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Estratégias de Otimização na Compra de Material Bibliográfico: uma Análise dos Desafios das IES em busca de Melhores Indicadores de Desempenho Janis Christine Angelina Cavalcante (Ufal) [email protected] Katiane de Lima (Ufal) [email protected] Polyana Tenório Silva (Ufal) [email protected] Waldemar Antônio da Rocha de Souza(Ufal) [email protected] Resumo: A busca pela flexibilidade dos procedimentos administrativos de modo a orientar os agentes públicos para o alcance de resultados nas instituições de Ensino Superior tem sido um desafio enfrentado pelos gestores das bibliotecas das Instituições Federais de Ensino Superior. Este artigo tomou como objeto de estudo a Universidade Federal de Alagoas UFAL que recentemente foi expandida em mais dois Campi e nove cursos e partiu da seguinte questão: Como atender às demandas bibliográficas dos cursos já existentes e adquirir novos acervos diante do atual cenário de crise? Este trabalho busca contribuir para o desempenho da instituição propondo estratégias que tornem mais eficiente o processo de aquisição de material bibliográfico dentro dos limites dos recursos financeiros disponíveis a fim de que o Fator Biblioteca contribua para elevar o IGC - Índice Geral dos Cursos e consequente Conceito Institucional da instituição em análise. Para tanto, a pesquisa foi realizada mediante uma análise documental juntamente com a técnica de observação participante. Como resultados o estudo apresenta um conjunto de estratégias e recomendações que buscam contribuir para o desempenho organizacional na obtenção de um melhor aproveitamento dos recursos destinados aquisição de material bibliográfico. Palavras-chave: Educação superior, qualidade, Biblioteca, Administração Pública, Desempenho organizacional. Optimization Strategies in Material Purchase Bibliographic: An Analysis of Challenges of IES in Search Best Performance Indicators Abstract The search for flexibility of administrative procedures in order to guide public officials to achieve results in higher education institutions has been a challenge faced by managers of libraries of Federal Institutions of Higher Education. This article taken as study object the Federal University of Alagoas - UFAL which recently was expanded in two Campi and nine courses and left the following question: How meet bibliographic demands of existing courses and acquire new collections before the current crisis scenario ? In this sense, this work aims to contribute to the performance of the institution proposing strategies to make more efficient the process of acquisition of library materials within the limits of the financial resources available to the Library factor likely to improve the IGC - General Index of Courses and consequent CI - Institutional concept of the institution in question. Therefore, the survey was conducted by means of document analysis together with the participant observation technique. As a result the study presents a set of strategies and recommendations that seek to contribute to organizational performance in achieving a better use of resources for the purchase of library materials. Key-words: Higher education, quality, Library, Public Administration, Organizational Performance.

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Estratégias de Otimização na Compra de Material

Bibliográfico: uma Análise dos Desafios das IES em busca de

Melhores Indicadores de Desempenho

Janis Christine Angelina Cavalcante (Ufal) [email protected]

Katiane de Lima (Ufal) [email protected]

Polyana Tenório Silva (Ufal) [email protected]

Waldemar Antônio da Rocha de Souza(Ufal) [email protected]

Resumo:

A busca pela flexibilidade dos procedimentos administrativos de modo a orientar os agentes

públicos para o alcance de resultados nas instituições de Ensino Superior tem sido um desafio

enfrentado pelos gestores das bibliotecas das Instituições Federais de Ensino Superior. Este

artigo tomou como objeto de estudo a Universidade Federal de Alagoas – UFAL que

recentemente foi expandida em mais dois Campi e nove cursos e partiu da seguinte questão:

Como atender às demandas bibliográficas dos cursos já existentes e adquirir novos acervos

diante do atual cenário de crise? Este trabalho busca contribuir para o desempenho da

instituição propondo estratégias que tornem mais eficiente o processo de aquisição de material

bibliográfico dentro dos limites dos recursos financeiros disponíveis a fim de que o Fator

Biblioteca contribua para elevar o IGC - Índice Geral dos Cursos e consequente Conceito

Institucional da instituição em análise. Para tanto, a pesquisa foi realizada mediante uma

análise documental juntamente com a técnica de observação participante. Como resultados o

estudo apresenta um conjunto de estratégias e recomendações que buscam contribuir para o

desempenho organizacional na obtenção de um melhor aproveitamento dos recursos

destinados aquisição de material bibliográfico.

Palavras-chave: Educação superior, qualidade, Biblioteca, Administração Pública,

Desempenho organizacional.

Optimization Strategies in Material Purchase

Bibliographic: An Analysis of Challenges of IES in Search

Best Performance Indicators

Abstract

The search for flexibility of administrative procedures in order to guide public officials to achieve

results in higher education institutions has been a challenge faced by managers of libraries of Federal

Institutions of Higher Education. This article taken as study object the Federal University of Alagoas -

UFAL which recently was expanded in two Campi and nine courses and left the following question:

How meet bibliographic demands of existing courses and acquire new collections before the current

crisis scenario ? In this sense, this work aims to contribute to the performance of the institution

proposing strategies to make more efficient the process of acquisition of library materials within the

limits of the financial resources available to the Library factor likely to improve the IGC - General

Index of Courses and consequent CI - Institutional concept of the institution in question. Therefore,

the survey was conducted by means of document analysis together with the participant observation

technique. As a result the study presents a set of strategies and recommendations that seek to

contribute to organizational performance in achieving a better use of resources for the purchase of

library materials.

Key-words: Higher education, quality, Library, Public Administration, Organizational Performance.

1. Introdução

Devido a atual crise econômica financeira do país, o Governo Federal tem feito desde o ano

de 2014 severos cortes no repasse financeiro às Universidades Federais, em algumas, houve

uma redução de até 50% comparada ao repasse do ano anterior.

Esta pesquisa tomou como objeto de estudo o Sistema Integrado de Bibliotecas da

Universidade Federal de Alagoas – SIBI/UFAL, responsável pelo suporte bibliográfico dos

117 cursos de graduação desta universidade e surgiu pelo seguinte questionamento: Como

atender às demandas bibliográficas dos cursos já existentes e adquirir novos acervos diante do

atual cenário de crise?

Diante deste problema, o objetivo principal deste trabalho é contribuir para o desempenho

organizacional da instituição buscando tornar mais eficiente o processo de aquisição de

material bibliográfico dentro dos limites dos recursos financeiros disponíveis a fim de que o

fator biblioteca contribua para elevar os IGCs cursos desta instituição.

Como objetivos específicos, busca-se i) Mapear as dificuldades encontradas no processo de

compra de material bibliográfico; ii) Identificar os stakeholders nos processos avaliativos da

instituição; iii) Propor estratégias de um melhor aproveitamento do recurso destinado à

compra de material bibliográfico.

Para tanto, teve-e como procedimento metodológico o estudo exploratório-descritivo de

natureza qualitativa, a partir de uma pesquisa documental e também bibliográfica sobre o

problema em questão. Além disso, foi utilizada a técnica da observação participante.

O trabalho está dividido em cinco seções incluindo esta introdução. Na segunda seção, é

apresentada uma revisão literária sobre desempenho organizacional e a qualidade na

Educação Superior, na terceira, é abordada a metodologia e os procedimentos utilizados na

pesquisa. Na quarta são apresentados e analisados os dados coletados. Por fim, são

apresentadas as considerações finais que o estudo possibilitou levantar e a sugestão para

pesquisas posteriores.

2 Referencial teórico

2.1 Desempenho organizacional na Administração pública

O constructo Desempenho organizacional é discutido, neste estudo, sob o enfoque tanto dos

atores envolvidos nos processos, stakeholders, como também da organização como um todo,

visto que as decisões mais impactantes, como alocação de recursos, partem da Gestão

Superior da instituição. No âmbito das IFES, o desempenho é traduzido no conceito adquirido

pela instituição após a avaliação institucional, observando cada critério, e/ou etapa.

A pertinência deste tema é baseada na exigência e espera, cada vez maior, tanto da sociedade,

por melhores serviços prestados pelo setor público, como por parte do Governo Federal, na

cobrança de mais eficiência na utilização dos recursos alocados. “O desempenho da

organização é explicado por meio dos resultados que refletem o atendimento às necessidades

das partes interessadas da organização: usuários, empregados, fornecedores, sociedade e

governo”. (Gespública, 2008).

Para Silva e Fadul (2011), os objetivos são bem claros, além da eficiência na prestação de

serviços, busca-se também eficiência na aplicação de recursos públicos, ou seja, uma relação

adequada de custo benefício para as organizações públicas.

Diante deste contexto, Alonso (1999), descreve, entre outros, os principais objetivos que as

medidas de desempenho expressam:

Promover a redução dos custos garantindo a melhoria na qualidade dos serviços

prestados;

Instrumentalizar o combate ao desperdício e identificar atividades que não

agreguem valor ao usuário dos serviços públicos;

Servir de guia para avaliar o impacto efetivo das decisões tomadas;

Tornar clara para a organização e seus clientes a percepção de melhoria no

desempenho, que é um importante fator de motivação;

Subsidiar o processo orçamentário;

Subsidiar a avaliação de planos de reestruturação e melhoria de gestão;

Servir de parâmetros para a competição administrativa entre outras instituições

prestadoras de serviços similares.

Para Resende Júnior (2011), modelos de metodologias de avaliação de desempenho

organizacional no setor público fazem parte dos esforços da institucionalização da Nova

Administração Pública. É por meio desses indicadores de desempenho que o Governo faz os

ajustes nas alocações de recursos.

Assim como o Gestpública, existem outras iniciativas governamentais com objetivos

semelhantes, buscando resultados no serviço público. Dentro deste contexto, tararemos

especificamente, a qualidade da Educação Superior no Brasil.

2.2 Qualidade da Educação Superior no Brasil

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), em seu Título II – Dos

Princípios e Fins da Educação Nacional, artigo 3º, parágrafo IX, informa que a educação deve

garantir o padrão de qualidade. Porém, não deixa claro o que seria o padrão de qualidade,

ainda que seus dispositivos apontem desdobramentos que revelam concepções e valores.

Podemos ver mais clareza em alguns parágrafos de seu Capítulo IV – Da Educação Superior,

a LDBEN quando explicita o entendimento de qualidade, caracterizando-a por seus

compromissos (Brasil, 1996).

2.2.1 Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior

Para garantir a qualidade da educação superior no Brasil, o Ministério da Educação – MEC

instituiu em 2004 pela Lei n° 10.861, o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior

(Sinaes) que instituiu a avaliação sistemática das instituições de educação superior, dos cursos

superiores e do desempenho dos estudantes. Com o Sinaes, foram estabelecidos indicadores

de qualidade, complementares entre si, em que todos os aspectos são considerados: ensino,

pesquisa, extensão, desempenho dos alunos, gestão da instituição, corpo docente e

infraestrutura, entre outros. Um dos aspectos que faz parte dos parâmetros de qualidade

estabelecidos pelo MEC em seu instrumento avaliativo é o fator biblioteca, este é avaliado

desde a estrutura física ao acervo bibliográfico.

“Duas grandes matrizes organizam os indicadores de qualidade do ensino de

graduação: a referenciada em produtos e a referenciada em processos, evidenciando

que as dimensões objetivas e subjetivas estão presentes nos processos de ensinar e

aprender. As duas precisam ser articuladas para responder ao padrão de qualidade.”

(Morosine, 2016)

Para obter o Conceito Institucional - IC, as IESs passam por uma avaliação composta de

três etapas:

Avaliação Interna ou Institucional: conduzida pela CPA – Comissão Própria de

Avaliação da IES, que apresenta resultados a cada três anos verificando o roteiro e as

diretrizes do Conaes – Conselho Nacional de Avaliação da Educação Superior;

Avaliação do desempenho estudantil, feita pelo Enade - Exame Nacional de

Desempenho de Estudantes que avalia o rendimento dos alunos dos cursos de

graduação, ingressantes e concluintes, em relação aos conteúdos programáticos dos

cursos em que estão matriculados.

Avaliação Externa: conduzida pelas comissões designadas pelo INEP - Instituto

Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, tendo como referência

os padrões de qualidade expressos nos Instrumentos e Avaliação e os relatórios das

autoavaliações, neste componente, está incluso a Avaliação dos Cursos de graduação

presenciais e à distância;

2.2.2 Processo de avaliação de cursos de graduação MEC/INEP

Para medir a qualidade dos cursos de graduação no País, o INEP e o MEC utilizam

o Índice Geral dos Cursos - IGC, divulgado uma vez por ano, logo após a publicação dos

resultados do Enade. O IGC usa como base uma média dos conceitos de curso de graduação

da instituição, ponderada a partir do número de matrículas, mais notas de pós-graduação de

cada instituição de ensino superior. Estes processos acontecem em três ocasiões: autorização,

regulação e validação.

2.2.2.1 Autorização

Acontece quando a IES deseja implantar curós novos em seu currículo. São sorteados dois

Avaliadores com cadastro no sistema BASis, orientados a seguir os parâmetros contidos nos

instrumentos para avaliação in loco e avaliam o curso em três dimensões:

Organização didático-pedagógica;

Corpo docente e tutorial;

Infraestrutura

Pela prerrogativa de autonomia, os Centros Universitários e Universidades não tramitam

autorização de cursos, exceto para os cursos de Direito, Medicina, Odontologia e Psicologia,

de acordo com as normativas da OAB e CNS.

2.2.2.2 Regulação

Acontece, geralmente, após o terceiro ano do inicio da primeira turma do curso. No caso das

faculdades, é feita a segunda avaliação in loco para constatar se a IES cumpriu o projeto

apresentado na ocasião e autorização. No caso das Universidades e Centros Universitários, é

feita a primeira avaliação in loco, com dois avaliadores seguindo os parâmetros contidos no

instrumento avaliativo e com duração de dois dias.

2.2.2.3 Validação

Feita a cada três anos considerando o ciclo do SINAES. Após o cálculo do CPC- Conceito

preliminar do curso, obtido nos processos de reconhecimentos e respectivas renovações. Os

cursos que obtiverem CPC inferior a 3, serão obrigatoriamente avaliados in loco, já os cursos

que forem conceituados com nota igual ou superior a 3, receberá visita apenas se a instituição

solicitar.

2.2.3 Novo Instrumento de Avaliação e critérios de análise para bibliografias básica e

complementar

Nos quadros 1 e 2 descrevemos os critérios elencados pelo MEC e seus respectivos

conceitos., sendo que no quando 1, descrevemos o quantitativo de exemplares quando a

biblioteca não possui acervo virtual e no quadro 2, quando possui acervo virtual. Observamos

que a exigência do quantitativo de exemplares diminui na última situação. Isto significa que

se a biblioteca possuir uma base de dados que atenda uma boa quantidade títulos presentes

nas emendas bibliográficas dos cursos, haverá economia na aquisição de materiais impressos.

CONCEITO CRITÉRIO DE ANÁLISE

1 NÃO EXISTE

2 1 ex. para 20 ou mais vagas anuais.

3 1 ex. para 20 ou mais vagas anuais.

4 1 ex. para 5 a 9 vagas anuais.

5 1 ex. para menos de 5 vagas anuais

FONTE: Rocha, M. Q.

Quadro 1 - Acervo (sem acervo virtual)

CONCEITO CRITÉRIO DE ANÁLISE

3 1 ex. para 13 a 18 vagas anuais.

4 1 ex. para 6 a 12 vagas anuais

5 1 ex. para menos de 6 vagas anuais

FONTE: Rocha, M. Q.

Quadro 2 - Acervo (com acervo virtual)

3. Metodogia

Quanto à natureza, esta pesquisa está classificada como qualitativa, pois busca responder a

questões dos tipos “o quê?”, “por quê?” e “como?”, além de analisar algumas amostras para

entender como se dão os fatos, sem a necessidade de apoiar-se necessariamente em

estatísticas, Gil, (2008). Quanto aos objetivos específicos: é exploratório-explicativa, pois

identifica os motivos que determinaram a ocorrência de um fenômeno ou contribuíram para

tanto, como também busca maior familiaridade com o problema, Gil, (2008). Quanto ao

delineamento, a pesquisa é bibliográfica, pois é desenvolvida a partir de fontes secundárias,

constituídas principalmente de livros e artigos científicos; é documental, pois faz uso de

fontes primárias como a legislação e os documentos disponíveis nos sites da organização em

estudo. É considerada também um estudo de caso porque é “um modo de pesquisa empírica

que investiga em uma organização específica os fenômenos contemporâneos na sua

realidade.” (Yin, 2005).

3.1 Amostragem da pesquisa

Este estudo tomou como objeto o Sistema de Biblioteca da Universidade Federal de

Alagoas – SIBI/UFAL. Amostragem não probabilística do tipo intencional, pelo fácil acesso á

informação e o conhecimento prévio por parte da pesquisadora.

3.2. Coletas de dados

Os procedimentos utilizados para a coleta das informações na resposta ao problema da

pesquisa deste estudo foram os seguintes:

a)Na análise documental, além dos livros, artigos e legislação vigente, foram também

analisados documentos que descrevem dados estatísticos da instituição analisada como

também dos órgãos fiscalizadores no processo de Avaliação Institucional, como: Relatórios

de Autoavaliação UFAL, Instrumento de Avaliação MEC/INEP.

b) Na observação participante ou ativa, que segundo Gil, (2008), consiste na participação real

do conhecimento na vida da comunidade, do grupo ou de uma determinada situação

pesquisada. Esta técnica foi possível pelo fato de a pesquisadora fazer parte do quadro

funcional da instituição analisada, atuado como gestora no setor de Desenvolvimento de

Coleções, contribuído no processo licitatório como pregoeira, participado com os demais

atores envolvidos no processo de avaliação dos cursos, preenchendo documentos e

recepcionando a comissão avaliadora In loco, entre outras atividades referentes ao cargo por

ela exercido durante quatro anos. Portanto pode relatar com propriedade sobre todos os

aspectos referentes à coleta de dados desta pesquisa.

4. Análise dos dados

4.1 Universidade Federal de Alagoas - UFAL

A Universidade Federal de Alagoas é uma Instituição Federal de Ensino Superior –

IFES que há 55 anos atua no estado alagoano, por meio de suas atividades de ensino,

pesquisa, extensão e assistência. Sua atual estrutura administrativa e acadêmica é composta

por três Campi e um hospital escola: Campus A.C. Simões (sede da instituição), Campus

Arapiraca, Campus do Sertão e Hospital Universitário Prof. Alberto Antunes. Possui 117

cursos de graduação, sendo 13 deles à distância, 30.551 alunos matriculados e 339 grupos de

pesquisa. Na tabela a seguir é discriminado o número de cursos e alunos por Campi.

CAMPI Capus A. C.

Simões

Campus

Arapiraca

Campus Sertão EAD/UAB

Nº DE ALUNOS/Nº.

DE CURSOS

GRADUAÇÃO 19.180/71 4.970/23 2.618/10 3.783/13

ESPECIALIZAÇÃO/N. 1.630/13

MESTRADO 1.309/35

DOURORADO 373/12

FONTE: elaborada pela pesquisadora com dados obtidos através do site www.ufal.edu.br

Tabela 1 - número de alunos e cursos por campi

4.2 Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal de Alagoas SIBI/UFAL

O sistema de bibliotecas da Universidade Federal de Alagoas (SIBI-UFAL) surgiu a partir da

Resolução nº 45/89 do Conselho Universitário, de 09 de novembro de 1989. Objetiva a

integração das bibliotecas à política educacional, científica e administrativa da universidade,

servindo de apoio aos programas de ensino, pesquisa e extensão. Dá suporte bibliográfico as

13 bibliotecas distribuídas nos 3 Campi desta universidade.

De acordo com o art. 3º do Regimento Interno - o SIBI/UFAL tem as seguintes funções

básicas:

Assegurar o fluxo constante de informação atualizada relativa à produção nacional e/ou

internacional, em ciência, tecnologia, literatura e artes, aos alunos, pesquisadores,

professores e técnico-administrativos da UFAL, como também a usuários de outras

instituições públicas e privadas, inclusive no setor produtivo;

Cooperar com outras redes e sistemas de informação para melhor aproveitamento e

racionalização dos recursos disponíveis, integrando-se aos planos nacionais de bibliotecas

universitárias e programas cooperativos;

Contribuir para a padronização das atividades técnicas, através da adoção comum de normas

catalográficas, de classificação, indexação, formatos, etc, e outras técnicas e metodologias;

Coletar, processar, armazenar e difundir o conhecimento gerado e/ou editado, no âmbito da

UFAL;

Promover o aperfeiçoamento profissional de seu pessoal, através da promoção de eventos

ou incentivos à participação em reuniões, congressos, seminários, cursos, etc

Introduzir, gradativamente, processos automatizados nos serviços, considerando o custo

benefício e os problemas de compatibilidade.

4.3 Processo de aquisição de material bibliográfico do SIBI/UFAL

De acordo com Vergueiro (1989), o processo de aquisição é a fase posterior ao de seleção

onde são implantados critérios por meio de um conjunto de tarefas administrativas que

objetivam assegurar a posse dos materiais definidos na seleção. Por tanto, antes de haver a

aquisição, necessário que haja na instituição, uma política de seleção de materiais

bibliográficos constando principalmente a missão e os objetivos esta organização.

Os materiais bibliográficos adquiridos por compra para dar suporte aos cursos de graduação

da UFAL estão divididos em três categorias: livros impressos, periódicos e as bases de dados

contendo livros e periódicos eletrônicos. Os livros impressos são considerados pela UFAL

um bem permanente devido à sua durabilidade e também por comporem o patrimônio da

Instituição, por conta disto sua aquisição é feita por meio de licitação na modalidade de

pregão eletrônico em obediência à Lei 8.666/93.

Todos os procedimentos para aquisição desses materiais ocorrem no setor de

Desenvolvimento de Coleções, por meio de sistema interno do SIBI/UFAL e acontece da

seguinte forma: anualmente é aberto o período de solicitação de títulos, onde os

coordenadores dos cursos devidamente cadastrados alimentam o sistema com suas sugestões

de títulos fundamentadas nas bibliografias do PPCs. Terminada essa etapa, a equipe do setor

faz a cotação dos títulos a serem adquiridos, em seguida são gerados relatórios com o valor a

ser gasto por curso. De posse desses relatórios faz- se uma análise do que poderá ser

adquirido mediante o orçamento destinado para este fim. A etapa seguinte deixa e ser de

técnica para tornar-se estratégica, nesta etapa, o gestor terá que decidir quais cursos ou títulos

serão adquiridos já que o orçamento nunca é suficiente para contemplar todas as solicitações.

Para essa tomada de decisão é necessário obter um prévio conhecimento das necessidades

bibliográficas de cada curso como também estar de posse de informações a cerca dos

processos avaliativos da instituição podendo beneficiar os cursos que estão em situações mais

críticas, como também estar a par da implantação ou ampliação de cursos.

A assinatura de periódicos e de bases de dados de livros e periódicos eletrônicos é feita por

meio da modalidade de Inexigibilidade de Licitação por ser considerado um serviço de

fornecedor exclusivo.

4.4 Identificando as falhas e consequências encontradas no processo de compra de

material bibliográfico que prejudicam os cursos em suas avaliações.

Com a observação participante foi possível fazer a análise das falhas ocorridas no

processo de aquisição de material bibliográfico do SIBI/UFAL e as consequências geradas

por elas. Observações descritas no quadro 3:

FALHAS CONSEQUÊNCIAS

Construção dos PPC’s com

excesso de títulos e repetição

dos mesmos em várias grades

curriculares

A biblioteca é obrigada a adquirir todos em

quantidade suficiente para atender ao número

de vagas autorizadas de acordo com as regras

do MEC/INEP

Falha na inclusão dos dados

do material no momento da

solicitação. Omitindo

informações importantes

como ISBN e editora;

Aquisição de material não correspondente ao

proposto na ementa

Insuficiência de recursos

financeiros para a demanda

da instituição.

Conflitos entre biblioteca e coordenação de

cursos não beneficiados;

Quantidade elevada de títulos

indisponíveis no mercado.

Provavelmente pela

desatualização da ementa

bibliográfica do curso;

Títulos não adquiridos; desfalque no acervo

do curso

Grande quantidade de itens

(títulos) fracassados no processo

licitatório.

Títulos não adquiridos; desfalque no acervo

do curso.

FONTE: Elaborado pela pesquisadora.

Quadro 3 - Falhas e consequências nos processos de aquisição de material bibliográfico

4.5 Identificando os Stakeholders

No quadro 4, descrevemos os Stakeholders e suas respectivas funções nos processos

avaliativos dos cursos de graduação presencial e à distância:

STAKEHOLDERS FUNÇÕES

Reitoria

Recebe do MEC os recursos financeiros

necessários a execução das ações do PDI

Procuradoria

Analisa todos os processos de aquisição de

compras e serviços a serem adquiridos pela

Universidade verificando se estão em

conformidade com a legislação vigente.

Pró-reitoria de graduação PROGRAD

Responde por todos os assuntos acadêmicos

incluindo, participação dos processos de

implantação de cursos novos e aprovação dos

PPC’s,

Pró-reitoria de gestão de recursos

PROGINST

Responsável pela divisão dos recursos recebidos

entre as unidades desta Universidade.

Direção da SIBI/UFAL e Divisão de

Desenvolvimento de Coleções DDC

Responsável pelo planejamento anual de recursos

para o processo de aquisição de materiais

bibliográficos por compra, considerando as

solicitações dos cursos.

Equipe de pregoeiros da Divisão de compras

do SIBI/UFAL;

Opera todo o processo de Licitação por meio de

Pregão Eletrônico.

Coordenadores, professores e secretários dos

cursos.

Responsáveis pela elaboração dos PPC’s,

construção da ementa bibliográfica, e solicitação

dos títulos via sistema.

Comissão Própria de Avaliação - CPA

Responsável pelos processos avaliativos da

Instituição e construção dos relatórios de avaliação

FONTE: Elaborado pela pesquisadora.

Quadro 4 – Stakeholdres e suas funções

4.6 Proposta de estratégias para um melhor aproveitamento do recurso destinado à

compra de material bibliográfico.

Baseado nos dados anteriormente expostos, apresentamos uma proposta de intervenção que

busca viabilizar uma otimização do recurso destinado á compra de materiais bibliográficos.

Demonstraremos essa proposta no quadro 5.

Criação de um banco de dados contendo as seguintes informações:

Número de vagas autorizadas por curso de graduação presencial e à distância;

Títulos compartilhados nas ementas bibliográficas desses cursos;

Títulos compartilhados nas disciplinas de cada curso;

Títulos não adquiridos e os respectivos motivos do insucesso em sua aquisição para

que sejam tomadas medidas cabíveis de aquisição dos mesmos obedecendo da Lei

8.666.

Construção de um documento oficial com o objetivo de estabelecer uma padronização na construção das

ementas bibliográficas, evitando-se repetições de títulos por grade curricular e elevada quantidade de

títulos nas bibliografias básica e complementar, considerando a quantidade mínima exigida pelo

MEC/INEP em seus instrumentos avaliativos.

Incluir na política de Desenvolvimento de Coleções critérios de decisões e procedimentos utilizados na

compra de materiais bibliográficos.

Fazer um levantamento no mercado de quais bases dados possuem uma quantidade significativa de

títulos que possam atender a necessidade de várias grades curriculares, diminuindo a quantidade dos

títulos a serem adquiridos em material impresso, considerando as normas de qualidade do MEC/INEP.

Identificar os Estabelecer metas para atender às necessidades dos cursos priorizando os casos mais

críticos;

FONTE: Elaborado pela pesquisadora.

Quadro 5 - Estratégias de otimização na compra de material bibliográfico do SIBI/UFAL

5. Considerações finais

Pelo estudo foi possível verificar que para haver uma otimização do orçamento destinado à

compra de material bibliográfico, não cabe apenas à gestão do SIBI/UFAL, é necessário que

haja uma união de esforços por parte da instituição como um todo e também o empenho dos

stakeholders, no sentido de contribuir para a concretização de um projeto que proporcione

resultados mais eficientes ao término dos processos.

Para tanto, o estudo propõe um conjunto de estratégias que possam contribuir para o

desempenho institucional. Esclarecemos que a finalidade desta proposta não é uma mudança

organizacional, mas uma flexibilização dos procedimentos administrativos de modo a orientar

os atores envolvidos na execução dos processos para obtenção de melhores resultados.

Como podemos ver nos documentos citados neste estudo, a biblioteca é considerada um fator

comum para obtenção de bons resultados que refletirão positivamente tanto no IGC dos

cursos como também no CI Conceito da Instituição. Vimos também que para obter o conceito

máximo, que é o conceito 5, a exigência do quantitativo de exemplares na aquisição de títulos

aumenta, porém se houver um acervo virtual, esse quantitativo diminui. Outro ponto a ser

considerado, é a adequação das bibliografias básicas e complementares considerando o

número mínimo de títulos exigidos pelo MEC, evitando o desperdício de uma compra

exagerada de títulos podendo utilizar o recurso para investir em uma maior quantidade de

exemplares, desta forma, atendendo melhor às demandas dos cursos.

Na proposta também sugerimos a criação de um banco de dados com informações pertinentes

que ajudarão nas tomadas e decisões, a inclusão na política de Desenvolvimento de Coleções

critérios para essas tomadas de decisões e a importância da aquisição de acervos virtuais que

atendam o maior número possível das bibliografias dos cursos.

Resta claro que este trabalho não esgota o assunto abordado, desta forma, recomenda-se para

futuras pesquisas uma análise mais detalhada a respeito dos critérios estabelecidos numa

organização pública para alocação de recursos em suas unidades.

Referências

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