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Estratégias de Otimização na Compra de Material
Bibliográfico: uma Análise dos Desafios das IES em busca de
Melhores Indicadores de Desempenho
Janis Christine Angelina Cavalcante (Ufal) [email protected]
Katiane de Lima (Ufal) [email protected]
Polyana Tenório Silva (Ufal) [email protected]
Waldemar Antônio da Rocha de Souza(Ufal) [email protected]
Resumo:
A busca pela flexibilidade dos procedimentos administrativos de modo a orientar os agentes
públicos para o alcance de resultados nas instituições de Ensino Superior tem sido um desafio
enfrentado pelos gestores das bibliotecas das Instituições Federais de Ensino Superior. Este
artigo tomou como objeto de estudo a Universidade Federal de Alagoas – UFAL que
recentemente foi expandida em mais dois Campi e nove cursos e partiu da seguinte questão:
Como atender às demandas bibliográficas dos cursos já existentes e adquirir novos acervos
diante do atual cenário de crise? Este trabalho busca contribuir para o desempenho da
instituição propondo estratégias que tornem mais eficiente o processo de aquisição de material
bibliográfico dentro dos limites dos recursos financeiros disponíveis a fim de que o Fator
Biblioteca contribua para elevar o IGC - Índice Geral dos Cursos e consequente Conceito
Institucional da instituição em análise. Para tanto, a pesquisa foi realizada mediante uma
análise documental juntamente com a técnica de observação participante. Como resultados o
estudo apresenta um conjunto de estratégias e recomendações que buscam contribuir para o
desempenho organizacional na obtenção de um melhor aproveitamento dos recursos
destinados aquisição de material bibliográfico.
Palavras-chave: Educação superior, qualidade, Biblioteca, Administração Pública,
Desempenho organizacional.
Optimization Strategies in Material Purchase
Bibliographic: An Analysis of Challenges of IES in Search
Best Performance Indicators
Abstract
The search for flexibility of administrative procedures in order to guide public officials to achieve
results in higher education institutions has been a challenge faced by managers of libraries of Federal
Institutions of Higher Education. This article taken as study object the Federal University of Alagoas -
UFAL which recently was expanded in two Campi and nine courses and left the following question:
How meet bibliographic demands of existing courses and acquire new collections before the current
crisis scenario ? In this sense, this work aims to contribute to the performance of the institution
proposing strategies to make more efficient the process of acquisition of library materials within the
limits of the financial resources available to the Library factor likely to improve the IGC - General
Index of Courses and consequent CI - Institutional concept of the institution in question. Therefore,
the survey was conducted by means of document analysis together with the participant observation
technique. As a result the study presents a set of strategies and recommendations that seek to
contribute to organizational performance in achieving a better use of resources for the purchase of
library materials.
Key-words: Higher education, quality, Library, Public Administration, Organizational Performance.
1. Introdução
Devido a atual crise econômica financeira do país, o Governo Federal tem feito desde o ano
de 2014 severos cortes no repasse financeiro às Universidades Federais, em algumas, houve
uma redução de até 50% comparada ao repasse do ano anterior.
Esta pesquisa tomou como objeto de estudo o Sistema Integrado de Bibliotecas da
Universidade Federal de Alagoas – SIBI/UFAL, responsável pelo suporte bibliográfico dos
117 cursos de graduação desta universidade e surgiu pelo seguinte questionamento: Como
atender às demandas bibliográficas dos cursos já existentes e adquirir novos acervos diante do
atual cenário de crise?
Diante deste problema, o objetivo principal deste trabalho é contribuir para o desempenho
organizacional da instituição buscando tornar mais eficiente o processo de aquisição de
material bibliográfico dentro dos limites dos recursos financeiros disponíveis a fim de que o
fator biblioteca contribua para elevar os IGCs cursos desta instituição.
Como objetivos específicos, busca-se i) Mapear as dificuldades encontradas no processo de
compra de material bibliográfico; ii) Identificar os stakeholders nos processos avaliativos da
instituição; iii) Propor estratégias de um melhor aproveitamento do recurso destinado à
compra de material bibliográfico.
Para tanto, teve-e como procedimento metodológico o estudo exploratório-descritivo de
natureza qualitativa, a partir de uma pesquisa documental e também bibliográfica sobre o
problema em questão. Além disso, foi utilizada a técnica da observação participante.
O trabalho está dividido em cinco seções incluindo esta introdução. Na segunda seção, é
apresentada uma revisão literária sobre desempenho organizacional e a qualidade na
Educação Superior, na terceira, é abordada a metodologia e os procedimentos utilizados na
pesquisa. Na quarta são apresentados e analisados os dados coletados. Por fim, são
apresentadas as considerações finais que o estudo possibilitou levantar e a sugestão para
pesquisas posteriores.
2 Referencial teórico
2.1 Desempenho organizacional na Administração pública
O constructo Desempenho organizacional é discutido, neste estudo, sob o enfoque tanto dos
atores envolvidos nos processos, stakeholders, como também da organização como um todo,
visto que as decisões mais impactantes, como alocação de recursos, partem da Gestão
Superior da instituição. No âmbito das IFES, o desempenho é traduzido no conceito adquirido
pela instituição após a avaliação institucional, observando cada critério, e/ou etapa.
A pertinência deste tema é baseada na exigência e espera, cada vez maior, tanto da sociedade,
por melhores serviços prestados pelo setor público, como por parte do Governo Federal, na
cobrança de mais eficiência na utilização dos recursos alocados. “O desempenho da
organização é explicado por meio dos resultados que refletem o atendimento às necessidades
das partes interessadas da organização: usuários, empregados, fornecedores, sociedade e
governo”. (Gespública, 2008).
Para Silva e Fadul (2011), os objetivos são bem claros, além da eficiência na prestação de
serviços, busca-se também eficiência na aplicação de recursos públicos, ou seja, uma relação
adequada de custo benefício para as organizações públicas.
Diante deste contexto, Alonso (1999), descreve, entre outros, os principais objetivos que as
medidas de desempenho expressam:
Promover a redução dos custos garantindo a melhoria na qualidade dos serviços
prestados;
Instrumentalizar o combate ao desperdício e identificar atividades que não
agreguem valor ao usuário dos serviços públicos;
Servir de guia para avaliar o impacto efetivo das decisões tomadas;
Tornar clara para a organização e seus clientes a percepção de melhoria no
desempenho, que é um importante fator de motivação;
Subsidiar o processo orçamentário;
Subsidiar a avaliação de planos de reestruturação e melhoria de gestão;
Servir de parâmetros para a competição administrativa entre outras instituições
prestadoras de serviços similares.
Para Resende Júnior (2011), modelos de metodologias de avaliação de desempenho
organizacional no setor público fazem parte dos esforços da institucionalização da Nova
Administração Pública. É por meio desses indicadores de desempenho que o Governo faz os
ajustes nas alocações de recursos.
Assim como o Gestpública, existem outras iniciativas governamentais com objetivos
semelhantes, buscando resultados no serviço público. Dentro deste contexto, tararemos
especificamente, a qualidade da Educação Superior no Brasil.
2.2 Qualidade da Educação Superior no Brasil
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), em seu Título II – Dos
Princípios e Fins da Educação Nacional, artigo 3º, parágrafo IX, informa que a educação deve
garantir o padrão de qualidade. Porém, não deixa claro o que seria o padrão de qualidade,
ainda que seus dispositivos apontem desdobramentos que revelam concepções e valores.
Podemos ver mais clareza em alguns parágrafos de seu Capítulo IV – Da Educação Superior,
a LDBEN quando explicita o entendimento de qualidade, caracterizando-a por seus
compromissos (Brasil, 1996).
2.2.1 Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior
Para garantir a qualidade da educação superior no Brasil, o Ministério da Educação – MEC
instituiu em 2004 pela Lei n° 10.861, o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior
(Sinaes) que instituiu a avaliação sistemática das instituições de educação superior, dos cursos
superiores e do desempenho dos estudantes. Com o Sinaes, foram estabelecidos indicadores
de qualidade, complementares entre si, em que todos os aspectos são considerados: ensino,
pesquisa, extensão, desempenho dos alunos, gestão da instituição, corpo docente e
infraestrutura, entre outros. Um dos aspectos que faz parte dos parâmetros de qualidade
estabelecidos pelo MEC em seu instrumento avaliativo é o fator biblioteca, este é avaliado
desde a estrutura física ao acervo bibliográfico.
“Duas grandes matrizes organizam os indicadores de qualidade do ensino de
graduação: a referenciada em produtos e a referenciada em processos, evidenciando
que as dimensões objetivas e subjetivas estão presentes nos processos de ensinar e
aprender. As duas precisam ser articuladas para responder ao padrão de qualidade.”
(Morosine, 2016)
Para obter o Conceito Institucional - IC, as IESs passam por uma avaliação composta de
três etapas:
Avaliação Interna ou Institucional: conduzida pela CPA – Comissão Própria de
Avaliação da IES, que apresenta resultados a cada três anos verificando o roteiro e as
diretrizes do Conaes – Conselho Nacional de Avaliação da Educação Superior;
Avaliação do desempenho estudantil, feita pelo Enade - Exame Nacional de
Desempenho de Estudantes que avalia o rendimento dos alunos dos cursos de
graduação, ingressantes e concluintes, em relação aos conteúdos programáticos dos
cursos em que estão matriculados.
Avaliação Externa: conduzida pelas comissões designadas pelo INEP - Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, tendo como referência
os padrões de qualidade expressos nos Instrumentos e Avaliação e os relatórios das
autoavaliações, neste componente, está incluso a Avaliação dos Cursos de graduação
presenciais e à distância;
2.2.2 Processo de avaliação de cursos de graduação MEC/INEP
Para medir a qualidade dos cursos de graduação no País, o INEP e o MEC utilizam
o Índice Geral dos Cursos - IGC, divulgado uma vez por ano, logo após a publicação dos
resultados do Enade. O IGC usa como base uma média dos conceitos de curso de graduação
da instituição, ponderada a partir do número de matrículas, mais notas de pós-graduação de
cada instituição de ensino superior. Estes processos acontecem em três ocasiões: autorização,
regulação e validação.
2.2.2.1 Autorização
Acontece quando a IES deseja implantar curós novos em seu currículo. São sorteados dois
Avaliadores com cadastro no sistema BASis, orientados a seguir os parâmetros contidos nos
instrumentos para avaliação in loco e avaliam o curso em três dimensões:
Organização didático-pedagógica;
Corpo docente e tutorial;
Infraestrutura
Pela prerrogativa de autonomia, os Centros Universitários e Universidades não tramitam
autorização de cursos, exceto para os cursos de Direito, Medicina, Odontologia e Psicologia,
de acordo com as normativas da OAB e CNS.
2.2.2.2 Regulação
Acontece, geralmente, após o terceiro ano do inicio da primeira turma do curso. No caso das
faculdades, é feita a segunda avaliação in loco para constatar se a IES cumpriu o projeto
apresentado na ocasião e autorização. No caso das Universidades e Centros Universitários, é
feita a primeira avaliação in loco, com dois avaliadores seguindo os parâmetros contidos no
instrumento avaliativo e com duração de dois dias.
2.2.2.3 Validação
Feita a cada três anos considerando o ciclo do SINAES. Após o cálculo do CPC- Conceito
preliminar do curso, obtido nos processos de reconhecimentos e respectivas renovações. Os
cursos que obtiverem CPC inferior a 3, serão obrigatoriamente avaliados in loco, já os cursos
que forem conceituados com nota igual ou superior a 3, receberá visita apenas se a instituição
solicitar.
2.2.3 Novo Instrumento de Avaliação e critérios de análise para bibliografias básica e
complementar
Nos quadros 1 e 2 descrevemos os critérios elencados pelo MEC e seus respectivos
conceitos., sendo que no quando 1, descrevemos o quantitativo de exemplares quando a
biblioteca não possui acervo virtual e no quadro 2, quando possui acervo virtual. Observamos
que a exigência do quantitativo de exemplares diminui na última situação. Isto significa que
se a biblioteca possuir uma base de dados que atenda uma boa quantidade títulos presentes
nas emendas bibliográficas dos cursos, haverá economia na aquisição de materiais impressos.
CONCEITO CRITÉRIO DE ANÁLISE
1 NÃO EXISTE
2 1 ex. para 20 ou mais vagas anuais.
3 1 ex. para 20 ou mais vagas anuais.
4 1 ex. para 5 a 9 vagas anuais.
5 1 ex. para menos de 5 vagas anuais
FONTE: Rocha, M. Q.
Quadro 1 - Acervo (sem acervo virtual)
CONCEITO CRITÉRIO DE ANÁLISE
3 1 ex. para 13 a 18 vagas anuais.
4 1 ex. para 6 a 12 vagas anuais
5 1 ex. para menos de 6 vagas anuais
FONTE: Rocha, M. Q.
Quadro 2 - Acervo (com acervo virtual)
3. Metodogia
Quanto à natureza, esta pesquisa está classificada como qualitativa, pois busca responder a
questões dos tipos “o quê?”, “por quê?” e “como?”, além de analisar algumas amostras para
entender como se dão os fatos, sem a necessidade de apoiar-se necessariamente em
estatísticas, Gil, (2008). Quanto aos objetivos específicos: é exploratório-explicativa, pois
identifica os motivos que determinaram a ocorrência de um fenômeno ou contribuíram para
tanto, como também busca maior familiaridade com o problema, Gil, (2008). Quanto ao
delineamento, a pesquisa é bibliográfica, pois é desenvolvida a partir de fontes secundárias,
constituídas principalmente de livros e artigos científicos; é documental, pois faz uso de
fontes primárias como a legislação e os documentos disponíveis nos sites da organização em
estudo. É considerada também um estudo de caso porque é “um modo de pesquisa empírica
que investiga em uma organização específica os fenômenos contemporâneos na sua
realidade.” (Yin, 2005).
3.1 Amostragem da pesquisa
Este estudo tomou como objeto o Sistema de Biblioteca da Universidade Federal de
Alagoas – SIBI/UFAL. Amostragem não probabilística do tipo intencional, pelo fácil acesso á
informação e o conhecimento prévio por parte da pesquisadora.
3.2. Coletas de dados
Os procedimentos utilizados para a coleta das informações na resposta ao problema da
pesquisa deste estudo foram os seguintes:
a)Na análise documental, além dos livros, artigos e legislação vigente, foram também
analisados documentos que descrevem dados estatísticos da instituição analisada como
também dos órgãos fiscalizadores no processo de Avaliação Institucional, como: Relatórios
de Autoavaliação UFAL, Instrumento de Avaliação MEC/INEP.
b) Na observação participante ou ativa, que segundo Gil, (2008), consiste na participação real
do conhecimento na vida da comunidade, do grupo ou de uma determinada situação
pesquisada. Esta técnica foi possível pelo fato de a pesquisadora fazer parte do quadro
funcional da instituição analisada, atuado como gestora no setor de Desenvolvimento de
Coleções, contribuído no processo licitatório como pregoeira, participado com os demais
atores envolvidos no processo de avaliação dos cursos, preenchendo documentos e
recepcionando a comissão avaliadora In loco, entre outras atividades referentes ao cargo por
ela exercido durante quatro anos. Portanto pode relatar com propriedade sobre todos os
aspectos referentes à coleta de dados desta pesquisa.
4. Análise dos dados
4.1 Universidade Federal de Alagoas - UFAL
A Universidade Federal de Alagoas é uma Instituição Federal de Ensino Superior –
IFES que há 55 anos atua no estado alagoano, por meio de suas atividades de ensino,
pesquisa, extensão e assistência. Sua atual estrutura administrativa e acadêmica é composta
por três Campi e um hospital escola: Campus A.C. Simões (sede da instituição), Campus
Arapiraca, Campus do Sertão e Hospital Universitário Prof. Alberto Antunes. Possui 117
cursos de graduação, sendo 13 deles à distância, 30.551 alunos matriculados e 339 grupos de
pesquisa. Na tabela a seguir é discriminado o número de cursos e alunos por Campi.
CAMPI Capus A. C.
Simões
Campus
Arapiraca
Campus Sertão EAD/UAB
Nº DE ALUNOS/Nº.
DE CURSOS
GRADUAÇÃO 19.180/71 4.970/23 2.618/10 3.783/13
ESPECIALIZAÇÃO/N. 1.630/13
MESTRADO 1.309/35
DOURORADO 373/12
FONTE: elaborada pela pesquisadora com dados obtidos através do site www.ufal.edu.br
Tabela 1 - número de alunos e cursos por campi
4.2 Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal de Alagoas SIBI/UFAL
O sistema de bibliotecas da Universidade Federal de Alagoas (SIBI-UFAL) surgiu a partir da
Resolução nº 45/89 do Conselho Universitário, de 09 de novembro de 1989. Objetiva a
integração das bibliotecas à política educacional, científica e administrativa da universidade,
servindo de apoio aos programas de ensino, pesquisa e extensão. Dá suporte bibliográfico as
13 bibliotecas distribuídas nos 3 Campi desta universidade.
De acordo com o art. 3º do Regimento Interno - o SIBI/UFAL tem as seguintes funções
básicas:
Assegurar o fluxo constante de informação atualizada relativa à produção nacional e/ou
internacional, em ciência, tecnologia, literatura e artes, aos alunos, pesquisadores,
professores e técnico-administrativos da UFAL, como também a usuários de outras
instituições públicas e privadas, inclusive no setor produtivo;
Cooperar com outras redes e sistemas de informação para melhor aproveitamento e
racionalização dos recursos disponíveis, integrando-se aos planos nacionais de bibliotecas
universitárias e programas cooperativos;
Contribuir para a padronização das atividades técnicas, através da adoção comum de normas
catalográficas, de classificação, indexação, formatos, etc, e outras técnicas e metodologias;
Coletar, processar, armazenar e difundir o conhecimento gerado e/ou editado, no âmbito da
UFAL;
Promover o aperfeiçoamento profissional de seu pessoal, através da promoção de eventos
ou incentivos à participação em reuniões, congressos, seminários, cursos, etc
Introduzir, gradativamente, processos automatizados nos serviços, considerando o custo
benefício e os problemas de compatibilidade.
4.3 Processo de aquisição de material bibliográfico do SIBI/UFAL
De acordo com Vergueiro (1989), o processo de aquisição é a fase posterior ao de seleção
onde são implantados critérios por meio de um conjunto de tarefas administrativas que
objetivam assegurar a posse dos materiais definidos na seleção. Por tanto, antes de haver a
aquisição, necessário que haja na instituição, uma política de seleção de materiais
bibliográficos constando principalmente a missão e os objetivos esta organização.
Os materiais bibliográficos adquiridos por compra para dar suporte aos cursos de graduação
da UFAL estão divididos em três categorias: livros impressos, periódicos e as bases de dados
contendo livros e periódicos eletrônicos. Os livros impressos são considerados pela UFAL
um bem permanente devido à sua durabilidade e também por comporem o patrimônio da
Instituição, por conta disto sua aquisição é feita por meio de licitação na modalidade de
pregão eletrônico em obediência à Lei 8.666/93.
Todos os procedimentos para aquisição desses materiais ocorrem no setor de
Desenvolvimento de Coleções, por meio de sistema interno do SIBI/UFAL e acontece da
seguinte forma: anualmente é aberto o período de solicitação de títulos, onde os
coordenadores dos cursos devidamente cadastrados alimentam o sistema com suas sugestões
de títulos fundamentadas nas bibliografias do PPCs. Terminada essa etapa, a equipe do setor
faz a cotação dos títulos a serem adquiridos, em seguida são gerados relatórios com o valor a
ser gasto por curso. De posse desses relatórios faz- se uma análise do que poderá ser
adquirido mediante o orçamento destinado para este fim. A etapa seguinte deixa e ser de
técnica para tornar-se estratégica, nesta etapa, o gestor terá que decidir quais cursos ou títulos
serão adquiridos já que o orçamento nunca é suficiente para contemplar todas as solicitações.
Para essa tomada de decisão é necessário obter um prévio conhecimento das necessidades
bibliográficas de cada curso como também estar de posse de informações a cerca dos
processos avaliativos da instituição podendo beneficiar os cursos que estão em situações mais
críticas, como também estar a par da implantação ou ampliação de cursos.
A assinatura de periódicos e de bases de dados de livros e periódicos eletrônicos é feita por
meio da modalidade de Inexigibilidade de Licitação por ser considerado um serviço de
fornecedor exclusivo.
4.4 Identificando as falhas e consequências encontradas no processo de compra de
material bibliográfico que prejudicam os cursos em suas avaliações.
Com a observação participante foi possível fazer a análise das falhas ocorridas no
processo de aquisição de material bibliográfico do SIBI/UFAL e as consequências geradas
por elas. Observações descritas no quadro 3:
FALHAS CONSEQUÊNCIAS
Construção dos PPC’s com
excesso de títulos e repetição
dos mesmos em várias grades
curriculares
A biblioteca é obrigada a adquirir todos em
quantidade suficiente para atender ao número
de vagas autorizadas de acordo com as regras
do MEC/INEP
Falha na inclusão dos dados
do material no momento da
solicitação. Omitindo
informações importantes
como ISBN e editora;
Aquisição de material não correspondente ao
proposto na ementa
Insuficiência de recursos
financeiros para a demanda
da instituição.
Conflitos entre biblioteca e coordenação de
cursos não beneficiados;
Quantidade elevada de títulos
indisponíveis no mercado.
Provavelmente pela
desatualização da ementa
bibliográfica do curso;
Títulos não adquiridos; desfalque no acervo
do curso
Grande quantidade de itens
(títulos) fracassados no processo
licitatório.
Títulos não adquiridos; desfalque no acervo
do curso.
FONTE: Elaborado pela pesquisadora.
Quadro 3 - Falhas e consequências nos processos de aquisição de material bibliográfico
4.5 Identificando os Stakeholders
No quadro 4, descrevemos os Stakeholders e suas respectivas funções nos processos
avaliativos dos cursos de graduação presencial e à distância:
STAKEHOLDERS FUNÇÕES
Reitoria
Recebe do MEC os recursos financeiros
necessários a execução das ações do PDI
Procuradoria
Analisa todos os processos de aquisição de
compras e serviços a serem adquiridos pela
Universidade verificando se estão em
conformidade com a legislação vigente.
Pró-reitoria de graduação PROGRAD
Responde por todos os assuntos acadêmicos
incluindo, participação dos processos de
implantação de cursos novos e aprovação dos
PPC’s,
Pró-reitoria de gestão de recursos
PROGINST
Responsável pela divisão dos recursos recebidos
entre as unidades desta Universidade.
Direção da SIBI/UFAL e Divisão de
Desenvolvimento de Coleções DDC
Responsável pelo planejamento anual de recursos
para o processo de aquisição de materiais
bibliográficos por compra, considerando as
solicitações dos cursos.
Equipe de pregoeiros da Divisão de compras
do SIBI/UFAL;
Opera todo o processo de Licitação por meio de
Pregão Eletrônico.
Coordenadores, professores e secretários dos
cursos.
Responsáveis pela elaboração dos PPC’s,
construção da ementa bibliográfica, e solicitação
dos títulos via sistema.
Comissão Própria de Avaliação - CPA
Responsável pelos processos avaliativos da
Instituição e construção dos relatórios de avaliação
FONTE: Elaborado pela pesquisadora.
Quadro 4 – Stakeholdres e suas funções
4.6 Proposta de estratégias para um melhor aproveitamento do recurso destinado à
compra de material bibliográfico.
Baseado nos dados anteriormente expostos, apresentamos uma proposta de intervenção que
busca viabilizar uma otimização do recurso destinado á compra de materiais bibliográficos.
Demonstraremos essa proposta no quadro 5.
Criação de um banco de dados contendo as seguintes informações:
Número de vagas autorizadas por curso de graduação presencial e à distância;
Títulos compartilhados nas ementas bibliográficas desses cursos;
Títulos compartilhados nas disciplinas de cada curso;
Títulos não adquiridos e os respectivos motivos do insucesso em sua aquisição para
que sejam tomadas medidas cabíveis de aquisição dos mesmos obedecendo da Lei
8.666.
Construção de um documento oficial com o objetivo de estabelecer uma padronização na construção das
ementas bibliográficas, evitando-se repetições de títulos por grade curricular e elevada quantidade de
títulos nas bibliografias básica e complementar, considerando a quantidade mínima exigida pelo
MEC/INEP em seus instrumentos avaliativos.
Incluir na política de Desenvolvimento de Coleções critérios de decisões e procedimentos utilizados na
compra de materiais bibliográficos.
Fazer um levantamento no mercado de quais bases dados possuem uma quantidade significativa de
títulos que possam atender a necessidade de várias grades curriculares, diminuindo a quantidade dos
títulos a serem adquiridos em material impresso, considerando as normas de qualidade do MEC/INEP.
Identificar os Estabelecer metas para atender às necessidades dos cursos priorizando os casos mais
críticos;
FONTE: Elaborado pela pesquisadora.
Quadro 5 - Estratégias de otimização na compra de material bibliográfico do SIBI/UFAL
5. Considerações finais
Pelo estudo foi possível verificar que para haver uma otimização do orçamento destinado à
compra de material bibliográfico, não cabe apenas à gestão do SIBI/UFAL, é necessário que
haja uma união de esforços por parte da instituição como um todo e também o empenho dos
stakeholders, no sentido de contribuir para a concretização de um projeto que proporcione
resultados mais eficientes ao término dos processos.
Para tanto, o estudo propõe um conjunto de estratégias que possam contribuir para o
desempenho institucional. Esclarecemos que a finalidade desta proposta não é uma mudança
organizacional, mas uma flexibilização dos procedimentos administrativos de modo a orientar
os atores envolvidos na execução dos processos para obtenção de melhores resultados.
Como podemos ver nos documentos citados neste estudo, a biblioteca é considerada um fator
comum para obtenção de bons resultados que refletirão positivamente tanto no IGC dos
cursos como também no CI Conceito da Instituição. Vimos também que para obter o conceito
máximo, que é o conceito 5, a exigência do quantitativo de exemplares na aquisição de títulos
aumenta, porém se houver um acervo virtual, esse quantitativo diminui. Outro ponto a ser
considerado, é a adequação das bibliografias básicas e complementares considerando o
número mínimo de títulos exigidos pelo MEC, evitando o desperdício de uma compra
exagerada de títulos podendo utilizar o recurso para investir em uma maior quantidade de
exemplares, desta forma, atendendo melhor às demandas dos cursos.
Na proposta também sugerimos a criação de um banco de dados com informações pertinentes
que ajudarão nas tomadas e decisões, a inclusão na política de Desenvolvimento de Coleções
critérios para essas tomadas de decisões e a importância da aquisição de acervos virtuais que
atendam o maior número possível das bibliografias dos cursos.
Resta claro que este trabalho não esgota o assunto abordado, desta forma, recomenda-se para
futuras pesquisas uma análise mais detalhada a respeito dos critérios estabelecidos numa
organização pública para alocação de recursos em suas unidades.
Referências
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