estado,direito e justiça

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  • 8/4/2019 Estado,Direito e Justia

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    Miguel Pereira n23Miguel Pereira n23

    10B10B

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    Neste trabalho vou apresentar algunsNeste trabalho vou apresentar algunsproblemas da filosofia poltica,problemas da filosofia poltica,organizados pelos seguintes tpicos:organizados pelos seguintes tpicos:

    O que o Estado?O que o Estado? O problema da Justificao do EstadoO problema da Justificao do Estado

    legtima a liberdade de desobedecer s legtima a liberdade de desobedecer sleis do estado?leis do estado?

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    uma instituio que regula e organiza avida social exercendo o seu poder eautoridade sobre os cidados. O Estadotem como caractersticas essenciais a

    soberania (no se submete a qualqueroutro poder quer externo quer interno) ecomo consequncia dessa autonomiapossui o monoplio da violncia

    legtima. O poder politico um podercoercivo, isto , em nome documprimento das leis recorre, quandonecessrio, fora e estabelece penas esanes para quem no agir dentro dalegalidade.

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    Pensa por momentos na tua prpriaPensa por momentos na tua prpriasujeio poltica. Ests continuamentesujeio poltica. Ests continuamentea ser sujeito a regras de que no s oa ser sujeito a regras de que no s oautor designadas por "leis" queautor designadas por "leis" que

    te governam no apenas a ti mas aoste governam no apenas a ti mas aosoutros, que impe, por exemplo, aoutros, que impe, por exemplo, avelocidade a que deves andar navelocidade a que deves andar naauto-estrada, o comportamento queauto-estrada, o comportamento que

    deves ter em pblico, que tipo dedeves ter em pblico, que tipo deaces para com os outros soaces para com os outros sopermissveis, que objectos contampermissveis, que objectos contamcomo "teus" ou "deles", e assimcomo "teus" ou "deles", e assimsucessivamente.sucessivamente.

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    Estas regras so impostas porEstas regras so impostas pordeterminadas pessoas quedeterminadas pessoas queseguem as directivas daquelesseguem as directivas daqueles

    que as criaram definindoque as criaram definindotambm punies para o casotambm punies para o casode no serem cumpridas.de no serem cumpridas.Sabes ainda que se noSabes ainda que se no

    obedeceres a estas regras, obedeceres a estas regras, bastante provvel que sofrasbastante provvel que sofrasconsequncias indesejveis,consequncias indesejveis,que podem ir de pequenasque podem ir de pequenasmultas priso e at (emmultas priso e at (emcertas sociedades) morte.certas sociedades) morte.

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    A sensao que tens quando sA sensao que tens quando sgovernado a de que no sgovernado a de que no ssubjugado nem coagido. Se nosubjugado nem coagido. Se noaprovamos que um homem aponteaprovamos que um homem aponte

    uma arma tua cabea e que exigeuma arma tua cabea e que exigeque lhe ds o teu dinheiro, entoque lhe ds o teu dinheiro, entopor que havemos de aprovar quepor que havemos de aprovar quequalquer grupo ameace recorrer aqualquer grupo ameace recorrer amultas, ou priso, ou pena demultas, ou priso, ou pena de

    morte para que te comportes demorte para que te comportes deuma certa forma, ou para que lheuma certa forma, ou para que lheds o teu dinheiro (a que chamamds o teu dinheiro (a que chamam"impostos") ou para que lutes em"impostos") ou para que lutes emguerras que eles provocaram? Serguerras que eles provocaram? Ser

    esta sujeio realmente permissvelesta sujeio realmente permissvelde um ponto de vista moral,de um ponto de vista moral,especialmente porque os seresespecialmente porque os sereshumanos precisam de liberdadehumanos precisam de liberdadepara se aperfeioarem?para se aperfeioarem?

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    Mas de onde deriva estaMas de onde deriva estaautoridade? Responder a estaautoridade? Responder a estaquesto implica compreenderquesto implica compreendero tipo de autoridade que tmo tipo de autoridade que tm

    os governantes. Seguramenteos governantes. Seguramentetm autoridade para fazer leistm autoridade para fazer leise para as fazer cumprir, mase para as fazer cumprir, masem que reas podem estasem que reas podem estas

    leis vigorar? Podem vigorarleis vigorar? Podem vigorarem todas as dimenses daem todas as dimenses davida humana? Ou h limites evida humana? Ou h limites econstrangimentos quanto constrangimentos quanto amplitude do controle queamplitude do controle quetm sobre ns? E ser quetm sobre ns? E ser queessa autoridade est sujeita aessa autoridade est sujeita aalgum tipo dealgum tipo deconstrangimento moral?constrangimento moral?

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    Quer dizer, devem asQuer dizer, devem asregras que criaram terregras que criaram terum (certo) contedoum (certo) contedomoral para que possammoral para que possamser consideradasser consideradaslegtimas por ns? Oulegtimas por ns? Ou

    estamos sujeitos a essasestamos sujeitos a essasregrasregrasindependentemente doindependentemente doseu contedo apenas emseu contedo apenas em

    virtude de teremvirtude de terememanado de pessoas queemanado de pessoas quetm autoridade sobretm autoridade sobrens?ns?

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    Historicamente, os filsofosHistoricamente, os filsofospolticos dividiram-se quantopolticos dividiram-se quanto

    s respostas a estas questes:s respostas a estas questes:[] alguns, como Thomas[] alguns, como ThomasHobbes noHobbes no LeviatLeviat(1651)(1651)defenderam que a autoridadedefenderam que a autoridadepoltica ilimitada na suapoltica ilimitada na suaaplicao (alargando-se aaplicao (alargando-se atodas os domnios da vidatodas os domnios da vida

    humana) e substancialmentehumana) e substancialmenteno limitada.no limitada.

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    Outros, como John Locke emOutros, como John Locke em DoisDoisTratados sobre o GovernoTratados sobre o Governo(1689),(1689),defenderam que a autoridadedefenderam que a autoridadepoltica consideravelmentepoltica consideravelmente

    limitada no contedo e nalimitada no contedo e naaplicao. No entanto,aplicao. No entanto,independentemente do modo comoindependentemente do modo comose gera esta controvrsia, note-sese gera esta controvrsia, note-se

    que mesmo o mais ardenteque mesmo o mais ardentedefensor da ideia de que adefensor da ideia de que aautoridade poltica limitada deveautoridade poltica limitada deveainda assim aceitar que um tipoainda assim aceitar que um tiposubstancial de autoridade, quesubstancial de autoridade, queenvolve, entre outras coisas,envolve, entre outras coisas,autoridade sobre a vida e a morteautoridade sobre a vida e a mortedaqueles que lhe esto sujeitos.daqueles que lhe esto sujeitos.

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    Este poder bvio noEste poder bvio nocontexto da punio, mascontexto da punio, masmesmo em sociedades quemesmo em sociedades que

    baniram a pena de morte, obaniram a pena de morte, ocontrole do estado sobre acontrole do estado sobre avida expressa-se no seuvida expressa-se no seudireito para conduzir adireito para conduzir a

    guerra e no seu direito paraguerra e no seu direito parausar diversos meios mortaisusar diversos meios mortaispara perseguir aqueles quepara perseguir aqueles queinfringem as leis. Se ainfringem as leis. Se aautoridade poltica envolveautoridade poltica envolvetanto controle, como podetanto controle, como podeser legtima?ser legtima?

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    Alguns pensadores, conhecidosAlguns pensadores, conhecidoscomo "anarquistas",como "anarquistas",concluram que isto no concluram que isto no defensvel e criticaram osdefensvel e criticaram osfilsofos que tomaram comofilsofos que tomaram comosegura a ideia de que asegura a ideia de que adominao poltica umadominao poltica umaforma de dominao especialforma de dominao especial

    moralmente justificada. Estesmoralmente justificada. Estesanarquistas insistiram que aanarquistas insistiram que anica forma de associaonica forma de associaohumana moralmentehumana moralmente

    defensvel aquela em quedefensvel aquela em quenenhumas pessoas ounenhumas pessoas ouinstituies do ordensinstituies do ordenssuportadas pelo uso da fora.suportadas pelo uso da fora.

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    Diz-se que osDiz-se que osgovernantes tm nogovernantes tm no

    apenas o poder paraapenas o poder parafazer leis e para asfazer leis e para asfazer cumprir, mas afazer cumprir, mas alegitimidade para olegitimidade para o

    fazer. E quando ofazer. E quando ofazem, diz-se que tmfazem, diz-se que tmautoridade poltica.autoridade poltica.

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    Relacionada com estaRelacionada com estalegitimidade est a obrigaolegitimidade est a obrigaode as pessoas obedecerem de as pessoas obedecerem

    autoridade do governante. Seautoridade do governante. Sesou sbdito de um governo aosou sbdito de um governo aoqual reconheo autoridade,qual reconheo autoridade,ento no devo apenasento no devo apenas

    obedecer ao estado porqueobedecer ao estado porquereceio ser sancionado se no oreceio ser sancionado se no ofizer e receio ser apanhado,fizer e receio ser apanhado,mas tambm (e maismas tambm (e maisfundamentalmente) porquefundamentalmente) porqueacredito que o devo fazer:acredito que o devo fazer:"Devo fazer isto porque a"Devo fazer isto porque a

    lei", penso para mim.lei", penso para mim.

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    E sendo uma lei coloca-E sendo uma lei coloca-me sob uma obrigao,me sob uma obrigao,independentemente doindependentemente do

    seu contedo ouseu contedo oudirectiva. No possodirectiva. No possoodiar ou gostar do queodiar ou gostar do queme mandam fazer, poisme mandam fazer, pois

    desde que essa ordemdesde que essa ordemderive de umaderive de umaautoridade polticaautoridade polticalegtima, acredito quelegtima, acredito quetenho a obrigao de atenho a obrigao de acumprir.cumprir.

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    Essa obrigao suplanta todoEssa obrigao suplanta todoo tipo de razes que euo tipo de razes que eupossa ter contra a obedinciapossa ter contra a obedincia

    a ordens directas (ainda quea ordens directas (ainda quepossamos pensar que nopossamos pensar que nosuplanta todas as razes suplanta todas as razes por exemplo, pode nopor exemplo, pode no

    suplantar as razes baseadassuplantar as razes baseadasem certos princpios moraisem certos princpios moraisque possam parecer maisque possam parecer maisimportantes do que aimportantes do que aobrigao poltica, comoobrigao poltica, comoafirmam os defensores daafirmam os defensores dadesobedincia civil).desobedincia civil).

    d d

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    Em sntese, podemosEm sntese, podemosdefinir a autoridade polticadefinir a autoridade polticaseguindo a sugesto de umseguindo a sugesto de umfilsofo recente, a saber:filsofo recente, a saber:

    A pessoa X tem autoridadeA pessoa X tem autoridadepoltica sobre a pessoa Ypoltica sobre a pessoa Yse, e s se, do facto X dese, e s se, do facto X deexigir que Y realize umexigir que Y realize umdada aco p d a Y umadada aco p d a Y umarazo para fazer p,razo para fazer p,independentemente do queindependentemente do quep seja, em que esta razop seja, em que esta razosupera todas (ou quasesupera todas (ou quasetodas) as razes que Ytodas) as razes que Ypossa ter para no realizarpossa ter para no realizarp. [Joseph Raz,p. [Joseph Raz, TheTheAuthority of Law,Authority of Law, 1979]1979]

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    Mohandas Karamchandohandas KaramchandGandhiandhi Porbandar, 2 de outubroPorbandar, 2 de outubrode 1869 Nova Deli, 30 dede 1869 Nova Deli, 30 deJaneiro de 1948), mais conhecidoJaneiro de 1948), mais conhecidopopularmente por Mahatmapopularmente por MahatmaGandhi (do snscritoGandhi (do snscrito "Mahatma""Mahatma",,"A Grande Alma""A Grande Alma") foi o idealizador) foi o idealizador

    e fundador do moderno Estadoe fundador do moderno Estadoindiano e o maior defensor doindiano e o maior defensor doSatyagraha (princpio da no-Satyagraha (princpio da no-agresso, forma no-violenta deagresso, forma no-violenta deprotesto) como um meio deprotesto) como um meio de

    revoluo.revoluo.

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    A referncia figura deA referncia figura deGhandi ajudar-nos- aGhandi ajudar-nos- a

    compreender, apesar dascompreender, apesar dascaractersticas especficas dacaractersticas especficas dasua luta, alguns aspectossua luta, alguns aspectosimportantes do que seimportantes do que se

    entende por desobedinciaentende por desobedinciacivil. As aces organizadascivil. As aces organizadaspor Ghandi foram ilegais?por Ghandi foram ilegais?Sim. Na verdade,Sim. Na verdade,desobedeceu a ordens dasdesobedeceu a ordens dasautoridades polticas,autoridades polticas,violando leis estabelecidas.violando leis estabelecidas.

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    Mas como as acesMas como as acescriminosas tambm socriminosas tambm soilegais, correcto dizer queilegais, correcto dizer que

    Ghandi se comportou comoGhandi se comportou comoum criminoso? Aum criminoso? Adesobedincia praticada edesobedincia praticada eorganizada por Ghandi teveorganizada por Ghandi tevea forma de um protestoa forma de um protestomoral destinado a mudar amoral destinado a mudar alei e o comportamento dolei e o comportamento do

    governo (ressalvando quegoverno (ressalvando queno caso especfico seno caso especfico setratava de uma luta pelo fimtratava de uma luta pelo fimdo domnio britnico)do domnio britnico)

    A i iA i i

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    Ao passo que o criminosoAo passo que o criminosoque assalta um banco ouque assalta um banco ouviola flagrantemente asviola flagrantemente asregras do trnsito age pararegras do trnsito age parabenefcio prprio e tentabenefcio prprio e tentapassar despercebido,passar despercebido,Ghandi violou publicamenteGhandi violou publicamentea lei para denunciar a suaa lei para denunciar a sua

    injustia e defender umainjustia e defender umacausa moral. Ao contrriocausa moral. Ao contrriodo criminoso, no procuroudo criminoso, no procurousecretamente fugir aosecretamente fugir ao

    cumprimento da lei nem fezcumprimento da lei nem fezda desobedincia um fimda desobedincia um fimem si mesmo. Depois deem si mesmo. Depois dedesrespeitar a lei aceitou adesrespeitar a lei aceitou a

    penalizao de que foi alvo.penalizao de que foi alvo.

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    Miguel Pereira n2310B