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Estudo Comparativo Anotado Procedimento Investigatório Criminal Resolução n.º 181/2017 CNMP Curitiba 2017 1

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Estudo Comparativo

Anotado

Procedimento Investigatório Criminal

Resolução n.º 181/2017 CNMP

Curitiba

2017

1

Coordenação

Cláudio Rubino Zuan esteves (Procurador de Justiça/MPPR)

Coordenação e Revisão dos Trabalhos

Alexey Choi Caruncho (Promotor de Justiça/MPPR)

André Tiago Pasternak Glitz (Promotor de Justiça/MPPR)

Raquel Juliana Fülle (Promotora de Justiça/MPPR)

Apoio Técnico

Donizete de Arruda Gordiano

2

ESTUDO COMPARATIVO ANOTADO – RESOLUÇÃO N. 181/2017 CNMP

PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO CRIMINAL

APRESENTAÇÃO

No último dia 08 de setembro, o Conselho Nacional do

Ministério Público publicou a Resolução n.º 181/2017, com o propósito de traçar uma

nova regulamentação para a instauração e tramitação dos procedimentos

investigatórios criminais presididos pelo Ministério Público no âmbito nacional.

Se, por um lado, referida regulamentação apresentou pontos

coincidentes com aqueles que já estavam previstos na, hoje revogada, Resolução

n.º 13/2006, por outro, trouxe para a nossa estrutura normativa algumas importantes

modificações que exigem uma diferenciada atenção por parte dos membros do

Ministério Público com atribuições criminais.

Pautada no quanto previsto na Iniciativa 4.2 de seu Plano

Setorial de Atuação do ano de 20171, a Equipe deste Centro de Apoio Operacional

elaborou o presente Estudo Comparativo Anotado, no intuito de viabilizar essa

atualização funcional e, concomitantemente, apresentar subsídios que permitam que

a atividade ministerial possa dispensar, desde logo, o necessário zelo no manejo do

instrumental inaugurado.

Ciente da necessidade da análise aprofundada que demandam

algumas das alterações trazidas – seja pela perspectiva normativa e de impacto

funcional e estrutural ministeriais –, neste estudo preliminar nossa Equipe adotou

uma metodologia eminentemente descritiva, limitando-se a comparar quando

possível as redações normativas (revogada e promulgada) e inserir notas que

permitissem uma inicial apreciação: i) de outros dispositivos normativos que,

imediatamente, relacionam-se com um dado um tema; e ii) das justificativas

apresentadas para algumas das modificações trazidas2.

1 Plano Setorial 2017, Iniciativa 4.2: “Fomento à efetividade, eficácia e eficiência da persecuçãopenal”.

2 Neste particular, utilizamos o quanto referido nos votos condutores apresentados durante a 4ªSessão Extraordinária de 2017 daquele Conselho, na qual foi aprovada, por unanimidade, a

3

Resguardam-se para um momento oportuno, assim, os

inevitáveis estudos aprofundados que serão necessários em relação àqueles

dispositivos dotados de maior densidade modificativa, haja vista, inclusive, a

premência de uma readequação da regulamentação do Procedimento Investigatório

Criminal no âmbito do Ministério Público do Estado do Paraná (Res. n.º 1.541/2009

PGJ/MPPR) imposta pela normativa nacional (art. 22).

Desta forma, para estruturação do presente trabalho, optou-se

pela elaboração de uma tabela em duas colunas, que busca comparar, em cada

dispositivo, a regulamentação da revogada Resolução n.º 13/2006 (1a coluna),

ladeando-a sempre que possível com a nova redação trazida pela Resolução

181/2017 (2a coluna). Cada alteração, ademais, foi destacada em fonte vermelha

para uma mais fácil identificação.

Especificamente em relação às Notas inseridas, optou-se por

alocá-las imediatamente abaixo dos dispositivos que as mereceram, de modo a

permitir uma reflexão sobre os motivos que ensejaram as alterações mais relevantes

e pautar uma interpretação que venha a se fazer necessária. Nesse mesmo espaço,

os pontuais destaques que tenham sido feitos por nossa Equipe limitaram-se a

ressaltar aqueles pontos de conexão já referidos.

Espera-se que o presente material possa servir para o contínuo

aperfeiçoamento funcional nesta importante seara da atuação ministerial, sem

embargo do profícuo debate que o tema exigirá a partir de então.

Boa leitura!

Curitiba, Setembro de 2017

Equipe do Centro de Apoio Operacional das

Promotorias Criminais, do Júri e de Execuções Penais

Proposição nº 1.00578/2017-1, nos termos do voto do Relator Cons. Walter de Agra Júnior. Osapontamentos ora trasladados, portanto, derivam essencialmente de seu voto, a exceçãodaquelas pontuais propostas de alteração que foram elaboradas pelos demais Conselheirosnaquela mesma Sessão. Em respeito à integralidade do documento de referência, optou-se porinseri-lo como Anexo deste Estudo.

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ESTUDO COMPARATIVO ANOTADO

RESOLUÇÃO N.º 181/2017 CNMP

RESOLUÇÃO N. 13/2006 RESOLUÇÃO N. 181/2017

Art. 1º O procedimento investigatório criminal é instrumento denatureza administrativa e inquisitorial, instaurado e presididopelo membro do Ministério Público com atribuição criminal, eterá como finalidade apurar a ocorrência de infrações penais denatureza pública, servindo como preparação e embasamentopara o juízo de propositura, ou não, da respectiva ação penal.

Parágrafo único. O procedimento investigatório criminal não écondição de procedibilidade ou pressuposto processual para oajuizamento de ação penal e não exclui a possibilidade deformalização de investigação por outros órgãos legitimados daAdministração Pública

Art. 1º O procedimento investigatório criminal é instrumento sumário edesburocratizado de natureza administrativa e inquisitorial, instauradoe presidido pelo membro do Ministério Público com atribuição criminal,e terá como finalidade apurar a ocorrência de infrações penais denatureza pública, servindo como preparação e embasamento para ojuízo de propositura, ou não, da respectiva ação penal.

§ 1º O Membro do Ministério Público deverá promover a investigaçãode modo efetivo e expedito, evitando a realização de diligênciasimpertinentes, desnecessárias e protelatórias e priorizando, sempreque possível, as apurações sobre violações a bens jurídicos de altamagnitude, relevância ou com alcance de número elevado deofendidos.

§ 2º O procedimento investigatório criminal não é condição deprocedibilidade ou pressuposto processual para o ajuizamento deação penal e não exclui a possibilidade de formalização deinvestigação por outros órgãos legitimados da Administração Pública.

Trecho do voto do Cons. Walter de Agra Júnior:

Inicialmente, pretende-se assentar-se, desde logo, duas características essenciais de uma investigação orientada pelo princípio do

acusatório. A investigação deve ser sumária e desburocratizada.

A sumariedade é característica fundamental da investigação, já que esta busca tão somente apresentar elementos de informação que

sujam suficientes para que o Ministério Público constate eventualmente a aparência da prática de uma infração penal3.

Ademais, esta Comissão adotou, também, como objetivo a ser aqui perseguido a desburocratização das investigações criminais a

cargo do Ministério Público, de modo a simplificar a tramitação de expedientes, ordens, comunicações e outros atos, com o objetivo de

tornar mais ágil, eficiente e efetiva a apuração4.

Aliás, a respeito de agilidade, eficiência e efetividade, previu-se no § 1° do art. 1°, a necessidade de que as investigações sejam

produtivas, afastando-se a prática de atos de investigação que não importem em um efetivo proveito à apuração, consagrando, nesse

sentido, o princípio da celeridade (CR, art. 5º, inciso LXXVIII), além de se abrir um horizonte para que o Ministério Público priorize as

investigações mais relevantes5.

3 Sobre o caráter sumário da investigação penal, LOPES JUNIOR e GLOECKNER afirmam: “A sumariedade implica na proibição de que o órgão encarregadoda investigação preliminar (juiz instrutor, promotor investigador ou polícia) analise a fundo a matéria, ou seja, o fato constante da notícia-crime, de modo quenão poderá comprovar de forma plena todos os elementos necessários para emitir um juízo de certeza. Como não se busca a certeza, mas a meraprobabilidade, o grau de profundidade com que se investiga, ou o quanto a ser esclarecido, é menor. A cognitio está limitada no plano horizontal pelaimpossibilidade de que sejam comprovadas com plenitude a existência do fato e a sua autoria. O Órgão encarregado da instrução preliminar não poderá buscara prova plena do fato delitivo, pois está limitado a comprovar a verossimilhança, a probabilidade do fumus comissi delicti. Além disso, há limitações que sãointrínsecas à própria colheita da prova, como por exemplo a possibilidade de exercício pleno do contraditório nesta fase, a arguição e debates sobre a ilicitudeda prova, etc., que ficarão jungidas ao cenário processual. Também está limitada no plano vertical, pois o titular da investigação preliminar deverá contentar-secom um juízo superficial acerca da tipicidade, da ilicitude e da culpabilidade do fato do autor. A fase pré-processual está destinada apenas a formar um juízo deprobabilidade, para justificar o processo ou não processo. A certeza está reservada para a sentença, calcada na prova produzida em juízo.” LOPES JUNIOR,Aury. Investigação Preliminar no Processo Penal. 6a ed. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 179.

4 Como se sabe, a Constituição da República, em seu art. 5º, inciso LXXVIII (incluído pela EC 45), consagrou o direito fundamental do indivíduo de que, noâmbito administrativo ou judicial, seja assegurada a obtenção de meios que garantam a celeridade da tramitação processual. Veja-se que o princípio do speedytrial tem uma especial relevância no âmbito penal, já que “os atrasos provocam uma distorção da justiça, (...) que é particularmente visível na justiça criminal:as penas impostas tardiamente perdem seu sentido, pois não logram seus objetivos de prevenção geral e resultam nefastas desde o ponto de vista daprevenção especial. A tutela jurídica, que constitui a função essencial das penas, sai assim prejudicada, aparecendo essas, não como um mal necessário, massim como causas adicionais de fricção e ruptura em excesso, podendo chegar a transformar-se em atos de hostilidade, segundo a plástica expressão deHobbes.” VIVES ANTÓN, Tomás Salvador. La Reforma del Proceso Penal II: comentários a la ley de medidas urgentes de Reforma Procesal. Valencia: Tirant loBlanch, 1992, p. 76.

5 Afinal, de acordo com Albrecht, existem duas formas de seletividade na política criminal: a) a seletividade organizada: que “existe lá, onde o MinistérioPúblico cumpre sua função de classificar toda a criminalidade oficialmente registrada, conforme a idoneidade da denúncia (segundo o estado da prova) edignidade da denúncia (segundo a gravidade do delito). Neste contexto, mostra-se uma distribuição geral semelhante a uma pirâmide, com grande massa depequena criminalidade cotidiana, um campo intermediário de criminalidade média de ocorrência relativamente frequente (audiência perante o juiz singular) eum ápice da criminalidade grave, que exige processos consideravelmente mais dispendiosos.” b) a seletividade estrutural: que “remete, ao contrário, paraprocessos de não persecução e de não conhecimento dentro da persecução penal, que não são diretamente perceptíveis aos participantes. Porque o MinistérioPúblico, como instância formal da Justiça, quase exclusivamente reage aos casos que lhe são trazidos, enfatiza a seletividade estrutural do conjunto dosistema de persecução penal. Com isto, o Ministério Público não desenvolve estratégias próprias, que teriam influência relevante sobre o input processual

Equipe CAOPCrim:

O previsto no §1° desperta para a importância de uma atuação planejada da Promotoria de Justiça (Res. PGJ 997/2010 e Portaria

Subplan 01/2016), pois, em tese, abre espaço à priorização do trâmite de determinada categoria de procedimentos investigatórios,

observando-se para tanto os critérios referidos no dispositivo, complementados por parâmetros afetos à realidade local.

Art. 2º Em poder de quaisquer peças de informação, o membrodo Ministério Público poderá:I – promover a ação penal cabível;II – instaurar procedimento investigatório criminal;III – encaminhar as peças para o Juizado Especial Criminal,caso a infração seja de menor potencial ofensivo;IV – promover fundamentadamente o respectivo arquivamento;V – requisitar a instauração de inquérito policial.

Art. 2º Em poder de quaisquer peças de informação, o membro do Ministério Público poderá:I – promover a ação penal cabível;II – instaurar procedimento investigatório criminal;III – encaminhar as peças para o Juizado Especial Criminal, caso a infração seja de menor potencial ofensivo;IV – promover fundamentadamente o respectivo arquivamento;V – requisitar a instauração de inquérito policial, indicando, sempre que possível, as diligências necessárias à elucidação dos fatos, semprejuízo daquelas que vierem a ser realizadas por iniciativa daautoridade policial competente.

Art. 3º O procedimento investigatório criminal poderá serinstaurado de ofício, por membro do Ministério Público, noâmbito de suas atribuições criminais, ao tomar conhecimento deinfração penal, por qualquer meio, ainda que informal, oumediante provocação.

Art. 3º O procedimento investigatório criminal poderá ser instaurado de ofício, por membro do Ministério Público, no âmbito desuas atribuições criminais, ao tomar conhecimento de infração penal,por qualquer meio, ainda que informal, ou mediante provocação.

§ 1º O procedimento investigatório criminal deverá tramitar, comunicarseus atos e transmitir suas peças, preferencialmente, por meioeletrônico.

(Blankenburg, 1978, 266 s.; Sessar, 1975).” ALBRECHT, Peter-Alexis. Criminologia: Uma Fundamentação para o Direito Penal. Curitiba: ICPC; Rio de Janeiro:Lumen Juris, 2010, pp. 314-315. A esse respeito, confira-se, também: CABRAL, Rodrigo Leite Ferreira. Identificando novos horizontes para a atuação doMinistério Público em material criminal, in Ministério Público: prevenção, modelos de atuação e a tutela dos direitos fundamentais. Belo Horizonte: Del Rey,2014, pp. 168 e ss.

§ 1º O procedimento deverá ser instaurado sempre que houverdeterminação do Procurador-Geral da República, doProcurador-Geral de Justiça ou do Procurador-Geral de JustiçaMilitar, diretamente ou por delegação, nos moldes da lei, emcaso de discordância da promoção de arquivamento de peçasde informação.

§ 2º A designação a que se refere o § 1º deverá recair sobremembro do Ministério Público diverso daquele que promoveu oarquivamento.

§ 3º A distribuição de peças de informação deverá observar asregras internas previstas no sistema de divisão de serviços.

§ 4º No caso de instauração de ofício, o membro do MinistérioPúblico poderá prosseguir na presidência do procedimentoinvestigatório criminal até a distribuição da denúncia oupromoção de arquivamento em juízo.

§ 2º O procedimento deverá ser instaurado sempre que houverdeterminação do Procurador-Geral da República, do Procurador-Geralde Justiça ou do Procurador-Geral de Justiça Militar, diretamente oupor delegação, nos moldes da lei, em caso de discordância dapromoção de arquivamento de peças de informação.

§ 3º A designação a que se refere o § 2º deverá recair sobre membrodo Ministério Público diverso daquele que promoveu o arquivamento.

§ 4º A distribuição de peças de informação deverá observar as regrasinternas previstas no sistema de divisão de serviços.

§ 5º No caso de instauração de ofício, o procedimento investigatóriocriminal será distribuído livremente entre os membros da instituiçãoque tenham atribuições para apreciá-lo, incluído aquele quedeterminou a sua instauração, observados os critérios fixados pelosórgãos especializados de cada Ministério Público e respeitadas asregras de competência temporária em razão da matéria, a exemplo degrupos específicos criados para apoio e assessoramento e de forças-tarefas devidamente designadas pelo procurador-geral competente, eas relativas à conexão e à continência.

Trecho do voto do Cons. Walter de Agra Júnior:

Tramita no CNMP a proposta de Resolução (Procedimento nº 1.00120/2016-08), apresentada pelo Conselheiro Valter Shuenquener, que

também visa alterar a Resolução nº 13/2016, com o objetivo de modificar o art. 3º, § 4º. Trata-se de proposta que pretende uma

alteração apenas pontual da Resolução, mas que merece uma atenção destacada.

Nos termos da pretendida reforma, a atual redação do art. 3°, § 4°da Resolução CNMP n° 13/2006 “prevê, expressamente, a

possibilidade de não se realizar a livre distribuição de procedimentos de investigação criminal na hipótese de sua instauração ter

ocorrido de ofício”.

Na justificativa, restou consignado que, “em virtude do cenário jurídico atual, que toma imperiosa a livre distribuição de procedimentos

investigativos, e em conformidade com a decisão Plenária proferida, de forma unânime, na 4ª Sessão Ordinária, realizada em

23/02/2016, em decorrência do Pedido de Providências n° 1.00060/2016-42, não há como subsistir tal orientação normativa, mormente

porque origina o risco de surgimento do promotor de exceção e do comprometimento do exercício pleno e independente das atribuições

do Parquet, violando o princípio do Promotor Natural”.

Tanto na redação atual (art. 3º, § 4º) quanto na proposta do Conselheiro Cláudio Portela (art. 3º, §5º), “ No caso de instauração de ofício,

o membro do Ministério Público poderá prosseguir na presidência do procedimento investigatório criminal até a distribuição da denúncia

ou promoção de arquivamento em juízo”.

Foi com o fim de preservar o princípio do Promotor Natural que restou prevista no Procedimento nº 1.00120/2016-08 a seguinte redação

para o art. 3º, § 4º, da Resolução 13/2006: “§ 4°. No caso de instauração de ofício, o procedimento investigatório criminal será

distribuído livremente entre os membros da instituição que tenham atribuições para apreciá-lo, observados os critérios fixados pelos

órgãos especializados de cada Ministério Público local, e respeitadas as regras de competência temporária em razão da matéria, sendo

exemplo os grupos específicos criados para o apoio, assessoramento e enfrentamento de matérias diversas e de forças-tarefas

devidamente designadas pelo procurador-geral competente”.

Por outro lado, o Conselheiro Fábio George também promoveu algumas alterações no referido dispositivo, com o seguinte teor: “§ 5º No

caso de instauração de ofício, o procedimento investigatório criminal será distribuído livremente entre os membros da instituição que

tenham atribuições para apreciá-lo, incluído aquele que determinar a sua instauração, observados os critérios fixados pelos órgãos

especializados de cada Ministério Público local, e respeitadas as regras de competência temporária em razão da matéria, sendo

exemplo os grupos específicos criados para o apoio, assessoramento e enfrentamento de matérias diversas e de forças-tarefas

devidamente designadas pelo procurador-geral competente, bem como as regras relativas à conexão e à continência”.

[…]

O Conselheiro Fábio George traz alguns acréscimos à proposta lançada pelo Conselheiro Valter Shuenquener, reforçando a incidência

do princípio do Promotor natural nos casos de instauração de PIC de ofício. Portanto, pedindo vênia à proposta apresentada pelo nobre

Conselheiro proponente, seguirei ao entendimento manifestado por ocasião da proposta que originou o procedimento nº 1.00120/2016-

08, com os acréscimos apresentados pelo Conselheiro Fábio George, por melhor atender ao princípio do Promotor natural, evitando a

possibilidade da figura do Promotor de exceção.

Equipe CAOPCrim:

Insta ressaltar que, desde sua origem, referido dispositivo vinha sendo objeto de atenção por parte desta Equipe. Nos autos do

Procedimento Administrativo n.º MPPR 0046.16.039367-7 – então instaurado no âmbito desta unidade para compilar as sugestões

sobre as mudanças normativas da Resolução nº 13/2006 a serem apresentadas pelo Ministério Público do Estado do Paraná ao

Conselho Nacional do Ministério Público – ressaltava-se que a livre distribuição de procedimentos investigatórios criminais nos casos de

instauração de ofício mostrava-se inadequada e prejudicial à atividade investigativa ministerial.

Pontualmente no que aqui interessa, resgatava-se o então delineado no Recurso Extraordinário nº 593.727, precipuamente no voto

proferido pelo Min. Luiz Fux, no sentido de que parecia mais lógico que a expressão “distribuído livremente” fosse compreendida

conforme a distribuição realizada dentre os diversos juízes competentes para conhecer o feito, nos moldes do previsto pelo artigo 75,

caput, do Código de Processo Penal6, e não propriamente à presidência do procedimento.

Advertia-se, finalmente, que a distribuição de feitos instaurados de ofício obstaria a atividade do Promotor de Justiça responsável pela

autuação, que, muitas vezes, teria colhido indícios mesmo antes da efetivação do feito, a fim de evitar uma investigação criminal

temerária. A instauração do procedimento passaria, portanto, a ser mera sugestão do agente ministerial que a determinasse, sem

qualquer efetividade, já que o outro Membro ao qual venha a ser distribuído o procedimento poderá entender pela desnecessidade de

realização de investigações. Tal circunstância, nesta medida, limitaria inclusive o poder investigatório ministerial.

Daí porque este Centro de Apoio destacava, na ocasião, o equívoco das alterações sugeridas, tendo por indevida a livre distribuição de

6 Art. 75. A precedência da distribuição fixará a competência quando, na mesma circunscrição judiciária, houver mais de um juiz igualmente competente.

procedimentos investigatórios criminais quando instaurados de ofício.

§ 5º O membro do Ministério Público, no exercício de suasatribuições criminais, deverá dar andamento, no prazo de 30(trinta) dias a contar de seu recebimento, às representações,requerimentos, petições e peças de informação que lhes sejamencaminhadas, podendo este prazo ser prorrogado,fundamentadamente, por até 90 (noventa) dias, nos casos emque sejam necessárias diligências preliminares para ainvestigação dos fatos para formar juízo de valor. (Redaçãodada pela Resolução n° 111, de 4 de agosto de 2014)

§ 6º O membro do Ministério Público, no exercício de suas atribuiçõescriminais, deverá dar andamento, no prazo de 30 (trinta) dias a contarde seu recebimento, às representações, requerimentos, petições epeças de informação que lhe sejam encaminhadas, podendo esteprazo ser prorrogado, fundamentadamente, por até 90 (noventa) dias,nos casos em que sejam necessárias diligências preliminares.

Equipe CAOPCrim:

Mantendo a essência da previsão anterior, a nova Resolução repete os prazos previstos para o tratamento a ser dispensado nos casos

de representações, requerimentos, petições e peças de informação que sejam encaminhadas aos membros do Ministério Público.

Malgrado não tenha havido, propriamente, alteração relevante, identifica-se que referido dispositivo deve ser interpretado a partir do

cotejo com o recentemente previsto pela Resolução CNMP nº 174, de 4 de julho de 2017, que disciplina a instauração e a tramitação da

Notícia de Fato e do Procedimento Administrativo ministeriais.

Dispõe seu art. 1º que a Notícia de Fato consistirá em “qualquer demanda dirigida aos órgãos da atividade-fim do Ministério Público,

submetida à apreciação das Procuradorias e Promotorias de Justiça, conforme as atribuições das respectivas áreas de atuação,

podendo ser formulada presencialmente ou não, entendendo-se como tal a realização de atendimentos, bem como a entrada de

notícias, documentos, requerimentos ou representações.”

Desta forma, nos casos em que haja convergência do objeto regulado neste dispositivo e no art. 3°, § 6°, da nova Resolução, será

oportuno identificar-se o fluxo a ser adotado pela Promotoria, optando pela pronta instauração de Procedimento Investigatório Criminal

ou pela inicial instauração de uma Notícia de Fato de natureza criminal.

Quer-se crer que um dos critérios a ser observado nesta opção, é trazido pelo próprio parágrafo único do artigo 3 o da Resolução nº 174,

ao dispor que, instaurada a Notícia de Fato, o membro do Ministério Público poderá colher informações preliminares imprescindíveis

para deliberar sobre a instauração do procedimento próprio, sendo-lhe, porém, vedada a expedição de requisições. Referida previsão,

segundo consta, buscou tutelar o exercício do poder requisitório ministerial, ao estabelecer que este somente se dará após instaurado o

devido Procedimento Investigatório Criminal7.

Ademais, nos termos da mesma Resolução nº 174, é válido recordar o quanto previsto em seu artigo 6 o, ao estabelecer que “na

hipótese de notícia de natureza criminal, além da providência prevista no parágrafo único do art. 3°, o membro do Ministério Público

deverá observar as normas pertinentes do Conselho Nacional do Ministério Público e da legislação vigente”, nos parecendo crer que,

esta parte final buscou consignar aquilo que já era possível extrair de uma interpretação sistemática do processo penal, no sentido de

que o arquivamento de quaisquer feitos investigatórios de cunho criminal (inquéritos policiais, peças de informação, notícias de fato ou

procedimentos investigatórios criminais) sempre estejam submetidos à homologação judicial.

§ 6º O procedimento investigatório criminal poderá serinstaurado por grupo de atuação especial composto pormembros do Ministério Público, cabendo sua presidência àqueleque o ato de instauração designar

Art. 6º O procedimento investigatório criminal poderá ser instauradode forma conjunta, por meio de força tarefa ou por grupo de atuaçãoespecial composto por membros do Ministério Público, cabendo suapresidência àquele que o ato de instauração designar.§ 1º Poderá também ser instaurado procedimento investigatóriocriminal, por meio de atuação conjunta entre Ministérios Públicos dosEstados, da União e de outros países. § 2º O arquivamento do procedimento investigatório deverá ser objetode controle e eventual revisão em cada Ministério Público, cujaapreciação se limitará ao âmbito de atribuição do respectivo MinistérioPúblico.

7 Conforme art. 7º, incisos II e III da nova Resolução.

Art. 4º O procedimento investigatório criminal será instauradopor portaria fundamentada, devidamente registrada e autuada,com a indicação dos fatos a serem investigados e deveráconter, sempre que possível, o nome e a qualificação do autorda representação e a determinação das diligências iniciais.

Parágrafo único. Se, durante a instrução do procedimentoinvestigatório criminal, for constatada a necessidade deinvestigação de outros fatos, o membro do Ministério Públicopoderá aditar a portaria inicial ou determinar a extração depeças para instauração de outro procedimento

Art. 4º O procedimento investigatório criminal será instaurado porportaria fundamentada, devidamente registrada e autuada, com aindicação dos fatos a serem investigados e deverá conter, sempre quepossível, o nome e a qualificação do autor da representação e adeterminação das diligências iniciais.

Parágrafo único. Se, durante a instrução do procedimentoinvestigatório criminal, for constatada a necessidade de investigaçãode outros fatos, o membro do Ministério Público poderá aditar aportaria inicial ou determinar a extração de peças para instauração deoutro procedimento.

Art. 5º Da instauração do procedimento investigatório criminalfar-se-á comunicação imediata e escrita ao Procurador-Geral daRepública, Procurador-Geral de Justiça, Procurador-Geral deJustiça Militar ou ao órgão a quem incumbir por delegação, nostermos da lei.

Art. 5º Da instauração do procedimento investigatório criminal far-se-ácomunicação imediata e, preferencialmente, eletrônica ao ÓrgãoSuperior competente, sendo dispensada tal comunicação em caso deregistro em sistema eletrônico.

Art. 6º Sem prejuízo de outras providências inerentes à suaatribuição funcional e legalmente previstas, o membro doMinistério Público, na condução das investigações, poderá:

I – fazer ou determinar vistorias, inspeções e quaisquer outrasdiligências;II – requisitar informações, exames, perícias e documentos deautoridades, órgãos e entidades da Administração Pública diretae indireta, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dosMunicípios;

Art. 7º Sem prejuízo de outras providências inerentes a sua atribuiçãofuncional e legalmente previstas, o membro do Ministério Público, nacondução das investigações, poderá:

I – fazer ou determinar vistorias, inspeções e quaisquer outrasdiligências, inclusive em organizações militares;II – requisitar informações, exames, perícias e documentos deautoridades, órgãos e entidades da Administração Pública direta eindireta, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;III – requisitar informações e documentos de entidades privadas,

III – requisitar informações e documentos de entidadesprivadas, inclusive de natureza cadastral; IV – notificar testemunhas e vítimas e requisitar sua conduçãocoercitiva, nos casos de ausência injustificada, ressalvadas asprerrogativas legais; V – acompanhar buscas e apreensões deferidas pelaautoridade judiciária;VI – acompanhar cumprimento de mandados de prisãopreventiva ou temporária deferidas pela autoridade judiciária;VII – expedir notificações e intimações necessárias;VIII – realizar oitivas para colheita de informações eesclarecimentos;IX – ter acesso incondicional a qualquer banco de dados decaráter público ou relativo a serviço de relevância pública;X – requisitar auxílio de força policial.

§ 1º Nenhuma autoridade pública ou agente de pessoa jurídicano exercício de função pública poderá opor ao MinistérioPúblico, sob qualquer pretexto, a exceção de sigilo, semprejuízo da subsistência do caráter sigiloso da informação, doregistro, do dado ou do documento que lhe seja fornecido

§ 2º O prazo mínimo para resposta às requisições do MinistérioPúblico será de 10 (dez) dias úteis, a contar do recebimento,salvo hipótese justificada de relevância e urgência e em casosde complementação de informações.

§ 3º Ressalvadas as hipóteses de urgência, as notificações paracomparecimento devem ser efetivadas com antecedência

inclusive de natureza cadastral;IV – notificar testemunhas e vítimas e requisitar sua conduçãocoercitiva, nos casos de ausência injustificada, ressalvadas asprerrogativas legais;V – acompanhar buscas e apreensões deferidas pela autoridadejudiciária;VI – acompanhar cumprimento de mandados de prisão preventiva outemporária deferidas pela autoridade judiciária;VII – expedir notificações e intimações necessárias;VIII – realizar oitivas para colheita de informações e esclarecimentos;IX – ter acesso incondicional a qualquer banco de dados de caráterpúblico ou relativo a serviço de relevância pública;X – requisitar auxílio de força policial.

§ 1º Nenhuma autoridade pública ou agente de pessoa jurídica noexercício de função pública poderá opor ao Ministério Público, sobqualquer pretexto, a exceção de sigilo, sem prejuízo da subsistênciado caráter sigiloso da informação, do registro, do dado ou dodocumento que lhe seja fornecido.

§ 2º As respostas às requisições realizadas pelo Ministério Públicodeverão ser encaminhadas, sempre que determinado, em meioinformatizado e apresentadas em arquivos que possibilitem amigração de informações para os autos do processo sem redigitação.

§ 3º As requisições do Ministério Público serão feitas fixando-se prazorazoável de até dez dias úteis para atendimento, prorrogável mediantesolicitação justificada.

§ 4º Ressalvadas as hipóteses de urgência, as notificações paracomparecimento devem ser efetivadas com antecedência mínima de

mínima de 48 horas, respeitadas, em qualquer caso, asprerrogativas legais pertinentes.

§ 4º A notificação deverá mencionar o fato investigado, salvo nahipótese de decretação de sigilo, e a faculdade do notificado dese fazer acompanhar por advogado.

§ 5º As correspondências, notificações, requisições eintimações do Ministério Público quando tiverem comodestinatário o Presidente da República, o Vice-Presidente daRepública, membro do Congresso Nacional, Ministro doSupremo Tribunal Federal, Ministro de Estado, Ministro deTribunal Superior, Ministro do Tribunal de Contas da União ouchefe de missão diplomática de caráter permanente serãoencaminhadas e levadas a efeito pelo Procurador-Geral daRepública ou outro órgão do Ministério Público a quem essaatribuição seja delegada.

§ 6º As notificações e requisições previstas neste artigo, quandotiverem como destinatários o Governador do Estado osmembros do Poder Legislativo e os desembargadores, serãoencaminhadas pelo Procurador-Geral de Justiça

§ 7º As autoridades referidas nos parágrafos 5º e 6º poderãofixar data, hora e local em que puderem ser ouvidas, se for ocaso

§ 8º O membro do Ministério Público será responsável pelo usoindevido das informações e documentos que requisitar, inclusivenas hipóteses legais de sigilo.

48 horas, respeitadas, em qualquer caso, as prerrogativas legaispertinentes.

§ 5º A notificação deverá mencionar o fato investigado, salvo nahipótese de decretação de sigilo, e a faculdade do notificado de sefazer acompanhar por advogado.

§ 6º As correspondências, notificações, requisições e intimações doMinistério Público quando tiverem como destinatário o Presidente daRepública, o Vice-Presidente da República, membro do CongressoNacional, Ministro do Supremo Tribunal Federal, Ministro de Estado,Ministro de Tribunal Superior, Ministro do Tribunal de Contas da Uniãoou chefe de missão diplomática de caráter permanente serãoencaminhadas e levadas a efeito pelo Procurador-Geral da Repúblicaou outro órgão do Ministério Público a quem essa atribuição sejadelegada.

§ 7º As notificações e requisições previstas neste artigo, quandotiverem como destinatários o Governador do Estado, os membros doPoder Legislativo e os desembargadores, serão encaminhadas peloProcurador-Geral de Justiça ou outro órgão do Ministério Público aquem essa atribuição seja delegada.

§ 8º As autoridades referidas nos parágrafos 6º e 7º poderão fixardata, hora e local em que puderem ser ouvidas, se for o caso.

§ 9º O membro do Ministério Público será responsável pelo usoindevido das informações e documentos que requisitar, inclusive nashipóteses legais de sigilo e de documentos assim classificados.

Art. 7º O autor do fato investigado será notificado a apresentar,querendo, as informações que considerar adequadas, facultadoo acompanhamento por defensor. (Redação dada pelaResolução n° 161, de 21 de fevereiro de 2017)

§ 1º O defensor poderá, mesmo sem procuração, examinarautos de investigações findas ou em andamento, ainda queconclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomarapontamentos, em meio físico ou digital. (Incluído pelaResolução n° 161, de 21 de fevereiro de 2017)

§ 2º O defensor constituído nos autos poderá assistir oinvestigado durante a apuração de infrações, sob pena denulidade absoluta do seu interrogatório e, subsequentemente,de todos os elementos investigatórios e probatórios deledecorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo,inclusive, no curso da respectiva apuração, apresentar razões equesitos. (Incluído pela Resolução n° 161, de 21 de fevereiro de2017)

§ 3º No exame de autos sujeitos a sigilo, deve o defensorapresentar procuração. (Incluído pela Resolução n° 161, de 21de fevereiro de 2017)

§ 4º O presidente do procedimento investigatório criminalpoderá delimitar, de modo fundamentado, o acesso do defensorà identificação do(s) representante(s) e aos elementos de provarelacionados a diligências em andamento e ainda nãodocumentados nos autos, quando houver risco decomprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade dasdiligências. (Incluído pela Resolução n° 161, de 21 de fevereirode 2017)

Art. 9º O autor do fato investigado poderá apresentar, querendo, asinformações que considerar adequadas, facultado o acompanhamentopor defensor.

§ 1º O defensor poderá, mesmo sem procuração, examinar autos deinvestigações findas ou em andamento, ainda que conclusos àautoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meiofísico ou digital. (Incluído pela Resolução n° 161, de 21 de fevereiro de2017)

§ 2º O defensor constituído nos autos poderá assistir o investigadodurante a apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta doseu interrogatório e, subsequentemente, de todos os elementosinvestigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ouindiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração,apresentar razões e quesitos. (Incluído pela Resolução n° 161, de 21de fevereiro de 2017)

§ 3º No exame de autos sujeitos a sigilo, deve o defensor apresentarprocuração. (Incluído pela Resolução n° 161, de 21 de fevereiro de2017)

§ 4º O presidente do procedimento investigatório criminal poderádelimitar, de modo fundamentado, o acesso do defensor àidentificação do(s) representante(s) e aos elementos de provarelacionados a diligências em andamento e ainda não documentadosnos autos, quando houver risco de comprometimento da eficiência, daeficácia ou da finalidade das diligências. (Incluído pela Resolução n°161, de 21 de fevereiro de 2017)

Art. 8º As diligências serão documentadas em autocircunstanciado.

Art. 10. As diligências serão documentadas em auto sucinto ecircunstanciado.

Art. 9º As declarações e depoimentos serão tomados por termo,podendo ser utilizados recursos audio-visuais.

Art. 8º A colheita de informações e depoimentos deverá ser feitapreferencialmente de forma oral, mediante a gravação audiovisual,com o fim de obter maior fidelidade das informações prestadas.

§ 1º O Membro do Ministério Público poderá requisitar o cumprimentodas diligências de oitiva de testemunhas ou informantes a servidoresda instituição, a policiais civis, militares ou federais, guardasmunicipais ou a qualquer outro servidor público que tenha comoatribuições fiscalizar atividades cujos ilícitos possam tambémcaracterizar delito.

§ 2º A requisição referida no parágrafo anterior deverá ser comunicadaao seu destinatário pelo meio mais expedito possível e a oitiva deveráser realizada, sempre que possível, no local em que se encontrar apessoa a ser ouvida.

§ 3º O funcionário público, no cumprimento das diligências de quetrata este artigo, após a oitiva da testemunha ou informante, deveráimediatamente elaborar relatório legível, sucinto e objetivo sobre o teordo depoimento, no qual deverão ser consignados a data e hora

aproximada do crime, onde ele foi praticado, as suas circunstâncias,quem o praticou e os motivos que o levaram a praticar, bem aindaidentificadas eventuais vítimas e outras testemunhas do fato, sendodispensável a confecção do referido relatório quando o depoimento forcolhido mediante gravação audiovisual.

§ 4º O Ministério Público, sempre que possível, deverá fornecerformulário para preenchimento pelo servidor público dos dadosobjetivos e sucintos que deverão constar do relatório.

§ 5º O funcionário público que cumpriu a requisição deverá assinar orelatório e, se possível, também o deverá fazer a testemunha ouinformante.

§ 6º O interrogatório de suspeitos e a oitiva das pessoas referidas nos§§ 6º e 7º do art. 7º, deverão necessariamente ser realizados peloMembro do Ministério Público.

§ 7º Somente em casos excepcionais e imprescindíveis deverá serfeita a transcrição dos depoimentos colhidos na fase investigatória.

§ 8º As testemunhas, informantes e suspeitos ouvidos na fase deinvestigação serão informados do dever de comunicar ao MinistérioPúblico qualquer mudança de endereço, telefone ou e-mail.

Trecho do voto do Cons. Walter de Agra Júnior:

As propostas estabelecidas acima constituem um dos eixos fundamentais das mudanças nas investigações criminais realizadas pelo

Ministério Público que se pretende sejam levadas a cabo por nova Resolução, já que se afiguram como imprescindíveis para o

aprimoramento da investigação e para a concretização efetiva do princípio do acusatório. Essas propostas se fundamentam nos

seguintes aspectos:

a) oralidade na investigação: a oralidade, como já consignado, é uma das características centrais de um modelo acusatório de

investigação e ostenta aspectos inegavelmente positivos8.

A oralidade imprime celeridade e garante a fidelidade dos depoimentos, evitando-se que o teor das narrativas seja filtrado pelo

investigador com sérios riscos de distorção, má interpretação e má compreensão das declarações dos que prestam depoimentos9.

Nesse sentido, afigura-se imprescindível a previsão sobre a necessidade da gravação dos depoimentos, como propõe, por exemplo,

SCHÜNEMANN, ao afirmar que: “os depoimentos das testemunhas deveriam ser gravados em sua totalidade, porque somente dessa

maneira pode o defensor posteriormente, quando possa estudar os expedientes, avaliar a confiabilidade das declarações

testemunhais.”10

b) quebra da centralidade judicialiforme, com possibilidade de delegação de funções : a investigação judicialiforme, como ocorre no

inquérito policial e no modelo atual de investigação ministerial, busca imitar a fase do procedimento plenário (fase judicial da audiência

8 Sobre a implementação da oralidade na reforma peruana de 2004, CARO CORIA preconiza que: “Seus benefícios são conhecidos, o debate público, desde ainvestigação preliminar, fase intermediária e, especialmente, a fase judicial, é uma forma de garantir a vigência de outros princípios elementares como aimediação, a publicidade e o contraditório. Também é uma ferramenta socialmente útil, o processo e seus resultados normalmente são mais transparentes, seafiança com isso a comunicação entre o Poder Judiciário e a cidadania em geral.” CARO CORIA, Dino Carlos. La enseñanza de la dogmática penal comoconditio sine qua non para el éxito de la oralidad, in El proceso penal iberoamericano: visiones comparadas. México: Ideal Flores, 2016, p. 317. Nesse sentido,também, afirma VIVES ANTÓN que: “Um processo – e um processo basicamente escrito – requer toda uma série de formalidades que dificultam e atrasam osprogressos da investigação e é suscetível de ser paralisado ou retardado de diversas formas.” VIVES ANTÓN, Tomás Salvador. Liberdad como pretexto.Valencia: Tirant lo blanch, 1995, p. 272.

9 A esse respeito, veja-se a advertência feita por SCHÜNEMANN: “(…) como em geral não existe no sistema do Código de Processo Penal (alemão – StPO) umdireito do investigado e de seu defensor de estar presente e participar da colheita de declarações tomadas pela polícia no procedimento de investigação, adistorção sistemática das atas das declarações em direção às hipóteses iniciais da polícia repercute, em princípio, sobre todo o procedimento de investigaçãoe, finalmente, determina também a sentença judicial mediante o efeito da perseverança e do “ombro a ombro” (Schulterschlusseffekt), na forma de uma self-fulfilling prophecy. Essa decisão prévia ao juízo oral, adotada em sigilo por meio da redação policial das atas de declarações, é, por conseguinte, a que dá osentido empírico à designação atual do procedimento de investigação como ‘centro de decisão do processo penal’ e, assim mesmo, representa o problemamais difícil da atual estrutura do procedimento no processo penal alemão.” SCHÜNEMANN, Bernd. La Policía Alemana como Auxiliar del Ministerio Fiscal:Estructura, organización y actividades, in Obras. Tomo II, Rubinzal-Culzoni: Buenos Aires,2009, p. 475.

10 SCHÜNEMANN, Bernd. Critica al modelo norteamericano de proceso penal, in Obras. Tomo II, Rubinzal-Culzoni: Buenos Aires, 2009, p. 448. De forma similar,já afirmou o Superior Tribunal de Justiça, ao consignar que: “O art. 405 do Código de Processo Penal, com a redação atribuída pela Lei n.º 11.719/2008, aopossibilitar o registro da audiência de instrução em meio audiovisual, não só acelerou o andamento dos trabalhos, tendo em vista a desnecessidade daredução, a termo, dos depoimentos do acusado, vítima e testemunhas, mas, também, possibilitou um registro fiel da íntegra do ato, com imagem e som, emvez da simples escrita.” (STJ - HC n. 153.423/SP, Quinta Turma, Relª. Minª. Laurita Vaz, DJe de 26/4/2010).

de instrução e julgamento) no procedimento sumário (investigação pré-processual).

Com isso, a exemplo do que ocorre na fase judicial, esse modelo busca gravitar ao redor de uma autoridade central: no inquérito policial

gravita ao redor do delegado de polícia e no procedimento investigatório criminal ao redor do Membro do Ministério Público.

No entanto, tal providência importa em grande atraso na investigação e na solução dos casos, causando prejuízos muitas vezes

irreparáveis na apuração da autoria e materialidade dos delitos.

Assim, tendo em mente que a investigação busca reunir apenas elementos de informação (e não elementos de prova, que devem ser

produzidos, em contraditório, na fase judicial), é de rigor que a apuração criminal se desvincule desse modelo, valendo-se para tanto de

órgãos auxiliares do Ministério Público para a investigação.

Por essa razão, considerando-se que a Constituição da República expressamente concede ao Ministério Público o poder de “requisitar

diligências investigatórias” (art. 129, VIII), afigura-se imprescindível que o Membro do MP se valha desse poder requisitório para buscar

o auxílio ou a cooperação de “servidores da instituição, a policiais civis, militares ou federais, guardas municipais ou a qualquer outro

servidor público que tenha como atribuições fiscalizar atividades, cujos ilícitos possam também caracterizar delito”.

Assim, além da possibilidade de valer-se da polícia, pode o Membro do Ministério Público, por exemplo, em investigações de crimes

ambientais, requisitar diligências aos órgãos ambientais, no caso de crimes contra o consumo de órgãos de proteção ao consumidor,

assim sucessivamente.

Mesmo porque tais servidores públicos estarão, ao fim e ao cabo, cumprindo as funções que lhes são atribuídas por lei, já que devem

ter como atribuição “fiscalizar atividades, cujos ilícitos possam também caracterizar delito”.

Urge considerar que a realização desses atos de investigação não deve ser considerada como ato exclusivo do Membro do Ministério

Público, mesmo porque quando exerce a opinio delicti nos inquéritos policiais, nas investigações de Comissões Parlamentares ou

investigações de outros entes estatais, como processos administrativos disciplinares, todas essas apurações não foram feitas

diretamente pelo Membro do MP. Em outras palavras, já no modelo atual, normalmente, o Membro do Ministério Público realiza a sua

opinio delicti com base em elementos de informação produzidos por servidores comuns, que não são integrantes da carreira do MP.

Com essa virada interpretativa, supera-se a crítica que se faz ao inquérito policial, em que o delegado de polícia é a figura central. Ora,

como bem assevera MIRANDA COUTINHO, em assim procedendo:

“(...) a regra da colheita das informações das testemunhas (sem dúvida a prova quantitativamente mais importante do processo penal)

deixa de ser aquela cartorial, pela qual se arrastam milhares de pessoas todos os dias para as delegacias de polícias, para passar a ser

atribuição dos investigadores, os quais poderão ouvir as pessoas informalmente, depois fazendo relatos sobre o que ouviram. Tais

relatos, como se percebe, serão dos investigadores e, portanto, não poderão ser tomados como se fossem a expressão da prova

testemunhal. Essa, por evidente e como determinam as regras constitucionais, deverá ser produzida sob o crivo do contraditório, na

instrução processual.”11

Por essas razões é que se propõe a possibilidade de requisição direta a servidores policiais e demais servidores públicos para a

colheita de depoimentos (que deverão ser sempre gravados), sendo que a produção desses elementos de informação poderá ser feita

no local do crime ou na residência das testemunhas (lembre-se da dificuldade e morosidade decorrente da requisição da presença de

pessoas que vivem em distantes zonas rurais para comparecerem ao MP), com o que a investigação ganha em efetividade e agilidade,

evitando-se, ademais, a causação de maiores transtornos às vítimas ou testemunhas que estão colaborando para a apuração dos fatos.

d) garantia dos direitos do investigado com interrogatório como ato privativo do Membro do Ministério Público: apesar do consignado no

item anterior, a presente proposta tem uma preocupação especial com a garantia dos direitos dos investigados, razão pela qual se exige

que o interrogatório deverá necessariamente ser feito pessoalmente pelo Membro do Ministério Público, com o objetivo de atribuir

especial atenção a esse ato do procedimento investigatório.

e) superação do uso burocrático de cartas precatórias: além disso, considerando-se que um dos nortes inspiradores da presente

proposta é a ideia da celeridade, propõe-se aqui que se abandonem as demoradas e ineficientes cartas precatórias ministeriais,

11 MIRANDA COUTINHO, Jacinto Nelson. Um novo olhar sobre a polícia no processo penal, in: http://www.conjur.com.br/2016-ago-26/limite-penal-olhar-policiaprocesso-penal. Consulta em:11/05/2017.

devendo o Membro do Ministério Público valer-se, sempre que possível, do recurso da videoconferência.

Ademais, em casos especiais e complexos, em que é altamente recomendável que a oitiva das testemunhas ou do investigado seja

feita pessoalmente pelo Membro do Ministério Público, presidente da investigação, fica expressamente autorizado deslocamento do

agente ministerial para a realização de atos fora dos limites territoriais de sua atribuição.

Art. 10. As diligências que devam ser realizadas fora dos limitesterritoriais da unidade em que se realizar a investigação, serãodeprecadas ao respectivo órgão do Ministério Público local,podendo o membro do Ministério Público deprecanteacompanhar a(s) diligência(s), com a anuência do membrodeprecado.

§ 1º A deprecação poderá ser feita por qualquer meio hábil decomunicação, devendo ser formalizada nos autos.

§ 2º O disposto neste artigo não obsta a requisição deinformações, documentos, vistorias, perícias a órgãos sediadosem localidade diversa daquela em que lotado o membro doMinistério Público.

Art. 11. As inquirições que devam ser realizadas fora dos limitesterritoriais da unidade em que se realizar a investigação serão feitas,sempre que possível, por meio de videoconferência, podendo aindaser deprecadas ao respectivo órgão do Ministério Público local.

§ 1º Nos casos referidos no caput deste artigo, o membro doMinistério Público poderá optar por realizar diretamente a inquiriçãocom a prévia ciência ao órgão ministerial local, que deverá tomar asprovidências necessárias para viabilizar a diligência e colaborar com ocumprimento dos atos para a sua realização.

§ 2º A deprecação e a ciência referidas neste artigo poderão ser feitaspor qualquer meio hábil de comunicação.

§ 3º O disposto neste artigo não obsta a requisição de informações,documentos, vistorias, perícias a órgãos ou organizações militaressediados em localidade diversa daquela em que lotado o membro doMinistério Público.

Art. 11. A pedido da pessoa interessada será fornecidacomprovação escrita de comparecimento

Art. 12. A pedido da pessoa interessada será fornecida comprovaçãoescrita de comparecimento.

Art. 12. O procedimento investigatório criminal deverá serconcluído no prazo de 90 (noventa) dias, permitidas, por igualperíodo, prorrogações sucessivas, por decisão fundamentadado membro do Ministério Público responsável pela suacondução.

§ 1º Cada unidade do Ministério Público, manterá, paraconhecimento dos órgãos superiores, controle atualizado,preferencialmente por meio eletrônico, do andamento de seusprocedimentos investigatórios criminais

§ 2º O controle referido no parágrafo anterior poderá ter nível deacesso restrito ao Procurador-Geral da República, Procurador-Geral de Justiça ou Procurador-Geral de Justiça Militar,mediante justificativa lançada nos autos.

Art. 13. O procedimento investigatório criminal deverá ser concluídono prazo de 90 (noventa) dias, permitidas, por igual período,prorrogações sucessivas, por decisão fundamentada do membro doMinistério Público responsável pela sua condução.

§ 1º Cada unidade do Ministério Público, manterá, para conhecimentodos órgãos superiores, controle atualizado, preferencialmente pormeio eletrônico, do andamento de seus procedimentos investigatórioscriminais, observado o nível de sigilo e confidencialidade que ainvestigação exigir, nos termos do art. 15 desta resolução.

§ 2º O controle referido no parágrafo anterior poderá ter nível deacesso restrito ao Procurador-Geral da República, Procurador-Geralde Justiça ou Procurador-Geral de Justiça Militar, mediantejustificativa lançada nos autos.

Art. 14. A persecução patrimonial voltada à localização de qualquerbenefício derivado ou obtido, direta ou indiretamente, da infraçãopenal, ou de bens ou valores lícitos equivalentes, com vistas àpropositura de medidas cautelares reais, confisco definitivo eidentificação do beneficiário econômico final da conduta, serárealizada em anexo autônomo do procedimento investigatório criminal.

§ 1º Proposta a ação penal, a instrução do procedimento tratado nocaput poderá prosseguir até que ultimadas as diligências depersecução patrimonial.

§ 2° Caso a investigação sobre a materialidade e autoria da infração

penal já esteja concluída, sem que tenha sido iniciada a investigaçãotratada neste capítulo, procedimento investigatório específico poderáser instaurado com o objetivo principal de realizar a persecuçãopatrimonial.

Art. 13. Os atos e peças do procedimento investigatório criminalsão públicos, nos termos desta Resolução, salvo disposiçãolegal em contrário ou por razões de interesse público ouconveniência da investigação.

Parágrafo único. A publicidade consistirá: I – na expedição de certidão, mediante requerimento doinvestigado, da vítima ou seu representante legal, do PoderJudiciário, do Ministério Público ou de terceiro diretamenteinteressado;II – no deferimento de pedidos de vista ou de extração decópias, desde que realizados de forma fundamentada pelaspessoas referidas no inciso I, pelos seus procuradores compoderes específicos ou por defensor, mesmo sem procuração eindependentemente de fundamentação, para estes últimos,ressalvadas as hipóteses de sigilo; (Redação dada pelaResolução n° 161, de 21 de fevereiro de 2017) III – na prestação de informações ao público em geral, a critériodo presidente do procedimento investigatório criminal,observados o princípio da presunção de inocência e ashipóteses legais de sigilo

Art. 15. Os atos e peças do procedimento investigatório criminal sãopúblicos, nos termos desta Resolução, salvo disposição legal emcontrário ou por razões de interesse público ou conveniência dainvestigação.

Parágrafo único. A publicidade consistirá:I – na expedição de certidão, mediante requerimento do investigado,da vítima ou seu representante legal, do Poder Judiciário, doMinistério Público ou de terceiro diretamente interessado;II – no deferimento de pedidos de vista ou de extração de cópias,desde que realizados de forma fundamentada pelas pessoas referidasno inciso I, pelos seus procuradores com poderes específicos ou pordefensor, mesmo sem procuração e independentemente defundamentação, para estes últimos, ressalvadas as hipóteses desigilo;III – na prestação de informações ao público em geral, a critério dopresidente do procedimento investigatório criminal, observados oprincípio da presunção de inocência e as hipóteses legais de sigilo.

Art. 14. O presidente do procedimento investigatório criminalpoderá decretar o sigilo das investigações, no todo ou em parte,por decisão fundamentada, quando a elucidação do fato ou

Art. 16. O presidente do procedimento investigatório criminal poderádecretar o sigilo das investigações, no todo ou em parte, por decisãofundamentada, quando a elucidação do fato ou interesse público

interesse público exigir; garantida ao investigado a obtenção, porcópia autenticada, de depoimento que tenha prestado e dos atosde que tenha, pessoalmente, participado.

exigir; garantida ao investigado a obtenção, por cópia autenticada, dedepoimento que tenha prestado e dos atos de que tenha,pessoalmente, participado.

Paragrafo único. Em caso de pedido da parte interessada para aexpedição de certidão a respeito da existência de procedimentosinvestigatórios criminais, é vedado fazer constar qualquer referênciaou anotação sobre investigação sigilosa.

Art. 17. O Membro do Ministério Público que preside o procedimentoinvestigatório criminal esclarecerá a vítima sobre seus direitosmateriais e processuais, devendo tomar todas as medidasnecessárias para a preservação dos seus direitos, a reparação doseventuais danos por ela sofridos e a preservação da intimidade, vidaprivada, honra e imagem.

§ 1º O membro do Ministério Público velará pela segurança de vítimase testemunhas que sofrerem ameaça ou que, de modo concreto,estejam suscetíveis a sofrer intimidação por parte de acusados, deparentes deste ou pessoas a seu mando, podendo, inclusive,requisitar proteção policial em seu favor.

§ 2º O membro do Ministério Público que preside o procedimentoinvestigatório criminal, no curso da investigação ou mesmo após oajuizamento da ação penal, deverá providenciar o encaminhamentoda vítima ou de testemunhas, caso presentes os pressupostos legais,para inclusão em Programa de Proteção de Assistência a Vítimas e aTestemunhas ameaçadas ou em Programa de Proteção a Crianças eAdolescentes Ameaçados, conforme o caso.

§ 3º Em caso de medidas de proteção ao investigado, a vítimas etestemunhas, o membro do Ministério Público observará a tramitação

prioritária do feito, bem como providenciará, se o caso, a oitivaantecipada dessas pessoas ou pedirá a antecipação dessa oitiva emjuízo.

§ 4º O membro do Ministério Público que preside o procedimentoinvestigatório criminal providenciará o encaminhamento da vítima eoutras pessoas atingidas pela prática do fato criminoso apurado àrede de assistência, para atendimento multidisciplinar, especialmentenas áreas psicossocial, de assistência jurídica e de saúde, a expensasdo ofensor ou do Estado.

Trecho do voto do Cons. Walter de Agra Júnior:

O atual modelo processual penal encontra-se em uma fase de reencontro com o ofendido, o que refletiu fortemente nas reformas ao

Código de Processo Penal e legislação esparsa, que passaram a revelar uma preocupação muito maior com a vítima do que outrora,

lhe atribuindo uma série de direitos e garantias.

Todas essas medidas de redescobrimento da vítima decorrem de uma nova política criminal que parte da ideia de que a atenuação ou

reparação dos danos causados pelas práticas penais redundam em uma evidente celebração de justiça, que indubitavelmente é um dos

principais objetivos da pretensão de legitimidade que o nosso sistema penal deve sempre perseguir.

O Ministério Público, como protagonista dessa política criminal, deve, portanto, velar pelo pleno atendimento do regramento na fase

investigatória, contribuindo para a superação dos inegáveis traumas que muitas vezes decorrem das práticas delitivas. Daí porque a

necessidade da criação de um capítulo específico na resolução que se propõe para alcançar-se tal desiderato.

Equipe CAOPCrim:

No que diz respeito às disposições relacionadas à vítima, é válido recordar outros aspectos de conexão do ora previsto com previsões

da Resolução CNMP nº 174, de 4 de julho de 2017. Com efeito, nos termos do quanto previsto no artigo 4o, inciso IV, daquele Diploma,

a Notícia de Fato será arquivada, dentre outras hipóteses, quando estiver “desprovida de elementos de prova ou de informação mínimos

para o início de uma apuração, e o noticiante não atender à intimação para complementá-la”.

De toda forma, apesar da hipótese de arquivamento proposta, convém recordar o inaugurado pelo § 1 o daquele mesmo artigo, ao dispor

que “o noticiante será cientificado da decisão de arquivamento preferencialmente por correio eletrônico, cabendo recurso no prazo de 10

(dez) dias”.

Art. 18. Nos delitos cometidos sem violência ou grave ameaça àpessoa, não sendo o caso de arquivamento, o Ministério Público poderápropor ao investigado acordo de não-persecução penal, desde que esteconfesse formal e detalhadamente a prática do delito e indique eventuaisprovas de seu cometimento, além de cumprir os seguintes requisitos, deforma cumulativa ou não:

I – reparar o dano ou restituir a coisa à vítima;II – renunciar voluntariamente a bens e direitos, de modo a gerarresultados práticos equivalentes aos efeitos genéricos da condenação,nos termos e condições estabelecidos pelos artigos 91 e 92 do CódigoPenal;III – comunicar ao Ministério Público eventual mudança de endereço,número de telefone ou e-mail;IV – prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas porperíodo correspondente à pena mínima cominada ao delito, diminuída deum a dois terços, em local a ser indicado pelo Ministério Público.V – pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45do Código Penal, a entidade pública ou de interesse social a ser indicadapelo Ministério Público, devendo a prestação ser destinadapreferencialmente àquelas entidades que tenham como função protegerbens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelodelito.VI – cumprir outra condição estipulada pelo Ministério Público, desde queproporcional e compatível com a infração penal aparentemente

praticada.

§ 1º Não se admitirá a proposta nos casos em que:I – for cabível a transação penal, nos termos da lei;II – o dano causado for superior a vinte salários-mínimos ou a parâmetrodiverso definido pelo respectivo órgão de coordenação;III – o investigado incorra em alguma das hipóteses previstas no art. 76,§ 2º, da Lei n. 9.099/95;IV – o aguardo para o cumprimento do acordo possa acarretar aprescrição da pretensão punitiva estatal.

§ 2º O acordo será formalizado nos autos, com a qualificação completado investigado e estipulará de modo claro as suas condições, eventuaisvalores a serem restituídos e as datas para cumprimento e será firmadopelo Membro do Ministério Público, pelo investigado e seu advogado.

§ 3º A confissão detalhada dos fatos e as tratativas do acordo deverãoser registrados pelos meios ou recursos de gravação audiovisual,destinados a obter maior fidelidade das informações.

§ 4º É dever do investigado comprovar mensalmente o cumprimento dascondições, independentemente de notificação ou aviso prévio, devendoele, quando for o caso, por iniciativa própria, apresentar imediatamente ede forma documentada eventual justificativa para o não cumprimento doacordo.

§ 5º O acordo de não-persecução poderá ser celebrado na mesmaoportunidade da audiência de custódia.

§ 6º Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo ounão comprovando o investigado o seu cumprimento, no prazo econdições estabelecidas, o Membro do Ministério Público deverá, se foro caso, imediatamente oferecer denúncia.

§ 7º O descumprimento do acordo de não-persecução pelo investigado,também, poderá ser utilizado pelo Membro do Ministério Público comojustificativa para o eventual não-oferecimento de suspensão condicionaldo processo.

§ 8º Cumprido integralmente o acordo, o Ministério Público promoverá oarquivamento da investigação, sendo que esse pronunciamento, desdeque esteja em conformidade com as leis e com esta resolução, vincularátoda a Instituição.

Trecho do voto do Cons. Walter de Agra Júnior:

Não há dúvidas que, em um mundo ideal, o correto seria que todos os processos penais fossem submetidos a um juízo plenário, em

que a condenação é proferida no âmbito de um processo judicial, com estrita observância do contraditório e ampla defesa.

No entanto, nosso país longe está desse mundo ideal e é imprescindível que se tome alguma providência para dar cabo à carga

desumana de processos que se acumulam nas Varas Criminais do país e que tanto prejuízo e atraso causam no oferecimento de

Justiça às pessoas, de alguma forma, envolvidas em fatos criminais.

Esse diagnóstico não é exclusivo do Brasil. Inclusive em países como a Alemanha, a conclusão acerca da necessidade da implantação

de um sistema de princípio da oportunidade é apresentada como inexorável, inclusive por penalistas que são abertamente contrários a

esse instituto, como é o caso do Prof. Bernd Schüneman, que, no entanto, reconhece o seguinte:

“O ideário do século XIX, de submeter cada caso concreto a um juízo oral completo (audiência de instrução e julgamento),

reconhecendo os princípios da publicidade, oralidade e imediação somente é realizável em uma sociedade sumamente integrada,

burguesa, na qual o comportamento desviado cumpre quantitativamente somente um papel secundário. Nas sociedades pós-modernas

desintegradas, fragmentadas, multiculturais, com sua propagação quantitativamente enorme de comportamentos desviados, não resta

outra alternativa que a de chegar-se a uma condenação sem um juízo oral detalhado, nos casos em que o suposto fato se apresente

como tão profundamente esclarecido já na etapa da investigação, que nem sequer ao imputado interessa uma repetição da produção

da prova em audiência de instrução e julgamento.”12

Diante desse contexto, na Alemanha, por exemplo, passou-se a desenvolver um procedimento informal de acordo penal, mesmo sem

previsão em lei para tanto13.

Como pontua SCHÜNEMANN, “esses acordos informais funcionam de forma similar ao plea bargaining dos Estados Unidos; sem

embargo, com uma diferença: na Alemanha não contém acordos formais, mas sim apenas um acordo baseado na confiança e, por

outro lado, neles o acusado não se declara culpado (guilty plea), mas apenas formaliza uma confissão que é valorada pelo Tribunal

como meio de prova geral para a sua culpabilidade.”14

Com base nessas premissas, tendo em conta o próprio princípio da eficiência e considerando que “a Constituição de 1988 fez uma

opção inequívoca pelo sistema acusatório – e não pelo sistema inquisitorial – criando as bases para uma mudança profunda na

condução das investigações criminais e no processamento das ações penais no Brasil”15, é que se entendeu perfeitamente cabível a

criação, por meio de resolução do Conselho Nacional do Ministério Público, da figura aqui denominada de acordo de não-persecução

penal.

Como se pode ver, a proposta tem como finalidade prever que o investigado, em decorrência de acordo celebrado com o MP, cumpra

espontaneamente e de forma voluntária parte das sanções restritivas de direito que, provavelmente, lhe seria imposta por uma sentença

penal.

Nesse caso, porém, deixariam de incidir as graves restrições decorrentes de uma sentença penal condenatória, agilizando a resposta

12 SCHÜNEMANN, Bernd. Cuestiones Básicas de la Estructura y Reforma del Procedimento Penal bajo una Perspectiva Global, in Obras. Tomo II, RubinzalCulzoni: Buenos Aires, 2009, p. 423.

13 Nesse sentido, afirmam VASCONCELLOS e MOELLER, que: “Na Alemanha os acordos consensuais surgiram na prática forense, sem qualquer autorizaçãolegal, desenvolvendo-se de modo informal até a consagração de sua importância na postura dos atores processuais, o que incitou o judiciário e,posteriormente, o legislativo a atuarem para sua regulação.” VASCONCELLOS, Vinicius Gomes de; MOELLER, Uriel. Acordos no processo penal alemão:descrição do avanço da barganha da informalidade à regulamentação normativa, in Boletín Mexicano de Derecho Comparado, núm. 147, p. 15.

14 SCHÜNEMANN, Bernd. Cuestiones básicas de la estructura y reforma del procedimiento penal bajo una nperspectiva global , in Revista de Derecho Penal yCriminología, vol. 25, núm. 76, 2004, pp. 179-180.

15 STF - ADI 5104 MC, corpo do Acórdão - Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 21/05/2014, PROCESSO ELETRÔNICO Dje-213DIVULG 29-10-2014 PUBLIC 30-10-2014.

penal aos ilícitos praticados e minorando os efeitos prejudiciais das imposições de pena judicial.

Conforme a proposta aqui apresentada, o Ministério Público – uma vez cumprido o acordo – deixaria de ter interesse processual na

propositura da ação penal, tendo em conta que já estaria suficientemente satisfeita a pretensão punitiva Estatal, existindo, pois, a

possibilidade de arquivamento da investigação.

Nesse sentido de falta de interesse é que se utilizou na proposta, como parâmetro para a concessão do benefício do acordo, o art. 43 e

seguintes do Código Penal, que estabelecem a regência das penas restritivas de direitos. É dizer, o mesmo parâmetro para impor-se

uma pena restritiva de direito foi utilizado (de forma mitigada) como requisito para se celebrar o acordo de não-persecução.

De tal maneira, uma vez cumprido o acordo, o Ministério Público estaria autorizado a promover o arquivamento da investigação. Seria

precisamente nesse momento que o Poder Judiciário faria o controle sobre os acordos de não persecução penal, podendo provocar o

Procurador-geral de Justiça, com base no art. 28 do CPP, quando realizados em desconformidade com os limites estabelecidos pela

Resolução.

Diante dessas razões, é que esta Comissão entende que, com o acolhimento das propostas aqui delineadas, haveria um grande avanço

na qualidade do nosso Sistema de Justiça, já que haveria:

a) uma celeridade na resolução dos casos menos graves (evitando-se, inclusive, que o nosso STF tenha que discutir questões

bagatelares menores, como vem fazendo, que são completamente incompatíveis com a relevância que deve ter um Tribunal Supremo);

b) mais tempo disponível para que o Ministério Público e o Poder Judiciário processem e julguem os casos mais graves, tendo a

possibilidade, de tal maneira, de fazê-lo com maior tranquilidade e reflexão;

c) haveria economia de recursos públicos, já que os gastos inerentes à tramitação do processo penal seriam reduzidos (ou seja, menos

processos judicias, menos gastos);

d) minoração dos efeitos deletérios de uma sentença penal condenatória aos acusados em geral, que teriam mais uma chance de evitar

uma condenação judicial, dando um voto de confiança aos não reincidentes, minorando, também, os efeitos sociais prejudiciais de uma

pena e desafogaria, também, os estabelecimentos prisionais.

Art. 15. Se o membro do Ministério Público responsável peloprocedimento investigatório criminal se convencer dainexistência de fundamento para a propositura de ação penalpública, promoverá o arquivamento dos autos ou das peças deinformação, fazendo-o fundamentadamente.

Parágrafo único. A promoção de arquivamento seráapresentada ao juízo competente, nos moldes do art. 28 do CPP,ou ao órgão superior interno responsável por sua apreciação,nos termos da legislação vigente.

Art. 19. Se o membro do Ministério Público responsável peloprocedimento investigatório criminal se convencer da inexistência defundamento para a propositura de ação penal pública ou constatar ocumprimento do acordo de não-persecução, nos termos do art. 17,promoverá o arquivamento dos autos ou das peças de informação,fazendo-o fundamentadamente.

Parágrafo único. A promoção de arquivamento será apresentada aojuízo competente, nos moldes do art. 28 do CPP, ou ao órgão =superior interno responsável por sua apreciação, nos termos dalegislação vigente.

Art. 16. Se houver notícia de outras provas novas, poderá omembro do Ministério Público requerer o desarquivamento dosautos, providenciando-se a comunicação a que se refere o artigo5º desta Resolução.

Art. 20. Se houver notícia da existência de novos elementos deinformação, poderá o membro do Ministério Público requerer odesarquivamento dos autos, providenciando-se a comunicação a quese refere o artigo 5º desta Resolução.

Art. 17. No procedimento investigatório criminal serãoobservados os direitos e garantias individuais consagrados naConstituição da República Federativa do Brasil. aplicando-se, noque couber, as normas do Código de Processo Penal e alegislação especial pertinente.

Art. 21. No procedimento investigatório criminal serão observados osdireitos e garantias individuais consagrados na Constituição daRepública Federativa do Brasil, aplicando-se, no que couber, asnormas do Código de Processo Penal e a legislação especialpertinente.

Parágrafo único. É direito do defensor, no interesse dorepresentado, ter acesso amplo aos elementos de informação que, jádocumentados em procedimento investigatório realizado pelo

Ministério Público, digam respeito ao exercício do direito de defesa.

Art. 18. Os órgãos do Ministério Público deverão promover aadequação dos procedimentos de investigação em curso aostermos da presente Resolução, no prazo de 90 (noventa) dias apartir de sua entrada em vigor.

Art. 22. Os órgãos do Ministério Público deverão promover aadequação dos procedimentos de investigação em curso aos termosda presente Resolução, no prazo de 90 (noventa) dias a partir de suaentrada em vigor.

Art. 19. Esta Resolução entra em vigor na data de suapublicação.

Art. 23. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 24. Fica revogada a Resolução n. 13, de 02 de outubro de 2006,deste Conselho Nacional do Ministério Público.

Curitiba, Setembro de 2017

Equipe do Centro de Apoio Operacional das

Promotorias Criminais, do Júri e de Execuções Penais

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Recebidas Total Recebidas Total

Aguardando resposta Total Aguardando resposta Total

Pendentes Total Pendentes Total

Invalidadas Total Invalidadas Total

Encerradas Total Encerradas Total

ELOGIOS PEDIDOS DE INFORMAÇÃO

Recebidas Total Recebidas Total

Aguardando resposta Total Aguardando resposta Total

Pendentes Total Pendentes Total

Invalidadas Total Invalidadas Total

Encerradas Total Encerradas Total

Art. 3° Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília-DF, 7 de agosto de 2017.

RODRIGO JANOT MONTEIRO DE BARROS

Presidente do Conselho Nacional do Ministério Público

RESOLUÇÃO Nº 181, DE 7 DE AGOSTO DE 2017.

Dispõe sobre instauração e tramitação do procedimento investigatório criminal a cargo do Ministério Público.

O CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO, no exercício da competência fixada no art. 130-A, § 2º,

inciso I, da Constituição Federal, com fundamento nos arts. 147 e seguintes de seu Regimento Interno, e na decisão

plenária proferida nos autos da Proposição nº 1.00578/2017-01, julgada na 4ª Sessão Extraordinária, realizada no

dia 7 de agosto de 2017;

Considerando o disposto nos artigos 127, caput, e 129, incisos I, II, VIII e IX, da Constituição da República

Federativa do Brasil, bem como no artigo 8º da Lei Complementar nº 75/1993 (LOMPU) e no artigo 26 da Lei nº

8.625/1993 (Lei Orgânica Nacional do Ministério Público);

Considerando as conclusões do Procedimento de Estudos e Pesquisas nº 01/2017, instaurado com o objetivo de

levantar sugestões e apresentar de propostas de aperfeiçoamento: a) para o exercício mais efetivo da função

orientadora e fiscalizadora das Corregedorias do Ministério Público, com o objetivo de aprimorar a investigação

criminal presidida pelo Ministério Público; e b) da Resolução n. 13-CNMP (que disciplina o procedimento

investigatório criminal do Ministério Público), com o objetivo de tornar as investigações mais céleres, eficientes,

desburocratizadas, informadas pelo princípio acusatório e respeitadoras dos direitos fundamentais do investigado, da

vítima e das prerrogativas dos advogados;

Considerando que o Plenário do Supremo Tribunal Federal, fixou, em repercussão geral, a tese de que o “Ministério

Público dispõe de competência para promover, por autoridade própria, e por prazo razoável, investigações de

natureza penal, desde que respeitados os direitos e garantias que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer

pessoa sob investigação do Estado”. (STF – RE 593727, Relator(a): Min. CÉZAR PELUSO, Relator(a) p/Acórdão:

Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 14/05/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL

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– Mérito Dje-175 DIVULG 04-09-2015 PUBLIC 08-09-2015);

Considerando que, como bem aponta o Ministro Roberto Barroso, em julgamento do Tribunal Pleno do Supremo

Tribunal Federal, “a Constituição de 1988 fez uma opção inequívoca pelo sistema acusatório – e não pelo sistema

inquisitorial – criando as bases para uma mudança profunda na condução das investigações criminais e no

processamento das ações penais no Brasil” (Corpo do Acórdão – STF – ADI 5104 MC, Relator(a): Min. ROBERTO

BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 21/05/2014, PROCESSO ELETRÔNICO Dje-213 DIVULG 29-10-2014

PUBLIC 30-10-2014);

Considerando a necessidade de permanente aprimoramento das investigações criminais levadas a cabo pelo

Ministério Público, especialmente na necessidade de modernização das investigações com o escopo de agilização,

efetividade e proteção dos direitos fundamentais dos investigados, das vítimas e das prerrogativas dos advogados,

superando um paradigma de investigação cartorial, burocratizada, centralizada e sigilosa;

Considerando a carga desumana de processos que se acumulam nas Varas Criminais do país e que tanto

desperdício de recursos, prejuízo e atraso causam no oferecimento de Justiça às pessoas, de alguma forma,

envolvidas em fatos criminais;

Considerando por fim, a exigência de soluções alternativas no Processo Penal que proporcionem celeridade na

resolução dos casos menos graves, priorização dos recursos financeiros e humanos do Ministério Público e do Poder

Judiciário para processamento e julgamento dos casos mais graves e minoração dos efeitos deletérios de uma

sentença penal condenatória aos acusados em geral, que teriam mais uma chance de evitar uma condenação

judicial, reduzindo os efeitos sociais prejudiciais da pena e desafogando os estabelecimentos prisionais, RESOLVE,

nos termos do artigo 130-A, §2º, I, da Constituição Federal, expedir a seguinte RESOLUÇÃO:

CAPÍTULO I

DA DEFINIÇÃO E FINALIDADE

Art. 1º O procedimento investigatório criminal é instrumento sumário e desburocratizado de natureza administrativa e

inquisitorial, instaurado e presidido pelo membro do Ministério Público com atribuição criminal, e terá como finalidade

apurar a ocorrência de infrações penais de natureza pública, servindo como preparação e embasamento para o juízo

de propositura, ou não, da respectiva ação penal.

§ 1º O Membro do Ministério Público deverá promover a investigação de modo efetivo e expedito, evitando a

realização de diligências impertinentes, desnecessárias e protelatórias e priorizando, sempre que possível, as

apurações sobre violações a bens jurídicos de alta magnitude, relevância ou com alcance de número elevado de

ofendidos.

§ 2º O procedimento investigatório criminal não é condição de procedibilidade ou pressuposto processual para o

ajuizamento de ação penal e não exclui a possibilidade de formalização de investigação por outros órgãos

legitimados da Administração Pública.

Art. 2º Em poder de quaisquer peças de informação, o membro do Ministério Público poderá:

I – promover a ação penal cabível;

II – instaurar procedimento investigatório criminal;

III – encaminhar as peças para o Juizado Especial Criminal, caso a infração seja de menor potencial ofensivo;

IV – promover fundamentadamente o respectivo arquivamento;

V – requisitar a instauração de inquérito policial, indicando, sempre que possível, as diligências necessárias à

elucidação dos fatos, sem prejuízo daquelas que vierem a ser realizadas por iniciativa da autoridade policial

competente.

Art. 3º O procedimento investigatório criminal poderá ser instaurado de ofício, por membro do Ministério Público, no

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âmbito de suas atribuições criminais, ao tomar conhecimento de infração penal, por qualquer meio, ainda que

informal, ou mediante provocação.

§ 1º O procedimento investigatório criminal deverá tramitar, comunicar seus atos e transmitir suas peças,

preferencialmente, por meio eletrônico.

§ 2º O procedimento deverá ser instaurado sempre que houver determinação do Procurador-Geral da República, do

Procurador-Geral de Justiça ou do Procurador-Geral de Justiça Militar, diretamente ou por delegação, nos moldes da

lei, em caso de discordância da promoção de arquivamento de peças de informação.

§ 3º A designação a que se refere o § 2º deverá recair sobre membro do Ministério Público diverso daquele que

promoveu o arquivamento.

§ 4º A distribuição de peças de informação deverá observar as regras internas previstas no sistema de divisão de

serviços.

§ 5º No caso de instauração de ofício, o procedimento investigatório criminal será distribuído livremente entre os

membros da instituição que tenham atribuições para apreciá-lo, incluído aquele que determinou a sua instauração,

observados os critérios fixados pelos órgãos especializados de cada Ministério Público e respeitadas as regras de

competência temporária em razão da matéria, a exemplo de grupos específicos criados para apoio e

assessoramento e de forças-tarefas devidamente designadas pelo procurador-geral competente, e as relativas à

conexão e à continência.

§ 6º O membro do Ministério Público, no exercício de suas atribuições criminais, deverá dar andamento, no prazo de

30 (trinta) dias a contar de seu recebimento, às representações, requerimentos, petições e peças de informação que

lhe sejam encaminhadas, podendo este prazo ser prorrogado, fundamentadamente, por até 90 (noventa) dias, nos

casos em que sejam necessárias diligências preliminares.

Art. 4º O procedimento investigatório criminal será instaurado por portaria fundamentada, devidamente registrada e

autuada, com a indicação dos fatos a serem investigados e deverá conter, sempre que possível, o nome e a

qualificação do autor da representação e a determinação das diligências iniciais.

Parágrafo único. Se, durante a instrução do procedimento investigatório criminal, for constatada a necessidade de

investigação de outros fatos, o membro do Ministério Público poderá aditar a portaria inicial ou determinar a extração

de peças para instauração de outro procedimento.

Art. 5º Da instauração do procedimento investigatório criminal far-se-á comunicação imediata e, preferencialmente,

eletrônica ao Órgão Superior competente, sendo dispensada tal comunicação em caso de registro em sistema

eletrônico.

CAPÍTULO II

DAS INVESTIGAÇÕES CONJUNTAS

Art. 6º O procedimento investigatório criminal poderá ser instaurado de forma conjunta, por meio de força tarefa ou

por grupo de atuação especial composto por membros do Ministério Público, cabendo sua presidência àquele que o

ato de instauração designar.

§ 1º Poderá também ser instaurado procedimento investigatório criminal, por meio de atuação conjunta entre

Ministérios Públicos dos Estados, da União e de outros países.

§ 2º O arquivamento do procedimento investigatório deverá ser objeto de controle e eventual revisão em cada

Ministério Público, cuja apreciação se limitará ao âmbito de atribuição do respectivo Ministério Público.

CAPÍTULO III

DA INSTRUÇÃO

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Art. 7º Sem prejuízo de outras providências inerentes a sua atribuição funcional e legalmente previstas, o membro do

Ministério Público, na condução das investigações, poderá:

I – fazer ou determinar vistorias, inspeções e quaisquer outras diligências, inclusive em organizações militares;

II – requisitar informações, exames, perícias e documentos de autoridades, órgãos e entidades da Administração

Pública direta e indireta, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

III – requisitar informações e documentos de entidades privadas, inclusive de natureza cadastral;

IV – notificar testemunhas e vítimas e requisitar sua condução coercitiva, nos casos de ausência injustificada,

ressalvadas as prerrogativas legais;

V – acompanhar buscas e apreensões deferidas pela autoridade judiciária;

VI – acompanhar cumprimento de mandados de prisão preventiva ou temporária deferidas pela autoridade judiciária;

VII – expedir notificações e intimações necessárias;

VII – realizar oitivas para colheita de informações e esclarecimentos;

IX – ter acesso incondicional a qualquer banco de dados de caráter público ou relativo a serviço de relevância

pública;

X – requisitar auxílio de força policial.

§ 1º Nenhuma autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de função pública poderá opor ao

Ministério Público, sob qualquer pretexto, a exceção de sigilo, sem prejuízo da subsistência do caráter sigiloso da

informação, do registro, do dado ou do documento que lhe seja fornecido.

§ 2º As respostas às requisições realizadas pelo Ministério Público deverão ser encaminhadas, sempre que

determinado, em meio informatizado e apresentadas em arquivos que possibilitem a migração de informações para

os autos do processo sem redigitação.

§ 3º As requisições do Ministério Público serão feitas fixando-se prazo razoável de até dez dias úteis para

atendimento, prorrogável mediante solicitação justificada.

§ 4º Ressalvadas as hipóteses de urgência, as notificações para comparecimento devem ser efetivadas com

antecedência mínima de 48 horas, respeitadas, em qualquer caso, as prerrogativas legais pertinentes.

§ 5º A notificação deverá mencionar o fato investigado, salvo na hipótese de decretação de sigilo, e a faculdade do

notificado de se fazer acompanhar por advogado.

§ 6º As correspondências, notificações, requisições e intimações do Ministério Público quando tiverem como

destinatário o Presidente da República, o Vice-Presidente da República, membro do Congresso Nacional, Ministro do

Supremo Tribunal Federal, Ministro de Estado, Ministro de Tribunal Superior, Ministro do Tribunal de Contas da União

ou chefe de missão diplomática de caráter permanente serão encaminhadas e levadas a efeito pelo Procurador-

Geral da República ou outro órgão do Ministério Público a quem essa atribuição seja delegada.

§ 7º As notificações e requisições previstas neste artigo, quando tiverem como destinatários o Governador do

Estado, os membros do Poder Legislativo e os desembargadores, serão encaminhadas pelo Procurador-Geral de

Justiça ou outro órgão do Ministério Público a quem essa atribuição seja delegada.

§ 8º As autoridades referidas nos parágrafos 6º e 7º poderão fixar data, hora e local em que puderem ser ouvidas, se

for o caso.

§ 9º O membro do Ministério Público será responsável pelo uso indevido das informações e documentos que

requisitar, inclusive nas hipóteses legais de sigilo e de documentos assim classificados.

Art. 8º A colheita de informações e depoimentos deverá ser feita preferencialmente de forma oral, mediante a

gravação audiovisual, com o fim de obter maior fidelidade das informações prestadas.

§ 1º O Membro do Ministério Público poderá requisitar o cumprimento das diligências de oitiva de testemunhas ou

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informantes a servidores da instituição, a policiais civis, militares ou federais, guardas municipais ou a qualquer outro

servidor público que tenha como atribuições fiscalizar atividades cujos ilícitos possam também caracterizar delito.

§ 2º A requisição referida no parágrafo anterior deverá ser comunicada ao seu destinatário pelo meio mais expedito

possível e a oitiva deverá ser realizada, sempre que possível, no local em que se encontrar a pessoa a ser ouvida.

§ 3º O funcionário público, no cumprimento das diligências de que trata este artigo, após a oitiva da testemunha ou

informante, deverá imediatamente elaborar relatório legível, sucinto e objetivo sobre o teor do depoimento, no qual

deverão ser consignados a data e hora aproximada do crime, onde ele foi praticado, as suas circunstâncias, quem o

praticou e os motivos que o levaram a praticar, bem ainda identificadas eventuais vítimas e outras testemunhas do

fato, sendo dispensável a confecção do referido relatório quando o depoimento for colhido mediante gravação

audiovisual.

§ 4º O Ministério Público, sempre que possível, deverá fornecer formulário para preenchimento pelo servidor público

dos dados objetivos e sucintos que deverão constar do relatório.

§ 5º O funcionário público que cumpriu a requisição deverá assinar o relatório e, se possível, também o deverá fazer

a testemunha ou informante.

§ 6º O interrogatório de suspeitos e a oitiva das pessoas referidas nos §§ 6º e 7º do art. 7º, deverão necessariamente

ser realizados pelo Membro do Ministério Público.

§ 7º Somente em casos excepcionais e imprescindíveis deverá ser feita a transcrição dos depoimentos colhidos na

fase investigatória.

§ 8º As testemunhas, informantes e suspeitos ouvidos na fase de investigação serão informados do dever de

comunicar ao Ministério Público qualquer mudança de endereço, telefone ou e-mail.

Art. 9º O autor do fato investigado poderá apresentar, querendo, as informações que considerar adequadas, inclusive

por meio de advogado.

Art. 10. As diligências serão documentadas em autos sucinto e circunstanciado.

Art. 11. As inquirições que devam ser realizadas fora dos limites territoriais da unidade em que se realizar a

investigação serão feitas, sempre que possível, por meio de videoconferência, podendo ainda ser deprecadas ao

respectivo órgão do Ministério Público local.

§ 1º Nos casos referidos no caput deste artigo, o membro do Ministério Público poderá optar por realizar diretamente

a inquirição com a prévia ciência ao órgão ministerial local, que deverá tomar as providências necessárias para

viabilizar a diligência e colaborar com o cumprimento dos atos para a sua realização.

§ 2º A deprecação e a ciência referidas neste artigo poderão ser feitas por qualquer meio hábil de comunicação.

§ 3º O disposto neste artigo não obsta a requisição de informações, documentos, vistorias, perícias a órgãos ou

organizações militares sediados em localidade diversa daquela em que lotado o membro do Ministério Público.

Art. 12. A pedido da pessoa interessada será fornecida comprovação escrita de comparecimento.

Art. 13. O procedimento investigatório criminal deverá ser concluído no prazo de 90 (noventa) dias, permitidas, por

igual período, prorrogações sucessivas, por decisão fundamentada do membro do Ministério Público responsável

pela sua condução.

§ 1º Cada unidade do Ministério Público, manterá, para conhecimento dos órgãos superiores, controle atualizado,

preferencialmente por meio eletrônico, do andamento de seus procedimentos investigatórios criminais, observado o

nível de sigilo e confidencialidade que a investigação exigir, nos termos do art. 15 desta resolução.

§ 2º O controle referido no parágrafo anterior poderá ter nível de acesso restrito ao Procurador-Geral da República,

Procurador-Geral de Justiça ou Procurador-Geral de Justiça Militar, mediante justificativa lançada nos autos.

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CAPÍTULO IV

DA PERSECUÇÃO PATRIMONIAL

Art. 14. A persecução patrimonial voltada à localização de qualquer benefício derivado ou obtido, direta ou

indiretamente, da infração penal, ou de bens ou valores lícitos equivalentes, com vistas à propositura de medidas

cautelares reais, confisco definitivo e identificação do beneficiário econômico final da conduta, será realizada em

anexo autônomo do procedimento investigatório criminal.

§ 1º Proposta a ação penal, a instrução do procedimento tratado no caput poderá prosseguir até que ultimadas as

diligências de persecução patrimonial.

§ 2° Caso a investigação sobre a materialidade e autoria da infração penal já esteja concluída, sem que tenha sido

iniciada a investigação tratada neste capítulo, procedimento investigatório específico poderá ser instaurado com o

objetivo principal de realizar a persecução patrimonial.

CAPÍTULO V

PUBLICIDADE

Art. 15.Os atos e peças do procedimento investigatório criminal são públicos, nos termos desta Resolução, salvo

disposição legal em contrário ou por razões de interesse público ou conveniência da investigação.

Parágrafo único. A publicidade consistirá:

I – na expedição de certidão, mediante requerimento do investigado, da vítima ou seu representante legal, do Poder

Judiciário, do Ministério Público ou de terceiro diretamente interessado;

II – no deferimento de pedidos de vista ou de extração de cópias, desde que realizados de forma fundamentada

pelas pessoas referidas no inciso I ou a seus advogados ou procuradores com poderes específicos, ressalvadas as

hipóteses de sigilo;

III – na prestação de informações ao público em geral, a critério do presidente do procedimento investigatório

criminal, observados o princípio da presunção de inocência e as hipóteses legais de sigilo.

Art. 16. O presidente do procedimento investigatório criminal poderá decretar o sigilo das investigações, no todo ou

em parte, por decisão fundamentada, quando a elucidação do fato ou interesse público exigir; garantida ao

investigado a obtenção, por cópia autenticada, de depoimento que tenha prestado e dos atos de que tenha,

pessoalmente, participado.

Paragrafo único. Em caso de pedido da parte interessada para a expedição de certidão a respeito da existência de

procedimentos investigatórios criminais, é vedado fazer constar qualquer referência ou anotação sobre investigação

sigilosa.

CAPÍTULO VI

DOS DIREITOS DAS VÍTIMAS

Art. 17. O Membro do Ministério Público que preside o procedimento investigatório criminal esclarecerá a vítima

sobre seus direitos materiais e processuais, devendo tomar todas as medidas necessárias para a preservação dos

seus direitos, a reparação dos eventuais danos por ela sofridos e a preservação da intimidade, vida privada, honra e

imagem.

§ 1º O membro do Ministério Público velará pela segurança de vítimas e testemunhas que sofrerem ameaça ou que,

de modo concreto, estejam suscetíveis a sofrer intimidação por parte de acusados, de parentes deste ou pessoas a

seu mando, podendo, inclusive, requisitar proteção policial em seu favor.

§ 2º O membro do Ministério Público que preside o procedimento investigatório criminal, no curso da investigação ou

mesmo após o ajuizamento da ação penal, deverá providenciar o encaminhamento da vítima ou de testemunhas,

caso presentes os pressupostos legais, para inclusão em Programa de Proteção de Assistência a Vítimas e a

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DIÁRIO ELETRÔNICO DO CNMPEDIÇÃO Nº 169 | CADERNO PROCESSUAL

DISPONIBILIZAÇÃO: Quarta-feira, 6 de setembro de 2017PUBLICAÇÃO: Sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Testemunhas ameaçadas ou em Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados, conforme o caso.

§ 3º Em caso de medidas de proteção ao investigado, as vítimas e testemunhas, o membro do Ministério Público

observará a tramitação prioritária do feito, bem como providenciará, se o caso, a oitiva antecipada dessas pessoas

ou pedirá a antecipação dessa oitiva em juízo.

§ 4º O membro do Ministério Público que preside o procedimento investigatório criminal providenciará o

encaminhamento da vítima e outras pessoas atingidas pela prática do fato criminoso apurado à rede de assistência,

para atendimento multidisciplinar, especialmente nas áreas psicossocial, de assistência jurídica e de saúde, a

expensas do ofensor ou do Estado.

CAPÍTULO VII

DO ACORDO DE NÃO-PERSECUÇÃO PENAL

Art. 18. Nos delitos cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, não sendo o caso de arquivamento, o

Ministério Público poderá propor ao investigado acordo de não-persecução penal, desde que este confesse formal e

detalhadamente a prática do delito e indique eventuais provas de seu cometimento, além de cumprir os seguintes

requisitos, de forma cumulativa ou não:

I – reparar o dano ou restituir a coisa à vítima;

II – renunciar voluntariamente a bens e direitos, de modo a gerar resultados práticos equivalentes aos efeitos

genéricos da condenação, nos termos e condições estabelecidos pelos artigos 91 e 92 do Código Penal;

III – comunicar ao Ministério Público eventual mudança de endereço, número de telefone ou e-mail;

IV – prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena mínima cominada ao

delito, diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo Ministério Público.

V – pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Código Penal, a entidade pública ou de

interesse social a ser indicada pelo Ministério Público, devendo a prestação ser destinada preferencialmente àquelas

entidades que tenham como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo

delito.

VI – cumprir outra condição estipulada pelo Ministério Público, desde que proporcional e compatível com a infração

penal aparentemente praticada.

§ 1º Não se admitirá a proposta nos casos em que:

I – for cabível a transação penal, nos termos da lei;

II – o dano causado for superior a vinte salários-mínimos ou a parâmetro diverso definido pelo respectivo órgão de

coordenação;

III – o investigado incorra em alguma das hipóteses previstas no art. 76, § 2º, da Lei n. 9.099/95;

IV – o aguardo para o cumprimento do acordo possa acarretar a prescrição da pretensão punitiva estatal.

§ 2º O acordo será formalizado nos autos, com a qualificação completa do investigado e estipulará de modo claro as

suas condições, eventuais valores a serem restituídos e as datas para cumprimento e será firmado pelo Membro do

Ministério Público, pelo investigado e seu advogado.

§ 3º A confissão detalhada dos fatos e as tratativas do acordo deverão ser registrados pelos meios ou recursos de

gravação audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das informações.

§ 4º É dever do investigado comprovar mensalmente o cumprimento das condições, independentemente de

notificação ou aviso prévio, devendo ele, quando for o caso, por iniciativa própria, apresentar imediatamente e de

forma documentada eventual justificativa para o não cumprimento do acordo.

§ 5º O acordo de não-persecução poderá ser celebrado na mesma oportunidade da audiência de custódia.

§ 6º Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo ou não comprovando o investigado o seu

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cumprimento, no prazo e condições estabelecidas, o Membro do Ministério Público deverá, se for o caso,

imediatamente oferecer denúncia.

§ 7º O descumprimento do acordo de não-persecução pelo investigado, também, poderá ser utilizado pelo Membro

do Ministério Público como justificativa para o eventual não-oferecimento de suspensão condicional do processo.

§ 8º Cumprido integralmente o acordo, o Ministério Público promoverá o arquivamento da investigação, sendo que

esse pronunciamento, desde que esteja em conformidade com as leis e com esta resolução, vinculará toda a

Instituição.

CAPÍTULO VII

DA CONCLUSÃO E DO ARQUIVAMENTO

Art. 19. Se o membro do Ministério Público responsável pelo procedimento investigatório criminal se convencer da

inexistência de fundamento para a propositura de ação penal pública ou constatar o cumprimento do acordo de não-

persecução, nos termos do art. 17, promoverá o arquivamento dos autos ou das peças de informação, fazendo-o

fundamentadamente.

Parágrafo único. A promoção de arquivamento será apresentada ao juízo competente, nos moldes do art. 28 do CPP,

ou ao órgão superior interno responsável por sua apreciação, nos termos da legislação vigente.

Art. 20. Se houver notícia da existência de novos elementos de informação, poderá o membro do Ministério Público

requerer o desarquivamento dos autos, providenciando-se a comunicação a que se refere o artigo 5º desta

Resolução.

CAPÍTULO VII

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 21. No procedimento investigatório criminal serão observados os direitos e garantias individuais consagrados na

Constituição da República Federativa do Brasil, aplicando-se, no que couber, as normas do Código de Processo

Penal e a legislação especial pertinente.

Parágrafo único. É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de informação

que, já documentados em procedimento investigatório realizado pelo Ministério Público, digam respeito ao exercício

do direito de defesa.

Art. 22. Os órgãos do Ministério Público deverão promover a adequação dos procedimentos de investigação em

curso aos termos da presente Resolução, no prazo de 90 (noventa) dias a partir de sua entrada em vigor.

Art. 23. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 24. Fica revogada a Resolução n. 13, de 02 de outubro de 2006, deste Conselho Nacional do Ministério Público.

Brasília, 7 de agosto de 2017.

RODRIGO JANOT MONTEIRO DE BARROS

Presidente do Conselho Nacional do Ministério Público

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