estudio con estadisticas y estado de situacion del comercio electronico y los negocios por internet...

8

Click here to load reader

Upload: marcos-pueyrredon

Post on 20-Aug-2015

647 views

Category:

Business


6 download

TRANSCRIPT

Page 1: Estudio con estadisticas y estado de situacion del Comercio Electronico y los Negocios por Internet en America Latina - Parte Uno en Portugues

Ilu

str

açõ

es: P

atr

ICIO

OtN

Iel

A força do e-commerce

Q uem temeu que o incipiente comércio eletrônico latino-americano fosse mais uma vítima da crise financeira

que colapsou a economia em todo o mundo, pôde respirar tranquilo ao ver os resultados de 2009. O uso da internet como canal de vendas de produtos e serviços a consumidores (ou B2C, como é conhecido no jargão especializado) continuou crescendo, mesmo frente a um cenário adverso. Segundo um estudo realizado pela AméricaEconomía Intelligence, a pedido da empresa de meios de pagamento Visa, o B2C cresceu 39,2% em 2009, chegando a US$ 21,77 bilhões em toda a América Latina e o Caribe. E, se o comportamento registrado no primeiro trimestre se repetir durante o ano, em 2010, esse comércio poderá crescer 27%, chegando próximo de US$ 28 bilhões em vendas.

Tal resultado, em meio a uma temporada repleta de indicadores econômicos e financeiros em baixa, tampouco chega a ser uma surpresa. O comércio eletrônico promove uma mudança tão profunda na forma como as pessoas se relacionam com as empresas que lhes proveem serviços e produtos, que a tendência geral foi prejudicada apenas pelo impacto do crescimento negativo de alguns países e pela desconfiança dos investidores internacionais, e não pela disposição do consumidor.

A penetração de computadores

Impulsionado pelo Brasil, pelo turismo e por grandes redes de varejo, o comércio eletrônico segue crescendo na América Latina

Estudocomércio electrónico

na América Latina Junho 2010

Page 2: Estudio con estadisticas y estado de situacion del Comercio Electronico y los Negocios por Internet en America Latina - Parte Uno en Portugues

Grãos pelo planeta

O velho clichê de que o comércio eletrônico abre as portas de um negócio para o mundo cabe como luva na história da costa-riquenha Café Britt. Em 2009, 95% dos US$ 5,1 milhões que a empresa vendeu pela web tiveram como destino consumidores dos

EUA e do Canadá. “Um turista que viaja à Costa Rica degusta uma xícara de café no avião, compra chocolates e bolsas da Café Britt no aeroporto para presentear seus entes queridos e leva um cartão de desconto para sua compra online”, diz Pablo Vargas, presidente

executivo da Café Britt, indicando que o marketing e a logística são parte fundamental de sua operação. A companhia fez acordos com empresas de entrega expressa, como FedEx e DHL, e instalou um serviço de atendimento ao cliente em San José, no qual só trabalham pessoas bilíngues com grau universitário.

“Apesar de estarmos em um país pequeno, através da internet podemos oferecer um excelente serviço e uma experiência de compra muito positiva, com assistência online por chat, atendimento telefônico e resposta a consultas em, no máximo, duas horas”, diz Vargas. A empresa tem crescido a taxas de 15% ao ano, mas o executivo admite que chegar a esse resultado não foi fácil. Ele conhece outros empresários que tentaram comercializar seu produto pela web, mas não conseguiram resultados rápidos e abandonaram a iniciativa. “É preciso encarar esse setor como primordial, focar-se e investir.”

e de banda larga na América Latina continuou subindo a taxas anuais de 20% e 15%, respectivamente. No final de 2009, havia 150 milhões de usuários de computador na região e 40 milhões de assinantes de internet banda larga. O mesmo aconteceu com a disponibilidade e o uso de diferentes meios de pagamento.

A oferta sofisticou-se, em um processo liderado pelas empresas aéreas e pelas grandes operadoras de varejo, seguido por um grupo cada vez maior de pequenas e médias empresas, que aperfeiçoaram seus modelos de negócio na rede. A demanda cresceu em número e na disposição do consumidor em comprar, à medida que as gerações que foram educadas com a internet desde o colégio entraram no mercado de trabalho e puderam canalizar seu poder de compra via web. “Finalmente, alcançamos uma massa razoável de usuários na América Latina, suficiente para que muitos modelos de negócio na internet conquistem rentabilidade mais rapidamente”, diz o argentino Alec Oxenford, fundador da casa de leilões online DeRemate.com (comprada pela MercadoLivre.com) e que hoje está à frente da OLX.com, um serviço de classificados gratuitos com presença global.

CLICS & MONEYGasto total com e-commerce na América Latina (em US$ milhões)Fontes: AméricaEconomía Intelligence

LAtINOS AMAdurECEMB2C como % do PIBFonte: AméricaEconomía Intelligence

BrasilMéxico Latinoamérica

Chile

2003

0,9%

0,5%

0,7%

0,3%

0,1%

0,8%

0,4%

0,6%

0,2%

0,0%2005 20082004 20072006 2009

0,14%0,19%

0,11%

0,07% 0,07%

0,20%

0,33%

0,32%

0,10%0,13%

0,18%

0,30%

0,84%

0,54%

0,52%

0,36%

0,42%

0,26%

0,11%

0,05%

0,09%0,13%

0,18%

0,24%0,27%

0,35%

0,64%

CafeBritt.com

0,52%

Entretanto, esse estudo aponta que tal crescimento ainda não se dá de maneira uniforme. Em alguns

mercados, a crise foi uma justificativa para adiar investimentos em tecnologia e logística, necessários para um avanço

30.000

20.000

5.000

25.000

10.000

15.000

02003

1.866,4

4.885,0

2005

15.645,0

2008

3.042,1

2004

10.572,5

2007

7.542,5

2006

21.774,9

2009

27.597,9

2010p

34.497,3

2011p

Page 3: Estudio con estadisticas y estado de situacion del Comercio Electronico y los Negocios por Internet en America Latina - Parte Uno en Portugues

mais de 60% de todo o e-commerce focado no consumidor final da região. “Nosso cenário conservador de crescimento para o B2C é de 30% por ano até 2016”, diz Gerson Rolim, diretor executivo da Câmara-e.net, associação que reúne as operadoras de comércio eletrônico.

Rolim não é o único otimista em relação ao Brasil. As grandes redes varejistas incrementaram fortemente suas apostas tecnológicas e logísticas para aumentar a força de seu comércio eletrônico. O Walmart, por exemplo, que entrou no e-commerce brasileiro em outubro de 2008, afirma que pretende dobrar suas vendas virtuais em 2010. O foco de sua estratégia se concentra na variedade: a empresa

A vantagem de ser o último

No Brasil, a intensa guerra no campo do comércio eletrônico tem sido alimentada, nos últimos tempos, pela chegada de players globais. Em outubro de 2008, a rede norte-americana Walmart entrou em campo. Agora

chegou a vez da francesa Carrefour, que inaugurou sua operação em março, com um objetivo ambicioso: ocupar a quinta posição entre os players do comércio eletrônico, no Brasil, até o final de 2011. “Ser o último pode trazer benefícios”, diz Rodrigo Lacerda, diretor de Marketing da rede. “Podemos criar um site a partir do diagnóstico de tudo o que está acontecendo, entendendo as necessidades do consumidor, conhecendo as tendências atuais e oferecendo uma solução diferenciada.” Com um investimento de US$ 27 milhões, o portal levou sete meses para ser desenvolvido, aproveitando todos os conceitos da rede 2.0. Os usuários podem obter informações sobre produtos por meio de vídeos explicativos, resenhas escritas por outros internautas, blogs, chats e redes sociais. A loja virtual do Carrefour no Brasil oferece garantia estendida de produtos e atenção pós-venda. A plataforma brasileira, primeira a ser lançada pela multinacional francesa em um país emergente, servirá de modelo em seus projetos em outros países, como Argentina, Colômbia e China.

quer aumentar sua oferta online dos atuais 10 mil artigos, distribuídos em 11 categorias, para 100 mil, divididos em 21 seções, até o final do ano. O Walmart também tem lojas virtuais em outros países, como no Chile, representado pela marca Líder, e no México, com a Superama. Contudo, ambos operam somente na venda de alimentos. O Carrefour Brasil, que acaba de lançar seu portal de e-commerce no país, tem um plano semelhante (veja quadro A Vantagem de Ser o Último).

Entretanto, o maior destaque no segmento varejista é o Pão de Açúcar, gigante que, com a compra de seus rivais Ponto Frio e Casas Bahia, não apenas assumiu a liderança das

nos modelos de comércio online, o que impediu um aumento maior no volume de bens e serviços adquiridos por meio da internet. Colômbia e Peru, por exemplo, foram países que registraram altas muito discretas no comércio de produtos pela web. Somente este ano o Grupo Éxito, principal rede varejista da Colômbia, começará a investir no desenvolvimento de seu negócio na web (veja quadro O Papel dos Donos).

Em outros países, a contração do turismo – gerada pela crise e pela gripe suína – impediu que se registrassem taxas de expansão maiores. Esse é o caso principalmente do México, onde o turismo representa cerca de 70% das operações de B2C.

Varejistas ao ataqueNão é possível compreender a dimensão do crescimento do B2C na América Latina sem falar do Brasil. O país não é somente o maior da América Latina; também é o que apresenta os indicadores mais altos em termos de uso de comércio eletrônico na região, uma vantagem que se acentuou durante 2009, com a entrada de 4,4 milhões de novos usuários de internet no país, que ajudaram a levar as cifras de B2C para além dos US$ 13 bilhões,

Carrefour.com.br

CONfIANçA EM ALtAQual é a sua percepção sobre a segurança nas operacões que realiza pela internet? Fonte: Pesquisa com leitores de AméricaEconomia, maio de cada ano 2008

201080%

40%

60%

20%

70%

30%

50%

10%

0%

ARgE

NtiN

A

COSt

A RiC

A

PANA

BRAS

iL

ECUA

DOR

PERU

VENE

zUEL

A

BOLV

iA

CHiLE

PARA

gUAy

COLÔ

MBiA

MÉxiC

O

URUg

UAy

A. LA

tiNA

Page 4: Estudio con estadisticas y estado de situacion del Comercio Electronico y los Negocios por Internet en America Latina - Parte Uno en Portugues

Da logística às redes sociais

Se alguém pesquisar a história da rede chilena de lojas de departamento Falabella, não encontrará nenhuma referência a seu site. Fontes da empresa dizem que tais informações estão classificadas

como confidenciais, por causa do sucesso do negócio. Ricardo Alonso, gerente geral da Falabella.com, afirma que o nível de vendas registrado no portal supera o de qualquer loja física do país. Fontes próximas da empresa dizem que as vendas online representam 57% do faturamento da área de varejo da Falabella, participação que justifica os dados de tráfico online indicados por sites como Alexa.com ou googletrends.com. Alonso não confirma tal dado, mas comenta os fatores-chave do sucesso da Falabella.

com. “A experiência da compra é o fundamental”, diz. Segundo o executivo, não basta ter um

bom catálogo de ofertas sem ter boa logística. “isso não implica apenas ter caminhões para entrega, mas sistemas inteligentes para traçar rotas e integração de sistemas que permita monitorar as entregas”, diz. Um exemplo-chave no

qual muitos falham é a logística reversa, que permite que um comprador devolva o produto, se não estiver satisfeito com a compra. “É um processo complexo, mas não fazê-lo bem pode significar o fim do e-commerce.” Por isso, Falabella tratou de desenvolver seu próprio modelo, seguindo o exemplo de varejistas bem-sucedidos dos EUA e da Europa, os quais Alonso visita regularmente. Outro fator fundamental é observar o usuário. “Medimos tudo o que ele faz no site. tudo”, afirma. A estratégia de observação permanente estende-se inclusive às redes sociais, realizando promoções em canais como Facebook ou twitter. Além do Chile, Falabella.com opera na Argentina e se prepara para estrear na Colômbia e no Peru, países nos quais atualmente só possui sites informativos.

México, a rede PalaciodeHierro.com é líder, mas o segmento varejista ainda não aposta suas melhores fichas no canal de vendas online. Na Argentina, há modelos bem-sucedidos, mas ainda falta demanda. Na Colômbia e no Peru, o investimento dos operadores varejistas é recente e dominado por pequenos casos isolados. Somente o Chile, segundo país com maior maturidade em comércio eletrônico da região, mostra desenvolvimentos importantes, em um setor dominado pela Falabella.com (veja quadro Da Logística às Redes Sociais), mas no qual também se destacam outras varejistas, como Cencosud, Ripley, Sodimac e LaPolar.

Pequenas em destaqueSer um jogador relevante em uma área de e-commerce requer muito investimento em tecnologia e em sistemas logísticos. É impossível conseguir vendas de US$ 100 milhões sem que haja compromissos substanciais e recursos sustentáveis. Contudo, as pequenas empresas também têm conquistado bons resultados na web. À medida que os motores da busca começam a ser a principal ferramenta de pesquisa dos usuários da internet na hora de tomar decisões de compra, os pequenos começam a ter chances similares às das grandes redes de chegar com sua oferta ao consumidor. Isso é facilitado por sites como o MercadoLivre.com, um portal que passou de leilões a transações com consumidores, cujas vendas, atualmente, são 90% a preço fixo, e 80% de produtos novos, o que mostra um amplo domínio de pequenos negócios em sua plataforma.

Uma das vantagens do e-commerce é que ele gera incentivos para que empresas que operam na informalidade ingressem no mundo formal com

Falabella.com

vendas físicas de varejo, como alcançou a segunda posição no comércio eletrônico brasileiro. A empresa, que, no fechamento desta edição, passava por um processo de revisão de sua fusão com a Casas Bahia, passou a concentrar as unidades de venda de bens duráveis na internet em uma nova empresa, chamada de Nova PontoCom. Com um faturamento estimado em US$ 1 bilhão para 2010, fica atrás apenas da B2W-Companhia Global do Varejo, formada por Submarino.com e Lojas Americanas. A B2W, entretanto, tem visto sua distância em relação às concorrentes se reduzir. Em 2009, pelo segundo ano consecutivo, cresceu menos que a média dessa indústria, reduzindo sua participação de 60% para

47%. Em busca de reverter tal tendência, o grupo anunciou que investirá US$ 100 milhões em tecnologia neste ano.

A necessidade de reação é justificada; afinal, o mercado brasileiro tem se sofisticado. Por exemplo, em 2009, os eletrodomésticos figuraram pela primeira vez entre os artigos mais comprados pela web no Brasil. As vendas desses itens cresceram 137% em relação a 2008 e só ficaram atrás, entre os produtos tangíveis, das categorias mais tradicionais, como livros, assinaturas de jornais e revistas, além de acessórios de cuidado pessoal (saúde, beleza e medicamentos).

O dinamismo do B2C brasileiro, entretanto, ainda não se repete em outros mercados da América Latina. No

Page 5: Estudio con estadisticas y estado de situacion del Comercio Electronico y los Negocios por Internet en America Latina - Parte Uno en Portugues

O papel dos donos

A visão dos donos e o apoio que dão ao comércio eletrônico são fundamentais na hora de elaborar uma estratégia de sucesso. Não

acredita? Então pergunte aos executivos do grupo Éxito, maior rede de varejo da Colômbia, comprada em 2007 pela francesa Casino.

“Começamos nossa plataforma online em 1998, mas era uma unidade pequena, sem ambição”, conta Eduardo René Miranda, chefe

de Comércio Eletrônico do grupo. “Desde que a Casino chegou, porém, passamos a respirar internet.” Para essa

mudança, foi importante a experiência da rede francesa com seus portais em outros países, injetando ambição no

grupo, que prepara vários investimentos para renovar seu portal. “As vendas online do Éxito foram de US$ 15 milhões em 2009, apenas

0,8% do total; no caso do Extra.com, no Brasil, o site representa 5% das vendas do grupo”, compara Miranda, calculando o potencial a

explorar.

propostas de valor diferenciadas. É o caso do Mercado La Salada, um grande centro têxtil de Buenos Aires, que criou o MercadoLaSalada.com, ou das feiras tecnológicas peruanas Las Malvinas (Malvinasperu.com) e Computiendas

(Computiendasperu.com). “As empresas pequenas e médias

têm tudo a ganhar com o comércio eletrônico, por seus benefícios visíveis, como o acesso a novos mercados, e pela afinidade da natureza dinâmica do meio com seus modelos de negócio”, diz José María Ayuso, vice-presidente Executivo Global de Produto da Visa. “São muitos os casos bem-sucedidos nos países com maior infra-estrutura financeira e tecnológica. Sem dúvida, o futuro do setor virá através do comércio eletrônico.”

Cruzar fronteirasUm iPad, um celular Android ou o último PC da Sony são sonhos

2005 2006 2007 2008 2009

BRASIL 2.269,9 3.540,5 4.898,7 8.572,6 13.230,4

MÉXICO 567,1 867,6 1.377,0 2.010,0 2.624,9

CHILE 242,8 471,8 687,5 919,5 1.027,9

VENEZUELA 253,4 489,6 821,5 787,8 906,1

ARGENTINA 240,9 378,1 561,5 732,8 875,0

CARIBE 387,0 565,0 660,0 754,9 868,1

AMÉRICA CENTRAL 189,2 359,9 499,0 563,9 637,2

PORTO RICO 344,0 384,3 445,0 489,8 587,8

COLÔMBIA 150,3 175,0 201,3 301,9 435,0

PERU 109,1 145,5 218,2 250,9 276,0

OUTROS 131,3 164,8 203,0 260,9 306,5

AL + CARIBE 4.885,0 7.542,1 10.572,5 15.645,0 21.774,9

E-CONSuMO tOtALPaíses/blocos selecionadosB2C em US$ milhõesFonte: América Economía Intelligence

Grupo Éxito

de consumo que talvez ainda não estejam disponíveis no comércio de determinada região. Mas isso não impede que se compre diretamente dos EUA, por meio dos sites mais populares desse país, como o Amazon ou o eBay. A modalidade de consumo online caracterizada pela compra de produtos que estão disponíveis em sites de comércio eletrônico de outros países já ganhou relevância. Na verdade, é um dos componentes do e-commerce que mais cresce. Apesar dos custos de logística e de aduanas, cada vez mais os consumidores latino-americanos estão usando a internet para comprar produtos que não encontram em seus países. “Quando o iPhone foi lançado, em 2007, recebemos uma enorme quantidade de pedidos de compra

do novo aparelho provenientes da América Latina”, diz Paul Gartland, CEO da Skybox, empresa de logística, com sede em Miami, dedicada ao envio de produtos comprados nos EUA para seus consumidores latino-americanos. “Em 2009, fizemos 150 mil envios de produtos dos EUA para a América Latina, um aumento de 18% em relação a 2008, apesar da crise”, explica.

O México é, por sua integração logística com os Estados Unidos, o país que mais compra dos EUA através da web. Muitos mexicanos compram diretamente na Amazon e no BestBuy.com, sem passar por um serviço intermediário. Líderes da indústria estimam que esse comércio seja equivalente a quase um terço

O Brasil representa mais

de 60% de todo o comércio

eletrônico da região

Page 6: Estudio con estadisticas y estado de situacion del Comercio Electronico y los Negocios por Internet en America Latina - Parte Uno en Portugues

A compra do mês

A gripe A (H1N1) fez bem ao negócio da LeShop.com.ar. O portal, criado em 2000, viu sua demanda crescer em julho do ano passado, quando a pandemia forçou a quarentena nas principais cidades da Argentina. Foi então que o LeShop

se transformou em um dos sites prediletos de compra online, com uma taxa de crescimento de 50% em 2009. gonzalo tomás Benítez, diretor executivo do portal, afirma que esse resultado se deve a dois fatores: logística própria e atenção personalizada. “Entendemos que, para ganhar mercado e fidelizar clientes, esses fatores são chave, porque ajudam a

construir confiança”, diz. Esse supermercado na internet afirma ter 35% de participação de mercado, em um segmento que faturou US$ 65 milhões em 2009. A navegação no site da LeShop – que replica a operação da empresa suíça homônima – simula o passeio por um

supermercado, incluindo as gôndolas. Seu objetivo é facilitar a mudança de hábito do consumidor na hora de fazer suas compras. também oferece um assessor pessoal, que se apresenta com nome e sobrenome e responde a qualquer dúvida ou mudança no pedido. “Nosso cliente é exigente e valoriza a qualidade, pontualidade e exatidão em cada pedido”, afirma Benítez.

pOtêNCIA BrASILParticipação por país no gasto total do B2C na ALFontes: AméricaEconomía Intelligence

BRASiL

CHiLECOLÔMBiA

MÉxiCO

PERU

PORtO RiCO

VENEzUELA

AMÉRiCA CENtRAL

ARgENtiNA

CARiBE

OUtROS

60,8%

4,7%2%

12,1%

1,3%

2,7%

4,2%

2,9%

4%

4%

1,4%

Leshop.com.ar

de todo o e-commerce realizado pelo México. De fato, a concorrência direta dos Estados Unidos é um dos fatores que têm inibido as empresas mexicanas a incrementar sua aposta no comércio eletrônico.

A América Central e o Caribe também são grandes compradores de sites estrangeiros, por sua proximidade geográfica com os EUA e pela pouca profundidade de seus próprios mercados. Os países do Caribe que falam inglês contam, ainda, com a vantagem do idioma, o que torna a compra um processo ainda

mais natural. No entanto, se havia um país onde

os cidadãos se caracterizavam por fazer compras internacionais, esse era a Venezuela. Até 2007, o governo venezuelano autorizava uma cota de compras pela internet de até US$ 1,5 mil. Entretanto, por causa da realidade dual do mercado de câmbio venezuelano, essa cota, que permitia a compra de dólares na taxa oficial mais baixa, acabava funcionando como um subsídio, incentivando o uso massivo. Isso motivou o governo

a reduzir o limite de compras para US$ 400, elevar o câmbio oficial, e fixar requisitos mais restritivos ao acesso a esses dólares, reduzindo o número de compras online.

Já no Brasil, o volume de compras no exterior registra um crescimento significativo. Apesar de algumas tarifas sobre produtos eletrônicos chegarem a 100%, os brasileiros de maior poder aquisitivo têm aproveitado a valorização do real para comprar pela internet muitos dos produtos eletrônicos que ainda não estão nas lojas de seu país. De acordo com a

Camara-e.net, os brasileiros gastaram US$ 620 milhões dólares, em 2009, em compras internacionais pela web, um aumento de 30% em relação a 2008.

Esse movimento de compras transfronteiriças é de mão dupla. Por isso, também vale destacar que muitos imigrantes que vivem nos Estados Unidos substituíram as remessas de dólares em dinheiro que enviariam às suas famílias em seus países de origem por compras em sites de e-commerce desses lugares. Isso tem levado empresas como a mexicana TiendasElektra.com, do Grupo Salinas, assim como clubes de desconto, como o PriceSmart, na América Central e no Caribe, a desenvolver serviços especiais para os clientes internacionais.

Como aViÃo Grande parte do impulso do comércio eletrônico na região continua sendo protagonizado pela indústria do turismo, especialmente pelas companhias aéreas. E não se trata de tentativas revolucionárias de algumas companhias de baixo custo, como a Gol, no Brasil, a Volaris, no México, ou a Aires, na Colômbia. O maior esforço,

Page 7: Estudio con estadisticas y estado de situacion del Comercio Electronico y los Negocios por Internet en America Latina - Parte Uno en Portugues

Euforia virtual

O show do Aerosmith na Colômbia estava programado para o dia 20 de maio, mas, no escritório de Eduardo Olea, o frenesi envolvendo esse espetáculo começou muito antes: especificamente,

à zero hora do dia 13 de março, momento em que começava a venda de ingressos através do portal tuboleta.com, da empresa Coltickets, da qual Olea é gerente de Pesquisa e Desenvolvimento. “Nessa hora, 85 mil pessoas disputavam um dos 10 mil ingressos. Chegamos a ter um pico de 110 mil pessoas”, conta. O excesso de busca fez o sistema cair, o que incentivou a empresa a investir em capacidade para processar um grande volume de transações. Afinal, um negócio online que envolve grandes nomes da música precisa de robustez para administrar a euforia dos fãs. “A internet é o canal predileto para a compra de entradas para eventos como finais de campeonatos de futebol ou grandes shows internacionais”, diz. A empresa – com presença também no Peru e no Equador – realiza vendas por meio de diferentes canais: dois presenciais (em 70 pontos de venda, mais bilheterias de vários teatros e estádios), além da venda por telefone e internet. Do total de entradas que a tuboleta vendeu em 2009, 27% foram por via telefônica e 22%, pela web. Uma característica verificada é que as compras feitas pela web se concentram nos ingressos de valor mais alto. Enquanto, somando todos os canais de venda, o valor médio de uma entrada é de US$ 15, a média de preço de um ticket vendido pela internet é de US$ 30.

TuBoleta.com

COMprAdOrES COMpuLSIvOSQuem fez compras no último mês (só respostas positivas)Fonte: TGI / KMR

8,0%

4,0%

60%

2,0%

7,0%

3,0%

5,0%

1,0%

0,0%ARgENtiNA CHiLE MÉxiCO VENEzUELABRASiL ECUADORCOLÔMBiA PERU A. LAtiNA

2,8%

3,4%3,1%

6,14%6,58%

2,94%

3,75%

3,07%

1,96%1,62%

2,76%

0,28%0,71% 0,94%

1,78%

2,63%

1,75%

2,40%

1,00%

1,77%1,34%

3,72%4,01%

4,28%

1,89%1,81%

7,21%200720082009

resort no Caribe, ou uma pousada em Machu Picchu, no Peru. “Hoje, 70% das reservas de hotéis passam por uma atividade online”, afirma Alvaro Diago, diretor para América Latina do grupo InterContinental Hotels Group, que inclui marcas como a HolidayInn. “Embora a fidelidade de marcas seja relevante nessa indústria, a internet tem permitido que empresas de menor porte se tornem conhecidas e ganhem posições.”

A indústria de viagens, ainda que

em sua grande maioria não sofra com os problemas de logística que atingem os varejistas on-line – já que não há um bem físico para entregar –, tem o desafio da confiança do consumidor, pois se trata de compras caras. Um ticket médio na indústria do turismo é de US$ 900 para a passagem de avião e US$ 400 para a reserva de hotel, de acordo com dados da Despegar.com, o que requer uma alta dose de credibilidade para ser realizado.

nos últimos dois anos, ocorreu entre os players estabelecidos, ou seja, companhias aéreas de bandeira que têm investido fortemente para fomentar a venda direta de passagens pela internet. A chilena Lan, por meio de seu site Lan.com, tem sido uma das mais agressivas nessa luta, com promoções para atrair os viajantes a comprar em seu site e eliminar qualquer agência intermediária, que ganharia uma comissão pela venda. Mas é a brasileira Gol que continua sendo a companhia da região com maior volume de vendas pela internet, com mais de 90% de sua receita gerada dessa forma – embora muitas delas não possam ser consideradas diretas, já que são feitas pelas agências de viagens no site da empresa.

A novidade, porém, é que já existem pequenas e médias empresas do setor que começam a utilizar o comércio eletrônico para fechar transações. Pode ser uma empresa de transporte turístico no costa maia mexicana, como a CancunTransfers.com, ou um

Page 8: Estudio con estadisticas y estado de situacion del Comercio Electronico y los Negocios por Internet en America Latina - Parte Uno en Portugues

Como queima de estoque

Neste ano, o Despegar.com lançou uma promoção para a qual convenceu hotéis da Argentina a reduzir em até 50% o valor das diárias e antecipar as vendas de temporada através do portal. tal estratégia não foi isolada.

Desde a sua criação, nos anos 1990, essa agência de viagens busca aumentar a participação de estadia e pacotes turísticos em suas vendas. “A ideia é que, dentro de poucos anos, eles representem 50% do total”, diz o argentino Cristian Vilate, co-fundador e vice-presidente da Hoteles Despegar.com para a América Latina. A preocupação da empresa se justifica. Hoje, a venda de passagens de avião, que representa 80% das transações feitas pelo site, já não oferece a mesma rentabilidade de anos atrás, sobretudo porque as próprias companhias aéreas passaram a buscar a internet para fortalecer suas vendas diretas, reduzindo as comissões pagas às agências. “Esse é um negócio que só vale a pena em escala”, diz Vilate. A empresa fechou 2009 com um volume de transações próximo dos US$ 500 milhões e espera chegar aos US$ 900 milhões em 2010. O mercado brasileiro, no qual a empresa atua por meio da marca Decolar.com.br, é o maior da operação, respondendo por mais de 40% dos negócios da companhia. No país, são superados apenas pelo site SubmarinoViagens.com, filial do gigante B2W. O México é seu segundo mercado, com 20% das vendas, seguido pela Argentina, com 15%.

Despegar.com

dINhEIrO ELEtrôNICOMeio de pagamento preferidoFonte: TGI 2009

80%40% 60%20% 70%30% 50%10%0%

CARtãO DE CRÉDitO 75%

13%CARtãO DE DÉBitO

3%tRANSFERêNCiA1%CHEqUE

7%CONtRA ENtREgA

MetodologIa as estimativas da américaeconomía Intelligence para a elaboração deste estudo, relativas aos anos de 2008 e 2009, foram feitas a partir das informações fornecidas por fontes oficiais de cada país (câmaras ou associações de comércio eletrônico), homologadas e complementadas por análises industriais, relatórios financeiros de grandes empresas e análise de especialistas, além de informações fornecidas por duas pesquisas: a “tgI 2009”, da consultoria KMR, realizada em uma amostra representativa de 24.433 entrevistados, em oito países da região, durante 2009; e outra feita em maio, pela américaeconomía Intelligence, com 2,3 mil leitores da revista américaeconomia. Para os países que não têm órgãos que forneçam dados estatísticos sobre o setor, a américaeconomía Intelligence realizou estimativas próprias, tendo em conta outras variáveis relacionadas às vendas pela web.Para fins deste estudo, definimos como

comércio eletrônico a consumidores (B2C) as transações comerciais que são fechadas pela internet e derivam em pelo menos uma ordem de compra cujo destinatário seja uma pessoa física. Isso inclui transações realizadas entre consumidores e empresas de varejo, de turismo e companhias aéreas; entre outros consumidores (C2C); e transações com o governo (pagamento de impostos online). os valores em dólares foram obtidos utilizando a taxa de câmbio válida para o último dia de cada ano respectivo. agradecemos a colaboração das seguintes fontes de informação: amipci, Camara-e.net, Cace, Cavecom, CCS, FMI, Ilce, ItU, World Internet Statistics, Unctad, Cepal, organização Mundial do turismo, Câmara Colombiana de e-Commercio, Capece, direção geral do Comércio eletrônico do Panamá, Camtic, tendencias digitales, entre outros especialistas e líderes na área de comércio eletrônico na região, que nos ajudaram a obter as informações necessárias para essa pesquisa.

os GarGaLos Apesar dos bons resultados revelados neste estudo, a América Latina continua a ser uma região predominantemente offline e não bancarizada. Ainda são muitos os fatores que devem evoluir para que a região alcance os níveis de comércio eletrônico dos países desenvolvidos. Por exemplo, em vários países ainda há pendências quanto aos mecanismos de transação comercial online, o que gera trâmites e complicadores adicionais para essas operações.

Os sistemas de logística e postal também são citados como grandes obstáculos para a consolidação de projetos. Com exceção do Brasil, que conta com um sistema de correio postal de alto nível, os demais países da região têm mecanismos

ineficientes de distribuição de bens, o que obriga muitas empresas a criar a sua própria logística. Algo impensável, por exemplo, nos EUA, onde empresas como a DHL, UPS e Fedex são os melhores sócios das lojas.

Além disso, ainda faltam fortes investimentos em tecnologia para que as empresas ofereçam serviços que realmente gerem experiências

diferenciadas para o usuário em relação às compras tradicionais. Esse fator, somado à desconfiança que ainda persiste em grande parte da população, cria barreiras. Nada, entretanto, que não possa ser superado, e cada novo avanço permitirá o aumento do volume de bens e serviços que nossas economias movimentam pela web.