estampa de agosto de 2012

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Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal no Estado de Santa Catarina | Filiado à CUT e à Condsef Ano 13 | Edição 142 Agosto - 2012 Sintrafesc e servidores da Funasa entregam pauta de reivindicações Maioria das categorias da base da Condsef encerra greve LEIA NESTA EDIÇÃO Em 6 meses, governo gasta R$ 196 bilhões com os bancos Artigo: Resposta às críticas da IstoÉ aos servidores Categorias já podem conferir termos de acordos e tabelas salariais Projeto tenta limitar direito de greve do servidor Usamos papel reciclado. Respeitamos a natureza p.4 p.6 p.7 p.8 p.9 p.10 Para a maioria dos servidores da base da Condsef e do Sintrafesc que estavam em greve, a paralisação chegou ao limite. A truculência do governo Dilma que estabeleceu cortes de salários e baixou decreto autorizando a substituição de servidores, somada aos ataques que a mídia desferia contra o movimento grevista, chegou a um ponto muito difícil de sustentar. O governo jogou pesado e vai arcar com as consequências, que certamente terão reflexos políticos no futuro. DE UM LADO A TRUCULÊNCIA, DO OUTRO A MOBILIZAÇÃO MARCELA CORNELLI/JORNALISTA SINDPREVS/SC Em Plenária nacional da Confederação em Brasília, a maioria das delegações estaduais votou pelo acordo com o governo. Mesmo assim, a greve que reuniu servidores de diferentes sindicatos, federações e confederações mostrou-se coesa e forte – a maior já feita no âmbito do serviço público federal no país. Estima-se que 350 mil servidores cruzaram os braços em busca de melhores salários e condições de trabalho. Da base do Sintrafesc já retornaram ao trabalho a Funasa, Funai, Dsei, AGU e DNPM. O Incra, em plenária nacional, decidiu suspender a greve a partir de 17 de setembro. Greve chegou ao limite e maioria aceitou acordo com o governo

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Jornal Estampa do mês de agosto de 2012

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Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal no Estado de Santa Catarina | Filiado à CUT e à Condsef Ano 13 | Edição 142Agosto - 2012

Sintrafesc e servidores da Funasa entregam pauta de reivindicações

Maioria das categorias da base da Condsef encerra greve

Leia nesta edição

Em 6 meses, governo gasta R$ 196 bilhões com os bancos

Artigo: Resposta às críticas da IstoÉ aos servidores

Categorias já podem conferir termos de acordos e tabelas salariais

Projeto tenta limitar direito de greve do servidor

Usamos papel

reciclado.

Respeitamos

a natureza

p.4

p.6

p.7

p.8

p.9

p.10

Para a maioria dos servidores da base da Condsef e do Sintrafesc que estavam em greve, a paralisação chegou ao limite. A truculência do governo Dilma que

estabeleceu cortes de salários e baixou decreto autorizando a substituição de servidores, somada aos ataques que a mídia desferia contra o movimento grevista,

chegou a um ponto muito difícil de sustentar. O governo jogou pesado e vai arcar com as consequências, que certamente terão reflexos políticos no futuro.

de um Lado a trucuLência, do outro a mobiLização

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Em Plenária nacional da Confederação em Brasília, a

maioria das delegações estaduais votou pelo acordo com o governo. Mesmo assim, a greve que reuniu servidores de

diferentes sindicatos, federações e confederações mostrou-se coesa e forte – a maior já feita no âmbito

do serviço público federal no país. Estima-se que 350 mil servidores cruzaram os braços em busca de melhores salários

e condições de trabalho. Da base do Sintrafesc já retornaram ao trabalho a Funasa, Funai, Dsei, AGU e DNPM. O Incra, em plenária nacional,

decidiu suspender a greve a partir de 17 de setembro.

Greve chegou ao limite e maioria aceitou acordo com o governo

2 Estampa |Agosto| 2012

Mesmo com todas as desonerações tributárias que estão programa-das para o próximo ano, o governo prevê recorde histórico da arreca-dação em 2013. A receita bruta total da União estimada na proposta orçamentária, encaminhada na semana passada ao Congresso nacio-nal, equivale a 24,7% do Produto Interno Bruto (PIB), pata-mar nunca antes atingido. Em 2011, a receita bruta ficou em 23,92% do PIB, e em 22,45% do PIB em 2010. Ou seja, cresce a arrecadação, o governo di-minui os impostos pagos pelas empresas, mas quando chega a vez de negociar com o servidor afirma que não tem dinheiro.

o jornal Estampa é uma publicação mensal do Sintrafesc.

Cartas, textos, críticas e sugestões podem ser enviados paraa Sede, rua nereu Ramos, 19, s.609, 88015-010 - Florianópolis - SC Fone/fax (48) 3223-6452.

núcleo Regional de Base do oesteRua Benjamin Constant, 363 E, Centro - 89801-070 - Chapecó - SCFone: (49) 3322-2639

núcleo Regional de Base do PlanaltoRua joão de Castro, 68, sala 22, Shopping Gemini, Centro88501-160 - lages - SC Fone: (49) 3224-4537

Jornalista: Celso vicenzi (MTE/SC 274 jP) Editoração: Cristiane Cardoso (MTE/SC 634 jP) Tiragem: 4.200 exemplaresImpressão: Gráfica AgnusFechamento da Edição: 6/9/2012

www.sintrafesc.org.br • E-mail: [email protected]

Sede Florianópolis

Presidente: Maria das Graças Gomes Albert vice-presidente: Hercílio da Silva Secretário Geral: Sebastião Ferreira nunes 1º Secretário: lírio josé Téo Secretário de Finanças: Francisco Carlos nolasco Pereira Secretário de Finanças Adjunto: vitoriano de Souza Secretária de organização Sindical: Marlete Conceição Pinto de oliveira Secretário de organização Sindical Adjunto: valdecir dal Puppo Secretária de Políticas de Comunicação: Elizabeth Adorno Araújo Coimbra Secretário de Políticas de Comunicação Adjunto: Walterdes Bento da Silva Secretário de Assuntos jurídicos: valdocir noé ZanardiSecretário de Assuntos jurídicos Adjunto: júlio Werner Peres Secretária de Formação Sindical: Ester Bertoncini Secretário de Formação Sindical Adjunto: nereu Gomes da Silva Secretário de Assuntos de Aposentadorias e Pensões: dérmio Antônio FilippiSecretário de Assuntos de Aposentadorias e Pensões Adjunto: Clair Bez Secretário de Saúde do Trabalhador: Mário Sérgio dos Santos Secretária de Saúde do Trabalhador Adjunta: nádia Maria Elias Secretário de Raça, Gênero e Etnia: Flávio Roberto Pilar Secretária de Raça, Gênero e Etnia Adjunta: vera Maiorka Sassi

Núcleo Regional de Base do Planalto Serrano

Pedro Edegar Foragato, valdomiro Milesi de Souza, Geraldo Iran da Rosa e Manoel Gama de oliveira

Núcleo Regional de Base do Oeste

Pedro vilmar Padilha dos Anjos, joão Claudir Marchioro, Aberrioni dal Piaz Moreira e valdecir Cezar Marcon

Conselho Fiscal

osni Francisco Tavares, Tânia lindner, vlander luiz Pacheco, Edson Gonçalves e Plácido Simas

Diretoria - Gestão 2010-2013

Umas e Outras |

Fontes: Valor Econômico ; O Estado de S. Paulo; Sintrafesc; Agência Brasil.

Governo prevê recorde histórico da arrecadação em 2013

o Brasil é o quarto país mais desigual da América latina, atrás apenas de Guatemala, Honduras e Colômbia. É o que indica o relatório “Estado das Cidades da América latina e do Caribe 2012 - Rumo a uma nova transição urbana”, divulgado pelo Programa das nações Unidas pa-ra os Assentamentos Humanos (onU-Habitat). A região ainda tem 111 milhões de pessoas vivendo em moradias precárias (um quarto da população). o órgão admite, no entanto, que houve melhora na distribuição de renda nos últimos anos. Em 1990, o Brasil encabeçava a lista dos piores. o país da região com menor índice de desigual-dade atualmente é a venezuela.

mais desiGuaL da américa Latina

o Brasil é o maior mercado mundial do crack e o segundo maior de coca-ína, conforme resultado de pesquisa do Instituto nacional de Pesquisa de Políticas Públicas do Álcool e outras drogas (Inpad) da Universidade Fe-deral de São Paulo (Unifesp). A pesquisa ouviu 4,6 mil pessoas com mais de 14 anos em 149 municípios do país. os resultados do estudo, que tem o nome de levantamento nacional de Álcool e drogas (lenad), apontam que o Brasil representa 20% do consumo mundial do crack. A cocaína fumada (crack e oxi) já foi usada pelo menos uma vez por 2,6 milhões de brasileiros, representando 1,4% dos adultos. os adolescentes que já experimentaram esse tipo da droga foram 150 mil, o equivalente a 1%.

centrais sindicais criticam autoritarismo do Governo com funcionaLismonuma declaração de repúdio ao que classificam de “autoritarismo” do governo, as centrais sindicais oficializaram, dia 12 de agosto, apoio à greve dos funcionários públicos federais. Em nota, CTB, CUT, Força Sin-dical, nova Central e UGT afirmam que a decisão do governo de cortar o ponto dos grevistas e de substituí-los por outros trabalhadores serve “apenas para acirrar os ânimos”.

brasiL é o maior mercado consumidor de crack do mundo

3 2012 | Agosto | Estampa

demonstrativo do pagamento de ações judiciais em aGosto

o valor da maior ação paga individualmente foi de R$ 33.585,41.Total de 103 servidores que, juntos, receberam R$ 1.045.601,51 Média de R$ 10.151,47 por servidor.

servidores ação órGão vaLores - r$

4 Gratificações; 3,17% Min. Comunicações 48.365,39

2 Gratificações Funai 37.968,14

1 Gratificações Base Aérea 13.888,00

5 Gratificações; Gdata 14º BIM 24.853,94

2 Gdata 10º BEC 9.547,13

21 Gratificações; 3,17% SRTE/SC 292.819,17

23 Revisão Aposent.; Gratificações FUnASA 226.390,02

13 3,17% SAMF 178.740,51

1 3,17% SFA/SC 9.374,77

7 Gratificações; Pensão atraso; Gdata Escola Aprendizes Marinheiros 32.786,62

3 Gratificações; Gdata núcleo Estadual do MS 3.764,01

1 Gratificações SFA 5.115,97

1 Gratificações AGU 3.983,78

1 Gratificações Min. orçamento, Planejamento, Gestão 387,49

1 Gratificações Incra 18.433,16

3 Gratificações Ibama 55.669,91

10 3,17% Min. Transportes 39.277,83

1 Gdata Min. Minas e Energia 7.196,13

1 Gdata Procuradoria Fazenda nacional 7.175,12

1 3,17% Hospital Guarnição 9.201,05

1 28,86% dnPM 20.663,37

103 totaL 1.045.601,51

Greve |

s servidores públicos federais da base do Sin-trafesc, reunidos em Assembleia Geral Extra-

ordinária no dia 22 de agosto, decidiram votar pela manuten-ção da greve e rejeição da pro-

o

Sindicato queria a aplicação do índice sobre o vB, beneficiando aposentados e pensionistas

posta do governo, na plenária da Condsef, em Brasília, dia 28 de agosto. Segundo a presiden-ta Maria das Graças Gomes Al-bert, “os 15,8% anunciados pelo governo para os próximos três anos, além de não cobrirem a

inflação projetada, não resol-vem as perdas salariais acumu-ladas nos últimos anos para a maioria dos servidores”.

Vários servidores que mani-festaram-se na assembleia cri-ticaram a posição do governo Dilma, da mídia e do Judiciário. Segundo o secretário de Assun-tos de Aposentadoria e Pensões, Dérmio Filippi, “o Judiciário es-tá passando por cima da Cons-tituição e da própria lei de gre-ve da iniciativa privada, que foi estendida para o serviço público na ausência de uma legislação específica”.

O secretário Geral adjunto, Lírio José Téo, disse que parti-cipa de movimentos grevistas desde 1983 e nunca viu tanta repressão aos grevistas.

base do sintrafesc votou por um acordo meLhor

Fonte: Sintrafesc

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Assembleia queria a continuidade da greve e um acordo mais vantajoso

A assembleia atribuiu aos comandos de greve de cada ór-gão a indicação dos servidores que participaram da plenária da Condsef, dia 28 de agosto, em Brasília, que decidiu os rumos da greve. Embora a delegação catarinense tenha votado pe-la continuidade da greve, para exigir que a proposta de 15,8% fosse aplicada sobre o Venci-mento Básico, pois isso incluiria os aposentados e pensionistas, a maioria dos estados votou pelo fim da greve e a assinatura de um acordo com o governo com a aplicação do índice, dividido em três parcelas, apenas sobre as gratificações. Com isso, apo-sentados e pensionistas recebe-rão apenas metade do valor.

4 Estampa |Agosto| 2012

Mobilização |

presidenta do Sintra-

fesc, Maria das Graças

Gomes Albert esteve

na manhã do dia 3 de

setembro na Funasa, em Flo-

rianópolis, para apresentar

um balanço da greve, das ne-

gociações com o governo e as

ações desenvolvidas pelo Sin-

dicato. Da direção do Sintra-

fesc, também presente o con-

selheiro fiscal Osni Francisco

Tavares, que exerce atividades

no órgão. O superintendente

da Funasa, Adenor Piovazza-

ni, participou da reunião, que

terminou com a apresentação

de uma pauta para ser deba-

tida internamente, buscando

a solução de problemas que

possam melhorar as condi-

ções de trabalho da categoria.

Maria das Graças explicou

que o governo ofereceu 15,8%

para todos os servidores, valor

para incidir sobre a gratifica-

ção. A aplicação do índice será

em três parcelas, começando

em janeiro de 2013 e termi-

nando em janeiro de 2015. A

Condsef tentou incluir o rea-

juste no Vencimento Básico,

mas o governo recusou.

O reajuste total para os três

anos será de R$ 1 mil para o

nível superior, R$ 930 para o

nível intermediário e R$ 630

a

Mesmo com o fim da paralisação, servidores querem negociar melhorias no órgão

para o nível auxiliar. Os apo-

sentados receberão metade

desses valores.

O reajuste do governo alcan-

ça os servidores do PGPE, das

CPST, do Hospital das Forças

Armadas (HFA), do Arquivo

Nacional, da Funai, do Minis-

tério da Fazenda, do Ministé-

rio da Cultura e da Advocacia-

Geral da União (AGU).

A delegação catarinense

presente à Plenária da Cond-

sef votou contra o acordo, por

sintrafesc promove reunião na funasa e entreGa pauta de reivindicações dos servidores ao superintendente

Fonte: Sintrafesc

considerá-lo insuficiente para

as necessidades dos servidores,

principalmente porque não foi

incluído no VB e, consequen-

temente, os aposentados só te-

rão direito a 50%. “Queríamos

mais do que foi negociado, mas

a maioria dos servidores pre-

sentes à Plenária da Condsef

optou por aceitar o acordo”,

disse Maria das Graças.

Apesar do resultado não ter

sido o esperado, a presidenta

do Sintrafesc disse que a greve

conseguiu mobilizar um gran-

de número de servidores em

todo o país e em diferentes ór-

gãos, além de conseguir fazer

com que o governo se compro-

metesse com algum reajuste

para os próximos anos, o que

vinha sendo negado até então.

A pauta entregue ao supe-

rintendente da Funasa/SC, foi

elaborada durante o período

de paralisação, num debate

com os grevistas.

EdSo

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nIo

R/SI

nTR

AFE

SC

Porta de entrada da Funasa, no Estreito, foi ocupada pelos servidores durante todos os dias da greve

5 2012 | Agosto | Estampa

Mobilização |

Servidores ocuparam espaços urbanos para divulgar o movimento e a pauta de reivindicações

Fórum dos Servido-

res Públicos Fede-

rais em Santa Cata-

rina realizou no dia

15 de agosto um ato público

e uma plenária na escadaria

da Catedral Metropolitana,

no Centro de Florianópolis.

Dezenas de sindicatos e enti-

dades deram informes sobre

a mobilização do funcionalis-

mo público federal em greve,

além de categorias que mani-

festaram apoio ao movimento.

O Sintrafesc esteve presente

o

fórum dos spf reaLiza ato púbLico nas escadarias da catedraL, em fLorianópoLis

com vários dirigentes e servi-

dores de sua base.

O secretário Geral adjunto

do Sintrafesc, Lírio José Téo,

criticou a “enrolação” do go-

verno, que marca e desmarca

reuniões, adia decisões e não

apresenta uma proposta con-

creta para os servidores.

Para o secretário de As-

suntos de Aposentadoria de

Pensões do Sindicato, Dérmio

Filippi, a luta é justa. “Não é

somente por reposição sala-

rial, mas também por uma da-

ta-base para negociação, por

mais qualidade no serviço pú-

blico, por mais investimentos

em educação, saúde, ciência e

tecnologia, cultura, segurança

e qualidade de vida, que tam-

bém se expressa no cuidado

com o meio ambiente”. Acres-

centou que se faz necessário

uma reestruturação dos ór-

gãos, que estão sucateados e

uma maior valorização do ser-

vidor público.

Fonte: Sintrafesc

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Grevistas levaram a luta para as ruas e praças da Capital

Sintrafesc e os servi-

dores do Incra e da

Funai, promoveram

na tarde do dia 14 de

agosto um ato público na Pra-

ça Fernando Machado (antigo

Miramar), em Florianópolis,

com debate sobre a questão

fundiária do país. Represen-

tantes do Sintrafesc, MST,

Movimento Negro Unificado,

Incra, Funai e indígenas fala-

ram sobre o tema “Terra para

todos? Todos pela terra!”. O

Sintrafesc instalou no local

uma tenda, cadeiras e equipa-

mento de som para garantir a

infraestrutura para o ato.

O secretário de Assuntos de

ato púbLico na capitaL debate a questão fundiária do país

o Aposentadoria e Pensões do

Sintrafesc, Dérmio Filippi deu

informes sobre a greve dos

servidores públicos federais

nos órgãos da base do Sindica-

to. Marcelo Barbosa, do Incra,

fez uma síntese da história do

órgão, as políticas de assenta-

mento e as dificuldades para

atender as demandas por falta

de pessoal e estrutura.

O país possui atualmente

8.865 assentamentos que en-

volvem 931.730 famílias. Em

Santa Catarina são 158 assen-

tamentos, com 5.387 famílias.

Há 1.667 processos de regula-

rização dos assentamentos no

país. Desse total, foram con-

cedidos títulos definitivos de

posse para apenas 123 assen-

tamentos. Em Santa Catarina

são 15 processos - o mais an-

tigo de 2004 - e até o momen-

to não foi concedido nenhum

título definitivo de posse aos

sem-terra.

O líder do MST, Vilson San-

tin, falou da importância de

uma luta unificada, entre vá-

rios sindicatos e movimentos

sociais para alcançar os obje-

tivos de uma reforma agrária

e um país mais justo.

Maria de Lurdes, do Mo-

vimento Negro Unificado

(MMU), mostrou que, para

além das divisões de classe, a

cor é mais um componente de

discriminação de uma ampla

parcela da sociedade. Disse

também que as 5 mil comu-

nidades quilombolas no país

(200 em SC) são cobiçadas

pelos empresários do agrone-

gócio e das mineradoras.

O antropólogo Kaio Hol-

ffmann, servidor público fe-

deral da Funai falou sobre o

direito dos povos originários

à terra e as dificuldades para

a demarcação das reservas e

sua proteção. Também criti-

cou a falta de recursos para

que o órgão possa dar suporte

às etnias indígenas em todo o

território nacional.

6 Estampa |Agosto| 2012

Plenária |

servidores de 18 cateGorias da base da condsef aprovam proposta do Governo e encerram a Greve

Condsef promoveu no dia 28 de agosto uma plenária na-cional com repre-

sentantes de pelo menos 18 categorias de sua base de to-do o Brasil. Por ampla maio-ria, os servidores aprovaram proposta apresentada pelo governo que concede reajuste de R$ 1.000 para o nível su-perior, R$ 930 para o nível intermediário e R$ 630 para o nível auxiliar, inseridos na gratificação de desempenho. Esses valores serão divididos em três parcelas, a serem pa-gas em janeiro de 2013, 2014 e 2015. Os aposentados e pen-sionistas receberão a metade desses valores. A proposta atinge pelo menos 510 mil servidores, entre ativos, apo-sentados e pensionistas.

Nesse cenário estão com-preendidas categorias que re-presentam a maioria dos ser-vidores do Executivo e fazem parte do PGPE (Plano Geral de Cargos do Poder Executivo) – que possuem servidores lo-

aSintrafesc queria mais, mas a maioria optou pelo fim da paralisação

tados em todos os ministérios e autarquias, CPST (Carreira da Previdência, Saúde e Tra-balho) – que engloba também servidores da Funasa – além das carreiras correlatas.

Carreiras correlatas compre-endem categorias que possuem tabelas similares ou bem pró-ximas à realidade salarial do PGPE e CPST – que possuem as menores tabelas do Execu-tivo. Entre elas podemos citar Cultura, Fazenda (PecFaz), Im-prensa Nacional, SPU, HFA, Embratur, AGU/DPU, admi-nistrativos da PRF, Integração Nacional, Funai (categorias não citadas devem observar se estão inseridas no PGPE ou CPST e, portanto, estão contempladas pelo acordo).

A Condsef negocia agora com o governo a devolução in-tegral e imediata dos pontos cortados pelo governo. Está neste grupo a maioria dos ser-vidores atingidos pela determi-nação da presidenta Dilma, que chegou a cortar 100% do salário de alguns trabalhadores.

Paralelo a este debate no Planejamento, a assessoria jurídica da Condsef teve tam-bém uma audiência com o mi-nistro Marco Aurélio, relator no STF (Supremo Tribunal Federal) de ação protocolada pela Confederação e outras entidades sindicais, que pede a suspensão imediata do corte de ponto que prejudica milha-res de servidores, impedindo seu sustento familiar.

Além dos setores que aceita-ram a proposta e representam a maioria dos servidores que mantém uma greve geral em todo o Brasil, outros setores da base da Condsef já autorizaram a assinatura de acordo com o governo. Entre eles estão servi-dores da área ambiental (Iba-ma, Instituto Chico Mendes e Ministério do Meio Ambiente) e servidores do Inpi.

GarantiasOs servidores que aprova-ram as propostas do governo aceitaram a formalização de acordos que garantam a con-

tinuidade das negociações que buscam a equiparação salarial com a tabela criada pela Lei 12.277/10. A lei abrange cin-co cargos de nível superior do Executivo (Engenheiro, Esta-tístico, Arquiteto, Economista e Geólogo).

A Confederação também busca a consolidação de um reajuste nos benefícios pagos aos servidores do Executivo, como auxílio-alimentação e plano de saúde. Apenas no caso específico dos benefícios não se aplica a obrigatorieda-de legal de envio de projetos de lei ao Congresso Nacional até 31 de agosto (previsão or-çamentária para 2013).

Por isso, a concessão de reajustes em benefícios pode ser dada a qualquer tempo. A Condsef espera que ainda este ano haja aplicação de al-gum percentual na melhoria desses valores, bastante de-fasados para os servidores do Executivo.

Fonte: Condsef.d

IvU

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ção

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SEF

A maioria dos delegados e delegadas de todos os estados em greve decidiu pelo fim da paralisação e assinatura de acordo com o governo federal

7 2012 | Agosto | Estampa

cateGorias que aprovaram proposta já podem conferir termos de acordo e tabeLas saLariais

Acordos e tabelas salariais |

vale-alimentação e auxílio aos planos de saúde também deverão receber reajustes entre 15% e 30%

s termos de acordo

e tabelas salariais de

categorias da base da

Condsef que apro-

varam proposta apresentada

pelo governo e que já foram

assinados estão sendo dispo-

nibilizados no site da Confe-

deração (o Sintrafesc também

colocou num banner na capa

do site o link que dá acesso

às tabelas salariais: www.sin-

trafesc.org.br). Aquelas cate-

gorias que aprovaram acordo

e ainda não encontraram sua

tabela devem aguardar, pois o

quadro ainda será atualizado

conforme forem sendo dis-

ponibilizados os acordos e as

respectivas tabelas. Os reajus-

tes propostos pelo governo es-

tão escalonados em três anos

e a inserção no contracheque

será feita a partir de janeiro

de cada ano. Os filiados e filia-

das que estiverem em dúvida,

também poderão entrar em

contato com o Sintrafesc, por

carta, telefone, email ou pes-

soalmente na sede na Capital.

A Condsef já firmou acor-

do que garante reajuste em

benefícios dos servidores do

Executivo. Os anexos com os

novos valores ainda serão dis-

ponibilizados, mas é possível

adiantar que o auxílio-ali-

mentação deve passar de R$

304 para R$ 373 e os planos

de saúde sofrerão reajuste en-

tre 15% a 30% na contrapar-

tida do governo. Assim como

os reajustes, os novos valores

dos benefícios passam a valer

a partir de janeiro de 2013.

A Condsef ainda cobra do

Ministério do Planejamento

a devolução imediata dos dias

descontados de servidores que

chegaram a ter até 100% dos

salários retidos pelo governo.

Uma vez que acordos foram

firmados e esses servidores

retornaram ao trabalho no dia

3 de setembro, não há motivos

para que o governo mantenha

a determinação do corte.

Até agora a Condsef já for-

malizou termos que garantem

reajustes para os seguintes se-

tores de sua base: Inpi, Inme-

tro, Ciência e Tecnologia, além

dos servidores inseridos nas

tabelas do PGPE, CPST e pla-

nos correlatos. Estão contem-

plados servidores administra-

tivos da AGU, anistiados do

Decreto 6.657/08, servidores

da Cultura, DPRF, Embratur,

Fazenda (PecFaz), emprega-

dos públicos agentes de Ende-

mias, Funai, HFA (celetistas

e estatutários), Imprensa Na-

cional, médicos regidos pela

Lei 8.878/94, PCC, PGPE, ad-

ministrativos da Polícia Fede-

ral, CPST, Seguridade (INSS),

Denasus, SPU, Suframa, além

dos servidores dos cinco car-

gos de nível superior (Enge-

nheiro, Arquiteto, Estatístico,

Economista e Geólogo) que já

estão inseridos na tabela cria-

da pela Lei 12.277/10.

A busca pela equiparação

salarial com essa tabela para

os demais servidores de nível

superior do Executivo, com

extensão de mesmo percen-

tual para servidores de nível

intermediário e auxiliar, vai

continuar sendo objeto das

negociações com governo.

Demandas específicas de cada

categoria da base da Condsef

que ainda não foram atendi-

das também continuarão sen-

do buscadas.

Apesar da volta ao trabalho

da maioria dos servidores da

base da Condsef, a mobiliza-

ção da categoria vai continu-

ar. Já no dia 5 de setembro a

Condsef e suas filiadas parti-

ciparam de um Dia Nacional

de Lutas em defesa dos traba-

lhadores convocado pela Cen-

tral Única dos Trabalhadores

(CUT). A luta pelo atendimen-

to das reivindicações que o go-

verno não conseguiu atender

vai permanecer firme.

Fonte: Condsef – com acréscimo

do Sintrafesc.

o

“Não era o que a gente queria. Lutamos para

incluir o reajuste no VB, para beneficiar também

os aposentados e pensionistas, mas a maioria

das delegações estaduais aceitou os 15,8% nas

gratificações e o fim da paralisação.”

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Maria das Graças Albert, presidenta do Sintrafesc

8 Estampa |Agosto| 2012

Quem perde |

projeto que Limita direito de Greve é ameaça à quaLidade do serviço púbLicoGoverno quer restringir direito do servidor à organização e à negociação, na contramão da Convenção 151 da oIT

m uma onda de pa-

ralisações nos último

meses, servidores pú-

blicos federais podem

ter seu direito de greve limi-

tado. O governo federal sina-

lizou que, passadas as nego-

ciações, um projeto de lei será

elaborado para regulamentar

as greves no setor público.

Entre as propostas estão

a de proibir paralisações de

categorias armadas, corte de

ponto dos grevistas e substi-

tuição dos servidores parali-

sados. Além de definir a por-

centagem da paralisação nos

serviços essenciais.

O doutorando em Direito

do Trabalho na USP e advo-

gado trabalhista, Thiago Ba-

rison, considera autoritária a

restrição ao direito de greve.

Para ele, isso pode levar à ma-

nutenção de baixos salários e

uma piora nos serviços públi-

cos.

“O fato de uma greve de

servidores públicos trazer in-

cômodos não pode ser visto

jamais como um impedimen-

to do direito de greve. Porque

ao se retirar o direito de gre-

ve dessas pessoas, se está re-

e tirando daqueles que podem

defender a qualidade do ser-

viço público, um instrumento

para tanto.”

Segundo Barison, o direito

de greve é uma garantia dos

trabalhadores de buscar me-

lhorias no trabalho e nos ser-

viços públicos.

“Esse raciocínio de punir

a greve é, com todo respeito,

um raciocínio mesquinho,

é um raciocínio neoliberal.

E nós sabemos quais são as

consequências disso: diminui

o serviço público, que fica su-

cateado, o capital humano fica

desvalorizado, isso quando a

gente pensa, sobretudo, em

educação, saúde e segurança

pública. Quem perde, afinal, é

o serviço público e quem ga-

nha é a iniciativa privada.”

As centrais sindicais que-

rem que o governo regula-

mente a Convenção 151 da

Organização Internacional do

Trabalho, que defende direi-

tos de organização sindical,

de negociação coletiva e de

greve.

Fonte: Radioagência NP

Vivian Fernandes.

As centrais sindicais querem

que o governo regulamente

a Convenção 151 da

Organização Internacional

do Trabalho, que defende

direitos de organização

sindical e de negociação

coletiva e de greve.

O governo federal

sinalizou que um projeto

de lei será elaborado para

regulamentar as greves no

setor público, o que incluiria

proibir paralisações de

categorias armadas, corte

de ponto dos grevistas e

substituição dos servidores

paralisados.

Com que cara a

gente fica?

HEn

Ry S

9 2012 | Agosto | Estampa

Política econômica |

á tanta confusão no ar

(e até nos aeroportos)

que é difícil prestar

atenção em todas, is-

to é, em todas que têm algu-

ma importância. Nos últimos

dias, deixamos de lado a grita

em torno do “superávit pri-

mário”.

Talvez porque essa grita

seja algo esquisita: o governo

superou a meta do primei-

ro semestre, para essa re-

serva destinada a juros, em

mais de R$ 1,2 bilhão (R$

48.085.318.000 para uma pre-

visão de R$ 46.813.025.000;

NOTA: trata-se, aqui, do su-

perávit primário do governo

central – soma dos resultados

do Tesouro Nacional, Previ-

dência e Banco Central – e não

do conjunto do setor público,

que inclui governos estaduais,

municipais e as estatais).

Por que, então, os bancos

– e sua mídia – estão recla-

mando e prevendo, se não

houver “correção”, terríveis

consequências econômicas

para o país?

Os bancos não conseguiram

extrair, via “superávit primário”,

o mesmo que no ano passado

(R$ 55.993.750.000) – e isso foi

o suficiente para desencadear o

terrorismo midiático-financei-

ro. Como se sabe, o mundo vai

acabar no dia em que o governo

não drenar os recursos da popu-

lação para os bancos...

Trata-se de uma questão de

princípio da agiotagem: sem-

Governo Gasta r$ 196 biLhões com bancos e apenas r$ 4,7 biLhões de investimento até junho

h pre achacar o má-

ximo possível – e

sempre mais.

Os bancos rece-

beram, em dinhei-

ro, no primeiro se-

mestre, R$ 61,961

bilhões em juros e

R$ 134,465 bi-

lhões em amor-

tizações (sem

contar o refi-

nanciamento ou

rolagem da dívi-

da, que não é em

dinheiro, mas

em títulos).

Portanto ,

somadas essas duas parcelas,

os bancos receberam, em di-

nheiro, R$ 196,426 bilhões

– nada menos que 23,89%

do total que foi pago pelo go-

verno no primeiro semestre.

Se contarmos também os R$

186,902 bilhões de rolagem

(refinanciamento), a parte dos

bancos chegaria a R$ 383,328

bilhões, ou seja, 46,62% dos

gastos do governo no primei-

ro semestre deste ano.

Observemos que isto acon-

teceu apesar de, em valores

correntes, o governo ter gasto

-7,93% em juros que no mes-

mo período do ano passado.

Mas, se o pagamento de

juros diminuiu quase 8%, a

amortização em dinheiro su-

biu +208,78%.

Na prática, isso fez com

que o gasto do governo com

os bancos, em dinheiro, au-

mentasse R$ 85,578 bilhões

(de R$ 110,848 bilhões em ja-

neiro-junho de 2011 para R$

196,426 bilhões em janeiro-

junho de 2012).

Apesar da queda no supe-

rávit primário, da queda na

rolagem (-26,51%) e da queda

no gasto com juros...

Investir

Existe algo inestimável em

não ignorar as confusões a

que aludimos acima: desco-

brir coisas que antes não sa-

bíamos.

É verdade que, nesse caso,

já tocamos no assunto algu-

mas vezes, mas sempre é bom

(ainda que triste) constatar

sua verdade.

A verba para investimen-

tos efetivamente liberada no

primeiro semestre foi 0,58%

do total pago – e apenas 5,3%

da verba anual aprovada pe-

lo Congresso. Em dinheiro, o

Congresso autorizou investi-

mentos orçamentários de R$

90,073 bilhões, mas foram

liberados apenas R$ 4,774 bi-

lhões.

E foi melhor que o ano pas-

sado: no primeiro semestre de

2011, os investimentos foram

apenas 0,38% do total pago –

e 4,47% do que foi aprovado

pelo Congresso.

Enquanto isso, o cresci-

mento do país caía de 7,5%

(2010) para (talvez) 1,5% este

ano – mas ouvimos um bo-

cado sobre a importância do

investimento, sobre como não

é possível aumentar os fun-

cionários por causa do inves-

timento, etc., etc., etc. & mais

etc., etc.

Fonte: Hora do Povo.

Governo arrecada cada vez mais e quem lucra são os bancos

10 Estampa |Agosto| 2012

Artigo |

Por CElSO VICENzI

Assessor de Imprensa do Sintrafesc

os “cães de Guarda” estão soLtos

reportagem de capa

da revista IstoÉ, edi-

ção 2.233, de 29 de

agosto (“Quem são

os grevistas que desafiam o

Brasil”) é reveladora do mo-

delo de jornalismo praticado

em solo nacional, aquele que

já sai das redações com a tese

pronta, só faltando encaixar

os personagens. O “gancho”

que sustenta praticamente

toda a reportagem são os al-

tos salários das lideranças

sindicais do serviço público

federal. Agora virou crime ser

profissional qualificado e ga-

nhar bem. E com um detalhe:

concursado, ou seja, por mé-

rito! A tese é lapidar: quem

ganha bons salários não pode

fazer greve!

Primeiro, é preciso corrigir

a distorção. A maior parte dos

servidores recentemente em

greve é formada pelos que me-

nos ganham no funcionalismo

público federal, mas a revista

preferiu buscar exemplos de

categorias que ganham mais,

para caracterizar o serviço pú-

blico federal como uma cas-

ta de privilegiados. Desde o

governo Fernando Henrique

Cardoso, a maior parte dos

servidores acumula perdas

substanciais para a inflação (e

o arrocho vai continuar, pois

o governo pressionou – com

o apoio da mídia – e pôs fim

à greve). Ofereceu 15,8% a ser

pago em três anos. Menos do

que a inflação prevista para o

período.

Há outras categorias pro-

fissionais, com menor poder

aquisitivo e que mereceriam

reajustes? Certamente! Cabe

a cada categoria de trabalha-

dores saber como

se organizar e

reivindicar. E ao

governo compete

a tarefa política

de ter uma polí-

tica econômica e

social muito mais

transformadora

do que a atual –

que tem por mé-

rito ser melhor do

que as anteriores,

mas longe ainda

de superar os de-

safios abissais da

concentração de

renda no país.

A reportagem de IstoÉ acu-

sa o “novo sindicalismo” de

“ausência de conteúdo políti-

co nas manifestações” porque

busca resultados financeiros.

Ora, ora, para que servem os

sindicatos? E pensar que no

a passado acusavam os sindica-

listas justamente pelo conteú-

do político! E não vamos nos

esquecer dos sindicatos patro-

nais, que atuam muito bem,

obrigado! E não é pouco o que

conseguem do caixa do gover-

no, embora suas demandas

nem sempre são divulgadas

e, muito menos, criticadas. Só

a hipocrisia da mídia parece

não mudar nunca.

O final da re-

portagem é cli-

chê: “Reivindicar

melhores salá-

rios é legítimo, o

que não é certo

é deixar um pa-

ís inteiro refém

do movimento”.

Ou seja, repetem

sempre que a

greve é um direi-

to constitucional,

mas não pode

causar problemas

a ninguém, nem

ao governo, nem

aos empresários,

nem à população. Sobre a

responsabilidade do gover-

no, nenhuma palavra. Neste

país dos absurdos, é garanti-

do o direito à greve, só não se

pode exercê-lo (sem ser du-

ramente atacado pela mídia).

O governo sinaliza com um

projeto de lei no Congresso

para regulamentar as greves

no serviço público. Não era

sem tempo. Mas alguém aí

duvida que sobrará para os

trabalhadores apenas ônus

e nenhum bônus? As conse-

quências, para a qualidade

do serviço público, com os

servidores, na prática, impe-

didos de fazer greve, não tar-

dará por se fazer sentir, em

prejuízo da população. E da

democracia!

Enquanto isso, ninguém

debate os lucros em benefí-

cios de poucos que fazem do

Brasil um dos países com a

pior distribuição de renda.

Como se entre uma coisa e

outra não houvesse relação

de causa e efeito. Para se

chegar a tanta exploração,

o que se faz, basicamente, é

transferir a renda (de todos

os níveis de trabalhadores)

para uma pequena parcela

da população. É por isso que,

cada vez que os trabalhado-

res – públicos ou privados

– tentam reivindicar uma

maior participação na distri-

buição da riqueza nacional,

são duramente atacados, sob

pretextos que não se susten-

tam numa análise mais apu-

o jornalista Celso vicenzi publicou em vários sites do país (também no site do Sindicato), o artigo abaixo, em que critica o comportamento da mídia – especialmente uma reportagem recente da revista IstoÉ com o título “Quem são os grevistas que desafiam o Brasil”. no artigo, o jornalista mostra como a mídia costuma atacar os movimentos grevistas com argumentos que não se sustentam, e no caso específico dos servidores, como tenta disseminar a ideia de uma categoria de privilegiados e que não teria o direito de fazer greve, apesar de ser um direito constitucional. Confira.

11 2012 | Agosto | Estampa

rada dos fatos. Análise que a

mídia nunca faz com a isen-

ção necessária, ou teríamos

um outro país.

Se os serviços públicos – no

todo ou em parte – são essen-

ciais, precisam de uma legis-

lação que igualmente os trate

assim. No entanto, até hoje, o

governo não reconhece uma

data-base para negociar e não

tem por hábito repor a infla-

ção anual aos salários, como

se o funcionalismo público fe-

deral não tivesse contas a pa-

gar (que obviamente acompa-

nham a inflação, ou, mesmo,

aumentam acima dela). Al-

guns “patrões”, tanto da esfe-

ra privada quanto pública, só

negociam de fato com greve.

Antes disso, as negociações

costumam ser apenas um jogo

de aparências. Desde março,

houve mais de 200 reuniões

de várias categorias de servi-

dores com o governo federal;

no linguajar dos grevistas,

praticamente só “enrolação”.

E para quem ainda não en-

tendeu esse jogo, é bom es-

clarecer que o governo é par-

te atuante nesse modelo de

país excludente. Transfere a

maior parte do que arrecada

para alimentar uns poucos

tubarões: somente em 2011

foram gastos R$ 708 bilhões

com a “dívida pública” (leia-

se ganhos dos bancos e ou-

tros aplicadores, principal-

mente em papéis). Isso sem

falar em isenções, subsídios,

perdão de dívidas, doações

de terrenos e imóveis, finan-

ciamentos a juros “especiais”

etc. etc.

E antes que alguém se

desinforme ainda mais: em

1995 o governo federal gas-

tava, com a folha de salá-

rios do funcionalismo, 56%

do que arrecadava; em 2011

gastou 32%. Esse “escânda-

lo” a mídia não vê, porque

distorce os fatos. E continua

a falar em gastos excessivos

do governo com os trabalha-

dores. É fácil enganar a opi-

nião pública com exemplos

isolados e descontextuali-

zados. Ainda mais para uma

população que se informa

basicamente pela TV e pelos

grandes jornais e revistas –

que demonstram cada vez

menos independência polí-

tica e apreço por uma infor-

mação mais abrangente dos

fatos, mais verdadeira. São

os “cães de guarda” do gran-

de capital, a serviço da ex-

ploração máxima do planeta

e dos trabalhadores.

“O governo transfere a maior parte

do que arrecada para alimentar uns

poucos tubarões: somente em 2011

foram gastos R$ 708 bilhões com

a ‘dívida pública’ (leia-se ganhos

dos bancos e outros aplicadores,

principalmente em papéis). Isso sem

falar em isenções, subsídios, perdão

de dívidas, doações de terrenos e

imóveis, financiamentos a juros

‘especiais’ etc. etc.”

“Em 1995 o governo federal

gastava, com a folha de salários do

funcionalismo, 56% do que arrecadava;

em 2011 gastou 32%. Esse ‘escândalo’ a

mídia não vê, porque distorce os fatos.

E continua a falar em gastos excessivos

do governo com os trabalhadores. É fácil

enganar a opinião pública com exemplos

isolados e descontextualizados.”

“Primeiro, é preciso corrigir a

distorção. A maior parte dos

servidores recentemente em greve é

formada pelos que menos ganham no

funcionalismo público federal, mas a

revista preferiu buscar exemplos de

categorias que ganham mais, para

caracterizar o serviço público federal

como uma casta de privilegiados.”

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Em Brasília e em Florianópolis, dirigentes do Sintrafesc e servidores da base foram às ruas para pressionar o governo, que teve na mídia o principal aliado

Imagens da luta |

Greve tomou conta de ruas e praçasSintrafesc e servidores em greve realizaram várias manifestações e atividades para dar visibilidade às reivindicações

Funasa - julho de 2012

Ato público - 9 de julho de 2012

Incra - julho de 2012

Ato público - 15 de agosto de 2012

Iphan - julho de 2012

Ato público - 9 de julho de 2012

Funai - 27 de julho de 2012

Ato público - 31 de julho de 2012Passeata - 31 de julho de 2012