccedilatildeo fisicamente mais apta

e produtiva

Uma outra anaacutelise empiacuterica foi realizada por Baldacci et al (2004) que

relacionaram a despesa social com o capital humano na forma de educaccedilatildeo e sauacutede e o

seu impacto no crescimento econoacutemico usando dados em painel relativos a 120 paiacuteses

em vias de desenvolvimento para o periacuteodo de 1975 a 2000 Para a anaacutelise da relaccedilatildeo

recorreram a um estudo economeacutetrico sob a forma de um sistema de quatro equaccedilotildees

relativas ao crescimento do rendimento per capita ao investimento educaccedilatildeo e sauacutede

Com o estudo pretenderam demonstrar que as despesas sociais em sauacutede e em educaccedilatildeo

tinham um contributo positivo para acumulaccedilatildeo de capital humano que se veio a provar

como verdadeiro assim como o efeito positivo daquele no crescimento econoacutemico

Furceri e Zdzienicka (2012) investigam os efeitos dos gastos sociais no

crescimento econoacutemico num conjunto de paiacuteses pertencentes agrave OCDE para o periacuteodo

entre 1980 e 2005 Os autores recorrem a uma regressatildeo economeacutetrica concluindo que

um aumento de 1 no niacutevel de gastos sociais leva a um aumento do crescimento

econoacutemico em cerca de 012 pontos percentuais apoacutes um ano Numa segunda fase

utilizaram uma outra regressatildeo economeacutetrica tendo como objectivo estudar o impacto

da despesa social no crescimento econoacutemico com a inclusatildeo de alguns desfasamentos

do PIB verificando que no caso de um aumento de 1 dos gastos sociais em

percentagem do PIB leva a que o produto aumente em cerca de 057 pontos percentuais

sendo que as aacutereas que mais contribuiacuteram para este aumento foram os gastos em sauacutede e

com os subsiacutedios de desemprego

Outros estudos como o de Andrade et al (2013) procuraram estudar a relaccedilatildeo

entre as despesas em sauacutede e educaccedilatildeo e o crescimento econoacutemico Recorreram a uma

9

amostra de paiacuteses de vaacuterias regiotildees do mundo onde foram excluiacutedos os ex-paiacuteses

socialistas os paiacuteses que produzem essencialmente petroacuteleo e os que tinham vivido ateacute

haacute pouco tempo conflitos armados Separaram-se os paiacuteses tendo em conta o seu niacutevel

de rendimento e desenvolveram um estudo economeacutetrico para verificar o efeito da

despesa entre educaccedilatildeo e sauacutede na variaacutevel dependente PIB real per capita Os

resultados mostram de forma incontestaacutevel que os gastos em educaccedilatildeo e sauacutede tecircm

efeitos positivos no crescimento do PIB per capita de qualquer dos grupos de paiacuteses

Por fim Fic e Ghate (2005) desenvolveram um estudo com o intuito de

averiguar a relaccedilatildeo entre o Estado Social e o crescimento econoacutemico para uma amostra

de 19 paiacuteses pertencentes agrave OCDE entre os quais se incluiacuteam paiacuteses como a Dinamarca

Finlacircndia e a Sueacutecia entre 1950 e 2001 Este estudo utilizou um modelo dinacircmico de

crescimento desenvolvido anteriormente por um dos autores Ghate e Zak (2002) que

permitiu chegar agrave conclusatildeo de que a razatildeo para haver uma quebra no crescimento

econoacutemico poderaacute estar relacionado com o Estado Social Tal se justifica segundo os

autores pelo facto de no periacuteodo que antecede a quebra de crescimento a elevada taxa

de crescimento que se verifica induzir ao crescimento da despesa social Ao longo do

tempo o aumento do Estado Social leva assim agrave diminuiccedilatildeo do crescimento econoacutemico

que no Longo Prazo espera-se que leve agrave reduccedilatildeo do Estado Social Os resultados

segundo os autores sugerem que paiacuteses com um baixo crescimento econoacutemico tenham

que fazer cortes ao niacutevel da despesa com o Estado Social Estes consideram que o iniacutecio

da deacutecada de 70 foi o periacuteodo no qual foi mais visiacutevel esta relaccedilatildeo pois o baixo

crescimento econoacutemico verificado entre 1970 e 1975 foi o precedido da existecircncia de

um Estado Social de dimensotildees consideraacuteveis

Em jeito de conclusatildeo verificamos que os resultados dos estudos desenvolvidos

por Andrade et al (2013) e Baldacci et al (2004) apontam para um efeito positivo entre

a despesa social em educaccedilatildeo e sauacutede e o crescimento econoacutemico Furceri e Zdzienicka

(2012) considerando a despesa social em todas as aacutereas de intervenccedilatildeo do Estado Social

tambeacutem apontam para o contributo positivo desta no crescimento econoacutemico Quanto ao

estudo desenvolvido por Izaacutek (2011) este aponta para uma relaccedilatildeo negativa entre as

vaacuterias componentes da despesa social e o crescimento econoacutemico Os resultados

opostos podem ser fruto do niacutevel de desenvolvimento da amostra de paiacuteses utilizada

pois parece que a utilizaccedilatildeo de paiacuteses mais desenvolvidos apontam para um efeito

negativo e a utilizaccedilatildeo de alguns paiacuteses em desenvolvimento aponte para um efeito

positivo

10

3 Caracterizaccedilatildeo econoacutemico-social dos paiacuteses em anaacutelise

Neste ponto seraacute feita uma caracterizaccedilatildeo econoacutemico-social dos paiacuteses em

anaacutelise Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia trecircs paiacuteses escandinavos onde o Estado Social

haacute muito eacute uma realidade e Portugal Espanha Itaacutelia e Greacutecia paiacuteses da chamada

periferia Europeia onde o Estado social eacute uma realidade mais recente essencialmente

desde os meados dos anos 80 salientando as suas semelhanccedilas e diferenccedilas

O objectivo eacute enquadrar a anaacutelise mais especiacutefica da secccedilatildeo seguinte sobre a

potencial relaccedilatildeo entre o desempenho em termos de crescimento econoacutemico e a despesa

social total e por diferentes categorias Sempre que possiacutevel a comparaccedilatildeo entre paiacuteses

seraacute realizada ao longo do periacuteodo 1985-2010 No entanto dada a indisponibilidade de

dados relativamente a algumas variaacuteveis para alguns paiacuteses o periacuteodo de anaacutelise poderaacute

ser mais curto Eacute importante ter tambeacutem em conta o surgimento da crise de 2007 para

compreender alguns indicadores mais desfavoraacuteveis dos paiacuteses do Sul em relaccedilatildeo ao

Norte nos anos mais recentes

Inicialmente este trabalho procuraraacute discutir as semelhanccedilas e diferenccedilas entre

os dois grupos de paiacuteses relativamente a um conjunto de indicadores sociodemograacuteficos

que podem ter impacto e ser influenciados pela despesa social Em segundo lugar satildeo

apresentados e analisados alguns indicadores econoacutemicos seleccionados segundo a

mesma loacutegica ou seja que podem ter impacto e ser influenciados pela dimensatildeo e

composiccedilatildeo do Estado Social tais como o seu grau de abertura ao comeacutercio

internacional e a respectiva estabilidade macroeconoacutemica sendo utilizado como suporte

da anaacutelise os graacuteficos disponiacuteveis nos Anexos

O graacutefico 1 conteacutem os valores do PIB real per capita expressos em doacutelares a

preccedilos constantes de 2005 que eacute o principal indicador dos diferenciais de niacutevel de vida

do cidadatildeo meacutedio dos diferentes paiacuteses Da observaccedilatildeo do referido graacutefico constatamos

que em 2010 o niacutevel de rendimento por habitante eacute em todos os paiacutes mais elevado do

que o que se verificava em 1985 sendo que nos paiacuteses escandinavos o PIB real per

capita foi sempre relativamente mais elevado que nos restantes paiacuteses No caso da

Sueacutecia e Finlacircndia verificamos que estes em 2010 estes eram os mais ricos tal como jaacute

o eram em 1985 passando o valor desta variaacutevel na Sueacutecia dos 2806538 doacutelares em

1985 para os 4282567 doacutelares em 2010 e na Finlacircndia dos 242344 doacutelares de 1985

para os 3806465 doacutelares em 2010 Os paiacuteses do Sul ou periferia apresentam ao longo

do periacuteodo um PIB real per capita mais baixo nomeadamente Portugal e Greacutecia que

11

apesar de terem aumentado o seu PIB real per capita entre 1985 e 2010 no ano de 2010

Portugal tinha um valor de 1864776 doacutelares e a Greacutecia de 2130896 doacutelares

A opccedilatildeo por comeccedilar a caracterizaccedilatildeo das diferenccedilas entre os paiacuteses da amostra

pelo PIB real per capita deriva em parte do facto de este poder estar relacionado com a

melhoria de alguns indicadores que medem o niacutevel de desenvolvimento humano e que

servem para a construccedilatildeo do Iacutendice de Desenvolvimento Humano como eacute o caso da

diminuiccedilatildeo da taxa de mortalidade infantil e o aumento da esperanccedila meacutedia de vida

Face a isto relativamente ao sector da sauacutede como se pode ver no graacutefico 2 a

esperanccedila meacutedia de vida agrave nascenccedila (EMV) entre 1985 e 2010 aumentou No entanto

apesar de todos os paiacuteses terem registado um aumento da EMV ao longo do periacuteodo

analisado dos paiacuteses escandinavos apenas a Sueacutecia tem no iniacutecio do periacuteodo um valor

superior ao de todos os paiacuteses do Sul Com efeito Espanha Greacutecia e Itaacutelia partem de

uma situaccedilatildeo melhor do que a Dinamarca e a Finlacircndia O paiacutes que regista menor EMV

em 1985 eacute Portugal com 73 anos Em 2010 todos os paiacuteses da periferia ultrapassam os

paiacuteses escandinavos com excepccedilatildeo de Portugal que se manteacutem na uacuteltima posiccedilatildeo

Quanto agrave taxa de mortalidade infantil indicador que traduz o nuacutemero de mortes

de crianccedilas no primeiro ano de vida por cada 1000 nascimentos eacute de imediato

verificaacutevel no graacutefico 3 que ocorreu uma consideraacutevel melhoria neste indicador em

todos os paiacuteses ao longo do periacuteodo analisado Em 1985 a taxa de mortalidade infantil

em Portugal e na Greacutecia era maior do que nos restantes paiacuteses no entanto em 2010 jaacute

registavam um nuacutemero de mortes semelhante aos restantes paiacuteses No caso grego

verificou-se uma passagem das 16 mortes em cada 1000 nascimentos em 1985 para as 4

em 2010 ocorrendo o mesmo em Portugal que passou das 17 para as 4 No que respeita

agrave Escandinaacutevia o nuacutemero de mortes que se verificava no ano de 2010 natildeo era muito

diferente do que se verificava em 1985 e no caso da Finlacircndia houve apenas uma

pequena reduccedilatildeo das 6 para as 2 mortes durante este periacuteodo

A evoluccedilatildeo e composiccedilatildeo demograacutefica dos paiacuteses pode ter um impacto

importante naquela que eacute actualmente uma das componentes da despesa social com

maior peso a despesa com pensotildees Assim atraveacutes da anaacutelise do graacutefico 4 verifica-se

que a taxa de crescimento da populaccedilatildeo em termos anuais foi positiva em todos os

paiacuteses No entanto durante este periacuteodo (1990-2010) apenas Portugal entre 1990 e

1992 registou uma taxa de crescimento negativa que no entanto foi invertida No que

toca ao maior crescimento populacional este deu-se em Espanha entre 1997 e 2003 ao

qual se seguiu apoacutes um periacuteodo de estabilidade entre 2003 e 2007 uma diminuiccedilatildeo

12

acentuada Em termos globais a taxa de crescimento populacional tem vindo a descer

nomeadamente nos paiacuteses do Sul contrariamente aos paiacuteses do Norte Europeu que a

partir de 2000 verificaram um aumento Tal poderaacute dever-se agrave imigraccedilatildeo mas tambeacutem

poderaacute ter-se devido agraves poliacuteticas de apoio agrave natalidade com vista ao combate ao

envelhecimento da populaccedilatildeo Neste acircmbito decompondo a populaccedilatildeo dos paiacuteses da

amostra em faixas etaacuterias populaccedilatildeo jovem (ateacute aos 15 anos de idade) populaccedilatildeo entre

os 15 e 64 anos e populaccedilatildeo idosa (mais de 65 anos) verificamos que existe uma

tendecircncia para a diminuiccedilatildeo da populaccedilatildeo mais jovem face agrave total sendo esse

comportamento mais visiacutevel em Espanha que conforme o graacutefico 5 demonstra em

1985 tinha uma percentagem de jovens de cerca de 233 mas que em 2010

apresentava uma taxa de 149 Um aspecto curioso tem que ver com o facto de neste

periacuteodo de anaacutelise natildeo se ter verificado uma grande diminuiccedilatildeo desta faixa etaacuteria na

Escandinaacutevia sendo que no caso da Dinamarca esta registava em 2010 uma

percentagem de populaccedilatildeo jovem a rondar os 18 os mesmos que em 1985

Por outro lado verifica-se um agravamento do envelhecimento da populaccedilatildeo

com a pior situaccedilatildeo a verificar-se em Itaacutelia e na Greacutecia Entre 1985 e 2010 a

percentagem da populaccedilatildeo italiana com mais de 64 anos passou dos 131 em 1985

para os 203 em 2010 e na Greacutecia verificou-se uma passagem dos 133 para os 19

(ver graacutef 6) Relativamente ao Norte Europeu essa subida eacute mais ligeira e em 2010 a

Finlacircndia apresentava uma percentagem de 171 enquanto que a Dinamarca de 166

No que diz respeito agrave faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entre os 15 e 64 anos verifica-se atraveacutes

do graacutefico 7 que entre 1985 e 1995 a percentagem da populaccedilatildeo compreendida nesta

faixa etaacuteria aumentou No entanto a partir deste periacuteodo verificou-se uma descida dos

valores em alguns paiacuteses como eacute o caso da Itaacutelia onde a populaccedilatildeo pertencente a este

grupo entre 1985 e 2010 passou dos 675 para os 657 resultado talvez de uma

diminuiccedilatildeo da populaccedilatildeo jovem e do aumento da populaccedilatildeo mais idosa podendo isso

dever-se agrave baixa taxa de natalidade

Quanto agrave melhoria dos indicadores relativos agrave educaccedilatildeo verificamos que os

apoios do Estado nesta aacuterea talvez se tenham feito sentir Com efeito de acordo com o

graacutefico 8 a percentagem de populaccedilatildeo activa com apenas o ensino primaacuterio diminuiu

em todos os paiacuteses entre 1995-2010 sendo que no entanto o niacutevel de populaccedilatildeo activa

com apenas este niacutevel de escolaridade eacute mais reduzido nos paiacuteses do Norte como eacute o

caso da Finlacircndia e da Sueacutecia talvez devido ao facto de estes paiacuteses terem tomado haacute

mais tempo consciecircncia da importacircncia da educaccedilatildeo para um bom desempenho

13

econoacutemico (ver graacutef 8) Associado ao comportamento anterior verifica-se que em 2010

existe uma maior percentagem de pessoas com o ensino secundaacuterio e universitaacuterio em

todos os paiacuteses relativamente a 1995 Ao niacutevel do ensino secundaacuterio o graacutefico 9 mostra

que entre 1995 e 2010 verificou-se um aumento de trabalhadores com este niacutevel

acadeacutemico sendo esse impacto maior em Portugal Espanha Greacutecia e Itaacutelia mas no que

toca aos paiacuteses do Norte este nuacutemero foi oscilando Em todo o caso em 1995 os trecircs

paiacuteses escandinavos registavam uma maior percentagem da populaccedilatildeo com o ensino

secundaacuterio relativamente a qualquer dos paiacuteses do Sul sendo em 2010 apenas a

Dinamarca e a Finlacircndia ultrapassadas pela Itaacutelia O niacutevel de escolaridade dos

trabalhadores que mais subiu foi como se pode constatar no graacutefico 10 o universitaacuterio

verificando-se que em paiacuteses como a Finlacircndia a percentagem de trabalhadores com este

niacutevel acadeacutemico passou dos 217 em 1995 para os 373 em 2010 e na Espanha

passou dos 203 para os 33 Neste acircmbito verifica-se em 2010 a Espanha tinha uma

percentagem de indiviacuteduos com ensino superior mais elevada que a Sueacutecia e a

Dinamarca

Outra das componentes da despesa social com mais peso no total eacute a despesa

associada ao subsiacutedio de desemprego Nos anos mais recentes tem-se verificado um

aumento da taxa de desemprego como podemos ver no graacutefico 11 O desemprego pode

por em causa a estabilidade social uma vez que os indiviacuteduos sem emprego ao

perderem a sua fonte de rendimento podem perder qualidade de vida e estarem sujeitos

a situaccedilotildees de pobreza A taxa de desemprego entre 1991 e 2010 foi sempre mais

elevada no Sul em relaccedilatildeo ao Norte Os paiacuteses que apresentavam uma taxa mais elevada

em 2010 foram a Espanha com cerca de 20 seguido da Greacutecia com 125 enquanto

que a taxa de desemprego mais baixa se registou na Escandinaacutevia na Dinamarca onde a

taxa de desemprego em 2010 era de 75

No que diz respeito agrave taxa de desemprego jovem esta tem afectado sobretudo os

jovens do Sul Europeu e parece estar a tornar-se um problema grave para as geraccedilotildees

mais jovens As dificuldades em arranjar emprego podem prender-se com a falta de

experiecircncia por parte dos jovens Como tal estas situaccedilotildees levam a que estes natildeo

tenham nenhum tipo de poupanccedila nem direito a qualquer tipo de subsiacutedio como eacute o caso

do subsiacutedio de desemprego pois natildeo tiveram um passado activo consideraacutevel que lhes

permitisse ter realizado contribuiccedilotildees para a Seguranccedila Social e a ter direito a receber

subsiacutedio de desemprego Por outro lado ao natildeo terem emprego poderatildeo vir a ter

problemas em obter uma boa pensatildeo aquando o final da sua vida activa pois faratildeo

14

menos descontos do que aqueles satildeo necessaacuterios para obter um boa pensatildeo no futuro

podendo estar a comprometer a sua estabilidade financeira apoacutes a sua vida activa No

Norte Europeu paiacuteses como a Dinamarca tecircm investido na resoluccedilatildeo dos problemas

relativos ao desemprego jovem promovendo poliacuteticas de apoio aos jovens que possuem

baixos niacuteveis de estudos e que estejam sem trabalho como salientam Hughes e Borbeacutely-

Pecze (2012) Para tal foram desenvolvidos programas onde os jovens satildeo inseridos em

cursos de formaccedilatildeo praacutetica com vista a que estes adquiram experiecircncia e que os

familiarizem com o local de trabalho promovendo as suas aptidotildees de forma a capacitaacute-

los para o mercado de trabalho para que tragam ganhos de produtividade agrave entidade que

os emprega e consequentemente ao seu paiacutes Ao niacutevel da taxa de desemprego jovem o

graacutefico 12 ajuda-nos a perceber que esta era no ano de 2010 mais elevada na Espanha

com cerca de 424 sendo esta seguida pela Greacutecia com 325 Ao niacutevel das taxas

mais baixas verificamos que que entre 1991 e 2010 quem apresentou a taxa mais baixa

foi a Dinamarca sendo que no ano de 2010 esta apresentava uma taxa de cerca de

139 seguida da Finlacircndia com cerca de 203

Quanto agrave anaacutelise de factores econoacutemicos que possam ser responsaacuteveis pelas

diferenccedilas relativas ao niacutevel de vida iremos comeccedilar por analisar a importacircncia do

sector secundaacuterio e terciaacuterio para o PIB dos diversos paiacuteses na medida em que estes

sectores satildeo os que envolvem uma maior percentagem de indiviacuteduos com habilitaccedilotildees

acadeacutemicas mais elevadas e cujo seu contributo para o produto dos paiacuteses eacute mais

consideraacutevel

No que toca ao sector secundaacuterio verifica-se que entre 1985 e 2010 este tem

vindo a perder importacircncia no PIB de todos os paiacuteses No entanto durante este periacuteodo

verificou-se que o paiacutes que apresentava uma maior percentagem de riqueza gerado por

este sector era Portugal tendo contudo essa importacircncia diminuiacutedo de forma constante

chegando no ano de 2010 a ser de apenas 15 proacuteximo da percentagem da Espanha Eacute

de salientar que a importacircncia deste sector em 2010 era relativamente mais baixa nestes

paiacuteses em relaccedilatildeo agrave Dinamarca ou na Sueacutecia (ver graacutef13) Ao niacutevel do sector terciaacuterio

verificamos atraveacutes do graacutefico 14 que a importacircncia deste sector para a amostra de

paiacuteses em estudo era muito nivelado entre os 60 e os 70 No entanto a partir do ano

2000 verificou-se um aumento relativo da contribuiccedilatildeo deste sector para o PIB dos

vaacuterios paiacuteses sendo de salientar que em 2009 este sector tinha maior peso na produccedilatildeo

de riqueza no caso da Greacutecia contribuindo em cerca de 79 do total do PIB grego

15

enquanto que o mais baixo se verificava na Finlacircndia com cerca de 69 do PIB a ser

gerado por este sector

A anaacutelise da estrutura produtiva de um paiacutes pode ter tambeacutem uma relaccedilatildeo com o

grau de abertura da economia pois este poderaacute trazer algumas vantagens e explicar o

porquecirc de um determinado sector ter ganho mais importacircncia no PIB de um paiacutes Essas

vantagens podem estar relacionadas com a entrada de novos produtos e tecnologias que

normalmente estatildeo relacionados com o sector secundaacuterio e terciaacuterio e que poderatildeo

explicar o crescimento destes sectores Este factor poderaacute ainda estar relacionado com o

niacutevel de educaccedilatildeo de uma populaccedilatildeo pois quanto maior for o desenvolvimento

tecnoloacutegico de um paiacutes tal poderaacute levar agrave necessidade de um reforccedilo na educaccedilatildeo e

formaccedilatildeo profissional para capacitar a matildeo-de-obra para lidar com estas novas

tecnologias Assim o grau de abertura de um paiacutes poderaacute estar relacionado com o

aumento dos gastos em educaccedilatildeo

No que respeita ao grau de abertura da economia medido atraveacutes do volume de

importaccedilotildees e exportaccedilotildees em percentagem do PIB verificou-se que em todos os paiacuteses

em estudo houve uma tendecircncia de crescimento entre 1985 e 2010 Os paiacuteses que no

ano de 2010 apresentavam um grau de abertura mais elevado eram a Dinamarca com

cerca de 953 e a Sueacutecia com cerca de 928 Por outro lado paiacuteses como a Greacutecia e

a Espanha registavam valores muito mais baixos sendo que a Greacutecia apresentava um

niacutevel de cerca de 538 do seu PIB e a Espanha 569 como se pode constatar no

graacutefico 15 No que respeita ao saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes um valor em

percentagem do PIB positivo significa que existe um superavit ou seja que o paiacutes

aumentou os seus activos no estrangeiro Neste aspecto devido agrave falta de dados a

anaacutelise a esta variaacutevel comeccedila a partir de 2003 e consultando a graacutefico 16 verificamos

que ao longo do periacuteodo na Greacutecia Portugal Itaacutelia e Espanha a balanccedila foi sempre

deficitaacuteria sendo as situaccedilotildees mais complicadas a da Greacutecia e a de Portugal que em

2010 apresentavam um deacutefice de 104 e 97 respectivamente Por outro lado a

Dinamarca a Sueacutecia e a Finlacircndia tiveram sempre um excedente

No que toca agrave anaacutelise do saldo orccedilamental este juntamente com a diacutevida puacuteblica

poderaacute ajudar a compreender o estado das financcedilas puacuteblicas de um paiacutes Compreender o

saldo orccedilamental em percentagem do PIB eacute muito importante pois se este demonstrar

um comportamento mais despesista tal iraacute reflectir-se no aumento do endividamento do

Estado que poderaacute ter de levar a uma reduccedilatildeo dos apoios do Estado Social com vista agrave

sustentabilidade financeira do Estado Como forma de controlar as financcedilas puacuteblicas

16

poderatildeo ser necessaacuterios cortes ao niacutevel dos apoios da protecccedilatildeo social bem como a

reduccedilatildeo do orccedilamento do Estado para aacutereas com a sauacutede ou educaccedilatildeo No graacutefico 17 eacute

possiacutevel verificar que no caso de paiacuteses como a Greacutecia Portugal e Itaacutelia no periacuteodo de

estudo verificou-se que estes paiacuteses tiveram sempre um comportamento mais despesista

que os restantes sendo como jaacute vimos esta uma possiacutevel justificaccedilatildeo para o crescimento

da diacutevida puacuteblica nestes paiacuteses Jaacute os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentavam saldos

orccedilamentais mais positivos em relaccedilatildeo aos do Sul da Europa sendo mesmo o saldo

orccedilamental sueco aproximadamente de 0

A diacutevida puacuteblica em percentagem do PIB sempre foi inferior nos paiacuteses do Norte

em relaccedilatildeo aos do Sul Entre 1995 e 2010 verificamos que o niacutevel de diacutevida foi

oscilando no entanto este foi relativamente mais elevado na Greacutecia e na Itaacutelia

chegando no ano de 2010 este a ser cerca de 145 e 1194 do seu PIB

respectivamente No caso da Sueacutecia verificou-se ao longo deste periacuteodo uma tendecircncia

de descida e em 2010 este era de 394 (ver graacutef 18) Um outro factor que pode ter

feito aumentar o niacutevel de diacutevida de alguns paiacuteses do Sul da Europa a partir de 2005

pode ter que ver com o surgimento da crise econoacutemica de 2007 que agravou ainda mais

o niacutevel de diacutevida destes paiacuteses que era jaacute elevado como satildeo exemplos a Greacutecia e

Portugal

Em resumo verificamos que em termos globais os indicadores soacutecio-

econoacutemicos do Sul da Europa satildeo piores que os do Norte Europeu Contudo as

diferenccedilas tecircm vindo a diminuir Por exemplo os indicadores relativos agrave sauacutede e agrave

educaccedilatildeo tecircm demonstrado francas melhorias que talvez resultem do facto dos estados

terem reforccedilado os apoios ao niacutevel destas funccedilotildees sociais Haacute no entanto que ter em

conta que no caso do Sul Europeu o crescente aumento da diacutevida puacuteblica poderaacute

dificultar a continuidade desta acccedilatildeo na medida em que poderaacute levar agrave necessidade de

reformulaccedilotildees que passem por cortes no Estado Social com vista a fazer face ao

crescente endividamento destes Os Estados do Sul Europeu natildeo devem contudo no

periacuteodo actual de crise esquecer a importacircncia que estes sectores tecircm para a coesatildeo

social e potencialmente para o desempenho econoacutemico

4 Despesa Social e Crescimento Econoacutemico anaacutelise comparada de alguns dados

Nesta secccedilatildeo seraacute realizada uma anaacutelise de estatiacutestica descritiva que teraacute como

principal objectivo uma anaacutelise comparada dos dois grupos de paiacuteses em termos de

crescimento econoacutemico e despesa social agregada e por diferentes componentes entre

17

1985 e 2010 Por uacuteltimo procura-se verificar se o sinal da correlaccedilatildeo esperada entre a

despesa social do Estado e o comportamento do produto estaacute de acordo com a literatura

econoacutemica Para tal realizamos apenas uma anaacutelise muito simples e preliminar baseada

no caacutelculo de coeficientes de correlaccedilatildeo entre as despesas em sauacutede educaccedilatildeo e as

vaacuterias componentes da despesa em protecccedilatildeo social e respectivamente o PIB per capita

e a taxa de crescimento do mesmo

Esta anaacutelise foi realizada tendo em conta todos os dados disponiacuteveis na base de

dados da OECD Social Expenditure Database ao niacutevel dos gastos com sauacutede e

protecccedilatildeo social e com os dados disponiacuteveis do Banco Mundial relativamente a despesa

em educaccedilatildeo PIB real per capita para todos os paiacuteses em anaacutelise no periacuteodo entre 1985

e 2010

Antes de passarmos agrave anaacutelise comparada da despesa social e suas componentes

nos paiacuteses da nossa amostra detenhamo-nos na comparaccedilatildeo da respectiva prestaccedilatildeo em

termos de crescimento econoacutemico de acordo com os dados relativos agraves taxas meacutedias de

crescimento anual do PIB real per capita entre 1985 e 2010 e alguns sub-periacuteodos (ver

Quadro 1) Ao longo do periacuteodo total 1985-2010 Portugal e a Espanha foram os paiacuteses

que mais cresceram o que natildeo eacute de estranhar uma vez que partiram de valores do PIB

real per capita dos mais baixos do grupo Seguem-se a estes os paiacuteses escandinavos

Finlacircndia Sueacutecia e Dinamarca enquanto que a Greacutecia e a Itaacutelia foram os paiacuteses que

menos cresceram No caso da Greacutecia a situaccedilatildeo eacute mais insoacutelita uma vez que tal como

Portugal e Espanha partiu de um niacutevel de rendimento relativamente mais baixo e assim

sendo o potencial de crescimento e convergecircncia deveria ter sido superior ao dos paiacuteses

mais ricos Se dividirmos o periacuteodo total em anaacutelise em trecircs sub-periacuteodos 1985-95

1995-05 e 2005-10 verificamos que o desempenho relativo dos paiacuteses se vai alterando

Assim por exemplo a boa prestaccedilatildeo de Portugal entre 1985-2010 parece ter sido

consequecircncia do seu elevado crescimento relativo entre 1985 e 1995 enquanto que nos

outros dois sub-periacuteodos a taxa meacutedia de crescimento anual do seu PIB real per capita eacute

das mais baixas do grupo Os paiacuteses escandinavos tecircm taxas de crescimento relativas

mais elevadas essencialmente entre 1995 e 2005 enquanto a Espanha e a Greacutecia

melhoram o desempenho relativo no segundo e terceiro sub-periacuteodos em especial a

Espanha Em todo o caso registou-se um acentuado abrandamento e do crescimento nos

uacuteltimos cinco anos com a Itaacutelia Sueacutecia Finlacircndia e Portugal a registarem mesmo taxas

crescimento negativas Este fenoacutemeno natildeo pode deixar de ter em conta o iniacutecio da crise

econoacutemica e financeira que teve o seu comeccedilo em 2007-2008

18

Quadro 1 Taxas meacutedias de crescimento anual do PIB real per capita 1985 a 2010

Periacuteodos Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

1985-1995 1639 0940 0555 2140 3600 2698 0970

1995-2005 1682 3377 3243 1128 2025 2591 2831

2005-2010 0025 -0267 0198 -0145 -0441 0207 -0229

1985-2010 1221 1806 1461 1131 2333 2024 1690

Fonte Caacutelculos do autor com base em dados do Banco Mundial

No que diz respeito agrave anaacutelise comparada entre a despesa social dos paiacuteses em

estudo iremos comeccedilar por comparar os niacuteveis de gastos sociais totais2 em percentagem

do PIB ao longo do periacuteodo total 1985-2010 (ver graacutefico 19) Durante todo este periacuteodo

eacute possiacutevel verificar que os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentaram um niacutevel de gastos

sociais totais superior ao dos paiacuteses do Sul Europeu O paiacutes que apresentou um niacutevel de

gastos mais elevado durante a maior parte deste periacuteodo foi a Sueacutecia que apenas o

deixou de ser quando a Dinamarca se assumiu como o paiacutes que mais gastou em despesa

social em 2010 cerca de 306 do PIB Quanto agrave Finlacircndia esta no ano de 2010

tambeacutem ultrapassa a Sueacutecia ao niacutevel de uma maior despesa social Contudo no caso

finlandecircs verifica-se que entre os anos de 1990 e 1992 ocorreu um aumento

consideraacutevel na despesa social ao qual se sucede uma diminuiccedilatildeo gradual dos gastos ateacute

2000 No entanto tal como a Dinamarca e a Sueacutecia este paiacutes apresentava ainda um

niacutevel de gastos superiores ao dos paiacuteses do Sul cerca de 243 do PIB No que respeita

aos paiacuteses da periferia tambeacutem designados paiacuteses do Sul verifica-se que o paiacutes que

mais se conseguiu aproximar do niacutevel de despesa dos paiacuteses da Escandinaacutevia foi a Itaacutelia

que no ano de 2010 gastava cerca de 277 do seu PIB em gastos sociais enquanto que

a Sueacutecia cerca de 283 No entanto verificamos que a Itaacutelia em algumas ocasiotildees foi

ultrapassada pelo niacutevel de gastos da Espanha como eacute o caso do subperiacuteodo entre 1989 e

1996 Quanto aos paiacuteses que canalizaram uma menor percentagem do PIB para a

despesa social verificam-se que estes foram a Espanha Greacutecia e Portugal

Relativamente a estes dois uacuteltimos verificou-se que a Greacutecia apresentava em 1985 um

niacutevel de despesa social consideravelmente maior que Portugal cerca de 161 face aos

101 do PIB de Portugal no entanto essa diferenccedila foi diminuindo Tal resulta de um

2 Os gastos sociais totais incluem a despesa em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado laboral apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social

exceptuando os apoios em educaccedilatildeo

19

evidente aumento da despesa em Portugal e um teacutenue crescimento da Despesa Social

grega chegando Portugal no ano de 2002 a ultrapassar a Greacutecia e no ano de 2010

apresentava um niacutevel de despesa mais elevado de despesa que a Greacutecia cerca de 254

face aos 233 da Greacutecia Na globalidade verificou-se uma tendecircncia de crescimento

contiacutenuo nos paiacuteses escandinavos ateacute ao iniacutecio da deacutecada de 90 seguido de uma

diminuiccedilatildeo ateacute cerca de 2000 No Sul a tendecircncia eacute de crescimento sustentado para a

Greacutecia e Portugal e de oscilaccedilotildees na Espanha e Itaacutelia Eacute tambeacutem notoacuterio que apoacutes a crise

de 2007-08 se verifica de novo um crescimento da despesa relativamente aos paiacuteses do

Norte

No seguimento da anaacutelise comparativa da despesa social em termos globais

efectua-se agora um estudo comparativo entre a despesa do Estado nas vaacuterias

componentes da despesa social educaccedilatildeo sauacutede e protecccedilatildeo social e dentro de estas

com o pagamento de pensotildees de reforma subsiacutedios de invalidez politicas activas do

mercado de trabalho apoios agraves famiacutelias e subsiacutedio de desemprego que correspondem agrave

maioria da despesa social nestes paiacuteses

De acordo com os graacuteficos 20 e 21 os niacuteveis de despesa social quer em sauacutede e

quer em educaccedilatildeo respectivamente dos paiacuteses do Norte face aos do Sul medidos em

percentagem do seu PIB entre 1985 e 2010 satildeo maiores no primeiro grupo de paiacuteses

relativamente ao segundo agrave excepccedilatildeo da Finlacircndia que depois de um periacuteodo de

diminuiccedilatildeo da despesa em sauacutede entre 1992 e 1998 para cerca dos 53 do PIB

verifica de novo um aumento para os 67 verificados em 2010 No entanto situava-se

aqueacutem do verificado em Itaacutelia Espanha e Portugal no mesmo ano que era

respectivamente 73 713 e 712 do PIB Assim sendo a Finlacircndia encontrava-se

soacute a frente da Greacutecia que possuiacutea um niacutevel de gastos de 64 do PIB (ver graacutef 20 e 21)

Nota-se tambeacutem no que diz respeito agrave despesa em sauacutede que a Sueacutecia e a Dinamarca

foram quem mais despenderam nesta aacuterea com niacuteveis de despesa semelhantes Contudo

a partir de 1999 o niacutevel de despesa da Dinamarca passa para frente do da Sueacutecia

tornando-se assim o paiacutes com maior despesa em sauacutede chegando a 2010 a apresentar

um valor de cerca de 94 do PIB face aos 77 da Sueacutecia Eacute importante salientar que

todos os paiacuteses do Sul da Europa verificaram um crescimento sustentado que se traduz

em valores de despesa em sauacutede em percentagem do PIB maiores em 2010 que em

1985 Por fim importa destacar que entre 2009 e 2010 verificou-se uma diminuiccedilatildeo da

despesa para todos os paiacuteses por ventura efeitos da crise que comeccedilou um par de anos

antes

20

No que toca agrave educaccedilatildeo como jaacute foi referido os paiacuteses da Escandinaacutevia

apresentam durante o periacuteodo em anaacutelise um niacutevel de despesa superior nesta mateacuteria em

relaccedilatildeo aos paiacuteses da periferia Neste contexto verificamos que as diferenccedilas relativas

aos niacuteveis de despesa dos vaacuterios paiacuteses em educaccedilatildeo se encontram melhor clarificadas

que as diferenccedilas ao niacutevel da despesa em sauacutede agrave excepccedilatildeo dos anos entre 1987 e 1990

em que os valores da despesa portuguesa foram semelhantes ao da espanhola e dos anos

de 2007 e 2008 em que os valores da Itaacutelia foram semelhantes aos da Espanha Feitas

estas consideraccedilotildees verifica-se a existecircncia de um maior niacutevel de despesa em educaccedilatildeo

por parte da Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia ao longo do periacuteodo e no ano de 2009 o

valor da despesa era respectivamente de 83 72 e 68 do PIB No que toca aos

restantes paiacuteses da amostra os paiacuteses do Sul verificamos que o niacutevel de despesa grego e

portuguecircs foi aumentando chegando o portuguecircs a tornar-se o mais elevado entre os

restantes paiacuteses da periferia a partir de 1994 sem nunca esquecer a ausecircncia de dados

para o ano de 1997 e para a Greacutecia entre 2005 e 2010 No ano de 1994 o valor gasto por

Portugal era cerca de 46 chegando a 2010 aos 56 do PIB Jaacute relativamente agrave Itaacutelia

considerando a quebra de dados para este paiacutes verificamos que esta se encontrava no

topo dos paiacuteses do Sul que mais gastavam nesta aacuterea no entanto como jaacute foi referido

esta foi ultrapassada por Portugal e ateacute mesmo a Espanha a partir de 2007 paiacuteses que

tinham nesse ano respectivamente um niacutevel de gastos de 51 e 434 do PIB face

aos 426 do PIB verificados na Itaacutelia

Relativamente agrave despesa em protecccedilatildeo social entre os paiacuteses em anaacutelise e no

que diz respeito niacutevel gastos em pagamentos de pensotildees de reforma verificamos que

natildeo existe um grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 22) Neste capiacutetulo

verifica-se que em todos os paiacuteses o niacutevel de gastos nesta mateacuteria foi oscilando

Contudo nos subperiacuteodos de 1985-89 e de 1997-2009 este foi mais elevado na Itaacutelia e

a Greacutecia sendo estes ultrapassados apenas entre 1991-95 pela Sueacutecia Estes trecircs paiacuteses

em 2009 ocupavam trecircs das quatro primeiras posiccedilotildees nos gastos em pensotildees

apresentando a Itaacutelia a Greacutecia e a Sueacutecia um niacutevel de gastos de 13 109 e 102

do PIB respectivamente Quanto aos restantes paiacuteses verifica-se que o paiacutes que durante

maior parte do periacuteodo apresentou um niacutevel de despesa mais baixo foi Portugal no

entanto registou um aumento consideraacutevel se em 1985 se encontrava no uacuteltimo posto

com cerca de 33 do seu PIB gasto em pensotildees a partir de 2004 ultrapassou a

Finlacircndia Dinamarca e Espanha apresentando no ano de 2009 uma percentagem de

gastos em pensotildees relativamente ao PIB a rondar os 106 superior ao verificado na

21

Dinamarca (82) na Finlacircndia (102) e Espanha (77) Tal poderaacute ter que ver com

o facto de a populaccedilatildeo em Portugal ter envelhecido a um ritmo mais acelerado que nos

restantes paiacuteses

No que toca aos subsiacutedios de desemprego verificamos tambeacutem que natildeo haacute um

grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 23) Contudo neste capiacutetulo

constata-se que os trecircs paiacuteses que gastaram maior percentagem do PIB em subsiacutedios de

desemprego ao longo do periacuteodo foram a Dinamarca Espanha e Finlacircndia Nestes

paiacuteses verificamos que em 1993 o niacutevel de gastos foi o mais elevado cerca 53 do PIB

no caso dinamarquecircs e de 47 no caso espanhol e finlandecircs sendo uma possiacutevel razatildeo

para esse aumento a crise econoacutemica que ocorreu nesse ano O factor crise econoacutemica

poderaacute tambeacutem ajudar a compreender o porquecirc de na Espanha o niacutevel de gastos ter

subido entre 2008 e 2009 de uma forma abrupta passando dos 22 do PIB para os

35 aumento que poderaacute estar relacionado com a crise econoacutemica de 2007-08 que

poderaacute ter contribuiacutedo para o agravamento da taxa de desemprego espanhola Neste

acircmbito verifica-se tambeacutem que os paiacuteses que apresentaram ao longo deste periacuteodo um

niacutevel de despesa mais reduzido com os subsiacutedios de desemprego foram Portugal Itaacutelia e

Greacutecia que em 2009 eram os que menos gastavam com um niacutevel de despesa de cerca de

07 no caso grego 08 no caso italiano e 12 do PIB no caso portuguecircs Estes

valores ficam bem atraacutes dos verificados no mesmo ano para a Dinamarca (23) e para

a Espanha (35)

Jaacute no que toca agrave despesa social em apoios concedidos agraves famiacutelias em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e em subsiacutedios concedidos a pessoas com incapacidade

verifica-se que os paiacuteses do Norte tecircm um niacutevel de gastos nestas mateacuterias superior ao da

periferia europeia (ver graacuteficos 24 25 e 26) Verifica-se ainda assim uma pequena

excepccedilatildeo no que toca agrave Espanha em que os gastos em poliacuteticas activas no mercado de

trabalho em 1989 e 1990 foram superiores agraves verificadas na Dinamarca que eram cerca

de 08 do PIB face aos 07 despendido pelos dinamarqueses A diferenccedila entre os

dois grupos eacute evidente no caso da despesa relacionada com os apoios agraves famiacutelias onde

se verifica uma diferenccedila consideraacutevel ao longo do periacuteodo de anaacutelise entre o Norte e o

Sul A despesa em aacutereas como as poliacuteticas e com as famiacutelias dentro dos paiacuteses da

Escandinaacutevia foi inicialmente mais elevado na Sueacutecia que chegou a atingir o seu

maacuteximo em 1992 com cerca de 49 do PIB gasto nesta mateacuteria no entanto

progressivamente o niacutevel de despesa da Dinamarca foi-se aproximando da Sueacutecia

chegando ateacute a ultrapassar esta em 1995 No que diz respeito agrave Finlacircndia verificou-se

22

que dos trecircs paiacuteses que compotildeem a Escandinaacutevia eacute aquele que apresenta um niacutevel mais

baixo durante maior parte do periacuteodo em anaacutelise mas no entanto superior aos paiacuteses do

Sul como jaacute foi dito Existe contudo uma excepccedilatildeo para este paiacutes que acontece no ano

de 1994 quando este consegue ser o paiacutes que mais gasta nesta aacuterea cerca de 44 do

PIB superior aos gastos suecos que foram cerca de 43 e dos dinamarqueses cerca de

39 Quanto aos gastos em poliacuteticas activas do mercado de trabalho as diferenccedilas jaacute

natildeo satildeo tatildeo evidentes mas no entanto relativamente aos paiacuteses do Sul verificamos ao

longo de todo o periacuteodo que os paiacuteses que foram apresentando consecutivamente

valores mais elevados de despesa nesta mateacuteria foram Portugal e Espanha que entre

1985 e 2009 sofreram oscilaccedilotildees relativamente aos valores despendidos no entanto em

2009 estes gastavam cerca de 08 e 09 respectivamente um valor mais elevado que

o verificado para a Itaacutelia (04) e para a Greacutecia (02) paiacuteses que ao longo do periacuteodo

observado se ficaram pelos uacuteltimos lugares

Por uacuteltimo abordamos as diferenccedilas entre o Norte e o Sul ao niacutevel de gastos em

pensotildees por incapacidade (ver graacutef 26) Como jaacute foi referido verificamos que o niacutevel

de gastos nesta aacuterea eacute superior no Norte em relaccedilatildeo ao Sul Assim sendo verificamos

que a Sueacutecia e a Finlacircndia foram alternando a lideranccedila relativamente aos paiacuteses que

mais despenderam nestes apoios Entre 1985-91 e 1997-2009 a Sueacutecia realizou um niacutevel

de despesa mais elevado que a Finlacircndia apresentando em 1991 um niacutevel a rondar os

53 face ao gasto pela Finlacircndia que foi cerca de 49 Jaacute em 2009 o niacutevel de gastos

da Sueacutecia foi de 5 do seu PIB maior que o verificado na Finlacircndia 41 enquanto

que para o restante periacuteodo o niacutevel de gastos finlandecircs foi sempre superior ao sueco A

Dinamarca foi dos paiacuteses escandinavos aquele que ao longo da maior parte deste

periacuteodo menos gastou no entanto a partir de 2001 esta ultrapassou o niacutevel de gastos da

Finlacircndia apresentando um niacutevel de despesa de cerca de 38 do PIB face aos 37

verificados no caso finlandecircs Esta ultrapassagem deu-se natildeo soacute pela subida dos gastos

em da Dinamarca nesta aacuterea mas tambeacutem por uma descida da despesa finlandesa No

que toca aos paiacuteses do Sul verificamos que quem gastou relativamente mais durante a

maior parte do periacuteodo entre 1985 e 2009 em subsiacutedios atribuiacutedos a incapacitados

foram Espanha Portugal Itaacutelia e a Greacutecia respectivamente agrave excepccedilatildeo do subperiacuteodo

entre 1985 e 1989 em que a Itaacutelia teve um niacutevel de gastos superiores ao de Portugal

Estes paiacuteses no ano de 2009 apresentavam um niacutevel de gastos a rondar os 27 do PIB

no caso espanhol os 21 no caso portuguecircs os 19 no caso italiano e os 1 no caso

23

grego valores que apesar de serem mais baixos que os verificados nos paiacuteses do Norte

da Europa satildeo mais elevados que os verificados em 1985 para estes paiacuteses

Por fim concluiacutemos esta secccedilatildeo com uma anaacutelise quantitativa muito simples e

preliminar da relaccedilatildeo entre a despesa social e o crescimento econoacutemico que corresponde

ao caacutelculo dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre os vaacuterios tipos de despesa social e o PIB

real per capita e a sua taxa de crescimento De acordo com a revisatildeo da literatura

realizada na secccedilatildeo 2 espera-se que exista uma correlaccedilatildeo positiva entre a despesa

social e o niacutevel de crescimento do PIB na medida ou seja para que esta contribua

efectivamente para uma reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo do rendimento e da

pobreza mas tambeacutem porque certos tipos de despesa social tais como educaccedilatildeo sauacutede

mas tambeacutem os apoios agrave famiacutelia contribuem directamente para a acumulaccedilatildeo de capital

humano Contudo aceitando o argumento de que o financiamento necessaacuterio introduz

distorccedilotildees na actividade econoacutemica que por exemplo desincentivam o trabalho e o

investimento por parte das empresas a correlaccedilatildeo obtida pode ter um sinal negativo Da

mesma forma se despesas como o subsiacutedio de desemprego constituiacuterem um

desincentivo a realizar maior esforccedilo no trabalho tambeacutem o sinal poderaacute ser negativo

Em uacuteltima anaacutelise poderaacute natildeo existir qualquer correlaccedilatildeo se os efeitos de sinal contraacuterio

se compensarem exactamente Finalmente natildeo devemos esquecer que correlaccedilatildeo natildeo

significa causalidade pelo que o sinal obtido se pode dever agrave influecircncia do produto

sobre a despesa social ou agrave influecircncia muacutetua

Com auxiacutelio do Quadro 2 onde se encontram os resultados relativos aos

coeficientes de correlaccedilatildeo entre despesa social e o PIB real per capita verificamos que

tendo em conta os dados disponiacuteveis para todos os paiacuteses e anos os coeficientes de

correlaccedilatildeo entre as vaacuterias despesas sociais e o PIB real per capita satildeo todos positivos

quer no que respeita agrave despesa social total quer agraves suas diferentes componentes Os

coeficientes de correlaccedilatildeo mais elevados dizem respeito agraves despesas em educaccedilatildeo e

sauacutede respectivamente 0833 e 0791 podendo argumentar-se que isto se deve ao seu

contributo directo para a acumulaccedilatildeo de capital humano e que este factor possa ter

trazido ganhos de produtividade agraves economias conforme a literatura econoacutemica defende

Quanto ao efeito das vaacuterias componentes de despesa social em protecccedilatildeo social

verificamos que as aacutereas que possuem um coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado satildeo a

despesa em apoios atribuiacutedos agraves famiacutelias os subsiacutedios atribuiacutedos aos incapacitados e as

poliacuteticas activas do mercado de trabalho (0764 0648 e 0626 respectivamente) A

correlaccedilatildeo mais elevada na primeira e terceira dimensotildees referidas poderaacute ter que ver

24

com o seu papel na reduccedilatildeo da desigualdade e pobreza das famiacutelias mais pobres e dos

incentivos criados juntos das empresas para que estas empreguem mais trabalhadores

No que diz respeito aos subsiacutedios concedidos agraves famiacutelias estes ajudam ao aumento do

rendimento das mesmas e tal como foi dito anteriormente poderaacute ter-se traduzido no

aumento do consumo privado daiacute haver uma relaccedilatildeo positiva com o PIB per capita No

meacutedio-longo prazo pode tambeacutem permitir agraves famiacutelias investir mais no capital humano

dos seus filhos e desta forma contribuir para o aumento do PIB Nas restantes aacutereas

gastos com subsiacutedios de desemprego ou em pensotildees tambeacutem possuem uma relaccedilatildeo

positiva com o PIB per capita indicando que toda a despesa realizada pelos vaacuterios

paiacuteses ao longo deste periacuteodo foi importantes para o aumento do produto na medida em

que estas se incidiram sobre os indiviacuteduos que possuem um niacutevel de rendimento mais

baixo dando um estimulo ao consumo traduzindo-se isso no aumento do produto como

jaacute vimos anteriormente Contudo nestes casos os coeficientes de correlaccedilatildeo de 0424 e

0220 respectivamente satildeo bastante inferiores indicando que poderatildeo estar em

actuaccedilatildeo efeitos de sinal negativo que reduzem a correlaccedilatildeo positiva final

Nomeadamente os gastos com pensotildees e subsiacutedios de desemprego podem estar a

desviar a despesa de outras funccedilotildees sociais com um impacto mais directo sobre a

produtividade como a educaccedilatildeo e a sauacutede

Quadro 2 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social e componentes e o niacutevel

do PIB real per capita 1985-2010 (todos os dados disponiacuteveis)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB) PIB real

per capita

Total 0747

Sauacutede 0791

Educaccedilatildeo 0833

Pensotildees de reforma 0220

Pensotildees por incapacidade 0648

Apoios agraves Famiacutelias 0764

Poliacuteticas Activas do Mercado de Trabalho 0626

Subsiacutedio de Desemprego 0424

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

25

A anaacutelise de correlaccedilatildeo anterior apesar de interessante natildeo permite ter uma

ideia muito rigorosa da existecircncia ou natildeo de causalidade entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico uma vez que se baseia em valores correntes quer da despesa

quer do PIB e como vimos os paiacuteses mais ricos tendem tambeacutem a gastar mais com as

funccedilotildees sociais Por outro lado em termos de efeitos permanentes sobre a taxa de

crescimento eacute mais rigoroso calcular a correlaccedilatildeo entre a despesa e a taxa de

crescimento do PIB real per capita De forma a ter em conta a questatildeo da causalidade

inversa no quadro 2 satildeo apresentados os coeficientes de correlaccedilatildeo entre a meacutedia da

despesa social realizada nos sete paiacuteses no periacuteodo de 1985 a 1999 e o crescimento

meacutedio do PIB verificado nos dez anos seguintes 2000-2010

De acordo com a informaccedilatildeo que consta do quadro 3 o sinal dos coeficientes de

correlaccedilatildeo varia agora consoante o tipo de despesa considerada Relativamente agrave

despesa social total o coeficiente eacute negativo embora natildeo muito elevado -02779 A

justificaccedilatildeo mais imediata para este sinal poderaacute ter a ver com o facto do financiamento

necessaacuterio ter introduzido distorccedilotildees na actividade econoacutemica que prejudicaram o

crescimento Contudo torna-se mais informativo olhar para as diferentes componentes

da despesa social

No que respeita aos coeficientes por tipo de despesa como seria de esperar dada

a consensual relaccedilatildeo entre as despesas em educaccedilatildeo e sauacutede com o crescimento

econoacutemico por via do seu impacto sobre a acumulaccedilatildeo de capital humano3 o sinal eacute

positivo embora de magnitude reduzida 01356 e 00115 respectivamente em especial

no caso das despesas em sauacutede Estes resultados indicam tambeacutem que os coeficientes de

correlaccedilatildeo anteriores contecircm realmente informaccedilatildeo sobre a influecircncia positiva no niacutevel

de rendimento sobre as despesas sociais em educaccedilatildeo e sauacutede O outro coeficiente de

correlaccedilatildeo positivo diz respeito agrave despesa com subsiacutedios de desemprego sendo ateacute a

correlaccedilatildeo mais forte do que nos dois casos anteriores 01733 Isto pode indicar que a

existecircncia deste apoio constituiu um incentivo ao trabalho pela seguranccedila que permite

aos trabalhadores estimulando tambeacutem os mesmos a apostar na sua formaccedilatildeo porque

protegidos em caso de desemprego

Quanto ao impacto negativo das restantes componentes da despesa social

verifica-se que as despesas que apresentam um coeficiente menos negativo satildeo as

pensotildees de reforma e por incapacidade -02298 e -03338 respectivamente enquanto

3 Como vimos na secccedilatildeo 3 o estado de sauacutede mas em especial o niacutevel de escolaridade da populaccedilatildeo

dos paiacuteses escandinavos foram em geral superiores ao dos paiacuteses do Sul ao longo do periacuteodo em anaacutelise

26

ainda menos esperado a correlaccedilatildeo negativa mais forte acontece no caso das poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias -03794 e -03671 respectivamente

No caso das pensotildees de reforma e por incapacidade o sinal natildeo eacute inesperado dado o

esforccedilo que exigem em termos de financiamento e o seu papel mais indirecto na

promoccedilatildeo do crescimento econoacutemico sobretudo via a reduccedilatildeo da desigualdade e da

pobreza No caso das poliacuteticas activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias os

resultados satildeo inesperados a dois niacuteveis sinais e magnitude relativa superior Esperar-

se-ia um sinal positivo face ao descrito logo no iniacutecio da anaacutelise de correlaccedilatildeo ou pelo

menos natildeo tatildeo negativo como nos outros dois casos uma vez que em qualquer situaccedilatildeo

o financiamento necessaacuterio pode ter impacto negativo sobre o crescimento do produto

Quadro 3 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social meacutedia (1985-1999) e a

taxa meacutedia de crescimento do PIB real per capita (2000-2010)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB)

Meacutedia 1985-1999 Taxa meacutedia de crescimento anual do PIB real per capita

(2000-10)

Total -02779

Sauacutede 00115

Educaccedilatildeo 01356

Pensotildees de reforma -02298

Pensotildees por incapacidade -03338

Apoios agraves Famiacutelias -03671

Poliacuteticas Activas do Mercado de

Trabalho -03794

Subsiacutedio de Desemprego 01733

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

Em jeito de conclusatildeo os resultados apontam para uma relaccedilatildeo positiva entre a

despesa social nas vaacuterias aacutereas analisadas e o niacutevel do PIB per capita entre 1985 e 2010

o que eacute indiciador de que estatildeo em actuaccedilatildeo mecanismos de influecircncia da despesa social

que promovem um aumento do niacutevel de rendimento nomeadamente via acumulaccedilatildeo de

capital humano atraveacutes das despesas em educaccedilatildeo e sauacutede Contudo uma anaacutelise mais

rigorosa em termos de possiacuteveis impactos permanentes sobre a taxa de crescimento

econoacutemico revela que os resultados podem divergir bastante em termos de sinal e

magnitude atendendo ao tipo de despesa social considerada Os resultados deste estudo

27

apontam tambeacutem para valores que alguns casos podem ser contraacuterios aos verificados

pelos estudos empiacutericos descritos na secccedilatildeo 2 Tal poderaacute estar relacionado com a

amostra de paiacuteses utilizada assim como o periacuteodo de anaacutelise e metodologia utilizada

5 Conclusotildees

Este trabalho propocircs-se a reflectir sobre a relaccedilatildeo entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico tendo por base a comparaccedilatildeo de dois grupos de paiacuteses

pertencentes agrave Uniatildeo Europeia a Escandinaacutevia e o Sul da Europa A niacutevel teoacuterico as

previsotildees acerca da relaccedilatildeo entre Estado Social e crescimento econoacutemico divergem

sendo possiacutevel encontrar argumentos que justificam a existecircncia de uma relaccedilatildeo

positiva outros que apoiam a verificaccedilatildeo de uma relaccedilatildeo negativa e outros ainda que

apontam no sentido de ausecircncia de qualquer relaccedilatildeo Estas diferentes hipoacuteteses parecem

indicar que cabe agrave anaacutelise empiacuterica determinar o sinal da relaccedilatildeo e o respectivo

contexto

Constituindo uma anaacutelise ainda exploratoacuteria o presente trabalho recorreu a uma

anaacutelise de estatiacutestica descritiva de um conjunto variado de indicadores relevantes para o

periacuteodo de 1985 a 2010 sempre que possiacutevel para analisar empiricamente a relaccedilatildeo

entre despesa social e crescimento econoacutemico

De forma a analisar esta relaccedilatildeo em termos mais detalhados aquela foi

desagregada em diferentes componentes tendo sido utilizados dados relativos a

despesas em educaccedilatildeo sauacutede e em vaacuterias componentes da despesa com a protecccedilatildeo

social como os subsiacutedios de desemprego e incapacidade apoios agraves famiacutelias gastos em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho e em pensotildees de reforma Foram calculados os

coeficientes de correlaccedilatildeo destas com o niacutevel do PIB real per capita numa tentativa de

confirmaccedilatildeo muito preliminar do sinal esperado para a relaccedilatildeo bem como os

coeficientes de correlaccedilatildeo entre os valores meacutedios da despesa das vaacuterias variaacuteveis entre

1985 e 1999 com a taxa de crescimento do PIB per capita entre 2000-10 Os

coeficientes de correlaccedilatildeo no uacuteltimo caso poderatildeo ajudar a compreender se o niacutevel de

gastos verificado entre 1985-99 contribuiacuteram para o crescimento econoacutemico verificado

na deacutecada seguinte

Verificou-se que ao longo do periacuteodo em anaacutelise a despesa social em

percentagem do PIB agregada e nas diferentes aacutereas teve um aumento relativo entre

1985 e 2010 mas no entanto aquela foi sempre mais elevada nos paiacuteses Escandinavos

tendo estes paiacuteses registado tambeacutem valores mais elevados do PIB real per capita

28

relativamente aos paiacuteses do Sul Os resultados apontam para que todas as dimensotildees se

correlacionam positivamente com o niacutevel de rendimento per capita sendo de destacar

que a educaccedilatildeo eacute a componente com coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado seguida

das despesas com sauacutede o que parece confirmar a influecircncia deste tipo de despesa sobre

o comportamento do produto via acumulaccedilatildeo de capital humano No que respeita ao

possiacutevel efeito da despesa social sobre a taxa de crescimento do PIB real per capita o

sinal do coeficiente de correlaccedilatildeo manteacutem-se positivo mas de magnitude bastante

inferior ao dos casos anteriores enquanto a correlaccedilatildeo apresenta um sinal negativo no

caso da despesa social total A correlaccedilatildeo eacute tambeacutem negativa para as diferentes

componentes da despesa como a protecccedilatildeo social com excepccedilatildeo do subsiacutedio de

desemprego Estes resultados apoiam assim a necessidade de ao estudar a relaccedilatildeo entre

Estado Social e crescimento econoacutemico levar a cabo uma anaacutelise desagregada uma vez

que os mecanismos de transmissatildeo podem variar consoante o tipo de despesa social

pelo que a anaacutelise agregada eacute difiacutecil de interpretar em termos econoacutemicos

Em suma o presente estudo poderaacute ajudar a compreender de forma preliminar

como os gastos sociais interagem com o crescimento econoacutemico e quais as aacutereas que

tecircm contribuiacutedo de forma positiva ou negativa para o mesmo Contudo natildeo poderaacute

deixar de se ter em conta a capacidade de outros factores poderem afectar a

performance da economia assim como natildeo se deve negligenciar a importacircncia dos

gastos sociais para a convergecircncia econoacutemica dos paiacuteses do Sul para com os paiacuteses do

Norte da Europa De forma a poder generalizar a anaacutelise e tirar conclusotildees mais

robustas em relaccedilatildeo ao sentido da causalidade e mecanismos de transmissatildeo no futuro

seraacute necessaacuterio utilizar meacutetodos de inferecircncia estatiacutestica adequados e amostras mais

alargadas de paiacuteses

29

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Wang K-M (2011) Health care expenditure and economic growth Quantil panel

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30

Anexos

Graacutefico 1 PIB per capita a preccedilos constantes de 2005 entre 1985 e 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 2 Esperanccedila meacutedia de vida 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

19

85

19

86

19

87

19

88

19

89

19

90

19

91

19

92

19

93

19

94

19

95

19

96

19

97

19

98

19

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20

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Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em

cada 1000 nascimentos) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total

da populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB ()1985 e 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

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Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes 2003 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010

Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A

despesa Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

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amostra de paiacuteses de vaacuterias regiotildees do mundo onde foram excluiacutedos os ex-paiacuteses

socialistas os paiacuteses que produzem essencialmente petroacuteleo e os que tinham vivido ateacute

haacute pouco tempo conflitos armados Separaram-se os paiacuteses tendo em conta o seu niacutevel

de rendimento e desenvolveram um estudo economeacutetrico para verificar o efeito da

despesa entre educaccedilatildeo e sauacutede na variaacutevel dependente PIB real per capita Os

resultados mostram de forma incontestaacutevel que os gastos em educaccedilatildeo e sauacutede tecircm

efeitos positivos no crescimento do PIB per capita de qualquer dos grupos de paiacuteses

Por fim Fic e Ghate (2005) desenvolveram um estudo com o intuito de

averiguar a relaccedilatildeo entre o Estado Social e o crescimento econoacutemico para uma amostra

de 19 paiacuteses pertencentes agrave OCDE entre os quais se incluiacuteam paiacuteses como a Dinamarca

Finlacircndia e a Sueacutecia entre 1950 e 2001 Este estudo utilizou um modelo dinacircmico de

crescimento desenvolvido anteriormente por um dos autores Ghate e Zak (2002) que

permitiu chegar agrave conclusatildeo de que a razatildeo para haver uma quebra no crescimento

econoacutemico poderaacute estar relacionado com o Estado Social Tal se justifica segundo os

autores pelo facto de no periacuteodo que antecede a quebra de crescimento a elevada taxa

de crescimento que se verifica induzir ao crescimento da despesa social Ao longo do

tempo o aumento do Estado Social leva assim agrave diminuiccedilatildeo do crescimento econoacutemico

que no Longo Prazo espera-se que leve agrave reduccedilatildeo do Estado Social Os resultados

segundo os autores sugerem que paiacuteses com um baixo crescimento econoacutemico tenham

que fazer cortes ao niacutevel da despesa com o Estado Social Estes consideram que o iniacutecio

da deacutecada de 70 foi o periacuteodo no qual foi mais visiacutevel esta relaccedilatildeo pois o baixo

crescimento econoacutemico verificado entre 1970 e 1975 foi o precedido da existecircncia de

um Estado Social de dimensotildees consideraacuteveis

Em jeito de conclusatildeo verificamos que os resultados dos estudos desenvolvidos

por Andrade et al (2013) e Baldacci et al (2004) apontam para um efeito positivo entre

a despesa social em educaccedilatildeo e sauacutede e o crescimento econoacutemico Furceri e Zdzienicka

(2012) considerando a despesa social em todas as aacutereas de intervenccedilatildeo do Estado Social

tambeacutem apontam para o contributo positivo desta no crescimento econoacutemico Quanto ao

estudo desenvolvido por Izaacutek (2011) este aponta para uma relaccedilatildeo negativa entre as

vaacuterias componentes da despesa social e o crescimento econoacutemico Os resultados

opostos podem ser fruto do niacutevel de desenvolvimento da amostra de paiacuteses utilizada

pois parece que a utilizaccedilatildeo de paiacuteses mais desenvolvidos apontam para um efeito

negativo e a utilizaccedilatildeo de alguns paiacuteses em desenvolvimento aponte para um efeito

positivo

10

3 Caracterizaccedilatildeo econoacutemico-social dos paiacuteses em anaacutelise

Neste ponto seraacute feita uma caracterizaccedilatildeo econoacutemico-social dos paiacuteses em

anaacutelise Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia trecircs paiacuteses escandinavos onde o Estado Social

haacute muito eacute uma realidade e Portugal Espanha Itaacutelia e Greacutecia paiacuteses da chamada

periferia Europeia onde o Estado social eacute uma realidade mais recente essencialmente

desde os meados dos anos 80 salientando as suas semelhanccedilas e diferenccedilas

O objectivo eacute enquadrar a anaacutelise mais especiacutefica da secccedilatildeo seguinte sobre a

potencial relaccedilatildeo entre o desempenho em termos de crescimento econoacutemico e a despesa

social total e por diferentes categorias Sempre que possiacutevel a comparaccedilatildeo entre paiacuteses

seraacute realizada ao longo do periacuteodo 1985-2010 No entanto dada a indisponibilidade de

dados relativamente a algumas variaacuteveis para alguns paiacuteses o periacuteodo de anaacutelise poderaacute

ser mais curto Eacute importante ter tambeacutem em conta o surgimento da crise de 2007 para

compreender alguns indicadores mais desfavoraacuteveis dos paiacuteses do Sul em relaccedilatildeo ao

Norte nos anos mais recentes

Inicialmente este trabalho procuraraacute discutir as semelhanccedilas e diferenccedilas entre

os dois grupos de paiacuteses relativamente a um conjunto de indicadores sociodemograacuteficos

que podem ter impacto e ser influenciados pela despesa social Em segundo lugar satildeo

apresentados e analisados alguns indicadores econoacutemicos seleccionados segundo a

mesma loacutegica ou seja que podem ter impacto e ser influenciados pela dimensatildeo e

composiccedilatildeo do Estado Social tais como o seu grau de abertura ao comeacutercio

internacional e a respectiva estabilidade macroeconoacutemica sendo utilizado como suporte

da anaacutelise os graacuteficos disponiacuteveis nos Anexos

O graacutefico 1 conteacutem os valores do PIB real per capita expressos em doacutelares a

preccedilos constantes de 2005 que eacute o principal indicador dos diferenciais de niacutevel de vida

do cidadatildeo meacutedio dos diferentes paiacuteses Da observaccedilatildeo do referido graacutefico constatamos

que em 2010 o niacutevel de rendimento por habitante eacute em todos os paiacutes mais elevado do

que o que se verificava em 1985 sendo que nos paiacuteses escandinavos o PIB real per

capita foi sempre relativamente mais elevado que nos restantes paiacuteses No caso da

Sueacutecia e Finlacircndia verificamos que estes em 2010 estes eram os mais ricos tal como jaacute

o eram em 1985 passando o valor desta variaacutevel na Sueacutecia dos 2806538 doacutelares em

1985 para os 4282567 doacutelares em 2010 e na Finlacircndia dos 242344 doacutelares de 1985

para os 3806465 doacutelares em 2010 Os paiacuteses do Sul ou periferia apresentam ao longo

do periacuteodo um PIB real per capita mais baixo nomeadamente Portugal e Greacutecia que

11

apesar de terem aumentado o seu PIB real per capita entre 1985 e 2010 no ano de 2010

Portugal tinha um valor de 1864776 doacutelares e a Greacutecia de 2130896 doacutelares

A opccedilatildeo por comeccedilar a caracterizaccedilatildeo das diferenccedilas entre os paiacuteses da amostra

pelo PIB real per capita deriva em parte do facto de este poder estar relacionado com a

melhoria de alguns indicadores que medem o niacutevel de desenvolvimento humano e que

servem para a construccedilatildeo do Iacutendice de Desenvolvimento Humano como eacute o caso da

diminuiccedilatildeo da taxa de mortalidade infantil e o aumento da esperanccedila meacutedia de vida

Face a isto relativamente ao sector da sauacutede como se pode ver no graacutefico 2 a

esperanccedila meacutedia de vida agrave nascenccedila (EMV) entre 1985 e 2010 aumentou No entanto

apesar de todos os paiacuteses terem registado um aumento da EMV ao longo do periacuteodo

analisado dos paiacuteses escandinavos apenas a Sueacutecia tem no iniacutecio do periacuteodo um valor

superior ao de todos os paiacuteses do Sul Com efeito Espanha Greacutecia e Itaacutelia partem de

uma situaccedilatildeo melhor do que a Dinamarca e a Finlacircndia O paiacutes que regista menor EMV

em 1985 eacute Portugal com 73 anos Em 2010 todos os paiacuteses da periferia ultrapassam os

paiacuteses escandinavos com excepccedilatildeo de Portugal que se manteacutem na uacuteltima posiccedilatildeo

Quanto agrave taxa de mortalidade infantil indicador que traduz o nuacutemero de mortes

de crianccedilas no primeiro ano de vida por cada 1000 nascimentos eacute de imediato

verificaacutevel no graacutefico 3 que ocorreu uma consideraacutevel melhoria neste indicador em

todos os paiacuteses ao longo do periacuteodo analisado Em 1985 a taxa de mortalidade infantil

em Portugal e na Greacutecia era maior do que nos restantes paiacuteses no entanto em 2010 jaacute

registavam um nuacutemero de mortes semelhante aos restantes paiacuteses No caso grego

verificou-se uma passagem das 16 mortes em cada 1000 nascimentos em 1985 para as 4

em 2010 ocorrendo o mesmo em Portugal que passou das 17 para as 4 No que respeita

agrave Escandinaacutevia o nuacutemero de mortes que se verificava no ano de 2010 natildeo era muito

diferente do que se verificava em 1985 e no caso da Finlacircndia houve apenas uma

pequena reduccedilatildeo das 6 para as 2 mortes durante este periacuteodo

A evoluccedilatildeo e composiccedilatildeo demograacutefica dos paiacuteses pode ter um impacto

importante naquela que eacute actualmente uma das componentes da despesa social com

maior peso a despesa com pensotildees Assim atraveacutes da anaacutelise do graacutefico 4 verifica-se

que a taxa de crescimento da populaccedilatildeo em termos anuais foi positiva em todos os

paiacuteses No entanto durante este periacuteodo (1990-2010) apenas Portugal entre 1990 e

1992 registou uma taxa de crescimento negativa que no entanto foi invertida No que

toca ao maior crescimento populacional este deu-se em Espanha entre 1997 e 2003 ao

qual se seguiu apoacutes um periacuteodo de estabilidade entre 2003 e 2007 uma diminuiccedilatildeo

12

acentuada Em termos globais a taxa de crescimento populacional tem vindo a descer

nomeadamente nos paiacuteses do Sul contrariamente aos paiacuteses do Norte Europeu que a

partir de 2000 verificaram um aumento Tal poderaacute dever-se agrave imigraccedilatildeo mas tambeacutem

poderaacute ter-se devido agraves poliacuteticas de apoio agrave natalidade com vista ao combate ao

envelhecimento da populaccedilatildeo Neste acircmbito decompondo a populaccedilatildeo dos paiacuteses da

amostra em faixas etaacuterias populaccedilatildeo jovem (ateacute aos 15 anos de idade) populaccedilatildeo entre

os 15 e 64 anos e populaccedilatildeo idosa (mais de 65 anos) verificamos que existe uma

tendecircncia para a diminuiccedilatildeo da populaccedilatildeo mais jovem face agrave total sendo esse

comportamento mais visiacutevel em Espanha que conforme o graacutefico 5 demonstra em

1985 tinha uma percentagem de jovens de cerca de 233 mas que em 2010

apresentava uma taxa de 149 Um aspecto curioso tem que ver com o facto de neste

periacuteodo de anaacutelise natildeo se ter verificado uma grande diminuiccedilatildeo desta faixa etaacuteria na

Escandinaacutevia sendo que no caso da Dinamarca esta registava em 2010 uma

percentagem de populaccedilatildeo jovem a rondar os 18 os mesmos que em 1985

Por outro lado verifica-se um agravamento do envelhecimento da populaccedilatildeo

com a pior situaccedilatildeo a verificar-se em Itaacutelia e na Greacutecia Entre 1985 e 2010 a

percentagem da populaccedilatildeo italiana com mais de 64 anos passou dos 131 em 1985

para os 203 em 2010 e na Greacutecia verificou-se uma passagem dos 133 para os 19

(ver graacutef 6) Relativamente ao Norte Europeu essa subida eacute mais ligeira e em 2010 a

Finlacircndia apresentava uma percentagem de 171 enquanto que a Dinamarca de 166

No que diz respeito agrave faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entre os 15 e 64 anos verifica-se atraveacutes

do graacutefico 7 que entre 1985 e 1995 a percentagem da populaccedilatildeo compreendida nesta

faixa etaacuteria aumentou No entanto a partir deste periacuteodo verificou-se uma descida dos

valores em alguns paiacuteses como eacute o caso da Itaacutelia onde a populaccedilatildeo pertencente a este

grupo entre 1985 e 2010 passou dos 675 para os 657 resultado talvez de uma

diminuiccedilatildeo da populaccedilatildeo jovem e do aumento da populaccedilatildeo mais idosa podendo isso

dever-se agrave baixa taxa de natalidade

Quanto agrave melhoria dos indicadores relativos agrave educaccedilatildeo verificamos que os

apoios do Estado nesta aacuterea talvez se tenham feito sentir Com efeito de acordo com o

graacutefico 8 a percentagem de populaccedilatildeo activa com apenas o ensino primaacuterio diminuiu

em todos os paiacuteses entre 1995-2010 sendo que no entanto o niacutevel de populaccedilatildeo activa

com apenas este niacutevel de escolaridade eacute mais reduzido nos paiacuteses do Norte como eacute o

caso da Finlacircndia e da Sueacutecia talvez devido ao facto de estes paiacuteses terem tomado haacute

mais tempo consciecircncia da importacircncia da educaccedilatildeo para um bom desempenho

13

econoacutemico (ver graacutef 8) Associado ao comportamento anterior verifica-se que em 2010

existe uma maior percentagem de pessoas com o ensino secundaacuterio e universitaacuterio em

todos os paiacuteses relativamente a 1995 Ao niacutevel do ensino secundaacuterio o graacutefico 9 mostra

que entre 1995 e 2010 verificou-se um aumento de trabalhadores com este niacutevel

acadeacutemico sendo esse impacto maior em Portugal Espanha Greacutecia e Itaacutelia mas no que

toca aos paiacuteses do Norte este nuacutemero foi oscilando Em todo o caso em 1995 os trecircs

paiacuteses escandinavos registavam uma maior percentagem da populaccedilatildeo com o ensino

secundaacuterio relativamente a qualquer dos paiacuteses do Sul sendo em 2010 apenas a

Dinamarca e a Finlacircndia ultrapassadas pela Itaacutelia O niacutevel de escolaridade dos

trabalhadores que mais subiu foi como se pode constatar no graacutefico 10 o universitaacuterio

verificando-se que em paiacuteses como a Finlacircndia a percentagem de trabalhadores com este

niacutevel acadeacutemico passou dos 217 em 1995 para os 373 em 2010 e na Espanha

passou dos 203 para os 33 Neste acircmbito verifica-se em 2010 a Espanha tinha uma

percentagem de indiviacuteduos com ensino superior mais elevada que a Sueacutecia e a

Dinamarca

Outra das componentes da despesa social com mais peso no total eacute a despesa

associada ao subsiacutedio de desemprego Nos anos mais recentes tem-se verificado um

aumento da taxa de desemprego como podemos ver no graacutefico 11 O desemprego pode

por em causa a estabilidade social uma vez que os indiviacuteduos sem emprego ao

perderem a sua fonte de rendimento podem perder qualidade de vida e estarem sujeitos

a situaccedilotildees de pobreza A taxa de desemprego entre 1991 e 2010 foi sempre mais

elevada no Sul em relaccedilatildeo ao Norte Os paiacuteses que apresentavam uma taxa mais elevada

em 2010 foram a Espanha com cerca de 20 seguido da Greacutecia com 125 enquanto

que a taxa de desemprego mais baixa se registou na Escandinaacutevia na Dinamarca onde a

taxa de desemprego em 2010 era de 75

No que diz respeito agrave taxa de desemprego jovem esta tem afectado sobretudo os

jovens do Sul Europeu e parece estar a tornar-se um problema grave para as geraccedilotildees

mais jovens As dificuldades em arranjar emprego podem prender-se com a falta de

experiecircncia por parte dos jovens Como tal estas situaccedilotildees levam a que estes natildeo

tenham nenhum tipo de poupanccedila nem direito a qualquer tipo de subsiacutedio como eacute o caso

do subsiacutedio de desemprego pois natildeo tiveram um passado activo consideraacutevel que lhes

permitisse ter realizado contribuiccedilotildees para a Seguranccedila Social e a ter direito a receber

subsiacutedio de desemprego Por outro lado ao natildeo terem emprego poderatildeo vir a ter

problemas em obter uma boa pensatildeo aquando o final da sua vida activa pois faratildeo

14

menos descontos do que aqueles satildeo necessaacuterios para obter um boa pensatildeo no futuro

podendo estar a comprometer a sua estabilidade financeira apoacutes a sua vida activa No

Norte Europeu paiacuteses como a Dinamarca tecircm investido na resoluccedilatildeo dos problemas

relativos ao desemprego jovem promovendo poliacuteticas de apoio aos jovens que possuem

baixos niacuteveis de estudos e que estejam sem trabalho como salientam Hughes e Borbeacutely-

Pecze (2012) Para tal foram desenvolvidos programas onde os jovens satildeo inseridos em

cursos de formaccedilatildeo praacutetica com vista a que estes adquiram experiecircncia e que os

familiarizem com o local de trabalho promovendo as suas aptidotildees de forma a capacitaacute-

los para o mercado de trabalho para que tragam ganhos de produtividade agrave entidade que

os emprega e consequentemente ao seu paiacutes Ao niacutevel da taxa de desemprego jovem o

graacutefico 12 ajuda-nos a perceber que esta era no ano de 2010 mais elevada na Espanha

com cerca de 424 sendo esta seguida pela Greacutecia com 325 Ao niacutevel das taxas

mais baixas verificamos que que entre 1991 e 2010 quem apresentou a taxa mais baixa

foi a Dinamarca sendo que no ano de 2010 esta apresentava uma taxa de cerca de

139 seguida da Finlacircndia com cerca de 203

Quanto agrave anaacutelise de factores econoacutemicos que possam ser responsaacuteveis pelas

diferenccedilas relativas ao niacutevel de vida iremos comeccedilar por analisar a importacircncia do

sector secundaacuterio e terciaacuterio para o PIB dos diversos paiacuteses na medida em que estes

sectores satildeo os que envolvem uma maior percentagem de indiviacuteduos com habilitaccedilotildees

acadeacutemicas mais elevadas e cujo seu contributo para o produto dos paiacuteses eacute mais

consideraacutevel

No que toca ao sector secundaacuterio verifica-se que entre 1985 e 2010 este tem

vindo a perder importacircncia no PIB de todos os paiacuteses No entanto durante este periacuteodo

verificou-se que o paiacutes que apresentava uma maior percentagem de riqueza gerado por

este sector era Portugal tendo contudo essa importacircncia diminuiacutedo de forma constante

chegando no ano de 2010 a ser de apenas 15 proacuteximo da percentagem da Espanha Eacute

de salientar que a importacircncia deste sector em 2010 era relativamente mais baixa nestes

paiacuteses em relaccedilatildeo agrave Dinamarca ou na Sueacutecia (ver graacutef13) Ao niacutevel do sector terciaacuterio

verificamos atraveacutes do graacutefico 14 que a importacircncia deste sector para a amostra de

paiacuteses em estudo era muito nivelado entre os 60 e os 70 No entanto a partir do ano

2000 verificou-se um aumento relativo da contribuiccedilatildeo deste sector para o PIB dos

vaacuterios paiacuteses sendo de salientar que em 2009 este sector tinha maior peso na produccedilatildeo

de riqueza no caso da Greacutecia contribuindo em cerca de 79 do total do PIB grego

15

enquanto que o mais baixo se verificava na Finlacircndia com cerca de 69 do PIB a ser

gerado por este sector

A anaacutelise da estrutura produtiva de um paiacutes pode ter tambeacutem uma relaccedilatildeo com o

grau de abertura da economia pois este poderaacute trazer algumas vantagens e explicar o

porquecirc de um determinado sector ter ganho mais importacircncia no PIB de um paiacutes Essas

vantagens podem estar relacionadas com a entrada de novos produtos e tecnologias que

normalmente estatildeo relacionados com o sector secundaacuterio e terciaacuterio e que poderatildeo

explicar o crescimento destes sectores Este factor poderaacute ainda estar relacionado com o

niacutevel de educaccedilatildeo de uma populaccedilatildeo pois quanto maior for o desenvolvimento

tecnoloacutegico de um paiacutes tal poderaacute levar agrave necessidade de um reforccedilo na educaccedilatildeo e

formaccedilatildeo profissional para capacitar a matildeo-de-obra para lidar com estas novas

tecnologias Assim o grau de abertura de um paiacutes poderaacute estar relacionado com o

aumento dos gastos em educaccedilatildeo

No que respeita ao grau de abertura da economia medido atraveacutes do volume de

importaccedilotildees e exportaccedilotildees em percentagem do PIB verificou-se que em todos os paiacuteses

em estudo houve uma tendecircncia de crescimento entre 1985 e 2010 Os paiacuteses que no

ano de 2010 apresentavam um grau de abertura mais elevado eram a Dinamarca com

cerca de 953 e a Sueacutecia com cerca de 928 Por outro lado paiacuteses como a Greacutecia e

a Espanha registavam valores muito mais baixos sendo que a Greacutecia apresentava um

niacutevel de cerca de 538 do seu PIB e a Espanha 569 como se pode constatar no

graacutefico 15 No que respeita ao saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes um valor em

percentagem do PIB positivo significa que existe um superavit ou seja que o paiacutes

aumentou os seus activos no estrangeiro Neste aspecto devido agrave falta de dados a

anaacutelise a esta variaacutevel comeccedila a partir de 2003 e consultando a graacutefico 16 verificamos

que ao longo do periacuteodo na Greacutecia Portugal Itaacutelia e Espanha a balanccedila foi sempre

deficitaacuteria sendo as situaccedilotildees mais complicadas a da Greacutecia e a de Portugal que em

2010 apresentavam um deacutefice de 104 e 97 respectivamente Por outro lado a

Dinamarca a Sueacutecia e a Finlacircndia tiveram sempre um excedente

No que toca agrave anaacutelise do saldo orccedilamental este juntamente com a diacutevida puacuteblica

poderaacute ajudar a compreender o estado das financcedilas puacuteblicas de um paiacutes Compreender o

saldo orccedilamental em percentagem do PIB eacute muito importante pois se este demonstrar

um comportamento mais despesista tal iraacute reflectir-se no aumento do endividamento do

Estado que poderaacute ter de levar a uma reduccedilatildeo dos apoios do Estado Social com vista agrave

sustentabilidade financeira do Estado Como forma de controlar as financcedilas puacuteblicas

16

poderatildeo ser necessaacuterios cortes ao niacutevel dos apoios da protecccedilatildeo social bem como a

reduccedilatildeo do orccedilamento do Estado para aacutereas com a sauacutede ou educaccedilatildeo No graacutefico 17 eacute

possiacutevel verificar que no caso de paiacuteses como a Greacutecia Portugal e Itaacutelia no periacuteodo de

estudo verificou-se que estes paiacuteses tiveram sempre um comportamento mais despesista

que os restantes sendo como jaacute vimos esta uma possiacutevel justificaccedilatildeo para o crescimento

da diacutevida puacuteblica nestes paiacuteses Jaacute os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentavam saldos

orccedilamentais mais positivos em relaccedilatildeo aos do Sul da Europa sendo mesmo o saldo

orccedilamental sueco aproximadamente de 0

A diacutevida puacuteblica em percentagem do PIB sempre foi inferior nos paiacuteses do Norte

em relaccedilatildeo aos do Sul Entre 1995 e 2010 verificamos que o niacutevel de diacutevida foi

oscilando no entanto este foi relativamente mais elevado na Greacutecia e na Itaacutelia

chegando no ano de 2010 este a ser cerca de 145 e 1194 do seu PIB

respectivamente No caso da Sueacutecia verificou-se ao longo deste periacuteodo uma tendecircncia

de descida e em 2010 este era de 394 (ver graacutef 18) Um outro factor que pode ter

feito aumentar o niacutevel de diacutevida de alguns paiacuteses do Sul da Europa a partir de 2005

pode ter que ver com o surgimento da crise econoacutemica de 2007 que agravou ainda mais

o niacutevel de diacutevida destes paiacuteses que era jaacute elevado como satildeo exemplos a Greacutecia e

Portugal

Em resumo verificamos que em termos globais os indicadores soacutecio-

econoacutemicos do Sul da Europa satildeo piores que os do Norte Europeu Contudo as

diferenccedilas tecircm vindo a diminuir Por exemplo os indicadores relativos agrave sauacutede e agrave

educaccedilatildeo tecircm demonstrado francas melhorias que talvez resultem do facto dos estados

terem reforccedilado os apoios ao niacutevel destas funccedilotildees sociais Haacute no entanto que ter em

conta que no caso do Sul Europeu o crescente aumento da diacutevida puacuteblica poderaacute

dificultar a continuidade desta acccedilatildeo na medida em que poderaacute levar agrave necessidade de

reformulaccedilotildees que passem por cortes no Estado Social com vista a fazer face ao

crescente endividamento destes Os Estados do Sul Europeu natildeo devem contudo no

periacuteodo actual de crise esquecer a importacircncia que estes sectores tecircm para a coesatildeo

social e potencialmente para o desempenho econoacutemico

4 Despesa Social e Crescimento Econoacutemico anaacutelise comparada de alguns dados

Nesta secccedilatildeo seraacute realizada uma anaacutelise de estatiacutestica descritiva que teraacute como

principal objectivo uma anaacutelise comparada dos dois grupos de paiacuteses em termos de

crescimento econoacutemico e despesa social agregada e por diferentes componentes entre

17

1985 e 2010 Por uacuteltimo procura-se verificar se o sinal da correlaccedilatildeo esperada entre a

despesa social do Estado e o comportamento do produto estaacute de acordo com a literatura

econoacutemica Para tal realizamos apenas uma anaacutelise muito simples e preliminar baseada

no caacutelculo de coeficientes de correlaccedilatildeo entre as despesas em sauacutede educaccedilatildeo e as

vaacuterias componentes da despesa em protecccedilatildeo social e respectivamente o PIB per capita

e a taxa de crescimento do mesmo

Esta anaacutelise foi realizada tendo em conta todos os dados disponiacuteveis na base de

dados da OECD Social Expenditure Database ao niacutevel dos gastos com sauacutede e

protecccedilatildeo social e com os dados disponiacuteveis do Banco Mundial relativamente a despesa

em educaccedilatildeo PIB real per capita para todos os paiacuteses em anaacutelise no periacuteodo entre 1985

e 2010

Antes de passarmos agrave anaacutelise comparada da despesa social e suas componentes

nos paiacuteses da nossa amostra detenhamo-nos na comparaccedilatildeo da respectiva prestaccedilatildeo em

termos de crescimento econoacutemico de acordo com os dados relativos agraves taxas meacutedias de

crescimento anual do PIB real per capita entre 1985 e 2010 e alguns sub-periacuteodos (ver

Quadro 1) Ao longo do periacuteodo total 1985-2010 Portugal e a Espanha foram os paiacuteses

que mais cresceram o que natildeo eacute de estranhar uma vez que partiram de valores do PIB

real per capita dos mais baixos do grupo Seguem-se a estes os paiacuteses escandinavos

Finlacircndia Sueacutecia e Dinamarca enquanto que a Greacutecia e a Itaacutelia foram os paiacuteses que

menos cresceram No caso da Greacutecia a situaccedilatildeo eacute mais insoacutelita uma vez que tal como

Portugal e Espanha partiu de um niacutevel de rendimento relativamente mais baixo e assim

sendo o potencial de crescimento e convergecircncia deveria ter sido superior ao dos paiacuteses

mais ricos Se dividirmos o periacuteodo total em anaacutelise em trecircs sub-periacuteodos 1985-95

1995-05 e 2005-10 verificamos que o desempenho relativo dos paiacuteses se vai alterando

Assim por exemplo a boa prestaccedilatildeo de Portugal entre 1985-2010 parece ter sido

consequecircncia do seu elevado crescimento relativo entre 1985 e 1995 enquanto que nos

outros dois sub-periacuteodos a taxa meacutedia de crescimento anual do seu PIB real per capita eacute

das mais baixas do grupo Os paiacuteses escandinavos tecircm taxas de crescimento relativas

mais elevadas essencialmente entre 1995 e 2005 enquanto a Espanha e a Greacutecia

melhoram o desempenho relativo no segundo e terceiro sub-periacuteodos em especial a

Espanha Em todo o caso registou-se um acentuado abrandamento e do crescimento nos

uacuteltimos cinco anos com a Itaacutelia Sueacutecia Finlacircndia e Portugal a registarem mesmo taxas

crescimento negativas Este fenoacutemeno natildeo pode deixar de ter em conta o iniacutecio da crise

econoacutemica e financeira que teve o seu comeccedilo em 2007-2008

18

Quadro 1 Taxas meacutedias de crescimento anual do PIB real per capita 1985 a 2010

Periacuteodos Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

1985-1995 1639 0940 0555 2140 3600 2698 0970

1995-2005 1682 3377 3243 1128 2025 2591 2831

2005-2010 0025 -0267 0198 -0145 -0441 0207 -0229

1985-2010 1221 1806 1461 1131 2333 2024 1690

Fonte Caacutelculos do autor com base em dados do Banco Mundial

No que diz respeito agrave anaacutelise comparada entre a despesa social dos paiacuteses em

estudo iremos comeccedilar por comparar os niacuteveis de gastos sociais totais2 em percentagem

do PIB ao longo do periacuteodo total 1985-2010 (ver graacutefico 19) Durante todo este periacuteodo

eacute possiacutevel verificar que os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentaram um niacutevel de gastos

sociais totais superior ao dos paiacuteses do Sul Europeu O paiacutes que apresentou um niacutevel de

gastos mais elevado durante a maior parte deste periacuteodo foi a Sueacutecia que apenas o

deixou de ser quando a Dinamarca se assumiu como o paiacutes que mais gastou em despesa

social em 2010 cerca de 306 do PIB Quanto agrave Finlacircndia esta no ano de 2010

tambeacutem ultrapassa a Sueacutecia ao niacutevel de uma maior despesa social Contudo no caso

finlandecircs verifica-se que entre os anos de 1990 e 1992 ocorreu um aumento

consideraacutevel na despesa social ao qual se sucede uma diminuiccedilatildeo gradual dos gastos ateacute

2000 No entanto tal como a Dinamarca e a Sueacutecia este paiacutes apresentava ainda um

niacutevel de gastos superiores ao dos paiacuteses do Sul cerca de 243 do PIB No que respeita

aos paiacuteses da periferia tambeacutem designados paiacuteses do Sul verifica-se que o paiacutes que

mais se conseguiu aproximar do niacutevel de despesa dos paiacuteses da Escandinaacutevia foi a Itaacutelia

que no ano de 2010 gastava cerca de 277 do seu PIB em gastos sociais enquanto que

a Sueacutecia cerca de 283 No entanto verificamos que a Itaacutelia em algumas ocasiotildees foi

ultrapassada pelo niacutevel de gastos da Espanha como eacute o caso do subperiacuteodo entre 1989 e

1996 Quanto aos paiacuteses que canalizaram uma menor percentagem do PIB para a

despesa social verificam-se que estes foram a Espanha Greacutecia e Portugal

Relativamente a estes dois uacuteltimos verificou-se que a Greacutecia apresentava em 1985 um

niacutevel de despesa social consideravelmente maior que Portugal cerca de 161 face aos

101 do PIB de Portugal no entanto essa diferenccedila foi diminuindo Tal resulta de um

2 Os gastos sociais totais incluem a despesa em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado laboral apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social

exceptuando os apoios em educaccedilatildeo

19

evidente aumento da despesa em Portugal e um teacutenue crescimento da Despesa Social

grega chegando Portugal no ano de 2002 a ultrapassar a Greacutecia e no ano de 2010

apresentava um niacutevel de despesa mais elevado de despesa que a Greacutecia cerca de 254

face aos 233 da Greacutecia Na globalidade verificou-se uma tendecircncia de crescimento

contiacutenuo nos paiacuteses escandinavos ateacute ao iniacutecio da deacutecada de 90 seguido de uma

diminuiccedilatildeo ateacute cerca de 2000 No Sul a tendecircncia eacute de crescimento sustentado para a

Greacutecia e Portugal e de oscilaccedilotildees na Espanha e Itaacutelia Eacute tambeacutem notoacuterio que apoacutes a crise

de 2007-08 se verifica de novo um crescimento da despesa relativamente aos paiacuteses do

Norte

No seguimento da anaacutelise comparativa da despesa social em termos globais

efectua-se agora um estudo comparativo entre a despesa do Estado nas vaacuterias

componentes da despesa social educaccedilatildeo sauacutede e protecccedilatildeo social e dentro de estas

com o pagamento de pensotildees de reforma subsiacutedios de invalidez politicas activas do

mercado de trabalho apoios agraves famiacutelias e subsiacutedio de desemprego que correspondem agrave

maioria da despesa social nestes paiacuteses

De acordo com os graacuteficos 20 e 21 os niacuteveis de despesa social quer em sauacutede e

quer em educaccedilatildeo respectivamente dos paiacuteses do Norte face aos do Sul medidos em

percentagem do seu PIB entre 1985 e 2010 satildeo maiores no primeiro grupo de paiacuteses

relativamente ao segundo agrave excepccedilatildeo da Finlacircndia que depois de um periacuteodo de

diminuiccedilatildeo da despesa em sauacutede entre 1992 e 1998 para cerca dos 53 do PIB

verifica de novo um aumento para os 67 verificados em 2010 No entanto situava-se

aqueacutem do verificado em Itaacutelia Espanha e Portugal no mesmo ano que era

respectivamente 73 713 e 712 do PIB Assim sendo a Finlacircndia encontrava-se

soacute a frente da Greacutecia que possuiacutea um niacutevel de gastos de 64 do PIB (ver graacutef 20 e 21)

Nota-se tambeacutem no que diz respeito agrave despesa em sauacutede que a Sueacutecia e a Dinamarca

foram quem mais despenderam nesta aacuterea com niacuteveis de despesa semelhantes Contudo

a partir de 1999 o niacutevel de despesa da Dinamarca passa para frente do da Sueacutecia

tornando-se assim o paiacutes com maior despesa em sauacutede chegando a 2010 a apresentar

um valor de cerca de 94 do PIB face aos 77 da Sueacutecia Eacute importante salientar que

todos os paiacuteses do Sul da Europa verificaram um crescimento sustentado que se traduz

em valores de despesa em sauacutede em percentagem do PIB maiores em 2010 que em

1985 Por fim importa destacar que entre 2009 e 2010 verificou-se uma diminuiccedilatildeo da

despesa para todos os paiacuteses por ventura efeitos da crise que comeccedilou um par de anos

antes

20

No que toca agrave educaccedilatildeo como jaacute foi referido os paiacuteses da Escandinaacutevia

apresentam durante o periacuteodo em anaacutelise um niacutevel de despesa superior nesta mateacuteria em

relaccedilatildeo aos paiacuteses da periferia Neste contexto verificamos que as diferenccedilas relativas

aos niacuteveis de despesa dos vaacuterios paiacuteses em educaccedilatildeo se encontram melhor clarificadas

que as diferenccedilas ao niacutevel da despesa em sauacutede agrave excepccedilatildeo dos anos entre 1987 e 1990

em que os valores da despesa portuguesa foram semelhantes ao da espanhola e dos anos

de 2007 e 2008 em que os valores da Itaacutelia foram semelhantes aos da Espanha Feitas

estas consideraccedilotildees verifica-se a existecircncia de um maior niacutevel de despesa em educaccedilatildeo

por parte da Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia ao longo do periacuteodo e no ano de 2009 o

valor da despesa era respectivamente de 83 72 e 68 do PIB No que toca aos

restantes paiacuteses da amostra os paiacuteses do Sul verificamos que o niacutevel de despesa grego e

portuguecircs foi aumentando chegando o portuguecircs a tornar-se o mais elevado entre os

restantes paiacuteses da periferia a partir de 1994 sem nunca esquecer a ausecircncia de dados

para o ano de 1997 e para a Greacutecia entre 2005 e 2010 No ano de 1994 o valor gasto por

Portugal era cerca de 46 chegando a 2010 aos 56 do PIB Jaacute relativamente agrave Itaacutelia

considerando a quebra de dados para este paiacutes verificamos que esta se encontrava no

topo dos paiacuteses do Sul que mais gastavam nesta aacuterea no entanto como jaacute foi referido

esta foi ultrapassada por Portugal e ateacute mesmo a Espanha a partir de 2007 paiacuteses que

tinham nesse ano respectivamente um niacutevel de gastos de 51 e 434 do PIB face

aos 426 do PIB verificados na Itaacutelia

Relativamente agrave despesa em protecccedilatildeo social entre os paiacuteses em anaacutelise e no

que diz respeito niacutevel gastos em pagamentos de pensotildees de reforma verificamos que

natildeo existe um grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 22) Neste capiacutetulo

verifica-se que em todos os paiacuteses o niacutevel de gastos nesta mateacuteria foi oscilando

Contudo nos subperiacuteodos de 1985-89 e de 1997-2009 este foi mais elevado na Itaacutelia e

a Greacutecia sendo estes ultrapassados apenas entre 1991-95 pela Sueacutecia Estes trecircs paiacuteses

em 2009 ocupavam trecircs das quatro primeiras posiccedilotildees nos gastos em pensotildees

apresentando a Itaacutelia a Greacutecia e a Sueacutecia um niacutevel de gastos de 13 109 e 102

do PIB respectivamente Quanto aos restantes paiacuteses verifica-se que o paiacutes que durante

maior parte do periacuteodo apresentou um niacutevel de despesa mais baixo foi Portugal no

entanto registou um aumento consideraacutevel se em 1985 se encontrava no uacuteltimo posto

com cerca de 33 do seu PIB gasto em pensotildees a partir de 2004 ultrapassou a

Finlacircndia Dinamarca e Espanha apresentando no ano de 2009 uma percentagem de

gastos em pensotildees relativamente ao PIB a rondar os 106 superior ao verificado na

21

Dinamarca (82) na Finlacircndia (102) e Espanha (77) Tal poderaacute ter que ver com

o facto de a populaccedilatildeo em Portugal ter envelhecido a um ritmo mais acelerado que nos

restantes paiacuteses

No que toca aos subsiacutedios de desemprego verificamos tambeacutem que natildeo haacute um

grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 23) Contudo neste capiacutetulo

constata-se que os trecircs paiacuteses que gastaram maior percentagem do PIB em subsiacutedios de

desemprego ao longo do periacuteodo foram a Dinamarca Espanha e Finlacircndia Nestes

paiacuteses verificamos que em 1993 o niacutevel de gastos foi o mais elevado cerca 53 do PIB

no caso dinamarquecircs e de 47 no caso espanhol e finlandecircs sendo uma possiacutevel razatildeo

para esse aumento a crise econoacutemica que ocorreu nesse ano O factor crise econoacutemica

poderaacute tambeacutem ajudar a compreender o porquecirc de na Espanha o niacutevel de gastos ter

subido entre 2008 e 2009 de uma forma abrupta passando dos 22 do PIB para os

35 aumento que poderaacute estar relacionado com a crise econoacutemica de 2007-08 que

poderaacute ter contribuiacutedo para o agravamento da taxa de desemprego espanhola Neste

acircmbito verifica-se tambeacutem que os paiacuteses que apresentaram ao longo deste periacuteodo um

niacutevel de despesa mais reduzido com os subsiacutedios de desemprego foram Portugal Itaacutelia e

Greacutecia que em 2009 eram os que menos gastavam com um niacutevel de despesa de cerca de

07 no caso grego 08 no caso italiano e 12 do PIB no caso portuguecircs Estes

valores ficam bem atraacutes dos verificados no mesmo ano para a Dinamarca (23) e para

a Espanha (35)

Jaacute no que toca agrave despesa social em apoios concedidos agraves famiacutelias em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e em subsiacutedios concedidos a pessoas com incapacidade

verifica-se que os paiacuteses do Norte tecircm um niacutevel de gastos nestas mateacuterias superior ao da

periferia europeia (ver graacuteficos 24 25 e 26) Verifica-se ainda assim uma pequena

excepccedilatildeo no que toca agrave Espanha em que os gastos em poliacuteticas activas no mercado de

trabalho em 1989 e 1990 foram superiores agraves verificadas na Dinamarca que eram cerca

de 08 do PIB face aos 07 despendido pelos dinamarqueses A diferenccedila entre os

dois grupos eacute evidente no caso da despesa relacionada com os apoios agraves famiacutelias onde

se verifica uma diferenccedila consideraacutevel ao longo do periacuteodo de anaacutelise entre o Norte e o

Sul A despesa em aacutereas como as poliacuteticas e com as famiacutelias dentro dos paiacuteses da

Escandinaacutevia foi inicialmente mais elevado na Sueacutecia que chegou a atingir o seu

maacuteximo em 1992 com cerca de 49 do PIB gasto nesta mateacuteria no entanto

progressivamente o niacutevel de despesa da Dinamarca foi-se aproximando da Sueacutecia

chegando ateacute a ultrapassar esta em 1995 No que diz respeito agrave Finlacircndia verificou-se

22

que dos trecircs paiacuteses que compotildeem a Escandinaacutevia eacute aquele que apresenta um niacutevel mais

baixo durante maior parte do periacuteodo em anaacutelise mas no entanto superior aos paiacuteses do

Sul como jaacute foi dito Existe contudo uma excepccedilatildeo para este paiacutes que acontece no ano

de 1994 quando este consegue ser o paiacutes que mais gasta nesta aacuterea cerca de 44 do

PIB superior aos gastos suecos que foram cerca de 43 e dos dinamarqueses cerca de

39 Quanto aos gastos em poliacuteticas activas do mercado de trabalho as diferenccedilas jaacute

natildeo satildeo tatildeo evidentes mas no entanto relativamente aos paiacuteses do Sul verificamos ao

longo de todo o periacuteodo que os paiacuteses que foram apresentando consecutivamente

valores mais elevados de despesa nesta mateacuteria foram Portugal e Espanha que entre

1985 e 2009 sofreram oscilaccedilotildees relativamente aos valores despendidos no entanto em

2009 estes gastavam cerca de 08 e 09 respectivamente um valor mais elevado que

o verificado para a Itaacutelia (04) e para a Greacutecia (02) paiacuteses que ao longo do periacuteodo

observado se ficaram pelos uacuteltimos lugares

Por uacuteltimo abordamos as diferenccedilas entre o Norte e o Sul ao niacutevel de gastos em

pensotildees por incapacidade (ver graacutef 26) Como jaacute foi referido verificamos que o niacutevel

de gastos nesta aacuterea eacute superior no Norte em relaccedilatildeo ao Sul Assim sendo verificamos

que a Sueacutecia e a Finlacircndia foram alternando a lideranccedila relativamente aos paiacuteses que

mais despenderam nestes apoios Entre 1985-91 e 1997-2009 a Sueacutecia realizou um niacutevel

de despesa mais elevado que a Finlacircndia apresentando em 1991 um niacutevel a rondar os

53 face ao gasto pela Finlacircndia que foi cerca de 49 Jaacute em 2009 o niacutevel de gastos

da Sueacutecia foi de 5 do seu PIB maior que o verificado na Finlacircndia 41 enquanto

que para o restante periacuteodo o niacutevel de gastos finlandecircs foi sempre superior ao sueco A

Dinamarca foi dos paiacuteses escandinavos aquele que ao longo da maior parte deste

periacuteodo menos gastou no entanto a partir de 2001 esta ultrapassou o niacutevel de gastos da

Finlacircndia apresentando um niacutevel de despesa de cerca de 38 do PIB face aos 37

verificados no caso finlandecircs Esta ultrapassagem deu-se natildeo soacute pela subida dos gastos

em da Dinamarca nesta aacuterea mas tambeacutem por uma descida da despesa finlandesa No

que toca aos paiacuteses do Sul verificamos que quem gastou relativamente mais durante a

maior parte do periacuteodo entre 1985 e 2009 em subsiacutedios atribuiacutedos a incapacitados

foram Espanha Portugal Itaacutelia e a Greacutecia respectivamente agrave excepccedilatildeo do subperiacuteodo

entre 1985 e 1989 em que a Itaacutelia teve um niacutevel de gastos superiores ao de Portugal

Estes paiacuteses no ano de 2009 apresentavam um niacutevel de gastos a rondar os 27 do PIB

no caso espanhol os 21 no caso portuguecircs os 19 no caso italiano e os 1 no caso

23

grego valores que apesar de serem mais baixos que os verificados nos paiacuteses do Norte

da Europa satildeo mais elevados que os verificados em 1985 para estes paiacuteses

Por fim concluiacutemos esta secccedilatildeo com uma anaacutelise quantitativa muito simples e

preliminar da relaccedilatildeo entre a despesa social e o crescimento econoacutemico que corresponde

ao caacutelculo dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre os vaacuterios tipos de despesa social e o PIB

real per capita e a sua taxa de crescimento De acordo com a revisatildeo da literatura

realizada na secccedilatildeo 2 espera-se que exista uma correlaccedilatildeo positiva entre a despesa

social e o niacutevel de crescimento do PIB na medida ou seja para que esta contribua

efectivamente para uma reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo do rendimento e da

pobreza mas tambeacutem porque certos tipos de despesa social tais como educaccedilatildeo sauacutede

mas tambeacutem os apoios agrave famiacutelia contribuem directamente para a acumulaccedilatildeo de capital

humano Contudo aceitando o argumento de que o financiamento necessaacuterio introduz

distorccedilotildees na actividade econoacutemica que por exemplo desincentivam o trabalho e o

investimento por parte das empresas a correlaccedilatildeo obtida pode ter um sinal negativo Da

mesma forma se despesas como o subsiacutedio de desemprego constituiacuterem um

desincentivo a realizar maior esforccedilo no trabalho tambeacutem o sinal poderaacute ser negativo

Em uacuteltima anaacutelise poderaacute natildeo existir qualquer correlaccedilatildeo se os efeitos de sinal contraacuterio

se compensarem exactamente Finalmente natildeo devemos esquecer que correlaccedilatildeo natildeo

significa causalidade pelo que o sinal obtido se pode dever agrave influecircncia do produto

sobre a despesa social ou agrave influecircncia muacutetua

Com auxiacutelio do Quadro 2 onde se encontram os resultados relativos aos

coeficientes de correlaccedilatildeo entre despesa social e o PIB real per capita verificamos que

tendo em conta os dados disponiacuteveis para todos os paiacuteses e anos os coeficientes de

correlaccedilatildeo entre as vaacuterias despesas sociais e o PIB real per capita satildeo todos positivos

quer no que respeita agrave despesa social total quer agraves suas diferentes componentes Os

coeficientes de correlaccedilatildeo mais elevados dizem respeito agraves despesas em educaccedilatildeo e

sauacutede respectivamente 0833 e 0791 podendo argumentar-se que isto se deve ao seu

contributo directo para a acumulaccedilatildeo de capital humano e que este factor possa ter

trazido ganhos de produtividade agraves economias conforme a literatura econoacutemica defende

Quanto ao efeito das vaacuterias componentes de despesa social em protecccedilatildeo social

verificamos que as aacutereas que possuem um coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado satildeo a

despesa em apoios atribuiacutedos agraves famiacutelias os subsiacutedios atribuiacutedos aos incapacitados e as

poliacuteticas activas do mercado de trabalho (0764 0648 e 0626 respectivamente) A

correlaccedilatildeo mais elevada na primeira e terceira dimensotildees referidas poderaacute ter que ver

24

com o seu papel na reduccedilatildeo da desigualdade e pobreza das famiacutelias mais pobres e dos

incentivos criados juntos das empresas para que estas empreguem mais trabalhadores

No que diz respeito aos subsiacutedios concedidos agraves famiacutelias estes ajudam ao aumento do

rendimento das mesmas e tal como foi dito anteriormente poderaacute ter-se traduzido no

aumento do consumo privado daiacute haver uma relaccedilatildeo positiva com o PIB per capita No

meacutedio-longo prazo pode tambeacutem permitir agraves famiacutelias investir mais no capital humano

dos seus filhos e desta forma contribuir para o aumento do PIB Nas restantes aacutereas

gastos com subsiacutedios de desemprego ou em pensotildees tambeacutem possuem uma relaccedilatildeo

positiva com o PIB per capita indicando que toda a despesa realizada pelos vaacuterios

paiacuteses ao longo deste periacuteodo foi importantes para o aumento do produto na medida em

que estas se incidiram sobre os indiviacuteduos que possuem um niacutevel de rendimento mais

baixo dando um estimulo ao consumo traduzindo-se isso no aumento do produto como

jaacute vimos anteriormente Contudo nestes casos os coeficientes de correlaccedilatildeo de 0424 e

0220 respectivamente satildeo bastante inferiores indicando que poderatildeo estar em

actuaccedilatildeo efeitos de sinal negativo que reduzem a correlaccedilatildeo positiva final

Nomeadamente os gastos com pensotildees e subsiacutedios de desemprego podem estar a

desviar a despesa de outras funccedilotildees sociais com um impacto mais directo sobre a

produtividade como a educaccedilatildeo e a sauacutede

Quadro 2 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social e componentes e o niacutevel

do PIB real per capita 1985-2010 (todos os dados disponiacuteveis)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB) PIB real

per capita

Total 0747

Sauacutede 0791

Educaccedilatildeo 0833

Pensotildees de reforma 0220

Pensotildees por incapacidade 0648

Apoios agraves Famiacutelias 0764

Poliacuteticas Activas do Mercado de Trabalho 0626

Subsiacutedio de Desemprego 0424

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

25

A anaacutelise de correlaccedilatildeo anterior apesar de interessante natildeo permite ter uma

ideia muito rigorosa da existecircncia ou natildeo de causalidade entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico uma vez que se baseia em valores correntes quer da despesa

quer do PIB e como vimos os paiacuteses mais ricos tendem tambeacutem a gastar mais com as

funccedilotildees sociais Por outro lado em termos de efeitos permanentes sobre a taxa de

crescimento eacute mais rigoroso calcular a correlaccedilatildeo entre a despesa e a taxa de

crescimento do PIB real per capita De forma a ter em conta a questatildeo da causalidade

inversa no quadro 2 satildeo apresentados os coeficientes de correlaccedilatildeo entre a meacutedia da

despesa social realizada nos sete paiacuteses no periacuteodo de 1985 a 1999 e o crescimento

meacutedio do PIB verificado nos dez anos seguintes 2000-2010

De acordo com a informaccedilatildeo que consta do quadro 3 o sinal dos coeficientes de

correlaccedilatildeo varia agora consoante o tipo de despesa considerada Relativamente agrave

despesa social total o coeficiente eacute negativo embora natildeo muito elevado -02779 A

justificaccedilatildeo mais imediata para este sinal poderaacute ter a ver com o facto do financiamento

necessaacuterio ter introduzido distorccedilotildees na actividade econoacutemica que prejudicaram o

crescimento Contudo torna-se mais informativo olhar para as diferentes componentes

da despesa social

No que respeita aos coeficientes por tipo de despesa como seria de esperar dada

a consensual relaccedilatildeo entre as despesas em educaccedilatildeo e sauacutede com o crescimento

econoacutemico por via do seu impacto sobre a acumulaccedilatildeo de capital humano3 o sinal eacute

positivo embora de magnitude reduzida 01356 e 00115 respectivamente em especial

no caso das despesas em sauacutede Estes resultados indicam tambeacutem que os coeficientes de

correlaccedilatildeo anteriores contecircm realmente informaccedilatildeo sobre a influecircncia positiva no niacutevel

de rendimento sobre as despesas sociais em educaccedilatildeo e sauacutede O outro coeficiente de

correlaccedilatildeo positivo diz respeito agrave despesa com subsiacutedios de desemprego sendo ateacute a

correlaccedilatildeo mais forte do que nos dois casos anteriores 01733 Isto pode indicar que a

existecircncia deste apoio constituiu um incentivo ao trabalho pela seguranccedila que permite

aos trabalhadores estimulando tambeacutem os mesmos a apostar na sua formaccedilatildeo porque

protegidos em caso de desemprego

Quanto ao impacto negativo das restantes componentes da despesa social

verifica-se que as despesas que apresentam um coeficiente menos negativo satildeo as

pensotildees de reforma e por incapacidade -02298 e -03338 respectivamente enquanto

3 Como vimos na secccedilatildeo 3 o estado de sauacutede mas em especial o niacutevel de escolaridade da populaccedilatildeo

dos paiacuteses escandinavos foram em geral superiores ao dos paiacuteses do Sul ao longo do periacuteodo em anaacutelise

26

ainda menos esperado a correlaccedilatildeo negativa mais forte acontece no caso das poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias -03794 e -03671 respectivamente

No caso das pensotildees de reforma e por incapacidade o sinal natildeo eacute inesperado dado o

esforccedilo que exigem em termos de financiamento e o seu papel mais indirecto na

promoccedilatildeo do crescimento econoacutemico sobretudo via a reduccedilatildeo da desigualdade e da

pobreza No caso das poliacuteticas activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias os

resultados satildeo inesperados a dois niacuteveis sinais e magnitude relativa superior Esperar-

se-ia um sinal positivo face ao descrito logo no iniacutecio da anaacutelise de correlaccedilatildeo ou pelo

menos natildeo tatildeo negativo como nos outros dois casos uma vez que em qualquer situaccedilatildeo

o financiamento necessaacuterio pode ter impacto negativo sobre o crescimento do produto

Quadro 3 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social meacutedia (1985-1999) e a

taxa meacutedia de crescimento do PIB real per capita (2000-2010)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB)

Meacutedia 1985-1999 Taxa meacutedia de crescimento anual do PIB real per capita

(2000-10)

Total -02779

Sauacutede 00115

Educaccedilatildeo 01356

Pensotildees de reforma -02298

Pensotildees por incapacidade -03338

Apoios agraves Famiacutelias -03671

Poliacuteticas Activas do Mercado de

Trabalho -03794

Subsiacutedio de Desemprego 01733

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

Em jeito de conclusatildeo os resultados apontam para uma relaccedilatildeo positiva entre a

despesa social nas vaacuterias aacutereas analisadas e o niacutevel do PIB per capita entre 1985 e 2010

o que eacute indiciador de que estatildeo em actuaccedilatildeo mecanismos de influecircncia da despesa social

que promovem um aumento do niacutevel de rendimento nomeadamente via acumulaccedilatildeo de

capital humano atraveacutes das despesas em educaccedilatildeo e sauacutede Contudo uma anaacutelise mais

rigorosa em termos de possiacuteveis impactos permanentes sobre a taxa de crescimento

econoacutemico revela que os resultados podem divergir bastante em termos de sinal e

magnitude atendendo ao tipo de despesa social considerada Os resultados deste estudo

27

apontam tambeacutem para valores que alguns casos podem ser contraacuterios aos verificados

pelos estudos empiacutericos descritos na secccedilatildeo 2 Tal poderaacute estar relacionado com a

amostra de paiacuteses utilizada assim como o periacuteodo de anaacutelise e metodologia utilizada

5 Conclusotildees

Este trabalho propocircs-se a reflectir sobre a relaccedilatildeo entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico tendo por base a comparaccedilatildeo de dois grupos de paiacuteses

pertencentes agrave Uniatildeo Europeia a Escandinaacutevia e o Sul da Europa A niacutevel teoacuterico as

previsotildees acerca da relaccedilatildeo entre Estado Social e crescimento econoacutemico divergem

sendo possiacutevel encontrar argumentos que justificam a existecircncia de uma relaccedilatildeo

positiva outros que apoiam a verificaccedilatildeo de uma relaccedilatildeo negativa e outros ainda que

apontam no sentido de ausecircncia de qualquer relaccedilatildeo Estas diferentes hipoacuteteses parecem

indicar que cabe agrave anaacutelise empiacuterica determinar o sinal da relaccedilatildeo e o respectivo

contexto

Constituindo uma anaacutelise ainda exploratoacuteria o presente trabalho recorreu a uma

anaacutelise de estatiacutestica descritiva de um conjunto variado de indicadores relevantes para o

periacuteodo de 1985 a 2010 sempre que possiacutevel para analisar empiricamente a relaccedilatildeo

entre despesa social e crescimento econoacutemico

De forma a analisar esta relaccedilatildeo em termos mais detalhados aquela foi

desagregada em diferentes componentes tendo sido utilizados dados relativos a

despesas em educaccedilatildeo sauacutede e em vaacuterias componentes da despesa com a protecccedilatildeo

social como os subsiacutedios de desemprego e incapacidade apoios agraves famiacutelias gastos em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho e em pensotildees de reforma Foram calculados os

coeficientes de correlaccedilatildeo destas com o niacutevel do PIB real per capita numa tentativa de

confirmaccedilatildeo muito preliminar do sinal esperado para a relaccedilatildeo bem como os

coeficientes de correlaccedilatildeo entre os valores meacutedios da despesa das vaacuterias variaacuteveis entre

1985 e 1999 com a taxa de crescimento do PIB per capita entre 2000-10 Os

coeficientes de correlaccedilatildeo no uacuteltimo caso poderatildeo ajudar a compreender se o niacutevel de

gastos verificado entre 1985-99 contribuiacuteram para o crescimento econoacutemico verificado

na deacutecada seguinte

Verificou-se que ao longo do periacuteodo em anaacutelise a despesa social em

percentagem do PIB agregada e nas diferentes aacutereas teve um aumento relativo entre

1985 e 2010 mas no entanto aquela foi sempre mais elevada nos paiacuteses Escandinavos

tendo estes paiacuteses registado tambeacutem valores mais elevados do PIB real per capita

28

relativamente aos paiacuteses do Sul Os resultados apontam para que todas as dimensotildees se

correlacionam positivamente com o niacutevel de rendimento per capita sendo de destacar

que a educaccedilatildeo eacute a componente com coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado seguida

das despesas com sauacutede o que parece confirmar a influecircncia deste tipo de despesa sobre

o comportamento do produto via acumulaccedilatildeo de capital humano No que respeita ao

possiacutevel efeito da despesa social sobre a taxa de crescimento do PIB real per capita o

sinal do coeficiente de correlaccedilatildeo manteacutem-se positivo mas de magnitude bastante

inferior ao dos casos anteriores enquanto a correlaccedilatildeo apresenta um sinal negativo no

caso da despesa social total A correlaccedilatildeo eacute tambeacutem negativa para as diferentes

componentes da despesa como a protecccedilatildeo social com excepccedilatildeo do subsiacutedio de

desemprego Estes resultados apoiam assim a necessidade de ao estudar a relaccedilatildeo entre

Estado Social e crescimento econoacutemico levar a cabo uma anaacutelise desagregada uma vez

que os mecanismos de transmissatildeo podem variar consoante o tipo de despesa social

pelo que a anaacutelise agregada eacute difiacutecil de interpretar em termos econoacutemicos

Em suma o presente estudo poderaacute ajudar a compreender de forma preliminar

como os gastos sociais interagem com o crescimento econoacutemico e quais as aacutereas que

tecircm contribuiacutedo de forma positiva ou negativa para o mesmo Contudo natildeo poderaacute

deixar de se ter em conta a capacidade de outros factores poderem afectar a

performance da economia assim como natildeo se deve negligenciar a importacircncia dos

gastos sociais para a convergecircncia econoacutemica dos paiacuteses do Sul para com os paiacuteses do

Norte da Europa De forma a poder generalizar a anaacutelise e tirar conclusotildees mais

robustas em relaccedilatildeo ao sentido da causalidade e mecanismos de transmissatildeo no futuro

seraacute necessaacuterio utilizar meacutetodos de inferecircncia estatiacutestica adequados e amostras mais

alargadas de paiacuteses

29

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Wang K-M (2011) Health care expenditure and economic growth Quantil panel

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30

Anexos

Graacutefico 1 PIB per capita a preccedilos constantes de 2005 entre 1985 e 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 2 Esperanccedila meacutedia de vida 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

19

85

19

86

19

87

19

88

19

89

19

90

19

91

19

92

19

93

19

94

19

95

19

96

19

97

19

98

19

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20

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Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em

cada 1000 nascimentos) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total

da populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB ()1985 e 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

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Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes 2003 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010

Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A

despesa Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

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3 Caracterizaccedilatildeo econoacutemico-social dos paiacuteses em anaacutelise

Neste ponto seraacute feita uma caracterizaccedilatildeo econoacutemico-social dos paiacuteses em

anaacutelise Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia trecircs paiacuteses escandinavos onde o Estado Social

haacute muito eacute uma realidade e Portugal Espanha Itaacutelia e Greacutecia paiacuteses da chamada

periferia Europeia onde o Estado social eacute uma realidade mais recente essencialmente

desde os meados dos anos 80 salientando as suas semelhanccedilas e diferenccedilas

O objectivo eacute enquadrar a anaacutelise mais especiacutefica da secccedilatildeo seguinte sobre a

potencial relaccedilatildeo entre o desempenho em termos de crescimento econoacutemico e a despesa

social total e por diferentes categorias Sempre que possiacutevel a comparaccedilatildeo entre paiacuteses

seraacute realizada ao longo do periacuteodo 1985-2010 No entanto dada a indisponibilidade de

dados relativamente a algumas variaacuteveis para alguns paiacuteses o periacuteodo de anaacutelise poderaacute

ser mais curto Eacute importante ter tambeacutem em conta o surgimento da crise de 2007 para

compreender alguns indicadores mais desfavoraacuteveis dos paiacuteses do Sul em relaccedilatildeo ao

Norte nos anos mais recentes

Inicialmente este trabalho procuraraacute discutir as semelhanccedilas e diferenccedilas entre

os dois grupos de paiacuteses relativamente a um conjunto de indicadores sociodemograacuteficos

que podem ter impacto e ser influenciados pela despesa social Em segundo lugar satildeo

apresentados e analisados alguns indicadores econoacutemicos seleccionados segundo a

mesma loacutegica ou seja que podem ter impacto e ser influenciados pela dimensatildeo e

composiccedilatildeo do Estado Social tais como o seu grau de abertura ao comeacutercio

internacional e a respectiva estabilidade macroeconoacutemica sendo utilizado como suporte

da anaacutelise os graacuteficos disponiacuteveis nos Anexos

O graacutefico 1 conteacutem os valores do PIB real per capita expressos em doacutelares a

preccedilos constantes de 2005 que eacute o principal indicador dos diferenciais de niacutevel de vida

do cidadatildeo meacutedio dos diferentes paiacuteses Da observaccedilatildeo do referido graacutefico constatamos

que em 2010 o niacutevel de rendimento por habitante eacute em todos os paiacutes mais elevado do

que o que se verificava em 1985 sendo que nos paiacuteses escandinavos o PIB real per

capita foi sempre relativamente mais elevado que nos restantes paiacuteses No caso da

Sueacutecia e Finlacircndia verificamos que estes em 2010 estes eram os mais ricos tal como jaacute

o eram em 1985 passando o valor desta variaacutevel na Sueacutecia dos 2806538 doacutelares em

1985 para os 4282567 doacutelares em 2010 e na Finlacircndia dos 242344 doacutelares de 1985

para os 3806465 doacutelares em 2010 Os paiacuteses do Sul ou periferia apresentam ao longo

do periacuteodo um PIB real per capita mais baixo nomeadamente Portugal e Greacutecia que

11

apesar de terem aumentado o seu PIB real per capita entre 1985 e 2010 no ano de 2010

Portugal tinha um valor de 1864776 doacutelares e a Greacutecia de 2130896 doacutelares

A opccedilatildeo por comeccedilar a caracterizaccedilatildeo das diferenccedilas entre os paiacuteses da amostra

pelo PIB real per capita deriva em parte do facto de este poder estar relacionado com a

melhoria de alguns indicadores que medem o niacutevel de desenvolvimento humano e que

servem para a construccedilatildeo do Iacutendice de Desenvolvimento Humano como eacute o caso da

diminuiccedilatildeo da taxa de mortalidade infantil e o aumento da esperanccedila meacutedia de vida

Face a isto relativamente ao sector da sauacutede como se pode ver no graacutefico 2 a

esperanccedila meacutedia de vida agrave nascenccedila (EMV) entre 1985 e 2010 aumentou No entanto

apesar de todos os paiacuteses terem registado um aumento da EMV ao longo do periacuteodo

analisado dos paiacuteses escandinavos apenas a Sueacutecia tem no iniacutecio do periacuteodo um valor

superior ao de todos os paiacuteses do Sul Com efeito Espanha Greacutecia e Itaacutelia partem de

uma situaccedilatildeo melhor do que a Dinamarca e a Finlacircndia O paiacutes que regista menor EMV

em 1985 eacute Portugal com 73 anos Em 2010 todos os paiacuteses da periferia ultrapassam os

paiacuteses escandinavos com excepccedilatildeo de Portugal que se manteacutem na uacuteltima posiccedilatildeo

Quanto agrave taxa de mortalidade infantil indicador que traduz o nuacutemero de mortes

de crianccedilas no primeiro ano de vida por cada 1000 nascimentos eacute de imediato

verificaacutevel no graacutefico 3 que ocorreu uma consideraacutevel melhoria neste indicador em

todos os paiacuteses ao longo do periacuteodo analisado Em 1985 a taxa de mortalidade infantil

em Portugal e na Greacutecia era maior do que nos restantes paiacuteses no entanto em 2010 jaacute

registavam um nuacutemero de mortes semelhante aos restantes paiacuteses No caso grego

verificou-se uma passagem das 16 mortes em cada 1000 nascimentos em 1985 para as 4

em 2010 ocorrendo o mesmo em Portugal que passou das 17 para as 4 No que respeita

agrave Escandinaacutevia o nuacutemero de mortes que se verificava no ano de 2010 natildeo era muito

diferente do que se verificava em 1985 e no caso da Finlacircndia houve apenas uma

pequena reduccedilatildeo das 6 para as 2 mortes durante este periacuteodo

A evoluccedilatildeo e composiccedilatildeo demograacutefica dos paiacuteses pode ter um impacto

importante naquela que eacute actualmente uma das componentes da despesa social com

maior peso a despesa com pensotildees Assim atraveacutes da anaacutelise do graacutefico 4 verifica-se

que a taxa de crescimento da populaccedilatildeo em termos anuais foi positiva em todos os

paiacuteses No entanto durante este periacuteodo (1990-2010) apenas Portugal entre 1990 e

1992 registou uma taxa de crescimento negativa que no entanto foi invertida No que

toca ao maior crescimento populacional este deu-se em Espanha entre 1997 e 2003 ao

qual se seguiu apoacutes um periacuteodo de estabilidade entre 2003 e 2007 uma diminuiccedilatildeo

12

acentuada Em termos globais a taxa de crescimento populacional tem vindo a descer

nomeadamente nos paiacuteses do Sul contrariamente aos paiacuteses do Norte Europeu que a

partir de 2000 verificaram um aumento Tal poderaacute dever-se agrave imigraccedilatildeo mas tambeacutem

poderaacute ter-se devido agraves poliacuteticas de apoio agrave natalidade com vista ao combate ao

envelhecimento da populaccedilatildeo Neste acircmbito decompondo a populaccedilatildeo dos paiacuteses da

amostra em faixas etaacuterias populaccedilatildeo jovem (ateacute aos 15 anos de idade) populaccedilatildeo entre

os 15 e 64 anos e populaccedilatildeo idosa (mais de 65 anos) verificamos que existe uma

tendecircncia para a diminuiccedilatildeo da populaccedilatildeo mais jovem face agrave total sendo esse

comportamento mais visiacutevel em Espanha que conforme o graacutefico 5 demonstra em

1985 tinha uma percentagem de jovens de cerca de 233 mas que em 2010

apresentava uma taxa de 149 Um aspecto curioso tem que ver com o facto de neste

periacuteodo de anaacutelise natildeo se ter verificado uma grande diminuiccedilatildeo desta faixa etaacuteria na

Escandinaacutevia sendo que no caso da Dinamarca esta registava em 2010 uma

percentagem de populaccedilatildeo jovem a rondar os 18 os mesmos que em 1985

Por outro lado verifica-se um agravamento do envelhecimento da populaccedilatildeo

com a pior situaccedilatildeo a verificar-se em Itaacutelia e na Greacutecia Entre 1985 e 2010 a

percentagem da populaccedilatildeo italiana com mais de 64 anos passou dos 131 em 1985

para os 203 em 2010 e na Greacutecia verificou-se uma passagem dos 133 para os 19

(ver graacutef 6) Relativamente ao Norte Europeu essa subida eacute mais ligeira e em 2010 a

Finlacircndia apresentava uma percentagem de 171 enquanto que a Dinamarca de 166

No que diz respeito agrave faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entre os 15 e 64 anos verifica-se atraveacutes

do graacutefico 7 que entre 1985 e 1995 a percentagem da populaccedilatildeo compreendida nesta

faixa etaacuteria aumentou No entanto a partir deste periacuteodo verificou-se uma descida dos

valores em alguns paiacuteses como eacute o caso da Itaacutelia onde a populaccedilatildeo pertencente a este

grupo entre 1985 e 2010 passou dos 675 para os 657 resultado talvez de uma

diminuiccedilatildeo da populaccedilatildeo jovem e do aumento da populaccedilatildeo mais idosa podendo isso

dever-se agrave baixa taxa de natalidade

Quanto agrave melhoria dos indicadores relativos agrave educaccedilatildeo verificamos que os

apoios do Estado nesta aacuterea talvez se tenham feito sentir Com efeito de acordo com o

graacutefico 8 a percentagem de populaccedilatildeo activa com apenas o ensino primaacuterio diminuiu

em todos os paiacuteses entre 1995-2010 sendo que no entanto o niacutevel de populaccedilatildeo activa

com apenas este niacutevel de escolaridade eacute mais reduzido nos paiacuteses do Norte como eacute o

caso da Finlacircndia e da Sueacutecia talvez devido ao facto de estes paiacuteses terem tomado haacute

mais tempo consciecircncia da importacircncia da educaccedilatildeo para um bom desempenho

13

econoacutemico (ver graacutef 8) Associado ao comportamento anterior verifica-se que em 2010

existe uma maior percentagem de pessoas com o ensino secundaacuterio e universitaacuterio em

todos os paiacuteses relativamente a 1995 Ao niacutevel do ensino secundaacuterio o graacutefico 9 mostra

que entre 1995 e 2010 verificou-se um aumento de trabalhadores com este niacutevel

acadeacutemico sendo esse impacto maior em Portugal Espanha Greacutecia e Itaacutelia mas no que

toca aos paiacuteses do Norte este nuacutemero foi oscilando Em todo o caso em 1995 os trecircs

paiacuteses escandinavos registavam uma maior percentagem da populaccedilatildeo com o ensino

secundaacuterio relativamente a qualquer dos paiacuteses do Sul sendo em 2010 apenas a

Dinamarca e a Finlacircndia ultrapassadas pela Itaacutelia O niacutevel de escolaridade dos

trabalhadores que mais subiu foi como se pode constatar no graacutefico 10 o universitaacuterio

verificando-se que em paiacuteses como a Finlacircndia a percentagem de trabalhadores com este

niacutevel acadeacutemico passou dos 217 em 1995 para os 373 em 2010 e na Espanha

passou dos 203 para os 33 Neste acircmbito verifica-se em 2010 a Espanha tinha uma

percentagem de indiviacuteduos com ensino superior mais elevada que a Sueacutecia e a

Dinamarca

Outra das componentes da despesa social com mais peso no total eacute a despesa

associada ao subsiacutedio de desemprego Nos anos mais recentes tem-se verificado um

aumento da taxa de desemprego como podemos ver no graacutefico 11 O desemprego pode

por em causa a estabilidade social uma vez que os indiviacuteduos sem emprego ao

perderem a sua fonte de rendimento podem perder qualidade de vida e estarem sujeitos

a situaccedilotildees de pobreza A taxa de desemprego entre 1991 e 2010 foi sempre mais

elevada no Sul em relaccedilatildeo ao Norte Os paiacuteses que apresentavam uma taxa mais elevada

em 2010 foram a Espanha com cerca de 20 seguido da Greacutecia com 125 enquanto

que a taxa de desemprego mais baixa se registou na Escandinaacutevia na Dinamarca onde a

taxa de desemprego em 2010 era de 75

No que diz respeito agrave taxa de desemprego jovem esta tem afectado sobretudo os

jovens do Sul Europeu e parece estar a tornar-se um problema grave para as geraccedilotildees

mais jovens As dificuldades em arranjar emprego podem prender-se com a falta de

experiecircncia por parte dos jovens Como tal estas situaccedilotildees levam a que estes natildeo

tenham nenhum tipo de poupanccedila nem direito a qualquer tipo de subsiacutedio como eacute o caso

do subsiacutedio de desemprego pois natildeo tiveram um passado activo consideraacutevel que lhes

permitisse ter realizado contribuiccedilotildees para a Seguranccedila Social e a ter direito a receber

subsiacutedio de desemprego Por outro lado ao natildeo terem emprego poderatildeo vir a ter

problemas em obter uma boa pensatildeo aquando o final da sua vida activa pois faratildeo

14

menos descontos do que aqueles satildeo necessaacuterios para obter um boa pensatildeo no futuro

podendo estar a comprometer a sua estabilidade financeira apoacutes a sua vida activa No

Norte Europeu paiacuteses como a Dinamarca tecircm investido na resoluccedilatildeo dos problemas

relativos ao desemprego jovem promovendo poliacuteticas de apoio aos jovens que possuem

baixos niacuteveis de estudos e que estejam sem trabalho como salientam Hughes e Borbeacutely-

Pecze (2012) Para tal foram desenvolvidos programas onde os jovens satildeo inseridos em

cursos de formaccedilatildeo praacutetica com vista a que estes adquiram experiecircncia e que os

familiarizem com o local de trabalho promovendo as suas aptidotildees de forma a capacitaacute-

los para o mercado de trabalho para que tragam ganhos de produtividade agrave entidade que

os emprega e consequentemente ao seu paiacutes Ao niacutevel da taxa de desemprego jovem o

graacutefico 12 ajuda-nos a perceber que esta era no ano de 2010 mais elevada na Espanha

com cerca de 424 sendo esta seguida pela Greacutecia com 325 Ao niacutevel das taxas

mais baixas verificamos que que entre 1991 e 2010 quem apresentou a taxa mais baixa

foi a Dinamarca sendo que no ano de 2010 esta apresentava uma taxa de cerca de

139 seguida da Finlacircndia com cerca de 203

Quanto agrave anaacutelise de factores econoacutemicos que possam ser responsaacuteveis pelas

diferenccedilas relativas ao niacutevel de vida iremos comeccedilar por analisar a importacircncia do

sector secundaacuterio e terciaacuterio para o PIB dos diversos paiacuteses na medida em que estes

sectores satildeo os que envolvem uma maior percentagem de indiviacuteduos com habilitaccedilotildees

acadeacutemicas mais elevadas e cujo seu contributo para o produto dos paiacuteses eacute mais

consideraacutevel

No que toca ao sector secundaacuterio verifica-se que entre 1985 e 2010 este tem

vindo a perder importacircncia no PIB de todos os paiacuteses No entanto durante este periacuteodo

verificou-se que o paiacutes que apresentava uma maior percentagem de riqueza gerado por

este sector era Portugal tendo contudo essa importacircncia diminuiacutedo de forma constante

chegando no ano de 2010 a ser de apenas 15 proacuteximo da percentagem da Espanha Eacute

de salientar que a importacircncia deste sector em 2010 era relativamente mais baixa nestes

paiacuteses em relaccedilatildeo agrave Dinamarca ou na Sueacutecia (ver graacutef13) Ao niacutevel do sector terciaacuterio

verificamos atraveacutes do graacutefico 14 que a importacircncia deste sector para a amostra de

paiacuteses em estudo era muito nivelado entre os 60 e os 70 No entanto a partir do ano

2000 verificou-se um aumento relativo da contribuiccedilatildeo deste sector para o PIB dos

vaacuterios paiacuteses sendo de salientar que em 2009 este sector tinha maior peso na produccedilatildeo

de riqueza no caso da Greacutecia contribuindo em cerca de 79 do total do PIB grego

15

enquanto que o mais baixo se verificava na Finlacircndia com cerca de 69 do PIB a ser

gerado por este sector

A anaacutelise da estrutura produtiva de um paiacutes pode ter tambeacutem uma relaccedilatildeo com o

grau de abertura da economia pois este poderaacute trazer algumas vantagens e explicar o

porquecirc de um determinado sector ter ganho mais importacircncia no PIB de um paiacutes Essas

vantagens podem estar relacionadas com a entrada de novos produtos e tecnologias que

normalmente estatildeo relacionados com o sector secundaacuterio e terciaacuterio e que poderatildeo

explicar o crescimento destes sectores Este factor poderaacute ainda estar relacionado com o

niacutevel de educaccedilatildeo de uma populaccedilatildeo pois quanto maior for o desenvolvimento

tecnoloacutegico de um paiacutes tal poderaacute levar agrave necessidade de um reforccedilo na educaccedilatildeo e

formaccedilatildeo profissional para capacitar a matildeo-de-obra para lidar com estas novas

tecnologias Assim o grau de abertura de um paiacutes poderaacute estar relacionado com o

aumento dos gastos em educaccedilatildeo

No que respeita ao grau de abertura da economia medido atraveacutes do volume de

importaccedilotildees e exportaccedilotildees em percentagem do PIB verificou-se que em todos os paiacuteses

em estudo houve uma tendecircncia de crescimento entre 1985 e 2010 Os paiacuteses que no

ano de 2010 apresentavam um grau de abertura mais elevado eram a Dinamarca com

cerca de 953 e a Sueacutecia com cerca de 928 Por outro lado paiacuteses como a Greacutecia e

a Espanha registavam valores muito mais baixos sendo que a Greacutecia apresentava um

niacutevel de cerca de 538 do seu PIB e a Espanha 569 como se pode constatar no

graacutefico 15 No que respeita ao saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes um valor em

percentagem do PIB positivo significa que existe um superavit ou seja que o paiacutes

aumentou os seus activos no estrangeiro Neste aspecto devido agrave falta de dados a

anaacutelise a esta variaacutevel comeccedila a partir de 2003 e consultando a graacutefico 16 verificamos

que ao longo do periacuteodo na Greacutecia Portugal Itaacutelia e Espanha a balanccedila foi sempre

deficitaacuteria sendo as situaccedilotildees mais complicadas a da Greacutecia e a de Portugal que em

2010 apresentavam um deacutefice de 104 e 97 respectivamente Por outro lado a

Dinamarca a Sueacutecia e a Finlacircndia tiveram sempre um excedente

No que toca agrave anaacutelise do saldo orccedilamental este juntamente com a diacutevida puacuteblica

poderaacute ajudar a compreender o estado das financcedilas puacuteblicas de um paiacutes Compreender o

saldo orccedilamental em percentagem do PIB eacute muito importante pois se este demonstrar

um comportamento mais despesista tal iraacute reflectir-se no aumento do endividamento do

Estado que poderaacute ter de levar a uma reduccedilatildeo dos apoios do Estado Social com vista agrave

sustentabilidade financeira do Estado Como forma de controlar as financcedilas puacuteblicas

16

poderatildeo ser necessaacuterios cortes ao niacutevel dos apoios da protecccedilatildeo social bem como a

reduccedilatildeo do orccedilamento do Estado para aacutereas com a sauacutede ou educaccedilatildeo No graacutefico 17 eacute

possiacutevel verificar que no caso de paiacuteses como a Greacutecia Portugal e Itaacutelia no periacuteodo de

estudo verificou-se que estes paiacuteses tiveram sempre um comportamento mais despesista

que os restantes sendo como jaacute vimos esta uma possiacutevel justificaccedilatildeo para o crescimento

da diacutevida puacuteblica nestes paiacuteses Jaacute os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentavam saldos

orccedilamentais mais positivos em relaccedilatildeo aos do Sul da Europa sendo mesmo o saldo

orccedilamental sueco aproximadamente de 0

A diacutevida puacuteblica em percentagem do PIB sempre foi inferior nos paiacuteses do Norte

em relaccedilatildeo aos do Sul Entre 1995 e 2010 verificamos que o niacutevel de diacutevida foi

oscilando no entanto este foi relativamente mais elevado na Greacutecia e na Itaacutelia

chegando no ano de 2010 este a ser cerca de 145 e 1194 do seu PIB

respectivamente No caso da Sueacutecia verificou-se ao longo deste periacuteodo uma tendecircncia

de descida e em 2010 este era de 394 (ver graacutef 18) Um outro factor que pode ter

feito aumentar o niacutevel de diacutevida de alguns paiacuteses do Sul da Europa a partir de 2005

pode ter que ver com o surgimento da crise econoacutemica de 2007 que agravou ainda mais

o niacutevel de diacutevida destes paiacuteses que era jaacute elevado como satildeo exemplos a Greacutecia e

Portugal

Em resumo verificamos que em termos globais os indicadores soacutecio-

econoacutemicos do Sul da Europa satildeo piores que os do Norte Europeu Contudo as

diferenccedilas tecircm vindo a diminuir Por exemplo os indicadores relativos agrave sauacutede e agrave

educaccedilatildeo tecircm demonstrado francas melhorias que talvez resultem do facto dos estados

terem reforccedilado os apoios ao niacutevel destas funccedilotildees sociais Haacute no entanto que ter em

conta que no caso do Sul Europeu o crescente aumento da diacutevida puacuteblica poderaacute

dificultar a continuidade desta acccedilatildeo na medida em que poderaacute levar agrave necessidade de

reformulaccedilotildees que passem por cortes no Estado Social com vista a fazer face ao

crescente endividamento destes Os Estados do Sul Europeu natildeo devem contudo no

periacuteodo actual de crise esquecer a importacircncia que estes sectores tecircm para a coesatildeo

social e potencialmente para o desempenho econoacutemico

4 Despesa Social e Crescimento Econoacutemico anaacutelise comparada de alguns dados

Nesta secccedilatildeo seraacute realizada uma anaacutelise de estatiacutestica descritiva que teraacute como

principal objectivo uma anaacutelise comparada dos dois grupos de paiacuteses em termos de

crescimento econoacutemico e despesa social agregada e por diferentes componentes entre

17

1985 e 2010 Por uacuteltimo procura-se verificar se o sinal da correlaccedilatildeo esperada entre a

despesa social do Estado e o comportamento do produto estaacute de acordo com a literatura

econoacutemica Para tal realizamos apenas uma anaacutelise muito simples e preliminar baseada

no caacutelculo de coeficientes de correlaccedilatildeo entre as despesas em sauacutede educaccedilatildeo e as

vaacuterias componentes da despesa em protecccedilatildeo social e respectivamente o PIB per capita

e a taxa de crescimento do mesmo

Esta anaacutelise foi realizada tendo em conta todos os dados disponiacuteveis na base de

dados da OECD Social Expenditure Database ao niacutevel dos gastos com sauacutede e

protecccedilatildeo social e com os dados disponiacuteveis do Banco Mundial relativamente a despesa

em educaccedilatildeo PIB real per capita para todos os paiacuteses em anaacutelise no periacuteodo entre 1985

e 2010

Antes de passarmos agrave anaacutelise comparada da despesa social e suas componentes

nos paiacuteses da nossa amostra detenhamo-nos na comparaccedilatildeo da respectiva prestaccedilatildeo em

termos de crescimento econoacutemico de acordo com os dados relativos agraves taxas meacutedias de

crescimento anual do PIB real per capita entre 1985 e 2010 e alguns sub-periacuteodos (ver

Quadro 1) Ao longo do periacuteodo total 1985-2010 Portugal e a Espanha foram os paiacuteses

que mais cresceram o que natildeo eacute de estranhar uma vez que partiram de valores do PIB

real per capita dos mais baixos do grupo Seguem-se a estes os paiacuteses escandinavos

Finlacircndia Sueacutecia e Dinamarca enquanto que a Greacutecia e a Itaacutelia foram os paiacuteses que

menos cresceram No caso da Greacutecia a situaccedilatildeo eacute mais insoacutelita uma vez que tal como

Portugal e Espanha partiu de um niacutevel de rendimento relativamente mais baixo e assim

sendo o potencial de crescimento e convergecircncia deveria ter sido superior ao dos paiacuteses

mais ricos Se dividirmos o periacuteodo total em anaacutelise em trecircs sub-periacuteodos 1985-95

1995-05 e 2005-10 verificamos que o desempenho relativo dos paiacuteses se vai alterando

Assim por exemplo a boa prestaccedilatildeo de Portugal entre 1985-2010 parece ter sido

consequecircncia do seu elevado crescimento relativo entre 1985 e 1995 enquanto que nos

outros dois sub-periacuteodos a taxa meacutedia de crescimento anual do seu PIB real per capita eacute

das mais baixas do grupo Os paiacuteses escandinavos tecircm taxas de crescimento relativas

mais elevadas essencialmente entre 1995 e 2005 enquanto a Espanha e a Greacutecia

melhoram o desempenho relativo no segundo e terceiro sub-periacuteodos em especial a

Espanha Em todo o caso registou-se um acentuado abrandamento e do crescimento nos

uacuteltimos cinco anos com a Itaacutelia Sueacutecia Finlacircndia e Portugal a registarem mesmo taxas

crescimento negativas Este fenoacutemeno natildeo pode deixar de ter em conta o iniacutecio da crise

econoacutemica e financeira que teve o seu comeccedilo em 2007-2008

18

Quadro 1 Taxas meacutedias de crescimento anual do PIB real per capita 1985 a 2010

Periacuteodos Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

1985-1995 1639 0940 0555 2140 3600 2698 0970

1995-2005 1682 3377 3243 1128 2025 2591 2831

2005-2010 0025 -0267 0198 -0145 -0441 0207 -0229

1985-2010 1221 1806 1461 1131 2333 2024 1690

Fonte Caacutelculos do autor com base em dados do Banco Mundial

No que diz respeito agrave anaacutelise comparada entre a despesa social dos paiacuteses em

estudo iremos comeccedilar por comparar os niacuteveis de gastos sociais totais2 em percentagem

do PIB ao longo do periacuteodo total 1985-2010 (ver graacutefico 19) Durante todo este periacuteodo

eacute possiacutevel verificar que os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentaram um niacutevel de gastos

sociais totais superior ao dos paiacuteses do Sul Europeu O paiacutes que apresentou um niacutevel de

gastos mais elevado durante a maior parte deste periacuteodo foi a Sueacutecia que apenas o

deixou de ser quando a Dinamarca se assumiu como o paiacutes que mais gastou em despesa

social em 2010 cerca de 306 do PIB Quanto agrave Finlacircndia esta no ano de 2010

tambeacutem ultrapassa a Sueacutecia ao niacutevel de uma maior despesa social Contudo no caso

finlandecircs verifica-se que entre os anos de 1990 e 1992 ocorreu um aumento

consideraacutevel na despesa social ao qual se sucede uma diminuiccedilatildeo gradual dos gastos ateacute

2000 No entanto tal como a Dinamarca e a Sueacutecia este paiacutes apresentava ainda um

niacutevel de gastos superiores ao dos paiacuteses do Sul cerca de 243 do PIB No que respeita

aos paiacuteses da periferia tambeacutem designados paiacuteses do Sul verifica-se que o paiacutes que

mais se conseguiu aproximar do niacutevel de despesa dos paiacuteses da Escandinaacutevia foi a Itaacutelia

que no ano de 2010 gastava cerca de 277 do seu PIB em gastos sociais enquanto que

a Sueacutecia cerca de 283 No entanto verificamos que a Itaacutelia em algumas ocasiotildees foi

ultrapassada pelo niacutevel de gastos da Espanha como eacute o caso do subperiacuteodo entre 1989 e

1996 Quanto aos paiacuteses que canalizaram uma menor percentagem do PIB para a

despesa social verificam-se que estes foram a Espanha Greacutecia e Portugal

Relativamente a estes dois uacuteltimos verificou-se que a Greacutecia apresentava em 1985 um

niacutevel de despesa social consideravelmente maior que Portugal cerca de 161 face aos

101 do PIB de Portugal no entanto essa diferenccedila foi diminuindo Tal resulta de um

2 Os gastos sociais totais incluem a despesa em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado laboral apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social

exceptuando os apoios em educaccedilatildeo

19

evidente aumento da despesa em Portugal e um teacutenue crescimento da Despesa Social

grega chegando Portugal no ano de 2002 a ultrapassar a Greacutecia e no ano de 2010

apresentava um niacutevel de despesa mais elevado de despesa que a Greacutecia cerca de 254

face aos 233 da Greacutecia Na globalidade verificou-se uma tendecircncia de crescimento

contiacutenuo nos paiacuteses escandinavos ateacute ao iniacutecio da deacutecada de 90 seguido de uma

diminuiccedilatildeo ateacute cerca de 2000 No Sul a tendecircncia eacute de crescimento sustentado para a

Greacutecia e Portugal e de oscilaccedilotildees na Espanha e Itaacutelia Eacute tambeacutem notoacuterio que apoacutes a crise

de 2007-08 se verifica de novo um crescimento da despesa relativamente aos paiacuteses do

Norte

No seguimento da anaacutelise comparativa da despesa social em termos globais

efectua-se agora um estudo comparativo entre a despesa do Estado nas vaacuterias

componentes da despesa social educaccedilatildeo sauacutede e protecccedilatildeo social e dentro de estas

com o pagamento de pensotildees de reforma subsiacutedios de invalidez politicas activas do

mercado de trabalho apoios agraves famiacutelias e subsiacutedio de desemprego que correspondem agrave

maioria da despesa social nestes paiacuteses

De acordo com os graacuteficos 20 e 21 os niacuteveis de despesa social quer em sauacutede e

quer em educaccedilatildeo respectivamente dos paiacuteses do Norte face aos do Sul medidos em

percentagem do seu PIB entre 1985 e 2010 satildeo maiores no primeiro grupo de paiacuteses

relativamente ao segundo agrave excepccedilatildeo da Finlacircndia que depois de um periacuteodo de

diminuiccedilatildeo da despesa em sauacutede entre 1992 e 1998 para cerca dos 53 do PIB

verifica de novo um aumento para os 67 verificados em 2010 No entanto situava-se

aqueacutem do verificado em Itaacutelia Espanha e Portugal no mesmo ano que era

respectivamente 73 713 e 712 do PIB Assim sendo a Finlacircndia encontrava-se

soacute a frente da Greacutecia que possuiacutea um niacutevel de gastos de 64 do PIB (ver graacutef 20 e 21)

Nota-se tambeacutem no que diz respeito agrave despesa em sauacutede que a Sueacutecia e a Dinamarca

foram quem mais despenderam nesta aacuterea com niacuteveis de despesa semelhantes Contudo

a partir de 1999 o niacutevel de despesa da Dinamarca passa para frente do da Sueacutecia

tornando-se assim o paiacutes com maior despesa em sauacutede chegando a 2010 a apresentar

um valor de cerca de 94 do PIB face aos 77 da Sueacutecia Eacute importante salientar que

todos os paiacuteses do Sul da Europa verificaram um crescimento sustentado que se traduz

em valores de despesa em sauacutede em percentagem do PIB maiores em 2010 que em

1985 Por fim importa destacar que entre 2009 e 2010 verificou-se uma diminuiccedilatildeo da

despesa para todos os paiacuteses por ventura efeitos da crise que comeccedilou um par de anos

antes

20

No que toca agrave educaccedilatildeo como jaacute foi referido os paiacuteses da Escandinaacutevia

apresentam durante o periacuteodo em anaacutelise um niacutevel de despesa superior nesta mateacuteria em

relaccedilatildeo aos paiacuteses da periferia Neste contexto verificamos que as diferenccedilas relativas

aos niacuteveis de despesa dos vaacuterios paiacuteses em educaccedilatildeo se encontram melhor clarificadas

que as diferenccedilas ao niacutevel da despesa em sauacutede agrave excepccedilatildeo dos anos entre 1987 e 1990

em que os valores da despesa portuguesa foram semelhantes ao da espanhola e dos anos

de 2007 e 2008 em que os valores da Itaacutelia foram semelhantes aos da Espanha Feitas

estas consideraccedilotildees verifica-se a existecircncia de um maior niacutevel de despesa em educaccedilatildeo

por parte da Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia ao longo do periacuteodo e no ano de 2009 o

valor da despesa era respectivamente de 83 72 e 68 do PIB No que toca aos

restantes paiacuteses da amostra os paiacuteses do Sul verificamos que o niacutevel de despesa grego e

portuguecircs foi aumentando chegando o portuguecircs a tornar-se o mais elevado entre os

restantes paiacuteses da periferia a partir de 1994 sem nunca esquecer a ausecircncia de dados

para o ano de 1997 e para a Greacutecia entre 2005 e 2010 No ano de 1994 o valor gasto por

Portugal era cerca de 46 chegando a 2010 aos 56 do PIB Jaacute relativamente agrave Itaacutelia

considerando a quebra de dados para este paiacutes verificamos que esta se encontrava no

topo dos paiacuteses do Sul que mais gastavam nesta aacuterea no entanto como jaacute foi referido

esta foi ultrapassada por Portugal e ateacute mesmo a Espanha a partir de 2007 paiacuteses que

tinham nesse ano respectivamente um niacutevel de gastos de 51 e 434 do PIB face

aos 426 do PIB verificados na Itaacutelia

Relativamente agrave despesa em protecccedilatildeo social entre os paiacuteses em anaacutelise e no

que diz respeito niacutevel gastos em pagamentos de pensotildees de reforma verificamos que

natildeo existe um grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 22) Neste capiacutetulo

verifica-se que em todos os paiacuteses o niacutevel de gastos nesta mateacuteria foi oscilando

Contudo nos subperiacuteodos de 1985-89 e de 1997-2009 este foi mais elevado na Itaacutelia e

a Greacutecia sendo estes ultrapassados apenas entre 1991-95 pela Sueacutecia Estes trecircs paiacuteses

em 2009 ocupavam trecircs das quatro primeiras posiccedilotildees nos gastos em pensotildees

apresentando a Itaacutelia a Greacutecia e a Sueacutecia um niacutevel de gastos de 13 109 e 102

do PIB respectivamente Quanto aos restantes paiacuteses verifica-se que o paiacutes que durante

maior parte do periacuteodo apresentou um niacutevel de despesa mais baixo foi Portugal no

entanto registou um aumento consideraacutevel se em 1985 se encontrava no uacuteltimo posto

com cerca de 33 do seu PIB gasto em pensotildees a partir de 2004 ultrapassou a

Finlacircndia Dinamarca e Espanha apresentando no ano de 2009 uma percentagem de

gastos em pensotildees relativamente ao PIB a rondar os 106 superior ao verificado na

21

Dinamarca (82) na Finlacircndia (102) e Espanha (77) Tal poderaacute ter que ver com

o facto de a populaccedilatildeo em Portugal ter envelhecido a um ritmo mais acelerado que nos

restantes paiacuteses

No que toca aos subsiacutedios de desemprego verificamos tambeacutem que natildeo haacute um

grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 23) Contudo neste capiacutetulo

constata-se que os trecircs paiacuteses que gastaram maior percentagem do PIB em subsiacutedios de

desemprego ao longo do periacuteodo foram a Dinamarca Espanha e Finlacircndia Nestes

paiacuteses verificamos que em 1993 o niacutevel de gastos foi o mais elevado cerca 53 do PIB

no caso dinamarquecircs e de 47 no caso espanhol e finlandecircs sendo uma possiacutevel razatildeo

para esse aumento a crise econoacutemica que ocorreu nesse ano O factor crise econoacutemica

poderaacute tambeacutem ajudar a compreender o porquecirc de na Espanha o niacutevel de gastos ter

subido entre 2008 e 2009 de uma forma abrupta passando dos 22 do PIB para os

35 aumento que poderaacute estar relacionado com a crise econoacutemica de 2007-08 que

poderaacute ter contribuiacutedo para o agravamento da taxa de desemprego espanhola Neste

acircmbito verifica-se tambeacutem que os paiacuteses que apresentaram ao longo deste periacuteodo um

niacutevel de despesa mais reduzido com os subsiacutedios de desemprego foram Portugal Itaacutelia e

Greacutecia que em 2009 eram os que menos gastavam com um niacutevel de despesa de cerca de

07 no caso grego 08 no caso italiano e 12 do PIB no caso portuguecircs Estes

valores ficam bem atraacutes dos verificados no mesmo ano para a Dinamarca (23) e para

a Espanha (35)

Jaacute no que toca agrave despesa social em apoios concedidos agraves famiacutelias em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e em subsiacutedios concedidos a pessoas com incapacidade

verifica-se que os paiacuteses do Norte tecircm um niacutevel de gastos nestas mateacuterias superior ao da

periferia europeia (ver graacuteficos 24 25 e 26) Verifica-se ainda assim uma pequena

excepccedilatildeo no que toca agrave Espanha em que os gastos em poliacuteticas activas no mercado de

trabalho em 1989 e 1990 foram superiores agraves verificadas na Dinamarca que eram cerca

de 08 do PIB face aos 07 despendido pelos dinamarqueses A diferenccedila entre os

dois grupos eacute evidente no caso da despesa relacionada com os apoios agraves famiacutelias onde

se verifica uma diferenccedila consideraacutevel ao longo do periacuteodo de anaacutelise entre o Norte e o

Sul A despesa em aacutereas como as poliacuteticas e com as famiacutelias dentro dos paiacuteses da

Escandinaacutevia foi inicialmente mais elevado na Sueacutecia que chegou a atingir o seu

maacuteximo em 1992 com cerca de 49 do PIB gasto nesta mateacuteria no entanto

progressivamente o niacutevel de despesa da Dinamarca foi-se aproximando da Sueacutecia

chegando ateacute a ultrapassar esta em 1995 No que diz respeito agrave Finlacircndia verificou-se

22

que dos trecircs paiacuteses que compotildeem a Escandinaacutevia eacute aquele que apresenta um niacutevel mais

baixo durante maior parte do periacuteodo em anaacutelise mas no entanto superior aos paiacuteses do

Sul como jaacute foi dito Existe contudo uma excepccedilatildeo para este paiacutes que acontece no ano

de 1994 quando este consegue ser o paiacutes que mais gasta nesta aacuterea cerca de 44 do

PIB superior aos gastos suecos que foram cerca de 43 e dos dinamarqueses cerca de

39 Quanto aos gastos em poliacuteticas activas do mercado de trabalho as diferenccedilas jaacute

natildeo satildeo tatildeo evidentes mas no entanto relativamente aos paiacuteses do Sul verificamos ao

longo de todo o periacuteodo que os paiacuteses que foram apresentando consecutivamente

valores mais elevados de despesa nesta mateacuteria foram Portugal e Espanha que entre

1985 e 2009 sofreram oscilaccedilotildees relativamente aos valores despendidos no entanto em

2009 estes gastavam cerca de 08 e 09 respectivamente um valor mais elevado que

o verificado para a Itaacutelia (04) e para a Greacutecia (02) paiacuteses que ao longo do periacuteodo

observado se ficaram pelos uacuteltimos lugares

Por uacuteltimo abordamos as diferenccedilas entre o Norte e o Sul ao niacutevel de gastos em

pensotildees por incapacidade (ver graacutef 26) Como jaacute foi referido verificamos que o niacutevel

de gastos nesta aacuterea eacute superior no Norte em relaccedilatildeo ao Sul Assim sendo verificamos

que a Sueacutecia e a Finlacircndia foram alternando a lideranccedila relativamente aos paiacuteses que

mais despenderam nestes apoios Entre 1985-91 e 1997-2009 a Sueacutecia realizou um niacutevel

de despesa mais elevado que a Finlacircndia apresentando em 1991 um niacutevel a rondar os

53 face ao gasto pela Finlacircndia que foi cerca de 49 Jaacute em 2009 o niacutevel de gastos

da Sueacutecia foi de 5 do seu PIB maior que o verificado na Finlacircndia 41 enquanto

que para o restante periacuteodo o niacutevel de gastos finlandecircs foi sempre superior ao sueco A

Dinamarca foi dos paiacuteses escandinavos aquele que ao longo da maior parte deste

periacuteodo menos gastou no entanto a partir de 2001 esta ultrapassou o niacutevel de gastos da

Finlacircndia apresentando um niacutevel de despesa de cerca de 38 do PIB face aos 37

verificados no caso finlandecircs Esta ultrapassagem deu-se natildeo soacute pela subida dos gastos

em da Dinamarca nesta aacuterea mas tambeacutem por uma descida da despesa finlandesa No

que toca aos paiacuteses do Sul verificamos que quem gastou relativamente mais durante a

maior parte do periacuteodo entre 1985 e 2009 em subsiacutedios atribuiacutedos a incapacitados

foram Espanha Portugal Itaacutelia e a Greacutecia respectivamente agrave excepccedilatildeo do subperiacuteodo

entre 1985 e 1989 em que a Itaacutelia teve um niacutevel de gastos superiores ao de Portugal

Estes paiacuteses no ano de 2009 apresentavam um niacutevel de gastos a rondar os 27 do PIB

no caso espanhol os 21 no caso portuguecircs os 19 no caso italiano e os 1 no caso

23

grego valores que apesar de serem mais baixos que os verificados nos paiacuteses do Norte

da Europa satildeo mais elevados que os verificados em 1985 para estes paiacuteses

Por fim concluiacutemos esta secccedilatildeo com uma anaacutelise quantitativa muito simples e

preliminar da relaccedilatildeo entre a despesa social e o crescimento econoacutemico que corresponde

ao caacutelculo dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre os vaacuterios tipos de despesa social e o PIB

real per capita e a sua taxa de crescimento De acordo com a revisatildeo da literatura

realizada na secccedilatildeo 2 espera-se que exista uma correlaccedilatildeo positiva entre a despesa

social e o niacutevel de crescimento do PIB na medida ou seja para que esta contribua

efectivamente para uma reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo do rendimento e da

pobreza mas tambeacutem porque certos tipos de despesa social tais como educaccedilatildeo sauacutede

mas tambeacutem os apoios agrave famiacutelia contribuem directamente para a acumulaccedilatildeo de capital

humano Contudo aceitando o argumento de que o financiamento necessaacuterio introduz

distorccedilotildees na actividade econoacutemica que por exemplo desincentivam o trabalho e o

investimento por parte das empresas a correlaccedilatildeo obtida pode ter um sinal negativo Da

mesma forma se despesas como o subsiacutedio de desemprego constituiacuterem um

desincentivo a realizar maior esforccedilo no trabalho tambeacutem o sinal poderaacute ser negativo

Em uacuteltima anaacutelise poderaacute natildeo existir qualquer correlaccedilatildeo se os efeitos de sinal contraacuterio

se compensarem exactamente Finalmente natildeo devemos esquecer que correlaccedilatildeo natildeo

significa causalidade pelo que o sinal obtido se pode dever agrave influecircncia do produto

sobre a despesa social ou agrave influecircncia muacutetua

Com auxiacutelio do Quadro 2 onde se encontram os resultados relativos aos

coeficientes de correlaccedilatildeo entre despesa social e o PIB real per capita verificamos que

tendo em conta os dados disponiacuteveis para todos os paiacuteses e anos os coeficientes de

correlaccedilatildeo entre as vaacuterias despesas sociais e o PIB real per capita satildeo todos positivos

quer no que respeita agrave despesa social total quer agraves suas diferentes componentes Os

coeficientes de correlaccedilatildeo mais elevados dizem respeito agraves despesas em educaccedilatildeo e

sauacutede respectivamente 0833 e 0791 podendo argumentar-se que isto se deve ao seu

contributo directo para a acumulaccedilatildeo de capital humano e que este factor possa ter

trazido ganhos de produtividade agraves economias conforme a literatura econoacutemica defende

Quanto ao efeito das vaacuterias componentes de despesa social em protecccedilatildeo social

verificamos que as aacutereas que possuem um coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado satildeo a

despesa em apoios atribuiacutedos agraves famiacutelias os subsiacutedios atribuiacutedos aos incapacitados e as

poliacuteticas activas do mercado de trabalho (0764 0648 e 0626 respectivamente) A

correlaccedilatildeo mais elevada na primeira e terceira dimensotildees referidas poderaacute ter que ver

24

com o seu papel na reduccedilatildeo da desigualdade e pobreza das famiacutelias mais pobres e dos

incentivos criados juntos das empresas para que estas empreguem mais trabalhadores

No que diz respeito aos subsiacutedios concedidos agraves famiacutelias estes ajudam ao aumento do

rendimento das mesmas e tal como foi dito anteriormente poderaacute ter-se traduzido no

aumento do consumo privado daiacute haver uma relaccedilatildeo positiva com o PIB per capita No

meacutedio-longo prazo pode tambeacutem permitir agraves famiacutelias investir mais no capital humano

dos seus filhos e desta forma contribuir para o aumento do PIB Nas restantes aacutereas

gastos com subsiacutedios de desemprego ou em pensotildees tambeacutem possuem uma relaccedilatildeo

positiva com o PIB per capita indicando que toda a despesa realizada pelos vaacuterios

paiacuteses ao longo deste periacuteodo foi importantes para o aumento do produto na medida em

que estas se incidiram sobre os indiviacuteduos que possuem um niacutevel de rendimento mais

baixo dando um estimulo ao consumo traduzindo-se isso no aumento do produto como

jaacute vimos anteriormente Contudo nestes casos os coeficientes de correlaccedilatildeo de 0424 e

0220 respectivamente satildeo bastante inferiores indicando que poderatildeo estar em

actuaccedilatildeo efeitos de sinal negativo que reduzem a correlaccedilatildeo positiva final

Nomeadamente os gastos com pensotildees e subsiacutedios de desemprego podem estar a

desviar a despesa de outras funccedilotildees sociais com um impacto mais directo sobre a

produtividade como a educaccedilatildeo e a sauacutede

Quadro 2 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social e componentes e o niacutevel

do PIB real per capita 1985-2010 (todos os dados disponiacuteveis)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB) PIB real

per capita

Total 0747

Sauacutede 0791

Educaccedilatildeo 0833

Pensotildees de reforma 0220

Pensotildees por incapacidade 0648

Apoios agraves Famiacutelias 0764

Poliacuteticas Activas do Mercado de Trabalho 0626

Subsiacutedio de Desemprego 0424

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

25

A anaacutelise de correlaccedilatildeo anterior apesar de interessante natildeo permite ter uma

ideia muito rigorosa da existecircncia ou natildeo de causalidade entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico uma vez que se baseia em valores correntes quer da despesa

quer do PIB e como vimos os paiacuteses mais ricos tendem tambeacutem a gastar mais com as

funccedilotildees sociais Por outro lado em termos de efeitos permanentes sobre a taxa de

crescimento eacute mais rigoroso calcular a correlaccedilatildeo entre a despesa e a taxa de

crescimento do PIB real per capita De forma a ter em conta a questatildeo da causalidade

inversa no quadro 2 satildeo apresentados os coeficientes de correlaccedilatildeo entre a meacutedia da

despesa social realizada nos sete paiacuteses no periacuteodo de 1985 a 1999 e o crescimento

meacutedio do PIB verificado nos dez anos seguintes 2000-2010

De acordo com a informaccedilatildeo que consta do quadro 3 o sinal dos coeficientes de

correlaccedilatildeo varia agora consoante o tipo de despesa considerada Relativamente agrave

despesa social total o coeficiente eacute negativo embora natildeo muito elevado -02779 A

justificaccedilatildeo mais imediata para este sinal poderaacute ter a ver com o facto do financiamento

necessaacuterio ter introduzido distorccedilotildees na actividade econoacutemica que prejudicaram o

crescimento Contudo torna-se mais informativo olhar para as diferentes componentes

da despesa social

No que respeita aos coeficientes por tipo de despesa como seria de esperar dada

a consensual relaccedilatildeo entre as despesas em educaccedilatildeo e sauacutede com o crescimento

econoacutemico por via do seu impacto sobre a acumulaccedilatildeo de capital humano3 o sinal eacute

positivo embora de magnitude reduzida 01356 e 00115 respectivamente em especial

no caso das despesas em sauacutede Estes resultados indicam tambeacutem que os coeficientes de

correlaccedilatildeo anteriores contecircm realmente informaccedilatildeo sobre a influecircncia positiva no niacutevel

de rendimento sobre as despesas sociais em educaccedilatildeo e sauacutede O outro coeficiente de

correlaccedilatildeo positivo diz respeito agrave despesa com subsiacutedios de desemprego sendo ateacute a

correlaccedilatildeo mais forte do que nos dois casos anteriores 01733 Isto pode indicar que a

existecircncia deste apoio constituiu um incentivo ao trabalho pela seguranccedila que permite

aos trabalhadores estimulando tambeacutem os mesmos a apostar na sua formaccedilatildeo porque

protegidos em caso de desemprego

Quanto ao impacto negativo das restantes componentes da despesa social

verifica-se que as despesas que apresentam um coeficiente menos negativo satildeo as

pensotildees de reforma e por incapacidade -02298 e -03338 respectivamente enquanto

3 Como vimos na secccedilatildeo 3 o estado de sauacutede mas em especial o niacutevel de escolaridade da populaccedilatildeo

dos paiacuteses escandinavos foram em geral superiores ao dos paiacuteses do Sul ao longo do periacuteodo em anaacutelise

26

ainda menos esperado a correlaccedilatildeo negativa mais forte acontece no caso das poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias -03794 e -03671 respectivamente

No caso das pensotildees de reforma e por incapacidade o sinal natildeo eacute inesperado dado o

esforccedilo que exigem em termos de financiamento e o seu papel mais indirecto na

promoccedilatildeo do crescimento econoacutemico sobretudo via a reduccedilatildeo da desigualdade e da

pobreza No caso das poliacuteticas activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias os

resultados satildeo inesperados a dois niacuteveis sinais e magnitude relativa superior Esperar-

se-ia um sinal positivo face ao descrito logo no iniacutecio da anaacutelise de correlaccedilatildeo ou pelo

menos natildeo tatildeo negativo como nos outros dois casos uma vez que em qualquer situaccedilatildeo

o financiamento necessaacuterio pode ter impacto negativo sobre o crescimento do produto

Quadro 3 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social meacutedia (1985-1999) e a

taxa meacutedia de crescimento do PIB real per capita (2000-2010)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB)

Meacutedia 1985-1999 Taxa meacutedia de crescimento anual do PIB real per capita

(2000-10)

Total -02779

Sauacutede 00115

Educaccedilatildeo 01356

Pensotildees de reforma -02298

Pensotildees por incapacidade -03338

Apoios agraves Famiacutelias -03671

Poliacuteticas Activas do Mercado de

Trabalho -03794

Subsiacutedio de Desemprego 01733

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

Em jeito de conclusatildeo os resultados apontam para uma relaccedilatildeo positiva entre a

despesa social nas vaacuterias aacutereas analisadas e o niacutevel do PIB per capita entre 1985 e 2010

o que eacute indiciador de que estatildeo em actuaccedilatildeo mecanismos de influecircncia da despesa social

que promovem um aumento do niacutevel de rendimento nomeadamente via acumulaccedilatildeo de

capital humano atraveacutes das despesas em educaccedilatildeo e sauacutede Contudo uma anaacutelise mais

rigorosa em termos de possiacuteveis impactos permanentes sobre a taxa de crescimento

econoacutemico revela que os resultados podem divergir bastante em termos de sinal e

magnitude atendendo ao tipo de despesa social considerada Os resultados deste estudo

27

apontam tambeacutem para valores que alguns casos podem ser contraacuterios aos verificados

pelos estudos empiacutericos descritos na secccedilatildeo 2 Tal poderaacute estar relacionado com a

amostra de paiacuteses utilizada assim como o periacuteodo de anaacutelise e metodologia utilizada

5 Conclusotildees

Este trabalho propocircs-se a reflectir sobre a relaccedilatildeo entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico tendo por base a comparaccedilatildeo de dois grupos de paiacuteses

pertencentes agrave Uniatildeo Europeia a Escandinaacutevia e o Sul da Europa A niacutevel teoacuterico as

previsotildees acerca da relaccedilatildeo entre Estado Social e crescimento econoacutemico divergem

sendo possiacutevel encontrar argumentos que justificam a existecircncia de uma relaccedilatildeo

positiva outros que apoiam a verificaccedilatildeo de uma relaccedilatildeo negativa e outros ainda que

apontam no sentido de ausecircncia de qualquer relaccedilatildeo Estas diferentes hipoacuteteses parecem

indicar que cabe agrave anaacutelise empiacuterica determinar o sinal da relaccedilatildeo e o respectivo

contexto

Constituindo uma anaacutelise ainda exploratoacuteria o presente trabalho recorreu a uma

anaacutelise de estatiacutestica descritiva de um conjunto variado de indicadores relevantes para o

periacuteodo de 1985 a 2010 sempre que possiacutevel para analisar empiricamente a relaccedilatildeo

entre despesa social e crescimento econoacutemico

De forma a analisar esta relaccedilatildeo em termos mais detalhados aquela foi

desagregada em diferentes componentes tendo sido utilizados dados relativos a

despesas em educaccedilatildeo sauacutede e em vaacuterias componentes da despesa com a protecccedilatildeo

social como os subsiacutedios de desemprego e incapacidade apoios agraves famiacutelias gastos em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho e em pensotildees de reforma Foram calculados os

coeficientes de correlaccedilatildeo destas com o niacutevel do PIB real per capita numa tentativa de

confirmaccedilatildeo muito preliminar do sinal esperado para a relaccedilatildeo bem como os

coeficientes de correlaccedilatildeo entre os valores meacutedios da despesa das vaacuterias variaacuteveis entre

1985 e 1999 com a taxa de crescimento do PIB per capita entre 2000-10 Os

coeficientes de correlaccedilatildeo no uacuteltimo caso poderatildeo ajudar a compreender se o niacutevel de

gastos verificado entre 1985-99 contribuiacuteram para o crescimento econoacutemico verificado

na deacutecada seguinte

Verificou-se que ao longo do periacuteodo em anaacutelise a despesa social em

percentagem do PIB agregada e nas diferentes aacutereas teve um aumento relativo entre

1985 e 2010 mas no entanto aquela foi sempre mais elevada nos paiacuteses Escandinavos

tendo estes paiacuteses registado tambeacutem valores mais elevados do PIB real per capita

28

relativamente aos paiacuteses do Sul Os resultados apontam para que todas as dimensotildees se

correlacionam positivamente com o niacutevel de rendimento per capita sendo de destacar

que a educaccedilatildeo eacute a componente com coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado seguida

das despesas com sauacutede o que parece confirmar a influecircncia deste tipo de despesa sobre

o comportamento do produto via acumulaccedilatildeo de capital humano No que respeita ao

possiacutevel efeito da despesa social sobre a taxa de crescimento do PIB real per capita o

sinal do coeficiente de correlaccedilatildeo manteacutem-se positivo mas de magnitude bastante

inferior ao dos casos anteriores enquanto a correlaccedilatildeo apresenta um sinal negativo no

caso da despesa social total A correlaccedilatildeo eacute tambeacutem negativa para as diferentes

componentes da despesa como a protecccedilatildeo social com excepccedilatildeo do subsiacutedio de

desemprego Estes resultados apoiam assim a necessidade de ao estudar a relaccedilatildeo entre

Estado Social e crescimento econoacutemico levar a cabo uma anaacutelise desagregada uma vez

que os mecanismos de transmissatildeo podem variar consoante o tipo de despesa social

pelo que a anaacutelise agregada eacute difiacutecil de interpretar em termos econoacutemicos

Em suma o presente estudo poderaacute ajudar a compreender de forma preliminar

como os gastos sociais interagem com o crescimento econoacutemico e quais as aacutereas que

tecircm contribuiacutedo de forma positiva ou negativa para o mesmo Contudo natildeo poderaacute

deixar de se ter em conta a capacidade de outros factores poderem afectar a

performance da economia assim como natildeo se deve negligenciar a importacircncia dos

gastos sociais para a convergecircncia econoacutemica dos paiacuteses do Sul para com os paiacuteses do

Norte da Europa De forma a poder generalizar a anaacutelise e tirar conclusotildees mais

robustas em relaccedilatildeo ao sentido da causalidade e mecanismos de transmissatildeo no futuro

seraacute necessaacuterio utilizar meacutetodos de inferecircncia estatiacutestica adequados e amostras mais

alargadas de paiacuteses

29

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Wang K-M (2011) Health care expenditure and economic growth Quantil panel

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30

Anexos

Graacutefico 1 PIB per capita a preccedilos constantes de 2005 entre 1985 e 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 2 Esperanccedila meacutedia de vida 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

19

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19

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19

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19

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19

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19

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20

00

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01

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02

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04

20

05

20

06

20

07

20

08

20

09

20

10

Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

727374757677787980818283

19

85

19

86

19

87

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19

89

19

90

19

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19

92

19

93

19

94

19

95

19

96

19

97

19

98

19

99

20

00

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20

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20

08

20

09

20

10

Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

31

Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em

cada 1000 nascimentos) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total

da populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

19

85

19

86

19

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19

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19

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19

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19

91

19

92

19

93

19

94

19

95

19

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Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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33

Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB ()1985 e 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

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Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes 2003 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010

Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A

despesa Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009

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apesar de terem aumentado o seu PIB real per capita entre 1985 e 2010 no ano de 2010

Portugal tinha um valor de 1864776 doacutelares e a Greacutecia de 2130896 doacutelares

A opccedilatildeo por comeccedilar a caracterizaccedilatildeo das diferenccedilas entre os paiacuteses da amostra

pelo PIB real per capita deriva em parte do facto de este poder estar relacionado com a

melhoria de alguns indicadores que medem o niacutevel de desenvolvimento humano e que

servem para a construccedilatildeo do Iacutendice de Desenvolvimento Humano como eacute o caso da

diminuiccedilatildeo da taxa de mortalidade infantil e o aumento da esperanccedila meacutedia de vida

Face a isto relativamente ao sector da sauacutede como se pode ver no graacutefico 2 a

esperanccedila meacutedia de vida agrave nascenccedila (EMV) entre 1985 e 2010 aumentou No entanto

apesar de todos os paiacuteses terem registado um aumento da EMV ao longo do periacuteodo

analisado dos paiacuteses escandinavos apenas a Sueacutecia tem no iniacutecio do periacuteodo um valor

superior ao de todos os paiacuteses do Sul Com efeito Espanha Greacutecia e Itaacutelia partem de

uma situaccedilatildeo melhor do que a Dinamarca e a Finlacircndia O paiacutes que regista menor EMV

em 1985 eacute Portugal com 73 anos Em 2010 todos os paiacuteses da periferia ultrapassam os

paiacuteses escandinavos com excepccedilatildeo de Portugal que se manteacutem na uacuteltima posiccedilatildeo

Quanto agrave taxa de mortalidade infantil indicador que traduz o nuacutemero de mortes

de crianccedilas no primeiro ano de vida por cada 1000 nascimentos eacute de imediato

verificaacutevel no graacutefico 3 que ocorreu uma consideraacutevel melhoria neste indicador em

todos os paiacuteses ao longo do periacuteodo analisado Em 1985 a taxa de mortalidade infantil

em Portugal e na Greacutecia era maior do que nos restantes paiacuteses no entanto em 2010 jaacute

registavam um nuacutemero de mortes semelhante aos restantes paiacuteses No caso grego

verificou-se uma passagem das 16 mortes em cada 1000 nascimentos em 1985 para as 4

em 2010 ocorrendo o mesmo em Portugal que passou das 17 para as 4 No que respeita

agrave Escandinaacutevia o nuacutemero de mortes que se verificava no ano de 2010 natildeo era muito

diferente do que se verificava em 1985 e no caso da Finlacircndia houve apenas uma

pequena reduccedilatildeo das 6 para as 2 mortes durante este periacuteodo

A evoluccedilatildeo e composiccedilatildeo demograacutefica dos paiacuteses pode ter um impacto

importante naquela que eacute actualmente uma das componentes da despesa social com

maior peso a despesa com pensotildees Assim atraveacutes da anaacutelise do graacutefico 4 verifica-se

que a taxa de crescimento da populaccedilatildeo em termos anuais foi positiva em todos os

paiacuteses No entanto durante este periacuteodo (1990-2010) apenas Portugal entre 1990 e

1992 registou uma taxa de crescimento negativa que no entanto foi invertida No que

toca ao maior crescimento populacional este deu-se em Espanha entre 1997 e 2003 ao

qual se seguiu apoacutes um periacuteodo de estabilidade entre 2003 e 2007 uma diminuiccedilatildeo

12

acentuada Em termos globais a taxa de crescimento populacional tem vindo a descer

nomeadamente nos paiacuteses do Sul contrariamente aos paiacuteses do Norte Europeu que a

partir de 2000 verificaram um aumento Tal poderaacute dever-se agrave imigraccedilatildeo mas tambeacutem

poderaacute ter-se devido agraves poliacuteticas de apoio agrave natalidade com vista ao combate ao

envelhecimento da populaccedilatildeo Neste acircmbito decompondo a populaccedilatildeo dos paiacuteses da

amostra em faixas etaacuterias populaccedilatildeo jovem (ateacute aos 15 anos de idade) populaccedilatildeo entre

os 15 e 64 anos e populaccedilatildeo idosa (mais de 65 anos) verificamos que existe uma

tendecircncia para a diminuiccedilatildeo da populaccedilatildeo mais jovem face agrave total sendo esse

comportamento mais visiacutevel em Espanha que conforme o graacutefico 5 demonstra em

1985 tinha uma percentagem de jovens de cerca de 233 mas que em 2010

apresentava uma taxa de 149 Um aspecto curioso tem que ver com o facto de neste

periacuteodo de anaacutelise natildeo se ter verificado uma grande diminuiccedilatildeo desta faixa etaacuteria na

Escandinaacutevia sendo que no caso da Dinamarca esta registava em 2010 uma

percentagem de populaccedilatildeo jovem a rondar os 18 os mesmos que em 1985

Por outro lado verifica-se um agravamento do envelhecimento da populaccedilatildeo

com a pior situaccedilatildeo a verificar-se em Itaacutelia e na Greacutecia Entre 1985 e 2010 a

percentagem da populaccedilatildeo italiana com mais de 64 anos passou dos 131 em 1985

para os 203 em 2010 e na Greacutecia verificou-se uma passagem dos 133 para os 19

(ver graacutef 6) Relativamente ao Norte Europeu essa subida eacute mais ligeira e em 2010 a

Finlacircndia apresentava uma percentagem de 171 enquanto que a Dinamarca de 166

No que diz respeito agrave faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entre os 15 e 64 anos verifica-se atraveacutes

do graacutefico 7 que entre 1985 e 1995 a percentagem da populaccedilatildeo compreendida nesta

faixa etaacuteria aumentou No entanto a partir deste periacuteodo verificou-se uma descida dos

valores em alguns paiacuteses como eacute o caso da Itaacutelia onde a populaccedilatildeo pertencente a este

grupo entre 1985 e 2010 passou dos 675 para os 657 resultado talvez de uma

diminuiccedilatildeo da populaccedilatildeo jovem e do aumento da populaccedilatildeo mais idosa podendo isso

dever-se agrave baixa taxa de natalidade

Quanto agrave melhoria dos indicadores relativos agrave educaccedilatildeo verificamos que os

apoios do Estado nesta aacuterea talvez se tenham feito sentir Com efeito de acordo com o

graacutefico 8 a percentagem de populaccedilatildeo activa com apenas o ensino primaacuterio diminuiu

em todos os paiacuteses entre 1995-2010 sendo que no entanto o niacutevel de populaccedilatildeo activa

com apenas este niacutevel de escolaridade eacute mais reduzido nos paiacuteses do Norte como eacute o

caso da Finlacircndia e da Sueacutecia talvez devido ao facto de estes paiacuteses terem tomado haacute

mais tempo consciecircncia da importacircncia da educaccedilatildeo para um bom desempenho

13

econoacutemico (ver graacutef 8) Associado ao comportamento anterior verifica-se que em 2010

existe uma maior percentagem de pessoas com o ensino secundaacuterio e universitaacuterio em

todos os paiacuteses relativamente a 1995 Ao niacutevel do ensino secundaacuterio o graacutefico 9 mostra

que entre 1995 e 2010 verificou-se um aumento de trabalhadores com este niacutevel

acadeacutemico sendo esse impacto maior em Portugal Espanha Greacutecia e Itaacutelia mas no que

toca aos paiacuteses do Norte este nuacutemero foi oscilando Em todo o caso em 1995 os trecircs

paiacuteses escandinavos registavam uma maior percentagem da populaccedilatildeo com o ensino

secundaacuterio relativamente a qualquer dos paiacuteses do Sul sendo em 2010 apenas a

Dinamarca e a Finlacircndia ultrapassadas pela Itaacutelia O niacutevel de escolaridade dos

trabalhadores que mais subiu foi como se pode constatar no graacutefico 10 o universitaacuterio

verificando-se que em paiacuteses como a Finlacircndia a percentagem de trabalhadores com este

niacutevel acadeacutemico passou dos 217 em 1995 para os 373 em 2010 e na Espanha

passou dos 203 para os 33 Neste acircmbito verifica-se em 2010 a Espanha tinha uma

percentagem de indiviacuteduos com ensino superior mais elevada que a Sueacutecia e a

Dinamarca

Outra das componentes da despesa social com mais peso no total eacute a despesa

associada ao subsiacutedio de desemprego Nos anos mais recentes tem-se verificado um

aumento da taxa de desemprego como podemos ver no graacutefico 11 O desemprego pode

por em causa a estabilidade social uma vez que os indiviacuteduos sem emprego ao

perderem a sua fonte de rendimento podem perder qualidade de vida e estarem sujeitos

a situaccedilotildees de pobreza A taxa de desemprego entre 1991 e 2010 foi sempre mais

elevada no Sul em relaccedilatildeo ao Norte Os paiacuteses que apresentavam uma taxa mais elevada

em 2010 foram a Espanha com cerca de 20 seguido da Greacutecia com 125 enquanto

que a taxa de desemprego mais baixa se registou na Escandinaacutevia na Dinamarca onde a

taxa de desemprego em 2010 era de 75

No que diz respeito agrave taxa de desemprego jovem esta tem afectado sobretudo os

jovens do Sul Europeu e parece estar a tornar-se um problema grave para as geraccedilotildees

mais jovens As dificuldades em arranjar emprego podem prender-se com a falta de

experiecircncia por parte dos jovens Como tal estas situaccedilotildees levam a que estes natildeo

tenham nenhum tipo de poupanccedila nem direito a qualquer tipo de subsiacutedio como eacute o caso

do subsiacutedio de desemprego pois natildeo tiveram um passado activo consideraacutevel que lhes

permitisse ter realizado contribuiccedilotildees para a Seguranccedila Social e a ter direito a receber

subsiacutedio de desemprego Por outro lado ao natildeo terem emprego poderatildeo vir a ter

problemas em obter uma boa pensatildeo aquando o final da sua vida activa pois faratildeo

14

menos descontos do que aqueles satildeo necessaacuterios para obter um boa pensatildeo no futuro

podendo estar a comprometer a sua estabilidade financeira apoacutes a sua vida activa No

Norte Europeu paiacuteses como a Dinamarca tecircm investido na resoluccedilatildeo dos problemas

relativos ao desemprego jovem promovendo poliacuteticas de apoio aos jovens que possuem

baixos niacuteveis de estudos e que estejam sem trabalho como salientam Hughes e Borbeacutely-

Pecze (2012) Para tal foram desenvolvidos programas onde os jovens satildeo inseridos em

cursos de formaccedilatildeo praacutetica com vista a que estes adquiram experiecircncia e que os

familiarizem com o local de trabalho promovendo as suas aptidotildees de forma a capacitaacute-

los para o mercado de trabalho para que tragam ganhos de produtividade agrave entidade que

os emprega e consequentemente ao seu paiacutes Ao niacutevel da taxa de desemprego jovem o

graacutefico 12 ajuda-nos a perceber que esta era no ano de 2010 mais elevada na Espanha

com cerca de 424 sendo esta seguida pela Greacutecia com 325 Ao niacutevel das taxas

mais baixas verificamos que que entre 1991 e 2010 quem apresentou a taxa mais baixa

foi a Dinamarca sendo que no ano de 2010 esta apresentava uma taxa de cerca de

139 seguida da Finlacircndia com cerca de 203

Quanto agrave anaacutelise de factores econoacutemicos que possam ser responsaacuteveis pelas

diferenccedilas relativas ao niacutevel de vida iremos comeccedilar por analisar a importacircncia do

sector secundaacuterio e terciaacuterio para o PIB dos diversos paiacuteses na medida em que estes

sectores satildeo os que envolvem uma maior percentagem de indiviacuteduos com habilitaccedilotildees

acadeacutemicas mais elevadas e cujo seu contributo para o produto dos paiacuteses eacute mais

consideraacutevel

No que toca ao sector secundaacuterio verifica-se que entre 1985 e 2010 este tem

vindo a perder importacircncia no PIB de todos os paiacuteses No entanto durante este periacuteodo

verificou-se que o paiacutes que apresentava uma maior percentagem de riqueza gerado por

este sector era Portugal tendo contudo essa importacircncia diminuiacutedo de forma constante

chegando no ano de 2010 a ser de apenas 15 proacuteximo da percentagem da Espanha Eacute

de salientar que a importacircncia deste sector em 2010 era relativamente mais baixa nestes

paiacuteses em relaccedilatildeo agrave Dinamarca ou na Sueacutecia (ver graacutef13) Ao niacutevel do sector terciaacuterio

verificamos atraveacutes do graacutefico 14 que a importacircncia deste sector para a amostra de

paiacuteses em estudo era muito nivelado entre os 60 e os 70 No entanto a partir do ano

2000 verificou-se um aumento relativo da contribuiccedilatildeo deste sector para o PIB dos

vaacuterios paiacuteses sendo de salientar que em 2009 este sector tinha maior peso na produccedilatildeo

de riqueza no caso da Greacutecia contribuindo em cerca de 79 do total do PIB grego

15

enquanto que o mais baixo se verificava na Finlacircndia com cerca de 69 do PIB a ser

gerado por este sector

A anaacutelise da estrutura produtiva de um paiacutes pode ter tambeacutem uma relaccedilatildeo com o

grau de abertura da economia pois este poderaacute trazer algumas vantagens e explicar o

porquecirc de um determinado sector ter ganho mais importacircncia no PIB de um paiacutes Essas

vantagens podem estar relacionadas com a entrada de novos produtos e tecnologias que

normalmente estatildeo relacionados com o sector secundaacuterio e terciaacuterio e que poderatildeo

explicar o crescimento destes sectores Este factor poderaacute ainda estar relacionado com o

niacutevel de educaccedilatildeo de uma populaccedilatildeo pois quanto maior for o desenvolvimento

tecnoloacutegico de um paiacutes tal poderaacute levar agrave necessidade de um reforccedilo na educaccedilatildeo e

formaccedilatildeo profissional para capacitar a matildeo-de-obra para lidar com estas novas

tecnologias Assim o grau de abertura de um paiacutes poderaacute estar relacionado com o

aumento dos gastos em educaccedilatildeo

No que respeita ao grau de abertura da economia medido atraveacutes do volume de

importaccedilotildees e exportaccedilotildees em percentagem do PIB verificou-se que em todos os paiacuteses

em estudo houve uma tendecircncia de crescimento entre 1985 e 2010 Os paiacuteses que no

ano de 2010 apresentavam um grau de abertura mais elevado eram a Dinamarca com

cerca de 953 e a Sueacutecia com cerca de 928 Por outro lado paiacuteses como a Greacutecia e

a Espanha registavam valores muito mais baixos sendo que a Greacutecia apresentava um

niacutevel de cerca de 538 do seu PIB e a Espanha 569 como se pode constatar no

graacutefico 15 No que respeita ao saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes um valor em

percentagem do PIB positivo significa que existe um superavit ou seja que o paiacutes

aumentou os seus activos no estrangeiro Neste aspecto devido agrave falta de dados a

anaacutelise a esta variaacutevel comeccedila a partir de 2003 e consultando a graacutefico 16 verificamos

que ao longo do periacuteodo na Greacutecia Portugal Itaacutelia e Espanha a balanccedila foi sempre

deficitaacuteria sendo as situaccedilotildees mais complicadas a da Greacutecia e a de Portugal que em

2010 apresentavam um deacutefice de 104 e 97 respectivamente Por outro lado a

Dinamarca a Sueacutecia e a Finlacircndia tiveram sempre um excedente

No que toca agrave anaacutelise do saldo orccedilamental este juntamente com a diacutevida puacuteblica

poderaacute ajudar a compreender o estado das financcedilas puacuteblicas de um paiacutes Compreender o

saldo orccedilamental em percentagem do PIB eacute muito importante pois se este demonstrar

um comportamento mais despesista tal iraacute reflectir-se no aumento do endividamento do

Estado que poderaacute ter de levar a uma reduccedilatildeo dos apoios do Estado Social com vista agrave

sustentabilidade financeira do Estado Como forma de controlar as financcedilas puacuteblicas

16

poderatildeo ser necessaacuterios cortes ao niacutevel dos apoios da protecccedilatildeo social bem como a

reduccedilatildeo do orccedilamento do Estado para aacutereas com a sauacutede ou educaccedilatildeo No graacutefico 17 eacute

possiacutevel verificar que no caso de paiacuteses como a Greacutecia Portugal e Itaacutelia no periacuteodo de

estudo verificou-se que estes paiacuteses tiveram sempre um comportamento mais despesista

que os restantes sendo como jaacute vimos esta uma possiacutevel justificaccedilatildeo para o crescimento

da diacutevida puacuteblica nestes paiacuteses Jaacute os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentavam saldos

orccedilamentais mais positivos em relaccedilatildeo aos do Sul da Europa sendo mesmo o saldo

orccedilamental sueco aproximadamente de 0

A diacutevida puacuteblica em percentagem do PIB sempre foi inferior nos paiacuteses do Norte

em relaccedilatildeo aos do Sul Entre 1995 e 2010 verificamos que o niacutevel de diacutevida foi

oscilando no entanto este foi relativamente mais elevado na Greacutecia e na Itaacutelia

chegando no ano de 2010 este a ser cerca de 145 e 1194 do seu PIB

respectivamente No caso da Sueacutecia verificou-se ao longo deste periacuteodo uma tendecircncia

de descida e em 2010 este era de 394 (ver graacutef 18) Um outro factor que pode ter

feito aumentar o niacutevel de diacutevida de alguns paiacuteses do Sul da Europa a partir de 2005

pode ter que ver com o surgimento da crise econoacutemica de 2007 que agravou ainda mais

o niacutevel de diacutevida destes paiacuteses que era jaacute elevado como satildeo exemplos a Greacutecia e

Portugal

Em resumo verificamos que em termos globais os indicadores soacutecio-

econoacutemicos do Sul da Europa satildeo piores que os do Norte Europeu Contudo as

diferenccedilas tecircm vindo a diminuir Por exemplo os indicadores relativos agrave sauacutede e agrave

educaccedilatildeo tecircm demonstrado francas melhorias que talvez resultem do facto dos estados

terem reforccedilado os apoios ao niacutevel destas funccedilotildees sociais Haacute no entanto que ter em

conta que no caso do Sul Europeu o crescente aumento da diacutevida puacuteblica poderaacute

dificultar a continuidade desta acccedilatildeo na medida em que poderaacute levar agrave necessidade de

reformulaccedilotildees que passem por cortes no Estado Social com vista a fazer face ao

crescente endividamento destes Os Estados do Sul Europeu natildeo devem contudo no

periacuteodo actual de crise esquecer a importacircncia que estes sectores tecircm para a coesatildeo

social e potencialmente para o desempenho econoacutemico

4 Despesa Social e Crescimento Econoacutemico anaacutelise comparada de alguns dados

Nesta secccedilatildeo seraacute realizada uma anaacutelise de estatiacutestica descritiva que teraacute como

principal objectivo uma anaacutelise comparada dos dois grupos de paiacuteses em termos de

crescimento econoacutemico e despesa social agregada e por diferentes componentes entre

17

1985 e 2010 Por uacuteltimo procura-se verificar se o sinal da correlaccedilatildeo esperada entre a

despesa social do Estado e o comportamento do produto estaacute de acordo com a literatura

econoacutemica Para tal realizamos apenas uma anaacutelise muito simples e preliminar baseada

no caacutelculo de coeficientes de correlaccedilatildeo entre as despesas em sauacutede educaccedilatildeo e as

vaacuterias componentes da despesa em protecccedilatildeo social e respectivamente o PIB per capita

e a taxa de crescimento do mesmo

Esta anaacutelise foi realizada tendo em conta todos os dados disponiacuteveis na base de

dados da OECD Social Expenditure Database ao niacutevel dos gastos com sauacutede e

protecccedilatildeo social e com os dados disponiacuteveis do Banco Mundial relativamente a despesa

em educaccedilatildeo PIB real per capita para todos os paiacuteses em anaacutelise no periacuteodo entre 1985

e 2010

Antes de passarmos agrave anaacutelise comparada da despesa social e suas componentes

nos paiacuteses da nossa amostra detenhamo-nos na comparaccedilatildeo da respectiva prestaccedilatildeo em

termos de crescimento econoacutemico de acordo com os dados relativos agraves taxas meacutedias de

crescimento anual do PIB real per capita entre 1985 e 2010 e alguns sub-periacuteodos (ver

Quadro 1) Ao longo do periacuteodo total 1985-2010 Portugal e a Espanha foram os paiacuteses

que mais cresceram o que natildeo eacute de estranhar uma vez que partiram de valores do PIB

real per capita dos mais baixos do grupo Seguem-se a estes os paiacuteses escandinavos

Finlacircndia Sueacutecia e Dinamarca enquanto que a Greacutecia e a Itaacutelia foram os paiacuteses que

menos cresceram No caso da Greacutecia a situaccedilatildeo eacute mais insoacutelita uma vez que tal como

Portugal e Espanha partiu de um niacutevel de rendimento relativamente mais baixo e assim

sendo o potencial de crescimento e convergecircncia deveria ter sido superior ao dos paiacuteses

mais ricos Se dividirmos o periacuteodo total em anaacutelise em trecircs sub-periacuteodos 1985-95

1995-05 e 2005-10 verificamos que o desempenho relativo dos paiacuteses se vai alterando

Assim por exemplo a boa prestaccedilatildeo de Portugal entre 1985-2010 parece ter sido

consequecircncia do seu elevado crescimento relativo entre 1985 e 1995 enquanto que nos

outros dois sub-periacuteodos a taxa meacutedia de crescimento anual do seu PIB real per capita eacute

das mais baixas do grupo Os paiacuteses escandinavos tecircm taxas de crescimento relativas

mais elevadas essencialmente entre 1995 e 2005 enquanto a Espanha e a Greacutecia

melhoram o desempenho relativo no segundo e terceiro sub-periacuteodos em especial a

Espanha Em todo o caso registou-se um acentuado abrandamento e do crescimento nos

uacuteltimos cinco anos com a Itaacutelia Sueacutecia Finlacircndia e Portugal a registarem mesmo taxas

crescimento negativas Este fenoacutemeno natildeo pode deixar de ter em conta o iniacutecio da crise

econoacutemica e financeira que teve o seu comeccedilo em 2007-2008

18

Quadro 1 Taxas meacutedias de crescimento anual do PIB real per capita 1985 a 2010

Periacuteodos Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

1985-1995 1639 0940 0555 2140 3600 2698 0970

1995-2005 1682 3377 3243 1128 2025 2591 2831

2005-2010 0025 -0267 0198 -0145 -0441 0207 -0229

1985-2010 1221 1806 1461 1131 2333 2024 1690

Fonte Caacutelculos do autor com base em dados do Banco Mundial

No que diz respeito agrave anaacutelise comparada entre a despesa social dos paiacuteses em

estudo iremos comeccedilar por comparar os niacuteveis de gastos sociais totais2 em percentagem

do PIB ao longo do periacuteodo total 1985-2010 (ver graacutefico 19) Durante todo este periacuteodo

eacute possiacutevel verificar que os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentaram um niacutevel de gastos

sociais totais superior ao dos paiacuteses do Sul Europeu O paiacutes que apresentou um niacutevel de

gastos mais elevado durante a maior parte deste periacuteodo foi a Sueacutecia que apenas o

deixou de ser quando a Dinamarca se assumiu como o paiacutes que mais gastou em despesa

social em 2010 cerca de 306 do PIB Quanto agrave Finlacircndia esta no ano de 2010

tambeacutem ultrapassa a Sueacutecia ao niacutevel de uma maior despesa social Contudo no caso

finlandecircs verifica-se que entre os anos de 1990 e 1992 ocorreu um aumento

consideraacutevel na despesa social ao qual se sucede uma diminuiccedilatildeo gradual dos gastos ateacute

2000 No entanto tal como a Dinamarca e a Sueacutecia este paiacutes apresentava ainda um

niacutevel de gastos superiores ao dos paiacuteses do Sul cerca de 243 do PIB No que respeita

aos paiacuteses da periferia tambeacutem designados paiacuteses do Sul verifica-se que o paiacutes que

mais se conseguiu aproximar do niacutevel de despesa dos paiacuteses da Escandinaacutevia foi a Itaacutelia

que no ano de 2010 gastava cerca de 277 do seu PIB em gastos sociais enquanto que

a Sueacutecia cerca de 283 No entanto verificamos que a Itaacutelia em algumas ocasiotildees foi

ultrapassada pelo niacutevel de gastos da Espanha como eacute o caso do subperiacuteodo entre 1989 e

1996 Quanto aos paiacuteses que canalizaram uma menor percentagem do PIB para a

despesa social verificam-se que estes foram a Espanha Greacutecia e Portugal

Relativamente a estes dois uacuteltimos verificou-se que a Greacutecia apresentava em 1985 um

niacutevel de despesa social consideravelmente maior que Portugal cerca de 161 face aos

101 do PIB de Portugal no entanto essa diferenccedila foi diminuindo Tal resulta de um

2 Os gastos sociais totais incluem a despesa em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado laboral apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social

exceptuando os apoios em educaccedilatildeo

19

evidente aumento da despesa em Portugal e um teacutenue crescimento da Despesa Social

grega chegando Portugal no ano de 2002 a ultrapassar a Greacutecia e no ano de 2010

apresentava um niacutevel de despesa mais elevado de despesa que a Greacutecia cerca de 254

face aos 233 da Greacutecia Na globalidade verificou-se uma tendecircncia de crescimento

contiacutenuo nos paiacuteses escandinavos ateacute ao iniacutecio da deacutecada de 90 seguido de uma

diminuiccedilatildeo ateacute cerca de 2000 No Sul a tendecircncia eacute de crescimento sustentado para a

Greacutecia e Portugal e de oscilaccedilotildees na Espanha e Itaacutelia Eacute tambeacutem notoacuterio que apoacutes a crise

de 2007-08 se verifica de novo um crescimento da despesa relativamente aos paiacuteses do

Norte

No seguimento da anaacutelise comparativa da despesa social em termos globais

efectua-se agora um estudo comparativo entre a despesa do Estado nas vaacuterias

componentes da despesa social educaccedilatildeo sauacutede e protecccedilatildeo social e dentro de estas

com o pagamento de pensotildees de reforma subsiacutedios de invalidez politicas activas do

mercado de trabalho apoios agraves famiacutelias e subsiacutedio de desemprego que correspondem agrave

maioria da despesa social nestes paiacuteses

De acordo com os graacuteficos 20 e 21 os niacuteveis de despesa social quer em sauacutede e

quer em educaccedilatildeo respectivamente dos paiacuteses do Norte face aos do Sul medidos em

percentagem do seu PIB entre 1985 e 2010 satildeo maiores no primeiro grupo de paiacuteses

relativamente ao segundo agrave excepccedilatildeo da Finlacircndia que depois de um periacuteodo de

diminuiccedilatildeo da despesa em sauacutede entre 1992 e 1998 para cerca dos 53 do PIB

verifica de novo um aumento para os 67 verificados em 2010 No entanto situava-se

aqueacutem do verificado em Itaacutelia Espanha e Portugal no mesmo ano que era

respectivamente 73 713 e 712 do PIB Assim sendo a Finlacircndia encontrava-se

soacute a frente da Greacutecia que possuiacutea um niacutevel de gastos de 64 do PIB (ver graacutef 20 e 21)

Nota-se tambeacutem no que diz respeito agrave despesa em sauacutede que a Sueacutecia e a Dinamarca

foram quem mais despenderam nesta aacuterea com niacuteveis de despesa semelhantes Contudo

a partir de 1999 o niacutevel de despesa da Dinamarca passa para frente do da Sueacutecia

tornando-se assim o paiacutes com maior despesa em sauacutede chegando a 2010 a apresentar

um valor de cerca de 94 do PIB face aos 77 da Sueacutecia Eacute importante salientar que

todos os paiacuteses do Sul da Europa verificaram um crescimento sustentado que se traduz

em valores de despesa em sauacutede em percentagem do PIB maiores em 2010 que em

1985 Por fim importa destacar que entre 2009 e 2010 verificou-se uma diminuiccedilatildeo da

despesa para todos os paiacuteses por ventura efeitos da crise que comeccedilou um par de anos

antes

20

No que toca agrave educaccedilatildeo como jaacute foi referido os paiacuteses da Escandinaacutevia

apresentam durante o periacuteodo em anaacutelise um niacutevel de despesa superior nesta mateacuteria em

relaccedilatildeo aos paiacuteses da periferia Neste contexto verificamos que as diferenccedilas relativas

aos niacuteveis de despesa dos vaacuterios paiacuteses em educaccedilatildeo se encontram melhor clarificadas

que as diferenccedilas ao niacutevel da despesa em sauacutede agrave excepccedilatildeo dos anos entre 1987 e 1990

em que os valores da despesa portuguesa foram semelhantes ao da espanhola e dos anos

de 2007 e 2008 em que os valores da Itaacutelia foram semelhantes aos da Espanha Feitas

estas consideraccedilotildees verifica-se a existecircncia de um maior niacutevel de despesa em educaccedilatildeo

por parte da Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia ao longo do periacuteodo e no ano de 2009 o

valor da despesa era respectivamente de 83 72 e 68 do PIB No que toca aos

restantes paiacuteses da amostra os paiacuteses do Sul verificamos que o niacutevel de despesa grego e

portuguecircs foi aumentando chegando o portuguecircs a tornar-se o mais elevado entre os

restantes paiacuteses da periferia a partir de 1994 sem nunca esquecer a ausecircncia de dados

para o ano de 1997 e para a Greacutecia entre 2005 e 2010 No ano de 1994 o valor gasto por

Portugal era cerca de 46 chegando a 2010 aos 56 do PIB Jaacute relativamente agrave Itaacutelia

considerando a quebra de dados para este paiacutes verificamos que esta se encontrava no

topo dos paiacuteses do Sul que mais gastavam nesta aacuterea no entanto como jaacute foi referido

esta foi ultrapassada por Portugal e ateacute mesmo a Espanha a partir de 2007 paiacuteses que

tinham nesse ano respectivamente um niacutevel de gastos de 51 e 434 do PIB face

aos 426 do PIB verificados na Itaacutelia

Relativamente agrave despesa em protecccedilatildeo social entre os paiacuteses em anaacutelise e no

que diz respeito niacutevel gastos em pagamentos de pensotildees de reforma verificamos que

natildeo existe um grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 22) Neste capiacutetulo

verifica-se que em todos os paiacuteses o niacutevel de gastos nesta mateacuteria foi oscilando

Contudo nos subperiacuteodos de 1985-89 e de 1997-2009 este foi mais elevado na Itaacutelia e

a Greacutecia sendo estes ultrapassados apenas entre 1991-95 pela Sueacutecia Estes trecircs paiacuteses

em 2009 ocupavam trecircs das quatro primeiras posiccedilotildees nos gastos em pensotildees

apresentando a Itaacutelia a Greacutecia e a Sueacutecia um niacutevel de gastos de 13 109 e 102

do PIB respectivamente Quanto aos restantes paiacuteses verifica-se que o paiacutes que durante

maior parte do periacuteodo apresentou um niacutevel de despesa mais baixo foi Portugal no

entanto registou um aumento consideraacutevel se em 1985 se encontrava no uacuteltimo posto

com cerca de 33 do seu PIB gasto em pensotildees a partir de 2004 ultrapassou a

Finlacircndia Dinamarca e Espanha apresentando no ano de 2009 uma percentagem de

gastos em pensotildees relativamente ao PIB a rondar os 106 superior ao verificado na

21

Dinamarca (82) na Finlacircndia (102) e Espanha (77) Tal poderaacute ter que ver com

o facto de a populaccedilatildeo em Portugal ter envelhecido a um ritmo mais acelerado que nos

restantes paiacuteses

No que toca aos subsiacutedios de desemprego verificamos tambeacutem que natildeo haacute um

grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 23) Contudo neste capiacutetulo

constata-se que os trecircs paiacuteses que gastaram maior percentagem do PIB em subsiacutedios de

desemprego ao longo do periacuteodo foram a Dinamarca Espanha e Finlacircndia Nestes

paiacuteses verificamos que em 1993 o niacutevel de gastos foi o mais elevado cerca 53 do PIB

no caso dinamarquecircs e de 47 no caso espanhol e finlandecircs sendo uma possiacutevel razatildeo

para esse aumento a crise econoacutemica que ocorreu nesse ano O factor crise econoacutemica

poderaacute tambeacutem ajudar a compreender o porquecirc de na Espanha o niacutevel de gastos ter

subido entre 2008 e 2009 de uma forma abrupta passando dos 22 do PIB para os

35 aumento que poderaacute estar relacionado com a crise econoacutemica de 2007-08 que

poderaacute ter contribuiacutedo para o agravamento da taxa de desemprego espanhola Neste

acircmbito verifica-se tambeacutem que os paiacuteses que apresentaram ao longo deste periacuteodo um

niacutevel de despesa mais reduzido com os subsiacutedios de desemprego foram Portugal Itaacutelia e

Greacutecia que em 2009 eram os que menos gastavam com um niacutevel de despesa de cerca de

07 no caso grego 08 no caso italiano e 12 do PIB no caso portuguecircs Estes

valores ficam bem atraacutes dos verificados no mesmo ano para a Dinamarca (23) e para

a Espanha (35)

Jaacute no que toca agrave despesa social em apoios concedidos agraves famiacutelias em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e em subsiacutedios concedidos a pessoas com incapacidade

verifica-se que os paiacuteses do Norte tecircm um niacutevel de gastos nestas mateacuterias superior ao da

periferia europeia (ver graacuteficos 24 25 e 26) Verifica-se ainda assim uma pequena

excepccedilatildeo no que toca agrave Espanha em que os gastos em poliacuteticas activas no mercado de

trabalho em 1989 e 1990 foram superiores agraves verificadas na Dinamarca que eram cerca

de 08 do PIB face aos 07 despendido pelos dinamarqueses A diferenccedila entre os

dois grupos eacute evidente no caso da despesa relacionada com os apoios agraves famiacutelias onde

se verifica uma diferenccedila consideraacutevel ao longo do periacuteodo de anaacutelise entre o Norte e o

Sul A despesa em aacutereas como as poliacuteticas e com as famiacutelias dentro dos paiacuteses da

Escandinaacutevia foi inicialmente mais elevado na Sueacutecia que chegou a atingir o seu

maacuteximo em 1992 com cerca de 49 do PIB gasto nesta mateacuteria no entanto

progressivamente o niacutevel de despesa da Dinamarca foi-se aproximando da Sueacutecia

chegando ateacute a ultrapassar esta em 1995 No que diz respeito agrave Finlacircndia verificou-se

22

que dos trecircs paiacuteses que compotildeem a Escandinaacutevia eacute aquele que apresenta um niacutevel mais

baixo durante maior parte do periacuteodo em anaacutelise mas no entanto superior aos paiacuteses do

Sul como jaacute foi dito Existe contudo uma excepccedilatildeo para este paiacutes que acontece no ano

de 1994 quando este consegue ser o paiacutes que mais gasta nesta aacuterea cerca de 44 do

PIB superior aos gastos suecos que foram cerca de 43 e dos dinamarqueses cerca de

39 Quanto aos gastos em poliacuteticas activas do mercado de trabalho as diferenccedilas jaacute

natildeo satildeo tatildeo evidentes mas no entanto relativamente aos paiacuteses do Sul verificamos ao

longo de todo o periacuteodo que os paiacuteses que foram apresentando consecutivamente

valores mais elevados de despesa nesta mateacuteria foram Portugal e Espanha que entre

1985 e 2009 sofreram oscilaccedilotildees relativamente aos valores despendidos no entanto em

2009 estes gastavam cerca de 08 e 09 respectivamente um valor mais elevado que

o verificado para a Itaacutelia (04) e para a Greacutecia (02) paiacuteses que ao longo do periacuteodo

observado se ficaram pelos uacuteltimos lugares

Por uacuteltimo abordamos as diferenccedilas entre o Norte e o Sul ao niacutevel de gastos em

pensotildees por incapacidade (ver graacutef 26) Como jaacute foi referido verificamos que o niacutevel

de gastos nesta aacuterea eacute superior no Norte em relaccedilatildeo ao Sul Assim sendo verificamos

que a Sueacutecia e a Finlacircndia foram alternando a lideranccedila relativamente aos paiacuteses que

mais despenderam nestes apoios Entre 1985-91 e 1997-2009 a Sueacutecia realizou um niacutevel

de despesa mais elevado que a Finlacircndia apresentando em 1991 um niacutevel a rondar os

53 face ao gasto pela Finlacircndia que foi cerca de 49 Jaacute em 2009 o niacutevel de gastos

da Sueacutecia foi de 5 do seu PIB maior que o verificado na Finlacircndia 41 enquanto

que para o restante periacuteodo o niacutevel de gastos finlandecircs foi sempre superior ao sueco A

Dinamarca foi dos paiacuteses escandinavos aquele que ao longo da maior parte deste

periacuteodo menos gastou no entanto a partir de 2001 esta ultrapassou o niacutevel de gastos da

Finlacircndia apresentando um niacutevel de despesa de cerca de 38 do PIB face aos 37

verificados no caso finlandecircs Esta ultrapassagem deu-se natildeo soacute pela subida dos gastos

em da Dinamarca nesta aacuterea mas tambeacutem por uma descida da despesa finlandesa No

que toca aos paiacuteses do Sul verificamos que quem gastou relativamente mais durante a

maior parte do periacuteodo entre 1985 e 2009 em subsiacutedios atribuiacutedos a incapacitados

foram Espanha Portugal Itaacutelia e a Greacutecia respectivamente agrave excepccedilatildeo do subperiacuteodo

entre 1985 e 1989 em que a Itaacutelia teve um niacutevel de gastos superiores ao de Portugal

Estes paiacuteses no ano de 2009 apresentavam um niacutevel de gastos a rondar os 27 do PIB

no caso espanhol os 21 no caso portuguecircs os 19 no caso italiano e os 1 no caso

23

grego valores que apesar de serem mais baixos que os verificados nos paiacuteses do Norte

da Europa satildeo mais elevados que os verificados em 1985 para estes paiacuteses

Por fim concluiacutemos esta secccedilatildeo com uma anaacutelise quantitativa muito simples e

preliminar da relaccedilatildeo entre a despesa social e o crescimento econoacutemico que corresponde

ao caacutelculo dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre os vaacuterios tipos de despesa social e o PIB

real per capita e a sua taxa de crescimento De acordo com a revisatildeo da literatura

realizada na secccedilatildeo 2 espera-se que exista uma correlaccedilatildeo positiva entre a despesa

social e o niacutevel de crescimento do PIB na medida ou seja para que esta contribua

efectivamente para uma reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo do rendimento e da

pobreza mas tambeacutem porque certos tipos de despesa social tais como educaccedilatildeo sauacutede

mas tambeacutem os apoios agrave famiacutelia contribuem directamente para a acumulaccedilatildeo de capital

humano Contudo aceitando o argumento de que o financiamento necessaacuterio introduz

distorccedilotildees na actividade econoacutemica que por exemplo desincentivam o trabalho e o

investimento por parte das empresas a correlaccedilatildeo obtida pode ter um sinal negativo Da

mesma forma se despesas como o subsiacutedio de desemprego constituiacuterem um

desincentivo a realizar maior esforccedilo no trabalho tambeacutem o sinal poderaacute ser negativo

Em uacuteltima anaacutelise poderaacute natildeo existir qualquer correlaccedilatildeo se os efeitos de sinal contraacuterio

se compensarem exactamente Finalmente natildeo devemos esquecer que correlaccedilatildeo natildeo

significa causalidade pelo que o sinal obtido se pode dever agrave influecircncia do produto

sobre a despesa social ou agrave influecircncia muacutetua

Com auxiacutelio do Quadro 2 onde se encontram os resultados relativos aos

coeficientes de correlaccedilatildeo entre despesa social e o PIB real per capita verificamos que

tendo em conta os dados disponiacuteveis para todos os paiacuteses e anos os coeficientes de

correlaccedilatildeo entre as vaacuterias despesas sociais e o PIB real per capita satildeo todos positivos

quer no que respeita agrave despesa social total quer agraves suas diferentes componentes Os

coeficientes de correlaccedilatildeo mais elevados dizem respeito agraves despesas em educaccedilatildeo e

sauacutede respectivamente 0833 e 0791 podendo argumentar-se que isto se deve ao seu

contributo directo para a acumulaccedilatildeo de capital humano e que este factor possa ter

trazido ganhos de produtividade agraves economias conforme a literatura econoacutemica defende

Quanto ao efeito das vaacuterias componentes de despesa social em protecccedilatildeo social

verificamos que as aacutereas que possuem um coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado satildeo a

despesa em apoios atribuiacutedos agraves famiacutelias os subsiacutedios atribuiacutedos aos incapacitados e as

poliacuteticas activas do mercado de trabalho (0764 0648 e 0626 respectivamente) A

correlaccedilatildeo mais elevada na primeira e terceira dimensotildees referidas poderaacute ter que ver

24

com o seu papel na reduccedilatildeo da desigualdade e pobreza das famiacutelias mais pobres e dos

incentivos criados juntos das empresas para que estas empreguem mais trabalhadores

No que diz respeito aos subsiacutedios concedidos agraves famiacutelias estes ajudam ao aumento do

rendimento das mesmas e tal como foi dito anteriormente poderaacute ter-se traduzido no

aumento do consumo privado daiacute haver uma relaccedilatildeo positiva com o PIB per capita No

meacutedio-longo prazo pode tambeacutem permitir agraves famiacutelias investir mais no capital humano

dos seus filhos e desta forma contribuir para o aumento do PIB Nas restantes aacutereas

gastos com subsiacutedios de desemprego ou em pensotildees tambeacutem possuem uma relaccedilatildeo

positiva com o PIB per capita indicando que toda a despesa realizada pelos vaacuterios

paiacuteses ao longo deste periacuteodo foi importantes para o aumento do produto na medida em

que estas se incidiram sobre os indiviacuteduos que possuem um niacutevel de rendimento mais

baixo dando um estimulo ao consumo traduzindo-se isso no aumento do produto como

jaacute vimos anteriormente Contudo nestes casos os coeficientes de correlaccedilatildeo de 0424 e

0220 respectivamente satildeo bastante inferiores indicando que poderatildeo estar em

actuaccedilatildeo efeitos de sinal negativo que reduzem a correlaccedilatildeo positiva final

Nomeadamente os gastos com pensotildees e subsiacutedios de desemprego podem estar a

desviar a despesa de outras funccedilotildees sociais com um impacto mais directo sobre a

produtividade como a educaccedilatildeo e a sauacutede

Quadro 2 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social e componentes e o niacutevel

do PIB real per capita 1985-2010 (todos os dados disponiacuteveis)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB) PIB real

per capita

Total 0747

Sauacutede 0791

Educaccedilatildeo 0833

Pensotildees de reforma 0220

Pensotildees por incapacidade 0648

Apoios agraves Famiacutelias 0764

Poliacuteticas Activas do Mercado de Trabalho 0626

Subsiacutedio de Desemprego 0424

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

25

A anaacutelise de correlaccedilatildeo anterior apesar de interessante natildeo permite ter uma

ideia muito rigorosa da existecircncia ou natildeo de causalidade entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico uma vez que se baseia em valores correntes quer da despesa

quer do PIB e como vimos os paiacuteses mais ricos tendem tambeacutem a gastar mais com as

funccedilotildees sociais Por outro lado em termos de efeitos permanentes sobre a taxa de

crescimento eacute mais rigoroso calcular a correlaccedilatildeo entre a despesa e a taxa de

crescimento do PIB real per capita De forma a ter em conta a questatildeo da causalidade

inversa no quadro 2 satildeo apresentados os coeficientes de correlaccedilatildeo entre a meacutedia da

despesa social realizada nos sete paiacuteses no periacuteodo de 1985 a 1999 e o crescimento

meacutedio do PIB verificado nos dez anos seguintes 2000-2010

De acordo com a informaccedilatildeo que consta do quadro 3 o sinal dos coeficientes de

correlaccedilatildeo varia agora consoante o tipo de despesa considerada Relativamente agrave

despesa social total o coeficiente eacute negativo embora natildeo muito elevado -02779 A

justificaccedilatildeo mais imediata para este sinal poderaacute ter a ver com o facto do financiamento

necessaacuterio ter introduzido distorccedilotildees na actividade econoacutemica que prejudicaram o

crescimento Contudo torna-se mais informativo olhar para as diferentes componentes

da despesa social

No que respeita aos coeficientes por tipo de despesa como seria de esperar dada

a consensual relaccedilatildeo entre as despesas em educaccedilatildeo e sauacutede com o crescimento

econoacutemico por via do seu impacto sobre a acumulaccedilatildeo de capital humano3 o sinal eacute

positivo embora de magnitude reduzida 01356 e 00115 respectivamente em especial

no caso das despesas em sauacutede Estes resultados indicam tambeacutem que os coeficientes de

correlaccedilatildeo anteriores contecircm realmente informaccedilatildeo sobre a influecircncia positiva no niacutevel

de rendimento sobre as despesas sociais em educaccedilatildeo e sauacutede O outro coeficiente de

correlaccedilatildeo positivo diz respeito agrave despesa com subsiacutedios de desemprego sendo ateacute a

correlaccedilatildeo mais forte do que nos dois casos anteriores 01733 Isto pode indicar que a

existecircncia deste apoio constituiu um incentivo ao trabalho pela seguranccedila que permite

aos trabalhadores estimulando tambeacutem os mesmos a apostar na sua formaccedilatildeo porque

protegidos em caso de desemprego

Quanto ao impacto negativo das restantes componentes da despesa social

verifica-se que as despesas que apresentam um coeficiente menos negativo satildeo as

pensotildees de reforma e por incapacidade -02298 e -03338 respectivamente enquanto

3 Como vimos na secccedilatildeo 3 o estado de sauacutede mas em especial o niacutevel de escolaridade da populaccedilatildeo

dos paiacuteses escandinavos foram em geral superiores ao dos paiacuteses do Sul ao longo do periacuteodo em anaacutelise

26

ainda menos esperado a correlaccedilatildeo negativa mais forte acontece no caso das poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias -03794 e -03671 respectivamente

No caso das pensotildees de reforma e por incapacidade o sinal natildeo eacute inesperado dado o

esforccedilo que exigem em termos de financiamento e o seu papel mais indirecto na

promoccedilatildeo do crescimento econoacutemico sobretudo via a reduccedilatildeo da desigualdade e da

pobreza No caso das poliacuteticas activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias os

resultados satildeo inesperados a dois niacuteveis sinais e magnitude relativa superior Esperar-

se-ia um sinal positivo face ao descrito logo no iniacutecio da anaacutelise de correlaccedilatildeo ou pelo

menos natildeo tatildeo negativo como nos outros dois casos uma vez que em qualquer situaccedilatildeo

o financiamento necessaacuterio pode ter impacto negativo sobre o crescimento do produto

Quadro 3 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social meacutedia (1985-1999) e a

taxa meacutedia de crescimento do PIB real per capita (2000-2010)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB)

Meacutedia 1985-1999 Taxa meacutedia de crescimento anual do PIB real per capita

(2000-10)

Total -02779

Sauacutede 00115

Educaccedilatildeo 01356

Pensotildees de reforma -02298

Pensotildees por incapacidade -03338

Apoios agraves Famiacutelias -03671

Poliacuteticas Activas do Mercado de

Trabalho -03794

Subsiacutedio de Desemprego 01733

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

Em jeito de conclusatildeo os resultados apontam para uma relaccedilatildeo positiva entre a

despesa social nas vaacuterias aacutereas analisadas e o niacutevel do PIB per capita entre 1985 e 2010

o que eacute indiciador de que estatildeo em actuaccedilatildeo mecanismos de influecircncia da despesa social

que promovem um aumento do niacutevel de rendimento nomeadamente via acumulaccedilatildeo de

capital humano atraveacutes das despesas em educaccedilatildeo e sauacutede Contudo uma anaacutelise mais

rigorosa em termos de possiacuteveis impactos permanentes sobre a taxa de crescimento

econoacutemico revela que os resultados podem divergir bastante em termos de sinal e

magnitude atendendo ao tipo de despesa social considerada Os resultados deste estudo

27

apontam tambeacutem para valores que alguns casos podem ser contraacuterios aos verificados

pelos estudos empiacutericos descritos na secccedilatildeo 2 Tal poderaacute estar relacionado com a

amostra de paiacuteses utilizada assim como o periacuteodo de anaacutelise e metodologia utilizada

5 Conclusotildees

Este trabalho propocircs-se a reflectir sobre a relaccedilatildeo entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico tendo por base a comparaccedilatildeo de dois grupos de paiacuteses

pertencentes agrave Uniatildeo Europeia a Escandinaacutevia e o Sul da Europa A niacutevel teoacuterico as

previsotildees acerca da relaccedilatildeo entre Estado Social e crescimento econoacutemico divergem

sendo possiacutevel encontrar argumentos que justificam a existecircncia de uma relaccedilatildeo

positiva outros que apoiam a verificaccedilatildeo de uma relaccedilatildeo negativa e outros ainda que

apontam no sentido de ausecircncia de qualquer relaccedilatildeo Estas diferentes hipoacuteteses parecem

indicar que cabe agrave anaacutelise empiacuterica determinar o sinal da relaccedilatildeo e o respectivo

contexto

Constituindo uma anaacutelise ainda exploratoacuteria o presente trabalho recorreu a uma

anaacutelise de estatiacutestica descritiva de um conjunto variado de indicadores relevantes para o

periacuteodo de 1985 a 2010 sempre que possiacutevel para analisar empiricamente a relaccedilatildeo

entre despesa social e crescimento econoacutemico

De forma a analisar esta relaccedilatildeo em termos mais detalhados aquela foi

desagregada em diferentes componentes tendo sido utilizados dados relativos a

despesas em educaccedilatildeo sauacutede e em vaacuterias componentes da despesa com a protecccedilatildeo

social como os subsiacutedios de desemprego e incapacidade apoios agraves famiacutelias gastos em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho e em pensotildees de reforma Foram calculados os

coeficientes de correlaccedilatildeo destas com o niacutevel do PIB real per capita numa tentativa de

confirmaccedilatildeo muito preliminar do sinal esperado para a relaccedilatildeo bem como os

coeficientes de correlaccedilatildeo entre os valores meacutedios da despesa das vaacuterias variaacuteveis entre

1985 e 1999 com a taxa de crescimento do PIB per capita entre 2000-10 Os

coeficientes de correlaccedilatildeo no uacuteltimo caso poderatildeo ajudar a compreender se o niacutevel de

gastos verificado entre 1985-99 contribuiacuteram para o crescimento econoacutemico verificado

na deacutecada seguinte

Verificou-se que ao longo do periacuteodo em anaacutelise a despesa social em

percentagem do PIB agregada e nas diferentes aacutereas teve um aumento relativo entre

1985 e 2010 mas no entanto aquela foi sempre mais elevada nos paiacuteses Escandinavos

tendo estes paiacuteses registado tambeacutem valores mais elevados do PIB real per capita

28

relativamente aos paiacuteses do Sul Os resultados apontam para que todas as dimensotildees se

correlacionam positivamente com o niacutevel de rendimento per capita sendo de destacar

que a educaccedilatildeo eacute a componente com coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado seguida

das despesas com sauacutede o que parece confirmar a influecircncia deste tipo de despesa sobre

o comportamento do produto via acumulaccedilatildeo de capital humano No que respeita ao

possiacutevel efeito da despesa social sobre a taxa de crescimento do PIB real per capita o

sinal do coeficiente de correlaccedilatildeo manteacutem-se positivo mas de magnitude bastante

inferior ao dos casos anteriores enquanto a correlaccedilatildeo apresenta um sinal negativo no

caso da despesa social total A correlaccedilatildeo eacute tambeacutem negativa para as diferentes

componentes da despesa como a protecccedilatildeo social com excepccedilatildeo do subsiacutedio de

desemprego Estes resultados apoiam assim a necessidade de ao estudar a relaccedilatildeo entre

Estado Social e crescimento econoacutemico levar a cabo uma anaacutelise desagregada uma vez

que os mecanismos de transmissatildeo podem variar consoante o tipo de despesa social

pelo que a anaacutelise agregada eacute difiacutecil de interpretar em termos econoacutemicos

Em suma o presente estudo poderaacute ajudar a compreender de forma preliminar

como os gastos sociais interagem com o crescimento econoacutemico e quais as aacutereas que

tecircm contribuiacutedo de forma positiva ou negativa para o mesmo Contudo natildeo poderaacute

deixar de se ter em conta a capacidade de outros factores poderem afectar a

performance da economia assim como natildeo se deve negligenciar a importacircncia dos

gastos sociais para a convergecircncia econoacutemica dos paiacuteses do Sul para com os paiacuteses do

Norte da Europa De forma a poder generalizar a anaacutelise e tirar conclusotildees mais

robustas em relaccedilatildeo ao sentido da causalidade e mecanismos de transmissatildeo no futuro

seraacute necessaacuterio utilizar meacutetodos de inferecircncia estatiacutestica adequados e amostras mais

alargadas de paiacuteses

29

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30

Anexos

Graacutefico 1 PIB per capita a preccedilos constantes de 2005 entre 1985 e 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 2 Esperanccedila meacutedia de vida 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

31

Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em

cada 1000 nascimentos) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total

da populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

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Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

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Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

33

Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB ()1985 e 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

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Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes 2003 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010

Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A

despesa Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte OCDE

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009

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acentuada Em termos globais a taxa de crescimento populacional tem vindo a descer

nomeadamente nos paiacuteses do Sul contrariamente aos paiacuteses do Norte Europeu que a

partir de 2000 verificaram um aumento Tal poderaacute dever-se agrave imigraccedilatildeo mas tambeacutem

poderaacute ter-se devido agraves poliacuteticas de apoio agrave natalidade com vista ao combate ao

envelhecimento da populaccedilatildeo Neste acircmbito decompondo a populaccedilatildeo dos paiacuteses da

amostra em faixas etaacuterias populaccedilatildeo jovem (ateacute aos 15 anos de idade) populaccedilatildeo entre

os 15 e 64 anos e populaccedilatildeo idosa (mais de 65 anos) verificamos que existe uma

tendecircncia para a diminuiccedilatildeo da populaccedilatildeo mais jovem face agrave total sendo esse

comportamento mais visiacutevel em Espanha que conforme o graacutefico 5 demonstra em

1985 tinha uma percentagem de jovens de cerca de 233 mas que em 2010

apresentava uma taxa de 149 Um aspecto curioso tem que ver com o facto de neste

periacuteodo de anaacutelise natildeo se ter verificado uma grande diminuiccedilatildeo desta faixa etaacuteria na

Escandinaacutevia sendo que no caso da Dinamarca esta registava em 2010 uma

percentagem de populaccedilatildeo jovem a rondar os 18 os mesmos que em 1985

Por outro lado verifica-se um agravamento do envelhecimento da populaccedilatildeo

com a pior situaccedilatildeo a verificar-se em Itaacutelia e na Greacutecia Entre 1985 e 2010 a

percentagem da populaccedilatildeo italiana com mais de 64 anos passou dos 131 em 1985

para os 203 em 2010 e na Greacutecia verificou-se uma passagem dos 133 para os 19

(ver graacutef 6) Relativamente ao Norte Europeu essa subida eacute mais ligeira e em 2010 a

Finlacircndia apresentava uma percentagem de 171 enquanto que a Dinamarca de 166

No que diz respeito agrave faixa etaacuteria da populaccedilatildeo entre os 15 e 64 anos verifica-se atraveacutes

do graacutefico 7 que entre 1985 e 1995 a percentagem da populaccedilatildeo compreendida nesta

faixa etaacuteria aumentou No entanto a partir deste periacuteodo verificou-se uma descida dos

valores em alguns paiacuteses como eacute o caso da Itaacutelia onde a populaccedilatildeo pertencente a este

grupo entre 1985 e 2010 passou dos 675 para os 657 resultado talvez de uma

diminuiccedilatildeo da populaccedilatildeo jovem e do aumento da populaccedilatildeo mais idosa podendo isso

dever-se agrave baixa taxa de natalidade

Quanto agrave melhoria dos indicadores relativos agrave educaccedilatildeo verificamos que os

apoios do Estado nesta aacuterea talvez se tenham feito sentir Com efeito de acordo com o

graacutefico 8 a percentagem de populaccedilatildeo activa com apenas o ensino primaacuterio diminuiu

em todos os paiacuteses entre 1995-2010 sendo que no entanto o niacutevel de populaccedilatildeo activa

com apenas este niacutevel de escolaridade eacute mais reduzido nos paiacuteses do Norte como eacute o

caso da Finlacircndia e da Sueacutecia talvez devido ao facto de estes paiacuteses terem tomado haacute

mais tempo consciecircncia da importacircncia da educaccedilatildeo para um bom desempenho

13

econoacutemico (ver graacutef 8) Associado ao comportamento anterior verifica-se que em 2010

existe uma maior percentagem de pessoas com o ensino secundaacuterio e universitaacuterio em

todos os paiacuteses relativamente a 1995 Ao niacutevel do ensino secundaacuterio o graacutefico 9 mostra

que entre 1995 e 2010 verificou-se um aumento de trabalhadores com este niacutevel

acadeacutemico sendo esse impacto maior em Portugal Espanha Greacutecia e Itaacutelia mas no que

toca aos paiacuteses do Norte este nuacutemero foi oscilando Em todo o caso em 1995 os trecircs

paiacuteses escandinavos registavam uma maior percentagem da populaccedilatildeo com o ensino

secundaacuterio relativamente a qualquer dos paiacuteses do Sul sendo em 2010 apenas a

Dinamarca e a Finlacircndia ultrapassadas pela Itaacutelia O niacutevel de escolaridade dos

trabalhadores que mais subiu foi como se pode constatar no graacutefico 10 o universitaacuterio

verificando-se que em paiacuteses como a Finlacircndia a percentagem de trabalhadores com este

niacutevel acadeacutemico passou dos 217 em 1995 para os 373 em 2010 e na Espanha

passou dos 203 para os 33 Neste acircmbito verifica-se em 2010 a Espanha tinha uma

percentagem de indiviacuteduos com ensino superior mais elevada que a Sueacutecia e a

Dinamarca

Outra das componentes da despesa social com mais peso no total eacute a despesa

associada ao subsiacutedio de desemprego Nos anos mais recentes tem-se verificado um

aumento da taxa de desemprego como podemos ver no graacutefico 11 O desemprego pode

por em causa a estabilidade social uma vez que os indiviacuteduos sem emprego ao

perderem a sua fonte de rendimento podem perder qualidade de vida e estarem sujeitos

a situaccedilotildees de pobreza A taxa de desemprego entre 1991 e 2010 foi sempre mais

elevada no Sul em relaccedilatildeo ao Norte Os paiacuteses que apresentavam uma taxa mais elevada

em 2010 foram a Espanha com cerca de 20 seguido da Greacutecia com 125 enquanto

que a taxa de desemprego mais baixa se registou na Escandinaacutevia na Dinamarca onde a

taxa de desemprego em 2010 era de 75

No que diz respeito agrave taxa de desemprego jovem esta tem afectado sobretudo os

jovens do Sul Europeu e parece estar a tornar-se um problema grave para as geraccedilotildees

mais jovens As dificuldades em arranjar emprego podem prender-se com a falta de

experiecircncia por parte dos jovens Como tal estas situaccedilotildees levam a que estes natildeo

tenham nenhum tipo de poupanccedila nem direito a qualquer tipo de subsiacutedio como eacute o caso

do subsiacutedio de desemprego pois natildeo tiveram um passado activo consideraacutevel que lhes

permitisse ter realizado contribuiccedilotildees para a Seguranccedila Social e a ter direito a receber

subsiacutedio de desemprego Por outro lado ao natildeo terem emprego poderatildeo vir a ter

problemas em obter uma boa pensatildeo aquando o final da sua vida activa pois faratildeo

14

menos descontos do que aqueles satildeo necessaacuterios para obter um boa pensatildeo no futuro

podendo estar a comprometer a sua estabilidade financeira apoacutes a sua vida activa No

Norte Europeu paiacuteses como a Dinamarca tecircm investido na resoluccedilatildeo dos problemas

relativos ao desemprego jovem promovendo poliacuteticas de apoio aos jovens que possuem

baixos niacuteveis de estudos e que estejam sem trabalho como salientam Hughes e Borbeacutely-

Pecze (2012) Para tal foram desenvolvidos programas onde os jovens satildeo inseridos em

cursos de formaccedilatildeo praacutetica com vista a que estes adquiram experiecircncia e que os

familiarizem com o local de trabalho promovendo as suas aptidotildees de forma a capacitaacute-

los para o mercado de trabalho para que tragam ganhos de produtividade agrave entidade que

os emprega e consequentemente ao seu paiacutes Ao niacutevel da taxa de desemprego jovem o

graacutefico 12 ajuda-nos a perceber que esta era no ano de 2010 mais elevada na Espanha

com cerca de 424 sendo esta seguida pela Greacutecia com 325 Ao niacutevel das taxas

mais baixas verificamos que que entre 1991 e 2010 quem apresentou a taxa mais baixa

foi a Dinamarca sendo que no ano de 2010 esta apresentava uma taxa de cerca de

139 seguida da Finlacircndia com cerca de 203

Quanto agrave anaacutelise de factores econoacutemicos que possam ser responsaacuteveis pelas

diferenccedilas relativas ao niacutevel de vida iremos comeccedilar por analisar a importacircncia do

sector secundaacuterio e terciaacuterio para o PIB dos diversos paiacuteses na medida em que estes

sectores satildeo os que envolvem uma maior percentagem de indiviacuteduos com habilitaccedilotildees

acadeacutemicas mais elevadas e cujo seu contributo para o produto dos paiacuteses eacute mais

consideraacutevel

No que toca ao sector secundaacuterio verifica-se que entre 1985 e 2010 este tem

vindo a perder importacircncia no PIB de todos os paiacuteses No entanto durante este periacuteodo

verificou-se que o paiacutes que apresentava uma maior percentagem de riqueza gerado por

este sector era Portugal tendo contudo essa importacircncia diminuiacutedo de forma constante

chegando no ano de 2010 a ser de apenas 15 proacuteximo da percentagem da Espanha Eacute

de salientar que a importacircncia deste sector em 2010 era relativamente mais baixa nestes

paiacuteses em relaccedilatildeo agrave Dinamarca ou na Sueacutecia (ver graacutef13) Ao niacutevel do sector terciaacuterio

verificamos atraveacutes do graacutefico 14 que a importacircncia deste sector para a amostra de

paiacuteses em estudo era muito nivelado entre os 60 e os 70 No entanto a partir do ano

2000 verificou-se um aumento relativo da contribuiccedilatildeo deste sector para o PIB dos

vaacuterios paiacuteses sendo de salientar que em 2009 este sector tinha maior peso na produccedilatildeo

de riqueza no caso da Greacutecia contribuindo em cerca de 79 do total do PIB grego

15

enquanto que o mais baixo se verificava na Finlacircndia com cerca de 69 do PIB a ser

gerado por este sector

A anaacutelise da estrutura produtiva de um paiacutes pode ter tambeacutem uma relaccedilatildeo com o

grau de abertura da economia pois este poderaacute trazer algumas vantagens e explicar o

porquecirc de um determinado sector ter ganho mais importacircncia no PIB de um paiacutes Essas

vantagens podem estar relacionadas com a entrada de novos produtos e tecnologias que

normalmente estatildeo relacionados com o sector secundaacuterio e terciaacuterio e que poderatildeo

explicar o crescimento destes sectores Este factor poderaacute ainda estar relacionado com o

niacutevel de educaccedilatildeo de uma populaccedilatildeo pois quanto maior for o desenvolvimento

tecnoloacutegico de um paiacutes tal poderaacute levar agrave necessidade de um reforccedilo na educaccedilatildeo e

formaccedilatildeo profissional para capacitar a matildeo-de-obra para lidar com estas novas

tecnologias Assim o grau de abertura de um paiacutes poderaacute estar relacionado com o

aumento dos gastos em educaccedilatildeo

No que respeita ao grau de abertura da economia medido atraveacutes do volume de

importaccedilotildees e exportaccedilotildees em percentagem do PIB verificou-se que em todos os paiacuteses

em estudo houve uma tendecircncia de crescimento entre 1985 e 2010 Os paiacuteses que no

ano de 2010 apresentavam um grau de abertura mais elevado eram a Dinamarca com

cerca de 953 e a Sueacutecia com cerca de 928 Por outro lado paiacuteses como a Greacutecia e

a Espanha registavam valores muito mais baixos sendo que a Greacutecia apresentava um

niacutevel de cerca de 538 do seu PIB e a Espanha 569 como se pode constatar no

graacutefico 15 No que respeita ao saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes um valor em

percentagem do PIB positivo significa que existe um superavit ou seja que o paiacutes

aumentou os seus activos no estrangeiro Neste aspecto devido agrave falta de dados a

anaacutelise a esta variaacutevel comeccedila a partir de 2003 e consultando a graacutefico 16 verificamos

que ao longo do periacuteodo na Greacutecia Portugal Itaacutelia e Espanha a balanccedila foi sempre

deficitaacuteria sendo as situaccedilotildees mais complicadas a da Greacutecia e a de Portugal que em

2010 apresentavam um deacutefice de 104 e 97 respectivamente Por outro lado a

Dinamarca a Sueacutecia e a Finlacircndia tiveram sempre um excedente

No que toca agrave anaacutelise do saldo orccedilamental este juntamente com a diacutevida puacuteblica

poderaacute ajudar a compreender o estado das financcedilas puacuteblicas de um paiacutes Compreender o

saldo orccedilamental em percentagem do PIB eacute muito importante pois se este demonstrar

um comportamento mais despesista tal iraacute reflectir-se no aumento do endividamento do

Estado que poderaacute ter de levar a uma reduccedilatildeo dos apoios do Estado Social com vista agrave

sustentabilidade financeira do Estado Como forma de controlar as financcedilas puacuteblicas

16

poderatildeo ser necessaacuterios cortes ao niacutevel dos apoios da protecccedilatildeo social bem como a

reduccedilatildeo do orccedilamento do Estado para aacutereas com a sauacutede ou educaccedilatildeo No graacutefico 17 eacute

possiacutevel verificar que no caso de paiacuteses como a Greacutecia Portugal e Itaacutelia no periacuteodo de

estudo verificou-se que estes paiacuteses tiveram sempre um comportamento mais despesista

que os restantes sendo como jaacute vimos esta uma possiacutevel justificaccedilatildeo para o crescimento

da diacutevida puacuteblica nestes paiacuteses Jaacute os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentavam saldos

orccedilamentais mais positivos em relaccedilatildeo aos do Sul da Europa sendo mesmo o saldo

orccedilamental sueco aproximadamente de 0

A diacutevida puacuteblica em percentagem do PIB sempre foi inferior nos paiacuteses do Norte

em relaccedilatildeo aos do Sul Entre 1995 e 2010 verificamos que o niacutevel de diacutevida foi

oscilando no entanto este foi relativamente mais elevado na Greacutecia e na Itaacutelia

chegando no ano de 2010 este a ser cerca de 145 e 1194 do seu PIB

respectivamente No caso da Sueacutecia verificou-se ao longo deste periacuteodo uma tendecircncia

de descida e em 2010 este era de 394 (ver graacutef 18) Um outro factor que pode ter

feito aumentar o niacutevel de diacutevida de alguns paiacuteses do Sul da Europa a partir de 2005

pode ter que ver com o surgimento da crise econoacutemica de 2007 que agravou ainda mais

o niacutevel de diacutevida destes paiacuteses que era jaacute elevado como satildeo exemplos a Greacutecia e

Portugal

Em resumo verificamos que em termos globais os indicadores soacutecio-

econoacutemicos do Sul da Europa satildeo piores que os do Norte Europeu Contudo as

diferenccedilas tecircm vindo a diminuir Por exemplo os indicadores relativos agrave sauacutede e agrave

educaccedilatildeo tecircm demonstrado francas melhorias que talvez resultem do facto dos estados

terem reforccedilado os apoios ao niacutevel destas funccedilotildees sociais Haacute no entanto que ter em

conta que no caso do Sul Europeu o crescente aumento da diacutevida puacuteblica poderaacute

dificultar a continuidade desta acccedilatildeo na medida em que poderaacute levar agrave necessidade de

reformulaccedilotildees que passem por cortes no Estado Social com vista a fazer face ao

crescente endividamento destes Os Estados do Sul Europeu natildeo devem contudo no

periacuteodo actual de crise esquecer a importacircncia que estes sectores tecircm para a coesatildeo

social e potencialmente para o desempenho econoacutemico

4 Despesa Social e Crescimento Econoacutemico anaacutelise comparada de alguns dados

Nesta secccedilatildeo seraacute realizada uma anaacutelise de estatiacutestica descritiva que teraacute como

principal objectivo uma anaacutelise comparada dos dois grupos de paiacuteses em termos de

crescimento econoacutemico e despesa social agregada e por diferentes componentes entre

17

1985 e 2010 Por uacuteltimo procura-se verificar se o sinal da correlaccedilatildeo esperada entre a

despesa social do Estado e o comportamento do produto estaacute de acordo com a literatura

econoacutemica Para tal realizamos apenas uma anaacutelise muito simples e preliminar baseada

no caacutelculo de coeficientes de correlaccedilatildeo entre as despesas em sauacutede educaccedilatildeo e as

vaacuterias componentes da despesa em protecccedilatildeo social e respectivamente o PIB per capita

e a taxa de crescimento do mesmo

Esta anaacutelise foi realizada tendo em conta todos os dados disponiacuteveis na base de

dados da OECD Social Expenditure Database ao niacutevel dos gastos com sauacutede e

protecccedilatildeo social e com os dados disponiacuteveis do Banco Mundial relativamente a despesa

em educaccedilatildeo PIB real per capita para todos os paiacuteses em anaacutelise no periacuteodo entre 1985

e 2010

Antes de passarmos agrave anaacutelise comparada da despesa social e suas componentes

nos paiacuteses da nossa amostra detenhamo-nos na comparaccedilatildeo da respectiva prestaccedilatildeo em

termos de crescimento econoacutemico de acordo com os dados relativos agraves taxas meacutedias de

crescimento anual do PIB real per capita entre 1985 e 2010 e alguns sub-periacuteodos (ver

Quadro 1) Ao longo do periacuteodo total 1985-2010 Portugal e a Espanha foram os paiacuteses

que mais cresceram o que natildeo eacute de estranhar uma vez que partiram de valores do PIB

real per capita dos mais baixos do grupo Seguem-se a estes os paiacuteses escandinavos

Finlacircndia Sueacutecia e Dinamarca enquanto que a Greacutecia e a Itaacutelia foram os paiacuteses que

menos cresceram No caso da Greacutecia a situaccedilatildeo eacute mais insoacutelita uma vez que tal como

Portugal e Espanha partiu de um niacutevel de rendimento relativamente mais baixo e assim

sendo o potencial de crescimento e convergecircncia deveria ter sido superior ao dos paiacuteses

mais ricos Se dividirmos o periacuteodo total em anaacutelise em trecircs sub-periacuteodos 1985-95

1995-05 e 2005-10 verificamos que o desempenho relativo dos paiacuteses se vai alterando

Assim por exemplo a boa prestaccedilatildeo de Portugal entre 1985-2010 parece ter sido

consequecircncia do seu elevado crescimento relativo entre 1985 e 1995 enquanto que nos

outros dois sub-periacuteodos a taxa meacutedia de crescimento anual do seu PIB real per capita eacute

das mais baixas do grupo Os paiacuteses escandinavos tecircm taxas de crescimento relativas

mais elevadas essencialmente entre 1995 e 2005 enquanto a Espanha e a Greacutecia

melhoram o desempenho relativo no segundo e terceiro sub-periacuteodos em especial a

Espanha Em todo o caso registou-se um acentuado abrandamento e do crescimento nos

uacuteltimos cinco anos com a Itaacutelia Sueacutecia Finlacircndia e Portugal a registarem mesmo taxas

crescimento negativas Este fenoacutemeno natildeo pode deixar de ter em conta o iniacutecio da crise

econoacutemica e financeira que teve o seu comeccedilo em 2007-2008

18

Quadro 1 Taxas meacutedias de crescimento anual do PIB real per capita 1985 a 2010

Periacuteodos Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

1985-1995 1639 0940 0555 2140 3600 2698 0970

1995-2005 1682 3377 3243 1128 2025 2591 2831

2005-2010 0025 -0267 0198 -0145 -0441 0207 -0229

1985-2010 1221 1806 1461 1131 2333 2024 1690

Fonte Caacutelculos do autor com base em dados do Banco Mundial

No que diz respeito agrave anaacutelise comparada entre a despesa social dos paiacuteses em

estudo iremos comeccedilar por comparar os niacuteveis de gastos sociais totais2 em percentagem

do PIB ao longo do periacuteodo total 1985-2010 (ver graacutefico 19) Durante todo este periacuteodo

eacute possiacutevel verificar que os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentaram um niacutevel de gastos

sociais totais superior ao dos paiacuteses do Sul Europeu O paiacutes que apresentou um niacutevel de

gastos mais elevado durante a maior parte deste periacuteodo foi a Sueacutecia que apenas o

deixou de ser quando a Dinamarca se assumiu como o paiacutes que mais gastou em despesa

social em 2010 cerca de 306 do PIB Quanto agrave Finlacircndia esta no ano de 2010

tambeacutem ultrapassa a Sueacutecia ao niacutevel de uma maior despesa social Contudo no caso

finlandecircs verifica-se que entre os anos de 1990 e 1992 ocorreu um aumento

consideraacutevel na despesa social ao qual se sucede uma diminuiccedilatildeo gradual dos gastos ateacute

2000 No entanto tal como a Dinamarca e a Sueacutecia este paiacutes apresentava ainda um

niacutevel de gastos superiores ao dos paiacuteses do Sul cerca de 243 do PIB No que respeita

aos paiacuteses da periferia tambeacutem designados paiacuteses do Sul verifica-se que o paiacutes que

mais se conseguiu aproximar do niacutevel de despesa dos paiacuteses da Escandinaacutevia foi a Itaacutelia

que no ano de 2010 gastava cerca de 277 do seu PIB em gastos sociais enquanto que

a Sueacutecia cerca de 283 No entanto verificamos que a Itaacutelia em algumas ocasiotildees foi

ultrapassada pelo niacutevel de gastos da Espanha como eacute o caso do subperiacuteodo entre 1989 e

1996 Quanto aos paiacuteses que canalizaram uma menor percentagem do PIB para a

despesa social verificam-se que estes foram a Espanha Greacutecia e Portugal

Relativamente a estes dois uacuteltimos verificou-se que a Greacutecia apresentava em 1985 um

niacutevel de despesa social consideravelmente maior que Portugal cerca de 161 face aos

101 do PIB de Portugal no entanto essa diferenccedila foi diminuindo Tal resulta de um

2 Os gastos sociais totais incluem a despesa em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado laboral apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social

exceptuando os apoios em educaccedilatildeo

19

evidente aumento da despesa em Portugal e um teacutenue crescimento da Despesa Social

grega chegando Portugal no ano de 2002 a ultrapassar a Greacutecia e no ano de 2010

apresentava um niacutevel de despesa mais elevado de despesa que a Greacutecia cerca de 254

face aos 233 da Greacutecia Na globalidade verificou-se uma tendecircncia de crescimento

contiacutenuo nos paiacuteses escandinavos ateacute ao iniacutecio da deacutecada de 90 seguido de uma

diminuiccedilatildeo ateacute cerca de 2000 No Sul a tendecircncia eacute de crescimento sustentado para a

Greacutecia e Portugal e de oscilaccedilotildees na Espanha e Itaacutelia Eacute tambeacutem notoacuterio que apoacutes a crise

de 2007-08 se verifica de novo um crescimento da despesa relativamente aos paiacuteses do

Norte

No seguimento da anaacutelise comparativa da despesa social em termos globais

efectua-se agora um estudo comparativo entre a despesa do Estado nas vaacuterias

componentes da despesa social educaccedilatildeo sauacutede e protecccedilatildeo social e dentro de estas

com o pagamento de pensotildees de reforma subsiacutedios de invalidez politicas activas do

mercado de trabalho apoios agraves famiacutelias e subsiacutedio de desemprego que correspondem agrave

maioria da despesa social nestes paiacuteses

De acordo com os graacuteficos 20 e 21 os niacuteveis de despesa social quer em sauacutede e

quer em educaccedilatildeo respectivamente dos paiacuteses do Norte face aos do Sul medidos em

percentagem do seu PIB entre 1985 e 2010 satildeo maiores no primeiro grupo de paiacuteses

relativamente ao segundo agrave excepccedilatildeo da Finlacircndia que depois de um periacuteodo de

diminuiccedilatildeo da despesa em sauacutede entre 1992 e 1998 para cerca dos 53 do PIB

verifica de novo um aumento para os 67 verificados em 2010 No entanto situava-se

aqueacutem do verificado em Itaacutelia Espanha e Portugal no mesmo ano que era

respectivamente 73 713 e 712 do PIB Assim sendo a Finlacircndia encontrava-se

soacute a frente da Greacutecia que possuiacutea um niacutevel de gastos de 64 do PIB (ver graacutef 20 e 21)

Nota-se tambeacutem no que diz respeito agrave despesa em sauacutede que a Sueacutecia e a Dinamarca

foram quem mais despenderam nesta aacuterea com niacuteveis de despesa semelhantes Contudo

a partir de 1999 o niacutevel de despesa da Dinamarca passa para frente do da Sueacutecia

tornando-se assim o paiacutes com maior despesa em sauacutede chegando a 2010 a apresentar

um valor de cerca de 94 do PIB face aos 77 da Sueacutecia Eacute importante salientar que

todos os paiacuteses do Sul da Europa verificaram um crescimento sustentado que se traduz

em valores de despesa em sauacutede em percentagem do PIB maiores em 2010 que em

1985 Por fim importa destacar que entre 2009 e 2010 verificou-se uma diminuiccedilatildeo da

despesa para todos os paiacuteses por ventura efeitos da crise que comeccedilou um par de anos

antes

20

No que toca agrave educaccedilatildeo como jaacute foi referido os paiacuteses da Escandinaacutevia

apresentam durante o periacuteodo em anaacutelise um niacutevel de despesa superior nesta mateacuteria em

relaccedilatildeo aos paiacuteses da periferia Neste contexto verificamos que as diferenccedilas relativas

aos niacuteveis de despesa dos vaacuterios paiacuteses em educaccedilatildeo se encontram melhor clarificadas

que as diferenccedilas ao niacutevel da despesa em sauacutede agrave excepccedilatildeo dos anos entre 1987 e 1990

em que os valores da despesa portuguesa foram semelhantes ao da espanhola e dos anos

de 2007 e 2008 em que os valores da Itaacutelia foram semelhantes aos da Espanha Feitas

estas consideraccedilotildees verifica-se a existecircncia de um maior niacutevel de despesa em educaccedilatildeo

por parte da Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia ao longo do periacuteodo e no ano de 2009 o

valor da despesa era respectivamente de 83 72 e 68 do PIB No que toca aos

restantes paiacuteses da amostra os paiacuteses do Sul verificamos que o niacutevel de despesa grego e

portuguecircs foi aumentando chegando o portuguecircs a tornar-se o mais elevado entre os

restantes paiacuteses da periferia a partir de 1994 sem nunca esquecer a ausecircncia de dados

para o ano de 1997 e para a Greacutecia entre 2005 e 2010 No ano de 1994 o valor gasto por

Portugal era cerca de 46 chegando a 2010 aos 56 do PIB Jaacute relativamente agrave Itaacutelia

considerando a quebra de dados para este paiacutes verificamos que esta se encontrava no

topo dos paiacuteses do Sul que mais gastavam nesta aacuterea no entanto como jaacute foi referido

esta foi ultrapassada por Portugal e ateacute mesmo a Espanha a partir de 2007 paiacuteses que

tinham nesse ano respectivamente um niacutevel de gastos de 51 e 434 do PIB face

aos 426 do PIB verificados na Itaacutelia

Relativamente agrave despesa em protecccedilatildeo social entre os paiacuteses em anaacutelise e no

que diz respeito niacutevel gastos em pagamentos de pensotildees de reforma verificamos que

natildeo existe um grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 22) Neste capiacutetulo

verifica-se que em todos os paiacuteses o niacutevel de gastos nesta mateacuteria foi oscilando

Contudo nos subperiacuteodos de 1985-89 e de 1997-2009 este foi mais elevado na Itaacutelia e

a Greacutecia sendo estes ultrapassados apenas entre 1991-95 pela Sueacutecia Estes trecircs paiacuteses

em 2009 ocupavam trecircs das quatro primeiras posiccedilotildees nos gastos em pensotildees

apresentando a Itaacutelia a Greacutecia e a Sueacutecia um niacutevel de gastos de 13 109 e 102

do PIB respectivamente Quanto aos restantes paiacuteses verifica-se que o paiacutes que durante

maior parte do periacuteodo apresentou um niacutevel de despesa mais baixo foi Portugal no

entanto registou um aumento consideraacutevel se em 1985 se encontrava no uacuteltimo posto

com cerca de 33 do seu PIB gasto em pensotildees a partir de 2004 ultrapassou a

Finlacircndia Dinamarca e Espanha apresentando no ano de 2009 uma percentagem de

gastos em pensotildees relativamente ao PIB a rondar os 106 superior ao verificado na

21

Dinamarca (82) na Finlacircndia (102) e Espanha (77) Tal poderaacute ter que ver com

o facto de a populaccedilatildeo em Portugal ter envelhecido a um ritmo mais acelerado que nos

restantes paiacuteses

No que toca aos subsiacutedios de desemprego verificamos tambeacutem que natildeo haacute um

grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 23) Contudo neste capiacutetulo

constata-se que os trecircs paiacuteses que gastaram maior percentagem do PIB em subsiacutedios de

desemprego ao longo do periacuteodo foram a Dinamarca Espanha e Finlacircndia Nestes

paiacuteses verificamos que em 1993 o niacutevel de gastos foi o mais elevado cerca 53 do PIB

no caso dinamarquecircs e de 47 no caso espanhol e finlandecircs sendo uma possiacutevel razatildeo

para esse aumento a crise econoacutemica que ocorreu nesse ano O factor crise econoacutemica

poderaacute tambeacutem ajudar a compreender o porquecirc de na Espanha o niacutevel de gastos ter

subido entre 2008 e 2009 de uma forma abrupta passando dos 22 do PIB para os

35 aumento que poderaacute estar relacionado com a crise econoacutemica de 2007-08 que

poderaacute ter contribuiacutedo para o agravamento da taxa de desemprego espanhola Neste

acircmbito verifica-se tambeacutem que os paiacuteses que apresentaram ao longo deste periacuteodo um

niacutevel de despesa mais reduzido com os subsiacutedios de desemprego foram Portugal Itaacutelia e

Greacutecia que em 2009 eram os que menos gastavam com um niacutevel de despesa de cerca de

07 no caso grego 08 no caso italiano e 12 do PIB no caso portuguecircs Estes

valores ficam bem atraacutes dos verificados no mesmo ano para a Dinamarca (23) e para

a Espanha (35)

Jaacute no que toca agrave despesa social em apoios concedidos agraves famiacutelias em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e em subsiacutedios concedidos a pessoas com incapacidade

verifica-se que os paiacuteses do Norte tecircm um niacutevel de gastos nestas mateacuterias superior ao da

periferia europeia (ver graacuteficos 24 25 e 26) Verifica-se ainda assim uma pequena

excepccedilatildeo no que toca agrave Espanha em que os gastos em poliacuteticas activas no mercado de

trabalho em 1989 e 1990 foram superiores agraves verificadas na Dinamarca que eram cerca

de 08 do PIB face aos 07 despendido pelos dinamarqueses A diferenccedila entre os

dois grupos eacute evidente no caso da despesa relacionada com os apoios agraves famiacutelias onde

se verifica uma diferenccedila consideraacutevel ao longo do periacuteodo de anaacutelise entre o Norte e o

Sul A despesa em aacutereas como as poliacuteticas e com as famiacutelias dentro dos paiacuteses da

Escandinaacutevia foi inicialmente mais elevado na Sueacutecia que chegou a atingir o seu

maacuteximo em 1992 com cerca de 49 do PIB gasto nesta mateacuteria no entanto

progressivamente o niacutevel de despesa da Dinamarca foi-se aproximando da Sueacutecia

chegando ateacute a ultrapassar esta em 1995 No que diz respeito agrave Finlacircndia verificou-se

22

que dos trecircs paiacuteses que compotildeem a Escandinaacutevia eacute aquele que apresenta um niacutevel mais

baixo durante maior parte do periacuteodo em anaacutelise mas no entanto superior aos paiacuteses do

Sul como jaacute foi dito Existe contudo uma excepccedilatildeo para este paiacutes que acontece no ano

de 1994 quando este consegue ser o paiacutes que mais gasta nesta aacuterea cerca de 44 do

PIB superior aos gastos suecos que foram cerca de 43 e dos dinamarqueses cerca de

39 Quanto aos gastos em poliacuteticas activas do mercado de trabalho as diferenccedilas jaacute

natildeo satildeo tatildeo evidentes mas no entanto relativamente aos paiacuteses do Sul verificamos ao

longo de todo o periacuteodo que os paiacuteses que foram apresentando consecutivamente

valores mais elevados de despesa nesta mateacuteria foram Portugal e Espanha que entre

1985 e 2009 sofreram oscilaccedilotildees relativamente aos valores despendidos no entanto em

2009 estes gastavam cerca de 08 e 09 respectivamente um valor mais elevado que

o verificado para a Itaacutelia (04) e para a Greacutecia (02) paiacuteses que ao longo do periacuteodo

observado se ficaram pelos uacuteltimos lugares

Por uacuteltimo abordamos as diferenccedilas entre o Norte e o Sul ao niacutevel de gastos em

pensotildees por incapacidade (ver graacutef 26) Como jaacute foi referido verificamos que o niacutevel

de gastos nesta aacuterea eacute superior no Norte em relaccedilatildeo ao Sul Assim sendo verificamos

que a Sueacutecia e a Finlacircndia foram alternando a lideranccedila relativamente aos paiacuteses que

mais despenderam nestes apoios Entre 1985-91 e 1997-2009 a Sueacutecia realizou um niacutevel

de despesa mais elevado que a Finlacircndia apresentando em 1991 um niacutevel a rondar os

53 face ao gasto pela Finlacircndia que foi cerca de 49 Jaacute em 2009 o niacutevel de gastos

da Sueacutecia foi de 5 do seu PIB maior que o verificado na Finlacircndia 41 enquanto

que para o restante periacuteodo o niacutevel de gastos finlandecircs foi sempre superior ao sueco A

Dinamarca foi dos paiacuteses escandinavos aquele que ao longo da maior parte deste

periacuteodo menos gastou no entanto a partir de 2001 esta ultrapassou o niacutevel de gastos da

Finlacircndia apresentando um niacutevel de despesa de cerca de 38 do PIB face aos 37

verificados no caso finlandecircs Esta ultrapassagem deu-se natildeo soacute pela subida dos gastos

em da Dinamarca nesta aacuterea mas tambeacutem por uma descida da despesa finlandesa No

que toca aos paiacuteses do Sul verificamos que quem gastou relativamente mais durante a

maior parte do periacuteodo entre 1985 e 2009 em subsiacutedios atribuiacutedos a incapacitados

foram Espanha Portugal Itaacutelia e a Greacutecia respectivamente agrave excepccedilatildeo do subperiacuteodo

entre 1985 e 1989 em que a Itaacutelia teve um niacutevel de gastos superiores ao de Portugal

Estes paiacuteses no ano de 2009 apresentavam um niacutevel de gastos a rondar os 27 do PIB

no caso espanhol os 21 no caso portuguecircs os 19 no caso italiano e os 1 no caso

23

grego valores que apesar de serem mais baixos que os verificados nos paiacuteses do Norte

da Europa satildeo mais elevados que os verificados em 1985 para estes paiacuteses

Por fim concluiacutemos esta secccedilatildeo com uma anaacutelise quantitativa muito simples e

preliminar da relaccedilatildeo entre a despesa social e o crescimento econoacutemico que corresponde

ao caacutelculo dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre os vaacuterios tipos de despesa social e o PIB

real per capita e a sua taxa de crescimento De acordo com a revisatildeo da literatura

realizada na secccedilatildeo 2 espera-se que exista uma correlaccedilatildeo positiva entre a despesa

social e o niacutevel de crescimento do PIB na medida ou seja para que esta contribua

efectivamente para uma reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo do rendimento e da

pobreza mas tambeacutem porque certos tipos de despesa social tais como educaccedilatildeo sauacutede

mas tambeacutem os apoios agrave famiacutelia contribuem directamente para a acumulaccedilatildeo de capital

humano Contudo aceitando o argumento de que o financiamento necessaacuterio introduz

distorccedilotildees na actividade econoacutemica que por exemplo desincentivam o trabalho e o

investimento por parte das empresas a correlaccedilatildeo obtida pode ter um sinal negativo Da

mesma forma se despesas como o subsiacutedio de desemprego constituiacuterem um

desincentivo a realizar maior esforccedilo no trabalho tambeacutem o sinal poderaacute ser negativo

Em uacuteltima anaacutelise poderaacute natildeo existir qualquer correlaccedilatildeo se os efeitos de sinal contraacuterio

se compensarem exactamente Finalmente natildeo devemos esquecer que correlaccedilatildeo natildeo

significa causalidade pelo que o sinal obtido se pode dever agrave influecircncia do produto

sobre a despesa social ou agrave influecircncia muacutetua

Com auxiacutelio do Quadro 2 onde se encontram os resultados relativos aos

coeficientes de correlaccedilatildeo entre despesa social e o PIB real per capita verificamos que

tendo em conta os dados disponiacuteveis para todos os paiacuteses e anos os coeficientes de

correlaccedilatildeo entre as vaacuterias despesas sociais e o PIB real per capita satildeo todos positivos

quer no que respeita agrave despesa social total quer agraves suas diferentes componentes Os

coeficientes de correlaccedilatildeo mais elevados dizem respeito agraves despesas em educaccedilatildeo e

sauacutede respectivamente 0833 e 0791 podendo argumentar-se que isto se deve ao seu

contributo directo para a acumulaccedilatildeo de capital humano e que este factor possa ter

trazido ganhos de produtividade agraves economias conforme a literatura econoacutemica defende

Quanto ao efeito das vaacuterias componentes de despesa social em protecccedilatildeo social

verificamos que as aacutereas que possuem um coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado satildeo a

despesa em apoios atribuiacutedos agraves famiacutelias os subsiacutedios atribuiacutedos aos incapacitados e as

poliacuteticas activas do mercado de trabalho (0764 0648 e 0626 respectivamente) A

correlaccedilatildeo mais elevada na primeira e terceira dimensotildees referidas poderaacute ter que ver

24

com o seu papel na reduccedilatildeo da desigualdade e pobreza das famiacutelias mais pobres e dos

incentivos criados juntos das empresas para que estas empreguem mais trabalhadores

No que diz respeito aos subsiacutedios concedidos agraves famiacutelias estes ajudam ao aumento do

rendimento das mesmas e tal como foi dito anteriormente poderaacute ter-se traduzido no

aumento do consumo privado daiacute haver uma relaccedilatildeo positiva com o PIB per capita No

meacutedio-longo prazo pode tambeacutem permitir agraves famiacutelias investir mais no capital humano

dos seus filhos e desta forma contribuir para o aumento do PIB Nas restantes aacutereas

gastos com subsiacutedios de desemprego ou em pensotildees tambeacutem possuem uma relaccedilatildeo

positiva com o PIB per capita indicando que toda a despesa realizada pelos vaacuterios

paiacuteses ao longo deste periacuteodo foi importantes para o aumento do produto na medida em

que estas se incidiram sobre os indiviacuteduos que possuem um niacutevel de rendimento mais

baixo dando um estimulo ao consumo traduzindo-se isso no aumento do produto como

jaacute vimos anteriormente Contudo nestes casos os coeficientes de correlaccedilatildeo de 0424 e

0220 respectivamente satildeo bastante inferiores indicando que poderatildeo estar em

actuaccedilatildeo efeitos de sinal negativo que reduzem a correlaccedilatildeo positiva final

Nomeadamente os gastos com pensotildees e subsiacutedios de desemprego podem estar a

desviar a despesa de outras funccedilotildees sociais com um impacto mais directo sobre a

produtividade como a educaccedilatildeo e a sauacutede

Quadro 2 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social e componentes e o niacutevel

do PIB real per capita 1985-2010 (todos os dados disponiacuteveis)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB) PIB real

per capita

Total 0747

Sauacutede 0791

Educaccedilatildeo 0833

Pensotildees de reforma 0220

Pensotildees por incapacidade 0648

Apoios agraves Famiacutelias 0764

Poliacuteticas Activas do Mercado de Trabalho 0626

Subsiacutedio de Desemprego 0424

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

25

A anaacutelise de correlaccedilatildeo anterior apesar de interessante natildeo permite ter uma

ideia muito rigorosa da existecircncia ou natildeo de causalidade entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico uma vez que se baseia em valores correntes quer da despesa

quer do PIB e como vimos os paiacuteses mais ricos tendem tambeacutem a gastar mais com as

funccedilotildees sociais Por outro lado em termos de efeitos permanentes sobre a taxa de

crescimento eacute mais rigoroso calcular a correlaccedilatildeo entre a despesa e a taxa de

crescimento do PIB real per capita De forma a ter em conta a questatildeo da causalidade

inversa no quadro 2 satildeo apresentados os coeficientes de correlaccedilatildeo entre a meacutedia da

despesa social realizada nos sete paiacuteses no periacuteodo de 1985 a 1999 e o crescimento

meacutedio do PIB verificado nos dez anos seguintes 2000-2010

De acordo com a informaccedilatildeo que consta do quadro 3 o sinal dos coeficientes de

correlaccedilatildeo varia agora consoante o tipo de despesa considerada Relativamente agrave

despesa social total o coeficiente eacute negativo embora natildeo muito elevado -02779 A

justificaccedilatildeo mais imediata para este sinal poderaacute ter a ver com o facto do financiamento

necessaacuterio ter introduzido distorccedilotildees na actividade econoacutemica que prejudicaram o

crescimento Contudo torna-se mais informativo olhar para as diferentes componentes

da despesa social

No que respeita aos coeficientes por tipo de despesa como seria de esperar dada

a consensual relaccedilatildeo entre as despesas em educaccedilatildeo e sauacutede com o crescimento

econoacutemico por via do seu impacto sobre a acumulaccedilatildeo de capital humano3 o sinal eacute

positivo embora de magnitude reduzida 01356 e 00115 respectivamente em especial

no caso das despesas em sauacutede Estes resultados indicam tambeacutem que os coeficientes de

correlaccedilatildeo anteriores contecircm realmente informaccedilatildeo sobre a influecircncia positiva no niacutevel

de rendimento sobre as despesas sociais em educaccedilatildeo e sauacutede O outro coeficiente de

correlaccedilatildeo positivo diz respeito agrave despesa com subsiacutedios de desemprego sendo ateacute a

correlaccedilatildeo mais forte do que nos dois casos anteriores 01733 Isto pode indicar que a

existecircncia deste apoio constituiu um incentivo ao trabalho pela seguranccedila que permite

aos trabalhadores estimulando tambeacutem os mesmos a apostar na sua formaccedilatildeo porque

protegidos em caso de desemprego

Quanto ao impacto negativo das restantes componentes da despesa social

verifica-se que as despesas que apresentam um coeficiente menos negativo satildeo as

pensotildees de reforma e por incapacidade -02298 e -03338 respectivamente enquanto

3 Como vimos na secccedilatildeo 3 o estado de sauacutede mas em especial o niacutevel de escolaridade da populaccedilatildeo

dos paiacuteses escandinavos foram em geral superiores ao dos paiacuteses do Sul ao longo do periacuteodo em anaacutelise

26

ainda menos esperado a correlaccedilatildeo negativa mais forte acontece no caso das poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias -03794 e -03671 respectivamente

No caso das pensotildees de reforma e por incapacidade o sinal natildeo eacute inesperado dado o

esforccedilo que exigem em termos de financiamento e o seu papel mais indirecto na

promoccedilatildeo do crescimento econoacutemico sobretudo via a reduccedilatildeo da desigualdade e da

pobreza No caso das poliacuteticas activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias os

resultados satildeo inesperados a dois niacuteveis sinais e magnitude relativa superior Esperar-

se-ia um sinal positivo face ao descrito logo no iniacutecio da anaacutelise de correlaccedilatildeo ou pelo

menos natildeo tatildeo negativo como nos outros dois casos uma vez que em qualquer situaccedilatildeo

o financiamento necessaacuterio pode ter impacto negativo sobre o crescimento do produto

Quadro 3 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social meacutedia (1985-1999) e a

taxa meacutedia de crescimento do PIB real per capita (2000-2010)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB)

Meacutedia 1985-1999 Taxa meacutedia de crescimento anual do PIB real per capita

(2000-10)

Total -02779

Sauacutede 00115

Educaccedilatildeo 01356

Pensotildees de reforma -02298

Pensotildees por incapacidade -03338

Apoios agraves Famiacutelias -03671

Poliacuteticas Activas do Mercado de

Trabalho -03794

Subsiacutedio de Desemprego 01733

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

Em jeito de conclusatildeo os resultados apontam para uma relaccedilatildeo positiva entre a

despesa social nas vaacuterias aacutereas analisadas e o niacutevel do PIB per capita entre 1985 e 2010

o que eacute indiciador de que estatildeo em actuaccedilatildeo mecanismos de influecircncia da despesa social

que promovem um aumento do niacutevel de rendimento nomeadamente via acumulaccedilatildeo de

capital humano atraveacutes das despesas em educaccedilatildeo e sauacutede Contudo uma anaacutelise mais

rigorosa em termos de possiacuteveis impactos permanentes sobre a taxa de crescimento

econoacutemico revela que os resultados podem divergir bastante em termos de sinal e

magnitude atendendo ao tipo de despesa social considerada Os resultados deste estudo

27

apontam tambeacutem para valores que alguns casos podem ser contraacuterios aos verificados

pelos estudos empiacutericos descritos na secccedilatildeo 2 Tal poderaacute estar relacionado com a

amostra de paiacuteses utilizada assim como o periacuteodo de anaacutelise e metodologia utilizada

5 Conclusotildees

Este trabalho propocircs-se a reflectir sobre a relaccedilatildeo entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico tendo por base a comparaccedilatildeo de dois grupos de paiacuteses

pertencentes agrave Uniatildeo Europeia a Escandinaacutevia e o Sul da Europa A niacutevel teoacuterico as

previsotildees acerca da relaccedilatildeo entre Estado Social e crescimento econoacutemico divergem

sendo possiacutevel encontrar argumentos que justificam a existecircncia de uma relaccedilatildeo

positiva outros que apoiam a verificaccedilatildeo de uma relaccedilatildeo negativa e outros ainda que

apontam no sentido de ausecircncia de qualquer relaccedilatildeo Estas diferentes hipoacuteteses parecem

indicar que cabe agrave anaacutelise empiacuterica determinar o sinal da relaccedilatildeo e o respectivo

contexto

Constituindo uma anaacutelise ainda exploratoacuteria o presente trabalho recorreu a uma

anaacutelise de estatiacutestica descritiva de um conjunto variado de indicadores relevantes para o

periacuteodo de 1985 a 2010 sempre que possiacutevel para analisar empiricamente a relaccedilatildeo

entre despesa social e crescimento econoacutemico

De forma a analisar esta relaccedilatildeo em termos mais detalhados aquela foi

desagregada em diferentes componentes tendo sido utilizados dados relativos a

despesas em educaccedilatildeo sauacutede e em vaacuterias componentes da despesa com a protecccedilatildeo

social como os subsiacutedios de desemprego e incapacidade apoios agraves famiacutelias gastos em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho e em pensotildees de reforma Foram calculados os

coeficientes de correlaccedilatildeo destas com o niacutevel do PIB real per capita numa tentativa de

confirmaccedilatildeo muito preliminar do sinal esperado para a relaccedilatildeo bem como os

coeficientes de correlaccedilatildeo entre os valores meacutedios da despesa das vaacuterias variaacuteveis entre

1985 e 1999 com a taxa de crescimento do PIB per capita entre 2000-10 Os

coeficientes de correlaccedilatildeo no uacuteltimo caso poderatildeo ajudar a compreender se o niacutevel de

gastos verificado entre 1985-99 contribuiacuteram para o crescimento econoacutemico verificado

na deacutecada seguinte

Verificou-se que ao longo do periacuteodo em anaacutelise a despesa social em

percentagem do PIB agregada e nas diferentes aacutereas teve um aumento relativo entre

1985 e 2010 mas no entanto aquela foi sempre mais elevada nos paiacuteses Escandinavos

tendo estes paiacuteses registado tambeacutem valores mais elevados do PIB real per capita

28

relativamente aos paiacuteses do Sul Os resultados apontam para que todas as dimensotildees se

correlacionam positivamente com o niacutevel de rendimento per capita sendo de destacar

que a educaccedilatildeo eacute a componente com coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado seguida

das despesas com sauacutede o que parece confirmar a influecircncia deste tipo de despesa sobre

o comportamento do produto via acumulaccedilatildeo de capital humano No que respeita ao

possiacutevel efeito da despesa social sobre a taxa de crescimento do PIB real per capita o

sinal do coeficiente de correlaccedilatildeo manteacutem-se positivo mas de magnitude bastante

inferior ao dos casos anteriores enquanto a correlaccedilatildeo apresenta um sinal negativo no

caso da despesa social total A correlaccedilatildeo eacute tambeacutem negativa para as diferentes

componentes da despesa como a protecccedilatildeo social com excepccedilatildeo do subsiacutedio de

desemprego Estes resultados apoiam assim a necessidade de ao estudar a relaccedilatildeo entre

Estado Social e crescimento econoacutemico levar a cabo uma anaacutelise desagregada uma vez

que os mecanismos de transmissatildeo podem variar consoante o tipo de despesa social

pelo que a anaacutelise agregada eacute difiacutecil de interpretar em termos econoacutemicos

Em suma o presente estudo poderaacute ajudar a compreender de forma preliminar

como os gastos sociais interagem com o crescimento econoacutemico e quais as aacutereas que

tecircm contribuiacutedo de forma positiva ou negativa para o mesmo Contudo natildeo poderaacute

deixar de se ter em conta a capacidade de outros factores poderem afectar a

performance da economia assim como natildeo se deve negligenciar a importacircncia dos

gastos sociais para a convergecircncia econoacutemica dos paiacuteses do Sul para com os paiacuteses do

Norte da Europa De forma a poder generalizar a anaacutelise e tirar conclusotildees mais

robustas em relaccedilatildeo ao sentido da causalidade e mecanismos de transmissatildeo no futuro

seraacute necessaacuterio utilizar meacutetodos de inferecircncia estatiacutestica adequados e amostras mais

alargadas de paiacuteses

29

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30

Anexos

Graacutefico 1 PIB per capita a preccedilos constantes de 2005 entre 1985 e 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 2 Esperanccedila meacutedia de vida 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

31

Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em

cada 1000 nascimentos) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total

da populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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1985 1990 1995 2000 2005 2010

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Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB ()1985 e 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

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Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes 2003 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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36

Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010

Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A

despesa Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte OCDE

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

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econoacutemico (ver graacutef 8) Associado ao comportamento anterior verifica-se que em 2010

existe uma maior percentagem de pessoas com o ensino secundaacuterio e universitaacuterio em

todos os paiacuteses relativamente a 1995 Ao niacutevel do ensino secundaacuterio o graacutefico 9 mostra

que entre 1995 e 2010 verificou-se um aumento de trabalhadores com este niacutevel

acadeacutemico sendo esse impacto maior em Portugal Espanha Greacutecia e Itaacutelia mas no que

toca aos paiacuteses do Norte este nuacutemero foi oscilando Em todo o caso em 1995 os trecircs

paiacuteses escandinavos registavam uma maior percentagem da populaccedilatildeo com o ensino

secundaacuterio relativamente a qualquer dos paiacuteses do Sul sendo em 2010 apenas a

Dinamarca e a Finlacircndia ultrapassadas pela Itaacutelia O niacutevel de escolaridade dos

trabalhadores que mais subiu foi como se pode constatar no graacutefico 10 o universitaacuterio

verificando-se que em paiacuteses como a Finlacircndia a percentagem de trabalhadores com este

niacutevel acadeacutemico passou dos 217 em 1995 para os 373 em 2010 e na Espanha

passou dos 203 para os 33 Neste acircmbito verifica-se em 2010 a Espanha tinha uma

percentagem de indiviacuteduos com ensino superior mais elevada que a Sueacutecia e a

Dinamarca

Outra das componentes da despesa social com mais peso no total eacute a despesa

associada ao subsiacutedio de desemprego Nos anos mais recentes tem-se verificado um

aumento da taxa de desemprego como podemos ver no graacutefico 11 O desemprego pode

por em causa a estabilidade social uma vez que os indiviacuteduos sem emprego ao

perderem a sua fonte de rendimento podem perder qualidade de vida e estarem sujeitos

a situaccedilotildees de pobreza A taxa de desemprego entre 1991 e 2010 foi sempre mais

elevada no Sul em relaccedilatildeo ao Norte Os paiacuteses que apresentavam uma taxa mais elevada

em 2010 foram a Espanha com cerca de 20 seguido da Greacutecia com 125 enquanto

que a taxa de desemprego mais baixa se registou na Escandinaacutevia na Dinamarca onde a

taxa de desemprego em 2010 era de 75

No que diz respeito agrave taxa de desemprego jovem esta tem afectado sobretudo os

jovens do Sul Europeu e parece estar a tornar-se um problema grave para as geraccedilotildees

mais jovens As dificuldades em arranjar emprego podem prender-se com a falta de

experiecircncia por parte dos jovens Como tal estas situaccedilotildees levam a que estes natildeo

tenham nenhum tipo de poupanccedila nem direito a qualquer tipo de subsiacutedio como eacute o caso

do subsiacutedio de desemprego pois natildeo tiveram um passado activo consideraacutevel que lhes

permitisse ter realizado contribuiccedilotildees para a Seguranccedila Social e a ter direito a receber

subsiacutedio de desemprego Por outro lado ao natildeo terem emprego poderatildeo vir a ter

problemas em obter uma boa pensatildeo aquando o final da sua vida activa pois faratildeo

14

menos descontos do que aqueles satildeo necessaacuterios para obter um boa pensatildeo no futuro

podendo estar a comprometer a sua estabilidade financeira apoacutes a sua vida activa No

Norte Europeu paiacuteses como a Dinamarca tecircm investido na resoluccedilatildeo dos problemas

relativos ao desemprego jovem promovendo poliacuteticas de apoio aos jovens que possuem

baixos niacuteveis de estudos e que estejam sem trabalho como salientam Hughes e Borbeacutely-

Pecze (2012) Para tal foram desenvolvidos programas onde os jovens satildeo inseridos em

cursos de formaccedilatildeo praacutetica com vista a que estes adquiram experiecircncia e que os

familiarizem com o local de trabalho promovendo as suas aptidotildees de forma a capacitaacute-

los para o mercado de trabalho para que tragam ganhos de produtividade agrave entidade que

os emprega e consequentemente ao seu paiacutes Ao niacutevel da taxa de desemprego jovem o

graacutefico 12 ajuda-nos a perceber que esta era no ano de 2010 mais elevada na Espanha

com cerca de 424 sendo esta seguida pela Greacutecia com 325 Ao niacutevel das taxas

mais baixas verificamos que que entre 1991 e 2010 quem apresentou a taxa mais baixa

foi a Dinamarca sendo que no ano de 2010 esta apresentava uma taxa de cerca de

139 seguida da Finlacircndia com cerca de 203

Quanto agrave anaacutelise de factores econoacutemicos que possam ser responsaacuteveis pelas

diferenccedilas relativas ao niacutevel de vida iremos comeccedilar por analisar a importacircncia do

sector secundaacuterio e terciaacuterio para o PIB dos diversos paiacuteses na medida em que estes

sectores satildeo os que envolvem uma maior percentagem de indiviacuteduos com habilitaccedilotildees

acadeacutemicas mais elevadas e cujo seu contributo para o produto dos paiacuteses eacute mais

consideraacutevel

No que toca ao sector secundaacuterio verifica-se que entre 1985 e 2010 este tem

vindo a perder importacircncia no PIB de todos os paiacuteses No entanto durante este periacuteodo

verificou-se que o paiacutes que apresentava uma maior percentagem de riqueza gerado por

este sector era Portugal tendo contudo essa importacircncia diminuiacutedo de forma constante

chegando no ano de 2010 a ser de apenas 15 proacuteximo da percentagem da Espanha Eacute

de salientar que a importacircncia deste sector em 2010 era relativamente mais baixa nestes

paiacuteses em relaccedilatildeo agrave Dinamarca ou na Sueacutecia (ver graacutef13) Ao niacutevel do sector terciaacuterio

verificamos atraveacutes do graacutefico 14 que a importacircncia deste sector para a amostra de

paiacuteses em estudo era muito nivelado entre os 60 e os 70 No entanto a partir do ano

2000 verificou-se um aumento relativo da contribuiccedilatildeo deste sector para o PIB dos

vaacuterios paiacuteses sendo de salientar que em 2009 este sector tinha maior peso na produccedilatildeo

de riqueza no caso da Greacutecia contribuindo em cerca de 79 do total do PIB grego

15

enquanto que o mais baixo se verificava na Finlacircndia com cerca de 69 do PIB a ser

gerado por este sector

A anaacutelise da estrutura produtiva de um paiacutes pode ter tambeacutem uma relaccedilatildeo com o

grau de abertura da economia pois este poderaacute trazer algumas vantagens e explicar o

porquecirc de um determinado sector ter ganho mais importacircncia no PIB de um paiacutes Essas

vantagens podem estar relacionadas com a entrada de novos produtos e tecnologias que

normalmente estatildeo relacionados com o sector secundaacuterio e terciaacuterio e que poderatildeo

explicar o crescimento destes sectores Este factor poderaacute ainda estar relacionado com o

niacutevel de educaccedilatildeo de uma populaccedilatildeo pois quanto maior for o desenvolvimento

tecnoloacutegico de um paiacutes tal poderaacute levar agrave necessidade de um reforccedilo na educaccedilatildeo e

formaccedilatildeo profissional para capacitar a matildeo-de-obra para lidar com estas novas

tecnologias Assim o grau de abertura de um paiacutes poderaacute estar relacionado com o

aumento dos gastos em educaccedilatildeo

No que respeita ao grau de abertura da economia medido atraveacutes do volume de

importaccedilotildees e exportaccedilotildees em percentagem do PIB verificou-se que em todos os paiacuteses

em estudo houve uma tendecircncia de crescimento entre 1985 e 2010 Os paiacuteses que no

ano de 2010 apresentavam um grau de abertura mais elevado eram a Dinamarca com

cerca de 953 e a Sueacutecia com cerca de 928 Por outro lado paiacuteses como a Greacutecia e

a Espanha registavam valores muito mais baixos sendo que a Greacutecia apresentava um

niacutevel de cerca de 538 do seu PIB e a Espanha 569 como se pode constatar no

graacutefico 15 No que respeita ao saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes um valor em

percentagem do PIB positivo significa que existe um superavit ou seja que o paiacutes

aumentou os seus activos no estrangeiro Neste aspecto devido agrave falta de dados a

anaacutelise a esta variaacutevel comeccedila a partir de 2003 e consultando a graacutefico 16 verificamos

que ao longo do periacuteodo na Greacutecia Portugal Itaacutelia e Espanha a balanccedila foi sempre

deficitaacuteria sendo as situaccedilotildees mais complicadas a da Greacutecia e a de Portugal que em

2010 apresentavam um deacutefice de 104 e 97 respectivamente Por outro lado a

Dinamarca a Sueacutecia e a Finlacircndia tiveram sempre um excedente

No que toca agrave anaacutelise do saldo orccedilamental este juntamente com a diacutevida puacuteblica

poderaacute ajudar a compreender o estado das financcedilas puacuteblicas de um paiacutes Compreender o

saldo orccedilamental em percentagem do PIB eacute muito importante pois se este demonstrar

um comportamento mais despesista tal iraacute reflectir-se no aumento do endividamento do

Estado que poderaacute ter de levar a uma reduccedilatildeo dos apoios do Estado Social com vista agrave

sustentabilidade financeira do Estado Como forma de controlar as financcedilas puacuteblicas

16

poderatildeo ser necessaacuterios cortes ao niacutevel dos apoios da protecccedilatildeo social bem como a

reduccedilatildeo do orccedilamento do Estado para aacutereas com a sauacutede ou educaccedilatildeo No graacutefico 17 eacute

possiacutevel verificar que no caso de paiacuteses como a Greacutecia Portugal e Itaacutelia no periacuteodo de

estudo verificou-se que estes paiacuteses tiveram sempre um comportamento mais despesista

que os restantes sendo como jaacute vimos esta uma possiacutevel justificaccedilatildeo para o crescimento

da diacutevida puacuteblica nestes paiacuteses Jaacute os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentavam saldos

orccedilamentais mais positivos em relaccedilatildeo aos do Sul da Europa sendo mesmo o saldo

orccedilamental sueco aproximadamente de 0

A diacutevida puacuteblica em percentagem do PIB sempre foi inferior nos paiacuteses do Norte

em relaccedilatildeo aos do Sul Entre 1995 e 2010 verificamos que o niacutevel de diacutevida foi

oscilando no entanto este foi relativamente mais elevado na Greacutecia e na Itaacutelia

chegando no ano de 2010 este a ser cerca de 145 e 1194 do seu PIB

respectivamente No caso da Sueacutecia verificou-se ao longo deste periacuteodo uma tendecircncia

de descida e em 2010 este era de 394 (ver graacutef 18) Um outro factor que pode ter

feito aumentar o niacutevel de diacutevida de alguns paiacuteses do Sul da Europa a partir de 2005

pode ter que ver com o surgimento da crise econoacutemica de 2007 que agravou ainda mais

o niacutevel de diacutevida destes paiacuteses que era jaacute elevado como satildeo exemplos a Greacutecia e

Portugal

Em resumo verificamos que em termos globais os indicadores soacutecio-

econoacutemicos do Sul da Europa satildeo piores que os do Norte Europeu Contudo as

diferenccedilas tecircm vindo a diminuir Por exemplo os indicadores relativos agrave sauacutede e agrave

educaccedilatildeo tecircm demonstrado francas melhorias que talvez resultem do facto dos estados

terem reforccedilado os apoios ao niacutevel destas funccedilotildees sociais Haacute no entanto que ter em

conta que no caso do Sul Europeu o crescente aumento da diacutevida puacuteblica poderaacute

dificultar a continuidade desta acccedilatildeo na medida em que poderaacute levar agrave necessidade de

reformulaccedilotildees que passem por cortes no Estado Social com vista a fazer face ao

crescente endividamento destes Os Estados do Sul Europeu natildeo devem contudo no

periacuteodo actual de crise esquecer a importacircncia que estes sectores tecircm para a coesatildeo

social e potencialmente para o desempenho econoacutemico

4 Despesa Social e Crescimento Econoacutemico anaacutelise comparada de alguns dados

Nesta secccedilatildeo seraacute realizada uma anaacutelise de estatiacutestica descritiva que teraacute como

principal objectivo uma anaacutelise comparada dos dois grupos de paiacuteses em termos de

crescimento econoacutemico e despesa social agregada e por diferentes componentes entre

17

1985 e 2010 Por uacuteltimo procura-se verificar se o sinal da correlaccedilatildeo esperada entre a

despesa social do Estado e o comportamento do produto estaacute de acordo com a literatura

econoacutemica Para tal realizamos apenas uma anaacutelise muito simples e preliminar baseada

no caacutelculo de coeficientes de correlaccedilatildeo entre as despesas em sauacutede educaccedilatildeo e as

vaacuterias componentes da despesa em protecccedilatildeo social e respectivamente o PIB per capita

e a taxa de crescimento do mesmo

Esta anaacutelise foi realizada tendo em conta todos os dados disponiacuteveis na base de

dados da OECD Social Expenditure Database ao niacutevel dos gastos com sauacutede e

protecccedilatildeo social e com os dados disponiacuteveis do Banco Mundial relativamente a despesa

em educaccedilatildeo PIB real per capita para todos os paiacuteses em anaacutelise no periacuteodo entre 1985

e 2010

Antes de passarmos agrave anaacutelise comparada da despesa social e suas componentes

nos paiacuteses da nossa amostra detenhamo-nos na comparaccedilatildeo da respectiva prestaccedilatildeo em

termos de crescimento econoacutemico de acordo com os dados relativos agraves taxas meacutedias de

crescimento anual do PIB real per capita entre 1985 e 2010 e alguns sub-periacuteodos (ver

Quadro 1) Ao longo do periacuteodo total 1985-2010 Portugal e a Espanha foram os paiacuteses

que mais cresceram o que natildeo eacute de estranhar uma vez que partiram de valores do PIB

real per capita dos mais baixos do grupo Seguem-se a estes os paiacuteses escandinavos

Finlacircndia Sueacutecia e Dinamarca enquanto que a Greacutecia e a Itaacutelia foram os paiacuteses que

menos cresceram No caso da Greacutecia a situaccedilatildeo eacute mais insoacutelita uma vez que tal como

Portugal e Espanha partiu de um niacutevel de rendimento relativamente mais baixo e assim

sendo o potencial de crescimento e convergecircncia deveria ter sido superior ao dos paiacuteses

mais ricos Se dividirmos o periacuteodo total em anaacutelise em trecircs sub-periacuteodos 1985-95

1995-05 e 2005-10 verificamos que o desempenho relativo dos paiacuteses se vai alterando

Assim por exemplo a boa prestaccedilatildeo de Portugal entre 1985-2010 parece ter sido

consequecircncia do seu elevado crescimento relativo entre 1985 e 1995 enquanto que nos

outros dois sub-periacuteodos a taxa meacutedia de crescimento anual do seu PIB real per capita eacute

das mais baixas do grupo Os paiacuteses escandinavos tecircm taxas de crescimento relativas

mais elevadas essencialmente entre 1995 e 2005 enquanto a Espanha e a Greacutecia

melhoram o desempenho relativo no segundo e terceiro sub-periacuteodos em especial a

Espanha Em todo o caso registou-se um acentuado abrandamento e do crescimento nos

uacuteltimos cinco anos com a Itaacutelia Sueacutecia Finlacircndia e Portugal a registarem mesmo taxas

crescimento negativas Este fenoacutemeno natildeo pode deixar de ter em conta o iniacutecio da crise

econoacutemica e financeira que teve o seu comeccedilo em 2007-2008

18

Quadro 1 Taxas meacutedias de crescimento anual do PIB real per capita 1985 a 2010

Periacuteodos Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

1985-1995 1639 0940 0555 2140 3600 2698 0970

1995-2005 1682 3377 3243 1128 2025 2591 2831

2005-2010 0025 -0267 0198 -0145 -0441 0207 -0229

1985-2010 1221 1806 1461 1131 2333 2024 1690

Fonte Caacutelculos do autor com base em dados do Banco Mundial

No que diz respeito agrave anaacutelise comparada entre a despesa social dos paiacuteses em

estudo iremos comeccedilar por comparar os niacuteveis de gastos sociais totais2 em percentagem

do PIB ao longo do periacuteodo total 1985-2010 (ver graacutefico 19) Durante todo este periacuteodo

eacute possiacutevel verificar que os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentaram um niacutevel de gastos

sociais totais superior ao dos paiacuteses do Sul Europeu O paiacutes que apresentou um niacutevel de

gastos mais elevado durante a maior parte deste periacuteodo foi a Sueacutecia que apenas o

deixou de ser quando a Dinamarca se assumiu como o paiacutes que mais gastou em despesa

social em 2010 cerca de 306 do PIB Quanto agrave Finlacircndia esta no ano de 2010

tambeacutem ultrapassa a Sueacutecia ao niacutevel de uma maior despesa social Contudo no caso

finlandecircs verifica-se que entre os anos de 1990 e 1992 ocorreu um aumento

consideraacutevel na despesa social ao qual se sucede uma diminuiccedilatildeo gradual dos gastos ateacute

2000 No entanto tal como a Dinamarca e a Sueacutecia este paiacutes apresentava ainda um

niacutevel de gastos superiores ao dos paiacuteses do Sul cerca de 243 do PIB No que respeita

aos paiacuteses da periferia tambeacutem designados paiacuteses do Sul verifica-se que o paiacutes que

mais se conseguiu aproximar do niacutevel de despesa dos paiacuteses da Escandinaacutevia foi a Itaacutelia

que no ano de 2010 gastava cerca de 277 do seu PIB em gastos sociais enquanto que

a Sueacutecia cerca de 283 No entanto verificamos que a Itaacutelia em algumas ocasiotildees foi

ultrapassada pelo niacutevel de gastos da Espanha como eacute o caso do subperiacuteodo entre 1989 e

1996 Quanto aos paiacuteses que canalizaram uma menor percentagem do PIB para a

despesa social verificam-se que estes foram a Espanha Greacutecia e Portugal

Relativamente a estes dois uacuteltimos verificou-se que a Greacutecia apresentava em 1985 um

niacutevel de despesa social consideravelmente maior que Portugal cerca de 161 face aos

101 do PIB de Portugal no entanto essa diferenccedila foi diminuindo Tal resulta de um

2 Os gastos sociais totais incluem a despesa em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado laboral apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social

exceptuando os apoios em educaccedilatildeo

19

evidente aumento da despesa em Portugal e um teacutenue crescimento da Despesa Social

grega chegando Portugal no ano de 2002 a ultrapassar a Greacutecia e no ano de 2010

apresentava um niacutevel de despesa mais elevado de despesa que a Greacutecia cerca de 254

face aos 233 da Greacutecia Na globalidade verificou-se uma tendecircncia de crescimento

contiacutenuo nos paiacuteses escandinavos ateacute ao iniacutecio da deacutecada de 90 seguido de uma

diminuiccedilatildeo ateacute cerca de 2000 No Sul a tendecircncia eacute de crescimento sustentado para a

Greacutecia e Portugal e de oscilaccedilotildees na Espanha e Itaacutelia Eacute tambeacutem notoacuterio que apoacutes a crise

de 2007-08 se verifica de novo um crescimento da despesa relativamente aos paiacuteses do

Norte

No seguimento da anaacutelise comparativa da despesa social em termos globais

efectua-se agora um estudo comparativo entre a despesa do Estado nas vaacuterias

componentes da despesa social educaccedilatildeo sauacutede e protecccedilatildeo social e dentro de estas

com o pagamento de pensotildees de reforma subsiacutedios de invalidez politicas activas do

mercado de trabalho apoios agraves famiacutelias e subsiacutedio de desemprego que correspondem agrave

maioria da despesa social nestes paiacuteses

De acordo com os graacuteficos 20 e 21 os niacuteveis de despesa social quer em sauacutede e

quer em educaccedilatildeo respectivamente dos paiacuteses do Norte face aos do Sul medidos em

percentagem do seu PIB entre 1985 e 2010 satildeo maiores no primeiro grupo de paiacuteses

relativamente ao segundo agrave excepccedilatildeo da Finlacircndia que depois de um periacuteodo de

diminuiccedilatildeo da despesa em sauacutede entre 1992 e 1998 para cerca dos 53 do PIB

verifica de novo um aumento para os 67 verificados em 2010 No entanto situava-se

aqueacutem do verificado em Itaacutelia Espanha e Portugal no mesmo ano que era

respectivamente 73 713 e 712 do PIB Assim sendo a Finlacircndia encontrava-se

soacute a frente da Greacutecia que possuiacutea um niacutevel de gastos de 64 do PIB (ver graacutef 20 e 21)

Nota-se tambeacutem no que diz respeito agrave despesa em sauacutede que a Sueacutecia e a Dinamarca

foram quem mais despenderam nesta aacuterea com niacuteveis de despesa semelhantes Contudo

a partir de 1999 o niacutevel de despesa da Dinamarca passa para frente do da Sueacutecia

tornando-se assim o paiacutes com maior despesa em sauacutede chegando a 2010 a apresentar

um valor de cerca de 94 do PIB face aos 77 da Sueacutecia Eacute importante salientar que

todos os paiacuteses do Sul da Europa verificaram um crescimento sustentado que se traduz

em valores de despesa em sauacutede em percentagem do PIB maiores em 2010 que em

1985 Por fim importa destacar que entre 2009 e 2010 verificou-se uma diminuiccedilatildeo da

despesa para todos os paiacuteses por ventura efeitos da crise que comeccedilou um par de anos

antes

20

No que toca agrave educaccedilatildeo como jaacute foi referido os paiacuteses da Escandinaacutevia

apresentam durante o periacuteodo em anaacutelise um niacutevel de despesa superior nesta mateacuteria em

relaccedilatildeo aos paiacuteses da periferia Neste contexto verificamos que as diferenccedilas relativas

aos niacuteveis de despesa dos vaacuterios paiacuteses em educaccedilatildeo se encontram melhor clarificadas

que as diferenccedilas ao niacutevel da despesa em sauacutede agrave excepccedilatildeo dos anos entre 1987 e 1990

em que os valores da despesa portuguesa foram semelhantes ao da espanhola e dos anos

de 2007 e 2008 em que os valores da Itaacutelia foram semelhantes aos da Espanha Feitas

estas consideraccedilotildees verifica-se a existecircncia de um maior niacutevel de despesa em educaccedilatildeo

por parte da Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia ao longo do periacuteodo e no ano de 2009 o

valor da despesa era respectivamente de 83 72 e 68 do PIB No que toca aos

restantes paiacuteses da amostra os paiacuteses do Sul verificamos que o niacutevel de despesa grego e

portuguecircs foi aumentando chegando o portuguecircs a tornar-se o mais elevado entre os

restantes paiacuteses da periferia a partir de 1994 sem nunca esquecer a ausecircncia de dados

para o ano de 1997 e para a Greacutecia entre 2005 e 2010 No ano de 1994 o valor gasto por

Portugal era cerca de 46 chegando a 2010 aos 56 do PIB Jaacute relativamente agrave Itaacutelia

considerando a quebra de dados para este paiacutes verificamos que esta se encontrava no

topo dos paiacuteses do Sul que mais gastavam nesta aacuterea no entanto como jaacute foi referido

esta foi ultrapassada por Portugal e ateacute mesmo a Espanha a partir de 2007 paiacuteses que

tinham nesse ano respectivamente um niacutevel de gastos de 51 e 434 do PIB face

aos 426 do PIB verificados na Itaacutelia

Relativamente agrave despesa em protecccedilatildeo social entre os paiacuteses em anaacutelise e no

que diz respeito niacutevel gastos em pagamentos de pensotildees de reforma verificamos que

natildeo existe um grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 22) Neste capiacutetulo

verifica-se que em todos os paiacuteses o niacutevel de gastos nesta mateacuteria foi oscilando

Contudo nos subperiacuteodos de 1985-89 e de 1997-2009 este foi mais elevado na Itaacutelia e

a Greacutecia sendo estes ultrapassados apenas entre 1991-95 pela Sueacutecia Estes trecircs paiacuteses

em 2009 ocupavam trecircs das quatro primeiras posiccedilotildees nos gastos em pensotildees

apresentando a Itaacutelia a Greacutecia e a Sueacutecia um niacutevel de gastos de 13 109 e 102

do PIB respectivamente Quanto aos restantes paiacuteses verifica-se que o paiacutes que durante

maior parte do periacuteodo apresentou um niacutevel de despesa mais baixo foi Portugal no

entanto registou um aumento consideraacutevel se em 1985 se encontrava no uacuteltimo posto

com cerca de 33 do seu PIB gasto em pensotildees a partir de 2004 ultrapassou a

Finlacircndia Dinamarca e Espanha apresentando no ano de 2009 uma percentagem de

gastos em pensotildees relativamente ao PIB a rondar os 106 superior ao verificado na

21

Dinamarca (82) na Finlacircndia (102) e Espanha (77) Tal poderaacute ter que ver com

o facto de a populaccedilatildeo em Portugal ter envelhecido a um ritmo mais acelerado que nos

restantes paiacuteses

No que toca aos subsiacutedios de desemprego verificamos tambeacutem que natildeo haacute um

grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 23) Contudo neste capiacutetulo

constata-se que os trecircs paiacuteses que gastaram maior percentagem do PIB em subsiacutedios de

desemprego ao longo do periacuteodo foram a Dinamarca Espanha e Finlacircndia Nestes

paiacuteses verificamos que em 1993 o niacutevel de gastos foi o mais elevado cerca 53 do PIB

no caso dinamarquecircs e de 47 no caso espanhol e finlandecircs sendo uma possiacutevel razatildeo

para esse aumento a crise econoacutemica que ocorreu nesse ano O factor crise econoacutemica

poderaacute tambeacutem ajudar a compreender o porquecirc de na Espanha o niacutevel de gastos ter

subido entre 2008 e 2009 de uma forma abrupta passando dos 22 do PIB para os

35 aumento que poderaacute estar relacionado com a crise econoacutemica de 2007-08 que

poderaacute ter contribuiacutedo para o agravamento da taxa de desemprego espanhola Neste

acircmbito verifica-se tambeacutem que os paiacuteses que apresentaram ao longo deste periacuteodo um

niacutevel de despesa mais reduzido com os subsiacutedios de desemprego foram Portugal Itaacutelia e

Greacutecia que em 2009 eram os que menos gastavam com um niacutevel de despesa de cerca de

07 no caso grego 08 no caso italiano e 12 do PIB no caso portuguecircs Estes

valores ficam bem atraacutes dos verificados no mesmo ano para a Dinamarca (23) e para

a Espanha (35)

Jaacute no que toca agrave despesa social em apoios concedidos agraves famiacutelias em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e em subsiacutedios concedidos a pessoas com incapacidade

verifica-se que os paiacuteses do Norte tecircm um niacutevel de gastos nestas mateacuterias superior ao da

periferia europeia (ver graacuteficos 24 25 e 26) Verifica-se ainda assim uma pequena

excepccedilatildeo no que toca agrave Espanha em que os gastos em poliacuteticas activas no mercado de

trabalho em 1989 e 1990 foram superiores agraves verificadas na Dinamarca que eram cerca

de 08 do PIB face aos 07 despendido pelos dinamarqueses A diferenccedila entre os

dois grupos eacute evidente no caso da despesa relacionada com os apoios agraves famiacutelias onde

se verifica uma diferenccedila consideraacutevel ao longo do periacuteodo de anaacutelise entre o Norte e o

Sul A despesa em aacutereas como as poliacuteticas e com as famiacutelias dentro dos paiacuteses da

Escandinaacutevia foi inicialmente mais elevado na Sueacutecia que chegou a atingir o seu

maacuteximo em 1992 com cerca de 49 do PIB gasto nesta mateacuteria no entanto

progressivamente o niacutevel de despesa da Dinamarca foi-se aproximando da Sueacutecia

chegando ateacute a ultrapassar esta em 1995 No que diz respeito agrave Finlacircndia verificou-se

22

que dos trecircs paiacuteses que compotildeem a Escandinaacutevia eacute aquele que apresenta um niacutevel mais

baixo durante maior parte do periacuteodo em anaacutelise mas no entanto superior aos paiacuteses do

Sul como jaacute foi dito Existe contudo uma excepccedilatildeo para este paiacutes que acontece no ano

de 1994 quando este consegue ser o paiacutes que mais gasta nesta aacuterea cerca de 44 do

PIB superior aos gastos suecos que foram cerca de 43 e dos dinamarqueses cerca de

39 Quanto aos gastos em poliacuteticas activas do mercado de trabalho as diferenccedilas jaacute

natildeo satildeo tatildeo evidentes mas no entanto relativamente aos paiacuteses do Sul verificamos ao

longo de todo o periacuteodo que os paiacuteses que foram apresentando consecutivamente

valores mais elevados de despesa nesta mateacuteria foram Portugal e Espanha que entre

1985 e 2009 sofreram oscilaccedilotildees relativamente aos valores despendidos no entanto em

2009 estes gastavam cerca de 08 e 09 respectivamente um valor mais elevado que

o verificado para a Itaacutelia (04) e para a Greacutecia (02) paiacuteses que ao longo do periacuteodo

observado se ficaram pelos uacuteltimos lugares

Por uacuteltimo abordamos as diferenccedilas entre o Norte e o Sul ao niacutevel de gastos em

pensotildees por incapacidade (ver graacutef 26) Como jaacute foi referido verificamos que o niacutevel

de gastos nesta aacuterea eacute superior no Norte em relaccedilatildeo ao Sul Assim sendo verificamos

que a Sueacutecia e a Finlacircndia foram alternando a lideranccedila relativamente aos paiacuteses que

mais despenderam nestes apoios Entre 1985-91 e 1997-2009 a Sueacutecia realizou um niacutevel

de despesa mais elevado que a Finlacircndia apresentando em 1991 um niacutevel a rondar os

53 face ao gasto pela Finlacircndia que foi cerca de 49 Jaacute em 2009 o niacutevel de gastos

da Sueacutecia foi de 5 do seu PIB maior que o verificado na Finlacircndia 41 enquanto

que para o restante periacuteodo o niacutevel de gastos finlandecircs foi sempre superior ao sueco A

Dinamarca foi dos paiacuteses escandinavos aquele que ao longo da maior parte deste

periacuteodo menos gastou no entanto a partir de 2001 esta ultrapassou o niacutevel de gastos da

Finlacircndia apresentando um niacutevel de despesa de cerca de 38 do PIB face aos 37

verificados no caso finlandecircs Esta ultrapassagem deu-se natildeo soacute pela subida dos gastos

em da Dinamarca nesta aacuterea mas tambeacutem por uma descida da despesa finlandesa No

que toca aos paiacuteses do Sul verificamos que quem gastou relativamente mais durante a

maior parte do periacuteodo entre 1985 e 2009 em subsiacutedios atribuiacutedos a incapacitados

foram Espanha Portugal Itaacutelia e a Greacutecia respectivamente agrave excepccedilatildeo do subperiacuteodo

entre 1985 e 1989 em que a Itaacutelia teve um niacutevel de gastos superiores ao de Portugal

Estes paiacuteses no ano de 2009 apresentavam um niacutevel de gastos a rondar os 27 do PIB

no caso espanhol os 21 no caso portuguecircs os 19 no caso italiano e os 1 no caso

23

grego valores que apesar de serem mais baixos que os verificados nos paiacuteses do Norte

da Europa satildeo mais elevados que os verificados em 1985 para estes paiacuteses

Por fim concluiacutemos esta secccedilatildeo com uma anaacutelise quantitativa muito simples e

preliminar da relaccedilatildeo entre a despesa social e o crescimento econoacutemico que corresponde

ao caacutelculo dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre os vaacuterios tipos de despesa social e o PIB

real per capita e a sua taxa de crescimento De acordo com a revisatildeo da literatura

realizada na secccedilatildeo 2 espera-se que exista uma correlaccedilatildeo positiva entre a despesa

social e o niacutevel de crescimento do PIB na medida ou seja para que esta contribua

efectivamente para uma reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo do rendimento e da

pobreza mas tambeacutem porque certos tipos de despesa social tais como educaccedilatildeo sauacutede

mas tambeacutem os apoios agrave famiacutelia contribuem directamente para a acumulaccedilatildeo de capital

humano Contudo aceitando o argumento de que o financiamento necessaacuterio introduz

distorccedilotildees na actividade econoacutemica que por exemplo desincentivam o trabalho e o

investimento por parte das empresas a correlaccedilatildeo obtida pode ter um sinal negativo Da

mesma forma se despesas como o subsiacutedio de desemprego constituiacuterem um

desincentivo a realizar maior esforccedilo no trabalho tambeacutem o sinal poderaacute ser negativo

Em uacuteltima anaacutelise poderaacute natildeo existir qualquer correlaccedilatildeo se os efeitos de sinal contraacuterio

se compensarem exactamente Finalmente natildeo devemos esquecer que correlaccedilatildeo natildeo

significa causalidade pelo que o sinal obtido se pode dever agrave influecircncia do produto

sobre a despesa social ou agrave influecircncia muacutetua

Com auxiacutelio do Quadro 2 onde se encontram os resultados relativos aos

coeficientes de correlaccedilatildeo entre despesa social e o PIB real per capita verificamos que

tendo em conta os dados disponiacuteveis para todos os paiacuteses e anos os coeficientes de

correlaccedilatildeo entre as vaacuterias despesas sociais e o PIB real per capita satildeo todos positivos

quer no que respeita agrave despesa social total quer agraves suas diferentes componentes Os

coeficientes de correlaccedilatildeo mais elevados dizem respeito agraves despesas em educaccedilatildeo e

sauacutede respectivamente 0833 e 0791 podendo argumentar-se que isto se deve ao seu

contributo directo para a acumulaccedilatildeo de capital humano e que este factor possa ter

trazido ganhos de produtividade agraves economias conforme a literatura econoacutemica defende

Quanto ao efeito das vaacuterias componentes de despesa social em protecccedilatildeo social

verificamos que as aacutereas que possuem um coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado satildeo a

despesa em apoios atribuiacutedos agraves famiacutelias os subsiacutedios atribuiacutedos aos incapacitados e as

poliacuteticas activas do mercado de trabalho (0764 0648 e 0626 respectivamente) A

correlaccedilatildeo mais elevada na primeira e terceira dimensotildees referidas poderaacute ter que ver

24

com o seu papel na reduccedilatildeo da desigualdade e pobreza das famiacutelias mais pobres e dos

incentivos criados juntos das empresas para que estas empreguem mais trabalhadores

No que diz respeito aos subsiacutedios concedidos agraves famiacutelias estes ajudam ao aumento do

rendimento das mesmas e tal como foi dito anteriormente poderaacute ter-se traduzido no

aumento do consumo privado daiacute haver uma relaccedilatildeo positiva com o PIB per capita No

meacutedio-longo prazo pode tambeacutem permitir agraves famiacutelias investir mais no capital humano

dos seus filhos e desta forma contribuir para o aumento do PIB Nas restantes aacutereas

gastos com subsiacutedios de desemprego ou em pensotildees tambeacutem possuem uma relaccedilatildeo

positiva com o PIB per capita indicando que toda a despesa realizada pelos vaacuterios

paiacuteses ao longo deste periacuteodo foi importantes para o aumento do produto na medida em

que estas se incidiram sobre os indiviacuteduos que possuem um niacutevel de rendimento mais

baixo dando um estimulo ao consumo traduzindo-se isso no aumento do produto como

jaacute vimos anteriormente Contudo nestes casos os coeficientes de correlaccedilatildeo de 0424 e

0220 respectivamente satildeo bastante inferiores indicando que poderatildeo estar em

actuaccedilatildeo efeitos de sinal negativo que reduzem a correlaccedilatildeo positiva final

Nomeadamente os gastos com pensotildees e subsiacutedios de desemprego podem estar a

desviar a despesa de outras funccedilotildees sociais com um impacto mais directo sobre a

produtividade como a educaccedilatildeo e a sauacutede

Quadro 2 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social e componentes e o niacutevel

do PIB real per capita 1985-2010 (todos os dados disponiacuteveis)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB) PIB real

per capita

Total 0747

Sauacutede 0791

Educaccedilatildeo 0833

Pensotildees de reforma 0220

Pensotildees por incapacidade 0648

Apoios agraves Famiacutelias 0764

Poliacuteticas Activas do Mercado de Trabalho 0626

Subsiacutedio de Desemprego 0424

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

25

A anaacutelise de correlaccedilatildeo anterior apesar de interessante natildeo permite ter uma

ideia muito rigorosa da existecircncia ou natildeo de causalidade entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico uma vez que se baseia em valores correntes quer da despesa

quer do PIB e como vimos os paiacuteses mais ricos tendem tambeacutem a gastar mais com as

funccedilotildees sociais Por outro lado em termos de efeitos permanentes sobre a taxa de

crescimento eacute mais rigoroso calcular a correlaccedilatildeo entre a despesa e a taxa de

crescimento do PIB real per capita De forma a ter em conta a questatildeo da causalidade

inversa no quadro 2 satildeo apresentados os coeficientes de correlaccedilatildeo entre a meacutedia da

despesa social realizada nos sete paiacuteses no periacuteodo de 1985 a 1999 e o crescimento

meacutedio do PIB verificado nos dez anos seguintes 2000-2010

De acordo com a informaccedilatildeo que consta do quadro 3 o sinal dos coeficientes de

correlaccedilatildeo varia agora consoante o tipo de despesa considerada Relativamente agrave

despesa social total o coeficiente eacute negativo embora natildeo muito elevado -02779 A

justificaccedilatildeo mais imediata para este sinal poderaacute ter a ver com o facto do financiamento

necessaacuterio ter introduzido distorccedilotildees na actividade econoacutemica que prejudicaram o

crescimento Contudo torna-se mais informativo olhar para as diferentes componentes

da despesa social

No que respeita aos coeficientes por tipo de despesa como seria de esperar dada

a consensual relaccedilatildeo entre as despesas em educaccedilatildeo e sauacutede com o crescimento

econoacutemico por via do seu impacto sobre a acumulaccedilatildeo de capital humano3 o sinal eacute

positivo embora de magnitude reduzida 01356 e 00115 respectivamente em especial

no caso das despesas em sauacutede Estes resultados indicam tambeacutem que os coeficientes de

correlaccedilatildeo anteriores contecircm realmente informaccedilatildeo sobre a influecircncia positiva no niacutevel

de rendimento sobre as despesas sociais em educaccedilatildeo e sauacutede O outro coeficiente de

correlaccedilatildeo positivo diz respeito agrave despesa com subsiacutedios de desemprego sendo ateacute a

correlaccedilatildeo mais forte do que nos dois casos anteriores 01733 Isto pode indicar que a

existecircncia deste apoio constituiu um incentivo ao trabalho pela seguranccedila que permite

aos trabalhadores estimulando tambeacutem os mesmos a apostar na sua formaccedilatildeo porque

protegidos em caso de desemprego

Quanto ao impacto negativo das restantes componentes da despesa social

verifica-se que as despesas que apresentam um coeficiente menos negativo satildeo as

pensotildees de reforma e por incapacidade -02298 e -03338 respectivamente enquanto

3 Como vimos na secccedilatildeo 3 o estado de sauacutede mas em especial o niacutevel de escolaridade da populaccedilatildeo

dos paiacuteses escandinavos foram em geral superiores ao dos paiacuteses do Sul ao longo do periacuteodo em anaacutelise

26

ainda menos esperado a correlaccedilatildeo negativa mais forte acontece no caso das poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias -03794 e -03671 respectivamente

No caso das pensotildees de reforma e por incapacidade o sinal natildeo eacute inesperado dado o

esforccedilo que exigem em termos de financiamento e o seu papel mais indirecto na

promoccedilatildeo do crescimento econoacutemico sobretudo via a reduccedilatildeo da desigualdade e da

pobreza No caso das poliacuteticas activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias os

resultados satildeo inesperados a dois niacuteveis sinais e magnitude relativa superior Esperar-

se-ia um sinal positivo face ao descrito logo no iniacutecio da anaacutelise de correlaccedilatildeo ou pelo

menos natildeo tatildeo negativo como nos outros dois casos uma vez que em qualquer situaccedilatildeo

o financiamento necessaacuterio pode ter impacto negativo sobre o crescimento do produto

Quadro 3 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social meacutedia (1985-1999) e a

taxa meacutedia de crescimento do PIB real per capita (2000-2010)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB)

Meacutedia 1985-1999 Taxa meacutedia de crescimento anual do PIB real per capita

(2000-10)

Total -02779

Sauacutede 00115

Educaccedilatildeo 01356

Pensotildees de reforma -02298

Pensotildees por incapacidade -03338

Apoios agraves Famiacutelias -03671

Poliacuteticas Activas do Mercado de

Trabalho -03794

Subsiacutedio de Desemprego 01733

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

Em jeito de conclusatildeo os resultados apontam para uma relaccedilatildeo positiva entre a

despesa social nas vaacuterias aacutereas analisadas e o niacutevel do PIB per capita entre 1985 e 2010

o que eacute indiciador de que estatildeo em actuaccedilatildeo mecanismos de influecircncia da despesa social

que promovem um aumento do niacutevel de rendimento nomeadamente via acumulaccedilatildeo de

capital humano atraveacutes das despesas em educaccedilatildeo e sauacutede Contudo uma anaacutelise mais

rigorosa em termos de possiacuteveis impactos permanentes sobre a taxa de crescimento

econoacutemico revela que os resultados podem divergir bastante em termos de sinal e

magnitude atendendo ao tipo de despesa social considerada Os resultados deste estudo

27

apontam tambeacutem para valores que alguns casos podem ser contraacuterios aos verificados

pelos estudos empiacutericos descritos na secccedilatildeo 2 Tal poderaacute estar relacionado com a

amostra de paiacuteses utilizada assim como o periacuteodo de anaacutelise e metodologia utilizada

5 Conclusotildees

Este trabalho propocircs-se a reflectir sobre a relaccedilatildeo entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico tendo por base a comparaccedilatildeo de dois grupos de paiacuteses

pertencentes agrave Uniatildeo Europeia a Escandinaacutevia e o Sul da Europa A niacutevel teoacuterico as

previsotildees acerca da relaccedilatildeo entre Estado Social e crescimento econoacutemico divergem

sendo possiacutevel encontrar argumentos que justificam a existecircncia de uma relaccedilatildeo

positiva outros que apoiam a verificaccedilatildeo de uma relaccedilatildeo negativa e outros ainda que

apontam no sentido de ausecircncia de qualquer relaccedilatildeo Estas diferentes hipoacuteteses parecem

indicar que cabe agrave anaacutelise empiacuterica determinar o sinal da relaccedilatildeo e o respectivo

contexto

Constituindo uma anaacutelise ainda exploratoacuteria o presente trabalho recorreu a uma

anaacutelise de estatiacutestica descritiva de um conjunto variado de indicadores relevantes para o

periacuteodo de 1985 a 2010 sempre que possiacutevel para analisar empiricamente a relaccedilatildeo

entre despesa social e crescimento econoacutemico

De forma a analisar esta relaccedilatildeo em termos mais detalhados aquela foi

desagregada em diferentes componentes tendo sido utilizados dados relativos a

despesas em educaccedilatildeo sauacutede e em vaacuterias componentes da despesa com a protecccedilatildeo

social como os subsiacutedios de desemprego e incapacidade apoios agraves famiacutelias gastos em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho e em pensotildees de reforma Foram calculados os

coeficientes de correlaccedilatildeo destas com o niacutevel do PIB real per capita numa tentativa de

confirmaccedilatildeo muito preliminar do sinal esperado para a relaccedilatildeo bem como os

coeficientes de correlaccedilatildeo entre os valores meacutedios da despesa das vaacuterias variaacuteveis entre

1985 e 1999 com a taxa de crescimento do PIB per capita entre 2000-10 Os

coeficientes de correlaccedilatildeo no uacuteltimo caso poderatildeo ajudar a compreender se o niacutevel de

gastos verificado entre 1985-99 contribuiacuteram para o crescimento econoacutemico verificado

na deacutecada seguinte

Verificou-se que ao longo do periacuteodo em anaacutelise a despesa social em

percentagem do PIB agregada e nas diferentes aacutereas teve um aumento relativo entre

1985 e 2010 mas no entanto aquela foi sempre mais elevada nos paiacuteses Escandinavos

tendo estes paiacuteses registado tambeacutem valores mais elevados do PIB real per capita

28

relativamente aos paiacuteses do Sul Os resultados apontam para que todas as dimensotildees se

correlacionam positivamente com o niacutevel de rendimento per capita sendo de destacar

que a educaccedilatildeo eacute a componente com coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado seguida

das despesas com sauacutede o que parece confirmar a influecircncia deste tipo de despesa sobre

o comportamento do produto via acumulaccedilatildeo de capital humano No que respeita ao

possiacutevel efeito da despesa social sobre a taxa de crescimento do PIB real per capita o

sinal do coeficiente de correlaccedilatildeo manteacutem-se positivo mas de magnitude bastante

inferior ao dos casos anteriores enquanto a correlaccedilatildeo apresenta um sinal negativo no

caso da despesa social total A correlaccedilatildeo eacute tambeacutem negativa para as diferentes

componentes da despesa como a protecccedilatildeo social com excepccedilatildeo do subsiacutedio de

desemprego Estes resultados apoiam assim a necessidade de ao estudar a relaccedilatildeo entre

Estado Social e crescimento econoacutemico levar a cabo uma anaacutelise desagregada uma vez

que os mecanismos de transmissatildeo podem variar consoante o tipo de despesa social

pelo que a anaacutelise agregada eacute difiacutecil de interpretar em termos econoacutemicos

Em suma o presente estudo poderaacute ajudar a compreender de forma preliminar

como os gastos sociais interagem com o crescimento econoacutemico e quais as aacutereas que

tecircm contribuiacutedo de forma positiva ou negativa para o mesmo Contudo natildeo poderaacute

deixar de se ter em conta a capacidade de outros factores poderem afectar a

performance da economia assim como natildeo se deve negligenciar a importacircncia dos

gastos sociais para a convergecircncia econoacutemica dos paiacuteses do Sul para com os paiacuteses do

Norte da Europa De forma a poder generalizar a anaacutelise e tirar conclusotildees mais

robustas em relaccedilatildeo ao sentido da causalidade e mecanismos de transmissatildeo no futuro

seraacute necessaacuterio utilizar meacutetodos de inferecircncia estatiacutestica adequados e amostras mais

alargadas de paiacuteses

29

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30

Anexos

Graacutefico 1 PIB per capita a preccedilos constantes de 2005 entre 1985 e 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 2 Esperanccedila meacutedia de vida 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

19

85

19

86

19

87

19

88

19

89

19

90

19

91

19

92

19

93

19

94

19

95

19

96

19

97

19

98

19

99

20

00

20

01

20

02

20

03

20

04

20

05

20

06

20

07

20

08

20

09

20

10

Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

727374757677787980818283

19

85

19

86

19

87

19

88

19

89

19

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Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em

cada 1000 nascimentos) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total

da populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB ()1985 e 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

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Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes 2003 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010

Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A

despesa Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009

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menos descontos do que aqueles satildeo necessaacuterios para obter um boa pensatildeo no futuro

podendo estar a comprometer a sua estabilidade financeira apoacutes a sua vida activa No

Norte Europeu paiacuteses como a Dinamarca tecircm investido na resoluccedilatildeo dos problemas

relativos ao desemprego jovem promovendo poliacuteticas de apoio aos jovens que possuem

baixos niacuteveis de estudos e que estejam sem trabalho como salientam Hughes e Borbeacutely-

Pecze (2012) Para tal foram desenvolvidos programas onde os jovens satildeo inseridos em

cursos de formaccedilatildeo praacutetica com vista a que estes adquiram experiecircncia e que os

familiarizem com o local de trabalho promovendo as suas aptidotildees de forma a capacitaacute-

los para o mercado de trabalho para que tragam ganhos de produtividade agrave entidade que

os emprega e consequentemente ao seu paiacutes Ao niacutevel da taxa de desemprego jovem o

graacutefico 12 ajuda-nos a perceber que esta era no ano de 2010 mais elevada na Espanha

com cerca de 424 sendo esta seguida pela Greacutecia com 325 Ao niacutevel das taxas

mais baixas verificamos que que entre 1991 e 2010 quem apresentou a taxa mais baixa

foi a Dinamarca sendo que no ano de 2010 esta apresentava uma taxa de cerca de

139 seguida da Finlacircndia com cerca de 203

Quanto agrave anaacutelise de factores econoacutemicos que possam ser responsaacuteveis pelas

diferenccedilas relativas ao niacutevel de vida iremos comeccedilar por analisar a importacircncia do

sector secundaacuterio e terciaacuterio para o PIB dos diversos paiacuteses na medida em que estes

sectores satildeo os que envolvem uma maior percentagem de indiviacuteduos com habilitaccedilotildees

acadeacutemicas mais elevadas e cujo seu contributo para o produto dos paiacuteses eacute mais

consideraacutevel

No que toca ao sector secundaacuterio verifica-se que entre 1985 e 2010 este tem

vindo a perder importacircncia no PIB de todos os paiacuteses No entanto durante este periacuteodo

verificou-se que o paiacutes que apresentava uma maior percentagem de riqueza gerado por

este sector era Portugal tendo contudo essa importacircncia diminuiacutedo de forma constante

chegando no ano de 2010 a ser de apenas 15 proacuteximo da percentagem da Espanha Eacute

de salientar que a importacircncia deste sector em 2010 era relativamente mais baixa nestes

paiacuteses em relaccedilatildeo agrave Dinamarca ou na Sueacutecia (ver graacutef13) Ao niacutevel do sector terciaacuterio

verificamos atraveacutes do graacutefico 14 que a importacircncia deste sector para a amostra de

paiacuteses em estudo era muito nivelado entre os 60 e os 70 No entanto a partir do ano

2000 verificou-se um aumento relativo da contribuiccedilatildeo deste sector para o PIB dos

vaacuterios paiacuteses sendo de salientar que em 2009 este sector tinha maior peso na produccedilatildeo

de riqueza no caso da Greacutecia contribuindo em cerca de 79 do total do PIB grego

15

enquanto que o mais baixo se verificava na Finlacircndia com cerca de 69 do PIB a ser

gerado por este sector

A anaacutelise da estrutura produtiva de um paiacutes pode ter tambeacutem uma relaccedilatildeo com o

grau de abertura da economia pois este poderaacute trazer algumas vantagens e explicar o

porquecirc de um determinado sector ter ganho mais importacircncia no PIB de um paiacutes Essas

vantagens podem estar relacionadas com a entrada de novos produtos e tecnologias que

normalmente estatildeo relacionados com o sector secundaacuterio e terciaacuterio e que poderatildeo

explicar o crescimento destes sectores Este factor poderaacute ainda estar relacionado com o

niacutevel de educaccedilatildeo de uma populaccedilatildeo pois quanto maior for o desenvolvimento

tecnoloacutegico de um paiacutes tal poderaacute levar agrave necessidade de um reforccedilo na educaccedilatildeo e

formaccedilatildeo profissional para capacitar a matildeo-de-obra para lidar com estas novas

tecnologias Assim o grau de abertura de um paiacutes poderaacute estar relacionado com o

aumento dos gastos em educaccedilatildeo

No que respeita ao grau de abertura da economia medido atraveacutes do volume de

importaccedilotildees e exportaccedilotildees em percentagem do PIB verificou-se que em todos os paiacuteses

em estudo houve uma tendecircncia de crescimento entre 1985 e 2010 Os paiacuteses que no

ano de 2010 apresentavam um grau de abertura mais elevado eram a Dinamarca com

cerca de 953 e a Sueacutecia com cerca de 928 Por outro lado paiacuteses como a Greacutecia e

a Espanha registavam valores muito mais baixos sendo que a Greacutecia apresentava um

niacutevel de cerca de 538 do seu PIB e a Espanha 569 como se pode constatar no

graacutefico 15 No que respeita ao saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes um valor em

percentagem do PIB positivo significa que existe um superavit ou seja que o paiacutes

aumentou os seus activos no estrangeiro Neste aspecto devido agrave falta de dados a

anaacutelise a esta variaacutevel comeccedila a partir de 2003 e consultando a graacutefico 16 verificamos

que ao longo do periacuteodo na Greacutecia Portugal Itaacutelia e Espanha a balanccedila foi sempre

deficitaacuteria sendo as situaccedilotildees mais complicadas a da Greacutecia e a de Portugal que em

2010 apresentavam um deacutefice de 104 e 97 respectivamente Por outro lado a

Dinamarca a Sueacutecia e a Finlacircndia tiveram sempre um excedente

No que toca agrave anaacutelise do saldo orccedilamental este juntamente com a diacutevida puacuteblica

poderaacute ajudar a compreender o estado das financcedilas puacuteblicas de um paiacutes Compreender o

saldo orccedilamental em percentagem do PIB eacute muito importante pois se este demonstrar

um comportamento mais despesista tal iraacute reflectir-se no aumento do endividamento do

Estado que poderaacute ter de levar a uma reduccedilatildeo dos apoios do Estado Social com vista agrave

sustentabilidade financeira do Estado Como forma de controlar as financcedilas puacuteblicas

16

poderatildeo ser necessaacuterios cortes ao niacutevel dos apoios da protecccedilatildeo social bem como a

reduccedilatildeo do orccedilamento do Estado para aacutereas com a sauacutede ou educaccedilatildeo No graacutefico 17 eacute

possiacutevel verificar que no caso de paiacuteses como a Greacutecia Portugal e Itaacutelia no periacuteodo de

estudo verificou-se que estes paiacuteses tiveram sempre um comportamento mais despesista

que os restantes sendo como jaacute vimos esta uma possiacutevel justificaccedilatildeo para o crescimento

da diacutevida puacuteblica nestes paiacuteses Jaacute os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentavam saldos

orccedilamentais mais positivos em relaccedilatildeo aos do Sul da Europa sendo mesmo o saldo

orccedilamental sueco aproximadamente de 0

A diacutevida puacuteblica em percentagem do PIB sempre foi inferior nos paiacuteses do Norte

em relaccedilatildeo aos do Sul Entre 1995 e 2010 verificamos que o niacutevel de diacutevida foi

oscilando no entanto este foi relativamente mais elevado na Greacutecia e na Itaacutelia

chegando no ano de 2010 este a ser cerca de 145 e 1194 do seu PIB

respectivamente No caso da Sueacutecia verificou-se ao longo deste periacuteodo uma tendecircncia

de descida e em 2010 este era de 394 (ver graacutef 18) Um outro factor que pode ter

feito aumentar o niacutevel de diacutevida de alguns paiacuteses do Sul da Europa a partir de 2005

pode ter que ver com o surgimento da crise econoacutemica de 2007 que agravou ainda mais

o niacutevel de diacutevida destes paiacuteses que era jaacute elevado como satildeo exemplos a Greacutecia e

Portugal

Em resumo verificamos que em termos globais os indicadores soacutecio-

econoacutemicos do Sul da Europa satildeo piores que os do Norte Europeu Contudo as

diferenccedilas tecircm vindo a diminuir Por exemplo os indicadores relativos agrave sauacutede e agrave

educaccedilatildeo tecircm demonstrado francas melhorias que talvez resultem do facto dos estados

terem reforccedilado os apoios ao niacutevel destas funccedilotildees sociais Haacute no entanto que ter em

conta que no caso do Sul Europeu o crescente aumento da diacutevida puacuteblica poderaacute

dificultar a continuidade desta acccedilatildeo na medida em que poderaacute levar agrave necessidade de

reformulaccedilotildees que passem por cortes no Estado Social com vista a fazer face ao

crescente endividamento destes Os Estados do Sul Europeu natildeo devem contudo no

periacuteodo actual de crise esquecer a importacircncia que estes sectores tecircm para a coesatildeo

social e potencialmente para o desempenho econoacutemico

4 Despesa Social e Crescimento Econoacutemico anaacutelise comparada de alguns dados

Nesta secccedilatildeo seraacute realizada uma anaacutelise de estatiacutestica descritiva que teraacute como

principal objectivo uma anaacutelise comparada dos dois grupos de paiacuteses em termos de

crescimento econoacutemico e despesa social agregada e por diferentes componentes entre

17

1985 e 2010 Por uacuteltimo procura-se verificar se o sinal da correlaccedilatildeo esperada entre a

despesa social do Estado e o comportamento do produto estaacute de acordo com a literatura

econoacutemica Para tal realizamos apenas uma anaacutelise muito simples e preliminar baseada

no caacutelculo de coeficientes de correlaccedilatildeo entre as despesas em sauacutede educaccedilatildeo e as

vaacuterias componentes da despesa em protecccedilatildeo social e respectivamente o PIB per capita

e a taxa de crescimento do mesmo

Esta anaacutelise foi realizada tendo em conta todos os dados disponiacuteveis na base de

dados da OECD Social Expenditure Database ao niacutevel dos gastos com sauacutede e

protecccedilatildeo social e com os dados disponiacuteveis do Banco Mundial relativamente a despesa

em educaccedilatildeo PIB real per capita para todos os paiacuteses em anaacutelise no periacuteodo entre 1985

e 2010

Antes de passarmos agrave anaacutelise comparada da despesa social e suas componentes

nos paiacuteses da nossa amostra detenhamo-nos na comparaccedilatildeo da respectiva prestaccedilatildeo em

termos de crescimento econoacutemico de acordo com os dados relativos agraves taxas meacutedias de

crescimento anual do PIB real per capita entre 1985 e 2010 e alguns sub-periacuteodos (ver

Quadro 1) Ao longo do periacuteodo total 1985-2010 Portugal e a Espanha foram os paiacuteses

que mais cresceram o que natildeo eacute de estranhar uma vez que partiram de valores do PIB

real per capita dos mais baixos do grupo Seguem-se a estes os paiacuteses escandinavos

Finlacircndia Sueacutecia e Dinamarca enquanto que a Greacutecia e a Itaacutelia foram os paiacuteses que

menos cresceram No caso da Greacutecia a situaccedilatildeo eacute mais insoacutelita uma vez que tal como

Portugal e Espanha partiu de um niacutevel de rendimento relativamente mais baixo e assim

sendo o potencial de crescimento e convergecircncia deveria ter sido superior ao dos paiacuteses

mais ricos Se dividirmos o periacuteodo total em anaacutelise em trecircs sub-periacuteodos 1985-95

1995-05 e 2005-10 verificamos que o desempenho relativo dos paiacuteses se vai alterando

Assim por exemplo a boa prestaccedilatildeo de Portugal entre 1985-2010 parece ter sido

consequecircncia do seu elevado crescimento relativo entre 1985 e 1995 enquanto que nos

outros dois sub-periacuteodos a taxa meacutedia de crescimento anual do seu PIB real per capita eacute

das mais baixas do grupo Os paiacuteses escandinavos tecircm taxas de crescimento relativas

mais elevadas essencialmente entre 1995 e 2005 enquanto a Espanha e a Greacutecia

melhoram o desempenho relativo no segundo e terceiro sub-periacuteodos em especial a

Espanha Em todo o caso registou-se um acentuado abrandamento e do crescimento nos

uacuteltimos cinco anos com a Itaacutelia Sueacutecia Finlacircndia e Portugal a registarem mesmo taxas

crescimento negativas Este fenoacutemeno natildeo pode deixar de ter em conta o iniacutecio da crise

econoacutemica e financeira que teve o seu comeccedilo em 2007-2008

18

Quadro 1 Taxas meacutedias de crescimento anual do PIB real per capita 1985 a 2010

Periacuteodos Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

1985-1995 1639 0940 0555 2140 3600 2698 0970

1995-2005 1682 3377 3243 1128 2025 2591 2831

2005-2010 0025 -0267 0198 -0145 -0441 0207 -0229

1985-2010 1221 1806 1461 1131 2333 2024 1690

Fonte Caacutelculos do autor com base em dados do Banco Mundial

No que diz respeito agrave anaacutelise comparada entre a despesa social dos paiacuteses em

estudo iremos comeccedilar por comparar os niacuteveis de gastos sociais totais2 em percentagem

do PIB ao longo do periacuteodo total 1985-2010 (ver graacutefico 19) Durante todo este periacuteodo

eacute possiacutevel verificar que os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentaram um niacutevel de gastos

sociais totais superior ao dos paiacuteses do Sul Europeu O paiacutes que apresentou um niacutevel de

gastos mais elevado durante a maior parte deste periacuteodo foi a Sueacutecia que apenas o

deixou de ser quando a Dinamarca se assumiu como o paiacutes que mais gastou em despesa

social em 2010 cerca de 306 do PIB Quanto agrave Finlacircndia esta no ano de 2010

tambeacutem ultrapassa a Sueacutecia ao niacutevel de uma maior despesa social Contudo no caso

finlandecircs verifica-se que entre os anos de 1990 e 1992 ocorreu um aumento

consideraacutevel na despesa social ao qual se sucede uma diminuiccedilatildeo gradual dos gastos ateacute

2000 No entanto tal como a Dinamarca e a Sueacutecia este paiacutes apresentava ainda um

niacutevel de gastos superiores ao dos paiacuteses do Sul cerca de 243 do PIB No que respeita

aos paiacuteses da periferia tambeacutem designados paiacuteses do Sul verifica-se que o paiacutes que

mais se conseguiu aproximar do niacutevel de despesa dos paiacuteses da Escandinaacutevia foi a Itaacutelia

que no ano de 2010 gastava cerca de 277 do seu PIB em gastos sociais enquanto que

a Sueacutecia cerca de 283 No entanto verificamos que a Itaacutelia em algumas ocasiotildees foi

ultrapassada pelo niacutevel de gastos da Espanha como eacute o caso do subperiacuteodo entre 1989 e

1996 Quanto aos paiacuteses que canalizaram uma menor percentagem do PIB para a

despesa social verificam-se que estes foram a Espanha Greacutecia e Portugal

Relativamente a estes dois uacuteltimos verificou-se que a Greacutecia apresentava em 1985 um

niacutevel de despesa social consideravelmente maior que Portugal cerca de 161 face aos

101 do PIB de Portugal no entanto essa diferenccedila foi diminuindo Tal resulta de um

2 Os gastos sociais totais incluem a despesa em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado laboral apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social

exceptuando os apoios em educaccedilatildeo

19

evidente aumento da despesa em Portugal e um teacutenue crescimento da Despesa Social

grega chegando Portugal no ano de 2002 a ultrapassar a Greacutecia e no ano de 2010

apresentava um niacutevel de despesa mais elevado de despesa que a Greacutecia cerca de 254

face aos 233 da Greacutecia Na globalidade verificou-se uma tendecircncia de crescimento

contiacutenuo nos paiacuteses escandinavos ateacute ao iniacutecio da deacutecada de 90 seguido de uma

diminuiccedilatildeo ateacute cerca de 2000 No Sul a tendecircncia eacute de crescimento sustentado para a

Greacutecia e Portugal e de oscilaccedilotildees na Espanha e Itaacutelia Eacute tambeacutem notoacuterio que apoacutes a crise

de 2007-08 se verifica de novo um crescimento da despesa relativamente aos paiacuteses do

Norte

No seguimento da anaacutelise comparativa da despesa social em termos globais

efectua-se agora um estudo comparativo entre a despesa do Estado nas vaacuterias

componentes da despesa social educaccedilatildeo sauacutede e protecccedilatildeo social e dentro de estas

com o pagamento de pensotildees de reforma subsiacutedios de invalidez politicas activas do

mercado de trabalho apoios agraves famiacutelias e subsiacutedio de desemprego que correspondem agrave

maioria da despesa social nestes paiacuteses

De acordo com os graacuteficos 20 e 21 os niacuteveis de despesa social quer em sauacutede e

quer em educaccedilatildeo respectivamente dos paiacuteses do Norte face aos do Sul medidos em

percentagem do seu PIB entre 1985 e 2010 satildeo maiores no primeiro grupo de paiacuteses

relativamente ao segundo agrave excepccedilatildeo da Finlacircndia que depois de um periacuteodo de

diminuiccedilatildeo da despesa em sauacutede entre 1992 e 1998 para cerca dos 53 do PIB

verifica de novo um aumento para os 67 verificados em 2010 No entanto situava-se

aqueacutem do verificado em Itaacutelia Espanha e Portugal no mesmo ano que era

respectivamente 73 713 e 712 do PIB Assim sendo a Finlacircndia encontrava-se

soacute a frente da Greacutecia que possuiacutea um niacutevel de gastos de 64 do PIB (ver graacutef 20 e 21)

Nota-se tambeacutem no que diz respeito agrave despesa em sauacutede que a Sueacutecia e a Dinamarca

foram quem mais despenderam nesta aacuterea com niacuteveis de despesa semelhantes Contudo

a partir de 1999 o niacutevel de despesa da Dinamarca passa para frente do da Sueacutecia

tornando-se assim o paiacutes com maior despesa em sauacutede chegando a 2010 a apresentar

um valor de cerca de 94 do PIB face aos 77 da Sueacutecia Eacute importante salientar que

todos os paiacuteses do Sul da Europa verificaram um crescimento sustentado que se traduz

em valores de despesa em sauacutede em percentagem do PIB maiores em 2010 que em

1985 Por fim importa destacar que entre 2009 e 2010 verificou-se uma diminuiccedilatildeo da

despesa para todos os paiacuteses por ventura efeitos da crise que comeccedilou um par de anos

antes

20

No que toca agrave educaccedilatildeo como jaacute foi referido os paiacuteses da Escandinaacutevia

apresentam durante o periacuteodo em anaacutelise um niacutevel de despesa superior nesta mateacuteria em

relaccedilatildeo aos paiacuteses da periferia Neste contexto verificamos que as diferenccedilas relativas

aos niacuteveis de despesa dos vaacuterios paiacuteses em educaccedilatildeo se encontram melhor clarificadas

que as diferenccedilas ao niacutevel da despesa em sauacutede agrave excepccedilatildeo dos anos entre 1987 e 1990

em que os valores da despesa portuguesa foram semelhantes ao da espanhola e dos anos

de 2007 e 2008 em que os valores da Itaacutelia foram semelhantes aos da Espanha Feitas

estas consideraccedilotildees verifica-se a existecircncia de um maior niacutevel de despesa em educaccedilatildeo

por parte da Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia ao longo do periacuteodo e no ano de 2009 o

valor da despesa era respectivamente de 83 72 e 68 do PIB No que toca aos

restantes paiacuteses da amostra os paiacuteses do Sul verificamos que o niacutevel de despesa grego e

portuguecircs foi aumentando chegando o portuguecircs a tornar-se o mais elevado entre os

restantes paiacuteses da periferia a partir de 1994 sem nunca esquecer a ausecircncia de dados

para o ano de 1997 e para a Greacutecia entre 2005 e 2010 No ano de 1994 o valor gasto por

Portugal era cerca de 46 chegando a 2010 aos 56 do PIB Jaacute relativamente agrave Itaacutelia

considerando a quebra de dados para este paiacutes verificamos que esta se encontrava no

topo dos paiacuteses do Sul que mais gastavam nesta aacuterea no entanto como jaacute foi referido

esta foi ultrapassada por Portugal e ateacute mesmo a Espanha a partir de 2007 paiacuteses que

tinham nesse ano respectivamente um niacutevel de gastos de 51 e 434 do PIB face

aos 426 do PIB verificados na Itaacutelia

Relativamente agrave despesa em protecccedilatildeo social entre os paiacuteses em anaacutelise e no

que diz respeito niacutevel gastos em pagamentos de pensotildees de reforma verificamos que

natildeo existe um grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 22) Neste capiacutetulo

verifica-se que em todos os paiacuteses o niacutevel de gastos nesta mateacuteria foi oscilando

Contudo nos subperiacuteodos de 1985-89 e de 1997-2009 este foi mais elevado na Itaacutelia e

a Greacutecia sendo estes ultrapassados apenas entre 1991-95 pela Sueacutecia Estes trecircs paiacuteses

em 2009 ocupavam trecircs das quatro primeiras posiccedilotildees nos gastos em pensotildees

apresentando a Itaacutelia a Greacutecia e a Sueacutecia um niacutevel de gastos de 13 109 e 102

do PIB respectivamente Quanto aos restantes paiacuteses verifica-se que o paiacutes que durante

maior parte do periacuteodo apresentou um niacutevel de despesa mais baixo foi Portugal no

entanto registou um aumento consideraacutevel se em 1985 se encontrava no uacuteltimo posto

com cerca de 33 do seu PIB gasto em pensotildees a partir de 2004 ultrapassou a

Finlacircndia Dinamarca e Espanha apresentando no ano de 2009 uma percentagem de

gastos em pensotildees relativamente ao PIB a rondar os 106 superior ao verificado na

21

Dinamarca (82) na Finlacircndia (102) e Espanha (77) Tal poderaacute ter que ver com

o facto de a populaccedilatildeo em Portugal ter envelhecido a um ritmo mais acelerado que nos

restantes paiacuteses

No que toca aos subsiacutedios de desemprego verificamos tambeacutem que natildeo haacute um

grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 23) Contudo neste capiacutetulo

constata-se que os trecircs paiacuteses que gastaram maior percentagem do PIB em subsiacutedios de

desemprego ao longo do periacuteodo foram a Dinamarca Espanha e Finlacircndia Nestes

paiacuteses verificamos que em 1993 o niacutevel de gastos foi o mais elevado cerca 53 do PIB

no caso dinamarquecircs e de 47 no caso espanhol e finlandecircs sendo uma possiacutevel razatildeo

para esse aumento a crise econoacutemica que ocorreu nesse ano O factor crise econoacutemica

poderaacute tambeacutem ajudar a compreender o porquecirc de na Espanha o niacutevel de gastos ter

subido entre 2008 e 2009 de uma forma abrupta passando dos 22 do PIB para os

35 aumento que poderaacute estar relacionado com a crise econoacutemica de 2007-08 que

poderaacute ter contribuiacutedo para o agravamento da taxa de desemprego espanhola Neste

acircmbito verifica-se tambeacutem que os paiacuteses que apresentaram ao longo deste periacuteodo um

niacutevel de despesa mais reduzido com os subsiacutedios de desemprego foram Portugal Itaacutelia e

Greacutecia que em 2009 eram os que menos gastavam com um niacutevel de despesa de cerca de

07 no caso grego 08 no caso italiano e 12 do PIB no caso portuguecircs Estes

valores ficam bem atraacutes dos verificados no mesmo ano para a Dinamarca (23) e para

a Espanha (35)

Jaacute no que toca agrave despesa social em apoios concedidos agraves famiacutelias em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e em subsiacutedios concedidos a pessoas com incapacidade

verifica-se que os paiacuteses do Norte tecircm um niacutevel de gastos nestas mateacuterias superior ao da

periferia europeia (ver graacuteficos 24 25 e 26) Verifica-se ainda assim uma pequena

excepccedilatildeo no que toca agrave Espanha em que os gastos em poliacuteticas activas no mercado de

trabalho em 1989 e 1990 foram superiores agraves verificadas na Dinamarca que eram cerca

de 08 do PIB face aos 07 despendido pelos dinamarqueses A diferenccedila entre os

dois grupos eacute evidente no caso da despesa relacionada com os apoios agraves famiacutelias onde

se verifica uma diferenccedila consideraacutevel ao longo do periacuteodo de anaacutelise entre o Norte e o

Sul A despesa em aacutereas como as poliacuteticas e com as famiacutelias dentro dos paiacuteses da

Escandinaacutevia foi inicialmente mais elevado na Sueacutecia que chegou a atingir o seu

maacuteximo em 1992 com cerca de 49 do PIB gasto nesta mateacuteria no entanto

progressivamente o niacutevel de despesa da Dinamarca foi-se aproximando da Sueacutecia

chegando ateacute a ultrapassar esta em 1995 No que diz respeito agrave Finlacircndia verificou-se

22

que dos trecircs paiacuteses que compotildeem a Escandinaacutevia eacute aquele que apresenta um niacutevel mais

baixo durante maior parte do periacuteodo em anaacutelise mas no entanto superior aos paiacuteses do

Sul como jaacute foi dito Existe contudo uma excepccedilatildeo para este paiacutes que acontece no ano

de 1994 quando este consegue ser o paiacutes que mais gasta nesta aacuterea cerca de 44 do

PIB superior aos gastos suecos que foram cerca de 43 e dos dinamarqueses cerca de

39 Quanto aos gastos em poliacuteticas activas do mercado de trabalho as diferenccedilas jaacute

natildeo satildeo tatildeo evidentes mas no entanto relativamente aos paiacuteses do Sul verificamos ao

longo de todo o periacuteodo que os paiacuteses que foram apresentando consecutivamente

valores mais elevados de despesa nesta mateacuteria foram Portugal e Espanha que entre

1985 e 2009 sofreram oscilaccedilotildees relativamente aos valores despendidos no entanto em

2009 estes gastavam cerca de 08 e 09 respectivamente um valor mais elevado que

o verificado para a Itaacutelia (04) e para a Greacutecia (02) paiacuteses que ao longo do periacuteodo

observado se ficaram pelos uacuteltimos lugares

Por uacuteltimo abordamos as diferenccedilas entre o Norte e o Sul ao niacutevel de gastos em

pensotildees por incapacidade (ver graacutef 26) Como jaacute foi referido verificamos que o niacutevel

de gastos nesta aacuterea eacute superior no Norte em relaccedilatildeo ao Sul Assim sendo verificamos

que a Sueacutecia e a Finlacircndia foram alternando a lideranccedila relativamente aos paiacuteses que

mais despenderam nestes apoios Entre 1985-91 e 1997-2009 a Sueacutecia realizou um niacutevel

de despesa mais elevado que a Finlacircndia apresentando em 1991 um niacutevel a rondar os

53 face ao gasto pela Finlacircndia que foi cerca de 49 Jaacute em 2009 o niacutevel de gastos

da Sueacutecia foi de 5 do seu PIB maior que o verificado na Finlacircndia 41 enquanto

que para o restante periacuteodo o niacutevel de gastos finlandecircs foi sempre superior ao sueco A

Dinamarca foi dos paiacuteses escandinavos aquele que ao longo da maior parte deste

periacuteodo menos gastou no entanto a partir de 2001 esta ultrapassou o niacutevel de gastos da

Finlacircndia apresentando um niacutevel de despesa de cerca de 38 do PIB face aos 37

verificados no caso finlandecircs Esta ultrapassagem deu-se natildeo soacute pela subida dos gastos

em da Dinamarca nesta aacuterea mas tambeacutem por uma descida da despesa finlandesa No

que toca aos paiacuteses do Sul verificamos que quem gastou relativamente mais durante a

maior parte do periacuteodo entre 1985 e 2009 em subsiacutedios atribuiacutedos a incapacitados

foram Espanha Portugal Itaacutelia e a Greacutecia respectivamente agrave excepccedilatildeo do subperiacuteodo

entre 1985 e 1989 em que a Itaacutelia teve um niacutevel de gastos superiores ao de Portugal

Estes paiacuteses no ano de 2009 apresentavam um niacutevel de gastos a rondar os 27 do PIB

no caso espanhol os 21 no caso portuguecircs os 19 no caso italiano e os 1 no caso

23

grego valores que apesar de serem mais baixos que os verificados nos paiacuteses do Norte

da Europa satildeo mais elevados que os verificados em 1985 para estes paiacuteses

Por fim concluiacutemos esta secccedilatildeo com uma anaacutelise quantitativa muito simples e

preliminar da relaccedilatildeo entre a despesa social e o crescimento econoacutemico que corresponde

ao caacutelculo dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre os vaacuterios tipos de despesa social e o PIB

real per capita e a sua taxa de crescimento De acordo com a revisatildeo da literatura

realizada na secccedilatildeo 2 espera-se que exista uma correlaccedilatildeo positiva entre a despesa

social e o niacutevel de crescimento do PIB na medida ou seja para que esta contribua

efectivamente para uma reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo do rendimento e da

pobreza mas tambeacutem porque certos tipos de despesa social tais como educaccedilatildeo sauacutede

mas tambeacutem os apoios agrave famiacutelia contribuem directamente para a acumulaccedilatildeo de capital

humano Contudo aceitando o argumento de que o financiamento necessaacuterio introduz

distorccedilotildees na actividade econoacutemica que por exemplo desincentivam o trabalho e o

investimento por parte das empresas a correlaccedilatildeo obtida pode ter um sinal negativo Da

mesma forma se despesas como o subsiacutedio de desemprego constituiacuterem um

desincentivo a realizar maior esforccedilo no trabalho tambeacutem o sinal poderaacute ser negativo

Em uacuteltima anaacutelise poderaacute natildeo existir qualquer correlaccedilatildeo se os efeitos de sinal contraacuterio

se compensarem exactamente Finalmente natildeo devemos esquecer que correlaccedilatildeo natildeo

significa causalidade pelo que o sinal obtido se pode dever agrave influecircncia do produto

sobre a despesa social ou agrave influecircncia muacutetua

Com auxiacutelio do Quadro 2 onde se encontram os resultados relativos aos

coeficientes de correlaccedilatildeo entre despesa social e o PIB real per capita verificamos que

tendo em conta os dados disponiacuteveis para todos os paiacuteses e anos os coeficientes de

correlaccedilatildeo entre as vaacuterias despesas sociais e o PIB real per capita satildeo todos positivos

quer no que respeita agrave despesa social total quer agraves suas diferentes componentes Os

coeficientes de correlaccedilatildeo mais elevados dizem respeito agraves despesas em educaccedilatildeo e

sauacutede respectivamente 0833 e 0791 podendo argumentar-se que isto se deve ao seu

contributo directo para a acumulaccedilatildeo de capital humano e que este factor possa ter

trazido ganhos de produtividade agraves economias conforme a literatura econoacutemica defende

Quanto ao efeito das vaacuterias componentes de despesa social em protecccedilatildeo social

verificamos que as aacutereas que possuem um coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado satildeo a

despesa em apoios atribuiacutedos agraves famiacutelias os subsiacutedios atribuiacutedos aos incapacitados e as

poliacuteticas activas do mercado de trabalho (0764 0648 e 0626 respectivamente) A

correlaccedilatildeo mais elevada na primeira e terceira dimensotildees referidas poderaacute ter que ver

24

com o seu papel na reduccedilatildeo da desigualdade e pobreza das famiacutelias mais pobres e dos

incentivos criados juntos das empresas para que estas empreguem mais trabalhadores

No que diz respeito aos subsiacutedios concedidos agraves famiacutelias estes ajudam ao aumento do

rendimento das mesmas e tal como foi dito anteriormente poderaacute ter-se traduzido no

aumento do consumo privado daiacute haver uma relaccedilatildeo positiva com o PIB per capita No

meacutedio-longo prazo pode tambeacutem permitir agraves famiacutelias investir mais no capital humano

dos seus filhos e desta forma contribuir para o aumento do PIB Nas restantes aacutereas

gastos com subsiacutedios de desemprego ou em pensotildees tambeacutem possuem uma relaccedilatildeo

positiva com o PIB per capita indicando que toda a despesa realizada pelos vaacuterios

paiacuteses ao longo deste periacuteodo foi importantes para o aumento do produto na medida em

que estas se incidiram sobre os indiviacuteduos que possuem um niacutevel de rendimento mais

baixo dando um estimulo ao consumo traduzindo-se isso no aumento do produto como

jaacute vimos anteriormente Contudo nestes casos os coeficientes de correlaccedilatildeo de 0424 e

0220 respectivamente satildeo bastante inferiores indicando que poderatildeo estar em

actuaccedilatildeo efeitos de sinal negativo que reduzem a correlaccedilatildeo positiva final

Nomeadamente os gastos com pensotildees e subsiacutedios de desemprego podem estar a

desviar a despesa de outras funccedilotildees sociais com um impacto mais directo sobre a

produtividade como a educaccedilatildeo e a sauacutede

Quadro 2 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social e componentes e o niacutevel

do PIB real per capita 1985-2010 (todos os dados disponiacuteveis)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB) PIB real

per capita

Total 0747

Sauacutede 0791

Educaccedilatildeo 0833

Pensotildees de reforma 0220

Pensotildees por incapacidade 0648

Apoios agraves Famiacutelias 0764

Poliacuteticas Activas do Mercado de Trabalho 0626

Subsiacutedio de Desemprego 0424

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

25

A anaacutelise de correlaccedilatildeo anterior apesar de interessante natildeo permite ter uma

ideia muito rigorosa da existecircncia ou natildeo de causalidade entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico uma vez que se baseia em valores correntes quer da despesa

quer do PIB e como vimos os paiacuteses mais ricos tendem tambeacutem a gastar mais com as

funccedilotildees sociais Por outro lado em termos de efeitos permanentes sobre a taxa de

crescimento eacute mais rigoroso calcular a correlaccedilatildeo entre a despesa e a taxa de

crescimento do PIB real per capita De forma a ter em conta a questatildeo da causalidade

inversa no quadro 2 satildeo apresentados os coeficientes de correlaccedilatildeo entre a meacutedia da

despesa social realizada nos sete paiacuteses no periacuteodo de 1985 a 1999 e o crescimento

meacutedio do PIB verificado nos dez anos seguintes 2000-2010

De acordo com a informaccedilatildeo que consta do quadro 3 o sinal dos coeficientes de

correlaccedilatildeo varia agora consoante o tipo de despesa considerada Relativamente agrave

despesa social total o coeficiente eacute negativo embora natildeo muito elevado -02779 A

justificaccedilatildeo mais imediata para este sinal poderaacute ter a ver com o facto do financiamento

necessaacuterio ter introduzido distorccedilotildees na actividade econoacutemica que prejudicaram o

crescimento Contudo torna-se mais informativo olhar para as diferentes componentes

da despesa social

No que respeita aos coeficientes por tipo de despesa como seria de esperar dada

a consensual relaccedilatildeo entre as despesas em educaccedilatildeo e sauacutede com o crescimento

econoacutemico por via do seu impacto sobre a acumulaccedilatildeo de capital humano3 o sinal eacute

positivo embora de magnitude reduzida 01356 e 00115 respectivamente em especial

no caso das despesas em sauacutede Estes resultados indicam tambeacutem que os coeficientes de

correlaccedilatildeo anteriores contecircm realmente informaccedilatildeo sobre a influecircncia positiva no niacutevel

de rendimento sobre as despesas sociais em educaccedilatildeo e sauacutede O outro coeficiente de

correlaccedilatildeo positivo diz respeito agrave despesa com subsiacutedios de desemprego sendo ateacute a

correlaccedilatildeo mais forte do que nos dois casos anteriores 01733 Isto pode indicar que a

existecircncia deste apoio constituiu um incentivo ao trabalho pela seguranccedila que permite

aos trabalhadores estimulando tambeacutem os mesmos a apostar na sua formaccedilatildeo porque

protegidos em caso de desemprego

Quanto ao impacto negativo das restantes componentes da despesa social

verifica-se que as despesas que apresentam um coeficiente menos negativo satildeo as

pensotildees de reforma e por incapacidade -02298 e -03338 respectivamente enquanto

3 Como vimos na secccedilatildeo 3 o estado de sauacutede mas em especial o niacutevel de escolaridade da populaccedilatildeo

dos paiacuteses escandinavos foram em geral superiores ao dos paiacuteses do Sul ao longo do periacuteodo em anaacutelise

26

ainda menos esperado a correlaccedilatildeo negativa mais forte acontece no caso das poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias -03794 e -03671 respectivamente

No caso das pensotildees de reforma e por incapacidade o sinal natildeo eacute inesperado dado o

esforccedilo que exigem em termos de financiamento e o seu papel mais indirecto na

promoccedilatildeo do crescimento econoacutemico sobretudo via a reduccedilatildeo da desigualdade e da

pobreza No caso das poliacuteticas activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias os

resultados satildeo inesperados a dois niacuteveis sinais e magnitude relativa superior Esperar-

se-ia um sinal positivo face ao descrito logo no iniacutecio da anaacutelise de correlaccedilatildeo ou pelo

menos natildeo tatildeo negativo como nos outros dois casos uma vez que em qualquer situaccedilatildeo

o financiamento necessaacuterio pode ter impacto negativo sobre o crescimento do produto

Quadro 3 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social meacutedia (1985-1999) e a

taxa meacutedia de crescimento do PIB real per capita (2000-2010)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB)

Meacutedia 1985-1999 Taxa meacutedia de crescimento anual do PIB real per capita

(2000-10)

Total -02779

Sauacutede 00115

Educaccedilatildeo 01356

Pensotildees de reforma -02298

Pensotildees por incapacidade -03338

Apoios agraves Famiacutelias -03671

Poliacuteticas Activas do Mercado de

Trabalho -03794

Subsiacutedio de Desemprego 01733

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

Em jeito de conclusatildeo os resultados apontam para uma relaccedilatildeo positiva entre a

despesa social nas vaacuterias aacutereas analisadas e o niacutevel do PIB per capita entre 1985 e 2010

o que eacute indiciador de que estatildeo em actuaccedilatildeo mecanismos de influecircncia da despesa social

que promovem um aumento do niacutevel de rendimento nomeadamente via acumulaccedilatildeo de

capital humano atraveacutes das despesas em educaccedilatildeo e sauacutede Contudo uma anaacutelise mais

rigorosa em termos de possiacuteveis impactos permanentes sobre a taxa de crescimento

econoacutemico revela que os resultados podem divergir bastante em termos de sinal e

magnitude atendendo ao tipo de despesa social considerada Os resultados deste estudo

27

apontam tambeacutem para valores que alguns casos podem ser contraacuterios aos verificados

pelos estudos empiacutericos descritos na secccedilatildeo 2 Tal poderaacute estar relacionado com a

amostra de paiacuteses utilizada assim como o periacuteodo de anaacutelise e metodologia utilizada

5 Conclusotildees

Este trabalho propocircs-se a reflectir sobre a relaccedilatildeo entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico tendo por base a comparaccedilatildeo de dois grupos de paiacuteses

pertencentes agrave Uniatildeo Europeia a Escandinaacutevia e o Sul da Europa A niacutevel teoacuterico as

previsotildees acerca da relaccedilatildeo entre Estado Social e crescimento econoacutemico divergem

sendo possiacutevel encontrar argumentos que justificam a existecircncia de uma relaccedilatildeo

positiva outros que apoiam a verificaccedilatildeo de uma relaccedilatildeo negativa e outros ainda que

apontam no sentido de ausecircncia de qualquer relaccedilatildeo Estas diferentes hipoacuteteses parecem

indicar que cabe agrave anaacutelise empiacuterica determinar o sinal da relaccedilatildeo e o respectivo

contexto

Constituindo uma anaacutelise ainda exploratoacuteria o presente trabalho recorreu a uma

anaacutelise de estatiacutestica descritiva de um conjunto variado de indicadores relevantes para o

periacuteodo de 1985 a 2010 sempre que possiacutevel para analisar empiricamente a relaccedilatildeo

entre despesa social e crescimento econoacutemico

De forma a analisar esta relaccedilatildeo em termos mais detalhados aquela foi

desagregada em diferentes componentes tendo sido utilizados dados relativos a

despesas em educaccedilatildeo sauacutede e em vaacuterias componentes da despesa com a protecccedilatildeo

social como os subsiacutedios de desemprego e incapacidade apoios agraves famiacutelias gastos em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho e em pensotildees de reforma Foram calculados os

coeficientes de correlaccedilatildeo destas com o niacutevel do PIB real per capita numa tentativa de

confirmaccedilatildeo muito preliminar do sinal esperado para a relaccedilatildeo bem como os

coeficientes de correlaccedilatildeo entre os valores meacutedios da despesa das vaacuterias variaacuteveis entre

1985 e 1999 com a taxa de crescimento do PIB per capita entre 2000-10 Os

coeficientes de correlaccedilatildeo no uacuteltimo caso poderatildeo ajudar a compreender se o niacutevel de

gastos verificado entre 1985-99 contribuiacuteram para o crescimento econoacutemico verificado

na deacutecada seguinte

Verificou-se que ao longo do periacuteodo em anaacutelise a despesa social em

percentagem do PIB agregada e nas diferentes aacutereas teve um aumento relativo entre

1985 e 2010 mas no entanto aquela foi sempre mais elevada nos paiacuteses Escandinavos

tendo estes paiacuteses registado tambeacutem valores mais elevados do PIB real per capita

28

relativamente aos paiacuteses do Sul Os resultados apontam para que todas as dimensotildees se

correlacionam positivamente com o niacutevel de rendimento per capita sendo de destacar

que a educaccedilatildeo eacute a componente com coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado seguida

das despesas com sauacutede o que parece confirmar a influecircncia deste tipo de despesa sobre

o comportamento do produto via acumulaccedilatildeo de capital humano No que respeita ao

possiacutevel efeito da despesa social sobre a taxa de crescimento do PIB real per capita o

sinal do coeficiente de correlaccedilatildeo manteacutem-se positivo mas de magnitude bastante

inferior ao dos casos anteriores enquanto a correlaccedilatildeo apresenta um sinal negativo no

caso da despesa social total A correlaccedilatildeo eacute tambeacutem negativa para as diferentes

componentes da despesa como a protecccedilatildeo social com excepccedilatildeo do subsiacutedio de

desemprego Estes resultados apoiam assim a necessidade de ao estudar a relaccedilatildeo entre

Estado Social e crescimento econoacutemico levar a cabo uma anaacutelise desagregada uma vez

que os mecanismos de transmissatildeo podem variar consoante o tipo de despesa social

pelo que a anaacutelise agregada eacute difiacutecil de interpretar em termos econoacutemicos

Em suma o presente estudo poderaacute ajudar a compreender de forma preliminar

como os gastos sociais interagem com o crescimento econoacutemico e quais as aacutereas que

tecircm contribuiacutedo de forma positiva ou negativa para o mesmo Contudo natildeo poderaacute

deixar de se ter em conta a capacidade de outros factores poderem afectar a

performance da economia assim como natildeo se deve negligenciar a importacircncia dos

gastos sociais para a convergecircncia econoacutemica dos paiacuteses do Sul para com os paiacuteses do

Norte da Europa De forma a poder generalizar a anaacutelise e tirar conclusotildees mais

robustas em relaccedilatildeo ao sentido da causalidade e mecanismos de transmissatildeo no futuro

seraacute necessaacuterio utilizar meacutetodos de inferecircncia estatiacutestica adequados e amostras mais

alargadas de paiacuteses

29

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30

Anexos

Graacutefico 1 PIB per capita a preccedilos constantes de 2005 entre 1985 e 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 2 Esperanccedila meacutedia de vida 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em

cada 1000 nascimentos) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total

da populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB ()1985 e 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

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Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes 2003 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010

Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A

despesa Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte OCDE

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

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enquanto que o mais baixo se verificava na Finlacircndia com cerca de 69 do PIB a ser

gerado por este sector

A anaacutelise da estrutura produtiva de um paiacutes pode ter tambeacutem uma relaccedilatildeo com o

grau de abertura da economia pois este poderaacute trazer algumas vantagens e explicar o

porquecirc de um determinado sector ter ganho mais importacircncia no PIB de um paiacutes Essas

vantagens podem estar relacionadas com a entrada de novos produtos e tecnologias que

normalmente estatildeo relacionados com o sector secundaacuterio e terciaacuterio e que poderatildeo

explicar o crescimento destes sectores Este factor poderaacute ainda estar relacionado com o

niacutevel de educaccedilatildeo de uma populaccedilatildeo pois quanto maior for o desenvolvimento

tecnoloacutegico de um paiacutes tal poderaacute levar agrave necessidade de um reforccedilo na educaccedilatildeo e

formaccedilatildeo profissional para capacitar a matildeo-de-obra para lidar com estas novas

tecnologias Assim o grau de abertura de um paiacutes poderaacute estar relacionado com o

aumento dos gastos em educaccedilatildeo

No que respeita ao grau de abertura da economia medido atraveacutes do volume de

importaccedilotildees e exportaccedilotildees em percentagem do PIB verificou-se que em todos os paiacuteses

em estudo houve uma tendecircncia de crescimento entre 1985 e 2010 Os paiacuteses que no

ano de 2010 apresentavam um grau de abertura mais elevado eram a Dinamarca com

cerca de 953 e a Sueacutecia com cerca de 928 Por outro lado paiacuteses como a Greacutecia e

a Espanha registavam valores muito mais baixos sendo que a Greacutecia apresentava um

niacutevel de cerca de 538 do seu PIB e a Espanha 569 como se pode constatar no

graacutefico 15 No que respeita ao saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes um valor em

percentagem do PIB positivo significa que existe um superavit ou seja que o paiacutes

aumentou os seus activos no estrangeiro Neste aspecto devido agrave falta de dados a

anaacutelise a esta variaacutevel comeccedila a partir de 2003 e consultando a graacutefico 16 verificamos

que ao longo do periacuteodo na Greacutecia Portugal Itaacutelia e Espanha a balanccedila foi sempre

deficitaacuteria sendo as situaccedilotildees mais complicadas a da Greacutecia e a de Portugal que em

2010 apresentavam um deacutefice de 104 e 97 respectivamente Por outro lado a

Dinamarca a Sueacutecia e a Finlacircndia tiveram sempre um excedente

No que toca agrave anaacutelise do saldo orccedilamental este juntamente com a diacutevida puacuteblica

poderaacute ajudar a compreender o estado das financcedilas puacuteblicas de um paiacutes Compreender o

saldo orccedilamental em percentagem do PIB eacute muito importante pois se este demonstrar

um comportamento mais despesista tal iraacute reflectir-se no aumento do endividamento do

Estado que poderaacute ter de levar a uma reduccedilatildeo dos apoios do Estado Social com vista agrave

sustentabilidade financeira do Estado Como forma de controlar as financcedilas puacuteblicas

16

poderatildeo ser necessaacuterios cortes ao niacutevel dos apoios da protecccedilatildeo social bem como a

reduccedilatildeo do orccedilamento do Estado para aacutereas com a sauacutede ou educaccedilatildeo No graacutefico 17 eacute

possiacutevel verificar que no caso de paiacuteses como a Greacutecia Portugal e Itaacutelia no periacuteodo de

estudo verificou-se que estes paiacuteses tiveram sempre um comportamento mais despesista

que os restantes sendo como jaacute vimos esta uma possiacutevel justificaccedilatildeo para o crescimento

da diacutevida puacuteblica nestes paiacuteses Jaacute os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentavam saldos

orccedilamentais mais positivos em relaccedilatildeo aos do Sul da Europa sendo mesmo o saldo

orccedilamental sueco aproximadamente de 0

A diacutevida puacuteblica em percentagem do PIB sempre foi inferior nos paiacuteses do Norte

em relaccedilatildeo aos do Sul Entre 1995 e 2010 verificamos que o niacutevel de diacutevida foi

oscilando no entanto este foi relativamente mais elevado na Greacutecia e na Itaacutelia

chegando no ano de 2010 este a ser cerca de 145 e 1194 do seu PIB

respectivamente No caso da Sueacutecia verificou-se ao longo deste periacuteodo uma tendecircncia

de descida e em 2010 este era de 394 (ver graacutef 18) Um outro factor que pode ter

feito aumentar o niacutevel de diacutevida de alguns paiacuteses do Sul da Europa a partir de 2005

pode ter que ver com o surgimento da crise econoacutemica de 2007 que agravou ainda mais

o niacutevel de diacutevida destes paiacuteses que era jaacute elevado como satildeo exemplos a Greacutecia e

Portugal

Em resumo verificamos que em termos globais os indicadores soacutecio-

econoacutemicos do Sul da Europa satildeo piores que os do Norte Europeu Contudo as

diferenccedilas tecircm vindo a diminuir Por exemplo os indicadores relativos agrave sauacutede e agrave

educaccedilatildeo tecircm demonstrado francas melhorias que talvez resultem do facto dos estados

terem reforccedilado os apoios ao niacutevel destas funccedilotildees sociais Haacute no entanto que ter em

conta que no caso do Sul Europeu o crescente aumento da diacutevida puacuteblica poderaacute

dificultar a continuidade desta acccedilatildeo na medida em que poderaacute levar agrave necessidade de

reformulaccedilotildees que passem por cortes no Estado Social com vista a fazer face ao

crescente endividamento destes Os Estados do Sul Europeu natildeo devem contudo no

periacuteodo actual de crise esquecer a importacircncia que estes sectores tecircm para a coesatildeo

social e potencialmente para o desempenho econoacutemico

4 Despesa Social e Crescimento Econoacutemico anaacutelise comparada de alguns dados

Nesta secccedilatildeo seraacute realizada uma anaacutelise de estatiacutestica descritiva que teraacute como

principal objectivo uma anaacutelise comparada dos dois grupos de paiacuteses em termos de

crescimento econoacutemico e despesa social agregada e por diferentes componentes entre

17

1985 e 2010 Por uacuteltimo procura-se verificar se o sinal da correlaccedilatildeo esperada entre a

despesa social do Estado e o comportamento do produto estaacute de acordo com a literatura

econoacutemica Para tal realizamos apenas uma anaacutelise muito simples e preliminar baseada

no caacutelculo de coeficientes de correlaccedilatildeo entre as despesas em sauacutede educaccedilatildeo e as

vaacuterias componentes da despesa em protecccedilatildeo social e respectivamente o PIB per capita

e a taxa de crescimento do mesmo

Esta anaacutelise foi realizada tendo em conta todos os dados disponiacuteveis na base de

dados da OECD Social Expenditure Database ao niacutevel dos gastos com sauacutede e

protecccedilatildeo social e com os dados disponiacuteveis do Banco Mundial relativamente a despesa

em educaccedilatildeo PIB real per capita para todos os paiacuteses em anaacutelise no periacuteodo entre 1985

e 2010

Antes de passarmos agrave anaacutelise comparada da despesa social e suas componentes

nos paiacuteses da nossa amostra detenhamo-nos na comparaccedilatildeo da respectiva prestaccedilatildeo em

termos de crescimento econoacutemico de acordo com os dados relativos agraves taxas meacutedias de

crescimento anual do PIB real per capita entre 1985 e 2010 e alguns sub-periacuteodos (ver

Quadro 1) Ao longo do periacuteodo total 1985-2010 Portugal e a Espanha foram os paiacuteses

que mais cresceram o que natildeo eacute de estranhar uma vez que partiram de valores do PIB

real per capita dos mais baixos do grupo Seguem-se a estes os paiacuteses escandinavos

Finlacircndia Sueacutecia e Dinamarca enquanto que a Greacutecia e a Itaacutelia foram os paiacuteses que

menos cresceram No caso da Greacutecia a situaccedilatildeo eacute mais insoacutelita uma vez que tal como

Portugal e Espanha partiu de um niacutevel de rendimento relativamente mais baixo e assim

sendo o potencial de crescimento e convergecircncia deveria ter sido superior ao dos paiacuteses

mais ricos Se dividirmos o periacuteodo total em anaacutelise em trecircs sub-periacuteodos 1985-95

1995-05 e 2005-10 verificamos que o desempenho relativo dos paiacuteses se vai alterando

Assim por exemplo a boa prestaccedilatildeo de Portugal entre 1985-2010 parece ter sido

consequecircncia do seu elevado crescimento relativo entre 1985 e 1995 enquanto que nos

outros dois sub-periacuteodos a taxa meacutedia de crescimento anual do seu PIB real per capita eacute

das mais baixas do grupo Os paiacuteses escandinavos tecircm taxas de crescimento relativas

mais elevadas essencialmente entre 1995 e 2005 enquanto a Espanha e a Greacutecia

melhoram o desempenho relativo no segundo e terceiro sub-periacuteodos em especial a

Espanha Em todo o caso registou-se um acentuado abrandamento e do crescimento nos

uacuteltimos cinco anos com a Itaacutelia Sueacutecia Finlacircndia e Portugal a registarem mesmo taxas

crescimento negativas Este fenoacutemeno natildeo pode deixar de ter em conta o iniacutecio da crise

econoacutemica e financeira que teve o seu comeccedilo em 2007-2008

18

Quadro 1 Taxas meacutedias de crescimento anual do PIB real per capita 1985 a 2010

Periacuteodos Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

1985-1995 1639 0940 0555 2140 3600 2698 0970

1995-2005 1682 3377 3243 1128 2025 2591 2831

2005-2010 0025 -0267 0198 -0145 -0441 0207 -0229

1985-2010 1221 1806 1461 1131 2333 2024 1690

Fonte Caacutelculos do autor com base em dados do Banco Mundial

No que diz respeito agrave anaacutelise comparada entre a despesa social dos paiacuteses em

estudo iremos comeccedilar por comparar os niacuteveis de gastos sociais totais2 em percentagem

do PIB ao longo do periacuteodo total 1985-2010 (ver graacutefico 19) Durante todo este periacuteodo

eacute possiacutevel verificar que os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentaram um niacutevel de gastos

sociais totais superior ao dos paiacuteses do Sul Europeu O paiacutes que apresentou um niacutevel de

gastos mais elevado durante a maior parte deste periacuteodo foi a Sueacutecia que apenas o

deixou de ser quando a Dinamarca se assumiu como o paiacutes que mais gastou em despesa

social em 2010 cerca de 306 do PIB Quanto agrave Finlacircndia esta no ano de 2010

tambeacutem ultrapassa a Sueacutecia ao niacutevel de uma maior despesa social Contudo no caso

finlandecircs verifica-se que entre os anos de 1990 e 1992 ocorreu um aumento

consideraacutevel na despesa social ao qual se sucede uma diminuiccedilatildeo gradual dos gastos ateacute

2000 No entanto tal como a Dinamarca e a Sueacutecia este paiacutes apresentava ainda um

niacutevel de gastos superiores ao dos paiacuteses do Sul cerca de 243 do PIB No que respeita

aos paiacuteses da periferia tambeacutem designados paiacuteses do Sul verifica-se que o paiacutes que

mais se conseguiu aproximar do niacutevel de despesa dos paiacuteses da Escandinaacutevia foi a Itaacutelia

que no ano de 2010 gastava cerca de 277 do seu PIB em gastos sociais enquanto que

a Sueacutecia cerca de 283 No entanto verificamos que a Itaacutelia em algumas ocasiotildees foi

ultrapassada pelo niacutevel de gastos da Espanha como eacute o caso do subperiacuteodo entre 1989 e

1996 Quanto aos paiacuteses que canalizaram uma menor percentagem do PIB para a

despesa social verificam-se que estes foram a Espanha Greacutecia e Portugal

Relativamente a estes dois uacuteltimos verificou-se que a Greacutecia apresentava em 1985 um

niacutevel de despesa social consideravelmente maior que Portugal cerca de 161 face aos

101 do PIB de Portugal no entanto essa diferenccedila foi diminuindo Tal resulta de um

2 Os gastos sociais totais incluem a despesa em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado laboral apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social

exceptuando os apoios em educaccedilatildeo

19

evidente aumento da despesa em Portugal e um teacutenue crescimento da Despesa Social

grega chegando Portugal no ano de 2002 a ultrapassar a Greacutecia e no ano de 2010

apresentava um niacutevel de despesa mais elevado de despesa que a Greacutecia cerca de 254

face aos 233 da Greacutecia Na globalidade verificou-se uma tendecircncia de crescimento

contiacutenuo nos paiacuteses escandinavos ateacute ao iniacutecio da deacutecada de 90 seguido de uma

diminuiccedilatildeo ateacute cerca de 2000 No Sul a tendecircncia eacute de crescimento sustentado para a

Greacutecia e Portugal e de oscilaccedilotildees na Espanha e Itaacutelia Eacute tambeacutem notoacuterio que apoacutes a crise

de 2007-08 se verifica de novo um crescimento da despesa relativamente aos paiacuteses do

Norte

No seguimento da anaacutelise comparativa da despesa social em termos globais

efectua-se agora um estudo comparativo entre a despesa do Estado nas vaacuterias

componentes da despesa social educaccedilatildeo sauacutede e protecccedilatildeo social e dentro de estas

com o pagamento de pensotildees de reforma subsiacutedios de invalidez politicas activas do

mercado de trabalho apoios agraves famiacutelias e subsiacutedio de desemprego que correspondem agrave

maioria da despesa social nestes paiacuteses

De acordo com os graacuteficos 20 e 21 os niacuteveis de despesa social quer em sauacutede e

quer em educaccedilatildeo respectivamente dos paiacuteses do Norte face aos do Sul medidos em

percentagem do seu PIB entre 1985 e 2010 satildeo maiores no primeiro grupo de paiacuteses

relativamente ao segundo agrave excepccedilatildeo da Finlacircndia que depois de um periacuteodo de

diminuiccedilatildeo da despesa em sauacutede entre 1992 e 1998 para cerca dos 53 do PIB

verifica de novo um aumento para os 67 verificados em 2010 No entanto situava-se

aqueacutem do verificado em Itaacutelia Espanha e Portugal no mesmo ano que era

respectivamente 73 713 e 712 do PIB Assim sendo a Finlacircndia encontrava-se

soacute a frente da Greacutecia que possuiacutea um niacutevel de gastos de 64 do PIB (ver graacutef 20 e 21)

Nota-se tambeacutem no que diz respeito agrave despesa em sauacutede que a Sueacutecia e a Dinamarca

foram quem mais despenderam nesta aacuterea com niacuteveis de despesa semelhantes Contudo

a partir de 1999 o niacutevel de despesa da Dinamarca passa para frente do da Sueacutecia

tornando-se assim o paiacutes com maior despesa em sauacutede chegando a 2010 a apresentar

um valor de cerca de 94 do PIB face aos 77 da Sueacutecia Eacute importante salientar que

todos os paiacuteses do Sul da Europa verificaram um crescimento sustentado que se traduz

em valores de despesa em sauacutede em percentagem do PIB maiores em 2010 que em

1985 Por fim importa destacar que entre 2009 e 2010 verificou-se uma diminuiccedilatildeo da

despesa para todos os paiacuteses por ventura efeitos da crise que comeccedilou um par de anos

antes

20

No que toca agrave educaccedilatildeo como jaacute foi referido os paiacuteses da Escandinaacutevia

apresentam durante o periacuteodo em anaacutelise um niacutevel de despesa superior nesta mateacuteria em

relaccedilatildeo aos paiacuteses da periferia Neste contexto verificamos que as diferenccedilas relativas

aos niacuteveis de despesa dos vaacuterios paiacuteses em educaccedilatildeo se encontram melhor clarificadas

que as diferenccedilas ao niacutevel da despesa em sauacutede agrave excepccedilatildeo dos anos entre 1987 e 1990

em que os valores da despesa portuguesa foram semelhantes ao da espanhola e dos anos

de 2007 e 2008 em que os valores da Itaacutelia foram semelhantes aos da Espanha Feitas

estas consideraccedilotildees verifica-se a existecircncia de um maior niacutevel de despesa em educaccedilatildeo

por parte da Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia ao longo do periacuteodo e no ano de 2009 o

valor da despesa era respectivamente de 83 72 e 68 do PIB No que toca aos

restantes paiacuteses da amostra os paiacuteses do Sul verificamos que o niacutevel de despesa grego e

portuguecircs foi aumentando chegando o portuguecircs a tornar-se o mais elevado entre os

restantes paiacuteses da periferia a partir de 1994 sem nunca esquecer a ausecircncia de dados

para o ano de 1997 e para a Greacutecia entre 2005 e 2010 No ano de 1994 o valor gasto por

Portugal era cerca de 46 chegando a 2010 aos 56 do PIB Jaacute relativamente agrave Itaacutelia

considerando a quebra de dados para este paiacutes verificamos que esta se encontrava no

topo dos paiacuteses do Sul que mais gastavam nesta aacuterea no entanto como jaacute foi referido

esta foi ultrapassada por Portugal e ateacute mesmo a Espanha a partir de 2007 paiacuteses que

tinham nesse ano respectivamente um niacutevel de gastos de 51 e 434 do PIB face

aos 426 do PIB verificados na Itaacutelia

Relativamente agrave despesa em protecccedilatildeo social entre os paiacuteses em anaacutelise e no

que diz respeito niacutevel gastos em pagamentos de pensotildees de reforma verificamos que

natildeo existe um grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 22) Neste capiacutetulo

verifica-se que em todos os paiacuteses o niacutevel de gastos nesta mateacuteria foi oscilando

Contudo nos subperiacuteodos de 1985-89 e de 1997-2009 este foi mais elevado na Itaacutelia e

a Greacutecia sendo estes ultrapassados apenas entre 1991-95 pela Sueacutecia Estes trecircs paiacuteses

em 2009 ocupavam trecircs das quatro primeiras posiccedilotildees nos gastos em pensotildees

apresentando a Itaacutelia a Greacutecia e a Sueacutecia um niacutevel de gastos de 13 109 e 102

do PIB respectivamente Quanto aos restantes paiacuteses verifica-se que o paiacutes que durante

maior parte do periacuteodo apresentou um niacutevel de despesa mais baixo foi Portugal no

entanto registou um aumento consideraacutevel se em 1985 se encontrava no uacuteltimo posto

com cerca de 33 do seu PIB gasto em pensotildees a partir de 2004 ultrapassou a

Finlacircndia Dinamarca e Espanha apresentando no ano de 2009 uma percentagem de

gastos em pensotildees relativamente ao PIB a rondar os 106 superior ao verificado na

21

Dinamarca (82) na Finlacircndia (102) e Espanha (77) Tal poderaacute ter que ver com

o facto de a populaccedilatildeo em Portugal ter envelhecido a um ritmo mais acelerado que nos

restantes paiacuteses

No que toca aos subsiacutedios de desemprego verificamos tambeacutem que natildeo haacute um

grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 23) Contudo neste capiacutetulo

constata-se que os trecircs paiacuteses que gastaram maior percentagem do PIB em subsiacutedios de

desemprego ao longo do periacuteodo foram a Dinamarca Espanha e Finlacircndia Nestes

paiacuteses verificamos que em 1993 o niacutevel de gastos foi o mais elevado cerca 53 do PIB

no caso dinamarquecircs e de 47 no caso espanhol e finlandecircs sendo uma possiacutevel razatildeo

para esse aumento a crise econoacutemica que ocorreu nesse ano O factor crise econoacutemica

poderaacute tambeacutem ajudar a compreender o porquecirc de na Espanha o niacutevel de gastos ter

subido entre 2008 e 2009 de uma forma abrupta passando dos 22 do PIB para os

35 aumento que poderaacute estar relacionado com a crise econoacutemica de 2007-08 que

poderaacute ter contribuiacutedo para o agravamento da taxa de desemprego espanhola Neste

acircmbito verifica-se tambeacutem que os paiacuteses que apresentaram ao longo deste periacuteodo um

niacutevel de despesa mais reduzido com os subsiacutedios de desemprego foram Portugal Itaacutelia e

Greacutecia que em 2009 eram os que menos gastavam com um niacutevel de despesa de cerca de

07 no caso grego 08 no caso italiano e 12 do PIB no caso portuguecircs Estes

valores ficam bem atraacutes dos verificados no mesmo ano para a Dinamarca (23) e para

a Espanha (35)

Jaacute no que toca agrave despesa social em apoios concedidos agraves famiacutelias em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e em subsiacutedios concedidos a pessoas com incapacidade

verifica-se que os paiacuteses do Norte tecircm um niacutevel de gastos nestas mateacuterias superior ao da

periferia europeia (ver graacuteficos 24 25 e 26) Verifica-se ainda assim uma pequena

excepccedilatildeo no que toca agrave Espanha em que os gastos em poliacuteticas activas no mercado de

trabalho em 1989 e 1990 foram superiores agraves verificadas na Dinamarca que eram cerca

de 08 do PIB face aos 07 despendido pelos dinamarqueses A diferenccedila entre os

dois grupos eacute evidente no caso da despesa relacionada com os apoios agraves famiacutelias onde

se verifica uma diferenccedila consideraacutevel ao longo do periacuteodo de anaacutelise entre o Norte e o

Sul A despesa em aacutereas como as poliacuteticas e com as famiacutelias dentro dos paiacuteses da

Escandinaacutevia foi inicialmente mais elevado na Sueacutecia que chegou a atingir o seu

maacuteximo em 1992 com cerca de 49 do PIB gasto nesta mateacuteria no entanto

progressivamente o niacutevel de despesa da Dinamarca foi-se aproximando da Sueacutecia

chegando ateacute a ultrapassar esta em 1995 No que diz respeito agrave Finlacircndia verificou-se

22

que dos trecircs paiacuteses que compotildeem a Escandinaacutevia eacute aquele que apresenta um niacutevel mais

baixo durante maior parte do periacuteodo em anaacutelise mas no entanto superior aos paiacuteses do

Sul como jaacute foi dito Existe contudo uma excepccedilatildeo para este paiacutes que acontece no ano

de 1994 quando este consegue ser o paiacutes que mais gasta nesta aacuterea cerca de 44 do

PIB superior aos gastos suecos que foram cerca de 43 e dos dinamarqueses cerca de

39 Quanto aos gastos em poliacuteticas activas do mercado de trabalho as diferenccedilas jaacute

natildeo satildeo tatildeo evidentes mas no entanto relativamente aos paiacuteses do Sul verificamos ao

longo de todo o periacuteodo que os paiacuteses que foram apresentando consecutivamente

valores mais elevados de despesa nesta mateacuteria foram Portugal e Espanha que entre

1985 e 2009 sofreram oscilaccedilotildees relativamente aos valores despendidos no entanto em

2009 estes gastavam cerca de 08 e 09 respectivamente um valor mais elevado que

o verificado para a Itaacutelia (04) e para a Greacutecia (02) paiacuteses que ao longo do periacuteodo

observado se ficaram pelos uacuteltimos lugares

Por uacuteltimo abordamos as diferenccedilas entre o Norte e o Sul ao niacutevel de gastos em

pensotildees por incapacidade (ver graacutef 26) Como jaacute foi referido verificamos que o niacutevel

de gastos nesta aacuterea eacute superior no Norte em relaccedilatildeo ao Sul Assim sendo verificamos

que a Sueacutecia e a Finlacircndia foram alternando a lideranccedila relativamente aos paiacuteses que

mais despenderam nestes apoios Entre 1985-91 e 1997-2009 a Sueacutecia realizou um niacutevel

de despesa mais elevado que a Finlacircndia apresentando em 1991 um niacutevel a rondar os

53 face ao gasto pela Finlacircndia que foi cerca de 49 Jaacute em 2009 o niacutevel de gastos

da Sueacutecia foi de 5 do seu PIB maior que o verificado na Finlacircndia 41 enquanto

que para o restante periacuteodo o niacutevel de gastos finlandecircs foi sempre superior ao sueco A

Dinamarca foi dos paiacuteses escandinavos aquele que ao longo da maior parte deste

periacuteodo menos gastou no entanto a partir de 2001 esta ultrapassou o niacutevel de gastos da

Finlacircndia apresentando um niacutevel de despesa de cerca de 38 do PIB face aos 37

verificados no caso finlandecircs Esta ultrapassagem deu-se natildeo soacute pela subida dos gastos

em da Dinamarca nesta aacuterea mas tambeacutem por uma descida da despesa finlandesa No

que toca aos paiacuteses do Sul verificamos que quem gastou relativamente mais durante a

maior parte do periacuteodo entre 1985 e 2009 em subsiacutedios atribuiacutedos a incapacitados

foram Espanha Portugal Itaacutelia e a Greacutecia respectivamente agrave excepccedilatildeo do subperiacuteodo

entre 1985 e 1989 em que a Itaacutelia teve um niacutevel de gastos superiores ao de Portugal

Estes paiacuteses no ano de 2009 apresentavam um niacutevel de gastos a rondar os 27 do PIB

no caso espanhol os 21 no caso portuguecircs os 19 no caso italiano e os 1 no caso

23

grego valores que apesar de serem mais baixos que os verificados nos paiacuteses do Norte

da Europa satildeo mais elevados que os verificados em 1985 para estes paiacuteses

Por fim concluiacutemos esta secccedilatildeo com uma anaacutelise quantitativa muito simples e

preliminar da relaccedilatildeo entre a despesa social e o crescimento econoacutemico que corresponde

ao caacutelculo dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre os vaacuterios tipos de despesa social e o PIB

real per capita e a sua taxa de crescimento De acordo com a revisatildeo da literatura

realizada na secccedilatildeo 2 espera-se que exista uma correlaccedilatildeo positiva entre a despesa

social e o niacutevel de crescimento do PIB na medida ou seja para que esta contribua

efectivamente para uma reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo do rendimento e da

pobreza mas tambeacutem porque certos tipos de despesa social tais como educaccedilatildeo sauacutede

mas tambeacutem os apoios agrave famiacutelia contribuem directamente para a acumulaccedilatildeo de capital

humano Contudo aceitando o argumento de que o financiamento necessaacuterio introduz

distorccedilotildees na actividade econoacutemica que por exemplo desincentivam o trabalho e o

investimento por parte das empresas a correlaccedilatildeo obtida pode ter um sinal negativo Da

mesma forma se despesas como o subsiacutedio de desemprego constituiacuterem um

desincentivo a realizar maior esforccedilo no trabalho tambeacutem o sinal poderaacute ser negativo

Em uacuteltima anaacutelise poderaacute natildeo existir qualquer correlaccedilatildeo se os efeitos de sinal contraacuterio

se compensarem exactamente Finalmente natildeo devemos esquecer que correlaccedilatildeo natildeo

significa causalidade pelo que o sinal obtido se pode dever agrave influecircncia do produto

sobre a despesa social ou agrave influecircncia muacutetua

Com auxiacutelio do Quadro 2 onde se encontram os resultados relativos aos

coeficientes de correlaccedilatildeo entre despesa social e o PIB real per capita verificamos que

tendo em conta os dados disponiacuteveis para todos os paiacuteses e anos os coeficientes de

correlaccedilatildeo entre as vaacuterias despesas sociais e o PIB real per capita satildeo todos positivos

quer no que respeita agrave despesa social total quer agraves suas diferentes componentes Os

coeficientes de correlaccedilatildeo mais elevados dizem respeito agraves despesas em educaccedilatildeo e

sauacutede respectivamente 0833 e 0791 podendo argumentar-se que isto se deve ao seu

contributo directo para a acumulaccedilatildeo de capital humano e que este factor possa ter

trazido ganhos de produtividade agraves economias conforme a literatura econoacutemica defende

Quanto ao efeito das vaacuterias componentes de despesa social em protecccedilatildeo social

verificamos que as aacutereas que possuem um coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado satildeo a

despesa em apoios atribuiacutedos agraves famiacutelias os subsiacutedios atribuiacutedos aos incapacitados e as

poliacuteticas activas do mercado de trabalho (0764 0648 e 0626 respectivamente) A

correlaccedilatildeo mais elevada na primeira e terceira dimensotildees referidas poderaacute ter que ver

24

com o seu papel na reduccedilatildeo da desigualdade e pobreza das famiacutelias mais pobres e dos

incentivos criados juntos das empresas para que estas empreguem mais trabalhadores

No que diz respeito aos subsiacutedios concedidos agraves famiacutelias estes ajudam ao aumento do

rendimento das mesmas e tal como foi dito anteriormente poderaacute ter-se traduzido no

aumento do consumo privado daiacute haver uma relaccedilatildeo positiva com o PIB per capita No

meacutedio-longo prazo pode tambeacutem permitir agraves famiacutelias investir mais no capital humano

dos seus filhos e desta forma contribuir para o aumento do PIB Nas restantes aacutereas

gastos com subsiacutedios de desemprego ou em pensotildees tambeacutem possuem uma relaccedilatildeo

positiva com o PIB per capita indicando que toda a despesa realizada pelos vaacuterios

paiacuteses ao longo deste periacuteodo foi importantes para o aumento do produto na medida em

que estas se incidiram sobre os indiviacuteduos que possuem um niacutevel de rendimento mais

baixo dando um estimulo ao consumo traduzindo-se isso no aumento do produto como

jaacute vimos anteriormente Contudo nestes casos os coeficientes de correlaccedilatildeo de 0424 e

0220 respectivamente satildeo bastante inferiores indicando que poderatildeo estar em

actuaccedilatildeo efeitos de sinal negativo que reduzem a correlaccedilatildeo positiva final

Nomeadamente os gastos com pensotildees e subsiacutedios de desemprego podem estar a

desviar a despesa de outras funccedilotildees sociais com um impacto mais directo sobre a

produtividade como a educaccedilatildeo e a sauacutede

Quadro 2 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social e componentes e o niacutevel

do PIB real per capita 1985-2010 (todos os dados disponiacuteveis)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB) PIB real

per capita

Total 0747

Sauacutede 0791

Educaccedilatildeo 0833

Pensotildees de reforma 0220

Pensotildees por incapacidade 0648

Apoios agraves Famiacutelias 0764

Poliacuteticas Activas do Mercado de Trabalho 0626

Subsiacutedio de Desemprego 0424

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

25

A anaacutelise de correlaccedilatildeo anterior apesar de interessante natildeo permite ter uma

ideia muito rigorosa da existecircncia ou natildeo de causalidade entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico uma vez que se baseia em valores correntes quer da despesa

quer do PIB e como vimos os paiacuteses mais ricos tendem tambeacutem a gastar mais com as

funccedilotildees sociais Por outro lado em termos de efeitos permanentes sobre a taxa de

crescimento eacute mais rigoroso calcular a correlaccedilatildeo entre a despesa e a taxa de

crescimento do PIB real per capita De forma a ter em conta a questatildeo da causalidade

inversa no quadro 2 satildeo apresentados os coeficientes de correlaccedilatildeo entre a meacutedia da

despesa social realizada nos sete paiacuteses no periacuteodo de 1985 a 1999 e o crescimento

meacutedio do PIB verificado nos dez anos seguintes 2000-2010

De acordo com a informaccedilatildeo que consta do quadro 3 o sinal dos coeficientes de

correlaccedilatildeo varia agora consoante o tipo de despesa considerada Relativamente agrave

despesa social total o coeficiente eacute negativo embora natildeo muito elevado -02779 A

justificaccedilatildeo mais imediata para este sinal poderaacute ter a ver com o facto do financiamento

necessaacuterio ter introduzido distorccedilotildees na actividade econoacutemica que prejudicaram o

crescimento Contudo torna-se mais informativo olhar para as diferentes componentes

da despesa social

No que respeita aos coeficientes por tipo de despesa como seria de esperar dada

a consensual relaccedilatildeo entre as despesas em educaccedilatildeo e sauacutede com o crescimento

econoacutemico por via do seu impacto sobre a acumulaccedilatildeo de capital humano3 o sinal eacute

positivo embora de magnitude reduzida 01356 e 00115 respectivamente em especial

no caso das despesas em sauacutede Estes resultados indicam tambeacutem que os coeficientes de

correlaccedilatildeo anteriores contecircm realmente informaccedilatildeo sobre a influecircncia positiva no niacutevel

de rendimento sobre as despesas sociais em educaccedilatildeo e sauacutede O outro coeficiente de

correlaccedilatildeo positivo diz respeito agrave despesa com subsiacutedios de desemprego sendo ateacute a

correlaccedilatildeo mais forte do que nos dois casos anteriores 01733 Isto pode indicar que a

existecircncia deste apoio constituiu um incentivo ao trabalho pela seguranccedila que permite

aos trabalhadores estimulando tambeacutem os mesmos a apostar na sua formaccedilatildeo porque

protegidos em caso de desemprego

Quanto ao impacto negativo das restantes componentes da despesa social

verifica-se que as despesas que apresentam um coeficiente menos negativo satildeo as

pensotildees de reforma e por incapacidade -02298 e -03338 respectivamente enquanto

3 Como vimos na secccedilatildeo 3 o estado de sauacutede mas em especial o niacutevel de escolaridade da populaccedilatildeo

dos paiacuteses escandinavos foram em geral superiores ao dos paiacuteses do Sul ao longo do periacuteodo em anaacutelise

26

ainda menos esperado a correlaccedilatildeo negativa mais forte acontece no caso das poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias -03794 e -03671 respectivamente

No caso das pensotildees de reforma e por incapacidade o sinal natildeo eacute inesperado dado o

esforccedilo que exigem em termos de financiamento e o seu papel mais indirecto na

promoccedilatildeo do crescimento econoacutemico sobretudo via a reduccedilatildeo da desigualdade e da

pobreza No caso das poliacuteticas activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias os

resultados satildeo inesperados a dois niacuteveis sinais e magnitude relativa superior Esperar-

se-ia um sinal positivo face ao descrito logo no iniacutecio da anaacutelise de correlaccedilatildeo ou pelo

menos natildeo tatildeo negativo como nos outros dois casos uma vez que em qualquer situaccedilatildeo

o financiamento necessaacuterio pode ter impacto negativo sobre o crescimento do produto

Quadro 3 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social meacutedia (1985-1999) e a

taxa meacutedia de crescimento do PIB real per capita (2000-2010)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB)

Meacutedia 1985-1999 Taxa meacutedia de crescimento anual do PIB real per capita

(2000-10)

Total -02779

Sauacutede 00115

Educaccedilatildeo 01356

Pensotildees de reforma -02298

Pensotildees por incapacidade -03338

Apoios agraves Famiacutelias -03671

Poliacuteticas Activas do Mercado de

Trabalho -03794

Subsiacutedio de Desemprego 01733

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

Em jeito de conclusatildeo os resultados apontam para uma relaccedilatildeo positiva entre a

despesa social nas vaacuterias aacutereas analisadas e o niacutevel do PIB per capita entre 1985 e 2010

o que eacute indiciador de que estatildeo em actuaccedilatildeo mecanismos de influecircncia da despesa social

que promovem um aumento do niacutevel de rendimento nomeadamente via acumulaccedilatildeo de

capital humano atraveacutes das despesas em educaccedilatildeo e sauacutede Contudo uma anaacutelise mais

rigorosa em termos de possiacuteveis impactos permanentes sobre a taxa de crescimento

econoacutemico revela que os resultados podem divergir bastante em termos de sinal e

magnitude atendendo ao tipo de despesa social considerada Os resultados deste estudo

27

apontam tambeacutem para valores que alguns casos podem ser contraacuterios aos verificados

pelos estudos empiacutericos descritos na secccedilatildeo 2 Tal poderaacute estar relacionado com a

amostra de paiacuteses utilizada assim como o periacuteodo de anaacutelise e metodologia utilizada

5 Conclusotildees

Este trabalho propocircs-se a reflectir sobre a relaccedilatildeo entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico tendo por base a comparaccedilatildeo de dois grupos de paiacuteses

pertencentes agrave Uniatildeo Europeia a Escandinaacutevia e o Sul da Europa A niacutevel teoacuterico as

previsotildees acerca da relaccedilatildeo entre Estado Social e crescimento econoacutemico divergem

sendo possiacutevel encontrar argumentos que justificam a existecircncia de uma relaccedilatildeo

positiva outros que apoiam a verificaccedilatildeo de uma relaccedilatildeo negativa e outros ainda que

apontam no sentido de ausecircncia de qualquer relaccedilatildeo Estas diferentes hipoacuteteses parecem

indicar que cabe agrave anaacutelise empiacuterica determinar o sinal da relaccedilatildeo e o respectivo

contexto

Constituindo uma anaacutelise ainda exploratoacuteria o presente trabalho recorreu a uma

anaacutelise de estatiacutestica descritiva de um conjunto variado de indicadores relevantes para o

periacuteodo de 1985 a 2010 sempre que possiacutevel para analisar empiricamente a relaccedilatildeo

entre despesa social e crescimento econoacutemico

De forma a analisar esta relaccedilatildeo em termos mais detalhados aquela foi

desagregada em diferentes componentes tendo sido utilizados dados relativos a

despesas em educaccedilatildeo sauacutede e em vaacuterias componentes da despesa com a protecccedilatildeo

social como os subsiacutedios de desemprego e incapacidade apoios agraves famiacutelias gastos em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho e em pensotildees de reforma Foram calculados os

coeficientes de correlaccedilatildeo destas com o niacutevel do PIB real per capita numa tentativa de

confirmaccedilatildeo muito preliminar do sinal esperado para a relaccedilatildeo bem como os

coeficientes de correlaccedilatildeo entre os valores meacutedios da despesa das vaacuterias variaacuteveis entre

1985 e 1999 com a taxa de crescimento do PIB per capita entre 2000-10 Os

coeficientes de correlaccedilatildeo no uacuteltimo caso poderatildeo ajudar a compreender se o niacutevel de

gastos verificado entre 1985-99 contribuiacuteram para o crescimento econoacutemico verificado

na deacutecada seguinte

Verificou-se que ao longo do periacuteodo em anaacutelise a despesa social em

percentagem do PIB agregada e nas diferentes aacutereas teve um aumento relativo entre

1985 e 2010 mas no entanto aquela foi sempre mais elevada nos paiacuteses Escandinavos

tendo estes paiacuteses registado tambeacutem valores mais elevados do PIB real per capita

28

relativamente aos paiacuteses do Sul Os resultados apontam para que todas as dimensotildees se

correlacionam positivamente com o niacutevel de rendimento per capita sendo de destacar

que a educaccedilatildeo eacute a componente com coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado seguida

das despesas com sauacutede o que parece confirmar a influecircncia deste tipo de despesa sobre

o comportamento do produto via acumulaccedilatildeo de capital humano No que respeita ao

possiacutevel efeito da despesa social sobre a taxa de crescimento do PIB real per capita o

sinal do coeficiente de correlaccedilatildeo manteacutem-se positivo mas de magnitude bastante

inferior ao dos casos anteriores enquanto a correlaccedilatildeo apresenta um sinal negativo no

caso da despesa social total A correlaccedilatildeo eacute tambeacutem negativa para as diferentes

componentes da despesa como a protecccedilatildeo social com excepccedilatildeo do subsiacutedio de

desemprego Estes resultados apoiam assim a necessidade de ao estudar a relaccedilatildeo entre

Estado Social e crescimento econoacutemico levar a cabo uma anaacutelise desagregada uma vez

que os mecanismos de transmissatildeo podem variar consoante o tipo de despesa social

pelo que a anaacutelise agregada eacute difiacutecil de interpretar em termos econoacutemicos

Em suma o presente estudo poderaacute ajudar a compreender de forma preliminar

como os gastos sociais interagem com o crescimento econoacutemico e quais as aacutereas que

tecircm contribuiacutedo de forma positiva ou negativa para o mesmo Contudo natildeo poderaacute

deixar de se ter em conta a capacidade de outros factores poderem afectar a

performance da economia assim como natildeo se deve negligenciar a importacircncia dos

gastos sociais para a convergecircncia econoacutemica dos paiacuteses do Sul para com os paiacuteses do

Norte da Europa De forma a poder generalizar a anaacutelise e tirar conclusotildees mais

robustas em relaccedilatildeo ao sentido da causalidade e mecanismos de transmissatildeo no futuro

seraacute necessaacuterio utilizar meacutetodos de inferecircncia estatiacutestica adequados e amostras mais

alargadas de paiacuteses

29

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30

Anexos

Graacutefico 1 PIB per capita a preccedilos constantes de 2005 entre 1985 e 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 2 Esperanccedila meacutedia de vida 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

31

Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em

cada 1000 nascimentos) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total

da populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

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Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

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10V

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nta

gem

Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

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1985 1990 1995 2000 2005 2010

Val

ore

s e

m p

erc

en

tage

m

Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

32

Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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33

Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB ()1985 e 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

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Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes 2003 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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36

Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010

Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A

despesa Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte OCDE

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

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poderatildeo ser necessaacuterios cortes ao niacutevel dos apoios da protecccedilatildeo social bem como a

reduccedilatildeo do orccedilamento do Estado para aacutereas com a sauacutede ou educaccedilatildeo No graacutefico 17 eacute

possiacutevel verificar que no caso de paiacuteses como a Greacutecia Portugal e Itaacutelia no periacuteodo de

estudo verificou-se que estes paiacuteses tiveram sempre um comportamento mais despesista

que os restantes sendo como jaacute vimos esta uma possiacutevel justificaccedilatildeo para o crescimento

da diacutevida puacuteblica nestes paiacuteses Jaacute os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentavam saldos

orccedilamentais mais positivos em relaccedilatildeo aos do Sul da Europa sendo mesmo o saldo

orccedilamental sueco aproximadamente de 0

A diacutevida puacuteblica em percentagem do PIB sempre foi inferior nos paiacuteses do Norte

em relaccedilatildeo aos do Sul Entre 1995 e 2010 verificamos que o niacutevel de diacutevida foi

oscilando no entanto este foi relativamente mais elevado na Greacutecia e na Itaacutelia

chegando no ano de 2010 este a ser cerca de 145 e 1194 do seu PIB

respectivamente No caso da Sueacutecia verificou-se ao longo deste periacuteodo uma tendecircncia

de descida e em 2010 este era de 394 (ver graacutef 18) Um outro factor que pode ter

feito aumentar o niacutevel de diacutevida de alguns paiacuteses do Sul da Europa a partir de 2005

pode ter que ver com o surgimento da crise econoacutemica de 2007 que agravou ainda mais

o niacutevel de diacutevida destes paiacuteses que era jaacute elevado como satildeo exemplos a Greacutecia e

Portugal

Em resumo verificamos que em termos globais os indicadores soacutecio-

econoacutemicos do Sul da Europa satildeo piores que os do Norte Europeu Contudo as

diferenccedilas tecircm vindo a diminuir Por exemplo os indicadores relativos agrave sauacutede e agrave

educaccedilatildeo tecircm demonstrado francas melhorias que talvez resultem do facto dos estados

terem reforccedilado os apoios ao niacutevel destas funccedilotildees sociais Haacute no entanto que ter em

conta que no caso do Sul Europeu o crescente aumento da diacutevida puacuteblica poderaacute

dificultar a continuidade desta acccedilatildeo na medida em que poderaacute levar agrave necessidade de

reformulaccedilotildees que passem por cortes no Estado Social com vista a fazer face ao

crescente endividamento destes Os Estados do Sul Europeu natildeo devem contudo no

periacuteodo actual de crise esquecer a importacircncia que estes sectores tecircm para a coesatildeo

social e potencialmente para o desempenho econoacutemico

4 Despesa Social e Crescimento Econoacutemico anaacutelise comparada de alguns dados

Nesta secccedilatildeo seraacute realizada uma anaacutelise de estatiacutestica descritiva que teraacute como

principal objectivo uma anaacutelise comparada dos dois grupos de paiacuteses em termos de

crescimento econoacutemico e despesa social agregada e por diferentes componentes entre

17

1985 e 2010 Por uacuteltimo procura-se verificar se o sinal da correlaccedilatildeo esperada entre a

despesa social do Estado e o comportamento do produto estaacute de acordo com a literatura

econoacutemica Para tal realizamos apenas uma anaacutelise muito simples e preliminar baseada

no caacutelculo de coeficientes de correlaccedilatildeo entre as despesas em sauacutede educaccedilatildeo e as

vaacuterias componentes da despesa em protecccedilatildeo social e respectivamente o PIB per capita

e a taxa de crescimento do mesmo

Esta anaacutelise foi realizada tendo em conta todos os dados disponiacuteveis na base de

dados da OECD Social Expenditure Database ao niacutevel dos gastos com sauacutede e

protecccedilatildeo social e com os dados disponiacuteveis do Banco Mundial relativamente a despesa

em educaccedilatildeo PIB real per capita para todos os paiacuteses em anaacutelise no periacuteodo entre 1985

e 2010

Antes de passarmos agrave anaacutelise comparada da despesa social e suas componentes

nos paiacuteses da nossa amostra detenhamo-nos na comparaccedilatildeo da respectiva prestaccedilatildeo em

termos de crescimento econoacutemico de acordo com os dados relativos agraves taxas meacutedias de

crescimento anual do PIB real per capita entre 1985 e 2010 e alguns sub-periacuteodos (ver

Quadro 1) Ao longo do periacuteodo total 1985-2010 Portugal e a Espanha foram os paiacuteses

que mais cresceram o que natildeo eacute de estranhar uma vez que partiram de valores do PIB

real per capita dos mais baixos do grupo Seguem-se a estes os paiacuteses escandinavos

Finlacircndia Sueacutecia e Dinamarca enquanto que a Greacutecia e a Itaacutelia foram os paiacuteses que

menos cresceram No caso da Greacutecia a situaccedilatildeo eacute mais insoacutelita uma vez que tal como

Portugal e Espanha partiu de um niacutevel de rendimento relativamente mais baixo e assim

sendo o potencial de crescimento e convergecircncia deveria ter sido superior ao dos paiacuteses

mais ricos Se dividirmos o periacuteodo total em anaacutelise em trecircs sub-periacuteodos 1985-95

1995-05 e 2005-10 verificamos que o desempenho relativo dos paiacuteses se vai alterando

Assim por exemplo a boa prestaccedilatildeo de Portugal entre 1985-2010 parece ter sido

consequecircncia do seu elevado crescimento relativo entre 1985 e 1995 enquanto que nos

outros dois sub-periacuteodos a taxa meacutedia de crescimento anual do seu PIB real per capita eacute

das mais baixas do grupo Os paiacuteses escandinavos tecircm taxas de crescimento relativas

mais elevadas essencialmente entre 1995 e 2005 enquanto a Espanha e a Greacutecia

melhoram o desempenho relativo no segundo e terceiro sub-periacuteodos em especial a

Espanha Em todo o caso registou-se um acentuado abrandamento e do crescimento nos

uacuteltimos cinco anos com a Itaacutelia Sueacutecia Finlacircndia e Portugal a registarem mesmo taxas

crescimento negativas Este fenoacutemeno natildeo pode deixar de ter em conta o iniacutecio da crise

econoacutemica e financeira que teve o seu comeccedilo em 2007-2008

18

Quadro 1 Taxas meacutedias de crescimento anual do PIB real per capita 1985 a 2010

Periacuteodos Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

1985-1995 1639 0940 0555 2140 3600 2698 0970

1995-2005 1682 3377 3243 1128 2025 2591 2831

2005-2010 0025 -0267 0198 -0145 -0441 0207 -0229

1985-2010 1221 1806 1461 1131 2333 2024 1690

Fonte Caacutelculos do autor com base em dados do Banco Mundial

No que diz respeito agrave anaacutelise comparada entre a despesa social dos paiacuteses em

estudo iremos comeccedilar por comparar os niacuteveis de gastos sociais totais2 em percentagem

do PIB ao longo do periacuteodo total 1985-2010 (ver graacutefico 19) Durante todo este periacuteodo

eacute possiacutevel verificar que os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentaram um niacutevel de gastos

sociais totais superior ao dos paiacuteses do Sul Europeu O paiacutes que apresentou um niacutevel de

gastos mais elevado durante a maior parte deste periacuteodo foi a Sueacutecia que apenas o

deixou de ser quando a Dinamarca se assumiu como o paiacutes que mais gastou em despesa

social em 2010 cerca de 306 do PIB Quanto agrave Finlacircndia esta no ano de 2010

tambeacutem ultrapassa a Sueacutecia ao niacutevel de uma maior despesa social Contudo no caso

finlandecircs verifica-se que entre os anos de 1990 e 1992 ocorreu um aumento

consideraacutevel na despesa social ao qual se sucede uma diminuiccedilatildeo gradual dos gastos ateacute

2000 No entanto tal como a Dinamarca e a Sueacutecia este paiacutes apresentava ainda um

niacutevel de gastos superiores ao dos paiacuteses do Sul cerca de 243 do PIB No que respeita

aos paiacuteses da periferia tambeacutem designados paiacuteses do Sul verifica-se que o paiacutes que

mais se conseguiu aproximar do niacutevel de despesa dos paiacuteses da Escandinaacutevia foi a Itaacutelia

que no ano de 2010 gastava cerca de 277 do seu PIB em gastos sociais enquanto que

a Sueacutecia cerca de 283 No entanto verificamos que a Itaacutelia em algumas ocasiotildees foi

ultrapassada pelo niacutevel de gastos da Espanha como eacute o caso do subperiacuteodo entre 1989 e

1996 Quanto aos paiacuteses que canalizaram uma menor percentagem do PIB para a

despesa social verificam-se que estes foram a Espanha Greacutecia e Portugal

Relativamente a estes dois uacuteltimos verificou-se que a Greacutecia apresentava em 1985 um

niacutevel de despesa social consideravelmente maior que Portugal cerca de 161 face aos

101 do PIB de Portugal no entanto essa diferenccedila foi diminuindo Tal resulta de um

2 Os gastos sociais totais incluem a despesa em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado laboral apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social

exceptuando os apoios em educaccedilatildeo

19

evidente aumento da despesa em Portugal e um teacutenue crescimento da Despesa Social

grega chegando Portugal no ano de 2002 a ultrapassar a Greacutecia e no ano de 2010

apresentava um niacutevel de despesa mais elevado de despesa que a Greacutecia cerca de 254

face aos 233 da Greacutecia Na globalidade verificou-se uma tendecircncia de crescimento

contiacutenuo nos paiacuteses escandinavos ateacute ao iniacutecio da deacutecada de 90 seguido de uma

diminuiccedilatildeo ateacute cerca de 2000 No Sul a tendecircncia eacute de crescimento sustentado para a

Greacutecia e Portugal e de oscilaccedilotildees na Espanha e Itaacutelia Eacute tambeacutem notoacuterio que apoacutes a crise

de 2007-08 se verifica de novo um crescimento da despesa relativamente aos paiacuteses do

Norte

No seguimento da anaacutelise comparativa da despesa social em termos globais

efectua-se agora um estudo comparativo entre a despesa do Estado nas vaacuterias

componentes da despesa social educaccedilatildeo sauacutede e protecccedilatildeo social e dentro de estas

com o pagamento de pensotildees de reforma subsiacutedios de invalidez politicas activas do

mercado de trabalho apoios agraves famiacutelias e subsiacutedio de desemprego que correspondem agrave

maioria da despesa social nestes paiacuteses

De acordo com os graacuteficos 20 e 21 os niacuteveis de despesa social quer em sauacutede e

quer em educaccedilatildeo respectivamente dos paiacuteses do Norte face aos do Sul medidos em

percentagem do seu PIB entre 1985 e 2010 satildeo maiores no primeiro grupo de paiacuteses

relativamente ao segundo agrave excepccedilatildeo da Finlacircndia que depois de um periacuteodo de

diminuiccedilatildeo da despesa em sauacutede entre 1992 e 1998 para cerca dos 53 do PIB

verifica de novo um aumento para os 67 verificados em 2010 No entanto situava-se

aqueacutem do verificado em Itaacutelia Espanha e Portugal no mesmo ano que era

respectivamente 73 713 e 712 do PIB Assim sendo a Finlacircndia encontrava-se

soacute a frente da Greacutecia que possuiacutea um niacutevel de gastos de 64 do PIB (ver graacutef 20 e 21)

Nota-se tambeacutem no que diz respeito agrave despesa em sauacutede que a Sueacutecia e a Dinamarca

foram quem mais despenderam nesta aacuterea com niacuteveis de despesa semelhantes Contudo

a partir de 1999 o niacutevel de despesa da Dinamarca passa para frente do da Sueacutecia

tornando-se assim o paiacutes com maior despesa em sauacutede chegando a 2010 a apresentar

um valor de cerca de 94 do PIB face aos 77 da Sueacutecia Eacute importante salientar que

todos os paiacuteses do Sul da Europa verificaram um crescimento sustentado que se traduz

em valores de despesa em sauacutede em percentagem do PIB maiores em 2010 que em

1985 Por fim importa destacar que entre 2009 e 2010 verificou-se uma diminuiccedilatildeo da

despesa para todos os paiacuteses por ventura efeitos da crise que comeccedilou um par de anos

antes

20

No que toca agrave educaccedilatildeo como jaacute foi referido os paiacuteses da Escandinaacutevia

apresentam durante o periacuteodo em anaacutelise um niacutevel de despesa superior nesta mateacuteria em

relaccedilatildeo aos paiacuteses da periferia Neste contexto verificamos que as diferenccedilas relativas

aos niacuteveis de despesa dos vaacuterios paiacuteses em educaccedilatildeo se encontram melhor clarificadas

que as diferenccedilas ao niacutevel da despesa em sauacutede agrave excepccedilatildeo dos anos entre 1987 e 1990

em que os valores da despesa portuguesa foram semelhantes ao da espanhola e dos anos

de 2007 e 2008 em que os valores da Itaacutelia foram semelhantes aos da Espanha Feitas

estas consideraccedilotildees verifica-se a existecircncia de um maior niacutevel de despesa em educaccedilatildeo

por parte da Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia ao longo do periacuteodo e no ano de 2009 o

valor da despesa era respectivamente de 83 72 e 68 do PIB No que toca aos

restantes paiacuteses da amostra os paiacuteses do Sul verificamos que o niacutevel de despesa grego e

portuguecircs foi aumentando chegando o portuguecircs a tornar-se o mais elevado entre os

restantes paiacuteses da periferia a partir de 1994 sem nunca esquecer a ausecircncia de dados

para o ano de 1997 e para a Greacutecia entre 2005 e 2010 No ano de 1994 o valor gasto por

Portugal era cerca de 46 chegando a 2010 aos 56 do PIB Jaacute relativamente agrave Itaacutelia

considerando a quebra de dados para este paiacutes verificamos que esta se encontrava no

topo dos paiacuteses do Sul que mais gastavam nesta aacuterea no entanto como jaacute foi referido

esta foi ultrapassada por Portugal e ateacute mesmo a Espanha a partir de 2007 paiacuteses que

tinham nesse ano respectivamente um niacutevel de gastos de 51 e 434 do PIB face

aos 426 do PIB verificados na Itaacutelia

Relativamente agrave despesa em protecccedilatildeo social entre os paiacuteses em anaacutelise e no

que diz respeito niacutevel gastos em pagamentos de pensotildees de reforma verificamos que

natildeo existe um grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 22) Neste capiacutetulo

verifica-se que em todos os paiacuteses o niacutevel de gastos nesta mateacuteria foi oscilando

Contudo nos subperiacuteodos de 1985-89 e de 1997-2009 este foi mais elevado na Itaacutelia e

a Greacutecia sendo estes ultrapassados apenas entre 1991-95 pela Sueacutecia Estes trecircs paiacuteses

em 2009 ocupavam trecircs das quatro primeiras posiccedilotildees nos gastos em pensotildees

apresentando a Itaacutelia a Greacutecia e a Sueacutecia um niacutevel de gastos de 13 109 e 102

do PIB respectivamente Quanto aos restantes paiacuteses verifica-se que o paiacutes que durante

maior parte do periacuteodo apresentou um niacutevel de despesa mais baixo foi Portugal no

entanto registou um aumento consideraacutevel se em 1985 se encontrava no uacuteltimo posto

com cerca de 33 do seu PIB gasto em pensotildees a partir de 2004 ultrapassou a

Finlacircndia Dinamarca e Espanha apresentando no ano de 2009 uma percentagem de

gastos em pensotildees relativamente ao PIB a rondar os 106 superior ao verificado na

21

Dinamarca (82) na Finlacircndia (102) e Espanha (77) Tal poderaacute ter que ver com

o facto de a populaccedilatildeo em Portugal ter envelhecido a um ritmo mais acelerado que nos

restantes paiacuteses

No que toca aos subsiacutedios de desemprego verificamos tambeacutem que natildeo haacute um

grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 23) Contudo neste capiacutetulo

constata-se que os trecircs paiacuteses que gastaram maior percentagem do PIB em subsiacutedios de

desemprego ao longo do periacuteodo foram a Dinamarca Espanha e Finlacircndia Nestes

paiacuteses verificamos que em 1993 o niacutevel de gastos foi o mais elevado cerca 53 do PIB

no caso dinamarquecircs e de 47 no caso espanhol e finlandecircs sendo uma possiacutevel razatildeo

para esse aumento a crise econoacutemica que ocorreu nesse ano O factor crise econoacutemica

poderaacute tambeacutem ajudar a compreender o porquecirc de na Espanha o niacutevel de gastos ter

subido entre 2008 e 2009 de uma forma abrupta passando dos 22 do PIB para os

35 aumento que poderaacute estar relacionado com a crise econoacutemica de 2007-08 que

poderaacute ter contribuiacutedo para o agravamento da taxa de desemprego espanhola Neste

acircmbito verifica-se tambeacutem que os paiacuteses que apresentaram ao longo deste periacuteodo um

niacutevel de despesa mais reduzido com os subsiacutedios de desemprego foram Portugal Itaacutelia e

Greacutecia que em 2009 eram os que menos gastavam com um niacutevel de despesa de cerca de

07 no caso grego 08 no caso italiano e 12 do PIB no caso portuguecircs Estes

valores ficam bem atraacutes dos verificados no mesmo ano para a Dinamarca (23) e para

a Espanha (35)

Jaacute no que toca agrave despesa social em apoios concedidos agraves famiacutelias em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e em subsiacutedios concedidos a pessoas com incapacidade

verifica-se que os paiacuteses do Norte tecircm um niacutevel de gastos nestas mateacuterias superior ao da

periferia europeia (ver graacuteficos 24 25 e 26) Verifica-se ainda assim uma pequena

excepccedilatildeo no que toca agrave Espanha em que os gastos em poliacuteticas activas no mercado de

trabalho em 1989 e 1990 foram superiores agraves verificadas na Dinamarca que eram cerca

de 08 do PIB face aos 07 despendido pelos dinamarqueses A diferenccedila entre os

dois grupos eacute evidente no caso da despesa relacionada com os apoios agraves famiacutelias onde

se verifica uma diferenccedila consideraacutevel ao longo do periacuteodo de anaacutelise entre o Norte e o

Sul A despesa em aacutereas como as poliacuteticas e com as famiacutelias dentro dos paiacuteses da

Escandinaacutevia foi inicialmente mais elevado na Sueacutecia que chegou a atingir o seu

maacuteximo em 1992 com cerca de 49 do PIB gasto nesta mateacuteria no entanto

progressivamente o niacutevel de despesa da Dinamarca foi-se aproximando da Sueacutecia

chegando ateacute a ultrapassar esta em 1995 No que diz respeito agrave Finlacircndia verificou-se

22

que dos trecircs paiacuteses que compotildeem a Escandinaacutevia eacute aquele que apresenta um niacutevel mais

baixo durante maior parte do periacuteodo em anaacutelise mas no entanto superior aos paiacuteses do

Sul como jaacute foi dito Existe contudo uma excepccedilatildeo para este paiacutes que acontece no ano

de 1994 quando este consegue ser o paiacutes que mais gasta nesta aacuterea cerca de 44 do

PIB superior aos gastos suecos que foram cerca de 43 e dos dinamarqueses cerca de

39 Quanto aos gastos em poliacuteticas activas do mercado de trabalho as diferenccedilas jaacute

natildeo satildeo tatildeo evidentes mas no entanto relativamente aos paiacuteses do Sul verificamos ao

longo de todo o periacuteodo que os paiacuteses que foram apresentando consecutivamente

valores mais elevados de despesa nesta mateacuteria foram Portugal e Espanha que entre

1985 e 2009 sofreram oscilaccedilotildees relativamente aos valores despendidos no entanto em

2009 estes gastavam cerca de 08 e 09 respectivamente um valor mais elevado que

o verificado para a Itaacutelia (04) e para a Greacutecia (02) paiacuteses que ao longo do periacuteodo

observado se ficaram pelos uacuteltimos lugares

Por uacuteltimo abordamos as diferenccedilas entre o Norte e o Sul ao niacutevel de gastos em

pensotildees por incapacidade (ver graacutef 26) Como jaacute foi referido verificamos que o niacutevel

de gastos nesta aacuterea eacute superior no Norte em relaccedilatildeo ao Sul Assim sendo verificamos

que a Sueacutecia e a Finlacircndia foram alternando a lideranccedila relativamente aos paiacuteses que

mais despenderam nestes apoios Entre 1985-91 e 1997-2009 a Sueacutecia realizou um niacutevel

de despesa mais elevado que a Finlacircndia apresentando em 1991 um niacutevel a rondar os

53 face ao gasto pela Finlacircndia que foi cerca de 49 Jaacute em 2009 o niacutevel de gastos

da Sueacutecia foi de 5 do seu PIB maior que o verificado na Finlacircndia 41 enquanto

que para o restante periacuteodo o niacutevel de gastos finlandecircs foi sempre superior ao sueco A

Dinamarca foi dos paiacuteses escandinavos aquele que ao longo da maior parte deste

periacuteodo menos gastou no entanto a partir de 2001 esta ultrapassou o niacutevel de gastos da

Finlacircndia apresentando um niacutevel de despesa de cerca de 38 do PIB face aos 37

verificados no caso finlandecircs Esta ultrapassagem deu-se natildeo soacute pela subida dos gastos

em da Dinamarca nesta aacuterea mas tambeacutem por uma descida da despesa finlandesa No

que toca aos paiacuteses do Sul verificamos que quem gastou relativamente mais durante a

maior parte do periacuteodo entre 1985 e 2009 em subsiacutedios atribuiacutedos a incapacitados

foram Espanha Portugal Itaacutelia e a Greacutecia respectivamente agrave excepccedilatildeo do subperiacuteodo

entre 1985 e 1989 em que a Itaacutelia teve um niacutevel de gastos superiores ao de Portugal

Estes paiacuteses no ano de 2009 apresentavam um niacutevel de gastos a rondar os 27 do PIB

no caso espanhol os 21 no caso portuguecircs os 19 no caso italiano e os 1 no caso

23

grego valores que apesar de serem mais baixos que os verificados nos paiacuteses do Norte

da Europa satildeo mais elevados que os verificados em 1985 para estes paiacuteses

Por fim concluiacutemos esta secccedilatildeo com uma anaacutelise quantitativa muito simples e

preliminar da relaccedilatildeo entre a despesa social e o crescimento econoacutemico que corresponde

ao caacutelculo dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre os vaacuterios tipos de despesa social e o PIB

real per capita e a sua taxa de crescimento De acordo com a revisatildeo da literatura

realizada na secccedilatildeo 2 espera-se que exista uma correlaccedilatildeo positiva entre a despesa

social e o niacutevel de crescimento do PIB na medida ou seja para que esta contribua

efectivamente para uma reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo do rendimento e da

pobreza mas tambeacutem porque certos tipos de despesa social tais como educaccedilatildeo sauacutede

mas tambeacutem os apoios agrave famiacutelia contribuem directamente para a acumulaccedilatildeo de capital

humano Contudo aceitando o argumento de que o financiamento necessaacuterio introduz

distorccedilotildees na actividade econoacutemica que por exemplo desincentivam o trabalho e o

investimento por parte das empresas a correlaccedilatildeo obtida pode ter um sinal negativo Da

mesma forma se despesas como o subsiacutedio de desemprego constituiacuterem um

desincentivo a realizar maior esforccedilo no trabalho tambeacutem o sinal poderaacute ser negativo

Em uacuteltima anaacutelise poderaacute natildeo existir qualquer correlaccedilatildeo se os efeitos de sinal contraacuterio

se compensarem exactamente Finalmente natildeo devemos esquecer que correlaccedilatildeo natildeo

significa causalidade pelo que o sinal obtido se pode dever agrave influecircncia do produto

sobre a despesa social ou agrave influecircncia muacutetua

Com auxiacutelio do Quadro 2 onde se encontram os resultados relativos aos

coeficientes de correlaccedilatildeo entre despesa social e o PIB real per capita verificamos que

tendo em conta os dados disponiacuteveis para todos os paiacuteses e anos os coeficientes de

correlaccedilatildeo entre as vaacuterias despesas sociais e o PIB real per capita satildeo todos positivos

quer no que respeita agrave despesa social total quer agraves suas diferentes componentes Os

coeficientes de correlaccedilatildeo mais elevados dizem respeito agraves despesas em educaccedilatildeo e

sauacutede respectivamente 0833 e 0791 podendo argumentar-se que isto se deve ao seu

contributo directo para a acumulaccedilatildeo de capital humano e que este factor possa ter

trazido ganhos de produtividade agraves economias conforme a literatura econoacutemica defende

Quanto ao efeito das vaacuterias componentes de despesa social em protecccedilatildeo social

verificamos que as aacutereas que possuem um coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado satildeo a

despesa em apoios atribuiacutedos agraves famiacutelias os subsiacutedios atribuiacutedos aos incapacitados e as

poliacuteticas activas do mercado de trabalho (0764 0648 e 0626 respectivamente) A

correlaccedilatildeo mais elevada na primeira e terceira dimensotildees referidas poderaacute ter que ver

24

com o seu papel na reduccedilatildeo da desigualdade e pobreza das famiacutelias mais pobres e dos

incentivos criados juntos das empresas para que estas empreguem mais trabalhadores

No que diz respeito aos subsiacutedios concedidos agraves famiacutelias estes ajudam ao aumento do

rendimento das mesmas e tal como foi dito anteriormente poderaacute ter-se traduzido no

aumento do consumo privado daiacute haver uma relaccedilatildeo positiva com o PIB per capita No

meacutedio-longo prazo pode tambeacutem permitir agraves famiacutelias investir mais no capital humano

dos seus filhos e desta forma contribuir para o aumento do PIB Nas restantes aacutereas

gastos com subsiacutedios de desemprego ou em pensotildees tambeacutem possuem uma relaccedilatildeo

positiva com o PIB per capita indicando que toda a despesa realizada pelos vaacuterios

paiacuteses ao longo deste periacuteodo foi importantes para o aumento do produto na medida em

que estas se incidiram sobre os indiviacuteduos que possuem um niacutevel de rendimento mais

baixo dando um estimulo ao consumo traduzindo-se isso no aumento do produto como

jaacute vimos anteriormente Contudo nestes casos os coeficientes de correlaccedilatildeo de 0424 e

0220 respectivamente satildeo bastante inferiores indicando que poderatildeo estar em

actuaccedilatildeo efeitos de sinal negativo que reduzem a correlaccedilatildeo positiva final

Nomeadamente os gastos com pensotildees e subsiacutedios de desemprego podem estar a

desviar a despesa de outras funccedilotildees sociais com um impacto mais directo sobre a

produtividade como a educaccedilatildeo e a sauacutede

Quadro 2 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social e componentes e o niacutevel

do PIB real per capita 1985-2010 (todos os dados disponiacuteveis)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB) PIB real

per capita

Total 0747

Sauacutede 0791

Educaccedilatildeo 0833

Pensotildees de reforma 0220

Pensotildees por incapacidade 0648

Apoios agraves Famiacutelias 0764

Poliacuteticas Activas do Mercado de Trabalho 0626

Subsiacutedio de Desemprego 0424

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

25

A anaacutelise de correlaccedilatildeo anterior apesar de interessante natildeo permite ter uma

ideia muito rigorosa da existecircncia ou natildeo de causalidade entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico uma vez que se baseia em valores correntes quer da despesa

quer do PIB e como vimos os paiacuteses mais ricos tendem tambeacutem a gastar mais com as

funccedilotildees sociais Por outro lado em termos de efeitos permanentes sobre a taxa de

crescimento eacute mais rigoroso calcular a correlaccedilatildeo entre a despesa e a taxa de

crescimento do PIB real per capita De forma a ter em conta a questatildeo da causalidade

inversa no quadro 2 satildeo apresentados os coeficientes de correlaccedilatildeo entre a meacutedia da

despesa social realizada nos sete paiacuteses no periacuteodo de 1985 a 1999 e o crescimento

meacutedio do PIB verificado nos dez anos seguintes 2000-2010

De acordo com a informaccedilatildeo que consta do quadro 3 o sinal dos coeficientes de

correlaccedilatildeo varia agora consoante o tipo de despesa considerada Relativamente agrave

despesa social total o coeficiente eacute negativo embora natildeo muito elevado -02779 A

justificaccedilatildeo mais imediata para este sinal poderaacute ter a ver com o facto do financiamento

necessaacuterio ter introduzido distorccedilotildees na actividade econoacutemica que prejudicaram o

crescimento Contudo torna-se mais informativo olhar para as diferentes componentes

da despesa social

No que respeita aos coeficientes por tipo de despesa como seria de esperar dada

a consensual relaccedilatildeo entre as despesas em educaccedilatildeo e sauacutede com o crescimento

econoacutemico por via do seu impacto sobre a acumulaccedilatildeo de capital humano3 o sinal eacute

positivo embora de magnitude reduzida 01356 e 00115 respectivamente em especial

no caso das despesas em sauacutede Estes resultados indicam tambeacutem que os coeficientes de

correlaccedilatildeo anteriores contecircm realmente informaccedilatildeo sobre a influecircncia positiva no niacutevel

de rendimento sobre as despesas sociais em educaccedilatildeo e sauacutede O outro coeficiente de

correlaccedilatildeo positivo diz respeito agrave despesa com subsiacutedios de desemprego sendo ateacute a

correlaccedilatildeo mais forte do que nos dois casos anteriores 01733 Isto pode indicar que a

existecircncia deste apoio constituiu um incentivo ao trabalho pela seguranccedila que permite

aos trabalhadores estimulando tambeacutem os mesmos a apostar na sua formaccedilatildeo porque

protegidos em caso de desemprego

Quanto ao impacto negativo das restantes componentes da despesa social

verifica-se que as despesas que apresentam um coeficiente menos negativo satildeo as

pensotildees de reforma e por incapacidade -02298 e -03338 respectivamente enquanto

3 Como vimos na secccedilatildeo 3 o estado de sauacutede mas em especial o niacutevel de escolaridade da populaccedilatildeo

dos paiacuteses escandinavos foram em geral superiores ao dos paiacuteses do Sul ao longo do periacuteodo em anaacutelise

26

ainda menos esperado a correlaccedilatildeo negativa mais forte acontece no caso das poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias -03794 e -03671 respectivamente

No caso das pensotildees de reforma e por incapacidade o sinal natildeo eacute inesperado dado o

esforccedilo que exigem em termos de financiamento e o seu papel mais indirecto na

promoccedilatildeo do crescimento econoacutemico sobretudo via a reduccedilatildeo da desigualdade e da

pobreza No caso das poliacuteticas activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias os

resultados satildeo inesperados a dois niacuteveis sinais e magnitude relativa superior Esperar-

se-ia um sinal positivo face ao descrito logo no iniacutecio da anaacutelise de correlaccedilatildeo ou pelo

menos natildeo tatildeo negativo como nos outros dois casos uma vez que em qualquer situaccedilatildeo

o financiamento necessaacuterio pode ter impacto negativo sobre o crescimento do produto

Quadro 3 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social meacutedia (1985-1999) e a

taxa meacutedia de crescimento do PIB real per capita (2000-2010)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB)

Meacutedia 1985-1999 Taxa meacutedia de crescimento anual do PIB real per capita

(2000-10)

Total -02779

Sauacutede 00115

Educaccedilatildeo 01356

Pensotildees de reforma -02298

Pensotildees por incapacidade -03338

Apoios agraves Famiacutelias -03671

Poliacuteticas Activas do Mercado de

Trabalho -03794

Subsiacutedio de Desemprego 01733

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

Em jeito de conclusatildeo os resultados apontam para uma relaccedilatildeo positiva entre a

despesa social nas vaacuterias aacutereas analisadas e o niacutevel do PIB per capita entre 1985 e 2010

o que eacute indiciador de que estatildeo em actuaccedilatildeo mecanismos de influecircncia da despesa social

que promovem um aumento do niacutevel de rendimento nomeadamente via acumulaccedilatildeo de

capital humano atraveacutes das despesas em educaccedilatildeo e sauacutede Contudo uma anaacutelise mais

rigorosa em termos de possiacuteveis impactos permanentes sobre a taxa de crescimento

econoacutemico revela que os resultados podem divergir bastante em termos de sinal e

magnitude atendendo ao tipo de despesa social considerada Os resultados deste estudo

27

apontam tambeacutem para valores que alguns casos podem ser contraacuterios aos verificados

pelos estudos empiacutericos descritos na secccedilatildeo 2 Tal poderaacute estar relacionado com a

amostra de paiacuteses utilizada assim como o periacuteodo de anaacutelise e metodologia utilizada

5 Conclusotildees

Este trabalho propocircs-se a reflectir sobre a relaccedilatildeo entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico tendo por base a comparaccedilatildeo de dois grupos de paiacuteses

pertencentes agrave Uniatildeo Europeia a Escandinaacutevia e o Sul da Europa A niacutevel teoacuterico as

previsotildees acerca da relaccedilatildeo entre Estado Social e crescimento econoacutemico divergem

sendo possiacutevel encontrar argumentos que justificam a existecircncia de uma relaccedilatildeo

positiva outros que apoiam a verificaccedilatildeo de uma relaccedilatildeo negativa e outros ainda que

apontam no sentido de ausecircncia de qualquer relaccedilatildeo Estas diferentes hipoacuteteses parecem

indicar que cabe agrave anaacutelise empiacuterica determinar o sinal da relaccedilatildeo e o respectivo

contexto

Constituindo uma anaacutelise ainda exploratoacuteria o presente trabalho recorreu a uma

anaacutelise de estatiacutestica descritiva de um conjunto variado de indicadores relevantes para o

periacuteodo de 1985 a 2010 sempre que possiacutevel para analisar empiricamente a relaccedilatildeo

entre despesa social e crescimento econoacutemico

De forma a analisar esta relaccedilatildeo em termos mais detalhados aquela foi

desagregada em diferentes componentes tendo sido utilizados dados relativos a

despesas em educaccedilatildeo sauacutede e em vaacuterias componentes da despesa com a protecccedilatildeo

social como os subsiacutedios de desemprego e incapacidade apoios agraves famiacutelias gastos em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho e em pensotildees de reforma Foram calculados os

coeficientes de correlaccedilatildeo destas com o niacutevel do PIB real per capita numa tentativa de

confirmaccedilatildeo muito preliminar do sinal esperado para a relaccedilatildeo bem como os

coeficientes de correlaccedilatildeo entre os valores meacutedios da despesa das vaacuterias variaacuteveis entre

1985 e 1999 com a taxa de crescimento do PIB per capita entre 2000-10 Os

coeficientes de correlaccedilatildeo no uacuteltimo caso poderatildeo ajudar a compreender se o niacutevel de

gastos verificado entre 1985-99 contribuiacuteram para o crescimento econoacutemico verificado

na deacutecada seguinte

Verificou-se que ao longo do periacuteodo em anaacutelise a despesa social em

percentagem do PIB agregada e nas diferentes aacutereas teve um aumento relativo entre

1985 e 2010 mas no entanto aquela foi sempre mais elevada nos paiacuteses Escandinavos

tendo estes paiacuteses registado tambeacutem valores mais elevados do PIB real per capita

28

relativamente aos paiacuteses do Sul Os resultados apontam para que todas as dimensotildees se

correlacionam positivamente com o niacutevel de rendimento per capita sendo de destacar

que a educaccedilatildeo eacute a componente com coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado seguida

das despesas com sauacutede o que parece confirmar a influecircncia deste tipo de despesa sobre

o comportamento do produto via acumulaccedilatildeo de capital humano No que respeita ao

possiacutevel efeito da despesa social sobre a taxa de crescimento do PIB real per capita o

sinal do coeficiente de correlaccedilatildeo manteacutem-se positivo mas de magnitude bastante

inferior ao dos casos anteriores enquanto a correlaccedilatildeo apresenta um sinal negativo no

caso da despesa social total A correlaccedilatildeo eacute tambeacutem negativa para as diferentes

componentes da despesa como a protecccedilatildeo social com excepccedilatildeo do subsiacutedio de

desemprego Estes resultados apoiam assim a necessidade de ao estudar a relaccedilatildeo entre

Estado Social e crescimento econoacutemico levar a cabo uma anaacutelise desagregada uma vez

que os mecanismos de transmissatildeo podem variar consoante o tipo de despesa social

pelo que a anaacutelise agregada eacute difiacutecil de interpretar em termos econoacutemicos

Em suma o presente estudo poderaacute ajudar a compreender de forma preliminar

como os gastos sociais interagem com o crescimento econoacutemico e quais as aacutereas que

tecircm contribuiacutedo de forma positiva ou negativa para o mesmo Contudo natildeo poderaacute

deixar de se ter em conta a capacidade de outros factores poderem afectar a

performance da economia assim como natildeo se deve negligenciar a importacircncia dos

gastos sociais para a convergecircncia econoacutemica dos paiacuteses do Sul para com os paiacuteses do

Norte da Europa De forma a poder generalizar a anaacutelise e tirar conclusotildees mais

robustas em relaccedilatildeo ao sentido da causalidade e mecanismos de transmissatildeo no futuro

seraacute necessaacuterio utilizar meacutetodos de inferecircncia estatiacutestica adequados e amostras mais

alargadas de paiacuteses

29

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30

Anexos

Graacutefico 1 PIB per capita a preccedilos constantes de 2005 entre 1985 e 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 2 Esperanccedila meacutedia de vida 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

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31

Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em

cada 1000 nascimentos) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total

da populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB ()1985 e 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

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Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes 2003 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010

Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A

despesa Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte OCDE

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

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1985 e 2010 Por uacuteltimo procura-se verificar se o sinal da correlaccedilatildeo esperada entre a

despesa social do Estado e o comportamento do produto estaacute de acordo com a literatura

econoacutemica Para tal realizamos apenas uma anaacutelise muito simples e preliminar baseada

no caacutelculo de coeficientes de correlaccedilatildeo entre as despesas em sauacutede educaccedilatildeo e as

vaacuterias componentes da despesa em protecccedilatildeo social e respectivamente o PIB per capita

e a taxa de crescimento do mesmo

Esta anaacutelise foi realizada tendo em conta todos os dados disponiacuteveis na base de

dados da OECD Social Expenditure Database ao niacutevel dos gastos com sauacutede e

protecccedilatildeo social e com os dados disponiacuteveis do Banco Mundial relativamente a despesa

em educaccedilatildeo PIB real per capita para todos os paiacuteses em anaacutelise no periacuteodo entre 1985

e 2010

Antes de passarmos agrave anaacutelise comparada da despesa social e suas componentes

nos paiacuteses da nossa amostra detenhamo-nos na comparaccedilatildeo da respectiva prestaccedilatildeo em

termos de crescimento econoacutemico de acordo com os dados relativos agraves taxas meacutedias de

crescimento anual do PIB real per capita entre 1985 e 2010 e alguns sub-periacuteodos (ver

Quadro 1) Ao longo do periacuteodo total 1985-2010 Portugal e a Espanha foram os paiacuteses

que mais cresceram o que natildeo eacute de estranhar uma vez que partiram de valores do PIB

real per capita dos mais baixos do grupo Seguem-se a estes os paiacuteses escandinavos

Finlacircndia Sueacutecia e Dinamarca enquanto que a Greacutecia e a Itaacutelia foram os paiacuteses que

menos cresceram No caso da Greacutecia a situaccedilatildeo eacute mais insoacutelita uma vez que tal como

Portugal e Espanha partiu de um niacutevel de rendimento relativamente mais baixo e assim

sendo o potencial de crescimento e convergecircncia deveria ter sido superior ao dos paiacuteses

mais ricos Se dividirmos o periacuteodo total em anaacutelise em trecircs sub-periacuteodos 1985-95

1995-05 e 2005-10 verificamos que o desempenho relativo dos paiacuteses se vai alterando

Assim por exemplo a boa prestaccedilatildeo de Portugal entre 1985-2010 parece ter sido

consequecircncia do seu elevado crescimento relativo entre 1985 e 1995 enquanto que nos

outros dois sub-periacuteodos a taxa meacutedia de crescimento anual do seu PIB real per capita eacute

das mais baixas do grupo Os paiacuteses escandinavos tecircm taxas de crescimento relativas

mais elevadas essencialmente entre 1995 e 2005 enquanto a Espanha e a Greacutecia

melhoram o desempenho relativo no segundo e terceiro sub-periacuteodos em especial a

Espanha Em todo o caso registou-se um acentuado abrandamento e do crescimento nos

uacuteltimos cinco anos com a Itaacutelia Sueacutecia Finlacircndia e Portugal a registarem mesmo taxas

crescimento negativas Este fenoacutemeno natildeo pode deixar de ter em conta o iniacutecio da crise

econoacutemica e financeira que teve o seu comeccedilo em 2007-2008

18

Quadro 1 Taxas meacutedias de crescimento anual do PIB real per capita 1985 a 2010

Periacuteodos Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

1985-1995 1639 0940 0555 2140 3600 2698 0970

1995-2005 1682 3377 3243 1128 2025 2591 2831

2005-2010 0025 -0267 0198 -0145 -0441 0207 -0229

1985-2010 1221 1806 1461 1131 2333 2024 1690

Fonte Caacutelculos do autor com base em dados do Banco Mundial

No que diz respeito agrave anaacutelise comparada entre a despesa social dos paiacuteses em

estudo iremos comeccedilar por comparar os niacuteveis de gastos sociais totais2 em percentagem

do PIB ao longo do periacuteodo total 1985-2010 (ver graacutefico 19) Durante todo este periacuteodo

eacute possiacutevel verificar que os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentaram um niacutevel de gastos

sociais totais superior ao dos paiacuteses do Sul Europeu O paiacutes que apresentou um niacutevel de

gastos mais elevado durante a maior parte deste periacuteodo foi a Sueacutecia que apenas o

deixou de ser quando a Dinamarca se assumiu como o paiacutes que mais gastou em despesa

social em 2010 cerca de 306 do PIB Quanto agrave Finlacircndia esta no ano de 2010

tambeacutem ultrapassa a Sueacutecia ao niacutevel de uma maior despesa social Contudo no caso

finlandecircs verifica-se que entre os anos de 1990 e 1992 ocorreu um aumento

consideraacutevel na despesa social ao qual se sucede uma diminuiccedilatildeo gradual dos gastos ateacute

2000 No entanto tal como a Dinamarca e a Sueacutecia este paiacutes apresentava ainda um

niacutevel de gastos superiores ao dos paiacuteses do Sul cerca de 243 do PIB No que respeita

aos paiacuteses da periferia tambeacutem designados paiacuteses do Sul verifica-se que o paiacutes que

mais se conseguiu aproximar do niacutevel de despesa dos paiacuteses da Escandinaacutevia foi a Itaacutelia

que no ano de 2010 gastava cerca de 277 do seu PIB em gastos sociais enquanto que

a Sueacutecia cerca de 283 No entanto verificamos que a Itaacutelia em algumas ocasiotildees foi

ultrapassada pelo niacutevel de gastos da Espanha como eacute o caso do subperiacuteodo entre 1989 e

1996 Quanto aos paiacuteses que canalizaram uma menor percentagem do PIB para a

despesa social verificam-se que estes foram a Espanha Greacutecia e Portugal

Relativamente a estes dois uacuteltimos verificou-se que a Greacutecia apresentava em 1985 um

niacutevel de despesa social consideravelmente maior que Portugal cerca de 161 face aos

101 do PIB de Portugal no entanto essa diferenccedila foi diminuindo Tal resulta de um

2 Os gastos sociais totais incluem a despesa em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado laboral apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social

exceptuando os apoios em educaccedilatildeo

19

evidente aumento da despesa em Portugal e um teacutenue crescimento da Despesa Social

grega chegando Portugal no ano de 2002 a ultrapassar a Greacutecia e no ano de 2010

apresentava um niacutevel de despesa mais elevado de despesa que a Greacutecia cerca de 254

face aos 233 da Greacutecia Na globalidade verificou-se uma tendecircncia de crescimento

contiacutenuo nos paiacuteses escandinavos ateacute ao iniacutecio da deacutecada de 90 seguido de uma

diminuiccedilatildeo ateacute cerca de 2000 No Sul a tendecircncia eacute de crescimento sustentado para a

Greacutecia e Portugal e de oscilaccedilotildees na Espanha e Itaacutelia Eacute tambeacutem notoacuterio que apoacutes a crise

de 2007-08 se verifica de novo um crescimento da despesa relativamente aos paiacuteses do

Norte

No seguimento da anaacutelise comparativa da despesa social em termos globais

efectua-se agora um estudo comparativo entre a despesa do Estado nas vaacuterias

componentes da despesa social educaccedilatildeo sauacutede e protecccedilatildeo social e dentro de estas

com o pagamento de pensotildees de reforma subsiacutedios de invalidez politicas activas do

mercado de trabalho apoios agraves famiacutelias e subsiacutedio de desemprego que correspondem agrave

maioria da despesa social nestes paiacuteses

De acordo com os graacuteficos 20 e 21 os niacuteveis de despesa social quer em sauacutede e

quer em educaccedilatildeo respectivamente dos paiacuteses do Norte face aos do Sul medidos em

percentagem do seu PIB entre 1985 e 2010 satildeo maiores no primeiro grupo de paiacuteses

relativamente ao segundo agrave excepccedilatildeo da Finlacircndia que depois de um periacuteodo de

diminuiccedilatildeo da despesa em sauacutede entre 1992 e 1998 para cerca dos 53 do PIB

verifica de novo um aumento para os 67 verificados em 2010 No entanto situava-se

aqueacutem do verificado em Itaacutelia Espanha e Portugal no mesmo ano que era

respectivamente 73 713 e 712 do PIB Assim sendo a Finlacircndia encontrava-se

soacute a frente da Greacutecia que possuiacutea um niacutevel de gastos de 64 do PIB (ver graacutef 20 e 21)

Nota-se tambeacutem no que diz respeito agrave despesa em sauacutede que a Sueacutecia e a Dinamarca

foram quem mais despenderam nesta aacuterea com niacuteveis de despesa semelhantes Contudo

a partir de 1999 o niacutevel de despesa da Dinamarca passa para frente do da Sueacutecia

tornando-se assim o paiacutes com maior despesa em sauacutede chegando a 2010 a apresentar

um valor de cerca de 94 do PIB face aos 77 da Sueacutecia Eacute importante salientar que

todos os paiacuteses do Sul da Europa verificaram um crescimento sustentado que se traduz

em valores de despesa em sauacutede em percentagem do PIB maiores em 2010 que em

1985 Por fim importa destacar que entre 2009 e 2010 verificou-se uma diminuiccedilatildeo da

despesa para todos os paiacuteses por ventura efeitos da crise que comeccedilou um par de anos

antes

20

No que toca agrave educaccedilatildeo como jaacute foi referido os paiacuteses da Escandinaacutevia

apresentam durante o periacuteodo em anaacutelise um niacutevel de despesa superior nesta mateacuteria em

relaccedilatildeo aos paiacuteses da periferia Neste contexto verificamos que as diferenccedilas relativas

aos niacuteveis de despesa dos vaacuterios paiacuteses em educaccedilatildeo se encontram melhor clarificadas

que as diferenccedilas ao niacutevel da despesa em sauacutede agrave excepccedilatildeo dos anos entre 1987 e 1990

em que os valores da despesa portuguesa foram semelhantes ao da espanhola e dos anos

de 2007 e 2008 em que os valores da Itaacutelia foram semelhantes aos da Espanha Feitas

estas consideraccedilotildees verifica-se a existecircncia de um maior niacutevel de despesa em educaccedilatildeo

por parte da Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia ao longo do periacuteodo e no ano de 2009 o

valor da despesa era respectivamente de 83 72 e 68 do PIB No que toca aos

restantes paiacuteses da amostra os paiacuteses do Sul verificamos que o niacutevel de despesa grego e

portuguecircs foi aumentando chegando o portuguecircs a tornar-se o mais elevado entre os

restantes paiacuteses da periferia a partir de 1994 sem nunca esquecer a ausecircncia de dados

para o ano de 1997 e para a Greacutecia entre 2005 e 2010 No ano de 1994 o valor gasto por

Portugal era cerca de 46 chegando a 2010 aos 56 do PIB Jaacute relativamente agrave Itaacutelia

considerando a quebra de dados para este paiacutes verificamos que esta se encontrava no

topo dos paiacuteses do Sul que mais gastavam nesta aacuterea no entanto como jaacute foi referido

esta foi ultrapassada por Portugal e ateacute mesmo a Espanha a partir de 2007 paiacuteses que

tinham nesse ano respectivamente um niacutevel de gastos de 51 e 434 do PIB face

aos 426 do PIB verificados na Itaacutelia

Relativamente agrave despesa em protecccedilatildeo social entre os paiacuteses em anaacutelise e no

que diz respeito niacutevel gastos em pagamentos de pensotildees de reforma verificamos que

natildeo existe um grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 22) Neste capiacutetulo

verifica-se que em todos os paiacuteses o niacutevel de gastos nesta mateacuteria foi oscilando

Contudo nos subperiacuteodos de 1985-89 e de 1997-2009 este foi mais elevado na Itaacutelia e

a Greacutecia sendo estes ultrapassados apenas entre 1991-95 pela Sueacutecia Estes trecircs paiacuteses

em 2009 ocupavam trecircs das quatro primeiras posiccedilotildees nos gastos em pensotildees

apresentando a Itaacutelia a Greacutecia e a Sueacutecia um niacutevel de gastos de 13 109 e 102

do PIB respectivamente Quanto aos restantes paiacuteses verifica-se que o paiacutes que durante

maior parte do periacuteodo apresentou um niacutevel de despesa mais baixo foi Portugal no

entanto registou um aumento consideraacutevel se em 1985 se encontrava no uacuteltimo posto

com cerca de 33 do seu PIB gasto em pensotildees a partir de 2004 ultrapassou a

Finlacircndia Dinamarca e Espanha apresentando no ano de 2009 uma percentagem de

gastos em pensotildees relativamente ao PIB a rondar os 106 superior ao verificado na

21

Dinamarca (82) na Finlacircndia (102) e Espanha (77) Tal poderaacute ter que ver com

o facto de a populaccedilatildeo em Portugal ter envelhecido a um ritmo mais acelerado que nos

restantes paiacuteses

No que toca aos subsiacutedios de desemprego verificamos tambeacutem que natildeo haacute um

grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 23) Contudo neste capiacutetulo

constata-se que os trecircs paiacuteses que gastaram maior percentagem do PIB em subsiacutedios de

desemprego ao longo do periacuteodo foram a Dinamarca Espanha e Finlacircndia Nestes

paiacuteses verificamos que em 1993 o niacutevel de gastos foi o mais elevado cerca 53 do PIB

no caso dinamarquecircs e de 47 no caso espanhol e finlandecircs sendo uma possiacutevel razatildeo

para esse aumento a crise econoacutemica que ocorreu nesse ano O factor crise econoacutemica

poderaacute tambeacutem ajudar a compreender o porquecirc de na Espanha o niacutevel de gastos ter

subido entre 2008 e 2009 de uma forma abrupta passando dos 22 do PIB para os

35 aumento que poderaacute estar relacionado com a crise econoacutemica de 2007-08 que

poderaacute ter contribuiacutedo para o agravamento da taxa de desemprego espanhola Neste

acircmbito verifica-se tambeacutem que os paiacuteses que apresentaram ao longo deste periacuteodo um

niacutevel de despesa mais reduzido com os subsiacutedios de desemprego foram Portugal Itaacutelia e

Greacutecia que em 2009 eram os que menos gastavam com um niacutevel de despesa de cerca de

07 no caso grego 08 no caso italiano e 12 do PIB no caso portuguecircs Estes

valores ficam bem atraacutes dos verificados no mesmo ano para a Dinamarca (23) e para

a Espanha (35)

Jaacute no que toca agrave despesa social em apoios concedidos agraves famiacutelias em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e em subsiacutedios concedidos a pessoas com incapacidade

verifica-se que os paiacuteses do Norte tecircm um niacutevel de gastos nestas mateacuterias superior ao da

periferia europeia (ver graacuteficos 24 25 e 26) Verifica-se ainda assim uma pequena

excepccedilatildeo no que toca agrave Espanha em que os gastos em poliacuteticas activas no mercado de

trabalho em 1989 e 1990 foram superiores agraves verificadas na Dinamarca que eram cerca

de 08 do PIB face aos 07 despendido pelos dinamarqueses A diferenccedila entre os

dois grupos eacute evidente no caso da despesa relacionada com os apoios agraves famiacutelias onde

se verifica uma diferenccedila consideraacutevel ao longo do periacuteodo de anaacutelise entre o Norte e o

Sul A despesa em aacutereas como as poliacuteticas e com as famiacutelias dentro dos paiacuteses da

Escandinaacutevia foi inicialmente mais elevado na Sueacutecia que chegou a atingir o seu

maacuteximo em 1992 com cerca de 49 do PIB gasto nesta mateacuteria no entanto

progressivamente o niacutevel de despesa da Dinamarca foi-se aproximando da Sueacutecia

chegando ateacute a ultrapassar esta em 1995 No que diz respeito agrave Finlacircndia verificou-se

22

que dos trecircs paiacuteses que compotildeem a Escandinaacutevia eacute aquele que apresenta um niacutevel mais

baixo durante maior parte do periacuteodo em anaacutelise mas no entanto superior aos paiacuteses do

Sul como jaacute foi dito Existe contudo uma excepccedilatildeo para este paiacutes que acontece no ano

de 1994 quando este consegue ser o paiacutes que mais gasta nesta aacuterea cerca de 44 do

PIB superior aos gastos suecos que foram cerca de 43 e dos dinamarqueses cerca de

39 Quanto aos gastos em poliacuteticas activas do mercado de trabalho as diferenccedilas jaacute

natildeo satildeo tatildeo evidentes mas no entanto relativamente aos paiacuteses do Sul verificamos ao

longo de todo o periacuteodo que os paiacuteses que foram apresentando consecutivamente

valores mais elevados de despesa nesta mateacuteria foram Portugal e Espanha que entre

1985 e 2009 sofreram oscilaccedilotildees relativamente aos valores despendidos no entanto em

2009 estes gastavam cerca de 08 e 09 respectivamente um valor mais elevado que

o verificado para a Itaacutelia (04) e para a Greacutecia (02) paiacuteses que ao longo do periacuteodo

observado se ficaram pelos uacuteltimos lugares

Por uacuteltimo abordamos as diferenccedilas entre o Norte e o Sul ao niacutevel de gastos em

pensotildees por incapacidade (ver graacutef 26) Como jaacute foi referido verificamos que o niacutevel

de gastos nesta aacuterea eacute superior no Norte em relaccedilatildeo ao Sul Assim sendo verificamos

que a Sueacutecia e a Finlacircndia foram alternando a lideranccedila relativamente aos paiacuteses que

mais despenderam nestes apoios Entre 1985-91 e 1997-2009 a Sueacutecia realizou um niacutevel

de despesa mais elevado que a Finlacircndia apresentando em 1991 um niacutevel a rondar os

53 face ao gasto pela Finlacircndia que foi cerca de 49 Jaacute em 2009 o niacutevel de gastos

da Sueacutecia foi de 5 do seu PIB maior que o verificado na Finlacircndia 41 enquanto

que para o restante periacuteodo o niacutevel de gastos finlandecircs foi sempre superior ao sueco A

Dinamarca foi dos paiacuteses escandinavos aquele que ao longo da maior parte deste

periacuteodo menos gastou no entanto a partir de 2001 esta ultrapassou o niacutevel de gastos da

Finlacircndia apresentando um niacutevel de despesa de cerca de 38 do PIB face aos 37

verificados no caso finlandecircs Esta ultrapassagem deu-se natildeo soacute pela subida dos gastos

em da Dinamarca nesta aacuterea mas tambeacutem por uma descida da despesa finlandesa No

que toca aos paiacuteses do Sul verificamos que quem gastou relativamente mais durante a

maior parte do periacuteodo entre 1985 e 2009 em subsiacutedios atribuiacutedos a incapacitados

foram Espanha Portugal Itaacutelia e a Greacutecia respectivamente agrave excepccedilatildeo do subperiacuteodo

entre 1985 e 1989 em que a Itaacutelia teve um niacutevel de gastos superiores ao de Portugal

Estes paiacuteses no ano de 2009 apresentavam um niacutevel de gastos a rondar os 27 do PIB

no caso espanhol os 21 no caso portuguecircs os 19 no caso italiano e os 1 no caso

23

grego valores que apesar de serem mais baixos que os verificados nos paiacuteses do Norte

da Europa satildeo mais elevados que os verificados em 1985 para estes paiacuteses

Por fim concluiacutemos esta secccedilatildeo com uma anaacutelise quantitativa muito simples e

preliminar da relaccedilatildeo entre a despesa social e o crescimento econoacutemico que corresponde

ao caacutelculo dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre os vaacuterios tipos de despesa social e o PIB

real per capita e a sua taxa de crescimento De acordo com a revisatildeo da literatura

realizada na secccedilatildeo 2 espera-se que exista uma correlaccedilatildeo positiva entre a despesa

social e o niacutevel de crescimento do PIB na medida ou seja para que esta contribua

efectivamente para uma reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo do rendimento e da

pobreza mas tambeacutem porque certos tipos de despesa social tais como educaccedilatildeo sauacutede

mas tambeacutem os apoios agrave famiacutelia contribuem directamente para a acumulaccedilatildeo de capital

humano Contudo aceitando o argumento de que o financiamento necessaacuterio introduz

distorccedilotildees na actividade econoacutemica que por exemplo desincentivam o trabalho e o

investimento por parte das empresas a correlaccedilatildeo obtida pode ter um sinal negativo Da

mesma forma se despesas como o subsiacutedio de desemprego constituiacuterem um

desincentivo a realizar maior esforccedilo no trabalho tambeacutem o sinal poderaacute ser negativo

Em uacuteltima anaacutelise poderaacute natildeo existir qualquer correlaccedilatildeo se os efeitos de sinal contraacuterio

se compensarem exactamente Finalmente natildeo devemos esquecer que correlaccedilatildeo natildeo

significa causalidade pelo que o sinal obtido se pode dever agrave influecircncia do produto

sobre a despesa social ou agrave influecircncia muacutetua

Com auxiacutelio do Quadro 2 onde se encontram os resultados relativos aos

coeficientes de correlaccedilatildeo entre despesa social e o PIB real per capita verificamos que

tendo em conta os dados disponiacuteveis para todos os paiacuteses e anos os coeficientes de

correlaccedilatildeo entre as vaacuterias despesas sociais e o PIB real per capita satildeo todos positivos

quer no que respeita agrave despesa social total quer agraves suas diferentes componentes Os

coeficientes de correlaccedilatildeo mais elevados dizem respeito agraves despesas em educaccedilatildeo e

sauacutede respectivamente 0833 e 0791 podendo argumentar-se que isto se deve ao seu

contributo directo para a acumulaccedilatildeo de capital humano e que este factor possa ter

trazido ganhos de produtividade agraves economias conforme a literatura econoacutemica defende

Quanto ao efeito das vaacuterias componentes de despesa social em protecccedilatildeo social

verificamos que as aacutereas que possuem um coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado satildeo a

despesa em apoios atribuiacutedos agraves famiacutelias os subsiacutedios atribuiacutedos aos incapacitados e as

poliacuteticas activas do mercado de trabalho (0764 0648 e 0626 respectivamente) A

correlaccedilatildeo mais elevada na primeira e terceira dimensotildees referidas poderaacute ter que ver

24

com o seu papel na reduccedilatildeo da desigualdade e pobreza das famiacutelias mais pobres e dos

incentivos criados juntos das empresas para que estas empreguem mais trabalhadores

No que diz respeito aos subsiacutedios concedidos agraves famiacutelias estes ajudam ao aumento do

rendimento das mesmas e tal como foi dito anteriormente poderaacute ter-se traduzido no

aumento do consumo privado daiacute haver uma relaccedilatildeo positiva com o PIB per capita No

meacutedio-longo prazo pode tambeacutem permitir agraves famiacutelias investir mais no capital humano

dos seus filhos e desta forma contribuir para o aumento do PIB Nas restantes aacutereas

gastos com subsiacutedios de desemprego ou em pensotildees tambeacutem possuem uma relaccedilatildeo

positiva com o PIB per capita indicando que toda a despesa realizada pelos vaacuterios

paiacuteses ao longo deste periacuteodo foi importantes para o aumento do produto na medida em

que estas se incidiram sobre os indiviacuteduos que possuem um niacutevel de rendimento mais

baixo dando um estimulo ao consumo traduzindo-se isso no aumento do produto como

jaacute vimos anteriormente Contudo nestes casos os coeficientes de correlaccedilatildeo de 0424 e

0220 respectivamente satildeo bastante inferiores indicando que poderatildeo estar em

actuaccedilatildeo efeitos de sinal negativo que reduzem a correlaccedilatildeo positiva final

Nomeadamente os gastos com pensotildees e subsiacutedios de desemprego podem estar a

desviar a despesa de outras funccedilotildees sociais com um impacto mais directo sobre a

produtividade como a educaccedilatildeo e a sauacutede

Quadro 2 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social e componentes e o niacutevel

do PIB real per capita 1985-2010 (todos os dados disponiacuteveis)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB) PIB real

per capita

Total 0747

Sauacutede 0791

Educaccedilatildeo 0833

Pensotildees de reforma 0220

Pensotildees por incapacidade 0648

Apoios agraves Famiacutelias 0764

Poliacuteticas Activas do Mercado de Trabalho 0626

Subsiacutedio de Desemprego 0424

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

25

A anaacutelise de correlaccedilatildeo anterior apesar de interessante natildeo permite ter uma

ideia muito rigorosa da existecircncia ou natildeo de causalidade entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico uma vez que se baseia em valores correntes quer da despesa

quer do PIB e como vimos os paiacuteses mais ricos tendem tambeacutem a gastar mais com as

funccedilotildees sociais Por outro lado em termos de efeitos permanentes sobre a taxa de

crescimento eacute mais rigoroso calcular a correlaccedilatildeo entre a despesa e a taxa de

crescimento do PIB real per capita De forma a ter em conta a questatildeo da causalidade

inversa no quadro 2 satildeo apresentados os coeficientes de correlaccedilatildeo entre a meacutedia da

despesa social realizada nos sete paiacuteses no periacuteodo de 1985 a 1999 e o crescimento

meacutedio do PIB verificado nos dez anos seguintes 2000-2010

De acordo com a informaccedilatildeo que consta do quadro 3 o sinal dos coeficientes de

correlaccedilatildeo varia agora consoante o tipo de despesa considerada Relativamente agrave

despesa social total o coeficiente eacute negativo embora natildeo muito elevado -02779 A

justificaccedilatildeo mais imediata para este sinal poderaacute ter a ver com o facto do financiamento

necessaacuterio ter introduzido distorccedilotildees na actividade econoacutemica que prejudicaram o

crescimento Contudo torna-se mais informativo olhar para as diferentes componentes

da despesa social

No que respeita aos coeficientes por tipo de despesa como seria de esperar dada

a consensual relaccedilatildeo entre as despesas em educaccedilatildeo e sauacutede com o crescimento

econoacutemico por via do seu impacto sobre a acumulaccedilatildeo de capital humano3 o sinal eacute

positivo embora de magnitude reduzida 01356 e 00115 respectivamente em especial

no caso das despesas em sauacutede Estes resultados indicam tambeacutem que os coeficientes de

correlaccedilatildeo anteriores contecircm realmente informaccedilatildeo sobre a influecircncia positiva no niacutevel

de rendimento sobre as despesas sociais em educaccedilatildeo e sauacutede O outro coeficiente de

correlaccedilatildeo positivo diz respeito agrave despesa com subsiacutedios de desemprego sendo ateacute a

correlaccedilatildeo mais forte do que nos dois casos anteriores 01733 Isto pode indicar que a

existecircncia deste apoio constituiu um incentivo ao trabalho pela seguranccedila que permite

aos trabalhadores estimulando tambeacutem os mesmos a apostar na sua formaccedilatildeo porque

protegidos em caso de desemprego

Quanto ao impacto negativo das restantes componentes da despesa social

verifica-se que as despesas que apresentam um coeficiente menos negativo satildeo as

pensotildees de reforma e por incapacidade -02298 e -03338 respectivamente enquanto

3 Como vimos na secccedilatildeo 3 o estado de sauacutede mas em especial o niacutevel de escolaridade da populaccedilatildeo

dos paiacuteses escandinavos foram em geral superiores ao dos paiacuteses do Sul ao longo do periacuteodo em anaacutelise

26

ainda menos esperado a correlaccedilatildeo negativa mais forte acontece no caso das poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias -03794 e -03671 respectivamente

No caso das pensotildees de reforma e por incapacidade o sinal natildeo eacute inesperado dado o

esforccedilo que exigem em termos de financiamento e o seu papel mais indirecto na

promoccedilatildeo do crescimento econoacutemico sobretudo via a reduccedilatildeo da desigualdade e da

pobreza No caso das poliacuteticas activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias os

resultados satildeo inesperados a dois niacuteveis sinais e magnitude relativa superior Esperar-

se-ia um sinal positivo face ao descrito logo no iniacutecio da anaacutelise de correlaccedilatildeo ou pelo

menos natildeo tatildeo negativo como nos outros dois casos uma vez que em qualquer situaccedilatildeo

o financiamento necessaacuterio pode ter impacto negativo sobre o crescimento do produto

Quadro 3 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social meacutedia (1985-1999) e a

taxa meacutedia de crescimento do PIB real per capita (2000-2010)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB)

Meacutedia 1985-1999 Taxa meacutedia de crescimento anual do PIB real per capita

(2000-10)

Total -02779

Sauacutede 00115

Educaccedilatildeo 01356

Pensotildees de reforma -02298

Pensotildees por incapacidade -03338

Apoios agraves Famiacutelias -03671

Poliacuteticas Activas do Mercado de

Trabalho -03794

Subsiacutedio de Desemprego 01733

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

Em jeito de conclusatildeo os resultados apontam para uma relaccedilatildeo positiva entre a

despesa social nas vaacuterias aacutereas analisadas e o niacutevel do PIB per capita entre 1985 e 2010

o que eacute indiciador de que estatildeo em actuaccedilatildeo mecanismos de influecircncia da despesa social

que promovem um aumento do niacutevel de rendimento nomeadamente via acumulaccedilatildeo de

capital humano atraveacutes das despesas em educaccedilatildeo e sauacutede Contudo uma anaacutelise mais

rigorosa em termos de possiacuteveis impactos permanentes sobre a taxa de crescimento

econoacutemico revela que os resultados podem divergir bastante em termos de sinal e

magnitude atendendo ao tipo de despesa social considerada Os resultados deste estudo

27

apontam tambeacutem para valores que alguns casos podem ser contraacuterios aos verificados

pelos estudos empiacutericos descritos na secccedilatildeo 2 Tal poderaacute estar relacionado com a

amostra de paiacuteses utilizada assim como o periacuteodo de anaacutelise e metodologia utilizada

5 Conclusotildees

Este trabalho propocircs-se a reflectir sobre a relaccedilatildeo entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico tendo por base a comparaccedilatildeo de dois grupos de paiacuteses

pertencentes agrave Uniatildeo Europeia a Escandinaacutevia e o Sul da Europa A niacutevel teoacuterico as

previsotildees acerca da relaccedilatildeo entre Estado Social e crescimento econoacutemico divergem

sendo possiacutevel encontrar argumentos que justificam a existecircncia de uma relaccedilatildeo

positiva outros que apoiam a verificaccedilatildeo de uma relaccedilatildeo negativa e outros ainda que

apontam no sentido de ausecircncia de qualquer relaccedilatildeo Estas diferentes hipoacuteteses parecem

indicar que cabe agrave anaacutelise empiacuterica determinar o sinal da relaccedilatildeo e o respectivo

contexto

Constituindo uma anaacutelise ainda exploratoacuteria o presente trabalho recorreu a uma

anaacutelise de estatiacutestica descritiva de um conjunto variado de indicadores relevantes para o

periacuteodo de 1985 a 2010 sempre que possiacutevel para analisar empiricamente a relaccedilatildeo

entre despesa social e crescimento econoacutemico

De forma a analisar esta relaccedilatildeo em termos mais detalhados aquela foi

desagregada em diferentes componentes tendo sido utilizados dados relativos a

despesas em educaccedilatildeo sauacutede e em vaacuterias componentes da despesa com a protecccedilatildeo

social como os subsiacutedios de desemprego e incapacidade apoios agraves famiacutelias gastos em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho e em pensotildees de reforma Foram calculados os

coeficientes de correlaccedilatildeo destas com o niacutevel do PIB real per capita numa tentativa de

confirmaccedilatildeo muito preliminar do sinal esperado para a relaccedilatildeo bem como os

coeficientes de correlaccedilatildeo entre os valores meacutedios da despesa das vaacuterias variaacuteveis entre

1985 e 1999 com a taxa de crescimento do PIB per capita entre 2000-10 Os

coeficientes de correlaccedilatildeo no uacuteltimo caso poderatildeo ajudar a compreender se o niacutevel de

gastos verificado entre 1985-99 contribuiacuteram para o crescimento econoacutemico verificado

na deacutecada seguinte

Verificou-se que ao longo do periacuteodo em anaacutelise a despesa social em

percentagem do PIB agregada e nas diferentes aacutereas teve um aumento relativo entre

1985 e 2010 mas no entanto aquela foi sempre mais elevada nos paiacuteses Escandinavos

tendo estes paiacuteses registado tambeacutem valores mais elevados do PIB real per capita

28

relativamente aos paiacuteses do Sul Os resultados apontam para que todas as dimensotildees se

correlacionam positivamente com o niacutevel de rendimento per capita sendo de destacar

que a educaccedilatildeo eacute a componente com coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado seguida

das despesas com sauacutede o que parece confirmar a influecircncia deste tipo de despesa sobre

o comportamento do produto via acumulaccedilatildeo de capital humano No que respeita ao

possiacutevel efeito da despesa social sobre a taxa de crescimento do PIB real per capita o

sinal do coeficiente de correlaccedilatildeo manteacutem-se positivo mas de magnitude bastante

inferior ao dos casos anteriores enquanto a correlaccedilatildeo apresenta um sinal negativo no

caso da despesa social total A correlaccedilatildeo eacute tambeacutem negativa para as diferentes

componentes da despesa como a protecccedilatildeo social com excepccedilatildeo do subsiacutedio de

desemprego Estes resultados apoiam assim a necessidade de ao estudar a relaccedilatildeo entre

Estado Social e crescimento econoacutemico levar a cabo uma anaacutelise desagregada uma vez

que os mecanismos de transmissatildeo podem variar consoante o tipo de despesa social

pelo que a anaacutelise agregada eacute difiacutecil de interpretar em termos econoacutemicos

Em suma o presente estudo poderaacute ajudar a compreender de forma preliminar

como os gastos sociais interagem com o crescimento econoacutemico e quais as aacutereas que

tecircm contribuiacutedo de forma positiva ou negativa para o mesmo Contudo natildeo poderaacute

deixar de se ter em conta a capacidade de outros factores poderem afectar a

performance da economia assim como natildeo se deve negligenciar a importacircncia dos

gastos sociais para a convergecircncia econoacutemica dos paiacuteses do Sul para com os paiacuteses do

Norte da Europa De forma a poder generalizar a anaacutelise e tirar conclusotildees mais

robustas em relaccedilatildeo ao sentido da causalidade e mecanismos de transmissatildeo no futuro

seraacute necessaacuterio utilizar meacutetodos de inferecircncia estatiacutestica adequados e amostras mais

alargadas de paiacuteses

29

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30

Anexos

Graacutefico 1 PIB per capita a preccedilos constantes de 2005 entre 1985 e 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 2 Esperanccedila meacutedia de vida 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em

cada 1000 nascimentos) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total

da populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB ()1985 e 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

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Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes 2003 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010

Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A

despesa Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte OCDE

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

39

Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

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Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

18

Quadro 1 Taxas meacutedias de crescimento anual do PIB real per capita 1985 a 2010

Periacuteodos Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

1985-1995 1639 0940 0555 2140 3600 2698 0970

1995-2005 1682 3377 3243 1128 2025 2591 2831

2005-2010 0025 -0267 0198 -0145 -0441 0207 -0229

1985-2010 1221 1806 1461 1131 2333 2024 1690

Fonte Caacutelculos do autor com base em dados do Banco Mundial

No que diz respeito agrave anaacutelise comparada entre a despesa social dos paiacuteses em

estudo iremos comeccedilar por comparar os niacuteveis de gastos sociais totais2 em percentagem

do PIB ao longo do periacuteodo total 1985-2010 (ver graacutefico 19) Durante todo este periacuteodo

eacute possiacutevel verificar que os paiacuteses da Escandinaacutevia apresentaram um niacutevel de gastos

sociais totais superior ao dos paiacuteses do Sul Europeu O paiacutes que apresentou um niacutevel de

gastos mais elevado durante a maior parte deste periacuteodo foi a Sueacutecia que apenas o

deixou de ser quando a Dinamarca se assumiu como o paiacutes que mais gastou em despesa

social em 2010 cerca de 306 do PIB Quanto agrave Finlacircndia esta no ano de 2010

tambeacutem ultrapassa a Sueacutecia ao niacutevel de uma maior despesa social Contudo no caso

finlandecircs verifica-se que entre os anos de 1990 e 1992 ocorreu um aumento

consideraacutevel na despesa social ao qual se sucede uma diminuiccedilatildeo gradual dos gastos ateacute

2000 No entanto tal como a Dinamarca e a Sueacutecia este paiacutes apresentava ainda um

niacutevel de gastos superiores ao dos paiacuteses do Sul cerca de 243 do PIB No que respeita

aos paiacuteses da periferia tambeacutem designados paiacuteses do Sul verifica-se que o paiacutes que

mais se conseguiu aproximar do niacutevel de despesa dos paiacuteses da Escandinaacutevia foi a Itaacutelia

que no ano de 2010 gastava cerca de 277 do seu PIB em gastos sociais enquanto que

a Sueacutecia cerca de 283 No entanto verificamos que a Itaacutelia em algumas ocasiotildees foi

ultrapassada pelo niacutevel de gastos da Espanha como eacute o caso do subperiacuteodo entre 1989 e

1996 Quanto aos paiacuteses que canalizaram uma menor percentagem do PIB para a

despesa social verificam-se que estes foram a Espanha Greacutecia e Portugal

Relativamente a estes dois uacuteltimos verificou-se que a Greacutecia apresentava em 1985 um

niacutevel de despesa social consideravelmente maior que Portugal cerca de 161 face aos

101 do PIB de Portugal no entanto essa diferenccedila foi diminuindo Tal resulta de um

2 Os gastos sociais totais incluem a despesa em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado laboral apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social

exceptuando os apoios em educaccedilatildeo

19

evidente aumento da despesa em Portugal e um teacutenue crescimento da Despesa Social

grega chegando Portugal no ano de 2002 a ultrapassar a Greacutecia e no ano de 2010

apresentava um niacutevel de despesa mais elevado de despesa que a Greacutecia cerca de 254

face aos 233 da Greacutecia Na globalidade verificou-se uma tendecircncia de crescimento

contiacutenuo nos paiacuteses escandinavos ateacute ao iniacutecio da deacutecada de 90 seguido de uma

diminuiccedilatildeo ateacute cerca de 2000 No Sul a tendecircncia eacute de crescimento sustentado para a

Greacutecia e Portugal e de oscilaccedilotildees na Espanha e Itaacutelia Eacute tambeacutem notoacuterio que apoacutes a crise

de 2007-08 se verifica de novo um crescimento da despesa relativamente aos paiacuteses do

Norte

No seguimento da anaacutelise comparativa da despesa social em termos globais

efectua-se agora um estudo comparativo entre a despesa do Estado nas vaacuterias

componentes da despesa social educaccedilatildeo sauacutede e protecccedilatildeo social e dentro de estas

com o pagamento de pensotildees de reforma subsiacutedios de invalidez politicas activas do

mercado de trabalho apoios agraves famiacutelias e subsiacutedio de desemprego que correspondem agrave

maioria da despesa social nestes paiacuteses

De acordo com os graacuteficos 20 e 21 os niacuteveis de despesa social quer em sauacutede e

quer em educaccedilatildeo respectivamente dos paiacuteses do Norte face aos do Sul medidos em

percentagem do seu PIB entre 1985 e 2010 satildeo maiores no primeiro grupo de paiacuteses

relativamente ao segundo agrave excepccedilatildeo da Finlacircndia que depois de um periacuteodo de

diminuiccedilatildeo da despesa em sauacutede entre 1992 e 1998 para cerca dos 53 do PIB

verifica de novo um aumento para os 67 verificados em 2010 No entanto situava-se

aqueacutem do verificado em Itaacutelia Espanha e Portugal no mesmo ano que era

respectivamente 73 713 e 712 do PIB Assim sendo a Finlacircndia encontrava-se

soacute a frente da Greacutecia que possuiacutea um niacutevel de gastos de 64 do PIB (ver graacutef 20 e 21)

Nota-se tambeacutem no que diz respeito agrave despesa em sauacutede que a Sueacutecia e a Dinamarca

foram quem mais despenderam nesta aacuterea com niacuteveis de despesa semelhantes Contudo

a partir de 1999 o niacutevel de despesa da Dinamarca passa para frente do da Sueacutecia

tornando-se assim o paiacutes com maior despesa em sauacutede chegando a 2010 a apresentar

um valor de cerca de 94 do PIB face aos 77 da Sueacutecia Eacute importante salientar que

todos os paiacuteses do Sul da Europa verificaram um crescimento sustentado que se traduz

em valores de despesa em sauacutede em percentagem do PIB maiores em 2010 que em

1985 Por fim importa destacar que entre 2009 e 2010 verificou-se uma diminuiccedilatildeo da

despesa para todos os paiacuteses por ventura efeitos da crise que comeccedilou um par de anos

antes

20

No que toca agrave educaccedilatildeo como jaacute foi referido os paiacuteses da Escandinaacutevia

apresentam durante o periacuteodo em anaacutelise um niacutevel de despesa superior nesta mateacuteria em

relaccedilatildeo aos paiacuteses da periferia Neste contexto verificamos que as diferenccedilas relativas

aos niacuteveis de despesa dos vaacuterios paiacuteses em educaccedilatildeo se encontram melhor clarificadas

que as diferenccedilas ao niacutevel da despesa em sauacutede agrave excepccedilatildeo dos anos entre 1987 e 1990

em que os valores da despesa portuguesa foram semelhantes ao da espanhola e dos anos

de 2007 e 2008 em que os valores da Itaacutelia foram semelhantes aos da Espanha Feitas

estas consideraccedilotildees verifica-se a existecircncia de um maior niacutevel de despesa em educaccedilatildeo

por parte da Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia ao longo do periacuteodo e no ano de 2009 o

valor da despesa era respectivamente de 83 72 e 68 do PIB No que toca aos

restantes paiacuteses da amostra os paiacuteses do Sul verificamos que o niacutevel de despesa grego e

portuguecircs foi aumentando chegando o portuguecircs a tornar-se o mais elevado entre os

restantes paiacuteses da periferia a partir de 1994 sem nunca esquecer a ausecircncia de dados

para o ano de 1997 e para a Greacutecia entre 2005 e 2010 No ano de 1994 o valor gasto por

Portugal era cerca de 46 chegando a 2010 aos 56 do PIB Jaacute relativamente agrave Itaacutelia

considerando a quebra de dados para este paiacutes verificamos que esta se encontrava no

topo dos paiacuteses do Sul que mais gastavam nesta aacuterea no entanto como jaacute foi referido

esta foi ultrapassada por Portugal e ateacute mesmo a Espanha a partir de 2007 paiacuteses que

tinham nesse ano respectivamente um niacutevel de gastos de 51 e 434 do PIB face

aos 426 do PIB verificados na Itaacutelia

Relativamente agrave despesa em protecccedilatildeo social entre os paiacuteses em anaacutelise e no

que diz respeito niacutevel gastos em pagamentos de pensotildees de reforma verificamos que

natildeo existe um grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 22) Neste capiacutetulo

verifica-se que em todos os paiacuteses o niacutevel de gastos nesta mateacuteria foi oscilando

Contudo nos subperiacuteodos de 1985-89 e de 1997-2009 este foi mais elevado na Itaacutelia e

a Greacutecia sendo estes ultrapassados apenas entre 1991-95 pela Sueacutecia Estes trecircs paiacuteses

em 2009 ocupavam trecircs das quatro primeiras posiccedilotildees nos gastos em pensotildees

apresentando a Itaacutelia a Greacutecia e a Sueacutecia um niacutevel de gastos de 13 109 e 102

do PIB respectivamente Quanto aos restantes paiacuteses verifica-se que o paiacutes que durante

maior parte do periacuteodo apresentou um niacutevel de despesa mais baixo foi Portugal no

entanto registou um aumento consideraacutevel se em 1985 se encontrava no uacuteltimo posto

com cerca de 33 do seu PIB gasto em pensotildees a partir de 2004 ultrapassou a

Finlacircndia Dinamarca e Espanha apresentando no ano de 2009 uma percentagem de

gastos em pensotildees relativamente ao PIB a rondar os 106 superior ao verificado na

21

Dinamarca (82) na Finlacircndia (102) e Espanha (77) Tal poderaacute ter que ver com

o facto de a populaccedilatildeo em Portugal ter envelhecido a um ritmo mais acelerado que nos

restantes paiacuteses

No que toca aos subsiacutedios de desemprego verificamos tambeacutem que natildeo haacute um

grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 23) Contudo neste capiacutetulo

constata-se que os trecircs paiacuteses que gastaram maior percentagem do PIB em subsiacutedios de

desemprego ao longo do periacuteodo foram a Dinamarca Espanha e Finlacircndia Nestes

paiacuteses verificamos que em 1993 o niacutevel de gastos foi o mais elevado cerca 53 do PIB

no caso dinamarquecircs e de 47 no caso espanhol e finlandecircs sendo uma possiacutevel razatildeo

para esse aumento a crise econoacutemica que ocorreu nesse ano O factor crise econoacutemica

poderaacute tambeacutem ajudar a compreender o porquecirc de na Espanha o niacutevel de gastos ter

subido entre 2008 e 2009 de uma forma abrupta passando dos 22 do PIB para os

35 aumento que poderaacute estar relacionado com a crise econoacutemica de 2007-08 que

poderaacute ter contribuiacutedo para o agravamento da taxa de desemprego espanhola Neste

acircmbito verifica-se tambeacutem que os paiacuteses que apresentaram ao longo deste periacuteodo um

niacutevel de despesa mais reduzido com os subsiacutedios de desemprego foram Portugal Itaacutelia e

Greacutecia que em 2009 eram os que menos gastavam com um niacutevel de despesa de cerca de

07 no caso grego 08 no caso italiano e 12 do PIB no caso portuguecircs Estes

valores ficam bem atraacutes dos verificados no mesmo ano para a Dinamarca (23) e para

a Espanha (35)

Jaacute no que toca agrave despesa social em apoios concedidos agraves famiacutelias em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e em subsiacutedios concedidos a pessoas com incapacidade

verifica-se que os paiacuteses do Norte tecircm um niacutevel de gastos nestas mateacuterias superior ao da

periferia europeia (ver graacuteficos 24 25 e 26) Verifica-se ainda assim uma pequena

excepccedilatildeo no que toca agrave Espanha em que os gastos em poliacuteticas activas no mercado de

trabalho em 1989 e 1990 foram superiores agraves verificadas na Dinamarca que eram cerca

de 08 do PIB face aos 07 despendido pelos dinamarqueses A diferenccedila entre os

dois grupos eacute evidente no caso da despesa relacionada com os apoios agraves famiacutelias onde

se verifica uma diferenccedila consideraacutevel ao longo do periacuteodo de anaacutelise entre o Norte e o

Sul A despesa em aacutereas como as poliacuteticas e com as famiacutelias dentro dos paiacuteses da

Escandinaacutevia foi inicialmente mais elevado na Sueacutecia que chegou a atingir o seu

maacuteximo em 1992 com cerca de 49 do PIB gasto nesta mateacuteria no entanto

progressivamente o niacutevel de despesa da Dinamarca foi-se aproximando da Sueacutecia

chegando ateacute a ultrapassar esta em 1995 No que diz respeito agrave Finlacircndia verificou-se

22

que dos trecircs paiacuteses que compotildeem a Escandinaacutevia eacute aquele que apresenta um niacutevel mais

baixo durante maior parte do periacuteodo em anaacutelise mas no entanto superior aos paiacuteses do

Sul como jaacute foi dito Existe contudo uma excepccedilatildeo para este paiacutes que acontece no ano

de 1994 quando este consegue ser o paiacutes que mais gasta nesta aacuterea cerca de 44 do

PIB superior aos gastos suecos que foram cerca de 43 e dos dinamarqueses cerca de

39 Quanto aos gastos em poliacuteticas activas do mercado de trabalho as diferenccedilas jaacute

natildeo satildeo tatildeo evidentes mas no entanto relativamente aos paiacuteses do Sul verificamos ao

longo de todo o periacuteodo que os paiacuteses que foram apresentando consecutivamente

valores mais elevados de despesa nesta mateacuteria foram Portugal e Espanha que entre

1985 e 2009 sofreram oscilaccedilotildees relativamente aos valores despendidos no entanto em

2009 estes gastavam cerca de 08 e 09 respectivamente um valor mais elevado que

o verificado para a Itaacutelia (04) e para a Greacutecia (02) paiacuteses que ao longo do periacuteodo

observado se ficaram pelos uacuteltimos lugares

Por uacuteltimo abordamos as diferenccedilas entre o Norte e o Sul ao niacutevel de gastos em

pensotildees por incapacidade (ver graacutef 26) Como jaacute foi referido verificamos que o niacutevel

de gastos nesta aacuterea eacute superior no Norte em relaccedilatildeo ao Sul Assim sendo verificamos

que a Sueacutecia e a Finlacircndia foram alternando a lideranccedila relativamente aos paiacuteses que

mais despenderam nestes apoios Entre 1985-91 e 1997-2009 a Sueacutecia realizou um niacutevel

de despesa mais elevado que a Finlacircndia apresentando em 1991 um niacutevel a rondar os

53 face ao gasto pela Finlacircndia que foi cerca de 49 Jaacute em 2009 o niacutevel de gastos

da Sueacutecia foi de 5 do seu PIB maior que o verificado na Finlacircndia 41 enquanto

que para o restante periacuteodo o niacutevel de gastos finlandecircs foi sempre superior ao sueco A

Dinamarca foi dos paiacuteses escandinavos aquele que ao longo da maior parte deste

periacuteodo menos gastou no entanto a partir de 2001 esta ultrapassou o niacutevel de gastos da

Finlacircndia apresentando um niacutevel de despesa de cerca de 38 do PIB face aos 37

verificados no caso finlandecircs Esta ultrapassagem deu-se natildeo soacute pela subida dos gastos

em da Dinamarca nesta aacuterea mas tambeacutem por uma descida da despesa finlandesa No

que toca aos paiacuteses do Sul verificamos que quem gastou relativamente mais durante a

maior parte do periacuteodo entre 1985 e 2009 em subsiacutedios atribuiacutedos a incapacitados

foram Espanha Portugal Itaacutelia e a Greacutecia respectivamente agrave excepccedilatildeo do subperiacuteodo

entre 1985 e 1989 em que a Itaacutelia teve um niacutevel de gastos superiores ao de Portugal

Estes paiacuteses no ano de 2009 apresentavam um niacutevel de gastos a rondar os 27 do PIB

no caso espanhol os 21 no caso portuguecircs os 19 no caso italiano e os 1 no caso

23

grego valores que apesar de serem mais baixos que os verificados nos paiacuteses do Norte

da Europa satildeo mais elevados que os verificados em 1985 para estes paiacuteses

Por fim concluiacutemos esta secccedilatildeo com uma anaacutelise quantitativa muito simples e

preliminar da relaccedilatildeo entre a despesa social e o crescimento econoacutemico que corresponde

ao caacutelculo dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre os vaacuterios tipos de despesa social e o PIB

real per capita e a sua taxa de crescimento De acordo com a revisatildeo da literatura

realizada na secccedilatildeo 2 espera-se que exista uma correlaccedilatildeo positiva entre a despesa

social e o niacutevel de crescimento do PIB na medida ou seja para que esta contribua

efectivamente para uma reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo do rendimento e da

pobreza mas tambeacutem porque certos tipos de despesa social tais como educaccedilatildeo sauacutede

mas tambeacutem os apoios agrave famiacutelia contribuem directamente para a acumulaccedilatildeo de capital

humano Contudo aceitando o argumento de que o financiamento necessaacuterio introduz

distorccedilotildees na actividade econoacutemica que por exemplo desincentivam o trabalho e o

investimento por parte das empresas a correlaccedilatildeo obtida pode ter um sinal negativo Da

mesma forma se despesas como o subsiacutedio de desemprego constituiacuterem um

desincentivo a realizar maior esforccedilo no trabalho tambeacutem o sinal poderaacute ser negativo

Em uacuteltima anaacutelise poderaacute natildeo existir qualquer correlaccedilatildeo se os efeitos de sinal contraacuterio

se compensarem exactamente Finalmente natildeo devemos esquecer que correlaccedilatildeo natildeo

significa causalidade pelo que o sinal obtido se pode dever agrave influecircncia do produto

sobre a despesa social ou agrave influecircncia muacutetua

Com auxiacutelio do Quadro 2 onde se encontram os resultados relativos aos

coeficientes de correlaccedilatildeo entre despesa social e o PIB real per capita verificamos que

tendo em conta os dados disponiacuteveis para todos os paiacuteses e anos os coeficientes de

correlaccedilatildeo entre as vaacuterias despesas sociais e o PIB real per capita satildeo todos positivos

quer no que respeita agrave despesa social total quer agraves suas diferentes componentes Os

coeficientes de correlaccedilatildeo mais elevados dizem respeito agraves despesas em educaccedilatildeo e

sauacutede respectivamente 0833 e 0791 podendo argumentar-se que isto se deve ao seu

contributo directo para a acumulaccedilatildeo de capital humano e que este factor possa ter

trazido ganhos de produtividade agraves economias conforme a literatura econoacutemica defende

Quanto ao efeito das vaacuterias componentes de despesa social em protecccedilatildeo social

verificamos que as aacutereas que possuem um coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado satildeo a

despesa em apoios atribuiacutedos agraves famiacutelias os subsiacutedios atribuiacutedos aos incapacitados e as

poliacuteticas activas do mercado de trabalho (0764 0648 e 0626 respectivamente) A

correlaccedilatildeo mais elevada na primeira e terceira dimensotildees referidas poderaacute ter que ver

24

com o seu papel na reduccedilatildeo da desigualdade e pobreza das famiacutelias mais pobres e dos

incentivos criados juntos das empresas para que estas empreguem mais trabalhadores

No que diz respeito aos subsiacutedios concedidos agraves famiacutelias estes ajudam ao aumento do

rendimento das mesmas e tal como foi dito anteriormente poderaacute ter-se traduzido no

aumento do consumo privado daiacute haver uma relaccedilatildeo positiva com o PIB per capita No

meacutedio-longo prazo pode tambeacutem permitir agraves famiacutelias investir mais no capital humano

dos seus filhos e desta forma contribuir para o aumento do PIB Nas restantes aacutereas

gastos com subsiacutedios de desemprego ou em pensotildees tambeacutem possuem uma relaccedilatildeo

positiva com o PIB per capita indicando que toda a despesa realizada pelos vaacuterios

paiacuteses ao longo deste periacuteodo foi importantes para o aumento do produto na medida em

que estas se incidiram sobre os indiviacuteduos que possuem um niacutevel de rendimento mais

baixo dando um estimulo ao consumo traduzindo-se isso no aumento do produto como

jaacute vimos anteriormente Contudo nestes casos os coeficientes de correlaccedilatildeo de 0424 e

0220 respectivamente satildeo bastante inferiores indicando que poderatildeo estar em

actuaccedilatildeo efeitos de sinal negativo que reduzem a correlaccedilatildeo positiva final

Nomeadamente os gastos com pensotildees e subsiacutedios de desemprego podem estar a

desviar a despesa de outras funccedilotildees sociais com um impacto mais directo sobre a

produtividade como a educaccedilatildeo e a sauacutede

Quadro 2 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social e componentes e o niacutevel

do PIB real per capita 1985-2010 (todos os dados disponiacuteveis)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB) PIB real

per capita

Total 0747

Sauacutede 0791

Educaccedilatildeo 0833

Pensotildees de reforma 0220

Pensotildees por incapacidade 0648

Apoios agraves Famiacutelias 0764

Poliacuteticas Activas do Mercado de Trabalho 0626

Subsiacutedio de Desemprego 0424

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

25

A anaacutelise de correlaccedilatildeo anterior apesar de interessante natildeo permite ter uma

ideia muito rigorosa da existecircncia ou natildeo de causalidade entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico uma vez que se baseia em valores correntes quer da despesa

quer do PIB e como vimos os paiacuteses mais ricos tendem tambeacutem a gastar mais com as

funccedilotildees sociais Por outro lado em termos de efeitos permanentes sobre a taxa de

crescimento eacute mais rigoroso calcular a correlaccedilatildeo entre a despesa e a taxa de

crescimento do PIB real per capita De forma a ter em conta a questatildeo da causalidade

inversa no quadro 2 satildeo apresentados os coeficientes de correlaccedilatildeo entre a meacutedia da

despesa social realizada nos sete paiacuteses no periacuteodo de 1985 a 1999 e o crescimento

meacutedio do PIB verificado nos dez anos seguintes 2000-2010

De acordo com a informaccedilatildeo que consta do quadro 3 o sinal dos coeficientes de

correlaccedilatildeo varia agora consoante o tipo de despesa considerada Relativamente agrave

despesa social total o coeficiente eacute negativo embora natildeo muito elevado -02779 A

justificaccedilatildeo mais imediata para este sinal poderaacute ter a ver com o facto do financiamento

necessaacuterio ter introduzido distorccedilotildees na actividade econoacutemica que prejudicaram o

crescimento Contudo torna-se mais informativo olhar para as diferentes componentes

da despesa social

No que respeita aos coeficientes por tipo de despesa como seria de esperar dada

a consensual relaccedilatildeo entre as despesas em educaccedilatildeo e sauacutede com o crescimento

econoacutemico por via do seu impacto sobre a acumulaccedilatildeo de capital humano3 o sinal eacute

positivo embora de magnitude reduzida 01356 e 00115 respectivamente em especial

no caso das despesas em sauacutede Estes resultados indicam tambeacutem que os coeficientes de

correlaccedilatildeo anteriores contecircm realmente informaccedilatildeo sobre a influecircncia positiva no niacutevel

de rendimento sobre as despesas sociais em educaccedilatildeo e sauacutede O outro coeficiente de

correlaccedilatildeo positivo diz respeito agrave despesa com subsiacutedios de desemprego sendo ateacute a

correlaccedilatildeo mais forte do que nos dois casos anteriores 01733 Isto pode indicar que a

existecircncia deste apoio constituiu um incentivo ao trabalho pela seguranccedila que permite

aos trabalhadores estimulando tambeacutem os mesmos a apostar na sua formaccedilatildeo porque

protegidos em caso de desemprego

Quanto ao impacto negativo das restantes componentes da despesa social

verifica-se que as despesas que apresentam um coeficiente menos negativo satildeo as

pensotildees de reforma e por incapacidade -02298 e -03338 respectivamente enquanto

3 Como vimos na secccedilatildeo 3 o estado de sauacutede mas em especial o niacutevel de escolaridade da populaccedilatildeo

dos paiacuteses escandinavos foram em geral superiores ao dos paiacuteses do Sul ao longo do periacuteodo em anaacutelise

26

ainda menos esperado a correlaccedilatildeo negativa mais forte acontece no caso das poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias -03794 e -03671 respectivamente

No caso das pensotildees de reforma e por incapacidade o sinal natildeo eacute inesperado dado o

esforccedilo que exigem em termos de financiamento e o seu papel mais indirecto na

promoccedilatildeo do crescimento econoacutemico sobretudo via a reduccedilatildeo da desigualdade e da

pobreza No caso das poliacuteticas activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias os

resultados satildeo inesperados a dois niacuteveis sinais e magnitude relativa superior Esperar-

se-ia um sinal positivo face ao descrito logo no iniacutecio da anaacutelise de correlaccedilatildeo ou pelo

menos natildeo tatildeo negativo como nos outros dois casos uma vez que em qualquer situaccedilatildeo

o financiamento necessaacuterio pode ter impacto negativo sobre o crescimento do produto

Quadro 3 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social meacutedia (1985-1999) e a

taxa meacutedia de crescimento do PIB real per capita (2000-2010)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB)

Meacutedia 1985-1999 Taxa meacutedia de crescimento anual do PIB real per capita

(2000-10)

Total -02779

Sauacutede 00115

Educaccedilatildeo 01356

Pensotildees de reforma -02298

Pensotildees por incapacidade -03338

Apoios agraves Famiacutelias -03671

Poliacuteticas Activas do Mercado de

Trabalho -03794

Subsiacutedio de Desemprego 01733

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

Em jeito de conclusatildeo os resultados apontam para uma relaccedilatildeo positiva entre a

despesa social nas vaacuterias aacutereas analisadas e o niacutevel do PIB per capita entre 1985 e 2010

o que eacute indiciador de que estatildeo em actuaccedilatildeo mecanismos de influecircncia da despesa social

que promovem um aumento do niacutevel de rendimento nomeadamente via acumulaccedilatildeo de

capital humano atraveacutes das despesas em educaccedilatildeo e sauacutede Contudo uma anaacutelise mais

rigorosa em termos de possiacuteveis impactos permanentes sobre a taxa de crescimento

econoacutemico revela que os resultados podem divergir bastante em termos de sinal e

magnitude atendendo ao tipo de despesa social considerada Os resultados deste estudo

27

apontam tambeacutem para valores que alguns casos podem ser contraacuterios aos verificados

pelos estudos empiacutericos descritos na secccedilatildeo 2 Tal poderaacute estar relacionado com a

amostra de paiacuteses utilizada assim como o periacuteodo de anaacutelise e metodologia utilizada

5 Conclusotildees

Este trabalho propocircs-se a reflectir sobre a relaccedilatildeo entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico tendo por base a comparaccedilatildeo de dois grupos de paiacuteses

pertencentes agrave Uniatildeo Europeia a Escandinaacutevia e o Sul da Europa A niacutevel teoacuterico as

previsotildees acerca da relaccedilatildeo entre Estado Social e crescimento econoacutemico divergem

sendo possiacutevel encontrar argumentos que justificam a existecircncia de uma relaccedilatildeo

positiva outros que apoiam a verificaccedilatildeo de uma relaccedilatildeo negativa e outros ainda que

apontam no sentido de ausecircncia de qualquer relaccedilatildeo Estas diferentes hipoacuteteses parecem

indicar que cabe agrave anaacutelise empiacuterica determinar o sinal da relaccedilatildeo e o respectivo

contexto

Constituindo uma anaacutelise ainda exploratoacuteria o presente trabalho recorreu a uma

anaacutelise de estatiacutestica descritiva de um conjunto variado de indicadores relevantes para o

periacuteodo de 1985 a 2010 sempre que possiacutevel para analisar empiricamente a relaccedilatildeo

entre despesa social e crescimento econoacutemico

De forma a analisar esta relaccedilatildeo em termos mais detalhados aquela foi

desagregada em diferentes componentes tendo sido utilizados dados relativos a

despesas em educaccedilatildeo sauacutede e em vaacuterias componentes da despesa com a protecccedilatildeo

social como os subsiacutedios de desemprego e incapacidade apoios agraves famiacutelias gastos em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho e em pensotildees de reforma Foram calculados os

coeficientes de correlaccedilatildeo destas com o niacutevel do PIB real per capita numa tentativa de

confirmaccedilatildeo muito preliminar do sinal esperado para a relaccedilatildeo bem como os

coeficientes de correlaccedilatildeo entre os valores meacutedios da despesa das vaacuterias variaacuteveis entre

1985 e 1999 com a taxa de crescimento do PIB per capita entre 2000-10 Os

coeficientes de correlaccedilatildeo no uacuteltimo caso poderatildeo ajudar a compreender se o niacutevel de

gastos verificado entre 1985-99 contribuiacuteram para o crescimento econoacutemico verificado

na deacutecada seguinte

Verificou-se que ao longo do periacuteodo em anaacutelise a despesa social em

percentagem do PIB agregada e nas diferentes aacutereas teve um aumento relativo entre

1985 e 2010 mas no entanto aquela foi sempre mais elevada nos paiacuteses Escandinavos

tendo estes paiacuteses registado tambeacutem valores mais elevados do PIB real per capita

28

relativamente aos paiacuteses do Sul Os resultados apontam para que todas as dimensotildees se

correlacionam positivamente com o niacutevel de rendimento per capita sendo de destacar

que a educaccedilatildeo eacute a componente com coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado seguida

das despesas com sauacutede o que parece confirmar a influecircncia deste tipo de despesa sobre

o comportamento do produto via acumulaccedilatildeo de capital humano No que respeita ao

possiacutevel efeito da despesa social sobre a taxa de crescimento do PIB real per capita o

sinal do coeficiente de correlaccedilatildeo manteacutem-se positivo mas de magnitude bastante

inferior ao dos casos anteriores enquanto a correlaccedilatildeo apresenta um sinal negativo no

caso da despesa social total A correlaccedilatildeo eacute tambeacutem negativa para as diferentes

componentes da despesa como a protecccedilatildeo social com excepccedilatildeo do subsiacutedio de

desemprego Estes resultados apoiam assim a necessidade de ao estudar a relaccedilatildeo entre

Estado Social e crescimento econoacutemico levar a cabo uma anaacutelise desagregada uma vez

que os mecanismos de transmissatildeo podem variar consoante o tipo de despesa social

pelo que a anaacutelise agregada eacute difiacutecil de interpretar em termos econoacutemicos

Em suma o presente estudo poderaacute ajudar a compreender de forma preliminar

como os gastos sociais interagem com o crescimento econoacutemico e quais as aacutereas que

tecircm contribuiacutedo de forma positiva ou negativa para o mesmo Contudo natildeo poderaacute

deixar de se ter em conta a capacidade de outros factores poderem afectar a

performance da economia assim como natildeo se deve negligenciar a importacircncia dos

gastos sociais para a convergecircncia econoacutemica dos paiacuteses do Sul para com os paiacuteses do

Norte da Europa De forma a poder generalizar a anaacutelise e tirar conclusotildees mais

robustas em relaccedilatildeo ao sentido da causalidade e mecanismos de transmissatildeo no futuro

seraacute necessaacuterio utilizar meacutetodos de inferecircncia estatiacutestica adequados e amostras mais

alargadas de paiacuteses

29

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30

Anexos

Graacutefico 1 PIB per capita a preccedilos constantes de 2005 entre 1985 e 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 2 Esperanccedila meacutedia de vida 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

31

Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em

cada 1000 nascimentos) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total

da populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB ()1985 e 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

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Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes 2003 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010

Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A

despesa Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte OCDE

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

39

Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

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Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

19

evidente aumento da despesa em Portugal e um teacutenue crescimento da Despesa Social

grega chegando Portugal no ano de 2002 a ultrapassar a Greacutecia e no ano de 2010

apresentava um niacutevel de despesa mais elevado de despesa que a Greacutecia cerca de 254

face aos 233 da Greacutecia Na globalidade verificou-se uma tendecircncia de crescimento

contiacutenuo nos paiacuteses escandinavos ateacute ao iniacutecio da deacutecada de 90 seguido de uma

diminuiccedilatildeo ateacute cerca de 2000 No Sul a tendecircncia eacute de crescimento sustentado para a

Greacutecia e Portugal e de oscilaccedilotildees na Espanha e Itaacutelia Eacute tambeacutem notoacuterio que apoacutes a crise

de 2007-08 se verifica de novo um crescimento da despesa relativamente aos paiacuteses do

Norte

No seguimento da anaacutelise comparativa da despesa social em termos globais

efectua-se agora um estudo comparativo entre a despesa do Estado nas vaacuterias

componentes da despesa social educaccedilatildeo sauacutede e protecccedilatildeo social e dentro de estas

com o pagamento de pensotildees de reforma subsiacutedios de invalidez politicas activas do

mercado de trabalho apoios agraves famiacutelias e subsiacutedio de desemprego que correspondem agrave

maioria da despesa social nestes paiacuteses

De acordo com os graacuteficos 20 e 21 os niacuteveis de despesa social quer em sauacutede e

quer em educaccedilatildeo respectivamente dos paiacuteses do Norte face aos do Sul medidos em

percentagem do seu PIB entre 1985 e 2010 satildeo maiores no primeiro grupo de paiacuteses

relativamente ao segundo agrave excepccedilatildeo da Finlacircndia que depois de um periacuteodo de

diminuiccedilatildeo da despesa em sauacutede entre 1992 e 1998 para cerca dos 53 do PIB

verifica de novo um aumento para os 67 verificados em 2010 No entanto situava-se

aqueacutem do verificado em Itaacutelia Espanha e Portugal no mesmo ano que era

respectivamente 73 713 e 712 do PIB Assim sendo a Finlacircndia encontrava-se

soacute a frente da Greacutecia que possuiacutea um niacutevel de gastos de 64 do PIB (ver graacutef 20 e 21)

Nota-se tambeacutem no que diz respeito agrave despesa em sauacutede que a Sueacutecia e a Dinamarca

foram quem mais despenderam nesta aacuterea com niacuteveis de despesa semelhantes Contudo

a partir de 1999 o niacutevel de despesa da Dinamarca passa para frente do da Sueacutecia

tornando-se assim o paiacutes com maior despesa em sauacutede chegando a 2010 a apresentar

um valor de cerca de 94 do PIB face aos 77 da Sueacutecia Eacute importante salientar que

todos os paiacuteses do Sul da Europa verificaram um crescimento sustentado que se traduz

em valores de despesa em sauacutede em percentagem do PIB maiores em 2010 que em

1985 Por fim importa destacar que entre 2009 e 2010 verificou-se uma diminuiccedilatildeo da

despesa para todos os paiacuteses por ventura efeitos da crise que comeccedilou um par de anos

antes

20

No que toca agrave educaccedilatildeo como jaacute foi referido os paiacuteses da Escandinaacutevia

apresentam durante o periacuteodo em anaacutelise um niacutevel de despesa superior nesta mateacuteria em

relaccedilatildeo aos paiacuteses da periferia Neste contexto verificamos que as diferenccedilas relativas

aos niacuteveis de despesa dos vaacuterios paiacuteses em educaccedilatildeo se encontram melhor clarificadas

que as diferenccedilas ao niacutevel da despesa em sauacutede agrave excepccedilatildeo dos anos entre 1987 e 1990

em que os valores da despesa portuguesa foram semelhantes ao da espanhola e dos anos

de 2007 e 2008 em que os valores da Itaacutelia foram semelhantes aos da Espanha Feitas

estas consideraccedilotildees verifica-se a existecircncia de um maior niacutevel de despesa em educaccedilatildeo

por parte da Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia ao longo do periacuteodo e no ano de 2009 o

valor da despesa era respectivamente de 83 72 e 68 do PIB No que toca aos

restantes paiacuteses da amostra os paiacuteses do Sul verificamos que o niacutevel de despesa grego e

portuguecircs foi aumentando chegando o portuguecircs a tornar-se o mais elevado entre os

restantes paiacuteses da periferia a partir de 1994 sem nunca esquecer a ausecircncia de dados

para o ano de 1997 e para a Greacutecia entre 2005 e 2010 No ano de 1994 o valor gasto por

Portugal era cerca de 46 chegando a 2010 aos 56 do PIB Jaacute relativamente agrave Itaacutelia

considerando a quebra de dados para este paiacutes verificamos que esta se encontrava no

topo dos paiacuteses do Sul que mais gastavam nesta aacuterea no entanto como jaacute foi referido

esta foi ultrapassada por Portugal e ateacute mesmo a Espanha a partir de 2007 paiacuteses que

tinham nesse ano respectivamente um niacutevel de gastos de 51 e 434 do PIB face

aos 426 do PIB verificados na Itaacutelia

Relativamente agrave despesa em protecccedilatildeo social entre os paiacuteses em anaacutelise e no

que diz respeito niacutevel gastos em pagamentos de pensotildees de reforma verificamos que

natildeo existe um grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 22) Neste capiacutetulo

verifica-se que em todos os paiacuteses o niacutevel de gastos nesta mateacuteria foi oscilando

Contudo nos subperiacuteodos de 1985-89 e de 1997-2009 este foi mais elevado na Itaacutelia e

a Greacutecia sendo estes ultrapassados apenas entre 1991-95 pela Sueacutecia Estes trecircs paiacuteses

em 2009 ocupavam trecircs das quatro primeiras posiccedilotildees nos gastos em pensotildees

apresentando a Itaacutelia a Greacutecia e a Sueacutecia um niacutevel de gastos de 13 109 e 102

do PIB respectivamente Quanto aos restantes paiacuteses verifica-se que o paiacutes que durante

maior parte do periacuteodo apresentou um niacutevel de despesa mais baixo foi Portugal no

entanto registou um aumento consideraacutevel se em 1985 se encontrava no uacuteltimo posto

com cerca de 33 do seu PIB gasto em pensotildees a partir de 2004 ultrapassou a

Finlacircndia Dinamarca e Espanha apresentando no ano de 2009 uma percentagem de

gastos em pensotildees relativamente ao PIB a rondar os 106 superior ao verificado na

21

Dinamarca (82) na Finlacircndia (102) e Espanha (77) Tal poderaacute ter que ver com

o facto de a populaccedilatildeo em Portugal ter envelhecido a um ritmo mais acelerado que nos

restantes paiacuteses

No que toca aos subsiacutedios de desemprego verificamos tambeacutem que natildeo haacute um

grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 23) Contudo neste capiacutetulo

constata-se que os trecircs paiacuteses que gastaram maior percentagem do PIB em subsiacutedios de

desemprego ao longo do periacuteodo foram a Dinamarca Espanha e Finlacircndia Nestes

paiacuteses verificamos que em 1993 o niacutevel de gastos foi o mais elevado cerca 53 do PIB

no caso dinamarquecircs e de 47 no caso espanhol e finlandecircs sendo uma possiacutevel razatildeo

para esse aumento a crise econoacutemica que ocorreu nesse ano O factor crise econoacutemica

poderaacute tambeacutem ajudar a compreender o porquecirc de na Espanha o niacutevel de gastos ter

subido entre 2008 e 2009 de uma forma abrupta passando dos 22 do PIB para os

35 aumento que poderaacute estar relacionado com a crise econoacutemica de 2007-08 que

poderaacute ter contribuiacutedo para o agravamento da taxa de desemprego espanhola Neste

acircmbito verifica-se tambeacutem que os paiacuteses que apresentaram ao longo deste periacuteodo um

niacutevel de despesa mais reduzido com os subsiacutedios de desemprego foram Portugal Itaacutelia e

Greacutecia que em 2009 eram os que menos gastavam com um niacutevel de despesa de cerca de

07 no caso grego 08 no caso italiano e 12 do PIB no caso portuguecircs Estes

valores ficam bem atraacutes dos verificados no mesmo ano para a Dinamarca (23) e para

a Espanha (35)

Jaacute no que toca agrave despesa social em apoios concedidos agraves famiacutelias em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e em subsiacutedios concedidos a pessoas com incapacidade

verifica-se que os paiacuteses do Norte tecircm um niacutevel de gastos nestas mateacuterias superior ao da

periferia europeia (ver graacuteficos 24 25 e 26) Verifica-se ainda assim uma pequena

excepccedilatildeo no que toca agrave Espanha em que os gastos em poliacuteticas activas no mercado de

trabalho em 1989 e 1990 foram superiores agraves verificadas na Dinamarca que eram cerca

de 08 do PIB face aos 07 despendido pelos dinamarqueses A diferenccedila entre os

dois grupos eacute evidente no caso da despesa relacionada com os apoios agraves famiacutelias onde

se verifica uma diferenccedila consideraacutevel ao longo do periacuteodo de anaacutelise entre o Norte e o

Sul A despesa em aacutereas como as poliacuteticas e com as famiacutelias dentro dos paiacuteses da

Escandinaacutevia foi inicialmente mais elevado na Sueacutecia que chegou a atingir o seu

maacuteximo em 1992 com cerca de 49 do PIB gasto nesta mateacuteria no entanto

progressivamente o niacutevel de despesa da Dinamarca foi-se aproximando da Sueacutecia

chegando ateacute a ultrapassar esta em 1995 No que diz respeito agrave Finlacircndia verificou-se

22

que dos trecircs paiacuteses que compotildeem a Escandinaacutevia eacute aquele que apresenta um niacutevel mais

baixo durante maior parte do periacuteodo em anaacutelise mas no entanto superior aos paiacuteses do

Sul como jaacute foi dito Existe contudo uma excepccedilatildeo para este paiacutes que acontece no ano

de 1994 quando este consegue ser o paiacutes que mais gasta nesta aacuterea cerca de 44 do

PIB superior aos gastos suecos que foram cerca de 43 e dos dinamarqueses cerca de

39 Quanto aos gastos em poliacuteticas activas do mercado de trabalho as diferenccedilas jaacute

natildeo satildeo tatildeo evidentes mas no entanto relativamente aos paiacuteses do Sul verificamos ao

longo de todo o periacuteodo que os paiacuteses que foram apresentando consecutivamente

valores mais elevados de despesa nesta mateacuteria foram Portugal e Espanha que entre

1985 e 2009 sofreram oscilaccedilotildees relativamente aos valores despendidos no entanto em

2009 estes gastavam cerca de 08 e 09 respectivamente um valor mais elevado que

o verificado para a Itaacutelia (04) e para a Greacutecia (02) paiacuteses que ao longo do periacuteodo

observado se ficaram pelos uacuteltimos lugares

Por uacuteltimo abordamos as diferenccedilas entre o Norte e o Sul ao niacutevel de gastos em

pensotildees por incapacidade (ver graacutef 26) Como jaacute foi referido verificamos que o niacutevel

de gastos nesta aacuterea eacute superior no Norte em relaccedilatildeo ao Sul Assim sendo verificamos

que a Sueacutecia e a Finlacircndia foram alternando a lideranccedila relativamente aos paiacuteses que

mais despenderam nestes apoios Entre 1985-91 e 1997-2009 a Sueacutecia realizou um niacutevel

de despesa mais elevado que a Finlacircndia apresentando em 1991 um niacutevel a rondar os

53 face ao gasto pela Finlacircndia que foi cerca de 49 Jaacute em 2009 o niacutevel de gastos

da Sueacutecia foi de 5 do seu PIB maior que o verificado na Finlacircndia 41 enquanto

que para o restante periacuteodo o niacutevel de gastos finlandecircs foi sempre superior ao sueco A

Dinamarca foi dos paiacuteses escandinavos aquele que ao longo da maior parte deste

periacuteodo menos gastou no entanto a partir de 2001 esta ultrapassou o niacutevel de gastos da

Finlacircndia apresentando um niacutevel de despesa de cerca de 38 do PIB face aos 37

verificados no caso finlandecircs Esta ultrapassagem deu-se natildeo soacute pela subida dos gastos

em da Dinamarca nesta aacuterea mas tambeacutem por uma descida da despesa finlandesa No

que toca aos paiacuteses do Sul verificamos que quem gastou relativamente mais durante a

maior parte do periacuteodo entre 1985 e 2009 em subsiacutedios atribuiacutedos a incapacitados

foram Espanha Portugal Itaacutelia e a Greacutecia respectivamente agrave excepccedilatildeo do subperiacuteodo

entre 1985 e 1989 em que a Itaacutelia teve um niacutevel de gastos superiores ao de Portugal

Estes paiacuteses no ano de 2009 apresentavam um niacutevel de gastos a rondar os 27 do PIB

no caso espanhol os 21 no caso portuguecircs os 19 no caso italiano e os 1 no caso

23

grego valores que apesar de serem mais baixos que os verificados nos paiacuteses do Norte

da Europa satildeo mais elevados que os verificados em 1985 para estes paiacuteses

Por fim concluiacutemos esta secccedilatildeo com uma anaacutelise quantitativa muito simples e

preliminar da relaccedilatildeo entre a despesa social e o crescimento econoacutemico que corresponde

ao caacutelculo dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre os vaacuterios tipos de despesa social e o PIB

real per capita e a sua taxa de crescimento De acordo com a revisatildeo da literatura

realizada na secccedilatildeo 2 espera-se que exista uma correlaccedilatildeo positiva entre a despesa

social e o niacutevel de crescimento do PIB na medida ou seja para que esta contribua

efectivamente para uma reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo do rendimento e da

pobreza mas tambeacutem porque certos tipos de despesa social tais como educaccedilatildeo sauacutede

mas tambeacutem os apoios agrave famiacutelia contribuem directamente para a acumulaccedilatildeo de capital

humano Contudo aceitando o argumento de que o financiamento necessaacuterio introduz

distorccedilotildees na actividade econoacutemica que por exemplo desincentivam o trabalho e o

investimento por parte das empresas a correlaccedilatildeo obtida pode ter um sinal negativo Da

mesma forma se despesas como o subsiacutedio de desemprego constituiacuterem um

desincentivo a realizar maior esforccedilo no trabalho tambeacutem o sinal poderaacute ser negativo

Em uacuteltima anaacutelise poderaacute natildeo existir qualquer correlaccedilatildeo se os efeitos de sinal contraacuterio

se compensarem exactamente Finalmente natildeo devemos esquecer que correlaccedilatildeo natildeo

significa causalidade pelo que o sinal obtido se pode dever agrave influecircncia do produto

sobre a despesa social ou agrave influecircncia muacutetua

Com auxiacutelio do Quadro 2 onde se encontram os resultados relativos aos

coeficientes de correlaccedilatildeo entre despesa social e o PIB real per capita verificamos que

tendo em conta os dados disponiacuteveis para todos os paiacuteses e anos os coeficientes de

correlaccedilatildeo entre as vaacuterias despesas sociais e o PIB real per capita satildeo todos positivos

quer no que respeita agrave despesa social total quer agraves suas diferentes componentes Os

coeficientes de correlaccedilatildeo mais elevados dizem respeito agraves despesas em educaccedilatildeo e

sauacutede respectivamente 0833 e 0791 podendo argumentar-se que isto se deve ao seu

contributo directo para a acumulaccedilatildeo de capital humano e que este factor possa ter

trazido ganhos de produtividade agraves economias conforme a literatura econoacutemica defende

Quanto ao efeito das vaacuterias componentes de despesa social em protecccedilatildeo social

verificamos que as aacutereas que possuem um coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado satildeo a

despesa em apoios atribuiacutedos agraves famiacutelias os subsiacutedios atribuiacutedos aos incapacitados e as

poliacuteticas activas do mercado de trabalho (0764 0648 e 0626 respectivamente) A

correlaccedilatildeo mais elevada na primeira e terceira dimensotildees referidas poderaacute ter que ver

24

com o seu papel na reduccedilatildeo da desigualdade e pobreza das famiacutelias mais pobres e dos

incentivos criados juntos das empresas para que estas empreguem mais trabalhadores

No que diz respeito aos subsiacutedios concedidos agraves famiacutelias estes ajudam ao aumento do

rendimento das mesmas e tal como foi dito anteriormente poderaacute ter-se traduzido no

aumento do consumo privado daiacute haver uma relaccedilatildeo positiva com o PIB per capita No

meacutedio-longo prazo pode tambeacutem permitir agraves famiacutelias investir mais no capital humano

dos seus filhos e desta forma contribuir para o aumento do PIB Nas restantes aacutereas

gastos com subsiacutedios de desemprego ou em pensotildees tambeacutem possuem uma relaccedilatildeo

positiva com o PIB per capita indicando que toda a despesa realizada pelos vaacuterios

paiacuteses ao longo deste periacuteodo foi importantes para o aumento do produto na medida em

que estas se incidiram sobre os indiviacuteduos que possuem um niacutevel de rendimento mais

baixo dando um estimulo ao consumo traduzindo-se isso no aumento do produto como

jaacute vimos anteriormente Contudo nestes casos os coeficientes de correlaccedilatildeo de 0424 e

0220 respectivamente satildeo bastante inferiores indicando que poderatildeo estar em

actuaccedilatildeo efeitos de sinal negativo que reduzem a correlaccedilatildeo positiva final

Nomeadamente os gastos com pensotildees e subsiacutedios de desemprego podem estar a

desviar a despesa de outras funccedilotildees sociais com um impacto mais directo sobre a

produtividade como a educaccedilatildeo e a sauacutede

Quadro 2 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social e componentes e o niacutevel

do PIB real per capita 1985-2010 (todos os dados disponiacuteveis)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB) PIB real

per capita

Total 0747

Sauacutede 0791

Educaccedilatildeo 0833

Pensotildees de reforma 0220

Pensotildees por incapacidade 0648

Apoios agraves Famiacutelias 0764

Poliacuteticas Activas do Mercado de Trabalho 0626

Subsiacutedio de Desemprego 0424

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

25

A anaacutelise de correlaccedilatildeo anterior apesar de interessante natildeo permite ter uma

ideia muito rigorosa da existecircncia ou natildeo de causalidade entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico uma vez que se baseia em valores correntes quer da despesa

quer do PIB e como vimos os paiacuteses mais ricos tendem tambeacutem a gastar mais com as

funccedilotildees sociais Por outro lado em termos de efeitos permanentes sobre a taxa de

crescimento eacute mais rigoroso calcular a correlaccedilatildeo entre a despesa e a taxa de

crescimento do PIB real per capita De forma a ter em conta a questatildeo da causalidade

inversa no quadro 2 satildeo apresentados os coeficientes de correlaccedilatildeo entre a meacutedia da

despesa social realizada nos sete paiacuteses no periacuteodo de 1985 a 1999 e o crescimento

meacutedio do PIB verificado nos dez anos seguintes 2000-2010

De acordo com a informaccedilatildeo que consta do quadro 3 o sinal dos coeficientes de

correlaccedilatildeo varia agora consoante o tipo de despesa considerada Relativamente agrave

despesa social total o coeficiente eacute negativo embora natildeo muito elevado -02779 A

justificaccedilatildeo mais imediata para este sinal poderaacute ter a ver com o facto do financiamento

necessaacuterio ter introduzido distorccedilotildees na actividade econoacutemica que prejudicaram o

crescimento Contudo torna-se mais informativo olhar para as diferentes componentes

da despesa social

No que respeita aos coeficientes por tipo de despesa como seria de esperar dada

a consensual relaccedilatildeo entre as despesas em educaccedilatildeo e sauacutede com o crescimento

econoacutemico por via do seu impacto sobre a acumulaccedilatildeo de capital humano3 o sinal eacute

positivo embora de magnitude reduzida 01356 e 00115 respectivamente em especial

no caso das despesas em sauacutede Estes resultados indicam tambeacutem que os coeficientes de

correlaccedilatildeo anteriores contecircm realmente informaccedilatildeo sobre a influecircncia positiva no niacutevel

de rendimento sobre as despesas sociais em educaccedilatildeo e sauacutede O outro coeficiente de

correlaccedilatildeo positivo diz respeito agrave despesa com subsiacutedios de desemprego sendo ateacute a

correlaccedilatildeo mais forte do que nos dois casos anteriores 01733 Isto pode indicar que a

existecircncia deste apoio constituiu um incentivo ao trabalho pela seguranccedila que permite

aos trabalhadores estimulando tambeacutem os mesmos a apostar na sua formaccedilatildeo porque

protegidos em caso de desemprego

Quanto ao impacto negativo das restantes componentes da despesa social

verifica-se que as despesas que apresentam um coeficiente menos negativo satildeo as

pensotildees de reforma e por incapacidade -02298 e -03338 respectivamente enquanto

3 Como vimos na secccedilatildeo 3 o estado de sauacutede mas em especial o niacutevel de escolaridade da populaccedilatildeo

dos paiacuteses escandinavos foram em geral superiores ao dos paiacuteses do Sul ao longo do periacuteodo em anaacutelise

26

ainda menos esperado a correlaccedilatildeo negativa mais forte acontece no caso das poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias -03794 e -03671 respectivamente

No caso das pensotildees de reforma e por incapacidade o sinal natildeo eacute inesperado dado o

esforccedilo que exigem em termos de financiamento e o seu papel mais indirecto na

promoccedilatildeo do crescimento econoacutemico sobretudo via a reduccedilatildeo da desigualdade e da

pobreza No caso das poliacuteticas activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias os

resultados satildeo inesperados a dois niacuteveis sinais e magnitude relativa superior Esperar-

se-ia um sinal positivo face ao descrito logo no iniacutecio da anaacutelise de correlaccedilatildeo ou pelo

menos natildeo tatildeo negativo como nos outros dois casos uma vez que em qualquer situaccedilatildeo

o financiamento necessaacuterio pode ter impacto negativo sobre o crescimento do produto

Quadro 3 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social meacutedia (1985-1999) e a

taxa meacutedia de crescimento do PIB real per capita (2000-2010)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB)

Meacutedia 1985-1999 Taxa meacutedia de crescimento anual do PIB real per capita

(2000-10)

Total -02779

Sauacutede 00115

Educaccedilatildeo 01356

Pensotildees de reforma -02298

Pensotildees por incapacidade -03338

Apoios agraves Famiacutelias -03671

Poliacuteticas Activas do Mercado de

Trabalho -03794

Subsiacutedio de Desemprego 01733

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

Em jeito de conclusatildeo os resultados apontam para uma relaccedilatildeo positiva entre a

despesa social nas vaacuterias aacutereas analisadas e o niacutevel do PIB per capita entre 1985 e 2010

o que eacute indiciador de que estatildeo em actuaccedilatildeo mecanismos de influecircncia da despesa social

que promovem um aumento do niacutevel de rendimento nomeadamente via acumulaccedilatildeo de

capital humano atraveacutes das despesas em educaccedilatildeo e sauacutede Contudo uma anaacutelise mais

rigorosa em termos de possiacuteveis impactos permanentes sobre a taxa de crescimento

econoacutemico revela que os resultados podem divergir bastante em termos de sinal e

magnitude atendendo ao tipo de despesa social considerada Os resultados deste estudo

27

apontam tambeacutem para valores que alguns casos podem ser contraacuterios aos verificados

pelos estudos empiacutericos descritos na secccedilatildeo 2 Tal poderaacute estar relacionado com a

amostra de paiacuteses utilizada assim como o periacuteodo de anaacutelise e metodologia utilizada

5 Conclusotildees

Este trabalho propocircs-se a reflectir sobre a relaccedilatildeo entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico tendo por base a comparaccedilatildeo de dois grupos de paiacuteses

pertencentes agrave Uniatildeo Europeia a Escandinaacutevia e o Sul da Europa A niacutevel teoacuterico as

previsotildees acerca da relaccedilatildeo entre Estado Social e crescimento econoacutemico divergem

sendo possiacutevel encontrar argumentos que justificam a existecircncia de uma relaccedilatildeo

positiva outros que apoiam a verificaccedilatildeo de uma relaccedilatildeo negativa e outros ainda que

apontam no sentido de ausecircncia de qualquer relaccedilatildeo Estas diferentes hipoacuteteses parecem

indicar que cabe agrave anaacutelise empiacuterica determinar o sinal da relaccedilatildeo e o respectivo

contexto

Constituindo uma anaacutelise ainda exploratoacuteria o presente trabalho recorreu a uma

anaacutelise de estatiacutestica descritiva de um conjunto variado de indicadores relevantes para o

periacuteodo de 1985 a 2010 sempre que possiacutevel para analisar empiricamente a relaccedilatildeo

entre despesa social e crescimento econoacutemico

De forma a analisar esta relaccedilatildeo em termos mais detalhados aquela foi

desagregada em diferentes componentes tendo sido utilizados dados relativos a

despesas em educaccedilatildeo sauacutede e em vaacuterias componentes da despesa com a protecccedilatildeo

social como os subsiacutedios de desemprego e incapacidade apoios agraves famiacutelias gastos em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho e em pensotildees de reforma Foram calculados os

coeficientes de correlaccedilatildeo destas com o niacutevel do PIB real per capita numa tentativa de

confirmaccedilatildeo muito preliminar do sinal esperado para a relaccedilatildeo bem como os

coeficientes de correlaccedilatildeo entre os valores meacutedios da despesa das vaacuterias variaacuteveis entre

1985 e 1999 com a taxa de crescimento do PIB per capita entre 2000-10 Os

coeficientes de correlaccedilatildeo no uacuteltimo caso poderatildeo ajudar a compreender se o niacutevel de

gastos verificado entre 1985-99 contribuiacuteram para o crescimento econoacutemico verificado

na deacutecada seguinte

Verificou-se que ao longo do periacuteodo em anaacutelise a despesa social em

percentagem do PIB agregada e nas diferentes aacutereas teve um aumento relativo entre

1985 e 2010 mas no entanto aquela foi sempre mais elevada nos paiacuteses Escandinavos

tendo estes paiacuteses registado tambeacutem valores mais elevados do PIB real per capita

28

relativamente aos paiacuteses do Sul Os resultados apontam para que todas as dimensotildees se

correlacionam positivamente com o niacutevel de rendimento per capita sendo de destacar

que a educaccedilatildeo eacute a componente com coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado seguida

das despesas com sauacutede o que parece confirmar a influecircncia deste tipo de despesa sobre

o comportamento do produto via acumulaccedilatildeo de capital humano No que respeita ao

possiacutevel efeito da despesa social sobre a taxa de crescimento do PIB real per capita o

sinal do coeficiente de correlaccedilatildeo manteacutem-se positivo mas de magnitude bastante

inferior ao dos casos anteriores enquanto a correlaccedilatildeo apresenta um sinal negativo no

caso da despesa social total A correlaccedilatildeo eacute tambeacutem negativa para as diferentes

componentes da despesa como a protecccedilatildeo social com excepccedilatildeo do subsiacutedio de

desemprego Estes resultados apoiam assim a necessidade de ao estudar a relaccedilatildeo entre

Estado Social e crescimento econoacutemico levar a cabo uma anaacutelise desagregada uma vez

que os mecanismos de transmissatildeo podem variar consoante o tipo de despesa social

pelo que a anaacutelise agregada eacute difiacutecil de interpretar em termos econoacutemicos

Em suma o presente estudo poderaacute ajudar a compreender de forma preliminar

como os gastos sociais interagem com o crescimento econoacutemico e quais as aacutereas que

tecircm contribuiacutedo de forma positiva ou negativa para o mesmo Contudo natildeo poderaacute

deixar de se ter em conta a capacidade de outros factores poderem afectar a

performance da economia assim como natildeo se deve negligenciar a importacircncia dos

gastos sociais para a convergecircncia econoacutemica dos paiacuteses do Sul para com os paiacuteses do

Norte da Europa De forma a poder generalizar a anaacutelise e tirar conclusotildees mais

robustas em relaccedilatildeo ao sentido da causalidade e mecanismos de transmissatildeo no futuro

seraacute necessaacuterio utilizar meacutetodos de inferecircncia estatiacutestica adequados e amostras mais

alargadas de paiacuteses

29

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30

Anexos

Graacutefico 1 PIB per capita a preccedilos constantes de 2005 entre 1985 e 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 2 Esperanccedila meacutedia de vida 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em

cada 1000 nascimentos) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total

da populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB ()1985 e 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

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Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes 2003 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010

Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A

despesa Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte OCDE

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

0

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3

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07

20

08

20

09

Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

39

Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

0

1

2

3

4

5

6

71

98

5

19

86

19

87

19

88

19

89

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90

19

91

19

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19

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19

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19

95

19

96

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98

19

99

20

00

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01

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20

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20

06

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07

20

08

20

09

Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

20

No que toca agrave educaccedilatildeo como jaacute foi referido os paiacuteses da Escandinaacutevia

apresentam durante o periacuteodo em anaacutelise um niacutevel de despesa superior nesta mateacuteria em

relaccedilatildeo aos paiacuteses da periferia Neste contexto verificamos que as diferenccedilas relativas

aos niacuteveis de despesa dos vaacuterios paiacuteses em educaccedilatildeo se encontram melhor clarificadas

que as diferenccedilas ao niacutevel da despesa em sauacutede agrave excepccedilatildeo dos anos entre 1987 e 1990

em que os valores da despesa portuguesa foram semelhantes ao da espanhola e dos anos

de 2007 e 2008 em que os valores da Itaacutelia foram semelhantes aos da Espanha Feitas

estas consideraccedilotildees verifica-se a existecircncia de um maior niacutevel de despesa em educaccedilatildeo

por parte da Dinamarca Sueacutecia e Finlacircndia ao longo do periacuteodo e no ano de 2009 o

valor da despesa era respectivamente de 83 72 e 68 do PIB No que toca aos

restantes paiacuteses da amostra os paiacuteses do Sul verificamos que o niacutevel de despesa grego e

portuguecircs foi aumentando chegando o portuguecircs a tornar-se o mais elevado entre os

restantes paiacuteses da periferia a partir de 1994 sem nunca esquecer a ausecircncia de dados

para o ano de 1997 e para a Greacutecia entre 2005 e 2010 No ano de 1994 o valor gasto por

Portugal era cerca de 46 chegando a 2010 aos 56 do PIB Jaacute relativamente agrave Itaacutelia

considerando a quebra de dados para este paiacutes verificamos que esta se encontrava no

topo dos paiacuteses do Sul que mais gastavam nesta aacuterea no entanto como jaacute foi referido

esta foi ultrapassada por Portugal e ateacute mesmo a Espanha a partir de 2007 paiacuteses que

tinham nesse ano respectivamente um niacutevel de gastos de 51 e 434 do PIB face

aos 426 do PIB verificados na Itaacutelia

Relativamente agrave despesa em protecccedilatildeo social entre os paiacuteses em anaacutelise e no

que diz respeito niacutevel gastos em pagamentos de pensotildees de reforma verificamos que

natildeo existe um grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 22) Neste capiacutetulo

verifica-se que em todos os paiacuteses o niacutevel de gastos nesta mateacuteria foi oscilando

Contudo nos subperiacuteodos de 1985-89 e de 1997-2009 este foi mais elevado na Itaacutelia e

a Greacutecia sendo estes ultrapassados apenas entre 1991-95 pela Sueacutecia Estes trecircs paiacuteses

em 2009 ocupavam trecircs das quatro primeiras posiccedilotildees nos gastos em pensotildees

apresentando a Itaacutelia a Greacutecia e a Sueacutecia um niacutevel de gastos de 13 109 e 102

do PIB respectivamente Quanto aos restantes paiacuteses verifica-se que o paiacutes que durante

maior parte do periacuteodo apresentou um niacutevel de despesa mais baixo foi Portugal no

entanto registou um aumento consideraacutevel se em 1985 se encontrava no uacuteltimo posto

com cerca de 33 do seu PIB gasto em pensotildees a partir de 2004 ultrapassou a

Finlacircndia Dinamarca e Espanha apresentando no ano de 2009 uma percentagem de

gastos em pensotildees relativamente ao PIB a rondar os 106 superior ao verificado na

21

Dinamarca (82) na Finlacircndia (102) e Espanha (77) Tal poderaacute ter que ver com

o facto de a populaccedilatildeo em Portugal ter envelhecido a um ritmo mais acelerado que nos

restantes paiacuteses

No que toca aos subsiacutedios de desemprego verificamos tambeacutem que natildeo haacute um

grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 23) Contudo neste capiacutetulo

constata-se que os trecircs paiacuteses que gastaram maior percentagem do PIB em subsiacutedios de

desemprego ao longo do periacuteodo foram a Dinamarca Espanha e Finlacircndia Nestes

paiacuteses verificamos que em 1993 o niacutevel de gastos foi o mais elevado cerca 53 do PIB

no caso dinamarquecircs e de 47 no caso espanhol e finlandecircs sendo uma possiacutevel razatildeo

para esse aumento a crise econoacutemica que ocorreu nesse ano O factor crise econoacutemica

poderaacute tambeacutem ajudar a compreender o porquecirc de na Espanha o niacutevel de gastos ter

subido entre 2008 e 2009 de uma forma abrupta passando dos 22 do PIB para os

35 aumento que poderaacute estar relacionado com a crise econoacutemica de 2007-08 que

poderaacute ter contribuiacutedo para o agravamento da taxa de desemprego espanhola Neste

acircmbito verifica-se tambeacutem que os paiacuteses que apresentaram ao longo deste periacuteodo um

niacutevel de despesa mais reduzido com os subsiacutedios de desemprego foram Portugal Itaacutelia e

Greacutecia que em 2009 eram os que menos gastavam com um niacutevel de despesa de cerca de

07 no caso grego 08 no caso italiano e 12 do PIB no caso portuguecircs Estes

valores ficam bem atraacutes dos verificados no mesmo ano para a Dinamarca (23) e para

a Espanha (35)

Jaacute no que toca agrave despesa social em apoios concedidos agraves famiacutelias em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e em subsiacutedios concedidos a pessoas com incapacidade

verifica-se que os paiacuteses do Norte tecircm um niacutevel de gastos nestas mateacuterias superior ao da

periferia europeia (ver graacuteficos 24 25 e 26) Verifica-se ainda assim uma pequena

excepccedilatildeo no que toca agrave Espanha em que os gastos em poliacuteticas activas no mercado de

trabalho em 1989 e 1990 foram superiores agraves verificadas na Dinamarca que eram cerca

de 08 do PIB face aos 07 despendido pelos dinamarqueses A diferenccedila entre os

dois grupos eacute evidente no caso da despesa relacionada com os apoios agraves famiacutelias onde

se verifica uma diferenccedila consideraacutevel ao longo do periacuteodo de anaacutelise entre o Norte e o

Sul A despesa em aacutereas como as poliacuteticas e com as famiacutelias dentro dos paiacuteses da

Escandinaacutevia foi inicialmente mais elevado na Sueacutecia que chegou a atingir o seu

maacuteximo em 1992 com cerca de 49 do PIB gasto nesta mateacuteria no entanto

progressivamente o niacutevel de despesa da Dinamarca foi-se aproximando da Sueacutecia

chegando ateacute a ultrapassar esta em 1995 No que diz respeito agrave Finlacircndia verificou-se

22

que dos trecircs paiacuteses que compotildeem a Escandinaacutevia eacute aquele que apresenta um niacutevel mais

baixo durante maior parte do periacuteodo em anaacutelise mas no entanto superior aos paiacuteses do

Sul como jaacute foi dito Existe contudo uma excepccedilatildeo para este paiacutes que acontece no ano

de 1994 quando este consegue ser o paiacutes que mais gasta nesta aacuterea cerca de 44 do

PIB superior aos gastos suecos que foram cerca de 43 e dos dinamarqueses cerca de

39 Quanto aos gastos em poliacuteticas activas do mercado de trabalho as diferenccedilas jaacute

natildeo satildeo tatildeo evidentes mas no entanto relativamente aos paiacuteses do Sul verificamos ao

longo de todo o periacuteodo que os paiacuteses que foram apresentando consecutivamente

valores mais elevados de despesa nesta mateacuteria foram Portugal e Espanha que entre

1985 e 2009 sofreram oscilaccedilotildees relativamente aos valores despendidos no entanto em

2009 estes gastavam cerca de 08 e 09 respectivamente um valor mais elevado que

o verificado para a Itaacutelia (04) e para a Greacutecia (02) paiacuteses que ao longo do periacuteodo

observado se ficaram pelos uacuteltimos lugares

Por uacuteltimo abordamos as diferenccedilas entre o Norte e o Sul ao niacutevel de gastos em

pensotildees por incapacidade (ver graacutef 26) Como jaacute foi referido verificamos que o niacutevel

de gastos nesta aacuterea eacute superior no Norte em relaccedilatildeo ao Sul Assim sendo verificamos

que a Sueacutecia e a Finlacircndia foram alternando a lideranccedila relativamente aos paiacuteses que

mais despenderam nestes apoios Entre 1985-91 e 1997-2009 a Sueacutecia realizou um niacutevel

de despesa mais elevado que a Finlacircndia apresentando em 1991 um niacutevel a rondar os

53 face ao gasto pela Finlacircndia que foi cerca de 49 Jaacute em 2009 o niacutevel de gastos

da Sueacutecia foi de 5 do seu PIB maior que o verificado na Finlacircndia 41 enquanto

que para o restante periacuteodo o niacutevel de gastos finlandecircs foi sempre superior ao sueco A

Dinamarca foi dos paiacuteses escandinavos aquele que ao longo da maior parte deste

periacuteodo menos gastou no entanto a partir de 2001 esta ultrapassou o niacutevel de gastos da

Finlacircndia apresentando um niacutevel de despesa de cerca de 38 do PIB face aos 37

verificados no caso finlandecircs Esta ultrapassagem deu-se natildeo soacute pela subida dos gastos

em da Dinamarca nesta aacuterea mas tambeacutem por uma descida da despesa finlandesa No

que toca aos paiacuteses do Sul verificamos que quem gastou relativamente mais durante a

maior parte do periacuteodo entre 1985 e 2009 em subsiacutedios atribuiacutedos a incapacitados

foram Espanha Portugal Itaacutelia e a Greacutecia respectivamente agrave excepccedilatildeo do subperiacuteodo

entre 1985 e 1989 em que a Itaacutelia teve um niacutevel de gastos superiores ao de Portugal

Estes paiacuteses no ano de 2009 apresentavam um niacutevel de gastos a rondar os 27 do PIB

no caso espanhol os 21 no caso portuguecircs os 19 no caso italiano e os 1 no caso

23

grego valores que apesar de serem mais baixos que os verificados nos paiacuteses do Norte

da Europa satildeo mais elevados que os verificados em 1985 para estes paiacuteses

Por fim concluiacutemos esta secccedilatildeo com uma anaacutelise quantitativa muito simples e

preliminar da relaccedilatildeo entre a despesa social e o crescimento econoacutemico que corresponde

ao caacutelculo dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre os vaacuterios tipos de despesa social e o PIB

real per capita e a sua taxa de crescimento De acordo com a revisatildeo da literatura

realizada na secccedilatildeo 2 espera-se que exista uma correlaccedilatildeo positiva entre a despesa

social e o niacutevel de crescimento do PIB na medida ou seja para que esta contribua

efectivamente para uma reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo do rendimento e da

pobreza mas tambeacutem porque certos tipos de despesa social tais como educaccedilatildeo sauacutede

mas tambeacutem os apoios agrave famiacutelia contribuem directamente para a acumulaccedilatildeo de capital

humano Contudo aceitando o argumento de que o financiamento necessaacuterio introduz

distorccedilotildees na actividade econoacutemica que por exemplo desincentivam o trabalho e o

investimento por parte das empresas a correlaccedilatildeo obtida pode ter um sinal negativo Da

mesma forma se despesas como o subsiacutedio de desemprego constituiacuterem um

desincentivo a realizar maior esforccedilo no trabalho tambeacutem o sinal poderaacute ser negativo

Em uacuteltima anaacutelise poderaacute natildeo existir qualquer correlaccedilatildeo se os efeitos de sinal contraacuterio

se compensarem exactamente Finalmente natildeo devemos esquecer que correlaccedilatildeo natildeo

significa causalidade pelo que o sinal obtido se pode dever agrave influecircncia do produto

sobre a despesa social ou agrave influecircncia muacutetua

Com auxiacutelio do Quadro 2 onde se encontram os resultados relativos aos

coeficientes de correlaccedilatildeo entre despesa social e o PIB real per capita verificamos que

tendo em conta os dados disponiacuteveis para todos os paiacuteses e anos os coeficientes de

correlaccedilatildeo entre as vaacuterias despesas sociais e o PIB real per capita satildeo todos positivos

quer no que respeita agrave despesa social total quer agraves suas diferentes componentes Os

coeficientes de correlaccedilatildeo mais elevados dizem respeito agraves despesas em educaccedilatildeo e

sauacutede respectivamente 0833 e 0791 podendo argumentar-se que isto se deve ao seu

contributo directo para a acumulaccedilatildeo de capital humano e que este factor possa ter

trazido ganhos de produtividade agraves economias conforme a literatura econoacutemica defende

Quanto ao efeito das vaacuterias componentes de despesa social em protecccedilatildeo social

verificamos que as aacutereas que possuem um coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado satildeo a

despesa em apoios atribuiacutedos agraves famiacutelias os subsiacutedios atribuiacutedos aos incapacitados e as

poliacuteticas activas do mercado de trabalho (0764 0648 e 0626 respectivamente) A

correlaccedilatildeo mais elevada na primeira e terceira dimensotildees referidas poderaacute ter que ver

24

com o seu papel na reduccedilatildeo da desigualdade e pobreza das famiacutelias mais pobres e dos

incentivos criados juntos das empresas para que estas empreguem mais trabalhadores

No que diz respeito aos subsiacutedios concedidos agraves famiacutelias estes ajudam ao aumento do

rendimento das mesmas e tal como foi dito anteriormente poderaacute ter-se traduzido no

aumento do consumo privado daiacute haver uma relaccedilatildeo positiva com o PIB per capita No

meacutedio-longo prazo pode tambeacutem permitir agraves famiacutelias investir mais no capital humano

dos seus filhos e desta forma contribuir para o aumento do PIB Nas restantes aacutereas

gastos com subsiacutedios de desemprego ou em pensotildees tambeacutem possuem uma relaccedilatildeo

positiva com o PIB per capita indicando que toda a despesa realizada pelos vaacuterios

paiacuteses ao longo deste periacuteodo foi importantes para o aumento do produto na medida em

que estas se incidiram sobre os indiviacuteduos que possuem um niacutevel de rendimento mais

baixo dando um estimulo ao consumo traduzindo-se isso no aumento do produto como

jaacute vimos anteriormente Contudo nestes casos os coeficientes de correlaccedilatildeo de 0424 e

0220 respectivamente satildeo bastante inferiores indicando que poderatildeo estar em

actuaccedilatildeo efeitos de sinal negativo que reduzem a correlaccedilatildeo positiva final

Nomeadamente os gastos com pensotildees e subsiacutedios de desemprego podem estar a

desviar a despesa de outras funccedilotildees sociais com um impacto mais directo sobre a

produtividade como a educaccedilatildeo e a sauacutede

Quadro 2 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social e componentes e o niacutevel

do PIB real per capita 1985-2010 (todos os dados disponiacuteveis)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB) PIB real

per capita

Total 0747

Sauacutede 0791

Educaccedilatildeo 0833

Pensotildees de reforma 0220

Pensotildees por incapacidade 0648

Apoios agraves Famiacutelias 0764

Poliacuteticas Activas do Mercado de Trabalho 0626

Subsiacutedio de Desemprego 0424

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

25

A anaacutelise de correlaccedilatildeo anterior apesar de interessante natildeo permite ter uma

ideia muito rigorosa da existecircncia ou natildeo de causalidade entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico uma vez que se baseia em valores correntes quer da despesa

quer do PIB e como vimos os paiacuteses mais ricos tendem tambeacutem a gastar mais com as

funccedilotildees sociais Por outro lado em termos de efeitos permanentes sobre a taxa de

crescimento eacute mais rigoroso calcular a correlaccedilatildeo entre a despesa e a taxa de

crescimento do PIB real per capita De forma a ter em conta a questatildeo da causalidade

inversa no quadro 2 satildeo apresentados os coeficientes de correlaccedilatildeo entre a meacutedia da

despesa social realizada nos sete paiacuteses no periacuteodo de 1985 a 1999 e o crescimento

meacutedio do PIB verificado nos dez anos seguintes 2000-2010

De acordo com a informaccedilatildeo que consta do quadro 3 o sinal dos coeficientes de

correlaccedilatildeo varia agora consoante o tipo de despesa considerada Relativamente agrave

despesa social total o coeficiente eacute negativo embora natildeo muito elevado -02779 A

justificaccedilatildeo mais imediata para este sinal poderaacute ter a ver com o facto do financiamento

necessaacuterio ter introduzido distorccedilotildees na actividade econoacutemica que prejudicaram o

crescimento Contudo torna-se mais informativo olhar para as diferentes componentes

da despesa social

No que respeita aos coeficientes por tipo de despesa como seria de esperar dada

a consensual relaccedilatildeo entre as despesas em educaccedilatildeo e sauacutede com o crescimento

econoacutemico por via do seu impacto sobre a acumulaccedilatildeo de capital humano3 o sinal eacute

positivo embora de magnitude reduzida 01356 e 00115 respectivamente em especial

no caso das despesas em sauacutede Estes resultados indicam tambeacutem que os coeficientes de

correlaccedilatildeo anteriores contecircm realmente informaccedilatildeo sobre a influecircncia positiva no niacutevel

de rendimento sobre as despesas sociais em educaccedilatildeo e sauacutede O outro coeficiente de

correlaccedilatildeo positivo diz respeito agrave despesa com subsiacutedios de desemprego sendo ateacute a

correlaccedilatildeo mais forte do que nos dois casos anteriores 01733 Isto pode indicar que a

existecircncia deste apoio constituiu um incentivo ao trabalho pela seguranccedila que permite

aos trabalhadores estimulando tambeacutem os mesmos a apostar na sua formaccedilatildeo porque

protegidos em caso de desemprego

Quanto ao impacto negativo das restantes componentes da despesa social

verifica-se que as despesas que apresentam um coeficiente menos negativo satildeo as

pensotildees de reforma e por incapacidade -02298 e -03338 respectivamente enquanto

3 Como vimos na secccedilatildeo 3 o estado de sauacutede mas em especial o niacutevel de escolaridade da populaccedilatildeo

dos paiacuteses escandinavos foram em geral superiores ao dos paiacuteses do Sul ao longo do periacuteodo em anaacutelise

26

ainda menos esperado a correlaccedilatildeo negativa mais forte acontece no caso das poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias -03794 e -03671 respectivamente

No caso das pensotildees de reforma e por incapacidade o sinal natildeo eacute inesperado dado o

esforccedilo que exigem em termos de financiamento e o seu papel mais indirecto na

promoccedilatildeo do crescimento econoacutemico sobretudo via a reduccedilatildeo da desigualdade e da

pobreza No caso das poliacuteticas activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias os

resultados satildeo inesperados a dois niacuteveis sinais e magnitude relativa superior Esperar-

se-ia um sinal positivo face ao descrito logo no iniacutecio da anaacutelise de correlaccedilatildeo ou pelo

menos natildeo tatildeo negativo como nos outros dois casos uma vez que em qualquer situaccedilatildeo

o financiamento necessaacuterio pode ter impacto negativo sobre o crescimento do produto

Quadro 3 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social meacutedia (1985-1999) e a

taxa meacutedia de crescimento do PIB real per capita (2000-2010)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB)

Meacutedia 1985-1999 Taxa meacutedia de crescimento anual do PIB real per capita

(2000-10)

Total -02779

Sauacutede 00115

Educaccedilatildeo 01356

Pensotildees de reforma -02298

Pensotildees por incapacidade -03338

Apoios agraves Famiacutelias -03671

Poliacuteticas Activas do Mercado de

Trabalho -03794

Subsiacutedio de Desemprego 01733

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

Em jeito de conclusatildeo os resultados apontam para uma relaccedilatildeo positiva entre a

despesa social nas vaacuterias aacutereas analisadas e o niacutevel do PIB per capita entre 1985 e 2010

o que eacute indiciador de que estatildeo em actuaccedilatildeo mecanismos de influecircncia da despesa social

que promovem um aumento do niacutevel de rendimento nomeadamente via acumulaccedilatildeo de

capital humano atraveacutes das despesas em educaccedilatildeo e sauacutede Contudo uma anaacutelise mais

rigorosa em termos de possiacuteveis impactos permanentes sobre a taxa de crescimento

econoacutemico revela que os resultados podem divergir bastante em termos de sinal e

magnitude atendendo ao tipo de despesa social considerada Os resultados deste estudo

27

apontam tambeacutem para valores que alguns casos podem ser contraacuterios aos verificados

pelos estudos empiacutericos descritos na secccedilatildeo 2 Tal poderaacute estar relacionado com a

amostra de paiacuteses utilizada assim como o periacuteodo de anaacutelise e metodologia utilizada

5 Conclusotildees

Este trabalho propocircs-se a reflectir sobre a relaccedilatildeo entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico tendo por base a comparaccedilatildeo de dois grupos de paiacuteses

pertencentes agrave Uniatildeo Europeia a Escandinaacutevia e o Sul da Europa A niacutevel teoacuterico as

previsotildees acerca da relaccedilatildeo entre Estado Social e crescimento econoacutemico divergem

sendo possiacutevel encontrar argumentos que justificam a existecircncia de uma relaccedilatildeo

positiva outros que apoiam a verificaccedilatildeo de uma relaccedilatildeo negativa e outros ainda que

apontam no sentido de ausecircncia de qualquer relaccedilatildeo Estas diferentes hipoacuteteses parecem

indicar que cabe agrave anaacutelise empiacuterica determinar o sinal da relaccedilatildeo e o respectivo

contexto

Constituindo uma anaacutelise ainda exploratoacuteria o presente trabalho recorreu a uma

anaacutelise de estatiacutestica descritiva de um conjunto variado de indicadores relevantes para o

periacuteodo de 1985 a 2010 sempre que possiacutevel para analisar empiricamente a relaccedilatildeo

entre despesa social e crescimento econoacutemico

De forma a analisar esta relaccedilatildeo em termos mais detalhados aquela foi

desagregada em diferentes componentes tendo sido utilizados dados relativos a

despesas em educaccedilatildeo sauacutede e em vaacuterias componentes da despesa com a protecccedilatildeo

social como os subsiacutedios de desemprego e incapacidade apoios agraves famiacutelias gastos em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho e em pensotildees de reforma Foram calculados os

coeficientes de correlaccedilatildeo destas com o niacutevel do PIB real per capita numa tentativa de

confirmaccedilatildeo muito preliminar do sinal esperado para a relaccedilatildeo bem como os

coeficientes de correlaccedilatildeo entre os valores meacutedios da despesa das vaacuterias variaacuteveis entre

1985 e 1999 com a taxa de crescimento do PIB per capita entre 2000-10 Os

coeficientes de correlaccedilatildeo no uacuteltimo caso poderatildeo ajudar a compreender se o niacutevel de

gastos verificado entre 1985-99 contribuiacuteram para o crescimento econoacutemico verificado

na deacutecada seguinte

Verificou-se que ao longo do periacuteodo em anaacutelise a despesa social em

percentagem do PIB agregada e nas diferentes aacutereas teve um aumento relativo entre

1985 e 2010 mas no entanto aquela foi sempre mais elevada nos paiacuteses Escandinavos

tendo estes paiacuteses registado tambeacutem valores mais elevados do PIB real per capita

28

relativamente aos paiacuteses do Sul Os resultados apontam para que todas as dimensotildees se

correlacionam positivamente com o niacutevel de rendimento per capita sendo de destacar

que a educaccedilatildeo eacute a componente com coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado seguida

das despesas com sauacutede o que parece confirmar a influecircncia deste tipo de despesa sobre

o comportamento do produto via acumulaccedilatildeo de capital humano No que respeita ao

possiacutevel efeito da despesa social sobre a taxa de crescimento do PIB real per capita o

sinal do coeficiente de correlaccedilatildeo manteacutem-se positivo mas de magnitude bastante

inferior ao dos casos anteriores enquanto a correlaccedilatildeo apresenta um sinal negativo no

caso da despesa social total A correlaccedilatildeo eacute tambeacutem negativa para as diferentes

componentes da despesa como a protecccedilatildeo social com excepccedilatildeo do subsiacutedio de

desemprego Estes resultados apoiam assim a necessidade de ao estudar a relaccedilatildeo entre

Estado Social e crescimento econoacutemico levar a cabo uma anaacutelise desagregada uma vez

que os mecanismos de transmissatildeo podem variar consoante o tipo de despesa social

pelo que a anaacutelise agregada eacute difiacutecil de interpretar em termos econoacutemicos

Em suma o presente estudo poderaacute ajudar a compreender de forma preliminar

como os gastos sociais interagem com o crescimento econoacutemico e quais as aacutereas que

tecircm contribuiacutedo de forma positiva ou negativa para o mesmo Contudo natildeo poderaacute

deixar de se ter em conta a capacidade de outros factores poderem afectar a

performance da economia assim como natildeo se deve negligenciar a importacircncia dos

gastos sociais para a convergecircncia econoacutemica dos paiacuteses do Sul para com os paiacuteses do

Norte da Europa De forma a poder generalizar a anaacutelise e tirar conclusotildees mais

robustas em relaccedilatildeo ao sentido da causalidade e mecanismos de transmissatildeo no futuro

seraacute necessaacuterio utilizar meacutetodos de inferecircncia estatiacutestica adequados e amostras mais

alargadas de paiacuteses

29

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30

Anexos

Graacutefico 1 PIB per capita a preccedilos constantes de 2005 entre 1985 e 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 2 Esperanccedila meacutedia de vida 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em

cada 1000 nascimentos) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total

da populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB ()1985 e 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

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Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes 2003 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010

Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A

despesa Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009

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Dinamarca (82) na Finlacircndia (102) e Espanha (77) Tal poderaacute ter que ver com

o facto de a populaccedilatildeo em Portugal ter envelhecido a um ritmo mais acelerado que nos

restantes paiacuteses

No que toca aos subsiacutedios de desemprego verificamos tambeacutem que natildeo haacute um

grupo de paiacuteses que se distinga do outro (ver graacutefico 23) Contudo neste capiacutetulo

constata-se que os trecircs paiacuteses que gastaram maior percentagem do PIB em subsiacutedios de

desemprego ao longo do periacuteodo foram a Dinamarca Espanha e Finlacircndia Nestes

paiacuteses verificamos que em 1993 o niacutevel de gastos foi o mais elevado cerca 53 do PIB

no caso dinamarquecircs e de 47 no caso espanhol e finlandecircs sendo uma possiacutevel razatildeo

para esse aumento a crise econoacutemica que ocorreu nesse ano O factor crise econoacutemica

poderaacute tambeacutem ajudar a compreender o porquecirc de na Espanha o niacutevel de gastos ter

subido entre 2008 e 2009 de uma forma abrupta passando dos 22 do PIB para os

35 aumento que poderaacute estar relacionado com a crise econoacutemica de 2007-08 que

poderaacute ter contribuiacutedo para o agravamento da taxa de desemprego espanhola Neste

acircmbito verifica-se tambeacutem que os paiacuteses que apresentaram ao longo deste periacuteodo um

niacutevel de despesa mais reduzido com os subsiacutedios de desemprego foram Portugal Itaacutelia e

Greacutecia que em 2009 eram os que menos gastavam com um niacutevel de despesa de cerca de

07 no caso grego 08 no caso italiano e 12 do PIB no caso portuguecircs Estes

valores ficam bem atraacutes dos verificados no mesmo ano para a Dinamarca (23) e para

a Espanha (35)

Jaacute no que toca agrave despesa social em apoios concedidos agraves famiacutelias em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e em subsiacutedios concedidos a pessoas com incapacidade

verifica-se que os paiacuteses do Norte tecircm um niacutevel de gastos nestas mateacuterias superior ao da

periferia europeia (ver graacuteficos 24 25 e 26) Verifica-se ainda assim uma pequena

excepccedilatildeo no que toca agrave Espanha em que os gastos em poliacuteticas activas no mercado de

trabalho em 1989 e 1990 foram superiores agraves verificadas na Dinamarca que eram cerca

de 08 do PIB face aos 07 despendido pelos dinamarqueses A diferenccedila entre os

dois grupos eacute evidente no caso da despesa relacionada com os apoios agraves famiacutelias onde

se verifica uma diferenccedila consideraacutevel ao longo do periacuteodo de anaacutelise entre o Norte e o

Sul A despesa em aacutereas como as poliacuteticas e com as famiacutelias dentro dos paiacuteses da

Escandinaacutevia foi inicialmente mais elevado na Sueacutecia que chegou a atingir o seu

maacuteximo em 1992 com cerca de 49 do PIB gasto nesta mateacuteria no entanto

progressivamente o niacutevel de despesa da Dinamarca foi-se aproximando da Sueacutecia

chegando ateacute a ultrapassar esta em 1995 No que diz respeito agrave Finlacircndia verificou-se

22

que dos trecircs paiacuteses que compotildeem a Escandinaacutevia eacute aquele que apresenta um niacutevel mais

baixo durante maior parte do periacuteodo em anaacutelise mas no entanto superior aos paiacuteses do

Sul como jaacute foi dito Existe contudo uma excepccedilatildeo para este paiacutes que acontece no ano

de 1994 quando este consegue ser o paiacutes que mais gasta nesta aacuterea cerca de 44 do

PIB superior aos gastos suecos que foram cerca de 43 e dos dinamarqueses cerca de

39 Quanto aos gastos em poliacuteticas activas do mercado de trabalho as diferenccedilas jaacute

natildeo satildeo tatildeo evidentes mas no entanto relativamente aos paiacuteses do Sul verificamos ao

longo de todo o periacuteodo que os paiacuteses que foram apresentando consecutivamente

valores mais elevados de despesa nesta mateacuteria foram Portugal e Espanha que entre

1985 e 2009 sofreram oscilaccedilotildees relativamente aos valores despendidos no entanto em

2009 estes gastavam cerca de 08 e 09 respectivamente um valor mais elevado que

o verificado para a Itaacutelia (04) e para a Greacutecia (02) paiacuteses que ao longo do periacuteodo

observado se ficaram pelos uacuteltimos lugares

Por uacuteltimo abordamos as diferenccedilas entre o Norte e o Sul ao niacutevel de gastos em

pensotildees por incapacidade (ver graacutef 26) Como jaacute foi referido verificamos que o niacutevel

de gastos nesta aacuterea eacute superior no Norte em relaccedilatildeo ao Sul Assim sendo verificamos

que a Sueacutecia e a Finlacircndia foram alternando a lideranccedila relativamente aos paiacuteses que

mais despenderam nestes apoios Entre 1985-91 e 1997-2009 a Sueacutecia realizou um niacutevel

de despesa mais elevado que a Finlacircndia apresentando em 1991 um niacutevel a rondar os

53 face ao gasto pela Finlacircndia que foi cerca de 49 Jaacute em 2009 o niacutevel de gastos

da Sueacutecia foi de 5 do seu PIB maior que o verificado na Finlacircndia 41 enquanto

que para o restante periacuteodo o niacutevel de gastos finlandecircs foi sempre superior ao sueco A

Dinamarca foi dos paiacuteses escandinavos aquele que ao longo da maior parte deste

periacuteodo menos gastou no entanto a partir de 2001 esta ultrapassou o niacutevel de gastos da

Finlacircndia apresentando um niacutevel de despesa de cerca de 38 do PIB face aos 37

verificados no caso finlandecircs Esta ultrapassagem deu-se natildeo soacute pela subida dos gastos

em da Dinamarca nesta aacuterea mas tambeacutem por uma descida da despesa finlandesa No

que toca aos paiacuteses do Sul verificamos que quem gastou relativamente mais durante a

maior parte do periacuteodo entre 1985 e 2009 em subsiacutedios atribuiacutedos a incapacitados

foram Espanha Portugal Itaacutelia e a Greacutecia respectivamente agrave excepccedilatildeo do subperiacuteodo

entre 1985 e 1989 em que a Itaacutelia teve um niacutevel de gastos superiores ao de Portugal

Estes paiacuteses no ano de 2009 apresentavam um niacutevel de gastos a rondar os 27 do PIB

no caso espanhol os 21 no caso portuguecircs os 19 no caso italiano e os 1 no caso

23

grego valores que apesar de serem mais baixos que os verificados nos paiacuteses do Norte

da Europa satildeo mais elevados que os verificados em 1985 para estes paiacuteses

Por fim concluiacutemos esta secccedilatildeo com uma anaacutelise quantitativa muito simples e

preliminar da relaccedilatildeo entre a despesa social e o crescimento econoacutemico que corresponde

ao caacutelculo dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre os vaacuterios tipos de despesa social e o PIB

real per capita e a sua taxa de crescimento De acordo com a revisatildeo da literatura

realizada na secccedilatildeo 2 espera-se que exista uma correlaccedilatildeo positiva entre a despesa

social e o niacutevel de crescimento do PIB na medida ou seja para que esta contribua

efectivamente para uma reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo do rendimento e da

pobreza mas tambeacutem porque certos tipos de despesa social tais como educaccedilatildeo sauacutede

mas tambeacutem os apoios agrave famiacutelia contribuem directamente para a acumulaccedilatildeo de capital

humano Contudo aceitando o argumento de que o financiamento necessaacuterio introduz

distorccedilotildees na actividade econoacutemica que por exemplo desincentivam o trabalho e o

investimento por parte das empresas a correlaccedilatildeo obtida pode ter um sinal negativo Da

mesma forma se despesas como o subsiacutedio de desemprego constituiacuterem um

desincentivo a realizar maior esforccedilo no trabalho tambeacutem o sinal poderaacute ser negativo

Em uacuteltima anaacutelise poderaacute natildeo existir qualquer correlaccedilatildeo se os efeitos de sinal contraacuterio

se compensarem exactamente Finalmente natildeo devemos esquecer que correlaccedilatildeo natildeo

significa causalidade pelo que o sinal obtido se pode dever agrave influecircncia do produto

sobre a despesa social ou agrave influecircncia muacutetua

Com auxiacutelio do Quadro 2 onde se encontram os resultados relativos aos

coeficientes de correlaccedilatildeo entre despesa social e o PIB real per capita verificamos que

tendo em conta os dados disponiacuteveis para todos os paiacuteses e anos os coeficientes de

correlaccedilatildeo entre as vaacuterias despesas sociais e o PIB real per capita satildeo todos positivos

quer no que respeita agrave despesa social total quer agraves suas diferentes componentes Os

coeficientes de correlaccedilatildeo mais elevados dizem respeito agraves despesas em educaccedilatildeo e

sauacutede respectivamente 0833 e 0791 podendo argumentar-se que isto se deve ao seu

contributo directo para a acumulaccedilatildeo de capital humano e que este factor possa ter

trazido ganhos de produtividade agraves economias conforme a literatura econoacutemica defende

Quanto ao efeito das vaacuterias componentes de despesa social em protecccedilatildeo social

verificamos que as aacutereas que possuem um coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado satildeo a

despesa em apoios atribuiacutedos agraves famiacutelias os subsiacutedios atribuiacutedos aos incapacitados e as

poliacuteticas activas do mercado de trabalho (0764 0648 e 0626 respectivamente) A

correlaccedilatildeo mais elevada na primeira e terceira dimensotildees referidas poderaacute ter que ver

24

com o seu papel na reduccedilatildeo da desigualdade e pobreza das famiacutelias mais pobres e dos

incentivos criados juntos das empresas para que estas empreguem mais trabalhadores

No que diz respeito aos subsiacutedios concedidos agraves famiacutelias estes ajudam ao aumento do

rendimento das mesmas e tal como foi dito anteriormente poderaacute ter-se traduzido no

aumento do consumo privado daiacute haver uma relaccedilatildeo positiva com o PIB per capita No

meacutedio-longo prazo pode tambeacutem permitir agraves famiacutelias investir mais no capital humano

dos seus filhos e desta forma contribuir para o aumento do PIB Nas restantes aacutereas

gastos com subsiacutedios de desemprego ou em pensotildees tambeacutem possuem uma relaccedilatildeo

positiva com o PIB per capita indicando que toda a despesa realizada pelos vaacuterios

paiacuteses ao longo deste periacuteodo foi importantes para o aumento do produto na medida em

que estas se incidiram sobre os indiviacuteduos que possuem um niacutevel de rendimento mais

baixo dando um estimulo ao consumo traduzindo-se isso no aumento do produto como

jaacute vimos anteriormente Contudo nestes casos os coeficientes de correlaccedilatildeo de 0424 e

0220 respectivamente satildeo bastante inferiores indicando que poderatildeo estar em

actuaccedilatildeo efeitos de sinal negativo que reduzem a correlaccedilatildeo positiva final

Nomeadamente os gastos com pensotildees e subsiacutedios de desemprego podem estar a

desviar a despesa de outras funccedilotildees sociais com um impacto mais directo sobre a

produtividade como a educaccedilatildeo e a sauacutede

Quadro 2 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social e componentes e o niacutevel

do PIB real per capita 1985-2010 (todos os dados disponiacuteveis)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB) PIB real

per capita

Total 0747

Sauacutede 0791

Educaccedilatildeo 0833

Pensotildees de reforma 0220

Pensotildees por incapacidade 0648

Apoios agraves Famiacutelias 0764

Poliacuteticas Activas do Mercado de Trabalho 0626

Subsiacutedio de Desemprego 0424

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

25

A anaacutelise de correlaccedilatildeo anterior apesar de interessante natildeo permite ter uma

ideia muito rigorosa da existecircncia ou natildeo de causalidade entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico uma vez que se baseia em valores correntes quer da despesa

quer do PIB e como vimos os paiacuteses mais ricos tendem tambeacutem a gastar mais com as

funccedilotildees sociais Por outro lado em termos de efeitos permanentes sobre a taxa de

crescimento eacute mais rigoroso calcular a correlaccedilatildeo entre a despesa e a taxa de

crescimento do PIB real per capita De forma a ter em conta a questatildeo da causalidade

inversa no quadro 2 satildeo apresentados os coeficientes de correlaccedilatildeo entre a meacutedia da

despesa social realizada nos sete paiacuteses no periacuteodo de 1985 a 1999 e o crescimento

meacutedio do PIB verificado nos dez anos seguintes 2000-2010

De acordo com a informaccedilatildeo que consta do quadro 3 o sinal dos coeficientes de

correlaccedilatildeo varia agora consoante o tipo de despesa considerada Relativamente agrave

despesa social total o coeficiente eacute negativo embora natildeo muito elevado -02779 A

justificaccedilatildeo mais imediata para este sinal poderaacute ter a ver com o facto do financiamento

necessaacuterio ter introduzido distorccedilotildees na actividade econoacutemica que prejudicaram o

crescimento Contudo torna-se mais informativo olhar para as diferentes componentes

da despesa social

No que respeita aos coeficientes por tipo de despesa como seria de esperar dada

a consensual relaccedilatildeo entre as despesas em educaccedilatildeo e sauacutede com o crescimento

econoacutemico por via do seu impacto sobre a acumulaccedilatildeo de capital humano3 o sinal eacute

positivo embora de magnitude reduzida 01356 e 00115 respectivamente em especial

no caso das despesas em sauacutede Estes resultados indicam tambeacutem que os coeficientes de

correlaccedilatildeo anteriores contecircm realmente informaccedilatildeo sobre a influecircncia positiva no niacutevel

de rendimento sobre as despesas sociais em educaccedilatildeo e sauacutede O outro coeficiente de

correlaccedilatildeo positivo diz respeito agrave despesa com subsiacutedios de desemprego sendo ateacute a

correlaccedilatildeo mais forte do que nos dois casos anteriores 01733 Isto pode indicar que a

existecircncia deste apoio constituiu um incentivo ao trabalho pela seguranccedila que permite

aos trabalhadores estimulando tambeacutem os mesmos a apostar na sua formaccedilatildeo porque

protegidos em caso de desemprego

Quanto ao impacto negativo das restantes componentes da despesa social

verifica-se que as despesas que apresentam um coeficiente menos negativo satildeo as

pensotildees de reforma e por incapacidade -02298 e -03338 respectivamente enquanto

3 Como vimos na secccedilatildeo 3 o estado de sauacutede mas em especial o niacutevel de escolaridade da populaccedilatildeo

dos paiacuteses escandinavos foram em geral superiores ao dos paiacuteses do Sul ao longo do periacuteodo em anaacutelise

26

ainda menos esperado a correlaccedilatildeo negativa mais forte acontece no caso das poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias -03794 e -03671 respectivamente

No caso das pensotildees de reforma e por incapacidade o sinal natildeo eacute inesperado dado o

esforccedilo que exigem em termos de financiamento e o seu papel mais indirecto na

promoccedilatildeo do crescimento econoacutemico sobretudo via a reduccedilatildeo da desigualdade e da

pobreza No caso das poliacuteticas activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias os

resultados satildeo inesperados a dois niacuteveis sinais e magnitude relativa superior Esperar-

se-ia um sinal positivo face ao descrito logo no iniacutecio da anaacutelise de correlaccedilatildeo ou pelo

menos natildeo tatildeo negativo como nos outros dois casos uma vez que em qualquer situaccedilatildeo

o financiamento necessaacuterio pode ter impacto negativo sobre o crescimento do produto

Quadro 3 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social meacutedia (1985-1999) e a

taxa meacutedia de crescimento do PIB real per capita (2000-2010)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB)

Meacutedia 1985-1999 Taxa meacutedia de crescimento anual do PIB real per capita

(2000-10)

Total -02779

Sauacutede 00115

Educaccedilatildeo 01356

Pensotildees de reforma -02298

Pensotildees por incapacidade -03338

Apoios agraves Famiacutelias -03671

Poliacuteticas Activas do Mercado de

Trabalho -03794

Subsiacutedio de Desemprego 01733

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

Em jeito de conclusatildeo os resultados apontam para uma relaccedilatildeo positiva entre a

despesa social nas vaacuterias aacutereas analisadas e o niacutevel do PIB per capita entre 1985 e 2010

o que eacute indiciador de que estatildeo em actuaccedilatildeo mecanismos de influecircncia da despesa social

que promovem um aumento do niacutevel de rendimento nomeadamente via acumulaccedilatildeo de

capital humano atraveacutes das despesas em educaccedilatildeo e sauacutede Contudo uma anaacutelise mais

rigorosa em termos de possiacuteveis impactos permanentes sobre a taxa de crescimento

econoacutemico revela que os resultados podem divergir bastante em termos de sinal e

magnitude atendendo ao tipo de despesa social considerada Os resultados deste estudo

27

apontam tambeacutem para valores que alguns casos podem ser contraacuterios aos verificados

pelos estudos empiacutericos descritos na secccedilatildeo 2 Tal poderaacute estar relacionado com a

amostra de paiacuteses utilizada assim como o periacuteodo de anaacutelise e metodologia utilizada

5 Conclusotildees

Este trabalho propocircs-se a reflectir sobre a relaccedilatildeo entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico tendo por base a comparaccedilatildeo de dois grupos de paiacuteses

pertencentes agrave Uniatildeo Europeia a Escandinaacutevia e o Sul da Europa A niacutevel teoacuterico as

previsotildees acerca da relaccedilatildeo entre Estado Social e crescimento econoacutemico divergem

sendo possiacutevel encontrar argumentos que justificam a existecircncia de uma relaccedilatildeo

positiva outros que apoiam a verificaccedilatildeo de uma relaccedilatildeo negativa e outros ainda que

apontam no sentido de ausecircncia de qualquer relaccedilatildeo Estas diferentes hipoacuteteses parecem

indicar que cabe agrave anaacutelise empiacuterica determinar o sinal da relaccedilatildeo e o respectivo

contexto

Constituindo uma anaacutelise ainda exploratoacuteria o presente trabalho recorreu a uma

anaacutelise de estatiacutestica descritiva de um conjunto variado de indicadores relevantes para o

periacuteodo de 1985 a 2010 sempre que possiacutevel para analisar empiricamente a relaccedilatildeo

entre despesa social e crescimento econoacutemico

De forma a analisar esta relaccedilatildeo em termos mais detalhados aquela foi

desagregada em diferentes componentes tendo sido utilizados dados relativos a

despesas em educaccedilatildeo sauacutede e em vaacuterias componentes da despesa com a protecccedilatildeo

social como os subsiacutedios de desemprego e incapacidade apoios agraves famiacutelias gastos em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho e em pensotildees de reforma Foram calculados os

coeficientes de correlaccedilatildeo destas com o niacutevel do PIB real per capita numa tentativa de

confirmaccedilatildeo muito preliminar do sinal esperado para a relaccedilatildeo bem como os

coeficientes de correlaccedilatildeo entre os valores meacutedios da despesa das vaacuterias variaacuteveis entre

1985 e 1999 com a taxa de crescimento do PIB per capita entre 2000-10 Os

coeficientes de correlaccedilatildeo no uacuteltimo caso poderatildeo ajudar a compreender se o niacutevel de

gastos verificado entre 1985-99 contribuiacuteram para o crescimento econoacutemico verificado

na deacutecada seguinte

Verificou-se que ao longo do periacuteodo em anaacutelise a despesa social em

percentagem do PIB agregada e nas diferentes aacutereas teve um aumento relativo entre

1985 e 2010 mas no entanto aquela foi sempre mais elevada nos paiacuteses Escandinavos

tendo estes paiacuteses registado tambeacutem valores mais elevados do PIB real per capita

28

relativamente aos paiacuteses do Sul Os resultados apontam para que todas as dimensotildees se

correlacionam positivamente com o niacutevel de rendimento per capita sendo de destacar

que a educaccedilatildeo eacute a componente com coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado seguida

das despesas com sauacutede o que parece confirmar a influecircncia deste tipo de despesa sobre

o comportamento do produto via acumulaccedilatildeo de capital humano No que respeita ao

possiacutevel efeito da despesa social sobre a taxa de crescimento do PIB real per capita o

sinal do coeficiente de correlaccedilatildeo manteacutem-se positivo mas de magnitude bastante

inferior ao dos casos anteriores enquanto a correlaccedilatildeo apresenta um sinal negativo no

caso da despesa social total A correlaccedilatildeo eacute tambeacutem negativa para as diferentes

componentes da despesa como a protecccedilatildeo social com excepccedilatildeo do subsiacutedio de

desemprego Estes resultados apoiam assim a necessidade de ao estudar a relaccedilatildeo entre

Estado Social e crescimento econoacutemico levar a cabo uma anaacutelise desagregada uma vez

que os mecanismos de transmissatildeo podem variar consoante o tipo de despesa social

pelo que a anaacutelise agregada eacute difiacutecil de interpretar em termos econoacutemicos

Em suma o presente estudo poderaacute ajudar a compreender de forma preliminar

como os gastos sociais interagem com o crescimento econoacutemico e quais as aacutereas que

tecircm contribuiacutedo de forma positiva ou negativa para o mesmo Contudo natildeo poderaacute

deixar de se ter em conta a capacidade de outros factores poderem afectar a

performance da economia assim como natildeo se deve negligenciar a importacircncia dos

gastos sociais para a convergecircncia econoacutemica dos paiacuteses do Sul para com os paiacuteses do

Norte da Europa De forma a poder generalizar a anaacutelise e tirar conclusotildees mais

robustas em relaccedilatildeo ao sentido da causalidade e mecanismos de transmissatildeo no futuro

seraacute necessaacuterio utilizar meacutetodos de inferecircncia estatiacutestica adequados e amostras mais

alargadas de paiacuteses

29

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Wang K-M (2011) Health care expenditure and economic growth Quantil panel

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30

Anexos

Graacutefico 1 PIB per capita a preccedilos constantes de 2005 entre 1985 e 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 2 Esperanccedila meacutedia de vida 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

0

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Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

31

Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em

cada 1000 nascimentos) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total

da populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

0

2

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12

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10111213141516171819202122232425

1985 1990 1995 2000 2005 2010

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Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB ()1985 e 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

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Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes 2003 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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36

Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010

Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A

despesa Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte OCDE

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

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que dos trecircs paiacuteses que compotildeem a Escandinaacutevia eacute aquele que apresenta um niacutevel mais

baixo durante maior parte do periacuteodo em anaacutelise mas no entanto superior aos paiacuteses do

Sul como jaacute foi dito Existe contudo uma excepccedilatildeo para este paiacutes que acontece no ano

de 1994 quando este consegue ser o paiacutes que mais gasta nesta aacuterea cerca de 44 do

PIB superior aos gastos suecos que foram cerca de 43 e dos dinamarqueses cerca de

39 Quanto aos gastos em poliacuteticas activas do mercado de trabalho as diferenccedilas jaacute

natildeo satildeo tatildeo evidentes mas no entanto relativamente aos paiacuteses do Sul verificamos ao

longo de todo o periacuteodo que os paiacuteses que foram apresentando consecutivamente

valores mais elevados de despesa nesta mateacuteria foram Portugal e Espanha que entre

1985 e 2009 sofreram oscilaccedilotildees relativamente aos valores despendidos no entanto em

2009 estes gastavam cerca de 08 e 09 respectivamente um valor mais elevado que

o verificado para a Itaacutelia (04) e para a Greacutecia (02) paiacuteses que ao longo do periacuteodo

observado se ficaram pelos uacuteltimos lugares

Por uacuteltimo abordamos as diferenccedilas entre o Norte e o Sul ao niacutevel de gastos em

pensotildees por incapacidade (ver graacutef 26) Como jaacute foi referido verificamos que o niacutevel

de gastos nesta aacuterea eacute superior no Norte em relaccedilatildeo ao Sul Assim sendo verificamos

que a Sueacutecia e a Finlacircndia foram alternando a lideranccedila relativamente aos paiacuteses que

mais despenderam nestes apoios Entre 1985-91 e 1997-2009 a Sueacutecia realizou um niacutevel

de despesa mais elevado que a Finlacircndia apresentando em 1991 um niacutevel a rondar os

53 face ao gasto pela Finlacircndia que foi cerca de 49 Jaacute em 2009 o niacutevel de gastos

da Sueacutecia foi de 5 do seu PIB maior que o verificado na Finlacircndia 41 enquanto

que para o restante periacuteodo o niacutevel de gastos finlandecircs foi sempre superior ao sueco A

Dinamarca foi dos paiacuteses escandinavos aquele que ao longo da maior parte deste

periacuteodo menos gastou no entanto a partir de 2001 esta ultrapassou o niacutevel de gastos da

Finlacircndia apresentando um niacutevel de despesa de cerca de 38 do PIB face aos 37

verificados no caso finlandecircs Esta ultrapassagem deu-se natildeo soacute pela subida dos gastos

em da Dinamarca nesta aacuterea mas tambeacutem por uma descida da despesa finlandesa No

que toca aos paiacuteses do Sul verificamos que quem gastou relativamente mais durante a

maior parte do periacuteodo entre 1985 e 2009 em subsiacutedios atribuiacutedos a incapacitados

foram Espanha Portugal Itaacutelia e a Greacutecia respectivamente agrave excepccedilatildeo do subperiacuteodo

entre 1985 e 1989 em que a Itaacutelia teve um niacutevel de gastos superiores ao de Portugal

Estes paiacuteses no ano de 2009 apresentavam um niacutevel de gastos a rondar os 27 do PIB

no caso espanhol os 21 no caso portuguecircs os 19 no caso italiano e os 1 no caso

23

grego valores que apesar de serem mais baixos que os verificados nos paiacuteses do Norte

da Europa satildeo mais elevados que os verificados em 1985 para estes paiacuteses

Por fim concluiacutemos esta secccedilatildeo com uma anaacutelise quantitativa muito simples e

preliminar da relaccedilatildeo entre a despesa social e o crescimento econoacutemico que corresponde

ao caacutelculo dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre os vaacuterios tipos de despesa social e o PIB

real per capita e a sua taxa de crescimento De acordo com a revisatildeo da literatura

realizada na secccedilatildeo 2 espera-se que exista uma correlaccedilatildeo positiva entre a despesa

social e o niacutevel de crescimento do PIB na medida ou seja para que esta contribua

efectivamente para uma reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo do rendimento e da

pobreza mas tambeacutem porque certos tipos de despesa social tais como educaccedilatildeo sauacutede

mas tambeacutem os apoios agrave famiacutelia contribuem directamente para a acumulaccedilatildeo de capital

humano Contudo aceitando o argumento de que o financiamento necessaacuterio introduz

distorccedilotildees na actividade econoacutemica que por exemplo desincentivam o trabalho e o

investimento por parte das empresas a correlaccedilatildeo obtida pode ter um sinal negativo Da

mesma forma se despesas como o subsiacutedio de desemprego constituiacuterem um

desincentivo a realizar maior esforccedilo no trabalho tambeacutem o sinal poderaacute ser negativo

Em uacuteltima anaacutelise poderaacute natildeo existir qualquer correlaccedilatildeo se os efeitos de sinal contraacuterio

se compensarem exactamente Finalmente natildeo devemos esquecer que correlaccedilatildeo natildeo

significa causalidade pelo que o sinal obtido se pode dever agrave influecircncia do produto

sobre a despesa social ou agrave influecircncia muacutetua

Com auxiacutelio do Quadro 2 onde se encontram os resultados relativos aos

coeficientes de correlaccedilatildeo entre despesa social e o PIB real per capita verificamos que

tendo em conta os dados disponiacuteveis para todos os paiacuteses e anos os coeficientes de

correlaccedilatildeo entre as vaacuterias despesas sociais e o PIB real per capita satildeo todos positivos

quer no que respeita agrave despesa social total quer agraves suas diferentes componentes Os

coeficientes de correlaccedilatildeo mais elevados dizem respeito agraves despesas em educaccedilatildeo e

sauacutede respectivamente 0833 e 0791 podendo argumentar-se que isto se deve ao seu

contributo directo para a acumulaccedilatildeo de capital humano e que este factor possa ter

trazido ganhos de produtividade agraves economias conforme a literatura econoacutemica defende

Quanto ao efeito das vaacuterias componentes de despesa social em protecccedilatildeo social

verificamos que as aacutereas que possuem um coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado satildeo a

despesa em apoios atribuiacutedos agraves famiacutelias os subsiacutedios atribuiacutedos aos incapacitados e as

poliacuteticas activas do mercado de trabalho (0764 0648 e 0626 respectivamente) A

correlaccedilatildeo mais elevada na primeira e terceira dimensotildees referidas poderaacute ter que ver

24

com o seu papel na reduccedilatildeo da desigualdade e pobreza das famiacutelias mais pobres e dos

incentivos criados juntos das empresas para que estas empreguem mais trabalhadores

No que diz respeito aos subsiacutedios concedidos agraves famiacutelias estes ajudam ao aumento do

rendimento das mesmas e tal como foi dito anteriormente poderaacute ter-se traduzido no

aumento do consumo privado daiacute haver uma relaccedilatildeo positiva com o PIB per capita No

meacutedio-longo prazo pode tambeacutem permitir agraves famiacutelias investir mais no capital humano

dos seus filhos e desta forma contribuir para o aumento do PIB Nas restantes aacutereas

gastos com subsiacutedios de desemprego ou em pensotildees tambeacutem possuem uma relaccedilatildeo

positiva com o PIB per capita indicando que toda a despesa realizada pelos vaacuterios

paiacuteses ao longo deste periacuteodo foi importantes para o aumento do produto na medida em

que estas se incidiram sobre os indiviacuteduos que possuem um niacutevel de rendimento mais

baixo dando um estimulo ao consumo traduzindo-se isso no aumento do produto como

jaacute vimos anteriormente Contudo nestes casos os coeficientes de correlaccedilatildeo de 0424 e

0220 respectivamente satildeo bastante inferiores indicando que poderatildeo estar em

actuaccedilatildeo efeitos de sinal negativo que reduzem a correlaccedilatildeo positiva final

Nomeadamente os gastos com pensotildees e subsiacutedios de desemprego podem estar a

desviar a despesa de outras funccedilotildees sociais com um impacto mais directo sobre a

produtividade como a educaccedilatildeo e a sauacutede

Quadro 2 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social e componentes e o niacutevel

do PIB real per capita 1985-2010 (todos os dados disponiacuteveis)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB) PIB real

per capita

Total 0747

Sauacutede 0791

Educaccedilatildeo 0833

Pensotildees de reforma 0220

Pensotildees por incapacidade 0648

Apoios agraves Famiacutelias 0764

Poliacuteticas Activas do Mercado de Trabalho 0626

Subsiacutedio de Desemprego 0424

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

25

A anaacutelise de correlaccedilatildeo anterior apesar de interessante natildeo permite ter uma

ideia muito rigorosa da existecircncia ou natildeo de causalidade entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico uma vez que se baseia em valores correntes quer da despesa

quer do PIB e como vimos os paiacuteses mais ricos tendem tambeacutem a gastar mais com as

funccedilotildees sociais Por outro lado em termos de efeitos permanentes sobre a taxa de

crescimento eacute mais rigoroso calcular a correlaccedilatildeo entre a despesa e a taxa de

crescimento do PIB real per capita De forma a ter em conta a questatildeo da causalidade

inversa no quadro 2 satildeo apresentados os coeficientes de correlaccedilatildeo entre a meacutedia da

despesa social realizada nos sete paiacuteses no periacuteodo de 1985 a 1999 e o crescimento

meacutedio do PIB verificado nos dez anos seguintes 2000-2010

De acordo com a informaccedilatildeo que consta do quadro 3 o sinal dos coeficientes de

correlaccedilatildeo varia agora consoante o tipo de despesa considerada Relativamente agrave

despesa social total o coeficiente eacute negativo embora natildeo muito elevado -02779 A

justificaccedilatildeo mais imediata para este sinal poderaacute ter a ver com o facto do financiamento

necessaacuterio ter introduzido distorccedilotildees na actividade econoacutemica que prejudicaram o

crescimento Contudo torna-se mais informativo olhar para as diferentes componentes

da despesa social

No que respeita aos coeficientes por tipo de despesa como seria de esperar dada

a consensual relaccedilatildeo entre as despesas em educaccedilatildeo e sauacutede com o crescimento

econoacutemico por via do seu impacto sobre a acumulaccedilatildeo de capital humano3 o sinal eacute

positivo embora de magnitude reduzida 01356 e 00115 respectivamente em especial

no caso das despesas em sauacutede Estes resultados indicam tambeacutem que os coeficientes de

correlaccedilatildeo anteriores contecircm realmente informaccedilatildeo sobre a influecircncia positiva no niacutevel

de rendimento sobre as despesas sociais em educaccedilatildeo e sauacutede O outro coeficiente de

correlaccedilatildeo positivo diz respeito agrave despesa com subsiacutedios de desemprego sendo ateacute a

correlaccedilatildeo mais forte do que nos dois casos anteriores 01733 Isto pode indicar que a

existecircncia deste apoio constituiu um incentivo ao trabalho pela seguranccedila que permite

aos trabalhadores estimulando tambeacutem os mesmos a apostar na sua formaccedilatildeo porque

protegidos em caso de desemprego

Quanto ao impacto negativo das restantes componentes da despesa social

verifica-se que as despesas que apresentam um coeficiente menos negativo satildeo as

pensotildees de reforma e por incapacidade -02298 e -03338 respectivamente enquanto

3 Como vimos na secccedilatildeo 3 o estado de sauacutede mas em especial o niacutevel de escolaridade da populaccedilatildeo

dos paiacuteses escandinavos foram em geral superiores ao dos paiacuteses do Sul ao longo do periacuteodo em anaacutelise

26

ainda menos esperado a correlaccedilatildeo negativa mais forte acontece no caso das poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias -03794 e -03671 respectivamente

No caso das pensotildees de reforma e por incapacidade o sinal natildeo eacute inesperado dado o

esforccedilo que exigem em termos de financiamento e o seu papel mais indirecto na

promoccedilatildeo do crescimento econoacutemico sobretudo via a reduccedilatildeo da desigualdade e da

pobreza No caso das poliacuteticas activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias os

resultados satildeo inesperados a dois niacuteveis sinais e magnitude relativa superior Esperar-

se-ia um sinal positivo face ao descrito logo no iniacutecio da anaacutelise de correlaccedilatildeo ou pelo

menos natildeo tatildeo negativo como nos outros dois casos uma vez que em qualquer situaccedilatildeo

o financiamento necessaacuterio pode ter impacto negativo sobre o crescimento do produto

Quadro 3 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social meacutedia (1985-1999) e a

taxa meacutedia de crescimento do PIB real per capita (2000-2010)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB)

Meacutedia 1985-1999 Taxa meacutedia de crescimento anual do PIB real per capita

(2000-10)

Total -02779

Sauacutede 00115

Educaccedilatildeo 01356

Pensotildees de reforma -02298

Pensotildees por incapacidade -03338

Apoios agraves Famiacutelias -03671

Poliacuteticas Activas do Mercado de

Trabalho -03794

Subsiacutedio de Desemprego 01733

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

Em jeito de conclusatildeo os resultados apontam para uma relaccedilatildeo positiva entre a

despesa social nas vaacuterias aacutereas analisadas e o niacutevel do PIB per capita entre 1985 e 2010

o que eacute indiciador de que estatildeo em actuaccedilatildeo mecanismos de influecircncia da despesa social

que promovem um aumento do niacutevel de rendimento nomeadamente via acumulaccedilatildeo de

capital humano atraveacutes das despesas em educaccedilatildeo e sauacutede Contudo uma anaacutelise mais

rigorosa em termos de possiacuteveis impactos permanentes sobre a taxa de crescimento

econoacutemico revela que os resultados podem divergir bastante em termos de sinal e

magnitude atendendo ao tipo de despesa social considerada Os resultados deste estudo

27

apontam tambeacutem para valores que alguns casos podem ser contraacuterios aos verificados

pelos estudos empiacutericos descritos na secccedilatildeo 2 Tal poderaacute estar relacionado com a

amostra de paiacuteses utilizada assim como o periacuteodo de anaacutelise e metodologia utilizada

5 Conclusotildees

Este trabalho propocircs-se a reflectir sobre a relaccedilatildeo entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico tendo por base a comparaccedilatildeo de dois grupos de paiacuteses

pertencentes agrave Uniatildeo Europeia a Escandinaacutevia e o Sul da Europa A niacutevel teoacuterico as

previsotildees acerca da relaccedilatildeo entre Estado Social e crescimento econoacutemico divergem

sendo possiacutevel encontrar argumentos que justificam a existecircncia de uma relaccedilatildeo

positiva outros que apoiam a verificaccedilatildeo de uma relaccedilatildeo negativa e outros ainda que

apontam no sentido de ausecircncia de qualquer relaccedilatildeo Estas diferentes hipoacuteteses parecem

indicar que cabe agrave anaacutelise empiacuterica determinar o sinal da relaccedilatildeo e o respectivo

contexto

Constituindo uma anaacutelise ainda exploratoacuteria o presente trabalho recorreu a uma

anaacutelise de estatiacutestica descritiva de um conjunto variado de indicadores relevantes para o

periacuteodo de 1985 a 2010 sempre que possiacutevel para analisar empiricamente a relaccedilatildeo

entre despesa social e crescimento econoacutemico

De forma a analisar esta relaccedilatildeo em termos mais detalhados aquela foi

desagregada em diferentes componentes tendo sido utilizados dados relativos a

despesas em educaccedilatildeo sauacutede e em vaacuterias componentes da despesa com a protecccedilatildeo

social como os subsiacutedios de desemprego e incapacidade apoios agraves famiacutelias gastos em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho e em pensotildees de reforma Foram calculados os

coeficientes de correlaccedilatildeo destas com o niacutevel do PIB real per capita numa tentativa de

confirmaccedilatildeo muito preliminar do sinal esperado para a relaccedilatildeo bem como os

coeficientes de correlaccedilatildeo entre os valores meacutedios da despesa das vaacuterias variaacuteveis entre

1985 e 1999 com a taxa de crescimento do PIB per capita entre 2000-10 Os

coeficientes de correlaccedilatildeo no uacuteltimo caso poderatildeo ajudar a compreender se o niacutevel de

gastos verificado entre 1985-99 contribuiacuteram para o crescimento econoacutemico verificado

na deacutecada seguinte

Verificou-se que ao longo do periacuteodo em anaacutelise a despesa social em

percentagem do PIB agregada e nas diferentes aacutereas teve um aumento relativo entre

1985 e 2010 mas no entanto aquela foi sempre mais elevada nos paiacuteses Escandinavos

tendo estes paiacuteses registado tambeacutem valores mais elevados do PIB real per capita

28

relativamente aos paiacuteses do Sul Os resultados apontam para que todas as dimensotildees se

correlacionam positivamente com o niacutevel de rendimento per capita sendo de destacar

que a educaccedilatildeo eacute a componente com coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado seguida

das despesas com sauacutede o que parece confirmar a influecircncia deste tipo de despesa sobre

o comportamento do produto via acumulaccedilatildeo de capital humano No que respeita ao

possiacutevel efeito da despesa social sobre a taxa de crescimento do PIB real per capita o

sinal do coeficiente de correlaccedilatildeo manteacutem-se positivo mas de magnitude bastante

inferior ao dos casos anteriores enquanto a correlaccedilatildeo apresenta um sinal negativo no

caso da despesa social total A correlaccedilatildeo eacute tambeacutem negativa para as diferentes

componentes da despesa como a protecccedilatildeo social com excepccedilatildeo do subsiacutedio de

desemprego Estes resultados apoiam assim a necessidade de ao estudar a relaccedilatildeo entre

Estado Social e crescimento econoacutemico levar a cabo uma anaacutelise desagregada uma vez

que os mecanismos de transmissatildeo podem variar consoante o tipo de despesa social

pelo que a anaacutelise agregada eacute difiacutecil de interpretar em termos econoacutemicos

Em suma o presente estudo poderaacute ajudar a compreender de forma preliminar

como os gastos sociais interagem com o crescimento econoacutemico e quais as aacutereas que

tecircm contribuiacutedo de forma positiva ou negativa para o mesmo Contudo natildeo poderaacute

deixar de se ter em conta a capacidade de outros factores poderem afectar a

performance da economia assim como natildeo se deve negligenciar a importacircncia dos

gastos sociais para a convergecircncia econoacutemica dos paiacuteses do Sul para com os paiacuteses do

Norte da Europa De forma a poder generalizar a anaacutelise e tirar conclusotildees mais

robustas em relaccedilatildeo ao sentido da causalidade e mecanismos de transmissatildeo no futuro

seraacute necessaacuterio utilizar meacutetodos de inferecircncia estatiacutestica adequados e amostras mais

alargadas de paiacuteses

29

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30

Anexos

Graacutefico 1 PIB per capita a preccedilos constantes de 2005 entre 1985 e 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 2 Esperanccedila meacutedia de vida 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

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31

Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em

cada 1000 nascimentos) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total

da populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB ()1985 e 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

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Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes 2003 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010

Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A

despesa Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte OCDE

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

PIB 1985 a 2009

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009

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Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

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grego valores que apesar de serem mais baixos que os verificados nos paiacuteses do Norte

da Europa satildeo mais elevados que os verificados em 1985 para estes paiacuteses

Por fim concluiacutemos esta secccedilatildeo com uma anaacutelise quantitativa muito simples e

preliminar da relaccedilatildeo entre a despesa social e o crescimento econoacutemico que corresponde

ao caacutelculo dos coeficientes de correlaccedilatildeo entre os vaacuterios tipos de despesa social e o PIB

real per capita e a sua taxa de crescimento De acordo com a revisatildeo da literatura

realizada na secccedilatildeo 2 espera-se que exista uma correlaccedilatildeo positiva entre a despesa

social e o niacutevel de crescimento do PIB na medida ou seja para que esta contribua

efectivamente para uma reduccedilatildeo da desigualdade na distribuiccedilatildeo do rendimento e da

pobreza mas tambeacutem porque certos tipos de despesa social tais como educaccedilatildeo sauacutede

mas tambeacutem os apoios agrave famiacutelia contribuem directamente para a acumulaccedilatildeo de capital

humano Contudo aceitando o argumento de que o financiamento necessaacuterio introduz

distorccedilotildees na actividade econoacutemica que por exemplo desincentivam o trabalho e o

investimento por parte das empresas a correlaccedilatildeo obtida pode ter um sinal negativo Da

mesma forma se despesas como o subsiacutedio de desemprego constituiacuterem um

desincentivo a realizar maior esforccedilo no trabalho tambeacutem o sinal poderaacute ser negativo

Em uacuteltima anaacutelise poderaacute natildeo existir qualquer correlaccedilatildeo se os efeitos de sinal contraacuterio

se compensarem exactamente Finalmente natildeo devemos esquecer que correlaccedilatildeo natildeo

significa causalidade pelo que o sinal obtido se pode dever agrave influecircncia do produto

sobre a despesa social ou agrave influecircncia muacutetua

Com auxiacutelio do Quadro 2 onde se encontram os resultados relativos aos

coeficientes de correlaccedilatildeo entre despesa social e o PIB real per capita verificamos que

tendo em conta os dados disponiacuteveis para todos os paiacuteses e anos os coeficientes de

correlaccedilatildeo entre as vaacuterias despesas sociais e o PIB real per capita satildeo todos positivos

quer no que respeita agrave despesa social total quer agraves suas diferentes componentes Os

coeficientes de correlaccedilatildeo mais elevados dizem respeito agraves despesas em educaccedilatildeo e

sauacutede respectivamente 0833 e 0791 podendo argumentar-se que isto se deve ao seu

contributo directo para a acumulaccedilatildeo de capital humano e que este factor possa ter

trazido ganhos de produtividade agraves economias conforme a literatura econoacutemica defende

Quanto ao efeito das vaacuterias componentes de despesa social em protecccedilatildeo social

verificamos que as aacutereas que possuem um coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado satildeo a

despesa em apoios atribuiacutedos agraves famiacutelias os subsiacutedios atribuiacutedos aos incapacitados e as

poliacuteticas activas do mercado de trabalho (0764 0648 e 0626 respectivamente) A

correlaccedilatildeo mais elevada na primeira e terceira dimensotildees referidas poderaacute ter que ver

24

com o seu papel na reduccedilatildeo da desigualdade e pobreza das famiacutelias mais pobres e dos

incentivos criados juntos das empresas para que estas empreguem mais trabalhadores

No que diz respeito aos subsiacutedios concedidos agraves famiacutelias estes ajudam ao aumento do

rendimento das mesmas e tal como foi dito anteriormente poderaacute ter-se traduzido no

aumento do consumo privado daiacute haver uma relaccedilatildeo positiva com o PIB per capita No

meacutedio-longo prazo pode tambeacutem permitir agraves famiacutelias investir mais no capital humano

dos seus filhos e desta forma contribuir para o aumento do PIB Nas restantes aacutereas

gastos com subsiacutedios de desemprego ou em pensotildees tambeacutem possuem uma relaccedilatildeo

positiva com o PIB per capita indicando que toda a despesa realizada pelos vaacuterios

paiacuteses ao longo deste periacuteodo foi importantes para o aumento do produto na medida em

que estas se incidiram sobre os indiviacuteduos que possuem um niacutevel de rendimento mais

baixo dando um estimulo ao consumo traduzindo-se isso no aumento do produto como

jaacute vimos anteriormente Contudo nestes casos os coeficientes de correlaccedilatildeo de 0424 e

0220 respectivamente satildeo bastante inferiores indicando que poderatildeo estar em

actuaccedilatildeo efeitos de sinal negativo que reduzem a correlaccedilatildeo positiva final

Nomeadamente os gastos com pensotildees e subsiacutedios de desemprego podem estar a

desviar a despesa de outras funccedilotildees sociais com um impacto mais directo sobre a

produtividade como a educaccedilatildeo e a sauacutede

Quadro 2 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social e componentes e o niacutevel

do PIB real per capita 1985-2010 (todos os dados disponiacuteveis)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB) PIB real

per capita

Total 0747

Sauacutede 0791

Educaccedilatildeo 0833

Pensotildees de reforma 0220

Pensotildees por incapacidade 0648

Apoios agraves Famiacutelias 0764

Poliacuteticas Activas do Mercado de Trabalho 0626

Subsiacutedio de Desemprego 0424

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

25

A anaacutelise de correlaccedilatildeo anterior apesar de interessante natildeo permite ter uma

ideia muito rigorosa da existecircncia ou natildeo de causalidade entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico uma vez que se baseia em valores correntes quer da despesa

quer do PIB e como vimos os paiacuteses mais ricos tendem tambeacutem a gastar mais com as

funccedilotildees sociais Por outro lado em termos de efeitos permanentes sobre a taxa de

crescimento eacute mais rigoroso calcular a correlaccedilatildeo entre a despesa e a taxa de

crescimento do PIB real per capita De forma a ter em conta a questatildeo da causalidade

inversa no quadro 2 satildeo apresentados os coeficientes de correlaccedilatildeo entre a meacutedia da

despesa social realizada nos sete paiacuteses no periacuteodo de 1985 a 1999 e o crescimento

meacutedio do PIB verificado nos dez anos seguintes 2000-2010

De acordo com a informaccedilatildeo que consta do quadro 3 o sinal dos coeficientes de

correlaccedilatildeo varia agora consoante o tipo de despesa considerada Relativamente agrave

despesa social total o coeficiente eacute negativo embora natildeo muito elevado -02779 A

justificaccedilatildeo mais imediata para este sinal poderaacute ter a ver com o facto do financiamento

necessaacuterio ter introduzido distorccedilotildees na actividade econoacutemica que prejudicaram o

crescimento Contudo torna-se mais informativo olhar para as diferentes componentes

da despesa social

No que respeita aos coeficientes por tipo de despesa como seria de esperar dada

a consensual relaccedilatildeo entre as despesas em educaccedilatildeo e sauacutede com o crescimento

econoacutemico por via do seu impacto sobre a acumulaccedilatildeo de capital humano3 o sinal eacute

positivo embora de magnitude reduzida 01356 e 00115 respectivamente em especial

no caso das despesas em sauacutede Estes resultados indicam tambeacutem que os coeficientes de

correlaccedilatildeo anteriores contecircm realmente informaccedilatildeo sobre a influecircncia positiva no niacutevel

de rendimento sobre as despesas sociais em educaccedilatildeo e sauacutede O outro coeficiente de

correlaccedilatildeo positivo diz respeito agrave despesa com subsiacutedios de desemprego sendo ateacute a

correlaccedilatildeo mais forte do que nos dois casos anteriores 01733 Isto pode indicar que a

existecircncia deste apoio constituiu um incentivo ao trabalho pela seguranccedila que permite

aos trabalhadores estimulando tambeacutem os mesmos a apostar na sua formaccedilatildeo porque

protegidos em caso de desemprego

Quanto ao impacto negativo das restantes componentes da despesa social

verifica-se que as despesas que apresentam um coeficiente menos negativo satildeo as

pensotildees de reforma e por incapacidade -02298 e -03338 respectivamente enquanto

3 Como vimos na secccedilatildeo 3 o estado de sauacutede mas em especial o niacutevel de escolaridade da populaccedilatildeo

dos paiacuteses escandinavos foram em geral superiores ao dos paiacuteses do Sul ao longo do periacuteodo em anaacutelise

26

ainda menos esperado a correlaccedilatildeo negativa mais forte acontece no caso das poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias -03794 e -03671 respectivamente

No caso das pensotildees de reforma e por incapacidade o sinal natildeo eacute inesperado dado o

esforccedilo que exigem em termos de financiamento e o seu papel mais indirecto na

promoccedilatildeo do crescimento econoacutemico sobretudo via a reduccedilatildeo da desigualdade e da

pobreza No caso das poliacuteticas activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias os

resultados satildeo inesperados a dois niacuteveis sinais e magnitude relativa superior Esperar-

se-ia um sinal positivo face ao descrito logo no iniacutecio da anaacutelise de correlaccedilatildeo ou pelo

menos natildeo tatildeo negativo como nos outros dois casos uma vez que em qualquer situaccedilatildeo

o financiamento necessaacuterio pode ter impacto negativo sobre o crescimento do produto

Quadro 3 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social meacutedia (1985-1999) e a

taxa meacutedia de crescimento do PIB real per capita (2000-2010)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB)

Meacutedia 1985-1999 Taxa meacutedia de crescimento anual do PIB real per capita

(2000-10)

Total -02779

Sauacutede 00115

Educaccedilatildeo 01356

Pensotildees de reforma -02298

Pensotildees por incapacidade -03338

Apoios agraves Famiacutelias -03671

Poliacuteticas Activas do Mercado de

Trabalho -03794

Subsiacutedio de Desemprego 01733

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

Em jeito de conclusatildeo os resultados apontam para uma relaccedilatildeo positiva entre a

despesa social nas vaacuterias aacutereas analisadas e o niacutevel do PIB per capita entre 1985 e 2010

o que eacute indiciador de que estatildeo em actuaccedilatildeo mecanismos de influecircncia da despesa social

que promovem um aumento do niacutevel de rendimento nomeadamente via acumulaccedilatildeo de

capital humano atraveacutes das despesas em educaccedilatildeo e sauacutede Contudo uma anaacutelise mais

rigorosa em termos de possiacuteveis impactos permanentes sobre a taxa de crescimento

econoacutemico revela que os resultados podem divergir bastante em termos de sinal e

magnitude atendendo ao tipo de despesa social considerada Os resultados deste estudo

27

apontam tambeacutem para valores que alguns casos podem ser contraacuterios aos verificados

pelos estudos empiacutericos descritos na secccedilatildeo 2 Tal poderaacute estar relacionado com a

amostra de paiacuteses utilizada assim como o periacuteodo de anaacutelise e metodologia utilizada

5 Conclusotildees

Este trabalho propocircs-se a reflectir sobre a relaccedilatildeo entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico tendo por base a comparaccedilatildeo de dois grupos de paiacuteses

pertencentes agrave Uniatildeo Europeia a Escandinaacutevia e o Sul da Europa A niacutevel teoacuterico as

previsotildees acerca da relaccedilatildeo entre Estado Social e crescimento econoacutemico divergem

sendo possiacutevel encontrar argumentos que justificam a existecircncia de uma relaccedilatildeo

positiva outros que apoiam a verificaccedilatildeo de uma relaccedilatildeo negativa e outros ainda que

apontam no sentido de ausecircncia de qualquer relaccedilatildeo Estas diferentes hipoacuteteses parecem

indicar que cabe agrave anaacutelise empiacuterica determinar o sinal da relaccedilatildeo e o respectivo

contexto

Constituindo uma anaacutelise ainda exploratoacuteria o presente trabalho recorreu a uma

anaacutelise de estatiacutestica descritiva de um conjunto variado de indicadores relevantes para o

periacuteodo de 1985 a 2010 sempre que possiacutevel para analisar empiricamente a relaccedilatildeo

entre despesa social e crescimento econoacutemico

De forma a analisar esta relaccedilatildeo em termos mais detalhados aquela foi

desagregada em diferentes componentes tendo sido utilizados dados relativos a

despesas em educaccedilatildeo sauacutede e em vaacuterias componentes da despesa com a protecccedilatildeo

social como os subsiacutedios de desemprego e incapacidade apoios agraves famiacutelias gastos em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho e em pensotildees de reforma Foram calculados os

coeficientes de correlaccedilatildeo destas com o niacutevel do PIB real per capita numa tentativa de

confirmaccedilatildeo muito preliminar do sinal esperado para a relaccedilatildeo bem como os

coeficientes de correlaccedilatildeo entre os valores meacutedios da despesa das vaacuterias variaacuteveis entre

1985 e 1999 com a taxa de crescimento do PIB per capita entre 2000-10 Os

coeficientes de correlaccedilatildeo no uacuteltimo caso poderatildeo ajudar a compreender se o niacutevel de

gastos verificado entre 1985-99 contribuiacuteram para o crescimento econoacutemico verificado

na deacutecada seguinte

Verificou-se que ao longo do periacuteodo em anaacutelise a despesa social em

percentagem do PIB agregada e nas diferentes aacutereas teve um aumento relativo entre

1985 e 2010 mas no entanto aquela foi sempre mais elevada nos paiacuteses Escandinavos

tendo estes paiacuteses registado tambeacutem valores mais elevados do PIB real per capita

28

relativamente aos paiacuteses do Sul Os resultados apontam para que todas as dimensotildees se

correlacionam positivamente com o niacutevel de rendimento per capita sendo de destacar

que a educaccedilatildeo eacute a componente com coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado seguida

das despesas com sauacutede o que parece confirmar a influecircncia deste tipo de despesa sobre

o comportamento do produto via acumulaccedilatildeo de capital humano No que respeita ao

possiacutevel efeito da despesa social sobre a taxa de crescimento do PIB real per capita o

sinal do coeficiente de correlaccedilatildeo manteacutem-se positivo mas de magnitude bastante

inferior ao dos casos anteriores enquanto a correlaccedilatildeo apresenta um sinal negativo no

caso da despesa social total A correlaccedilatildeo eacute tambeacutem negativa para as diferentes

componentes da despesa como a protecccedilatildeo social com excepccedilatildeo do subsiacutedio de

desemprego Estes resultados apoiam assim a necessidade de ao estudar a relaccedilatildeo entre

Estado Social e crescimento econoacutemico levar a cabo uma anaacutelise desagregada uma vez

que os mecanismos de transmissatildeo podem variar consoante o tipo de despesa social

pelo que a anaacutelise agregada eacute difiacutecil de interpretar em termos econoacutemicos

Em suma o presente estudo poderaacute ajudar a compreender de forma preliminar

como os gastos sociais interagem com o crescimento econoacutemico e quais as aacutereas que

tecircm contribuiacutedo de forma positiva ou negativa para o mesmo Contudo natildeo poderaacute

deixar de se ter em conta a capacidade de outros factores poderem afectar a

performance da economia assim como natildeo se deve negligenciar a importacircncia dos

gastos sociais para a convergecircncia econoacutemica dos paiacuteses do Sul para com os paiacuteses do

Norte da Europa De forma a poder generalizar a anaacutelise e tirar conclusotildees mais

robustas em relaccedilatildeo ao sentido da causalidade e mecanismos de transmissatildeo no futuro

seraacute necessaacuterio utilizar meacutetodos de inferecircncia estatiacutestica adequados e amostras mais

alargadas de paiacuteses

29

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30

Anexos

Graacutefico 1 PIB per capita a preccedilos constantes de 2005 entre 1985 e 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 2 Esperanccedila meacutedia de vida 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em

cada 1000 nascimentos) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total

da populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB ()1985 e 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

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Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes 2003 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010

Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A

despesa Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

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24

com o seu papel na reduccedilatildeo da desigualdade e pobreza das famiacutelias mais pobres e dos

incentivos criados juntos das empresas para que estas empreguem mais trabalhadores

No que diz respeito aos subsiacutedios concedidos agraves famiacutelias estes ajudam ao aumento do

rendimento das mesmas e tal como foi dito anteriormente poderaacute ter-se traduzido no

aumento do consumo privado daiacute haver uma relaccedilatildeo positiva com o PIB per capita No

meacutedio-longo prazo pode tambeacutem permitir agraves famiacutelias investir mais no capital humano

dos seus filhos e desta forma contribuir para o aumento do PIB Nas restantes aacutereas

gastos com subsiacutedios de desemprego ou em pensotildees tambeacutem possuem uma relaccedilatildeo

positiva com o PIB per capita indicando que toda a despesa realizada pelos vaacuterios

paiacuteses ao longo deste periacuteodo foi importantes para o aumento do produto na medida em

que estas se incidiram sobre os indiviacuteduos que possuem um niacutevel de rendimento mais

baixo dando um estimulo ao consumo traduzindo-se isso no aumento do produto como

jaacute vimos anteriormente Contudo nestes casos os coeficientes de correlaccedilatildeo de 0424 e

0220 respectivamente satildeo bastante inferiores indicando que poderatildeo estar em

actuaccedilatildeo efeitos de sinal negativo que reduzem a correlaccedilatildeo positiva final

Nomeadamente os gastos com pensotildees e subsiacutedios de desemprego podem estar a

desviar a despesa de outras funccedilotildees sociais com um impacto mais directo sobre a

produtividade como a educaccedilatildeo e a sauacutede

Quadro 2 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social e componentes e o niacutevel

do PIB real per capita 1985-2010 (todos os dados disponiacuteveis)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB) PIB real

per capita

Total 0747

Sauacutede 0791

Educaccedilatildeo 0833

Pensotildees de reforma 0220

Pensotildees por incapacidade 0648

Apoios agraves Famiacutelias 0764

Poliacuteticas Activas do Mercado de Trabalho 0626

Subsiacutedio de Desemprego 0424

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

25

A anaacutelise de correlaccedilatildeo anterior apesar de interessante natildeo permite ter uma

ideia muito rigorosa da existecircncia ou natildeo de causalidade entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico uma vez que se baseia em valores correntes quer da despesa

quer do PIB e como vimos os paiacuteses mais ricos tendem tambeacutem a gastar mais com as

funccedilotildees sociais Por outro lado em termos de efeitos permanentes sobre a taxa de

crescimento eacute mais rigoroso calcular a correlaccedilatildeo entre a despesa e a taxa de

crescimento do PIB real per capita De forma a ter em conta a questatildeo da causalidade

inversa no quadro 2 satildeo apresentados os coeficientes de correlaccedilatildeo entre a meacutedia da

despesa social realizada nos sete paiacuteses no periacuteodo de 1985 a 1999 e o crescimento

meacutedio do PIB verificado nos dez anos seguintes 2000-2010

De acordo com a informaccedilatildeo que consta do quadro 3 o sinal dos coeficientes de

correlaccedilatildeo varia agora consoante o tipo de despesa considerada Relativamente agrave

despesa social total o coeficiente eacute negativo embora natildeo muito elevado -02779 A

justificaccedilatildeo mais imediata para este sinal poderaacute ter a ver com o facto do financiamento

necessaacuterio ter introduzido distorccedilotildees na actividade econoacutemica que prejudicaram o

crescimento Contudo torna-se mais informativo olhar para as diferentes componentes

da despesa social

No que respeita aos coeficientes por tipo de despesa como seria de esperar dada

a consensual relaccedilatildeo entre as despesas em educaccedilatildeo e sauacutede com o crescimento

econoacutemico por via do seu impacto sobre a acumulaccedilatildeo de capital humano3 o sinal eacute

positivo embora de magnitude reduzida 01356 e 00115 respectivamente em especial

no caso das despesas em sauacutede Estes resultados indicam tambeacutem que os coeficientes de

correlaccedilatildeo anteriores contecircm realmente informaccedilatildeo sobre a influecircncia positiva no niacutevel

de rendimento sobre as despesas sociais em educaccedilatildeo e sauacutede O outro coeficiente de

correlaccedilatildeo positivo diz respeito agrave despesa com subsiacutedios de desemprego sendo ateacute a

correlaccedilatildeo mais forte do que nos dois casos anteriores 01733 Isto pode indicar que a

existecircncia deste apoio constituiu um incentivo ao trabalho pela seguranccedila que permite

aos trabalhadores estimulando tambeacutem os mesmos a apostar na sua formaccedilatildeo porque

protegidos em caso de desemprego

Quanto ao impacto negativo das restantes componentes da despesa social

verifica-se que as despesas que apresentam um coeficiente menos negativo satildeo as

pensotildees de reforma e por incapacidade -02298 e -03338 respectivamente enquanto

3 Como vimos na secccedilatildeo 3 o estado de sauacutede mas em especial o niacutevel de escolaridade da populaccedilatildeo

dos paiacuteses escandinavos foram em geral superiores ao dos paiacuteses do Sul ao longo do periacuteodo em anaacutelise

26

ainda menos esperado a correlaccedilatildeo negativa mais forte acontece no caso das poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias -03794 e -03671 respectivamente

No caso das pensotildees de reforma e por incapacidade o sinal natildeo eacute inesperado dado o

esforccedilo que exigem em termos de financiamento e o seu papel mais indirecto na

promoccedilatildeo do crescimento econoacutemico sobretudo via a reduccedilatildeo da desigualdade e da

pobreza No caso das poliacuteticas activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias os

resultados satildeo inesperados a dois niacuteveis sinais e magnitude relativa superior Esperar-

se-ia um sinal positivo face ao descrito logo no iniacutecio da anaacutelise de correlaccedilatildeo ou pelo

menos natildeo tatildeo negativo como nos outros dois casos uma vez que em qualquer situaccedilatildeo

o financiamento necessaacuterio pode ter impacto negativo sobre o crescimento do produto

Quadro 3 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social meacutedia (1985-1999) e a

taxa meacutedia de crescimento do PIB real per capita (2000-2010)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB)

Meacutedia 1985-1999 Taxa meacutedia de crescimento anual do PIB real per capita

(2000-10)

Total -02779

Sauacutede 00115

Educaccedilatildeo 01356

Pensotildees de reforma -02298

Pensotildees por incapacidade -03338

Apoios agraves Famiacutelias -03671

Poliacuteticas Activas do Mercado de

Trabalho -03794

Subsiacutedio de Desemprego 01733

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

Em jeito de conclusatildeo os resultados apontam para uma relaccedilatildeo positiva entre a

despesa social nas vaacuterias aacutereas analisadas e o niacutevel do PIB per capita entre 1985 e 2010

o que eacute indiciador de que estatildeo em actuaccedilatildeo mecanismos de influecircncia da despesa social

que promovem um aumento do niacutevel de rendimento nomeadamente via acumulaccedilatildeo de

capital humano atraveacutes das despesas em educaccedilatildeo e sauacutede Contudo uma anaacutelise mais

rigorosa em termos de possiacuteveis impactos permanentes sobre a taxa de crescimento

econoacutemico revela que os resultados podem divergir bastante em termos de sinal e

magnitude atendendo ao tipo de despesa social considerada Os resultados deste estudo

27

apontam tambeacutem para valores que alguns casos podem ser contraacuterios aos verificados

pelos estudos empiacutericos descritos na secccedilatildeo 2 Tal poderaacute estar relacionado com a

amostra de paiacuteses utilizada assim como o periacuteodo de anaacutelise e metodologia utilizada

5 Conclusotildees

Este trabalho propocircs-se a reflectir sobre a relaccedilatildeo entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico tendo por base a comparaccedilatildeo de dois grupos de paiacuteses

pertencentes agrave Uniatildeo Europeia a Escandinaacutevia e o Sul da Europa A niacutevel teoacuterico as

previsotildees acerca da relaccedilatildeo entre Estado Social e crescimento econoacutemico divergem

sendo possiacutevel encontrar argumentos que justificam a existecircncia de uma relaccedilatildeo

positiva outros que apoiam a verificaccedilatildeo de uma relaccedilatildeo negativa e outros ainda que

apontam no sentido de ausecircncia de qualquer relaccedilatildeo Estas diferentes hipoacuteteses parecem

indicar que cabe agrave anaacutelise empiacuterica determinar o sinal da relaccedilatildeo e o respectivo

contexto

Constituindo uma anaacutelise ainda exploratoacuteria o presente trabalho recorreu a uma

anaacutelise de estatiacutestica descritiva de um conjunto variado de indicadores relevantes para o

periacuteodo de 1985 a 2010 sempre que possiacutevel para analisar empiricamente a relaccedilatildeo

entre despesa social e crescimento econoacutemico

De forma a analisar esta relaccedilatildeo em termos mais detalhados aquela foi

desagregada em diferentes componentes tendo sido utilizados dados relativos a

despesas em educaccedilatildeo sauacutede e em vaacuterias componentes da despesa com a protecccedilatildeo

social como os subsiacutedios de desemprego e incapacidade apoios agraves famiacutelias gastos em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho e em pensotildees de reforma Foram calculados os

coeficientes de correlaccedilatildeo destas com o niacutevel do PIB real per capita numa tentativa de

confirmaccedilatildeo muito preliminar do sinal esperado para a relaccedilatildeo bem como os

coeficientes de correlaccedilatildeo entre os valores meacutedios da despesa das vaacuterias variaacuteveis entre

1985 e 1999 com a taxa de crescimento do PIB per capita entre 2000-10 Os

coeficientes de correlaccedilatildeo no uacuteltimo caso poderatildeo ajudar a compreender se o niacutevel de

gastos verificado entre 1985-99 contribuiacuteram para o crescimento econoacutemico verificado

na deacutecada seguinte

Verificou-se que ao longo do periacuteodo em anaacutelise a despesa social em

percentagem do PIB agregada e nas diferentes aacutereas teve um aumento relativo entre

1985 e 2010 mas no entanto aquela foi sempre mais elevada nos paiacuteses Escandinavos

tendo estes paiacuteses registado tambeacutem valores mais elevados do PIB real per capita

28

relativamente aos paiacuteses do Sul Os resultados apontam para que todas as dimensotildees se

correlacionam positivamente com o niacutevel de rendimento per capita sendo de destacar

que a educaccedilatildeo eacute a componente com coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado seguida

das despesas com sauacutede o que parece confirmar a influecircncia deste tipo de despesa sobre

o comportamento do produto via acumulaccedilatildeo de capital humano No que respeita ao

possiacutevel efeito da despesa social sobre a taxa de crescimento do PIB real per capita o

sinal do coeficiente de correlaccedilatildeo manteacutem-se positivo mas de magnitude bastante

inferior ao dos casos anteriores enquanto a correlaccedilatildeo apresenta um sinal negativo no

caso da despesa social total A correlaccedilatildeo eacute tambeacutem negativa para as diferentes

componentes da despesa como a protecccedilatildeo social com excepccedilatildeo do subsiacutedio de

desemprego Estes resultados apoiam assim a necessidade de ao estudar a relaccedilatildeo entre

Estado Social e crescimento econoacutemico levar a cabo uma anaacutelise desagregada uma vez

que os mecanismos de transmissatildeo podem variar consoante o tipo de despesa social

pelo que a anaacutelise agregada eacute difiacutecil de interpretar em termos econoacutemicos

Em suma o presente estudo poderaacute ajudar a compreender de forma preliminar

como os gastos sociais interagem com o crescimento econoacutemico e quais as aacutereas que

tecircm contribuiacutedo de forma positiva ou negativa para o mesmo Contudo natildeo poderaacute

deixar de se ter em conta a capacidade de outros factores poderem afectar a

performance da economia assim como natildeo se deve negligenciar a importacircncia dos

gastos sociais para a convergecircncia econoacutemica dos paiacuteses do Sul para com os paiacuteses do

Norte da Europa De forma a poder generalizar a anaacutelise e tirar conclusotildees mais

robustas em relaccedilatildeo ao sentido da causalidade e mecanismos de transmissatildeo no futuro

seraacute necessaacuterio utilizar meacutetodos de inferecircncia estatiacutestica adequados e amostras mais

alargadas de paiacuteses

29

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30

Anexos

Graacutefico 1 PIB per capita a preccedilos constantes de 2005 entre 1985 e 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 2 Esperanccedila meacutedia de vida 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

31

Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em

cada 1000 nascimentos) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total

da populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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1985 1990 1995 2000 2005 2010

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Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB ()1985 e 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

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Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes 2003 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010

Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A

despesa Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte OCDE

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

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A anaacutelise de correlaccedilatildeo anterior apesar de interessante natildeo permite ter uma

ideia muito rigorosa da existecircncia ou natildeo de causalidade entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico uma vez que se baseia em valores correntes quer da despesa

quer do PIB e como vimos os paiacuteses mais ricos tendem tambeacutem a gastar mais com as

funccedilotildees sociais Por outro lado em termos de efeitos permanentes sobre a taxa de

crescimento eacute mais rigoroso calcular a correlaccedilatildeo entre a despesa e a taxa de

crescimento do PIB real per capita De forma a ter em conta a questatildeo da causalidade

inversa no quadro 2 satildeo apresentados os coeficientes de correlaccedilatildeo entre a meacutedia da

despesa social realizada nos sete paiacuteses no periacuteodo de 1985 a 1999 e o crescimento

meacutedio do PIB verificado nos dez anos seguintes 2000-2010

De acordo com a informaccedilatildeo que consta do quadro 3 o sinal dos coeficientes de

correlaccedilatildeo varia agora consoante o tipo de despesa considerada Relativamente agrave

despesa social total o coeficiente eacute negativo embora natildeo muito elevado -02779 A

justificaccedilatildeo mais imediata para este sinal poderaacute ter a ver com o facto do financiamento

necessaacuterio ter introduzido distorccedilotildees na actividade econoacutemica que prejudicaram o

crescimento Contudo torna-se mais informativo olhar para as diferentes componentes

da despesa social

No que respeita aos coeficientes por tipo de despesa como seria de esperar dada

a consensual relaccedilatildeo entre as despesas em educaccedilatildeo e sauacutede com o crescimento

econoacutemico por via do seu impacto sobre a acumulaccedilatildeo de capital humano3 o sinal eacute

positivo embora de magnitude reduzida 01356 e 00115 respectivamente em especial

no caso das despesas em sauacutede Estes resultados indicam tambeacutem que os coeficientes de

correlaccedilatildeo anteriores contecircm realmente informaccedilatildeo sobre a influecircncia positiva no niacutevel

de rendimento sobre as despesas sociais em educaccedilatildeo e sauacutede O outro coeficiente de

correlaccedilatildeo positivo diz respeito agrave despesa com subsiacutedios de desemprego sendo ateacute a

correlaccedilatildeo mais forte do que nos dois casos anteriores 01733 Isto pode indicar que a

existecircncia deste apoio constituiu um incentivo ao trabalho pela seguranccedila que permite

aos trabalhadores estimulando tambeacutem os mesmos a apostar na sua formaccedilatildeo porque

protegidos em caso de desemprego

Quanto ao impacto negativo das restantes componentes da despesa social

verifica-se que as despesas que apresentam um coeficiente menos negativo satildeo as

pensotildees de reforma e por incapacidade -02298 e -03338 respectivamente enquanto

3 Como vimos na secccedilatildeo 3 o estado de sauacutede mas em especial o niacutevel de escolaridade da populaccedilatildeo

dos paiacuteses escandinavos foram em geral superiores ao dos paiacuteses do Sul ao longo do periacuteodo em anaacutelise

26

ainda menos esperado a correlaccedilatildeo negativa mais forte acontece no caso das poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias -03794 e -03671 respectivamente

No caso das pensotildees de reforma e por incapacidade o sinal natildeo eacute inesperado dado o

esforccedilo que exigem em termos de financiamento e o seu papel mais indirecto na

promoccedilatildeo do crescimento econoacutemico sobretudo via a reduccedilatildeo da desigualdade e da

pobreza No caso das poliacuteticas activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias os

resultados satildeo inesperados a dois niacuteveis sinais e magnitude relativa superior Esperar-

se-ia um sinal positivo face ao descrito logo no iniacutecio da anaacutelise de correlaccedilatildeo ou pelo

menos natildeo tatildeo negativo como nos outros dois casos uma vez que em qualquer situaccedilatildeo

o financiamento necessaacuterio pode ter impacto negativo sobre o crescimento do produto

Quadro 3 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social meacutedia (1985-1999) e a

taxa meacutedia de crescimento do PIB real per capita (2000-2010)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB)

Meacutedia 1985-1999 Taxa meacutedia de crescimento anual do PIB real per capita

(2000-10)

Total -02779

Sauacutede 00115

Educaccedilatildeo 01356

Pensotildees de reforma -02298

Pensotildees por incapacidade -03338

Apoios agraves Famiacutelias -03671

Poliacuteticas Activas do Mercado de

Trabalho -03794

Subsiacutedio de Desemprego 01733

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

Em jeito de conclusatildeo os resultados apontam para uma relaccedilatildeo positiva entre a

despesa social nas vaacuterias aacutereas analisadas e o niacutevel do PIB per capita entre 1985 e 2010

o que eacute indiciador de que estatildeo em actuaccedilatildeo mecanismos de influecircncia da despesa social

que promovem um aumento do niacutevel de rendimento nomeadamente via acumulaccedilatildeo de

capital humano atraveacutes das despesas em educaccedilatildeo e sauacutede Contudo uma anaacutelise mais

rigorosa em termos de possiacuteveis impactos permanentes sobre a taxa de crescimento

econoacutemico revela que os resultados podem divergir bastante em termos de sinal e

magnitude atendendo ao tipo de despesa social considerada Os resultados deste estudo

27

apontam tambeacutem para valores que alguns casos podem ser contraacuterios aos verificados

pelos estudos empiacutericos descritos na secccedilatildeo 2 Tal poderaacute estar relacionado com a

amostra de paiacuteses utilizada assim como o periacuteodo de anaacutelise e metodologia utilizada

5 Conclusotildees

Este trabalho propocircs-se a reflectir sobre a relaccedilatildeo entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico tendo por base a comparaccedilatildeo de dois grupos de paiacuteses

pertencentes agrave Uniatildeo Europeia a Escandinaacutevia e o Sul da Europa A niacutevel teoacuterico as

previsotildees acerca da relaccedilatildeo entre Estado Social e crescimento econoacutemico divergem

sendo possiacutevel encontrar argumentos que justificam a existecircncia de uma relaccedilatildeo

positiva outros que apoiam a verificaccedilatildeo de uma relaccedilatildeo negativa e outros ainda que

apontam no sentido de ausecircncia de qualquer relaccedilatildeo Estas diferentes hipoacuteteses parecem

indicar que cabe agrave anaacutelise empiacuterica determinar o sinal da relaccedilatildeo e o respectivo

contexto

Constituindo uma anaacutelise ainda exploratoacuteria o presente trabalho recorreu a uma

anaacutelise de estatiacutestica descritiva de um conjunto variado de indicadores relevantes para o

periacuteodo de 1985 a 2010 sempre que possiacutevel para analisar empiricamente a relaccedilatildeo

entre despesa social e crescimento econoacutemico

De forma a analisar esta relaccedilatildeo em termos mais detalhados aquela foi

desagregada em diferentes componentes tendo sido utilizados dados relativos a

despesas em educaccedilatildeo sauacutede e em vaacuterias componentes da despesa com a protecccedilatildeo

social como os subsiacutedios de desemprego e incapacidade apoios agraves famiacutelias gastos em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho e em pensotildees de reforma Foram calculados os

coeficientes de correlaccedilatildeo destas com o niacutevel do PIB real per capita numa tentativa de

confirmaccedilatildeo muito preliminar do sinal esperado para a relaccedilatildeo bem como os

coeficientes de correlaccedilatildeo entre os valores meacutedios da despesa das vaacuterias variaacuteveis entre

1985 e 1999 com a taxa de crescimento do PIB per capita entre 2000-10 Os

coeficientes de correlaccedilatildeo no uacuteltimo caso poderatildeo ajudar a compreender se o niacutevel de

gastos verificado entre 1985-99 contribuiacuteram para o crescimento econoacutemico verificado

na deacutecada seguinte

Verificou-se que ao longo do periacuteodo em anaacutelise a despesa social em

percentagem do PIB agregada e nas diferentes aacutereas teve um aumento relativo entre

1985 e 2010 mas no entanto aquela foi sempre mais elevada nos paiacuteses Escandinavos

tendo estes paiacuteses registado tambeacutem valores mais elevados do PIB real per capita

28

relativamente aos paiacuteses do Sul Os resultados apontam para que todas as dimensotildees se

correlacionam positivamente com o niacutevel de rendimento per capita sendo de destacar

que a educaccedilatildeo eacute a componente com coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado seguida

das despesas com sauacutede o que parece confirmar a influecircncia deste tipo de despesa sobre

o comportamento do produto via acumulaccedilatildeo de capital humano No que respeita ao

possiacutevel efeito da despesa social sobre a taxa de crescimento do PIB real per capita o

sinal do coeficiente de correlaccedilatildeo manteacutem-se positivo mas de magnitude bastante

inferior ao dos casos anteriores enquanto a correlaccedilatildeo apresenta um sinal negativo no

caso da despesa social total A correlaccedilatildeo eacute tambeacutem negativa para as diferentes

componentes da despesa como a protecccedilatildeo social com excepccedilatildeo do subsiacutedio de

desemprego Estes resultados apoiam assim a necessidade de ao estudar a relaccedilatildeo entre

Estado Social e crescimento econoacutemico levar a cabo uma anaacutelise desagregada uma vez

que os mecanismos de transmissatildeo podem variar consoante o tipo de despesa social

pelo que a anaacutelise agregada eacute difiacutecil de interpretar em termos econoacutemicos

Em suma o presente estudo poderaacute ajudar a compreender de forma preliminar

como os gastos sociais interagem com o crescimento econoacutemico e quais as aacutereas que

tecircm contribuiacutedo de forma positiva ou negativa para o mesmo Contudo natildeo poderaacute

deixar de se ter em conta a capacidade de outros factores poderem afectar a

performance da economia assim como natildeo se deve negligenciar a importacircncia dos

gastos sociais para a convergecircncia econoacutemica dos paiacuteses do Sul para com os paiacuteses do

Norte da Europa De forma a poder generalizar a anaacutelise e tirar conclusotildees mais

robustas em relaccedilatildeo ao sentido da causalidade e mecanismos de transmissatildeo no futuro

seraacute necessaacuterio utilizar meacutetodos de inferecircncia estatiacutestica adequados e amostras mais

alargadas de paiacuteses

29

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30

Anexos

Graacutefico 1 PIB per capita a preccedilos constantes de 2005 entre 1985 e 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 2 Esperanccedila meacutedia de vida 1985 a 2010

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Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em

cada 1000 nascimentos) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total

da populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010

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Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB ()1985 e 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

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Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes 2003 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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36

Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010

Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A

despesa Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte OCDE

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

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26

ainda menos esperado a correlaccedilatildeo negativa mais forte acontece no caso das poliacuteticas

activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias -03794 e -03671 respectivamente

No caso das pensotildees de reforma e por incapacidade o sinal natildeo eacute inesperado dado o

esforccedilo que exigem em termos de financiamento e o seu papel mais indirecto na

promoccedilatildeo do crescimento econoacutemico sobretudo via a reduccedilatildeo da desigualdade e da

pobreza No caso das poliacuteticas activas do mercado de trabalho e apoios agraves famiacutelias os

resultados satildeo inesperados a dois niacuteveis sinais e magnitude relativa superior Esperar-

se-ia um sinal positivo face ao descrito logo no iniacutecio da anaacutelise de correlaccedilatildeo ou pelo

menos natildeo tatildeo negativo como nos outros dois casos uma vez que em qualquer situaccedilatildeo

o financiamento necessaacuterio pode ter impacto negativo sobre o crescimento do produto

Quadro 3 Coeficientes de correlaccedilatildeo entre a Despesa Social meacutedia (1985-1999) e a

taxa meacutedia de crescimento do PIB real per capita (2000-2010)

Despesa Puacuteblica Social ( do PIB)

Meacutedia 1985-1999 Taxa meacutedia de crescimento anual do PIB real per capita

(2000-10)

Total -02779

Sauacutede 00115

Educaccedilatildeo 01356

Pensotildees de reforma -02298

Pensotildees por incapacidade -03338

Apoios agraves Famiacutelias -03671

Poliacuteticas Activas do Mercado de

Trabalho -03794

Subsiacutedio de Desemprego 01733

Notas A despesa social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez apoios agraves

famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em poliacuteticas

activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A despesa

Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

Fonte Caacutelculos do autor

Em jeito de conclusatildeo os resultados apontam para uma relaccedilatildeo positiva entre a

despesa social nas vaacuterias aacutereas analisadas e o niacutevel do PIB per capita entre 1985 e 2010

o que eacute indiciador de que estatildeo em actuaccedilatildeo mecanismos de influecircncia da despesa social

que promovem um aumento do niacutevel de rendimento nomeadamente via acumulaccedilatildeo de

capital humano atraveacutes das despesas em educaccedilatildeo e sauacutede Contudo uma anaacutelise mais

rigorosa em termos de possiacuteveis impactos permanentes sobre a taxa de crescimento

econoacutemico revela que os resultados podem divergir bastante em termos de sinal e

magnitude atendendo ao tipo de despesa social considerada Os resultados deste estudo

27

apontam tambeacutem para valores que alguns casos podem ser contraacuterios aos verificados

pelos estudos empiacutericos descritos na secccedilatildeo 2 Tal poderaacute estar relacionado com a

amostra de paiacuteses utilizada assim como o periacuteodo de anaacutelise e metodologia utilizada

5 Conclusotildees

Este trabalho propocircs-se a reflectir sobre a relaccedilatildeo entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico tendo por base a comparaccedilatildeo de dois grupos de paiacuteses

pertencentes agrave Uniatildeo Europeia a Escandinaacutevia e o Sul da Europa A niacutevel teoacuterico as

previsotildees acerca da relaccedilatildeo entre Estado Social e crescimento econoacutemico divergem

sendo possiacutevel encontrar argumentos que justificam a existecircncia de uma relaccedilatildeo

positiva outros que apoiam a verificaccedilatildeo de uma relaccedilatildeo negativa e outros ainda que

apontam no sentido de ausecircncia de qualquer relaccedilatildeo Estas diferentes hipoacuteteses parecem

indicar que cabe agrave anaacutelise empiacuterica determinar o sinal da relaccedilatildeo e o respectivo

contexto

Constituindo uma anaacutelise ainda exploratoacuteria o presente trabalho recorreu a uma

anaacutelise de estatiacutestica descritiva de um conjunto variado de indicadores relevantes para o

periacuteodo de 1985 a 2010 sempre que possiacutevel para analisar empiricamente a relaccedilatildeo

entre despesa social e crescimento econoacutemico

De forma a analisar esta relaccedilatildeo em termos mais detalhados aquela foi

desagregada em diferentes componentes tendo sido utilizados dados relativos a

despesas em educaccedilatildeo sauacutede e em vaacuterias componentes da despesa com a protecccedilatildeo

social como os subsiacutedios de desemprego e incapacidade apoios agraves famiacutelias gastos em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho e em pensotildees de reforma Foram calculados os

coeficientes de correlaccedilatildeo destas com o niacutevel do PIB real per capita numa tentativa de

confirmaccedilatildeo muito preliminar do sinal esperado para a relaccedilatildeo bem como os

coeficientes de correlaccedilatildeo entre os valores meacutedios da despesa das vaacuterias variaacuteveis entre

1985 e 1999 com a taxa de crescimento do PIB per capita entre 2000-10 Os

coeficientes de correlaccedilatildeo no uacuteltimo caso poderatildeo ajudar a compreender se o niacutevel de

gastos verificado entre 1985-99 contribuiacuteram para o crescimento econoacutemico verificado

na deacutecada seguinte

Verificou-se que ao longo do periacuteodo em anaacutelise a despesa social em

percentagem do PIB agregada e nas diferentes aacutereas teve um aumento relativo entre

1985 e 2010 mas no entanto aquela foi sempre mais elevada nos paiacuteses Escandinavos

tendo estes paiacuteses registado tambeacutem valores mais elevados do PIB real per capita

28

relativamente aos paiacuteses do Sul Os resultados apontam para que todas as dimensotildees se

correlacionam positivamente com o niacutevel de rendimento per capita sendo de destacar

que a educaccedilatildeo eacute a componente com coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado seguida

das despesas com sauacutede o que parece confirmar a influecircncia deste tipo de despesa sobre

o comportamento do produto via acumulaccedilatildeo de capital humano No que respeita ao

possiacutevel efeito da despesa social sobre a taxa de crescimento do PIB real per capita o

sinal do coeficiente de correlaccedilatildeo manteacutem-se positivo mas de magnitude bastante

inferior ao dos casos anteriores enquanto a correlaccedilatildeo apresenta um sinal negativo no

caso da despesa social total A correlaccedilatildeo eacute tambeacutem negativa para as diferentes

componentes da despesa como a protecccedilatildeo social com excepccedilatildeo do subsiacutedio de

desemprego Estes resultados apoiam assim a necessidade de ao estudar a relaccedilatildeo entre

Estado Social e crescimento econoacutemico levar a cabo uma anaacutelise desagregada uma vez

que os mecanismos de transmissatildeo podem variar consoante o tipo de despesa social

pelo que a anaacutelise agregada eacute difiacutecil de interpretar em termos econoacutemicos

Em suma o presente estudo poderaacute ajudar a compreender de forma preliminar

como os gastos sociais interagem com o crescimento econoacutemico e quais as aacutereas que

tecircm contribuiacutedo de forma positiva ou negativa para o mesmo Contudo natildeo poderaacute

deixar de se ter em conta a capacidade de outros factores poderem afectar a

performance da economia assim como natildeo se deve negligenciar a importacircncia dos

gastos sociais para a convergecircncia econoacutemica dos paiacuteses do Sul para com os paiacuteses do

Norte da Europa De forma a poder generalizar a anaacutelise e tirar conclusotildees mais

robustas em relaccedilatildeo ao sentido da causalidade e mecanismos de transmissatildeo no futuro

seraacute necessaacuterio utilizar meacutetodos de inferecircncia estatiacutestica adequados e amostras mais

alargadas de paiacuteses

29

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Wang K-M (2011) Health care expenditure and economic growth Quantil panel

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30

Anexos

Graacutefico 1 PIB per capita a preccedilos constantes de 2005 entre 1985 e 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 2 Esperanccedila meacutedia de vida 1985 a 2010

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Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em

cada 1000 nascimentos) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total

da populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB ()1985 e 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

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Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes 2003 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010

Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A

despesa Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

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apontam tambeacutem para valores que alguns casos podem ser contraacuterios aos verificados

pelos estudos empiacutericos descritos na secccedilatildeo 2 Tal poderaacute estar relacionado com a

amostra de paiacuteses utilizada assim como o periacuteodo de anaacutelise e metodologia utilizada

5 Conclusotildees

Este trabalho propocircs-se a reflectir sobre a relaccedilatildeo entre a despesa social e o

crescimento econoacutemico tendo por base a comparaccedilatildeo de dois grupos de paiacuteses

pertencentes agrave Uniatildeo Europeia a Escandinaacutevia e o Sul da Europa A niacutevel teoacuterico as

previsotildees acerca da relaccedilatildeo entre Estado Social e crescimento econoacutemico divergem

sendo possiacutevel encontrar argumentos que justificam a existecircncia de uma relaccedilatildeo

positiva outros que apoiam a verificaccedilatildeo de uma relaccedilatildeo negativa e outros ainda que

apontam no sentido de ausecircncia de qualquer relaccedilatildeo Estas diferentes hipoacuteteses parecem

indicar que cabe agrave anaacutelise empiacuterica determinar o sinal da relaccedilatildeo e o respectivo

contexto

Constituindo uma anaacutelise ainda exploratoacuteria o presente trabalho recorreu a uma

anaacutelise de estatiacutestica descritiva de um conjunto variado de indicadores relevantes para o

periacuteodo de 1985 a 2010 sempre que possiacutevel para analisar empiricamente a relaccedilatildeo

entre despesa social e crescimento econoacutemico

De forma a analisar esta relaccedilatildeo em termos mais detalhados aquela foi

desagregada em diferentes componentes tendo sido utilizados dados relativos a

despesas em educaccedilatildeo sauacutede e em vaacuterias componentes da despesa com a protecccedilatildeo

social como os subsiacutedios de desemprego e incapacidade apoios agraves famiacutelias gastos em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho e em pensotildees de reforma Foram calculados os

coeficientes de correlaccedilatildeo destas com o niacutevel do PIB real per capita numa tentativa de

confirmaccedilatildeo muito preliminar do sinal esperado para a relaccedilatildeo bem como os

coeficientes de correlaccedilatildeo entre os valores meacutedios da despesa das vaacuterias variaacuteveis entre

1985 e 1999 com a taxa de crescimento do PIB per capita entre 2000-10 Os

coeficientes de correlaccedilatildeo no uacuteltimo caso poderatildeo ajudar a compreender se o niacutevel de

gastos verificado entre 1985-99 contribuiacuteram para o crescimento econoacutemico verificado

na deacutecada seguinte

Verificou-se que ao longo do periacuteodo em anaacutelise a despesa social em

percentagem do PIB agregada e nas diferentes aacutereas teve um aumento relativo entre

1985 e 2010 mas no entanto aquela foi sempre mais elevada nos paiacuteses Escandinavos

tendo estes paiacuteses registado tambeacutem valores mais elevados do PIB real per capita

28

relativamente aos paiacuteses do Sul Os resultados apontam para que todas as dimensotildees se

correlacionam positivamente com o niacutevel de rendimento per capita sendo de destacar

que a educaccedilatildeo eacute a componente com coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado seguida

das despesas com sauacutede o que parece confirmar a influecircncia deste tipo de despesa sobre

o comportamento do produto via acumulaccedilatildeo de capital humano No que respeita ao

possiacutevel efeito da despesa social sobre a taxa de crescimento do PIB real per capita o

sinal do coeficiente de correlaccedilatildeo manteacutem-se positivo mas de magnitude bastante

inferior ao dos casos anteriores enquanto a correlaccedilatildeo apresenta um sinal negativo no

caso da despesa social total A correlaccedilatildeo eacute tambeacutem negativa para as diferentes

componentes da despesa como a protecccedilatildeo social com excepccedilatildeo do subsiacutedio de

desemprego Estes resultados apoiam assim a necessidade de ao estudar a relaccedilatildeo entre

Estado Social e crescimento econoacutemico levar a cabo uma anaacutelise desagregada uma vez

que os mecanismos de transmissatildeo podem variar consoante o tipo de despesa social

pelo que a anaacutelise agregada eacute difiacutecil de interpretar em termos econoacutemicos

Em suma o presente estudo poderaacute ajudar a compreender de forma preliminar

como os gastos sociais interagem com o crescimento econoacutemico e quais as aacutereas que

tecircm contribuiacutedo de forma positiva ou negativa para o mesmo Contudo natildeo poderaacute

deixar de se ter em conta a capacidade de outros factores poderem afectar a

performance da economia assim como natildeo se deve negligenciar a importacircncia dos

gastos sociais para a convergecircncia econoacutemica dos paiacuteses do Sul para com os paiacuteses do

Norte da Europa De forma a poder generalizar a anaacutelise e tirar conclusotildees mais

robustas em relaccedilatildeo ao sentido da causalidade e mecanismos de transmissatildeo no futuro

seraacute necessaacuterio utilizar meacutetodos de inferecircncia estatiacutestica adequados e amostras mais

alargadas de paiacuteses

29

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Wang K-M (2011) Health care expenditure and economic growth Quantil panel

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30

Anexos

Graacutefico 1 PIB per capita a preccedilos constantes de 2005 entre 1985 e 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em

cada 1000 nascimentos) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total

da populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB ()1985 e 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

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Fonte OCDE

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Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes 2003 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010

Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A

despesa Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

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relativamente aos paiacuteses do Sul Os resultados apontam para que todas as dimensotildees se

correlacionam positivamente com o niacutevel de rendimento per capita sendo de destacar

que a educaccedilatildeo eacute a componente com coeficiente de correlaccedilatildeo mais elevado seguida

das despesas com sauacutede o que parece confirmar a influecircncia deste tipo de despesa sobre

o comportamento do produto via acumulaccedilatildeo de capital humano No que respeita ao

possiacutevel efeito da despesa social sobre a taxa de crescimento do PIB real per capita o

sinal do coeficiente de correlaccedilatildeo manteacutem-se positivo mas de magnitude bastante

inferior ao dos casos anteriores enquanto a correlaccedilatildeo apresenta um sinal negativo no

caso da despesa social total A correlaccedilatildeo eacute tambeacutem negativa para as diferentes

componentes da despesa como a protecccedilatildeo social com excepccedilatildeo do subsiacutedio de

desemprego Estes resultados apoiam assim a necessidade de ao estudar a relaccedilatildeo entre

Estado Social e crescimento econoacutemico levar a cabo uma anaacutelise desagregada uma vez

que os mecanismos de transmissatildeo podem variar consoante o tipo de despesa social

pelo que a anaacutelise agregada eacute difiacutecil de interpretar em termos econoacutemicos

Em suma o presente estudo poderaacute ajudar a compreender de forma preliminar

como os gastos sociais interagem com o crescimento econoacutemico e quais as aacutereas que

tecircm contribuiacutedo de forma positiva ou negativa para o mesmo Contudo natildeo poderaacute

deixar de se ter em conta a capacidade de outros factores poderem afectar a

performance da economia assim como natildeo se deve negligenciar a importacircncia dos

gastos sociais para a convergecircncia econoacutemica dos paiacuteses do Sul para com os paiacuteses do

Norte da Europa De forma a poder generalizar a anaacutelise e tirar conclusotildees mais

robustas em relaccedilatildeo ao sentido da causalidade e mecanismos de transmissatildeo no futuro

seraacute necessaacuterio utilizar meacutetodos de inferecircncia estatiacutestica adequados e amostras mais

alargadas de paiacuteses

29

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30

Anexos

Graacutefico 1 PIB per capita a preccedilos constantes de 2005 entre 1985 e 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 2 Esperanccedila meacutedia de vida 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em

cada 1000 nascimentos) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total

da populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB ()1985 e 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

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Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes 2003 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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36

Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010

Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A

despesa Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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39

Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

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Dinamarca Finlacircndia Greacutecia Itaacutelia Portugal Espanha Sueacutecia

29

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30

Anexos

Graacutefico 1 PIB per capita a preccedilos constantes de 2005 entre 1985 e 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 2 Esperanccedila meacutedia de vida 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em

cada 1000 nascimentos) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total

da populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB ()1985 e 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

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Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes 2003 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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36

Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010

Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A

despesa Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

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Anexos

Graacutefico 1 PIB per capita a preccedilos constantes de 2005 entre 1985 e 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 2 Esperanccedila meacutedia de vida 1985 a 2010

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Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em

cada 1000 nascimentos) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total

da populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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33

Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB ()1985 e 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

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Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes 2003 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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36

Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010

Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

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31

Graacutefico 3 Taxa de mortalidade infantil (nordm de mortes no primeiro ano de vida em

cada 1000 nascimentos) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 4 Taxa de crescimento da populaccedilatildeo 1990 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 5 Percentagem da populaccedilatildeo com menos de 15 anos relativamente ao total

da populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010

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Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB ()1985 e 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

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Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes 2003 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010

Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

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32

Graacutefico 6 Percentagem da populaccedilatildeo com mais de 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 7 Percentagem da populaccedilatildeo entre os 15 e os 64 anos em relaccedilatildeo ao total da

populaccedilatildeo 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 8 Percentagem da populaccedilatildeo activa apenas com o ensino primaacuterio

relativamente ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB ()1985 e 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

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PIB

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Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes 2003 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010

Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A

despesa Social total natildeo inclui os gastos em educaccedilatildeo

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

PIB 1985 a 2009

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 9 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino secundaacuterio relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 10 Percentagem da populaccedilatildeo activa com o ensino superior relativamente

ao total da populaccedilatildeo activa 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 11 Taxa de desemprego total 1991 a 2010

Fonte Banco Mundial

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34

Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB ()1985 e 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

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Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes 2003 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 a 2010

Fonte Banco Mundial

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36

Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010

Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

PIB 1985 a 2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

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Graacutefico 12 Taxa de desemprego entre a populaccedilatildeo jovem (15-24 anos) 1991 a

2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 13 Contribuiccedilatildeo do sector secundaacuterio para o PIB ()1985 e 2010

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

Graacutefico 14 Contribuiccedilatildeo do sector terciaacuterio para o PIB () 1990 a 2009

Nota Face agrave estabilidade dos valores da seacuterie ao longo do periacuteodo analisado representa-se com

frequecircncia quinquenal

Fonte OCDE

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Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes 2003 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 a 2010

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Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010

Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

apoios agraves famiacutelias pensotildees de sobrevivecircncia subsiacutedios de desemprego pensotildees de sobrevivecircncia em

poliacuteticas activas do mercado de trabalho apoios agrave habitaccedilatildeo e em outros programas de acccedilatildeo social A

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

2009

Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009

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PIB 1985 a 2009

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Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

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Fonte OCDE

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Graacutefico 15 Grau de abertura ao exterior ( PIB) 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 16 Saldo da balanccedila de transacccedilotildees correntes 2003 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 17 Saldo orccedilamental em percentagem do PIB 1995 a 2010

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Graacutefico 18 Diacutevida puacuteblica ( PIB) 1995 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 19 Despesa Social total em percentagem do PIB 1985 a 2010

Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

PIB 1985 a 2009

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

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Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

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Graacutefico 25 Gastos com poliacuteticas activas no mercado de trabalho em percentagem do

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Notas A Despesa Social total inclui gastos em sauacutede pensotildees de reforma pensotildees de invalidez

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Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

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Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

2009

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PIB 1985 a 2009

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Graacutefico 26 Gastos com pensotildees por incapacidade em percentagem do PIB 1985 a

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Graacutefico 20 Despesa Puacuteblica em sauacutede em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte OCDE

Graacutefico 21 Despesa Total em educaccedilatildeo em percentagem do PIB 1985 a 2010

Fonte Banco Mundial

Graacutefico 22 Gastos com o pagamento de pensotildees de reforma em percentagem do

PIB 1985 a 2009

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

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Fonte OCDE

Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

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PIB 1985 a 2009

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Graacutefico 23 Gastos com subsiacutedios de desemprego em percentagem do PIB 1985 a

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Graacutefico 24 Gastos em apoios destinados agraves famiacutelias em percentagem do PIB 1985 a

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PIB 1985 a 2009

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