direito & justiça 24/09/2015

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4 IMAGEM OE FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL. Quinta-feira, 24 de setembro de 2015 [email protected] Pág. 5 DIVISÃO DE BENS CASAL DEVE COMPROVAR O QUE ADQUIRIU DURANTE A UNIÃO ESTÁVEL

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Jornal O Estado (Ceará)

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Page 1: Direito & Justiça 24/09/2015

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FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL. Quinta-feira, 24 de setembro de 2015 [email protected]

Pág. 5

DIVISÃO DE BENS

CASAL DEVE COMPROVAR O QUE ADQUIRIU DURANTE A UNIÃO ESTÁVEL

Page 2: Direito & Justiça 24/09/2015

Fortaleza, Ceará, Brasil Quinta-feira, 24 de setembro de 2015 O ESTADO 2

C orrupção é a palavra mais comum hoje nas conversas dos bra-sileiros. O escândalo da Petrobras é o tema mais discutido em todas as mídias do País. O consultor jurídico da secretaria da Micro e Pequena Empresa, Marcelo Varella, afirma, em entre-

vista na página 3, que algumas práticas adotadas no exterior estão sendo trazidas ao Brasil e fomentado o direito brasileiro, como cita as novas leis de anticorrupção e de lavagem de dinheiro. Alerta ainda que “a Petrobras está envolvida em corrupção e está sendo investigada nos EUA, e vai ser punida lá, independente de o Brasil querer ou não.

Já se tornou um costume, em bares e restaurantes, cobrar, na con-ta de seus clientes, a taxa adicional de 10%, acontece que não existe nenhuma legislação que fundamente esta cobrança. De acordo com decisões do Tribunal Superior do Trabalho, TST, a taxa espontanea-mente paga deve ser rateada por todos os trabalhadores do estabele-cimento, jamais ser usada como complemento de salário. Na página 4 a advogada Ana Cristina Cirilo fala sobre o tema e sua ilegalidade.

Outra prática abusiva que os consumidores sofrem é o envio de cartões de crédito sem solicitação. Operadoras que enviam cartão de crédito não solicitado pelo consumidor estão infringindo o Código

de Defesa do Consumidor (CDC). A prática é abusiva e ainda pode gerar indenização por dano moral. Em junho deste ano, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) aprovou a Súmula 532, a qual estabelece que “constitui prática comercial abusiva o envio de cartão de crédito sem prévia e expressa solicitação do consumidor, configurando-se ato ilí-cito. Mesmo com a aprovação da STJ, a advogada Priscilla Peixoto do Amaral explica que “nem toda prática abusiva é indenizável para que seja aplicada indenização por dano moral, vai depender do caso” (página 5). Em situação em que a consumidora passou a pagar taxas, o STJ deu a sentença favorável na ação.

Após a decisão do Superior Tribunal de Justiça, casais que vivem em união estável não terão mais a divisão dos bens automatica-mente adquirida durante a constância da união. O tribunal decidiu que deve ser provada pelo casal a sua contribuição com dinheiro ou esforço para a formação do patrimônio. O advogado Phelipe Al-buquerque aconselha que, como precaução, no futuro causo haja a separação, convém guardar comprovantes de pagamentos, extratos bancários que demonstrem a participação na construção de patri-mônio do casal (página 5).

Divisão de patrimônio da união estável

EDITORIAL

Lei nº. 13.140/15 - Mediação como forma de solução de conflitos. Uma luz no fim do túnel

A maconha, prin-cipalmente por ser legalizada em muito países, é uma droga que os jovens costu-mam acreditar não causar grandes pre-juízos à saúde, con-tudo, normalmente aqueles que usam drogas ditas “pe-sadas” começaram com o consumo da maconha.

Ela tem como principal composto químico o THC, sendo ele o responsável pelos efeitos da maconha no sistema nervoso. Quando fumada, a substância passa diretamente dos pulmões para a corrente sanguínea, que o leva diretamente para todo o organismo e cé-rebro. É importante mencionar que a maco-

nha traz grandes riscos à saúde dos usuários, pois causa deficiência na memória e no apren-dizado, perda da coordenação, e aumento da frequência cardíaca. Segundo Gomid:

Alguns efeitos adversos na saúde causados pela maconha podem ocorrer devido ao THC prejudicar a habilidade do sistema imune de lutar contra infecções e câncer. Depressão, an-siedade, e distúrbios da personalidade tam-bém estão associados com o uso da maconha. Devido ao efeito prejudicial na habilidade de aprendizado e memória, quanto mais a pessoa abusa da maconha, mais propensa ela será de ter um declínio de suas atividades intelectu-ais, de trabalho e sociais. Dentre as consequ-ências que as drogas ilícitas trazem, pode-se dar ênfase à violência gerada por elas em todas as fases de produção até o consumidor final. As demais consequências são: arritmia cardíaca, trombose, AVC, necrose cerebral, in-suficiência renal e cardíaca, depressão, disfo-

ria, alterações nas funções motoras, perda de memória, disfunções no sistema reprodutor e respiratório, câncer, espinhas, convulsões, de-sidratação, náuseas e exaustão (2004, p. 21).

É importante esclarecer que a dependên-cia das drogas é tratável, ou seja, através do auxílio médico e familiar, uma pessoa pode deixar o vício e voltar a ter uma vida normal sem que necessite ingerir substâncias que criam falsas necessidades no organismo.

As drogas podem ser classificadas de acor-do com a ação que exercem sobre o sistema nervoso central. Elas podem ser depressoras, estimulantes, perturbadoras ou, ainda, com-binar mais de um efeito. As drogas depresso-ras são substâncias que diminuem a ativida-de cerebral, deixando os estímulos nervosos mais lentos. Fazem parte desse grupo o ál-cool, os tranquilizantes, o ópio (extraído da planta Papoula somniferum) e seus deriva-dos, como a morfina e a heroína.

A comunidade jurí-dica recebeu com festa a publicação da Lei nº. 13.140/15, que institu-cionalizou a mediação como meio de solução de conflito. Trata-se de um método voluntário, no qual uma terceira pessoa – escolhida ou aceita pelas partes – conduz a negociação. Sem poder de decisão,

seu papel é estimular as partes para que elas pró-prias cheguem a uma solução consensual, garan-tindo um acordo onde ambas saiam satisfeitas. Neste caso, não há perdedor; todos ganham.

A mediação é firmada sob forte viés democrá-tico, sendo seu acordo muito mais legítimo do que a decisão do processo judicial, onde o Estado, enquanto terceiro, toma para si o poder de impor o que entende de Direito. Seus princípios nor-teadores são a boa-fé, a isonomia e a autonomia de vontade das partes, razão por que a mediação somente subsiste enquanto interessar às partes, conforme dispõe o art. 2º, § 2º da referida lei.

Há muito se ansiava por uma mudança de concepção. A priorização do sistema litigante e bélico, onde tudo deve ser decidido em batalhas no Poder Judiciário, além de não conseguir fazer frente à crescente demanda de ações judiciais, não atinge o escopo principal do Direito que é promover a paz social. Tanto é assim que, a cada dia que passa, os tribunais se encontram abarro-tados de processos, o que demonstra que as di-versas reformas do sistema normativo processual vêm se mostrando insuficientes, o que vem con-tribuindo para a insegurança jurídica no Brasil.

Daí porque a institucionalização da mediação como forma de solução de conflitos se mostra tão importante no atual sistema normativo. Com a nova lei, a mediação pode ser tentada a qualquer momento, antes ou mesmo no decorrer do pro-cesso judicial, em todos os graus de jurisdição, tendo prioridade inclusive sobre o processo ar-bitral (art. 16). Pode ser objeto de mediação todo o conflito ou parte dele, que verse sobre direitos disponíveis ou mesmo indisponíveis, desde que admitam transação. Nesta última hipótese, é ne-cessária a homologação em juízo, após a oitiva do Ministério Público (art. 3º, caput, § 1º e 2º).

Na mediação judicial, é obrigatória a assis-tência de advogado, à exceção das hipóteses le-gais de dispensa (art. 26). Outrossim, instituída a mediação, suspende-se o prazo prescricional (§ Único do art. 17). Infelizmente, a nova lei ex-cluiu de seu âmbito de incidência as relações de trabalho ao dispôs ser necessário em tais hipó-teses a edição de lei própria (§ Único do art. 42).

Outro ponto digno de nota é a possibilidade con-cedida à Administração Pública de instaurar câma-ras de prevenção e resolução administrativa de con-flitos (art. 32). Com isso, será possível abrir um novo canal de conciliação entre o Estado e a sociedade civil, possibilitando a autocomposição das partes. Neste caso, ouso destacar que se trata de verdadeira revolução de concepção, eis que a Fazenda Pública vem se pauta atualmente sob o frágil argumento de que deve obediência absoluta e cega ao Princípio da Legalidade, razão de o ente público interpor todos os tipos de recursos e meios judiciais possíveis, tudo a contribuir sobremaneira para que o Estado receba o triste título de maior litigante do País.

O art. 11 da Lei nº. 13.140/15 prevê expressa-mente a criação de instituições de formação de mediadores, reconhecida pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistra-dos - Enfam e/ou os tribunais. Referidas insti-tuições de ensino deverão observar os requisitos mínimos estabelecidos pelo Conselho Nacional de Justiça em conjunto com o Ministério da Justiça. Especifico dispositivo normativo é fun-damental para o sucesso da mediação, eis que se não houver uma prévia e eficiente formação dos mediadores, dificilmente haverá resultado prático e positivo já que nossa cultura ainda está muito arraigada do espírito de disputa judicial.

Por outro lado, o art. 27 da Lei de Mediação deve ser interpretado com cuidado, porquanto, torna obrigatório a todo juiz designar audiência de mediação nas demandas judiciais. Sob esta ótica, caso não exista uma prévia e efetiva capa-citação dos mediadores e o real envolvimento das partes, corre-se o risco do mesmo cair em descré-dito da mesma forma que a conciliação judicial, que muito embora esteja prevista em lei, muitas vezes é encarada sem o valor que merece.

Reforçando a importância da mediação como solução de conflitos, destaca-se que sem acordo de vontades a convivência humana é impossível. Trata-se de um fenômeno intrínseco à própria condição humana, que surge à medida que a regu-lação instintiva é substituída pela regulação social através de regras e normas. Ora, se toda a socieda-de firmou-se sobra a teoria do acordo de vontades (Contato Social – Hobbes e Rousseau), por que os conflitos individuais não podem ser solucio-nados da mesma forma? Na realidade não é que não “possam”, devem ser solucionados em comum acordo. Por tudo, vamos à luta. Ou melhor, vamos em busca da Paz Social.

EDITORA Solange Palhano REPÓRTER Anatália Batista GESTÃO COMERCIAL Glauber Luna DESIGNER GRÁFICO J. Júnior FOTOS Beth Dreher, Iratuã Freitas e Nayana Melo www.oestadoce.com.br

O risco da maconha

O Consumidor e o Poder JudiciárioFoi comemorado

no dia 11 de setem-bro, o surgimento do Código de Pro-teção e Defesa do Consumidor (Lei nº 8078/90), ou seja, nosso código consu-merista alcançou 25 anos de existência.

A lei consume-rista criada acabou por concentrar de

forma sistemática vários dispositivos legais, transformando-se em um arcabouço de re-gras para o mercado de consumo, o que lhe rendeu o status de legislação mais moderna do mundo.

Tal legislação alcançou destaque das de-mais, seja pela fácil compreensão de seu texto, como também por pertencer assidua-mente ao cotidiano, o que cominou em sua notoriedade social.

Sem sombra de dúvidas, a legislação consumerista passou a ser invocada pelos cidadãos de todas as classes sociais, pois ,querendo ou não, sabem que possuem di-reitos fundamentados em um código prote-

cionista. Todavia, a modernidade do código consumerista, por si só, não é garantia de efetivo cumprimento das normas pelos for-necedores, pois mesmo diante dos orgãos de proteção a exemplo dos Procons, Decons e da própria OAB, é comum as práticas abu-sivas e as lesões diretas aos direitos dos con-sumidores.

Certamente, as irregularidades e os pre-juízos econômicos ou morais ocasionados aos vulneráveis tendem a desaguar no Po-der Judiciário, o que está longe de provocar o temor aos fornecedores que sequer bus-cam ajustar suas práticas, cometendo ainda mais infrações e lesões aos direitos e à dig-nidade de seus consumidores.

Infelizmente, mesmo com as provoca-ções ostensivas ao Poder Judiciário, esse se encontra longe de acompanhar os anseios da coletividade consumidora, pelo próprio aspecto de letargia processual, já que a so-lução dos litígios e os montantes indeniza-tórios demonstram-se aviltantes à realidade do mercado e às posturas contumazes das empresas em lesar os consumidores.

Consequentemente, os valores apresen-tados em audiência de conciliação e ajusta-dos em acordos, ou mesmo as indenizações

em decisões judiciais não tendem a coibir a prática repudiada pela lei de proteção ao consumidor, muito menos alcança a teoria do desestímulo.

Vale informar, que a teoria do desestí-mulo, há muito tempo, domina o cenário norte-americano e inglês, já que a fixação de valor serve como desestímulo às novas agressões, o que se entende pelo espírito dos referidos punitive ou exemplary damages da jurisprudência daqueles países.

Certamente, a teoria do desestímulo não alcançou a notoriedade dos tribunais bra-sileiros, pois ainda resistem e se apegam em suas fundamentações no que concerne ao caráter educativo punitivo, evitando da parte o enriquecimento ilícito, sendo o as-pecto fundamental pífio para uma realida-de processual com média de 4 anos aguar-dando julgamento.

O resultado de decisões irrisórias para o patrimônio das empresas, só desestimula os consumidores, que preferem aceitar calado os abusos e lesões aos seus direitos que en-frentar a morosidade de nossos tribunais. O resultado disso são empresas ainda mais confiantes na impunidade e consumidores cada vez mais vulneráveis.

Súmulas eleitorais VINo estudo das sú-

mulas em matéria eleitoral, depois de abordadas as edita-das pelo STF e STJ, chega a vez de se discorrer acerca das emanadas do Tribu-nal Superior Eleito-ral. A de nº 1 diz que “proposta a ação para desconstituir a de-cisão que rejeitou as contas, anteriormen-te à impugnação, fica

suspensa a inelegibilidade”. O enunciado faz menção ao art. 1º, I, “g” da Lei Complemen-tar nº 64/90. No entanto, o TSE assentou que a mera propositura da ação anulatória, sem a obtenção de provimento liminar ou tutela antecipada, não suspende a inelegibilidade (RO nº 912; de 13.9.2006, dentre outros). Nesse contexto, encontra-se a súmula revo-gada, ainda que tacitamente.

A de nº 2 preceitua que “assinada e rece-bida a ficha de filiação partidária até o termo final do prazo fixado em lei, considera-se

satisfeita a correspondente condição de ele-gibilidade, ainda que não tenha fluído, até a mesma data, o tríduo legal de impugnação.” O tema é constitucional, pois filiação parti-dária é condição de elegibilidade, prevista no art. 14, § 3º, V, da CF/88, destacando-se para o fato de a súmula ter sido editada no ano de 1992, ainda na vigência da revogada Lei nº 5.682/71, antiga (LOPP – Lei dos Par-tidos Políticos). Pela regra antiga, qualquer eleitor filiado a partido poderia impugnar pedido de filiação partidária, no prazo de 3 (três) dias da data do preenchimento da ficha, assegurando-se ao impugnado igual prazo, para contestar. Nesse sentido, e em decorrência da vigência da Lei nº 9.096/95, perdeu o texto do mencionado enunciado o sentido, destacando-se, ainda, para a penúl-tima “reforma eleitoral”, em que se resolveu um problema comumente enfrentado pela Justiça Eleitoral, relativamente à dupla filia-ção. “Havendo coexistência de filiações par-tidárias, prevalecerá a mais recente, devendo a Justiça Eleitoral determinar o cancelamen-to das demais”. (Art. 22, p. único, alterado pela Lei nº 12.891, de 2013).

Já a Súmula nº 3 é taxativa no sentido de

que “no processo de registro de candidatos, não tendo o juiz aberto prazo para o supri-mento de defeito da instrução do pedido, pode o documento, cuja falta houver mo-tivado o indeferimento, ser juntado com o recurso ordinário.” O enunciado, também de 1992, encontra-se relacionado a registro de candidatura, numa menção expressa à pos-sibilidade de juntada de documento em fase recursal, na hipótese em que tenha sido tolhi-da ao interessado a possibilidade de provar o alegado. Para o tema, destaque para a regra constante no Código Eleitoral (art. 266), em que se permite sejam juntados novos docu-mentos pelo recorrente e em recurso com o qual se desafia sentença. O mesmo não se pode dizer para a juntada de documentos estando o processo já no tribunal, a teor do art. 268 do CE, excetuando-se a situação em que o recurso verse sobre coação ou fraude ou emprego de processo de propaganda ou captação de sufrágio vedado por lei e que de-penda de prova específica, na forma indicada no art. 270 do CE. A de nº 4 trata de homo-nímia, tema sempre presente em registro de candidatura, sobre a qual se falará na próxi-ma edição desse importante jornal.

ROSSANA BRASIL KOPF ADVOGADA

RODRIGO CAVALCANTESECRETÁRIO

DE CONTROLE INTERNO

NO TRE/CE

FRANCISCO ARTUR DE S. MUNHOZADVOGADO

ALEX VENÂNCIO MACHADO

ADVOGADO

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O ESTADO Fortaleza, Ceará, Brasil Quinta-feira, 24 de setembro de 2015 3

Alegislação brasileira vem sendo construí-da, nos últimos anos, a partir de experiên-

cias internacionais. É o que observa o consultor jurídi-co da secretaria da Micro e Pequena Empresa, Marcelo Varella. Segundo ele, algumas práticas adotadas no exterior estão sendo trazidas ao Brasil e fomentado o direito brasilei-ro, como cita as novas leis de anticorrupção e de lavagem de dinheiro. Marcelo Varella é professor de direito inter-nacional, doutor pela Uni-versidade de Paris, pós-doutor pelas Universidades de George Washington, Georgetown e Berkeley e livre-docente pela USP. Também é pesquisador do CNPq e coordenador do Programa de Mestrado e Dou-torado em Direito do Centro Universitário de Brasília. Em passagem por Fortaleza, falou sobre o projeto Doing Busi-ness, que analisa e compara as regulamentações de pequenas e médias empresas em 189 países, utilizado como ferramenta para medição do impacto das regula-mentações pelo mundo. O con-sultor analisou alguns pontos que deixaram o Brasil ocupando o 169º lugar no ranking mun-dial do Doing Business para abertura de empresas.

Como o direito nacional se constrói a partir do direito internacional?

Na abertura de empresa, fechadura de empresa, ob-tenção de créditos, obtenção de energia elétrica, água, luz, esgoto, aplicação de contratos, falências, direitos de sócios minoritários, entre outros que são reconstruídos à luz de experiências internacio-nais. [...] Uma das formas de construção do direito inter-nacional se dá de dentro pra fora. Às vezes, a gente estuda o direito internacional por meio de tratados, costumes. Deter-minadas práticas que são con-sideradas como modelos que dão certo são exportadas para outros países. Estudos públi-cos e juízes começam a repetir essas práticas e constroem essa internacionalização do direito, assim como o Supre-mo Tribunal Federal (STF) constrói suas jurisprudências com base em antecedentes es-trangeiros. Basicamente todos os últimos casos, audiências de custódias, interrupção de gravidez quando o feto é anencéfalo, o acesso à saúde.

Observa algum avanço durante os últimos anos?

Toda legislação brasileira para aplicação da parte da corrupção, no caso da Ope-ração Lava Jato, é baseada em três grandes conjuntos de normas que foram todos co-piados do exterior. O cartel de leniência com a Camargo Correia, que devolveu R$ 700 milhões para o Brasil, foi derivado de um pro-jeto de lei, feito após uma conversa com organização mundial que falou: “Brasil, é assim que funciona no mundo”. E o Brasil pegou todas essas recomendações, transformou em projeto de lei, aprovado no Congres-so, e a gente está usando o mesmo modelo que se usa na Alemanha, na França, nos EUA, para combate de corrupção. Quando se fala em investigação de lavagem de dinheiro e recuperação de aditivos, a mesma coisa, e quando a gente fala da nova lei de corrupção, que

foi aprovada agora esse ano, é um terceiro modelo também copiado do exterior. Além dessa parte que está mais em voga, hoje em dia, poderia dar dezenas de exemplos de que o Brasil se inspira em coisas que estão dando certo lá fora, adapta um pouco às suas re-alidades e usa o mesmo aqui.

Mas o senhor acha que essa adapta-ção, com a realidade brasileira, pode dar os mesmos resultados de fora?

Poder, pode. Além de dar o mesmo resultado, a gente está vendo que está mudan-do. Antigamente, a gente não conseguia prender pessoas envolvidas com corrupção, hoje, elas estão sendo pre-

sas. A parte da defesa de concorrência, em dez anos, tínhamos recuperado R$ 4 milhões, só esse ano foi R$ 1 bilhão. Então, funciona. Tem tido muita efetividade. Além disso, com o próprio processo de globalização, hoje não tem ninguém com uma coisa no corpo que não tenha vindo

de outro País, e o direito vai da mesma forma. A Petrobras está envolvida em corrupção e está sendo investigada nos EUA, e vai ser punida lá, inde-pendente de o Brasil querendo ou não. Mesmo se as nossas normas não internacionali-zassem o modelo, os modelos lá de fora estão se impondo aqui dentro. Estamos come-çando a cumprir coisas que, antigamente, a soberania do Brasil vivia muito voltada para si própria; agora, não só problemas que eram tipi-camente internos, como cor-rupção ou outros, tornam-se mundiais. A gente tem, por exemplo, o Ceará, profícuo em casos que mudaram a legislação brasileira, como o da Maria da Penha, que tornou Lei. O Brasil teve que ir à Corte Interamericana de Direitos Humanos, que con-denou nosso país, e por isso mudamos a lei. Foi uma con-denação de fora pra dentro.

No direito econômico, como deve ser a legislação do direito das empresas para fazer negócio com outros países?

No Doing Business, se iden-tifica o padrão de qualidade no mundo, comparam-se os regu-lamentos aplicados ao longo da vida de todas as empresas, de pequena à média. Micro e pequenas empresas vão com-preender 97% do Brasil, mas a análise acontece em 189 países. Aplicam-se questionários, pegam a primeira ou as duas cidades mais populosas no País e consideram apenas o setor formal.

O que abrange esse estudo?Abrange cerca de dez pon-

tos da legislação e da prática de como se opera uma em-presa no país, que são: como iniciar o negócio, prazo de construção, como obter rede elétrica, como registrar uma propriedade no País, como se obter crédito, pagar im-postos, se o País tem acesso ao comércio internacional, como o direito do País é efe-tivo e rápido para cumprir os contratos, e como se resolve problemas quando as pessoas não te pagam. Essas mesmas perguntas hipotéticas, são feitas para as 189 economias, então se contrata pessoas de escritórios de contabilidade, de advocacia, consulta-se governo e empresas para que elas respondam questioná-rios, e compara-se isso em todos os países.

Como é essa situação no Brasil?No Brasil, as duas maiores

cidades são Rio de Janeiro e São Paulo. São Paulo tem tudo do melhor no Brasil, mas também tem tudo do pior. A junta comercial de São Paulo é a mais demora-da do Brasil, assim como o judiciário. Então, para todos os indicadores do Doing Bu-siness, que a gente pega São Paulo como representante do Brasil, a gente vê que isso afunda o Brasil em indicador. Tudo no Doing Business é feito de forma comparativa; isso às vezes é um problema, a gente compara economias. Por exemplo, a Holanda abre uma empresa em três horas, a Dinamarca em duas horas e meia: é a mesma coisa, só que como o tempo da Holanda é maior que Dinamarca, fica abaixo. Essas economias es-tão disputando crescimento. O registro de propriedade é também outra polêmica. Em várias cidades do Brasil, pela

irregularidade fundiária e pela lei complementar vincu-ladas à necessidade de abrir imóveis, e em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, a legis-lação ainda não se adaptou e vemos que 80% dos negócios são em regiões que não são passíveis de ter negócio, en-tão não se consegue registrar nem efetivar aquele negócio. Quanto ao pagamento de tributos, a gente sabe que no Brasil isso é um pouco mais fácil para empresas que estão no Simples Nacional, mas as que não estão, o pagamento de tributos é um inferno. No Brasil temos 64 tributos diferentes e a efetividade dos contratos depende muito do judiciário.

Qual a posição do Brasil, no Doing Business, quanto à abertura de em-presas?

De 189 países, o Brasil só tem 20 piores que a gente. Abrir empresa no Brasil é muito difícil, fechar é impos-sível. Há uns meses atrás foi feito um portal, aqui, para se fechar empresas em torno de três minutos, assumindo a dívida no nome pessoal. No mês passado (julho) começou o portal para abrir empresas no Brasil a partir da clas-sificação de risco nacional. Existem 1200 finais, que são a classificação da atividade econômica, e o Estado e mu-nicípio tem que falar o que é o alto risco pra eles, normal-mente, dessas 1200 finais, 400 são classificadas. Só que alto risco, na prática, representa menos de 5% das empresas efetivamente aberta.

O que significa o Brasil estar em uma das últimas posições?

A filosofia do direito bra-sileiro é a de que a gente não confia, não educa, não fiscaliza e não pune. Fica esse emaranhado de normas que a gente não consegue cumprir e que representa nossa posição. O Brasil deve abrir empresas. A partir de agora, começou em duas cidades já, o piloto deve ir até o final do ano, com esse sistema que classifica em alto e baixo risco, e cerca de 90% estarão em baixo risco, ou seja, foram dispen-sadas as vistorias prévias dos bombeiros, meio ambiente e vigilância sanitária em cinco dias. Hoje, a gente abre uma empresa no Brasil em 201 dias, em média. Com isso, ganharíamos três posições, mas não muda nada porque o mundo todo já está melhor que a gente.

Nós temos agora o site Empresôme-troMPE. Como funciona?

É um site muito interes-sante, que permite que você saiba, em tempo real, todas as empresas que foram abertas e fechadas no País. Permite saber o nome, bairro, CNPJ, e fazer estatísticas, que podem ser úteis para pesquisa, para os próprios empresários sa-berem quem são seus concor-rentes, quem pode comprar um produto que você vende. Existe complementariedade, inclusive, se você vende teci-do, consegue saber todas as lojas de confecção que foram abertas pela área nos últimos seis meses ou um ano. Então, já sabe quem e onde procurar. E para quem trabalha com pesquisa, também é útil para saber quantas lojas existem no setor de serviços, quantas indústrias, comerciantes por setor, por cidade.

MARCELO VARELLA

“A filosofia do direito brasileiro é a de que a gente não confia, não educa, não fiscaliza e não pune”

FOTO BETH DREHER

Poderia dar dezenas de exemplos de que o Brasil se inspira em coisas que estão dando certo lá fora, adapta um pouco às suas realidades e usa o mesmo aqui

Estamos começando a cumprir coisas que antigamente a soberania do Brasil vivia muito voltada para si própria, agora, não só problemas que eram tipicamente internos, como corrupção ou outros, tornam-se mundiais

A Petrobras está envolvida em corrupção e está sendo investigada nos EUA, e vai ser punida lá, independente de o Brasil querendo ou não. Mesmo se as nossas normas não internacionalizassem o modelo, os modelos lá de fora estão se impondo aqui dentro

A junta comercial de São Paulo é a mais demorada do Brasil, assim como o judiciário. Então, para todos os indicadores do Doing Business, que a gente pega São Paulo como representante do Brasil, a gente vê que isso afunda o Brasil em indicador

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Fortaleza, Ceará, Brasil Quinta-feira, 24 de setembro de 2015 O ESTADO 4

Nasceu em São João do Manhuaçu, Minas Gerais, em 9 de maio de 1934, filho de Ar-thur Aarão Corrêa e D. Maria Garcia Corrêa. Tornou-se Ba-charel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito de Minas Gerais, na turma de 1960.

A partir de 1961, foi advo-gado militante em Brasília, com escritório especializado em Direito Comercial e Direi-to Civil. No período de 1961 até 1986, exerceu o cargo de Procurador Autárquico (Iapas e IAPM). Membro do Institu-to dos Advogados do Brasil, Instituto dos Advogados do Estado de Goiás e do Instituto dos Advogados do Distrito Federal. De 1975 a 1986, foi Conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil — Seção do Distrito Federal, ocupando a Vice-Presidência da entida-de, no período de 1977 a 1979, e exercendo a Presidência, por quatro mandatos, de 1979 a

1986.E m

1 9 8 6 , foi elei-t o S e -n a d o r , p e l o Dist r ito Fe der a l , pa ra u m m a n d a t o de oito anos, iniciado em 1º de fevereiro de 1987, havendo participado dos traba-lhos da Assembléia Nacional Constituinte. Apresentou 459 emendas, das quais 144 foram aprovadas. Como Senador Constituinte, participou das Comissões e Subcomissões da Organização dos Poderes e Sistemas de Governo, do Poder Judiciário e do Minis-tério Público. Posicionou-se contrariamente à criação da Corte Constitucional, defen-dendo os textos que vieram

Maurício Corrêa EX-MINISTRO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (1934 – 2012)

integrar a Constitui-ção de 1988, relati-

vos aos órgãos do Poder Judiciá-rio, bem assim à composição e competên-cia do Supre-mo Tribunal Federal.

D e s e mp e -nhou o cargo

de Ministro de Estado da Justiça,

durante o governo do Presidente Itamar Franco, de 5 de outubro de 1992 a 30 de março de 1994. No período em que foi titular da pasta da Justiça, constituiu seis comissões de juristas para revisão do Código Eleitoral, do Código de Processo Penal, do Código de Processo Civil, do Código Penal (Parte Es-pecial), da Lei Orgânica dos Partidos Políticos, da Lei de Falências e Concordatas, além da Lei de Execução Penal.

Instituiu a Comissão Pro-visória destinada a receber e investigar denúncias de irregularidades na Adminis-tração Pública Federal, até a instalação da Ouvidoria--Geral da União.

Nomeado Ministro do Su-premo Tribunal Federal, em 27 de outubro de 1994, na vaga decorrente da aposen-tadoria do Ministro Paulo Brossard, tomou posse em 15 de dezembro de 1994.

Escolhido pelo Supremo Tribunal Federal, passou a integrar o Tribunal Superior Eleitoral como Juiz Efetivo (10 de junho de 1997 a 2 de fevereiro de 1999), tendo sido eleito, em 2 de março de 1999, Vice-Presidente daquela Cor-te. Em 6 de março de 2001, tomou posse no cargo de Presidente. Faleceu dia 17 de fevereiro de 2012, em Brasília aos 77 anos. Era casado com D. Alda Gontijo Corrêa.

Fonte: STF

GRANDES NOMES DO DIREITO

Está em tramitação, no Se-nado Federal, o PLS de autoria do senador Reguffe (PDT-DF), o qual estabelece o pagamento de 5% do salário, acrescido de 1% por dia de atraso aos traba-lhadores regidos pela Conso-lidação das Leis Trabalhistas. O parlamentar justifica que o objetivo é proteger o emprega-

do, que afirma ser a parte mais vulnerável de uma relação de trabalho. Em uma simulação, o trabalhador que recebe R$ 2.000, em cinco dias de atraso o salário deveria passar para R$ 2.200. Em 15 dias de atraso, o valor passaria a R$ 2.400 e 30 dias, R$ 2.700.

Fonte: Senado Federal

O Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) obteve o terceiro lugar em produtividade e eficiência entre os tribunais estaduais de médio porte do País. A posição é referente ao ano de 2014 e foi divulgada na terça-feira (15/09), no relatório do Justiça Em Números 2015, produzido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Segundo o documento, o TJCE obteve 83,4% no Índice de Produtividade Comparada da Justiça (IPC-Jus). O indica-dor foi criado pelo CNJ para resumir os dados recebidos pelo sistema de Estatística do Poder Judiciário em uma úni-ca medida, de modo a refletir

a produtividade e a eficiência dos tribunais. Entre as infor-mações agregadas pelo índice, está a quantidade de ações que ingressaram durante o perío-do, número de ações penden-tes e processos baixados. Na frente do Judiciário cearense ficaram apenas os TJs de Goiás (com 100% no índice) e o do Distrito Federal (88,7%). Ain-da de acordo com os dados do relatório, os assuntos julgados mais recorrentes, durante 2014, pelos Judiciários estadu-ais foram contratos, direito do consumidor, direito tributário, indenizações por dano moral e família.

Fonte: Ceará Press

O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira (16), o Projeto de Lei (PL) 5230/13, do deputado Ricardo Izar (PSD-SP), que regulamenta a relação entre salões de beleza e os profissio-nais que trabalham neles. A matéria, aprovada na forma do substitutivo da deputada Soraya Santos (PMDB-RJ), será enviada ao Senado. De acordo com a nova regula-mentação, os salões de beleza

poderão firmar contratos escritos com profissionais cabeleireiros, barbeiros, este-ticistas, manicures, pedicuros, depiladores e maquiadores. Para Ricardo Izar, o projeto cria uma alternativa à legisla-ção trabalhista que, segundo ele, é impraticável de ser cumprida pelos salões devido às especificidades da profissão e aos custos envolvidos nesse tipo de empreendimento.

Fonte: Agência Câmara

O Brasil tem leis adequadas para amenizar os problemas de moradia e de regulariza-ção fundiária. No entanto, o Poder Público, especialmente os servidores dos setores administrativo e judicial, e as pessoas que precisam de casa ainda desconhecem as ferra-mentas disponibilizadas para ajudá-las a obter esse direito. A constatação é da pesquisa Não Tinha Teto, Não Tinha Nada – Porque os instrumen-tos de regularização fundiária (ainda) não efetivaram o direito à moradia no Brasil. Coordenadora da pesquisa, a professora Arícia Fernandes, da Universidade Estadual do

Rio de Janeiro (Uerj), disse que o estudo tenta entender por que as ferramentas criadas para resolver os problemas de moradia no país não têm apresentado os resultados esperados. Segundo Arícia, o Judiciário tem uma visão muito conservadora dessas questões, o que torna difícil entender a efetividade social de tais instrumentos. A ad-ministração pública não sabe aplicar a legislação, e o bene-ficiário não sabe o que fazer para ter acesso às ferramentas previstas na legislação, a fim de regularizar suas moradias, resumiu a professora.

Fonte: Agência Senado

Proposta aprovada na Co-missão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), nesta quarta-feira (2), permite que o empregado falte ao trabalho por um dia a cada seis meses para participar de reuniões escolares de filhos ou enteados. O PLS 620/2011, da senadora Lídice da Mata (PSB-BA), também libera o trabalhador por sete dias por motivo de doença ou defici-ência de companheiros, pais, filhos ou cônjuge, desde que haja compensação. Segundo o relator do projeto, João

Capiberibe (PSB-AP), autor do substitutivo aprovado na comissão, a opinião do relator, a presença dos pais em mo-mentos decisivos como a vida escolar e em casos de doenças dos filhos é indispensável. “Em tais circunstâncias, a presença deles garante a manutenção do vínculo familiar e transmite segurança aos filhos, oferecen-do suporte emocional e o con-forto psicológico indispensável à pronta recuperação da saúde e ao mais pleno desenvolvi-mento educacional.”

Fonte: Agência Senado

Projeto prevê pagamento de multa a patrões que atrasarem salários

Ceará é o terceiro em produtividade entre tribunais de médio porte do País

Câmara aprova regras de tributação para profissionais da beleza

Pesquisa mostra desconhecimento de leis que facilitam acesso à moradia

Comissão do Senado aprova folga para os pais irem às reuniões escolares

Acobrança da taxa de serviço é prática bem comum aos brasilei-ros. Em restaurantes,

bares e casas noturnas, no momento em que a conta de consumação chega à mesa do consumidor, é acrescentado 10% ao total. Sem ter certeza da obrigação ou não do paga-mento extra, muitos pagam, simplesmente, até para evitar constrangimento. No entanto, não são obrigados.

Não existe nenhuma lei fede-ral que obrigue o pagamento da taxa, trata-se, contudo, de uma liberalidade do consumidor quando estiver satisfeito com o serviço prestado. É facultati-vo, e deve ser informado pelo estabelecimento ao cliente, de preferência, logo ao entrar.

A gorjeta, popularmente conhecida, funciona como forma de remunerar o serviço dos garçons e demais empre-gados, mas segundo explica a advogada Ana Cristina Ci-rino, existe o entendimento da Justiça de que a cobrança é um lucro excessivo, “é um ônus que é do empregado e ele passa ao consumidor”. Ainda conforme a advogada, o enten-dimento do Procon Fortaleza é também o de que não pode ser exigido.

De acordo com decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST), a taxa de serviço paga pelo cliente voluntariamente, deve ser, integralmente, ra-teada entre os empregados. Segundo decisão deferida, negociações coletivas que au-torizam a divisão dos valores, viola o direito dos trabalhado-res. Muitas vezes, ocorre de o empresário utilizar o dinheiro arrecadado com as gorjetas e apenas complementar o restan-te para pagamento de salário.

ObrigatoriedadeFoi aprovado no Congresso

Nacional, o projeto de lei do Senado que regulamentaria a profissão de garçom, o qual já aguarda há 24 anos. No entanto, em agosto passado, a presidente Dilma Rousseff ve-tou, integralmente, a proposta cujo um dos pontos era tornar a gorjeta de 10% obrigatória.

Além disso, a proposta

considerava garçom qualquer pessoa que servisse bebida e comidas nos restaurantes, bares ou hotéis, e previa, tam-bém, a necessidade de registro profissional de garçom a partir de dois anos de experiência.

Mais ilegalidadeOutros tipos de pagamen-

tos extras que põem dúvida aos consumidores é o couvert artístico e o valor cobrado quando se perde a comanda.

Muito comum, casas no-turnas, parques e restaurantes dão aos clientes um cartão de consumação a ser pago somente na saída. Porém, es-tabelecem que se a comanda for perdida, deve-se pagar um valor o qual é determinado pelo próprio estabelecimento

e que pode ser alto, muitas vezes, maiores que o total consumido. Mas isso também é uma exigência ilegal.

“Quando o estabelecimento dá uma comanda ou uma ficha e explicita que a perca gera uma multa de pagamento, essa comanda é totalmente ilegal. Não podem lhe impedir de sair sem pagar pelo preço que cobram, eles que cobrem de outra forma. O Decon, inclu-sive, orienta o consumidor a chamar a polícia ou ir ao Judi-ciário e/ou Procon”. Segundo a advogada, se escolher optar pagar pelo valor cobrado, deve exigir uma nota fiscal com a descrição da cobrança, e soli-citar dano material.

No caso do couvert, a taxa é cobrada quando há apresenta-

ção artística. “Deve ser dito ao consumidor sobre a cobrança logo na entrada e tem que ser em uma conta apartada, não pode ser na mesma conta de consumação. Hoje em dia, em Fortaleza, o que acontece é você ir em qualquer ambiente que tem couvert artístico e ser colocado como produto. São dois erros”, esclarece Ana Paula. Na capital cearense, a tendência de espaços com músicas, agora, é separar a área com apresentações e restauran-te, e cobrar logo na entrada.

Ana Cristina aconselha à quem for vítima de quaisquer uma das ilegalidades que, notificar o Procon sobre as práticas abusivas pode impli-car pagamento de multas aos estabelecimentos.

Consumidor não é obrigado a pagar os 10% da taxa de serviço

GORJETA

Ana Cristina Cirilo explica que não existe nenhuma lei que obrigue o pagamento pela taxa de serviço. É facultativo ao consumidor

FOTO BETH DREHER

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A tendência para casais que vivem em união estável, ou que pre-tendem, é juntar todos

os comprovantes de bens ad-quiridos enquanto estiveram juntos. Isso porque, em caso de uma separação futura, a divisão de bens, em igualdade, pode deixar de ser automática.

A novidade veio após deci-são do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que entendeu que casal que vive em união estável deve provar que con-tribuiu “com dinheiro ou esforço” para formação do patrimônio. O entendimento implica dizer que, cada um só terá direito sobre o bem que ajudou a adquirir, haven-do separação.

Segundo advogado Pheli-pe Albuquerque, especialista em direito civil, a decisão não significa que deve ser obrigatória para todas as outras situações, dependerá da interpretação de cada juiz nas instâncias inferiores. Contudo, ele acredita que, possivelmente, o magistrado irá considerar o entendimen-to do tribunal superior.

“Se o juiz decidir de uma maneira diferente, a pessoa poderá recorrer ao Tribunal do Estado, se não conseguir, leva ao STJ, e lá, provavel-mente, a decisão será de que a partilha de bens não deve ser automática”, considera o advogado. Normalmente, os

casais que vivem em união de bens se separam, e metade do que foi adquirido fica para o homem e outra metade para a mulher. Tal prática pode ser injusta a quem ganha mais di-nheiro, por exemplo, ou pode ser uma maneira de aplicar o famoso golpe do baú. “Se houver essa preocupação da

divisão de bens, é bom que as pessoas guardem os com-provantes pelo que pagou, os extratos bancários ou que se faça logo casamento. Em casamento, ainda não se teve decisão nenhuma desse tipo”, orienta Phelipe.

Para ser reconhecida a união estável, as pessoas pre-

cisam conviver constituindo uma família. No entanto, só tem efeitos patrimoniais se reconhecida formalmente em um cartório. Se acabar a união, o conselho do advoga-do é ingressar na Justiça com ação de reconhecimento de união. Phelipe lembra tam-bém que, atualmente não é mais necessário um tempo mínimo para que seja reco-nhecida a união estável.

Pensão alimentíciaNa mesma linha, outro

entendimento pacificado pelo STJ, é de que a obrigação de pagar pensão alimentícia à ex-cônjuge deixou de ser obri-gação e passou a ser exceção. “Antigamente, o juiz concedia [pensão alimentícia] para a vida toda. Hoje, no caso dos cônjuges, eles podem dá uma pensão temporária, estipulan-do os anos. Mas antes, era raro ter pensão temporária”, afirma o advogado.

Em uma decisão recente do STJ, uma mulher de 55 anos ganhou o direito de re-ceber apenas quatro salários mínimos durante dois anos, depois fim do casamento de 16 anos. No caso, a pensão não foi vitalícia, sendo transitória. Na mesma circunstância, em 2013, o STJ também havia julgado que o ex-presidente Fernando Collor, só pagaria pensão à ex-mulher, Rosane Collor, por três anos.

Operadoras que enviam cartão de crédito não solicitado pelo con-sumidor estão infrin-

gindo o Código de Defesa do Consumidor (CDC). A prática é abusiva e ainda pode gerar indenização por dano moral.

Em junho deste ano, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) aprovou a Súmula 532, a qual estabelece que “constitui prática comercial abusiva o envio de cartão de crédito sem prévia e expressa solicitação do consumidor, configuran-do-se ato ilícito indenizável e sujeito à aplicação de multa administrativa”.

Segundo STJ, a Súmula 532 é amparada pelo artigo 39, do CDC, que proíbe o envio de produtos ou prestação de serviços pelo fornecedor sem solicitação prévia do cliente. O julgamento de um Recurso Especial também foi essencial para formulação da Súmula. Uma mulher havia solicitado um cartão de débito no Banco Santander, mas recebeu um cartão múltiplo. Ao reclamar, a instituição financeira alegou que a função de crédito esta-va inativa, mesmo assim, foi condenado a pagar multa de R$ 158.240,00.

Indenizaçãodepende do caso

Apesar de qualquer pessoa está sujeita a esse tipo de si-tuação, quando funcionários de empresas agem contrários ao princípio da boa-fé, cer-tamente, pela ânsia em bater meta, não são todos os casos que irão gerar o pagamento de indenização. É o que explica a

advogada Priscilla Peixoto do Amaral. “Nem toda prática abusiva é indenizável, para que seja aplicada indenização por dano moral, irá depender de cada caso”, disse.

Segundo a especialista, nesse caso específico, o STJ entendeu que cabia indeni-zação devido à consumidora ter recebido um cartão com funções em que teria que pa-gar taxas.

Formalizar reclamaçãoA dica da especialista é que,

ao receber o item que não foi solicitado, deve-se ligar para a operadora do cartão e tentar resolver o problema. Se não for resolvido, o conselho é procurar os órgãos de defesa do consumidor, o Decon ou

Procon, que acionará a empre-sa em busca de solução.

Não havendo acordo, é que deve-se buscar ajuda nos juiza-dos especiais. “Pode dar entrada no juizado especial falando que recebeu o cartão e solicitando uma indenização cabível ao caso, ou pedir uma medida que a gente chama de antecipação de tutela para que não seja cobrado de alguma futura taxa pelo car-tão”, explica a advogada.

Pré-aviso Um fato muito comum de

acontecer é a operadora ligar para o consumidor informan-do que dentro de certo prazo estará chegando a sua casa um cartão de crédito, especificando o limite e as vantagens. Porém, isso também pode ser uma

armadilha, e o consumidor e manter-se atento.

Priscil la disse que isso aconteceu recentemente com ela. “Recebi a ligação de uma companhia área para me in-formar que, dentro de alguns dias, estaria chegando, na minha casa, um cartão de crédito pra mim, mas eu não havia solicitado e contestei que não queria”, contou.

Outra vítima foi a jornalista Patrícia Costa. O telemarke-ting de uma loja de roupas ligou também dizendo que em 15 dias ela estaria recebendo o cartão da loja que valeria para compras em outros estabeleci-mentos, e do mesmo modo lhe disseram o limite de crédito. “Eu disse à atendente que não havia solicitado, que eu era ciente de que eles não poderiam enviar sem que eu tivesse feito o pedi-do, mesmo assim, a moça falou que já estava feito e em breve chegaria na minha casa. Então finalizei a conversa dizendo que se chegasse eu buscaria meus direitos”. Para sorte da jornalista, o cartão não chegou.

A advogada ressalta que nesses casos, o certo é evitar longas conversas e deixar claro que não foi solicitado. Os con-sumidores lesados também podem procurar o Decon ou Procon para denunciar. “Se muitos consumidores procu-rarem os órgãos, eles vão ficar cientes dessa atuação, que vai contra, e podem multar as operadoras. Essa multa serve para estar coibindo futuras práticas. Mas, infelizmente, muitos estabelecimentos, mes-mo multados, continuam com as práticas,” conclui.

O ESTADO Fortaleza, Ceará, Brasil Quinta-feira, 24 de setembro de 2015 5

Divisão de bens em união estável deixa de ser automática

Envio de cartão de crédito não solicitado pode gerar indenização por dano moral

DECISÃO

CONSUMIDOR

Phelipe Albuquerque afirma que a decisão não significa que deve ser obrigatória para todas as outras situações; dependerá da interpretação de cada juiz nas instâncias inferiores

Priscilla Peixoto do Amaral: “Envio de cartão de crédito sem o consenti-mento do consumidor é prática abusiva”

FOTO BETH DREHER

FOTO BETH DREHER

CAACE - Rua D. Sebastião Leme, 1033 Bairro de Fátima (85) 3272.3412 www.caace.org.br. Notícias para coluna [email protected]

Muita animação durante a Feijoada dos Associados

César Rêgo realiza sorteio de uma anuidade da OAB/CE

Novas parcerias em Crateús

Com o intuito maior de fomentar a comunhão e o bem-estar da classe advoca-tícia, a Caixa de Assistência dos Advogados do Ceará, em parceria com a Quali-corp – Administradora de Planos de Saúde, realizou, no último sábado (22), a Feijoada dos Associados.

Mais de 800 advogados, familiares e amigos estive-ram no Clube da Petrobras para um momento de lazer e confraternização. A ani-mação do evento ficou por conta do Grupo Maravilha, fazendo com que todos os presentes se desprendessem das discussões processuais do dia a dia para dar lugar ao riso fraternal e muito samba no pé.

De acordo com o presi-dente da Caace, Júlio Ponte, este foi um momento de valorizar os associados da instituição, primando ainda mais a política de promover

benefícios. “Somos uma grande família e, nesses quase três anos de gestão, estivemos indo ao encon-tro de cada advogado em todo o Estado, realizan-do campanhas de saúde, eventos pela valorização dos profissionais advocatícios e, ainda, equipando cada sub-seção com equipamentos eletrônicos e de informáti-ca”, destaca Júlio.

No mesmo dia, também foi realizado o I Campeonato de FUT7 da CAACE e Qua-licorp, no qual a subseção do Crato obteve o primeiro lugar, Crateús conquistou o segundo lugar e o time de Fortaleza recebeu a medalha de bronze.

Além disso, os advogados inscritos na CAACE tiveram a boa notícia da parceria fir-mada com o Clube da Petro-bras, passando a oferecer o abatimento total na aquisição do cartão de sócio.

No dia 20 de agosto realizou-se, na sede da CA-ACE, o sorteio da anuidade da OAB/CE promovido pela César Rêgo Imóveis, tendo como ganhador o advogado José Wagner de Oliveira Braga (OAB 9552).

Os nomes dos advo-gados que participaram foram coletados a partir de cupons preenchidos

durante a Semana da Saúde CAACE, realizada nos dias 3 a 7 de setembro, no estacionamento do Fórum Clóvis Beviláqua.

Para a realização do sorteio, estiveram presentes os representantes da César Rêgo Imóveis, Karol Teodo-ro, Eleno Damasceno e Her-múzia Gomes; e o presidente da CAACE, Júlio Ponte.

A CAACE, através do presidente, Júlio Ponte, e do delegado na subseção de Crateús, Alexandre Maia, firmou novos convênios com Fisioesthetic e Femi-nam Corpu’s – Academia 100% Feminina.

Na Fisioesthetic, os as-sociados e dependentes ga-

rantem descontos de 15% a 30% nos tratamentos faciais e corporais; e 10%, tanto à vista como a prazo nos ser-viços avulsos, criolipólise e depilação a laser. Já na Fe-minam Corpu’s – Academia 100% Feminina, o desconto é de 13% na mensalidade da academia.

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Fortaleza, Ceará, Brasil Quinta-feira, 24 de setembro de 2015 O ESTADO 6

Mesa de Honra Herá clito Vieira e Iracema do Vale Dra. Andrea e governador Camilo Santana

Haroldo Má ximo e Fernando Ximenes

José Maria Rios, Herman Normando, Suenon Mota e José Maria Sales

Fátima Loureiro, Helena Lú cia e Ligia Andrade

Auricé lio Pontes e Gisela Nunes da Costa

Abelardo Benevides, Edna Martins, Emanuel Albuquerque e Má rio Parente

Hé lio Parente, Alexsander Sales, Herá clito de Sousa Neto, Roldhen Botelho e Alexandre Meireles

Tatiana Sirtoli com o marido Heraclito Vieira de Sousa Neto

Nailde Pinheiro, Francisco Gurgel e Francisco de Assis Filgueiras Mendes

Luciana Souza, Jaime Medeiros e Waleska Rolim

Clecio Magalhã es, Byron Frota, Haroldo Rodrigues, Paulo Ponte, Ade-mar Bezerra e Manoel Cefas

Ricardo Machado, Graç a Quental, Luciano Lima e Solange Holanda

Francisco Gomes Moura e Gladyson Pontes

José Maria Rios, Herman Normando, Suenon Mota e José Maria Sales

Juvê ncio Vasconcelos, Iracema do Vale e Luciano Lima

Camilo Santana e Tin Gomes

FOTOS IRATUÃ FREITAS

POSSEO juiz de Direito Heráclito Vieira de Sousa Neto foi empossado durante prestigiada solenidade, como desembargador do Tribunal de Justiça do Ceará.

DIREITO E LITERATURA

Princípio da Boa-Fé nos Contratos - O Percurso Teórico e sua Recepçãono Direito Brasileiro

O livro parte da boa-fé, recebida como objeto de transferência cultural pelo Direito moderno, testemunhando o silêncio da doutrina e jurisprudência, que se segue a seu respeito, nas codi� cações

oitocentistas. Restrita aos parâmetros do formalismo, mostrou-se imprecisa demais para ser aplicada pelo modo de pensar silogístico, o que demandou esforços da metodologia jurídica diante da técnica legislativa das cláusulas gerais, standards e princípios jurídicos, com vistas a delimitar seu domínio de aplicação. Delimitado o tema de investigação da presente obra à função de controle da boa-fé no exercício de prerrogativas individuais no trânsito econômico, seu percurso encontra tradução em outros sistemas jurídicos, nos quais ainda predominava o vazio de seu conteúdo.

AUTORA: ROSALICE FIDALGO PINHEIROEDITORA: JURUÁ PÁGINAS: 412PREÇO: R$ 117,70

Fornecimento de Medicamentos Através de Decisão Judicial

A presente obra realiza uma nova leitura da teoria (neo)constitucional nas demandas relacionadas a fornecimento de medicamentos, em que a adoção do

método ponderativo e o reconhecimento dos princípios constitucionais como normas dotadas de e� cácia plena e imediata não signi� quem a desconsideração do método subsuntivo, bem como das regras extraídas da legislação produzida democraticamente e pensada de forma planejada através de políticas públicas de saúde. E mais, que a atuação alargada do Poder Judiciário na busca pela promoção o do direito à saúde não signi� que o protagonismo desse poder em relação aos demais, reforçando a ideia de diálogo necessário entre eles.

AUTOR: RODRIGO VASCONCELOS COÊLHO DE ARAÚJOEDITORA: JURUÁ PÁGINAS: 212PREÇO: R$ 59,90

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O ESTADO Fortaleza, Ceará, Brasil Quinta-feira, 24 de setembro de 2015 7

No Brasil, crime é praticado através de sonegação fiscal e desvio de dinheiro público

Estacionamentos são obrigados a reparar por furtos e danos aos veículos

LAVAGEM DE DINHEIRO

DIREITO DO CONSUMIDOR

A cultura de combate à lavagem de dinheiro intensificou-se a partir dos anos 2000 quando

o Brasil despertou para a necessidade. É o que afirma o diretor da Faculdade de Di-reito da Universidade Federal do Ceará (UFC), professor Cândido Albuquerque. Com as investigações da Operação Lava Jato e, anteriormente, o Mensalão, o crime ficou mais em evidência por citar nomes de políticos envolvidos nos escândalos de corrupção. Mas, o que é a lavagem de dinheiro?

O termo “lavar dinheiro” consiste na oficialização de um dinheiro de origem ilícita. “Você lava o dinheiro quando, você tem um dinheiro cuja origem é ilícita e pratica-se determinados atos de modo a transformá-lo em dinheiro devidamente contabilizado”, explica Cândido.

A origem da expressão surgiu, em meados de 1920, em referência às máfias nor-te-americanas, que aplica-vam o dinheiro adquirido por atividades criminosas em lavanderias e lava-rápi-dos para que o capital cir-culasse mais rapidamente e fossem contabilizados junto aos obtidos legalmente. Nos Estados Unidos e em alguns países europeus, o crime é praticado através de organi-zações ligadas ao tráfico de drogas e ao terrorismo.

Cultura de combateSegundo Cândido, a lava-

gem de dinheiro é um crime vassalo, que depende de um antecedente. No Brasil, acon-tece, principalmente, pela sonegação fiscal e o desvio de dinheiro público. “Não se consegue fazer corrupção se não tiver a lavagem de

dinheiro”. A lei de combate à lavagem de dinheiro, é de março de 1998, como ressal-ta o professor, no entanto, a cultura de combater o crime começou pelos anos 2000.

Para ele, as investigações do Mensalão e, agora, da Lava Jato, só tornou ainda mais pú-blica a luta contra a lavagem. “Se verificar, de uma maneira empírica, a partir dos anos 2000, passou a se incentivar,

no Brasil, o combate nota-damente com a fiscalização nas casas de câmbio. Quando chegamos na Lava Jato, antes disso, o Mensalão teve um tra-balho muito forte de lavagem de dinheiro de caixa 2. Na Lava Jato, já chegamos com o país absolutamente consciente da necessidade de combater esse crime, que há 15 anos atrás não tínhamos essa cons-ciência de combate. Embora a

lei seja bem anterior, não era tradada com esse rigor”, avalia Cândido Albuquerque.

“Lavar o dinheiro”Normalmente, no Brasil, os

meios mais comuns de lavar o dinheiro são: pedir emprés-timos em bancos e colocar bens e imóveis, adquiridos ilegalmente, como garantia; criar uma empresa de fachada, em um setor de grande movi-

mentação de capital, no nome de uma pessoa fora da qua-drilha; comprar empresas em paraísos fiscais; ou comprar objetos valiosos, como joias e obras de artes. “No Brasil, a origem principal do combate à lavagem de dinheiro é pela consequência que ele apresenta nessas duas vertentes: no des-vio de dinheiro público, que é o crime de peculato, e na sonega-ção fiscal, fundamentalmente”,

destaca o professor.

PrevençãoDe acordo com Cândido, o

crime de lavagem de dinheiro é muito técnico, e o combate necessita da interferência di-reta do Poder Judiciário para que ocorra a quebra de sigilo bancário. Contudo, o órgão estatal Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que é uma unidade de inteligência, cuida da pre-venção. O Conselho é com-posto por representantes do Banco Central, da Comissão de Valores Mobiliários, da Superintendência de Seguros Privados, da Procuradoria--Geral da Fazenda Nacional, da Receita Federal do Brasil , da Agência Brasileira de In-teligência, do Departamento de Polícia Federal, do Minis-tério das Relações Exteriores, da Controladoria-Geral da União, do Ministério da Previ-dência Social e do Ministério da Justiça.

As competências são: coor-denar e propor mecanismos de cooperação e troca de informações que viabilizem ações rápidas e eficientes na prevenção e no combate à ocultação ou à dissimulação de bens, direitos e valores; receber, examinar e identificar as ocorrências suspeitas de atividades ilícitas previstas na Lei; disciplinar e aplicar penas administrativas a em-presas ligadas a setores que não possuem órgão regulador ou fiscalizador próprio e; co-municar às autoridades com-petentes, para a instauração dos procedimentos cabíveis, quando concluir pela existên-cia de fundados indícios da prática do crime de lavagem de dinheiro ou de qualquer outro crime.

S e você tem um veícu-lo, com certeza, já o deixou em um estacio-namento, privado ou

gratuito, e observou alguma placa com os seguintes dize-res: “Não nos responsabili-zamos pelos veículos estacio-nados neste local; bem como: colisões, furtos ou objetos deixados nos mesmos”. Não é mesmo? Mas o que você pode não saber, é que esses avisos, espalhados em placas ou escri-to na emissão do bilhete, não tem validade.

Sim, o estabelecimento é responsável por qualquer dano ao seu veículo. Mes-mo que tentem se eximir da obrigação, a Justiça está ao lado do consumidor. É o que explica o advogado Leonardo Lourenço, especialista em direito do consumidor. “Isso é um entendimento pacífico dos tribunais superiores e da Justiça como um todo, de que os estacionamentos respon-dem por praticamente tudo, mas não é incomum observar as placas”, afirma o advogado.

Ainda conforme Leonardo, a responsabilidade independe se o estacionamento for gra-

tuito ou pago. Segundo ele, quando o estabelecimento oferece o estacionamento gratuito, é uma forma de atrair o consumidor e trata-se de uma propaganda, ao ofertar um conforto, um atrativo, portanto, se enquadra na re-lação de consumo, logo, tem por obrigação de oferecer meios e segurança para que o consumidor não tenha seu veículo furtado ou avariado. “O estabelecimento tem que responder por todos os danos e ocorrências”, reitera.

SegurançaInvest ir em segurança

pode ser caro, mas neces-sário. Além de seguranças particulares, muitas vezes contratados pelas lojas, su-permercados, shoppings, ter câmeras também é essencial.

“É interessante que se tenha câmeras nos estabelecimentos, na entrada e na saída, para que possa comprovar o estado em que o veículo entrou. É a prova para ambas as partes”, defende o advogado. Com as imagens, fica mais fácil comprovar o dano ou se o consumidor tentou enganar

a administração ao estacionar seu veículo já avariado.

PlacasAo deixar seu veículo es-

tacionado em local privado, estará, ali, firmando um con-trato, que não são fechados de modo formal. “As placas são uma cláusula contratual sendo uma cláusula contra-tual, não podem afastar uma obrigação legal e trazer uma onerosidade excessiva para o consumidor. Se o consumidor está colocando seu carro, confiando no estabelecimen-to, essa obrigação é legal, que surge da lei, de uma relação de consumo”, explica Leo-nardo Lourenço o motivo de as placas não terem validade.

Segundo o advogado, os donos dos estabelecimentos são cientes que são obrigados a responder por qualquer dano ou roubo nos veículos, no entanto, se aproveitam da ignorância do consumidor em não conhecer seus direitos. “Por isso, a importância de transmitir conhecimentos e ampliar o acesso ao Judiciário para evitar comportamentos dessa forma”.

Cândido Albuquerque: “Na [Operação] Lava Jato, já chegamos com o País absolutamente consciente da necessidade de combater esse crime”

Leonardo Lourenço explica que, na Justiça, placas de avisos isentando o estabelecimento da responsabili-dade não tem validade

FOTO: NAYANA MELO

FOTO: BETH DREHER

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Fortaleza, Ceará, Brasil Quinta-feira, 24 de setembro de 2015 O ESTADO 8

O Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBPD) adiantou-se sobre um tema que

aguarda decisão no Supremo Tribunal Federal (STF): a garantia de benefício assis-tencial a estrangeiros de baixa renda, doentes ou idosos que residem no Brasil. Segundo a diretora judicial, Gisele Lemos Kravchychyn, o IBDP defen-de a possibilidade de valer o direito, desde que exista a reciprocidade entre o Brasil e o país de origem do estrangeiro.

Conceder ou não o bene-fício ao estrangeiro que não tenha meios ou família para prover sua existência já se arrasta há anos. Em 2009, o Plenário Virtual do STF, reconheceu repercussão geral ao Recurso Extraordinário (RE) 587970, que discute o assunto, quando o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) foi condenado pela Primeira Turma Recursal do Juizado Especial Cível Federal da Terceira Região, a conceder a assistência à italiana Felícia Mazzitello, que vivia há mais de 54 anos no Brasil.

Apesar da relevância do tema, o RE, que foi protoco-lado em maio de 2008, ainda aguarda julgamento, sem data prevista. De acordo com o IBDP, o benefício de prestação continuada está previsto no artigo 203 da Constituição Federal e é garantido aos brasi-leiros que comprovarem baixa renda – per capita familiar de menos de ¼ de salário mínimo, idade avançada ou doença que impossibilite o trabalho.

Segundo Gisele, o insti-

tuto entende que garantir esse direito, afetaria, de certo modo, a Previdência Social e a economia brasileira, no entanto, ressalta que a tese que defendem é que seja dado somente a estrangeiros de paí-ses que concordarem em fazer o mesmo aos brasileiros que vivem no exterior. “Seria ana-lisado, caso a caso, o país que desse a mesma assistência ao

brasileiro; assim o Brasil daria ao estrangeiro,” explica Gisele.

“O importante, nesse caso, é garantir que os estrangeiros que residam no Brasil não fiquem desprotegidos em caso de necessidade, mas sem one-rar demais nosso sistema sem que haja o mesmo direito para os brasileiros se estivessem no país de origem dessa pessoa. Ou seja, se busca a recipro-

cidade e a justiça.”, afirma a diretora judicial do IBDP.

Benefício no BrasilNo Brasil, o benefício de

assistência social é previsto na Constituição Federal e regu-lamentado pela Lei Orgânica da Assistência Social (Loas), e estabelece os seguintes crité-rios para a concessão.

• Ser portador de deficiência ou ter idade mínima de 65 (sessenta e cinco) anos para o idoso não deficiente;

• Renda familiar mensal (per capita) inferior a ¼ do salário mínimo;

• Não estar vinculado a nenhum regime de previdência social;

• Não receber benefício de espécie alguma, salvo o de assistência médica;

• Comprovar não possuir meios de prover a própria manutenção e nem de tê-la provida por sua família.

Outros julgamentosO IBDP tem participado

como interessado na causa em julgamentos polêmicos no Supremo. Ao todo, o ins-tituto já foi aceito em 12 pro-cessos, dos quais cinco já fo-ram julgados (como no caso da decadência - RE 626489), dois aguardam encerramen-to do julgamento (como no caso da desaposentação - RE 661256) e cinco ainda não tiveram julgamento iniciado (como no caso da possibilida-de da continuidade de traba-lho para quem tem aposen-tadoria especial por ter sido exposto a agentes nocivos a saúde - RE 788092).

Estrangeiros de baixa renda que residem no Brasil poderão ter direito

BENEFÍCIO ASSISTENCIAL

Gisele Lemos afirma que o instituto defende a possibilidade, desde que haja reciprocidade entre o país de origem

FOTO: ARQUIVO PESSOAL

Presidente da OAB Ceará participa deColégio de Presidentes de Seccionais

Conselho aprova participação da OAB-CEem processo de distribuição de royalties

Advogados do Canindé, Cariri Oriental e Maciço de Baturité ganham nova casa

Aplicativo da OAB Ceará traz novidades para advogados e clientes

OAB Ceará e Academia Cearense de Letras Jurídicas firmam parceria

O presidente da OAB Ceará, Valdetário Monteiro, participou do Colégio de Presidentes de Seccionais da OAB Nacional, em Teresina, nos dias 17 e 18 de setembro, no auditório da OAB-PI. O evento reuniu o presidente nacional da OAB, Marcus Vi-nicius Coêlho, e representan-tes de todas as seccionais do Brasil, para debater assuntos como a valorização do advo-gado e as crises de natureza ética, política e econômica que atingem o Brasil.

Para Valdetário Monteiro, o momento foi oportuno para discutir não só os desafios da advocacia brasileira, como, por exemplo, o acesso à Justiça, mas também aspectos legais relacionados às crises vividas pelas instituições governamentais e pela socie-dade nacionais. Durante o Colégio de Presidentes, foram lançados dois movimentos nacionais. Um sobre a maior participação de mulheres na entidade e outro sobre a valo-rização da advocacia pública.

O Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil – Secção Ceará (OAB-CE) aprovou, por unanimidade, a participa-ção da ordem cearense como “amicus curie” no processo que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) e trata sobre a distribuição dos royalties do petróleo. Com a decisão, a ordem vai pleitear habilitação no processo e buscará a defesa da distribuição igualitária dos royalties do petróleo para todos os estados brasileiros. Atualmente, o processo está no gabinete da ministra Carmem Lúcia, pronto para julgamento desde janeiro de 2015.

A Adin com pedido de

medida cautelar ajuizada pelo Estado do Rio de Janeiro, em 15 de março de 2013, contra as novas regras de distribuição dos royalties e participações espe-ciais devidos pela exploração do petróleo, introduzidas pela Lei Federal nº 12.734/2012. A defi-nição de “amicus curie” quer di-zer “Amigo da Corte”. Interven-ção assistencial em processos de controle de constitucionalidade por parte de entidades que tenham representatividade ade-quada para se manifestar nos autos sobre questão de direito pertinente à controvérsia consti-tucional. Não são partes dos processos; atuam apenas como interessados na causa.

A Ordem dos Advogados do Brasil – Secção Ceará (OAB--CE) instalou e inaugurou em Canindé, Cariri Oriental e Maciço de Baturité, sedes das subseções da ordem, nos dias 9, 11 e 15 de setembro, respectivamente. Durante os eventos, os presidentes

das subseções destacaram a realização de um sonho para a advocacia das regiões receber a sede da OAB Ceará. Nos espaços, serão promo-vidos cursos de capacitação, qualificação e atendimento à sociedade por uma melhor prestação jurisdicional.

O aplicativo OAB Advogados está com algumas novidades. Além de localizar profissio-nais do Direito em raio de 100 km, disponibiliza também a ferramenta “24 Horas”. Por meio dela, o advogado pode ser visualizado por milhares de clientes em potencial a qual-quer hora do dia, contribuin-do, assim, para aumentar sua visibilidade. Outra novidade é a ferramenta “Advogado Cor-respondente”, que permite que advogados possam ser aciona-dos para solucionar problemas

em outros municípios e até em outros estados. Idealizado pelo presidente da Ordem dos Advo-gados do Brasil – Secção Ceará (OAB-CE), Valdetário Andrade Monteiro, o aplicativo oferece ainda a ferramenta “Busca Ad-vogados”, que ajuda de maneira fácil e rápida a procura por advogados próximos. O aplica-tivo OAB Advogados também disponibiliza a verificação do andamento dos processos que podem ser visualizados do siste-ma eSAJ diretamente por meio da ferramenta.

A Ordem dos Advogados do Brasil – Secção Ceará (OAB--CE) e a Academia Cearense de Letras Jurídicas firmaram parceria para cessão de uso de um espaço no prédio onde se localizará a Nova Sede da Ordem (Avenida Washington Soares, 800). O termo foi as-sinado nesta quinta-feira (17), pelo presidente da OAB Ceará, Valdetário Andrade Monteiro e o presidente da Academia, José Damasceno Sampaio. Participaram do ato, o secretá-rio-geral da ordem e membro da Academia, Jardson Cruz e a secretária adjunta, Roberta Vasques. A medida leva em

consideração a necessidade de desocupação do imóvel onde aconteciam as sessões da Academia, localizado na Avenida Pontes Vieira, 2680. De acordo como termo de uso, a Academia Cearense de Letras Jurídicas fica obrigada a manter o espaço em perfeito estado, bem como todas as despesas decorrentes do uso e necessárias para a adequação e funcionamento das sessões. Além disso, não serão permiti-das alterações na estrutura do espaço sem autorização, nem o uso de materiais inflamáveis ou perigosos, que possam acarretar danos ao prédio.

Arecuperação judicial é a medida que as em-presas utilizam quan-do não conseguem

mais pagar suas dívidas e assim, evitar a abertura de fa-lência. No entanto, segundo o doutor em Direito Comercial, João Rafael Furtado, muita gente entende equivocada-mente esse instituto. “Quando se pensa na recuperação judi-cial, não pode pensar que é só um mecanismo utilizado para fazer o empresário sobreviver uma dificuldade financeira dele”, explica.

De acordo com o advogado, o objetivo é viabilizar a supe-ração de uma situação de crise financeira, com a finalidade de permitir a manutenção da fonte produtora dela, que são: o emprego dos trabalhadores, os interesses dos credores, promover a preservação da empresa, bem como sua fun-ção social e o estímulo da atividade econômica.

“A legislação 11.101/2005, que regula a recuperação judi-cial, extrajudicial e a falência da sociedade dos empresários, veio, justamente, com o pen-samento de que a empresa não pode ser vista somente como atividade pura e, sim-plesmente, econômica para o empresário. Dentro da empre-sa não se encontram somente os interesses dos empresários, mas dos empregados, do es-tado que arrecada tributos

para empresa, por exemplo”, comenta João Furtado.

Mecanismos Segundo o especialista, a lei

que regula a recuperação de empresas abrange uma série de situações:

• Conceder mais prazos a obrigações que estão venci-das, ou estão a vencer;

• Permitir a incorporação, a fusão da sociedade;

• Permitir o controle so-cietário;

• A substituição dos admi-nistradores;

• O aumento do capital; • A venda do estabeleci-

mento social da empresa; • A redução dos salários; • A constituição de socie-

dade dos credores, bem como,

a chamada venda parcial dos bens.

ImóveisDentro da venda parcial

dos bens, João Rafael destaca a possibilidade de uma pessoa adquirir bens da empresa que estão em recuperação judicial, como os imóveis. Ele frisa que a saída é uma excelente opor-tunidade tanto para quem quer investir como para quem precisa se capitalizar para pa-gar seus credores.

“Estamos num momento de estagnação econômica, de recessão do mercado imo-biliário, várias construtoras estão estocadas. Se tem uma procura baixa e está muito estocado, tendo muito oferta, os teus preços tendem a cair. O

mercado imobiliário não está só atravessando por um mo-mento ruim, mas a tendência é que atravesse muito pior daqui pra frente”, ressaltou.

SegurançaAo investidor, a seguran-

ça jurídica, da venda a ser realizada via recuperação, é garantida, desde que siga as determinações da Lei para o f im. “No momento em que você está contemplado no plano de recuperação, com a venda daquele bem, se o plano é aprovado pelos credores, vai permitir que se compre o bem com segu-rança jurídica, para não ser agravado com alguma dívida que o credor possa vir a ter. O pagamento que o credor vai realizar pelo bem deve ser pago diretamente na conta da recuperação judicia l”, explica o advogado.

Como capitalizarJoão Rafael Furtado escla-

rece como uma empresa pode se capitalizar com a venda de imóvel. Primeiro, deve colo-car o bem à venda. Depois, o plano de recuperação judicial precisa ser aprovado pela assembleia de credores, para, então, ser homologado pelo juiz. “Uma vez homologado pelo juiz, o plano pode ser executado, dentro da execução do plano está contemplado a venda de imóveis”.

Recurso evita que empresa abra falência quando não pode pagar por dívidas

RECUPERAÇÃO JUDICIAL

João Rafael Furtado afirma que a medida visa manter o emprego dos trabalhadores, os interesses dos credores e preservar a empresa

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