estampa abril 2012
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Jornal Estampa de Abril de 2012TRANSCRIPT
Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal no Estado de Santa Catarina | Filiado à CUT e à Condsef Ano 13 | Edição 138Abril - 2012
Dilma cortarecursos eengessa o Incra
Sintrafesc concluiplanejamento dagestão para 2012
Leia nesta edição
ONU pede saúdeadequada a idososem todo o mundo
1º de Maio,dois séculosde lutas
Governo dá bilhõesa empresários enada para servidor
Ameaças exigemmobilização domovimento sindical
Usamos papel
reciclado.
Respeitamos
a natureza
p.3
p.4
p.5
p.6
p.9
p.12
seis miL servidores fazem marcha em BrasíLia mas governo não avança nas negociações
Trinta e uma entidades se uniram para protestar, na Esplanada dos Ministérios, e preparam novas ações para reverter a intransigência do governo Dilma.
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2 Estampa | Abril | 2012
O jornal Estampa é uma publicação mensal do Sintrafesc.
Cartas, textos, críticas e sugestões podem ser enviados paraa Sede, rua Nereu ramos, 19, s.609, 88015-010 - Florianópolis - SC Fone/fax (48) 3223-6452.
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Jornalista: Celso Vicenzi (MTE/SC 274 JP) Editoração: Cristiane Cardoso (MTE/SC 634 JP) Tiragem: 4.200 exemplaresImpressão: Gráfica AgnusFechamento da Edição: 23/04/2012
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Umas e Outras |
A tensão no campo tem se agravado no brasil. Em um ano, o número de pes-soas ameaçadas de morte mais que dobrou. Segundo dados da CPT, no ano passado, 172 pessoas estavam na lista de “marcadas para morrer”, contra as 83 de 2010. Este ano, nove pessoas já foram mortas. No país, entre 2001 a 2011, a violência no campo deixou um saldo trágico de 405 vítimas fatais.
Embora a Secretaria Nacional de Direitos Humanos tenha anunciado, ano pas-sado, que quintuplicou a lista de protegidos na área rural, saltando de 30 para 165 pessoas, dados do relatório anual de conflitos no campo da CPT revelam que 29 lideranças locais, entre sem-terras e indígenas, foram mortos em 2011. Este ano, em apenas uma semana, houve cinco registros de morte.
faLta de exercícios afeta muLheres na terceira idade
A falta de exercícios físicos afeta o equilíbrio, a agilidade e o reflexo das mulheres com mais de 70 anos. Isso é o que apontou um estudo inédito da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, feita em parceria com o Centro de Estudos do La-boratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul.
Segundo Sandra Matsudo, coordenadora da pes-quisa, o resultado do estudo demonstrou que as mulheres sedentárias apresentam mais dificulda-des de executarem atividades simples e correm mais risco de adquirir doenças. A prática de ativi-dades físicas, tais como uma caminhada diária de 30 minutos ou até mesmo a utilização de escadas no lugar do elevador, aumenta a qualidade de vi-da, reforçou a pesquisadora.
Carnes, leite, ovos e pescados consumidos no Brasil estão
praticamente livres de contaminação. Baseado em levanta-
mento dos Laboratórios Nacionais Agropecuários, o Ministé-
rio da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) informou
que, apenas 0,22% das 19.267 análises realizadas em 2011,
apresentaram resultados fora dos padrões recomendados pelo
Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes.
isto é serviço público!
aLimentos de origem
animaL Livres de
contaminação
chegam a quase
100% no BrasiL
Fontes: Agência Brasil; O Globo; Manchetes Socioambientais; O Estado de S. Paulo.
107% soBe o número de
‘jurados de morte’ no campo
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3 2012 | Abril | Estampa
Serviço Público |
demonstrativo do pagamento de ações judiciais em março
O valor da maior ação paga individualmente foi de r$ 14.006,55.Total de 28 servidores que, juntos, receberam r$ 68.375,56. Média de r$ 2.441,98 por servidor.
diLma ignora aBriL vermeLho e engessa o incra
Incra está quase para-
do. O motivo é o con-
tingenciamento, recen-
te, de quase 70% dos
recursos destinados ao custeio
da autarquia. Um dos princi-
pais efeitos do corte, será uma
brutal redução dos serviços de
assistência técnica aos assen-
tamentos da reforma agrária.
Contratos já feitos terão que
ser cancelados.
O mais curioso nessa deci-
são do governo da presidente
Dilma Rousseff é o fato de ter
ocorrido no meio do chamado
Abril Vermelho – nome que
o Movimento dos Sem-Terra
(MST) dá à jornada de ações,
com invasões de propriedades
rurais e ocupações de edifícios
públicos, que realiza todos os
anos neste mês. A jornada é
feita justamente para exigir
do governo mais recursos pa-
ra a reforma agrária e lembrar
o Massacre de Eldorado dos
Carajás, ocorrido em 17 de
o
A verba de custeio pode cair de r$ 240 milhões para apenas r$ 75 milhões
abril de 1996, no Pará.
Outro aspecto curioso é que
a redução do custeio contraria
a política da própria presiden-
te. Ela tem indicado que pre-
fere melhorar a produtividade
dos assentamentos já existen-
tes a criar outros. Mas sem as-
sistência técnica, dizem asses-
sores do Incra, não há como
falar em produtividade.
O ministro do Desenvolvi-
mento Agrário, Pepe Vargas,
que controla o Incra, está ten-
tando convencer o pessoal da
área do Planejamento a rever
o corte. De maneira geral, não
discorda da lógica geral do
governo, de reduzir o custeio
da máquina administrativa,
exigindo que se torne mais
eficiente, ao mesmo tempo
que mantém os recursos para
investimentos. O problema é
que, no Incra, o custeio engloba
rubricas fundamentais, como a
assistência técnica. Em vez de
gastar R$ 240 milhões neste
servidores ação Órgão vaLores - r$
2 Gratificações Funasa 9.602,48
2 Anuênio, Gratificações Ibama 9.698,10
1 3,17% Min. Comunicações 337,45
1 reposição do erário Incra 9.419,95
2 3,17% Min. Fazenda 24.930,98
12 Anuênio, 3,17% SrTE-SC 12.913,00
8 3,17% Min. Transportes 1.473,60
28 68.375,56
ano com este tipo de serviço, o
Incra só terá R$ 75 milhões, se
o governo não mudar.
A preocupação mais urgente
do MST, porém, é com o corte
no Pronera – o programa de
Fonte: www.apenaspolitica.blogspot.com.br
educação rural nos assenta-
mentos. Muitos dos assenta-
dos que estão em universida-
des não poderão renovar suas
matrículas se o corte não for
revisto imediatamente.
com 70% a menos em recursos...
O Incra terá r$ 75 milhões em recursos, ao invés dos r$ 240 milhões com os quais contava anteriormente;
Com o corte, a área de assistência técnica ficaria comprometida, o que inviabilizaria a melhora da produtividade nos assentamentos, exigência da Presidenta Dilma;
Com o corte do PrONErA - Programa de educação rural nos assentamentos, muitos dos assentados que estão em universidades não poderão renovar suas matrículas.
4 Estampa | Abril | 2012
Organizar a luta |
Fonte: Sintrafesc
Sintrafesc realizou de
28 a 30 de março, na
Escola Sindical Sul da
CUT, em Florianópolis,
um Seminário de Planejamento
da gestão para 2012, que deba-
teu e deliberou sobre vários te-
mas, entre eles o Congresso do
Sintrafesc, a realização de reu-
niões do Conselho Deliberati-
vo, o planejamento nos núcleos
regionais de base e lançamento
da campanha salarial dos ser-
vidores públicos federais. Par-
ticiparam os integrantes da Di-
reção Executiva e dos Núcleos
Regionais (Lages e Chapecó).
Entre as ações estratégicas
deliberou-se sobre as reuni-
ões mensais da Direção Exe-
cutiva, seminário sobre saúde,
seminário sobre plano de car-
reira e outros temas jurídicos,
o
Participaram integrantes da Direção Executiva e dos Núcleos regionais
e seminário dos aposentados.
Nas ações gerais o debate foi
em torno da construção da or-
ganização dos servidores nos
locais de trabalho e a possível
deflagração de uma greve no
primeiro semestre deste ano.
Também foi debatida a possi-
bilidade de realizar um semi-
nário sobre racismo e questões
étnicas, publicações de carti-
lhas temáticas e formação dos
dirigentes e da base.
sintrafesc concLuiu seminário de pLanejamento da gestão para 2012
Dirigentes debateram ações até o final do ano de 2012.
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sintrafesc promove dia 27 atividade em comemoração ao 1º de maio
O Sindicato dos Trabalhado-
res no Serviço Público Federal
no Estado de Santa Catarina
(Sintrafesc), irá promover no dia
27 de abril uma atividade em co-
memoração ao 1º de Maio, Dia
do Trabalhador. Na Rua Padre
Miguelinho, ao lado da Catedral,
em Florianópolis, a partir das 10
horas, haverá uma mostra de
trabalhos desenvolvidos pelos
servidores públicos federais de
vários órgãos da Capital.
Segundo o diretor para As-
suntos de Aposentadoria e
Pensões, Dérmio Filippi, “o
objetivo é mostrar à população
algumas das atividades que os
servidores desenvolvem, e que
estão presentes no cotidiano
de quase todos, seja na saúde,
na educação, na segurança, na
infraestrutura, na fiscalização,
na cultura, enfim, em todos os
setores da atividade hu-
mana”.
Para a diretora de For-
mação, Ester Bertoncini, “o
serviço público é essencial
para o exercício da cidadania
e a consolidação da democra-
cia, ao permitir que um gran-
de número de catarinenses e
brasileiros tenham acesso a
serviços que, de outra forma,
estariam fora do alcance de
boa parte da população, com
graves consequências sociais.
E como a lógica não é a do lu-
cro, apoiar um serviço público
de qualidade deve ser interes-
se de toda a sociedade”.
A Cartilha
1º de Maio - dois séculos de
lutas, será distribuída durante o ato.
5 2012 | Abril | Estampa
Serviço Público |
governo diz que não tem dinheiro para o servidor, mas oferece BiLhões ao empresariado
governo da presidenta
Dilma Rousseff deu
mais uma mostra de
que o problema pa-
ra não atender as demandas
apresentadas pelos servidores
públicos não está na falta de
dinheiro nem no clima de aus-
teridade tão propagado pelo
Ministério do Planejamento
durante as negociações com a
categoria. O governo anunciou
mais um pacote de “incenti-
vos” à indústria. Numa velo-
cidade impressionante, como
num passe de mágica, foram
concedidos R$ 65 bilhões em
“incentivos” que nada mais
são do que a isenção de im-
postos ao empresariado. Com
essa nova remessa, entre 2011
e 2012 o governo concedeu a
empresários em isenção fiscal
aproximadamente R$ 155 bi-
lhões. Em contrapartida, no
mesmo período, contingen-
ciou das áreas sociais mais de
R$ 105 bilhões. “O que vemos
é que este governo tem tirado
recursos dos trabalhadores
para conceder benesses ao
empresariado”, observa Sér-
gio Ronaldo da Silva, diretor
da Condsef.
Fica claro que o discurso de
austeridade, portanto, apare-
ce apenas quando o diálogo
envolve servidores públicos.
Até o momento o governo tem
se mostrado pouco sensível às
reivindicações apresentadas
pela categoria. Dos sete eixos
Para os empresários, rapidamente, incentivos de r$ 65 bilhões
o
que compõem a Campanha
Salarial 2012 – que reúne 31
entidades nacionais em defe-
sa dos servidores e serviços
públicos – o Ministério do
Planejamento assumiu apenas
a possibilidade, ainda que re-
mota, de estudar a apresenta-
ção de proposta para reajuste
no pacote de benefícios como
auxílio-alimentação, creche,
transporte e plano de saúde.
Os servidores têm encontrado
dificuldades também na busca
pelo atendimento de acordos
e compromissos já firmados e
ainda não cumpridos.
CUT questiona
Na última reunião no Planeja-
mento, os argumentos de que
o atendimento das demandas
dos servidores poderia gerar
problemas para a economia
brasileira foram questionados
pelos sindicalistas. O presi-
dente da Central Única dos
Trabalhadores (CUT), Artur
Henrique, chegou a registrar
que o governo brasileiro só
tem restrições orçamentárias
quando discute demandas dos
trabalhadores reforçando os
bilhões que o governo já dis-
ponibilizou em desoneração
concedida a empresários.
O comportamento tem sido
chamado pelos sindicalistas
de “política gerdariana” uma
alusão a um dos principais
integrantes do Conselho de
Política de Gestão do gover-
no Dilma, o empresário Jorge
Gerdau. O Conselho também
conta com a participação de
outro grande empresário,
Abílio Diniz, dono da Compa-
nhia Brasileira de Distribui-
ção, que inclui as bandeiras
de Varejo Alimentar, Pão de
Açúcar e Extra, de Atacarejo,
Assaí e de Eletro, Ponto Frio,
além de sócio majoritário das
Casas Bahia.
Mobilização
No último dia 28 de março as
31 entidades nacionais unidas
em torno da Campanha Sala-
rial 2012 promoveram uma
marcha em Brasília que con-
tou com a participação de 6 mil
servidores. A próxima ativida-
de de mobilização será em 25
de abril, com um Dia Nacional
de Luta que prevê a paralisação
de atividades em todo o servi-
ço público federal. Em todo o
país, sindicatos e servidores
têm debatido sobre a possibi-
lidade de iniciar uma greve por
tempo indeterminado.
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Fonte: Condsef – com título do Sintrafesc.
Empresariado
Servidor público
6 Estampa | Abril | 2012
Novo regime de previdência, congelamento de salários e demissão por “insuficiência de desempenho”, três ameaças aos servidores públicos federais
Seminário |
Fórum de Entidades
do Serviço Público,
que tem o Sintrafesc
como um de seus in-
tegrantes, realizou no dia 21 de
março, às 18h30, na Federa-
ção dos Comerciários de Santa
Catarina (Fecesc), em Floria-
nópolis, um Seminário sobre
Previdência Complementar
dos Servidores Públicos Fede-
rais. O evento contou com du-
as palestras, de Paulo Roberto
Koinski, do Sintrajusc, e Luís
Fernando Silva, advogado do
Sintrafesc. Ambos alertaram
dirigentes e servidores de vá-
rios sindicatos, presentes ao
seminário, sobre as consequ-
ências da proposta aprovada
no Congresso Nacional e que
vai atingir, paulatinamente,
todos os servidores, e não ape-
nas aqueles que ingressarem
após a promulgação da lei, co-
mo afirma o governo federal.
“O teto será impositivo a to-
dos os servidores que ganha-
rem mais do que o limite esta-
belecido pela nova lei”, afirma
o advogado Luís Fernando Sil-
va. Ele denunciou a manobra
que o governo, com o apoio
da mídia, insiste em utilizar,
fazendo crer à opinião pública
que existe um déficit na Previ-
dência. “Mesmo que o déficit
ocorra, a governabilidade é to-
tal, pois cabe à sociedade dizer
se aceita pagar a conta com os
o
movimento sindicaL precisa se moBiLizar para impedir graves retrocessos
recursos do Estado”. E per-
guntou: “Por que tem que ha-
ver teto? Inclusive na iniciativa
privada?” E já aproveitou para
responder: “É porque querem
transformar a previdência, que
é uma questão social, num ne-
gócio de mercado”.
Não tem déficit
Para o advogado, não há dú-
vida de que todo regime de
previdência é superavitário
quando bem administrado.
“O que ocorre quando falam
em déficit, é porque o governo
insiste em incluir na conta da
Previdência despesas que po-
deriam ser alocadas em outra
rubrica”, acrescentou.
O governo tem destacado
junto à mídia e na tentativa de
convencer a opinião pública
de que no novo sistema não
há possibilidade de déficit.
E é verdade, porque o novo
modelo só explicita quanto o
servidor irá pagar, mas não
oferece nenhuma garantia
sobre quanto irá receber. “Se
houver má administração, cri-
se internacional ou algum ou-
tro problema que mexa com o
rendimento aplicado, pode ser
que na hora de se aposentar, o
fundo de previdência não te-
nha mais nenhum recurso pa-
ra pagar os servidores, obri-
gando o governo a lançar mão
de outras fontes de receita”,
afirma Luís Fernando.
Isso já aconteceu em outros
países que fizeram a opção de
entregar à iniciativa privada a
administração da previdência.
Ou seja, o que de fato o gover-
no quer é agradar a iniciati-
va privada, entregando uma
fortuna, que pode chegar em
poucos anos a cerca de R$ 100
bilhões. “Se depois quebrar,
como já ocorreu em outros
países, quem pegou o dinhei-
ro ficou rico e a conta volta
para o governo pagar, pois te-
rá que fazer frente a um novo
problema social, já que não
poderá abandonar totalmen-
te milhões de servidores que,
apesar de terem pago a pre-
vidência, poderão ficar sem
os recursos suficientes para
manter uma aposentadoria
decente”, afirmou. “A lógica
é que o lucro ficará com o sis-
tema financeiro e o déficit, se
houver, ficará com o Estado”,
advertiu Luís Fernando.
Parece, mas não é...
A “isca” criada pelo governo é
quase perfeita. Pelo novo mo-
delo, o servidor decide quan-
to quer pagar para a futura
aposentadoria. O governo en-
trará com, no máximo, 8,5%.
Assim, muitos servidores que
hoje pagam 11%, terão a ilusão
de que será um bom negócio
contribuir com menos. E os
mais novos, como sempre,
não se importarão muito com
as consequências, porque, pa-
ra eles, a aposentadoria sem-
pre parecerá uma coisa mui-
to distante, com a qual não
precisam se preocupar muito
agora. “É preciso que os sin-
dicatos esclareçam muito bem
os servidores sobre todas as
consequências nefastas do
novo modelo, porque a mídia
e o governo vão falar das ‘van-
tagens’”, alertou.
Luís Fernando Silva co-
mentou também a apatia da
maioria dos sindicatos, que
tem se ocupado de questões
menores enquanto o governo
“passa o rodo” nas grandes
questões que envolvem o in-
teresse dos servidores públi-
cos federais. Para ele, a ideia
neoliberal diminuiu o ímpeto
do movimento sindical, aliado
ao fato também de que muitos
sindicalistas altamente prepa-
rados hoje estão no governo.
Outro fato é que “perdemos
a ideia de luta de classes, tu-
do está sendo visto apenas do
ponto de vista corporativo, da
‘minha’ categoria, da ‘minha’
profissão, do ‘meu’ órgão, o
que enfraquece a luta”.
Finalmente, comentou
que há um erro, por parte da
maioria dos trabalhadores,
em identificar no poder Judi-
ciário a solução dos seus pro-
7 2012 | Abril | Estampa
blemas. “Não será com ações
que a luta dos trabalhadores
irá avançar, pois o Judiciário,
historicamente, tende a deci-
dir em favor do Estado, que
está muito mais próximo do
poder do que os trabalhado-
res”, afirmou. Por isso, para
reverter o quadro e impedir
novas perdas, “só mesmo com
a conscientização da classe
trabalhadora, que precisa ir
para as ruas e fazer valer o seu
poder de pressão junto às au-
toridades”, concluiu.
Quadro preocupante
Para o coordenador Geral do
Sindicato dos Trabalhadores
no Poder Judiciário Federal
no Estado de Santa Catarina
(Sintrajusc), Paulo Roberto
Koinski, estão em curso vários
projetos que vão atingir em
cheio os servidores, sem que
os trabalhadores e os sindi-
catos se mobilizem diante da
gravidade do que está para ser
consumado. E citou especial-
mente o PLP 1.992/07, que
institui o regime de previdên-
cia complementar, aprovado
no Congresso, o PLP 549/09
(PLS 611/07) que congela os
vencimentos por 10 anos, e o
PLP 248/98, que prevê a de-
missão de servidor estável.
“São projetos que regulamen-
tam dispositivos constitucio-
nais e, portanto, após a sua
aprovação, as possibilidades
de contestações judiciais são
mínimas”, asseverou.
Para Koinski, a apatia dos
servidores e da maioria dos
sindicatos, federações e con-
federações é ainda mais grave
quando se sabe que, aprovado
em âmbito federal, a perda de
direitos atingirá também os
servidores estaduais e muni-
cipais. “O PLP 549 é um tiro
contra as políticas públicas”,
afirmou. “O movimento sin-
dical precisa reagir, urgente-
mente”, acrescentou.
Vai faltar dinheiro
Para o coordenador Geral do
Sintrajusc, o PLP 549/09 al-
tera a Lei de Responsabilida-
de Fiscal. E vai instituir um
índice que será insuficiente
até mesmo para fazer frente
ao crescimento vegetativo da
folha dos servidores públicos
federais. Koinski lembrou que
a tentativa de congelar salá-
rios não é nova. Começou em
2007 no governo Lula, mas
começou pela Câmara Fede-
ral, onde houve resistências.
Desta vez, passou no Senado
e, se nada for feito, passará
sem grandes resistências tam-
bém na Câmara.
Koinski lembrou que o pro-
jeto foi encaminhado no Sena-
do com as assinaturas de Ideli
Salvatti, Romero Jucá, Rose-
ana Sarney e Valdir Raupp. E
que, no momento, encontra-se
na Comissão de Constituição
e Justiça da Câmara. Deve ir
a plenário tendo como relator
Anthony Garotinho.
“O fato de Ideli Salvatti, uma
ex-sindicalista ser uma das au-
toras do projeto de congela-
mento salarial é tão absurda
que seria o mesmo que pensar
em Ronaldo Caiado defender
um projeto contra os ruralistas
ou Maluf defender a Lei da Fi-
cha Limpa”, exemplificou.
Paulo Roberto Koinski disse
que o governo não tem levado
essas questões para as mesas de
negociações, preferindo debater
questões secundárias e corpora-
tivas de algumas categorias.
Demissões
Outra ameaça séria é o PLP de
autoria do Executivo, criado
no governo FHC, que trata da
demissão por “insuficiência
de desempenho” do servidor
estável. A estratégia do gover-
no foi entregar a um deputado
inexpressivo, Raul Lima (PP-
RR), para que incluísse na or-
dem do dia projeto, justamen-
te para não chamar a atenção.
O projeto só não foi aprova-
do no ano passado porque a
agenda no Congresso estava
muito complicada. Mas pode
voltar à pauta ainda este ano.
Pelo projeto, de cada cinco
avaliações, se o servidor tiver
“insuficiência de desempe-
nho” por dois anos consecu-
tivos ou três alternadamen-
te, abre-se um processo de
demissão. “Se isso já e uma
ameaça séria no plano federal,
imagine o que pode acontecer
quando for também imple-
mentado também nos estados
e municípios, abrindo brechas
para todo tipo de perseguição
política, sob o disfarce da bus-
ca por maior competência no
setor”, afirmou Koinski.
Para ambos, todas essas
ameaças são ainda mais gra-
ves quando se depara, no
plano internacional, com um
quadro sombrio que combina
crises recorrentes do capita-
lismo, alta dependência do
governo ao sistema financeiro
internacional, vulnerabilida-
de dos sistemas econômicos
nacionais aos capitais especu-
lativos, e o sistema econômico
brasileiro fortemente inde-
xado. Por isso o movimento
sindical precisa, mais do que
nunca, unir forças, centrar fo-
co nas prioridades e aumen-
tar a consciência de classe,
evitando se dividir em ques-
tões corporativas. Sem isso,
todos perderão.
Fonte: Sintrafesc
não caia no conto do vigário
8 Estampa | Abril | 2012
Serviço Público |
seis miL servidores pressionam governo em BrasíLia
c erca de 6 mil servido-
res públicos de todo
o Brasil participaram
de uma Marcha, no
dia 28 de março, na Esplanada
dos Ministérios, em busca de
avanços nos processos de ne-
gociação com o governo. Con-
vocada pelas 31 entidades que
compõem a Campanha Salarial
2012, a mobilização foi mar-
cada por uma vigília em frente
ao Ministério do Planejamento
onde também aconteceu uma
reunião com a equipe do secre-
tário de Relações do Trabalho,
Sérgio Mendonça. O diálogo
com o governo segue difícil e
trouxe pouquíssimas novida-
des mostrando que os servido-
res devem continuar apostando
no reforço da unidade e mobi-
lização. A próxima atividade de
mobilização da categoria será
em 25 de abril com um Dia Na-
cional de Luta. Em Florianópo-
lis haverá mobilização no Cen-
tro da Capital, no terminal de
ônibus Ticen, com a distribui-
ção de panfletos à população.
Vários órgãos podem paralisar
as atividades neste dia.
Servidores se mobilizaram para forçar
o governo Dilma a negociar
Marcha na
Esplanada dos
Ministérios
pressiona governo
Dilma
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S: A
NTO
NIO
CrU
z/A
br
Fonte: Condsef – com acréscimo
do Sintrafesc.
para servidores, ‘nada justifica’ criação da funpresp
cia Complementar do Ministério da Previdência, Jaime Mariz, o fundo – aposta do governo para reduzir o déficit previden-ciário – irá se capitalizar durante 30 anos. A União já garantiu aporte de r$ 100 milhões neste ano. Metade desses recursos será destinada à manutenção do fundo do Executivo e r$ 25 milhões para o fundo do Legislativo e mais r$ 25 milhões para o do Judiciário.
Campanha salarialrepresentantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Cen-tral dos Trabalhadores e Trabalhadoras do brasil (CTb) e CSP-Conlutas e o secretário de relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, discutiram dia 28 de março pontos da campanha salarial da categoria. Os servidores pedem reajuste emergencial de 22,8%, política salarial permanente e incorporação de gratificações, além de reajuste para os seguin-tes benefícios: auxílio-alimentação, transporte, creche e plano de saúde. Entretanto, o governo reiterou dificuldades orçamen-tárias na concessão de aumentos.
O fórum de negociação da campanha salarial pretende mobili-zar a categoria para um Dia Nacional de Luta, em 25 de abril, com a possibilidade de paralisação por tempo indeterminado ainda no primeiro semestre, caso não haja avanço no diálogo com o governo.
A Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef-CUT) rechaçou a aprovação da Fundação de Previdên-cia Complementar do Servidor Público Federal (Funpresp), ocor-rida no dia 28 de março, no Senado, apesar do protesto de 4 mil servidores na Esplanada dos Ministérios. A Funpresp segue para sanção da presidenta Dilma rousseff e deverá ser constituída até o final do ano. Os sindicalistas consideram nociva a criação de fundos privados que, segundo avaliam, podem colocar em risco as aposentadorias dos servidores.
O texto estabelece teto de aposentadoria no serviço público equivalente a r$ 3.916,20 para os servidores públicos federais, o mesmo previsto na iniciativa privada. A medida valerá para futuros servidores públicos que forem contratados após a san-ção da nova lei e também prevê a contribuição de 11% sobre o teto do regime Geral da Previdência Social (rGPS).
Os servidores que quiserem receber um benefício acima do pre-visto pela Previdência deverão contribuir para o regime comple-mentar, o que deverá ser feito em paridade pelo órgão gover-namental. O limite de contribuição do órgão público será 8,5%.
Três fundosSerão três os fundos, que correspondem aos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. De acordo com o secretário de Previdên-
Fonte: Rede Brasil Atual – com acréscimo do Sintrafesc.
9 2012 | Abril | Estampa
Envelhecer com saúde |
onu pede saúde adequada a idosos em todo o mundo
Secretário-Geral das
Nações Unidas, Ban
Ki-moon, ressaltou a
importância de forne-
cer serviços de saúde adequa-
dos para os idosos e apelou
para que os países reúnam re-
cursos para ajudar suas popu-
lações em envelhecimento a
viver uma vida mais saudável
e ativa. “Peço aos governos,
à sociedade civil e ao setor
privado que reúnam esforços
para garantir que o povo de
qualquer lugar tenha a chance
de envelhecer com boa saú-
de”, disse Ban em mensagem
para marcar o Dia Mundial da
Saúde, comemorado em 7 de
abril.
A data marca a fundação
da Organização Mundial da
Saúde (OMS) e a cada ano um
tema é selecionado de forma
a ressaltar uma área de preo-
cupação da OMS. Neste ano, o
tema é “A boa saúde aumenta
a longevidade”.
Importância do idoso
Ban disse que um aumento
na longevidade está pressio-
nando os serviços de saúde
dos países. “As pessoas mais
velhas dão valiosas contribui-
ções para a sociedade – como
membros de suas famílias,
como participantes ativas na
força de trabalho e como vo-
luntários nas comunidades.
A sabedoria que adquiriram
com o passar dos anos faz
delas recursos únicos pa-
ra a sociedade”, destacou.
“No entanto, uma popu-
lação mais velha significa
um aumento na procura
dos sistemas de segurança
social e no cuidado com a
saúde.”
Ban também notou que as
maiores ameaças para os ido-
sos em todos os países é ma-
joritariamente proveniente
de doenças não transmissí-
veis, como doenças cardíacas
e acidentes cardiovasculares
assumindo as maiores causas
de morte, enquanto que os
problemas visuais e a demên-
cia são as principais causas
de incapacidade. Nos países
mais pobres, a incidência de
doenças não transmissíveis é
duas a três vezes maior que
em países ricos.
Mais idosos
A Diretora-Geral da OMS,
Margaret Chan, enfatizou que
as medidas para melhorar a
qualidade de vida dos idosos
não precisam ser caras. “Não
devemos deixar que o dinhei-
ro ou a falta de acesso decida
quem se mantém em forma
e quem se fragiliza mais ce-
do. Por exemplo, controle de
hipertensão, usando medica-
mentos extremamente acessí-
veis, contribui enormemente
para a longevidade, mas
apenas 10% dos idosos no
mundo em desenvolvimen-
to se beneficiam deste trata-
mento.”
De acordo com a OMS, no
meio do século 20 havia 14 mi-
lhões de pessoas com mais de
80 anos, mas a partir de 2050,
haverá quase 400 milhões de
pessoas nesta faixa etária –
100 milhões apenas na China.
Dentro de cinco anos, pela
primeira vez na história, a
população com mais de
65 anos vai superar a
população com me-
nos de 5.
o
Em 2050 haverá quase 400 milhões de pessoas com mais de 80 anos
10 Estampa | Abril | 2012
Opinião |
a terceira pessoa majestosaPor ANDERSON LOUREIRO*
Jornalista e servidor público -
MinC/Ibram-SC/Museu Victor Meirelles
o caminhão estacio-
nado em frente ao
prédio do Ministério
do Planejamento veio
a informação de que a reunião
com o secretário terminara e
os representantes sindicais
iriam passar os informes a to-
dos nós, quase 6 mil servido-
res públicos federais.
Bem, sobre a reunião todos
já sabemos do resultado, as-
sim como da disposição do go-
verno ou a falta dela em repor
o que a inflação nos rouba a
cada mês, e todas as negativas
subsequentes apensadas ao
discurso de um secretário en-
fadonho, que não tem o menor
compromisso com os serviços
que o governo deveria prestar
à população. Bem ao contrá-
rio, as palavras do alcaide se
referem a um governo bem
diferente deste que está nas
mídias diariamente, batendo
recordes de arrecadação e re-
servas cambiais, emprestando
dinheiro ao mundo todo e pra-
ticando cobrança recorde de
impostos. (Será que também
bate recordes de atendimento
à população?)
Jogo de empurra
O que chama a atenção sobre
a personalidade deste gover-
no é a sua capacidade para
se eximir das responsabilida-
des. Falando sempre na ter-
ceira pessoa, os secretários
apenas cumprem o papel de
levar os recados pra lá e pra
cá, atrelando os seus suces-
sos ao fracasso das próprias
negociações, já que seu único
propósito é empurrar as de-
mandas pra bem longe das
urgências que elas carregam,
desconsiderando o que para o
governo são pontos desprezí-
veis como salários, condições
de trabalho, contingente de
servidores e prestação de ser-
viços públicos que devem ser
disponibilizados com qualida-
de e respeito à população.
Pois pela boca do secretário
soubemos que a prioridade
é corrigir as distorções. Sim,
mas as distorções foram cria-
das por ele próprio, governo,
quando resolveu negociar se-
torialmente, e falsamente, de
modo que todos saíram insa-
tisfeitos e as distorções só au-
mentaram. O saldo das nego-
ciações setoriais tem sido um
grande nada! Da mesma for-
ma, quanto à reposição da in-
flação, o governo diz que não
pode ser feita porque causaria
grande impacto nas despesas.
Ora, mas se o governo não
corrige os salários num ano e
deixa pro ano seguinte, o índi-
ce de correção já passa a ser de
dois anos, é lógico, senão infa-
me! Isso acontece com todas
as tarifas, os preços, as contas.
Pois se foi o próprio governo
que provocou os quatro, cinco
anos sem reajuste como agora
vem analisar o que vai causar
impacto? Mas é claro que vai
causar impacto! Deixemos um
de nós de pagar IPTU num
ano e vamos ver o que acon-
d “O que chama a atenção sobre a personalidade
deste governo é a sua capacidade para se
eximir das responsabilidades”
“Falando
sempre na
terceira pessoa,
os secretários
apenas cumprem o
papel de levar os recados
pra lá e pra cá”
11 2012 | Abril | Estampa
tece com os valores. Experi-
mentemos deixar de pagar o
imposto de renda.
Ditadura da negociação
E afinal, quem aceita ficar com
os salários congelados por cin-
co anos? Qual categoria vive
isso hoje, além de nós? É a di-
tadura da negociação, pois so-
mos a única categoria proibida
de negociar. O governo espera
que fiquemos com os salários
congelados e bem caladinhos,
fazendo o nosso trabalho. Esse
é o ideal para o governo.
A maioria dos problemas
que o governo diz ter hoje e
que, pela boca do secretário,
informa estar procurando sa-
nar foi criada por ele mesmo,
não pode ser tratada como
uma fatalidade, uma con-
juntura ocasional que sur-
preendeu a todos. O governo
sempre soube muito bem que
quando empurra uma dívida,
e é isso que o governo tem
com os servidores públicos fe-
derais – uma dívida –, ela não
vai deixar de existir, tampou-
co diminuir como mágica da
administração pública.
Devemos, por conta disto,
estar firmes diante deste tipo
de discurso. Todos nós, sem
exceção, devemos estar com
os dedos prontos para apontar
para o secretário e dizer pra
ele que se há um culpado pelos
índices que nossos salários de-
vem ser repostos, a culpa é de-
le próprio, do governo que ele
representa. Daqui em diante,
quando o assunto for reposi-
ção dos salários ou distorções,
é para o governo e o secretário
que devemos apontar o dedo.
Pois o culpado é justamente
quem está se negando a ver o
próprio erro. Pior, está tentan-
do culpar outros.
Culpa é do governo
Não há argumento algum que
justifique o governo continuar
roubando parte dos nossos sa-
lários. E não há sentido algum
em querer agora se eximir da
culpa por termos essa quanti-
dade de planos de carreiras,
faixas salariais tão diferentes,
e esta diversidade de nomen-
claturas de cargos dentro do
mesmo governo. Tudo isso foi
feito exatamente para provo-
car e criar distorções. As mes-
mas distorções que o secretá-
rio diz ser vítima agora, e que
precisa corrigir, como se não
fosse o culpado por criá-las.
Assistindo a um ensaio da
ópera As Bodas de Fígaro, de
Mozart, o imperador José II,
da Áustria, achou ridículo que
os bailarinos dançassem sem
música. Chamou um auxiliar
e informado sobre a lei em vi-
gor que assim o determinava,
perguntou a ele quem seria o
estúpido que criaria uma lei
dessas. A resposta veio direta
e clara: “O senhor criou essa
lei, majestade.”
*OBS: Anderson e outros dois
servidores filiados ao Sintrafesc
estiveram na Marcha em Brasília, no
dia 28 de março.
“O governo espera que fiquemos com os
salários congelados e bem caladinhos,
fazendo o nosso trabalho”
“Distorções?
“O senhor criou essa
lei, majestade”
1º de maio | Dia do Trabalhador
a Direção do Sintrafesc irá distribuir, nas próximas atividades que vier a desenvolver, pelo
Estado, uma publicação intitulada “1º de Maio, dois séculos de lutas”, que conta a his-
tória da escolha dessa data como a principal de todas as categorias de trabalhadores. A
pesquisa, realizada pelo Núcleo Piratininga de Comunicação, do Rio de Janeiro, abran-
ge, em 32 páginas, uma série de informações sobre a luta para a conquista da jornada de oito
horas diárias. Veja, a seguir, alguns dos principais fatos destacados na pesquisa.
Em 1891, em Paris, trabalhadores socialistas dos países industrializados da época, reunidos num congresso da Internacional Socialista, consagraram a data como o dia da luta pelas oito horas de trabalho. Naquele tempo os operários viviam numa grande miséria. Trabalhavam 12, 15 e até 18 horas por dia. Não havia descanso semanal nem férias. Para o mundo do trabalho não existiam leis.
Muitas greves foram realizadas no século 19. Os patrões respondiam com mortes, prisões e perseguições dos lutadores operários. Tudo o que os trabalhadores conquistaram foi fruto dessa luta da classe trabalhadora. Através de-la foram conquistadas a jornada de oito horas, as férias remuneradas, o descanso aos domin-gos, a previdência social, a indenização por acidente, a aposentadoria, tudo, enfim.
Hoje, no começo do século 21, a classe trabalhadora do mundo todo, em sua maioria, está perdendo o que foi conquistado em 200 anos de lutas. Nos últimos anos vemos o aumento do horário de trabalho em países como França, Alemanha, Itália e muitos outros. No brasil, os empresários exigem mudanças nas leis trabalhistas para flexibilizar todos os direitos. Querem dimi-nuir o que eles chamam de custo do trabalho. Na verdade, eles querem aumentar seus lucros nas costas dos trabalhadores. Pa-ra isso inventam palavras que não são nada “inocentes”, como flexibilização, reforma ou expressões como desengessar a eco-nomia, diminuir o Custo brasil, com o intuito de retirar parte do que a classe trabalhadora levou 200 anos para conquistar.
A Inglaterra foi o primeiro país industrializado, por isso foi lá, em 1842, no norte do país, que ocorreu a primeira greve geral da his-tória. A principal exigência era a redução da jornada de trabalho. Em 1847, o parlamento inglês aprova uma lei que estabelece o limite da jornada para o adulto em 10 horas diárias. Na época, na Inglaterra, já havia mais de 6 milhões de operários nas fábricas.
Nos Estados Unidos, em 1866, a luta pela
jornada de oito horas foi o foco central dos
trabalhadores. Foi marcada uma greve geral
no dia 1º de maio. Em várias cidades explo-
dem greves que são duramente reprimidas
pela polícia. Em Chicago, a polícia e os guar-
das da fábrica Mc Cormick Harvester matam
sete operários que faziam piquete em fren-
te à marcenaria. Um comício é organizado
para o dia 4 de maio. Nova ação da polícia
provoca dezenas de mortos e centenas de
feridos. Sete líderes sindicais são presos: Au-
gust Spies, Sam Fielden, Oscar Neeb, Adolph
Fischer, Michel Schwab, Louis Lingg e Georg
Engel. Todos foram julgados culpados em 9
de outubro de 1886.
Parsons, Engel, Fischer, Lingg e Spies são condenados à forca. Fielden e Schwab, à prisão perpé-tua. Neeb, a 15 anos de prisão. No dia 11 de novembro, Spies, Engel, Fischer e Parsons são enforcados. Lingg se suicidou. As últimas pa-lavras de Spies foram: “O nosso silêncio será muito mais potente do que as vozes que vocês estran-gulam”.
A partir desse episódio, o 1º de maio se torna a grande luta mundial. A conquista das oito horas só viria nos anos seguintes. Em 1868 nos Estados Unidos (para funcio-nários do serviço federal), em 1908 na Grã-bretanha (para trabalhadores das minas), em 1809 na bélgica, em 1912 nos Estados Unidos (para trabalhadores das estradas de ferro). Em 1919, na Conferência de Wa-shington, a Organização Internacional do Trabalho recomenda a todos os países que adotem a jornada de oito horas. No brasil, em 1932, Getúlio Vargas decreta as oito horas para os trabalhadores urbanos. As leis trabalhistas ainda não existiam para os rurais.
1º de maio: dois sécuLos de Lutas