estampa abril 2012

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Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal no Estado de Santa Catarina | Filiado à CUT e à Condsef Ano 13 | Edição 138 Abril - 2012 Dilma corta recursos e engessa o Incra Sintrafesc conclui planejamento da gestão para 2012 LEIA NESTA EDIÇÃO ONU pede saúde adequada a idosos em todo o mundo 1º de Maio, dois séculos de lutas Governo dá bilhões a empresários e nada para servidor Ameaças exigem mobilização do movimento sindical Usamos papel reciclado. Respeitamos a natureza p.3 p.4 p.5 p.6 p.9 p.12 SEIS MIL SERVIDORES FAZEM MARCHA EM BRASÍLIA MAS GOVERNO NÃO AVANÇA NAS NEGOCIAÇÕES Trinta e uma entidades se uniram para protestar, na Esplanada dos Ministérios, e preparam novas ações para reverter a intransigência do governo Dilma. ANTONIO CRUZ/ABR

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Jornal Estampa de Abril de 2012

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Page 1: Estampa Abril 2012

Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal no Estado de Santa Catarina | Filiado à CUT e à Condsef Ano 13 | Edição 138Abril - 2012

Dilma cortarecursos eengessa o Incra

Sintrafesc concluiplanejamento dagestão para 2012

Leia nesta edição

ONU pede saúdeadequada a idososem todo o mundo

1º de Maio,dois séculosde lutas

Governo dá bilhõesa empresários enada para servidor

Ameaças exigemmobilização domovimento sindical

Usamos papel

reciclado.

Respeitamos

a natureza

p.3

p.4

p.5

p.6

p.9

p.12

seis miL servidores fazem marcha em BrasíLia mas governo não avança nas negociações

Trinta e uma entidades se uniram para protestar, na Esplanada dos Ministérios, e preparam novas ações para reverter a intransigência do governo Dilma.

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Page 2: Estampa Abril 2012

2 Estampa | Abril | 2012

O jornal Estampa é uma publicação mensal do Sintrafesc.

Cartas, textos, críticas e sugestões podem ser enviados paraa Sede, rua Nereu ramos, 19, s.609, 88015-010 - Florianópolis - SC Fone/fax (48) 3223-6452.

Núcleo regional de base do Oesterua benjamin Constant, 363 E, Centro - 89801-070 - Chapecó - SCFone: (49) 3322-2639

Núcleo regional de base do Planaltorua João de Castro, 68, sala 22, Shopping Gemini, Centro88501-160 - Lages - SC Fone: (49) 3224-4537

Jornalista: Celso Vicenzi (MTE/SC 274 JP) Editoração: Cristiane Cardoso (MTE/SC 634 JP) Tiragem: 4.200 exemplaresImpressão: Gráfica AgnusFechamento da Edição: 23/04/2012

www.sintrafesc.org.br • E-mail: [email protected]

Sede Florianópolis

Presidente: Maria das Graças Gomes Albert Vice-presidente: Hercílio da Silva Secretário Geral: Sebastião Ferreira Nunes 1º Secretário: Lírio José Téo Secretário de Finanças: Francisco Carlos Nolasco Pereira Secretário de Finanças Adjunto: Vitoriano de Souza Secretária de Organização Sindical: Marlete Conceição Pinto de Oliveira Secretário de Organização Sindical Adjunto: Valdecir Dal Puppo Secretária de Políticas de Comunicação: Elizabeth Adorno Araújo Coimbra Secretário de Políticas de Comunicação Adjunto: Walterdes bento da Silva Secretário de Assuntos Jurídicos: Valdocir Noé zanardiSecretário de Assuntos Jurídicos Adjunto: Júlio Werner Peres Secretária de Formação Sindical: Ester bertoncini Secretário de Formação Sindical Adjunto: Nereu Gomes da Silva Secretário de Assuntos de Aposentadorias e Pensões: Dérmio Antônio FilippiSecretário de Assuntos de Aposentadorias e Pensões Adjunto: Clair bez Secretário de Saúde do Trabalhador: Mário Sérgio dos Santos Secretária de Saúde do Trabalhador Adjunta: Nádia Maria Elias Secretário de raça, Gênero e Etnia: Flávio roberto Pilar Secretária de raça, Gênero e Etnia Adjunta: Vera Maiorka Sassi

Núcleo Regional de Base do Planalto Serrano

Pedro Edegar Foragato, Valdomiro Milesi de Souza, Geraldo Iran da rosa e Manoel Gama de Oliveira

Núcleo Regional de Base do Oeste

Pedro Vilmar Padilha dos Anjos, João Claudir Marchioro, Aberrioni Dal Piaz Moreira e Valdecir Cezar Marcon

Conselho Fiscal

Osni Francisco Tavares, Tânia Lindner, Vlander Luiz Pacheco, Edson Gonçalves e Plácido Simas

Diretoria - Gestão 2010-2013

Umas e Outras |

A tensão no campo tem se agravado no brasil. Em um ano, o número de pes-soas ameaçadas de morte mais que dobrou. Segundo dados da CPT, no ano passado, 172 pessoas estavam na lista de “marcadas para morrer”, contra as 83 de 2010. Este ano, nove pessoas já foram mortas. No país, entre 2001 a 2011, a violência no campo deixou um saldo trágico de 405 vítimas fatais.

Embora a Secretaria Nacional de Direitos Humanos tenha anunciado, ano pas-sado, que quintuplicou a lista de protegidos na área rural, saltando de 30 para 165 pessoas, dados do relatório anual de conflitos no campo da CPT revelam que 29 lideranças locais, entre sem-terras e indígenas, foram mortos em 2011. Este ano, em apenas uma semana, houve cinco registros de morte.

faLta de exercícios afeta muLheres na terceira idade

A falta de exercícios físicos afeta o equilíbrio, a agilidade e o reflexo das mulheres com mais de 70 anos. Isso é o que apontou um estudo inédito da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, feita em parceria com o Centro de Estudos do La-boratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul.

Segundo Sandra Matsudo, coordenadora da pes-quisa, o resultado do estudo demonstrou que as mulheres sedentárias apresentam mais dificulda-des de executarem atividades simples e correm mais risco de adquirir doenças. A prática de ativi-dades físicas, tais como uma caminhada diária de 30 minutos ou até mesmo a utilização de escadas no lugar do elevador, aumenta a qualidade de vi-da, reforçou a pesquisadora.

Carnes, leite, ovos e pescados consumidos no Brasil estão

praticamente livres de contaminação. Baseado em levanta-

mento dos Laboratórios Nacionais Agropecuários, o Ministé-

rio da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) informou

que, apenas 0,22% das 19.267 análises realizadas em 2011,

apresentaram resultados fora dos padrões recomendados pelo

Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes.

isto é serviço público!

aLimentos de origem

animaL Livres de

contaminação

chegam a quase

100% no BrasiL

Fontes: Agência Brasil; O Globo; Manchetes Socioambientais; O Estado de S. Paulo.

107% soBe o número de

‘jurados de morte’ no campo

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Page 3: Estampa Abril 2012

3 2012 | Abril | Estampa

Serviço Público |

demonstrativo do pagamento de ações judiciais em março

O valor da maior ação paga individualmente foi de r$ 14.006,55.Total de 28 servidores que, juntos, receberam r$ 68.375,56. Média de r$ 2.441,98 por servidor.

diLma ignora aBriL vermeLho e engessa o incra

Incra está quase para-

do. O motivo é o con-

tingenciamento, recen-

te, de quase 70% dos

recursos destinados ao custeio

da autarquia. Um dos princi-

pais efeitos do corte, será uma

brutal redução dos serviços de

assistência técnica aos assen-

tamentos da reforma agrária.

Contratos já feitos terão que

ser cancelados.

O mais curioso nessa deci-

são do governo da presidente

Dilma Rousseff é o fato de ter

ocorrido no meio do chamado

Abril Vermelho – nome que

o Movimento dos Sem-Terra

(MST) dá à jornada de ações,

com invasões de propriedades

rurais e ocupações de edifícios

públicos, que realiza todos os

anos neste mês. A jornada é

feita justamente para exigir

do governo mais recursos pa-

ra a reforma agrária e lembrar

o Massacre de Eldorado dos

Carajás, ocorrido em 17 de

o

A verba de custeio pode cair de r$ 240 milhões para apenas r$ 75 milhões

abril de 1996, no Pará.

Outro aspecto curioso é que

a redução do custeio contraria

a política da própria presiden-

te. Ela tem indicado que pre-

fere melhorar a produtividade

dos assentamentos já existen-

tes a criar outros. Mas sem as-

sistência técnica, dizem asses-

sores do Incra, não há como

falar em produtividade.

O ministro do Desenvolvi-

mento Agrário, Pepe Vargas,

que controla o Incra, está ten-

tando convencer o pessoal da

área do Planejamento a rever

o corte. De maneira geral, não

discorda da lógica geral do

governo, de reduzir o custeio

da máquina administrativa,

exigindo que se torne mais

eficiente, ao mesmo tempo

que mantém os recursos para

investimentos. O problema é

que, no Incra, o custeio engloba

rubricas fundamentais, como a

assistência técnica. Em vez de

gastar R$ 240 milhões neste

servidores ação Órgão vaLores - r$

2 Gratificações Funasa 9.602,48

2 Anuênio, Gratificações Ibama 9.698,10

1 3,17% Min. Comunicações 337,45

1 reposição do erário Incra 9.419,95

2 3,17% Min. Fazenda 24.930,98

12 Anuênio, 3,17% SrTE-SC 12.913,00

8 3,17% Min. Transportes 1.473,60

28 68.375,56

ano com este tipo de serviço, o

Incra só terá R$ 75 milhões, se

o governo não mudar.

A preocupação mais urgente

do MST, porém, é com o corte

no Pronera – o programa de

Fonte: www.apenaspolitica.blogspot.com.br

educação rural nos assenta-

mentos. Muitos dos assenta-

dos que estão em universida-

des não poderão renovar suas

matrículas se o corte não for

revisto imediatamente.

com 70% a menos em recursos...

O Incra terá r$ 75 milhões em recursos, ao invés dos r$ 240 milhões com os quais contava anteriormente;

Com o corte, a área de assistência técnica ficaria comprometida, o que inviabilizaria a melhora da produtividade nos assentamentos, exigência da Presidenta Dilma;

Com o corte do PrONErA - Programa de educação rural nos assentamentos, muitos dos assentados que estão em universidades não poderão renovar suas matrículas.

Page 4: Estampa Abril 2012

4 Estampa | Abril | 2012

Organizar a luta |

Fonte: Sintrafesc

Sintrafesc realizou de

28 a 30 de março, na

Escola Sindical Sul da

CUT, em Florianópolis,

um Seminário de Planejamento

da gestão para 2012, que deba-

teu e deliberou sobre vários te-

mas, entre eles o Congresso do

Sintrafesc, a realização de reu-

niões do Conselho Deliberati-

vo, o planejamento nos núcleos

regionais de base e lançamento

da campanha salarial dos ser-

vidores públicos federais. Par-

ticiparam os integrantes da Di-

reção Executiva e dos Núcleos

Regionais (Lages e Chapecó).

Entre as ações estratégicas

deliberou-se sobre as reuni-

ões mensais da Direção Exe-

cutiva, seminário sobre saúde,

seminário sobre plano de car-

reira e outros temas jurídicos,

o

Participaram integrantes da Direção Executiva e dos Núcleos regionais

e seminário dos aposentados.

Nas ações gerais o debate foi

em torno da construção da or-

ganização dos servidores nos

locais de trabalho e a possível

deflagração de uma greve no

primeiro semestre deste ano.

Também foi debatida a possi-

bilidade de realizar um semi-

nário sobre racismo e questões

étnicas, publicações de carti-

lhas temáticas e formação dos

dirigentes e da base.

sintrafesc concLuiu seminário de pLanejamento da gestão para 2012

Dirigentes debateram ações até o final do ano de 2012.

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sintrafesc promove dia 27 atividade em comemoração ao 1º de maio

O Sindicato dos Trabalhado-

res no Serviço Público Federal

no Estado de Santa Catarina

(Sintrafesc), irá promover no dia

27 de abril uma atividade em co-

memoração ao 1º de Maio, Dia

do Trabalhador. Na Rua Padre

Miguelinho, ao lado da Catedral,

em Florianópolis, a partir das 10

horas, haverá uma mostra de

trabalhos desenvolvidos pelos

servidores públicos federais de

vários órgãos da Capital.

Segundo o diretor para As-

suntos de Aposentadoria e

Pensões, Dérmio Filippi, “o

objetivo é mostrar à população

algumas das atividades que os

servidores desenvolvem, e que

estão presentes no cotidiano

de quase todos, seja na saúde,

na educação, na segurança, na

infraestrutura, na fiscalização,

na cultura, enfim, em todos os

setores da atividade hu-

mana”.

Para a diretora de For-

mação, Ester Bertoncini, “o

serviço público é essencial

para o exercício da cidadania

e a consolidação da democra-

cia, ao permitir que um gran-

de número de catarinenses e

brasileiros tenham acesso a

serviços que, de outra forma,

estariam fora do alcance de

boa parte da população, com

graves consequências sociais.

E como a lógica não é a do lu-

cro, apoiar um serviço público

de qualidade deve ser interes-

se de toda a sociedade”.

A Cartilha

1º de Maio - dois séculos de

lutas, será distribuída durante o ato.

Page 5: Estampa Abril 2012

5 2012 | Abril | Estampa

Serviço Público |

governo diz que não tem dinheiro para o servidor, mas oferece BiLhões ao empresariado

governo da presidenta

Dilma Rousseff deu

mais uma mostra de

que o problema pa-

ra não atender as demandas

apresentadas pelos servidores

públicos não está na falta de

dinheiro nem no clima de aus-

teridade tão propagado pelo

Ministério do Planejamento

durante as negociações com a

categoria. O governo anunciou

mais um pacote de “incenti-

vos” à indústria. Numa velo-

cidade impressionante, como

num passe de mágica, foram

concedidos R$ 65 bilhões em

“incentivos” que nada mais

são do que a isenção de im-

postos ao empresariado. Com

essa nova remessa, entre 2011

e 2012 o governo concedeu a

empresários em isenção fiscal

aproximadamente R$ 155 bi-

lhões. Em contrapartida, no

mesmo período, contingen-

ciou das áreas sociais mais de

R$ 105 bilhões. “O que vemos

é que este governo tem tirado

recursos dos trabalhadores

para conceder benesses ao

empresariado”, observa Sér-

gio Ronaldo da Silva, diretor

da Condsef.

Fica claro que o discurso de

austeridade, portanto, apare-

ce apenas quando o diálogo

envolve servidores públicos.

Até o momento o governo tem

se mostrado pouco sensível às

reivindicações apresentadas

pela categoria. Dos sete eixos

Para os empresários, rapidamente, incentivos de r$ 65 bilhões

o

que compõem a Campanha

Salarial 2012 – que reúne 31

entidades nacionais em defe-

sa dos servidores e serviços

públicos – o Ministério do

Planejamento assumiu apenas

a possibilidade, ainda que re-

mota, de estudar a apresenta-

ção de proposta para reajuste

no pacote de benefícios como

auxílio-alimentação, creche,

transporte e plano de saúde.

Os servidores têm encontrado

dificuldades também na busca

pelo atendimento de acordos

e compromissos já firmados e

ainda não cumpridos.

CUT questiona

Na última reunião no Planeja-

mento, os argumentos de que

o atendimento das demandas

dos servidores poderia gerar

problemas para a economia

brasileira foram questionados

pelos sindicalistas. O presi-

dente da Central Única dos

Trabalhadores (CUT), Artur

Henrique, chegou a registrar

que o governo brasileiro só

tem restrições orçamentárias

quando discute demandas dos

trabalhadores reforçando os

bilhões que o governo já dis-

ponibilizou em desoneração

concedida a empresários.

O comportamento tem sido

chamado pelos sindicalistas

de “política gerdariana” uma

alusão a um dos principais

integrantes do Conselho de

Política de Gestão do gover-

no Dilma, o empresário Jorge

Gerdau. O Conselho também

conta com a participação de

outro grande empresário,

Abílio Diniz, dono da Compa-

nhia Brasileira de Distribui-

ção, que inclui as bandeiras

de Varejo Alimentar, Pão de

Açúcar e Extra, de Atacarejo,

Assaí e de Eletro, Ponto Frio,

além de sócio majoritário das

Casas Bahia.

Mobilização

No último dia 28 de março as

31 entidades nacionais unidas

em torno da Campanha Sala-

rial 2012 promoveram uma

marcha em Brasília que con-

tou com a participação de 6 mil

servidores. A próxima ativida-

de de mobilização será em 25

de abril, com um Dia Nacional

de Luta que prevê a paralisação

de atividades em todo o servi-

ço público federal. Em todo o

país, sindicatos e servidores

têm debatido sobre a possibi-

lidade de iniciar uma greve por

tempo indeterminado.

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Fonte: Condsef – com título do Sintrafesc.

Empresariado

Servidor público

Page 6: Estampa Abril 2012

6 Estampa | Abril | 2012

Novo regime de previdência, congelamento de salários e demissão por “insuficiência de desempenho”, três ameaças aos servidores públicos federais

Seminário |

Fórum de Entidades

do Serviço Público,

que tem o Sintrafesc

como um de seus in-

tegrantes, realizou no dia 21 de

março, às 18h30, na Federa-

ção dos Comerciários de Santa

Catarina (Fecesc), em Floria-

nópolis, um Seminário sobre

Previdência Complementar

dos Servidores Públicos Fede-

rais. O evento contou com du-

as palestras, de Paulo Roberto

Koinski, do Sintrajusc, e Luís

Fernando Silva, advogado do

Sintrafesc. Ambos alertaram

dirigentes e servidores de vá-

rios sindicatos, presentes ao

seminário, sobre as consequ-

ências da proposta aprovada

no Congresso Nacional e que

vai atingir, paulatinamente,

todos os servidores, e não ape-

nas aqueles que ingressarem

após a promulgação da lei, co-

mo afirma o governo federal.

“O teto será impositivo a to-

dos os servidores que ganha-

rem mais do que o limite esta-

belecido pela nova lei”, afirma

o advogado Luís Fernando Sil-

va. Ele denunciou a manobra

que o governo, com o apoio

da mídia, insiste em utilizar,

fazendo crer à opinião pública

que existe um déficit na Previ-

dência. “Mesmo que o déficit

ocorra, a governabilidade é to-

tal, pois cabe à sociedade dizer

se aceita pagar a conta com os

o

movimento sindicaL precisa se moBiLizar para impedir graves retrocessos

recursos do Estado”. E per-

guntou: “Por que tem que ha-

ver teto? Inclusive na iniciativa

privada?” E já aproveitou para

responder: “É porque querem

transformar a previdência, que

é uma questão social, num ne-

gócio de mercado”.

Não tem déficit

Para o advogado, não há dú-

vida de que todo regime de

previdência é superavitário

quando bem administrado.

“O que ocorre quando falam

em déficit, é porque o governo

insiste em incluir na conta da

Previdência despesas que po-

deriam ser alocadas em outra

rubrica”, acrescentou.

O governo tem destacado

junto à mídia e na tentativa de

convencer a opinião pública

de que no novo sistema não

há possibilidade de déficit.

E é verdade, porque o novo

modelo só explicita quanto o

servidor irá pagar, mas não

oferece nenhuma garantia

sobre quanto irá receber. “Se

houver má administração, cri-

se internacional ou algum ou-

tro problema que mexa com o

rendimento aplicado, pode ser

que na hora de se aposentar, o

fundo de previdência não te-

nha mais nenhum recurso pa-

ra pagar os servidores, obri-

gando o governo a lançar mão

de outras fontes de receita”,

afirma Luís Fernando.

Isso já aconteceu em outros

países que fizeram a opção de

entregar à iniciativa privada a

administração da previdência.

Ou seja, o que de fato o gover-

no quer é agradar a iniciati-

va privada, entregando uma

fortuna, que pode chegar em

poucos anos a cerca de R$ 100

bilhões. “Se depois quebrar,

como já ocorreu em outros

países, quem pegou o dinhei-

ro ficou rico e a conta volta

para o governo pagar, pois te-

rá que fazer frente a um novo

problema social, já que não

poderá abandonar totalmen-

te milhões de servidores que,

apesar de terem pago a pre-

vidência, poderão ficar sem

os recursos suficientes para

manter uma aposentadoria

decente”, afirmou. “A lógica

é que o lucro ficará com o sis-

tema financeiro e o déficit, se

houver, ficará com o Estado”,

advertiu Luís Fernando.

Parece, mas não é...

A “isca” criada pelo governo é

quase perfeita. Pelo novo mo-

delo, o servidor decide quan-

to quer pagar para a futura

aposentadoria. O governo en-

trará com, no máximo, 8,5%.

Assim, muitos servidores que

hoje pagam 11%, terão a ilusão

de que será um bom negócio

contribuir com menos. E os

mais novos, como sempre,

não se importarão muito com

as consequências, porque, pa-

ra eles, a aposentadoria sem-

pre parecerá uma coisa mui-

to distante, com a qual não

precisam se preocupar muito

agora. “É preciso que os sin-

dicatos esclareçam muito bem

os servidores sobre todas as

consequências nefastas do

novo modelo, porque a mídia

e o governo vão falar das ‘van-

tagens’”, alertou.

Luís Fernando Silva co-

mentou também a apatia da

maioria dos sindicatos, que

tem se ocupado de questões

menores enquanto o governo

“passa o rodo” nas grandes

questões que envolvem o in-

teresse dos servidores públi-

cos federais. Para ele, a ideia

neoliberal diminuiu o ímpeto

do movimento sindical, aliado

ao fato também de que muitos

sindicalistas altamente prepa-

rados hoje estão no governo.

Outro fato é que “perdemos

a ideia de luta de classes, tu-

do está sendo visto apenas do

ponto de vista corporativo, da

‘minha’ categoria, da ‘minha’

profissão, do ‘meu’ órgão, o

que enfraquece a luta”.

Finalmente, comentou

que há um erro, por parte da

maioria dos trabalhadores,

em identificar no poder Judi-

ciário a solução dos seus pro-

Page 7: Estampa Abril 2012

7 2012 | Abril | Estampa

blemas. “Não será com ações

que a luta dos trabalhadores

irá avançar, pois o Judiciário,

historicamente, tende a deci-

dir em favor do Estado, que

está muito mais próximo do

poder do que os trabalhado-

res”, afirmou. Por isso, para

reverter o quadro e impedir

novas perdas, “só mesmo com

a conscientização da classe

trabalhadora, que precisa ir

para as ruas e fazer valer o seu

poder de pressão junto às au-

toridades”, concluiu.

Quadro preocupante

Para o coordenador Geral do

Sindicato dos Trabalhadores

no Poder Judiciário Federal

no Estado de Santa Catarina

(Sintrajusc), Paulo Roberto

Koinski, estão em curso vários

projetos que vão atingir em

cheio os servidores, sem que

os trabalhadores e os sindi-

catos se mobilizem diante da

gravidade do que está para ser

consumado. E citou especial-

mente o PLP 1.992/07, que

institui o regime de previdên-

cia complementar, aprovado

no Congresso, o PLP 549/09

(PLS 611/07) que congela os

vencimentos por 10 anos, e o

PLP 248/98, que prevê a de-

missão de servidor estável.

“São projetos que regulamen-

tam dispositivos constitucio-

nais e, portanto, após a sua

aprovação, as possibilidades

de contestações judiciais são

mínimas”, asseverou.

Para Koinski, a apatia dos

servidores e da maioria dos

sindicatos, federações e con-

federações é ainda mais grave

quando se sabe que, aprovado

em âmbito federal, a perda de

direitos atingirá também os

servidores estaduais e muni-

cipais. “O PLP 549 é um tiro

contra as políticas públicas”,

afirmou. “O movimento sin-

dical precisa reagir, urgente-

mente”, acrescentou.

Vai faltar dinheiro

Para o coordenador Geral do

Sintrajusc, o PLP 549/09 al-

tera a Lei de Responsabilida-

de Fiscal. E vai instituir um

índice que será insuficiente

até mesmo para fazer frente

ao crescimento vegetativo da

folha dos servidores públicos

federais. Koinski lembrou que

a tentativa de congelar salá-

rios não é nova. Começou em

2007 no governo Lula, mas

começou pela Câmara Fede-

ral, onde houve resistências.

Desta vez, passou no Senado

e, se nada for feito, passará

sem grandes resistências tam-

bém na Câmara.

Koinski lembrou que o pro-

jeto foi encaminhado no Sena-

do com as assinaturas de Ideli

Salvatti, Romero Jucá, Rose-

ana Sarney e Valdir Raupp. E

que, no momento, encontra-se

na Comissão de Constituição

e Justiça da Câmara. Deve ir

a plenário tendo como relator

Anthony Garotinho.

“O fato de Ideli Salvatti, uma

ex-sindicalista ser uma das au-

toras do projeto de congela-

mento salarial é tão absurda

que seria o mesmo que pensar

em Ronaldo Caiado defender

um projeto contra os ruralistas

ou Maluf defender a Lei da Fi-

cha Limpa”, exemplificou.

Paulo Roberto Koinski disse

que o governo não tem levado

essas questões para as mesas de

negociações, preferindo debater

questões secundárias e corpora-

tivas de algumas categorias.

Demissões

Outra ameaça séria é o PLP de

autoria do Executivo, criado

no governo FHC, que trata da

demissão por “insuficiência

de desempenho” do servidor

estável. A estratégia do gover-

no foi entregar a um deputado

inexpressivo, Raul Lima (PP-

RR), para que incluísse na or-

dem do dia projeto, justamen-

te para não chamar a atenção.

O projeto só não foi aprova-

do no ano passado porque a

agenda no Congresso estava

muito complicada. Mas pode

voltar à pauta ainda este ano.

Pelo projeto, de cada cinco

avaliações, se o servidor tiver

“insuficiência de desempe-

nho” por dois anos consecu-

tivos ou três alternadamen-

te, abre-se um processo de

demissão. “Se isso já e uma

ameaça séria no plano federal,

imagine o que pode acontecer

quando for também imple-

mentado também nos estados

e municípios, abrindo brechas

para todo tipo de perseguição

política, sob o disfarce da bus-

ca por maior competência no

setor”, afirmou Koinski.

Para ambos, todas essas

ameaças são ainda mais gra-

ves quando se depara, no

plano internacional, com um

quadro sombrio que combina

crises recorrentes do capita-

lismo, alta dependência do

governo ao sistema financeiro

internacional, vulnerabilida-

de dos sistemas econômicos

nacionais aos capitais especu-

lativos, e o sistema econômico

brasileiro fortemente inde-

xado. Por isso o movimento

sindical precisa, mais do que

nunca, unir forças, centrar fo-

co nas prioridades e aumen-

tar a consciência de classe,

evitando se dividir em ques-

tões corporativas. Sem isso,

todos perderão.

Fonte: Sintrafesc

não caia no conto do vigário

Page 8: Estampa Abril 2012

8 Estampa | Abril | 2012

Serviço Público |

seis miL servidores pressionam governo em BrasíLia

c erca de 6 mil servido-

res públicos de todo

o Brasil participaram

de uma Marcha, no

dia 28 de março, na Esplanada

dos Ministérios, em busca de

avanços nos processos de ne-

gociação com o governo. Con-

vocada pelas 31 entidades que

compõem a Campanha Salarial

2012, a mobilização foi mar-

cada por uma vigília em frente

ao Ministério do Planejamento

onde também aconteceu uma

reunião com a equipe do secre-

tário de Relações do Trabalho,

Sérgio Mendonça. O diálogo

com o governo segue difícil e

trouxe pouquíssimas novida-

des mostrando que os servido-

res devem continuar apostando

no reforço da unidade e mobi-

lização. A próxima atividade de

mobilização da categoria será

em 25 de abril com um Dia Na-

cional de Luta. Em Florianópo-

lis haverá mobilização no Cen-

tro da Capital, no terminal de

ônibus Ticen, com a distribui-

ção de panfletos à população.

Vários órgãos podem paralisar

as atividades neste dia.

Servidores se mobilizaram para forçar

o governo Dilma a negociar

Marcha na

Esplanada dos

Ministérios

pressiona governo

Dilma

FOTO

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Fonte: Condsef – com acréscimo

do Sintrafesc.

para servidores, ‘nada justifica’ criação da funpresp

cia Complementar do Ministério da Previdência, Jaime Mariz, o fundo – aposta do governo para reduzir o déficit previden-ciário – irá se capitalizar durante 30 anos. A União já garantiu aporte de r$ 100 milhões neste ano. Metade desses recursos será destinada à manutenção do fundo do Executivo e r$ 25 milhões para o fundo do Legislativo e mais r$ 25 milhões para o do Judiciário.

Campanha salarialrepresentantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Cen-tral dos Trabalhadores e Trabalhadoras do brasil (CTb) e CSP-Conlutas e o secretário de relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, discutiram dia 28 de março pontos da campanha salarial da categoria. Os servidores pedem reajuste emergencial de 22,8%, política salarial permanente e incorporação de gratificações, além de reajuste para os seguin-tes benefícios: auxílio-alimentação, transporte, creche e plano de saúde. Entretanto, o governo reiterou dificuldades orçamen-tárias na concessão de aumentos.

O fórum de negociação da campanha salarial pretende mobili-zar a categoria para um Dia Nacional de Luta, em 25 de abril, com a possibilidade de paralisação por tempo indeterminado ainda no primeiro semestre, caso não haja avanço no diálogo com o governo.

A Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef-CUT) rechaçou a aprovação da Fundação de Previdên-cia Complementar do Servidor Público Federal (Funpresp), ocor-rida no dia 28 de março, no Senado, apesar do protesto de 4 mil servidores na Esplanada dos Ministérios. A Funpresp segue para sanção da presidenta Dilma rousseff e deverá ser constituída até o final do ano. Os sindicalistas consideram nociva a criação de fundos privados que, segundo avaliam, podem colocar em risco as aposentadorias dos servidores.

O texto estabelece teto de aposentadoria no serviço público equivalente a r$ 3.916,20 para os servidores públicos federais, o mesmo previsto na iniciativa privada. A medida valerá para futuros servidores públicos que forem contratados após a san-ção da nova lei e também prevê a contribuição de 11% sobre o teto do regime Geral da Previdência Social (rGPS).

Os servidores que quiserem receber um benefício acima do pre-visto pela Previdência deverão contribuir para o regime comple-mentar, o que deverá ser feito em paridade pelo órgão gover-namental. O limite de contribuição do órgão público será 8,5%.

Três fundosSerão três os fundos, que correspondem aos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. De acordo com o secretário de Previdên-

Fonte: Rede Brasil Atual – com acréscimo do Sintrafesc.

Page 9: Estampa Abril 2012

9 2012 | Abril | Estampa

Envelhecer com saúde |

onu pede saúde adequada a idosos em todo o mundo

Secretário-Geral das

Nações Unidas, Ban

Ki-moon, ressaltou a

importância de forne-

cer serviços de saúde adequa-

dos para os idosos e apelou

para que os países reúnam re-

cursos para ajudar suas popu-

lações em envelhecimento a

viver uma vida mais saudável

e ativa. “Peço aos governos,

à sociedade civil e ao setor

privado que reúnam esforços

para garantir que o povo de

qualquer lugar tenha a chance

de envelhecer com boa saú-

de”, disse Ban em mensagem

para marcar o Dia Mundial da

Saúde, comemorado em 7 de

abril.

A data marca a fundação

da Organização Mundial da

Saúde (OMS) e a cada ano um

tema é selecionado de forma

a ressaltar uma área de preo-

cupação da OMS. Neste ano, o

tema é “A boa saúde aumenta

a longevidade”.

Importância do idoso

Ban disse que um aumento

na longevidade está pressio-

nando os serviços de saúde

dos países. “As pessoas mais

velhas dão valiosas contribui-

ções para a sociedade – como

membros de suas famílias,

como participantes ativas na

força de trabalho e como vo-

luntários nas comunidades.

A sabedoria que adquiriram

com o passar dos anos faz

delas recursos únicos pa-

ra a sociedade”, destacou.

“No entanto, uma popu-

lação mais velha significa

um aumento na procura

dos sistemas de segurança

social e no cuidado com a

saúde.”

Ban também notou que as

maiores ameaças para os ido-

sos em todos os países é ma-

joritariamente proveniente

de doenças não transmissí-

veis, como doenças cardíacas

e acidentes cardiovasculares

assumindo as maiores causas

de morte, enquanto que os

problemas visuais e a demên-

cia são as principais causas

de incapacidade. Nos países

mais pobres, a incidência de

doenças não transmissíveis é

duas a três vezes maior que

em países ricos.

Mais idosos

A Diretora-Geral da OMS,

Margaret Chan, enfatizou que

as medidas para melhorar a

qualidade de vida dos idosos

não precisam ser caras. “Não

devemos deixar que o dinhei-

ro ou a falta de acesso decida

quem se mantém em forma

e quem se fragiliza mais ce-

do. Por exemplo, controle de

hipertensão, usando medica-

mentos extremamente acessí-

veis, contribui enormemente

para a longevidade, mas

apenas 10% dos idosos no

mundo em desenvolvimen-

to se beneficiam deste trata-

mento.”

De acordo com a OMS, no

meio do século 20 havia 14 mi-

lhões de pessoas com mais de

80 anos, mas a partir de 2050,

haverá quase 400 milhões de

pessoas nesta faixa etária –

100 milhões apenas na China.

Dentro de cinco anos, pela

primeira vez na história, a

população com mais de

65 anos vai superar a

população com me-

nos de 5.

o

Em 2050 haverá quase 400 milhões de pessoas com mais de 80 anos

Page 10: Estampa Abril 2012

10 Estampa | Abril | 2012

Opinião |

a terceira pessoa majestosaPor ANDERSON LOUREIRO*

Jornalista e servidor público -

MinC/Ibram-SC/Museu Victor Meirelles

o caminhão estacio-

nado em frente ao

prédio do Ministério

do Planejamento veio

a informação de que a reunião

com o secretário terminara e

os representantes sindicais

iriam passar os informes a to-

dos nós, quase 6 mil servido-

res públicos federais.

Bem, sobre a reunião todos

já sabemos do resultado, as-

sim como da disposição do go-

verno ou a falta dela em repor

o que a inflação nos rouba a

cada mês, e todas as negativas

subsequentes apensadas ao

discurso de um secretário en-

fadonho, que não tem o menor

compromisso com os serviços

que o governo deveria prestar

à população. Bem ao contrá-

rio, as palavras do alcaide se

referem a um governo bem

diferente deste que está nas

mídias diariamente, batendo

recordes de arrecadação e re-

servas cambiais, emprestando

dinheiro ao mundo todo e pra-

ticando cobrança recorde de

impostos. (Será que também

bate recordes de atendimento

à população?)

Jogo de empurra

O que chama a atenção sobre

a personalidade deste gover-

no é a sua capacidade para

se eximir das responsabilida-

des. Falando sempre na ter-

ceira pessoa, os secretários

apenas cumprem o papel de

levar os recados pra lá e pra

cá, atrelando os seus suces-

sos ao fracasso das próprias

negociações, já que seu único

propósito é empurrar as de-

mandas pra bem longe das

urgências que elas carregam,

desconsiderando o que para o

governo são pontos desprezí-

veis como salários, condições

de trabalho, contingente de

servidores e prestação de ser-

viços públicos que devem ser

disponibilizados com qualida-

de e respeito à população.

Pois pela boca do secretário

soubemos que a prioridade

é corrigir as distorções. Sim,

mas as distorções foram cria-

das por ele próprio, governo,

quando resolveu negociar se-

torialmente, e falsamente, de

modo que todos saíram insa-

tisfeitos e as distorções só au-

mentaram. O saldo das nego-

ciações setoriais tem sido um

grande nada! Da mesma for-

ma, quanto à reposição da in-

flação, o governo diz que não

pode ser feita porque causaria

grande impacto nas despesas.

Ora, mas se o governo não

corrige os salários num ano e

deixa pro ano seguinte, o índi-

ce de correção já passa a ser de

dois anos, é lógico, senão infa-

me! Isso acontece com todas

as tarifas, os preços, as contas.

Pois se foi o próprio governo

que provocou os quatro, cinco

anos sem reajuste como agora

vem analisar o que vai causar

impacto? Mas é claro que vai

causar impacto! Deixemos um

de nós de pagar IPTU num

ano e vamos ver o que acon-

d “O que chama a atenção sobre a personalidade

deste governo é a sua capacidade para se

eximir das responsabilidades”

“Falando

sempre na

terceira pessoa,

os secretários

apenas cumprem o

papel de levar os recados

pra lá e pra cá”

Page 11: Estampa Abril 2012

11 2012 | Abril | Estampa

tece com os valores. Experi-

mentemos deixar de pagar o

imposto de renda.

Ditadura da negociação

E afinal, quem aceita ficar com

os salários congelados por cin-

co anos? Qual categoria vive

isso hoje, além de nós? É a di-

tadura da negociação, pois so-

mos a única categoria proibida

de negociar. O governo espera

que fiquemos com os salários

congelados e bem caladinhos,

fazendo o nosso trabalho. Esse

é o ideal para o governo.

A maioria dos problemas

que o governo diz ter hoje e

que, pela boca do secretário,

informa estar procurando sa-

nar foi criada por ele mesmo,

não pode ser tratada como

uma fatalidade, uma con-

juntura ocasional que sur-

preendeu a todos. O governo

sempre soube muito bem que

quando empurra uma dívida,

e é isso que o governo tem

com os servidores públicos fe-

derais – uma dívida –, ela não

vai deixar de existir, tampou-

co diminuir como mágica da

administração pública.

Devemos, por conta disto,

estar firmes diante deste tipo

de discurso. Todos nós, sem

exceção, devemos estar com

os dedos prontos para apontar

para o secretário e dizer pra

ele que se há um culpado pelos

índices que nossos salários de-

vem ser repostos, a culpa é de-

le próprio, do governo que ele

representa. Daqui em diante,

quando o assunto for reposi-

ção dos salários ou distorções,

é para o governo e o secretário

que devemos apontar o dedo.

Pois o culpado é justamente

quem está se negando a ver o

próprio erro. Pior, está tentan-

do culpar outros.

Culpa é do governo

Não há argumento algum que

justifique o governo continuar

roubando parte dos nossos sa-

lários. E não há sentido algum

em querer agora se eximir da

culpa por termos essa quanti-

dade de planos de carreiras,

faixas salariais tão diferentes,

e esta diversidade de nomen-

claturas de cargos dentro do

mesmo governo. Tudo isso foi

feito exatamente para provo-

car e criar distorções. As mes-

mas distorções que o secretá-

rio diz ser vítima agora, e que

precisa corrigir, como se não

fosse o culpado por criá-las.

Assistindo a um ensaio da

ópera As Bodas de Fígaro, de

Mozart, o imperador José II,

da Áustria, achou ridículo que

os bailarinos dançassem sem

música. Chamou um auxiliar

e informado sobre a lei em vi-

gor que assim o determinava,

perguntou a ele quem seria o

estúpido que criaria uma lei

dessas. A resposta veio direta

e clara: “O senhor criou essa

lei, majestade.”

*OBS: Anderson e outros dois

servidores filiados ao Sintrafesc

estiveram na Marcha em Brasília, no

dia 28 de março.

“O governo espera que fiquemos com os

salários congelados e bem caladinhos,

fazendo o nosso trabalho”

“Distorções?

“O senhor criou essa

lei, majestade”

Page 12: Estampa Abril 2012

1º de maio | Dia do Trabalhador

a Direção do Sintrafesc irá distribuir, nas próximas atividades que vier a desenvolver, pelo

Estado, uma publicação intitulada “1º de Maio, dois séculos de lutas”, que conta a his-

tória da escolha dessa data como a principal de todas as categorias de trabalhadores. A

pesquisa, realizada pelo Núcleo Piratininga de Comunicação, do Rio de Janeiro, abran-

ge, em 32 páginas, uma série de informações sobre a luta para a conquista da jornada de oito

horas diárias. Veja, a seguir, alguns dos principais fatos destacados na pesquisa.

Em 1891, em Paris, trabalhadores socialistas dos países industrializados da época, reunidos num congresso da Internacional Socialista, consagraram a data como o dia da luta pelas oito horas de trabalho. Naquele tempo os operários viviam numa grande miséria. Trabalhavam 12, 15 e até 18 horas por dia. Não havia descanso semanal nem férias. Para o mundo do trabalho não existiam leis.

Muitas greves foram realizadas no século 19. Os patrões respondiam com mortes, prisões e perseguições dos lutadores operários. Tudo o que os trabalhadores conquistaram foi fruto dessa luta da classe trabalhadora. Através de-la foram conquistadas a jornada de oito horas, as férias remuneradas, o descanso aos domin-gos, a previdência social, a indenização por acidente, a aposentadoria, tudo, enfim.

Hoje, no começo do século 21, a classe trabalhadora do mundo todo, em sua maioria, está perdendo o que foi conquistado em 200 anos de lutas. Nos últimos anos vemos o aumento do horário de trabalho em países como França, Alemanha, Itália e muitos outros. No brasil, os empresários exigem mudanças nas leis trabalhistas para flexibilizar todos os direitos. Querem dimi-nuir o que eles chamam de custo do trabalho. Na verdade, eles querem aumentar seus lucros nas costas dos trabalhadores. Pa-ra isso inventam palavras que não são nada “inocentes”, como flexibilização, reforma ou expressões como desengessar a eco-nomia, diminuir o Custo brasil, com o intuito de retirar parte do que a classe trabalhadora levou 200 anos para conquistar.

A Inglaterra foi o primeiro país industrializado, por isso foi lá, em 1842, no norte do país, que ocorreu a primeira greve geral da his-tória. A principal exigência era a redução da jornada de trabalho. Em 1847, o parlamento inglês aprova uma lei que estabelece o limite da jornada para o adulto em 10 horas diárias. Na época, na Inglaterra, já havia mais de 6 milhões de operários nas fábricas.

Nos Estados Unidos, em 1866, a luta pela

jornada de oito horas foi o foco central dos

trabalhadores. Foi marcada uma greve geral

no dia 1º de maio. Em várias cidades explo-

dem greves que são duramente reprimidas

pela polícia. Em Chicago, a polícia e os guar-

das da fábrica Mc Cormick Harvester matam

sete operários que faziam piquete em fren-

te à marcenaria. Um comício é organizado

para o dia 4 de maio. Nova ação da polícia

provoca dezenas de mortos e centenas de

feridos. Sete líderes sindicais são presos: Au-

gust Spies, Sam Fielden, Oscar Neeb, Adolph

Fischer, Michel Schwab, Louis Lingg e Georg

Engel. Todos foram julgados culpados em 9

de outubro de 1886.

Parsons, Engel, Fischer, Lingg e Spies são condenados à forca. Fielden e Schwab, à prisão perpé-tua. Neeb, a 15 anos de prisão. No dia 11 de novembro, Spies, Engel, Fischer e Parsons são enforcados. Lingg se suicidou. As últimas pa-lavras de Spies foram: “O nosso silêncio será muito mais potente do que as vozes que vocês estran-gulam”.

A partir desse episódio, o 1º de maio se torna a grande luta mundial. A conquista das oito horas só viria nos anos seguintes. Em 1868 nos Estados Unidos (para funcio-nários do serviço federal), em 1908 na Grã-bretanha (para trabalhadores das minas), em 1809 na bélgica, em 1912 nos Estados Unidos (para trabalhadores das estradas de ferro). Em 1919, na Conferência de Wa-shington, a Organização Internacional do Trabalho recomenda a todos os países que adotem a jornada de oito horas. No brasil, em 1932, Getúlio Vargas decreta as oito horas para os trabalhadores urbanos. As leis trabalhistas ainda não existiam para os rurais.

1º de maio: dois sécuLos de Lutas