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I Seminário Internacional de Ciência Política Universidade Federal do Rio Grande do Sul | Porto Alegre | Set. 2015
Estreito de Ormuz: o acirramento da Competição Estratégica entre Estados
Unidos e Irã (2003-2013)
Jessika Tessaro Rucks1
Resumo
O presente artigo visa analisar o papel do estreito de Ormuz no acirramento da Competição Estratégica estabelecida
entre Estados Unidos América e Irã. O estreito de Ormuz, localizado na região do Golfo Pérsico, é um dos principais
pontos de estrangulamento marítimo no sistema internacional, devido à sua relevância em termos econômicos, políticos
e estratégicos. Em vista disso, pretendem-se examinar o papel do estreito na dinâmica da competição EUA-Irã, entre
2003-2013. Assim, busca-se averiguar quais são os fatores que estabeleceram a competição entre os dois países. Em
seguida, o estudo visa analisar os condicionantes que tornam Ormuz um chokepoint. Por fim, visa-se observar como os
custos e capacidades de guerra assimétrica inviabilizaram que a competição estratégica fosse conduzida para um
contexto de guerra. Espera-se como resultado oferecer uma melhor contextualização e compreensão acerca das
dinâmicas do estreito de Ormuz e para o estudo das Relações Internacionais Contemporâneas.
Palavras-chave: Estreito de Ormuz; Irã; Estados Unidos; Competição estratégica; Chokepoint.
Introdução
Desde os tempos longínquos os mares e oceanos desempenham papel protagonista na
história mundial. As principais rotas marítimas se estabeleceram a partir do século XV e XVI,
quando ocorreu o advento das grandes navegações, resultantes do mercantilismo e da evolução da
engenharia naval. Nesse período os mares e oceanos ganharam importância em termos teóricos,
com a publicação da obra “The Influence of Sea Power upon History, 1660-1873” de Alfred Thayer
Mahan2, no qual argumentava que a base do poder das grandes potências estava na sua capacidade
de controlar fluxos marítimos, logo, o comércio internacional. Nesse sentido, a obra de Mahan
sustentava que “o controle dos mares, e em especial o controle de passagens marítimas de
importância estratégica, constituía um elemento crucial para alcançar o status de grande potência.”
(apud DOUGHERTY, 2003, p. 204).
1Mestranda do Programa de Programa de Pós-Graduação em Estudos Estratégicos Internacionais da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). [email protected] CAPPES. 2 Alfred Thayer Mahan (1840-1914) era um oficial da Marinha americana, suas obras e pensamentos influenciaram
diversos políticos e teóricos.
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Outra importante obra para compreender as dinâmicas da geopolítica e geoestratégia
marítima é a obra de Julian S. Cobertt3, intitulada “Principles of Maritime Strategic”. Para Cobertt,
as grandes potências, ao perceberem que as Sea Lines of Communication (SLOCs) são sensíveis em
determinados pontos focais - como estreitos, canais e gargalos - passaram a dominar e controlar
essas regiões. Nesse aspecto, a capacidade de um Estado controlar as SLOCs e os fluxos de
comércio internacional é dada pelo poder da sua marinha de guerra, portanto, essa não servirá
apenas para proteger as suas linhas de comunicação, mas também para atacar o inimigo.
Observam-se ainda importantes contribuições do conceito de Rimland4 de Nicholas
Spykman, que defendia uma estratégia intervencionista dos Estados Unidos da América durante o
período entre guerras, para conter a expansão da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
(URSS). Nesse sentido, Spykman argumentava que "quem controla o Rimland governa Eurásia;
quem governa Eurásia controla os destinos do mundo" (apud, FETTEWIS, 2000, online). Essa
região que circunda a Eurásia servia como um tampão entre o poder marítimo e o poder terrestre, o
que deu relevância estratégica ao Irã.
É válido observar ainda, as contribuições da teoria da contenção, proposta por George
Kennan (GADDIS, 1982, p. 25-53), que argumentava que os EUA e a URSS eram adversários em
razão de questões ideológicas e geoestratégicas, mas que o governo estatunidense não iria tentar
eliminar o regime comunista, por conta dos custos de uma guerra nuclear, mas apostaria suas
estratégias em uma política externa de longa duração focada na conteção do comunismo. Além
disso, realismo ofensivo de John Mearsheimer, em A tragédia da política das grandes potências
(2007), é de grande valia para compreender a projeção de poder das grandes potências na região do
Golfo Pérsico.
As Linhas Marítimas de Comunicação ganharam valor estratégico, sobretudo, a partir da
segunda metade do século XX, devido à expansão do comércio mundial e dos mercados de
hidrocarbonetos, o que Klare (2008) denominou como a geopolítica da energia, e acabou por
constituir verdadeiros chokepoints ao longo das SLOCs. É possível, segundo esse viés, observar a
maximização de poder que abrigam as intenções das grandes potências, que recorrem à ação
ofensiva para aumentar a segurança e garantir sua sobrevivência.
3 Julian S. Cobbertt foi um historiador da Guerra naval e influenciou o debate da estratégia naval até a metade do séc.
XX. 4 Rimland ou anel marítimo é o termo utilizado por Nicholas Spykman para definir a região costeira ou fimbrias
marítimas que circundam a Eurásia. Segundo o autor, controlar a região do Rimland é mais importante que controlar o
Heartland, em referência à teoria do poder terrestre de Halford John Mackinder.
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O presente artigo tem como propósito analisar a importância do estreito de Ormuz na
competição estratégica estabelecida entre os Estados Unidos da América (EUA) e a República
Islâmica do Irã. O estudo parte da constatação que Ormuz é um ponto de estrangulamento
estratégico no sistema internacional, em razão da sua relevância em termos geográficos, políticos e
econômicos. No entanto, para compreender porque Ormuz é considerado um gargalo marítimo
internacional é preciso fazer algumas distinções.
Dessa forma, os estreitos caracterizam-se por serem acidentes geográficos, provocados, por
exemplo, pela ruptura de placas tectônicas, que distanciam razoavelmente duas porções de terra:
dois continentes, duas ilhas, ou um continente e uma ilha. Alguns estreitos são denominados
estreitos internacionais, por terem caráter fundamental para o comércio mundial, a navegação ou a
segurança de seus Estados Costeiros. Nesse aspecto, os chamados estreitos internacionais “não
podem ser compreendidos, do ponto de vista estritamente geográfico, mas, justamente, ganharão
sentido do ponto de vista estratégico, como rotas de passagem, vias de comunicação e de transporte
internacional” (CASELLA, 2009, p. 444). Apesar de alguns autores divergirem sobre a definição e
a quantidade de estreitos internacionais, MARTÍN (2010, p. 44) assinala a existência de três
elementos que constituem uma espécie de “Santíssima Trindade” para distinguir os estreitos
utilizados para a navegação internacional: a geografia, o componente legal e a funcionalidade.
Nessa ordem, o componente geográfico estabelece a questão física, ou seja, as propriedades
que compõem qualquer estreito e que, portanto, deve ser uma passagem natural que separe duas
porções de terra e una duas porções marítimas. Já o componente legal determina que a largura do
estreito em algum ponto ou em toda a sua extensão não pode ultrapassar 24 milhas (44 km),5 ou
seja, a soma do mar territorial de cada Estado costeiro - 12 milhas (22km). Por fim, elemento
funcional de cada estreito é bastante variável, de acordo com Brüel (apud MARTÍN, 2010, p. 53-
54) para reconhecer um estreito como estreito internacional é necessário examinar quantos navios
passam pelo estreito, o total de tonelagem, o valor da carga e quantas nações utilizam essa rota.
Alguns desses estreitos internacionais são denominados de pontos de estrangulamento, ou
chokepoints, devido a sua relevância geoestratégica e geoeconômica. Cabe frisar, entretanto, os
estreitos são acidentes geográficos, já os chokepoints referem-se a um conceito teórico utilizado nos
estudos de segurança internacional e se aplica apenas a alguns estreitos com relevância estratégica.
Os chokepoints, de acordo com Alexander Lewis (1992, p. 503-509), possuem três características
5 1 milha náutica equivale a 1,852km.
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basilares: Primeiro, é um corredor que pode ser facilmente bloqueado, tanto para fins militares
quanto comerciais. Segundo, não deve existir uma rota prontamente disponível em caso de bloqueio
do estreito. E, por último, os chokepoints devem deter valor crucial para vários Estados.
Na definição e distinção dos chokepoints o comprimento dos estreitos e canais não
corresponde a um elemento determinador, ao contrário das ilhas e plataformas que são vistas como
entraves à navegação internacional. Além disso, a capacidade física do estreito torna-se um
elemento importante, sobretudo porque mais próximo do limite estiver a sua capacidade de
operação, mais instável é a navegação, mais tensa é a situação política, mais esforços são
necessários para manter a segurança do tráfego (RODRIGUE, 2004, p. 360). Logo, esses
condicionantes podem transformar um gargalo marítimo em um chokepoint do sistema
internacional.
Dada à contextualização, a delimitação do estudo é feita a partir de critérios analíticos,
cronológicos e geográficos. Assim, de forma introdutória o artigo pretende operacionalizar o
conceito de “Chokepoint”. Quanto aos critérios cronológicos, o estudo terá como marco o período
situado entre 2003 e 2013, o qual compreende o desaparecimento do Iraque como ator regional, e o
acirramento da Competição Estratégica entre EUA e Irã. Logo, é natural que a delimitação
geográfica dar-se-á pelo próprio posicionamento do estreito de Ormuz e sua projeção sobre o Golfo
Pérsico.
O estudo tem como base analisar o papel do estreito de Ormuz na competição estratégica
estabelecida entre Estados Unidos e Irã. Partindo desse pressuposto inicial, observa-se que a
Competição Estratégica é uma disputa entre potências, que podem ter capacidades assimétricas, e
que essa competição torna-se possível em virtude de um estreito com caráter internacional. Esse
panorama propõe a assertiva de que os chamados chokepoints dispõem de relevância que
transcende a região ao seu entorno.
Logo, o artigo foi divido em três seções, procurando fazer um resgate teórico qualitativo
sobre o tema. Primeiramente, propõem-se averiguar os eventos que promoveram a ruptura das
relações, e que posteriormente acirraram a competição estratégica entre EUA e Irã. Já a segunda
seção do trabalho visa examinar a relevância estratégica de Ormuz, procurando observar porque o
estreito é considerando um chokepoint do sistema internacional. Posto isso, a última seção pretende
analisar os desafios militares no estreito, atentando para as capacidades assimétricas iranianas,
assim como para o pocionamento dos Estados Unidos diante das estratégias A2/AD (Anti-
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Access/Area Denial) do Irã. Desse modo, objetiva-se averiguar como o estreito de Ormuz tem sido
um fator de barganha e contenção na competição estratégica. Por fim, são apresentadas as
considerações finais.
1. A competição estratégica entre Estados Unidos e Irã
A configuração do estreito de Ormuz em um chokepoint é um elemento importante na
Competição Estratégica existente entre os Estados Unidos e o Irã. Essa competição estratégica, de
acordo com Anthony Cordesman (2011), abrange os setores da energia, da economia, comércio, das
sanções impostas pelo ocidente em razão do programa nuclear iraniano, cruzando ainda com
questões de âmbito bilateral e multilateral formando um complexo eixo de competição entre os dois
países. Nessa perspectiva, Cordesman (2011, p. 6-10) assinala que a competição estratégica entre
Estados Unidos e Irã envolve tipos e níveis distintos de competição, tais como: Ideologia, religião e
sistema político; Terrorismo, extremismos, ações paramilitares; Energia, sanções, e impactos
econômicos globais; Exportações, importações e controle de armas; Diplomacia; e Competição
Militar.
Dentre esses, a competição militar é a que implica em maiores riscos, tencionando as
relações e a dinâmica do Golfo Pérsico. Contudo, esses níveis de concorrência são intrínsecos um
ao outro, e vem moldando a competição entre os dois países ao longo de quase quatro décadas. Para
compreender as razões que estabeleceram um cenário de competição entre Irã e Estados Unidos,
bem como o seu acirramento a partir de 2003, é preciso retroceder até primeira metade do século
XX, quando os dois países ainda desenvolviam relações amistosas.
Na primeira metade do século XX o Irã ganhou relevância no sistema internacional tanto em
termos geopolíticos quanto geoestratégicos. Com a revolução dos transportes6 o petróleo tornou-se
o principal produto estratégico no mundo moderno. Nesse período, mais precisamente entre 1908 e
1950, as grandes potências e sobretudo grandes empresas petrolíferas agiam com total autonomia
dentro do Irã, priorizando seus interesses e pagando mínimas taxas para a exploração do petróleo.
Além disso, com o surgimento da Guerra Fria, a posição geográfica do Irã tornou-se estratégica
para política norte-americana de contenção à expansão da influência da ex-União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas, que também buscou controlar a exploração de petróleo no Irã (PECEQUILO,
6 Entre o final do século XIX e início do século XX ocorreu o advento da indústria automobilística, da engenharia naval
e aeronáutica.
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2009, p. 140). Assim, de acordo com Brzezinsk, os Estados Unidos deveriam fortalecer suas
relações com o Irã, que era um estado-pino para conter a penetração dos soviéticos (1987, p. 271-
283).
Após o golpe em 1953, o Xá Reza Pahlevi governou como um ditador, respaldado pelo
SAVAK (polícia secreta do Xá), submetendo o parlamento a papel secundário, mas promoveu um
programa de modernização acelerada, baseado na industrialização e urbanização que no fim
acentuaram os desequilíbrios econômicos e sociais, a corrupção e a especulação no país
(MASSOULIÉ,1996, p. 116). A partir de 1953, com o contexto da Guerra Fria, as relações entre os
dois governos iam muito além de relações comerciais, haja vista que os Estados Unidos
influenciavam nas decisões internas, desde golpes até políticas adotadas do Estado iraniano.
Segundo Karmal (2007, p. 262), se estabeleceu uma espécie de regime clientelista do Irã para com
os Estados Unidos, entre as décadas de 1960 e 1970, o que foi extremamente importante para a
estratégia dos Estados Unidos de segurar reservas de petróleo na região do Golfo Pérsico. Em
paralelo, o governo dos Estados Unidos incentivou o Irã a se tornar uma potência regional no
Oriente Médio, facilitando a compra de armamento bélico norte-americano, além de dispôr seus
agentes de inteligência para treinar as forças armadas iranianas.
A competição estratégica entre Estados Unidos e Irã tem sua origem na perda do controle
ocidental sobre o Estado iraniano, a partir da Revolução Iraniana (1979) e da Guerra Irã-Iraque
(1980-88) colocando os até então aliados em lados opostos. Contudo, de acordo com Cordesman
(2011, p. 2), ainda na década de 1960 os Estados Unidos já percebiam que o Irã representaria um
desafio para os seus interesses no Golfo Pérsico. Com a retirada em 1968 das tropas da Grã-
Bretanha instaladas no Golfo, o Xá Reza Pahlevi, aliado dos EUA, tinha pretensões de tornar o Irã
uma potência regional, investiu no programa nuclear, e sob pretextos históricos passou a reivindicar
soberania sobre o Bahrein (HOURANI, 1994, p. 414).
Quando Jimmy Carter chegou ao poder em 1977 (até 1981) o Irã já sofria internamente uma
forte crise política, e as medidas de liberalização exigidas pelo governo de Carter, somadas a
repressão interna e a corrupção, na qual os iranianos acreditavam que estava diretamente vinculada
aos EUA, promoveram um ambiente propício para a Revolução Iraniana em 1979. A partir da Crise
de reféns (1979-1981) o governo norte-americano passou a exercer pressões econômicas e
diplomáticas contra o Irã. Os Estados Unidos pararam de importar petróleo iraniano, romperam suas
relações comerciais com o Irã, congelaram os ativos financeiros do país em bancos dos norte-
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americanos, com exceção de bens pessoais (TRAUMANN, 2010, p. 12). Ademais, a Revolução
Iraniana foi uma grade perda para a estratégia norte-americana na região, visto que o Irã possuía o
maior, mais bem treinado e equipado exército do Oriente Médio, situava-se estrategicamente entre a
fronteira soviética e o Golfo Pérsico, possuía grande riqueza petrolífera e era o aliado mais
importante dos EUA na região, a peça básica de seu esquema militar e gendarme mais confiável
(VIZENTINI, 2012, p. 50).
A Guerra do Golfo (Irã-Iraque) entre 1980 e 1988 reafirmou o estabelecimento da
competição. O Iraque, liderado por Saddam Hussein, e respaldado pelo apoio dos Estados Unidos,
atacou o Irã de surpresa, buscando tirar aproveito do caos interno que o país vivia, em razão da
revolução (SCHILLING, 2003, p. 180). Em contrapartida o Irã procurou afirmar sua supremacia
naval no Golfo Pérsico, atacando embarcações petrolíferas iraquianas a fim de prejudicar suas
exportações de petróleo. A Guerra entre Irã e Iraque se prolongou por oito anos, mas foi somente
em 1988, após o bombardeiro iraniano sobre o Golfo, que a potências ocidentais perceberam o
desequilíbrio que essa guerra poderia causar na economia mundial. O governo norte-americano,
aliado até então do Iraque, lançou então a Operação Praying Mantis como resposta a ofensiva
iraniana no Golfo. A Guerra entre Irã e Iraque deixou aproximadamente um milhão de mortos nos
dois países, sendo suas perdas comparadas à época da Primeira Guerra Mundial.
Após o fim da Guerra, o Irã buscou promover um ambicioso programa de reestruturação das
suas capacidades militares, a fim de assegurar-se como potência regional. Entretanto, as perdas da
guerra somada às sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos impactaram profundamente
na economia iraniana, e consequentemente sobre a reestruturação das suas forças armadas. Apesar
do certo isolamento ocasionado por esses dois eventos ao longo de quase quatro décadas o governo
iraniano manteve cooperação econômica com o mundo capitalista, particularmente com alguns
países da Europa Ocidental e o Japão, e cooperação militar com a Coréia do Norte (VIZENTINI,
2012, p. 55).
A partir de 1989, Ali Khameni7 assumiu como novo Líder Supremo, e o novo presidente
iraniano, Akbar Rafsanjanni (1989-1997) pode implementar diversas políticas de liberalização da
economia, tais como: a privatização de algumas empresas estatais, medidas de atração do capital
externo, a redução dos gastos com defesa, e outros (ABRHAMIAN, 2008, p. 183-184). Em 1997 foi
eleito o presidente Mohammed Khatami, que pregava uma política mais liberal e detinha boas
7 Antes se de tornar Líder Supremo, Ali Khameni foi presidente do Irã entre 1981 a 1989.
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relações com o Ocidente, ao passo de reestabelecer suas relações diplomáticas com a Grã-Bretanha,
e amenizar o embargo econômico durante o governo de Bill Clinton (1993-2001).
No entanto, esse quadro não reestabeleceu as relações entre Estados Unidos e Irã. Na
verdade, após a queda do Xá Reza Pahlevi e da fundação da República Islâmica, o governo norte-
americano passou a ver o Irã como um Estado antiamericano, que ameaçava os seus interesses na
região do Golfo Pérsico. O Irã representaria também uma ameaça à existência de Israel. Além do
mais, o governo iraniano é visto ainda pelo EUA como um exportador de terrorismo, responsável
por financiar armas para as forças insurgentes no Afeganistão e no Iraque (CORDESMAN, 2011, p.
7). Essas percepções somadas, a busca pelo desenvolvimento do programa nuclear e o constante
estabelecimento de forças assimétricas que ameaçam o fluxo das exportações do Golfo através do
estreito de Ormuz, provocaram o acirramento dessa competição nos anos 2000.
Após os atentados de 11 de setembro de 2001, a Doutrina Bush promoveu uma ofensiva
ambiciosa na chamada “guerra ao terror”. E, países como Afeganistão, Iraque, Coréia do Norte,
Líbia, Síria, e o Irã, foram definidos pelo então presidente dos EUA, George W. Bush como “Eixo
do Mal” (FUSER, 2006, p. 12). O governo iraniano, que havia condenado os atentados do 11 de
setembro, e extraditado os membros da Al-Qaeda instalados no Irã, viu a possibilidade de uma
reaproximação com o ocidente fracassar.
A queda do regime de Saddam Hussein no Iraque e do Taleban no Afeganistão, tradicionais
ameaças ao governo iraniano foi substituída pela presença militar dos Estados Unidos, no Iraque, no
Afeganistão e nas águas que banham o Golfo Pérsico, representando um novo desafio ao Irã (IISS,
2011, p. 296). Desse modo,
O Irã ficou cercado, pois a leste o Paquistão e o novo regime afegão eram
aliados dos EUA (que neles mantinha tropas e bases) e ao norte o
Turcomenistão e o Azerbaijão firmaram acordos com a OTAN e receberam
assessores e instalações de vigilância eletrônica americanas. A oeste havia a
Turquia, que é membro da OTAN e possui bases aéreas americanas, e o
Iraque, sob ocupação direta. Finalmente, ao sul os estados do Conselho de
Cooperação do Golfo são inimigos de longa data do Irã e nas pequenas
petromonarquias há bases norte-americanas, enquanto a presença da
marinha dos EUA no Golfo Árabe, alegadamente para defender essa
importante rota de petróleos, representa uma ameaça direta ao país
(VIZENTINI, 2012, p. 112).
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A competição entre Estados Unidos e Irã, como mencionado anteriormente, é composta por
diversos setores, formando um complexo eixo de competição entre os dois países. A partir de 2003,
a competição passou a envolver também de forma mais contundente o programa nuclear iraniano,
que teve suas origens ainda no período do Xá Reza Pahlevi, e contava com apoio norte-americano
(Cordesman, 2011, p. 99). Em 2003, a Agência internacional de Energia Atômica (AEIA, 2015,
online), emitiu um relatório, apontando que o Irã havia ocultado por 18 anos o desenvolvimento de
pesquisas paralelas às reveladas pelo governo, descumprindo as medidas previstas pelo Tratado de
Não Proliferação Nuclear (TNP), da qual o Irã é signatário. Em meio às pressões internacionais, o
governo iraniano comprometeu-se a cooperar com as salvaguardas propostas pela AIEA, mas não o
fez de forma integral, o que ocasionou novas desconfianças e críticas ao país.
Desse modo, o Irã se deparou com a possibilidade de um ataque preventivo contras as suas
instalações nucleares, o que forçou o governo iraniano a repensar suas estratégias de defesa
nacional. Concomitantemente a isso, já se desejava internamente uma resposta ao cerco militar feito
pelos Estados Unidos. A eleição em 2005 do conservador Mahmoud Ahmadinejad revelou uma
nova postura das relações do país com o mundo. O novo presidente adotou uma política de caráter
mais nacionalista, além do que, procurou se aproximar da Rússia e da China, e diferentemente do
seu antecessor, promoveu duras críticas ao Ocidente, particularmente contra os Estados Unidos e
também a Israel.
Logo ao assumir, Ahmadinejad, que após aplicações de sanções, em 2006, proibiu novas
inspeções da AEIA (2015, online), buscou fomentar o programa nuclear iraniano, e defendeu a ideia
de autonomia do país na condução tanto do programa quanto no enriquecimento de urânio. Em
contrapartida, o governo norte-americano afirmava que a condução do programa nuclear sem a
supervisão da Agência Internacional de Energia Atômica, representava uma ameaça, e que o Irã
tinha por objetivos a construção de armamento nuclear. Portanto, o programa nuclear representa o
pretexto perfeito para uma polarização e até o desencadeamento de uma guerra preventiva
(VIZENTINI, 2012, p. 160).
O governo iraniano procurou maneiras de amenizar a dependência da indústria do petróleo,
a economia iraniana continuou a crescer de forma moderada, o PIB (produto interno bruto) chegou
a crescer 6% em 2006. O Irã buscou ampliar suas relações econômicas, especialmente novos
investidores do setor petrolífero na China e no Japão. Adicionalmente, o presidente do Irã reforçou
os laços com grupos aliados a seus interesses no Afeganistão e no Iraque, além do Hezbollah, do
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Hamas e da parceria com a Síria (CORDESMAN, 2013, p. 25). O governo iraniano também
procurou reforçar suas relações com China e Rússia, tendo em vista que o Irã é considerado o
melhor caminho para o escoamento rentável e seguro do petróleo e do gás da Ásia central
(VIZENTINI, 2012, p. 112).
O debate sobre o programa nuclear iraniano sofreu avanços e retrocessos até meados de
2013. Com sucessivas negativas iranianas de paralisar o enriquecimento de urânio, o Conselho de
Segurança da ONU aprovou pacotes de sanções econômicas, iniciando em dezembro de 2006,
depois em março de 2007, em março de 2008. Entre as medidas, por exemplo, estava a proibição de
vendas de armamento ao Irã. Essa medida teve impactos sobre a capacidade iraniana de modernizar
suas forças armadas. Desde 2007, as sanções se estenderam a entidades econômicas e congelaram a
cooperação financeira em âmbito internacional do país.
As sanções econômicas refletiram-se internamente, diminuindo as taxas de emprego e
piorando a economia. Mesmo com a eleição do presidente democrata Barack Obama, em 2009, que
se propôs a abrir uma frente de dialogo com o Irã, os impasses continuaram. Em 2009, os EUA,
Reino Unido e França acusaram o Irã de construir clandestinamente uma nova usina nuclear, com
finalidades militares. Em outubro daquele ano, EUA, França e Rússia apresentaram uma proposta a
fim de colocar fim ao problema. A proposta feita ao Irã versava sobre o envio de 75% das reservas
de urânio iraniano de baixo enriquecimento para ser enriquecido até 20% em usinas russas,
posteriormente, seriam novamente remetidas ao Irã para uso médico. Assim, o baixo percentual que
ficaria no Irã, inviabilizaria a construção de bombas atômicas. Contudo, novamente o Irã recusou a
proposta e em 2010 afirmou que passaria a enriquecer Urânio a 20%.
No mesmo ano a União Europeia anunciou que adotaria sanções adicionais ao Irã,
particularmente no que se referia ao mercado de hidrocarbonetos. Em 2011, um relatório da AIEA,
afirmava que o governo iraniano havia realizado testes para o desenvolvimento de um dispositivo
nuclear. Em resposta os Estados Unidos e o Reino Unido afirmaram que fariam novas pressões por
meio de sanções mais severas, que atingissem o setor energético e financeiro. Em resposta as
sanções econômicas feitas pelo ocidente, o Irã ameaçou bloquear o estreito de Ormuz por diversas
vezes. Em 2011, foi finalizada a construção de uma usina de energia nuclear em conjunto com a
Rússia em Bushehr, sendo essa considerada a Primeira usina nuclear civil no Oriente Médio
(VIZENTINI, 2012, p. 169).
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A competição entre Estados Unidos e Irã tem ainda como plano de fundo o Estado de Israel.
A tensão entre os dois países envolve o apoio dos EUA a Israel, assim como o apoio iraniano ao
Hezbollah e ao Hamass. Ademais, as declarações do ex-presidente Ahmadinejad sobre os judeus e o
Holocausto, e do projeto nuclear, fomentam essa rivalidade. Dado, não se pode esquecer que com o
desaparecimento, do Iraque como ator regional em 2003, a concorrência existente entre Irã e os
países do Golfo Pérsico aprofundou-se, particularmente com a Arábia Saudita.
2. Ormuz: naturalmente um chokepoint
O estreito de Ormuz é uma das rotas marítimas mais importantes do sistema internacional,
em razão da sua relevância em termos econômicos, políticos e estratégicos. O estreito está
localizado entre Emirados Árabes Unidos e Omã, na costa sul, e com o Irã na costa ao norte. O seu
ponto mais estreito tem aproximadamente 38 km, entre o Irã e a Península de Musandam, que
pertence a Omã. O estreito de Ormuz possui oito ilhas ao longo dos seus 210 km de comprimento,
sendo que sete delas pertencem ao Irã. Os Emirados Árabes Unidos reivindicam a soberania de três
delas - Abu Musa, Greater Tunb Island, e Lesser Tunb - desde o tempo que o Xá Reza Phalevi
gorvernava o Irã. No entanto, após a retirada britânica do Golfo Pérsico no início da segunda
metade do século XX, o governo iraniano passou a manter presença militar no estreito
(CORDESMAN, 2007, p. 3).
Ilustração I – Visão detalhada do estreito de Ormuz
Fonte: HAGEL (2013, online).
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O Irã possui vantagem estratégica em comparação aos demais países costeiros, no que se
refere o controle do estreito de Ormuz, pois possui uma grande faixa costeira, em sua maior parte
montanhosa, que vai desde o Golfo Pérsico até o Golfo de Omã. Adicionalmente, o controle das
ilhas e a extensa costa tornam-se um entrave para as rotas comerciais marítimas, ao passo que ao
longo delas encontram-se as principais bases navais iranianas (CORDESMAN, 2007, p. 2).
O estreito possui uma profundidade média de 90 metros, o que não implica em grandes
riscos para a navegação, no entanto, antes da Revolução Iraniana em 1979, o tráfego ocorria
basicamente na região costeira aos Estados, onde a profundidade é maior. No presente, o tráfego de
embarcações flui num Esquema de Separação de Tráfego (EST), reconhecido pela Organização
Marítima Internacional. O Esquema de Separação de Tráfego determinou que grandes cargueiros e
petroleiros utilizassem os corredores que tem largura de 6 milhas (11 km), incluindo uma pista de
entrada e saída de petroleiros, cada uma com 2 milhas náuticas (3,7km) de largura, que são
separadas por 2 milhas, servindo como uma zona tampão. Logo, as embarcações comerciais ou
militares possuem pouca capacidade de manobra.
O estreito de Ormuz é considerado naturalmente um chokepoint, pois forma uma ligação
estratégica entre os campos de petróleo do Golfo Pérsico, que é uma via marítima sem saída, e o
Oceano Índico. (RODRIGUE, 2015, online). Os chokepoints, configuram-se por ser uma pequena
passagem litorânea, na qual é impossível de ser circunavegável, de forma imediata, devido à
inexistência de uma rota alternativa, ou em razão da inviabilidade em termos de tempo e custos
(HUBER, 2003, p. 4). Assim, o termo chokepoint segundo Charles Emmerson e Paul Stevens
(2012, p. 2-3), descende da estratégia militar que identifica alguns pontos geográficos, como pontos
de estrangulamento, no qual obriga as forças militares a tomar uma forma mais fechada, de tal
modo que diminui a sua capacidade de combate. Nessa perspectiva, segundo Till (2009, p. 182)
quem controla o chokepoint detém vantagem estratégica sobre o inimigo.
Além do fator geográfico apontado acima, Ormuz também se constitui em um chokepoint
devido à dependência mundial de hidrocarbonetos, haja vista que os maiores exportadores de
petróleo encontram-se na região do Golfo Pérsico. Particularmente, desde 1908 com a descoberta de
lençóis petrolíferos no Irã e em outros países da região, o estreito de Ormuz tem sido a principal
rota utilizada até os mercados consumidores. Segundo dados da Energy Information Administration
(EIA), em 2009 trafegavam pelo estreito aproximadamente 15.5 milhões de barris por dia (bbl /d),
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mas desde 2011, a média tem sido em torno de 17 milhões bbl /d. Logo, esse chokepoint assume
papel crucial para o mercado de energia global, uma vez que esses números representam cerca de
um terço de todo o petróleo negociado por via marítima e quase 20% do total de petróleo produzido
globalmente. Nesse sentido, é valido destacar que em 2010, Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes
Unidos e o Iraque foram responsáveis por 658 milhões de toneladas de petróleo bruto exportado no
mundo, sendo que quase 16 milhões de b/d de petróleo trafegaram através desse choke point.
O mercado de gás natural liquefeito (GNL) também sofre com as dinâmicas do estreito de
Ormuz, haja vista que cerca de um terço do gás produzido mundialmente é proveniente da região do
Golfo Pérsico, particularmente do Qatar. Em 2013, aproximadamente 3,9 TCF (trilhões de pés
cúbicos) de GNL passaram pelo estreito de Ormuz. Embora a Arábia Saudita possa utilizar o
oleoduto entre Abqaiq, perto do Golfo Pérsico, até Yanbu, próximo ao Mar Vermelho, e transportar
Gás Natural Liquefeito (GNL) através de outro oleoduto paralelo, essas rotas já operam
praticamente em capacidade máxima. Mesmo com o término antecipado do oleoduto em construção
ligando o campo petrolífero Habshan em Abu Dhabi ao terminal principal em Fujairah na costa
leste dos Emirados Árabes Unidos, ainda assim aproximadamente 75 % da produção atual de
hidrocarboneto da região do Golfo Pérsico não seriam escoados. Logo, em vista da limitadas
alternativas para escoamento de petróleo e gás o estreito torna-se vital para o abastecimento de
energia mundial. Nesse aspecto, a capacidade física do estreito torna-se um elemento importante,
sobretudo porque mais próximo do limite estiver a sua capacidade de operação, mais instável é a
navegação, mais tensa é a situação política, mais esforços são necessários para manter a segurança
do tráfego (RODRIGUE, 2004, p. 360).
Ademais, o estreito é fundamental para as importações e exportações dos países do Golfo. O
porto de Dubai, que só pode ser acessado via Ormuz, é um dos mais movimentados do mundo, ao
passo que em 2010 foi classificado como 9º maior porto do mundo com um tráfego superior a
11.600 mil TEU8. O crecimento da região o tornou o maior centro de transbordo que liga a Ásia, o
Oriente Médio e as rotas de comércio da África Oriental. (RODRIGUE, 2015, online).
Compete destacar ainda, que o Irã possui a quarta maior reserva de petróleo e a segunda
maior de gás natural do mundo, consolidando-se como um dos maiores produtores de
hidrocarbonetos. Em 2013, o Irã produziu cerca de 3,2 milhões de barris por dia (bbl / d) de
8 Cada TEU (Twent-Feet Equivalent Unit) representa um contêiner aproximadamente de 8 x 8 x 20m (Largura x altura
x comprimento). Essa medida serve para contar quantos contêineres cabe nas embarcações. É preciso destacar, que essa
não é uma medida oficial, entretanto é bastante utilizada na área de transporte marítimo de carga.
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petróleo e outros líquidos e mais de 5,6 trilhões de pés cúbicos (Tcf) de gás natural em 2012.
Entretanto, apesar de abundantes reservas do país, a produção desses hidrocarbonetos tem
diminuído consideravelmente nos últimos anos. Esse quadro de diminuição das capacidades de
produção deve-se às sanções internacionais, particularmente norte-americanas, impostas ao Irã após
a Revolução Iraniana, mas, sobretudo após 2003, quando se dá o acirramento da competição
estabelecida entre Irã e Estados Unidos.
Logo, a livre navegação nesse chokepoint é crucial para o mercado de energia global, uma
vez que 20% do petróleo bruto comercializado mundialmente trafega pelo estreito de Ormuz. Essa
quantidade está relacionada ao fato de que os maiores exportadores de petróleo encontram-se no
Golfo Pérsico. A maior parte do petróleo da região do Golfo tem como destino os mercados
europeus e asiáticos, particularmente a China. Nesse sentido, a relevância do estreito de Ormuz para
os Estados Unidos está no controle sobre as dinâmicas de oferta do petróleo. Assim,
[...] embora os Estados Unidos não sejam grandes consumidores de petróleo
da região, eles necessitam controlar o fluxo, como forma de influir na
quantidade e preço que chega ao mercado para, assim, contingenciar o ritmo
do desenvolvimento chinês e a formação de um espaço eurasiano.
(VIZENTINI, 2012, p. 115).
O estreito é uma das vias mais importantes para o transporte mundial de energia, quaisquer
incidentes podem acarretar impactos significativos sobre a economia mundial, pois se refletem
diretamente na volatilidade do preço do petróleo. As ameaças feitas pelos Estados Unidos para
embargar o programa nuclear iraniano refletem-se sobre Ormuz, uma vez que o governo iraniano
sabe o peso do chokepoint na dinâmica mundial. Nesse contexto, o estreito de Ormuz cria um
ambiente de tensão nas dinâmicas regionais do Golfo e na competição estratégica entre Estados
Unidos e Irã. Outrossim, o Irã também é vulnerável a ataques em suas plataformas de petróleo e
portos comerciais, assim como os demais Estados do Golfo Pérsico. A inexistência de rotas
alternativas a Ormuz também é um fator que tenciona a competição estratégica entre os dois países.
3. As capacidades militares iranianas: o custo como um fator de contenção
O estreito de Ormuz, como mencionado anteriormente, é naturalmente um chokepoint do
sistema internacional, devido à sua importância em termos econômicos, políticos e estratégicos. Em
vista disso, e em resposta às sanções econômicas impostas pelo Conselho de Segurança da ONU e
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as pressões ocidentais a respeito do seu programa nuclear, o Irã ameaçou por diversas vezes
bloquear o estreito a fim de garantir sua autonomia. Destarte, o valor estratégico do estreito para o
mercado mundial de hidrocarbonetos, as dinâmicas em Ormuz passaram a ser um ponto de tensão
não apenas da competição entre Irã e EUA, mas também regional.
O governo iraniano, particularmente em 2011, promoveu uma série de atividades militares
no estreito, como forma de demonstração de força. O Irã, segundo Guzansky (et al., 2011, p.12)
pretendia enviar uma mensagem clara aos Estados Unidos, no qual enxergam o estreito como seu
quintal estratégico, posto que qualquer bloqueio, mesmo que por tempo limitado, causaria sérios
danos à economia, devido à grande demanda de petróleo da região. Ademais, o Irã tem plena
ciência da importância desse ponto de estrangulamento, dada a escassez de rotas alternativas para o
escoamento de petróleo.
Como já observado, ao fim da Guerra Irã-Iraque, o Irã percebeu que seus inimigos estavam
ao entorno do Golfo Pérsico. Tendo em vista que a Quinta Frota dos Estados Unidos estava sediada
no Bahrein, o Irã precisava reconsiderar suas estratégias militares, particularmente suas capacidades
navais, a fim de garantir sua soberania e o domínio sobre o estreito de Ormuz. Assim, o governo
iraniano buscou desenvolver estratégias de anti-acesso e negação de área (em inglês, anti-acess and
area-denial (A2/AD)), ou seja, estratégias de defesa. Essas medidas estratégicas visam, sobretudo,
impedir e/ou retardar possíveis ações militares dos Estados Unidos no Golfo Pérsico. Assim, a
aquisição de armas equipamentos que podem negar o acesso ao Golfo, o controle do tráfego no
estreito, e a influência iraniana sob alguns países do Oriente Médio foram alguns dos
condicionantes para o acirramento da competição estratégica.
Atualmente, as forças militares iranianas são estruturadas em 3 eixos: Forças Armadas
regulares do Irã, composto pelo Exército, Marinha e Aeronáutica; a Força de Resistência Basij,
responsável por assegurar os preceitos do Islã dentro da sociedade iraniana; e, o Corpo da Guarda
Revolucionária Islâmica (IRGC) que opera no Mar Cáspio, no Golfo de Omã e também no Golfo
Pérsico. Desde 1992 o Irã estabeleceu um escritório único para abrigar as três forças.
De acordo com dados divulgados pelo The International Institute for Strategic Studies
(IISS), estima-se que o Irã tenha em torno de 545 mil homens ativos nas forças do país e um
adicional de cerca de 350 mil de reserva, dos quais 18 mil pertencem à Marinha, 350 mil ao
exército, aproximadamente 35 mil da força aérea e 40 mil de forças paramilitares. Contudo,
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acredita-se que essa última pode mobilizar por meio da Resistência Força Basij mais de 1 milhão de
homens.
Após a Guerra Irã-Iraque, o governo iraniano percebeu suas limitações militares, uma vez
que o envolvimento dos Estados Unidos levou a guerra para um patamar de assimetria das forças.
Assim, com o fim da Guerra em 1988, e o Irã buscou modernizar suas forças, mas o acirramento da
competição estratégica a partir de 2003 e os embargos econômicos feitos pelo ocidente dificultaram
esse processo. Para conseguir modernizar suas Forças Armadas, o Irã fomentou o desenvolvimento
de uma indústria nacional, apesar de suas capacidades de produção ainda serem baixas (IISS, 2011,
p. 297).
O Irã possui um orçamento de defesa em torno de 10 bilhões de dólares, esse valor não
abriga os custos com financiamento de atores não-estatais estrangeiros, nem programas de mísseis,
gastos com indústria de defesa, capacidade nuclear e atividades de inteligência. Assim, de acordo
com IISS (2011, p. 297), provavelmente o valor do orçamento deve girar em torno de US$ 12
bilhões a 14 bilhões, o que é aproximadamente de 30% a menos que os gastos com defesa da Arábia
Saudita, tradicional inimigo do Irã no Golfo.
Tendo em vista que as capacidades iranianas não são organizadas ou treinadas para projetar
poder significativo em todo o Golfo, suas forças terrestres não estão estruturadas para projetar poder
profundamente em um estado vizinho, como o Iraque, ou para lidar com as capacidades AirSea
Battle dos EUA (CORDESMAN, 2015, online). O Irã passou assim a investir em capacidades
militares específicas, tais como: marinha, mísseis balísticos e armas não-convencionais. E, o que
não conseguia produzir internamente, adquiriu de países asiáticos como a Rússia, China e Coréia do
Norte.
No presente, a Marinha iraniana conta com 4 fragatas e 3 corvetas da época do Xá Reza
Pahlevi. No entanto, a Marinha conseguiu adquirir 3 submarinos russos da categoria Kilo, que são
capazes de colocar minas e disparar torpedos teleguiados de longo alcance. A Marinha também
possui aeronaves para o patrulhamento do mar, como Falcon. Além disso, o governo iraniano
adquiriu também submarinos e mísseis da Coreia do Norte (CORDESMAN, 2014, p.37-38).
Apesar da pouca modernização, a Guarda Revolucionária Islâmica possui capacidades de
promover grandes problemas a qualquer país invasor, travando uma guerra irregular. Assim, tendo
em vista que as forças armadas iranianas possuem mísseis de longo alcance, a falta de clareza sobre
as dimensões do seu programa nuclear e ainda sua ligação com atores não estatais, como o
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Hezbollah e o Hamas, são um contrapeso das suas limitadas capacidades convencionais de guerra.
Portanto, o Irã teria a capacidade de combinar suas forças convencionais juntamente com forças não
convencionais e projetar-se sobre o Golfo Pérsico, atacando alvos de forma discriminada, ou
indiscriminada, e minar os canais do estreito de Ormuz, para bloquear o mesmo.
Além disso, o IRGC possui ainda minas de fabricação nacional e chinesa que podem ser
colocadas ao longo do estreito para bloquear a passagem de embarcações inimigas. O Irã possui
também baterias de mísseis anti-navio em solo iraniano, da categoria HY-2, que possui alcance de
100 km, que podem ser uma opção para atacar aeronaves. Segundo relatório do IISS (2011), O Irã
teria condições de atacar navios norte-americanos como mísseis C-701, C-801 e C-802, localizados
em suas ilhas ao longo do estreito ou mesmo da costa. Desse modo, como pode-se visualizar na
Ilustração III, o Irã poderia atacar, por meio de seus mísseis balísticos, os aliados norte-americanos
no Golfo e também suas bases militares e plataformas petrolíferas.
Ademais, tendo em vista que o Irã tem domínio das 7 ilhas do estreito e a maior extensão
costeira, desde o Golfo Pérsico ao Golfo de Omã, a Marinha iraniana poderia formar uma rede de
operações para colocar minas ao longo do estreito. Logo, o Irã poderia valer-se dos cerca de 100
barcos de patrulha que possui, e que por serem pequenos muitas vezes escapam do radar, para
colocar minas. Em sua maioria, esses barcos de patrulhamento são armados com mísseis anti-navio
e torpedos de curto alcance.
Desse modo, a Marinha iraniana poderia atacar diversas instalações offshore no Golfo, como
plataformas de petróleo, bases militares e ainda embarcações comerciais, como ocorreu durante a
Guerra Irã-Iraque. Nesse sentido, o Irã operaria seus mísseis balísticos em conjunto com suas forças
assimétricas para bloquear o tráfego no estreito. Entretanto, o Irã não possui condições de fechar o
estreito por longo tempo. Segundo estimativas apontadas por Cordesman (2015, online) o Irã teria
condições de fechar o estreito por cerca de 10 dias, contudo, esse bloqueio poderia impactar de
forma significativa sobre a economia mundial. Logo, a aposta iraniana estaria em suportar o
máximo possível o conflito, por meio de suas capacidades assimétricas e irregulares, forçando e
elevandos custos materiais aos inimigos ao ponto do Irã conquistar uma vitória política do conflito.
Logo, a condição estável do trafego nos canais de Ormuz, assume caráter vital para o
sistema de distribuição de hidrocarbonetos. Vale lembrar que Iraque, Kuawait, Bahrein e Qatar
dependem da estabilidade do Golfo para o transporte de petróleo. A Arábia Saudita apesar de ter
portos no Mar Vemelho, faz uso em grande medida dos seus portos no Golfo. Já Omã e Emirados
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Árabes Unidos possuem portos no Oceano Índico. Nesse aspecto, é pertinente ressaltar que os
Estados Unidos e as grandes potências ocidentais buscam forjar rotas alternativas a Ormuz desde a
Guerra Irã-Iraque (Gibson, 2012, online).
Os interesses dos Estados Unidos no Golfo Pérsico estão diretamente vinculados à
importância geoestratégica do estreito. Após o acirramento da competição estratégica, os Estados
Unidos passaram a implementar juntamente com seus aliados do Conselho de Cooperação dos
Estados Árabes do Golfo (CCG), uma série Medidas de Capacitação Marítima (MCMs) a fim de
garantir a livre circulação dos petroleiros e cargueiros. Dentre as medidas pode-se destacar: o envio
de 4 navios norte-americanos, duplicando a frota de patrulha em 2013. Um ano antes foram
enviados quatro helicópteros MH53-E Sea Dragon para o Bahrain com objetivo de detectar minas.
Além disso, foram enviados alguns submarinos não-tripuláveis e um navio de comando da quinta
frota dos Estados Unidos.
Estimativas apontam que o Oriente Médio recebeu 28% de todas as exportações de armas
dos Estados Unidos entre o período de 2009 a 2013, sendo a Arábia Saudita responsável quase 30%
da pauta. Os países que compõem o CCG (Omã, Emirados Árabes Unidos, Arábia
Saudita, Qatar, Bahrein e Kuwait) recebem grande quantidade desses equipamentos. Contudo, por
vezes, as divergências políticas entre esses países acabam limitando a interoperabilidade e a
integração dos sistemas de vigilância e defesa do Golfo Pérsico.
Os Estados Unidos dispõem de recursos, tanto em quantidade quanto em qualidade,
superiores aos iranianos. Num cenário hipotético de conflito, os EUA podem valer-se, por exemplo,
do seu poder aéreo para bombardear pontos-chave das forças armadas iranianas e também da
infraestrutura imputando sérios danos ao Irã. Além disso, os Estados Unidos buscaram desenvolver
medidas para conter o avanço das estratégias A2/AD. Nesse âmbito, segundo Tol ((et all), 2010, p.
9) o AirSea Battle (ABS) que não se caracteriza por uma doutrina, mas medidas que visam
contrapor as estratégias A2/AD desenvolvidas pelos Irã nos últimos anos. De acordo com Tol o
AirSea Battle tem como objetivo a combinação das capacidades operacionais e a diminuição dos
custos. Nesse aspecto, em caso de bloqueio no estreito de Ormuz, essa estratégia visaria derrotar o
inimigo, por meio de operações coordenadas envolvendo mar, terra, ar, espaço e ciberespaço.
Assim, os Estados Unidos fariam uso das melhores capacidades militares, como: submarinos, caças,
porta-aviões e armas de longo alcance para impedir ou desbloquear o estreito o mais rápido
possível.
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Considerações Finais
As considerações apresentadas no decorrer do estudo tem por objetivo central analisar o
papel do estreito de Ormuz na competição estratégica entre Estados Unidos e Irã, especialmente a
partir de 2003 quando se dá o acirramento dessa competição. Dado isso, evidencia-se a relevância
do estreito em termos geoestratégicos e geopolíticos, uma vez que esse gargalo é umas rotas
marítimas mais importantes no atual contexto internacional.
Posto isso, a contextualização do percurso histórico das relações entre os dois países,
corroboram para compreensão do papel chave desempenhado pelo Irã no Oriente Médio. A análise
histórica permite ainda entender as dinâmicas e os fatores envolvidos no estabelecimento da
competição estratégica, assim como o acirramento desta a partir de 2003. Nesse sentido, compete
ressaltar que dois eventos marcam o estabelecimento da competição estratégica: o primeiro deles foi
a Revolução Iraniana, que derrubou o governo do Xá Reza Pahlevi, pró- Estados Unidos, em 1979.
O segundo evento que consolidou a competição foi a Guerra Irã-Iraque entre 1980-1988. Desde
então, particularmente após 2003, ocorreu o acirramento dessa competição envolvendo novos eixos
e níveis de disputa.
Os dois países promoveram na década de 1990 um relaxamento da competição. No entanto,
após os atentados de Onze de setembro de 2001, a política ofensiva adotada pelos Estados Unidos
que enquadrou o Irã no chamado “Eixo do Mal”, em conjunto com a invasão norte-americana no
Iraque em 2003 e o repúdio internacional ao desenvolvimento do programa nuclear iraniano
impulsionaram o acirramento da competição estratégica. Pode-se dizer, portanto, que o plano de
fundo histórico da competição estratégica é resultante das tensões políticas entre dois países. Dentro
dessa perspectiva, o Irã vê a competição impulsionada pelos esforços dos Estados Unidos em
projetar poder na região do Oriente Médio, mais particularmente no Golfo Pérsico. Em
contrapartida os Estados Unidos temem que o Irã se torne uma potência regional dominante.
Os dois países promoveram o aceleramento da competição militar a partir de 2003,
particularmente na região do estreito de Ormuz. Mesmo com as sanções econômicas impostas pelo
Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), o Irã procurou desenvolver seu
programa nuclear e modernizar suas capacidades militares. Para isso, buscou parceiros asiáticos
como a Coréia do Norte, China e Rússia. Sendo o Irã uma rota segura para o petróleo e gás da Ásia
Central, a aproximação entre Teerã, Pequim e Moscou é vista como uma ameaça aos interesses
norte-americanos na região. Ademais, as sanções forçaram o Irã a desenvolver uma indústria
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nacional, que apesar de pequena, tem conseguido desenvolver equipamentos importantes, tais como
mísseis balísticos, minas, e embarcações leves.
O Irã buscou desenvolver suas capacidades de guerra assimétrica, utilizando o estreito como
epicentro para o desenvolvimento de suas estratégias de defesa. Nesse âmbito, a Marinha dentro das
forças convencionais iranianas é a que apresenta melhores capacidades de travar uma guerra
assimétrica. Embora o Irã não disponha de recursos para bloquear o estreito por um longo período, a
coação e os custos em caso de bloqueio possibilitaram ao Irã dissuadir e conter o poder inimigo. Em
contrapartida, os Estados Unidos procuraram forjar uma nova concepção estratégica para inibir as
forças A2/AD iranianas. Assim, ainda que recente, o AirSea Battle procurar estabelecer uma
estratégia de manutenção do estreito por meio da combinação das forças militares norte-americanas.
Pode-se dizer ainda, que durante o período que vai de 1979 a 2013 os Estados Unidos adotaram a
estratégia da contenção, mas em determinados momentos estabelecendo o isolamento do Irã, e em
outros promovendo o acirramento da competição estratégica.
Compete ressaltar, que o fato de Ormuz ser um choke point do sistema internacional, devido
sua relevância para o mercado de hidrocarbonetos, os custos e prejuízos gerados por um bloqueio
inviabilizaram o conflito direto. Nessa perspectiva, o estreito de Ormuz desempenhou um
importante papel dentro da competição estratégica entre o período de 2003-2013, sendo um ponto
de tensão e inflexão da competição.
Por fim, recentes desdobramentos na região apontam para um novo quadro de competição
estratégica, mas agora envolvendo atores regionais. O aprofundamento da Guerra Civil na Síria e
acensão do grupo jihadistas Estado Islâmico e, em sequência as negociações entorno do programa
nuclear iraniano entre o P5 +1 (China, Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha) e
Irã, abrem caminho para uma reaproximação. Nesse contexto, de acordo com Cordesman (2015,
online) as divisões entre os Estados árabes tendem a aumentar a influência iraniana sobre o Iêmen,
Iraque, Síria, Libano e Bahrein. Haja vista a importância do Irã em termos regionais, recomenda-se
para análises futuras o estudo dos recursos e capacidades dos países do CCG, particularmente da
Árabia Saudita, que é tradicional inimigo do Irã na região.
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